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I/ INTRODUÇÃO:
Característica tipicamente romântica – assunto da história de Portugal.
II / DESENVOLVIMENTO:
1 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O MITO
* Resulta sobretudo da vergonha da derrota e do desejo de recuperar a independência, glória e
brilho perdidos e que se manifestaram:
∟no movimento expansionista;
∟na colonização do Brasil; motivos de orgulho exacerbado do povo
∟na cruzada do rei D. Sebastião;
* Nasce da incapacidade de aceitar que, com a morte do rei, morria o velho Portugal;
* O regresso de D. Sebastião adquire um valor de esperança na reconquista da independência
de Portugal.
* Figura lendária do rei: ausente mas sempre presente na obra - Telmo e Maria - e apresentado
positivamente por aquelas personagens;
* Contudo, presença negativa no Frei Luís de Sousa:
∟conotação negativa - anti-herói colado à figura de D. João (assume tudo o que
a este acontece)
- anti-mito perdição em vez de salvação da Pátria
III/ CONCLUSÃO:
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• Significação da dupla aniquilação: PASSADO / PRESENTE =
ABSOLUTISMO/LIBERALISMO
• INTENÇÃO DA OBRA / DO AUTOR
Na obra Frei Luís de Sousa verifica-se a renovação de temas desvalidos pelas obras de
cultura clássica, pois, com o romantismo instauraram-se assuntos patrióticos com
sensibilidade histórica e mitológica. O aparecimento do mito sebastianista e de outros
presságios, nesta obra, reforçam o carácter romântico da obra de Garrett e o interesse e
atractivo no desenrolar deste drama, pois a contrariedade de sentimentos em relação ao
aparecimento de D. Sebastião não surge, na obra, de uma maneira uniforme e invariável.
Em Frei Luís de Sousa, o mito sebastianista alimenta assim, desde o início, o conflito
vivido pelas personagens, na medida em que a admissão do regresso de D. Sebastião
implicava idêntica possibilidade da vinda de D. João de Portugal, que combatera ao lado do rei
na batalha de Alcácer Quibir, o que, desde logo, colocaria em causa a legitimidade do
segundo casamento de D. Madalena e da filha de ambos. Na obra, o passado conotado com a
Salvação da Pátria é simultaneamente sinal de perdição da família, ameaçando a sua
felicidade.
Contudo, Telmo Pais, o velho aio de D. João e em cuja morte não acredita, e Maria, filha
de D. Madalena de Vilhena e de Manuel de Sousa Coutinho, educada por Telmo, dão voz ao
mito sebastianista tão receado por Madalena e Manuel. No prisma de Telmo (principalmente,
numa fase inicial) e de Maria a concretização deste mito é desejada; As superstições e mitos,
nesta peça, servem como advertência e aviso daquilo que se avizinha. Madalena, como forma
de desacreditar as ideias da filha, convence Telmo a não lhe prestar nenhuma informação,
pois Madalena vê na ignorância dos factos a única maneira de se salvar a si, à sua filha e à
sua família.
O regresso de D. João de Portugal, tão receado por uns e desejado por outros não
restabelece qualquer equilíbrio: destrói o presente mas não reabilita o passado, daí o romeiro
auto-identificar-se como “ninguém”; não pertence ao presente mas também já não tem lugar
no passado. Almeida Garrett transpõe assim este tema para o século XIX, marcado por
violentas lutas liberais: o absolutismo está ultrapassado, preso ao passado, a sua manutenção
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condena a pátria à estagnação, atormentando-a (tal como D. Madalena), impedindo-a de
progredir. Compromete o vingar dos valores portugueses actuais (tal como Manuel de Sousa),
aniquila o futuro das gerações vindouras (Maria). Tal como o regresso do romeiro não trouxe
vantagens a ninguém, aniquilando toda uma família, também o absolutismo ( o velho Portugal
preso ao conservadorismo) só trará a condenação da pátria, afectando até os inocentes
(Telmo). Estabelece-se assim uma analogia entre Absolutismo e Liberalismo e os dois “filhos”
de Telmo, Maria e D. João, sendo um a desgraça do outro e vice-versa.
O dilema nacional é deste modo simbolizado pelo dilema vivido por Telmo: Portugal
terá de optar entre conservadorismo e liberalismo, sendo impossível a sua coexistência. Na
obra, ambos são aniquilados: D. João persistiu na perseguição de um passado irrecuperável;
D. Madalena viveu sempre assombrada pelo passado: nunca soube desfrutar o presente pelo
qual optou, lutando por ele. Garrett adverte assim a sociedade do seu tempo, para se afastar
de um passado saudosista, conservador e opressor que impede a liberdade individual e o
progresso da nação, em prol da opressão social, cultural e política.