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TÍTULO: Juntas de dilatação térmica em

edifícios de concreto armado:


Necessárias ou dispensáveis?

AUTOR(ES):Battista, Ronaldo Carvalho;


Carvalho, Eliane Maria Lopes;
Pfeil, Michèle Schubert.

ANO: 2012

PALAVRAS-CHAVE: Tensões térmicas, juntas


de dilatação térmica,
estruturas de concreto
armado.

e-Artigo: 070 – 2012

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1993 – cj. 61 – São Paulo/SP– 01452-001 – fone: (11)3938-9400
www.abece.com.br – abece@abece.com.br
JUNTAS DE DILATAÇÃO TÉRMICA EM EDIFÍCIOS DE
CONCRETO ARMADO: NECESSÁRIAS OU DISPENSÁVEIS ?
THERMAL EXPANSION JOINTS IN REINFORCED CONCRETE BUILDINGS: NEEDED
OR NOT?

Ronaldo Carvalho Battista (1); Eliane Maria Lopes Carvalho (2); Michèle Schubert Pfeil (3)

(1)Professor Titular, Ph.D, Instituto COPPE/UFRJ, CONTROLLATO Ltda.


(2)Professora Associada, D.Sc, Escola de Engenharia da UFF – Dept. Engenharia Civil
(3) Professora Associada D.Sc, POLI e COPPE/UFRJ – Prog. Engenharia Civil
Endereço para correspondência – Caixa Postal 68506. CEP 21945-970. Rio de Janeiro, RJ

Resumo
Apresenta-se neste artigo uma breve discussão sobre as prescrições normativas de projeto, a aplicabilidade
prática e os problemas decorrentes da adoção de juntas de dilatação térmica em estruturas em concreto
armado de edifícios convencionais.
Utiliza-se como caso-exemplo uma edificação existente na qual as patologias comuns decorrentes dessas
juntas e seus detalhamentos projetivos exigiram, como medida corretiva, além de técnicas usuais de
recuperação, a alteração estrutural por meio do bloqueio total de todas as juntas da estrutura do teto do
pavimento de subsolo, com área projetada de aproximadamente 5500 m2, sobre a qual se erguem duas
torres com 20 andares de apartamentos.
Os resultados obtidos das análises de tensões térmicas mostram a viabilidade técnica do bloqueio total de
todas as juntas, de maneira a eliminar os usuais problemas de deterioração da estrutura decorrentes do
envelhecimento das mantas elastoméricas de impermeabilização e conseqüente infiltrações acelerando o
processo de corrosão das armaduras e deterioração da massa de concreto ao longo de 170 metros de
juntas de dilatação/contração térmica.
Apresentam-se um resumo dos resultados mais relevantes obtidos das análises de tensões produzidas por
variação de temperatura e alguns detalhes das alterações nas referidas estruturas de concreto armado.
Palavra-Chave: Tensões Térmicas, Juntas de Dilatação Térmica, estruturas de concreto armado.

Abstract
This paper presents a brief discussion on the design code recommendations, the practical applicability and
the usual problems related to the adoption of thermal expansion joints in reinforced concrete structures of
conventional buildings.
An existing building is used as case example in which the usual pathologies related to these joints and their
design detailing imposed as remedial measures, besides the usual repairing techniques, structural alteration
by means of the elimination of all the expansion joints of one floor structure above the underground level,
having a projected area of about 5,500 m2 and on which arise two twenty floors towers of apartments.
The numerical results obtained from the thermal stress analyses show the technical viability of blocking all
the expansion joints as a manner of eliminating the usual structural damages caused by ageing of the
elastomeric sealant material and consequent loss of water tightness, leading to corrosion of the steel bars
and quick deterioration of the concrete mass along almost 170 meters of expansion joints.
A summary of the most relevant results obtained from thermal stress analyses and some details of the
referred structural alterations are presented herein.

Keywords: thermal stresses, expansion joints, reinforced concrete.


ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 1
1. Introdução
Apresenta-se neste artigo uma breve discussão sobre as prescrições normativas de
projeto, a aplicabilidade prática e os problemas decorrentes da adoção de juntas de
dilatação/contração térmica em estruturas em concreto armado de edifícios
convencionais.

Nas verificações estruturais devem ser consideradas todas as ações que possam produzir
efeitos significativos para a segurança nos estados limites último e de serviço
(NBR6118,2003), incluindo as ações de deformações impostas por retração, fluência e
variação de temperatura. Mas de acordo com a norma européia Eurocódigo 2 (2005)
essas citadas ações devem ser sempre consideradas na verificação de estados limites de
serviço; para o estado limite último, os efeitos das mesmas só seriam relevantes em
algumas situações como na condição de fadiga e na verificação da estabilidade, quando
efeitos de 2ª ordem são importantes. Em outros casos estes efeitos não precisam ser
considerados para os estados limites últimos desde que a ductilidade e a capacidade de
rotação sejam suficientes. Esse procedimento está de acordo com as recomendações
feitas por vários autores de renome, como por exemplo, F. Leonhardt (1979).

As consequências dos efeitos de retração, fluência e variação de temperatura devem ser


consideradas no projeto e da mesma forma os seguintes aspectos (Eurocódigo 2,2005):

 deformações e fissuração nas primeiras idades devem ser minimizadas por meio
da adequada composição do concreto e procedimentos apropriados na
concretagem;
 tensões devido as restrições existentes à livre deformação devem ser levadas
em consideração na verificação estrutural;
 as restrições à livre deformação podem ser minimizadas por meio de juntas de
dilatação/contração.

Entende-se, assim, que análises dos efeitos das deformações impostas em estruturas de
edifício podem ser omitidas, desde que sejam adotadas juntas de dilatação/contração
para acomodar as deformações. No Brasil, o espaçamento das juntas igual a 30 m tem
sido ainda tradicionalmente adotado na prática. Muitos fatores afetam a ordem de
grandeza e as conseqüências práticas das deformações impostas por essas ações,
especialmente a da variação de temperatura, em uma estrutura aporticada de concreto
armado típica de edifícios. Em face da complexidade desse problema, não se tem ainda,
bem estabelecidos, procedimentos normativos confiáveis para estimar com boa precisão
a extensão e locação das juntas de dilatação/contração numa estrutura particular de
edifícios. Na ausência desse procedimento os projetistas têm usado recomendações
convencionais, ou regras estabelecidas segundo suas próprias experiências. Já na
referência norte-americana (NRC,1974) encontram-se recomendações referentes ao
espaçamento de juntas em edifícios (gráfico da Figura 1) em função da variação de
temperatura aplicável a cada edificação. Em condições normais, uma edificação em
pórticos de concreto armado sujeita a 10ºC de variação de temperatura, o espaçamento Δ
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entre juntas pode, segundo a Figura 1, ser tomado igual a 140 m se os pilares forem
considerados rotulados na base (fundação). Se os pilares forem engastados na base (i.e,
se as fundações são rígidas à rotação), a redução é de 15%, chegando-se a Δ ≈ 120 m.

200
espaçamento entre juntas Δ(m)

180
160
140
120
100 pilares do térreo
80 engastado na base
60 pilares do térreo
40 rotulado na base
20
0
0 10 20 30 40 50
ºC

Figura 1- Comprimento máximo admissível de edifícios com estrutura aporticada de


concreto armado sem junta de dilatação/contração térmica, para vários valores de projeto
para variação de temperatura (Figura adaptada da Figura 1 da referência NAC, 1974).

A variação de temperatura a ser aplicada deve ser o maior valor das diferenças entre
temperaturas extremas a que estará sujeita a estrutura e a temperatura média anual. A
NBR6118 (2003) indica de maneira geral uma variação uniforme de temperatura em torno
da média entre 10º e 15º C para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja
superior a 50 m; para elementos maciços cuja menor dimensão seja superior a 70 m a
variação de temperatura pode ser adotada igual a 5 ºC e entre 50 e 70 m admite-se uma
interpolação linear entre esses valores de temperatura.

