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CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE HISTÓRIA
TEORIA DA HISTÓRIA
PROF(A). DR. EGBERTO MELO, DRA. SÔNIA MENESES/ PROFA. DRA.
ROSILENE ALVES
PERÍODO LETIVO: 2020.1
Crato, 2020.
O NEOCONSERVADORISMO RELIGIOSO NO BRASIL E A IDENTIDADE
RELIGIOSA NO LIVRO DIDÁTICO
RESUMO
ABSTRACT
The following text sets out to address the phenomenon of Neopentecostalism in Brazil and its
role in contemporary history with Neoconservatism. In this way, it is intended to make a study
of writings of authors who work with this theme and, finally, to make an analysis of how the
textbook and its narrative about this content and the possibility of the religious identity in
Brazil.
KEY WORDS
Segundo Lacerda:
...neoconservadorimso procura preservar a ordem social em um contexto especifico
de ameaça. Essas ameaças seriam provenientes das políticas de bem-estar social,
que rediziam a desigualdade, e também dos movimentos LGBT e feministas, cujas
pautas passam a ser recebidas pelo poder públicos”. (LACERDA, 2019.p.26)
Começamos aqui com uma breve conceituação. “Para usar uma imagem biológica
alternativa, o protestantismo mostra ser mais semelhante a um micro-organismo, capaz de
rápida mutação e adaptação em resposta a mudanças ambientais, embora ainda haja
continuidade em relação às formas anteriores” (MCGRATH. 2012. p.12)
O conceito acima exposto é bastante claro para compreendermos não somente o que é,
mas principalmente o porquê deste movimento religioso ter um crescimento tão considerado
de prosélitos. Inicialmente quebrando as amarras da Igreja medieval, em seguida
conquistando espaço político e socialmente na Europa, tem um protagonismo na história na
América do Norte e se propor alcançar o globo terrestre.
Há uma definição muito generalista do que seja protestante, deste modo no senso
comum pensa-se sobre todos os grupos religiosos cristãos que se originam do movimento
reforma protestante. Mas quando se empreende o desafio de estudar o que é o protestantismo,
nos deparamos, com uma imensidão de denominações religiosas cristãs e suas varias teologias
de estruturação eclesiásticas e interpretação bíblica, de grande atuação influenciadora na
sociedade e vida política.
Assim, temos as chamadas Igrejas Históricas, que tem a sua origem no século XVI.
São a Luterana, um ramo denominacional que surgi com a figura de Lutero na Alemanha e se
desenvolve se constituindo uma nova Igreja em algumas regiões da Alemanha, por meio da
Paz de Augsburgo; a Anglicana que surgi com o Ato de supremacia adotado pelo rei Henrique
VIII na Inglaterra, nesta experiência, temos a construção de uma Igreja Estatal e de grande
consequência para a história inglesa, destacadamente no século XVII com as revoluções
inglesas e as grandes mudanças estruturais naquele país; e os ramos calvinistas, com a
importância de João Calvino na construção da doutrina da predestinação, este novo
pensamento religioso, ganha espaço social, principalmente economicamente, segundo as teses
de Max Weber. Este movimento se inicia em Genebra na Suíça e logo espalha pela Europa e
chegando aos Estados Unidos, por conta da perseguição religiosa que os puritanos, como os
calvinistas eram chamados na Inglaterra, sofriam por conta das guerras religiosas naquele
país.
No Brasil, este novo movimento religioso chega entre 1910 a 1911 com a vinda de
missionários que vivenciaram esta experiência nos EUA. O primeiro deles foi o presbiteriano
Louis Francescon que trabalhou nas colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, que resultou
no nascimento da Congregação Cristã do Brasil. Em seguida chega os batistas Daniel Berg e
Gunnar Vingren que exerceram trabalho missionário em Belém-PA, da ação destes surgiu a
Igreja Assembleia de Deus em 1919. (MARIANO, 1999).
A partir dos anos 70 no Brasil começa a surgir um novo movimento religioso que tem
impactado a sociedade brasileira, não somente religiosamente, mas também econômica,
principalmente politicamente. Este novo fenômeno tem tido uma grande influência sobre a
prática religiosa do Cristianismo no Brasil, principalmente o praticado na periferia das
grandes cidades, onde está a maioria de seus membros. Com denominações com a Igreja
Universal de Reino de Deus, a Internacional da Graça, a Comunidade Sara a Nossa Terra e a
Igreja Mundial do Poder de Deus. Este novo movimento religioso brasileiro tem tido um
impacto sobre a prática religiosa e mesmo a vida privada no Brasil, deste modo estas
denominações religiosas tem trazido consequência tanto para a produção do conhecimento
cientifico, quanto mais para o ensino da História.
