Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Coções CNS?
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum
“Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois
Pai e cuidais de todos como filhos e filhas”
12 Edição - 2012
Coordenação:
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Diretor Editorial:
Mons. Jamil Alves de Souza
Revisão Doutrinal:
Pe. Hernaldo Pinto Farias, SSS
Revisão:
Lúcia Soldera
Projeto Gráfico e Capa:
Henrique Billygran da Silva Santos
Diagramação:
Raul Benevides dos Santos Silva
[O RO OR OR RO OR OR O DR OD O OR O DT OR DD DR OR RR RR RR]
C748c Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas.
Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Ano B - São Marcos. Brasília, Edições CNBB. 2012.
120p.:14x21cm
ISBN: 978-85-7972-142-7
CDU: 266.3
: Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios :
: (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de :
dados sem permissão da CNBB. Todos os direitos reservados O
.
Porcos aa O aaa OR O AO COLS DOCLLDLOS EC LLCNCAROLOCACRs ORDUsaronacoDOn a soc se 04”
Edições CNBB
SE/Sul Quadra 801 - Cj. B- CEP 70200-014
Fone: (61) 2193-3019 - Fax: (61) 2193-3001
E-mail: vendasGedicoescnbb.com.br
www.edicoescnbb.com.br
Sumário
ANO DA FÉ
11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013.....................
FINADOS
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS
02 de novembro de 2012.....................ciees
seres serereee eee crrerreeraeaaaado 76
APRESENTAÇÃO
Os Roteiros Homiléticos que aqui publicamos compreendem desde
o 22º domingo do Tempo Comum até a solenidade de Nosso Senhor
Jesus Cristo Rei do Universo, os quais correspondem aos meses de
setembro, outubro e novembro.
Dando continuidade ao Tempo Comum, somos chamados pela
Igreja a seguir os passos de Jesus como discípulos e discípulas seus.
À cada domingo, celebrando o ministério público de Jesus, que torna
visível o Reino do Pai, nos colocaremos em sua presença pela Litur-
gia, para conhecê-lo e amá-lo mais. Especialmente, neste ano “Bº da
liturgia, com o Evangelho de Marcos, chegaremos à Solenidade de
Cristo Rei, reafirmando nosso compromisso de segui-lo, tornando-o,
cada vez mais, Senhor, fonte e sentido de nosso existir.
O início do Ano da Fé, a comemoração dos fiéis defuntos e as
solenidades de Nossa Senhora Aparecida e de todos os Santos e San-
tas nos ajudarão neste caminho discipular, fortalecendo nossa espe-
rança de, um dia, contemplar a realização definitiva do Reino do Pai.
Estes roteiros foram elaborados por uma equipe de cinco padres que,
semanalmente, se reúnem, às quartas-feiras, para prepararem juntos a
homilia do domingo subsequente. Eles, como de costume, seguiram, em
suas reuniões, o método da Leitura Orante, iniciando pelo evangelho,
passando pela primeira leitura, pelo salmo responsorial e pela segunda
leitura. A reflexão é concluída com a oração dos textos eucológicos do dia
(oração do dia, sobre as oferendas, após a comunhão e prefácio).
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas R
02 de setembro de 2012
"RECEBEI COM HUMILDADE A PALAVRA QUE EM VÓS FOI IMPLANTADA”. (TG [,21B)
Situando-nos
Nesse primeiro domingo no mês de setembro, com toda a Igreja no
Brasil, queremos destacar e valorizar ainda mais a Bíblia, o livro da
Palavra de Deus. Para este mês temático, a Igreja no Brasil propõe
o aprofundamento do Evangelho de Marcos. Que seja um mês de
muito proveito para todos!
Em cada Celebração Eucarística, o Senhor nos convida para
participarmos das mesas da Palavra e da Eucaristia, estreitando as-
sim os laços que nos unem a ele e aos irmãos e irmãs. Nossa semana
é marcada pelo encontro com Deus e com os irmãos, no Dia do Se-
nhor. “O domingo é o dia em que a família de Deus se reúne para
escutar a Palavra e repartir o Pão consagrado, recordar a ressurreição
do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanida-
de inteira repousar diante do Pai” (CNBB, Guia Litúrgico-Pastoral.
22 Ed. Brasília: Edições CNBB, 2007, p.9).
Ainda no decorrer: dessa semana, celebraremos o dia de nossa
Pátria. São inúmeras as situações que nos desafiam na construção de
uma pátria verdadeiramente livre e para todos.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 10
Recordando a Palavra
Após o discurso do Pão da Vida (João 6), retornamos ao Evangelho
de Marcos. Domingo passado, os discípulos, que escutavam Jesus,
disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” Diante
dos 'murmúrios' dos discípulos e do fato de muitos deles terem voltado
atrás e não andarem mais com ele, Jesus disse aos doze: “Vós também
quereis ir embora?” Simão Pedro, em nome do grupo, respondeu: “A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos
firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Hoje, Jesus se encontra diante de fariseus e mestres da Lei,
enviados de Jerusalém à Galileia para observá-lo, juntamente com
seus discípulos. Jesus é questionado pelo fato de alguns de seus
discípulos comerem o pão com as mãos impuras, descumprindo
assim a tradição dos antigos. À resposta de Jesus, citando o profeta
Isaías, se dá num tom acusatório: “Vós abandonais o mandamento de
Deus para seguir a tradição dos homens”. Dirigindo-se à multidão,
Jesus chama a atenção de que o que torna o homem impuro não é o
que entra nele vindo de fora, mas o que sai de seu interior. “De dentro
do coração humano” é que saem todas as coisas que tornam o homem
impuro.
À primeira leitura é extraída de uma parte do livro do
Deuteronômio, escrita na Babilônia, durante o exílio de Israel. Israel
perdera a liberdade, a honra, a terra de seus pais, o templo onde
prestava culto a seu Deus e recorda saudoso o tempo do reinado de
Davi e de Salomão, quando era uma grande nação. Mas nem tudo
estava perdido. Restava-lhe um precioso dom de Deus: a Lei.
Moisés falou ao povo, dizendo: “Agora, Israel, ouve as leis e os
decretos que eu vos ensino a cumprir, para que o fazendo, vivais e
entreis na terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais. Nada
acrescenteis, nada tireis, à palavra que vos digo, mas guardai os
mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo. (...) neles
está a vossa sabedoria e inteligência perante os povos” (Dt 4,1-2.6).
11 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Atualizando a Palavra
À palavra que ouvimos na celebração de hoje é uma palavra que
liberta e que comunica vida. À escuta e o cumprimento da lei de
Deus são apresentados como um caminho de vida e libertação. Jesus
corrobora isso, ensinando que é o esquecimento do mandamento de
Deus e o apego às tradições dos homens o que perverte o coração
humano.
Os fariseus e alguns mestres da lei se aproximaram e se reuniram
em torno de Jesus, o observando. Também nós, tantas vezes e por tantos
motivos, nos reunimos em torno de Jesus. De que modo observamos
a prática de nossos semelhantes, discípulos de Jesus Cristo? Acaso
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 12
09 de setembro de 2012
“ELE TEM FEITO BEM TODAS AS COISAS: AOS SURDOS FAZ OUVIR E AOS MUDOS
FALAR. (MIC 7,37)
Situando-nos
Estamos no 23º domingo do Tempo Comum. Com o intuito de uma
interação sempre maior entre a Palavra e a Eucaristia, as duas mesas
que constituem um só ato de culto, é que propomos a reflexão da
liturgia deste final de semana. Neste Ano B, em que acompanhamos
o Evangelho de Marcos, a Palavra nos propõe um encontro com
aquele que anunciou e mostrou presente o Reino de Deus, por suas
ações e ensinamentos: Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem.
Sabendo que a liturgia “não esgota toda a ação da Igreja” (SC, n. 9),
mas é seu cume e fonte (SC, n. 10), importa também, que, especialmen-
te neste mês da Bíblia, nos empenhemos, pessoal e comunitariamente,
para um encontro com o Cristo na Palavra. Como nos dizem os bispos
reunidos em Aparecida: “A Palavra de Deus não são meras palavras. À
Palavra é uma pessoa que fala e fala a outra pessoa. E, por ser pessoa,
busca estabelecer uma relação...” (Discípulos e Servidores da Palavra de
Deus na Missão da Igreja, Documentos da CNBB, n. 97, introdução).
Vejamos o que mais, em nossa comunidade, podemos fomentar
em termos de estudo e celebração em torno da Palavra de Deus.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
Recordando a Palavra
No evangelho de hoje, Jesus se encontra novamente em território
pagão; saindo da região de Tiro, passa por Sidônia e continua até o
mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. Apresentam a
Jesus um homem surdo, que falava com dificuldade, pedindo que lhe
impusesse a mão. Afastando-se com o homem da multidão, Jesus
tocou com os dedos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou-lhe
a língua. Olhando para o céu, suspirou e disse: Efatá! (Abre-te).
Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e o
homem começou a falar sem dificuldade. Segue, então, a recomen-
dação insistente de Jesus para que não contassem nada a ninguém.
Contudo, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam seus
feitos.
Isaías, dirigindo-se aos exilados da Babilônia, anuncia uma nova
situação para o povo, um novo tempo, um “outro mundo” que se avi-
zinha. São palavras de ânimo e de esperança, fundamentadas na ação
libertadora de Deus: “é ele que vem para vos salvar”.
Atualizando a Palavra
A atividade de Jesus em território pagão realça a universalidade da
sua missão. Marcos assim destaca que Jesus veio para comunicar a
vida a todas as pessoas, abolindo a distinção entre povos impuros e
povo puro.
O gesto da imposição das mãos, solicitado pelos que trouxeram o
homem surdo, era um gesto familiar a Cristo e de uso tradicional para
A PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
16 de setembro de 2012
Situando-nos
O mês da Bíblia que estamos trilhando, instituído em 1971, tem
como meta instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e difundir o
conhecimento das Sagradas Escrituras. Já dizia São Jerônimo que
ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo. À implantação
desse mês temático colaborou na aproximação do Povo de Deus
com a Bíblia. Cresce a consciência e o esforço para a necessária
animação bíblica de toda a pastoral. Propondo o estudo e a reflexão
do Evangelho de Marcos para este mês, a Igreja deseja reforçar a
formação e a espiritualidade de seus agentes e fiéis, no seguimento
de Jesus Cristo.
Na caminhada litúrgica que fazemos, nos reunimos para celebrar
o 24º domingo do Tempo Comum, em que os discípulos de Jesus
são interrogados pelo Mestre sobre quem dizem que ele é. Pedro
responde categoricamente: “Tu és o Messias!” A partir do contato
que estamos tendo com o Evangelho de Marcos, o que podemos
afirmar da identidade de Jesus? Certamente já temos respostas
muito oportunas.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuicdais de todos como filhos e filhas Pu
Recordando a Palavra
No evangelho de hoje, Jesus, saindo para além das fronteiras da
Galileia, ao norte, realiza com os discípulos um levantamento de
como está a compreensão das pessoas e dos discípulos a respeito dele
mesmo. Ouve as respostas, mas proíbe-lhes severamente de falarem
a alguém a seu respeito. Eis um episódio no mínimo curioso. Depois,
fala abertamente a respeito de sua paixão, morte e ressurreição. Pedro
reage tomando Jesus à parte para repreendê-lo. Jesus, voltando-se,
olha para os discípulos e repreende Pedro: “Vai para longe de mim,
Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”, Em
seguida, reúne a multidão juntamente com os discípulos e lhes diz:
“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e
me siga”. À renúncia de si mesmo, a cruz e o seguimento integram a
vida e a missão dos discípulos missionários de Jesus Cristo.
Como Jesus pôs em prática sua missão? Assumiu-a com confiança
no Pai. Assim como o “servo de Javé”, assumiu-a com docilidade e obe-
diência. Confiante em seu Auxiliador, “o servo de Javé”, resiste, não de-
sanima, porque ao seu lado está o Senhor Deus, Aquele que o justifica.
A fé, nos lembra São Tiago, se não se traduz em obras, por si só
está morta. O que cremos, celebramos e rezamos precisa ser compro-
vado na prática. Nossas atitudes, nossos gestos e realizações expres-
sam a maturidade de nossa fé.
Atualizando a Palavra
Na semana que passou, celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz
e o Setenário e Festa de Nossa Senhora das Dores. Dor, sofrimento
são coisas que os homens e mulheres de nosso tempo procuram, de
muitos modos, diminuir, abreviar e até eliminar. O que dizer então
do luto? Abreviam-se, em geral, cada vez mais o tempo dos velórios,
misturam-se elementos diversos para tornar esses momentos o menos
traumático possível.
23 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
23 de setembro de 2012
QUEM É O MAIOR?
Situando-nos
Animados pela celebração do mês da Bíblia, na qual encontramos
a palavra por excelência, que se diferencia das que normalmente
ouvimos, queremos orientar nosso agir tentando entender, a cada
domingo, o que Deus nos fala. À medida que formos nos aproximando
do Iempo Comum o anúncio da Paixão é uma realidade muito
próxima.
À liturgia deste domingo apresenta a palavra como luz para nossa
vida e nos coloca diante de duas realidades que, continuamente, nos
interpelam e exigem nossa opção: a “palavra do mundo” e a “palavra
de Deus”. Convida-nos a pensar no modo como nos situamos na
comunidade cristã e na sociedade e até que ponto esta palavra é capaz
de orientar nosso agir.
Jesus denuncia e pede que tenhamos cuidado com o poder,
com as tentativas de domínio sobre os outros, com os sonhos de
grandeza, com as manobras para conquistar honras, lucros e pri-
vilégios, com a busca desenfreada por títulos e posições de pres-
tígio, pois são atitudes que revelam uma vida segundo a “palavra
do mundo”.
27 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Jesus nos convida a uma opção de vida que manifeste o que ele
mesmo é, tendo nos deixado como testamento: um coração simples
e humilde, capaz de amar e acolher a todos em especial os excluídos,
sem necessidade de retribuição e reconhecimento público.
Não há meio termo, Jesus é claro e exigente: quem quiser segui-lo
deve acolher sua proposta e consequentemente seus desafios. Como
Igreja devemos estar dispostos a testemunhar nossa fé por meio de
atitudes que manifestem a verdadeira palavra que é Caminho, Ver-
dade e Vida.
Recordando a Palavra
O texto do livro da Sabedoria que nos é proposto, na 12 leitura deste
domingo, reflete o destino dos justos e o dos ímpios. O autor apresenta
os raciocínios dos que se identificam com a lógica incoerente dos
ímpios, destacando principalmente suas manifestações de desprezo
para com os justos. Pode-se perfeitamente ver uma crítica às atitudes
incoerentes dos ímpios, mostrando que suas condutas corruptas e
imorais manifestam uma vida fundamentada na autossuficiência, no
egoísmo, em valores que privilegiam o ter, colocando em primeiro
lugar a ambição e o poder, prescindindo da presença de Deus. Mostra
que não há sentido na conduta dos ímpios, pois suas atitudes geram
violência, divisão, conflito, infelicidade, escravidão e morte. Assim,
o autor convoca a uma vida fundada na justiça e afirma valer a pena
ser justo e manter-se fiel aos valores da fé até o fim.
Na segunda leitura, Tiago, depois de convidar os cristãos à
autenticidade e à coerência da fé, enumera alguns aspectos que
precisam de atenção por parte dos que creem. Estes aspectos dizem
respeito aos dois tipos de palavras já mencionados. O cristão, pelo
Batismo, faz sua opção de seguir Jesus Cristo. Assume uma postura
de vida fundamentada em valores que são próprios da palavra de
Deus, em contradição aos diferentes valores chamados “do mundo”:
“inveja, rivalidade, desordem, guerra e toda a espécie de más ações”
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
(Tg 3,16). A pessoa, assumindo valores que não são de Deus, fica
dividida e, automaticamente, divide a comunidade, a levando à
destruição. São Tiago convoca a um sério exame de consciência,
propondo uma mudança na maneira de pensar a própria vida.
O evangelho segue a mesma lógica. Neste sentido é interessante
unir a primeira parte do evangelho com a primeira leitura e a segunda
parte com a segunda leitura, ou seja, para o “mundo”, ser o primeiro, o
maior, significa ser o mais importante, aquele que, frente aos demais,
procura uma posição de destaque. Para “Deus”, nas palavras de Jesus,
maior é aquele que se coloca a serviço: “Quem quiser ser o primeiro
será o último de todos e o servo de todos”.
Mesmo diante de uma possível morte, as palavras de Jesus
deixam transparecer a tranquilidade própria de quem sabe aonde vai,
e a serena aceitação destes fatos que irão se concretizar num futuro
muito próximo. Jesus tem consciência da missão que recebeu do Pai e
está disposto a levá-la até o fim, mesmo se isto significar uma morte
humilhante na cruz. Ensinamento fundamental para os querem
seguir o Cristo e participar na construção de um mundo novo.
Desanimar, parar, não ser fiel ao proposto e assumido não constrói
nada.
Diante do anúncio da Paixão, o silêncio toma conta dos discí-
pulos que não entendem e têm medo de perguntar. Não entendem
que o caminho da vida passará necessariamente pela morte. Como
entender que o aparente fracasso possa ser sinal de vitória e a morte
marco de uma nova vida?
