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CONCEITOS DE MULHERES SOBRE S UA MENSTRUAÇÃO*

Márcia Yuri Shinohara**


Lucila Coca Bezerra **
Ângela Megumi Takagi***

RES U MO: Dando prosseguimento às pesquisas anteriores realizadas pelo Núcleo de


Assistência para o Autocuidado da Mulher (NAAM) sobre aspectos relativos à mens­
truação, desenvolvemos um trabalho que estudou os conceitos de 705 mulheres sobre
sua menstruação. Fora m utilizadas informações do banco de dados do NAAM , obtidos
na aplicação do Histórico de Saúde da Mulher no Município de Vargem Grande
Paulista . O conceito mais relatado pelas mulheres foi o Normal. Isto talvez explique os
dados o btidos em tra balhos anteriores, onde muitas mulheres nada fazem para aliviar
os sintomas dolorosos da menstruação. O acesso a estes conceitos próprios é
importante para elaborar uma assistência de enfermagem de qualidade respeitando
as cren ças e valores dentro da cuHura das mulheres.

ABSTRACT: Procceding earlier researches achieved by Assistance N ucleus for the


I
Self-care of Woman (ANSW) about menstruation aspects, we developed a work that
studied concepts of 705 women about their menstruation. Bank of data from the ANSW
gave informations obtained in employrnent at the Historie ofWoman's HeaHh in Vargem
Grande Paulista . The concept more related was normal. Perhaps, it explains the data
obtained in earlier works, where many women do nothing to relieve the painfu l
symptoms o f menstruation. The access to these proper concepts i s important to
elaborate a nu rsing assistance with quality, respecting convictions and valuables within
the women 's culture.

U N ITERMOS: Menstruação - Saúde da Mulher - História Oral.

1. INTRODUÇÃO sobre a menstruação, na tentativa de compreen­


der melhor essas ações de autocu idado na nos­
O presente estudo é um seguimento dos sa população.
trabalhos realizados pelo Núcleo de Assistência COMFORT e COMFORT(3 ) citam que o pro­
para o Autocuidado da M u lher - NAAM , sobre o cesso da menstruação sempre intrigou a civili­
tema menstruação. Observamos que nesses zação humana. Associava-se o períOdO da
trabalhos(7) , as mulheres atendidas pelo NAAM menstruação à magia, acreditando-se que, se
relatavam sintomatologia dolorosa durante o pe­ uma mulher menstruada fizesse u m pão , a mas­
ríodo menstrual e executam ações de autocui­ sa não cresceria; que se fizesse uma geléia , ela
dado para a l ívio destes sintomas, sem necessa­ jamais ficaria no ponto, e assim por diante.
riamente procurar o serviço profissional, por pro­
vavelmente conviverem com estes problemas. O Antigo Testamento da BfBLlA sagrada( 1 )
Decidimos , então aprofundar o conhecimento diz: A mulher que no tempo ordinário sofre inc6-
modo, será separada durante sete dias. Todo

Trabalho apresentado como Tema Livre nO 45° Congresso Brasileiro de Enfermagem. Olinda-Recife, 28 de novembro
a 3 de dezembro de 1 994.
Alunas de graduaçao da Escola de Enfermagem da Universidade de sao Paulo. Membros do Núcleo de Assistência
para o Autocuidado da Mulher (NAAM).
Enfermeira Obstétrica. Membro do NAAM.

