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REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)


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ABELHAS NATIVAS ENCONTRADAS EM MELIPONÁRIOS NO OESTE


POTIGUAR-RN E PROPOSIÇÕES DE SEU DESAPARECIMENTO NA NATUREZA.

Daniel Santiago Pereira


Aluno da Pós-graduação em Ciência Animal - UFERSA, Mossoró – RN. daniel@fgduque.org.br

Priscila Vanúbia Queiroz Medeiros


Aluna de Graduação em Agronomia da UFERSA, Mossoró – RN. pris_medeiros85@hotmail.com

Antonia Mirian Nogueira de Moura Guerra


Aluna de Graduação em Agronomia da UFERSA, Mossoró – RN. mirian@alunos.esam.br

Adalberto Hipólito de Sousa


Aluno do doutorado em Entomologia da UFV, Viçosa-MG. adalbertohipolito@hotmail.com

Paulo Roberto Menezes


Meliponário Padre Humberto Bruening, - Rua Julinha Paula, 180 - Costa e Silva - Mossoró
(84 3312-1312 e 84 9972-2162). paulomenezes01@uol.com.br

RESUMO: A Caatinga, um dos biomas mais ameaçados do Brasil, sendo única e


exclusivamente brasileira, abriga uma fauna e flora endêmica. Uma das prováveis causas da
extinção desse bioma é o desaparecimento de espécies polinizadoras como as abelhas nativas.
Objetivou-se nesse trabalho enumerar medidas auxiliares para reduzir o desaparecimento de
espécies de abelhas indígenas. Foram entrevistados 74 meliponicultores no Oeste Potiguar,
entre dezembro de 2004 a janeiro de 2005. Observou-se que a maioria dos entrevistados
realizava extrativismo. Desta forma, o estabelecimento de ações prioritárias conservacionistas
da Caatinga pode ser considerado uma das ações urgentes no Brasil, pois foi relatado que a
redução deste bioma está relacionado diretamente com o desaparecimento de agentes
polinizadores. Trabalhos recentes têm indicado a atividade dos meleiros como a principal
causa do sumiço desses insetos, pois, ao extrair o mel deixam os meliponíneos susceptíveis ao
ataque de predadores. A derrubada dos troncos de imburana e catingueira foi apontada como a
segunda causa principal do desaparecimento. Na microrregião de Mossoró, verificou-se a
freqüência de 92,7% para a espécie M. subnitida, 4,3% para P. mosquito, 1,8% para M. asilvae
e 1,2% para outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia), ou seja, a abelha
jandaíra foi identificada como o principal meliponíneo encontrado em meliponários nesta
microrregião.

Palavras Chave: Abelhas Nativa, extinção, meliponários

Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p. 54-65 julho/dezembro de 2006


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EXTENCTION OF THE NATIVE BEES ECOLOGYCALS CONSEQUENCES, AND


PROPOSITIONS FOR THE CONTROL OF YOUR DISAPPEARANCE

ABSTRACT: The Caatinga, one the most thre a tened biomas of Brazil, being only and
exclusively Brazilian shelters one endemic fauna and flora. One of the probables causes of the
extinction of this bioma it´s the disappearance of pollinaters species like the native bees. The
objective of this work was to enumerate measures for reduce the disappearance of species of
indigene bees. Had been interviwed 78 beekeepers and cultivaters of Meliponia in the potiguar
west, among December of 2004 to January of 2005. Was observed that the majority of the
irrational extraction. This way, the establishement of prioritary actions in keepers of the
caatinga can be considerate one of the urgencies action in Brazil, cause was related that the
disappearance of pollinaters agents. Recents works have been point the beekeepers activitys as
principal razon of the disappearance of this insects cause in the moment that the honey a
extractived the meliponeas stay susceptible of the attack of predators. The overthow of tuonks
of imburana (Amburana Cearensis) and catingueira (Caesalpinia pyramidalis) was appoint as
the second cause of the disappearance. Was observed that 97% of the hives with bees criated in
meliponarys, were Jandaira bees (Melipona subnitida), 2% bees Jati (Plebeia plebeian
mosquito), 0,5% bees Rajada (Melipona asilvae), and 0,5% corresponding to other species of
bees like the Cupira (Patarmona cupira), Moça-Branca Frieseomelitta spp) and Amarela
(Frieseomelitta varia).