A indesejável consequência para a durabilidade de uma edificação em C.A que as


convencionais juntas de dilatação/contração térmica podem trazer, com o passar do
tempo e envelhecimento do material polimérico em geral empregado para
impermeabilização, é bem conhecida e nos leva a fazer a seguinte indagação: são essas
juntas realmente necessárias, ou podem ser dispensadas, se no estágio inicial do projeto
estrutural um modelo adequado for empregado para análise térmica? ; ou ainda, se
necessário, para análise termo-mecânica envolvendo também a consideração dos
fenômenos de retração e fluência do concreto?

Esse, para o engenheiro projetista, é um verdadeiro dilema decorrente de um problema


que, em geral, pode ser de grande complexidade. Esse problema é aqui examinado
apenas para os efeitos da variação térmica ambiente (atmosférica e por insolação direta)
sendo discutido com auxílio dos resultados obtidos para um caso exemplo.

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2. Caso exemplo de uma estrutura
Utiliza-se como caso-exemplo real uma edificação em concreto armado, construída na
orla marítima da cidade do Rio de Janeiro, a qual apresentava as patologias comuns
decorrentes da adoção de juntas de dilatação/contração térmica, com os usuais e
inadequados detalhamentos projetivos. Além das técnicas convencionais de recuperação
estrutural e de reforços localizados, adotou-se também, como medida corretiva, a
alteração estrutural por meio do bloqueio total de todas as juntas da estrutura do teto do
pavimento de subsolo. Essa alteração estrutural não convencional foi executada com a
obturação das juntas com argamassa polimérica, após limpeza completa do vazio entre
vigas com jato d’água sob pressão e ar comprimido para retirada do maior volume
possível de material desagregado. Depois procedeu-se a costura das juntas com barras
de armadura transversal ancoradas sobre as lajes. A estrutura do teto do subsolo tem
área projetada de aproximadamente 5500 m2, sobre a qual foram construídas piscinas,
quadras de esportes, jardins e pisos de pedras portuguesas em áreas descobertas de
circulação em torno de duas torres com 20 andares de apartamentos. As torres com
aproximadamente 12 m de largura e 60 m de comprimento não têm juntas de dilatação.
Todas as fundações são em sapatas em areia média compacta.

A estrutura do teto do subsolo (Figuras 2 e 3), composta por painéis de lajes, vigas e
pilares, apresentava um estado avançado de deterioração decorrente do envelhecimento
das mantas poliméricas de impermeabilização e consequentes infiltrações nas áreas
descobertas no pavimento superior, especialmente ao longo das juntas de
dilatação/contração térmica. Essas juntas, perfazendo um comprimento total de cerca de
170 metros, repartem a estrutura do teto em cinco grandes “regiões”, A, B, C, D e E, tal
como ilustrado na Figura 2.

3. Modelagem Numérico-Computacional da Estrutura


Para projetar a alteração estrutural foram realizadas análises das tensões térmicas com
auxílio de modelagem numérico-computacional tridimensional da estrutura, considerando:
(i) as várias juntas de expansão/contração térmica em duas condições distintas: livres ou
bloqueadas; (ii) as interações da estrutura com as cisternas, paredes em concreto armado
de contenção do terreno, todos os pilares e suas fundações rasas em terreno arenoso; (iii)
os efeitos das interações entre o terreno e as sapatas / blocos de fundação, cisternas e
paredes de contenção.

