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Suplemento

de Apoio ao Professor

Historia Base-manual 1 7/14/05, 8:53 AM


Sumário
PARTE 1 – A CONSTRUÇÃO DO LIVRO
1. Apresentação ............................................................................................. 6
2. A organização dos conteúdos .................................................................. 6
Capítulo introdutório, 6 Unidades cronológicas, 6 Integração dos
conteúdos, 6 Recursos auxiliares, 6 Baterias de atividades, 6
3. A concepção de história que orienta o trabalho ..................................... 7
4. Temas recorrentes e seu uso em sala de aula ........................................ 7
A questão da terra, 7 As relações de trabalho, 8 O conceito de revolução, 8
Democracia e totalitarismo, 8
5. Avaliação .................................................................................................... 8
O que é uma boa avaliação?, 8 A importância dos comandos, 9
Operacionalizando a realidade, 9
6. A prática pedagógica interdisciplinar ...................................................... 9
Filosofia, 9 Literatura, 9 Língua Portuguesa, 9 Artes, 9
Sociologia, 10 Geografia, 10 Biologia, 10 Química, 10
Matemática, 10 Física, 10 Educação, 10

PARTE 2 – O LIVRO NA SALA DE AULA


Introdução ao estudo da História ................................................................. 11
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 11

UNIDADE I – DA PRÉ-HISTÓRIA À COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA


Capítulo 1. A Revolução Agrícola e as primeiras civilizações
do Oriente Próximo .................................................................................... 11
Trabalho com texto complementar, 11 Trabalho com imagem, 11
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 12
Capítulo 2. Antigüidade clássica .................................................................. 12
Trabalho com textos complementares, 12 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 12
Capítulo 3. As primeiras civilizações da América ....................................... 13
Trabalho com texto complementar, 13 Trabalho com imagem, 13
Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 13
Capítulo 4. História medieval ........................................................................ 14
Trabalho com textos complementares, 14 Trabalho com imagem, 14
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 14
Capítulo 5. Transição do feudalismo para o capitalismo ............................. 15
Trabalho com texto complementar, 15 Trabalho com imagens, 15
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 15
Atividade em dupla ou em grupo, 16
Capítulo 6. O Renascimento ......................................................................... 16
Trabalho com texto complementar, 16 Trabalho com imagem, 16
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 16

Historia Base-manual 2 7/14/05, 8:53 AM


Capítulo 7. As questões religiosas:
Reforma e Contra-Reforma ....................................................................... 16
Trabalho com texto complementar, 16 Trabalho com imagem, 17
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 17
Capítulo 8. O absolutismo ............................................................................. 17
Trabalho com texto complementar, 17 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 17
Capítulo 9. A conquista da América
pelos europeus .......................................................................................... 18
Trabalho com textos complementares, 18 Trabalho com imagem, 18
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 18
Capítulo 10. Colonização: um projeto
mercantilista ............................................................................................... 19
Trabalho com imagem, 19 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 19
Capítulo 11. O empreendimento canavieiro
no Brasil ...................................................................................................... 19
Trabalho com texto complementar, 19 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 20
Capítulo 12. A formação da sociedade colonial brasileira ......................... 20
Trabalho com texto complementar, 20 Trabalho com imagem, 20
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 20

UNIDADE II – DA CONSOLIDAÇÃO DO CAPITALISMO


À FORMAÇÃO DO PROLETARIADO
Capítulo 13. A Europa no século XVII .......................................................... 21
Trabalho com textos complementares, 21 Trabalho com imagem, 21
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 21
Tema para debate, 22
Capítulo 14. A expansão territorial e o ciclo
minerador no Brasil ................................................................................... 22
Trabalho com texto complementar, 22 Trabalho com imagens, 22
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 22
Capítulo 15. O século da razão: iluminismo
e liberalismo ............................................................................................... 23
Trabalho com texto complementar, 23 Trabalho com imagem, 23
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 23
Capítulo 16. A Revolução Industrial ............................................................. 24
Trabalho com textos complementares, 24 Trabalho com imagem, 24
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 24
Capítulo 17. Conflitos na América ibérica
e a independência dos Estados Unidos .................................................. 24
Trabalho com texto complementar, 25 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 25
Capítulo 18. A Revolução Francesa ............................................................. 25
Trabalho com textos complementares, 26 Resolução
das Atividades e dos Exercícios complementares, 26

Historia Base-manual 3 7/14/05, 8:53 AM


Capítulo 19. A independência da América ibérica ...................................... 26
Trabalho com textos complementares, 27 Trabalho com imagem, 27
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 27
Capítulo 20. A consolidação da independência
no Brasil e o Período Regencial ............................................................... 28
Trabalho com texto complementar, 28 Trabalho com imagem, 28
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 28
Capítulo 21. As questões políticas da Europa
no século XIX ............................................................................................. 28
Trabalho com textos complementares, 29 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 29
Capítulo 22. O segundo reinado no Brasil .................................................. 29
Trabalho com textos complementares, 29 Trabalho com imagem, 30
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 30
Capítulo 23. A transição do império para a república no Brasil ................ 30
Trabalho com imagens, 30 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 31
Capítulo 24. A formação do proletariado e o pensamento socialista ....... 31
Trabalho com textos complementares, 31 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 31

UNIDADE III – DO IMPERIALISMO AOS NOSSOS DIAS


Capítulo 25. A divisão internacional do trabalho e o imperialismo........... 32
Trabalho com texto complementar, 32 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 32
Capítulo 26. A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa.................. 32
Trabalho com texto complementar, 33 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 33
Capítulo 27. Brasil: os conflitos sociais e a crise
da república oligárquica ............................................................................ 33
Trabalho com texto complementar, 33 Trabalho com imagens, 34
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 34
Capítulo 28. A crise de 1929 e o totalitarismo político ............................... 34
Trabalho com texto complementar, 34 Trabalho com imagem, 34
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 34
Capítulo 29. O período Vargas (1930-1945) ................................................. 35
Trabalho com texto complementar, 35 Trabalho com imagem, 35
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 35
Capítulo 30. A Segunda Guerra Mundial e as questões
do Oriente Médio ........................................................................................ 36
Trabalho com texto complementar, 36 Trabalho com imagem, 36
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 36
Capítulo 31. Sob o domínio do medo:
a Guerra Fria (1945-1989) .......................................................................... 36
Trabalho com texto complementar, 36 Trabalho com imagens, 37
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 37

Historia Base-manual 4 7/14/05, 8:53 AM


Capítulo 32. O fim do Estado Novo e o período de normalidade
política (1945-1964) .................................................................................... 37
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 37
Capítulo 33. A América Latina no contexto
da Guerra Fria ............................................................................................ 37
Trabalho com imagem, 38 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 38
Capítulo 34. O fim da Guerra Fria e a nova ordem internacional .............. 38
Trabalho com texto complementar, 38 Resolução das Atividades e dos
Exercícios complementares, 38
Capítulo 35. A América Latina na nova
ordem internacional ................................................................................... 38
Trabalho com textos complementares, 39 Resolução das Atividades
e dos Exercícios complementares, 39
Capítulo 36. Tendências do mundo atual .................................................... 39
Trabalho com textos complementares, 39 Trabalho com imagens, 39
Resolução das Atividades e dos Exercícios complementares, 39

PARTE 3 – MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO


1. Pré-história ................................................................................................. 40
Bibliografia, 40 Textos de apoio, 40
2. Antigüidade ................................................................................................ 41
Bibliografia, 41 Textos de apoio, 42 Filmografia, 43
3. Idade Média ................................................................................................ 43
Bibliografia, 43 Textos de apoio, 43 Filmografia, 45
4. Idade Moderna ............................................................................................ 45
Bibliografia, 45 Texto de apoio, 45 Filmografia, 46
5. História contemporânea ............................................................................ 46
Bibliografia, 46 Texto de apoio, 46 Filmografia, 47
6. Obras temáticas ......................................................................................... 48
Bibliografia, 48 Texto de apoio, 49 Filmografia, 50
7. Coletâneas de documentos e textos de história .................................... 50
Bibliografia, 50 Textos de apoio, 50 Filmografia, 52
8. Historiografia .............................................................................................. 53
Bibliografia, 53 Texto de apoio, 53
9. Manuais ....................................................................................................... 53
Bibliografia, 53 Texto de apoio, 54
10. Relatos históricos .................................................................................... 54
Bibliografia, 54 Textos de apoio, 55
11. Literatura ................................................................................................... 55
Bibliografia, 55 Texto de apoio, 56
12. Enciclopédias e revistas ......................................................................... 56

Historia Base-manual 5 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

PARTE 1
A CONSTRUÇÃO DO LIVRO

1. Apresentação se apresentam na seqüência cronológica, independen-


Esta obra trata, em um único volume, dos temas que temente do espaço geográfico de sua ocorrência.
consideramos mais relevantes para o estudo de história Essa escolha vai além das conveniências de organi-
no Ensino Médio. A relevância decorre, sobretudo, da zação do livro: ela decorre de uma concepção específi-
repercussão do acontecimento na própria história — isto ca de história, segundo a qual os acontecimentos se
é, do quanto ele interferiu nas relações sociais contem- inter-relacionam no tempo e, embora possam estar cir-
porâneas ou posteriores a ele — e, também, da impor- cunscritos em um determinado espaço, não estão pre-
tância do acontecimento para a compreensão da sos a ele. Por exemplo, quando analisamos a pressão da
realidade presente e sua potencialidade em instrumentar Inglaterra pela abolição do tráfico negreiro e da escra-
o aluno para analisar eventos futuros. vidão no Brasil, não consideramos possível fazer um
trabalho criterioso sem vincular essa questão ao inte-
resse inglês na mão-de-obra africana, que tornava viá-
2. A organização dos conteúdos veis os seus empreendimentos imperialistas na África.
Capítulo introdutório Mesmo em momentos de maior isolamento entre
os povos, como na Idade Média, essa interferência

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Antes de abordar os conteúdos curriculares, apre- pode ser percebida. Quando analisamos o caráter mar-
sentamos um capítulo introdutório que procura configu- cadamente cristão do império de Carlos Magno, ob-
rar o campo dos nossos estudos e os principais servamos que essa característica se deve, em grande
elementos sobre os quais se apóia a reflexão histórica, parte, à necessidade de combater a expansão do
como o conceito de tempo, as definições de fonte his- islamismo, religião nascida no Oriente. Entendemos
tórica e de contexto histórico etc. Ao final dessa intro- que separar os acontecimentos em função de sua ocor-
dução, que tem um caráter basicamente instrumental, rência em espaços geográficos distintos é perder uma
sugerimos algumas atividades que exemplificam como boa parte de seu significado.
os temas trabalhados se apresentam nas reflexões da
disciplina. Assim, mesmo tratando de assuntos que os
alunos irão estudar nos capítulos subseqüentes, os exer- Recursos auxiliares
cícios propostos mantêm a pertinência, já que estão ali Entendemos que este livro é uma ferramenta de tra-
por causa do aspecto historiográfico que evidenciam e balho à qual podem ser acrescentados outros recursos:
não do conteúdo abordado. livros paradidáticos, filmes, fotos, pesquisas de cam-
po, textos de especialistas, artigos de jornal, entre ou-
tros. A parte 3 deste suplemento traz bibliografias,
Unidades cronológicas
filmografias e textos de apoio para o professor, que
A organização dos temas ao longo do volume obedece eventualmente podem ser utilizados em sala de aula,
à seqüência cronológica. A organização cronológica é um para enriquecer o trabalho com os alunos.
artifício que favorece a compreensão de processos, esta- Ao longo de cada unidade do livro apresentamos tex-
belecendo uma lógica mais fácil de ser percebida pelo alu- tos complementares que são desdobramentos ou um
no, mas não ocupa o espaço da teoria. aprofundamento dos assuntos tratados no capítulo e, em
O conteúdo foi separado em três grandes grupos: a sua maioria, compatíveis com os temas transversais do
unidade I vai da Pré-história até o século XVI (Da Pré- Ensino Médio. Certamente há várias maneiras de explo-
história à colonização da América); a unidade II, do rar esse material, mas, sempre que nos pareceu pertinen-
século XVII até meados do século XIX (Da consolida- te, incluímos sugestões de trabalho com os textos
ção do capitalismo à formação do proletariado); e a complementares no livro do aluno. Caso se opte por nos-
unidade III, das últimas décadas do século XIX até os sas sugestões, a parte 2 deste suplemento traz comentá-
nossos dias (Do imperialismo aos nossos dias). rios sobre as atividades propostas.

Integração dos conteúdos Baterias de atividades


Ao optarmos pela cronologia como principal ele- Os exercícios, elaborados por nós ou selecionados de
mento organizador dos acontecimentos, deixamos de exames vestibulares e do Enem, têm o objetivo de desen-
lado a divisão formal entre História do Brasil, História volver nos alunos operações cognitivas a partir do tema
da América e História Geral. Os temas — seleciona- que está sendo trabalhado, permitindo que eles reflitam
dos, como já assinalamos, por sua relevância no con- sobre a realidade em que vivem e possam atuar de forma
texto histórico estudado — são tratados à medida que crítica e autônoma nas situações que os rodeiam.

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Parte 1 — A construção do livro
3. A concepção de história que te; nossas indagações estão relacionadas aos problemas
orienta o trabalho da atualidade. Essa prática se evidencia na própria
historiografia: nas décadas de 1950 e 1960, quando o
Já salientamos que a escolha da organização dos acon- mundo vivia o embate da Guerra Fria, a produção
tecimentos traz embutida uma determinada noção de his- historiográfica foi marcadamente política; a partir da dé-
tória. O mesmo ocorre com as demais escolhas, exclusões, cada de 1980, quando o embate de ideologias começou a
explicações, atividades e com a própria narrativa deste li- ocupar o segundo plano das preocupações mundiais, a
vro, que revelam a concepção de história que orienta o produção historiográfica voltou-se para o indivíduo com
nosso trabalho. a chamada história do cotidiano.
Algumas dessas orientações teóricas são muito cla- Mudaram os acontecimentos? Mudou o passado? Cer-
ras para nós. Em primeiro lugar, sabemos que não re- tamente, não. O que mudou foi o nosso olhar sobre o pas-
cuperamos o passado como ele realmente aconteceu. O sado e o nosso olhar reflete as nossas preocupações com o
que recuperamos são fragmentos do passado, instan- presente. A produção historiográfica, portanto, também
tes que podemos captar e que correspondem ao que con- tem historicidade.
seguimos enxergar quando um flash ilumina uma sala A partir dessas reflexões optamos por trabalhar com
escura. Portanto, a nossa matéria-prima é fragmentada, um modelo de história que trata os acontecimentos como
parcial e, muitas vezes, chega até nós com seu sentido elementos de sustentação para as explicações que pode-
original modificado. mos tecer em torno deles. A nossa preocupação maior é
Entendemos, também, que é a partir desses fragmen- entender o evento ou buscar o seu significado, mais do
tos, denominados indícios ou pistas, que reconstruímos que transcrever um elenco de fatos amarrados por uma
o evento. Portanto, o acontecimento histórico é uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

linha do tempo, operação que comporta mais a


construção intelectual a partir de elementos que o pas- memorização do que a reflexão.
sado nos fornece. Sendo assim, ele pode ser alterado Coerentes com essa linha de trabalho, incluímos no
quando uma nova pista (que pode ser um documento, livro atividades que exigem o desenvolvimento de vá-
um achado arqueológico, um depoimento de alguém que rias operações intelectuais, como leitura, entendimen-
presenciou o fato etc.) é descoberta, da mesma forma to e identif icação das idéias de um texto,
que um réu considerado culpado pode ser inocentado, estabelecimento de relações entre eventos ou entre
ou vice-versa, diante da descoberta de uma nova prova momentos históricos diferentes, trabalho com concei-
relacionada ao crime. tos e compreensão da dinâmica de causas e efeitos que
É possível, ainda, encontrar um novo sentido para percorre todos os acontecimentos.
um acontecimento, mesmo usando as mesmas fontes,
porém fazendo a elas perguntas diferentes. Por exem-
plo, durante muito tempo considerou-se que a atração 4. Temas recorrentes e seu uso
sexual dos senhores por suas escravas era prova da au- em sala de aula
sência de discriminação racial em nossa sociedade. Mais Alguns temas e conceitos são recorrentes em histó-
recentemente, esse mesmo fragmento do passado, que ria, o que facilita o desenvolvimento de um trabalho mais
revela um aspecto das relações entre senhores e escra- profundo e mais bem articulado sobre as experiências
vos, foi reinterpretado, tornando-se um indicativo de sociais humanas.
que a escravidão no Brasil foi particularmente cruel para
as mulheres.
Apesar de reconhecer que trabalhamos com um ob- A questão da terra
jeto fragmentado e sempre em reconstrução, isso não No caso da História do Brasil, a questão da terra (ou
nos traz desânimo. Ao contrário, esse é outro elemento melhor, da concentração de terras) é um assunto que per-
que norteia a nossa concepção de história. Não preten- corre nossa realidade desde o início da colonização, em
demos (nem consideramos relevante) conhecer o even- 1530. A política fundiária governamental vinculou-se ao
to na sua totalidade, uma vez que o objetivo da nossa latifúndio e, até hoje, não foi possível quebrar tal modelo.
ciência não é apenas conhecer o fato em si, mas enten- Os desdobramentos políticos e econômicos dessa prática
der o seu significado. O centro do conhecimento histó- fazem parte da herança histórica brasileira.
rico, ou o objeto da história, é a rede de significados Sendo assim, pensamos que a questão da terra deve
que construímos em torno do acontecimento. Quando ser explorada desde a formação das capitanias e a doa-
estudamos a Revolução Francesa, por exemplo, deve- ção das sesmarias, passando por conflitos como o de
mos nos preocupar menos em esmiuçar cada dia entre Canudos e o do Contestado, até o Movimento dos Tra-
1789 e 1799 e mais em buscar naqueles eventos as ra- balhadores Rurais Sem Terra (MST). É igualmente opor-
zões que mobilizaram a sociedade. tuno caracterizar a relação dos índios com a terra e a
Outra questão presente nesse trabalho refere-se às pre- maneira como eles foram expropriados pelos coloniza-
ocupações que orientam nossas investigações. Queremos dores. A cada momento em que essa questão aparece
de fato conhecer o passado ou, quando olhamos para ele, no rol dos temas que compõem o currículo, devemos
estamos procurando respostas para o presente? Acredi- lembrar aos alunos a sua origem e a sua permanência
tamos que olhamos para o passado pensando no presen- em nossa sociedade.

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Suplemento de Apoio do Professor

As relações de trabalho Democracia e totalitarismo


Outro tema recorrente é o das relações de trabalho ba- Os conceitos de democracia e de totalitarismo, toma-
seadas na exploração. Essas relações estão presentes em dos em seu aspecto político, também percorrem grande
todas as sociedades humanas em que se observa a exis- parte da história e são fundamentais para entendermos o
tência de desigualdades sociais. tempo em que vivemos. Buscando as origens da demo-
Dessa forma, é possível usar esse assunto como eixo de cracia em Atenas, percebe-se que o “governo do povo”
análise da história humana, por exemplo, começando pelo era um privilégio de cerca de 10% da população ateniense,
estudo da servidão e da escravidão antigas, no interior das o que nos leva a concluir que havia uma diferença entre
quais se pode analisar o desprezo dos cidadãos atenienses povo e população. Trazendo o conceito para tempos mais
pelo trabalho manual. Podemos prosseguir com a servidão recentes, observamos que a cidadania (que não se resume
medieval, que se contrapunha ao ócio da nobreza e do cle- apenas ao direito de voto) continua bastante restrita em
ro, a escravidão colonial, até chegar ao trabalho transfor- várias democracias, inclusive no Brasil. Já os governos
mado em mercadoria, próprio do mundo capitalista. autoritários estiveram presentes nas sociedades antigas (o
O levantamento de questões pode remeter aos dias de governo dos faraós, no Egito; dos césares, em Roma, en-
hoje, em que o desemprego (a impossibilidade de traba- tre outros), no absolutismo moderno e nas muitas ditadu-
lhar) atormenta grande parcela da população humana. ras do século XX. No que se refere à América Latina, o
Como se trata de um assunto que aparece diversas vezes, fantasma do autoritarismo está sempre presente. Contra-
é possível retomá-lo em diferentes momentos, em especi- por esses dois conceitos permite aos alunos perceberem
al ao abordar o trabalho depois da Revolução Industrial. como se constitui e se consolida o poder político.
Essas são algumas propostas de abordagem de te-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mas e de conceitos que podem facilitar o trabalho do
O conceito de revolução
professor no atendimento às novas demandas de for-
Talvez um dos conceitos mais identificados com a his- mação dos alunos. Certamente há muitas outras opções
tória seja o de revolução. A história é marcada por esses a acrescentar às sugestões aqui apontadas.
momentos de mudanças profundas, de rupturas que institu-
em uma nova ordem, como ocorreu com a Revolução Agrí-
cola do Neolítico, passando pelas revoluções políticas dos 5. Avaliação
séculos XVII e XVIII (Revolução Gloriosa, Revolução A avaliação é um dos instrumentos que estabelecem a
Americana, Revolução Francesa), pelo iluminismo (revo- relação entre o trabalho do professor e a constituição do
lução no pensamento e na forma de construção do conheci- conhecimento do aluno. O ideal é que seja múltipla —
mento) e pela Revolução Industrial. Como se trata de um das convencionais (provas escritas, testes, trabalhos e pes-
conceito recorrente, uma boa estratégia é explicar aos alu- quisas) às de natureza variada (debates, participação nas
nos o seu significado. Uma conceituação de revolução bas- aulas, freqüência na elaboração de tarefas) — e constan-
tante conhecida é a que entende o fenômeno como um te, ou seja, que leve em consideração o processo de cres-
momento de transformação profunda, radical, que ocorre cimento do aluno na reflexão histórica e no domínio do
em um determinado setor da vida social e se alastra para os instrumental da análise histórica (conceitos, recorte his-
demais setores. Por exemplo, o início da prática da agricul- tórico, relações entre eventos, percepção dos agentes de
tura foi uma revolução no setor da economia (o ser humano um determinado fenômeno histórico).
passou a produzir seus alimentos), que resultou em trans-
formações sociais (formação dos primeiros aglomerados
O que é uma boa avaliação?
humanos), políticas (criação do Estado), jurídicas (as re-
gras de convivência) etc. Também cabe esclarecer que re- A avaliação deve ser compatível com o conteúdo
volução não é sinônimo de luta armada. programático desenvolvido, com a metodologia de ensino
Ficando claro para os alunos que tipo de fenômeno e com a teoria de história que o professor usa em seu tra-
está sendo definido como revolução, eles terão elementos balho letivo. A metodologia de ensino, a teoria de história
para reconhecê-lo em outras situações, apontando se de- e a avaliação formam um único corpo que não pode ser
terminado acontecimento pode ou não ser entendido como dissociado, pois, nesse caso, a avaliação tende a fracassar.
uma revolução. No caso específico da História do Brasil, Partindo desse pressuposto, perguntamos: o que é uma
esse exercício é muito enriquecedor: podemos questionar boa avaliação? Entendemos que mais importante do que o
movimentos que se autodenominaram revolução, como os método, é a pertinência do sistema de avaliação que adota-
de 1930, 1932 e 1964; ou podemos indagar por que a pro- mos. Por exemplo, se em nosso trabalho enfatizamos basi-
clamação da república, que mudou o regime político de camente os conteúdos e nossa metodologia prioriza a
monarquia para república, não recebeu o nome de revolu- memorização, a avaliação, em todas as suas formas, deve
ção. Finalmente, é possível fazer um trabalho consistente contemplar as informações memorizadas; se nossa preocu-
de entendimento da história contrapondo o conceito de pação é trabalhar com a reflexão histórica e a metodologia
revolução ao de permanência. Este se depreende do es- utilizada busca o entendimento das relações entre os even-
tudo de fenômenos que não sofrem alterações significati- tos e não apenas sua fixação na memória, na hora da avali-
vas ao longo do tempo; um exemplo que já citamos é o da ação devemos abrir espaço para a reflexão do aluno. Em
política fundiária brasileira. resumo, a avaliação deve refletir o trabalho do professor.

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Parte 1 — A construção do livro
A importância dos comandos Apesar de nossa formação como especialistas, preci-
samos abrir estradas que nos permitam recuperar a co-
O aluno precisa ser bem informado sobre o que lhe é
municação entre as várias faces de um mesmo
solicitado na avaliação. Ele deve estar atento aos comandos
conhecimento. Para isso, listamos a seguir temas da his-
usados na elaboração das atividades, e cumpre ao professor
tória que permitem mais facilmente a formação do con-
garantir a clareza desses comandos. Se foi pedido que o
texto interdisciplinar.
aluno “explique”, a resposta deve ser uma explicação; tan-
to o professor quanto o aluno devem estar cientes disso.
Devemos, também, analisar a pertinência da solicitação — Filosofia
é possível “explicar” o assunto, os alunos têm formação e
• Os grandes filósofos da Grécia antiga, os seus objetos
informação suficientes para construir a explicação?
de pensamento (ética, política, família, o público e o pri-
Quando pedimos “caracterize”, a resposta deve carac-
vado) e a organização social daquele povo.
terizar o objeto, isto é, citar as características que o defi- • A forte influência cultural da Igreja na Idade Média e o
nem. Mas, é isso mesmo o que queremos? Os elementos pensamento religioso daquela época (Agostinho, a es-
específicos que caracterizam o objeto? O mesmo cuidado colástica e o tomismo de Tomás de Aquino).
vale para os demais comandos que usamos habitualmente • O iluminismo e o pensamento dos séculos XVIII e XIX
(cite, justifique, relacione, analise, pesquise etc). (racionalismo e positivismo).
• A Revolução Industrial, o surgimento do proletariado e
Operacionalizando a realidade as teorias socialistas.
• As incertezas do século XX e a reação da Escola de
Para avaliar o crescimento do aluno na reflexão e no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Frankfurt às teorias positivistas do século XIX.


conhecimento histórico, devemos observar diversas ativi- • A crise da moralidade burguesa após a Segunda Guerra
dades intelectuais: leitura, interpretação, capacidade de Mundial e o existencialismo.
síntese, reconhecimento de relações, desenvolvimento
de conceitos etc.
Essa variedade de atividades busca desenvolver nos Literatura
alunos — além da aquisição dos conteúdos próprios de • Teatro e literatura na Grécia antiga.
cada etapa escolar — estruturas intelectuais que lhes per- • Sociedade medieval, literatura paródica e lírica trovado-
mitam operacionalizar novas situações apresentadas pela resca.
realidade social. Diante da velocidade das transformações • O Renascimento cultural e o classicismo português.
nos dias de hoje e da impossibilidade de prever quais de- • Sociedade mineradora do século XVIII no Brasil e a li-
safios nossos alunos enfrentarão em sua vida adulta, é teratura árcade.
imprescindível que eles sejam instrumentados para apre- • Urbanização e industrialização no Brasil e Semana de
ender e analisar os fenômenos com os quais irão se depa- Arte Moderna de 1922.
rar no futuro. • Período pós-Segunda Guerra Mundial e pop art.

Língua Portuguesa
6. A prática pedagógica interdisciplinar
O objetivo do ensino é facilitar aos alunos a aquisi- • A expansão romana na Antigüidade e a latinização da
ção de competências variadas. Uma das formas de am- Península Ibérica.
pliar o leque de possibilidades ao alcance de nossos • A correspondência entre o contexto histórico e as esco-
educandos é o trabalho interdisciplinar. Vale salientar las literárias.
que não se trata apenas de realizar projetos que envol-
vam dois ou mais professores em torno de um tema co- Artes
mum, cada qual limitado aos procedimentos e objetos
de estudo de sua disciplina. Trata-se de formar um cam- • Artes plásticas na Grécia e na Roma antigas.
po de conhecimento que permita ao aluno desenvolver, • A religiosidade medieval e a arquitetura gótica.
com a utilização de linguagens diferenciadas, variadas • O Renascimento cultural e os pintores italianos dos sé-
formas de entendimento do objeto. culos XV e XVI.
Para construir um projeto interdisciplinar precisamos re- • O barroco no Brasil.
conhecer que o saber é único e que a crescente fragmentação • O otimismo presente na Europa no final do século XIX
do conhecimento em disciplinas ou áreas não corresponde à e no começo do século XX e a produção artística da
realidade dos fenômenos exteriores à escola: as relações en- chamada Belle Époque.
tre o ser humano e o meio ambiente, os alimentos que inge- • A construção do socialismo e a arte realista na antiga
rimos, os meios de transporte que utilizamos, os rios que são União Soviética.
fonte de eletricidade e servem para a locomoção, os jornais e • As novas formas de arte consagradas pela pop art (qua-
revistas que lemos — tudo isso são elementos do nosso coti- drinhos, cartoons, grafites e música popular como o rock).
diano, que envolvem diferentes áreas do saber e demonstram • Os embates políticos no Brasil dos anos 1960 e a arte
o caráter integrado do conhecimento. engajada.

Historia Base-manual 9 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Sociologia • As migrações provocadas pelas catástrofes climáticas


(desde a última glaciação até os deslocamentos motiva-
• O Renascimento cultural e a criação da ciência polí-
dos pela seca no Nordeste brasileiro).
tica.
• A industrialização e o pensamento positivista do sécu-
lo XIX. Biologia
• A Reforma Protestante e a análise de Max Weber sobre
• A mumificação no Egito antigo.
a ética protestante.
• Epidemias medievais, como a Peste Negra, a falta de
• A Revolução Industrial, a formação do proletariado e o
hábitos de higiene e a desnutrição.
socialismo.
• A Revolta da Vacina, o processo de higienização do Rio
• A expansão da Revolução Industrial pela Europa no sé-
de Janeiro e as epidemias de febre amarela.
culo XIX, a dominação imperialista na Ásia, na África e
• A pobreza nos países excluídos da economia interna-
na Oceania e o darwinismo social.
cional (como alguns países africanos) e as epidemias de
• O imperialismo no século XIX e o desenvolvimento da
nossos tempos (como a aids e o ebola).
antropologia.
• A expansão do capitalismo no século XX e a aborda-
gem dualista do desenvolvimento. Química
• A década de 1930 no Brasil, o desenvolvimento do na-
• A Idade Média e a alquimia.
cionalismo e os estudos de Gilberto Freyre, Caio Prado
• O desenvolvimento da química orgânica no contexto da
Júnior e Sérgio Buarque de Holanda.
Revolução Industrial.
• A questão indígena no Brasil e a antropologia de Darcy

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
• As guerras do século XX e a fabricação de armas químicas.
Ribeiro.
• A industrialização, a expansão do uso dos sabões e a
• A pobreza, a violência, os conflitos étnicos da transição
poluição ambiental.
do século XX para o século XXI e a sociologia contem-
• A descoberta do processo de vulcanização e o surto da
porânea.
borracha no Brasil.
• A industrialização, o uso de combustíveis fósseis e o
Geografia efeito estufa.
• Trabalho conjunto de leitura de mapas para que os alu- • O uso de materiais sintéticos na Segunda Guerra Mun-
nos aprendam a reconhecer os sinais convencionais usa- dial.
dos na cartografia. • A Guerra Fria e a expansão das pesquisas nucleares.
• Identificação das diferenças entre um mapa geográfi-
co e um mapa histórico. (Seria interessante colocar lado Matemática
a lado um mapa político atual da América do Sul e um
mapa histórico do início da colonização para compa- • O desenvolvimento da geometria e da trigonometria.
rar de que forma o processo histórico redefiniu politi- • A expansão comercial e religiosa dos árabes e os núme-
camente o território.) ros indo-arábicos.
• A importância das técnicas de irrigação do solo para • O uso do astrolábio nas navegações européias dos sécu-
as sociedades do Egito antigo e da Mesopotâmia. (Se- los XV e XVI e o aperfeiçoamento da trigonometria.
ria interessante fazer uma comparação com os pro-
cessos de irrigação usados atualmente no Estado de Física
Israel.)
• O périplo africano realizado pelos portugueses, no sé- • O espírito investigativo do Renascimento cultural e o
culo XV, e as dificuldades naturais (correntes maríti- desenvolvimento da termodinâmica nos estudos de Ga-
mas, ventos) encontradas para ultrapassar os cabos do lileu Galilei.
Bojador e da Boa Esperança. • O iluminismo e os estudos de Isaac Newton.
• A exploração agrícola, o uso inadequado da terra no Bra- • A Revolução Industrial e o desenvolvimento da eletri-
sil, a desertificação e as alterações climáticas provoca- cidade.
das pela destruição da vegetação nativa. • A Guerra Fria e a expansão da energia nuclear e das
• A Revolução Industrial e seus efeitos no ambiente e na pesquisas voltadas para a corrida espacial.
relação do ser humano com o espaço geográfico (distri-
buição populacional, encurtamento das distâncias, re- Educação
modelagem urbana).
• Os conflitos étnicos e políticos, as desigualdades re- • Grécia clássica e a rivalidade entre a educação sofística
gionais, nacionais e internacionais como fatores de e a educação platônica.
grandes deslocamentos populacionais (de países da • O Renascimento cultural e a pedagogia humanista.
África negra e da Península Balcânica atingidos por • O iluminismo e o modelo liberal/racional de educação:
guerras civis, de trabalhadores nordestinos para a escola como veículo de ascensão social.
áreas industriais do Centro-Sul, no Brasil, entre ou- • As revoluções socialistas e os projetos educacionais volta-
tros exemplos). dos para a valorização do trabalho dentro da coletividade.

