Uma investigação sobre a influência dos jogos móveis na
Convergência Social e Midiática
André Palmeira, Marcel de Souza
Laboratório de Aplicações de Video Digital (LAVID)
Universidade Federal da Paraíba
Departamento de Informática
+55 83 3216 7093
{andre;marcel}@lavid.ufpb.br
RESUMO
Considerando o aumento da população e o sucesso obtido com o
surgimento das inúmeras redes sociais, juntamente com a
disseminação do uso de dispositivos móveis, a pesquisa e o
mercado na área de tecnologia tem se voltado para uma junção
que tem dado certo: celulares, jogos, e redes sociais. Há um bom
tempo os jogos eletrônicos conquistaram o seu espaço nos
celulares, assim como também há alguns anos os jogos formam
redes sociais através dos Massively Multi-player Online Game
(MMOG). Entretanto, com a crescente disponibilidade e
variedade de serviços de dados em redes para dispositivos móveis,
como os que estão presentes nos Smartphones, a junção desses
três elementos tem gerado o aparecimento de jogos como o
Foursquare e o Stickybits. Nesse contexto, será feita uma análise
dos elementos sociais presentes nesses aplicativos, verificando as
suas características e a sua contribuição para a convergência
social e midiática.
Keywords
Mobile Games, Games, Social, Multiplayer.
1. INTRODUÇÃO
A partir do momento em que o celular começou a
desempenhar outras funções além de realizar chamadas e
armazenar contatos, a sociedade passou a encará-lo como algo que
poderia ser usado para exercer o papel de diversos outros
dispositivos computacionais que surgiram com o contínuo e
acelerado progresso das Tecnologias da Informação e
Comunicação. Segundo dados da União Internacional de
Telecomunicações (UTI) [1], o número de assinaturas para
celulares chegarão a 5 milhões ao final de 2010, contra 4,6
milhões em 2009. Diante do rápido crescimento desta base de
usuários, juntamente com a crescente disponibilidade e variedade
de serviços de dados em redes para dispositivos móveis, o
telefone celular tem se tornado um dos principais dispositivos de
computação para a maioria da população. E com o surgimento dos
sistemas operacionais padronizados [2] torna-se possível que os
desenvolvedores de software, produzam uma rica variedade de
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Conference’04, Month 1–2, 2004, City, State, Country.
Copyright 2004 ACM 1-58113-000-0/00/0004…$5.00.
Ricardo Serrano
Universidade Federal da Paraíba
Departamento de Informática
+55 83 3216 7093
serranopb@gmail.com
aplicações para este tipo de dispositivo.
Na categoria entretenimento, desde que o Nokia 6110 apresentou
o “Snake” em 1997, o mercado de jogos para dispositivos móveis
nunca mais foi o mesmo. De acordo com estudos realizados por
Gartner Inc.[3], estima-se que esse nicho de mercado continuará
vivendo um crescimento constante até 2014, quando o mesmo está
projetado para atingir US$ 11.4 bilhões. A receita obtida com
usuários finais de jogos para dispositivos móveis na Web deve
ultrapassar US$ 5,6 bilhões em 2010 – 19% maior que a receita de
US$ 4,7 bilhões obtida em 2009. Além disso, de todas as
aplicações “baixadas” pelos consumidores para dispositivos
móveis, 70% a 80% delas são jogos para celular, onde mais da
metade desse conteúdo é livre.
Os jogos, pela sua natureza, são concebidos e utilizados para
diversas finalidades: “para o entretenimento individual, como um
catalisador de interação social, para o ensino-aprendizagem, como
uma plataforma experimental de novas tecnologias e conceitos de
design, como uma campanha publicitária, para citar apenas
alguns. Além disso, os jogos apresentam uma grande variedade de
gêneros, independentemente da sua natureza digital ou não
digital”[4]. Atualmente, analisando a categoria de jogos para
celular, percebe-se que a maioria deles consiste principalmente de
versões single player (apenas um jogador) e são baseados em
temas como esportes, ação, puzzle, aventura, estratégia e tiro. Os
seus usuários costumam jogar os aplicativos que já acompanham
o aparelho ou instalam um novo, proveniente da operadora que
fornece o serviço, ou de algum provedor de conteúdo a partir da
Internet ou de outros usuários que fazem parte de uma rede social.
