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OS CAMINHOS DO HINDUÍSMO

Texto produzido pelo professor Mario Antonio


Betiato para o Programa de Aprendizagem de
Cultura Religiosa - PUCPR

1. A RELIGIÃO ETERNA

O Hinduísmo é a mais antiga de todas as grandes religiões


históricas no mundo. Tem uma história de aproximadamente quatro mil e
quinhentos anos e, se não houvesse outros, somente este elemento seria
suficiente para que estudássemos esta Religião com admiração e
respeitabilidade. Aqui, no Ocidente, vivemos um momento histórico em
que centenas de seitas cristãs nascem e morrem todos os dias, cada uma se
dizendo portadora de verdades, muitas vezes, contraditórias. Então, é bom
que prestemos atenção nos hindus que possuem uma cultura pacífica,
milenar e impregnada de transcendência.
Ser indiano é uma nacionalidade e ser hindu é ser adepto do
hinduísmo que é uma Religião. Atualmente, mais de oitenta por cento dos
indianos são hindus, mas, por lá, naturalmente, também existem judeus,
cristãos, muçulmanos, ateus e outros. O número de hindus varia de autor
para autor. Alguns dizem que são quatrocentos milhões aproximadamente,
outros dizem que eles chegam a oitocentos e cinqüenta milhões.
Depoimentos não escritos confirmam o segundo número.

Uma das definições da palavra hindu é a que vem do sânscrito,


antiga língua falada na região e a tradução mais precisa é: Hi (violência)
Du (longe), ou seja, hindu é aquele que vive longe da violência. Se assim
for, confirma-se a doutrina da “não violência ativa”, pregada por
Mahatma Gandhi, o grande personagem do Hinduísmo moderno, em
quem se inspirou o filme Gandhi, digno de grandes premiações e
assistido no mundo inteiro.

O Hinduísmo possui doutrina reencarnacionista. Entretanto, a


palavra reencarnação não é a mais simpática para explicar sua crença.
Aqui, no Ocidente, a palavra reencarnação está ligada mais ao espiritismo,
cuja concepção é diferente da concepção hindu. A expressão mais exata é
transmigração das almas, o que eles chamam de dharma, que é o
caminho que todos devem seguir para voltar ao Brahma de onde todos
saíram. O Brahma, divindade suprema, está distante, no além, é infinito
e, por isso, não possui definição. Sobre ele, silêncio. Mas é dele que tudo
sai como fagulhas, como centelhas e é para ele que tudo deverá voltar.
Para se chegar até o Brahma, quem faz o caminho (dharma) são as
próprias pessoas. Por isso, numa só vida, é muito difícil completar o
dharma. Daí que, depois da morte, as pessoas voltam outras vezes até
atingir a perfeição necessária para se integrar ao Brahma novamente.

No Cristianismo, existem os sacramentos, os ritos de


arrependimento, as orações, por meio dos quais os crentes podem alcançar
o perdão de Deus, e tudo estará perdoado. Para o Hinduísmo não.
Ninguém poderá escapar dos efeitos do dharma, o caminho de volta ao
Brahma através dos sucessivos ciclos. Outro elemento comparativo é que
no Judaísmo e no Cristianismo, Deus desce para salvar (revelação – Deus
se revela), ao passo que no Hinduísmo são as pessoas que caminham até o
Brahma para se juntarem a ele.

Outro elemento forte no Hinduísmo é a contemplação. Pela


contemplação as pessoas conseguem entender, discernir e libertar-se
daquilo que impede o progresso do espírito: a materialidade, os maus
pensamentos, as ações interessadas, enfim, o mal. O Yoga, que muitos por
vezes entendem somente como exercício físico, para eles, é algo muito
além disto, é uma técnica para adestrar o espírito e alcançar a comunhão
com Brahma e, pelo esforço, alcançar a pureza interior e libertar a mente
daquilo que não é essencial para a vida espiritual.

As principais divindades hindus estão no Trimurthi (tríade):


Brahma, Vishnu e Shiva.

