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Unidade V

Aprendizagem e memória
A aprendizagem está intimamente ligada à memória, dado que o que se aprende
tem de se conservar. Não podemos aprender sem recordar, nem recordar sem
aprender. São os conhecimentos, as experiências anteriores que nos permitem
seleccionar, organizar e reconhecer as informações actuais.

1. Aprendizagem:

1.1. Conceito de aprendizagem

1.2. Tipos de aprendizagem

1.2.1. Distinção entre condicionamento clássico e operante

1.2.2. Outros tipos de aprendizagem

1.3. Factores de aprendizagem

1.4. Métodos de aprendizagem

2. Memória:

2.1. Conceito de memória

2.1.1. Processo mnésico

2.1.2. Relação aprendizagem-memória

2.2. Tipos de memória

2.3. Memória e esquecimento

2.3.1. Factores que explicam o esquecimento

2.4. Memória, memórias

2.5. Memória e comportamento

1. Aprendizagem:

É a aprendizagem que permite que o ser humano se adapte às condições do


ambiente sempre em mudança, assegurando-lhe a flexibilidade do comportamento.

1.1. Conceito de aprendizagem:

Desde que acordamos até que nos deitamos desenvolvemos um conjunto de


actividades: levantamo-nos, vestimo-nos, usamos os talheres para tomar o
pequeno-almoço, apanhamos o autocarro, apresentamos ao motorista o passe;
chagados à escola, entramos na sala e, depois de escrevermos o sumário,
respondemos a uma pergunta do professor de psicologia sobre o desenvolvimento.
Todos os comportamentos que acabámos de descrever são aprendidos; isto é,
são adquiridos no processo de socialização. Todas as actividades motoras que se
manifestam em movimentos mais ou menos complexos, a linguagem, o modo como

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cumprimentamos, sorrimos e nos comportamos resultam da aprendizagem. Por isso
muitos autores consideram a aprendizagem o núcleo central da psicologia.
Assim, podemos definir aprendizagem como a modificação ou alteração
relativamente estável do comportamento ou do conhecimento que resulta do
exercício, experiência, treino ou estudo. É um processo que, envolvendo factores
cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos. De
referir que as alterações do comportamento resultantes, por exemplo, de lesões
não se podem considerar como aprendizagem.
Inerente1 aos processos de aprendizagem está a memória. Só a memória nos
possibilita reter o que aprendemos, para responder adequadamente à situação
presente e proporcionar a possibilidade de projectar o futuro.
Podemos afirmar que, no Homem, a aprendizagem é a base do
comportamento: o ser humano é um ser inacabado, pouco dependente dos
esquemas genéticos rígidos. Por isso, a aprendizagem desempenha um papel
fundamental no processo de adaptação ao meio.

1.2. Tipos de aprendizagem:

Existem diversos tipos de aprendizagem, isto é, diversas formas de adquirir,


aprender e desenvolver comportamentos e conhecimentos. Vamos abordar
algumas formas de aprendizagem:

• Condicionamento clássico2
• Condicionamento operante
• Aprendizagem social
• Aprendizagem motora, de discriminação e verbal
• Aprendizagem de conceitos Outros tipos de aprendizagem
• Aprendizagem de resolução de problemas

Analisemos cada um deles:

• Condicionamento clássico.
Para entender este condicionamento, vejamos estes dois tópicos:
A) Experiência de Pavlov
B) Os processos de condicionamento

A) Experiência de Pavlov: O elemento condicionamento é o binómio estimulo-


resposta. Comecemos por recordar estes conceitos:

• Qualquer elemento do meio que produz efeito sobre o


Estimulo organismo.
• Provoca uma reacção, uma alteração no comportamento.
Pode ser um som, alimento.
• Qualquer actividade do organismo que se segue a um
Resposta estimulo.
• Pode ser um movimento, uma secreção glandular, um
pensamento, uma emoção.

Foi Pavlov quem descobriu o reflexo condicionado através de uma experiência.