Depois de jogá-lo por certo período de tempo, o ciclo de vida do
jogo entra em declínio devido à repetitividade e à disponibilidade
de novos jogos. Por outro lado, às vezes esse ciclo é prorrogado
através da recomendação dos jogos para outros jogadores em
potencial, ou para amigos e familiares[7].
Outro segmento que tem recebido alguns investimentos é o de
jogos multiplayer (multijogador). Jogos desse tipo são
considerados mais interessantes e desafiadores quando
comparados aos singleplayer. Isso decorre da interação que ocorre
de jogador para jogador, ao invés do uso da Inteligência Artificial
(IA), tornando a ação mais divertida e imprevisível, além de ser
socialmente agradável[5].
Em um jogo multiplayer, dois ou mais jogadores jogam dentro de
uma mesma sessão. Os jogadores podem jogar ao mesmo tempo
ou as sessões de jogo podem ser assíncronas. Nas sessões de jogo
assíncronas, os jogadores acessam o mesmo mundo do jogo, mas
não necessariamente ao mesmo tempo. De acordo com estudos da
Nokia, 45% dos usuários de jogos para celular afirmaram fazer
uso de jogos multiplayer ao menos uma vez por mês [8].
Em jogos online, os jogadores estão conectados uns aos outros
através da Internet ou outro tipo de tecnologia de rede, como, por
exemplo, uma rede peer-to-peer. Os jogadores geralmente não
compartilham o mesmo espaço físico e usam o seu próprio
dispositivo (um computador, um console de jogos ou um
dispositivo portátil). Nesses jogos, a população de jogadores pode
variar de algumas centenas de milhares de pessoas. Por exemplo,
o popular World of Warcraft – considerado Massively Multi-
player Online Game (MMOG) – possui mais de 10 milhões de
jogadores registrados1 e já obteve um pico de 200.000 jogadores
jogando simultaneamente (em diferentes instâncias do mundo do
jogo).
Além da possibilidade de jogos multiplayer, os jogos para
dispositivos móveis também tem se beneficiado do conceito de
Location Based Service (LBS)[12]. A partir deste é possível obter
informações a respeito do local onde o usuário se encontra,
juntamente com o seu aparelho, estendendo a sua experiência de
jogo para fora do mundo virtual, incorporando assim a interação
com o mundo real.
No contexto do trabalho apresentado, apesar dos esforços
desprendidos para a expansão dos jogos multiplayer, a aceitação
atual tem sido dificultada pela variedade de aparelhos que os
jogos desenvolvidos precisam atender, assim como também a
qualidade da conexão à Internet e o acesso aos dispositivos GPS
nos celulares, o que torna-se uma barreira também para o LBS.
Dessa forma, ainda preza-se por uma maior evolução dos gráficos
e qualidade dos jogos single player[6].
Diante dos conceitos e características apresentados, e de acordo
com os critérios propostos por Paul[7], o presente trabalho
destina-se a analisar como os elementos de socialização estão
presentes em alguns jogos desenvolvidos para dispositivos
móveis. Como estudo de caso, serão analisadas duas aplicações
(baseadas em LBS), ambas direcionadas ao conceito de redes
sociais móveis: o foursquare, para compartilhamento da
localização de seus usuários, e dicas sobre locais freqüentados
pelos mesmos, e o Stickybits, que utiliza códigos de barras para
ligar objetos físicos a mídias digitais.