Brahma, o infinito, manifesta-se para o mundo através de seus três


atributos: Brahma positivo, Vishnu e Shiva. Estes três atributos são
chamados Trimurthi, ou os três rostos de Deus: o criador, o preservador e
o destruidor.

Vishnu é a força conservadora das coisas existentes. Ele reencarna


muitas vezes, sempre quando necessário. Quando a criação está em
perigo, Vishnu torna-se visível em forma humana e vem para salvar, para
pôr ordem nas coisas, para garantir o bom andamento de tudo o que
existe.

Shiva é criador junto com Brahma, mas, ao mesmo tempo, é o


atributo destruidor de Brahma. Por isso, ele é tido como terrível, por ser
destruidor. Shiva é movimento. Porém, enquanto destrói, Shiva recria
constantemente. É Shiva quem acelera os novos ciclos, quem produz a
novidade, quem faz aparecer a morte que provoca a vida. É a dialética no
Hinduísmo, ou seja, as forças contrárias complementando-se, e assim é o
movimento do mundo, do espírito, da existência.

O Hinduísmo possui seus livros sagrados que estão na Literatura


Védica, ou os escritos védicos. Os principais livros são: Upanishads, que
é um livro histórico; Bhagavad Gita, que fala de Ética e de Moral;
Mahabharata, que é um grande poema religioso e o Manusmrithi que é
o livro das leis.

“Todo homem deve atingir seu Eu divino,


E não cair jamais de tal estado.
O Eu divino é o melhor amigo:
o ego humano é o pior malvado.”
(Citado em Bhagavad Gita, comentários Mário Sanchez, Gráfica o Popular,
Goiânia, 1984 p.57)

Num dos Vedas, chamado Rig Veda, no capítulo dez, versículo


noventa, fala sobre as castas. Diz o texto que da cabeça de Brahma
saíram os brahmanes (sacerdotes), dos braços saíram os Xátrias
(guerreiros), do corpo os Vaixás (agricultores, comerciantes e artesãos) e
das pernas os Sudras (escravos, servidores, encarregados dos trabalhos
humildes). Esta cultura de castas está profundamente ligada à crença da
transmigração das almas, pela qual as pessoas deverão voltar, em classes
sociais diferentes, para completarem seu ciclo de volta ao Brahma.
Entretanto, numa leitura mais teológica, todos são convidados a serem um
pouco de cada casta, isto é: serem sacerdotes para se inspirarem nos textos
sagrados; serem guerreiros para se defenderem e defenderem o povo;
trabalhadores para produzirem, e também servidores.

Chamada também de Religião Eterna ou Eterna Vivência, o


Hinduísmo se constitui num amplo sistema religioso que inclui um grande
número de deuses e deusas e uma complexidade de crenças e rituais
unificando tudo no grande sonho da alma hindu: a união com o todo
divino. Conhecer o Hinduísmo é um convite a conhecer uma civilização
de aproximadamente quatro milênios.

O Hinduísmo acredita que tudo é cíclico, tudo evolui até um ponto


final e começa de novo. A própria humanidade nasce do despertar de
Brahma, passa por diferentes eras e vai terminar quando Brahma
adormecer, repousar. Aí tudo repousará no estágio divino e a vida ficará
num estado latente até um novo despertar do Deus, que dará início a uma
nova humanidade.
Os próprios deuses do Hinduísmo estão sujeitos a esse processo
cíclico. Muitas divindades hindus são reencarnações de uma outra
divindade. Nascido de um fragmento da divindade, o homem também
nasce, morre, nasce de novo, num eterno ciclo de evolução.

Dentro da visão hindu mais tradicional, os animais e até os vegetais


participam do mesmo processo de evolução a que o ser humano está
sujeito. Os animais pertencem à mesma ordem da evolução humana. Por
isso, todos os animais devem completar seu ciclo existencial para evoluir,
nascendo e morrendo naturalmente.

Matar um animal é condená-lo a não evoluir. Daí decorre o fato dos


hindus serem vegetarianos. Não matam os animais e por isso não comem
carne.

