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Transferência e Contratransferência

Suad Haddad de Andrade

Freud, no seu trabalho inicial com as pacientes histéricas, percebeu muito


cedo que elas viviam conflitos: conflito entre seus desejos, seus impulsos
sexuais e as proibições externas ou as exigências da realidade.
Continuando suas teorizações vai nos mostrar, bem mais tarde, que o conflito
pode ser visto de outra maneira: entre o Ego e o Id, os impulsos, e também
entre o Ego e o Superego. O Superego como os pais ou o social internalizado e
oferecendo oposição ao Id e ao Ego. E a conclusão é de que os sintomas eram
a expressão de conflitos não resolvidos.
Como trabalhar com isto? Freud, no inicio de seu trabalho, tentava explicar às
pacientes o que ele percebia; ele falava para elas como se instalavam os
conflitos e como elas estavam vivendo esta briga interna.
Mas muito cedo, e isto aconteceu ainda quando trabalhava com Breuer,
percebeu que as pacientes viviam desejos intensos para com o médico. O
próprio Breuer, tomado de surpresa por Ana O., quase teve seu casamento
desmoronado.
Havia então um fenômeno típico, perigoso com o qual era preciso se acautelar.
No caso Dora, ( publicado em 1905 mas escrito bem antes, em 1901 –
“Fragmento da análise de um caso de histeria”) ficou bem claro para Freud
que o rompimento do trabalho depois de apenas três mêses de análise, ocorreu
por causa dos desejos intensos da paciente e que ele não percebeu em tempo e
não mostrou a ela. Havia os sintomas histéricos de Dora, mas, diz Freud,
surgiu um novo sintoma: a transferência. E êle dá a definição, que é clássica:
“Novas edições ou fac-similes de impulsos e fantasias que são criados e se
tornam conscientes durante o andamento da análise; possuem entretanto esta
particularidade, que é característica de sua espécie: substituem uma figura
anterior pela figura do médico. Em outras palavras : é renovada toda uma série
de experiências psicológicas, não como pertencentes ao passado, para com os
personagens do passado, mas aplicadas à pessoa do médico no momento
presente.” Eram sentimentos que eram tornados conscientes, ou despertados
na análise. Reedições ou edições revistas. Eram as Transferências.
Então, havia os sintomas de Dora mas, diz Freud, surgiu um novo sintoma, a
transferência . Daí, era preciso combater este sintoma como se combate os
outros? Se a transferência era pensada como um obstáculo, como resistência,
agora, pela primeira vez a transferência é introduzida de maneira diferente: a
transferência não pode ser evitada. “O tratamento não cria a transferência mas
simplismente a revela, como outros fatores psíquicos ocultos”....”A
transferência que parecia predestinada a agir como o maior obstáculo à

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psicanálise, torna-se seu maior aliado “. Foi à partir daí que a psicanálise
passou a ser o que é; foi quando se inventou ou se instalou a situação analítica.

Esta capacidade de transferir é próprio da mente humana. O que é transferir?


O desejo, o impulso pressiona a mente, se faz representar na mente e pressiona
para que a mente dê uma solução. A mente revela então uma de suas
características: ela desenvolve a capacidade de substituir. Transferimos
interesses, emoções, fantasias, ansiedade, culpa, de um objeto para outro; são
todas tendências ligadas ao processo de formação de símbolos. Portanto, no
nosso trabalho, o conflito reaparece, é transferido para o terapeuta, e ao
reaparecer pode ser trabalhado. Freud descobre assim o instrumento de
trabalho fundamental da análise: a transferência é a marca da prática analítica.
Então depois de ser vista como perigosa ela passa a ser nossa forte aliada. E o
Método da Psicanálise nada mais é do que a criação de uma situação, de um
setting, que possibilita o surgimeto ou a emergência da transferência para que
ela possa ser trabalhada, interpretada. Só que no início se olhava a
transferência para ver como ela aparecia, e Freud mostrava isto ao paciente –
mostrava como era no passado e como estava se repetindo ali. Lentamente a
técnica vai mudando, em decorrência do desenvolvimento teórico e todo o
manejo da trasnferência vai se reformulando..

