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• No conhecimento de que qualquer aluno tem competências para aprender música com sucesso, tal como
qualquer um consegue aprender a sua língua materna.
• Na convicção de que a música é a arte do SOM e da comunicação através do mesmo som e não se resume à
leitura de uma partitura
• Na certeza de que a literacia musical é, em primeiro lugar, a compreensão auditiva e corporal do som, antes
da descodificação da partitura
• Na aposta da exposição do aluno ao som em diversidade, contraste e qualidade, com vista à aquisição de um
repertório auditivo individual
• Na premissa de que aprendemos o que é pelo que não é (assim como aprendemos o que é doce pelo contraste com
o que é amargo, o frio em distinção com o quente, e por aí fora, assim o dicernimento auditivo requer o contraste para ser
melhor compreendido)
• Na certeza de que o instrumento musical é um prolongamento do corpo e, portanto, só poderá ser nele
executado com propriedade musical aquilo que estiver interiorizado no corpo, compreendido do seu contexto
e nos ouvidos do seu executante
• No incentivo a uma iniciação ao instrumento em grupo, por estar provado que o aluno se desenvolve bastante
mais com os pares do que com o professor, particularmente no que se refere ao desenvolvimento auditivo
• Na aposta numa linha condutora comum a todos os níveis de ensino
• Na possibilidade de exames internacionais de grupos instrumentais ou de instrumentos a solo, bem como de
formação musical pelo Associated Board of the Royal Schools of Music que, desde a iniciação, estão
desenhados para encorajar e motivar os alunos (diplomas internacionalmente reconhecidos desde 1889.
Pesquisar em www.abrsm.org)
A aprendizagem informal é toda a preparação sonora de aquisição auditiva de repertório, de coordenação do som com
o movimento, de desenvolvimento de uma voz cantada.
A aprendizagem formal é a que alia, de um modo sequencial, a aquisição de repertório sonoro às etapas de leitura,
escrita e composição, bem como à aprendizagem de um instrumento musical.
A leitura, escrita e composição faz-se por etapas, por secções, ou seja, o aluno só aprende a ler, escrever e compôr
aquilo que já ouviu, sentiu, movimentou, contextualizou, improvisou oralmente e compreendeu. Daí que neste projecto
pedagógico o ensino do instrumento esteja aliado à formação musical.
Os resultados são visíveis: a leitura é imediata, motivante e meio para atingir um fim, fazer música (a dos outros e a
sua!).
O aluno toca desde logo com maior precisão de afinação e de tempo, porque a compreensão musical vem de dentro de
si e não por uma imposição exterior a si. Desde cedo desenvolve a capacidade para se ouvir e ouvi os outros, pelo que a
tocar em grupo os resultados são de maior autonomia e maturidade musical e, consequentemente, de maior gozo
musical.
4. Atelier Musical
Muito factores irrelevantes concorrem frequentemente para a escolha de um instrumento: a sua aparência,o tamanho,
estar ou não disponível, ser do gosto dos pais ou da família, a sua popularidade, estar relacionado com execução típica
feminina ou masculina, encontrar-se associado a pessoas famosas, ser fácil ou difícil de tocar, ter a ver com as
caracterísicas físicas da criança ou não, etc.
Raramente se dá atenção à preferência que o aluno dá ao timbre e extensão desse instrumento (extensão: preferência
por timbres agudos ou graves). E estes são os factores que maior contribuem para o sucesso e menor taxa de desistência
na aprendizagem do mesmo.
A par com outros factores, o teste de preferência tímbrica desenvolvido por Edwin Gordon vai ser um dos primeiros
aplicados ao seu filho neste atelier, antes de lhe dar a conhecer os instrumentos visualmente, o que, por si só, poderia
acrescentar outros factores à decisão (nomeadamente a empatia com o instrumentista que o dá a conhecer ou a preferência
estética da criança relativa ao mesmo).
Numa segunda estapa, o seu filho irá poder ver e experimentar alguns instrumentos de cada família, a maior parte
deles dados a conhecer por crianças e jovens que já executam o seu instrumento com qualidade.
As duas características principais deste Atelier são apostas únicas relativamente aos Ateliers vocacionais que se
praticam em Lisboa. A primeira (O Teste de Preferência Tímbrica) fornece-nos dados mais objectivos sobre a preferência
tímbrica de cada criança, a segunda (instrumentos reais executados e mostrados por crianças e jovens instrumentistas)
permite à criança que participa neste Atelier olhar a execução de um instrumento de um modo mais acessível ao seu
universo por poder ver alunos e não profissionais a relacionarem-se de um modo motivado e realizado com o
instrumento que escolheram. É da minha convicção que estas duas apostas são fundamentais para a escolha do
instrumento por parte do seu educando.
5. Conjunto Instrumental
Este conjunto pretende proporcionar um desenvolvimento auditivo e de compreensão da música através da
oportunidade única de, desde o primeiro momento, fazer música em grupo. A partir dos seis anos (aconselho atelier
prévio para a faixa etária entre os 6 e os 8) até adultos, qualquer pessoa poderá ser nele integrado. Não é necessário
que tenha qualquer noção de música.