Key words: Native Bees, extinction, meliponarys

INTRODUÇÃO mais das características climática e


florística da suas respectivas regiões de
Os meliponíneos ocupam grande parte origem, que os relativamente menos
das regiões de clima tropical do planeta. exigentes Apinae. A favor desta hipótese
Ocupam, também, algumas importantes está o fato que das mais de 300 espécies de
regiões de clima temperado e sub-tropical. meliponíneos conhecidas, pelo menos 100
Assim, essas abelhas são encontradas na estão em perigo de extinção devido à
maior parte da América Neotropical, ou destruição de seu habitat pelo homem
seja, na maioria do território latino (KERR et al., 1996).
americano (NOGUEIRA NETO, 1997). As abelhas sem ferrão nativas do Brasil
A subfamília Meliponinae tem centenas pertencem à superfamília Apoidea que é
de espécies espalhadas por várias regiões subdividida em 8 famílias: Colletidae,
do mundo. Este elevado número contrasta Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae,
com apenas oito espécies nos Apinae, Melittidae, Megachilidae, Anthophoridae e
subfamília à qual pertence à abelha A. Apidae. Os Apidae se subdividem em
melífera Linnaeus. Os atuais meliponíneos quatro subfamílias: Apinae, Meliponinae,
formam um grupo mais isolado e mais Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae
especializado, cujos indivíduos dependem se dividem em duas tribos: Meliponini e

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Trigonini (KERR et al., 1996). A tribo e das exóticas cultivadas (KERR et al.,
Meliponini possui um único gênero, 1996).
Melipona com mais ou menos 20 espécies, Entre os meliponíneos nativos do
enquanto a tribo Trigonini possui, na região Nordeste Brasileiro, a abelha jandaíra
neotropical, dez gêneros num total de mais (Melipona subnitida Ducke) é uma das
ou menos 120 espécies (SAKAGAMI, espécies mais indicadas para criação
1982). racional com fins lucrativos na região
O Brasil é rico em espécies de abelhas semi-árida da Paraíba, Rio Grande do
indígenas sem ferrão ou meliponíneos. Sua Norte e Ceará. Além de produzir mel de
criação racional (a meliponicultura) está se excelente qualidade organoléptica, o que o
desenvolvendo principalmente no nordeste torna bastante procurado na região
brasileiro, onde as abelhas jandaíra e a (BRUENING, 1990; FREITAS et al.
uruçú são manejadas há bastante tempo 2002).
com técnicas já consagradas popularmente, No entanto, devido à baixa
porém muitas espécies de abelhas produtividade de mel de M. subnitida,
pessoas que exploram o comércio desse
indígenas sem ferrão estão seriamente produto preferem colhe-lo de ninhos
ameaçadas de extinção em conseqüência silvestres ao invés de manter colônias em
das alterações de seus ambientes, causados cativeiro. Dessa maneira, a espécie antes
principalmente pelo desmatamento, uso encontrada em toda a região nordeste,
indiscriminado de agrotóxico e pela ação apresenta-se hoje bem menos freqüente e
predatória de meleiros (KEER et al., 1996).
As abelhas brasileiras sem ferrão são com populações desequilibradas, já que o
responsáveis por 40 a 90% da polinização extrativismo predatório e o desmatamento
das árvores nativas, os 60 a 10% restantes têm diminuído consideravelmente o
respectivamente, são polinizadas pelas número de colônias silvestres desta
abelhas solitárias, borboletas, coleópteros, espécie, ameaçando-a de desaparecer do
morcegos, aves, alguns mamíferos, água, seu habitat natural (GONÇALVES, 1973;
vento, e, recentemente, pelas abelhas ZANELLA, 1999).
africanizadas. O interesse pela criação de Apesar da utilidade dos meliponíneos,
abelhas sem ferrão é justificado na maioria eles estão ficando cada vez mais raros na
dos casos pelo uso nutricional e terapêutico natureza, chegando em alguns locais ao
do mel e pelo fato da sua comercialização desaparecimento de várias espécies, por
promover aumento da renda familiar, além exemplo na região do Baixo Jaguaribe no
da atividade servir como fonte de lazer. Do Ceará. Os fatores que determinam este
ponto de vista biológico, a criação de desaparecimento são provavelmente: a
abelhas também é importante porque esses intensa destruição da Caatinga, a
insetos ao coletarem pólen e néctar de flor exploração sem a utilização de técnicas de
em flor promovem a polinização e, manejo apropriadas aos enxames e a
conseqüentemente, asseguram a expansão da abelha africanizada
perpetuação de milhares de plantas nativas (PEREIRA, 2006).