Em 1927 Melanie Klein numa polêmica com Ana Freud sobre a análise de
crianças vai trazer significativos achados. Ana Freud dizia que a criança não
pode ser analisada porque ela não faz transferência para o analista, já que
ainda não acabou de realizar a relação com os pais, e não elaborou ainda a
situação edípica. A análise de crianças, neste período inicial, tinha mais um
vértice educativo ou de apoio; Ana Freud se preocupava muito em acolher
bem as crianças, em dar um suporte a elas, além de instalar normas com
função realmente educativa. Já Klein não tem esta postura e mesmo com
crianças muito pequenas ela não interdita, não censura, não ensina, não
aprova, nem reprova. Ela instala a postura de neutralidade, como com os
adultos, e isto possibilita ou cria as condições para a transferência. No seu
trabalho ”As origens da transferência” ela afirma que a criança transfere desde
o início, até para os pais. Afirma também que o Édipo é muito precoce e com
estes dois conceitos revoluciona a psicanálise na teoria e na prática, portanto
não só em relação à transferência. O que ela quer dizer com isto: que as
relações com os pais já incluem a transferência. Para ela o que existe é um
mundo interno povoado de objetos, os objetos internos que vão se instalando
através dos mecanismos de projeção e introjeção que atuam desde o
nascimento. O mundo interno é o espaço no qual as vivências emocionais são

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pensadas, adquirem significados. Ela mostra então que todas as relações
externas têm uma qualidade transferencial, e isto o Freud também já dizia,
mas ela acrescenta que as relações externas extraem seu significado do
mundo interno. Não é do passado que transferimos para o presente, mas de
dentro para fora, do mundo interno para o mundo externo.
Não estamos neste caso preocupados com o conflito, ou com os traumas, ou
com a história e seus pontos significativos. Estamos preocupados com a
estrutura interna do paciente, e como ela comparece em cada movimento.
Estas estruturas, estas formas de reagir, pessoais, permanecem como
“memórias em sentimento” e não como memórias de fatos, de acontecimentos.
É o sentimento que permanece; são as reações que ocorreram antes e que se
repetem agora. Mas não são necessariamente do passado – não é o passado
que se torna presente desta maneira; é a estrutura típica interna que se
exterioriza; portanto nós transferimos de dentro para fora, das relações
internas, com os objetos internos, para com os objetos externos. O que
acontece comumente é que ao perceber o que está ocorrendo agora o paciente
se lembra de que uma vez aconteceu algo assim no passado, e relata então o
sucesso passado. Vejam, é o paciente que vai para o passado, tentando
entender agora o que não entendeu lá atrás. Logo o passado está no presente,
não precisamos ir buscá-lo, basta que se exteriorize o que está dentro de nós.

As fantasias inconscientes vão aparecer na relação com o analista, mas sempre


com significados novos, na medida em que esta é uma relação nova, nunca
repetida. É sempre uma vivência, ali na sessão, que encontra seu significado
ali na relação do momento. Os significados vão sendo descobertos e
apresentados ao paciente. Não tem chave, não tem código estabelecido: sou o
pai, a mãe etc. Não, os sentidos vão se renovando, se complicando a cada
passo. Em todos os encontros, em todas as relações humanas ocorrem
transferências, mas aqui no trabalho analítico há uma diferença, há uma
especificidade. O especial consiste que o paciente vem se encontrar comigo,
traz algo para contar para mim, para partilhar comigo, e eu estou atenta para
compreender, para alcançar o que está sendo dito; tenho que instrumentar
minha observação no sentido de construir uma interpretação que se espera seja
útil ao paciente. Se espera que traga novo conhecimento ao paciente sobre ele
mesmo e sobre sua maneira de estar ali comigo e de se relacionar em geral.
Sempre que interpretamos a transferência nós não só desvelamos algo que está
ocorrendo mas abrimos portas para novos conhecimentos, novos significados:
”Nada pode ser revelado sem ser ao mesmo tempo um processo de criação de
novos significados” (Elias). As interpretações transferencias possibilitam

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novas conexões emocionais o que permite a expansão do mundo interno, nos
seus significados e afetos.
Toda vez que nos relacionamos com alguém há uma relação que é objetiva,
clara, consciente e uma outra que é fantasiosa. Vocês, por exemplo, vieram
aqui para uma conversa sobre este tema nosso – este é o aspecto consciente,
objetivo. Mas quantas fantasias acompanham este movimento, fantasias a meu
respeito, à respeito de como vou desenvolver o tema, de como pode ser uma
aula inaugural, à respeito do encontro com os colegas, e assim por diante.
O encontro analítico tem esta especificidade de oferecer ao paciente um
conhecimento melhor dele mesmo, do seu mundo de fantasias, e as
expectativas do paciente em relação a isto são sempre muito intensas, as vezes
muito penosas. Então o medo que o paciente tem da análise e do analista nada
mais é do que o medo do que não conhece de si mesmo mas que ele
geralmente fantasia como sendo ruim. São nossos aspectos desconhecidos,
sempre, o que mais nos angustiam, embora compareçam como medo da
análise ou do analista. No que, de certa forma eles têm razão.( uma das minhas
observações aos candidatos é sobre a importância do analista para o paciente,
coisa difícil de se aceitar porque é assustador.)
Então, dos conceitos de Freud passamos para os de Klein, que vão abranger
novos fenômenos. Este é o destino de toda teoria forte – ela está sempre se
reavaliando e se revalidando na prática e exigindo reformulações porque ela
própria detecta novos fenômenos que precisam ser explicados. É a prática, a
clínica que está sempre trazendo novos achados, novos problema, e nos
obrigando a pensar, a reformular, a trazer novas hipóteses. Este é o destino de
toda teoria forte, e a transferência é uma delas.

