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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE HISTÓRIA
TEORIA DA HISTÓRIA
PROF(A). DR. EGBERTO MELO, DRA. SÔNIA MENESES/ PROFA. DRA.
ROSILENE ALVES
PERÍODO LETIVO: 2020.1

RIVANIO RAIMUNDO DE SOUZA

O NEOCONSERVADORISMO RELIGIOSO NO BRASIL E A IDENTIDADE


RELIGIOSA NO LIVRO DIDÁTICO
Crato, 2020

RIVANIO RAIMUNDO DE SOUZA

O Neoconservadorismo religioso no Brasil e a identidade religiosa no livro didático

Artigo apresentado ao Programa de Pós-


Graduação da Universidade Regional do Cariri
como requisito para conclusão da disciplina de
Teoria da História do Mestrado Profissional em
Ensino de História.

Crato, 2020.
O NEOCONSERVADORISMO RELIGIOSO NO BRASIL E A IDENTIDADE
RELIGIOSA NO LIVRO DIDÁTICO

RESUMO

O texto que segue se se propõe a abordar o fenômeno do Neopentecostalismo no Brasil e seu


protagonismo na história contemporânea com o Neoconservadorismo. Deste modo se
pretende fazer um estudo de escritos de autores que trabalham com este tema e por fim, fazer
uma análise de como o livro didático e sua narrativa sobre este conteúdo e as possibilidade de
formação da identidade religiosa no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE

Protestantismo, conservadorismo e livro didático.

ABSTRACT

The following text sets out to address the phenomenon of Neopentecostalism in Brazil and its
role in contemporary history with Neoconservatism. In this way, it is intended to make a study
of writings of authors who work with this theme and, finally, to make an analysis of how the
textbook and its narrative about this content and the possibility of the religious identity in
Brazil.
KEY WORDS

Protestantism, conservatism and textbook.


Introdução

O ensino de História sempre foi inserido no contexto político-social de cada país,


também ligado a conjuntura internacional e as influências das correntes Historiográficas que
direcionam as escritas da História, bem como a forma de entender e interpretar o mundo a sua
volta.

O ensino de História pós 1980 e no período da redemocratização do Brasil entendemos


que: “A História foi chamada a exercer a função de crítica da sociedade, atenta ais seus
conflitos e às suas diferenças, inclusive às diferenças de classes”. (Mathias, 2010. p.46)

Neste mesmo contexto o aluno deve ser visto como:


O aluno, um ser social completo e não apenas uma tábula rasa, um individuo que,
além de estudar e aprender, igualmente era sujeito da história com concepções
prévias dos fatos históricos e com vida externa aos muros escolares, encerra um
cidadão que viria a desenvolver uma consciência social e de classe, e que
desempenharia o papel do trabalhador apto a realizar transformações sociais e
politicas. (MATHIAS, 2010, p. 46)

Diante do exposto acima a prática pedagógica do professor, principalmente de


História, no cotidiano de sala de aula, tem ficado bastante desafiadora diante deste fenômeno
religioso, o chamado Neoconservadorismo, que tem uma grande participação política no
Brasil, a titulo de exemplo temos o papel desempenhado da bancada Evangélica na aprovação
de programas neoconservador e a conjuntura política que culmina com a eleição de Bolsonaro
para presidente do país.

As origens deste conservadorismo, mais chamado de Neoconservadorismo esta nos


EUA, no contexto de reação as políticas do Estado de bem-estar social, programa políticos
que foram considerados como de esquerda, principalmente as questões ligadas ao movimento
LGBT e do feminismo, e temos então defesa da família tradicional, culminando na eleição de
Reagam em 1980.

Segundo Lacerda:
...neoconservadorimso procura preservar a ordem social em um contexto especifico
de ameaça. Essas ameaças seriam provenientes das políticas de bem-estar social,
que rediziam a desigualdade, e também dos movimentos LGBT e feministas, cujas
pautas passam a ser recebidas pelo poder públicos”. (LACERDA, 2019.p.26)

Ainda conceituando o neoconservadorismo segundo Lacerda “O neoconservadorismo,


portanto é um ideário conservador e de direita, e sua peculiaridade reside na centralidade que
atribui às questões relativas à família, à sexualidade e a reprodução e aos valores Cristãos. O
movimento politico neoconservador se materializou em uma coalizão”. (LACERDA, 2019,
p.29).

Este movimento é ligado à direita Cristã, que para Lacerda tem:

A participação dos evangélicos em um projeto político conservador estruturado


decorreu de duas causas. Primeira, o avanço de pautas feministas e das demandas
dos homossexuais. O segundo fator foi o estimulo da nova direita secular para que
a nova direita cristã, ao lado de outros setores, passasse a integrar o tecido da
coalizão neoconservadora, selado em 1980. (LACERDA, 2019. p.31)

Neste contexto é perceptível o protagonismo dos evangélicos nesta pauta de


conservadorismo e a defesa de seus ideais ideológico-religiosos. Aqui alguns pontos são
destacados, o individualismo do protestantismo americano, onde cada pessoa é responsável
por sua própria vida e individualidade, seja sucesso ou insucesso, a tão falada meritocracia, e
a critica as ações das políticas sócias do estado, que tiraria do cidadão a sua autonomia de ter
suas próprias conquistas; o Sionismo, que aparentemente não teria razão para os Cristãos
apoiarem, mas a questão aqui se relaciona a teologia Dispenssassionalista, esta teoria religiosa
interpretativa da Bíblia ver o Estado de Israel, especialmente seu povo, como a nação eleita
por Deus e leem a História num paralelo com a História de Israel e que no futuro está nação
vai reviver as glórias do reino Dravídico da Antiguidade oriental; e não menos importante o
anticomunismo, coisa que os evangélicos veem como política do mal, ao olhar para os
Estados comunistas e suas políticas de rejeição aos missionários cristão, compreendendo-os
como ditaduras fechadas a liberdade religiosa, pela associação do cristianismo a cultura
Ocidental, eles associam todas politica de esquerda como comunistas e perigosa para o
cristianismo. É BRASIL OU EUA?