A Figura 4 mostra o modelo numérico-computacional da estrutura do teto do subsolo


discretizada em elementos finitos, sendo as lajes modeladas com elementos planos de
casca e as vigas modeladas com elementos barra de pórtico espacial. Os pilares foram
considerados como axialmente rígidos e lateralmente flexíveis, sendo representados no
modelo por elementos horizontais de mola nas direções ortogonais X e Y com
coeficientes de rigidez obtidos para duas condições distintas:

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 Condição I:
Pilares perfeitamente engastados a rotação na base e elasticamente no topo,
submetidos a um deslocamento lateral unitário no topo, para os quais os coeficientes
de rigidez são obtidos com as expressões (1.a; 1.b);

12 Ecs I
K  ; coeficiente de rigidez à rotação (1.a)
L3ef

6 Ecs I
K  ; coeficiente de rigidez lateral (1.b)
L2ef

onde, o módulo de elasticidade secante do concreto, Ecs = 30 GPa, é dado por (NBR-
6118/2003)

Ecs  0,85 x 5600 f ck ; para f ck  40 MPa (1.c)

e onde, I é momento de inércia da seção transversal do pilar no plano considerado e Lef =


L, sendo L a altura do pilar e  um fator que depende das condições de engastamento
elástico no topo do pilar.

 Condição II:
Pilares engastados elasticamente na base, considerando a interação solo-fundação
esquematizada nas Figuras 5(a-c); tanto para os pilares simples quanto para os pilares
de grandes dimensões das caixas dos elevadores e escadas e também da cisterna
(Figuras 2 e 3).

Nas Figuras 5(a-c), Ks (em kN/m3) é o coeficiente volumétrico de reação (vertical ou


lateral) do terreno, Kv (em kN/m) representa a constante de rigidez vertical oferecida pelo
solo sob a fundação, KH (em kN/m) a constante de rigidez horizontal no nível do teto do
subsolo para um deslocamento lateral unitário ou para uma rotação unitária de cada um
dos elementos como corpo rígido e C (em kN.m/rad) é o coeficiente de rigidez à rotação
na base e do topo dos pilares. As constantes de rigidez elástica KV, KH e Cθ foram obtidas
de modelos analíticos simplificados para as sapatas rígidas sobre base elástica, tal como
ilustrado nas Figuras 5(a-c).

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80,45m

Junta 3
muros de
arrimo
11 12
A
projeção torres

B
60,8m

2 4 8
Junta 2
1 3 5 9 10
D 17 19 Junta 4
15 16 18

21,15m
cisterna
C E
6 7 13 14
Junta 1

Junta 5

Y muro de
arrimo 104,6m

X
Figura 2 - Croquis dos módulos estruturais do teto do subsolo, separados por juntas
de dilatação/contração térmica em cinco partes: A, B, C, D e E.

P28
P33

V46
V60

P8
P13

Figura 3 – Esquema estrutural do teto do subsolo: vigas, painéis de lajes e pilares.


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Figura 4 - Malha em elementos finitos da estrutura do teto do subsolo. Modelo com 5790
elementos planos de casca, 185 elementos de pórtico e 100 ligações elásticas
representando os pilares e as regiões de interação com os muros de arrimo e a cisterna.

piso nível médio C


KH
d ( =1) piso do nível térreo KH

d 1
h = 4,6 m
h = 4,6 m

 =1
 =1 piso do subsolo piso do
K s subsolo
solo C
K s KV
solo
Ks

(a) Caixas dos elevadores e escadas (b) Pilares do teto do subsolo

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KH d1

h = 4,6 m
berma,
aterro não
compactado  =1

piso do subsolo

solo
A A
Kv Kv

b = 4,6 m

Corte A-A

(c) Cisterna

Figura 5(a-c) – Representação esquemática dos modelos de interação solo-estrutura.

4. Casos de análise dos efeitos térmicos


As análises de tensões térmicas foram feitas para duas modelagens: Modelo 1,
considerando abertas todas as juntas de dilatação térmica; Modelo 2, considerando todas
essas juntas de dilatação bloqueadas. O segundo modelo foi elaborado a partir do
primeiro, restringindo os deslocamentos relativos entre os pares de nós vizinhos ao longo
de todas as juntas de dilatação, simulando assim a condição de juntas
costuradas/bloqueadas.

