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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE
E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO – FACE
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - ADM
BRASÍLIA-DF
DEZEMBRO/2007
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE
E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO – FACE
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - ADM
BRASÍLIA-DF
DEZEMBRO/2007
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_____________________________________________________
Júnia Maria Zandonade Falqueto
_________________________________________________________________
DIEGO MOTA VIEIRA, ADM/FACE/UnB
(ORIENTADOR)
_________________________________________________________________
EVALDO CESAR CAVALCANTE RODRIGUES, ADM/FACE/UnB
(COORDENADOR DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO)
_______________________________________________________________
CARLOS ALBERTO MULLER LIMA TORRES, ADM/FACE/UnB
(EXAMINADOR)
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DEDICATÓRIA
À Lindaura Falqueto,
AGRADECIMENTO
EPÍGRAFE
Erich From
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RESUMO
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................................ix
LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................................x
AGRADECIMENTO................................................................................................................6
EPÍGRAFE................................................................................................................................7
RESUMO...................................................................................................................................8
LISTA DE figuras.....................................................................................................................9
LISTA DE ABREVIATURAS...............................................................................................10
AGRADECIMENTO................................................................................................................6
EPÍGRAFE................................................................................................................................7
RESUMO...................................................................................................................................8
LISTA DE figuras.....................................................................................................................9
LISTA DE ABREVIATURAS...............................................................................................10
AGRADECIMENTO................................................................................................................6
EPÍGRAFE................................................................................................................................7
RESUMO...................................................................................................................................8
LISTA DE figuras.....................................................................................................................9
LISTA DE ABREVIATURAS...............................................................................................10
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO
O Poder Legislativo cumpre papel essencial perante toda a sociedade do país, visto
que desempenha três funções primordiais para a consolidação da democracia: representar o
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povo brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse nacional e fiscalizar a aplicação dos
recursos públicos.
Sendo assim, o Congresso Nacional tem como principais responsabilidades elaborar as
leis e proceder à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da Administração direta e indireta.
O sistema bicameral adotado pelo Brasil prevê a manifestação das duas Casas na
elaboração das normas jurídicas. Isto é, se uma matéria tem início na Câmara dos Deputados,
o Senado fará a sua revisão, e vice-versa, à exceção de matérias privativas de cada órgão. A
Câmara dos Deputados é a Casa em que tem início o trâmite da maioria das proposições
legislativas. Órgão de representação mais imediata do povo centraliza muito dos maiores
debates e decisões de importância nacional.
A Câmara dos Deputados é uma instituição governamental, com características muito
particulares, situada na Praça dos Três Poderes, e composta por cinco edifícios (Prédio
Principal, Anexo I, II, III e IV) onde se exerce variada gama de serviços. Conta ainda, com
outras áreas espalhadas por Brasília tais como: residências oficiais e um terreno no setor de
garagens norte da Esplanada dos Ministérios, onde se encontram edificadas a Coordenação de
Transportes, a Gráfica, posto de gasolina e um viveiro com plantas ornamentais e, em
edificação, o Centro de Ensino e Treinamento. Em outro terreno existente em uma Área de
Proteção Ambiental está localizada a antena repetidora da Rádio e TV Câmara.
As competências privativas da Câmara, conforme o art. 51 da Constituição Federal,
incluem: a autorização para instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
da República e os Ministros de Estado; a tomada de contas do Presidente da República,
quando não apresentadas no prazo constitucional; a elaboração do Regimento Interno; a
disposição sobre organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos
cargos, empregos e funções de seus serviços e a iniciativa de lei para a fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, e a
eleição dos membros do Conselho da República. Nesse contexto, a Câmara dos Deputados,
autêntica representante do povo brasileiro, exerce atividades que viabilizam a realização dos
anseios da população, mediante discussão e aprovação de propostas referentes às áreas
econômicas e sociais, como educação, saúde, transporte, habitação, entre outras, sem
descuidar do correto emprego, pelos Poderes da União, dos recursos arrecadados da
população com o pagamento de tributos.
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1.1.1 O EcoCâmara
São vários os programas institucionais promovidos pela Câmara dos Deputados. Esses
programas possuem o objetivo de aproximar o Poder Legislativo do cidadão; de exercer
práticas que contribuam para a redução da desigualdade social; de servir de referência e
marco para outros legislativos e parlamentos, a fim de garantir o exercício da democracia e de
melhorar o desempenho da organização em benefício da sociedade. Entre esses programas
está o EcoCâmara, objeto de estudo deste trabalho acadêmico.
As primeiras ações ambientais da Câmara dos Deputados ocorreram em 2002, com a
criação de um grupo de trabalho destinado a propor o gerenciamento de resíduos
recicláveis produzidos na Casa. Na evolução dessas ações, foi criado o Núcleo de Gestão
Ambiental (NGA) - EcoCâmara, em abril de 2003, com a missão de harmonizar ações da
Câmara com questões relacionadas ao meio ambiente, provendo-a de novos referenciais,
normas e atividades afins, e de internalizar fatores socioambientais à atuações administrativas.
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Política Ambiental
Aspectos Ambientais
Requisitos Legais
Estrutura e Responsabilidade
da Casa, projeto que minimiza o disperdício de água e reduz os fatores que comprometem os
recursos hídricos disponíveis.
• Coleta Seletiva e Responsabilidade Social: propõe-se a reduzir o desperdício, a
promover o reaproveitamento e a reciclagem dos materiais (papel e plástico, principalmente)
utilizados nas rotinas administrativas da Casa, de modo a beneficiar o meio ambiente e a
inclusão social dos catadores de lixo do Distrito Federal. Essa área de atuação do EcoCâmera
desenvolve o projeto de Coleta de Lixo no Anexo IV.
• Gestão de Resíduos Perigosos: objetiva adequar a disposição final de resíduos
químicos e biológicos, gerados nas dependências da Câmara, às determinações dispostas em
lei. Ao inserir novos procedimentos de segregação e descarte nos setores de saúde, transporte
e engenharia entre outros, a Casa está colaborando com a preservação ambiental (do solo,
água e ar) e com a qualidade de vida no Planeta. Essa área é a responsável por um importante
trabalho desenvolvido na instituição: a Gestão de Resíduos no DEMED.
• Comunicação Institucional: Uma importante ferramenta para a promoção da
mudança de comportamento é a difusão de informações. Sendo assim, essa área é responsável
pela interface do EcoCâmara com o público interno e externo, utilizando os meios de
comunicação disponíveis da Casa com o objetivo de: realizar campanhas de esclarecimento e
publicidade das ações da EcoCâmara; planejar e realizar eventos sobre as questões
ambientais; e, disseminar as atividades do Núcleo de Gestão Ambiental via internet, por meio
da página: www.camara.gov.br/ecocamara.
• Educação Ambiental: Para se alcançar o sucesso na implementação dos projetos
formulados pelo EcoCâmara, por meio das áreas de Coleta Seletiva, Gestão de Resíduos, Área
Verde e Água e Energia, é essencial sensibilizar os servidores para a reavaliação de hábitos e
rotinas. Com esse intuito, a área temática Educação Ambiental desenvolve cursos e
oficinas para informá-los sobre os impactos ambientais decorrentes do desempenho de suas
atividades e orientá-los a adotar um novo comportamento em favor do desenvolvimento
sustentável.
• Arquitetura e Construção Sustentável: O foco principal dessa área é promover a
incorporação dos conceitos e dos princípios de sustentabilidade e responsabilidade sócio-
ambiental, nas atividades de elaboração dos novos projetos arquitetônicos ou nas reformas
dos prédios que constituem o complexo da Câmara dos Deputados.
• Novas Tecnologias Hídricas e Energéticas: promove o uso eficiente de energia
elétrica e de água na instituição ao optar pela adoção de novas tecnologias e procedimentos.
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Para avaliar a eficácia das práticas inovadoras, a área acompanha por meio de monitoramento
o consumo de tais recursos e disponibiliza as informações e resultados alcançados.
• Licitação Sustentável e Legislação Ambiental: acompanha as discussões em torno
das inovações nas leis ambientais e na lei de licitações, em especial, com o objetivo de
adaptar as rotinas administrativas da Casa às imposições legais, assim como inserir a questão
ambiental nos editais de compra e contratação de serviços, à luz do que já está acontecendo
em outras instituições públicas do País e do exterior.
• Transporte Sustentável: possui a proposta de tornar a atividade de transporte de
cargas e passageiros da Câmara dos Deputados ecologicamente correta, na medida em que se
pretende fazer o uso eficiente de combustível para reduzir as emissões de carbono causadoras
do aquecimento global. Além disso, propõe-se a dar o destino correto aos resíduos e efluentes
perigosos decorrentes da atividade.
