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Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

“Jesus, o Messias, Servo Sofredor,


Inaugura o Reino de Deus!”
Ano | - Nº 4

Roteiros Homiléticos do Tempo Comum il


Ano B — São Marcos

maio/agosto 2015

ições CNS?
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor,
Inaugura o Reino de Deus!”
12 Edição - 2015

Diretor Editorial: Revisão:


Mons. Jamil Alves de Souza Lúcia Soldera
Coordenação: Projeto Gráfico:
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia Henrique Billygran
Coordenação de Revisão: Diagramação e Capa:
Leticia Figueiredo Lauriana Vinha
UNOS Ea OSC NASA ES AG RAND LOUCA ODAS ss nO UOL Co sas cs 0 00 0 4

ISSN: 2359-1935

As citações bíblicas dos textos da celebração são do Lecionário Dominical, A, B, C, Paulinas, Paulus 1994.
Somente as citações que são para reforçar o sentido do texto foram retiradas diretamente da tradução bíblica
da CNBB e assim já citadas.

: Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios :
: (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados :
sem permissão da CNBB. Todos os direitos reservados O
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Edições CNBB
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Sumário

APRESENTAÇÃO.............eeeeemereremeserereseseeeaos

INTRODUÇÃO...............serereemeserereererereereseers

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


31 de maio de 2015......... eres r rsrs essa r area

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E


SANGUE DE CRISTO
4 de junho de 2015 ................ccc
srs csrerrerrrerrerneencerneenrenaea

10º DOMINGO DO TEMPO COMUM


7 de junho de 2015 ..................ess
ires eerree seca cee rea nrannna

11º DOMINGO DO TEMPO COMUM


14 de junho de 2015...............ee
cer eeree era rre near ernrennda

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM


21 de junho de 2015...................e.s
rise serena renas

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO


E SÃO PAULO, APÓSTOLOS
28 de junho de 2015...................c..e einer ecc rrre rea rcannea

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM


5 de julho de 2015.......... en rera na reecanaceeea aa cenan sra rann ac rnana carentes

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM


12 de julho de 2015 ................eeee
erre err ra rrenan
16º DOMINGO DO TEMPO COMUM
19 de julho de 2015 ..............ssis
srs sscereersreanerareanaea

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM


26 de julho de 2015 .................siesi
sir ssrrrrerreerrereanea

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM


2 de agosto de 2015.................cei
essi ererrerrerrerrenenno

19º DOMINGO DO TEMPO COMUM


9 de agosto de 2015....................e. eres ererrerreanrano

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO
DE NOSSA SENHORA
16 de agosto de 2015....................nin
iss erre rea rrerrenda

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM


23 de agosto de 2015.................esc
ice irrerrerreanrendo

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM


30 de agosto de 2015.....................ee
eis eira rre eee
APRESENTAÇÃO
A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos,
recentemente, publicou o Diretório Homilético, afirmando: “a finali-
dade do presente Diretório é de apresentar o escopo da homilia como
é descrita nos documentos da Igreja, do Concílio Vaticano II até a
Exortação apostólica Evangelii gaudium, e oferecer um guia baseado
sobre estas fontes de modo a ajudar os homiliastas a cumprir correta e
eficazmente a sua missão” (DH, n. 2).
O Concílio Ecumênico Vaticano II sublinhou a natureza única
da pregação no contexto da sagrada liturgia: “A pregação deve ir às
fontes, antes de tudo da Sagrada Escritura e da Liturgia, e ser como
que o anúncio das maravilhas de Deus na história da salvação, ou seja,
no mistério de Cristo, o qual está sempre presente e operante em nosso
meio, sobretudo nas celebrações litúrgicas” (DH, n. 1).
Sendo parte integrante da liturgia, a homilia não é apenas uma ins-
trução, mas é também um ato de culto. Lendo as homilias dos Padres
descobrimos que muitos deles concluíam o discurso com uma doxologia
e a palavra “Amém”. tinham entendido que o escopo da homilia não
era apenas o de santificar o povo, mas de glorificar a Deus. À homilia
é um hino de gratidão pelas maravilhas de Deus, não apenas anuncia a
quantos estão reunidos que a Palavra de Deus se cumpre na sua escuta,
mas louva a Deus por tal cumprimento (cf. DH, n. 4). “O povo de Deus
tem grande desejo de aprofundar as Escrituras e os pastores devem pre-
ver ocasiões € iniciativas que permitam aos fiéis aprofundar o conheci-
mento da Palavra de Deus” (DH, n. 6).
“Em síntese, a homilia é traçada por uma dinâmica muito simples:
à luz do mistério pascal, reflete o seu significado das leituras e das
orações de uma dada celebração, e conduz a assembleia à liturgia euca-
rística, na qual se participa do próprio mistério pascal. Isto significa
claramente que o âmbito litúrgico é a chave imprescindível para inter-
pretar os textos bíblicos proclamados em uma celebração” (DH, n. 15).
“À preparação da pregação é uma tarefa tão importante que convém
dedicar um tempo prolongado de estudo, oração, reflexão e criatividade
pastoral” (EG, n. 145). O homiliasta, prestando atenção à estrutura das
leituras do Tempo Comum, pode encontrar uma ajuda para a própria
preparação (cf. DH, n. 140).
“A narrativa de Marcos possui um dinamismo particular, que
o homiliasta poderá destacar de tempos em tempos nos diferentes
momentos do ano” (DH, n. 144). O presente Roteiro Homilético,
a começar com a solenidade da Santíssima Trindade, passando pela
solenidade de Corpus Christi e pelos domingos até o final de agosto,
nos revela e ajuda a mergulhar no mistério de Jesus Cristo. O Evan-
gelho de João nos acompanhará do 17º a 21º domingo com a pro-
posta do Pão da Vida, símbolo da comunhão e da superação de todo
o egoísmo.
Ao mesmo tempo que agradecemos as Irmãs Helena Ghigei e
Veronice Fernandes da Congregação das Pias Discípulas do Divino
Mestre, pela elaboração do presente Roteiro Homilético, rogamos
para que o Espírito de Deus ilumine a todos que se empenham na
preparação e no serviço da pregação.

Dom Fernando Panico


Bispo de Crato e integrante da Comissão
Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB
INTRODUÇÃO

Liturgia no Tempo Comum


Considerações e sugestões gerais
Retomamos o Tempo Comum que se estenderá até as vésperas do 1º
domingo do Advento.
No tempo comum, celebramos o mistério de Cristo em sua glo-
balidade, especialmente aos domingos. É um tempo importante para
assimilação do mistério pascal de Jesus Cristo, uma vez que n Ele se
desenvolve o mistério de Cristo de modo progressivo e profundo.
Neste tempo, somos convidados a prestar atenção especial aos tex-
tos bíblicos, divididos em À, Be C. Cada ano é caracterizado pela
leitura de um dos Evangelhos sinóticos: no ano À lemos o Evangelho
de Mateus; no ano B, o de Marcos; no ano €, o de Lucas.
Há certa lógica igual para todos os anos:
à domingos da memória do discipulado de Jesus — no início do
Tempo Comum, depois do Natal e antes da Quaresma, lemos
o início da missão de Jesus, com o chamado dos discípulos, a
proposta do Reino;
à em seguida, vamos acompanhando cada Evangelho, quase do
começo ao fim, excetuando aquelas passagens que são lidas nos
tempos fortes do ano litúrgico;
» ao final do Tempo Comum, ouvimos as palavras de Jesus sobre
o fim do mundo — o discurso escatológico.
Neste ano, Marcos é nosso guia. Coloca-nos frente a frente com
Jesus Cristo que é Messias. Sim, Ele vem instaurar o reino de Deus,
porém não de maneira clara, explícita, não vem de forma triunfante,
mas como servo sofredor, perseguido, executado na cruz.!

1 BUYST, Ione. Viver o mistério pascal de Jesus Cristo ao longo do ano litúrgico, um caminho espiri-
tual. Texto elaborado para a Semana de Liturgia, realizada em outubro de 2002, em São Paulo.
ES “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Lembretes
à O domingo é celebração da páscoa semanal. Para isso, é impor-
tante retomar elementos da festa anual que expressam a alegria
pascal: o círio pascal, a aspersão com água durante o ato peni-
tencial, o uso do incenso, o canto do aleluia.
» À celebração da vigília ajuda a retomar o sentido do domingo,
como páscoa semanal, como já é a pratica em muitas comunida-
des. O Ofício Divino das Comunidades oferece propostas que
enriquecem a espiritualidade do domingo.
Cuidar da preparação da celebração. Uma preparação feita
por uma equipe que tenha formação litúrgica adequada pode:
assegurar uma celebração mais autêntica do mistério pascal
do Senhor, assim como a ligação com os acontecimentos da
vida, inseridos neste mesmo mistério de Cristo (cf. Doc. 43, n.
48-50); evitar celebrações improvisadas e rotineiras (Doc. 43, n.
211); garantir que o povo de Deus exerça seu direito e seu dever
de participar, segundo a diversidade de ministérios, funções e
ofícios (Doc. 43, n. 212; SC, n. 14).
E, preciso cuidar da formação técnica, teológica e espiritual de
todos os(as) ministros(as).
à» À cor usada é a verde.
à O Glória não é um hino trinitário, mas cristológico, portanto
merece atenção a escolha de seu texto.
» À homilia seja um espaço de uma profunda educação à fé, à a

mistagogia, fundada na teologia das atividades de Jesus, como é


apresentada pela narrativa do evangelista. A leitura semicontí-
nua dos Evangelhos sinóticos permite isto.
à À escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a comunidade
tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Neste sentido,
uma ótima referência é o Hinário Litúrgico da CNBB, fascí-
culo 3, que é resultado do esforço de recuperar, principalmente
nos cantos de abertura e comunhão, o sentido do mistério de
Cristo, celebrado a cada domingo. Este hinário contém um
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | ERE

rico repertório de cantos do ordinário da missa, como também


melodias para salmos responsoriais e aclamações ao evangelho
para os domingos dos anos À, Be C.
à À oração eucarística é um todo com unidade, estrutura e gênero
literário tais que deve ser respeitada como está. Somente as ora-
ções eucarísticas 1 e III não têm prefácio próprio. À oração II
admite troca de prefácio.
à Ao menos aos domingos e dias festivos, cante-se, em tom de
exultação, a aclamação memorial: “Anunciamos Senhor a
vossa morte... Não faz sentido cantar cantos devocionais neste
momento.
» E imprescindível valorizar a fração do pão, acompanhada pela
assembleia com o canto do Cordeiro de Deus.
à O canto da comunhão retoma o Evangelho do dia e, desta
forma, ajuda a garantir a unidade das duas mesas (Palavra e
Eucaristia).
à Muitas comunidades estão impossibilitadas de celebrar a
Eucaristia no domingo. Para celebrarem a páscoa de Cristo
no domingo, elas se reúnem ao redor da Palavra de Deus. Às
equipes devem se empenhar para que tais celebrações sejam um
encontro dialogal, orante e de relação gratuita com o Senhor.
Que a presença carinhosa de Deus seja reconhecida e a força de
seu amor possa fecundar misteriosamente o corpo de Cristo que
é a assembleia.
à O espaço celebrativo precisa ser zelado para que todos os sinais
sensíveis aí presentes (altar, ambão, cadeira do presidente, lugar
da assembleia, livros litúrgicos, flores etc.) “manifestem” o mis-
tério celebrado e favoreçam a participação de todos.
à Às festas dos santos e da Virgem Maria ganham dimensão pas-
cal, ligadas ao mistério de Cristo.
à Os avisos ligam a liturgia com a vida. Daí a importância da
objetividade, clareza e devida motivação para maior envolvi-
mento da comunidade.
ND, é O.

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA
TRINDADE

31 de maio de 2015
“BATIZAL-OS EM NOME DO PA[, E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO”:

Leituras: Deuteronômio 4,32-34.39-40;


Salmo 32(33),4-6.9.18-19.20.22 (R/.12b);
Romanos 8,14-17: Mateus 28,16-20.

Situando-nos
Neste domingo (depois de Pentecostes), retomamos o Tempo Comum
que se entenderá até as vésperas do 1º domingo do Advento.
Hoje, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Celebrar
esta solenidade, justamente no domingo depois de Pentecostes, pode ser
interpretado como um agradecido olhar retrospectivo sobre o cumpri-
mento da salvação — mistério que, segundo a antiga teologia dos Santos
Padres, é realizado pelo Pai, através do Filho, no Espírito Santo.?
Celebrar o mistério da Trindade desperta em nós, “povo reunido
pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, o desejo de abrir-se
a tão grande mistério. À iniciativa é sempre d'Ele, que se manifesta, se
revela e se dá a conhecer.

Recordando a Palavra
O Evangelho de Mateus pertence à narrativa da páscoa da libertação,
a entrega total de Jesus (cap. 26-28), na qual culmina toda a obra
de Mateus. A “Galileia das nações” era uma região estratégica que
favorecia o acesso de povos diversos e também a dominação, como a

2 BERGAMINI, A. Cristo festa da Igreja. São Paulo, Paulinas, 1994, p. 427.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

dos assírios no passado (2Rs 15,29). Jesus realizou grande parte de seu
ministério na Galileia, especialmente junto às pessoas mais sofridas e
marginalizadas. Desde 4,12-25 até 19,1, quando partiu para a Judeia,
Ele anunciou a Boa-Nova do Reino de Deus na região da Galileia e
reuniu, à sua volta, um grupo de discípulos, comprometidos com sua
missão libertadora.
À promessa do encontro com Jesus na Galileia, antes de sua morte
(26,32), é confirmada na manhã da Páscoa (28,7.10). Iluminados pelo
caminho pascal, “os discípulos foram para a Galileia, à montanha que
Jesus lhes havia indicado”. A montanha é o lugar especial da revelação
de Deus. Na montanha, Jesus foi tentado (4,8), ensinou (5,1; 8,1; 24,3),
orou (14,23), curou os doentes e alimentou os famintos (15,29), foi trans-
figurado (17,1.9). A montanha, no texto de hoje, sublinha a expectativa
da realização plena do Reino de Deus. Jesus se revela como o Filho do
Homem, a quem é dado todo o poder (cf. Dn 7,13-14; Rm 1,4). Com
essa autoridade divina sobre o céu e a terra, plenificada na Páscoa, Jesus
envia seus seguidores e promete-lhes sua presença permanente.
Os discípulos reconhecem Jesus como o Senhor, o Kyrios através
de um gesto de adoração: “Quando o viram, prostraram-se” (28,17).
Eles experimentam Jesus “vivo” em seu meio, de modo especial
enquanto permanecem unidos na oração (18,20) e na missão solidária
(25,35). Jesus ressuscitado revela o sentido da missão universal: “Ide,
pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o
que vos tenho ordenado” (28,19-20). A missão aos gentios, indicada de
modo especial em 2,1-12, realiza-se plenamente através dos discípulos
chamados a transcender os limites de Israel (10,5-15).
O apelo para fazer discípulos é acompanhado de dois particípios:
ensinando e batizando. Os novos discípulos devem ser iniciados em
uma comunidade nova pelo ensino e “Batismo no nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo”. Jesus também foi batizado no Espírito
(3,16) e realizava o ministério em comunhão com o Pai: “Quem me
viu, tem visto o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,9.10).
O testemunho do encontro com Cristo na Palavra, na oração; o coração
no “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

aberto ao mundo, aos horizontes de Deus, despertam novos discípulos.


Para permanecer no caminho da escuta e na prática dos ensina-
mentos, propostos especialmente nos cinco grandes discursos: sermão
da montanha (caps. 5-7); missão (cap. 10); parábolas (13,1-52); comuni-
dade eclesial (cap. 18) e vigilância na espera da vinda definitiva do Reino
(caps. 24-25), os discípulos confiam na presença permanente de Jesus:
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (28,20).
Jesus, o Emanuel, o Deus conosco (cf. 1,23; cf. Is 7,14) conduz seus
seguidores até a realização plena de seu reinado, o “cumprimento de
toda a justiça” (3,15), missão confiada pelo Pai em seu batismo (3,13-17)
e que proporciona novas relações de comunhão e fraternidade.
A leitura do livro do Deuteronômio convida a reconhecer a pre-
sença salvadora do Deus solidário junto ao povo oprimido. A formação
do livro do Deuteronômio ajuda a entender o texto. “O núcleo central
do Deuteronômio (12,1-26,19), possivelmente já ampliado pelos escri-
bas e sacerdotes de Jerusalém e já contendo 4,44-28,68, emerge como
o Livro da Lei” encontrado no templo (2Rs 22,8-20). A cidade e o
templo de Jerusalém são arrasados em 587 a.C. e milhares de judaítas
são exilados para a Babilônia. A fim de responder ao contexto do exílio
e/ou inícios do pós-exílio, o Deuteronômio será finalizado, recebendo
nova introdução (1,1-4,43), outra conclusão (28,69-30,20) e mais um
» 3
apêndice, com a despedida e morte de Moisés (31,1-34,12)”.
Deuteronômio 1,1-4,43, ao qual pertence nosso texto, apresenta
um resumo da história de Israel desde o Horeb até o Jordão. À partir
desse contexto, 4,32-40, na perspectiva de Isaías 40-55, mostra que o
povo exilado na Babilônia procura fortalecer sua fé no Senhor, como o
Deus único e verdadeiro e celebrá-Lo através do culto. À contempla-
ção da história salvífica, “desde o dia em que Deus criou o ser humano
sobre a terra” (4,32) leva a reconhecer que o Senhor é o Deus próximo
que estabelece a aliança e caminha com o povo. Diante das maravi-
lhas da salvação, o povo compromete-se a guardar os mandamentos do
Senhor e meditá-los no coração.

3 Cf. Nova Bíblia Pastoral, p. 197-198.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | EB

O Salmo 32(33) é um hino de louvor a Deus por sua palavra e


ação, que se manifesta na criação e na caminhada do povo. Em Jesus
Cristo, a palavra criadora e eterna do Pai, o projeto salvífico universal
de Deus para toda a humanidade chegou à plenitude.
À leitura da carta aos Romanos reflete sobre a vida nova no Espí-
rito, que nos torna filhos e herdeiros de Deus em Cristo. Por meio
do Batismo recebemos o espírito de filhos, que nos possibilita cha-
mar Deus de 4hba, expressão aramaica que Jesus utiliza para falar
com o Pai (Mc 14,36), assim como as crianças se dirigiam carinho-
samente aos pais. Como filhos e herdeiros, conduzidos pelo Espírito
que liberta, somos impelidos a testemunhar a vida em Cristo mediante
relações de misericórdia e solidariedade.
Paulo, na Carta aos Romanos, escrita por volta do ano 57 ou 58,
durante sua terceira viagem missionária, sublinha que a salvação é
dom gratuito do amor de Deus. Diante da fragilidade do ser humano
(1,18-3,20), Deus revela sua bondade que salva através de Jesus Cristo
(3,21-5,11). A adesão ao projeto salvífico leva a participar da vida
nova no Espírito (5,12-8,39), que proporciona a identificação com
Cristo e a experiência de comunhão filial com o Pai.

Atualizando a Palavra

Os discípulos, iluminados pela Páscoa de Jesus, ensinam a exercer uma


missão universal, destinada a todos os povos, sem preconceitos. Eles
mostram que o ensino e o Batismo, duas fases essenciais da iniciação
cristã, qualificam o ministério a serviço do Reino. O discípulo era
instruído a acolher e praticar as palavras e os gestos de Jesus, mediante o
caminho do catecumenato. O Batismo selava a comunhão do discípulo
com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Jesus promete estar com todos
os que seguem seu projeto “até o fim dos tempos”, até a vinda do Reino
de Deus em sua plenitude.
A Trindade celebra o amor do Pai, manifestado no dom gratuito
do Filho e na ação do Espírito Santo. O Papa Francisco sublinha que
a solenidade da Santíssima Trindade apresenta à nossa contemplação
RH “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

e adoração a vida divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo: vida


de comunhão e amor perfeito, origem e meta de todo o universo e
de todas as criaturas, Deus. Na Trindade, reconhecemos também o
modelo da Igreja, à qual fomos chamados para nos amarmos como
Jesus nos amou. O amor é o sinal concreto que manifesta a fé em Deus
Pai, Filho e Espírito Santo. Ele é o distintivo do cristão, como Jesus
nos disse: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos
amardes uns aos outros” (Jo 13,35).
Somos todos chamados a testemunhar e anunciar a mensagem
que “Deus é amor”, que Deus não está distante nem é insensível às
nossas vicissitudes humanas. Ele está próximo de nós, sempre ao nosso
lado, caminha conosco partilhando nossas alegrias e dores, esperanças
e desânimos. Ama-nos tanto e a tal ponto que se fez homem, veio ao
mundo não para julgar, mas para que o mundo seja salvo por meio
de Jesus (Jo 3,16-17). Este é o amor de Deus em Jesus, este amor tão
difícil de entender, mas que o sentimos quando nos aproximamos de
Jesus. Ele perdoa-nos sempre, espera-nos sempre, ama-nos muito. O
amor de Jesus que sentimos é o amor de Deus.
O Espírito Santo, dom de Jesus Ressuscitado, comunica-nos a vida
divina e, deste modo, nos faz entrar no dinamismo da Trindade, que é
amor, comunhão, serviço recíproco e partilha. Uma pessoa que ama os
outros pela própria alegria de amar é reflexo da Trindade. Uma famí-
lia na qual todos se amam e se ajudam uns aos outros é um reflexo da
Trindade. Uma paróquia na qual os fiéis se amam e partilham os bens
espirituais e materiais é um reflexo da Trindade. A Eucaristia é como a
“sarça ardente” na qual humildemente a Trindade habita e se comunica;
por isso a Igreja celebra a festa de Corpus Christi depois da Trindade.
Relembrando a fórmula trinitária usada no Batismo cristão “em
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, somos chamados a reno-
var nosso compromisso de comunhão e vida com o mistério do amor de
Deus. Por meio da Palavra e da oração, mas, sobretudo, com nossa vida
cristã e nosso testemunho, anunciamos a mensagem libertadora de Jesus
que desperta novos discípulos para o Reino. À ação do Espírito Santo,

4 CF. Ângelus, Praça de São Pedro, 15 de junho de 2014.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

que recorda as palavras e os gestos compassivos de Jesus (Jo 14,26), nos


conduz a anunciar o Evangelho com a ousadia de Paulo que afirma: “Ai
de mim se eu não anunciar o Evangelho?” (1Cor 9,16).

Ligando a Palavra com a ação eucarística


O amor da Trindade Santa nos gerou para uma vida nova.
Mergulhados na água, fomos batizados em nome do Pai, e do Filho
e do Espírito Santo.
Inseridos neste mistério de amor, somos convocados a nos reunir
para bendizer a Santíssima Trindade, como reza a antífona de entrada:
“Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito
Santo. Deus foi misericordioso para conosco”.
À oração litúrgica é dirigida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.
Já iniciamos a celebração em nome do Pai, e do Filho e do Espírito
Santo. À Trindade Santa nos reúne e nos une na celebração e na vida.
Como afirma a Carta aos Romanos (8,16-17): “O próprio Espírito
se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus. E, se
somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros
de Cristo; se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorifi-
cados com ele”.
De rito em rito, vamos mergulhando no mistério inefável que nos
toca e nos transforma em pessoas novas, ressuscitadas.

Sugestões para a celebração


à Preparar o espaço celebrativo usando a cor branca. Se possível,
colocar um ícone da Trindade.
à Os cantos e as músicas devem expressar o sentido da celebração.
Podem ser cantados: “Bendito sejas tu; Ó Senhor, nosso Deus
como é grande...” S1 8; “Aleluia, glória ao Pai, ao Filho e ao Espí-
rito; Ó Trindade imensa e uma; À Santíssima Trindade” (todos
os cantos se encontram no Cd Festas Litúrgicas 1, gravado pela
Paulus). Ou ainda “Ó Trindade, vos louvamos”, H3, p. 295.
no "Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

à Realçar a dimensão trinitária de toda a celebração.


