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O CUIDADO DE SI COMO CONDIÇÃO PARA O CUIDADO DOS


OUTROS NA PRÁTICA DE SAÚDE
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INTRODUÇÃO Neste texto, pretendemos enfocar um agirético
na área da saúde, em especial na enfermagem, apartir
A ética, a partir dos gregos, é entendida, para darelaçãodoprofissionalconsigomesmo,pautando-se
Foucault,como“apráticadaliberdade,apráticareflexiva emvalores,comoorespeitoàvidaeaoserhumano,mas
daliberdade”(1).Paranosconduzirmosadequadamente também articulado à relação com a profissão que
nasrelações,paraexercermosaliberdadecomodevemos, exercemos,comasinstituiçõesnasquaisatuamos,com os
éprecisoocupar-nosdenós,cuidamosdenós;nãonuma colegas trabalhadores e, por último, à ética nas
perspectivadeegoísmooudeinteresseindividual,mas relações com os clientes assistidos e cuidados, seja o
comoaperfeiçoamentopessoal,superaçãodosapetites, indivíduo,suafamíliae/ougrupossociais.Abordaremos
dosdesejosepaixõesquepossamdominar-nos.Ouseja, questões mais gerais das nossas relações com a
cuidardesisignifica,antesdetudo,nãoserescravo:dos profissão,comasinstituições,comasequipesdetrabalho,
outros, dos que nos governam, como de nós próprios, tendoemvistaquepodemestarpresentesnodiaadiado
das nossas própriaspaixões(1). trabalhodoprofissionalcomprometidocomasdiferentes
Assim,quandofalamosemgovernabilidade,seja pessoas,especialmentenoqueserefereasuasaúde.
desi,sejadooutro,apreocupaçãocomaliberdadetorna-
seessencial,edaíaquestãoética,apontadaporFoucault:
“paraqueesteexercíciodaliberdadeassumaaformade um A ÉTICA NA RELAÇÃO COM A PROFISSÃO
ethos belo, bom, honorável e que possa servir de
exemplo,énecessáriotodoumtrabalhodosujeitosobre Na relação com a profissão, como uma prática
simesmo”(1).Numaperspectivafoucaultiana,aliberdade, social,hálegislaçõesespecíficas,comonaenfermagem,
então,éessencialmentepolítica,namedidaemque“ser que dispõem sobre o exercício profissional (2-
livre significa não ser escravo nem de si mesmo (...) 3)
,estabelecendooqueédacompetênciadecadaprofissional
exercendo sobre si uma relação de domínio (...) poder, e, dentre estas competências, o que é privativo do
mando”(1).Quemcuidademodoadequadodesimesmo, enfermeiro, o que não pode ser delegado, garantindo o
encontra-seemcondiçõesderelacionar-se,deconduzir- desenvolvimentodaáreadeenfermagem,oaprimoramento
seadequadamentenarelaçãocomosdemais(1). de saberes da profissão, a realização profissional, mas
Assim, como profissionais de saúde, podemos maisdoqueisso,aqualidadedaassistênciaaosclientes. A
nos perguntar: como vem se produzindo a nossa relevância e necessidade de incorporação da
construçãoeformaçãomoral?Predominantemente,nós sistematizaçãodaassistênciadeenfermagemàprática
nosconstruímospautadosporumamoralautônoma,em édestacada,concretizandoodeterminadopelalegislação
quenospermitimosquestionar,duvidare,senecessário, profissional(4).Há,ainda,decisõesqueestabelecemoque
provocar mudanças, romper com o instituído? Ou, são cuidados de enfermagem complexos, privativos do
fundamentalmente,agimosapartirdoqueoutrosdecidem e enfermeiro,assimcomooquecompeteaostécnicosde
determinam que façamos, apesar do sofrimento enfermagemeaosauxiliaresdeenfermagem(5).Opróprio
provocado,dosentimentodeinadequação,edapossível códigodeéticaprofissionalexplicita,comoumaprescrição
culparesultantedoconflitoentreoqueacreditamosque moral,osprincípiosfundamentaisdaprofissão,osdireitos
devemos fazer e o que, na verdade, aceitamos ou nos dos trabalhadores, suas responsabilidades, deveres e
sujeitamos fazer? Tais questões relacionam-se com a proibições(6).
