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EAPOIO AO ACOLHI
MEN
O
D TO
AS E FLUXOS SOB
S , RO TIN
TA Ç Õ E DADE
O R I E N BILI
LN ERA
C O / VU
D O RIS
A Ó TIC A
Prefeitura do Município de São Paulo
Marta Suplicy
Prefeita do Município de São Paulo
Fábio Mesquita
Coordenador de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada
Organização
3
Para a melhoria da qualidade da assistência à saúde no
município devemos criar novos instrumentos e tecnologias
que apóiem o processo de organização dos serviços volta-
dos para necessidade da população e não exclusivamente
para a oferta.
Pensar a necessidade é lembrar os princípios do SUS,
é pensar a Integralidade de modo a conhecer a realidade,
identificando prioridades e tendo como base o perfil epi-
demiológico do território e a otimização dos recursos exis-
tentes nos e entre os serviços. É a busca da Universalidade
se traduzindo na organização dos serviços de modo que se
garanta o acesso não só para aqueles que procuram, mas
também para aqueles que mais precisam.
Para isso é preciso utilizar como ferramentas de trabalho
a Equidade e o Acolhimento. O Acolhimento não como
um ato individual mas coletivo, uma estratégia que visa a
ampliação do acesso com abordagem de risco e vulnera-
bilidade, um diálogo construído dentro do serviço com os
profissionais de saúde e com a comunidade fortalecendo
o Conselho Gestor,
Este “1º Caderno de apoio ao Acolhimento : Orientações,
Rotinas e Fluxos sob a ótica de risco e vulnerabilidade”
foi elaborado para apoiar os profissionais de saúde no
atendimento a demanda espontânea nos serviços. É apenas
o primeiro e esperamos que a partir dele, num processo
intenso de discussão, possamos aprimorar o seu conteúdo
contribuindo cada vez mais para a atuação cotidiana dos
profissionais de saúde.
5
Coordenação:
Equipe:
6
Apresentação
No processo de implementação do Sistema Contém sugestões de fluxogramas assistenciais, ro-
Único de Saúde deparamo-nos com os desafios de tinas e orientações para as queixas e problemas mais
construção de um modelo de atenção que consiga freqüentes que surgem no atendimento à demanda
responder às necessidades de saúde da população, espontânea nas unidades de saúde, de acordo com
garantindo o acesso universal aos serviços e a oferta os ciclos de vida e temas transversais.
de uma atenção integral de boa qualidade e resoluti- O caderno busca destacar as dimensões biológicas,
vidade. subjetivas e sociais no processo saúde-doença, que
Nesse sentido, torna-se de fundamental importância devem ser consideradas na identificação de risco e
a reformulação das práticas de saúde e dos processos vulnerabilidade para a priorização da atenção bem
de trabalho que historicamente constituíram-se em como ações e orientações de prevenção e diagnóstico
um modelo hegemônico dissonantes aos princípios precoce que devem ser oportunizadas pelos pro-
de Universalidade, Integralidade e Equidade do fissionais de saúde no momento do Acolhimento.
SUS. Na Atenção Básica, constata-se processos de Trata-se de um material que deve ser utilizado com
trabalho centrados na oferta de consultas médicas, criatividade, em conjunto com os diversos materiais
com a subutilização da capacidade de assistência dos já publicados pelo Ministério da Saúde, Secretaria
demais profissionais que resultam em dificuldades Estadual e Municipal de Saúde, que orientam e
de parte significativa da população em ser atendida normatizam a atenção aos diferentes ciclos de vida
nas suas intercorrências e problemas de saúde. As e a vigilância à saúde.
regras para a oferta de atenção, encontram-se, em O Acolhimento é fazer e para fazer tem que
geral, distanciadas da necessidade do usuário, que saber. Os profissionais de saúde são os principais
tem o acesso ao atendimento determinado pela protagonistas das ações do acolhimento porque
ordem de chegada, sem uma priorização por risco/ são eles quem recebem o usuário, tem domínio
vulnerabilidade. sobre a produção do cuidado e tomam as decisões.
O Acolhimento surge como uma estratégia para Qualificar a escuta e a capacidade resolutiva destes
promover mudanças na organização do processo de profissionais na atenção ao usuário é um processo
trabalho visando ampliar o acesso à assistência integral. constante e permanente de apropriação e troca de
Propõe uma recepção técnica com escuta qualificada saberes. É imprescindível a existência de espaços
por profissionais da equipe de saúde, para atender nos serviços de saúde para a discussão coletiva de
a demanda espontânea que chega aos serviços, com casos, do processo de trabalho e na adequação das
o objetivo de identificar risco/vulnerabilidade no normas, protocolos e orientações à realidade local,
adoecer e, dessa forma, orientar, priorizar e decidir para o desenvolvimento de seus próprios fluxogramas
sobre os encaminhamentos necessários para a reso- e normas de atendimento.
lução do problema do usuário. Visa potencializar Pretende-se que o material apresentado na edição
o conhecimento técnico e agregar resolutividade deste primeiro caderno sirva de referencial para que
na intervenção dos diversos profissionais de saúde, as equipes de saúde, de acordo com os recursos e
promovendo o vínculo e a responsabilização clínica a realidade local, possam romper com um modelo
e sanitária com os usuários. baseado na oferta e formulem propostas que transfor-
A elaboração deste caderno foi um grande de- mem o cotidiano na construção de um modelo que
safio. A articulação dos diferentes saberes das áreas tenha como eixo o usuário e suas necessidades.
temáticas de SMS, através do Acolhimento, projeto
prioritário da Secretaria Municipal de Saúde de São
Paulo, proporcionou mais um instrumento para
contribuir na melhoria da qualidade da atenção à
saúde. Fundamenta-se na necessidade de fornecer Equipe do Projeto Prioritário Acolhimento
subsídios e apoiar as decisões e ações dos profissionais Secretaria Municipal de Saúde
que realizam o Acolhimento na rede de serviços. São Paulo – 2004
7
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO
Área de abrangência
Sim Não
Consultas de rotina:
médico; enfermagem; Orientação
Matrícula
dentista e outros. Encaminhamento
Agendamento
Grupos educativos seguro com
Visitas domiciliares responsabilização
Vigilância
8
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DA CRIANÇA
Elaboração:
Ana Cecília Silveira Lins Sucupira
Ana Maria Bara Bresolin
Eunice E. Kishinami Oliveira Pedro
Patrícia Pereira de Salve
Sandra Maria Callioli Zuccolotto
Colaboração:
Henriqueta Aparecida Norcia
Nilza Maria Piassi Bertelli
Márcia Freitas
Maria Elisabete J.Raposo Righi
Tânia Jogbi
Naira Regina dos Reis Fazenda
Maria Laura Deorsola
11
SITUAÇÕES DE RISCO grau de vulnerabilidade. Assim, propõe-se até os 2
anos de idade a denominação de criança de baixo
O ciclo da criança compreende um período risco, em vez do termo “criança normal” e crian-
da vida do ser humano onde incidem diferentes ça de alto risco, para aquela que apresenta maior
riscos de adoecer e morrer, conforme o momento vulnerabilidade diante das situações e dos fatores
do processo de crescimento e desenvolvimento e a de risco, como, por exemplo, as que nascem com
inserção social da criança. menos de 2.500 g.
12
bilite o cuidado da criança Em todo atendimento à criança, seja programático
ou eventual, é fundamental observar e avaliar:
• Mãe dependente de álcool e/ou drogas
13
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO PARA
PUERICULTURA
(MENOR DE 2 ANOS DE IDADE)
Identificar risco:*
ao nascimento ou
adquirido
Identificar
Identificar queixas
queixas
Seguir fluxo da
queixa específica
Orientar vacinação
Aleitamento Consulta de Consulta
materno Enfermagem1 médica
Verificar ganho de
peso
Cuidados gerais
*
Ver critérios de risco
1
Ver protocolo de Enfermagem: Atenção à Saúde da Criança
14
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS AGUDOS
CRIANÇA MENOR DE 2 MESES DE IDADE
Apresenta
qualquer sinal
geral de perigo? Sinal geral de perigo
• Não consegue beber líquidos ou mamar no
peito ?
• Vomita tudo que ingere ?
• Teve convulsões nas últimas 72 h ?
• Está sonolenta ou com dificuldade para
despertar ?
Não Sim
Apresenta FR
ou tiragem subcostal
Febre ou hipotermia
(T menor ou igual
a 35,5 °C
Não Sim
Consulta de
Enfermagem Consulta
médica
15
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS AGUDOS
CRIANÇA MAIOR DE 2 MESES DE IDADE
Apresenta FR ou
tiragem subcostal ?
Não Sim
Não Sim
Febre menos ou
Tem dor ou Febre mais
igual a 5 dias
secreção no de 5 dias
ouvido ? ou tosse
há mais de 15
dias ? Tem dor ou
secreção no ouvido ?
Não Sim ou tosse mais de 15
Consulta médica
dias ?
Não Sim
1
Atendimento de Aux. Enf. ou enfermeira (o)
enfermagem1 Consulta de - Orientações Gerais
2
Enfermagem2 Protocolo de Enfermagem atenção à
Saúde da Criança
16
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE PROBLEMAS CHIADO NO PEITO
Não Sim
Consulta médica
Tem febre?
Não Sim
FR
ou com FR normal e
tiragem sem tiragem
subcostal Consulta médica
Consulta de
Consulta de Enfermagem
Enfermagem
Não melhorou: FR
ou mantém tiragem
Inalação com beta2
conforme receita
anterior
Melhorado: FR
normal e sem Domicílio
tiragem
17
ASPECTOS IMPORTANTES NO
ATENDIMENTO À CRIANÇA ORIENTAÇÕES
COM QUEIXAS RESPIRATÓRIAS
AGUDAS • Tranqüilizar a mãe / família; orientar banho
morno; aumentar a oferta de líquidos e utilizar
1. Identificar a idade (menor ou maior de 2 vestimentas leves.
meses) e seguir o fluxo indicado. • O uso de antitérmicos pode ser recomendado
quando a temperatura for maior de 37,8º C
2. Identificar se a criança apresenta algum sinal Paracetamol: 1 gota / Kg de peso / dose até 4
geral de perigo e seguir o fluxo indicado. x /dia (intervalo mínimo de 4 horas entre as
doses)
3. Se não houver sinal geral de perigo, Dipirona: meia gota / Kg de peso / dose até 4 x
perguntar: / dia, intervalo de 6 horas
(dose máxima por dia: 60 gotas até 6 anos, 120
Há quantos dias tem as queixas? gotas de 6 a 12 anos e 160 gotas para maiores
Tem febre ? Há quantos dias? Medida ou não ? de 12 anos)
Quando não tem febre, a criança brinca e aceita • Procurar a Unidade caso apareça qualquer
a alimentação ? sinal de alerta.
Tem dor de ouvido ?
Tem cansaço ou dificuldade para respirar?
Tem chiado no peito ? 6. DOR DE OUVIDO
Deve ser atendida pelo médico
• Se sim, há quantos dias: < 5 dias, criança em • Se for o primeiro episódio de chiado no peito
bom estado geral, com tendência à melhora - – deve ser atendida pelo médico
possivelmente sem gravidade • Se houver episódios repetidos de chiado no
• Se febre há 5 dias ou mais, criança deve ser peito (sibilância), deve ser avaliada em consulta
vista pelo médico de enfermagem
17a
9. DIFICULDADE PARA RESPIRAR e verificar a presença de tiragem sub-costal
– CANSAÇO NO PEITO • Se FR e / ou tiragem subcostal deve ser
atendida pela enfermeira ou médico
• Contar a freqüência respiratória em 1 minuto
• Decúbito elevado
• Dieta fracionada * Para as crianças com Sinais de Perigo, o
• Aumentar a oferta de água, suco de frutas profissional (médico ou enfermeiro) deverá
ou chás para fluidificar a secreção e facilitar sua providenciar as condições para que a criança seja
remoção atendida imediatamente no hospital .
• Lavagem nasal com soro fisiológico
• Nebulização / Inalação Estabelecer contato telefônico com o profissional
da referência e enviar a Ficha de Referência
NÃO DAR XAROPE OU ANTIBIÓTICO explicitando o motivo do encaminhamento.
ORIENTAR SINAIS DE PERIGO E O
RETORNO, CASO NÃO MELHORE APÓS
3 DIAS
17b
FLUXOGRAMA DE
ATENDIMENTO DA DIARRÉIA
Não Sim
Tem sangue
nas fezes ?
Menor de 2 Maior ou igual
meses de idade a 2 meses
Não Sim
Consulta médica
Verificar estado
de hidratação Consulta de Consulta médica
Enfermagem
Sem
desidratação
Desidratação
grave
Desidratação
Atendimento de
enfermagem1
Consulta médica
Plano A Consulta de
Enfermagem
Plano B
18
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO
DE HIDRATAÇÃO
SINAIS DE PERIGO
19
ASPECTOS IMPORTANTES NA 4. Indicações para encaminhamento para hospital
AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM DIARRÉIA
ENCAMINHAR PARA O
1. Criança abaixo de dois meses deve sempre ser HOSPITAL QUANDO:
avaliada pelo médico.
• A criança não ganhar ou perder peso, após
2. Quando não houver tempo suficiente para as primeiras 2 horas de TRO
acompanhar a TRO na unidade, pode-se • Houver alterações do estado de consciência
iniciar a TRO e terminar a hidratação em casa, (comatosa, letárgica)
exceto nos seguintes casos: • Vômitos persistentes (no mínimo 4 vezes
em 1 hora)
Fatores de risco individual • Íleo paralítico (distensão abdominal)
- Criança menor de 2 meses
- Crianças menores de 1 ano com baixo peso ao 5. Não se recomenda o uso de antiemético,
nascer porque a criança fica sonolenta, o que dificulta a
- Crianças com desnutrição moderada ou grave aceitação do soro oral.
20
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE CONJUNTIVITE
Queixa de
secreção ocular
Consulta de Consulta
Enfermagem médica
Orientações Gerais
21
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
FALTA DE APETITE
Apresenta falta de
apetite há menos
de 1 semana
Não Sim
Apresenta
outras queixas associadas?
Orientações gerais
Seguir fluxo
das queixas Consulta médica
específicas
Orientações Gerais:
22
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
DOR ABDOMINAL
DOR ABDOMINAL
É o primeiro
episódio ?
Não Sim
Não Sim
Não Sim
Atendimento de
enfermagem
Consulta médica
Consulta de
Enfermagem
Agendar consulta
médica
23
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE CEFALÉIA
CEFALÉIA
É o primeiro
episódio ?
Não Sim
Agendar consulta
médica
24
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE DOR EM MEMBROS
DOR EM
MEMBROS
É o primeiro
episódio ?
Não Sim
Início há menos de 7
Interfere dias e febre,
nas atividades (falta à ou dificuldade para
escola, deixa de brincar, andar, Queda no
fica pálida) Estado geral
Agendar consulta
médica
25
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
QUEIXA DE FALTA DE GANHO DE PESO
FALTA DE GANHO
DE PESO
Verificar duração
da queixa
Orientações gerais
Orientação alimentar
Consulta de
Seguir fluxo específico
Enfermagem
Bom Estado
Queda no
geral
Estado geral
Agendar consulta de
enfermagem (rotina) Consulta médica
Orientações Gerais:
26
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE VÔMITOS
VÔMITOS
Vomita tudo o
que ingere ?
