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10.05
É o maior expoente da escolástica (Séc. IX-XVI) e sua obra, até hoje, é referência
quanto a sistematização, logica e transparência.
OBS: se a patrística era a filosofia ensinada pelos padres, a escolástica era a filosofia
ensonada nas escolas.
Destaca-se que no período da idade média os livros de Aristóteles não podiam ser
encontrados na Europa. Entretanto, era no foi no Egito que se encontravam algumas
de suas obras que, com a reabertura das rotas comerciais, alguns livros do filósofo
voltaram ao continente europeu, e foram traduzidos para o latim. A tradução das
obras impactaram o estudiosos, tendo em vista o rigor da lógica aristotélica, achando
que tinham encontrado a verdade absoluta sobre a racionalidade, no entanto
Aristóteles não era cristão e não concebia a ideia de um deus único, assim iniciou-se
uma verdadeira briga entre aqueles que defendiam a bíblia e os textos de Aristóteles.
É nesse contexto que surge a obra de Santo Tomás de Aquino, que junta a
racionalidade aristotélica com a perspectiva cristã, tratando de cristianizar Aristóteles,
de apresentar um caminho de compatibilidade entre ambas racionalidades.
Ao tratar da noção de justiça, Santo Tomás de Aquino acompanha o pensamento
aristotélico e a define a partir da máxima “dar a cada um o que é seu”. Justiça significa
dar às pessoas o que elas merecem em função da finalidade daquilo que é dado.
Assim, devemos pressupor que a justiça é teleológica e honorífica, ou seja, devemos
discutir qual o fim dos objetos em questão e descobrir quem merece o quê.
O “dar a cada um o que é seu” é discriminatório, mas ele discrimina pelo mérito, pela
excelência, e mais ainda, de acordo com a finalidade objeto que é discutido. Contudo,
pode ser desconhecida a finalidade do objeto, sendo assim, a sai distribuição ficará
comprometida.
Quando um sujeito que não sabe a finalidade do objeto fica responsável pela sua
distribuição é o uso do livre arbítrio, ou seja, o erro, o mal é fruto de uma ignorância e
não uma condição natural, como propunha Santo Agostinho.
Se a pessoa soubesse do fim a que se destina o objeto, sua razão iria se destinar a tal,
pois a razão sempre busca o fim de todas a s coisas, isto é, o bem. O poder de pecar é a
capacidade de deixar de agir segundos os fins que deveríamos estar tentando buscar.
Se tudo tende a um fim, e a função da razão é conhecer esse, teríamos que admitir um
fim a que tudo atenderia, ou seja, todas as coisas tenderiam ao um mesmo fim, pois
todas as coisas apresentam a mesma essência, e esse fim a que todas as coisas tendem
Santo Tomás de Aquino chama de Deus. Como não temos como conhecer o fim de
todas as coisas, não temos como conhecer plenamente Deus, portanto, alguns vão
acreditar em Deus e outros não em função, dessa ignorância.
Santo Tomás volta a discussão entre sábios e ignorantes, e os sábios devem perdoar os
ignorantes, pois ele são ignorantes e não conhecem a finalidade das coisas, muito
menos saber a finalidade a que tudo se destina. Novamente a idade média encontra
razões para buscar diferenciar as pessoas, como uma forma de se realizar a justiça do
mundo, aquele que melhor conhecer o fim de algo merece governar. O elitismo
politico é naturalmente estabelecido.
Não podemos perder de vista a influência agostiniana, há senhores escravos para que
o senhor direcione bem a vida de seu escravo.
Mas a se justiça é dar a cada um o que é seu, precisamos de uma norma que defina
esse processo de distribuição, e precisamos entender a tipologia normativa de Santo
Tomás de Aquino, ou seja, localizar o “dar a cada um o que é seu” em função de um
tipo normativo.
a) Lei eterna (lex aeterna) – é aquela lei promulgada por Deus e que tido ordena, em
tudo está e tudo rege. Há uma ordem em todo o universo e esta ordem é a lei eterna,
o homem não a consegue compreender.
b) Lei divina – é aquela que foi dada ao homem por meio das revelação e se encontra
nas escrituras. Não é produto da razão humana, mas foi dada ao homem por meio da
graça divina, para que ele tenha conhecimento do que deve fazer para satisfazer tanto
os seus fins naturais, quanto sobrenaturais. São as normas escritas na bíblia.
Lei eterna não é a mesma coisa que lei divina, neste sentido Miguel Reale:
Há uma diferença entre a lei natural e a lei divina. Segundo Wayne Morrison:
A diferença entre lei natural e lei divina é a seguinte: a lei natural
representa o conhecimento racional humano do bem: opera através do
intelecto, que dirige a vontade de modo que controle seus apetites e
paixões, levando-o a consumar seu fim natural mediante a aquisição das
virtudes cardeis da justiça, temperança, coragem e prudência. A lei
divina, por outro lado, provém diretamente de Deus através da
revelação, um dom da graça divina por meio do qual o ser humano é levado
a seus fins sobrenaturais; tendo obtidas virtudes superiores, ou teológicas,
da fé, da esperança e do amor, essa virtudes são infundidas no homem pela
graça de Deus.
d) Lei humana – são expressões das leis postas pelo Estado, pelo governo – é o que se
chama de direito positivo.
Ocorre que Santo Tomás de Aquino entende que as leis humanas devem refletir o que
a lei natural determina, deve retratar o que a lei natural preceitua, o legislador deve
positivar o que é dado por natureza.
O simples fato de uma lei positiva não estar de acordo com a lei natural não
justifica a desobediência ao que foi criado pelo homem; a
desobediência só se justifica, para Tomás de Aquino, quando houver
entrechoque entre a lei divina e a lei humana. Em poucas palavras, a
desobediência à lei humana só se justifica se representar uma afronta
da lei divina, a lei eterna conhecida pelo homem.
Dessa forma, conclui-se que a justiça para Santo Tomás de Aquino é a vontade
constante e duradoura de dar a cada um o que é devido. O devido a alguém passa a
ser aquilo que é ordenado para cada um de acordo coma as tendência naturais, tendo
como objetivo a realização dos seu fins. O devido não é conferido pelo direito positivo,
mas sim pelas tendências naturais da natureza humana.