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METODOLOGIA PARA COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DAS

CALIBRAÇÕES DE PADRÕES DIGITAIS DE PRESSÃO E ESTIMATIVA DAS


INCERTEZAS SEGUINDO AS RECOMENDAÇÕES DO ISO GUM 95 E O
MÉTODO DE SIMULAÇÃO DE MONTE-CARLO

Paulo R. G. Couto1, Marcos A. Salvino da Silva2

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO


1
Diretoria de Metrologia Científica e Industrial / Divisão de Mecânica
2
Diretoria de Metrologia Legal / Divisão de Instrumentos de Medição no Âmbito da Saúde e Meio Ambiente
Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Resumo: Este trabalho tem como objetivo inicial apresentar Na medida em que a tecnologia progride, torna-se
a metodologia utilizada na comparação entre os padrões de necessário enfatizar múltiplas necessidades exigidas para
pressão da Diretoria de Metrologia Legal – Dimel do que o produto, alvo do resultado esperado e almejado pelo
Inmetro. O artigo também apresenta a comparação dos empresário alcance o nível de qualidade pretendido pelo
resultados das estimativas da incerteza medição obtida pelos projeto.
modelos de cálculo do ISO GUM 95 e pela simulação de
Foi neste contexto que a Dimel começou a se preocupar em
Monte-Carlo. Os medidores de pressão podem ser
estender a sua atuação para instrumentos mais exatos os
classificados em dois grandes grupos: Fundamentais e
quais requerem melhor exatidão e incertezas. Em função
Relativos. Os medidores fundamentais de pressão medem a
disto, a metrologia legal se direcionou a desenvolver
grandeza a partir da sua definição e os medidores relativos
técnicas e procedimentos que possibilitem garantir o
apresentam o valor da pressão em função de uma
resultado da medição conforme a sua exatidão. Para tal
propriedade física ou um fenômeno físico. No grupo dos
criou-se no Inmetro laboratórios-padrão onde se
medidores relativos incluem-se os manômetros analógicos e
desenvolvem metodologias adequadas e compatíveis com os
digitais e os transdutores de pressão. Os padrões de
Institutos Nacionais de Metrologia dos países desenvolvidos
referência de pressão da Dimel são manômetros digitais
que compõe os Estados Membros da OIML.
recentemente adquiridos. Eles calibram os padrões de
trabalho da marca Onneken, utilizados pelos Ipem’s nas A Disma – Divisão de Metrologia, atua na área dos
verificações dos esfigmomanômetros (medidores de pressão instrumentos de medição no âmbito da Saúde e do Meio
arterial). O ISO GUM 95, objetiva de maneira geral a Ambiente do Inmetro/Dimel. A proposta de trabalho da
harmonização da metodologia do cálculo da estimativa da Divisão é ter metas orientadas focadas no cliente e na
incerteza de um resultado de medição. A metodologia da sociedade como um todo, de forma a estabelecer requisitos
estimativa de incerteza medição citada no ISO GUM 95 técnicos metrológicos para garantir a qualidade dos
apresenta algumas limitações como: Linearização do instrumentos de medição utilizados na área da saúde e
Modelo, Suposição da normalidade do mensurando e laboratórios.
Cálculo dos graus de liberdade efetivo. Objetivando superar
estas limitações do ISO GUM 95, a simulação de Recentemente, a Disma adquiriu sete manômetros de
Monte-Carlo pode ser aplicada também para a avaliação da referência digitais que calibrarão os padrões pertencentes à
Rede Nacional de Metrologia Legal e Qualidade – Inmetro
incerteza de medição.
(RBMLQ-I), os quais são utilizados nas verificações dos
Palavras chave: Incerteza de Medição, Esfigmomanômetro, esfigmomanômetros (medidores de pressão arterial) dos
Calibração, Monte-Carlo, ISO GUM 95. usuários.
Cada manômetro digital possui três faixas de medição:
0 mmHg a 100 mmHg; 0 mmHg a 375 mmHg e 0 mmHg a
1. INTRODUÇÃO [5, 6, 7, 8]
750 mmHg. O instrumento permite também a seleção de
Desde que no Brasil foi criado um Órgão Nacional de unidades de pressão, tais como: kPa, psi, mbar, mmHg,
Metrologia, a Metrologia Legal atua na indústria e comércio cmH2O, kg/cm2, inHg, inH2O e %psi. A faixa de medição de
estabelecendo um controle metrológico dos instrumentos de maior interesse é a de 0 mmHg a 375 mmHg cuja resolução
medição. é de 0,1 mmHg.
2. METODOLOGIA componente de incerteza referente a cada grandeza de
entrada na unidade do mensurando W é definida por:
Este trabalho apresenta a comparação entre os resultados
alcançados na incerteza da calibração do manômetro digital, uW ( x) = W − W x (2.1)
obtidos pelas seguintes metodologias: ISO GUM 95,
Simulado e Monte-Carlo. uW ( y ) = W − W y (2.2)

