Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Telhados verdes
Coberturas verdes projetadas no Brasil oferecem sistemas diferenciados para
proporcionar conforto térmico colaborando com o meio ambiente
Renata D'Elia
Na era do aquecimento global, em que o planeta corre sérios riscos ambientais, nada mais
acertado do que investir no uso de tecnologias sustentáveis, principalmente na construção
civil. Criados na Alemanha, os telhados verdes ganharam espaço em toda a Europa a partir
da década de 1960 e viraram sinônimo de requinte e bem-estar no topo de cidades como
Nova York. Aliando paisagismo à redução das temperaturas internas das edificações, os
green roofs - também conhecidos como telhados vivos - podem ajudar a controlar o efeito
estufa, melhorar a qualidade do ar por meio da fotossíntese, reduzir o escoamento de águas
pluviais para as vias públicas e atenuar efeitos dos bolsões de calor das metrópoles.
Para o arquiteto alemão Jörg Spangenberg, doutorando pela Bauhaus em convênio com a
USP (Universidade de São Paulo), o custo- benefício da solução compensa. De acordo com
sua pesquisa aplicada no Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a utilização em larga escala dos telhados
verdes poderia reduzir 1oC ou 2oC a temperatura nas grandes cidades. "O cálculo depende
da direção e intensidade do vento, entre outros fatores. Mas essa redução já é suficiente
para impactar na qualidade de vida da população e das pessoas que habitam esses
ambientes", afirma.
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 2 of 9
Biotelhado Premium
A instalação do Biotelhado Premium consiste em encaixar os módulos já montados e
plantados na superfície da laje. Acompanhe as etapas
1- Grelhas de drenagem
3- Biotelhado recém-instalado
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 3 of 9
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 4 of 9
alguns exemplos. E, ao
contrário do que se imagina, a
solução pode funcionar como
camada de isolamento,
prevenindo o rompimento da
impermeabilização ao se
eliminarem os efeitos
destrutivos da constante
dilatação e contração das
superfícies, dadas as
mudanças de temperatura e à
insolação.
Telhados verdes podem ser extensivos ou intensivos. Os extensivos são mais leves, com
espessura do substrato de 5 cm a 15 cm. De manutenção mais baixa, são compostos de
espécies vegetais herbáceas e gramíneas, na maioria dos casos. De acordo com a Igra
(International Green Roof Association), a sobrecarga total da cobertura pode variar de 60
kgf a 150 kgf/m2. Já os intensivos funcionam como jardins suspensos. São coberturas mais
pesadas, cuja espessura do substrato fica entre 15 cm e 50 cm, em que se utilizam plantas
gramíneas, arbustivas e arbóreas. Nesse caso, a Igra recomenda que a sobrecarga
considerada se situe entre 180 kg/m2 e 500 kg/m2, incluindo o sistema saturado de água.
"O sistema de drenagem pode ser diferente de acordo com o porte da vegetação", afirma
Adriana Brito, arquiteta do Laboratório de Componentes e Sistemas Construtivos do IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Segundo ela, o mecanismo de
drenagem, em contato com o substrato, onde os vegetais se desenvolvem, deve filtrar a
água e promover a aeração do sistema. Também deve funcionar como barreira mecânica às
raízes e escoar a água através das instalações de águas pluviais do edifício, sempre de
acordo com as normas vigentes.
Sistemas diferenciados
Sistemas modulares, alveolares, laminares e projetos especiais fazem parte do hall de
tecnologias mais modernas de coberturas verdes disponíveis no mercado. Duas das
principais empresas do ramo - a Ecotelhado, de Porto Alegre (mas com representantes em
várias cidades brasileiras), e o Instituto Cidade Jardim, de Itu (SP) - já realizaram centenas
de obras e oferecem opções customizadas para diferentes edifícios.
Um desses sistemas é o Biotelhado I Cidade Jardim, sistema modular composto por material
biodegradável, que pode ser usado em coberturas planas ou inclinadas. A versão Premium
do produto conta com reservatório interno de água, implicando menor necessidade de
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 5 of 9
irrigação para manutenção, com peso saturado de 80 kg/m2, dimensões de 0,40 m x 0,50
m x 0,05 m e capacidade de armazenamento de 16 l/m2 por módulo. Segundo o engenheiro
agrônomo Sérgio Rocha, diretor do Instituto Cidade Jardim, o reservatório interno
disponibiliza o dobro da água que um sistema similar sem reservatório consegue manter,
eliminando a necessidade de irrigação complementar durante os meses de seca (estimativas
aplicáveis à região Sudeste).
Rocha diz que os módulos são fabricados com fibra de coco, que se decompõe naturalmente
após a instalação e se incorpora ao substrato de baixo teor orgânico, onde as mudas são
plantadas. As espécies disponíveis são as suculentas herbáceas do tipo forração, que não
formam raízes lenhosas, consomem pouca água, não precisam de podas e demandam pouca
adubação complementar. As plantas não podem ser pisadas. O preço do produto é de R$
173,13/m2, mais os custos de instalação.