Passamos a descrevê-la resumidamente:
1º Pavlov apresenta a carne ao cão e este salivava
2º Em seguida, apresentava a carne acompanhada pelo som de uma
campainha e o cão salivava. Repetiu várias vezes esta associação (carne +
som);
1
- Intimamente unido; inseparável
2
- Podemos encontrar também as designações de “condicionamento pavloviano” ou
“condicionamento respondente”.

2
3º Ao ouvir apenas o som da campainha, o cão passava a salivar.

Segundo o investigador, um estímulo (som), que não provocava qualquer resposta


específica, depois de associado a outro estímulo (carne), passava, por si só, a
provocar a salivação. Assim:
Quando o experimentador apresentava a carne ao animal, ele salivava. Neste caso,
a salivação é uma resposta não condicionada (R1), isto é, inata, não aprendida. O
estímulo que a provocou designa-se por estímulo não condicionado ou
incondicionado (E1).

Carne → Salivação
(estimulo não condicionado) (resposta não condicionada)

E1 → R1

Posteriormente, Pavlov fez acompanhar a carne (E1) de um toque de campainha (E2


– estimulo neutro) e verificou que o cão salivava.

Campainha + carne → salivação fdfssdz

E2 + E1 → R1

O experimentador repete várias vezes esta associação de estímulos, o que leva o


cão a esperar que a carne apareça ao toque da campainha. Passado algum tempo,
Pavlov constata que o cão saliva quando ouve a campainha.

Campainha → salivação
(Estimulo condicionado) (resposta condicionada)

E2 → R2
O reflexo condicionado é, pois, uma resposta aprendida a um estímulo inadequado.
A aprendizagem por condicionamento clássico resulta da associação entre
estímulos e respostas que se associam e das quais resulta uma mudança de
comportamento.

Síntese dos termos importantes:


• Estimulo que, antes do condicionamento, não produz a
Estímulo neutro resposta desejada.
Ex: o som da campainha
Estímulo • Estímulo que desencadeia uma resposta não aprendida.
incondicionado (E1) Ex: a carne
Resposta • Resposta inata, não aprendida.
incondicionada (R1) Ex: salivar com o cheiro da carne
Estímulo • Estímulo neutro que, associado ao estímulo
condicionado (E2) incondicionado, passa a provocar uma resposta semelhante
à desencadeada pelo estímulo incondicionado.
Ex: o som, depois de associado à carne, passa por si só a
provocar a salivação.
Resposta • Resposta que, depois do condicionamento, se segue ao
condicionada (R2) estímulo que antes era neutro.
Ex: salivar quando ouve o som

Assim:
‫٭‬ O estímulo incondicionado provoca uma resposta incondicionada. É um
processo inato não aprendido.

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‫٭‬ O estímulo neutro, durante o processo de condicionamento, transforma-se
em estímulo condicionado.

‫٭‬ O estímulo condicionado provoca uma resposta condicionada.

B) Os processos de condicionamento: Decorrentes das experiências realizadas,


Pavlov e a sua equipa identificaram alguns processos que envolvem o
condicionamento: a aquisição, a extinção, a recuperação espontânea, a
generalização do estimulo e da discriminação.

‫٭‬ Extinção: o termo extinção é utilizado para designar a diminuição


e/ou extinção da resposta condicionada devido à ausência do estímulo não
condicionado.
Exemplo: Pavlov constatou que, quando fazia soar a campainha,
repetidas vezes, sem apresentar a carne, o cão salivava cada vez menos,
até deixar de salivar.

‫٭‬ Generalização de estímulo: durante as experiências, os


investigadores constataram que o cão salivava quando o som emitido era
diferente do da campainha habitualmente usada no condicionamento: a
resposta condicionada era, inclusive, desencadeada pelo som de uma
sirene. A tendência para responder a estímulos semelhantes ao estímulo
condicionado designa-se por generalização de estímulo.

‫٭‬ Recuperação espontânea: Pavlov descobre que depois da


resposta condicionada parecer extinta, após um tempo de descanso, se
voltasse a tocar a campainha, o cão voltava a salivar, ainda que de forma
mais atenuada.

‫٭‬ Discriminação: Pavlov constata que os cães aprenderam a


responder a um toque particular da campainha, distinguindo-o de outros
toques.