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Estudos indicam que o estado do Rio Papa-Terra (Cephalotrigona capitata),


Grande do Norte apresenta elevado Rajada (Melipona asilvae), Tataíra ou
potencial para a exploração econômica da Caga-Fogo (Oxytrigona tataíra), Tubiba
Apicultura e Meliponicultura. Estas (Scaptotrigona tubiba), Uruçu (Melipona
atividades contribuem para a conservação scutelaris) e Zamboque (Frieseomelitta
das abelhas e de seu habitat, com isso, sp.)
sendo considerada sustentável, pois inclui a As espécies de abelhas indígenas criadas
restauração ambiental através da pelos meliponicultores do município de
preservação e plantio de árvores que Jandaíra são: rajada (Melipona asilvae
servem de locais de nidificação, além da Moure), amarela (Frieseomelita doederlini
atuação das abelhas na polinização da flora Friese), moça branca (Tetragona varia
nativa. Tendo como principais produtos de Lepeletier), cupira (Partamona cupira
interesse comercial o mel que tem alto Smith), mosquito (Plebeia mosquito Smith)
valor comercial e de ótima qualidade e jandaíra (M. subnitida D.), destacando-se
(sabor, cheiro, cor, nutricional, terapêutico, como o principal meliponíneo de
etc.), sendo bastante apreciado pelas importância sócio-econômica e cultural do
populações nativas (VILELA & PEREIRA, nosso município (SILVA et al., 2004).
2002). A comercialização dos produtos dos
Em 1980 Oswaldo Lamartine, relata em meliponíneos ainda é pouco realizada no
seu livro, Sertões do Seridó, um estado devido à sua escassez, a pouca
levantamento sobre as abelhas indígenas divulgação da existência dos meliponários
realizado no período de 1958 a 1962 em e a falta de conhecimento do produtor rural
alguns municípios do sertão do Seridó no com relação ao manejo adequado,
estado do Rio Grande do Norte como: principalmente quanto a habilidade da
Acari, Caicó, Carnaúba, Cerro Corá, multiplicação de meliponíneos na natureza
Cruzeta, Currais Novos, Florânia, Jardim (CÂMARA, 2003). Os produtos mais
de Piranhas, Jardim dom Seridó, Jucurutu, comercializados são: mel, famílias em
Ouro Branco, Parelhas, S. Fernando, S. J. cortiços (colméias tradicionais) e em
Sabugi, São Vicente e Serra Negra. troncos, cortiços e cera. Os preços dos
LAMARTINE (1980), listou as espécies produtos variam muito e dependem da
indígenas criadas em meliponários na qualidade. Esta qualidade está diretamente
região do Seridó durante o início da relacionada com o manejo adequado das
segunda metade do século XX, são elas: colméias. Salienta ainda que o mel das
Amarela (Frisiomelitta varia), Arapuá abelhas sem ferrão é muito procurado na
(Trigona spinipes), Canudo (Lestrimelitta região, com preço cinco vezes maior que o
limao), Capuchu (Myschecyttarus ater), mel de Apis mellifera, devido o seu valor
Cupira (Partamona cupira), Enxu medicinal e em épocas de estiagem, a
(Nectarina lecheguana), Enxuí (Polybia demanda é superior à oferta, o que eleva o
sedula), Jandaíra Potiguar (Melipona preço mais ainda (LAMARTINE, 1980)
favosa subnitida Ducke), Jati (Tetragonisca Neste trabalho objetivamos realizar um
jaty), Mirim ou Remela (Plebeia sp.), levantamento das espécies de abelhas
Mosquito (Plebeia mosquito), Mumbuca ou indígenas sem ferrão criadas em

