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LUIZ DE MELLO

OPINIÕES SOBRE OS PINTORES


DOMINGOS E HORÁCIO TRIBUZI

(•.. )Bem diferente é o seu Os Pin-


tores. Neste, o contista torturado cede
lugar ao pesquisador paciente e só-
brio, que nos fala dos pintores Trlbuzi
e da Questão Tribuzi-Trubert,
reconstituindo sua curiosa h istória,
ao mesmo tempo que nos dá um qua-
dro precioso de São Luís na segunda
metade do século XIX, uma cidade
opulenta, voltada para a cultura fran-
cesa.
Ao ler o seu Os Pintores , não
pude deixar de p e nsar nesse outro
Tribuzi famoso - o poeta Bandeira
Tribuzi, cuja vida nos descreve Rossini
Corrêa, com muito talento.

Ren11to Caatelo BnuJco*


(São Paulo, 24/4/1990)

Recebi e agradeço o livro Os Pin-


tores Domingos e Horácio Tnõuzi, uma
valiosa contribuição à litera tura
maranhense. É um excelente traba-
lho de pesquisa que muito enrique-
cerá a história da pintura em nosso
Estado.

Joaé 8111Dey
(Brasília, 13/ 12/ 1994)

(... ) Dessa maneira, como um


dostoewskiano homem do subterrâ-
neo, nos porões reais de um espaço
onde praticamente vive a maior parte
de sua vida, Luiz de Mello resgata ati-
vidades de pintores e escultores do
século XIX, apresentando nomes e
obras, principalmente de alguns que
jamais foram sequer mencionados por
estudiosos das Artes Plásticas no
Maranhão.
Os nomes de Leon Righini, Do-
mingos Tribuzi, Desiré Trubert, Car-
doso Homem, Francisco Raimundo
Diniz, Joseph Dumas, Horácio Tribuzi,
João Bindseil, Francisco Peixoto Fran-
co de Sá, José Maria Bílio Júnior,
João Manoel da Cunha, Joaquim
Ferreira Barbosa e tantos outros que
nestas páginas aparecem, formam um
conjunto daquilo que, tecido quase
dia-a-dia, conforme relata o pesqui-
sador, baseado em periódicos da épo-
ca, constitui uma peça fundamental,
ou protocolo de intenções, da própria
história provincial de São Luís. (... )

N11uro Jl11cb11do

* Escritor piauiense falecido em 1995.


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS
NO MARANHÃO (1842-1930)

PESQUISA HISTÓRICA
DO AUTOR:

Os pintores Domingos e Horácio Tribuzi (ensaio histórico). São Luís: SIOGE, 1989. (Prêmio Antônio
Lopes, do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, 1987).

Meridiano oposto (contos). São Luís: SIOGE, 1990. Prêmjo Odylo Costa, filho, do Concurso Literário
e Artístico Cidade de São Luís, 1987.

Os segredos de Guímel (contos). São Luís: Plano Editorial SECMA, 1996. (Prêmio Odylo Costa, filho,
do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, 1993).

Os terroristas e os outros (conto). Prêmio do Concurso de Contos da Universidade Federal do Maranhão,


1993.

Primórdios da telefonia em São Luís e Belém (pesqui sa histórica). São Luís: Edições AML, 1999.
Série Documentos Maranhenses, vol. 19. (Prêmio Antônio Lopes, do Concurso Literário e Artístico Cidade
de São Luís, 1997).

Pintores maranhenses do século XIX (pesquisa histórica). São Luís: Lithograf, 2002.

Edição de texto: O Maranhão histórico (ensaio histórico), de José Ribeiro do Amaral. São Luís:
Instituto Geia, 2003.
LUIZ DE MELLO

CRONOLOGIA DAS ARTES


, -
P' •STICAS NO MARANHAO
( 1842-1930)
#

PESQUISA HISTORICA

LITH©J!D
INDUSTRIA GIWICA ( (;[)HORA LT().A.

SÃO LUÍS
2004
Copyright© 2004 by Luiz de Mello
Impresso no Brasil

Gerência de Estado da Cultura


Coordenação de Ação e Difusão Cultural
Rua Portugal Nº 303 - Praia Grande
Fone: 232-3680
CEP: 6501 0-480 - São Luís (MA)

Digitação:
Armando Eugênio
e Lithograf

Revisão geral:
Luiz de Mello

Capa e projeto gráfico:


Lithograf

Fotos:
Francisco Campos

Capa :
Vista de São Luís do Maranhão (1863),
Óleos/ te la por Leon Righini

Impressão e acabamento:
Lithograf

Normalização:
Biblioteca Pública Benedito Leite

Permite-se o reprodução de textos, desde que sejam citados os fontes.

Mello, Luiz de
Cronologia das artes plásticas no Maranhão (1842- 1930); pesqui sa histórica/
Luiz de Mel lo. - São Luís: Lithograf, 2004.
4 78 p., il.

1. Artes plásticas - Maranhão, 1842-1930 - História. 1. Título.


CDD 730.098 121
AGRADECIMENTOS

Ao Dr. José Sarney,


Presidente do Senado Fede ral

A o Dr. José Reinaldo Tavares,


Governador do Estado do Maranhão

- que possibilitaram a publicação desta obra .


DEDICATÓRIA

À memória de

Bandeira Tribuzi
Nelson Werneck Sodré
Reis Perdigão
APRESENTAÇAO

De Que estás rindo? É a ti Que a história


se refere, apenas com o nome trocado.
Horácio
Sátiras 1

Compreender e produzir conhecimento sobre as origens da arte


maranhense passa obrigatoriamente pela obra do pesquisador Luiz de
Mello. Se A páscoa das gaivotas (de Carlos Cunha) , Arte do Maranhão:
1940-1990 (BEM) e A obra escultórica de Newton Sá (Raimundo Fortes)
pontuam quase solitários como fonte bibliográfica sobre o panorama
contemporâneo das artes plásticas do Maranhão, os trabalhos de Mello
já publicados - Pintores maranhenses do século XIX e Os pintores Do-
mingos e Horácio Tribuzi - o colocam como única fonte de referência
para o século 19 e início do século 20. Ou seja, responsável pela recupe-
ração dos primeiros registros e origem das expressões da pintura, escul-
tura, gravura e fotografia neste Estado .
N esta Cronologia das artes plásticas no Maranhão (1842-1930),
Mello não só apresenta uma compilação de registros que envolvem ·qua-
se 100 anos de trabalho plástico em São Luís e parte do interior do
Maranhão, como também, e aqui se revela uma destacada contribuição
do pesquisador, disponibiliza os indícios, as origens e a gênese da pintu-
ra, gravura, ilustração, escultura, fotografia , cenografia, arquitetura e
ornamentação. Indícios estes que, para qualquer interessado estão hoje
perdidos em acervos dispersos, bibliografia mínima e fontes primárias
de acesso proibitivo, apesar dos esforços particulares da eq uipe da Bibli-
oteca Pública Benedito Leite, instituição que ainda hoje guarda preciosa
coleção de periódicos.
Já é conhecida a máxima sobre a importância do passado para a
compreensão do presente. Nesse sentido, certamente, persistem ainda
em nossa historiografia das artes lacunas sobre a produção dos artistas
presentes na cidade desde sua fundação até o final do século 18. Porém,
ganha destaque a História revelada por Luiz de Mello de quando e como
se deu o início do ensino artístico no Maranhão. O mesmo ensino (com
suas escolas, ateliês e mestres) responsável pelo desenvolvimento das
artes maranhenses ao longo dos séculos XIX e XX, que se tornaram a
referência visual daquilo que deveria ser abolido, esquecido e não repe-
tido quando do surgimento das correntes modernas e contemporâneas
nas artes locais, na década de 40 do século passado. Surge a História da
Arte Maranhense, ou como registra More Bloch, a " H istó ria com o ciência
dos hom ens no tempo", não mais a história como ciência do passado.
Ao transcrever matérias e citações de periódicos, mesmo sem incluir
comentários ou informações complem entares que poderiam demonstrar a
opinião do autor sobre os fatos relatados, o livro nos chama a atenção: o
passado ainda é uma estrutura em progresso, nunca um dado rígido. Ao
revelar a presença do Teat ro Artur Azevedo, Monumentos, Instituições e
Logradouros ainda hoje presentes na paisagem e vida de nossa cidade, o
livro proclama que a História da Arte Maranhense, de forma ampla, não
começou com os modernos, na Movelaria Guanabara, de Pedro Paiva Filho.
Exata mente neste caminho de abolir as regras passadas em dire-
ção à m odernidade nas artes plásticas é q ue se desenvolveu um processo
paralelo, de esquecimento e abandono das origens da Histó ria da Arte
loca l. Luiz de Mello recupera para nossos dias o conhecimento não só dos
pintores e gravadores atuantes na cidade, como regi stra as primeiras ati-
vidades de pintoras mul heres (num momento da sociedade local a inda
fortemente marcada pela presença m asculina), os primeiros fotóg rafos, o
surgimento da arte pública e o registro de escolas e mestres de pintura e
escultura (com suas técnicas, temas e metodologias de ensino) .
O trabalho aborda , e aqui não poderia deixar de regist rar, por ser
área de interesse e atuação pessoal: o surgimento do e nsino arquitetô-
nico e de profissionais atuantes nas áreas de projeto, decoração cênica
e ornamentação. Estas informações confirmam o que antes d este t raba-
lho era apenas uma especulação: a presença da cultura artística italiana
em São Luís, responsável pela divulgação dos mode los historicistas da
arquitetura eclética.
Entendo como contribuição fina l deste trabalho o reconhecimento
que qualquer docume nto histórico (uma reportagem de jornal, uma ilus-
tração de revista e a própria obra de arte) não são vestíg ios com os quais
o pesquisador constrói a História . O d ocum e nto é um supo rte que permi-
te ao pesquisador a elabo ra ção de d iferentes perguntas, estas sim, as
que condicionam a análise, e levando o u d iminuindo a im portâ ncia do
documento, ou da obra de a rte, produzida num momento afastado.
Nenhum objeto tem movimento na sociedade humana exceto pela
significação que os homens lhe atribuem. São as q uestões propostas pelos
pesquisadores que condicionam os objetos e não o posto. Daí pode surgir
a riqueza da pesquisa e da produção do conheci mento. É isso que o traba-
lho Cronologia das arfes plásticas no Maranhão (1842-1930) permite, como
uma obra de referência q ue difici lmente perderá sua atualidade.

José Marcelo do Espírito Santo


Arqu iteto e professor de História da Arte d a
Universidade Federal do Maranhão-UFMA
~
~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

PRIMEIRO ANÚNCIO DO PINTOR 1845. - Vieira - Rayol- nº20- Pagou sele mil equinl1entos
DOMINGOS TRIBUZI réis. Maranhão, 10 de março de 1845. - Silva - Mendes.
(Do livro de Nomeações da Província do Maranhcio,
Domingos Tribuzi, romano, discípulo da Academia de São 1845, p. 1O. Acervo de Arquivo Público do Estado do
Lucas em Roma, onde seguiu o curso regular de desenho Maranhão).
linear, de figura, paisagem e pintura. estabelece cm sua casa,
nesta cidade, uma aula destas prendas. Sobre o preço se GOVERNO DA PROVÍNCIA
convencionará segundo o número das lições na semana. Tam- Expediente do dia 6 de março
bém se oferece a ir à casa de cada um dar lições particulares.
O artista Tribuzi tira relratos em pintura. miniatura e Ao inspetor da lnslrução Pública. - À vista do que
desenho de todos os tamanhos, e até tão pequenos que Vmc. expõe em seu ofício de 5 do corrente sob nº 50, tenho
servem para medalhas de pendurar ao pescoço das senho- a dizer-lhe que aprovo a Domingos Tribuzi por Ymc. pro-
ras e para alfinetes de peito, o que muito usado é na Euro- posto para substituto da cadeira de desenho do Liceu,
pa e mesmo em algumas províncias do Brasil. Ensina tam- visto achar-se licenciado o respcc1ivo professor, devendo
bém a bordar em renda. desenho linear, de fi gura e paisa- ele solicitar o seu título pela Secretaria desta Presidência.
gem, pi ntura e ornato; se propõe também a aperfeiçoar a (Publicador Maranhense, 26/3/1845, p. I ).
música de cantoria, com o método do célebre Rubini, tanto
no italiano como em português a todas aquelas senhoras DOMINGOS TRlBUZI dá Lições de desenho em sua casa,
que já tiverem adiantamento na cantoria, e a pronunciar e na qual tem algumas cabeças de gesso para por elas se apren-
entender a língua italiana, que é muito preciso e necessá- der a tirar retratos em relevo, também ensina a pintar a óleo e
rio para a boa cantoria. núniaturn e na mesma casa se acham todos os preparos ne-
Quem quiser utilizar-se do préstimo do anunciante pode cessários. (Publicador Maranhense, lº/ 10/1845, p. 4).
dirigir-se-lhe por meio de uma carta, ou procurá-lo em casa
das senhoras Meirellcs, Rua da Estrela, 47. (Jornal Mara - EDITAIS
nhense. 8/4/1842, p. 4).
Por ordem do Exmo. Sr. presidente da Província fica
ADVERTfiNCIA aberto o concurso, até o dia 20 do corrente, para provi-
mento definitivo da cadeira de desenho do Liceu desta
Não obstante ser-nos mister 300 assinaturas para co- cidade. Os opositores deverão, findo o prazo marcado,
brirmos as despesas infalíveis deste periódico, todavia com apresentar os seus requerimentos competen1emente do-
118, que são as que temos, estamos a publicá-lo, e a nossa cumentados a fim de se marcar o dia para o exame.
empresa terá o prometido curso, visto que dispostos esta- Secretaria do Governo do Maranhão, 4 de dezembro de
mos a todos os sacrifícios, contanto que o Maranhão co- 1846 - Dr. Carlos Fernando Ribeiro, secretário do Gover-
lha os resultados de uma publicação como esta. Despedi- no. (Publicador Maranhense, 5/12/1845, p. 4).
mos de nosso serviço o Sr. J. L. Joubert, nosso primeiro
litógrafo, porém nem nós perdemos com isso, nem os Srs. Nomeação de serventia vitaJícia da cadeira de desenho
assinantes, porquanto fo i por nós chamado o Sr. Domin- do Liceu desta cidade a Domingos Tribuzi.
gos Tribuzi. italiano de nacionalidade, um dos melhores O Dr. Joaquim Franco de Sá, Oficial da Imperial Ordem
retratistas que hoje temos. E tanl<l facilidade tem o artista da Rosa, Cavaleiro de Cristo, juiz de Direito da comarca de
que em poucas horas apresentou-nos o feliz resultado da Alcântara, deputado à Assembléia Geral Legislativa e pre-
estampa que adorna este número. Desnecessário é à vista sidente da Província do Maranhão por S. M. o Imperador a
dele tecermos elogios, porém a litografia será melhorada quem Deus guarde ( ...) Faço saber aos que este alvará
logo que nos cheguem o papel e 1inta próprios, que breve- virem, que atendendo a que o cidadão Domingos Tribuzi,
mente esperamos de Portugal. (Museu Maranhense, nº 3, opositor à cadeira de desenho do Liceu desta cidade, se
l 0 /8/ 1842, p. 24 ). acha compctentemente habilitado, hei por bem em confor-
midade da Lei Provincial nº 77, de 24 de julho de 1838,
NOMEAÇÃO DO PINTOR DOMINGOS TRIBUZI provê-lo na serventia vitalícia da mencionada cadeira, ha-
vendo o ordenado que legalmente lhe competir. Pelo que
Nomeação de substituto da cadeira de desenho civil mando a quem pertencer que lhe dando a respectiva posse
do Liceu desta cidade a Domingos Tribuzi. depois de prestar o juramento de estilo, o deixe servir e
O vice-presidente da província, atendendo a proposta exercitar. E para a firmeza Lhe mandei passar o presente
que lhe fo i presente do inspetor interino da Instrução Pú- alvará que lhe servirá de título, indo por mim assinado e
blica, há por bem nomear a Domi ngos Tribuzi para o lugar selado com o selo das Armas do Império. Dado na cidade
de substituto da cadeira de desenho civil do Liceu desta de São Luís do Maranhão em 22 de dezembro de 1846, 25º
cidade enquanto durar o impedimento do respectivo pro- da Independência e do Império. -Augusto César dos Reis
fessor proprietário, percebendo os vencimentos que lhe Rayol a fez. - E eu, Dr. Carlos Fernando Ribeiro, secretário
competirem. Palácio do Governo do Maranhão em 1O de do Governo, o fiz escrever e subscrevi. - Joaquim Franco
março de 1845. -Augusto César dos Reis Rayol -Ângelo de Sá. - Estava o selo - Alvará por que S. Exa. há por bem
Carlos Moniz - Eslava o selo. - Por despacho de 6 de prover o cidadão Domingos Tribuzi na serventia vitalícia
março de 1845. - Pagou quatro mil réis de emolumentos da cadeira de desenho do Liceu desta cidade. Para V. Exa.
que fi cam lançados à fo lha 20 do Livro de Emolumentos. ver. - Por despacho de 22 de dezembro de 1846. - Pagou
Secretaria do Governo do Maranhão em 16 de março de 42$600 réis em emolumentos que ficam lançados à folha nº
LUIZ DE MELLO

6 do livro respectivo. -Secretaria do Governo do Maranhão obras de retrós e desenho de figura. As pessoas que pre-
em 22dedezembrode 1846-Vieira-Rayol-nº21-selo tendem honrá-la com a sua confiança poderão dirigir-se à
- 7$400- PG - sete miJ e quatrocentos réis. Maranhão, 22 Rua do Sol, casa nº 2. (O Progresso, Jº/10/1847, p. 2).
de dezembro de 1846. - Freitas - Sousa. (Livro de Nomea-
ções da Província do Maranhão, 1846. Acervo do Arqui- MOVIMENTO DO PORTO
vo Público do Estado do Maranhão). Entradas no dia 14:

O EMBLEMA DA LIGA Brigue português Laia, de Lisboa, em 33 dias. Capitão


José de Abreu; consig. Antônio Joaquim de Araújo Gui-
Na noite do dia 28 de julho, em que o Sr. Franco de Sá marães; tripulação: 16 pessoas; carga: vinho, vinagre e
para se popularizar foi fazer ou pagar uma visita ao Clube vários gêneros; passageiros: Dr. Ayres de Vasconcellos
da Liga na igreja de Santana, dignando-se a petiscar com Cardoza Homem, José de Albuquerque Cardozo Homem,
o povo mesa lauta, que, segundo O Progresso, é virgem Manoel Ferreira Marques Tavares, Manoel José Fernan-
nos anais dos nossos meetings, tivemos a pachorra, ou des Bastos, Bento da Silva, Joaquim Maria Ribeiro Moniz,
mais acertadamente a curiosidade de ir ver a iluminação da Sebastião Gomes da Silva Belfort. (O Progresso, 17111/
Liga e dos Bem-te-vis. 1847,p. 3).
Nada nos despertou tanto a atenção como o quadro
colocado sobre o vestíbulo da predita igreja - simbolizan- EXPOSIÇÃO DE BELAS-ARTES NO LICEU
do a Liga.
Este quadro, executado sob a direção da gente do gru- Pintura a óleo:
po dissidente, revelou as pretensões desse grupo que tanto 1° O quadro ao natural que representa a Fé,
forceja por preponderar na Província. Esperança e Caridade, por Augusto César de Carvalho
O quadro continha dois laços de fita amarela e azul- e Silva.
celeste. Nos arcos do laço da primeira fita estavam impres- Pinturas a aquarela (aguadas):
sos os nomes do partido Cabano e Bemtevi, e nas pontas 2º Ramalhete de dálias, saudades, rosas, amores-
as legendas - Liga Maranhense em uma; Correio Mara- perfeitos, por Augusto César de Oliveira e Silva.
nhense e Revista em outra. Idem de rosas e outras flores, por Antônio José de
A fita azul era mais larga e com o laço em superior Sampaio Albuquerque.
elevação que o da amarela, e continha os nomes d' O Pro-
Idem de ranúnculos roxos e brancos, por D. Maria
gresso e Publicador num laço por cima do outro, e em Emília Carmi1ú
letras maiúsculas a palavra Dissidentes, de maneira que
Desenhos a traço:
devendo ser a legenda - Liga Maranhense - que domi-
Figura acadêmica, por José Fernandes de Oliveira.
nasse o quadro, era tudo pelo contrário, transluzia na pin-
Idem, por Augusto César de Carvalho e Silva
tura o pensamento de que a Liga era uma burla, ou pretex-
Idem, por D. Narcisa Cândida Mendes
to pueril.
Desenhos a esfuminho:
Rematava por sobre o laço azul um capacete, gorro ou
Santa Cedlia, cópia de Rafael de Urbino, e o retrato
boné à Henrique VIII, certamente simbol izando a dedicada
de Catarina de Médicis, por José Martins Corrêa.
proteção do presidente à Liga Maranhense; e por baixo
Tatius e a Virgem, cópia de Rafael, por D. Maria
desse boné pendia uma espada romana designando talvez
Emília Caimini.
a força do protetor e suas tendências ...
O boné por cima do punho da espada pareceu-nos o Amor e Vênus, por D. Maria Emí]ja Carmini
chapéu de Gesler na ponta de uma lança na praça pública Desenhos a 2 crayons e papel de cor:
de AJtorf; mas o Sr. Franco de Sá não quer que o tenham Dois retratos, por José Fernandes de Oliveira
por um Gesler... porém, cuidado, o terreno em que S. Exa. A Castidade, por Vicente Vasconcelos Duarte
pisa é escorregadio, e a viagem não é longa. Santa Ágata , por Antônio José de Sampaio Almendra
Por este pequeno esboço, só quem for míope desco- Um retrato, por Severino Dias Carneiro
nhecen1 que os dissidentes querem ocupar na Liga as pri- Um retrato, por Joaquim Costa Barradas
meiras posições; darão, é de supor, ao grupo Jansen, o Desenhos de paisagens:
lugar imediato, ficando a Revista com o último assento, José Luiz dos Santos
pois que em uma das pontas da fita amarela estava acomo- D. Narcisa Cândida Mendes
dada, muito próxima do recorte da fita, que convém notar Odorico Launé da Silva
semelhava-se ao bifurcado de uma.forquilha. (O Observa- João Batista de Almeida Couceiro
dor, 3/8/1847, p.3). César Augusto Mar·ques
Francisco Júlio de Albuquerque
AVISO Henrique Itacolumin Lopes
Antônio Rodrigues Bayma
D. Maria Emília Carmini pretende abrir no dia 1ºde ou- Análio de Miranda
tubro próximo futuro a sua escola de ensino primário para Desenhos de ornato:
o sexo feminino, no qual se propõe ensinar a ler, escrever Manoel Antônio da Costa Cururuca
e contar nas espécies adequadas à natural compreensão João Antônio da Silva
das meninas - a marcar de diferentes formas e bordar de N. B. - A exposição constava de 94 quadros. (O Pro-
branco, de cadeia e passagem em fi ló, ponto de tapete, gresso, 10/12/1847, p.2).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

AVISO Os marceneiros estudarão desenho de mobília, mar-


quesas, camas, berços, espelhos, toucadores e tudo o mais
O Colégio de Nossa Senhora dos Remédios convida a que tendo de ser entalhado, aberto ou liso depende essen-
todos os devotos e devotas para as istirem à festividade que cialmente dos princípios de desenho. Os serralheiros es-
ele faz em honra e glória de sua padroeira a Senhora dos tudarão desenho de grades, portões e todos os ornatos de
Remédios no domingo, 2 do próximo janeiro na igreja de Nos- fundição. E do mesmo modo se ensina desenho de qual-
sa Senhora da Anunciação e Remédios, pertencente ao Reco- quer outra arte como canteiro, torneiro, etc.
lhimento desta cidade. Constará de vésperas, que começarã0 Independentemente disto também ensina desenho de
cedo, de missa e sermão que principiará pelas 1Ohoras, e de fi gura, paisagem e arquitetura. O preço: 5$000.
Te Deum no fim da tarde do domingo, havendo missas reza- Os senhores que quiserem começar, dirijam-se a esta
das às 4, 5, 6 e 7 horas da manhã. Celebrar-se-á tudo com casa até o fLm do mês. (0 Progresso, 4/4/1848, p.3).
esplendor, que pennitem os recursos do estabelecimento. A
música é quase toda nova, composta pelos professores do IMAGEM
colégio, os Ilmos. Srs. Vicente Ferrer Lyra e D. Pedro Albarez,
e executada pelos melhores professores da cidade, no que
O pintor Francisco Luiz Marques tem para vender cm
tomam parte em diversos ramos alguns dos alunos da casa,
sua casa um santuário com a competente imagem do Se-
os quais merecem ser aplaudidos. Ora, corno os recursos or-
nhor crucificado, o qual vende muito em conta; quem o
dinários para esta solenidade são muito Limitados, convida-
pretender dirija-se à Rua da Cruz, casa nº 15. (O Progresso,
se também quem deseja promovem Culto Divino e se interes-
19/4/ 1848, p.4).
sa pela prosperidade do estabelecimento a enviar a um leilão
festival, que se há de fazer nesse dia junto da igreja, qualquer
PROFESSOR
j óia que sua devoção lhe ditar e concorrer a ela ou mandar
para estas valerem mais, ficando todos certos de que o pro-
Eduardo Costa recente mente chegado da cidade do
duto deste leilão é positivamente para ajudar a cobrir as des-
Porto, na barca Nova Aurora, propõe-se a ensinar as lín-
pesas da festa Por todo esse dia e noite, e principalmente no
guas francesa e inglesa e também desenho; quem quiser
dja e noite seguinte, 3 de janeiro, haverá exposição dos dese-
utilizar-se de seu préstimo dir ija-se à sua residência na Rua
nhos e escritas dos alunos do mesmo, pois que é esta oca-
sião mais própria para este fim. daPalmanº31.
Maranhão no Colégio de Nossa Senhora dos Remédi- Maranhão, 20 de maio de 1848. (O Progresso, 20151
os, 20 de dezembro de 1847, ano sétimo do colégio. 1848, p.4).
Por todo o colégio e seu diretor
D.F. Marques Perdigão AVISO
(0 Progresso, 24/121 1847, p.3).
Sendo este o último mês do ano letivo no Colégio de
AVISO Nossa Senhora dos Remédios, começarão no mesmo em
2 1 do corrente e seguintes dias úteis os exames dos alu-
O pintor Francisco Luiz Marques faz saber aos seus nos que se habi litaram nas diferentes aulas que este ano
fregueses que j á mudou a sua loja de pintura da Rua do Sol tiveram exercício no colégio, a saber: de latim, geografi a,
para a mesma casa onde morou seu pai o Sr. Rafael Fran- inglês, gramática da Língua Pátria, geometria, francês e
cisco Lujz Marques, na Rua do Sol nº 15, em cuja loja se faz instrução primária. - Findos os exames, terá lugar a distri-
algumas imagens e encarna-se toda a qualidade de santos, buição dos prêmios e far-se-á no colégio, durante os dias
pinta-se tabocas e aluga-se palanquins para batizados, de 30 do corrente, l 0 e 2 de julho desde de manhã até às 9
tudo por preços cômodos. O mesmo faz saber que aluga a horas da noite, exposição geral dos desenhos e escritas
metade da dita casa com os melhores cômodos. Quem pre- dos alunos. O diretor, em nome de todo o colégio, convida
tender alugá-la poderá vê-la a toda hora do dia, na mesma as pessoas inteligentes e que têm voto nas matérias para
casa acima dita. (O Progresso, 11 /311848, p.3). que tenham a bondade de assistir a fim de animarem e
premiarem com suas presenças os j ovens estudiosos, e de
AULA DE DESENHO APLICADO ÀS ARTES certo modo punirem os que deixaram de se habilitar.
Maranhão no Colégio de Nossa Senhora dos Remédi-
No dia l ºde maio abrirá José de Albuquerque Cardoso
os, 18 de julho de 1848. - Ano sétimo do colégio.
Homem na Rua Grande nº 26 uma aula de desenho com
O diretor e proprietário do colégio
todas as vantagens que um artista pode desejar, não só
pela utilidade que dela podem auferir, como também pelo D. F. Marques Perdigão (O Progresso, 20/611848, p.3).
preço e hora a que tem lugar- sendo o primeiro 3$000 rs.,
e a segunda das 7 às 9 da noite; e é bem conhecida por LEI N° 243 DE 16 DE OUTUBRO DE 1848
todos de quanta conveniência seja esta hora, por não rou-
bar ao artista o tempo de dia que ele tem de despender no Antônio Joaquim Álvares do Amaral, comendador da
seu estabelecimento. Ordem de Cristo, oficial da Imperial Ordem da Rosa, con-
Cada artista aprenderá o desenho que a sua arte exigir; decorado com a Medalha da Restauração da Bahia pela
assim os ourives estudarão desenho de baixela, cafeteiras, Independência e presidente da Província do Maranhão.
açucareiros, bandejas, salvas, paliteiros, bacias, jarros, cas-
tiçais, pentes, rosetas e tudo o mais que a arte de ourives Faço saber a todos os habitantes que a Assembléia Le-
pode trabalhar com primor e dei icadeza. gislativa Provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
LUIZ OE MELLO

Art. l º - Haverá na Casa dos Educandos Artífices uma Do R elatório com que o Exmo. Sr. Antônio Joaquim
aula de escultura e desenho aplicado às artes e ofícios. Álvares do Amaral entregou a administração desta Pro-
Art. 2º - O professor desta aula, que deve ser freqüen- víncia ao Exmo. Sr. Herculano Ferreira Pena.
tada tanto pelos alunos internos, ou educandos artífices,
como pelos externos que a isso se propuserem, terá qui- EDUCANDOS ARTÍFICES
nhentos mil réis de ordenado anual e estará sujeito à mes-
(...) O edifício dos Educandos Artífices, que hoje per-
ma fiscalização dos professores do Liceu; servindo, po-
tence aos próprios provinciais, não tem a capacidade ne-
rém, de delegado da Instrução Pública no estabelecimento
cessária para semelhante estabelecimento, apesar de al-
o seu respectivo d iJetor.
guns casebres com que se tem aumentado a antiga casa.
Art.3° - Na falta do professor nacional próprio para
Mandei levantar uma planta para melhorar esta casa, dan-
explicar as matérias do programa do art. l º,poderá o presi- do-lhe ao mesmo tempo uma elegante perspectiva, e o major
dente da Província engajar para seme lhante fim professor engenheirn R odrigues Lopes apresentou prontamente toda
estrangeiJO, mas por tempo determinado que não exceda o a despesa em cerca de quatro contos de réis, e por falta de
prazo de três anos. dinheiro não fiz levar a efeito a obra. Realizei a compra de
Art.4° - Esta cadeira é temporária, e o seu professor instrumentos para a banda de música dos meninos edu-
será conservado somente enquanto convier ao serviço candos, que já vão adiantados, e deles se serviram pela
público. primeira vez no dia 2 de dezembro último. Neste mesmo dia
Art.5° - Fica de ora em diante fixado em sessenta o glorioso foi instalada naquela casa, e em minha presençl:l,
número dos educandos artífices. a cadeira de escultura e desenho mandada criar pela Lei nº
Art.6° - Ficam revogadas as disposições em contrário. 213, de 16 de outubro do ano passado, tendo sido em sua
Mando portanto a todas as autoridades a quem o co- conformidade engajado o professor por espaço de três
nhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cum- anos; mas não há ali os cômodos suficientes para este e
pram e façam cumpru tão inteiramente como nela se con- outros místeres, a fim de manter-se este estabelecimento
tém. O secretário desta Província a faça imprimir, publicar e de tanta utilidade pública com ordem e regularidade. (...)
correr. Palácio do Governo do Maranhão em dezesseis de (Publicador Maranhense, 6/2/1849, p.2).
outubro de mil oitocentos e quarenta e oito, vigésimo séti-
GOVERNO DA PROVÍNCIA
mo da Independência e do império.
Expediente do dia 17/3/1849
ANTÔNIO JOAQUIM ÁLVARES DO AMARAL
(..) - Ao diretor dos Educandos. - Em resposta ao ofí-
E stava o selo.
cio que Vmc. dirigiu-me com data de ontem sob o nº 24,
(Do Livro de Leis e Decretos da Provínc ia do
acompanhado de outro do professor de escultura e dese-
Maranhão, 1848). nho desse estabelecimento em que pede vários obetos
para a respectiva aula, tenho a comunicar-lhe que em tem-
ESTAMPAS po oportuno serão fornecidos os referidos obj etos. ( ...)
(Publicador Maranhense, 24/3/1849, p.l).
Estampas de São Raimundo Nonato, em ponto grande
e pequeno - Santa Filomena em ponto pequeno, coloridas DECLARAÇÃO
e em fumo - há na loja de Magalhães, na Rua Grande. (0
Progresso, 3/31849, p.4). Acaba de ser litografado na Corte um belo retrato do
exímio patriota, o finado desembargador Nunes Machado,
TRECHO DA REVISTA DO MARANHÃO o mais parecido que é possível.
Só lhe falta mobilidade e brilho, que tanto realçavam
(...) Veio a Laura de Pernambuco: - Corre u logo que aquela ardente fisionomia por onde refletia toda a pureza e
vinha a Companhia de Canto. Era mentira!... Que horror! magnanimidade de sua grande alma.
Abusarem assim das esperanças dos filarmônicos. É cruel. Nesta tipografia existe um retrato, que será franqueado aos
O teatro exultou com a verificação da inexatidão da notícia, patriotas que o quiserem ver. (O Progresso, 16/4/1849, p. 6).
porque se envergonhava de mostrar os trapos velhos do
AVISO
seu cenário e que os membros lhes estavam podres e a
cair. Consola-te, teatro, que não há companhias possíveis;
HENRIQUE Roberto Rodrigues, bacharel fonnado em Di-
vai sofrendo o teu mormo e reumatismo, porque o Tesouro
reito pela Universidade de Coimbra, sócio do Instituto Dra-
Provincial não tem dose nenhuma homeopática para te
mático da mesma cidade, advogado perante a Relação do
restituir a vida. Porto, e José d' Albuquerque Cardoso Homem, da Academia
O canto trouxe-nos a idéia da filarmônica, que ainda de Belas-Artes de Lisboa e professor de desenho e escultura
não foi avante em conseqüência de certa mesquinhez de aplicada às artes na Casa dos Educandos Artífices, abrirão
espirito e de rivalidade que entorpecem e hão de sempre uma escola em que ensinarão as seguintes matérias:
entorpecer tudo. ENSINO PRIMÁRIO ELEMENTAR- Leitura escrita,
O teatro nos fez lembrar que no domingo teve lugar a as quatro operações aritméticas em números inteiros, de-
instalação da Sociedade Homeopática Maranhense. Aqui cimais, quebrados e complexos. Princípios de moral e dou-
notamos o fato e faremos uma reflexão. (O Progresso, 121 trina cristã. Princípios de civilidade. Método de ensino: o
3/1 849, p.2). Mútuo.