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Historia Base-manual 10 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
PARTE 2
O LIVRO NA SALA DE AULA
Vamos comentar nesta parte os principais temas e con- 7. O aluno deve perceber que tanto o povo de Santa Fé
ceitos abordados em cada capítulo, além de oferecer al- quanto os índios desconheciam ou se recusavam a usar
gumas sugestões e orientações para o trabalho com os o calendário consagrado pela cultura católica medie-
textos citados e as imagens que enriquecem o volume. No val; além disso, nos dois casos a passagem do tempo é
final de cada capítulo, incluímos a resolução das Ativida- marcada por eventos da natureza.
des e dos Exercícios complementares propostos. 8. O aluno pode optar por duas linhas de reflexão: o pa-
dre usava um calendário porque era letrado e, portan-
to, orientava-se pelos pressupostos da cultura ocidental
Introdução ao estudo da História
ou, então, ele usava o calendário porque este marca o
A introdução trata de algumas características da histó- tempo cristão.
ria, que é uma ciência com determinadas particularidades.
Inicialmente buscamos romper com a idéia de que a
história se ocupa do passado; os acontecimentos podem UNIDADE I – DA PRÉ-HISTÓRIA À
estar localizados em tempos distantes, mas as perguntas, COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
os questionamentos são feitos pelo presente, de acordo
com as nossas preocupações atuais. Como usamos com Capítulo 1. A Revolução Agrícola e as primeiras
civilizações do Oriente Próximo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

freqüência a cronologia, inclusive na ordenação dos te-


mas, tivemos a preocupação de informar que o tempo, tal O capítulo foi estruturado a partir do conhecimento
como o conhecemos, é um dado cultural. que se tem dos fenômenos históricos mais antigos, com
Finalmente, buscamos esclarecer as limitações na ênfase na Revolução Agrícola, considerada o primeiro
investigação do passado, do qual conseguimos recupe- grande corte na história da humanidade.
rar apenas fragmentos. Isso se dá em vários sentidos: A discussão teórica propõe que das condições ofere-
porque recortamos o que vamos investigar; porque não cidas pela Revolução Agrícola (sedentarismo, luta pela
conhecemos tudo o que aconteceu; porque cada documen- posse das melhores terras, formação de grandes agrupa-
to, cada indício, cada fonte histórica traz apenas uma mentos humanos, ocupação das áreas irrigadas por rios,
visão, uma experiência dentre as muitas que cada acon- divisão social etc.) é que se formaram o Estado e as gran-
tecimento comporta. des civilizações da Antigüidade. Na seqüência explora-
mos as especificidades de algumas civilizações do
Resolução das Atividades e dos Exercícios Oriente Antigo.
complementares Os principais temas e conceitos abordados são: revo-
lução, teocracia, servidão antiga.
1. e Como muitos conceitos são recorrentes em nosso es-
2. O aluno deve analisar o Atlas de 1574 sob o ponto de tudo, cabe ao professor escolher, de acordo com o seu pla-
vista da cultura européia da época, ou seja, para nejamento de aulas, o melhor momento para tratar de cada
aquela cultura a Ásia era o lugar das riquezas; a Áfri- um deles.
ca, o lugar da miséria; a América, o lugar da selvage-
ria; e a Oceania, o lugar do desconhecido.
3. b Trabalho com texto complementar
4. O aluno deve entender o contexto histórico como o • Ciência e Tecnologia: A caça e o caçador (p. 17).
conjunto de elementos ligados a um determinado acon- O objetivo do trabalho é discutir as diferentes formas de
tecimento, tanto no tempo quanto no espaço. Analisar inteligência, levando o aluno a constatar que o nosso modo
um acontecimento fora de seu contexto é correr o ris- de vida seria impossível para os seres humanos pré-históri-
co de não entender sua essência. Da mesma maneira, cos tanto quanto o deles o é para nós. Ou seja, romper com
devemos estar atentos ao contexto em que foi feita a a idéia de que uma cultura é melhor ou pior do que outra,
narrativa histórica, uma vez que os textos também têm ou de que podemos classificar as culturas como inferiores
historicidade, isto é, carregam em si a marca da histó- ou superiores. As culturas são diferentes e o critério que se
ria do narrador e do tempo em que ele vive ou viveu. pode usar na avaliação não é o da comparação e sim o das
5. A resposta deve enfatizar que a idéia criada pelos eu- condições de vida da maioria da população.
ropeus acerca da África — isto é, a de um continente
pobre, mergulhado na ignorância do que seria a verda-
deira civilização — era resultado da incapacidade do Trabalho com imagem
colonizador de entender uma cultura diversa da sua. • Mapa: Crescente Fértil (Figura 4, p. 19).
6. Fases da Lua, estações do ano, eventos extraordinários Pedir aos alunos que observem e identifiquem as condi-
como uma praga de gafanhotos ou um inverno excessi- ções naturais que permitiram o desenvolvimento de gran-
vamente rigoroso. des civilizações agrícolas na região.

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Historia Base-manual 11 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Resolução das Atividades e dos Os principais temas e conceitos abordados são: de-
Exercícios complementares mocracia, cidade-Estado, imperialismo, escravidão anti-
ga, república.
1. A descoberta da agricultura promoveu transformações
profundas em todos os aspectos da sociedade huma-
na, por isso podemos denominá-la de revolução. Trabalho com textos complementares
2. d
• Ética e cidadania: Uma religião cívica (p. 25).
3. a) A estreita ligação entre o poder político e a religião, É possível trabalhar esse texto de várias formas, por
própria de uma teocracia, é que possibilitava tanto exemplo, analisando a articulação entre religião e civis-
prestígio aos sacerdotes.
mo ou política e comparando as práticas religiosas dos
b) Os felás eram agricultores e trabalhavam em troca de
atenienses e as dos cultos monoteístas da atualidade,
uma pequena parte da produção. Formavam, ao lado
como propõe a atividade.
dos escravos, a camada mais baixa da sociedade.
Também pode-se explorar o fato de que na Grécia a
4. c
religião fazia parte da vida cotidiana — como nas de-
5. A comparação a ser feita é direta: a Mesopotâmia
mais civilizações antigas —, mas não podia contrariar
sofreu várias invasões porque era um oásis de ferti-
o princípio básico do poder das oligarquias, que era a
lidade em meio ao deserto.
cidadania, nem podia estar acima do valor maior, que
6. Segundo o texto, a tarefa de dominar as águas era muito
complexa e sua realização teria sido impossível por era a cidade-Estado. Houve, então, uma adaptação, que
uma só pessoa, ou mesmo por um pequeno grupo. En- foi a religião cívica, como analisa o autor do texto.
tão, a organização de grandes comunidades represen- Nesse sentido, a comparação com as expressões religio-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tou uma garantia de sobrevivência para os povos do sas da atualidade pode ser feita buscando as “adequa-
regadio. ções” necessárias para manter o poder vigente (como
7. O papel da religião foi o de submeter moralmente no caso de algumas seitas fundamentalistas), ou para
as pessoas a fim de que elas aceitassem abrir mão garantir a “fidelidade” dos fiéis (na forma de dízimo)
de seus interesses individuais em benefício do bem ou para amparar divisões políticas (como o embate en-
comum, isto é, a tarefa de construção e manutenção tre católicos e protestantes na Irlanda, na verdade entre
do complexo hídrico que permitia a agricultura. os que são contra e os que são a favor da submissão ao
8. O aluno deve perceber que os fiscais representavam a Reino Unido).
presença do rei nas colônias: “olhos do rei” para vigi-
ar o recolhimento dos impostos; “ouvidos do rei” para • Pluralidade cultural: O leite humano (p. 32).
perceber o humor dos povos dominados em relação ao A atividade sugerida permite várias linhas de traba-
governo. lho: comparação entre o conhecimento científico da
9. d 10. d 11. b Antigüidade e o atual (a idéia é perceber que os mui-
12. c 13. c 14. c tos recursos que a investigação científica tem hoje re-
15. O aluno deve mencionar a criação do alfabeto e a im- afirmam conhecimentos muito antigos); pesquisas
portância desse evento na história da humanidade. sobre as propriedades do leite humano para a saúde
16. c do bebê e sobre a verossimilhança das curas citadas
por Plínio (nesse caso seria muito interessante um tra-
balho em conjunto com os professores de Biologia);
Capítulo 2. Antigüidade clássica coleta de depoimentos de familiares e amigos dos alu-
nos sobre as simpatias e superstições relacionadas ao
Na parte que trata da Grécia antiga, as reflexões polí-
leite humano que existem hoje em dia.
ticas ocupam espaço privilegiado, mas a esfera cultural
também é analisada com cuidado, uma vez que o pensa-
mento ocidental de hoje é herdeiro de muitas questões Resolução das Atividades e dos Exercícios
teorizadas pelos gregos antigos, sobretudo as que foram complementares
retomadas pelo Renascimento. 1. Soma = 14 (02 + 04 + 08)
Na história de Roma, os componentes mais fortes são 2. O aluno deve perceber que o texto justifica o milita-
a política e a guerra. As questões políticas perpassam rismo espartano como uma necessidade de defesa, pois
todo o texto: as disputas entre patrícios e plebeus e entre os espartanos se encontravam em meio a inimigos nu-
os senadores e os generais durante a república, as guer- mericamente superiores.
ras civis no nascimento do império e o seu longo período 3. O aluno deve apontar os interesses opostos de Atenas
de crise, os conflitos sociais gerados pela questão agrá- e Esparta, ou da Liga de Delos e da Liga do Peloponeso.
ria e as guerras servis compõem um quadro político di- O resultado desse conflito foi o declínio da civilização
nâmico. A guerra sustentou o imperialismo e tornou-se grega e o domínio das suas cidades pelos macedônios.
o mais importante fator de riqueza e de poder naquela 4. Na obra de Ésquilo predomina a idéia de que os seres
sociedade. Roma sintetiza o ideal de dominação da An- humanos são regidos por forças sobrenaturais (fatali-
tigüidade e ultrapassou esse período na herança legada à dade, arbitrariedade dos deuses); nas peças de
sociedade medieval. Eurípides destaca-se a preocupação com as questões

12

Historia Base-manual 12 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
do cotidiano, das ações humanas, o que indica um afas- Capítulo 3. As primeiras civilizações da América
tamento do caráter religioso que marcou o teatro gre-
No continente denominado América pelos coloni-
go em seus primórdios.
zadores viviam muitos povos, cuja existência foi pro-
5. e
fundamente modif icada a partir de 1492. Neste
6. Essa questão leva à discussão das relações que se esta-
capítulo traçamos algumas considerações sobre a or-
belecem entre o Estado e os membros da nação nos
ganização social, política e econômica dos maias, dos
vários regimes políticos. No caso de um Estado repu-
incas e dos astecas, mostrando a complexidade cultu-
blicano, a nação é formada por cidadãos. A figura do
ral daqueles povos, o universo mágico de sua religião,
súdito é própria dos Estados monárquicos ou imperi-
a urbanização, os avanços técnicos e o imperialismo
ais. Assim, se Roma se constituía como República, não
que praticavam.
podia admitir a presença de súditos, mesmo que oriun-
Os principais temas e conceitos abordados são: im-
dos de nações dominadas.
7. O aluno deve perceber que, embora os Graco e Augusto pério, mitologia.
tenham igualmente buscado promover medidas
emergenciais (como o subsídio ao trigo), suas políti- Trabalho com texto complementar
cas foram diferentes. Os primeiros queriam resolver
de forma definitiva o problema da plebe, alterando a • Pluralidade cultural: O cotidiano da civilização maia: as
estrutura fundiária de Roma (reforma agrária). Já roupas (p. 37).
Augusto preocupou-se em distrair os plebeus (com o Seria interessante usar o texto sobre o modo de vestir
circo), enquanto fortalecia o Estado e mantinha a or- dos maias como pretexto para discutir algumas ques-
tões ligadas ao tema, como a “ditadura” da moda, a rou-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dem vigente que favorecia a elite.


A comparação entre essas duas políticas populares pa como identidade de grupo, a indústria da moda, o
pode servir de pretexto para várias discussões sobre sonho de se tornar top model.
as políticas adotadas pelos governantes brasileiros em
momentos de crise social e econômica. Trabalho com imagem
8. a) O texto informa que os romanos viam aqueles espe-
táculos como demonstração de desprezo pela mor- • Foto: ruínas de Tenochtitlán (Figura 5, p. 36).
te, mas, na verdade, eram rituais de reafirmação do Pedir aos alunos que analisem a imagem e discutam a
poder e da autoridade de Roma sobre os povos do- razão de os espanhóis terem construído a Cidade do
minados. México sobre as ruínas de Tenochtitlán. Perguntar qual
b) Ao sacrificar publicamente o gladiador — um mar- a construção espanhola que mais se destaca (a igreja)
ginal —, os romanos deixavam claro qual seria o e qual a razão desse destaque.
destino de quem tivesse a pretensão de subverter a
ordem de dominação. Isso valia tanto para a domi- Resolução das Atividades e dos Exercícios
nação entre classes sociais quanto para a domina- complementares
ção romana sobre outros povos.
c) Porque as idéias cristãs de igualdade entre todos, de 1. b
condenação à guerra e de submissão a um único se- 2. O aluno deve desenvolver a idéia da articulação entre
nhor, que é Deus, subvertiam a ordem que garantia política e religião, ressaltando que esta última respal-
o poder do imperador sobre todas as pessoas e de dava o poder dos reis.
Roma sobre os povos conquistados. 3. d
9. a) Essa questão de historiografia exige que o aluno tra- 4. Ao substituir os documentos originais por outros com
balhe com duas hipóteses sobre o fim de Roma. A a sua versão da história, os europeus apagaram os re-
primeira ressalta as questões externas (invasões gistros dos povos americanos, dificultando nosso co-
germânicas), enquanto a segunda se concentra nas nhecimento dos fatos pelo ângulo dos povos
questões internas (crise social e política), como fato- dominados.
res da derrocada do império. 5. a) A partir da leitura do texto o aluno deve apontar a
b) Essa é outra discussão historiográfica. As causas do distribuição de roupas e alimentos e o culto ao Sol
fim do Império Romano do Ocidente são múltiplas, como estratégias de dominação.
e concentrar-se em um só aspecto torna a explica- b) Os alunos devem identificar práticas eleitorais (ou
ção insatisfatória. eleitoreiras) difundidas por todo o país, como influ-
10. d 11. e enciar o voto dos eleitores por meio da distribuição
12. A atividade é a construção civil, em especial a cons- de benefícios materiais (cestas básicas, camisetas,
trução de estradas, como ressalta o mapa. As estradas brinquedos, dentaduras etc.), do fornecimento de
ligavam as províncias ao centro do império e por elas transporte gratuito até os locais de votação (uma
circulavam os exércitos, para conquistar ou preservar prática que predomina no campo, mas também ocor-
regiões já conquistadas, e também as mercadorias ex- re nas cidades), de promessas de emprego após a
ploradas pelos romanos em suas províncias. eleição, assistência jurídica etc.
13. c 6. b 7. c

13

Historia Base-manual 13 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Capítulo 4. História medieval A utilização de um exercício de vestibular como suges-


tão de atividade visa deixar clara a pertinência do as-
Ao estudar o reino franco procuramos resgatar o mo-
sunto, em especial no caso da questão da Unicamp, que
mento de transição do modo de vida característico da An-
utiliza um trecho do mesmo texto citado.
tigüidade para o modo de vida medieval. Como todo
Resolução da questão proposta: Guiava as pessoas na
período de transição, ele comporta elementos da época
vida material e espiritual; era a transmissora de infor-
que se encerra e outros que são próprios dos novos tem-
mações; controlava a comunidade até na conduta eco-
pos. Isso se evidencia no período carolíngio, que combina
o desejo de recriar o império do Ocidente com o compro- nômica; proporcionava as distrações; servia de veículo
misso de suserania e vassalagem, que mescla valores ro- de transmissão da ideologia dominante.
manos e valores germânicos.
Ao tratar do Oriente no período medieval, encon- Trabalho com imagem
tramos um exemplo significativo das limitações da pro-
• Reprodução: Um anjo fecha a porta do inferno (Figura
dução historiográfica do Ocidente: em sua maioria, as
10, p. 46).
fontes que estudam os impérios bizantino e árabe apre-
Pedir aos alunos que analisem a iluminura e identifi-
sentam aqueles povos na sua relação com o Ocidente,
quem sinais dos temores que marcavam o imaginário
sobretudo no que mais os diferenciava da Europa da-
medieval, em especial sobre o destino dos supostos pe-
quele período, que era a questão religiosa (o antagonis-
mo com o catolicismo romano). Há poucas informações cadores após a morte.
sobre as questões políticas, econômicas ou sociais —
sabemos que o seu modo de vida era mais urbano do Resolução das Atividades e dos Exercícios

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que o da Europa medieval, o comércio era uma ativida- complementares
de econômica importante, o poder continuava centrali-
1. Conforme aponta o texto, o poder em Roma era dura-
zado e as monarquias seguiam o padrão do Oriente
douro e entre os germanos era provisório; os romanos
antigo (o rei não era divinizado, mas era o representan-
tinham um Estado constituído a partir de leis escritas,
te da divindade na Terra).
portanto duradouras; os germanos organizavam-se em
Na segunda parte do capítulo apresentamos as carac-
tribos e agiam conforme as circunstâncias. O que ori-
terísticas mais marcantes do sistema feudal, organizadas
entava a organização social e política em Roma era a
de forma didática e simples: estruturas política, econômi-
idéia do bem comum; entre os germanos, eram as ne-
ca e social. Além desses fatores estruturais, enfocamos a
cessidades da batalha que estivessem enfrentando.
cultura de resistência como contraponto à idéia de
Seria interessante chamar a atenção dos alunos para o
hegemonia absoluta do pensamento católico. A cultura
fato de que as leis escritas, quase imutáveis, dos roma-
popular é apresentada como uma das formas de reação à
nos não impediam que os poderosos fizessem entre
dominação da elite, o que permite (se for do interesse do
si arranjos paralelos, conforme as circunstâncias e
professor) estabelecer um paralelo com a cultura popular
os interesses envolvidos. Observe que o fragmento
de outros períodos, sobretudo do atual, cuja produção cul- de texto reproduzido na questão pode dar a idéia de
tural costuma ser bem conhecida pelos jovens. que o autor faz um juízo de valor (a cultura
Os principais temas e conceitos abordados são: in- germânica seria inferior à romana), o que, acredita-
vasões estrangeiras, império, imperium christianum, mos, não foi a intenção de Paul Veyne.
cesaropapismo, iconoclastia, feudalismo, servidão me- 2. d 3. c 4. a 5. b
dieval, cultura. 6. O aluno pode responder que é o aspecto religioso, a
influência da Igreja Católica, a glorificação dos san-
tos ou da religião. Enfim, o importante é que ele iden-
Trabalho com textos complementares tif ique que a imagem representa a força da
• Pluralidade cultural: A iconoclastia (p. 41). religiosidade na cultura medieval.
A proposta de trabalho é clara, e favorecida pelo texto. 7. a) Neste caso, a resposta do aluno deve ser objetiva: a
Existia no mundo bizantino uma correspondência entre primeira figura representa os servos; a segunda, a
condição social e prática religiosa; correspondência se- nobreza.
melhante pode ser encontrada na atual efervescência reli- b) Com base no que foi estudado no capítulo, ou ape-
giosa no mundo. O objetivo fundamental aqui — embora nas pela observação das figuras, os alunos podem
o trabalho seja de comparação — é levar o aluno a perce- identificar as seguintes diferenças: os nobres são
ber que não estudamos história apenas para conhecer o ricos, os servos são pobres; os nobres vivem em
passado; a razão fundamental é refletir sobre o presente. castelos, os servos vivem em casas humildes; os
servos trabalham, os nobres se divertem. Quanto às
• Pluralidade cultural: A historicidade da Igreja Católica semelhanças, é possível responder: todos estavam
(p. 45). ligados a um feudo; viviam basicamente da produ-
O objetivo é salientar as transformações vividas pelas ção da terra; deviam seguir o catolicismo; habita-
instituições ao longo da história. Como a Igreja Católi- vam o mesmo ambiente rural.
ca tem aproximadamente dezoito séculos, é um bom 8. a) O aluno deve entender que nesses eventos a ordem
exemplo para esse tipo de trabalho. vigente era subvertida. Por alguns dias, a popula-

14

Historia Base-manual 14 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
ção servil tomava nas mãos o seu próprio destino, Trabalho com texto complementar
tornando-se livre da opressão que caracterizava o
• Pluralidade cultural: Cristóvão Colombo: o homem e o
seu cotidiano. mito (p. 56).
b) As ordens dominantes encaravam essas festivida- O tema nos parece muito pertinente porque revela que
des como momentos de alívio das tensões que mar- pouco sabemos sobre Colombo, um homem cujo feito
cavam as relações entre servos e senhores. As festas teve enorme ressonância na história humana. Por outro
tinham a função de “deixar penetrar um pouco de ar lado, percebemos que é possível refletir sobre a desco-
nos tonéis de vinho para que estes não explodissem”, berta da América, evento que teve Colombo como prin-
como analisou um participante desses eventos. cipal artífice, sem conhecer sua biografia. Nesse sentido,
9. O imperium christianum baseava-se na idéia de que parece que a história não depende da ação individual.
assim como só há um reino no Céu só deve haver um Mas, não fosse ele um homem que perseguisse seus ideais
chefe na Terra. Ao reino de Cristo no Céu corresponde, com tanta obstinação, a história seria a mesma? Certa-
aqui na Terra, o reino do imperador cristão. mente não. Ou seja, o tema permite uma reflexão sobre
É interessante chamar a atenção do aluno para a a relação entre a ação do indivíduo e a história.
recorrência histórica da idéia de poder com caráter di-
vino ou amparado pela divindade. Trabalho com imagens
10. e 11. a 12. b 13. b
14. a 15. b 16. e • Reprodução: O triunfo da morte (Figura 1, p. 50).
Analisar a imagem buscando indicações que revelem o
imaginário criado pela sociedade medieval sobre as epi-
Capítulo 5. Transição do feudalismo para demias. Pedir aos alunos que, levando em conta o desas-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

o capitalismo tre populacional provocado pela epidemia de 1348 e 1349,


justifiquem as imagens sombrias da tela de Brueghel.
O eixo da explicação do fim do feudalismo é a gestação
da crise no interior do sistema, o seu esgotamento interno e • Mapa: Périplo africano (Figura 5, p. 55).
a sua impossibilidade de atender às novas demandas da so- Pedir aos alunos que observem o mapa e expliquem oral-
ciedade. A superação do feudalismo — caracterizado como mente no que consistia o périplo africano.
um sistema fechado — explica-se pela crise do trabalho
servil e pelo processo de abertura ocorrido em vários senti-
Resolução das Atividades e dos Exercícios
dos: os arroteamentos, as Cruzadas, o comércio itinerante
complementares
dos primeiros mercadores, as guerras que já assumiam ca-
ráter nacional (como a Guerra dos Cem Anos). Paralela- 1. a) O aluno pode identificar como a transição do feu-
mente ocorreu a progressiva centralização do poder político. dalismo para o capitalismo ou da Idade Média para
Ainda na primeira parte do capítulo, tratamos do a Idade Moderna.
renascimento comercial e urbano, do crescimento das fei- b) O aluno deve identificar a sociedade em que predo-
ras e da importância dos burgos, as cidades criadas para mina o espaço como a sociedade feudal e
abrigar as atividades comerciais. O renascimento das ci- caracterizá-la: agrícola, servil, estamental. Deve
dades e o crescimento do comércio são dois dos mais evi- identificar a sociedade em que predomina o tempo
dentes sintomas do desaparecimento do feudalismo; outro como a sociedade capitalista e caracterizá-la: lucro,
sinal não menos importante é a reação da Igreja Católica: trabalho assalariado, sociedade de classes.
a instituição tentou barrar as mudanças que colocavam 2. e 3. e 4. a 5. b
6. A resposta deve trazer a seguinte articulação: a arre-
em risco seu poder milenar.
cadação dos tributos oriundos da atividade comercial
O mercantilismo é tratado, inicialmente, como um con-
(economia) permitia ao rei formar e sustentar o exér-
junto de práticas econômicas. Em seguida, a análise é
cito, que era usado para combater os que lhe faziam
aprofundada e discute-se a articulação entre política e eco-
oposição e, assim, fortalecia seu poder (política).
nomia no universo capitalista, e a forma como a socieda- 7. e 8. a
de e o trabalho passam a ser estruturados a partir das 9. a) É choque entre o mundo medieval da fidalguia, que
necessidades da nova ordem. valorizava o ócio, as lutas e contemplação religio-
A idéia de Época Moderna está vinculada à expansão sa, e o mundo moderno, ou capitalista, da burgue-
marítima, tratada como um grande feito em si e, ao mesmo sia, que valoriza o trabalho, o empreendimento, a
tempo, articulada com os principais acontecimentos do pe- riqueza material e a ocupação útil do tempo.
ríodo. O cenário é o tempo do nascimento do capitalismo, b) Trata-se de uma expressão que reafirma a necessi-
quando podemos observar todas as esferas sociais se orga- dade de usar o tempo de “forma útil”, isto é, ocu-
nizando a partir das necessidades da nova ordem em for- par o tempo com atividades que gerem lucro ou
mação. No centro de tudo está a conquista dos mares. Grande ganhos materiais.
parte da configuração política e econômica da atualidade é 10. d 11. c 12. d 13. c
herança da expansão marítima dos séculos XV e XVI. 14. Intervenção do Estado na economia, metalismo, teo-
Os principais temas e conceitos abordados são: crise, ria da balança comercial favorável, protecionismo al-
centralização política, burgo, burguesia, comércio, fandegário, incentivo ao crescimento demográfico e
mercantilismo. incentivo ao desenvolvimento nacional.

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Suplemento de Apoio do Professor

Atividade em dupla ou em grupo ceia representa o pensamento religioso, herdado do


catolicismo medieval, com o qual o Renascimento
a) As revoltas camponesas eram, acima de tudo, reflexo
da ruptura da dependência do servo em relação ao se- não rompeu.
nhor; além disso, os saques e ataques aos castelos da É interessante notar que Da Vinci representa Cristo em
nobreza demonstravam a revolta do campesinato fran- uma atividade bem humana (alimentando-se), assim como
cês contra um sistema que permitia que fossem tão o mostra vivo e não morto na cruz ou ressuscitado.
explorados. 3. a) O aluno pode identificar como o mundo moderno
b) A crise agrícola, a epidemia de peste bubônica, a fome, ou mercantilista ou capitalista.
as guerras entre os senhores feudais. b) Este item exige que o aluno perceba o choque cultu-
ral abordado por Cervantes: Quixote defendia valo-
res ultrapassados, que não se adaptavam aos novos
Capítulo 6. O Renascimento tempos; sua atitude (figura) era melancólica porque
A principal preocupação do estudo sobre o sua luta era em vão (contra moinhos de vento), visto
Renascimento é mostrar as duas faces do evento: a sua que os ideais medievais estavam sendo enterrados pela
importância para as artes e para a ciência e as suas limita- história. Outra possibilidade de análise é identificar
ções (foi um movimento urbano e de elite). o herói com a nobreza espanhola que se negava a
Várias questões podem resultar em discussões interes- adotar a nova forma de vida definida pelo capitalis-
santes. Entre elas, sugerimos: a revolução provocada pelo mo e mantinha a ociosidade medieval, um dos fato-
uso da impressão mecânica, inventada por Gutenberg; a in- res responsáveis pelo declínio da Espanha.
trodução do estudo das humanidades nas escolas; a reflexão 4. d 5. b 6. d

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sobre o humanismo, isto é, a valorização do ser humano sem 7. Soma = 13 (01 + 04 + 08)
que houvesse, contudo, a intenção de negar ou de se opor a 8. O tema, que é ligado à mitologia grega; a exposição
Deus; o ideal de felicidade buscado pela burguesia em opo- do corpo quase nu de Marte, indício da valorização da
sição ao culto ao sofrimento característico da Idade Média. beleza humana; o novo ideal de felicidade, ligado aos
Finalmente, vale observar que há um amplo leque de prazeres materiais.
possibilidades de trabalho integrado com a área de Artes. 9. a 10. e 11. c
Os principais temas e conceitos abordados são:
Renascimento, cultura, humanismo, mecenato, artes.
Capítulo 7. As questões religiosas: Reforma
e Contra-Reforma
Trabalho com texto complementar
Os conflitos religiosos que marcaram o Ocidente na tran-
• Pluralidade cultural: Nicolau, um renascentista (p. 64). sição da Idade Média para a Idade Moderna, e que resulta-
A história de Nicolau é exemplar das características do ram na Reforma Protestante, fazem parte do contexto mais
Renascimento: seu interesse pelo estudo das humanida- amplo de mudanças dos últimos tempos do feudalismo.
des; seu apego à beleza; a riqueza que lhe permitia viver Traçamos um panorama dos antecedentes da Reforma
sem trabalhar e custear a caríssima vida de renascentis- Protestante, buscando a percepção de que as divergências
ta e mecenas; sua curiosidade sobre o mundo; a valori- no interior da Igreja Católica não surgiram com Lutero,
zação do conhecimento; a necessidade de se informar; a mas remontam ao século XII, com Francisco de Assis e as
sua diversidade de interesses. muitas heresias surgidas na Idade Média. Sobre a Contra-
A atividade sugerida é simples, mas favorece o desen- Reforma destacamos a Companhia de Jesus, a grande for-
volvimento da habilidade de identificar informações es- ça da reação católica, as mudanças realizadas e as práticas
pecíficas em meio a várias outras. O interesse maior é reafirmadas pelo Concílio de Trento.
explorar a riqueza de detalhes que o texto oferece para a Os principais temas e conceitos abordados são: reli-
caracterização de um renascentista. gião, cristianismo, heresia, dogma, reforma (mudança na
forma, sem romper com a essência), predestinação, pro-
testantismo.
Trabalho com imagem
• Reprodução: A criação do homem (Figura 2, p. 60).
Trabalho com texto complementar
A partir da observação da imagem, descrever como a pin-
tura representa a criação dos seres humanos e discutir de • Pluralidade cultural: A fantástica viagem à Ilha Sonante
que forma a teoria da evolução, de Charles Darwin, con- (p. 70).
traria a idéia de criação expressa por Michelangelo. As respostas das atividades sugeridas dependem apenas
de leitura atenta e interpretação do texto.
1. A instituição metaforicamente representada por
Resolução das Atividades e dos Exercícios
Rabelais é a Igreja Católica.
complementares
2. As famílias nobres colocavam seus filhos na carreira
1. a eclesiástica para evitar dividir o patrimônio entre vári-
2. Mona Lisa representa o pensamento laico, derivado da os herdeiros (“[...] quando nalguma nobre família desta
cultura clássica, que valoriza a beleza humana. A última última região, há excesso de filhos, corre-se o risco de

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Parte 2 — O livro na sala de aula
a herança desaparecer, se for dividida por todos; por 5. Os nobres presentes no Parlamento estavam interessa-
isso, os pais vêm descarregar nesta ilha Corcundal os dos nas propriedades da Igreja Católica dentro do ter-
filhos a mais...”). ritório inglês. Se Henrique VIII confiscasse as terras
3. Os pobres (dias-sem-pão) enviam seus filhos para católicas, provavelmente essas terras cairiam nas mãos
que tenham como sobreviver (“pois os habitantes dessa nobreza.
dessa região encontram-se em perigo de morrer de 6. e 7. e 8. e 9. d
fome”), porque não têm ofício ou são preguiçosos 10. c 11. b 12. b
(“não saber nem querer fazer nada”), porque são 13. As duas decisões têm relação direta com a afirmação:
criminosos (“nem trabalhar em arte ou ofício ho- a restrição da venda de indulgências serviu para acal-
nesto, ... ou cometeram algum crime que os poderá mar os ânimos contra a corrupção da instituição, en-
levar à pena de morte”). quanto a preservação do princípio da salvação pelas
4. O tema do texto se evidencia na denominação dos “pás- boas obras garantiu a continuidade da entrada de capi-
saros”: clerigaus, padregaus, bispogaus etc. tais por meio das doações dos fiéis.
Como desdobramento do trabalho de leitura, seria 14. a
interessante pedir aos alunos que contextualizassem 15. O aluno deve perceber a oposição entre o discurso do
a crítica de Rabelais no embate de idéias religiosas papa e o do pensador. O primeiro procura defender
que dominava a Europa naquele período. seu poder (que era milenar), mas que estava sendo ques-
tionado. Já Ficino, retratando o espírito de sua época,
levanta dúvidas a respeito da legitimidade do poder da
Trabalho com imagem Igreja sobre toda a sociedade.
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• Mapa: A Reforma religiosa na Europa (Figura 5, p. 70). Chamar a atenção dos alunos para o fato de ambos usa-
Observando o mapa, relacionar a expansão geográfica rem as Escrituras para respaldar seus argumentos, rea-
do protestantismo à consolidação do capitalismo em de- firmando a idéia de Max Weber de que não se tratava de
terminadas regiões, o que respalda a tese de Max Weber abandonar a religião, mas de trocar um domínio religi-
sobre o impulso que as religiões protestantes deram ao oso por outro, mais compatível com os novos tempos.
capitalismo.

