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o que bardin diz que os autores não mostram?

estudo das produções


científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

O QUE BARDIN DIZ QUE OS AUTORES NÃO MOSTRAM? ESTUDO DAS


PRODUÇÕES CIENTÍFICAS BRASILEIRAS DO PERÍODO DE 1997 A 2015

WHAT DOES BARDIN SAY THAT AUTHORS DO NOT SHOW? STUDY OF


BRAZILIAN SCIENTIFIC PRODUCTIONS FROM 1997 TO 2015

Recebido em: 28/10/2016 • Aprovado em: 16/01/2017


Avaliado pelo sistema double blind review
Editora Científica: Claudia Stadtlober
10.13058/raep.2017.v18n2.478

RONALDO JOSE SERAMIM ronaldoseramim@yahoo.com.br


SILVANA ANITA WALTER
universidade estadual do oeste do paraná

RESUMO
Este estudo apresenta a análise de artigos publicados em periódicos brasileiros, no período de 1997 a 2015,
que utilizaram o método de análise de conteúdo da autora Laurence Bardin. A metodologia é exploratória,
com perspectiva temporal longitudinal, tendo como forma de pesquisa a documental, abordagem quantita-
tiva e qualitativa. Foram analisados 52 trabalhos publicados em língua portuguesa, disponíveis no portal de
periódicos Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO).
Para organização e tabulação, foram utilizados os softwares Atlas.ti e Microsoft Office Excel, analisados pelo
método da bibliometria, quantificando, descrevendo e prognosticando o processo de comunicação escrita de
acordo com a Lei de Bradford, Lei de Lotka e Leis de Zipf (GUEDES, 2012). Além disso, os trabalhos foram
explorados qualitativamente de acordo com a aplicação do método e classificados como parciais, mínimos
ou totais. Os resultados demonstraram que houve uma melhora nos artigos publicados nos últimos anos, sob
a ótica da aplicação e descrição, considerando as três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento
dos resultados. Alguns estudos utilizam a análise de conteúdo desprezando etapas principais, outros, apenas,
citam o método na metodologia, mas não a aplicam na prática. As análises indicaram que 75% (39 de 52) dos
artigos não deixam claras as etapas definidas por Bardin, além disso, 46% (24) dos trabalhos utilizaram um
método analítico auxiliar em conjunto com a análise de conteúdo.
Palavras-chave: Análise de conteúdo; Bardin; Periódicos brasileiros; Bibliometria.

ABSTRACT
This study presents the analysis of articles published in Brazilian periodicals between 1997 and 2015 that
used the content analysis method by author Laurence Bardin. That is an exploratory methodology with a
longitudinal temporal perspective, employing the documentary, quantitative and qualitative approaches
to research. Fifty-two papers published in the Portuguese language, available on the Scientific Periodicals
Electronic Library (SPELL) and SCIELO (Scientific Electronic Library Online) journal databases, were
analyzed. Atlas.ti and Microsoft Office Excel software were used for organization and tabulation. Those works
were analyzed using the bibliography method, quantifying, describing and predicting the process of written
communication according to the Bradford Law, Lotka Law and Zipf Laws (GUEDES, 2012). In addition, they
were qualitatively explored according to the application of the method, and classified as partial, minimum or
total. The results show that there has been an improvement in the articles published in recent years from the
perspective of application and description, considering the three phases: pre-analysis, material exploration and
treatment of results. Some studies use content analysis neglecting key steps, others only mention the method in
the methodology, but do not apply it in practice. The analyses indicated that 39 (75%) of the articles did not
clarify the steps defined by Bardin, in addition, 24 papers used an auxiliary analytical method in conjunction
with the content analysis.
Keywords: Content Analysis; Bardin; Brazilian journals; Bibliometrics.

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INTRODUÇÃO

A análise de conteúdo é empregada por autores brasileiros em diversos es-


tudos, segundo Bardin (2010), trata de um conjunto de técnicas de análise
das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos, de
descrição do conteúdo das mensagens, além disso, aposta altamente no ri-
gor como forma de não se perder na heterogeneidade de seu objeto (RO-
CHA; DEUSDARA, 2005). Em 1986, o método já era considerado um dos
mais comuns na investigação empírica por diferentes ciências humanas e
sociais (VALA, 1986).
A análise de conteúdo não deve ser confundida com análise do dis-
curso, pois enquanto uma analisa o conteúdo do texto, a outra atém-se ao
sentido do discurso (CAREGNATO; MUTTI, 2006). A análise de conteúdo
refere-se a uma leitura profunda que é determinada pelas condições ofere-
cidas pelo sistema linguístico e objetiva a descoberta de relações existentes
entre aspectos exteriores e o conteúdo do discurso (SANTOS, 2012). Bar-
din (1977, p. 170) aponta o discurso como “toda a comunicação estudada
não só ao nível dos seus elementos constituintes elementares (a palavra
por exemplo) mas também e sobretudo a um nível igual e superior, à frase
(proposições, enunciados, sequências)”.
Segundo Bardin (2010), a função principal do método é o desven-
dar crítico, nesse sentido, Santos (2012, p. 387) complementa ao afirmar
que “permite a compreensão, a utilização e a aplicação de um determinado
conteúdo”. É evidente que tudo depende, no momento da escolha dos cri-
térios de classificação, daquilo que se procura ou que se espera encontrar
(BARDIN, 2010).
Apesar de todo esforço de Bardin (1977) em descrever os passos e as
técnicas para a aplicação do método, alguns autores, como Bos e Tarnai
(1999), afirmam utilizar análise de conteúdo em contraste com outros mé-
todos de pesquisa e reforçam que não havia, em 1999, manual completo
com instruções e discussão, sem fazer referência a Bardin (1977), desconhe-
cendo o método desenvolvido pela autora.