Não Sim
Tem tosse ou
Consulta médica
diarréia ou chiado
no peito ou febre ?
Não Sim
27
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
REGURGITAÇÕES
Eliminação de alimentos sem náuseas ou esforço abdominal
(Crianças menores de 12 meses)
REGURGITAÇÕES
Consulta de
Orientações Gerais
Enfermagem
Orientações alimentares
Orientações posturais
Identificar outras
queixas
Agendar consulta
rotina
Não Sim
Orientações
Consulta médica
Agendar consulta
de enfermagem
28
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
FEBRE REFERIDA MENOR DE 3 ANOS
FEBRE
Verificar
idade
Não Sim
29
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
FEBRE REFERIDA MAIOR DE 3 ANOS
FEBRE
Apresenta sinal geral de perigo
- Não consegue mamar nem ingerir
líquidos ?
- Vomita tudo que ingere ?
Apresenta qualquer
- Apresentou convulsões nas últimas 72 h ?
sinal geral de perigo
- Está sonolenta e com dificuldade para
despertar ?
Se todas as respostas
Se qualquer resposta
forem negativas
for positiva
Tem outra
queixa ?
Consulta médica
Não Sim
Consulta de
Enfermagem Consulta médica
Identificado foco
infeccioso?
Não Sim
Cuidados de Enfermagem
Retorno em 24 horas Consulta médica
30
Orientações gerais para febre
Febre:
- É definida como temperatura do corpo acima da média normal, associada ou não a tremores, calafrios,
rubor de pele, aumento da freqüência respiratória e cardíaca. Adotamos, aqui, a T axilar maior ou igual a
37,5ºC.
Hipotermia:
- É definida como temperatura corporal abaixo de 35,5º C, pele fria, palidez, calafrios, perfusão capilar
diminuída, taquicardia, leito ungueal cianótico.
Calafrios:
- Sensação de frio, contrações musculares quando a temperatura corporal cai abaixo do normal ou na
fase de calafrios da febre.
Orientações
31
GRISI, S. & ESCOBAR, AM. – Prática
Pediátrica. Rio de Janeiro, Atheneu, 2001.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
32
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DO ADOLESCENTE
35
A atenção à saúde do adolescente e do jovem
tem sido um importante desafio para a organiza-
ção dos serviços de saúde e para a sociedade. Nas
últimas décadas , a necessidade do estabelecimento
de políticas para a adolescência tem –se destacado ,
considerando o grande continente populacional que
estes grupos representam e também a importância do
desenvolvimento integral de suas potencialidades
O Plano de Ação da Conferência Mundial de
População e Desenvolvimento , realizada no Cairo,
em1994,introduziu o conceito de direitos sexuais e
reprodutivos e destacou os adolescentes como indi-
víduos a serem priorizados pelas Políticas Públicas
de Saúde. A IV Conferência Internacional sobre a
DE ADOLESCENTES NAS UNIDADES
36
polêmicas. Também mostra uma continuidade inte- e de prevenção de doenças. Estas ações podem se dar
grada entre os diversos programas já desenvolvidos nas unidades de saúde ou em articulações com outros
pela Secretaria Municipal de Saúde. setores, principalmente a escola, local privilegiado de
Este fluxo para acolhimento do adolescente e inserção dessa população. Estas intervenções devem
do jovem na Unidade Básica de Saúde, tem dentre combinar aspectos inovadores e estimuladores com a
seus objetivos o de implementar os princípios do criação de espaços de inclusão – tais como grupos de
SUS como o de Humanização do Atendimento, atendimento -, favorecendo processos de identificação
universalidade do acesso com equidade. e sensibilização para suas demandas.
Vale ainda ressaltar que a demanda trazida pelo Ressalta-se ainda, a questão do início da atividade
Adolescente é quase sempre reticente e, muitas ve- sexual nesta fase da vida. O profissional de saúde tem
zes, camuflada na forma de “uma dor aqui ou ali um papel importante como facilitador de espaços
sem maior importância” até que o adolescente sinta de educação sexual e prevenção das DST/AIDS,
- se seguro para expressar o real motivo que o leva além da orientação sobre a gravidez e o aborto.
a pedir ajuda.Nesse sentido é importante Criar um Também é papel da equipe de saúde a orientação
ambiente preservado e que assegure o sigilo l, visto sobre métodos contraceptivos e a disponibilização
que os relatos de experiência de alguns profissionais destes métodos, alertando sempre os adolescentes de
referem – se aos “sumiços” desses pacientes após ambos os sexos da necessidade da dupla proteção e
um primeiro contato . Esse sigilo deve ser mantido do uso responsável destes recursos (por exemplo, o
mesmo perante seus familiares, desde que não se uso criterioso da pílula do dia seguinte).
incorra em riscos à vida dos adolescentes. Pais ou Cabe,ainda, apontar que a Sociedade de Pediatria
responsáveis só poderão ser informados sobre o con- de São Paulo recomenda como campo de atuação
teúdo das consultas com o expresso consentimento do pediatra a faixa compreendida entre 0 e 20 anos
dos adolescentes. A ausência de pais ou responsá- incompletos - referendada pela Sociedade Brasileira
veis não deve impedir o atendimento médico aos de Pediatria e pela Federação Brasileira das Sociedades
adolescentes – embora o envolvimento da família de Ginecologia e Obstetrícia.
deva ser estimulado pelos profissionais de saúde -, Outro aspecto a ser ressaltado nesta introdução,
seja nas consultas iniciais ou nas de retorno, sendo diz respeito à importância das ações e estratégias mul-
que em todas as situações em que se caracterizar a tiprofissionais. As ações articuladas e desenvolvidas
necessidade da quebra do sigilo , os adolescentes pela equipe resultam em intervenções mais eficazes.
devem ser informados, tanto das condutas quanto Finalmente, as vulnerabilidades para as quais os
de suas justificativas. profissionais de saúde devem estar atentos quando aten-
Este primeiro contato, então, deverá exigir do pro- dem adolescentes e que podem estar presentes entre as
fissional uma escuta sensível para reconhecer o que queixas subliminares, numa abordagem inicial, são:
está por trás do verbalizado nos primeiros minutos.
Em se conquistando a confiança inicial (ela passará • dificuldades nas relações familiares (separações,
por algumas fases e vários encontros posteriores bem falta de diálogo, conflitos entre pais e filhos, alco-
sucedidos para que se estabeleça de fato), cabe pensar olismo de um ou ambos os pais, incesto/abuso,
quem é este sujeito que pede cuidado. transtorno mental, etc.);
Lembrando ainda que o adolescente, embora chegue • relação com a escola (evasão escolar, repetên-
pouco aos serviços de saúde porque adoece pouco, cia, dificuldade de criação de vínculos, atos de
requer atenção através de ações de promoção à saúde violência, agressividade, etc.);
37
• uso de álcool e drogas lícitas e/ou ilícitas;
• início da vida sexual (verificar os cuidados
com o próprio corpo e com o do outro, uso de
proteção/preservativo);
• DST/AIDS;
• gravidez (especialmente antes dos 16 anos,
probabilidade de abuso sexual);
• aborto e suas conseqüências (físicas e psicoló-
gicas);
• exclusão social (atingindo especialmente as
populações periféricas e levando a inserção no
tráfico de drogas, com risco, entre outros, de
morte precoce por homicídio);
• tentativas/risco de suicídio;
• acidentes de trânsito e outras situações de
violência (como agentes e vítimas);
• violência doméstica e sexual (ver texto e fluxo
em violência, neste manual).
38
FLUXOGRAMA DE ATRASO MENSTRUAL
ATRASO MENSTRUAL*
Recepção Técnica
Atraso
menstrual há mais de 15 dias
Consulta de
Enfermagem
Verificar Vida
Sexual Ativa
Não Sim
Menarca há menos
Pregnosticon
de dois anos
Orientações em saúde
sexual e reprodutiva
Identificar
negativo positivo
vulnerabilidades
Solicitar exames de
rotina do pré-natal
Agendar consulta de
acompanhamento
Agendar Consulta
de pré-natal
39
FLUXOGRAMA DE CORRIMENTO
VAGINAL
CORRIMENTO VAGINAL
ESTADO GERAL
COMPROMETIDO*
FEBRE DOR NO BAIXO VENTRE
Não Sim
Prurido Vaginal
Consulta Médica
Não Sim
Seguir fluxograma de
tratamento sindrômico
40
FLUXOGRAMA DE VÔMITO
VÔMITOS
RECEPÇÃO TÉCNICA
NÃO SIM
NÃO SIM
AGENDAR
CONSULTA DE
CONSULTA MÉDICA
ENFERMAGEM
41
FLUXOGRAMA DE DOR DE CABEÇA
RECEPÇÃO TÉCNICA
PRIMEIRO EPISÓDIO
NÃO SIM
NÃO SIM
INTERFERE NAS
ATIVIDADES CONSULTA MÉDICA
3 OU MAIS
EPISÓDIOS EM 3
MESES
NÃO SIM
ORIENTAÇÃO AGENDAR
TERAPIA CONSULTA MÉDICA
CORPORAL
ATIVIDADE FÍSICA
42
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DO ADULTO
Elaboração
45
HIPERTENSÃO ARTERIAL – PRESSÃO ALTA (PA)
46
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE PRESSÃO ALTA (PA)
VERIFICAR PA
Sinais de
Alerta Com diagnóstico de HA em uso de
•dor de cabeça medicação ou que abandonaram a Sem Diagnóstico de HA
•tontura medicação
•vômitos
•dor no peito
•falta de ar
•alteração visual PA Diastolica PA Diastólica PA Diastólica maior
entre 90mmhg- PA< 140X90mmhg
•formigamento menor 90mmhg 110mmhg
110mmhg
Orientações
PA Diastólica
Gerais Consulta
•dieta Orientações Orientações Consulta de Consulta médica
•exercício físico gerais gerais enfermagem médica
•evitar álcool e Não Sim
fumo
Agendar consulta
médica
47
O diabetes mellitus acomete 7,6% da população
brasileira entre 30 e 69 anos, chegando atingir 20%
da população acima de 70 anos. Estima-se que na
cidade de São Paulo 9,7% da população seja portadora
de diabetes mellitus. Aproximadamente 50% da po-
pulação acometida desconhece sua presença, e quase
¼ da população diabética não faz tratamento. É um
importante problema de saúde pública não só pela
sua freqüência, mas também por suas complicações
crônicas que comprometem a qualidade de vida, bem
DIABETES MELLITUS
48
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE DIABETES
Sinais de
Alerta:
Hiperglicemia Sinais e sintomas de Hiper ou Hipoglicemia
•Muita sede
•Muita fome Não
•Urinar muitas vezes Sim
•Distúrbio visual Diagnóstico anterior de diabetes
•Dor de estômago
Com ou sem diagnóstico
Hipoglicemia anterior de diabetes Não Sim
•Tremores
•Fraqueza
•Sudorese fria
Agendar
•Palpitações
consulta médica
•Tontura
•Visão dupla mais fatores de risco
Glicemia capilar
•Palidez
49
A dor de cabeça é um dos sintomas mais comuns
da espécie humana. Praticamente todas as pessoas,
em algum momento da vida já sofreram ou
sofrerão de dor de cabeça. Apesar de freqüente,
ela é mal diagnosticada e tratada. Na maioria
DOR DE CABEÇA – (CEFALÉIA)
50
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE DOR DE CABEÇA
DOR DE CABEÇA
CEFALÉIA
Medir PA e
Temperatur a
Orientações
Gerais:
•Permanecer em BEG
local sem ruído PA normal Atividades diárias
e com pouca Atividades diárias
Sem febre comprometidas
luminosidade comprometidas e PA Distólica
•PA normal
•Verificar Sem náuseas Sem febre
alimentação e ou febre
Sem vômito Diagnostico prévio de
hidratação
enxaqueca
•Acuidade visual
•Uso habitual de
analgésico Atendimento de
enfermagem
Consulta de Consulta médica
enfermagem
Orientações gerais
Agendar consulta
Agendar
consulta médica
51
DOR DE ESTÔMAGO – (DOR NO ABDOME)
52
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE DOR DE ESTÔMAGO
DOR DE ESTÔMAGO
Sinais de Alerta
• história de
sangramento
digestivo
• vômitos ou febre •Sem dor no momento •Com dor no momento ou início há •Inicio há menos de 3 dias
• sudorese fria •BEG mais de 3 dias • queda do estado geral
• palidez •Sem febre •Sinais de alerta presentes
• dor no peito com
irradiação para o
braço esquerdo e
para as costas
Consulta
Atendimento de Consulta de médica
enfermagem enfermagem
Agendar
consulta Consulta
médica médica
53
Lombalgia é toda condição de dor localizada na
região inferior das costas. Quando esta se irradia
para um ou ambos membros inferiores é chamada
de lombociatalgia, e quando tem início na raiz da
coxa, ultrapassando o (s) joelho (s), denomina-
se ciatalgia ou ciática. É uma queixa freqüente
entre os adultos, podendo ser incapacitante em
algumas situações. Várias causas podem levar
LOMBALGIA
54
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE LOMBAGIA
DOR LOMBAR
Sinais de Alerta
• Perda de peso
• Dor noturna
considerável
• Formigamento, •Dor crônica •Sintomatologia constante e Dor de forte intensidade com:
alteração de cor Dor de forte intensidade com:
•Sem limitação de progressiva •Limitação para marcha e/ou
ou temperatura de •Febre
movimentos •Perda de peso formigamento para membro
membro inferior •Dor para urinar
•Sem sinais de alerta •Dor noturna considerável inferior
• Febre •Retenção de urina
•Alteração de cor ou baixa •Náuseas e vômitos
• Dor para urinar temperatura de membro
ou retenção de inferior
urina
• Náuseas e vômito
55
A tosse é um reflexo do aparelho respiratório,
habitualmente conseqüência de um processo
irritativo. Existem basicamente dois tipos de
tosse, a seca, onde não há presença de muco, e
a produtiva, onde a secreção se movimenta e é
eliminada. Muitos fatores podem causar a tosse:
infecção, alergias, asma, fumaça de cigarro, corpo
estranho na garganta, refluxo ácido do estômago,
TOSSE
56
FLUXOGRAMA DE TOSSE
Não Sim
Não Sim
Com febre Sem febre
Atendimento de
Atendimento enfermagem •Coleta de exame
Consulta
médica de de escarro
enfermagem •Orientação como
colher 2º exame em
casa ao acordar *
Orientações
Orientações Gerais
Gerais
Agendar consulta de
enfermagem na semana
Agendar consulta
Domicilio
médica
Agendar consulta
médica
57
1. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial.
Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial;
Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade
Brasileira de Nefrologia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
58
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DA MULHER
Elaboração :
Jael Barbosa de Albuquerque
Carlos Eduardo Vega
Elisabete Aparecida Pinto
Júlio Mayer de Castro Filho
Luis Carlos Pazero
Rute Barreto Ramos
Rute Loreto S.Oliveira
Patrícia Pereira de Salve
Colaboração:
Naira Regina dos Reis Fazenda
Patrícia Luna
61
O grande desafio que o Serviço Público enfrenta
62
na utilização da dupla proteção (evitar a gestação das queixas e promovendo também a reinserção
não programada e DST/AIDS). social da mulher idosa.
No Acolhimento é possível, portanto, detectar Assim, a saúde da mulher envolve desde o acolhi-
situações de violência doméstica e/ou sexual, sendo mento, o cuidado com todos os aspectos que dizem
a Unidade de Saúde o espaço de apoio às mulheres respeito à sua vida; aumenta-se a participação das
que vivenciam essa situação. usuárias na atenção à saúde, possibilitando ainda
que julgue as situações que a ela se apresentam.
Considerando-se a feminização do envelheci-
mento populacional legitima-se a atenção básica Área Temática de Saúde da Mulher tem então, de-
como campo de abordagem da mulher no pro- senvolvido ações nos vários ciclos de vida das mulheres
cesso de envelhecimento, especialmente durante e recomenda que, em todo atendimento à mulher ,
o climatério/menopausa. È de responsabilidade da deverá ser oportunizado: a coleta do Papanicolaou e
unidade de saúde desenvolver um trabalho multi- prevenção do câncer de mama, a inclusão da discussão
disciplinar , incorporando ao atendimento médico da saúde sexual e reprodutiva, o levantamento de
individual ações em grupo que colaborem para o situações de exclusão e de violência sexual e doméstica
entendimento dessa fase de vida, para a resolução tendo em mente as seguintes vulnerabilidades:
63
Considerando como objetivo humanizar o aten- morbidade materna e do recém-nascido, é necessário
dimento prestado às mulheres no ciclo gravídico- na prática a identificação dos fatores de risco na
puerperal e visando a redução da mortalidade e da gestantes:
64
FLUXOGRAMA PARA ATENDIMENTO
DE ATRASO MENSTRUAL
ATRASO MENSTRUAL
Atraso
menstrual com exposição à
risco de gestação*
Realizar teste
Pregnosticon
negativo positivo
Se persistir amenorréia,
Agendar Consulta
solicitar beta HCG
de Enfermagem
negativo
* Se adolescente
Desejo de
observa o Fluxo da
contracepção Desejo de
Atenção à Saúde do
engravidar
Adolescente
não
sim
Grupo de Orientar
Planejamento prevenção de Agendar consulta
Familiar DST/AIDS médica
65
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE SANGRAMENTO VAGINAL
SANGRAMENTO
VAGINAL
• Gestante
• Atraso menstrual com duração
maior que sete dias
• Dor no baixo ventre
• Febre (temp. > 37,8º C)
• Tontura
• Desmaios
• Intensidade do sangramento
(coágulos, troca maior de 5
absorventes por dia)
Não Sim
Agendar
Consulta médica Consulta médica
(dentro de 7 dias)
66
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE DOR AO URINAR
DOR AO URINAR
SINAIS DE ALERTA
• Gestante ou
• Febre (T maior de
37,8ºC),
• Náuseas / vômitos,
• Ardor intenso toda vez
que urina,
• Dor lombar intensa
• Situações de violência*
Não Sim
67
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE CORRIMENTO VAGINAL
CORRIMENTO VAGINAL
SINAIS DE ALERTA
• Ardor intenso toda vez que
urina ou
• Dor no baixo ventre,
• Febre
• Situações de violência*
Não Sim
Consulta médica
Tem prurido Vaginal?
Não Sim
* Em situações de violência referir-se
ao fluxo de atendimento de casos de
violência – rede ambulatorial.
** Ver Protocolo de Enfermagem
– Atenção à Saúde da Mulher
Orientações gerais de
higiene do períneo Consulta de Enfermagem
Investigar
68
FLUXOGRAMA DE DOR / CAROÇO
NA MAMA
DOR / CAROÇO NA
MAMA
SINAIS DE ALERTA
• Tem caroço na mama ou
• Vermelhidão e/ou calor na
mama,
• Mudança no aspecto da pele da
mama,
• Sai líquido do mamilo
• Climatério ou pós-menopausa
• Situações de violência*
Não Sim
Consulta médica
Consulta de Enfermagem
imediata
69
FLUXOGRAMA PARA REALIZAÇÃO
DO EXAME DE PAPANICOLAU
EXAME DE
PAPANICOLAU
70
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO
DE DOR NO BAIXO VENTRE
DOR NO BAIXO
VENTRE
Apresenta qualquer
sinal de alerta ?
SINAIS DE ALERTA
• 1º episódio OU
atraso menstrual,
• febre (Tmaior de 37,8ºC),
• desmaio,
• dor ao urinar,
• náuseas,vômitos,
• corrimento vaginal
• Situações de violência*
Não Sim
71
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DO IDOSO
Helaine Vescio
Marília Anselmo Viana da Silva Berzins
Rosana Diaz Burguez
Sérgio Márcio Pacheco Paschoal
75
ACOLHIMENTO E basta apenas viver mais. Hoje, o grande desafio da
ENVELHECIMENTO gerontologia é investir em esforços que possam dar
mais qualidade de vida aos idosos.
Tudo aquilo que fizermos com cuidado significa
uma força contra a entropia, contra o desgaste, O envelhecimento populacional é um fenômeno
pois prolongamos a vida e melhoramos as que diz respeito a todos, não ficando circunscrito
relações com a realidade. apenas aos cidadãos maiores de 60 anos. Os
Leonardo Boff profissionais de saúde têm uma grande importância
uma vez que são os implementadores e executores
das políticas públicas de saúde para atendimento
Este documento pretende oferecer aos profissionais
deste segmento etário.
da rede de saúde da Secretaria Municipal de Saúde
um instrumento básico e inicial que favoreça a
Ao pensar em saúde e em acolhimento não podemos
reflexão do processo de envelhecimento. A intenção
excluir o conceito de cuidado. Segundo Leonardo
não é esgotar o assunto. Não está contemplado no
Boff, o cuidado significa uma relação amorosa
documento o fluxo de encaminhamento para a
para com a realidade, importa um investimento
Recepção Técnica. Faremos isso posteriormente,
de zelo, desvelo, solicitude, atenção e proteção
contemplando principalmente, as cinco patologias
para com aquilo que tem valor e interesse para
mais prevalentes nos idosos: Hipertensão Arterial,
nós. De tudo o que amamos, também cuidamos
Diabetes Mellitus, Doenças Cardiovasculares,
e vice-versa. Pelo fato de sentirmo-nos envolvidos
Osteoarticulares e Depressão. O presente
e comprometidos com o que cuidamos, cuidado
texto inicialmente considera o processo do
comporta também preocupação e inquietação. O
envelhecimento populacional como uma grande
cuidado e a cura devem andar de mãos dadas, pois
conquista da humanidade; em seguida, apresenta
representam dois momentos simultâneos de um
o conceito do cuidado segundo Leonardo Boff
mesmo processo.
, apresenta alguns dos principais mitos do
envelhecimento presentes na sociedade e por fim Quem é o idoso?
apresenta o capítulo do Estatuto do Idoso que
define os direitos na área da saúde. Segundo a ONU, nos países em desenvolvimento,
idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60
anos. A Política Nacional do Idoso e o Estatuto do
O envelhecimento populacional – aumento Idoso assim também definem cronologicamente
da proporção de idosos na população - é uma a pessoa idosa. Nos países desenvolvidos o recorte
realidade na nossa sociedade. Viver mais e etário é 65 anos. A população idosa do município
conseqüentemente prolongar a vida foi uma das de São Paulo, segundo os dados coletados no Censo
maiores conquistas que a humanidade alcançou IBGE 2000 era de 972.199 pessoas, representando
no século passado. Grandes esforços da ciência 9,32% da população total. Na distribuição por
foram empreendidos para que a espécie humana sexo, 40,5% são homens e 59,5% são mulheres
pudesse superar as baixas expectativas de vida distribuídos nas 31 subprefeituras da cidade. Na
predominantes nos séculos anteriores. Mas, não subprefeitura de Pinheiros, 19% da população é
76
idosa enquanto na Cidade Tiradentes, apenas 3% Isso é falso e encobre o estereótipo da fragilidade
da população tem mais de 60 anos. da velhice e que pretende segregar a uma condição
de inferioridade. É muito comum vermos
A – MITOS DO profissionais tratando os idosos como se fossem
ENVELHECIMENTO
crianças, chamando-os por nomes diminutivos
(vózinha, queridinha, bonitinha, lindinha, etc)
Vamos a seguir, indicar questões a seres
e dirigem-se a eles falando com infantilidade e
desmistificadas – “Mitos do Envelhecimento”
muitas vezes além das palavras, agem tentando
– os quais julgamos ser necessário abordar com o
erguê-los como se fossem deficientes físicos e
propósito para uma melhor assistência ao idoso:
necessitassem de ajuda, mesmo que não precisem.
1. Velhice NÃO é doença Não devemos tratar os idosos como tratamos as
crianças. Devemos tratá-los como sujeitos que
Infelizmente um grande número de pessoas têm suas particularidades e que continuam a
chega no envelhecimento em más condições de necessitar da atenção individual que esta fase da
saúde e com perdas funcionais consideráveis. vida necessita.
Mas esta constatação não nos permite afirmar
que velhice seja sinônimo de doença. A
3. Os idosos NÃO são todos
qualidade de vida de uma pessoa na velhice
iguais.
depende tanto das condições socioeconômicas
e culturais que ela encontrou ao longo de sua O envelhecimento de um individuo é e sempre será
vida quanto na adoção de hábitos saudáveis. diferente do envelhecimento do outro. Cada sujeito
Envelhecemos conforme vivemos. tem a sua própria velhice e, conseqüentemente, as
Envelhecer é um processo do sujeito que velhices são incontáveis. As mudanças biológicas
vive o seu próprio tempo de forma particular ocorrem em todos os seres humanos, porém, as
e peculiar. O grande desafio das políticas mudanças não se processam de forma igual. Cada
públicas de saúde dos idosos é manter ao um de nós possui o seu ritmo próprio de mudança.
máximo a capacidade funcional através da Nem todos os idosos são surdos, cegos, ranzinzas,
adoção de programas de promoção e proteção implicantes, sábios, amáveis, ou quaisquer outros
da saúde e prevenção das doenças, evitando a adjetivos e designações que pretendemos dar.
fase de dependência. É cada vez mais freqüente Assim como as crianças, adolescentes, jovens
encontrarmos idosos com idade avançada sem e adultos têm suas particularidades, os idosos
incapacidades. As pesquisas indicam que 82% também as têm. Não podemos compreender o
dos idosos estão bem de saúde, mantendo sua indivíduo pela generalização, pois sabemos que
independência e autonomia. cada um de nós envelhece a seu próprio tempo e
de modo particular e singular.
2. Idoso NÃO volta a ser
criança 4. A velhice é a melhor idade?
Há um entendimento popular que “velho é uma Há uma forte tendência nos trabalhos com idosos
criança grande” ou que “velho volta a ser criança.” denominar esta fase da vida como sendo “a melhor
77
idade”. Há muitos idosos que podem chegar nesta 6. Velhice NÃO é sinônimo da
fase da vida e avaliarem que de fato ela é a melhor perda da autonomia.
idade de suas vidas. Isso é um critério de análise
individual. Não podemos concordar que isso seja A grande maioria dos idosos é absolutamente
uma generalização para todos os idosos. Devemos capaz de decidir sobre seus interesses e desejos.
ter o cuidado de não esconder atrás da designação Manter a autonomia enquanto se envelhece é a
“melhor idade” um eufemismo que encubra as chave de vida para todas as pessoas e das políticas
desigualdades presentes na sociedade e que afaste públicas que contemplam o segmento idoso.
dos idosos a reflexão do lugar que o velho tem na A presença ou não de uma ou mais doenças
vida social. Ao mesmo tempo, dizer que é no crônicas não deve significar que o idoso perdeu
envelhecimento que se alcança a melhor idade é a capacidade de gerir sua própria vida. Incentivar
desconsiderar o princípio de uma sociedade para e promover a preservação e o respeito pela
todas as idades, é desconsiderar que os jovens, as autonomia deve ser prática freqüente nas ações de
crianças e adultos, talvez também considerem que atendimento a população idosa ao mesmo tempo
estejam na melhor idade. Portanto, melhor idade que se deve investir para manter a independência
é aquela em que a pessoa está feliz consigo mesma, por um maior tempo possível.
independente da sua idade cronológica.
7. “Isso” NÃO é normal da
5. Os idosos NÃO são um peso
idade.
para a sociedade
Pensar que os idosos são um peso para a sociedade Muitos idosos, famílias e até mesmo alguns
é um equívoco muito grande. Faz parte do profissionais manifestam na vida diária a crença
senso comum retratar os idosos como um fardo que as doenças que acometem os idosos são
econômico para o sistema social, principalmente “normais da idade” e, portanto não há nada
responsabilizando-os pela crise da Previdência e do que possa ser feito e resta tratar os idosos com
sistema de saúde. Neste discurso torna-se presente certa displicência e descrença na capacidade
um falso discurso de que o envelhecimento é um de recuperar a saúde. Essas crenças exercem
problema social. Camarano, pesquisadora do uma influência muito intensa e negativa
IPEA, aponta que no Brasil houve um aumento do nos sujeitos, podendo ocorrer por parte das
número de famílias que estão sendo sustentadas pessoas a desconsideração pelas queixas que são
por idosos. E vai mais além: a qualidade de vida encaminhadas aos serviços de saúde. Pensar
dessas famílias em comparação com aquelas que que incontinência urinária, perda de memória,
não são sustentadas por idosos é bem melhor. alteração da sexualidade, tristeza, apatia, perdas
Devido à miséria e à crise de trabalho, é cada vez sensoriais, hipertensão arterial, osteoporose,
mais freqüente encontrarmos duas ou três gerações tremores, perda de equilíbrio são normais nos
vivendo com idosos e muitas vezes, a aposentadoria idosos, e não escutar a queixa e investigar as
ou pensão são a única fonte de renda estável dessas manifestações das queixas dos idosos pelo fato de
famílias. achar que isso é normal da idade, pode ser um
equívoco com sérias conseqüências.