Mas o ensinamento central de Jesus parte da pergunta aos discí-
pulos: “Que discutíeis pelo caminho?”. Ele sabe do que se trata, mas
quer ouvir deles, de suas próprias bocas, qual era o verdadeiro inte-
resse de seus corações, o objetivo principal do seguimento. À cena
mostra que é na intimidade com ele que vamos aprendendo certas
coisas com relação à palavra. Não serão chavões, manchetes, s/ogans
sobre Jesus que nos farão entender o que Deus quer de nós.
29 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Atualizando a Palavra
Os “ímpios” descritos pelo autor na 12 leitura são os que, além de
não aderirem aos valores de Deus, ainda zombam dos costumes e
dos valores religiosos, por considerarem essas práticas religiosas
inadequadas para os dias de hoje, ou seja, não compatíveis com a
modernidade. Os justos, com sua prática de vida, acabam por ser
uma espécie de empecilho aos ímpios que se sentem continuamente
questionados. Estes reagem, atacando os justos e colocam Deus a
prova para ver até onde ele permite o sofrimento dos que o temem.
O Livro da Sabedoria nos oferece uma palavra de ânimo, muito
oportuna para nossos dias, pois todo justo será recompensado e sua
vida experimentará a plena e definitiva vida que Deus reserva para
aqueles que escutam suas palavras, aceitam seus desafios, trilham
seus caminhos e se comprometem com a construção de um mundo
mais fraterno, lutando pela justiça e pela paz.
Quem optar viver segundo a “palavra de Deus” não terá
facilidades, nem viverá em um romantismo mágico pelo qual tudo
acabará em alegrias e grandes realizações. Estará, porém, sujeito a
críticas, a perseguições, a incompreensões e até ao próprio fracasso.
Entretanto não serão as situações contrárias que farão com que
desanimemos na prática da justiça.
O texto que nos é proposto na carta a São Tiago leva o cristão a
fazer uma sincera análise sobre a origem das discórdias que destroem
a verdadeira vida das comunidades cristãs. O autor exorta a comuni-
dade para que não perca os valores cristãos autênticos e coloque em
prática a palavra de Deus, que se encontra, de maneira privilegiada,
em Jesus Cristo, fazendo de suas vidas um dom de amor aos irmãos,
traduzido em gestos concretos de partilha, serviço, solidariedade e
fraternidade.
Vigiemos para que nosso coração não esteja ocupado por
ambições, invejas, orgulhos, competição, egoísmos que nada
mais criam que divisões e nos impedem de entrar na vida plena.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
30 de setembro
Situando-nos
Estamos celebrando o último domingo do mês de setembro.
Neste dia, recordamos, de uma maneira toda especial, a Bíblia.
Nenhum outro livro conseguiu ser traduzido para tantas línguas
e chegar a tantos povos como a Bíblia, na qual encontramos
a Palavra de Deus. Mesmo escrita há séculos, consegue ser
sempre atual e importante para qualquer momento de nossa
vida.
A liturgia deste 26º Domingo do Tempo Comum se apre-
senta com uma série de ensinamentos, que manifestam a essência
da Bíblia. Claramente, podemos ver, pelas palavras de Jesus, que
ninguém pode autodenominar-se dono da verdade e muito menos
se sentir como exclusivamente único na promoção do bem, em
nome de Deus. “Temos que ser capazes de reconhecer e aceitar a
presença e a ação do Espírito de Deus, através de tantas pessoas
boas não pertencentes à nossa instituição, que talvez não prati-
quem os mesmos ritos e devoções por nós praticados, nem profes-
sem nossa fé, mas que também são sinais vivos do amor de Deus
neste mundo.
Ejs PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Recordando a Palavra
O livro dos Números é um dos que compõem o Pentateuco, escrito
provavelmente por Esdras e Neemias, ele registra as tradições
herdadas por Moisés. É conhecido por este nome por fornecer uma
lista de dados de cada tribo do Povo de Deus e relatar, de maneira
especial, a rebeldia do povo hebreu contra Deus, por não ter o
suficiente para comer.
Moisés estava cansado de liderar o povo hebreu sozinho, as di-
ficuldades eram muitas e constantes. Não poucas vezes, o povo se
desviou e passou a adorar e seguir outros deuses. Moisés começou
a se sentir impotente e viu a necessidade de repartir a responsabili-
dade que estava sobre si. Orientado por Deus, separou 70 anciãos,
os quais, depois de ungidos pelo Espírito de Deus, o ajudariam na
tarefa de conduzir o povo pelo deserto, compartilhando com ele os
encargos da liderança. Esses anciãos eram os líderes dos grupos, das
tribos, dos clãs.
O número setenta, dentro da tradição judaica, simboliza a tota-
lidade. Isto significa que, entre esses 70 anciãos, havia representan-
tes de todos que ali estavam sob a liderança de Moisés. Os anciãos
foram ainda mais respeitados, quando o povo soube que o mesmo
“Espírito” que estava sobre Moisés, também sobre eles fora colocado.
Desta forma, todos puderam profetizar, ministério antes exclusivo
de Moisés.
Atualizando a Palavra
À liturgia deste domingo nos coloca, mais uma vez, no contexto
do ensinamento de Jesus a seus discípulos, enquanto caminham para
Jerusalém. Apresenta alguns elementos importantes que precisam ser
continuamente recordados. Tanto a primeira leitura quanto o evan-
gelho, nos recordam que Deus não é propriedade de ninguém. Ne-
nhuma igreja, instituição ou hierarquia possui o monopólio do Espí-
rito, nem pode contratá-lo e, muito menos, acorrentá-lo. O Espírito,
porém, está em todos aqueles que, pela prática dos valores ensinados
por Jesus, estão abertos e dispostos a assumir o caminho que leva
à verdadeira construção do Reino de Deus, que não é comida nem
bebida, mas amor, paz, justiça, solidariedade, partilha.
Nossa comunidade deve ser capaz de promover o diálogo e saber
valorizar as ações boas de outros grupos. Devemos fazer o bem, por-
que somos cristãos e a fé em Cristo nos leva a tal atitude, não porque
ele ou ela pertencem ao nosso grupo.
Neste sentido, os discípulos se mostram um tanto limitados no
entendimento do Reino. No domingo passado, estavam interessados
em saber quem seria o maior, hoje, demonstram fraqueza ao querer
calar alguém que também faz o bem, mas não participa oficialmente
do “grupo eleito”.
São dificuldades que fazem parte de nossa vida e do dia a dia de nos-
sas comunidades e paróquias. À comunidade não pode ser uma seita nem
nosso agir, simplesmente proselitista. Temos que aprender a reconhecer
e nos alegrar com os gestos de vida que acontecem à nossa volta, mesmo
quando esses gestos resultam da ação de não crentes (ateus como alguns se
autodefinem), ou de pessoas que não pertencem à instituição Igreja.
O verdadeiro cristão não tem inveja do bem que outros fazem,
não sente ciúmes se Deus atua através de outras pessoas, mas esforça-
-se, cada dia, por testemunhar os valores do Reino e alegra-se com os
sinais da presença de Deus em tantos irmãos que lutam por construir
um mundo mais justo e fraterno.
ES PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
07 de outubro de 2012
Situando-nos
Estamos no início de outubro, mês missionário, do Rosário e também
um mês político, pois, nas eleições para prefeito e vereadores, escolhe-
remos aqueles que governarão nossas cidades, nos próximos quatro
anos. Quantas vezes já ouvimos falar que a Igreja não deve se meter
na política e sim cuidar da religião, das coisas de Deus, o que nos
parece certo, se entendermos por política as diferentes concepções e
maneiras de se governar, próprias dos partidos políticos. No entanto,
se política for a arte de governar e conduzir uma cidade, nação ou
estado, então, como cidadãos, temos não só o direito, mas também
o dever de participar. Por isso, votar é, antes de tudo, a participação
de todo cidadão, seja ele cristão ou não, visando à construção de uma
sociedade menos injusta e mais igualitária. Sem dúvida, a luz do
evangelho é fundamental nesta luta de participação democrática.
Às leituras do 27º domingo do Tempo Comum apresentam uma
temática sempre atual: a união matrimonial. Fruto do amor de um
homem e uma mulher, o matrimônio aparece como projeto de Deus
para o ser humano na busca da realização e da felicidade. Esse amor
fiel, construído e fundamentado na doação e na entrega, será para
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
Recordando a Palavra
O texto proposto pelo Gênesis situa-se no chamado “Jardim do Éden”.
Lugar criado por Deus para o homem, obra prima de suas mãos.
Um ambiente de felicidade onde, aparentemente, todas as exigên-
cias da vida humana são contempladas. À história de Adão e Eva é
classificada como uma narrativa didática das origens. Para surpresa de
muitos, todos os nomes aqui são simbólicos, revelando uma realidade
humana. Cada um tem um significado: Adão, do hebraico, Adam
que significa humanidade, ser humano. Esta palavra pode estar ligada
também com a palavra hebraica adamá, que significa terra. Eva, do
hebraico, Hawah que quer dizer mãe de todos os viventes.