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Dumay e Cai (2015) realizaram uma pesquisa a fim de analisar o uso


da análise de conteúdo de Klaus Krippendorff para investigar a Divulgação
do Capital Intelectual (ICD) e concluíram que há inconsistência na forma
como os pesquisadores aplicam o método, assim, sugerem o retorno ao de-
senho metodológico para aplicá-lo. Naccarato e Neuendorf (1998) utilizam
vários autores que atuam com a análise de conteúdo, como Krippendorff
(1980), Weber (1990), Riffe e Fretag (1997), para analisar a eficácia da publi-
cidade, com ênfase na área de marketing, todos com uma visão positivista
quanto ao método, convergindo com Bardin (1977), que é positivista por
excelência.
A análise de conteúdo é a terceira etapa de um processo para anali-
sar o estado do conhecimento de um campo, de acordo com Li e Cavusgil
(1995), citado por Ibrahim, Zailani e Tan (2015). A primeira envolve o mé-
todo Delphi para familiarização com a área; a meta-análise para recolher,
combinar e analisar estatisticamente estudos empíricos; a de análise de
conteúdo para descrição sistemática, qualitativa e quantitativa do conteú-
do manifesto de literatura em uma área (IBRAHIM; ZAILANI; TAN, 2015).
Franzosi (2011) apresenta uma crítica ao afirmar que o padrão metodológi-
co tratado sobre análise de conteúdo, preparado por Bernard Berelson, não
foi revisado nem há sinais de novos e importantes esforços nesse sentido.
Apesar disso, Bardin (1977) já havia apresentado a metodologia sistemática
que é utilizada por vários autores, como, por exemplo, em análise de pro-
duções científicas com perspectiva longitudinal (COSTA E SILVA, 2010).
Dada a relevância do tema, alguns autores passaram a investigar sua
aplicação no decorrer dos anos. Silva et al. (2013) analisaram 31 artigos e
sugeriram a ampliação da amostra para estudos futuros, concluindo que
grande parte dos estudos que refere empregar a análise do conteúdo, na
verdade, não esclarece adequadamente sua operacionalização, um fator
que prejudica a credibilidade dos trabalhos. O estudo de Silva et al. (2013)
analisou artigos publicados nos eventos da Associação Nacional de Pós-gra-
duação e Pesquisa em Administração (ANPAD), portanto, cabe uma análi-
se de publicações realizadas em periódicos com classificação Qualis Capes
para avaliação de resultados.

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Assim, considerando as pesquisas já realizadas e sugestões de auto-


res, o problema de pesquisa é: como os autores que publicam em periódi-
cos Qualis brasileiros empregam a proposição de análise de conteúdo de
Bardin? Portanto, o objetivo foi analisar e caracterizar os artigos publica-
dos em periódicos brasileiros, no período de 1997 a 2015, que utilizaram o
modelo de Laurence Bardin. O contexto histórico do método é relevante
para compreender a estrutura e as etapas, assim como sua aplicabilidade na
prática acadêmica.
O levantamento documental resultou em 63 trabalhos com a citação
de “Bardin”, destes, foram analisados 52 estudos, com base nas pesquisas
realizadas no Scientific Periodicals Eletronic Library (SPELL) e Scientific Eletro-
nic Library Online (SciELO), o que possibilitou confrontar os pressupostos
do método com o que foi publicado. Nas próximas seções, estão descritas
as etapas da análise de conteúdo, os aspectos metodológicos e as sugestões
para os pesquisadores sobre a utilização de software, além das discussões
pertinentes aos trabalhos analisados e os principais resultados.

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ANÁLISE DE CONTEÚDO

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de “análise das comu-


nicações” que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
do conteúdo das mensagens (BARDIN, 2010). Essa afirmação é contestada
pela própria Bardin, ao referir que não é um conceito suficiente para definir
análise de conteúdo, aduz, ainda, que a intenção é inferir conhecimentos
relativos às condições de produção (ou de recepção, eventualmente), que
pode ocorrer por meio de indicadores quantitativos ou não (CAMPOS,
2004).
Para Bardin (2010), a análise de conteúdo oscila entre os dois polos
do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade. De acordo com
Mozzato e Grzybovski (2011, p. 732), trata-se de uma “técnica” qualitativa
de análise que é rica, importante e com potencial de desenvolvimento teó-
rico no campo da administração, principalmente em estudos com aborda-
gem qualitativa.
O método busca realizar uma investigação profunda, ou seja, signi-
ficação profunda. “A principal pretensão da Análise de Conteúdo é vislum-
brada na possibilidade de fornecer técnicas precisas e objetivas que sejam
suficientes para garantir a descoberta do verdadeiro significado.” (ROCHA;
DEUSDARA, 2005, p. 310).
Uma característica da análise de conteúdo qualitativa é que o mé-
todo, em grande parte, concentra-se sobre o assunto e contexto e enfa-
tiza as diferenças e semelhanças entre os códigos e as categorias, para
tanto, analisando o conteúdo manifesto e latente num texto. O conteúdo
manifesto, ou seja, o que o texto diz, é frequentemente apresentado em
categorias, enquanto que os temas são vistos como expressões do con-
teúdo latente, ou seja, sobre o que o texto está falando (GRANEHEIN;
LUNDMAN, 2004).

ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE O MÉTODO


A história é marcada pelas análises de imprensa e de propaganda realizadas,
desde 1915, por H. Lasswell, que editou, em 1927, o trabalho “Propagan-

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da Technique in the World War” (BARDIN, 1977; VALA, 1986; BARDIN,


2010). Foi, durante a Segunda Guerra Mundial, que os trabalhos de análise
de conteúdo aumentaram, nessa época, “25% dos estudos empíricos que
revelam que a técnica de análise de conteúdo pertencia à investigação polí-
tica” (BARDIN, 2010, p. 18). Por um longo período, a análise de conteúdo
era associada a objetivos pragmáticos e de intervenção, modificada com o
congresso de Allerton House, em 1955, com a participação de psicólogos,
sociólogos e linguistas (VALA, 1986).
Com o tempo, passa a ser utilizada em várias áreas, como a da saú-
de. Granehein e Lundman (2004) realizaram um estudo buscando com-
preender a análise de conteúdo qualitativa na pesquisa em enfermagem:
conceitos, procedimentos e medidas para atingir confiabilidade, com várias
observações e abordagem de referencial teórico de outros autores, como
Watzlawick, Beavin Bavelas e Jackson (1967).
No tocante ao plano metodológico, existem duas abordagens: quan-
titativa e qualitativa (BARDIN, 1977; WHITE; MARSH, 2006; BARDIN,
2010). Na análise quantitativa, o que serve de informação é a frequência
com que surgem certas características do conteúdo (BARDIN, 2010). Um
exemplo aplicado com análise quantitativa é o estudo de Spiel, Bohm e Eye
(1999), que utilizaram a correlação de Spearman para identificar as relações
entre categorias, não referenciando a metodologia de Bardin. Na análise
qualitativa é a presença ou a ausência de uma característica de conteúdo ou
de conjunto de características num determinado fragmento de mensagem
que é tomada em consideração (BARDIN, 2010).
Com a evolução do método, já não é exclusividade de alcance descri-
tivo, toma-se consciência de que a sua função ou o seu objetivo é a inferên-
cia (BARDIN, 2010). A descrição analítica é a primeira fase de um procedi-
mento sistemático descrito por Bardin (2010), mas não se constitui em um
elemento exclusivo do método.
O método tem relação direta com a linguística, pois procura conhe-
cer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça. A linguís-
tica é um estudo da língua, já a análise de conteúdo é uma busca de outras
realidades por meio das mensagens (BARDIN, 2010).

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Uma das formas de executar a análise de conteúdo é por meio de do-


cumentos, e esse tipo de análise tem o objetivo de dar forma conveniente
e representar de outro modo a informação, com procedimentos de trans-
formação. Por isso, a análise documental entra numa etapa preliminar, que
envolve a operação intelectual com recorte da informação e divisão de ca-
tegorias. Bardin (2010) deixa claro que a documentação trabalha com docu-
mentos, já a análise de conteúdo, com as mensagens (comunicação). Dessa
forma, a análise documental faz-se, principalmente, por classificação-inde-
xação; a análise categorial temática é, entre outras, uma das técnicas da
análise de conteúdo.
A análise pode ser realizada em documentos, entrevistas e relatórios.
Em entrevistas, as mensagens transmitidas pela comunicação verbal po-
dem ser transcritas com facilidade para um meio digital, enquanto que a
comunicação não verbal é essencialmente analógica, e, muitas vezes, colo-
ca desvantagens no processo de transcrição. Portanto, ao transcrever entre-
vistas e observações em texto, é importante notar o silêncio, os suspiros, os
risos, a postura, os gestos, etc., uma vez que podem influenciar o significa-
do subjacente (GRANEHEIN; LUNDMAN, 2004).

FASES DA ANÁLISE DE CONTEÚDO


As diferentes fases de análise de conteúdo organizam-se em torno de três
polos cronológicos: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento
dos resultados, inferência e interpretação (BARDIN, 1977).
A pré-análise consiste no trabalho de organização das ideias iniciais,
de maneira que se tornem sistematizadas e operacionais, com um progra-
ma flexível (com uso ou não do computador), que permita a introdução de
novos procedimentos no decurso da análise, devendo ser, embora flexível,
precisa. É a fase de escolha dos documentos que serão analisados, de for-
mulação das hipóteses e dos objetivos e da elaboração de indicadores que
fundamentem a interpretação final. Esses passos não seguem necessaria-
mente uma ordem cronológica, mas estão estreitamente ligados: escolha
de documentos depende dos objetivos, ou o objetivo só é possível em fun-
ção dos documentos disponíveis. Indicadores serão construídos em função