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meliponários, bem como, um estudo O estado do Rio Grande do Norte é


preliminar a respeito do desaparecimento composto por 04 mesorregiões: Leste
de espécies de meliponídeos na Potiguar, Oeste Potiguar, Agreste Potiguar
mesorregião do Oeste Potiguar; a partir do e Central Potiguar. Estas se subdividem em
ponto de vista do meliponicultor, enumerar 19 Microrregiões.
algumas medidas que poderiam diminuir o Os trabalhos foram realizados na
desaparecimento de espécies de abelhas mesorregião do Oeste Potiguar, através de
nativas típicas da vegetação da caatinga visitas às seguintes cidades nas suas
contribuindo para a preservação deste respectivas microrregiões. Chapada do
bioma, especialmente quanto ao seu Apodi: Caraúbas e Gonvernador Dix-Sept
manejo, visando obter técnicas que tornem Rosado; Médio Oeste: Campo Grande;
mais viáveis e mais prática a criação destas Mossoró: Areia Branca, Baraúna, Grossos,
abelhas para um melhor aproveitamento de Mossoró, Serra do Mel e Tibau; Vale do
seus produtos aliados a conservação e Assú: Assú e Alto do Rodrigues. Conforme
obtenção de lucros. Portanto, trabalhou-se tabela 01.
com o intuito de estimular a
meliponicultura da região através da
identificação de meliponários, espécies
mais importantes e diagnosticar os
problemas enfrentados na criação destas
abelhas, bem como estudo de soluções
viáveis para um melhor manejo das
colméias.

MATERIAL E MÉTODOS

Mesorregião Microrregiões Municípios População Área N° de Total de


territorial meliponicultoress cortiços
Caraúbas 17.909 1.095 09 447
Chapada do
G. Dix-Sept 12.602 1.129 01 70
Apodí Rosado
Areia Branca 23.353 358 03 89
Baraúna 21.084 826 12 254
Oeste Potiguar

Mossoró Grossos 8.852 126 01 72


Mossoró 227.357 2.100 19 1.288
Serra do Mel 8.375 602 22 357
Tibau 3.560 162 07 109
Assu 47.904 1.292 01 09
Vale do Açu A.Rodrigues 9.885 191 02 82

Médio Oeste Campo Grande 9.082 897 02 88

Tabela 1 - Microrregiões visitadas


meliponicultores distribuídos nas 4
O período da pesquisa compreendeu os microrregiões já citadas.
meses de janeiro a dezembro do ano de A coleta de dados foi realizada “in locu”
2004. A pesquisa foi dimensionada a 79 visitando-se os meliponários. Foram

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entrevistados os meliponicultores que fichas. Adicionalmente foram feitas


moram e criam às abelhas tanto na área pesquisas exploratórias e bibliográficas.
urbana como na rural e ainda, o contato
com os vendedores de enxames para tomar RESULTADOS E DISCUSSÕES
conhecimento da procedência e locais das Meliponíneos na Mesorregião do
retiradas destes em campo. Na coleta de Oeste Potiguar
dados utilizou-se questionários para o
levantamento dos mesmos acerca dos
criadores e coletores de enxames de Verificou-se que a espécie M. subnitida
abelhas. predomina nos meliponários da
Durante o período de realização das mesorregião do Oeste Potiguar com
entrevistas perguntamos aos freqüência de 97,05%. A espécie P.
meliponicultores: qual era o método de mosquito foi a segunda mais encontrada,
obtenção de enxames mais comumente com uma freqüência de 2,20% seguida por
outras espécies (M. asilvae, P. cupira,
utilizado e qual a causa real do Frieseomelitta spp e F. varia )
desaparecimento das abelhas sem ferrão. representando apenas 0,75% de freqüência
Todas as observações foram anotadas em (Figura 01).
100

