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PROF.

BRUNO ALMEIDA
História | Aula 03

OBJETO DE CONHECIMENTO: ESCRAVISMO ANTIGO E SUAS DIFERENTES EXPERIÊNCIAS


H11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 - Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H14 - Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza
histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 - Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

TRABALHO E ESCRAVIDÃO NA GRÉCIA ANTIGA Finfley aponta, portanto, a diversidade das


condições jurídicas e materiais de organização do trabalho
Os textos antigos são muito discordantes quando escravo no mundo clássico que, por sua vez, implicavam em
tentam dar conta do conceito de escravo. Grande parte das diversas formas de resistência.
pessoas que eram submetidas a escravidão, em Atenas, não
tinham grande esperança de ganhar a liberdade, embora a Os escravos, enquanto escravos, não
mesma pudesse ser objeto de negociação. No contexto do demonstravam nenhum interesse na escravidão como
século VI a.C., o estadista Sólon procurou eliminar a instituição. Mesmo quando se revoltaram, seu objetivo era ou
escravidão por dívidas o que se constituiu em uma importante voltar para a terra de origem ou inverter a situação em que
inflexão sobre este tipo de trabalho. É bom ressaltar que as estavam, para se tornarem senhores e reduzir a escravidão
medidas dele não eram abrangentes aos estrangeiros seus antigos amos ou qualquer pessoa que estivesse ao seu
metecos. Segundo Moses Finley, Sólon procurou abolir a alcance. Ao mesmo tempo em que pensavam em liberdade,
escravidão por dívida para evitar uma guerra civil, ou seja, era em outras palavras, aceitavam completamente a noção
eminente naquele contexto a explosão de um movimento prevalecente: a liberdade para eles, como indivíduos, incluía
1
social . Contudo essa luta social expressava-se muito mais o direito de possuir outros indivíduos como escravos.
FINLEY, Moses I. Economia e sociedade na Grécia antiga.
como a luta de um grupo submisso reivindicando sua origem São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013, p. 133.
ateniense e seu direito à liberdade, do que uma negação da
escravidão enquanto instituição. A historiografia tradicional buscou cristalizar o
escravo como um sujeito que sempre tramava pela luta contra
Para os gregos, o trabalho duro (ponos) era visto a presente instituição. Todavia, o historiador Moses Finley
como uma necessidade indesejável, imposta por Zeus. argumenta que muitos escravos não estavam preocupados
Muitos, como Hesíodo e Sólon, argumentavam que o com este tipo de trabalho, mas, no âmbito do movimento
trabalho, especialmente na terra, poderia levar a uma social, sua intenção era de ganhar a condição social que
prosperidade justa e mais duradoura do que métodos mais desse condições para a aquisição de escravos.
dúbios de obtenção de riqueza – riqueza e lazer excessivos Na Grécia Antiga, os documentos apontam para dois
provocam costumeiros perigos de exploração, da arrogância tipos de trabalhos forçados. Em primeiro lugar encontramos a
e da luxúria. Mas a visão de que o trabalho em si era um bem expressão “dependente” (alguns estudiosos preferem a
e que trazia benefícios morais ao indivíduo é encontrada expressão “servo”), variando de acordo com as regiões. Este
menos comumente do que na Europa protestante ou na dependente pertencia ao senhor (despótes), a exemplo dos
tradição monástica em que laborare est orare, ou seja, o cretenses e espartanos. Tais indivíduos eram originários da
trabalho é uma oração. região em que viviam e trabalhavam; eram lavradores que
CARTLEDGE, Paul. História Ilustrada da Grécia Antiga.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 271.
trabalhavam em família; podiam ficar com parte da colheita;
eram empregados na guerra com certa frequência. Em
Em linhas gerais os gregos desprezavam o trabalho segundo lugar, o “escravo” no termo exato, sendo
e a democratização passou a exigir um tempo amplo de compreendido segundo o modelo explicativo “escravo-
dedicação às coisas públicas. A valorização do ócio tornou- mercadoria” que poderia, portanto, ser comprado, vendido,
se, portanto, elemento constitutivo da cultura política grega e doado, herdado, hipotecado, alforriado, assassinado, etc.
a demanda por trabalhadores para garantir a produção O preço do escravo não tinha um número absoluto,
material e serviços de toda ordem ampliou a escravidão em podendo variar de acordo com idade, sexo, estado de saúde,
cidades-estados que seguiram este modelo. ofício, etc. Além do mais, não havia limitação para o trabalho
No entanto cabe ressaltar que a generalização da a ser executado pelo escravo.
condição do trabalhador escravo implica em uma armadilha Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, grande
conceitual elucidada por Finley: parte dos escravos de Atenas eram prisioneiros de guerra e
seus descendentes, considerados, segundo os argumentos
2
Devemos questionar e concluir que o escravo da de Aristóteles, como “instrumentos vivos” . Estes escravos
Antiguidade não é absolutamente um tipo social único, e sim trabalhavam em minas de prata, extraindo metal para
apenas um escravo no sentido geral. Devemos insistir na armamento, ferramentas e moedas. As estimativas mostram
eliminação desse conceito, usando palavras diferentes para que cerca de 25 mil escravos eram rurais e cerca de 75 mil
hilota, escravo por dívida, e assim por diante. escravos eram urbanos. Suas atividades permitiam aos seus
FINLEY, Moses I. O uso e o abuso da história. donos a ocupação em ofícios públicos. Segundo o próprio
São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 61 (adaptado).
historiador, mencionado, “não seria um exagero dizer que a
democracia ateniense dependia da existência da escravidão”.


