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2 Principiologia clássica do Direito Contratual
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2.5 Princípio da igualdade:
Trata-se da consagração no Estado Liberal da mera igualdade jurídica e formal dos
contratantes perante a lei.
3. Dirigismo Contratual
No Estado Social, a autonomia da vontade passa a sofrer restrições, pois o Estado
intervém nos contratos por meio da imposição de normas de ordem pública.
O dirigismo contratual consiste na intervenção estatal no âmbito das relações
privadas, restabelecendo o equilíbrio contratual.
Distinção:
• Autonomia da vontade: É a vontade livre e autônoma para realização de
determinados negócios jurídicos;
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• Autonomia privada: É a manifestação de vontade dentro de um espaço de
liberdade que o ordenamento jurídico concede. É a esfera de liberdade em que às
pessoas é dado estabelecer normas jurídicas para regrar seu próprio
comportamento. (vontade + regulamentação estatal);
A autonomia encontra limites no ordenamento e nas normas de ordem pública.
Art. 421 CC: A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
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Art. 421-A CC: Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos
até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa
presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido
também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de
resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada;
e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e
limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
4.3.4 Definição:
4.3.5 Dupla eficácia (no sentido interno e externo) da função social do contrato
O sentido interno está relacionado a efeitos quanto às partes contratantes (eficácia
interna ou função intrínseca); enquanto o sentido externo para além das partes
contratantes (eficácia externa ou função extrínseca).
4.3.5.1 Eficácia Interna (ou função intrínseca) da Função Social dos Contratos:
A função social atua primeiro entre as partes (consonância com a utilidade social)
visando a garantir relação jurídicas substancialmente equilibradas com vistas a
proteção de direitos individuais relativos à dignidade da pessoa humana.
Trata-se no plano interno (inter partes) da atuação da FSC no sentido de garantir a
tutela à dignidade e a equivalência material entre os contratantes.
Evidencia a tutela interna do crédito (tutela da pessoa humana) nas relações jurídicas.
Enunciado n.360, da IV Jornada de Direito Civil CJF acolheu a tese da eficácia interna:
“o princípio da função social dos contratos também tem eficácia interna entre as
partes contratantes”.
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Contra:
Súmula 302 do STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no
tempo a internação hospitalar do segurado.
• Correlação com outros Enunciados ligados FSC interna: 172, 364, 411 e 433 do CJF;
• Correlação da FSC com dispositivos do CC: arts. 104, 166, II, 187, 421, 423, 424,
317 e 480 do CC;
• Correlação da FSC com dispositivos do CDC: arts. 6, V, 39, 46, 47, 51 e 54 do CDC;
O contrato deve satisfazer os interesses individuais das partes, não podendo, contudo,
ofender a dignidade humana. Garantia de preservação do equilíbrio contratual.
• Tutela da coletividade (direitos difusos e coletivos);
• Ex: Contrato empresarial que gere a criação de um oligopólio; Criação de um
empreendimento em área de preservação ambiental; contrato entre uma empresa
e agência de publicidade que veicule publicidade discriminatória.
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III) Ofensa da relação jurídica por terceiros (terceiro ofensor): (arts. 421 c/c 608 CC)
• Cláusula geral;
• Norma de ordem pública e de interesse social;
• A boa-fé é delineada no ordenamento jurídico por meio de duas acepções:
I) A Boa-Fé Subjetiva (estado psicológico, de consciência, ignorância do agente);
Fundamentos da BFO:
• Diretriz da eticidade;
• Reflexo do princípio da solidariedade social;
Previsão legal:
• Art. 131, I Código Comercial/1850 (derrogado): função interpretativa;
• Arts. 4º, III e art. 51, IV CDC/1990;
• Arts. 113, 187 e 422 CC/2002;
Import.: A BFO sofreu modificações pelo advento da Lei de Liberdade Econômica (Lei
nº 13.874/2019). A referida lei foi objeto de inúmeras críticas da doutrina civilista em
razão do retrocesso jurídico imposto a BFO nas relações privadas.
Art. 113 CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que:
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
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I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão
discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica
das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua
celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento
de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em
lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 187 CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 422 CC: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Import.: A BFO deve atuar em todas as fases contratuais.
4.4.3 Definição
O princípio da boa-fé objetiva constitui-se, assim, numa uma regra de conduta, de
comportamento, imposta às partes, pautada em preceitos ético-jurídicos de
honestidade, probidade, retidão e correção, no intuito de não frustrar a legítima
confiança - expectativa da outra parte -, tendo ainda, por finalidade estabelecer o
equilíbrio nas relações jurídicas, com vistas ao seu adimplemento. (Nelson Rosenvald)
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Import.: A quebra (inobservância) dos deveres anexos de conduta gera a violação
positiva do contrato, com imputação de responsabilidade civil pelo inadimplemento.
Exs.: arts. 973 CC, art. 175 CC, sumula 370 STJ (cheque pós datado e apresentação).
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II) Tu quoque:
“O termo tu quoque significa que um contratante que violou uma norma jurídica
não poderá, sem a caracterização do abuso de direito, aproveitar-se dessa situação
anteriormente criada pelo desrespeito. (Flavio Tartuce)
Ex: art. 180 cc (menor), Exceptio non adimpleti contractus (art. 476 CC), sumula 385 stj
(reiteração de negativação),
VII) Duty the Mitigate the Loss (dever de mitigar as próprias perdas):
O duty to mitigate the own loss (dever de mitigar as próprias perdas) impõe ao credor
o dever de se comportar eticamente diante de seu próprio prejuízo, ou seja, evitar o
agravamento do próprio prejuízo, sendo que, caso não o faça, terá a impossibilidade
de se restituir da parte que poderia ter evitado. (Nelson Rosenvald)
Ex: locação em que não é cobrada por longo lapso temporal e posteriormente ajuíza-se
ação de despejo, superendividamento, reintegração de posse c/c pedido de
indenização por falta de pgto de contrato de c/v imóvel após longo lapso temporal,
bancos que apenas renegociam dividas (novação) quando valores se tornam
insuportáveis ao devedor;
Ver arts. 769 CC e 771 CC.
Visa a evitar o descaso com o prejuízo sofrido!!!
Enunciado n. 169 do CJF/STJ da III Jornada de Direito Civil: “o princípio da boa-
fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
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