Capítulo 8. O absolutismo
Resolução das Atividades e dos Exercícios
complementares O absolutismo é trabalhado em sua teoria e em sua
prática, isto é, como foi pensado e como se construiu
1. Francisco de Assis opunha-se às atitudes do alto clero, nas diversas realidades sociais em que se instalou. Essa
que valorizava a riqueza material e os prazeres e tinha abordagem permite refletir a respeito das limitações dos
pouco apego à doutrina. A proposta franciscana apoi- modelos de explicação sobre os fenômenos sociais, por-
ava-se no chamado cristianismo primitivo, a doutrina que, partindo dos mesmos pressupostos teóricos, os even-
dos primeiros tempos da Era Cristã, que valorizava a tos acabam sofrendo mudanças decorrentes das condições
humildade, a pobreza, a fraternidade, a espiritualidade sociais características de cada povo e/ou de cada tempo.
em detrimento da fortuna e dos prazeres materiais. Os principais temas e conceitos abordados são: poder
2. e político, absolutismo, direito divino.
3. a) Na verdade houve uma tentativa de dominação por
meio do controle ideológico sobre a sociedade e de
uma política de terror desenvolvida pelo Tribunal Trabalho com texto complementar
do Santo Ofício. • Ética e cidadania: A teoria do direito divino dos reis
b) Por causa de uma conjuntura que aliava, entre ou- (p. 76).
tros, os seguintes fatores: a desagregação do feuda- A reprodução desse trecho da obra de Bossuet foi moti-
lismo e o desenvolvimento comercial e urbano, que vada pela freqüência com que ela é citada nos vestibula-
mudaram a mentalidade das pessoas; o aparecimento res e porque permite levantar um interessante debate
de uma elite econômica enriquecida com o comér- sobre a possibilidade de se criarem justificativas para
cio, atividade condenada pelo catolicismo; a quaisquer circunstâncias. Essa discussão pode levar ao
corrupção de parte do clero e o desrespeito dos pa- aprimoramento do senso crítico a fim de selecionar o
dres aos pressupostos doutrinários, como o celibato que é pertinente ou não num rol de argumentos e de per-
e a pobreza; o apoio da nobreza alemã à doutrina ceber que o fato de uma idéia comportar justificativas
luterana e da burguesia ao calvinismo. não a torna legítima, não significa que deva ser aceita.
4. Os pregadores calvinistas afirmavam que o enriqueci-
mento seria um dos sinais da salvação; dessa forma, a
Resolução das Atividades e dos Exercícios
burguesia estaria liberada da condenação religiosa feita
complementares
pela Igreja Católica, que considerava o lucro um peca-
do. O calvinismo foi o respaldo religioso e ideológico 1. d
que deu à burguesia condições de se desenvolver, con- 2. Essa questão pede que o aluno relacione política econô-
tribuindo para consolidar o capitalismo. mica e regime de governo. É necessário que ele consiga

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Suplemento de Apoio do Professor

estabelecer essa relação informando que a centralização c) Entre outros interesses, podem ser citados: conquis-
e o autoritarismo do regime absolutista foram vistos, em ta das rotas de comércio; busca de especiarias e ou-
seu tempo, como condições necessárias para garantir a tros artigos do Oriente; procura por áreas para
expansão marítima e comercial. A tese mercantilista que colonização; exploração de metais amoedáveis; am-
prega a intervenção do Estado na economia era favorecida pliação do comércio e, conseqüentemente, da arre-
pelo caráter centralizador do governo. cadação de tributos; expansão da religião católica.
3. O Estado português viveu um processo de centraliza-
ção precoce e de aliança entre o rei e a burguesia a • Pluralidade cultural: Duas versões da mesma história (p.
partir da Revolução de Avis (1383). Esses dois fatores 87).
foram responsáveis pelo pioneirismo português nas Ressaltamos com freqüência o fato de a expansão ma-
navegações. rítima e a colonização se caracterizarem como acon-
4. a 5. b 6. a tecimentos que têm significados diferentes para os
7. a 8. c 9. b vários grupos humanos neles envolvidos. No caso
dessa atividade, a questão torna-se explícita porque
reproduzimos textos escritos por pessoas oriundas das
Capítulo 9. A conquista da América pelos europeus duas sociedades em confronto (um europeu e um in-
O tema da viagem de Cabral tornou-se uma questão dígena), cada qual mostrando como aqueles aconte-
historiográfica que permite várias discussões interes- cimentos foram vividos no âmbito da sua própria
santes: se ele saiu ou não de Portugal com a missão de cultura.
parar no Brasil antes de seguir para Calicute; se outros

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
navegadores já haviam aportado aqui antes de 1500;
Trabalho com imagem
quais são as razões de tantas versões para o mesmo
acontecimento; quais os interesses que estão por trás • Reprodução: Europeus e índios americanos (Figura 1,
de uma versão falsa. p. 80).
Na primeira parte do capítulo narramos, também, os Salientar na gravura de Théodore de Bry os traços eu-
conflitos entre Portugal e Espanha pela partilha das ter- ropeizados conferidos aos índios pelos primeiros ar-
ras descobertas por Colombo. Na seqüência buscamos tistas europeus que vieram à América registrar suas
refletir sobre o significado da expansão marítima para imagens.
as pessoas que, antes de 1492, viviam separadas pelo
Atlântico. A colonização, habitualmente estudada na es-
fera econômica, é observada aqui no aspecto humano, Resolução das Atividades e dos Exercícios
numa tentativa de analisar o seu significado para os eu- complementares
ropeus e para os índios.
1. Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas
Os principais temas e conceitos abordados são: parti-
na tentativa de garantir exclusividade sobre as rotas
lha, descobrimento, colonização, extermínio, exclusivo co-
comerciais do Atlântico, afastando outros países que
mercial, tribo.
poderiam lhes fazer concorrência.
2. a) Foi um acordo firmado entre Portugal e Espanha,
Trabalho com textos complementares pelo qual os reinos ibéricos dividiam entre si as no-
vas terras descobertas.
• Pluralidade cultural: Controvérsias a respeito do desco-
b) Outros países contestavam o tratado porque tam-
brimento do Brasil (p. 83).
bém queriam explorar as terras conquistadas durante
Partindo de três fragmentos de textos, dois produzidos
a expansão marítima.
no Brasil e o outro em Portugal, o trabalho procura sub-
3. Sem perder de vista que o principal objetivo da ex-
sidiar a discussão sobre uma controvérsia que persiste
pansão portuguesa era a descoberta da rota das espe-
mesmo depois de a tese da casualidade já ter sido refu-
ciarias, o aluno deve argumentar que a posse do Brasil
tada de várias formas.
foi importante porque significava o controle de ter-
A sugestão de uma questão de vestibular como ativida-
ras dos dois lados do Atlântico Sul, ou seja, o domí-
de segue a idéia de mostrar aos alunos de que forma
nio do oceano que era a principal via de comércio
esse tipo de tema pode ser cobrado nas avaliações.
daquele tempo.
a) Considerando que a versão oficial data o descobri-
mento em 1500 (pela frota de Cabral), o aluno deve 4. b
perceber que o referido manuscrito propõe outra ver- 5. O Tratado de Tordesilhas dividiu a América entre Por-
são, segundo a qual o Brasil teria sido oficialmente tugal e Espanha, ignorando a ocupação das terras pe-
visitado pelos portugueses em 1498, por uma frota los vários povos indígenas.
sob o comando de Duarte Pacheco. 6. d
b) Para explicar a atitude de Manuel I, a resposta deve ex- 7. F – V – V – V
plorar a questão da disputa internacional pelo controle 8. Soma = 6 (02 + 04)
das rotas marítimas e das áreas que as potências euro- 9. Soma = 3 (01 + 02)
péias queriam colonizar. 10. b 11. b 12. a

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Parte 2 — O livro na sala de aula
Capítulo 10. Colonização: um projeto do a propriedade da terra, a resposta deve enfocar
mercantilista que, para os índios, não existia a noção de proprie-
dade privada da terra; a posse era coletiva, porque a
O colonialismo é analisado como um sistema
terra era considerada sagrada, fonte de vida para pes-
estruturado sobre pressupostos mercantilistas. A Amé-
soas, animais e plantas (lembrar que na cultura in-
rica teria sido ocupada e explorada pelos europeus prin-
dígena esses elementos eram igualmente valorizados).
cipalmente com o objetivo de atender à política
Para os portugueses, a terra (colonial) e seus frutos
econômica mercantil. Portanto, o que acontecia nas
colônias era ressonância, em maior ou menor grau, do eram objeto de exploração, de enriquecimento; na
que ocorria nas metrópoles. visão da cultura mercantilista, a terra era apenas mais
Partimos de uma caracterização geral do sistema co- um fator de multiplicação do capital.
lonial a fim de subsidiar discussões posteriores, quando b) O monopólio comercial; a economia nacional con-
abordamos as questões específicas de cada colônia. O trolada pelo Estado absolutista; a valorização das
exclusivo comercial, ou monopólio metropolitano, e to- atividades comerciais e dos metais preciosos; a acu-
das as suas decorrências formaram a base sobre a qual o mulação de riquezas por uma nação; a exploração
colonialismo se estruturou e ganhou existência. de áreas coloniais (sistema colonial).
Finalmente, descrevemos o aparato administrativo 6. a
montado pelos governos metropolitanos em suas colônias, 7. a) O interesse da metrópole em repassar para particu-
aparato que visava principalmente o controle da explora- lares os gastos com a colonização; a necessidade de
ção ou da tributação sobre as riquezas exploradas. ocupar a colônia.
Uma questão polêmica levantada neste capítulo (pági- b) Centralizar a administração na colônia, buscar ri-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

na 96) se refere ao mapa do Brasil colonial dividido em quezas minerais no interior, coordenar esforços para
capitanias hereditárias, que aparece de formas variadas a defesa do território, desenvolver a construção na-
nas fontes consultadas. val, visitar e fiscalizar as capitanias, estabelecer a
Os principais temas e conceitos abordados são: siste- política de relação com os povos indígenas.
ma colonial, exclusivo comercial, colônia, conquista, 8. a) Ele a explica como uma ação genocida que tinha
autogoverno, pré-colonial, escambo, metrópole. por objetivo obter riquezas materiais.
b) Consiste unicamente na superioridade bélica (me-
cânica), porque, para o autor, a ação criminosa
Trabalho com imagem dos conquistadores revelaria a sua inferioridade
• Mapa: A América espanhola na segunda metade do sé- cultural.
culo XVIII (Figura 2, p. 92). 9. c 10. a 11. d 12. a
A partir da imagem, discutir com os alunos por que nos 13. d 14. b
documentos que mostram a divisão da América entre os
colonizadores — como é o caso desse mapa da América
ibérica — não é feita qualquer referência às terras que Capítulo 11. O empreendimento canavieiro
estariam ocupadas pelos índios. no Brasil
O tema é trabalhado na sua importância para a
Resolução das Atividades e dos Exercícios interiorização da ocupação colonial (desenvolvimento do
complementares Nordeste e expansão da pecuária) e no envolvimento dos
holandeses com a comercialização e, posteriormente,
1. a) Eram aventureiros que vinham para a América fa-
com a produção (período da invasão holandesa). Encer-
zer fortuna.
rando o capítulo, relatamos os principais eventos do pro-
b) Diziam que estavam trazendo a verdadeira civiliza-
cesso de ocupação definitiva do Norte e Nordeste do
ção, a cultura ocidental católica.
Brasil pelos portugueses.
c) Levar para a Europa a maior quantidade possível de
Os principais temas e conceitos abordados são: agri-
metais preciosos.
cultura de exportação, lavoura, pecuária, invasões estran-
2. b
geiras, insurreição, monocultura, engenho.
3. a) Foi diferente principalmente ao permitir a autono-
mia local (self-government).
b) Está explícito no texto que, tanto quanto as outras Trabalho com texto complementar
colonizações, ela foi “destruidora do indígena”. Há,
ainda, outra informação implícita: foi um processo • Pluralidade cultural: Fronteiras (p. 106)
de colonização que seguiu o padrão de dominação O objetivo da atividade é levar o aluno a perceber que
da Época Moderna (nas colônias do Sul), ou seja, a história tem uma forma própria de leitura. Assim, mes-
baseado nas grandes lavouras, na produção voltada mo quando trabalhamos com obras literárias, relatos
para a exportação e na escravidão africana. de viajantes — como nesse caso — ou documentos de
4. b outra natureza, devemos contextualizar historicamen-
5. a) Como o enunciado pede que se apontem as diferen- te (buscar o sentido histórico) as informações contidas
ças culturais entre portugueses e índios evidencian- no texto.

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Suplemento de Apoio do Professor

A primeira frase é uma referência à dificuldade de se Os principais temas e conceitos abordados são:
estabelecerem fronteiras entre as antigas colônias espa- sociedade, relações sociais, preconceito, escravidão co-
nholas e o Brasil, uma vez que várias regiões, de acordo lonial, tráfico de escravos, liberdades individuais,
com os tratados de limites, pertenciam aos hispânicos, quilombo, resistência, família patriarcal.
mas eram ocupadas por luso-brasileiros, e vice-versa.
A segunda frase permite duas contextualizações: “ba- Trabalho com texto complementar
nidos pela sociedade” porque eram desertores, consi-
derados marginais, e “recebidos de braços abertos pela • Ética e cidadania: Carrasco (p. 110).
natureza” porque era relativamente fácil se esconder O texto, além do caso curioso que narra, é claramente
em meio à selva ou, então, porque se adaptavam ao utilizado como pretexto para discutir os direitos da pes-
modo de vida indígena, essencialmente ligado à na- soa, em especial dentro da família, unidade social que
tureza. é tida como inviolável mesmo que em seu interior se
cometam os mais bárbaros crimes (como espancamen-
to, tortura física e mental, abusos sexuais, explorações
Resolução das Atividades e dos Exercícios
de toda ordem, desqualificação da pessoa). É impor-
complementares
tante informar aos alunos que essa atitude não é uni-
1. c 2. c 3. a versal: em vários países, o governo expropria os pais
4. O aluno deve relacionar a união das Coroas ibéricas do pátrio poder caso se apure qualquer atitude de cru-
sob o domínio espanhol com os prejuízos sofridos eldade, de abandono ou de violência contra os filhos.
pelos comerciantes holandeses de açúcar, devido às
guerras entre Espanha e Holanda. Privados de seu

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
principal produto de comércio, os flamengos invadi- Trabalho com imagem
ram o Brasil para recolher o produto diretamente na • Reprodução: Funcionário público saindo de casa com
fonte produtora.
a família (Figura 1, p. 108).
5. b
6. O trecho é: “Os flamengos recolhiam o produto [açú- Solicitar a observação da obra de Debret, com o objeti-
car] em Lisboa”. Essa frase deixa claro que o fun- vo de identificar o lugar que cada personagem (o patri-
damento do exclusivo comercial — os colonos só arca, a esposa, os filhos, os escravos, as crianças escravas)
podiam vender seu produto aos comerciantes e na- ocupava na sociedade colonial.
vios portugueses — estava sendo respeitado, por-
que o açúcar saía do Brasil e chegava a Lisboa em
Resolução das Atividades e dos Exercícios
navios lusitanos, e só então era recolhido pelos ho-
complementares
landeses.
7. V – F – F –V 8. e 9. c 1. Soma = 43 (01 + 02 + 08 + 32)
2. A informação mais evidente é que o patriarca vai à
frente; na mão direita, ele traz um chicote, que sim-
Capítulo 12. A formação da sociedade boliza seu poder (quem não obedecer, apanha). As
colonial brasileira mulheres adultas (esposa e filhas maiores) seguem
Uma forte característica da sociedade colonial ibé- atrás de o patriarca, devidamente “protegidas” por cri-
anças e escravos. O escravos fecham o cortejo, res-
rica foi a transposição, para o plano social, da violên-
saltando a sua situação na sociedade. O desfile é,
cia e arbitrariedade que estavam na essência do também, uma forma do patriarca exibir seu poder e
colonialismo. A família patriarcal, def inida como suas “posses” para o restante da sociedade.
“naçãozinha governada por um ditador”; as relações 3. Para justificar suas atitudes de violência e desrespeito
sociais pautadas pelo abuso de poder, pelo preconceito contra negros e índios, os europeus criaram uma série
e pelo desrespeito aos direitos dos índios e dos africa- de teorias falsas a respeito da superioridade dos bran-
nos; o genocídio infligido à população indígena; o ter- cos. Essas teorias deram origem a um conjunto de idéi-
rível cotidiano dos escravos — todos esses elementos as — por exemplo, a de que negros e índios são inferiores
são exemplos do grau de violência que perpassava a e devem servir ao branco e obedecer-lhe — que orde-
sociedade colonial. Em contrapartida, havia a violên- naram as relações inter-raciais na América. Até hoje
cia da resistência e da reação nas rebeliões de escravos, essas idéias geradoras de racismo interferem nas socie-
dades americanas, uma vez que não conseguimos apagá-
nos ataques indígenas, nas revoltas dos colonos.
las totalmente do nosso sistema de crenças.
Procuramos traçar um panorama no qual a socieda-
4. A captura servia para intimidar os demais escravos e
de colonial pode ser vista de vários ângulos: a família desestimular novas fugas.
patriarcal, os conflitos étnicos, as arbitrariedades nas 5. a) O tráfico negreiro.
relações de trabalho, o preconceito, os trabalhadores b) Na primeira estrofe, a idéia central é a facilidade de
livres, o cotidiano da escravidão e as lutas dos escra- o traficante exercer o comércio humano; na segun-
vos contra sua condição de cativos. Enfim, nossa in- da, a alta lucratividade proporcionada pelo comér-
tenção foi mostrar alguns aspectos da complexidade cio negreiro.
social, que ia muito além do antagonismo senhores 6. a 7. d 8. c 9. d
versus escravos. 10. a 11. c 12. c

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Parte 2 — O livro na sala de aula
UNIDADE II – DA CONSOLIDAÇÃO Trabalho com imagem
DO CAPITALISMO À FORMAÇÃO • Foto: Vista da cidade do Rio de Janeiro, 2000 (Figura 9,
DO PROLETARIADO p. 124).
Pedir aos alunos que observem a foto e, de acordo com
Capítulo 13. A Europa no século XVII o que foi trabalhado no capítulo, discutam com os co-
Na Europa, o comércio consolidou o poder econômi- legas como se explica a ocorrência simultânea de ri-
co da burguesia e as revoluções inglesas foram o primei- queza e pobreza em um mesmo lugar.
ro passo para a consolidação do seu poder político. As
revoluções inglesas ocorridas no século XVII transfor- Resolução das Atividades e dos Exercícios
maram a Inglaterra no primeiro país a ser governado pela complementares
burguesia, questão que costuma passar despercebida pelo
fato de a monarquia e a Câmara dos Lordes terem sido 1. Os alunos devem identificar as seguintes informações:
mantidas. Mas, a partir dos eventos tratados neste capí- os Stuart impediam o povo de se reunir e de participar
tulo, o Parlamento passou a exercer o poder na Inglater- das discussões políticas, mutilavam os que criticavam
ra e muitos lordes tornaram-se nobres aburguesados. o governo, abusavam da cobrança de impostos e dese-
O contexto inglês do século XVII era extremamente javam fechar o Parlamento.
dinâmico, resultado do aprofundamento das relações ca- 2. a) Os levellers, que foram afastados do poder e massa-
pitalistas naquele país, com alguns grupos populares rela- crados pelos cabeças redondas, e os irlandeses, que
tivamente organizados, participando das disputas políticas confiavam na devolução da autonomia da Irlanda
pelo governo republicano de Cromwell. O novo go-
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na defesa de seus interesses, caso dos levellers e dos


diggers. Em seguida tratamos do declínio econômico de verno, porém, sufocou toda a oposição e dominou
Portugal e Espanha e da consolidação do capitalismo. totalmente a Irlanda.
Neste século, a concentração de riquezas na Europa b) A principal conquista foi econômica, com a aprova-
atingiu um nível bem alto. Com a riqueza em mãos, a bur- ção dos Atos de Navegação, que protegiam os co-
guesia tratou de organizar a vida social e política de acor- merciantes ingleses. Graças a esses atos, a Inglaterra
do com seus interesses. Ou seja, a burguesia criou as tornou-se a maior potência marítima da época.
condições para sua consolidação como classe social 3. O Parlamento representa o poder de fato na Inglaterra,
hegemônica. Porém, a concentração de rendas significa exercido pelo primeiro-ministro, que é escolhido pe-
que o dinheiro que está entrando nos bolsos de alguns está los parlamentares. O castelo representa um poder sim-
saindo das mãos de outras pessoas; por isso o século XVII bólico e, também, a valorização das tradições por parte
é também o tempo dos mendigos. Esse é o outro lado da dos britânicos.
história que procuramos entender. 4. A ausência de uma burguesia mais versátil, capaz de
Os principais temas e conceitos abordados são: revo- diversificar investimentos em lugar de insistir na ma-
lução, guerra civil, terrorismo, declínio econômico, capi- nutenção da economia fundamentada na exploração
talismo, lucro, preço justo, valor monetário, Parlamento. colonial, foi o principal fator de declínio de Portugal e
Espanha. Atrelada ao mercantilismo, a burguesia luso-
espanhola não percebeu que outros países, como In-
Trabalho com textos complementares glaterra, França e Holanda, haviam criado novos
• Ética e cidadania: Em busca da igualdade (p. 120). mecanismos de exploração, assumindo a condição de
O texto pode ser aproveitado para o debate de duas ques- dominantes do ponto de vista econômico. Outro fator
tões: a longevidade dos atritos motivados pelas diver- importante foi a expulsão, pelo Tribunal do Santo Ofí-
gências quanto ao uso da terra por trabalhadores e cio, da comunidade judaica, que possuía capital.
proprietários; e a análise do autor do texto sobre os mo- 5. e
vimentos pacifistas, vistos por ele como demonstração 6. a) O poder dos banqueiros, o poder do capital.
de fragilidade, uma opinião que não é compartilhada pela b) Os banqueiros concediam empréstimos a reis e no-
maioria dos analistas políticos. bres e, por isso, tinham poder de influência sobre
seus devedores. Além disso, o confisco de bens das
• Ética e cidadania: O poder por trás do poder (p. 124). pessoas que não pagavam suas dívidas aumentava
A atividade sugerida explicita nossa intenção ao trans- cada vez mais o patrimônio dos banqueiros e, con-
crever a análise de Leo Huberman: a reflexão feita por seqüentemente, o seu poder.
ele aplica-se com muita propriedade à situação política 7. a
de uma considerável parcela de nações atuais, incluindo 8. A assinatura da Declaração dos Direitos teve várias
o Brasil. Com freqüência, o envolvimento de parlamen- implicações políticas: a instalação de uma monar-
tares e outras pessoas públicas com os donos do dinhei- quia parlamentar na Inglaterra; a vitória do projeto
ro tem sido objeto de denúncias e de escândalos políticos. político e econômico da burguesia; e, pela primeira
Com uma rápida pesquisa, os alunos levantarão um nú- vez na história, a submissão de um rei às determi-
mero considerável de exemplos da relação entre poder nações dos súditos representados no Parlamento.
econômico e poder político. 9. e

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10. Apesar da manutenção da monarquia, a Revolução Glo- Os principais temas e conceitos abordados são: ex-
riosa transformou profundamente o poder político na pansão territorial, tratados de limites, fronteiras, minera-
Inglaterra, com a criação de um regime de monarquia ção, administração estatal, revolta ou rebelião, arrocho
parlamentar, em que os políticos eleitos para o Parla- fiscal, urbanização, cultura.
mento eram os que governavam de fato. A partir dos
acontecimentos de 1688 e 1689, a Inglaterra passou a
ter um governo controlado pelas classes capitalistas, Trabalho com texto complementar
ou seja, pela burguesia e pela nobreza mercantil. • Pluralidade cultural: O curumim Jesus (p. 135).
11. c 12. a O texto de José de Anchieta pode ser analisado em um
13. A atividade mercantil é concentradora de rendas. trabalho interdisciplinar com Literatura. Também serve
Quem tem capital investe em boas oportunidades de subsídio e/ou elemento motivador para uma discus-
de negócios, aumentando ainda mais seu capital. são, em sala de aula, sobre a catequese.
Quem tem pouco capital dificilmente consegue fa-
zer negócios rentáveis. Dessa forma, os capitais se
concentram cada vez mais nas mãos de poucas pes- Trabalho com imagens
soas.
14. Para Max Weber, o catolicismo representava um en- • Mapa: A pecuária e a expansão das fronteiras nacionais
trave para o pleno desenvolvimento dos negócios ca- (Figura 1, p. 126).
pitalistas porque condenava a prática da usura e do Observar o mapa e identificar que regiões geográficas
lucro. A ética protestante, por outro lado, retirou a con- do Brasil de hoje foram conquistadas, para além do Me-
denação religiosa do lucro e valorizou a riqueza oriunda ridiano de Tordesilhas, graças à pecuária.

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das atividades capitalistas. Nos países onde prevale-
ceu o catolicismo, como Portugal e Espanha, o capita- • Reprodução: Passo da Cruz-às-costas (Figura 11,
lismo não pôde se desenvolver plenamente; nos países p. 134).
que aderiram à Reforma, como Inglaterra e Holanda, Analisar a obra de Aleijadinho em busca de traços do
a burguesia encontrou o respaldo ideológico-religioso barroco mineiro, como expressões fisionômicas fortes
que garantiu a consolidação do capitalismo e acelerou (evidenciando angústia) e detalhes que sugerem movi-
seu desenvolvimento. Essa seria a razão, segundo mento (dobras dos tecidos, posição dos corpos).
Weber, de a passagem do século XVI para o XVII ter
marcado a transferência da riqueza mundial de dois
reinos católicos para dois reinos protestantes. Resolução das Atividades e dos Exercícios
complementares
Tema para debate 1. a) Bandeiras.
b) Por causa de sua ação desbravadora e de conquista
Para enriquecer o debate, sugerir aos alunos que co-
de terras para os portugueses, os bandeirantes já
mentem outros motivos de exclusão do mercado de traba-
foram tratados como heróis pela historiografia.
lho, por exemplo, a exigência de qualificação. Ou pode-se
Atualmente, sem desconsiderar sua contribuição
também discutir como a sociedade atual vê aqueles que
para a expansão territorial, a historiografia aponta
não trabalham.
a violência que permeava a atuação dos bandei-
rantes, sobretudo na caça ao índio e na destruição
de quilombos.
Capítulo 14. A expansão territorial e o ciclo
2. b 3. a
minerador no Brasil
4. Na verdade a contradição é apenas aparente. Os dois
A primeira parte do capítulo trata dos fatores respon- textos narram o mesmo acontecimento, sendo que o
sáveis pela expansão da colônia portuguesa, cujos limites primeiro reproduz a visão dos brasileiros sobre o tema,
haviam sido inicialmente determinados pelo Tratado de e o segundo, a visão dos portugueses.
Tordesilhas. Vale observar que os agentes da expansão não 5. As casas de fundição foram criadas para impedir o
buscavam a ampliação territorial, que foi um resultado contrabando de ouro. O ouro em pó era levado para
as casas de fundição, onde era transformado em bar-
fortuito. O mesmo não se aplica à descoberta das Gerais,
ras, nas quais se colocava o selo, atestando que o
cuja procura já durava quase dois séculos.
quinto real já havia sido cobrado. Apenas o ouro de-
Em seguida apresentamos a estrutura montada pelo vidamente quintado podia circular livremente pela
governo metropolitano para controlar a extração do mi- colônia. Apesar dessas precauções, o contrabando não
nério e f iscalizar a coleta de impostos. Na região foi eliminado.
mineradora, os conflitos entre o fisco metropolitano e 6. a) Porque Assumar veio ao Brasil com a tarefa de com-
os colonos se agravaram e resultaram em rebeliões. As bater o contrabando de ouro, o que prejudicaria tan-
principais conseqüências da mineração na história do to os donos das grandes datas quanto os pequenos
Brasil foram a mudança do eixo econômico e político contrabandistas.
para o Centro-Sul, o impulso à urbanização e a ocupação b) Como era comum no período colonial, a metrópole
do interior da colônia. aplicou castigos diferenciados aos envolvidos no mo-

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Parte 2 — O livro na sala de aula
vimento, de acordo com a condição econômica de lucionário considerando-se o modo como, até então, as
cada um: os mineiros ricos sofreram degredo; os lí- pessoas encaravam a religião.
deres que pertenciam às camadas pobres foram con-
denados à morte, mas só Tiradentes foi executado.
7. a 8. e Trabalho com imagem
9. As Cartas chilenas representam a literatura voltada • Reprodução: cena do filme Tempos modernos (Figura
para a crítica política e social e contêm um ataque aos 8, p. 143).
desmandos do governo das Minas Gerais. Observar a imagem, buscando indícios da crítica de Cha-
10. São as regiões Sul e Centro-Oeste, que, de acordo com plin ao parcelamento das tarefas e à alienação que ele
o Meridiano de Tordesilhas, pertenciam aos espanhóis. provoca no trabalhador. Após trabalhar o capítulo 16, que
11. a 12. e aborda a Revolução Industrial, pode-se voltar a essa ima-
13. a) Para evitar o contrabando das pedras; para conse- gem e discutir a relação homem/máquina no processo de
guir fiscalizar toda a extração de diamantes, a fim produção fabril.
de que a Coroa não fosse lesada; para impedir que o
monopólio real fosse ameaçado.
b) Inicialmente eram atribuídas datas, como na mine- Resolução das Atividades e dos Exercícios
ração aurífera. Diante da dificuldade em controlar complementares
a quantidade de pedras extraídas, foi instituída a 1. a) Porque rompia com os valores tradicionais e propu-
contratação. Nesse sistema, o rei designava um fi- nha novos modelos para a organização social, como
dalgo de sua confiança como encarregado de ex- a igualdade jurídica entre as pessoas.
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plorar as minas. O contratador respondia diretamente b) O autor da ópera faz referência à impossibilidade de
ao rei, para quem se comprometia a entregar uma se deter as mudanças em curso, porque elas atendem
parte das pedras encontradas. aos interesses e às necessidades daquele tempo.
14. d 2. O Renascimento foi uma união de princípios do pen-
samento medieval cristão e de idéias inspiradas na
cultura da Antigüidade clássica. O iluminismo se con-
Capítulo 15. O século da razão: iluminismo trapôs à religiosidade que permeava o pensamento e
e liberalismo o conhecimento na Idade Média, uma vez que negou
O iluminismo foi uma revolução porque provocou uma a religião como fonte de saber (mas não como mani-
festação simbólica).
ruptura profunda no pensamento ocidental ao abandonar as
3. c 4. b
antigas explicações religiosas sobre o mundo físico e seus 5. O mercado de trabalho, como os demais mercados, fun-
fenômenos e proclamar que somente o que passa pelo crivo ciona de acordo com os pressupostos da lei da oferta e da
da razão pode ser aceito como verdade. A partir desse pres- procura. Na economia liberal, o trabalho é uma merca-
suposto teórico, discutimos as principais características e doria como outra qualquer. Dessa forma, quando existe
idéias do movimento das luzes, as teorias científicas e polí- muita oferta de mão-de-obra, o seu preço tende a cair; na
ticas do século XVII, o conhecimento desenvolvido no sé- situação inversa (pouca oferta para muita demanda), o
culo XVIII; ao final incluímos um breve estudo sobre o preço tende a subir. Os fisiocratas defendiam a expansão
absolutismo ilustrado (ou despotismo esclarecido). demográfica para aumentar a oferta de trabalhadores.
A segunda parte do capítulo aborda o liberalismo. Par- 6. V – V – V – F
tindo de um marco, a publicação da Riqueza das nações 7. a) Dois princípios do liberalismo econômico: liberdade
(1776), o pressuposto teórico que orienta a discussão so- de comércio e defesa da propriedade privada. Dois
bre o liberalismo articula economia e política, e associa princípios do liberalismo político: garantia das liber-
dades individuais e igualdade de todos perante a lei.
ambas ao grande projeto de liberdade que circulava nos
b) A liberdade de comércio, a defesa da propriedade
meios burgueses. Leo Huberman escreveu que o brado da
privada, a liberdade cambial e os demais princí-
burguesia, naquele momento, era: “Deixe-nos em paz!”,
pios do liberalismo econômico favoreciam a
porque o mercado dispensaria a intervenção do Estado,
internacionalização do comércio, um dos princi-
assim como o Estado não precisava mais do rei.
pais interesses da burguesia do final do século XVII
Os principais temas e conceitos abordados são:
e começo do século XVIII.
iluminismo, liberalismo, razão, ciência, conhecimento, oti- 8. e 9. a
mismo, absolutismo, contrato social, laicização, parcelamento 10. A característica do iluminismo a que o texto faz referên-
das tarefas, divisão internacional do trabalho, neoliberalismo. cia é a crítica ao poder absoluto do rei. Os iluministas, e
dentre eles Rousseau, condenavam os abusos cometidos
Trabalho com texto complementar pelos monarcas absolutistas, embora não fossem contra
a monarquia. Tinham como modelo de sistema político a
• Pluralidade cultural: A fé do iluminista (p. 140). monarquia parlamentar inglesa. Coerentes com os novos
O texto de Voltaire reforça a idéia de que o iluminismo tempos, os pensadores do século XVIII acreditavam em
não pregava o ateísmo, mas uma nova forma de relacio- um governo regido pela lei, no qual monarca e súditos
namento com o mundo divino, o que chegava a ser revo- estariam igualmente protegidos por essa lei.