Durante o governo do PT em nosso país, foram efetivadas umas séries de políticas


progressistas de cunho social para grupo, considerados de “minorias”. Deste modo este
fenômeno, praticamente é revivido.
Temos então a lei 10639 sobre o dever do ensino da História e a cultura afro-brasileira,
que interpretada pelos evangélicos como o ensino de satanismo na escola, há uma pregação
intitulada de Infância Protegida da Pastora Damares Alves 1 no You tube, ela começa falando
das orações deste grupo religioso pelo Impeachment da presidente Dilma, depois critica a
pauta do Supremo Tribunal federal, que estava debatendo sobre os diretos da comunidade
LGBT e seguir falando da corrupção no Governo do PT. Logo após a leitura de um texto da
Bíblia e uma oração, faz uma pregação sobre a lei 10639 sobre o dever do ensino da História e
1
https://www.youtube.com/watch?v=O2bJI_W10vI vídeo acessado e 29/07/2020.
a cultura afro-brasileira, que para ela estão ensinando nas escolas públicas do país a adoração
satanás.
Também o programa Escola sem homofobia de 2011, lançado pelo ministério da
Educação. Houve a tentativa de uma cartilha contra a homofobia que seria utilizada nas
escolas, nela trazia conceitos sobre sexualidade e a diversidade sexual, mas que não foi
efetivado por conta da ação da bancada evangélica. Para este grupo é movimento conhecido
com a ideologia de Gênero, encarado como um ataque à família tradicional e que ficou
conhecido como Kit gay, onde muitos evangélicos falavam que havia uma cartilha utilizada
nas escolas pelos professores para ensinar as crianças a serem homossexuais.
Estes temas são muitos caros para os princípios tradicionais ao protestantismo
contemporâneo, pois se relacionam com estruturas de comportamento sexual, abalando
diretamente estruturas da família tradicional. Desta forma temas como o aborto, as lutas e o
crescimento do movimento LGBT e sua luta social, leis que interferem numa cultura
tradicional da cultura Cristã e a atuação do Estado, na implantação destas leis. Diante de tudo
isto, temos a reação dos religiosos, inicialmente por meio da Bancada evangélica e da atuação
de lideres midiáticos.
A atuação da Bancada evangélica na pauta conservadora e em políticas de benefícios
aos evangélicos tem tido um grande protagonismo, este grupo político conservador tem sua
origem em 1986 na constituinte como bancada religiosa com uma pauta definida, tinha a
chamada ideologia de gênero; o aborto; a defesa da família tradicional e uma moralidade
sexual. Segundo Dip “o congresso eleito em 2014 foi o mais conservador desde o período
pós- 1964, com o aumento do número de parlamentares militares, ruralistas e religiosos”.
(DIP. 2019. p.49).
Os temas morais são o que unem os parlamentares evangélicos e suas lutas no
congresso, são contra o movimento LGBT, o movimento feminista e leis que defendem
ensino mais pluralista, são visto pelos religiosos como perigosos para a educação de seus
filhos. Assim, temos o Estatuto da Família (PL 6.583/2013), aprovado em 2017, que apenas
reconhece o modelo de família tradicional formada pelo homem, a mulher e os filhos. Nesta
mesma legislatura, esta bancada conseguiu barrar o projeto sobre a identidade de gênero nas
escolas no Plano nacional de educação.
Esta bancada existir com um projeto definido, barrar projetos que ameacem princípios
Cristãos considerados inegociáveis, daí temos o apoio deste bancada ao movimento escola
sem partido e outro projetos de lei que se refere a educação, como o PL 6.596/2016 que
reconhece como manifestação cultural toda manifestação gospel, por outro lado um projeto de
poder das denominações religiosas, principalmente as Neopentecostais., neste caso temos as
concessões de rádio o TV, que são meios de comunicação deste grupo religioso para angariar
prosélitos.
Protestantismo e a grande generalização do conceito

Começamos aqui com uma breve conceituação. “Para usar uma imagem biológica
alternativa, o protestantismo mostra ser mais semelhante a um micro-organismo, capaz de
rápida mutação e adaptação em resposta a mudanças ambientais, embora ainda haja
continuidade em relação às formas anteriores” (MCGRATH. 2012. p.12)

O conceito acima exposto é bastante claro para compreendermos não somente o que é,
mas principalmente o porquê deste movimento religioso ter um crescimento tão considerado
de prosélitos. Inicialmente quebrando as amarras da Igreja medieval, em seguida
conquistando espaço político e socialmente na Europa, tem um protagonismo na história na
América do Norte e se propor alcançar o globo terrestre.

Sobre a origem do termo:


O uso do termo “protestantismo” para se referir – um tanto vagamente deve-se
dizer – a essa nova forma de cristianismo parece ter sido uma causalidade da
história. A origem do protestantismo pode ser traçada até a Dieta de Worns (1521),
que emitiu um decreto declarando Martinho Lutero um herege perigoso e uma
ameaça para a segurança do Sacro Império Romano. (MCGRATH. 2012. p.13).

Há uma definição muito generalista do que seja protestante, deste modo no senso
comum pensa-se sobre todos os grupos religiosos cristãos que se originam do movimento
reforma protestante. Mas quando se empreende o desafio de estudar o que é o protestantismo,
nos deparamos, com uma imensidão de denominações religiosas cristãs e suas varias teologias
de estruturação eclesiásticas e interpretação bíblica, de grande atuação influenciadora na
sociedade e vida política.

