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Pedras sobre vidas: vítimas e viúvas

TEMAS LIVRES FREE THEMES


na indústria de mármore em Itaoca (ES)

Stones crushing lives: victims and their widows


in the marble industry in Itaoca (ES)

Maria das Graças Barbosa Moulin 1


Carlos Minayo-Gomez 2

Abstract This text based on an ethnographic sur- Resumo Este texto apresenta, em estudo etnográ-
vey presents the social impact on the families of fico, impactos sociais gerados para famílias de tra-
victims of fatal work accidents in the ornamental balhadores vítimas de acidentes de trabalho fatais
stone industry in Itaoca, district of Cachoeiro de no setor de rochas ornamentais em Itaoca, distrito
Itapemirim, Espírito Santo, Brazil. The following de Cachoeiro do Itapemirim (ES). Analisaram-se
elements are analyzed: family culture; living with os núcleos de sentido: cultura familiar; vivência
fatal accidents; experiences of family grief; the way dos acidentes fatais; experiências de lutos familia-
the companies and the union deal with worker res; modo de agir da empresa e do sindicato em
rights; material, symbolic, and emotional resources relação aos direitos; recursos materiais, simbóli-
used by the families to face hardship caused by cos e afetivos usados pelas famílias para enfrentar
accidents. Authoritarian management appealing adversidades decorrentes do acidente. A gestão au-
to masculinity and improvisation are factors that toritária, baseada no apelo à virilidade e na im-
favor work accidents. The need to earn their liv- provisação, propicia a ocorrência de acidentes. Ne-
ing, the fact of valuing work as an attribute of cessidades de subsistência, valorização do trabalho
honorableness and lack of options render the work- como atributo de honradez e ausência de outras
ers subject to domination. Most of the widows are opções contribuem para sujeitar os trabalhadores.
highly religious and receive emotional, symbolic A maioria das viúvas encontra na fé religiosa, na
and material support from their families, the com- solidariedade da família e da comunidade e na as-
munity and the union. There is a notable lack of sistência prestada pelo sindicato, apoio afetivo,
concern and support for the families on the part of simbólico e material. Constata-se omissão dos
managers and public institutions. Advances in the empresários e ausência de proteção do poder pú-
organization of the union and improvement of blico às famílias. Apontam-se avanços na organi-
1
Departamento de
the working conditions forced by the demands of zação dos trabalhadores em sindicato e mudanças
Psicologia Social e export buyers have occurred recently. positivas promovidas por empresários do setor,
Desenvolvimento, Key words Worker health, Work in the orna- premidos pelos critérios exigidos para exportação.
Universidade Federal de
Espírito Santo. Av. Fernando
mental stone sector, Fatal work accidents Palavras-chave Saúde dos trabalhadores, Traba-
Ferrari s/n, Goiabeiras. lho no setor de rochas, Acidentes fatais
29060-970 Vitória ES.
mgbmoulin@gmail.com
2
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo
Cruz.
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Moulin, M. G. B. & Minayo-Gomez, C.

