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Realização
Centro Nacional de Referência em Biomassa – Cenbio
Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo – IEE/USP
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA/SP
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB
Organização e Coordenação
Suani Teixeira Coelho
Relatoria
Suani Teixeira Coelho
Carlos Eduardo Vaz Rossell
Oswaldo Lucon
José Roberto Moreira
Beatriz Acquaro Lora
Relatório Final
Workshop “Aspectos ambientais da cadeia do etanol de cana-de-açúcar”
Suani Teixeira Coelho1, Carlos Eduardo Vaz Rossell2, Oswaldo Lucon3, José Roberto Moreira4 e
Beatriz Acquaro Lora5.
Resumo Executivo
Esse relatório final tem por objetivo documentar o workshop sobre “Aspectos Ambientais da
Cadeia do Etanol de Cana-de-açúcar”, realizado em 16 de Abril de 2008 na Secretaria de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, como parte das atividades do projeto “Diretrizes de Políticas
Públicas para a Agroindústria Canavieira no Estado de São Paulo” do Programa de Pesquisa em
Políticas Públicas (PPPP) da FAPESP.
O evento foi organizado pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), com a
colaboração da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA/SP) e da Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), visando discutir os diferentes aspectos do tema em
questão.
O Centro Nacional de Referência em Biomassa foi criado em 1996 através de um termo de
cooperação entre o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), a Secretaria de Energia do Estado de
São Paulo (SEE/SP), a Universidade de São Paulo por meio do Instituto de Eletrotécnica e Energia
(IEE/USP) e o Biomass Users Network do Brasil (BUN-Brasil), com a missão principal de
implementar a geração de energia a partir da biomassa utilizando processos eficientes, onde se inserem
os biocombustíveis.
Dentro da área de bioenergia o setor sucroalcooleiro de São Paulo ocupa papel de destaque,
com produção de 62% do etanol no Brasil e 26% do mundo. Na verdade, seus aspectos ambientais
1
Secretária Executiva do Cenbio, relatora do painel IV;
2
Pesquisador Associado do NIPE, relator do painel I;
3
Assessor de Gabinete, SMA, relator painel II;
4
Diretor do Biomass Users Network do Brasil – BUN, Presidente do Conselho Gerenciador do Cenbio e relator do painel
III.
5
Pesquisadora do Cenbio colaborou na organização do workshop e na preparação deste documento final.
2
10:30 – 12:00h
Painel I – Água na Indústria da Cana-de-açúcar
Relator: Carlos Eduardo Vaz Rossell, UNICAMP.
Palestrante: André Elia Neto – CTC;
Debatedor: Dorothy Carmen P. Casarini, CETESB;
Debatedor: Eunice Reis Batista, (EMBRAPA Meio Ambiente);
14:00 – 15:30h
Painel II – Uso do Solo e Biodiversidade
Relator: Oswaldo Lucon, SMA.
Palestrante: Helena Carrascosa, SMA;
Debatedor: Osvaldo Stella Martins, (Iniciativa Verde);
Debatedor: Suani Teixeira Coelho, CENBIO / IEE.
15:30 – 16:30h
Painel III – Emissões de Poluentes Atmosféricos no Setor Sucroalcooleiro
Relator: José Roberto Moreira, Biomass Users Network – BUN.
Palestrante: Ana Cristina Pasini da Costa (DAIA - SMA);
Debatedor: Cláudio Alonso, (SMA);
Debatedor: Carlos Eduardo Komatsu (CETESB);
16:30 – 18:00h
Painel IV – Uso de Agroquímicos e Geração de Resíduos da Indústria da Cana-de-açúcar
Relator: Suani Teixeira Coelho, CENBIO / IEE.
Palestrante: Edna Bertoncini (Pólo APTA Centro Sul);
Debatedor: Marco Antonio Sanches Artuzo, CETESB;
Debatedor: Raffaella Rossetto (Pólo APTA Centro Sul).
2. Termo de Referência6
Sumário executivo
O setor de bioenergia encontra-se diante de um desafio extraordinário: o de comprovar e garantir sua
sustentabilidade. Por ser referência mundial em biocombustíveis, cabe a São Paulo capitanear esse processo,
tanto para assegurar as condições do agronegócio como para difundir boas práticas em escalas nacional e global.