Assim, temos as chamadas Igrejas Históricas, que tem a sua origem no século XVI.
São a Luterana, um ramo denominacional que surgi com a figura de Lutero na Alemanha e se
desenvolve se constituindo uma nova Igreja em algumas regiões da Alemanha, por meio da
Paz de Augsburgo; a Anglicana que surgi com o Ato de supremacia adotado pelo rei Henrique
VIII na Inglaterra, nesta experiência, temos a construção de uma Igreja Estatal e de grande
consequência para a história inglesa, destacadamente no século XVII com as revoluções
inglesas e as grandes mudanças estruturais naquele país; e os ramos calvinistas, com a
importância de João Calvino na construção da doutrina da predestinação, este novo
pensamento religioso, ganha espaço social, principalmente economicamente, segundo as teses
de Max Weber. Este movimento se inicia em Genebra na Suíça e logo espalha pela Europa e
chegando aos Estados Unidos, por conta da perseguição religiosa que os puritanos, como os
calvinistas eram chamados na Inglaterra, sofriam por conta das guerras religiosas naquele
país.

Praticamente teremos um movimento protestante tradicional, fruto da reforma, período


entre o século XVI ao final de século XIX. Em seguida o protestantismo vai passar por uma
transformação que terá grandes consequências não somente para sua prática religiosa, mas
principalmente sua atuação social e politica. No inicio do século XX, mais precisamente 1906
em Los Angeles (EUA) surgi o Pentecostalismo, com uma prática religiosa de espiritualidade
mais avivada, na qual é denominada eles de batismo com o Espírito Santo, que se evidência
em alguns dons espirituais, como o falar em línguas estranhas, os dons de cura, de profecias e
etc. Este movimento logo cresceu nos EUA e espalhou-se pelo mundo protestante, sendo
conhecido e divulgado como um movimento de avivamento religioso Cristão. Esta nova
prática religiosa não se restringi a uma denominação religiosa especifica, mas é um grande
movimento de renovação e experiência de espiritualidade, chamado de pentecostalismo, esta
nova experiência de fé e adoração tem forte aceitação entre os grupos médios urbanos e
negros de áreas urbanas periféricas, que logo se espalhar pelo país. (MCGRATH. 2012).

No Brasil, este novo movimento religioso chega entre 1910 a 1911 com a vinda de
missionários que vivenciaram esta experiência nos EUA. O primeiro deles foi o presbiteriano
Louis Francescon que trabalhou nas colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, que resultou
no nascimento da Congregação Cristã do Brasil. Em seguida chega os batistas Daniel Berg e
Gunnar Vingren que exerceram trabalho missionário em Belém-PA, da ação destes surgiu a
Igreja Assembleia de Deus em 1919. (MARIANO, 1999).

A partir dos anos 70 no Brasil começa a surgir um novo movimento religioso que tem
impactado a sociedade brasileira, não somente religiosamente, mas também econômica,
principalmente politicamente. Este novo fenômeno tem tido uma grande influência sobre a
prática religiosa do Cristianismo no Brasil, principalmente o praticado na periferia das
grandes cidades, onde está a maioria de seus membros. Com denominações com a Igreja
Universal de Reino de Deus, a Internacional da Graça, a Comunidade Sara a Nossa Terra e a
Igreja Mundial do Poder de Deus. Este novo movimento religioso brasileiro tem tido um
impacto sobre a prática religiosa e mesmo a vida privada no Brasil, deste modo estas
denominações religiosas tem trazido consequência tanto para a produção do conhecimento
cientifico, quanto mais para o ensino da História.

Os Neopentecostais são frutos da terceira onde do pentecostalismo no Brasil, a


primeira onde ocorre em 1910, com o pentecostalismo tradicional ou histórico, grupo
representado pela Igreja Assembleia de Deus e a Congregação Cristã do Brasil, a segunda
surge em 1950, chamados de deuteropentecostais, representado pela Igreja Quadrangular e a
terceira onda que se inicia na década de 80, tendo como grandes representantes a Igreja
Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional de Graça de Deus e outras Igrejas de
menor expressão e influência.
O Neopentecostalismo se caracteriza pela Teologia da prosperidade, no que se refere a
receber bênçãos de Deus, no caso da Igreja Universal temos o lema “Pare de sofrer”, que é a
busca de uma felicidade e prosperidade na vida terrena e a Teologia do Domínio, expressa
exacerbação da guerra espiritual, chamado de guerra contra o diabo, que na prática é o projeto
de poder tanto religioso, quanto político econômico, aspecto nítido na sua participação
politica, e a sua grande influência nas eleições nos âmbitos municipais, estaduais e federal.
Temos uma relação do "presentismo" da teoria de Hartog com a onda Neopentecostal.
Futurismo com paixão, com cegueira, até o pior, hoje todos sabem. Futurismo deve
ser entendido aqui como a dominação do ponto de vista do futuro. Este é o sentido
imperativo da ordem do tempo: uma ordem que continua acelerando ou se
apresentando como tal. A História é feita então em nome do futuro e deve ser
escrita do mesmo modo (...). Pouco a pouco, contudo, o futuro começava a ceder
terreno ao presente, que ia exigir cada vez mais lugar, até dar a impressão recente
de ocupa-lo por inteiro. Entravamos então em um tempo de supremacia do ponto
de vista do presente, aquele do presentismo, exatamente. (HARTOG. 2014, P.141,
142).

O presentismo posposto por Hartog, para explicar a vivência do tempo presente da


sociedade contemporânea, é bem vivido nos ensinamentos da teologia da prosperidade dos
grupos Neopentecostais. Contrariamente a Escatologia do Cristianismo que tem uma
esperança no futuro, numa fé na existência de um mundo vindouro, agora é substituída pela
realização de uma vida no aqui e agora. Toda a vivência religiosa é com base no "hoje". A
saúde, o dinheiro, a prosperidade tudo no hoje. O foco deles não é um ensinamento com base
no futuro, mas no hoje. E é uma onda que cresce de maneira absurda exatamente porque tenta
satisfazer as pessoas no presente. E interessante que surge exatamente em torno da década de
setenta. Algo que pra história é extremamente recente.
O Neopentecostalismo tem ampliado a pratica e o cotidiano de vivência religiosa no
Brasil. Estas novas denominações utilizam dos meios de comunicação de massa, o estilo
organizacional administrativo de modelo empresarial e uma teologia mista de vários credos
religiosos no qual o importa não é a adoração do sagrado, mas o receber as bênçãos de Deus,
estes mecanismo de controle do sagrado são usados para angariar novos membros.