E a Contratranferência também surgiu da prática.


Quase ao mesmo tempo, Henrich Racher na Argentina, e Paula Heimann na
Inglaterra começam a falar na contratransferência – algo que ocorre com o
analista e que pode intervir no seu trabalho. As reações do analista ao seu
paciente sempre foram vistas como algo muito sério que intervinha fortemente
na observação, na captação do paciente. Era algo que ocorria para atrapalhar, e
por isso era necessário muito cuidado. Muitos autores chegavam a dizer,
taxativamente, que o remédio para a contratransferência era o analista voltar
para o divã.. Dizendo de outra forma: os sentimentos, as reações do analista ao
paciente, até as fantasias que lhe ocorrem na sessão eram vistos como
obstáculos à sua captação do que ocorria com o paciente; eram tidos sempre
como dificuldades do analista que ele precisava detectar para não prejudicar a
análise.. ( falar da oposição de Klein a Heimann sobre a publicação do
trabalho sobre a contratransferência)

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Mas estes dois autores começam a se dar conta que a contratransferência não
é contra nada, mas à favor. Passaram a escrever sobre a importância destes
fenômenos que ocorriam com o analista e a proporem que eles não eram
ocasionais ou não significavam que o analista estava comprometido com suas
coisas, tão somente. Não , podiam ser parte integrante da vivência do
momento e deviam ser levadas em conta pelo analista na sua busca de
compreender o que estava se passando com o paciente. Então, a mente do
analista começa agora a entrar na sessão. O que se passa com o analista
começa a fazer parte do setting e é considerado como o resultado da interação
e não mais como um fenômeno intruso que deve ser evitado. Isto significa que
a personalidade do analista está inteira ali na sessão, colaborando com o
trabalho. Temos que nos deixar tocar pelo paciente, temos que nos deixar
penetrar pelo paciente. Este é um assunto muito debatido, importante, que
continua em elaboração pelos psicanalistas, embora alguns aspectos já
estejam bem assentados. Não vou entrar em detalhes mas vocês vão ouvir
falar de simetria, assimetria, neutralidade, distanciamento, abstinência etc.
Vocês terão cursos exaustivos sobre isto quando estudarem a Técnica e a
Teoria da Técnica.
Deixo só bem assinalado que hoje ninguém duvida de que o que ocorre numa
sessão diz respeito à intersubjetividade, isto é, as duas mentes ali presentes
interagem, uma influencia a outra e, espera-se, ambas saem enriquecidas da
experiência. A instrumentação da contratransferência é a grande tarefa do
analista e representa um avanço importante. Na situação analítica há uma
interdependência mútua entre A e analizando; para alguns autores cria-se um
campo onde se concentra toda nossa pesquiza.
O conceito fundamental que instrumenta nossa observação na vivência
transferencial-contratransferencial é a Identificação Projetiva. O que é isso?
Foi M. Klein, em 1946, no seu trabalho “Notas sobre alguns mecanismos
esquizoides” quem definiu e esclareceu este mecanismo. Ela nos diz:
projetamos nos outros nossos aspectos indesejáveis (não só), mas não
exatamente no outro mas dentro do outro. E passamos a identificar o outro
como sendo ou tendo aquele aspecto que eu projetei. Vamos dar um exemplo:
Se eu chego aqui com a idéia de que o que eu preparei para falar a vocês não
vai agradar, ou não vai ser bem aceito por vocês, vai ser considerado
insatisfatório ou qualquer coisa assim, eu vou ficar insegura, até com medo de
vocês. O que eu estou fazendo? Estou projetando minha exigência em vocês.
Vocês se tornam os exigentes, a ponto de me incomodarem sériamente. Fico
atenta a vocês para detectar as queixas e sou capaz de sair dizendo que vocês
não gostaram, que eu percebi bem isso, etc. Eu estou imaginando uma
situação em que eu sou o paciente e vocês o analista. Então como eu projetei a