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das hipóteses ou, pelo contrário, as hipóteses serão criadas na presença de


certos índices (BARDIN, 2010).
Na pré-análise, ocorre a leitura flutuante, no contato com os docu-
mentos e a escolha adequada, pode ser determinada a priori ou posteriori.
Feita a escolha do universo de documentos, pode-se, então, constituir um
conjunto de documentos a ser submetido aos procedimentos analíticos, o
que implica em escolhas, seleções e regras: (I) exaustividade (não se pode
deixar de fora nenhum elemento que corresponda aos critérios definidos);
(II) representatividade (análise sobre uma amostra de material, conforme
o caso); (III) homogeneidade (critérios precisos de escolha, obtidos por téc-
nicas idênticas, indivíduos semelhantes e que não representem demasiada
singularidade); (IV) pertinência (adequados quanto à fonte de informação)
(BARDIN, 2010).
Ainda, ocorre na pré-análise a formulação de hipóteses, que serão
confirmadas ou refutadas no decorrer do trabalho. No entanto nem sem-
pre são estabelecidas na pré-análise e tampouco é obrigatório ter-se como
guia um corpus de hipóteses para proceder à análise. Algumas análises efe-
tuam-se “às cegas” e sem ideias preconcebidas, sendo uma ou várias técni-
cas consideradas adequadas, a priori, a fim de fazer o material “falar” (tirar
as primeiras impressões) (BARDIN, 2010).
Na fase de exploração do material, ocorre a aplicação sistemática,
manual ou informatizada, das decisões tomadas na pré-análise. Consiste,
essencialmente, em operações de codificação, decomposição ou enumera-
ção, em função das regras previamente estabelecidas (BARDIN, 2010).
Quanto ao tratamento dos resultados, às inferências e à interpreta-
ção, ocorrem as análises para que sejam significativos e válidos. As provas
estatísticas e os testes de validação, aplicados aos resultados, auxiliam no
maior rigor, o que propicia ao pesquisador propor inferências e adiantar
interpretações relacionadas com os objetivos previstos e outras descobertas
(BARDIN, 2010). A finalidade da análise de conteúdo está em realizar infe-
rências com base em uma lógica explicitada (VALA, 1986).
Nesta fase de tratamento, ocorre a codificação, que significa codifi-
car o material com regras específicas. Além disso, nesse processo são iden-

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tificadas as unidades de registro, efetivadas por: palavra; tema; objeto ou


referente; personagem; acontecimento ou documento. E as unidades de
contexto que também servem para codificar a unidade de registro e com-
preender sua significação exata (BARDIN, 2010).
Bardin (2010) explica, com clareza, a importância em distinguir a uni-
dade de registro (que é o que se conta) da regra de enumeração (o modo
de contagem). A enumeração é descrita em tipos: presença (ou ausência)
de elementos definidos, que são significativos e veiculam um sentido; a fre-
quência, geralmente, mais usada; a frequência ponderada; a intensidade;
a direção; a ordem e a coocorrência com presença simultânea de duas ou
mais unidades de registro (BARDIN, 2010).
Bardin (2010) destaca que a análise qualitativa não rejeita toda e qual-
quer informação de quantificação, pois o analista pode recorrer para testes
quantitativos. Ressalta, também, a importância da categorização para todo
processo, num ato que reúne elementos em razão de suas características
comuns.
Outro fator importante no tratamento é a inferência quanto à inter-
pretação controlada, podendo ser específica ou geral. A inferência conside-
ra os elementos clássicos da comunicação: o emissor; o receptor; a mensa-
gem; o médium (canal, instrumento) (BARDIN, 2010).

ANÁLISES SOBRE O MÉTODO E A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE


De acordo com Campos (2004), a criatividade e capacidade do pesquisador
qualitativo são preponderantes; e o desenvolvimento do método depende
disso para demonstrar os seus limites e sua versatilidade. Campos e Turato
(2009) reafirmam que abordar o método é demonstrar sua versatilidade,
bem como seus limites de operacionalização. Desenvolvê-lo passa, inva-
riavelmente, pela criatividade e capacidade do pesquisador qualitativo em
tratar de situações inusitadas no estudo do fenômeno humano. “É uma
importante ferramenta na condução da análise dos dados qualitativos, mas
deve ser valorizado enquanto meio e não confundido como finalidade em
um trabalho científico.” (CAMPOS, 2004, p. 614). A perseverança e o rigor
são essenciais para o pesquisador, pois a análise de conteúdo é refinada,

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exige uma série de qualidades do pesquisador e muita dedicação de tem-


po, para obter e definir categorias de análise (FREITAS; CUNHA JUNIOR;
MOSCAROLA, 1997).

O valor de uma análise de conteúdo depende da qualidade da ela-


boração conceitual feita a priori pelo pesquisador, da exatidão com que será
traduzida em variáveis, do esquema de análise ou das categorias e, em defi-
nitivo, da concordância entre a realidade a analisar e estas categorias FRE-
ITAS; CUNHA JUNIOR; MOSCAROLA, 1997, p. 108).

Freitas, Cunha Junior e Moscarola (1997) consideram o método como


moderno para analisar documentos e destacam a aplicação de um software
para auxílio na análise de conteúdo, chamado de Sphinix.
Para Bos e Tarnai (1999), o computador é importante na pesquisa
social empírica com utilização do método de análise de conteúdo, auxilia
na organização dos dados e das categorias, pois o desenvolvimento de um
esquema de categoria é um objetivo central da análise de conteúdo. Além
do tratamento informático, que permite assimilar rapidamente quantida-
des de dados impossíveis de manipulação e permitir testes estatísticos an-
teriormente impraticáveis, o uso do computador tem consequências nas
questões privilegiadas da análise de conteúdo (BARDIN, 2010).
Estudos recentes têm aplicado a análise de conteúdo por meio do
software Atlas.ti, principalmente, para abordar a análise temática (WALTER,
2013). Walter e Bach (2015) mencionam que a utilização da técnica com o
uso do software era raro, mormente, em estudos de contabilidade (WAL-
TER, 2013; WALTER; BACH, 2015).
Para Lewis, Zamith e Hermida (2013), os métodos computacionais
apresentam soluções atraentes para a análise de conteúdo de grandes quan-
tidades de dados, nas pesquisas quantitativas. A utilização de métodos ma-
nuais e computadorizados produzem resultados melhores do que utiliza-
dos separadamente, preservando os pontos fortes da análise de conteúdo
tradicional, com seu rigor sistemático e sensibilidade contextual.