O texto manifesta o desejo de Deus em criar uma companheira
para o homem. O homem não estava plenamente realizado, faltava-
lhe alguém com quem partilhar a vida.
Deus colocou, nas mãos do homem, chamado aqui de Adão, os
animais e as aves. O fato de falar que Adão lhes deu o nome dá a
entender que Deus lhe atribuiu também a autoridade sobre tudo o
que foi criado, ou seja, participação na obra da criação.
45 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo-do Comum - Ano B - 2012
Adão deu um nome para cada animal criado por Deus. Porém,
entre os animais e aves criados, ele não encontrou uma companheira,
uma auxiliar. Da costela (lado) de Adão, Deus então cria a mulher.
Nosso texto termina com um comentário próprio do autor: “por
isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois
serão uma só carne”. O homem não foi criado para viver sozinho,
mas para viver em contínua relação.
À segunda leitura, da Carta aos Hebreus, foi escrita para os cris-
tãos abalados na fé, por causa da perseguição judaica e romana, e
desapontados com a demora da volta de Jesus, pois com ele viria a
salvação.
O autor procura animar esses cristãos, apresentando um Jesus,
Sacerdote, que tem compaixão de seu povo e que é capaz de doar sua
própria vida em favor de cada um.
Esse Jesus, motivo de escândalo para os judeus, é aquele que
aparece coroado de glória e honra. Feito menor que os anjos e consi-
derado maldito, por ter pendido no madeiro da cruz, é ele agora mo-
tivo de contradição e escândalo. Jesus, mesmo sem ter pecado algum,
provou a morte para que ninguém mais morra. Doou-se no lugar
de todos. À vida, extirpada na cruz, alcança sua plenitude, a salva-
ção para todos. Ele tinha consciência que precisava da entrega total,
como um cordeiro no matadouro, para que a humanidade fosse salva.
No final do texto, Jesus e cada um de seus resgatados formam
uma única pessoa. E pelo sangue derramado de Jesus, que cada um
pode chamar o outro de irmão.
No evangelho, Marcos nos leva a uma análise sincera do ma-
trimônio e da opção preferencial de Jesus pelos pobres. Os fariseus,
que conheciam muito bem a Lei de Moisés, os costumes e a tradição,
questionam Jesus, com a má intenção de colocá-lo em contradição.
À pergunta - é permitido ao homem repudiar sua mulher? - nada
mais é do que uma tentativa de colocar Jesus em contradição frente
à Lei, dando-lhes assim motivos para condená-lo. Eles já sabiam a
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 46
Atualizando a Palavra
À liturgia proposta para este domingo é uma reafirmação da vocação
de todo ser humano: o amor. Sem ele a vida não deixa de ser uma
experiência de solidão que condena qualquer um à triste experiência
da morte. Como diz São Paulo: “sem o amor, nada sou”.
À primeira leitura oferece a segunda narrativa da criação do homem
e da mulher. O autor nos faz entender que o ser humano só encontra
sua plenitude na relação com o outro e, neste caso, o outro é o diferen-
cial da própria vocação: homem e mulher. Não há amor sem partilha,
doação, seja no contexto espiritual ou material. Por isso, Deus fez para
o homem a mulher e para a mulher, o homem. Âo ser tirada da costela
(do lado) do homem, Deus igualou a mulher à dignidade de seu com-
panheiro, ambos participantes de sua criação. À afirmação do homem:
“Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne”, exclui
toda possibilidade de controle, domínio, desigualdade de um sobre o
outro. Se todos somos iguais diante de Deus, desde a criação, devemos
também, na prática do dia a dia, demonstrar essa realidade.
Na segunda leitura, da Carta aos Hebreus, há destaque para a
condição de debilidade assumida por Jesus, levando-o à morte de
cruz para nos revelar a grandiosidade de Deus. Como sermos indife-
rentes a tão grande gesto, ao ponto de duvidarmos de sua existência e
de sua presença em nossa vida? Ào assumir a natureza humana, Je-
sus nos aproximou do Criador e nos indicou o caminho que devemos
seguir para integrar a família de Deus.
À atitude de aceitação incondicional do projeto do Pai, assumida
por Cristo, contrasta com o egoísmo e a autossuficiência de Adão. A
obediência de Cristo trouxe vida plena ao homem. À desobediência
de Adão trouxe sofrimento e morte à humanidade. O exemplo de
Cristo nos convida a viver na escuta atenta e na obediência radi-
cal às propostas de Deus. Quando o homem prescinde de Deus e
de suas propostas, decidindo que é ele quem define o caminho a
seguir, fatalmente cai em projetos de morte, em suas mais variadas
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
12 de outubro de 2012
Situando-nos
Celebramos a grande solenidade de Nossa da Conceição Aparecida,
padroeira do Brasil. À devoção à Virgem existe desde 1717, quando
três pescadores, nas águas do Rio Paraíba, pegaram, em suas redes, a
imagem de Nossa Senhora da Conceição.. Conservando-a consigo, o
filho de um dos pescadores construiu, mais tarde, um oratório onde
o povo reunia-se, aos sábados, para rezar o terço. Com a ocorrência
de milagres, a devoção a Nossa Senhora Aparecida (nome dado
pelo povo) aumentou. Em 1888, um segundo templo fora inaugu-
rado. Em 1930, o Papa Pio XI declarou e proclamou Nossa Senhora
Aparecida padroeira do Brasil. Em 1952, teve início a construção da
atual Basílica Nacional, dedicada pelo Papa João Paulo II, em 4 de
julho de 1980.
Não se trata de uma aparição de Maria. Uma imagem sua foi
encontrada e, deste fato, nasceu e cresceu uma devoção no seio do
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
Recordando a Palavra
A Liturgia da Palavra começa com a leitura do Livro de Ester. O
livro possui dois escritos, um original em hebraico (séc. IV a.C.) e
um acréscimo em grego (séc. IL a.C.). Ele não possui ligação histórica
real. Trata-se mais de uma “estória”, para mostrar a reação do povo de
Israel ante situações de opressão e dominação. No trecho proclamado,
temos como ponto alto o pedido e o desejo da rainha Ester para o rei:
“concede-me a vida — eis o meu pedido — e a vida do meu povo — eis o
meu desejo”. Aparece neste trecho o caráter intercessor de Ester, como
aquela que advoga por seu povo: deseja para ele a vida e a liberdade.
Da mesma maneira, o evangelho nos apresenta o sinal de Jesus
na transformação da água em vinho, ocorrido por intercessão de sua
Mãe. Assim, num sentido mais profundo, temos o significado da
água e do vinho, não como coisas em si, mas como manifestação da
novidade de Cristo: a Boa Nova. À água guardada para a purificação
“como de costume” é transformada em vinho. Aqui, nos chama a
atenção a participação de Maria, pois é por meio dela que nos vem a
Boa Nova do Cristo. Tal participação é confirmada nas palavras de
Maria: “fazei o que Ele vos disser”. Em Ester está figurada Maria
que intercede e deseja a vida de seu povo, o Povo de Deus.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Jesus traz a água nova (água que dele mesmo provém — é ele
quem manda encher as talhas) e a transforma em vinho (traz a alegria
e o novo sentido da relação com Deus).
Atualizando a Palavra
A verdadeira devoção aos santos e a Nossa Senhora deve sempre
conduzir a Jesus Cristo, a ouvir sua Palavra e viver seu ensinamento.
Isso testemunham as palavras de Maria no evangelho: “fazei tudo o
que Ele vos disser”.
À primeira leitura pode nos questionar sobre a nossa oração: o
que costumamos pedir? Coisas que favorecem nosso prestígio pessoal
ou aquilo que se traduz em vida e vida de todo o povo? À personagem
Ester, figura Maria, que intercede em favor de seus filhos, em tudo
aquilo que lhes dá a vida e a liberdade verdadeira, mas não naquilo
que nutre o egoísmo e a oração de barganha com Deus.
Maria é o modelo de todo cristão. À ela interessa a vida dos seus,
também para nós esse deve ser o “desejo” e o “pedido”. Maria não está
presa a suas buscas pessoais, mas, ao contrário, enfrenta a perseguição
e a luta para manter-se fiel como discípula de Cristo, seu Filho, em
conformidade com a segunda leitura. Esta apresenta a mulher como
imagem da Igreja e, portanto, de Maria, seguidora de Cristo, que não
desiste diante das perseguições e dos sofrimentos causados pelos inimi-
gos de Cristo. À exemplo de Maria, como anda nossa fidelidadee per-
severança no caminho do discipulado, diante das perseguições de hoje?
Ainda no evangelho, as palavras de Maria ressoam profunda-
mente, a cada dia, na vida de qualquer cristão: como tenho realmente
“feito tudo aquilo que o Mestre disse?”. Essa é também a síntese ou
súmula do que precisa ser feito, para que tenhamos o vinho da ale-
gria, a felicidade verdadeira, a relação nova entre Deus e seu povo.