1
Grande parte dos escravos de propriedade pessoal não demonstraram, na Grécia Antiga, Os documentos sugerem que possíveis revoltas ocorreram em curtos períodos, em
uma tendência a promover lutas sociais que questionassem a escravidão como instituição. aproximadamente 135 a. C. a 70 a.C.
2
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2013, p. 39.

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O processo de ocupação das cidades-estado propriedade é culturalmente determinada, de que ela é
permitiu a franca transformação dos ambientes rurais. Grande específica para cada sociedade ou cultura e pode variar, com
parte da produção destes ambientes abastecia as áreas o tempo, no interior de uma mesma sociedade.
urbanas. Lidar com a terra era uma tarefa diária, sobretudo,
por conta de instrumentos pouco eficientes. As fontes
mostram que os arados não escavam o solo de forma
eficiente, o que fragilizava as colheitas. No período Clássico,
por conta da baixa produtividade muitas cidades procuravam
comprar recursos agrícolas. Grande parte destes recursos
tinha como destaque o trigo e a cevada, com frutas e legumes
completando a produção.
Nos centros urbanos, os comerciantes montavam
suas barracas, tendo a vigilância do governo – diga-se de
passagem, com a cobrança de taxas e fiscalização de pesos
e medidas. Por volta do século V a.C., os atenienses
expandiram um comércio mais amplo, nas regiões banhadas
pelo mar Egeu e Negro. Nessa linha, os escravos produziam
objetos de cerâmica, móveis e outros utensílios, mas os
artesãos livres também participavam destas atividades.
Nestas atividades, a introdução da moeda acabou
contribuindo para a emergência de lutas sociais.
Em Atenas, a cidade valorizava a atividade
comercial, associada à valorização do ócio, para que o
exercício da política não fosse prejudicado. Segundo
Aristóteles: Mosaico romano retratando a diversidade do trabalho escravo. Disponível em:
https://escola.britannica.com.br/artigo/escravidão/482519. Acesso em: 15 jan. 2020.
É indispensável que a cidade seja organizada de
maneira a dispor de vários serviços; consequentemente, deve A concentração da definição no fato da apropriação
possuir um número suficiente de agricultores para assegurar do próprio corpo, da pessoa do trabalhador e não apenas do
o suprimento de alimentos, além de artífices, militares, seu trabalho ou dos produtos deste, fornece um parâmetro útil
homens ricos, sacerdotes e juízes para decidirem o que for para compararmos essas relações de dependência, que eu
necessário e conveniente. Na cidade com o melhor conjunto chamaria de “extremas”, em diferentes sociedades e épocas.
de normas e naquela dotada de homens absolutamente Mas devemos ter em mente que tais comparações são
justos, os cidadãos não devem viver a vida de trabalho trivial sempre feitas por analogia. Elas são um instrumento analítico,
ou de negócios – esses tipos de vida são desprezíveis e e não a prova a priori de uma plena identidade entre as várias
incompatíveis com as qualidades morais -, tampouco devem “escravidões” que encontramos na história humana.
ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é Assim como não há identidade, mas apenas
indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e a analogia, entre as várias formas de “escravidão” que
prática das atividades políticas. podemos enumerar ou propor, tampouco podemos falar de
ARISTÓTELES, Política. In: VAN ACKER, Teresa. Grécia: A vida cotidiana na cidade- uma fase escravista na história das sociedades humanas,
estado. São Paulo: Atual,1994, p. 33 (adaptado).
como se fosse uma etapa necessária em direção às
modernas relações capitalistas. Essa ideia, que teve muito
ESCRAVOS SEM SENHORES: ESCRAVIDÃO,
3 trânsito na historiografia até recentemente, deriva de uma
TRABALHO E PODER NO MUNDO ROMANO
visão exclusivamente eurocêntrica da história humana, ao
mesmo tempo em que generaliza, para a própria história
Não é fácil definir a escravidão antiga. A europeia, uma instituição cuja importância, numérica e social,
historiografia trata em geral a escravidão como se fosse um só se tornou efetiva em certos momentos e lugares bastante
fenômeno quase universal, presente, em diferentes graus de específicos.
intensidade, em quase todas as sociedades humanas pré- Nas sociedades que costumamos agrupar sob o
capitalistas. Nossa imagem do que seja ou tenha sempre sido nome enganoso de “mundo antigo”, seja nos grandes
a escravidão é calcada na experiência da escravidão colonial Impérios fluviais do Médio Oriente, seja nas cidades-estado
nas Américas, particularmente as do sul dos Estados Unidos, que depois se alastraram pelas margens do Mediterrâneo,
do Caribe e do Brasil que, por sua vez, buscaram grande nunca se constituiu um mercado abundante de mão-de-obra
parte de seus fundamentos jurídicos e de sua legitimação no livre disponível para trabalhar para outrem. Daí advém que a
direito romano. A noção mais comum continua sendo de carga de trabalho que excedia as capacidades de um grupo
caráter eminentemente legal: a do escravo propriedade, doméstico fosse sempre realizada mediante o uso de
sempre um estrangeiro, adquirido para ser uma coisa trabalhadores dependentes, ou seja, como dissemos, de
pertencendo a outro indivíduo, que seria senhor, não somente trabalhadores submetidos a algum tipo de coação para
de seu trabalho, mas de seu próprio corpo, do qual teria pleno trabalhar para outrem.
e total direito de utilização e que poderia submeter a qualquer A forma extrema dessas relações de dependência,
tipo de coação, castigo ou mesmo à execução simples e que podemos, por analogia, denominar de “escravidão”, era
sumária. Para essa definição o escravo, por ser propriedade, aquela na qual o escravo era geralmente um estrangeiro, ou
seria uma coisa, uma condição, mas não um agente. Não filho de mãe escrava, podendo ser comprado e vendido
devemos nos esquecer de que a própria noção de

3
Adaptado de: GUARINELLO, Norberto Luis. Escravos sem senhores: escravidão, trabalho
e poder no mundo romano. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 26, nº 52, p. 227-
246 – 2006.