A ética destes cristãos é mais ou menos assim: a escola ensina coisas boas, mas
alguns professores são esquerdistas, comunistas, ateus, gays, maconheiros, não respeitam
minha fé, não tiveram um encontro com Cristo ainda, não entregaram a vida pra Jesus, por
isto estão errados, quem sabe das coisas é o meu Deus.
Esta nova experiência religiosa brasileira também tem tido enorme impacto no
ambiente escolar, principalmente na sala de aula com relação ao professor de História, criando
um grande desafio para o ensino desta disciplina. Neste ponto estamos diante de um impasse
para a prática docente. Como ministrar uma aula de História para uma pessoa dogmática
radicalmente religiosa? Neste momento estamos vivendo uma realidade inédita no Brasil, uma
grande quantidade de nossos alunos são confessos declarados das Igrejas neopentecostais.
Estes indivíduos são membros participantes ativos de suas denominações e sua experiência de
fé e relação com o sagrado é de uma expressão de muita radicalidade. Segundo o censo do
IBGE de 2000 o número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos, em 2000, cerca
de 26,2 milhões de pessoas no Brasil se disseram evangélicos, ou 15,4% da população. Já em
2010, este numero passou a ser 42,3 milhões, ou seja, 22,2% dos brasileiros, o que se configura
como um número expressivo da população brasileira. Vale também destacar que já se passou dez
anos e o crescimento do número de evangélico continua, desta forma já temos uma quantidade
maior da população evangélica no Brasil.
Na sua experiência religiosa cotidiana, uma expressão muito usada por estes novos
religiosos é o que comumente conhecido como “guerra espiritual”. Como aponta (MONTES
1998).
Da Bíblia e seus versículos recitados com ardor pelos pastores, pouco sobrou nesse
processo. A Teologia protestante foi de foto, substituída por este ecumenismo
popular negativo, única cosmologia em operação ao longo de todo o rito
francamente mágico que é ali executado. (MONTES. p. 123).
Diante deste fenômeno religioso, não temos as condições propícias para uma
experiência de sala de aula com proposito de dialogar sobre a História como conhecimento
teórico e metodológico produzido. O Educador e professor de História está diante deste
desafio, que é ensinar ou mesmo dialogar sobre os conteúdos escolares, principalmente com
relação a disciplina História, que requer uma postura adequada para um entendimento do
conhecimento Histórico, como a criticidade, a abertura ao novo, a capacidade racional para o
raciocínio diacrônico e sincrônico e abstração sobre noções do Tempo Histórico e o
anacronismo.
A ação pedagógica do professor de História é ensinar os conhecimentos construídos
por historiadores a parti de uma teoria, com métodos científicos específicos das ciências
humanas, contextualizado em conceitos históricos fundamentais para a produção do
conhecimento. Está prática é diametralmente oposta à ideologia religiosa do
Neopentecostalismo. Pois, estamos vivendo uma onda de fanatismo. Fenômeno ligado ao
crescimento da extrema direita fascista, ao crescimento dos grupos evangélicos
neopentecostais, uma religiosidade sem teologia, um conservadorismo moralista
inconsequente, a desigualdade social, a violência urbana e as consequências das redes sociais
(algoritmo), que diminuem nos indivíduos a capacidade do diálogo e da convivência com o
outro.
Todos nós humanos buscamos ou temos uma necessidade de se construir uma relação
com o sagrado. Desde os grupos primitivos na chamada pré-história o homem constrói
alguma experiência com o transcendental. Quando a prática de adoração ao sagrado é
institucionalizada e se constituindo uma religião ao longo do tempo por um povo em sua
experiência histórico – cultural, deste modo se compreende as primeiras manifestações
religiosas. Segundo WI’1LGES religião é “um conjunto de crenças, leis e ritos que visam um
poder que o homem, atualmente, considera supremo, do qual se julga dependente, com o qual
pode entrar em relação pessoal e do qual obter favores”. (WILGES, 1994. p.15)
Neste caso o livro didático tem um papel relevante na aprendizagem dos conteúdos
básico escolares, servindo como um manual básico para se desenvolver uma base de
conteúdos curriculares para que o professor tenha um mínimo de condição de desenvolver sua
prática docente e que o estudante tem como principal instrumento de leitura para que possa
construir um processo de educação Histórica e de conhecimento da cultura religiosa.
