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INFORMES TÉCNICO-INSTITUCIONAIS / TECNICAL INSITUCIONAL REPORTS

Monitoramento e avaliação na atenção Eronildo Felisberto 1

básica: novos horizontes 1 Coordenação de Acompanhamento e Avaliação.


Departamento de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde.
Ministério da Saúde. Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 6.andar,
Monitoring and evaluation in primary sala 635. Brasília, DF, Brasil. CEP: 70.058-900

health care: new perspectives

Estão claras e não são de hoje as proposições e insuficientes para apreender todas as mudanças
posições assumidas por gestores e pesquisadores que desejáveis, são essenciais para orientação dos
têm refletido sobre a necessidade de se investir na processos de implantação, consolidação e reformu-
institucionalização da avaliação. 1-11 Entendendo lação das práticas de saúde.
Institucionalização enquanto incorporação da avali- Por outro lado, a avaliação de políticas e progra-
ação à rotina dos serviços, estamos assumindo a mas de saúde deve contemplar ampla participação e o
necessidade do fortalecimento e/ou desenvolvimento uso de múltiplos focos e métodos, permitindo que a
de capacidade técnica, nos diversos níveis do sis- visão de diferentes grupos seja considerada no objeto
tema de saúde, para adotar as ações de monitoramen- de estudo. Daí a necessidade de estudos e pesquisas
to e avaliação como subsidiárias ou intrínsecas ao que dêem conta das dimensões não apreendidas pelos
planejamento e à gestão, como instrumento de su- diversos sistemas de monitoramento.
porte à formulação de políticas, ao processo de- O desafio à consolidação do SUS estabelecido
cisório e de formação dos sujeitos envolvidos pela Norma Operacional da Assistência à Saúde
(gestores, usuários do sistema de saúde e profissionais (NOAS/2001)12 com vistas à construção de redes
dos serviços e das instituições de ensino e pesquisa). assistenciais em atenção básica eficazes e resolutivas,
Investir na institucionalização da avaliação deve integralmente coesas com os níveis de atenção mais
ser entendido aqui como contribuição decisiva com complexos, prevê o desenvolvimento de mecanismos
o objetivo de qualificar a atenção básica, promoven- que visem a garantia de qualidade. Isso posto, consti-
do-se a construção de processos estruturados e sis- tui-se de fundamental importância priorizar a qualifi-
temáticos, coerentes com os princípios do Sistema cação das equipes técnicas para a apreensão de práti-
Único de Saúde (universalidade, equidade, integrali- cas e capacidades específicas mas, também, para a
dade, participação social, resolutividade, acessibili- aquisição de competências avaliativas.
dade) e, abrangentes em suas várias dimensões - da Para Hartz: (2002: 419).9
gestão, do cuidado e do impacto sobre o perfil epi- " ... Institucionalizar a avaliação tem o senti-
demiológico. do de integrá-la em um sistema organiza-
A avaliação da situação de saúde da população, cional no qual esta seja capaz de influenciar
do trabalho em saúde e dos resultados das ações, o seu comportamento, ou seja, um modelo ori-
decorre em grande parte das atividades de monitora- entado para a ação ligando necessariamente
mento realizadas a partir das informações produzi- as atividades analíticas às de gestão ..."
das no cotidiano da atenção. Essas, embora sejam

Este Informe foi publicado anteriormente na Revista Brasileira de Saúde da Família 2003; 5 (7): 24-29.
[edição especial]. (ISSN 1518-2355).

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Felisberto E

O Programa Saúde da Família (PSF) vem se por profissionais integrantes das equipes de saúde
constituindo, ao longo do tempo, como indutor desse para discussão com a comunidade usuária e progra-
processo de institucionalização da avaliação na mação local.4,10
atenção básica. 6 A criação, na estrutura organiza- Entretanto, para o sistema nacional de saúde, em
cional do Departamento de Atenção Básica da Secre- especial no campo da atenção básica, ainda busca-
taria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde se clarear as diretrizes de uma política de avaliação,
(DAB/SAS/MS) de uma Coordenação de Acompa- que embora em franco processo de implantação, es-
nhamento e Avaliação (CAA) marca essa caracterís- tabelece como desafio a superação dos obstáculos
tica, principalmente quando se atribui a essa a res- operacionais e funcionais para sua execução. Na
ponsabilidade da condução gerencial de iniciativas atual gestão do Ministério da Saúde, coube ao De-
processuais de grande envergadura como o "Pacto de partamento de Atenção Básica da Secretaria de
Indicadores da Atenção Básica", estabelecido medi- Atenção à Saúde, por intermédio da Coordenação de
ante negociação entre as três esferas de gestão, que Acompanhamento e Avaliação, propor estratégias e
tem se constituído num esforço coletivo de incorpo- desencadear ações para o enfrentamento a esse de-
ração da avaliação à prática da gestão e de articu- safio.
lação com os processos de programação; a Investi- Uma primeira iniciativa tomada por essa Coor-
gação Avaliativa representada pela realização de es- denação foi a definição de sua missão institucional e
tudos e pesquisas de abrangência nacional e o Sis- a identificação clara de seus objetivos estratégicos
tema de Informação da Atenção Básica (SIAB), prin- que, a despeito de possíveis limitações, tem sua for-
cipal instrumento de monitoramento da atenção bási- mulação resultante de um processo participativo em
ca com características muito peculiares de apoio à seu âmbito, permitindo, dessa forma, traçar as
gestão, ao fazer uso dos conceitos de territorializa- operações a serem desenvolvidas com o fim de atin-
ção, adscrição de clientela e potencialidade de uso gi-los. (Quadro 1)

