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C748d Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os
corações!” (Cf. SI 94):Roteiros Homiléticos da Quaresma — Ano B — Fevereiro / Abril de 2012.
Brasília, Edições CNBB. 2012.
72 p.:14x21 cm
ISBN: 978-85-7972-120-5
1. Liturgia;
2. Quaresma.
CDU: 264.941.4
Coordenação:
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Coordenação Editorial:
Mons. Jamil Alves de Souza
Revisão Doutrinal:
Pe. Hernaldo Pinto Farias, SSS
Revisão:
Lúcia Soldera
Projeto Gráfico e Capa:
Henrique Billygran da Silva Santos
Diagramação:
Isabela Souza Ferreira
12 Edição - 2012
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecâni-
co, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor- CNBB.
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SUMÁRIO
Apresentação... rererserseerrerrerereerserrereeearseaneeesersaaaão 7
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
22 de fevereiro de 2012............................n
rr errererereeerereraraserereeno 17
1º DOMINGO DA QUARESMA
26 de fevereiro de 2012.....................ssicsseteres
2º DOMINGO DA QUARESMA
04 de março de 2012... e re er er e re erre rerrreseeeneerereaeseesrererans
3º DOMINGO DA QUARESMA
11 de março de 2012 cer e a cerco eererereeeeoreorcescereseeraceaea
4º DOMINGO DA QUARESMA
18 de março de 2012... rerererereereererrererrerrererento
5º DOMINGO DA QUARESMA
25 de março de 2012................creerereeneereereereeeeererrenaes
Oração CF 2012. 72
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
APRESENTAÇÃO
Novamente, a Quaresma, tempo forte do Ano Litúrgico, vem
confrontar e iluminar as nossas Comunidades eclesiais com a celebração
do Mistério Pascal de Jesus Cristo. Com riqueza de textos e ritos, a
Quaresma nos quer aproximar do manancial da fé da Igreja, seja pelo
viés das expressões decantadas e oficiais da Tradição litúrgica do Povo
de Deus, como também pela sugestiva vertente das manifestações
devocionais, frutos de uma fecunda piedade popular. À Quaresma,
no seu conjunto, é “sacramento” de vida nova para a humanidade, pois
todos somos salvos pelo mistério de Cristo Morto e Ressuscitado.
Eis aqui, em nossas mãos, mais um subsídio bíblico-litúrgico que
é oferecido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil —- Comis-
são Episcopal Pastoral para a Liturgia; um subsídio para a prepara-
ção pessoal e comunitária das celebrações da Eucaristia, ou da Cele-
bração Dominical da Palavra de Deus, nos domingos da Quaresma
de 2012 — Ano B. Agradecemos de coração ao Pe. Gustavo Haas que
elaborou e nos prestou este serviço pastoral.
Na liturgia da Quaresma, Deus nos dá a graça de retornar a
saborear a beleza da esperança cristã, ao buscarmos em Cristo Salva-
dor, com todos os homens e mulheres de boa vontade, condições de
vida feliz e livre das estruturas do pecado. Assim, o tema da Campa-
nha da Fraternidade promovida pela Igreja do Brasil nesta Quares-
ma, “Fraternidade e Saúde Pública”, pode nos ajudar a voltar o nosso
“Oxalá ouvisseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. SI 94)
INTRODUÇÃO
Entramos na Quaresma, cantando um convite especial do Senhor:
“Eis o tempo de conversão! Eis o dia da salvação! Ao Pai voltemos,
juntos andemos! Eis o tempo de conversão”.
É o convite feito, na Quarta-feira de Cinzas, para a festa da Vi-
gília Pascal, no Sábado Santo, na solene celebração da Páscoa, me-
mória da nossa fé, centro do ano litúrgico e da história da humanida-
de: Jesus ressuscitou “no primeiro dia da semana” (Mt 28,1).
Às primeiras comunidades começaram a se reunir todas as sema-
nas para festejar a vitória de Jesus sobre a morte no domingo, um dia
depois do sábado (páscoa semanal). Ainda bem no começo, os cris-
tãos sentiram a necessidade de solenizar, de maneira muito especial,
o acontecimento que mudou os rumos da história. Decidiram fazer,
uma vez por ano, uma grande festa, com cuidadosa preparação, para
celebrar intensamente a Páscoa de Jesus Cristo. A maior de todas
as festas, a Festa das festas, o Domingo dos domingos (páscoa anual).
Toda festa que se preze merece uma boa e prolongada prepa-
ração. Não podia ser diferente a preparação da festa da Páscoa. À
Igreja definiu estes quarenta dias que, com o tempo, receberam o
nome de Quaresma.