2. ASPECTO SOCIAL DOS JOGOS
De acordo com Hirsch, “social refere-se à interação de
organismos com outros organismos e a sua coexistência coletiva”
[9]. E o ser humano, como a maioria das espécies, tem uma
grande necessidade de socialização. Na indústria de MMOG
existe um ditado afirmando que “as pessoas vêm pelos jogos mas
permanecem pela comunidade”, o que traduz o benefício das
comunidades e redes sociais para os jogadores. De acordo com
entrevistas realizadas em estudos da Nokia, alguns afirmaram que
as comunidades serão a parte central dos jogos para celulares e
que o aparelho é um dispositivo social utilizado para a
comunicação. Outra parte dos entrevistados afirmou que as
comunidades serão importantes, mas não está claro onde estas
comunidades irão residir. Um dos candidatos em potencial é a
Internet, com a página oficial de um determinado jogo, por
exemplo [8].
1
http://www.blizzard.com
Paul[7], em seu trabalho, cita algumas dimensões, as quais ele
considera importantes para jogadores do tipo casuais – aqueles
que jogam apenas por divertimento e relaxamento, sem muito
comprometimento e envolvimento. Segundo ele, essas
características estão presentes nos jogos atuais e os jogadores
entrevistados gostariam de continuar desfrutando da mesma
experiência:
 Teamwork (Trabalho em Equipe) – Colaborar com
outros jogadores visando formar um time, estimulando a
interação e um maior tempo de jogo, ou seja com o
objetivo de coordenar e reagir como um grupo.
 Competition (Competição) – Tema bastante abordado na
maioria dos jogos e que motiva grande parte dos usuários
de dispositivos móveis a despender seu tempo em jogos,
comparando os seus scores com o restante dos
competidores, demonstrando superioridade. Alguns deles
chegam a gravar vídeos e compartilham os seus “feitos”
em sites como o Youtube.
 Communication (Comunicação) – Os jogadores se
reúnem para comentar sobre dicas, instruções e até mesmo
oferecer um feedback sobre determinada sessão de um
jogo multiplayer, ou até mesmo, single player. Outros
utilizam seus dispositivos móveis, ou aplicativos de
mensagem instantâneas para postar comentários e
coordenar movimentos. Outros ainda criam tópicos em
listas de discussão ao término do jogo, onde pessoas do
mundo inteiro podem colaborar com comentários a
respeito do mesmo.
 Recommendation (Recomendação) – Recomendações de
amigos consistem em uma das mais poderosas formas de
influenciar novos usuários no mundo dos jogos,
reforçando, mais uma vez, o uso das redes sociais e/ou
comunidades.
Figura 1 - Jogos para dispositivos móveis
Apesar das características citadas anteriormente serem mais
comuns, atualmente, em jogos voltados para PC, o design dos
jogos desenvolvidos para dispositivos móveis precisam começar a
ser pensados de acordo com critérios que visem o o aspecto social
dos jogos já existentes. É comum ver jogos comuns em
plataformas para internet ou PC ou console serem exportados para
dispositivos móveis, conforme mostra a Figura 1. O objetivo é que
esses critérios sejam introduzidos nessa exportação e que esse
nicho de jogos torne-se tão atrativo quanto àqueles já existentes,
conforme mostra a Figura 2, que apresenta um jogo construído
para a rede social Facebook que aborda as quatro dimensões
abordadas anteriormente.

Figura 3 - Foursquare para iPhone

Cada check-in concede pontos ao usuário e esses pontos são
utlizados para criar um ranking entre seus amigos e os outros
Figura 2 - Aplicativo do Facebook usuários da sua cidade. Além dos pontos, badges (ou insígnias)
são presenteadas quando o usuário realiza check-ins específicos –
3. ESTUDOS DE CASO como a badge newbie presenteado no primeiro check-in ou
Com o objetivo de estudar como os elementos de socialização são crunked, ao realizar quatro check-ins em uma mesma noite.
explorados em alguns jogos desenvolvidos para dispositivos
móveis, serão analisadas duas aplicações, ambas direcionadas ao No que diz respeito aos tipos de badges, alguns são específicos de
conceito de redes sociais móveis: o foursquare, para cidades e eventos, e outras, são criadas freqüentemente. Um
compartilhamento da localização de seus usuários, e dicas sobre usuário também pode se tornar mayor (ou prefeito) ao ser o
locais freqüentados pelos mesmos, e o Stickybits, que utiliza usuário a realizar mais check-ins de um local específico.
códigos de barras para ligar objetos físicos a mídias digitais. Além do software do foursquare também é possível efetuar check-
in através da página móvel do Foursquare, conforme mostrado na
3.1 Foursquare Figura 4. Já para celulares que possuem o Symbian como sistema
O Foursquare2 é um serviço baseado na localização (Location
operacional, tem-se o aplicativo chamado Gravity.