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METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa exploratória que buscou conhecer com maior


profundidade (RAUPP; BEUREN, 2009) as publicações que utilizaram o
modelo de Laurence Bardin, com base na caracterização e análise de arti-
gos. Dessa forma, fez-se um levantamento longitudinal, tendo como forma
de pesquisa a documental no período de 1997 a 2015.
Desenvolveu-se, com tal objetivo, uma análise bibliométrica por con-
siderar um conjunto de métodos de análise quantitativa sobre os trabalhos
científicos (FENG et al., 2015). Apesar de essencialmente quantitativa, a
bibliometria pode gerar informações e discussões qualitativas (DU et al.,
2013), tal como executado neste estudo, para obter um panorama geral dos
trabalhos. Nestas premissas, os trabalhos foram analisados pelo método da
bibliometria, quantificando, descrevendo e prognosticando o processo de
comunicação escrita de acordo com a Lei de Bradford (produtividade de
periódicos), a Lei de Lotka (produtividade científica de autores) e as Leis de
Zipf (frequência de palavras) (GUEDES, 2012). Porém Guedes (2012) des-
taca que a bibliometria busca o estudo de determinado assunto ou teoria,
que será utilizado parcialmente nesta pesquisa, com análise da aplicação do
método.
Este estudo é caracterizado como quantitativo pelas classificações re-
alizadas e qualitativo (FLICK, 2009; RAUPP; BEUREN, 2009) quanto à sua
abordagem, na análise das publicações, obtidas com levantamento do tipo
desk research de artigos publicados em língua portuguesa em revistas, dispo-
níveis no portal de periódicos Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL)
e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), no período de 1997 a 2015,
pesquisados em setembro de 2015. A biblioteca eletrônica SPELL foi esco-
lhida por ser um repositório de artigos com aproximadamente 31.971 docu-
mentos disponíveis para consulta, sendo relevante para área acadêmica em
questão. A SCIELO possui uma trajetória de atuação desde o ano de 1998,
e foi escolhida pela relevância e importância dos periódicos científicos.
Para a pesquisa, foram utilizados os seguintes critérios: texto – Bar-
din; especificação – em todo o documento (retorno de artigos que utiliza-

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ram Bardin no conteúdo); Ano – desde 1997; Tipo de documento – artigo;


Área: Ciências Sociais Aplicadas. Os demais campos sem marcação.
No banco de dados SPELL, foram encontrados 50 trabalhos com a
referência de “Bardin” e “Análise de Conteúdo”, desde 1997, neste caso,
utilizou-se a análise por censo, considerando que a população era pequena
e uma amostragem tende a resultar em número próximo ao da população.
Na SCIELO, uma pesquisa com as palavras “Bardin” e “análise de conte-
údo”, em todos os índices, com filtro Brasil, e na área das ciências sociais
aplicadas, retornou em 13 artigos.
Do total de 63 artigos encontrados: sete trabalhos eram repetidos;
dois em língua inglesa; um trabalho foi publicado em duas revistas com o
mesmo conteúdo; e um texto analítico sobre Bardin não aplicava o méto-
do, totalizando 52 trabalhos de aplicação do método.
Os artigos proporcionaram dados que foram tabulados em planilha
eletrônica Microsoft Office Excel. Com organização de informações gerais
e classificatórias organizadas em Tabela Dinâmica. As análises foram reali-
zadas por meio da caracterização dos arquivos e, posteriormente, mediante
a aplicabilidade no contexto dos trabalhos.
As análises aplicadas foram:
• Análise quantitativa em relação às ocorrências das fases citadas e
não aplicadas nos artigos.
• Análise qualitativa de interpretação do método de Bardin (1977;
2010).
• Análise da frequência de publicações anuais.
• Análise das revistas publicadas e quantidade de artigos por re-
vista.
• Análise geral do artigo em relação à aplicação do método, classi-
ficado em: total, parcial ou mínima. Para classificar o artigo com
aplicação total foi considerada a descrição de todas as fases de
Bardin no trabalho; como parcial, quando o autor descreve que
utilizou o método e, apenas, cita a análise temática ou catego-
rial; e, minimamente, quando o autor apenas descreve que utiliza
Bardin, mas não esclarece as fases no decorrer do trabalho.

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• Análise de conteúdo proposta por Bardin (1977; 2010) foi a base


para a análise do método nos artigos publicados, com verificação
sobre a utilização das fases do método na descrição da metodo-
logia. As fases consideradas foram: a pré-análise, a exploração do
material e o tratamento dos resultados, inferência e interpreta-
ção (BARDIN, 2010).

Foram utilizados artigos publicados na área de Ciências Sociais Apli-


cadas. Vale ressaltar que o método é frequentemente utilizado na área
da saúde, pois existem trabalhos que também são abordados neste cam-
po (CAMPOS, 2004; CAREGNATO; MUTTI, 2006; CAMPOS; TURATO,
2009).