14 <VQ)
~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930) ~~

ENSINO PRIMÁRlO SUPERIOR-Gramáúca teórica e 37, das 7 às 10 da manhã e das 2 às 5 horas da tarde cm
prática da língua portuguesa, caligrafia. Desenho linear. todos os dias, à exceção dos domingos. A aula acha-se
Aritmética: geometria, contabilidade mercantil. Método de dividida em três salas - a 1• para desenho linear e cópias
ensino: o Simultâneo. de estampas; a 2• para cópias de gesso e a 3• para as
ENSINOSECUNDÁRlO-As línguas francesa e ingle- pinturas de aquarelas e óleo. A aula de gesso é aberta pela
sa. Geografia. Filosofia racional e moral. Eloqüência. Dese- primeira vez nesta capital e propriamente destinada para o
nho e escultura. Método de ensino: o Simultâneo. aprendizado dos retratos. Os discípulos que souberem
Além do conhecido cuidado com que os anuncian- copiar estampas em cinco ou seis meses, que é o tempo
tes se entregam ao ensino das matérias que professam e necessário para o estudo das sombras, ficam habilitados a
que deve marcar toda a atenção das pessoas que quise- tirar quaisquer retratos. Os arranjos desta aula são os mais
rem instruir-se ou a seus filhos, a modicidade dos pre- perfeitos possíveis e mandados vir de propósito.
ços e o método de instrução devem atrair a atenção dos No próximo mês de outubro far-se-á na mesma aula a
estudiosos. exposição dos desenhos e pinturas dos alunos. Também
Trata-se com os anunciantes na Rua Grande nº 26. (O tiram-se retratos cm desenho, miniatura e pintura de quais-
Progresso, 25/5/1849, p.3) quer tamanhos, aprontam-se quadros a óleo para igrejas e
salas e retocam-se os velhos com perfeição. T iram-se re-
AVISO tratos a fumo por 12$ réis, bem parecidos, e ao contrário
grátis. (O Progresso, 12/9/1849, p.3)
O diretor do Colégio de Nossa Senhora dos Remédios
lembra ao público que, sendo este mês o último do ano (DA) Fala dirigida pelo Exmo. Sr. presidente da Provín-
letivo colegial, os exames no colégio hão de ter lugar no cia do Maranhão, Herculano Ferreira Pena, à Assembléia
dia 25 por diante. Estes são de latim, francês, inglês, geo- Legislativa Provincial, por ocasião de sua instalação no
metria, aritmética e álgebra; geografia, gramática da Lín- dia 14 de outubro de 1849:
gua Pátria e análise gramatical e de instrução primária, isto
é, de todas as aulas (não falando das prendas) que este INSTRUÇÃO PÜBLICA
ano tiveram exercício no colégio por haver alunos para
elas. Convida, pois, o diretor, e roga muito particularmente (...) O próprio Liceu não está bem estabelecido porque
aos senhores que têm voto nas sobreditas matérias, te- a parte inferior do Convento do Carmo onde ele se acha é,
nham a bondade de assistir aos exames que se farão com além de pouco asseada e indecente, tão acanhada que não
toda a publicidade possível, segundo o costume, para com oferece as indispensáveis acomodações para a aula de
a sua presença animarem os estudantes aplicados e brio- desenho, na qual apenas se podem admitir 18 alunos, quan-
sos. Findos os exames haverá no colégio a exposição dos do todos os anos mais de 60 desejam dedicar-se a esse
desenhos dos alunos do mesmo. Maranhão no Colégio de estudo, sendo certo que os mesmos 18 não se mostrem
Nossa Senhora dos Remédios, 8 de junho de 1849. tanto como seria possível por falta das condições indis-
O diretor e proprietário pensáveis a uma semelhante aula.
D. F. Marques Perdigão A aquisição de casas cômodas e providas de utensíli-
(O Progr esso, 13/6/1849, p.4) os necessários seria, pois, um grande impulso dado à ins-
trução, mas o Governo nada pode atualmente fazer por
ANÚNCIO falta de crédito.(...) (Publicador Maranhense, 24/10/1849.)

Domingos Tribuzi, lente de desenho do Liceu desta CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES
cidade, dá lições grátis de desenho linear aplicado às artes
e ornato a todos os artistas brasileiros que quiserem com- (...) Acha-se completo o número de sessenta educan-
parecer à sua casa, R ua Grande nº 37, todos os domingos, dos fixado pela Lei P rovincia.I nº 243, de 16 de outubro de
a começar de 1º de agosto, desde as 7 até às 8 horas da 1848, cujos nomes constam do mapa nº 14. Todos e les
manhã. (O Progresso, 20nl1849, p.4). aprendem as primeiras letras e ofícios mecânicos, e alguns
a música e o desenho linear, distri buídos pela maneirn se-
GOVERNO DA PROVÍNCIA guinte: - oficina de espingardeiros, 18; dita de sapateiros,
Expediente do dia 17 14; de alfaiate, 17; de coronheiros e marceneiros, 14; aula
de música, 12; de desenho linear, 28.
( ...)-Ao diretor dos Educandos. -Atendendo ao que A escola de primeiras letras continua a ser regida pelo
Vmc. me representa cm seu ofício de 13 do corrente ob o professor interino Augusto Frederico Colin, cuja habilida-
nº 78, autorizo a mandar colocar a aula de desenho desse de e zelo bem se conhece pelo aproveitamento que apre-
estabelecimento na casa que se está construindo para a sentam seus discípulos, carecendo somente de uma con-
oficina de espingardeiros. ( ...) (Publicador Maranlie11se, signação mensal de 10$000 para compra de papel, penas,
2617/1849, p. 2). tinta, etc. Na de desenho, acha-se provido o súdito portu-
guês José de Albuquerque Cardoso Homem, cm virtude
DOMINGOS TRIBUZI ... de um contrato celebrado com o Governo da Província cm
27 de novembro de 1848 para dura r três anos, com o orde-
Da Academia de Belas-Artes do Colégio Apostólico nado de 500$000 réis, e conquanto se mostre e le desejoso
em Roma, professor do Liceu desta c idade, dá lições de de cumprir todas as obrigações a que se ligou, não tem
desenho por cômodo preço em sua casa na Rua Grande nº ainda podido começar o ensino de escultura por fal ta de

15 VQ)
LUIZ DE MELLO

modelos, ferramentas e algumas matérias-primas, para cuja Selada e publicada na Secretaria da Província do
compra pede o diretor a necessá.ria autorização; e a de Maranhão, em J3 de dezembro de 1849. - No impedimento
música tem prosperado a ponto de achar-se já formada do secretário. João Rufino Marques, oficial-maior.
uma banda, que começa a tocar nas festividades públicas Registrada à fl . 70 do Livro Segundo de Leis e Resolu-
e particulares com geral aplauso e satisfação dos habitan- ções da Assembléia Legislativa Provincial. Secretaria da
tes da Capital. Isto é devido em parte aos cuidados e esfor- Província do Maranhão, em 13 de dezembro de 1849.
ços do professor Sérgio Augusto Marinho, mal remunera- Roberto Augusto Colin
do com a gratificação de 360$000 réis que a Lei lhe arbi- (Coleção de Leis, Decretos e Resoluções da Província
trou; mas tratando de dar regulamento à dita aula, eu ten- do Maranhão - 1849).
ciono conceder-lhe uma parte dos vencimentos que tiver a
banda, como propõe o diretor, esperando que esta delibe- DOMINGOS TRIBUZI avisa ao público que no!> dias
ração seja por vós aprovada. ( ...) (Publicador Maranhen- 12, 13 e 14 do corrente estarão patentes os desenhos e
se, 27/10/1849,p.l). pinturas dos alunos da sua aula particular, na Rua Grande
nº 37, a qualquer hora do dia. (Publicador Maranhense,
LEI N" 264, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1849 11 / 1/1850,p.4)

Honório Pereira de Azeredo Coutinho, presidente da LEILÃO


Província do Maranhão. Faço saber a todos os seus habi-
tantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e João Batista de Castro e Silva, oficial da Imperial Or-
eu sancionei a lei seguinte: dem da Rosa e inspetor da Alfândega da Província do
Maranhão.
Art. 1° -O Governo da Província lica autorizado a man- Faço público que tendo o ajudante dos conferentes
dar para qualquer dos Estados da Europa, que entender da Alfândega, Francisco das Chagas Camboa, impugna-
mais conveniente, o jovem José Martins Ferrúra Corrêa, a do, cm despacho de Duchemin & Companhia, quatorze
fim de estudar escultura e desenho aplicado às artes e modelos para desenJ10 de figuras de gesso, a que deram
ofícios, mostrando-se para isso compctentemente habili- os despachantes o valor de 25$000 réis, estarão os mes-
tado perante o mesmo Governo. mos objetos em praça, à porta da Alfândega, a uma hora
Art. 2° - Durante o tempo de seus estudos, que não da tarde do dia 17 do corrente mês, para serem arremata-
excederá a três anos, vencerá o dito pensionista o subsí- dos por quem mais der acima de 25$000. O arrematante
dio anual de quatrocentos mil réis, em moeda forte, postos será obrigado aos direitos de 30% sobre a quantia de
arrematação.
no lugar onde ele for residir, bem como a quantia necessá-
Alfândega do Maranhão, 14 de janeiro de J850
ria para a sua ida e volta.
João Batista de Castro e Silva
Art. 3° - Além do que se acha determinado para os
(Publicador Maranhense, 16/1/1 850, p. 4).
estudantes pensionistas no artigo 5° da Lei de 5 de maio
de 1835 sob o nº l O, será mais obrigado o referido jovem,
ANÚNCIO
findos os seus estudos, a regressar para esta Província e
nela lecionar gratuitamente por espaço de três anos as
NA RUA GRANDE, casa nº 37, vende-se o seguinte:
ditas artes nas aulas para esse fim criadas no estabeleci-
pano preparado para pintar a óleo, pincéis sortidos, tintas
mento dos Educandos Artífices ou em qualquer outro lu-
de todas as cores, caixinhas completas para pintar a aqua-
gar que designar o Governo, não estando aquelas ainda rela, medalhas de ouro para retratos cm miniaturas, estam-
autorizadas por lei. pas finas, assim como um
Art. 4º - Ficam sem vigor as disposições em contrário. COSMORAMA
completo com dezesseis lentes, noventa e cinco vis-
Mando portanto a todas as autoridades, a quem o co- tas, sendo quinze em
nhecimento e execução da referida lei pe1tencer, que a cum- NEORAMA,
pram e façam cumprir tão inteiramente como nela se con- dez candeeiros de metal amarelo e seis de folha, arma-
tém. O secretário da Província a faça imprimir, publicar e ção competente e caixões para transportes por 400$000,
correr. Palácio do Governo do Maranhão, em treze de de- ou troca-se por um escravo ou escrava sem vícios. (O Pro-
zembro de miJ oitocentos e quarenta e nove, vigésimo oita- gresso, 14/5/1850. p.4).
vo da Independência e do Império.
AVISO
HONÓRIO PEREIRA DE AZEREDO COUTINHO
Estava o selo. O abaixo assinado, diretor e proprietário do Colégio de
Carta de Lei pela qual Vossa Excelência manda executar Nossa Senhora dos Remédios faz por meio público que os
o decreto da Assembléia Legislativa Provincial, autorizan- exames do primeiro semestre e cio ano letivo de 1850a 185 1
do o Governo a mandar para qualquer dos Estados da no seu colégio começarão na quarta-feira, 19 do corrente,
Europa o jovem José Martins Ferreira Corrêa, a fim de es- e continuarão nos dias úteis seguintes até se concluírem,
tudar escultura e desenho aplicado às artes e ofícios, como e que nos dias e noites de 25, 26 e 27 haverá no colégio
acima se declara. expo ição dos desenhos e escritas dos alunos do colégio
Para Vossa Excelência ver. para serem examinados por quem quiser. Roga-se a todas
Augusto Frederico Colina fez. as pessoas que têm voto nas matérias, hajam de assistir

16 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

para animarem com sua presença o escudantes beneméri- ANÚNCIOS


tos, e de algum modo corrigir os que não o são.
Colégio de Nossa Senhora dos Remédios, 15 de de- Despachou-se hoje para a loja nova de Domingos Tri-
zembro de 1850 buzi, na Rua Grande nº 5, vindos pela Barca A1111a, ricos
Domingos F. Marques Perdigão cortes de seda e de cassa de todas as cores e de Undos
(O Progresso, 17/12/1850, p.4) padrões, chapéus pretos e cinzentos da última moda, bo-
nés de palha da Itália para meninos e muitas outras fazen-
ANÚNCIO das próprias para a Festa dos Remédios.
Maranhão, 26 de agosto de 185 1. (Correio d'/\núncios,
O abaixo assinado. diretor do Colégio de Nossa Se- 29/8/ 1851, p.4).
nhora dos Remédios, anuncia que no dia 23 do corrente
começarão no seu colégio os exames do segundo semes- Palmatórias com mangas de vidro para piano, caixa de
tre do ano leti vo de 1850 a 185 1, os quais continuarão nos penas de aço e penas de ave, vidros com tintas a cores.
dias úteis seguintes até se concluírem. Estes são de latim, água de colônia e diversos cxtn1tos. vidros com pomadas,
de francês, de inglês, de geografia, de gramática da Língua ricos estojos para senhoras; caixas completas para dese-
Pátria e de instrução primária, isto é, de todas as aulas que nho e arquitetos, lápis a crayon e csfu minho, canetas, tintas
este ano tiveram exercício no colégio. Durante os djas dos e pincéis, marfim, papel, panos para pintar a óleo; um com-
exames estará aberta a aula de desenho e expostos os tra- pleto sortimento de luvas para homens e senhoras, chapé-
balhos dos alunos desta aula para serem examinados, as- us, bonés de palha e de pano, casimiras para calças, seda,
sim como as escritas de todos os alunos. chapéus para sol, bengalas e chicotes, ricos pares de pisto-
Findos os trabalhos, terá lugar a distribuição dos prê- las para algibeira acham-se à venda na loja de Domingos
mios, se alguns dos alunos forem julgados dignos deles. Tribuzi, Rua Grande, 5. (O Constit11cio11al, 4/1 1/ 185 1, p.4).
Portanto, cm nome de todo o colégio, o seu diretor
convida. roga e insta a todas as pessoas interessadas, e CRÔNICA TEATRAL
que tenham voto nas matérias, hajam de comparecer para SUMÁRIO
animarem com suas presenças os moços estudiosos, e de
algum modo punirem os que não o são, por não se terem Abertura do Teatro Siio Luiz; entusiasmo geral; o S1:
habilitado para exame, como os outros. Albuquerque e os seus trabalhos de arquitetura e escul-
Maranhão, no Colégio de Nossa Senhora dos Remédi- tura; ce116rio; debut da nova companhia dram6tica.
os, 20 de junho de 185 1
Chegou finalmente o dia 14 de março. tão ansiosamente
O diretor,
suspirado pelos amadores das Belas-Artes. que cm tomo
D.F.M. Perdigão
do edifício do teatro estacavam. sempre que passavam pela
(Correio d'A núncios, 20/6/1851, p. 4).
Rua do Sol, maldizendo do íntimo da alma a lentidão da obra,
a demora da chegada dos artistas mandados contratar cm
DOMINGOS TRIBUZI
Portugal, e por fim, a tardança do tempo em trazer-nos o dia
Avisa ao público de bom gosto desta capital que, do- 14, aniversário natalício da nossa amável lmperau·iz, marca-
mingo, 6 do corrente, abrirá na Rua Grande, casa nº 5, uma do para a primeira representação dramática.
loja francesa, onde se acharão à venda os objetos seguin- Chegou finalmente esse tão desejado dia! E o nosso
tes: pincéis para desenho, tintas fi nas de todas as cores, teatro, mais pomposo e mais belo depois de crismado com
crayons, lápis, papel, estojos para desenho, perfumarias o nome de São Luiz, abriu de par em par as suas portas, no
de todas as qualidades, cortes de casimiras, cortes de co- meio do geral aplauso de urna população sôfrega de o ver
letes de seda e de fustão, lenços para homem, ditos para ressurgir do pó a que o tinham desumanamente atirado. O
senhoras, espelhos, estojos para barba. chapéus para ho- concurso fo i o mais numeroso e o mais lúcido que se tem
mem, manteletc<; de seda para senhoras. fitas de todas as visto; os camarotes, a platéia, as varandas e as torrinhas
cores, luvas de camurça para homem, bonés de palha para estavam apinhadas; a satisfação era geral. Às 9 da manhã,
meninos, grinalda para senhoras, ramos de flores, chapéus- hora anunciada para o começo da venda dos bilhetes à
dc-sol para cnhoras, chicotes e bengalas para homem. platéia no salão do teatro, já não restava um só bilhete à
ce tinhas para senhoras e meninas, enfim tudo o que pode venda; e o povo que aíluía a comprá-los, retirava-sedes-
constituir a toalete de uma senhora e de um cavalheiro de contente, resmungando contra u diretori a.~ o mais é que
tom. (Publicador Maran/Jense. Sn/1851, p. 4). com muita razão.
Continuará este entusiasmo sempre assim? - Duvida-
Quinzenas furta-cores, vende-se na Rua Grande, casa mos. Daqui a alguns meses, no fim do 1° tri mestre, principi-
nº 5, por22$000, 24$000 e 26$000 cada urna. (Publicador arão talvez as dificuldades financeiras, por falta de concor-
Maranhense, l 9n/1851, p.4) rência. Entretanto, muito convinha sustentar este único di-
vertimento que temos no Maranhão, e por esta fomia dar
Ricas peças de cassas e chapéus-de-sol furta-cores uma distração ao espírito público. por demais preocupado
grandes e pequenos, do último gosto, franjas e requifes com os negócios políticos que até agora hão sido, quase
para mantclctcs de diferentes gostos e cores, acham-se à exclusivamente, a sua ocupação e o seu único recreio.
venda na loja nova de Domingos Tribuzi, Rua Grande, casa Urna poesia recitada pelo ator Júlio dos Santos Pereira
nº 5. por preços bastante cômodos. (Publicador Mara- (cm lugar do Sr. Pinto, não sabemos por quê), Paula, ou a
11he11se. l l/9/ l 85 l, p. 4.) esposa virtuosa, drama cm 5 Atos, e urna ária cantada pelo

~ 17 CV'@
LUIZ DE MELLO

Sr. L isboa; tal foi o espetáculo designado para a instalação bela e engraçada Baderna, que fez por muito tempo as
do teatro. del ícias do Rio de Janeiro no Teatro de São Pedro
Mas antes de tratarmos dele e da nova Companhia d' Aldntara, há coisa de um ano, personifica perfeitamen-
Lírico-Dramática, d iremos algumas palavras sobre a obra te esta alegoria. À beleza e harmonia dos contornos, reu-
do teatro, que sofreu uma completa transformação, a pon- nia uma delicadeza admirável no todo, que fazia lembrar as
to de parecer outro edifício. ligeiras sílfides dos poetas da moderna escola romântica.
O Sr. Albuquerque, sem contestação, muito fez para que Ao lado direito vêem-se a Música e Melpomene, a musa
ele melhorasse, tanto pelo que diz respeito à sua arquitetu- da Tragédia. - Esta última está em posição tão acanhada e
ra, como à sua decoração e ornamentos. Reconhecendo os contrafeita que parece aleijada.
seus serviços, não podemos deixar, como maranhense, e Desejáramos que em lugar destas quatro figuras, tão
maranhense muito amigo do progresso de sua ten-a, de dar- pequenas e acanhadas que se confundem e desapru·ecem
lhe os mais cordiais e sinceros agradecimentos. no meio das grinaldas, laçarias e mais ornamentos do arco,
Os engenheiros, arquitetos e outros artistas que por houvesse somente duas, porém de mais largas dimensões,
aqui costumam aparecer, de ordinário falam muito dos seus de maneira a parecerem, a alguma distância, do tamanho
títulos, das suas habi litações, e narram muitos casos so- natural. Assim, as figuras resultavam mais, e melhor se
bre as diversas obras de que têm sido encarregados sem- harmo1úzavam com a grandeza do arco.
pre, já se sabe, com próspero resultado; mas por fim, nada As carrancas e grinaldas bronzeadas que enfeitam os
aqui fazem, ou, antes, até estragam tudo quanto lhes acon- camru·otes parecem-nos grosseiras e pesadas; devia haver
tece cair debaixo das mãos. Não deixam monumentos da nestes ornamentos mais simplicidade e del icadeza.
sua passagem senão para atestar sua inépcia, sua igno- A separação dos camarotes, na nossa opinião, devia
rância e muitas vezes até o sórdido espírito de ganância. O ser feita por meio das colunas redondas e delgadas, em
Sr. major engenheiro João Vitor Vieira da Silva, não há mui- substituição às grossas, prosaicas e irregu lares escoras
to demoliu uma grande parte do paredão do Cais da Sagra- que ainda ali se conservam. Por falta de dinheiro, dizem,
ção, obra de um dos tais artistas, cuja construção, além de não se fez essa e outras mudanças aconselhadas pela teo-
defeituosa, era fals ificada com giz no lugar de cal. O Sr. ria das artes e do bom gosto. Mas não faltou dinheiro para
Albuquerque, folgamos de o dizer, não pertence ao núme- desmanchar-se a calçada da Travessa do Sineiro, que as-
ro desses ganhadores; pelo que até agora tem feito, mos- sim corno estava servia perfeitamente, para tomar-se a cal-
tra não só bastante talento, como boa vontade, desinte- çar de novo, por mero luxo, de pedra branca.
resse e amor ao trabalho. A platéia melhorou consideravelmente com a obra que
A obra do teatro corrobora o nosso dito. Entretanto,
sofreu; os bancos estão bastante espaçosos, de sorte que
alguns pequenos defeitos lhe notamos, filhos uns da pou-
o espectador está ali muito à vontade. Esta medida no
ca prática de trabalhos desta ordem, outros do erro de se
nosso país tornava-se uma verdadeira necessidade, em
mandar reedificar urna obra considerável, consignando pe-
razão do grande calor que sempre se experimenta em oca-
quenas somas que fo ram aumentadas, à proporção que a
siões de grande concurso.
obra progredia, o que acanha todos os planos e burla os
As grades dos camarotes pintadas de vermeU10 têm
mais bem concebidos projetos; de sorte que em uma coisa
merecido geral adversão. Com efeito, não se podia ter pior
aparecem largueza e abu ndância, e em outras mesquinha-
gosto. Preferíamos vê-las bronzeadas, brancas, douradas,
ria e penúria.
ou mesmo pretas, à essa desagradável cor, que parece sal-
Não somos profissionais; não entendemos de regras e
picar de sangue os vestidos das senhoras.
de arte. Sirva esta ingênua confissão para descul par os
Quanto à iluminação, asseio e regularidade, não tem o
nossos erros sobre a opinião que temos de admitir a res-
nosso teatro presentemente que invejar os melhores do
peito da obra, pelo lado artístico.
A fachada parece-nos um tanto enfeitada demais; a re- Império. O lustre é o melhor que aqui temos tido, e derran1a
produção de pequenos frontões sobre os arcos de todas as bastante luz sobre os camarotes, platéia, torrinhas e va-
janelas dá ao edifíc io um aspecto pesado e pretensioso. As randas.
portas tinham já o defeito de ser pequenas: levantou-se o As cenas são em geral pintadas. A da primeira sala, que
frontão; cruTegou-se a fachada de imensas molduras, pi las- apareceu no monólogo e no 2º Ato, é até de bom gosto. Na
tras, etc: - o edifício ficou maior com a obra que sofreu, e as vista de bosque, que serviu igualmente para jardim, nota-
portas se tomaram, portanto, ainda mais pequenas em rela- mos abuso da cor amarela, especialmente nos bastidores;
ção com ele. Parece-nos também que tendo-se levru1tado o as árvores têm a maior parte das suas folhas desta cor -
frontão do edifício, deviam levar o telhado ao seu nível; sob não alaranjada, bronzeada ou pálida, como a que o sol,
pena de semelhar-se a edifício de cena, ou a bastidor de quando nasce, ou quando declina para o ocaso, derrama
vista de praça, que só representa fechada. sobre a natureza - mas viva, alegre, brilhante como a das
As decorações plásticas do interior estão traçadas com flores. O horizonte, as nuvens e o céu estão representados
algum gosto, mas pouco perfeitas. No arco do proscênio com bastante arte.
avultam as principais; e foi onde o artista mais se esmerou; Passemos agora a tratai· do pessoal e da representação.
delas trataremos com especialidade. Difícil coisa nos parece o em itir um juízo seguro sobre
Ao lado esquerdo estão Terphiscore, a musa da Dan- uma companhia que estréia. E não querendo nós aventu-
ça, e Tália, a da Comédia. A primeira é uma elegante figura; rar urna opinião, para depois termos de a modificar, já por
foi muito bem escoUúda; mas nolamos-U1e as pernas, os não have1mos bem apreciado o talento a1tístico deste ou
pés e os braços um tanto grossos demais. Esta musa deve daquele ator, já por não termos dado o devido desconto a
ser mais ligeira, mais esbelta, em razão do seu emprego. A eventualidades que não se puderam remover, linútru·-nos-

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~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

emos, por agora, a fazer de passagem breves observações não de especuladores que vivem a ü rar proveito do teatro.
sobre a nova companhia, e a indicar a lguns defeitos que Ela e a polícia são duas autoridades que devem marchar de
pudemos notar na sua primeira representação, aguardan- acordo sobre a boa ordem dos espetáculos.
do a continuação dos seus trabalhos para melhor formar o Quanto aos artistas será me lhor não prevenir desde j á
nosso j uízo. o público contra e les, e esperar que se mostrem nas comé-
O Sr. Pinto é, sem, contestação, o primeiro ator da com- dias e óperas cômicas para que foram especialmente con-
panhia a todos os respeitos: logo ao entrar em cena mos- tratados. Pessoa competente assegura-nos que a Sra. Mi ró
trou que era professor na sua arte, e desempenhou o me- e os Srs. Ribeiro e Assunção desempenham satisfatoria-
lhor possível o seu papel, aliás bem difícil em alguns luga- mente as suas partes na ópera que se ensaia para quinta-
res. Deste artista muito se pode esperar; o seu talento fei rn - O Beijo. Se forem pateados antes de serem ouvidos.
revelou-se nesta primeira representação. O Sr. Assunção, como por aí corre, não poderão contar com o necessário
a uma bela presença e natural desembaraço, reúne o entu- desembaraço.
siasmo de que se deixa possuir ao representar o seu papel, As obras do Sr. Albuquerque também foram criticadas,
e uma excelente mímica. Mas a sua voz pareceu-nos um mas é certo que ele foi estrondosamente vitoriado pelos
tanto áspera e às ve.tes dissonante. Ao Srs. Lisboa e Ri- espectadores, e ao que parece, mesmo as grades encarna-
beiro falla a mímica, o movimento; o primeiro é por demais das agradaram. (O Progresso. 24/3/1 852, p.2).
frio. e o segundo. a lém de frio é distraído. O Sr. Júlio tem o
defeito contrário aos destes atores: é exageradamente vivo TRECHO DO FOLHETIM DE TÍMON
e estouvado na cena. O Sr. Coimbra, que já é nosso conhe-
cido antigo, melhora consideravelmente, e esperamos em ( ... )O dia 14 de março amanheceu claro e sereno; e o
breve ver nele um excelente ator. sol rutilando e ferindo o úmido e diáfano vapor que da
Quanto às damas, só podemos lamentar a sua incapaci- terra exalava, bem como os orvalhos com que a chuva
dade. A Sra. Miró assassinou completamente o papel de borrifara telhas e calçadas, produzia urna donosa vista, tal
Paula, dessa pobre esposa virtuosa, tão belo, tão interes- como a beleza de Camões. maltratada nos brincos amoro-
sante. Sua voz é um exu·emo débil, desagradável e como que sos, rindo e chorando a um tempo, ostentava o o lhar radi-
abafada; nenhum transporte, nenhuma mímica. E com estas ante, mas toldado e orvalhado pelas lágrimas. Era o aniver-
qualidades arrogou-se a fazer um papel tão dificultoso e que sário de uma princesa adorada pela sua inefüvel bondade;
para ser bem representado demanda uma capacidade supe- e no dúplice agouro da formosura do d ia, e das recorda-
rior! Esperamos impacientes ouvi-la cantar; e contamos que ções que ele trazia, achavam os heróis maranhenses no-
compensará por este lado a sua insuficiência no drama, onde, vos incentivos ao seu generoso ardor. A cólera e o entusi-
entretanto, pode ser aproveitada. atentas as pequenas for- asmo, porém, subiram de ponto quando se soube q ue o
ças do teatro, em papéis menos importantes do que aquele vaso das iniqüidades fora cheio com a sacn1ega cmpalma-
que infelizmente escolheu para o seu debut. A Sra. EmJ1ia - ção dos bilhetes de platéia; um grito unfmime se levantou
coitada ! - essa é a mesma desenxabida, sensaborona e de- de todos os ângulos da c idade, e ficou assentado de pedra
sengonçada atriz da Sociedade Aliança. Há na sua voz. no e cal que se desse uma tremenda pateada à companhia, à
seu andar, em todos os seus movimentos um tal abandono, comissão e a ludo mais que ti vesse ressaibos de tirania,
uma tal negligência que provocam o sono. fraude e incapacidade. E a polícia cá de fora ia feita nesta
O Sr. Lisboa agradou geralmente na ária. A sua voz é generosa conspiração, na pessoa de um dos seus mais
pura, suave e hannoniosa. Damos-lhe de conselho, porém, zelosos agentes, ressentida, dizem, de umas certas usur-
que decore a música, vista-se em caráter e dê a seu canto a pações que a polícia interior fizera de alguns dos seus
expressão da mímica, que é muito importante ao teatro e mais sagrados direitos.
agrada muito mais. À hora aprazada, a popu lação erg ueu-se como um só
Finalizaremos aqui. Em outros artigos ocupar-nos-emo homem.(!) e precipitou-se em ondas naquele santuário do
mais pelo miúdo da companhia, apresentando-a no seus prazer que a mais inqualificável perversidade traçava con-
J1versos trabalhos. (O Progresso, 20/3/1852, p. l ). verter em antro de torturas. Os Lri unviros passeavam pe-
los corredores e salões, um horrivelmente barbado, e os
NOTÍCIAS DIVERSAS outros dois miseravelmente desbarbados, mas todos e les
de torva e medonha caiadura, agitados, e lançando ao povo
A imprensa desta cidade nestes últimos dias tem-se olhares truculentos cm que se traduzia o pensamento de
ocupado qua e exclusivamente do Teatro São Luiz, tal era T ibério: Oderi11r dum metua/lf.
a ansiedade do público por estes espetáculos, de que há Sem fazer cabedal do seu ódio impotente, corTi açodado
muito nos achávamos privados. O Observador. O Argos e ao meu camarote, e quando vou a debruçar-me sobre as
o Folhetim do no. so jornal criticaram a companhia e o grades para dar o sinal da peleja ao povo impaciente ... Eter-
material da casa muito d iversamente; e O Observador le- nos deuses! Um soberbo lustre, vertendo torTcntes de luz
vou a sua crítica a ponto de tratar com demasiado rigor a por mil bocas ou canudos, inunda a sala e as galerias, reílete
comissão administrativa. no ouro, no bronze, nas sedas, nas pérolas, nos d iamantes,
Achamos úti l a crítica aos artistas, quando se li mita a no o lho ardente das belas, ofonde, deslumbra, ofusca e cega
notar os defeitos para serem corrigidos, sem apená-los de os nossos! Longe idéias vãs de ódio, guerra e combates !
maneira tal que os acanhe e desespere; e quanto à admi- Um surdo murmúrio de admiração e gozo se levanta de to-
nistrnção, é preciso ter em vista que é composta de cida- dos os ângulos do edifício, atulhado de alto a baixo, platéia,
dãos que estão servindo ao público gracuiwmente. leva- frisas, camarotes, torrinhas, varandas- de mil cabeças e de
dos unicamente do desejo de melhorar a arte entre nós, e um duplicado número de ouvidos alentos e de olhos ace-

