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Evolução
A Psicologia Educacional constituída a partir de 1903 com a publicação por E. L.
Thorndike de Educational Psychology e a edição da revista Journal of Educational
Psychology, expandiu-se como portadora de sedutoras promessas de solução para os
problemas pedagógicos, apoiada nas teorias da aprendizagem e na medida das diferenças
individuais que estavam sendo geradas nas primeiras décadas do século. No período de
consolidação do modo de produção capitalista, entre 1930 e 1960, assumiu nitidamente
uma feição psicométrica, experimental e tecnicista. Sobretudo a partir de 1950, a sua
aplicação nas escolas apresentou-se com objectivos nitidamente adaptacionistas.
Multiplicaram-se as associações profissionais, as pesquisas e as publicações. Tal
efervescência não respondeu às expectativas de solução de problemas e a partir dos anos
60 teve início um período de crítica aos resultados fragmentados obtidos pela pesquisa
em Psicologia Educacional e às dificuldades de aplicá-los em situações reais de sala de
aula (Conant, 1963; Keppel, 1962; Bruner, 1971; Goldberg, 1977). Começa-se então a
reconhecer um desequilíbrio nas relações entre Psicologia e Educação, um influxo
assimétrico da primeira sobre a segunda, uma utilização abusiva de técnicas e medidas
não apropriadas à complexidade do fenómeno educacional, que geravam interpretações
questionáveis a respeito do fracasso escolar e da incapacidade de aprender de uma
maioria de alunos, coincidentemente provenientes dos extractos mais desprivilegiados da
população ( Patto, 1990; Maluf, 1992).
A psicologia educacional é um domínio de conhecimento que tem evoluído
bastante e que sempre se preocupou por trazer para a prática educativa o que a psicologia
tem de mais útil e por construir uma metodologia de acção e ligação que integra as teorias
da educação e da psicologia. Na sua prática põe em interacção campos como o ensino, a
educação especial, a avaliação e a formação. A nível da intervenção do psicólogo em
contexto escolar há que entender os processos evolutivos da concepção de escola e das
mudanças teóricas dentro da própria psicologia.
Influências
As influências da Psicologia da Educação chegaram de áreas tão distintas como a
filosofia, psicologia e educação (Walberg, 1992). Apesar de muitas supostas definições
desta área cientifica, a definição não é de todo consensual: para alguns é a psicologia da
aprendizagem e do ensino na escola, para outros é o estudo da intervenção na formação –
desenvolvimento e educação – do ser humano ao longo da vida (Bairrão Ruivo, 1991).
O primeiro manual intitulado Educacional Psuchology em 1929 é composto por 3
volumes: A natureza original do homem, A psicologia da aprendizagem e As diferenças
individuais e as suas causas. Wolberg e outros consideram que nestes escritos está o
primeiro olhar verdadeiramente científico sobre a Psicologia Educacional. William
James, alertou para a pouca utilidade que os estudos laboratoriais e com animais tinham
para o ensino de crianças.
Stanley Hall, que foi frequentador assíduo do laboratório de Wundt em Leipzig,
usou a observação como técnica para documentar as atitudes, crenças e conhecimentos
das crianças, tendo realizado quase duas centenas de relatórios de comportamento
infantil.
Cattel, fundador da revista Psychological Review que promovia estudos sobre as
diferenças individuais apoiadas em instrumentos de medida. John Dewey, grande
defensor do funcionalismo que se dedicou ao estudo da aplicação de medidas ajustadas às
competências individuais de cada criança. J. R. Angell, foi outro adepto do funcionalismo
que foi preponderante na definição deste contexto e investigou como é que as formas
adaptativas na resolução de problemas serviam de mediador para o desenvolvimento.