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11. e tístico, ou em qualquer outro setor. Seria interessante


12. Os dois opositores da Enciclopédia foram a Igreja Ca- apurar qual o setor que mais emprega crianças na comu-
tólica e os partidários do absolutismo. A Igreja conde- nidade da qual a escola faz parte.
nava o pensamento das luzes porque as descobertas
científicas e a proposta de entender a realidade por • Trabalho e consumo: De artesão (artista) a operador (ope-
meio da razão destruíam os alicerces do seu poder cul-
rário) (p. 150).
tural, baseado nos dogmas e na explicação mística do
mundo. Os partidários do absolutismo faziam oposi- O texto do historiador Edgar de Decca é um documento
ção ao iluminismo porque esse movimento condenava clássico a respeito da criação do sistema de fábrica. Segun-
as práticas absolutistas e a teoria do direito divino dos do esse estudo, para aumentar a produção os capitalistas
reis, e propunha um governo sustentado pela lei e pelo estenderam o tempo da jornada diária e aceleraram a velo-
contrato social, o que acabaria com os privilégios dos cidade e o ritmo de trabalho. Para os capitalistas, era de
absolutistas. extrema importância ter o controle sobre as inovações tec-
13. O aluno deve relacionar os princípios de liberdade e nológicas a fim de dirigi-las de acordo com seus interesses.
de auto-regulamentação da economia propostos pelo
liberalismo econômico com o desejo da burguesia de
tomar o poder político, livrando-se do rei, seu aliado Trabalho com imagem
no Antigo Regime. • Reprodução: Oficina de artesãos, 1376 (Figura 1, p. 147).
14. d 15. d 16. b Observar na gravura a relação homem/produção nas ofici-
nas caseiras. Seria interessante fazer um paralelo com a Fi-
gura 8 do capítulo 15 (cena do filme Tempos modernos),
Capítulo 16. A Revolução Industrial

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que mostra de forma irreverente a relação homem/máquina.
Mais do que um evento econômico, a mecanização da
produção foi um evento social. Ao transferir para as má-
Resolução das Atividades e dos Exercícios
quinas o conhecimento sobre a produção — um saber que complementares
há milênios era domínio humano —, a Revolução Indus-
trial deslocou o homem para segundo plano e em seu lu- 1. a) Os fatores que possibilitaram a Revolução Industrial
gar colocou a máquina. Em versões que vão dos na Inglaterra foram: o predomínio da burguesia na
equipamentos industriais aos automóveis e computado- condução dos negócios do Estado desde a Revolução
res, a máquina se tornou o maior símbolo do mundo con- Gloriosa; o cercamento dos campos, que permitiu o
temporâneo. uso capitalista da terra e deslocou para as cidades
Podemos entender a Revolução Industrial como um grande contingente de mão-de-obra, que ficou dis-
processo que começou no final do século XVIII e ainda ponível para trabalhar nas fábricas; a acumulação de
está em curso. Ou podemos pensar que nos últimos du- capital proporcionada pela exploração colonial.
zentos anos ocorreram alguns saltos significativos no b) A vitória do sistema de fábrica, com suas grandes e
avanço da tecnologia, que se caracterizam como “várias dispendiosas instalações, ampliou a distância entre
o capital e o trabalho.
revoluções industriais”. O que não se pode contestar é
2. Lorde Byron entendia que o ludismo era um crime e
que as inovações e aperfeiçoamentos tecnológicos con-
deveria ser combatido, mas ressaltava que a ação dos
tinuam em andamento. antigos artesãos era motivada pelo desespero de ver
Os principais temas e conceitos abordados são: re- seu trabalho ser destruído. Por isso, é possível enten-
volução, mecanização da produção, sistema de fábrica, der que seu discurso pedia, também, uma solução para
tecnologia, bens de consumo, máquina, matéria-prima, os problemas dos desempregados.
manufatura, divisão de trabalho, alienação, jornada de 3. a 4. d 5. d 6. c
trabalho, operário, artesão. 7. d 8. c 9. e
10. a) O aluno pode caracterizar como ação direta, ou,
simplesmente, informar que os luditas invadiam as
Trabalho com textos complementares
fábricas, quebravam as máquinas, colocavam fogo
• Trabalho e consumo: O trabalho infantil (p. 148). nos galpões.
O objetivo da atividade é chamar a atenção do aluno b) A resposta deve ser uma reflexão sobre a luta ho-
para a questão do trabalho infantil no Brasil, fato con- mem versus máquina. É a máquina tirando o traba-
denado pelos organismos que defendem os direitos da lho dos antigos artesãos.
criança, mas amplamente praticado. (O Artigo 60 do 11. a 12. c 13. d
Capítulo V do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei
o
n 8.069, de 13 de julho de 1990, proíbe o trabalho a
menores de 14 anos.) Capítulo 17. Conflitos na América ibérica e a
independência dos Estados Unidos
Nessa discussão, o trabalho infantil pode ser analisado
em suas muitas variáveis: na lavoura, nas fábricas, nas Observamos que o colonialismo na América teve um
ruas (vendendo ou prestando serviços), na mendicân- forte componente de violência, que se configura como uma
cia, na prostituição, no serviço doméstico, no meio ar- das explicações para o grande número de conflitos

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Parte 2 — O livro na sala de aula
registrados no período. Relatamos alguns desses embates 2. b
— que envolveram colonos, índios, escravos, bandeiran- 3. O índio mostrado nos filmes norte-americanos mais an-
tes, jesuítas, funcionários da metrópole etc. —, com des- tigos aparece como uma figura associada ao mal, que
taque para as guerras travadas entre colonizadores e índios. precisa ser combatida. Ele é o “inimigo” contra o qual o
Este tema, pouco explorado pela historiografia, ocupa o herói tem de lutar para o bem da humanidade. Explicam-
centro das questões que estamos estudando, uma vez que se, assim, tanto o genocídio executado pelos norte-ame-
a colonização só pôde se efetivar após a tomada das terras ricanos no século XIX quanto as atrocidades cometidas
que pertenciam às nações indígenas. A tentativa dos ín- no século XX em nome do Destino Manifesto, isto é, sob
dios de preservar seus direitos resultou no extermínio quase o argumento de que se estava levando a civilização aos
completo dos povos nativos. povos considerados incultos. Filmes mais recentes, no
De acordo com a divisão convencional da história, a entanto, como Dança com lobos (EUA, 1990, dir. de
independência dos Estados Unidos faz parte da Idade Mo- Kevin Costner), têm apresentado uma visão mais crítica
derna, mas várias características desse evento da ação colonizadora do oeste dos Estados Unidos.
correspondem ao universo contemporâneo. A Revolução 4. a) Os atritos entre janduís e portugueses tiveram iní-
Americana de 1776 deu origem a um governo republica- cio durante a Insurreição Pernambucana porque os
no fundamentado em uma Constituição liberal, que ga- índios lutaram ao lado dos holandeses. Após a ex-
rantia os direitos do cidadão frente ao Estado; representou pulsão dos flamengos, as forças metropolitanas vol-
a vitória da política econômica liberal (inicialmente no taram-se contra os índios.
Norte e, após a Guerra de Secessão, também no Sul) e a b) Os colonos venceram e os índios foram totalmente
separação entre Estado e Igreja. Ou seja, o evento traz os aniquilados. Esse povo indígena desapareceu em de-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

componentes fundamentais da caracterização do Estado corrência da guerra.


liberal burguês contemporâneo. Somente a escravidão, que 5. c 6. a
persistiu nos Estados Unidos até metade do século XIX, é 7. a) Direitos naturais (vida, liberdade e felicidade).
um elemento que evoca o Período Moderno. A indepen- b) Quando o governo não garante os direitos citados
dência dos Estados Unidos é tratada, portanto, como o no item a.
fato responsável pela criação da primeira república bur- 8. Os vegueros eram pequenos produtores de tabaco que
guesa e pelo primeiro movimento em direção ao fim do viviam próximo a Havana; eles trabalhavam por conta
colonialismo, outra marca da Idade Moderna. própria, não tinham escravos e lutavam para suportar
Os principais temas e conceitos abordados são: con- a pressão dos grandes plantadores. Os agentes espa-
flito, missão religiosa, cristão-novo, visitação, autono- nhóis pagavam pela mercadoria dos colonos preços
mia política, independência política, autogoverno, mais baixos do que aqueles praticados pelo mercado.
exclusivo colonial, guerra. 9. a) De um lado estavam a Companhia de Comércio do
Maranhão e os padres jesuítas; do outro, estavam os
colonos, a Câmara Municipal de São Luís, os
Trabalho com texto complementar franciscanos e o bispo da capitania do Maranhão.
• Ética e cidadania: Liberdade e escravidão (p. 161). b) Os franciscanos e o bispo do Maranhão faziam parte
A questão proposta serve de pretexto para a discussão dos setores da Igreja que se opunham aos jesuítas.
da dualidade (tão presente na história) de um documen- 10. Os jesuítas criaram dois focos de conflito com os colo-
to que garante a liberdade para alguns, mas mantém a nos: primeiro, porque lutavam contra a escravização dos
escravidão de outros. A reflexão pode levar à percepção índios; segundo, porque competiam com os colonos com
de que isso é uma marca da democracia, que preconiza seus bem-sucedidos empreendimentos agrícolas e na ex-
a garantia de direitos para todos, mas só os grupos soci- tração das drogas do sertão (sustentados pelo trabalho
ais que lutam por eles conseguem vivenciá-los. Por essa indígena). Por outro lado, os jesuítas eram responsáveis
razão, afirma-se freqüentemente que os embates são pelas únicas escolas existentes na colônia, que eram fre-
próprios da democracia; pelo mesmo motivo, em países qüentadas tanto pelas crianças brancas quanto pelas cri-
cuja elite não deseja compartilhar o poder com outras anças indígenas. No século XVII, os indígenas passaram
classes sociais, as lutas próprias de um sistema demo- a ser alfabetizados nas missões jesuíticas.
crático são consideradas crime e combatidas com vio- 11. e 12. b
lência pelo aparato militar.
Capítulo 18. A Revolução Francesa
Resolução das Atividades e dos Exercícios
A Revolução Francesa é um dos acontecimentos mais
complementares
estudados pela historiografia e, talvez por isso, um tema
1. A resposta deve articular a ruína econômica da aristo- sobre o qual se conhecem muitos detalhes. Isso dificultou
cracia rural de Olinda e o enriquecimento dos comer- nossa tarefa de selecionar as informações para compor o
ciantes portugueses de Recife com a disputa política capítulo: Algumas passagens são necessárias para se cons-
surgida entre as duas cidades. A falência econômica truir um eixo de explicação, mas o fundamental desse evento
de Olinda foi seguida pela perda do poder político para é o que ele nos ensina a respeito de um processo de revolu-
a enriquecida Recife. ção política. Por isso optamos por caracterizar o contexto

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pré-revolucionário, os embates políticos e os antagonismos Resolução das Atividades e dos Exercícios


de interesses presentes no interior do processo revolucio- complementares
nário, e o seu desfecho burguês, que se consolidou nas mãos
1. d
de Napoleão Bonaparte. O eixo de explicação segue a tese
2. a) A burguesia e o campesinato. Ambos estavam des-
do historiador francês Albert Soboul: quando eclodiu, a re-
contentes com o peso fiscal que recaía sobre eles;
volução carregava variadas possibilidades, mas quando se
no caso específico da burguesia, a falta de garantia
encerrou era uma revolução burguesa.
do direito de propriedade era outro fator de descon-
Os principais temas e conceitos abordados são: revo-
tentamento.
lução, sociedade estamental, absolutismo, burguesia, cle-
b) Acabar com a isenção de impostos da nobreza e do
ro, nobreza, jacobino, girondino, sans-cullote, república,
clero; garantir a propriedade privada; aprovar a De-
terror, Constituição, expansionismo, império, liberalismo,
claração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que
restauração.
garantia igualdade jurídica para todos os franceses.
3. a
Trabalho com textos complementares 4. a) A Revolução Francesa.
b) O poder de intervenção na economia; o poder de
• Trabalho e consumo: Miséria mesmo após a liberdade legislar e de exercer a justiça.
(p. 164). c) A igualdade jurídica; a garantia do direito de pro-
O texto citado chama a atenção para o fato de que nem priedade; a liberdade de expressão.
sempre uma transformação formal (ou legal) correspon- 5. a
de a uma mudança efetiva. 6. Na primeira parte da questão, o aluno deve caracteri-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em geral, sugerimos textos complementares que dialo- zar o Bloqueio Continental como a estratégia adotada
gam diretamente com os temas abordados, e, sempre que por Napoleão para tentar subjugar a Inglaterra por meio
possível, procuramos fazer uma ponte entre eventos dis- do embargo econômico, uma vez que não conseguiu
tantes no tempo e situações da atualidade. Além de res- derrotá-la militarmente.
saltar que o objeto da história não está enclausurado no A segunda parte requer uma reflexão sobre política
passado, esse tipo de dinâmica ajuda a desenvolver uma internacional: na Europa, os países que não aderiram
importante competência: a instrumentalização, obtida na ao bloqueio foram atacados pela França (como foi o
análise dos eventos já vividos, que capacita a entender caso de Portugal); na América, a vinda da família real
os eventos imediatos com os quais temos de lidar, sem portuguesa significou um passo importante no proces-
poder recorrer a estudos ou análises sobre eles, uma vez so de independência do Brasil.
que acabaram de acontecer. Essa é uma capacitação de 7. d
que a pessoa necessita durante toda a vida, por isso in- 8. O historiador justifica o terror como a única possibili-
dade de a Convenção salvar a Revolução e, mais ain-
sistimos nesse tipo de atividade.
da, o próprio país.
Nessa linha de trabalho, sugerimos que, após analisar a
9. e 10. c 11. b
situação do campesinato descrita por Hobsbawm, seja
12. c 13. c
feita uma analogia com questões semelhantes — por
exemplo, a abolição da escravidão no Brasil, que nem
extinguiu totalmente o trabalho escravo nem permitiu o Capítulo 19. A independência da América ibérica
acesso do antigo cativo à esfera social.
As novas teorias sobre economia e política surgidas
• Ética e cidadania: Revolução e contra-revolução (p. 170). na Europa no século XVIII chegaram à América na ba-
Aparentemente trata-se de uma questão simples — a gagem dos filhos da elite agrária que iam estudar nas
separação entre Estado e Igreja e a distribuição de metrópoles.
terras foram os fatores responsáveis pelo fim do po- O liberalismo econômico, já em pleno desenvolvimen-
der religioso e aristocrático na França —, mas é pos- to nos países de economia mais avançada, pressionava pelo
sível desenvolver, a partir do texto, duas discussões estabelecimento de uma nova ordem econômica interna-
interessantes. Uma proposta é analisar a diferença cional, na qual não cabiam mais o protecionismo e o
entre poder laico e poder fundamentado na religião colonialismo próprios da economia mercantilista.
(a idéia iluminista de que política é questão racional O número crescente de rebeliões coloniais, muitas delas
e de jogo de forças, enquanto fé é questão de foro lideradas por pessoas oriundas das classes excluídas (ín-
íntimo, individual). Outra proposta é discutir a ques- dios, escravos, ex-escravos ou trabalhadores pobres), as-
tão do poder gerado pela concentração de terras nas sustava a elite colonial. Esta, conhecendo as estratégias
mãos de um pequeno segmento social, que pode ser a de resistência adotadas pelos escravos, sempre teve medo
nobreza feudal, a aristocracia moderna ou a aristo- de que um levante popular derivasse em atos de vingança,
cracia colonial. como acabou acontecendo no Haiti.
Ainda dentro desse tema, é interessante comparar o ocor- A conjugação desses três fatores formou o panorama
rido na França (separação entre Estado e Igreja) com a no qual se desenrolou o processo de independência da
solução encontrada pelos ingleses, que foi a de subme- América ibérica, e que usamos como suporte teórico na
ter a Igreja ao Estado (Reforma Anglicana). análise dos acontecimentos narrados neste capítulo.

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Historia Base-manual 26 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
Os principais temas e conceitos abordados são: inde- sua vez, não trouxe a liberdade esperada, uma vez
pendência política, república, guerrilha, escravidão colo- que a elite que tomou o poder manteve as classes po-
nial, abolição, dependência econômica, emancipacionismo, bres distantes das decisões políticas e vivendo um
rebelião, insurreição, monarquia. tipo de exploração semelhante ao sofrido nas mãos
dos colonizadores.
3. O aluno deve relacionar o temor secular das classes
Trabalho com textos complementares
proprietárias pelos levantes de escravos (temor que au-
• Ética e cidadania: A América revolucionária (p. 175) mentou com a experiência haitiana) com a intensifi-
Seria interessante discutir com os alunos a influência cação da repressão aos movimentos de escravos ou de
da religião no movimento de independência do Méxi- alforriados.
co: a participação dos padres no evento, a relação en- 4. Os revolucionários haitianos exigiam do governo fran-
tre o clero e a população pobre e o contraponto dessa cês os mesmos direitos de liberdade e autonomia que
aliança, considerando-se que na Europa a Igreja era os revolucionários franceses exigiram do governo ab-
tida como aliada dos mais ricos. solutista de Luís XVI. Os rebeldes usavam o próprio
ideário da Revolução Francesa para reivindicar os seus
• Pluralidade cultural: A resistência das mulheres guara- direitos.
nis (p. 182). 5. c
O objetivo do texto e da atividade é levar o aluno a 6. a) A crise econômica provocada pela presença da fa-
perceber que a preservação da identidade cultural mília real no Brasil; os prejuízos na lavoura
constitui uma forma de resistência à dominação, as- pernambucana por causa de dois anos de seca.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) A aliança da elite rural com Pedro I tinha o objetivo


sim como a tentativa de eliminar traços culturais que
de evitar um processo revolucionário que instalasse
constituem a identidade de um povo é uma das for-
uma república popular e, também, a fragmentação
mas de exercer a dominação. (Essas questões apare-
territorial. Apoiando a monarquia, a elite rural pre-
cem com freqüência quando estudamos a preservação
tendia garantir a manutenção da estrutura escravista
da cultura africana entre os escravos e a da cultura
e latifundiária do período colonial.
ameríndia entre os remanescentes da população nati- 7. d
va do continente.) 8. a) A situação socioeconômica do Paraguai no período
É possível trazer a questão para o presente e discutir está explicitada no enunciado. O aluno deve com-
algumas formas de resistência cultural, como a músi- parar esses dados com os indicadores da situação
ca criada pelos jovens das periferias das grandes ci- do Brasil (o Brasil era agroexportador, tinha econo-
dades ou a preservação de tradições folclóricas. mia instável e uma indústria incipiente, grande par-
te da população era analfabeta etc.).
Trabalho com imagem b) A resposta deve levar em consideração dois elemen-
tos: o interesse dos ingleses pela economia latino-
• Reprodução: Tiradentes (Figura 5, p. 176). americana; a independência econômica do Paraguai
Observar a tela de Portinari e analisar de que forma o que, na óptica britânica, era um exemplo perigoso.
autor representa a morte de Tiradentes (martirizado, A questão permite informar aos alunos a respeito da
em imagem que remete à crucificação de Cristo). Se- controvérsia que divide os historiadores na análise desse
ria interessante, também, comparar essa obra com ou- tema. A historiografia oficial no Brasil, cuja visão pre-
tras que mostrem Tiradentes (vivo ou morto), dominou nos manuais de história até a década de 1960,
questionando a imagem que cada uma delas constrói interpretava o conflito como a luta patriótica dos bra-
do alferes. sileiros contra o agressor e tirano Solano Lopez.
A partir da década de 1970, a historiografia de esquer-
da, com base no estudo de novos registros da guerra,
Resolução das Atividades e dos Exercícios elaborou outra interpretação. Segundo esses historia-
complementares dores, entre os quais se destaca o argentino Leon Pomer,
1. Desde o século XVII, a Espanha vinha sofrendo um a guerra traduziu principalmente a ingerência da polí-
declínio econômico e político. Essa situação se agra- tica externa inglesa na América Latina, interessada em
vou no século XVIII, quando a economia garantir o mercado sul-americano para seus artigos
mercantilista começou a perder terreno para o libe- industriais. Para o Império brasileiro, orientado por uma
ralismo e para o avanço do projeto industrial. A política regional expansionista, aliar-se à Inglaterra para
Espanha não acompanhou essas transformações eco- derrotar o Paraguai representava uma estratégia favo-
nômicas e tornou-se dependente dos países que se rável à conquista da hegemonia na região platina.
industrializavam. Para pagar suas dívidas, intensi- Outros historiadores, mais recentemente, conside-
ficou a exploração da América. rando novas fontes documentais, analisaram a Guer-
2. A colonização significou a destruição quase completa ra do Paraguai como um conflito essencialmente
das sociedades pré-colombianas, processo que envol- regional, que expressou a disputa dos países platinos
veu várias formas de violência. A independência, por pelo controle da região.

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Historia Base-manual 27 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Nesta obra optamos por explicar o conflito à luz da Sugerimos um trabalho de pesquisa sobre o tema “O que pen-
segunda interpretação, que congrega uma parcela sam os brasileiros a respeito da própria nacionalidade”.
importante da historiografia. Recomendamos, po-
rém, que o professor abra esse debate com os alu- Trabalho com imagem
nos, contribuindo dessa forma para se perceber o
dinamismo do conhecimento histórico. • Reprodução: Coroação de D. Pedro I, 1828 (Figura 1,
9. Liberdade significava o fim do exclusivo comercial; a p. 185).
igualdade jurídica e política, que na Europa se esten- Encontrar na obra de Debret elementos que evidenciem
dia a toda a nação, na América hispânica tornou-se a construção imaginária em torno da figura do impera-
um privilégio da elite. dor: sentado ao trono, coroado, “acima” das demais pes-
10. b 11. b soas, “intocável”; a “Igreja” se curva diante dele; as
12. O critério usado pela justiça metropolitana era o de pessoas comuns (o povo), ao fundo, estão bem distantes
atribuir a pena não conforme o crime, e sim de acordo e são quase insignificantes quando comparadas à figura
com a condição social do criminoso. A questão pode imponente do imperador.
ser usada para discutir o fato de a sociedade brasileira
ter herdado esse critério de “dois pesos, duas medi-
Resolução das Atividades e dos Exercícios
das”, lembrando que, até hoje, ocorrem casos em que
complementares
pessoas de prestígio cometem crimes e se valem de
todos os recursos da lei para protelar sua punição. 1. F – V – F – V
13. c 14. e 15. e 2. a 3. a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4. As principais causas da abdicação de Pedro I foram: os
conflitos relacionados com o autoritarismo do imperador
Capítulo 20. A consolidação da independência
(o fechamento da Assembléia Constituinte e a repressão
no Brasil e o Período Regencial
aos participantes da Confederação do Equador); o
Analisando as primeiras décadas do século XIX no favorecimento da elite e dos comerciantes portugueses;
Brasil, da chegada da corte portuguesa ao acordo entre a as preocupações com a sucessão ao trono de Portugal.
aristocracia rural e o futuro imperador Pedro I, a opção 5. d
pela monarquia e pela manutenção da escravidão, vamos 6. O aluno deve identificar como característica comum o
percorrendo o roteiro de fundação do Estado nacional bra- fato de os dois movimentos questionarem o poder cen-
sileiro. O resultado desse processo pouco diferiu do que tral. No tocante às diferenças, pode citar: a composição
ocorreu na formação das repúblicas hispano-americanas: social do movimento (Farroupilha: elite gaúcha; Balaiada:
estabelecimento de uma política econômica que favore- grupos excluídos), as razões econômicas (Farroupilha:
cia a elite agrária, governo centralizado, exclusão das clas- proteção ao charque; Balaiada: miséria) e o desfecho
ses populares dos centros de decisão política e repressão (Farroupilha: acordo com o governo e anistia; Balaiada:
aos movimentos que questionavam a ordem estabelecida. repressão severa e execução de todos os líderes).
O que diferenciava o Brasil das antigas colônias espa- 7. a 8. e 9. e 10. c 11. d
nholas — a manutenção da unidade territorial — quase se 12. d 13. d 14. e 15. b
perdeu durante a regência. As inúmeras rebeliões que 16. a) Na Cabanagem há o predomínio de segmentos po-
marcaram o período, a resistência das elites regionais em pulares, enquanto na Farroupilha há o predomínio
aceitar as decisões nacionais oriundas da capital do impé- de estancieiros e camadas médias.
rio e a grave situação econômica vivida por expressiva b) Trata-se de uma herança que o império recebeu do
parcela da população brasileira formaram o cenário da crise período colonial: a repressão severa aos rebeldes de
após a abdicação de Pedro I. origem popular e condescendência com os oriun-
Os principais temas e conceitos abordados são: aris- dos das elites.
tocracia rural, poderes de Estado, regência, abdicação, voto
censitário, confederação, centralização e descentralização
política, nacionalidade. Capítulo 21. As questões políticas da Europa
no século XIX

Trabalho com texto complementar Os ecos da Revolução Francesa de 1789 geraram uma
onda revolucionária que buscava expandir o liberalismo
• Ética e cidadania: A construção da nacionalidade brasi- político e econômico na Europa. Entre os anos de 1820 e
leira (p. 187). 1848, embates entre o novo (Estado burguês, liberalismo)
A nacionalidade brasileira é um assunto sempre atual, e o antigo (absolutismo, mercantilismo) foram travados
em permanente debate. O texto sugere que as rebeliões em algumas regiões européias. Analisamos os eventos
coloniais e regenciais expressavam a fragilidade da uni- ocorridos na Espanha, em Portugal e na França.
dade e da identidade nacional, a inexistência de um sen- Na segunda metade do século XIX, a necessidade de rea-
timento de brasilidade entre os habitantes das províncias. lizar a unificação nacional levou a Sardenha-Piemonte e a
Nesse sentido, o “povo brasileiro” teria sido uma cons- Prússia a fazerem uso da doutrina nacionalista para promove-
trução ideológica posterior. rem, respectivamente, a unificação da Itália e a da Alemanha.

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Historia Base-manual 28 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
Os principais temas e conceitos abordados são: naci- 8. a) A unificação se fez sob o controle de Estados que
onalismo, liberalismo, Constituição, burguesia, absolutis- se encontravam em processo de industrialização,
mo, autoritarismo, operariado, golpe de Estado, política portanto a política econômica desenvolvida pelo Es-
imperialista, unificação, união alfandegária, emigração, tado unificado privilegiava o setor industrial (nor-
reforma agrária. te); além disso, a unificação não realizou a reforma
agrária pela qual lutavam os camponeses do sul.
b) Podemos apontar duas conseqüências: o aumen-
Trabalho com textos complementares
to da criminalidade e/ou a formação da máfia; e
• Pluralidade cultural: A outra versão da história (p. 195). as grandes ondas de emigração, principalmente
O que foi bom para a aristocracia rural brasileira não foi em direção à América.
bom para a burguesia portuguesa — é o que atesta o his- 9. a
toriador António do Carmo Reis. Dessa forma, ficam jus- 10. A expansão francesa ocorrida durante o governo de
tificadas as exigências de retorno de João VI e juramento Napoleão Bonaparte levou a experiência liberal a países
da Constituição liberal, assim como a intenção de recolo- que ainda viviam sob o absolutismo. Isso permitiu que
nizar o Brasil. A abertura dos portos brasileiros, em 1808, significativa parcela da população percebesse as vanta-
e o Tratado de 1810 são as razões de ordem econômica gens do novo regime, em especial para as camadas mé-
presentes na Revolta Liberal do Porto. dias formadas por pequenos proprietários, comerciantes,
A vigência na Espanha de uma Constituição liberal fa- artesãos, enfim, pessoas que se beneficiariam com o novo
vorecia a pressão sobre o rei português e garantia que o regime político e econômico.
reino não seria invadido por exércitos a serviço de al- 11. c 12. b 13. a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

gum rei absolutista. 14. O grande desenvolvimento econômico e social es-


timulado pelo Zollverein (livre comércio) foi um
• Ética e cidadania: A Itália pré-unificação: um período fator decisivo para que outros principados
de agitação política (p. 198). germânicos se juntassem à Prússia e ao Hessen.
O nacionalismo desponta com vigor no século XIX e
serve de respaldo para a unificação da Itália e da Ale-
manha. Seria interessante discutir com os alunos o sig- Capítulo 22. O segundo reinado no Brasil
nificado do “nacionalismo patriótico” citado pelo autor
do texto e, também, de que forma esse sentimento se Durante quase meio século o Brasil foi governado por Pedro
expressa nas competições esportivas internacionais, II. Esse longo governo foi sustentado principalmente pelas ex-
como as Olimpíadas e os campeonatos mundiais. portações de café; as tentativas de industrialização do Brasil,
como a liderada por Mauá, foram desestimuladas pelo gover-
no. Em termos de política econômica, Pedro II manteve o Bra-
Resolução das Atividades e dos Exercícios sil muito próximo do período colonial, isto é, a economia
complementares continuou enfatizando a agricultura de exportação.
Na segunda parte do capítulo abordamos a questão do
1. Trata-se de um exercício de leitura. O aluno encontra trabalho no Brasil no final do século XIX, analisando o
no texto fatores de ordem interna (a permanência do processo de abolição da escravidão e a formação da clas-
rei no Brasil e a presença inglesa em Portugal) e fa- se trabalhadora assalariada. A forma como a abolição da
tores de ordem externa (a restauração das monarqui- escravidão foi conduzida e a situação a que os antigos es-
as absolutistas e a onda de revoluções liberais). cravos foram relegados após 1888 revelaram pouca con-
2. a) Como é possível perceber pelo enunciado, o que sideração social para com os trabalhadores.
diferencia as revoluções de 1789 e 1848 é a pre- A imigração foi incentivada, em parte, porque o pre-
sença, nesta última, do proletariado. conceito vetava ao antigo escravo o direito de se tornar
b) O aluno deve perceber que a Revolução de Feve- um trabalhador assalariado. Por outro lado, as relações de
reiro revelou ao mundo uma nova classe revolu- trabalho escravistas, que marcaram mais de três séculos
cionária (o operariado) e um novo confronto social de nossa história, deixaram hábitos difíceis de apagar,
(burguesia versus proletariado). como a intolerância dos patrões aos questionamentos dos
3. b 4. a 5. d trabalhadores, e resultaram em conflitos entre trabalha-
6. O aluno deve indicar que se tratava da zona de livre dores europeus e fazendeiros brasileiros.
comércio estabelecida entre a Prússia e Hessen. Na Os principais temas e conceitos abordados são: maio-
atualidade, os blocos econômicos também se caracte- ridade, conservador, liberal, autoritarismo, monarquia
rizam como zonas de livre comércio entre os países constitucional, parlamentarismo, estrutura agrária, prote-
membros, embora o contexto capitalista de hoje seja cionismo, tese abolicionista, tese escravista, imigração,
muito mais complexo do que no tempo em que Prússia sistema de parceria, colonato.
e Hessen firmaram aquele acordo.
7. Para os camponeses italianos, o processo de unifi-
cação do país resultou em frustração porque não Trabalho com textos complementares
houve divisão das terras, como esperavam que acon- • Ética e cidadania: O imperador e suas “artes” (p. 205).
tecesse. O artigo citado pode subsidiar um debate sobre a imagem
pública e o comportamento privado: Pedro II cultivava a
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Historia Base-manual 29 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

imagem pública de um homem muito sério, enquanto seus acesso. O ganho real dos colonos era tão pequeno que
adversários o acusavam de ter um comportamento moral- trabalhavam praticamente de graça.
mente reprovável. Esse seria um bom ponto de partida 11. c 12. b
para discutir a imagem que criamos das pessoas públicas 13. Soma = 11 (01 + 02 + 08)
de nosso tempo e como elas seriam na vida particular. 14. V – V – V – F
15. a
• Ética e cidadania: A ausência de futuro (p. 208).
A atividade proposta é apenas um exercício de leitura,
mas existe a possibilidade de serem desenvolvidos dois Capítulo 23. A transição do império para
outros trabalhos com o poema de Castro Alves. A pri- a república no Brasil
meira sugestão é um trabalho integrado com Literatura, O segundo reinado chegou ao fim e com ele foi-se
que poderia incluir outros poemas abolicionistas. A se- também o império. Um contemporâneo dos eventos que
gunda é o estabelecimento de uma ponte com a situação vamos estudar nesse capítulo assim analisou o que via:
das crianças de rua que, na atualidade, vivem em todas “não é a república que vem, é o império que vai”. Mais
as grandes cidades e, como o escravinho do poema, têm do que um simples jogo de palavras, essa observação
futuro incerto. Se Castro Alves, diante do prenúncio da revela que a república não nasceu de um anseio pela
vida trágica que espera aquela criança, diz que seria modernidade política e, sim, da impossibilidade de se
melhor a mãe do cativo ensiná-lo a praticar os piores manter o império (um dos problemas mais sérios era a
crimes, as crianças abandonadas de hoje realizam essa sucessão de Pedro II, que não tinha filhos homens). Essa
evocação de forma ainda mais triste, e o futuro também particularidade é preocupante, porque talvez faça da re-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
parece lhes reservar apenas uma mortalha. O mais em- pública uma conquista não muito valorizada por parte
blemático dessa questão é que a maioria de nós fica cho- da população brasileira. E o início de nossa vida repu-
cada com as palavras do poeta, mas permanece blicana — a República da Espada — parece confirmar
indiferente à tragédia que nos cerca. essa suspeita.
Os principais temas e conceitos abordados são: tran-
Trabalho com imagem sição, crise, republicanismo, positivismo, Constituição,
aristocracia rural, militarismo, estado de sítio, impedimen-
• Reprodução: Sagração de D. Pedro II (Figura 1, p. 201). to (impeachment), naturalização.
Comparar a obra de Manuel de Araújo Porto-Alegre com a
obra de Debret (p. 185), buscando semelhanças e diferen-
ças nas imagens representativas dos dois imperadores. Trabalho com imagens
• Reprodução: A queda do imperador, 1882 (Figura 1, p.
Resolução das Atividades e dos Exercícios 212).
complementares É possível explorar as várias informações contidas na
charge: a “queda do imperador”; o militar que empurra
1. e o trono; várias pessoas estão próximas, mas não auxili-
2. A conciliação foi um acordo político para a forma- am o imperador; no balcão, o índio se espanta enquanto
ção de um ministério que reunisse conservadores e o bobo da corte (o povo?) ri. Trata-se de uma alegoria
liberais. Ela foi possível porque os dois grupos eram bem interessante sobre o fim da monarquia.
bem semelhantes (pertenciam à aristocracia rural,
defendiam a economia agroexportadora). • Reproduções: O último baile da monarquia, 1904 (Fi-
3. c 4. a gura 2, p. 213) e Proclamação da República, 1893 (Fi-
5. a) A opção agroexportadora defendida pela elite agrá- gura 3, p. 213).
ria e a manutenção do trabalho escravo. As imagens permitem trabalhar com a criação de “ver-
b) A industrialização sustentada pelo capital nacional dades” históricas. A obra de Aurélio Figueiredo, que re-
e a formação de indústrias de base (fundição) que presenta o baile da Ilha Fiscal, tornou-se a
dessem sustentação a um parque industrial amplo. imagem-símbolo da queda da monarquia. A obra de
6. d 7. c 8. c Benedito Calixto estabeleceu uma versão do momento
9. a) Havia uma grande quantidade de pessoas desem- da proclamação da república que é muito contestada na
pregadas na Itália, e o Estado não tomava providên- atualidade por aqueles que entendem que esse evento
cias para lhes garantir uma maneira de sobreviver desenrolou-se a portas fechadas.
sem precisar emigrar.
b) Porque as condições reais de trabalho dos colonos • Reprodução: Bandeira brasileira (Figura 4, p. 214).
diferiam muito das condições prometidas pelos agen- Seria interessante analisar com os alunos a imagem da
tes que recrutavam as famílias na Europa. Os imi- bandeira nacional: seus traços geométricos (para mui-
grantes tinham de trabalhar muito e ganhavam pouco, tos, influência da maçonaria), a abóbada celeste, o sig-
o que impedia que conseguissem “fazer a América”. nificado das estrelas, o dístico positivista e a idéia de
10. Os administradores das fazendas lesavam os colonos nação que ele traduz, a manutenção das cores da dinas-
na elaboração das contas, às quais eles não tinham tia de Bragança (verde e amarelo).