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ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As análises estão divididas em algumas etapas que envolveram a caracteri-


zação: quantidade de publicações por ano; quantidade de autores por arti-
go; descrição das revistas analisadas; classificação das revistas pelo Sistema
Brasileiro de Avaliação de Periódicos, o Qualis, da Coordenação de Aper-
feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); quantidade de artigos
por instituição de ensino; classificações sobre tipo, abordagem e método
utilizado e referência utilizada de Bardin por ano de publicação.
Foram realizadas análises essencialmente qualitativas sobre a aplica-
ção do método. No contexto geral, houve uma classificação dos trabalhos
de acordo com a percepção do pesquisador sobre a forma como os autores
realizaram a descrição das fases da análise de conteúdo e o impacto nos
resultados.

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS TRABALHOS ENCONTRADOS


Os 52 trabalhos analisados foram tabulados pelas seguintes informações:
número do registro; ano de publicação; autores; título; revista; Qualis; lo-
cal; páginas; Instituição de Ensino Superior (IES) citada; sigla IES; ensaio te-
órico/teórico empírico; objetivo geral; tópico metodológico; abordagem;
tipo de pesquisa; delineamento da pesquisa; coleta de dados; referência
utilizada de Bardin; perspectiva temporal; classificação extra; descrição do
método; clareza das etapas de Bardin; considerações sobre o método; se
utilizou método auxiliar; as conclusões do artigo; as considerações sobre o
trabalho no contexto da análise de conteúdo e classificação geral quanto à
utilização do método.
O ano em que mais ocorreram publicações com citação de Bardin foi
em 2014. É notável que mais autores passaram a utilizar o método a partir
do ano de 2013 (Tabela 1). Não foram encontradas publicações anteriores
ao ano de 2001, isso se deve ao fato de que alguns bancos de dados de re-
vistas importantes passaram a ser utilizados em data posterior. Em 2015,
foram poucas ocorrências, mas com possibilidade de ampliação do número
pela data de realização da pesquisa.

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o que bardin diz que os autores não mostram? estudo das produções
científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

Tabela 1 Publicações por ano


Ano 2001 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Quantidade
1 1 2 6 6 1 4 5 3 9 11 3
de artigos

A análise da quantidade de autores por artigo permite visualizar que,


na maior parte os trabalhos, as publicações ocorreram com dois autores
(Tabela 2). Todavia uma análise minuciosa dos artigos indica que o número
de autores por trabalho não tem relação com a qualidade de aplicação das
técnicas que integram a análise de conteúdo, visto que artigos publicados
com cinco autores ou mais ficaram classificados com uma aplicação míni-
ma do método de Bardin (1977). Dos artigos com quatro autores, três tive-
ram aplicação total e dois com aplicação parcial do método. A quantidade
de autores identificada demonstra, também, que algumas revistas aceitam
publicações com até seis autores. No entanto isso não remete a trabalhos
com maior qualidade.

Tabela 2 Quantidade de autores por artigo


Quantidade de autores 1 2 3 4 5 6
Quantidade de artigos 4 20 12 11 3 2

Com base nos resultados, foi possível criar uma tabela contendo to-
das as revistas com a quantidade de artigos localizados. Apenas duas revis-
tas resultaram em três artigos cada, pois ocorreu uma distribuição propor-
cional entre as 38 revistas encontradas (Tabela 3).

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Tabela 3 Revistas analisadas


Total de
Revista
artigos

Administração Pública 1
BASE - Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos 1
Cadernos Ebape.br 1
Organizações & Sociedade 2
RAC - Revista de Administração Contemporânea 2
RAM - Revista de Administração Mackenzie 3
RAP. Revista Brasileira de Administração Pública 2
RAU - Revista de Administração da Unimep 1
REA - Revista de Administração da UFSM 1
READ - Revista Eletrônica de Administração 1
RECADM - Revista eletrônica de Ciência Administrativa 1
Remark - Revista Brasileira de Marketing 1
Revista Alcance 2
Revista Brasileira de Gestão de Negócios 2
Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo 1
Revista Contabilidade Vista & Revista 1
Revista de Administração da UNIMEP 1
Revista de Contabilidade e finanças 1
Revista de economia e administração 2
Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade 1
Revista de Gestão USP 1
Revista de Negócios 1
Revista Desenvolvimento em Questão 1
Revista do Serviço Público 1
Revista economia e gestão 1
Revista eletrônica do Mestrado em Administração da
1
Universidade Potiguar
Revista Gerenciais 1
Revista Gestão & Tecnologia 1
Revista Gestão e Planejamento 2

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o que bardin diz que os autores não mostram? estudo das produções
científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

Total de
Revista
artigos

Revista Gestão e Sociedade UFMG 1


Revista Gestão Organizacional 2
Revista Organizações em contexto 3
Revista Pretexto 2
Revista Rosa dos Ventos 1
Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão 1
Revista Turismo em Análise 2
Revista Turismo Visão e Ação 1
Sociedade e Estado 1

Além da descrição das revistas e quantidades de trabalhos, foi identi-


ficada a classificação Qualis da CAPES (Tabela 4).