à O sinal da cruz e a saudação inicial podem ser cantados.
à À oração eucarística pode ser a III, com o prefácio próprio da
Santíssima Trindade. O prefácio pode ser cantado. Ver letra e
música no Hinário III, CNBB, p. 65-68.
à Bênção final do Tempo Comum IV do Missal Romano.
à Às palavras do rito do envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado: “Que o Espírito da verdade vos conduza
à plena verdade. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.

Dia 4 de junho é a solenidade do Corpo e Sangue de Jesus


,

Cristo e é Dia Internacional das Crianças Vítimas da Agressão.


SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO
CORPO E SANGUE DE CRISTO

4 de junho de 2015
“ISTO É O MEU CORPO. ISTO É O MEU SANGUE”.

Leituras: Êxodo 24,3-8; Salmo 115(116B),12-13.15.16bc.17-18 (R/.13);


Hebreus 9,11-15; Marcos 14,12-16.22-26.

Situando-nos

A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é uma


celebração que tem raízes profundas na piedade do povo cristão.
Surgiu como resultado da devoção eucarística, iniciada na França e na
Bélgica, e que, do século XII em diante, se desenvolveu, acentuando
particularmente a presença real de Cristo no sacramento e, portanto
sua adoração. Certamente foram as visões de Juliana de Cornillon,
monja agostiniana de Liége (Bélgica), que tiveram influência decisiva
na instituição da festa. Ela foi instituída pelo Papa Urbano IV, pela
bula Transiturus de hoc mundo de 11 de agosto de 1264, devendo ser
celebrada na quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade, a qual
acontece no domingo depois de Pentecostes.
O Concílio Vaticano II deu novo significado a esta celebração, a
ligando à Páscoa do Senhor, o mistério eucarístico por excelência.
São Tomás de Aquino diz, sobre este mistério: “O unigênito Filho
de Deus, querendo fazer-nos participantes da sua divindade, assumiu
nossa natureza, para que, feito homens, dos homens fizesse deuses.
Assim, tudo quanto assumiu da nossa natureza humana, empregou-o
para nossa salvação. Seu corpo, por exemplo, Ele o ofereceu a Deus
Pai como sacrifício no altar da cruz, para nossa reconciliação; seu san-
gue, Ele o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso sangue e
purificação de todos os nossos pecados. (...) É oferecido na Igreja pelos
206 “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

vivos e pelos mortos, para que aproveite a todos o que foi instituído
para a salvação de todos”.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Marcos está situado na parte inicial da narrativa da


paixão (14,1-31). Após o reconhecimento de Jesus como o Ungido/
Messias pelo gesto da mulher anônima (14,1-11), sua entrega aparece
no contexto da Páscoa judaica (14,12-16) e a última Ceia está ligada à
realização plena do banquete messiânico no Reino de Deus (14,17-31).
Enviado para “servir e dar a vida em resgate por muitos” (10,45), Jesus
trilha o caminho de fidelidade ao Pai até a entrega total na cruz.
Jesus e os discípulos estão em Jerusalém para a festa da Páscoa,
memorial da libertação do Egito que reavivava a esperança da salvação
definitiva a realizar-se por meio do Messias. À festa da Páscoa era
celebrada durante oito dias. No primeiro dia, imolava-se o cordeiro
pascal. À Páscoa que os discípulos celebrarão é a da morte de Jesus, o
Messias crucificado. Por isso, os preparativos da ceia pascal sublinham
a iniciativa de Jesus. Os discípulos “encontram uma grande sala arru-
mada com almofadas por Jesus” (cf. 14,15), que prepara a sua Páscoa.
Ele se oferece como o verdadeiro cordeiro pascal, realizando plena-
mente a esperança profética (cf. Is 52,13-53,12).
Jesus, durante a ceia pascal, dá um sentido novo aos gestos ritu-
ais que eram realizados por ocasião das refeições judaicas solenes. Ão
tomar o pão, Jesus pronunciou a bênção, partiu-o e entregou a eles,
dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo” (14,22). Depois tomou o cálice,
deu graças, entregou a eles e todos beberam. Jesus disse-lhes: “Este é o
meu sangue da nova aliança, que é derramado por muitos” (14,23-24).
Os discípulos, ao compartilhar do pão e do vinho associados à morte
de Jesus, alimentam-se de seu corpo e sangue oferecidos para a vida
nova e definitiva de todos.

5 Cf Das obras de Santo Tomás de Aquino, presbítero. Opusculum 57, In festo Corporis Christi,
lect. 1-4, (Sec. XIII). In. Liturgia das Horas, vol. III. Ofício das Leituras, na solenidade do
Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

À expressão “sangue da aliança” remete a Êxodo 24,8, à aliança no


Sinai selada com o sangue de animais. O profeta Jeremias anunciou a
nova aliança (cf. Jr 31,31-34), que foi selada definitivamente em Cristo
“pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, perfeita realizada uma vez
por todas” (cf. Hb 10,10). O “sangue derramado em favor de muitos”
alude, de modo especial, a Isaías 53,12 e indica que Jesus é o Servo
sofredor por excelência, que entrega a vida pela salvação da humani-
dade. A Eucaristia torna-se o memorial da nova aliança, plenificada
na morte redentora de Cristo.
Jesus, por meio da paixão, morte e ressurreição, “beberá o vinho
novo no Reino de Deus” (14,25). Sua última ceia realiza a esperança
messiânica, a festa do Reino anunciada pelo profeta (cf. Is 25,6) e
manifestada na abundância do alimento (6,30-44; 8,1-10). Na ceia
de entrega da vida, que Jesus celebra com seus discípulos, culminam
as refeições celebradas com os publicanos e pecadores (2,16), com os
excluídos. Manifestam-se a realidade do banquete escatológico, a
esperança na realização plena do Reino. Antes de ir para o monte das
oliveiras, Jesus canta o hino, isto é, os salmos de louvor (113-118)º com
seus discípulos, fortalecendo a confiança no Pai.
A leitura do livro do Êxodo descreve a conclusão da aliança no
Sinai entre Deus e o povo. Moisés, depois de fazer a experiência do
encontro com o Senhor (19,3; 24,1-2), reúne o povo e comunica “todas
as palavras e todos os decretos do Senhor” (24,3a). Trata-se especial-
mente dos dez mandamentos (20,1-21) e do código da aliança (20,22-
23,33). O povo compromete-se a seguir o caminho da aliança, que
proporciona a comunhão com Deus e entre si: “Faremos tudo o que o
Senhor nos disse!” (24,3b).
Moisés construiu um altar e criou um espaço digno para a comu-
nidade celebrar e oferecer um sacrifício de comunhão (24,4-5). As
doze colunas sagradas sublinham o sentido da aliança para todo o
Israel. Após a leitura solene do “livro da aliança”, aspergiu o altar e o

6 Os Salmos 113-118 formam a coleção do Hallel ou “Aleluia”. Eles eram cantados nas grandes
festas de romaria e na ceia pascal (cf. Mc 14,26).
28 "Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

povo com o sangue do sacrifício, o “sangue da aliança”. Assim, os dois


contraentes da aliança: Deus, representado no altar (24,6) e o povo
(24,8) que renova o compromisso de obediência à Palavra (24,7), estão
unidos na comunhão de vida.
O Salmo 115(116B) é uma oração de louvor e ação e graças ao
Senhor, pois foram quebradas as cadeias da opressão. O salmista
ergue o cálice da salvação e invoca o nome do Senhor, como sinal de
compromisso.
À leitura da Carta aos Hebreus acentua que Cristo ressuscitado é
o novo sumo sacerdote, que entrou no santuário através da tenda maior
e mais perfeita. Com a única oferenda de si mesmo, levou à perfeição
para sempre os que Ele santifica (cf. 10,14), superando os sacrifícios
antigos. O sumo sacerdote entrava no santuário, no Santo dos Santos,
para oferecer o sacrifício anual de expiação (cf. Lv 16). Cristo ofereceu
a vida por nossa libertação definitiva. Seu caminho, plenificado no
mistério pascal, conduz à comunhão plena com Deus.
“Cristo, em virtude do Espírito eterno se ofereceu a si mesmo a
Deus como vítima sem mancha. Ele purificará a nossa consciência das
obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (9,14). Como a conclusão
da aliança realizava-se mediante a efusão de sangue (cf. Ex 24,6-8), a
nova aliança revela-se plenamente na morte redentora de Cristo em
favor de toda a humanidade. Assim, Cristo é ressaltado como “media-
dor da nova aliança” (9,15).

Atualizando a Palavra

À Eucaristia é o memorial do mistério pascal de Cristo, sua paixão,


morte e ressurreição. Deus sela a aliança eterna e definitiva com a
humanidade através da oferenda única e perfeita de Jesus (Hb 10,10-18),
que é atualizada na liturgia por meio da ação do Espírito Santo. Ao
comungarmos do corpo e sangue, em cada celebração, “estareis procla-
mando a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor 11,26), compro-
metidos a formar o autêntico corpo eclesial.
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O texto do Êxodo apresenta elementos litúrgicos essenciais, relacio-


nados com a celebração eucarística cristã, tais como a comunidade reu-
nida, a Palavra, o altar, o sacrifício de comunhão, o sangue da aliança.
Como discípulos e discípulas, celebramos a Eucaristia, motivados pela
entrega de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Rendemos
graças ao Pai com Cristo, “pão vivo (...) entregue pela vida do mundo”
(Jo 6,51). À identificação com Jesus, no caminho do seguimento, leva a
ser pão partilhado através da doação, do amor oblativo.
Santo Tomás de Aquino sublinha que, na Eucaristia, torna-se
presente a memória daquele imenso e inefável amor que Cristo, em sua
Paixão, demonstrou para conosco. Para que a imensidade deste amor
ficasse mais profundamente gravada nos corações dos fiéis, Cristo ins-
tituiu este sacramento durante a última Ceia, quando, ao celebrar a
Páscoa com seus discípulos, estava prestes a passar deste mundo para o
Pai. À Eucaristia é o memorial perene de sua Paixão, o cumprimento
perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os milagres
de Cristo.”
Como os discípulos, que seguiram o apelo do Mestre e encontra-
ram o espaço adequado para celebrar a ceia pascal e partilhar “aquele
pão e aquele vinho que Jesus lhes ofereceu”, somos chamados a entre-
gar, nas mãos do Senhor, toda a preparação para o XVII Congresso
Eucarístico Nacional, que será realizado em Belém do Pará de 15 a 21
de agosto de 2016. O tema será “Eucaristia e Partilha na Amazônia
Missionária” e o lema “Eles o reconheceram no partir do Pão”.

Ligando a Palavra com a ação eucarística


À solenidade de hoje, eco da celebração da Quinta-feira Santa, nos
faz experimentar, de forma mística e concreta, o mistério da entrega
do Senhor Jesus. Já na antífona de entrada somos agraciados com os
sinais da abundância divina: “O Senhor alimentou seu povo com a flor
o trigo e com o mel do rochedo o saciou”.

7 Cf. Das obras de Santo Tomás de Aquino, presbítero. Ofício das Leituras, na solenidade do
Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo.
A “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

De fato, somos saciados fartamente pelas mesas da Palavra e da


Eucaristia. No admirável sacramento, memorial da paixão do Senhor,
não somente veneramos o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo (cf. oração
do dia), mas comemos e bebemos com Ele, n'Ele e por Ele.
Os prefácios da Santíssima Eucaristia (I e II) rezam os grandes
temas eucarísticos das leituras bíblicas: “(...) Ele, verdadeiro e eterno
sacerdote, oferecendo-se a vós pela nossa salvação, institui o Sacrifício
da nova Aliança e mandou que o celebrássemos em sua memória. Sua
carne, imolada por nós, é o alimento que nos fortalece. Seu sangue, por
nós derramado, é a bebida que nos purifica...” E ainda o prefácio II: “(...)
Reunido os apóstolos na última ceia, para que a memória da cruz salva-
dora permanecesse para sempre, Ele se ofereceu a vós como cordeiro sem
mancha e foi aceito como sacrifício de perfeito louvor. Pela comunhão
neste sublime sacramento, a todos nutris e santificais. Fazeis de todos
um só coração, iluminais os povos com a luz a mesma fé e congregais os
cristãos na mesma caridade. Aproximamo-nos da mesa de tão grande
mistério, para encontrar por vossa graças à garantia da vida eterna”.
À solenidade do Corpo e Sangue de Cristo nos coloca em sintonia
profunda com o mistério da Páscoa do Senhor. Jesus Cristo, o Filho
de Deus, se faz corpo, carne, humano. Ele assume a nossa realidade
(menos o pecado), nossa história, nossas lutas. Ele se faz corpo entre-
gue e sangue derramado. Por isso, participar da Eucaristia, memorial
e anúncio da morte e ressurreição de Jesus, de sua entrega por amor,
deve provocar também em nós, seus discípulos(as), ações de amor soli-
dário. Celebrar em memória de Jesus significa fazer o que Ele fez — ser
alimento para a vida do mundo.

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o branco.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada festa.
Podem ser cantados: “Cristo pão dos pobres; Tu és sacerdote
eternamente...” 51 110(109); “Terra exulta de alegria” (sequên-
cia); “Aleluia, eu sou o pão vivo...; Dai-lhe de comer, ou Eu sou
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | Ra

o pão..” ou ainda: “Sede de Deus” (todos os cantos se encon-


,

tram no Cd Festas Litúrgicas II, gravado pela Paulus).


à Nos ritos iniciais, constituir, de fato, a assembleia, corpo vivo
do Senhor.
à Cantar a sequência proposta para esta solenidade.

à Onde for possível, os fiéis podem se aproximar do altar na litur-


gia eucarística.
à À oração eucarística pode ser a III, com o prefácio próprio da
Santíssima Eucaristia I ou II.
à Distribuir a comunhão sob as duas espécies, pois, como diz a
Instrução Geral do Missal Romano: “A comunhão realiza mais
plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies
Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do ban-
quete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade
divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor,
assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete
escatológico no reino do Pai” (n. 271).
» Benção final do Tempo Comum IV do Missal Romano.
» Às palavras do rito do envio podem estar em consonância com o
mistério celebrado: “Proclamem com a vida a Páscoa do Senhor.
Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.
à Após a missa, realiza-se a procissão com o Santíssimo.
à Amanhã, dia 5 é Dia da Ecologia e do Meio Ambiente.
10º DOMINGO DO TEMPO COMUM

7 de junho de 2015
"QUEM FAZ A VONTADE DE DEUS, ESSE É MEU IRMÃO,
MINHA IRMÃ E MINHA MÃE”.

Leituras: Gênesis 3,9-15; Salmo 129(130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R/.7);


2Coríntios 4,13-5,1: Marcos 3,20-35.

Situando-nos

Continuamos o itinerário espiritual, seguindo os passos de Jesus. Este


ano temos como guia o evangelista Marcos, que nos coloca frente a
frente com Jesus Cristo, o Messias, que vem instaurar o Reino de Deus
e não vem de forma triunfante, mas como servo sofredor, perseguido,
executado na cruz. Neste domingo, recebemos de Jesus a garantia de
que somos de sua família.
E uma nova família q que está se constituindo, , formada por por aqueles
aq
que conseguem entrar na intimidade d'Ele, que têm olhos para ver e
ouvidos para entender.
À liturgia de hoje nos convida a entrarmos nesse mistério. Con-
voca-nos a sermos parte de sua família, a qual não tem fronteiras de
nenhum tipo nem critérios que consideram uns superiores aos outros.
É um grupo aberto a todos e todas que queiram fazer a vontade de
Deus, estar ao seu redor, serem seus amigos.

Recordando a Palavra
O trecho do Evangelho de Marcos, lido hoje, está colocado após a
escolha dos Doze (3,13-19) e antes das parábolas sobre o Reino de
Deus (4,1-34). Ele revela que a escuta da Palavra é condição essencial
para ser discípulo de Jesus e participar de sua comunidade. A multidão
sofrida acorre a Jesus, vinda de várias regiões, com esperança de
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | BR

libertação (3,7-12). O caminho do discipulado leva a compreender “o


mistério do Reino de Deus” (4,11), que se revela, aos poucos, em Jesus,
o Cristo e Filho de Deus.
Jesus proclamava a Boa-Nova do Reino de Deus nas sinagogas
(1,21; 1,39), mas também nas casas (1,29; 3,20), em todo o “espaço”,
junto aos pobres, aos excluídos. Havia tanta gente que Jesus e os discí-
pulos não tinham tempo nem para comer (cf. 6,31). Em Nazaré, onde
viviam os parentes de Jesus, familiares e conhecidos, muitas pessoas
não o reconheceram como o enviado de Deus. Diversos motivos, como
o contato com os enfermos e pecadores, a questão da observância do
sábado, levam a pensar que Jesus enlouqueceu.
À libertação integral das pessoas gera conflitos, especialmente
com os líderes religiosos que diziam: “que ele estava possuído por
Beelzebu e expulsava os demônios pelo poder do chefe dos demônios”
(3,22). Jesus, por meio dos exemplos do reino, da casa dividida contra
si mesma e do arrombamento da casa de um homem forte (3,23-27),
mostra que suas ações não podem ser realizadas em parceria com Sata-
nás, “aquele que divide”. Um reino e uma casa divididos não subsistem.
Quem se opõe à missão de Jesus, guiada pelo Espírito desde o Batismo
(1,9-11), “blasfema contra o Espírito Santo”.
Os que acolhem os ensinamentos de Jesus, a serviço da vida e da
dignidade das pessoas, realizam a vontade de Deus. Jesus, percorrendo
com o olhar os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Eis minha
e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã
e minha mãe” (3,34-35). Sentar-se ao redor de Jesus é a atitude dos
discípulos autênticos, que escutam sua Palavra (cf. Lc 10,38-42) e rea-
lizam a vontade de Deus. À comunidade de irmãos e irmãs é formada
pelas pessoas que aderem a Jesus e manifestam a presença do Reino de
Deus através de palavras e ações.
À leitura do livro do Gênesis pertence a um bloco maior (2,4b-3,24),
escrito no tempo do rei Salomão (970-931 a.C.), para mostrar a reali-
dade do ser humano. Adão, “tirado da terra”, e Eva, “mãe dos viventes”,
representam o ser humano. À ambição em querer ser igual a Deus afasta
a “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

do caminho da solidariedade do jardim, plantado ao redor da árvore,


onde as relações eram vividas sem violência e dominação. Os caminhos
contrários aos ensinamentos do Senhor rompem a harmonia do paraíso,
a comunhão fraterna. Deus, porém, não abandona o ser humano, vai ao
seu encontro para restaurar sua dignidade.
À serpente, em Canaã e em Israel, era símbolo especialmente de
Baal, deus da fertilidade dos animais e plantas. Era usada, na reli-
gião oficial, para legitimar a concentração do poder nas mãos dos reis,
enfraquecendo assim as ações solidárias. O povo é chamado a seguir,
ao Deus único, e seu projeto de vida digna para todos, não a serpente
que gera males em todo o planeta. À promessa da vitória sobre a ser-
pente pela descendência de Eva, a mãe dos viventes (3,15), realiza-se
plenamente em Jesus, cuja entrega proporciona a vida eterna ao ser
vivente.
O Salmo 129(130), de romaria, expressa o clamor cheio de con-
fiança a Deus, o único que pode salvar. O salmista espera no Senhor e
em sua Palavra libertadora, mais que a sentinela pela aurora, após uma
noite de vigilância. O motivo da confiança absoluta é que no Senhor
encontra-se misericórdia e copiosa redenção.
À leitura da segunda carta aos Coríntios salienta que a audácia
apostólica decorre da confiança na graça do Senhor. Paulo, em meio
às tribulações, retoma o Salmo 116,10: “Acreditei, até mesmo quando
eu dizia: é demais meu sofrimento”, e testemunha: “Eu tive fé e, por
isso, falei” (4,13). A fé ativa imbuída da força do Espírito suscita o
testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus. À razão da fé está em
Deus, que ressuscitou Jesus e que ressuscitará o ser humano com ele,
conduzindo-o à comunhão eterna em sua presença. À adesão a Jesus,
no caminho do discipulado, faz a comunidade transbordar de ação de
graças para a glória de Deus.
O ensinamento do grande apóstolo insiste a “não perder a cora-
gem, a não desanimar” (cf. 4,1.16) no caminho de transformação inte-
rior que conduz à vida nova e plena em Deus. À imagem da tenda
dos nômades no deserto ensina a “renovar dia a dia nosso interior”.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | E

O mistério da graça de Deus, que atua em nossa fragilidade, e o tes-


temunho vivo de Jesus nos guiam no caminho dos valores do Reino,
que permanecem para sempre. Paulo lembra que o essencial é confiar
no Senhor: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se
realiza plenamente” (12,9).

Atualizando a Palavra

À verdadeira família de Jesus é formada por aqueles que escutam seu


ensinamento e praticam a vontade de Deus, no caminho do discipu-
lado. Como seguidores e seguidoras de Cristo, somos chamados a
formar comunidades fraternas de irmãos e irmãs, trabalhando para
vencer as forças contrárias ao Reino, que tentam enfraquecer a missão
a serviço do Evangelho. À realização definitiva do Reino de Deus,
manifestado em Jesus, é nossa esperança de novos céus e nova terra.
Jesus, o Messias/Ungido pelo Espírito, é a esperança que mostra
o caminho de volta para Deus. Por meio de seu ministério, plenificado
com sua morte e ressurreição, a vida eterna volta a ser condição para
o ser humano, que ressuscitará com ele. Proclamado por João Batista
como o “mais forte” (Mc 1,7), imagem messiânica que evoca Isaías
49,24-25, Jesus liberta de todos os males e opressões. Assim, o pecado
mais grave consiste em não reconhecer e rejeitar a força de Deus, que
se manifesta nas palavras e nas ações de Jesus a serviço da vida plena.
Desde o início do plano do Criador, o ser humano é tentado a
desviar-se do caminho da comunhão com Deus e com os irmãos. Ao
prestar ouvido à serpente, mais que a Deus e a seu projeto solidário,
sofre as consequências e perde a dignidade. À escuta atenta da Palavra
de Deus possibilita descobrir as raízes dos grandes males, que afastam
a humanidade do projeto da criação de Deus. Todos são impelidos a
cooperar na realização do reinado de justiça, amor, solidariedade.
Paulo, enquanto sofre a cada dia por causa do Evangelho,
renova a fé e a esperança na ressurreição de Cristo e na nossa. Os
desafios da evangelização, as tribulações tornam-se pequenos,
comparados à alegria da glória plena no Senhor. O Papa Francisco
Mo “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

afirma que precisamos de uma certeza interior, ou seja, da con-


vicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo
no meio de aparentes fracassos, porque “trazemos este tesouro em
vasos de barro” (2Cor 4,7).
O Espírito Santo trabalha como quer, quando quer e onde quer.
Nós nos gastamos com grande dedicação, mas sem pretender ver
resultados espetaculares. Sabemos apenas que o dom de nós mesmos é
necessário. No meio da nossa entrega criativa e generosa, aprendamos
a descansar na ternura dos braços do Pai. Continuemos para diante,
empenhemo-nos totalmente, mas deixemos que seja Ele, como melhor
Lhe parecer, a tornar fecundos nossos esforços.*

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Como família de Jesus, entremos na casa da Igreja, na certeza de que
Ele é a nossa luz e salvação.
Desde o nosso Batismo, renunciamos a todo tipo de ação que nos
separa do projeto de Jesus Cristo. A participação nos sacramentos da
Igreja nos ajuda a nos mantermos firmes no caminho de Jesus.
À liturgia de hoje nos coloca frente a frente com a pessoa de Jesus
que pede de nós uma opção: fazer a vontade de Deus.
Sozinhos, somos impotentes e frágeis. Na força do Espírito do
Senhor, iniciamos nossa celebração pedindo: “Ó Deus, fonte de todo o
bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o
que é certo e realizá-lo com vossa ajuda” (oração do dia).
Firmemos nossos passos no caminho do Senhor, coloquemos
nEle nossa esperança. Esperemos em sua Palavra e, a cada dia, com
ouvidos de discípulos, possamos discernir a vontade d'Ele sobre nós.
Como família de Jesus Cristo, façamos acontecer aqui e agora o Reino
de Deus.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o verde.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “O Senhor
é minha luz”, p. 122; “No Senhor, toda graça e redenção?”, p.
154-155; “Aleluia! Diz o Senhor..”, p. 223; “Quem faz a von-
tade de Deus, Pai do céu”, p. 265.
Pode ser realizada a bênção e a aspersão com água a qual
expressa a alegria e dá tonalidade pascal ao dia.
Junto à pia batismal, a pessoa que coordena convida a comunidade a
ficar de pé:

Irmãos e irmãs,
bendigamos ao Deus da vida por esta água
e peçamos que ele renove, em nossa vida,
a graça do santo Batismo.