Conta-se que Mahavira, o fundador do Jainismo, um ramo do


Hinduísmo, andava com muito cuidado, observando bem direito para
nunca, nem por acidente, matar um animal, por pequeno que fosse.

O Ahimsa, o princípio tradicional hindu da não violência, decorre


também da mesma visão de mundo. Se nem os animais devem ser mortos
violentamente, menos ainda os seres humanos. A violência contra os seres
humanos é o rompimento dos princípios básicos do Hinduísmo. Um
adepto do Hinduísmo deve viver a sua vida em harmonia com os deuses,
com os seres da natureza e com os homens. Quem romper esta harmonia
deve se purificar. Esta purificação pode ser alcançada através de práticas
rituais, visitas a lugares sagrados, peregrinações e mortificações.

As cidades sagradas, que são muitas na Índia, são lugares especiais


de prática ritual de purificação. De todas as cidades sagradas da Índia,
Benares é a mais importante. Benares está situada às margens do Rio
Ganges.

O banho ritual é um dos mais importantes ritos de purificação


hindu. O Rio Ganges é um rio sagrado, filho de Shiva, destinado a
purificar os deuses e os homens. Banhar-se no rio Ganges para atingir a
purificação é, portanto, uma prática constante na Índia. Banhar-se no Rio
Ganges, onde ele passa por Benares, torna-se ainda mais significativo.

O próprio deus Vishnu redimiu-se de um castigo de Brahma


tomando um banho no rio Ganges, na cidade de Benares, e, por isso, a
cidade se tornou sagrada.
Por causa de tudo isso, as margens do rio Ganges, na cidade de
Benares, tornaram-se um longo crematório. Por vários quilômetros, ao
longo da margem do rio, pratica-se a queima dos cadáveres. Normalmente
o cadáver é banhado nas águas do Ganges e cremado logo após. Outros
podem jogar as cinzas do morto no rio sagrado. Houve época em que os
próprios cadáveres eram depositados no rio.

Morrer de velhice e ser cremado nas margens do Rio Ganges, na


cidade de Benares, é um privilégio almejado por todos os hindus.

2. A GRANDE MENSAGEM DO HINDUÍSMO PARA O MUNDO

Por Joachim Andrade SVD. (Sacerdote indiano)

O Hinduísmo é considerado a mais antiga das religiões vivas da


humanidade e se atualiza, cada vez mais, com novas “roupagens”, através
da presença de numerosos mestres espirituais que viveram na Índia ao
longo dos séculos. Não possui um fundador individualizado, por isso o
nome é Sanathana Dharma, que quer dizer Religião Eterna. O
Hinduísmo, desde suas origens, salientou a unidade do universo. Todas as
coisas viventes, visíveis e invisíveis, são vistas como uma manifestação
de Deus. Consideramos muito importantes alguns aspectos do Hinduísmo
para a humanidade nesta virada de milênio, em que há muita exigência no
avanço tecnológico e também na qualidade total de vida. Vejamos:

Apesar de tanto conforto material, nunca tivemos tanto


desequilíbrio nas pessoas. Isto indica que as coisas externas não nos dão
paz interior. O Hinduísmo se preocupa muito com o estado interior das
pessoas, principalmente o equilíbrio. O núcleo principal do Hinduísmo
está em três princípios básicos: dharma, samsara e karma. Para entendê-
los melhor, devemos compreender a visão holística dos hindus, que,
essencialmente, surge a partir de uma realidade agrícola, na qual há um
processo cíclico e contínuo de nascimento, crescimento e morte.

O agricultor tinha tempo para descansar. Semeava e esperava


alguns meses para a colheita. Esse tempo ele usava para meditar nas
questões básicas da vida. Ele percebia que as plantas, ao darem o fruto,
secavam, mas o fruto gerava uma nova vida. A partir desta visão, surgiu o
conceito de Deus que é Brahma, Vishnu e Shiva – O Criador, o
Preservador e o Destruidor. Esse processo cíclico leva o hindu a pensar
na reencarnação, que é uma resposta para o mistério da vida após a morte,
e também sobre a benção ou a maldição que a pessoa recebe por seus atos
praticados durante a vida (Karma). Reencarnação e karma são as doutrinas
fundamentais e princípios básicos para uma vida moral e de paz. Isto
previne as pessoas da violência e mostra o caminho da verdade.