Based Service), ou LBS, que consiste do resultado da
convergência de três tecnologias: NICTs (New Information and
Communication Technologies) (e.g. sistemas de telecomunicação
móvel, novos dispositivos móveis), tecnologias que fornecem a
informação da localização (e.g. Sistema de Informação
Geográfica – SIG ou no inglês GIS – e Sistema de
Posicionamento Global – SPG ou no inglês GPS), e a conexão à
Internet [12]
Iniciado em 2008, o Foursquare foi criado por Dennis Cowley
(que fundou um projeto similar chamado Dodgeball, o qual o
Google começou em 2005 e fechou em 2009) e Naveen
Selvadurai. Esta serviço não é simplesmente um jogo de uma rede
social, ele é um rede social por si só e seu funcionamento se dá,
principalmente, através de um software instalado em dispositivos
móveis.
3.1.1 Descrição da Aplicação
O funcionamento ocorre da seguinte forma: um usuário
cadastrado no Foursquare baixa e instala o aplicativo (vide Figura
3) em seu Smartphone (atualmente existem versões do aplicativo
para iPhone, Android, Blackberry e Palm) através do qual poderá
fazer “check-ins”, – ou seja, publicar a sua localização, para que
seus amigos o vejam – e ver a localização dos seus amigos quando
eles fazem check-ins. Figura 4 - Página Mobile do Foursquare
De acordo com Jansen [12], existem três gerações de LBS: na
2 primeira a localização é inserida pelo usuário; na segunda, essa
http://www.foursquare.com
informação é obtida automaticamente; já a terceira é semelhante a permitido a qualquer pessoa que escaneie novamente o stickybit
segunda, porém, com maior precisão. Nesse contexto, o autor anexar conteúdo digital relacionado, em formato de texto, fotos,
afirma que o foursquare está inserido tanto na primeira geração áudio, vídeos, arquivos comprimidos etc., e compartilhá-lo através
quanto na última. de redes sociais online como Twitter, Facebook e Foursquare. O
serviço também é baseado em localização (LBS), provida a partir
Uma das principais características do Foursquare é a dos dispositivos de GPS dos celulares, de forma que, para cada
possibilidade de compartilhar dicas (tips). Através da aplicação, elemento de informação digital adicionado, também é adicionada
pode-se consultar dicas de estabelecimentos próximos ao usuário, a informação da localização exata em que o evento ocorreu. A
e, caso encontre algo interessante para fazer em outro horário há a Figura 5 mostra algumas telas da interface gráfica do aplicativo
opção de adicionar à dica a uma lista de “coisas para fazer” (my to em execução.
dos). Apesar de não ser possível realizar check-ins através da
página web (não a mobile) esta é a forma mais comum de
adicionar dicas de lugares visitados, tornando a experiência de uso
do foursquare multiplataforma.
Analisando as quatro dimensões definidas por Paul [7] para esta
aplicação, podemos considerar:
 Comunicação: A cada check-in existe a opção de shout,
que consiste em uma mensagem enviada à timeline de
seus amigos junto com o anúncio de sua localização.
Porém o próprio check-in pode ser visto como uma
forma de comunicação.
 Competição: A busca por pontos, badges, para tornar-
se mayor de um determinado lugar e o sistema de
ranking, tornam o Foursquare um jogo competitivo.
Figura 5 - Interface gráfica do aplicativo.