Tabela 4 Classificação Qualis da CAPES das revistas analisadas


Classificação Qualis da CAPES A2 B1 B2 B3 B4 B5 Não
Quantidade de artigos 6 8 8 13 4 7 6

As produções que utilizam o modelo de Bardin constam em maior


número das revistas com Qualis A2, B1, B2 e B3. Seis trabalhos não possuí-
am classificação pela CAPES.
Dentre as instituições com maior número de produções que citam
Bardin, destacaram-se: Universidade Federal de Minas Gerais (cinco); Uni-
versidade Federal de Espírito Santo (quatro); Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (três); Universidade Presbiteriana Mackenzie (três); Pon-
tifícia Universidade Católica de Minas Gerais (dois); Universidade de Caxias
do Sul (dois); Universidade Nove de Julho (dois); Universidade Salvador
(dois) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos (dois).
Demais classificações:

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• Classificação teórica ou empírica: 50 são classificados como teóri-


co-empírico e dois como ensaio teórico.
• Especificação da metodologia: 47 trabalhos possuíam um item
específico para descrever a metodologia utilizada; cinco artigos
citavam o percurso metodológico no decorrer do trabalho.
• Com abordagem qualitativa, 44, e oito utilizaram abordagem
mesclada entre quantitativa e qualitativa.
• Tipos de pesquisa: 26 artigos exploratórios; 20 trabalhos descriti-
vos; quatro exploratório/descritivo; um descritivo/explicativo e
um explicativo.
• Delineamento da pesquisa: 27 estudos de caso; 12 análises do-
cumentais; nove trabalhos de levantamento; dois bibliográficos;
dois grupos de foco; a maioria utilizou entrevistas, análise docu-
mental, observação e questionários.

As principais referências citadas de Bardin estão descritas na Tabela


5. Grande parte dos autores utilizou a versão do livro do ano de 1977. Um
autor citou referência de 1971, não encontrada entre as publicações das
Edições 70, possivelmente, o autor tenha se confundido quanto às datas.

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científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

Tabela 5 Bibliografia utilizada no método


Referência de Bardin (1977
Quantidade
ou posterior)

Bardin (1971) 1
Bardin (1977) 19
Bardin (1977; 2010) 1
Bardin (1979) 4
Bardin (1991) 1
Bardin (1997) 2
Bardin (2000) 1
Bardin (2002) 4
Bardin (2004) 7
Bardin (2006) 1
Bardin (2007) 1
Bardin (2008) 2
Bardin (2009) 5
Bardin (2010) 1
Bardin (2011) 2
Total 52

Grande parte dos artigos utilizou o método com apoio da técnica de


análise do discurso, as principais citações de métodos auxiliares foram: Ver-
gara (2005); Minayo (2002; 2007; 2012); Flick (2004); e outros para cada área
de estudo, totalizando em 23 trabalhos. Neste caso, Bardin (1977) descreve
a análise do discurso como uma das técnicas de análise, no sentido objetivo
transmitido pelos conteúdos. No entanto parte dos artigos julga a técnica
de análise do discurso como uma análise de conteúdo, com análises que
superam o conteúdo documental, comparando outros fatores subjetivos
do discurso. Portanto, o método de análise de conteúdo foi adaptado como
etapa de algumas pesquisas, não sendo, necessariamente, aplicado na sua
totalidade. Bardin (1977) entende a categoria como uma variável, faz refe-
rência a presença de hipóteses, impõe regras de exaustividade, exclusivida-

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de, etc. Por vezes, autores que se autoposicionam dentro de um paradigma


interpretativista-fenomenológico acabam incorrendo em contradição ao
usar Bardin como referência de análise para seus dados.
A frequência de autores que tiveram mais de um trabalho está apre-
sentada na Tabela 6.

Tabela 6 Autores com mais de um trabalho


Autor Quantidade
SILVA, A. R. L. da. 7
SILVA JUNIOR, A. da. 3
GOSLING, M. 3
JUNQUILHO, G. S. 3
CARRIERI, A. de P. 3
MEDEIROS, J. de M. 2
LEITE, N. R. P. 2
BORGES, D. F. 2
LOPES, F. D. 2
NASSIF, V. M. J. 2
ZANQUETTO FILHO, H. 2

Com base na relação entre autores foi possível elaborar as redes


(Atlas.ti) com classificação como “suports” em que o autor aparece como
coautor do trabalho (apoio), a rede com destaque é a de Alfredo R. L. da
Silva (Figura 1).
A rede formada por Silva. A.R.L. está diretamente ligada às publica-
ções de Junquilho, G. S. e Carrieri, A. de P. São autores que aparecem com
o maior número de participação nos trabalhos analisados.
As considerações qualitativas dos artigos foram consolidadas na Ta-
bela 7. Com base nas análises, é possível inferir que os estudos afirmam
aplicar o método, mas não esclarecem as fases, bem como sua operacio-
nalização. Fato esse que prejudica a credibilidade dos trabalhos, conforme
estudos de Silva et al. (2013). No entanto cabe destacar que houve uma

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Figura 1 Redes de Silva, A. R. L.

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evolução da aplicabilidade nos trabalhos publicados nos últimos anos, pois


grande parte das aplicações totais ocorreu em 2013 e 2014.

Tabela 7 Análise qualitativa dos artigos


Quantidade
Considerações do autor sobre os artigos
de artigos

Não aplica todas as etapas, utilizando apenas uma téc- 23


nica de análise, aplicando os pressupostos da autora.
Apenas cita que utilizou análise de conteúdo na me-
todologia, mas não é possível identificar como o mé- 18
todo foi aplicado no contexto do trabalho.
Esclarece todas as etapas de análise de conteúdo apli-
cadas no trabalho. A aplicação de todas as etapas con- 11
tribuiu para obtenção de resultados representativos.

Todavia há uma ressalva no tocante aos trabalhos que foram publi-


cados nos últimos anos, pois o número de publicações com aplicação ade-
quada do método é maior entre 2013 e 2015, isso indica que os pesquisado-
res estão melhorando as análises de conteúdo e a aplicação da metodolo-
gia (Tabela 8). Os dados não são divergentes das conclusões de Silva et al.
(2013), que analisaram publicações anteriores a 2013.

