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4.1.
Produção sob Encomenda
14
Um sistema produtivo é definido por Pires (2004) como um elemento capaz de transformar
alguns recursos de entradas (inputs) em produtos e/ou serviços como saídas (outputs).
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Prever Planejar
Produzir
Vendas Produção
Vender
Entregar
Planejar
Produção
Final
Produção
Entregar Final
Planejar
Vender Produzir Entregar
Produção
Projetar Planejar
Vender
Produto Produção
Produzir
Entregar
Engenharia sob
C PROJETO COMPRA PRODUÇÃO MONTAGEM EXPEDIÇÃO Encomenda
E (Engineering to Order -
P ETO )
R D
T
E Produção sob
I COMPRA ESTOQUE PRODUÇÃO MONTAGEM EXPEDIÇÃO
Z Encomenda
N P (Make to Order - MTO )
A D
C
E
R Montagem sob
COMPRA PRODUÇÃO ESTOQUE MONTAGEM EXPEDIÇÃO
T Encomenda
E P (Assemble to Order -
D
Z ATO )
Produção para Estoque
A COMPRA PRODUÇÃO MONTAGEM ESTOQUE EXPEDIÇÃO
(Make to Stock - MTS )
Previsão P
D
P = Tempo total da operação de produção do bem/serviço
D = Tempo compreendido entre a colocação do pedido e recebimento do bem/serviço (Lead time de entrega)
Figura 11: Comparação do tempo total de operação de produção do produto com o lead
time de entrega
4.1.2.
Benefícios
Para Holweg & Jones (2001), a BTO anuncia uma mudança tão importante
na Indústria Automotiva neste início de século como a que a Produção Enxuta
representou para o final do século passado. Para estes autores a BTO promete uma
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et al., 2001).
O custo de estoque do produto acabado é o mais caro na cadeia de
suprimentos (Fisher apud Holweg & Miemczyk, 2003). O benefício financeiro
previsto em produzir sob encomenda está em torno de $500 a $1500 por veículo
através de todo mercado global (Lapidus apud Holweg & Miemczyk, 2003;
Roland Berger apud Holweg & Miemczyk, 2003).
Analistas industriais estimam que se os clientes comprassem a maioria dos
carros por encomenda, a indústria poderia capturar em torno de 70% do capital
perdido ou parado no sistema atual (Agrawal et al., 2001).
De acordo com Holweg & Jones (2001), o ganho vindo da BTO é enorme.
O “International Car Distribution Programme” (ICDP) estima um ganho potencial
de 4 bilhões de Euros em custos de operações anuais e uma economia de 11,4
bilhões de Euros com a queda dos estoques (Holweg & Jones, 2001).
4.1.3.
Desafios
nos EUA tem como tradição construir, montar e distribuir para estocar.
Entretanto, os clientes que querem um pedido especial de veículo têm que esperar
semanas, ou até mesmo meses pela entrega. Estes autores ainda ressaltam que
numerosas pesquisas observaram que muitos compradores preferem ficar com o
que está disponível a esperar pelo carro dos seus sonhos. Embora os europeus
tenham que esperar tanto quanto os americanos para receber um veículo
encomendado (em torno de seis semanas, podendo chegar a seis meses ou mais),
eles estão mais dispostos a esperar que os americanos.
Para Holweg & Jones (2001), a única maneira de entender realmente porque
o tempo de entrega dos automóveis é tão grande é mapeando o processo de
pedidos e produção em detalhes. O “3DayCar” mostra que se gastam 40,1 dias
para suprir um carro produzido conforme o pedido do cliente. Entretanto, apenas
4% dos 40,1 dias são gastos na produção e apenas outros 12% na entrega do carro
para o cliente. Isto significa que 84% do tempo é gasto na espera devido à
programação (Holweg & Jones, 2001). Verifica-se que as tentativas de reduzir
tempos nos processos de produção não fazem muita diferença no tempo de espera
dos clientes finais, pois as atividades relacionadas à produção não são as
principais causas dos atrasos (Holweg & Jones, 2001), conforme ilustra a Figura
13.
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Programação do
pedido
13,5 dias
Seqüência de
produção
6 dias
Produção
1,5 dias
Banco de Atraso de carregamento
pedidos na fábrica
Entrada de Distribuição de
10 dias 1 dia
pedidos veículos
4 dias 4 dias
Para Holweg & Jones (2001), a escala de transição para a BTO não deve ser
subestimada. Mudar um sistema de informações legado é uma tarefa difícil. A
BMW, por exemplo, alocou 300 trabalhadores internamente e mais 50
externamente por 15 meses para implementar seu sistema BTO na Europa, ao
custo de 38 milhões de Euros. Os clientes também terão que saber como se usa
este sistema para conseguir exatamente o carro que eles desejam e quando eles
vão recebê-lo (Holweg & Jones, 2001).
4.1.4.
Flexibilidade na Indústria Automotiva
15
No postponement, ou princípio da postergação, a configuração final só acontece quando as
preferências do consumidor são conhecidas, ou seja, a configuração final é feita mais próxima da
encomenda (adaptado de Cardoso, 2002).