R . Bras. Enferm., Brasllia . v.47, n.2, p.1 95-205, abr./jun. 1 994 1 95


que a tocar, será impuro até a tarde. mento, a menstruação tem um sig nificado indi­
SNOVVDEN e CHRISTIAN(6) citam as dife­ viduai para cada mulher. Assim, a mulher tem
rentes visões em alg u mas culturas. Para o isla­ duas percepções do sangramento: uma da sua
mismo , a mulher é considerada impura e não é real experiência e outra como u m membro den­
permitido aproximar-se dela até que esteja lim­ tro da sociedade a qual sofre i nfluências dos
pa, n ovamente. Em países como Egito, rndia, significados que são atribuídos à menstruação.
Jamaica , Iugoslávia e Filipinas é desaconselhá­ A i nteração destas duas percepções i rá afetar as
vel a visita às mulheres menstruadas por amigos atitudes e a descrição do evento.
ou parentes, principalmente para gestantes e Ao estudarmos as questões ligadas à mens­
puérperas, pois a mulher menstruada é conside­ truação, chamou-nos a aten ção que no trabalho
rada uma ameaça a saúde reprodutiva e fértil realizado por TAKAG I , BEN ITES e S H INOHA­
destas. No Egito a mulher menstruada é mais RA(7) , um terço das mulheres de u ma comuni­
susceptível aos espíritos sobrenaturais, passan­ dade, apesar de apresentarem sintomas doloro­
do por crises idênticas ao nascimento de uma sos no periodo menstrual , nada faziam para
criança . Em g rande parte da (ndia, Filipinas e alívio destes sintomas. É também relevante a
Egito as mulheres menstruadas evitam os cam­ colocação feita por SNOVVDEN e CHRIS­
pOs para não prejud ica rem a atividade agrícola . TIAN(6), de q ue as atitudes das mulheres em
VVE I L(8) analisa o fluxo menstrual colocan­ relação à menstruação são afetadas pela intera­
do-o dentro de u m m u ndo viscoso e pegajoso. A ção das suas percepções sobre este aconteci­
viscosidade é objeto de repulsão desde a mais mento em suas vidas, sendo a compreensão
ten ra idade. O pegajoso escapa às três catego­ deste fato de grande i mportância para o plane­
rias que são: sól ido, líq u ido e gasosos, situando­ jamento de uma intervenção de enfermagem
se entre o sólido e o l íq u ido. SARTRE citado por mais adequada e efetiva . Principalmente quan­
VVEIL(8) afirma que nós consideramos a viscosi- do estabelecemos a nossa atuação tendo como
. dade como u ma forma ignóbil da existência , referencial a teoria de OREM(5) , na qual o indi­
estando ela assim relacionada ao fluxo mens­ víduo é visto como tendo a capacidade de prati­
trual, criando uma imagem repulsiva . car atividades em seu próprio benefício, para
manutenção contínua de sua vida, saúde e bem­
BUCKLEY e GOTTLlEB(2) mostram que os estar. Esta teoria tem como n úcleo a habilidade
valores e significados do tabu da menstruação inata que o homem tem para cuidar de si próprio,
não existem isolados, mas ocorrem dentro de sendo esta influenciada por práticas, crenças e
um contexto, especialmente relacionados à reli­ hábitos, que fazem parte da cultu ra e do g rupo
gião. O sign ificado e o valor da menstruação, de a que o i ndivíduo pertence.
uma certa cultura , devem ser determinados no
local, e não podem ser descritos com base em Desta forma, sentimos a necessidade de
conceitos pré-estabelecidos ou originados de aprofundar nossos con hecimentos quanto aos
outras culturas. conceitos das mulheres sobre sua menstruação,
sendo este o objetivo deste trabalho.
De acordo com SNOVVDEN e CHRIS­
TIAN(6) , o fator psicossocial tem um papel impor­ 2. MATERIAL E MÉTODO
tante na atitude frente à menstruação. A mulher
menstruada é vista pela sociedade como mal Em 1 986 o Núcleo de Assistência para o
h umorada , irritada . A menstruação não é sim­ Auto cuidado da Mulher (NAAM) , i niciou suas
plesmente um processo fisiológico, mas está atividades de assistência que compreendem:
flgado a variáveis psicológicas sociais e cultu­ consulta de enfermagem, rea lização de g ru po de
rais. Como todas as mulheres menstruam, elas orientação e visitas domiciliares no municípiO de
estão sujeitas aos mesmos tabus culturais de Vargem Grande Paulista, complementada com
restrição, segregação e d iscriminação. Contudo, atividades de pesqu isa desenvolvidas com su­
a mulher individualmente é capaz de diferenciar porte logístico da Escola de Enfermagem da
cada sangra mento nas dimensões de quantida­ U niversidade de São Paulo.
de, duração e forma , o qual ocorre num certo
i ntervalo de tempo e regularidade. Juntamente Para consulta de enfermagem é utilizado
com as características sociais do próprio sangra- instrumento de coleta de dados, o h istórico da

