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EXMO(A) SR(A) DR(A) JUIZ(A) DA __ VARA DO TRABALHO DE PORTO ALEGRE/RS.

ROGER MORAES FERNANDES, brasileiro, solteiro, Técnico de Enfermagem,


inscrito no CPF nº. 034.661.260-88, portador do RG n º 6102627525, CTPS nº.
8686429.003-0/RS, PIS nº. 206.75511.28-8, nascido em 03.07.1996, residente à Rua
Ari Barroso, nº. 422, Bairro Morada do Vale I, em Gravataí/RS, CEP nº 94.085-170, por
intermédio de seus procuradores signatários vem à presença de Vossa Excelência,
propor a presente

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA pelo RITO SUMARÍSSIMO contra

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE BENEFICIÊNCIA, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 92.740.539/0001-03, com sede na Avenida
Independência, nº. 270, Bairro Independência, em Porto Alegre/RS, CEP 90.035-070,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos vindo ao final requerer:

PRELIMINAR

1. DA IRRETROATIVIDADE DA LEI Nº. 13.467/2017

Modificações legislativas sempre acarretam, em um primeiro momento,


forte insegurança jurídica àqueles atuantes em sua esfera, e tal não foi diferente com
a edição da Lei 13.467/2017, que alterou 96 dispositivos materiais e processuais,
introduzindo diversos comandos inexistentes até então no Direito do Trabalho,
muitos desses considerados, inclusive, inconstitucionais.

Tão logo expirado o vacatio legis e passando a viger em sua totalidade, a


reforma trouxe uma miríade de interpretações dos seus termos, colocando
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procuradores e julgadores em nítido conflito interpretativo da norma, o que
evidencia a sua má elaboração pelo Poder Legislativo, que sequer atentou a
estabelecer regras de transição para vigência da norma.

Coube, portanto, ao Poder Judiciário suprir tal lacuna, socorrendo-se dos


princípios e normas constitucionais e processuais cíveis. E neste sentido, o Tribunal
do Trabalho da 4ª Região tem sedimentado entendimento pela irretroatividade das
novas regras aos contratos firmados sob a égide da Lei anterior, como
brilhantemente sintetizou a Desa. Brígida Joaquina Charão Barcelos Toschi, in verbis:

EMENTA – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REVISÃO DA DECISÃO.


REANÁLISE DA PROVA.
(...)
Entendo que as disposições da Lei 13.467/17, vigente desde 11.11.2017, não se aplicam ao
presente feito. Os fatos analisados foram praticados sob a égide da legislação anterior e sob tal
regramento devem ser examinados, nos termos do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, e do
art. 6º, §1º, do Decreto-Lei 4.657/42 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) que
resguardam o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. O princípio da
irretroatividade da lei é uma cláusula pétrea insculpida na Constituição e dirigida ao legislador e
ao aplicador do direito (CF, art. 60, § 4º, IV). (TRT4, 0020364-02.2015.5.04.0205 (RO), Órgão
julgador: 5ª Turma, Redator: Brígida Joaquina Charão Barcelos Toschi, julg. 18/04/2018, DEJT
26/04/2018)

Nestes mesmos moldes é a interpretação do Ministro Mauricio Godinho


Delgado, o qual defende que “(...) a Lei n. 13.467/2017 teria de respeitar o direito
adquirido pelos trabalhadores, em seus contratos de trabalhos antigos, não podendo
modificar o conteúdo de tais contratos, ainda que esse conteúdo tenha sido criado,
tempos atrás, por regra legal.”1.

Aliás, a iterativa jurisprudência do TST, consolidou-se neste mesmo


sentido, de que modificação legislativa restritiva não pode alcançar aqueles contratos
iniciados em período pretérito à vigência da nova norma, ao argumento que: “a lei
nova não produzirá efeitos, ainda que futuros, sobre os contratos de emprego
celebrados anteriormente à sua vigência. A vedação à retroatividade capitulada no
inciso XXXVI do art. 5º da Constituição Federal impede, inclusive, a retroatividade
mínima, consoante entendimento prevalente no Supremo Tribunal Federal (ADI nº.
493 MC, Rel. Min Moreira Alves, Tribunal Pleno, DJ 4/9/1992; RTJ 89/634; RTJ 90/296;
RTJ 107/394; RTJ 112/759)”2.