Como discutido acima, o Protestantismo é um tema muito vasto e complexo. Deste


modo segundo Morim “é, antes de tudo, o esforço para conceber um incontornável desafio
que o real lança a nossa mente”. (MORIN, 2014. p.176). Diante deste conceito é fundamental
para se pensar um estudo sobre este fenômeno que seja mais eficaz diante do mundo em que
vivemos e as transformações sociais da contemporaneidade.

Ainda segundo Morin.


se tentamos pensar no fato de que somos seres ao mesmo tempo físicos, biológicos,
sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é evidente que a complexidade é aquilo
que tentar conceber a articulação, a identidade e a diferença de todos esses
aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa esses diferentes aspectos, ou
unifica-os por uma redução mutilante. (MORIN, 2014, p. 176)

Assim, o conceito de protestantismo que é efetivado na escola e falado na sociedade é


o oposto do que ao conceito de complexidade proposto por Morim. Deste modo o ensino e a
pesquisa devem observar todas as dimensões da vida humana e suas experiências sociais,
politicas e econômicas, mais também toda a produção cultural e artística da humanidade.

Neopentecostalismo e o desafio para o ensino de história

Nas ultimas décadas no Brasil, o Neopentecostalismo tem tido um crescimento


considerável no numero de fies e consequentemente a educação tem sofrido os impactos deste
fenômeno, por o exemplo de aprovação de vários projetos de lei que representam seus anseios
deste grupo religioso. Na escola, atualmente tem se recebido uma grande quantidade de
alunos que são fies destas novas denominações. Aqui está um desafio para o ensino de
Histórias. Como discutir história com pessoas que rejeitam o conhecimento Histórico? Aqui
temos pessoas que podem ser consideradas dogmáticas e fundamentalistas, que rejeitam o
dialogo racional e os conteúdos históricos, a Educação Histórica e as condições da produção
do conhecimento científico.
Como dialogar sobre História com alguém que tem característica de fundamentalista
religioso? Fala de teoria e metodologia com um dogmático? Como desenvolver um raciocínio
historiográfico com uma pessoa que chega resistente à escola e que foi instruído a combater as
“mentiras” do professor, especialmente o de História. Este desafio está posto no ambiente
escolar nos últimos anos no Brasil, principalmente com a expansão das Igrejas
Neopentecostais.

A ética destes cristãos é mais ou menos assim: a escola ensina coisas boas, mas
alguns professores são esquerdistas, comunistas, ateus, gays, maconheiros, não respeitam
minha fé, não tiveram um encontro com Cristo ainda, não entregaram a vida pra Jesus, por
isto estão errados, quem sabe das coisas é o meu Deus.

Na escola, em algumas circunstâncias estes religiosos, são estigmatizados pelos


outros alunos e seus pais, a maioria sem escolaridade, em casa lhe instruem usando
geralmente todo o seu universo explicativo do cosmo baseado na fala de seus líderes
religiosos, os quais lhe vendem a ideia de um mundo maniqueísta, dizendo tão somente que a
Ciência serve as trevas, que no fundo é uma mitologia pós-moderna NÃO MESMO. É UMA
REAPROPRIAÇÃO para explicar aquilo sobre a prática social da igreja, como instituição
acolhedora e quase sempre comercial faz nas pessoas carentes, incautas, porém a elite também
participa disso, em meio ao advento da política partidária em busca de pertencer, de
reconhecimento, os economicamente fortes, neste nicho, são também guias, posto que a
carência existencial.

Pelas as condições de produção e de empreendimento de uma consciência Histórica


por parte dos alunos fica quase que impossível rivalizar ou concorrer com a máquina de
formação de discipulado e doutrinação destas Igrejas. Enquanto que na escola os alunos têm
duas aulas de história na semana, que em determinada situações as aulas são atrapalhadas por
outras tarefas colocadas pela escola e seu calendário ou por contingências de avaliações
externas, a exemplo do ENEM, SPAEC e etc., nas igrejas tem praticamente atividades
religiosas todos os dias, tem a escola bíblica, que se configura como uma estrutura de escola
para a educação religiosa de todos os membros da igreja, os cultos de doutrina, que é ensinado
a confissão de fé e os aspectos teológicos da denominação. Deste modo, o aluno que chega a
escola acaba não se identificando com o ensino de História, por que toda aquela aula não
menciona sua identidade religiosa, mas quando se expressa é para fala como estereotipo e
deboche OI?, tudo isto pode criar uma rejeição à aula e ao professor.

A atuação destas Igrejas se caracterizam pelo envolvimento com o mundo social e


cotidiano de seus fies, chegando ao âmbito da cidadania e participação política ELAS NÃO
DIFERENCIAM., dai a grande influência nas ultimas eleições no Brasil, em todas as
instancias de governo. Como aponta (MONTES 1998):
[...] o grupo que se tornaria conhecido como a bancada evangélica do Congresso
nacional, durante os trabalhos da Assembleia Nacional constituinte, representou
um primeiro exemplo, inédito, de participação, no interior de um grupo que
historicamente se mostrara avesso à política. (MONTES. p 88)

O Estado brasileiro, desde a Proclamação da República começa a construção de um


Estado Laico, com o fim do regime do padroado e o desvencilhamento da Igreja católica.
Com a chegada das Igrejas Protestante Tradicionais, como a Igreja Batista, a Presbiteriana,
que historicamente são avessas a participação política, a laicidade do estado brasileiro
continuou intocável. Entretanto com o movimento Neopentecostal temos um
redirecionamento para um projeto de construção de uma grande participação política, a
exemplo disto temos o peso deste movimento na ultima eleições de 2018.