Introdução Produtos Minerais (DNPM) e sem fiscalização


do Ministério do Trabalho. Num lugar onde pre-
Neste artigo, analisamos alguns dos impactos valece esse tipo de trabalho perigoso e penoso, há
sociais que vêm gerando a ocorrência de aciden- apenas um posto de saúde e nunca houve ações
tes de trabalho fatais no setor de rochas orna- de vigilância em saúde do trabalhador.
mentais, no sul do Estado do Espírito Santo. Tra- A população de Itaoca, quatro décadas atrás,
ta-se especificamente de compreender a situação vivia num mundo eminentemente rural. Gra-
criada para as famílias de trabalhadores vítimas dativamente, por meio do trabalho no mármo-
desses acidentes que moram na pequena locali- re, vem-se forjando uma cultura típica de tra-
dade de Itaoca, distrito do município de Cacho- balhador assalariado urbano, regida por valo-
eiro do Itapemirim (ES), considerado a “capital res e princípios fundados no tripé “família, tra-
do mármore do Brasil”. Tal localidade, de 5.000 balho e localidade”2. Esse processo de transição
habitantes aproximadamente, cuja economia está cultural se reflete, na última década, num maior
alicerçada fundamentalmente na extração de grau de mobilização pelo reconhecimento de
mármore e granito, tornou-se conhecida com a direitos fundamentais.
designação de “Vila das Viúvas”, expressão usa-
da pela imprensa regional, devido ao grande nú-
mero de mulheres que perderam seus maridos e Material e método
residem em suas estreitas ruelas. Por muitas de-
las, ainda de terra batida, escoam-se toneladas Trata-se de pesquisa de cunho qualitativo, cujo
de pedras. Um tom enevoado de pó de mármore intuito foi compreender, além das diversas im-
encobre a paisagem local. É intensa a movimen- plicações para as famílias vitimadas por aciden-
tação de caminhões que circulam por suas estra- tes fatais, as significações e os valores próprios
das íngremes e precárias, carregando perigosa- daquele grupo, bem como os paradoxos e as con-
mente pesados blocos, chapas de mármore e pe- tradições, que sustentam a convivência com essa
dras marruadas. trágica realidade.
O setor de mármore abrange as seguintes ati- Os temas norteadores referiram-se aos aspec-
vidades: trabalho de extração de blocos, realiza- tos seguintes: informações sobre o acidente e in-
do nas pedreiras; transformação dos blocos em terpretação de suas causas; modo de agir da em-
chapas de mármore, nas serrarias; beneficiamen- presa em relação à observância dos direitos; as-
to para a fabricação de produtos utilizados na sistência e apoios sociais recebidos para enfrentar
construção civil, nas marmorarias e produção as adversidades decorrentes do acidente; meios
de pó de calcário com pedras refugadas da extra- encontrados para se recuperarem (ou não) das
ção, nas moageiras. Estima-se que existam mais conseqüências da perda do familiar; recursos
de 1.600 empresas em todo o Estado, na maioria materiais, simbólicos e afetivos para superar o
pequenas e médias, das quais 1.200 aproxima- evento.
damente estão localizadas no município de Ca- Foram realizadas entrevistas semi-estrutura-
choeiro de Itapemirim. Os acidentes de trabalho, das com: quatro viúvas e uma mãe de vítimas de
nesse setor, resultam da exposição a graves situ- acidentes fatais; dois trabalhadores que sofreram
ações de risco, como: explosões de dinamite, acidentes graves e suas respectivas esposas; dois
maquinário obsoleto, postos de trabalho em diretores do Sindicato dos Trabalhadores do
grandes alturas usando pesados marteletes, trans- Mármore, Granito e Calcário (SINDIMARMO-
porte e manobra de toneladas de mármore, ca- RE). As entrevistas com os sindicalistas tiveram
minhões que “pegam no tranco” e desmorona- como intuito compreender a posição do sindica-
mentos de pedras. to frente aos problemas vividos pelas famílias e
Entre 1996 e 2004, ocorreram setenta e três esclarecer uma série de situações relatadas pelas
acidentes fatais com trabalhadores dessa catego- mulheres referentes aos processos de trabalho
ria no Estado, representando uma média anual desse setor ou a determinadas particularidades
de 8,1, num universo de vinte mil trabalhadores1. da localidade.
Uma característica desses acidentes é o estado las- As entrevistas, após o consentimento escla-
timável em que ficam os corpos dos acidentados, recido dos participantes, foram gravadas e trans-
comumente esmagados por pedras ou dilacera- critas literalmente. A análise do material coleta-
dos por dinamite. Uma parte considerável dos do foi realizada a partir do agrupamento das
óbitos acontece em pedreiras clandestinas, sem o categorias empíricas que emanaram dos discur-
devido registro no Departamento Nacional de sos dos informantes, com vistas a compreender
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a lógica interna que rege o pensar e o agir das tras opções de trabalho, a não ser na extração do
famílias estudadas. Para tanto, realizou-se uma mármore.
