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MONICA SILVA SILVEIRA

APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA


PRODUÇÃO DE BRIQUETE EM SALVADOR - BA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós–graduação


em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Escola
Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como
requisito para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César

Salvador
2008
S5871 Silveira, Monica Silva
Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes em Salvador-
BA. / Monica Silva Silveira – Salvador-BA, 2008.
163 p.; il.
Orientador: Dr. Sandro Fábio César
Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo). – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2008.
1. Coco. 2. Resíduos orgânicos – reaproveitamento. 3. Energia – fontes alternativas. 4.
Briquetes. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. César, Sandro
Fábio. III. Título.

CDD 628.44
TERMO DE APROVAÇÃO

MONICA SILVA SILVEIRA

APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA


PRODUÇÃO DE BRIQUETE EM SALVADOR - BA

Dissertação aprovada como requisito para obtenção do grau de Mestre em Gerenciamento e


Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Universidade
Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

Sandro Fábio César - Orientador ____________________________________


Doutor em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Santa Catarina, 2002.

Viviana Maria Zanta ______________________________________________


Doutora em Hidráulica e Saneamento, Universidade de São Paulo - USP
São Carlos, 1998.

Ricardo Fernandes Carvalho___________________________________________


Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade de São Paulo - USP
São Carlos, 2005.

Salvador, 14 de março de 2008.


Dedico este trabalho aos meus pais, Francisca e Benedito e ao meu irmão, Flávio.
Minha família o meu maior bem.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela companhia inseparável em todos os dias da minha vida.

Aos meus pais, Francisca e Benedito, e ao meu irmão, Flávio, pelos ensinamentos, amor,
apoio e dedicação.

A Marcos José, companheiro de todas as horas, pelo amor, incentivo e compreensão.

Ao Centro de Recursos Ambientais – CRA, pela oportunidade de realização deste mestrado.

Ao professor orientador, Sandro, pela atenção, incentivo e dedicação.

A Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – Limpurb, pela disponibilidade dos dados e


atenção, em especial François Prudhomme, Fátima Sampaio, Pedro Rabello e Euvaldo Nunes.

A Luiz Veras, da Embrapa Agroindústria Tropical, pela atenção e informações.

Aos meus familiares e padrinhos, pelo carinho, em especial a Kiko, Dina, Juciene, Aládia,
Iracy, Thiago, Jaqueline, Katy, Laécio, Lourdes, Carmelito e Alice.

Aos meus amigos e colegas do CRA, pelo incentivo, ajuda e carinho, em especial a Cláudia,
Rosana, Andréa, Verônica, Neuracy, Rosileide, Anderson, Marcelo, Letícia, Joselita, Sílvio,
Jeizon, Luís Cláudio, Ana Cristina, Tatiana, Carlos, Ana Cláudia, Rita Góes, Lúcia de Fátima,
Ilton, Artur Wilson e Luiz Paulo.

Aos meus amigos, pelo incentivo, ajuda e compreensão, em especial Cilene, Alessandro,
Patrícia, Railda, Francis, Rita Dione, Jorge Urpia, Antonio José, Jacira, Ângela, Edenildes,
Jorge, Maura, Rita, Vera, Cleide, Natalino e Katy.

A Fabriciano, João Paulo, Thiago e Linda Carla, pelo apoio na formatação deste trabalho.

A Maria Antoanette, colega de trabalho e de mestrado, pela divisão das aflições, incentivo e
orações.

A todos os vendedores de água de coco verde, barraqueiros e ambulantes, localizados do


Porto da Barra a Ondina, pelas informações prestadas durante a realização deste trabalho, em
especial Ary, Alagoas, Marco Pólo, Diego, Luiz, Jorge, Alex, Antonio, Agnaldo e Conceição.

A todos, os meus sinceros agradecimentos.


RESUMO

O presente trabalho consiste no aproveitamento das cascas de coco verde para a produção de
briquetes. O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil. A avaliação do potencial
de aproveitamento do resíduo do coco verde pode ser uma alternativa para diminuir o espaço
ocupado por estes resíduos no aterro sanitário, e desta forma aumentar a vida útil do mesmo,
como as melhorias na saúde pública com a redução da proliferação de vetores. O briquete
produzido com este resíduo surge também como alternativa para fornecimento de energia
preservando as florestas nativas ou plantadas com espécies exóticas e como incremento na
cadeia produtiva do coco verde por meio de agregação de valor e geração de emprego e renda
para uma classe social menos favorecida e profissionais com mão-de-obra qualificada que
estejam desempregados. A área onde foram feitos os levantamentos da quantidade de cascas
geradas pelas barracas e ambulantes, além de como é realizado o fluxo do coco verde, da
produção até o destino final, foi o trecho da Orla de Salvador-BA do Porto da Barra a
Ondina. Os fatores que influenciaram na escolha desta área foram o impacto visual causado
pela disposição destes resíduos, a zona turística, a concentração de um comércio específico,
barracas, para venda de água de coco verde “in natura” e o consumo durante todo o ano. O
levantamento foi realizado no período de outubro de 2006 a outubro de 2007. A média do
volume ocupado por 300 cascas de coco, com peso médio de 1,5 kg, foi 1m3, sendo a média
diária de cascas de coco verde geradas na alta estação de 2.798 unidades e na baixa estação
de 1.375 unidades. São necessárias a média de 25,18 t de cascas de coco verde na alta estação
e 12,37 t na baixa estação para atender a demanda mínima da usina de briquetagem. Com
isso, o custo anual da Limpurb para coletar e dispor estes resíduos, que poderão ser
aproveitados, no aterro sanitário é de R$ 727.683,00.

Palavras-chave: cascas de coco verde, aproveitamento, impactos, energia, briquetes.


ABSTRACT

This paper concerns about the utilization of the green coconut husk for the briquettes
production. The State of Bahia is the biggest producer of coconut in Brazil. The evaluation of
the utilization potential of the green coconut residues means a path to reduce the gap taken by
these residues on the sanitary landfill, in order to increase their useful life, such as the public
health improvement because of the decrease of the vectors’ proliferation. The briquettes
which are produced from these residues take form as an alternative for the energy generation,
preserving so the native as the planted forests with exotic species, and also as a development
of the green coconut trade chain through the value aggregation and the generation of
employment and income to poor people and qualified professionals who are unemployed.
The area where the surveys of the amount of husks discarded by the tents and vendors and
also the way how the green coconut trade chain, from the production through the final
destination, was a location along the shore of Salvador-BA, between “Porto da Barra” and
“Ondina”. The reasons that influenced the choice of that area were the visual impact caused
by the disposal of the residues, the tourist zone, the concentration of a specific trade market,
the sum of tents to sell green coconut natural water and its consumption during all the year.
The research took course from 2006 (October) through 2007 (October). The diary average of
the volume taken by 300 green coconut husks, with average weight of 1,5 kg, was 1m3, and
the diary average of green coconut husks discarded during the high season was 2,798 unities
and 1,375 unities during the low season. It’s necessary an average of 25.18 tons of green
coconut husks on the high season and 12.37 tons on the low season to satisfy the lowest
demand of the briquettes manufacturing plant. Because of this, the annual costs of collecting
and disposal in the landfill of residues which can be used by Limpurb is R$ 727.683,00.

Keywords: green coconut husk, utilization, impacts, energy, briquettes.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DE CARVÃO


VEGETAL, DA LENHA E DE MADEIRA EM TORA DA EXTRAÇÃO
VEGETAL E SILVICULTURA NO BRASIL NOS ANOS DE 2004 E 2005.
...........................................................................................................................26

FIGURA 02 – COMPORTAMENTO DA OFERTA E DEMANDA DE MADEIRA DE


EUCALIPTO E PINUS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2020. ........30

FIGURA 03 – COQUEIRO COM DESTAQUE PARA OS FRUTOS E INFLORESCÊNCIA.


...........................................................................................................................39

FIGURA 04 – CASCAS DE COCO VERDE, OBJETO DE ESTUDO DESTE TRABALHO.


...........................................................................................................................40

FIGURA 05 – DESENHO ESQUEMÁTICO DAS PARTES QUE COMPÕEM O COCO,


COM DESTAQUE PARA O ENRAIZAMENTO DO FRUTO-SEMENTE. .41

FIGURA 06 – COQUEIROS GIGANTES LOCALIZADOS NA AV. OCEÂNICA –


BARRA.............................................................................................................43

FIGURA 07 – COQUEIRO ANÃO LOCALIZADO NA PÇ. BAHIA SOL – ONDINA.......44

FIGURA 08 – CASCAS DO COCO VERDE COM ÁGUA ACUMULADA NO SEU


INTERIOR........................................................................................................57

FIGURA 09 – CASCAS DO COCO VERDE MISTURADAS A OUTROS TIPOS DE


RESÍDUOS. ......................................................................................................57

FIGURA 10 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA PRÓXIMO AO CRISTO.
...........................................................................................................................63

FIGURA 11 – CASCA DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV.SETE DE SETEMBRO, ENTRE O
PORTO E FAROL DA BARRA. .....................................................................64

FIGURA 12 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTES, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PRAIA DO PORTO DA BARRA. ..............64
FIGURA 13 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS
VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA - ONDINA. ...................65

FIGURA 14 - CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ MAL. DEODORO – COMÉRCIO. ......66

FIGURA 15 – CASCAS DE COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ DA PIEDADE - CENTRO....................66

FIGURA 16 – CONSTITUIÇÃO ESTRUTURAL DE UMA FIBRA VEGETAL.................68

FIGURA 17 - EQUIPAMENTOS DA USINA DE BENEFICIAMENTO DAS CASCAS DE


COCO VERDE, FORTALEZA-CE. ................................................................72

FIGURA 18 – FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA USINA.............................................73

FIGURA 19 – CASCAS DE COCO VERDE SENDO DEPOSITADAS NA BAIA..............74

FIGURA 20 – CASCAS DE COCO VERDE NO ELEVADOR.............................................75

FIGURA 21 – CASCA DE COCO DILACERADA APÓS TRITURAÇÃO..........................75

FIGURA 22 – PRENSA COM CALHA PARA RECOLHIMENTO DO LCCV. ..................76

FIGURA 23 – CLASSIFICADORA DE PÓ E FIBRA. ..........................................................77

FIGURA 24 – PÓ ORIUNDO DAS CASCAS DE COCO VERDE. ......................................77

FIGURA 25 – FIBRA DE COCO VERDE APÓS SECAR A TEMPERATURA AMBIENTE.


...........................................................................................................................78

FIGURA 26 – BRIQUETES. ...................................................................................................80

FIGURA 27 – BIOMANTA DE FIBRA DE COCO APLICADA EM TALUDE. .................83

FIGURA28 – MANTAS DE FIBRA DE COCO PRODUZIDAS NA USINA DA EMBRAPA


AGROINDÚSTRIA TROPICAL. ....................................................................84

FIGURA 29 – BERMALONGAS............................................................................................84

FIGURA 30 – ENCHIMENTO DE FIBRA DE COCO TERMO-ACÚSTICO. .....................87

FIGURA 31 – MANTA ANTI-RUÍDO. ..................................................................................87

FIGURA 32 – CHAPA DE PARTÍCULA COM 20% DE FIBRAS DE COCO E 6% DE


ADESIVO. ........................................................................................................88
FIGURA 33 – “TELHA ECOLÓGICA”, COM IMPERMEABILIZAÇÃO (ESQUERDA) E
SEM IMPERMEABILIZAÇÃO (DIREITA). ..................................................89

FIGURA 34 – FLUXOGRAMA COM O FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE


SALVADOR – DA PRODUÇÃO A DESTINAÇÃO FINAL.........................90

FIGURA 35 - ORGANOGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO DE COCO NA BAHIA. ...............91

FIGURA 36 – CAMINHONEIRO DISTRIBUINDO COCOS VERDES NAS BARRACAS


DE COCO DO FAROL DA BARRA...............................................................93

FIGURA 37 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NO BALCÃO DA BARRACA DE


COCO - PRAIA DO PORTO DA BARRA......................................................94

FIGURA 38 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NA BARRACA DE COCO DA PÇ.


BAHIA SOL - ONDINA ..................................................................................94

FIGURA 39 – COCOS VERDES ARMAZENADOS, PELO AMBULANTE, NA AREIA


DA PRAIA E NO ISOPOR - PRAIA DO PORTO DA BARRA.....................95

FIGURA 40 – CASCAS DE COCO VERDE ACONDICIONADAS EM TONÉIS E


CONTÊINER DE 240 L PRAIA DO PORTO DA BARRA............................97

FIGURA 41 – CONTÊINERES METÁLICOS NO FORTE DE SANTA MARIA-BARRA.98

FIGURA 42 – COMPACTADOR COLETANDO O LIXO DAS BARRACAS DE COCO DO


FAROL DA BARRA, DESTAQUE PARA A FORMA COMO OS ESÍDUOS
SÃO COLOCADOS NO CARRO..................................................................105

FIGURA 43 – COMPACTADOR DO SETOR ORLA I DESCARREGANDO NA


ESTAÇÃO DE TRANSBORDO....................................................................108

FIGURA 44 – PRAIA DO PORTO DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO...110

FIGURA 45 – PRAIA DO FAROL DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO.1110

FIGURA 46 – PRAIA DE ONDINA, COM OS VENDEDORES DE COCO......................111

FIGURA 47 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS


DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E
ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07. ...............................................112
FIGURA 48 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS
DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA,
FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07...113

FIGURA 49 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS


BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS
PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO
PERÍODO 0UT/06 A OUT/07........................................................................115

FIGURA 50 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS


BARRACAS DE COCO E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO
PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. ................................................................116

FIGURA 51 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO


NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. .........................................................116

FIGURA 52 - QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR


ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07. ..........................................118

FIGURA 53 – LENHA ORIUNDA DE REFLORESTAMENTO PARA USO NA


CALDEIRA-FRIGORÍFICO DE AMARGOSA............................................125

FIGURA 54 – BRIQUETADEIRA DO TIPO PISTÃO. .......................................................128

FIGURA 55 – BRIQUETADEIRA DO TIPO EXTRUSORA DE ROSCA SEM FIM. .......129


LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO COQUEIRO ................................42

QUADRO 02 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL


DE PLANTIO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL..............................47

QUADRO 03 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL


DE PLANTIO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL ...................................48

QUADRO 04 – ENFERMIDADES RELACIONADAS COM O RESÍDUO SÓLIDO


TRANSMITIDAS PELOS MACROS VETORES...........................................55

QUADRO 05 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA DIURNA E NOTURNA


.........................................................................................................................100

QUADRO 06 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA TERCERIZADA.....105


LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE COCO E A PRODUÇÃO (1.000


T) NO PERÍODO DE 2001 A 2004 .................................................................49

TABELA 02 - QUANTIDADE PRODUZIDA (1.000 frutos) DE COCO-DA-BAIA, POR


REGIÃO E OS DOIS ESTADOS COM MAIOR PRODUÇÃO EM CADA
REGIÃO DO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2006 ................................50

TABELA 03 – MUNICÍPIOS BAIANOS COM MAIOR PRODUÇÃO (1.000 frutos) DE


COCO-DA-BAIA NO PERÍODO DE 2001 A 2006........................................51

TABELA 04 – NOTIFICAÇÕES DE ALGUMAS DOENÇAS NO ESTADO DA BAHIA


NO PERÍODO DE 2004 A 2006 ......................................................................55

TABELA 05 – CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS GASES DO EFEITO ESTUFA..59

TABELA 06 – EMISSÕES DE METANO DEVIDO A DISPOSIÇÃO E TRATAMENTO


DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL NO PERÍODO DE 1990 A 1994 ...60

TABELA 07 – VALORES MÉDIOS DAS PRINCIPAIS PROPRIEDADES DA FIBRA DE


COCO VERDE .................................................................................................69

TABELA 08 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS (% EM


PESO) ...............................................................................................................69

TABELA 09 – PROPRIEDADES FÍSICAS DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS E


SINTÉTICAS....................................................................................................70

TABELA 10 - QUANTIDADE DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA


ACONDICIONAR CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO..............99

TABELA 11 – QUANTIDADE DE BARRACAS E AMBULANTES NA ÁREA DE


ESTUDO.........................................................................................................109

TABELA 12 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS


DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E
ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07 ..............................................112
TABELA 13 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS
DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA ,
FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07......113

TABELA 14 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS


DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO
PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO
0UT/06 A OUT/07..........................................................................................114

TABELA 15 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS


BARRACAS DE COCO E PELOS AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO
NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07................................................................115

TABELA 16 – QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR


ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07 ...........................................118

TABELA 17 – CARACTERÍSTICAS DOS BRIQUETES ...................................................121

TABELA 18 - CONSUMO DE BRIQUETES EM RELAÇÃO A LENHA .........................123

TABELA 19 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS TIPO:


CHURRASCARIAS, PADARIAS E PIZZARIAS EXISTENTES EM
SALVADOR...................................................................................................124

TABELA 20 – QUANTIDADE DE FRIGORÍFICOS COM LICENÇA AMBIENTAL, POR


MUNICÍPIO ...................................................................................................124

TABELA 21 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS NA RMS POR ATIVIDADE E


MUNICÍPIO ...................................................................................................125

TABELA 22 – CONSUMO DE LENHA MENSAL (m3) NA RMS POR ATIVIDADE E


MUNICÍPIO ...................................................................................................126

TABELA 23 – QUANTIDADE, EM PESO, DE CASCAS DE COCO VERDE GERADAS


DIARIAMENTE, NA ALTA E BAIXA ESTAÇÃO, NA ÁREA DE ESTUDO
E QUANTIDADE NECESSÁRIA PARA ABASTECER A USINA............130

TABELA 24 – PERCENTUAL DAS DESPESAS DE CAPITAL E CORRENTES EM


RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL DO PROJETO..............................132
TABELA 25 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES,
COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 01.............133

TABELA 26 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 01....133

TABELA 27 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES,


COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 02.............133

TABELA 28 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 02....134

TABELA 29 – CUSTO DA LIMPURB COM OS SERVIÇOS DE COLETA E DISPOSIÇÃO


DOS RESÍDUOS SOLIDOS URBANOS ......................................................136

TABELA 30 – CUSTO COM A COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DAS CASCAS DE


COCO GERADAS NA ÁREA DE ESTUDO E NECESSÁRIA PARA A
USINA ............................................................................................................136
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AMC Aterro Metropolitano Centro
APP Áreas de Preservação Permanente
ASBRACOCO Associação Brasileira dos Produtores de Coco
CERBCAA Comitê Estadual da Reserva da Biosfera Caatinga
CEPLAC Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira
CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental
CETREL Empresa de Proteção Ambiental
COEP Comitê de Entidades no Combate a Fome e pela Vida
CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
COPANT Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas
CRA Centro de Recursos Ambientais
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO Organização de Alimento e de Agricultura das Nações Unidas
FEMA Fórum Empresarial para o Meio Ambiente
GEE Gases de Efeito Estufa
GWP Potencial de Aquecimento Global
IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
IRHO Instituto de Pesquisas de Óleos e Oleaginosas
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
JUCEB Junta Comercial do Estado da Bahia
LIMPURB Empresa de Limpeza Urbana do Salvador
LCCV Líquido da Casca de Coco Verde
NBR Regulamentação das Normas Brasileiras
OMM Organização Mundial de Metereologia
ONU Organização das Nações Unidas
PNEUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RMS Região Metropolitana de Salvador
SEAGRI Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apóio as Micro e Pequenas Empresas
SECOMP Secretaria de Combate a Pobreza e as Desigualdades Sociais
SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SESAB Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
SESP Secretaria de Serviços Públicos
UNEP Programa de União das Nações do Meio Ambiente
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 19
1.1 PROBLEMATIZAÇÂO 21
1.2 OBJETIVOS 23
1.2.1 Objetivo Geral 23
1.2.2 Objetivos Específicos 23
1.3 JUSTIFICATIVA 24
1.4 METODOLOGIA 31
1.4.1Classificação do Estudo 31
1.4.2 Delimitação da Pesquisa 31
1.4.3 Identificação das Variáveis 32
1.4.4 Técnicas de coletas de dados 32
1.4.5 Estrutura da Pesquisa 35
1.5 RESULTADOS ESPERADOS 36
1.6 PERSPECTIVAS 37
1.6.1 Originalidade da Pesquisa 37
1.6.2 Contribuições da Pesquisa 37

2 O COQUEIRO E O COCO 38
2.1 A ORIGEM DO COQUEIRO 38
2.2 O COQUEIRO E O FRUTO 38
2.3 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES DO COQUEIRO 42
2.3.1 O coqueiro gigante 42
2.3.2 O coqueiro anão 43
2.3.3 O coqueiro híbrido 44
2.4 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL 45
2.5 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL 46
2.6 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO HIBRIDO NO BRASIL 48
2.7 PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA 49

3 PRINCIPAIS IMPACTOS CAUSADOS COM A DISPOSIÇÃO DAS CASAS DE


COCO VERDE 52
3.1 DEMANDA DE ÁREA 52
3.2 PROLIFERAÇÃO DE VETORES 54
3.3 PRODUÇÃO DE METANO (CH4) 58
3.4 POLUIÇÃO VISUAL 61

4 A FIBRA DE COCO 67
4.1 COMPOSIÇÃO DA FIBRA DE COCO 67
4.2 CARACTERÍSRISTICAS DA FIBRA DE COCO 68
4.3 ETAPAS DO BENEFICIAMENTO DA CASCA DE COCO VERDE PARA
OBTENÇÃO DE FIBRA E PÓ 71
4.4 USOS DA FIBRA E PÓ DE COCO VERDE 79
4.4.1 Fabricação de briquetes 79
4.4.2 Outros Usos 81
Uso na agricultura 81
Produção de mantas e retentores de sedimento 82
Produção de enzimas 84
Matrizes poliméricas 85
Isolante térmico e acústico 86
Obtenção chapa de partículas e telhas 87

5 FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO ATÉ A


DESTINAÇÃO FINAL 90
5.1 PRODUTOR 91
5.2 DISTRIBUIDOR E COMPRADOR 91
5.3 ARMAZENAMENTO 93
5.4 CONSUMIDOR 95
5.5 ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS 95
5.6 COLETA/TRANSPORTE 100
5.7 DISPOSIÇÃO FINAL 106

6. LEVANTAMENTO DA QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO VERDE NA ORLA


DE SALVADOR - TRECHO PORTO DA BARRA A ONDINA 109
6.1 LOCALIZAÇÃO 109
6.2 ANÁLISE DOS DADOS DE GERAÇÃO DE RESIDUOS DE COCOS NO TRECHO
ESTUDADO 111
6.3 DADOS DE PRODUÇÃO DE RESÍDUO NO SETOR ESTUDADO - LIMPURB 118

7 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO


VERDE GERADAS EM SALVADOR PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES 120
7.1 BRIQUETES 120
7.1.1 Histórico 120
7.1.2 Definição 120
7.1.3 Características dos briquetes 121
7.1.4 Vantagens do uso de briquetes 122
7.1.5 Mercado Consumidor 123
7.2 MONTAGEM DA USINA 126
7.2.1 Usina de Briquetagem 126
7.2.2 Demanda de matéria-prima 130
7.2.3 Alternativas para equipamentos da Usina 131
7.3 DIRETRIZES ESTRUTURANTES PARA A AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE
APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE
BRIQUETES 137
7.3.1 Diretriz tecnológica 137
7.3.2 Diretriz Social 139
7.4 CONTROLE DE PROCESSO 140

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 142

REFERÊNCIAS 145

ANEXO 154
1 INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos para se atender as necessidades humanas foi-se desenhando uma
equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. É exatamente na ponta desta equação
que está um dos problemas da sociedade moderna – a produção de resíduos (SÃO PAULO,
1998).

Das cidades mais populosas até as comunidades mais carentes um número crescente de
pessoas e administrações municipais está se esforçando para encontrar as melhores soluções
para as questões dos resíduos sólidos urbanos. Esses problemas são realmente novos se
comparados com décadas atrás, e infelizmente não se resolvem sozinhos. As situações são
bem diferentes em cada município, porém pode-se garantir que diante dos recursos humanos e
materiais atualmente existentes e disponibilizados em cada administração pública, as
dificuldades ainda são grandes, cabendo as prefeituras procurar soluções adequadas para
gerenciar os resíduos sólidos municipal.

Segundo Grippi (2001) gerenciar os resíduos sólidos na concepção da palavra, significa cuidar
dele do berço ao túmulo, ou seja, desde sua geração, seleção e disposição; a qual deve ter um
destino ambiental e sanitário adequados, a fim de não contaminar o solo, o ar, as águas
superficiais e subterrâneas e evitar a proliferação de vetores que podem causar doenças ao
homem.

A crescente preocupação com a quantidade de resíduos sólidos produzidos e o aumento do


custo da matéria-prima, aliados ao desenvolvimento de tecnologia, viabilizam o
aproveitamento e reciclagem cada vez maior dos resíduos, promovendo economia de recursos
naturais, diminuição da poluição ambiental, geração de empregos diretos e indiretos e redução
do volume de material a ser disposto.

De acordo com os dados da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – LIMPURB (2007a),


atualmente a Prefeitura Municipal de Salvador gasta, em torno de R$ 150 milhões por ano
para administrar os resíduos sólidos do município que gera, em média, 2,4 mil toneladas por
dia de resíduos sólidos urbanos (incluindo os resíduos domiciliar e público).
20

Salvador é uma cidade litorânea e turística, onde a água de coco verde é bastante apreciada
pela população, mas este consumo acarreta na geração de uma grande quantidade de resíduo
sólido, cascas do coco verde, que sem ter um aproveitamento adequado, acaba sendo
destinado ao aterro sanitário municipal.

A reciclagem tem papel fundamental dentro do conceito de desenvolvimento sustentável,


cabendo a cada pessoa fazer sua parte e cobrar eficiência do setor público, a quem cabe
gerenciar os resíduos sólidos urbanos com eficiência e responsabilidade.

A publicação da Agenda 21 foi um grande passo para a realização de um verdadeiro


compromisso com o desenvolvimento sustentável e pode ajudar no gerenciamento dos
resíduos sólidos urbanos nas cidades; principalmente no que diz respeito ao aumento da
reutilização e reciclagem ambientalmente saudáveis dos resíduos.

Para Teixeira e Zanin (1999) a reciclagem de materiais pode ser definida como o processo por
meio do qual os constituintes de um determinado corpo ou objeto passa em momento
posterior, a serem componentes de outro corpo ou objeto semelhante ou não ao anterior. Estes
mesmos autores consideram a reciclagem como uma das etapas essenciais no gerenciamento
integrado dos resíduos sólidos de uma comunidade; podendo ser classificada, de uma maneira
geral em:

a) Reciclagem primária: é o processo de um resíduo para fabricação de um produto


com características similares ao original;

b) Reciclagem secundária: é o processo de resíduos com obtenção de produtos


diferentes ao original. É tipicamente o caso da reciclagem a partir dos resíduos
sólidos urbanos, também chamados reciclagem pós-consumo;

c) Reciclagem terciária: implica na obtenção a partir de um produto, dos


componentes químicos básicos do mesmo. É obtida por processos como pirólise e
hidrólise, sendo também denominada reciclagem química;

d) Reciclagem quaternária: é a utilização do conteúdo energético dos materiais por


meio de queima ou incineração; também conhecida como reciclagem energética,
Neste sentido apesar do nome, não é propriamente uma reciclagem, mas sim um
reaproveitamento de materiais.

Segundo Kiperstok e outros (2002), na impossibilidade dos resíduos serem reutilizados ou


reciclados no processo produtivo (internamente), o reuso e a reciclagem externa bem como a
21

recuperação de alguns componentes ou energia deverá ser adotada ao invés de sua simples
disposição no ambiente.

Para Valle (1995), um material deixa de ser considerado resíduo pela sua valorização como
matéria-prima para a produção de novos produtos. Com isso, as cascas do coco verde,
enquanto matéria-prima não utilizada apresenta custos e impactos para a sociedade e meio
ambiente, ao passo que o seu aproveitamento, para geração de energia, agrega valor ao
resíduo e pode trazer benefícios para o meio como um todo.

1.1 PROBLEMATIZAÇÂO

O aproveitamento das cascas de coco vem sendo feito em alguns estados brasileiros a
exemplo do Pará, Ceará e Rio de Janeiro. Empresas automobilísticas, de beneficiamento do
coco, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias – EMBRAPA, Universidades
Federais e Estaduais, dentre outras, estão investindo em pesquisas para encontrar maneiras de
utilização das cascas de coco verde.

Em 2004, o Governo do Estado da Bahia firmou protocolo de intenções para a instalação de


uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde em Salvador. Este projeto é uma
iniciativa conjunta do Governo do Estado por meio das Secretarias de Agricultura, Irrigação e
Reforma Agrária - SEAGRI, de Combate a Pobreza e as Desigualdades Sociais - SECOMP e a
PMS por meio da Secretaria de Serviços Públicos – SESP/Limpurb, com apoio técnico da
Embrapa Agroindústria Tropical que já havia implantado em Fortaleza uma unidade desta,
conforme pode ser visto na seção 04 deste trabalho (Bahia, 2005).

O objetivo geral do projeto era fomentar a geração de trabalho e renda com a implantação de
uma unidade de beneficiamento de casca de coco verde para fabricação e comercialização
solidária de produtos artesanais e insumos agrícola e industrial, ou seja, a idéia seria a venda de
fibras de coco, pó da casca de coco, vasos e outros (Bahia, 2005).