Esta nova experiência religiosa brasileira também tem tido enorme impacto no
ambiente escolar, principalmente na sala de aula com relação ao professor de História, criando
um grande desafio para o ensino desta disciplina. Neste ponto estamos diante de um impasse
para a prática docente. Como ministrar uma aula de História para uma pessoa dogmática
radicalmente religiosa? Neste momento estamos vivendo uma realidade inédita no Brasil, uma
grande quantidade de nossos alunos são confessos declarados das Igrejas neopentecostais.
Estes indivíduos são membros participantes ativos de suas denominações e sua experiência de
fé e relação com o sagrado é de uma expressão de muita radicalidade. Segundo o censo do
IBGE de 2000 o número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos, em 2000, cerca
de 26,2 milhões de pessoas no Brasil se disseram evangélicos, ou 15,4% da população. Já em
2010, este numero passou a ser 42,3 milhões, ou seja, 22,2% dos brasileiros, o que se configura
como um número expressivo da população brasileira. Vale também destacar que já se passou dez
anos e o crescimento do número de evangélico continua, desta forma já temos uma quantidade
maior da população evangélica no Brasil.

Na sua experiência religiosa cotidiana, uma expressão muito usada por estes novos
religiosos é o que comumente conhecido como “guerra espiritual”. Como aponta (MONTES
1998).

Da Bíblia e seus versículos recitados com ardor pelos pastores, pouco sobrou nesse
processo. A Teologia protestante foi de foto, substituída por este ecumenismo
popular negativo, única cosmologia em operação ao longo de todo o rito
francamente mágico que é ali executado. (MONTES. p. 123).

Diferentemente do Cristianismo protestante histórico tradicional, em que se tem uma


Teologia, como ciência do estudo de Deus e da prática do sagrado, estudada por seus lideres
para ter os títulos de padres e pastores, consequência da Reforma e Contrarreforma Católica
no Concílio de Trento. Este Cristianismo tem um estudo interpretativo da Bíblia baseado em
regras da Hermenêutica e da Exegese, numa contextualização da História e cultura dos povos
relatados na Bíblia, principalmente os judeus. Ao contrário disto, os líderes do
Neopentecostalismo, propagam uma guerra santa contra tudo e todos que aparece como
“inimigo” de sua fé, são indivíduos treinados para combater as verdades cientificas, tidas por
eles como mentiras do diabo.

Algumas características acompanham as pessoas que são membros destas novas


denominações religiosas. Todo fanático traz consigo sintomas comuns, independentemente da
ideia que apregoa: geralmente possuem uma ideia fixa, que é vinculada à salvação de si
mesmo e da humanidade; sentem-se detentores da verdade e do único caminho, sempre são os
dono da razão e do único caminho para a salvação; sempre estão prontos para a ação e
sacrifício para atingir seus objetivos; Não ouvem e não vêm jamais se cogitar a possibilidade
de estar errado; Não estão abertos a questionamentos, pois acreditam fielmente na fonte do
ensinamento que entende ser a verdade, e por isto tentar convencer os demais da sua verdade.
Como podemos perceber, há uma linha tênue entre o Cristão na sua busca da sabedoria
e o fanático. Este último tem certeza de que está no caminho correto, porém não evolui e, por
não se questionar, não consegue autoanalisar-se; o fanático limita sua própria evolução
quando se fixa a uma ideia e não deixa que mais nada faça parte do seu mundo. Estas
condições se apresentam como grandes empecilhos para o processo de ensino-aprendizagem
de História.
Nesta oposição o professor tem um tipo de individuo a sua frente como aluno, que em
alguns casos tem características de Fanatismo religioso. Ou seja, um zelo religioso obsessivo
que pode levar à extremos de intolerância, partidário de sua religião; com uma adesão cega a
um sistema ou doutrina. Assim, temos no cotidiano de sala de aula, indivíduos fanáticos que
seguem cegamente uma doutrina religiosa ao mesmo tempo um partido.

Diante deste fenômeno religioso, não temos as condições propícias para uma
experiência de sala de aula com proposito de dialogar sobre a História como conhecimento
teórico e metodológico produzido. O Educador e professor de História está diante deste
desafio, que é ensinar ou mesmo dialogar sobre os conteúdos escolares, principalmente com
relação a disciplina História, que requer uma postura adequada para um entendimento do
conhecimento Histórico, como a criticidade, a abertura ao novo, a capacidade racional para o
raciocínio diacrônico e sincrônico e abstração sobre noções do Tempo Histórico e o
anacronismo.
A ação pedagógica do professor de História é ensinar os conhecimentos construídos
por historiadores a parti de uma teoria, com métodos científicos específicos das ciências
humanas, contextualizado em conceitos históricos fundamentais para a produção do
conhecimento. Está prática é diametralmente oposta à ideologia religiosa do
Neopentecostalismo. Pois, estamos vivendo uma onda de fanatismo. Fenômeno ligado ao
crescimento da extrema direita fascista, ao crescimento dos grupos evangélicos
neopentecostais, uma religiosidade sem teologia, um conservadorismo moralista
inconsequente, a desigualdade social, a violência urbana e as consequências das redes sociais
(algoritmo), que diminuem nos indivíduos a capacidade do diálogo e da convivência com o
outro.

O livro didático e o silenciamento da religião cristã.

Todos nós humanos buscamos ou temos uma necessidade de se construir uma relação
com o sagrado. Desde os grupos primitivos na chamada pré-história o homem constrói
alguma experiência com o transcendental. Quando a prática de adoração ao sagrado é
institucionalizada e se constituindo uma religião ao longo do tempo por um povo em sua
experiência histórico – cultural, deste modo se compreende as primeiras manifestações
religiosas. Segundo WI’1LGES religião é “um conjunto de crenças, leis e ritos que visam um
poder que o homem, atualmente, considera supremo, do qual se julga dependente, com o qual
pode entrar em relação pessoal e do qual obter favores”. (WILGES, 1994. p.15)

A Religião é um fenômeno institucionalizado da relação do homem com o


transcendental, ou com aquilo que é considerado sagrado e merecedor de adoração, por causas
das experiências consideradas inexplicáveis, o que é chamado de milagre, em sua história
individual e na coletividade que uma sociedade sobrevive.