análise temática, buscando descobrir os núcleos Em Itaoca, faltam investimentos públicos em
de sentido3 presentes ou subjacentes no discurso saúde, educação e saneamento básico, apesar de,
que denotam estruturas de relevância, valores de segundo alguns moradores, aí serem arrecada-
referência e modelos de comportamento. dos 40% dos impostos do município. A situação
de descaso contrasta com o tratamento dispen-
sado em outros municípios onde foram instala-
Descrição e análise de resultados das grandes empresas, como o caso da minera-
ção de ferro da Companhia Vale do Rio Doce em
A pesquisa proporcionou a discussão de diver- Itabira (MG)4 ou de produção de celulose em
sas temáticas peculiares à cultura e aos impactos Aracruz (ES)5.
sociais dos acidentes fatais na indústria de már- Acostumadas ao papel feminino tradicional,
more em Itaoca. Analisaram-se os seguintes nú- o sucesso familiar é vivenciado pelas mulheres
cleos de sentido: informações sobre a cultura fa- da localidade quando o esposo, a partir da inser-
miliar; vivência e experiências de lutos familiares ção no trabalho assalariado, lhes permite res-
provocados pelos acidentes; o sofrimento e a re- ponsabilizar-se pelo cuidado dele e dos filhos. A
signação; apoios recebidos; o ancoradouro da ausência do marido, na ocorrência de um aci-
religião; posicionamento das empresas em rela- dente fatal, causa vários abalos ao ritmo de vida:
ção aos acidentes fatais; papel do sindicato na perda do pai-provedor; maior escassez do orça-
conquista de direitos. mento doméstico; desequilíbrio na educação dos
filhos e nas relações familiares. Essa divisão de
Informações sobre a cultura familiar papéis, como parte da cultura da classe traba-
lhadora tradicional 6, também foi relatada em
As famílias entrevistadas têm em comum o estudo realizado na localidade portuguesa de
fato de se constituírem de maneira mais extensa Pardais7 que, de modo semelhante, vive da ex-
e abrangente do que as nucleares convencionais. tração do mármore.
A maioria dos casais tem três ou quatro filhos.
Avós, adultos e crianças convivem muitas vezes Mortes anunciadas
numa mesma habitação, em duas casinhas num
mesmo terreno ou em casas de dois andares. A notícia de um acidente numa pedreira cor-
Vários familiares apontaram a rede de vizi- re rápida. O lugarejo é pequeno e todos sabem
nhança, de amigos e, mesmo, a “comunidade” que “o que tem ali é feio” e pode acontecer a qual-
como fatores de bem-estar, de consolo e de ob- quer momento: “acidente em pedreira não tem
tenção de facilidades nas horas difíceis, referin- voz ativa, não. Pode estar bom, pode estar ruim,
do-se aqui aos casos de acidentes fatais ou muti- o cara cai mesmo”. Para os trabalhadores, é como
lantes, conforme relato: “Não posso reclamar dos se houvesse uma determinação da fatalidade por
meus vizinhos, na hora que eu mais precisei, eles sobre as vontades dos sujeitos. Portanto, só res-
me ajudaram, abaixo de Deus foi eles”. A convi- taria esperar o choque e o estupor da notícia co-
vência estreita, solidificada com ajudas mútuas, tidianamente temida.
não exclui eventuais desavenças, reveladas em É recorrente a menção, pelos entrevistados,
expressões como: “sem comentários”, “aqui todo de outros eventos acidentários ou de situações
mundo sabe de tudo” ou “negócio de fofoca em que antecederam à ocorrência do acidente fatal.
lugar pequeno é fogo!”. Ainda assim, a valoração É como se o passado se reconstituísse no percur-
positiva do lugar predominou nos discursos de so de um fato previsível: Mas antes dele morrer ele
familiares e acidentados. já tinha sofrido um acidente na mesma pedreira,
Os moradores não gostam do nome de “Vila com sete meses de trabalho. Eles deram fogo lá, uma
das Viúvas” para designar sua comunidade. Se- carga muito grande que atirou uma pedra muito
gundo seus depoimentos, o termo transmite a longe que atingiu uma caçamba velha que estava
idéia de um lugar de mortos, aleijados e asseme- num canto. Eles ficavam embaixo dela se prote-
lhados. No entanto, quando incitados respon- gendo do fogo. A pedra veio, pegou na caçamba e
dem com naturalidade: “nessa rua, qualquer lado prendeu meu marido debaixo. Ele ficou mais de
que você for tem uma vítima da pedreira”. Apon- uma semana cuspindo sangue, andando todo tor-
tam problemas, que não são poucos: poluição, to. Quebrou costela, ficou todo cheio de hemato-
degradação do meio ambiente e ausência de ou- ma, perna, costas, porque essa pedreira quando não
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mata deixa seqüelas muito grandes no ser huma- imediata chega a ser desconhecida para a família:
no. (Viúva 1) Eu não sei explicar, eu só sei que ele morreu na
Nas conversas mais privadas com suas mu- pedreira. Mas como foi exatamente eu não sei por-
lheres, os trabalhadores manifestaram a noção que os responsáveis, pela pedreira, nenhum me deu