• Gestão Sustentável de Papel: é a área temática mais recente do EcoCâmara, foi
criada com um importante objetivo: estudar as diversas formas de uso do papel nos diferentes
setores da Câmara e propor alternativas voltadas à redução e ao uso eficiente deste material.
1.3 Objetivos
2. REVISÃO DA LITERATURA
O que acontecer com a terra acontecerá com os filhos da terra. O homem não
teceu a teia da vida, ele é apenas um fio. O que ele fizer à teia estará fazendo
a si mesmo (Tedd Perry)
A exaustão das reservas naturais e seus impactos sobre a terra vêm, gradativamente,
firmando a consciência acerca da necessidade da realização de ações que levem efetivamente
ao resgate de um meio ambiente saudável, que promova e não destrua a vida. Decorre daí o
conceito de desenvolvimento sustentável, que de acordo com sua definição é “aquele que
atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras
atenderem suas próprias necessidades”. Esse conceito propõe um novo modelo no qual
desenvolvimento e civilização não se constituam em devastação de florestas, poluição dos
rios, envenenamento da terra, deterioração da qualidade do ar e, principalmente, progresso
não signifique degradação deliberada e sistemática da natureza. (QUALY SISTEMA DE
GESTÃO AMBIENTAL,2003)
De acordo com Bragga e Gobetti (1997), ao se observar o quadro ambiental, é possível
identificar poluição de todos os tipos, relacionados principalmente à insensibilidade industrial
e à inoperância do poder público para com o meio ambiente que, associadas ao desprezo com
a questão ambiental, fazem com que problemas ambientais como a poluição dos recursos
hídricos, os desmatamentos, queimadas, contaminação do solo entre outros, sejam tratados em
segundo plano. E, assim, a natureza se torna indefesa, vítima do progresso econômico e
industrial da humanidade.
O impacto ambiental pode ser definido como a modificação do meio ambiente causada
pela ação do homem. De acordo com a resolução do Conselho Ambiental do Meio Ambiente
(CONAMA), considera-se impacto ambiental: “Qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetam:”
• A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
• As atividades sociais e econômicas;
• A biota;
• As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
• A qualidade dos recursos naturais.
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Para Bollman (2001), a ação antrópica sobre o meio ambiente não é um fenômeno a
ser entendido apenas do ponto de vista ambiental, pois se trata de uma relação complexa,
orientada por demandas individuais e coletivas, que se fundamentam em aspectos
psicológicos, culturais e sociais, e cujos reflexos são observados no modo como são
explorados os elementos da matriz de recursos naturais disponíveis.
“O poder público deve interferir para garantir maiores níveis de sustentabilidade das
atividades econômicas e de produção, levando a sociedade a refletir e adotar novos valores e
hábitos.” (Agenda Ambiental na Administração Pública -A3P;2007,p.06)
como a primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, realizada em
Estocolmo em junho de 1972, veio colocar a questão ambiental nas agendas oficiais
internacionais. Foi a primeira vez que representantes de governos se uniram para discutir a
necessidade de tomar medidas efetivas de controle dos fatores que causam degradação
ambiental. (BARBOZA,2000)
Outro marco internacional das discussões sobre os problemas ambientais globais foi a
Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano (CNUH) realizada em Estocolmo,
em 1972, pois focaliza, de forma integrada, as questões ambientais, econômicas e sociais,
inserindo-as no cenário político mundial. Buscou convergir a atenção e os interesses dos
governos do Norte e do Sul e da opinião pública, propondo acordos e cooperações técnicas
entre as Nações, comprometendo-as com a promoção da integridade do meio ambiente e a
melhoria das condições de vida dos povos mais pobres. (MACHADO,2002)
De acordo com Barboza (2000), a Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Comissão Brundland), em seu histórico relatório de 1987, intitulado Nosso
Futuro Comum, realçou a importância da proteção do ambiente na realização do
desenvolvimento sustentável, ou seja, utilizar os recursos naturais disponíveis hoje de forma
racional, sem prejuízo às futuras gerações.
Em 1992, vinte anos depois da CNUAH de Estocolmo, o Rio de Janeiro foi sede de
uma conferência de igual magnitude, a Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CMNUMAD). Essa conferência caracterizou-se por gerar
documentos mais sistematizados e prescritivos para o desenvolvimento sustentável, focados,
sobretudo, na atuação dos governos.
Na CMNUMAD foi criada então, juntamente com outros quatro documentos de
enfoque preservacionista, uma agenda para o desenvolvimento sustentável, denominada
Agenda 21, documento assinado por cerca de 170 países, entre eles o Brasil.
A Agenda 21 traz nos seus capítulos grande amplitude em temas ligados ao
desenvolvimento sócio-econômico: pobreza, minorias, ambiente, tecnologia e indústria.
Caracteriza-se, também, por poder ser aplicada nas esferas municipal, estadual, regional,
nacional e global. O conceito básico da Agenda 21 é a participação de todas as partes, visando
o desenvolvimento do todo. Sua estratégia pode ser resumida pelo lema: “Agir local, pensar
global”. (SILVA FILHO, 2000)
Segundo Branco (apud MACHADO, 2002, p.17), com a adoção da Agenda 21,
almeja-se que o planejamento estratégico tome novos rumos, orientado à integração da
sociedade e instituições públicas, que juntos aliariam esforços para alcançar um resultado
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Para Carvalho (2001), a Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento foi a mais importante e ambiciosa negociação multinacional
jamais realizada na história da humanidade por tratar de assuntos tão complexos quanto
abrangentes, debatendo uma variada gama temática.
Uma abordagem multidisciplinar fez-se presente, assentada nos pilares da
biodiversidade e das mudanças climáticas: a atmosfera, os recursos da terra, a agricultura
sustentável, a desertificação, as florestas, a biotecnologia, os oceanos, o meio ambiente
marinho, a água potável, os resíduos tóxicos, os dejetos perigosos, o desenvolvimento
sustentável, a transferência de tecnologia, os recursos financeiros, a educação ambiental, a
saúde ambiental, as questões legais e as mudanças internacionais.
Dias (2006) constrói uma síntese clara referente à evolução da preocupação ambiental
a partir da segunda metade do século XX:
profundamente vinculado a normas que são elaboradas pelas instituições públicas (prefeituras,
governos estaduais e federal) sobre o meio ambiente.
Gestão Ambiental é a forma pela qual a organização se mobiliza, interna e
externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada. Inclui uma série de
atividades que devem ser administradas, tais como: formular estratégias de administração do
meio ambiente, assegurar que a empresa esteja em conformidade com as leis ambientais,
implementar programa de prevenção à poluição, gerir instrumentos de correção de danos ao
meio ambiente, adequar os produtos às especificações ecológicas, além de monitorar o
programa ambiental da empresa. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos
negativos provocados no ambiente pelas suas atividades (KRAEMER, 2003).
• Com a otimização do uso do espaço nos meios de transportes, há redução nesse tipo de
gasto com conseqüente diminuição do consumo de combustível, o que diminui a
quantidade de gases nomeio ambiente.
Segundo Reis (1995), o objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca
permanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho
de qualquer organização pública ou privada.
A busca permanente da qualidade ambiental é, portanto, um processo de
aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global de acordo com a política
ambiental estabelecida pela organização.
Há também objetivos específicos da gestão ambiental, que são definidos segundo a
norma brasileira – NBR ISO 14.000. Os certificados de gestão ambiental da série ISO 14000
atestam a responsabilidade ambiental no desenvolvimento das atividades de uma organização,
possuem como intuito a padronização dos processos de empresas que utilizassem recursos
tirados da natureza ou causassem algum dano ambiental decorrente de suas atividades.
Além dos objetivos oriundos da norma ISO, em complemento, na prática, observam-se
outros objetivos que também podem ser alcançados através da gestão ambiental, a saber:
• Gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes e
programas relacionados ao meio ambiente e externo da companhia;
• Manter, em geral, em conjunto com a área de segurança do trabalho, a saúde dos
trabalhadores;
• Produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e os trabalhadores,
produtos ou serviços ambientalmente compatíveis;
• Colaborar com setores econômicos, a comunidade e com os órgãos ambientais
para que sejam desenvolvidos e adotados processos produtivos que evitem ou minimizem
agressões ao meio ambiente.
A pesquisa “Sondagem Especial sobre Meio Ambiente’, publicado em 2004 pela CNI
(Confederação Nacional da Indústria), menciona as principais razões para a adoção de
procedimentos de gestão ambiental nas indústrias brasileiras, baseando-se em dados coletados
junto a 1.007 pequenas e médias e 211 grandes empresas.