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4.1.5.
BTO Virtual
desejado.
Segundo Agrawal et al. (2001), as montadoras não terão que produzir por
encomenda, para eles esta é uma solução de baixo custo que é mais fácil de
implementar que a BTO e é bem provável que haja uma grande satisfação dos
clientes. Esta alternativa oferece aos concessionários acessos aos dados e
conhecimento das preferências dos clientes como opções, cores e características.
Várias montadoras já estão experimentando a BTO virtual. A Ford, por
exemplo, lançou o FordDirect.com. Através do FordDirect os consumidores
podem procurar seus veículos nos estoques dos concessionários e poderão adquirir
informações sobre os veículos que seguem para os concessionários e que estão na
linha de produção. Já a GM lançou o GMBuyPower.com, permitindo aos seus
clientes pesquisarem e encontrarem carros existentes com as características
desejadas ou adquirir os veículos com pedidos especiais junto a montadora
(Agrawal et al. 2001).
4.1.6.
Princípios
O primeiro princípio diz que os veículos devem ser produzidos somente por
encomenda. O planejamento de capacidade e as vendas por previsão precisam ser
separadas da programação operacional e focadas na alocação de mercado para
alcançar melhores rendimentos e gerenciar restrições no sistema de produção.
Precisa-se de uma interface com a programação diária especificando quais tipos
de pedidos podem ser construídos em cada slot de produção, dado o suprimento
atual e a capacidade restringida.
O segundo princípio diz que os pedidos devem ser registrados diretamente
em slots de produção. Essa é a chave para alcançar pequenos lead times e dar
feedbacks instantâneos e confiáveis para o consumidor, informando quando o
veículo vai ser entregue. Assim que o pedido for registrado em um slot de
produção ele não deve ser nem adiantado e nem ultrapassado por um outro
pedido.
O terceiro princípio diz que os slots de produção devem estar visíveis aos
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4.1.7.
Projetos das Montadoras
Para Holweg & Miemczyk (2003), construir carros por encomenda não é
uma idéia nova. Segundo estes autores a maioria das montadoras está trabalhando
com iniciativas BTO. Pode-se citar como exemplos: a BMW com o 10-day-car
que visa construir e entregar o veículo em 10 dias após a solicitação da compra
pelo cliente, a Volvo com o 21-day-order-to-delivery target, a Ford com o 15-day
Order Fulfilment Project e a Renault e a Nissan com o 14-day-car em seus
projetos Projet Nouvelle Distribuition (PND) e Supply Chain Optimization for
Partnes in Europe (SCOPE). Dentre essas iniciativas, destaca-se o programa de
BTO desenvolvido pela BMW chamado customer-oriented sales and production
process (KOVP) que tem três objetivos, são eles:
· Atender os prazos de entrega, onde o cliente recebe o seu automóvel na
data programada, sendo essa data sempre que possível determinada pelo
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cliente;
· Reduzir o tempo de atendimento ao cliente, onde o período máximo de
atendimento de um automóvel desde a sua solicitação pelo cliente até a sua
entrega não pode exceder 10 dias úteis;
· Permitir mudanças após a encomenda feita pelo cliente, onde este pode
efetuar diversas mudanças no automóvel até 8 (oito) dias antes que ele seja
entregue pela fábrica-planta à concessionária.
A construção do BMW 1 Series, por exemplo, segue o modelo proposto
pelo KOVP. Ele pode ser produzido de maneira bem customizada, de acordo com
as necessidades e preferências do cliente. Segundo GCF (2004), existem várias
opções de configuração desse veículo, dentre as opções estão: diferentes motores,
acessórios, pintura externa e estofamentos que permitem uma grande
possibilidade de customização. O BMW 1 Series é único, cada veículo é especial.
É praticamente impossível saírem da fábrica dois veículos BMW 1 Series
idênticos dentro de um intervalo de 1 (um) ano (GCF, 2004).
Apesar das inúmeras possibilidades de customização, o tempo de entrega do
veículo ao cliente é curto e confiável. Estas características são fundamentais para
a credibilidade dos clientes perante a montadora e para o sucesso da BTO.
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4.2.
Customização em Massa
com ciclos de vida mais curtos e novos modelos passam a ser entregues de forma
mais rápida aos mercados. Surge, portanto, a tendência de Customização em
Massa.
Segundo Royer (2001), os produtos customizados são aqueles que atendem,
em maior ou menor grau, às demandas específicas dos clientes. Nesse sentido a
Customização em Massa procura atender às necessidades individuais dos clientes
oferecendo uma grande variedade de produtos (Westbrook & Williamson apud
Royer, 2001).
4.2.1.
Definições
4.2.2.
Benefícios
distanciando-se ainda mais de seus concorrentes, o que permite, mais uma vez,
satisfazer melhor as necessidades e preferência dos clientes. A partir daí, reinicia-
se todo o processo.
Segundo Barbosa (2000), o resultado obtido neste processo produtivo é uma
menor demanda para cada produto individual, se comparada a Produção em
Massa, mas demanda crescente para a empresa como um todo (conjunto de todos
os produtos).