clara do perigo que corriam e expressaram seus assistência e ninguém explica nada direito. Um
medos: Ele sempre falava assim: eu vou parar de fala uma coisa, outro fala outra coisa. Não tem
trabalhar nessa pedreira porque essa pedreira está uma versão certa do que aconteceu. Não tenho.
muito perigosa. Eu ia até pedir um pra ir lá orar (Viúva 1)
aquela pedreira [...] Tinha medo antes de aconte- Mas as mulheres e seus familiares sabem que
cer o acidente. Sempre chegava aqui e falava: ah, faltam equipamentos de segurança e que as em-
nega, eu estou trabalhando num lugar lá tão peri- presas mascaram as verdadeiras circunstâncias
goso. Sempre ele falava assim! (Viúva 3) dos acidentes: Ele caiu da pedreira, só que como
Como é comum nos processos mais arcaicos foi eu não sei. Segurança não tinha não. Ele recla-
de extração de minério4, a gestão do risco junto mava comigo: nega, lá eles não estão dando nada a
aos trabalhadores das pedreiras, em lugar de fo- não ser a corda para gente se amarrar. Aí manda-
calizar a previsibilidade do acidente, interpela o vam ele assinar uma folha como se ele tinha apa-
trabalhador em sua masculinidade: Falou comi- nhado os negócios de segurança. Aí quando chegou
go uma vez que o encarregado mandou: vai embai- no dia que ele caiu, eles foram e espalharam aquele
xo daquilo ali pra limpar. Ele falou que estava pe- monte de cinto de segurança, corda, luva, bota,
rigoso. O encarregado perguntou se ele não era aquele monte de negócio no chão. Aí passou na
homem. Poucos dias depois aconteceu o acidente! televisão no dia que ele caiu, aquele monte de ne-
(Viúva 3) gócio lá no chão. (Esposa de acidentado)
Por sua vez, para o trabalhador, o medo la- As versões sobre as fatalidades são sempre
tente não pode sobrepassar a necessidade do contraditórias e assim tendem a permanecer, pois
cumprimento do dever e a responsabilidade para os fatos dificilmente são apurados. Restam frag-
com a família. Sua alternativa é pedir demissão, mentos de discursos ouvidos de colegas de tra-
continuar enfrentando os riscos ou esperar pela balho e de sindicalistas, noticiados pela mídia ou
aposentadoria que pode ou não ocorrer se for comunicados oficiais da empresa: Dali ninguém
colhido pelo acidente fatal: Eu acho que eu tinha viu nada, porque eu não apurei isso. Da prancha
mais medo porque o homem é obrigado a traba- caiu e depois disseram que socorreram ele. Mas,
lhar. Eu acho que se ele tiver medo não consegue uns falam que ele saiu vivo, outros falam que ele
trabalhar. Talvez tem medo, mas não demonstra. morreu na hora. A gente não sabe nem em que
Ele sempre falava: assim que eu aposentar eu não acreditar. (Viúva 2)
vou trabalhar em pedreira mais não. Só faltavam Nas descrições das fatalidades, são impressi-
dois anos pra ele aposentar. onantes as imagens usadas pelas famílias para
Para enfrentar o cotidiano adverso, a valori- descrever os níveis de destruição dos corpos após
zação da virilidade e da coragem frente às situa- o acidente: “esmaga o sujeito”, “fica feito uma fo-
ções de risco induz os trabalhadores à constru- lha de papel”, “feito pedaços de homem”, “quebra
ção de “ideologias defensivas”8, que redundam ele todo”. Uma das viúvas refere: Eu já vi muito,
na minimização dos riscos reais, como se verifi- eu já fui a muitos velórios de pessoas mortas pela
cou também em estudo nessa mesma indústria9. pedreira, cada um pior que o outro. Você olha as-
As palavras de uma viúva remetem a algumas sim, um morre hoje, outro amanhã está pior do
das justificativas habituais que sustentam a dis- que aquele. Meu marido ficou em pedaços, tanto
posição diária de trabalhar e de enfrentar o tra- que a gente não pode nem colocar roupa nele. Ele
balho perigoso em lugar de recusá-lo: Quando foi sepultado enrolado num lençol, dentro de um
tem que acontecer alguma coisa acho que não tem caixão. Ele era alto, enorme, você olhava o caixão,
jeito. Acontece em qualquer lugar. A gente corre você dizia assim, aquele que está morto ali não é o
risco em qualquer lugar. Ninguém quer morrer, fulano. O caixão pequenininho, ele ficou totalmen-
ninguém tem esperança de morrer, todo mundo te irreconhecível. Estava com os dentes todos que-
quer é viver! Então, desde que a pessoa está traba- brados, o rosto todo mutilado. Não tinha cabeça,
lhando, pode ser clandestino ou não, ele está vivo. os meninos viram, todo mundo aqui viu! Um ho-
Ele trabalha hoje, hoje ele vem embora, está vivo. mem forte com quase dois metros. É horrível. Eu
Amanhã vem embora vivo, então a esperança dele não gosto muito de ficar falando nesse assunto por-
é de progredir, nunca de morrer. (Viúva 1) que é pior. Mas às vezes a gente tem que falar, tem
Quando o acidente acontece, até a sua causa que desabafar! (Viúva 1)
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Entretanto, morrer no trabalho, enfrentan- Resignar-se para não sucumbir
do o perigo - apesar da dramaticidade da des-