Thorndike, considerado o fundador da Psicologia Educacional enquanto
disciplina autónoma, considerava uma perda de tempo a visita às escolas, preferindo os
experimentos laboratoriais . Destruiu alguns mitos educacionais e lançou conceitos base
como curva de aprendizagem, feedback, reforço, aprendizagem, aprendizagem
massificada VS. individualizada e natureza do esquecimento.
O Psicólogo
A atenção do psicólogo educacional não se limita mais à criança/aluno
considerada individualmente, vista como portadora de problemas de aprendizagem. Ao
invés de tentar para a "adaptação" não-crítica, o psicólogo preocupa-se em obter uma
compreensão mais ampla da realidade escolar, passando a operar também como agente
social e cultural, que participa na análise das problemáticas e das diferentes vias
acessíveis para a sua solução. O psicólogo reconhece que as tarefas de avaliação e
diagnóstico deverão ocorrer, necessariamente, no contexto maior no qual flui e se
constrói a vida psicológica dos indivíduos que são objecto de sua atenção.
Surgem novas formas de actuação, em que o psicólogo ajuda a escola e os
docentes no sentido de melhor atingirem os seus objectivos educacionais, na medida em
que ele é capaz de lhes oferecer um conhecimento psicológico útil, que leva em conta a
heterogeneidade das significações culturais.
Psicologia Positiva
E se lhe dissessem que a felicidade depende do modo como encara a sua vida? A maioria
das pessoas desprezaria esta informação considerando-a como irrelevante e supérflua,
contudo a influência das emoções sobre a saúde intriga os médicos desde a antiguidade.
A maior parte das pesquisas e estudos investiga os efeitos destrutivos dos sentimentos
negativos, como a tristeza, a angústia e a raiva. Contudo, há cerca de vinte anos,
psicólogos e psiquiatras inauguraram uma nova corrente, a "Psicologia Positiva", que
visa determinar o peso das emoções “boas” no equilíbrio físico e mental. Um dos
principais impulsionadores deste movimento foi o psicólogo Martin Seligman, que por
quase trinta anos lidou com pacientes deprimidos e resolveu inverter o curso dos seus
estudos. Em vez de se dedicar a compreender as fraquezas humanas, procurou
compreender quais são as verdadeiras raízes da felicidade, "Sabia-se muito a respeito da
depressão, mas quase nada sobre a essência comum das pessoas felizes". Este autor
propõe que a conquista da felicidade seja um exercício diário, feito com generosidade,
originalidade, humor e optimismo. Este movimento é definido pela edição especial de
2001 da revista “American Psychologist” como uma "tentativa de levar os psicólogos
contemporâneos a adoptarem uma visão mais aberta e apreciativa dos potenciais, das
motivações e das capacidades humanas" (Sheldon & King, 2001, p. 216). Tendo em vista
esta perspectiva, a ciência psicológica busca transformar velhas questões em novas
possibilidades de compreensão de fenómenos psicológicos como felicidade, esperança,
alegria, satisfação e outros temas humanos, tão importantes para a pesquisa quanto
depressão, ansiedade, angústia e agressividade. Trata-se, portanto, de uma psicologia que
almeja antes de tudo romper com o viés "negativo" e reducionista de algumas tradições
epistemológicas que têm adoptado o cepticismo diante de expressões salutogénicas de
indivíduos, grupos ou comunidades.
Assim sendo, colocam-se algumas questões pertinentes relativamente à
importância que a felicidade pode exercer nas nossas vidas, será que a felicidade pode
per si prolongar a longevidade humana? O estudo mais notável feito até hoje sobre
felicidade e longevidade analisou o quotidiano de 180 freiras. Todas tinham a mesma
dieta, leve e controlada, e estavam livres de drogas, álcool e tabaco. Como não podia
deixar de ser, elas também não eram susceptíveis a doenças sexualmente transmissíveis.