Graças ao Proálcool e à maturidade comercial dos veículos flexíveis, o Estado de São Paulo foi
responsável em 2006 por quase 10 bilhões de litros de etanol de cana, cerca de 62% do total nacional e 26% do
total mundial. Altamente eficiente e com baixo custo de produção, o etanol de cana é hoje uma das melhores
opções para mitigar as emissões de gases de efeito estufa pela queima de combustíveis fósseis. A cogeração de
energia a partir do bagaço é uma alternativa para as termelétricas fósseis poluentes, aos riscos da energia nuclear
e até as hidrelétricas mais complexas.
As emissões veiculares de poluentes regulamentados pelo uso de etanol são comparáveis e até inferiores
às de gasolina e diesel. Os impactos ambientais também foram consideravelmente reduzidos ao longo das
cadeias produtivas agrícola e industrial. Destaca-se nesse ponto a fertirrigação com a vinhaça, o reuso de água e
o gerenciamento de embalagens de agroquímicos.
Contudo, não se podem ignorar as pressões causadas pela vigorosa expansão da cultura da cana de
açúcar no Estado, praticamente dobrando a área cultivada entre 2005 e 2010. Ainda que isso ocorra
predominantemente sobre pastagens pouco aproveitadas, preocupa a preservação e recuperação de
remanescentes florestais, vitais para a manutenção da biodiversidade. Também são foco de atenção os recursos
hídricos, principalmente nascentes e áreas de recarga de aqüíferos. Para isso são necessários critérios e ações
adicionais às atuais. Foco de legislação e de iniciativas voluntárias, também avança rapidamente a redução
progressiva da queima da palha da cana, trazendo consigo uma nova dinâmica produtiva e conservacionista.
Devem ser consideradas as exigências aos processos industriais e à cadeia logística, tanto no licenciamento
quanto na fiscalização. Novos desafios são (i) a prevenção da compactação do solo; (ii) novas emissões de
poluentes atmosféricos em caldeiras de cogeração; (iii) o uso de agroquímicos; (iv) a proteção de áreas de
recarga de aqüíferos.
A competição por alimentos e a indução ao desmatamento pela expansão insustentável da fronteira
6
Documento para discussão, extratos do Relatório da Comissão Estadual de Bioenergia, Termo de Referência n.4,
“Aspectos ambientais na cadeia de biocombustíveis, com ênfase ao etanol e biodiesel (TR 4)”, preparado pela Secretaria de
Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA, 15 de agosto de 2007.
6
7
Os impactos serão relatados pela perspectiva de análise de ciclo de vida (ACV), que é uma das principais ferramentas
técnicas para avaliar os impactos da cadeia de biocombustíveis, do chamado “berço ao túmulo”. Seus parâmetros são as
fronteiras do sistema (condições de contorno) e a unidade funcional (o serviço final propiciado pelo bem avaliado). No
caso, as fronteiras do sistema vão desde a conversão do terreno para a cultura do insumo bioenergético até o efeito dos
impactos nos corpos receptores. A unidade funcional é o serviço energético propiciado pelo bioetanol, pela eletricidade e
calor de processo a partir do bagaço da cana. Os impactos ambientais não ocorrem de maneira uniforme pelas camadas da
população, nem geograficamente, nem ao longo do tempo. O tratamento da questão deve considerar as desigualdades e os
mais atingidos, tanto em termos de pessoas quanto de ecossistemas.
8
IPCC (2007) 4th Assessment Report, Mitigation, www.ipcc.int.
9
UNICA. Disponível em http://www.portalunica.com.br/portalunica/?Secao=referência e USRFA,
http://www.ethanolrfa.org/industry/statistics/#E.
10
O etanol é misturado a toda a gasolina em São Paulo, variando entre 20% e 25% em volume. O álcool também é usado
7
em frotas dedicadas e em veículos flexíveis, substituindo 40% de todas as necessidades paulistas de gasolina. Na bomba, o
etanol custa 70% ou menos em relação à gasolina, tornando o combustível renovável atrativo ao usuário final.