truição dos corpos - pode adquirir também ou- Quando analisamos o discurso predominante
tro sentido para as famílias e para a população entre as famílias dos acidentados, a resignação se
local. E é precisamente no valor do trabalho, for- transforma em estratégia de sobrevivência física
jando a dignidade da pessoa, que esse grupo en- e mental: A gente aprende a ser mais solidário, ser
contra significado para a vida e a morte de seus mais tranqüilo, porque se você ficar agitado, sem-
entes queridos. Como refere Rodrigues10, a mor- pre ficar lembrando, quer se vingar, fica uma pes-
te para a civilização atual, constitui um tabu, algo soa violenta. Eu acho que não vale a pena (Viúva
a evitar ou com o qual não se sabe como lidar. 3). Essa maneira de dar sentido e continuidade à
Diferentemente, a comunidade de Itaoca viven- vida vem da experiência de fragilidade: o que eu
cia a morte como parte do ciclo da vida. E os que tenho feito é só pensar, fiquei doente, ali tem um
morrem no trabalho são valorados justamente monte de remédio pra depressão, remédio pra dor.
porque morreram “dignamente”, de forma hon- É só sofrimento, porque eu era uma pessoa que
rada (exatamente por estarem trabalhando). Tal vivia tranqüila, trabalhava na colheita de tomate,
fato pode ser ilustrado com o caso de uma famí- e aquele menino ali estudava, depois trabalhava
lia, que chegou a guardar e mostrar as fotos do comigo na colheita do tomate. Meu marido mor-
parente acidentado no caixão e de outro familiar reu e eu não pude mais trabalhar. Eu não tive es-
fotografado na hora do acidente. trutura nenhuma pra trabalhar. (Viúva 1)
Na memória cultivada, a virilidade e a cora- Para as viúvas, as reações dos filhos consti-
gem para enfrentar os riscos são enaltecidas às tuem fonte de preocupações, ao mesmo tempo
vezes como expressões de heroísmo: Ele subia em em que tempera sua fibra para agüentar as difi-
qualquer rampa, até de 30, 60 metros. Ele subia culdades: “A minha menina caçula fala que prefe-
amarrado de corda e muitas pessoas não tinha co- re morrer. Chama ele para vim buscar ela, você
ragem de subir. Aí o rapaz falou assim: graças a precisa de ver. É uma tristeza só” (Viúva 3). As-
Deus que seu marido morreu em acidente. Porque sim como: “As crianças ficaram muito mal na
ele foi um herói, que ele trabalhava, ele não tinha escola. Meu menino também era muito agarra-
medo de trabalho, não tinha medo de perigo, ele do com ele, ficou doente. Tive que levar no médi-
era um homem muito corajoso. (Viúva 2) co, ele falou que aquilo era emocional” (Viúva
Desta forma, as famílias recriam um mundo 2). Uma vez passado o choque inicial causado
onde a valorização moral do trabalho, a condi- pela notícia do acidente, vão se reconstruindo
ção de bom trabalhador, de pai provedor e exem- afetiva e materialmente de acordo com as condi-
plar dão sentido ao sofrimento atual. Essa ela- ções em que se encontrava o trabalhador no
boração da dor vem claramente expressa nas momento do acidente.
palavras da viúva: Eu mesma converso com meus As situações de maior sofrimento e abando-
filhos. Meus filhos, vocês tem que dar graças a Deus, no ocorrem com as famílias dos acidentados sem
porque é triste você saber que seu pai morreu na contrato formal de trabalho, como pode ser ob-
mão de um bandido, um tiro, uma facada. Isso é servado neste relato indignado de uma viúva: Não
muito triste, da família ver e lembrar. Pelo menos trabalhava de carteira assinada, mas estava com
vocês sabem que ele estava trabalhando, trazendo os documentos todos prontos para tirar carteira.
o pãozinho pra vocês comerem dentro de casa. Nesse Só que ele morreu antes. Trabalhava lá há sete
caso, a imagem do falecido permanece no imagi- meses. Então, é isso o que sei, que ele morreu lá e o
nário familiar, reproduzindo uma cultura de tra- responsável pela pedreira recusou a assinar cartei-
balho que certamente será seguida pelos filhos ra. E agora eu estou tendo trabalho porque botei
homens e terá influência na forma como as filhas na justiça e estou correndo atrás disso, sem pensão
organizarão sua vida conjugal: Todo mundo fala e sem assistência. O dono da pedreira é um picare-
que ele morreu como um herói, porque ele morreu ta, um irresponsável. (Viúva 1)
trabalhando, não morreu igual a um bandido. Era A despeito das adversidades, as famílias, par-
um homem trabalhador, nunca perdeu dia de ser- ticularmente as mulheres, e até os acidentados
viço. Morreu na honestidade, dentro do trabalho que conseguiram sobreviver, mas ficaram inca-
dele. (Viúva 2) pacitados para o trabalho, buscam intensamen-
te superar os impactos iniciais do acidente sobre
o curso normal de suas vidas. As mães dizem
que precisam se “aprumar” em função dos fi-
lhos. E todos os entrevistados testemunham uma
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maior união entre os membros das famílias e Posicionamento das empresas