governabilidade:comoosprofissionaisdesaúdevêmse Buscar condições para que cada profissional
governando?Comovêmsedeixandogovernar?Comovêm assuma o que é de sua competência legal, argumentar
governando aosoutros? com as chefias e administrações quanto à necessidade
Nas instituições de saúde, por diferentes derecursoshumanoséumcompromissocomaprofissão
caminhos, vem-se demonstrando, cada vez mais, que ecomacomunidadequesolicitanossosserviços,assim
determinados modos adotados de ser e de fazer não como conosco, com a nossa formação e qualificação.
apenas comprometem e prejudicam os profissionais, Ainda,maisdifícildoqueoconvencimentodechefiase
como,principalmente,comprometemoquesechamade administrações, pode ser o convencimento do próprio
cuidadoaosclientes,asuaassistênciaàsaúde. enfermeiro acerca da necessidade deassumir
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determinadaspráticasquelhedãoidentidadeeaprofissão dabioética(beneficência,nãomaleficência,autonomiae
que exerce, como a prescrição da assistência de justiça)podeserdemonstrada,sejapelasuaaproximação,
enfermagem.Porquenós,enfermeiros,freqüentemente, sejapeloseudesrespeito.Atransgressãodosprincípios
relegamos o nosso saber e fazer específico e privativo, bioéticosdecorre,fundamentalmente,darepresentação
cujaaplicaçãoprovocariaouacelerariaodesenvolvimento deumagiréticodaenfermagem,semelhanteàatuação
científico da profissão, em detrimento de fazeres doquefoidenominadoporSellicomoada‘mãedacasa’,
dependentes,osquaispoderiamserdelegadosaoutros que pretende, de um modo até onipotente e,
profissionais da equipe de enfermagem ou sequer ser aparentemente,sempensarerefletir,‘vigiar’,‘darconta’e
assumidos pelaenfermagem? responsabilizar-se por tudo: pelo paciente, como se
pudéssemos ser o seu dono e donos, também, do seu
corpo;peloexercíciodeproteçãoaomédicocomoseesse
A ÉTICA NA RELAÇÃO COM A INSTITUIÇÃO profissional precisasse de uma mãe que o defendesse;
pelainstituiçãoeseufuncionamentocomoumtodo(15).
Narelaçãocomainstituição,podemosreferir-nos a Esse modo histórico, tradicional, reprodutivo e
como se organiza o trabalho quanto aos recursos mecânico de agir tem feito com que a enfermagem se
humanos e materiais. Freqüentemente, em algumas perca,porvezes,nosmeios,semconseguiralcançaros
instituições, os trabalhadores se vêem na contingência finsquedizpretender:ocuidadodoclientecomopessoa.
de ter que atuar com recursos materiais, em condições Paraaequipedeenfermagemreconhecernopacienteum
inadequadasdefuncionamento,dequalidadequestionável, ser humano, e assim cuidá-lo, precisa, também, e num
insuficientes,expondoabiossegurançadostrabalhadores, estágioanterior,reconhecer-seetratar-secomoumser
dosclientes,afaltadeprivacidadeeintimidadedianteda humano(16-17).Ocuidadodoselementosdaequipecomo
organização do ambiente de enfermarias, dentreoutros sujeitos que necessitam exercer o seu cuidado para
elementos que poderiam ser apontados. Como cuidar assegurar o cuidado dos outros, há anos vem sendo
adequadamentedooutro,sequemsereconhececomo enfatizado(16).Ocuidadodesiconstitui-seemparar,dirigir
cuidador é desrespeitado e permite que seu saber seja onossoolharparaanossavida,permitir-nosrealizarum
desrespeitadonoqueserefereàsnecessidadesmateriais examedeconsciênciasobreovivido,nãoparajulgá-lo,
doambientedetrabalho? nem para culpar-nos, mas para perguntar-nos sobre as
Aquino, Araujo, Menezes, Marinho; Enders; intençõespropostasenãoalcançadas,sobrecomovimos
Lunardi; Lunardi Filho; Mendes, Trevisan, Lourenço; administrando nossa existência, a nós mesmos, como
Santos, Rodrigues Filho denunciam a contradição um bem a ser preservado(1). Como vimos aplicando, na
existente entre uma visão idealizada da profissão e as nossaprática,valoreseprincípiosquetãoferrenhamente
condiçõesdetrabalhoenfrentadas:abaixaremuneração, defendíamos,criticandoquemostransgredia?