Na determinação da duração de quarenta dias, teve grande peso a
tipologia bíblica dos quarenta dias, por exemplo: o jejum de quarenta
dias de nosso Senhor Jesus Cristo; os quarenta anos transcorridos
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. Sl 94)
1 Cf. Bergamini. A. Cristo, festa da Igreja. SP, Paulinas, 1994, pp. 277-279.
2 Cf CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, nn. 37-43.
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. SI 94) 12
4 Cf. Sivinski, Marcelino. Convertei-vos! O Reino de Deus está próximo. Roteiros Homiléticos
da Quaresma, 2009, Brasilia, Edições CNBB.
E o) PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
Situando-nos
Recordando a Palavra
À primeira leitura de hoje é sequência da descrição da praga dos
gafanhotos que assola a terra de Judá e devasta toda a plantação.
"Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. SI 94) RS:
Atualizando a Palavra
Atualizar a Palavra significa acolhê-la em nossas vidas e permitir
que ela realize em nós a salvação, em meio às diferentes realidades e
situações que nos são dadas viver e experimentar. Isso supõe abertura
do coração aos apelos do Senhor e mergulho na realidade social, po-
lítica, econômica e cultural.
Atualizar a Palavra significa não só buscar um sentido para tudo
o que acontece ao nosso lado, mas tornar a Palavra que ouvimos em
Palavra de Salvação, de Vida, de Ressurreição, de Comunhão com o
Pai, na força do Espírito Santo.
No início da Quaresma, é preciso tomar consciência de que um
dia acontecerá o julgamento de Deus que é paciente e misericordioso,
mas também exigente e ciumento: quer que façamos o jejum sagrado
e estejamos congregados em assembleia para a celebração da liturgia,
com a prece calorosa: “Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que
essa tua herança sofra infâmia”,
Da carta aos Coríntios deduzimos que a Quaresma, com as nossas
práticas e opções de vida, é momento propício de nossa salvação. Importante
nos deixarmos reconciliar com Deus. Deus respeita nossa liberdade e pede
nossa colaboração para não recebermos em vão a sua graça.
No tempo da Quaresma, somos instados a rever nossa atitude
frente à esmola, à justiça, à oração e à caridade no contexto da histó-
ria da salvação e frente aos milhões de irmãos que passam tantas ne-
cessidades. Esmola, justiça e caridade colocam-se em meio à resposta
dada à pergunta: o que podemos e devemos fazer por eles e com eles,
para garantir uma vida digna para todos?
“A Campanha da Fraternidade, celebrada na Quaresma, intensifica
o convite à conversão. Ela contribui incisivamente para que este processo
ocorra e alargue o horizonte da vivência da fé, na medida em que traz,
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. Sl 94) 20
Situando-nos
Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos a Quaresma - tempo de preparação
da comunidade e de cada cristão para a celebração Pascal, centro da vida
cristã e do Ano Litúrgico.
Quaresma é caminho marcado pela conversão através da oração,
da escuta da Palavra de Deus, do jejum, da esmola, de gestos concre-
tos de caridade.
Com Jesus vamos ao deserto: o tempo já se completou e o Reino
de Deus está no meio de nós. Importa que o Reino, que nos é dado
viver e construir, se realize em nossas vidas e na história.
Na Vigília Pascal, celebraremos em Cristo e com Cristo a vitória
sobre a morte, o pecado, a violência, a prepotência, o egoísmo e a
autossuficiência. Neste tempo, ressoa em nosso coração a oração do
salmista: “Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo, estarei com
ele na tribulação. Hei de livrá-lo e glorificá-lo e lhe darei longos dias”
(antífona de entrada).
No horizonte maior do caminho da Quaresma está o tema da Cam-
panha da Fraternidade. No Texto Base deste ano (nn. 212 e 213), en-
contramos uma profunda reflexão sobre os enfermos no seio da Igreja:
<
Quem permanece por muito tempo próximo das pessoas que
sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre
"Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. SI 94) pps!
Recordando a Palavra
A Palavra de Deus, proclamada neste domingo, nos apresenta a des-
truição do mundo dominado pelo mal e pela morte e nos aponta o
surgimento de um novo mundo e o nascer de uma nova sociedade.
À leitura é a conclusão da narrativa do dilúvio, essa inundação que
cobriu a terra inteira e que foi um castigo pelo pecado. O dilúvio pu-
rifica o mundo do mal e faz surgir uma nova humanidade, plantada
na gratuidade da aliança que Deus faz conosco.
Na leitura do Gênesis, encontramos uma história muito antiga.