muitas expressões de solidariedade por parte dos em relação aos acidentes e acidentados
parentes.
No processo de dar continuidade aos modos As famílias dos trabalhadores mortos aca-
de andar a vida, as famílias encontram o apoio e bam aceitando os acidentes como algo inerente
o alento em crenças e práticas religiosas. Em con- ao processo de trabalho de extração de pedras.
sonância com Geertz11, constatamos que o su- Seus discursos refletem o dilema dos trabalha-
porte religioso torna as dificuldades e fatalidades dores expostos cotidianamente a situações peri-
da vida passíveis de serem suportadas: Eu oro gosas, cujas atitudes oscilam entre garantir a so-
muito à noite, de manhã. A minha força mesmo brevivência ou correr do risco de morte. Uma
vem de Deus. Tem colegas, amigas que me apóiam das viúvas interpreta essa situação problemática
muito, me ajudam, até mesmo em recursos mate- quando diz: “Se a gente for lá e parar uma firma,
riais. É daí que vem a minha força, primeiramente quantas crianças não vão morrer de fome?” (Vi-
de Deus, e depois dos meus amigos. (Viúva 3) úva 2). Mas, após os acidentes fatais, outra das
A força da crença religiosa aparece também entrevistadas assinala uma visão diferente: “É
no relato de outra viúva, da forma como recebeu melhor um desempregado vivo do que um em-
a notícia do acidente: Deus já falou comigo no meu pregado morto” ou “se essa pedreira estivesse fe-
ouvido que eu ia ficar viúva. Aí eu falei com mi- chada, ele estaria vivo” (Viúva 1).
nha vizinha (que lhe deu a notícia do acidente) Diante dos desfechos de morte, um dos mai-
não precisa chorar, não, eu estou preparada. E Deus ores sofrimentos das famílias é a reação quase
me preparou mesmo! (Viúva 2) sempre indiferente e escamoteadora dos patrões.
Mas o sentimento religioso não é um fenôme- Para eles, numa concepção típica da moral ope-
no que surge com o infortúnio, ele faz parte do rária, para a qual Thompson12 chamou atenção,
dia-a-dia dessa comunidade, informando a ma- deveria haver lealdade e reciprocidade dos em-
neira como o cotidiano de risco é pensado e vivi- presários com o empregado que deu sua vida
do: Eu ia até pedir um para ir lá orar aquela pe- pelo trabalho. Daí, o sentimento de indignação
dreira. Porque está muito perigoso, a gente vê cada perante as expectativas frustradas de solidarie-
coisa! Eu falei assim (para o marido), bota Deus dade dos patrões: “Não veio aqui perguntar se a
em primeiro lugar, você pede a Deus do momento gente estava precisando de alguma coisa, se que-
que você está ali, pra Deus te guardar. (Viúva 2) ríamos que pagasse um aluguel, uma água, uma
Outras expressões e atitudes também são revela- compra” (Esposa de acidentado). No mesmo sen-
doras: “Deus vai tomar conta”, referindo-se à si- tido, outros depoimentos evidenciam o mesmo
tuação da família. “Entrego na mão de Deus que padrão: Se esse homem fosse realmente um ser
vai fazer a justiça verdadeira... Fica na mão de humano, se não fosse um picareta igual ele é, eu
Deus, vamos ver o que vai dar agora a indeniza- mais os meus filhos não estaríamos passando essa
ção”, falando sobre o advogado contratado para situação toda. Se ele não fosse um bicho, um mons-
conseguir seus direitos. “Eu pedi muito a Deus tro, ele mesmo reconheceria, não precisava de eu
pra não entrar em depressão”, referindo-se à bus- ter ido procurar ele e ser humilhada. (Viúva 1)
ca de forças espirituais para não sucumbir ao so- Por tratar-se de uma localidade sem tradição
frimento. Outra dimensão desse sentimento reli- de movimentos operários, as relações entre tra-
gioso diz respeito aos patrões: “Eu não guardo balhadores e patrões ocorrem geralmente num
raiva de ninguém. Peço a Deus por eles também”. sistema de troca de favores e de compadrio e esse
Assim, junto com o apoio mútuo dos mem- é um motivo a mais que fundamenta a revolta
bros familiares e a solidariedade dos amigos, a das famílias. Na sua visão, seria de se esperar que
religiosidade ocupa um papel importante no en- o empregador confortasse e amparasse a viúva,
frentamento da morte de entes queridos e é tam- ao menos até que uma pensão lhe fosse concedi-
bém um valor estruturante da cultura dessa po- da: Porque quando o empregado tem o patrão que
pulação, que restaura a ordem necessária para considera ele como ser humano, a obrigação do pa-
continuar vivendo de forma digna e reconhecida. trão é procurar a viúva e conversar. Não é esperar a
viúva se descontrolar, procurar a justiça e lutar sem
condições de sobreviver para poder ganhar um di-
nheirinho e tratar dos filhos. (Viúva 1)
Assim, quando acontece um acidente, o con-
flito entre capital e trabalho, camuflado por rela-
ções aparentemente de compadrio, se desvela em
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todas suas contradições. O compadre/patrão não fala comigo: vou testemunhar com você até a mor-
consola a família, ao contrário, deixa-a ao léu e te. O que eu falar é verdade porque eu sou cristão e
revela-se interessado tão somente em eximir-se eu gosto da verdade. Na hora que você precisar, eu
dos danos pelo ocorrido. Em conseqüência, as estou junto. Ele sabe o sacrifício que eu estou pas-
viúvas e os familiares vêm-se compelidos a ter sando, entende? Eu acho que ele se coloca assim: já
que buscar na justiça o caminho para seus direi- pensou se minha mãe tivesse passando por isso?
tos. A frustração é maior quando, contrariamen- A falta de compromisso das empresas pro-
te, o patrão qualifica de ingratidão o fato de a prietárias ou arrendatárias das pedreiras com as
família recorrer à justiça trabalhista, como se ela famílias, após os acidentes, tem sido a tônica
devesse se conformar com a falta de condições dominante, quase nenhuma assume a responsa-
de sobrevivência: Veio aqui, falou desaforo comi- bilidade pelos danos causados. Em geral, como
go, me jogou uma porção de coisa na cara. Ele não observaram alguns dos entrevistados, os patrões
é um patrão ruim não, se o meu marido precisava “ficam bicudos” frente à mobilização das famíli-
de dinheiro, ele estava pronto para ajudar. Ele as em busca de seus direitos.
emprestou dinheiro para comprar geladeira. Mas Alguns empresários, no entanto, parecem ir
isso tudo ele me jogou na cara. Eu falei assim: eu se diferenciando dos demais e já se empenham
sei que você ajudou, mas não foi de graça, meu em cumprir a legislação, principalmente porque
marido te pagou tudo o que ele apanhou com você. o sindicato, organizado a partir de 1991, reivin-
E ele trabalhou muitos anos com você e era para dica normas de segurança no trabalho e as em-
você reconhecer um pouco. (Viúva 3) presas são pressionadas pela necessidade de ob-
“Correr atrás dos direitos” também fica difí- ter a certificação de qualidade exigida para ex-
cil para uma viúva cujos filhos continuam traba- portação de mármore. Essa pressão externa vem
lhando na empresa em que seu marido se aci- sendo bem acolhida por algumas empresas, le-
dentou. O temor de represálias - como a demis- vando a que as famílias comecem a fazer diferen-
são deles - acrescenta um dano maior à falta do ciações: “Eu não vou botar todo mundo no bolo.
pai provedor, numa localidade onde as oportu- Porque tem muito patrão responsável e tem
nidades de trabalho são escassas: Os filhos traba- muitas empresas que resolvem os problemas”.
lhavam na pedreira. Como o patrão não falou nada De qualquer forma, em relação aos acidentes fa-
em indenização, eu fui à delegacia e consegui esse tais que tivemos a oportunidade de pesquisar,
advogado lá. Ele soube que eu tinha corrido atrás. soubemos apenas de um empresário que aten-
Ele mandou meus dois meninos embora por causa deu prontamente a família, oferecendo-lhe in-
disso. E demoraram muito para conseguir serviço. clusive um seguro de vida.
(Viúva 3)
Algumas famílias chegam a ficar totalmente Papel do sindicato
intimidadas com insinuações dos patrões sobre na conquista dos direitos trabalhistas
os riscos a que se exporiam ao recorrer à justiça:
A indenização até hoje nada. Vieram aqui em casa O papel do sindicato é hoje reconhecido pelas
me ameaçar, ameaçaram minhas filhas. Se nós cor- viúvas e familiares dos acidentados, pois se tor-
rêssemos atrás de alguma coisa ia dar problema. nou seu aliado na reivindicação dos direitos,
Mas até hoje também não resolveu nada da inde- como pode ser constatado nos depoimentos se-
nização (Viúva 3). Isso ocorre também com os guintes: O pessoal do Sindimarmore se ofereceu
colegas de trabalho do falecido. Ameaçados de para ajudar em tudo que pudesse. Eles estenderam
demissão, caso deponham a favor da família, são a mão de uma maneira que eu nem conhecia. Eu
compelidos a testemunhar a favor da empresa: nem imaginava que existia esse negócio de sindi-
Até o próprio colega dele que era amigo de criança cato, essas coisas, e eles entraram assim de uma
falou que não conhecia ele. Inclusive teve um vizi- maneira, como se a gente já se conhecesse há anos,
nho meu aqui, com quem a gente passa até festa de e ajudaram a gente. (Esposa de acidentado grave)
Natal junto, ele foi testemunha uma vez e agora Eu tenho que falar uma coisa para você: se não
não quis mais. A firma comprou ele para ele não fosse esse Sindimarmore também eu tinha passado
ser testemunha, porque ele viu a morte do meu fome. Eu sou uma das vítimas que não posso recla-
marido. (Viúva 2) mar de nada. Eu fui muito bem atendida, tanto
As dificuldades para depor a favor da família por aqueles sócios quanto pelo advogado. Eles me
vitimizada são mitigadas, às vezes, pela moral ajudaram muito. (Viúva 1)
religiosa de colegas do falecido, como conta a Na trilha de maior organização dos traba-
viúva: Ele [um colega de trabalho de seu marido] lhadores, suas causas se tornaram mais visíveis.
1368
Moulin, M. G. B. & Minayo-Gomez, C.

