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Hallel (‫)הלל‬

Trataremos aqui, com a ajuda de D’us (‫)בס"ד‬, sobre o antigo costume de nossa
comunidade em recitar uma benção antes e depois da reza hallel, que significa louvor
em hebraico. Traremos uma breve introdução para que todos possam compreender do
que se trata.

Introdução

Nos dias festivos, costumamos acrescentar em nossa reza o hallel, que é dito
depois da amidá. Seu intuito é acrescentar louvores ao Eterno, nosso D’us, que nos
abençoou neste dia especial. Os dias em que dizemos hallel são: o primeiro dia de
pessach, em shavuot, nos oito dias de chanucá, nos oito dias de sucot.

Os dias em que dizemos o hallel pequeno são: rosh chodesh (início do mês),
chol hamoed (dias intermediários) de pessach e no sétimo dia de pessach.

Com o reencontrar do povo na Terra de Israel depois de muitos anos de exílio,


deparamo-nos com três costumes relacionados ao hallel:

Aqueles que recitam a benção antes do Hallel no nussach “likro et


hahallel”, tanto nos dias de hallel completo quanto nos dias de hallel
pequeno.
Trata-se aqui do costume ashkenazi em geral

Aqueles que recitam a benção “ligmor et hahallel” quando se diz o hallel


completo, e não recitam benção alguma antes ou depois do hallel pequeno.
Trata-se aqui do costume “edut hamizrach” dos judeus da Síria, Iraque,
Turquia, Irã, Líbano e Egito

Aqueles que recitam a benção “ligmor et hahallel” para o hallel completo e


“likro et hahallel” para o pequeno.
Esse é o costume das comunidades do norte da África, Espanha, Amsterdã e
Londres

Os dois primeiros ficaram mais famosos em Israel, onde os marroquinos


aceitaram seguir o costume edut hamizrach principalmente pela falta de argumento para
justificar o que fizeram durante séculos. Por isso pararam de recitar a benção do hallel
em rosh chodesh. Tentaremos organizar e explicar nosso costume.
Qual o problema em recitar a benção?

1) O costume edut hamizrach se sustenta em um forte pilar, que é o grande


Rambam1 (Halachot Berachot, 11:16; Megillah vChanukah, 3:7). Esse sábio nos
ensinou a seguinte regra: “não recita-se benção para costumes”. A citação diz respeito
ao costume de bater com a aravá no chão no dia de hoshana rabá. Não há uma
comunidade que recite uma benção para esse costume.

2) O motivo é demasiado simples e compreensível: como poderíamos dizer


“vetsivano” (e nos ordenaste) para uma ação que não nos foi ordenada? Logo, um
costume é algo que não nos foi ordenado pela Torá ou pelos sábios. De acordo com
Rambam, trata-se de uma iniciativa do povo, que pode criar o costume que quiser, só
não podemos acrescentar a isso uma benção pois implicaria que somos ordenados a
fazê-lo.

Assim consta no Talmud (Suká, 44b):

A Gemará relata que Aivu [...] disse: "eu estava em frente ao rabino Elazar
bar Tzadok e um certo homem o trouxe uma aravá [ramo de salgueiro] para
cumprir a mitsvá. Ele pegou e balançou; balançou e não recitou uma benção.
Isso indica que ele sustenta que a mitsvá da aravá é um costume dos profetas
e, portanto, é realizada sem uma benção2.

Aqui temos uma prova fortíssima do Talmud que não se recita benção para
costumes.

As fontes do costume

Escreve o Rabenu Chananel em seu comentário sobre o Talmud (Taanit, 28b)


“Não se recita a benção do hallel sem minyan3”. Logo, se há minyan, devemos recitar.

O Rif, rabino Isaac ben Yaakov Alfasi ha-Cohen, ensina que não se recita a
benção antes do hallel de rosh chodesh quando não há minyan (Rif Shabbat, 11b).
Portanto, devemos recitar se tivermos minyan. Assim também escreve rabi David
Abudarham em seu comentário sobre a tefilá (1927, p. 194), confirmando que se deve
recitar a benção de hallel em rosh chodesh.

1
Moshe Maimônides (1135-1204) foi um filósofo, religioso, grande codificador rabínico e médico.
2
Do original:
‫אמר אייבו הוה קאימנא קמיה דר"א בר צדוק ואייתי ההוא גברא ערבה קמיה שקיל חביט חביט ולא בריך קסבר מנהג נביאים הוא‬
‫אייבו וחזקיה בני ברתיה דרב אייתו ערבה לקמיה דרב חביט חביט ולא בריך קא סבר מנהג נביאים הוא‬
3
Em hebraico: ‫מִ נְי ָן‬. O quórum de dez judeus adultos necessário para certas obrigações religiosas.
Em Halachot Hallel, Rabi Ytschak Ben-Giat ensina que devemos recitar a
benção antes de ler o Hallel pequeno em rosh chodesh e nos demais dias de pessach. O
siman 226 do Machzor Vitri (p. 192) diz que é costume recitar a benção likrô et
hahallel antes do hallel pequeno:

: ‫ׁשנּו ְּב ִמצְֹותָ יו ְו ִצּוָנּו ִלקְר ֹא אֶ ת ַה ַהּלֵל‬


ָ ְ‫ּבָרּוְך אַּתָ ה יהוה אֱ ֹלהֵינו ֶמלְֶך הָעֹולָם ֲאׁשֶר קִּד‬
/Baruch atá hashem eloheinu mélech haolam asher kideshanu bemitsvotav vetsivanu likrô et hahallel/
Bentido és tu, Eterno nosso D’us, Rei do universo, que nos santificaste com teus mandamentos,
e nos ordenaste a recitar o hallel

Abraham ben Isaac disserta sobre as leis de rosh chodesh em Sefer Haeshkol
(1986) e concorda que se deve recitar a benção likrô et hahallel nessa data. Avraham
ben David (Ra'avad), em seu comentário sobre Mishne Torá (Berachot, 11:16), comenta
à respeito da benção de hallel em rosh chodesh: “nosso costume é recitá-la4”. Em Sefer
Haitur (1608), Isaac ben Abba Mari ratifica que o costume é recitar a benção likrô et
hahallel e assegura que assim também ensinava rabenu Amram Gaon. Sobre recitar
hallel em rosh chodesh de pessach, Rashba (Rabbi Shlomo ben Avraham) afirma que
recitamos com benção ao lê-lo na sinagoga, mas não no seder em casa (Berachot,
11:16).

Rabi Yehuda Halevy escreve no terceiro diálogo de sua grande obra O Cuzarí
(2010) que se recita a benção likrô et hahallel em rosh chodesh, mas durante as festas se
deve recitar a benção ligmor et hahallel:

:‫ׁשנּו ְּב ִמצְֹותָ יו ְו ִצּוָנּו ִלגְמֹור אֶ ת ַה ַהּלֵל‬


ָ ְ‫ ֲאׁשֶר קִּד‬,‫ּבָרּוְך אַּתָ ה י ְהֹוָה אֱ ֹלהֵינּו ֶמלְֶך הָעֹולָם‬
/Baruch atá hashem eloheinu mélech haolam asher kideshanu bemitsvotav vetsivanu ligmor et hahallel/
Bentido és tu, Eterno nosso D’us, Rei do universo, que nos santificaste com teus mandamentos,
e nos ordenaste a completar o hallel

Rabi Zarchia Halevy, autor de hamaor hakatan, discorda de Rif (Shabbat, 11a)
e sustenta que deve-se recitar a benção do hallel em rosh chodesh mesmo sem minyan.

Outras fontes são: Rosh, Meiri, Orchot Chaim, Col Bô, Shevile Hleket, Tur
(Orach Chaim, 422), Rabi David Abudarham, Haran, Magid Mishnê (Chanuká, 3:7),
Haribash, Migdal Oz e Rabi Refael Clafon.

4
Do original: “‫”ואנו מנהגנו לברך בכולן‬.
Simplificando:

A maioria esmagadora dos grandes sábios rishonim5 tinham o costume idêntico


ao que se fazia – e sempre se fez – no Marrocos. Ou seja, recitar a benção do hallel em
rosh chodesh. Existem dezenas de fontes importantíssimas que testemunham e
embasam a legitimidade do costume, e absolutamente ninguém poderá contestar o fato
de termos recebido essa tradição milenar das mãos de grandes sábios.

Como podemos recitar a benção dizendo “e nos ordenaste”?

: ‫ ְו ִצּוָנּו ִלקְר ֹא אֶת ַה ַהּלֵל‬...


/... vetsivanu likrô et hahallel/
... e nos ordenaste a recitar o hallel

Voltando à questão anterior, vimos que Rambam traz um forte argumento ao


apresentar o costume de bater a aravá, descrito no Talmud, como embasamento para
não recitarmos qualquer benção para o hallel. Mas como nossos sábios interpretaram a
seguinte passagem?

A Gemará relata que Aivu [...] disse: "eu estava em frente ao rabino Elazar
bar Tzadok e um certo homem o trouxe uma aravá [ramo de salgueiro] para
cumprir a mitsvá. Ele pegou e balançou; balançou e não recitou uma benção.
Isso indica que ele sustenta que a mitsvá da aravá é um costume dos profetas
e, portanto, é realizada sem uma benção6.

Será que podemos usar o exemplo da aravá para concluirmos que não se deve
recitar benção por qualquer costume? Ora, com todo o respeito, bater uma aravá ao
chão não é nenhum louvor a D’us. Nem se pode comparar, em termos de importância, o
minyan completo cantando junto na sinagoga os salmos de David em louvor (hallel) ao
Eterno nosso D’us. No judaísmo, o hallel é considerado um costume kadosh (santo), por
isso é recitado nas mais importantes ocasiões. Já a aravá, como diz rabênu Tam, é
“somente bater na terra7” (Tossafot em Suká, 44b).