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livremente no mercado e sobre o qual o proprietário exercia seguindo trajetórias determinadas, tanto pelos desejos e
um imenso poder, embora não ilimitado. Mas essa forma foi necessidades de seu dono, como por suas próprias
uma exceção e nunca a regra nesse chamado “mundo capacidades e oportunidades individuais. Sociedades
antigo”. Foi característico do mundo das cidades-estado, mas diferentes estruturam trajetórias distintas para seus escravos
não de todas elas, e sobretudo do Império Romano mas, e, no mundo romano, essas trajetórias eram bastante amplas,
como já disse, não em todas as suas regiões, nem com a ao menos potencialmente. Um escravo, ao nascer ou ser
mesma intensidade em toda sua duração. Nem mesmo adquirido, entrava na casa de seu senhor, onde adquiria um
podemos afirmar que seu estatuto tenha sido uniforme em nome e uma função. Podia ser destinado a trabalhar nas
todas as cidades-estado nas quais adquiriu importância. Era, minas, talvez o pior dos destinos, ou podia ser mandado para
por exemplo, algo muito diferente o ser escravo na Atenas uma propriedade rural, onde trabalharia muitas vezes
clássica ou na Roma republicana, não apenas em termos acorrentado, distante e esquecido por seu senhor, num
legais, mas no tocante à própria inserção social dos escravos. ambiente essencialmente masculino e organizado
Algumas condições parecem ter sido necessárias militarmente.
para o desenvolvimento desse tipo extremo de relação de Já os escravos urbanos tinham trajetórias mais
dependência que poderíamos denominar de escravidão abertas. Podiam ser treinados em ofícios específicos e,
mercadoria. A principal é econômica: a difusão da escravidão muitas vezes, estabelecer-se independentemente, pagando
mercadoria está diretamente ligada ao desenvolvimento do uma taxa a seu dono. Podiam trabalhar na residência de seu
comércio e ao crescimento e concentração de riquezas em senhor, ganhar sua confiança e passar, por exemplo, a
algumas cidades-estado mediterrânicas, particularmente nos administrar seus negócios, a gerir suas propriedades
grandes portos comerciais, como Egina, Corinto e Atenas, ou agrícolas, a comerciar em seu nome. Como ponto final da
a Itália romana, que carreavam recursos, na forma de tributos, trajetória, podiam obter sua alforria, tornarem-se libertos e,
de vastas periferias dominadas. Seu desenvolvimento foi uma até mesmo, cidadãos romanos, ainda que carregando a
função, ao mesmo tempo, do enriquecimento dessas cidades- mancha da escravidão, da qual só seus filhos se libertariam
estado e da concentração de riquezas e meios de produção plenamente.
(como oficinas artesanais e, sobretudo, terras) nas mãos de Chamo a atenção para esse ponto: é importante
alguns membros da comunidade cidadã. Foi essa nova considerar o forro não simplesmente como uma pessoa livre,
capacidade e possibilidade de produzir mais e de vender o mas como alguém que foi libertado, como o ponto final da
excedente da produção que esteve na origem do crescimento trajetória escrava e não, como usualmente se faz, como a
da escravidão mercadoria em cidades como Atenas ou Roma. negação da escravidão. O liberto situava-se numa zona de
Os escravos tornaram-se uma parcela significativa fronteira entre a escravidão e a liberdade, uma espécie de