"O Biotelhado garante oferta de água reservada durante até 44 dias nos meses de inverno,
considerandose estimativas da região Sudeste. Algumas plantas suculentas suportam até 88
dias sem irrigação. Essas ocasiões são raras, por isso praticamente não há necessidade de
irrigação artificial", diz Sérgio Rocha. Em regiões áridas, como Brasília (com mais de cinco
meses consecutivos sem chuva), irão sempre demandar irrigação complementar e devem
receber orientações específicas. A manutenção recomendada pelo Cidade Jardim deve
ocorrer a cada seis meses e inclui adubação de reforço, retirada de eventuais plantas
invasoras, e limpeza das caixas de drenagem. O custo da visita em São Paulo é de cerca de
R$ 1.500 para cada 100 m2 de Biotelhado.
A empresa trabalha também com projetos especiais de coberturas intensivas. Nesse caso,
Rocha afirma que é possível utilizar praticamente qualquer tipo de planta. "Podemos
trabalhar tanto com uma maior diversidade de plantas suculentas, se o objetivo for estética
e baixa manutenção, como também com um gramado, e praticamente qualquer árvore ou
arbusto. Tudo depende do objetivo de uso e do quanto o cliente quer investir em seu
telhado", esclarece. O volume de substrato é maior e as plantas são mais pesadas, por isso
é preciso definir caso a caso qual será a sobrecarga e então pensar no dimensionamento
estrutural necessário para esses projetos.
Tanto nos projetos especiais quanto na instalação dos módulos de Biotelhado, Rocha
enfatiza cuidados para evitar a compactação do substrato, e assim evitar a formação de
pontos alagados ou lamacentos no telhado. "Devemos manter o substrato elevado, afastado
da estrutura base. Por isso os sistemas possuem espaço livre para escoamento interno da
água, bem como um fluxo constante de ar para a aeração do sistema." Quando se tratarem
de arbóreas, com raízes lenhosas, será necessário avaliar a necessidade de utilização de
uma membrana antirraízes sem herbicidas sintéticos, que comprometem a qualidade da
água efluente do telhado. "Caso se deseje um jardim suspenso com espécies lenhosas,
optamos pela utilização de uma camada de proteção mecânica contra raízes - utilizamos
chapas metálicas ou plásticas, dependendo da agressividade da planta e da sua velocidade
de crescimento", explica o agrônomo.
2- Elementos de drenagem
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 6 of 9
8- Mudas recém-plantadas
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 7 of 9
6- Sistema instalado. A foto compara o sistema laminar e o lote testemunha após 30 dias de
seca
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 8 of 9
7- Sistema recém-colocado
numa residência em Porto
Alegre (RS)
Reúso de água
Os módulos 1 são posicionados sobre a laje
impermeabilizada com os vasos para baixo, e
depois cobertos com uma manta que os
separa das raízes, sobre a qual se dispõe uma
camada de substrato fibroso 2 . Ali se planta
a grama. Porosos, eles são feitos de um
material rígido que retém a umidade e os
nutrientes e permite a passagem da água.
Regulada por um ladrão 3 , a lâmina de água
mantém-se em 4 cm. Para facilitar a
manutenção, que deve ocorrer duas vezes ao
ano, o ralo sifonado fica dentro de uma caixa
de inspeção 4 . A água dos chuveiros e das
pias é filtrada num reservatório e então
bombeada até o telhado para a rega da
grama, responsável por uma nova filtragem.
Então, escoa para o sistema laminar, que a
redireciona para as descargas.
Alvéolos e lâminas
A Ecotelhado, por sua vez, apresenta como diferenciais os sistemas alveolar e laminar.
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010
Revista Téchne Page 9 of 9
Os módulos podem ser plantados com grama ou forrações de baixo porte, proporcionando a
possibilidade de paisagismo. O sistema é recomendado para laje plana e telhados com
pequena declividade e pesa de 60 kg a 80 kg, dependendo do tipo de planta empregado, em
geral, vegetação xerófila, de forração. Existem aqueles projetados para baixa manutenção,
perenes, rústicos, com aspecto natural e outros bastante sofisticados com topiagem, plantas
anuais, corte de grama e outras opções. "Apesar da membrana, procuramos evitar as que
podem ocasionar problemas como bambu, fícus e plantas de maior porte", afirma Feijó.
O Sistema Laminar Ecotelhado caracteriza-se por utilizar uma lâmina d'água sob um piso
elevado feito de módulos de sustentação, e só pode ser instalado sobre telhados
completamente planos. Vem acompanhado de membrana antirraízes e de retenção de
nutrientes. A capacidade de retenção de água é de 40 l/m2, além do volume no substrato e
nas plantas, somando até 65 l/m2. O peso, porém, é de 120 kg/m2, variando de acordo
com a vegetação escolhida. Ideal para grama, que mantém a umidade para conservação das
lâminas, o sistema suporta grande diversidade de plantas arbóreas. "Esse sistema é
recomendado para obras novas, em regiões sujeitas a longos períodos de estiagem. Se
usarmos água cinza para irrigação acaba sendo muito prático por manter o reservatório
embaixo da planta, que é irrigada por evaporação", explica Feijó (ver figura).
O arquiteto Fred Seigneur, no entanto, ressalta que para qualquer cobertura verde, a
impermeabilização deve ser checada a cada cinco anos. Já o manejo de massa de
vegetação, para qualquer sistema e fabricante, requer manutenção a cada 12 meses, no
máximo, para manter a eficiência dos sistemas.
SERVIÇO
Instituto Cidade Jardim: www.institutocidadejardim.com.br
Ecotelhado: www.ecotelhado.com.br
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/148/imprime144157.asp 06/12/2010