Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
ANO: 2012
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1993 – cj. 61 – São Paulo/SP– 01452-001 – fone: (11)3938-9400
www.abece.com.br – abece@abece.com.br
JUNTAS DE DILATAÇÃO TÉRMICA EM EDIFÍCIOS DE
CONCRETO ARMADO: NECESSÁRIAS OU DISPENSÁVEIS ?
THERMAL EXPANSION JOINTS IN REINFORCED CONCRETE BUILDINGS: NEEDED
OR NOT?
Ronaldo Carvalho Battista (1); Eliane Maria Lopes Carvalho (2); Michèle Schubert Pfeil (3)
Resumo
Apresenta-se neste artigo uma breve discussão sobre as prescrições normativas de projeto, a aplicabilidade
prática e os problemas decorrentes da adoção de juntas de dilatação térmica em estruturas em concreto
armado de edifícios convencionais.
Utiliza-se como caso-exemplo uma edificação existente na qual as patologias comuns decorrentes dessas
juntas e seus detalhamentos projetivos exigiram, como medida corretiva, além de técnicas usuais de
recuperação, a alteração estrutural por meio do bloqueio total de todas as juntas da estrutura do teto do
pavimento de subsolo, com área projetada de aproximadamente 5500 m2, sobre a qual se erguem duas
torres com 20 andares de apartamentos.
Os resultados obtidos das análises de tensões térmicas mostram a viabilidade técnica do bloqueio total de
todas as juntas, de maneira a eliminar os usuais problemas de deterioração da estrutura decorrentes do
envelhecimento das mantas elastoméricas de impermeabilização e conseqüente infiltrações acelerando o
processo de corrosão das armaduras e deterioração da massa de concreto ao longo de 170 metros de
juntas de dilatação/contração térmica.
Apresentam-se um resumo dos resultados mais relevantes obtidos das análises de tensões produzidas por
variação de temperatura e alguns detalhes das alterações nas referidas estruturas de concreto armado.
Palavra-Chave: Tensões Térmicas, Juntas de Dilatação Térmica, estruturas de concreto armado.
Abstract
This paper presents a brief discussion on the design code recommendations, the practical applicability and
the usual problems related to the adoption of thermal expansion joints in reinforced concrete structures of
conventional buildings.
An existing building is used as case example in which the usual pathologies related to these joints and their
design detailing imposed as remedial measures, besides the usual repairing techniques, structural alteration
by means of the elimination of all the expansion joints of one floor structure above the underground level,
having a projected area of about 5,500 m2 and on which arise two twenty floors towers of apartments.
The numerical results obtained from the thermal stress analyses show the technical viability of blocking all
the expansion joints as a manner of eliminating the usual structural damages caused by ageing of the
elastomeric sealant material and consequent loss of water tightness, leading to corrosion of the steel bars
and quick deterioration of the concrete mass along almost 170 meters of expansion joints.
A summary of the most relevant results obtained from thermal stress analyses and some details of the
referred structural alterations are presented herein.
Nas verificações estruturais devem ser consideradas todas as ações que possam produzir
efeitos significativos para a segurança nos estados limites último e de serviço
(NBR6118,2003), incluindo as ações de deformações impostas por retração, fluência e
variação de temperatura. Mas de acordo com a norma européia Eurocódigo 2 (2005)
essas citadas ações devem ser sempre consideradas na verificação de estados limites de
serviço; para o estado limite último, os efeitos das mesmas só seriam relevantes em
algumas situações como na condição de fadiga e na verificação da estabilidade, quando
efeitos de 2ª ordem são importantes. Em outros casos estes efeitos não precisam ser
considerados para os estados limites últimos desde que a ductilidade e a capacidade de
rotação sejam suficientes. Esse procedimento está de acordo com as recomendações
feitas por vários autores de renome, como por exemplo, F. Leonhardt (1979).
deformações e fissuração nas primeiras idades devem ser minimizadas por meio
da adequada composição do concreto e procedimentos apropriados na
concretagem;
tensões devido as restrições existentes à livre deformação devem ser levadas
em consideração na verificação estrutural;
as restrições à livre deformação podem ser minimizadas por meio de juntas de
dilatação/contração.