Está na Bíblia porque tem ensinamentos muito importantes. À nova
tradução da Bíblia de Jerusalém (1998) diz sobre o dilúvio: “O tema
de um dilúvio está presente em todas as culturas, mas as narrativas
da Mesopotâmia têm particular interesse, tendo em vista suas
semelhanças com a narrativa bíblica. O autor sagrado deu a essas
tradições um ensinamento eterno sobre a justiça e a misericórdia de
sy PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
5 Sugerimos a leitura dos números 632 a 637 do Catecismo da Igreja Católica. Conforme as
necessidades pastorais pode ser interessante fazer pequena catequese sobre esta afirmação de
nosso Creio “proferida todos os domingos” “desceu à mansão dos mortos”.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
salvação que Deus realizou com Noé e sua família depois do dilúvio
através do arco-íris, sinal de sua aliança salvífica (12, Leitura). À arca
de Noé, arca da salvação, prefigura, na segunda leitura, o Batismo,
pelo qual o cristão participa da salvação que Jesus Cristo trouxe aos
homens mediante sua morte.
Atualizando a Palavra
No final do evangelho, está o resumo da pregação de Jesus: “O tempo
já se completou e o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e
crede no evangelho” (Mc 1,14-15).
Este é um convite concreto e pessoal de Jesus dirigido a todos.
Chegou o momento de mudar, abrir o coração para o novo e acolher
com alegria a proposta de Jesus. Quaresma é para isso. É um caminho
rumo à Páscoa reassumindo nosso Batismo. Isso exige conversão. É
preciso acreditar na boa notícia: Jesus pode nos redimir e salvar.
Na Vigília Pascal ouviremos: “Meus irmãos e minhas irmãs,
pelo mistério pascal fomos no Batismo sepultados com Cristo para
vivermos com ele uma vida nova. Por isso, terminados os exercícios
da Quaresma, renovemos as promessas do nosso Batismo, pelas quais
já renunciamos a Satanás e suas obras, e prometemos servir a Deus
na Santa Igreja Católica.” (Missal Romano, celebração da Vigília
Pascal, introdução à renovação das promessas do Batismo).
Esse é o resumo da caminhada quaresmal. É preciso, portanto,
nos colocarmos a caminho: intensificar a vida cristã, ouvir a Palavra
de Deus, dedicar mais tempo à oração e ao jejum, nos convertermos
ao Senhor e aos irmãos. Jesus no deserto, vencedor das tentações, é a
luz a iluminar o nosso caminho.
Na Quaresma, há um convite gratuito de Deus. Oportunidade de re-
novar nossa aliança batismal. Tempo de cultivo da nossa identidade cristã.
A conversão não é um momento pontual da vida humana
e cristã: tampouco é a reação a uma ideologia que, com sua força
4
04 de março de 2012
Leituras: Gênesis 22,1-2.9210-13.15-18
Salmo 115(116),10.15.16-17.18-19 (R/. Sl 114,9)
Rm 8,31b-34 ; Marcos 9,2-10 (Transfiguração)
Situando-nos
Estamos no segundo domingo da Quaresma. Lentamente avançamos
para a solene celebração da Vigília Pascal. À luz do evangelho da
Transfiguração, somos convidados por Deus a um tempo especial de
conversão, de mudança de caminhos.
No domingo passado, a Igreja apresentou à nossa consideração
as tentações de Cristo, que são também as nossas tentações. Todas
elas podem ser resumidas em tentar fugir aos desígnios que Deus
tem sobre nós, isto é, em não corresponder à nossa vocação. Jesus
venceu essa tentação e avançou corajosamente para Jerusalém, a fim
de dar a vida pela salvação da humanidade.
Neste segundo domingo da Quaresma, a liturgia propõe à nossa
meditação a Transfiguração do Senhor, manifestando Cristo a sua
divindade diante dos discípulos para alentá-los na hora da cruz. Se
não nos deixarmos vencer pela tentação de seguir caminhos que não
o de Cristo, também um dia seremos transfigurados em Deus.
Ão nosso redor, tantas coisas mexem com o coração e desafiam
a nossa fé. Tantas pessoas que se afastaram das nossas comunidades.
Milhões de crianças que moram nas ruas, na mais triste pobreza.
Tantos jovens entregues às drogas. É incontável a fila de irmãos e ir-
mãs que passam fome e não tem casa para morar. Entre os poderosos
— PNE. BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
Recordando a Palavra
O livro do Gênesis tem como personagem principal Abraão. Adão é
o exemplo da desobediência; ele contrasta, por antítese, com a fé de
Abraão que se dobra a todas as exigências de Deus. Noé, o justo, é
uma antecipação da santidade de Abraão num mundo de corrupção.