otrabalhoexcessivo,otrabalhoporturnos,aprecariedade de Freqüentemente, deparamo-nos comsituações
recursos materiais e a insuficiência de recursos que poderiam ser caracterizadas como dilemáticas,
humanos, a insegurança no trabalho, o trabalho com a conflituosas,deenfrentamentoderelaçõesdepoder,em
doençaeamorte(7-12);asdificuldadescomunicacionaise de quenosperguntamossedevemosficarcaladosoufalar,
relacionamento da equipe de enfermagem e com a omitir-nosouagir,participarouficarmosindiferentes.Qual
equipemédica(13).Noentanto,otemordeperderoemprego ocaminhoaseguir?Quemvemsendoprejudicadocomo
ainda tem levado os enfermeiros a se submeterem às nossofazer?Quemvemsendobeneficiadocomoonosso
determinaçõesdaorganização(14),negandonãoapenasa si, mododeser?Qualajustificativamoralparaonossomodo
mas possivelmente comprometendo o cuidado dos deagir?
clientes. A identificação e o reconhecimento de uma
situaçãodilemáticapodeserentendidacomoumpasso
importante na nossa constituição como sujeitos éticos,
A ÉTICA NA RELAÇÃO COM A EQUIPE pois muitos de nós sequer percebemos, em muitas
situaçõesdocotidiano,conflitos,problemasoudúvidas.
Ainteraçãodenossaspráticascomosprincípios Existeumaduplacegueira:nãoconseguimossequer
enxergarquenãoenxerga ano vivido, perceber
mos.Problematizarocotidi problemas, dificuldades,
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contradições, dabuscadeajuda,deparar,pe autonomia no seu preparo para o seu
questionamentos, é o nsar,constituirgruposde cuidado. A sua próprio cuidado, de
primeiro passo para discussão, da participação independência é um modo mais
falarmos em ética. das comissões de ética, do princípio na nossa ação e autônomopossível.Nadé
Assim, frente aos estranhamentodesituaçõesq uma meta a ser cadadeoitenta,jáeraapon
recursos humanos de ue,comopassardotempo, permanentemente tada a necesidade de
que podemsemostrarnaturaisen buscada: o retomar a concepção de
dispomos,qualonúmeronec ormais,porémnãoosão. autocuidado,
essáriodetrabalhadorespar maisaceitaedifundidae
a mpaísesdesenvolvidosq
cuidardequem,aparentem A ÉTICA NA RELAÇÃO uanto aos seus
ente,confianainstituiçãoq COM O CLIENTE
princípios e
ue aplicabilidade,
buscou;qualaformaçãodo Ecomovemsedando
considerando o
sprofissionaisparaexercer aéticanarelaçãocomos
contextobrasileiro(18).Era
o que lhes cabe? Há clientes? Poderíamos
denunciadoque,naassist
quanto tempo não iniciar com a necessidade
ência
participam de atividades de
deenfermagem,oenferm
de educação em serviço, solicitaçãodeseuconsentim
eiroaindaestavaassumi
de reciclagem e entolivreeesclarecido,ou
ndoo papel de sujeito
atualização? Como vêm deseus responsáveis,
do processo, decidindo
cuidando dos clientes? para a realização de
como atuar,
Que relações procedimentos,mesmoaquel
dirigindoassuasaçõesea
estabelecem com os esentendidospornós,como
sdosclientes,tomandoco
clientes: necessários.Seoclienteéum
mo
predominantemente sujeitoenãoumobjetode
fundamentoosproblemas
pautadas pela cuidado, tem o direito de
queeleconsideravapriorit
horizontalidade, ser informado do que lhe
ários, o que
respeito,autonomia,compr está
pressupunha uma
omisso,solidariedade? acontecendo,deserinforma
relação assimétrica e
Diante de evidências de dodosseusdireitos,oque
de
desrespeito, qual tem significateratitudeseaçõesd
desigualdade,umarealid
sido a conduta erespeito,dediálogo,de
adequeaindanecessitav
profissional? serconsultado,departicipard
aser
Osilêncio,aomissão,aindife edecisõesquelhedizem
superada.Assim,paraque
rença?Aopção respeito, a partir de
apessoapudessedecidirs
porumaéticacorporativaq esclarecimentos numa
obre
uenadatemdeéticaporque linguagem
suasaúdeesecuidar,erae
vai contra os direitos do clara,simpleseacessível,rec
ntendidoserfundamental
cliente, de ser onhecendosuacapacidade
que estivesse
respeitado, consultado, de pensar e,
mobilizada a utilizar sua
ouvido e contra o dever principalmente, de divergir
própria consciência
profissional de não das nossas
crítica.ComorefereNoron
serconiventecomsituaçõe crenças,valoresepropósitos
ha,“otrabalho‘com’édifer
sdetransgressãoeimorais .
ente
? O conhecimento do
dotrabalho‘para’ou‘pelo’
Porém,comoenfrentartaiss cliente é fundamental para
cliente.