O livro didático tem sido o uma grande instrumento utilizado pelo professor em sala
de aula e praticamente e a ferramenta mais importante para o ensino na Educação Básica,
principalmente no ensino de História. Segundo Rusen:
Neste ponto estamos diante de um do grande desafio do ensino de história, está além
do acumulo de conteúdo currículos prescrito pelas secretárias de educação e escolas de
maneira geral, conteúdos estes voltados para ter a aprovação no final de ano letivo e para
garantir a aprovação no ENEM e vestibulares e garantir o acesso na universidade.
Algumas afirmações são possíveis aos livros didáticos. Inicialmente como principal
instrumento tecnológico utilizado pelo professor em sala de aula. O livro ocupa um lugar
central como instrumento para o professor, pois para muitos é o único texto básico, a
referência de sua aula, a orientação metodológica, o guia de estudo, para a referência para a
construção do currículo anual escolar do ensino básico. Estas características não somente se
aplicando aos alunos, mas principalmente aos professores da educação básica, pois mesmo
com formação acadêmica, os professores não dominam todos os conteúdos curriculares e o
livro se acaba sendo seu material de pesquisa e estudos.
“O livro didático é quase que o único material de apoio que o professor encontrar à sua
disposição e, por isso, apoia nela a parte central de seu trabalho” (CAVALCANTI. 2016 p.
275). Neste sentido o livro didático tem sido o instrumento mais utilizado pelo professor em
sua prática docente em sala de aula e praticamente o único material que tem orientado seu
planejamento escolar para o ensino de conteúdos e construção de plano de ensino e de leitura
acessível aos saberes histórico.
Em relação aos alunos “O livro didático também é o único livro a que uma larga
parcela de estudantes no Brasil – e até de professores – tem acesso e manuseia”
(CAVALCANTI. 2016 p. 275). Aqui o livro didático tem sido o único texto básico e acessível
a maioria de nossos alunos. A experiência de ter contato com um texto escrito sobre os
conteúdos escolares é praticamente restrita ao livro didático, isto se explica com a ausência de
bibliotecas publicas até no próprio ambiente doméstico familiar o livro é ainda algo muito
distante da vivência de muitos de nossos alunos.
Daí fica evidente a importância do livro didático, que como único material escolar
disponível, possibilita um mínimo de uma educação escolar com uma aprendizagem dos
conteúdos mais significativos para os alunos, dentro de suas perspectivas de vida e futuro
profissional. Como também na construção de sua consciência histórica na aprendizagem dos
conteúdos disciplinares do currículo de História e na dimensão de sua formação cidadã para
seu processo de vivência e convivência em sociedade.
Depois de comentar sobre toda a importância e do papel de livro didático no processo
de ensino aprendizagem dos alunos, chegamos a questão sobre quando o tema da religião é
tratado, quando e como é tratado este tema no livro?
Nosso país é considerado um país Cristão, por toda a sua História da colonização, no
período da Monarquia a Igreja Católica teve uma influência significativa na construção do
Estado por conta do Regime do Padroado e com a República e a construção do Estado Laico e
Igreja não perdeu completamente sua influência sobre a sociedade Brasileira. Mas enquanto
ao Cristianismo Protestante quando é que ele aparece no Livro Didático? Como é narrado no
livro didático? Qual o relata sobre o Protestantismo na História do Brasil?
Em seguida colocar:
A nova religião passou a ter um caráter subversivo para a estrutura política romana,
pois era universal contrária à violência e rejeitava a divindade do imperador. Em
número crescente, pessoas livres também se convertiam ao Cristianismo.
(VICENTINO. 2016. p.170).
Em seguida continuamos a analise do livro e vimos que durante toda a narrativa sobre
a Idade média o Cristianismo aparece no capítulo sobre o Império Bizantino como somente
uma religiosidade oriental e suas diferenças com o Cristianismo Ocidental, como as formas de
interpretação da Bíblia, o movimento iconoclasta e o cisma do oriente, que é a separação da
Igreja Católica da Igreja Ortodoxa. (VICENTINO, 2016.p.189).