1
DELGADO, Mauricio Godinho, DELGADO, Gabriela Neves, in “A Reforma Trabalhista no Brasil com
os comentários à Lei n. 13.467/2017”, LTr, 2017, p. 371
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Considerando que o autor fora contratado em momento pretérito ao
período de promulgação da Lei nº. 13.467/2017, não pode ele sofrer mudanças em
seu liame laboral que venham a desconstituir o direito adquirido resguardado
constitucionalmente, sob pena de insegurança jurídica, pelo que requer seja
declarada a irretroatividade da Lei nº. 13.467/2017 ao contrato de trabalho firmado
entre as partes, com observância da legislação anterior às parcelas de todo o pacto
laboral, salvo em casos de condição mais benéfica ao empregado, com respeito aos
princípios constitucionais e infraconstitucionais supramencionados.

MÉRITO

1. DA JUSTIÇA GRATUITA INTEGRAL

A gratuidade de justiça, na forma como estabelecida pela Constituição


Federal (art. 5º, XXXIV) sempre teve alcance pleno e absoluto, abarcando não só as
despesas processuais (como custas), mas também os honorários periciais e
sucumbenciais, havendo exceções somente nos termos do revogado art. 3º e incisos
da Lei nº 1.060 de 1950.

Este comando legal restou reeditado com o advento do Código de


Processo Civil de 2015, o qual passou a regular a matéria em seu art. 98, mantendo,
de certa forma, a amplitude pretendida pelo constituinte.

Com a edição da Lei nº 13.467 de 2017, a considerada “Reforma


Trabalhista”, a CLT passou a igualmente regular a matéria, porém, com modificações
perniciosas, ao afastar do conceito de Gratuidade de Justiça os custos com
honorários periciais e sucumbenciais, além de impor limite à concessão do benefício.

Além de flagrantemente inconstitucional, as novas regras ofendem


gravemente o Princípio Constitucional de Igualdade, bem como o Valor Social do
Trabalho, cláusulas pétreas do art. 5º da Constituição Federal, ao tratar o trabalhador
de forma diversa (e prejudicial) ao cidadão comum, afinal, onera o reclamante para
além das regras constitucionais, ao arrepio do Princípio da Proteção ao
Hipossuficiente. A Constituição traz essa proteção em diversos de seus dispositivos,

2
TST-E-ED-ARR-2372-84.2013.5.03.0024, Min. Relator JOÃO ORESTE DALAZEN, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais do TST, em 12 de maio de 2016, publicado no DEJT.
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merecendo destaque o art. 5º, no inciso XXXV (a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito) e no inciso LXXIV (o Estado prestará
assistência jurídica INTEGRAL e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos).

No tocante à comprovação da situação hipossuficiente, a interpretação


comumente dada mais uma vez vem de encontro aos princípios norteadores do
Direito do Trabalho. A praxis diária tem demonstrado que julgadores vêm exigindo
prova indene de dúvidas quanto à necessidade de concessão do beneplácito, o que
não se coaduna com as exigências legais.

À falta de regulação pela CLT, aplica-se o art. 99, §§ 2º e 3º do CPC, sendo


suficiente a declaração de hipossuficiência firmada pela parte, pessoa natural. A
imposição de prova de preenchimento dos pressupostos legais à concessão do
benefício somente seria possível caso existentes evidências suficientes em sentido
contrário.

Ante o exposto, requer a concessão da Justiça Gratuita, com base no art.


5º, incisos XXXIV, XXXV e LXXIV da Constituição, de forma integral e absoluta,
compreendendo as custas processuais, honorários periciais e sucumbenciais, através
do exercício do controle difuso de constitucionalidade e declaração de
inconstitucionalidade dos comandos dos art. 790, §§ 3º e 4º, 790-B, e 791-A, §4º.
Requer, ainda, a aplicação dos termos do art. 98 e seguintes do CPC, por se constituir
em norma mais benéfica ao trabalhador, sob risco de afronta ao Princípio da
Igualdade.