• Condicionamento operante: o condicionamento operante é um tipo de


aprendizagem que foi investigado por Thorndike. Consideremos estes
tópicos:
A) Experiência de Thorndike
B) A lei do efeito
C) Skinner e o condicionamento operante
D) Prémios e castigos na aprendizagem

A) Experiência de Thorndike: Thorndike desenvolveu um conjunto de


investigações procurando responder à seguinte questão: será que o modo de
aprender do ser humano é semelhante ao dos animais?
Thorndike constrói uma caixa-problema: uma gaiola com grades de onde o
animal só podia sair se executasse uma acção (puxar um fio, carregar numa
alavanca) que lhe abria a porta. No exterior da caixa, o experimentador
colocava o alimento o qual podia ser visto e cheirado pelo animal. Utilizou na
experiência gatos esfomeados que eram recompensados quando saíam,
portanto, quando resolviam o problema.
Numa primeira fase, o animal investia contra as grades, mordia-as, miando
desesperadamente. Passado algum tempo, e depois de várias tentativas e erros,
o animal accionava, por acaso, o mecanismo que abria a porta, recebendo
alimento quando saía. Ao repetir a experiência, o animal demorava cada vez
menos tempo a resolver o problema, até que por fim, ao entrar na caixa, já se
dirigia directamente ao mecanismo, que accionava e que abria a parta,

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recebendo logo de seguida a recompensa. O animal aprendeu a resolver o
problema – aprendizagem por tentativas e erros.

B) A lei do efeito: Thordike constatou, à medida que a experiência era


repetida, que as respostas desadequadas eram progressivamente substituídas
por respostas correctas e eficazes. Conclui assim que há respostas que são
enfraquecidas e outras que são fortalecidas. Thordike formulou então a lei do
efeito para explicar este processo: se a resposta for recompensada, fortalecer-
se-á; se não houver recompensa ou se houver castigo, a resposta enfraquecerá.
São as respostas mais adequadas, mais aptas, que são retidas, desempenhando
assim a aprendizagem um papel importante no processo de adaptação do
animal ao ambiente.

C) Skinner e o condicionamento operante: passamos a descrever


resumidamente a experiência de Skinner:
1º Colocou um rato esfomeado na caixa operante ou caixa de Skinner;
2º O animal explora o ambiente cheirando, deambulando ao acaso no interior da
gaiola;
3º Por acaso acciona a alavanca, recebendo uma porção de alimento;
4º Depois de várias tentativas bem sucedidas, o rato acaba por premir
automaticamente a alavanca para receber o alimento.
Esta experiência mostra que o rato aprendeu a obter alimento: graças ao reforço
(consequência positiva), o animal aprendeu a carregar na alavanca. No caso de se
suspender o reforço, a resposta aprendida extingue-se.

• Estímulo que, por trazer consequências positivas,


Reforço aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer.
• O reforço pode ser positivo ou negativo
• Estímulo que tem consequências positivas e agradáveis e
Reforço positivo que se segue a um dado comportamento.
Ex: o alimento é o reforço positivo que leva o rato a carregar na
alavanca
• O sujeito evita uma situação dolorosa se se comportar de
determinado modo.
• É a eliminação do estímulo que permite evitar a situação
Reforço negativo dolorosa.
Ex: Skinner colocou um rato numa caixa cujo chão produzia
choques eléctricos que eram eliminados se fosse accionada uma
alavanca. O rato aprendia assim a evitar a dor premindo a
alavanca.

Quer o reforço positivo quer o reforço negativo têm as mesmas consequências:


fortalecer e aumentar a ocorrência de um comportamento. Os dois tipos de reforço
aumentam a probabilidade de a resposta ocorrer.

E) Prémios e castigos na aprendizagem: o castigo é um procedimento


que diminui a probabilidade de ocorrer uma resposta através do recurso a
um estímulo aversivo. O castigo ou punição é infligido quando não há uma
resposta ou quando a resposta não é a desejável.
Ex: aplicação de uma multa devida a uma infracção de trânsito. A multa visa evitar
que o comportamento indesejável se repita.
Assim, enquanto que o reforço negativo visa aumentar a ocorrência do
comportamento, o castigo visa diminuir ou evitar que um comportamento não
desejável se repita.