Entende-se, assim, que análises dos efeitos das deformações impostas em estruturas de
edifício podem ser omitidas, desde que sejam adotadas juntas de dilatação/contração
para acomodar as deformações. No Brasil, o espaçamento das juntas igual a 30 m tem
sido ainda tradicionalmente adotado na prática. Muitos fatores afetam a ordem de
grandeza e as conseqüências práticas das deformações impostas por essas ações,
especialmente a da variação de temperatura, em uma estrutura aporticada de concreto
armado típica de edifícios. Em face da complexidade desse problema, não se tem ainda,
bem estabelecidos, procedimentos normativos confiáveis para estimar com boa precisão
a extensão e locação das juntas de dilatação/contração numa estrutura particular de
edifícios. Na ausência desse procedimento os projetistas têm usado recomendações
convencionais, ou regras estabelecidas segundo suas próprias experiências. Já na
referência norte-americana (NRC,1974) encontram-se recomendações referentes ao
espaçamento de juntas em edifícios (gráfico da Figura 1) em função da variação de
temperatura aplicável a cada edificação. Em condições normais, uma edificação em
pórticos de concreto armado sujeita a 10ºC de variação de temperatura, o espaçamento Δ
ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 2
entre juntas pode, segundo a Figura 1, ser tomado igual a 140 m se os pilares forem
considerados rotulados na base (fundação). Se os pilares forem engastados na base (i.e,
se as fundações são rígidas à rotação), a redução é de 15%, chegando-se a Δ ≈ 120 m.
200
espaçamento entre juntas Δ(m)
180
160
140
120
100 pilares do térreo
80 engastado na base
60 pilares do térreo
40 rotulado na base
20
0
0 10 20 30 40 50
ºC
A variação de temperatura a ser aplicada deve ser o maior valor das diferenças entre
temperaturas extremas a que estará sujeita a estrutura e a temperatura média anual. A
NBR6118 (2003) indica de maneira geral uma variação uniforme de temperatura em torno
da média entre 10º e 15º C para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja
superior a 50 m; para elementos maciços cuja menor dimensão seja superior a 70 m a
variação de temperatura pode ser adotada igual a 5 ºC e entre 50 e 70 m admite-se uma
interpolação linear entre esses valores de temperatura.
A estrutura do teto do subsolo (Figuras 2 e 3), composta por painéis de lajes, vigas e
pilares, apresentava um estado avançado de deterioração decorrente do envelhecimento
das mantas poliméricas de impermeabilização e consequentes infiltrações nas áreas
descobertas no pavimento superior, especialmente ao longo das juntas de
dilatação/contração térmica. Essas juntas, perfazendo um comprimento total de cerca de
170 metros, repartem a estrutura do teto em cinco grandes “regiões”, A, B, C, D e E, tal
como ilustrado na Figura 2.
12 Ecs I
K ; coeficiente de rigidez à rotação (1.a)
L3ef
6 Ecs I
K ; coeficiente de rigidez lateral (1.b)
L2ef
onde, o módulo de elasticidade secante do concreto, Ecs = 30 GPa, é dado por (NBR-
6118/2003)
Condição II:
Pilares engastados elasticamente na base, considerando a interação solo-fundação
esquematizada nas Figuras 5(a-c); tanto para os pilares simples quanto para os pilares
de grandes dimensões das caixas dos elevadores e escadas e também da cisterna
(Figuras 2 e 3).
Junta 3
muros de
arrimo
11 12
A
projeção torres
B
60,8m
2 4 8
Junta 2
1 3 5 9 10
D 17 19 Junta 4
15 16 18
21,15m
cisterna
C E
6 7 13 14
Junta 1
Junta 5
Y muro de
arrimo 104,6m
X
Figura 2 - Croquis dos módulos estruturais do teto do subsolo, separados por juntas
de dilatação/contração térmica em cinco partes: A, B, C, D e E.