78
8. O idoso NÃO é excluído de idoso é de grande ajuda não só para retardar
ter uma boa qualidade de vida como para evitar o aparecimento de determinadas
doenças ou até mesmo diminuir a gravidade das
O envelhecimento é uma experiência mesmas. Existem técnicas para a avaliação do
heterogênea. Cada indivíduo pauta sua vida estado nutricional ou mesmo do risco nutricional
de acordo com padrões, normas, expectativas, e que podem ser aplicadas a nível ambulatorial,
desejos, valores, experiências e princípios contribuindo para melhorar o estado nutricional
diferentes dos outros. A qualidade de vida do paciente idoso, evitando que entre num quadro
em idosos e sua avaliação sofrem os efeitos de de desnutrição com sérias conseqüências para a sua
numerosos fatores, entre eles os preconceitos dos saúde.
profissionais e dos próprios idosos em relação
à velhice. O dono da vida, no caso, o idoso,
10. Outros mitos
deve ter participação ativa na avaliação do que
é melhor e mais significativo para ele, pois o Há ainda muitos mitos que se manifestam
padrão de qualidade de cada vida é um fenômeno freqüentemente nas condutas de profissionais que
altamente pessoal. Sabemos que o consenso trabalham com idosos e que desejamos citá-los:
sobre qualidade de vida envolve as dimensões
física, social, psicológica e espiritual. Esta é uma • Idoso não pode realizar atividade física
questão não apenas ética, mas metodológica. • Ele ou ela é muito velho para ser
Outros imperativos éticos devem ser atendidos submetido a isto (procedimentos,
pelo profissional que cuida de idosos, entre eles o hospitalização, cirurgias)
do direito à autonomia e à dignidade. • UTI não é local de velho.
79
o Estatuto do Idoso percorreu um longo • Garante prioridade do idoso na compra
caminho de 20 anos de discussões. Iniciou de unidades em programas habitacionais
em 1983 e se consolidou até meados da públicos.
década de 90. • O Art. 3º, no parágrafo único garante ao
• 1997: aprovado o Projeto de Lei 3.561/97 idoso prioridade no:
de autoria do Deputado Paulo Paim. I -atendimento preferencial imediato e
• O Estatuto do Idoso foi aprovado por individualizado junto aos órgãos públicos e
unanimidade pelo plenário da Câmara dos privados prestadores de serviços à população;
Deputados na noite de 21 de Agosto de
2003. II – preferência na formulação e na execução
• No dia 1º de Outubro de 2003 - Dia de políticas sociais públicas específicas;
Internacional do Idoso - foi sancionado
III – destinação privilegiada de recursos
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao
• Passou a vigorar em 1º de janeiro de
idoso;
2004.
• O estatuto é Lei Federal nº 10.741/2003 IV – viabilização de formas alternativas de
de 1º de outubro de 2003. participação, ocupação e convívio do idoso com as
• É dever da família, da sociedade e do demais gerações;
poder público assegurar ao idoso, com
V – priorização do atendimento do idoso
absoluta prioridade, o efetivo direito à
por sua própria família, em detrimento do
vida, à saúde, a alimentação, ao transporte,
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam
à moradia, à cultura, ao esporte, ao lazer,
ou careçam de condições de manutenção da
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
própria sobrevivência;
dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária; VI – capacitação e reciclagem dos recursos
• Para garantir o cumprimento do que humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na
estabelece, o EI transforma em crime, com prestação de serviços aos idosos;
penas que vão até 12 anos de prisão para
VII – estabelecimento de mecanismos que
maus-tratos a pessoas idosas.
favoreçam a divulgação de informações de caráter
• Proíbe a discriminação do idoso nos
educativo sobre os aspectos biopsicossociais de
planos de saúde pela cobrança de valores
envelhecimento;
diferenciados por idade;
• Garante aos idosos descontos em atividades VIII – garantia de acesso à rede de serviços de
culturais e de lazer; saúde e de assistência social locais.
• Assegura aos idosos com mais de 65 anos
que vivem em famílias carentes o beneficio
de um salário mínimo;
80
Transcrevemos o capítulo do Estatuto do Idoso próteses, órteses e outros recursos relativos ao
que diz respeito a SAÚDE: tratamento, habilitação ou reabilitação.
80a
Art. 18. As instituições de saúde devem atender cada indivíduo tenha o seu próprio conceito.
aos critérios mínimos para o atendimento às Assim, qualidade de vida é um conceito que está
necessidades do idoso, promovendo o treinamento submetido a múltiplos pontos de vista e que tem
e a capacitação dos profissionais, assim como variado de época para época, de país para país, de
orientação a cuidadores familiares e grupos de cultura para cultura, de classe social para classe
auto-ajuda. social e até mesmo de individuo para individuo.
Mais que isso, varia para um mesmo indivíduo,
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de
conforme o decorrer do tempo e como função
maus-tratos contra idoso serão obrigatoriamente
de estados emocionais e de ocorrência de eventos
comunicados pelos profissionais de saúde a
cotidianos, sócio-históricos e ecológicos.
quaisquer dos seguintes órgãos:
Embora não haja definição consensual de
I – autoridade policial; qualidade de vida, há concordância considerável
entre os pesquisadores acerca de algumas
II – Ministério Público; características do construto. Três características
III – Conselho Municipal do Idoso; principais são compartilhadas por diversas correntes
de opinião: subjetividade, multidimensionalidade e
IV – Conselho Estadual do Idoso; bipolaridade.
Não é subjetividade total, pois há condições
V – Conselho Nacional do Idoso.
externas às pessoas, presentes no meio e nas
condições de vida e trabalho que influenciam e
Uma reflexão sobre qualidade de vida e
avaliação que fazem de sua qualidade de vida.
envelhecimento
Quanto à multidimensionalidade é consenso
entre os pesquisadores de que a qualidade de
A natureza abstrata da expressão “Qualidade
vida inclui pelo menos três dimensões: a física,
de Vida” explica porque uma boa qualidade
a psicológica e a social. A dimensão espiritual
tem significados diferentes pessoas, em lugares e
também pode ser acrescentada.
ocasiões diferentes. É por isso que há inúmeras
conceituações de qualidade de vida; talvez
80b
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE OCULAR
83
INTRODUÇÃO
84
O tratamento é simples e consiste em limpeza
frequente com água limpa e fria e evitar coçar os
olhos. Deve-se usar toalhas e travesseiros individuais
assim como lenços de papel. É necessário também
TRATAMENTO
85
MEDIDA DA
ACUIDADE VISUAL
Material utilizado:
• escala optométrica de Snellen
TESTE DE ACUIDADE VISUAL COM A
86
A acuidade visual a ser registrada será aquela em
que a pessoa consiga enxergar até 2/3 da linha de
optotipo. Exemplo: Numa linha de 6 optotipos, a
pessoa deverá enxergar 4.
Se a pessoa não conseguir identificar o maior
optotipo, aproxima-la da tabela e anotar a distância
que ela enxergar o maior optotipo. Anotar 4metros,
por exemplo.
Se a um metro de distância, ela ainda não en-
xergar o optotipo, veja se ela consegue contar os
dedos do observador e a que distância. Anotar CD
a 3 metros.
Se a pessoa não detectar movimento de mão,
anotar se ela tem percepção luminosa ou não, e
anotar:
PL (percepção luminosa)
NPL (não percebe luz)
87
As pessoas com 50 anos ou mais que estiverem
dentro dos critérios de encaminhamento descritos
abaixo, poderão procurar o Instituto da Catarata
(INCAT) ou o Hospital das Clínicas (HC), para
2 - Critérios de encaminhamento:
88
3- No dia do caso novo, será marcada uma consulta 4- Após a consulta de avaliação pré-anestésica,
para avaliação pré--anestésica (APA). Neste dia os estando o paciente apto, ele marcará a cirurgia
pacientes deverão trazer os seguintes exames:
5- Se a cirurgia ocorrer sem intercorrência, o pa-
• Hemograma completo com contagem de pla- ciente deverá retornar mais 3 vezes ao INCAT
quetas ou HC, de onde sairá com a receita dos óculos
• Glicemia de jejum prescrita.
• Eletrocardiograma
• Creatinina 6- Caso haja alguma intercorrência, o paciente
• Sódio/Potássio fará quantos retornos forem necessários, até
receber alta.
Sub-Prefeitura: _________________________
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
NOME:_________________________________________________________________
END: R._________________________________________________Nº__________
BAIRRO___________________________________________CEP_________________
EXAMINADOR:_____________________________Data:______/______/____
DADOS
Queixa: Baixa de Acuidade Visual Olho Direito ( ) Olho Esquerdo ( )
Ambos os Olhos ( )
Acuidade Visual: Longe OD: ___________
sem correção / com correção / com estenopeico OE: ___________
Antecedentes Pessoais: Glaucoma ( ) Diabetes ( ) Hipertensão Arterial Sistêmica ( )
Outros ( ):____________________ ______________
89
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DO TRABALHADOR
93
As ações de Saúde do Trabalhador contemplam
desde atividades de assistência nos mais diferentes
níveis (médico, enfermagem, fisioterapia, terapia
ocupacional, fonoaudiologia, assistência social, grupos
terapêuticos de saúde mental, LER/DORT), além
de ações de vigilância epidemiológica e vigilância
nos ambientes de trabalho. A execução destas ações
é atribuição do SUS, prescritas na Constituição Fe-
ACOLHIMENTO DAS AÇÕES DE SAÚDE
94
Poderíamos então iniciar este protocolo de aco- ou não, ao trabalho. As queixas incluem dor, formiga-
lhimento relacionado à saúde do trabalhador com mento, dormência, choque, peso e fadiga precoce. As
as seguintes questões: entidades ortopédicas apresentam-se como: tendinite,
tenossinovite, sinovite, peritendinite, em particular
1. Como em uma Unidade Básica de Saúde de ombros, cotovelos, punhos e mãos; epicondilite,
poderemos ao abordar um usuário tentarmos tenossinovite estenosante (DeQuervain), dedo em
saber se a queixa que o traz à Unidade pode estar gatilho, cisto, síndrome do túnel do carpo, síndrome
relacionado com sua atividade profissional atual do túnel ulnar (nível de cotovelo), síndrome do pro-
ou antiga? nador redondo, síndrome do desfiladeiro torácico,
síndrome cervical ou radiculopatia cervical, neurite
Em primeiro lugar perguntando se sua queixa digital, entre outras. Podemos ter ainda quadros em
relaciona-se com o trabalho. Inúmeras atividades que as repercussões são mais extensas ou generalizadas
profissionais muitas vezes executadas sem nenhuma como p.ex, síndrome miofascial, mialgia, síndrome
preocupação com medidas de proteção coletiva e da tensão do pescoço, distrofia simpático-reflexa /
mesmo individual podem acarretar riscos a saúde dos síndrome complexa de dor regional.
trabalhadores. Outras estão relacionadas diretamente Os principais fatores de risco para as LER/DORT
com a organização do trabalho em que o individuo são determinados pela organização do trabalho que
está inserido, levando além de comprometimento impõe trabalhos repetitivos sem pausas, tarefas mo-
orgânico como as Doenças Osteomusculares Rela- nótonas, produtividade entre outros.
cionadas ao Trabalho (DORT) antes denominadas As principais categorias profissionais envolvidas
Lesões por Esforços Repetitivos (LER) levar a com- incluem bancários, caixas, digitadores, trabalhadores
prometimento da saúde mental. Em ambas situa- das mais diferentes linhas de montagem, embala-
ções isto se traduz por uma organização do trabalho dores, diaristas, etc.
que incentiva o individualismo, a competitividade
e a busca de produtividade as custas de um menor Um outro grupo de doenças também bastante
número de postos de trabalho e do fantasma do freqüentes são as doenças respiratórias ocupacionais
desemprego. e entre elas ocupa lugar de destaque em nosso meio
a Asma Ocupacional.
2. Que doenças comumente atendidas nas Asma ocupacional (AO) é a obstrução reversível
Unidades de saúde poderiam ter relação com o das vias aéreas causada pela exposição, no ambiente
trabalho? de trabalho, a poeiras, gases, vapores ou fumos. Ela
é hoje a doença ocupacional pulmonar de maior
Hoje as Doenças Osteomusculares Relacionadas prevalência em países desenvolvidos. É uma doença
ao Trabalho (DORT) anteriormente denominadas de que torna o trabalhador permanentemente inapto
Lesões por Esforços Repetitivos (LER) são a principal para qualquer atividade que envolva exposição, em
causa de atendimento nos Centros de Referência em qualquer concentração ao agente que a desencadeou,
Saúde do Trabalhador. São um termo abrangente pois a continuidade da exposição envolve risco de
que se refere aos distúrbios ou doenças do sistema vida. Ela exige a readaptação profissional ou reco-
músculo-esquelético, principalmente de pescoço e locação do trabalhador.
membros superiores, relacionados, comprovadamente Como exemplo poderíamos citar trabalhadores
95
de diversos ramos de atividades e ocupações como za-se radiológicamente por apresentar opacidades
p. ex. indústria química, plástica, farmacêutica, fun- regulares, do tipo micronodular que inicialmente
dições, cerâmica, pedreira, serralheria, marcenaria, acomete os terços superiores de ambos os hemitora-
indústria alimentícia, indútria têxtil, confecções, ces e posteriormente através da coalescência destes
calçados, laboratórios, trabalhadores de limpeza, nódulos, torna-se difuso, podendo inclusive levar
soldadores, pintores e diversos outros. a formação de grandes opacidades.
Outro grupo importante de doenças respiratórias A asbestose é a fibrose do parênquima pulmonar
ocupacionais são as Pneumoconioses que constituem de caráter progressivo e irreversível, em decorrência
um grupo de doenças pulmonares decorrentes da da inalação de fibras de asbesto. Seu diagnóstico assim
inalação de poeiras que ocorrem no ambiente de tra- como a silicose se fundamenta na história clínica e
balho levando a uma reação tecidual que leva a fibrose ocupacional e na radiologia de tórax, conforme a
pulmonar. O desenvolvimento da pneumoconiose técnica preconizada pela Classificação Internacional
se dá através da inalação de aerodispersóides (poeira) de Radiografias em Pneumoconiose da OIT/1980.
fibrogênicos respiráveis, ou seja, frações de partículas O desenvolvimento da doença geralmente tem um
menores que 10 um. As principais pneumoconioses período de latência de 15 a 25 anos, embora, de-
em nosso meio são a silicose, a asbestose e a pneu- pendendo da intensidade da exposição, esse período
moconiose por poeira mista. Saliente-se ainda que possa ser menor. O início dos sintomas se desen-
a inalação de fibras de asbesto/amianto pode levar volve de maneira insidiosa, com manifestações de
ainda a doenças pleurais (placas pleurais, derrame dispnéia e tosse. No exame físico podem-se encon-
pleural, atelectasia redonda), neoplasias malignas trar estertores crepitantes de base, baqueteamento
pulmonares e mesotelioma maligno de pleura. digital com cianose de extremidades e constatar-se
A silicose é a pneumoconiose causada pela ina- evolução para cor pulmonale nos estágios finais. O
lação de poeira que contém concentrações elevadas afastamento do trabalhador nos estágios iniciais do
de quartzo ou sílica cristalina (SiO2). É a pneumo- quadro, pode fazer com que a progressão da doen-
coniose mais prevalente no país e tem como uma ça seja menos significativa. As principais categorias
das principais complicações a tuberculose (silico- profissionais com risco de desenvolverem asbestose
tuberculose). Pode-se apresentar como crônica são os trabalhadores da indústria do cimento amian-
(exposições superiores a 10, 15 anos), acelerada to (caixas d’ água, telhas), indústria de auto-peças
(exposição de 5 a 10 anos) e aguda (exposições de (lonas, pastilhas, freios), isolantes térmicos (juntas
até 6 meses). É uma doença progressiva e irreversí- e gaxetas), têxtil (EPIs, isolantes térmicos) e uma
vel, independente do afastamento do trabalhador infinidade de outras atividades em que se utiliza as
da exposição. As principais categorias profissionais fibras de asbesto como mistura em outros produtos
acometidas são aquelas oriundas da mineração, me- para dar uma melhor resistência ao calor.