O Enunciado 100, da 2ª Jornada de Direito Material e Processual do


Trabalho da Anamatra: "É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos
trabalhistas reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do beneficiário da
justiça gratuita com honorários advocatícios ou periciais (artigos 791-A, § 4º, e 790-B,
§ 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos
fundamentais à assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo Estado e à
proteção do salário.".
Relevante citar, ainda, que na XIX CONAMAT realizada recentemente (de
02 à 05.05.2018) restou aprovada diversas teses que demonstram o entendimento
nacional da Magistratura Trabalhista, neste sentido:

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A ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NO PROCESSO DO TRABALHO DEVE SER INTEGRAL,
VISANDO A CONFERIR EFETIVIDADE À GARANTIA CONSTITUCIONAL DO ACESSO À JUSTIÇA.

É INCONSTITUCIONAL A PREVISÃO DE UTILIZAÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS RECONHECIDOS


EM JUÍZO PARA O PAGAMENTO DE DESPESAS DO BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA COM
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS OU PERICIAIS (ARTIGOS 791-A, § 4º, E 790-B, § 4º, DA CLT, COM A
REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.467/2017), POR FERIR OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA E INTEGRAL, PRESTADA PELO ESTADO, E À PROTEÇÃO DO
SALÁRIO (ARTIGOS 5º, LXXIV, E 7º, X, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

O FATO DE O TRABALHADOR TER PERCEBIDO CRÉDITO TRABALHISTA EM AÇÃO JUDICIAL NÃO


ELIDE, POR SI SÓ, A SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE JURÍDICA DE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
GRATUITA, SENDO INCONSTITUCIONAL A PREVISÃO DO ART. 790-B, § 4º, DA CLT DE
COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO TRABALHISTA PARA PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. OS
CRÉDITOS TRABALHISTAS RECONHECIDOS EM JUÍZO SÃO DE NATUREZA ALIMENTAR
SUPERPRIVILEGIADA E MARCADOS PELA INTANGIBILIDADE (ARTS 100, PAR. 1º, E 7º, X, DA CF; 83,
I, DA LEI 11.101/2005; 186 DO CTN E 833, IV, DO CPC). A REGRA VIOLA O PRINCÍPIO DA
ISONOMIA, O DIREITO FUNDAMENTAL DE AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO E À GARANTIA
FUNDAMENTAL DE GRATUIDADE JUDICIÁRIA (ARTS. 5º, CAPUT, XXXV, LXXIV, CF E ART. 8º, 1, DO
PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA), IMPONDO À PARTE JURIDICAMENTE POBRE CONDIÇÃO
FINANCEIRA PARA LITIGAR.

Sucessivamente, ainda que não se entenda pela inconstitucionalidade do


normativo, aponte-se que inviável a compensação prevista no art. 791-A, §4º.
Cumpre esclarecer que o fato de a parte autora auferir créditos no presente processo
não retira a sua condição de miserabilidade jurídica. Ademais, referidos créditos, em
decorrência da sua natureza alimentar, não podem ser utilizados para pagamento de
honorários, como forma de compensação, na medida em que a possibilidade de se
utilizar os recursos obtidos por via judicial para a quitação da despesa processual,
priva o trabalhador do mínimo necessário para a sua sobrevivência.

2. DO CONTRATO DE TRABALHO. DA REVERSÃO DO PEDIDO DE


DEMISSÃO

O reclamante foi contratado pela reclamada em 12.07.2017 para


desempenhar a função de Técnico de Enfermagem. Auferiu como último salário
mensal a quantia de R$ 1.190,15 (um mil, cento e noventa reais e quinze centavos) +
40% adicional de insalubridade.

No dia 26.09.2017 o contrato de trabalho do reclamante foi rescindido por


sua iniciativa (pedido de demissão).