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LUIZ DE MELLO
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sos! Aturdido eu mesmo, e quase fulminado, fechei invo- na imperial em toda a majestade do seu venerável aspec-
luntário os meus, e quando os abri de novo, pareceu-me to? Ah! Tímon, prostrado, rendido e transformado, estava
que dançava a sala, e toda a armação superior, ao som da outro inteiramente e como se envelhecera nos hábitos de
ruidosa orquestra, como devem dançar nas campinas de- um cortesão, ergueu-se, e quase de um salto pôs-se no
sertas do oceano, e ao formidável concerto das ondas, os salão, onde o mesmo luxo e bom gosto que vira na sala do
vastos salões dos gigantescos vapores modernos! espetáculo, o surpreenderia agradavelmente se ainda a
Balançado motemente desse jeito, e mais recobrado já surpresa pudesse ter lugar naquela noite memorável. Uma
do pasmo e estupefação do primeiro momento, pus-me a multidão alegre, ruidosa e descuidada se cruzava em to-
notar e a considerar um por um os mil prodígios que o fan- dos os sentidos, cortando, girando e circulando a sala, e
tástico recinto oferecia à minha vista enfeada e surpresa. O só Deus sabe que sentimentos me saltaram quando dei
leitor os poderá apreciar, sabendo que com haver Timo11 com os olhos nos triunviros, túmidos de orgulho e rindo à
conido as sete partidas do mundo, nunca contudo vira coi- socapa de verem em que tinha disparado o arrojo de tan-
sa alguma que pudesse emparelhar com o nosso teatro! tos Sansões, ainda há pouco furiosos e resolutos a enter-
Fundo branco em geral, nos tetos e nas caixas dos rar-se com eles nas ruínas do edifício! Desviei-me pronta-
camarotes, e fundo azul-celeste nas pilastras do arco do mente e penetrei no augusto camarim, arredando com o
proscênio, mas tudo soberbamente esmaltado e matizado mais profundo acatamento o reposteiro de riquíssima casi-
com molduras de ouro, festões e carrancas de bronze, ara- mira primorosamente bordado.
bescos e baixos-relevos que suspendem, alegram e encan- O interior daquele rrumoso tabernáculo concentra e re-
tam. Nas pilastras se vêem as musas da dança e do canto, sume todo o luxo esparso pelas mais partes do edilício; um
do drama trágico e do drama mofador, acompanhadas de aveludado tapete amacia o pavimento; as paredes, forra-
emblemas e atributos, e no meio de uma admjrável profu- das de finíssimo papel dourado; o teto branco com moldu-
são de ílores e frutos, que o capricho inteUgente da arte ras de ouro, deixa ver no centro um belo florão, onde o
derramou com largas mãos, do bojo talvez de uma cornu- ouro brilha igualmente.
cópia que também alj se enxerga. Que magnífica cortina de O califa contemplava a platéia, naturalmente satisfeito
cetim verde nos recata os mistérios da cena, com sua rica da pública fe lic idade, e quando, ao voltar-se, deu com os
barra de ouro, e como está gentilmente meio atTegaçada olhos cm mim, um amável sorriso pairou-lhe nos lábios,
por laços e cordões do mesmo luzente metal que a temi como para adoçar o entono da majestade. - "Comendador
cria! Defronte, a grande tribuna, igualmente recatada, des- dos crentes (lhe disse Tímon, adiantando-se respeitoso, e
dobra às vistas já fatigadas de tantos esplendores, o seu curvando-se quase a tocar as pontas das suas chinelas
largo manto de veludo carmezim. escarlates) pennitiu Alá que no glorioso reinado de Vossa
Tudo isto, porém, seria nada, se este esplêndido edffí- Grandeza o império próspero e ílorente visse a tantos e tão
cio não palpitasse e respirasse no bulício e animação das pasmosos melhoran1entos, como a regeneração do Carna-
centenas de espectadores que o enchem e atulham do fun- val, pela introdução das máscaras, e a abe1tura e remoça-
do à sumidade. Ali está, sem mais nem menos, a princesa mento deste templo, ainda há pouco fechado sob sete se-
Calimacki, embaixatriz da Sublime Porta, que tanto relevo los, fétido, sórdido e imundo. O povo se d iverte, senhor, e
dera cm Paris aos bailes do Eliscu; no camarote imediato, a para que o faça, não é mister que Vossa Grandeza o mande,
branca e delicada Amina, desta feita antes encantadora e sob pena de ter a cabeça cortada, como usava o magnífico
feiticeira que encantada; mais avante a majestosa Juno e a Paxá que com o seu urso brilha no drama do espirituoso
volumosa Ceres, um tanto crestada e trigueirinha, porque Scribe: basta um leve e gracioso aceno, e eis os risos, os
tendo adotado o sistema de agricultura brasileiro, andou jogos e folguedos que brotam como as ílorcs, em perene
talvez a presidir à queima dos roçados; do lado oposto, e primavera. Deixai que se evaporem cm ríspidos e agros
frente a frente, a cruel Tormenta com seu olllar duro e abra- queixumes esses espíritos tristonhos que em tudo acham
sador; e Força-dos-Corações, lânguida e voluptuosa, mas que notar e repreender, e à própria alegria seriam capazes
não menos perigosa que a terrível companheira. Lá ades- de vestir de luto e dó, emprestando-lhe a desconsolação e
cubro também, a graciosa Hebe vertendo dos graciosos desabrimento de que andam eternamente saturados. En-
lábios o riso e a mocidade. S6 não sabia que a amável quanto eles cumprem assim o seu mísero fadário, cantem
copeira dos deuses se tinha deixado atar pelo hjmjneu àque- os fiéis afortunados o harmonioso e pátrio sabiá, e a pal-
le reforçado Tramontano que lhe fica ao lado. meira airosa que lhe serve de pouso; invadam, passeiem,
Estava ali também sublime e dino logrem e até admirem o templo, e deslizando a existência
repimpado ora num, ora noutro camarote, o nosso re- no meio desta dourada paz, esqueçam tudo, e monnente
verendo e impreterível padre Camilo, que nunca faltou nas esses excomungados artigos do fundo da má morte, que
grandes ocasiões. seriam a nossa perdição, se aqui não viéssemos achar a
Era a Grécia, em suma, o Maranhão, o Olimpo e o Orien- salvação. Ah! Talvez não tardem alguns momentos, e ve-
te em peso que se tinham dado rendez-vous para aquele nham dançar com seus vertiginosos rodopios, pôr a coroa
templo das musas e das artes; eram deusas, belezas e buris e remate a tanto prazer." -O cali fa sorriu-se, mas notando
de toda a casta; e eu seria tentado a julgar-me no meio de com aquela alta perspicácia que o caracteriza os olhares
alguma das mil e uma noites, se bem firme em meu concei- expressivos que eu lançava aos ângulos desguarnecidos
to o entendimento não visse que ao contrário era uma do camarim:
noite só que valia como mil. Não vês aqui, ilisse, as afamadas tortas de queijo e os
Pelas sagradas barbas do profeta! Pois não é que o deliciosos pães-de-ló de macaxcira com que o pasteleiro
glorioso califa Aaron-el-Raschid acaba de assomar à tribu- imperial, o príncipe Breddedin Hassan. costuma a fazer
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

vergar os nossos bufês e aparadores. porque a pressa por de Carlos Magno, segundo fielmente refere o erudito Wie-
uma parte, e a sua e nfermidade por outra, não permitiram land. E a prova de que foi esta a verdadeira causa do prodí-
que se aprontasse este confortável ingrediente do grande gio e não outra, está em que mal o triunviro supramenciona-
festim. - Porém, acrescentou com bondade, aqui tens em do soube da folia, e atinando com a origem dela, arrancou o
desconto um copo de água fresca e pura do soberbo e condão da boca do educando; paia logo, e com não menos
caudaloso Eufrates. - Tímon o sorveu de um trago, com rapidez se dispersou toda a festival comitiva, esgueirando-
não menos avidez que reconhecimento, e apartou-se, fa- se cada um, inerte, encolhido e cabisbaixo. como quem fora
zendo mil reverências e zumbaias, mais a modo orienta! apanhado onde não supunha, ou acordava de uma embria-
que a grego, e tanto mais satisfeito e esperançado, que o guez de ópio ou champanhe.
califa cm sua presença deu as mais terminantes ordens Restabelecida por esta forma a verdade histórica, con-
para que da verba de eventuais e tirasse o necessário tinuo a narração das minhas variadas impressões nesta
para fazer-se e distribuir-se doces e confeitarias pelo povo. longa e prodigiosa noite.
Debruçado outra vez às grades de ferro do meu cama- No fim do espetáculo, cuja descrição e panegírico guar-
rote, como esquecido de tudo quanto me arrastara àquele do para escrever lá para as calendas gregas, depois de
lugar, por então só vi a multidão alegre e fascinada, sem mais bem informado, e de dormir um pouco sobre o caso,
que o som de não sei quantas trombetas e timbales, e os no fim digo, apareceu o ator Lisboa para cantar uma ária
rufos de duas caixas de guerra da orquestra fossem caba- do Átila de Verdi.
zes a despertar nela do profundo letargo cm que jaziam os Neste ponto me é forçoso fazer duas pequenas digres-
sentimentos belicosos com que para ali entrara. Longe dis- sões. O que pensará o respeitável público se cu lhe disser
so, estava de tão boa feição, que erguido o pano, o dito que o nosso amigo João Augusto, enganado pelas aparênci-
mais sensaborão, os menores trejeitos e esgarcs e quais- as falazes do anúncio triunvirdl, porfiou comigo que era Ti-
quer desastradas cambalhotas dos sereníssimos atores mon quem ia cantar, a convite do califa, e por ser dia de Anos?
que por sobrenome não percam, desafiavam e arrancavam Pois sucedeu tal qual lhe conto, e já agora estou bem capaci-
explosões enormes de palmas e aplausos, a cujo ruído Ti- tado de que o tal anúncio trazia com efeito água no bico...
mon, o pobre Timon, meio desperto, meio dormido, só li- A outra digressão resolve-se numa apologia toda pes-
nha força para suspirar e dizer no seu foro interior: Ó soal. Por ocasião do meu folhetim dos Remédios, muitos
atenienses, ó povo espirituoso e sem igual! invejosos do grande mérito da rainha do canto. cuidaram
Em um dos intervalos, sem saber-se como, nem como de rebaixá-lo, assoalhando que Timon não tinha voto na
não, armou-se com a rapidez do raio uma numerosa quadri- matéria, pois a respeito de música entendiu tanto como de
lha no salão. Os que se impacientaram com este inopinado lagar de azeite. ·
acontecimento, (e segundo pude colher de verídicas e de- Calúnia despejada e conhecida por tal! O Maranhão
sapaixonadas informações, foram quase todos os que todo sabe muito bem que freqüentei com grande aprovei-
não conseguiram entrar na quadri lha) se derramaram de- tamento a escola de cantochão do reverendo Joaquim Fran-
pois cá por fora em mil conjeturas sobre a genuína causa cisco, e quando não fosse assim, Timon podia amar a mú-
dele, sendo que dos meus confrades folhctinistas, uns o sica, como qualquer outro adora o sol fulgurante, sem en-
atribue m à falta de juízo, e outros a gosto mau e pior. Nada tender de astronomia, e como todos amam o perfume e
disso; e a razão de todas estas aéreas chocalhices é que matiz das flores, o murmúrio da fonte, o sorriso das belas e
poucos são os que escrevem a história com o critério e a gentileza travessura da infância, ~cm pretensões científi-
sisudez que ela requer, e Timon usa. É o caso. Estará o cas ou artísticas de qualquer espécie.
respeitável público lembrado que a pedido meu, e para a Pois bem, o S r. Lisboa apareceu e cantou ao fim, e foi
vindoura festa dos Remédios, encomendou o Sr. comenda- também frencticameme aplaudido, como o fora logo no
dor Porto para o Oriente o famoso como de Oberon; entre- princípio o Sr. Albuquerque, o apurado escultor e arquiteto
tanto, havia todo o mundo, engolfado nas distrações e sas- a quem devemos as primorosas decorações internas e exter-
nas do teatro. E ambos mereciam sê-lo, di-lo Tirnon, dizcrn-
t0s da atualidade, perdido inteiramente de vista este impor-
tante negócio; mas o Sr. Gamboa que não deixa passar no mais os folhetinistas e di-lo o público todo inteiro.
contrabando ou camarão pela malha, e que. para não ser Já narrei as maravilhas que criou a inteligência e a mão
abelhudo, já levou para o seu tabaco, confiou-me debaixo finne e delicada do Sr. Albuquerque, ajudado pelos seus
de segredo que a encomenda veio no iate do príncipe Laba- discípulos, O!> educandos Lobato, Moraes Rego, Diniz e
noff, cm um rico estojo, e dentro de um baú de Moscou dos Gonçalves da Silva, que como órfãos amparados da Pro-
mais ordinários para não desafiar suspeitas. Parece que na \'Íncia. bem era que se houvessem ta111bé111 chamados à
lida e barafunda dos últimos aprestos do teatro, um dos cena e vitoriados; do Sr. Li boa direi agora que com vo1.
triunviros (não farei ao público a injúria de supor que seja firme, cheia e sonora fez agradavelmente despertar a quem
necessário nomear-lhe para que o conheça) o esqueceu ali jazia sopitado sob as inertes papoulas de Morfcu. Bravo,
por acaso; e eis senão quando. tendo de tocar a banda de meu caro, macte animo: - e andar assim para diante, para
música dos educando naquele intervalo, um dos meninos, nos compensar cm parte, ao menos a famosa peça e loora-
- b

descuidado e sem malícia, cm vez do seu. embocou aquele çao que sofremos nos coros rezados.
inusitado instrumento. Agora o verão: salta o califa com Não permite a justiça que Timon se retire sem fazer
toda a sua corte para o meio da sala, e saltam com ele, como honrosa menção aos Srs. Brandão e Gregório, que pinta-
tocados de súbita vertigem, velhos e moços, donas e don- ram as decorações cênicas: havia sobretudo uma sala de
zelas, todos com juvenil despejo e animados de inaudito
Es1a frase iem por si a au1oridade do Dr. Mor:1es Sannento. que a
furor dançante, tal como aconteceu em Bagdá, no tempo empregou cm corrcspond.'.:ncia olicial.
LUIZ DE MELLO

madeira-cetim cor-de-rosa que me encheu as medidas e crear-nos a todos, inclusive os mesmos que tão desabrida e
me enganou muito mais q ue o cetim verde da grande corti- injustamente os maltratam. De um dos membros sabemos
na de boca. A tout seigneur, tout honnew: ( ... )(Publica- até que adiantou da sua algibeira uns poucos de ré is, sem
dor Maranhense, 25/3/1852, pp. 1-2). juro ou compensação alguma, e qualquer destes serviços
custam um pouco mais que escrever meia dúzia de frases
ABERTURA DO TEATRO sonoras ou mesmo dissonantes.
Mais tenco pois, Sr. T[mon, e mais caterva de folheti-
A abertura do nosso teatro público foi causa de abrir-se nistas e artiguistas. Esperemos um pouco, que talvez sem
também a veia dos folhetin istas de quase todos os jornais muita tardança venhamos todos a ficar sofrivelmente sa-
desta capital; e pois que o Publicador não pôde negar suas tisfeitos. (Publicador Maranhense, 25/3/1852, p.2).
colunas a um desses folhetins, bem é que diga algumas
palavras de sua própria conta, já porque o assunto vale a SOBRE O PAI DO PINTOR
pena, já para que não carregue com a responsabilidade alheia JOÃO MANOEL DA CUNHA
com a própria, por uma quase tácita aquiescência.
O leitor desprevenido poderia ser induzido a erros gra- lê-se no folhetim do Brás-Tisana nº 167, de 17 de
víssimos pelos folhetins fantasmagóricos de Timon, onde janeiro, o seguinte:
se encontram mais o ceticismo que a misantropia e os capri- No dia 11 do corrente faleceu em Lisboa o Sr. Jacinto
chos e devaneios de uma imaginação desregrada que a pura José da Cunha*, que deixou ao Asilo de Mendicidade
singela verdade. Não há, por exemplo, o pano de boca de uma morada de casas no valor de 6:000$000 rs. e 960 rs.
cetim verde de que ele fala, nem sala de madeira-cetim cor- a cada um dos 20 asilados que o acompanhassem à se-
de-rosa; são, sim, excelentes pinturas dos hábeis cenógra- pultura dos Prazeres.
fos, os senhores Gregório e Brandão. Menos se encontram
nas decorações rutifício ou lavor algum de bronze; tudo é de COMUNICADO DE CARDOSO HOMEM
gesso ou coisa semelhante a que o Sr. José de Albuquerque
Cardoso Homem, com os seus bem aproveitados discípu- Antes de entrarmos na arena franca e leal que nos ofe-
los, deu a cor e as aparências do perene metal, com a mesma rece o folhetim d'O Progresso nº 23, apressamo-nos em
habilidade e primor com que se houve em tudo mais. agradecer cordialmente o juízo favorável com que nos ob-
O teatro, dizem, está, mais do que cumpria, sobrecan-e- sequia o autor do artigo. Aceitando a sua ingênua confis-
gado de decorações e ornatos, e nem sempre harmonizam são e acreditando mesmo nas suas intenções sinceras e
os diversos estilos de arquitetura que ali se notam, o gó- cavalhciras, não podemos nos esqui var ao indecUnável
tico, o coríntio e o composto, ou composito; mas convém dever de dizer duas palavras, na parte que nos toca, como
advertir que o distinto professor, achando um velho edifí- diretor da au la de escultura e desenho aplicado às artes na
cio, e as mesmas reparações já adiantadas, teve a mão Casa dos Educandos Artífices. Faremos por difundir na
exposição das nossas idéias aquela clareza e precisão que
forçada; e seu talento embaraçado e preso, não foi livre de
julgamos essencial para a exata percepção das artes.
guiá-lo ao melhor e mais belo.
Acha o folhetinista a fachada enfeitada demais, e en-
Pelo que toca à companhia, ficou, é certo, mu ito aquém
das esperanças do público. Não diremos nada mais por tende que a reprodução de pequenos frontões sobre to-
dos os arcos das janelas dá ao edifício um aspecto pesado
enquanto, aguardando que passe por novas provas para
que possa ser mais bem apreciada. e pretensioso. Esta opinião é um pouco exagerada, visto
que são assim construídos todos os monumentos de ar-
A direção, composta dos Srs. doutores Antônio Rego,
! quiterura, quando neles entra a ordem coríntia e composi-
Antônio Joaquim Tavares e comendador Domingos da Sil-
ra. 1\Jém de todos esses frontões, algumas molduras e or-
va Porto, tem sido alvo de acusações de diversa natureza.
natos mais Lhes faltam para adornar a maior parte desses
Não duvidamos que com mais alguma desconfiança, e
ru·cos, como os papos de rolas com folhagens, os quartos
menos boa fé, se tivesse podido contratar uma companhia
redondos com ovais e lanças, as baratas e me ios redondos
melhor; a comissão, como o público, parece que também foi
com ovais e pérolas, etc. etc. - não porque não se pudes-
lograda, em parte ao menos. Por outro lado, bem se podiam
sem execucar, mas por motivos que não vem apelo referir.
escusar alg umas disposições regulamentares que contrari-
Citaremos em nossa prova a colunata do Louvre, o
am os hábitos da nossa população e os estilos da terrn. Mas
Palácio do Conde de Cbiericatí na Itália, quase todas as
por causa disto, certo não merecem que O Observador os
obras de André Paládio, e finalmente os edifícios espalha-
acusasse ele dolo, má-fé e miséria, de mangação, vexame e
dos pelas diferentes nações da Europa e que servem de
despotismo para com o público, a quem diz que impingiram
tipo na arte de arquitetura, que estão decorados com o que
gato por lebre; e é menos tolerável ai nda que Ttmon fanta-
o autor chama de pesado e pretensioso. Assim, se en-a-
sie uma vasta e odiosa conspiração entre os diretores e os
mos, foi com a mira nos modelos de arqu itetura a quem
mais sanhudos déspotas do Velho e Novo Mundo. Em tudo
respeitamos e reconhecemos como Mestres e entendidos.
isto há uma exageração tal que passa a ser zombru·ia. Longe
E quanto ao pensamento do Folhetinista, que reputa
de merecer ta ntos baJdões, ao contrário, tudo bem pondera-
como defeito a elevação do frontão acima do teUrndo, per-
do, sobejam os serviços da comissão para que antes lhe
votemos louvores e gratidão. Sem nenhum interesse, antes
* Foi antigo e honrado negoc iante matriculado nesta praça do
com quebra e abru1dono dos seus, os dignos membros se Maranhão de onde saiu no ano de 1813; faleceu na idade de 58
têm laboriosamente dedicado a desempenhar as obrigações anos. Exis1e aqui um sobrinho do falecido de nome João Manoel
que espontaneamente tomaran1, a fim de divertir-nos e re- da Cunha desde 1819. (O Globo, 27/3/1852, p. 2).
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~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

mita-nos que lhe digamos que se pudéssemos enumerar Quanto a Melpomcne, musa da Tragédia, diz o folheti -
todos os frontões conhecidos o faríamos só para mostrar- nista que está em posição tão acanhada e contrafeita que
lhe que o maior número é daqueles que se destacam para parece aJcijada; isto, porém, é devido aos princípios da
cima, ou para o lado de telhados e terraços. Miguel Ânge- arte. Se em escullurn não nos fosse lícito podermos à von-
lo, na sua obra intitulada Temp/i Vaticani - lsroria Tabula tade modi licar a 2º dimensão, não haveria baixo-relevo; - e
18 Discriprix scenographica Basilisoe 8 Miclwela e Ân- para que seja perfeito, é necessário que, quanto diz respei-
gelo Benarota clelinima - nos dá um destes exemplos: ali to à espessura. seja diminuído de um, dois ou três quartos
se encontra o frontão a uma enorme distância cm largura mais; além de que o artista abate sempre no baixo-relevo
do resto do edifício. Na igreja de São Jorge cm Veneza, na razão direta do alto-relevo. Parece-nos que o folhetinis-
executada por André Paládio, vê-se o frontão superior ao ta falando nesta figura, refere-se especialmente à coxa da
telhado numa distância de seis pés. Note-se que, além de perna esquerda, da qual não viu toda a sua saliência; en-
serem estas obras feitas por grandes homens, não tiveram tretanto está ela com a ham1onia que é indispensável na
e les de lutar senão com as diliculdades da .u1e. porque construção daquele baixo-relevo.
para a sua consln.lção. desde os alicerces, não se poupava Mclpomene. tal qual está representada. vestida com
dinheiro, enquanto que nós fomos decorar a fachada de uma roupa ao mesmo tempo que rica pelo seu grupado. é
um edifício que a lém de ter as suas paredes construídas de também modesta porque quase todo o seu corpo está ve-
péssimo material, eram as divisões de portas e janelas tão lado; os seus membros estão cm um estado de repouso
irregulares nas suas dic;tâncias que não achamos sequer extremo; a perna esquerda apoiada sobre uma pedra. de
duas iguais. modo que a coxa fica encoberta à vista do espectador pe-
Estac; e outras dificuldades causaram-nos grandes em- los princípios já expcnclidos. Esta musa final mente está cm
baraços para redutirmos a antiga fachada ao que atual- uma posição nobre, parecendo ter concentradas todas as
mente se vê, consln.lindo-a com duas ordens regulares e a suas faculdades intelectuais em um grande e sublime pen-
parte inferior em estilo rústico, como se usa cm todos os samento; sustenta ligeiramente o punhal em uma das mãos,
edifícios deste gênero. e na outra a máscara. De todas as figuras é esta a mais
Levando o Folhetinista o escalpelo da análise ao arco perfeita, sendo executada pelo aluno mais adiantado da
do proscênio, nota-nos que a Terpsichore. a musa da Dan- nossa aula - Francisco Raimundo Dini::..
ça, tem as pernas, os pés e os braços um tanto grossos • Note-se-nos mais que, em lugar de 4 figuras pequenas e
demais, e que a bela e engraçada Baderna. que fez por 1 acanhadas "que se confundem e desaparecem no meio das
muito tempo as delícias do Rio de Janeiro, no Teatro São grinaldas, laçarias etc. houvesse somente duas, porém de
Pedro de Alcântara há coisa de um ano, personifica petfei- mais largas dimensões, de maneira a aparecerem à alguma
1ame111e esta alegoria. distância, do tamanho natural" - e desta maneira acredita o
Esta musa, ta l qual está no dito arco, tem 30 módulos folhetinista que as liguras harmonizariam mais com a gran-
de alto, sua cabeça 4, a espessura do braço esquerdo na deza cio arco? As liguras em questão têm 5 palmos de alto e
direção do bíceps braquial 1 módulo e 9 minutos; e isto descansam sobre uma pilastra com 25 palmos de altura. fora
devido à lei geral da contração dos músculos, que diminu- o pedestal. Estas estátuas fazem parte de um arabesco de
indo em extensão aumentam em espessura; e demais está gosto clássico, e po11anto com os mais ornatos que as cer-
ela de acordo com os modelos antigos, tomando para ter- cam, certa harmonia e composição agradável que achamos
mo de comparação a Vênus de Médicis. que é a nossa escusado descrever. No gênero do arabesco não podem as
Baderna cm Belas-Artes. O antebraço visto a três quartos figuras ser maiores, e pela nossa prute achamo-las boas e
tem l 1 minutos dt:: espessura junto às articulações da mão; proporcionadas com esta mesma altura; alguns artistas têm
o braço tem de comprimento 4 módulos e 5 minutos e os 7 colocado mais figuras do que nós.
que restam ficam encobertos pela roupa. O braço direito As colunas prismáticas que sustentam a igreja de Be-
segue c m tudo as mesmas leis excetuando-se que o ante- lé m, em Lisboa, nos fornecem disto uma prova, pois que as
braço junto à sua inserção com o braço é mais grosso um figuras que tem não excedem a palmo e meio; entanto que
minuto. sendo isto devido à contração do músculo flexor a sua altura há de passar de 80 palmos. O artista que as fez,
superficial e outros. Tem a perna na sua parte mais delga- pensou seguramente como nós - quis apresentar uma har-
da, próximo à extremidade da tíbia, 1 módulo e 2 minutos; e monia geral no todo do arabesco, sem curar que as figuras
o seu pé, de largura 1 módulo e 6 minutos. Esta perna não tinham dimensões tais que o espectador lhes possa ver
admira que pareça grossa, porque achando-se a figura sus- minuciosamente cada uma de suas partes. E demais, se
tentada só nos dedos deste pé. por mais delicada que seja, houvéssemos de seguir este princípio nas decorações, não
deve empregar uma grande força no te rcípitc curural, ~ seria fácil achar sempre pedra para fazer as estátuas de
assim aumentar a grossura da perna. Ora, tendo uma perna certos edifícios. De que tamanho não deveriam ser, por
no estado normal 2 módulos e 1 minuto - tal é a de Vê nus exemplo, as estátuas que estão nos minaretes e agulhetas
de Médicis - quando contraída terá 2 módulos e 3 minu- da Catedral de Milão? E quando mesmo nos respondes-
tos, o que é perfeitamente concorde com os princípios de sem a isto, o que duvidamos, de que grossura não deveri-
anatomia aplicada a esta arte. Quando para fazermos esta am ser os minaretcs e agulhetas para sustentar tão grande
análise tomamos as medidas no modelo, que se pode veri- peso? Vê portanto o ilustre Cronista que nas figuras em-
ficarem nossa casa, assim como o mais que citamos. folga- pregadas na decoração, nunca tem o artista cm vista que
mos de achar com muita exatidão, e nem outra coisa espe- se vejam as partes mais minuciosas, mas sim empregar
rávamos do nosso aplicado e inteligente aluno José Fran- todo o seu esmero na harmonia ele posição, colocação de
cisco Gonçalves da Silva. braços e mais membro , etc. É assim que na composição