Neste conjunto os executantes poderão trazer qualquer instrumento que aprenderam a tocar por si só, na escola ou
noutro local. Todos os instrumentos poderão aqui ser integrados e o participante aprenderá música através da sua
execução em grupo. Se o aluno (criança ou adulto) não tiver instrumento poderá sempre tocar flauta de bisel ou um
instrumento Orff (jogo de sinos, xilofone ou metalofone).
Os alunos serão agrupados por idade musical e não por idade cronológica e esta será uma opção do professor.
6. Ensemble de Violino
Neste ensemble poderemos integrar Violino, Violeta, Violoncelo ou Contrabaixo. O aluno que queira escolher esta
opção deverá ter no mínimo seis anos e terá que ter feito a sua escolha instrumental durante um ano lectivo num
Atelier Musical (neste ou de outra instituição).
Como já tenho vindo a explicar, o seu educando/a nesta classe irá desenvolver dois instrumentos: o seu instrumento
auditivo (interior) e o instrumento de corda acima indicado, de modo a atingir a compreensão e consequente
autonomia musical.
Está provado por pesquisas profundas que é mais rápida e mais motivante a evolução auditiva e técnica de uma
criança quando aprende com outros colegas do que quando aprende sózinha com o professor. Nos primeiros anos de
iniciação ao instrumento a criança só ganha com esta opção e mais rápida será a evolução se a opção dos pais for a
OPÇÃO C (Ensemble de Violino + Classe de Conjunto), pois a criança estará uma vez por semana em grupo pequeno e
com a mesma família instrumental (melhor para desenvolvimento técnico) e segunda vez por semana em grupo grande
de diversidade tímbrica (melhor para desenvolvimento auditivo). Os resultados são mais rápidos e mais motivantes.
Sublinho que a família é responsável por lembrar à criança a necessidade de estudar semanalmente o seu instrumento.
Normalmente a criança não o fará sem que lho lembrem!
O aluguer ou compra do instrumento do seu educando é também da sua responsabilidade, sob a minha orientação
relativa a tamanho e possíveis locais onde o possa obter. Procuraremos a solução mais acessível.
Por último chamo-lhe a especial atenção para a pontualidade e assiduidade que são essenciais para o sucesso desta
aprendizagem, que, como em qualquer outra, também conta com uma boa organização familiar.
Um dos grandes desafios de um professor é conseguir motivar tanto o aluno com dificuldades como o aluno com alto
potencial. Normalmente é este último que é prejudicado por conseguir atingir os objectivos facilmente. E este tipo de
aluno maça-se bastante num tipo de aula tradicional.
Os resultados dos testes de aptidão musical são só para conhecimento do professor, de modo a torná-lo um professor
melhor e mais eficaz no tempo de aula. Ao conhecer cada um dos seus alunos, o professor adapta os desafios que lhes
lança, proporcionando o desenvolvimento em áreas mais fragilizadas a uns e mantendo o nível de motivação a outros.
Não me refiro aqui a proporcionar mais qualidade de ensino aos alunos com maior potencial do que aos de menor
potencial. Muito pelo contrário!
Imagine metaforicamente que o potencial de cada aluno é um copo. Todos têm o seu copo vazio no início do ano. Cada
copo terá dimensões diferentes, porém todos os copos serão cheios das melhores natas. O copo mais pequeno não irá
ter leite magro, só por ser pequeno. Terá direito às melhores natas, tal como o copo grande. A diferença está na
quantidade que esse copo conseguirá adquirir. Assim com os alunos: o objectivo é desenvolver cada um até ao máximo
do seu potencial, mantendo-o motivado por se sentir a progredir! E este é um dos maiores desafios para um professor.
Os Testes de Aptidão Musical serão proporcionados uma vez por ano a todos os alunos, dos 4/5 aos 9/12 anos de idade.
A partir dos 12 os alunos serão sujeitos a um só teste, pois o seu potencial já não será alterado com a instrução musical,
apesar de a sua aprendizagem continuar a evoluir com a mesma.
Assim, de um modo objectivo, o professor poderá perceber se o seu ensino a nível tonal e rítmico está a ser eficaz e
conhecerá cada aluno e respectivos pontos fracos e fortes, de um modo concreto e não subjectivo. Poderá assim ser um
melhor professor e levar cada aluno a atingir o seu máximo como músico.
Muito mais haveria a dizer neste guião para pais. Temo que já vá longo e que heróis foram os que o conseguiram ler até
ao fim! Qualquer dúvida estarei à sua disposição para a esclarecer. Até breve e espero que esta orientação tenha sido
útil para a sua opção sobre a adesão a este projecto de literacia musical segundo a Teoria de Aprendizagem Musical de
Edwin Gordon (teoria que se debruçou sobre o modo como se processa a aprendizagem em nós, quando aprendemos
música).