Esta é uma relação amorosa, filial e paternal, sem a opressão de obri-
gações e imposições trazidas pela lei: mero cumprimento de deveres
sem sentido, sem vontade e sem estímulo.
5 / PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
14 de outubro de 2012
Situando-nos
Estamos no segundo final de semana do mês de outubro, mês
dedicado às missões e ao Rosário. Vivemos também o período de
eleições, em nosso país. Os cristãos são evangelicamente chamados a
serem conscientes de seu voto em vista do bem comum.
À leitura do evangelho deste domingo traz presente a dimensão
vocacional.
Quem pode ser salvo? perguntam, com espanto, os discípulos.
Todos aqueles que aderem a Deus e a seu Reino, o considerando como
sua verdadeira e maior riqueza. “Em comparação com ele (a sabedoria
a que se refere a 12 leitura), julguei sem valor a riqueza” (cf. Sb 7,8), pois
uma riqueza incalculável está nas suas mãos” (v. 11b).
« e º 2 4 eu »
Recordando a Palavra
O livro da Sabedoria, embora seja atribuído a Salomão, sugere a
autoria de um judeu em torno do ano 50 a.C. Ele é dirigido aos
judeus que, influenciados pela cultura helenística, acabam colocando
em risco sua fé, mas também é dirigido aos pagãos, afirmando a
uns e outros que só o Deus de Israel garante a verdadeira sabedoria
e a verdadeira felicidade. A sabedoria autêntica (tão procurada pela
filosofia grega) é a fé no Deus único de Israel e a fidelidade à sua
Lei. Assim, se entende a exaltação da Sabedoria de Deus perante
os valores da cultura helenística da época: “cetros e tronos, saúde e
beleza” (cf. vv. 8.10).
No evangelho, o convite de Jesus a “vender todos os bens, dar aos
pobres e segui-lo” (v. 21) pode ser referência à primeira leitura, em
que se sugere a verdadeira riqueza, diante da qual “a prata será como
lama e todo ouro do mundo como um punhado de areia” (v. 9), como
sendo a Sabedoria!. Assim, o seguir Jesus Cristo está ligado à atitude
do sábio que prefere a Sabedoria de Deus (isto é, seguir Jesus Cristo)
antes de toda riqueza.
À renúncia exigida pelo evangelho de hoje não se refere a uma
renúncia fundamentalista dos bens temporais, mas a colocá-los em seu
devido lugar, dando-lhes o valor correto e não exacerbado. À Sabedoria
de Deus é o dom que permite gozar dos bens terrenos, sem obsessão
nem cobiça, mas com maturidade e equilíbrio (cf. v 11): “todos os bens
me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável está em suas mãos”,
1 Pode-se entender a Sabedoria como Sabedoria personificada, artífice de todas as coisas (Sb 7, 21)
como o Verbo de Deus em Jo 1,3 e também em Sb 9,9.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
Atualizando a Palavra
“Que se deve fazer para receber a vida eterna?”. Eis uma pergunta
que cada um de nós também faz, em seu coração, com estas ou outras
palavras semelhantes.
Jesus responde que, inicialmente, se deve viver conforme os
mandamentos, porém o simples cumprimento das obrigações
não é suficiente, é exigida do coração uma opção que assuma o
Reino de Deus e o seguimento como a maior riqueza da vida;
exatamente como ilustra a parábola do tesouro encontrado no
campo (cf. Mt 13,44-46). Cabe-nos o questionamento a respeito
da importância que atribuímos ao Reino e ao seguimento. À
“fórmula” para calcularmos essa importância é através do
desapego. O que seríamos capazes de renunciar, em função do
Reino?
O ensinamento de Jesus aqui não é tanto sobre o desprezo dos
bens, como se eles não tivessem valor em si mesmos, mas o de que
o Reino deve ser colocado em primeiro lugar por todo aquele que
quiser ganhar a vida eterna.
Quais as coisas que se antepõem ao Reino, na sociedade de hoje?
Quais delas se fazem presentes em minha vida pessoal e se antepõem
ao Reino?
Na dimensão da partilha, destacada nos textos deste domingo,
vê-se a certeza de que o desapego, em nome do seguimento de Jesus,
não é em vão, mas produz “cem vezes mais” (cf. v. 30). A partilha
garante “um tesouro no céu” (cf. v. 21).
Diante dessa Palavra, nos confrontamos com o egoísmo e
materialismo do mundo de hoje, misturados ao individualismo, ao
acúmulo de bens e ao vazio da laicização (um mundo que nega o
valor, como palavra digna de crédito, da religião institucionalizada).
Cabe aos cristãos de hoje reassumirem, com coragem, a
prioridade do Reino sobre todos os desvalores egoístas e apegados
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas TODA
21 de outubro de 2012
Situando-nos
Estamos no penúltimo domingo de outubro, Dia Mundial das
Missões, da Obra Pontifícia da Infância Missionária, quando
fazemos a coleta para as missões. É importante relembrar a partici-
pação e o compromisso missionário de todos os membros da Igreja.
“Na Igreja de Cristo, todo batizado é missionário”. Em conformi-
dade com o lema de Aparecida, todo discípulo é necessariamente
missionário: “Discípulos missionários em Jesus Cristo, para que nele
nossos povos tenham vida”.
Vamos nos aproximando do DNJ (Dia Nacional da Juventude),
uma oportunidade para refletir sobre o envolvimento com a JMJ
2013 (Jornada Mundial da Juventude), no Rio de Janeiro, e com seus
preparativos, através das pré-jornadas, sob encargo de cada Diocese.
Na Liturgia deste 25º domingo, vemos novamente um anúncio
da Paixão e celebramos o verdadeiro significado do poder e do reina-
do de Cristo, que se traduz em serviço. Jesus inverte a lógica humana
e explicita a lógica de Deus, pela qual os últimos são os primeiros; os
que se elevam são humilhados; quem se humilha é exaltado; os que
querem ser grandes devem se tornar servidores de todos.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
Recordando a Palavra
À primeira leitura nos apresenta uma parte do texto sobre o Servo
de Javé. O texto completo, talvez explicitasse melhor a dimensão de
seu exemplo de serviço. Contrasta a concepção de êxito humano com
aquilo que Deus considera como êxito: por meio de sofrimentos e
por assumir a culpa dos homens (cf. v. 11), “cumprirá a vontade do
Senhor” (v. 10). Este é o Servo de Javé, aquele que “oferece sua vida
em expiação” e que “fará justos inúmeros homens” (cf. vv. 10 e 11);
que não apresenta beleza, nem poder, nem triunfo, mas ao contrário,
aos olhos do mundo é desprezado e motivo de vergonha (cf. texto
completo nos versículos 2 e 3). Portanto, a primeira leitura nos
apresenta dois elementos: primeiro, o exemplo do servo que agrada
a Deus e, segundo, o contraste existente entre esse modelo e a ideia
humana de eleição.
O salmo responsorial retrata a graça de Deus que nos vem como
dom, por meio da confiança: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa gra-
ça, da mesma forma que em vós nós esperamos!” (v. 22). Eis o êxito
do Servo de Javé, isto é, sobre ele veio o favor de Deus, cumpriu-se
com êxito a vontade do Senhor, pois, em meio ao sofrimento, confiou
em Javé até as últimas consequências, oferecendo sua própria vida.
A mesma temática de fundo está contida na segunda leitura,
apresentando Jesus como aquele que “foi provado em tudo como nós”
(v. 15) e que é, portanto, próximo dos seres humanos e não distante,
cheio de poder. Em confirmação disso, temos o texto de Filipenses
4, a “kenosis”, ou seja, o despojamento, ou a proximidade de Deus
para com os homens, assumindo nossa condição humana. De fato, o
trono de Deus não é trono de opressão ou de majestade avarenta, mas
é trono de graça, do qual todos os que se aproximam com confiança
recebem misericórdia e auxílio, no momento oportuno.
No evangelho, Marcos narra (na versão mais longa) o episódio
ocorrido na subida para Jerusalém, após o terceiro anúncio da Paixão
de Jesus (Mc 10,32-34). Deveríamos esperar dos discípulos uma
0 VA PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Atualizando a Palavra
A Palavra deste domingo questiona diretamente a lógica humana
do poder e reprova, tenazmente, toda forma de soberba, opressão
ou carreirismo discriminatório. Provoca as instâncias que exercem
poder sobre o significado de sua existência: existem para o serviço a
ser prestado ou para si mesmas?
Para o cristão, ser grande significa colocar-se a serviço; trabalhar
em prol dos outros. À autoridade provém da humildade.