Todos rezam em silêncio. O coordenador(a) conclui:

Deus de bondade e compaixão,


tu nos deste a irmã água, fonte de toda vida,
e quiseste que, por ela, recebêssemos
o Batismo que nos consagra a ti.
Abençoa esta água,
que ela nos proteja neste dia a ti consagrado,
e, renova, no mais profundo de cada um de nós,
a fonte viva de tua graça,
para que, livres de todos os males,
possamos caminhar sempre em tuas estradas
e praticar aquilo que é agradável aos teus olhos.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém!”

9 Penha CARPANEDO; Marcelo GUIMARÃES. Dia do Senhor: guia para as celebrações das
comunidades, Tempo Comum, ano B. São Paulo: Paulinas e Apostolado Litúrgico, 2003, p.
307.
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Na liturgia da Palavra, assumimos a atitude de escuta e nos


colocamos atentamente com o “ouvido do coração” para ouvir e
acolher a Palavra do Senhor. Um refrão meditativo pode ajudar
reunir o coração: “Fala Senhor, fala da vida, só tu tens palavra
eterna queremos ouvir”.
À oração eucarística pode ser a “para diversas circunstâncias —
IV — Jesus que passa pelo mundo fazendo o bem”.
Bênção final do Tempo Comum IV do Missal Romano.
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o
mistério celebrado. “Levem a todos a alegria do Senhor ressus-
citado. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.
No dia 9, lembramos José de Anchieta, missionário dos Guara-
nis (século 16) e, no dia 11, São Barnabé, apóstolo. No dia 12,
celebramos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus e é o Dia
dos Namorados. No dia 13, fazemos memória de Santo Antô-
nio, evangelizador e amigo dos pobres.
11º DOMINGO DO TEMPO COMUM

14 de junho de 2015
“A MENOR DE TODAS AS SEMENTES SE TORNA À
MAIOR DE TODAS AS HORTALIÇAS.

Leituras: Ezequiel 17,22-24; Salmo 91(92),2-3.13-14.15-16 (R/.cf. 2a);


2Coríntios 5,6-10; Marcos 4,26-34.

Situando-nos

Vamos caminhando na estrada de Jesus para conhecê-Lo e fazer nossa


opção por Ele. Hoje, mais uma vez, somos fortalecidos por sua Palavra
de vida e salvação.
Jesus nos fala da grandeza do Reino de Deus, comparando-a com
coisas bem simples, como uma insignificante semente lançada por ini-
ciativa gratuita de Deus.
Deus age. Cabe a nós um empenho laborioso, humilde, paciente e
esperançoso, movido pela graça divina para que o Reino cresça sempre.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Marcos continua o ensino de Jesus em parábolas


sobre o Reino de Deus. Ele foi iniciado com a parábola do semeador
(4,1-9), seguido com a finalidade das parábolas (4,10-12), a explicação
da parábola do semeador (4,13-20) e os ditos parabólicos sobre a
lâmpada (4,21-23) e o caminho do sábio (4,24-25). Jesus, servindo-se
da realidade agrária da Palestina, transmite sua mensagem sobre “o
mistério do Reino de Deus” (4,11), comparado ao maravilhoso cresci-
mento das sementes e à colheita abundante.
A parábola da “semente que germina e cresce por si só” (4,26-
29) sublinha a força vital da semente do Reino de Deus, que culmina
misteriosamente na colheita. O Reino, dom gratuito do amor de Deus
Ao "Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

revelado em Jesus, cresce apesar das circunstâncias adversas. Quem


segue Jesus deve semear sempre com fé e esperança, perseverar no
anúncio e no testemunho da Boa-Nova. “A espiga cheia de grãos”
mostra que a abundância, o êxito são garantidos pela ação de Deus.
À transformação realiza-se a partir da confiança na graça do Senhor,
na força eficaz de sua Palavra (1'Ts 2,13). À colheita indica a natureza
escatológica do Reino de Deus (Jl 4,13; Ap 14,15).
A parábola do grão de mostrada (cf. 4,30-32), “a menor das
sementes que se torna a maior das hortaliças”, acentua o grandioso
resultado da ação de Deus. À pequena semente de mostarda, que se
torna um grande arbusto onde os pássaros se aninham, ilustra a rea-
lidade transformadora do Reino de Deus que cresce e atrai muitos.
Os “pequenos” que aderem a Jesus e a sua Palavra tornam-se “grandes
árvores”, deixando a semente do Reino de Deus crescer e produzir
abundantes frutos.
A conclusão (4,33-34) é um sumário final de todas as parábolas,
introduzidas em 4,1-2. Jesus ensinava através de parábolas, modo com-
parativo que levava os ouvintes a refletirem sobre o fato. À seus discí-
pulos, Ele “explicava tudo em particular”. Os ensinamentos de Jesus
são compreendidos mais profundamente por aqueles que se tornam
discípulos e compartilham sua missão.
À leitura do profeta Ezequiel anima o povo exilado na Babilônia a
permanecer firme na aliança com Deus. Aponta para a esperança mes-
siânica que haverá de surgir, não obstante os sofrimentos. “Deus fará
brotar um novo rebento” (cf. 17,22; cf. Jr 23,5), para trilhar o caminho
da justiça. À promessa de libertação do exílio, que havia iniciado em
597 a.C. com a primeira deportação, concretizou-se somente em 538
a.C., quando o rei Ciro da Pérsia dominou a Babilônia e permitiu que
os exilados retornassem a Judá.
O povo é chamado a confiar em Deus, como o verdadeiro Sal-
vador, não nas grandes águias humanas: Nabucodonosor (cf. 17,3), o
Egito (cf. 17,7). O Senhor conduz a história e não abandona os que
acolhem seu projeto de salvação. Ele “abaixa a árvore alta e eleva a
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

árvore baixa” (cf. 17,24). Os impérios, os poderosos são transformados


e os pequenos e oprimidos são exaltados (cf. Lc 1,46-55; Mt 11,25-27).
À esperança messiânica se realizará plenamente com a vinda de Cristo,
em suas palavras e ações a serviço dos excluídos.
O Salmo 91(92) impele a celebrar a salvação de Deus com alegria
e gratidão: “Como é bom (...) anunciar pela manhã vossa bondade, e o
vosso amor fiel, a noite inteira”. Junto ao Senhor, em sua casa, o justo
crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano” e
« 2 . . 2, . 2 4 »

produz frutos de bondade.


À leitura da segunda Carta aos Coríntios pertence a uma unidade
maior (5,1-10), a qual está relacionada à leitura de domingo passado.
Paulo ensina a confiar na ação do Espírito de Deus (5,5) em meio aos
sofrimentos, que decorrem da evangelização. À esperança de “morar
junto do Senhor para sempre” (5,8; cf. 1Ts 4,17), transformados pela
vida nova (cf. Cl 3,10), deve iluminar a missão a serviço do Reino. O
“caminhar pela fé”
E» é testemunhado no compromisso de sermos “agra-
dáveis ao Senhor”.
Todos prestaremos contas a Cristo sobre as ações que realizamos
ao longo da vida, com nosso corpo, o “vaso de barro” (4,7). O saudável
“temor do Senhor” (5,11) motivou o ministério de Paulo, chamado a
ser apóstolo para o bem do povo, como meio de manifestar o conhe-
cimento de Deus revelado na vida, morte e ressurreição de Cristo. Ele
acreditava na ação da graça, que transforma e conduz pelo caminho até
a vida plena de comunhão com o Senhor.

Atualizando a Palavra

As diversas parábolas, reunidas por Marcos em 4,1-34, levam a


compreender o sentido da prática de Jesus e impelem à adesão ao
caminho do discipulado. “Os que permanecem fora de tudo” (4,11),
sem comprometimento com a nova comunidade formada ao redor de
Jesus de sua Palavra e ação, não compreendem o “mistério do Reino
de Deus”. Como a “semente que germina e cresce por si só”, o Reino
mostra sua força transformadora em toda a realidade.
Ao “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

O Reino de Deus possui, em si mesmo, uma força vital que o


leva até a realização plena. Assim, a pequena semente lançada na terra
cresce até a colheita, enquanto o agricultor descansa ou se ocupa de
outras atividades. O exemplo da sementinha de mostarda que se torna
um arbusto frondoso, onde os pássaros se abrigam, revela a força dinã-
mica do Reino de Deus. À pequena comunidade dos que se empenham
em agradar a Deus, em realizar sua vontade, conforme o ensinamento
de Jesus, testemunha a ação de seu reinado de justiça e fraternidade.
À presença do Reino de Deus continua se revelando nas pessoas
que realizam pequenos gestos de amor, de solidariedade. À semente
da Palavra de Jesus cresce na gratuidade até a colheita, a realização
plena do Reino. Em meio às adversidades, o essencial é semear com
esperança, trabalhar em prol da construção de um mundo novo de
justiça e paz, confiando na ação libertadora do Senhor que age atra-
vés de seu Espírito.
O Papa Francisco convida a acreditar no Evangelho que diz que o
Reino de Deus já está presente no mundo. Ele vai se desenvolvendo aqui
e além de várias maneiras: como a pequena semente que pode chegar a
transformar-se numa grande árvore (cf. Mt 13,31-32); como o punhado
de fermento que leveda uma grande quantidade de massa (cf. Mt 13,33);
como a boa semente que cresce no meio do joio (cf. Mt 13,24-30) e
que sempre nos pode surpreender positivamente: ei-la que aparece, vem
outra vez, luta para florescer de novo."

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Jesus é o Verbo que se fez Carne para a vida do mundo. Ele, Palavra
viva é também o semeador. Reunidos em torno d'Ele, nos alimentados e
somos nutridos. Esta Palavra cresce em nós, conforme o querer de Deus.
Celebramos na convicção que Deus é a força dos que esperam
nEle e suplicamos que Ele nos seja favorável, pois nada podemos em
nossa fraqueza. Que o Senhor nos conceda a graça para que possamos
agir de acordo com o seu querer (cf. oração do dia).

10 Cf. EG, n. 278.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

No centro da celebração eucarística, aclamamos e proclamamos


a certeza de que o Reino de Deus já está presente, pois anunciamos
a morte do Senhor Jesus, proclamamos sua ressurreição e, plenos de
certeza, esperamos sua vinda gloriosa.
Alimentados nas mesas da Palavra e da Eucaristia, sejamos profe-
tas do Reino de Deus.

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o verde.
ha Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Ó Senhor,
ouve o meu grito”, p. 122; “Como é bom agradecermos?”, p.
154-155; “Aleluia! Vem abrir nosso coração, Senhor?”, p. 224;
“O Reino de Deus, qual grão de mostarda”, p. 265.
à Acolher fraternalmente os irmãos e irmãs que chegam para a
celebração.
Proclamar bem a Palavra de Deus, de modo que todos a escu-
tem e acolham e a ela respondam com fé e confiança.
Na procissão das oferendas, além do pão e do vinho, pode ser
levada uma porção de sementes as quais, ao final da celebração,
poderão ser abençoadas e distribuídas para quem quiser plantá-las.
Ao final da celebração, fazer a bênção das sementes:
Quem preside reza:
Ó Deus da vida, tu que fazes frutificar toda boa semente e toda
obra boa.
Abençoa estas sementes. Cresçam vigorosas e deem fruto.
Com elas, cresça também nosso compromisso de orientar
toda a nossa vida no serviço do teu Reino.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém!”.!!
No dia 19, lembramos São Romualdo, abade, fundador dos
monges Camaldolenses.

11 Penha CARPANEDO; Marcelo GUIMARÃES. Dia do Senhor: guia para as celebrações das
comunidades, Tempo Comum, ano B. São Paulo: Paulinas e Apostolado Litúrgico, 2003, p. 99.
12º DOMINGO DO TEMPO COMUM

21 de junho de 2015
"QUEM É ESTE, A QUEM ATÉ O VENTO E O MAR OBEDECEM?"

Leituras: Jó 38,1.8-11; Salmo 106(107),23-24.25-26.28-29.30-31 (R/.1b);


2Coríntios 5,14-17; Marcos 4,35-41.

Situando-nos

O evangelista Marcos continua sua narrativa, revelando quem é Jesus.


Hoje, Ele se revela como o Senhor das forças da natureza, acalmando
a tempestade que amedronta seus discípulos.
Em meio às tempestades e perigos da vida, a Palavra do Senhor
nos enche de confiança e nos faz renovar a fé em sua presença perma-
nente. Mesmo que os ventos sejam contrários, Ele está no meio de nós,
indicando caminhos, nos dando segurança nos momentos de temor.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Marcos narra o episódio da tempestade acalmada.


O ensino em parábolas (cf. 4,1-34) é seguido de quatro narrativas de
milagres: a tempestade aclamada (cf. 4,35-41), o endemoninhado da
região dos gerasenos (cf. 5,1-20), a cura da mulher com hemorragia e
a ressurreição da filha de Jairo (cf. 5,21-43). Jesus, depois de ensinar
através da Palavra, ensina por meio de ações salvíficas, sendo chamado
pelos discípulos de “Mestre” (4,38).
“Essas ações de Jesus se sucedem no decorrer de alguma viagem:
para ir à região dos gerasenos é necessário atravessar o lago e, durante
a travessia, desencadeia-se a tempestade; do outro lado, em terra pagã,
Jesus cura o endemoninhado e volta para o território judeu. Jairo pede
a Jesus que vá curar sua filha; no trajeto dá-se a cura da hemorroíssa e,
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | EB

chegando à casa de Jairo, Jesus ressuscita a menina”. O sentido pleno


dos milagres é descoberto à luz da ressurreição de Cristo, de sua vitória
sobre a morte.
À narrativa da tempestade acalmada começa com o convite de
Jesus dirigido aos discípulos ao cair da tarde: “Passemos para a outra
margem?” (4,35). Depois de serem instruídos de forma particular por
Jesus (cf. 4,34), os discípulos são impelidos a fazer a travessia com ele,
que permanece no barco “do modo como estava”, quando dirigiu o
ensino em parábolas (4,1-2). Enquanto atravessavam o lago de Tibe-
ríades, “veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam
dentro do barco; e este se enchia de água” (4,37).
Conforme a mentalidade da época, o mar era o lugar onde sur-
giam as forças caóticas e os poderes promotores do mal (cf. Dn 7). Os
discípulos, ameaçados pelas adversidades, procuram Jesus: “Mestre,
não te importa que estejamos perecendo?” Jesus “se levantou e repreen-
deu o vento e o mar: Silêncio! Cala-te!” (4,39). Em 1,25, Jesus liberta
a pessoa do espírito impuro, dizendo: “Cala-te, sai dele!”. Seus segui-
dores são exortados a confiar em sua presença salvífica: “Ainda não
tendes fé?” (4,40). A confiança na vitória de Cristo sobre a morte pela
ressurreição garante a eficácia da missão dos discípulos.
À experiência da fé leva os discípulos a descobrir progressivamente
quem é Jesus, seu poder de salvação sobre as forças opostas ao projeto
de Deus. À pergunta: “Quem é este, a quem obedecem até o vento e o
mar?” (4,41) já contém uma profissão de fé implícita em Jesus, o Filho
de Deus. O reconhecimento da identidade de Jesus conduzirá à liber-
tação plena do medo. Em 1,27, o povo também dizia: “Quem é este?”,
diante da libertação da pessoa do espírito impuro. As obras realizadas
por Jesus, como controlar o vento e o mar, eram atribuídas a Deus
(cf. S1 107,23-32). Jesus liberta os discípulos dos fenômenos cósmicos,
das forças caóticas, assim como libertou a pessoa escravizada.
À leitura do livro de Jó pertence à sua última parte (38,1-42,6),
a qual ressalta a experiência do encontro com Deus, que dá sentido

12 Cf. Delorme Jean. Leitura do Evangelho segundo Marcos, p. 62.


o “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

à existência do ser humano: “Eu te conhecia só por ouvir dizer, mas,


agora, vejo-te com meus próprios olhos” (42,5). O caminho da Pala-
vra conduziu Jó ao encontro com o Senhor da vida. O texto de hoje
começa dizendo que “Então o Senhor, do meio da tempestade, res-
pondeu a Jó” (38,1), revelando a eficácia de sua Palavra que domina as
forças do mal e do caos.À tempestade remete às “teofanias”, à maneira
de Deus manifestar sua presença de salvação (cf. Sl 18,8-16; 50,3; Na
1,3; Ez 1,4; Ex 13,22; 19,16). O Senhor manifesta sua presença de sal-
vação, que ilumina o povo ao longo da história. Depois de colocar os
fundamentos da terra (38,4-7), Deus controla o mar, “Eu o demarquei
com meus limites” (38,10). Sua Palavra criadora organiza e conduz o
universo com sabedoria.
O Salmo 106(107) é um hino de ação de graças ao Senhor por
seu amor, suas maravilhas manifestadas em favor do ser humano. O
Deus, que ouviu o clamor e “transformou a tempestade em brisa suave”
revelou-se plenamente em Cristo acalmando a tempestade, vencendo
as forças que geram o mal.
A leitura da segunda carta aos Coríntios apresenta o amor de
Cristo, revelado em sua morte na cruz, como o fundamento do minis-
tério apostólico. “O amor de Cristo nos impele (5,14), levando-nos a
uma vida nova. “Cristo morreu por todos, para que não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”
(5,15). Sua entrega nos impele a permanecer em comunhão com Ele e
seu projeto (cf. 1Ts 5,10). Paulo, após o encontro com o Ressuscitado,
no caminho de Damasco, afirma: “Já não sou eu que vivo é Cristo que
vive em mim” (Gl 2,20).
A adesão a Cristo implica testemunhar a nova humanidade: “Se
alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora
tudo é novo” (5,17). À nova criação revelou-se na Páscoa de Cristo,
mediante a qual Deus reconciliou o mundo (5,18-21). Assim, somos
chamados a anunciar o amor reconciliador, que brota do encontro com
Jesus, o Crucificado/Ressuscitado. O novo modo de viver em Cristo
leva a construir uma ordem social verdadeiramente justa e redimida.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | ER

Atualizando a Palavra

Jesus, por meio da morte e ressurreição, manifesta sua força vitoriosa


que nos conduz a “passar para a outra margem”. Na época em que o
Evangelho de Marcos foi escrito, por volta do ano 70 d.C., os discípulos
eram ameaçados pela perseguição e pela hostilidade. A falta de fé e
confiança impede de correr o risco com Jesus que está na “barca”, na
comunidade de seus seguidores e seguidoras. É necessário escutar as
palavras de Jesus, dirigidas aos discípulos, no meio da tempestade:
“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”.
O discípulo, que segue o caminho indicado por Cristo, testemunha
a paz e a reconciliação, diante das adversidades que dificultam a difusão
da Boa-Nova do Reino de Deus. À fé e a confiança na graça do Senhor
levam a praticar gestos de misericórdia e compaixão, que proporcio-
nam transformar situações de morte em vida plena. O amor gratuito
de Deus, manifestado em Cristo, impulsiona a vivermos como criaturas
novas, comprometidas com seu reinado de justiça e fraternidade.
Deus, o Senhor, não abandona nenhuma de suas criaturas, mas
sustenta sua vida com amor eterno. O mistério insondável de Deus,
sua bondade, providência, justiça e amor com todos os seres criados,
especialmente o ser humano, leva a confiar e a escutar sua Palavra
como Jó o fez. À experiência profunda do encontro com Deus conduz
Jó a superar o princípio de justiça e retribuição, que guiava especial-
mente seus amigos. Deus atua continuamente, mesmo nos sofrimen-
tos, desastres, tribulações, fazendo novas todas as coisas.
No entanto, tempestades e catástrofes naturais — como o tsunami
que, em dezembro de 2004, deixou milhares de mortos em vários paí-
ses banhados pelo Oceano Índico, sobretudo na Indonésia, Tailândia,
Índia, Sri Lanka; o tufão, como o das Filipinas, em novembro de 2013,
que também causou devastação e mortes; as inundações e as secas em
diversos lugares do mundo — podem ser evitadas com políticas públi-
cas e ambientais consistentes e com o compromisso das autoridades e
de cada cidadão. À falta de preservação do planeta e de seus recursos,
destinados ao bem comum de todos, compromete a vida digna.
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!
. , F/A

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Jesus está presente na comunidade reunida, como Ele próprio afirmou.
Não precisamos temer. Ele, que acalmou mares e tempestades, nos
encoraja com sua presença na comunidade reunida, na Palavra procla-
mada, na pessoa de quem preside e no pão e no vinho consagrados.
O Senhor é força do seu povo, fortaleza e salvação do seu Ungido. Ele
nos salva, nos abençoa e nos governa para sempre (cf. antífona de entrada).
Vivemos em tempos de mar agitados por tanta desigualdade, cor-
rupção, injustiças e infidelidades ao Senhor, porém Ele não nos aban-
dona jamais. À certeza de sua presença em nossa vida nos animada e
fortalece para remarmos o barco da vida.
Participando ativamente da ação litúrgica, renovamos nossa fé no
Senhor que morreu por nós. Tocados e plenificados por mistério tão
sublime, não vivamos mais para nós mesmos, mas para aquele que por
nós morreu e ressuscitou (cf. 2Cor 5,15-16). Por Cristo, com Cristo e
em Cristo, sejamos criaturas novas, transformando o mundo velho em
um novo mundo.

Sugestões para a celebração


» À cor usada é o verde.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Do seu povo
Ele é a força”, p. 122; “Dai graças ao Senhor!”, p. 156-157; “Ale-
luia! Jerusalém, a teu Deus o teu louvor!”, p. 224; “Acalmaste,
Senhor, a procela”, p. 266-267.
À» Acolher afetuosamente e bem fraternalmente as pessoas que
chegam, para que, aos se reunir, a assembleia seja, na verdade,
uma família de irmãos e irmãs.
» Durante a homilia, identificar o mar e as tempestades que hoje
abalam nossa frágil embarcação.
à Fazer a profissão de fé de forma dialogada como na liturgia
batismal.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | RB

à ÀAs palavras do rito de envio podem estar em consonância com


o mistério celebrado. “Tenham fé e coragem. Ide em paz e que
o Senhor vos acompanhe”.
à Dia 23 é vigília da Solenidade do Nascimento de João Batista e
dia 24 é o dia da festa. Dia 25 é o Dia do Migrante e dia 26 é o
Dia Nacional de Combate às Drogas.
SOLENIDADE DE SÃO PEDRO
E SÃO PAULO, APÓSTOLOS

28 de junho de 2015
“TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO".

Leituras: Atos 12,1-11; Salmo 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R/.5);


2Timóteo 4,6-8.17-18; Mateus 16,13-19.