ituações? que alcance a
(...)umadaspremissas
Daí,anecessidade independência e a
doautocuidadoéadecisã
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oe,emtese,qualquerp dotadoderazão,devonta
essoa deedecapacidadedeex
emlucidezpodedecidir ercer sua liberdade,
eraciocinaracercados parece ainda não se
eucorpo, fazer de modo
seusinteresses,seupró satisfatório, já que o
priobem- sujeito que determina o
estareodacoletividade. processo parece ainda
(...)adecisão,aliberdad ser o profissional de
eeparticipaçãoquesão saúde. Uma questão
ospontos poderiasercolocadaace
fundamentais para o rcadoqueéprioritáriopar
desempenho do aos profissionais de
autocuidado saúde: o cliente ou o
constituem direitos seu tratamento, o
inalienáveis das cliente ou a sua
pessoas, e o saúde,
impedimento da principalmente, frente
satisfação dessas a
necessidades só manifestaçõesaindaide
acontece em ntificadasdequeéimport
circunstânciasextrem antea sua participação
as”(18). no seu tratamento, mas
Talvezsejaper que a sua
tinentevoltaraquestion capacidadedeopçãodev
ar:qualtem eserconsideradaerespe
sido,fundamentalmen itada e/ou suas
te,opapeldoclienteno solicitações devem ser
processo da atendidas na medida
assistência e, em que não vierem
principalmente, nas prejudicar ou
tentativas de comprometer o seu
implementaçãodoaut tratamento.
ocuidado?
Apesardeosdiscursos
sobreoautocuidadoref
orçaremaparticipação
docliente
noseucuidadoounopl
anejamentodasuaass
istência,a
percepçãoeaabordag
emdoclienteenquanto
umsujeito capaz de
pensar, de refletir, de
conhecer e de optar,
decidindoporsieparas
ioqueéomelhor,como
umser
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Como profissionais da saúde, parece que, na Umaspectoquepoderiaserdiscutido,refere-se a
prática do dia-a-dia, a prioridade da equipe de saúde, quem, na equipe de saúde, cabe orientar os clientes
fundamentalmente,temsidooqueentendemoscomoa quantoaoseudiagnóstico,tratamentoecuidados,assim
manutençãoerecuperaçãodasaúdedosclientes.Essa como a discussão acerca do direito de o cliente, já
busca da saúde tem se concretizado por meio informado, ter a opção de checar um diagnóstico, de
daimplementação de um programa ou de um discutirpossibilidadesdetratamento,suasconseqüências,
tratamento seusdiferentesefeitoscolateraisprevistos,para,então,
reconhecidocomoarespostaeasoluçãoparaosclientes e, decidir como agir. Embora a responsabilidade da
muitas vezes, independente do que eles, como comunicação do diagnóstico seja do profissional
pessoas,pensem,sintam,acreditem,prefiramedesejem. médico(24), a enfermagem tem um papel importante de
Nesse embate, uma pergunta que retorna é: quem tem colaboraçãoeapoionessassituações.Especificamente
sido reconhecido como sujeito e quem tem sido qual a nossa responsabilidade frente à constatação de
reconhecidocomoobjetoemtaisrelações? ignorânciadosclientesquantoaqualquerprocedimento
Poroutrolado,oresgatedesituaçõesvivenciadas diagnósticoe/outerapêuticoaquevãosesubmeter?Tão
nãotemaintençãode,apenas,efetivarumacríticasobre importante quanto esclarecer o cliente acerca do seu
comosetemfeitoaprática,nasaúde,daenfermageme a diagnóstico, é a decisão de como informá-lo,
sua governabilidade. A intenção é problematizar uma considerandosuahistória,valoresesentimentos,emque a
prática, na qual, como enfermeiros, nos inserimos, na comunicação de seu diagnóstico é apenas a
tentativadeproporereforçarumestranhamentosobreum concretização de um meio para que esse cliente possa
cotidiano que possa estar sendo percebido, vivido e ser reconhecido, reconhecer-se e fortalecer-se como
valorizado como normal e, quem sabe, como sujeito desi.
