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Votorantim, 05 de novembro de 2020.

Carta aberta à cidade

O Conselho Municipal de Cultura de Votorantim vem por meio desta manifestar seu repúdio a
atitude antidemocrática da prefeitura municipal de Votorantim que através da Secretaria de Cultura e
Turismo, de forma arbitrária, mudou os critérios do edital que prevê a distribuição dos recursos federais
da lei Aldir Blanc que somam R$837 mil.

Importa esclarecer a população que a vinda deste recurso é uma conquista nacional da classe
artística e que nada tem a ver com esforços de qualquer gestor público municipal, ou seja, não é um
investimento do município, cabendo apenas ao município organizar os critérios para distribuição justa e
coerente com a realidade local. Para que isto seja garantido existe o conselho municipal de cultura,
composto por membros da sociedade civil que são profissionais da área, especialistas com formação
acadêmica e ampla experiência no setor.
Ativo desde 2016, o CMC vem desde o primeiro semestre de 2020 se dedicando a análises
contundentes, aplicando critérios metodológicos e com amplo debate através de reuniões ordinárias,
extraordinárias e grupos de trabalho para compor os critérios de distribuição dos recurso que garanta o
atendimento das necessidades reais do setor cultural no município, de modo que o edital confeccionado
democraticamente por muitas mãos e olhares precisa ser respeitado. O CMC foi informado pela secretaria
que os critérios mais importante, que são os tetos de valores e os critérios de distribuição do dinheiro foi
alterado pelo secretario de cultura sem justificativa e sem consultar o conselho.

Informamos a população que este conselho convidou o senhor secretario de cultura Antônio
Wilson Prestes Miramontes para dar esclarecimentos numa reunião que foi confirmada pelo funcionário
da Secretaria de Cultura Jesse James para a última terça-feira 04 de Novembro as 10h, mas que 5 minutos
antes da reunião o secretário desmarcou, exigindo que a reunião fosse transferida para as 15h. O conselho
acolheu o pedido e atendeu a troca de horário, então o secretário informou mais uma condição
surpreendente: que só faria a reunião se fosse presencialmente, contrariando as regras de isolamento
social e pressionando os membros do conselho para recusarem as orientações de segurança sanitária.
Os membros do CMC em unanimidade se recusaram a descumprir as normas de segurança
sanitárias por conviverem com pais e avós idosos que dependem de seus cuidados e que não podem correr
o risco de exposição numa pandemia que não tem previsão de trégua.
Ao manter a reunião para as 15h de forma online o secretário de cultura não compareceu e não
justificou sua falta.

Compareceu na reunião o funcionário Jesse James para defender a posição do secretário e nos
informar que embora a secretaria reconheça a existência do conselho, que é uma maioria que deliberou,
votou e aprovou democraticamente o edital proposto, o secretário tem ainda o direito de ignorar e
atropelar o processo democrático encaminhando a licitação um edital que o conselho não concorda, não
aprova, e mais ainda, que acreditamos estar inadequado e em descompasso com a realidade e contexto
municipais e que pode abrir precedentes perigosos de descaracterização de uso do recurso diante do
contexto eleitoral.
Para que o leitor deste documento possa se alertar aos riscos e perigos do que está em curso
listamos abaixo os seguintes pontos:

Os principais apontamentos CMC são as seguintes:

• O edital não atende a demanda real da cidade e está pautado em números ficcionais e em meras
projeções sem apoios metodológicos e sem critérios técnicos abrindo precedente para usos
inadequados do recurso e descaracterização do que está exigido em lei.

• A lei privilegia financiamento de atividades culturais online para evitar aglomeração, mas a
alteração do secretário prevê atividades presenciais de aglomeração na praça de eventos
colocando em risco a vida dos artistas e da população contrariando a lei.

• O edital aprovado pelo CMC prevê o pagamento retroativo de auxílio emergencial para espaços
culturais e empresas do setor pelo período de 6 meses referentes ao período de julho a dezembro,
totalizando 6 meses conforme o recurso previsto em lei, mas a alteração do secretário prevê
apenas 4 meses, diminuído assim expressivamente o valor total de aporte.
*Vale lembrar que os espaços foram fortemente abalados e precisaram fechar as portas desde
março, ou seja, estão a 9 meses superando desafios financeiros sem poder funcionar
presencialmente.

• Informamos que o número estimado de projetos a serem atendidos pela secretaria são projeções
fantasiosas e que não correspondem a demanda real do nosso município, tendo como base os
próprios registros da secretaria em editais realizados com o acompanhamento deste CMC.
Alertamos ainda que a secretaria está confundindo o número de agentes culturais inscritos num
mapeamento (cerca de 90 pessoas cadastradas segundo a secretaria) por número de projetos que
potencialmente serão inscritos. Há um erro metodológico que implica em graves consequências
na distribuição dos recursos e que pode ser ainda pior, pois pode resultar em devolução dos
recursos ao fundo estadual de cultura, ou, utilização do recurso para fins suspeitos.

• E por último o CMC manifesta sua enorme preocupação com a falta de transparência dos dados e
dos critérios, alertando a população que isto dificulta a fiscalização e acompanhamento do real
destino deste recurso tendo em vista que a comissão que se forjou para aprovar o destino dos
recursos será composta pelo próprio secretário de cultura e funcionários cujo interesses políticos
não tornam o processo imparcial e contextualizam o uso do recurso como ativos de capital
político num contexto eleitoral. Este é um enorme problema tendo em vista o período eleitoral no
qual justamente precisamos garantir ainda mais a transparência e a fiscalização de modo que a
gestão não seja questionada por possíveis, indevidas e suspeitas, utilizações que descaracterizem
o uso previsto por lei a este recurso.

Por fim o conselho municipal de cultura pleiteia o aceite dos critérios estabelecidos pelo conselho
para o edital que distribuirá os recursos da lei federal Aldir Blanc e que a comissão de aprovação de
projetos seja revista, ao menos com participação efetiva de membros da sociedade civil que possam
fiscalizar e garantir que os critérios de seleção sejam aplicados com transparência respeitando o
mecanismo democrático.

Conselho Municipal de Política Cultural de Votorantim

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