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Conflitos e poder
infinitamente. Nesse último extremo não são levadas em conta a humanidade, nem na
questão temporal, nem nas conseqüências das externalidades.
Talvez este seja o caso do Partido Verde brasileiro, onde o ambientalismo radical é
evidente.
O quadro analítico acima, proposto por Morgan, é bem amplo e abrangente, elencando
muitas fontes de poder aplicáveis a uma organização do setor público.
De acordo com Silva Filho (2000), na questão ambiental, vários pontos de poder acabam
por definir a linha de convergência para solução dos conflitos. Com várias áreas e órgãos da
administração pública participando na definição de uma Gestão Ambiental, fatores como a
visão ambiental da autoridade formal ou de grupos com capacidade de melhores alianças
interpessoais são extremamente relevantes.
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São estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em consonância com
as necessidades sociais, de modo que a empresa garanta, além do lucro e da
satisfação de seus clientes, o bem estar da sociedade. A empresa está inserida nela e
seus negócios dependerão de seu desenvolvimento e, portanto, esse envolvimento
deverá ser duradouro. É um comprometimento. (TOLDO, 2002, p. 84)
Dias (2006) faz uma importante observação ao afirmar que a responsabilidade social
ambiental está contida na responsabilidade social empresarial e deve ser entendida como parte
integrante desta, nunca de maneira isolada.
O papel das organizações esta mudando, ainda que lentamente, mas com rumo
definido para uma responsabilidade social, inserindo-se com mais um agente de
transformação e de desenvolvimento nas comunidades; participando ativamente dos
processos sociais e ecológicos que estão no seu entorno e procurando obter
legitimidade social pelo exemplo, e não mais unicamente pela sua capacidade de
produzir. Ao seu papel econômico que continua fundamental, agrega-se outro que
assume conscientemente, de assumir maior responsabilidade social, onde se inclui a
perspectiva ambiental. (DIAS, 2006, p. 161)
As áreas mais críticas são as Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Paranoá, do São
Bartolomeu, do Descoberto e do Cafuringa, que abrigam a maior parte dos condomínios e
parcelamentos irregulares do solo existente.
A situação dessas áreas é muito sensível, exigindo do poder público uma atuação
constante por meio da fiscalização articulada entre os diversos órgãos do GDF sob a
coordenação da Secretaria de Estado de Fiscalização das Atividades Urbanas, responsável
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3. METODOLOGIA
Para Gil (2002), pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático
que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é
desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de
métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.
A pesquisa realizada neste trabalho caracteriza-se, segundo as tipologias adotadas por
Roesch (2006), como avaliação de resultados, pois visa, em primeiro plano, julgar a
efetividade do programa de gestão ambiental desenvolvido pela Câmara dos Deputados.
A estratégia de pesquisa utilizada é o estudo de caso. Segundo Yin (1981), o estudo de
caso é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro
do seu contexto. Difere, pois dos delineamentos experimentais no sentido de que estes
divorciam o fenômeno em estudo de seu contexto.
“Alguns aspectos caracterizam o estudo de caso como estratégia de pesquisa: permite
o estudo de fenômenos em profundidade dentro do seu contexto, é especialmente adequado ao
estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos.” (ROESCH, 2006,
p.201)
Em relação aos seus objetivos, a pesquisa é classificada como descritiva, pois visa
identificar as vantagens que a adoção de políticas ambientais proporciona para a Câmara dos
Deputados, por meio da descrição, caracterização e análise de processos e resultados
utilizando, sobretudo, dados qualitativos. Miles e Huberman (apud ROESCH, 2006, p.267)
consideram que estudos descritivos visam relatar os acontecimentos e explicar como os
eventos ocorrem, o pesquisador deve coletar as informações, analisá-la e apresentá-la num
contexto lógico que atenda aos objetivos do estudo. Para isso, foram realizadas pesquisa
bibliográfica, documental e de campo. Bibliográfica porque abrange a leitura e interpretação
de livros, artigos e dissertações sobre assuntos relacionados ao tema, como meio ambiente,
gestão ambiental e políticas públicas. A investigação foi também documental, pois parte
expressiva deste estudo baseia-se em documentos internos da Câmara dos Deputados. Além
disso, a coleta de dados primários, por meio das entrevistas em profundidade, caracteriza a
pesquisa de campo realizada.
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O estudo realizado por este trabalho acadêmico está concentrado no Núcleo de Gestão
Ambiental (NGA) – EcoCâmara, ou seja, na unidade administrativa responsável pelos
programas de gestão ambiental desenvolvidos pela Casa.
Responsável por conduzir as atividades do Núcleo de Gestão Ambiental, o Comitê
Gestor é vinculado à Diretoria-Geral, por intermédio de sua Assessoria de Projetos
Especiais. É constituído por servidores da Câmara dos Deputados, que respondem pela
coordenação das áreas temáticas ou por assessoramento.
3.3 População
3.5 Procedimentos
Nome Cargo
Rômulo Lima Câmara Diretor da Coordenação de Administração de Edifícios
Déborah da Silva Achcar Chefe da Coordenação de Comunicação Institucional
Jacimara Guerra Machado Coordenadora Técnica do EcoCâmara
Cássia Regina Botelho Chefe da Assessoria de Projetos Especiais
Mauro de Deus Técnico Legislativo de Centro de Documentação e Informação
Rachel Osório Chefe da Sessão de Manutenção de Jardins
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 5 Entrevistados
As entrevistas foram feitas na própria organização, na sala do entrevistado. Todas as
perguntas foram abertas, pois esse método evita a influência do pesquisador sobre as
respostas. (ROESCH,2006)
Os dados coletados foram gravados e transcritos pelo pesquisador.
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Os dados apresentados neste estudo foram obtidos através de três diferentes técnicas
de coleta: entrevista em profundidade (pesquisa de campo), pesquisa documental e
observação participante aberta, conforme descrito no capítulo referente a metodologia.
É o projeto responsável pela preservação dos jardins da Câmara dos Deputados e das
residências oficiais, sem recorrer ao uso de defensivos químicos. Visando sempre a máxima
economia, incentiva o cultivo de espécies nativas, o uso racional e o aproveitamento da água
e a prática da compostagem.
Fonte::www.camara.gov.br/internet/programas/ecocamara/viveirocamara.html
Figura 6 Espécies cultivadas no viveiro da Câmara dos Deputados
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A Câmara possui um viveiro de plantas para manter os jardins das áreas internas e
externas da Casa. Como já relatado, não são utilizados defensivos químicos nas áreas verdes
da instituição. Folhas e caules de tomateiros, arruda e pimenta são alguns dos ingredientes
usados na fabricação dos defensivos naturais utilizados no local.
O viveiro produz centenas de mudas e coleta sementes das mais variadas espécies,
algumas nativas do Cerrado, outras exóticas, a partir das próprias espécies plantadas nas áreas
da Câmara. Das sementes coletadas, parte atende às necessidades da Casa e o restante é doado
para o Clube da Semente ou para a Rede do Cerrado.
Todo esse processo significa uma economia expressiva. Além da produção de mudas e
defensivos orgânicos, a produção de composto também é feita no viveiro. Todos os resíduos
resultantes da poda de grama, cercas vivas, plantas e arbustos, bem como folhas secas, pó de
café e serragem, são transformados, por um processo chamado compostagem, em matéria
orgânica utilizável nas áreas verdes da Casa. Podas hoje viram mudas, lixo vira composto,
plantas viram defensivos alternativos.
O sucesso no aproveitamento de materiais está diretamente associado à campanha feita
pela Câmara, por meio do EcoCâmara, para sensibilização e conscientização dos funcionários
para a questão ambiental. Segundo os coordenadores do programa, quanto maior a
participação voluntária no programa, maior o benefício ao meio ambiente e menor o custo da
administração.
Para evitar o desperdício de água e reduzir os fatores que comprometem os recursos
hídricos disponíveis, como por exemplo a irrigação dos gramados, a Seção de Manutenção de
Jardins da Câmara já explora o uso de plantas que não exigem muita água como forma de
minimizar o consumo.
indica que é possível investir mais na segregação adequada reduzindo o volume dos resíduos
contaminados. O monitoramento é uma ação que não pode ser esquecida quando se
implementa o PGRSS. O custo para realizar o monitoramento é baixo, porém o retorno é
significativo.
O projeto Água e Energia está ligado à coordenação de Novas Tecnologias, que tem a
missão de harmonizar ações da Câmara com questões relacionadas ao meio ambiente,
provendo-as de novas tecnologias, referenciais, normas e atividades ligadas aos recursos
naturais primários.