<.:/N 23 <:../(>)
LUIZ DE MELLO

de um edifício, cuja vista não pode ser abrangida senão de ANÚNCIO


uma grande distância, só cura o artista, decorando-o com
estátuas, formar um pensamento que se harmonize com o Para a loja de Domingos Tribuzi, Rua Grande nº 5, che-
seu fim, sem que seja necessário ver os oll1os, nariz e boca garam pelo brigue-escuna Octawa as seguintes fazendas:
daquelas figuras. E tanto isto é verdade que na escultura Sedas brancas para vestidos de senhoras, grinaldas
antiga acaba-se de introduzir uma escola nova, cujo prin- brancas, ricos alfinetes, ramos de fl ores sortidos, so1ti-
cípio é não acabarem-se as estátuas que foram feitas para mento de luvas para homens e senhoras, lisas e enfeitadas
serem apreciadas à distância. - O trabalho que aqui dimj- de pelica branca, amarela e preta, e de camurça amarela,
nui, aumenta no vigor que se dá à posição das fi guras. próprias para militar; chitas e cassas francesas, cetim de
Quanto às carrancas e grinaldas que enfeitam os cama- cor branca e azul-rosa, chapéus de cabeça para homem do
rotes, acha o folhetinista também que são grosseiras e melhor possível, ricas espingardas com caixa e tudo mais
pesadas e que devia haver nestes ornamentos mais sim- necessário para a caça; pistolas de algibeira, soltas e em
plicidade e delicadeza. caixinl1as de l e 2 canos, ditas de coldres, candeeiros mui-
Na composição dos festões estão as fl ores e fo lhas to bonitos e da última moda para sala iluminada a gás;
grnpadas com abundância, como se usa neste gênero de vidros de cristal; jogos de dominó, pomadas, cosméticos,
decoração, sem que nada falte à sua delicadeza, confo rme extratos de cheiros, de musse de mel inglês, patchouli,
os princípios acima postos. penas de aço o mais superior possível em caixi nhas de
Parece-nos que não podíamos empregar naquele lugar, metal e de papel e outras miudezas - tudo por preço cômo-
além das carrancas, decoração mais própria, atenta a muti- do. (Publicador Maranhense, 30/411 852, p.4).
lação que há nas curvas que sustentam os camarotes -
que deveriam ser, como bem nota o foll1etinista, sustenta- RUA GRANDE Nº 5
dos por colunas delgadas e graciosas.
Não temos, porém, culpa alguma dessa falta. A loja de Domingos T1ibuzi tem para vender lindos
Nota mais o folhetinista: - quanto às grades verme- cortes de gaze de seda de cores, luvas ele pelica e de sedas
lhas, que têm merecido geral adversão e que as p referia de cores para homens e senhoras e meninas, romeiros,
ver exclusivamente p retas à essa desagradável cor, que
capinhas e lenços de malha com franjas, adereços, pulsei-
parece salpicar de sangue os vestidos das senhoras.
ras e ricas cadeiras de ouro, cordas para violão, tudo che-
Seja-nos permitido divergir neste ponto de sua opi-
gado no último navio vindo da França. (0 Constitucional,
nião, porque nem o nosso pensamento fo i de fazer chamar
7/9/1852, p.4).
a atenção pública com essa cor que nos pareceu boa; nem
tampouco trazer à memória (como alguém disse) os nefas-
PARA BAILES
tos tempos do terror e da guilhotina!
Além de termos visto, depois da abertura do teatro,
A loja de Donúngos Tribuzi tem para vender sapatos de
aprovada essa cor, lembraremos que as cores simpáticas
cetim branco e de polimento para senhoras, coites de gaze
neste caso e em geral, confo1me ensinam os mestres no
colorido, são o encarnado no branco e o verde no verme- dos mais 1icos que há no mercado, brancos e de cores, plu-
lho - e pelo lado útil füemos uso de um verniz inventado mas e flores, e um rico sortimento de perfumarias, lenços de
na Alemanha com tanta vantagem para evitar a oxidação pescoço para homem, etc., tudo chegado da França por via
do ferro que tendo sido introduzido em toda a Europa - fo i de Pernambuco. (O Constitucional, 25/9/1852, p.4).
também aplicado em Portugal, concedendo o governo o
privilégio de 10 anos ao seu introdutor. Para a loja de Domingos Tribuzi chegaram ultimamente da
Protestamos de novo que não temos em vista, com França pistolas de algibeira que com a simples espoleta levam
esta resposta, ofender as susceptibilidades de quem quer a 4Q passos a bala que se acha metida dentro da mesma espo-
que seja, mas sim dar uma explicação a que pela nossa leta, e armas de fogo de 1 e 2 canos, água de colônia de
posição artística somos fo rçados. primeira qualidade de Rossignol, em garrafas com rolhas de
José de Albuquerque Cardozo Homem vidro, grandes e pequenos, extratos em vidros dourados, cos-
(0 Progresso, 3/4/1 852, p.3). méticos e pomadas de todas as qualidades, penas de aço em
caixas de metal, cortes de colete preto de cetim e gorgorão
NOTf CIAS DIVERSAS bordados, flores e grinaldas brancas e de cores, chapéus-de-
sol de todas as qualidades e cosméticos. Na mesma casa
O Sr. Albuquerque, lente da aula de escultura e dese- vende-se um toucador e um guarda-roupa com pouco uso.
nJ10 aplicado às a1tes, eslabelecida na Casa dos Educan- (Publicador Maranhe11se, 20/211853, p.4).
dos Artífices, dá explicações em um comunicado, inserto
n' O Progresso de 3 do corrente a respeito das obras do NOVIDADES
teatro, a que presidiu.
É uma defesa ou uma resposta cavalheiresca à crítica A loja de Domingos Tribuzi tem um rico so1t imento de
do folhetinista do mesmo jornal. chapéus para homens; chapéus de seda, tanto pretos como
O Sr. Albuquerque, segundo nos parece, consegue uma brancos, ditos de massa, cinzentos e ditos pretos de mola;
vitória tão completa na sua defesa, como na boa direção todo esse sortimento é o melhor e o de mais bom gosto
das obras, que merece a aprovação de todos, não excetu- que aqu i tem vindo; e vende-se tudo mais em conta do que
ando o próprio folhetinista, que não fez mais que manifes- em outra qualquer parte. Também vende-se bons candeei-
tar a sua opinião de uma maneira bem honrosa para o artis- ros, tanto com gás francês, como sem ele. (O Constitucio-
ta e seus discípulos. (O Globo, 7/4/1 852, p. 3). nal, 7/5/1853, p.4).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)
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LOJA DE DOMINGOS TRIBUZI brancas, lenços e gravaras pretas, casimira preta, filó bran-
RUA GRANDE N° 5 co e preto, chapéus de mola e de pêlo. (O Observad0t; 16/
4/1854,p.4).
Tem chegado no último navio vindo da França: chapéus
de pêlo de seda preta de primeira qualidade para homem, PRIMEIRO ANÚNCIO DO
chitas e riscados de muito bom gosto, flauta de bomba de PINTOR BÍLIO JÚNIOR
4 a 5 chaves, annas para caça em caixas com todos os
pertences, de um e de dois canos, pistolas de golaes e de O abaixo assinado tendo se dedicado ao desenho e
algibeiras; botões de ouro para camisas e correntes de pintura e ao mesmo tempo dado à luz alguns frutos de sua
ouro para relógios; flores e grinaldas, chapéus de senho- dedicação, anuncia pois, ao respeitável público, que está
ras para passeio a cavalo e perfumarias de todas as quali-
pronto a retratar tanto a fumo como a miniatura e a ó leo as
dades. (Publicador Mara11/ie11se, 51411853. p.4).
pessoas que se quiserem utilizar do seu serviço e arte.
José Maria BílioJúnior(O Observador, 19/4/ 1854, p. 4).
AVISOS
(Do) Relatório com que o Exmo. Sr. vice-presidente da
MANOEL MARINHO DE SAMPAJO declara que dei-
Província, Manoel de Souza Pinto de Magalhães, entre-
xou de ser caixeiro do Sr. Domingos Tribuzi.
Maranhão, 30 de abril de 1853. gou a Presidência ao Exmo. Sr. presidente Dr. Eduardo
Olímpio Machado:
DOMINGOS TRJB UZI avisa ao respeitável público que
Manoel Marinho de Sampaio deixou de ser seu caixeiro CASA DOS EDUCANDOS
desde o dia 30 de abril deste ano.
Maranhão, 2 de maio de 1853. (O Cons1i111ciona/, 7/5/ (...) Acha-se vago o lugar de diretor deste estabeleci-
1853,p.3). mento, por haver sido aposentado José Antônio Falcão,
que o exercia, e o diretor interino Antônio José Pereira
À loja de Domingos T ribuzi chegaram cosméticos no- Maya tem desempenhado os seus deveres com muita inte-
vos, chapéus para sol de seda, ditos de cabeça fita larga ligência e zelo.(...)
que se vende por seis mil réis cada um, ricos cortes de gaze ( ...) O professor de escultura e desenho José de
de seda, chapéus de palhinha para senhoras e abertos da Albuquerque Cardoso Homem tem deixado de comparecer
última moda; ditos pretos para luto do novo gosto. chitas a ela desde o dia 18 de agosto do ano passado, com gra-
e riscadinhos franceses, perfumarias e água de colônia de víssimo atraso de 16 alunos que a freqüentavam com mui-
primeira qualidade e Rossignol, e pistolas de algibeira que to aproveitamento.
com a simples e!'poleta leva a bala a 40 passos; cetim da O ensino de geometria e aritmética aplicada às Artes
China muito bom, e malinhas com necessários para barba, acha-se também interrompido desde novembro do ano pró-
próprios para viajantes. (O Constitucional, 4/6/1853, p.4). ximo passado, por não ter comparecido à respectiva au la o
professor Dr. Raimundo Teixeira Mendes. ( ...) (Puólicador
Para a loja de Domingos Tribuzi, na Rua Grande nº 5, Mara11he11se, 14/8/1854, p. l ).
acaba de chegar um rico sortimento de redes de cores fei-
tas pelos índios do Rio Negro, lindos chapéus de seda de GOVERNO DA PROVÍNCIA
cores e pretos para senhoras, vindos da França, ditos Expediente d os dias 5, 6 e 7 d e dezembro d e 1854
modernos de pêlo para homem, bonés de palha da Itália
para meninos, de dois mil e quinhentos a três mil réis, e de ( ...) Pelo seu ofício de ontem, sob o número 121 , fico
pano por dois mil réis: espelhos com caixilhos dourados
inteirado de haver no d ia 27 de novembro último expi rado
de diversos tamanhos para sala; ricos cortes de vestidos
o contrato do professor de escultura e desenho desse es-
de chita com barra para senhoras; pistolas de vento para
tabelecimento, José de Albuquerque Cardoso Homem.
coldres, ditas de pólvora de um e dois canos para algibei-
Deus guarde a Vmc. Palácio do Governo do Maranhão,
ras. (O Co11stit11cio11a/, 3/1/1854, p.4).
5 de dezembro de 1854. - Eduardo Olímpio Machado. - Sr.
NOVIDADE diretor da Casa dos Educandos. (... ) (Publicador Mara-
nhense, 201111855, p. 1).
As célebres e sempre apreciadas pistolas de coldres e
de alcance e as espingardas com as quais se pode atirar EDITAIS
com o socorro da pólvora pela novidade de seu maquinis-
mo e que podem alcançar para mais de duzentos passos, S. Exa. o Sr. presidente da Província manda fazer públi-
podendo-se dar vinte tiros por minuto, tendo de compri- co que se acha aberto o concurso para provimento da
mento 4 palmos, e cujo estrondo apenas ouve-se, fei tas cadeira de escultura e desenho aplicado às a11es e ofícios
com a maior perfeição - acabam ultimameme de chegar da Casa dos Educandos. e convida aos que se acham ha-
para a loja de Domingos T ribuzi, Rua Grande nº 5. (Publi- bilitados para o exercício da mesma cadeira que apresen-
cador Maranhense, 9/2/ 1854, p.4). tem seus requerimentos dentro do prazo de trinta d ias con-
tados desta data.
BARATO E BOM Secretaria da Província do Maranhão, 20 de dezembro
de 1854
Na Rua Grande, casa nº 5, loja de Domingos T ribuzi, há Luiz Antônio Vieira da Silva, secretário da Província.
sarja preta, lustrim preto, luvas de seda e pelica pretas e ( ... )(Publ icador Maranhense, 3/211 855, p. 3).
~
LUIZ DE MELLO ~

ANÚNCIO CASA DOS EDUCANDOS

BELAS-ARTES ( ...)Existem atualmente na Casa dos Educandos as se-


DESENHO aplicado às artes e ofícios. guintes aulas:
ESCULTURA em pedra, metal, madeira, gesso, argila e Primeira -de primeiras letras.
cera. Segunda - de escuitura e desenho aplicado às artes.
PINTURA a óleo, afresco e aquarelas. Terceira - de geometria e mecânica aplicada às artes e
GEOMETRIA teórica e prática, com aplicações. noções gerais de aritmética e álgeb;a.
O abaixo assinado wma sob sua responsabilidade a Quarta - de música e instrumentos de corda.
explicação (por princípios e regras de arte) e execução não Quinta - de música e instrumenros bélicos.
só das matérias acima anunciadas, como dos conhecimen- A primeira destas aulas é freqüentada por 137 alunos;
tos necessários ao artista que se disponha a operar cienti- a segunda por 8; a terceira por 6; a quarta por l O; e a quinta
ficamente os seus trabalhos, reu1úndo, além disso, vários por28.
processos práticos sobre dourados, vernizes, etc., e apro- Tendo instado no meu anterior relatório pela aprova-
veita esta ocasião para oferecer-se ao público, propondo- ção da aula de geometria e mecânica aplicada à<; artes e de
se mais a ensinar as línguas noções gerais de aritmética e álgebra, que o Dr. Raimundo
LATINA, FRANCESA E INGLESA. Teixeira Mendes se incumbiu de reger gratuitamente, as-
Francisco Raimundo Diniz - Rua dos Remédios nº 30 sim como pela c1iação da de desenho linear e topográfico.
(O Observador, 5/3/l855, p.3). cuja regência pode ser cometida ao lente daquela, ou ao da
aula de escultura e desenho mediante um aumento de gra-
DOMINGOS TR IBUZJ - Rua Grande, casa nº 5, tem à tificação, o faço agora de novo, por ser o conhecimento de
venda espingardas e pistolas de pressão que com a sim- tais matérias indispensável para o complemento da educa-
ples espoleta deitam a bala na distância de 200 passos as ção industrial e artística que se dá no estabelecimento; e
espingardas, e 60 ditos as pistolas; também tem um relógio espero que, no interesse do progresso do mesmo, aten-
com três personagens, com a fisionomia de macacos, os dais na presente sessão a esta incontestável necessidade.
(...) (Publicador Maranhense, 221511855, p.1 ).
quais tocam rabeca e fazem muitos outros movimentos
que provocam o riso, obra neste gênero muito superior, e
FAL~NCIA
outro com 1Opeças de música, todas de muito bom gosto,
com 17 figuras móveis que dançam, tudo próprio para se
O Sr. Domingos Tribuzi entregou-se aos credores,
carregar, assim mais um cosmorama com as vistas das ba-
alcançado em perto de 14:000$000. (O Progresso, 18/8/
talhas de Alma, Sebastopol, Tomada de Bumarsund, Omer
1855, p. 4).
Pachá, Lord Raglan, St. Arnaud, etc. etc. - Estas vistas e
retratos foram tirados ao natural com a máquina de da-
LEI Nº 385, DE 18 DE JULHO DE 1855
guerrotipo e depois copiadas em litografia com toda a per-
feição.( ... ) (Publicador Maranhense, 10/311855, p. 4). Eduardo Olímpio Machado, presidente da Província
do Maranhão. Faço saber a todos os seus habitantes que
GOVERNO DA PROVÍNCIA a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu sancio-
Expediente dos dias 10, 12, 13, 14, 15, 16 nei a lei seguinte:
e 17 de fevereiro de 1855: Alt. 1° - Fica c1iada na Casa dos Educandos Artífices
desta Província uma cadeira de mecânica, desenho e es-
(...)Tenho presente o ofício que me dirigiu Vmc. em culçura aplicada às artes, ficando convertida nesta a que
data ele 29 de janeiro próximo passado, pelo qual fico na atualmente existe.
inteligência de haver Vme. conferido posse e juramento no An. 2º - As noções e práticas de aritmética, álgebra e
dia 27 do mesmo mês aos agrimensores Francisco Porta, geometria, necessárias, como preliminares da mecânica,
primeiro-tenente de artilharia José Caetano de Andrade serão ensinadas pelo mesmo lente desta cadeira.
Camisão e José d' Albuquerque Cardoso Homem: e no An. 3º - As lições de desenho constarão de prática de
mesmo dia 29 aos escreventes Manoel Cândido Rocha de desenho linear, de aritmética e noções teóricas de pers-
Andrade, Luiz Raimundo Ewerton e Antônio Tomás Frei- pectiva.
tas dos Reis. An. 4° - O professor terá o mesmo ordenado que qual-
Também fico inteirado de ter imediatamente levantado quer dos lentes do Liceu.
a planta desta vila, que terá de remeter-me brevemente An. 5° - Ficam revogadas as disposições em contrário.
com os necessários esclarecimentos. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o
Deus guarde a Vme. - Palácio do Governo do Maranhão, conhecimento e execução da refe1ida lei pertencer, que a
15 de fevereiro de 1855. - Eduardo Olímpio Machado. -Sr. cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se
Dr. Epifânio Cândido de Souza Pitanga, inspetor-geral das contém. O secretário da Província a faça imprimir, publicar
Medições das Terras Públicas. (Publicador Mara11hense, e correr. Palácio do Governo da Província do Maranhão em
20/311855, p. 2). dezoito de julho de mil oitocentos e cinqüenta e cinco,
trigésimo quarto da Independência e do lmpério.
(Do) Relatório do Exmo. presidente da Província do
Maranhão, Eduardo Olímpio Machado na abertura da As- EDUARDO OLÍMPIO MACHADO
sembléia Legislativa Provincial, no dia 3 de maio de 1855: Estava o selo.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Carta de lcí pela qual V. Exa. manda executar o decreto Dr. Luiz Muniz Barreto como pelo Sr. alferes João Batista
da Asscmbléía Legislativa Provincial criando na Casa dos Orsi Júnior, e extremamente penhorados pela afabilidade e
Educandos Artífices uma cadeira de mecânica, esculrura e cavalheirismo com que foram acolhidos por estes senho-
desenho aplícado às artes, como acima se declara. res, apressam-se em fazê-lo público por este meio, teste-
Para V. Exa. ver. munhando-lhes ao mesmo tempo a sua sincera gratidão.
Roberto Augusto Colin a fez O C. José Maria Ramonda e sua senhora
(Da Coleção de Leis, Decretos e Resoluções da Pro- Adcle Rosscti Rebussini
víncia do Maranhão, 1855). Angclina Remorini
Justina Gallo
AVISO Tancrcdi Remorini
José d'Hipólito
Domingos Tríbuzi de 1ºde janeiro cm díantc princípia- Inocêncio Smoltz
rá a dar lições de desenho cm casas particulares, não só César Savio
desenl10 de figuras como paisagens, ornatos e flores, tan- Luiz Leão Righini
to a óleo cm pano como em fumo e aquarela em papel e Francisco Fastiolo
miniatura cm marfim. (O Observador, 51li1856, p.4). Luiz Cantarelli
Aquile Remorini
GOVERNO DA PROVÍNCIA João Rivoira
Expediente dos dias 27 e 28/11/1855 Teresa Vietti
(Diário do Maranhão, 19/3/1856, p.3).
(...) 1° Seção - Tendo resolvido autorizar a despesa
com o engajamento do cidadão Francisco Raimundo Di- NOTÍCIAS DIVERSAS
niz, do súdito francês Bouqueton e dos seis serventes que
se tornam precisos para o nivelamento e plano da estrada Por falta de tempo não podemos dar hoje notícia cir-
do Camínho Grande; a fim de se proceder com toda a exa- cunstanciada da estréia de nossa Companhia Lírica, o
tídão ao orçamento da despesa com os consertos da dita que faremos cm um dos nossos próximos números. Mas
estrada, tudo conforme Vmc. propõe no seu ofício de on- de passagem diremos que foi completo o seu triunfo,
tem, assim lhe comunico para seu conllecimento.
cabendo dele grande parte ao Sr. Ramonda, pela maestria
Deus guarde a Vmc. - Palácio do Governo do Maranllão, com que se houve no desempenho da espinhosa tarefa
28 de novembro de 1855. - José Joaquim Teixeira Vieira
de que se encarregou. O Sr. Ramonda trazendo-nos artis-
Bel ford. - Sr. Dr. administrador-geral das Obras Públicas.
tas de mérito tão transcendente, como são os que com-
( ... )(Publicador Maranhe11se, 14/1/1856, p.2).
põem a sua companhia, pa~sou muito além das raias do
que era de esperar e para desejar e o Maranhão agradeci-
COMPANHIA LÍRICA ITALIANA
do conservará sempre do Sr. Ramonda a mais gra"ta lem-
brança pelo serviço que lhe prestou, proporcionando-
Chegou na Laura, entrada ontem de Pernambuco, com
seís días de viagem, a Companhia Lírica. vindos todos de lhe ocasião de poder apreciar o belo das artes irmãs, a
perfeita saúde, o que podemos afiançar de vía segura. não música e a pintura, por meio de artistas tão distintos. A
se verificando, por conscguínte, a notícia que ontem cor- utilidade que disto deverá forçosamente colher a nossa
reu de estarem alguns atacados de disenteria. São ao todo sociedade, servirá de glorioso padrão à memória do Sr.
17 pessoas, e a falta dos que faleceram está já preenchida Ramonda nesta Província.
por artistas de renome. O público acolhendo artistas como acolheu, com repe-
O cólera cm Pernambuco continuava aínda com inten- tidos bravos e sinais do maior entusiasmo e aprovação,
'>idade, sendo a maior parte das vítimas pessoas de cor. deu assim prova manifesta do bem que cada um desempe-
Também unham aparecido bastantes casos funestos de nhou a sua parte. No fim do espetáculo foram todos cha-
febre amarela. (Diário do Mara11/zão, 3/3/1856, p.4). mados fora e juntamente o Sr. empresário, sendo nessa
ocasião de novo estrondosamente todos vitoriados.
MOVIMENTO DO PORTO Merecem aqui também menção honrosa, conquanto
ENTRADAS NO DIA 11: ainda o façamos mais de espaço, os Srs. Righini e Smoltz,
aquele como cenógrafo e este maestro e diretor de música,
BRIGU E-ESCUNA nacional Laura, de Pernambuco, cabendo-lhes grande parte da glória e aplausos que nessa
com 5 dias. capitão Manoel da Si lva Santos, tripulação: 11 noite tiveram os artistas. O Sr. Smoltz com a sua varinha
pessoas. proprietário: José Ferreira dos Santos & Cia.. car- mágica fez-nos gozar a parte instrumental da ópera, de tal
ga: diverso~ gêneros; passageiros: a Companhia Lírica com maneira como nunca vimos no Maranhão. A orquestra por
16 pessoas.( ...). (Diário do Maranhão, 14/3/1856, p.3). isso tornou-se também credora dos elogios do público.
A 111ise e11 scene correspondeu perfeitamente ao mereci-
A PEDIDO mento dos artistas, sendo o vestuário mais rico e apropria-
do que se podia apresentar, não já em um teatro de ordem
Os abaixo assinados diretor-empresário e artistas da inferior como o nosso, mas sim nos de primeira classe. De
Companhia Lírica declaram que durante todo o tempo que tanto efeito e tão custoso é raro encontrar-se nos primeiros
estiveram de quarentena no Lazareto da Ponta d' Areia fo- palcos do mundo. Parece que nessa noite andaram todos à
ram ali tratados da maneira mais obsequiosa tanto pelo Sr. porfia. para saber quem melhor agradaria ao público, não

<?./N 27 ~
LUIZ DE MELLO

devendo esquecer-se dos coros que saíram como era para não estendesse a todo o jornalismo a sua censura, por-
desejar. (Diário do Maranhão 22/4/1856, p.3). quanto o nosso folhetinista teceu-lhes os devidos elogi-
os, como se vê dos seguintes trechos que passamos a
CORRESPONDfiNCIA descrever:
O Sr. Righini , cenógrafo de reconhecido mérito, con-
Sr. redator correu grandemente pru·a o brilhantismo da representação
Sendo eu um dos diletantes da bela Companhia Italia- da Gema de Verd.i - com as vistas que apresentou, as quais
na, peço-lhes que publique o juízo que dela fo rma a reda- são tão perfeitamente executadas que se nos afiguram re-
ção do Estandarte, por ser ele conforme ao do jornalismo alidades.
em geral, e nem era de esperar que outro formasse essa O Sr. Inocêncio Smoltz, insigne maestro, tem se esfor-
folha que conta entre seus redatores pessoas que já goza- çado extraordinariamente por harmonizar a música instru-
ram na Europa do sublime da arte do divino Belini. mental com a vocal, e os seus esforços vêm sendo coroa-
Lê-se no Estandarte de domingo: dos dos maiores resultados.
"Temos assistido a duas representações da ópera É digna de altos elogios a paciência deste grande e tão
Gema. de Verdi, música de Donizetti, com que começou a modesto compositor, pois, não encontrru1do aqui coristas
deleitar-nos a Companhia Lírica Italiana, de que é empre- nem músicos por virtude da desavença infel.izmente en-
sário o Sr. José Maria Ramonda. contrada entre alguns dos da antiga orquestra com o Sr.
"A Companhia do Sr. Ramonda, que tanto tem agrada- Ramonda, tem conseguido não só apresentar coros sofrí-
do ao público desta cidade, pode, ao nosso ver, cantar em veis, como também uma boa orquestra.
qualquer das maiores e mais adiantadas cidades da Euro- Muito desejávamos, em bem da nossa única e tão beia
pa e colher os merecidos louros. Nem só são ótimos canto- d istração, ver terminada aquela desavença.
res todos os artistas que a compõem, senão também exce- É d igno de ver-se, repetimo-lo, com quanta paciência o
Sr. Smoltz ensina, de dia, a cada um dos jovens educan-
lentes mímicos.
dos, principalmente a respectiva prute musical, para reuni-
"A companhia é boa em tudo, e os nossos jornais que
los à noite, em ensaios gerais.
já tiveram ocasião de emitir os seus juízos sobre ela, se-
Honra, pois, a este ilustre mestre, a quem deveremos o
gundo suas consciências, têm todavia individualizado al-
benefício de contar entre nós, para o futuro, um bom nú-
guns artistas, cometido faltas que repararemos.
mero de músicos maranhenses. Honra, pois, a todos esses
"Logo no 1° Ato, a vista da sala gótica tinha nos dado
estrru1geiros que, deixando os cômodos e as delícias da
uma idéia admirável do pincel do Sr. Luiz Righini; porém a
pátria, vêm plantar na nossa terra o bom gosto e estilo da
vista do último Ato que figura o interior do castelo, olhan-
música. O Diletante. (Diário do Maranhão, 2/511856, p.2).
do para o povoado com a capela ao longe, tudo iluminado
pela pálida luz do luar deleitou-nos. Essa decoração sem
NOTÍCIAS DIVERSAS
uma sombra sequer de imperfeição, com exato acordo nas
disposições e nas cores deu-lhe o título de hábil pintor
Tivemos no dom.ingo no nosso teatro a primeira repre-
cenógrafo e competente o juízo que havíamos desde o sentação da ópera Elixir de Amor, do maestro Donizetti.
começo formado de seu del icado pincel e de seus conheci- Os senhores Ramonda, Remorini, d' Hipólito e a senhora
mentos da arte. Angiolini Remorini nos papéis de Dulcamara, Nemorino,
"Mais que todos é digno dos maiores encômios o ilus- Belcore e Dina trabalharam como sempre, o melhor que se
tre maestro Smoltz; a sua fronte proeminente, seus olhos podia desejar, deixando a todos completamente satisfei-
brilhantes e vivos tinham-nos revelado o homem de talen- tos.
to superior. Faltava-nos ouvir o grande m ilagre - de redu- O Sr. Ramonda recebeu constantemente do público,
zir a nossa orquestra a coisa que tivesse jeito - para então pela exce.lência do seu trabalho, manifestos sinais de apro-
aquilatá-lo. Foi um verdadeiro milagre: só muito conheci- vação, com especialidade no dueto do 4º Ato com Dina,
mento da música, um o uvido muito apurado e delicado, onde ambos como que à porfia trabalharam para dos es-
grande amor à rute é que poderiam arregimentar os nossos pectadores merecer os estrondosos aplausos que recebe-
artistas, a maior parte principiantes e quase todos sem ter ram. De alguém que em Paris ouviu o grande Lablache no
gosto, sem nunca terem sabido o que era uma orquestra papel de Dulcamara, e que é na matéria entendido como
regular e metódica, o forte e o piano, essas coisas desco- poucos, ouvimos que o Sr. Ramonda aqui nada discrepara
nhecidas entre eles. Aqui se começava um pedaço de mú- de tão grande mestre; dizer isto é dizer o mais que é possí-
sica, em um tom assim ia até o fim. As gradações, o expres- vel em seu abono.
sivo das paixões que o compositor ideara, ficavam no pa- A Sra. Remorini, que no papel de Dina deixou-nos a
pel da música. Tirando quatro ou seis músicas, nada mais todos extasiados, também compreendeu a sua parte e com
tínhamos, e no entanto com o pouco e esse pouco fracio- tal arte a executou. A Sra. Angiolina vai conquistando cada
nado por mal entendidas sizanias, conseguiu o Sr. Smoltz vez mais as simpatias públicas e o merece, porque com os
compor uma sofrível orquestra que deixou compreender dotes que tem, era muito para admirar que assim não fosse.
perfeitamente o que será uma boa orquestra, e isto em tão Os Srs. Remorini e d'Hipólito houveram-se como sem-
pouco tempo!" pre, ótimos cantores e artistas muito distintos. Receberam
Da redação por isso, e como das outras vezes também, os aplausos
• que lhe e ram devidos .
Se a redação do Estandarte houvesse dado atenção Deu-nos nessa noite também o hábil pincel do Sr. Ri-
ao nosso folhet im de quarta-feira (24 do corrente), talvez ghini uma excelente decoração, pintada com todo o primor

<.:,/@ 28
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

de arte, produzindo completa ilusão. A vista da aldeia na NOTfCIAS DIVERSAS


Biscaia onde se passa a ação da ópera; o Sr. Righini vai COMPANHIA LÍRICA
nos dando a cada dia provas bem patentes do talento q ue
possui. Foi anteontem à cena, pela segunda vez, a Norma, e
O concurso esteve numeroso e brilhante, e nem é de desforraram-se nessa noite os artistas do mau efeito que
esperar que o nosso teatro deixe de ser concon-ido, estan- por incômodo de alguns produziu a ópera na primeira re-
do nele trabalhando atualmente artistas de tão subido me- presentação. O dueto do 4° Ato la mia mano... o das duas
recimento. Fa7cmos votos para que o Sr. empresário repit:l damas no 3º e o de Pollcon e Adalgisa no 1° cantaram-no o
breve o mesmo espetáculo, pois estamos certos de que Sr. Re morini e as senhoras Rebussini e Remorini tão bem e
será igual senão maior a concorrência, tão satisfeitos saí- de tal modo que a todos agradou sua execução. Todavia,
ram os que à primeira representação assistiram. não podemos deixar de confessar que ao Sr. Tancredi cou-
Esta ópera foi ensaiada, levada à cena e perfeitamente beram as honras dessa noite, o qual dentre todos foi o que
executada cm cinco dias, fazendo-se também neste curto
mais se distinguiu já na beleza e força de voz, já na parte
espaço de tempo cenário e vestuário novos! Poucos em- dramática onde como no canto prima sempre este artista.
presários poderão fazer destes milagres. (Diário do
A Sra. Rcmorini andou bem no papel deAdalgisa, agra-
Maranhão, 13/5/1856, p.2).
dou e foi muito aplaudida.
A nova cena, pintada pelo Sr. Righini, que por falta de
TRANSCRIÇÃO PARCIAL DO
tempo não apareceu na primeira apresentação, agradou
FOLHETIM O ELIXIR
também e foi aplaudida.
A concorrência foi g rande nesta noite. e saíram todos
( ...)A ação do Elixir passa-se em Biscaia. Ao pincel do
Sr. Righini somos devedores de mais uma vista primorosa. satisfeitos. (Diârio do Maranhão, 31611856, p.3).
Não é a ponte levadiça, não é a sala feudal do Castelo de
Vergi, nem os panes de razcs, nem os retratos dos altivos DESENHO E PINTURA
barões, nem o troféu glorioso, nem a capela gótica, nem o
clar;io transparente da lua, nem o refulgir das estrelas que TRJBUZJ continua a dar lições de desenho e pintura
enamora os nossos o lhos absortos. Não: a vista é outra. em sua casa e cm casas particulares. (Publicador Mara-
Aqui um arco, uma espécie de ponte, e o musgo a enverdc- 11he11se' 7m1856, p.4).
cer nas pedras, e mais embaixo as águas munnurando, cor-
rendo, espadanando-se cm toalhas de alvíssima espuma; AVISO
acolá, as casas, o templo, o monte e as árvores sombrias,
verdes, espessas, frondosas. Ergue-se o pano e o ilustre Mr. Righini roga àquelas pessoas que por acaso tive-
compositor Smoltz em pé, diante da cadeira estofada, com rem encontrado desde o Hotel Maranhcnsc até o Teatro
a varinha mág ica na mão, anima, entusiasma, e letriza a or- São Luiz um risco de uma decoração a cores. perdido entre
questra.(...) (Diário do Maranluio. 16/5/ 1856, p.l). 9.30 e 10 horas, queiram ter a bondade de o remeter ao
escritório do referido teatro. Maranhão, 4 de julho de 1856.
COMPANIDA LÍRICA (Publicador Maranhe11.,·e, 7/7/1856, p.4).

