Sie sind auf Seite 1von 5

INCERTEZA DE MEDIÇÃO E A APLICAÇÃO NA CALIBRAÇÃO DE BALANÇA

Leandro Sanches Sampaio1


1
SJS Serviços Ltda, Rio de Janeiro, Brasil, leandro.sampaio@sjsservicos.com.br

Resumo: Um tema muito discutido entre os laboratórios de calibração e ensaio é a utilização da incerteza de
medição. Esse assunto vem ganhando destaque com o maior entendimento do GUM e com a publicação de
documentos orientativos que auxiliam e demonstram a importância da correta aplicação das fontes de incerteza.
Vale ressaltar que tão importante quanto à expressão da incerteza, é também de grande relevância a padronização
das componentes utilizadas. Dessa forma, este artigo tem como objetivo demonstrar as variáveis que afetam a
calibração da balança e citar as fontes mínimas de incerteza que devem ser consideradas, cabendo ao laboratório
estudar a relevância de outras fontes e a possível aplicação.

Palavras chaves: incerteza de medição, GUM, padronização, fontes de incerteza

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Incerteza de medição é o parâmetro associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores
que podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando [1]. De uma forma mais simples, a incerteza pode ser
descrita como a dúvida presente na medição que não pode ser eliminada. Como não é possível aplicar correções,
cabe as empresas ter conhecimento de sua influência no processo, estabelecendo parâmetros adequados. No exemplo
abaixo é possível visualizar, de forma sucinta, que se a incerteza não for considerada existe uma grande
possibilidade de aprovar resultados que na verdade seriam reprovados, ou reprovar resultados que seriam aceitáveis.
Uma indústria cosmética realiza medições de um determinado produto durante a produção. Por experiência, sabe-se
que o peso médio deste produto é 210 g com tolerância de ± 1g e incerteza de ± 0,2 g. Ao realizarem três medições
em diferentes amostras, observaram-se os seguintes resultados:
a) 209,50 g
b) 211,30 g
c) 210,85 g
É correto afirmar que a medição (a) está aprovada, pois adicionando a incerteza o resultado será entre 209,30 g e
209,70 g. Na medição (b) o resultado está reprovado, pois adicionando a incerteza o resultado será entre 211,10 g e
211,50 g. Já na medição (c) o resultado precisa ser analisado, pois adicionando a incerteza o resultado será entre
210,65 g (o que seria aceitável) e 211,05 g (reprovando a medição).
1.1. Diferença entre erro e incerteza
Erro é a diferença entre o valor medido de uma grandeza (ou valor médio das leituras) e o Valor Convencional [2].
Pode ser provocado pela ação isolada ou combinada do sistema de medição e o operador. Por ser um valor pontual e
conhecido, pode ser eliminado utilizando um fator de correção ao resultado da medição.
Incerteza é a faixa de dispersão, intervalo ou simplesmente a dúvida associada ao resultado da medição, ou seja, não
é um valor pontual. Por esse motivo, não é possível aplicar qualquer fator de correção para eliminá-la.
A figura 1 ilustra o que foi descrito nas duas definições acima. É possível observar que no erro da medição existe
uma faixa bem definida do seu valor. No caso da incerteza, observa-se que existe uma dispersão em torno do valor
convencional e outra em torno da média das leituras, não podendo definir se é um valor positivo ou negativo, apenas
indicando o intervalo.