A variação de temperatura entre as superfícies superior e a inferior da estrutura do teto do


subsolo foi considerada conforme mostram as Figuras 6 e 7. Para cada um dos Modelos
1 e 2, dois casos de análise estrutural foram considerados:
 Caso A – variação uniforme de temperatura (Figura 6) nas lajes, igual a 10º C, exceto
nas áreas de piscinas e das torres (igual a 2ºC); e um gradiente térmico de 10ºC nas
vigas e lajes das áreas descobertas;
 Caso B – variação de temperatura com gradiente térmico linear, tendo a face superior
do teto do subsolo uma variação de + 10º C em relação a face inferior (Figura 7).

Este é um cenário realista, já que a variação uniforme de temperatura (caso A) no


concreto por condução térmica através das várias camadas de materiais (Figura 7) exige
um intervalo de tempo compatível com os dados ambientais locais da cidade do Rio de
Janeiro.
O intervalo de tempo para uma elevação uniforme de temperatura de 10ºC na massa de
concreto das vigas ou das lajes pode ser estimado através da expressão 3
(Buchanan,2002), baseada nas equações de transferência de calor, sendo as grandezas
dadas nas unidades SI. Como no presente caso as propriedades térmicas não variam no
decorrer do tempo, não há limite superior para o intervalo de tempo t. Com as

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propriedades térmicas dos materiais obteve-se uma faixa de valores para t entre 5 e 15
horas dependendo do grau de umidade do material de proteção. De acordo com INMET
(2011), os valores médios mensais de temperatura na cidade do Rio de Janeiro variam
entre 21 e 26º C. Toma-se, então como temperatura de referência (construtiva) o valor
igual a 24º C, em torno do qual as variações de 10º C do caso A correspondem a
temperaturas máxima de 34º C e mínima de 14º C. Estas temperaturas podem de fato
perdurar pelos intervalos de tempo estimados no local da obra.

  
t  Tc,t  e 0,1  1 Te,t  t UC
c c c 1  / 3
m / A Te,t  Tc ,t 
(3)
m

onde,
Cm  m
 t m U m / A (4)
Cc  c
sendo,
t = intervalo de tempo (s); U m / A = fator de massividade (m-1),razão entre o perímetro
e área da seção transversal da viga ou de uma faixa de área de largura unitária;
Cc , Cm = calor específico (J/kgoC) respectivamente do concreto e da camada de material
de proteção (no caso, da Fig. 7); t m = espessura equivalente (m) da camada de proteção
(Fig. 7); Tc,t , Te,t = variações de temperaturas (ºC) respectivamente da massa de
concreto das vigas e lajes e do ar externo no intervalo de tempo t ; m = condutividade
térmica (W/mºC) equivalente dos materiais que compõem a camada de proteção (Fig. 7);
 c ,  m = massas específicas (kg/m3) do concreto e equivalente dos materiais que
compõem a camada de proteção (Fig. 7).

T=+2ºC

T=+2ºC

T=+10ºC

T=+10ºC

T=+2ºC

T=+2ºC
Figura 6 – Malha em elementos finitos com a distribuição de variação uniforme de
temperatura: + 10ºC nas lajes descobertas e +2ºC nas lajes sob as torres de
apartamentos, piscinas e quadra de tênis (Caso A).
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piso de pedras portuguesas

TS= 45º C
camada de saibro e areia

Manta de impermeabilização

TI = 35º C Laje de C.A. (e= 10 a 14 cm)

teto do subsolo

Figura 7 – Variação de temperatura sob insolação em pleno verão, considerada na


análise térmica da estrutura do teto do subsolo (Caso B).

