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A PULSÃO INVOCANTE NA CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA: UMA

DISCUSSÃO A PARTIR DA TEORIA PSICANALÍTICA.

Ilona de Oliveira Colen Lorentz 1; Dr. Maurício Eugênio Maliska (orientador)2

INTRODUÇÃO

Na Psicanálise, teoria que fundamenta esta pesquisa, a pulsão invocante diz


respeito à voz na sua relação com o conceito de pulsão. A voz, nessa teoria, não é tão
somente um instrumento de expressão de pensamentos ou emoções, ela possui uma
relação com o aspecto pulsional do sujeito. O conceito de pulsão invocante ─ muito
pouco desenvolvido por Freud, mas trabalhado por Lacan ─ estabelece uma forte
relação com o seu objeto, a voz, pois ela direciona-se para o sujeito como um objeto que
irá sexualizar o corpo do infans na medida em que seus vocalises reverberam de tal
modo a ressoar no corpo do sujeito, constituindo-o, ou parte dele, do ponto de vista da
sexualidade e do psiquismo.
O que tentamos demonstrar nesta pesquisa diz respeito especificamente às
articulações teóricas em torno da primazia da pulsão invocante na constituição
subjetiva, ou seja, procuramos abordar esse tema a partir de uma releitura das obras de
Freud e Lacan buscando elementos conceituais que solidificam a posição teórica da
importância da pulsão invocante na constituição do sujeito em Psicanálise.
Palavras-chave: Voz. Pulsão invocante. Constituição subjetiva.

MÉTODOS

Tratou-se de uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico, em que os


conceitos que foram investigados nesta pesquisa têm origem na teoria psicanalítica,
mais exatamente foram desenvolvidos por Freud e aprimorados por Lacan. Num
primeiro momento, foi passado em revista o conceito de pulsão na obra freudiana e as
teorizações acerca da constituição do sujeito. Num segundo momento, foi localizada a
releitura que Lacan faz de Freud acerca do conceito de pulsão e a inserção lacaniana do
objeto voz como um dos objetos da pulsão. Num terceiro momento, foi abordado o
desenvolvimento lacaniano acerca da pulsão invocante e da constituição do sujeito.

1
Acadêmica de Psicologia da Unisul. Bolsista do Art. 171.
2
Professor do curso de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Ciências da linguagem
(UNISUL).
Num quarto e último momento, foi feita articulações possíveis entre o conceito de
pulsão invocante e a constituição do sujeito.
Além da utilização dos textos clássicos de Freud e Lacan, também foi feito uso
de outros autores filiados a essa corrente epistemológica para nos auxiliar no
processamento dos conceitos e nas possíveis articulações entre eles. Mais
especificamente, os autores Paul-Laurent Assoun, Roberto Harari, Alain Didier-Weill,
Marie-Christine Laznik e Jean-Michel Vivès que têm se dedicado ao estudo da voz e da
pulsão invocante em Psicanálise. Esses autores também serviram de referência para o
desenvolvimento da pesquisa.
Além disso, foi realizada uma pesquisa em bibliotecas e nas bases de dados
virtuais para fazer o levantamento bibliográfico acerca das obras (livros, artigos,
revistas, capítulo de livros e outros) que tratam do tema em questão. Esse material foi
selecionado de acordo com os objetivos da pesquisa e sua pertinência para a mesma.
Utilizou-se um protocolo de registro de leitura para retirar as informações pertinentes
referentes a cada obra consultada. As leituras foram resumidamente registradas e
esquematizadas nesses protocolos de registros como forma de coleta e organização do
material teórico e conceitual.
Por fim, de posse do protocolo de registro de leitura, esses dados foram
organizados de acordo com a obra e sua periodização para melhor tratamento e análise
do material coletado. Estando o material organizado, foi dado início ao processo de
construção e confecção do relatório tanto no que se refere à parte descritiva e de
processamento dos conceitos, quanto à parte de análise, articulação e correlações dos
conceitos entre si no interior da teoria psicanalítica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apontam para a importância da pulsão invocante na constituição


do sujeito, pois de acordo com Lacan (2005) a voz é um objeto primordial e isso remete
a ser um objeto primeiro, que assume um lugar de destaque na constituição psíquica.
Ainda com o mesmo autor (1988, p. 184), podemos perceber que de todas as zonas
erógenas concernentes à pulsão, “o ouvido é, no campo do inconsciente, o único orifício
que não se pode fechar”, marcando novamente a inscrição e a importância da pulsão
invocante na constituição do sujeito.
A pulsão invocante está na íntima relação com a pulsão escópica e ambas
marcam os objetos lacanianos que, diferentemente daqueles de Freud, se apresentam
como não concretos. Essa não concretude marca a relação com o Outro e o elemento
central na constituição do sujeito.
A pulsão invocante, em especial, promoverá uma relação estreita com o
inconsciente, o que faz Lacan (1988, p. 102) afirmar que “[...] a pulsão invocante é a
mais próxima da experiência inconsciente”. Afirmação contundente que nos conduz a
colocar a voz, enquanto objeto dessa pulsão, em um lugar especial no campo da
pulsionalidade, uma vez que ela estaria mais próxima daquilo que disse Freud a respeito
do inconsciente.
Ademais, a pulsão invocante faz referência ao termo invocação que é um
chamado do Outro em relação ao sujeito que ocupa, até esse momento, uma posição
objetal, fazendo com que esse sujeito possa advir enquanto tal. Essa invocação se dá
através da pulsão invocante e da sua relação com a voz como objeto pulsional e está no
seio da constituição subjetiva.

CONCLUSÕES

A pulsão invocante está articulada com a constituição do sujeito através de seu


objeto, a voz (por este ser um objeto primordial), da sua zona erógena, o ouvido (por
este ser um orifício que não se fecha ─ uma inscrição constante) e pelo seu caráter de
invocação que é um chamamento do Outro frente ao sujeito para que este possa advir e
ocupar essa posição.

REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de


Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

HARARI, Roberto. O seminário “A Angústia” de Lacan: uma introdução. Porto


Alegre: Artes e ofícios, 1997.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da


psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

VIVÈS, Jean-Michel. A pulsão invocante e os destinos da voz. Psicanálise & Barroco


em revista. v.7, n.1: 186-202, jul.2009.

FOMENTO

O trabalho teve a concessão de Bolsa Art. 171 do Fundo de Desenvolvimento do


Estado de Santa Catarina (FUMDES).

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