Assistimos domingo à primeira representação da Nor- (Do) Re latório com que o Ex mo. Sr. comendador Antô-
ma. Não arriscamos por ora o nosso juízo a respeito da nio Cândido da Cruz Machado abriu a Assembléia Legisla-
execução da ópera, deixando para fazê-lo quando for pela tiva Provincial no dia 9 de junho de 1856:
segunda vez à cena porque notamos nessa noite em alguns
artistas o que quer que era de incômodo ou de menos boa ESTIVA
disposição de espírito que lhes to lheu os meios que lhes
permite dispor o subido talento que possuem, e de que não
( ...)Os antigos lançaram uma estiva sobre o tijuco do
equívocas pro' ·1s nos têm dado em outras ocasiões.
manga!, cobriram-na de lama, que se solidificou por ficar
A mise e11 scene foi perfeita, rigorosa e com toda a
acima do nível das grandes marés, e construíram ponte::;
pompa que exige a ópera. Vestuário rico e apropriado. todo
de fazenda fina e de prl.!ço, decorações novas, pintadas de um lanço sobre os igarapés. Estas construções estão
por pincel de mestre e da mais completa ilusão, deram ao inteiramente arruinadas, a passagem impraticável, a estra-
espetáculo todo o realce que o faria com certeza sobressa- da convertida cm tortuosas e intransitáve is veredas, as
ir cm muitas das principais cidades civilizadas. O Sr. Righi- rampas destruídas e enterradas. porquanto, variando as
ni, cenógrafo de cujo pincel saíram as decorações, foi no marés de 14 a 2 1 pés de altura, e trazendo consigo grande
fim do l º Ato chamado à cena e muito aplaudido, lançan- quantidade de argila c m suspensão, que depositam nos
do-lhe o público nessa ocasião muitas flores. mangais, têm-nas coberto de tijucos, de maneira tal que
Ao Sr. empresário cabe com certeza toda a glória de elas são hoje perigosos atoleiros. A vantagem da recons-
assim subir à cena no nosso teatro um espetáculo tão rico trução dessa estrada foi reconhecida pela Assembléia Le-
e profundamente montado, não se poupando a despesas e gislativa Provincial quando decretou a Lei nº 56, ele 23 de
fadigas, só com a mira de agradar ao público. fazendo por maio de 1838. de cuja execução infelizmente não se tratou.
amor dele muito mais do que aquilo a que está pelo seu O Ex.mo. Sr. vice-presidente, que me precedeu na admi-
contrato obrigado. Honra portanto lhe seja fei ta, e desde nistração, em virtude cio art. 21 da Lei nº 367, de 24 de julho
já receba de nós os agradecimentos que merece. (Diârio de 1854, a 16 de novembro último autorizou o administra-
do Maranhcio, 27 /5/1856, p.3). dor-geral elas Obras Públicas a engajar o desenhista
LUIZ DE MELLO

Francisco Raimundo Diniz e o francês Luiz Bouqueton para lidades estas que é raro encontrar reunidas no mesmo indi-
tirar a planta desta estrada, a fun de que se procedesse ao víduo, andam nela a par, e uma faz sobressair a outra, exci-
orçamento das despesas necessárias com os seus repa- tando a admiração e o entusiasmo no espectador.
ros. Bouqueton levantou a planta dos igarapés do Arma- Depois do ato a que nos referimos, a Sra. Rebussini foi
zém da Pólvora e do Batatã, e o nivelamento da estrada até acompanhada à tasa, ao sair do teatro, por um numerosís-
o Cutim; Diniz a planta de toda ela; o orçamento, porém, simo séquito, composto de quase toda a platéia, que a foi
ainda não me foi presente. A despesa feita com estes tra- vitoriando com fervorosos vivas, dados ao som de uma
balhos prehminares impo11ou em 1:600$000 réis. (...). (Pu- banda de música fornecida pelos empregados do Tesouro
blicador Maranhense, 1217/1856, p. J ). Provincial e pelo diretor da Casa cios Educandos Artífices.
A insigne artista, que é uma senhora civil e delicada, a
GOVERNO DA PROVÍNCIA todos ofereceu doces e champanha e rendeu mil agradeci-
Expediente do dia 14 de julho de 1856 mentos, penhorada de gratidão e cheia de júbilo.
A ovação, pois, da rainha da cena maranhcnsc foi tão
3ª Seção - Palácio da Presidência da Província do completa corno merecida, e folgamos de ver em nossa terra
Maranhão, 14 de julho de 1856 assim compreendido e honrado o verdadeiro mérito artísti-
limo. Sr. - Havendo declarado de nenhum efeito a no- co. (PublicadorMaranhense, 181711856, p.l).
meação de Luiz Carlos Bouqueton para agrimensor da Jns-
petoria das Medições das Terras Públicas, assim lbe faço CRÔNICA SOBRE O PINTOR LEON RIGHINI
constar para seu conhecimento.
Deus guarde a V. S.3 -Antônio Cândido da Cruz Ma- Cuidar do bem e esplendor presente e futuro da Pátria,
chado. - Sr. inspetor da Tesouraria de Fazenda. abrindo à talentosa mocidade um caminho vasto e seguro,
Idêntico ao delegado interino do diretor-geral das Ter- para que em épocas ainda que remotas, ela, ou sua des-
ras Públicas. (Publicador Maranhense, 17/7I1856, p.2). cendência veja e saiba o quanto por ela trabalhamos, é um
dever a que conscienciosamente está ligado todo aquele
COROAÇÃO DE ADELE REBUSSINI que se ufana de possuir o nome de brasileiro.
Alguns anos há que não me valho da imprensa e até
Acha-se à exposição na loja do senhor Duchemin a resolvido estava a não mais recorrer a esse celeste invento
coroa e outros b1indes que os amantes do mérito têm de de Gutemberg, não só pelos anos que já me pesam, e com
oferecer na quinta-feira 17 do corrente, por ocasião da ré- eles o aborrecimento elas vicissitudes da vida, como ainda
cita dessa noite, à senhora Adele Rebussini, prima-dona
mais pelas enfermidades que sofro, que quase me hão se-
da Companhia Lírica Italiana. A coroa e alguns dos brindes
gregado da sociedade; todavia o amor às artes que desde
foram fei tos pelo distinto artista nosso comprovinciano o
o arrebol da infância me acompanha, neste mesmo estado
Sr.José Ribeiro do Amaral.
me atua, fazendo que recorra aos prelos para apresentar à
Maranhão, 15 de julho de 1856. (Publicador Mara-
ilustrada administração provincial urna lembrança que, acei-
nhense, 1717/1856, p.4).
ta e posta em prática, muitos doces e sazonados frutos
oferecerá ao Maranhão.
MARANHÃO, 18 DE JULHO DE 1856
Se, porém, malgrado meu, não for recebida, ficar-me-á
o desconsolo de vê-la abortar, e tranqüila a consciência,
A senhora Rebussini, prima-dona absoluta da Compa-
como desempenhei o dever de bom cidadão. não terei que
nhia Lírica Italiana do Maranhão, foi ontem, 17 do corren-
argüir-me.
te, coroada em cena com urna primorosa coroa de ouro e
Felizmente temos entre nós um pintor cenógrafo - o Sr.
brilhantes, e vitoriada no meio dos mais entusiásticos bra-
vos e estrondosos aplausos de uma multidão de especta- ' Righini - vindo na Companhia Lírica Italiana do contrato
dores que pejavam o Teatro São Luiz e não se fartavam de do Sr. Ramonda. As decorações do Teatro São Luiz, que já
significar-lhe a sua extrema satisfação. A coroação teve hão sido patentes ao público desta capital, provam que o Sr.
lugar na cavatina da ópera Leonora, por ela cantada de- Righini é não já um mestre consumado, senão que um habi-
pois da representação da Sonâmbula, chovendo então da líssimo rutista e tão digno de nossa estima como de uma
platéia e camarotes um dilúvio de flores sobre o palco. muito importante e proveitosa aquisição, parecendo-me que
A oferta, feita à Sra. Rebussini por alguns de seus ad- o ensejo é o mais azado para dar o Governo um impulso ao
miradores, constou da coroa sobredita, obra do nosso hábil progresso material e intelectual da Província que tão sabi-
artista o Sr. Amaral, com dois adereços de ouro, fabricados damente lbe foi confiada; lance mão desse insigne artista e
no exterior, avaliado tudo em cerca de um conto de réis e estabeleça uma escola de pintura deste gênero, onde a nos-
levado à cena em uma salva de prata por duas meninas, sa mocidade, cujo talento assaz se revela, te61ica e pratica-
uma das quais lhe pôs a coroa na cabeça. mente aprenda uma arte tão necessária.
Esta honra tem sido por vezes barateada entre nós a Só assim teremos entre nós hábeis cenógrafos.
atores secundários, mas a Sra. Rebussini a merece verdadei- É que o Sr. Righini por qualquer eventual idade pode
ramente porque é a cantora e ao mesmo tempo a atriz mais retirar-se desta Província e mesmo do Império.
distinta que tem pisado o nosso palco cênico, ou ela expri- E que se isto acontecer, possuindo nós um belo teatro,
me o delírio da paixão e os terrores do remorso na Gema, ou e no qual infalivelmente outras empresas substituirão a do
o furor do ciúme e o sublime da devoção na Nonna, ou a Sr. Rarnonda, terão os empresários de empregar curiosos
singeleza de uma alma cândida e a estupefação de uma situ- ou borradores na pintura das decorações - o que já agora
ação incompreensível na Sonâmbula. Canto e mímica, qua- não satisfará por nenhum modo ao público, que quanto

30 <V'@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

mais acostumado é a ver o bom, mais exigente se torna - e uns longes, uma morta-color dos sentimentos de admira-
para no futuro aguçar-lhe esses desejos, aí estão as deco- ção que nos inspirou, sirvam ao menos de lenitivo das
rações maravilhosas do pincel do Sr. Righirú que bem lem- saudades que deve ter de sua pátria querida e - quem
bradas nos fazem as que outrora (em 1817) teve o Teatro sabe? - de urna carinhosa família a quem muito ame!
União - do famoso pincel do Sr. Schiopeta. Seguro de nossa admiração, resta-lhe, ao Sr. Righini, o
Difícil será a qualquer empresário o contratar um cenó- granjear-nos a g ratidão que é o mais, senão difícil. Ades-
grafo, por os não haver senão na Europa, e só com muito trando cm sua arte a nossa esperançosa mocidade, a quem
custo e muito dispêndio poder-se-á obter outro que corra para desenvolver-lhe o gosto e o talento só faltavam as
parelhas com o atual; e de mais qualquer empresário des- lições de um profissional tal como o Sr. Righini, sobre ter
sas dificuldades se prevalecerá para impingir-nos gato por certa a nossa gratidão, erguerá para si um padrão de g lória
lebre, como diz o adágio. que o tempo respeitará. Isto nós o dizemos convencidos
Ora, além da escola, enquanto não houver rapazes ha- de que serão o uvidas as nossas súplicas pelo Governo,
bilidosos na cenografia, pode o Governo engajar o Sr. Ri- sem cujo impulso nada pode fazer o Sr. Righini nesta parte.
ghini por três ou quatro anos, tempo necessário para um Justus
aprendizado, e para que a escola produza os desejados (Publicador Mara11he11se, 2 11711 856, p.2).
efeitos, atenta a grande habilidade de nossa mocidade e
de muitos gênios que aí definham à míngua de sábios pro- O DIA 28 DE ruLHO
fessores e de uma prática regular. (Texto parcial)
E é certo que sem escolas não se apresentariam os
grandes gênios de Miguel Ângelo, Rafael, Rubens, Ghigi, Este dia para nós tão me morável e glorioso, por ser o
Murilo e outros. aniversário da adesão desta Província à causa da Inde-
Disto urna viva prova ternos na capital do Império, o Sr. pendência do Império, foi este ano festejado com a maior
Porto Alegre, quanta honra não faz à sua pátria - o Brasil! sole nidade possível. Ao Te Deum que à tarde se celebrou
Além do que vai dito, convém lembrar aos menos en- na Catedral, em Ação de Graças, concorreu todo o funcio-
tendidos que a pintura cenográfica não diz somente res- nalismo público no maior luzimento, vindo depois assistir
peito a teatros, ela é aproveitada muitas vezes nos tem- à continência da Guarda Nacional a primeira autoridade ela
plos, palácios e edifícios quer públicos, quer particulares. Província.
conforme a ficção que se lhes quer dar. À noite no teatro representou a Companhia Lírica pela
Quanto vimos de escrever não passam de umas pe- primeira vez a Lúcia de lammermor, precedendo a ópera a
quenas lembranças que nos sugeriu o pendor para as ar- exposição da efígie de S. M. I. o Sr. D. Pedro II, e o Hino
tes, no intuito de assegurar no futuro mais um ramo de Nacional cantado por toda a companhia. Jamais aqui vi-
vida e existência aos filhos da terra que nos viu nascer, mos a cena para este fim tão ricamente preparada como
visto que nem o comércio e nem a lavoura será a herança este ano, esmerando-se nisso o empresário como ainda
de nos\ os filhos e netos, por isso desde já só devem anto- ninguém, apresentando cm um grande e rico quadro dou-
lhar a aurora das artes. rado a imperial efígie que foi por todos admirada, já pela
Uma esperança temos: serão lidas e apreciadas estas perfeita semelhança e já pela excelência da pintura; pode-
linhas e talve1. que levada a efe ito a nossa lembrança pelo mos asseverar que a obra é do pincel do Sr. José Maria
ilustre Governo do digno presidente que temos, e que tão Rarnonda. Cobria o estrado, sobre o qual estava o quadro,
incansável se mostra no engrandecimento da Província, um rico tapete de veludo fino, e o palco outro não tão
cujos destinos lhe foram confiados. coadjuvando-o a As- impo rtante, mas de fazenda apropriada.
sembléia que é composta de marnnhenses tão esclareci- Os cantores apresentaram-se todos vestidos de gala,
dos e que a bem de mnranhenses tudo farão. de preto com gravatas e luvas brancas os homens, e de
Um alvitre ainda: a aula de escultura criada na Casa cetim branco, com fitas verdes e amarelas na cintura as
dos Educando. Artífices, e que nenhum resultado tem dado, damas. No fim do hino entoou o Sr. presidente vivas à
pode muito pro,·eitosarncnte ser substüuída pela de pin- Constituição, à Família Imperial e à Presidência; e em se-
tum cenográfica (admitindo-se externos na aula para que o guida o Sr. Job à S . Exa. o Sr. presidente da Província.
favor . eja geral e mais de pronto correspondido), com a A este ato seguiu-se pouco depois a representação da
qual o Gon:rno não pouco melhorará esse estabelecimen- ópera, que nessa noite foi, como já disse, a Ltícia de Lam-
to que é uma das futuras esperanças do Maranhão. mennor, pela primeira vez. A muito poucas representações
Se contra o que é de esperar não conseguirmos o prin- temos assistido, já não aqui, mas cm teallos de primeira
cipal fim a que com estas linhas atirávamos, resta-nos ain- ordem que tanto nos satisfizeram como esta. Graças ao
da a satisfaç,lo de havcnnos de nossa parte feito o que a empresário, que nada poupou para que fosse a ópera à
nós tocava, e a não menor de termos por este meio dado cena com o luxo e ostentação que demandava, correspon-
um público testemunho de nossa admiração ao talento do deu o espetáculo à solenidade do dia, e ainda excedeu ao
artista amestrado e prov~itoso que com o risco da precio- que a respeito dela se esperava, conquanto estivessem
sa vida veio através do Mediterrâneo e Atlântico mostrar- pm·a isso todos prevenidos.
ºº" para quanto são o pincel e as tintas quando maneja- A Sra. Rebussini, o Sr. Tancrcdi Remorini e o Sr. Hjpó-
da..'> habilmente. lito de empenharam nessa noite os seus papéis como ain-
Estas expressões que (somos o primeiro a rcconhccê- da não o haviam feito até agora, e pelo que foram muitas
lo) estão muito aquém do mérito do insigne artista, e que vezes freneticamente aplaudidos. O final do 1ºAto e a ária
para falar na linguagem da arte, são apenas umas sombras, do tenor no último Ato mereceram do público maiores de-
~
LUIZ DE MELLO ~

monstrações de aplausos, e na verdade em ambas estas D. Pedro rr. Soubemos depois que cursara a Academia de
cenas, tanto a Sra. Rebussini corno o Sr. Remorini houve- Belas-Artes do seu país natal, e que ali obtivera prêmios
ram-se como perfeitos mestres, mostrando-se muitíssimos honrosos. (Di6rio do Maranhão, 4/8/1856, p. I).
superiores ao crédito que já gozavam.
Pe lo que pertence à mise en scene, ainda não vimos em ATENÇÃO
teatro algum esta ópera tão rica e apropriadamente monta-
da como aqui. Tanto o vestuário como as decorações nada Temos em mãos o Trovatore, jornal italiano, do qual
deixaram a desejar, quer em riqueza como em perfeição, traduzimos o seguinte :
sendo todos os vestidos, ainda mesmo os das coristas, de
veludo ou seda, bordados a ouro e prata fina, e quanto aos NOTÍCIAS DO BRASIL
dois que apresentou no 2º Ato a protagonista, um vestido
encarnado e guarnecido com linda e riquíssima bordadu ra "Acho-me entre bárbaros, cujos costumes todos os
de ouro fin o e outro de blonde, achamo-los de um valor dias mais me convencem, da grande imprudência que co-
muito superior às necessidades do primeiro Teatro do Mun- meti ao abandonar a Europa. Aqui a natureza é riquíssima,
do, e capazes de aparecerem em qualquer salão dos de mas este Dom da Providência é uma desgraça para os seus
maior luxo. O vestuário do Sr. Hipóhto, quer no l º,quer no habitantes, que são extremamente preguiçosos. O passa-
2° Ato, tornaram-se também distintos; o primeiro em beleza dio ordinário do homem solteiro é caríssimo, de sorte que
e propriedade, e mais na riqueza e custo do recamo. As um artista com a maior economia não passa com menos de
decorações nada deixaram também a desejar, e até nos pa- dois mil réis (seis francos) por dia. O nosso empresário
receu que o Sr. Righini se esmerou mais desta vez que das (Cavalheiro D. José Ramonda) com muita destreza nos
outras, como que à porfia para q ue também da sua parte enganou e induziu a aceitar os nossos contratos. Uma
nada faltasse ao excelente efeito que produziu o espetácu- camisa lavada e engomada custa meio franco, e o calor é
lo. Ao empresário devemos tudo isto; honra portanto lhe tão forte que me ob1iga a vestir pelo menos três por dia. O
seja fe ita, que por demais a tem de nós merecido.( ...) (Diá- vinho, quando muito barato, custa lrês francos (mil réis) a
rio do Maranhão, 30/7/ 1856, p. 3). gan·afa. Com 500 francos por mês não se economiza um
real. A nossa viagem de Gênova a Pernambuco foi de 46
A COMPANHIA LÍRICA ITALIANA dias. Aqu i se começou a falar em teatro, depois de muitos
NO DIA 28 DE ruLHO dias, e de muito falar foi à cena O Trovador, porém sem
coros. Se visses a orquestra! O melhor violino tocava com
O dia 28 de julho, aniversário da proclamação da fnde- quatro dedos, faltando-lhe um da mão esquerda! Se esti-
pendência nesta Província, foi solenizado entre nós este véssemos em uma cidade da Itália, nenhum de nós teria
ano com muita pompa e esplendor, notando-se no Te Deum saído vivo do teatro! Durante a nossa estada em Pernambu-
celebrado na Catedral, pelas 4 horas da tarde, e no Teatro
co, sofremos muitos desgostos e incômodos por haverem
São Luiz à noite, uma concorrência como poucas temos
adoecido alguns da companhia e morrido outros de febre
visto.
amarela. O primeiro que adoeceu, Ricard (mestre de músi-
No teau·o, de que pretendemos ocupar-nos, a Compa-
ca), foi acometido da febre amarela, de que faleceu, em
nhia Lírica Ital iana levou à cena a Lúcia de Lamennoor,
conseqüência de uma indigestão. A mesma sorte teve o
mas antes disso cantou o Hino Nacional perante a efígie
tenorTernavasio. Este foi vitima da grande avidez de comer
de S. M. Imperial, pintada pelo Sr. cavalheiro Ramonda, e
frutas. Depois de sua morte e ncontrou-se-lhe o baú cheio
muito ao natural , segundo o juízo dos entendedores. (0
de mangas, a mais perigosa e excelente fruta do Brasil. O
Observador, 31n/l856, p. I).
bajxo Tomba também morreu por excesso de comida. Este
não só comia muita fruta, senão que bebia desproposita-
FOLHETIM DO DIÁRIO DE
damente, no que obrigava a mulher a acompanhá-lo. De
1º DE AGOSTO DE 1856
CRÔNICA TEATRAL manhã, bebia meia garrafa de conhaque, e depois do almo-
(Texto parcial) ço o resto. O mesmo fazia a mulher, a despeito de quais-
quer admoestações, pelo que em poucos d ias deixaram
( ...)Nessa noite parece que todos se tinham combina- ambos de existir. Morreram todos aq ueles que tiveram vida
do para tornar o espetáculo digno do dia e da concepção desregrada, e os restantes pagaram mais ou menos o tribu-
de Donizetti . As partes secundárias, os coros, as orques- to devido ao clima do país, porém salvaram-se, e à hora em
tras, tudo andou perfeitamente e mereceu aplausos. que escrevo, a Rebussini, Smoltz, Remorini e todos os
A mise en scene fo i rigorosamente feita com todo o outros por que m tive receios, gozam perfeita saúde. Quan-
primor. Os costumes luxuosos e de época, e alguns supe- do começarem os espetáculos daqui te darei notícias."
riores aos dos grandes teatros, como o vestido de blonde É o trecho de uma carta escrita (segundo somos infor-
de seda da prima-dona, são provas exuberantes do esmero mados) por um artista da nossa Compan hia Lírica à reda-
do Sr. Ramonda. ção da supradüa folha.
As decorações revelam, ainda mais do que as das ou- Com o fun verdadeiro de desacreditar o digno empre-
tras óperas, o merecimento artístico do Sr. Righini. A vista sário do nosso teatro, o Sr. Cavalheiro Ramonda, de quem
do castelo iluminado e do cemitério é igual, senão mais é inimigo pessoal, de torná-lo odioso aos artistas euro-
bela do que a feita por Bragaldi no Teatro Lírico do Rio. peus e destarte impossibifüá-lo de ali prover-se dos que
Não sabia de mais uma qualidade do Sr. cavalheiro Ra- para o futuro sejam necessários para o cumprimento do
monda: é um bom pintor, como o provou pelo retrato do Sr. seu contrato, o autor da correspondência com a mais re-

32 <:/Q)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

volLante ingratidão agride de uma maneira brulal o país Maranhão, 2 1 de agosto de 1856
que com tanta benignidade o acolhe, apresentando-nos Adclc Rebussini
aos seus concidadãos como um povo bárbaro! Angiol ina Remorini
Não é Lalvez o autor desta correspondência o primeiro Tancredi Remorini
artista que vive à custa do Brasil, e diz dos brasileiros tudo Savio Cesarc
quanto lhe vem à cabeça, e nem será também o primeiro
que se retirará desta terra amaldiçoada para depois voltar e A abaixo assinada, a11ista da Companhia Lírica, contra-
continuar a viver! tada para esta Província, declara, em satisfação ao respei-
Não pretendemos descer a uma análise minuciosa de tável ptíblico, não ler direta nem indiretamente contribuí-
cada um dos tópicos da correspondência que nos ocupa, do para o comunicado exnrado no Publicador Maranlien-
para notar-lhe todas as inexatidões. Tivemos somente em se de 19 do corrente, sob o nº 188.
vista fazer sentir ao autor dela, que, apesar de bárbaros, os Maranhão, 2 1 de agosto de 1856
brasileiros sabem do que se passa na Itália. O resto fica ao Giustina Gal lo
bom critério dos nossos concidadãos com quem este Sr. (Publicador Maranhense, 2 1/8/1856, p.2).
convive.
Maranhão, 12 de agosto de 1856. (Publicador Mara - CARTA DO PINTOR LEON RIGHINI
nhe11se, 19/8/ 1856, p.2).
SR.REDATOR
ATENÇÃO Consta-me que pessoas bem informadas apontam-me
como autor da correspondência anônima escrita para o
Os abaixo assinados artistas engajados na Companhia jornal italiano li Trovarore, que apareceu vertida para o
Lírica declaram formalmente não serem os autores da cor- português no Publicador Ma ra11/ie11se nº 188. Essa cor-
respondência inserida no Publicador Mara11hense de respondência ofende o povo brasileiro, apelidando-o de
ontem transcrita do jornal italiano li Tro1•atore. bárbaro; e eu que em Pernambuco fui , e no Maranhão hei
Maranhão, 20 de agosto de 1856 sido, pública e particularmente bem recebido e obsequi a-
Giuseppe lppolito do - cu que a todos tenho, por palavras e obras, marúfcs-
Luigi Cantarelli tado tanto quanto posso a minha gratidão - cu que sem-
(Publicador Mara11he11se, 201811856, p.3) pre abonei a índole civilizada eo gênio hospitaleiro e fran -
co dos brasilei ros, sinto profundamente que alguém creia
COMUNICADO que o meu espírito abrigue o modo de pensar da corres-
pondência. o qual sendo injusto, e por isso absolutamente
Pede-se ao empresário e à Companhia Lírica Italiana, à mal cabido, seria outrossim, em relação a mim, demasiado
exceção das senhoras, uma explicação acerca do comuni- traiçoeiro e baixo, e me cobriria, provado que fosse meu.
cado exarado na 8ª coluna do nº l 88 do Publicador Mara- de pejo e de vergonha.
11he11se, a fim de que os maranhenses possam conhecer o O tempo, Sr. redator, patenteará a verdade com que ora
Cavalheiro, autor da ca11a cujo trecho se acha estampado falo, enu·ctanto direi mais, cm defesa do meu caráter, que fe liz-
no mesmo comunicado; ao con!J"ário resolveremos o que mente posso mostrar, a quem queira ver, a correspondência
for justo. que tenho alimentado com minha família, residente em Turim,
Agosto, 20 de 1856 e com alguns amigos de vfüfas partes da llália, correspondên-
O Maranhense cia que abunda cm expres ões que por si sós são bastantes
(Diário do Maranhão. 21/8/1856, p. 4). para me justificarem completamente de tão infundada acusa-
ção. Espero, Sr. redator, que V. S.ª dará publicação a esta mi-
DECLARAÇÃO nha cordial satisfação, com o que muito penhorará o
De V. s.• Attº Vr° e Cr°
Os abaixo a~sinados, artistas da Companhia Lírica ILal i- J. LeãoRighini
ana, sob a empresa do Sr. José Maria Ramonda, sumamente Maranhão, 2 1 de agosto de 1856 (Publicador Mara-
11he11se, 22/8/1856. p.3).
penalizados pela ofensa imerecida e irrogada aos brasilei-
ros, com especialidade aos filhos desta Província e de Per-
COMPANHIA LÍRICA ITALIANA
nambuco, em uma correspondência publicada no jornal l i
Trovatore de Turim e aqui transcrita no Publicador Mara-
O empresário do Teatro São Luiz do Maranhão declara
nhe11se de 19 do corrente, declaram, sob sua palavra de
fom1almente ter autorizado o Sr. Mº Inocêncio Smoltz para
honra, que nenhuma parte tiveram cm semelhante publica-
rescindir todos os contratos dos artistas componentes da
ção, por ser tão feio proceder não só incompatível com a sua
Companhia Lírica, depois da representação do dia 7 de
educação e brio, como com o sentimento de gratidão que setembro próximo.
professam aos habitantes tanto desta Província como da de
Maran11ão, 22 de agosto de 1856
Pernambuco, pelos benefícios e obséquios aqui e lá recebi- O empresário
dos, sendo de mais tudo quanto refere semelhante corres- José Maria Ramonda
pondência é uma manifesta falta de verdade P. S. - Todas as antecipações recebidas serão declara-
Esperam portanto os abaixo assinados que com esta das satisfeitas no ato da rescisão do contrato.
declaração facilmente se reabilitem no conceito dos mara- José Maria Ramonda, empresário.
nhcnses, cuja estima altamente apreciam. (Publicador Mara11he11se, 231811856, p.3).
LUIZ DE MELLO

PUBLICAÇÃO A PEDIDO cedia a todos os artistas a liberdade depois do dia 7 do


corrente. A este procedimento, muitíssimo industrial de
Estamos em crise teatral. Os artistas dão satisfações SUh parte, respondi com a carta que o Sr. Ramonda rece-
ao público, que os pateia, pela insolente rnissi va à redação beu, e que abaixo vai transcrita.
do Trovatore, e a empresa, corno um protesto solene às Os poucos amigos da empresa dizem que de toda a
covardes acusações de que é alvo na imprensa italiana, questão entre os artistas e o Sr. Ramonda, é este último
propõe as rescisões dos contratos, e pôs em termos tão que tem razão, e que é mais fáciJ guiar cem mil soldados do
hábeis que o teatro, ou terá de fechar-se depois do dia 7 de que dirigir uma dúzia de artistas de teatro, porque são to-
setembro, ou então ficarão esmagados os detratores do dos miseráveis, intrigantes, canalhas, debochados, joga-
empresário. dores, impostores e alcoviteiros ... Mas, tende a bondade,
Estão portando decididas todas as dúvidas. Espera- meus senhores, de dizer-me o que era e o que é ainda hoje
mos ansiosamente o resultado desta balbúrdia teatral em mesmo o Sr. Cavalheiro José Maria Ramonda?
que o Sr. Cavalheiro Ramonda, para salvar o seu nome de Mais de um ouvido, e os meus sobre todos, estão ain-
uma nódoa até certo ponto moral, não duvida sacrificar da debaixo da harmoniosa influência da sua voz, quando
interesses de adiantamentos pecuniários feitos a todos os julgou ele cantar no Elixir de Amor - vendendo suas poma-
artistas da Companhia Lírica. Assim, porém, procede o das. O seu renome, que do Rio de Janeiro chegou até nós e
homem de honra para quem, como o Sr. Ramonda, o di- in altrisiti o apresenta como um... não me recordo precisa-
nheiro nada mais é do que um meio de obter as coisas. mente, mas o teau·o serve para alguma coisa e o Sr. Ramonda
(Publicador Maranhense, 25/8/J 856, p.3). será um canalha, um miserável, um debochado, um impos-
tor, um intrigante?... Pensai bem no que dissestes, senho-
BELAS-ARTES res, e vereis se é assim que se ganha o reino do Céu.
Entretanto os seus mesmos apologistas lhe fizeram jus-
Tribuzi continua a dar lições de desenho e pintura em tiça, proclamando-o sublime no seu papel de Dulcamare, e
sua casa e em casas particulares. (Publicador Maranhen- achando que a sua cabeleira e os seus vestidos iam de acor-
se, 15/10/1856,p.4). do com o seu caráter natural; e a companhia declara-se li-
sonjeada de estar uma vez, ao menos, com estes senhores.
Ora, seja-me permitido fazer uma observação.
ARTIGO DE LEON RIGHINI
CORRESPOND~NCIA
Por que o Sr. Dulcamare, isto é, perdão, o Sr. Ramon-
da, artista e pintor escolhido já uma vez por um governo,
para pintar no primeiro teatro do mundo, - "Idi cui por-
SR. REDATOR - É bem a meu pesar que o incomodo,
tenti infinit sou noti all'Universo" - por que, digo, ele pin-
pretendendo ocupar parte do seu muito acreditado jornal, a
tor, ele artista seria melhor que todos os outros artistas e
fim de expender núnhas idéias acerca dos escândalos prati-
os outros pi11tores?
cados pelo Sr. Ran10nda, que mel11or podia empregar o seu
Os dignos coristas do escritório responderiam: - "É
tempo, sem que desse ao muito honr'.tdo púbUco desta capi-
porque ele é empresário". - Que seja Deus louvado, e
tal motivos de descontentamento nem de odiosidade.
bebendo um copo da minha cerveja, à saúde dos sete sábi-
Chegado a esta cidade entreguei-me ao trabalho, por-
os, tomarei forças para continuar com o meu propósito.
que era para isso que tinha vindo. Apresentei os riscos
Tende a bondade de dizer-me, senhores, quem fez pa-
das decorações, que tinha de pintar, ao Sr. empresário, e
tear a prima-dona, obrigando-a a cantar doente como esta-
observei que não ficara ele muito satisfeito por serem dis-
va? Quem tem atassalhado a reputação artística e privada
pendiosos, o que hoje já não me admfra, visto que a sua
da companhia, não poupando nem mesmo as damas, que
corda sensível é o dinheiro, contanto que seja bastante,
en;i todo o caso, em atenção à fraqueza do seu sexo, para a
não lhe importanJo quais os meios de adquirir. Entretanto,
própria defesa, deviam ser respeitadas, e que ainda persis~
todas as vezes que me preparava para novas pinturas, não te na continuação de tanta imprudência? Aquele mesmo
cessava o Sr. Cavalheiro de repetir: - lembre-se que para que devia reconhecer por dever seu, e p róprio interesse,
este público e este país tudo é demais. que da sustentação da companhia em sua força moral de-
Por minha parte, naturalmente, procurava merecer a pendia a dignidade de toda a sociedade e o bem-estar da
atenção do público, buscando apresentar o melhor possí- sua empresa futura.
vel, porque, enfim a todo o mundo, e a um artista principal- Quem foi que aqui publicou essas linhas fatais do Tro-
mente é permitido ter um pouco de amor próprio; porém, o vatore, pelas quais a companhia inteira foi pateada por
Sr. Ramonda respondeu sempre farçolamente às minhas este mesmo público que dias antes a aplaudia e coroava?
reflexões, procurando desanimar-me em meu dever para Tende paciência, meus senhores, quem a publicou não
com o público, ao qual entretanto nunca faltei. Um dia fui eu; e entretanto o acusado não escapou à raiva do seu
entre nós houve uma disputa, e estando eu já cansado da juiz; mas como não fosse eu que heroicamente saísse do
minha posição, dirigi ao Sr. Cavalheiro uma carta que o teatro escoltado por oito baionetas, nem igualmente outro
público encontrará transcrita mais embaixo. Tudo isto pas- qualquer artista da companhia fosse mimoseado com pe-
sou-se antes de começar eu a trabalhar nas decorações da dradas no Largo do Carmo, digo que armas do povo, mão
ópera Norma. - Ora, o Sr. Ramonda aproveitou-se desta de Deus, e faço como Pilatos, rogando pela conversão do
carta, a qual nada tinha de comum com os últimos aconte- pecador.
cimentos, para impor-me a ruptura do meu contrato no dia Eu gostaria que estes senhores, tão sapientes como
15 do mês p. p. sem recordar-se de que havia eu assinado são, me instruíssem sobre um fenômeno no qual certamen-
a sua declaração, publicada nos jornais, pela qual nos con- te o clima exerce sua influência.