talurgia, fundições, cerâmicas, indústria de vidro, Pneumoconioses por poeira mista são causadas
marmorarias (beneficiamento do granito e ardósia), pela inalação de poeiras minerais com porcentagem
jateadores de areia, fabricação de materiais abrasivos. de sílica livre cristalina abaixo de 7,5% ou com alte-
A história clínico ocupacional e a radiografia de tórax rações anatomopatológicas características, tais como
conforme os critérios da Organização Internacional lesões em cabeça de medusa e fibrose intersticial.
do Trabalho (OIT) são os principais instrumentos Como exemplos: antracosilicose em mineiros de
de diagnóstico desta pneumoconiose. Caracteri- carvão expostos a altos teores de SiO2, silicoside-
96
rose em fundidores de ferro, pneumoconiose pelo agentes tópicos (permanganato de potássio), agentes
caulim e a talcose. físicos (frio, calor, umidade, eletricidade, radiações
Uma outra doença importante é aquela ocasio- ionizantes e não ionizantes, fricção, pressão, trau-
nada pela exposição ao ruído que atinge um grande mas). As dermatites ou eczema de contato alérgica
número de trabalhadores nos mais diversos ramos de são produzidas geralmente por substâncias químicas
atividades e ocupações existentes (metalurgia, têxtil, em baixas concentrações. A alergia por contato com
mineração, química, plástica, transporte, constru- agentes químicos pode ocorrer desde 5 dias após
ção civil, etc). A perda da audição provocada pelo a exposição ao agente, ou até após vários anos de
ruído ou perda auditiva induzida por ruído (PAIR) contato com a substência. Elas só podem ser curadas
relacionada ao trabalho é uma diminuição gradual quando identificada a substância alergênica através
da acuidade auditiva decorrente da exposição con- da feitura dos testes epicutâneos e evitado novos
tinuada a níveis elevados de pressão sonora. Ela tem contatos desta substância com o tegumento. Entre
como características principais a irreversibilidade os principais agentes causadores das dermatites
e a progressão gradual com o tempo de exposição alérgica poderíamos citar o cimento, a borracha e
ao ruído. Inicialmente temos o acometimento dos seus componentes, níquel, madeira ( caju, cedro,
limiares auditivos em uma ou mais freqüências da cerejeira, ipê-preto, imbúia, jacarandá, maçaranduba,
faixa de 3.000 a 6.000 Hz. As freqüências mais peroba, pinho), resinas epóxi.
altas e mais baixas poderão levar mais tempo para
ser afetadas. O que vem a ser Acidente do Trabalho, Doença
Dermatose ocupacional é toda alteração da pele, Profissional e Doença do Trabalho?
de mucosas e anexos direta ou indiretamente causada,
condicionada, mantida ou agravada por tudo aquilo Acidente do Trabalho é o que ocorre pelo exercício
que seja utilizado na atividade profissional ou exista do trabalho a serviço da empresa, com o segurado
no ambiente de trabalho. Inúmeras substâncias estão empregado, trabalhador avulso, médico residente,
relacionadas com o desenvolvimento das dermatoses bem como com o segurado especial no exercício
ocupacionais, sejam irritativas ou alérgicas, sendo de suas atividades, provocando lesão corporal ou
os agentes químicos, o grupo mais importante dos perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
agentes produtores de dermatoses. As dermatites de redução, temporária ou permanente, da capacidade
contato por irritação são causadas por substâncias para o trabalho.
químicas sobre a pele promovento a remoção do O conceito de acidente de trabalho está associado
seu manto lipídico, fazendo com que a pele perca aos benefícios pecuniários que podem ser obtidos
sua proteção mais eficiente (camada córnea) ficando por trabalhadores registrados em empresas formal-
susceptível ao aparecimento de sangramentos, dor mente constituídas, isto é, aquelas que contribuem
e incapacidade para utilização do membro afetado. para custeio do Programa de Seguro de Acidentes
Os principais agentes responsáveis são: ácidos, de Trabalho vigentes no país.
álcalis (cimento, endurecedores de resinas) fluídos
de corte, sabões redutores, solventes, plantas (casca Assim, tem direito aos Benefícios da Previdência
de cítricos, tulipa, aspargos), substâncias animais Social associados às conseqüências dos Acidentes do
(contato com pâncreas, conteúdo intestinal, fezes, Trabalho, todos os trabalhadores que tem
urina), cloro, bromo, iodo, mercúrio, resina epóxi, vínculo empregatício comprovado por uma
97
Carteira Profissional assinada. Da • Dilaceração na nádega esquerda após mordida de
mesma forma, não tem direito aos benefícios cachorro na rua, quando após sair do portão de
referentes ao Seguro de Acidente do Trabalho traba- sua casa foi agredido pelo cachorro do vizinho.
lhadores sem qualquer vínculo empregatício, como • Contusão da perna direita quando subia no
por exemplo vendedores ambulantes, marreteiros, ônibus.
e trabalhadores autônomos. • Fratura do pé esquerdo em conseqüência de queda
no interior do ônibus após freada brusca.
Conceituações e exemplos de Acidentes de Tra- • Fratura de fêmur pós atropelamento por mo-
balho típico, de Acidentes de trajeto, de doenças tocicleta quando atravessava a rua ao chegar ao
profissionais e de doenças do trabalho. local de trabalho.
É aquele que ocorre no local de trabalho, que São doenças causadas por agentes químicos (por
determina lesão associada às atividades de trabalho exemplo gases, vapores ou poeiras), físicos (por
desenvolvidas. exemplo ruído calor, e radiações), ou biológicos
(por exemplo virus da hepatite ou leptospira ictero
São exemplos de Acidentes de Trabalho Típicos hemorrágica)
os seguintes:
• Marceneiro que sofre amputação traumática de São exemplos de casos de doenças profissionais:
um dedo da mão Direita quando serrava uma • Intoxicação pelo chumbo que atingiu montador
tábua. de bateria automotiva que trabalhava nesta ati-
• Funileiro que sofreu contusão do pé direito por vidade há mais de seis meses.
ter queda de ferramenta pesada sobre o pé. • Perda auditiva Induzida pelo ruído em traba-
• Servente de pedreiro que sofreu fraturas múltiplas lhador metalúrgico que trabalhava na caldeiraria
após queda de andaime durante mais de 10 anos.
• Fratura do maxilar direito após ser agredido • Pneumoconiose – doença pulmonar causada
no local de trabalho por colega seu por disputa pela inalação de poeira – que afetou mineiro
relacionada ao trabalho. diagnosticada quinze anos após o trabalho em
• Motorista de ônibus intermunicipal que sofre minas de carvão.
fratura de crânio, em conseqüência de acidente • Anemia aplástica causada pela exposição ocupa-
de trânsito, ocorrido durante o transporte de cional a benzeno em trabalhador de indústria de
passageiros de Santos para São Paulo. plásticos que usava o benzeno em operação de
colagem de plásticos.
Acidentes de Trajeto • Hepatite em funcionário de laboratório de he-
matologia, ou leptospirose em trabalhador da
São os que ocorrem após a saída de casa para o SABESP que desentope esgôtos.
trabalho, ou no retorno do trabalho para casa.
98
Doenças do Trabalho Outro benefício importante são as atividades
destinadas à Reabilitação Profissional dos Traba-
São as doenças causadas pela forma de organi- lhadores que apresentam seqüelas físicas graves,
zação do trabalho ou pelas condições em que ele tais como amputação de braço, cegueira, amputa-
é realizado. Esta condição exige a perícia médica ção de membro inferior ou outros tipos de lesões
ocupacional para estabelecimento do nexo. que o incapacitam permanentemente para exercer
as atividades de trabalho que exercia anteriormente
São exemplos de casos de doenças do trabalho: a ocorrência que o acidentou.
• As LER/DORT – (Lesões por esforços repetitivos
– Doenças ósteo-musculares relacionadas ao tra- Quais orientações do ponto de vista de direitos
balho) que afetam os trabalhadores que utilizam devemos fornecer ao usuário suspeito de ser por-
terminal de computador, ou os que trabalham tador de uma doença profissional ou relacionada
em linhas de montagem industrial. ao trabalho
99
solicitar a abertura da CAT. Entretanto, se não há
relação com o trabalho, o INSS exige que o segurado
seja contribuinte e a depender do número de meses
que esteja sem contribuir (12 a 24 meses a depender
do tempo total de contribuição), ou seja, se o usuário
sofre um acidente domiciliar e está desempregado
há mais de 12 meses e seu último emprego contri-
buiu apenas por 5 anos, não tem direito ao INSS,
a não ser que volte a contribuir como autônomo
por 4 meses, quando volta a adquirir a qualidade
de segurado.
O mesmo se aplica para trabalhadores autôno-
mos que não fazem nenhuma contribuição para a
Previdência Social. Estes trabalhadores não fazem
jus aos benefícios da Previdência Social e mesmo
que venham a adoecer só terão direito se contri-
buírem pelo menos por 4 meses com a Previdência
Social. Portanto, é importante orientar trabalhado-
res autônomos, como p. ex. ambulantes, pedreiros,
serventes a passarem a contribuir com pelo menos
com a alíquota sobre 1 salário com a Previdência
Social para terem direitos a benefícios como auxilio
doença e mesmo aposentadoria.
100
FLUXOGRAMA DE ASMA
OCUPACIONAL E ASMA BRONQUICA
AGRAVADA POR CONDIÇÕES DE
TRABALHO ( ABACT)
Suspeita de asma
(dispnéia, chiado e
tosse)
Diagnóstico de
Asma Brônquica
Confirmado
Tratamento conforme
consenso brasileiro de Afastamento da exposição
Asma ( anexo) e encaminhamento para
pneumologista ocupacional
dos CRST’s da área de
abrangência
101
FLUXOGRAMA DE DERMATOSE
OCUPACIONAL
Não Sim
Tratamento ou Solicitação de
encaminhamento CAT a empresa
para dermatologista
Se suspeita de dermatite
de contato alérgica
solicitar PATCH - TEST
102
FLUXOGRAMA DE LER / DORT
Afastamento do trabalho
Não Sim
103
CONDUTA PARA LESÕES POR
ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)
FASE 0
FASE 1
Dor à palpação
Sensação constante de desconforto ou sensação
Dor à movimentação ativa
de peso nos membros superiores relacionados com
os movimentos repetitivos com mais de um mês de
duração
FASE 2
Dor a palpação, à movimentação
Dor constante nos membros superiores com pequenos passiva e ativa
períodos de remissão que agrava com a realização de Aumento de volume
esforços repetitivos Ausência de sinais sugestivos de
Inchaço compressão de nervos
Não melhora do quadro clínico com tratamento
medicamentoso/fisioterápico. Interferência nas
atividades do trabalho e fora do trabalho
104
FLUXOGRAMA DE PERDA
AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO
Paciente portador de
deficiência auditiva
Não Sim
Encaminhar com
audiometria
Principais ramos de atividade/ocupação
para CRST da área de
de risco para perda auditiva induzida
abrangência
pelo ruído :
- metalurgica
- plástica
- marmoraria,
- mineração urbana (pedreiras)
- têxtil
- transportes
105
FLUXOGRAMA DE ACIDENTE
DE TRABALHO
Vítima de acidente de
trabalho SIVAT*
típico / trajeto
Encaminhar cópia
Solicitar CAT
para
para a empresa
CRST’s ou UVIS
Necessita
afastamento?
ACIDENTE DE TRABALHO
é o que ocorre pelo exercício de trabalho a serviço da
empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso,
médico residente, bem como com o segurado especial no
exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou
pertubação funcional que cause a morte, a perda ou redução
temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho
ACIDENTE DE TRAJETO
são os que ocorrem após a saída de casa para o trabalho, ou
no retorno do trabalho para casa
CAT - COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO
106
FLUXOGRAMA DE PNEUMOCONIOSE
107
BIBLIOGRAFIA
108
Elaboração:
Edna Cézar Balbino
Fernanda Lúcia de Campos
Luís Cláudio Sartori
Colaboração:
Adrianne Stein
Ana Regina Fernandes B. Cozzolino
Andréia dos Santos Ribeiro
Dalila Ap. Nogueira
Deise Alves de Amorim
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE BUCAL
111
O “acolhimento” é considerado como um processo,
especificamente de relações humanas; um processo,
pois deve ser realizado por todos os trabalhadores de
saúde e em todos os setores do atendimento. Não se
limita ao ato de receber, mas em uma seqüência de
atos e modos que compõe o processo de trabalho em
saúde. Na análise do “acolhimento” é necessário ir
além dos fenômenos lingüísticos, ou seja, do discurso
verbal, pois nem sempre o que ocorre como um ato
de linguagem, faz-se presente em intencionalidade,
ACOLHIMENTO EM SAÚDE BUCAL
112
a programações integrais construídas sobre o eixo reconhecidos, não haverá qualquer processo diag-
da promoção e recuperação da saúde. nóstico ou, então, será um processo inadequado. Os
Quando se refere à promoção e recuperação da usuários podem não se queixar de problemas por não
saúde, o cenário privilegiado é a atenção básica, que estarem cientes deles, ou podem se queixar de uma
por um lado inclui cuidados relacionados à grupos coisa que mascara outra. O papel do profissional de
prioritários em nível social e epidemiológico e, por saúde é a determinação precisa das necessidades de
outro, os serviços de especialistas socialmente mais saúde de um paciente ou de uma população”.
necessários.(PINTO 2000). Nesse protocolo de acolhimento, a técnica de
No entendimento da área temática, o conceito rastreamento proposta para identificação de agravos
de atenção básica em saúde bucal deve ser encarado em saúde bucal, combina critérios e procedimentos
de forma ampla, com foco na prevenção, participa- considerados relevantes para cárie dentária, condições
ção comunitária, enfoque multi-setorial e na oferta do periodonto e tecidos moles bucais. Os critérios
equânime dos serviços que não se limitam apenas foram estabelecidos desde o início da década de
às práticas curativas indispensáveis. noventa com a participação de equipes de saúde
Para o planejamento da atenção básica em bucal, assessoradas por especialistas em cariologia,
saúde bucal dos usuários, incluindo acolhimento periodontia e semiologia. A técnica compreende a
e organização equânime da demanda, optou-se observação da cavidade bucal, feita com iluminação
pela realização de rastreamentos, empregados para natural com auxílio de espátula de madeira.
identificar as condições de saúde bucal e subsidiar Os critérios de rastreamento das condições rela-
o planejamento das ações coletivas e das ações de cionadas com a doença cárie,doença periodontal e
assistência individual. condição dos tecidos moles bucais são:
A Organização Mundial da Saúde (1994), definiu
como reconhecimento sistemático (rastreamento),
os métodos preditivos de busca ativa para detectar
riscos médicos/sanitários não manifestos ou enfer-
midades assintomáticas, para a implementação de
oportuna intervenção.