 Recomendação: As dicas citando lugares para visitação
e as sugestões de atividades interessantes para se fazer
em determinados lugares, se encaixam nessa dimensão. A partir dos bits, nome dado pelo serviço aos arquivos digitais
 Trabalho em equipe: Uma comunidade mundial foi anexados pelos usuários, são criados fluxos de informação e
criada através do Foursquare, com objetivo de se conteúdo digital sobre o objeto ou lugar ao qual cada stickybit
trabalhar em conjunto para a formação de um dos pertence. Assim, o objeto passa a ter um histórico digital abrigado
melhores e mais completos guias das cidades. na internet, acessível a todos que tenham permissões de visualizá-
lo e capaz de crescer indefinidamente à medida que outras pessoas
Vale salientar que algumas das características dessa aplicação
escaneiem o mesmo código de barras.
podem ser inseridas em mais de uma dimensão, como por
exemplo, as dicas, que podem ser vistas ainda como uma forma de
comunicação.
3.2 Stickybits
O segundo estudo de caso a ser tratado é o Stickybits3, que assim,
como o Foursquare, consiste em uma plataforma4 e serviço
direcionados a dispositivos móveis. É uma aplicação bastante
recente, criada em Janeiro de 20105 que propõe a associação de
conteúdo digital a objetos físicos. O serviço é gratuito, e seu
conceito gira em torno dos stickybits, nome dado a códigos de
barras impressos e únicos na forma de adesivo ou papel, que
podem ser colados em qualquer objeto ou lugar. Esses códigos são
legíveis e reconhecíveis por aparelhos celulares do tipo
smartphone que tenham instalado o software móvel, por sua vez
disponibilizado na internet, também gratuitamente, para as
plataformas iPhone e Android.

3.2.1 Descrição da Aplicação Figura 6 - Stickybits oficiais disponibilizados à venda

O funcionamento do Stickybits é relativamente simples. Ao
escanear um stickybit pela primeira vez, o usuário utilizador do
serviço está, na prática, atribuindo uma identificação digital para o
objeto ou local associado ao stickybit; a partir desse ponto, é
3
http://www.stickybits.com
4
http://static.stickybits.com/press/release.pdf
5
http://venturebeat.com/2010/05/19/barcode-tagger-stickybits-
scores-1-6-m-in-funding/
Os usuários têm a opção de comprar adesivos com os códigos
únicos6, como os vistos na Figura 6, ou imprimir seus próprios
códigos7. Mais ainda, o Stickybits permite a leitura de códigos de
barras existentes nos objetos comuns. Desta forma, os usuários
não apenas podem enviar conteúdo atrelado a stickybits, mas
6
http://www.stickybits.com/buystickers/
7
http://www.stickybits.com/download/
também escanear produtos físicos que contenham código de
barras em suas embalagens, e ligá-los a arquivos em formato
digital.
As possibilidades de casos de uso para o Stickybits são
amplamente diversificadas e numerosas, uma vez que não há
limite para a quantidade nem o tipo de conteúdo que os usuários
podem anexar. As áreas de atuação do serviço têm potencial de
abranger desde aplicações recreativas até soluções comerciais.
Um exemplo sofisticado de aplicação no setor comercial está na
área de encomendas e logística. Uma empresa atuante neste ramo
poderia utilizar stickybits em seus pacotes para incluir dados sobre
localização atual da encomenda, prazos de entrega etc., e estas
informações poderiam ser monitoradas pelos clientes. Ao mesmo
tempo, os próprios fabricantes de bens de consumo poderiam
colar stickybits nas respectivas embalagens e anexar qualquer tipo
de conteúdo referente ao produto, como informações de dimensão
e peso do produto, manuais de instrução em formato de texto ou
vídeo etc.
3.2.2 Stickybits e Jogos Móveis
Dentro do subgrupo de aplicações recreativas, a utilização do
serviço para diversos tipos de jogos é, em particular,
animadoramente promissora. Apesar de essa aplicação do
Stickybits ter sido muito pouco explorada pela plataforma até
então, faremos a seguir uma breve descrição sobre o que vem
sendo feito, por enquanto em menor escala, nesse contexto, e
daremos sugestões de casos de uso e cenários para o futuro
próximo.