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2.1. Da Reversão do Pedido de Demissão

Inicialmente, o autor passa a postular o reconhecimento e deferimento


quanto a nulidade do pedido de demissão formulado em 26.09.2017, convertendo-o
em uma dispensa sem justo motivo, por iniciativa da ré.

Isto porque, os motivos que levaram o demandante a rescindir seu


contrato de trabalho, foram, única e exclusivamente por culpa da reclamada, visto
que não vinha cumprindo suas obrigações patronais mais básicas.

Salienta-se que o reclamante, por todo o período em que trabalhou em


prol da reclamada, não recebeu o pagamento de nenhum de seus salários, o que
obviamente tornou a manutenção deste contrato insustentável.

O art. 483, alínea “d” da CLT, autoriza ao empregado considerar seu


contrato de trabalho rescindido no caso de descumprimento patronal quanto as
obrigações do contrato de trabalho. Logo, o não pagamento dos salários pela ré,
justifica o presente pleito de reversão do pedido de demissão do autor, convertendo-
o em dispensa sem justo por iniciativa da reclamada.

Ressalta-se que o próprio art. 9º da CLT reforça e torna nulo qualquer ato
cometido com o intuito de transgredir a legislação obreira.

Diante do exposto, postula-se a NULIDADE do pedido de demissão,


revertendo o desligamento em despedida sem justa causa, com o pagamento das
diferenças das verbas rescisórias, a saber: aviso prévio indenizado (30 dias) e FGTS
com indenização de 40% e posterior liberação do mesmo através do código 01.

Requer, ainda, seja considerado o cômputo do aviso prévio para todos os


efeitos legais da presente ação e do contrato de trabalho, e o pagamento de 30 dias a
mais de férias com 1/3 constitucional, natalinas e FGTS mais indenização de 40%,
devendo ser a CTPS do autor retificada para considerar tal período.

3. DOS SALÁRIOS IMPAGOS

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Em que pese a reclamada tenha fornecido ao autor os contracheques da
contratualidade, nenhum dos valores lá apontados foram adimplidos ao reclamante,
o que inclusive o levou a pedir demissão (tópico anterior).

Assim, requer-se a condenação da reclamada para que efetue o


pagamento dos salários vencidos (julho/2017 e agosto/2017), devidamente acrescido
de juros e correção monetária na forma da Lei.

4. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS EXTRAPATRIMONIAIS

Diante dos termos da narrativa apontada anteriormente, e que motivaram


o pedido de demissão do autor, faz jus a indenização pelos danos morais sofridos,
uma vez que laborou por 03 meses para a demandada sem que lhe fosse alcançado
qualquer valor.

A respeito das situações anteriormente narradas, o Tribunal Regional da 4ª


Região já se posicionou:

DANO MORAL. MORA E/OU INADIMPLEMENTO SALARIAL. PRESUNÇÃO DE PREJUÍZO


EXTRAPATRIMONIAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O atraso e/ou inadimplemento de salários é
circunstância que causa prejuízo in re ipsa, fazendo presumir, por si só, ofensa na esfera
extrapatrimonial do trabalhador, insanável por mera reparação patrimonial. Devida ao
trabalhador, portanto, indenização por dano moral, nos termos do art. 5º, X, da CF.(TRT da 4ª
Região, 4ª Turma, 0020691-94.2017.5.04.0004 RO, em 14/02/2019, Desembargador Joao Paulo
Lucena)

Irrefutável, portanto, a ocorrência de ato lesivo direcionado ao autor, o


dano por ele sofrido, e o nexo entre ambos, fazendo jus o demandante à indenização
por danos imateriais, nos termos dos art. 186 e 927 do Código Civil.

O dano moral é dano moral objetivo, aquele dano decorrente da infração a


qualquer um dos direitos da personalidade, sendo eles presumidos; ipso facto é
damnum in re ipsa, desde que se comprove a ocorrência do fato e sua autoria, não se
necessitando provar a infração ao direito tutelado, pois é decorrente da própria
infração em si a esses direitos, sendo o que ocorre no caso em tela.