Situando-nos

Celebramos hoje a solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo. É uma


celebração antiquíssima, anteriores mesmo à festa do Natal. Dois
seguidores de Cristo, dois apóstolos, dois mártires, com diferenças
claras, como relata a escritura (cf. At 15; Gl 2,11-14), porém unidos
pelo evangelho de Jesus Cristo.
“São duas oliveiras diante do Senhor, brilhantes candelabros de
esplêndido
p fulgor”
B (hino do ofício das leituras). Embora tenham sido
martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro
foi à frente; Paulo o seguiu.
Hoje, com o coração agradecido, louvemos ao Senhor por estes
dois apóstolos que foram por Cristo consagrados. São colunas da Igreja
e lavaram as vestes no sangue do Cordeiro.
Lembramos hoje do Bispo da Igreja de Roma, de todos os batiza-
dos que com espírito ardoroso se colocam a serviço, pregando o evan-
gelho a todos, dos pastores das Igrejas cristãs e de todos os servidores
das comunidades.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Mateus situa-se em uma parte maior (13,53-18,35),


que culmina com o discurso eclesiológico de Jesus sobre a comunidade
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | “RB

de seus seguidores e seguidoras. Após o relato da profissão de fé de


Pedro (16,13-20), segue-se o anúncio da morte e ressurreição de Cristo,
o Messias Servo, e a exortação feita aos discípulos para segui-Lo no
caminho até a cruz (16,21-28).
Jesus pergunta aos discípulos a opinião do povo e deles mesmos a
respeito de sua identidade. A atuação libertadora de Jesus faz o povo
lembrar grandes profetas do passado. Havia a esperança do retorno
de Elias como precursor do Messias (cf. M1 3,23-24). Herodes Anti-
pas associou a missão de Jesus a João Batista ressuscitado dos mortos
(14,2). Jeremias, o profeta sofredor por excelência, aponta para a pai-
xão de Jesus. Revelado no batismo como o Filho amado do Pai, Jesus
“cumpre toda a justiça” (3,15), realizando as expectativas proféticas
Os discípulos, que haviam acompanhado o ministério de Jesus,
são interpelados a responder à questão essencial que os identifica no
caminho do seguimento: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (cf. 16,15).
À resposta de Pedro, dada em nome dos discípulos, expressa a adesão
existencial a Jesus como “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16,16). O
termo hebraico “Messias” é traduzido para o grego como “Christos”,
ambas as palavras significam Ungido.
Na profissão de Pedro, ressoa a fé da comunidade cristã primi-
tiva que, iluminada pela ressurreição de Jesus e inspirada pela ação
do Espírito Santo, testemunha Jesus como o Cristo e Filho de Deus
(cf. 1,1.16; 3,17; 14,33; 27,54). A experiência de adesão leva a reco-
nhecer que Jesus é o Ungido de Deus, o Messias Servo que manifesta
a Boa Notícia do Reino aos oprimidos (11,5; cf. Is 61,1). A comuni-
dade experimenta Jesus “vivo” em seu meio como o Emanuel, o Deus
conosco (cf. 1,23; 28,20; cf. 18,20).
Os que reconhecem e testemunham a verdadeira identidade de
Cristo, como Pedro, são felizes, bem-aventurados. Pedro, como pedra,
deve ser fundamento para a comunidade eclesial, que está se formando
ao redor de Jesus e de sua Palavra e ação. O termo grego Ekklesia,
“Igreja”, ocorre em 16,18 e 18,17 e designa especialmente “assembleia
do povo de Deus”. Às forças opostas ao Reino de Deus não prevale-
cerão contra a comunidade, construída sobre a pedra angular, que é
a “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Cristo. A “administração das chaves do Reino dos Céus” (16,19) realça


o compromisso a serviço do projeto de Deus. Cooperar no crescimento
do Reino de Deus, instaurado por Jesus, é missão confiada a Pedro e a
toda a comunidade cristã (18,18).
À leitura dos Atos dos Apóstolos refere-se ao episódio da prisão
e libertação de Pedro. As perseguições, por causa da Boa-Nova do
Reino de Deus, começaram com Jesus e agora continuam na vida de
seus seguidores. Estamos por volta do ano 44, quando Tiago, filho de
Zebedeu, que pertencia ao grupo dos doze apóstolos, foi morto por
ordem de Herodes Agripa I, neto do famoso Herodes, o Grande.
Pedro é aprisionado na proximidade da Páscoa (12,1-4), revivendo
o destino de Jesus (cf. Lc 22,1). Ele “estava dormindo”, quando o anjo “o
despertou” (12,6-7). Esses verbos remetem especialmente à morte e res-
surreição de Jesus. À ação de Deus, manifestada na Páscoa de Jesus, liberta
Pedro por meio do “anjo” como libertou os israelitas do Egito. Enquanto
Pedro era libertado, a comunidade estava reunida em oração (12,5.12).
O Salmo 33(34) é uma oração pessoal de ação de graças ao Senhor,
que liberta aqueles que buscam o refúgio em sua bondade. O “anjo do
Senhor acampa ao redor dos que o temem”, comprometidos com seu
projeto de justiça e vida plena para todos.
À leitura da Segunda Carta a Timóteo apresenta o ensinamento
e o testemunho de Paulo, como um testamento deixado às comunida-
des cristãs. Ele realizou o ministério com fidelidade: “Combati o bom
combate, terminei a corrida, guardei a fé” (4,7). Por isso, aguarda com
confiança o encontro definitivo com o Senhor. À entrega total de sua
vida é comparada com as libações, onde se derramavam vinho, água ou
azeite sobre as vítimas (cf. F1 2,17).
Paulo em meio aos sofrimentos e às perseguições experimentou o
abandono de todos, como Jesus na hora da paixão (cf. Mt 26,31.56).
No entanto cheio de confiança no Senhor, ele completou a missão
entre os gentios em circunstâncias adversas: “a Palavra tinha de ser
ouvida por todas as nações” (cf. 4,17). A esperança tornou-se motivo
de alegria e consolo diante das tribulações por causa do Evangelho.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | Mm

Atualizando a Palavra

À pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”, citada por


todos os evangelistas sinóticos (cf. Mt 16,15; Mc 8,29; Lc 9,20), não
é dirigida apenas aos primeiros seguidores de Cristo, mas a todos os
que continuam trilhando o caminho, arriscando suas vidas por causa
da Boa-Nova. Os dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo, ensinam a
reavivar a adesão profunda a Jesus e a colaborar com seu projeto de
salvação. Eles são modelos de seguimento, pois confiaram no Senhor
e perseveraram unidos na fé e no testemunho até a entrega total de
suas vidas.
O Papa Francisco sublinha que a fé em Jesus Cristo tornou Pedro
e Paulo irmãos e o martírio os levou a serem um só. São Pedro e São
Paulo, tão diferentes entre si no plano humano, foram escolhidos pes-
soalmente pelo Senhor Jesus e responderam ao chamamento ofere-
cendo sua vida inteira. Em ambos, a graça de Cristo realizou grandes
coisas, transformou-os. E como os transformou!
Simão negara Jesus no momento dramático da Paixão; Saulo per-
seguira duramente os cristãos. Ambos, porém, acolheram o amor de
Deus, deixando-se transformar por sua misericórdia, assim, tornaram-
-se amigos e apóstolos de Cristo. Por isso, eles continuam a falar à
Igreja e indicam-nos, até hoje, o caminho da salvação. Também a nós,
Deus nos transforma como transformou Pedro e Paulo.
O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta muitas características e
seu testemunho. Por exemplo, Pedro ensina-nos a fitar os pobres com
um olhar de fé e a comunicar-lhes aquilo que possuímos de mais pre-
cioso: o poder do nome de Jesus. Foi o que fez àquele paralítico: ofere-
ceu-lhe tudo o que possuía, ou seja, Jesus (cf. At 3,4-6). Sobre Paulo,
narra-se três vezes o episódio da vocação no caminho de Damasco,
o qual transformou sua vida, marcando claramente um antes e um
depois. Antes, Paulo é um implacável inimigo da Igreja. Depois, põe
sua existência inteira a serviço do evangelho.
O encontro com a Palavra de Cristo é capaz de transformar com-
pletamente nossa vida. Não é possível ouvir esta Palavra e ficar parado
A “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

no mesmo lugar, permanecer bloqueado nos próprios hábitos. Ela nos


impele a vencer o egoísmo que se abriga em nosso coração para seguir
com determinação aquele Mestre que deu a própria vida por seus ami-
gos. Mas é Ele que, com sua Palavra, nos transforma; é Ele que nos
muda; é Ele que nos perdoa tudo, quando nós abrimos o nosso coração
e pedimos perdão. Deus deseja também que nós sejamos repletos da
sua graça, como fez com Pedro e Paulo."

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Deus nos concede hoje a alegria de festejar São Pedro e São Paulo. São
“os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a
com seu sangue. Beberam do cálice e se tornaram amigos de Deus”
(antífona de entrada).
Pedro e Paulo foram discípulos assíduos na escuta do Mestre
Divino. Não só ouviram, como viveram e anunciaram a Palavra do
Senhor. Que a Palavra que hoje nos alimenta nos impulsione para a
missão que o Senhor nos confia.
Fiéis seguidores de Jesus Cristo, eles se associaram intimamente
ao mistério da paixão e morte do Senhor, por meio do martírio pela
cruz e a espada.
Participando da Eucaristia, somos identificados com Cristo e
confirmados em seu caminho, para sermos disponíveis a nossos irmãos
e irmãs, até a morte.

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o vermelho.
à Poderia se integrar elementos do costume popular à vigília.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada festa:
“Canta, meu povo; De todos os temores me livrou...; Aleluia, tu és
Pedro; Quem nos separará; Com Pedro e com Paulo; Tu és Pedro”,

13 Cf. Ângelus, Praça de São Pedro, 29 de junho de 2014.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | RB

Vejam CD Festas Litúrgicas II. Ou ainda: “Os seus pés são tão
lindos”, Oficio Divino das Comunidades, p. 124.115 (1º refrão).
» Após a homilia, a comunidade pode retomar a confissão de fé
de Pedro e renovar sua própria profissão de fé, por meio do
“Creio”. Pode também renovar as promessas do Batismo ou,
então, os ministros e ministras renovarem o compromisso
assumido.
à O prefácio é o de São Pedro e São Paulo e a oração eucarística
pode ser a Tou a III.
à Bênção final solene para a Solenidade de São Pedro e São Paulo:
Missal Romano, n. 16.
à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. “Sejam oferenda agradável a Deus. Ide em
paz proclamem a todos as maravilhas realizadas pelo Senhor e
que o Senhor vos acompanhe”.
à Dia 3 de julho é festa de São Tomé, apóstolo.
14º DOMINGO DO TEMPO COMUM

5 de julho de 2015
“UM PROFETA SÓ NÃO É ESTIMADO EM SUA PÁTRIA”.

Leituras: Ezequiel 2,2-5; Salmo 122(123),1-2a.2bcd.3-4(R/.2cd);


2Coríntios 12,7-10; Marcos 6,1-6.

Situando-nos

Como comunidade de fé, vamos seguindo o caminho espiritual e


pedagógico, proposto pelo ano litúrgico, acompanhando Jesus em seu
itinerário pascal e, pouco a pouco, descobrindo seu jeito de ser.
Neste domingo, Marcos nos fala da rejeição dos contemporâneos
de Jesus, que o enxergam somente com olhos humanos. Somos convi-
dados a renovar nossa fé e adesão a Ele, o Filho de Deus, encarnado
na história humana.
Celebramos a páscoa do Senhor que nos envia como profetas a
anunciar a Boa Notícia em todos os cantos da terra.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Marcos apresenta o episódio da vinda de Jesus a


Nazaré, sua pátria, onde a incredulidade contrasta com a fé expressa
nos milagres anteriores, com o reconhecimento de seu poder de ressus-
citar até os mortos (4,35-5,43). Nazaré era uma aldeia da Galileia (1,9),
pequena e insignificante (Jo 1,46). O ensino de Jesus a serviço da vida
plena é acolhido por muitas pessoas, mas também rejeitado por outras.
Ao chegar o “sábado”, Jesus começou a ensinar na sinagoga. Suas
palavras suscitam admiração nos ouvintes: “De onde lhe vem isso?
Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados
por suas mãos?” (6,2). Em 1,21-28, os que haviam escutado a Palavra
de Jesus, acompanhada da ação libertadora em favor da pessoa com
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | BI

espírito impuro, reconhecem o ensinamento novo de Jesus. Em 3,1-6,


os grupos dominantes começam a tramar a morte de Jesus, após a cura
da pessoa com a mão paralisada, na sinagoga, em dia de sábado.
O ensino de Jesus revela que Ele é o Messias Servo, enviado pelo
Pai para oferecer a vida em plenitude. Muitas pessoas não reconhecem
a presença de Deus no “carpinteiro, o filho de Maria” (6,3), pois espe-
ravam um Messias poderoso, triunfalista. Jesus afirma que “um pro-
feta só não é valorizado na sua própria terra” (6,4). A consequência da
atuação de Jesus é a mesma dos profetas, perseguidos e mortos (cf. Mt
23,29-36). À falta de acolhimento a Jesus, Cristo e Filho de Deus, pre-
figura sua rejeição extrema que culminará na cruz. Crer é a condição
para pertencer à nova família de Jesus, à nova comunidade formada ao
redor d'Ele e de sua Palavra e ação.
Por causa do ambiente geral de rejeição e incredulidade, Jesus rea-
lizou apenas alguns milagres de cura. À incompreensão dificulta o
reconhecimento dos sinais de salvação realizados por Jesus, o filho de
Maria, o trabalhador que cresceu em Nazaré junto com familiares,
amigos e conhecidos. À adesão a Jesus proporciona a cura, a descoberta
da novidade radical do Reino de Deus que Ele anunciava. “Jesus se
admirava da incredulidade deles” (6,6), mas continuava proclamando
a Boa-Nova do Reino nos povoados da região.
À leitura do profeta Ezequiel é parte da missão que Deus confia
ao profeta em 2,1-3,15. Ezequiel está “caído no chão” (cf. 1,28), pros-
trado como o povo exilado na Babilônia. Porém, ele se deixa mover
pelo Espírito do Senhor, que o coloca em pé, em atitude de prontidão.
Assim, ele ouve a voz de Deus que toma a iniciativa do chamado e o
envia a anunciar sua Palavra aos israelitas.
Ezequiel, como outrora Jeremias (cf. Jr 7,24), recebe a missão de falar
em nome de Deus a um povo rebelde. O êxito é garantido pela força da
Palavra do Senhor que, mesmo rejeitada, realiza o objetivo: “Quer te escu-
tem, quer não — saibam que houve um profeta entre eles” (2,5). Deus não
abandona o povo, não obstante suas infidelidades. Ao longo da história,
Ele envia profetas para conduzi-lo no caminho da aliança.
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

O Salmo 122(123) é uma súplica confiante que convida a “levantar


os olhos” para o Senhor em meio às aflições, ao desprezo e às humilha-
ções. Como os romeiros, o salmista mantém os olhos fixos em Deus,
enquanto caminha e espera a salvação diante dos poderosos e opressores.
A leitura da Segunda Carta aos Coríntios integra a última parte
da carta (10,1-13,10), que ressalta a força de Deus manifestada na fra-
queza, como na cruz de Cristo. O “espinho na carne” (12,7) recorda
especialmente o sofrimento de Paulo em meio às adversidades enfren-
tadas na evangelização. Assim, ele testemunha a força da ressurreição
do Senhor através das fadigas do apostolado.
“Por causa de Cristo”, Paulo sofreu humilhações, necessidades,
perseguições, angústias. O caminho de identificação com Jesus leva
a reconhecer que “quando somos fracos, então é que somos fortes”.
O êxito da missão é assegurado pela confiança no Senhor: “Basta-te
a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu
poder” (12,9). A presença do Senhor fortalece o ministério apostólico
de Paulo, como outrora o de Jeremias (cf. Jr 15,20-21).

Atualizando a Palavra

À sabedoria das palavras de Jesus de Nazaré e as ações compassivas de


suas mãos deixavam as pessoas maravilhadas. O Papa Francisco fala
que Nosso Senhor conquistou o coração das pessoas com a Palavra. De
todas as partes, vinham para ouvi-Lo (cf. Mc 1,45). Ficavam maravi-
lhados, “bebendo” seus ensinamentos (cf. Mc 6,2). Sentiam que lhes
falava como quem tem autoridade (cf. Mc 1,27). Os apóstolos, que
Jesus estabelecera “para que ficassem com Ele e para que os enviasse a
anunciar a Boa-Nova” (Mc 3,14), atraíram para o seio da Igreja todos
os povos com a Palavra (cf. Mc 16,15.20).1º
Jesus não pôde, porém, realizar muitos milagres junto a seu povo,
porque lhes faltava a fé para acolher e reconhecer o dom salvífico. O
acolhimento da Palavra proporciona a experiência profunda da fé, o

14 Cf. EG, n. 136.


ee e

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encontro com Cristo que cura e liberta integralmente. Paulo ensina a


deixar-se conduzir pela graça do Senhor, em meio aos desafios decor-
rentes da missão apostólica. O exemplo de Jesus que continuou a pro-
clamar a Boa Notícia do Reino de Deus, mesmo diante da incom-
preensão e incredulidade, impele à perseverança no anúncio e no
testemunho de sua mensagem libertadora.
O profeta Ezequiel denunciou as infidelidades à Palavra, que
causaram a catástrofe do exílio na Babilônia. Enviado por Deus, ele
anunciou a Palavra que não pode silenciar diante das injustiças e das
opressões. Ezequiel, como Jeremias e outros profetas, passou por sofri-
mentos por causa da missão a serviço do projeto do Senhor. Suas tri-
bulações prefiguram a rejeição que Cristo experimentará até a cruz.
Muitos seguidores e seguidoras tiveram o mesmo destino de Jesus, ao
longo da história.
Em várias partes do mundo, sobretudo na Síria e no Iraque, os
cristãos continuam perseguidos e martirizados por causa da Boa-Nova
de Jesus. Os verdadeiros profetas encontram rejeição na sociedade e na
religião. Gandhi, Luther King, Oscar Romero, Irmã Dorothy e tantas
outras pessoas deram a vida em prol de um mundo novo de justiça e
fraternidade, a ser construído através do compromisso de todos.

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Jesus Cristo, o profeta do Pai, motivo de escândalo para os que o viram
somente com olhos humanos, porém, aos reunidos na fé, Ele se revela
em toda sua profundidade.
Ele está no meio de nós, nos ensina com sua Palavra cheia de sabe-
doria. O Espírito que está sobre Ele, nos habilita também a escutá-Lo
e a também a praticar a palavra de vida e salvação que Ele nos fala.
Movidos pela fé, com olhos fixos no Senhor, assumimos nossas
fragilidades e nossas fraquezas, pois Ele nos renova e nos reergue.
Alimentados e nutridos no Senhor, renovamos nossa missão pro-
fética, assumida no Batismo. Mais do que nunca, o mundo hoje precisa
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

de pessoas de fé e coragem, para que a Boa Notícia seja anunciada e o


mundo seja transformado, de acordo com o plano divino de salvação.

Sugestões para a celebração


h À cor usada é o verde.
[8 Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “No meio da
tua casa”, p. 123; “Os nossos olhos estão fitos no Senhor”, p.
156-157; “Aleluia! Já se fez carne, o Verbo se encarnou”, p. 224-
225; “Quantas vezes, Senhor, desprezamos!”, p. 266-267.
Valorizar a proclamação da Palavra, preparando bem os leito-
res para uma ótima proclamação. Levar o livro em procissão e
incensá-lo antes da proclamação do evangelho.
Na hora da profissão de fé, pedir para que os membros da assem-
bleia estendam o braço em direção ao livro da Palavra de Deus.
Poderia haver uma bênção especial para os animadores e animado-
ras das comunidades, ministros, catequistas, missionários(as) etc.
Ás palavras do rito de envio podem estar em consonância com o
mistério celebrado. “Sejam profetas! Curai os doentes, anunciai
a todos que o Reino de Deus está próximo. Ide em paz e que o
Senhor vos acompanhe”,
No dia 6, fazemos memória de Santa Maria Goretti, adoles-
cente mártir; no dia 9, de Santa Paulina, serva silenciosa e fiel;
no dia 11, de São Bento, pai dos monges.
15º DOMINGO DO TEMPO COMUM

12 de julho de 2015
CHAMOU OS DOZE E COMEÇOU À EN VIÁ-LOS”,

Leituras: Amós 7,12-15; Salmo 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R/.8);


Efésios 1,3-14; Marcos 6,7-13.

Situando-nos

Continuando nossa trajetória no caminho de Jesus, escutamos sua


Palavra de vida e salvação que hoje chama os Doze e os envia dois
a dois. Os apóstolos são chamados a viver em comunhão com Jesus,
anunciar a Boa-Nova da salvação e expulsar os demônios - forças do
mal. Após ter escutado o ensinamento de Jesus e testemunhado os
sinais de salvação realizados por Ele, os discípulos assumem a total
identificação apostólica.
Nós também recebemos a missão de pregar a conversão e o dom
de expulsar o mal da vida das pessoas. Esta missão supõe a entrega
livre, a gratuidade, a dedicação ao Reino.
Como comunidade fiel a Jesus, renovamos hoje nosso discipulado.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Marcos situa-se no bloco 6,6b-8,26, no qual termina


a primeira parte da obra do evangelista. Jesus, o Messias e Filho de
Deus (1,1), enviado para proclamar a Boa Notícia do Reino de Deus
(1,14-15), toma a iniciativa de convocar discípulos para participar de
sua vida e missão (1,16-20; 2,13-14). Os “doze” representam a comuni-
dade dos discípulos e discípulas, chamados a uma adesão radical a
Jesus para ser missionários a serviço do seu Reino.
Os doze discípulos, chamados para viver em comunhão com
Jesus, anunciar a Boa-Nova e expulsar os demônios (3,13-19), agora são
a “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

enviados “dois a dois”, revestidos com a força do Espírito para libertar


do mal (6,7). O apoio mútuo, a vida fraterna em comunidade garantem
o êxito da missão, iniciada por Jesus, ao expulsar um espírito impuro
(cf. 1,21-28). Os discípulos são instruídos a “que não levasse nada pelo
caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro à cin-
tura; mas que calçassem sandálias e não usassem duas túnicas” (6,8-9).
O desprendimento, o espírito evangélico de pobreza, a confiança
em Deus libertam para o serviço ao Reino na gratuidade. O cajado e as
sandálias facilitam a viagem (cf. Ex 12,11), o longo caminho a ser per-
corrido. O acolhimento, a hospitalidade favorece o trabalho dos missio-
nários, que costumavam “permanecer numa casa até a partida” (cf. 6,10),
até a formação da comunidade. A urgência do anúncio leva a não parar
no caminho, por causa dos que rejeitam a Boa-Nova de Jesus. O gesto
simbólico de “sacudir a poeira dos pés” remete também ao momento do
retorno dos israelitas ao país, após a visita a uma terra estrangeira.
Os discípulos compartilham a missão de Jesus, a proclamação do
Reino de Deus através de palavras e ações. Eles “pregavam que era
necessário converter-se, expulsavam muitos demônios e curavam mui-
tos doentes, ungindo-os com óleo” (cf. 6,12-13). Como haviam acom-
panhado Jesus, que curava impondo as mãos (cf. 6,5), aprendem que a
unção com óleo e a experiência da fé libertam a pessoa integralmente.
Segundo Tiago (5,14), os doentes eram curados através da oração e da
unção com óleo em nome do Senhor.
À leitura do profeta Amós apresenta a vocação como iniciativa do
amor de Deus. Amós, que era pastor e agricultor em Judá “vaqueiro e
cultivador de sicômoros” (cf. 7,14), foi chamado por Deus para exercer
o ministério no reino do Norte (Israel), no séc. VIII a.C. Amasias era
o sacerdote encarregado do santuário de Betel, lugar sagrado de culto
e encontro com Deus (cf. Gn 35,1-8; Jz 20,26; 21,2).
Amós, conhecido como o “profeta da justiça social”, criticou a reli-
gião que era controlada pelo rei, e toda forma de injustiça e corrupção
dos poderosos. Como verdadeiro profeta, enviado por Deus, anunciou
a Palavra, impelindo o povo a voltar para o caminho da salvação. Amós
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | BR

entrou em conflito com Amasias, o sacerdote oficial que administrava


o templo, aliado aos interesses do rei.
O Salmo 84(85) é uma oração comunitária de súplica que mani-
festa a esperança na salvação e na restauração plena do povo. “Amor
e fidelidade, justiça e paz” são os alicerces que proporcionam a verda-
deira renovação. O Senhor acompanha a história, sustentando o povo
na difícil missão de reconstruir o país na volta do exílio.
À leitura da carta aos Efésios é um hino litúrgico que começa com
uma exclamação de louvor “bendito seja”, fórmula comum em orações
(cf. Tb 13,1; 1Pd 1,3). Bendiz e louva ao Pai, glorificado por tudo o
que fez por seu povo em Cristo e por Cristo. O projeto salvífico do Pai
foi manifestado plenamente através do Filho Jesus e continua agindo
no mundo pela ação do Espírito Santo.
Deus, em seu grande amor, nos escolheu desde a eternidade para
sermos filhos (1,3-6). Seu desígnio salvífico, na plenitude dos tempos,
realizou-se na vida e entrega de Cristo que nos redimiu, oferecendo-
-nos a graça para trilharmos o caminho da vida nova (1,7-12). À sal-
vação torna-se uma realidade presente por meio do Espírito Santo,
penhor da herança futura (1,13-14).