34 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

À chegada da companJúa, as damas eram anjos, o maes- peso ainda mais insofrível, como o de suportar as malcria-
tro um serafim, o tenor um brilhante de cem mil quilates (teste- ções de um tal empresário.
munha o inocente Sr. Brandão) e quanto a mim, não me recor- Conheço perfeitamente que com o meu pouco ou me-
do do meu peso real, mas então já, sem contradição, o mais díocre talento, não tenho necessidade da távola redonda
pesado de todos, ou o que mais valia era o empresário, por- desse cavalheiro, e que poderei viver como o fazia antes
que crês meses antes tinha sido declarado o mais oneroso. de alistar-me, por ignorar, debaixo das sua afamadas ar-
Ora, vêde que singular mutação! Depois do que disse- mas e bandeiras; tanto mais que não tenho razão nenhuma
ra, o nosso caro cavalheiro a seus satélites, todos os ar- para desprezar da bondade e alta estima com que o público
tistas de canto, o maestro inclusive, haviam-se tornado sempre me julgou, e devo confessar as esperanças que
um bando de cães cndcfluxados. E o pintor? nutro sobre ele como também sobre a sua justiça que ser-
O pintor nada tem de que se queixar. escutai. virá de consolo contra os espinJ10s com que o Sr. Ramon-
Homens que pesam tanto quanto valem, e outros que não da continua a coroar os seus artistas.
valem o que pesam, depois de terem esgotado na Europa Aproveito a ocasião para testemunhar o meu reconhe-
seus gostos artísticos, pretendem que todas as decorações cimento pelas honras com que fui recebido, e cheio deste
que pintei fossem humildes esforços de um medíocre talento, dever bebo um grogue à minha custa e tomo de novo a
que nem mesmo tinha conhecimento de arquitetura, nem de pena para termjnar a tarefa a que me impus: assim seja.
perspectiva, e no entanto o público as apreciava sempre. Eis-me aqui, senhores, e pois que vos achais reunidos
Seria, porventura, a influência sobre o meu espírito, cm conselho no escritório do Sr. Ramonda, onde, graças
desses entendedores qÚc me vinham enjoar durante o meu ao Tesouro Público, nada falta para escrever, e mesmo onde
trabalho, ou a inteligência sublime que pintou o retrato de há um pouco de champanhe de tempos a tempos, eu vos
S. M. o Imperador, sem consultar o ponto de vista da cena, rogo que tomeis a pena e verifiqueis as contas que tenho
que guiaram o meu pincel na minha última decoração da a honra de apresentar-vos.
Gema, e na sala de armas e no túmulo da Lúcia - ou no Seis meses do meu ordenado a 480 francos
Bosque da Norma? Confesso que se assim foi, não notei por mês; 280 francos que cm moeda do País, à razão
cm mim mudança alguma. de 350 rs. ao franco, devia importar em ........... 1:008$CXXl.
No entanto, o Sr. Ramonda vendeu a sua pomada dizen-
do que pela primeira vez me arriscava eu a pintar para um Recebi três meses ao câmbio fantástico
teatro. Quanto a isto, pcrguntar-Lhe-ei se todos os grandes de 320 rs .............................................................. 450$800
mestres não começaram desse modo. Todavia, sempre U1e Recebi três meses ao câmbio convencionado
direi que mentiu descaradamente! E dado o caso que assim de 350 rs.............................................................. 504$(XX)
fosse, admitindo a sua asnática asserção, não seria uma Soma: .................................................................. 954$800
glória para mim o receber tantos aplausos cm um debw? Tivcdeprejuízo .................................................... ~
De onde, pois, proveio a conduta cheia de bondade ..•.••......... •..•..•..•.......•.........................•....•....•.... 1:008$CXX)
que teve o público para comigo? É porque sempre alguma
coisa mereci, e o Sr. Cavalheiro não pode dizer outro tanto. Paguei ao Sr. Ramonda 380 francos ao câmbio
O Sr. Ramonda procurando desacreditar-me, nem se de 350 rs .............................................................. 133$(X)()
lembrava que se tornava réu de penas policiais, que em Mais cm moeda do País ........................................ 69$920
outro país, menos bondoso e indulgente, não lhe perdoa- Despesas de tintas, pincéis e cola ........... ........... 229$CXX)
riam, enganando o governo em seus contratos, pois que 431$920
trazia consigo um homem incapaz de preencher as obriga- Para ..................................................................... 954$8(X)
ções de um pintor cenógrafo. Mas o Brasil, que é a mesma Saldo a meu favor durante seis meses de
docilidade personificada, deixa que um Sr. Ramonda pre- trabalho ............................................................... 522$880
gue quantos carapetõcs lhe apraz e lhe vai dando azos a Durante seis meses pintei .14 decorações completas e
novas pomadas. três repregas; o Sr. Ramonda recebeu da Província para
deixar 12 decorações, 1:200$; em vez de 12, deixa 14 que lhe
Um outro pintor deve vir com o Sr. Ramonda, segundo
serão pagas duas como extraordinárias, e fora da letra do
ouço dizer, e ao destruir o meu trabalho, baldo de todos os
seu contrato. vejamos o resultado:
preceitos de pintura teatral julgará a questão.
Mas voltemos às maneiras políticas e cavaJheiras do
Pagou o Sr. Ramonda ao pintor vindo da Itália ... 954$800
Sr. Ramonda.
Pagou mais a um ajudante ................................... 180$CXX)
Um artigo que me dizia respeito deixou de ser publica-
do no Diário do Maranhão, sem outro fim mais do que T0tal: ··········· ····················································· l: 134$800
Recebeu da Província ....................................... 1:200$CXX)
tirar toda a iníluência, a lembrança de um amigo que pre-
Ainda ganhou ................................................ O:CXX>5$200
tendia proteger-me: ao redator daquele jornal agradeço a
afora as 2 decorações e repregas que deixou de mais, e
pane da glória que lhe coube desse negócio, e em nome de que dizem lhe serão pagas como extraordi nárias.
toda a companhia o lisonjeio pelos seus bons ofícios, as- Quem jamais fez um tal negócio?
segurando-Lhe ao mesmo tempo que, sem conhecer o ver-
"E viva a especulação,
dadeiro motivo, muito divertiu a toda a canalha teatral.
São progressos da nação."
Mas voltemos à questão de Cícero pro domo suo. . Seja-me permitido observar que ainda mal restabeleci-
Eu, pois, que havia desejado, aceitei alegre a rescisão do, depois de 10 dias de febre amarela, fui para o meu
do meu contrato. e se bem que longe. como estou, do meu trabalho sem escutar os conselhos do limo. Sr. Dr. Maya,
país, por pouco que possa suportar o peso do meu traba- que me tratou, e a quem consagro eterno reconhecimento,
lho, considero-me feliz por me haver libcnado de outro e que enquanto o Sr. Ramonda dormia o doce sono da sua

~ 35
LUIZ DE MELLO

inocência, trabalhava eu três noites seguidas, sem o dever cio está feito, segundo ele diz, gaba-se do golpe de Estado
fazer, pois que com isso arriscava a minha vida. Não quero que deu com tanta imprudência, pavoneando-se que só
recordar outras vezes que pratiquei o mesmo, porque com um gênio industrioso como o seu podia levar a efeito.
saúde jamais me faltam forças e vontade para o trabalho. Tenho retardado a publicação destas linhas para não
Jamais esquecerei o quanto devo à Exma. Sra. EJru1ia ser acusado de querer impedir acontecimentos inteiramen-
Ramonda, pelos assíduos cuidados que me prodigalizou te indiferentes para mim, e agora que estão realizados, que
durante a minha enfermidade, aos quais devo certamente o contrato está assinado, com espanto de todo o Maranhão,
uma parte de minha conservação, e ao Sr. Ramonda, o po- o que fará o Sr. Cavalheiro?
der eu pintar as decorações a que era ele obrigado pelo Deus o sabe, e vós também, meus senhores, se o vos-
seu contrato com o Governo. so amigo for bastante sincero para iniciar-vos nos seus
Alguns senhores que se constituíram administradores tenebrosos mistérios; e quanto a mim, não o sei, e creio
de bolsas alheias, disseram que a maior parre dos artistas que o Sr. redator também não o sabe.
comeram pelo espaço de três meses à custa do Sr. empre- frá ele à Europa? Veremos, e que o bom Netuno lhe seja
sário - tais homens podem dizer o que muito bem lhes propício. O que muito me diverte é ver como este senhor
parecer, isso para mim é inteiramente indiferente, porque tem maneiras e sabe arranjar-se para viajar à custa dos
como nada lhes devo, e tendo pago a minha dívida ao Sr. outros, e assim mostrar aos povos suas magnificências e
Ramonda, até o último vintém, creio que comi e bebi do seu grande poder no Mundo.
que era meu, como sempre o fiz e sem jamais rebaixar a Veremos se a Itália mudará de aspecto à sua chegada.
minha dignidade de homem de honra. Ao que parece, supõe ele que ferindo a terra com uma
Quem disser outro tanto, é porque pode. patada sua, surgirão das trevas milhares de miseráveis pri-
Entretanto julgo-me no direito de notar que a compa- mas-donas, tenores, maestros, e que todos estáticos na
nhia demorou-se em Gênova 22 dias à sua custa, esperan- contemplação do seu soniso redentor, magnetizados pela
do o momento da sua partida, e que enquanto aqui a espe- sua sapientíssima eloqüência, se deixarão empilhar uns
ravam ansiosos, foi ela conduzida a Pernambuco, onde fui sobre os outros em um navio, para irem morrer de febre
condenado, por conveniência do Cavalheiro, ao repouso amarela, ou serem vítimas, como nós, do seu orgulho, da
por dois meses e meio, sem ordenado, sem ter parte no sua vaidade e da sua imprudência.
benefício que ali foi dado à companhia, e isto porque eu Que vá, e que volte, o Profeta o espera, e o Maranhão
não trabalhava. Por tanta consolação prometeu-se-me uma o admirará de novo. Porém, eu creio um dever meu preve-
decoração a pintar, que me seria paga à pa1te; mas como j á ni-lo de que os meus bons amigos, da Europa, terão co-
então eu conhecia o quanto valiam as palavras deste Sr. nhecimento deste libelo, e à sua chegada os jornais o
Cavalheiro, resignei-me a assistir os moribundos, a orar terão publicado em suas colunas, a fim de que, em consci -
pelos mo1tos e a rogar a Deus pela conservação daquele ência, seja prevenido, a canalha teatral, para que não
que economizava 1.200 francos dos meus ordenados. venha, tão longe do país natal, tragar o fel da amargura
Sei perfeitamente que para destIUir convicções de cer- com que mimoseia os seus contratados o Sr. Cavalheiro
tas inteligências, não bastam mil razões, porque a força do José Maria Ramonda, empresário do Teatro do Maranhão.
entusiasmo enfraquece o bom senso. Não me ocuparei em Desejaria antes enganar-me, mas como aq ui me asseguram
indagar as causas de tanta amizade e dedicação; todos es- que JUMENTO VELHO NÃO APRENDE LÍNGUA-de-
ses senhores estão no seu direito, mas permita-se-me tam- sespero de transformação possível.
bém que use do meu, aconselhando-os a que empreguem Fiat vo!untas Dei. E que o público julgue com a sua
toda a educação que os distingue, quando falarem de indi- costumada imparcialidade.
víduos a quem não tiverem a honra de conhecer a fundo. Convento de Santo Antônio, 17 de setembro de 1856
Concluirei dizendo que se todo o povo teatral é intri- J. Leon Righini,
gante e canalha, como dizeis, meus senhores, o que será felizmente, ex-pintor da empresa.
o vosso amigo? E além disso é um péssimo companheiro, Sr. diretor. - Rogo-lhe que me participe por escrito o
visto que toda a tempestade foi por ele excitada, provo- dia em que pretende levar à cena a ópera Norma - para
cando uns contra os outros, o público contra todos e aco- saber se o meu trabalho está de conformidade com o tem-
bertando-se sempre com o esfarrapado manto de sua pro- po que me concede para a prontidão das decorações.
sopopéia Dulcamaresca. Com bastante desgosto digo-lhe, que como o Sr. pre-
Como empresário, ig ualmente não o posso lisonjear. tende esforços superiores às minhas faculdades, pode
Os artistas os mais consumados da companhia protes- quando quiser ver-se livre de mim, sendo este o último
tam que jamais viram tanto ruído, tanta trapaça, tanta con- favor que me fará, e do qual lhe ficará obrigado o seu
tradição, nem um misto mais bizarro de ignorância e de pintor contratado.
pretensão, de prodigalidade e mesquin11aria, de toleima e J. Leon Righini
de ftnura, e enquanto a mim, comparo-o com um desses Senhor. - Eu me considero muito feliz por me desemba-
caracteres que só Hauffman podia rever nos seus contos raçar de todos os meus deveres para convosco, e para
fantásticos, não duvidando, certamente, que muito longe melhor me livrar, para o futuro, de ligar-me com pessoas
estavam da natureza. que se vos assemelhem. Se as minhas esperanças foram
E com efeito, ei-lo, que sem temer sacrificar seus con- malogradas ao sair do meu país, mesmo à custa de haver
tratados, desfez a companhia, por assim lhe convir, e Deus eu pago bem caro esta lição, julgo-me contente por ter
louvado, aos artistas também . Ambicioso e ávido de di- aprendido a conhecer uma certa qualidade de homens com
nheiro, rompe um contrato com o Governo, para melhor os quais, Deus louvado, jamais me unirei, e declaro-me
fabricar outro, e fanfarrão como é, agora que o seu negó- reconhecido pelos conhecimentos adquiridos.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Quanto ao dinheiro de que me falais, não vos inquie- Maranhão, 25 de outubro de 1856
teis; para pagar-vos a quantia de que vos sou devedor, José Maria Ramonda,
deixo-vos os 30 rs. que de menos recebi em cada franco empresário do Teatro Nacional de São Luiz.
dos meus ordenados durante três meses. (Publicador Maranhense, 2811011 856, p.3).
De mais deixo-vos o resto do meu ordenado do mês
vencido- 98$369 rs., com o qual rogo-vos que vos paguei (Da) Notícia necrológica de Maria Joaquina Marques,
de 95$870 rs. que vos devo, segundo as contas que me esposa do médico César Marques.
enviastes.
Isto vos provará que mesmo miserável como me ten- ( ...)Foram ao caixão o Exmo. Sr. comendador Antônio
des apelidado afoitamente pelas esquinas, posso, sem co- Cândido da Cruz Machado, presidente da Província, o Ex mo.
rar, erguer a cabeça e merecer alguma coisa pelo meu traba- Sr. comendador José Joaquim Teixeira Vieira Belfort, um
lho. Resta-me a satisfação de uma íntima convicção: a de dos vice-presidentes, o Dr. Luiz Antônio Vieira da Silva,
não ser tão miserável, que me rebaixe a apanhar os vossos secretário da Província, o major José Domingues do Cou-
favores. to, comandante interino do 5° Batalhão de Infantaria, o
Maranhão, Convento de Santo Antônio, 13 de setem- cirurgião-mor de brigada João Diogo Duarte e o segundo-
bro de 1856 cirurgião tenente Dr. José Coelho Moreira de Souza; os
J. Leon Righini três primeiros com suas condecorações honoríficas, e os
(0 Progresso, 18/1011856). três últimos com seus unifom1es militares. A finada foi en-
volta em hábito da Virgem Santíssima do Monte Carmelo,
CORRESPOND~NCIA acompanhada do vigário e cruz, capelães, e foi sepultada
em uma catacumba privativa da fan1ília, sita no Cemitério
Sr. Redator. -Não é pata responder ao Sr. Righini, feliz- da Irmandade da Santa Cruz do Senhor Bom Jesus dos
mente ex-pintor da Companhia Lírica, senão para restabe- Passos. Ao préstito. além de muito concorrido por pesso-
lecer a verdade das contas por ele apresentadas no núme- as de primeira classe da terra, adicionou-se-lhe a música
ro 84 do Progresso, que tomo a liberdade de recorrer à sua do 5° Batalhão de Infantaria.
acreditada folha pedindo-lhe, Sr. redator, a bondade de Antes que ao corpo da ilustre finada se dessem os
inserir as parcelas que naturalmente deviam escapar ao Sr. vestidos mortuários, seu inconsolável esposo lhe man-
Righin.i na ocasião de fonnular a dita conta. dou tirar o retrato, obra est~i que muito honra o lápis do
1) 500 francos de passagem na polaca sarda Maria Elisa, nosso habilíssimo comprovinciano o Sr. José Maria Bílio,
de Gênova a Pernambuco, ao câmbio fantástico cujo gênio vive como que amortecido neste canto do Nor-
de 320 rs ............................................................. 160$(XX) te do Brasi l.
2) Sessenta dias de comedorias e ho pedagem no Depois do trabalho do artista cortaram-se à ilustre fi -
Hotel Francisco, em Pernambuco, desde o dia 30 nada algumas de suas delicadas e ondeantes madeixas,
de dezembro p. p. até 27 de fevereiro do corrente das quais, parte tem de ser re111etida à sua farru1ia, na Bahia,
ano a 3$00 diários ............................................... 180$CXX) e pane ficar como um sagrado tesouro depositado em po-
3) Passagem de Pernambuco a esta cidade 110 der do inconsolável esposo e da filha.
brigue escuna Laura ............................................ 80$CXX) A Exma. Sra. D. Joaquina Marques ainda que torturada
4) Nove dias de estada no lazareto da Ponta pelos cruéis padecimentos de sua enfcnnidadc, não perdeu,
d' Areia .................................................................. 27$0'.X) depois do seu passamento, aqueles perfeitos traços de be-
5) Três dias de sustento e hospedagem nesta leza com que a dotou a natureza, e que mais realçados foram
cidade ..................................................................... 9$0'.X) pelas suas virtudes.(... ) (O Observador, 20/J 111 856, p.3).
6) Transporte de sua bagagem ............................... 8$(XX)
7) Um mês de ordenado de mais ao ajudante do NOMEAÇÕES
pintor ................................................................... 30$(XXJ
8) Três meses de um servente a 1$000 réis O Sr. Jacinto Raimundo Lopes foi nomeado professor
diários .................................................................. 90$CXX) de primeiras letras da povoação de Arari, durante o impe-
9) Três meses de outro servente a 500 réis dimento do respectivo proprietário, e o Sr. Francisco Rai-
diários .................................................................. 45$0'.X) mundo Diniz, desenhista da Repartição de Obras Públicas.
1O) Cento e vinte francos de perda sobre uma letra (O Observador, 20111/1856, p.2).
de câmbio a favor do abaixo assinado e aceita pelo
dito Sr., e não pagos, ao câmbio LITOGRAFIA (FRlEDRICH HAGEDORN)
de 350 ........................................................................ 42.S(XX)
11) Branqueamento de 14 cenas a 4$000 .............. 56$0'.X) Em casa dos negociantes Fournier, Rodorf & Cia. ven-
Conta dada pelo Sr. Righini na supradita folha 1:134$800 dem-se por 2$000 rs. três excelentes vistas desenhadas
Total .... ..... ....... ... ... ... .... .... ... .... ... ..... .. .... .... ...... 1:801 $800 pelo Sr. Hagcdorn, litografadas em Paris, e representando
Deduzida a quantia que recebi da Província ... 1:200$(XX) a Sé, o Largo de Palácio e a entrada da ban-a. (Diário do
Tive de prejuízo com o Sr. Righini ...................... 601$(XX) Maranhão, 28/l I/ 1856, p. 3).
À vista da inexatidão da conta organizada pelo Sr. Rí-
ghini poderá o público sensato ajuizar do resto de todo TRIBUZl e alguns de seus discípulos propõem-se a
esse aranzel a que deixo de responder, porque se acha aprontar, por cômodos preços, pinturas de casas ou orna-
assinado por um homem que, na ocasião em que o fez, não tos de figuras e paisagens. (Publicador Mara11he11se, 11 /
tinha imputação moral. 121 1856, p.4).

~ 37 <2./Q)
LUIZ DE MELLO

PARTE MARÍTIMA NOTÍCIAS DIVERSAS


ENTRADA - DIA 25 EMPRESA LÍRICA

Paquete a vapor S. Salvador - do Pará, em 70 horas. Tem havido estes dias o ensaio da ópera Ernani, uma
Comandante: o primeiro-tenente Antônio Marcelino da das obras-prima~ de Verdi, e nessa ópera haverá a estréia
Ponte Ribeiro; tripulação: 32 pessoas; passageiros: Se- da Sra. Adelaide Larumbe, e depois a Condessa Maffei
bastião Marcos de Oliveira Santos - José Dumas -Antô- estreará na ópera Norma. Agora aproveitamos a ocasião
nio Correia Ficiga - José Maria Muniz Vidigal - João Iná- de apresentar o elenco da Empresa Lírica Ramonda, se-
cio Coelho. (Diário do Maranhão, 27/4/1857, p.3). gundo as suas categorias, o qual saiu no Diário com algu-
mas inexatidões. Eis o elenco: primeiras damas absolutas:
PRIMEIRO ANÚNCIO DO PINTOR Condessa Maffei e Adelaide Larumbe; primeiro tenor ab-
JOSEPH DUMAS, REDIGIDO EM FRANC~S soluto: Clemente Escanavino; primeiro baixo cantante: For-
tunato Della Costa; dama comprimária: Luísa La11.1mbe y Oria;
Joseph Dumas retratiste à l'huile, arrivé depuis quel- segunda dama: Justina Gallo; primeiro barítono absoluto:
ques jours dans cette ville ete pretendant s'y fixer pour José Hipólito; primeiro bufo cômico: João Bergamaschi; te-
quelque temps, previent les personnes qui voudraient lais- nor comprimário: Vincenzo Vannineti; segundo tenor: João
ser à leur fam ile le souvenir fidele de leur éfigie, qu' ils Fasciolo; ponto: Domingos Tribuzi; mestres diretores: Ino-
pourront d'adresser alui en toute securite d'etre reprodu- cêncio Smoltz e Alberto Frenchel; mestre dos coros: João
ites le plus fidelement possible. Fasciolo; primeira bailarina absoluta da escola francesa: Vir-
S'ad resser à !'hotel de Maranhão. (Diário d o gínia Romagnoli; primeiro bailarino absoluto da mesma es-
Maranhão, 29/4/1857, p.4). cola: José Cardella; primeira bailarina da escola italiana: Jo-
sefina Manzini; primeira rabeca dos bailes: Luiz Scandelari;
SEGUNDO ANÚNCIO DO PINTOR pintores cenógrafos: Luiz Monticelli e João Venere. (Diário
JOSÉ DUMAS, REDIGIDO EM PORTUG~S do Maranhão, 25/5/1857, p. 3).

JOSÉ DUMAS, retratista a óleo, chegado há pouco a


TEATRO
esta cidade, resolvendo demorar-se nela algum tempo, pre-
vine as pessoas que quiserem doar à sua família a lembran-
Quinta-feira, 4 de junho, estréia a nova Companhia Lí-
ça fiel de sua efígie, que poderão dirigir-se a ele com a
rica Italiana, da empresa Ramonda, com a representação
segurança de serem reproduzidas com a mais escrupulosa
de Hernani, ópera em 4Atos, música do maestro Verdi; as
exatidão - a falar com ele no Hotel Maranhense. (Diário
decorações são novas, pintadas expressamente pelos ce-
do Maranhão, 30/4/1857, p. 4).
nógrafos Monticelli e Venere, segundo consta. (Observa-
RIO DE JANEIRO dor, 311511857, p. 4).

Grande panorama da cidade, baía e arrebaldes do Rio RETRATISTA


de Janeiro, dividido em dez estampas finas de grande for-
mato e coloridas pelos melhores artistas de Paris. Acha-se atualmente na nossa cidade Mr. José Dumas,
Esta coleção de estampas é a únjca das publicadas até ótimo pintor retratista. Na loja do Sr. Júlio Duchemin po-
hoje que dá um conhecimento completo da Capital do Im- dem as pessoas entendidas avaliar um belo retrato do fale-
pério e de seus sítios mais pitorescos. cido Dr. Barreto, pai do Sr. Dr. José Maria Barreto. Nesse
Vende-se por 120$000 rs. em casa de Duchemin & Com- retrato, que o Sr. Dumas tirou de um daguerrotipo, não
panhia. (Diário do Maranhão, 1°1511857, p.4). sabemos o que mais devemos avaliar, se a correção no
desenho, a fidelidade na expressão ou o mimo do colorido.
ANÚNCIO (Diário do Maranhão, 3/6/1857, p. 3).