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minha exigência em vocês, algo que é meu, só meu no caso, eu vou pedir
desculpas, vou ficar me justificando. Vocês podem ficar em silêncio
decepcionados, ou ficam numa expectativa ansiosa diante da minha
insegurança. Então, ao projetar minha exigência de fazer uma excelente
palestra em vocês eu estou provocando reações em vocês – este é o entre-jôgo;
começam a surgir as reações: ansiedades, fantasias. Vocês, o meu analista,
vão perceber que eu os estou deixando incomodados de alguma forma. Ai o
analista pode dizer (Vocês) podem dizer: “Você está com recêio de que não
gostemos de você.” Ou “V. está nos considerando muito exigentes”
Agora, se o analista, V, for mais tarimbado ele diz: Olha Suad, você está me
dizendo que suas exigências a perturbam muito, perturbam principalmente a
sua relação com os outros.
Então, a I.P. foi uma forma tomada pelo analista como uma comunicação de
como a paciente está se sentindo. Ao ficar incomodado com o paciente o
analista tenta entender o seu incomodo como algo do paciente, a exigência, e
pode então devolver ao paciente o que é dele. Só que ao mostrar assim, com
paciência , compreensão, desejo de colaborar, estão me ajudando a ver um
aspecto que eu não estava percebendo. Se o paciente toma conhecimento deste
aspecto seu , e que é seu, não do outro, fica sabendo de algo que lhe é próprio
e como este algo atua sem ele até perceber. Esta é a contribuição de Bion, que
nos ensinou a ver a I.P. como uma forma de comunicação também. É o que
costumamos chamar de revèrie. ( falar do reverie mãe-criança).
Então, a contrat. representa agora a totalidade das respostas do analista e não
só os aspectos negativos ou os aspectos comprometidos do analista. Logo é
impossível acolher todas as vivências emocionais do paciente sem passarmos,
nós também, por uma experiência emocional. É bom lembrar que não é só
raiva ou críticas que são aspectos contratransferencias; Ter medo, ficar
tolhido, ficar inseguro também são aspectos contra.; ficar entusiasmado,
torcendo pelo paciente, também. E temos que examiná-los. Muitas vezes o
paciente quer que sejamos juizes, conselheiros, parceiros etc. Se cairmos
nessas deixamos nossa postura analítica que consiste em buscar saber o que
está ocorrendo e mostrar isto ao paciente.
Mas é muito importante sabermos diferenciar o que é nosso do que é do
paciente. Temos que estar ali presentes, atentos, com uma visão dupla: para
com o paciente e para conosco; observação do outro e de si próprio. Uma das
confusões comuns é a questão da confissão. Tem analistas que dizem ao
paciente o que ele próprio está sentindo; às vezes fazem uma confissão de seus
aspectos contratransferenciais. Penso que isto é indesejável e prejudicial.
Exatamente a diferença entre o analista e o analisando é que o analista está
atento ao que ocorre com ele para entender melhor o paciente e para informar

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o que ele está vendo, através da interpretação. A maneira como ocorre a
interação não deve ser explicitada ao paciente; esta tarefa é só do analista; este
é o seu trabalho.( não podemos responsabilizar o paciente, sobrecarregá-lo).

Vocês estão vendo que temos que nos deixar tocar pelo paciente, nos deixar
perturbar por ele. Não há outro caminho. E é para podermos lidar com todas
estas tensões que necessitamos da nossa análise pessoal, o mais profunda e
minuciosa possível. É por isso que se fala tanto em transferência; não só
porque é a marca do trabalho psicanalítico mas principalmente porque é muito
fácil conhecer as teorias psicanalíticas; o difícil é o trabalho com elas.
Também é por isso que na maior parte do tempo se faz psicoterapia, que pode
ser muito importante também, mas não tem o alcance para o paciente e a
dificuldade para o analista, que a análise traz. A Psicoterapia de orientação
analítica usa o mesmo corpo teórico da Psicanálise. O que é diferente é o
manejo destas teorias na clínica, no aqui - agora da sessão. É o manejo da
relação analista-analisando o que diferencia a psicoterapia da análise, ou
melhor, é o trabalho com a transfe- contra. que caracteriza o trabalho
analítico.
Na análise estamos centrados nas emoções, nas emoções que emergem ali no
contato. Não ficamos mais buscando levantar as repressões mas tentando
encontrar os significados das fantasias, das angústias e das defesas que estão
ocorrendo ali naquele momento. Estamos sempre caminhando para poder
pensar a situação, para chegar a novos conhecimentos; e a capacidade do
analista de poder sonhar, de poder viver suas emoções sem se perder nelas é o
grande desafio.