Atualizando a Palavra

Como seguidores de Jesus, somos chamados a continuar sua missão


libertadora, através de gestos solidários de bondade e misericórdia. A
escuta atenta dos apelos do Senhor, como Amós o fez, leva a uma
atuação profética livre diante das injustiças e opressões que impedem a
vida digna das pessoas. Abençoados em Cristo e escolhidos n Ele antes
da criação do mundo, somos impelidos a viver como filhos de Deus,
comprometidos na construção de um mundo melhor.
O Papa Francisco, refletindo sobre a missão dos discípulos, a
partir de Lc 10,1s, salienta que o Senhor os enviou, dois a dois, para
anunciar nas cidades e aldeias que o Reino de Deus estava próximo,
preparando assim as pessoas para o encontro com Jesus. Cumprida
esta missão de anúncio, os discípulos regressaram cheios de alegria.
Ao “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deusl”

Jesus quer tornar os discípulos participantes de sua alegria, que


era diferente e superior àquela que tinham acabado de experimentar.
Os discípulos estavam cheios de alegria, entusiasmados com o poder
de libertar as pessoas dos demônios. Jesus, porém, recomendou-lhes
que não se alegrassem tanto pelo poder recebido, mas, sobretudo, pelo
amor alcançado, ou seja, “porque vossos nomes estão escritos no Céu”
(Lc 10,20). Com efeito, foram-lhes concedidas a experiência do amor
de Deus e também a possibilidade de partilhá-lo com outros.
Os discípulos receberam o chamado para estar com Jesus e ser
enviados por Ele a evangelizar (cf. Mc 3,14). Feito isso, sentem-se
repletos de alegria. Por que não entramos também nós nesta torrente
de alegria? Os discípulos são aqueles que se deixam conquistar mais
e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de
Deus, para serem portadores da alegria do evangelho. Todos os discí-
pulos do Senhor são chamados a alimentar a alegria da evangelização.”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Bendito seja o Senhor que nos reuniu. Escutamos sua Palavra revela-
dora que nos confirma na missão de anunciadores e profetas do Reino.
Ela nos movimenta, nos impulsiona, nos faz decidir.
Participando ativamente da celebração, o Senhor nos consagra
como enviados, entregando-nos seu Espírito. Ele nos fortalece para
que nunca percamos o entusiasmo e a alegria da missão.
Na oração do dia, já reconhecemos nossa pequenez e depositamos
nossa confiança no Senhor: “Ó Deus, que mostrais a luz da verdade
aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que
professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o
que é digno desse nome”,
Com o saber do Espírito dado a nós, vivemos na certeza de que
em Cristo, “Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para
sermos santos e íntegros diante dele, no amor. Conforme o desígnio

15 Cf. Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 2014.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | BE

benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos


por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa com que
nos agraciou no seu bem-amado” (cf. Ef 1,4-6).

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o verde.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Assim que
é a tua glória”, p. 123; “O Senhor necessitou de braços”, p. 317;
“Mostrai-nos, ó Senhor, vossa vontade”, p. 156-157; “Aleluia!
Esta palavra de Deus, irmãos, acolham!”, p. 224-225; “Rece-
bestes de graça!”, p. 338; “Enviados ao mundo por ti”, p. 266-
2.67; “Quando o Espírito de Deus soprou”, p. 367.
à Na recordação da vida, que pode ser feita no início da cele-
bração ou antes da oração do dia, lembrar nomes de profetas e
evangelizadores(as) de hoje.
à Pode ser realizada a bênção e a aspersão com água que expressa
a alegria e dá tonalidade pascal ao dia.
Junto à pia batismal, a pessoa que coordena convida a comunidade a
ficar de pé:

Irmãos e irmãs,
bendigamos ao Deus da vida por esta água
e peçamos que ele renove em nossa vida
a graça do santo Batismo.

Todos rezam em silêncio. O coordenador(a) conclui:

Deus de bondade e compaixão,


tu nos deste a irmã água, fonte de toda vida,
e quiseste que, por ela, recebêssemos
o Batismo que nos consagra a ti.
Abençoa esta água,
que ela nos proteja neste dia a ti consagrado,
e, renova, no mais profundo de cada um de nós,
ES “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

a fonte viva de tua graça,


para que, livres de todos os males,
possamos caminhar sempre em tuas estradas
e praticar aquilo que é agradável aos teus olhos.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém!!s

à À oração eucarística pode ser a “para diversas circunstâncias —


IV — Jesus que passa pelo mundo fazendo o bem”.
à No final dar uma bênção especial aos doentes presentes na
assembleia litúrgica.
À» Valorizar os ritos finais como envio em missão.

à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com o


mistério celebrado. “Levem a todos a alegria do Senhor ressus-
citado. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.
à No dia 16, é festa de Nossa Senhora do Carmo. No dia 17,
fazemos memória de Inácio de Azevedo e seus companheiros,
mártires no sul do Brasil e também de Bartolomeu de las Casas,
bispo defensor dos povos indígenas e negros.

16 Penha CARPANEDO; Marcelo GUIMARÃES. Dia do Senhor: guia para as celebrações das
comunidades, Tempo Comum, ano B. São Paulo: Paulinas e Apostolado Litúrgico, 2003, p. 307.
Ee

16º DOMINGO DO TEMPO COMUM

19 de julho de 2015
JESUS VIU E SE ENCHEU DE COMPAIXÃO, PORQUE
ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR”.

Leituras: Jeremias 23,1-6; Salmo 22(23),1-3a.3b-4.5.6 (R/.1.6a);


Efésios 2,13-18; Marcos 6,30-34.

Situando-nos

Hoje acompanhamos Jesus que escuta a experiência dos apóstolos,


após a missão realizada por eles. O Mestre se revela próximo e íntimo
de seus discípulos, convidando-os para se retirarem a um lugar deserto
e afastado. Embora Jesus tenha se retirado, a multidão sedenta vai a
seu encontro.
Ele o Pastor que veio para dar vida, cheio de compaixão, dá aten-
ção a todos e os ensina. Seremos alimentados com a presença de Jesus,
o Bom Pastor, que nos ama e restaura nossas forças.
Como Bom Pastor, Ele nos reúne, se compadece de nossos sofri-
mentos, guia-nos, fortalece-nos e defende nossa vida.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Marcos ressalta a participação dos discípulos


no ministério de Jesus; o entusiasmo do povo em relação a Jesus; a
compaixão manifestada por Jesus. Entre o envio dos discípulos em
missão (cf. 6,7-13) e o retorno deles (cf. 6,30-34), Marcos narra a
morte de João Batista (cf. 6,14-29). Assim, o evangelista salienta que o
caminho do discipulado pode implicar sofrimento e morte. O destino
de João Batista antecipa o de Jesus e de muitos discípulos.
Jesus, os apóstolos e a multidão (cf. 6,30-34) compõem o cenário
que introduz a primeira multiplicação dos pães, cuja narrativa termina
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

em 6,44. Ao regressarem da missão, os apóstolos, isto é, os enviados


“lhe contaram tudo o que tinham feito e ensinado” (6,30). Eles par-
tilham, com alegria e entusiasmo, a experiência do anúncio da Boa-
-Nova do Reino de Deus, que os torna participantes do ministério de
Jesus. A missão dos discípulos parece que obteve êxito, pois agora
muitas pessoas se aproximam de Jesus através do testemunho deles.
Em meio à atividade missionária intensa, os discípulos acolhem
o convite de Jesus: “Vinde, a sós, para um lugar deserto e descansai
um pouco” (6,31). Junto a Jesus, em sua intimidade, na escuta de sua
Palavra, recuperam as forças e se reanimam para o trabalho missio-
nário. O seguimento da multidão, vinda de todas as cidades, mostra
que o descanso dos discípulos consistirá em fazer descansar os outros,
em compartilhar a compaixão e a solicitude amorosa de Jesus por um
povo, comparado a um rebanho sem pastor.
Jesus “viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por
eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E, começou então a
ensinar-lhes muitas coisas” (6,34). Sua presença manifesta o Deus com-
passivo, cujas “entranhas se agitam” (Os 11,8), diante dos sofredores.
Na segunda multiplicação dos pães, o motivo da compaixão é a fome
da multidão (cf. Mc 8,2). “Aqui Jesus tem compaixão porque eles estão
desorganizados; ninguém olha por eles, estão abandonados a si mesmos;
não constituem um povo. Esta compaixão se traduz pelo ensino”.”
Jesus, como o verdadeiro pastor anunciado especialmente em
Ezequiel 34, congrega o povo disperso e demonstra sua compaixão
“ensinando”. À Palavra e o ensinamento de Jesus proporcionam a
formação de um povo novo, caracterizado por misericórdia, solida-
riedade, partilha. À continuação do relato (cf. 6,35s) revela um povo
bem organizado, reunido por seu pastor, Jesus, tendo os discípulos
como colaboradores na missão.
À leitura do profeta Jeremias realça a imagem do pastor, presente
também em outros textos (cf. 10,21; 22,22; Ez 34). Jeremias realizou
a missão profética no reino de Judá, sobretudo em Jerusalém, entre os

17 Cf. Delorme Jean. Leitura do Evangelho segundo Marcos, p. 83.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | 3

anos 627 e 582 a.C. Ele enfrentou conflitos e sofrimentos por denun-
ciar toda forma de injustiças. Os reis de Judá são criticados por não
cumprirem seu dever de conduzir o povo (cf. Ez 34), contribuindo para
a dispersão, o exílio.
O profeta anuncia também a esperança de restauração do povo,
após o exílio babilônico, com a completa realização das propostas da
aliança, incluindo os novos líderes que surgirão, pastores segundo o
coração de Deus. De modo especial, o Senhor suscitará um pastor
para exercer a justiça e o direito (cf. Jr 33,15-16; Is 4,2; Zc 3,8; 6,12) e
assegurar a vida digna, a paz, a salvação. Em Jesus, que veio “cumprir
toda a justiça” (Mt 3,15), realiza-se plenamente a salvação messiânica.
O Salmo 22(23) realça a confiança no Senhor que guia o povo
pelo deserto, para restaurar-lhe a vida, proporcionando água, comida,
repouso. À imagem de Deus pastor, que conduz o povo com solicitude
pelos caminhos da justiça, ocorre com frequência (cf. S1 78,52; 80,2;
Is 40,10s; Jr 23,4).
À leitura da carta aos Efésios sublinha a nova humanidade que o
Pai recriou em Cristo, através de sua obra redentora. Cristo “é nossa
paz” (2,14), a plenitude dos bens salvíficos, anunciados pelos profetas
(cf. Is 9,6; Mq 5,4; Zc 9,10). Estabelecer a paz é a missão de Jesus, res-
saltada desde o nascimento em Belém (Lc 2,14). Mediante a entrega
que culminou na cruz, Cristo “estabelecendo a paz e reconciliando
os dois (povos), em um só corpo” (2,15-16). Assim, Ele “derrubou o
muro da inimizade que os separava”. À inimizade recíproca é simboli-
zada pela barreira, pelo muro que separava os gentios do átrio interior
do templo de Jerusalém (cf. At 21,275).
Unidos em Cristo, judeus e gentios formam um só corpo no amor
e na fraternidade, superando todas as divisões. No mesmo Espírito, em
Cristo, todos os povos representados pelos judeus e gentios, têm acesso
ao Pai. À comunidade cristã, como família de Deus, corpo de Cristo,
partilha a mesma fé e trilha o mesmo caminho de vida. É um “corpo”,
formado por uma grande diversidade de membros, no qual todos são
chamados a viver em comunhão fraterna como irmãos em Cristo.
“jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Atualizando a Palavra

À compaixão de Jesus diante dos sofredores, que eram como “ovelhas


sem pastor”, é sinal de seu grande amor e de sua solidariedade. Seus
ensinamentos, sua vida entregue até a cruz revelam que Ele é o
verdadeiro pastor prometido (cf. Ez 34). Como discípulos e discípulas,
somos impelidos a participar de seu ministério de compaixão, que cria
um mundo novo e conduz à vida plena.
Em meio aos desafios da missão, Jesus nos convida a renovar as
forças, para continuarmos o anúncio do Reino de Deus com fé e espe-
rança. Ele ensina a se deixar comover pelas multidões sofridas que, em
diversas partes do mundo, continuam como “ovelhas sem pastor”. À
presença do Deus compassivo se manifesta quando nos aproximamos,
com misericórdia, das pessoas excluídas, para ajudá-las a resgatar seus
direitos de liberdade e vida digna como filhos e filhas.
As palavras e os gestos solidários colaboram para que o povo
não fique como rebanho sem pastor. As lideranças das comunidades,
enviadas por Deus à frente do seu povo, devem estar a serviço na gra-
tuidade, como Jesus e seus discípulos que dedicavam suas vidas aos
necessitados. O profeta Jeremias denuncia os que utilizam o rebanho
em benefício próprio, privando as pessoas de vida e felicidade plena.
Como membros de um só corpo em Cristo, todos somos respon-
sáveis pelos irmãos que caminham conosco e pela construção de um
mundo mais fraterno e solidário. “Na diversidade, todos dão testemu-
nho da admirável unidade no corpo de Cristo, pois a própria variedade
de graças, de ministérios e de operações reúne num só corpo os filhos
de Deus, uma vez que todas essas coisas são obra de um único Espí-
rito” (cf. 1Cor 12,11; LG, n.32,0).º8

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Como rebanho, nos reunimos ao redor do Bom Pastor para refazer as
forças e ouvir sua Palavra. Jesus, o Pastor Eterno, nos conduz, nos faz

18 Cf. Missal Dominical, p. 966.


Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | RB

descansar, nos guia por caminhos seguros, diferentemente dos maus


pastores que deixam as ovelhas se dispersarem e não cuidam delas
como deveriam.
Sua presença amorosa é sentida já na comunidade de irmãos e
irmãos, reunida para escutar e seguir sua voz. Sua Palavra proclamada
nos alimenta e suscita em nós uma resposta comprometida. À aliança
se estende e se plenifica na mesa eucarística. Agradecidos, oferecemos
com Ele nossa vida ao Pai que nos brinda com a ceia, sacramento da
entrega de seu Filho na cruz.
Caminhando com Ele, também nós enxergamos e nos compade-
cemos da multidão perdida como ovelhas sem pastor.

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o verde.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “É Deus que
me abriga”, p. 123; “O Senhor é o Pastor”, p. 156-157, “Aleluia!
Minhas ovelhas escutam minha voz”, p. 225; “Como ovelhas
que vão sem pastor”, p. 266-267; “Procuro abrigo nos corações”,
p. 366.
à Preparar bem o espaço celebrativo, de modo que seja acolhedor,
aconchegante. Na chegada, receber as pessoas com água perfu-
mada. Acolher bem as pessoas que chegam para celebrar com
atitudes de pastores.
à Se tiver alguém chegando pela primeira vez na comunidade ou
um visitante, pedir para que se apresente, dizendo seu nome,
lugar de onde vem etc.
à Entronizar um ícone do Bom Pastor, na procissão de abertura.
» Valorizar os momentos de silêncio durante a celebração.
à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. “Tenham compaixão. Ide em paz e que o
Senhor vos acompanhe”.
a “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

à Amanhã, dia 20, lembramos padre Cícero, padrinho do povo


nordestino. No dia 22, fazemos memória de Maria Madalena.
No dia 23, recordamos a morte violenta de 8 adolescentes na
Candelária, no Rio de Janeiro, em 1993. No dia 24, lembramos
Ezequiel Ramin, defensor dos posseiros em Rondônia. No dia
25 é a festa de São Tiago apóstolo, também fazemos memória
de São Cristóvão e é o Dia do Agricultor e dos Motoristas.
à Se for oportuno, pode ser dada uma bênção especial aos moto-
ristas e aos agricultores.
ds

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

26 de julho de 2015
“JESUS TOMOU OS PÃES, DEU GRAÇAS E DISTRIBUI-OS AOS
QUE ESTAVAM SENTADOS, ASSIM COMO OS PEIES”,

Leituras: 2Reis 4,42-44; Salmo 144(145),10-11.15-16.17-18 (R/. cf. 16);


Efésios 4,1-6; João 6,1-15.

Situando-nos

A partir deste domingo vamos ler textos do Evangelho de João,


narrando o discurso de Jesus sobre o “pão da vida”.
Hoje ouviremos a narrativa da multiplicação dos pães. O Senhor
se revela como o grande profeta de Deus. Na partilha do pão, Ele
se manifesta como o sinal do amor generoso de Deus. Jesus, dom de
Deus para nós, oferece sua vida pela salvação da humanidade.
A multiplicação dos pães não é apenas uma imagem da Eucaristia,
mas também do banquete messiânico no final dos tempos, quando
todos serão saciados e a morte, vencida.
Na celebração, partilhando o pão da vida, como discípulos e discí-
pulas do Senhor, aprendemos a repartir o que somos e o que temos para
que a fome, a desigualdade e a miséria sejam erradicadas de nosso meio.

Recordando a Palavra

O Evangelho de João apresenta o relato da multiplicação dos pães, que é


o único milagre narrado em todos os quatro Evangelhos (Mt 14,13-21;
15,32-39; Mc 6,30-44; 8,1-10; Lc 9,10-17; Jo 6,1-15). A multiplicação
dos pães é o “quarto sinal” realizado por Jesus. Ássim, aparece na
posição central no “livro dos sinais” (1,19-12,50), no qual são ressaltados
os “sete grandes sinais”. O capítulo seis apresenta uma espécie de síntese
a “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

da atividade de Jesus na Galileia: a multiplicação do pão; a caminhada


sobre o mar; o discurso sobre o pão da vida; a adesão à Palavra.
Os quatro primeiros versículos (6,1-4) descrevem o cenário, onde
Jesus realiza o “sinal dos pães e peixes”. A “travessia do mar da Gali-
leia” remete à passagem do mar Vermelho (Ex 14,15-31) e sublinha
que, em Jesus, começa o novo êxodo, o caminho da vida nova. Sua
Palavra de salvação alimenta e liberta de sua miséria e escravidão a
multidão “enferma”. Jesus proclama a Boa Notícia na “montanha”, o
lugar da revelação onde Moisés recebeu a Lei, a instrução de Deus para
o povo. Por meio de sua Páscoa, Ele selará a nova e definitiva aliança,
oferecendo-se como alimento que sacia plenamente a humanidade.
Jesus “levanta os olhos e vê uma grande multidão que se aproxima
dele” (cf. 6,54). O pão que Ele oferece é sua própria vida doada por amor,
quando “levantado da terra atrairá todos a ele” (cf. 12,32). À pergunta
que Jesus faz a Filipe — “Onde vamos comprar pão para que estes pos-
sam comer?” (6,5b) — envolve os discípulos na missão libertadora. É um
apelo à adesão profunda a Jesus e ao seu projeto que leva à transforma-
ção do sistema econômico vigente, o qual deixa a multidão abandonada,
faminta. Um denário equivalia a um dia de trabalho (cf. Mt 20,2).
André, que havia feito a experiência do encontro com Jesus (cf. 1,35-42),
apresenta a solução a partir do menino com cinco pães de cevada e dois
peixes (cf. 6,9). Os pequenos gestos de partilha contribuem para alimen-
tar os famintos, como fez o profeta Eliseu (cf. 2Rs 4,38-42). À soma
de cinco pães e dois peixes — “sete” — significa totalidade e indica que
o pouco partilhado, colocado a serviço transforma-se em abundância.
O novo ensinamento de Jesus conduz a multidão a sentar-se na relva,
libertada. “Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam
sentados, tanto quanto queriam” (6,11). A ação de Jesus aponta para o
sinal de sua vida doada por amor. Ele é o “pão da vida”, que se oferece
como comida e bebida para saciar a fome e a sede plenamente.
Todos comeram e ficaram satisfeitos. Com a abundância do
pão oferecido por Jesus, encheram-se doze cestos (cf. 6,12-13). Esse
número, que faz alusão às doze tribos de Israel, convida a comunidade
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | B

dos discípulos a partilhar o que recebeu do Senhor mediante o anúncio


do Evangelho a todos os povos. Jesus é reconhecido como o Messias
esperado para libertar o povo do poder político imperial. Por isso, que-
rem proclamá-Lo rei, não compreendem o sinal do pão. Jesus revela a
verdadeira realeza através do serviço e da entrega da vida como dom à
humanidade.
À leitura do segundo livro dos Reis sublinha a ação do profeta
Eliseu que ordenou a partilha dos vinte pães de cevada e do trigo novo
das primícias, que haviam sido entregues a ele. O servo custou a acre-
ditar que os vinte pães poderiam saciar a fome de cem pessoas. Mas o
pão, fruto da bênção divina e do trabalho humano, quando partilhado,
faz acontecer o milagre: “Todos comeram e ainda sobrou” (cf. 4,43).
O relato de Eliseu ilumina as narrativas das multiplicações dos pães,
presentes nos Evangelhos.
À atuação profética de Eliseu favoreceu a partilha dos pães e de
outros alimentos, como ressaltam também outros episódios, especial-
mente a partir de 4,1s. O povo recorria ao profeta, que era considerado
o “homem de Deus”. Eliseu exerceu a missão no reino do norte (Israel),
durante o século IX a.C. e devia pertencer a uma comunidade de pro-
fetas pobres (2Rs 2,3; 4,1-7).
O Salmo 144(145) é um hino de louvor ao Senhor pela salvação
manifestada ao longo da história. Os olhos de todos se voltam a Deus
com esperança, pois Ele fornece o alimento e está sempre atento às
necessidades mais profundas do ser humano.
A leitura da Carta aos Efésios é parte de uma unidade maior
(4,1-16), na qual começam as exortações práticas sobre a vida cristã
(cf. 4,1-6,20). O testemunho deixado por Paulo, o “prisioneiro do
Senhor”, que arriscou a vida por causa do Evangelho, ensina a “levar
uma vida digna da vocação que recebemos” (4,1). As virtudes de
humildade, mansidão, paciência e amor ajudam a manter a “unidade
do espírito pelo vínculo da paz” (4,2-3).
O caminho da vida nova em Cristo possibilita formar um “só
Corpo e um só Espírito” (4,4), em que cada membro contribui para o
70 “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

crescimento através do amor fraterno. Assim como “há um só Senhor,


uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos” (4,5-6), a comu-
nhão fortalece a missão em meio aos desafios da evangelização. À uni-
dade da comunidade cristã, que provém da fé no mesmo Deus e Pai
de todos, revelado em Jesus pela ação do Espírito Santo, é conquistada
pela caridade.