3.2.3 Uso de Jogos com Stickybits
Uma das primeiras e mais promissoras idéias de jogos com
stickybits, a Caça ao Tesouro surgiu a partir da funcionalidade de
geolocalização embutida do serviço. Jogos do tipo Caça ao
Tesouro (treasure hunt), nos quais participantes seguem pistas ou
coordenadas em um mapa em busca de itens e pistas, já possuem
seus parentes modernos. Sites como Geocaching, que utilizam a
tecnologia GPS para apontar as localizações de contêineres
escondidos (geocaches), são populares e contam com usuários
ativos e participativos8.
Versões variadas - algumas mais elaboradas - desta antiga
brincadeira vem sido criadas, com o auxílio de stickybits, por
usuários comuns9 e empresas, e divulgadas por meio da internet.
A Contagious Magazine recentemente colou um stickybit grande
em um local previamente estabelecido pela revista10. Depois,
estimulou seus leitores a encontrar e escanear o stickybit; as
primeiras pessoas que o fizeram ganharam brindes e descontos
promovidos pela revista. Outros sites, como ResumeGal, já
lançaram competições semelhantes11.
Apesar de apenas 1 dentre as 4 dimensões definidas por Paul [7],
a Competitividade, aparecer explicitamente nessas versões do
jogo Caça ao Tesouro com stickybits mencionadas, há espaço para
todas elas em futuras implementações de jogos.
8
http://news.bbc.co.uk/local/taysideandcentralscotland/hi/people_
and_places/nature/newsid_8856000/8856229.stm
9
http://john-n-sara.com/pages/the-proposal
10
http://www.contagiousmagazine.com/2010/06/contagious_in_ca
nnes.php
11
http://www.resumegal.com/blog/post/welcome-sxsw-folks
Consideremos o Trabalho em Equipe, que pode ser
satisfatoriamente explorado quando as tarefas se espalham em
espaços muito grandes. Uma empresa de refrigerantes poderia, por
exemplo, organizar uma campanha promocional na forma de jogo
com prêmios, cujo objetivo seria escanear o maior número
possível de latinhas de seu refrigerante em localidades pré-
determinadas de um país. Uma regra do jogo poderia dar suporte
ao trabalho em equipe, a fim de maximizar o número de “check-
ins” de latinhas em locais mais distantes e priorizar as habilidades
interpessoais de seus consumidores. Dependendo do poder de
influência da marca, verdadeiras comunidades virtuais de troca de
informação e networking poderiam facilmente brotar em
decorrência da campanha. É inevitável constatar que as outras
dimensões introduzidas por Paul – Comunicação e Recomendação
– se expandiriam naturalmente. Insta salientar que já há empresas
utilizando o Stickybits para convergir publicidade a seus
consumidores, apesar de, por ora, suas estratégias de marketing se
resumirem a mostrar bits patrocinados sempre que alguém
escaneia seus produtos12. Dentro do subgrupo de aplicações
recreativas, a utilização do serviço para diversos tipos de jogos é,
em particular, animadoramente promissora. Apesar de essa
aplicação do Stickybits ter sido muito pouco explorada pela
plataforma até então, faremos a seguir uma breve descrição sobre
o que vem sendo feito, por enquanto em menor escala, nesse
contexto, e daremos sugestões de casos de uso e cenários para o
futuro próximo.
4. DISCUSSÃO
Jogos eletrônicos são tradicionais e comumente taxados como
estritamente virtuais, ou seja, a parte física se restringe a
comandos em um teclado ou controle. No entanto estes
jogos/redes sociais, considerados LBS, quebram tal paradigma e
ofuscam a linha que divide os jogos virtuais dos físicos. A
interação não se dá somente através da máquina. Trazendo essa
análise para o foursquare, nota-se que, com a crescente base de
usuários, ele vem se estabelecendo como rede social, além de
influenciar estabelecimentos que passam a beneficiar clientes
assíduos, que dão dicas, e em especial que possuem o mayorship
do seu estabelecimento com serviços especiais.