11
Joaquim Eugênio Abel Seabra, Manoel Regis Lima Verde Leal, Isaias de Carvalho Macedo (2007). The energy balance
and GHG avoided emissions in the production / use of ethanol from sugar cane in Brazil: the situation today and the
expected evolution in the next decade. NIPE, UNICAMP, em publicação.
12
CETESB (2007) Relatório de Qualidade do Ar 2006, www.cetesb.sp.gov.br.
8
Os impactos ambientais do ciclo da cana de açúcar e do álcool foram bastante reduzidos nos últimos 30
anos. A EMBRAPA classifica os impactos sobre o meio físico conforme a Tabela 2 e os sobre a fauna segundo
a Tabela 313.
13
Para ilustrar, a EMBRAPA apresenta alguns indicativos para os insumos utilizados pela cana-de-açúcar em São Paulo:
adubação 408 kg K/ha/ano, 275 kgN/ha/ano e 146 kg P205/ha/ano (ii) corretivo, 3 t/ha/ano; (iii) herbicida, 2 l/ha/ano.
Fonte: EMBRAPA (s.d.) Agroecologia da Cana-de-açúcar. Evaristo Eduardo de Miranda (coord.),
http://www.cana.cnpm.embrapa.br/canin.html. Vide também, para queimadas, http://www.queimadas.cnpm.embrapa.br/ .
9
Milhões de hectares
Cana de açúcar 4,3
Outras culturas 3,6
Áreas cultivadas 7,9
Florestas e cerrados naturais 3,2
Reflorestamento 1,1
Pastagens 9,8
Áreas de naturais e de agropecuária 22
Áreas urbanizadas 2,85
ÁREA TOTAL, SAO PAULO. 24,9
Ainda que os números macros sejam favoráveis à ampliação da cultura da cana, não se pode perder a
perspectiva dos remanescentes florestais, vitais para a manutenção da biodiversidade e da conectividade entre
ecossistemas. Os de cerrado em áreas particulares são especialmente vulneráveis (Tabela 5).
10
A queima da palha da cana submete-se a processos de autorização pela SMA, suspensos quando as
condições atmosféricas estiverem desfavoráveis14. Em São Paulo há uma lei em vigor15 para a redução
progressiva da queima da palha da cana. Os prazos são considerados longos demais e uma iniciativa
governamental (Protocolo Agro-ambiental, citado mais adiante) procura chamar os principais produtores para
antecipar tais datas, respectivamente para 2014 e 201716. Atualmente, cerca de 76% das lavouras de cana ficam
em áreas mecanizáveis, com declividades inferiores a 12%..Para limitar a prática da queima da cana no Estado,
uma resolução da SMA17 determina um teto de 2,21 milhões de hectares, reduzindo em 4% as licenças para
queima concedidas ao setor em relação a 2006 e atingindo 130 mil hectares de canaviais. A resolução também
determina que toda usina licenciada a partir de agora só possa moer cana crua. Quem respeitar os novos limites
de queima poderá ter o prazo da licença ampliado em até 50%. Também merecem menção as iniciativas de
âmbito municipal. Pela Lei no 3.963/05, a cidade de Limeira proibiu a queima da palha da cana-de-açúcar.
Justificada por proteger o meio ambiente e preservar a saúde da população, a lei municipal foi considerada
constitucional Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo18. Um projeto de lei semelhante aguarda votação em
Piracicaba.
14
SIGAM (2007) Eliminação Gradativa da Queima da Palha da Cana-de-açúcar. Sistema Integrado de Gestão Ambiental -
SMA/CPRN, http://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam2/default.aspx?idPagina=123. Vide também Lei 11.241/02, Decretos
47.700/03, 49.391/05, 49.446/05, Resoluções SMA 12/05, 33/07 e 34/07.
15
Lei 11.241/02.