Rastreamento, triagem ou scrreening, para PE-
REIRA (2001), “é a procura por indivíduos suspeitos
de estarem enfermos ou em risco de adoecer, no
seio da população aparentemente sadia. Trata-se de
uma estratégia que facilita a tarefa de proporcionar
maior cobertura populacional de serviços de saúde,
de modo a proteger maior número de pessoas, com
menor esforço”.
Para STARFIELD (2002), “o reconhecimento
de um problema (ou de necessidade) é o passo que
precede o processo de planejamento e diagnóstico.
Se os problemas ou necessidades de saúde não forem
113
Critérios de rastreamento para cárie dentária com
enfoque no grau de ataque/severidade das lesões.
ESCORES CONDIÇÃO
A Ausência de lesão de cárie, ausência de manchas brancas ativas,
sem presença de placa bacteriana dental envelhecida
B Ausência de sinais de cárie “em atividade”, apresentando
sinais de doença pregressa, ou seja, cavidades adequadamente
restauradas e/ou perdas dentárias adequadamente substituídas
C Ausência de lesão de cárie ativa, com presença de cárie crônica
e/ou perdas dentárias não substituídas
D Presença de sinais de doença cárie – mancha branca ativa e
presença de placa dental bacteriana envelhecida.
E Presença de sinais de cárie ativa, caracterizada pela observação de
lesão aguda.
F Presença de dor referida e/ou abscesso
ESCORES CONDIÇÃO
0 Tecidos moles aparentemente sadios
1 Alterações em tecidos moles, sem sugestão de malignidade
2 Alterações em tecidos moles, com sugestão de malignidade
Importante:
115
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
QUEIXAS ODONTOLÓGICAS
QUEIXAS ODONTOLÓGICAS
SIM NÃO
Aferição da PA
dos adultos
Observar aspectos da face que,
excluindo escoriações típicas de quedas,
sugiram sinais de violência física. Se
confirmado, observar fluxo especifico
para situações de violência.
CONSULTA Observar alterações dos tecidos
ODONTOLÓGICA moles que sugiram infecção por HIV e
NO DIA encaminhar para o fluxo especifico.
116
ORIENTAÇÕES GERAIS
DESLOCAMENTO DE DENTES
POR TRAUMA
(deslocamento lateral, para
dentro do alvéolo ou para fora do
alvéolo)
1) Deslocamento lateral: Com uma gaze fazer
realinhamento imediatamente para evitar a
formação de coágulo.
117
ORIENTAÇÕES GERAIS
FRATURA DE DENTES
POR TRAUMA
PERDA DO DENTE
PERMANENTE
POR TRAUMA
(AVULSÃO)
118
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO A
HEMORRAGIA
HEMORRAGIA
NA UBS
Fazer compressão com gaze/
compressa com gelo
Pequeno
sangramento
Ausência do Cirurgião
Ausência do
dentista dentista
dentista
Compressão
Cirurgião compressa com gelo
dentista Sutura
Médico
Se necessário
Enfermeiro
médico MEDICAÇÃO INJETÁVEL
Vitamina K
Buco maxilo facial
119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
120
ÁREA TEMÁTICA - PROJETO RESGATE CIDADÃO
Elaboração:
123
A violência gera nas pessoas sofrimento físico,
psíquico, social e/ou econômico. Entendemos a
violência como uma questão de saúde pública,
uma violação dos direitos da pessoa e um evento
social e historicamente construído.
Ela pode ser intencional, como a violência do-
méstica, sexual, institucional, suicídio, na relação
de trabalho (assédio moral ou sexual) e homicídio,
ou não intencional como o acidente de trabalho e
CASOS SUSPEITOS DE VIOLÊNCIA
de trânsito.
Na rede ambulatorial observa-se que a violência,
principalmente a doméstica e sexual, aparece de forma
silenciosa e “invisível”, ela pode ser identificada através
– SINAIS E SINTOMAS
124
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE
CASOS SUSPEITOS DE VIOLÊNCIA
REDE AMBULATORIAL
Acolhimento
Criança e Adolescente:
• Promotoria de
Justiça Regional
Suspeita não /MP
confirmada, ver Recebe, Escuta, Analisa • Conselho Tutelar
outros fluxos e Avalia • UVIS
assistenciais • Arquivo no
prontuário
125
Física: ocorre quando uma pessoa, que está em
relação de poder com outra, causa ou tenta causar
dano não acidental, por meio do uso da força física
ou de algum tipo de arma que pode provocar ou
não lesões externas, internas ou ambas. O castigo
repetido, não severo, também se considera violência
física. A tentativa de suicídio caracteriza-se com ato
violento praticado pela própria pessoa.
Sexual: É toda a ação na qual uma pessoa em
relação de poder e por meio de força física, coerção
TIPOS DE AGRESSÃO
126
As crianças, os adolescentes, as mulheres, os idosos
e as pessoas com deficiência ou com transtorno mental
constituem os grupos mais vulneráveis à violência,
principalmente a doméstica e sexual.
A seguir sinais e sintomas (1) que podem estar
relacionados à violência destes grupos:
Crianças e adolescentes
127
Transtornos músculo-esqueléticos • Baixo nível de desempenho escolar
• Fugas, mentiras, furto
• Fraturas múltiplas • Tentativa de suicídio
• Fraturas de costelas em menores de dois anos • Fadiga
• Fraturas de crânio ou traumatismo craniano por • Baixo auto-estima
choque direto ou sacudidas vigorosas (síndrome • Aversão a qualquer atividade de conotação
do bebê sacudido), concomitantes com edema ce- sexual
rebral, hematoma subdural e hemorragia retiniana,
podendo manifestar-se por convulsões, vômitos, Outros
cianose, apnéia e alterações de deficit motor
• Hematoma subperiosteal de diferentes estágios • Retardo pondero-estatural por aporte calórico
(síndrome da criança espancada) inadequado
• Intoxicações por medicamentos especialmente
Transtornos genito-urinários anti-histamínicos ou sedativos
• Sindrome de Münchausen por procuração (do-
Lesões na área genital e períneo: observar pre- enças simuladas ou provocadas falsamente pelos
sença de dor, sangramento, infecções, corrimento, pais ou responsáveis)
hematomas, cicatrizes, irritações, erosões, assaduras,
fissuras anais, hemorróidas, pregas anais rotas ou Negligência
afrouxamento do esfincter anal, diminuição do tecido
ou ausência himenal, enurese, encoprese, infecções • Aspectos de má higiene
urinárias de repetições sem etiologia definida
• Roupas não adequadas ao clima local
• Desnutrição
Transtornos psicológicos
• Tratamentos médicos inadequados
• Distúrbios de crescimento e desenvolvimento
• Aversão ao contato físico, apatia ou avidez
sem causa orgânica
afetiva
• Lares sem medida de higiene e de segurança
• Retardo psicomotor sem etiologia definida, com
• Falta de supervisão da criança, provocando lesões
melhora quando a criança se separa da família
e acidentes de repetição
(hospitalização)
• Transtorno do sono ou da alimentação
Freqüência irregular à escola
• Episódio de medo e pânico
• Isolamento e depressão
No caso de crianças e adolescentes quando ocorrer
• Conduta agressiva e irritabilidade
a suspeita de maus tratos evitar (1):
• Interesse precoce em brincadeiras sexuais ou
conduta sedutora
1. Perguntar diretamente se um dos pais foi res-
• Choro fácil sem motivo aparente
ponsável pelo ocorrido;
• Comportamento regressivo, autodestrutivo ou
2. Insistir em confrontar dados contraditórios ou
submisso
aferir registros;
• Desenho ou brincadeiras que sugerem violência
128
3. Confrontar os pais com descrições trazidas pela Manifestações sociais: isolamento por medo que
criança ou pelo adolescente, especialmente outros descubram o acontecido, medo de que se repita,
nos casos de abuso, pois trai a confiança do(a) mudanças freqüentes de emprego ou moradia
usuário(a);
4. Demonstrar sentimentos em relação à situação No caso de mulheres quando há suspeita de
– como desaprovação, raiva, indignação; violência (3):
5. Assumir postura de policial ou detetive.
1. Perguntar indiretamente:
Mulheres • Está tudo bem em sua casa, com seu compa-
nheiro?
Mulheres em situação de violência são usuárias • Você está com problemas no relacionamento
assíduas dos serviços de saúde. Em geral, são tidas familiar?
como “poliqueixosas”, por suas queixas vagas e crônicas, • Você se sente humilhada ou agredida?
com resultados normais em investigações e exames • Você acha que os problemas em casa estão afe-
realizados. Atenção aos seguintes sinais e sintomas: tando sua saúde?
• Você e sua família brigam muito?
• Lesões físicas agudas (inflamações, contusões, 2. Perguntar diretamente:
hematomas em várias partes do corpo) • Já vi problemas como o seu em pessoas que
• Fraturas dos ossos da face, costelas, mãos, braços são fisicamente agredidas. Isto aconteceu com
e pernas você?
• Lesões das mucosas oral, anal e vaginal (inflama- • Alguém lhe bate?
ção, irritação, arranhões e edema, perfuração ou Você já foi forçada a Ter relações com alguém?
ruptura)
• Dor no baixo ventre ou infecções Idoso
• Infecção urinária de repetição (sem causa secun-
dária encontrada) Os idosos tornam-se mais vulneráveis a violência
• Transtornos digestivos – falta de apetite, náuseas, intradomiciliar na medida em que necessitam de
vômitos, cólicas, dores de estômago maiores cuidados físicos ou apresentam dependência
• Perda de peso física ou mental. Quanto maior a dependência, maior
• Dores de cabeça o grau de vulnerabilidade. O convívio familiar tenso
• Dores musculares generalizadas e cuidadores despreparados agravam esta situação.
• Sintomas psicossomáticos: insônia, pesadelos, Observar os sinais e sintomas a seguir:
falta de concentração e irritabilidade
• Alterações psicológicas: estado de choque, crise de Abuso físico
pânico, ansiedade, medo e confusão, fobias, insônia,
pesadelos, auto-reprovação, sentimentos de inferiorida- • Contusões, queimaduras ou ferimentos inexplicá-
de, fracasso, insegurança ou culpa, baixa auto-estima, veis, de vários formatos, de diferentes estágios e de
comportamento autodestrutivo – como uso de álcool formatos bem definidos, como marcas de corda,
e drogas, depressão, tentativas de suicídio. ataduras ou contenção nos punhos e tornozelos
129
• Alopecia traumática ou edema do couro cabeludo • Vestuário inapropriado ao clima/ambiente
• Escaras, assaduras ou escoriações
Abuso psicológico • Impactação fecal
130
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
131
SAÚDE A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Elaboração :
Lucila Faleiros Neves
Sandra Maria Vieira V. Tristão de Almeida
Siomara Rolla Chen
Heloisa B. Ventura Di Nubila
Maria Gorete Bavoso
Lorena Martinez Barrales
Colaboração:
Márcia Kretzer
Fernanda Rocco
Eliana Cristina Moreira
Gilcinéia Eleutério
Débora D. Gonçalves Nascimento
Andréa Wander Bonamigo
135
INTRODUÇÃO aos profissionais, que atuam em todos os equipa-
mentos de saúde para acolhimento e conduta frente
A Política Municipal de Atenção à Pessoa com às pessoas com deficiência e suas famílias.
Deficiência considera deficiência como:
• Diferença humana, que por suas singularidades, NOMENCLATURA
requer atenção a especificidades quanto à forma
de comunicação e de mobilidade, de ritmos e Os termos utilizados trazem valores e conceitos
estilos de aprendizagem, bem como das manei- vigentes na sociedade numa determinada época, e
ras diversas de construir o conhecimento e os são substituídos na medida em que estes mudam.
relacionamentos sociais; O termo “pessoa portadora de deficiência”, por
• Fenômeno relacional social e historicamente cons- exemplo, tem sido evitado, por entender-se que
truído, apresentando uma perspectiva diferente a deficiência é condição da pessoa, que não pode
da concepção tradicional de deficiência, centrada deixar de portá-la.
no aspecto de falha na fisiologia humana. Atualmente, utiliza-se o termo “Pessoas com
“As deficiências podem ser parte ou expressão Deficiência”, que enfatiza a condição humana
de uma condição de saúde, mas não indicam ne- do sujeito, que pode requerer, em determinados
cessariamente a presença de uma doença ou que o momentos, ações e cuidados específicos.
indivíduo deva ser considerado doente” (Classificação
CARACTERIZAÇÃO DA POPU-
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e LAÇÃO COM DEFICIÊNCIA
Saúde – CIF –OMS/OPAS - EDUSP, 2003).
Podem ser congênitas ou adquiridas, temporárias Todo o planejamento das ações de saúde em re-
ou permanentes e de diferentes tipos: física, sensorial lação às pessoas com deficiência deve estar apoiado
(auditiva e visual), mental ou múltiplas. Podem ser, em informações locais, não somente em relação ao
portanto, adquiridas, por qualquer um de nós, du- número, mas principalmente quem são estas pessoas,
rante nossas vidas, requerendo ações de prevenção, como adquiriram suas deficiências, como viviam
além do tratamento, reabilitação e fornecimento de e como vivem agora, quais suas necessidades, que
órteses e próteses necessárias para a equiparação de expectativas têm, quais recursos são necessários para
oportunidades e inclusão social. melhorar sua qualidade de vida.
A questão da deficiência não é responsabilidade Para isso é importante realizar a Identificação e
apenas dos profissionais de reabilitação. A Organização Caracterização da população com deficiência no
Mundial de Saúde refere que a manutenção exclusiva território, que possibilitará não só o planejamento e
das ações de reabilitação em serviços especializados direcionamento de ações, mas também a aproximação
(mesmo que descentralizados) ou em instituições, com a comunidade. Para tanto, sugerimos:
além de insuficientes para atender as necessidades 1. Identificar e avaliar situações/locais de risco para
da população, não envolve a comunidade onde as o desenvolvimento de algum tipo de deficiência
pessoas com deficiência vivem, o que é fundamental (condições de trabalho, violência, acidentes de
para que esta reconheça que estas pessoas tem os trânsito, doenças crônicas - hipertensão, diabetes,
mesmos direitos que os outros seres humanos. etc).