uW ( z ) = W − W z (2.3)
2.1. ISO GUM 95 [1, 2, 3]
A metodologia do ISO GUM 95, pode ser resumida nas A incerteza combinada do mensurando uc(W) é expressa
seguintes etapas: então pela seguinte expressão:
i. definição do mensurando;
uc (W ) = (uW ( x))2 + (uW ( y))2 + (uW ( z ))2 (3)
ii. elaboração do diagrama causa-efeito;
iii. estimativas das incertezas das fontes de entrada; 2.3. Monte-Carlo [1, 3, 9]
iv. cálculo dos coeficientes de sensibilidade; A metodologia de Monte Carlo é aplicada para superar as
v. cálculo das componentes de incerteza; limitações do ISO GUM 95, já mencionadas anteriormente.
No método de Monte Carlo as distribuições são combinadas
vi. combinação das componentes; no lugar de propagar incertezas estatísticas. Trata-se de um
vii. cálculo dos graus de liberdade efetivos; procedimento numérico para resolver problemas de cálculo
no qual não é possível obter solução de forma analítica, ou
viii. determinação do fator de abrangência; e mesmo usando solução numérica, se torna inviável. A
simulação de Monte-Carlo utiliza geração de números
ix. cálculo estimativo da incerteza expandida.
aleatórios para simular os valores das variáveis aleatórias.
Dessas etapas, a mais importante é a definição do Esta metodologia atualmente somente é possível devido ao
mensurando. O mensurando sendo definido adequadamente, avanço tecnológico dos microprocessadores.
possibilitará a elaboração bem detalhada do seu respectivo
Similarmente ao ISO GUM 95, o método de Monte-Carlo
diagrama de causa-efeito. Conseqüentemente, uma
para a determinação da incerteza de medição pode ser
estimativa da incerteza de medição mais realista será obtida,
resumido da seguinte forma:
contemplando todas as fontes que afetam o mensurando. O
diagrama causa efeito bem detalhado permite de forma mais i. definição do mensurando;
abrangente identificar as fontes de incertezas predominantes
em qualquer momento no processo de cálculo da estimativa ii. elaboração do diagrama causa-efeito;
da incerteza total. iii. estimativas das incertezas das fontes de entrada;
iv. identificação das funções densidades de
2.2. Simulado [1, 3, 4] probabilidade de cada fonte de entrada;
Esta metodologia alternativa baseia-se nos conceitos v. escolha do número de interações de Monte-Carlo;
estabelecidos pelo ISO GUM 95. Sendo o mensurando W,
vi. escolha da função densidade de probabilidade
definido da seguinte expressão:
p(xi); e
x⋅ y
W = (1) vii. estimativa da incerteza expandida.
z
Tendo as incertezas ux, uy e uz referentes às fontes de entrada Com o número de iterações sendo alcançado, a incerteza
x, y e z . A realização do cálculo do mensurando que expandida U(y) é calculada a partir do intervalo de
contemple a incerteza de cada grandeza de entrada é feita confiança cujos extremos correspondem a 2,5% e 97,5%
pelas seguintes expressões: percentis dos valores de Y especificados. Deste modo , a
incerteza expandida U(y) é calculada pela seguinte
(x + u x ) ⋅ y expressão:
Wx = (1.1)
z
x ⋅ (y + u y ) y M −y M
Wy = (1.2) (1+ p )⋅ (1− p )⋅
2 2
z U (y) = (4)
x⋅ y 2
Wz = (1.3)
(z + u z )
O valor original de W varia para Wi, devido à aplicação da
incerteza ui de cada fonte de entrada. Deste modo, a
Aplicando-se os valores da Tabela 1 na Equação (6) , tem-se
que a incerteza combinada do erro u c (e ) = 0,022 mmHg.
3. ESTIMATIVA DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO
Neste caso, aplicando-se a equação de Welch Sattethrwaite
3.1. ISO GUM 95 [1, 2, 3] o número dos graus de liberdade efetivos da incerteza-
padrão combinada é ν eff = 5,6 ⋅ 10 8 . O fator de abrangência
A três primeiras etapas de cada metodologia são as mesmas.
O mensurando de uma calibração é a grandeza específica ( k ) referente este número de graus de liberdade para uma
que mede o erro sistemático do instrumento em calibração. probabilidade de abrangência de 95,45% é igual a 2. A
Deste modo, a equação que define o mensurando é escrita da incerteza expandida U (e ) , para uma probabilidade de
seguinte forma: 95,45% e k=2, é igual a 0,044 mmHg.
e(mmHg ) = VI − VVC (5)
onde:
VI = pressão indicada pelo instrumento;
Certificado (VVC) 0,009108201

