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O TRABALHO INTELECTUAL – JEAN GUITTON

Jean Guitton sugere que aquele que deseja se dedicar ao trabalho intelectual observe os artistas, esses jamais se
contentam com trabalhos vãos, por isso se quer se dedicar ao trabalho deve imitá-los. Primeiro passo: a imitação.
Vale observar, também, os militares que sempre se planejam antes de executar o trabalho, ou seja, segundo
passo: planejamento, mas os militares possuem mais uma característica que precisa ser observada, mesmo planejando
suas ações sabem que deverão contar com o acaso.

Para que haja um planejamento aquele que se dedica ao trabalho deve conhecer a si mesmo. Conhecendo a si próprio
o intelectual poderá desempenhar com maior proveito o trabalho. Sendo assim, Guitton tece algumas dicas: o
intelectual precisa saber selecionar o que quer aprender; deve saber que não dará conta de todo o conhecimento, por
isso, deve evitar a procura do todo; e deve selecionar um ponto de partida e procurar compreendê-lo por completo;

É necessário que o trabalhador separe o tempo do repouso, da preparação e da execução do trabalho. Deve se
organizar, compreender-se e descobrir quais os melhores períodos para o trabalho, bem como o ambiente adequado
(vale ressaltar que o período, total de horas e ambiente de trabalho variam de acordo as singularidades do intelectual).

O mundo moderno está cheio de distrações, por exemplo as redes sociais ocupam muito tempo e não sobra nada para
o trabalho intelectual, quando tentamos trabalhar outros desejos ocupa-nos. Dessa forma, Guitton atesta que tudo é
questão de prioridade, pois "os insucessos, na maior parte das vezes são devidos aos nervos ou à abdicação".

Quando o trabalhador define seu ponto de partida "o resto é trabalho de machado, de força e de corte". Entretanto, o
trabalho também conta com a hora do repouso, é necessário o repouso, pois esse é o momento do amadurecimento do
que foi produzido no trabalho, é o momento do intelectual pensar sobre o que produziu.

É no repouso que o intelectual pode criar o seu "monstro", ou seja, a anotações que veem de seu inconsciente, após
um passeio, uma conversa, um trabalho. Se o intelectual não reserva o tempo para o repouso não tem o que criar,
estará ocupado demais com o que os outros criaram.

Para a construção do “monstro”, Jean Guitton aconselha que o intelectual use um caderno onde possa ser anotado
tudo que vir em à mente, não pode se abster de escrever por receio da imperfeição, a perfeição esteriliza a
criatividade. Fique livre e escreva! Quando se tem ao menos um esboço fica mais fácil melhorá-lo.

 
Dessa forma, constatamos que há duas etapas no trabalho intelectual: a criação do "monstro", ou seja, rascunhos do
que veio à mente a partir do trabalho, e o repouso, que por sua vez tem que ser criativo, portanto é necessário que
esteja livre e disponível para elaboração do monstro caso ele apareça.

Com a criação do monstro é chegado o momento onde ele passará para o lúcido, o momento da ordenação das ideias.
Guitton aconselha que a ordenação das ideias seja guiada por critérios próprios de quem se dedica a montá-lo. Para
desenvolver a ordenação, segundo Guitton, é necessário conhecer a teoria do parágrafo.

Guitton destaca ainda que, um jovem geralmente comete erros por pensar em muitas ideias e tentar desenvolver
todas. Portanto, o aconselhável é que escolha uma ideia e trabalhe nela. Sobre regras para escrita, ele afirma que, às
vezes se faz necessário fugir delas, mas é certo que se deve conhecer as regras.

São três trabalhos em um: introduz, desenvolve e conclui, ou seja, diz o que vai dizer, diz, e em seguida, diz o que foi
dito. Vale ressaltar que, "para que uma lição seja proveitosa, é necessário que o aprendiz tome consciência de sua
mediocridade por meio de fracassos bem sentidos".