Quadro 1

Missão e objetivos estratégicos da Coordenação de Acompanhamento e Avaliação.

Missão

Monitorar e avaliar a atenção básica instrumentalizando a gestão e fomentar/consolidar a cultura


avaliativa nas três instâncias de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS).

Objetivos estratégicos

Identificar aspectos relevantes da atenção básica para serem monitorados e avaliados, com destaque
para o Programa Saúde da Família (PSF);

Desenvolver estratégias de disseminação das informações relevantes, precisas e de forma ágil sobre
Atenção Básica (AB) no País;

Construir capacidade técnica e política nas três instâncias gestoras do SUS que possibilite a análise dos
dados para a tomada de decisão;

Induzir processos de articulação intra e intersetorial visando a institucionalização do Monitoramento e


da Avaliação da Atenção Básica;

Fomentar e dinamizar estratégias de pactuação de metas e indicadores da AB nas três instâncias de


gestão do Sistema Único de Saúde;

Garantir o acesso aos bancos de dados sob gerência da coordenação para monitorar e avaliar a Atenção
Básica;

Identificar a necessidade de fomentar e articular estudos avaliativos para a Atenção Básica;

Gerenciar o Sistema de Informação da Atenção Básica.

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Monitoramento e avaliação na atenção básica

O passo seguinte constituiu-se em viabilizar es- de financiamento e definição de orçamento para as


paços para discussão das bases e diretrizes para a ações de avaliação, são algumas das estratégias que
promoção de uma cultura avaliativa - envolvendo os vêm sendo efetivadas pelo Ministério da Saúde.
diferentes atores por intermédio de referências con- Paralelamente, se fez necessário a renegociação
ceituais, metodológicas e operacionais - que con- do acordo de empréstimo assinado entre o governo
tribua para a implementação de mecanismos e ins- brasileiro e o Banco Internacional para Reconstrução
tâncias de avaliação da atenção básica nos níveis e Desenvolvimento (BIRD - Banco Mundial) que
local e regional e que estimule uma reflexão mais originou o Projeto de Expansão e Consolidação do
sistematizada sobre a institucionalização da avali- Programa Saúde da Família (PROESF), no que con-
ação. cerne ao Componente III - Monitoramento e Avali-
Dessa forma, alguns movimentos vêm ocorrendo ação, tanto no que diz respeito aos seus subcompo-
com o objetivo de se pactuar os aspectos importantes nentes e/ou ações programadas, quanto no que se
da atenção básica a serem monitorados e avaliados, refere ao volume de recursos destinados à sua exe-
a partir de um processo de mobilização de técnicos, cução.
gestores e pesquisadores, buscando-se, também, A inclusão da proposta de Fortalecimento da Ca-
manter aceso o debate sobre a necessidade do estabe- pacidade Técnica das Secretarias Estaduais de Saúde
lecimento de padrões de qualidade para a atenção em Monitoramento e Avaliação e o aumento dos
básica, partindo-se da estratégia saúde da família. recursos financeiros de U$ 7 milhões para U$ 25
Por outro lado, superar o desafio de articular os milhões previstos para a primeira fase do PROESF
diversos projetos e ações propostos e/ou em exe- no Componente III, se caracterizam como elementos
cução como "ferramentas" para o monitoramento e direcionados a dar corpo à superação daquele desafio
avaliação da atenção básica constituem hoje o estado identificado para a definição da política, constituin-
da arte da construção de uma política de avaliação do fatores estruturadores da sustentabilidade para a
para a atenção básica no Brasil. construção da capacidade avaliativa em saúde para o
É nesse sentido que, a partir do debate mais am- SUS.
pliado no âmbito do Ministério da Saúde e da Da mesma forma, o fomento ao debate interno
Comissão Intergestora Tripartite, se procurou definir sobre a necessidade da integração das práticas de
as estratégias de ação necessárias a dar organicidade monitoramento e avaliação e sua articulação com o
ao conjunto das diversas iniciativas e processos de planejamento e a formulação das políticas setoriais,
trabalho em curso. com vistas a uma repercussão uníssona nas progra-
A reformulação do SIAB com o objetivo de mações e pactuações, tem resultado em ocupação de
transformá-lo num sistema que seja abrangente de importante espaço da avaliação no planejamento
toda a atenção básica, superando os limites do Pro- macroestratégico das ações de saúde.
grama de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e A conjunção de decisão político-institucional,
do PSF; a dinamização do Pacto de Indicadores da recursos financeiros, mecanismos técnicos e estraté-
Atenção Básica como instrumento de mobilização, gias organizacionais de qualificação dos recursos
de negociação política mas, efetivamente, como ele- humanos para avaliação constitui o eixo para a
mento norteador da formulação das políticas se- construção da capacidade institucional, o que, sem
toriais e da programação das ações; a divulgação de sombra de dúvidas, vem superar a prática de se esta-
forma ampla dos estudos e pesquisas realizados belecer processos avaliativos unicamente atrelados à
sobre a atenção básica, proporcionando o acesso de intervenção.11 A complexidade do SUS representada
gestores, profissionais dos serviços de saúde e pelo processo de descentralização da gestão, prevê o
docentes, pesquisadores e estudantes das instituições envolvimento de atores e contextos locais diversifi-
de ensino e pesquisa; a disponibilização pública do cados, gerando a redefinição de papéis, responsabili-
banco de dados do SIAB; a exploração dos sistemas dades e necessidades de investimento, o que se
de informação e outras fontes de dados produzindo- acredita estar sendo contemplado a partir das
se indicadores e analisando-os com vistas a publi- proposições anteriormente referidas.1
cações institucionais; a construção de instrumentos A proposição, portanto, aqui ressaltada e, que no
que permitam o uso mais sistemático da informação nosso entendimento passa a se constituir no eixo estru-
pelas equipes de saúde e gestores do sistema; a turante do delineamento da política de avaliação para a
divulgação de experiências exitosas implementadas atenção básica no país, toma corpo a partir da cons-
por estados e municípios; a realização de novos estu- trução pelas Secretarias Estaduais de Saúde (SES) dos
dos e pesquisas como necessidade à complemen- Planos Estaduais para Fortalecimento das Ações de
tação do monitoramento e a identificação de fontes Monitoramento e Avaliação da Atenção Básica.

