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Tecnofobia ou Tecnofilia?

Que o ano de 2007 foi muito bom para o mercado de TI, já sabemos. Também sabemos que o
mercado de TI cresce como conseqüência do maior volume de negócios e de investimentos em
infra-estrutura e em sistemas de informação. Os fornecedores de TI tiveram suas agendas
lotadas no ano que passou.

Segundo levantamento da consultoria Thomson Financial, as ofertas públicas de ações feitas


por empresas nacionais nos primeiro oito meses de 2007 tiveram um crescimento de 151% em
relação às operações concluídas em igual período de 2006, para o recorde de US$ 22,5
bilhões. Isso equivale a cinco vezes o ritmo de expansão mundial.

Não se discute aqui o lucro ou o EBITDA, indicador comumente usado em grandes


corporações, mas sim que com um volume financeiro maior, as organizações investiram mais
em projetos de tecnologia da informação e comunicação.

Outro exemplo são os dados levantados pela central de inteligência da Intel, ratificados pela
IDC, onde apontou que o Brasil caminha para a 3º. posição no ranking mundial de PCs. Mas
indo além dos PCs, grandes projetos de TI, como a implantação de sistemas de informação,
não duram menos que seis meses, quando não ultrapassam anos.

Ou seja, muito do que foi investido em 2007 será colocado a prova em 2008. Para delimitar
ainda mais a discussão, não vamos falar de retorno financeiro do investimento, pois é quase
impossível mensurar o retorno que a TI traz na sua totalidade. Como disse Nicholas Carr na
Harvard Business Review, a TI virou commodity, mas não em um sentido pejorativo, mas sim
de que a TI é como o trilho do trem ou a energia elétrica. Não se mede o retorno financeiro
que o trilho ou a energia trazem, são necessários e ponto final. Sem o trilho o trem não
passa, sem energia as máquinas não funcionam, ou seja, sem TI a sua empresa não é
competitiva.

O que se procura discutir é: será que foram investimentos estratégicos, realizados no


momento adequado, ou realizados apenas porque o momento era financeiramente bom e
pegou carona nos diversos investimentos que houveram em infra-estrutura no ano que passou?

É evidente que a resposta para essa pergunta é única e exclusiva de cada organização, cabe a
cada uma se questionar (periodicamente!), mas cabe também aos decisores das organizações
se questionarem sobre qual é o seu perfil em relação a tecnologia. Uma auto-avaliação, ou
talvez uma auto-crítica, algo muito saudável.

Primeiro vamos aos extremos. A realidade mostra o volumoso progresso tecnológico e a


conseqüente mutação no modo de viver das pessoas. Diante desse cenário, as pessoas reagem
de forma díspar. Na extrema esquerda (sem fazer apologia a partidos políticos), estão os que
advogam a tecnofobia, e na extrema direita os que rezam a tecnofilia e canonizam a
tecnologia. Podemos então falar desse movimento pendular que oscila entre os dois pólos.
Qual será o seu perfil?

Os tecnófobos enxergam os diversos aspectos contraproducentes da técnica e da tecnologia e


enfatizam principalmente a passividade do homem diante da tecnologia, ou seja, uma
ausência de visão crítica frente aos impactos agregados do seu uso. Alguns de seus defensores
possuem realmente uma aversão incontrolável a evolução tecnológica que chega até mesmo
ao ponto de considerar o desenvolvimento tecnológico a fonte de diversos problemas sociais
na contemporaneidade. Postura muitas vezes que, de tão radical, também se perde na
irracionalidade, principalmente porque não há como frear as inovações da técnica e da
tecnologia que nos acompanham desde os primórdios da humanidade.

Os tecnófilos, por sua vez, acreditam que os recursos da técnica e da tecnologia são os
principais deflagradores do avanço da humanidade. Dizem, por exemplo, que o ciberespaço é
uma nova e a melhor forma de comunicação e distribuição do conhecimento. Seus adeptos
pouco problematizam o capitalismo financeiro e se integram sem qualquer dificuldade a ele e
as suas demandas ideológicas.

Normalmente a tecnofilia é adotada pelos homens providos de conhecimento dos artefatos


técnicos, que muitas vezes se focaram tanto na especialização do saber tecnológico que
deixaram nascer do outro lado uma tremenda alienação da cultura em relação à máquina, os
entusiastas da técnica não veriam escolha senão conferir à tecnologia o único código de valor
concedido aos artefatos fora da esfera artística: a categoria do sagrado.

Julgam que a solução de todos os problemas implica pensá-los tecnologicamente,


demonstram uma “fé cega” nas realizações e promessas da tecnologia, sem o melhor olhar
crítico sobre as ideologias que permeiam as tecnologias e seus impactos agregados.

A tecnofilia e a tecnofobia se fazem presentes em nossas organizações, algumas vezes de


forma explícita, mas normalmente de forma implícita, através do perfil de alguns gestores e
suas decisões quanto a TI.

Como sugestão final, coloco que para encontramos a melhor opção tecnológica para nossos
processos organizacionais, devemos rejeitar a tecnofilia e a tecnofobia, optando por
alternativas que levem a discussão para outras searas mais planas e translúcidas.

Assim, uma postura crítica-reflexiva da tecnologia evita tanto a tecnofobia quanto a


tecnofilia.

André Peretti (andre@peretti.pro.br) é formado em administração de empresas, especialista em


estratégia empresarial e em empreendedorismo, mestre em tecnologia da informação e comunicação na
formação em ead, possui trabalhos apresentados em eventos e congressos nacionais e internacionais de
administração e tecnologia. Atualmente trabalha como gerente de projetos de tecnologia da PADO S.A.
e ministra aulas em MBAs.

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