“Oxalá ouvisseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. Sl 94)
Atualizando a Palavra
Pelo Batismo, nós constituímos o novo Povo de Deus, que caminha
para a “Terra Prometida”, onde haverá fartura de bens, suficientes
para saciar a todos. À fé experimentada por Abraão é proposta
hoje aos catecúmenos. Chamados a serem discípulos missionários,
devem abandonar muitas coisas: o consumismo, o individualismo,
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
6 Cf. Bergamini, À. Cristo, festa da Igreja. SP, Paulinas, 1994, pp. 286-287.
De DEM NTE OD DA EDTA Rs A
11 de março de 2012
Leituras: Éxodo 20,1-17 ou abreviado Êxodo 20,1-3.7-8.12-17;
Salmo 18(19b),8.9.10.11 (R/. Jo 6, 680);
ICoríntios 1,22-25; João 2,13-25 (Mercadores no Templo)
Situando-nos
Estamos no terceiro domingo da Quaresma — caminho que nos leva
à festa da Páscoa. À liturgia da Palavra e as orações nos colocam
diante do Senhor que nos pede um culto perfeito, nascido na sinceri-
dade do coração e fonte do bem, da solidariedade e da justiça.
Somos chamados a uma verdadeira purificação e a responder al-
gumas perguntas: em que consiste o nosso culto a Deus? O que esse
culto traz de novo e significativo para as nossas vidas?
O Senhor não nos pede coisas, dinheiro, liturgias pomposas,
mas obediência à sua vontade e solidariedade com todas as pessoas
frágeis, abandonadas e deixadas ao longo da estrada, da economia e
da Igreja. Somos chamados a ser santos e perfeitos com a graça e a
força de Deus. Com a antífona entramos no espírito e no sentido da
liturgia e do culto: “Quando reconhecerdes a minha santidade, eu
vos reunirei de todas as nações. Derramarei sobre vós uma água pura,
e sereis purificados de todas as faltas. Dar-vos-ei um espírito novo,
diz o Senhor” (Ez 36,23-26).
Jesus expulsa os vendilhões do Templo de Jerusalém para mos-
trar que a sua casa, a assembleia reunida, não é lugar de exploração
nem de alienação. Essa assembleia é o novo templo, construído sobre
Cristo, morto e ressuscitado, que fundamenta a nova aliança e a nova
religião em espírito e verdade.
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. SI 94) o o
Recordando a Palavra
Na leitura do livro do Êxodo, Deus nos oferece os dez mandamentos
como condição da aliança que faz conosco. São normas curtas e fáceis
de serem guardadas e regulam as relações das pessoas entre si e com
Deus. O israelita piedoso e fiel é comprometido com a observância
dos mandamentos que envolvem toda a vida e supõem uma adesão
pessoal a Deus, que se revelou e conduz os caminhos do povo. Para o
israelita, Deus é um Pai que conhece e ama seus filhos, dialoga com
eles e lhes indica os segredos da felicidade e da realização.
Chama atenção o modo como Deus propõe os mandamentos.
Antes de tudo diz: “Eu sou o Senhor que fez sair da terra do Egito,
da casa da escravidão”. Ou seja, mostra o que fez pelo povo e depois
coloca as condições do pacto. Os mandamentos não foram decreta-
dos por um senhor poderoso e tirano, mas por um Deus libertador,
que escolheu esse povo e quer ser amigo e parceiro.
Os dez mandamentos ou as dez palavras (decálogo) formam um bloco
especial entre os 613 preceitos da lei de Moisés. São enunciados um tanto
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B + Fevereiro / Abril de 201)
Primeira frase: “Tirai daqui tudo isso e não façais da casa de meu
Pai uma casa de negócios”. Lembra a profecia de Zacarias: no dia do
Messias “não haverá mais nenhum negócio na casa do Senhor do
universo” (Zc 14,21). Tendo purificado o templo da presença de mer-
cadores, declara que chegou o reino do Messias e condena qualquer
ligação entre religião e interesses econômicos.
À segunda frase de Jesus: “Destruí este templo e em três dias eu
o reerguerei”. Aqui, Jesus mostra a inauguração de um novo templo
e o início de um novo culto.
Atualizando a Palavra
Às perguntas que precisamos responder: por que observamos os
mandamentos de Deus? Por que temos medo do castigo? Por que
temos medo de sermos descobertos? Ou por que confiamos nas pa-
lavras de um Pai que nos ama e a quem queremos bem e, por isso,
respondemos com o nosso “sim”?
Os dez mandamentos têm sentido nos dias de hoje?
Jesus reduziu a dois todos os mandamentos: amar a Deus e amar
ao próximo (cf. Mt 22,34-40). No Evangelho de João, há um só
mandamento: amar o irmão (cf. Jo 13,34-35). Paulo vai mais longe e
diz: “Quem ama o irmão cumpriu toda a lei”. Pois os preceitos: “Não
cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás” e ain-
da outros mandamentos que existem, se resumem nestas palavras:
“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Rm 13,8-9). Logo, o
mandamento do amor engloba todos os outros.