Já o Stickybits reescreve o conceito de convergência social ao dar
ao usuário a possibilidade ubíqua de transformar tudo ao redor em
mídia digital social, com objetos digitais associados e com
códigos de barras servindo de elos entre esses dois mundos. Cada
entidade física possui seu conjunto de objetos virtuais
correspondentes; diversas formas de mídia, como texto no
formato de resenhas, informações ou manuais; fotos, áudio e
vídeo, criam uma linha temporal e espacial contínua, que por sua
vez representa uma espécie de memória virtual acessível e
expansível da entidade física. A contribuição individual para a
geração de conteúdo digital para essas entidades, a fim de contar
histórias sobre estas que alcançam maior sentido e sociabilidade
quando compartilhadas e socializadas para o grupo, não deixa de
caracterizar o próprio conceito de inteligência coletiva [10].
Com relação ao Stickybits e jogos, a pouca idade do serviço não
nos permitiu uma avaliação completa de sua aceitabilidade por
parte dos usuários, apesar de alguns obstáculos inerentes poderem
ser previstos de antemão. Como exemplo, Bell [11], em seu
estudo sobre um jogo baseado em localização, constata que um
12
http://www.mobilebehavior.com/2010/06/07/pepsi-adds-official-
bits-to-products-with-stickybits/
dos principais desafios neste âmbito é estimular seus usuários a
efetivamente utilizar o serviço e adaptá-lo a suas vidas diárias, e
que a forma como este tipo de experiência se encaixa no dia a dia
ainda foi muito pouco estudada.
5. CONCLUSÃO
Neste artigo, apresentamos parte da crescente disponibilidade e
variedade de serviços de dados em redes para dispositivos móveis
e a sua relação com os jogos e a redes sociais. Inseridos neste
contexto, foi realizado o estudo de caso de jogos como o
Foursquare e o Stickybits, ambos LBS, sob os aspectos sociais
definidos por Paul. Tais aplicações quebram paradigmas graças a
convergência de mídias representada pelo smartphone (plataforma
usada para estes jogos) a partir do uso de diferentes tecnologias de
rede e de comunicação, tornando possível a utilização destes
jogos. Diante do contexto de tecnologia e redes sociais, percebe-
se uma grande tendência de convergência nos mais diversos
âmbitos, unindo pessoas, mídias e o virtual ao físico,
proporcionando assim, vastas oportunidades para a pesquisa e
para o mercado mundial.
6. AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Prof. Dra. Tatiana Aires Tavares pela assistência e
paciência dedicada à disciplina Mídias Digitais, oferecida pelo
Programa de Pós-Graduação em Informática da Universidade
Federal da Paraíba.
7. REFERÊNCIAS
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THOMPSON, R. 2005. Creating entertainment applications
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game-market-to-reach-114-billion-in-2014-says-gartner.html
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Mikko; SUTINEN Erkki; Where is the answer? the
importance of curiosity in pervasive mobile games,
Proceedings of the 2007 conference on Future Play,
November 14-17, 2007, Toronto, Canada.
[5] KORHONEN Hannu; KOIVISTO Elina M. I. Playability
heuristics for mobile multi-player games, Proceedings of the
2nd international conference on Digital interactive media in
entertainment and arts, September 19-21, 2007, Perth,
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[6] RASHID, Omer; MULLINS Ian; COULTON Paul;
EDWARDS Reuben. Extending cyberspace: location based
games using cellular phones, Computers in Entertainment
(CIE), v.4 n.1, January 2006.
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Yin; KHONG Chee Weng. Socializing in mobile gaming,
Proceedings of the 3rd international conference on Digital
Interactive Media in Entertainment and Arts, September 10-
12, 2008, Athens, Greece.
[8] KOIVISTO, Elina. Mobile Games Nokia 2010. Nokia
Research Center Finland - http://research.nokia.com.
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Tcheca.
[10] JENKINS, H. Convergence Culture: Where Old and New
Media Collide. NYU Press, 2006
[11] BELL, M. et al. Interweaving mobile games with everyday
life. In: Conference on Human Factors in Computer Systems,
2006, Montréal, Québec, Canada.
[12] JANSEN, Sebastian W. Mobile location-based services:
Barriers to and Factors influencing the adoption of location
sharing on mobile devices, 2009, Roterdã, Países Baixos.