5. Apresentação e Análise dos Principais Resultados


Apresenta-se a seguir um resumo dos resultados mais relevantes obtidos das análises de
tensões produzidas por variação de temperatura na estrutura de concreto armado, antes e
depois das alterações estruturais impostas
A Tabela 1 apresenta, para o caso de ação térmica A, os esforços cortantes (reações
horizontais) no topo dos pilares parede (Figura 3) para ambos os modelos da estrutura
com as duas hipóteses de condições contorno na base dos pilares: perfeitamente
engastado e elasticamente engastado sob efeito da interação solo-estrutura.

Tabela 1 – Esforços cortantes V e tensões cizalhantes no topo dos pilares parede.


Modelos 1 e 2 da estrutura ; Caso A de ação térmica.
Pilares engastados na base
Pilares* Modelo 1 – juntas livres Modelo 2 – juntas bloqueadas
Parede Vx(kN) Vy(kN) Vx(kN) Vy(kN)
(Fig. 3)
P8 3128,5 -1993,0 654,1 10410,4
P13 -3887,3 2240,5 -10242,9 9882,3
P28 3614,6 -1465,9 12403,2 -12913,8
P33 -3614,5 386,0 972,3 -11123,7
Pilares sob efeito da interação solo-fundação
Pilares* Modelo 1 – juntas livres Modelo 2 – juntas bloqueadas
Parede Vx(kN) Vy(kN) Vx(kN) x (MPa) Vy(kN) y (MPa)
(Fig. 3)
P8 133,5 -95,3 370,5 0,23 459,3 0,28
P13 -177,4 146,4 600,2 0,29 691,9 0,33
P28 18,1 -32,2 299,4 0,15 -472,0 0,24
P33 -134,2 33,6 425,5 0,30 -1047,5 0,72
* Caixas dos elevadores e das escadas
< fct,m = 3,5 MPa; fct,m = 0,3 fck2/3 (NBR 6118/03)

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Observa-se que a condição conservadora de todos os pilares engastados na base resulta
nos maiores valores dos esforços cortantes no topo dos pilares parede, para ambos
modelos, com juntas livres ou bloqueadas. Os resultados obtidos considerando a
interação solo-fundação mostram a grande redução dos esforços cortantes e tensões
cisalhantes, mesmo para a estrutura com as juntas bloqueadas, em comparação com os
esforços obtidos para os pilares engastados e juntas livres. As tensões cisalhantes são
em todos os casos inferiores a resistência à tração do concreto fct,m.

Estes resultados para os pilares-parede (elementos de maior rigidez) demonstram a


validade física do bloqueio das juntas, quando considerado o efeito da interação elástica
solo-fundação. Os demais pilares (com esbeltez usual) oferecem pequenas reações
elásticas (laterais e à rotação), especialmente se considerado o efeito da interação solo-
fundação. Assim, os demais resultados obtidos são a seguir apresentados apenas para o
modelo com os pilares com sapatas elasticamente engastadas no terreno.

A Tabela 2 apresenta os deslocamentos em pontos característicos ao longo das juntas


(Figura 2), tanto para a estrutura com as juntas livres quanto bloqueadas, submetida à
condição de variação uniforme de temperatura (Caso A; Fig. 6). Os valores máximos
obtidos para cada um dos dois modelos analisados são ressaltados na Tabela 2. Para a
variação de temperatura com gradiente térmico (Caso B), os deslocamentos resultaram
em valores insignificantes, não sendo, portanto, aqui apresentados.

Tabela 2 - Deslocamentos horizontais em pontos da estrutura (ver Figura 2) para o caso A