Não podemos negar que o amor é muito mais exigente do que
qualquer lei. O amor me compromete muito mais com o irmão e com
sua história. Coloca-me em atitude de alerta permanente com a se-
guinte pergunta: o que posso e devo fazer para tornar o meu próximo
mais feliz e pleno de vida?
Os dez mandamentos exercem uma pedagogia em nosso relacio-
namento com Deus: servem para mostrar e indicar as coisas mínimas
das exigências do amor. Contudo, não esgotam a lei de Deus, porque
“somente o amor é a plena perfeição da lei” (Rm 13,10).
Relendo a carta aos Coríntios, ainda hoje encontramos pessoas, em
nossas comunidades, que são como aqueles judeus: consideram a religião
como fonte de milagres, privilégios, curas... Frequentam as celebrações
para estarem livres de desgraças. Rezam só quando estão doentes ou em
meio a dificuldades financeiras, quando estão desempregadas ou quando
precisam passar nos exames escolares no final do ano... Existem aqueles
que se comportam como os antigos gregos e pensam que é possível levar
as pessoas à fé só pelo raciocínio, reunindo provas convincentes.
À lógica do Evangelho não pode ser colocada na mesma lógica
do mundo. Ou seja, a lógica dos cristãos é a cruz de Cristo: uma vida
“Oxalá ouvisseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. S| 94)
18 de março de 2012
Leituras: 2Crônicas 36,14-16.19-23; Salmo 136(137),1-2.3.4-5.6 (R/.6a);
Efésios 2,4-10; João 3,14-21 (Jesus, vida e luz)
Situando-nos
Precisamos superar uma mentalidade que concebe a Quaresma como
um tempo “pessimista”, negativo, preocupado tão somente com o pe-
cado, com a conversão e a penitência. É precisamente o contrário: é
o tempo no qual devemos aprofundar que nós estamos salvos, não
por nossos méritos, mas porque Deus nos amou primeiro. Viver a
Quaresma é aceitar a conversão a esse amor de Jesus que chegou até
a dar a vida por nós.
Na celebração de hoje, somos conduzidos pelo Espírito para o en-
contro com Jesus. Pelos cantos e orações, na escuta da Palavra e na li-
turgia eucarística, penetramos no sentido da liturgia. Ela nos apresenta
o anúncio da paixão e da entrega de Jesus como prova do seu amor à
humanidade: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho úni-
co, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Não podemos ficar indiferentes e insensíveis ao que acontece
nessa celebração. Nós já estamos bem próximos da festa da Páscoa e
com alegria aguardamos o dia da nossa libertação. Com Isaías can-
tamos na antífona de entrada: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós
todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos
com abundância de suas consolações” (Is 66,10-11).
Vindos de um mundo dividido entre trevas e luz, morte e vida,
pecado e comunhão, tristezas e alegrias, nos acercamos da assembleia,
ARO) PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
Recordando a Palavra
O livro das Crônicas foi escrito depois do exílio da Babilônia. Passaram-
se mais de duzentos anos depois que Nabucodonosor, no ano de 587
a.C., destruiu a cidade de Jerusalém e mandou para o exílio os que
escaparam da morte, reduzindo todos à escravidão. Depois de mui-
tos anos, os israelitas voltam à terra dos antepassados, porém algumas
perguntas continuam “atravessadas na garganta”: por que o povo foi
castigado com uma desgraça tão grande? Por que Deus permitiu que o
Templo e a cidade de Jerusalém fossem arrasados pelos inimigos?
A resposta é dada pelo autor do livro das Crônicas: tudo acon-
teceu por causa da infidelidade de Israel, dos chefes, dos sacerdotes
e das lideranças. O Senhor amava seu povo, enviava profetas para
indicar-lhe o caminho do bem, mas o povo não acolheu a palavra dos
profetas. Diante da crescente maldade, Deus irritou-se e a punição
foi dolorosa e longa.
Outra causa do castigo foi Israel ter desobedecido ao preceito do
descanso da terra a cada seis anos, impossibilitando aos pobres e aos
animais alimentarem-se dos frutos naturais do solo.
O que Deus fez, então? Decidiu descontar “com juros e correção
monetária” a infidelidade. Permitiu que ficassem exilados durante
setenta anos. Com isso, a terra descansou durante todo esse tempo.
Obviamente, a lógica do autor do livro nos surpreende e não se en-
caixa nos pensamentos e nas atitudes de Deus, ao longo da história
da salvação.