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saúde da mulher, que se d ivide em três partes: categorias: Feminilidade, Fisiológico e Reprodu­
I. Histórico Auto-Aplicado com questões a ber­ ção.
tas , 1 1 . E ntrevista com q uestões semi-estrutura­ Feminilidade: incl u ímos nesta sub-categoria as
das, 1 1 1 . Exame Físico (Anexo). mulheres que relataram a menstruaçao como
A parte I é preench ida pela própria mulher, próprio da mulher, seu ca ráter, seu modo de
desde que ela seja capaz de ler e escrever. ser e pensar ou viver, ressaltando o ritual de
passagem de menina para moça, com o
Diante de sua i mpossibilidade, essa parte é
início da rnenstruaçao até o seu término com
preenchida com a ajuda de u m dos i ntegrantes a menopausa(4).
do NAAM. As parte 11 e 1 1 1 são preenchidas pelos
Fisiológico: fazem parte desta sub-categoria
integrantes do núcleo, a partir das respostas e
respostas relacionadas ao desprendimento
achados obtidos na consulta . da camada de células uterinas, com sangra­
Para realizaçao do presente estudo foram mento pela vagina, que ocorre n u m ciclo de
uti lizadas, a partir do banco de dados do NAAM, aproximadamente de 28 dias, com em média
as respostas da q uestão 08 da parte 11: O que 5 dias de duração.
\I'OCê acha que sSo as regras? ReproduçSo: nesta sub-categoria i nserimos re­
spostas sobre gravidez e geraçao de filhos.
População Saúde: para esta categoria , considera mos as
respostas em que menstruação é o bem estar
A populaçao constitui-se de 705 mulheres físico e menta l , sendo que sua ausência acar­
que procuraram o NAAM para realizaçao de reta problemas de saúde.
exame de prevençao de câncer ginecológico no A categoria Saúde foi subdividida em: Inte­
período de 1 988 a 1 991 . Foram encaminhadas graI (do organismo como u m todo) ou 'Parcial
por médicos da própria u n idade básica de saúde (como exemplo a saúde mental).
d e Vargem Grande Pau lista ou compareceram Limpeza: define-se essa categoria como expul-
por iniciativa própria. SA0 de sujeira ou sangue s ujo do organismo
da mulher e a p�rificação do corpo .
Local de Estudo Esta categoria foi subdividida em: Umpeza
global (do corpo como um todo) ou Umpeza local
O trabalho foi realizado no município de Var­ (de uma determinada parte do corpo, como por
gem Grande Paulista, a 65km da cidade de São exemplo, do útero) .
Paulo, no cha mado cinturSo verde de São Paulo.
Ovulação: nesta categoria inserimos respostas
Apresenta u ma população estimada de 35.000 -
onde as mulheres relatam a saída do óvulo
h abitantes atendidos em quatro u nidades bási­ na menstruaçao.
cas de saúde.
Boa/Ruim : foram inclu ídas nesta categoria re­
spostas onde as mulheres expressara m sua
Definição. de Tenn os menstruação como u ma coisa boa , re­
lacionado-a com o prazer sexua l ou como
Para melhor estudarmos os conceitos da u ma coisa ruim, que i ncomoda.
mulheres sobre sua menstruaçao resolvemos Outros: inserimos nesta a s respostas que não
agrupá-Ias em categorias. São elas: Normal , foram incluídas em nenhuma da� categorias
Saúde, Limpeza, Ovulaçao, Boa/Ruim, Outros e a nteriores .
Não res ponderam. Não responderam : foram incluídas nestá, as
Nonnal: para esta categoria , utilizamos a de­ mulheres que não sabiam referir sobre as
finição de COMFORT e COMFORT(3), em regras e as que não respondera m ade­
que menstruaçao é u m processo de desen­ quac.íamente à pergu nta . Entre estas,
volvime nto da mulher, desde a puberdade haviam respostas relacion adas aos sin­
até por volta dos 50 a nos com desprendi­ tomas da menstruaçao, como por exemplo:
mento da ca mada de células uterinas e san­ cefaléia, cól ica ,que fazem parte do trabalho
gramento pela vagina. Tem ciclo aproximado anterior.
de 28 d ias, sendo que se i nterrompe durante
a gestaçao.
Dividimos essa categoria, Normal, em sub-