De acordo Guitton, um bom parágrafo, que contenha introdução, desenvolvimento e conclusão, deve ter de quinze a
vinte e cinco linhas. E há três formas de argumentar: a priori, ou seja, se introduz o parágrafo com algo desconhecido,
ainda não experienciado; a posteriori, dessa forma será desenvolvido o argumento por meios de exemplos concretos e
experienciados; e a contrariori, onde será apontado objeções que deverão ser discernidas.

A teoria do parágrafo deve estar apoiada nas notas, pois a ficha organizada e o parágrafo organizante se completam.
Vale lembrar que homem perfeito resulta de uma dialética entre o bom e o mau. Portanto, escreva, pois só se deve
calar quando "não se tenha nada a dizer que valha a pena".

Sobre a leitura, Guitton diz que muitos não leem por falta de tempo, mas já pensou em ler 10 livros por ano durante
30 anos? Mesmo assim não daria conta de ler todos os livros. Não ter tempo para ler não é problema, não se precisa
ler quando se tem alguém de confiança que ler e que esteja disponível para responder suas perguntas sobre o livro
lido. Ou seja, se não tempo para ler não tem problema, pode usar do bom método que envolve o “interrogar, ouvir a
resposta, nunca permanecer passivo".

Mas se preferir ler um livro, não pare a leitura no primeiro parágrafo que tiver dificuldade de compreender. Já
imaginou você parar de ler um livro todas as vezes que não entendeu uma passagem confusa ou quando gostou de
alguma frase? Com certeza não terminaria de ler nunca, o aconselhável a se fazer é ler integralmente um livro, de
cabo a rabo, para compreender o todo, e de preferência que seja colocado nele o som da voz, a sua voz.
 

Guitton atenta para a necessidade de se ter livros de cabeceira, pois "todos os que leem gostam de tornar a ler uma
mesma obra, de fazer um sacrifício e comprá-la". E os livros que convém ter são aqueles que podem nos dar um
conselho a qualquer momento, que fala experiências que também são as nossas. Contudo, é bom lembrar que é útil
manter perto de nós aqueles livros contrários ao que acreditamos para que possamos repensar as nossas certezas. Por
fim, é aconselhável que sejam lidos romances, história, ciência, poesia, filosofia e religião. Sempre sabendo a que se
destina cada um desses escritos.

Tenha um diário! "É um hábito feliz o de ter um diário que não será jamais visto, e de assim escrever apenas para si e
para os anjos”. Guitton aconselha que devemos escrever todas as nossas impressões em um caderno ou equiparados,
para que mais adiante possamos rever o quanto mudamos ou se continuamos os mesmos. Além de ser um
fortalecimento para a memória. Escreva, pois "escrever é necessário a muitos espíritos, para pensar".

Perde -se muito tempo a procurar o melhor livro, o melhor método de estudo, o melhor professor. Guitton alerta para
que "não procures, portanto, o melhor. Mas àquilo que neste momento está entre as tuas mãos, ao que fazes
presentemente, imprime, com a aplicação do espírito, essa dignidade de ser o melhor". O jovem intelectual deve
procurar a verdade, dizer apenas o que julga saber e calar a respeito de tudo o mais.

Para finalizar, Guitton sugere que evitemos procurar “a companhia exclusiva de pessoas inteligentes, não procures
com excessiva frequência o teu semelhante", pois os que se dizem inteligentes, geralmente, são pessoas com uma
certa “sensibilização do espírito para o que é demasiado sutil para ser aprendido pelos instrumentos normais do
conhecimento”. Os inteligentes em geral não suportam as críticas, não assumem que erram, não concordam que
podem aprender de outro com pouco status. Os inteligentes precisam de aduladores para se afirmarem, enquanto que
para o verdadeiro intelectual é comum as expressões: ‘Enganei-me. Você tinha razão. Tenho de considerar’.

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