Em nossa cultura ocidental temos o Cristianismo como prática religiosa


preponderante. Mas quando se fala de Cristianismo estamos diante de uma expressão religiosa
muito complexa e dinâmica. Em relação à complexidade de se estudar o Cristianismo segundo
Morim “é, antes de tudo, o esforço para conceber um incontornável desafio que o real lança a
nossa mente”. (MORIN, 2014. p.176).
Quanto ao Cristianismo, o seu pensar e sua prática religiosa mais vivida e de grande
influência neste mundo em que vivemos e suas ações de interferência nas transformações
sociais da contemporaneidade. Ainda segundo Morin.

se tentamos pensar no fato de que somos seres ao mesmo tempo físicos,


biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é evidente que a
complexidade é aquilo que tentar conceber a articulação, a identidade e a
diferença de todos esses aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa
esses diferentes aspectos, ou unifica-os por uma redução mutilante. (MORIN,
2014, p. 176) REPETIDA ESSA CITAÇÃO

Assim o cristianismo, como prática religiosa se configura como uma grande


complexidade. Não podemos falar do Cristianismo, como um sistema único de pensamento
teológico durante toda a sua História. Mas desde sua origem se constituiu de múltiplas
teologias, desde o pensamento judaico, à filosofia grega e a toda a cultura ocidental, que
deflagraram em múltiplas compreensões de mundo por conta de seus praticantes.

Quanto a dinâmica do Cristianismo, durante sua história passou por várias


transformações, desde a sua origem com uma seita do judaísmo as uma religião que dentre
outros fatores contribuem para a queda do Império Romano, a sua institucionalização
religiosa com o Catolicismo, as especificidade do cristianismo ocidental e o oriental e o
Protestantismo e as várias denominações de igrejas Cristã que surgem na modernidade, são
transformações institucionais que demonstra o quanto esta prática religiosa é dinâmica em
suas teológicas, nas suas formas de adoração e proselitismo. (WILGES, 1994)

Já em relação ao ensino que é efetivado na escola é o oposto do que ao conceito de


complexidade proposto por Morim, segundo este pensador o ensino deve ser multifuncional e
multidimensional, principalmente em se tratando do tema da religião. Deste modo o ensino
deve observar todas as dimensões que esta prática religiosa e suas experiências sociais,
politicas e econômicas, mais também toda a produção cultural e artística da humanidade.
(MORIN, 2014).

Neste caso o livro didático tem um papel relevante na aprendizagem dos conteúdos
básico escolares, servindo como um manual básico para se desenvolver uma base de
conteúdos curriculares para que o professor tenha um mínimo de condição de desenvolver sua
prática docente e que o estudante tem como principal instrumento de leitura para que possa
construir um processo de educação Histórica e de conhecimento da cultura religiosa.
O livro didático tem sido o uma grande instrumento utilizado pelo professor em sala
de aula e praticamente e a ferramenta mais importante para o ensino na Educação Básica,
principalmente no ensino de História. Segundo Rusen:

Todos os especialistas estão de acordo em que o livro didático é a ferramenta mais


importante no ensino de História. Por isto, este recebe uma ampla atenção inclusive
por parte daqueles que se interessam pelo ensino de história na escola e elo seu
significado para a cultura política. Para que o Ministério da Cultura conceda sua
aprovação a livros didáticos, têm-se colocado em curso diferentes processos de
inspeção e autorização em que se discutem vivamente quais qualidades esses
devem ter. Também os historiadores estão interessados nos livros didáticos.
(RUSEN, 2011, P.109)

Guardadas as devidas diferenças entre a realidade do historiador alemão e a nossa.


RusenNÓS TEMOS HISTORIADORES TRABALHANDO ISSO FAZ TEMPO. MOSTRAR
REFERENCIAS (2011) constrói não somente o conceito do livro didático, mas
principalmente sua importância com ferramenta de trabalho do professor de história e ao
mesmo tempo um material didático mais acessível ao conhecimento da ciência de referência,
com um texto de leitura fácil e de possibilidade da construção da consciência histórica dos
alunos da educação básica.

Continuando os estudos de Rusen (2011) “o livro de história é o guia mais importante


da aula de história”. Por suas características de sua construção e objetivo ele se constitui em
uma ferramenta essencial para o ensino e a aprendizagem, por ser um material feito para os
alunos, todos os componentes que fazem parte, como o texto, as imagens, os gráficos e
esquemas, são imprescindíveis ao exercício da atividade docente na construção da consciência
histórica. Que para Rusen é:

Em resumo, a consciência histórica pode ser descrita como a atividade mental da


memória histórica, que tem sua representação em uma interpretação da experiência
do passado encaminhada de maneira a compreender as atuais condições de vida e a
desenvolver perspectivas de futuro na vida prática conforme a experiência.
(RUSEN, 2011, P.112).

Neste ponto estamos diante de um do grande desafio do ensino de história, está além
do acumulo de conteúdo currículos prescrito pelas secretárias de educação e escolas de
maneira geral, conteúdos estes voltados para ter a aprovação no final de ano letivo e para
garantir a aprovação no ENEM e vestibulares e garantir o acesso na universidade.

Nosso maior desafio é a construção da consciência histórica de nossos alunos, que ao


longo de nossa prática docente, possa ser construir um processo de aprendizagem da história
em que se tenham uma compreensão de seu mundo e do tempo na relação passado, presente e
futuro, compreendendo os fatos história dentro de um processo da analise metodologicamente
construída pelo historiador numa narrativa histórica.