inquestionávelepermanente.Muitasdessasaçõespodem O enfrentamento do esclarecimento de um
estarsendoreconhecidascomomoraise/oueticamente diagnóstico requer uma relação de solidariedade que
aceitáveis, requerendo, então, que participemos de um pode ser entendida como uma relação de crescimento
processo de afastamento e desnaturalização (19), como mútuo,entrepares,quebuscamtornar-semaissujeitos na
exigência prévia para sua posterior modificação e busca e na apreensão da verdade. O problema da
transformação. informaçãodeumdiagnóstico,freqüentementeassociado
Assim,podemosobservarpessoasquerealizam àmorte,enegado,comumente,tantopelaequipedesaúde
examespreventivosdecânceresãoencaminhadaspara comopelafamília,poderiaestarassociadoàdificuldade
novos exames, como uma colposcopia, sem serem existenteentreaspessoas,deummodogeral,etambém
informadas sobre o processo patológico vivido, sem dosprofissionaisdesaúdedeenfrentaremotemadamorte.
conhecimentodoseusignificado,dapossívelgravidadee Parecepreferíveldeixarveladoenaescuridãoumassunto
danecessidadeurgentedeprocurarosserviçosparaos quenossentimosdespreparadosparaenfrentar,optando
quais foram encaminhadas, retornando, muitas vezes, pordesconsiderarenegarapossibilidadedeoclienteser
quandooprocessomórbidoestábastanteavançado(20). tratadocomoumapessoaquepodeestarenfrentandouma
Outrasvãomarcarsuacirurgia,desconhecendototalmente situaçãodemorteequetemodireitodeserrespeitada,
seudiagnósticoe,até,acirurgiaaquevãosesubmeter(21); nessasituação,comopessoa,‘donadasuavida’.
háodesconhecimentodanecessidadedeextirpaçãode Estamosmaispreparados,aparentemente,para
umamamaatépoucashorasantesdacirurgiaoutomam trabalharcomavidadoquecomassuaspossibilidades
ciência da extirpação após sua ocorrência ou, ainda, a deinterrupçãoemorte.Nãoseránecessárioconhecermos e
faltadeparticipaçãodasmulheresnoprocessodetomada trabalharmos nossos sentimentos, crenças, temores
dedecisãosobreotratamentodocâncerdemama(22);o frenteàmorteparaenfrentarmossituaçõesquepossam ter
desconhecimentodanecessidadedousodeumabolsa esse significado? Como cuidar do outro, talvez,
decolostomiaatérecuperar-sedaanestesia;assimcomo o vivenciando um processo que tenha a morte como
desconhecimento dos efeitos colaterais da significadosem,anteriormente,ocupar-nosdenós,voltar-
quimioterapia(23).Essessãoapenasalgunsexemplosde nos para nós, para conhecer-nos e preparar-nos parao
transgressõesencontradasnabibliografiaenavidareal nossopróprioprocessodemorte?Comocuidarde
das instituições desaúde. pessoascomdiagnósticos de morte, sem que nos
quepossamterosignificado perguntemos, antes, o que
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significam tais temos nos relacionado
diagnósticos para nós; com os outros, é
sem que, antes, nos imprescindível
preparemos para cuidar paraquemudemosnoss
delas? Será possível aformadeser,converten
dizer do-nos
quesomoscuidadoressen noquenãoéramos(18).Co
ossarelaçãocomoclientes mopodemosserdirigent
e esde
fazapenascomoseucorpo, umgrupo,deumaequipe,
umcorpoquepoderequerer sesequerconseguimosd
uma aspiração, uma irigir anóspróprios?
medicação, um banho, Aquelequepretendecuid
porém ardosoutrose dirigi-los
evitamosreconhecerneleu (e nós, profissionais de
mapessoaquequerfalar,se saúde, comumente
r estamos nessa
ouvidaetocadacomogente situação), antes de
,comomaisdoqueumcorp tudo, necessita
o sadio oudoente? demonstrarquesabediri
girasipróprio,queconhe
ceos limites do seu
CONSIDERAÇÕES fazer, que respeita o
FINAIS
outro como um ser
diferente desi.
Parafinalizar,con
Acreditamosque
sideramosqueoexercíciod
,àmedidaqueexigirmos,
a
denós mesmos, a
críticanãosomenteaosout
liberdade de
ros,masfundamentalment
pensarmos como
ea nós, ao modo como
exercemos
temos nos cuidado,
nossofazerprofissional,
regido nossa
natentativadeentenderp
vidaepossibilitadoqueoutr
orque
osadirijam,aomodocomo
temosassumidoummod
odeser,possamosnãore
futar o que somos ou a
realidade em que
estamos imersos,
masencontraralgunscam
inhosquefavoreçamoexe
rcício
depráticasdecuidadope
ssoal,detransformação
denós mesmos, dos
outros, e dasociedade.
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Recebido em: 29.9.2003


Aprovado em: 7.5.2004

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