Mesmo assim, foi constatada uma diferença sensível de longevidade entre as mais e as
menos alegres. Entre as primeiras, 90% ultrapassaram os 80 anos. Do outro grupo, apenas
34% chegaram a essa idade. Existem ainda algumas concepções formadas,
principalmente no senso comum, de que a felicidade é facilmente alcançada através dos
bens monetários, contudo uma pesquisa baseada na lista elaborada pela revista Forbes
das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos constatou que, em média, elas não são
mais felizes do que as de classe média, logo a riqueza tem uma correlação
surpreendentemente baixa com o nível de felicidade. Os ricos são, em geral, só um pouco
mais felizes que os pobres. Ainda assim, é verdade que países muito pobres, como o
Bangladesh, por exemplo, têm em média, menos pessoas felizes do que países como os
Estados Unidos. Contudo, uma pesquisa realizada recentemente abordou um universo de
mais de 1000 pessoas em quarenta países. Cruzou-se o nível de satisfação pessoal com o
poder de compra correspondente a cada lugar e os resultados demonstraram algumas
surpresas. A nação de pessoas mais felizes e satisfeitas é a Suíça, sendo que os Estados
Unidos posicionam-se em sexto lugar e o Brasil aparece num surpreendente décimo
lugar, à frente da Itália, um país rico, onde as pessoas têm um poder de compra quase
quatro vezes maior. Isso significa que os brasileiros têm particularidades que contrariam
a crença de que felicidade está necessariamente associada a mais dinheiro.
A psicologia convencional nasceu para tentar entender o que torna alguém
neurótico, deprimido ou ansioso. Contrariamente à anterior, a psicologia positiva advoga
que homens e mulheres satisfeitos têm uma vida social mais rica e produtiva. Os mais
felizes passam o mínimo de tempo sozinhos e mantêm óptimos relacionamentos,
cultivam mais as amizades e permanecem casados por mais tempo. A psicologia positiva
pode, assim ser uma alternativa viável e com um futuro promissor, tendo em conta que a
depressão é actualmente dez vezes mais frequente do que era em 1960. Tal facto deriva
provavelmente de um excesso de confiança em atalhos que “prometem” uma felicidade
imediata e momentânea, como drogas, consumismo e sexo casual. Assim sendo, não será
tudo isto fruto de um narcisismo da sociedade actual?
Esta presença narcísica e o excesso de preocupação consigo mesmo, pode
conduzir à depressão, contudo os profissionais da auto-ajuda apregoam constantemente a
necessidade de "entrar em contacto com seus sentimentos”. Não será este desígnio levado
demasiado “a peito”? Talvez a humanidade fosse mais feliz se se preocupasse mais com
o próximo e deixasse de parte o seu narcisismo característico.
A felicidade não deve ser vista como uma meta obrigatória, embora seja natural
querer ser feliz, muita da felicidade que encontramos na vida é um efeito colateral
daquilo que fazemos, assim esta é uma consequência de uma mudança de atitude, que se
encontra ao alcance de qualquer ser humano que deseje ser feliz e que se proponha a
acreditar no “poder” que uma atitude positiva pode exercer na sua vida.
“Mãe, afinal sou bom a matemática”, dizia o menino ao chegar da escola nova para onde
havia sido transferido a meio do ano. O tamanho da dor da criança por causa da escola
antiga era maior que ela própria, ainda pequenita nas suas andanças de primeiro ciclo. No
dia seguinte, lá vinha a música alegre: “Mãe, afinal sou bom a desenhar”. E dia após dia
aquela primeira semana de aulas na escola nova reconstruiu um estudante que outra
escola e outra professora tinham desfeito. “Quero morrer” era a frase preferida antes da
mudança. “Quando crescer vou ser destruidor de escolas!” era a sentença de futuro dita e
redita à mesa do jantar. “Sabes que sou muito criativo? Foi a professora nova que me
disse hoje. E que se calhar vou andar na universidade porque sou muito esperto. Eu acho
que gostava de estudar para astronauta”. E assim o discurso se mudava, tão rápido quanto
um relâmpago que intenso chega e parte.”