Diante de toda concepção mundana de poder, a Liturgia nos
propõe pelo menos duas dimensões do exemplo de Jesus. À primeira:
a do Servo de Javé, que carrega a culpa de outros para torná-los
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas
28 de outubro de 2012
Situando-nos
Estamos no último domingo do mês de outubro, em que a Igreja
propõe aos fiéis uma reflexão sobre sua tarefa missionária. Ela nos
fala da missão evangelizadora ad intra e ad extra, isto é, seus destina-
tários são aqueles que, junto a nós, deixaram de participar ou que
se afastaram da Igreja, bem como a missão que acontece em regiões
onde existem grandes desafios devido à pobreza, à perseguição ou
mesmo indiferença aos valores do evangelho.
Na próxima sexta-feira, estaremos celebrando o Dia de Finados,
dia de visita aos cemitérios e oração pelos fiéis defuntos.
Neste domingo, em alguns municípios, realiza-se o 2º turno das elei-
ções. À política sempre é um desafio para a evangelização, pois esta deve
se traduzir em valores que nascem da vivência de nossa fé em comunidade.
À liturgia do domingo passado apresentou a passagem dos filhos
de Zebedeu. Jesus alertou os discípulos sobre a tentação da ambição,
dentro da comunidade, e sobre as dificuldades próprias da missão
que ele veio cumprir.
Continuamos hoje a leitura do Evangelho de Marcos, com a
cura do cego Bartimeu, 1 que nos apresenta um modelo de fé. Neste
A PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Recordando a Palavra
Jesus está a caminho de Jerusalém, já falou sobre o que lhe aconteceria
em Jerusalém. Ele refaz o caminho dos israelitas na tomada da terra
prometida, passando pelo Jordão e por Jericó para ir a Jerusalém”.
O contexto é messiânico, isto é, tempo para Deus restaurar
Israel. O cego, que está à beira do caminho e clama por Jesus, ajuda
a revelar este momento de Deus no meio do povo.
Atualizando a Palavra
A Palavra de Deus, neste domingo, nos apresenta as atitudes
que levam o cego Bartimeu a ser um modelo de fé para a vida da
comunidade.
Podemos verificar que o conhecimento da palavra de Deus e das
promessas que alimentam a vida do povo de Israel leva o cego a re-
conhecer Jesus. Este fato deve também nos mover a buscar não só
conhecer a palavra de Deus, mas a fazer dela um alimento para a fé,
para podermos reconhecer a presença e a ação de Jesus hoje, entre os
homens e na comunidade dos fiéis.
Podemos verificar que a situação adversa do cego não foi empecilho
para seu crescimento na fé. À “desgraça” na qual estava mergulhado é a
condição para que alimente a esperança e cresça na fé. À fé, portanto, nos
é mostrada como capaz de trazer respostas de vida, de nos fazer olhar com
outros olhos uma realidade que é rejeitada ou desprezada pelo mundo.
À liturgia nos apresenta o conteúdo de fé em Jesus como
Messias. Facilmente, chamamos Jesus, o Cristo (=messias), porém,
cabe perguntar se, na prática, aceitamos o fato de que a fé em Jesus
inclui esta restauração da vida do povo, como a cura ao cego, a saúde
ao doente, a liberdade ao oprimido...
PA PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
FINADOS
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS
FIÉIS DEFUNTOS
02 de novembro de 2012
3 Cf. Maria Clara Bingemer, Ressurreição: modo de viver. Jornal Correio Riograndense,
25 de abril de 2012, p. 6.
“PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
mas se “sabe' que será. É não guardar para si este segredo sussurrado
ao ouvido na manhã do domingo, mas anunciá-lo, sem medo, todos
os dias da semana, convertendo o discipulado em ardente e constante
apostolado” (Maria Clara Bingemer, op. cit.)
Enfim, como lemos no Catecismo da Igreja Católica, n. 995,
“ser testemunha de Cristo é ser testemunha da sua ressurreição
(At 1,22), “ter comido e bebido com Ele após a sua ressurreição
dentre os mortos” (Ap 10,41). A esperança cristã na ressurreição
está toda marcada pelos encontros com o Cristo ressuscitado.
Ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele”.
Na Liturgia, celebramos esta nossa vocação de ressuscitados. No
Batismo, fomos unidos a Cristo, começamos a participar da vida
celeste de Cristo ressuscitado. Na Eucaristia, somos alimentados com
o Corpo e o Sangue de Cristo, pois já pertencemos a seu Corpo. Com
a oração sobre as oferendas da missa de hoje rezamos: “Ó Deus de
misericórdia, purificai no Sangue de Cristo pelo poder deste sacrifício
os pecados de nossos irmãos e irmãs falecidos e concedei o pleno
perdão do vosso amor aos que lavastes nas águas do Batismo”. Por
isso hoje, neste dia de Finados, celebrando a Eucaristia, recordando
também nosso Batismo, renovamos nossa fé na ressurreição de Cristo
e nossa.
a E e DM ue E TT CoD te es Ne ad Pa RAT RT E cm CE a
” .
t !
SOLENIDADE DE TODOS OS
SANTOS E SANTAS
04 de novembro de 2012
Leituras: Ap 7,2-4.9-14
SI 23(24)
1 Jo 3,1-3
Mt 5,1-12a
Situando-nos
Estamos no primeiro domingo do mês de novembro. No Brasil, a
solenidade de todos os santos e santas de Deus é transferida para o
domingo, para que todos os cristãos possam hoje celebrar sua vocação
para a santidade.
No último domingo, tivemos o segundo turno das eleições em
algumas cidades. À partir de agora, vivemos, no contexto munici-
pal, um novo momento político, perante o qual, como comunidade,
somos sinal de unidade, pela qual todos são convidados a tomar
consciência de que somos parte de um mesmo povo. É hora de su-
perar e esquecer divisões que possam ter ocorrido em tempo de
campanha,
Ainda temos presente o dia de Finados, que celebramos na última
sexta-feira, através do qual somos levados a vivenciar a comunhão
dos Santos que professamos na fé.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 84
Recordando a Palavra
O evangelho traz para nossa meditação a vocação à santidade,
partindo da proclamação das bem-aventuranças.
As bem-aventuranças dentro do Evangelho de Jesus integram
a proclamação da nova aliança, da nova Lei. Através dela Jesus in-
troduz o cumprimento da justiça de Deus e o anúncio de seu Reino
entre nós.
promovem a paz”.
Enquanto buscamos viver as bem-aventuranças, temos o teste-
munho daqueles que alvejaram a veste no sangue do Cordeiro, o que
se constitui num vivo apelo ao testemunho (martírio). O destaque
que a leitura do Livro do Apocalipse atribui aos eleitos que deram
testemunho do seguimento ao Senhor com suas vidas, perante todos
os demais eleitos, é um vivo apelo à santidade, através da fidelidade e
da entrega radical da vida nas mãos de Deus.
Atualizando a Palavra.
Na festa de Todos os Santos, celebramos a vida daqueles que estão
na glória com o Senhor e nossa comunhão de vida e de fé com eles,
através de Jesus, em quem todos fazem parte de uma mesma Igreja,
Corpo Místico, e de um mesmo mistério pascal que se atualiza em
cada Eucaristia.
Nesta festa de Todos os Santos, queremos refletir sobre a ação de
Deus que nos santifica, contemplando aqueles que já trilharam este
SÁ PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
caminho aqui na terra e hoje estão na glória. Esta festa nos lembra,
em especial, que, como cristãos, devemos ter a esperança de um dia
estar com ele nesta mesma glória. Assim proclamamos que Jesus é o
caminho que nos leva a participar da mesma bem-aventurança.
À leitura do Apocalipse mostra que a santidade abrange uma
multidão, gente de todos os povos, línguas e nações.
Nesta festa, queremos exaltar a força e a ação de Deus que os
levou à santidade, para assim podermos também nós participarmos,
com esperança renovada, desta verdade que os céus nos dão.
Ao refletirmos sobre a santidade proposta na liturgia da Pa-
lavra deste domingo, somos levados a dizer que Jesus se fez fonte
e modelo de santidade, pois nele as bem-aventuranças encontram
realização.
As bem-aventuranças nos ajudam a ver e conhecer o rosto
de Jesus, isto é, a descobrir a santidade de Deus proposta para a
humanidade e a tomar parte nela. Elas ajudam também a mostrar
para onde o olhar de Deus se dirige e qual a vontade de Deus a ser
buscada, para que se realize seu Reino.
O programa de vida que enunciam as bem-aventuranças é o
caminho do discípulo para conhecer Jesus na intimidade e, ao mesmo
tempo, para segui-lo, isto é, tomar parte na realização do Reino de
Deus e de sua justiça entre nós.
À santidade que Jesus nos apresenta e proclama, a partir da ação
de Deus no mundo, é, em primeiro lugar, graça em que Deus restitui
vida e realiza a justiça. Em segundo lugar, é tarefa pela qual Deus
confirma a ação daqueles que colaboram com a realização de seu rei-
no, promovendo o perdão e a paz para todos.