80
Freqüência (%)

60

40

20

0
M. subnitida P. mosquito outras
Espécies

Figura 01 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Mesorregião do Oeste Potiguar

Microrregião da Chapada do Apodi município de Caraúbas a espécie M.


subnitida é criada por 98,7% dos
Na microrregião da Chapada do Apodi meliponicultores e a espécie P. mosquito
foram constatadas apenas as espécies M. por 1,3%. Em Governador Dix-Sept
subnitida e P. mosquito, com as Rosado 100% dos cortiços são
frequências 98,8% e 1,2% para as constituídos por criações da espécie M.
respectivamente (Figura 02). No subnitida (Figura 03).

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100

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Freqüência (%)

60

40

20

0
M. subnitida P. mosquito
Espécies

Figura 02 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião da Chapada do Apodi

M. sub nitida
100
P. mosquito
Freqüência (%)

80

60

40

20

0
Caraúbas Governador D.R.
Municípios

Figura 03 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião da Chapada do Apodi

Microrregião de Mossoró cupira, Frieseomelitta spp e F. varia)


representando 2%. Grossos apresentou
Na microrregião de Mossoró verificou- 100% todos os cortiços com criações da
se a frequência de 92,7% da espécie M. espécie M. subnitida. Em Mossoró 93,5%
subnitida, 4,3% de P. mosquito, 1,8% de eram de criações da espécie M. subnitida,
M. asilvae e 1,2% de outras espécies (P. 3,1% da espécie P. mosquito e 3%
cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) referentes a outras espécies (M. asilvae, P.
(Figura 04). cupira, Frieseomelitta spp e F. varia). No
município de Serra do Mel a espécie M.
No município de Areia Branca
subnitida foi representada por 85,7%, P.
encontrou-se frequência de 91% para a
mosquito 10,7% e outras espécies (P.
espécie M. subnitida e 9% para a abelha P.
cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) por
mosquito. Em Baraúna, 96% corresponde
3,6%. Com 97% de freqüência, a espécie
a espécie M. subnitida, seguida por P.
M. subnitida é a mais criada no município
mosquito com 2% e outras espécies (P.

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de Tibau, seguida por P. mosquito com 1,5% e outras (P. cupira, Frieseomelitta
spp e F. varia) com 1,5% (Figura 05).

100

80
Frequência (%)

60

40

20

0
M. subnitida P. mosquito M. asilvae outras
Espécies

Figura 04 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião de Mossoró

100 M . subnitida

P . mosquito
80
Frequência (%)

M . asilvae
60

40

20

0
A. Branca Baraúna Grossos Mossoró S. do Mel Tibau
Municípios

Figura 05 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião de Mossoró

Microrregião do Vale do Assu No município do Alto do Rodrigues, 97%


das criações são da espécie M. subnitida e
Na microrregião do Vale do Assu 3% da espécie P. mosquito. Em Assu a
(Figura 06), 96,7% dos meliponários são espécie mais apreciada entre os
constituídos por criações da espécie M. meliponicultores é a M. subnitida,
subnitida e 3,3% pela espécie P. mosquito. representando 100% de freqüência (Figura
07).