Esse projeto é o responsável por grande parte da economia que a gestão ambiental da
instituição já alcançou. As principais diretrizes do projeto Água e Energia. São:
• Gestão do Uso e Re-uso da Água:
Algumas realizações estão em andamento na gestão e re-uso de água nas dependências
da Câmara dos Deputados:
- Limpeza do Espelho D’ Água do Anexo I ;
- Substituição de Válvulas de Descarga por Caixas Acopladas;
- Substituição das torneiras comuns pelas Eletrônicas;
- Instalação de Acionadores Eletrônicos para Mictórios;
- Instalação de Eliminadores de Ar junto aos Hidrômetros;
-Substituição de tubulações antigas e Mapeamento de vazamentos por
processos eletrônicos.
A economia pretendida com estas ações é de R$ 1.200.000,00/ano.
Os objetivos futuros da gestão de uso e re-uso de água são os seguintes:
-Reforma dos Apartamentos Funcionais (hidrometragem individual nos
apartamentos, utilização das águas pluviais nas bacias sanitárias, iluminação
controlada, utilização de metais e louças com dispositivos redutores d’água).
-Utilização de filtros de água nas copas em todas as dependências da Casa,
eliminando, assim, o desperdício com garrafas de água mineral;
- Incremento nas Campanhas de Conscientização.
• Gestão do Uso de Energia Elétrica:
As realizações em andamento na gestão são as seguintes:
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Carbono Neutro
Em novembro de 2007, a Câmara dos Deputados firmou com a ONG SOS Pró-Mata
Atlântica um acordo de cooperação para o plantio de 12 mil árvores em São Paulo com vistas
à neutralização das emissões de carbono produzidas pelas atividades da Casa.
A meta para o plantio foi estabelecida por diagnóstico feito pela ONG a partir dos
indicadores de consumo de energia, uso de combustíveis fósseis, produção de resíduos
orgânicos e viagens realizadas pela Câmara dos Deputados, entre os anos de 2005 e 2006.
Além de elaborar o diagnóstico da emissão de carbono gerada pela Câmara, a SOS Pró-Mata
Atlântica será responsável por plantar e manter as mudas de árvores nativas no bioma Mata
Atlântica.
O objetivo do projeto é plantar uma quantidade de árvores equivalente ao total ou
parte das emissões de carbono, responsáveis pelo efeito estufa.
O início das atividades do Carbono Neutro está previsto para o começo de 2008.
Criação do EcoCâmara
Objetivos do EcoCâmara
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O Objetivo é que todos da Casa sejam EcoCâmara. O programa surgiu para lançar
uma política ambiental, uma política de controle de resíduos, de economia de
dinheiro público na Câmara. O objetivo era difundir essa consciência ambiental,
para que todo mundo ao sair da sua sala apague a luz, desligue o computador e
passe a descartar corretamente o seu lixo no seu dia-a-dia.(...) Outro objetivo é
apoiar outras entidades governamentais. Hoje o EcoCâmara é um programa modelo
para outras instituições. (ENTREVISTADO E)
Em minha opinião, esta inserido sim, já que é um programa apoiado pela diretoria
geral. O apoio e a colaboração da alta direção são essenciais para que o EcoCâmara
avance com os seus objetivos. (ENTREVISTADO C)
A Câmara caminha com muita seriedade a esse respeito. No começo eram só alguns
servidores envolvidos, hoje existe a recomendação do Diretor Geral para que todas
as diretorias da Casa definam metas de redução de impactos ambientais.
(ENTREVISTADO F)
(...)Essa visão de que eu exerço uma atividade que gera um impacto e portanto ela
deve ser melhorada(...),é uma visão que poucos funcionários têm. Portanto trata-se
de uma visão que não está inserida nas estratégias da Casa, talvez ela esteja na
Diretora Geral, na pessoa do diretor que está motivado com as propostas, mas não é
uma consciência compartilhada com todas as diretorias. (ENTREVISTADO A)
Foram verificadas opiniões controversas com relação aos ganhos econômicos. Parte
dos entrevistados acredita que a economia ainda não é expressiva, enquanto parte acredita que
houve um ganho econômico significativo após a adoção de boas práticas ambientais.
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São vários os ganhos. Vamos sair um pouco dos ganhos sócio-ambientais e entrar
nos ganhos econômicos. Hoje nós temos economia de água, de papel, de energia
com a troca das lâmpadas por lâmpadas mais eficientes, de consumo menor.
(ENTREVISTADO B)
Resultados do Ecocâmara
ASPECTO INTERVENÇÃO RESULTADO
Economia de 36 milhões de
Consumo de água no Mudança no procedimento de
litros de água, ou seja, R$
espelho d'água limpeza da água
119.382,00.
Geração de Resíduos de Implantação do Plano de Redução de 68,5% dos
Serviço de Saúde - Gerenciamento dos Resíduos resíduos enviados para
DEMED de Serviço de Saúde - PGRSS incineração
Segregação dos
Melhoria contínua do sistema Aumento de 10% no volume
materiais recicláveis do
de coleta seletiva de materiais de material reciclável
Anexo IV
Parceria para inclusão Aumento do volume de Aumento de R$ 90,00 para
social - Convênio material reciclável doado para
cerca de R$ 300,00 o ganho de
CORTRAP a Cooperativa cada associado por mês
70 novos gestores
120 serventes treinados
Sensibilização do Realização de cursos, oficinas,
20 novos voluntários
público interno e externo eventos, palestras e exposições
700 visitantes/ano
18 eventos/ano realizados
Eliminação de uso de produtos 37.000 m² de jardins sem uso
Paisagismo responsável
químicos de produtos químicos
Fonte: Pesquisa documental
Figura 9 Resultados do EcoCâmara
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(...)eu acho que a Câmara, através do programa, está conseguindo mostrar pra
sociedade que se preocupa em fazer o seu papel. (ENTREVISTADO E)
Carências do EcoCâmara
Mudança de Comportamento
Muito pouco, basta ver como o lixo é descartável, eu não tenho mais acesso aos
números, mas a minha percepção é que está longe do que nós almejávamos
inicialmente. (ENTREVISTADO D)
Acredito que sim, mas ainda falta muito a ser feito. Comportamento não é algo fácil
de mudar. As pessoas precisam respeitar mais o dinheiro público, isso não é só na
Câmara, é em qualquer instituição pública. Eu posso afirmar com segurança que o
Ecocâmara já conquistou bons resultados nesse sentido, mas não o suficiente.
(ENTREVISTADO E)
Segundo Roesch (2006), na pesquisa qualitativa, à medida que mais entrevistas vão
sendo conduzidas, há a tendência de o pesquisador direcionar certos tópicos. Isso ocorre
59
porque o pesquisador vai identificando padrões nos dados e tende a explorá-los em certas
direções.
Observou-se um padrão em relação à opinião dos entrevistados a respeito da diferença
de comportamento entre os servidores e os terceirizados. O entrevistado A, ao ser questionado
sobre a mudança de comportamento dos servidores da Casa, levantou um dado relevante:
“Entre os terceirizados eu vejo e eles mesmos afirmam que já houve uma evolução com
relação à mudança de comportamento em prol do meio ambiente, já em relação aos servidores
eu acho que essa mudança está ocorrendo de forma muito mais lenta.”
Os demais entrevistados foram questionados a respeito dessa possível diferença de
comportamento entre servidores concursados e funcionários terceirizados na tentativa de
explorar melhor a informação.
Os outros entrevistados concordaram que existe uma diferença comportamental entre
servidores e terceirizados, admitindo que os terceirizados executam com maior freqüência
boas práticas ambientais e apontaram os principais motivos para essa diferença de
comportamento :
• Os terceirizados recebem um maior número de treinamentos e por isso são mais
conscientizados;
• Existe uma cobrança maior para com os terceirizados, por parte de seus encarregados,
para que eles cumpram as práticas ambientais da Casa, sob a ameaça de serem
punidos.
O terceirizado é mais cobrado que o servidor, por isso existe essa diferença no
comportamento. Os terceirizados precisam cumprir o que lhes é ensinado e
cobrado, o servidor tem a opção, ele só cumpre se estiver conscientizado. (...)os
terceirizados devem cumprir as determinações do EcoCâmara, se não cumprirem
eles podem ser punidos. A educação ambiental também chega mais facilmente aos
terceirizados, a medida que duas vezes ao mês eu dou aula sobre jardinagem
responsável, sobre desenvolvimento sustentável e outros assuntos relacionados ao
meio ambiente e a minha equipe de terceirizados é obrigada a assistir, isso tem
trazido um resultado bastante positivo no trabalho que é desenvolvido.