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Historia Base-manual 30 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
Resolução das Atividades e dos Exercícios Os principais temas e conceitos abordados são: pro-
complementares letariado, trabalho, capital, mercadoria, burguesia, capi-
talismo, socialismo, comuna, autogestão, ditadura do
1. O Concílio definiu uma política de valorização do po- proletariado, teologia.
der papal em detrimento do poder do clero regional e
dos governantes. Nesse sentido, começou a haver atri-
tos com os clérigos defensores do papa por causa da Trabalho com textos complementares
excessiva intromissão do Estado brasileiro nas ques-
• Trabalho e consumo: As Casas de Trabalho (p. 222).
tões internas da Igreja.
É importante que o aluno entenda que não é a autora do
2. a) O aluno deve articular as três grandes questões do
texto que classifica os pobres de “seres não moralizados”
final do império: a militar, a religiosa e a da abolição.
mas, sim, a sociedade do século XIX. O grupo era forma-
b) É uma menção simbólica ao poder inaugurado com
do por pessoas pobres, desempregadas, mas que não pra-
a república: o dos cafeicultores.
ticavam contravenções; eram classificados como “não
3. c
moralizados” porque a mentalidade puritana entendia que
4. Trata-se de uma questão informativa que o aluno res-
uma das funções do trabalho era dar dignidade às pessoas
ponde caracterizando os dois projetos políticos. Os mi-
ou, ainda, porque não tinham moral suficientemente ele-
litares queriam a formação de um governo centralizado,
vada para ouvir o “chamamento do trabalho”.
com um Executivo forte, capaz de comandar os de-
Certamente o principal objetivo das Casas de Trabalho
mais poderes. Os civis queriam uma república federa-
era “convencer” as pessoas a buscarem emprego, mas
tiva que privilegiasse o poder dos estados em
pode-se entender, também, que havia a intenção de de-
detrimento do poder central.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sestimular o hábito de viver de caridade ou de mendi-


5. b 6. d 7. c 8. d 9. b
cância. Sobre este último aspecto, se for do seu interesse,
10. O diálogo entre a princesa Isabel e o barão de Cotegipe
é possível trazer a discussão para o Brasil da atualidade
trata do acontecimento do dia (13 de maio de 1888): a
e debater com os alunos quais os possíveis objetivos e
abolição da escravidão. Os fatos nele implícitos são a
conseqüências dos programas oficiais de auxílio à po-
abolição da escravidão e a proclamação da república.
pulação pobre, de estímulo à presença das crianças nas
A relação é apontada pelo ministro: a assinatura da
escolas (bolsa-escola) ou das campanhas de entidades
Lei Áurea foi também a assinatura da sentença de morte
particulares de auxílio à população carente.
do regime imperial.
11. a 12. e 13. a
• Ética e cidadania: A construção de uma outra sociedade
por uma nova educação (p. 224).
Capítulo 24. A formação do proletariado Embora o texto trate do projeto de educação anarquista, a
e o pensamento socialista questão sobre o caráter transformador ou conservador da
educação percorre todas as abordagens políticas. Certamen-
Neste capítulo analisamos a condição de mercado- te a sala de aula é um dos lugares mais apropriados para se
ria que foi atribuída ao trabalho no mundo dominado debater o tema, independentemente, ressaltamos novamen-
pelo capital. Como mercadoria, ele está sujeito às te, de defender esta ou aquela teoria política.
flutuações do mercado, o que inclui a falta de compra-
dores, ou seja, o desemprego. Trata-se de uma questão
complexa, se considerarmos que é do trabalho que so- Resolução das Atividades e dos Exercícios
brevive a maioria da população do mundo. Quanto mais complementares
avança o mundo mecanizado, menor fica o mercado 1. O preço do trabalho é determinado pelas regras do mer-
comprador da força de trabalho, uma vez que as má- cado: quando a oferta de mão-de-obra é grande em rela-
quinas substituem o trabalho humano. Essa situação se ção à sua necessidade, o valor do salário (ou o preço do
agrava nos países mais pobres, nos quais a oferta de trabalho) tende a baixar; se há aumento na procura, esse
trabalho é cada vez mais ampla enquanto a procura se valor tende a subir. Outro fator que influencia a valoração
reduz ou não cresce na mesma proporção. do trabalho é a especialização do trabalhador.
No mundo do capital esse problema fica por conta 2. e
do mercado, das negociações entre compradores e ven- 3. O aluno deve relacionar a necessidade do trabalho
dedores, como ocorre nos demais tipos de comércio. É infantil à baixa remuneração dos adultos e à
preciso salientar, porém, que não se trata de uma nego- banalização das tarefas na indústria. O fato de o pro-
ciação entre parceiros com o mesmo poder de barga- blema ainda ocorrer no Brasil se explica, principal-
nha (isso só ocorre nos raríssimos casos em que o mente, pelos baixos salários recebidos pelos adultos.
trabalhador é altamente especializado). Quando não há 4. Soma = 14 (02 + 04 + 08)
acordo, o dono do capital fica sem o trabalhador, mas 5. Segundo a teoria anarquista, a autogestão é uma forma
este fica sem a sua fonte de sobrevivência. É nesse uni- de organização social em que os membros da comuni-
verso do trabalho transformado em mercadoria que ana- dade estabelecem as leis e as regras de convivência às
lisamos a formação do proletariado e o aparecimento quais todos estão submetidos, assim como devem ob-
das doutrinas socialistas do século XIX. servar se elas são cumpridas pelas outras pessoas. Des-

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Suplemento de Apoio do Professor

sa forma, não existe a necessidade de um Estado para América do Sul. Os norte-americanos alegavam, entre
elaborar leis e fiscalizar seu cumprimento. outras justificativas, a necessidade de combater o esta-
6. d 7. b do de “desordem”, provocado pelas “doutrinas estran-
8. A afirmação dos líderes do movimento apontava o ver- geiras” (comunismo e socialismo), que ameaçava a
dadeiro motivo da luta dos cartistas: eles queriam me- estabilidade do continente.
lhorar as condições de vida dos trabalhadores, que
chegavam a passar fome — por isso eles falam do gar-
fo —, mas entendiam que a única forma de defender Resolução das Atividades e dos Exercícios
os interesses dos operários era por meio da eleição de complementares
representantes da classe operária para o Parlamento; 1. O mundo foi dividido em países industrializados, pro-
por isso reivindicavam o direito de votar. dutores de bens de consumo e exportadores de capi-
9. d 10. c 11. a 12. d 13. b tais, e em países de economia dependente da produção
agrícola ou mineral, exportadores de produtos primá-
rios e com oferta de mão-de-obra abundante e barata.
UNIDADE III – DO IMPERIALISMO 2. a) No sul, escravidão; no norte, predomínio do traba-
AOS NOSSOS DIAS lho assalariado.
b) A vitória do norte impôs a todo o país o seu projeto
econômico, ou seja, a industrialização. O sul ocu-
Capítulo 25. A divisão internacional do trabalho pou a posição de fornecedor de matérias-primas e
e o imperialismo de mão-de-obra (libertos) às indústrias do norte.
3. a) Doutrina Monroe.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A estrutura econômica que começou a se delinear
no final do século XVIII, e que seus defensores deno- b) A doutrina pregava o lema “A América para os ame-
minaram progresso, fortaleceu-se e avançou sobre o ricanos”. Seu principal objetivo era impedir a
mundo durante o século XIX, com o nome de imperia- recolonização da América pelas metrópoles euro-
lismo. No século XX, provocou, entre outros eventos péias, e permitir a intervenção militar dos Estados
trágicos, os dois conflitos mundiais e o esfacelamento Unidos nos países latino-americanos.
da África. A vitória da ordem burguesa cobrou um pre- 4. d 5. c
ço alto: milhões de mortes. 6. Soma = 15 (01 + 02 + 04 + 08)
Neste capítulo tratamos da divisão internacional do 7. d 8. d
trabalho, uma nova forma de organização mundial que 9. a) Monroe referia-se ao interesse que os ingleses ti-
obedecia às necessidades do capitalismo em expansão e nham nas antigas colônias ibéricas.
que, no século XIX, dividiu as nações em dois grupos: o b) “A América para os americanos.”
dos países industrializados, fornecedores de bens de con- 10. d 11. c 12. c 13. d 14. b
sumo e de capitais, e o dos países de economia agrária,
fornecedores de produtos primários e dependentes do
capital estrangeiro. Capítulo 26. A Primeira Guerra Mundial
O imperialismo pode ser definido como a partilha de e a Revolução Russa
uma grande parcela do mundo entre alguns países in- Para continuar sua expansão, o capitalismo
dustrializados. O historiador Henri Brunschwig, que es- monopolista precisava aumentar a área de dominação im-
tudou o tema, escreveu que “A partilha de um país ocorre perialista. Buscando se fortalecer nessa corrida pelo con-
quando várias potências estrangeiras se põem de acordo trole do espaço geográfico, as potências industrializadas
para colocá-lo, inteira ou parcialmente, sob sua sobera- da Europa desenvolveram um sistema de alianças que
nia”. (A partilha da África negra.) Então, definidos os acabou provocando a formação de dois blocos antagôni-
blocos de acordo com a divisão internacional do traba- cos que, claramente, começam a se preparar para uma
lho, os países industrializados, econômica e militarmen- disputa imperialista. Essa foi a origem da primeira das
te fortes, partilharam as áreas ocupadas pelas nações de duas guerras mundiais que marcaram o século XX.
economia dependente. A proposta de abordagem da Revolução Russa busca
Os principais temas e conceitos abordados são: divi- fugir dos dois estereótipos criados em torno do aconte-
são internacional do trabalho, imperialismo, exportação cimento: o da glorif icação e o da execração dos
de capitais, secessão, partilha, guerra, rebelião. bolcheviques e de algumas figuras ligadas ao processo
revolucionário. Um estudo menos apaixonado, para o
bem ou para o mal, mostra que a Revolução de 1917 foi,
Trabalho com texto complementar
antes de tudo, um movimento popular, no qual as cama-
• Ética e cidadania: Visão latino-americana sobre a Dou- das mais pobres da população tiveram participação mais
trina Monroe (p. 234). intensa do que, por exemplo, em 1789 na França. Ou
A atividade propõe uma articulação entre os pressupos- seja, procuramos trabalhar o tema sem cair nas explica-
tos da Doutrina Monroe e a tese, largamente comprova- ções fáceis de que os bolcheviques salvaram a Rússia ou
da, da ajuda do alto comando militar dos Estados Unidos de que deram um golpe de Estado e impuseram o comu-
na instalação e manutenção dos governos militares na nismo aos russos.

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Parte 2 — O livro na sala de aula
A população russa saiu às ruas, filiou-se aos sovietes, eurocentrismo (para os europeus a Europa seria o mun-
os soldados negaram-se a depor as armas ou a voltá-las do), uma vez que a guerra envolveu principalmente
contra a população rebelada. A Lênin coube o mérito de nações européias. Três potências imperialistas que in-
perceber as circunstâncias históricas colocadas naquele tegraram a Entente: Inglaterra, França e Estados Uni-
momento e propor, em nome dos bolcheviques, o que os dos.
russos queriam e precisavam: paz, terra e pão. O que acon- 13. c 14. e 15. d 16. a
teceu depois de 25 de outubro (pelo calendário juliano) 17. a) A resposta pode empregar dois argumentos: pri-
pode, sim, ser avaliado de diferentes maneiras pelos parti- meiro, o ideário marxista pregava a união de to-
dários ou adversários do comunismo; a revolução, em si, dos os povos e a guerra era considerada uma
essa foi popular, apesar do seu desfecho comunista. disputa capitalista; segundo, a retirada das tropas
Os principais temas e conceitos abordados são: guer- soviéticas da Primeira Guerra foi uma das pro-
ra, política de alianças, tratado de paz, revolução, messas dos bolcheviques durante o processo de
reformismo, comunismo. revolução.
b) Tratava-se de um inimigo a menos para combater.
Trabalho com texto complementar
• Ética e cidadania: O modelo e o fato (p. 249). Capítulo 27. Brasil: os conflitos sociais
A atividade pretende levar o aluno a perceber que a e a crise da república oligárquica
lógica, segundo o pensamento de Trotsky, seria a revo-
Analisando os conflitos rurais no Brasil nas primeiras
lução seguir o modelo proposto por Marx (o proletari-
décadas do século XX, percebemos que a concentração de
ado na liderança, seguido do campesinato). É
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

terras no Brasil e a recusa da elite em promover a reforma


interessante chamar a atenção dos alunos para a natu-
agrária ocorriam, sobretudo, porque a posse da terra não
reza política do texto, da história sendo reconstruída
era uma questão econômica — tratava-se de uma questão
por um de seus atores.
política e, talvez, a mais forte representação de poder em
uma sociedade ainda tão presa a valores coloniais.
Resolução das Atividades e dos Exercícios Ao contrário dos conflitos rurais, cuja origem comum
complementares estava na concentração de terras, as lutas travadas nas cida-
1. c des tinham natureza variada. Os tenentes insurgiram-se pela
2. a) Uma das principais características é o monopólio manutenção da ordem burguesa, enquanto os operários luta-
sobre um determinado setor, que se dá pela forma- ram por transformações profundas na sociedade. Na questão
ção de grandes conglomerados econômicos que operária cabe observar que no Brasil, assim como nos outros
dominam determinadas áreas da produção, impe- países nos quais a industrialização começou com cerca de
dindo a livre concorrência. um século de atraso, ocorreu um fenômeno peculiar. Nos
b) Para formar monopólios é necessário dominar áreas lugares onde o processo de industrialização seguiu o modelo
inglês (substituição gradativa das oficinas caseiras pelo sis-
de extração de matérias-primas; a Primeira Guer-
tema de fábrica, acompanhada da lenta transformação do
ra Mundial foi uma disputa entre os países indus-
artesão em operário), os conflitos da classe trabalhadora com
trializados pelo controle das regiões fornecedoras
os patrões aconteceram simultaneamente à formação do pro-
de produtos primários.
letariado. Cem anos depois de iniciado esse processo, quan-
3. e 4. b 5.b
do o Brasil começou a se industrializar, os mecanismos de
6. O governo russo vivia um impasse porque uma par-
controle do operariado já eram conhecidos (pela experiência
cela da população negava-se a aceitar o poder da
de outros países). Dessa forma, tão logo começou a se for-
Duma, principalmente porque não via suas mais im-
mar, a classe operária brasileira já tinha contra si um aparato
portantes reivindicações serem atendidas. Quando
de repressão devidamente montado. O crescimento das cida-
lançou as Teses de Abril, defendendo o poder dos
des foi responsável, também, por uma efervescência cultural
sovietes, a retirada da Rússia da Primeira Guerra inédita, cujo marco principal foi a Semana de Arte de 1922,
Mundial e a distribuição de terras e alimentos, Lênin tema que encerra o capítulo.
respondia aos pedidos mais contundentes da socie- Os principais temas e conceitos abordados são: repú-
dade russa. Diante disso, o apoio à luta bolchevique blica oligárquica, crise, coronelismo, messianismo,
foi imediato e maciço. milenarismo, tenentismo, rebelião, urbanização, classe
7. O aluno deve perceber que uma das teses mais impor- operária, anarquismo, greve, arte.
tantes da revolução bolchevique — o ideal de igualda-
de, de ausência de diferença de classes e de distribuição
igualitária de riquezas — estava sendo contrariada Trabalho com texto complementar
pelos privilégios que os dirigentes comunistas toma- • Ciência e tecnologia: A epidemia da gripe espanhola,
ram para si. 1918 (p. 260).
8. b 9. c 10. c 11. d Por ser, naquele momento, uma doença desconhecida e
12. O termo “mundial” é usado porque o conflito envol- devastadora, a gripe influenza assustou a população, ge-
veu um grande número de países; também pode-se en- rou preconceitos (como a denominação “espanhola”) e
tender essa qualif icação como expressão do produziu uma série de “explicações” sem sentido. Tra-

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Suplemento de Apoio do Professor

ta-se de um bom pretexto para discutir as epidemias da política; resultado da descrença na democracia e em valores
atualidade e o fato de, ainda hoje, assumirmos atitudes como liberdade e respeito à diversidade humana; conseqüên-
preconceituosas diante do desconhecido. cia do descrédito na possibilidade de solução dos conflitos
pela negociação — enfim, é possível encontrar um grande
número de frustrações na origem do nazifascismo. Isso nos
Trabalho com imagens
permite caracterizá-lo como uma doutrina nascida do senti-
• Reprodução: Comércio eleitoral (Figura 1, p. 252). mento de fracasso humano, da negação das possibilidades e
Analisar a charge, que condena o comércio eleitoral no potencialidades do ser humano para organizar uma socieda-
Brasil do século XIX, e pedir aos alunos que comparem de que comporte a liberdade e o direito de cada um, indepen-
a situação representada com a situação política atual, dentemente das opções pessoais. Sob a doutrina nazifascista
buscando possíveis diferenças e semelhanças. a nação viu ser revogada sua autodeterminação: os que não
aceitavam seguir o condutor, eram conduzidos à força para
• Reprodução: Operários, 1931 (Figura 11, p. 261). os campos de extermínio.
Buscar, na tela de Tarsila do Amaral, traços de identida- Os principais temas e conceitos abordados são: crise,
de entre o modernismo nas artes e as transformações mercado de valores, desemprego, investimentos, totalita-
econômicas que ocorriam no Brasil. (A tela evidencia a rismo, xenofobia, militarismo, corporativismo, guerra ci-
industrialização.) vil, fascismo, nazismo, ditadura.

Trabalho com texto complementar


Resolução das Atividades e dos Exercícios
complementares • Trabalho e consumo: Uma crise de superabundância (p. 265).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O texto fornece subsídios para uma discussão sobre as
1. d 2. d 3. b 4. a diferenças entre a crise de 1929 e as crises econômicas
5. a) A Revolta da Chibata. anteriores. Optamos pela questão do Enem como suges-
b) Entre as razões da eclosão da revolta estão o racis- tão de atividade porque ela permite analisar a recorrência
mo e a impossibilidade de promoção para marinhei- das crises econômicas e, principalmente, nos dá a oportu-
ros negros. Além disso, havia problemas que nidade de reforçar a idéia de que estudar História é muito
afetavam todos os marinheiros, negros ou brancos, mais do que obter informações sobre o passado; é refletir
como os baixos soldos, as péssimas condições de sobre o presente.
subsistência nos navios e os castigos físicos. Alternativa correta: d.
6. O aluno deve identificar: a sacristia com a Igreja e a noite
com a alienação (que os socialistas diziam ser causada pela
Trabalho com imagem
religião); o capital com o patrão e a fome com os baixos
salários; o quartel com a polícia e a morte com a repressão. • Reprodução: cena do filme O grande ditador (Figura 4,
7. a 8. c 9. a 10. a 11. c p. 267).
12. Pela definição do texto, o cangaceiro também pode Analisar a imagem e indicar os elementos do totalitaris-
ser visto como um bandido social: tinha origem rural, mo presentes na cena.
era encarado como bandido pelo Estado, mas consi-
derado herói por sua gente, roubava dos ricos (embora Resolução das Atividades e dos Exercícios
não apenas dos ricos), era visto como um justiceiro, complementares
alguém que trazia justiça para as pessoas exploradas.
13. c 14. a 1. b
2. O aluno deve identificar a crise de 1929. Sua análise
pode abordar as conseqüências mais imediatas do even-
Capítulo 28. A crise de 1929 e o totalitarismo político to (a quebra da Bolsa de Valores, as falências, a para-
Analisamos, inicialmente, os acontecimentos econô- lisação das atividades industriais, o desemprego etc.)
micos de 1929, quando houve uma crise de superprodu- ou abranger um período mais longo, chegando aos re-
ção. Os capitalistas descobriram, então, que o crescimento sultados alcançados pelo New Deal.
da produtividade, meta final da produção industrial, deve 3. b 4. Soma 3 (1+2). 5. c
obedecer a limites, caso contrário o sistema entra em ris- 6. a) Guerra Civil Espanhola.
co de colapso. O sistema econômico, que estava habitua- b) Os grupos em luta e seus respectivos projetos políti-
do a lidar com crises provocadas pela escassez, teve de cos eram: forças republicanas — queriam um Estado
aprender a lidar com esse novo tipo de crise. democrático, voltado para as necessidades das cama-
Para a elite econômica mundial, no início da década das mais pobres; e falangistas — eram fascistas e que-
de 1930, a principal tarefa era salvar o capitalismo, nem riam instalar um governo totalitário de direita, que
que para isso fosse preciso quebrar um dos mais valoriza- favorecesse as elites econômica e fundiária.
dos pressupostos do liberalismo e promover a interven- 7. a) Para o autor do texto, o comunismo correspondia à
ção do Estado na economia, como fez o New Deal. ausência de ordem social (“quebramos a vitrine”) e
Em seguida buscamos compreender o contexto histórico ao desrespeito à propriedade (“levamos a lingüiça”).
no qual teve origem o nazifascismo e as características na- b) Além da doutrinação anticomunista explicitada no
cionais dos governos totalitários. Fruto da crise econômica e texto, os nazistas reprimiam com rigor os comunis-

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Parte 2 — O livro na sala de aula
tas: perseguiam, prendiam, torturavam, matavam ou tam no cotidiano. Aprofundando a análise, é possível
enviavam para campos de concentração. abordar outra questão, pouco explorada em nossos estu-
8. V – V – V – F 9. c dos: a experiência da guerra é vivenciada de forma dife-
10. a) De acordo com o texto, os camponeses foram ex- rente pelas pessoas envolvidas no conflito. Nessa
pulsos de suas terras por causa das dívidas assumi- segunda hipótese de trabalho, podemos analisar outros
das com os bancos e as grandes empresas agrícolas momentos de guerra, no Brasil ou no exterior.
substituíram o trabalho humano pelos tratores. Por-
tanto a mecanização da produção foi outro fator de
expulsão dos camponeses da terra. Trabalho com imagem
b) As medidas na área social foram: criação do segu- o
• Foto: Comemoração do 1 de Maio, 1942 (Figura 8, p. 280).
ro-desemprego; abertura de frentes de trabalho para Identificar na imagem características do culto à perso-
ocupar a mão-de-obra desempregada; distribuição nalidade de Vargas e semelhanças com as manifesta-
de sopa aos pobres; controle dos preços dos gêne- ções nazifascistas.
ros de primeira necessidade; aumento dos salários
dos trabalhadores de baixa renda.
11. Acredite nos pressupostos da doutrina nazifascista; Resolução das Atividades e dos Exercícios
obedeça cegamente ao líder, sem questionar; lute para complementares
defender a doutrina, sacrificando até a própria vida. 1. Além da Aliança Liberal e dos tenentes, citados no
12. a 13. c enunciado, fizeram parte da luta política que antece-
deu o golpe de 1930 as correntes socialistas aglutinadas
no BOC, o Partido Democrata e a burguesia industri-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Capítulo 29. O período Vargas (1930-1945) al. Todos posicionaram-se contra a oligarquia cafeeira.
Em 1930 houve uma reacomodação das oligarquias, um A maior parte dos tenentes foi fiel a Vargas e apoiou o
novo acordo de poder entre as oligarquias estaduais, que ti- governo na manobra de protelar a convocação da As-
rou a hegemonia dos cafeicultores, mas manteve a república sembléia Constituinte.
nas mãos dos grupos oligárquicos. Lembrando: Vargas era 2. O BOC foi formado pelos principais dirigentes do Parti-
um estancieiro; sob seu comando, a república gastou fortu- do Comunista quando este foi colocado na ilegalidade
nas do dinheiro público para comprar o excedente de café e em 1927. Seguia as orientações políticas da Internacio-
segurar o preço do produto no mercado internacional. São nal Comunista, que pregava a necessidade de realizar uma
vários os exemplos dos benefícios preservados pela elite ru- revolução democrático-burguesa nos países ainda domi-
ral, sem contar que a elite industrial manteve suas raízes no nados por elites agrárias, como era o caso do Brasil.
campo, de onde era oriunda a maior parte dos industriais. 3. c 4. a
Procuramos recriar o contexto do final da década de 5. a) Trata-se de um exercício simples de leitura, uma
1920, que conjugava uma série de fatores: desgaste político vez que o aluno encontra a resposta no enunciado
e econômico dos cafeicultores, pressão social por reformas da questão: o risco de desordem, a presença comu-
políticas, crescimento político dos grupos populares. nista no governo, o perigo de luta de classes e a in-
O Estado Novo foi criado no contexto de crescimento quietação provocada pelos partidos políticos.
do totalitarismo no mundo. Vargas assumiu a persona de b) A resposta deve citar duas dentre as várias carac-
“pai dos pobres”, mas seus críticos alegavam que, por trás terísticas estudadas do Estado Novo: centralização
dessa imagem pública, ele era a “mãe dos ricos”, ou seja, política nas mãos de Vargas, extinção dos partidos
seu governo tinha aparência e essências diferentes. Para políticos, aproximação com o fascismo, política
seus opositores, Vargas governava em nome da classe tra- econômica nacionalista, censura aos meios de co-
balhadora pelo benefício dos patrões, colocava-se como municação, forte atuação da polícia política, re-
árbitro imparcial dos conflitos sociais para legislar a fa- pressão ao movimento operário autêntico,
vor das elites, afirmava comandar uma sociedade sem propaganda do governo etc.
conflitos enquanto a polícia política prendia, torturava, 6. O aluno deve trabalhar com duas idéias: a mitificação da
matava, extraditava sem obedecer os princípios da lei. Pos- figura de Vargas, o que leva Rubem Braga a associá-lo a
sivelmente o único aspecto de sua conduta política que Deus, e a identificação de Vargas com as causas operári-
não era apontada como dual foi o nacionalismo. as (mesmo com as ressalvas que o tema comporta), o que
Os principais temas e conceitos abordados são: oligar- leva o autor do texto a associá-lo à classe operária.
quia, burguesia, fraude eleitoral, golpe de Estado, Constitui- 7. a 8. e 9. b 10. a
ção, direita e esquerda (políticas), estado de sítio, nacionalismo, 11. a) Porque criava na população a ilusão de que o governante
indústria de base, totalitarismo, censura, leis trabalhistas. sabia de seus problemas, conhecia seu cotidiano e go-
vernava de acordo com as suas necessidades.
Trabalho com texto complementar b) A repressão e eliminação dos críticos do governo e
a extinção dos partidos políticos.
• Ética e cidadania: O desastre de 1932 (p. 277). 12. a) O bandeirante (ou seja, os paulistas que pertenciam
O objetivo mais evidente da atividade proposta é levar o às famílias tradicionais), o soldado constitucionalista
aluno a perceber que na guerra se reproduziam as dife- e Getúlio Vargas.
renças sociais — de sacrifícios e privilégios — que as b) A “ditadura” era uma referência ao governo Vargas, que
classes pobres e as classes ricas brasileiras experimen- protelava a formação de uma Assembléia Constituinte.

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Suplemento de Apoio do Professor

Capítulo 30. A Segunda Guerra Mundial e as questões cidades sofridas pelos judeus nos campos de con-
do Oriente Médio centração e os Estados Unidos, em virtude da dis-
puta com a União Soviética, precisavam de uma área
Trinta e sete milhões de pessoas mortas. Se acrescen-
de influência no Oriente Médio.
tarmos a esse total as pessoas que ficaram física ou psico-
c) É o confronto entre a necessidade de os palestinos
logicamente incapacitadas, teremos mais de cem milhões
recuperarem seu território e a recusa de Israel em
de vidas destruídas. Esse foi o saldo da guerra de 1939 a
reconhecer os direitos daquele povo.
1945, levada a cabo pelas nações mais ricas e ditas civili-
6. Deve ser apontada a criação do Estado de Israel, após
zadas. O motivo do conflito foi a disputa imperialista. As
a Segunda Guerra Mundial. Para discutir o efeito ex-
potências entraram em confronto para decidir qual dentre
plosivo dessa medida, é preciso comentar a ocupação
elas era a mais poderosa; a maior parte delas, em especial
os países europeus e o Japão, terminou a guerra economi- da Palestina pelos judeus na Antigüidade, a diáspora
camente falida, física e moralmente destruída. judaica a partir de 70 d.C. e a expansão árabe durante
A criação do Estado de Israel, após a Segunda Guerra a Idade Média. Os conflitos que hoje agitam a Palesti-
Mundial, está entre os episódios da Guerra Fria que ultra- na têm sua origem, portanto, na ocupação histórica do
passou aquele período, ganhou vida própria e é hoje um território por povos árabes, cristãos e judeus.
dos principais focos de conflito no mundo. 7. c 8. b 9. e 10. a
Os principais temas e conceitos abordados são: guer- 11. d 12. c 13. d
ra, imperialismo, espaço vital, expansionismo, holocausto,
energia atômica, questão palestina. Capítulo 31. Sob o domínio do medo:
a Guerra Fria (1945-1989)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trabalho com texto complementar Abordamos o tema Guerra Fria pela análise das estraté-
• Ética e cidadania: A Força Aérea Brasileira na Segunda gias de dominação que cada potência utilizou dentro da sua
Guerra Mundial (p. 286). área de influência. Durante a Guerra Fria, o mundo viveu
A coletânea de depoimentos tem uma virtude cara aos sob o domínio do medo, assombrado pela sensação de um
historiadores: são testemunhos de pessoas que presen- perigo eminente que pairava no ar. A distância cronológica
ciaram o acontecimento e, mesmo considerando que nar- nos permite perceber, hoje, que o perigo vinha tanto da
rem os fatos de um ponto de vista particular, nos trazem potência aliada quanto da inimiga. Que o digam as pessoas
a “história vivida”, o que é sempre muito enriquecedor. perseguidas pelo macarthismo, os dissidentes soviéticos
Seria interessante ressaltar o espírito de grupo que os mandados para os campos de trabalho forçado da Sibéria,
depoimentos revelam. os húngaros e os tchecoslovacos que tentaram democrati-
zar o socialismo, os milhares de sul-americanos presos, tor-
Trabalho com imagem turados ou mortos pela repressão desencadeada pelas
ditaduras militares sob orientação norte-americana.
• Mapa: A guerra em 1942 (Figura 3, p. 284). Os principais temas e conceitos abordados são: Guer-
Solicitar aos alunos que observem o mapa e identifiquem ra Fria, blocos ideológicos, países satélites, intervenção
qual o país que recebeu o mais forte bombardeio aéreo do militar, militarização, corrida armamentista, corrida es-
Eixo e expliquem o motivo desse ataque maciço. pacial, macarthismo, revolução, guerra, descolonização,
pacifismo, desobediência civil.
Resolução das Atividades e dos Exercícios
complementares Trabalho com texto complementar
1. d 2. b • Ciência e tecnologia: Entre Marx e Adam Smith (p. 294).
3. O aluno deve destacar a disputa imperialista travada en- O objetivo da atividade é levar à percepção de que a
tre os Estados Unidos e o Japão pelas ilhas e rotas de Guerra Fria foi acima de tudo uma guerra psicológica,
comércio do Oceano Pacífico, além de indicar o ataque um período de terror sustentado pelas mais modernas
japonês à base de Pearl Harbor como fatores que justi- teorias de psicologia das massas. As duas potências im-
ficaram a entrada dos norte-americanos na guerra. perialistas passaram a “manobrar” informações, a cons-
4. a) Período entreguerras e início da Segunda Guerra truir versões e fatos, a formular opiniões e a fazer delas
Mundial. o pensamento dominante. A massificação do pensamen-
b) Judeus, ciganos, poloneses, adversários do gover- to e do entendimento da realidade política e social foi
no nazista, além das pessoas classificadas como obra do poder político dominante.
nocivas à sociedade, como os deficientes físicos e Os fatos, porém, mostraram-se mais fortes do que suas
os homossexuais. versões (a rejeição da sociedade norte-americana à
c) A importância do testemunho dos sobreviventes, de Guerra do Vietnã e as convulsões no interior do bloco
acordo com o texto, foi impedir que os nazistas apa- socialista são dois exemplos disso). No entanto, as con-
gassem da história as atrocidades cometidas nos seqüências desse período de manipulação do pensamen-
campos de concentração. to ecoam até os dias atuais (por exemplo, a forma como
5. a) Judaísmo, cristianismo, islamismo. os meios de comunicação mais poderosos manipulam
b) O Estado de Israel foi criado no contexto do pós- o processo eleitoral no Brasil).
guerra, quando o mundo estava abalado com as atro-

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Historia Base-manual 36 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
Trabalho com imagens gilidade política, foi um período caracterizado pelo oti-
mismo econômico e por rica produção cultural.
• Fotos: Balé chinês, 1964 (Figura 3, p. 296) e manifesta-
Os principais temas e conceitos abordados são: Cons-
ção na Praça da Paz Celestial, 1989 (Figura 4, p. 296).
tituição, assembléia constituinte, deposição, populismo,
Comparar as duas imagens e utilizá-las para discutir a
Estado nacional, patriarcalismo, nacionalismo, estatização,
participação/apoio popular ao governo chinês em 1964
legalidade, reforma de base, golpe militar.
(data da figura 3) e em 1989 (data da figura 4).