Modelo - Juntas livres Modelo 2 - Juntas bloqueadas
Pontos Caso A Pontos Caso A
(Fig. 2) δx (cm) δy (cm) (Fig. 2) δx (cm) δy (cm)
1 0,003 0,817
2 -0,748 -0,622 1/2 -1,233 0,076
3 0,694 0,817
4 -0,051 -0,501 3/4/5 -0,866 0,148
5 -0,756 0,526
6 0,694 0,000
7 -0,839 -0,288 6/7 -0,847 -0,264
8 0,577 -0,393
9 -0,124 0,458 8/9/10 -0,382 0,184
10 0,568 -0,384
11 0,471 0,453
12 0,472 0,454 11/12 -0,331 0,999
13 -0,705 0,019
14 0,676 -0,319 13/14 0,256 -0,641
15 0,696 0,282
16 -0,460 0,576 15/16/17 0,419 -0,050
17 1,537 -0,433
18 0,060 0,394
19 2,167 -0,221 18/19 0,967 -0,231
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Observa-se que os deslocamentos máximos para a estrutura com as juntas bloqueadas
são, como esperado, menores do que os obtidos para a estrutura original com as juntas
livres.

As Figuras 8 e 9 apresentam, respectivamente, os resultados para as tensões principais


máximas e mínimas nas lajes obtidos para a estrutura com as juntas livres e bloqueadas,
submetida ao Caso A de ação térmica. As tensões obtidas para o Caso B da ação
térmica têm valores insignificantes, não sendo, portanto, aqui apresentadas.

Observa-se que não houve alteração significativa dos valores das tensões principais no
Modelo 2 com juntas bloqueadas em relação aos obtidos com o Modelo 1 com juntas
livres. Os resultados numéricos obtidos com esses dois modelos – ambos com os pilares
elasticamente engastados na base (condição II) têm valores pontuais equivalentes.

Notam-se nas Figuras 8 e 9 pontos de concentração de tensões, particularmente nos


cantos vivos, onde as tensões principais de tração alcançam valores muito maiores que a
resistência à tração média do concreto, fct,m = 0,3 fck2/3 ≈ 3,5 MPa.

Deve-se observar, entretanto, que essas tensões concentradas (σt > fct,m) não alcançam
de fato os valores numéricos mostrados nas figuras, já que com a variação de
temperatura se dissipa progressivamente, à medida que se formam fissuras de pequena
abertura. Quanto às tensões concentradas de compressão, são todas muito inferiores a
resistência característica à compressão do concreto existente.

A Tabela 3 apresenta os valores máximos obtidos para os esforços em duas vigas


(indicadas na Figura 3) mais solicitadas pelo efeito do gradiente térmico ou da variação
térmica uniforme.

Tabela 3 – Esforços seccionais máximos (normal e momento fletor) e tensões normais


resultantes nas vigas mais solicitadas pelos efeitos de variação térmica
Viga Dimensões Modelo 1 – juntas livres Modelo 2 – juntas bloqueadas
(Fig. 3) seção N (kN)* σS (MPa)* N (kN)* σs (MPa)*
transversal
(cm) M (kN.m) σI (MPa)* M (kN.m)* σI (MPa)*
V 60 40 x 60 -1845,5 -5,0 -1455,5 -2,8
65,2 -10,0 38,7 -9,2
V 46 40 x 60 -1899,6 -5,2 -1697,6 -3,9
133,4 -10,6 75,2 -10,2
(*) convenção de sinais: (-) compressão

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max= 10,4 max= 3,0
max= 7,1
max= -4,6
max= 0,4

max= 1,9
max= 1,9
max= 6,8

max= -1,8
max= -1,9

max= -1,3
max= 5,4

max= 6,9 max= 5,3


a) estrutura com juntas livres
max= 10,4 max= 5,0
max= 7,9
max= -4,4
max= 0,2

max= 1,8
max= -1,2
max= 8,6

max= -2,2
max= -2,4

max= -1,5
max= -1,0

max= 6,8 max= 2,8


b) estrutura com juntas bloqueadas

Figura 8 – Tensões principais máximas (MPa) na laje para variação uniforme de


temperatura Caso A (Fig. 6) ; Convenção: (+) tração; fct,m = 3,5 MPa.