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100

80
Frequência (%)

60

40

20

0
M. subnitida P. mosquito

Espécies
Figura 06 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião do Vale do Assú

100 M. subnitida
P. mosquito
80
Freqüência (%)

60

40

20

0
A. do Rodrgues Assu
Municípios

Figura 07 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião do Vale do Assú

Microrregião do Médio Oeste mel na mata, deixam à família dos


meliponídeos vulneráveis ao ataque de
Na microrregião do Médio Oeste, inimigos. A maioria dos entrevistados
verificou-se que todos os meliponicultores (fornecedores de abelhas) realizava
visitados criavam apenas a espécie M. extrativismo.
subnitida. Outros 32% dos entrevistados
declararam que a derrubada dos troncos de
Possíveis causas do desaparecimento umburana (Amburana cearensis) e
das abelhas nativas catingueira (Caesalpinea pyramidalis) é a
segunda principal causa do
39% dos entrevistados indicaram que a desaparecimento de espécies sem ferrão em
atividade dos meleiros é a principal causa regiões da caatinga. segundo o depoimento
do sumiço da abelha Jandaíra (M. dos agricultores, a madeira extraída da
subnitida), uma vez que estes ao extrair o mata costuma ser utilizada em fornos de

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padaria e na obtenção térmica da cal desproporcionalidade entre estas espécies


virgem (óxido de cálcio), associado ainda à tornando o forrageamento competitivo a
devastação desordenada do ambiente em um nível que pode levar às famílias menos
que estas abelhas forrageam por pecuaristas populosas a sucumbir por falta de alimento.
e agricultores. Ainda, 18% dos Deve-se levar em conta que as abelhas
entrevistados alegam que a falta de indígenas têm o hábito de freqüentar flores
conhecimento no manuseio destes insetos é de plantas com teores de açúcares
uma causa marcante do seu condizentes à suas exigências, enquanto
desaparecimento. que as abelhas do gênero Apis apresentam
Em quarto lugar, 11% dos entrevistados amplo cardápio no forrageamento,
alegam que as abelhas africanizadas Apis visitando tanto flores visitadas por
melifera, são responsáveis pelo meliponíneos como não (Figura 08).
desaparecimento. Isto é devido a

Causas do desaparecimento das abelhas


indígenas sem ferrão no Oeste Potiguar

Exploração do meleiro

Devastação da Caatinga

Pouco conhecimento
sobre manejo da abelha
Aparecimento da Apis
melifera

Figura 08 – Extinção de abelhas indígenas criadas no Oeste Potiguar

Segundo relatos populares há pouco umburana (espécies mais comuns) nas


tempo nesta região encontravam-se seguintes dimensões: 80x10x10cm, e em
facilmente na Caatinga famílias alojadas outras variações de tamanho e modelo,
em troncos de árvores nativas como como a colméia racional INPA e Nogueira-
cumaru (Dipteryx odorata), angico Neto. No entanto, poucos meliponicultores
(Anadenanthera colubrina), catingueira adotavam estas colméias em seus
(Caesalpinia pyramidalis), marmeleiro meliponários, as colméias eram instaladas
(Croton sonderianus Muell. Arg.), pereiro embaixo de árvores, alpendres e/ou em
(Aspidosperma sp), imburana (Amburana meliponários com suportes de madeira,
Cearensis), dentre outras. cano ou ferro.
As abelhas eram criadas em colméias
racionais de cumaru, pereiro, angico e

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Proposições para condicionar entre ninho e unidade de armazenamento