Fig. 1. Diferença entre erro e incerteza


2. FATORES QUE INFLUENCIAM NA CALIBRAÇÃO
O diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de causa e efeito, é um meio organizado de representar
a relação entre o “efeito” e todas as possibilidades de “causa” de um determinado problema. Em calibração de
balança existem fatores ou erros de processo que influenciam a calibração, porém podem ser corrigidos. Neste artigo
será dado ênfase apenas as fontes de incerteza, que é o foco deste trabalho. Na figura 2 são relacionados, de um
modo geral, alguns fatores que podem influenciar direta ou indiretamente a calibração. [3]

Fig. 2. Diagrama de causa e efeito

3. AVALIAÇÃO DA INCERTEZA
Pode-se afirmar que o resultado de uma medição é meramente uma estimativa do valor, pois nele existe uma
incerteza acoplada. Para achar essa incerteza, são consideradas diversas fontes, que são as variáveis que influenciam
na expressão do resultado final, conhecidas como fontes de incerteza. Por isso, neste item serão abordadas as fontes
mais utilizadas em calibração de balanças.
A incerteza de medição associada às estimativas de entrada é avaliada de acordo com os métodos de avaliação do
Tipo A ou do Tipo B. A avaliação do Tipo A da incerteza é o método de avaliação da incerteza pela análise
estatística de uma série de observações. Neste caso, a incerteza padrão é o desvio padrão experimental da média que
se obtêm de um procedimento de cálculo da média aritmética ou de uma análise de regressão adequada. A avaliação
do Tipo B da incerteza é o método de avaliação da incerteza por outros meios que não a analise estatística de uma
série de observações. Neste caso, a avaliação da incerteza padrão é baseada em algum outro conhecimento
científico. [4]
Cabe enfatizar que as fontes de incerteza apresentadas são as mínimas a serem consideradas, cabendo ao
Laboratório estudar a relevância de outras fontes e a possível aplicação.
3.1. Avaliação Tipo A da incerteza
A avaliação do Tipo A da incerteza deve ser aplicada quando tenham sido feitas análises estatísticas e observações
de uma série de medições, sob as mesmas condições que incluem o mesmo procedimento de medição, o mesmo
operador, o mesmo instrumento de medição sob as mesmas condições ambientais, o mesmo local e repetições em
curto período de tempo. A fonte de incerteza para esse tipo de avaliação em calibração de balanças é a repetitividade
(urep). Ela descreve a dispersão dos valores obtidos utilizando como base o desvio padrão amostral.
3.2. Avaliação Tipo B da incerteza
A avaliação do tipo B da incerteza é o método de avaliação por outros meios que não a análise estatística de séries
de observações. Elas podem ser estimadas através de vários fatores, como medições prévias, incerteza do padrão
utilizado na calibração, especificações do fabricante, entre outras.
Uma avaliação do Tipo B da incerteza padrão bem fundamentada pode ser tão confiável quanto uma avaliação do
Tipo A, especialmente em uma situação de medição em que a avaliação do Tipo A é baseada somente em um
número comparativamente pequeno de observações estatisticamente independentes [4]. As fontes de incerteza para
esse tipo de avaliação serão descritas abaixo.
a) Instrumento de pesagem (ur): Contribuição relacionada à resolução da balança. Nesta fonte, será utilizado
como base o menor valor significativo capaz de alterar 01 dígito da resolução do equipamento.
b) Peso-padrão (up): Contribuição relacionada ao peso-padrão utilizado na calibração. Deve ser calculado
utilizando como base o respectivo certificado de calibração do padrão.
Quando forem utilizados mais de um peso-padrão para a calibração, será realizada a soma aritmética para
obtenção do Valor Convencional, do erro do padrão e da incerteza, de modo a levar em conta as correlações
assumidas.
c) Deriva (udev): Contribuição relacionada com a deriva do padrão utilizado na calibração. Caso não haja
histórico de calibração, utilizar como base o erro do padrão declarado no certificado de calibração.
d) Empuxo (uemp): Contribuição relacionada ao empuxo do ar. Para calibração de balança, utilizar valores pré-
determinados de acordo com o material de fabricação do peso-padrão.