Atualizando a Palavra

Jesus ensina a viver a partilha e a solidariedade através de sua entrega


como pão da vida, que sacia a fome e a sede plenamente. Ele revela a
presença do Deus compassivo, que é Pai de todos e deseja que vivamos
fraternalmente como irmãos e irmãs. Seguindo seu projeto, no caminho
do discipulado, somos chamados a oferecer os pães e peixes que temos,
a contribuir com pequenas iniciativas para responder às necessidades
dos irmãos e criar um mundo novo.
O Papa Francisco convida a ouvir o clamor de tantos irmãos e
irmãs que, em diversas partes do mundo, não têm o alimento diário.
Ele nos faz refletir também sobre a enorme quantidade de alimentos
desperdiçados, produtos destruídos, especulações dos preços em nome
do deus lucro. Este é um dos paradoxos mais dramáticos do nosso
tempo ao qual assistimos impotentes, mas, muitas vezes, nos torna-
mos indiferentes, “incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores
alheios (...) como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que
não nos incumbe” (EG, n. 54).
Partilhar significa fazer-se próximo de todos os seres humanos, reco-
nhecer sua comum dignidade, compreender suas necessidades e apoiá-los,
pondo fim a elas, com o mesmo espírito de amor que se vive em família
(..). Para eliminar a fome não é suficiente superar as carências com aju-
das e doações a quantos vivem situações de emergência. É preciso mudar o
paradigma das políticas de ajuda e de desenvolvimento, modificar as regras
internacionais em matéria de produção e comércio dos produtos agrícolas,
garantindo aos países onde a agricultura representa a base da economia e da
sobrevivência autodeterminação sobre o próprio mercado agrícola.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | HH

Até quando se continuará a defender sistemas de produção e de


consumo que excluem a maior parte da população mundial, inclu-
sive das migalhas que caem das mesas dos ricos? Chegou o momento
de pensar e decidir, partindo de cada pessoa e comunidade e não do
andamento dos mercados. Por conseguinte, deveria mudar também o
modo de entender o trabalho, os objetivos da atividade econômica, a
produção alimentar e a proteção do meio ambiente. Talvez esta seja a
única possibilidade para construir um futuro de paz autêntico, hoje
ameaçado pela insegurança alimentar.
Esta visão, que deixa entrever uma nova ideia de cooperação, deve-
ria interessar e comprometer os estados, as instituições internacionais e
as organizações da sociedade civil, assim como as comunidades cristãs
que, com suas múltiplas obras, vivem juntamente com os últimos e par-
tilham suas situações e necessidades, as frustrações e as esperanças (...).
À fé se torna visível pondo em prática o projeto de Deus para a família
humana e para o mundo, através daquela fraternidade profunda e real
que não é exclusiva dos cristãos, mas inclui todos os povos.”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em sua casa
(antífona de entrada). Todos reunidos, formando um só Corpo, num
só Espírito, numa só esperança e fé, num só batismo, na certeza de que
o Senhor reina sobre todos e age por meio de todos e permanece para
sempre no meio de todos (cf. Ef 4,4-6).
O Senhor abre prodigamente suas mãos e nos sacia, entregando
seu próprio Filho para a vida do mundo. Jesus, o Pão da Vida, sacia a
fome com a Palavra que nos revela o sentido da existência e com a ceia
eucarística, sacramento da salvação, sinal e antecipação do banquete
sem fim a que somos destinados.
Revigorados com o sacramento, memorial permanente da paixão de
Jesus, também nós abrimos nossas mãos e nosso coração para partilhar

19 Cf. Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 2014.


“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

o que somos e temos, como sinal de solidariedade, para que a fome, a


miséria, a desigualdade e a injustiça desapareçam da face da terra.

Sugestões para a celebração


ha À cor usada é o verde.
h Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Acolhe os
oprimidos”, p. 124; “Saciai vossos filhos, ó Senhor!”, p. 158-159;
“Aleluia! Um grande profeta surgiu entre nós”, p. 226; “Senhor, a
fome do mundo faz tanta gente morrer!”, p. 268-269; “Bastariam
dois pães e dois peixes”, p. 344.
Hoje é Dia dos Avós. Convidar alguns avós para comporem a
procissão de entrada.
Na homilia, pedir para algum grupo ou cooperativa dar teste-
munho de partilha.
Se a comunidade for pequena, , deixar que as pessoas façam sua
prece espontaneamente. Cantar a resposta.

Na apresentação das oferendas, fazer uma coleta fraterna, con-


vidando as pessoas a trazerem alimentos para a comunidade
partilhar com os mais necessitados.
Valorizar o gesto da fração do pão que “significa que muitos
fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo,
morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só
corpo (1Cor 10, 17)” (IGMR, n. 83).
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o
mistério celebrado. “Sejam pessoas agradecidas! Repartam com
quem tem fome. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”,
Dar uma bênção especial aos avós.
Hoje, recordamos Ana e Joaquim, pais de Maria. No dia 29,
fazemos memória de Marta; no dia 31, de Santo Inácio de
Loyola, animador das missões; no dia 1º de agosto, de Santo
Afonso de Ligório, bispo e mestre.
18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

2 de agosto de 2015
"QUEM VEM A MIM NÃO TERÁ MAIS FOME, E QUEM CRÉ
EM MIM NUNCA MAIS TERÁ SEDE”.
Leituras: Êxodo 16,2-4.12-15; Salmo 77(78),3.4bc.23-24.25.54
(R/.24b); Efésios 4,17.20-24; João 6,24-35.

Situando-nos

No domingo passado, acompanhamos o sinal de Jesus na multiplicação


dos pães. A multidão não havia compreendido o sentido verdadeiro da
ação de Jesus, por isso Ele explica o sentido deste sinal. Jesus, o Filho de
Deus, se manifesta como o pão que oferece vida nova, plena. Ele convida
a trabalhar pelo alimento e pela vida que permanecem para sempre.
À melhor obra que podemos realizar é crer em Jesus, o Filho de
Deus enviado para dar vida ao mundo. À fé nos faz reconhecer os
sinais de salvação realizados por Jesus e perceber que temos necessi-
dade d'Ele como do alimento material. Jesus é o dom de amor gra-
tuito oferecido pelo Pai à humanidade. Por meio de sua vida, morte e
ressurreição, Ele se entrega como pão que alimenta e conduz os que
continuam sua missão.
Em Jesus, o pão da vida, nos tornamos pessoas novas, criadas à
imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade.
Neste primeiro domingo do mês vocacional, rezamos por nossos
presbíteros, bispos e diáconos.

Recordando a Palavra

O Evangelho de João é o início do discurso sobre o pão de vida,


pronunciado por Jesus na sinagoga de Cafarnaum (cf. 6,22-59). O
ensinamento de Jesus faz alusão ao relato do maná, o alimento dos
A “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

israelitas no deserto (cf. Ex 16,15). Jesus é o verdadeiro Mestre que


conduz o diálogo, assim como fez com a mulher samaritana (cf. Jo
4,75). Sua Palavra oferece o alimento, que sacia plenamente a fome e a
sede da humanidade.
À multidão, que procura Jesus e o encontra em Cafarnaum, ainda
não havia compreendido o sentido do sinal do pão. Jesus desperta a
esperança e convida a trabalhar “não pelo alimento que perece, mas
pelo alimento que permanece até à vida eterna” (6,27). Ele oferece o
alimento para a vida plena, pois foi marcado com o selo do Espírito
do Pai, de modo especial no Batismo (cf. 1,32-34). Jesus é aquele que
“o Pai consagrou e enviou ao mundo” (10,36). Quem acolhe Jesus par-
ticipa da fonte da vida e da comunhão com o Pai, uma vez que eles
formam uma perfeita unidade (cf. 10,30).
As pessoas desejam trabalhar nas obras de Deus, colaborar para
que o reino messiânico se estabeleça. Jesus afirma que a obra essen-
cial de Deus é “acreditar naquele que ele enviou” (6,29). Acreditar em
Jesus, é configurar a vida a partir d'Ele, de suas palavras e ações mise-
ricordiosas. O povo, que não havia reconhecido a manifestação da vida
plena de Deus em Jesus, espera a realização de prodígios como os de
Moisés no deserto. Mas Jesus explica que Moisés foi apenas instru-
mento, pois é o Pai que dá o verdadeiro pão, “aquele que desce do céu
e dá a vida ao mundo” (6,32).
O encontro com Jesus e a adesão a seus ensinamentos leva à súplica
cheia de confiança: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!” (6,34). Esse
pedido remete à mulher samaritana que reconhece Jesus como a água
viva: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede”
(4,15). Agora, Jesus manifesta-se como “o pão da vida”, o alimento
que sacia a fome e a sede de vida para sempre: “Quem vem a mim não
terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (6,35). A
Palavra de Deus, revelada em Jesus, o Cristo, alimenta aqueles que
acreditam. Jesus plenifica as esperanças antigas referente ao maná, o
pão dos anjos: “Não são as diversas espécies de frutos que alimentam o
ser humano, mas a tua palavra que sustenta aqueles que acreditam em
ti? (cf. Sb 16,20-28).
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | tá

A leitura do livro do Êxodo está situada na seção de 15,22-18,27,


que narra o caminho do povo pelo deserto, depois da passagem pelo mar
até o Sinai. O relato completo “o maná e as codornizes” (16,1-36) apa-
rece entre o episódio das águas amargas (15,22-27) e a água do rochedo
(17,1-7). O povo “pô-se a murmurar contra Moisés e Aarão” (16,2), os
líderes do povo. As dificuldades da travessia do deserto, em busca da
terra prometida, levam a retroceder no caminho, a preferir a escravidão
à liberdade, o sustento do faraó no Egito ao do Senhor Deus no deserto.
O povo é impelido a trilhar o caminho novo na confiança em
Deus, que manifesta a salvação através do sinal do “maná” (16,4) e
das “codornizes” (16,12). O maná era uma secreção da tamargueira,
produzida por pequenos insetos (cf. Nm 11,4-9). As codornizes eram
pequenas aves migratórias que, às vezes, conduzidas pelo vento ao
deserto, exaustas, deixavam-se apanhar com facilidade pelos beduí-
nos. O texto enfatiza o dom milagroso do maná, que se torna sinal da
presença de Deus que alimenta o povo, sobretudo, por meio da palavra
(cf. Dt 8,2-3).
O Salmo 77(78) é uma oração de espiritualidade sapiencial que
sublinha os maravilhosos prodígios realizados em favor do povo, ao
longo da história da salvação. O senhor “fez chover sobre eles o maná
para nutri-los e deu-lhes o trigo do céu”.
A leitura da Carta aos Efésios convida a trilhar o caminho da vida
nova, inaugurado com a morte e ressurreição de Jesus. À experiência
da fé em Cristo transforma a antiga criatura em pessoa renovada. A
instrução sobre a “verdade de Jesus”, seu exemplo de fidelidade ao pro-
jeto do Pai, conduz a uma maneira de pensar e agir, condizente com a
nova humanidade.
Unidos a Jesus, pelo Batismo, os cristãos são chamados a “vestir-se
do homem novo, criado à imagem de Deus” (4,243). Essa nova exis-
tência impele a viver em contínua renovação espiritual, deixando-se
conduzir pela graça do Senhor. A identificação com Cristo compro-
mete a seguir o caminho da “verdadeira justiça e santidade” (4,24b),
testemunhada pela “caridade, o vínculo da perfeição” (cf. Cl 3,14).
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Atualizando a Palavra

Somos chamados a ir ao encontro de Jesus, deixando-nos instruir por


seus ensinamentos, que conduzem ao caminho da vida em abundância.
À indiferença ao sofrimento e às necessidades das pessoas indica uma
fé sem compromisso com a mensagem de Jesus. Acreditar em Jesus e
seguir seu projeto salvífico é o trabalho a que se deve empenhar a vida
de seus seguidores e seguidoras. À identificação com Jesus impulsiona
a colaborar na construção de um mundo mais humano e justo.
O ser humano necessita alimentar sua caminhada de fé e espe-
rança em algo mais profundo, que os valores oferecidos pela sociedade
vigente. Jesus ensina “a trabalhar não pelo alimento que perece, mas
pelo alimento que permanece até a vida eterna”. Ele é o verdadeiro
caminho que conduz ao Pai. Quem o segue com autenticidade escuta
suas palavras e compartilha seus gestos misericordiosos, dedicando a
vida ao serviço de seu Reino. Como Jesus, a comunhão com o Pai que
vive para sempre é testemunhada no amor solidário, que é “mais forte
do que a morte”.
O povo no deserto, em busca da terra prometida, faz a experi-
ência do Deus da aliança, que acompanha a caminhada com amor e
solicitude. O episódio do maná ensina a não confiar nas seguranças
humanas, mas na misericórdia do Senhor e a seguir com fidelidade seu
projeto de partilha e solidariedade. O maná devia ser recolhido todo
dia sem acumular para o dia seguinte, pois se alguém tentasse guardar
apodrecia (cf. Ex 16,19-20).
Nesse início do mês vocacional, somos impelidos a renovar o
compromisso com o Deus de Jesus Cristo que, diferente do faraó do
Egito, liberta da escravidão e cuida dos seres humanos com gratui-
dade. Quem escuta a Palavra do Senhor descobre a sabedoria da vida,
o alimento que sacia a fome e a sede de justiça, a aliança definitiva
(cf. Is 55,1-3). Os que se alimentam com a Palavra de Jesus, “o pão da
vida”, e se dirigem a Ele com fé e confiança encontram o verdadeiro
sentido da vida, que vai além das necessidades vitais.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | H

Ligando a Palavra com a ação eucarística


A multidão faminta, no deserto, procura Jesus porque comeram do
pão e ficaram satisfeitos. Jesus alerta para verem além do alimento que
se perde e procurem o alimento que permanece até a vida eterna. É
este alimento que Ele oferece.
Reunidos para celebrar, participaremos do sinal maior, nos será
dado o pão do céu, verdadeiro pão que desceu do céu e dá vida ao mundo.
Alimentados com este pão, seremos transformados em pessoas
novas, poderemos enxergar além das aparências, do passageiro, do
banal. Nossa vida e ações todas serão concentradas no essencial, ou
seja, teremos os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo, sere-
mos cristãos de verdade. Que Ele nos renove e nos consagre total-
mente na escola do seu serviço.

Sugestões para a celebração


» No mês vocacional, é importante recordar a ministerialidade da
Igreja, seus diversos serviços e, sobretudo, os ministérios litúr-
gicos: “Por ser a comunidade reunida no Espírito Santo, sujeito
da celebração, todos os seus membros têm o direito e o dever de
participar da ação litúrgica, externa e internamente, de maneira
ativa, consciente, plena e frutuosa,” para assim levar a obra sal-
vífica do seu Senhor a efeito em si, na Igreja e no mundo. Os
ministros ordenados e leigos têm uma função especial de ser-
viço na assembleia litúrgica, e toda ela, como comunidade ecle-
sial de discípulos, está como missionária a serviço do mundo”
(DGAE, n. 69, 2008-2010).
à À cor usada é o verde.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada
domingo. Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB:
“Meu Deus, vem libertar-me”, p. 124; “O Senhor deu a comer
o pão do céu”, p. 158-159; “Aleluia! O homem não vive somente

20 Cf. SC,n. I4.


a “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

de pão!”, p. 226; “Eu sou o pão necessário”, p. 268-269; “Eu


p?

sou o pão que dá a verdadeira vida”, p. 385,394.


h Após a saudação, recordar pessoas, grupos, associações que tra-
balham para que pessoas tenham vida mais digna.
No momento das preces, lembrar os ministros ordenados.
“A verdade do sinal exige que a matéria da celebração euca-
rística pareça realmente um alimento. Convém, portanto, que,
embora ázimo e com a forma tradicional, seja o pão eucarístico
de tal modo preparado que o sacerdote, na Missa com povo,
possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao
menos a alguns dos fiéis...” (IGMR, n. 321).
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o
mistério celebrado. “Esforçai-vos pelo alimento que permanece
até a vida eterna. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.
No dia 4, fazemos memória de São João Maria Vianney, padre
humilde e dedicado; lembramos também Henrique Angeleli,
bispo e mártir, na Argentina. No dia 6, é a Festa da Transfi-
guração do Senhor; (Bom Jesus da Lapa e Senhor do Bonfim);
lembramos também a primeira bomba que destruiu Hiroshima
(1945). No dia 08, lembramos São Domingos, pregador.
19º DOMINGO DO TEMPO COMUM

9 de agosto de 2015
“EU SOU O PÃO ENTREGUE PELA VIDA DO MUNDO”.

Leituras: 1Rs 19,4-8; Salmo 33(34),2.3.4-5.6-7.8-9 (R/.9a);


Efésios 4,30-5,2; João 6,41-51.

Situando-nos

Neste 19º domingo, Jesus continua seu discurso sobre o pão do céu.
Diante da revelação de Jesus, há reação por parte de seus conterrâneos.
Jesus não aprova a murmuração e recorda que é preciso abrir o coração
para o Pai, porque é d'Ele que vem a graça de aderir a seu caminho de
radicalidade.
Acolhendo Jesus, alimentando-nos do pão, crendo e permane-
cendo em suas palavras, participamos da vida nova oferecida por Ele.
Assim como Jesus, sejamos pão vivo repartido para a vida do mundo.
Diante de tantas situações de morte e desalento que vive nosso
mundo, hoje renovamos a fé em Jesus, Pão vivo, descido do céu e nos
comprometemos a fazer nossa parte para que as situações injustas
sejam transformadas.
Hoje, Dia dos Pais, rezemos por eles que se dedicam a educar seus
filhos. Que Jesus seja luz e guia em seu caminhar.

Recordando a Palavra

O Evangelho de João continua o discurso sobre o pão de vida, pronun-


ciado por Jesus na sinagoga de Cafarnaum (cf. 6,22-59). O ensina-
mento de Jesus recorda o acontecimento do êxodo, as dificuldades do
povo na travessia do deserto, suas murmurações especialmente por
causa da falta de alimentos. À murmuração, que revela também a falta
de confiança em Deus, fez Moisés lhes dar a água (cf. Ex 15,22-27) eo
o “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

maná (cf. Ex 16,25). Jesus revela-se como o pão que desce do céu, para
oferecer a vida plena ao ser humano.
Os ouvintes de Jesus começaram a murmurar, porque Ele dis-
sera: “Eu sou o pão que desceu do céu” (6,41). As origens conheci-
das de Jesus levam à sua rejeição: “Esse não é Jesus, o filho de José.
Não conhecemos nós o seu pai e sua mãe?” (6,42). À expressão “eu
sou” (6,41.48), que remete à revelação do nome de Deus (cf. Ex 3,14),
manifesta a origem divina de Jesus. O mistério da pessoa de Jesus, “a
Palavra que se fez carne e veio morar entre nós” (1,14), não se esgota
pelo conhecimento humano. À falta de fé dificulta o acolhimento de
Jesus, o Filho de Deus. Muitos afirmavam que Jesus não podia ser “do
céu” (7,2.7-28); que da “Galileia não surge profeta” (7,52); que Ele era
“um homem pecador” (cf. 9,24).
Crer é fundamental para acolher Jesus, como “o Enviado do Pai”
que oferece a vida em plenitude. É necessária abertura à ação da mise-
ricórdia divina: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não
o atrair” (6,44). O Pai atrai o ser humano, concedendo-lhe a graça de
crer e seguir seu Filho amado. Todos são chamados a se deixar instruir
pelos ensinamentos do Pai, revelados por Jesus. Isaías anunciou que
todos seriam discípulos do Senhor (cf. 54,13; cf. Jr 31,33-34). Não é
possível ser “ensinado por Deus” à parte de ouvir a Palavra de Jesus e
crer nela (cf. 1,18; 3,33; 5,37).
Quem acredita participa da vida eterna, revelada por Jesus no
presente e que se plenificará na ressurreição final junto ao Pai. À
adesão a Jesus, “o pão da vida”, proporciona a experiência da comu-
nhão com a vida que está nas mãos de Deus. Os que se alimentam
de Jesus, “o pão vindo do céu”, viverão eternamente. Os israelitas,
que saíram da escravidão do Egito, morreram antes de chegar à terra
prometida. Eles se alimentaram com o maná, sinal que prefigura o
alimento oferecido por Jesus, “o pão vivo que dá vida ao mundo” e
conduz à libertação definitiva.
À grande revelação de Jesus — “Eu sou o pão vivo que desceu do
céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | E

a minha carne, entregue pela vida do mundo” (6,51) — é uma alusão à


paixão. Jesus, “o pão vivo”, oferece seu corpo e sangue como comida e
bebida, verdadeiro alimento para a vida que triunfa sobre a morte. Ele
é a Palavra que assume o ser humano inteiro tornando-se “carne” e,
em sua humanidade, entrega a vida pelo mundo. Em sua carne, Jesus
tornou-se o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (cf. 1,29)
e oferece a vida em abundância.
À leitura do primeiro livro dos Reis mostra que Elias, perseguido
por causa de sua atuação profética, caminha pelo deserto até o Horeb.
Elias exerce a missão no reino do norte (Israel), durante o século IX
a.C., em um tempo em que havia a necessidade de voltar às origens da
fé em Deus. O deserto e o monte Horeb recordam a caminhada do
povo de Israel, a experiência do Deus da libertação que escuta o clamor
do oprimido (cf. Ex 3,7).
Como o povo no deserto, o profeta Elias é fortalecido pela pre-
sença de Deus, que alimenta e conduz a caminhada em meio às adver-
sidades: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percor-
rer” (19,7). Elias encontra o Deus suave que se aproxima da fragilidade
humana (cf. Is 42,2-4), não o Deus poderoso que se manifesta na força
do vento, do terremoto, do fogo (cf. Ex 19,16-18; Sl 18,8-16; 29,5-10).
O Salmo 33(34) é uma oração pessoal de ação de graças ao Senhor,
que escuta o clamor e liberta aqueles que confiam em seu amor e sal-
vação. O salmista convida a fazer a experiência do encontro com o
Senhor: “Provai e vede como é bom o Senhor; feliz o ser humano que
nele se abriga”.
À leitura da Carta aos Efésios começa com o apelo: “não entriste-
çais o Espírito Santo de Deus com o qual fomos marcados como por
um sinal para o dia da redenção” (4,30). O “amargor e exaltação, toda
ira e gritaria, os ultrajes e toda espécie de maldade” (4,31), contradiz,
com o caminho da vida nova em Cristo, assumido a partir do Batismo.
A adesão a Jesus leva a renovar as relações comunitárias, através da
“bondade, compaixão, perdão mútuo” (cf. 4,32), cooperando assim na
construção de um mundo melhor.
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Como filhos amados, todos são chamados a serem “imitadores


de Deus” (cf. 5,1). Lembrando a exortação: “Sede santos, porque eu,
o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2), a comunidade é impelida
a imitar a perfeição do Pai celeste (cf. Mt 5,48). O exemplo de Cristo,
“que nos amou e se entregou por nós” (5,2), ensina como imitar Deus.
Quem segue Jesus deve “viver no amor” aos irmãos, trilhando o cami-
nho que Ele indicou como “oferenda e sacrifício de suave odor”.