R. Bras. Enfenn., Brasllia . v. 47 , n .2, p�1 95-205. abr./jlÍn . 1 994 1 97


3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 2: Distribuição dos conceitos das mu­
lheres sobre sua menstruação i nseridas na Ca­
Tabela 1 : Distribuição em categorias dos d ife­ tegoria Nonnal e suas respectivas sub-catego­
rentes conceitos das mulheres sobre sua mens­ rias. NAAM, São Paulo, 1 993.
truação. NAAM, São Paulo, 1 993.
CATEGORIA SUB-CATEGORIA N° %
CATEGORIAS N° % FEMINILIDADE 1 43 48 3
NORMAL 296 36 5
NORMAL REPRODUÇÃO 77 26 o
SAÚDE 84 10 3 FISIOLóGICO 76 25,7
LIMPEZA 77 9 5 TOTAL 296 1 00 o
OVULAçÃO 23 2 8
BOA/RU I M 13 1 6 Diante da tabela 2, verificamos u m total de
OUTROS 09 1 1 296 (1 00%) respostas que apareceram na cate­
NÃO RESPONDERAM 31 0 38 2 goria Nonnal, sendo que 1 43 (48,3%) respostas
TOTAL· 81 2 1 00 O compõem a sub-categoria Feminilidade, 77
• Algumas mulheres apresentaram mais de uma resposta, (26,0%) respostas pertencem a subcategoria
portanto, o número total de respostas é superior ao total de Reproduçao e 76 (25,7%) respostas são da sub­
mulheres do estudo. categoria Fisiológico.
A sub-categoria Feminilidade apresentou
A tabela 1 apresenta 81 2 (1 00%) respostas um maior número de respostas, mesmo compa­
relacionadas aos conceitos das mulheres frente rando com as outras categorias Saúde , Lim pe­
sua menstruação. A maior incidência foi da ca­ za, Ovulação e Boa/Ruim. Num levantamento
tegoria N onnal , com 296 (36,5%) respostas, realizado por SNOVVDEN e CHRISTIAN(6 } sobre
sendo que essa categoria foi dividida em sub-ca­ as crenças das mulheres sobre sua menstrua­
tegorias Feminilidade, Fisiológico e Reprodu­ ção, foi observado que este processo é conside­
çao. Seguida desta categoria 84 (1 0,3%) mulhe­ rado necessário para sua feminilidade, que vai
res dera m respostas relacionadas à Saúde; nes­ ao encontro da sub-categoria Feminilidade e da
ta categoria a mulher relata a Saúde como sen­ categoria Nonnal utilizadas neste trabalho. Per­
do Integral ou Parcial. Com um total de 77 (9,5%) cebemos a importância da menstruação como
respostas surge a categoria Limpeza, subdividi­ u ma condição para a sua existência como mu­
da em Umpeza global ou local. A categoria lher, e ao mesmo tempo observa-se a aceitação
Ovulação aparece com 23 (2,8%) respostas , da menstruação como u ma imposição da própria
seguida da categoria Boa/Ruim com 1 3 (1 ,6%) natureza. Como exemplo u ma das expressões
respostas. Apareceram 9 (1 , 1 %) respostas que das mulheres:
não se encaixaram em nenhuma das categorias . . . uma forma de sentir mulher
acima citadas. . . . sem ela nao pode viver
Verificou-se que na categoria Não respon­ . . . deve ser da mulher, já nasceu para
deram, 3 1 0 (38 ,3%) mulheres não apresenta­ isso. . .
ram respostas, ou as apresentadas não tinham É também expressada pelas mulheres como
nenhuma relação com a pergunta . Esse fato ritual de passagem, como sendo u m ponto de
pode estar relacionado às escassas informaçõ­ partida para o i nício do ser mulher, onde a
es dadas a estas mulheres em relação a sua criança amadurece porque menstruo u . Como
menstruação, devido à educação sexual ser exemplo de respostas dai mulheres:
pouco d iscutida nas escolas, dentro da própria ... começo da gente, quando passa de
família e nos postos de saúde, que não se preo­ menina para moça . . .
cupam em passar informação às mulheres. En­
Na sub-categoria Reproduçao foram agru­
g lobamos também, nesta categoria , a ausência
padas 77 (27%) respostas, relacionando a
de respostas devido ao preenchimento incom­
menstruação como u ma forma de controle para
pleto do H istórico pelos membros do NAAM .
a mulher saber se está grávida, além de propor­
cionar a capacidade de geração de filhos. Entre
as respostas, as mulh�res citam:

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as regras fazem a geraçiJo do filho, louca
quando para, a mulher engravida. O que nos chama a atenção, por ser este u m
A sub-categoria Fisiológico aparece com u m conceito muito d ifundido em nossa cultu ra , atra­
n úmero de respostas quase equivalente à sub­ vés das gerações , onde as alterações da mens­
categoria Reprodu�o, 76 (25,7%) . Verifica-se truação levariam a d istúrbios mentais como a
nesta sub-categoria, que a mulher tem noção de loucura.
seu aparelho reprodutor, afirmando que sua
menstruação está relacionada com codificações
sofridas pelo ovário e útero. E ntre as expressões Tabela 4 : Distribuição dos conceitos das mu­
as mulheres citam : lheres sobre sua menstruação inseridas na ca­
tegoria Limpeza e suas su b-categorias. NAAM ,
. . . É quando o ciclo da menstruaçiJo São Paulo, 1 993.
termina, muda e começa a menstrua­
çiJo. CATEGORIA SUB-CATEGORIA N° %
. . . Sangramento que vem do útero e LIMPEZA GLOBAL 68 88 3
tem que sair. LOCAL 09 11 7
TOTAL 77 1 00 O

Tabela 3 : Distribuição das formas de expressão Segundo SNOVVDEN e CHRISTIAN(6 ) , as


das mulheres sobre sua menstruação que foram mulheres vêem a menstruação como sujeira , no
incl u ídas na Categoria Saúde e suas sub-ca­ entanto, no presente estudo observamos que as
tegorias. NAAM , São Paulo, 1 993. mulheres expressam ser o produto de sua mens­
CATEGORIA SUB-CATEGORIA N°
truação como sujeira, mas, o processo da mens-
%
. truação em si, é visto como limpeza . Assim,
SA Ú DE I NTEGRAL 59 70 2
PARCIAL conforme observa mos na tabela 4 , a categoria
25 29, 8
TOTAL Limpeza foi d ividida em duas sub-categorias:
84 1 00 O
Limpeza Global e Local. No que diz respeito à
Limpeza Global encontramos 68 (88 ,3%) res­
Conforme a tabela 3, a categoria Saúde postas, onde as mulheres relacionam a mens­
apresenta um total de 84 (1 00%) respostas . Esta truação como uma limpeza ou purificação do
categoria d ifere do referido no trabalho de organismo. Como exemplo temos :
SNOVVDEN e CHRISTIAN(6) onde as mulheres
. . . Limpeza do organismo. . .
vêm a menstruação como doença , enquanto que
é a parte impura do sangue que é
neste estudo as mulheres relacionam a presen­
eliminada
ça da menstruação como saúde e a ausência
desta como doença . Subdividimos esta catego­ Quanto à sub-categoria Limpeza Local en­
ria em Saúde integral e parcial. contramos 9 (1 1 , 7%) mulheres que expressam
ser a menstruação u ma forma de limpeza de
A sub-categoria Integral aparece em desta­
uma parte do corpo, mais especificamente o
que com um n ú mero de 59 (70,2%) , onde foram
útero, como na resposta :
incl u ídas respostas relacionadas ao bem-estar
i ntegral ou do organismo como um todo, por Sangue sujo que vem do útero. . .
exemplo: Temos , ainda, a categoria Ovulação, onde
... É a saúde da gente, se niJo descer observamos que 23 (2, 8%) mulheres relacionam
a gente fica doente a menstruação com a ovulação, demonstrando
Na sub-categoria parcial, incluímos as res­
�través de um conhecimento mesmo que vago,
Incompleto ou i nadequado, que existe u ma es­
postas de 25 (29,8%) mulheres que relaciona­
treita relação da eliminação do sangue mens­
ram a ausência da menstruação com danos à
trual com a ovulação e ausência de fecundação,
saúde, especificamente à saúde menta l , como
embora não consigam explicar o fenômeno em
exemplo de citações de mulheres temos:
sua totalidade .
. . . Se niJo tem regra todo mês fica lelé
A categoria Boa/Ruim foi elaborada a partir
. . . A menstruaçiJo vem porque se subir
das respostas de 1 3 (1 ,6%) mulheres. Enquanto
para a cabeça a pessoa pode ficar