(ENTREVISTADO F)
Impacto na Imagem
Conforme a idéia que já fora exposta no item 2.2, Dias (2006) defende que uma das
principais vantagens competitivas que uma entidade pode alcançar através da gestão
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ambiental é a de melhorar sua imagem no mercado, o que está se tornando a cada dia mais
concreto devido ao aumento da consciência ambiental na sociedade.
O EcoCâmara vem contribuindo, ao longo dos quatro anos de existência, para o
fortalecimento da imagem da Câmara perante a sociedade. De acordo com um dos
entrevistados, o EcoCâmara se tornou uma forma de mostrar à sociedade que a Casa se
preocupa em fazer o seu papel e de minimizar os impactos causados pela propaganda
negativa.
interno.
Muito embora todos os entrevistados tenham afirmado que o programa gera impactos
positivos para a imagem da Câmara, um dos entrevistados confrontou a realidade do
programa com a imagem que ele ostenta. O entrevistado D afirmou existir uma discrepância
ente a imagem de grande preocupação com o meio ambiente que a Câmara ostenta e a
realidade da instituição:
Os ganhos são mútuos. A sociedade ganha por ter em uma das instituições
governamentais mais importantes para o País uma política sócio-ambiental, uma economia de
dinheiro público e um exemplo para outras instituições, e a Câmara ganha por ter um
reconhecimento positivo por parte do seu público externo e interno.
Avaliação do EcoCâmara
Observou-se que o programa também é bem aceito pelo público que freqüenta a
entidade. Para Nasssar (2005), a comunicação interna assume um papel estratégico na gestão
organizacional. É a comunicação interna que promove o fluxo de informações; cria, nas
pessoas, o sentimento de pertencer à instituição. O mesmo autor defende que o público mais
estratégico é o interno e, portanto, o mais importante para a organização. Os funcionários são
fundamentais para a formação da imagem pública, pois são eles os formadores de opinião
para os demais públicos de interesse da organização.
Seguindo o mesmo raciocínio, é possível traçar a hipótese que exista uma relação
entre aceitação e o investimento em meios de comunicação interna. Há em todos os anexos:
peças publicitários, cartazes com informações sobre práticas ambientais, cartazes com
informações sobre eventos relacionados ao meio ambiente, adesivos do EcoCâmara, todas as
lixeiras dos cinco prédios são devidamente identificadas e trazem a marca do EcoCâmara.
63
para a criação do Núcleo de Gestão Ambiental – EcoCâmara, por ter sido a primeira ação
implantada pelo EcoCâmara. Foi a partir da Coleta Seletiva que se deu uma maior visibilidade
ao processo de inserção de critérios ambientais na rotina administrativa da Câmara dos
Deputados.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Carlos Gomes. Introdução ao Direito Ambiental. São Paulo: Ed. Letras &
letras, 2001.
DEUS, Mauro Cunha Batista et al. Relatório Final do Grupo de Trabalho destinado a
formular propostas de serviço de reaproveitamento do lixo nas dependências da Câmara
dos Deputados. Brasília, 2002.
FERRO, José Roberto. O papel da Alta Administração. São Paulo: Lean Institute Brasil,
2007.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, 2002.
NASSAR, Paulo. Comunicação Interna: a força da empresas. [online] São paulo: Aberje,
2005.Disponível na Internet:<http://www.wincomunicações.com.br. Acesso em novembro de
2007.
REIS, M. J.L. – ISO 14000 Gerenciamento ambiental: um novo desafio para a sua
competitividade – Rio de Janeiro: Qualitymark Ed.: 1995 .Disponível na Internet:<
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?
base=./gestao/index.html&conteudo=./gestao/sistema.html.Acesso em setembro/2007.
APÊNDICE
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à criação do
EcoCâmara?
04) Na sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a implantação
06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento nos
07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
09) Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
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Entrevistado A
NOME: Jacimara Guerra Machado
CARGO/FUNÇÃO: Assessora técnica do EcoCâmara
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à criação do
EcoCâmara?
Também tem a questão do impacto ambiental que a Casa gera com esses cinco
edifícios e com essa quantidade de pessoas; era bastante significativo e justificava fazer uma
extensão do trabalho que estava sendo proposto. Sendo assim, o grupo terminou a parte da
coleta seletiva, implantaram a coleta seletiva na entidade e então preparam um planejamento
estratégico, formularam uma nova proposta e levaram ao presidente da Câmara. O presidente,
então, viu que não tinha nada a perder em estimular esse trabalho, foi assim que o Núcleo de
Gestão Ambiental foi criado e naturalmente necessitava de uma equipe. Hoje a equipe é
formada por voluntários que estão em áreas estratégicas. Esses funcionários desenvolvem as
ações em prol do ambiente no seu próprio ambiente de trabalho porque é a função dele, então
a parte de energia é no setor de energia, a parte de água no setor de água, a parte de gestão de
resíduos hospitalares é no serviço médico e assim por diante.
O EcoCâmara fez uma avaliação do que existia de oportunidade dentro da casa e
transformou essas oportunidades em ações e hoje o programa tem metas, ações e tudo mais.
Então o que motivou foi a consciência de não se ter nada a perder, só a ganhar. Com a gestão
ambiental a Câmara passa a ter mais uma oportunidade de ser vista positivamente pela a
sociedade, não só com relação ao social, mas também no ponto de vista econômico.
Não como deveria. Nós precisamos dar mais alguns passos. A alta direção está
envolvida, participa muito, principalmente quando ocorrem eventos mostrando as conquistas
do EcoCâmara, mas ainda falta o fortalecimento do tema meio ambiente dentro de algumas
diretorias. Algumas diretorias ainda não estão sensibilizadas, até porque é difícil uma diretoria
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04) Em sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a
implantação de um sistema de gestão ambiental?
A Câmara ganhou uma maior visibilidade fora da Casa. Eu não chamaria de marketing
verde, porque eu não gosto dessa idéia comercial, mas o fato da Câmara ter esse programa e
divulgá-lo externamente mostrou para as pessoas que estão lá fora que aqui na Câmara
existem também coisas boas acontecendo. Um bom exemplo disso é o esforço em tentar zerar
alguns impactos ambientais ou diminuí-los consideravelmente. E também tem a parte social, a
questão da cooperativa de catadores de papéis que era do meio do mato e hoje é a segunda
maior cooperativa do DF, que tem o maior numero de pessoas cooperadas e tudo mais, e isso
é graças ao trabalho do EcoCâmara. Então o maior ganho da Câmara é o que a sociedade
pensa da instituição quando conhece o EcoCâmara, é aquela opinião: ‘eu não sabia a Câmara
tinha projetos tão legais’. Sem contar o ganho econômico em alguns setores, mas a gente não
tem um ganho econômico muito significativo. Em minha opinião, o ganho maior foi o da
imagem.
Bom, o EcoCâmara é formado por um grupo de pessoas voluntárias, nós temos uma
pequena equipe composta por dois funcionários fixos e mais dois estagiários, isso já é um
ganho significativo em termos de pessoal envolvido com isso, os demais são coordenadores
das áreas temáticas e os seus substitutos que também interagem. Os coordenadores dividem o
seu tempo entre as atribuições do seu cargo enquanto funcionário da Câmara com as
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atribuições enquanto voluntário do EcoCâmara, essas pessoas que fazem parte desse conjunto
estão altamente sensibilizadas e conhecem bem o seu papel enquanto coordenador do
EcoCâmara e enquanto funcionário do seu setor, ou seja ele está sensibilizado com as atitudes
que ele deve inserir no dia-a-dia do setor onde ele trabalha.O que acontece muitas vezes e
também o que está faltando é que essa pessoa consiga persuadir a equipe que trabalha com ele
a adotar as propostas do EcoCâmara. Ele pode estar muito bem intencionado, mas se ele não
tem o poder de decisão dentro do seu setor ele não consegue fazer com que suas atitude e
intenções sejam as mesmas atitudes e intenções dos demais funcionários. Um exemplo disso é
o tema licitação sustentável, que é um assunto que não depende do coordenador da área
temática, depende também que ele consiga convencer o chefe de sessão, o diretor do
departamento, é preciso fazer com que o servidor que vai encomendar um produto busque um
produto que irá causar menos impacto ao meio ambiente. Há vários trabalhos que não
avançam porque dependem de uma decisão superior que nem sempre é favorável.
Faltam os verdadeiros tomadores de decisão da Casa, os diretores, entenderem que é
preciso pensar mais em política ambiental. Se cada diretor pensasse no que pode fazer dentro
da sua diretoria para melhorar as condições ambientais, nós teríamos resultados muito mais
satisfatórios e rápidos. O que falta, então, é uma maior conscientização ambiental na Casa.