Em janeiro de 1999, a Rede Globo de Televisão nam-se e servem-se da resignação como forma
transmitiu uma série de reportagens, mostran- de resistência e superação da dor. As viúvas abo-
do o cotidiano de trabalho e os acidentes na ati- minam os patrões por não terem sido tratadas
vidade de extração de mármore no sul do Esta- como parte de sua família e os respeitam porque
do. Também o jornal A Gazeta (de grande circu- é deles que esperam o emprego do qual tiram o
lação em todo o estado do Espírito Santo) publi- sustento.
cou reportagem sobre a realidade de trabalho e A mulher, englobada pela figura do homem
da vida em Itaoca. Em rede nacional, a sociedade provedor, não o substitui, quando viúva. Sua
tomou conhecimento das condições de trabalho tarefa reside nos valores ligados à casa, aos cui-
e das muitas viúvas de Itaoca com seus dramas e dados cotidianos e à função de manter a família
sua dor. Não há mais como escamotear uma re- ainda mais unida. Por isso, é tão importante ob-
alidade de trabalho que ganha horário nobre na ter os direitos ao seguro e à pensão.
televisão, por isso as empresas maiores estão ten- O discurso do heroísmo, tanto em vida, en-
dendo a obedecer às leis trabalhistas e de segu- frentando os perigos, quanto na morte digna e
rança. No entanto, os acidentes migraram para honrada revela alguns dos caminhos tortuosos
as empresas clandestinas e de extração de pedras pelos quais os valores e a cultura dessa população
marruadas. Nelas, reproduz-se no cotidiano a contribui para uma noção fatalista, tanto do pro-
informalidade e a improvisação. Nas pedreiras cesso do trabalho quanto da aceitação resignada
clandestinas, as mineradoras que detêm o decre- de grande número de acidentes ali ocorridos.
to de lavra arrendam a pedreira para ex-empre- Faz parte desse contexto a crença no suporte
gados que as exploram sem nenhum critério de religioso para a vida cotidiana e para os desafios
segurança, sem preocupação com a saúde, a vida promovidos pelos acidentes fatais. Apesar da fé,
do trabalhador e o meio ambiente. Diferente- da solidariedade e do apoio sindical, a vida das
mente do início da atividade no setor, tais empre- viúvas de Itaoca é marcada pelo sofrimento, pelo
sas enfrentam atualmente a organização sindical silêncio. O re-ordenamento da sua vida cotidia-
empenhada em garantir o direito à saúde e a vida na, tangida a partir da tragédia, lhes exige um
dos trabalhadores da categoria. novo olhar para o mundo. E seria muito impor-
tante que pudessem contribuir para uma melhor
gestão dos riscos, voltada para a vida e não para
Considerações finais a morte.
A mudança nas relações e condições de traba-
Tentamos compreender o surgimento de uma lho dependerá cada vez mais do movimento dos
chamada “Vila das Viúvas” na localidade de Ita- trabalhadores e das pressões externas. Para a fa-
oca. A vivência das famílias face aos acidentes de mília dos acidentados, urge que os efeitos sociais
trabalho incapacitantes e fatais evidenciam os do acidente fatal no setor de rochas se tornem
problemas e as contradições existentes, tanto no uma questão importante para os poderes públi-
processo de produção como de reprodução. As cos que têm por obrigação proteger a vida huma-
famílias criticam o processo de trabalho na ex- na. E, sobretudo, é preciso que o conjunto de ato-
tração de mármore e, ao mesmo tempo, se orgu- res – empresários, trabalhadores, familiares, sin-
lham de aí operarem. Reconhecem a exploração dicato e instâncias públicas – avancem de modo
que sofrem, mas se resignam e encaminham seus que o acidente de trabalho fatal ou mutilante seja
filhos para o mesmo tipo de atividade. Resig- uma absoluta exceção ou real fatalidade.
1369