E que não se fale em aplicação do Título II-A da CLT, eis que


flagrantemente inconstitucional. Mais uma vez o legislador distinguiu o trabalhador
do cidadão comum, de maneira lesiva, “tarifando” o dano imaterial e condicionando
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esta tabela ao salário do trabalhador, além de apresentar rol exaustivo de bens
tutelados, e dos titulares deste direito, restringindo as regras até então aplicáveis,
com base nos art. 186 e 927 do Código Civil.

Não se trata da primeira tentativa legislativa de tarifação da


responsabilidade civil, objeto do art. 51 da Lei. 5.250/67 (Lei de Imprensa), a qual
restou declarada inconstitucional pelo STF somente em 2009, apesar de já
reiteradamente inaplicada pelo STJ, o qual entendeu que este comando não foi
recepcionado pela Constituição Federal (art. 5º, X).

E neste mesmo sentido deve ser interpretada a malfadada edição deste


novo título, inaplicável ao caso em comento, devendo aplicar-se, por analogia, os
textos dos artigos 186 e 927 do Código Civil, tal como anteriormente à “reforma”.

5. DOS DESCANSOS SEMANAIS REMUNERADOS (DSR) SONEGADOS.

O reclamante foi contratado para trabalhar das 13h às 19h15min, com


intervalo de 15min, em regime 6x1. Entretanto, habitualmente a reclamada compelia
o demandante a laborar por mais 06 dias sem gozar de folga, o que contraria o art. 67
da CLT e art. 7º, inciso XV da CF/88.

À título de amostragem, o reclamante aponta duas semanas em que


laborou por mais de 06 dias sem gozar do repouso semanal remunerado:

Assim, é devido o pagamento dos descansos semanais remunerados


usurpados do reclamante, e em dobro, conforme dispõe a OJ nº 410 do TST.

6. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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In casu, o controle de constitucionalidade difuso, deve ser
preliminarmente exercido, afastando a aplicação, por inconstitucionalidade, em
relação aos regramentos incluídos pela Lei 13.467/2017, na CLT, em especial no
artigo 791-A, caso Vossa Exa. entenda aplicável à espécie, no que diz respeito ao
princípio da igualdade, vez que estabelece honorários sucumbenciais advocatícios do
advogado trabalhista em apenas até 15%, enquanto aos demais advogados tais
honorários são de até 20%, conforme se vê do art. 85, § 2º, do CPC, bem como
quanto à não isenção do pagamento dos honorários em comento para parte
beneficiada pela Justiça Gratuita, sendo que o dispositivo legal aqui questionado,
determina, inclusive, seja decotado do crédito do trabalhador os valores de
honorários que ele venha a ser condenado.

A Constituição da Republica Federativa do Brasil, dispõe em seu artigo 5º,


caput, sobre o princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes
termos:

Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes.

O princípio da igualdade prevê a igualdade de aptidões e de possibilidades


virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio desse
princípio são vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveis pelos
valores da Constituição Federal, e tem por finalidade limitar a atuação do legislador,
do intérprete ou autoridade pública e do particular.

Ademais, o inciso XXXII do artigo 7º da CF/88 proíbe a distinção entre


profissionais.

Deste modo, fere os artigos 5º e 7º Constituição Federal, esse último em


seu inciso XXXII, analisada sob a luz do regramento do art. 28, § 2º, do CPC, a redação
do caput do artigo 791-A da CLT, que limita os honorários sucumbenciais aos
advogados trabalhistas a 15% sobre o valor líquido da sentença, vez que a regra
civilista estabelece que “os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o
máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação”.

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Com efeito, por ferir o texto constitucional acima mencionado, requer, por
meio de controle de constitucionalidade difuso, a ser exercido por este juízo, que a
limitação de honorários estabelecida no artigo 791-A da CLT, bem como o cálculo da
referida verba sobre a condenação liquida, por inconstitucional, não sejam aplicadas
ao caso dos autos e, por analogia, sobre o tema seja aplicado o regramento do art.
85, §2º, do CPC.