melhorias ao manejo dos meliponíneos de alimentos, facilitando o manejo e
reduzindo o risco de interferência na
Foi constatada a necessidade de se família durante a colheita ou outras práticas
programar trabalhos educativos junto aos de manejo.
meleiros para que os mesmos adquiram PEREIRA (2005), a partir das
métodos racionais para a colheita do mel na observações de campo e testes, chegou-se a
sua forma silvestre, bem como ensinar o um modelo de caixa que soluciona os
hábito de criação e multiplicação das principais problemas encontrados pelos
famílias desses meliponíneos. produtores, dimensionando de acordo com
Devem-se fazer esforços no sentido de as medidas exigidas pelas abelhas tornando
se substituir os fornos tradicionais como os mais rápida a sua adaptação. A partir dos
utilizados em padarias, que utilizam resultados obtidos, constataram-se as
madeira de imburana e catingueira por condições exigidas pela abelha Jandaíra em
fornos a gás. Os estudos de novos métodos Mossoró-RN e assim pôde-se chegar as
químicos de obtenção do óxido de cálcio medidas para a confecção da caixa vertical
também devem ser mais explorados para de 4 gavetas modelo INPA: A - paredes da
substituir o método térmico. frente e de trás – 6 peças de 20,5x6,5x2cm;
Foi implantado um núcleo de B - paredes laterais - 6 peças de
meliponicultura na UFERSA (Universidade 16,5x6,5x2cm; C - piso central para
Federal Rural do Semi-Árido) para melgueiras e ninho - 3 peças de
pesquisar e acompanhar o desenvolvimento 16,6x14,8x1cm, só na gaveta de baixo; D -
de uma criação racional, com vistas a dar tábua para fechar por baixo o espaço da
suporte necessário aos produtores, estudar cria - 1 peça de 21,5x21,5x2cm, teto único
as espécies mais promissoras da região, do cortiço; E - tábua do teto - 1 peça de
promover sua disseminação e desenvolver 21,5x21,5x2cm; H - ripas de reforço do
técnicas de manipulação mais adequadas, teto e fundo - 4 peças de 23,5x2,5x1,5cm.
mediante os problemas citados pelos Na colméia racional projetou-se um
meliponicultores. Foi constatado que ambiente para reprodução e outro para
algumas tecnologias aplicadas à armazenamento, de forma que para se
meliponicultura no território Potiguar coletar o mel retira-se apenas uma parte da
podem influenciar negativamente, como caixa. Desta forma, nem as crias, nem a
por exemplo, o modelo de colméia racional abelha rainha são incomodadas durante o
tradicionalmente utilizado implica em processo de coleta do mel. As vistorias
prejuízos, devido a injúrias provocadas na também podem ser feitas independentes,
abertura da caixa, manuseio e colheita do visto que as gavetas também são separadas.
mel. No Norte-Nordeste é utilizada a Os modelos de caixas mais utilizados
colméia modelo Baiano com as medidas de são os conhecidos como cortiços modelo
80x10x10cm aproximadamente, sendo que baiano ou convencional, de formas
em algumas microrregiões utilizam-se da retangulares, sendo que um dos produtores
colméia modelo Paraibano, que se trata de cita que nos cortiços de formato redondo as
uma colméia horizontal onde há divisões abelhas produzem mais mel. Este tipo de

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GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
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caixa foi divulgado entre os GONÇALVES, J.A. Ocorrência e


meliponicultores e está sendo bastante Abundancia de Abelhas Indígenas no
aceita. Estado do Ceará (Brasil). Fortaleza:
Coleção Cearense de Agronomia. Junho, p.
1-13, 1973.
CONCLUSÕES
KERR, W. E.; CARVALHO, G. A.;
 71% dos entrevistados declararam NASCIMENTO, V. A. Abelha Uruçu :
que a atividade dos meleiros Biologia, Manejo e Conservação – Belo
juntamente com a devastação da Horizonte-MG : Acangaú, 1996. 144 p.: il.,
Caatinga, são as principais causas (Coleção Manejo da vida silvestre; 2).
do desaparecimento das abelhas
jandaíra. LAMARTINE DE FARIA, O. &
 Nos meliponários visitados, houve LAMARTINE, H. – 1964 – Algumas
predominância na criação da abelha abelhas dos sertões do Seridó. Arq. Inst.
jandaíra (Melipona subnitida) em Antrop. Natal (Univ. Rio Grande do Norte)
97% das colméias, sendo criada em vol. 1 (2): 185-198.1980.
maior escala por meliponicultores
do Oeste Potiguar. NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de
abelhas sem ferrão. Editora Nogueirapis.
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jandaíra (Melípona subnitida) para
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