Por outro lado a recompensa ou prémio é o procedimento ou estímulo usado para


aumentar a probabilidade de resposta. Corresponde ao reforço positivo do
condicionamento operante

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1.2.1. Distinção entre condicionamento clássico e operante

• Tipo de aprendizagem em que um organismo aprende a


Condicionamento responder a um estímulo neutro que antes não produzia
clássico essa resposta.
• Resulta da associação de dois estímulos
Condicionamento • Tipo de aprendizagem que ocorre quando o organismo
operante aprende a associar o comportamento com as
consequências que resultam desse comportamento.

Condicionamento clássico Condicionamento operante

• Associação entre estímulos • O comportamento é


Estímulos neutros e incondicionados. acompanhado de consequências
positivas.
Natureza do • Reflexos, respostas • Comportamentos aprendidos,
comportament automáticas. adquiridos.
o
Tipo de • Involuntária • Voluntária.
resposta
Papel do • Passivo; o comportamento • Activo; o sujeito opera para
sujeito do sujeito é mecânico. obter satisfação e evitar a dor.
Tipo de • A aprendizagem faz-se por • A aprendizagem faz-se por
aprendizagem associação de estímulos. reforço (positivo ou negativo)

• Aprendizagem social: Albert Bandura desenvolveu numerosas


experiências que fundamentaram a importância da aprendizagem por
observação, isto é, a aprendizagem que resulta da interacção e da
imitação social.

Bandura sublinha a importância do reforço neste tipo de aprendizagem,


distinguindo reforço directo de reforço vicariante:

‫ ٭‬Reforço directo – a seguir ao comportamento desejado o sujeito é reforçado


Ex: a criança que segura bem o lápis quando começa a escrever ouve um
elogio, é reforçada.

‫ ٭‬Reforço vicariante – o reforço é recebido pelo modelo.


Ex: a criança observa que uma pessoa, por determinado comportamento, é
recompensada. Este facto estimula-a a imitar esse comportamento.

Assim, um indivíduo pode adquirir um novo comportamento a partir da observação


de um modelo. Seria através de um processo – modelação – que envolve a
observação, a imitação e a integração que a pessoa aprende um comportamento
que passa a integrar o seu quadro de respostas. A aprendizagem social processa-se
através da socialização, que decorre desde o nascimento até à morte do indivíduo.
Tem-se procurado identificar os factores que favorecem a aprendizagem social,
particularmente o tipo de pessoas que são mais susceptíveis de se tornarem
modelos. A proximidade afectiva do modelo, a sua idade, género e estatuto
têm influência no processo de aprendizagem social. Assim:

‫ ٭‬A proximidade afectiva do modelo é um factor que influência a aprendizagem.


Daí a importância dos pais e professores, que são agentes fundamentais no
processo de socialização. Para além destes, os grupos de pertença de referência
bem como os mass média são também modelos importantes.

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‫ ٭‬A selecção dos modelos parece relacionar-se com a pertença de género e com
a idade: é mais frequente a imitação de modelos entre pessoas do mesmo género
e com idades próximas. Também parece ser influenciada pelo estatuto dos
modelos escolhidos: são mais imitados os modelos que apresentam estatuto social
mais elevado e mais prestigiado.

Para além das características do modelo, a aprendizagem social depende da


atenção e da motivação.

‫ ٭‬A atenção influencia a aprendizagem: a eficácia da aprendizagem por


modelação depende do nível de concentração e de atenção com que o
comportamento do modelo é observado.

‫ ٭‬A motivação é também um factor a ter em conta: quanto mais interessado o


sujeito estiver em aprender, melhor observará e imitará o modelo integrando o
novo comportamento.