Tabela 8 Aplicação do método nos últimos anos


Ano Grau de aplicação do método Quantidade de artigos
2001 Minimamente 1
2005 Minimamente 1
Minimamente 1
2006
Totalmente 1
Minimamente 2
2007 Parcialmente 3
Totalmente 1

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científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

Minimamente 3
2008
Parcialmente 3
2009 Parcialmente 1
Minimamente 2
2010
Parcialmente 2
Minimamente 2
2011 Parcialmente 2
Totalmente 1
Minimamente 1
2012
Parcialmente 2
Minimamente 4
2013
Parcialmente 5
Minimamente 2
2014 Parcialmente 4
Totalmente 5
Minimamente 1
2015
Totalmente 2

Com base nas análises, foi possível inferir que os autores utilizaram o
método de análise qualitativa de dados parcialmente (42%) e minimamen-
te (38%). Apenas 19% dos artigos analisados abordaram o método na sua
totalidade, com referência à explicação adequada de cada fase da análise,
identificação das etapas de acordo com os pressupostos de Bardin.
Ressalta-se o uso generalizado em diferentes campos (meios de co-
municação, publicidade, comunicação, marketing, psicologia, psicanálise,
educação, ciência política, sociologia, etc.) (FRANZOSI, 2011) e saúde
(GRANEHEIN; LUNDMAN, 2004). Além de ser um método altamente
flexível, utilizado amplamente em estudos de ciência da informação e bi-
bliográficos (WHITE; MARSH, 2006). Com base nas análises, destaca-se
a relevância da metodologia para o campo das ciências sociais, especifica-
mente, para a área de Administração (MOZZATO; GRZYBOVSKI, 2011).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos abordados forneceram grandes contribuições para as temáticas


estudadas, sendo que as considerações deste trabalho foram efetivadas ape-
nas com base na aplicabilidade e operacionalização da técnica de análise de
dados, e não contestam as conclusões obtidas pelos autores.
Os resultados indicam que os autores utilizam a metodologia de
Bardin mesclada com outros métodos analíticos (análise do discurso, nar-
rativas, escalas, etc.). Alguns utilizam a análise de conteúdo desprezando
etapas principais, outros, apenas citam o método na metodologia, mas não
o aplicam na prática. Bardin (1977) entende a categoria como uma variá-
vel, faz referência à presença de hipóteses, impõe regras de exaustividade,
exclusividade, etc. Por vezes, autores que se autoposicionam dentro de um
paradigma interpretativista-fenomenológico acabam incorrendo em con-
tradição ao usar Bardin como referência de análise para seus dados. Con-
siderando as análises e o que Bardin (2010) preconiza, alguns pontos são
destaques em trabalhos classificados com aplicação mínima e parcial: os
autores não descrevem como utilizaram ou aplicaram as técnicas em cada
fase; o recorte da informação e a divisão de categorias não estão claros; as
aplicações parciais com análise de entrevistas não citam se a comunicação
não verbal exerceu influência na análise; não há apresentação de hipóteses
que indiquem a fase inicial de pré-análise, o que dificulta na construção
de indicadores; as operações de codificação, decomposição ou enumeração
não são claras; e, por sua vez, as inferências não consideram os elementos
clássicos da comunicação: o emissor; o receptor; a mensagem; o médium
(canal, instrumento) (BARDIN, 2010).
As análises indicaram que 75% (39 entre os 52) dos artigos não deixam
claras as etapas definidas por Bardin: pré-análise; exploração do material e
tratamento dos resultados, inferência e interpretação, além disso, 46% (24)
dos trabalhos utilizaram um método de análise auxiliar em conjunto com
a análise de conteúdo. É, portanto, necessário que estudos futuros sejam
apresentados com o rigor do método, destacando as etapas e descrevendo
com mais pertinência e clareza. O método não foi criado apenas para ser

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o que bardin diz que os autores não mostram? estudo das produções
científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

utilizado como citação na etapa metodológica, mas, sim, para contribuir na


eficácia dos resultados.
Uma limitação deste estudo foi a pesquisa em portais específicos com
banco de dados limitados, porém isso não elimina o crédito da pesquisa,
visto que os trabalhos analisados contemplam periódicos com Classificação
Qualis da CAPES A e B. Dessa forma, podem ser realizados estudos futuros
com análise de teses, dissertações e artigos internacionais.

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científicas brasileiras do período de 1997 a 2015

DADOS DOS AUTORES

RONALDO JOSE SERAMIM* ronaldoseramim@yahoo.com.br


Mestre em Administração pela UNIOESTE
Instituição de vinculação: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Cascavel/PR – Brasil
Áreas de interesse em pesquisa: Administração, Sustentabilidade e competitividade.

* Rua Mirandópolis, 516 Jardim Ipê III Foz do Iguaçu/PR 85869-676

SILVANA ANITA WALTER silvanaanita.walter@gmail.com


Doutora em Administração pela PUC/PR
Instituição de vinculação: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Cascavel/PR – Brasil
Áreas de interesse em pesquisa: Ensino e Pesquisa em Administração e contabilidade,
métodos qualitativos de pesquisa, e Estratégia.

ADMINISTRAÇÃO: ENSINO E PESQUISA  RIO DE JANEIRO  V. 18  No 2  P. 241–269  MAI-AGO 2017 269

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