L
Atualizando a Palavra
À queda de Jerusalém e a destruição do Templo foram acontecimen-
tos muito significativos para o pensamento religioso de Israel. Do
mesmo modo, a restauração da Cidade Santa, começada pelo Tem-
plo, era um sinal de esperança de grande alcance.
Do livro das Crônicas concluímos: a história de amor entre Deus
e o homem nunca termina como uma condenação. Tal como acon-
teceu com os israelitas, o homem que se afasta de Deus mete-se em
complicações e desajustes e torna-se escravo dos ídolos. Deus, porém,
nunca o abandona. Não há situações desastrosas nem forças resisten-
tes que possam impedir o poder de seu amor misericordioso. Contu-
do, é grande a responsabilidade do homem que, ao negar-se a seguir
o caminho de Deus, se condena e se destrói. Entretanto, nunca será
o mal que prevalecerá, mas o amor de Deus.
Na carta aos Efésios, aparece claramente que não é o homem a
causa de sua salvação. O ser humano não se salva por seus méritos
e obras. Às boas obras são uma resposta ao amor e à ação de Deus.
São sinais que indicam que a graça de Deus conseguiu penetrar e
produzir frutos no coração do homem e da comunidade. Nós nada
53 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
Situando-nos
Estamos chegando ao final da Quaresma. No próximo domingo
iniciaremos a Semana Santa, com o Domingo de Ramos. Neste dia,
também concluiremos a primeira etapa da Campanha da Fraternidade
2012. Com o gesto concreto da coleta manifestamos nossa atitude de
partilha e solidariedade.
Na celebração de hoje somos convidados a ver Jesus em sua mis-
são recebida do Pai. Seguimos os passos dos gregos que subiram a
Jerusalém para adorar a Deus. Mas eles querem ver Jesus. O que
significa ver Jesus? Por que ver Jesus? Ver Jesus é compreender sua
atitude e desvendar seu projeto. Jesus mesmo o explica, fazendo uma
meditação sobre a “hora”.
“Hora” é o final de sua vida terrestre. Tudo caminha para essa
hora. À “hora” é o momento no qual o amor gratuito de Deus, mate-
rializado em seu carinho pelos pobres, encontra-se com a força social
e religiosa que o rejeita: o pecado. Esse conflito expressa-se na cruz.
Por isso, a cruz é levantada como denúncia daquilo que leva Jesus à
morte e como testemunho de sua entrega de amor.
À Solenidade da Anunciação do Senhor é transferida para o dia
de amanhã.
57 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro
/ Abril de 2012
Recordando a Palavra
No livro de Jeremias, no capítulo 31, é anunciado que um dia Deus
estabelecerá uma nova aliança com o seu povo. Este é um texto refe-
rencial no Antigo Testamento.
Após o reinado desastroso e corrupto de Manassés, sobe ao tro-
no o rei Josias. Ele é muito criança quando assume o poder, mas,
aos poucos, revela-se muito piedoso e inicia uma profunda reforma
religiosa. Jeremias observa tudo em silêncio e mostra-se favorável à
escolha do novo monarca.
Em todos despertam esperanças de dias melhores. Está em anda-
mento uma renovação espiritual e política. Enfim, Israel poderia voltar
a ser um povo unido, poderoso e forte, como nos tempos de Davi e Sa-
lomão. Nos bastidores dos novos tempos há, porém, uma inquietante
reflexão: é preciso descobrir os erros do passado e tomar providências
para que certas coisas não mais se repitam. Jeremias lembra um fato
histórico decisivo: cem anos antes as tribos do Norte foram aniquiladas
pelos assírios. E pergunta: por que Deus permitiu tal desgraça?
Nos versos 31 e 32, o Senhor responde dizendo: “o reino do Nor-
te foi destruído por causa da sua infidelidade à aliança”. Sim, algu-
mas centenas de anos atrás, os israelitas no Sinai tinham feito uma
aliança com Deus que os tirou do Egito e que tinha se comprometido
a defendê-los e fartá-los de bens; havia-lhes prometido uma vida feliz
e próspera. Essa promessa tinha, no entanto, uma condição: que eles
observassem seus mandamentos e ouvissem seus profetas. O povo
tinha jurado fidelidade, mas, na prática, tinha acontecido o contrário.
Como reatar essa aliança? Com que garantias? Em que contex-
to? É necessário estabelecer uma nova aliança. A aliança e a lei de-
verão ser escritas não em pedras frias, mas no coração das pessoas.
Gravadas pela força do Espírito. Quem recebe esse Espírito é capaz
de vencer todas as tentações.
Quando se realizará essa profecia? À profecia começa a realizar-
se na Páscoa de Cristo, quando ele, morrendo e entrando na glória do
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. Sl 94)
Pai, enviou o Espírito Santo. À partir daquele dia, a lei de Deus foi
gravada em nosso coração.