O texto que segue abaixo visa oferecer subsídios
136
2. Identificar a presença de pessoas com defici- imbuídos de valores pré-estabelecidos, que ela pre-
ência na comunidade e descrever / caracterizar os cisa ser encaminhada para um “lugar especializado,
diferentes tipos de deficiência presentes (física, onde saibam lidar com sua deficiência”. Deixa-se de
mental, auditiva, visual, múltipla). olhar para a pessoa e foca-se na deficiência. Esque-
3. Conhecer as condições de vida das pessoas ce-se que suas necessidades básicas são comuns, tais
com deficiência (estrutura familiar, atividades como vacinação, consultas, pré-natal, planejamento
da vida diária, moradia, benefícios sociais, bens familiar, puericultura e saúde bucal.
de consumo, transporte, escolaridade, idade,
estado de saúde geral, ocupação, equipamentos É dever dos profissionais da atenção básica criar
ou adaptações – cadeira de rodas, bengala, lentes, condições para o acesso de pessoas com deficiência
entre outras). dentro das estruturas comuns de saúde, para que tenham
4. Identificar a autonomia da pessoa com defici- oportunidades igualitárias e eqüitativas de participação
ência na realização de atividades gerais (se neces- em todos os atendimentos e atividades.
sita de auxílio, acompanhante, se é totalmente
dependente, em que condições). Quando a pessoa com deficiência chega na uni-
5. Identificar as formas de participação das dade de saúde ou é visitada pela equipe de saúde,
pessoas com deficiência na comunidade (possui devem ser levantadas suas necessidades. Caso a de-
inserção em grupos, interage socialmente em manda refira-se à reabilitação, deve-se investigar se
casa, na comunidade, em outros contextos). a pessoa é ou já foi acompanhada por algum serviço
6. Avaliar a presença de movimentos organizados de reabilitação, por quanto tempo, se recebeu alta
de pessoas com deficiência e lideranças comuni- ou interrompeu o tratamento e quais as suas ne-
tárias, por meio da história de organização social, cessidades específicas atuais. Se for preciso, realizar
suas reivindicações, propostas, atividades que contato com a equipe que atendeu a pessoa/família
desempenham para troca de informações.
7. Registrar, analisar os dados da realidade local, Deve-se ter em mente que encaminhamentos
planejar e executar ações de maneira integrada para centros especializados podem ser importantes
pelas equipes de saúde, sob a ótica da interdis- em determinados momentos, dependendo do grau
ciplinaridade e intersetorialidade. de comprometimento e das necessidades da pessoa.
Porém, nem sempre são os mais indicados, uma
vez que muitas ações podem ser realizadas com
ACOLHENDO A PESSOA COM qualidade em unidades próximas ou no domicílio.
DEFICIÊNCIA NOS SERVIÇOS DE Se a unidade tiver profissionais com experiência e
SAÚDE formação em reabilitação, estas ações poderão ser
executadas com maior resolubilidade.
A pessoa com deficiência, como qualquer ser hu- Cabe ressaltar que geralmente a expectativa da
mano, tem suas características individuais, potencia- família, da pessoa e dos profissionais de saúde quanto
lidades e necessidades. O que acontece, muitas vezes, à reabilitação é a cura, recuperação total no quadro
é que ao se deparar com uma pessoa com deficiência motor, cognitivo ou sensorial, o que muitas vezes
nos serviços de saúde, os profissionais pressupõem, não é possível.
137
A reabilitação é um processo de desenvolvimen- tos da família, adquiridos pela convivência diária,
to de capacidades, habilidades, recursos pessoais e pelas orientações recebidas de outros profissionais,
comunitários que facilitam a independência e permitindo sua participação e comunicação nas
participação social. Deve ter duração limitada relações de saúde, exercendo seu papel de prota-
e objetivos definidos. Nosso papel é oferecer in- gonista social.
formação, valorizar os ganhos reais que permitam
maior independência nas atividades do dia-a-dia e
contribuir para o enfrentamento da nova condição A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA:
e inclusão social. SINAIS DE ALERTA E CUIDADOS
A precocidade das ações de reabilitação, como
por exemplo a intervenção imediata após sofrimento Crianças com deficiência, como todas as outras,
de trauma ou lesão, possibilita melhores respostas têm as mesmas necessidades essenciais para se desen-
em termos de aquisição de habilidades e prevenção volverem e também aprendem explorando o mundo,
de danos secundários, sejam estes de ordem física, brincando, imitando, repetindo e se relacionando.
econômica ou psicossocial. As crianças com e sem deficiência se beneficiam com
a convivência, pois têm oportunidade de aprender a
ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA respeitar o ritmo diferente do amigo, de desenvolver
sentimentos de cooperação e de cuidado, que são
Lidar com a questão da deficiência, geralmente fundamentais para a construção de uma sociedade
implica em uma série de mudanças, sentimentos, que realmente valorize a diversidade humana, e que
adaptações, que podem gerar maior ou menor so- abra espaço para todos os indivíduos.
frimento para as pessoas envolvidas. Quanto mais cedo uma família tem informações
É importante, portanto, que as famílias sejam sobre as dificuldades e necessidades das crianças,
apoiadas e fortalecidas neste processo, bem como maior a possibilidade de descobrir alternativas e obter
orientadas para o manejo das situações advindas da respostas mais favoráveis para sua participação.
condição de deficiência de algum de seus membros. O mais importante é ser paciente com as difi-
A aproximação de pares pode ser uma estratégia culdades, não tentar comparar as aquisições de uma
facilitadora para o enfrentamento e superação de criança com a outra, compreendendo que cada uma
muitas questões. tem um jeito e ritmo próprio.
O profissional de saúde tem o dever de acolher, dar
A família deve sempre incentivar a criança para
suporte às famílias no momento do diagnóstico e estimular
que tenha maior independência nas atividades como
o vínculo, cuidado e potencial da criança e família, por
vestir, tomar banho, comer, brincar , mesmo que
mais grave que seja a condição da pessoa.
elas demorem mais que o esperado para realizar
ou o façam de maneira muito diferente da usual.
A inclusão deve começar na própria família e a Isto certamente ajudará muito na sua auto-estima
equipe deve observar e estimular a participação das e socialização.
pessoas com deficiência nas diferentes atividades. Da mesma forma, é essencial que ela dê oportu-
Da mesma forma, deve valorizar os conhecimen- nidades para que a criança participe e conviva em
138
todos os momentos da família, na vizinhança, na com o ambiente e alcance de objetos, que devem ser
escola e comunidade. colocados próximos e às vezes até na própria mão.
Ajudá-las para que consigam novos movimentos e
A criança com deficiência tem direito à educação posições evitará muitas deformidades e lhes dará
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-Lei mais confiança para arriscar novas experiências.
nº 9394/96) Na deficiência auditiva os sinais mais comuns
são: criança não acorda, nem se mexe em respostas
Um acompanhamento cuidadoso do desenvol- a fala ou barulho, não tem reações a barulhos do
vimento infantil possibilita a detecção de sinais de ambiente como porta batendo, voz da mãe, brin-
alerta, alterações e intervenção precoce. quedos como chocalho, instrumentos musicais;
Com relação à linguagem, observar a comunicação não atender quando se fala com ela ou só fazê-lo
entre a criança e a família: como é a conversa com o quando está olhando para a pessoa. A criança fala
bebê/criança durante a alimentação e brincadeiras, pouco ou não fala.
se o bebê emite sons, se estes apresentam entonações É importante o encaminhamento para diag-
diferentes. Perto de 2 anos a criança compreende nóstico, indicação de aparelho auditivo e terapia
perguntas simples, já emite algumas frases e apresenta fonoaudiológica. Para auxiliar na comunicação, é
tentativas de manter diálogo com o interlocutor, importante o contato visual: falar de frente, de forma
mesmo que seu vocabulário não seja extenso . mais pausada, articulada e com expressão, mas sem
É importante que a família converse com a crian- exageros. O uso de gestos também pode auxiliar
ça, valorize sua vocalização, dando sentido ao que muito a comunicação. Não deixe de conversar e
produz. Não corrigir e demonstrar grande ansiedade cantar com ela.
em relação à sua fala; brincar de cantar, produzir Na deficiência visual, as crianças demonstram
sons e entonações diferentes durante brincadeiras; grande dificuldade em fixar os olhos nos objetos ou
falar sempre corretamente. Oferecer à criança ob- pessoas, podem parecer desinteressadas pelos brinque-
jetos e brinquedos que incentivem a exploração do dos e ambiente ou trazem muito perto dos olhos os
ambiente, a curiosidade, a independência para que objetos que desejam ver. Têm dificuldade em iniciar
ela possa assumir atitudes e se expressar. sua mobilidade: rolar, engatinhar ou andar. Podem,
Na deficiência física os sinais de alerta mais co- ainda, apresentar comportamentos estereotipados
muns são encontrados em crianças que se apresentam como apertar ou esfregar os olhos, franzir a testa
muito molinhas (flácidas) ou com movimentos muito ou fixar o olhar em pontos luminosos.
rígidos ou muito incoordenados, deformidades ou Para que elas possam fixar o olhar e explorar
malformações com dificuldade de buscar e segurar um brinquedo ou a face do cuidador, é necessário
objetos, ou se movimentar para rolar, arrastar, sentar, aproximá-los bem perto do seu rosto, na posição que
ficar em pé, andar, às vezes com alterações também ela mostrar melhor resposta. Objetos grandes e de
para sugar ou comer. cores fortes, de alto contraste (preto e branco, por
Para estas crianças, aprender depende muito das ex.) são mais fáceis de serem percebidos. Quando a
oportunidades de serem bem posicionadas com almo- criança é cega, necessita fazer o uso das mãos para
fadas, rolinhos, cadeiras adaptadas, para facilitar sua conhecer melhor as coisas e é muito importante
movimentação, bem como ter o contato facilitado que sempre lhe contem o que está acontecendo no
139
ambiente ou lhe antecipem o que vai acontecer. Os • Os profissionais devem perguntar suas dúvidas
móveis e objetos dentro de casa devem permanecer diretamente à pessoa com deficiência, sempre
o máximo possível nos mesmos lugares para que a que possível.
criança possa se deslocar ou procurá-los com maior • Estimular a participação nas atividades familiares.
sucesso. Investigar sua rotina: se permanece no quarto, na
Na deficiência mental os sinais de alerta mais cama, quando poderia estar numa cadeira na sala,
comumente observados são: pouco interesse em por onde todos os membros da família circulam
explorar ou explorações muito repetitivas; atraso e onde são tomadas decisões; se sai com a família
nas aquisições motoras e de linguagem; dificuldade e freqüenta atividades na comunidade.
em memorizar e em realizar uma tarefa até o fim; • Toda pessoa com deficiência tem direito a órte-
dificuldade na retenção do aprendido e no uso em ses, próteses ou outras tecnologias, dependendo
diferentes situações. Comportamentos estereotipados de suas necessidades.
e repetitivos, às vezes de auto-estimulação como ba- • Deficiências motoras, visuais, auditivas ou
lançar a cabeça, bater os objetos, chupar ou morder na comunicação não implicam em deficiência
mão e dedos podem aparecer, e estão freqüentemente mental.
relacionados com distúrbios de saúde mental. • As pessoas com deficiência podem manter
É importante oferecer objetos diferentes, ajudar relacionamentos sexuais e constituir famílias.
a explorar suas características e para que servem,
nomear todos os objetos, demonstrar como funcio- DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DE
nam, ajudar a se interessar pelo ambiente, dividir as LINGUAGEM
tarefas em etapas simples e, sobretudo, ser bastante
tolerante com os erros, a lentidão, a demora e a Nos últimos anos tem se observado cada vez mais
repetição no processo de aprendizado. a importância da comunicação para a vida indepen-
dente. As alterações de fala e escrita, como trocas
ou omissões de letras, as gagueiras, as alterações de
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA: voz, os atrasos de desenvolvimento de linguagem, as
ORIENTAÇÕES E CUIDADOS afasias podem, dependendo do comprometimento,
trazer maior ou menor prejuízo à comunicação.
Considerar sempre as potencialidades dos Quando a pessoa chega à unidade de saúde é
indivíduos, buscando, sempre que necessário, importante observar o meio de comunicação efetivo
alternativas de comunicação para promover acesso que usa. No caso de uma grande alteração de fala
às informações, a convivência e a participação no (como por exemplo uma pessoa com gagueira, com
processo de tratamento. muitas repetições e bloqueios, com paralisia cerebral
e dificuldade de comunicação ou uma pessoa surda)
• Contribuir para que a pessoa descubra seu os profissionais de saúde devem estar disponíveis
potencial e o que é capaz de fazer. Muitas vezes para a comunicação. Se necessário, oferecer recursos
ela desconhece suas capacidades, porque nunca diferentes para que a pessoa possa se expressar. Por
foi estimulada a realizar as atividades, mesmo exemplo, podemos citar o uso da escrita, mímicas,
que de forma incompleta. perguntas direcionadas, que possam ter sim e não
140
como resposta, repetição das últimas palavras/idéias, corpo sejam acompanhados;
o uso de equipamentos de comunicação alternativa. • Quando a pessoa for deitar-se na maca ou
É importante que o profissional tenha paciência e sentar-se para o exame basta que coloquemos
demonstre isso à pessoa. Não tente adivinhar o que sua mão no encosto da cadeira ou da maca para
ela quer dizer e não a deixe sem respostas. Dirija-se que realize as mudanças posturais necessárias;
a ela, procure olhar no rosto. Se não entender o que • Caso a pessoa utiliza uma bengala como guia
foi falado, solicitar que a pessoa repita, escreva ou para locomoção independente não devemos afas-
utilize gestos. tá-la da pessoa. É um objeto de uso pessoal, que
Preste mais atenção no conteúdo da fala do serve de referência na realização das atividades
que em sua forma e, principalmente não discrimi- cotidianas;
ne alguém por sua maneira de falar. Lembre-se o • Lembre-se que os cães-guia têm responsabili-
mais importante são os sentimentos e as idéias que dade de guiar o dono que não enxerga, por isso
a pessoa quer transmitir. o cachorro nunca deve ser distraído do seu dever
Na condição de deficiência auditiva, é importante de guia;
o posicionamento de frente para a pessoa para faci-
litação da leitura labial. Se necessário, mudar ritmo DEFICIÊNCIA MENTAL
e volume de fala, utilizar a escrita, sinais ou pedir
auxílio de um intérprete que pode ser uma pessoa Deficiência mental e Doença Mental são con-
da família, amigo ou da comunidade. dições distintas, e freqüentemente as pessoas têm
dificuldade em diferenciá-las. Vale esclarecer que
DEFICIÊNCIA VISUAL a doença mental pode ocorrer com pessoas com
os graus mais variados de inteligência. A doença
Ao se dirigir a uma pessoa com deficiência visual, mental não é uma condição inerente às pessoas com
identifique-se e faça-o perceber que está falando com deficiência mental.
ele; comunique também seu afastamento;
Perguntar diretamente à pessoa o que sente, qual - Procure descobrir as potencialidades da pes-
a queixa que a trouxe a unidade de saúde. Para tanto, soa, de sua família e comunidade; não subestime sua
não precisamos falar alto, nem vagarosamente, em capacidade.
linguagem mais simples. A deficiência visual não é - Deixe que faça ou tente fazer tudo que puder.
sinal de déficit auditivo ou deficiência mental; Ajude apenas quando for realmente necessário.
É fundamental que os procedimentos sejam
antecipados com explicação verbal, apresentação
dos instrumentos, procedimentos, equipamentos DEFICIÊNCIA FÍSICA
e materiais que serão utilizados, se possível com a
permissão para serem tocados e conhecidos; A maior dificuldade das pessoas com deficiên-
• Solicitar autorização para o toque evitando cia física geralmente está associada à dificuldade de
sustos e constrangimentos; locomoção e acesso aos diferentes serviços. Muitos
• Quando for guia-lo, espere que a pessoa segure encontram-se acamados ou limitados em sua mobili-
no seu braço para que os movimentos de seu dade, impedidos de usufruir dos serviços comuns.