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Felisberto E

Esses planos, no momento em fase de elabo- PROESF - cerca de seis anos, tempo suficiente, ao
ração, têm como referência os pressupostos con- nosso ver, para consolidação desta ação com o de-
ceituais e diretrizes propostos pelo Ministério da senvolvimento de estratégias de sustentabilidade e
Saúde e pactuados na Comissão Intergestora Tripar- construção de estruturas permanentes de avaliação
tite que também definiu os indicadores para a elabo- no âmbito dos estados e a conseqüente capilarização
ração dos mesmos, assim como os critérios técnicos da idéia para as gestões municipais, guardando
para o financiamento das ações propostas.13 coerência com os estágios de desenvolvimento,
Tendo como forma de financiamento a transferên- amadurecimento e capacidades técnicas evidenciadas
cia direta de recursos financeiros do Fundo Nacional pelo processo de descentralização da gestão do SUS.
de Saúde para o Fundo Estadual de Saúde, esse se A construção e/ou fortalecimento da capacidade
dará mediante a avaliação do cumprimento de metas técnica em monitoramento e avaliação, com vistas a
previamente estabelecidas e aprovadas pelas instân- sua inserção firme e decisiva nas práticas de saúde,
cias colegiadas de gestão e de controle social. seja do cuidado ou da gestão, remete-nos a longos
A necessidade de conferir maior organicidade caminhos a serem percorridos. Entretanto, o que aqui
institucional aos processos de avaliação a serem de- está se apresentando e pondo-se em discussão trata-
senvolvidos prevê que as propostas apresentadas es- se de uma estratégia clara, objetiva, como forma de
tejam pautadas em algumas linhas norteadoras que se trazer à prática do cotidiano, ao campo do real e
obedecem aos princípios do SUS e as diretrizes do com direcionalidade às necessidades de saúde da
PSF enquanto estratégia prioritária para a organiza- população, as reflexões e proposições teóricas da
ção das práticas e serviços de atenção básica.13 disciplina avaliação, tomando como referência desde
São U$ 17 milhões destinados as SES para a as clássicas abordagens concebidas por Donabedi-
primeira fase do projeto e alguns indicadores estão an14 até as proposições de sua aplicabilidade por al-
sendo negociados com vistas a garantir recursos fi- guns autores que vêm contribuindo de forma impor-
nanceiros durante todo o período de vigência do tante para essa construção.7,15-18

Referências

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Recebido em 8 de março de 2004


Versão final apresentada em 9 de junho de 2004
Aprovado em 22 de julho de 2004

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