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min= 2,5 min= -7,7
min= -1,6
min= -8,2
min= -5,0

min= -7,6
min= -3,5
min= -10,0

min= -4,1
min= -5,2

min= -3,6
min= 3,6

min= 5,4 min= 0,8


(a) com juntas livres

min= 2,6 min= -4,5


min= -5,8
min= -6,7
min= -4,6

min= -7,2
min= -3,9
min= -11,3

min= -5,5
min= -6,9

min= -5,0
min= -6,0

min= 4,4 min= -5,8


(b) com juntas bloqueadas

Figura 9 – Tensões principais mínimas (MPa) na laje para variação uniforme de


temperatura Caso A (Fig. 5) ; Convenção: (-) compressão; fct,m = 3,5 MPa.

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6. Breve discussão dos resultados

No caso do exemplo aqui analisado, o bloqueio das juntas de dilatação/contração térmica


impõe uma grande alteração de comportamento estrutural para os efeitos da variação
uniforme de temperatura, diferenciada em algumas áreas localizadas.

Na situação original, com juntas livres, os pilares de maior rigidez (caixas dos elevadores
e das escadas das torres) se encontravam aproximadamente na região central das torres
e também das partes A e D cercadas pelas juntas (Figura 2). O posicionamento desses
pilares torna desnecessário juntas de dilatação/contração térmicas nas torres.

Na situação alterada, com as juntas bloqueadas, esses pilares de maior rigidez se


encontram afastados da região central da área total dada pelo conjunto das partes A e E
(Figura 2).

Assim, já era esperado que na situação alterada os esforços causados pela variação
térmica nesses pilares de grande rigidez seriam maiores que os correspondentes na
situação original com as juntas livres. Esse esperado acréscimo de esforços é, entretanto,
bastante atenuado pelo efeito da interação solo-fundações.

Nas potenciais regiões de concentração de tensões nas lajes, associados a detalhes


geométricos – particularmente em torno das interseções das vigas, especialmente as
periféricas (cantos vivos) – as tensões principais de tração são dissipadas
progressivamente quando em algum ponto alcançam a resistência à tração do concreto, e
fissuras de pequena abertura são formadas.

Observa-se, então, que o conjunto dos efeitos benéficos da interação solo-fundações e da


formação de pequenas fissuras, viabilizaram na prática a execução do bloqueio total das
juntas de dilatação/contração térmica em toda sua extensão.

7. Conclusões

Os resultados de tensões térmicas obtidas, para um caso exemplo de estrutura de


concreto armado de um edifico, por meio de modelos numérico-computacionais,
mostraram a viabilidade técnica do bloqueio total de todas as juntas de
dilatação/contração térmica, quando se levam em conta os efeitos benéficos da interação
solo-fundações e se considera na análise dos resultados a atenuação das deformações
impostas em pontos de concentração de tensões devido a formação de pequenas
fissuras.

A viabilidade prática do bloqueio/costura das juntas tem como conseqüência a minoração


dos problemas de deterioração da estrutura produzida pelas infiltrações e conseqüente

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aceleração do processo de corrosão das armaduras e deterioração da massa de
concreto.
Cabe alertar, finalmente, que essas conclusões se aplicam somente ao caso exemplo
analisado, devendo-se caso a caso utilizar a modelagem mais adequada incluindo, se
relevantes, os efeitos de retração e fluência do concreto.

8. Referências

ABNT – NBR-6118/2003. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, Rio de


Janeiro, 2004.

BUCHANAN, A. H., 2002. Structural Design for Fire Safety, 1st Ed., John Wiley & Sons,
Canterbury, New Zealand.

Eurocode 2. Design of concrete structures – Part 1: General rules and rules for
buildings, 2005.

INMET- Instituto Nacional de Meteorologia, www,inmet.gov,br, acessado em 12/09/2011.

NAC – Technical Report Nº 65, Expansion joints in Buildings, National Academy of


Sciences, Washington D.C, USA, 1974.

LEONHARDT, F. 1979. Construções de concreto, vol. 1,Ed. Interciência, Rio de Janeiro,


Brasil.

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