P28
P33
V46
V60
P8
P13
d 1
h = 4,6 m
h = 4,6 m
=1
=1 piso do subsolo piso do
K s subsolo
solo C
K s KV
solo
Ks
h = 4,6 m
berma,
aterro não
compactado =1
piso do subsolo
solo
A A
Kv Kv
b = 4,6 m
Corte A-A
(c) Cisterna
t Tc,t e 0,1 1 Te,t t UC
c c c 1 / 3
m / A Te,t Tc ,t
(3)
m
onde,
Cm m
t m U m / A (4)
Cc c
sendo,
t = intervalo de tempo (s); U m / A = fator de massividade (m-1),razão entre o perímetro
e área da seção transversal da viga ou de uma faixa de área de largura unitária;
Cc , Cm = calor específico (J/kgoC) respectivamente do concreto e da camada de material
de proteção (no caso, da Fig. 7); t m = espessura equivalente (m) da camada de proteção
(Fig. 7); Tc,t , Te,t = variações de temperaturas (ºC) respectivamente da massa de
concreto das vigas e lajes e do ar externo no intervalo de tempo t ; m = condutividade
térmica (W/mºC) equivalente dos materiais que compõem a camada de proteção (Fig. 7);
c , m = massas específicas (kg/m3) do concreto e equivalente dos materiais que
compõem a camada de proteção (Fig. 7).
T=+2ºC
T=+2ºC
T=+10ºC
T=+10ºC
T=+2ºC
T=+2ºC
Figura 6 – Malha em elementos finitos com a distribuição de variação uniforme de
temperatura: + 10ºC nas lajes descobertas e +2ºC nas lajes sob as torres de
apartamentos, piscinas e quadra de tênis (Caso A).
ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 9
piso de pedras portuguesas
TS= 45º C
camada de saibro e areia
Manta de impermeabilização
teto do subsolo
Observa-se que não houve alteração significativa dos valores das tensões principais no
Modelo 2 com juntas bloqueadas em relação aos obtidos com o Modelo 1 com juntas
livres. Os resultados numéricos obtidos com esses dois modelos – ambos com os pilares
elasticamente engastados na base (condição II) têm valores pontuais equivalentes.
Deve-se observar, entretanto, que essas tensões concentradas (σt > fct,m) não alcançam
de fato os valores numéricos mostrados nas figuras, já que com a variação de
temperatura se dissipa progressivamente, à medida que se formam fissuras de pequena
abertura. Quanto às tensões concentradas de compressão, são todas muito inferiores a
resistência característica à compressão do concreto existente.
max= 1,9
max= 1,9
max= 6,8
max= -1,8
max= -1,9
max= -1,3
max= 5,4
max= 1,8
max= -1,2
max= 8,6
max= -2,2
max= -2,4
max= -1,5
max= -1,0
min= -7,6
min= -3,5
min= -10,0
min= -4,1
min= -5,2
min= -3,6
min= 3,6
min= -7,2
min= -3,9
min= -11,3
min= -5,5
min= -6,9
min= -5,0
min= -6,0
Na situação original, com juntas livres, os pilares de maior rigidez (caixas dos elevadores
e das escadas das torres) se encontravam aproximadamente na região central das torres
e também das partes A e D cercadas pelas juntas (Figura 2). O posicionamento desses
pilares torna desnecessário juntas de dilatação/contração térmicas nas torres.
Assim, já era esperado que na situação alterada os esforços causados pela variação
térmica nesses pilares de grande rigidez seriam maiores que os correspondentes na
situação original com as juntas livres. Esse esperado acréscimo de esforços é, entretanto,
bastante atenuado pelo efeito da interação solo-fundações.
7. Conclusões
8. Referências
BUCHANAN, A. H., 2002. Structural Design for Fire Safety, 1st Ed., John Wiley & Sons,
Canterbury, New Zealand.
Eurocode 2. Design of concrete structures – Part 1: General rules and rules for
buildings, 2005.