da população. Tornaram-se, igualmente, a principal força de limbo, uma área da qual as classificações habituais não
trabalho dentro dessas comunidades, praticamente davam conta. O liberto era essencial para a normalidade
monopolizando os serviços domésticos, não diretamente romana, mas, em certo sentido, era também uma perturbação
produtivos, e tendo uma importância crescente na produção do normal.
artesanal e, sobretudo na Itália e na Sicília, na produção
agrícola destinada ao mercado. EXERCÍCIOS
A despeito de sua importância social e econômica, a
escravidão ocupa, na historiografia sobre o Império Romano, 01.
uma posição ambígua que deriva, a meu ver, do fato de os O escravo torna possível o jogo social, não porque
escravos serem parte importante da sociedade, ao mesmo garanta a totalidade do trabalho material (isso jamais será
tempo em que estavam excluídos da comunidade política. Há verdade), mas porque seu estatuto de anticidadão, de
aqui uma disjunção que a historiografia assimila com estrangeiro absoluto, permite que o estatuto do cidadão se
dificuldade. Trabalhavam para seus senhores, eram seus desenvolva.
instrumentos, revoltavam-se raras vezes, e nada mais. Será VIDAL-NAQUET, Pierre. Trabalho e escravidão na Grécia Antiga.
Campinas: Papirus, 1989.
apenas isso? Creio que não.
A meu ver, os escravos penetraram com grande
força no tecido social da Itália romana, de uma maneira muito Ao estabelecer a relação entre escravidão e cidadania na
mais intensa e completamente distinta do que se costuma Grécia Antiga o autor evidencia
pensar com relação à escravidão colonial moderna. Essa
inserção deve-se à grande plasticidade da escravidão no A a importância da cidadania democrática como fator de
mundo romano, seja como forma de relação social, seja como inclusão social dos escravos.
forma de relação de poder e exploração. Para entendermos B o caráter contraditório e complementar da condição social
essa plasticidade em todas as suas consequências quero de escravos e cidadãos.
introduzir uma noção, desenvolvida por O. Patterson em seu C a desigualdade natural entre livre e escravos no ambiente
livro Slavery and Social Death (Escravidão e Morte Social), da pólis grega.
que me parece particularmente relevante para entendermos D a incompatibilidade entre democracia e escravidão no
a escravidão mercadoria antiga: a noção de trajetória. Mesmo mundo grego.
que não aceitemos por completo as ideias de Patterson sobre E o aspecto secundário da mão de obra escrava no mundo
a oposição entre liberdade e escravidão, algumas de suas grego.
noções são úteis para compararmos “escravidões” distintas.
Para Patterson, a escravização pode ser entendida 02.
como um processo de morte simbólica, no qual o escravizado Nas fontes romanas do último século da República e
perde sua identidade original, sua pessoa, para tornar-se dos dois primeiros séculos do Império os escravos aparecem
quem seu senhor determinar. Mas não se transforma, nesse por toda parte. Algumas casas senhoriais chegaram a possuir
processo, numa coisa, a despeito de como o direito tente centenas e mesmo milhares de escravos. Mas a importância
definir sua persona social. Pelo contrário, é ressocializado de sua presença não era apenas numérica. Os escravos
dentro da sociedade em que nasceu ou que o escravizou, parecem ter ocupado todas as posições chave na cadeia