Algumas afirmações são possíveis aos livros didáticos. Inicialmente como principal
instrumento tecnológico utilizado pelo professor em sala de aula. O livro ocupa um lugar
central como instrumento para o professor, pois para muitos é o único texto básico, a
referência de sua aula, a orientação metodológica, o guia de estudo, para a referência para a
construção do currículo anual escolar do ensino básico. Estas características não somente se
aplicando aos alunos, mas principalmente aos professores da educação básica, pois mesmo
com formação acadêmica, os professores não dominam todos os conteúdos curriculares e o
livro se acaba sendo seu material de pesquisa e estudos.

“O livro didático é quase que o único material de apoio que o professor encontrar à sua
disposição e, por isso, apoia nela a parte central de seu trabalho” (CAVALCANTI. 2016 p.
275). Neste sentido o livro didático tem sido o instrumento mais utilizado pelo professor em
sua prática docente em sala de aula e praticamente o único material que tem orientado seu
planejamento escolar para o ensino de conteúdos e construção de plano de ensino e de leitura
acessível aos saberes histórico.

Em relação aos alunos “O livro didático também é o único livro a que uma larga
parcela de estudantes no Brasil – e até de professores – tem acesso e manuseia”
(CAVALCANTI. 2016 p. 275). Aqui o livro didático tem sido o único texto básico e acessível
a maioria de nossos alunos. A experiência de ter contato com um texto escrito sobre os
conteúdos escolares é praticamente restrita ao livro didático, isto se explica com a ausência de
bibliotecas publicas até no próprio ambiente doméstico familiar o livro é ainda algo muito
distante da vivência de muitos de nossos alunos.

Daí fica evidente a importância do livro didático, que como único material escolar
disponível, possibilita um mínimo de uma educação escolar com uma aprendizagem dos
conteúdos mais significativos para os alunos, dentro de suas perspectivas de vida e futuro
profissional. Como também na construção de sua consciência histórica na aprendizagem dos
conteúdos disciplinares do currículo de História e na dimensão de sua formação cidadã para
seu processo de vivência e convivência em sociedade.
Depois de comentar sobre toda a importância e do papel de livro didático no processo
de ensino aprendizagem dos alunos, chegamos a questão sobre quando o tema da religião é
tratado, quando e como é tratado este tema no livro?

Nosso país é considerado um país Cristão, por toda a sua História da colonização, no
período da Monarquia a Igreja Católica teve uma influência significativa na construção do
Estado por conta do Regime do Padroado e com a República e a construção do Estado Laico e
Igreja não perdeu completamente sua influência sobre a sociedade Brasileira. Mas enquanto
ao Cristianismo Protestante quando é que ele aparece no Livro Didático? Como é narrado no
livro didático? Qual o relata sobre o Protestantismo na História do Brasil?

Sobre o Protestantismo analisamos uma coleção didática de História, foi a escolhida


pela maioria dos professores no ultimo PNLD, Olhares da História: Brasil e o mundo de
Claudio Vicentino e Bruni Vicentino.

Nesta coleção, Olhares da História: Brasil e o mundo de Claudio Vicentino e Bruni


Vicentino, o tema do Cristianismo começa a ser tratado no capítulo sobre a Roma Antiga, da
seguinte forma:

Paralelamente, cresceu meio à população cativa a adesão ao Cristianismo, uma


nova crença que surgira durante o governo de Otávio. Para os escravos, o caráter
ético do espiritualismo cristão era consolador e carregado de esperança para os
bons cristãos, uma vida melhor após a morte (no paraíso); para os maus, o castigo
no inferno. Assim, o Cristianismo oferecia aos escravos uma alternativa de
Salvação, ainda que após a morte. (VICENTINO. 2016. p.170).

Em seguida colocar:

A nova religião passou a ter um caráter subversivo para a estrutura política romana,
pois era universal contrária à violência e rejeitava a divindade do imperador. Em
número crescente, pessoas livres também se convertiam ao Cristianismo.
(VICENTINO. 2016. p.170).

O silênciamento aqui está evidente, no que se refere a origem do Cristianismo, a


influência judaica, sua expansão por todos o Oriente e o Ocidente, a formação da Igreja em
Roma e a forma como o Cristianismo abalou as estruturas do Império Romano QUAL
SILENCIAMENTO EVIDENTE? ONDE? VC QUERIA UM CAPITULO SOBRE A
HISTRIA DO CRISTIANISMO Q VC MESMO DISSE Q É MUITO COMPLEXO?. Um
processo de trezentos anos resumido em parágrafos e complementado em um boxe de texto
com os Editos Imperiais sobre a Liberdade de culto, Edito de Milão por Constantino de 315
D.C., e o de oficialização do Cristianismo como religião oficial do estado romano, o Edito de
Tessalônica em 395 D.C.

Em seguida continuamos a analise do livro e vimos que durante toda a narrativa sobre
a Idade média o Cristianismo aparece no capítulo sobre o Império Bizantino como somente
uma religiosidade oriental e suas diferenças com o Cristianismo Ocidental, como as formas de
interpretação da Bíblia, o movimento iconoclasta e o cisma do oriente, que é a separação da
Igreja Católica da Igreja Ortodoxa. (VICENTINO, 2016.p.189).

Ainda no período da Idade Média O Cristianismo reaparecerá no Capítulo sobre os


reinos Francos, num relato que fala muito mais sobre a formação políticos dos reinos
bárbaros, na construção de poder dos monarcas onde a prática religiosa é usada para fins de
poder políticos. Neste relato fala-se de Papas, mas não fala da Igreja, o poder que ela tem na
sociedade e nem como a mesma se estruturava. Na sequência do relato do livro temos o tema
das Cruzadas, que é apresentada de modo muito resumida, sem das mínimas condições de
compreensão de todas as dimensões deste movimento bélico da Igreja e por fim comentar
sobre a predominância da Igreja Cristã neste período, no se refere ao poder espiritual, que era
também material e toda a sua influência na Europa Medieval. (VICENTINO, 2016. p.212,
215, 226).