06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento
nos servidores da Casa? Se sim, como essa mudança é percebida?
o meio ambiente”. Isso foi despertado graças ao trabalho de conscientização que nós do
EcoCâmara realizamos, das palestras que nós fizemos, das oficinas de arte e educação, dos
cursos para transformar lixo em artesanato. Hoje, a equipe de limpeza da Câmara já esta
consciente de que o lixo não é mais aquela coisa desprezível que se coloca em qualquer lugar,
que a água não é um recurso que estará disponível em abundância para o resto da vida.
Entre os terceirizados eu vejo e eles mesmos afirmam que já houve uma evolução com
relação à mudança de comportamento em prol do Meio Ambiente, já em relação aos
servidores eu acho que essa mudança está ocorrendo de forma muito mais lenta.
07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
Deputados perante a sociedade?
Eu não tenho dúvidas que o principal ganho foi com relação à imagem. Quando eu
comecei a trabalhar a idéia de gestão ambiental na Câmara dos Deputados, eu avisei ao
pessoal interessado que eu estava disposta a tornar o EcoCâmara referência em gestão
ambiental em Brasília e até fora de Brasília. Isso nós conseguimos alcançar nesses quatro
anos de trabalho. Hoje você pode ir a qualquer lugar onde se fala de meio ambiente, em
gestão ambiental que as pessoas conhecem ou ao menos já ouviram falar do trabalho do
EcoCâmara.
Comparando o que nós da Câmara estamos fazendo com o que outros órgãos de
governo estão fazendo, não tenha dúvidas que nós já temos uma estrutura montada, vários
projetos já estão bem encaminhados, pode ser que na ação propriamente dita, na implantação
das nossas idéias, o processo ainda esteja mais lento do que nós esperaríamos, mas nós temos
uma boa estrutura e temos também um modelo que está sendo copiado por outros e eu acho
que isso é dez.
No sentido de velocidade e implementação das nossas ações eu dou uma nota seis,
acho que o EcoCâmara poderia ser mais ágil, fazer mais rápido. Com relação a isso, alguns
pontos precisam ser colocados: é uma Casa grande, é uma administração pesada, então não é
uma empresa na qual você consiga implantar um programa com as dimensões e intenções do
EcoCâmara em 2 meses. Provocar grandes mudanças leva tempo e quanto mais tempo você
levar, mais sedimentadas serão essas mudanças, uma mudança muita rápida não se sustenta
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por muito tempo. Nós estamos em uma velocidade que poderia ser mais rápida, mas se for
veloz demais pode estragar. Eu sou suspeita para falar, mas acho que o caminho que o
EcoCâmara esta trilhando é muito bom e sustentável.
09) Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
Uma questão que estou bastante preocupada é como nós vamos implantar mais ações
que, de fato, provoquem a mudança da cultura institucional, porque não é só com palestras e
com reportagens na revista da Casa, com o jornalzinho da Câmara e fazendo eventos que nós
vamos mudar a cultura da Casa, ou seja, não é só assim que nós vamos conseguir inserir
efetivamente a preocupação com o meio ambiente no dia-a-dia das pessoas. Para isso é
fundamental a ligação com o Centro de Formação e Treinamento da Câmara dos deputados, o
CEFOR, que estamos trabalhando firme para conseguir. O CEFOR é o símbolo da
transformação cultural dentro da Casa, afinal, os treinamentos, os cursos de formação, e tudo
mais ligado a ensino e ao conhecimento é lá que acontece. O CEFOR é o contato direto com o
servidor, é ele que forma o nosso servidor. Nós precisamos fazer com que os dirigentes do
CEFOR entendam que os temas relacionados ao meio ambiente são temas que precisam
chegar ao servidor, seja para aplicação direta, seja para ele ter um comportamento como
cidadão dentro da Casa. A gente não vai conseguir trazer essa sensibilização em um tempo
mais curto. Não é com palestra que eu consigo isso, é com curso, é com treinamento, é
incluindo o tema meio ambiente na ementa dos cursos oferecidos. Às vezes, uma hora por dia
em um curso com duração de uma semana já signifique mudança nos hábitos desses
servidores a favor do meio ambiente. O EcoCâmara precisa chegar ao CEFOR porque o
CEFOR é o formador de opinião da Casa.
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Entrevistado B
NOME: Rômulo Lima Câmara
CARGO/FUNÇÃO: Diretor da Coordenação de Administração de Edifícios
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à
criação do EcoCâmara?
Mas, na prática, nós percebemos que esse trabalho deve ser contínuo. O EcoCâmara
tem o papel de tentar despertar entre os funcionários, terceirizados, visitantes e deputados o
interesse pelo meio ambiente. O objetivo é inserir a preocupação com o meio ambiente dentro
do trabalho e da vida de cada um.
04) Em sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a
implantação de um sistema de gestão ambiental?
São vários os ganhos. Vamos sair um pouco dos ganhos sócio-ambientais e entrar nos
ganhos econômicos. Hoje nós temos economia de água, de papel, de energia com a troca das
lâmpadas por lâmpadas mais eficientes, de consumo menor. Porém, na minha visão, a
conscientização que nós estamos conseguindo com a adesão de deputados, adesão da frente
ambientalista, da mesa da Câmara que tem nos apoiado e já está participando com a gente de
eventos, esse é o maior bem que a Câmara pode ter.
A Câmara é uma entidade muito visível. A impressão que dá é que a imprensa dorme
aqui. Sempre há alguém da imprensa na Casa. O objetivo principal deles é a questão política,
mas nós podemos aproveitar isso para mostrar também o trabalho administrativo da Casa.
06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento
nos servidores da Casa? Se sim, como essa mudança é percebida?
Existe sim uma diferença, o terceirizado está muito mais engajado com o EcoCâmara.
Eu acredito que esta diferença ocorre porque é mais fácil trabalhar com o terceirizado,
periodicamente nós temos reuniões diretas com eles. É muito mais fácil reunir os terceirizados
e mostrar a eles as propostas, ensinar como deve ser o trabalho. Com servidor é muito mais
difícil fazer isso, é muita gente.
07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
Deputados perante a sociedade?
Meeting, representou o EcoCâmara lá. Foi um importante passo para a imagem da Câmara,
havia vários estudantes e entidades inclusive internacionais.
Os eventos que nós participamos têm dado muitos resultados positivos, têm mostrado
que nós estamos no caminho certo. Outros órgãos do legislativo como o Senado, o Tribunal
de Contas da União e outras Câmaras Municipais vêm interagindo com a gente e os ganhos
são mútuos.
Tem acontecido também de nós influenciarmos as pessoas a levarem o nosso trabalho
para suas casas. Eu mesmo, depois que me envolvi com o EcoCâmara, propus que a coleta
seletiva fosse feita no condomínio onde eu moro e hoje o trabalho já esta bem adiantado.
O EcoCâmara foi uma idéia muito boa do grupo inicial de trabalho. Naquele tempo
nós não tínhamos grandes aspirações como servir de modelo para outras entidades
governamentais e hoje somos reconhecidos como uma autoridade em gestão ambiental
pública.
Temos boas parcerias, inclusive com ONGs como a SOS Atlântica, e isso reflete que
nós desenvolvemos um bom trabalho. ONGs e entidades de grande importância para o País
têm nos procurado para parcerias e acordos de cooperação.
Nós temos feito um trabalho bem legal com um grupo muito unido formado por
pessoas muito capacitadas e eu acho que é isso que está levando aos bons resultados e que deu
a Câmara essa visibilidade, nós nem planejávamos tanto isso. E hoje nós temos uma visão
bem mais ambiciosa que é ser um pólo de excelência na promoção, articulação e
multiplicação das ações ambientais na esfera governamental.
A Câmara recentemente se comprometeu a adotar práticas de carbono neutro, para isso
terá que plantar doze mil árvores para neutralizar sua emissão de carbono durante o ano de
2006, em contrapartida, o EcoCâmara irá desenvolver um trabalho de redução da emissão de
carbono. Algumas medidas já são tomadas do DEMED (Departamento Médico). Antigamente
todo o material era incinerado, porque nós entendíamos que tudo poderia estar contaminado e
nós aprendemos que isso estava errado. Hoje, só é incinerado 12,7 % dos resíduos gerados
nesse departamento, que são os materiais que podem realmente causar algum risco. Imagina
aquele material todo sendo incinerado, a quantidade de gases poluentes que eram lançados na
atmosfera.