• Outros tipos de aprendizgem:

• Tipo de aprendizagem que envolve movimentos como:


Aprendizagem andar, vestir-se, guiar um automóvel.
motora • Podemos designar como actividades psicomotoras
escrever, digitar um texto no computador, tocar um
instrumento musical, etc.
• Tipo de aprendizagem que está na base de todas as
Aprendizagem de outras aprendizagens
discriminação • Permite-nos apreender as semelhanças e as diferenças
entre objectos, pessoas, acontecimentos, situações.
• Pode considerar-se uma das mais importantes e distintivas
aprendizagens do ser humano. É através de símbolos
Aprendizagem verbais que se estabelecem as interacções sociais.
verbal • É a linguagem que estrutura a nossa relação com o mundo
e a nossa vida psicológica.
Aprendizagem de • É através dos conceitos, que são representações
conceitos universais de realidades (físicas e abstractas), que
organizamos as informações que recebemos do mundo
natural e social.
• Face aos problemas que se nos deparam, procuramos
soluções adequadas que vamos aperfeiçoando com a
Aprendizagem de experiência, isto é, vamos aprendendo a resolver
resolução de problemas.
problemas • Podem ser problemas de carácter prático que exigem a
intervenção da inteligência prática (abrir uma caixa por
exemplo); outros exigem o recurso ao raciocínio lógico-
formal (por exemplo, resolver um problema de Física)

Etapas da aprendizagem de resolução de problemas:


1º Identificação do problema
2º Definimos e escolhemos as estratégias para a sua resolução
3º Pelas estratégias que consideramos mais adequadas, ensaiamo-las
aplicando- -as e, em seguida, avaliamos os resultados.

1.3. Factores de aprendizagem: A aprendizagem depende de vários factores, tais


como:

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‫ ٭‬Idade – são necessárias determinadas estruturas intelectuais para que se
possam concretizar certas aprendizagens. A cada estádio correspondem
capacidades específicas. Daí decorre que quer os conteúdos quer as metodologias
educativas têm que estar em consonância com o nível etário e de desenvolvimento
dos indivíduos.

‫ ٭‬Inteligência – existe uma relação estreita entre inteligência e aprendizagem.


Aliás, uma definição de inteligência é a capacidade de aprender. Efectivamente
uma pessoa com mais capacidade intelectual aprenderá mais facilmente. Contudo,
não se pode avaliar os efeitos deste factor independentemente de todos os outros.

‫ ٭‬Motivação – tem um papel muito importante na aprendizagem: o desejo de


aprender é um factor decisivo. Motivado, o sujeito tem uma atitude activa no
processo de aprendizagem. Se uma pessoa estiver empenhada em atingir um
determinado objectivo consegue-o mais depressa e melhor do que se tiver pouco
investimento. A motivação pode decorrer de factores internos (motivação
intrínseca), em que o sujeito aprende pelo prazer que tem em aprender, e de
factores externos (motivação extrínseca), em que o sujeito aprende porque espera
um a recompensa. A motivação pode ser a curto prazo: conseguir melhorar no
próximo teste de geografia; ou, a longo prazo: profissionalizar-se em cabeleireiro…
pode também falar-se em motivação para iniciar, continuar ou finalizar uma
aprendizagem.

‫ ٭‬Experiência anterior – as experiências anteriores podem condicionar, de


forma positiva ou negativa, as novas aprendizagens. Isto é, o que um individuo
aprende – um assunto, uma actividade – influência a aprendizagem na mesma ara
ou áreas afins. Quando abordas um tema, por exemplo em psicologia, o professor
geralmente solicita os conhecimentos anteriores. Os alunos que tiveram
oportunidade de estudar em ciências da natureza o sistema nervoso aprendem
mais depressa e com menos esforço os conteúdos da unidade 2.
A transferência de uma situação para a outra pode facilitar ou dificultar a nova
aprendizagem. Uma transferência é positiva quando a influência que exerce na
futura aprendizagem é facilitadora, isto é, quando as capacidades utilizadas numa
aprendizagem anterior nos prepara para uma nova aprendizagem. Assim, a
habilidade adquirida favorece actividades idênticas – aprender a andar de carro
favorece a aprendizagem de andar de moto. Uma transferência é negativa se inibir
novas aprendizagens. Saber andar de carro dificulta a aprendizagem de andar de
barco, porque se queremos, por exemplo virar à esquerda temos de virar o leme
para a direita. Neste caso o facto de termos usado de modo diferente um objecto
semelhante (o volante) dificulta a nova aprendizagem.