À santidade assim está longe de ser uma prática ritual vazia. Ela
é um efetivo e íntimo convívio e conhecimento do Senhor e de sua
vontade, para O serviço eficaz aos irmãos.
No contexto do Evangelho de Mateus e das bem-aventuranças,
Deus espera de seu povo a prática da justiça, mas não qualquer justiça
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 88
e sim aquela cuja ação devolve esperança e vida. Nestas ações, estão
em destaque aquele que busca ser limpo de coração, sem segundas
intenções, e aquele que é fonte de perdão, pois estes colaboram para
que haja paz, shalom, o bem maior do Reino.
A santidade em Deus não é pieguismo ritualista mas ação de
Deus em favor da vida. À santidade em Deus, presente no meio do
povo e apresentada por Jesus no evangelho, confirma a fé daqueles
que, contra as certezas do mundo, pautam sua ação pelo cumprimen-
to das promessas do Senhor e pela realização de seu Reino.
Para nos abrirmos a este caminho de santidade no seguimento
de Jesus, devemos hoje ser sensíveis aos apelos daqueles que são os
aflitos, os desprovidos, os que têm fome e sede de justiça, para lhes
sermos anúncio vivo, sinal da presença de Deus entre nós.
A palavra de Deus, especialmente através das bem-
aventuranças, é critério para avaliarmos nossas práticas espirituais,
devoções, participação na comunidade. À vida de santidade, que
hoje celebramos na festa de Todos os Santos, é comunhão destes
no Senhor e realização das bem-aventuranças em suas vidas, como
cumprimento do Reino definitivo.
Perguntemo-nos: nossa pratica de fé e busca de santidade con-
segue despertar para a vida e a necessidade dos irmãos? Onde nosso
compromisso com os outros consegue fazer parte de nossa oração e
busca de Deus?
11 de novembro de 2012
Situando-nos
Estamos chegando ao final do Ano Litúrgico. Hoje celebramos o
32º domingo do Tempo Comum. Jesus continua o ensinamento aos
discípulos, agora, já em Jerusalém, depois de sua entrada triunfal
(cf. Mc 11,1-11).
À Liturgia da Palavra nos apresenta duas viúvas — a de Sarepta
e a que colocou sua esmola no cofre do Templo de Jerusalém. Na
22 leitura, estamos em outro Templo, não no de Jerusalém, mas no
Santuário que é o próprio corpo de Cristo, simbolizado em sua Igreja
reunida.
Fiquemos atentos, na celebração de hoje, a muitas “viúvas” que
trazem para nossas celebrações suas vidas, seus sofrimentos, suas
dores, suas esperanças. Que nossa assembleia litúrgica esteja aberta
a todos que a compõem. Todos os que exercerem algum ministério,
nesta celebração, estejam a serviço daqueles que estão dispostos a
ouvir a Boa Nova e a oferecer suas vidas ao Pai, por Cristo, no
Espírito Santo. Que possamos todos fazer de nossa vida uma oferta
agradável a Deus e aos irmãos.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 92
Recordando a Palavra
O evangelho deste domingo narra uma das cenas em que Jesus entra
em conflito com os chefes religiosos de Jerusalém. Hoje, o motivo
do conflito é a ostentação por parte dos doutores da Lei e a oferta
dos pobres e pequenos. “Gente simples, fazendo coisas pequenas
em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias”
(provérbio africano, citado por Dom Moacyr Grecchi, arcebispo
emérito de Porto Velho, no XII Intereclesial de CEBS).
Os doutores da Lei (escribas), para não serem confundidos com
as pessoas simples do povo e para afirmarem sua pertença a uma
classe distinta, usavam distintivos e trajavam longas e vistosas ves-
tes. Eles tinham o intuito de atrair a atenção de todos, nos locais
por onde passassem, e serem alvo de todos os privilégios. Exigiam
tratamento diferenciado no tocante à saudação, à sua passagem pelas
ruas. Requeriam os primeiros lugares nos banquetes e o silêncio ob-
sequioso, quando algum deles falava. Os escribas interpretavam os
preceitos do Senhor, as prescrições ao povo de Israel e julgavam, nos
tribunais, os que não cumpriam a lei.
Ás viúvas eram o grupo social mais explorado pelos escribas. “Na
sociedade antiga a mulher não tinha independência; era membro de
uma família e dependente do pai ou do marido. À situação da viúva,
portanto, era difícil. Vestia roupa que indicava a sua condição. Não
recebia herança do marido. Se ficasse sem filhos voltava à casa do pai.
À mulher que não tinha nenhum homem para defender seus direitos
era evidentemente vítima das extorsões dos credores e de todo o tipo
de opressão. À viúva não tinha sequer um defensor legal e, portanto,
ficava à mercê dos juízes desonestos. Os profetas incluíam a opressão
das viúvas entre os crimes dos quais acusavam os israelitas” (Dicio-
nário Bíblico, Paulinas, 1984, pág. 968).
Neste contexto, percebemos o quanto o ensinamento de Jesus
“mexeu na posição de alguns privilegiados”, como canta Pe. Zezinho
na canção “um certo galileu”. De um lado, encontramos, portanto, os
93 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Atualizando a Palavra
Diante do gesto da pobre viúva, Jesus chamou os discípulos para
conversar e ensinar. Diante da sociedade utilitarista e daqueles que
alicerçam suas vidas sobre os critérios da aparência e da generosidade
calculada, Jesus nos chama para conversar e ensinar. Diante deste
mundo no qual o dinheiro, o status, o sucesso são mais valorizados
que as pessoas e seus sentimentos, Jesus nos chama para conversar e
ensinar.
Mesmo no interior da Igreja, contra toda a lógica do evangelho,
há aqueles que fazem de sua vida uma corrida em busca de honrarias,
prestígio e aplausos. Iludem-se, pois a fama pela fama, a aparência
pela aparência, só traz um imenso vazio. No passado, Jesus alertou
os discípulos: “Guardai-vos dos escribas”. Hoje ele avisa: “Não se
iludam com os modelos de sucesso que existem por aí”.
Jesus reprova nos escribas a cegueira espiritual. Eles eram os espe-
cialistas no conhecimento e na interpretação dos preceitos do Senhor.
Sua prática, porém, não se conformava com seus conhecimentos e suas
interpretações. Há muitos cristãos que, teoricamente, conhecem muito
bem os critérios evangélicos e os preceitos da vida cristã, todavia “fazem
o bem, pensando em si”. Na prática comunitária, não mergulham no
espírito e, consequentemente, se tornam mesquinhos e intolerantes. O
Mestre alerta seus discípulos para a verdadeira prática religiosa. Esta não
consiste na busca de honrarias, no ocupar lugares de destaque nas come-
morações públicas, no uso ostensivo de vestes e de sinais externos para
chamar atenção sobre si. À verdadeira prática religiosa brota da genero-
sidade e da humilde dedicação aos pobres e necessitados (cf. Tg 1,27). O
seguimento de Jesus se caracteriza pela doação, pela solidariedade.
Jesus contrapõe ao modo hipócrita do agir dos escribas e ricos
senhores do templo a generosidade e a religiosidade sincera de uma
pobre viúva. Despojada dos bens terrenos, doa tudo o que possui,
demonstrando que sua confiança e segurança estão nas mãos de Deus. E
a generosidade radical. Ela não doou o supérfluo, manifestou uma
95 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
5 Santo Agostinho, De Civitate Dei 10,6. citado por José Aldazábal, À Eucaristia, p. 261.
97 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
18 de novembro de 2012
Situando-nos
Na caminhada do ano litúrgico, chegamos ao penúltimo domingo
do Tempo Comum. Como em todos os domingos, celebramos o
mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, com o qual o mundo
e a história mergulham na plenitude dos tempos.
A celebração deste domingo nos motiva a assumir a condi-
ção de peregrinos nesta terra, onde tudo é efêmero e provisório.
O céu ea terra passarão, a Palavra de Deus não passará. Ele nos
pede vigilância e discernimento ativo dos sinais dos tempos, em
atitude de esperança pela manifestação gloriosa da majestade do
Senhor.
Aguardando a plena manifestação de Deus na plenitude dos
tempos, vivamos intensamente o presente, nos esforçando em dar
o melhor de nós, na esperança de que um mundo novo é possí-
vel. Enquanto aguardamos a vinda final de Jesus, não podemos
ficar parados. Novos céus e nova terra são possíveis, começando
aqui e agora.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Recordando a Palavra
Durante o ano B, que estaremos concluindo no próximo domingo,
fomos sendo guiados pelo evangelista Marcos. Hoje, ao lermos os
versículos 24 a 32 do capítulo 13, ficamos preocupados em compre-
ender a boa nova que nos está sendo anunciada.
