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Alunos: César Collin Lavalle, Rodrigo Pedro Mella Parmeggiani.

1) Tema

Hermenêutica e a transmissão de conteúdos filosóficos na plataforma


Youtube por Audino vilão.

2) Problema

Ao analisar a linguagem de caráter estritamente particular, própria da


periferia, utilizada como instrumento explicativo pelo youtuber Audino, surge a
questão: quais os problemas de ordem filosófica-hermenêutica no processo de
adaptação das obras de autores da filosofia para a linguagem periférica?

3) Justificativa
A hermenêutica, enquanto campo da filosofia, surge problematizando
uma série de questões ligadas à compreensão. Incialmente pensando uma
resolução dos problemas interpretativos relacionados ao texto até desembocar
na problemática ontológica. Em face disso, optou-se por abordar um caso
peculiar que animou as redes sociais, e que contém intrínseco em si mesmo
problemas de cunho filosófico-hermenêutico.

Como mostra a reportagem do G1 1, Marcelo Marques de 18 anos, é


estudante de história e acabou viralizando na internet após apresentar de
maneira muito particular conceitos-chave de grandes filósofos. Sob o nome
artístico de “Audino Vilão”, o estudante utiliza as redes sociais para transmitir o
conhecimento obtido através de suas leituras. O jovem emprega expressões
características da “quebrada" (fazendo referência a comunidade onde mora),
empregando-as para explicar conceitos de renomados autores da filosofia.

A questão que suscita polêmica e debates nas redes é, justamente,


acerca da utilização de termos e expressões próprios de sua comunidade para
apresentar os conteúdos filosóficos, visando os indivíduos pertencentes à
região. Portanto, como podemos pensar esse ato pedagógico do ponto de vista
1
https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/06/30/nietzsche-o-roba-brisa-jovem-
de-paulinia-usa-girias-da-quebrada-para-explicar-filosofia-e-viraliza.ghtml
filosófico-hermenêutico? O processo explicativo utilizado por ele carrega uma
essência do conteúdo filosófico que ele discorre? A falta de fidelidade
conceitual, visando atingir um público específico, compromete o conteúdo
filosófico do autor? O processo de tradução efetuado por Audino, longe de
comprometer o conteúdo, o torna acessível? Existe um real processo de
equivalência de significado entre: o conteúdo filosófico apreendido e os
exemplos utilizados por ele?

Em suma, frente a todas essas questões advindas a partir do olhar


acurado acerca da atividade pedagógica de Audino, pode-se perguntar: Quais
os problemas de ordem filosófica-hermenêutica no processo de adaptação das
obras de autores da filosofia para a linguagem periférica?

4) Fundamentação Teórica (utilizar pelo menos uma obra de uma das


disciplinas do semestre e uma obra da escolha do grupo)
O termo “hermenêutica” é polissêmico, isto é, carrega mais de um
significado. Tanto pode designar o ato e as técnicas referentes a interpretação
em si, quanto pode designar a hermenêutica enquanto campo filosófico, ou
seja, investigar problemas hermenêuticos, que decorrem da interpretação.
A aparição da hermenêutica enquanto método universal de
interpretação surgiu com o autor Friedrich Schleiermacher (1768 – 1834). A
sua obra visou constituir um método que fosse além da interpretação das
línguas, ou seja, que fosse além da filologia clássica, contemplando também a
tarefa exegética, e não limitando tal técnica para um campo específico.
Ricoeur2 afirma que “a hermenêutica nasceu desse esforço para se elevar a
exegese e a filologia ao nível de uma Kunstlehre, vale dizer, de uma
“tecnologia” que não se limita mais a uma simples coleção de operações
desarticuladas”.
O principal intento da hermenêutica do século XIX era criar um método
que conseguisse captar o significado de um texto. Tal método consiste em
investigar o caráter interno do texto, isto é, os pressupostos gramaticais 3 e
também os psicológicos do autor. Dessa maneira, conseguiríamos

2
Ricoeur, P. Hermenêutica e ideologias. Tradução de Hilton Japiassu. Petrópolis: Vozes, 2013.
p. 26.
3
Schmidt, L, K. Hermenêutica. Tradução de Fábio Ribeiro. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 28.
supostamente captar o conteúdo de um texto, Schmidt 4 afirma que para
Schleiermacher:

A hermenêutica é a arte de compreender o que outra pessoa quer


dizer com suas expressões na linguagem. (...) O objetivo da
hermenêutica é conseguir reconstruir como o uso da linguagem do
autor consegue apresentar suas ideias. Interpretar requer um talento
para compreender tanto a linguagem quanto a individualidade do
autor.

A hermenêutica neste primeiro momento trabalha com uma


possibilidade objetiva no ato de interpretar, pois havia a pretensão de criar um
método que pudesse dar conta de entender o conteúdo de um texto. Tal
desígnio foi questionado por Martin Heidegger 5, (1889-1976) pois segundo ele
não é possível operar uma reconstrução absoluta do sentido de um texto,
além disso, a hermenêutica não poderá ser compreendida apenas como arte
de compreender, mas sim como um dos fundamentos ontológicos do Dasein.
A partir de Heidegger, a hermenêutica não é apenas a interpretação
textual, como também compreende a interpretação da própria existência, mais
ainda, é da natureza do existir o ato de interpretar. Isso radicaliza o debate e o
leva para além da epistemologia, colocando em xeque a visão de que é
possível se chegar a uma essência da significação de um texto. Ricoeur 6
explica que:

Se a analítica do Dasein, porém, não visa expressamente aos


problemas de exegese, em compensação, confere um sentido àquilo
que pode parecer um fracasso no plano epistemológico, vinculando
esse fracasso aparente a uma estrutura ontológica insuperável.
Esse fracasso é o que frequentemente foi enunciado nos termos do
círculo hermenêutico.

Radicalizando a questão interpretativa até abranger o plano ontológico,


não poderia existir um método seguro para entender a intenção do autor, ou
até mesmo o conteúdo de um texto, eis que isso recairia em uma insuficiência
absoluta da interpretação: a partir da hermenêutica o intérprete capta sentido

4
Schmidt, L, K. Hermenêutica. Tradução de Fábio Ribeiro. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 30.
5
Heidegger, M. Ontology - The Hermeneutics of Facticity. Translated by John van Buren.
Bloomington: Indiana University Press. p. 11.
6
Ricoeur, P. Hermenêutica e ideologias. Tradução de Hilton Japiassu. Petrópolis: Vozes, 2013.
p. 41.
ao mesmo tempo que deixa escapar uma gama de conteúdo que não foi
apreendido.
Apenas com Hans-Georg Gadamer (1900-2002) houve novamente uma
tentativa de pensar objetivamente tal questão. Mas a resposta de Gadamer
leva em consideração a filosofia heideggeriana, em especial a aporia que
surge na tentativa de encontrar a essência do conteúdo de um texto. Por isso,
a objetividade de Gadamer não é absoluta, como pretendiam os hermeneutas
puramente filológicos ou exegéticos. O processo de interpretação parte de
uma reconstrução histórica do período do autor, mas não se poderá chegar à
uma intenção pura do autor. Gadamer7 afirma que:

Face à historicidade de nosso ser, a reconstrução das condições


originais, como toda e qualquer restauração, não passa de uma
empresa impotente. A vida reconstruída, recuperada do alheamento,
não é a original. Com a persistência do alheamento, ela obtém uma
existência secundária na cultura.

Isso significa que o intérprete não poderá abstrair de quem ele é ao


interpretar, e que o círculo hermenêutico impõe tal condição. Toda
interpretação será incompleta, eis que o intérprete terá uma pré-compreensão
própria, que irá definir como se dará a interpretação e consequentemente a
tentativa de reproduzir um conteúdo.
Partindo desse panorama geral do exercício filosófico aplicado a área
da hermenêutica, será possível analisar os processos e problemas filosóficos
e hermenêuticos oriundos da atividade pedagógica realizada por Audino em
seus vídeos na plataforma do Youtube.
A pesquisa será realizada utilizando os seguintes materiais: Questões
Fundamentais de Hermenêutica, de Emerich Coreth; a obra Hermenêutica, de
Richard Palmer; e buscando outros autores que contribuam com o assunto
numa abordagem estritamente filosófica, como Heidegger, Gadamer, Ricouer,
etc.

5) Proposta do produto que será desenvolvido (Texto, Vídeo, Podcast)

7
Gadamer, H.G. Verdade e Método 1: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Tradução
de Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Editora Vozes. 15ª Edição, p. 234.
O produto filosófico da pesquisa será desenvolvido em forma de texto.
De princípio, se versará acerca da atividade pedagógica de Aldino Vilão,
momento este que serão realizadas análises de alguns vídeos específicos
visando identificar certos princípios no discurso que regem a escolha de
exemplos, metáforas, expressões linguísticas próprias do lugar, e sua relação
com o conteúdo filosófico que ele pretende explicar. Disso, se seguirá uma
abordagem elencando os possíveis problemas de ordem hermenêutica e
filosófica, utilizando-se da fundamentação teórica especificada. Por fim, serão
apresentadas as conclusões oriundas de tal empreendimento.

6) Referências Bibliográficas.

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/06/30/nietzsche-o-roba-
brisa-jovem-de-paulinia-usa-girias-da-quebrada-para-explicar-filosofia-e-
viraliza.ghtml

Gadamer, H.G. Verdade e Método 1: traços fundamentais de uma


hermenêutica filosófica. Tradução de Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Editora
Vozes. 15ª Edição, pág. 234.

Heidegger, M. Ontology - The Hermeneutics of Facticity. Translated by John


van Buren. Bloomington: Indiana University Press. P. 11.

Ricoeur, P. Hermenêutica e ideologias. Tradução de Hilton Japiassu.


Petrópolis: Vozes, 2013. P. 26.

Schmidt, L, K. Hermenêutica. Tradução de Fábio Ribeiro. Petrópolis: Vozes,


2014. p. 28.

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