Resolução das Atividades e dos Exercícios


Resolução das Atividades e dos Exercícios
complementares
complementares
1. d 2. b
1. a 2. b 3. d 4. c
3. Getúlio Vargas assumiu o governo prometendo ampli-
5. e 6. a 7. b
ar o setor industrial e a legislação trabalhista. Enfren-
8. A descolonização da Ásia e da África interessava aos
tou, no entanto, forte resistência dos liberais, que não
Estados Unidos e à União Soviética na medida em que
aceitavam sua política econômica intervencionista e
essas potências viam nas regiões colonizadas a possi-
nacionalista, e a pressão da classe trabalhadora, que
bilidade de ampliação de suas áreas de influência. Por
reivindicava solução para a alta do custo de vida.
essa razão, procuravam ajudar nas lutas de indepen- 4. O texto permite identificar duas das principais carac-
dência para que os futuros países se tornassem parte terísticas da chamada Era Vargas: o nacionalismo eco-
do bloco que lideravam. nômico e a criação de uma legislação trabalhista que
9. A formação de um Estado socialista na China foi, na- garantisse alguns benefícios para os trabalhadores,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

quele momento, um grande reforço ao bloco socialis- como o salário mínimo.


ta, sobretudo à União Soviética, uma vez que o mundo 5. e 6. b 7. V – F – F – V – F – F 8. c
começava a viver o período da Guerra Fria. Naquele 9. a) O Plano Trienal tinha o objetivo de realizar refor-
contexto, a adesão da China representou uma grande mas sociais que resultassem no combate à inflação
vitória para o socialismo. sem afetar o crescimento econômico.
10. Na resposta a essa questão, o aluno deve observar que b) O plano foi rejeitado pelas elites porque suas princi-
a guerra era improvável por causa do arsenal atômico pais medidas esbarravam em privilégios antigos. Por
armazenado pelas duas potências (uma eventual guer- exemplo, a reforma agrária, o corte da ajuda finan-
ra colocaria em risco a sobrevivência do planeta); já a ceira a empresas estatais e o aumento do imposto
paz era impossível porque significaria a rendição, ou sobre os grupos de rendas mais altas eram medidas
a derrota, de um dos dois lados. que atingiam todos os setores da classe dominante.
11. a 10. a 11. d 12. e 13. a
12. a) Os repórteres registravam a difícil situação em que 14. a) Sobre o tipo de sistema de governo: presidencialis-
se encontravam os soldados dos Estados Unidos: per- mo ou parlamentarismo.
didos na selva, lutando em uma região muito úmida b) O presidencialismo venceu o plebiscito.
e quente, drogados ou bêbados, sendo atacados por c) Naquele mesmo ano, o presidente João Goulart teve
franco-atiradores, matando a população civil, bri- todos os seus poderes restabelecidos; no ano seguinte
gando entre si ou morrendo nos campos de batalha. (1964), ocorreu o golpe militar.
b) Ao tomar conhecimento da forma como estavam vi-
vendo os jovens que eram obrigados a ir para o Vietnã,
seus pais se desesperaram e grande parte da socieda- Capítulo 33. A América Latina no contexto
de começou a exigir a retirada das tropas norte-ame- da Guerra Fria
ricanas. A pressão da população foi um dos fatores Neste capítulo buscamos entender o populismo e a inter-
que levaram o governo a decidir pelo encerramento ferência dos Estados Unidos na América Latina. Este segun-
do conflito militar e pela saída do Vietnã. do tema é trabalhado no âmbito da Guerra Fria e dos interesses
13. d norte-americanos em nosso continente. O populismo é ana-
lisado no contexto político latino-americano. Sai o ditador,
Capítulo 32. O fim do Estado Novo e o período de entra o pater. Despede-se o Estado que convencia pela força
normalidade política (1945-1964) das armas, entra em cena o Estado que manipula a vontade
da população; e a América Latina continua sua trajetória de
O Estado Novo não resistiu ao clima de mudanças ins- abalos políticos e de freqüentes períodos de suspensão da lei,
talado com o final da Segunda Guerra Mundial. A mais do qual os governos militares são exemplo.
evidente contradição era o fato de a FEB ter lutado contra Analisamos os governos militares levando em conta
o totalitarismo político enquanto no Brasil vigorava um tanto os muitos elementos em comum quanto as
governo de exceção, uma ditadura que se apoiava na re- especificidades encontradas nos países em que ocorreram.
pressão. Após a deposição de Vargas o país viveu um bre- Os governos militares são articulados com o contexto da
ve período de normalidade política, várias vezes ameaçada Guerra Fria, aparecendo como a garantia buscada pelos
(na posse de JK, na renúncia de Jânio Quadros, na posse Estados Unidos de que a revolução socialista, já ocorrida
de Jango) e que acabou rompida em 1964. Apesar da fra- em Cuba, não se expandiria pelo sul do continente.

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Historia Base-manual 37 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Os principais temas e conceitos abordados são: globalização como decorrência direta do fim da Guerra
populismo, Guerra Fria, paternalismo, revolução, governo Fria. Observamos que se trata de um processo longo, que
militar, censura, arrocho salarial, repressão, ato institucional, remonta, no mínimo, ao final da Segunda Guerra Mundi-
bipartidarismo, cassação de direitos políticos, guerrilha, luta al e ganhou contornos mais nítidos após a década de 1970.
armada, sociedade civil, movimento sindical, cultura. Os principais temas e conceitos abordados são: crise,
reforma, independência, integração étnica, limpeza étni-
ca, reunificação, neonazismo, globalização.
Trabalho com imagem
• Foto: Eva Perón, 1951 (Figura 2, p. 311). Trabalho com texto complementar
Procurar identificar na foto características do populismo.
• Trabalho e consumo: O trabalho no tempo da globaliza-
ção (p. 326).
Resolução das Atividades e dos Exercícios O texto aponta uma questão muito atual, isto é, as novas
complementares relações de trabalho estabelecidas pela economia glo-
balizada. Acuados pelo desemprego, os trabalhadores se
1. d 2. e
vêem sem saída diante das pressões oriundas dos inte-
3. As ditaduras militares implantadas no Cone Sul tinham
resses dos patrões. O questionamento sobre a situação
várias características comuns, dentre as quais podemos
do trabalho no futuro próximo não pode ser ignorado.
destacar: autoritarismo político, controle militar sobre
os poderes do Estado, repressão à oposição, censura aos
meios de comunicação, repressão aos movimentos ope- Resolução das Atividades e dos Exercícios

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rário e estudantil, atrelamento ao bloco liderado pelos complementares
Estados Unidos, anticomunismo, violação dos direitos 1. a 2. b 3. e
humanos, civis e políticos da população. 4. a) Significa liberdade de comércio; os países podem
4. a) O golpe ocorreu no contexto internacional da Guerra fazer comércio sem necessidade de pagar taxas al-
Fria, com a polarização do mundo entre capitalistas e fandegárias. No caso do Mercosul, algumas merca-
socialistas, e no contexto latino-americano pós-Re- dorias continuam tendo proteção alfandegária,
volução Cubana, marcado pelo aumento da presença sobretudo aquelas que são vitais para a economia
militar norte-americana com o objetivo de impedir a de cada um dos países membros.
expansão do socialismo em nosso continente. b) No final da década de 1980, o mundo consolidou o
b) Foi implantada uma ditadura militar extremamente processo de aglutinação econômica e de formação
violenta, responsável por milhares de mortes. de grandes blocos, como a União Européia e o Nafta.
5. c 6. e 7. d No contexto de globalização, os países que querem
8. a) O milagre econômico foi um crescimento artificial entrar sozinhos no mercado internacional acabam
da economia brasileira gerado por investimentos es- sendo prejudicados, pois não têm força para com-
trangeiros, que fizeram aumentar o número de em- petir com os grandes blocos. Assim, os países do
pregos e a riqueza circulante. Cone Sul uniram-se no Mercosul para enfrentar a
b) Foi um enriquecimento aparente porque apenas concorrência no mercado internacional e também
uma parcela da sociedade foi beneficiada e porque para preservar o seu mercado interno.
o crescimento econômico se deu à custa do 5. c 6. a 7. d 8. d 9. d
endividamento da nação, uma dívida que hoje toda
a sociedade tem de pagar.
9. e Capítulo 35. A América Latina na nova
10. Era uma alusão à campanha pelas Diretas já, que pe- ordem internacional
dia o fim das eleições indiretas para a Presidência da Este capítulo apresenta alguns dos eventos mais signifi-
república. cativos dos últimos vinte anos na América Latina e no Brasil.
11. a 12. a 13. e 14. b Observamos que a busca de um caminho político democráti-
15. b 16. d 17. c 18. c co foi, diversas vezes, dificultada pela fragilidade econômi-
ca que persiste no continente. Além disso, muitas tentativas
de criar condições para solucionar os problemas mais graves
Capítulo 34. O fim da Guerra Fria
esbarraram na resistência dos que estão habituados a se be-
e a nova ordem internacional
neficiar da constante crise econômica. Após caracterizar o
Vamos trabalhar aqui com dois eventos paralelos, mas Brasil nas duas últimas décadas do século XX, fizemos um
não mutuamente determinantes, que são o fim da União estudo dos casos da Argentina e do Haiti. No primeiro, o
Soviética e a formação dos blocos econômicos. A questão destaque foi a prolongada crise econômica; no segundo, os
soviética é analisada a partir dos problemas políticos e conflitos bélicos e a instabilidade política.
econômicos ocorridos no interior da antiga união das re- Os principais temas e conceitos abordados são: infla-
públicas soviéticas. ção, ágio, assembléia constituinte, Constituição, impedi-
Ao estudar a economia globalizada procuramos rom- mento (impeachment), reeleição, neoliberalismo,
per com uma visão do senso comum que pensa a privatização, guerra civil, forças de paz.

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Historia Base-manual 38 7/14/05, 8:53 AM


Parte 2 — O livro na sala de aula
Trabalho com textos complementares Trabalho com textos complementares
• Ética e cidadania: “A lei,… ora a lei” (p. 330). • Ética e cidadania: Fórum Social Mundial (p. 339).
Os textos, escritos por dois dos mais importantes inte- O Fórum Social é exemplo das muitas respostas da so-
lectuais brasileiros da atualidade — professora Marile- ciedade à economia globalizada, ou, como disse um dos
na Chaui e professor Boris Fausto —, analisam o participantes do encontro, à “transformação do mundo
desrespeito à lei no Brasil, um dos problemas mais séri- em mercadoria”. É importante abordar o tema sob os
os que temos de enfrentar e solucionar. As duas ques- dois ângulos: o dos que defendem e o dos que conde-
tões sugeridas abordam o tema no seu aspecto conceitual nam a economia globalizada.
(item 1) e da experiência vivida (item 2).
• Ética e cidadania: O perigoso balanço de forças (p. 335). • Pluralidade cultural: A guerra e o imperialismo (p. 343).
Já podemos sentir que a economia globalizada é exclu- O texto traz a análise de um africano sobre os problemas
dente e em alguns casos, como o do continente africano, vividos em seu continente em razão do imperialismo eu-
provoca um grau de expansão da miséria até então iné- ropeu, além de exemplificar a tentativa de resistência dos
dito. O texto levanta a questão da América Latina nesse povos dominados e as alterações culturais impostas pelos
cenário de exclusão econômica, e aponta os riscos inter- colonizadores. Serve de subsídio para aprofundar o deba-
nos e externos dessa situação. As conseqüências da glo- te sobre o imperialismo e seus reflexos no mundo atual.
balização estão entre os mais graves problemas a serem
• Ética e cidadania: A música e a resistência cultural (p. 346).
enfrentados pela humanidade, por isso pensamos que
seria muito interessante sua discussão em sala de aula. Apesar do grande poder econômico da indústria do entre-
tenimento, observamos a força da cultura de resistência e
a recusa de vários segmentos sociais em aceitar a imposi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Resolução das Atividades e dos Exercícios


ção de valores culturais que não correspondem à sua rea-
complementares
lidade. É nessa categoria que se enquadram os poetas e
1. a músicos que criaram e preservam o hip-hop e o rap.
2. a) Democracia é a vontade da lei, que é plural e igual
para todos.
Trabalho com imagens
b) Nos regimes totalitários, a lei deixa de ser igual para
todos porque o Executivo acumula poderes, ignora • Fotos: Protesto do Greenpeace, 2004 (Figura 1, p. 338),
o direito de participação política do povo, pode agir e poluição no Rio Tietê, 2003 (Figura 5, p. 341).
em desacordo com a lei e não admite contestação. Pedir aos alunos que analisem as duas fotos e justifi-
3. d 4. e 5. a 6. e 7. c quem a ação dos defensores do ambiente (Figura 1) por
8. d 9. a 10. a 11. c meio da imagem mostrada na Figura 5.

Capítulo 36. Tendências do mundo atual Resolução das Atividades e dos Exercícios
É possível olhar os tempos atuais de duas formas: no seu complementares
aspecto mais visível e impactante, que é o de guerras, inter- 1. A “morte” do campesinato nos isola para sempre do
venções militares, terrorismo, corrupção; ou buscando o con- mundo do passado porque esse grupo social esteve pre-
junto de ações que envolvem uma boa parcela da humanidade sente na história da humanidade desde a Antigüidade.
— como as ONGs, as mobilizações pela paz, pelo socorro às Essa “morte” foi provocada pela vitória das atividades
populações mais pobres do planeta — e que nos permite pen- urbanas (comércio, indústria, finanças) sobre as ativi-
sar em um encaminhamento pacífico para a nossa história. dades rurais e pela mecanização do trabalho no campo.
Neste capítulo fazemos, também, uma análise da produ- Vale ressaltar que essa tese se aplica aos países ricos,
ção cultural no tempo da velocidade e da tecnologia. Os ar- altamente industrializados. Em países pobres, como o
tistas, como pessoas de seu tempo, traduzem em suas obras o Brasil e o México, o campesinato ainda é uma força
universo cultural em que estão imersos. Dessa forma, para as política (MST e zapatistas) e econômica atuante.
populações dos países ricos, a arte vive a realidade do consu- 2. e 3. d 4. c
mo, e uma lata de sopa transforma-se em ícone e crítica des-
5. a) São os meios de comunicação capazes de levar in-
sa realidade. Trata-se do mundo das multidões, em que o
formações a um grande número de pessoas. Exem-
valor artístico é diretamente proporcional ao número de pes-
plos: rádio, televisão, jornal, cinema, internet.
soas atraídas pela exibição (ou para o consumo) da obra, seja
um concerto, um filme, um livro de ficção. Nos países onde b) É uma expressão indicativa de que, na atualidade,
predominam populações pobres, as manifestações artísticas, devido às inovações tecnológicas, as pessoas podem
muitas vezes, buscam o rumo do protesto político, como acon- saber o que acontece no resto do mundo sem sair de
teceu no Brasil na década de 1960, mesmo com todos os suas casas. O mundo tornou-se pequeno (como uma
riscos que essa opção possa representar para os artistas. aldeia) graças aos meios de comunicação de massa.
Os principais temas e conceitos abordados são: 6. d 7. Soma = 71 (01 + 02 + 04 + 64)
globalização, organizações não-governamentais, capitalis- 8. Ao mesmo tempo em que transforma objetos de con-
mo internacional, concentração de terras, reforma agrá- sumo em temas da expressão artística (estímulo), a pop
ria, miséria, concentração de rendas, violência, questões art denuncia o quanto é ilusório e fugaz o prazer que o
ambientais, tecnologia, velocidade, arte. consumismo proporciona (crítica).

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Suplemento de Apoio do Professor

PARTE 3
MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO

1. Pré-história ➜
mas a percepção do que é um cheiro agradável
ou desagradável varia de cultura para cultura. Um
Bibliografia
grupo que viva da exploração do mar, pescando
CLARK, Grahame. A Pré-história. Rio de Janeiro: Zahar,
e catando moluscos rotineiramente, certamente
1975.
deveria ter o olfato bastante acostumado aos odo-
Fundação Museu do Homem Americano. São Raimundo
res que exalam desses animais.
Nonato: Fumdham e Mission Archéologique et Paléon-
tologique du Piauí, 1998. Para ressaltar como a acumulação era uma ca-
MORIN, Edgar. O enigma do homem. Rio de Janeiro: racterística importante para esse grupo, é possível
Zahar, 1975. supor que seus integrantes poderiam coletar o
Parque Nacional Serra da Capivara. São Raimundo No- molusco, liberar a carne e abandonar as conchas
nato: Fumdham e Mission Archéologique et Paléonto- na beira da praia, por exemplo, e só transportar para
logique du Piauí, 1998. o local de moradia as partes que seriam consumidas
TENÓRIO, Maria Cristina (org.). Pré-história da Terra ou algumas poucas conchas para serem usadas
brasilis. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000. como instrumentos. Esse comportamento poderia
ter sido muito prático, pois eles transportariam me-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nos peso e teriam um local de habitação com ca-
Textos de apoio racterísticas bastante diferentes. Mas fizeram
I — Os sambaquieiros justamente o contrário — acumularam praticamen-
Pesquisas arqueológicas comprovam a existência de te tudo. Mesmo quando escolheram locais já natu-
grupos dedicados à pesca, à coleta e à caça que ocuparam ralmente elevados, como as encostas, mantiveram
parte do litoral brasileiro entre 6.000 e mil anos atrás. Os o hábito de transportar para lá os seus alimentos e
testemunhos dessas populações estão expressos nos de acumular os restos das refeições.
sambaquis (nome dado pelos arqueólogos ao acúmulo de Acumular restos alimentares e construir ele-
restos de moluscos, crustáceos, peixes e répteis, ossos de vações não é um hábito que possa ser entendido
mamíferos e aves, sementes etc.) encontrados na faixa li- segundo a óptica da praticidade. Esse costume
torânea que vai do Rio Grande do Sul à Bahia e do parece estar relacionado com o prestígio dos mo-
Maranhão ao Pará. Transcrevemos abaixo um trecho do radores de cada sítio em relação aos outros que
relato sobre os costumes dos sambaquieiros, escrito por estavam à sua volta. Os maiores sambaquis pa-
Maria Dulce Gaspar, pesquisadora do Museu Nacional e recem ser uma evidência de que os seus mora-
do CNPq. dores conseguiram reunir um número maior de
pessoas durante um maior período. Coincidente-
mente, os sítios de maior porte geralmente reú-
“Após ter visitado muitos sítios e ter lido bas-
nem as melhores condições de implantação.
tante sobre eles, acho que a característica mais
marcante dessa cultura é, justamente, o hábito É uma indicação de que o sambaqui era um
de acumular todas essas coisas. Essa é a carac- local de moradia o fato de serem encontrados di-
terística que melhor diferencia esse grupo de tan- ferentes artefatos e conjuntos de evidências rela-
tos outros que também ocuparam o território cionadas com a vida cotidiana. Outra indicação
brasileiro. [...] é que até hoje não foram encontrados indíci-
os de habitação fora do sítio. Certamente eles
Os sambaquieiros consideravam os restos ali-
moravam nesse local e cotidianamente acumula-
mentares como material construtivo e os acumu-
vam os restos de alimentação; provavelmente, de
lavam, dia a dia, erguendo uma plataforma que,
tempos em tempos, nivelavam o terreno e recons-
com o passar do tempo, mais se destacava na
truíam suas cabanas.”
paisagem. Viver tão próximo ao que se considera
atualmente como lixo pode causar estranheza, GASPAR, Maria Dulce. Os ocupantes pré-históricos do
mas, apenas para relativizar esta impressão, lem- litoral brasileiro. In: TENÓRIO, Maria Cristina (org.).
Pré-História da Terra brasilis. Rio de Janeiro:
bro que muitas pessoas que vivem nas cidades UFRJ, 2000. p.163-164.
brasileiras fazem exatamente a mesma coisa (te-
mos o exemplo da Favela da Maré). Os pescado-
res-coletores-caçadores faziam algo parecido ao II — As pistas da Serra da Capivara
construir aterros: com as conchas e os ossos cons- O Parque Nacional Serra da Capivara, localizado no
truíam uma área elevada para a habitação. Pode- semi-árido do estado do Piauí, abriga a maior reserva de
se imaginar o cheiro que exalava desse material, sítios pré-históricos das Américas. Desde 1991, sua área
➜ de 130 mil hectares é considerada, pela Unesco,

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Parte 3 — Material de apoio didático
Patrimônio Cultural da Humanidade. O texto a seguir
“Na natureza, o carbono ocorre em três for-
sugere as datas em que os primeiros homens chegaram à 12
mas isotópicas: C (com 6 prótons e 6 nêutrons
região, estabelecidas por pesquisadores da Fundação 13
no núcleo do átomo), C (com 6 prótons e 7
Museu do Homem Americano (Fumdham), entidade ci- 14
nêutrons no núcleo do átomo) e C (com 6
entífica responsável pelas pesquisas arqueológicas e pre-
prótons e 8 nêutrons no núcleo do átomo). Em
servação do parque.
qualquer amostra de carvão, 98,9% dos átomos
12 13
são do tipo C e 1,1% são do tipo C . Somen-
“A América foi povoada por grupos étnicos vin- te um em milhões de átomos de carbono é do
14
dos da Ásia. A passagem foi feita através de di- tipo C . Estes átomos de carbono são produzi-
versos caminhos, alguns terrestres, outros dos na alta atmosfera, pelo bombardeio de áto-
marítimos. Durante as glaciações, a água atmos- mos de nitrogênio pelos raios cósmicos, e o
férica chega à terra sob forma de neve e fica con- excesso de nêutrons que possuem no núcleo
gelada. Deste modo, a água não vai para os rios os tornam instáveis. Eles perdem sua radioati-
e mares e o nível dos mesmos abaixa. Durante a vidade, voltando ao estado de nitrogênio e este
última glaciação o nível do mar chegou a abaixar processo se dá segundo uma taxa constante,
150 metros, o que deixou descoberta uma gran- independentemente do meio ambiente. O tem-
de planície entre o Alasca e a Sibéria, chamada po durante o qual a metade dos átomos de um
Beríngia. [...]. isótopo radioativo perde sua radioatividade cha-
14
As descobertas feitas, nos sítios do Parque Na- ma-se meia-vida e, no caso do C , a meia-vida
cional Serra da Capivara, no Chile e no México, é de 5.730 anos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

demonstraram que o povoamento das Américas O caso dos seres vivos é curioso. As plantas,
deu-se em períodos bem mais antigos do que através do dióxido de carbono, absorvido durante
14
admitia a teoria que estabelecia a data de 30.000 o processo da fotossíntese, adquirem o C e os
anos para a penetração na América, via Beríngia. animais, que se nutrem de vegetais ou de ani-
No sítio Toca do Boqueirão da Pedra Furada mais comedores de vegetais, o absorvem por sua
[no parque piauiense], foram descobertas foguei- vez. Esse processo é contínuo e produz efeito
ras estruturadas e artefatos de pedra lascada, em inverso ao da meia-vida: ao mesmo tempo em que
camadas situadas um metro abaixo da camada alguns átomos perdem a radioatividade, entram
datada de 50.000 anos, pela técnica do carbono no corpo átomos com radioatividade.
14. Calculando o tempo necessário para que se Quando ocorre a morte, cessa a aquisição
14
formasse uma camada sedimentar dessa espes- de novos átomos de C e o processo de perda
sura, estabelecemos que os primeiros homens de radioatividade produz seus efeitos. Assim
chegaram à Pedra Furada há cerca de 60.000 anos. sendo, medindo a radioatividade que resta em
Isto significa que os primeiros homens aportaram um carvão vegetal, em um osso ou em qual-
à costa americana em uma época que pode ser, quer vestígio proveniente de um ser vivo, pode-
hipoteticamente, situada entre 80.000 e 70.000 se conhecer a data de sua morte. O método tem
anos atrás. Estes primeiros brasileiros fabricavam seus limites: quando a radioatividade que resta
artefatos que lembram muito os que foram desco- é muito baixa, o que acontece depois de 50.000
bertos no Paleolítico do Japão e da Austrália. mil anos da morte do ser que originou a amos-
No continente americano, habitado unica- tra, não mais é possível medi-la.
mente pelos animais, esses povos vindos da Esse método é hoje muito seguro, desde que
Ásia, portadores de uma cultura paleolítica, ins- sejam tomadas as devidas precauções para a
talaram-se e continuaram a evoluir. Por volta coleta e manuseio de amostras e na interpreta-
de 12.000 anos atrás, toda a América, desde o ção dos resultados obtidos no teste.”
Alasca até a Terra do Fogo, já havia sido ocu- Parque Nacional Serra da Capivara. São Raimundo
pada pelo Homem.” Nonato: Fumdham e Mission Archéologique et
Paléontologique du Piauí, 1998. p. 49-50.
Fundação Museu do Homem Americano. São Raimundo
Nonato: Fumdham e Mission Archéologique et
Paléontologique du Piauí, 1998. p. 11-12.
2. Antigüidade
III — O método de datação do carbono 14 Bibliografia
Arqueólogos da Fundação Museu do Homem Ameri- AYMARD, André e AUBOYER, Jeanine. O Oriente e a
cano explicam no texto a seguir como é aplicado o méto- Grécia Antiga. In: CROUZET, Maurice (dir.). História
do do carbono 14 na medição de vestígios encontrados geral das civilizações. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel,
em escavações. Porém, nem todas as amostras arqueoló- 1977. Tomo I.
gicas podem ser datadas pela mesma técnica, obrigando HERÓDOTO. História. Lisboa: Edições 70, 1997. Cole-
pesquisadores a trabalharem com diferentes hipóteses. ção Clássicos gregos e latinos.

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Historia Base-manual 41 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

JARDÉ, Auguste. A Grécia antiga e a vida grega. São “— Cálias, se teus dois filhos fossem dois po-
Paulo: EPU/Edusp, 1977. tros ou duas vitelas, terias de contratar e pagar
MOMMSEN, Theodor. História de Roma. Rio de Janei- uma pessoa que tomasse conta deles, que tives-
ro: Delta, 1962. se a capacidade de lhes ensinar as virtudes para
MOSSÉ, Claude. O cidadão na Grécia antiga. Lisboa: serem acrescentadas à sua natureza, e eles se
Edições 70, 1999. tornariam cavalariços ou agricultores; mas teus
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultu- filhos são homens; que educação, então, tencio-
ral, 1999. Série Os pensadores. nas proporcionar-lhes? Quem entende das virtu-
ROSTOVTZEFF, M. História de Roma. Rio de Janeiro: des que lhes são necessárias, ou seja, das
Guanabara Koogan, 1983. virtudes do homem e cidadão? Acredito que pen-
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. São saste a respeito disso quando puseste os filhos
Paulo: Martins Fontes, 1999. no mundo. Existe alguém capaz de fazê-lo?
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gre- — Claro que sim — respondeu-me.
gos. São Paulo: Difusão Européia do Livro/Edusp, 1973. — E quem é ele? — indaguei-lhe. — De onde
é e quanto cobra para ensinar?
Textos de apoio — Eveno de Paros. E seu preço é cinco minas
[mina de prata, que valia 100 dracmas] — res-
I — A Guerra do Peloponeso pondeu-me.
Tucídides, historiador da Grécia antiga, procura jus-
No íntimo, parabenizei esse tal de Eveno, se é

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tificar — no trecho do texto transcrito a seguir — a ação
de fato possuidor dessa doutrina e a ensina a tão
dos atenienses durante a Guerra do Peloponeso. Não exis-
baixo preço. Eu mesmo me orgulharia se fosse ca-
tem evidências precisas sobre a biografia do historiador;
paz de tal coisa, contudo eu não sei, ó atenienses.”
registros deixados sobre sua vida pessoal levam a crer
que ele nasceu por volta de 460-455 a.C. e faleceu com PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova
Cultural, 1999. p. 69-70. Série Os pensadores.
pouco mais de 50 anos.

III — A educação em Esparta


“Assim, nada do que nós fizemos é extraordi-
Na obra Constituição dos lacedemônios, o historiador
nário nem se afasta do comportamento humano
e general ateniense Xenofonte (430-354 a.C.) mostrou
se, quando nos ofereciam um império, o aceita-
certa admiração pela sociedade espartana ao escrever so-
mos e não o abandonamos forçados por motivos
bre alguns de seus costumes, como o rígido sistema de
de força maior: honra, temor e interesse; nem por
educação, transcrito no texto a seguir.
outro lado fomos os primeiros a ter tal comporta-
mento, mas sempre se admitiu a coerção do mais
fraco pelo mais forte; ao mesmo tempo, disso nos “Em toda a Grécia, o costume dos que preten-
julgamos dignos e assim vos parecia até o momen- dem dar boa educação aos filhos é o seguinte:
to em que, por cálculo de interesse, estais usando logo que atingem a idade adequada são entre-
agora do argumento da justiça, embora ninguém gues aos cuidados do pedagogo ou tutor. Com
se ampare nele, quando depara com a ocasião de esses criados são enviados à escola de algum
professor onde aprendem gramática, música e
adquirir algo pela força, renunciando a ter mais.
diversos exercícios físicos. Além disso, recebem
São dignos de louvor os que, seguindo a natu- sapatos que tornam seus pés macios e seus cor-
reza humana e assim dominando outros, vêm a pos são debilitados por diversas mudas de rou-
ser mais justos do que era de esperar pela força pa. E a medida da comida é seu apetite.
que têm à sua disposição. Outros, em todo caso, Mas Licurgo [legislador espartano], em vez de
pensamos nós, depois de assumir a nossa posi- deixar a cada cidadão o encargo de escolher um
ção, mostrariam se somos ou não moderados; para escravo-tutor para seu filho, designou um
nós, porém, contra a expectativa, da moderação paidônomo como guardião público dos meninos
resultou mais um descrédito que um louvor.” espartanos com total autoridade sobre eles.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Para auxiliar o educador, criou um corpo de
São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 103. jovens fortes, portando chicotes para infligir cas-
tigos quando necessário. O resultado feliz foi
que em Esparta a humildade e a obediência vão
II — Em defesa de Sócrates sempre de mãos dadas e não existe falta de
Trecho narrado pelo filósofo Platão (428?-348? a.C.) qualquer delas.
em discurso de defesa de seu mestre, Sócrates, acusado Em vez de amolecer seus pés com sapatos
pelos governantes atenienses de corromper a juventude ou sandálias, decretou que deveriam endurecê-
ao difundir idéias contrárias à tradição religiosa. Sócrates los andando descalços. [...].
foi condenado a morrer envenenado por cicuta. ➜

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Parte 3 — Material de apoio didático


O prefeito [chefe de um grupo de meninos] ou 3. Idade Média
cabeça de bando vigiava para que seu grupo não
Bibliografia
comesse demais nas refeições coletivas para que
não se tornasse indolente ou desconhecesse as BLOCH, M. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1979.
agruras da vida pobre. DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos e ou-
Sua crença era que, com este ensinamento tros episódios da história cultural francesa. Rio de Ja-
na infância, os espartanos poderiam lutar com es- neiro: Graal, 1986.
tômago vazio quando fosse necessário. EYMERICH, Nicolau. Manual dos inquisidores. Rio de
Para que os meninos nunca ficassem sem au- Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993.
toridade em caso de ausência do guardião, deu a FERNANDES, Fátima Regina (org.). Instituições e po-
qualquer cidadão que estivesse presente o direi- der no medievo. Curitiba: UFPR, 2002.
to de admoestá-los ou castigá-los por qualquer FRANCO JR., Hilário. O ano 1000. Tempo de medo ou de
infração. Com isso criou nos meninos de Esparta esperança? São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
a mais rara humildade e reverência.
_______. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1983. Co-
Todos sabemos que não há Estado no mundo leção Tudo é história, v. 65.
onde seja demonstrada maior obediência aos ma-
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. São Paulo:
gistrados e às leis do que em Esparta.
Companhia das Letras, 1987.
Noutros países, nenhum líder quer que nem
mesmo se pense que tem medo dos magistrados. LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Mé-
Isso seria encarado como símbolo da submissão. dia: tempo, trabalho e cultura no Ocidente. Lisboa: Es-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em Esparta, ao contrário, quanto mais pode- tampa, 1980.


roso o homem, mais facilmente se curva perante RABELAIS, François. Gargântua. Portugal: Europa-Amé-
a autoridade constituída.” rica, s.d.
XENOFONTE. A educação espartana. In: Coletânea
de documentos históricos para o 1º grau. São Paulo: Textos de apoio
Secretaria de Estado da Educação/Coordenadoria
de Estudos e Normas Pedagógicas, 1980. p. 62. I — O tempo na Idade Média
Na Idade Média, a concepção do tempo foi determi-
Filmografia nada pelo poder eclesiástico, que usou esse conhecimento
para impor seu calendário e, com isso, controlar a vida
Antígona. Diretor: George Tzayellas. Origem: Grécia. Ano
social, conforme mostra a análise transcrita a seguir.
de produção: 1962. Tema: Grécia antiga.
Barrabás. Diretor: Richard Fleisher. Origem: EUA/Itália.
Ano de produção: 1962. Tema: Império Romano. “O tempo era uma dimensão menos perce-
Faraó. Diretor: Jerzy Kawalerowicz. Origem: Polônia. Ano bida pela maioria dos medievais do que o es-
de produção: 1964. Tema: Egito antigo. paço. De forma geral, as pessoas nem sequer
Fúria de titãs. Diretor: Desmond Davis. Origem: Ingla- conheciam a própria idade, por ignorar o ano
terra. Ano de produção: 1981. Tema: Grécia antiga. exato de nascimento e o ano em curso. Ape-
Jesus de Nazaré. Diretor: Franco Zeffirelli. Origem: Itália/ nas os teólogos teorizavam o tempo, vendo-o
Inglaterra. Ano de produção: 1976. Tema: Oriente antigo. como uma mudança, uma marcha inexorável
Jesus menino: o mistério. Diretor: Franco Rossi. Origem: que atingiria um fim não por seu próprio mudar
Itália. Ano de produção: 1990. Tema: Oriente antigo. constante, e sim pelo desígnio divino. Repre-
O império de Alexandre, o Grande. Diretor: Jens-Peter sentantes terrenos dessa Divindade, e intérpre-
Behrend. Origem: Alemanha. Ano de produção: 1998. tes de sua Palavra, apenas os eclesiásticos
Tema: Grécia antiga. tentavam compreender, mensurar e controlar o
Os argonautas. Diretor: Ricardo Freda. Origem: Itália. Ano tempo. Eles foram os únicos no Ocidente, até o
de produção: 1968. Tema: Grécia antiga. século XIII, a ter consciência de que medir o
Os dez mandamentos. Diretor: Cecil B. DeMille. Origem: tempo é dominá-lo, e dominar o tempo é domi-
EUA. Ano de produção: 1956. Tema: Oriente antigo. nar o mundo.
Ramsés, o preferido dos deuses. Diretor: Hans Christian É significativo que em todas as épocas e em to-
Huf. Origem: Alemanha. Ano de produção: 1998. Tema: das as culturas tenha havido interesse dos poderes
Egito antigo. constituídos, eclesiásticos ou laicos, em elaborar e
Roma, o derradeiro império. Diretor: Joel Westbrook. impor um calendário ao conjunto da sociedade. His-
Origem: Alemanha. Ano de produção: 1997. Tema: Im- toricamente, quase sempre a criação e a medição
pério Romano. do tempo confundem-se, sendo comum que as
Salomão e a rainha de Sabá. Diretor: King Vidor. Origem: cosmogonias falem de deuses que são ao mesmo
EUA. Ano de produção: 1959. Tema: Oriente antigo. tempo criadores do universo, do tempo e do calen-
Spartacus. Diretor: Stanley Kubrick. Origem: EUA. Ano dário. Foi o caso da divindade judaico-cristã, que
de produção: 1960. Tema: Império Romano. ➜