Ciência & Saúde Coletiva, 13(4):1361-1369, 2008


Colaboradores Referências

MGB Moulin participou de todas as etapas, des- 1. Oliveira JI. O grito das pedras – a romaria dos mártires
de a concepção, coleta e análise dos dados à re- do mármore. Cachoeiro do Itapemirim: [s. n.]; 2005.
2. Duarte LFD. Da vida nervosa nas classes trabalhado-
dação do artigo e C Minayo-Gomez participou ras. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1986.
da concepção do estudo, da interpretação dos 3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa
resultados e na elaboração final do artigo. qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; Rio de
Janeiro: Abrasco; 2006.
4. Minayo MCS. De ferro e flexíveis: marcas do Estado
empresário e da privatização na subjetividade operá-
ria. Rio de Janeiro: Garamond; 2004.
5. Piquet R. Cidade-Empresa: presença na paisagem
urbana brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1998.
6. Hoggart R. Utilizações da cultura. Lisboa: Editorial
Presença; 1973.
7. Almeida MV. Senhores de si: uma interpretação an-
tropológica da masculinidade. Lisboa: Fim de Século
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8. Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C. Psicodinâmica do
trabalho. São Paulo: Atlas; 1994.
9. Moulin MGB, Reis CT, Wenichi GH. No meio do
caminho havia uma pedra - organização do traba-
lho e saúde no processo de extração e beneficia-
mento de mármore. In: Kiefer C, Fagá I, Sampaio
MR, organizadores. Trabalho, Educação e Saúde: um
mosaico em múltiplos tons. Vitória: Fundacentro;
2000. p. 221-240.
10. Rodrigues JC. Tabu da morte. Rio de Janeiro: Achia-
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11. Geertz C. A interpretação das culturas.. Rio de Janei-
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12. Thompson EP. The moral economy of the English
crowd in the eighteenth century. Past and present 1971;
50:27-39.

Artigo apresentado em 02/05/2007


Aprovado em 15/05/2007
Versão final apresentada em 10/09/2007

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