Jesus está em Jerusalém. Ali, sua atividade gira em torno do
templo e do culto. Ele termina com um amplo e enigmático ensi-
namento, tendo como ponto de partida o templo de Jerusalém. Na
Bíblia do Peregrino, p. 2433, encontramos o seguinte comentário:
“Chegamos ao capítulo mais difícil deste evangelho, o chamado
discurso escatológico. Difícil, porque fala de acontecimentos futuros
mal conhecidos em seu desenvolvimento; difícil, porque se refere a
tempos de crise, confusos por natureza, e também porque empre-
ga imagens e uma linguagem marcada pelas alusões enigmáticas,
reticências enunciadas, ocultação tática. Para interpretá-lo em seu
conjunto (e não nos detalhes) é preciso ter presente: a) a intenção pri-
meira não é satisfazer a curiosidade de agoureiros e de seus clientes
crédulos; b) a formação de atitudes é muito mais importante do que a
mera informação. Por isso devem-se destacar as admoestações à cau-
tela e à vigilância. Atitudes especialmente necessárias em tempo de
crise; c) este estilo de literatura já está presente na literatura profética
do Antigo Testamento, por isso, devemos ter presente a história do
povo de Israel para interpretá-las; d) toda essa literatura se presta a
interpretações e aplicações variadas. Assim, pois, resulta verossímil e
provável uma instrução de Jesus a seus discípulos para a crise que se
avizinha e para o futuro”.
Esta pequena explicação nos ajuda a não nos preocuparmos em
entender e explicar cada uma das expressões do evangelho de hoje. E
preciso ver mais o “contexto” do que o “texto”.
. . (4 » (4 2
Atualizando a Palavra
Não são poucos os cristãos que hoje ficam preocupados com as
afirmações o sol “está escurecendo”, a lua “não brilha mais”, estrelas
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas ,
ela reafirma o desejo do encontro final com Aquele que virá para
realizar seu plano de salvação universal*.
Na celebração litúrgica da comunidade terrena, nós participamos,
já a saboreando, da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de
Jerusalém, para a qual nos encaminhamos (cf. SC, n. 2) como peregrinos.
À eucaristia que celebramos é memória da “volta do Senhor”.
Paulo afirma: “todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse
cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26).
O pão e o vinho, frutos do trabalho humano, transformados pela for-
ça do Espírito Santo no Corpo e no Sangue de Cristo, tornam-se o penhor
de “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1), que a Igreja anuncia em sua
missão cotidiana. No Cristo presente no mistério eucarístico, o Pai pro-
nuncia a palavra definitiva sobre a humanidade e sobre sua história.
À ação litúrgica (em particular a Eucaristia), ao mesmo tempo
em que do presente resgata o passado, projeta ao futuro, inserindo
seus participantes no “tempo novo”: “Assim como aqui nos reunistes,
ó Pai, à mesa do vosso Filho... reuni no mundo novo, onde brilha a
vossa paz, os homens e as mulheres de todas as classes e nações, de
todas as raças e línguas, para a ceia da comunhão eterna, por Jesus
Cristo, nosso Senhor” (Oração Eucarística sobre Reconciliação IT).
25 de novembro de 2012
Situando-nos
Com a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, encerramos o
Ano Litúrgico. Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim
da história humana, que Deus transforma em história da salvação.
A festa de Cristo Rei foi instituída, como celebração litúrgica,
pelo Papa Pio XI em 1925. O Papa fixou o último domingo de
outubro como data da festa de Cristo Rei, tendo em vista, sobretudo,
a festa subsequente de Todos os Santos, “a fim de que se proclamasse
abertamente a glória daquele que triunfa em todos os santos eleitos”.
A reforma litúrgica do Vaticano II transferiu a data do último
domingo de outubro para o último domingo do Tempo Comum.
Desse modo, concedeu à celebração um significado mais amplo,
sublinhando a dimensão escatológica do reino em sua consumação
final. Com esta mudança, Cristo aparece como centro e senhor da
história, Alfa e Omega, Princípio e Fim (cf. Ap 22, 12-13). É a Festa
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas 0
Recordando a Palavra
O Evangelista João situa a realeza de Jesus Cristo no relato da Paixão
para evidenciar o modelo de sua realeza, em total contraste com os
outros modelos. Jesus é rei, porém, de modo diferente das demais
formas de poder.
O diálogo de Pilatos com Jesus dá inicio ao evangelho deste
domingo. Jesus, depois ser interrogado e rejeitado pelo poder religioso,
é conduzido ao governador romano Pôncio Pilatos, representando o
poder político de então. “Tu és o rei dos judeus?” (v.33) À pergunta
do governador Jesus responde, indagando: “Você diz isso por si
mesmo, ou foram outros que lhe disseram isso a meu respeito?” Os
judeus desejam conseguir de Pilatos a condenação capital para Jesus:
declarando-se rei, ele se colocaria em oposição a César. O governador
teria que condená-lo se não quisesse perder os favores do imperador
romano. Eximindo-se de qualquer responsabilidade, Pilatos quer se
inteirar sobre o que Jesus fez para ser entregue ao poder romano. “O
que fizeste”? Jesus não responde,, mas retoma a resposta da pergunta
anterior: “O meu reino não é deste mundo”,
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
Esta afirmação nem sempre foi bem interpretada. Ela não quer
dizer que o Reino de Jesus não se preocupa com as coisas da terra,
ou que os cristãos não devam se preocupar com as coisas do mun-
do. Quando Jesus diz - “o meu reino não é deste mundo” - ele revela
sua procedência e não seu lugar de atuação. Jesus rejeita todo tipo
de realeza que tenha como base a força e o poder. “Meu reino não é
daqui”.
Estranhando a realeza de Jesus e sem saber direito o que per-
guntar, Pilatos reconhece: “Então tu és rei?” Na visão do governador,
como pode ser rei alguém que não tem exércitos, armas, riquezas e
ambições políticas? À postura de Jesus, condenado à morte, solitário
e fraco, pobre e despojado de qualquer poder, questiona os dogmas
do império e inquieta seus governantes.
“Você está dizendo que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para
dar testemunho da verdade...” (v. 37). Jesus é um rei diferente dos
poderosos do mundo. Sua resposta a Pilatos revela a função de sua
realeza: dar testemunho da verdade, sendo fiel à vontade do Pai até
as últimas consequências, isto é, a morte da cruz.
E “o que é a verdade?” (v. 38), pergunta Pilatos. Jesus se cala! A
palavra hebraica para designar a verdade é emeth que significa “fide-
lidade plena”. À realeza de Jesus se exerce no domínio da verdade,
isto é, na fidelidade ao projeto do Pai e não na mentira, no ódio, na
opressão, próprios dos reinos terrenos. À verdade é a revelação do ser
de Deus, que é amor.
A segunda leitura é tirada do início do livro do Apocalipse.
É um livro escrito para animar as comunidades perseguidas.
Na leitura de hoje nos é apresentada uma síntese da vida e da
ação de Cristo. Ele é apresentado com três títulos messiânicos:
a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dos mortos e o sobe-
rano dos reis da terra. Os três títulos são uma confissão de fé e
indicam o mistério da vida, morte, ressurreição e ascensão do
Senhor.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas ,
Atualizando a Palavra
Nas celebrações litúrgicas, estamos habituados a cantar hinos a
Cristo Rei. “Rei divino que a terra desceste. Vindo a nós de seu trono de
glória. Alcançaste fulgente vitória sobre a culpa origem da dor! Reina,
reina nas almas no mundo. Rei dos reis, Jesus Cristo, Senhor!” E outros
hinos como: “Jesus é meu Rei e Senhor”, “levantai-vos soldados de
Cristo, para a frente marchai à vitória...”.
Reconheçamos com sinceridade: não é fácil vencer a tentação
do triunfalismo. As influências dos tempos de cristandade ainda re-
percutem e revelam sua força, em muitas manifestações eclesiais e
litúrgicas. Hoje o estandarte de Cristo Rei tremula em meio a mui-
tas outras bandeiras da sociedade.
É importante deixar claro que a realeza de Cristo não se confunde
com a realeza deste mundo. Suas conquistas não se medem pela quan-
tidade de indivíduos batizados, pela eficiência das estruturas e das ins-
tituições eclesiais, pela grandiosidade das igrejas, pelo temor que as
autoridades eclesiásticas às vezes impõem. O reino de Cristo conquista
novas fronteiras pela atitude de serviço, pelos gestos de doação solidá-
ria em favor dos mais fracos. Ele se manifesta no respeito de uns pelos
outros, no encontro, no diálogo que instaura relações de comunhão.
Talvez devêssemos retomar a pergunta de Pilatos: “Tu és rei?”
Que rei Jesus é hoje para nós?
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo do Comum - Ano B - 2012
7 CNBB, Missão e Ministério dos Cristãos leigos e leigas. Doc. 62. n. 47.
Com a vida e a Palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas