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A previdência complementar no Brasil surgiu, de forma regulamentar, com a lei nº. 6.435,
de 1977, em consonância com a experiência norte-americana do ERISA (Employee Retirement
Income Security Act), na necessidade de regulamentação dos montepios, da canalização da
poupança previdenciária ao desenvolvimento do mercado de capitais no País a partir do 2º
Programa Nacional de Desenvolvimento e no funcionamento de algumas entidades de previdência
privada ligadas ao setor estatal.
Com o advento das leis complementares nºs 108 e 109, de 2001, a previdência
complementar ganhou novo impulso com o alinhamento às melhores práticas internacionais em
termos de novos instrumentos, novos tipos de entidade de previdência complementar, transparência,
boa gestão financeira e aperfeiçoamento na governança dos fundos de pensão.
O sistema que esteve parado na segunda metade da década de 90, por conta de eventos
societários das empresas patrocinadoras que derivou sobre os planos de benefícios, teve, a partir
dessas leis, e principalmente depois de 2003, um revigoramento com a regulamentação dos novos
institutos, como a portabilidade dos recursos que permitiu ao trabalhador levar sua poupança
previdenciária ao trocar o vínculo profissional, com a criação do Instituidor – atualmente, são 22
entidades, 150 planos de benefícios, 200 instituidores, um montante acumulado de R$ 235 milhões,
com contribuições mensais de mais de cem mil novos participantes –, que permitiu estender a
proteção previdenciária a outras categorias profissionais, como engenheiros, dentistas, médicos,
comerciários, magistrados, procuradores e advogados, e o novo regime tributário, que trouxe o
diferimento fiscal na fase de capitalização de recursos além da regressividade, opcional aos
participantes e assistidos no período de fruição dos benefícios, que combina alíquotas de imposto de
renda com prazo de acumulação.
Nesse sentido, fruto de uma política macroeconômica consistente, uma regulação adequada
e boa gestão dos fundos de pensão, vivemos uma situação de pujança na previdência complementar,
com o sistema acumulando nos últimos cinco anos um superávit de mais de R$ 70 bilhões, algo
inusitado, já que sempre nos deparamos com as situações de déficits e dívidas previdenciárias. E
por isso muitos são os desafios, que passam inclusive pelo reforço nas regras prudenciais de
solvência e segurança dos planos de benefícios, com vistas a atender os objetivos de garantia da
aposentadoria aos participantes e assistidos.
Apesar dos excelentes avanços, a agenda para o sistema tornou-se mais complexa e vai
passar nos próximos anos pela educação financeira e previdenciária dos participantes, inclusive com
a certificação dos dirigentes, por uma metodologia de supervisão baseada em riscos, pela nova
planificação contábil alinhada ao novo padrão internacional, por regras mais ampliadas de solvência
e liquidez, pela permissão às operações de resseguro em função da abertura, pela LC 126, de 2007,
do mercado ressegurador, por uma regulação de investimentos mais flexível e harmonizada com o
quadro econômico e avanços na auto-regulação da previdência complementar.
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(1)
Ricardo Pena, 39 anos, é Secretário de Previdência Complementar do Ministério da Previdência
Social.