‫ ٭‬Factores sociais – o nível sociocultural da família tem um papel importante,


por exemplo, no sucesso escolar das crianças e dos jovens, não só pelas condições
objectivas que propiciam (acesso à informação, experiências enriquecedoras e
mais oportunidades), como pelo nível de expectativa. As expectativas positivas
podem influenciar favoravelmente a aprendizagem. A diversidade de valores, de
interesses e de atitudes de crianças que têm diferentes origens sócias podem ter
como consequência diferenças de aprendizagem e ser geradora de conflitos.

1.4. Métodos de aprendizagem: a aprendizagem pode processar-se por diferentes


métodos; tais como:
‫ ٭‬Distribuição da prática no tempo;
‫ ٭‬Conhecimentos dos resultados;
‫ ٭‬Aprendizagem total e aprendizagem parcial;
‫ ٭‬Aprendizagem programada

Analisemos cada um deles:


• O factor tempo é muito importante na aprendizagem pois

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existe uma relação entre o tempo e os conteúdos
aprendidos.
Distribuição na • A aprendizagem espaçada é repartida no tempo com
prática do tempo intervalos regulares entre sessões de trabalho.
• A aprendizagem concentrada decorre de forma intensiva,
sem intervalos.
• Mais do que um método, o conhecimento dos resultados é
Conhecimento dos um incentivo à aprendizagem: corresponde a um reforço
resultados positivo.
• Aprende-se com os erros: aprende-se melhor e mais
depressa se, por exemplo, depois de um teste se conhece
rapidamente em que é que se falhou e se tem a
possibilidade de corrigir os erros.
• O educando deve entender a temática da unidade e a sua
coerência global, isto é, não se pode opor a aprendizagem
Aprendizagem total parcial (dividir um assunto em partes) à aprendizagem total
e parcial (aprender um assunto na sua globalidade).
• Na maior parte dos casos estes dois métodos conjugam-se
para atingir o objectivo da aprendizagem.
• Neste método, o material a ser aprendido é apresentado
Aprendizagem numa sequência de fases cujo o nível vai aumentando.
programada • Baseada nos princípios de condicionamento operante, a
uma sequência de conteúdos deve seguir-se uma avaliação
e um reforço.

2. Memória:
A memória, que é a condição fundamental para aprender: sem memória não há
aprendizagem. Se não tivéssemos memória teríamos sempre a iniciar as
aprendizagens porque estas não se consolidariam. São as aprendizagens mantidas
na memória que suportam as novas aprendizagens.

2.1. Conceito de memória: Podemos definir memória como o processo cognitivo que
permite integrar, reter e recuperar informação e recordar o que aprendemos. A
memória é:
- A função mental que permite reter informações, isto é, aprender;
- O sistema de armazenamento que permite manter informações;
- A capacidade de evocar, de recordar as informações retidas.
Sem memória, a aprendizagem não seria possível.

2.1.1. Processo mnésico: em todos os actos de memória estão implicadas três


fases ou estádios: aquisição, retenção e recordação.

‫ ٭‬Aquisição – fase que corresponde à entrada dos conteúdos na memória.


‫ ٭‬Retenção/armazenamento – fase de armazenamento ou conservação dos
conteúdos que podem ser mantidos por diferentes períodos de tempo.

‫ ٭‬Recordação/activação/recuperação/reactivação – fase de recuperação, de


evocação dos conteúdos que adquirimos e retivemos.

2.1.2. Relação aprendizagem-memória: a memória está intimamente


relacionada com a aprendizagem: é na fase de aquisição, portanto de
aprendizagem, que os materiais da memória são adquiridos. São os conteúdos
aprendidos que são a matéria-prima da memória; sem eles o processo mnésico não
existiria. Por outro lado, se não houvesse memória não se aprendia. Quando
definimos aprendizagem constatámos que esta corresponde à aquisição de
comportamentos novos ou à mudança dos que já existem. Ora, sem o registo,

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através da memória, daquilo que aprendemos a própria aprendizagem seria
impossível: estaríamos sempre a começar tudo de novo. É a memória que permite
que o que adquirimos na aprendizagem se mantenha e possa ser recordado
sempre que necessário. Aprendizagem e a memória fazem parte do mesmo
processo: aprendemos porque memorizamos; quanto melhor aprendemos, melhor
memorizamos. Podemos concluir que é graças à acção complementar e integrada
da aprendizagem e da memória que os seres humanos se adaptam ao meio
produzindo instrumentos, objectos, conhecimentos.