Um aspecto importante que não quero deixar passar ( muito serão deixados,
evidentemente) é o que diz respeito à confusão da transferência-contra. com
I.P. e I.I. Ambas fazem parte, ocorrem freqüentemente mas não explicam toda
a dinâmica e a estrutura das relações A x An.; também não levam em conta
todo o trabalho que ocorre dentro do campo. O conjunto Trans- Contra
representam sempre uma situação total, como diz Klein, e involucra fantasias,
defesas, emoções, enfim, experiências emocionais as mais complexas.
A importância da I.P. é porque ela representa o movimento mais significativo
de comunicação e de defesa; nós a usamos para nos libertarmos dos
sentimentos difíceis, insuportáveis. Representa também a necessidade de
negar partes nossas insuportáveis, principalmente negar a separação Ego –
Objeto. Ponho aspectos meus no outro e fico misturado com ele; assim eu não
sou eu e o outro não é o outro. É o que chamamos de relação narcisista.

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A I.P. é um mecanismo que tem sido muito discutido por diferentes autores,
mas tem sido aceito pela grande maioria, com algumas variações na sua
compreensão e manipulação.
- Alguns a consideram apenas um mecanismo descarga para se ver livre de
algo e controlar o objeto.
- depois passou a ser algo que altera o objeto mesmo.
- depois passou a ser importante a alteração do objeto e o uso que o analista
faz da alteração.
- cria-se uma situação especial em que não é mais o S ou o Objeto que importa
mas o resultado destes movimentos.
- a volta para o S é o mais importante, já que o S estará modificado. Ogdem
chama de Terceiro Analítico.
- Então – somos levados a viver um papel para podermos trabalhar ,e em
seguida sair dele.

Um outro tipo de ocorrência dentro da relação analítica é uma espécie de


conluio inconsciente entre A e An que recebeu o nome de enactement
traduzido por encenação . É quando o analista é envolvido sutilmente e sem se
dar conta, num comportamento definido pelo paciente. Na I.P. o analisando
atua dentro da mente do analista colocando um aspecto seu, de sua própria
mente, que agora vai atuar dentro do analista; são estados emocionais que
migram de um para o outro. No enactement há uma resposta do analista a
certos estímulos do paciente e se refere sempre a um comportamento, a uma
ação que passa a ser executada pelo analista; por isto se intitula de encenação.
Se vocês prestarem a atenção verão que isto é comum: o analista é levado a
tomar partido, geralmente do lado do paciente; o analista é levado a dar
conselhos, ou é levado a supervisionar o trabalho do paciente, ou fica torcendo
pelo sucesso do paciente e ai fica bravo ou o tranquiliza como fazem os pais e
assim por diante. Na verdade o analista pode Ter estes sentimentos mas não
pode atuá-los e deve ficar atento para não sair da situação onde o importante é
saber das fantasias do paciente e apontar sua angústia, sua defesa e a maneira
como lida com os objetos.

Então o que podemos fazer no trabalho psicanalítico: ajudar o paciente a


recolher estes aspectos que estão sendo projetados fora, recolher o que se
livrou e não quer ver em si, e recolocá-los em si mesmo – e aprender a viver
com eles. É a reintegração dos aspectos rejeitados e projetados é que constitui
o objetivo de nosso trabalho. No exemplo que eu dei: se vocês, como
analistas, mostram a mim que sou eu que sou muito exigente, e sofro com
minha exigência, e eu posso reconhecer isso e passo a pensar nisto, vou

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começar a tentar elaborar, conviver e modificar estes aspectos que eu não
percebia e que eram meus e não dos outros.
Se eu projeto em vocês minha exigência e ela não for reconhecida por mim
como sendo minha, vou ficar cada vez mais angustiada, mais perseguida; vou
sair daqui em pânico e nunca mais vou falar em público!
Então, se o aspecto projetado não voltar para mim, sendo reconhecido como
sendo meu, vai se transformar num processo patológico. Criam-se assim uma
ou várias organizações patológicas internas que vão tornar minha vida muito
difícil, com grandes sofrimentos.
Só que tudo isso: a relação com as transferências, I.P., retorno e reintegração
dos aspectos cindidos e projetados, as vivências todas são muito difíceis,
dolorosas, mas importantes e compensadoras. A análise bem sucedida nos
torna mais habilitados a viver com mais tranqüilidade e produtividade.

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