16
O Estado de São Paulo tem hoje cerca de 4,2 milhões de hectares de cana plantada. Em 2006 foram colhidos 3,4 milhões
de hectares de cana no Estado, dos quais 900 mil hectares sem queima. Os restantes 2,5 milhões de hectares foram
queimados. Para se ter uma idéia, 2,5 milhões de hectares correspondem à área de 16 cidades de São Paulo. Cada hectare
de cana queimado emite 300 kg de material particulado, que causam problemas respiratórios e sobrecarregam o sistema de
saúde pública. No ano de 2006, os 2,5 milhões de hectares de cana queimados emitiram 750 mil toneladas de particulados.
17
Resolução SMA n. 33, 21/06/2007.
18
http://conjur.estadao.com.br/static/text/53687.
11
19
D. E. 50.753/2006
20
CONAMA (2006) Resolução 382. Conselho Nacional do Meio Ambiente,
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38206.pdf.
12
O uso de água, principalmente o consuntivo (sem retorno à origem) é um aspecto que dá grande
vantagem estratégica à cana de açúcar paulista, que dispensa irrigação. A fertirrigação é uma prática
consolidada no setor, que com isso reduziu sensivelmente a necessidade de fertilizantes e o lançamento de
efluentes orgânicos nos corpos d água superficiais22. As usinas paulistas reduziram o consumo de água
consideravelmente ao longo do tempo, mas ainda são grandes usuárias nas regiões dos rios Mogi, Pardo, São
José dos Dourados, Aguapeí e Médio Paranapanema23. Legislação estadual já implementou a cobrança pela
captação de água nas bacias hidrográficas e pelo lançamento de efluentes24.
Espera-se uma melhor proteção de nascentes com a eliminação da queima da palha da cana crua e com
os planos de proteção de nascentes, o que preservará melhor a cobertura natural. A lei de Áreas de Proteção e
Restauração de Nascentes (APRM)25 prevê a participação dos municípios e da sociedade no desenvolvimento de
21
US EPA (2007) Air pollution emission factors, AP-42, www.epa.gov/ttn/chief/ap42/ch01/index.html.
22
Segundo o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em 1990 o consumo médio de água uma usina no Centro-Sul do
Brasil era de 5,6 m3 de água por tonelada de cana processada. Os dados de 2005 indicam que, em média, as usinas
captavam 1,8 m3 por tonelada, representando uma redução de quase 70% no consumo de água. Em 2007 há unidades que
trabalham com aproximadamente 1 m3 por tonelada, graças a um gerenciamento e reuso eficientes, disponível em
http://www.ideaonline.com.br/.
23
SIGRH (2000) Relatório de situação dos recursos hídricos do Estado de São Paulo – síntese. Junho, 2000. Sistema de
Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo,
http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/basecon/r0estadual/sintese/capitulo02.htm. Em 1990, as usinas consumiam 47 m3/s de
água, ou 13% da demanda total urbana, industrial e de irrigação. A disponibilidade hídrica atual é de 893 m3/s(Q7,10), para
uma vazão de referência de 2020 m3/s. Pelo balanço hídrico do Estado de São Paulo, o escoamento total de 3.120 m3/s
representa 29% da precipitação pluviométrica, sendo o máximo potencial teoricamente possível de ser explorado. Por
razões econômicas esse potencial se reduz na prática a cerca de 70% desta vazão. O volume das chuvas de 1.376 mm/ano à
primeira vista é satisfatório para garantir a produção agrícola; todavia, sua distribuição ao longo do ano não é uniforme. O
escoamento básico, que alimenta os cursos d água na época de estiagem, é de 1.285 m3/s, cerca de 41% do escoamento
total, sendo os outros 59% relativos ao escoamento superficial direto de 1835 m3/s. A disponibilidade de água subterrânea
no aqüífero relaciona-se diretamente com o escoamento básico da bacia de drenagem instalada sobre a área de ocorrência.
24
Lei Estadual 12.183/05.
25
Lei Estadual 9866/97.