2.2. Tipos de memória: Geralmente distinguem-se três tipos de memória: memória


sensorial, memória a curto prazo e memória a longo prazo.

• Memória sensorial - é um tipo de memória que tem origem nos órgãos


dos sentidos. Por isso, podemos falar de memória sensorial auditiva (ou
ecóica), visual (ou icónica), olfactiva e etc. as informações obtidas pelos
sentidos são retidas por um curto espaço de tempo – entre 0,2 e 2
segundos. É graças a este tipo de memória que é possível ver um filme
(memória sensorial visual) e perceber um texto que ouvimos (memória
sensorial auditiva). Se a informação não for processada perde-se; se for
processada passa para a memória a curto prazo.

• Memória a curto prazo – é um tipo de memória que armazena a


informação recebida pela memória sensorial. Os materiais são retidos
durante cerca de 30 a 60 segundos. De acordo com as investigações
levadas a cabo sobre a memória podemos conservar na memória a curto
prazo cerca de 7 elementos. O tempo de retenção aumentará se repetirmos
mentalmente a informação. Este tipo de memória é também designado por
memória de trabalho, operacional ou activa. Os dados da memória a curto
prazo, se forem processados, passam para a memória a longo prazo. Para
que a informação fique armazenada nesta memória é preciso que seja
repetida e codificada.

• Memória a longo prazo – permite conservar dados, informações


adquiridas, durante dias, meses, anos, e até durante toda a vida. É graças a
este tipo de memória que somos capazes de ler, de reconhecer trajectos, de
identificar pessoas conhecidas, de recordar episódios da nossa infância.
Podemos até afirmar que a sua duração é ilimitada. A memória a longo
prazo, contem dados que têm origem na memória a curto prazo. Para ser
armazenada, a informação sofre um processo de transformações, ou seja, é
codificada.

Memória Memória a curto Memória a longo


sensorial prazo prazo
Tempo de • Escassos • De 30 a 60 • Horas, dias, meses,
armazenament segundos (0,2 a 2 segundos anos, toda a vida.

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o Seg.)
Atenção • Nenhuma/muito • Alguma • Moderada
pouca
Capacidade • Ilimitada: todos • 7 Elementos (+/- • Ilimitada.
os dados 2)
registados pelos
órgãos dos
sentidos.
Exemplos • Quando se vê • Consultamos um • Recordamos a casa
alguma coisa por número da lista onde passávamos as
instantes e nos telefónica e férias na nossa
pedem para recordamo-lo infância.
recordar um enquanto o
pormenor. digitamos.

2.3. Memória e esquecimento: Podemos definir esquecimento como a incapacidade


de recordar e de recuperar informações, os conteúdos foram memorizados.
Geralmente, associa-se ao termo esquecimento um valor negativo, sendo este
muitas vezes considerado uma falha, uma doença da memória. Contudo, o
esquecimento é essencial, é a própria condição de memória: é porque esquecemos
que continuamos a reter informações. Seria impossível conservar todos os materiais
que armazenamos, tendo o esquecimento a função de seleccionar para podermos
adquirir novos conteúdos tem uma função selectiva e adaptativa: afasta a
informação que não é útil e necessária.
Aliás, convém referir que a memória não reproduz os dados tal como foram
armazenados: a memória é um processo activo com as seguintes características:
‫ ٭‬Selectivo – Nem toda a informação é guardada; afasta a informação
desnecessária e perturbadora;
‫ ٭‬Adaptativo – A informação é transformada.
2.3.1 Factores que explicam o esquecimento:
Desde sempre se procurou dar uma explicação para o esquecimento. Contudo, não
existe uma única razão para esquecermos as informações que adquirimos: o
esquecimento pode ser explicado por vários factores:
‫ ٭‬Interferência de aprendizagens
‫ ٭‬Desaparecimento e/ou alteração do traço mnésico
‫ ٭‬Motivação inconsciente

Analisemos cada um deles:


‫ ٭‬Interferência de aprendizagens – O esquecimento deve-se
fundamentalmente à interferência de aprendizagens. Distinguem-se geralmente
duas formas de interferência: inibição proactiva e inibição retroactiva.