Nesta breve analise do livro do primeiro volume do ensino médio, nos deparamos com
uma narrativa sobre o Cristianismo muito descontextualizado, com uma história fragmentada,
cujo tema a expresso pulverizado nos vários assuntos do livro didático, VC QUERIA UM
BLOCO UNIFORME SÓ PARA IGREJA? desta forma esta história contada contribui para a
formação de mito e estereótipos sobre a religião e sua influência na sociedade.
No volume II desta mesma coleção, que é o livro do segundo ano, temos o capítulo
clássico sobre a Reforma Protestante e a Contra Reforma Católica, que em praticamente todas
as coleções de História do ensino básico tem seu relato garantido, com o título O Cristianismo
em transformação, faz uma narrativa resumida deste evento das páginas 67 à 76,ou seja 11
páginas, não vamos discutir sobre a reforma aqui, por que não objetivo deste texto. Além,
disto continua o silênciamento do Cristianismo, fala-se dos jesuítas na colonização Ibérica da
América, depois de salto história, voltar à fala do regime do padrado no Brasil Imperial.
Este volume é voltado a História do século XX, tanto da História considerada geral,
como a do Brasil. Aqui temos o grande silênciamento do protagonismo do Cristianismo na
História. No caso da História do Brasil, temos grandes mudanças da relação da sociedade
brasileira. Aqui temos as Igrejas consideradas Históricas. a chegada do Pentecostalismo, o
surgimento do Deutopentecostalismo na década de 50, e o surgimento do Neopentecostalismo
a partir de década de 80. Com estas novas denominações cristãs, temos grandes mudanças na
Cristianismo praticado no Brasil e grandes transformação da sociedade brasileira com a
relação com o sagrado, como também o protagonismo destes grupos com a prática política.
(MONTES, 1998; MARIANO, 1999). NÃO ENTENDI
Conclusão
Esta abordagem da condição de liberdade para que cada credo religioso faça sua
educação religiosa, que em determinadas situações se faça a sua doutrinação desvinculada de
uma mínima formação religiosa de respeito e convivência mutua entre os mais variadas
experiência fé e relação com a sagrado, como consequência, temos o desenvolvimento de um
fanatismo religioso e o desrespeito às outras experiências religiosas. MAS ISSO VAI
ACONTECER INDEPENDENTE DE LIVRO OU DE ESCOLA. VC MESMO FALOU EM
FANATICOS FECHADOS AO DIALOGO
Não se pode negar a importância da revolução protestante e do processo histórico que
ela construiu, não somente na reforma que ocorreu a 500 anos, mas na atual conjuntura
contemporânea na medida em que tem um protagonismo das pessoas tidas como evangélicos
ou protestantes, este indivíduos tem um participação social muito intensa, desde da vida
cotidiana em suas múltiplas dimensões da vida, como também a sua atuação politica,
chegando ao cume de temos hoje uma bancada evangélica, temos ministros de estado e a
grande interferência na eleição presidencial do pais, deste modo não se pode negar a urgência
deste estudo deste fenômeno, que tem presente tanto no Brasil, como também no mundo,
Aqui temos a questão da identidade religiosa, o aluno que chegar a escola tem uma
identidade religiosa, construída em casa ou na comunidade religiosa na qual é formado,
quando começa o processo de escolarização escolar ele recebe informações diferentes ou
muitas divergentes da qual foi formação, neste momento começa conflitos ou uma
contradição entre o que ele traz de casa e o que recebe na escola. E UM LIVRO DIDATICO
ANULARIA ISSO?
As pessoas, e, nosso caso, nossos alunos não somente tem curiosidade, mas muito
mais importante precisam compreender o que é a religião e a religiosidade. Assim lhe
possibilite construir o mínimo de relação com a sagado, como também saber que cada povo
ao longo de sua história desenvolve sua própria experiência com o sagrado e sua experiência
de religiosidade em particular.
Bibliografia.
CAVALCANTI, E. Livro didático: produção, possibilidade e desafios para o ensino de
História. 2016
DIP. A. Em nome de quem? A bancada evangélica e seu projeto de poder. 2ª Ed. Rio de
Janeiro: Civilização brasileira. 2019.
MARTINS, E. de R. (Org) Jorn Rusen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2011.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro. Ed. Bertrand Brasil. 2014.
RUSEN, J. O livro didático ideal. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora: BARCA, Isabel;
WILGES, I. Cultura religiosa: as religiões no Mundo. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
VICENTINO, C. Olhares da História: Brasil e mundo. 1º Ed. São Paulo: Scipione, 2016.
Volume 1, 2, 3.