13
26
Alguns exemplos: (i) FAO (2007) Food Outlook Report, http://www.fao.org/giews/english/fo/ e
http://www.fao.org/docrep/010/ah864e/ah864e01.htm. O relatório se refere aos cereais e às oleaginosas; (ii) UM-Energy
(2007) Sustainable bioenergy: A framework for decision makers, http://esa.un.org/un-energy/pdf/susdev.Biofuels.FAO.pdf;
(iii) Mikhail Gorbachev e Jean-Michel Severino (2007) Climate Change and water security,
http://www.afd.fr/jahia/webdav/site/myjahiasite/users/administrateur/public/communiques/Climate_change_&_water_secur
ity_GorbachevSeverino.pdf .
27
Sobre o tema, a UNICAMP, junto com a EMBRAPA, mantém o CEPAGRI - Centro de Pesquisas Meteorológicas e
Climáticas Aplicadas à Agricultura (http://www.cpa.unicamp.br/).
28 O Decreto Estadual 50.889/06 procura regulamentar a matéria, mas é objeto de ação direta de inconstitucionalidade pela
FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,
http://www.fiesp.com.br/ambiente/downloads/esclarec_reservalegal_final.pdf).
14
29
Segundo Prado (2007) e Ometto (2005), os principais agrotóxicos aplicados na lavoura da cana-de-açúcar são: Ametrina
(herbicida com nomes comerciais de Gesapax, Herbipax e Metrimex), Atrazina (herbicida para controlar gramíneas anuais
e latifoliadas), Clorpirifuos (inseticida considerado tóxico), Diflubenzuron (inseticida de baixa toxicidade), Diuron
(herbicida do grupo da uréia, de baixa toxicidade), 2,4 D (herbicida do grupo químico dos fenoxis), Finitrotin (inseticida de
baixa toxicidade), Hexazinone (herbicida conhecido como Velar K), Glifosato (conhecido como Roundup), e Paration metil
(componente ativo de alguns pesticidas organo-fosforados, com projeto de lei para banimento no país), Simazina (herbicida
com nomes comerciais de Topeze e Simetrex SC), Tebuthiuron, (herbicida de nome comercial Perflan e Combine),
Telrithiuron e Velpark. Há ainda, de forma clandestina, o uso de Aldrin (um organoclorado de utilização proibida pelo seu
poder residual e acumulativo na cadeia alimentar). Fontes: (1) Thiago Guilherme Ferreira Prado (2007) Externalidades do
ciclo produtivo da cana-de-açúcar com ênfase na produção de energia elétrica. Dissertação apresentada ao Programa
Interunidades de Pós-Graduação em Energia da Universidade de São Paulo (Escola Politécnica / Faculdade de Economia e
Administração / Instituto de Eletrotécnica e Energia / Instituto de Física) para obtenção do título de Mestre em Energia.
Orientação: Prof. Dr. José Roberto Moreira São Paulo. Disponível em
http://www.iee.usp.br/biblioteca/producao/2007/Teses/Dissertacao-ThiagoPrado.pdf. (2) Ometto, A. R. Avaliação do ciclo
de vida do álcool etílico hidratado combustível pelos métodos EDIP, Exergia e Emergia. São Carlos. Tese (Doutorado) –
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2005; (3) PL 1518/1999 - Proibição do uso do Paration
Metil em defensivos agrícolas.
15
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Fonte: SIGRH, 2000. As velocidades de fluxo nos aqüíferos variam muito, podendo levar alguns anos para que os efeitos
da contaminação sejam produzidos. Nas áreas de maior vulnerabilidade, deve-se ter um cadastro de atividades detalhado e
uma política de proteção das águas subterrâneas, dirigida ao manancial (aqüífero) e ao poço Nos últimos anos a poluição
dos aqüíferos vem sendo objeto de uma linha específica de trabalho cuja metodologia foi aplicada num projeto abrangente
para todo o Estado – com participação de técnicos do DAEE, da CETESB e do Instituto Geológico e permitiu caracterizar
os diferentes sistemas aqüíferos quanto à vulnerabilidade natural à poluição, cadastrar a carga contaminante e mapear e
classificar as áreas de riscos de poluição. No mapeamento da vulnerabilidade as áreas críticas foram estudadas e
classificadas em três grupos comparando-se vulnerabilidade e carga poluidora. As áreas de maior preocupação ambiental
concentram-se na região noroeste paulista, área de recarga do aqüífero Bauru. Outras áreas são a zona de recarga do
aqüífero Guarani, a região de Ribeirão Preto/Franca e arredores; Bauru e arredores; vale do Paraíba, abrangendo São José
dos Campos, Taubaté e Pindamonhangaba; região de Campinas e arredores.