4. INCERTEZA COMBINADA (uc)


Como o próprio nome diz, é a combinação das fontes de incerteza. Como essas fontes agem de forma independente,
ou seja, não há qualquer relação entre o crescimento de uma e o decrescimento (ou crescimento) da outra, o
resultado não pode ser obtido pela simples soma de cada incerteza. Aspectos estatísticos devem ser levados em
consideração.
Por este motivo, a incerteza combinada será calculada através da raiz quadrada da soma quadrática das fontes de
incerteza, calculado de acordo com a equação (1) a seguir:

uc = (u1)2 + (u2)2 + ... (un)2 (1)

5. GRAUS DE LIBERDADE EFETIVO (veff)

Quando a incerteza combinada não for obtida por uma avaliação do Tipo A, baseada em apenas poucas observações,
ou por uma fonte de incerteza obtida por uma avaliação do Tipo B, baseada em uma suposta distribuição retangular,
uma aproximação razoável para o cálculo da incerteza expandida será de acordo com a equação (2) a seguir: [1]
Up = k p . u c (2)

Onde, Up é a incerteza expandida com um nível de confiança p e kp é o fator de abrangência da distribuição normal.
Para um nível de confiança de aproximadamente 95,45 %, de uma distribuição normal, kp = 2,00.
Entretanto, quando houver um número pequeno de repetições ou as fontes de incerteza de uma avaliação do Tipo B
forem baseadas em uma distribuição retangular, é preferível considerar uma distribuição-t (distribuição de Student),
com graus de liberdade efetivos veff obtidos da fórmula de Welch-Satterwaite ao invés da distribuição normal,
calculado de acordo com a equação (3) a seguir:
(uc)4
veff = (urep)4 (3)
n-1

Após encontrar um valor para veff, o valor correspondente da distribuição-t deve ser utilizado para encontrar um
valor de kp considerando p = 95,45 %, dado que kp = tp, de acordo com a figura 1, a seguir. [1]
veff k95,45 %
1 13,97
2 4,53
3 3,31
4 2,87
5 2,65
6 2,52
7 2,43
8 2,37
9 2,32
10 2,28
15 2,18
20 2,13
25 2,11
30 2,09
35 2,07
40 2,06
50 2,05
100 2,025
∞ 2,00

Figura 1. Valor de tp da distribuição-t, para v graus de liberdade

6. INCERTEZA EXPANDIDA (U)


Grandeza que define um intervalo em torno do resultado de uma medição com o qual se espera abranger uma grande
fração da distribuição dos valores que possam ser razoavelmente atribuídos ao mensurando [1]. Seu resultado é
calculado de acordo com a equação (4) a seguir:
U = uc . k (4)
O resultado da medição será expresso pelo valor médio das pesagens, atribuído a ele o valor da incerteza expandida,
calculado de acordo com a equação (5) a seguir:
R=X±U (5)

7. CONCLUSÃO
Este artigo abordou uma introdução ao conceito de incerteza e apresentou diferenças entre erro e incerteza de
medição. Foram caracterizados também os fatores que influenciam na calibração, evidenciando que nem todos serão
considerados fontes de incerteza, pois em alguns casos simples ajustes ou melhorias no processo conseguem
eliminá-los.
Como já existe uma grande disseminação da importância da expressão da incerteza de medição no resultado da
calibração, não foi dado ênfase a esse assunto, e sim as fontes mínimas a serem consideradas para o cálculo. Isso se
deve porque se ao mínimo elas não forem consideradas, os resultados entre as empresas que realizarem o mesmo
serviço em um mesmo equipamento, não terão uma uniformidade ou a mesma confiabilidade metrológica.

8. REFERÊNCIAS
[1] INMETRO. Guia para a Expressão da Incerteza de Medição. Terceira edição brasileira em língua portuguesa.
Rio de Janeiro: ABNT, INMETRO, 2003.
[2] INMETRO. Vocabulário Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados
(VIM 2008). Primeira edição brasileira. Rio de Janeiro: INMETRO, 2009.
[3] NIST. Recommended Guide for Determining and Reporting Uncertainties for Balances and Scales. USA: NIST,
2002.
[4] INMETRO. Expressão da Incerteza de Medição - NIT-DICLA-021. Quarta revisão. INMETRO, 2010.

Das könnte Ihnen auch gefallen