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algumas colocam ser a menstruação uma coisa e para a sua condição de mulher. Isto talvez
chata, que incomoda, outras enca ram este mes­ explique os dados obtidos por TAKAGI , BENI­
mo acontecimento como algo bom para elas, TES e SHINOHARA(7) onde u m terço das mu­
mesmo que seja para servir de pretexto para lheres que referem sintomas dolorosos da mens­
l ivrá-Ias de uma situação aparentemente insatis­ truação nada fazem para a liviá-los. Este fato nos
fatória como na resposta: leva a considerar que profissionais da área de
. . . Dias que descansa do marido. saúde, especificamente, a enfermagem ligada à
saúde da mulher, devam ter acesso à estes
4. CONSIDERAÇÕES FI NAIS conceitos próprios, para que possam elaborar
uma assistência de enfermagem de qualidade.
o estudo tomou possível verificar os concei­ Nesse sentido, o objetivo da assistência à saúde
tos próprios que as mulheres têm deste período é de capacitar a mulher a desenvolver ações de
e possibilitou inferi r que alguns aspectos são autocuidado, respeitando suas crenças e valo­
congruentes com o con hecimento científico pro­ res dentro de sua própria cultu ra . Este estudo foi
fissional. Assim sendo pudemos observar que uma tentativa de compreensão dos dados en­
296 (36, 5%) mulheres consideram a menstrua­ contrados, dentro desta perspectiva.
ção como um acontecimento normal em sua vida

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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çAo e ejaculaçAo. 8. V\lEIL, P. M/sUes do sexo. Belo Horizonte: Itatiaia , 1 976.
4. FERREIRA, A.B. de H. No vo dicionário da I/ngua portu­ p.43-4.
guesa. Rio de Janeiro : Nova Fronteira , 1 985. p. 768.

Recebido para publicaçêo em 28. 1 2.93

200 R. Bras. Enferm., Brasllia . v.47, n.2, p.1 95-205, abr./jun. 1 994
ANEXO
ÁREA: HISTÓRICO DE SAÚDE DA MULHER

PARTE I: H ISTÓRICO AUTO-EXPLICA11VO U niversitário completo ( )


incompleto ( )
0 1 . Nome:
Que série:
____________

Data de nasc. : , ,
____

Analfabeto ( )
_ _ _

Ficha família : R.G. : ____

09. Quando descera m as primeiras Reg ras?


02. Ocupação:
(incômodo)
__________

03. Endereço: ___________ Antes dos 1 0 anos ( )


Ponto de referência: ________ entre 1 0 e 1 2 a nos ( )
04. Idade entre 1 2 e 1 5 a nos ( )
Menos de 1 � anos ( ) Após 1 5 anos ( )
De 1 5 a 25 anos ( ) Nunca apresentou ( )
De 25 a 35 a nos ( ) 1 0. De q uanto em quanto tempo aparecem ou
De 36 a 45 anos ( ) apareciam as Regras?
De 46 a 55 anos ( ) Uma vez entre 20 e 25 dias ( )
. De 56 a 65 anos ( ) Uma vez entre 26 e 30 dias ( )
Mais de 66 a nos ( ) Uma vez entre 31 e 35 dias ( )
. 05. Cor Uma vez em mais de 36 d ias( )
De modo irregular ( )
Branca ( )
Parda ( ) 1 1 . Quantos dias costuma fica r com as Regras?
Amarela ( ) Até 3 dias ( )
Preta ( ) De 3 a 6 d ias ( )
06. Estado Civil De 6 a 1 0 dias ( )
Mais de 1 0 d ias ( )
Solteira ( )
Casada ( ) 1 2. Quando foram suas ú ltimas Regras?
Desq u itada ( ) Há menos de 1 mês ( )
Separada jud icialmente ( ) Há mais de 1 mês ( )
Divorciada ( ) Há mais de 2 meses ( )
Separada ( ) Há mais de 4 meses ( )
Viúva ( ) Há mais de 6 meses ( )
Amasiada ( ) Há mais de 1 ano ( )
(vive cf companheiro) Há mais de 2 anos ( )
07.Qual sua Religião? ________
Há mais de 5 anos ( )
Há mais de 1 0 anos ( )
08. Grau de Instrução (estudo)
1 3.A senhora acha que está g rávida atualmen­
Primeiro g rau completo ( )
te?
incompleto ( )
Sim ( ) Não ( )
Que série: ____