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Os maturadores são definidos como agentes reguladores do crescimento vegetal que podem causar diminuição do
crescimento sem alterar eventos fisiológicos que operam no processo de sintetização e armazenamento de açúcares,
resultando em acumulação de mais açúcar (sacarose) nos colmos. A aplicação de maturadores vegetais na cultura da cana-
de-açúcar tem se tornado uma prática comum, com o objetivo de antecipar a maturação natural e assim disponibilizar
matéria-prima de boa qualidade para industrialização antecipada, e também auxiliar os produtores no manejo das
variedades. Os principais produtos utilizados como maturadores no mercado são: Ethrel (Ethefon, regulador de crescimento
e inibidor do florescimento), Roudup (Glyfosate, inibidor de crescimento) e Moddus (Etil-trinexapac, inibidor do
florescimento). Fonte: Rogério do Nascimento e Antônio Carlos Arabicano Gheller (1999). Resultados da aplicação de
maturadores vegetais em cana-de-açúcar, variedades RB72454 e RB835486 na região de Araras, SP. Universidade Federal
de São Carlos, http://www.propg.ufscar.br/publica/4jc/ixcic/UFSCar/Agrarias/879-nascimento.htm.
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A CETESB realiza o controle da poluição das águas, dispõe também de informações sobre o uso industrial; porém, seus
dados estão mais voltados ao aspecto qualitativo dos efluentes e não às demandas requeridas pelas indústrias.
33
D. E. 50.753/2006.
34
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável, a da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento da ONU: “aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de
atender as necessidades das futuras gerações”. Esse conceito, que foi incorporado na nossa Constituição, considera o tripé
social, econômico e ambiental e contém importantes princípios: (i) o de não esgotar os recursos para o futuro, tanto os de
17
extração quanto os de depósito de rejeitos; (ii) o de harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, o
que não ocorre sem conflitos, que devem ser gerenciados pelo Estado; e (iii) o direito universal de consumir na medida das
necessidades, que embute a noção de eqüidade.
35
Dentre os quais, mencionem-se: (1) UNICA (2005) A energia da cana-de-açúcar: doze estudos sobre a agroindústria da
cana-de-açúcar no Brasil e sua sustentabilidade. Isaías de Carvalho Macedo (org.). União da Agroindústria Canavieira do
Estado de São Paulo. CDD-338.173610981; (2) Edward Smeets, Martin Junginger, André Faaij, Arnaldo Walter e Paulo
Dolzan (2007) Sustainability of Brazilian bio-ethanol. Universidade de Utrecht e Universidade Estadual de Campinas.
Report NWS-E-2006-110. ISBN 90-8672-012-9. Disponível em
http://www.bioenergytrade.org/downloads/sustainabilityofbrazilianbioethanol.pdf.
18
36
Como proposta de longo prazo, o Relatório CETESB sobre Águas Subterrâneas traz uma proposta de gestão integrada de
recursos hídricos, baseada no monitoramento da qualidade dos aqüíferos e em inventário. O ordenamento e o uso racional
da água na irrigação como no uso urbano e industrial são considerados indispensáveis para evitar graves conflitos entre
usos. Os objetivos do gerenciamento dos recursos hídricos são: (i) a distribuição eqüitativa das disponibilidades hídricas
entre usos e usuários competitivos36; (ii) assegurar padrões de qualidade compatíveis com as necessidades dos usuários. A
derivação quase sempre implica maior possibilidade de conflitos entre usos. Resulta, regra geral, no retorno das águas
derivadas em menor vazão, isto é, com perdas consuntivas cujo porcentual varia em cada uso e caso, com alterações de
qualidade mais ou menos intensas. De modo geral no Estado de São Paulo é cada vez maior a importância das demandas de
água para a irrigação, atividade que mais utiliza e, de longe, a que mais consome água. Águas subterrâneas atendem a uma
população aproximada de 5,5 milhões de habitantes; 308 municípios são totalmente abastecidos por esse recurso
estratégico, cuja degradação e exaustão podem acarretar conseqüências irreversíveis. No Oeste Paulista, cerca de 80% dos
municípios são abastecidos exclusivamente por água subterrânea.