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Historia Base-manual 43 7/14/05, 8:53 AM


➜ ➜
Suplemento de Apoio do Professor

logo no início da Criação separou a luz das trevas, irracionais: por um lado, pela fé irracional em bruxa-
estabelecendo o dia e a noite, e depois criou o Sol e ria, por outro, pela apresentação de uma doutrina
a Lua para ‘serem sinais das estações, dos dias e científica da bruxaria e dos meios de procurar, per-
dos anos’. A partir do relato bíblico, no cristianismo seguir e exterminar, especialmente, as bruxas. Essa
confundem-se a criação do mundo e a do tempo, mistura contribuiu em muito para a disseminação
pois como explicou a maior autoridade espiritual da do fenômeno da bruxaria nos tempos modernos e
Idade Média, ‘o mundo não foi feito no tempo, mas para o aumento significativo dos processos contra
com o tempo’ [Santo Agostinho]. as bruxas. Também se manifesta exemplarmente
Medir e ordenar o tempo é transformar um fenô- na aplicação racional das torturas como um instru-
meno natural em produto cultural. É controlar os mo- mento legítimo para receber uma confissão que não
mentos de trabalho e de ócio, portanto a geração pode passar por um exame racional.
de riquezas materiais. É controlar as épocas de pa- As denúncias, feitas sob torturas, contribuíram,
gamento de tributos, esmolas e doações, portanto de fato, em muito para disseminar e aumentar os
a circulação daquelas riquezas. É controlar os perí- processos contra as bruxas e até tornaram mulhe-
odos de festas, portanto a sociabilização dos indiví- res e homens bruxas e bruxos, mas na verdade não
duos. É controlar as fases de jejum alimentar e criaram originariamente bruxas. Sofrendo torturas
sexual, portanto a vida biológica da população. É cruéis, as pessoas suspeitas e acusadas confessa-
controlar os momentos de atividades profanas e de ram tudo que os juízes quiseram ouvir, denuncian-
dedicação ao sagrado, portanto a vida espiritual das do demais prisioneiras, vizinhos e parentes.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pessoas. Logo, o tipo de calendário adotado revela Os processos contra as bruxas nasceram de
muito de uma sociedade, não apenas de seus co- uma crença em bruxaria, viva e comum entre a
nhecimentos astronômicos e matemáticos, mas so- população que era convicta da existência de uma
bretudo de sua visão de mundo.” seita secreta e herética, numerosa e perigosa de
FRANCO JR., Hilário. O ano 1000. Tempo de medo bruxas em quase todas as camadas sociais. Assu-
ou de esperança? São Paulo: Companhia mindo a tradição rica da crença do povo em feitiça-
das Letras, 1999. p. 31-33.
ria, presente desde a Antigüidade, identificando
todos esses elementos, sem qualquer diferencia-
II — Entendendo a bruxaria ção como renegação de Deus, ou seja, como ato
Na passagem da Idade Média para o período moder- herético, muitos autores defenderam a existência
no, a bruxaria ganhou reforço nas mãos de autores que real da bruxaria, entre eles os autores do Malleus
passaram a dar uma explicação racional para o fenômeno, Maleficarum, os dominicanos Heinrich Kramer e
justificando, assim, a repressão aos atos considerados Jacob Sprenger, o jurista francês Jean Bodin (1529/
como heréticos pela Igreja Católica. O texto transcrito a 1530-1596), que fundamentou, por meio dos seus
seguir analisa a “racionalização” da crença em bruxas. Six livres de la République (Seis livros sobre o Es-
tado), de 1576, a teoria da soberania dos Estados
“As relações estreitas entre elementos racio- e publicou, em 1580, o seu escrito intitulado De
nais e irracionais, determinantes da vida huma- magorum Daemonomania — que retoma as idéi-
na, mostram-se, de maneira excelente, no as do Malleus Maleficarum quase um século após
fenômeno da bruxaria, que abalou a Europa num a publicação deste manual —, ou o protestante rei
momento crítico da transição do mundo medieval James VI da Escócia, ou seja, James I da Inglater-
para o mundo moderno, da qual, aliás, tanto o ra (1566-1625, rei da Escócia desde 1567 e da In-
Malleus Maleficarum quanto a Constitutio glaterra desde 1603), um soberano literariamente
Criminalis Carolina são também representantes. ambicioso que defendeu em 1604 os direitos ab-
solutistas do seu governo e tinha publicado, em
Os dois documentos contêm elementos,
1597, o seu escrito contra o poder do Diabo,
concomitantemente, antigos e passados da moda
intitulado Demonology, reeditado várias vezes.
assim como novos e direcionados para o futuro.
Quanto à área de justiça, os dois contribuíram Todos esses defensores da bruxaria criaram
devido a sua racionalidade para a construção do racionalmente um sistema da irracionalidade que
mundo moderno, mesmo que um, o Malleus convenceu a muitos dos contemporâneos, siste-
Maleficarum, seja considerado, em geral, mais ma este que reflete a sua época em todas as suas
reacionário e outro, a Constitutio Criminalis Caro- contradições, quando se realiza a mudança fun-
lina, em geral, mais inovador e progressivo. Os damental e paradigmática da Idade Média para
dois defenderam princípios pré-modernos, sem se os tempos modernos.”
libertar totalmente dos tempos anteriores.
FERNANDES, Fátima Regina (org.).
Além disso, os dois documentos são caracteri- Instituições e poder no medievo.
zados por uma mistura de elementos racionais e Curitiba: UFPR, 1980. p. 129-131.

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Parte 3 — Material de apoio didático
Filmografia MESGRAVIS, Laima e PINSKY, Carla B. O Brasil que
A lenda da flauta mágica. Diretor: Jacques Demy. Origem: os europeus encontraram. São Paulo: Contexto, 2000.
Inglaterra. Ano de produção: 1972. Tema: A peste na Ida- Coleção Repensando a história.
de Média. MICELI, Paulo. O ponto onde estamos. Viagens e via-
Brancaleone nas cruzadas. Diretor: Mário Monicelli. Ori- jantes na história da expansão e da conquista. Cam-
gem: Itália. Ano de produção: 1970. Tema: Sátira à religi- pinas: Unicamp, 1998.
osidade da época. MORUS, Tomás. A utopia. Porto Alegre: L&PM, 1997.
El Cid. Diretor: Anthony Mann. Origem: EUA. Ano de pro- SEED, Patrícia. Cerimônias de posse na conquista eu-
dução: 1961. Tema: Espanha sob o reinado de Afonso VI. ropéia do Novo Mundo (1492-1640). São Paulo:
Excalibur. Diretor: John Boorman. Origem: EUA/Inglater- Unesp, 1997.
ra. Ano de produção: 1981. Tema: Fábula do rei Arthur. THOMPSON, E. P. Costumes em comum. Estudos so-
Henrique V. Diretor: Kenneth Branagh. Origem: Inglaterra. bre a cultura popular tradicional. São Paulo: Com-
Ano de produção: 1989. Tema: Batalha de Azincourt, en- panhia das Letras, 1998.
tre franceses e ingleses.
Irmão Sol, irmã Lua. Diretor: Franco Zeffirelli. Origem: Texto de apoio
EUA. Ano de produção: 1973. Tema: São Francisco e
Santa Clara. O mercantilismo
Joana d’Arc. Diretor: Christian Dugnay. Origem: EUA. Ano
“[...] O mercantilismo exprime, em todos os
de produção: 1999. Tema: História da heroína francesa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

países, uma dupla vontade de poder, busca de


Marco Polo. Diretor: Giuliano Montaldo. Origem: Itá-
grandeza e de riqueza. Na Europa moderna, não
lia. Ano de Produção: 1982. Tema: História do viajan-
há mais lugar de honra para os Estados incapazes
te italiano.
de mobilizar exércitos e frotas numerosos. Não há
O holandês voador. Diretor: Jos Stelling. Origem: EUA. mais lugar para os príncipes sem vintém, e para
Ano de produção: 1995. Tema: Condições sanitárias na os Estados ascéticos. É a prosperidade do reino
Idade Média. que permite ao Erário alimentar o Tesouro real; é a
O incrível exército de Brancaleone. Diretor: Mário Moni- prosperidade comercial que faz circular as espé-
celli. Origem: Itália. Ano de produção: 1965. Tema: Sáti- cies preciosas, medidas e condições de todo po-
ra às crenças da Idade Média. der. O imposto é pago em moedas de ouro e de
O nome da rosa. Diretor: Jean-Jacques Annaud. Origem: prata, porque assim são pagos os soldados, as mu-
Itália/França/Alemanha. Ano de produção: 1986. Tema: nições, os espiões e os aliados. ‘É impossível fa-
Adaptação da obra homônima de Umberto Eco, sobre um zer a guerra sem homens, manter homens sem
mosteiro medieval. soldo, fornecer-lhes o soldo sem tributos, arreca-
dar tributos sem comércio’, escreveu Antoine de
Montchrétien [na obra Traité de l’économie
4. Idade Moderna politique]. Esta solidariedade de fato faz com que
a monarquia se interesse mais do que no passado
Bibliografia pelas empresas dos mercadores e dos
BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. São manufatureiros. Sem romper as antigas solidarie-
Paulo: Companhia das Letras, 1999.
dades, o Estado admite e sanciona um novo equi-
DAVIS, Natalie Zemon. O retorno de Martin Guerre. Rio líbrio dos grupos sociais. A política e a doutrina
de Janeiro: Paz e Terra, 1987. mercantilistas revelam ao mesmo tempo uma evo-
DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspecti- lução das instituições administrativas, das vonta-
va, 1992. Coleção Khronos. des políticas e um progresso da sociedade. A
ESCRAGNOLLE-TAUNAY, A. de. Monstros e monstren- comunidade de interesses entre o Estado e os prin-
gos do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. cipais agentes do desenvolvimento econômico
FEBVRE, Lucien. Michelet e a Renascença. São Paulo: constitui um poderoso fator de unificação nacio-
Página Aberta, 1995. nal, dá à coisa pública, à razão de Estado uma di-
mensão suplementar.[...]. O liame entre os indivíduos
FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São
não é mais unicamente de natureza política ou reli-
Paulo: Brasiliense, 1991. Coleção Tudo é história, v. 8.
giosa, mas também de natureza econômica, e esta
FONSECA, Luís Adão da. Os descobrimentos e a forma- busca de uma conciliação entre o interesse estatal
ção do Oceano Atlântico. Lisboa: Comissão Nacional
e o dos súditos, ou pelo menos de uma parte deles,
para as Comemorações dos Descobrimentos Portugue-
já revela uma certa laicização da vida pública.”
ses, 1999.
DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo:
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Paz e Ter- Perspectiva, 1992. p. 51-52. Coleção Khronos.
ra, 1996.

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Historia Base-manual 45 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Filmografia MOORE, Michael. Stupid white men. Uma nação de idi-


1492, a conquista do paraíso. Diretor: Ridley Scott. Ori- otas. São Paulo: Francis, 2003.
gem: EUA/França. Ano de produção: 1992. Tema: A NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. Rio de Janeiro:
chegada de Colombo à América. Nova Fronteira, 1999.
Aguirre, a cólera dos deuses. Diretor: Werner Herzog. Ori- NOVAIS, Fernando A. e MOTA, Carlos Guilherme. A in-
gem: Alemanha. Ano de produção: 1972. Tema: Coloni- dependência política do Brasil. São Paulo: Hucitec,
zação espanhola na América do Sul. 1996. Coleção Estudos históricos, v. 22.
A missão. Diretor: Roland Joffé. Origem: EUA. Ano de pro- PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operá-
dução: 1986. Tema: Missões jesuíticas na América. rios, mulheres, prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Ter-
Kagemusha, a sombra de um samurai. Diretor: Akira Ku- ra, 1988.
rosawa. Origem: Japão. Ano de produção: 1980. Tema: SCHWARCZ, Lilia Moritz. O império em procissão. Ri-
Os samurais no século XVI. tos e símbolos do Segundo Reinado. Rio de Janeiro: Jor-
O outro lado da nobreza. Diretor: Michael Hoffman. Ori- ge Zahar, 2001. Coleção Descobrindo o Brasil.
gem: Inglaterra. Ano de produção: 1995. Tema: A ascen- SOUZA, Iara Lis C. A independência do Brasil. Rio de
são de Carlos II ao trono inglês e o retorno da dinastia Stuart. Janeiro: Jorge Zahar, 2000. Coleção Descobrindo o Bra-
Os sete samurais. Diretor: Akira Kurosawa. Origem: sil.
Japão. Ano de produção: 1954. Tema: Japão do sécu- THOMPSON, E. P. A formação da classe operária ingle-
lo XVI. sa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Coleção Oficinas
da história.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5. História contemporânea THOMSON, David. Pequena história do mundo contem-
porâneo. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
Bibliografia WHITAKER, Chico. O desafio do Fórum Social Mundi-
ARBEX JR., José. Guerra Fria. Terror de Estado, políti- al. Um modo de ver. São Paulo: Loyola/Fund. Perseu
ca e cultura. São Paulo: Moderna, 1997. Coleção Polê- Abramo, 2005.
mica.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências hu-
Texto de apoio
manas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BETHELL, Leslie. A abolição do tráfico de escravos no Sobre a escravidão
Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: O abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) defen-
Edusp, 1976. dia a inconstitucionalidade da escravidão, conforme mos-
BRUIT, Héctor H. O imperialismo. São Paulo: Atual, 1992. tra o texto transcrito a seguir.
Coleção Discutindo a história.
CANECA, Joaquim do Amor Divino. Acusação e defesa. “A posição legal do escravo resume-se nestas
Recife: UFPE, 2000. palavras: a Constituição [de 1824] não se ocupou
dele. Para poder conter princípios como estes:
CANTARINO, Geraldo. 1964, a revolução para inglês ver.
Rio de Janeiro: Mauad, 1999. ‘Nenhum cidadão pode ser obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtu-
CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Bra-
de da lei... Todo o cidadão tem em sua casa um
sil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987. Cole-
asilo inviolável... A lei será igual para todos... Fi-
ção Retratos do Brasil, v. 90.
cam abolidos todos os privilégios... Desde já fi-
DECCA, Edgar de. 1930: o silêncio dos vencidos. São
cam abolidos os açoites, a tortura, a marca de
Paulo: Brasiliense, 1981.
ferro quente, e todas as mais penas cruéis... Ne-
HOBSBAWM, Eric. A era do capital – 1848-1875. Rio nhuma pena passará da pessoa do delinqüente;
de Janeiro: Paz e Terra, 1979. nem a infâmia do réu se transmitirá aos parentes
_______. Era dos extremos. O breve século XX. São Pau- em qualquer grau que seja... É garantido o direito
lo: Companhia das Letras, 1995. de propriedade em toda a sua plenitude.’
KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. Portugal: Era preciso que a Constituição não contives-
Europa-América, s.d. v. II. se uma só palavra que sancionasse a escravidão.
LENHARO, Alcir. Sacralização da política. Campinas: Qualquer expressão que o fizesse incluiria na-
Papirus/Unicamp, 1986. quele código de liberdade a seguinte restrição:
LIMA, Marcos Costa (org.). O lugar da América do Sul ‘Além dos cidadãos a quem são garantidos es-
na nova ordem mundial. São Paulo: Cortez, 2001. ses direitos, e dos estrangeiros a quem serão tor-
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Parti- nados extensivos, há no país uma classe sem
do Comunista – 1848. Porto Alegre: L&PM, 2001. direito algum: a dos escravos. O escravo será
MATTOS, Marcelo Badaró. O sindicalismo brasileiro após obrigado a fazer, ou a não fazer, o que lhe for
1930. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. Coleção Des- ordenado pelo seu senhor, seja em virtude da lei,
cobrindo o Brasil. ➜

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Historia Base-manual 46 7/14/05, 8:53 AM


Parte 3 — Material de apoio didático


Apocalypse Now. Diretor: Francis Ford Coppola. Ori-
seja contra a lei, que não lhe dá o direito de deso- gem: EUA. Ano de produção: 1979. Tema: Guerra do
bedecer. O escravo não terá um único asilo Vietnã.
inviolável, nem nos braços da mãe, nem à som-
As vinhas da ira. Direção: John Ford. Origem: EUA.
bra da cruz, nem no leito de morte; no Brasil não
Ano de produção: 1940. Tema: Adaptação da obra ho-
há cidades de refúgio. Ele será objeto de todos
mônima de John Steinbeck sobre a crise norte-ameri-
os privilégios, revogados para os outros; a lei não
cana de 1929.
será igual para ele porque está fora da lei, e o
sem bem-estar material e moral será tão regula- Carlota Joaquina. Diretora: Carla Camurati. Origem:
do por ela como o é o tratamento dos animais; Brasil. Ano de produção: 1995. Tema: Sátira à vinda
para ele continuará de fato a existir a pena, da família real portuguesa para o Brasil.
abolida, de açoites e a tortura, exercida senão com Dança com lobos. Diretor: Kevin Costner. Origem:
os mesmos instrumentos medievais, com maior EUA. Ano de produção: 1990. Tema: Relação entre
constância ainda em arrancar a confissão, e com índios e brancos no oeste dos Estados Unidos.
a devassa diária de tudo o que há de mais íntimo Daniel. Diretor: Sidney Lumet. Origem: EUA. Ano de
nos segredos humanos. Nessa classe a pena da produção: 1983. Tema: Macarthismo.
escravidão, a pior de todas as penas, transmite- Danton, o processo da revolução. Diretor: Andrzej Waj-
se, com a infâmia que a caracteriza, de mãe a da. Origem: França. Ano de produção: 1982. Tema:
filhos, sejam esses filhos do próprio senhor.’” Revolução Francesa.
NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. Rio de Janeiro: Doutor Jivago. Diretor: David Lean. Origem: EUA. Ano
Nova Fronteira, 1999. p. 125-126.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de proução: 1965. Tema: Adaptação do romance ho-


mônimo de Boris Pasternack, que tem como fundo a
Filmografia Rússia do início do século XX.
Eles não usam black-tie. Diretor: Leon Hirszman. Ori-
1900. Diretor: Bernardo Bertolucci. Origem: Itália/ gem: Brasil. Ano de produção: 1981. Tema: Movimen-
França/Alemanha. Ano de produção: 1977. Tema: Ro- to operário brasileiro na década de 1970.
mance que tem como fundo o nascimento do fascis-
Gaijin: caminhos da liberdade. Diretora: Tizuka Yama-
mo na Itália.
saki. Origem: Brasil. Ano de produção: 1980. Tema:
A caminho de Kandahar. Diretor: Mohsen Makhmalbaf. Imigração japonesa.
Origem: Irã. Ano de produção: 2001. Tema: O Afega-
nistão sob o regime do Talibã. Gallipoli. Diretor: Peter Weir. Origem: Austrália. Ano
de produção: 1981. Tema: Primeira Guerra Mundial.
A greve. Diretor: Sergei Eisenstein. Origem: Rússia. Ano
de produção: 1924. Tema: Rússia czarista. Germinal. Diretor: Claude Berri. Origem: França. Ano
de produção: 1994. Tema: Adaptação da obra homô-
A Guerra de Canudos. Diretor: Sérgio Rezende. Ori-
nima de Émile Zola sobre os operários franceses no
gem: Brasil. Ano de produção: 1997. Tema: Guerra
século XIX.
de Canudos.
A história oficial. Diretor: Luiz Puenzo. Origem: Argen- Guerra do Brasil. Diretor: Sylvio Back. Origem: Bra-
tina. Ano de produção: 1985. Tema: Ditadura militar na sil. Ano de produção: 1987. Tema: Guerra do Para-
Argentina. guai.
A lista de Schindler. Diretor: Steven Spielberg. Origem: Indochina. Diretor: Régis Wargnier. Origem: França.
EUA. Ano de produção: 1993. Tema: Holocausto. Ano de produção: 1992. Tema: O imperialismo fran-
A Noite de São Lourenço. Diretores: Paolo e Vittorio Ta- cês na Indochina.
viani. Origem: Itália. Ano de produção: 1982. Tema: Lawrence da Arábia. Diretor: David Lean. Origem: In-
Segunda Guerra Mundial. glaterra. Ano de produção: 1962. Tema: Primeira
A noite dos desesperados. Diretor: Sydney Pollack. Ori- Guerra Mundial.
gem: EUA. Ano de produção: 1969. Tema: Crise de 1929 Liberdade. Diretor: Vicente Aranda. Origem: Espanha.
nos Estados Unidos. Ano de produção: 1996. Tema: A vida de mulheres
A queda! As últimas horas de Hitler. Diretor: Oliver Hirs- anarquistas durante a Guerra Civil espanhola.
chbiegel. Origem: Alemanha. Ano de produção: 2004. Libertários. Diretor: Lauro Escorel Filho. Origem: Bra-
Tema: O fim da Segunda Guerra Mundial. sil. Ano de produção: 1976. Tema: Anarquismo no mo-
Adeus Lênin! Diretor: Wolfgang Becker. Origem: Alema- vimento operário brasileiro do início do século XX.
nha. Ano de produção: 2003. Tema: Fim do comunismo. Memórias do cárcere. Diretor: Nelson Pereira dos San-
Amistad. Diretor: Steven Spielberg. Origem: EUA. Ano tos. Origem: Brasil. Ano de produção: 1984. Tema:
de produção: 1998. Tema: Tráfico de escravos para os Baseado na obra homônima de Graciliano Ramos so-
Estados Unidos. bre a repressão do regime de Getúlio Vargas.
Anahy de las Missiones. Diretor: Sérgio Silva. Origem: Mississipi em chamas. Diretor: Alan Parker. Origem:
Brasil. Ano de produção: 1997. Tema: Guerra dos Far- EUA. Ano de produção: 1988. Tema: Racismo nos Es-
rapos. tados Unidos.

47

Historia Base-manual 47 7/14/05, 8:53 AM


Suplemento de Apoio do Professor

Nascido para matar. Diretor: Stanley Kubrick. Origem: Viva Zapata! Diretor: Elia Kazan. Origem: EUA. Ano de
EUA. Ano de produção: 1987. Tema: Guerra do Vietnã. produção: 1952. Tema: Revolução Mexicana.
O dia seguinte. Diretor: Nicholas Meyer. Origem: EUA. Waterloo. Diretor: Sergei Bondartchok. Origem: Itália/
Ano de produção: 1983. Tema: Guerra nuclear. Rússia. Ano de produção: 1971. Tema: Napoleão e a
O Encouraçado Potemkin. Diretor: Sergei Eisenstein. Ori- Batalha de Waterloo.
gem: Rússia. Ano de produção: 1925. Tema: Rebelião
de marinheiros russos em 1905.
6. Obras temáticas
O franco atirador. Diretor: Michael Cimino. Origem: EUA.
Ano de produção: 1978. Tema: Guerra do Vietnã. Bibliografia
O império do Sol. Diretor: Steven Spielberg. Origem: EUA. Anita Garibaldi: a vida de uma heroína. São Paulo: Ani-
Ano de produção: 1987. Tema: Segunda Guerra Mundial. ta, 2004.
O que é isso, companheiro? Diretor: Bruno Barreto. Ori- AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo
gem: Brasil. Ano de produção: 1997. Tema: Resistência branco. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Coleção Ofi-
ao regime militar no Brasil. cinas de história, v. 6.
O último imperador. Diretor: Bernardo Bertolucci. Ori- BASTOS, Augusto Roa; MACIEL, Alejandro; GADEA,
gem: EUA/Itália/Inglaterra. Ano de produção: 1987. Omar Prego e NEPOMUCENO, Eric. O livro da Guer-
Tema: O fim do regime imperial na China. ra Grande. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Os eleitos. Diretor: Philip Kaufman. Origem: EUA. Ano
BATALHA, Cláudio. O movimento operário na Primeira
de produção: 1983. Tema: Guerra Fria no período de
República. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. Coleção

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
John Kennedy.
Descobrindo o Brasil.
Os gritos do silêncio. Diretor: Roland Joffé. Origem: In-
BRESCIANI, Maria Stella M. Londres e Paris no século
glaterra. Ano de produção: 1984. Tema: Guerra Civil do
Camboja. XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense,
1985. Coleção Tudo é história, v. 52.
Os inconfidentes. Diretor: Joaquim Pedro de Andrade. Ori-
gem: Brasil. Ano de produção: 1972. Tema: Inconfidên- BROUÉ, Pierre. A Revolução Espanhola (1931-1939). São
cia Mineira. Paulo: Perspectiva, 1992. Coleção Khronos.
Outubro. Diretor: Sergei Eisenstein. Origem: Rússia. Ano BRUNSCHWIG, Henri. A partilha da África negra. São
de produção: 1928. Tema: Revolução Russa. Paulo: Perspectiva, 1993. Coleção Khronos.
Páginas da revolução. Direção: Roberto Faenza. Origem: BUBER, Martin. O socialismo utópico. São Paulo: Pers-
Itália. Ano de produção: 1995. Tema: Ditadura de Sala- pectiva, 1986.
zar em Portugal. CAPELATO, Maria Helena. O movimento de 1932: a cau-
Quando papai saiu em viagem de negócios. Diretor: Boro sa paulista. São Paulo: Brasiliense, 1982. Coleção Tudo
Draskovic. Origem: Iugoslávia. Tema: A Iugoslávia no é história, v. 15.
governo do marechal Tito. COUTINHO, Gago. A descoberta do Brasil. Portugal: Qui-
Reds. Diretor: Warren Beatty. Origem: EUA. Ano de pro- pu, s.d.
dução: 1981. Tema: Revolução Russa pela óptica de um DECCA, Edgar de. O nascimento das fábricas. São Pau-
norte-americano. lo: Brasiliense, 1982. Coleção Tudo é história, v. 51.
Roma, cidade aberta. Direttor: Roberto Rossellini. Ori- FERREIRA, Maria Nazareth. Imprensa operária no Bra-
gem: Itália. Ano de produção: 1946. Tema: Segunda sil. São Paulo: Ática, 1988. Série Princípios.
Guerra Mundial.
FERRO, Marc. A Revolução Russa de 1917. São Paulo:
Stalingrado. Diretor: Joseph Vilsmaier. Origem: Alema- Perspectiva, 1988. Coleção Khronos.
nha. Ano de produção: 1992. Tema: Segunda Guerra
Mundial. FRANCO JR., Hilário e ANDRADE FILHO, Ruy de Oli-
veira. O Império Bizantino. São Paulo: Brasiliense, 1985.
Tempo de glória. Diretor: Edward Zwick. Origem: EUA.
Coleção Tudo é história, v. 107.
Ano de produção: 1989. Tema: Guerra de Secessão dos
Estados Unidos. GALVÃO, Walnice Nogueira. No calor da hora. A Guer-
ra de Canudos nos jornais. São Paulo: Ática, 1974.
Tempos de viver. Diretor: Zhang Yimou. Origem: China. Ano
de produção: 1993. Tema: Revolução Cultural chinesa. GARCÉS, Joan. Allende e as armas da política. São Pau-
Terra de ninguém. Diretor: Danis Tanovic. Origem: Bós- lo: Página Aberta, 1993.
nia. Ano de produção: 2001. Tema: Guerra da Bósnia. GONZALEZ, Horácio. A Comuna de Paris. Os assaltan-
Terra e liberdade. Diretor: Ken Loach. Origem: Inglater- tes do céu. São Paulo: Brasiliense, 1989. Coleção Tudo
ra/Espanha. Ano de produção: 1994. Tema: Guerra Ci- é história, v. 24.
vil espanhola. HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa:
Um grito de liberdade. Diretor: Richard Attenborough. Presença, 1977.
Origem: Inglaterra. Ano de produção: 1987. Tema: Apar- História da classe operária no Brasil. Idade difícil, 1920-
theid. 45. São Paulo: ACO, 1978.