Segundo g rau completo ( ) 1 4.A senhora apresentou a lg u m sangramento


por baixo, fora das regras nestes ú ltimos
incompleto ( )
tempos?
Que série:
Sim ( ) Não ( ) Não lembro ( )
____

R. Bras. Enferm., Brasllia . v.47, n .2, p.1 95-205, abr./jun. 1 994 201
1 5. Quando? 25.Qual o número de vezes que a senhora cos-
Há a lg u ns dias ( ) tuma ter relações sexuais?
Há u ma semana ( ) Várias vezes ao dia ( )
Há algumas semanas ( ) 2 a 3 vezes por semana ( )
Há um mês ( ) 1 vez por semana ( )
Há mais de u m mês ( ) 1 vez em quinze dias ( )
Há a lguns meses ( ) 1 vez em mais de quinze d ias( )
1 6. Q ua ntas vezes? 26 . Quantos companheiros a senhora já teve?
Uma vez ( ) Um ( )
Duas vezes ( ) Dois ( )
Três vezes ( ) Três ( )
Mais de três vezes ( ) Quatro ( )
1 7.A senhora tem alg u m tipo de corrimento? Mais de cinco ( )
Sim ( ) Não ( ) 27.A senhora sente vontade de ter relações
sexuais?
1 8. Há quanto tempo?
Sim ( ) Não ( ) As vezes ( )
Há 1 mês ( )
Há mais de 2 meses ( ) 28.A senhora fica satisfeita após as relações
sexuais?
Há mais de 4 meses ( )
Há mais de 6 meses ( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes ( )
Há 1 ano ( ) 29.A senhora usa algu m destes métodos para
evitar filhos?
1 9. De que cor é o corrimento?
Pílulas ( )
Branco ( )
Diafragma ( )
Amarelo ( )
DIU ( )
Transparente ( )
Geléias ( )
Esverdeado ( )
Protetor (camisin ha) ( )
Com sangue ( )
Nenhuma das anteriores ( )
Outra cor ( )
Outros métodos ( )
Qual: ._______________

Quais: _____________

20.Tem cheiro?
30. Durante quanto tempo usa ou usou a nticon-
Sim ( ) Não ( )
cepcionais?
2 1 .Tem sentido coceira nas partes de baixo? Há menos de 1 ano ( )
Sim ( ) Não ( ) Um ano ( )
22. Com que idade a senhora teve sua primeira Dois· anos ( )
relação sexual? Três anos ( )
Antes dos 1 5 anos ( ) Quatro anos ( )
Entre 1 5 e 1 8 anos ( ) Cinco anos ( )
Após 1 8 anos ( ) Mais de cinco anos ( )
23. Sente dor d u ra nte ou a pós uma relação se­ 31 .A senhora já esteve grávida a lgu ma vez?
xual? Sim ( ) Não ( ) Não sei ( )
Sim( ) Não ( ) As vezes ( )
32. Quantas vezes?
24. Tem sangra mento d u rante ou após u ma re­ Uma ( ) Seis ( )
lação sexual?
Duas ( ) Sete ( )
Sim ( ) Não ( ) As vezes ( ) Três ( ) Oito ( )

202 R. Bras. Enferm., Brasllia. v.47, n.2, p.1 95-205, abr.�un. 1 994
Quatro ( ) Nove ( ) Quem: ______________

Cinco ( )Mais de nove ( ) Outras. Qual: ___________

33. Quantos filhos a senhora teve? Quem: ______________

Nenhum ( ) Cinco ( ) 40.Alguém da sua família morreu por alg u ma


Um ( ) Seis ( ) dessas doenças?
Dois ( ) Sete ( ) Quem: _______________

Qual doença :
Três ( ) Oito ( )
___________

Quatro ( ) Mais de oito ( )


34. Que tipos de parto a senhora teve? 41 .A senhora trabalha fora de sua casa? (caso
Normal ( ) niJo, não precisa responder às demias q ues­
tões)
Cesariana ( )
Fórceps ( ) Sim ( ) Não ( )

35.Com que idade teve seu primeiro filho? 42. Quantas horas a senhora trabalha por d ia?