141
Esta dificuldade está relacionada tanto a aces- • Devido ao padrão flexor, pode haver dificul-
sibilidade externa (barreiras arquitetônicas e de dade em realizar higiene na axila, no cotovelo
transportes), quanto à acessibilidade interna dos e em especial na palma da mão. Lesões de pele
serviços, muitas vezes pela presença de escadas e podem tornar-se comuns. Uma orientação sim-
falta de equipamentos (balança adaptada, por exem- ples é colocar rolinhos de tecido nas regiões que
plo, para que mulheres com deficiência possam ser permanecem em flexão, de forma que o tecido
pesadas durante a gestação). absorva o suor.
Deixe que a pessoa fale a melhor forma de ser • Solicitar a utilização do hemicorpo afetado
ajudada para locomoção ou transferência da cadeira como auxiliar nas atividades cotidianas. A mão
na hora de um procedimento. parética, por exemplo, pode ser utilizada como
apoio na realização de atividades bimanuais.
Seguem abaixo, considerações sobre Acidente • Alterações de sensibilidade, de cognição, de fala
Vascular Encefálico e Paralisia Cerebral, por serem e linguagem podem também estar presentes. É
ocorrências comuns no cotidiano das equipes de importante que a família e profissionais tenham
saúde. conhecimento da condição real da pessoa, para
que as condutas sejam adequadas. Por ex.: o fato
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁ- da pessoa estar mais emotiva diante da condição,
LICO (mais conhecido como AVC) ou ter dificuldades para se expressar e/ou entender,
não justifica que seja tratada de maneira infanti-
• Orientar a pessoa a cuidar de sua postura no lizada. É importante utilizar qualquer forma de
decorrer do dia. Atitudes viciosas podem levar comunicação como a mímica, a fala, a escrita,
a desenvolvimento de deformidades. Ex.: Per- os gestos e o desenho quando interagir com a
manecer com tronco constantemente inclinado pessoa que sofreu um AVC.
para um lado, pode levar a escoliose. • Pessoas com grande limitação na movimenta-
• Evitar deixar o membro superior afetado sem ção e/ou restritas ao leito devem ser orientadas a
suporte de peso, orientando mantê-lo elevado e realizarem mudanças posturais freqüentes. Deve
apoiado sobre a mesa ou travesseiros. ser estimulado o uso de roupas sem acessórios que
• Favorecer atenção para o lado do hemicorpo provoquem pontos de pressão, o uso de colchão
afetado, orientando que familiares se posicionem “casca de ovo”, a troca de fralda, a arrumação
ou coloquem objetos preferencialmente deste da cama de forma que não fiquem “rugas” nos
lado. lençóis, a higiene adequada e manutenção em
• Deve-se respeitar o limite de dor durante a posição adequada utilizando rolos, travesseiros
manipulação. ou outros assessórios.
• A “bolinha” não deve ser usada por todos os • A posição escolhida para a alimentação tam-
pacientes, especialmente no início da recupera- bém deve ser investigada. Muitas vezes a pessoa
ção, pois já existe uma tendência para flexão de é alimentada deitada, sem elevação. Isto pode
punho e dedos e poderemos intensificar o padrão levar a aspiração do alimento e conseqüentes
flexor. quadros repetitivos de pneumonia aspirativa.
142
O fonoaudiólogo, o fisioterapeuta e o terapeuta manifestar que gosta/não gosta de algo ou para
ocupacional poderão auxiliar na orientação do demonstrar alegria.
posicionamento e alimentação. • A pessoa com PC e as famílias, a partir de
suas experiências e conhecimento, podem ajudar
PARALISIA CEREBRAL os profissionais sobre como proceder em determi-
nadas situações.
O termo “Paralisia Cerebral”, embora impróprio,
foi consagrado pelo uso. Muitos médicos utilizam o TECNOLOGIA ASSISTIVA / AJU-
termo “Encefalopatia Infantil Crônica Não Evolutiva” DAS TÉCNICAS
(EICNE), embora este termo possa incluir outras
condições não motoras. Paralisia Cerebral refere-se Refere-se ao conjunto de objetos, equipamentos,
a lesões nos primeiros anos de vida, que interferem sistemas de produtos, adquirido comercialmente ou
no desenvolvimento infantil, caracterizada por al- desenvolvido artesanalmente, utilizado para aumentar,
terações do movimento e da postura. Podem estar manter, ou melhorar as habilidades de pessoas com
associadas outras manifestações, como: epilepsia, limitações funcionais. Devem ser funcionais, sem
alterações oculares (estrabismos, erros de refração..) provocar dor, lesões ou desconforto.
alterações auditivas, alterações no desenvolvimen- Entre os recursos da tecnologia assistiva, podemos
to mental, retardo de crescimento e alterações da destacar as Órteses, aparelhos que acrescidos a qual-
sensibilidade. quer segmento do corpo melhoram o posicionamento
Infelizmente, ainda é comum a idéia de que a e/ou a função (Ex.: Bengalas, muletas, “goteiras”)
pessoa com Paralisia Cerebral também é deficiente e as Próteses, equipamentos que substituem algum
mental. Outra idéia comum é da progressão do qua- segmento do corpo visando principalmente o ga-
dro, o que não é real. Podem surgir encurtamentos e nho de função (Ex.: Aparelhos auditivos; próteses
deformidades, decorrentes da limitação na mobilidade, de membros).
posturas e movimentação em padrões repetitivos, o A prescrição, confecção e treinamento são realiza-
que não significa que houve um aumento na área das em serviços de referência. Devem ser reavaliados
da lesão cerebral. periodicamente, visto que podem ocorrer mudanças
• O posicionamento pode significar melhoria na estrutura corporal do indivíduo (por exemplo
na qualidade de vida da pessoa; deve proporcionar crescimento ou mudança significativa de peso) e
conforto, segurança e funcionalidade, de forma que desgaste natural no material. Na atenção básica,
a pessoa possa manter contato e ter acesso ao mundo podem ser identificadas alterações como lesões de
a sua volta. Devemos estar atentos para perceber pele, flacidez, perda de força muscular, que indicam
os pontos de pressão que machuquem ou causem a necessidade de encaminhamento.
desconforto.
• A espasticidade (tônus muscular aumentado) DIREITOS REIVINDICADOS PELAS
ou a movimentação involuntária podem aumentar PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
frente a situação de estresse ou ainda, pode ser uma
• Adequação das unidades de saúde para o acesso
forma de expressão. A pessoa pode utilizá-la para
143
físico e maior utilização da comunicação visual.
• Adequação de mobiliário e equipamentos nas
unidades de saúde (ex: mesa de exame ginecológico
e balança eletrônica com plataforma e rampas
para pesagem com cadeiras de rodas);
• Profissionais capacitados em LIBRAS (Língua
de Sinais Brasileira) para acesso dos surdos a di-
versos serviços como: psicologia, educação em
saúde, planejamento familiar e orientação sexual,
prevenção de DST/AIDS;
• Acesso ao planejamento familiar e exame de
Papanicolaou.
144
I - TRANSPORTES:
• SECRETARIA MUNICIPAL
DE TRANSPORTES
1. SPTRANS
Rua Cachoeira, 1140 – Pari
Tel.: 6096-3299
2. ATENDE
O Serviço de Atendimento especial ATENDE faz
parte do Sistema Interligado. Ele funciona como um
serviço gratuito de transporte porta –a- porta para
proporcionar a locomoção às pessoas com mobili-
dade reduzida, que não podem utilizar o transporte
comum ou os coletivos adaptados.
Tel.: 0800-155 234
E-mail: atende@sptrans.com.br
1. METRÔ:
Estação Tatuapé do Metrô
Tel.: 1520
INFORMAÇÕES ÚTEIS
2. EMTU:
Av. Engenheiro Armando Pereira, nº 2654, Jabaquara
Tel. Informações: 5021-3838
3. CPTM:
Av. Auro Soares de Moura Andrade, nº 664 – Estação
Barra Funda do Metrô
Tel. Informações: 0800-55-01-21
• TRANSPORTE
INTERESTADUAL - FEDERAL
145
III – CONSELHOS:
1. PASSE LIVRE
Para pessoas com deficiência física, auditiva ou 1.CONSELHO MUNICIPAL DA PESSOA DE-
visual, comprovadamente carentes. FICIENTE ( CMPD )
Informações: tel. 0800-61 0300 Rua Líbero Badaró, 119 – Centro – CEP: 01009-
E-mail: passelivre@transportes.gov.br ou site 000 – São Paulo / SP
www.transporte.gov.br Tel: 3113-9671 / 3113-9673
E-mail: cmpd@prefeitura.sp.gov.br
O Governo Federal institui o Passe Livre para pessoas
com deficiência física, mental, auditiva ou visual 2.CONSELHO ESTADUAL PARA ASSUNTO
comprovadamente carentes. Estas pessoas, com DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
renda familiar mensal per capita de até um salário (CEAPPD)
mínimo poderão, com o Passe Livre, viajar de um Rua Antônio de Godói, 122 – 5º Andar – Santa
Estado para outro de ônibus, trem ou barco, sem Efigênea – São Paulo / SP
precisar pagar a passagem. Tel: 3337-7862 / Fax: 3331-2276
A concessão deverá ser solicitada, via carta, ao Mi- E-mail:ceappd@ig.com.Br
nistério dos Transportes – Caixa Postal 9800 – CEP
70001-970 – Brasília / DF – que enviará Kit do passe 3. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE
Livre a ser preenchido pelo requerente, anexando (CMS)
Laudo Médico expedido pela Equipe Multiprofis- Rua Gal. Jardim, 36 – 2º Andar - V. Buarque
sional do SUS, além de cópias de Documentos de Tel:3218-4195 / 3218-4193
Identificação Pessoal. E-mail:cmssp@.prefeiturasp.gov.Br
O Ministério dos Transportes após recebimento
e validação dos documentos emite e envia ao re- 4. CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE
querente a Carteira de Concessão do Passe Livre, Av. Dr Enéas de Carvalho Aguiar, 188 – 6º Andar
via Correio. – Sala 603 – São Paulo / SP
E-mail: ces@saude.sp.gov.br
II – JUDICIÀRIO: IV - ACESSIBILIDADE
146
V – SERVIÇOS:
2. SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO
INSTITUIÇÕES QUE ATENDEM PESSOAS PAULO
COM DEFICIÊNCIA VISUAL Rua Dr. Cesário Mota Júnior, 112 – Santa Cecília
Tel.: 3224-0122 ou 222-3062 - SETOR DE VISÃO
1. FUNDAÇÃO DORINA NOWIL PARA SUBNORMAL
CEGOS
R. Diogo de Faria, 558, CEP: 04037-001 – São 3. HOSPITAL UNIFESP DA ESCOLA PAULISTA
Paulo / SP DE MEDICINA
Tel: 5087-0999 / 5087-0977 Rua Botucatu, 820- Vila Mariana
E-mail: info@fundacaodorina.org.br Tel.: 5085- 2016
147
VI – ESPORTE VIII - CULTURA
148
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E SUA
FAMÍLIA NAS UBS
ESCUTA DA DEMANDA
SIM NÃO
149
ÁREA TEMÁTICA - ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Elaboração
153
1 - Com a publicação da Portaria nº 2.693/03,
que normatiza a Prescrição e Dispensação, todas as
ATENDIMENTO/ ORIENTAÇÃO DE RECEITAS receitas, independentemente da procedência (serviço
de origem), para atendimento devem:
154
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO -
RECEITAS EXTERNAS À
UNIDADE DE SAÚDE
Acolhimento recebe
o usuário
Verificar se o medic.
esta na REMUME
Não Sim
155
FORMULÁRIO DE
ENCAMINHAMENTO DE RECEITA
UNIDADE
COMUNICADO AO PRESCRITOR
Senhor prescritor: De acordo com a Portaria SMS.G Nº
2.693/03 esta receita está irregular. Pedimos a gentileza
de fazer a (s) correção (ões) assinalada (s):
156
ÁREA TEMÁTICA DST/AIDS
158a
No início da epidemia, na década de 1980, a
Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida,
atingia apenas homens que faziam sexo com homens
159
FLUXOGRAMA HIV
UBS
Acolhimento
160
FLUXOGRAMA (CONT.)
Privacidade: Tanto os aconselhamentos como a entrega dos resultados são realizados em espaço próprio,
onde é garantida a privacidade dos pacientes.
Voluntário: Todo processo de atendimento, o paciente tem total liberdade para recusar os aconselhamentos,
a coleta da sangue, fornecer qualquer tipo de informação.
• Informar que um resultado negativo significa que a pessoa não está infectada ou foi infectada tão re-
centemente que não produziu anticorpos necessários para a detecção pelo teste utilizado;
161
FLUXOGRAMA HIV
• Avaliar a possibilidade do paciente estar em janela imunológica e, se necessário, realizar um novo teste
em 3 meses;
• Lembrar que o resultado negativo não significa imunidade;
• Reforçar as práticas seguras : camisinha , uso de seringa descartável para usuário de drogas.
• Explicar que um resultado indeterminado pode significar : um falso positivo devido a razões biológicas
ou um verdadeiro positivo de uma infecção recente cujos anticorpos não estão plenamente desenvol-
vidos.
• Orientar a realização de nova coleta para refazer o teste, dentro de 3 meses após a última exposição.
O resultado será dado preferencialmente pelo médico e/ou enfermeira que solicitou o exame.
Caso o paciente seja positivo será oferecido ao paciente encaminhamento para unidade especilizada
em DST/AIDS.
162
FLUXOGRAMA DE
SOROLOGIA PARA HIV
Orientação a Aconselhamento
respeito DST/ pré-teste + Coleta
AIDS
Prevenção
Se Se
positivo negativo
Orientar
Prevenção
Encaminhar
para Unidade
Especializada
163
O Município de São Paulo adotou a Abordagem
ABORDAGEM SINDRÔMICA EM DOENÇAS
Sindrômica para Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST) em 2.001, em consonância com o Programa
Nacional de DST/AIDS, baseada em trabalhos e
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
164
FLUXOGRAMA DE
CORRIMENTO URETRAL
* SINAN
165
FLUXOGRAMA DE
ÚLCERAS GENITAIS
166
Parker R., Galvão J., Pimenta M.C., Jr Veriano
T.Aprimorando o debate: respostas sociais frente á AIDS:
anais do seminário conquistas e desafios na assistência
ao HIV/Aids. Rio de Janeiro: ABIA, 2002.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Portal DST/AIDS:
www.prefeitura.sp.gov.br/dstaids
167
CR Centro de Referência, SAE –Serviço de Aten-
dimento Especializado, AE- Ambulatório de Espe-
cialidades.
CR DST/AIDS Nossa Senhora do Ó.Av Itaberaba
, n °1377 –Freguesia do Ó.
CR DST/AIDS Penha R. Praça Nossa Senhora da
Penha n° 55-Penha.
UNIDADES ESPECIALIZADAS EM DST/AIDS
168