VVC = pressão de referência relativa à pressão indicada.


A calibração do manômetro foi realizada por uma balança
de pressão, realização por ponto o número de quatro

Fontes
Resolução (Vi) 0,020412415

repetições.
Desta forma o diagrama causa-efeito com identificação de
todas as fontes de incertezas é apresentado, conforme mostra Repetição (Vi) 0,000356732

a Figura 1.

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025


Incertezas (1s) - mmHg

Figura 2. Balanço das incertezas na calibração do manômetro


digital.

3.2. Simulado [1, 3, 4]


O método simulado foi aplicado no ponto nominal de
Figura 1. Diagrama causa-efeito do mensurando erro (e). 375 mmHg do manômetro, onde ocorreu a maior incerteza
tipo A. Utilizando a equação o erro do manômetro no valor
Para as avaliações dos resultados de incerteza obtidos pelas nominal 375 mmHg é:
três metodologias do ISOGUM 95, Simulada e Monte Carlo,
foi considerado o ponto de 375 mmHg da escala do e(mmHg ) = V I − V V C
(7)
manômetro onde foi obtido o maior valor incerteza de e(mmHg ) = 374,48 − 374,4695 = 0,0055
medição.
Adicionando a incerteza de medição a cada respectiva fonte,
A Tabela 1, de forma resumida, mostra a estimativa da
tem-se as equações e cálculos abaixo:
incerteza de cada fonte de entrada conforme o diagrama da
Figura 1. (
e′ = V I + u (VI ) − V V C ) (7.1)
Tabela 1. Estimativa da incerteza de cada fonte de entrada. e′ = 374,50 − 374,4695 = 0,0259
Fontes de Incerteza Graus de
Incerteza
Valor Divisor Ci
(1s) Liberdade e′′ = V I − V V C + u (VVC ) ( ) (7.2)
Repetição 7,13E-04 4 1 3,57E-04 3 e′′ = 374,48 − 374,4786 = −0,0036
VI

Resolução 0,05 6 1 2,04E-02 ∞


Deste modo a contribuição de incerteza de cada fonte, é
definida pelas seguintes diferenças:
VVC

Certificado 1,82E-02 2 |-1| 9,11E-03 ∞


ueVI = e − e ′ = 0,0055 − 0,0259 = 0,0204 (8.1)
Uma vez calculadas as incertezas referentes a cada grandeza
de entrada, foi elaborado o gráfico para visualizar a ueVVC = e − e ′′ = 0,0055 − (− 0,0036) = 0,091 (8.2)
contribuição de cada fonte de incerteza conforme mostra a
Então o valor da incerteza combinada obtido do método
Figura 2.
simulado é:
Deste modo, a incerteza combinada segue de acordo com a
expressão: u c (e ) = u 2 (eVI ) + u 2 (eVVC )
(9)
u c (e ) = (u VI ( Rep ) ) + (u
2
VI ( Res ) ) + (u
2
VVC (Certif ))
2
(6) u c (e ) = 0,0204 2 + 0,0912 = 0,022
3.3. Monte-Carlo [1, 3, 9] Observando a Tabela 3, conclui-se que as metodologias
ISO GUM 95 e Simulado apresentam valores iguais para as
Como descrito em 2.3 o método de Monte Carlo para ser
incertezas combinadas u c (e ) do erro para os três
executado, necessita que seja informado o do tipo de
distribuíção de probabilidade referente a cada fonte de manômetros.
incerteza e também os seus limites. A Tabela 2 apresenta os Os valores das incertezas calculadas pelo método de Monte
valores e os tipos adotados de distribuições referentes às Carlo, para os três manômetros, são diferentes dos valores
incertezas de cada fonte de entrada. obtidos pelos Métodos do ISO GUM 95 e Simulado.
Tabela 2. Distribuição de probabilidades das fontes de entrada. Os valores das incertezas calculadas pelo método de Monte
Incerteza Distribuição de Carlo, para os três manômetros, são da ordem da metade dos
Fontes de Incerteza
(1s) Probabilidade valores obtidos pelos Métodos do ISO GUM 95 e Simulado.
Repetição 3,57E-04 Normal Tabela 3. Comparação da estimativa da incerteza combinada
VI

Resolução 2,04E-02 Triangular conforme metodologia empregada.