Rabbi Eliezer ben Yoel HaLevi (Ra'avyah) argumenta que a aravá era apenas
um costume dos profetas (‫)מנהג נביאים‬, e que esses não ordenaram ao povo que adotasse
tal costume. Aprendemos o mesmo princípio no Talmud, onde está escrito que “trata-se
apenas de um costume dos profetas e por isso não se recita benção” (Tossafot em Suká,

5
‫( ראשונים‬os pioneiros) é o nome dado aos rabinos e estudiosos judeus que viveram durante os séculos XI
a XV E.C. e que foram os primeiros comentaristas do Talmud.
6
Do original: ‫אמר אייבו הוה קאימנא קמיה דר"א בר צדוק ואייתי ההוא גברא ערבה קמיה שקיל חביט חביט ולא בריך קסבר‬
‫מנהג נביאים הוא אייבו וחזקיה בני ברתיה דרב אייתו ערבה לקמיה דרב חביט חביט ולא בריך קא סבר מנהג נביאים הוא‬.
7
Do original: ‫טלטול בעלמא‬
44b:1). Por isso se recita qualquer benção em costumes instituídos pelos profetas (‫יסוד‬
‫)נביאים‬, mas deve-se recitá-las nos costumes em geral.

Simplificando:

Pelos motivos explicitados, o costume de bater a aravá não pode servir como
modelo para outros costumes. Portanto, a fonte do Talmud trazida por Rambam
(Halachot Berachot, 11:16; Megillah vChanukah, 3:7) foi questionada e refutada por
vários sábios tão relevantes quanto ele.

Outros exemplos de recitação de benção antes de costumes

Há ainda um detalhe a ser esclarecido: a regra trazida por Rambam de não


recitar uma benção em costumes não foi aceita pela maioria dos grandes sábios,
inclusive pelo próprio Yosef Karo no Shulchan Aruch, nosso código de leis.

Vejamos outros exemplos:

Oração Segundo a lei judaica (halachá), a reza de arvit (noturna),


noturna ( diferentemente das outras duas (manhã e tarde), não foi
‫)תפילת ערבית‬ decretada como obrigação e sim como costume (Berachot
4:1; Berachot 27b). Mesmo assim, fazemos todas as bênçãos
sem nos preocupar

A benção “A pessoa deve recitar a benção nos lugares onde é de


final da costume recitá-la. Disse Abaie: a questão de seguir o
Meguilá costume local [...] refere-se apenas à benção recitada após a
(‫)מגילה‬ leitura da meguilá8” (Meguilá, 21b)

Segundo dia O Talmud deixa bem claro que não há motivos para fazermos
de festival dois dias de yom tov hoje em dia (Rosh Hashaná 2:2; Rosh
‫)יום טוב שני של‬ Hashaná 22b), senão pelo fato de já termos assimilado como
(‫גלויות‬ costume, e mesmo assim continuamos a fazer todas as
bênçãos do festival, inclusive o Hallel

Acendimento “Nos lugares onde se acostumou acender as velas na véspera


de velas em de yom kipur, acende-se. Nos lugares onde se costumou não
yom kipur acender, não se acende9” (Shulchan Aruch, Orach Chayim
‫)הדלקת הנרות‬ 610).
(‫ביום כפור‬ Não há quem discorde que nos lugares onde se acostumou
acender as velas se acende recitando a benção

Acendimento Trata-se simplesmente de um costume, e mesmo assim

8
Do original: ‫ אמר אביי לא שנו אלא לאחריה‬:‫מקום שנהגו לברך יברך‬
9
Do original: ‫מקום שנוהגים להדליק נר בליל יום הכפורים מדליקין מקום שנהגו שלא להדליק אין מדליקין‬
das velas de recita-se a benção. Vale lembrar que o Rambam não citou em
chanuká na nenhum lugar esse costume, porém, assim nos é legislado
esnoga pelo Shulchan Aruch (Orach Chayim, 671)

Na Babilônia

Rabêno Tam (Tosafot Taanit, 28b), um dos mais relevantes comentaristas do


Talmud, escreve que o costume na Babilônia na época talmúdica era recitar a benção do
hallel em rosh chodesh, pelo que traz provas. Daqui vemos o quanto é antigo esse
costume, e quão grande são as fontes das quais o recebemos. Ora, todas as leis que
temos hoje são embasadas no Talmud, esse livro é a ligação que temos com a torá oral,
que é a vontade divina.

Conclusão

Não recebemos a regra “não se recita benção sobre costumes”. Trouxemos


vários exemplos de que a halachá não segue o Rambam. Trata-se não apenas das
comunidades marroquinas, mas da maior parte das comunidades. Portanto, concluímos
que não é legitimo citar essa fonte para contrariar nosso costume.

Referências
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BEN AVRAHAM, Shlomo. Rashba Al berachot. In: The William Davidson Talmud.
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TALMUD. Tractate of Meguilah. In: The William Davidson Talmud. Adin Steinsaltz
(trad.). Jerusalem: Koren publishers, 2010. Disponível em
<https://www.sefaria.org/Megillah.21b.3?lang=bi>. Acesso em 29/12/2017.
TALMUD. Tractate of Rosh Hashanah. In: The William Davidson Talmud. Adin
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