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09) Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
O EcoCâmara é tão abrangente. Eu acho que vale a pena olhar o trabalho que a gestão
anterior do programa fez com os jardins da Casa. Foi desenvolvido um estudo sobre como
tratar os jardins da Câmara. Hoje não são utilizados produtos químicos, agrotóxicos, existe
uma preferência pelas plantas do cerrado, um viveiro foi criado e, além disso, uma equipe de
funcionários terceirizados foi treinada para fazer a compostagem, que é mais uma forma de se
reaproveitar resíduos que antes a Câmara jogava fora – tudo que pode ser utilizado na
compostagem é guardado para ser utilizado pela equipe da jardinagem.
São vários os trabalhos que estão em andamento, trabalhos que envolvem energia,
água, lixo e se tudo der certo, em breve, muitos outros projetos interessantes serão
implantados.
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Entrevistado C
NOME: Déborah da Silva Achcar
CARGO/FUNÇÃO: Chefe da Coordenação de Comunicação Institucional
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à criação do
EcoCâmara?
Foram várias pessoas tendo a mesma idéia ao mesmo tempo, cada uma buscando se
aprofundar em um aspecto ambiental. O diretor geral, como a maior autoridade administrativa
da Casa, tomou a iniciativa de formar um grupo multidisciplinar de trabalho no qual convidou
os servidores que estavam envolvidos com essa idéia e outros que atuavam em áreas que
seriam estratégicas a fazerem parte desse grupo. Essas pessoas deveriam fazer um diagnóstico
e apresentar um plano de trabalho com propostas para diminuir o impacto ambiental gerado
pela Câmara.
Um dos principais objetivos foi beneficiar os catadores de papéis que ficavam ao redor
dos contêineres de lixo da Câmara e que não contavam com nenhuma estrutura, eram muito
desorganizados. Sendo assim, o principal objetivo no início do programa era social. Essa foi a
principal causa que me motivou, eu não pensei exatamente no desperdício, era mais
importante encontrar uma maneira de ajudar os catadores a obterem um rendimento maior. O
grupo se empenhou para dar cidadania a esses trabalhadores. Nós passamos muito tempo
ajudando-os a se organizar e formar uma cooperativa. Com a ajuda da Câmara a cooperativa
conseguiu contato com outros órgãos, como o Banco da Brasil e alguns ministérios.
O programa hoje tem outros objetivos como a disseminação de boas práticas, a
mudança de hábito das pessoas que freqüentam a Câmara, a economia de dinheiro e também
ser referência para outros órgãos governamentais.
colaboração da alta direção são essenciais para que o EcoCâmara avance com os seus
objetivos.
04) Em sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a
implantação de um sistema de gestão ambiental?
Falta agilidade. Por mais que as pessoas achem as idéias simpáticas, achem tudo muito
bom, o tempo que leva até a implantação é muito grande. Eu acho muito demorado. Falta
eficiência, os projetos esbarram na burocracia da Casa.
Outra coisa que falta é um ambiente melhor para receber os visitantes, o Escritório
Verde é só uma salinha no anexo IV, falta estrutura para mostrar melhor o trabalho a quem se
interesse por ele.
06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento
nos servidores da Casa? Se sim, como essa mudança é percebida?
Acredito que sim, mas ainda é necessário um trabalho maior. O trabalho de mudança
de hábito precisa ser contínuo.
Eu acho que o terceirizado está mais consciente porque nós conseguimos fazer um
trabalho melhor com esse grupo. É mais fácil reunir o pessoal terceirizado para dar aulas de
educação ambiental, aulas de artesanato e isso fazem com que a pessoas mudem seus hábitos
e entenda que ela também pode ajudar, já com os servidores, em geral, nós não conseguimos
fazer isso ainda. Esse ano isso deve mudar porque o número de pessoas envolvidas com o
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EcoCâmara tem aumentado muito, o EcoCamarada é um projeto que está sendo implantado
agora e que possui esse objetivo: de envolver cada vez mais pessoas com a gestão ambiental
da Casa.
07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
Deputados perante a sociedade?
Eu o avalio como um programa vitorioso que veio pra ficar e que ainda vai crescer
muito dentro da Câmara dos Deputados.
09)Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
Entrevistado D
NOME: Mauro de Deus
CARGO/FUNÇÃO:Técnico Legislativo
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à criação do
EcoCâmara?
A legislação em vigor é clara quando diz que é responsável pelo lixo aquele que o
produz, e a Câmara dos Deputados não tinha nenhuma espécie de mecanismo de controle ou
gestão sobre o lixo que produzia. Então, o diretor geral, que é o guardião da Casa com relação
aos aspectos administrativos, criou um grupo de trabalho multidisciplinar para resolver essa
questão. E então, eu fui convidado para participar deste grupo de trabalho.
Logo que nós começamos a trabalhar encontramos os problemas. Nós detectamos que
existiam os catadores de papéis, uma população muito carente e que nós, servidores da
Câmara, não tínhamos conhecimento de como lidar. A partir disso concluímos que
precisávamos de reforço e fomos buscar essa ajuda na Secretária de Serviço Social do GDF e
lá nós conseguimos a indicação de pessoas com a experiência necessária para nos ajudar.
O primeiro passo foi chamar algumas dessas pessoas para uma reunião e eles vieram
muito desconfiados e foi aí que nós descobrimos que eles tinham uma associação e uma
cooperativa juridicamente formada. E nos deparamos com a seguinte situação: existia uma
cooperativa por direito, mas não existia de fato. Eles não conseguiam entender a dimensão das
duas entidades que tinham sido criadas para eles. Existir e não existir era o mesmo. Nós
fomos, aos poucos, modificando a realidade deles, organizamos a cooperativa, ajudamos a
traçar as parcerias com outras entidades que não só a Câmara é hoje, se não me engano, já é
uma das maiores cooperativas de catadores de papéis de Brasília.
boa a parceria que ao final desse trabalho nós sugerimos ao diretor geral que a requisitasse
para que ela continuasse o trabalho ambiental na Câmara. Ele realmente fez isso e ela é hoje a
grande responsável pela continuidade desse trabalho. Jacimara Guerra Machado, além da
responsável técnica pelo EcoCâmara, é também uma das maiores autoridades do Brasil na
questão ambiental a partir do serviço público.
Na época que este trabalho foi iniciado a nossa equipe tinha uma sinergia muito
grande e os bons resultados foram conseqüências dessa sincronia.
Os objetivos então eram provocar uma sensibilização do servidor com relação às
questões ambientais, criar formas de economizar e diminuir o desperdício da Casa. Só para ter
uma idéia, teve uma época em que a Câmara produzia até lixo atômico com os materiais que
eram descartados pelos laboratórios de fotografia.
Eu não tenho acompanhado isso de perto para responder a esta pergunta com
segurança. Eu tenho participado de discussões sobre planejamento estratégico no meu setor e
fico preocupado porque na minha área, em nenhum momento até agora, eu ouvi falar sobre o
programa. Eu tenho dúvidas, não sei até que ponto a Casa tem tratado as propostas do
EcoCâmara de maneira consistente e contínua. Posso apenas afirmar que no setor onde
trabalho não se tem falado sobre o programa durante as discussões sobre planejamento.
04) Em sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a
implantação de um sistema de gestão ambiental?
O início da discussão em si já representa uma vitória, até então a Casa nunca tinha
discutido a questão ambiental. Considerando que é a Casa quem faz as leis que todos os
brasileiros devem seguir, isso era um paradoxo. Manda fazer, mas não faz. Só de ter levado
essa discussão à pauta da Câmara eu entendo que já tenha sido um grande ganho.
Agora, na prática, eu não vejo muito ganho. As campanhas internas não tiveram
continuidade até onde eu sei, viraram uma espécie de marketing. A Câmara é uma grande
vitrine temos um complexo de comunicação muito forte, qualquer pequena ação que acontece
aqui dentro ela é repercutida na imprensa e com isso as campanhas do EcoCâmara viraram
peça de marketing. Eu entendo que algumas pessoas usam isso para valorizar a imagem da
Câmara e não estão interessadas na profundidade do programa.
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06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento
nos servidores da Casa? Se sim, como essa mudança é percebida?
Muito pouco, basta ver como o lixo é descartável, eu não tenho mais acesso aos
números, mas a minha percepção é que está longe do que nós almejávamos inicialmente.
Isso vai de cada um, eu aprendi muito com o EcoCâmara e levei isso para minha
família, na minha casa hoje eu tenho lixeiras diferencias, eu tenho práticas na minha casa que
eu me policiei, eu aprendi no período que eu trabalhei no EcoCâmara e consegui levar isso
para minha família.