A Nova Aliança que Deus vai estabelecer, após soberanamente
ter perdoado o rompimento da antiga, não consiste nem numa modi-
ficação das diretrizes dadas no Sinai e dos compromissos ali assumi-
dos, nem num novo culto puramente espiritual: ela consiste, em vez,
no fato de as diretrizes e os compromissos de outrora serem inscritos,
doravante, no fundo do coração, no íntimo do homem. À estrutura
da personalidade será de tal modo regenerada que cada um, instruído
no seu íntimo, conhecerá e fará a vontade do Senhor.
Na carta aos Hebreus, encontramos um Jesus humano. Ele não
fingiu ser homem, ele passou verdadeiramente por todas as dificul-
dades e tentações comuns aos seres mortais. Tudo isso, porém, com
uma diferença: nunca se deixou vencer pelo mal ou pelo pecado e
sempre se manteve fiel ao Pai.
aquilo que o Senhor lhes pede. Sentem que Deus quer que eles se
diriam a Cristo. Eles, no entanto, não se dirigem diretamente a
Jesus, mas a Felipe e André, os únicos apóstolos com nome grego,
portanto, os interlocutores e mediadores mais apropriados.
Atualizando a Palavra
Na primeira leitura temos a profecia de Jeremias sobre a nova aliança
a qual nós vivemos hoje. Em Cristo repousa a nova aliança. Para
estar nessa aliança, precisamos da força pascal do Cristo. Essa força
nós recebemos no Batismo e continuamos recebendo na celebração
dos sacramentos e na oração da Igreja: é o Espírito de Cristo, a lei da
nova aliança, escrita no coração de cada um de nós.
Em Hebreus, colhemos uma lição preciosa: Jesus não é um se-
nhor sentado nos palácios, desligado da situação real das pessoas.
Jesus não permaneceu nos céus, contemplando as nossas angústias,
mas tornou-se companheiro de viagem. Percorreu o caminho da hu-
milhação e da morte. Por tudo isso, podemos confiar nele e aceitar o
convite que nos faz para sermos discípulos missionários. Dessa forma,
a segunda leitura nos convida a seguir o mesmo caminho de Cristo,
um caminho semeado de dificuldades. Ele, porém, o percorreu antes
de nós e por isso compreende nossas dificuldades e incertezas, nossos
receios e fraquezas.
Foi escolhido, para este domingo, o texto que comenta a agonia de
Jesus. A Paixão é ali descrita como uma oferenda suplicante, toda pe-
netrada de respeito à vontade de Deus. O autor, um discípulo de Paulo,
afirma, ao mesmo tempo, que essa prece foi ouvida e que o Cristo deve
sofrer e obedecer. O atendimento consiste numa transformação que se
opera por meio da própria morte. À obediência termina numa glorifi-
cação, aqui expressa em termos de sacerdócio: em vez de ser adorado e
saudado com o título de Senhor, o Cristo é reconhecido como salvador
e proclamado sumo sacerdote (cf. v. 5). Na busca incansável de um
culto em espírito e em verdade (cf. João 4,23), Jesus chegara inclusive
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. S| 94)
Situando-nos
Com a celebração de hoje, entramos na Semana Santa. O que é a Semana
Santa? Por que ela é tão importante na dinâmica do ano litúrgico?
Na Semana Santa celebramos a história da salvação de um Deus
que se humilhou e tornou-se homem para caminhar conosco, conhe-
cer a nossa história e nos apontar caminhos de vida. Mas não é só
isso. No Getsêmani, Jesus experimenta uma grande tristeza e sente a
dor da angústia. Suspenso entre o céu e a terra numa cruz, ele vive o
doloroso abandono por parte do Pai. Enfrenta a traição de Judas que,
com um beijo, o entrega aos seus inimigos. Pedro não o reconhece na
presença de uma empregada. Os discípulos, seus amigos prediletos,
fogem e o deixam sozinho nas mãos dos soldados. À condenação
forjada é tramada para eliminar sua pessoa e os desígnios de Deus
nele manifestos. Jesus, o Servo Sofredor, despido de toda dignidade
é reduzido a um farrapo. humano.
Essa experiência de Jesus na Semana Santa é a história
viva da humanidade. Contemplando a paixão e morte de Jesus,
fazemos memória dos sofrimentos, das injustiças e das violências
experimentados por milhões de seres humanos. Ele assume e faz seus
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. Sl 94) 64
Recordando a Palavra
A leitura do profeta Isaías fala do Servo do Senhor ou Servo
Sofredor. Quem é ele? Ele é o escolhido, dotado de dons, capaz
de atrair e provocar a adesão dos ouvintes. Esses dons lhe são
concedidos em vista da missão: transmitir uma mensagem a quem
perdeu toda a confiança.
