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Filosofia do Conecimento (2º parte, p.

87-166),
de Jorge Coutinho,
Lisboa: Universidade Católica Editora, 2003

Mestrando: Elisandro Gomes Cabangage

O livro “Filosofia do Conecimento” foi publicado pela Universidade


Católica Editora em 2003 e o seu autor é o Jorge Coutinho. Os principais temas
que a segunda (2ª) parte deste livro que tem como subtítulo “Conhecimento e
Verdade”, onde nela procuramos abstrair a “Verdade no contexto da Teoria do
Conhecimento”, nos apresenta as seguintes temáticas como principais: 1. Acepções
da Verdade; 2. Tipos de Verdade; 3. Partindo da ideia de Verdade. O objectivo
desta segunda parte é de nos fazer mergulhar na compreensão da verdade enquanto
uma realidade de facto que em nós está condicionada por causa da nossa finitude,
sendo que, esta nossa particularidade nos leva a conceber noções como o
“Cepticismo” e o “Dogmatismo” enquanto formas de exclarecermo-nos se
podemos ou não ter certeza se estarmos no domínio da verdade. Desta feita,
passemos então a expor o conteúdo desta segunda parte do livro:

1. Acepções da Verdade

O termo verdade é polissémico, o que quer dizer que em todos os seus


significados há algo de comum, mas em cada um há algo de diferente. O
denominador comum quando se diz sobre a verdade é a relação que ela exerce
relativamente ao ser. Partindo duma perspectiva etimológica, podemos encontrar
diversidades de significados que acabam por fornecer a tónica semântica de
diferentes ideias de verdade. Nesta senda, em alguns sinificados a verdade é
entendida como aquilo que as coisas são, ora com base a sua luminosidade ou
inteligibilidade própria, ora como o seu dizer-se a nós, ora como fiabilidade da
fala, ora como a segurança com que nós as dizermos.

Na actualidade, a distinção mais fundamental e corrente no discurso


filosófico é entre a verdade-adequação ou verdade-correspondência (o que acaba
por ser tomado como verdade lógica) e a verdade-manifestação (que designa-se
também por verdade ontológica).

Tendo em vista que a verdade detém varias perspectivas em si e de igual


forma níveis sistemáticos, analisemos aqui tal questão tendo em conta as seguintes
concepções:

1.1 Os gregos, os mais intelectuais, dizem «verdade» com o termo


alêtheia (desesquecimento, desocultação) para significarem o que, do lado das
coisas, se patenteia ou se torna evidente. A a-lêtheia é o ser a sair do lêthe
(esquecimento, ocultamento).
1.2 Nos latinos, partisse da raiz veritas de onde derivam os actuais
lexemas neolatinos «verdade», «verdadeiro», etc, e que é, ela mesma, já uma
derivação de raízes mais arcaicas comuns, por exemplo o termo com que em
alemão é designada como Whrheit.
Outros apontam a raiz ver(i), com o significado de «afável». A verdade seria
ai aquela espécie de afabilidade que é abertura entre pessoas e que torna fiável a
sua conversação. Segundo esta etimologia, a verdade residiria primeiramente na
fala e nas pessoas que a exercem, designaria em primeira mão o que hoje se
conhece como verdade moral, antitética da mentira.
1.3 Para os hebreus, verdade dizia-se emet, vocábulo da mesma família
do verbo aman (ser sólido, digno de confiança, seguro) e do amén da liturgia (que
indica assentimento, confiança no que acabou de ser proferido).
Verdadeiro era o seguro ou aquele que é digno de confiança, porque se apoia
na fidelidade, sobretudo quando se tratava da fidelidade do Deus da Aliança, em
usos como «apoiar-se na verdade de Deus», «caminhar na verdade», etc.
A verdade tinha ai um significado essencialmente religioso e moral.

2. Tipos de Verdade
A verdade é uma só realidade, no entanto, mediante as perspectivas que o
homem vai criando para melhor debruçar-se mediante a mesma acabamos então
tendo aqui três formas de como designarmos esta questão. Desta forma, analisemos
então os três tipos de verdades que aqui passamos a desenvolver para melhor
apresentarmos um modelo de verdade que possa abarcar esta questão como um
todo.
2.1 Na tradição do pensamento ocidental, de raízes essencialmente gregas,
a ideia de verdade é, originariamente, a de uma verdade ontológica. Por verdade
ontológica entendemos aqui – em geral e, em parte, provisoriamente – a verdade
enquanto que está do lado do ser e/ou dos entes.
Neste diapasão, mergulhemos então numa analise daquilo que é a verdade
mediante algumas concepções do pensamento ocidental tendo em conta alguma
das suas correntes e autores:
Na primitiva poesia grega, é onde se enconta a pré-história da
verdade ontológica dos tempos arcaicos, ligada a expressão
mitológica. Lembrando que tal verdade desdobra-se mediante uma
abordagem poética e religiosa.
Na tradição hebraica ou bíblica, a verdade advém ao homem do
lado de Deus, como desvelamento ou revelação do seu mistério e dos
seus desígnos acerca do mesmo homem. Sendo que, no Novo
Testamento a verdade originária é mesmo identificada com a
realidade de Deus enquanto seu Verbo ou Palavra (Lógos).
Em Platão, vê-se como uma progeção oriunda do hiperurânio (o
mundo perfeito, imutavel e eterno) ao ser projectada no mundo de
aparências (o nosso, sendo imperfeito, mutavel e temporal) pelo
Deniurgo (um organizador do nosso mundo) como sendo a essência
das coisas, e esta como sendo o seu ser ideal. Conquanto, tal questão
é bem retratada quando Platão nos apresenta o “Mito da Caverna”.
Em Santo Agostinho, a ideia de verdade é situada na própria
essência de Deus como sendo ai a habitação da verdade. Deus é a
própria verdade e todas as criaturas são apenas participações desta
verdade primaria, e como ele diz “Todo o verdadeiro é verdadeiro
pela Verdade”.
Na tradição Escolástica, é onde se deu primeiramente o uso da
expressão «verdade ontológica», sendo que com ela queria-se
justamente exprimir a verdade que está nos entes, antes de estar na
mente humana. Esta vertente tomada como verdade ontológica
enquanto algo que se firma na natural abertura do ser à inteligência, é
considerado como estando nos entes reais deste mundo.
Em Heidegger, a verdade ontológica é a verdade do ser (tomado
como a manifestação do ente), apresentando-nos também a verdade
ôntica como referente ao ente. A verdade originária é a verdade
ontológica em solidariedade com a verdade ôntica.