- Inibição proactiva: corresponde à influência negativa que a aprendizagem


tem sobre a recordação de uma nova informação. Se, por exemplo, uma pessoa
perde o seu cartão Multibanco e depois receber um novo, o código do cartão
perdido pode influenciar, interferir, na recordação do novo código;

- Inibição retroactiva: corresponde ao efeito negativo que a informação nova


tem sobre a anterior. Neste caso o processo de interferência aumenta com o
exercício. Retomemos o exemplo anterior: depois de uma pessoa o cartão várias
vezes com o novo código, tem dificuldade em recordar o código anterior.

‫ ٭‬Desaparecimento e alteração do traço mnésico: um dos factores que


explicariam o esquecimento será a modificação, a transformação, com o passar do
tempo, dos conteúdos memorizados, durante muito tempo atribui-se a

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incapacidade de recuperar uma informação ao desaparecimento do traço mnésico:
com o passar do tem desapareceria toda ou parte da informação retida sobre um
determinado assunto. Actualmente pensa-se que, mais do que desaparecer, o que
acontece ao material que não conseguimos recordar é ter sofrido modificações
geralmente por efeito de transferências de aprendizagens e experiências
posteriores. Muitas vezes pensa-se que se esqueceu determinado conteúdo quando
o que aconteceu foi que esse mesmo conteúdo sofreu tantas transformações que
não o reconhecemos. De notar que as alterações do traço mnésico podem ocorrer
nas diferentes fases do processo mnésico.

‫ ٭‬Motivação inconsciente: Freud apresentou uma concepção de esquecimento


que decorre da sua teoria: nós esqueceríamos o que inconscientemente, nos
convém esquecer. Assim os conteúdos traumatizantes, penosos, as recordações
angustiantes seriam esquecidos para assegurar o equilíbrio psicológico segundo
Freud, seria através do recalcamento que os conteúdos do Id seriam impedidos de
aceder ao ego. Este processo é um mecanismo de defesa do ego através do qual
pensamentos, desejos sentimentos e recordações dolorosas são afastados da
consciência com o objectivo de reduzir a tensão provocada por conflitos. O
esquecimento seria selectivo dado que se esqueceriam os conteúdos geradores de
angústia ou de tensão.
Os conteúdos recalcados, “esquecidos”, não podem ser recuperados através de um
acto de vontade. Segundo Freud, só com recurso ao método psicanalítico se
poderia aceder às recordações recalcadas, parte delas com origem na infância
(amnésia infantil).
Os actos falhados – pequenos esquecimentos que ocorrem na vida no dia a dia –
seriam, também, explicados por motivações inconscientes.

2.4. Memória, memórias: as recordações são reconstruídas, isto é, as informações


sofrem modificações, produto de múltiplas variações: o tempo, as experiências e
vivências do sujeito, as suas atitudes, crenças e valores, motivação, factores
emocionais e afectivos… todos os dados retidos são reelaborados, alterados,
deformados; a este processo designamos por processo de reconstrução que torna
evidente que a memória é um processo dinâmico e activo.

2.5. Memória e comportamento: Como acabamos de ver, a memória é o


fundamento dos nossos comportamentos, conhecimentos, pensamentos,
emoções… Sem memória não saberíamos reagir às mais simples situações do dia a
dia, não seríamos capaz de reconhecer o que nos rodeia, não reconheceríamos
sentimentos, emoções, não nos reconheceríamos a nós próprios.
Efectivamente, é a partir das informações que cada um de nós possui que é
possível:
- Adaptação ao meio;
- A atribuição de significado às experiências vividas;
- A aquisição do sentimento de identidade pessoal.

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