Não vejo tanta, acho que os terceirizados aprenderam mais porque as campanhas
educacionais chegam com maior facilidade a eles. Outro motivo é que os terceirizados sofrem
uma maior cobrança, eles são cobrados diretamente pelo seu encarregado, existe uma pressão
maior em cima deles, condicionando o comportamento. Porém, eu não acredito que isso tenha
mudado grandes hábitos.
07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
Deputados perante a sociedade?
Sim, uma imagem bastante positiva. É o único impacto que percebo que ocorreu de
fato. Hoje a Câmara conquistou uma imagem de instituição que tem uma grande preocupação
com o meio ambiente, mas isso é imagem, é marketing, a realidade é diferente. A
preocupação existe de fato, mas não chega a essas proporções como está sendo anunciada.
É uma prática saudável. Gestão ambiental é uma área nova, a preocupação com um
planeta é uma indústria nova. É interessante que a instituição que faz as leis sirva de exemplo.
Acho que é importante, que devem continuar as campanhas educativas devem ser mais
incisivas, mais continuas. É ótimo trabalhar com pessoas engajadas, eu gostaria de ter ao lado
da minha mesa servidores que se preocupassem em descartar corretamente o lixo.
O EcoCâmara representa um primeiro passo muito importante, conseguimos
conquistar um espaço físico importante – o Escritório Verde -, tem grupos políticos
interessados em se vincularem ao programa. Espero que tenha sido uma boa semente, fazendo
uma analogia com o tema, e que frutifique com boas práticas, bons exemplos e economia de
dinheiro público. Espero que as boas práticas ambientais aumentem e melhorem a relação
servidor – instituição e instituição – planeta.
09) Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
Entrevistado E
NOME: Cássia Regina Botelho
CARGO/FUNÇÃO: Chefe da Assessoria de Projetos Especiais
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à criação do
EcoCâmara?
A Câmara é quase uma cidade, por ser um local público o volume de pessoas
transitando na instituição por dia é muito grande e isso faz com que a produção de resíduos
por dia também seja grande. A necessidade de gerenciar o descarte existia e a partir disso foi
formado um grupo de trabalho para solucionar essa questão. A Câmara, até então, não havia
tomado nenhuma medida eficaz com relação aos resíduos que ela mesma produzia. Tudo
começou pela coleta seletiva.
Teve também a situação dos catadores de papéis que influenciou bastante, eram
pessoas carentes que vinham catar papéis nos lixos da Casa e que sensibilizaram o grupo de
voluntários que iniciou o trabalho de gestão ambiental na Câmara. Esse foi uma das principais
motivações do programa. Os servidores se sentiram na obrigação de ajudar a esses catadores e
desenvolveram, além das medidas de proteção ambiental, um trabalho social.
O Objetivo é que todos da Casa sejam EcoCâmara. O programa surgiu para lançar uma
política ambiental, uma política de controle de resíduos, de economia de dinheiro público na
Câmara. O objetivo era difundir essa consciência ambiental, para que todo mundo ao sair da
sua sala apague a luz, desligue o computador, passe a descartar corretamente o seu lixo no seu
dia-a-dia. Medidas simples que ajudam a desperdiçar menos.
O EcoCâmara presta também uma espécie de serviço de consultoria à Casa: ensina
como fazer, como economizar, como tratar bem o meio ambiente. Para isso o programa tem
uma pessoa técnica muito qualificada, a Jacimara, dez áreas temáticas e muitos projetos.
Outro objetivo é apoiar outras entidades governamentais. Hoje o EcoCâmara é um
programa modelo para outras instituições.
Sim. O Diretor Geral já determinou que todos os órgãos da Casa precisarão traçar em
2008, metas de redução do desperdício, cada setor da Câmara deverá apresentar um plano
explicando de que forma irá contribuir com o EcoCâmara. Isso mostra que o programa já
atingiu o nível estratégico da Casa.
04) Em sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a
implantação de um sistema de gestão ambiental?
Trabalhar com mudança de hábitos é muito difícil, persuadir outras pessoas a agir
diferente é uma tarefa muito árdua. As campanhas tinham que ser mais constantes e incisivas,
e isso requer mobilização de um número maior de pessoas. Eu acho que a maior dificuldade é
essa: mobilizar pessoas o tempo todo. A mentalidade do EcoCâmara não é ser uma estrutura
administrativa cada vez maior, é atingir todos os setores da Casa. Falta uma maior
conscientização de setores da Casa que eles podem e devem contribuir ambientalmente. Uns
contribuem muito, outros nem tanto. O ideal seria que todos tivessem a mesma consciência.
Também tem a questão das compras, que é um assunto difícil na esfera pública.
Muitas vezes é priorizado o menor preço em detrimento do meio ambiente. A Câmara
começou a trabalhar melhor a questão da licitação sustentável recentemente com a compra da
madeira certificada ambientalmente. Mas ainda têm vários critérios de compra que nós
gostaríamos de mudar.
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06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento
nos servidores da Casa? Se sim, como essa mudança é percebida?
Acredito que sim, mas ainda falta muito a ser feito. Comportamento não é algo fácil de
mudar. As pessoas precisam respeitar mais o dinheiro público, isso não é só na Câmara, é em
qualquer instituição pública. Eu posso afirmar com segurança que o EcoCâmara já conquistou
bons resultados nesse sentido, mas não o suficiente.
Os terceirizados foram mais capacitados e por isso eles são mais engajados que os
servidores. A Casa investiu bastante em palestra e treinamento para o pessoal das empresas
terceirizadas e hoje eles são mais conscientes.
07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
Deputados perante a sociedade?
Com certeza. O EcoCâmara com freqüência está na mídia. É uma forma de mostrar à
sociedade que a Câmara desenvolve projetos legais. É muito positivo para a instituição
construir uma imagem positiva, a Câmara é muito visível e geralmente a mídia vincula a
Câmara à corrupção, ao crime, com EcoCâmara isso é diferente.
09) Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
Entrevistado F
NOME: Rachel Giacomoni Osório
CARGO/FUNÇÃO: Chefe da Sessão de Manutenção de Jardins
01) Quais foram os principais fatores que levaram a Câmara dos Deputados à criação do
EcoCâmara?
A primeira ação de gestão ambiental na Câmara foi relativa a resíduos. A Casa produz
um volume muito grande de lixo, o que representa uma dificuldade administrativa. Criou-se
então um grupo de trabalho para estudar como gerenciar essa questão. Estudando o problema
identificamos a necessidade de um grupo permanente de trabalho para gerenciar outras
questões ambientais, o EcoCâmara. Não houve um momento histórico de criação do NGA-
EcoCâmara, foi um processo decorrente de várias ações ambientais que já aconteciam na
Casa.
A Câmara caminha com muita seriedade a esse respeito. No começo eram só alguns
servidores envolvidos, hoje existe a recomendação do Diretor Geral para que todas as
diretorias da Casa definam metas de redução de impactos ambientais. Na jardinagem, onde eu
trabalho, todos os projetos já são desenvolvidos levando em consideração as questões
ambientais.
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04) Em sua opinião, quais foram os principais ganhos que a Câmara obteve com a
implantação de um sistema de gestão ambiental?
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06) Você acredita que o EcoCâmara tenha provocado uma mudança de comportamento
nos servidores da Casa? Se sim, como essa mudança é percebida?
O terceirizado é mais cobrado que o servidor, por isso existe essa diferença no
comportamento. Os terceirizados precisam cumprir o que lhes é ensinado e cobrado, o
servidor tem a opção, ele só cumpre se estiver conscientizado. Por exemplo, está no contrato
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07) Você acredita que o EcoCâmara produz algum impacto na imagem da Câmara dos
Deputados perante a sociedade?
Sim. Nós somos convidados quase que mensalmente para exposições, amostras,
palestras e encontros relacionados ao meio ambiente, isso é um sinal que as pessoas conhecem
o trabalho do EcoCâmara. Nós temos a mídia interna da Casa que ajuda a divulgar as ações do
programa.
Nós temos recebidos muitos feedbacks positivos da sociedade a respeito das nossas
práticas ambientais e isso motiva mais o nosso trabalho.
09) Há alguma questão que eu não abordei e que você gostaria de ressaltar?
Atualmente nós temos mais pessoas vivendo nas áreas urbanas do que nas áreas rurais,
sendo assim a responsabilidade de quem mora na cidade com a própria cidade deveria ser
maior, deveria ser fundamental. O Estado é o responsável por todas as áreas verdes urbanas.
A Câmara esta fazendo a sua parte, mas precisa ter o apoio não só dos servidores e
funcionários que trabalham na instituição, mas de toda a sociedade, em especial da
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