À característica mais surpreendente no personagem do Servo é
sua inocência. Ele é um justo. No entanto, ele sofre e seu sofrimento
é absolutamente imerecido.
O PNE - BMC - Roteiros Homiléticos da Quaresma Ano B - Fevereiro / Abril de 2012
esvaziamento não implica que Jesus deixe de ser igual a Deus ou de ser a
imagem de Deus. É em seu próprio esvaziamento que ele revela o ser e o
amor de Deus. Os cinco verbos seguintes descrevem esse esvaziamento:
“assumindo a condição de servo, tornado semelhante aos homens e reco-
nhecido como um homem em seu comportamento, ele humilhou-se a si
mesmo, fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz”.
O movimento de elevação vem em seguida. “Por isso Deus o
sobre-exaltou grandemente”. Do mesmo modo, como na parte ante-
rior, o hino retoma as expressões que expõem o destino do misterioso
Servo do Livro de Isaías. À elevação está ligada com a ressurreição ou
a ascensão, que é a ação soberana do Pai. O paralelo deve ser feito com
o lirismo do Livro da Consolação: Eis que meu Servo há de prosperar,
ele se elevará, será exaltado, será posto nas alturas (cf. Is 52,13).
A entrada de Jesus em Jerusalém é descrita por Marcos com todas
as características de uma reportagem enriquecida por um diálogo com os
donos do burrinho, não faltando um colorido político pela aclamação do
povo. Não se fala do “filho de Davi”, mas do “reino do pai Davi”.
À narração da Paixão segundo Marcos é a narração mais breve
e mais antiga. Marcos escreve dando importância às testemunhas
oculares destes fatos. Jesus apresenta-se em toda a sua fragilidade
humana, entregue à solidão, à angústia. Mas, com sua morte, é ma-
nifestada sua divindade nas palavras do centurião romano: “verda-
deiramente este homem era Filho de Deus”. Durante o processo que
foi movido, Jesus guarda silêncio, confiando unicamente em Deus, a
quem no Horto das Oliveiras chama “Abba” (paizinho).
O Evangelho de Marcos é o que com mais realismo e até com
certa crueldade nos narra a paixão de Jesus. Ele realiza e vive uma
paixão física, que atinge todo o seu corpo; mas também uma paixão do
coração. No Getsêmani, Jesus sofre pavor, angústia, tristeza e é preso
e amarrado com violência pelo povo que veio a ele com espada e paus,
dando-lhe bofetadas. No pretório, os soldados romanos teceram uma
coroa de espinhos e colocaram-na sobre sua cabeça. Aí mesmo, lhe
golpearam na cabeça com uma vara, lhe cuspiam e, colocando-se de
joelhos, lhe faziam reverência. Depois o crucificaram. O evangelista
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Atualizando a Palavra
A Palavra que ouvimos na celebração de hoje é muito forte. Ela
nos confronta com nossa própria fé, com o modo como a vivemos e
testemunhamos. No evangelho que segue a bênção dos ramos, vemos
Jesus a caminho de Jerusalém. Em que ponto deste caminho nós
estamos? Estamos à frente, atrás ou nos mantemos à beira da estrada?
Exultamos convictos: “bendito o que vem em nome do Senhor” ou o
fazemos superficialmente, levados pelo “embalo da multidão”?
Não basta clamar “bendito o que vem em nome do Senhor”.
Urge agir e ser para que efetivamente haja espaço para ele se tornar
presente em nossa sociedade. Há várias formas de buscar que isto se
realize, uma delas é nos fazermos portadores da paz, que é fruto da
justiça. É assumir, apesar de todas as pedras no caminho, o chamado
que nos é feito e, a exemplo do servo sofredor, poder dizer: “não lhe
resisti nem voltei atrás... sei que não sairei humilhado”.
Esta certeza nos é reforçada pelo próprio Cristo que se esvaziou, se
humilhou e depois foi por Deus Pai exaltado. Participar da Eucaristia
significa viver o mistério de Jesus Cristo em sua totalidade. Hoje, porém,
somos chamados a viver mais intensamente sua paixão e morte e, com o
hino da Campanha da Fraternidade, reafirmar: “Tu, que vieste para que
todos tenham vida, cura teu povo dessa dor em que se encerra; que a fé
nos salve e nos dê força nessa lida, e que a saúde se difunda sobre a terra”.
“Oxalá ouvisseis hoje a sua voz: não fecheis os corações!” (Cf. Sl 94)
« mo . . Do é .
Não sejas apenas um irmão para mim, Jesus,
mas sé para mim um Deus.”