Atualizando a Palavra

Jesus é o pão vivo que desceu do céu, para dar a própria vida pela
salvação. Atraídos pelo amor do Pai, somos impelidos a nos aproximar
de Jesus, alimentando-nos de seus ensinamentos, para descobrir n' Ele
a fonte da vida nova. Seu exemplo encarnado na realidade tão humana,
suas ações compassivas que culminaram na entrega total conduzem à
adesão plena, na certeza que “aqueles que acreditam têm a vida eterna”.
Como discípulos e discípulas, somos chamados a repartir o pão com
Jesus através da generosidade e do serviço aos irmãos.
Elias, necessitado de revitalizar a fé e sua missão profética como
defensor da aliança do Senhor, caminha pelo deserto até o Horeb. O
alimento oferecido pelo Deus da libertação prefigura o “pão descido
do céu”, que renova plenamente o ser humano. O encontro com Jesus,
na Palavra e na Eucaristia, alimenta e fortalece nosso compromisso
a serviço da justiça e da fraternidade. O Senhor continua manifes-
tando sua presença de salvação, que sustenta nossa caminhada de fé
e esperança.
O Espírito Santo que habita em nós pelo Batismo nos conduz no
caminho do seguimento a Cristo, o Filho amado do Pai, que entregou
a vida por amor. Ão longo de sua trajetória neste mundo, Jesus ensi-
nou a viver o amor fraterno. Nossa vocação de sermos semelhantes
ao Pai realiza-se na medida em que escutamos Jesus, a Palavra que
nos alimenta para a vida plena. Quem acredita já participa da vida
eterna, que Jesus manifestou através de seus ensinamentos, de seus
gestos misericordiosos.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | a

Santa Catarina de Sena nos convida a viver conforme os víncu-


los da caridade. “Tu Senhor, movido de inefável amor, desejando por
graça reconciliar contigo o gênero humano, nos deste a palavra de teu
Filho Unigênito. Verdadeiro reconciliador e mediador entre ti e nós e
também nossa justiça, carregou em si todas as nossas injustiças e ini-
quidades, em obediência ao que tu, Pai eterno, lhe ordenaste, ao deter-
minar-lhe assumir nossa humanidade. Ó abismo de indizível caridade!
Que coração há tão duro que continue impassível sem se partir por
ver a máxima sublimidade descer à máxima baixeza e objeção, que é a
nossa humanidade?”.?!

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Na caminhada da vida, às vezes desoladora, a presença do Senhor nos
toca e nos anima. Ele está no meio de nós e nos oferece sua própria
vida para nossa salvação.
Jesus, o filho de carpinteiro, Ele mesmo se faz comida e bebida
para saciar a fome a sede de eternidade da humanidade. O Filho de
Deus que se encarnou, o pão descido do céu, é o filho de Maria e José,
é aquele que vai oferecer a própria carne, para que o mundo tenha a
vida. Ele, que é o dom do Pai, se oferece livremente (Jo 10,18), ofe-
rece sua própria carne. Aquele que se encarnou, que assumiu a nossa
humanidade é quem, por sua morte, nos introduz definitivamente
na terra prometida (cf. http:/Awww.ihu.unisinos.br/espiritualidade/
comentario-evangelho).
O mistério da entrega na cruz de Jesus se renova e se atualiza na
Eucaristia. “Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte
e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salva-
ção torna-se realmente presente e 'realiza-se também a obra da nossa
redenção” (...) Verdadeiramente, na Eucaristia demonstra-nos um amor
levado até ao “extremo” (cf. Jo 13,1), um amor sem medida” (EE, n. 11).

21 Cf. Diálogo sobre a Divina Providência, de Santa Catarina de Sena, virgem. Ofício das leituras
do décimo nono domingo do Tempo Comum.
“Jesus, ,
o Messias, t
Servo Sofredor, ?
inaugura o Reino de Deus!”

Hoje, renovamos nossa fé em Jesus, Ele, o Verbo encarnado na


história humana, “desceu dos céus: Se encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria, e se fez homem”. É o filho de José, o filho de
Maria. “Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu
e foi sepultado. Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as
Escrituras; E subiu aos céus, onde está assentado à direita de Deus Pai.
Donde há de vir, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o Seu
reino não terá fim” (Credo Niceno-Constantinopolitano).
No rito da comunhão, somos convidados para participarmos do
banquete do Senhor: “Eu sou o Pão vivo, que desceu do céu: se alguém
come deste Pão, viverá eternamente. Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo...”.
Como rezamos na oração pós-comunhão, que de fato este “sacra-
mento nos traga a salvação e nos confirme na verdade eterna”.
Acolhendo o projeto de Jesus, renasceremos como homem e
mulher novos, construtores de um mundo novo. Viveremos no amor,
sendo bondosos, compassivos e capazes de perdoar.

Sugestões para a celebração


À À cor usada é o verde.
» Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Senhor, tua
aliança”, p. 124; “Provai e vede quão suave!”, p. 158-159; “Ale-
luia! Eu sou o pão da vida, descido do céu”, p. 226; “Teu corpo
é nosso alimento”, p. 268-269; “Eis o pão da vida”, p. 351. E
ainda: “Eu sou o pão que vem do céu”, p. 353.
à Hoje é Dia dos Pais. Alguns pais poderiam acompanhar a pro-
cissão de abertura, com velas acesas, expressando a atitude de
vigilância. Um pai pode conduzir o Evangeliário, chegando à
frente, o coloca sobre o altar.
à Após a saudação, recordar nossos pais: sua vida e missão, con-
quistas e desafios. Se a comunidade for pequena, poderia, neste
momento, dizer, em voz alta, o nome dos pais presentes.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | B

à Antes da aclamação ao evangelho, se traz uma vela grande.


O(a) coordenador(a) acende, dizendo:

Bendito sejas, Senhor, vigia do teu povo! Acende em nós (e


particularmente em nossos pais) teu clarão para acolhermos com
alegria o santo evangelho.

4 partir desta luz, vão-se acendendo as velas da assembleia.

Vigiemos e acolhamos o santo evangelho.”

à À oração eucarística pode ser a V do Congresso Eucarístico de


Manaus.
à Continuar cuidando da verdade do sinal, para que a matéria da
celebração eucarística pareça realmente um alimento.
à Na procissão das oferendas, uma família pode levar o pão e o
vinho até o altar.
à Poderia ter uma bênção especial para os pais.
à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. “Eu sou o pão vivo descido do céu. Sejam
pão partilhado para a vida do mundo. Ide em paz e que o Senhor
vos acompanhe”.
3,

à Amanhã, dia 10, fazemos memória de São Lourenço, diácono


dos pobres. No dia 12, lembramos Margarida Alves, líder
sindical, assassinada na Paraíba e Alfredinho, servo sofredor,
em São Paulo. No dia 13, recordamos Ir. Dulce, anjo bom da
Bahia. No dia 14, fazemos memória de Maximiliano Maria
Kolbe, mártir nos campos de concentração.

22 Cf. CARPANEDO, Penha; GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor: guia para as celebrações
das comunidades, tempo comum, ano €. São Paulo: Apostolado Litúrgico, 2004, p. 151.
SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO
DE NOSSA SENHORA
16 de agosto de 2015
"FEL AQUELA QUE ACREDITO.

Leituras: Apocalipse 11,19a; 12,1.3-6a.10ab;


Salmo 44(45),10bc.11.12ab.16 (R/.10b);
ICoríntios 15,20-27a; Lucas 1,39-56.

Situando-nos

“Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando este dia festivo em honra


da Virgem Maria: os anjos se alegram pela sua Assunção e dão glória
ao Filho de Deus” (antífona de entrada).
Ao celebrar a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, a Igreja
reconhece o mistério da Páscoa plenamente realizado nela. De fato,
Maria, glorificada na Assunção, atingiu a plenitude da salvação, até a
transfiguração do corpo. “Desde toda a eternidade unida misteriosa-
mente a Jesus Cristo, pelo mesmo desígnio de predestinação, a augusta
Mãe de Deus, imaculada na concepção, virgem inteiramente intacta
na divina maternidade, generosa companheira do divino Redentor,
que obteve pleno triunfo sobre o pecado e suas consequências, ela
alcançou ser guardada imune da corrupção do sepulcro, como suprema
coroa dos seus privilégios. Semelhantemente a seu Filho, uma vez ven-
cida a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde, rainha,
refulge à direita do seu Filho, o imortal rei dos séculos”.?
Com a Bem-aventurada, virgem Maria, cantamos as maravilhas
que o Senhor fez por nós, sobretudo fazendo-nos participar integral-
mente do mistério pascal de seu Filho, Jesus Cristo. Bendizemos a

23 Da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, do Papa Pio XII. Século XX, Ofício das
Leituras da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | =

Deus, porque Ele reaviva em nós a esperança de mudanças radicais na


sociedade em que vivemos.

Recordando a Palavra

O Evangelho de Lucas pertence às narrativas sobre o anúncio e o


nascimento de João Batista e de Jesus (cap. 1-2), as quais preparam
para acolher Jesus, o Messias Salvador. Sublinha o caminho percorrido
por Maria, associada, de modo particular, ao mistério da encarnação,
paixão e glória de seu Filho Jesus. Como modelo exemplar de discípula,
Maria escuta e pratica a Palavra do Senhor. À fé em Deus e a solida-
riedade aos sofrimentos e anseios do povo levam Maria a participar
ativamente dos planos divinos de salvação.
Maria dirige-se apressadamente à montanha de Judá, para visitar
Isabel e juntas celebrarem a ação de Deus em suas vidas. À saudação de
Maria enche de paz e alegria toda a casa. Até João Batista, o precursor
de Jesus, “salta de alegria no ventre de Isabel” (cf. 1,41). Maria, como a
arca da aliança, é portadora da presença do Senhor que visita e traz
salvação. Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, proclama Maria “ben-
dita entre todas as mulheres e bendito o fruto do seu ventre” (cf. 1,42). Ela
termina exclamando: “Feliz és tu que acreditaste, pois será cumprido o
que foi prometido pelo Senhor” (cf. 1,45).
Por meio do cântico do Magnificat (1,46-55), Maria louva e agra-
dece a Deus Salvador, pelas maravilhas que realiza ao longo da histó-
ria. Maria exulta como Ana (cf. 1Sm 2,1-10) e com todos os que espe-
ram a salvação. Ela representa os pobres e os humildes, que confiam
em Deus e se dispõem para servir seu Reino com generosidade. A
humilde serva Maria (cf. 1,38) é exaltada porque, mediante seu Filho,
Deus revela a Boa-Nova da salvação ao povo sofrido. À misericórdia
manifestada a Maria estende-se a todos “aqueles que temem a Deus”.
Maria reconhece o longo caminho de conversão, para acolher o
dom gratuito do amor de Deus oferecido a todos. O Senhor mostrou
a força de seu braço, “dispersou os soberbos de coração, derrubou do trono
os poderosos e elevou os humildes; aos famintos encheu de bens, e despediu
“Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

os ricos de mãos vazias” (cf. 1,51-53). Deus realizou um novo êxodo,


demonstrando sua predileção pelos pequenos e oprimidos, a ser reve-
lada em Filho Jesus e na missão de seus discípulos.
À situação dos oprimidos ressaltada na pessoa de Maria será trans-
formada pela adesão a Jesus e a seu projeto salvífico. Jesus, o Messias,
o Ungido pelo Espírito, anuncia a Boa Notícia da misericórdia, da
compaixão de Deus aos pobres (cf. 4,18). As promessas divinas feitas
desde os tempos de Abraão (cf. 1,545) cumprem-se de forma nova e
profunda na atuação de Jesus (cf. 4,21), que culmina com sua morte
redentora na cruz.
À leitura do livro do Apocalipse mostra a situação das comuni-
dades cristãs, no fim do século 1, quando o livro foi escrito. Diante
das hostilidades e perseguições por causa do anúncio da Boa-Nova de
Cristo, o autor orienta a cultivar a esperança e a manter a resistência.
O sinal da sétima trombeta tocada pelo anjo (cf. 11,15s) anuncia a
salvação, pois o reinado pertence a Deus Pai e ao Messias. À “arca da
aliança” simboliza a presença permanente do Senhor, que conduz a
história humana.
A mulher, vestida de sol e coroada com doze estrelas, manifesta o
novo povo de Deus, a Igreja. À ação de Deus, revelada na libertação da
dominação do Egito (cf. Ex 19,4) e, de modo especial, na ressurreição
de Cristo, ilumina e fortalece a missão das comunidades. O dragão,
adornado com chifres e diademas, representa os poderes opressores
dos impérios deste mundo. No entanto, o reinado deixa de ser dos
poderosos, pois “agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do
nosso Deus, e o poder do seu Cristo” (12,10)
O Salmo 44(45), que realça a celebração nupcial de um rei com
uma princesa, adquiriu sentido messiânico, sendo aplicado a Cristo,
o verdadeiro rei que celebra as núpcias da aliança definitiva com a
humanidade (cf. Ap 19,7; 21,2.9).
À leitura da primeira Carta aos Coríntios é uma parte da reflexão
sobre a ressurreição, desenvolvida ao longo do capítulo quinze. Paulo
sublinha a participação no mistério da ressurreição, que decorre da
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | RB

Páscoa de Jesus e marca o início da nova humanidade. “Cristo ressusci-


tou dos mortos como primícias dos que morreram” (15,20), esperança
de nossa ressurreição. Ele ascendeu ao céu e ofertou a si mesmo a Deus
como representante de todos os seus seguidores e seguidoras.
À adesão a Cristo leva a percorrer o caminho que conduz à vida
plena em Deus. Os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda,
participarão também de sua ressurreição. Cristo entregará a realeza a
Deus Pai, depois de vencer todo poder e força opostas a seu projeto
salvífico. À morte é o último inimigo a ser destruído. Cristo, por seu
mistério pascal, venceu a morte e o pecado para que “Deus seja tudo
em todos” (15,28).

Atualizando a Palavra

À solenidade da glorificação de Maria convida a proclamarmos a obra


grandiosa do Senhor, que impele a trilharmos o caminho da vida
nova, enquanto peregrinamos em busca da comunhão definitiva. O
exemplo de Maria, a mãe do Salvador que permaneceu fiel ao projeto
do Pai, ensina a sermos solidários diante das necessidades dos irmãos
sofredores. O sonho de esperança de um mundo novo começa a se
tornar realidade com nosso compromisso a serviço da justiça e da
fraternidade.
Como em Caná da Galileia, quando Maria orientou: “fazei tudo
o que ele vos disser” (Jo 2,5), ela continua o ministério com o Filho
glorificado junto ao Pai. À Lumen Gentium, no número 62, destaca
que “Maria, depois de ter sido elevada ao céu, exerce a missão como
intercessora para alcançar-nos os dons da salvação eterna. Por sua
maternal caridade, cuida dos irmãos de seu Filho que ainda peregri-
nam na terra, rodeados de perigos e dificuldades até chegarem à pátria
bem-aventurada”.
À celebração da assunção de Maria evoca as raízes da fé dos pri-
meiros séculos da Igreja. A devoção a Maria, como a mãe do Senhor,
desenvolveu-se progressivamente no seio da comunidade cristã até a
consolidação do título Theotokos, “mãe de Deus”, no Concílio de Éfeso
oo “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

em 431. O Papa Pio XII, ao proclamar o dogma da assunção de Maria


em 1950, reconheceu seu caminho exemplar de fé e esperança. Maria,
glorificada junto ao Pai, nos ensina a adesão total à Palavra que leva a
se colocar a serviço com generosidade, combatendo as causas da desi-
gualdade e da injustiça que contradizem o ensinamento de Cristo.
Neste dia dedicado aos religiosos e às religiosas, neste Ano da
Vida Consagrada, as palavras do Papa Francisco são apelo a renovar
o compromisso com a alegria do Evangelho. Que seja sempre verdade
aquilo que eu disse uma vez: “Onde estão os religiosos, há alegria”,
Somos chamados a experimentar e mostrar que Deus é capaz de pre-
encher nosso coração e fazer-nos felizes sem necessidade de procurar
em outro lugar nossa felicidade; que a autêntica fraternidade vivida em
nossas comunidades alimenta nossa alegria; que nossa entrega total ao
serviço da Igreja, das famílias, dos jovens, dos idosos, dos pobres nos
realiza como pessoas e dá plenitude à nossa vida.
Também nós sentimos dificuldades, mas, nisto mesmo, devere-
mos encontrar a “perfeita alegria”, aprender a reconhecer o rosto de
Cristo, que em tudo se fez semelhante a nós e, consequentemente,
sentir a alegria de saber que somos semelhantes a Ele que, por nosso
amor, não se recusou a sofrer na cruz. Em uma sociedade que ostenta
o culto da eficiência, da saúde, do sucesso e que marginaliza os pobres
e exclui os “perdedores”, podemos testemunhar, através de nossa vida,
a verdade destas palavras da Escritura: “Quando sou fraco, então sou
forte” (2Cor 12,10).
Durante a visita a Sri Lanka e às Filipinas, o Papa Francisco subli-
nhou que a conversão à novidade do Evangelho implica um encon-
tro diário com o Senhor na oração. Os santos nos ensinam que isto
é a fonte de todo o zelo apostólico. Para os religiosos, viver a novi-
dade do Evangelho significa encontrar incessantemente, na vida da
comunidade e nos apostolados da comunidade, o incentivo para uma
união cada vez mais estreita com o Senhor na caridade perfeita. Para

24 Cf. Carta Apostólica às Pessoas Consagradas, para a Proclamação do Ano da Vida Consagrada.
Vaticano, 21 de novembro de 2014.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | EB

todos nós, isto significa viver de tal forma que espelhemos a pobreza
de Cristo, cuja vida estava inteiramente focalizada em fazer a vontade
do Pai e servir os outros. Tornar-se pobre permite nos identificarmos
com os últimos dos nossos irmãos e irmãs e anunciar a radicalidade do
Evangelho em uma sociedade acostumada à exclusão, à polarização e
a uma desigualdade escandalosa.”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


À celebração litúrgica, assim como o encontro de Maria com Isabel,
é, para nós, momento privilegiado de contemplação do mistério de
Deus presente em nossa vida e na vida das pessoas que compartilham
conosco a mesma fé.
Que sejamos bem-aventurados por acreditar que Deus cumpre sua
promessa. Na ressurreição de Jesus, temos a concretização da promessa
de Deus realizada, pois Deus não abandonou Jesus à morte e se Cristo
venceu a morte, nós, venceremos juntamente com Ele.
Ão participar do mistério de Cristo, recebemos de Deus a alegria
e a esperança oferecidas aos pobres e aos humildes. Deus nos oferece a
salvação em seu Filho, Jesus, mas é preciso acolhê-la — sentar-se à mesa.
Maria, a mãe de Deus, já participa do banquete do Reino, com seu
Filho, pois foi elevada à glória do céu em corpo e alma (cf. oração do
dia). Quanto a nós, na Eucaristia já antegozamos a alegria reservada a
todos os que se dispõem a receber o Filho.
Alimentados com o sacramento da salvação, nós que ainda pere-
grinamos aqui na terra temos, no céu, um modelo de fé e fidelidade a
Deus: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do
céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança
para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção
da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho feito
homem, autor da vida” (oração pós-comunhão e prefácio).

25 Cf. Homilia na Missa aos Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas. Manila, Filipinas, 16 de
janeiro de 2015.
EH “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Temos de Deus, a garantia de que a salvação atinge a pessoa intei-


ramente. Ele dispersa os soberbos de coração, derruba os poderosos do
trono, eleva os humildes, enche de bens os famintos, despede os ricos
de mãos vazias, socorre Israel seu servo, pois é misericordioso e é o
Senhor de palavra — dito e feito (cf. Lc 151-55).
Maria, a mulher pobre, livre e obediente, acreditou. Cabe a nós
também termos “a estranha mania de ter fé na vida”, vida que nos é
doada por Deus.

Sugestões para a celebração


h À cor usada é o branco.
h Os cantos e músicas devem expressar o sentido da Solenidade.
De alegria vibrei no Senhor, Hinário Litúrgico 4, p. 169; “Uma
mulher no céu”, CD Festas Litúrgicas III; “Cheia de graça”,
CD Festas Litúrgicas III; “Aleluia, Maria é elevada”, CD Fes-
tas Litúrgicas III, “É grande o Senhor”, CD Festas Litúrgicas
II; “Povo de Deus, foi assim”, CD Festas Litúrgicas III; “A
minh'alma engrandece o Senhor”, CD Festas Litúrgicas III.
Um ícone de Maria pode ajudar a comunidade a entrar no clima
da celebração. O ícone é levado em procissão, no início da cele-
bração, colocado em lugar de destaque e incensado.*
Hoje, na dinâmica do mês vocacional, a Igreja lembra as religio-
sas e os religiosos. Seria bom que, no início da celebração, caso
tenha algum religioso ou religiosa presente, que se apresente e
socialize o carisma e a missão de seu instituto ou congregação.
O evangelho pode ser cantado ou encenado.
À oração eucarística pode ser a III, com o prefácio próprio da
Solenidade.
Poderia ter uma bênção especial para os religiosos e religiosas.

26 Cf. CARPANEDO, Penha; GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor: guia para as celebrações
das comunidades, tempo comum, ano C. São Paulo: Apostolado Litúrgico, 2004, p. 256.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | E

à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com


o mistério celebrado. “Tenham fé na promessa do Senhor. Ide
em paz e que o Senhor vos acompanhe”.
à No dia 20, fazemos memória de São Bernardo, monge teólogo;
no dia 21, de Pio X, papa dedicado à renovação litúrgica; no dia
22, de Nossa Senhora Rainha.
21º DOMINGO DO TEMPO COMUM

23 de agosto de 2015
A QUEM IREMOS, SENHOR? TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA.

Leituras: Josué 24,1-2a.15-17.18b; Salmo 33(34),2-3.16-17.18-19.20-


21.22-23(R/.9a); Efésios 5,21-32; João 6,60-69.

Situando-nos

Diante do discurso sobre o pão da vida, o evangelista João vai descre-


vendo a reação dos ouvintes de Jesus. Muitos não aceitaram o jeito de
ser de Jesus, sua proposta, ou seja, o caminho da cruz. Jesus não é o
messias segundo a carne e sim segundo o Espírito.
Hoje Jesus se depara com a reação dos que estão mais próximos.
Muitos discípulos voltaram atrás, não tiveram a coragem de aderir à
proposta de Jesus. Diante disto, Jesus pergunta aos Doze se eles tam-
bém querem deixá-Lo. Simão Pedro faz então sua profissão de fé.
No caminho de seguimento do Senhor, são muitas as tentações de
voltar atrás. Hoje, nós, discípulos e discípulas de Jesus, renovamos nossa
fé n Ele, assumindo o caminho da cruz. Que jamais percamos o encanto
por Jesus, o Santo de Deus, Aquele que tem palavra de vida eterna.