Sucessivamente, caso este MM.Juízo entenda não ser aplicável o


dispositivo do CPC, requer seja deferido e fixado os honorários advocatícios em 15%
sobre o valor da condenação.

7. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS. DA INDICAÇÃO DE VALORES

Por pedido certo, entender-se-ia como a especificação do objeto que se


pretende a prestação jurisdicional, como por exemplo, o pagamento de horas extras
pela extrapolação da jornada de 08h de trabalho, como já era comum.

Com relação ao pedido determinado e sua correspondente indicação de


valores, a interpretação do que significa cada termo se mostra mais nebulosa.

Isso por que a interpretação de determinado nestes casos sempre revolveu


a liquidez do pedido. Ora, se a certeza do pedido é a sua individualização (horas
extras acima da 08ª diária), sua determinação seria a indicação do valor
correspondente. Nas palavras de Cândido Rangel Dinamarco: “diz-se certo o pedido
quando individualizado em seus elementos o objeto sobre o qual se pretende o
pronunciamento jurisdicional; líquido ou determinado, o pedido que faz tal indicação
(número de cabeças de animal, determinado valor em dinheiro)”.3

Pareceria, a primeira vista, redundante o texto legal (como parecem tantos


outros introduzidos com a “reforma”), porém, partindo do primado que nenhum
texto legal contém expressões inúteis, a única conclusão possível seria no sentido de
que a determinação do pedido visa especificar o objeto pleiteado, enquanto a
liquidez deste mesmo pedido seria postergada ao momento oportuno, após decisão
de mérito do pedido, sendo obrigatória tão somente a simples indicação do valor,
sem exigência de precisão, tal como ocorre no Processo Civil. Este o posicionamento
3
DINAMARCO, Cândido. Instituições de Direito Processual Civil. 6ª ed. Vol. II. São Paulo: Malheiros, 2009. p.
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adotado pelo TRT4, conforme decisão proferida recentemente pela 1ª Seção de
Dissídios Individuais:

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DETERMINAÇÃO DE EMENDA À PETIÇÃO


INICIAL PARA ADEQUAÇÃO À NOVA REDAÇÃO AO ART. 840, § 1º, DA CLT. DESNECESSIDADE DE
LIQUIDAÇÃO PRÉVIA DOS PEDIDOS. PARCELAS VINCENDAS. POSSIBILIDADE DE PEDIDO
GENÉRICO. ILEGALIDADE DO ATO COATOR. A concessão de liminar em mandado de
DEFERIMENTO DE LIMINAR. segurança tem como pressupostos a relevância dos fundamentos e a
ameaça à eficácia do writ caso concedida a segurança apenas ao final, à luz do art. 7º, III, da Lei
12.016/09. Preenchidos tais requisitos, é de reformar a decisão recorrida em que indeferida a
liminar pedida na impetração. Ordem judicial em que exigidos requisitos além daqueles previstos
no art. 840, § 1º, da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017, que a torna abusiva e destoa
do caráter instrumental do processo do trabalho, o que autoriza a concessão de liminar para
cassar o ato em que determinada a emenda à petição inicial. Pretensão relativa ao pagamento de
parcelas vincendas que pode ser formulada de forma genérica para fins de arbitramento
aproximado, cuja hipótese pode ser enquadrada nos incisos II e III, do art. 324 do CPC. (TRT 4ª
Região, 0020054-24.2018.5.04.0000 (MS), 1ª Seção de Dissídios Individuais, Relator: João Paulo
Lucena, julg. 23/04/2018, DEJT: 30/04/2018)

Ademais, esse se mostra o posicionamento majoritário dos Magistrados


Brasileiros que na XIX CONAMAT (realizada de 02 à 05.05.2018) votaram tese neste
sentido, conforme EMENTA que diz “INDICAÇÃO DE VALOR DO PEDIDO NA INICIAL
NÃO É LIQUIDAÇÃO E NÃO LIMITA O VALOR DA CONDENAÇÃO”.