Nesta breve analise do livro do primeiro volume do ensino médio, nos deparamos com
uma narrativa sobre o Cristianismo muito descontextualizado, com uma história fragmentada,
cujo tema a expresso pulverizado nos vários assuntos do livro didático, VC QUERIA UM
BLOCO UNIFORME SÓ PARA IGREJA? desta forma esta história contada contribui para a
formação de mito e estereótipos sobre a religião e sua influência na sociedade.

No volume II desta mesma coleção, que é o livro do segundo ano, temos o capítulo
clássico sobre a Reforma Protestante e a Contra Reforma Católica, que em praticamente todas
as coleções de História do ensino básico tem seu relato garantido, com o título O Cristianismo
em transformação, faz uma narrativa resumida deste evento das páginas 67 à 76,ou seja 11
páginas, não vamos discutir sobre a reforma aqui, por que não objetivo deste texto. Além,
disto continua o silênciamento do Cristianismo, fala-se dos jesuítas na colonização Ibérica da
América, depois de salto história, voltar à fala do regime do padrado no Brasil Imperial.

No volume III, correspondente ao terceiro ano, temos o maior silênciamento da prática


religiosa, especialmente Cristã. Nos capítulos sobre a História Europeia temos uma menção a
Igreja Católica quando fala sobre o Tratado de Latrão, na construção do fascismo na Itália,
mas é um relato muito mais centrado na conjuntura política do que do protagonismo da
igreja?¿?¿?¿?¿?¿?¿?¿?¿. Em relação a História do Brasil, o livro vai mencionar prática de um
catolicismo popular no período da república Oligárquica, nas narrativas sobre a Guerra de
Canudos, o fenômeno do Padre Cicero e outros movimentos deste período é mencionado uma
religiosidade comunitária e popular que da margem para radicalismo destes eventos de
rebeldia.

Este volume é voltado a História do século XX, tanto da História considerada geral,
como a do Brasil. Aqui temos o grande silênciamento do protagonismo do Cristianismo na
História. No caso da História do Brasil, temos grandes mudanças da relação da sociedade
brasileira. Aqui temos as Igrejas consideradas Históricas. a chegada do Pentecostalismo, o
surgimento do Deutopentecostalismo na década de 50, e o surgimento do Neopentecostalismo
a partir de década de 80. Com estas novas denominações cristãs, temos grandes mudanças na
Cristianismo praticado no Brasil e grandes transformação da sociedade brasileira com a
relação com o sagrado, como também o protagonismo destes grupos com a prática política.
(MONTES, 1998; MARIANO, 1999). NÃO ENTENDI

Conclusão

O fenômeno religioso e a prática de adoração ao sagrado é algo que acompanha o


homem desde as comunidades primitivas e continua bem presente na atualidade. E em relação
conceituação da religião e do fenômeno religioso protestante, o livro didático do ensino
médio, aqui analisada brevemente demonstra uma narrativa fragmentada e
descontextualizada. Nesta coleção o tema da religião é tratado muito descontextualizado, ou
seja, quando fala da Igreja, não é especificado qual a Igreja ou a sua denominação, quando
fala da religião não conceitua a religião e nem sua matriz cultural.

Esta abordagem da condição de liberdade para que cada credo religioso faça sua
educação religiosa, que em determinadas situações se faça a sua doutrinação desvinculada de
uma mínima formação religiosa de respeito e convivência mutua entre os mais variadas
experiência fé e relação com a sagrado, como consequência, temos o desenvolvimento de um
fanatismo religioso e o desrespeito às outras experiências religiosas. MAS ISSO VAI
ACONTECER INDEPENDENTE DE LIVRO OU DE ESCOLA. VC MESMO FALOU EM
FANATICOS FECHADOS AO DIALOGO
Não se pode negar a importância da revolução protestante e do processo histórico que
ela construiu, não somente na reforma que ocorreu a 500 anos, mas na atual conjuntura
contemporânea na medida em que tem um protagonismo das pessoas tidas como evangélicos
ou protestantes, este indivíduos tem um participação social muito intensa, desde da vida
cotidiana em suas múltiplas dimensões da vida, como também a sua atuação politica,
chegando ao cume de temos hoje uma bancada evangélica, temos ministros de estado e a
grande interferência na eleição presidencial do pais, deste modo não se pode negar a urgência
deste estudo deste fenômeno, que tem presente tanto no Brasil, como também no mundo,

Em relação ao livro didático, que é ferramenta imprescindível pata uma educação


histórica de nossos jovens, como também o manual é instrumento de informação de muitos
professores. Neste manual didático, depois do capítulo sobre a reforma protestante, tem um
esquecimento do protestantismo, praticamente não se fala mais sobre protestantes, evangélico
e principalmente no século XX, onde temos o grande crescimento e protagonismo deste grupo
religioso.

Aqui temos a questão da identidade religiosa, o aluno que chegar a escola tem uma
identidade religiosa, construída em casa ou na comunidade religiosa na qual é formado,
quando começa o processo de escolarização escolar ele recebe informações diferentes ou
muitas divergentes da qual foi formação, neste momento começa conflitos ou uma
contradição entre o que ele traz de casa e o que recebe na escola. E UM LIVRO DIDATICO
ANULARIA ISSO?

As pessoas, e, nosso caso, nossos alunos não somente tem curiosidade, mas muito
mais importante precisam compreender o que é a religião e a religiosidade. Assim lhe
possibilite construir o mínimo de relação com a sagado, como também saber que cada povo
ao longo de sua história desenvolve sua própria experiência com o sagrado e sua experiência
de religiosidade em particular.

Todo este silênciamento tem as suas consequências para a educação Histórica e


cultural dos nossos alunos. Como também um processo de desinformação da sociedade em
relação a sua cultura religiosa e as múltiplas demissões desta prática religiosa que não fica
restrita aos seus lugares de adoração, mas são visíveis em no cotidiano escolar, profissional e
político do Brasil contemporâneo, com o grande crescimento do numero de evangélicos.

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