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produtiva, da agricultura aos serviços domésticos. As B foi extinta em Atenas por Clístenes, que criou a
inscrições da Itália romana revelam-nos escravos em todos democracia, dando direitos políticos a todos os cidadãos
os ramos artesanais e, quase certamente, monopolizavam os de Atenas. Em Roma, foi extinta pelos 10 Mandamentos.
serviços domésticos. A presença social e a influência C foi abolida em Atenas por Sólon que, não aceitando a
econômica da escravidão não podem, assim, ser escravidão do grego pelo próprio grego, abriu caminho
subestimadas. para o conceito de cidadania. Em Roma, foi extinta pela
GUARINELLO, Norberto Luiz. Escravos sem senhores: escravidão, trabalho e poder no
mundo romano. Rev. Bras. Hist., São Paulo, v. 26, n. 52, dez. 2006. (adaptado).
pressão dos plebeus, sendo resultado de lutas sociais.
D voltou a existir na Idade Moderna, com a vinda de
Ao considerar o cotidiano dos trabalhadores escravos, o autor enormes contingentes de africanos para as colônias
demonstra a inglesas do sul da América do Norte. Iludidos, achavam
que logo conquistariam a riqueza na América.
A universalidade da condição social dos estrageiros em E foi extinta em Atenas, quando esta foi destruída por
Roma. Esparta, após a Guerra do Peloponeso. Em Roma, foi
B relevância das fontes escritas no estudo sobre abolida por Júlio César que, após conquistar a região da
escravidão. Gália, passou a levar os prisioneiros gauleses como
C indefinição jurídica da condição dos escravos romanos. escravos.
D diversidade das relações de trabalho na Roma antiga.
E expressividade geográfica da escravidão romana. 05.
Os iluministas adotaram o princípio de que a
03. (FUVEST) natureza fez com que todos os homens nasçam iguais. Isso
Num processo em que era acusado e a multidão quer dizer que a lei deve ser universal, ou seja, todos os
ateniense atuava como juiz, Demóstenes (orador político, homens, exatamente por terem nascidos humanos, têm os
384-322 a.C.) jogou na cara do adversário (também um mesmos direitos. Portanto, o regime político só seria justo se
orador político) as seguintes críticas: “Sou melhor que estabelecesse a igualdade jurídica. Não se trata da igualdade
Ésquines e mais bem-nascido; não gostaria de dar a social e econômica. Os iluministas não aceitavam as leis e
impressão de insultar a pobreza, mas devo dizer que meu tribunais especiais para os nobres, nem que principais cargos
quinhão foi, quando criança, frequentar boas escolas e ter do Estado fossem reservados para as famílias nobres.
SCHMIDT, 2005, p. 250
bastante fortuna para que a necessidade não me obrigasse a
trabalhos vergonhosos. Tu, Ésquines, foi teu destino, quando A concepção iluminista relativa à universalidade da lei, como
criança, varrer como um escravo a sala de aula onde teu pai indicada no texto, opunha-se à antiga concepção do Direito
lecionava”. Demóstenes ganhou triunfalmente o processo. Romano, segundo a qual
VEYNE, Paul. História da Vida Privada: do império romano ao ano mil. Vol. 1.
São Paulo: Cia. das Letras, 1992 (adaptado).
A os direitos individuais eram estabelecidos pela
A fala de Demóstenes pertence ao contexto do século IV a.C. religião oficial.
expressa a B os patrícios e os plebeus gozavam dos mesmos direitos
perante a lei.
A transformação política que fez Atenas retornar ao regime C a garantia dos direitos era fundamentada no poder do
aristocrático depois de derrotar Esparta na Guerra do pater família.