37
Mais em http://www.ibama.gov.br/siucweb/rppn/.
38
Onofre Trindade Jr., Luis F. C. Chavier (2007). Uso de imagens aéreas no gerenciamento da cana-de-açúcar. IDEA
http://www.ideaonline.com.br/ideanews/ideanews.asp?cod=46&sec=4. Um sistema automático para a coleta de imagens
tem baixo custo se comparado à utilização de aeronaves convencionais, permitindo a operação em vôos de baixa altitude
sem risco para o piloto, trabalhadores em solo e instalações. O equipamento permite a obtenção de imagens de altíssima
resolução em condições de tempo encoberto, de impossível obtenção por satélites. As imagens desse sistema podem ser
obtidas no instante necessário, o que é impossível quando se utiliza imagens de satélite. Imagens de alta resolução obtidas
19
são processadas automaticamente para a obtenção dos mapas temáticos de interesse do agricultor, como infestações,
regularidade de plantio, distribuição de palha, produtividade e erosões.
39
Art. 44, III, Código Florestal.
40
Art. 36 da Lei 9.985/00, arts. do Decreto 4.340/02 e Resolução Conama 371/06.
20
Questões
Pontos principais
- Gestão ambiental integrada dos recursos;
- Ação integrada;
- Mecanismos de incentivo à proteção, recuperação dos biomas e áreas críticas.
Biodiversidade
1. Como garantir a manutenção da Reserva Legal e Áreas de Proteção Permanente (APPs)?
2. Quais são as ferramentas necessárias para garantir a proteção do Bioma Cerrado?
41
Para se ter uma idéia, uma frente de colheita mecânica de 3,2 mil t de cana/dia requer R$ 8,5 milhões, versus R$ 5,2
milhões em uma frente de colheita manual. Para o Estado de São Paulo, serão necessárias 3,65 mil máquinas, além das
atuais 1,15 mil em operação. Com a renovação de 15% ao ano, os fabricantes terão de oferecer 3,74 mil máquinas em sete
anos, o que corresponde a 535 máquinas por ano só para São Paulo. Fonte: Diana Nascimento (2007) antecipar o fim da
queimada: problema ou solução? IDEA, http://www.ideaonline.com.br/ideanews/ideanews.asp?cod=46&sec=.
42
Programa de Controle de Poluição, http://www.cetesb.sp.gov.br/Servicos/financiamentos/procop.asp.
43
Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição, Lei nº 11.160 (18.06.2002) e Decreto nº 46.842 (16.06.2002).
21
Disponibilidade de Água
1. Quais as ferramentas para incentivar o uso racional do recurso?
2. Quais as políticas públicas para ordenamento das outorgas em função da efetiva capacidade de suporte
do meio?
Agroquímicos
1. Como viabilizar o controle de utilização de agroquímicos?
2. Quais são as ferramentas para garantir análises de ciclo de vida detalhadas dos agrotóxicos utilizados?
3. Quais as formas de incentivar a reciclagem e o reúso do recurso água?
Emissões Atmosféricas
1. Como efetivar o controle de emissão de particulados?
2. Como garantir o monitoramento constante das emissões?
3. Como viabilizar o cumprimento do Decreto Estadual 50.753/06 - Compensação de Emissão de
Poluentes Atmosféricos em Zonas Saturadas?
4. Como monitorar caldeiras antigas? Renovação de licença, mapeamento das tipologias, inventário de
fontes e exigência da melhor tecnologia disponível?
3. Abertura
Indicativo da relevância do tema em questão, a abertura do workshop contou com a presença do Dr.
Fernando Rei, Presidente da CETESB, também representando o Secretário de Meio Ambiente Francisco
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8. Conclusões
O primeiro painel trouxe as questões do uso da água no setor sucroalcooleiro (aguardando envio de
relatoria).
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