2.2 Em rigor, a verdade lógica é a adequação ou a conformidade do juízo


com a realidade, sendo assim derivada e relativamente secundária a verdade
ontológica porque a pressupõe, como sendo aquilo que a determina.
A verdade lógica tem sido algumas vezes utilizada para designar a verdade
como coerência ou não contradição no interior de um sistema de ideias, de coisas
ou de simples relações quantitativas ou como corecção numa operação lógica ou
matemática.

2.3 A verdade moral pode ser entendida em dois sentidos:


- Num sentido amplo, sendo como sinónimo de rectidão moral ou
conformidade com a realidade. Esta vertente funda-se na causalidade final, assim
sendo, viver na verdade é caminhar na verdade, isto é, na senda recta, sem desvios,
que conduz à verdadeira realização humana.
- Num sentido mais restrito, aplicando-se assim à linguagem humana na
medida em que esta se conforma com o pensamento. Entendendo-se assim como
sinónimo de veracidade enquanto verdade no dizer, ou seja, a conformidade do que
alguém diz com aquilo que está a pensar.
A verdade moral liga-se com o ser como valor enquanto um bem para mim,
fazendo com que a minha existência seja revestida de valor, que valha apena viver.

3. Partindo da ideia de Verdade

A ideia de verdade implica sempre uma relação à inteligência. Nada é


verdadeiro senão enquanto que tem relação com (algum)a inteligência e com o
pensamento: ou porque permite a manifestabilidade (verdade ontológica
heideggeriana), ou porque é inteligível (verdade ontológica em sentido clássico),
ou porque é entedido (verdade lógica) ou porque está em vias de se dar a entender
(verdade hermenêutica). Como quer que seja, não faz sentido falar-se em verdade
sem referência à inteligência e sem radicação no ser.

A auto-afirmação do ente em si mesmo é a sua dizibilidade; o seu dizer-se a


mim é o seu dar-se a conhecer; o eu dizer o que ele é, é o meu re-conhecer o que
ele é. Esta tripla distinção permite distinguir entre verdade em si, verdade para nós
e verdade em nós. Partindo desta triplice, passaremos então a analisar a ideia de
verdade em nosso contexto existencial:

3.1 A verdade em si, ela é a verdade do que as coisas são ou dita como
verdade ontológica enquanto palavra (lógos) que as coisas têm para dizerem.
Como tal, ela é o próprio ser das coisas, passível de ser desvelada na nossa
experiência do mundo (verdade para nós) ou de ser afirmada por nós no juízo
(verdade em nós). Porquanto, a presente verdade têm as seguintes características:
absoluta e necessária; imutável e transtemporal; universal e transespacial;
indivisível.
Elencada as característica acima, existe uma outra fundamental que é a
impositividade da verdade. Esta é a caracteristica que Nietzsche muito criticou pelo
facto de que historicamente esta característica foi tomada num patamar de
endeusamento e não dum modo problemático assim como ela deve ser tomada para
não se revelar uma autentica violência tal como aludem os adeptos de Nietzsche.
3.2 A verdade para nós, é o aceder a verdade ao ponto de a possuir pelo
conhecimento, contanto que ela é também designada como verdade-acontecimento
ao ser tomada como o acontecimento da verdade.
Nesta vertente entramos numa contra-balança entre o cepticismo e o
dogmatismo ao sermos levado a mergulharmos profundamente na questão
hermenêutica, isto porque estamos, sobre tudo, numa variante da verdade que é
puramente hermenêutica. Com base em tal questão, entramos numa certa
relatividade e na inevitável finitude do nosso conhecimento. Somos seres finitos no
horizonte de uma verdade que em si nos transcende infinitamente. Só conhecemos
parcela da verdade, jamais a possuímos em sua inteireza.
3.3 A verdade em nós, esta é mais uma contra-posição entre o cepticismo
e o dogmatismo ao levantar-nos a termos em conta a problemática da certeza como
um requesito de verdade, como um saber consistente e seguro afim de podermos
tê-lo como aceitável.
Na actualidade, nos meios filosóficos, parece dominar a tese fundamental da
filosofia hermenêutica, de que só temos acesso a uma verdade para nós. No
entanto, continua a haver defensores da possibilidade de termos a verdade em nós,
e de a termos com a perfeição de posse, isto é, como segurança enquanto certeza.
Em sintese, saber com certeza implica ter uma direção do conhecimento para
dentro do sujeito, para obter o próprio conhecimento, ou seja, é saber que esse
conhecimento é mesmo verdadeiro.

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