Peloponeso. D a desigualdade social definia a posição desigual do
B continuidade dos mesmos valores sociais igualitários que indivíduo perante a lei.
marcaram Atenas a partir do momento em que se tornou E a Lei das Doze Tábuas garantia iguais direitos a todos que
uma democracia. nascessem na cidade de Roma, capital do Império.
C valorização da independência econômica e do ócio que
legitimava uma atuação política assentada no trabalho 06. (UFPA) Os costumes e leis romanas abriam
escravo. possibilidades para que, em certos casos, o liberto se
D decadência moral de Atenas, depois que o poder político tornasse cidadão, ao contrário do que acontecia na Grécia
na cidade passou a ser exercido pelos eupátridas. pré-romana. Nesse sentido, é correto afirmar que na
E crítica ao princípio da igualdade entre os cidadãos, sociedade romana:
mesmo quando a democracia era a forma de governo
dominante em Atenas. A Os escravos teriam o direito de adquirir a alforria de modo
incondicional, embora os seus descendentes libertos não
04. (IFSP/Adaptada) A vida dos camponeses na Antiguidade gozassem desse privilégio por serem considerados
era muito difícil. Os produtos manufaturados nas cidades cidadãos de segunda ordem.
eram muito mais caros que os produtos agrícolas produzidos B O pecúlio era uma propriedade exclusiva do liberto e do
por eles. Obrigados a contrair dívidas, pois todo o comércio escravo, de modo que este poderia concedê-lo a um filho,
usava moedas, os credores cobravam juros altíssimos, e os à esposa ou então a um outro escravo que não tivesse
camponeses passaram a dar em garantia do pagamento de direito legal da propriedade.
suas dívidas a própria liberdade e a de seus descendentes. C As fontes históricas provam que a escravidão romana era
Nasceu assim, nas cidades antigas como Atenas e Roma, a a mais humanitária do mundo antigo, tanto que os libertos,
escravidão por dívidas. Essa forma de escravidão sem exceção, exerciam altas funções políticas, podendo
ocupar uma função religiosa.
A existiu durante toda a Antiguidade e deu origem ao D A concentração de libertos era uma das mais altas, o que
colonato que, séculos depois, foi sucedido pela servidão evitou diversas formas de resistência servil e de revoltas
medieval apenas na Europa Ibérica. escravas, como a de Spartacus, que abalou a democracia
ateniense.

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E O liberto, embora não pudesse, em principio, aspirar a
cargos oficiais e ingressar em ordens privilegiadas, como
as senatorial e eqüestre, os seus descendentes poderiam
ter essa prerrogativa.

07.
Tolere, contudo a desonra das revoltas dos
escravos; embora o destino os faça de joguete, trata-se afinal
de uma espécie de homens de segunda categoria, dos quais
podemos dispor por causa de nossa liberdade.
Floro, século III. Apud: PINSKI, Jaime. 100 textos de história antiga.
São Paulo: Contexto, 1988, p. 13.

A escravidão e as revoltas escravas na Roma Antiga


determinavam-se historicamente a partir da ideia de

A intolerância absoluta dos senhores para com a resistência


escrava.
B permissividade religiosa que reconhecia a justiça da
causa escrava.
C inevitabilidade da resistência devido aos maus tratos
constantes.
D dependência dos escravos em relação aos seus
senhores.
E naturalidade da condição inferior do escravo.

GABARITO
01. B 02. D 03. C 04. C 05. D 06. E 07. E

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