Assim, requer a DECLARAÇÃO do seguinte pedido:

a) da nulidade do pedido de demissão convertendo-o em despedida


injusta pela reclamada, conforme fundamentação;

Ainda, requer a CONDENAÇÃO da reclamada aos seguintes pedidos:

a) pagamento das diferenças das verbas resilitórias, em decorrência da


reversão do pedido de demissão, considerando a projeção do aviso
prévio, e ainda, a consequente retificação da baixa do contrato na CTPS
do obreiro, e chave para saque dos depósitos fundiários acrescidos da
multa de 40%, conforme fundamentação;

- Aviso Prévio (30 dias): R$ 1.190,15 + R$ 369,87 (insalu. 40%) = R$


1.560,02
- Férias com 1/3 Constitucional (aviso prévio 1/12): R$ 173,33
- Natalinas (aviso prévio 1/12): R$ 130,00

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- Multa de 40% FGTS: R$ 128,04
TOTAL: R$ 1.991,39

b) pagamento dos salários dos meses de julho/2017 e agosto/2017, com


acréscimos de juros e correção monetária, conforme fundamentação;
R$ 2.212,00

c) pagamento de indenização pelos danos extrapatrimoniais (de cunho


moral) sofridos, em valores a ser arbitrado por Vossa Excelência,
conforme fundamentação;
R$ 2.500,00

d) pagamento dos repousos semanais remunerados não usufruídos, em


dobro, de toda a contratualidade, com integrações e reflexos em aviso
prévio, horas extras, férias com 1/3 Constitucional, décimo terceiro
salários, depósitos fundiários acrescidos de 40%, conforme
fundamentação;
R$ 624,00 + R$ 187,20 (integrações e reflexos)

e) juros e correção monetária na forma da lei;

f) pagamento de honorários advocatícios à razão de 20% (vinte por


cento), ou sucessivamente 15% (quinze por cento) sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, conforme fundamentação;

Ainda, faz os seguintes REQUERIMENTOS:

I. Irretroatividade da Lei nº. 13.467/2017 ao contrato de trabalho


firmado entre as partes, com observância da legislação anterior às parcelas
de todo o pacto laboral, em prol da proteção do trabalhador e do direito
adquirido, com respeito aos princípios constitucionais;
II. Deferimento do benefício da justiça gratuita a parte autora, e
honorários advocatícios, sendo esta isenta de quaisquer pagamento de
custas e demais despesas processuais, levando-se em consideração que tal
entendimento se estende, também, aos honorários periciais, conforme

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exaustivamente fundamentado pela parte autora ao “item 01” e,
sucessivamente, ao “item 1.1” do mérito da presente;

III. sucessivamente, seja incidentalmente declarada a


inconstitucionalidade, via controle difuso, da regra inserta no artigo 790,
§3º, da CLT, conforme fundamentação;

IV. Inaplicabilidade do instituto da sucumbência ao presente feito,


em qualquer crédito ora discutido, e, ainda, na mais remota hipótese de
ser considerada a parte autora sucumbente em algum pedido, deverá esta
ser inexigível por conta da Assistência Judiciária Gratuita;

V. Seja determinada a notificação da reclamada para o fim de comparecer


à audiência a ser designada por esse Juízo, sob pena de revelia e confissão;

VI. Seja oportunizado à autora provar o alegado por todos os meio


de prova admitidos, especialmente a prova testemunhal e o depoimento
pessoal da reclamada, sob pena de confissão;

VII. Início da fase de liquidação e execução de sentença, nos termos


do art. 878 da CLT;

VIII. Sejam as notificações expedidas exclusivamente à advogada


JULIANE ROSA ESPÍNDOLA, com endereço profissional na Rua Alexandrino
de Alencar, nº. 933, Morada do Vale I, em Gravataí/RS, CEP nº. 94.085-120.

VALOR DA CAUSA: R$ 7.514,59.

Gravataí/RS, 18 de março de 2019.

JULIANE ROSA ESPÍNDOLA


OAB/RS 106.459

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