Antes dos 1 5 a nos ( ) Menos de 6 horas ( )


Entre 1 5 e 1 8 anos ( ) De 6 a 8 horas ( )
Entre 1 8 e 30 anos ( ) Mais de 8 horas ( )
Após os 30 anos ( ) 43.0 que a senhora acha do seu trabalho?
36.Já provocou algum aborto? Está satisfeita ( )
Sim ( ) Não ( ) Sente-se pressionada ( )
Fel iz ( )
37. Quantos?
Pretende mudar ( )
Um ( ) Três ( )
Não gosta ( )
Dois ( ) Mais de três ( )
44.A senhora está exposta no seu trabalho?
38. Como fez o a borto? ________
A umidade ( )
39.A senhora ou alguém da sua família teve ou A poeira ( )
tem a lg u ma dessas doenças? A rad iação ( )
Diabetes Sim ( ) Não ( ) A fumaça ( )
Quem: ______________ A produtos qu ímicos ( )
Pressão alta Sim ( ) Não ( ) Ao frio ( )
Quem: ____________________________ Ao calor ( )
Problema no coração Sim ( ) Não ( ) Nenhuma das anteriores ( )
Quem: __________________________
45 . 0bservações: __________________

Problema mental Sim ( ) Não ( )


Quem: _____________

Câncer Sim ( ) Não ( )

R. Bras. Enferm., Brasilia . v.47, n.2, p.1 95-205, abr.�un. 1 994 203
PARTE 11: ENTREVISTA gras?

01 . Qual foi o motivo da ú ltima consulta médica?


1 0. Você utiliza algum tratamento para o correi-
mento? Qual? __________

02. Qual o motivo da consulta atual?


1 1 . 0 que a senhora acha do sangramento fora
das Regras? __________

03. Cite os problemas de saúde que a senhora


resolve sozinha: _________

1 2.A senhora já apresentou alguma doença ve-


04. Como costuma resolver estes problemas? nérea? Fez tratamento? ______

OS.Quando tem problemas de saúde, além do 1 3.A senhora utiliza drogas? Quais? ___

médico , quais sao as pessoas que você pro-


cura?
1 4.A senhora tem o hábito de beber elou fumar?

06. Você sente alguma coisa durante as Regras?


O q uê?
1 S. Condições atuais de saúde:
__________
_ _

Repouso: _____________

80no: ________________

07 . 0 q ue você faz para se sentir melhor nessas


Atividade física :
ocasiões?
__________

_____________

H id rataçao:,
___________

Alimentaçao: _____________

H igiene:
08. 0 que você acha que sao as Regras? __
-------

09.Já fez algum tratamento para descer as Re-

204 R. Bras. Enferm., Brasnia. v.47, n.2, p.1 95-205, abr./jun. 1 994
PARTE 111: EXAME F í SICO Quais: __
_________________________

Paredes vaginais: ____________ _

Nome:
_ ____

__________________________

R.G.: ________ Ficha Família: _


__
_
Secreções
Sinais vitais Aspedo: __ __ __ �_____________
__ __

T:-----
PA: ____
Quantidade: ________ �'--__________

Odor:
Cabeça/pescoço (gânglios, dor, tumoração) :
____________________________

Cor: ____________
____
______
_______

Perineo
Mamas
( ) Integro
Aspecto da pele:
( ) Roto - Grau de rotura :
__�____ ______ __
__ __
....:-____________
Dor.
Presença de lesões:
__ ____________________
____ ___
_________________

Nód u los:
_________________________

Secreção: _________________________
Colo
Outras a lterações: ____________________
Características macroscópicas: __
____

Teste de Schiller
Auto-exame de mamas
( ) Negativo ( ) Politivo
Conhecimento , época do ciclo , mami los: __

Impressão geral (postura quanto à participar na


entrevista):
Abdômen :
_____________________

_______________________

Sistema genituri nário


Queixas : I ntercorrências gerais observadas : ______

( ) Cistocele ( ) Retocele
( ) Disúria ( ) POlaciúria
( ) I ntercorrências ( ) Outros Conduta: ________________________

R. Bras. Enferm., Brullia. v.47, n.2, p.195-205, abr./jun. 1994 205

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