As atitudes religiosas consistem em unir a alma da pessoa (Atman)


com o Brahman. O hindu não possui um conceito de salvação operada por
um mediador. Sua religiosidade é individual, ou seja, cada um deverá
operar por si mesmo sua libertação. Diversos caminhos foram indicados:
silêncio, meditação, concentração, yoga, que inclui devoção,
conhecimento e serviço.

O objetivo da meditação é despertar a consciência para a realidade


do espírito do universo que vive em cada um. Assim podemos dizer que
as palavras medicina e meditação vem da mesma raiz. Medicina para o
corpo e meditação para a alma. A meditação leva ao profundo desapego,
através do qual a pessoa consegue ver as pessoas como elas realmente são.

A Yoga é um relacionamento que existe entre o mestre (guru) e o


discípulo. A própria pessoa é mestre e discípulo. O aspecto da devoção é o
discípulo e o aspecto da intensidade para o divino é o mestre.

Toda a religiosidade hindu tem uma grande influência para a vida


familiar e social. Tudo deve funcionar com base no respeito, seja onde for.
Os elementos da natureza como: terra, ar, árvores, rios; os seres vivos
como: animais e plantas; as coisas como: bens, educação, tudo é visto
como divino e ligado a Deus. O Hinduísmo considera todas as criaturas
como filhas de Deus e o universo é uma família. Os pais devem ser
respeitados pela tradição e pela idade; o professor pelo conhecimento e
pela sabedoria e assim por diante.

Uma das contribuições que o Hinduísmo pode trazer para os nossos


tempos é a espiritualidade de que cada um necessita. Indubitavelmente o
povo indiano é religioso. Uma religiosidade que foi aprendida nas
florestas e montanhas que invocam espontaneamente o ato de reverência e
adoração na mente indiana. Todo o aprendizado veio a partir do silêncio.
Vivemos num mundo barulhento, agitado, tanto no plano exterior como
interior, e o silêncio deverá ser aplicado, principalmente na formação das
crianças, pois uma profunda e consciente respiração, a meditação de um
mantra como Om, um silêncio da montanha que o Hinduísmo oferece,
talvez nos possa trazer de volta a tranqüilidade perdida há anos.

Uma das coisas que devo incluir neste texto é o significado do


símbolo Om. Muitos ocidentais procuram descobrir o segredo deste
símbolo, que ainda esconde algo. Segundo o Hinduísmo, para ter uma
experiência profunda de Deus, é importante o desapego e a renúncia. Para
isto, dois aspectos preciosos foram conferidos por Deus à humanidade
com a sua infinita bondade: o corpo foi dado para o homem para ele
praticar os exercícios espirituais e assim superar a ignorância e obter a
salvação, e este privilégio não poderá ser desperdiçado. O segundo
presente são os numerosos métodos promulgados por mensageiros
iluminados pelas Sagradas Escrituras, para sentirmos a presença divina
entre nós.

Uma das maneiras de se chegar a Deus é o uso de Mantras


(repetição de uma palavra inúmeras vezes, para licenciar-se). Os sábios
hindus recomendam repetir essas palavras individualmente ou em
pequenos grupos. Om é um dos Mantras . Segundo muitos místicos e
filósofos hindus, Deus está além das palavras e das fórmulas humanas. Na
presença do Absoluto, o silêncio é melhor do que a fala. A recitação do
Om é um primeiro passo na direção do silêncio e é por isso que o hindu
começa e termina a oração recitando o Om. Esta virada de milênio precisa
de silêncio. Acredito, hoje, que em determinados momentos da nossa
vida, o silêncio é a melhor resposta. Saber calar-se internamente é uma
virtude e esta pode ser obtida somente através do cultivo do silêncio. Esta
talvez seja a melhor contribuição do Hinduísmo para o mundo ocidental”.

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