A Customização em Massa é o conceito que visa compatibilizar a Produção
em Massa e a produção customizada de forma complementar. Assim, uma cadeia
de suprimentos que trabalha sob a orientação desse conceito é a que visa obter,
simultaneamente, as vantagens intrínsecas da Produção em Massa e as da
produção customizada (Pires, 2004).
4.2.3.
Desafios
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4.2.4.
Tipos de Customização
características opcionais para satisfazer aos gostos pessoais dos clientes. Além de
oferecer veículos clássicos, permite que os clientes se comuniquem com as
montadoras para discutir suas necessidades para um uso e ambiente específico. No
core customization, os volumes de produção são baixos, portanto, este tipo de
customização não pode ser considerada um tipo de Customização em Massa.
O optional customization permite que o consumidor escolha seu veículo
dentre várias opções, embora o design do veículo não possa ser mudado em
nenhuma etapa. O cliente é integrado dentro do processo de produção enquanto o
veículo é montado de acordo com as suas exigências. Este tipo de customização se
difere da variedade excessiva empurrada enquanto as montadoras não conhecem
as preferências dos clientes. Em adição à escolha do estilo de estrutura e cores, os
clientes selecionam o modelo do veículo para definir as características padrão e
podem suplementar estas características com opções disponíveis com um preço
extra.
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4.2.5.
Princípios
4.3.
Análise dos Métodos e Modelos de Produção de Veículos sob a Ótica
da Produção sob Encomenda e Customização em Massa.
4.3.1.
Análise dos Métodos de Produção de Veículos
16
O canal seria o nome da revenda e vende seus carros através de dezenas de firmas revendedoras
de propriedade dele, ou pertencentes em parte a ele ou até mesmo de propriedade independente
ainda que o treinamento seja centralizado no canal (Womack et al., 1992).
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Método de Produção
Ótimo exemplo, pois a Embora os veículos sejam
Artesanal (início do Produção Artesanal produz customizados, a
Século XX) sob encomenda conforme o Customização em Massa não
desejo do cliente. Pode-se pode ser associada e este
considerar este método como método, pois ele não possui
sendo em muitos casos mais altos volumes de produção e
do que uma BTO e sim uma nem é de massa
ETO
Fordismo Tradicional Não é BTO. Os veículos são Não é Customização em
(1ª metade do Século feitos por previsão de vendas. Massa, pois embora a
As vendas são empurradas. O produção seja em massa, não
XX) cliente não tem praticamente há customização
nenhuma interferência no propriamente dita no caso
produto tradicional
4.3.2.
Análise dos Modelos de Produção de Veículos
disponibilizar estes veículos de maior procura com menores lead times de entrega
para os clientes.
Analisando a Montagem Sub-contratada, verifica-se que este modelo de
produção é limitado à montagem, por conseqüência não tem relação direta com a
Customização em Massa. Tomando como exemplo a produção do Audi A4
conversível pela Karmann, observa-se que, embora estes veículos sejam
customizados, com 14 diferentes padrões de cores para serem escolhidas, além de
três opções de cores para a capota, eles não possuem um elevado volume de
produção. Analisando este modelo de produção agora sob a ótica da BTO,
verifica-se que não há contato direto da sub-contratada com o cliente final, logo
no caso de haver um veículo produzido por encomenda por parte do cliente final,
a sua produção é gerida pela empresa contratante, que por sua vez passa as ordens
de montagem para a sub-contratada. Porém, a produção da Karmann para a Audi é
toda sob encomenda, diferente da BTO definida nesta dissertação em que o
sistema é puxado pelo cliente final.
A Engenharia e Produção de Chassis e Motores Sub-contratados é um bom
exemplo de BTO tanto na produção dos ônibus, como também na aquisição dos
chassis e motores dos fornecedores por parte das encarroçadoras. Segundo Finger
(2002), os produtos fabricados pela Marcopolo são na sua totalidade sob
encomenda, onde o cliente define as características do ônibus baseado em
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Modelo
Não é exemplo de BTO no É exemplo de Customização
caso do Smart, porém no caso em Massa no caso do Smart.
da VW de Resende, 80% da Existe customização dos
produção é BTO. veículos quando se refere às
Este modelo de produção cores, já que os painéis (parte
facilita a implementação da que dá a cor ao carro) são
BTO, pois é baseado facilmente montados e
fortemente em módulos, removíveis.
Integração de Sistemas porém não significa Também há Customização
necessariamente que vai em Massa no caso da VW,
produzir por encomenda. com exceções para o caso do
No caso do Smart, os veículos Tailor Made
são produzidos e colocados em
revendas (Torres) para escolha
do cliente (empurrados para o
cliente), e não produzidos por
encomenda
Não há contato direto com o Este modelo é limitado a
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Modelo
É BTO, o veículo é produzido Veículos produzidos em
exatamente como o cliente pequenos volumes e não em
deseja, e às vezes até ele massa, portanto não pode ser
Montagem sobre Kits mesmo monta seu próprio associado à Customização em
carro Massa