Recordando a Palavra
O Evangelho de João, colocado logo após o discurso sobre o pão da
vida (6,22-59), sublinha a adesão dos discípulos à Boa-Nova de Jesus.
Crer que Jesus é o Pão/Palavra que oferece a vida eterna e que nEle
reside todo o poder vindo do Pai significa reconhecer sua ação eficaz na
comunidade como Ressuscitado. Muitos seguidores abandonam Jesus,
pois esperavam um messias libertador para restaurar a glória de Israel
prometida pelos profetas. No fim do século I, quando o Evangelho de
João foi escrito, a comunidade cristã era discriminada e perseguida.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | EB

Muitos discípulos ouviram a mensagem de Jesus, mas não com-


preenderam profundamente sua revelação: “Esta palavra é dura. Quem
consegue escutá-la?” (6,60). Quem poderá crer diante do escândalo da
cruz? Jesus se oferece como pão para a vida da humanidade, através
de sua entrega total na cruz. Por isso, é necessário “ver que o Filho
do Homem subiu para onde estava antes” (cf. 6,62). Acreditar que,
mediante a paixão e morte, Jesus foi glorificado leva a reconhecer sua
presença viva na comunidade. À experiência pascal com o Senhor pro-
porciona a adesão às suas palavras.
“O Espírito é que dá a vida, a carne para nada serve. As pala-
vras que vos disse são Espírito e são vida” (6,63). O Espírito Santo,
dom do Cristo glorificado (cf. 7,39), possibilita reconhecer o sentido de
suas palavras (cf. 14,26) e as transforma em “Espírito e vida”. À carne,
oposta ao Espírito que faz viver, refere-se ao ser humano entregue a si
mesmo, incapaz de perceber o sentido profundo das palavras de Jesus
e crer. Os ensinamentos de Jesus conduzem à adesão, mas “alguns dis-
cípulos não acreditam, o abandonam e não andam mais com ele”, À fé
em Jesus é dom oferecido pelo Pai a todas as pessoas.
Jesus voltou-se para o grupo mais próximo de seguidores repre-
sentados pelos Doze e perguntou: “Vós também quereis ir embora?”
(6,67). Pedro, em nome dos discípulos, professa a fé em Jesus: “A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos
firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (6,68-69). A
proclamação de Jesus como o Santo de Deus remete a tu és “o Cristo
de Deus” (Lc 9,20), pois Cristo significa ungido, consagrado. Pedro
testemunha a adesão da comunidade a Cristo, que manifesta a salva-
ção, as palavras de vida eterna. Os discípulos reconhecem que Jesus é o
verdadeiro caminho, que leva a experimentar a presença do Deus vivo.
A leitura do livro de Josué convida o povo reunido em Siquém a
renovar a fé no Deus libertador, que “vê a opressão do povo no Egito,
ouve o grito de aflição, conhece os seus sofrimentos e desce para
libertá-los” (cf. Ex 3,7-8). Muitos grupos que estavam em Siquém não
haviam feito a experiência da libertação no Egito (cf. Nm 14,21-23) e a
caminhada pelo deserto. Agora, porém, todos os presentes participam
Mo “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

e atualizam para si a história da salvação, acolhendo com fé o Senhor


e sua Palavra de salvação.
O povo de Israel reunido em uma grande assembleia constitutiva
é chamado a renovar a aliança com o Senhor. Ào ser interpelado por
Josué “escolhei hoje a quem quereis servir” (24,15), o povo reitera litur-
gicamente o compromisso de fé de seguir o Deus de seus pais, o Deus
da história. A memória das grandes ações da salvação, especialmente
a libertação da escravidão no Egito e o dom da terra prometida, levam
a escolher o Deus da vida: “nós também serviremos ao Senhor, porque
ele é nosso Deus” (24,18).
O Salmo 33(34) é uma oração pessoal de ação de graças ao Senhor,
que liberta aqueles que creem nele. Sublinha a confiança no Senhor
que “mantém os olhos sobre os justos e os ouvidos atentos ao seu grito
de socorro”.
A leitura da Carta aos Efésios pertence à seção sobre as relações
familiares (cf. 5,21-6,9). A Carta aos Efésios, escrita por volta do ano
90, descreve as relações entre marido e mulher, a partir do modelo da
sociedade romana patriarcal. Paulo, em torno do ano 57, havia res-
saltado que “não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou
mulher, pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28). O autor
da Carta aos Efésios propõe a relação de amor entre Cristo e a Igreja
como modelo de todas as demais relações familiares.
A forma como o texto de hoje começa: “Sede submissos uns
aos outros no temor de Cristo” (5,21) revela o novo ensinamento a
ser seguido pelos cristãos. Convida a viver a submissão mútua, não o
domínio de uma pessoa sobre a outra. Os esposos devem se submeter
um ao outro, imitando o amor de Cristo pela Igreja. O mistério da
união entre Cristo e a Igreja é muito grande. À analogia com o matri-
mônio proporciona a compreensão maior e a generosidade no serviço
ao Reino de Deus.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum |

Atualizando a Palavra

O sinal do pão (cf. 6,1-15) e o discurso sobre o pão da vida (cf. 6,22-59),
em que Jesus proclamou que estava entregando sua carne como alimento
para a vida do mundo, conduz ao compromisso de adesão pela fé ou de
rejeição do Enviado de Deus. Os Doze que permaneceram com Jesus,
convictos de que somente Ele tem palavras de vida eterna, representam
todos os que estão dispostos a dedicar a vida ao serviço do Reino
de Deus. Eles ensinam a viver a verdadeira fé, que consiste em uma
relação existencial com o Senhor, testemunhada no compromisso com a
realização plena de seu reinado de justiça e fraternidade.
Às palavras de Jesus, no Evangelho de João, provocam reações de
fé ou de incredulidade (cf. 1,9-13). Quem ouve Jesus é sempre chamado
a fazer a opção, a escolher o caminho. Os que permanecem com Jesus
comprometem-se no caminho do seguimento, formam comunidades e
participam de seu destino. À adesão leva à identificação com Jesus, ofere-
cendo a vida como dom de amor e partilha. Os desafios cotidianos impe-
lem a renovar a opção por Jesus e seu projeto, alicerçando a vida sobre os
valores do Evangelho. O caminho da entrega total com Jesus, que se fez
plenamente humano, menos no pecado, e se revelou plenamente na cruz,
convida a acolher o Deus presente na fragilidade humana, que se identi-
fica com os irmãos “mais pequeninos” (cf. Mt 25,40).
O povo de Israel, interpelado por Josué, escolhe “servir o Senhor”,
pois a história da libertação no Egito e da caminhada pelo deserto
revela que somente Ele proporciona a vida em plenitude, a liberdade,
a paz. Nós também somos chamados a renovar o compromisso com o
Deus libertador, revelado nas palavras e nos gestos salvíficos de Jesus.
Como os discípulos, as palavras de Jesus são “Espírito e vida”, orien-
tam e sustentam nossas opções e missão de servidores do Reino: “A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eternal”. O amor e a
paz de Jesus, sua Palavra e Eucaristia alimentam o caminho, que con-
duz a uma vida mais digna e plena para todos.
O Papa Francisco convida a viver ao redor da Palavra de Deus. Não é
só a homilia que deve alimentar da Palavra de Deus. Toda a evangelização
ao “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e


testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte de evangelização. Por isso,
é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. À Igreja não
evangeliza, se não se deixa continuamente evangelizar. É indispensá-
vel que a Palavra de Deus “se torne cada vez mais o coração de toda a
atividade eclesial”. A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na
Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e os torna capa-
zes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária. Superamos já
a velha contraposição entre Palavra e Sacramento: a Palavra proclamada,
viva e eficaz, prepara a recepção do Sacramento e, no Sacramento, essa
Palavra alcança a máxima eficácia.”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Depois de Jesus ter se apresentado como o pão da vida, descido do céu,
o grupo dos discípulos reage: “Esta palavra é dura. Quem consegue
escutá-la?”. Na segunda parte, o evangelista descreve a opção dos
Doze diante da proposta de Jesus. Pedro responde na primeira pessoa
do plural: “A quem iremos, Senhor? “Tu tens palavras de vida eterna.
Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Neste domingo, Dia do Senhor, na assembleia litúrgica, o Senhor
reparte sua Palavra de vida e salvação para nós.
Como na assembleia de Siquém, o Senhor nos convoca, nós atende-
mos e nos apresentamos. O Senhor fala, nós respondemos, professando
a fé, suplicando e rezando, louvando e bendizendo. Com ritos, gestos
e símbolos, expressamos e renovamos a Aliança. Somos abençoados e
enviados em missão na construção de comunidades vivas.? Desenvolve-
-se desta forma, um verdadeiro diálogo de Deus com o seu povo reu-
nido, um colóquio contínuo do Esposo e da Esposa, ou seja, a oração.
A Palavra proclamada e escutada com o ouvido do coração
recorda e prolonga o plano divino de salvação. Na Palavra celebrada,

27 Cf. EG, n. 174.


28 Cf. CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 52.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | E

experimentamos a presença viva da libertação pascal acontecendo


hoje, aqui e agora (cf. SC, n. 7). O Verbo de Deus, que se fez carne
no seio de Maria, agora ressuscitado, nós vemos encarnado neste dia e
na história da comunidade que o celebra mediante a proclamação das
Sagradas Escrituras.
O Cristo, Palavra eterna, se faz alimento nas espécies eucarísticas,
“...) porque, de fato, principalmente na sagrada liturgia, não cessa de
tomar e entregar aos fiéis o pão da vida, da mesa da Palavra de Deus
como do corpo de Cristo” (DV, n. 21).
Nutridos nas duas mesas que são fonte de alimento para todas as
pessoas de fé, poderemos vencer nossos medos e inconstâncias e optar
por Jesus Cristo, o Santo de Deus.

Sugestões para a celebração


à À cor usada é o verde.
à Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Vem escutar-
-me, ó Senhor”, p. 125; “Provai e vede quão suave”, p. 158-159;
“Aleluia! Ó Senhor, tuas palavras!”, p. 222; “Quem come da
minha carne”, p. 268-269; “Vós sois o caminho”, p. 380.
à No início cantar um refrão meditativo: “O nosso olhar se dirige
a Jesus, o nosso olhar se mantém no Senhor”. Ofício Divino
das Comunidades, suplemento 1. “Refrãos Meditativos”, São
Paulo, Apostolado Litúrgico, n. 16.
à À mesa da Palavra receba destaque semelhante à mesa eucarís-
tica: flores, velas.
Toda a comunidade renova a adesão ao Senhor na profissão de fé.
A

à Cantar com fé e decisão a aclamação memorial: anunciamos


Senhor a vossa morte:
à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com o
mistério celebrado. “Proclamem a todos a Boa Notícia. Ide em
paz e que o Senhor vos acompanhe”.
100 “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

» Hoje, lembramos Santa Rosa de Lima, jovem leiga, consagrada


ao Senhor, e também a data da fundação do Conselho Mundial
das Igrejas. No dia 23, é festa de São Bartolomeu, apóstolo. No
dia 2/7, fazemos memória de Santa Mônica, que se dedicou à
conversão do marido e do filho. Neste dia lembramos também
D. Helder Câmara, o “dom” da paz. No dia 28, fazemos memó-
ria de Santo Agostinho, bispo e mestre e, no dia 29, do martírio
de João Batista.
30 de agosto de 2015
“VÓS ABANDONAIS O MANDAMENTO DE DEUS PARA
SEGUIR A TRADIÇÃO DOS HOMENS”.

Leituras: Deuteronômio 4,1-2.6-8;


Salmo 14(15),2-3ab.3cd-4ab.S(R/.1a);
Tiago 1,17-18.21b-22.27; Marcos 7,1-8.14-15.21-23.

Situando-nos

Por vários domingos, escutamos o Evangelho, segundo João que


narrava o discurso sobre o “pão da vida”. Hoje, retomamos o Evangelho
de Marcos que nos revela, pouco a pouco, quem é Jesus.
Nesta celebração, o Mestre ensina a valorizarmos o essencial.
Tudo o que serve para o crescimento é aceitável. As normas, as leis são
úteis enquanto estiverem no plano de Deus, que é de vida e salvação.
E preciso mudar as atitudes a partir de dentro, pois é o que sai do
interior da pessoa que a contamina. Que possamos mudar de atitudes
formalistas para a religião do coração, como Jesus praticou e ensinou.
Hoje, é o Dia Nacional dos Catequistas - mulheres e homens que
movidos pela fé, esperança e caridade se dedicam a evangelizar. Vale
lembrar as palavras do Concílio Vaticano II a respeito das(os) catequis-
tas: “É digna de louvor aquela falange, tão grandemente benemérita
da obra missionária entre os povos, os catequistas, homens e mulheres,
que imbuídos do espírito apostólico com ingentes esforços trazem sin-
gular e indispensável auxilio à expansão da fé da Igreja..” (AG, n. 17).

Recordando a Palavra
O Evangelho de Marcos começa com a reação dos fariseus e dos mestres
da Lei, diante da atitude dos discípulos de Jesus que não seguiam as
Io» “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

práticas judaicas de purificação ritual (cf. 7,1-8). “A tradição dos antigos”


refere-se especialmente aos preceitos e costumes, que foram acrescen-
tados à Lei. Assim, no tempo de Jesus, havia 613 normas, das quais
248 com formulação positiva e 365 com formulação negativa. Jesus
ensina a diferenciar entre a Palavra de Deus e as tradições humanas. À
finalidade essencial da Lei, a Torá, era conduzir no caminho da vida
através do amor a Deus e ao próximo.
Como intérprete autorizado, Jesus propõe o amor compassivo à
prática rigorista e exterior da Lei: “Misericórdia eu quero, não sacrifí-
cios” (Mt 9,13; 12,7; cf. Os 6,6). O ensinamento de Jesus lembra a tra-
dição profética que convida à conversão interior, para trilhar o cami-
nho da aliança: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração
está longe de mim” (7,6; cf. Is 29,13). Jesus critica os que “abandonam
o mandamento de Deus, para seguir a tradição dos homens” (cf. 7,8).
A verdadeira religião, centrada na Palavra, proporciona a comunhão
com Deus e a solidariedade com os irmãos.
Jesus chama a multidão para junto de si e convida a “ouvir e entender”
sua mensagem libertadora (7,14.16). Havia uma série de normas que tor-
navam as pessoas impuras impedidas de se aproximar do culto, do templo
e de integrar a comunidade. À inclusão ocorria através de ritos de puri-
ficação. Jesus, com sua atuação, elimina a diferença entre puro e impuro,
como barreira que divide os povos e marginaliza as pessoas. Ele mostra
que o verdadeiro culto, em espírito e verdade (cf. Jo 4,24), consiste no
mandamento do amor a Deus e ao próximo (cf. Mc 12,30-31). O apelo
de Jesus é para que todos escutem e compreendam: “O que torna impuro
o ser humano é o que sai do seu interior” (cf. 7,15).
Jesus termina seu ensinamento com uma atenção particular aos
discípulos, que ainda não haviam compreendido profundamente sua
mensagem (cf. 7,16-23). Ele sublinha que as más ações e os vícios são
consequências das opções humanas; afastam do autêntico relaciona-
mento com o Senhor e com os irmãos. Deus salva com a sua graça,
para que o ser humano permaneça em sua Palavra. À partir do cora-
ção, de seu interior, o ser humano tem a liberdade de decidir como agir
e como se comportar diante de Deus e dos outros. O coração, centro
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | TE

da personalidade, é mencionado no mandamento principal: “Amarás o


Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Dt 6,5; Me 12,30).
A leitura do livro do Deuteronômio apresenta um pequeno
resumo da aliança e suas exigências. “Israel ouve (shemá, em
hebraico) as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir” (4,1).
Assim como em 5,1; 6,4; 9,1; 20,3; 27,9, o povo é impelido a escutar
a Palavra do Senhor e a reconhecer sua bondade. A observância da
Lei, a Torá, dom oferecido por Deus, é condição essencial para a vida
em plenitude na terra prometida.
À ação do Senhor, ao longo da caminhada do povo (cf. Dt 1,6-3,29),
conduz ao compromisso. Israel reconhece a presença libertadora e amo-
rosa de Deus que acompanha sua vida e história. O Senhor está próximo
sempre que o invocamos (4,7), porque sua Palavra (4,8), isto é, a Torá, está
próxima de nós, em nossa boca e em nosso coração (30,11-14). A Palavra
do Senhor proporciona trilhar o caminho da aliança, que assegura a jus-
tiça e a liberdade plena.
O Salmo 14(15) apresenta diversas condições para entrar no tem-
plo e participar do culto divino. Os peregrinos chegavam ao templo
de Jerusalém, para o encontro com o Senhor. Quem pratica a justiça
e ama o próximo está preparado para entrar na presença do Senhor.
À leitura da Carta de Tiago ensina a viver e testemunhar a reli-
gião autêntica através da escuta e da prática da Palavra. Deus oferece
dádivas boas e nos gerou pela “Palavra da verdade”, manifestada ple-
namente em Cristo, que nos torna nova criatura. Em resposta ao amor
gratuito de Deus, somos chamados a acolher, com docilidade, a Pala-
vra da salvação, que foi plantada em nossos corações.
À escuta atenta e o acolhimento da Palavra devem conduzir à ação:
“Sede praticantes da Palavra, e não meros ouvintes” (1,22). A Palavra é
praticada através da caridade com os necessitados, representados pelos
órfãos e pelas viúvas (cf. 1,27). A verdadeira religião revela-se na soli-
dariedade com os pobres, associada ao compromisso de não se deixar
corromper pelas estruturas injustas da sociedade.
10408 “Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Atualizando a Palavra

Jesus chama para junto si os que estão aflitos e sobrecarregados,


aliviando-os com sua compaixão e misericórdia. Ele ensina a viver
a religião autêntica, conforme a vontade do Pai, testemunhada no
amor fraterno. O verdadeiro culto leva ao encontro com o Senhor e
faz experimentar a alegria da salvação. As palavras do profeta Isaías
— “este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe
de mim” — são um apelo para renovar o compromisso diário com o
Senhor e sua Palavra.
Deus está presente na caminhada dos que se empenham em bus-
car leis justas a serviço da vida digna para todos. À ação de seu Espírito
proporciona a escuta e a “prática do mandamento”, da Palavra que nos
compromete com seu Reino de justiça e fraternidade. À religião, sem
a escuta atenta e comprometida da Palavra do Senhor, corre o risco de
se tornar cumprimento de ritos e práticas externas de piedade. Como
continuadores da missão de Jesus, que entregou a vida por amor, nos-
sas práticas religiosas devem nos conduzir a amar mais a Deus e ao
próximo. À adesão a seus ensinamentos deve levar à ação evangeliza-
dora, ao compromisso solidário com as pessoas necessitadas.
Neste dia dos catequistas e servidores das comunidades, o Papa
Francisco sublinha que, em virtude do Batismo recebido, cada mem-
bro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28,19).
Cada um dos batizados, independente da própria função na Igreja e do
grau de instrução de sua fé, é um sujeito ativo de evangelização. Não
seria apropriado pensar em um esquema de evangelização realizado
por agentes qualificados, enquanto o resto do povo fiel seria apenas
receptor de suas ações. À nova evangelização deve implicar um novo
protagonismo de cada um dos batizados. Esta convicção transforma-
-se em apelo dirigido a cada cristão para que ninguém renuncie ao seu
compromisso de evangelização, porque, se uma pessoa experimentou
verdadeiramente o amor de Deus que a salva, não precisa de muito
tempo de preparação para sair a anunciá-Lo, não pode esperar que lhe
deem muitas instruções.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | 105

Cada cristão é missionário, na medida em que se encontrou com


o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos “dis-
cípulos e missionários”, mas sempre que somos “discípulos missioná-
rios”, Se não estivermos convencidos disto, olhemos para os primeiros
discípulos, que logo depois de terem conhecido o olhar de Jesus, saí-
ram proclamando cheios de alegria: “Encontramos o Cristo” (Jo 1,41).
À Samaritana, logo que terminou seu diálogo com Jesus, tornou-se
missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus “por causa
da palavra da mulher” (Jo 4,39). Também São Paulo, depois de seu
encontro com Jesus Cristo, “e logo começou a proclamar (...) que Jesus
é o Filho de Deus” (At 9,20). Por que esperamos nós?”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Os profetas já alertavam a respeito de um culto exterior. À palavra de
Jesus, retomando o profeta Isaías é dura: “Este povo me honra com os
lábios, mas o coração deles está longe de mim”, Este é sempre o risco
de toda religião: dar culto a Deus com os lábios, repetindo fórmulas,
recitando salmos, pronunciando palavras bonitas, enquanto nosso
coração está longe dele. O culto que agrada a Deus nasce do coração,
da adesão interior, desse centro íntimo da pessoa de onde brotam
nossas decisões e projetos.
“O culto que me oferecem está vazio”. Quando nosso coração está
longe de Deus, nosso culto fica sem conteúdo. Falta vida, a escuta sin-
cera da Palavra de Deus, o amor ao próximo. À religião se transforma
em algo exterior que se pratica por costume, mas onde faltam os frutos
de uma vida fiel a Deus (cf. www.ihu.unisinos.br).
Escutamos a Palavra de Jesus que nos convoca a uma mudança de
atitude, ou seja, passar de uma religião formalista, aparente, para uma
religião do coração como o próprio Jesus ensinou e praticou.
No ato penitencial, iluminados pela Palavra, podemos avaliar nossa
fé e perguntar sobre o sentido de nossas crenças e práticas religiosas.

29 Cf. EG, n. 120.


ra "Jesus, o Messias, Servo Sofredor, inaugura o Reino de Deus!”

Que o Senhor derrame, em nossos corações, o amor verdadeiro e


que estreitemos os laços que nos unem a Ele e alimente sempre em nós
o que é bom (cf. oração do dia).

Sugestões para a celebração


ha À cor usada é o verde.
h Os cantos e músicas devem expressar o sentido de cada domingo.
Para isso temos o Hinário Litúrgico 3 da CNBB: “Senhor, de
mim tem piedade!”, p. 125-126; “Senhor, quem morará”, p.
160-161; “Aleluia! Teu caminho, ó Senhor”, p. 227; “O mal que
sai de nós”, p. 2/0-271.
As(os) catequistas entram em procissão com velas acesas. Uma
delas conduz o Evangeliário e chegando à frente, o coloca sobre
o altar.

O ato penitencial pode ser um momento bem apropriado para


avaliar nossa prática cotidiana.

Preparar-se para a escuta atenta da Palavra do Senhor, can-


tando um refrão meditativo: “Shemá, Israel, Adonai elohenu,
Adonai ehad! (bis) Shemá, Israel, Adonai elohenu, Adonai
ehad! Shemá, Israel, Adonai elohenu, Adonai ehad! Escuta,
Israel, o Senhor é nosso Deus, um é o Senhor! Escuta, Israel, o
Senhor é nosso Deus, um é o Senhor! Escuta, Israel, o Senhor é
nosso Deus, um é o Senhor!” (Suplemento 1, Ofício Divino das
Comunidades, p. 4).
E bom, na homilia, falar sobre a missão das(os) catequistas à
luz das leituras do dia. Alguma catequista ou algum catequista
pode partilhar sua experiência com a comunidade.
Após a homilia, as(os) catequistas podem renovar seu ministé-
rio. Terminada a homilia, o presidente chama as(os) catequis-
tas pelo nome, elas(eles) se apresentam dizendo: “Eis-me aqui”.
Em seguida, renovam seu ministério através de uma fórmula.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum | | 07

à Após a oração depois da comunhão, pode se fazer uma home-


nagem às catequistas.

à Pode ter uma bênção especial para as(os) catequistas.


à Às palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. “Anunciai a todos que o Reino de Deus.
Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.

à Hoje, lembramos os 21 moradores que foram mortos na favela


de Vigário Geral, 1993. No dia 3, fazemos memória de Gre-
gório Magno, mestre e papa. O dia 5 de setembro é o Dia da
Amazônia.
à Dia 1º de setembro se inicia o mês da Bíblia. E importante
valorizar a escuta da Palavra:

- praticar a leitura orante diariamente, seguindo seus passos:


leitura, meditação, oração e contemplação. Esta prática,
como afirma o Papa Bento XVI: “(...) é verdadeiramente
capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de
Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra
divina viva... (VD, n. 87);
- preparar bem os(as) leitores(as) para proclamar; a assem-
bleia para ter ouvidos de discípula. Valorizar os livros litúr-
gicos que contêm a Palavra de Deus (o lecionário e o evan-
geliário), como afirma o elenco das leituras da missa: “Os
livros de onde se tiram as leituras da Palavra de Deus, assim
como os ministros, as atitudes, os lugares e demais coisas,
lembram aos fiéis a presença de Deus que fala a seu povo.
Portanto, é preciso procurar que os próprios livros, que são
sinais e símbolos das realidades do alto na ação litúrgica,
sejam verdadeiramente dignos, decorosos e belos” (n. 35).
- “.) os livros das leituras que se utilizam na celebração, pela
dignidade que a Palavra de Deus exige, não devem ser substitu-
ídos por outros subsídios de ordem pastoral, por exemplo, pelos
folhetos que se fazem para que os fiéis preparem as leituras ou
as meditem pessoalmente” (elenco das leituras da missa, n. 37);
- valorizar o ambão (mesa da Palavra) de onde “são proferidas
somente as leituras, o salmo responsorial e o precônio pascal;
também se podem proferir a homilia e as intenções da oração
universal ou oração dos fiéis” (elenco das leituras da missa,
n. 309).

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