VVC

Certificado 9,11E-03 Normal

Para que fossem contempladas todas as fontes de incerteza,


aplicou-se o modelo matemático para o cálculo do erro,
conforme a expressão abaixo:

(
e = VI + 0 − VVC ) (10) AGRADECIMENTOS
Aos laboratórios do INMETRO – Instituto Nacional de
Utilizou-se o programa (software) de simulação “Crystal Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial e, em
Ball” para a estimativa da incerteza de medição pelo Método particular, ao laboratório de pressão da Dimci – Diretoria de
de Monte Carlo, com 100.000 iterações e o intervalo Metrologia Científica e Industrial, cuja estrutura permitiu a
calculado foi com uma probabilidade de abrangência de realização dos testes.
95%.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a
Após 100.000 interações, o programa “Crystal Ball” realização desse trabalho, através da orientação e
forneceu o intervalo de incerteza , conforme a Figura 3. compartilhamento de conhecimentos, do apoio e da
motivação e amizade.
Forecast: e
100.000 Trials Frequency Chart 350 Outliers
,023 2258
REFERÊNCIAS
,017
[1] P.R.G. Couto, "Estimativa da Incerteza da Massa Específica
,011 da Gasolina pelo Iso Gum 95 e Método de Monte-Carlo e
seu Impacto na Transferência de Custódia", Dissertação de
,006 564,5 Mestrado – UFRJ, DEZ-2006.
,000 0 [2] “Guia para a Expressão da Incerteza de Medição”, 3ª Edição,
-0,03000000 -0,01250000 0,00500000 0,02250000 0,04000000 Inmetro – ABNT , Rio de Janeiro, 2003.
Certainty is 95,00%from -0,01846190 to 0,02947778

Figura 3. Intervalo de incerteza obtido e se refere a 4s. [3] “Apostila Cálculo da Incerteza de Medição”, Revisão
Fevereio/2006, Instituto de Qualidade e Metrologia – IQM.
A Figura 3 mostra o intervalo de incerteza correspondente a
[4] “Curso Avaliação da Incerteza de Medições em
quatro desvios-padrão, cujos limites, inferior e superior, são Calibrações”, Mini-Curso do Metrosul IV, Foz do Iguaçu –
iguais a -0,0184619 mmHg e 0,02947778 mmHg. Assim, a PR, 2004.
incerteza expandida ( U (e ) ) para dois desvios-padrão
[5] Huber Instrumente, “Operating Instructions for Pressure
equivale a semi-amplitude do intervalo que é igual a Reference Standards Types DRS 3000”, 2006.
0,024 mmHg.
[6] Inmetro, “Portaria Inmetro n.º 153/2005 que aprova o
A Tabela 3 apresenta as incertezas combinadas uc (e) do Regulamento Técnico Metrológico sobre
erro sistemático da calibração de três manômetros digitais. Esfigmomanômetros Mecânicos de Medição Não-Invasiva”,
Rio de Janeiro – RJ.
[7] Inmetro, “Portaria Inmetro n.º 336/2006, que aprova o
CONCLUSÃO Regulamento Técnico Metrológico sobre
Esfigmomanômetros Digitais de Medição Não-Invasiva”,
Conclui-se que a maior contribuição de incerteza provém da Rio de Janeiro – RJ.
fonte de entrada denominada resolução. Esta é uma
característica construtiva intrínseca do manômetro, desta
forma a respectiva incerteza não poderá ser otimizada.
[8] C.I.C. de Menezes, M.A. Salvino da Silva; “Atuação da [9] HERRADOR, A.M.; GONZÁLEZ, G. A.; “Evaluation of
Metrologia Legal na Área da Saúde”; Enqualab 2003, São Measurement Uncertainty in analytical assays by means of
Paulo – julho 2003. Monte Carlo simulation”; Abril 2004 - Talanta 64 (2004)
415-422

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