Apesar de o projeto ter sido elaborado, até a presente data, o mesmo não foi implantado, não
tendo sido divulgada a metodologia utilizada na elaboração do mesmo. Portanto para avaliar o
potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes foi preciso
22

desenvolver uma metodologia especifica para quantificar as cascas de coco verde e avaliar o
potencial de aproveitamento da mesma para a produção de briquetes na cidade do Salvador.

De acordo com os dados levantados pela Associação Brasileira de Produtores de Coco -


ASBRACOCO (BRASIL, 2002), a produção brasileira é comercializada como descrito a
seguir.

Trinta e cinco por cento (35%) destinam-se às agroindústrias, que produzem, principalmente,
coco ralado e leite de coco, para atender a demanda de grandes empresas produtoras de
chocolate, biscoito, iogurtes, sorvetes e padarias. Deste percentual, 99% são constituídos de
coco seco e o restante é destinado à indústria engarrafadoras de água de coco verde;

Trinta e cinco por cento (35%) destinam-se aos mercados Sudeste/Sul para atender às
pequenas indústrias, a exemplo de docerias, padarias, sorveterias, e outras, sendo em torno de
90% de frutos verdes e os outros 10% de coco seco;

Os trinta por cento (30%) restantes ficam no mercado nordestino, para atender ao consumo
“in natura”, tanto de coco seco como de coco verde. Em decorrência da forte tradição do
consumo na culinária e o grande número de pequenas indústrias, estima-se que 80% do
consumo nordestino sejam de coco seco e 20% de coco verde. Desta forma, do consumo
estimado de coco no mercado brasileiro, 62% é de coco seco e 38% é de coco verde.

Segundo os dados do IBGE (2006), o Brasil possui uma área com plantação de coco de
294.161 ha sendo a produção de 1.985.478.000 frutos. Desta produção 66,52% encontra-se no
nordeste e a Bahia, o Estado brasileiro que mais produz coco, com uma área plantada de
81.686 ha, teve uma produção de 628.376.000 frutos na safra 2006. A Bahia é responsável por
47,57% da produção de coco do nordeste e 31,32% da produção nacional.

As cascas de coco verde geradas em Salvador, após o consumo da água, têm como destino
final os rios, os terrenos baldios e o aterro sanitário. Representando 80% do peso do fruto
(ROSA e outros, 2001), estudos já comprovaram que as cascas de coco podem ser
aproveitadas para diversos fins. Neste trabalho pretende-se avaliar o potencial de
aproveitamento das cascas de coco verde geradas pelos ambulantes e pelas barracas de praia e
de coco da orla de Salvador para geração de energia, ou seja, para fabricação de briquetes.
23

O trabalho aborda as seguintes questões:

- Como é realizado o fluxo do coco verde – da produção até o destino final, na orla de
Salvador?
- Qual a forma de armazenamento? Como são coletadas? Qual o destino final?
- Qual a realidade da situação existente com relação a quantidade de cascas de coco verde
geradas diariamente pelos ambulantes e pelas barracas?
- Existe viabilidade para o aproveitamento deste resíduo?
- Quais os ganhos econômicos, sociais e ambientais com o aproveitamento destes resíduos?
- Deve ser feita coleta seletiva?
- Os vendedores de água de coco têm interesse em viabilizar esta questão?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar o potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Realizar o diagnóstico do resíduo do coco verde das barracas e ambulantes do trecho da orla
de Salvador – Porto da Barra a Ondina;
- Levantar e sistematizar dados por meio de revisão da literatura relacionada com a utilização
do resíduo do coco verde;
- Identificar os impactos ambientais gerados pela disposição do resíduo do coco verde.
24

1.3 JUSTIFICATIVA

Segundo dados do IBGE (2006), a Bahia é o Estado brasileiro com maior produção de coco e
uma cidade como Salvador, litorânea e turística, tem uma grande quantidade de resíduo
gerado com o consumo de água de coco. As cascas de coco representam 70 a 80% do lixo de
praia do nordeste, sendo a sua degradação lenta, em torno de 08 anos, o que causa grande
impacto ambiental nos aterros sanitários em função, principalmente, do grande volume
(ROSA, 2006; AGENCIA BRASIL, 2004).

De acordo com os dados da Limpurb, em outubro de 2007, a quantidade, média, de lixo de


praia gerado em Salvador foi de 43,76 toneladas/dia. Este lixo é constituído da limpeza de
praia, propriamente dito, coleta dos resíduos gerados nas barracas de praia e de coco e lixo
domiciliar.

O modelo atual do gerenciamento do coco verde em Salvador é do tipo fim-de-tubo, ou seja,


extração dos recursos e a disposição dos resíduos em aterro sanitário.

A estratégia de produção mais limpa foi introduzida pelo Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente – PNUMA em 1989, apresentando atualmente a seguinte definição: é a
aplicação continua de uma estratégia ambiental preventiva integrada, aplicada aos processos,
produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres humanos e ao
meio ambiente. Entendendo o coco verde como um produto a estratégia de produção mais
limpa aplica-se a redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida deste produto
desde a extração até a disposição final (WBCSD e UNEP, 1997).

Acrescenta-se que a produção mais limpa tem como propósito a minimização dos resíduos, a
redução do uso de matéria-prima e insumos (utilizando-os de forma racional), a maximização
da eficiência energética e a minimização dos impactos ambientais ao longo de todas as etapas
do processo produtivo e de consumo do produto (CHRISTIE, ROLFE e LEGARD, 1995).

O aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia por meio da produção de
briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como combustível não incrementando o
25

teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido durante a combustão equilibrando-se com o
CO2 consumido durante a fotossíntese (LORA, 2002).

A substituição do uso da lenha por briquetes produzidos a partir do aproveitamento das cascas
de coco verde pode trazer benefícios para a vegetação nativa já que existem basicamente duas
maneiras de extração de madeira para produção de lenha:

A primeira é por meio da silvicultura que, de acordo com o IBGE (2005), é a atividade que se
ocupa do estabelecimento, desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando múltiplas
aplicações.

O plantio em silvicultura é feito geralmente com espécies exóticas (de outros locais) como
eucalipto e pinus americano e espécies nativas como pinheiro brasileiro e mogno; geralmente
os produtos obtidos são madeiras em tora (para papel e celulose, construção civil, movelaria e
náutica), lenha e carvão.

A segunda é por meio do extrativismo vegetal, onde os produtos são simplesmente coletados
em vegetações nativas espontâneas. Podem ser produtos madeireiros como madeira em tora,
lenha e carvão e não madeireiros como borracha, fibras, folhas e raízes medicinais, dentre
outros.

De acordo com os dados do IBGE (2005), o município de Inhambupe - Ba é o sétimo maior


produtor nacional de lenha da silvicultura e a Bahia lidera a produção nacional com relação à
lenha originária do extrativismo vegetal, sendo os municípios de Xique-Xique, Serra do
Ramalho, Riacho de Santana, Bom Jesus da Lapa, Wagner, Paratinga e Itaberaba os maiores
produtores.

A Figura 01 representa a distribuição percentual de produção de carvão vegetal, lenha e de


madeira em tora de extração vegetal e silvicultura no Brasil nos anos de 2004 e 2005.
26

FIGURA 01 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL,


DA LENHA E DE MADEIRA EM TORA DA EXTRAÇÃO VEGETAL E SILVICULTURA
NO BRASIL NOS ANOS DE 2004 E 2005.
Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção de Extração Vegetal e da
Silvicultura, 2005.

Por meio da Figura 01, pode-se observar que da silvicultura, com exceção do carvão vegetal,
a produção de lenha e madeira em tora aumentou; tal fato se deve ao setor madeireiro estar
atuando em consonância com a legislação ambiental no sentido de diminuir a exploração de
espécies vegetais nativas. Salienta-se que a demanda por matéria-prima, no setor madereiro,
tem sido atendida por meio das práticas de redução dos desperdícios, cultivo de floresta
homogênea e adoção de reciclagem de matérias. Com relação a extração vegetal houve um
pequeno decréscimo em relação a lenha e a madeira em tora, fato que pode estar relacionado
há maior fiscalização dos órgãos ambientais.

A legislação ambiental no setor madeireiro está cada vez mais rigorosa no sentido de
aplicação da lei. Nos últimos anos o uso de lenha em caldeiras e fornos de atividades passíveis
de licenciamento ambiental como frigoríficos e olarias só é permitido, pelo CRA, mediante
apresentação de documentação que comprove a procedência desta lenha. Além disto, a
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH está cada vez mais atuante no
sentido de autorizar a supressão de vegetação para silvicultura.

Embora o Código Florestal, Lei Federal nº 4.771/65, defina as diretrizes básicas para
conservação, corte e exploração das florestas existentes no território nacional, deve-se lembrar
27

que as mesmas estão relacionadas com as Áreas de Preservação Permanente - APP e Reserva
Legal não protegendo o restante da vegetação existentes nos biomas, no caso do Estado da
Bahia, caatinga, cerrado e mata atlântica.

Em ecologia, chama-se bioma uma comunidade biológica, ou seja, fauna e flora e suas
interações entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar. Em cada bioma há um tipo de
vegetação predominante, que ocupa a maior parte da área e que é determinado principalmente
pelo clima e solo.

O Bioma Caatinga localiza-se na região do semi-árido sendo o único bioma genuinamente


brasileiro. Ocupa uma área total de 844.453 km2, estende-se por 70% da área do nordeste e
9,92% do Brasil. O Estado da Bahia detêm 37% da área deste bioma com aproximadamente
23% da população do estado vivendo no domínio da caatinga (CERBCAA, 2007; IBGE,
2004).

Este bioma é considerado extremamente frágil em virtude da flora e fauna existente. Nos
últimos quinze anos aproximadamente 40.000 km2 de sua área se transformaram em deserto
devido a interferência do homem na região (CERBCAA, 2007). Na caatinga a situação social
é extremamente complexa, com a maioria da população rural dedicada a cultura de
subsistência, pecuária e ao extrativismo vegetal.

O desmatamento da caatinga para o consumo industrial da lenha é cada vez maior,


principalmente porque não existem leis especificas para proteção deste bioma.

Alguns produtores de lenha são orientados a realizar o manejo sustentável da madeira, que
consiste em dividir o terreno em várias partes e cada ano cortar as árvores de apenas uma
delas, também o uso de fornos mais eficientes, que consumam menos lenha, e o uso de lenha
seca (mais velha) são medidas que devem ser implantadas pelos proprietários de olarias,
restaurantes e padarias para reduzir o consumo de lenha e desta forma conservar mais a
caatinga. (COEP, 2007).

O Bioma Cerrado está localizado basicamente no planalto central do Brasil, sendo o segundo
maior bioma brasileiro, superado apenas pela Floresta Amazônica. Ocupa uma área de
2.036,448 km2, ocupando 23,92 % do território brasileiro. Na Bahia, este bioma encontra-se
28

distribuído de forma heterogênea, compondo várias áreas de transição cerrado/caatinga e


cerrado/floresta atlântica, no entanto a sua maior concentração esta na região oeste (WWF,
2007; IBGE, 2004).

A cobertura vegetal do cerrado varia desde os campos sem árvores ou arbustos até o cerrado
lenhoso denso com matas ciliares. O cerrado brasileiro é conhecido como a savana mais rica
do mundo em biodiversidade com diversos ecossistemas, riquíssima flora com
aproximadamente 4.400 espécies endêmicas (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Nas últimas décadas o cerrado tem passado por um processo de urbanização e ocupação
agrícola além de desmatamento para retirada de material lenhoso, principalmente nos
encraves de cerrado (área de transição de duas ou mais tipologias vegetacionais que se
misturam ou se interpenetram), com isso técnicas agrícolas e planos de manejo devem ser
adotados para conservar a vegetação nativa.

O bioma floresta atlântica ou mata atlântica estende-se por todo o litoral brasileiro, ou seja, do
nordeste até o sul. Ocupa uma área de 1.110.182 km2 representando 13,04% do território
brasileiro (IBGE, 2004).

Este bioma é composto por uma série de tipologias fitogeográficas, constituindo desta forma
em um mosaico vegetacional onde abriga uma das maiores biodiversidades do mundo, tendo
sido identificada como a 5ª área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo
(IBAMA, 2007). Cabe salientar que a riqueza pontual neste bioma é tão significativa que os
dois maiores recordes mundiais de diversidade botânica para plantas lenhosas foram
registrados nesse bioma, 454 espécies em um único hectare do sul da Bahia e 476 espécies em
amostra de mesmo tamanho na região serrana do Espírito Santo. (ALIANÇA MATA
ATLÂNTICA, 2007).

A exploração da mata atlântica iniciou com o descobrimento do Brasil, primeiro foi a


exploração do pau-brasil depois o processo de desmatamento prosseguiu com os ciclos de
cana-de-açúcar, do ouro, da produção de carvão vegetal, de extração da madeira, de
plantações de cafezais e pastagens, da produção de papel e celulose, da construção de
rodovias e barragens e do processo de urbanização com o surgimento das grandes capitais
como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. (IBAMA, 2007; SILVA E MIRANDA, 1997).
29

A conservação da Mata Atlântica é alvo de interesse dos setores do governo, sociedade civil
organizada, instituições acadêmicas e setor privado. Apesar da forte pressão antrópica que
cresce a cada dia existe um amplo arcabouço legal para a proteção deste bioma tais como: a
constituição do Brasil de 1988 no seu capitulo referente ao Meio Ambiente que reconhece a
importância da conservação da mata atlântica declarando-a patrimônio nacional; as portarias
Federais do IBAMA nº 218/89 e 438/89 que normaliza os procedimentos quanto a
autorizações de derrubada e exploração florestal envolvendo mata atlântica, além do Decreto
Federal nº 11.428/06 (Lei da Mata Atlântica) que dispõem sobre a utilização e proteção da
vegetação nativa no bioma mata atlântica.

Com relação aos tipos de biomas existentes no estado da Bahia, o que possui maior
quantidade de leis voltadas para sua conservação é o da mata atlântica, contudo nestes biomas
os modelos de utilização dos recursos florestais ainda caracterizam-se, em sua grande maioria,
pelo extrativismo e eliminação da vegetação por meio do desmatamento puro e simples. Em
alguns casos para a ocupação do solo com agropecuária, mas muitas vezes para
comercialização da lenha.

Apesar de existir no litoral Norte da Bahia empresas que praticam a silvicultura muitos
empreendimentos, principalmente de micro e pequeno porte localizadas na Região
Metropolitana de Salvador - RMS e adjacência adquirem lenha de madeira nativa devido aos
seguintes fatores: o custo para a produção da lenha oriunda de reflorestamento é maior devido
aos gastos com a implantação e desenvolvimento para a formação do cultivo além dos
impostos, encargos sociais e administrativos do empreendimento; a concentração da oferta em
poucas empresas não oferece competitividade no mercado e a insuficiência de técnicos para a
fiscalização do cumprimento da legislação vigente, favorece a realização dos desmatamentos
ilegais e a comercialização da madeira clandestina (SILVA E MIRANDA, 1997).

Ressalta-se que o Brasil exporta para os Estados Unidos e Europa madeira oriunda de
reflorestamento como pinus e eucalipto que constituem matéria-prima da indústria de papel
celulose, móveis, compensados, aglomerados e chapas; porém especialistas advertem que
devido à escassez de madeira reflorestada ocorrerá num futuro próximo (a partir de 2008) o
que eles chamam de “apagão da madeira” ou “apagão florestal”, onde o Brasil passará de
exportador para importador desta matéria-prima (PATZSCH, 2004; SOUZA, 2005).
30

A Figura 02 mostra o comportamento da oferta e demanda de madeira de eucalipto e pinus no


Brasil no período de 2000 a 2020.

FIGURA 02 – COMPORTAMENTO DA OFERTA E DEMANDA DE MADEIRA DE


EUCALIPTO E PINUS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2020.
Fonte: Patzsch, 2004.

De acordo com a Figura 02, a oferta de madeira de pinus e eucalipto no Brasil não acompanha
o crescimento da demanda. Com isso, segundo Patzsch (2004), o consumo de móveis
fabricados no país fará a demanda por madeira plantada crescer 66,38%, porém as plantações
de pinus e eucalipto são insuficientes, já que a quantidade disponível para corte só crescerá
23,58%.

A fim de resolver esta situação, o Governo Federal decidiu liberar crédito para plantio de
florestas em pequenas e médias propriedades, investir em assistência técnica e reduzir o
excesso de burocracia que envolve os licenciamentos ambientais. Como as florestas de pinus
plantadas ficam prontas para corte em 15 anos e as de eucalipto em 07 anos, esta situação
deverá levar alguns anos para normalizar.

Diante de toda a situação exposta com relação ao extrativismo vegetal, principalmente nos
biomas cerrado e caatinga, e do iminente “apagão da madeira”, o aproveitamento das cascas
de coco para produção de briquetes a fim de substituir a lenha surge como uma alternativa
para evitar o desmatamento de vegetação nativa consequentemente conservar os biomas e
aumentar a demanda da madeira originária de floresta plantada para uso nos setores de
movelaria, papel e celulose, dentre outros além de oferecer uma oportunidade de emprego e
renda e economia com os gastos para coletar e dispor estes resíduos no aterro sanitário.
31

1.4 METODOLOGIA

1.4.1Classificação do Estudo

Considerando a existência de um problema específico e concreto, de como aproveitar os


resíduos do coco verde gerados na orla de Salvador, levanta-se a necessidade de aplicação de
uma metodologia também especifica para solucioná-lo. Baseado na classificação de Silva e
Menezes (2001) e considerando a natureza do problema esta pesquisa pode ser caracterizada
como:

a) Aplicada - pois objetiva aplicar conhecimentos dirigidos à solução de problemas


específicos, no caso o aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia;

b) Quantitativa – os dados quantitativos, colhidos diretamente na área da pesquisa, são


elementos fundamentais para a justificativa/viabilidade deste trabalho;

c) Descritiva – com a descrição dos procedimentos relacionados com o manejo do resíduo do


coco verde observados na área de estudo e as tecnologias sugeridas para o aproveitamento
deste resíduo;

d) Levantamento – pois foi necessário interrogar diretamente os vendedores de água de coco


verde “in natura” para entender o fluxo deste resíduo na área de estudo.

1.4.2 Delimitação da Pesquisa

O limite da Orla de Salvador escolhido para a pesquisa foi: da praia do Porto da Barra à
Ondina. A escolha deste local foi determinada pelas seguintes características:

- Zona turística;
- Impacto visual;
- Concentração de um comércio específico, barracas, para venda de água de coco verde “in
natura”;
- Consumo de água de coco verde “in natura”, durante todo o ano.
32

Esta área é freqüentada por soteropolitanos e turistas devido as praias de águas calmas, a
exemplo do Porto da Barra, aos pontos turísticos, Fortes do Farol da Barra e Santa Maria, a
concentração de hotéis, ao calçadão e área de lazer, que permitem a prática de atividades
esportivas (principalmente nos finais de semana), proximidade do jardim zoológico, além de
ser uma área central de Salvador.

O trabalho se propôs a fazer um estudo preliminar da avaliação do aproveitamento das cascas


de coco verde para produção de briquete, visando o consumo de energia para produção do
mesmo e custos com equipamentos, a fim de verificar a viabilidade de implantação de uma
usina de briquetagem.

1.4.3 Identificação das Variáveis

Esta pesquisa tem como variáveis para o aproveitamento do resíduo do coco verde para
produção de briquete.

a) Quantidade de resíduo gerado na área de estudo devido ao consumo de água de coco ‘in
natura”;
b) Análise inicial para implementação do produto (coleta das cascas do coco nas barracas até
o fornecimento de briquetes para o mercado consumidor);
c) Mercado estadual para consumo dos briquetes produzidos;
d) Custo de produção e preço de mercado;
e) Poder calorífico do briquete produzido.

1.4.4 Técnicas de coletas de dados

A coleta de dados desta pesquisa se dividiu em duas etapas:

A primeira está relacionada a realização da revisão literária onde são referenciados livros e
revistas técnicas, recursos da internet como acesso a teses, dissertações, artigos e publicações
técnico - cientificas e em bibliotecas digitais, nacionais e estrangeiras;
33

A segunda está relacionada com os instrumentos de coleta de dados tradicionais segundo


Silva e Menezes (2001), tais como:

a) Observação individual e sistemática – feita apenas pelo pesquisador, com planejamento a


fim de responder aos propósitos pré-estabelecidos;

b) Entrevista não-estruturada – pois acontece à medida que os fatos vão ocorrendo, não existe
roteiro pré estabelecido;

c) Formulário – uma série de questões foi feita aos entrevistados e anotada pelo entrevistador
numa situação de face a face.

Para realizar o diagnóstico do resíduo do coco verde gerado na área de estudo foi necessário
observar o local, os equipamentos, os serviços, o consumidor e as formas de descartar do
mesmo. A entrevista com os barraqueiros e ambulantes auxiliou nas observações feita pelo
pesquisador bem como o formulário aplicado, modelo no anexo A, que deu subsidio,
principalmente, para auxiliar na contagem do resíduo gerado. A documentação fotográfica
complementou a forma de realização deste diagnóstico.

A contagem das cascas de coco verde foram realizadas quinze dias por mês, escolhidos de
forma aleatória, por meio de uma sub-amostragem no programa Microsoft Excel 2003, no
período de outubro de 2006 a outubro de 2007, sendo considerados os meses de outubro a
março como de alta estação e abril a setembro baixa estação.

Após selecionar os dias de coleta, iniciou-se o trabalho de campo; a área de estudo foi
delimitada em três praias: Porto da Barra, Farol da Barra e Ondina. A partir daí, tornou-se
necessária uma divisão com intuito de padronizar a coleta e por conseqüência a amostragem,
assim dividiu-se os vendedores de água de coco verde “in natura” em: Ambulantes de coco e
Barracas de praia e Barracas de coco.

As coletas dos dados foram realizadas sempre à noite, antes da coleta feita pelo serviço de
limpeza pública municipal. Apenas um pesquisador foi responsável pela contagem das cascas
do coco verde, sendo assim, criado um padrão de que apenas seria considerada uma casca de
coco verde, se o mesmo estivesse inteiro, e quando dividida em duas ou mais porção seria
34

necessária juntar as partes para que o mesmo fosse considerado uma casca, ou seja, apenas
coco inteiro foi considerado casca de coco verde.

Desta maneira, a contagem das cascas de coco foi feita de forma direta por meio de contagem
sendo que na maioria das vezes os barraqueiros e os ambulantes localizados nos logradouros
eram questionados com relação a quantidade de coco verde vendida a fim de checar com os
valores contados “in loco”, já com os ambulantes localizadas na areia da praia e nas barracas
de praia isto não ocorria pois ao chegar na praia os mesmos já haviam deixado o local de
trabalho e os resíduos das cascas de coco aglomerados em torno das lixeiras, dentro das
mesmas e encostado a balaustrada eram então contados.

Salienta-se que nem todos os barraqueiros e ambulantes estavam dispostos a colaborar com a
pesquisa, desta forma não respondiam aos questionamentos feitos pelo pesquisador, com isso
para que a contagem das cascas de coco fosse realizada nestes locais era necessário esperar
que os mesmos deixassem o local de trabalho.

Foram consideradas, na contagem pelo pesquisador, barracas de praia e ambulantes juntos,


pois as cascas de coco geradas por eles eram dispostas no mesmo local, ou seja, na areia da
praia. Outra observação que merece destaque é que as cascas de coco verde eram misturadas
com outros tipos de resíduos como papel, latas, garrafas, canudos e plásticos principalmente
quando dispostos na areia da praia.

Os dados coletados foram tabulados em Planilha eletrônica, por meio do programa Microsoft
Excel 2003. A análise exploratória das variáveis foi realizada por meio de estatística
descritiva (mínimo, máximo, média) para cada variável e ao final foram gerados gráficos para
apresentação dos dados, todos os procedimentos estatísticos foram gerados diretamente no
Microsoft Excel 2003.

Durante o levantamento de campo, foi determinado, por meio de contagem diretamente no


contêiner, o volume médio ocupado pelas cascas de coco verde no mesmo, além do peso
médio de várias cascas de coco.

Com relação aos diversos usos que são dados ao resíduo do coco verde, o levantamento foi
feito por meio de visitas a usina existente de beneficiamento de casca do coco verde,
35

pesquisas em livros e revistas técnicas, dissertações e teses e artigos publicados


mundialmente.

Os impactos gerados pelo resíduo do coco verde relacionados com o meio ambiente, foram
identificados por meio da pesquisa bibliográfica, por observações feitas na área de estudo e
nos locais de disposição dos mesmos.

A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de


energia, incluindo a forma de armazenamento e coleta além do mercado consumidor do
material produzido foi desenvolvida com base na análise dos dados existentes e informações
levantadas na área de estudo.

1.4.5 Estrutura da Pesquisa

Esta dissertação está dividida em oito seções distintas. Na primeira tem-se a introdução com
um panorama geral sobre o tema, o objetivo geral e especifico, a contextualização do
problema da pesquisa, que forneceu dados para a justificativa, a metodologia, a originalidade
e as contribuições esperadas do trabalho.

A segunda seção refere-se ao histórico da espécie, sua introdução no Brasil, às partes que
compõem o coco, a produção de coco no mundo, no Brasil e na Bahia.

A terceira seção trata dos impactos ambientais gerados pela disposição do resíduo do coco tais
como: a demanda de área para disposição em aterros sanitários, a proliferação de vetores, a
emissão de metano e o impacto visual.

A quarta seção trata da fibra do coco, sua composição e propriedades, a usina de


beneficiamento de cascas de coco verde implantada em Fortaleza e os diversos usos das
cascas de coco verde.

A quinta seção refere-se ao fluxo do coco verde na área de estudo, ou seja, produção,
distribuição, compra, armazenamento, consumo, acondicionamento, coleta e disposição final.
36

A sexta seção trata da localização da área de estudo, da quantidade de cascas de coco geradas
com a venda de água de coco “in natura” e da análise destes dados.

A sétima seção está relacionada a avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do


coco verde na orla de Salvador, englobando o conceito de briquetes e as vantagens do seu uso,
o processo produtivo do briquete, a quantidade de cascas de coco necessárias para a
montagem da usina, o custo da Limpurb com a coleta de resíduos e as alternativas para a
montagem da usina.

A oitava seção finaliza a dissertação com as conclusões e recomendações finais.

1.5 RESULTADOS ESPERADOS

Como resultado final desta dissertação, espera-se:

- O levantamento da quantidade de resíduo produzido na orla de Salvador, no trecho da área


de estudo;
- Mostrar a ineficiência da sistematização de armazenamento e coleta deste resíduo;
- Demonstrar a viabilidade de aproveitamento deste resíduo para produção de briquetes;
- Apresentar a possibilidade de agregar valor ao resíduo de coco verde;
- Mostrar o ganho ambiental e econômico com a não disposição destes resíduos no aterro
sanitário;
- Apresentar a possibilidade do ganho social com a geração de emprego e renda, para uma
classe menos favorecida e profissional com mão-de-obra qualificada que esteja
desempregado, a partir do aproveitamento das cascas de coco verde para produção de
briquete;
- Comprovar a necessidade de implantação de uma coleta diferenciada para este resíduo a fim
de melhorar o aspecto visual da orla com a disposição/armazenamento adequada do mesmo.
37

1.6 PERSPECTIVAS

1.6.1 Originalidade da Pesquisa

Esta dissertação é um dos primeiros trabalhos realizados em Salvador relacionados com o


diagnóstico da quantidade de resíduo gerado com o consumo de coco verde “in natura”, as
diversas formas de armazenamento e descarte do mesmo.

1.6.2 Contribuições da Pesquisa

Este trabalho contribui para a preservação do meio ambiente à medida que avalia o potencial
de aproveitamento de um resíduo que ocupa grandes áreas nos aterros sanitários e leva muito
tempo, em torno de 08 anos, para degradar. Tem-se ainda a introdução no mercado de um
produto ecológico que pode substituir a lenha e ajudar na preservação da vegetação nativa.
Ressalta-se o ganho ambiental também com a não emissão de metano para a atmosfera, a
redução de doenças causadas com a proliferação de vetores e não disposição destes resíduos
nas praias, áreas verdes e logradouros.

Com relação a contribuição econômica o aproveitamento do resíduo do coco verde fará com
que haja redução de gastos públicos com a coleta e disposição final deste resíduo e ganhos
econômicos com a introdução no mercado de um produto que gera energia, mais barato do
que os já existentes para um determinado comércio.

A contribuição social está relacionada com este trabalho à medida que sugere o
aproveitamento de mão-de-obra não qualificada para coletar os resíduos e trabalhar na
produção do briquete, proporcionando uma renda, consequentemente qualidade de vida
melhor e um resgate social destes indivíduos, além da absorção dos profissionais com mão-
de-obra qualificada que estejam desempregados.

Há um ganho social também com a conscientização dos barraqueiros, ambulantes e a


sociedade que sabendo da existência de técnicas para o aproveitamento do resíduo do coco
verde pode colaborar com a coleta diferenciada do mesmo.
2 O COQUEIRO E O COCO

Esta seção trata da origem do coqueiro, as partes que o constitui, destacando o fruto objeto
deste trabalho, as variedades de coqueiro da espécie Cocos Nucifera L., a produção desta
espécie no mundo, no Brasil e na Bahia.

2.1 A ORIGEM DO COQUEIRO

O coqueiro é uma cultura tropical, disseminada ao longo da faixa costeira entre os trópicos de
Câncer e Capricórnio, largamente distribuída na Ásia, África, América Latina e região do
Pacifico. É cultivada em aproximadamente 11,6 milhões de hectares em 86 paises
(SIQUEIRA e outros, 2002).

De acordo com alguns estudiosos, o coqueiro é originado do sudoeste do Pacifico. No


entanto, De Candole (1895, apud SIQUEIRA e outros, 2002), reúne argumentos em favor da
origem asiática, como correntes marítimas, rotas de navegantes e números de nomes comuns
encontrados na Ásia.

Segundo Purseglove (1975), a dispersão do coqueiro ocorreu do sudeste asiático para a Índia e
posteriormente para o leste africano, sendo levado para o oeste africano após a descoberta do
Cabo da Boa Esperança e daí para as Américas e toda área tropical da terra.

2.2 O COQUEIRO E O FRUTO

O coqueiro requer um clima quente, sem grandes variações de temperatura, com média anual
em torno de 27º C e variações diárias de 5 a 7º C para o crescimento e produção. A umidade
atmosférica também influência no desenvolvimento do coqueiro, locais com umidade relativa
do ar inferior a 60% ou muito elevadas prejudica o seu crescimento provocando a redução da
absorção de nutrientes, queda prematura dos frutos além de favorecer a propagação de
doenças fúngicas. Contudo, a distribuição das chuvas é o fator que mais influi no
39

desenvolvimento do coqueiro; o regime ideal de chuvas é caracterizado por uma precipitação


anual de 1500 mm, com pluviosidades mensais não inferiores a 130 mm.

Locais com baixo índice pluviométrico podem recorrer ao cultivo por irrigação para suprir
esta necessidade, porém uma quantidade de chuva excessiva por um longo período pode ser
também prejudicial e causar redução da insolação (já que o coqueiro exige luminosidade para
se desenvolver), falta de aeração do solo, lixiviação dos elementos minerais e prejudicar a
fecundação (BRASILIA, 2003).

O coqueiro é considerado a “árvore da vida” por suas diversas aplicações tais como: fonte de
alimento, habitação, locomoção, energia, dentre outros. É constituído de raiz, caule cilíndrico
(tipo estipe), folhas, inflorescência (onde se localiza as flores) e fruto; tudo, praticamente, é
utilizado (FERREIRA e outros, 1998). Neste trabalho o fruto é o objeto a ser estudado a fim
de quantificar as cascas geradas com o consumo de água de coco verde “in natura” em um
determinado trecho da orla de Salvador e avaliar o potencial de aproveitamento das mesmas
para produção de briquetes.

As Figuras 03 e 04 apresentam, respectivamente, um coqueiro com destaque para os frutos e


inflorescência e as cascas de coco verde objeto deste estudo.

INFLORESCÊNCIA

FIGURA 03 – COQUEIRO COM DESTAQUE PARA OS FRUTOS E INFLORESCÊNCIA.


Fonte: Autora, 2007.
40

FIGURA 04 – CASCAS DE COCO VERDE, OBJETO DE ESTUDO DESTE TRABALHO.


Fonte: Autora, 2006.

De acordo com as definições de Ferri e outros (1981) e Vasconcelos Sobrinho (1934) o fruto
do coqueiro, o coco, é formado pelas seguintes partes:

Pericarpo Epicarpo
Mesocarpo
Fruto Endocarpo

Semente Tegumentos
Albúmen Líquido (água de coco)
Sólido (polpa)

a) Pericarpo – é a parte do fruto que envolve a semente;

b) Epicarpo (epiderme lisa) – é a camada externa do pericarpo, chamada de “casca” do fruto;

c) Mesocarpo – é a camada que fica entre o epicarpo e o endocarpo (não considera a


semente), em geral é a parte mais desenvolvida do fruto. No caso do coco se constitui de
fibras;
d) Endocarpo (camada pétrea que envolve a parte comestível) – é a camada mais interna do
pericarpo. No caso do coco o endocarpo forma a casca dura em torno da semente, possui
41

três depressões circulares na base (buracos fechados, chamados carpelos) formando


triângulo, por onde sai o embrião;

e) Semente – é toda estrutura que serve para reproduzir um vegetal;

f) Tegumentos – é qualquer estrutura que reveste e protege uma parte do vegetal. No caso do
coco é uma camada fina de cor marrom.

g) Albúmen (endosperma) – é um tecido contendo substâncias nutritivas na semente.

O albúmen líquido (água de coco) começa a se formar em média dois meses depois da
abertura natural da inflorescência e atinge o seu volume máximo (300 a 600ml, dependendo
da variedade) nos frutos com idade de 6 e 7 meses. O volume decresce com a formação do
albúmen sólido (polpa), ou seja, amadurecimento do fruto e a evaporação. (ARAGÃO e
outros, 2002).

A Figura 05 apresenta o desenho esquemático do coco, destacando as partes principais.

1 – Epicarpo
2 – Mesocarpo
3 – Endocarpo
4 – Albúmen

FIGURA 05 – DESENHO ESQUEMÁTICO DAS PARTES QUE COMPÕEM O COCO, COM


DESTAQUE PARA O ENRAIZAMENTO DO FRUTO-SEMENTE.
Fonte: Correiosgourmand, 2007.
42

De acordo com Joly (1966) a classificação taxonômica do coqueiro está representada no


Quadro 01.

QUADRO 01 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO COQUEIRO


Divisão Espermatófita
Classe Angiosperma
Sub-classe Monocotyledoneae
Ordem palmales
Família Palmae (=Aracaceaes)
Sub familia Cocoidae
Gênero Cocos
Espécie Cocos nucifera, L.
Nome vulgar Coqueiro, coco-da-baia
Fonte: Autora, adaptado de Joly, 1966.

O Gênero Cocos é constituído apenas pela espécie Cocos nucifera L. que é composta por
algumas variedades, sendo as mais importantes, do ponto de vista agronômico,
socioeconômico e agroindustrial as: Typicar e Nana (FERREIRA e outros, 1998).

2.3 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES DO COQUEIRO

Dentro do gênero cocos, distinguem-se duas variedades principais: Typicar Nar (gigante) e
Nana Griff (anão).

2.3.1 O coqueiro gigante

A variedade Typicar Nar, conhecida como coqueiro gigante é predominantemente de


polinização cruzada (meio de reprodução é a alogamia) devido as flores masculinas se
formarem antes das flores femininas. As plantas têm estipe, com circunferência média de 84
cm e altura média de 18 metros. As folhas são compridas, com comprimento médio de 5,5
metros. O florescimento é tardio, ocorrendo normalmente entre seis e oito anos após o plantio.
A produção de flores é continua. Os frutos variam de tamanho, de médio a grande, produz de
50 a 80 frutos por planta ao ano. As plantas se adaptam aos diversos tipos de solos e climas.
43

Sob condições favoráveis, o período de produção econômica é de cerca de 60 anos


(SIQUEIRA e outros, 2002; WADT,1997).

A variedade gigante possui variações morfológicas, principalmente, na cor, na forma e


tamanho do fruto. Sendo identificados pelo nome da região ecofisiografica na qual a
população se desenvolveu ou pelo nome do país ou lugar no qual foram descobertos
(PURSEGLOVE, 1975). Por exemplo: coqueiro gigante da Polinésia e coqueiro gigante da
Malásia.

A Figura 06 mostra alguns coqueiros gigantes localizados na área de estudo.

FIGURA 06 – COQUEIROS GIGANTES LOCALIZADOS NA AV. OCEÂNICA – BARRA.


Fonte: Autora, 2006.

2.3.2 O coqueiro anão

A variedade Nana Griff conhecida como coqueiro anão, é predominantemente de


autopolinização (auto fecundação), onde as fases de formação das flores masculinas e
femininas são coincidentes. Tem estipe estreito com circunferência média de 56 cm e altura
média de 10,7 metros. As folhas são curtas com comprimento em torno de 4,0m. Florescem
cedo três a quatro anos após o plantio. Produz de 100 a 120 frutos por planta ao ano. As
44

plantas se desenvolvem bem em solos profundos, férteis e cultivados em regiões com


precipitação bem distribuída. São susceptíveis a praga e doenças e sofrem muito com a seca.
A vida útil de produção econômica está em torno de 40 anos. (SIQUEIRA e outros, 2002;
WADT,1997).

De acordo com Ribeiro (1993) apud Wadt (1997), a variedade anão é dividida em três grupos
os quais são distinguidos, principalmente, pela cor do epicarpo do fruto: coqueiro anão verde,
coqueiro anão amarelo e coqueiro anão vermelho. Dentro do grupo vermelho existe o
coqueiro anão vermelho da Malásia e o coqueiro anão vermelho dos Camarões.

A Figura 07 mostra um coqueiro anão localizado na área de estudo.

FIGURA 07 – COQUEIRO ANÃO LOCALIZADO NA PÇ. BAHIA SOL – ONDINA.


Fonte: Autora, 2006.

2.3.3 O coqueiro híbrido

Além das duas variedades de coqueiro já mencionadas (gigante e anão) tem-se que considerar
a variedade hibrida, obtida pelo cruzamento entre as variedades do coqueiro gigante e anão ou
vice-versa. Ressalta-se que hibridação é o cruzamento entre indivíduos geneticamente
distintos e a escolha dos pais é feita a partir dos objetivos da atividade a ser desenvolvida
(SIQUEIRA e outros, 2002).
45

O coqueiro hibrido reúne características desejáveis dos dois grupos, é rústico, possui frutos
grandes, com maior teor de polpa e água, é precoce e produtivo, produzindo a partir do
terceiro ou quarto ano de idade, de 150 a 180 frutos por planta por ano. A vida útil de
produção econômica está em torno de 50 anos (SEBRAE, 2006; ARAGÃO e outros, 2001).

Devido às características de maior interesse econômico como: precocidade, produção de


frutos e copra (albúmen sólido), o coqueiro hibrido é superior ao gigante. Por outro lado, com
relação ao coqueiro anão, o híbrido tem as seguintes vantagens: os frutos são mais utilizados
nas agroindústrias de alimentos, uso culinário e água de coco; maior flexibilidade para o
produtor definir a oferta do fruto no mercado a melhor preço; fruto maior com mais
quantidade de água; maior estabilidade de produção por ter sido formado geneticamente de
dois ou mais parentais (ARAGÃO e outros, 2001).

Com relação à utilização do albúmen do coco, tem-se que: os frutos do coqueiro gigante são
utilizados para a produção de copra, de coco ralado e consumo “in natura”, enquanto que o
fruto do anão é indicado para consumo de água de coco (“in natura” ou engarrafado), pois sua
copra é pouco espessa e de baixa qualidade e a produção de água é de melhor qualidade e
maior quantidade do que o gigante. Os frutos produzidos pelo coqueiro hibrido podem ser
utilizados tanto para a produção de copra como de água de coco (WADT,1997).

2.4 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL

O coqueiro não existia no Brasil quando da sua descoberta pelos portugueses em 1500 sendo
que as primeiras referências aparecem no “Tratado Descriptivo do Brasil”, escrito por Gabriel
Soares de Souza em 1587, que diz: “As palmeiras que dão os cocos se dão bem na Bahia,
melhor que na Índia, porque colocando um coco debaixo da terra, a palmeira que dele nasce
dá coco em cinco e seis anos, e na Índia não dão estas plantas, frutos em vinte anos”
(BONDAR, 1955, apud SIQUEIRA e outros, 2002).

Segundo Siqueira e outros (2002), a introdução do coqueiro no Brasil se fez com a variedade
gigante em 1553 no Estado da Bahia, sendo precedentes das Ilhas de Cabo Verde.
46

A segunda introdução aconteceu em 1839 com a variedade cabocla (tipo de coqueiro gigante)
proveniente de Kuala Lampur na Malásia e importada por Paulo Burte e Carlos Browne pelo
Porto do Rio de Janeiro e plantados no município de Cabo Frio.

A terceira introdução foi realizada pela Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira -


CEPLAC, em 1976, com o coqueiro gigante Oeste Africano, procedente da Costa do Marfim.

A quarta introdução ocorreu em 1981, quando a Sococo importou o coco gigante Oeste
Africano para montar um campo de híbridos no Pará.

A quinta introdução ocorreu em 1983. A Embrapa importou da Costa do Marfim várias


populações para constituir o Banco Ativo de Germoplasma que se encontra instalado em
Sergipe.

2.5 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL

Segundo Siqueira e outros (2002), a introdução do coqueiro anão no Brasil é atribuída a


Arthur Neiva e Miguel Calmon. Em 1920 o pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, Arthur
Neiva, fez uma viagem para o oriente com o objetivo de estudar o coqueiro e a seringueira e
ao retornar atendendo a Miguel Calmon, fez conferência na Sociedade Nacional de
Agricultura, no Rio de janeiro em 27/12/1921 na qual fez referência a variedade do coqueiro
anão.

Posteriormente, Miguel Calmon, quando era ministro da Agricultura, apoiou-se nessa


conferência de Arthur Neiva para importar das Índias, em 1925, várias centenas de mudas de
coqueiro anão verde, que foram distribuídas pelos Estados do Norte. Na Bahia, a Sociedade
Bahiana de Agricultura recebeu uma dezena de mudas que foram plantadas no Horto do
Retiro, no Campo Experimental em Ondina e na estação Experimental de Água Preta
(Uruçuca). No Estado do Rio de Janeiro as mudas foram plantadas na Estação Experimental
do Governo Federal em Deodoro.

A segunda introdução ocorreu em 1938, quando Paulo Burle e Carlos Browne introduziram,
no Estado do Rio de Janeiro, a variedade Nyor Gading, importado diretamente da Malásia
47

sementes de matrizes selecionadas. Tratava-se da variedade da cor amarela e foram plantadas


nos municípios de Araruama e Cabo Frio no Rio de Janeiro.

A terceira introdução foi realizada em 1939, também por Paulo Burle e Carlos Browne, que
importaram outras três cultivares: a vermelha, a verde e a variedade gigante, caboclo.

A quarta introdução ocorreu em 1978, por meio da CEPLAC, que em convênio com o extinto
Instituto de Pesquisa de Óleos e Oleaginosas - IRHO, importou sementes de anão amarelo da
Malásia e anão vermelho de Camarões, visando à formação do campo de produção de
sementes, cujo plantio foi realizado na Estação Experimental Lemos Maia em Ilhéus – Ba.

A quinta introdução ocorreu em 1981 quando a Sococo importou de Costa do Marfim o anão
amarelo da Malásia, visando instalar no município de Moju – Pa um campo de produção de
híbridos.

A sexta introdução foi realizada pela Embrapa em 1982, que trouxe da Costa do Marfim para
a sua coleção, em Sergipe, os anãos amarelo e vermelho da Malásia e o anão vermelho de
Camarões.

Os Quadros 02 e 03, respectivamente, resumem as informações acima descritas sobre a


introdução do coqueiro gigante e anão no Brasil.

QUADRO 02 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE


PLANTIO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL.
Local do
Ano Ecotipo Origem Procedência Importador
plantio
Índia ou Sri Ilhas do Cabo
1553 Gigante Portugueses Bahia
Lanka Verde
Paulo Burte e Cabo Frio -
1939 Cabloco Kuala Lampor Malásia
Carlos Browne RJ
Sudoeste Costa do
1978 Gigante Oeste Africano CEPLAC Una - BA
Asiuático Marfim
Sudoeste Costa do
1981 Gigante Oeste Africano Sococo Mojú - PA
Asiático Marfim
Sudoeste
Gigante Oeste Africano,
Asiático, Costa do Neopólis -
1983 da Malásia, da Polinésia, Embrapa
Malásia, Taiti, Marfim SE
dentre outros
Fiji, Tonga
Fonte: Siqueira e outros, 2002.
48

QUADRO 03 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE


PLANTIO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL.
Local do
Ano Ecotipo Origem Procedência Importador
plantio
Ministério da
1925 Anão Verde Desconhecida Índia RJ, BA e PE
Agricultura
Paulo Burle e Araruama,
1938 Anão Amarelo Malásia Malásia
Carlos Browne Cabo Frio - RJ
Anão Vermelho e Paulo Burle e Araruama,
1939 Malásia Malásia
Anão Verde Carlos Browne Cabo Frio - RJ
Anão Amarelo e Malásia e Costa do
1978 CEPLAC Ilhéus - BA
Anão Vermelho Camarões Marfim
Costa do
1981 Anão Amarelo Malásia Sococo Mojú - PA
Marfim
Anão Amarelo e Malásia Costa do
1982 Embrapa Sergipe
Anão Vermelho Camarões Marfim
Fonte: Siqueira e outros, 2002.

2.6 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO HIBRIDO NO BRASIL

Com a chegada do coqueiro anão ao Brasil em 1925, não se teve o cuidado de orientar os
trabalhadores e produtores com relação o plantio desta nova variedade que deveria ficar
isolada do coqueiral gigante. Com isso houve o cruzamento espontâneo das duas variedades
gerando o hibrido.

Em 1930, surgiram os primeiros híbridos naturais e daí em diante foi ocorrendo muita mistura
nos plantios comerciais, a ponto de se tornar difícil, atualmente, a localização de material
jovem puro do coqueiral gigante (Siqueira e outros, 2002).

Além da hibridação natural na década de 60 houve a produção de híbridos artificiais no Rio


Grande do Norte e importação de híbridos em Pernambuco e Alagoas na década de 80, onde
as sementes foram utilizadas para o plantio comercial, sem os devidos cuidados, contribuindo
para o empobrecimento do material genético (Siqueira e outros, 2002).

Destacam-se as pesquisas lideradas a partir da década de 1980 pela EMBRAPA, por meio da
sua unidade de Sergipe, para melhoramento genético do coqueiro e os trabalhos conduzidos,
nesta mesma linha, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte e no
Pará pela Sococo.
49

2.7 PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA.

A produção de coco vem crescendo a cada ano a nível mundial, nacional e baiano, nas
Tabelas 01, 02 e 03 isto pode ser melhor visualizado.

A Tabela 01 representa a produção de coco dos principais países produtores do mundo.

TABELA 01 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE COCO E A PRODUÇÃO (1.000 T)


NO PERÍODO DE 2001 A 2004.
PAISES 2001 2002 2003 2004
Indonésia 15.815 15.495 16.145 16.285
Índia 9.530 8.942 9.288 9.500
Brasil 2.131 2.892 2.978 2.947
Sri Lanka 2.104 1.818 1.947 1.950
México 1.100 1.065 1.015 959
Malásia 712 712 597 642
Tanzânia 370 370 370 370
China 293 276 278 270
Moçambique 265 265 265 265
C. do Marfim 240 240 240 240
Jamaica 170 170 170 170
Fiji Islands 170 170 130 140
Fonte: Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO, 2006.

Como pode ser observado, a Indonésia lidera como o país que mais produz coco no mundo,
seguido da Índia e do Brasil.

Os dados da Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO,


representados na Tabela 01 apontam uma produção de coco para o Brasil superior aos da
Tabela 02 fornecidos pelo IBGE (2006). Este fato pode estar relacionado com a falta de
esclarecimento dos dados, ou seja, os dados do IBGE tratam da produção de coco-da-baía e os
dados da FAO podem abranger outras espécies de coco.

A Tabela 02 mostra a quantidade produzida de coco-da-baia segundo as grandes regiões e os


dois Estados com maior produção em cada região do Brasil no período de 2001 a 2006.
50

TABELA 02 - QUANTIDADE PRODUZIDA (1.000 frutos) DE COCO-DA-BAIA, POR


REGIÃO E OS DOIS ESTADOS COM MAIOR PRODUÇÃO EM CADA REGIÃO DO
BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2006.
BRASIL,
REGIÃO E 2001 2002 2003 2004 2005 2006
ESTADO
BRASIL 1.420.527 1.928.236 1.985.661 2.078.226 2.079.291 1.985.478
NORTE 211.095 248.436 257.076 265.785 272.572 280.705
Pará 197.383 220.361 225.388 240.664 247.627 256.378
Rondônia 9.443 21.817 22.645 12.819 12.373 10.578
NORDESTE 960.569 1.398.951 1.432.992 1.467.822 1.432.211 1.320.933
Bahia 424.444 731.208 684.016 705.732 713.571 628.376
Ceará 203.769 202.366 217.610 228.818 237.968 243.513
SUDESTE 225.332 251.885 251.811 300.512 324.396 336.802
Espírito Santo 152.790 155.317 135.937 165.705 175.457 180.245
Rio de Janeiro 41.038 51.084 56.523 67.966 71.206 77.738
SUL 61 172 445 691 1.326 1.503
Paraná 61 172 445 691 1.326 1.503
C. OESTE 23.490 28.792 43.337 43.416 48.786 45.535
Mato Grosso 16.462 17.778 27.955 25.933 27.365 26.323
Goiás 4.965 7.665 11.863 12.881 16.481 14.759
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006.

Analisando a Tabela 02, observa-se que a maior produção de coco no Brasil está na região
nordeste, representando 66,52 % da produção nacional no ano de 2006. A Bahia é o Estado
brasileiro que mais produz coco, representando 47,57 % da produção do nordeste e 31,67 %
da produção nacional no ano de 2006.

A produção do Nordeste caiu 7,77% de 2005 para 2006 devido a queda na produção nos
Estados do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Bahia, conforme dados do IBGE (2006).

Com relação à produção nas regiões Norte e Sudeste, houve um acréscimo de 2,98% e 3,82%,
respectivamente, devido ao aumento de produção nos estados do Pará, Rio de Janeiro e
Espírito Santo, conforme mostra a Tabela 02.

A Tabela 03 apresenta os municípios com maior produção de coco-da-baía no Estado da


Bahia no período de 2001 a 2006.
51

TABELA 03 – MUNICÍPIOS BAIANOS COM MAIOR PRODUÇÃO (1.000 frutos) DE COCO-


DA-BAIA NO PERÍODO DE 2001 A 2006
MUNICÍPIO 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bahia 424.444 731.208 684.016 705.732 713.571 628.376


Conde 81.600 204.000 163.200 180.000 180.000 90.000
Esplanada 18.600 122.616 123.552 123.552 123.552 123.552
Acajutiba 33.150 79.560 80.496 80.496 80.496 80.496
Jandaíra 48.000 48.000 48.000 48.000 48.000 47.200
Rio Real 19.800 19.800 19.800 19.800 19.800 16.200
Valença 17.056 16.970 17.050 17.075 17.250 17.275
Cairu 21.362 16.730 16.750 16.700 16.725 16.750
Juazeiro 4.728 35.400 7.024 6.875 14.301 23.607
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006.

De acordo com a Tabela 03, pode-se observar que os municípios de Conde e Esplanada,
localizados no Litoral Norte, lideravam a produção de coco do Estado da Bahia no período de
2001 a 2005 chegando a representar juntos 42,64% da produção do Estado em 2005. Porém,
em 2006 houve uma queda de 50% na produção de coco no município de Conde, ficando na
liderança estadual o município de Esplanada.

A microrregião de Alagoinhas possui dois grandes produtores de coco: os municípios de


Acajutiba e Rio Real. Já a microrregião de Juazeiro tem como o maior produtor o município
de Juazeiro que em 2006 aumentou sua produção em 65%. Os municípios do sul da Bahia
com maior produção de coco são: Valença e Cairu.

Ressalta-se que os municípios de Mata de São João e Camaçari no ano de 2001 tiveram uma
produção de coco de 17.100.000 e 14.850.000 frutos, respectivamente, se destacando entre os
maiores produtores do Estado; porém a partir de 2002 iniciou-se um decréscimo na produção
sendo que em 2006 a quantidade produzida foi de 3.900.000 frutos para Mata de São João e
6.702.000 frutos para Camaçari.(IBGE, 2006), este fato poderá está associado ao aumento de
implantação de loteamentos e hotéis nestes municípios em áreas antes ocupadas por
coqueirais.
3 PRINCIPAIS IMPACTOS CAUSADOS COM A DISPOSIÇÃO DAS CASAS DE

COCO VERDE

Esta seção aborda os principais impactos causados com a disposição do resíduo do coco
verde, tais como: a grande demanda de área, já que este tipo de resíduo ocupa muito espaço
nos aterros; a proliferação de vetores devido ao acúmulo de água nas cascas e a oferta de
alimento no lixo; a emissão de gás metano devido a decomposição do resíduo e o impacto
visual.

3.1 DEMANDA DE ÁREA

No Brasil, 71,51% dos resíduos sólidos são dispostos em lixões, ou seja, em áreas afastadas
dos centros urbanos sem os devidos cuidados de preservação ambiental e de engenharia
sanitária enquanto 17,32 % dos resíduos são dispostos em aterros sanitários (IBGE, 2000).

Aterros sanitários são áreas planejadas destinadas à disposição de resíduos sólidos no solo que
fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais especificas, permite uma
confinação adequada do mesmo. Estas áreas devem ser impermeabilizadas para evitar o
vazamento de chorume, (com conseqüente contaminação do solo e águas superficiais e
subterrâneas) o qual deve ser tratado antes de ser lançado no meio ambiente, os gases
liberados devem ser captados (para evitar a contaminação do ar) e os resíduos sólidos devem
ser coberto com material inerte a fim de impedir que ele fique exposto e atraia animais
nocivos à saúde humana como: insetos, ratos e baratas. Com isso os aterros sanitários
permitem uma confinação segura dos resíduos em relação ao controle da poluição ambiental e
proteção à saúde pública (CETESB apud LIMA, 1995).

A crescente urbanização, as questões ambientais e econômicas limitam as áreas disponíveis


para a disposição final dos resíduos sólidos. Muitas vezes grandes cidades precisam exportar
seus resíduos para áreas de municípios vizinhos como é o caso, atual, de Salvador (CETESB,
2002).
53

De acordo com os dados da Limpurb (2007a), no mês de outubro, a média de resíduos sólidos
coletados em Salvador foi de 2.429 t/dia, toda esta produção é encaminhada para o Aterro
Metropolitano Centro – AMC, que é um aterro sanitário compartilhado com os municípios de
Simões Filho e Lauro de Freitas, localizado BA 526, Estrada Parafuso, Km 07, no município
de Simões Filho, a aproximadamente 20 Km do centro de Salvador.

A BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S/A, subsidiária brasileira


controlada pela SUEZ Environment, gerencia e opera o AMC, o qual está em atividade desde
setembro de 1997 em uma área total de 250 ha sendo a área reservada para disposição dos
resíduos sólidos igual a 60 ha. Este tem sistema de impermeabilização duplo, em argila e
manta sintética de polietileno de alta densidade, drenagem de águas pluviais, sistema de
drenagem e captação de gases, monitoramento de águas superficiais e subterrâneas além de
bacias de acumulação de chorume o qual é transportado por meio de carro pipa para ser
tratado na Estação de Tratamento de Efluente da Empresa de Proteção Ambiental - CETREL.
Este aterro foi projetado para ter uma vida útil de 20 anos (Limpurb, 2007b).

Apesar do Decreto Estadual nº 7.967/01 que Regulamenta a Lei Estadual nº 10.431/06


referente a Legislação Ambiental do Estado da Bahia classificar o porte dos aterros sanitários
de acordo com a produção (t/dia); um dos critérios adotado pelos técnicos da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER e do Centro de Recursos
Ambientais - CRA é a área mínima necessária para implantação de um aterro sanitário.
Considerando uma população urbana de até 30 mil habitantes a área mínima admitida para
viabilizar um aterro sanitário simplificado é de no mínimo 05 ha e para um aterro sanitário
convencional a área deve ser suficiente para implantar também a Estação de Tratamento de
Efluente. Com isso observa-se que para a disposição adequada dos resíduos demandam-se
grandes áreas.

Conforme os dados da Limpurb, em torno de 96,4% da população de Salvador são atendidos


com os serviços de limpeza urbana. Com exceção dos resíduos coletados pela Cooperativa de
Agentes Autônomos de Reciclagem - COOPCICLA todo o restante dos resíduos sólidos que
são coletados em Salvador (domiciliar, comercial, limpeza de praia, feira, varrição, animais e
misto) são encaminhados para disposição final no AMC.
54

Com isso, tem-se que todo o resíduo do coco verde gerado em Salvador, que é coletado, é
disposto no AMC. Como este tipo de resíduo leva em torno de 08 anos para se degradar e
associado a sua forma e constituição as quais dificultam a sua compactação, tem-se como
conseqüência a ocupação de maiores áreas no aterro para sua disposição devido ao seu
volume.

Segundo Fortuna (2008), um dos fatores para determinar a área ocupada por um determinado
volume de resíduo em um aterro sanitário é a cota do terreno, sendo que atualmente, fevereiro
de 2008, o volume de 07 milhões de m3 de resíduos sólidos está ocupando uma área de 30 ha
no AMC, em 11 anos de operação. De acordo com o levantamento de campo a quantidade
média diária de cascas de coco verde, na alta estação, necessário para o abastecimento da
usina para produção de briquete (a ser abordado na seção 07), corresponde a um volume de 56
m3 o que equivale a uma ocupação média de 0,00024 ha/dia, ou seja, 2,4 m2/dia no aterro
sanitário.

O aproveitamento do resíduo do coco verde surge como uma alternativa para o aumento da
vida útil do aterro já que uma parcela considerável de resíduo deixará de ser disposta neste
local. Ressalta-se também que a reciclagem, reutilização e aproveitamento de diversos tipos
de resíduos farão com que não exista, ou seja, bem menor as áreas requeridas para futuros
aterros sanitários com isso, haverá uma disponibilidade maior de áreas para utilização de
outras atividades tais como: habitação, lazer, escolas, usinas e indústrias.

3.2 PROLIFERAÇÃO DE VETORES

Os resíduos sólidos depositados de maneira inadequada além de degradar a paisagem e


produzir mau cheiro colocam em risco o meio ambiente e a saúde pública.

O acúmulo de resíduos sólidos contribui na transmissão de doenças por meio de vetores


como: moscas, mosquitos, baratas e roedores que encontram nos resíduos alimentos, abrigo e
condições adequadas para proliferação.

O Quadro 04 mostra as enfermidades relacionadas com os resíduos sólidos transmitidas pelos


macros vetores.
55

QUADRO 04 – ENFERMIDADES RELACIONADAS COM OS RESÍDUOS SÓLIDOS


TRANSMITIDAS PELOS MACROS VETORES
Macro vetores Forma de transmissão Enfermidades
Leptospirose, peste bubônica, tifo
Ratos Mordida, urina, fezes
murino
Moscas Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre tifóide, cólera, amebíase
Mosquito Picada Malária, febre amarela, dengue
Barata Asas, patas, corpo e fezes Febre tifóide, cólera, giardiase
Fonte: Autora, adaptado de Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Coordenação de Saneamento,
1994.

A Tabela 04 mostra as notificações de algumas enfermidades, relacionada no Quadro 04


referente ao Estado da Bahia no período de 2003 a 2005.

TABELA 04 – NOTIFICAÇÕES DE ALGUMAS DOENÇAS NO ESTADO DA BAHIA NO


PERÍODO DE 2004 A 2006
Enfermidades/Ano 2004 2005 2006
Leptospirose 245 313 294
Cólera 18 10 14
Dengue 6.678 26.887 10.270
Febre tifóide 141 195 134
Fonte: Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB/Superintendência de Vigilância e Proteção a Saúde -
SUVISA/Diretoria de Informação em Saúde - DIS, 2008.

Analisando o Quadro 04 pode-se verificar que a leptospirose e dengue são as doenças,


relacionadas na Tabela 04, mais notificadas no Estado da Bahia e todas elas transmitidas pelos
vetores que podem estar associado aos excretas, água e resíduos sólidos.

A deficiência do serviço público de coleta regular de resíduos sólidos favorece o acúmulo de


recipientes como: vasilhames, latas, casca de coco, garrafas, pneus, dentre outros, que
acumulando água no seu interior tornam-se locais propícios, por exemplo, para que o
mosquito da dengue ponha os seus ovos, que ficando acumulados por vários dias tornam-se
larvas e geram novos mosquitos, fazendo com que o vírus se espalhe cada vez mais por toda a
área atingindo a população.

Todo o resíduo que não é coletado fica exposto a céu aberto nas ruas, quintais das casas,
terrenos baldios, encostas, praias, áreas verdes e próximos a córregos conseqüentemente os
vetores se instalam nestes locais e proliferam doenças nos seres humanos.

Contudo, para que seja evitada a proliferação de vetores e haja uma redução dos criadouros do
Aedes aegypti, por exemplo, por intermédio dos recipientes encontrados nos resíduos sólidos
acumulados, é necessário que se faça armazenamento, coleta, transporte e se dê um destino
56

adequado aos resíduos, além de incentivar e educar a população a reciclar, reutilizar e criar
tecnologias e meios para aproveitamento dos vários tipos de resíduos que são atualmente
descartados como o resíduo do coco verde. Esses devem ser recolhidos diariamente e levados
para locais que tenham uma infra-estrutura adequada, para que a disposição inadequada aliada
com a falta de coleta não se constitua também como um foco potencial de transmissão de
doenças.

Na área de estudo deste trabalho, pode-se observar uma situação bastante comum que é o
resíduo do coco verde disposto em vários locais: caixas, contêineres, papeleiras, areia da
praia, logradouros, no entorno de coqueiros, dentre outros; ele pode estar separado ou junto
com vários outros tipos de resíduos, o que acaba atraindo vetores, mesmo com o serviço de
coleta de resíduos sólidos sendo regular na orla de Salvador, ou seja, realizada diariamente,
diversas cascas de coco permanecem por vários dias acumulando água e atraindo vetores
devido à falta de fiscalização dos agentes que efetuam a varrição e a limpeza das praias que
não recolhe todo o resíduo deixado pelos consumidores de água de coco.

As Figuras 07 e 08 são exemplos de disposição inadequada de resíduos de coco verde, na área


de estudo, se constituindo em foco potencial para proliferação de vetores. Ressalta-se que
durante a pesquisa de campo pode ser observado que a praia do Farol da Barra possuía várias
tocas de ratos, localizadas nas fendas do paredão e nas tubulações de drenagem
pluvial/esgoto, de onde os ratos saiam para procurar alimentos deixados pelos banhistas no
final do dia.

A Figura 08 retrata exatamente o acúmulo de água no interior da casca de coco, se


constituindo em um foco potencial para o mosquito da dengue. Esta situação ocorre,
principalmente, pela falta do serviço de varrição/catação nas áreas verdes do município.
57

FIGURA 08 – CASCAS DO COCO VERDE COM ÁGUA ACUMULADA NO SEU


INTERIOR.
Fonte Autora, 2006.

A Figura 09 ilustra um caso comum na área de estudo que são os resíduos deixados pelos
ambulantes e banhistas na areia da praia. Esta situação colabora para o aparecimento de
vetores, principalmente, ratos e baratas a procura de alimento, o que contribui, além das
enfermidades citadas, para possíveis problemas de pele devido ao contato com a areia suja.

FIGURA 09 – CASCAS DO COCO VERDE MISTURADAS A OUTROS TIPOS DE


RESÍDUOS.
Fonte: Autora, 2006.

O armazenamento e a coleta adequados bem como o aproveitamento das cascas de coco verde
podem contribuir para melhorar a saúde pública devido a redução das doenças causadas pela
proliferação de vetores.
58

3.3 PRODUÇÃO DE METANO (CH4)

Os resíduos do coco verde quando dispostos em lixões, vazadouros, encostas e até mesmo em
aterros sanitários passam por um processo de decomposição causado pela ação de
microorganismos que empreendem processos de biodigestão da fração orgânica desses
resíduos.

Este processo de biodigestão pode ter características aeróbias, anaeróbias ou ambas. A


decomposição anaeróbia é um processo biológico, fermentativo, em que microrganismos
degradam a matéria orgânica, na ausência de oxigênio, e produzem um gás que contém,
principalmente, metano e dióxido de carbono. A degradação orgânica por microrganismos em
presença de oxigênio é dita aeróbia e não produz o metano.

O metano oriundo da decomposição anaeróbia da matéria orgânica contribui para o aumento


dos Gases do Efeito Estufa - GEE. De acordo com Lara (2002) efeito estufa é o acréscimo
constante da temperatura da terra devido à absorção da radiação infravermelha terrestre pelos
GEE, tais como: CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), CFCs
(clorofluorcarbonos), dentre outros.

O efeito estufa é responsável pela manutenção da temperatura terrestre em torno de 15º C;


porém o excesso de carbono causado pelas atividades antrópicas tende a aprisionar mais
radiações infravermelhas e a elevar ainda mais a temperatura do planeta trazendo como
conseqüência direta o aquecimento global (AMARAL,2004).

Para o surgimento do efeito estufa, tem-se que considerar a parcela devido a natureza, ou seja,
aquela que não depende das atividades humanas, por exemplo o vapor d´água, proveniente
principalmente da evaporação dos oceanos. Como também a parcela proveniente das
atividades humanas, cujos principais gases, suas concentrações estimadas no período pré-
industrial e atual além dos anos de vida e GWP (Global Warming Potential – Potencial de
Aquecimento Global) que é a medida de comparação entre os diversos gases, tomando-se
como referência o CO2, estão descritas na Tabela 05 (AMARAL, 2004).
59

TABELA 05 – CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS GASES DO EFEITO ESTUFA.


Concentração
Anos Principais fontes
Gás/fórmula Pré- Em GWP
de vida antropogênicas
industrial 1994
Combustíveis fósseis, mudança
Dióxido de ~ 208 358
50 a 200 no uso da terra, produção de 1
carbono (CO2) ppmv ppmv
cimento.
Combustíveis fósseis,
~700 1720 plantações de arroz alagado,
Metano (CH4) 7 a 17 21
ppbv ppbv depósito de lixo, criação de
gado.
Óxido nitroso ~275 311 Uso de fertilizantes, combustão
120 310
(N2O) ppbv ppbv industrial.
Tetrafluoreto de 72
0 50.000 Produção de alumínio. 6.500
carbono (CF4) pptv
Hexafluoreto de 32
0 3.200 Fluido dielétrico. 23.900
enxofre (SF6) pptv
Herofluorcarbonos 105
0 121 Fluído refrigerante. ~1.300
(HCFCs) pptv
Fonte: Painel Intergovernamental sobre Mudanças de Clima – IPCC (1996) apud Amaral (2004).

De acordo com Lora (2002) e pela Tabela 05, os gases mais importantes do efeito estufa são:
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Observando a referida tabela pode-se constatar
que a quantidade de carbono na atmosfera aumentou bastante do século XVIII para o XX
devido principalmente à queima de combustíveis fosseis.

O dióxido de carbono surge como o principal gás responsável pelo efeito estufa seguido pelo
metano, que apesar da sua concentração ser menor tem potencial de aquecimento global vinte
e uma vezes maior do que ele para influenciar no aquecimento global. Os outros gases
possuem concentrações bem menores do que os dois citados, porém o potencial de
aquecimento é bem maior, conforme pode ser observado na Tabela 05.

Com isso, além de se constituir um dos problemas ambientais mais importantes e discutidos
atualmente no mundo; os resíduos sólidos, nele incluso os resíduos do coco verde, também
contribuem para o aquecimento global (AMARAL,2004).

Com o objetivo de estimar as emissões de metano decorrentes da disposição de resíduos


sólidos e líquidos no Brasil, para o período de 1990 a 1994, o estudo mais recente foi
elaborado pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB a pedido do
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT o Inventário Nacional de Metano pelo Manejo de
60

Resíduos no Brasil, baseado nas diretrizes revisadas em 1996 pelo Painel Intergovernamental
sobre Mudanças de Clima - IPCC.

O IPCC foi constituído pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente –
PNEUMA e pela Organização Mundial de Metereologia – OMM, com o objetivo de apoiar
com trabalhos científicos as negociações da Convenção – Quadro das Nações Unidas para a
Mudança do Clima.

De acordo com o Inventário supracitado, as emissões de metano devido à disposição e


tratamento de resíduos sólidos no Brasil no período de 1990 a 1994 estão relacionadas na
Tabela 06.

TABELA 06 – EMISSÕES DE METANO DEVIDO A DISPOSIÇÃO E TRATAMENTO DE


RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL NO PERÍODO DE 1990 A 1994.
Ano 1990 1991 1992 1993 1994
Emissões de metano
(Gg/ano) 618,01 636,34 649,68 673,28 677,18
Fonte: Autora, adaptado de Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB, 2002.

Esses dados da Tabela 06 indicam que a emissão de metano na atmosfera em decorrência da


decomposição dos resíduos sólidos é crescente e que a redução da disposição desses resíduos
por meio do aproveitamento, por exemplo, do resíduo do coco verde, contribuirá para
diminuir a emissão dos GEE e consequentemente o aquecimento global.

Ressalta-se que por meio do protocolo de Kyoto assinado por 84 países, não incluindo os
Estados Unidos um dos países que mais emitem GEE, estabeleceram-se metas e prazos para
controlar e reduzir os gases do efeito estufa a fim de alcançar a estabilização das
concentrações destes gases na atmosfera num nível que não interfira perigosamente no efeito
climático.

O Protocolo de Kyoto inclui três mecanismos de flexibilização a serem utilizados para


cumprimento dos compromissos os quais são: implementação conjunta, comércio de emissões
e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL. Os dois primeiros são utilizados pelos
paises industrializados, já o MDL que foi desenvolvido a partir da proposta da delegação
brasileira que previa a constituição de um Fundo de Desenvolvimento Limpo, acabou se
consistindo na possibilidade de um país desenvolvido financiar projetos em países em
61

desenvolvimento como forma de cumprir parte dos seus compromissos. Com isso o MDL tem
por objetivo a mitigação de GEE em países em desenvolvimento, na forma de sumidouro,
investimentos em tecnologias mais limpas, eficiência energética e fontes alternativas de
energia (BRITTO, 2006).

Com o intuito de reduzir a emissão de metano para a atmosfera, o AMC está drenando o
biogás (mistura gasosa rica em metano), captando, purificando e queimando em torre flarh,
enquanto não o utiliza para geração de energia no próprio aterro. De acordo com os dados
fornecidos por Fortuna (2007), a quantidade média de biogás produzida no aterro é de 10.000
m3/h, sendo 3.800 m3/h de metano (que corresponde a 38% do biogás) Apesar da queima do
biogás emitir CO2 este GEE é 21 vezes menos nocivo do que o metano.

Como existem custos relacionados com o aproveitamento do biogás e possibilidades de


ocorrer problemas operacionais no sistema, implicando na emissão direta de metano para a
atmosfera, o aproveitamento do resíduo do coco verde surge como alternativa de diminuir a
quantidade de resíduo disposto no AMC e consequentemente a emissão de gás metano.

3.4 POLUIÇÃO VISUAL

Quando se fala em poluição todos lembram logo da poluição ambiental causada, dentre outras
maneiras, pelo lançamento de efluente e resíduo nos rios, emissão de dióxido de carbono
(CO2) no ar, utilização de agrotóxicos nas plantações e não se recordam da poluição visual.

De acordo com Mota (1981), a poluição ambiental pode ser classificada nos seguintes tipos:
poluição do solo, ar, água, acústica e visual. Na realidade nem sempre é possível separar a
poluição ambiental por modalidades, pois muitas vezes elas ocorrem conjuntamente havendo
vários fatores de interdependência entre as mesmas.

Segundo Santos (2004), poluição visual são os efeitos danosos resultantes dos impactos
visuais causados por determinadas ações e atividades, a ponto de prejudicar a saúde, a
segurança e o bem estar da população; criar condições adversas às atividades sociais e
62

econômicas; afetar desfavoravelmente a biota; afetar as condições estéticas e sanitárias do


meio ambiente. A definição de Santos remete, basicamente, o que está estabelecido na Lei Nº
6.938/81 de Política Nacional do Meio Ambiente no Art. 3º Inciso III alíneas “a” a “d” com
relação à poluição.

De acordo com o glossário do Fórum Empresarial para o Meio Ambiente – FEMA, a poluição
visual é um conceito subjetivo que diz respeito às interferências do homem na paisagem
natural ou antrópica, em desarmonia com os demais elementos que a definem (a paisagem) ou
considerados desagradáveis pelo observador.

Os fatores que contribuem para a poluição visual são, por exemplo, as pichações, fios de
eletricidade e telefônico, edificações com falta de manutenção e a disposição inadequada do
resíduo sólido (ROLLO, 2006).

Pelo fato da poluição visual afetar mais o psicológico do que o físico, geralmente, não é dado
à devida atenção por parte do Poder Público, já que as suas conseqüências não são facilmente
observadas. Porém assim como os outros tipos de poluição, ela causa danos à saúde como:
stress, fadiga, ansiedade, podendo até desencadear o início de uma depressão (MAURANO,
2007; MOTA, 1981).

A Constituição Federal do Brasil, no Art. 225, inciso V, garante a todos o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, e impõe ao Poder Público a incumbência de “controlar
a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”.

Ademais, o Estatuto da Cidade Lei Nº 10.257/01 deu grande ênfase ao planejamento


municipal, para que a Cidade possa oferecer todas as condições de vida saudável e bem estar
dos munícipes, estabelecendo como objetivo da política urbana a ordenação de pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, e trazendo, no seu
Art. 2º inciso VI, alíneas “f” e “g” dentre as diretrizes gerais, a ordenação e controle do uso
solo, de forma a evitar a deterioração das áreas urbanizadas e a poluição e a degradação
ambiental (MAURANO, 2007).
63

Diante do exposto, pode-se observar que a paisagem urbana deve ser preservada a fim de
garantir a população uma melhor qualidade de vida além de um ambiente sustentável.

Como já foi supracitado, a disposição inadequada dos resíduos sólidos causa poluição visual,
com isso as cascas de coco verde oriundas da venda de água de coco “in natura” pelos
barraqueiros e ambulantes na área de estudo e em vários pontos da cidade estão contribuindo
para a poluição visual do município a medida que estes resíduos ficam dispostos nos
logradouros, na areia da praia e quando são armazenados os recipientes são inadequados.
Como a limpeza da praia e a coleta são realizadas durante a noite esta situação permanece por
um longo período de tempo afetando os turistas, esportistas e a população em geral que
freqüentam/transitam nestas áreas.

As Figuras 10 a 15 retratam, exatamente, a poluição visual causada pelos resíduos do coco na


área de estudo e em outros pontos da cidade.

A Figura 10 mostra o acondicionamento das cascas de coco de forma inadequada, deixada por
ambulantes na calçada da avenida principal da área de estudo; onde há um fluxo grande de
pessoas e turistas fazendo caminhada e freqüentando os bares e restaurantes da área.

FIGURA 10 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA


DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA PRÓXIMO AO CRISTO.
Fonte: Autora, 2006.

Na Figura 11 apesar das cascas estarem acondicionadas em sacos plásticos próprios para lixo
a maneira com que o ambulante os colocou para serem coletados acabou contribuindo para
um impacto visual da área, já que se trata da exposição em uma avenida principal da orla.
64

FIGURA 11 – CASCA DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA


DA ÁGUA – LOCAL: AV. SETE DE SETEMBRO, ENTRE O PORTO E FAROL DA BARRA.
Fonte: Autora, 2007.

A Figura 12 é um caso típico de poluição visual nas areias das praias, pois os ambulantes de
água de coco verde depositam as cascas na areia, dentro e no entorno das lixeiras distribuídas
ao longo da praia, o que acarreta também na diminuição do espaço físico para os banhistas.

FIGURA 12 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTES, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PRAIA DO PORTO DA BARRA.
Fonte: Autora, 2006.

A Figura 13 ilustra a caixa de lixo cheia e as cascas de coco verde sendo depositadas ao seu
lado, causando um impacto visual aos transeuntes da área já que a caixa está localizada em
frente a estabelecimentos comerciais.
65

FIGURA 13 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA - ONDINA.
Fonte: Autora, 2006.

A Figura 14 mostra as cascas de coco verde depositadas na Praça Marechal Deodoro no bairro
do Comércio, onde os transeuntes têm que desviar o percurso por causa dos resíduos. Esta
Praça é bastante freqüentada por abrigar pontos de ônibus, bares e lanchonetes, sendo a
poluição visual causada pela disposição das cascas de coco verde um dos principais
problemas deste bairro.

Ressalta-se que as Figuras 14 e 15 servem para ilustrar a falta de preocupação do vendedor de


água de coco verde “in natura” com os resíduos, pois o mesmo não providenciou armazenar
de forma adequada ou simplesmente ensacar o resíduo de modo a não comprometer a
circulação das pessoas na praça e evitar o impacto visual do local, situação esta que os
ambulantes da área de estudo mesmo sem equipamentos para acondicionamento das cascas
procuram amenizar a situação utilizando sacos plásticos.
66

FIGURA 14 - CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS


VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ MAL. DEODORO – COMÉRCIO.
Fonte: Autora, 2007.

A Figura 15 ilustra as cascas de coco verde dispostas na Praça da Piedade, bairro do centro;
onde se localizam dois dos principais shoppings da cidade, uma estação de ônibus, igrejas e
toda uma área comercial. Este depósito de cascas é ao lado do ponto de ônibus e o impacto
visual causado afeta os transeuntes, as pessoas que ficam no ponto e as que estão dentro do
ônibus.

FIGURA 15 – CASCAS DE COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA


DA ÁGUA – LOCAL: PÇ DA PIEDADE - CENTRO.
Fonte: Autora, 2007.

Por meio destas figuras pode-se observar o impacto visual causado pela disposição das cascas
de coco verde, onde faltam locais e equipamentos para o acondicionamento adequado dos
resíduos e conscientização de alguns vendedores em dispor adequadamente os resíduos
gerados com o seu comércio, com isso o aproveitamento das cascas de coco pode contribuir
para que haja um acondicionamento adequado dos resíduos bem como, uma coleta
diferenciada o que pode reduzir este tipo de problema.
4 A FIBRA DE COCO

Esta seção trata da composição da fibra de coco, suas características e propriedades, aborda
também o fluxograma do processo produtivo de fibra e pó a partir das cascas de coco verde
por meio dos equipamentos desenvolvidos pelos pesquisadores da Embrapa Agroindústria
Tropical do Ceará e os múltiplos usos da fibra e pó de coco verde.

4.1 COMPOSIÇÃO DA FIBRA DE COCO

Como já foi citada na Seção 02, a estrutura do coco é formada de epicarpo, mesocarpo,
endocarpo e semente; sendo fibra o nome dado ao material fibroso que constitui o mesocarpo,
a qual será objeto de estudo deste capitulo.

As fibras vegetais são formadas por diversos componentes químicos constituídos a base de
Hidrogênio (H) e Carbono (C), sendo os principais a celulose, a hemicelulose e a
lignina.(SILVA, 2003).

A celulose é um polissacarídeo formado por resíduos de D-glicopiranoses que formam longas


cadeias lineares com alto grau de polimerização (formação de polímeros), se constitui na
principal componente de todas as fibras vegetais, pois confere a mesma resistência mecânica.
(SILVA, 2003; PASSOS, 2005).

A hemicelulose é constituída por uma mistura de polissacarídeos amorfos com grau de


polimerização de 10 a 100 vezes menor que o da celulose. Em células maduras a hemicelulose
encontra-se mais associada a lignina do que a outros polissacarídeos. (REDVET, 2007).

A lignina é constituída por polímero complexo de estrutura amorfa, com componentes


aromáticos e alifáticos, que se associa a celulose e hemicelulose durante a formação da parede
celular dos vegetais e tem como finalidade conferir rigidez a mesma. Sua concentração nas
fibras influencia a estrutura, as propriedades, a morfologia, a flexibilidade e a taxa de
hidrólise (BRAUSS, 1952; PASSOS, 2005).
68

Cada fibra vegetal é constituída de várias fibras elementares ligadas entre si por um material
de cementação, formado principalmente por lignina. A Figura 16 mostra a constituição
estrutural de uma fibra elementar, que possui uma parede espessa formada por diversas
microfibrilas de celulose que formam espirais ao longo do eixo da fibra, tendo um lúmen no
centro (SILVA, 2003).

FIGURA 16 – CONSTITUIÇÃO ESTRUTURAL DE UMA FIBRA VEGETAL.


Fonte: Rong e outros,2001 apud Silva, 2003).

4.2 CARACTERÍSRISTICAS DA FIBRA DE COCO

De acordo com a sua origem as fibras vegetais podem ser agrupadas em fibras de semente (ex.
algodão), raiz (ex. zacatão), caule (ex. linho, juta, cânhamo), folhas (ex. bananeira, piaçava,
sisal) e fruto (ex. coco) (MORASSI, 1994).

Segundo Aragão e outros (2005), a fibra do coco verde (frutos de 07 a 08 meses de idade) é
classificada como fibra branca longa e os valores médios de suas principais propriedades
físico-quimicas são apresentados na Tabela 07.
69

TABELA 07 – VALORES MÉDIOS DAS PRINCIPAIS PROPRIEDADES DA FIBRA DE


COCO VERDE
Propriedades Valores
pH 5,4
Condutividade elétrica 1,8 dS/m
Relação C/N 132
Densidade 70g/L
Porosidade total 95,6%
Retenção de água 538 mL/L
Água facilmente assimilável 19,8%
Percentagem de lignina 35 a 45%
Percentagem de celulose 23 a 43%
Percentagem de hemicelulose 3 a 12%
Fonte: Adaptado pela autora de Aragão e outros, 2006.

Salienta-se que a composição química da casca de coco varia conforme a região de cultivo,
tipo de solo, a época do ano e a quantidade de chuva (KAMPF e FERMINO, 2000 apud
ROSA, 2001; SILVA, 2003).

Na Tabela 08 são apresentados dados da composição química de algumas fibras vegetais,


oriundas de cultivo principal e de subproduto da agricultura.

TABELA 08 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS


(% EM PESO)
Fibra Celulose Hemicelulose Lignina
Algodão 82,7 5,7 -
Juta 64,4 12,0 11,8
Linho 64,1 16,7 2,0
Rami 68,6 13,1 0,6
Sisal 65,8 12,0 9,9
Bagaço de
32-48 19-24 23-32
cana
Folha de
70-82 18,0 5-12
abacaxi
Folha de
60-65 6-8 5-10
bananeira
Fonte: Adaptado de Passos, 2005 e Silva, 2003.

Como podem ser observadas nas Tabelas 07 e 08, as fibras convencionais (algodão, juta,
linho, rami e sisal) possuem percentual de celulose que confere as mesmas o uso como
material de reforço em compósitos. Já as fibras de casca de coco têm percentual menor de
celulose em comparação as outras fibras vegetais, porém a quantidade de lignina é em torno
de duas a quatro vezes maior do que os valores para a juta e o sisal, oferecendo-lhe um
comportamento diferenciado com relação as outras fibras.
70

Nas outras fibras oriundas de subprodutos da agricultura (bagaço de cana, folha de abacaxi e
folha de bananeira), pode-se verificar as concentrações maiores de hemicelulose e lignina com
relação as fibras convencionais, conferindo as mesmas diversas aplicações. A hemicelulose,
que é a fração facilmente atacada por microorganismo, na fibra de coco tem um baixo
percentual o que favorece o seu uso.

Por meio das propriedades físicas, pode-se entender o comportamento das fibras e determinar
as suas várias aplicações.

A Tabela 09 apresenta as propriedades físicas de algumas fibras vegetais e sintéticas


normalmente usadas como reforço em compósitos.

TABELA 09 – PROPRIEDADES FÍSICAS DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS E


SINTÉTICAS
Resistência à Módulo de
Diâmetro Densidade Alongamento
Fibra tração Elasticidade
(µm) (g/cm3) (%)
(MPa) (GPa)
Algodão 16-21 1,5-1,6 287-597 5,5-12,6 7-8
Juta 200 1,3 393-773 26,5 1,5-1,8
Linho - 1,5 345-1035 27,6 2,7-3,2
Cânhamo - - 690 - 1,6
Rami - 1,5 400-938 61,4-128 3,6-3,8
Sisal 50-300 1,45 511-635 9,4-22 3-7
Casca de coco 100-450 1,15-1,45 131-175 4-13 15-40
Vidro - E 8-14 2,5 2000-3500 70 1,8-3,2
Carbono 7-10 1,6-1,9 4000 230-240 1,4-1,8
Fonte: Silva, 2003.

Visualizando a Tabela 09, pode-se observar que o maior valor de densidade é da fibra de
vidro o que confere peso maior aos compósitos que utilizam esta fibra, pois quanto maior a
densidade da fibra maior o peso do compósito formado com ela.

Com relação à resistência a tração e ao módulo de elasticidade, as fibras sintéticas tem valores
maiores do que às fibras vegetais, sendo as fibras de casca de coco as que apresentam os
menores valores.

Os valores de alongamento são semelhantes tanto nas fibras sintéticas como vegetais; exceto
para as fibras de algodão e principalmente de cascas de coco que possuem valores bem mais
altos.
71

Por meio das Tabelas 07 e 09, conclui-se que as fibras de casca de coco têm valores de
celulose mediana e lignina alta comparada com as outras fibras vegetais. Com relação as
propriedades mecânicas, alongamento, resistência a tração e módulo de elasticidade, se faz
necessário uma análise mais detalhada sobre as características da fibra como: idade; tipo de
celulose; relação entre celulose, hemicelulose e lignina, dentre outras para determinar a sua
utilização em compósitos (PASSOS, 2005).

Ressalta-se que em caso de incineração das fibras após sua vida útil, a quantidade de cinzas
formada pode se constituir um grande problema. Com relação às fibras de casca de coco há
uma grande quantidade de silício que pode se transformar em carbureto de silício (SiC) e ser
usado como reforço de metais e cerâmicas (SELVAM e outros, 1998 apud PASSOS,2005).

4.3 ETAPAS DO BENEFICIAMENTO DA CASCA DE COCO VERDE PARA


OBTENÇÃO DE FIBRA E PÓ.

Os Pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, localizada em Fortaleza-Ceará,


desenvolveram em parceria com a metalúrgica FORTALMAG um conjunto de equipamentos,
composto por um triturador, uma prensa e um classificador, conectados de forma contínua,
para beneficiamento da casca de coco verde e obtenção de fibra e pó (material de enchimento
dos espaços entre as fibras) (VERAS, 2007).

A Figura 17 apresenta a vista geral destes equipamentos, os quais estão em operação, desde
julho de 2005, em uma usina localizada na área da Estação de Triagem e Transbordo de
Resíduos Sólidos de Fortaleza no bairro do Jangurussu. A usina tem capacidade de processar
de 1.200 a 2.000 cascas de coco por hora (VERAS, 2007).
72

FIGURA 17 - EQUIPAMENTOS DA USINA DE BENEFICIAMENTO DAS CASCAS DE


COCO VERDE, FORTALEZA-CE.
Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005.

Em visita técnica realizada a usina em julho de 2007, a autora coletou informações junto ao
técnico da Embrapa, Luiz Veras, que possibilitou a elaboração do fluxograma operacional da
usina, Figura 18, onde cada etapa é descrita no próximo item.
73

1 – Coleta dos resíduos


(cascas de coco)

2 – Recepção dos
resíduos

3- Trituração

4 - Prensagem

5 - Seleção

FIBRA PÓ
6 - Peneiramento 7 – Tratamento térmico

8 - Prensagem

9 - Embalagem

10- Armazenamento

11 - Comercialização

FIGURA 18 – FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA USINA.


Fonte: Autora, adaptado da comunicação pessoal de Luiz Veras da Embrapa Agroindústria Tropical, 2007.
74

4.3.1 Etapas de Operação

1 – Coleta do resíduo (cascas de coco verde)

A coleta é feita diariamente e preferencialmente de modo que não ultrapasse 24 horas entre a
extração da água até o processamento. Este procedimento tem como finalidade elevar a
qualidade dos produtos finais (pó e fibra), pois a desidratação da casca prejudica as etapas
subseqüentes do processamento.

2 – Recepção do resíduo de coco verde

O veículo que transporta os resíduos deve despejar a carga em uma baia de recepção,
localizada na entrada da linha de processamento. Neste momento são retirados os materiais
indesejáveis como: canudos, plásticos, pedras, cascas ressecadas podres, entre outros. Vale
ressaltar a importância de manter um fluxo uniforme de alimentação da linha de
processamento, que é feito por meio de um elevador (que tem velocidade controlada), para
garantir a eficiência da prensagem.

As Figuras 19 e 20 apresentam, respectivamente, o momento em que os resíduos são


despejados na baia e a maneira como eles são colocados no elevador.

FIGURA 19 – CASCAS DE COCO VERDE SENDO DEPOSITADAS NA BAIA.


Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005.
75

FIGURA 20 – CASCAS DE COCO VERDE NO ELEVADOR.


Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005.

3 – Trituração

Nesta etapa, o resíduo é cortado e triturado por meio de facas rotativas em disco, as quais
fazem o fatiamento da casca e em seguida passa por martelos fixos os quais são responsáveis
pelo esmagamento do produto. Este procedimento possibilita a realização da etapa de seleção
da fibra com o pó do coco e prensagem. A Figura 21 mostra a casca de coco dilacerada após a
trituração.

FIGURA 21 – CASCA DE COCO DILACERADA APÓS TRITURAÇÃO.


Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005.

4 – Prensagem para retirada da umidade e sais

A casca de coco verde tem aproximadamente 85% de umidade e a maior parte dos sais se
encontra em solução. Na prensagem, remove-se 60% da umidade, ou seja, é liberada a água
76

que se encontra livre dentro dos elementos anatômicos (água de embibição), o que acarreta
também na remoção conjunta dos sais. A eficiência desta etapa é de grande importância para a
perfeita seleção do material na etapa seguinte e também para a adequação do nível da
salinidade do pó obtido no processamento.

O líquido oriundo da prensagem, chamado de Liquido da Casca de Coco Verde - LCCV é


conduzido por meio de calha, conforme pode ser vista na Figura 22, para a rede de
esgotamento sanitário do município a fim de ser tratado.

FIGURA 22 – PRENSA COM CALHA PARA RECOLHIMENTO DO LCCV.


Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005.

5 – Seleção de fibra e pó

Após a prensagem, as fibras são separadas do pó por meio de uma máquina classificadora que
é equipada com um rolo de facas fixas e uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao
longo do eixo da máquina e por diferença de densidade, o pó cai pela chapa perfurada e a
fibra sai no fim do percurso.

As Figuras 23, 24 e 25 apresentam, respectivamente, a máquina classificadora, o pó e a fibra


oriundos do processo.
77

FIGURA 23 – CLASSIFICADORA DE PÓ E FIBRA.


Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2007.

FIGURA 24 – PÓ ORIUNDO DAS CASCAS DE COCO VERDE.


Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005.
78

FIGURA 25 – FIBRA DE COCO VERDE APÓS SECAR A TEMPERATURA AMBIENTE.


Fonte: Autora, 2007.

6 – Peneiramento das fibras

É utilizada uma peneira grossa para retirar pequenas impurezas que vêm com as fibras (por
exemplo: pó e restos de endocarpo do coco) a fim de conferir qualidade ao produto final para
comercialização. Há necessidade de secar as fibras (ao sol, ao vento ou utilizando ar quente)
por aproximadamente 02 horas para remoção de umidade.

Vale ressaltar que a máquina classificadora, por densidade, lança as fibras e acumula
pequenos pedaços do endocarpo, ou seja, a quantidade de endocarpo que vai misturado com
as fibras é mínima.

7 – Tratamento térmico do pó

Para utilização do pó da casca de coco, é necessário que o mesmo esteja isento de


microrganismos fito patogênicos. Por isso, o pó pode ser submetido a um tratamento térmico,
em forno rotativo, a 80º C durante 20 minutos.

No caso da usina da Embrapa do Ceará, o pó é colocado em leiras, onde é feito o reviramento


diário e o controle da temperatura, até que haja a estabilização do produto final (em torno de
90 dias). As leiras ficam em locais cobertos para que não haja contaminação do produto,
principalmente com fezes de pássaros. No final do processo é feito o peneiramento do produto
para retirada das fibras curtas.
79

8 – Prensagem

Por serem o pó e a fibra pouco densos, é necessário realizar a compactação do material em


uma prensa hidráulica horizontal a fim de reduzir os custos com o transporte. Após a
compactação são obtidos blocos de 40x40x40 cm de pó ou fibra.

9 – Embalagem

Os blocos prensados serão embalados em sacos plásticos de 15 micras com as dimensões de


90x90x90 cm. Os sacos poderão ser selados ou amarrados com fita de nylon.

10 – Armazenamento

Após a embalagem, os produtos deverão ser armazenados empilhados sobre pallets, evitando
o contato com o solo que poderia transferir umidade ao material.

As etapas de 08 a 10 geralmente são utilizadas quando da comercialização do produto final


sem beneficiamento; mas o que esta sendo praticada na unidade visitada, é a comercialização
de produtos como as mantas e vasos a partir das fibras de coco.

4.4 USOS DA FIBRA E PÓ DE COCO VERDE

Há alguns anos várias pesquisas vêm sendo feitas para a utilização da fibra e do pó oriundos
das cascas de coco verde, descritas na seqüência.

4.4.1 Fabricação de briquetes

Briquetes são produtos de alto poder calorífico, obtido pela compactação dos resíduos de
madeira como o pó de serragem e as cascas vegetais como a casca de coco. Apresenta forma
regular e constituição homogênea sendo muito utilizado para a geração de energia. É
considerado uma lenha ou carvão ecológico de alta qualidade, feito a partir da compactação
de resíduos ligno-celulosicos, sob pressão e temperaturas elevadas (BIOMAX, 2007;
BIOMACHINE, 2007).
80

A densificação mediante a briquetagem consiste em gerar mecanicamente elevadas pressões


(até 1.200 kg/cm2) que provocam um incremento térmico da ordem de 100º C. Esta
temperatura provoca a plastificação da lignina, que atua como elemento aglomerante das
partículas da fibra do coco dispensando o uso de produtos aglomerantes adicionais como
resinas e ceras. Para que haja perfeita aglomeração das partículas as mesmas tem que possuir
tamanho entre 5 e 10 mm e umidade entre 8 e 15% (BIOMAX,2007; BIOMACHINE, 2007).

Os briquetes podem ser utilizados em toda empresa que tenha forno ou caldeira na qual possa
ser utilizada lenha, como por exemplo: padaria, pizzaria, frigorífico, olaria e churrascaria.

A utilização de briquetes possui as seguintes vantagens: são produzidos em tamanhos


padrões, espaço de armazenagem reduzido, produto higiênico sem os inconvenientes da lenha,
produto 100% reciclado e ecologicamente correto, pois diminui o desmatamento, em razão da
sua regularidade térmica mantém o calor homogêneo, maior temperatura de chama, menor
índice de poluição pois é um combustível renovável, permite o aproveitamento do resíduo das
industrias de base florestal, agroagricolas, agroalimentares, entre outros de origem vegetal,
reduz o impacto negativo sobre as florestas nativas para a retirada de lenha, dispensa guia e
reposição florestal junto ao órgão fiscalizador (BIOMAX,2007; BIOMACHINE, 2007).

A Figura 26 apresenta briquetes, com diversos tamanhos, feitos com resíduo ligno-celulosico.

FIGURA 26 – BRIQUETES.
Fonte: MFrural,2007.

Como a proposta deste trabalho é o aproveitamento das cascas do coco para produção de
briquetes, este assunto será mais detalhado na seção 07.
81

4.4.2 Outros Usos

Uso na agricultura

Um dos principais fatores envolvidos na formação de mudas com qualidade são a escolha e o
manejo corretos do substrato escolhido; pois o mesmo exerce a função do solo, fornecendo a
planta, sustentação, nutrientes, água e oxigênio. Os substratos podem ter diversas origens:
animal (esterco, húmus); vegetal (tortas, fibras, bagaços, serragem); mineral (turfa, lã de
rocha, areia, perlita, verniculita) e artificial (espuma fenólica, isopor) (BEZERRA E ROSA,
2002).

O pó oriundo do processo de beneficiamento da fibra de coco pode ser utilizado como


substrato agrícola no cultivo de várias espécies como, por exemplo, hortaliças, flores e
tomate, propagação de plantas em viveiros e germinação de sementes. Como este substrato
não possui os nutrientes essenciais para as plantas se faz necessário adicionar adubos em pré-
plantio ou em fertirrigação de acordo com o tipo de cultivo (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA,
2002).

Segundo Noguera e outros (1998), a grande quantidade de lignina e celulose e a pequena


quantidade de hemicelulose, proporcionam ao substrato da fibra de coco uma grande
durabilidade.

A fibra de coco é uma matéria-prima para elaborar substratos que se destaca por apresentar
elevada estabilidade de retenção de água, bem como uma boa aeração. Por possuir uma
textura micro-alveolar e uma porosidade próxima a 90%, compatível com a “lâ de rocha”, é
utilizada também para cultivo hidropônico (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002;
SENHORAS, 2003).

Deve-se destacar que para esta finalidade alguns cuidados são importantes com relação à
obtenção das fibras de coco; as mesmas devem ser bem lavadas em água corrente para que
haja uma redução das substâncias químicas e patogênicas e o processo de aglomeração das
fibras deve ser feito de modo a não prejudicar a compactação (CARRIJO, LIZ,
MAKISHIMA, 2002; SENHORAS, 2003).
82

As principais vantagens do uso da fibra do coco como substrato agrícola, principalmente em


relação aos substratos minerais e orgânicos, esta relacionada com suas boas propriedades
físicas, a não reação com os nutrientes da adubação, longa durabilidade sem alteração de suas
características físicas, a possibilidade de esterelização, a abundância de matéria-prima e baixo
custo. (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002). Cabe ressaltar que este substrato pode
substituir a turfa - solo orgânico proveniente de áreas inundadas - que com a sua exploração
vem impactando o meio ambiente (ROSA e outros, 2001).

Produção de mantas e retentores de sedimento

As mantas produzidas a partir das fibras de coco podem ser trançadas em malhas de nylon,
telas de polipropileno ou juta ou borrifadas com látex.

As mantas podem ser usadas em superfícies sujeitas a erosão provocada pela ação de chuvas e
ventos, como em taludes nas margens das rodovias e ferrovias, áreas de reflorestamento,
parques urbanos, qualquer área de declive acentuado ou de ressecamento rápido, sobre dunas,
ravinas, voçorocas, encostas rochosa, concreto projetado, dentre outros (ARAGÂO, 2002;
DEFLOR, 2006).

A usina da Embrapa Agroindústria Tropical atualmente esta produzindo mantas para serem
utilizadas sobre dunas localizadas em alguns municípios do Estado do Ceará.

De acordo com as informações da Deflor (2006), algumas mantas são capazes de reter até 04
vezes do seu peso em água, suportando índices pluviométricos de até 20mm/hora, ajudando
no controle da erosão até o completo estabelecimento da vegetação.

Conforme o uso há uma variação na degradabilidade do material que pode ser de 08 a 60


meses, dependendo também do tratamento que pode ser dado com fungicidas e bactericida.

O uso das mantas biodegradáveis tem as seguintes vantagens: protege imediatamente o solo
contra erosão superficial, serve para germinação de sementes, aumenta a capacidade de troca
iônica do solo, reduz a erodibilidade e incorpora matéria orgânica no solo, possui degradação
programável, reduz a evaporação de água no solo, reduz a insolação direta sobre o solo,
ancora sementes e fertilizantes, reduz o escoamento superficial da água, favorece a infiltração
83

de água no solo, reduz o carreamento de sedimentos para os cursos d´água, permite o plantio
em épocas de estiagem, incorpora e mantém os nutrientes no solo, melhora o aspecto visual
das áreas degradadas imediatamente, proporciona rapidez no processo de revegetação e
impede a erosão eólica além de proteger margens de cursos d´água, reservatórios e canais de
drenagem (DEFLOR, 2006).

A Deflor também desenvolveu os retentores de sedimentos chamados de bermalonga o qual


pode ser constituído de fibra de coco, formando um cilindro flexível, envolvido por uma
malha resistente de polipropileno. Estes bermalongas podem ser utilizados para ancorar e
reter sedimentos, construir bermas artificiais e reduzir o comprimento dos taludes, proteger
margens de reservatórios e cursos d´água, reter e absorver vazamentos de óleos e produtos
tóxicos, ornamentação e paisagismo, dentre outros.

As Figuras 27 e 28 apresentam as mantas biodegradáveis e a Figura 29, as bermalongas.

FIGURA 27 – BIOMANTA DE FIBRA DE COCO APLICADA EM TALUDE.


Fonte: D`arte flores, 2007.
84

FIGURA 28 – MANTAS DE FIBRA DE COCO PRODUZIDAS NA USINA DA EMBRAPA


AGROINDÚSTRIA TROPICAL.
Fonte: Autora, 2007.

FIGURA 29 – BERMALONGAS.
Fonte: DEFLOR, 2006.

Produção de enzimas

Enzimas são catalisadores orgânicos, responsáveis por milhares de reações bioquímicas


envolvidas nos processos biológicos dos sistemas vivos, apresentando ampla utilização na
indústria alimentícia, principalmente em processos de maceração de vegetais e frutas para a
produção de purês e néctares, no processamento de produtos cárneos (tenderização), na
produção de queijos, na extração e clarificação de sucos de frutas e vinho, na desengomagem
de fibras naturais e na recuperação de óleos vegetais (COELHO, 1993; CUNHA, 1999).

A casca de coco verde poderia ser utilizada em processos fermentativos, como a produção de
enzimas. Como este material contém grande quantidade de celulose, hemicelulose, lignina e
85

outros, não há necessidade de complementações nutricionais para o adequado


desenvolvimento microbiano (COELHO e outros, 2001).

De acordo com pesquisas realizadas por Coelho e outros (2001), foi possível obter enzimas,
mediante o processo de fermentação semi-sólida, utilizando cascas de coco verde como
matéria-prima.

Como o mercado mundial da tecnologia enzimática movimenta bilhões de dólares, pode-se


justificar o interesse em produzir enzimas a partir de subprodutos da agricultura, como as
cascas de coco, já que envolve tecnologia de baixo custo energético, com um menor impacto
ambiental (COELHO e outros 2001).

Cabe salientar que o Brasil ainda adquire enzimas de outros países; podendo utilizar o resíduo
do coco verde para o desenvolvimento nacional de uma indústria enzimática. (Senhoras,
2003).

Matrizes poliméricas

A fibra do coco verde está sendo utilizada na composição de novos materiais (bicompostos),
com polímeros tais como polietileno, poliéster e polipropileno. O uso desta fibra é importante
por ser um processo barato, natural e renovável, quando comparável com as fibras sintéticas,
além de agir como um componente reforçador da matriz dos polímeros, alterando as
propriedades mecânicas destes compostos tais como resistência, tração e elongação na ruptura
(ISHIZAKI, e outros, 2006).

Em compósito polímero-fibra celulósica, a escolha da matriz polimérica é limitada pela


temperatura necessária ao processamento, já que as fibras lignocelulósicas (como é o caso da
fibra de coco) degradam a alta temperatura. Desta forma a temperatura de processamento
deve ser tal que permita a obtenção de misturas homogêneas, sem degradação da fibra
(ISHIZAKI, 2006).

A fim de proporcionar maior adesão com a matriz do polímero, a fibra de coco precisa passar
por um processo de modificação química superficial como tratamento com base, ácidos,
acetilação, cianoetilação e inserções de vinil. A escolha do tratamento depende do tipo de
86

polímero que será usado e das características finais desejadas ao produto, como rigidez e a
resistência ao impacto (TAKEUCHI, 2003, apud SENHORAS, 2004; ISHIZAKI, 2005).

O politereftalato de etileno – PET é o plástico mais importante dentre os poliésteres e muito


utilizado como embalagens, principalmente para bebidas; a utilização da fibra de coco como
carga para o PET pode gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações
práticas além de reduzir o tempo de decomposição do plástico (DIAS, 2007).

Isolante térmico e acústico

No Brasil, são fabricados alguns isolantes tais como: lã de rocha, lã de vidro, cortiça, fibra
cerâmica, silicato de cálcio e poliuretana. A finalidade primordial de um isolante térmico é
inibir o fluxo de calor. A partir daí é possível obter: conservação de energia diminuindo os
gastos em combustível, controle de temperatura superficial visando proteção pessoal –
temperatura de segurança e redução de absorção ou perda de calor em equipamentos ou
estruturas (FAQ, 2007).

A Amorim Isolamento S.A concentra suas atividades na produção de materiais de isolamento


incluindo placas e rolos de fibra de coco como solução ideal de isolamento térmico e acústico,
principalmente de divisórias, paredes interiores, tetos e lajeta flutuante (ruído de impacto).

A fibra de coco, quando adicionada ao aglomerado de cortiça expandido, é um produto


utilizado para isolamento acústico, devido à absorção de baixas freqüências, onde apresenta
bons resultados dificilmente alcançados por outros materiais. Devido ao bom comportamento
da cortiça em termos de estabilidade dimensional e elasticidade faz com que a fibra seja a
melhor solução técnica, natural e renovável para a solução de problemas de isolamento
acústico e térmico. No caso do isolamento acústico, apresenta reduções de 48 dB em
isolamento de paredes interiores e de 35 dB em sub pavimentos. (SALVADOR, 2001).

As Figuras 30 e 31 mostram enchimento de fibra de coco termo-acústico e manta ante ruído.


87

FIGURA 30 – ENCHIMENTO DE FIBRA DE COCO TERMO-ACÚSTICO.


Fonte: D´arte flores, 2007.

FIGURA 31 – MANTA ANTI-RUÍDO.


Fonte: D´arte flores, 2007.

Obtenção chapa de partículas e telhas

Chapas de partículas são painéis manufaturados a partir de partículas de madeira e de


materiais ligantes, são conhecidos também como aglomerados. A substituição parcial da
madeira por fibras de coco não altera a sua utilização no setor de movelaria e para uso em
divisórias (PASSOS, 2005).

Na pesquisa feita por Passos (2005), foi utilizada a resina uréia-formoldeído como material
ligante, sendo necessários estudos adicionais para determinar as melhores percentagens de
fibras a serem utilizadas para reduzir a quantidade de resina.
88

Por outro lado, a fabricação das “telhas ecológicas”, em fase experimental (com bons
resultados desde 2004), é uma mistura de fibra de coco com polpa de papel reciclado e uma
impermeabilização com cimento asfaltico (CAP 20). Este produto poderá ser oferecido ao
mercado formal com valor muito mais acessível e com conforto térmico adequado, podendo
ser utilizado em áreas rurais e urbanas não se restringindo aos programas sociais de
eliminação de déficit habitacional (PASSOS, 2005).

De acordo com Passos (2005), a “telha ecológica” poderá ser feita em escala industrial,
devido ao seu baixo custo. Com isso, o uso das fibras em telhas depende de ações que
viabilizem a produção e comercialização do produto.

A Figura 32 apresenta a chapa de partícula com 20% de fibra de coco e 6% de adesivo.

FIGURA 32 – CHAPA DE PARTÍCULA COM 20% DE FIBRAS DE COCO E 6% DE


ADESIVO.
Fonte: Passos, 2005.
89

A Figura 33 apresenta a “telha ecológica”, com e sem impermeabilização.

FIGURA 33 – “TELHA ECOLÓGICA”, COM IMPERMEABILIZAÇÃO (ESQUERDA) E


SEM IMPERMEABILIZAÇÃO (DIREITA).
Fonte: Passos, 2005.

Ressalta-se que durante visita a Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza-CE puderam


ser observados vários objetos como cordas, estofamento de carros, palmilhas e vasos para
plantas, feitos a partir da fibra do coco verde. Segundo o técnico Luiz Veras muitos objetos
feitos com a fibra do coco maduro podem ser feitos com a fibra do coco verde.

Por meio desta seção obteve-se informações com relação a constituição da fibra do coco e
suas características, a forma de processamento das cascas de coco verde, desenvolvida por
pesquisadores brasileiros, para obtenção da fibra e pó além dos diversos usos que são dados
quando do aproveitamento deste resíduo.
90

5 FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO ATÉ A


DESTINAÇÃO FINAL

Esta seção trata do fluxo do coco verde na orla de Salvador da produção até a destinação final.
O fluxo inicia com a produção de coco, destacando os maiores produtores da Bahia, seguindo
pela distribuição aos barraqueiros e ambulantes a forma de armazenamento do coco para
venda, o mercado consumidor de água de coco, a forma de acondicionamento das cascas, a
coleta deste resíduo e finaliza com a disposição final dos mesmos.

O fluxo do coco verde na orla de Salvador ocorre conforme fluxograma representado na


Figura 34.

FIGURA 34 – FLUXOGRAMA COM O FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE


SALVADOR – DA PRODUÇÃO A DESTINAÇÃO FINAL.
Fonte: Autora, 2007.
91

5.1 PRODUTOR

O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil, como já foi abordado na Seção 02.
De acordo com os dados do IBGE, em 2006 a produção foi de 628.376.000 frutos para uma
área plantada de 81.686 ha.

Considerando uma produção de coco maior ou igual a 14.000.000 de frutos no ano de 2006,
segundo os dados do IBGE, os municípios baianos que mais produzem coco atualmente são:
Juazeiro, Acajutiba, Rio Real, Conde, Esplanada, Jandaíra, Cairu e Valença.

5.2 DISTRIBUIDOR E COMPRADOR

Conforme organograma, representado na Figura 35, a distribuição do coco produzido na


Bahia dá-se do seguinte modo:

FIGURA 35 - ORGANOGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO DE COCO NA BAHIA.


Fonte: Autora, 2007.
92

Na área de estudo, a compra do coco verde é feita por meio de caminhoneiros, que compram
os cocos diretamente do produtor e vendem a mercadoria nas barracas e aos ambulantes, ou
por compra direta em feiras livres e CEASA, conforme destacado na Figura 35.

A compra do coco verde durante a alta estação é feita três vezes por semana e na baixa
estação uma ou duas vezes por semana. Geralmente os barraqueiros e ambulantes compram a
mercadoria de um único fornecedor, apesar de ter vários caminhoneiros oferecendo o produto,
esta “fidelidade” é devido principalmente a qualidade do coco (aparência física e qualidade da
água), preço, prazo de entrega (caso a mercadoria termine antes do previsto há uma reposição
quase que imediata) e devolução do fruto (quando ultrapassa o tempo de venda).

Durante o período de coleta de dados, a demanda dos vendedores das barracas de coco variou
entre 400 a 700 frutos por vez. Em duas barracas de coco, ambas localizadas em Ondina, a
distribuição era quase diária, sendo pessoalmente realizada pelo proprietário. No que tange à
distribuição nas barracas de praia, a distribuição era feita quando da entrega nas barracas de
coco, ou optava-se pela aquisição direta junto às barracas de coco. Nesse caso, o produto é
levado para as barracas de praia sempre que solicitado pelo consumidor final. Os ambulantes
compravam dos caminhoneiros e armazenavam o produto em depósitos próximos da área de
trabalho, ou recebiam a quantidade necessária para a venda diária dos detentores oficiais do
ponto de venda. Neste período, foi possível constatar que os cocos verdes vendidos na orla de
Salvador, na área de estudo, eram oriundos principalmente dos municípios de Acajutiba,
Valença e Juazeiro.

Os caminhões que faziam a distribuição de coco verde na área de estudo continham na sua
carroceria 4.000, 6.000 ou 10.000 cocos, a depender do tamanho da mesma, e, após a
distribuição nesta área, seguiam para outros pontos da cidade até que toda a mercadoria fosse
vendida.

A Figura 36 mostra como é realizada a distribuição de coco verde, pelos caminhoneiros, para
venda nas barracas de coco.
93

FIGURA 36 – CAMINHONEIRO DISTRIBUINDO COCOS VERDES NAS BARRACAS DE


COCO DO FAROL DA BARRA.
Fonte: Autora, 2007.

5.3 ARMAZENAMENTO

Os cocos verdes ao serem distribuídos aos vendedores são armazenados na areia da praia, nos
logradouros, nos balcões e no interior das barracas, para a venda de água natural e em frízer e
isopor para venda de água gelada.

Cabe salientar que, de acordo com as informações dos vendedores, não é aconselhável
armazenar uma quantidade muito grande de coco verde, pois a qualidade da água modifica
quando o tempo entre a colheita e o consumo ultrapassa 08 dias, o que somado a falta de
espaço faz com que se compre apenas a quantidade que possa ser comercializada
rapidamente.

Outra questão que merece destaque está relacionada às condições de higiene do produto, pois,
como pode ser observado na Figura 39, por exemplo, os cocos estão dispostos na areia da
praia, como este fruto é consumido “in natura” há a probabilidade de contrair algum tipo de
bactéria quando do consumo do albúmen líquido ou sólido.

As Figuras 37, 38 e 39 mostram a forma de armazenamento do coco verde na área de estudo.


94

FIGURA 37 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NO BALCÃO DA BARRACA DE COCO -


PRAIA DO PORTO DA BARRA.
Fonte: Autora, 2006.

FIGURA 38 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NA BARRACA DE COCO DA PÇ. BAHIA


SOL - ONDINA
Fonte: Autora, 2006.
95

FIGURA 39 – COCOS VERDES ARMAZENADOS, PELO AMBULANTE, NA AREIA DA


PRAIA E NO ISOPOR - PRAIA DO PORTO DA BARRA.
Fonte: Autora, 2006.

5.4 CONSUMIDOR

Os consumidores de água de coco verde são os transeuntes, turistas, banhistas, praticantes de


esportes, munícipes de Salvador em geral.

5.5 ACONDICIONAMENTO DOS RESÌDUOS GERADOS

De acordo com a NBR 12.980/93, acondicionamento é o ato ou efeito de embalar os resíduos


sólidos para seu transporte. Ou seja, prepará-lo para a coleta de maneira adequada
sanitariamente e de forma compatível com o tipo e a quantidade de resíduo (IBAM, 2001).

A qualidade da coleta e transporte dos resíduos sólidos depende, dentre outros fatores, da
forma de como foi acondicionado e da disposição dos recipientes utilizados.

Um acondicionamento adequado é importante sobre os principais aspectos: evita acidentes,


evita a proliferação de vetores, minimiza o impacto visual e olfativo, reduz a heterogeneidade
dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva) e facilita a coleta (MANSUR e MONTEIRO,
1993; IBAM, 2001).
96

São inúmeros os tipos de recipientes utilizados pela população para acondicionamento dos
resíduos sólidos, a exemplo de: latas, baldes, tonéis, bombonas, caixotes de madeira ou
papelão, sacos plásticos de supermercados ou especiais para lixo, contêineres metálicos ou
plásticos.

A escolha pelo recipiente mais adequado para o armazenamento dos resíduos sólidos deve estar
associada a alguns fatores tais como: característica e geração do resíduo, freqüência da coleta,
custo do recipiente, local de exposição.

Os recipientes adequados para acondicionar os resíduos sólidos, cuja coleta é mecânica, devem
ter as seguintes características: dispositivos que facilitem o seu deslocamento até o local da
coleta, ser herméticos para evitar derramamento ou exposição dos resíduos, serem
padronizados (quando permitirem uma maior carga) a fim de que possam ser manuseados por
dispositivos mecânicos existentes nos próprios veículos coletores.

Os contêineres são recipientes fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD) com


capacidade de 120, 240 e 360 L (contêineres de duas rodas) e 760 e 1100 L (contêineres de
quatro rodas), constituído de tampa, recipiente e rodas. São utilizados para o recebimento,
acondicionamento e transporte de resíduos sólidos; podem ser utilizados também como
carrinho para coleta de resíduos da varrição dos logradouros.

Há também os contêineres metálicos que podem ser utilizados para o acondicionamento dos
resíduos sólidos, estes recipientes estacionários podem ter capacidade de 5 ou 7 m3 e podem
ser basculados por caminhões compactadores.

Em se tratando da coleta manual os sacos plásticos são as embalagens mais apropriadas para o
acondicionamento dos resíduos sólidos devido as seguintes características: facilidade de
amarração das bocas o que garante o fechamento; são leves, sem retorno (resultando uma
coleta mais produtiva), permitem recolhimento silencioso e possuem preço acessível
permitindo a padronização.

De acordo com a NBR 9.190/93 os sacos plásticos utilizados para o acondicionamento dos
resíduos sólidos, dentre outras características, devem ter resistência para não se romper com o
manuseio; ter volume de 20, 30, 50 ou 100L e possuir fita para fechamento da boca.
97

Um outro tipo de recipiente para acondicionamento dos resíduos sólidos são as chamadas
papeleiras, ou seja, cestas plásticas com capacidade de 50 L, constituída de corpo para
recebimento dos resíduos e tampa. Estes recipientes são próprios para pequenos resíduos e
refugos descartados por pedestres em trânsito nos logradouros. Devem ser instaladas nas ruas,
parques, jardins e nos locais públicos onde haja um trânsito de pessoas, a fim de reduzir a
quantidade de resíduos disposta no chão.

Na área de estudo os resíduos do coco verde são depositados em contêineres plásticos de 120 e
240 L, os quais foram distribuídos pela Prefeitura Municipal de Salvador aos barraqueiros, em
contêineres metálicos de 1m3 que ficam estacionados em pontos estratégicos da orla, em sacos
plásticos, tonéis e bombonas.

As Figuras 40 e 41 mostram alguns recipientes supracitados onde as cascas de coco são


acondicionadas.

FIGURA 40 – CASCAS DE COCO VERDE ACONDICIONADAS EM TONÉIS E


CONTÊINER DE 240 L PRAIA DO PORTO DA BARRA.
Fonte: Autora, 2006.
98

FIGURA 41 – CONTÊINERES METÁLICOS NO FORTE DE SANTA MARIA- BARRA.


Fonte: Autora, 2007.

Os contêineres de 120 e 240 L que foram distribuídos aos barraqueiros não são apropriados
para o armazenamento dos resíduos de coco verde que é gerado durante o dia com a venda de
água de coco pelos motivos relacionados a seguir:

• Capacidade insuficiente - a geração de resíduo de coco verde é grande, principalmente


na alta estação, final de semana e nos dias ensolarados, com isso os contêineres
distribuídos são insuficientes para armazenar estes resíduos já que em média um
contêiner de 1 m3 armazena 300 cascas de coco verde na forma inteiro ou partido, com
peso médio de 1,5 kg, e como foram distribuídos alguns contêineres 120 e 240 L por
barracas de coco, os mesmos tem capacidade reduzida para acondicionar todos os
resíduos gerados.

• Rachaduras e quebras - como cada coco após o consumo da água pesa em média 1,5 kg
(BAHIA, 2005) os contêineres não suportam o peso deste resíduo, devido a sobrecarga
de resíduo nos mesmos, e acabam danificando as rodas que auxiliam o transporte para a
coleta; com isso aparecem as rachaduras destes equipamentos causado pelo manuseio
de forma inadequada e pelo inteperismo.
99

• Manutenção do contêiner – geralmente os contêineres ficam localizados em áreas


descobertas e acabam sendo usado por banhista e transeuntes para deposito de garrafas,
papéis, sacos dentre outros tipos de resíduos, não há manutenção por parte dos
barraqueiros nem por parte da Prefeitura o que resulta em equipamentos sujos causando
repulsas as pessoas que transitam na área.

Pelos motivos supracitados os contêineres distribuídos pela Prefeitura são insuficientes e


inadequados além de que nem todos os vendedores de água de coco (nele incluso barraqueiros
e ambulantes) possuem este tipo de equipamento o que acarreta na utilização de tonéis,
bombonas (compradas nas feiras) e sacos plásticos, que da forma como são utilizados, tornam-
se tão inadequados quantos os contêineres.

Salienta-se que os muitos consumidores após beberem a água de coco depositam o resíduo
dentro ou sobre as papeleiras distribuídas nos postes dos logradouros, nas sarjetas das ruas e
nos contêineres plásticos e metálicos distribuídos em alguns pontos da orla, situação que
contribui para o impacto visual já mencionado na seção 03.

Os resíduos dos cocos que são depositados pelos consumidores de água de coco, na areia da
praia e nas caixas plásticas distribuídas nas praias; durante a limpeza das praias, efetuada pelos
agentes de limpeza, são armazenados em sacos plásticos padronizados e depositados nos
contêineres metálicos localizados próximos as praias ou nas escadarias das mesmas.

Na Tabela 10, tem-se a quantidade de caixas plásticas, conteinedores plásticos e metálicos,


tonéis e bombonas usados para o acondicionamento das cascas de coco na área de estudo.

TABELA 10 - QUANTIDADE DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA ACONDICIONAR


CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO.
Tipo de equipamento Porto da Barra Farol da Barra Ondina
Contêiner
04 - 05
Metálico (1m3)
Contêiner plástico
05 08 09
(120 e 240 L)
Tonéis ou bombonas 03 - 07
Papeleiras (50L) 05 08 04
Caixas plásticas
18 15 03
(60 L)
Fonte: Autora, 2007.
Nota: Estes dados foram atualizados em out/07, pois do inicio da pesquisa até o referido mês muitos destes
equipamentos foram destruídos.
100

5.6 COLETA/TRANSPORTE

Segundo a NBR 12.980/93, coleta é o ato de recolher e transportar resíduos sólidos de


qualquer natureza, utilizando veículos e equipamentos apropriados para tal fim. Com isso,
coletar os resíduos sólidos significa recolher o que foi armazenado por quem o produz, para
encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a um eventual tratamento e a disposição final.

A coleta dos resíduos sólidos deve ser efetuada em dias e horários pré estabelecidos a fim de
que as pessoas se condicionem a colocar os recipientes ou embalagens de resíduos nas
calçadas sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá passar; desta maneira os
resíduos não ficarão exposto o que pode atrair vetores e animais, nem a população jogará
resíduos em qualquer local formando os chamados “pontos de lixo”.

A freqüência da coleta está diretamente relacionada com os tipos de resíduos sólidos gerados,
as condições climáticas, os recursos matérias e humanos a disposição do órgão prestador de
serviço e a limitação do espaço necessário ao armazenamento dos resíduos (MANSUR e
MONTEIRO, 1993).

Já a escolha do horário da coleta deve ser feito de modo a reduzir os incômodos a população
local, proporcionar bem estar a guarnição, aumentar a produtividade dos veículos, dentre
outros. O Quadro 05 mostra algumas vantagens e desvantagens da coleta diurna e noturna.

QUADRO 05 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA DIURNA E NOTURNA


Horário Vantagens Desvantagens
Interfere muitas vezes no trânsito de veículos;
Mais econômica;
Maior desgaste dos trabalhadores em regiões de
Diurno Possibilita melhor fiscalização
climas quentes, com a conseqüente redução de
do serviço.
produtividade.
Indicada para áreas comerciais Causa incomodo pelo excesso de ruído
e turísticas; provocado pela manipulação dos recipientes de
Não interfere no trânsito em lixo e pelos veículos coletores;
áreas de tráfego muito intenso Dificulta a fiscalização;
durante o dia; Aumenta o custo de mão-de-obra (adicional
Noturno
O lixo não fica a vista das noturno)
pessoas durante o dia. Pode causar danos a guarnição com a falta de
Oferece maior produtividade iluminação das vias
dos veículos devido a maior Custo adicional ao fardamento (inclusão de
velocidade média faixas fluorescentes)
Fonte – Autora, adaptado de Mansur. G.L, Monteiro. J.H.R.P., 1993.
101

Toda a coleta de resíduos sólidos deve seguir um itinerário que é um percurso de coleta
planejado para ser efetuado por um veículo coletor, dentro de um setor de coleta em um
determinado período (NBR 12980/93).

Para se implantar um itinerário de coleta, deverão ser levantados alguns dados tais como: as
características topográficas e o sistema viário urbano; a definição das zonas de ocupação da
cidade (áreas de difícil acesso, concentrações comerciais e outros); dados sobre a população
total e quantidade média de moradores por residência; geração e a composição dos resíduos
sólidos; os costumes da população, onde deverão conter os mercados e feiras livres, festas
religiosas e locais preferidos para a prática do lazer e o local para a disposição final dos
resíduos (MANSUR e MONTEIRO, 1993).

Existem alguns fatores que influenciam na mudança do itinerário de coleta tais como: o
aumento ou diminuição da população; as mudanças de características dos bairros e a
existência do recolhimento irregular dos resíduos.

Com a finalidade de reduzir as distâncias e o tempo de percurso os itinerários de coleta devem


ser planejados de forma que tenha inicio no ponto mais afastado do local da disposição e
finalize do ponto mais próximo, esta prática favorece a guarnição que trabalha no veículo
coletor já que o desgaste físico é maior no final do setor e a proximidade com o local da
disposição ameniza esta situação.

A Prefeitura ou o órgão prestador de serviço deverá regulamentar os tipos de resíduos a serem


removidos pelo serviço de coleta. De acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos, IBAM (2001) e Schalch (1995), a natureza ou origem do resíduo é o principal
elemento de classificação e segundo este critério os resíduos podem ser classificados como:

a) Lixo domiciliar – gerados nas atividades diárias das casas, apartamentos, condomínios, e
demais edificações residenciais;

b) Lixo comercial – gerados em estabelecimentos comerciais cujas características dependem


da atividade desenvolvida.
102

c) Lixo público – provenientes dos logradouros públicos (folhas, areia, terra – lixo de
varrição), dos descartes irregular e indevido da população (entulho, alimentos, embalagens),
feiras livres e limpeza de praia.

d) Lixo industrial – resultantes das atividades industriais, são resíduos bastante variados com
características diversificadas, pois dependem de produto manufaturado.

e) Lixo dos Serviços de Saúde – gerados nos estabelecimentos de serviços de saúde


destinados a preservação da saúde da população;

f) Lixo radioativo – são os resíduos que emitem radiações acima dos limites permitidos pelas
normas ambientais;

g) Lixo dos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários – gerados tanto nos
terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte;

h) Lixo agrícola – formado pelos restos de embalagens impregnados com pesticidas e


fertilizantes químicos, utilizados na agricultura que são perigosos além dos resíduos
agroindustiais.

Com relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e a saúde pública a
NBR 10.004/04 classifica os resíduos em:

Classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam periculosidade ou características


de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade;
apresentam risco a saúde pública por meio do aumento da mortalidade ou da
morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando
gerenciado de forma inadequada;

Classe II A – Não Perigosos - não inertes: são aqueles que podem ter
características de condutibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água, com
possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando
na classificação de resíduos Classe I ou Classe II – B;

Classe II – B Não Perigosos – inertes: são aqueles que não tem constituinte algum
solubilizado a concentração superior ao padrão de potabilidade da água, excetuando-
se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor; não oferecem riscos a saúde e ao meio
ambiente.
103

Em Salvador a Prefeitura é responsável pela coleta dos resíduos sólidos domiciliar, público e
comercial. De acordo com a origem e aos riscos potenciais de contaminação do meio
ambiente e a saúde pública a casca de coco verde é classificada como lixo domiciliar,
comercial e público e Classe II A - não Inerte, respectivamente.

Os veículos utilizados na coleta dos resíduos sólidos podem ser de dois tipos: compactadores
e sem compactação.

Os veículos de coleta devem ter as seguintes características: não permitir derramamento de


resíduos sólidos ou chorume na via pública; apresentar taxa de compactação de pelo menos
3:1; apresentar altura de carregamento na linha de cintura da guarnição, ou seja, no máximo
1,20m de altura em relação ao solo; possibilitar esvaziamento simultâneo de pelo menos dois
recipientes por vez; possuir carregamento traseiro de preferência; dispor de local adequado
para transportar a guarnição; apresentar descarga rápida dos resíduos sólidos no destino (no
máximo em três minutos); possibilitar basculamento de contêiner de diversos tipos; distribuir
adequadamente a carga no chassi do caminhão e apresentar capacidade adequada para o
menor número de viagens ao destino, nas condições de cada área (IBAM,2001).

O coletor compactador de carregamento traseiro é o veículo mais utilizado nos grandes


municípios, ele é fabricado em aço, com capacidade volumétrica de 6, 10, 12, 15 e 19 m3,
montado em chassi com Peso Bruto Total – PBT compatível (9,12,14,16 e 23 t), podendo
possuir dispositivo hidráulico para basculamento automático e independente de contêineres
plásticos utilizados.

Os veículos compactadores destinam-se a coleta de lixo domiciliar, público e comercial e a


descarga deve ocorrer nas estações de transbordo, usinas de reciclagem ou nos aterros
sanitários.

De acordo com informações da Limpurb na área de estudo a coleta é realizada diariamente,


pelo setor orla I, no turno matutino com inicio às 05h30. Neste setor o itinerário de coleta
inicia na Barra e termina na Chapada do Rio Vermelho, além dos resíduos da orla, ou seja, da
limpeza de praia (incluindo as cascas de coco produzidas pelos barraqueiros e ambulantes)
são coletados também os resíduos domiciliar por caminhões compactadores.
104

O veículo compactador utlilizado para coleta dos resíduos na área de estudo tem capacidade
de 15 m3. O carregamento é feito na parte traseira do veículo, o qual tem uma abertura ampla
e uma placa giratória que empurra os resíduos para o interior do veículo onde é
comprimido/compactado, conforme Figura 42.

Ressalta-se que devido a forma e composição das cascas de coco as mesmas não sofrem
compactação, sendo apenas empurradas para o interior do veículo.

A proposta inicial desta pesquisa, referente ao levantamento da quantidade de resíduos


gerados com a venda da água de coco verde “in natura”, compreendia o trecho da Orla de
Salvador compreendido entre o Porto da Barra e Amaralina. Tal direcionamento teve como
base o roteiro do veículo de coleta, que iniciava no Porto da Barra, passando pelo Farol da
Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina e finalizava na Chapada do Rio Vermelho. Todavia,
o trecho do levantamento foi reduzido, pois a Prefeitura Municipal de Salvador, no momento
de coleta de dados desta pesquisa, decidiu começar uma série de obras de revitalização no
bairro de Amaralina, num local conhecido como Largo das Baianas onde havia a
comercialização de coco verde por 11 barracas de coco.

Apesar do estabelecimento de barracas improvisadas pelos vendedores de coco nas


proximidades de um ponto de ônibus localizado no Largo das Baianas, a venda do produto
diminuiu consideravelmente. Relatos dos próprios barraqueiros comprovaram esta
observação, acrescentando que as obras que estavam sendo realizadas no local impediam o
acesso das pessoas até as barracas. Dessa forma, a quantidade de resíduo nesta área ficou
limitada a vinte cascas por dia, no máximo, e no restante da praia de Amaralina só restavam
quatro barracas de praia. Na área do pequeno trecho de praia do Rio Vermelho não se
observou o comércio. Diante dessas constatações, optou-se por pesquisar o trecho do Porto da
Barra a Ondina.
105

FIGURA 42 – COMPACTADOR COLETANDO O LIXO DAS BARRACAS DE COCO DO


FAROL DA BARRA, DESTAQUE PARA A FORMA COMO OS RESÍDUOS SÃO
COLOCADOS NO CARRO.
Fonte: Autora, 2006.

Na área de estudo, a coleta dos resíduos sólidos é feita por uma empresa terceirizada a
BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S/A e o pagamento do serviço é
feito com base na quantidade de resíduo coletado.

As vantagens e desvantagens da terceirização desta forma de prestação de serviço estão


relacionadas no Quadro 06.

QUADRO 06 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA TERCERIZADA


Vantagens Desvantagens
• Redução dos investimentos na
compra de equipamentos e • Necessidade de fiscalização
implantação de instalações rigorosa por parte da
físicas; Prefeitura, principalmente se
o pagamento do serviço se
• Eficiência da mão-de- obra;
der em função de quantidade
Coleta • Agilidade na aquisição de
de lixo coletado;
material para os veículos;
terceirizada • Pouca flexibilidade do
• Eliminação de procedimentos
sistema em atender a
burocráticos e injunções
situações não previstas na
políticas, quando se desejar
ocasião do contrato, como por
modificações imediatas de
exemplo, a remoção de
equipe e pessoal;
resíduos decorrentes de
• Conhecimento prévio dos gastos inundações, greves e outros.
com o sistema;
Fonte: Adaptado de Mansur. e Monteiro, 1993.
106

Durante o período de levantamento de dados, pode ser observado que a coleta, na alta estação,
estava sendo feita por outros setores de coleta que faziam o repasse na área de estudo.
Observou-se muitas vezes que os resíduos ficavam acumulados por várias horas na orla sem
que houvesse a coleta no final do dia o que acarretava um desconforto para as pessoas que
transitavam no local. A fiscalização por parte da Limpurb é imprescindível para contornar
este tipo de problema.

5.7 DISPOSIÇÃO FINAL

Como o próprio termo sugere, disposição final é a última etapa de um sistema de limpeza
urbana. Existem várias formas de disposição final dos resíduos sólidos a escolha dependerá
além das características do resíduo e dos custos financeiros, de alguns benefícios como:
preservação do meio ambiente; melhoria das condições sanitárias e dos aspectos sociais
envolvidos; economia de divisas com o reaproveitamento de matérias; desenvolvimento da
agricultura por meio do recondicionamento de solos (com aplicação de composto orgânico) e
geração de energia por meio de componentes combustíveis encontrados nos resíduos sólidos
(FEAM, 1996).

Os resíduos sólidos coletados na área de estudo são transferidos para a estação de transbordo e
posteriormente são dispostos no aterro sanitário.

De acordo com a definição do IBAM (2001) estação de transbordo ou de transferência são


unidades instaladas próximo ao centro de massa de geração de resíduos para que os
caminhões de coleta, depois de cheios, façam à descarga e retornem rapidamente para
completar o itinerário de coleta.

Esta solução costuma ser empregada quando a área disponível para a destinação final dos
resíduos sólidos encontra-se muito afastada dos locais de coleta, já que esta distância pode
causar os seguintes problemas: atraso nos itinerários de coleta, estendendo o tempo de
exposição dos resíduos nas ruas; aumento do tempo improdutivo da guarnição, a espera do
veículo que foi vazar a carga; aumento do custo de transporte e redução da produtividade dos
veículos de coleta, que são especiais e caros (IBAM, 2001).
107

As estações de transbordo podem ser de dois tipos: 1 - com compactação – este modelo conta
com silo de armazenamento de desnível entre os pavimentos de carga e descarga. Um sistema
hidráulico instalado no silo compacta os resíduos no interior do veículo de transferência; 2 –
sem compactação – o modelo mais utilizado são as estações com armazenamento no pátio, o
qual deve ser pavimentado, coberto e fechado nas laterais (com o objetivo de evitar a
exposição dos resíduos e manter a estética das instalações). O carregamento dos resíduos nos
veículos de transferência pode ser feito por meio de escavadeiras hidráulicas ou pás
carregadeiras (IBAM 2001).

O transporte dos resíduos sólidos da estação de transbordo para o aterro sanitário deve ser
feito por veículos ou equipamentos de maior porte e de menor custo unitário de transporte.
Geralmente utilizam-se caixas do tipo roll on/roll off, intercambiáveis por meio de veículos
dotados de guindaste ou carreta.

A estação de transbordo de Salvador está localizada em Pau da Lima no antigo “lixão” de


Canabrava, em uma área construída de 4.000 m2, ela é do tipo sem compactação e tem
capacidade de transferir até 2,5 mil t/dia de resíduos (Limpurb, 2007b). São utilizadas caixas
roll on/roll off para a transferência dos resíduos até o AMC

A Figura 43 mostra o compactador que faz a coleta dos resíduos sólidos na área de estudo
descarregando na estação de transbordo, por esta Figura pode-se observar que as cascas de
coco não sofreram compactação no veículo.
108

FIGURA 43 – COMPACTADOR DO SETOR ORLA I DESCARREGANDO NA ESTAÇÃO


DE TRANSBORDO.
Fonte: Autora, 2007.

Durante a descarga do compactador do setor Orla I no pátio da Estação de Transbordo, pôde-


se observar que o lixo continha além dos resíduos provenientes da limpeza de praia, resíduos
de coleta domiciliar haja vista a quantidade de matéria orgânica presente no lixo, este fato já
era esperado devido a falta de coleta seletiva no local.
6. LEVANTAMENTO DA QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO VERDE NA ORLA
DE SALVADOR - TRECHO PORTO DA BARRA A ONDINA

Esta seção trata da localização e quantidade das barracas de coco, barracas de praia e
ambulantes localizados na área de estudo, além dos resultados do levantamento relacionados
com a quantidade de resíduos de coco verde e análises destes dados.

6.1 LOCALIZAÇÃO

O número de barracas e ambulantes no trecho onde foram feitos os levantamentos de dados


está descrito na Tabela 11

TABELA 11 – QUANTIDADE DE BARRACAS E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO


Barracas de Ambulantes
Praia Barracas de coco
praia Logradouro Areia da praia
Porto da Barra 02 - 03 (a) 01 (b) 18 (a) 08 (b)
Farol da Barra 04 06 08 (a) 04 (b) 10 (a) 03 (b)
Ondina 06 17 - -
Fonte: Autora, 2007.
Nota: a = alta estação, b = baixa estação.

A Figura 44 mostra o trecho do Porto da Barra estudado observa-se as 02 barracas de coco, os


18 ambulantes localizados na areia da praia e os 03 do logradouro.

A Figura 45 mostra o trecho do Farol da Barra estudado observa-se as 04 barracas de coco, as


06 barracas de praia, os 10 ambulantes localizados na areia da praia e os 08 do logradouro.

A Figura 46 mostra o trecho de Ondina estudado; observa-se as 06 barracas de coco e as 17


barracas de praia, sendo que nesta área não há ambulantes de coco.
110

Barracas

FIGURA 44 – PRAIA DO PORTO DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO.


Fonte: Autora, adaptado da imagem de satélite do Google 2007.

Barracas

FIGURA 45 – PRAIA DO FAROL DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO.


Fonte: Autora, adaptado da imagem de satélite do Google 2007.
111

Barracas

FIGURA 46 – PRAIA DE ONDINA, COM OS VENDEDORES DE COCO.


Fonte: Autora, adaptado da imagem de satélite do google 2007.

6.2 ANALISE DOS DADOS DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE COCOS NO TRECHO

ESTUDADO

As Tabelas 12 a 15 apresentam as quantidades de cascas de coco geradas por mês pelas


barracas de coco, barracas de praia e ambulantes nas praias do Porto da Barra, Farol da Barra
e Ondina.

As Figuras 47 a 51 reproduzem os dados das Tabelas 12 a 15.


112

TABELA 12 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE


COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO
PERÍODO 0UT/06 A OUT/07
Barracas de coco
Meses Total
Porto Farol Ondina
Outubro-06 5.529 5.508 15.715 26.752
Novembro-06 5.756 5.394 18.426 29.576
Dezembro-06 6.753 6.110 20.940 33.803
Janeiro-07 9.656 6.522 23.340 39.518
Fevereiro-07 5.865 4.572 16.502 26.939
Março-07 5.175 4.049 14.020 23.244
Abril-07 4.650 4.147 13.755 22.552
Maio-07 3.590 3.532 9.630 16.752
Junho-07 3.210 1.730 7.765 12.705
Julho-07 2.850 1.425 8.585 12.860
Agosto-07 2.840 1.080 8.080 12.000
Setembro-07 5.389 2.764 12.898 21.051
Outubro-07 5.652 5.333 15.949 26.934
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.

FIGURA 47 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE


COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO
PERÍODO 0UT/06 A OUT/07.
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.

Por meio da Tabela 12 e da Figura 47 observa-se um elevado consumo de água de coco verde
nas barracas de coco de Ondina, este fato está relacionado principalmente a existência de uma
quadra poliesportiva a qual é muito freqüentada durante todo o dia pelas pessoas que praticam
esportes, destacando o grande número de deficientes físicos, a proximidade com o Jardim
113

zoológico que atrai várias pessoas para este local, a rede de hotéis existente, academia, um
centro de reabilitação, escola e pelo menor valor cobrado pela venda de água de coco da área
de estudo.

TABELA 13 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE


PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E
ONDINA. NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07
Barracas de praia e ambulantes
Meses Total
Porto Farol Ondina
Outubro-06 7.243 2.949 165 10.357
Novembro-06 9.013 5.889 207 15.109
Dezembro-06 9.198 6.730 434 16.362
Janeiro-07 10.134 6.741 420 17.295
Fevereiro-07 6.187 2.894 339 9.420
Março-07 5.568 1.297 92 6.957
Abril-07 4.262 1.100 204 5.566
Maio-07 2.575 722 111 3.408
Junho-07 2.693 616 15 3.324
Julho-07 2.323 372 31 2.726
Agosto-07 2.794 481 30 3.305
Setembro-07 6.119 1.318 86 7.523
Outubro-07 7.389 3.046 172 10.607
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.

FIGURA 48 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE


PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E
ONDINA NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07.
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.
114

Observando-se a Tabela 13 e da Figura 48 os ambulantes da praia de Ondina possuem uma


produção inferior as demais áreas estudadas haja vista que o número de ambulantes na praia
de Ondina inexiste ficando a produção de cascas limitada a venda pelas barracas de praia que
apesar de terem o maior número de barraqueiros o consumo de água de coco verde “in natura”
nesta área é feito nas barracas de coco localizadas no calçadão.

Com relação aos ambulantes os da praia do Porto da Barra produzem a maior quantidade de
cascas na área de estudo devido ao fato desta praia ser muito freqüentada por crianças (águas
calmas), transeuntes, turistas e pessoas que praticam vários tipos de esportes (peteca, fut
voley, futebol) na praia durante todo o dia. Salienta-se que nesta praia inexistem barracas de
praia, mas a presença dos ambulantes é importante para os freqüentadores do local.

Na praia do Farol da Barra a quantidade de cascas de coco geradas pelos ambulantes também
é bastante significativa devido a grande extensão da praia e a quantidade de ambulantes
distribuídas tanto no logradouro como na areia.

TABELA 14 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE


COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA,
FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07
Total Total
Meses Total Porto Total Geral
Farol Ondina
Outubro-06 12.772 8.457 15.880 37.109
Novembro-06 14.769 11.283 18.633 44.685
Dezembro-06 15.951 12.840 21.374 50.165
Janeiro-07 19.790 13.263 23.760 56.813
Fevereiro-07 12.052 7.466 16.841 36.359
Março-07 10.743 5.346 14.112 30.201
Abril-07 8.912 5.247 13.959 28.118
Maio-07 6.165 4.254 9.741 20.160
Junho-07 5.903 2.346 7.780 16.029
Julho-07 5.173 1.797 8.616 15.586
Agosto-07 5.634 1.561 8.110 15.305
Setembro-07 11.508 4.082 12.984 28.574
Outubro-07 13.041 8.379 16.121 37.541
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.
115

FIGURA 49 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS


BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO
PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07.
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.

Por meio da Tabela 14 e da Figura 49 se tem uma maior geração de cascas de coco na praia de
Ondina devido ao alto consumo de água de coco verde nas barracas de coco, seguida pelo
Porto da Barra que concentra a maior produção pelos ambulantes. O Farol da Barra por não
apresentar maior produção nas barracas de coco e ambulantes ficou sendo a praia, da área de
estudo, com menor geração de cascas de coco verde.

TABELA 15 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS


BARRACAS DE COCO E PELOS AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO
0UT/06 A OUT/07
Meses Total barracas Total
Total geral
de coco ambulantes
Outubro-06 26.752 10.357 37.109
Novembro-06 29.576 15.109 44.685
Dezembro-06 33.803 16.362 50.165
Janeiro-07 39.518 17.295 56.813
Fevereiro-07 26.939 9.420 36.359
Março-07 23.244 6.957 30.201
Abril-07 22.552 5.566 28.118
Maio-07 16.752 3.408 20.160
Junho-07 12.705 3.324 16.029
Julho-07 12.860 2.726 15.586
Agosto-07 12.000 3.305 15.305
Setembro-07 21.051 7.523 28.574
Outubro-07 26.934 10.607 37.541
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.
116

FIGURA 50 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS


BARRACAS DE COCO E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06
A OUT/07.
Fonte: Autora, 2007.
Nota: considerando 15 dias de coleta.

Total geral

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0
out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07

FIGURA 51 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO NO


PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07.
Fonte: Autora, 2007.
117

Pela Tabela 15 e as Figuras 50 e 51 se observa que apesar da importância dos ambulantes na


geração das cascas de coco a maior produção é devido as barracas de coco. De uma maneira
geral se tem nos meses de alta estação, considerando outubro a março, um maior consumo de
água de coco verde, atingindo o máximo no mês de janeiro. Nos meses considerados de baixa
estação, abril a setembro, há uma queda na geração das cascas, porém com certa
uniformidade, voltando a crescer em meados de setembro.

Durante o período em estudo, que se estendeu de outubro de 2006 a outubro de 2007, o total
de cascas produzida foram 416.645 unidades. As barracas tiveram uma produção total de
cascas de coco em 13 meses de 304.656 unidades enquanto os ambulantes 111.959 unidades,
sendo assim, observa-se que as barracas de coco produzem mais cascas do que os ambulantes.

Na praia do Porto da Barra, a média de cascas de coco produzida nas barracas de coco por
mês foi 5.147 unidades (mínimo de 2.840 e máximo de 9.656 unidades), na praia do Farol da
Barra foi 4.013 unidades (mínimo de 1.080 e máximo de 6.522 unidades) e na praia de
Ondina foi 14.277 unidades (mínimo de 7.765 e máximo de 23.340 unidades). Com isso
torna-se visível a maior produção de cascas nas barracas de coco da praia de Ondina.

Na praia do Porto da Barra, a média de cascas de coco produzida pelas barracas de praia e
ambulantes por mês foi 5.897 unidades (mínimo de 2.323 e máximo de 10.134 unidades), a
praia do Farol da Barra foi 2.627 unidades (mínimo de 372 e máximo de 6.741 unidades) e
praia de Ondina foi 177 unidades (mínimo de 15 e máximo de 434 unidades).

De acordo com os gráficos diários representados nas Figuras, no anexo B, pode-se observar
que a maior quantidade de cascas de coco é gerada nos feriados e finais de semana, sendo que
na alta estação a média diária encontrada de cascas de coco na área de estudo foi 2.798
unidades (mínimo = 1.100 e máximo = 5680) e na baixa estação foi 1.375 unidades (mínimo
de 713 e máximo. de 3.615 unidades). O consumo na alta estação é maior do que na baixa
devido, principalmente, ao maior número de transeuntes na área praticando esportes e
caminhadas, quantidade de turistas na cidade e a altas temperaturas que atraem as pessoas a
praia durante o dia e a noite.

Durante a pesquisa, pode-se observar que o consumo de coco está também relacionado com o
tempo, ou seja, mesmo na alta estação nos dias nublados e chuvosos o consumo de coco é
118

reduzido como pode ser visto, por exemplo, na Figura do anexo B referente ao mês de
fevereiro, no período de 22 a 28/02 houve um alto índice pluviométrico na cidade. Na baixa
estação há uma redução no consumo de água de coco, mas se os dias forem ensolarados a
venda não deixa de existir e mantém certa uniformidade como pode ser visto, por exemplo,
nas Figuras do anexo B referentes aos meses de junho, julho e agosto.

6.3 DADOS DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS DO SETOR ESTUDADO - LIMPURB

A Limpurb não dispõe dos dados referentes aos resíduos sólidos realmente coletados nas
praias, haja vista que os mesmos são misturados com os resíduos domiciliares. Por meio da
Tabela 16 e da Figura 52, pode-se observar a quantidade de resíduos sólidos coletados pelo
setor Orla I no período de pesquisa deste trabalho.

TABELA 16 – QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA


I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07
Setor Quantidade de lixo coletado ( t )
out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr mai jun jul ago set out/07
Orla I
1.090 1.029 1.674 1.548 1.291 1.015 895 958 833 894 908 816 942
Fonte: Autora, adaptado da Limpurb, 2007 a.

1.800
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
0
out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07

FIGURA 52 - QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA


I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07.
Fonte: Fonte: Autora, adaptado da Limpurb, 2007a.

Como pode ser observado na Figura 52, os meses considerados de alta estação a quantidade
de resíduo é bem maior do que na baixa estação e esse crescimento gradual tem as maiores
produção nos meses de dezembro e janeiro, nota-se também que nos meses de baixa estação a
quantidade de resíduo se mantém uniforme, começando a aumentar em outubro, este
119

comportamento pode ser comparado com o levantamento realizado em campo representado na


Figura 51, excetuando o mês novembro.

Evidente que a maior quantidade de resíduo coletado na alta estação está relacionada também
com a maior produção gerada nos hotéis, residências, bares e restaurantes já que a área de
estudo é turística e absorve uma grande quantidade de pessoas, principalmente, nos períodos
de novembro a março.

O fato da Limpurb não realizar uma coleta diferenciada para o lixo de praia pode estar
relacionado com um possível aumento de custos operacionais, por isso o roteiro desta coleta
agrega a este setor a coleta domiciliar das ruas adjacentes a orla marítima.
120

7 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO


VERDE GERADAS EM SALVADOR PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES

Esta seção trata da avaliação do potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para
produção de briquetes, com a abordagem geral deste produto (histórico, características,
vantagens do uso), os tipos de mercado consumidor existente na RMS e nos municípios
circunvizinhos, a descrição do processo de briquetagem, levantamento da quantidade de
cascas necessárias para produção dos briquetes e os custo municipal com a coleta e disposição
das cascas de coco verde para serem utilizados para este fim.

7.1 BRIQUETES

7.1.1 Histórico

A técnica da briquetagem surgiu nos Estados Unidos em 1848, com uma patente concedida a
William Easby para um método de conversão de carvão miúdo em torões sólidos,
posteriormente foi disseminada por toda a Europa, sendo a tecnologia da Alemanha utilizada
hoje no Brasil, por meio da fabricação, inicialmente em Santa Catarina, da briquetadeira da
marca Biomax, adotada em várias empresas brasileiras na conversão da matéria-prima em
Briquete (FIEC, 2003; KOMAREK, 2007).

7.1.2 Definição

A briquetagem é o processo de fabricação de briquete, que ocorre por meio da compactação


de resíduo no qual é destruída a elasticidade natural das fibras do mesmo. Esta destruição
pode ser realizada por dois processos: alta pressão e/ou alta temperatura. O processo provoca
a "plastificação " da lignina, que atua como elemento aglomerante das partículas dos resíduos
ligno celulosicos, uma razão muito importante da não necessidade de adicionar produtos
aglomerantes (resinas, ceras, dentre outros). Para que esta aglomeração tenha sucesso,
necessita da presença de uma quantidade de água, compreendida entre 8 a 15% de umidade, e
que o tamanho da partícula esteja entre 5 a 10 mm (BIOMAX, 2007; BIOMACHINE, 2007).
121

De acordo com Quirino (2005) o resíduo muito seco e o acima da umidade indicada
prejudicam o empacotamento do material ou produzem um briquete sem estabilidade,
desfazendo-se quando estocado ou transportado. Ainda segundo Quirino (1991):

A briquetagem é uma forma bastante eficiente para concentrar a energia disponível


da biomassa, pois 1,0 m3 de briquetes contém de 2 a 5 vezes mais energia que 1,0 m3
de resíduos. Isso levando-se em consideração a densidade a granel e o poder
calorífico médio desses matérias.

O briquete pode ser utilizado para queima como lenha, gerando calor ou vapor, a exemplo de
termoelétricas para produção e comercialização de energia elétrica e queimadores de
partículas como ocorre na indústria de cerâmica vermelha, dentre outros. Este trabalho aborda
o uso de briquetes em substituição a lenha para fornecimento de calor.

7.1.3 Características dos briquetes

De acordo com informações de Santos (2007) as características básicas dos briquetes não
variam muito de um resíduo para outro, exceto para os briquetes produzidos a partir de cascas
de arroz. A Tabela 17 relaciona as principais características dos briquetes.

TABELA 17 – CARACTERÍSTICAS DOS BRIQUETES


Características Valor
Umidade 10 a 12%
Carbono Fixo 13,6%
Cinzas 2%
Materiais Voláteis 84,4%
Poder Calorífico 4300 a 5.000 Kcal/Kg
Densidade 1.000 a 1300 Kg/m3
Fonte: Autora, adaptado Biomachine, 2007.

A umidade de um material está relacionada com o seu teor de água, no caso do briquete o
valor de 10 a 12% de umidade é considerado baixo em relação à lenha convencional que é de
30 a 40%. Com relação ao carbono fixo tem-se que quanto maior este valor maior o calor
gerado, já os materiais voláteis quanto menor o valor mais lentamente será a queima do
material, apesar dos valores encontrados nos briquetes para estes dois parâmetros está em
desacordo com o conceito, o alto poder calorífico do briquete, que é a quantidade de calor que
122

desprende 1 kg de combustível quando de sua combustão completa, supera esta questão já que
este valor é bem superior ao da lenha (2.000 a 2.500 Kcal/Kg).

Com relação à densidade, que é definida como a relação entre a sua massa e o seu volume, ela
informa se a substância de que é feito um corpo é mais ou menos compacta; no caso
especifico a densidade da lenha (280 kg/m3) é bem menor do que do briquete, portanto o
briquete é mais compacto do que a lenha (BIOMACHINE, 2007).

De acordo com Coutos e outros (2004), as cascas de coco possui poder calorífico de 4.200
kcal/Kg podendo ser usadas para fins energéticos. Já para Nogueira e outros apud Andrade
(2004) o coco verde residual tem poder calorífico em torno de 5.447,38 kcal/kg.

7.1.4 Vantagens do uso de briquetes

Os briquetes são fabricados para atender os estabelecimentos e indústrias que possuam


fornalhas, fornos, caldeiras e que utilizam lenha para gerar energia; eles substituem com
vantagem a lenha à medida que reduz custos, facilita o transporte, a manipulação e o
armazenamento. Seu formato cilíndrico padronizado reúne uma alta densidade de resíduos
prensada, sem a adição de produtos químicos ou aglutinantes, com alto poder calorífico. Os
briquetes contribuem para o controle do desmatamento e da poluição já que uma grande
quantidade de resíduo que seria descartado pode ser aproveitada (FIEC, 2003).

De acordo com os dados das empresas Lippel, Nacbriquetes, Eco Industrial e Biomachine
(2007), as principais vantagens do uso de briquetes em relação a lenha são:

- Devido a baixa umidade a temperatura se eleva rapidamente, produzindo menos fumaça,


cinza e fuligem;
- Maior temperatura de chama e queima regular;
- Não danifica a fornalha no manuseio de abastecimento;
- Menor manutenção das grelhas e fornalhas;
- Menor custo;
- São fornecidas em embalagens padronizadas;
- Produto 100% reciclado e ecológico;
123

- Menor necessidade de estoque, já que o produto é seco e pronto para o uso;


- Maior higiene e melhor aparência, ideal para indústria alimentícia;
- Formato geométrico que facilita o transporte, manipulação e armazenamento;
- Redução do impacto, principalmente sobre as florestas nativas, para retirada da lenha;
- Menor índice de poluição, pois se trata de um combustível renovável;
- Não há necessidade de Regulamentação ambiental pelos órgãos Federal, Estadual e
Municipal;
- Menor espaço para armazenamento (01 tonelada de briquete ocupa 25 m2 que equivale a 90
m3 de lenha)
- Permite o aproveitamento de resíduos das indústrias de base florestal, agro-agrícolas, agros
alimentares, dentre outras de origem vegetal;
- Maior densidade;
- Maior Poder Calorífico;
- 01 tonelada de briquete pode substituir aproximadamente 1,96 toneladas de lenha.

7.1.5 Mercado Consumidor

O mercado consumidor de briquetes é bem amplo já que ele pode ser utilizado em residências,
churrascarias, padarias, olarias, frigoríficos, pizzarias, lareiras dentre outros.

A Tabela 18 apresenta o consumo mensal de briquetes em relação à lenha em alguns tipos de


estabelecimentos.

TABELA 18 - CONSUMO DE BRIQUETES EM RELAÇÃO A LENHA


Consumo Mensal (t)
Estabelecimento
Briquetes Lenha
Padarias forninho 1,5 3,08
Pizzaria forno 06 pizzas 2,0 3,92
Lareiras média 1,0 1,96
Caldeiras 2 15 29,4
Caldeiras 4 30 58,8
Fogões a lenha 1,0 1,96
Fonte: Autora, adaptado da Nac briquetes.
Nota: valores aproximados.
124

Como pode ser observado na Tabela 18, o consumo de lenha é maior do que o de briquetes,
devido ao seu maior poder calorífico se gasta menos briquetes do que lenha na queima.

De acordo com os dados da Junta Comercial do Estado da Bahia – JUCEB, a quantidade de


estabelecimentos comerciais registrados com atividade principal churrascarias, padarias e
pizzarias existentes em Salvador até o dia 15/10/07 estão relacionadas na Tabela 19.

TABELA 19 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS TIPO:


CHURRASCARIAS, PADARIAS E PIZZARIAS EXISTENTES EM SALVADOR.
Estabelecimento Quantidade
Churrascarias 2.219
Padarias 167
Pizzarias 1.645
Total 4.031
Fonte: Junta Comercial do Estado da Bahia - JUCEB, 2007.

Por falta de cadastro não foi possível especificar quantos dos estabelecimentos acima
registrados na JUCEB utilizam lenha no processo produtivo. Porém deste total de 4.031
estabelecimentos pode haver potenciais usuários de briquetes.

Nos municípios localizados na RMS e outros circunvizinhos, a exemplo de Feira de Santana,


Inhambupe, Serrinha, Amargosa, Santo Antônio de Jesus existem vários Frigoríficos,
licenciados pelo CRA ou em tramitação de licenciamento ambiental, que utilizam lenha no
seu processo produtivo para abastecimento da caldeira, conforme Tabela 20 e Figura 53, a
seguir:

TABELA 20 – QUANTIDADE DE FRIGORÍFICOS COM LICENÇA AMBIENTAL, POR


MUNICÍPIO.
Município Nº de Frigoríficos
Feira de Santana 04
Serrinha 01
Amargosa 01
Sto Antonio de Jesus 01
Inhambupe 03
Simões Filho 02
Fonte: Autora, adaptado do CRA, 2007.
125

FIGURA 53 – LENHA ORIUNDA DE REFLORESTAMENTO PARA USO NA CALDEIRA-


FRIGORÍFICO DE AMARGOSA.
Fonte: Autora, 2007.

De acordo com os dados da empresa DIMAN Florestal Ltda, responsável pela venda de lenha
oriunda de silvicultura, foram elaboradas a Tabela 21, com a quantidade de estabelecimentos
localizados na RMS, os quais esta empresa fornece o produto, que utilizam lenha no processo
produtivo e a Tabela 22, com o consumo mensal destes estabelecimentos.

TABELA 21 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS QUE UTILIZAM LENHA NA


RMS POR ATIVIDADE E MUNICÍPIO.
Município/Tipo Salvador Lauro de Camaçari Simões Dias
de atividade Freitas Filho D´Ávila
Indústria 05 - 03 02 01
Frigorífico - - - 02 -
Lavanderia 03 - - - -
Alimentos e 10 02 01 - 03
bebidas
Hotéis/Motéis 02 - - - -
Outros 08 03 02 02 01
TOTAL 28 05 06 06 05
Fonte: Autora adaptado dos dados da Empresa DIMAN Florestal Ltda, 2008.
Nota: Outros – na maioria são atravessadores que fornecem lenha para pequenos consumidores (padarias,
pizzarias e cerâmicas).

Conforme a Tabela 21, o município de Salvador concentra a maioria dos estabelecimentos


sendo da atividade alimentícia a maior demanda de lenha.
126

TABELA 22 – CONSUMO DE LENHA MENSAL (m3) NA RMS POR ATIVIDADE E


MUNICÍPIO
Município/Tipo Salvador Lauro de Camaçari Simões Dias
de atividade Freitas Filho D´Ávila
Indústria 1.806,0 - 322,5 193,5 96,5
Frigorífico - - - 193,5 -
Lavanderia 322.5 - - - -
Alimentos e 64.5 64,5 32,0 - 96,5
bebidas
Hotéis/Motéis 64.5 - - - -
Outros 548,0 322,5 387,0 258,0 193,5
TOTAL 2.805,5 387,0 741,5 645,0 386,5
Fonte: Autora adaptado dos dados da Empresa DIMAN Florestal Ltda, 2008.
Nota: Outros – na maioria são atravessadores que fornecem lenha para pequenos consumidores (padarias,
pizzarias e cerâmicas).

Conforme a Tabela 22 Salvador é o município com o maior consumo de lenha da RMS


seguido por Camaçari onde as atividades industriais e alimentícias também são responsáveis
pelo consumo de lenha desta cidade.

Com isso, pode-se observar que a utilização das cascas de coco geradas na orla de Salvador
para produção de briquetes pode atender a um mercado consumidor diversificado e amplo,
tanto na RMS, quanto nos municípios vizinhos. O incentivo do uso deste produto pelo CRA,
em empreendimentos passíveis de licença ambiental, poderia implicar em alguns benefícios
para o empreendedor tais como: redução da taxa de licenciamento ambiental, certificados de
garantia ambiental e parcerias na comercialização do produto final com o Governo do Estado
e nos empreendimentos que não necessitam de licença ambiental o Poder Público poderia
incentivar reduzindo alguns custos com impostos e diminuindo os juros dos empréstimos
financeiros.

7.2 MONTAGEM DA USINA

7.2.1 Usina de Briquetagem

Para iniciar o processo de implantação de uma usina de briquetagem, é necessário estudar a


região onde se quer montar a usina, verificar a demanda de matéria-prima para abastecer a
usina (se constante ou sazonal.) além de verificar o mercado consumidor do produto final
(NACBRIQUETES, 2007).
127

De acordo com o processo produtivo de diversas empresas que processam biomassa para
geração de briquetes, a exemplo da Biomachine, o mesmo acontece da seguinte maneira:

1 - Recebimento da matéria - prima

A matéria-prima deve ser transportada do local de geração até a usina de briquetagem, onde
deverá ficar armazenada até a sua utilização.

2 – Triturador/picotador

Nesta etapa a matéria-prima será triturada/picotada a fim de obter a granulométria necessária


para o processo de briquetagem (05 a 10 mm).

3 – Secador

A etapa de secagem da matéria-prima é importante para deixar a mesma com a umidade


necessária para o processo de briquetagem (3 a 15%).

A redução da umidade do resíduo faz com que o briquete produzido tenha um alto poder
calorífico conseqüentemente uma maior eficiência energética (COELHO e outros, 2002).

Existem vários tipos de secadores no mercado a escolha entre um deles dependerá do volume
de produção, facilidade de operação, entre outros. Vale ressaltar que a secagem da matéria-
prima poderá ser feita ao ar livre, porém devem-se considerar os períodos de chuva.

4 – Briquetagem

Após a secagem, a matéria-prima será transportada até a máquina briquetadeira, para a


produção de briquetes.

A alimentação deve ser de forma continua a fim de evitar sobrecarga do equipamento. O


volume de resíduo fornecido deve ser regulado dentro de valores compatíveis com as
dimensões e capacidade de processamento da briquetadeira.
128

Existem no mercado vários tipos de equipamentos de compactação de resíduos ligno-


celulosico, a saber:

Prensa extrusora de pistão mecânico - tecnologia desenvolvida desde o princípio do século


sendo bastante conhecida no mundo. Neste tipo de equipamento a compactação acontece por
meio de golpes produzidos sobre o resíduo por um pistão acionado por dois volantes. No Rio
Grande do Sul já existe fabrica deste equipamento. (QURIRINO, 2005; ABREU, 2005).

FIGURA 54 – BRIQUETADEIRA DO TIPO PISTÃO.


Fonte: Biomachine, 2007.

Prensa extrusora de rosca sem fim - processo muito usado no exterior, a compactação neste
equipamento se dá mediante força mecânica produzida por uma rosca sem fim interna; o
resíduo é transferido para um desfragmentador que força a entrada do material na câmera de
extrusão, sendo briquetado em seguida pela rosca sem fim. Apresenta excelentes resultados, é
de fácil manutenção a de investimento favorável se comparado aos outros tipos também
produzidos no exterior. (QUIRINO,2005; ABREU, 2005).
129

FIGURA 55 – BRIQUETADEIRA DO TIPO EXTRUSORA DE ROSCA SEM FIM.


Fonte: Lippel, 2007.

Prensa hidráulica - equipamento que usa um pistão acionado hidraulicamente. O material a ser
compactado é alimentado lateralmente por uma rosca sem fim. Uma peça frontal ao embolo
abre a expulsa o briquete quando se atinge a pressão desejada. Não é um processo extrusivo e
a pressão aplicada geralmente é menor que em outros métodos, produzindo briquetes de
menor densidade. No entanto, é o processo com maior número de fabricantes na Europa.
(QUIRINO, 2005).

5 – Embalagem

Depois de terminado o processo de briquetagem e resfriamento final do briquete, este será


embalado em sacos de papelão ou sacos de ráfia.

6 – Estocagem para expedição

Os briquetes embalados deverão ficar armazenados sob pallets em uma área coberta até a
expedição.
130

7.2.2 Demanda de matéria-prima

De acordo com o levantamento feito em campo, a média diária de cascas de coco geradas na
área de estudo no período de alta estação foi de 2.798 unidades (mínimo de 1.100 e máximo de
5.680 unidades) e na baixa estação 1.375 unidades (mínimo de 713 e máximo de 3.615
unidades).

Segundo os dados do Projeto realizado pelo Governo do Estado da Bahia (BAHIA, 2005), para
beneficiamento das cascas de coco verde, considerou-se o peso da casca em média 1,5 Kg dado
compatível com a pesagem dos resíduos coletados na área de estudo.

Tendo em vista o alto índice de umidade na casca de coco verde, em torno de 85% (ROSA e
outros, 2001), inicialmente deve-se descontar este percentual de umidade no peso da casca
(água de embebição) e posteriormente descontar 15% da água que fica nas fibras (água de
impregnação), adotando-se como referência o mesmo percentual de água de impregnação da
fibra da madeira, para então saber quanto de briquete, em peso, será produzido.

A Tabela 23 mostra a quantidade, em peso, de cascas de coco geradas diariamente na alta


estação, na área de estudo e a quantidade necessária a ser coletada para atender a usina no
período de 06 horas de trabalho diário.

TABELA 23 – QUANTIDADE, EM PESO, DE CASCAS DE COCO VERDE GERADAS


DIARIAMENTE, NA ALTA E BAIXA ESTAÇÃO, NA ÁREA DE ESTUDO E QUANTIDADE
NECESSÁRIA PARA ABASTECER A USINA
Quantidade de cascas de coco verde na Alta Estação Baixa Estação
área de estudo Peso (Kg)
Cascas do coco verde 4.197 2.062
Sem 85% de umidade (água embebição) 630 309
Sem 15% de umidade (água de impregnação) 536 253

Quantidade de cascas de coco verde Alta Estação Baixa Estação*


necessária para abastecer a usina
Peso (Kg)
em 06 horas
Cascas do coco verde 25.182 12.372
Sem 85% de umidade (água embebição) 3.777 1.856
Sem 15% de umidade (água de impregnação) 3.210 1.578
Fonte: Autora, 2007.
Nota: * Considerar o abastecimento da usina em 03 horas.
131

Pela Tabela 23 se observa que a quantidade diária de cascas de coco geradas na alta estação na
área de estudo daria para atender a uma produção de 536 kg de briquetes em aproximadamente
01 hora, considerando uma briquetadeira com capacidade de produção de 600 Kg/h. A usina
operando por 06 horas diariamente seria necessário a coleta de 25.182 kg de cascas de coco
para produzir 3.210 Kg de briquetes em aproximadamente 06 horas de trabalho.

Considerando a produção de cascas de coco na baixa estação como aproximadamente a metade


da alta estação, foi considerado também três horas de operação, que corresponde a metade da
alta estação, portanto a produção de 1.578 kg de briquetes.

Apesar do levantamento deste trabalho estar restrito a área do Porto da Barra a Ondina, onde o
percentual de cascas de coco verde para atender a usina corresponde a 16,7%, esta avaliação
indica que a demanda de matéria-prima para suprir a usina pode ser possível haja vista a
extensão da orla existente no município com várias barracas de coco, de praia e vendedores
ambulantes além de outros pontos com grande geração de cascas de coco como o comércio, o
centro da cidade, (conforme apresentados nas Figuras 13 e 14), os restaurantes, hospitais e
hotéis.

7.2.3 Alternativas para equipamentos da Usina

Neste trabalho para a montagem da usina foram levantados os custos com equipamentos e
energia, não foram abordados os gastos referentes as obras civis, materiais de consumo,
pessoal e outros que também fazem parte da instalação de um empreendimento.

No entanto, mesmo se tratando de outro tipo de usina para beneficiamento das cascas de coco
verde, no projeto elaborado em 2005 pelo Governo do Estado da Bahia, pode-se ter uma
referência com relação aos percentuais das despesas de capital (obras civis, equipamentos e
material permanente) e correntes (material de consumo, serviço de terceiros/pessoa jurídica e
serviços de terceiros/pessoa física) em relação ao valor global do investimento do projeto, os
quais foram listados na Tabela 24.
132

TABELA 24 – PERCENTUAL DAS DESPESAS DE CAPITAL E CORRENTES EM


RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL DO PROJETO

Categorias/elementos Percentual (%)


DESPESAS DE CAPITAL 72,32
Obras civis 48,47
Equipamento e material permanente 23,85
DESPESAS CORRENTES 27,68
Material de consumo (06 meses) 7,61
Serviço terceiro/pessoa jurídica (06 meses) 10,69
Serviço terceiro/pessoa física (06 meses) 9,38
TOTAL 100
Fonte: BAHIA, 2005.

Na Tabela 24 tem-se que as obras civis representam quase metade do valor do investimento
do projeto, sendo que as mesmas estão relacionadas com a construção do galpão. Os
equipamentos e materiais permanentes englobam além dos equipamentos para beneficiamento
das cascas de coco verde, computador, impressora, cadeiras, dentre outros. Os serviços de
terceiros/pessoa jurídica estão relacionados com as despesas com assistência técnica,
alimentação com os treinados na fase de implantação da unidade e da cooperativa e despesas
com o material gráfico para divulgação do trabalho, já os serviços terceiro/pessoa física diz
respeito aos custos com bolsistas cooperados, técnico operacional e administrador (BAHIA,
2005).

Alternativa 01

Esta alternativa está associada ao equipamento tradicional vendido no mercado para


montagem da usina de briquetagem, incluindo o picotador da matéria-prima.

As Tabelas 25 e 26 relacionam os equipamentos necessários para a produção de briquetes


com a potência de cada um deles e os custos com equipamentos e energia.
133

TABELA 25 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM


SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 01
Equipamento Potência (cv)
Picador 50
Silo úmido 3,5
Secador Tambor 06
Silo seco 02
Ventilador de exaustão 14
Ventilador de transporte 02
Briquetadeira (capacidade de 600 kg/h) 45
Total (122,5 x 0,7355) 122,5 = 90kwh
Fonte: Autora, adaptado de BIomachine, 2007.
Nota: Não está incluso o gasto com energia para a fornalha do secador, que poderá ser por meio
de queima do próprio briquete, energia elétrica ou gás. 01cv equivale a 0,7355 kwh..

A planta da usina de briquetagem com estes equipamentos encontra-se no anexo C.

TABELA 26 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 01


Custos Preço (R$)
Equipamento completo* 375.900,00
Energia/h (90kw x R$ 0,54) 48,57
Energia/mês (R$ 48,57x 6hx22dias) 6.411,24
Fonte: Autora, 2007.
Nota: 01kwh custa R$ 0,54 (out/07).
* Biomachine, 2007.

Alternativa 02

Esta alternativa está associada a utilização de equipamentos alternativos para triturar, prensar
e secar a matéria-prima e o uso da briquetadeira.

As Tabelas 27 e 28 relacionam os equipamentos necessários para a produção de briquetes


com a potência de cada um deles e os custos com equipamentos e energia.

TABELA 27 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM


SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA02
Equipamentos Potência (cv)
Baia (recebimento da matéria-prima) -
Guilhotina (fatiamento da matéria-prima) -
Prensa 05
Secador solar -
Baia (matéria-prima para processamento) -
Briquetadeira (capacidade de 600 kg/h) 45
Total 50 = 36,78 kw
Fonte: Autora, adaptado de Fortalmag, 2007 e Biomachine, 2007.
Nota: 01cv equivale a 0,7355 kwh.
134

O lay-out com a alimentação da briquetadeira encontra-se no anexo D.

TABELA 28 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 02


Custos Preço (R$)
Prensa 11.000,00
Briquetadeira (capacidade de 600 kg/h) 241.000,00
Secador solar 6.000,00
Totais equipamentos 258.000,00
Energia/h (36,78kw x R$ 0,54) 19,85
Energia/mês (R$ 19,85x 6hx22dias) 2.621,32
Fonte: Autora, adaptado da Fortalmag (2007), Biomachine (2007) e Carvalho (2008).
Nota: Não estão inclusos os custos com a compra da guilhotina e construções das baias.

Com o objetivo de reduzir os gastos com energia elétrica as baias a serem utilizadas na usina,
para armazenar a matéria-prima, poderão ser construídas em alvenaria e alimentadas
manualmente por um cooperado, assim como a guilhotina que poderá ser operada
manualmente e terá a função de cortar as cascas do coco.

Como haverá necessidade de diminuir a umidade das cascas do coco a fim de proporcionar
uma secagem mais rápida da matéria-prima, será utilizada uma prensa, igual a da Figura 22
utilizada na usina de Fortaleza.

O líquido oriundo da prensagem das cascas do coco contém tanino, que poderá ser extraído e
utilizado, conforme Brígida e Rosa (2003), para curtimento de pele, produção de resinas,
corantes, adesivos para madeira e derivados, indústria farmacêutica, além de seu uso como
floculantes de certos minerais e como purificadores de gasolina.

A Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu uma pesquisa para a utilização do Liquido


das Cascas do Coco Verde – LCCV e concluiu que este liquido poderá substituir o cloreto de
potássio na fertilização do coqueiro, ou seja, poderá ser utilizado como fertilizante (ROSA e
outros, 2004).

Com relação ao secador solar a intenção do seu uso está associada à aplicação de tecnologia
limpa ao processo. O secador solar descrito por Duzart, Barbosa e Vetter (2000) e
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA têm o seguinte
principio de construção: Uma câmera de secagem é construída em alvenaria e as paredes são
pintadas em cor preta para absorver e conservar o calor dentro da câmera. O coletor solar é do
tipo simples e plano usando a laje da câmera de secagem como superfície coletora de calor. A
135

cobertura consiste de placas de vidro plano, que serve também como telhado. Dutos de ar
fazem a conexão entre o coletor solar e a câmera de secagem e aberturas localizadas nas
paredes laterais fazem a renovação do ar.

O funcionamento deste secador solar acontece da seguinte maneira: o ar aquecido no coletor


solar é conduzido para dentro da câmera e o controle da temperatura e umidade é feito por
meio das aberturas laterais.

Na alternativa 01 os custos com energia elétrica são muito elevados, pois o picotador consome
a metade da energia deste sistema, além dos custos adicionais com energia para a fornalha que
alimentará o secador tambor.

Com relação à alternativa 02, o consumo de energia elétrica é 59,13% menor do que a
alternativa 01, pelo fato de alguns equipamentos operarem manualmente e o secador utilizar
energia solar.

Os custos com os equipamentos poderão ser reduzidos se os mesmos já forem utilizados, pois
empresas localizadas no sudeste e sul do país constantemente estão trocando os equipamentos
“antigos” pelos últimos lançamentos. Com isso, a aquisição de equipamentos em bom estado
de conservação proporciona a redução dos custos e o reuso de um equipamento que poderia se
tornar sucata antes do final de sua vida útil. Com relação ao secador solar o custo pode ser
reduzido a depender do tamanho e do material que pode ser utilizado na sua construção.

Nos meses de baixa estação, onde a quantidade média diária de cascas do coco verde geradas
na área de estudo é aproximadamente metade da alta estação, poderia a usina de briquetagem
utilizar como matéria-prima os materiais a base de madeira oriundos da construção civil,
indústrias moveleiras e outros que são coletados pela Limpurb e empresas terceirizadas e
dispostos em Canabrava sem que haja uma utilização dos mesmos. Na alta estação poderia
trabalhar com a produção de briquetes com estes materiais em turno oposto ao das cascas do
coco verde.

Como já foi abordado na Seção 05, atualmente na Orla de Salvador a coleta dos resíduos
sólidos é feita por uma empresa terceirizada a BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de
Resíduos S/A. O pagamento do serviço é feito com base na quantidade de resíduos coletados
136

que atualmente custa R$ 71,09/t, sendo pago também o valor de R$ 19,32/t para disposição na
Estação de Transbordo e R$ 33,34/t para disposição final no aterro AMC. Ressalta-se que
estes valores são reajustados anualmente. A Tabela 29 representa o custo dos serviços de
coleta e disposição pago pela Limpurb por tonelada de resíduos sólidos em Salvador.

TABELA 29 – CUSTO DA LIMPURB COM OS SERVIÇOS DE COLETA E DISPOSIÇÃO


DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Serviço Custo/ tonelada (R$/t)

1 – Coleta 71,09
2 - Disposição na Estação de Transbordo 19,32
3 – Disposição final no AMC 33,34
Fonte: Autora, adaptado do Diário Oficial do Município, 2007.

Como mostrado na Tabela 29, os resíduos que são coletados e seguem para a Estação de
Transbordo antes da disposição final no AMC o custo da tonelada é o somatório dos serviços
1, 2 e 3, já com os resíduos que seguem direto para o AMC o custo da tonelada está
relacionado ao somatório dos serviços 1 e 2.

Considerando os dados da Tabela 29 se elaborou a Tabela 30 com o custo a ser gasto com a
coleta e disposição das cascas de coco que poderiam abastecer a usina.

TABELA 30 – CUSTO COM A COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DAS CASCAS DE COCO


GERADAS NA ÁREA DE ESTUDO E NECESSÁRIA PARA A USINA
Alta estação
Local de geração de cascas de coco
Peso (T/dia) Custo (R$/dia) e (R$/mês)
Área de estudo (Porto da Barra a Ondina) 4,197 519,38 e15.581,4
Orla (Rio Vermelho a Itapuã)* 20,985 2.191,46 e 65.743,8
Total necessário para usina 25,182 2.710,84 e 81.325,2
Baixa estação
Local de geração de cascas de coco
Peso (T/dia) Custo (R$/dia) e (R$/mês)
Área de estudo (Porto da Barra a Ondina) 2,062 255,18 e 7.655,4
Orla (Rio Vermelho a Itapuã)* 10,310 1.076,68 e 32.300,26
Total necessário para usina 12,372 1.331,86 e 39.955,30
Fonte: Autora, 2007.
Nota: * Foi considerado todo o resíduo coletado a partir do Rio Vermelho com disposição direta no AMC.

De acordo com os dados representados na Tabela 30, na alta estação, considerando os meses
de outubro a março, o custo mensal para coletar e dispor as cascas de coco no AMC que daria
para atender a usina é de R$ 81.325,20, sendo neste período o total igual a R$ 487.951,20. Já
na baixa estação, considerando os meses de abril a setembro o custo mensal é de R$
39.955,30, sendo o total do período R$ 239.731,80, totalizando um custo anual de R$
727.683,00.
137

Diante do que foi exposto, a implantação da usina é viável, principalmente levando-se em


consideração os custos atuais que a Limpurb tem com a coleta e disposição dos resíduos
sólidos. Conforme matéria publicada por Pardellas (2008) o novo contrato licitatório desta
empresa, o qual acontecerá no ano corrente, poderá render ao consórcio vencedor R$ 04
bilhões por um contrato de 20 anos para os serviços de limpeza pública do município de
Salvador.

Este contrato se for realmente firmado por tanto tempo e com este valor, merece
questionamentos por parte da sociedade civil, até porque um município do porte de Salvador
não tem, por exemplo, unidade de beneficiamento de resíduos como cascas de coco verde, já
que a tecnologia para este aproveitamento já existe e a quantidade de resíduo gerada no
município é durante o ano todo, então pergunta-se: por que continuar coletando e dispondo no
aterro sanitário um resíduo que pode ser aproveitado?

Por tudo isso, a implantação de uma usina de briquetagem para aproveitamento das cascas de
coco verde geradas na orla de Salvador, por meio, do uso de equipamentos das alternativas
analisadas pode ser viabilizada inclusive com a possibilidade de parceria da Limpurb com
uma Cooperativa, pois além do ganho econômico, social e ambiental existe um ganho
referente à venda do produto que atualmente, segundo informações da Nacbriquetes e Eco
industrial, varia entre R$ 310 a 500,00 a tonelada para serragem prensada, que já é um
referencial.

7.3 DIRETRIZES ESTRUTURANTES PARA A AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE


APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE
BRIQUETES.

7.3.1 Diretriz tecnológica

Implantar uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde. A área mínima necessária
para implantação da usina é de 2.000 m2 e o galpão deve ser localizado em uma área central
de modo a reduzir os gastos com a coleta/transporte dos resíduos ou pode-se optar pela
implantação de mais de um galpão a fim de diminuir estes custos.
138

Beneficiar as cascas de coco verde geradas na orla de Salvador por meio de uma coleta
diferenciada destes resíduos. Inicialmente se faria o acondicionamento mais adequado das
cascas de coco por meio da distribuição de contêineres plásticos, com capacidade de 1m3,
estes equipamentos devem ser identificados para facilitar a coleta seletiva e o depósito de
resíduos pelos consumidores de água de coco, conter tampa para evitar a proliferação de
vetores, rodas para auxiliar o deslocamento na hora da coleta e ser de plástico para facilitar a
manutenção por parte dos vendedores.

A distribuição deve ser feita em todas as barracas de coco de modo que contemple um
contêiner para as barracas com maior geração de resíduos e um para cada duas barracas com
menos geração de resíduos. Com relação aos vendedores ambulantes localizados nos
logradouros os mesmos deverão acondicionar as cascas em sacos plásticos padronizados e
depositá-los em contêineres plásticos de 1m3 a serem localizados em pontos estratégicos
(contêineres fixos); já os ambulantes das praias deverão depositar as cascas em cestas plásticas
identificadas para esta finalidade e o excesso acondicionar em sacos plásticos e dispor nos
contêineres fixos, assim como as cascas geradas pelas barracas de praia.

Considerando que em média 300 cascas de coco verde, com peso médio de 1,5 kg, ocupam
1m3, e que na alta estação a média diária de resíduo de coco estimada para abastecer a usina é
de 16.788 unidades (25.182/1,5) o que equivale a 56 m3, para a orla de Salvador estima-se
uma média de instalação de 56 contêineres com capacidade de 1 m3 para o acondicionamento
destas cascas.

A coleta deve ser feita diariamente, por caçamba, já que os resíduos não sofrem compactação
em um coletor compactador e/ou pelos próprios caminhões que fazem a distribuição dos
cocos verdes nas barracas, já que após a distribuição a carroceria do veículo permanece vazia,
sendo que neste caso deve haver uma negociação com os caminhoneiros, relativo à ajuda de
custo para o combustível.

Para o dimensionamento da coleta, é necessário considerar os seguintes parâmetros: distância


entre o local de saída dos carros (garagem) e a orla, distância entre a orla e o local da usina,
velocidade média de coleta que varia em função do sistema viário, topografia, número da
guarnição, quantidade de resíduo, carregamento de veículo e capacidade do veículo.
139

Por ser a área de estudo um local turístico, alguns cuidados também devem ser tomados com
relação à coleta dos resíduos uma vez que há variação na quantidade de resíduos devido ao
fluxo de pessoas na área. As medidas a serem adotadas devem contemplar: coleta em horas
extras, aumentar o número de turnos de trabalho e colocar frota reserva em operação a fim de
evitar o acúmulo de resíduos por um longo período consequentemente a proliferação de
vetores, a formação de “pontos de lixo” e o impacto visual.

O complemento de matéria-prima necessário para o funcionamento da usina pode ser oriundo


de alguns pontos da cidade do Salvador que passam também pelos problemas da orla com
relação a disposição das cascas de coco verde, estes pontos localizados na área do comércio e
do centro da cidade, por exemplo, possuem venda de água de coco durante todo o ano, como
pôde ser constatado pelo pesquisador, se constituindo em locais de grande geração de cascas
de coco verde.

A unidade deverá funcionar de segunda-feira a sábado durante 06 horas/dia devido a demanda


da matéria-prima estimada nesta pesquisa, porém caso haja resíduo suficiente para mais
processamento este horário poderá ser estendido.

7.3.2 Diretriz Social

Para o gerenciamento e operação da usina, deve ser necessário criar uma Cooperativa a qual
pode ser pública, privada ou mista. Os próprios vendedores de água de coco verde
(barraqueiros e ambulantes) poderiam participar da Cooperativa separando as cascas do coco
verde dos outros resíduos e acondicionando-o para a coleta, fazendo parte da equipe de
separação os outros cooperados fariam parte das equipes de coleta, beneficiamento e entrega
do produto final.

Deve ser feita a qualificação dos cooperados por meio de cadastramento e seleção, onde deve
ser dada prioridade as pessoas que sobrevivem catando materiais reciclados nas ruas e outras
que tenham mão-de-obra qualificada, mas que estejam desempregados. Antes de iniciar a
operação da usina os cooperados deverão participar de cursos a fim de adquirirem
conhecimento com relação a proposta do trabalho, a coleta dos resíduos, operação dos
equipamentos e comercialização do produto.
140

A Limpurb poderia entrar como parceira deste projeto disponibilizando a área pública para
implantação da usina, no Parque Metropolitano de Canabrava, fazendo o trabalho de
marketing do produto junto a população, buscando novos parceiros como o Governo do
Estado e disponibilizando para a cooperativa parte do recursos que seriam gastos com a coleta
e disposição das cascas do coco verde no AMC.

A divulgação da implantação e operação da usina de briquetagem é importante, pois os


vendedores de água de coco verde podem contribuir com a segregação do resíduo na fonte e a
disposição para a coleta de maneira adequada, haja vista alguns deles acharem importante ter
no município uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde e estarem dispostos a
contribuir com a viabilidade da mesma, conforme relatos na pesquisa de campo. O trabalho de
divulgação deve ser feito de modo a conquistar o apoio de todos os vendedores de água de
coco verde.

A necessidade também de informar a população, por meio da imprensa falada e escrita, sobre
o projeto para que geradores de cascas de coco verde como hospitais, hotéis, restaurantes e até
mesmo as unidades residências segreguem este resíduo e possa entregar em pontos
previamente estabelecidos ou na própria unidade de beneficiamento para serem aproveitados
impedindo desta forma a disposição final no aterro.

Com relação ao incentivo do uso de briquetes com os proprietários de padarias, pizzarias,


churrascarias, olarias, frigoríficos, dentre outros poderia a Prefeitura e o Governo do Estado
isentar estes tipos de empreendimentos de alguns impostos, o CRA diminuir a taxa de
pagamento para o licenciamento ambiental (dos empreendimentos licenciáveis), criar uma
espécie de “selo verde“ para adquirir financiamentos com taxas mais baratas, aumentar a
fiscalização nos estabelecimentos a fim de identificar a procedência da lenha, dentre outros.

7.4 CONTROLE DE PROCESSO

Ensaios para controle de qualidade durante o processo de produção devem ser realizados a
fim de garantir a qualidade do briquete. De acordo com os métodos empregados na empresa
Eco Industrial deverão ser realizadas as seguintes análises nos briquetes:
141

Teor de umidade – utilizando adaptações da Coordenação Pan-Americana de Normas


Técnicas - COPANT 460/72 deve ser feitas três repetições para cada amostra de briquete,
obtendo-se a média final do briquete.

Análise química imediata – deve ser utilizada a NBR 8112/86 para encontrar o teor de
materiais voláteis, teor de cinzas e o teor de carbono fixo do briquete.

Densidade – para obtenção da densidade no teor de umidade em que se encontrará o briquete,


deve ser feita por meio de adaptações baseadas na norma COPANT 461/74. São três
repetições utilizando a média do ensaio.

Poder calorífico – O método a ser utilizado para obtenção do poder calorífico terá como
ferramenta o calorímetro Parr 1281 (isoberibol). A partir do poder calorífico superior calcula-
se então o poder calorífico inferior. Esse ensaio será executado em duplicatas, obedecendo aos
limites de repetição e procedimentos da NBR 8633/84.

De acordo com os dados fornecidos, em março de 2008, pela pesquisadora do laboratório de


combustíveis e lubrificantes do Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT o valor total para
ensaios em biomassa referente a análise de: cinza, poder calorífico superior (incluindo
umidade e enxofre), materiais voláteis e hidrogênio (para determinação do poder calorífico
inferior) é de R$ 766,00.
8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O conjunto de impactos gerados pela disposição das cascas de coco verde configura um fato
importante na atualidade, principalmente, devido a escassez de áreas para implantação de
aterros sanitários, a emissão de metano que contribui para o aumento do aquecimento global,
a proliferação de vetores que pode acarretar em propagação de doenças e a poluição visual
que afasta as pessoas do local diminuindo o fluxo comercial e conseqüentemente a renda dos
comerciantes.

A avaliação do potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de


briquetes implica a redução dos impactos causados com a disposição destas cascas e ainda
contribui para a preservação da vegetação nativa devido a substituição da lenha por este
produto.

Por meio dos dados coletados na área de estudo, trecho da orla marítima de Salvador
englobando as praias do Porto da Barra, Farol da Barra e Ondina, a quantidade diária de
cascas de coco verde geradas com o consumo de água de coco verde “in natura” na alta
estação (meses de outubro a março) foi em média 2.798 unidades e na baixa estação (meses
de abril a setembro) a média foi de 1.375 unidades.

A pesquisa englobou a coleta de dados das barracas de coco, barracas de praia e dos
ambulantes, onde pôde ser constatado que as barracas de coco localizadas na praia de Ondina
possuem em relação aos barraqueiros das outras duas praias a maior produção de cascas de
coco verde devido principalmente ao maior número de barracas, a existência de uma quadra
poliesportiva que atrai várias pessoas para a prática de esportes, a rede de hotéis existente que
atrai turistas, a proximidade com o Jardim Zoológico que atrai várias pessoas para este local
principalmente nos dias de feriados e finais de semana, além do menor valor cobrado com a
venda de água de coco na área de estudo.

Em relação aos ambulantes, a maior quantidade de cascas de coco verde foi encontrada com
os vendedores do Porto da Barra fato este relacionado com a quantidade de pessoas que
freqüentam a praia devido as suas águas calmas, a variedade de esportes que são praticados na
143

areia durante todo o dia além da inexistência de barracas de praia neste local o que faz dos
ambulantes vendedores importantes para os freqüentadores desta praia.

Diante dos dados coletados na área de estudo, estimou-se a quantidade necessária de cascas de
coco verde para a implantação de uma usina de briquetagem. Nesse sentido, realizou-se uma
avaliação diferenciada para a alta e baixa estação já que os dados mostraram uma
sazonalidade no consumo de água de coco verde “in natura” no trecho pesquisado, não
prejudicando, porém o abastecimento da usina com cascas de coco oriundas de outros pontos
do município e do uso de outros tipos de resíduos ligno-celulósicos.

O custo contabilizado pela Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – Limpurb, relativo à


coleta e à disposição final de resíduos, na circunscrição da área de estudo, indica um valor
médio mensal de R$ 15.581,40 para a coleta das cascas de coco verde geradas na alta estação.
Na baixa estação, este custo sofre redução, alcançando o valor de R$ 7.655,40. Estimando-se
a necessidade de aproveitamento de 25.182 kg de cascas de coco verde para alimentar a usina
na alta estação, durante 06 horas/dia, o valor mensal gasto com a coleta destas cascas seria R$
81.325,20. Da mesma forma, para a baixa estação, estimando-se o aproveitamento de 12.372
kg de cascas de coco verde, durante 03 horas/dia, o valor mensal gasto seria R$ 39.955,30. No
total, o custo anual estimado seria de R$ 727.683,00 para a coleta e a disposição das cascas de
coco verde.

Com a estimativa destes custos de coleta e disposição das cascas de coco verde, há indícios de
ser um atrativo potencial o aproveitamento destes resíduos para a produção de briquetes no
município de Salvador. Para tanto, a Limpurb poderia apoiar uma Cooperativa para trabalhar
desde o armazenamento das cascas até a venda dos briquetes, socializando dessa forma a
renda e o trabalho, e conseqüentemente descentralizando o lucro da empresa terceirizada
prestadora do serviço de limpeza urbana de Salvador.

O custo aproximado para a implantação da usina de briquetagem, considerando a alternativa


01 com os equipamentos convencionais vendidos no mercado, é de R$ 375.900,00, sendo o
custo com a energia em torno de R$ 6.411,24/mês. Para a alternativa 02 onde o uso de
equipamentos alternativos foi incorporado ao processo, os custos com os equipamentos e com
a energia são R$ 258.000,00 e R$ 2.621,32/mês, respectivamente.
144

Após a implantação da usina, esta poderá produzir briquetes a partir de várias fontes de
biomassa, a exemplo do bagaço de cana e dos resíduos de madeira, contribuindo para o
aproveitamento de diversos tipos de resíduos.

O incentivo para o uso de briquetes pode ser associado à isenção de impostos por parte do
Governo do Estado e das Prefeituras, com diminuição da taxa de requerimento da licença
ambiental (no caso dos empreendimentos licenciáveis), criação de uma espécie de “selo
verde“ para aquisição financeira com taxas mais baratas, intensificação da fiscalização nos
estabelecimentos a fim de identificar a procedência da lenha, dentre outros.

O aproveitamento das cascas de coco verde surge como uma oportunidade de aumentar a vida
útil dos aterros, devido a não disposição deste resíduo, já que 2,4 m2/dia é a área ocupada
pelas cascas de coco que poderia abastecer a usina na alta estação; reduzir a emissão de
metano para a atmosfera, melhorar a saúde pública devido a menor proliferação de vetores
que transmitem doenças ao homem, acabar com o impacto visual causado pelo
armazenamento e coleta inadequados, agregar valor a um resíduo, reduzir os gastos com a
limpeza pública, gerar emprego e renda para uma classe social menos favorecida e
profissionais com mão-de-obra qualificada que estejam desempregados, diminuir o impacto
causado pela supressão de vegetação nativa para o uso de lenha e conscientizar/orientar a
população do quanto é importante reduzir e aproveitar os resíduos.

O estudo realizado poderá contribuir para uma maior abrangência do aproveitamento das
cascas de coco verde em todo o Estado da Bahia principalmente na faixa litorânea onde o
consumo de água de coco “in natura” é bastante apreciado por moradores e turistas, além das
indústrias que engarrafam água de coco verde.

Como recomendações para trabalhos futuros, destacam-se os estudos de mobiliários urbanos


para acondicionamento das cascas de coco oriundas, principalmente, da venda de água de
coco pelos ambulantes das praias e barracas, bem como o desenvolvimento de instrumentos
de coleta, já que foram levantados dados com relação ao peso médio das cascas de coco verde
(1,5kg) e ao volume médio ocupado por 300 cascas (1m3). Além disso, também são
indicados: um diagnóstico do coco verde para toda área da RMS; pesquisas sobre a utilização
do líquido resultante da prensagem do coco verde; e estudos para a criação de cooperativas de
beneficiamento das cascas de coco verde e suas diversas aplicações.
145

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154

ANEXO
155

Anexo A: Formulário aplicado aos vendedores de coco verde na área de estudo.

1 - De onde vem o coco verde que você vende?

2 – Quantas vezes por semana você compra coco e quantos são comprados por vez?

3 – Há diferença de consumo no inverno e no verão?

4 – Quais são os meses em que as vendas são elevadas?

5 – Qual a quantidade de coco verde vendida por dia?

4 – Onde os cocos ficam armazenados antes da venda?

5 - Como as cascas de coco são acondicionadas após a venda da água de coco? Os recipientes
são suficientes e apropriados para colocar as cascas de coco? Os recipientes foram comprados
ou doados pela Prefeitura?

6 – Em que local são colocadas as cascas (areia da praia, caixas estacionárias, logradouro,
áreas verdes, dentre outros) para que sejam coletadas pela Prefeitura? A coleta das cascas de
coco é regular? Quantas vezes por dia são realizadas?

7 – Qual tipo de pessoas (turistas, transeuntes, banhistas, atletas, “pessoal do cooper”, dentre
outros) compram coco com você?

8 – Você trabalha para alguém ou é dono do próprio negócio? Quantos dias e quantas
horas/dia você trabalha?

9 – Quais os problemas enfrentados com a venda de água de coco, considerando da compra do


coco até o descarte para a coleta?

10 – Você sabe que as cascas de coco verde podem ser aproveitadas para diversos usos?

11 – Você tem interesse em participar de um projeto voltado para o aproveitamento das cascas
de coco, ajudando na separação das cascas, para uma coleta seletiva, por exemplo?
156

Anexo B: Figuras com os gráficos das produções diárias, por praia, de cascas de coco
verde, referentes ao período de out/06 a out/07 (Fonte: Autora, 2007).

FIGURA 01 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Out/06.

Produção total de cascas (Outubro, 2006)

2500
Total Porto / dia
2000 Total Farrol / dia
Total ondina / dia
1500

1000

500

0
02/10 seg 04/10 qua 06/10 sex 08/10 dom 10/10 ter 12/10 qui 14/10 sab 16/10 seg 18/10 qua 20/10 sex 22/10 dom 24/10 ter 26/10 qui 28/10 sab 31/10 seg

FIGURA 02 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Nov/06.

Produção total de cascas (Novembro, 2006)

3000
Total Porto / dia
2500 Total Farrol / dia
Total ondina / dia
2000

1500

1000

500

0
02/11 qui 04/11 sab 06/11 seg 07/11 ter 10/11 sex 12/11dom 15/11 qua 17/11 sex 19/11 dom 21/11 ter 23/11 qui 25/11 sab 26/11 dom 29/11 qua 30/11 qui
157

FIGURA 03 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Dez/06.

Produção total de cascas (Dezembro, 2006)

3000

Total Porto / dia


2500
Total Farrol / dia
Total ondina / dia
2000

1500

1000

500

0
01/12 sex 03/12 dom 05/12 ter 06/12 qua 08/12 sex 10/12 dom 11/12 seg 13/12 qua 16/12 sab 18/12 seg 19/12 ter 22/12 sex 26/12 ter 28/12 qui 30/12 sab

FIGURA 04 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Jan/07.

Produção total de cascas (Janeiro, 2007)

3500

3000

2500

2000 Total Porto / dia


Total Farrol / dia
1500 Total ondina / dia

1000

500

0
03/01 qua 04/01 qui 06/01 sab 08/01 seg 10/01 qua 12/01 sex 14/01 dom 16/01 ter 18/01 qui 20/01 sab 22/01 seg 24/01 qua 26/01 sex 28/01 dom 30/01 ter
158

FIGURA 05 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Fev/07.

Produção total de cascas (Fevereiro, 2007)

2500

2000

Total Porto / dia


1500 Total Farrol / dia
Total ondina / dia

1000

500

0
01/02 qui 03/02 sab 05/02 seg 06/02 ter 07/02 qua 08/02 qui 09/02 sex 11/02 dom 12/02 seg 14/02 qua 22/02 qui 24/02 sab 26/02 seg 27/02 ter 28/02 qua

FIGURA 06 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Mar/07.

Produção total de cascas (Março, 2007)

1600

1400

1200

1000
Total Porto / dia
800 Total Farrol / dia
Total ondina / dia
600

400

200

0
02/03 sex 05/03 seg 09/03 sex 11/03 dom 13/03 ter 15/03 qui 17/03 sab 19/03 seg 20/03 ter 22/03 qui 24/03 sab 25/03 dom 27/03 ter 30/03 sex 31/03 sab
159

FIGURA 07 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Abr/07.

Produção total de cascas (Abril, 2007)

2500

2000

1500
Total Porto / dia
Total Farrol / dia
Total ondina / dia
1000

500

0
01/04 dom 03/04 ter 04/04 qua 07/04 sab 09/04 seg 11/04 qua 13/04 sex 14/04 sab 16/04 seg 19/04 qui 21/04 sab 23/04 seg 25/04 qua 27/04 sex 29/04 dom

FIGURA 08 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Mai/07.

Produção total de cascas (Maio, 2007)

2500

2000

1500
Total Porto / dia
Total Farrol / dia
Total ondina / dia
1000

500

0
01/05 ter 03/05 qui 05/05 sab 07/05 seg 10/05 qui 12/05 sab 14/05 seg 16/05 qua 18/05 sex 20/05 dom 22/05 ter 24/05 qui 26/05 sab 29/05 ter 31/05 qui
160

FIGURA 09 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Jun/07.

Produção total de cascas (Junho, 2007)

1000

900

800

700

600
Total Porto / dia
500 Total Farrol / dia
Total ondina / dia
400

300

200

100

0
02/06 sab 04/06 seg 06/06 qua 07/06 qui 08/06 sex 10/06 dom 12/06 ter 14/06 qui 17/06 dom 19/06 ter 21/06 qui 25/06 seg 27/06 qua 28/06 qui 30/06 sab

FIGURA 10 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Jul/07.

Produção total de cascas (Julho, 2007)

1000

900

800

700

600
Total Porto / dia
500 Total Farrol / dia
Total ondina / dia
400

300

200

100

0
03/07 ter 06/07 sex 08/07 dom 10/07 ter 12/07 qui 14/07 sab 16/07 seg 18/07 qua 20/07 sex 22/07 dom 23/07 seg 25/07 qua 27/07 sex 29/07 dom 31/07 ter
161

FIGURA 11 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Ago/07.

Produção total de cascas (Agosto, 2007)

900

800

700

600

500 Total Porto / dia


Total Farrol / dia
400 Total ondina / dia

300

200

100

0
02/08 qui 04/08 sab 06/08 seg 08/08 qua 10/08 sex 12/08 dom 14/08 ter 16/08 qui 18/08 sab 20/08 seg 22/08 qua 23/08 qui 25/8 sab 26/08 dom 31/08 sex

FIGURA 12 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Set/07.

Produção total de cascas (setembro, 2007)

1400

1200

1000

800 Total Porto / dia


Total Farrol / dia
600 Total ondina / dia

400

200

0
07/09 sex 09/09 dom 11/09 ter 12/09 qua 13/09 qui 15/09 sab 17/09 seg 18/09 ter 20/09 qui 21/09 sex 23/09 dom 24/09 seg 26/09 qua 28/09 sex 30/09 dom

FIGURA 13 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Out/07.


Produção total de cascas (outubro, 2007)

2500

2000

1500
Total Porto / dia
Total Farrol / dia

1000 Total ondina / dia

500

0
02/10 ter 04/10 qui 06/10 sab 08/10 seg 10/10 qua 12/10 sex 14/10 dom 15/10 seg 18/10 qui 21/10 dom 23/10 ter 25/10 qui 26/10 sex 27/10 sab 29/10 seg
162

Anexo C: Planta de Briquetagem e Picador/repicador (Fonte: Biomachine, 2007).


163

Anexo D: Lay out da alimentação da briquetadeira utilizando silo subterrâneo e aéreo


(Fonte: Biomachine, 2007).

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