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Historia Base-manual 48 7/14/05, 8:53 AM


Parte 3 — Material de apoio didático
HUBERMAM, Leo. História da riqueza dos EUA (Nós, TAVARES, Luís Henrique Dias. Da sedição de 1798 à
o povo). São Paulo: Brasiliense, 1987. revolta de 1824 na Bahia. Salvador: EduFBA; São Pau-
JANOTTI, Maria de Lourdes M. A Balaiada. São Paulo: lo: Unesp, 2003.
Brasiliense, 1987. Coleção Tudo é história, v. 117. TOCQUEVILLE, Alexis de. A emancipação dos escra-
LEHMANN, Henri. As civilizações pré-colombianas. Rio vos. Campinas: Papirus, 1994.
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990. TRONCA, Ítalo. Revolução de 1930: a dominação ocul-
LOUREIRO, Isabel Maria. Rosa Luxemburg. Os dile- ta. São Paulo: Brasiliense, 1985. Coleção Tudo é histó-
mas da ação revolucionária. São Paulo: Unesp/Fund. ria, v. 42.
Perseu Abramo, 2004. TROTSKY, Leon. Como fizemos a revolução. São Paulo:
MAESTRI FILHO, Mário José. O escravo gaúcho. Global, 1978.
São Paulo: Brasiliense, 1984. Coleção Tudo é histó- VENTURI, Gustavo; RECAMÁN, Marisol e OLIVEIRA,
ria, v. 93. Suely de (org.). A mulher brasileira nos espaços público
MICELI, Paulo. O mito do herói nacional. São Paulo: e privado. São Paulo: Fund. Perseu Abramo, 2004.
Contexto, 1997. Coleção Repensando a história. WEIL, Simone. A condição operária e outros estudos so-
MOURA, Clóvis (org.). Os quilombos na dinâmica so- bre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
cial do Brasil. Maceió: Edufal, 2001. WERNET, Augustin. O Período Regencial. São Paulo:
. As injustiças de Clio. O negro na historiogra- Global, 1982. Coleção História popular.
fia brasileira. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1990.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão e universo cultural
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Texto de apoio
na colônia. Minas Gerais, 1716-1789. Belo Horizon-
te: UFMG, 2001. A escravidão nas colônias
PARIS, Robert. As origens do fascismo. São Paulo: Pers- O analista político francês Alexis de Tocqueville (1805-
pectiva, 1976. Coleção Khronos. 1859) critica, no texto transcrito a seguir, a idéia de que o
PETTA, Nicolina Luiza de. A fábrica e a cidade até 1930. governo inglês era favorável, desde o começo, à abolição
São Paulo: Atual, 1995. da escravidão em suas colônias, declarada em 1832 e
estabelecida a partir de 1834.
e DELFINI, Luciano. Para entender o anar-
quismo. São Paulo: Moderna, 2004. Coleção Polêmi-
ca. “A verdade é que a emancipação dos escra-
vos foi, assim como a reforma parlamentar, obra
PIERONI, Geraldo. Vadios e ciganos, heréticos e bru-
da nação e não dos governantes. É preciso ver
xas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
nela o produto de uma paixão e não o resultado
. Banidos. A Inquisição e a lista dos cristãos-
de um cálculo. O governo inglês lutou tanto quan-
novos condenados a viver no Brasil. Rio de Janeiro:
to pôde contra a adoção desta medida. Ele ha-
Bertrand Brasil, 2003.
via resistido 15 anos à abolição do tráfico e
PIRES, Maria Idalina da Cruz. A guerra dos bárbaros. resistiu 25 anos à abolição da escravidão. Quan-
Recife: UFPE, 2002. do não pôde mais impedi-la, procurou, pelo me-
PORTER, Katherine Anne. Sacco e Vanzetti: um erro ir- nos, retardá-la; e quando não pôde mais
reparável. Rio de Janeiro: Salamandra, 1978. retardá-la, procurou reduzir suas conseqüênci-
RANCIÈRE, Jacques. A noite dos proletários. São Pau- as, embora sempre em vão, pois a onda popular
lo: Companhia das Letras, 1988. sempre o arrastou e dominou.
RIBEIRO JR., João. Pequena história das heresias. Cam- É bem verdade que uma vez decidida e procla-
pinas: Papirus, 1989. mada a abolição, os estadistas ingleses emprega-
ROSS, Giovanni. Colônia Cecília e outras utopias. Curi- ram toda a sua arte para que as nações estrangeiras
tiba: Imprensa Oficial, 2000. Coleção Brasil diferente. aproveitassem o menos possível da revolução que
RUSSELL, Jeffrey Burton. História da feitiçaria. Rio eles acabavam de operar nas suas colônias. Segu-
de Janeiro: Campus, 1993. ramente não foi por pura filantropia que eles mani-
SANTOS, Francisco Jorge dos. Além da conquista: guer- festaram este ardor infatigável para obstar o tráfico
ras e rebeliões indígenas na Amazônia pombalina. Ma- em todos os mares e prejudicar, desta maneira, o
naus: Edua, 1999. desenvolvimento dos países que ainda mantinham
a escravidão. Ao abolir a escravidão, os ingleses
SERPA, Élio. A Guerra do Contestado (1912-1916). Flo-
ficaram privados de certas vantagens e é evidente
rianópolis: UFSC, 1999.
que não queriam permitir que continuassem a usu-
SILVA, Pedro. História e mistérios dos templários. Rio fruir delas aqueles países que não seguiram seu
de Janeiro: Ediouro, 2001. exemplo. É claro que, para chegar a isto, eles em-
SOLA, José Antônio. Os índios norte-americanos: cin- pregavam, segundo é seu costume, todos os mei-
co séculos de opressão. São Paulo: Moderna, 1995. Co- os; ora usavam a violência, ora a astúcia,
leção Polêmica. ➜

49

Historia Base-manual 49 7/14/05, 8:54 AM



Suplemento de Apoio do Professor

Sacco e Vanzetti. Diretor: Giuliano Montaldo. Origem: Itá-


freqüentemente a hipocrisia e a dubiedade. Seja lia. Ano de produção: 1971. Tema: História dos operá-
como for, todos estes fatos são subseqüentes à abo- rios italianos condenados à morte nos Estados Unidos.
lição e nada impede que um sentimento filantrópico
e, sobretudo, um sentimento cristão, tenha produzi- Tempos modernos. Diretor: Charles Chaplin. Origem:
do este grande acontecimento.” EUA. Ano de produção: 1936. Tema: Sátira à mecaniza-
ção do trabalho.
TOCQUEVILLE, Alexis de. A emancipação dos escravos.
Campinas: Papirus, 1994. p. 92-93. Um filme falado. Diretor: Manoel de Oliveira. Origem:
Portugal. Ano de produção: 2004. Tema: Obra de ficção
Filmografia que tem como cenário as civilizações mediterrâneas.
Agonia e êxtase. Diretor: Carol Reed. Origem: EUA. Ano Vidas secas. Diretor: Nelson Pereira dos Santos. Origem:
de produção: 1965. Tema: A vida de Michelangelo (Re- Brasil. Ano de produção: 1963. Tema: Seca no Nordeste.
nascimento). Zumbi dos Palmares. Diretor: Walter Lima Júnior. Ori-
As bruxas de Salem. Diretor: Nicolas Hytner. Origem: gem: Brasil. Ano de produção: 1963. Tema: A história
EUA. Ano de produção: 1996. Tema: “Caça às bruxas” do líder do Quilombo dos Palmares.
no norte da América inglesa.
Avaeté, semente da vingança. Diretor: Zelito Viana. Ori-
gem: Brasil. Ano de produção: 1985. Tema: Massacre
7. Coletâneas de documentos
de povos indígenas. e textos de história
Chico Rei. Diretor: Walter Lima Júnior. Origem: Brasil. Bibliografia

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ano de produção: 1986. Tema: A história do escravo
AMADO, Janaína e FIGUEIREDO, Luiz Carlos. Colom-
que se torna dono de uma mina de ouro.
bo e a América. Quinhentos anos depois. São Paulo:
Cromwell. Diretor: Ken Hughes. Origem: Inglaterra. Ano Atual, 1991.
de produção: 1970. Tema: Guerra Civil inglesa.
CASTRO, Therezinha de (org.). História documental do
Gandhi. Diretor: Richard Attenborough. Origem: Ingla- Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1968.
terra. Ano de produção: 1982. Tema: A vida do líder o
pacifista durante a descolonização da Índia. Coletânea de documentos históricos para o 1 grau. São
Paulo: Secretaria de Estado da Educação/Coordenado-
Giordano Bruno. Diretor: Giuliano Montaldo. Origem: Itá-
ria de Estudos e Normas Pedagógicas, 1980.
lia. Ano de produção: 1973. Tema: A vida de Giordano
Bruno, filósofo e matemático executado pelo Tribunal COSTA, Ricardo da (org.). Testemunhos da História. Do-
do Santo Ofício em 1600. cumentos de história antiga e medieval. Vitória: EDU-
Goya. Diretor: Carlos Saura. Origem: Espanha. Ano de FES, 2002.
produção: 1999. Tema: A vida do pintor espanhol Fran- FENELON, Dea Ribeiro (org.). 50 textos de história do
cisco Goya. Brasil. São Paulo: Hucitec, 1990.
Jango. Diretor: Silvio Tendler. Origem: Brasil. Ano de pro- FREITAS, Gustavo de (org.). 900 textos e documentos de
dução: 1984. Tema: João Goulart. História. Lisboa: Plátano, s.d. v. II e III.
Lamarca. Diretor: Sérgio Rezende. Origem: Brasil. Ano FUNARI, Pedro Paulo A. Antigüidade clássica. A história
de produção: 1994. Tema: Ditadura militar no Brasil. e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Uni-
Lampião, o rei do cangaço. Diretor: Carlos Coimbra. Ori- camp, 1995.
gem: Brasil. Ano de produção: 1963. Tema: Cangaço. MOTA, Carlos Guilherme (org.). Brasil em perspectiva.
Malcolm X. Diretor: Spike Lee. Origem: EUA. Ano de Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
produção: 1992. Tema: A vida do ativista anti-racismo PINSKY, Jaime (coord.). História da América através de
Malcolm X. textos. Campinas: Unicamp, 1986.
Mauá, imperador do Brasil. Diretor: Sérgio Rezende. Ori- (org.). 100 textos de história antiga. São Paulo:
gem: Brasil. Ano de produção: 1999. Tema: A vida do Contexto, 1991.
Barão de Mauá no Segundo Império. RAMINELLI, Ronald. Imagens da colonização. Rio de
O homem de La Mancha. Diretor: Arthur Hiller. Origem: Janeiro: Jorge Zahar; São Paulo: Edusp/Fapesp, 1996.
EUA. Ano de produção: 1972. Tema: Renascimento.
O homem que não vendeu sua alma. Diretor: Fred Zinne-
mann. Origem: Inglaterra. Ano de produção: 1966. Tema: Textos de apoio
A vida do pensador renascentista Thomas Morus. I — Revolução Francesa
Romero. Diretor: John Duigan. Origem: EUA. Ano de pro- Os documentos transcritos a seguir são de autoria
dução: 1989. Tema: A vida do arcebispo Oscar Romero de dois contemporâneos da Revolução Francesa. O pri-
durante a ditadura em El Salvador. meiro a justifica como um processo natural; o segundo
Rosa Luxemburgo. Diretora: Margarethe von Trotta. Ori- faz uma crítica à violência empregada durante o pro-
gem: Alemanha. Ano de produção: 1986. Tema: A vida cesso revolucionário, chegando a propor que as revolu-
da militante política Rosa Luxemburgo. ções sejam pacíficas.

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Historia Base-manual 50 7/14/05, 8:54 AM


Parte 3 — Material de apoio didático
II — Guerra Civil espanhola
A “natureza das coisas”
Moscou enviou aos republicanos que estavam lutan-
“... Seria em vão querer ter uma idéia justa da do na Guerra Civil da Espanha o documento transcrito
grande Revolução que acaba de agitar a França abaixo, que estabeleceu os atos considerados como de-
considerando-a isoladamente da história dos Im- litos pelos Tribunais Especiais.
périos que nos cercam e dos séculos que nos an-
tecederam... Não é a vontade do homem que faz
as leis: ele não tem poder nenhum — ou quase Decreto de 23 de junho de 1937
nenhum — sobre a forma dos governos. É a natu-
reza das coisas, o período social a que o povo che- “Manter, sem razão justificada, relações diretas
gou, a terra que habita, suas riquezas, ou indiretas com um Estado estrangeiro em guerra
necessidades, hábitos e costumes que distribuem com a República; transmitir, sem motivo legítimo,
o poder... Sendo a indústria e o comércio o princí- dados de caráter militar, político, sanitário, econô-
pio da propriedade mobiliária e da força do povo, a mico, industrial, a organismos contrários ao regi-
influência democrática se fez sentir mais ou me- me ou a particulares; realizar atos hostis à
nos nos diferentes Estados — com maior ou me- República, fora ou dentro do território nacional;
nor rapidez, maior ou menor força — se a sua prestar ajuda, no mesmo sentido, às organizações
situação geográfica e alguns outros os incitaram submetidas à influência dos Estados estrangeiros
mais ou menos cedo à cultura das artes e à nave- que, direta ou indiretamente, favorecem a guerra
gação... Proporcionalmente à diferença dos tem- contra o governo legítimo; realizar atos capazes
de enfraquecer a ação de defesa da República,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pos, a fermentação de opinião que sustentou a


força democrática na Inglaterra foi a paixão pelas como sabotagem nas fábricas ou indústrias de
reformas religiosas... Na França, foi a paixão pelo guerra, destruição de pontes, ou outros atos aná-
filosofismo. Aquela revestiu o impulso de maior vi- logos... Toda ação ou omissão, que, por sua natu-
olência; esta enfraqueceu sobretudo os obstácu- reza própria ou em razão das circunstâncias, do
los... Tudo estava preparado na França para uma lugar ou do momento, possa ser reputada como
revolução democrática quando o infeliz Luís XVI constituinte da alta traição, porque tendente a pre-
subiu ao trono... O que a natureza das coisas for- judicar gravemente a República; defender ou pro-
necera, o que a conduta do governo preparara, é pagar notícias ou emitir juízos desfavoráveis ao
determinado pela guerra da América.” (BARNAVE. andamento das operações de guerra ou ao crédito
Introduction à la Révolution Française, 1843). e à autoridade da República no interior e no exteri-
or; os atos ou manifestações que tendem a enfra-
A soberania da força quecer o moral público, desmoralizar o Exército,
ou debilitar a disciplina coletiva...
“... Para realizar também grandes reformas, a
... A tentativa ou o fracasso desses crimes, cons-
Revolução teve muitos obstáculos pela frente. Isso
pirações e proposições, bem como a cumplicida-
a levou a cometer excessos passageiros, ao lado
de na proteção de pessoas subordinadas a esse
de seus benefícios duradouros... Quando uma re-
decreto podem ser punidos do mesmo modo como
forma se fez necessária e chegou o instante de a
se realmente tivessem sido cometidos. Quem quer
realizar, nada a impede e tudo é colocado a seu
que, culpado desses crimes, os denuncie às auto-
serviço. Seriam tão felizes os homens se nessa
ridades, será desobrigado de toda sanção. [...].”
hora soubessem entender-se, cedendo uns o que
(Solidariedad Obrera, 23 de junho de 1937.)
têm de mais, contentando-se os outros com o que
lhes falta. As Revoluções teriam lugar em clima de Citado em: BROUÉ, Pierre. A Revolução Espanhola
(1931-1939). São Paulo: Perspectiva,
amizade. Mas, até hoje, os anais dos povos não 1992. p. 159. Coleção Khronos.
apresentam exemplo algum de tal prudência nos
sacrifícios... e o bem é alcançado do mesmo modo
que o mal, através da violência da usurpação. Até III — Declaração dos Direitos do Homem e do Cida-
hoje quase não houve outra soberania senão a da dão de 26 de Agosto de 1789 (França)
força... Veremos qual o responsável pela sua de-
generação tão violenta, após um início tão
auspicioso... de que maneira ela mudou a França “... A Assembléia nacional reconhece e decla-
em República e como construiu, sobre os destro- ra, na presença e sob os auspícios do Ser supre-
ços desta, o Império. Essas diversas fases foram mo, os direitos seguintes do Homem e do Cidadão:
quase forçadas, tão irresistível foi o poder dos acon- Art. 1 – Os homens nascem e permanecem li-
tecimentos que as produziram...” (MIGNET. Histoire vres e iguais em direitos. As distinções sociais não
de la Révolution Française, 1824.) podem ser fundadas senão na utilidade comum.
Citados em: GÉRARD, Alice. A Revolução Francesa. Art. 2 – O fim de toda a associação política é
São Paulo: Perspectiva, 1970. Coleção Khronos. a conservação dos direitos naturais e

51

Historia Base-manual 51 7/14/05, 8:54 AM


➜ ➜
Suplemento de Apoio do Professor

imprescritíveis do homem. Estes direitos são a Art. 12 – A garantia dos direitos do homem e do
liberdade, a propriedade, a segurança e a re- cidadão necessita uma força pública; esta força é por-
sistência à opressão. tanto instituída para vantagem de todos e não para a
Art. 3 – O princípio de toda soberania reside utilidade particular daqueles a quem é confiada.
essencialmente na Nação. Nenhum corpo, nenhum Art. 13 – Para manutenção da força pública e
indivíduo pode exercer autoridade que dela não para as despesas da administração, é indispensá-
emane expressamente. vel uma contribuição comum, que deve ser igual-
Art. 4 – A liberdade consiste em poder fazer tudo mente repartida entre todos os cidadãos, na razão
o que não prejudique outrem: assim, o exercício das suas faculdades.
dos direitos naturais de cada homem não tem limi- Art. 14 – Os cidadãos têm o direito de verificar,
tes senão aqueles que assegurem aos outros mem- por si próprios ou pelos seus representantes, a ne-
bros da sociedade o gozo desses mesmos direitos. cessidade da contribuição pública, de consenti-la
Tais limites só podem ser determinados pela lei. livremente, de fiscalizar o seu emprego, e de de-
Art. 5 – A lei não tem o direito de proibir senão terminar-lhe a quantidade, a repartição, a cobran-
as ações prejudiciais à sociedade. Tudo o que não ça e a duração.
é proibido pela lei não pode ser impedido, e nin- Art. 15 – A sociedade tem o direito de pedir
guém pode ser constrangido a fazer aquilo que ela contas da sua administração a todos os agen-
[a lei] não ordene. tes públicos.
Art. 6 – A lei é a expressão da vontade geral. Art. 16 – Toda a sociedade na qual a garan-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todos os cidadãos têm o direito de concorrer tia dos direitos não esteja assegurada, nem a
pessoalmente ou pelos seus representantes separação dos poderes determinada, não tem
para a sua formação. Ela deve ser a mesma constituição.
para todos, quer proteja, quer puna. Todos os Art. 17 – Sendo a propriedade um direito
cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igual- inviolável e sagrado, ninguém pode ser dele pri-
mente admissíveis a todas as dignidades, luga- vado, a não ser quando a necessidade pública,
res e empregos públicos, segundo a sua legalmente verificada, o exija evidentemente, e
capacidade e sem outra distinção que a das sob condição duma justa e prévia indenização.”
suas virtudes e dos seus talentos.
Citado em: FREITAS, Gustavo de (org.). 900 textos e
Art. 7 – Nenhum homem pode ser acusado, pre- documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d. v. III. p. 92-93.
so ou detido a não ser nos casos determinados
pela lei e segundo as formas nela prescritas. Os
que solicitam, expedem, executem ou fazem exe- Filmografia
cutar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas Arquitetura da destruição. Diretor: Peter Cohen. Ori-
todo o cidadão convocado ou preso em virtude da gem: Alemanha. Ano de produção: 1994. Tema: Na-
lei deve obedecer prontamente: torna-se culpado zismo.
pela resistência. Cabra marcado para morrer. Diretor: Eduardo Coutinho.
Art. 8 – A lei não deve estabelecer senão as Origem: Brasil. Ano de produção: 1984. Tema: Ligas
penas estrita e evidentemente necessárias, e nin- camponesas.
guém pode ser punido senão pela força de uma lei Espelho enterrado. Diretor: Christopher Rolling. Origem:
estabelecida e promulgada anteriormente ao deli- Espanha. Ano de produção: 1991. Tema: América pré-
to, e legalmente aplicada. colombiana.
Art. 9 – Qualquer homem se presumindo ino- Linha de montagem. Diretor: Renato Tapajós. Origem: Bra-
cente até que tenha sido declarado culpado, se for sil. Ano de produção: 1982. Tema: Movimento operário
julgado indispensável prendê-lo, todo o rigor que no ABC paulista.
não seja necessário para assegurar-se da sua pes- Nós que aqui estamos por vós esperamos. Diretor: Mar-
soa deverá ser severamente reprimido pela lei. celo Masagão. Origem: Brasil. Ano de produção: 2000.
Art. 10 – Ninguém deve ser inquietado pelas Tema: Panorama do século XX.
suas opiniões, mesmo religiosas, desde que a sua Senta a pua! Diretor: Erik de Castro. Origem: Brasil. Ano
manifestação não perturbe a ordem pública de produção: 1999. Tema: Participação de pilotos da FAB
estabelecida pela lei. na Segunda Guerra Mundial.
Art. 11 – A livre comunicação dos pensamentos Xingu. Diretor: Washington Novaes. Origem: Brasil. Ano
e das opiniões é um dos direitos mais preciosos de produção: 1985. Tema: Povos indígenas do Parque
do homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, Nacional do Xingu.
escrever, imprimir livremente, salvo que responderá
Yanomami: morte e vida. Diretora: Mônica Teixeira. Ori-
pelo abuso dessa liberdade nos casos determina-
gem: Brasil. Ano de produção: 1990. Tema: O povo ia-
dos pela lei.
➜ nomâmi.

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Parte 3 — Material de apoio didático


8. Historiografia questionar do documento’ [...]. E logo recorda: ‘O
Bibliografia documento não é o feliz instrumento de uma his-
tória que seja, em si própria e com pleno direito,
ARENDT, Hanna. Entre o passado e o futuro. São Paulo:
memória: a história é uma certa maneira de uma
Perspectiva, 1979.
sociedade dar estatuto e elaboração a uma mas-
BADIOU, Alain e ALTHUSSER, Louis. Materialismo his- sa documental de que se não separa’. [...].
tórico e materialismo dialético. São Paulo: Global, 1979.
Segue-se a definição de revolução documen-
COSTA, Marcos (org.). Para uma nova história. Textos tal em profundidade e da nova tarefa que se apre-
de Sérgio Buarque de Holanda. São Paulo: Fund. Per- senta ao historiador: ‘A história na sua forma
seu Abramo, 2004. tradicional, dedicava-se a “memorizar” os monu-
CUNHA, Maria C. Pereira (org.). O direito à memória. mentos do passado, a transformá-los em docu-
Patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: DPH, 1992. mentos e em fazer falar os traços que, por si
Enciclopédia Einaudi. Porto: Imprensa Nacional-Casa da próprios, muitas vezes não são absolutamente
Moeda, 1985. v. 1. verbais, ou dizem em silêncio outra coisa diferen-
LEFORT, Claude. As formas da história. São Paulo: Bra- te do que dizem; nos nossos dias, a história é o
siliense, 1979. que transforma os documentos em monumentos
THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário e o que, onde antes se decifravam traços deixa-
de erros. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. dos pelos homens, onde antes se tentava reco-
nhecer em negativo o que eles tinham sido,
VOVELLE, Michel. Imagens e imaginário na história. São
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

apresenta agora uma massa de elementos que é


Paulo: Ática, 1997.
preciso depois isolar, reagrupar, tornar pertinen-
tes, colocar em relação, construir em conjunto’.
Texto de apoio Assim como antes a arqueologia tendia para
a história, ‘poder-se-ia dizer, jogando um pou-
Documento/monumento co com as palavras, que a história, nos nossos
dias, tende para a arqueologia, para a descri-
“[...] Paul Zumthor descobria o que transforma ção intrínseca do monumento.’”
o documento em monumento: a sua utilização pelo LE GOFF, Jacques. Documento/monumento.
poder. Mas hesitava em transpor o fosso que con- In: Enciclopédia Einaudi. Porto: Imprensa
sistia em reconhecer em todo o documento um Nacional-Casa da Moeda, 1985. p. 102.
monumento. Não existe um documento objetivo,
inócuo, primário. A ilusão positivista (que, bem
entendido, era produzida por uma sociedade cujos 9. Manuais
dominantes tinham interesse em que assim fos-
se), a qual via no documento uma prova de boa- Bibliografia
fé, desde que fosse autêntico, pode muito bem ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colo-
detectar-se ao nível dos dados mediante os quais nial. Brasília: Senado Federal, 1998.
a atual revolução documental tende a substituir BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Mé-
os documentos. dia e no Renascimento. São Paulo: Hucitec; Brasília:
A concepção do documento/monumento é, UnB, 1987.
pois, independente da revolução documental e BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolis-
entre os seus objetivos está o de evitar que esta ta. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
revolução necessária se transforme num deriva-
tivo e desvie o historiador do seu dever princi- CROUZET, Maurice (dir.). História geral das civiliza-
pal: a crítica do documento — qualquer que ele ções. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
seja — enquanto monumento. O documento não DONGHI, Halperin. História da América Latina. Rio
é qualquer coisa que fica por conta do passado, de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
é um produto da sociedade que o fabricou se- FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp/
gundo as relações de forças que aí detinham o FDE, 1997.
poder. Só a análise do documento enquanto do-
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São
cumento permite à memória coletiva recuperá-
Paulo: Nacional, 1977.
lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é,
com pleno conhecimento de causa. GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais. Morfologia
e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
Michel Foucault colocou claramente a ques-
tão. Antes de mais, ele declara que os problemas HABERLAND, Wolfgang. Culturas de la América in-
da história se podem resumir numa só palavra: ‘o dígena: Mesoamérica y América Central. Cidade do
➜ México: Fondo de Cultura Económica, 1995.

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Suplemento de Apoio do Professor

HINDESS, Barry e HIRST, Paul Q. Modos de produ-


Exceto por pequenos períodos de tempo, o Con-
ção pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
gresso continuou funcionando e as normas que
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio atingiam os direitos dos cidadãos foram apresen-
de Janeiro: José Olympio, 1978. tadas como temporárias. O próprio AI-1 limitou
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio sua vigência até 31 de janeiro de 1966.
de Janeiro: Zahar, 1974. Várias das medidas do AI-1 tinham por objeti-
LANDES, David S. A riqueza e a pobreza das nações. vo reforçar o Poder Executivo e reduzir o campo
Rio de Janeiro: Campus, 1998. de ação do Congresso. O presidente da Repúbli-
ca ficava autorizado a enviar ao Congresso pro-
LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. São Paulo:
jetos de lei que deveriam ser apreciados no prazo
Unesp, 1998.
de trinta dias na Câmara e em igual prazo no Se-
LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasileiro. nado; caso contrário, seriam considerados apro-
São Paulo: Pioneira, 1976. vados. Como era fácil obstruir votações no
PAULME, Denise. As civilizações africanas. Portugal: Congresso e seus trabalhos normalmente se ar-
Europa-América, s.d. Coleção Saber. rastavam, a aprovação de projetos do Executivo
PETIT, Paul. História antiga. Rio de Janeiro: Difel, ‘por decurso de prazo’ se tornou um fato comum.
1976. Passou também para a competência do presiden-
te da República a iniciativa dos projetos de lei que
REIS, Antonio do Carmo. Nova história de Portugal.
viessem a criar ou aumentar a despesa pública.
Lisboa: Notícias, 1999.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O AI-1 suspendeu as imunidades parlamenta-
RIBEIRO, Darcy. O processo civilizatório. São Paulo: res, e autorizou o comando supremo da revolução
Companhia das Letras/Publifolha, 2000. Série Gran- a cassar mandatos em qualquer nível — munici-
des nomes do pensamento brasileiro. pal, estadual e federal — e a suspender direitos
SÉRGIO, Antonio. Breve interpretação da história de políticos pelo prazo de dez anos. As garantias de
Portugal. Lisboa: Sá da Costa, 1977. vitaliciedade, assegurada aos magistrados, pela
SINGER, Paul. A crise do “milagre”. Rio de Janeiro: qual eles têm direito a permanecer em seu cargo,
Paz e Terra, 1976. e de estabilidade, conferida aos demais servido-
res públicos, foram suspensas por seis meses para
_______. O capitalismo, sua evolução, sua lógica e sua
facilitar o expurgo no serviço público.”
dinâmica. São Paulo: Moderna, 1987. Coleção Polê-
mica. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo:
Edusp/FDE, 1997. p. 465-467.

Texto de apoio
10. Relatos históricos
O 31 de março de 1964
Bibliografia
“O movimento de 31 de março de 1964 tinha ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil.
sido lançado aparentemente para livrar o país da Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1997.
corrupção e do comunismo e para restaurar a de- CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a el-rei D. Manuel. São
mocracia, mas o novo regime começou a mudar Paulo: Martin Claret, 2002.
as instituições do país através de decretos, cha- COLOMBO, Cristóvão. Diário. Porto Alegre: L&PM, 1999.
mados de Atos Institucionais (AI). Eles eram justi- CORTEZ, Hernan. O fim de Montezuma. Relatos da con-
ficados como decorrência ‘do exercício do Poder quista do México. Porto Alegre: L&PM, 1999.
Constituinte, inerente a todas as revoluções’. DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil
(1850). Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980.
DU GUAY-TROUIN. O corsário. Uma invasão francesa
O Ato Institucional nº 1 e a repressão
no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2002.
O AI-1 foi baixado a 9 de abril de 1964, pelos GAMA, Vasco da. O descobrimento das Índias. Rio de
comandantes do Exército, da Marinha e da Ae- Janeiro: Objetiva, 1998.
ronáutica. Formalmente, manteve a Constituição LAS CASAS, Bartolomé de. O paraíso destruído. Porto
de 1946 com várias modificações, assim como o Alegre: L&PM, 1996.
funcionamento do Congresso. Este último aspec- LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte:
to seria uma das características do regime mili- Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980.
tar. Embora o poder real se deslocasse para MARCOY, Paul. Viagem pelo Rio Amazonas. Manaus:
outras esferas e os princípios básicos da demo- Edua, 2001.
cracia fossem violados, o regime quase nunca SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pelas províncias
assumiu expressamente sua feição autoritária. do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte: Ita-
➜ tiaia; São Paulo: Edusp, 1975.

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Parte 3 — Material de apoio didático


STADEN, Hans. A verdadeira história dos selvagens, nus
e ferozes devoradores de homens. Rio de Janeiro: Dan- coroada produziu um movimento geral de admira-
tes, 1999. ção, não pelo ato em si, mas ela estava tão graci-
VACA, Cabeza de. Naufrágios e comentários. Porto Ale- osa, caminhou para o altar tão bem, ajoelhou-se
gre: L&PM, 1999. duma maneira tão elegante e ao mesmo tempo
VIEIRA, Antonio. Cartas do Brasil. São Paulo: Hedra, tão simples, que satisfez todos os olhares. Quan-
2003. do teve de ir do altar para o trono, ela teve um
momento de altercação com as cunhadas, que lhe
levavam o manto com tanta repugnância que vi o
Textos de apoio instante em que a nova imperatriz não poderia con-
tinuar a andar. O imperador, que se apercebeu dis-
I — Diário de Colombo so, dirigiu a suas irmãs algumas palavras secas e
A seguir, trecho do diário de Cristóvão Colombo em firmes que puseram toda a gente em movimento.
sua primeira viagem às “Índias Ocidentais” (1492). O Papa, durante toda esta cerimônia, teve sempre
um pouco ar duma vítima resignada.”
“Sexta, 21 de setembro — Hoje encontrou-
Citado em: FREITAS, Gustavo de (org.).
se quase só calmaria com, mais tarde, um pou- 900 textos e documentos de História.
co de vento. Entre o dia e a noite, avançando a Lisboa: Plátano, s.d. v. III. p. 118-119.
duras penas, percorreram treze léguas. Ao ama-
nhecer encontraram tantas algas que dir-se-ia
que o mar estava atulhado delas, e vinham do
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

oeste. Viram um alcatraz. O mar muito liso,


11. Literatura
como um rio, e o mar mais puro do mundo. Avis- Bibliografia
taram uma baleia, o que é sinal de proximidade
ALVES, Castro. Os escravos. Porto Alegre: L&PM, 2000.
de terra, porque elas sempre andam por perto
da costa. ANCHIETA, José de. Lírica portuguesa e tupi. São Pau-
lo: Loyola, 1984. t. I.
Sábado, 22 de setembro — Navegou mais
ANDRADE, Oswald de. Marco Zero (obras completas).
ou menos a oeste-noroeste, deslocando-se para
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. v. I e II.
um e outro lado. Percorreram trinta léguas. Qua-
se não viram algas. Surgiram uns pintarroxos e ASSIS, Machado. Crônicas escolhidas. São Paulo: Áti-
ca/Folha de S. Paulo, 1994.
outra ave.
BARRETO, Lima. Crônicas escolhidas. São Paulo: Áti-
Diz aqui o Almirante: Muito me ajudou esse
ca/Folha de S. Paulo, 1995.
vento contrário, porque a minha tripulação an-
dava bastante irritada, pensando que estes ma- CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo: Com-
res não fossem varridos por ventos para voltar panhia das Letras, 1990.
para a Espanha. Durante uma parte do dia não CAMÕES, Luís de. Os lusíadas. São Paulo: Martin Cla-
apareceram algas; depois, em grande quanti- ret, 2002.
dade.” CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados. O Rio de
Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Compa-
COLOMBO, Cristóvão. Diários.
Porto Alegre: L&PM, 1999. p. 42. nhia das Letras, 1987.
CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Nova Cul-
tural, 2002.
II — A coroação de Bonaparte CURRAN, Mark. História do Brasil em cordel. São Pau-
Detalhes da coroação de Napoleão Bonaparte são des-
lo: Edusp, 2001.
critos por uma nobre francesa presente na cerimônia, em
GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas chilenas. São Paulo:
2 de dezembro de 1804.
Companhia das Letras, 1995.
HEMINGWAY, Ernest. Por quem os sinos dobram. São
“Chegado a Notre-Dame (catedral de Nossa Se-
Paulo: Companhia Editora Nacional, s.d.
nhora de Paris), o imperador demora-se algum tem-
po no arcebispado para aí se revestir do traje de HESSE, Hermann. Sobre a guerra e a paz. Rio de Janei-
cerimônia, que parecia esmagá-lo um pouco. A sua ro: Record, s.d.
fraca figura fundia-se sob este enorme manto de HOLANDA, Chico Buarque de e GUERRA, Ruy. Cala-
arminho. Uma simples coroa de louros lhe cingia a bar. São Paulo: Círculo do Livro, 1974.
cabeça; parecia uma medalha antiga. Mas estava MATOS, Gregório de. Antologia. Porto Alegre: L&PM,
extremamente pálido, verdadeiramente comovido, 2001.
e a expressão do seu olhar parecia severa e um MÉRIMÉE, Próspero. A Noite de São Bartolomeu. São
pouco perturbada. Toda a cerimônia foi imponente Paulo: Saraiva, 1968.
e muito bela. O momento em que a imperatriz foi OLIVEIRA NETO, Godofredo de. O bruxo do Contesta-
➜ do. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

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o ➜
Suplemento de Apoio do Professor

PONTE PRETA, Stanislaw. Febeapá 1. 1 Festival de Bes-


de pregos, tubos negros de fuligem, montes de
teira que Assola o País. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
potes de vidro, muros escuros com escritas des-
sileira, 1993.
botadas, caixilhos de cadeiras despalhadas, cor-
_______. Febeapá 2. 2o Festival de Besteira que Assola o das que servem apenas para se enforcar numa
País. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. trave podre.
ROLANDO. A canção de Rolando. Portugal: Europa-
Em toda a sua extensão, a cidade parece
América, s.d.
continuar a multiplicar o seu repertório de ima-
SCHMIDT, Afonso. A locomotiva. A outra face da revo- gens: no entanto, não tem espessura, consiste
lução de 1932. São Paulo: Brasiliense, 1980. somente de um lado de fora e de um avesso,
VICENTE, Gil. Três autos: da alma, da barca do inferno, como uma folha de papel, com uma figura aqui
de Mofina Mendes. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. e outra ali, que não podem se separar nem se
VOLTAIRE, François Marie Arouet. Cândido ou o oti- encarar.”
mismo. Porto Alegre: L&PM, 2000.
CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990. p. 97.
Texto de apoio
12. Enciclopédias e revistas
Marco Polo
O viajante veneziano Marco Polo narra ao imperador Enciclopédias
dos tártaros, Kublai Khan, para quem trabalha, suas aven- Conhecer. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
turas pelas cidades pertencentes ao império mongol. Ape-
Enciclopédia dos fatos. São Paulo: Globo, 1996.
sar de ser o chefe supremo do vasto império conquistado
pela Mongólia, Kublai Khan só conhece as cidades ane- Encarta. Microsoft, 2001.
xadas a seu reino por meio dos relatos do viajante. História das civilizações. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
Larousse cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998.
“Vadeado o rio, transposto o vale, o viajante Saga. A grande história do Brasil. São Paulo: Abril Cultu-
encontra-se, subitamente, diante da cidade de ral, 1981.
Moriana, com as portas de alabastro transpa-
rentes à luz do sol, as colunas de coral que sus-
Revistas
tentam frontões incrustados de serpentina, as
aldeias inteiramente de vidro como aquários em Desvendando a História. São Paulo: Escala.
que nadam as sombras de dançarinas com ador- Historia y Vida. Barcelona: Mundo Revistas.
nos prateados sob os lampadários em forma de História Viva. São Paulo: Duetto Editorial.
medusa. Se não é a sua primeira viagem, o vi- L’Histoire. Paris: Société d’Éditions Scientifiques.
ajante já sabe que cidades como esta têm um
avesso: basta percorrer um semicírculo e ver- National Geographic Brasil. São Paulo: Editora Abril.
se-á a face obscura de Moriana, uma ampla lâ- Nossa História. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Na-
mina enferrujada, pedaços de pano, eixos hirtos cional; São Paulo: Vera Cruz.
➜ WW II History. Pensilvânia: Sovereign Media Company.

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