À venda na Livraria de Monteiro & Irmão, os seguin- GOVERNO DA PROVÍNCIA


tes objetos chegados ultimamente de Paris, no navio Paul Expediente
Hubert:
A Descida da Cruz, de marfim, o mais fino, bem-acaba- Ilmo. e Exmo. Sr. - Consulta V. Exa. o meu parecer sobre
do e magnífico desenho de Rubens; a matéria do requerimento de José Maria Bllio, acompa-
A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mar- nhado do ofício do juiz municipal substituto do termo de
fim, quadro de Rafael; Icatu, de que faz menção o ofício de V. Sa. de 12 do coffen-
O Calvário, magnífico quadro de Rubens; te, e atendendo ao que se expõe nesses papéis, entendo
São João, de marfim, o mais bem-feito, delicado e bem- não ter lugar contar-se salários de advogado onde não os
acabado, com peanha e redoma de vidro; há. É certo que nos juízos, onde não existem advogados,
O Menino Jesus, de dito, obra a mais bem-feita e deli- ou os que existem são impedidos, podem as próprias par-
cada e que tem até hoje aparecido; tes assinar seus articulados, alegações e cotas, mas tam-
Nossa Senhora da Conceição, de dito, obra primorosa bém nesta hipótese não têm lugar os salários, por ninguém
e bem-acabada; se pagar do próprio serviço que a si faz; também nesses
Crucifixo de marfim, obra primorosa, bem-acabada. (Di- juízos, onde há falta de advogados, as partes podem cons-
ário do Maranhão, 12/5/1 857, p. 4). tituir seus procuradores, que por termo nos autos se sujei-

<VQ) 38 <VQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

tam às responsabilidades respectivas, e é ceno que esses NOTÍCIAS DIVERSAS


procuradores ajustam com seus constituintes uma gratifi- EMPRESA LÍRICA
cação pró-labore; mas nem mesmo a estes se deverá con-
tar os salários dos advogados, por não o autorizar o regu- No domingo foi levada à cena a ópera de Rossini, O
lamento das custas judiciárias, mandado observar pelo Barbeiro de Sevilha. Houve uma enchente completa, e o
decreto nº 1.569, de 3 de março de 1855. Devolvo todos os público muito aplaudiu a boa execução da ópera, a fide li-
papéis, ficando assim respondido o citado ofício de V. E xa. dade e a riqueza dos vestuários, e a linda vista da Praça de
Deus guarde a V. Exa.-Maranhão, 27 de maio de 1857. Sevilha, na qual, como sempre, os senhores VenereeMon-
- limo. e Exmo. Sr. Dr. Benvenuto Augusto de Magalhães ticelli não desmentem ser os filhos mimosos da arte. Na
Taques, presidente desta Província. - Joaquim Vieira da última decoração da Emani, o público arrebatado não se
Silva e Souza, presidente da Relação. fartou de admirar o transparente c larão da lua, as águas
Segunda Seção - Palácio da Presidência da Provínc ia
prateadas a c intilar no lago e a formosa arcaria a descobrir
do Maranhão, 29 de maio de 1857.
ao longe a re lva mais ou menos escura, o arvoredo mais ou
Com o parecer junto por cópia do conselheiro presi-
menos frondoso, e na Praça de Sevilha, num gênero quase
dente da Relação, a quem ouvi, respondo ao seu ofício de
prosaico, o pincel valente e mimoso também ilude e fasci-
7 do corrente acerca de contagem de custas aos que, não
na os olhos absortos, e manifesta-se o belo ideal na praça,
sendo advogados, fazem papéis que a estes penencem.
no correr das casas, na rua, na Giralda e na fonnosura do
Deus g uarde a Vmc. - Benvenuto Augusto de Maga-
lhães Taques. - Sr. Raimundo Ferreira de Carvalho, juiz céu límpido e azulado. Como dissemos, a ópera foi muito
municipal e de órfãos substitutos do termo de Icatu. ( Pu- bem desempenhada, e os Srs. Della Costa, Bergamaschi,
blicador Mara11he11se, 3/6/1857. p. 2). Ramonda e Scanavini colheram muitos aplausos. Muito nos
agradou o Sr. Dclla Costa na ária da calúnia, e no canto e na
GOVERNO DA PROVÍNCIA mímica traduziu muito bem a hipocrisia rasteira e vilã dos
Expediente do dia 29 de maio modernos tartufos. A Sra. Angiolina Remorini, na ária da
velhice enamorada, na smania, no piz:.icore, no soletico
3ª Seção - Palácio da Presidê ncia da Província do inexplicáveis, por mais de uma vez nos fez lembraro dragão
Maranhão, 29 de maio de 1857. fonnal, o espelho de desenganos do nosso querido Nicolau
Haja Vmc. de mandar pagar a Bingham & Companhia, à Tolentino, e a de D. Eugênia de Albcno Nota no Fi/6sofo
vista da conta junta, a quantia de setecentos e noventa e Celibe. A Sra. Maffei também foi muito aplaudida, e na ária
oito mil réis, importância de 95 peças de estopa fina, com- da inutile precauúone cantou com uma frescura e um mimo
pradas por autorização desta Presidência para doze deco- admiráveis. Fervidos aplausos cobriram a voz da gentil ar-
rações que o empresário do Teatro São Luiz tem obrigação tista no final da ária, e os ramos de ílores juncaram o palco.
de deixar, segundo o seu contrato. (Diário do Maranhão, 7ntl857, p.2).
Deus guarde a Vmc. - Benvenuto Augusto de Maga-
lhães Taques. - Sr. Luiz Miguel Quadros, inspetor do Te- NOTÍCIAS DIVERSAS
souro Público Provincial. (Publicador Maranhense, 3161
1857, p. 2).
Teatro Lírico

Do anúncio da primeira representação da ópera Er-


(Da crítica sobre a ópera O Barbeiro de Sevilha:)
nani:
( ...) Quanto ao cenário, temos já a respeito dos Srs.
( ...)A 1ª, 3", 4• e 5ª decorações são novas - pintadas
Venere e Monticelli dito por vezes tudo quanto merecem
expressamente pelos cenógrafos Monticelli e Venere. ( Pu-
tão distintos artistas, foi pintado eom tanto esmero e per-
blicador Marmzhense, 31611857, p.4).
feição, e tanto que receberam os seus autores disso as
mais c laras provas sendo pelo público chamados fora e
Do anúncio da 3ª récita da ópera Ernani:
aplaudidos. A cenas de praça e de sala nada de ixaram a
( ... ) O cenário do bailado é novo, pintado expressa-
desejar, e foram no nosso entender pintadas ambas po r
mente pelos cenógrafos Monticelli e Venere. (Publicador
Maranhense, 9/6/ 1857. p.4). pincel de mestre.(...)(Diário do Maranhão, 11 nt 1857, p.2).

ANÚNCIO ANÚNCIOS

JOSÉ DUMAS, retratista, avisa que mudou sua resi- Os artistas Venere e Mo nticelli , pintores cenógrafos
dência para a Rua da Paz n.º 7, por baixo da casa do Dr. do Teatro São Luiz, animados pelo benigno e lisonjeiro
Paulo Saulnier de Pierrelevée, e oferece o seu préstimo ao acolhimento que do obsequiosv público desta cidade têm
re peitável público. (Di6rio do Maranhão, 19161 1857, p.4). tido os seus trabalhos, propõem-se a ensinar desenho e
pintura e dar riscos e traços de edifícios; as pessoas que
ANÚNCIO se dignarem utilizar do seu préstimo, em tudo quanto for
concernente à arte que exercem, poderão procurá-los a
Mr. José Dumas, retratista, precisa alugar um moleque qualquer hora do dia, no teatro ou em sua casa, na Rua da
para o serviço de casa. Quem o quiser alugar dirija-se ao Estrela, que os acharão sempre prontos e animados da
anunciante na Rua da Paz, casa nº 7. (Diário do Maranhão, melhor vontade a servi-las mediante um módico prêmio
22/6/1857, p. 4). dos seus serviços. (Diári(l do Maranhão, L6n/1 857, p.3).

39 Q./Q)
LUIZ DE MELLO

TEATRO nunca suficientemente louvados cenógrafos Venere e


MonticeUi! Podemos afiançar, porque já em algumas das
Somos infom1ados por pessoa idônea que os Srs. Mon- grandes capitais do mundo o vimos perfeitamente desem-
tice!Ji e Venere estão pintando uma vista para o 3º Ato do penhado, q11e o Nab11co, tal qual foi no Maranhão repre-
Torquato Tasso, em obséquio ao seu amigo Sr. Hipólito sentado, pode bem. e m aparato e propriedade de cenário e
para seu benefício. (Diário do Maranhão, 3 l n/l 857, p.2). vestuário. colocar-se a par, se não avantajar-se, num des-
ses teatros de primeira ordem a que nos referimos. Cremos
AS DECORAÇÕES DE BEATRIZ DE TENDA que raríssimos empresários haverá que, como o Sr. Ra-
monda, tanto caprichem em que nos teatros sob sua dire-
Para meu gosto é a ópera que tem sido levada à cena ção representem os espetáculos com o vigor e aparato que
com mais luxo, propriedade, e onde todos os atores entra- demandam à custa dos maiores sacrifícios e nele tanto
ram perfeitamente. No enta nto, não tenho por fim neste mais para louvar-se, por isso que não recua ante as maio-
pequeno artigo tratar da ópera, mas apenas chamar a aten- res dificuldades em uma terra como esta, balda completa-
ção do público para as belas vistas pintadas pelos insig- mente de recursos.
nes cenógrafos Venere e Monticelli. Mas se a te rra não pode pela maior parte das vezes
A primeira vista do salão, iluminado, é arrebatadora e fornecer-lhe os meios de que carece e lhe sugere a seu
e ngana tanto ao espectador, que parece que os globos de ânimo extremado a bem do esplendor do nosso teatro, de-
luz do segundo pano são separados deste, quando nele para-se-lhe ao menos a providência como em compensa-
pintados. A vista de jardim é maravilhosa: o repuxo dos ção de alguns dos seus artistas escriturados que em mere-
leões, o pequeno lago com suas águas escuras e imóveis cimento e dedicação no cumprimento dos seus deveres
são de um efeito surpreendente. Ninguém é capaz de dizer excedam a quantos louvores se lhes possam dar ( ...) des-
que a última vista é cm um pano só! ... Quem suporá que tarte com os imensos reconhecimentos de que dispõem
aquelas colunas, o lampião suspenso do teto - que tudo para o brilhante êxito dos espetáculos líricos que no nos-
aquilo é sobre uma mesma tela! so teatro muitas vezes têm-se aplaudido. É um deles o
insigne maestro Inocêncio Smoltz, cujo talento no exercí-
Já vi a Beatriz em vários teatros; ouvia-a por melhores
cio de sua profissão não recua ante os maiores embaraços
cantores, mas a mise en scene, mas as decorações não
e que encarregando-se do ímprobo trabalho da instrumen-
eran1 superiores às do nosso teatro, primeiro no B rasil onde
tação desta ópera, o completou em menos de quinze dias,
se tem representado esta linda partitura de Bellini.
tão perfeita como a própria do autor, e para nós ainda me-
Diletantes, aplaudis os insignes cenógrafos que o Sr.
lhor porque foi escrita para as coristas dos professores da
Ramonda trouxe na sua companhia, que há poucos corno
nossa orquestra, devendo por isso ter ainda melhor resul-
eles na sua sublime arte.
tado, como realmente teve.
Um arrista.
A probidade e exatidão no cumprimento das obriga-
(A Imprensa, 19/8/ 1857, p.3).
ções de que se encarrega, da parte do empresário Ramon-
da, ao talento e amor da arte dos senhores Smoltz, Venere
PUBLICAÇÃO PEDIDA
e Monticelli se deve principalmente o brilhante êxito do
espetáculo de 7 de setembro, não devendo tampouco dei-
A César o que é de César
xar de mencionar-se a boa execução dos artistas cantan-
tes, que da sua parte muito fizeram, distinguindo-se entre
Pedimos licença ao Sr. - UmArtista -para declarar-lhe
todos os Srs. José d'Hipo lito (Nabuco), Dalla Costa (Za-
que está completamente enganado quando afirma pela im-
carias) e Maffe i (Abigail). (Publicador Maranhense, 5191
prensa que o nosso teatro fo i o primeiro que, entre nós, 1357, p. 3).
apresentou em cena a Beatriz de Tenda. Já tivemos por
muitas noites o prazer de ouvir essa linda partitura de Be-
llini em um outro teatro do Brasil, e estamos prontos para
RETRATOS
repetir os nomes dos atores que desempenharam as diver-
sas partes do drama. Os artistas J. L. Righini e José Dumas têm a honra de
O Me11mô11ico. anunciar ao respeitável público maranhense que na Rua
(A imprensa, 26/8/1857, p. 4). da Paz nº 7 acham-se prontos a tirar retratos fotográficos
em papel, em vidro a fumo, e coloridos, o mais barato pos-
TEATRO LÍRICO sível. Na mesma casa tiram-se retratos a óleo, e as sessões
para os retratos fotográficos serão duas vezes por sema-
Seria uma grande injustiça, uma verdadeira falta de gra- na, nas quintas e nos domingos. (Diário do Maranhão, 71
tidão ao atual empresário do nosso teatro, Sr. José Maria 9/ 1857,p.4).
Ramonda, se porventura deixássemos passar sem men-
ção, e menção muito honrosa, o espetáculo por ele prepa- TEATRO NACIONAL DE SÃO LUIZ
rado para o memorável e glorioso 7 de setembro, a ópera COMPANHIA LÍRICA ITALIANA
Nabuco, do imortal Verdi, pela maneira com que foi monta- Empresa Ramonda
do, quer pelo que pertence à execução na parte dos artis- Sábado, 7 de novembro
tas cantantes, quer e principalmente no que respeita à mise
en sce11e, já quanto à riqueza e propriedade do vestuário e Representação extraordinária em benefício da t• baila-
já quanto à perfeição das decorações, pelos insignes e rina absoluta

CVQ) 40 CVQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

VIRGINIA ROMAGNOU realizar seu casamento na cidade de Alcântara, nesta Pro-


Logo que principiar a tocar a orquestra aparecerá um víncia, com a presença do respectivo pároco ou de outro
novo pano de boca, pintado pelos insignes cenógrafos qualquer sacerdote ainda mesmo depois do sol-posto cm
Venere e Monticelli, em obséquio particularmente à bene- qualquer igreja ou oratório daquela cidade, levantando-se
ficiada, representando urna bela vista desta cidade. para esse efeito o competente altar; portanto
P. V. Exa. e Revdº.
ÓPERA Sr. bispo diocesano se digne oferecer aos suplicantes
1ROVAOOR como pedem. - Et ora bint ad Do111i1111111.
Finalizando com o célebre dueto do 3º Ato. (Documento custodiado pelo Arquivo da Arquidioce-
No fim do 1º Ato terá lugar um novo passo a dois, a se de São Lufs-11/12/1857.)
caráter, composto pela beneficiada.
LF.S DEBARDEURS COMUNICADO
No fim do 2º Ato a beneficiada dançará o passo a
caráter Vai ter lugar no sábado, 12 do corrente, o benefício dos
AINGLF.SA nossos comprovincianos, coristas da Companhia Lírica
Em seguida a Sra. Maffci em obséquio a mesma cantará no nosso teatro, o qual brevemente só nos apresentará um
a cavatina da ópera espaço vazio e silencioso, onde tão cedo não folgarão os
TRAVTATA nossos ouvidos com as gratas inspirações de Bcllini , Do-
Música do célebre M. Verdi. nizetti e Verdi. É muito de esperar da justiça e dos brios dos
No fim do 3° Ato a beneficiada dançará o passo a amigos de tão agradável divertimento, que coadjuvem com
caráter a sua generosa e costumada proteção a este grupo de
GITANA artistas maranhenses que com tanta habilidade se têm pres-
Com uma nova vista pintada pelo bem conhecido ce- tado na representação das óperas !(ricas, cujos coros in-
nógrafo o Sr. Venere, em obséquio à mesma. contestavelmente constituem uma parte principal de tais
A beneficiada, penhorada extremosamente pelas tan- composições.
tas provas de benignidade e simpatia que o público mara- Fazemos, pois, sinceros votos pela fortuna dos bencli-
nhense lhe tem compartido, espera neste dia ver coroados ciados no dia 12.
os seus esforços, de que desde já ficará sumamente agra- Um maranhense
decida. (P11blicadorMara11hense, 7/12/1857, p. 3).
Principiará às 8 horas. (Dicírio do Maranhão, 6/11/
1857,p.4). ANÚNCIO

Petição de casamento de Domingos Tribuzi e Custó- Na casa cios Srs. Fournicr Rodorf & Companhia, no
dia Maria Gaspar Largo de Palácio, acham-se à venda vistas litograf:!das do
Jurando o suplicante ser solteiro, se lhe passe provi- Largo de Pal:ício e da Sé do Maranhão- superiores charu-
são na forma pedida caucionando ao juízo pelos banhos tos da Bahia, sendo Cata-Flores, Forma de Havana e De-
desta cidade. Paço Episcopal do Maranhão, 11 de dezem- putados, todos de ótima qualidade, vinho de Bordeaux
bro de 1857. -Mons. Sabino. fino e legítimo, cm garrafas e quartolas. (Diário do
Domingos Tribuzi, natural de Frascati, concisa a Roma Maranhão, 17/1211857, p.4).
na Itália, filho legítimo de Giuseppe Tribuzi e D. Caetana
Borzi, acha-se contratado para casar com D. Custódia Ma- GOVERNO DA PROVÍNCIA
ria Gaspar, natural da freguesia de São José do Preá, nesta Expediente do dia 11/1/1858
Província e Bispado, filha legítima de Francisco Antônio
das Chagas e D. Francisca Xavier Frazão, já falecidos, e (...) O presidente da Província resolve conceder ao
viúva de Manoel Antônio Gaspar, scndú ambos os contra- tenente-coronel Fernando Luiz Ferreira a exoneração, que
entes paroquianos da freguesia de Nossa Senhora da Con- pediu, do cargo de professor de geometria, mecânica e
ceição desta cidade; como porém veio ele de sua pátria, de desenho aplicado às artes da Casa dos Educandos Artí-
maior idade, para a capital da Bahia e daí para a de Pernam- fices.
buco, tendo residido em cada uma daquelas cidades o es- Fizeram-se as devidas comunicações.
paço de três anos, passando-se depois para a desta Pro-
víncia onde reside há 16 anos e desejando assedar-se da O presidente da Província resolve nomear o Dr. João
vida pecaminosa cm que, por fragilidade, tem pennanecido Nunes de Campos para o cargo de professor de geometria,
com a contraente há onze anos, com a qual não tem impe- mecânica e desenho aplicado às artes da Casa dos Edu-
dimento algum canônico, recorre à Igreja de Jesus Cristo, candos Artífices.
que é mãe de piedade, implorando a V. Exa. Revdma. a Fizeram-se as devidas comunicações. (Dicírio do
graça de absolvê-los misericordiarnentc da censura em que Maranhão, 1611/1858, p.l).
têm incorrido, dispensando-os ao mesmo tempo de ba-
nhos corridos ante e post-matrimonium não só desta ca- DEMISSÃO
pital como das localidades cm que se demorou o contraen-
te, bem como de toda e qualquer forn1a de processo e à Foi concedida a demissão, que pediu o tenente-coronel
vista dos documentos juntos permitir-lhes que possam Fernando Luiz Ferreira, do cargo de professor de geometria,
LUIZ DE MELLO

mecânica e desenho aplicado às Artes da Casa dos Edu- Quem quiser pode dirigir-se à casa dos abaixo assina-
candos Artífices, sendo nomeado para o mesmo cargo o dos das 4 às 6 horas da tarde, Rua da Paz.
Dr. João Nunes de Campos. (O Obsetvador, 231li1858, p.4). Giovani Venere
Luigi Monticelli
BELAS-ARTES (Publicador Maranhense, 11/3/1858, p.3).
DESENHO, MINIATURA E PINTURA
NOVA CASA DE ARMADOR

DOMINGOS TRIBUZI continua a lecionar em casas Antônio José da Silva Sá avisa que abriu o seu estabe-
particulares e em sua casa, Beco do Sineiro. (Publicador lecimento de armador na Rua da Paz, casa nº - defronte da
Maranhense, 25/1/1858, p.4). casa em que mora o limo. Sr. Dr. Antônio Henriques Leal,
aonde poderá ser procurado a qualquer hora do dia ou da
GOVERNO DA PROVÍNCIA noite, para enterros, festas de igrejas, Passos &, prome-
Expediente do dia 3/2/1858 tendo desde já fazer tudo mais em conta que outro qual-
quer, e com bastante asseio e prontidão, pois que para
(...)Ao inspetor do Tesouro Público Provincial. -Apro- este fim tem feito novas armações.
vo a escolha que Vmc. fez de José d' Albuquerque Cardo- Maranhão, 20 de março de 1858 (Publicador Mara-
so Homem para feitor e mestre das obras do Farol de Itaco- nhense, 231411858, p.3).
lomi com a gratificação mensal de réis l 00$000, e fico cien-
te das providências que tem tomado para que não faltem (Do) relatório presidencial do Dr. Francisco Xavier Paes
os materiais e operários precisos à dita obra. O que comu- Barreto passando a administração da Província ao vice-
nico a V me. em resposta ao seu ofício de 1º do corrente.
presidente João Pedro Dias Vieira:
(Diário do Maranhão, 10/2/1858, p.1).
TEATRO SÃO LUIZ
GOVERNO DA PROVÍNCIA
Expediente do dia 12/2/1858
O teto deste edifício precisa ser feito de novo. Quase
Ofícios
toda a madeira e ferragem necessárias para esse fim acham-
se prontas. Esperava que passasse a estação invernosa
(...)Ao inspetor do Tesouro Público Provincial: -Man-
para dar começo a esses trabalhos, que são urgentes.
de Vmc. pagar ao retratista José Dumas a quantia de
l 00$000 réis, importância do retrato do falecido presidente Com a quantia de 4:400$000 réis votada na Lei de Orça-
desta Província Eduardo Olímpio Machado, que se desti- mento para aquisição de um lustre pertencente ao ex-em-
na ao Asilo Santa Teresa. ( ... ).(Diário do Maranhão, 29121 presário José Maria Ramonda, não só foi comprado o refe-
1858,p.1). rido lustre, como todos os utensílios e objetos de decora-
ção que o mesmo Ramonda possuía naquele teatro, avali-
AVISO AOS SENHORES ARTISTAS ados em l :880$000 réis. (...) (Diário do Maranhão, 26141
1858, p.l).
Os abaixo assinados, pintores, tendo por algum tempo
de demorar-se nesta capital, deliberaram abrir uma aula de AVISOS
qualquer ramo de desenho elementar, aplicado às artes de
pintura, de marceneiro, de pedreiro, de carpinteiro e de José Maria Ramonda, Virgínia Romagnolli e sua mãe
serralheiro. Todos aqueles que pertencerem a estas clas- 1etiram-se para fora da Prov.íncia. (Publicador Maranhen-
ses podem dirigir-se à Rua da Paz, casa térrea do Sr. Dr. se, 3/5/1858, p.4).
Lobato, aonde encontrarão os abaixo assinados, das 4 às
6 horas da tarde de todos os dias não santificados, com AVISOS
que, mediante um módico preço, segundo um número de
discípulos, poderão colher a instrução no gênero de pin- O curador fiscal da massa falida de José Maria Ramon-
tura respectivo às suas classes, que é tão preciso. Tam- da previne ao Sr. Dr. chefe de polícia que o mesmo Sr.
bém se encarregam de qualquer gênero de lavor, de pintu- Ramonda não pode se retirar para fora desta Província sem
ra, decorações, desenho, principiando do dia 8 de março que se verifiquem os títulos dos credores e se libere sobre
vindouro. a comodata como é de lei, e que ainda não teve lugar.
Giovani Venere Maranhão, 4 de maio de 1858
Luigi Monticelli Manoel Gonçalves da Silva
(Publicador Maranhense, 26/211858, p.4) (Publicador Maranhense, 41511858, p.4).

ANÚNCIO ESMOLA AO ESTRANGEIRO

Não aparecendo até agora bastante número de discí- Consta-nos que o Sr. Venere se acha afetado de uma
pulos, o ensinamento de desenho elementar para os artis- doença incurável no nosso clima - e por conselho dos
tas, anunciado nesta folha, foi transferido para o dia 15 médicos deve retirar-se para a sua pátria; a falta de meios,
deste mês. A aula ficará aberta das 7 às 9 horas da noite. porém, embarga-lhe a viagem.

<V'@ 42 <V'@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Essa generosidade que nos caracteriza, não menos que MORTALIDADE


o dever de caridade, aconselham que paguemos hoje ao
infeliz artista as horas de prazer que já nos fez gozar nes- Cadáveres sepultados no Cemitério da Santa Casa de
sas magníficas e perfeitíssimas pinturas que enriquecem a Misericórdia:
cena maranhense. Co ntribuamos todos para o seu benefí-
cio -é uma boa obra, é um modo belo e cligno de premiar o Junho, l º - Luiz Monticelli, 28 anos, Turim, febre ama-
talento desventurado - como só o sabe e costuma fazer rela. (Publicador Mara11he11se, 2161 1858, p.3).
um povo civilizado.
Justus (A Imprensa, 5/5/1858, p.2). REVISTA NOTICIOSA
FALECIMENTO
ATENÇÃO
No dia 3 1 do passado faleceu o pintor cenógrafo Mon-
Nesta tipografia se diz quem prontifica pedras para se- ticelli, vítima da febre amarela. Seu belo pincel, que com
pulcro, ou qualquer memória de mármore ou outras pedras tanta perfeição reproduzia as mais ricas paisagens da Eu-
com a maior perfeição possível; bem como inscrever nas ropa, nunca será esquecido dos maranhenses amantes elas
mesmas, letras de todas as fonnas e caracteres que forem Belas-Artes. (A Imprensa, 2/6/ 1858, p.4).
do gosto de quem os encomendar. Afiança-se desde já
que estas obras devem ser preferíve is às que vêm de Lis- RELAÇÃO DAS PESSOAS QUE FORAM
boa ou outros países, não só pela perfeição e primor de SEPULTADAS NOS CEMITÉRIOS PÚBLICOS
obra, como também por ser muito mais barato, livres de
direito da Alfândega e isentas de risco de viagem ou qual- ( ... ) Junho - lºa3:
quer avaria, por serem fe itas nesta capital, à vontade das
pessoas que de tais objetos precisarem. (Publicador Ma- Luiz Monticelli, 28 anos, Turim, febre amarela. (A Im -
ra11he11se, 17/5/1858, p.3). prensa, 5/6/1858, p.4).

ANÚNCIO DE DOMINGOS TRIBUZI LEILÃO

Na Travessa do Sineiro nº 4 vende-se a obra completa Quinta-feira, 17 do corre nte, no Teatro São Luiz desta
dos quadros de Rafael de Urbino em 4 vol., costumes dos cidade, por autorização do meritíssimo juiz do Comércio,
povos antigos cm 3 vol., Manual do Museu Francês, re- de todos os bens pertencentes ao falido empresário José
presentando quadros de diversos autores em 10 vol., ob- Maria Ramonda. Principiará às 4 horas da tarde. (Publicn-
jetos tirados das tragédias de Sófocles, desenhados e gra- dor Maranhense, 161611858, p.4).
vados por Giancomellecm 5 cadernos; Tratado das Cinco
Ordens da Arquitetura, 1 volume; 11 retratos dos chefes AVISO DO PINTOR FRANC~S JOSÉ DUMAS
da Revolução Francesa em 1793. tirados em gesso, e mais
uma porção de estampas coloridas e a fumo, que tudo se José Dumas, pintor retratista, faz público que tendo de
venderá em conta por se acharem com algum uso. (Publi- se retirar do Império, deseja desfazer-se por preço cômodo
cador Maranhense, 18/5/ 1858, p.4). de uma excelente máquina para tirar retratos de fotogralia,
e de todos os seus pertences, assim como de dois tratados
AV1SOS de fotografias dos melhores que existem. - Rua da Paz nº 7,
por baixo da casa do Dr. Paulo Saulnier de Pierrelevée.
Jeovani Venere, súdito sardo, retira-se para Pernambu- (Publicador Maranhense, 28/6/1 858, p.3).
co. (Publicador \.fara11he11se, 2215/ 1858, p.4).
GOVERNO DA PROVÍNCIA
João Venere, súdito sardo, retira-se para Pernambuco. Expediente do dia 13 de jull10 de 1858
(Publicador Maranhense, 25/511858, p.4).
( ... ) Ao inspetor do Tesouro Provincial - Mande Ymc.
REGISTRO DO PORTO pagar a José Francisco Vieira Braga, por conta do crédito
SAÍDAS - DIA 31 de que trata o§ 7 do art. 22 da Lei nº 440, de 6 de setembro
de 1856, a quantia de 30$ ré is, importância do retoque que
Paquete a vapor Tocantins, comandante primeiro-te- fez no retrato do falecido Dr. Eduardo Olímpio Machado,
nente Pedro Hipó lito Duarte; passageiros para o Ceará - que tem de ser colocado no Asilo de Santa Teresa. (...)
Coriolano Martins Correia, A. Harismendi. - Pernambuco: (Publicador Maranhe11se, 17n/1858, p.2).
preso de justiça Manoel Ferreira de Souza, sua mulher,
dois filhos e dois praças que o escoltam, Virgínia Romag- UMA LEMBRANÇA
nolli, Giudita Romagnolli, José Manoel da Costa Ferreira,
Antônio Bernardino da Costa Ferreira, Giovanni Venere, 3 Seria bom que na Casa dos Educandos se aplicasse
escravos a entregar. Bahia: José Maria Ramonda ( ...) (Pu- assiduamente dez ou doze jovens ao estudo do desenho
blicador Maranhense, 1°/6/ 1858, p.4). linear a fim de poderem ser aproveitados para a fundi ção.

~ 43 <?../@
LUIZ DE MELLO

Sem o desenho linear não se pode ser bom operário o Teatro São Luiz e muitas outras casas particulares, repre-
fundidor, ferreiro e caldeireiro. Ora, com a criação desse sentando todo este complexo, acompanhado dos sons fes-
importante estabelecimento carecemos de bons oficiais na- tivais dos sinos e das músicas de outros bailes particula-
cionais para ir substituindo os estrangeiros que em parte res que houve na noite de 28, a verdadeira alegria de um
pouco se demoram em geral entre nós, e em parte serão triunfo público.
talvez ceifados infel izmente pela febre amarela, que não os Na noite de 29 esteve também ricamente iluminado, a
poupa. (A Imprensa, l 7n/l 858, p.2). expensas do respectivo encarregado, Sr. capitão Inácio
José Ferreira, o Jardim, que estava pejado de senhoras e
AVISO cavalheiros, tocando as bandas de música do 5º Batalhão
e dos Educandos Artífices várias peças.
José Dumas pretende sair esta semana para Nova York. Ao chegar o Exmo. Sr. vice-presidente deram-se vivas
(Publicador Maranhense, 201711 858, p.4). ao motivo do festejo, e pouco depois reuniu-se a banda de
música do 3° Batalhão da Guarda Nacional, e em seguida
MOVIMENTO DO PORTO percorreram com o povo ali reunido as principais ruas da
capital com muitos vivas e foguetes.
Saídas - Dia 26: Entretanto um outro grupo de cidadãos passeava com
Nova York - Iate Americano Maria, capitão W. Landi- música e um pendão iluminado com a inscrição - 28 de
se, tripulação: 8 pessoas; consignado a M. P. G Caldas; Julho - e ao passar pela porta do Dr. Vale de Carvalho,
passageiro: José Dumas; carga: vários gêneros. (A Impren- recitou este senhor de sua janela uma belíssima poesia em
sa, 2817/1858, p.4). que transluzia o verdadeiro sentimento patriótico e entusi-
ástico, de que se achava então freneticamente dominado
GAZETILHA todo o povo da cidade de São Luís.
Muito estimaremos que não arrefeçam os ânimos dos
Há muitos anos que não víamos tão festejado o dia 28 nossos concidadãos cm solenizar sempre o grande dia, do
de julho, o primeiro dia político da nossa Província.. qual a Província data sua liberdade do jugo colonial. (O
Este ano, porém, como maranhenses ficamos plena- Observador, 5/8/1858, p.2).
mente satisfeitos pela maneira entusiástica como foi recor-
dado esse grande fato da nossa história política. GOVERNO DA PROvíNCIA
Na manhã de 28 teve lugar na Catedral solene Te Deum Expediente do dia 6 de agosto de 1858
por música vocal e instrumental, ao qual, exceto o Exmo.
Sr. Bispo, por achar-se incomodado, assistiu o Exmo. Sr.
(.. .)Ao inspetor do Tesouro Provincial. - Em resposta
vice-presidente da Província, a Câmara Municipal, o clero
ao seu ofício de 5 do corrente, declaro a Vmc. que o orde-
secular e regular, os cônsules estrangeiros, os emprega-
nado de Domingos Tribuli, que está regendo interinamen-
dos públicos gerais e provinciais, os magistrados de pri-
te a aula de mecânica aplicada às artes da Casa dos Edu-
meira e segunda instância, os oficiais de mar e terra e mui-
candos, deve ser deduzido da verba pela qual são pagos
tos outros cidadãos grados, formando em alas no recinto
os empregados daquele estabelecimento, e, para socorrer
da igreja o corpo de educandos artífices.
o déficit resultante desse excesso de despesa, oportuna-
Na praça do Palácio do Governo estava formada em
mente será aberto um crédito suplementar. (...). (Publica -
grande parada toda a legião do termo da capital, a qual,
dor Maranltense, 11 /8/1858, p.2).
findo o ato religioso, deu as descargas do estilo e fez a
marcha de continência em volta do campo.
GOVERNO DA PROvíNCIA
As fortalezas e os vasos de guerra embandeirados sal-
Expediente do dia 1218/1858
vardIJl.
Nas noites de 27 e 28 houve brilhante iluminação na
frente do quartel, promovida pelos oficiais do 5º de Fuzilei- ( ...)Ao diretor do Asilo Santa Teresa. - Transmito a V.
ros da Guarda Nacional, tendo no alto do frontispício em Sa. o retrato do falecido Dr. Eduardo Olímpio Machado,
bela e grande pintura a efígie de S. M. I. que foi descoberta que, cm virtude da Lei Provincial nº 422, de 14 de agosto de
e saudada na primeira noite à chegada do Sr. vice-presi- 1856, tem de ser colocado no Asilo de Santa Teresa (...)
dente, que deu vivas análogos ao festejo, acompanhados (Publicador Marcmltense, 17/811858, p. I ).
pelo povo ali reunido e por duas bandas de música, além
de grande número de foguetes em girândolas. CATEDRAL
Na noite de 28 houve esplêndido baile no Clube Mara-
nhense, ern honra à solenidade do dia, estando à porta do Tendo de se proceder à pintura e limpeza do dourado
edifício, brilhantemente iluminado, uma guarda de honra da Santa Igreja Catedral desta cidade, e também a alguns
com bandeira e música; e à hora competente deram-se vi- dourados novos, pelo presente se convidam os senhores
vas e saudou-se o retrato imperial colocado na sala princi- artistas que se queiram encarregar destas obras, para vi-
pal ; achava-se ali reunido o belo sexo com toda a sua gra- rem examinar a natureza delas e as condições com que
ça e dona ire, assim como um extraordinário número de ca- devem ser feitas.
valheiros distintos cm todas as ordens públicas e oficiais. Maranhão, 16 de agosto de 1858
O cônego tesoureiro-mor,
Nas noites de 27, 28 e 29 esteve iluminado o Palácio do Eleutério Marques da Silva Rosa
Governo e a Câmara Municipal, o Paço Episcopal, o hotel, (Publicador Maranliense, 23/8/ L858, p.4).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)
---------------------- --- -------
MARANHÃO, 9 DE SETEMBRO DE 1858 EXONERAÇÃO

Há tempos não se celebra na Província o dia 7 de se- Foi concedida a exoneração que pediu o Dr. João Nu-
tembro, aniversário da proclamação da Independência do nes de Campos dos cargos de administrador das Obras
Brasil, com tanto entusiasmo como o foi este ano. Públicas e de professor de mecânica aplicada às artes da
No dia 6 à noite houve uma brilhante iluminação no Casa dos Educandos. (0 Observador, 29/9/1858, p.2).
Jardim da Praça da Assembléia, feita pela Sociedade Vinte e
Oito de Julho, para onde se dirigiram em grande número os CORRESPOND~NCIA DO OBSERVADOR
membros da mesma e de onde, com a banda de música dos
Educandos cm frente, a efígie da Liberdade no centro em um Recife, 9 de setembro
quadro transparente, carregado por cidadãos distintos que
se revezavam de quando em quando, seguiram para o Quar- Analisando a estréia da Companhia lírica de Mari-
tel do Campo de Ourique, onde havia também uma brilhante nangeli, no Recife. a 181811858, escreveu o correspon-
e vistosa iluminação, feita pela oficialidade do 5º Batalhão dente sobre o pintor Giova11i Venere:
de Fuzileiros, a tomar a música daquele batalhão, que frater- (...)O pintor cenógrafo é também um artista de mereci-
nizou com a dos Educandos, e com as quais saíram a percor- mento, posto que, a meu ver, um pouco menos perfeito do
rer as principais ruas da cidade, dirigindo-se à casa em que que o Sr. Righini, bem conhecido do público do Maranhão.
habita S. Exa. o Sr. vice-presidente da Provmcia, diante da Uma vista de sala, que me afinnaram ser obra do Sr. Venere,
qual deram vivas análogos ao objeto do dia que foram cor- não revela o estilo particular e característico de alguma
respondidos por S. Exa.; depois a casa de morada do Eitmo. das escolas italianas, é um misto de todas elas, que não
Sr. bispo diocesano, onde deram vivas, que foram também exprime uma idéia; isto pelo lado científico. Quanto à pa11e
correspondidos por S. Exa. Reverendíssima; em seguida a puramente material, nada tenho a dizer senão cm louvor do
casa do Sr. Dr. chefe de polícia e de muitos cidadãos not<i- Sr. Venere.(...)
vcis, onde se repetiram os mesmos vivas. J.C.
Houve um discurso patriótico recitado pelo Sr. Fran- (O Observador, 911O/1858, p.2).
cisco Marciano de Cerqueira, alferes do 5° Batalhão de
Fuzileiros, e uma poesia também patriótica recitada pelo Sr. CONTRATO
Dr. Raimundo Alexandre Vale.
O cortejo dirigiu-se por último ao Hotel Mamnhense, que Foi contratado para servir por seis meses de lente de
se achava brilhantemente iluminado à custa de seu proprict<i- desenho aplicado às artes e ofícios da Casa dos Educan-
rio, e onde houve uma ceia lauta para as duas bandas de dos, o súdito português José d' Albuquerque Cardoso Ho-
música militares, que se prestaram a acompanhá-lo grátis. mem. (0 Observador, 19/10/1858, p.2).
Quase toda a cidade se achava igualmente iluminada.
É de notar que cm uma reunião, que se compôs de mais QUADROS PARA SALA
de duas mil pessoas, segundo ouvimos calcular, e em que
se notavam cidadãos de todas as classes, não houve o Lindos e finíssimos quadros com moldura dourada, de
menor dito ofensivo, antes reinou muita ordem no meio do magníficos desenhos, vendem-se por preço quase de gra-
regozijo público. ça na Livraria do Frias, no Canto do Vira-Mundo. (Publi-
No dia 7 pelas 9 horas da manhã houve grande parada cador Maranhense, 4112/1 858, p.4).
da Guarda Nacional no Largo de Palácio e solene Te Deum
na Catedral em que oficiou o Eltmo. Sr. bispo diocesano, e a CHAFARIZES
que assistiram S. Exa. o Sr. vice-presidente da Província, os
cônsules das nações estrangeiras, diversos magistrados, Acabam de chegar ao nosso porto os seis chafarizes,
os chefes e empregados das repartições públicas, a oficiali- tubos e ferragens para a caixa d'água do Largo do Quartel,
dade da Guarda Nacional, Marinha, Exército e não pequena encomendados pela Companhia Ani 1, a qual também agora
concorrência de cidadãos, formando alas dentro do templo contratou com o engenheiro Raimundo Teixeira Mendes
o Corpo dos Educandos Artífices, como é costume. todas as obras do encanamento desde o sítio do Castro
À noite houve baile no Clube Maranhensc, que tam- até à cidade, com exclusão da caixa d'água e custo dos
bém esteve muito concorrido. (Publicador Maranliense, chafarizes. pela soma de oitenta e um contos de réis, obri-
9/911858, p.2). gando-se o dito engenheiro a dar tudo concluído até 6 de
junho de 1860. (O Observador, 1O/1 211 858, p.4).
J. L. RIGIIlNI
AVISO
Morador na Praça da Alegria, casa 11 , avisa ao respei- BELAS-ARTES
tável público que ele desde as 9 horas da manhã até às 3 da
tarde em todos os dias, salvo às quartas-feiras, tira retra- DOMINGOS TRlBUZI de janeiro em diante abre cm
tos de cristalorofta os mais perfeitos. tendo para isto rece- sua casa na Rua Grande, sobrado nº 38, um curso regular
bido da Europa um belo sortimento de quadro e caixas em de desenho, onde ensinará desenho linear à vista, geomé-
todo o gênero. Estes retratos têm sobre os outros a grande trico aplicado às a11es, de ornato, de paisagem, de pers-
vantagem de nunca se deteriorarem. Os preços variam de pectiva e de figura, para o que tem todos os trabalhos
6$ a 30 rs., conforme os caixilhos, tamanhos, cores etc. necessários, bustos e figuras de gesso dos melhores au-
(Jornal do Comércio, .15/9/ 1858, p.3). tores, antigos e modernos, um perfeito manequim para

<:./Q) 45
~
LUIZ DE MELLO ~

copiar ao natural roupas e panos. Do meado do ano em recebido da Europa um belo sortimento de quadros e cai-
diante os discípulos mais adianLados poderão ir copiando xas em todo o gênero. Estes retratos têm sobre os outros a
nus - a que se chama estudo de academia que é o último grande vantagem de nunca se deteriorarem. Os preços
do desenho de figura. Também ensina a pintar a óleo, em variam de 6$ a 30 rs. conforme os caixilhos, tamanhos,
miniatura e a aquarela das 6 às 8 horas da manhã, e das 2 às cores etc. (Jornal do Comércio, 19/2/ 1859, p.4).
4 horas da tarde, e empresta traslados para aqueles que
quiserem trabalhar em sua casa e virem só passar suas HOMENS ILUSTRES
1ições na aula.
As pessoas que se quiserem utilizar do seu préstimo, o Comendador Eusébio, Marquês de Olinda, Visconde
podem procurar na mesma casa todos os dias desde as 6 de Uruguai, Visconde de Abaeté, Visconde de Ilaboraí,
às 1Oda manhã, e das 2 às 4 horas da tarde para se ajusta- Visconde de Caravelas, Marquês de Abrantes, Visconde
rem. (O Progresso, 17/12/1858, p.4). de Sapucaí, Marquês de Caxias, Conde de Santa Cruz,
Conde de lrajá, Mont' Alverne, Cândido Batista, Antônio
ANÚNCIOS Carlos, José Boni fácio e outros. No Bazar Novo, Rua do
RUA DA CRUZ, 21 Sol, vende-se os retratos a 2$000; com a biografia 3$000.
(A Moderação, 251311 859, p.3).
Francisco Luiz Marques faz ciente que apronta ima-
gens de madeira, doura toda e qualquer obra de madeira, ÓBITOS - DIA 1º:
tanto a dourada de água como a mordente, conserta palan-
quins e encarrega-se, por empreitada, de pintura de casas: (...) Francisco Raimundo Diniz, 24 anos, Maranhão -
o que tudo faz com perfeição e por preço cômodo. As catarro pulmonar. (O Globo, 5/4/1859, p.2).
pessoas que se quiserem utilizar do serviço do anunciante
poderão procurá-lo em sua residência a qualquer hora do UM PROJETO GRANDIOSO
dia. (O Século, 17/1 2/1858, p.4).
Um nosso comprovinciano, homem bastante engenho-
COMPANHIA LÍRICA so e bem artista quase que por natureza, propõe-se a feste-
jar o nosso grande dia provincial com uma iluminação nova
No Cruzeiro do Sul chegou a Companhia Lírica do Sr. e arrojada, coisa muito para maravilhar.
José Marinangeli. O elenco da companhia é o seguinte: Tantos títulos temjá o Sr. Veríssimo que o tomam reco-
Prima-dona soprano: Margarida Sachero mendável, que ocioso será aqui citar tantas e tão variadas
Dila meia-soprano: Paulina Gianclli
obras deste gênero que tem levado a cabo com aplauso
Dita contralto: Ercilia Patrese
geral, lembrando tão-somente a sua célebre pirâmide lumi-
Primeiro tenor: Melchior Sachero
nosa, que pelo seu bem-acabado, novidade de idéia e arro-
Primeiro barítono: Henrico Comia Mari
jado da empresa, deixou-lhe um nome.
Primeiro baixo profundo: CesarGiannelli
Para levar ao fi m o seu atual projeto - do Pal6cio Lu-
Baixo bufo: Leopoldo Torricelli
minoso-, que carece de muitos fundos, cumpria que to-
Pintor cenógrafo: Giovanni Venere
dos os bons maranhenses se empenhassem seriamente
Regente da orquestra e ensaiador: Gualtiero SanelJi
Dez coristas de ambos os sexos, um alfaiate e um ma- em auxiliá-lo, angariando subscrições e falando aos remis-
quinista mestre de coros. so e indiferentes; e à Sociedade Vinte e Oito de Julho, que
Além deste pessoal, que exigiu o contrato feito com a concorresse com avultada soma para este festejo, que se-
Província, o Sr. Marinangelli escriturou para agradar ao ria Lambém o seu.
público duas dan ...arinas, as senhoras Virgínia e Catarina Chamamos, pois, a atenção pública para o projeto do
Romagnolli, uma já conhecida e aplaudida no nosso tea- Sr. Veríssimo Ricardo Vieira, que abaixo transcrevemos.
tro. Um mara11he11se patriota.
Temos à vista jornais de Pernambuco, e por eles vemos
que foi muito aplaudida a Companhia Lírica do Sr. Mari- PROJETO
nangell i. Brevemente a companhia vai estrear no nosso
teatro, e a Lucrécia Bórgia é a primeira ópera que vai à De iluminação monstro, para o dia 28 de julho de
cena, segundo nos consta. (O Globo, 7/1/1859, p.3). 1859, em demonstração de público regozijo pelo aniver-
sário da Emancipação Po/(tica da Província e sua Ade-
(DA) Lista Geral dos cidadãos residentes no município são à Independência do Império.
da capiLal do Maranhão, que foram julgados aptos para
jurados no corrente ano de 1859: (... ) Nº 106: Domingos MAGN'ÍFICO PALÁCIO LUMINOSO
Tribuzi. (Publicador Maranhense, 14/2/1859, p.3).
Nesta obra de trabalhosa execução, simulando um so-
J. L. RIGHINI berbo e majestoso PALÁCIO DE CRISTAL- será interna e
externamente iluminado, sem que se divisem os focos don-
Morador na Praça da Alegria, casa nº l l, avisa ao res- de e difunde a luz para os diferentes pontos dela.
peitável público que ele desde as 9 horas da manhã até às Apresentará interiormente um vasto salão, luxuosamen-
3 da tarde em todos os dias, salvo as quartas-feiras, tira te adornado, no qual a sociedade elegante poderá dar pom-
retratos de crisLalotofia os mais perfei tos, tendo para isto posos saraus nas três noites de duração do festejo.
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Colocado na Praça da Alegria, por ser esta a mais regu- NECROLÓGIO.


larmente quadrada e sem declive sensível , se levantará
sobre um tablado de 8 palmos de altura, de sobre o qual No dia 31 de março findo faleceu vítima de uma afecção
avultará o corpo do edifício de configuração oitavada, com pulmonar o Sr. Francisco Raimundo Diniz, natural desta
quatro grandes frontarias voltadas para as embocaduras capital.
das quatro ruas que dão para a referida praça. e quatro Jovem dotado de não pequena capacidade intelectual,
menores, abrangendo as primeiras uma extensão de 45 posto que sem bens de fortuna, ainda assim graças aos
palmos, as segundas de 15, com a elevação de 50 palmos; cuidados de sua desvelada educação cursou aulas de Hu-
e rematará com uma balaustrada cm tomo, sobre que as- manidades no Liceu desta cidade, onde conseguiu oco-
sentarão diversos emblemas alegóricos a fatos nacionais. nhecimento das línguas latina, francesa e inglesa, e assim
Entrar-se-á para o edifício por escadaria a esse fim mais o estudo de geometria e de desenho. Aplicando-se
adequadas, mediando de uma entrada a outra diametral- depois ao estudo da mecânica freqüentou no estabeleci-
mente oposta a distância de 70 palmos, e apresentará no mento dos Educandos o desenho linear e a pintura afresco
seu todo um perímetro de 240. e aquarela, bem como a escultura cm cera, gesso. pedra e
O abaixo assinado, autor da obra, tem em sua casa, Rua
gravura; o professor Albuquerque Cardoso fazia-lhe dis-
da Palma nº 19, franco a todos aqueles que quiserem ver e
tinção ao seu talento particular, visto que com grande inte-
melhor aj uizar dela, o seu desenJ10 e planta, e dará as expli-
ligência e capacidade artística teve não pequena parte nos
cações que lhe forem exigidas.
trabalhos de baixo-relevo e escultura, nas decorações do
Sendo não pequena a soma precisa pa.ra levar a efeito
proscênio e de outros lugares do nosso teatro.
este trabalho, a coleta das contribuições, a que se tem de
Assim, pois, sendo devidamente apreciado pelos cx-
proceder, será encarregada a diversas pessoas conheci-
administradores das Obras Públicas provinciais, os Srs.
das nesta capital, as quais se prestam a coadjuvar o autor,
Drs. Teixeira Mendes e Campos, foi por eles empregado
cujos nomes serão publicados nos jornais, e por si sós são
em várias comissões de estatísticas, medições e alinha-
uma forte garantia das somas por seu intermédio arrecada-
mentos, até que sendo criado por lei provincial o lugar de
das, fazendo-se a restituição delas, dado o caso de não se
desenhista naquela repartição, foi o Sr. Diniz para ele pro-
realizar a obra, o que não espera o autor, que já teve a
satisfação de levar a efeito a PIRÂMIDE LUMlNOSA - posto e logo nomeado pelo Governo da Província. No exer-
que em 28 de julho de 1845 foi levantada na mesma praça cício deste emprego, mau grado a terrível enfermidade que
em que se projeta erigir em 1859 o grandioso palácio, que então cruelmente o assaltava, cumpriu sempre qualquer
constitui o objeto do presente programa. comissão, de que fora encarregado, já desenhando plan-
O abaixo assinado, tendo concebido um plano de ilu- tas para diversas matrizes, faróis e outras obras do interior
minação até hoje não visto entre nós, ensaiado apenas em da Província, já empregando-se no nivelamento do Cami-
1845, e desejoso <lc que o seu pensamento seja reduzido à nho Grande e na limpeza e aplainamento da Estrada da
prática em uma ocasião tão solene, como a que nos recor- Estiva, sendo que nós, que escrevemos este pequeno es-
da o amanhecer da lu.t e da liberdade, que derrui e aniquila boço de sua vida, vimos a planta para uma alfândega desta
no solo maranhense o poderio externo, franqueando-nos capital, que, a nosso ver, nada deixava a desejar.
acesso entre os povos livres, invoca a proteção de todos A moléstia, porém, traiçoeiramente o corroía, e a vida
aqueles a quem não é indiferente a prosperidade e engran- se lhe escapava, minada lentamente pelas dores e aflições
decimento da Província, porque a felicidade de um povo que o agitavam.
não é, no século XIX, um fato isolado, que se limita e R esignado, porém, e amado sempre de sua família, ex-
concentra nele só, como fonte estagnada, cujas águas não pirou ainda na flor dos anos, pois que começara a viver
vão com seu frescor fertilizar as veias vizinhas; mas esta- desde o ano de 1833.
belece uma artéria benéfica, que se dilata a todos os povos Desceu à sepultura no 1° deste mês, em cuja ocasião
com quem nutre mútuas relações Je recíprocos interesses, recitou seu dedicado amigo e colega, Sr. Isidoro Juvêncio
os quais t.endem a fraternizar as nações no andamento da Silva Barreiros, a seguinte alocução, que compungiu
contínuo e ascendente da civilização do Mundo. profundamente a todos que se achavam presentes.
Animado por este pensar generoso e civilizador da épo-
ca, que é um poderoso agente do progresso e que impele o UMA LÁGRIMA
homem para a perfectibilidade de que é suscetível sua na-
tureza, como a lei de gravitação atrai os corpos para um vertida à borda da sepultura do Sr. Francisco Raimun-
centro; contando com o sentimento patriótico dos filhos do Diniz, no dia 1° do corrente, pelo seu nmigo Isidoro
do Maranhão, o abaixo assinado tem suma confiança de Juvêncio da Silva Barreiros.
que o seu projeto descerá da região da imaginação ao po· Bem triste e solene é o momento em que à beira do
sitivismo do fato, e deste modo rememorando o ato políti- túmulo vimos endereçar ao amigo morto o extremo adeus,
co que pôs termo à tutela e pupilagem da Província, pague
e aceitar com o coração comprimido pela dor essa separa-
também, em comum com os habitantes desta gentil e graci-
ção que seqüestra o homem vivo do que dorme o sono
osa cidade, sua quota de veneração, de reconhecimento e eterno.
sagrado respeito a esses esforçados varões, que nos dei-
Esta passagem dolorosa, porém, da vida à morte, que
xaram cm legado as franquias de um povo livre e todo u.n
contrasta as duas existências do Homem, fecunda em me-
cortejo de bens variados, que delas procedem.
ditações para o filósofo, e que faz estremecer de susto o
Maranhão, 6 de outubro de 1858
Veríssimo Ricardo Vieira
Por falta de espaço nl'io foi passivei publicar-se este artigo há
(A Imprensa, 16/4/1859, p.2). mai s tempo. A Redação.

~ 47 ~
LUIZ DE MELLO

materialista e o incrédulo no seu ceticismo esterilizador, é Sim, nós o contaremos; filhos do povo, prezan1os a
suavizada pela religião, que nos aponta o céu como termo Ciência, e quando essa vem de Deus, nós a respeitamos!. ..
da felicidade humana. Nossa fraca pena serve somente para descantar o que as
É esta idéia consoladora, que transparece como raio lu- mais bem aparadas cumprir não queiram.
minoso por entre a nuvem de tristeza que neste momento - Foi no dia 31 de março, pelas duas horas da tarde,
nos envolve a alma e que nos diz eloqüentemente que o que a morte desapiedada nos arrancou para sempre nosso
apertado âmbito da sepultura não encerra o homem todo. prezado amigo Francisco Raimundo D iniz. Foi nesse dia
Entretanto cumpre que vertamos sobre a lousa sepulcral do que tanta habilidade, tanta esperança, ainda não bem de-
amigo uma lágrima de saudade; que lamentemos sua prema- sabrochadas, para sempre se perderam! E Deus recebeu
tura perda, na idade em que a existência é também cheia de em seu seio uma alma que sem malícia está gozando da sua
vigor e matizada de risonhas esperanças. É não só um tribu- infinita bondade.
to que pregamos à amizade, como um sinal de admiração e Depois de um existir de dores motivadas pelo cruel
apreço ao seu talento artístico, que por sem dúvida viria a sofrimento de uma tísica pulmonar, que não obstante os
ser de grande glória para a terra onde nascera, se uma honi- esforços da ciência médica, nada a pôde conter no seu
vel enfermidade não o arrebatasse tão cedo de entre nós. caminhar progressivo, este jovem, de quem seu pai tudo
Pranteamos o bom filho, extremoso e dedicado àq uele esperava, deixou de existir na idade de 25 anos! ...
que lbe deu o ser, que por ele se sacrifica; que acode pres- Entre nós viu ele a primeira obra de Deus; foi no
suroso ao gemido da angústia paterna e o ampara no seu Maranhão que seus olhos se descerraram e que ele admirou
infortúnio. a criação do sexto dia!. .. E logo depois dos vagidos da in-
O amigo, pois, ornado de sublimes virtudes que espe- fância, quando pôde um pouco discriminar, ou por outra,
rançavam para a Pátria um cidadão importante e útil; o talen- compreender, foi entre nós que principiou os seus estudos,
to viçoso, que se antolhava um futuro brilhante na esfera e desde logo revelou um talento pouco vulgar!. .. Seu pai, a
das artes; o filho exemplar, bendito de Deus, que já o deve quem faleceram os meios, não pôde, como desejava, ajudar
ter galardoado, e de todos os que o conheceram, vai à terra a natureza, que tão pródiga se mostrava, mandando-o estu-
ocultar-se para sempre, e só nos fica a sua lembrança cara e dar em qualquer das academfas as Ciências mais profundas.
inextinguível saudade. (A Imprensa, 16/4/J 859, p.3). Mas ele não adormeceu, e como conhecesse e usasse
dos idiomas de Victor Hugo, Larnartine, Shakespeare, Pope,
UMA JUSTA RECORDAÇÃO etc., fo i bebendo nessas limpas fontes aquilo que consigo
mesmo aprender não podia, e em pouco tempo se tomou
Ainda bem não se haviam secado as lágrimas que por um excelente discípulo de Rafael, Rubens, Murilo, Ghigi,
ocasião da prematura morte de um distinto maranhense, etc. Compreendeu-os e com a prática mostrou quanto es-
de um juiz íntegro, de um jurisconsulto profundo - foram tava além de muitas capacidades cuja sapiência ainda é um
tão justamente derran1adas, eis a Parca nos arrebata um mistério ...
outro maranhense, na flor da mocidade, cujos talentos pro- Porém, como não tivesse bombásticos artigos para
fissionais ficam revelados nas diversas obras por ele fei- anunciar a sua boa vinda, nem ocasião de penetrar os
tas, e seu nome imortalizado no bem-acabado delas. umbrais dessas reuniões aristocráticas, não era então apre-
Este jovem, sem que tivesse deixado a sua terra natal ciado ... Porque assim como a borboleta procura a flor para
para ir colher nos países mais cultos do mundo os segre- do seu cálice extrair o néctar, assim os grandes o procura-
dos da arte, se fez um escultor, que na pedra, como se vam para dele a inteligência usufruir! ... Com pesar o dize-
argila fosse, deixava aparecer o desenho com as mais bem mos, mas é a verdade.
traçadas linhas que a arte tem dispensado ao cinzel!. .. Vi- Morreste! Teu nome muitas e muitas vezes será lem-
mos uma pedra por ele preparada, a qual cobre os restos brado, e aqueles que em momentos críticos te procuraram,
mortais da fiJha do limo. Sr. Dr. Frederico José Corrêa, colo- com pesar saberão que do livro dos vivos foste riscado!
cada na igreja de São João, e por ela se pode julgar do Porém nós, admirando a tua inteligência superior, as
grande talento deste nosso digno comprovinciano, e, além tuas virtudes cívicas, e chorando o teu passamento, bem
desta, outras muitas existem, que seria um nunca acabar a diremos a Deus, porque nos consola a esperança de que
sua enumeração. na mansão celestial descansas em paz.
Por ele foram tiradas as plantas do Caminho Grande e E concluindo diremos como o Dr. Marques Rodrigues,
Estiva, e tanto na Catedral como no teatro existem diver- quando a respeito do D r. Carvalho diz n' O Globo:
sos primores de arte, obra de seu gênio excepcional. "Que o que de melhor se possa fazer depois do passa-
Pode-se dizer ainda mais do seu talento... Era um enge- mento de qualquer indivíduo é orar pela sua alma, é certo,
nheiro... que, com a prática e teoria que tinha, muitas e por isso para nós não valem nem considerações de família
muitas vezes dispensava aos doutos o que eles não ti- nem riquezas. Qualquer que seja a posição ou considera-
nham podido com trabalho e despesas adquirir!. ... É por- ção do indivíduo que a morte feriu, lastimemo-lo.
que a natureza sempre quer mostrar ao homem que a Ciên- "A majestade, o nobre, o titular, o grande e o pequeno,
cia vem de Deus; porque Deus mostra que d 'Ele e só d' Ele o rico e o pobre, aq ueles em custosos mausoléus, e estes
éa Ciência... na vala comum, são todos pasto dos vermes.
E todavia esta pobre florzinha feneceu com o exalar de "A mo1te nivela tudo. Destrói esperanças, extingue vin-
seu perfume como se do deserto fosse, e tantos e tantos ganças, ódios e malquerenças, mas a virtude não. Pode ela
menestréis, cujas liras sempre estão afinadas para canta- fazer desaparecer dentre os vivos, esposos, pais, filhos e
rem altas e ressonantes virtudes, emudeceram-se, e não irmãos, mas nunca, jamais fazer aqueles que os amaram
houve um que contasse o fato! esquecer suas virtudes."

<VQ) 48 <VQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Acrescentaremos que a inteligência depois da virtude isto é, por concurso entre pretendentes de iguais habilita-
deve ser admirada por sua excelência, e respeitada como ções ou preferindo as habilitações acadêmicas às habilita-
um santuário. ções nenhumas. Justiça era pedir também a S. Exa. que se
Ao Sr. Ângelo Custódio Diniz, pai de nosso amigo, informasse do Sr. Francisco Sotero dos Reis que presidiu
damos-lhe os pêsames e pedimos que aceite como um lcni- como delegado da Presidência da Província aos exames de
tivo às suas penas estas tão toscas e mal traçadas linhas, quatro discípulos desse fidalgo a quem alude A Modera -
filhas de uma vontade que se acha além das nossas forças ção papel; justiça era pedir ao Sr. diretor dos Educandos
e que só o de cjo de ver o mérito de nosso patrício aprcci· que atestasse da assiduidade desse fidalgo durante os
ado, foi que nos levou a ser tão audazes. dois anos do curso que lecionou; justiça era publicar qual-
quer atestado que desse o mesmo diretor contra esse fi-
J.M.A.S. dalgo; justiça era não excluir ninguém de qualquer direito
SãoLuís,6 deabrilde 1859. que tivesse, a pretexto de ser ou não fidalgo; justiça é não
(0 Século, 18/4/1859, pp. 2-3). confundir desenho aplicado à mecânica com mecânica
acompanhada de desenho. Se A Moderação papel não
COMUNICADO sabe conhecer esta diferença, não se meta a conselheiro
da Presidência, ou peça simplesmente que se proceda na
Tendo brevemente lugar no Teatro São Luiz um benefí- forma da lei sem contemplação com fidalgos, mas também
cio cm favor dos coristas, pintor, maquinista e alfaiate da sem anátema contra os fidalgos.
Companhia Lírica, é com a maior boa vontade que nos Fernando Luiz Ferreira
incumbimos da benéfica tarefa de cm poucas, mas ingênu- (Publicador Maranhe11se, 24/5/1859, p.3).
as palavras, intercedermos à beneficência pública pores-
tes pobres beneÍlciados, cujas privações e sorte infeliz, PUBLICAÇÕES PEDIDAS
segundo somos cabalmente informados, compungem sem
dúvida os corações humanos e sensíveis. Apareceu no Publicador Maranhense de 24 do cor-
Não vêdcs caminhando pelas ruas desta cidade um rente um artigo do Sr. Fernando Luiz Ferreira, ao quaJ pon-
pobre velho, com passos vagarosos, aspecto modesto e do de parte a hiperbólica epígrafe, vamos responder no
respeitável. palavras humildes e benévolas. com a fronte que nos diz respeito. Diz o Sr. Ferreira, corrigindo a Mode-
vergada para a terra, como cedendo ao peso de suas con- raçiio, que a cadeira de que se trata não é de desenho
cepções artísticas do seu provado talento, e ao mesmo aplicado à mecânica, mas sim de mecânica aplicada às ar-
tempo como se meditasse continuamente na sua infelici- tes e desenho, e nisto estou discorde com a Moderação e
dade e escassez de recursos? Esse pobre velho é o insigne com o Sr. Ferreira, porque a cadeira de que se faJa na Casa
pintor cenógrafo Venere, que no entretanto acha-se cm dos Educandos, é de mecânica, desenho e escultura apli-
circunstâncias dignas de lamentarem-se!. .. cados às artes, julga o autor do artigo do Publicador que
Convidamos, pois, de parte destes infelizes, a todos os eu poderei ensinar desenho, mas não mecânica, e eu supo-
amadores do teatro, e em geral as almas beneÍtcentes, que nho que o Sr. Ferreira poderá ensinar desenho, porém não
se dignem de honrar com sua presença o espetáculo de pode ensinar escultura aplicada às artes, pondera o mes-
quarta-feira, que deve produzir um escasso recurso a cada mo senhor que A Moderação é injusta por me julgar digno
um destes artistas desfavorecidos da fortuna. (Publica- da cadeira que estou regendo, e reílexiona que seria injus-
dor Maranhense, 17/5/1859, p.2). tiça prover a cadeira na forma do regulamento, isto é, por
concurso entre pretendentes de iguais habilitações ou pre-
PROFANAÇÃO ferindo as habilitações acadêmicas às habilitações nenhu-
mas. Estou de acordo com o Sr. Ferreira que a cadeira vá a
A moderação e ajustiça foram profanadas num artigo concurso, porém, nisto não faz S. S. inovação alguma, por-
de fundo da gazeta A Moderação nº 11, de terça-feira, 17 que por vezes pedi eu ao Exmo. Sr. presidente Paranaguá o
do corrente ri-lo: concurso, e apelo para o testemunho do Sr. comendador
"Lembramo~ a S. Exa. o Dr. Barreto a nomeação efetiva Belfo11 que estava presente uma das vezes e ouviu este
do Sr. José d' Albuquerque Cardoso Homem na cadeira de meu pedido, ao qual S. Exa. respondeu que na Casa dos
desenho linear aplicado às artes e mecânica. que existe na Educandos não e ra uso o concurso, e que ele daria a quem
Casa dos Educandos. A ele unicamente se deve o adianta- fosse de justiça, visto ser atribuição da Presidência.
mento que se tem notado nos artífices que se hão dedica- Se o Sr. Ferreira, que hoje pede o concurso, o tivesse
do a esse estudo, e não a certo fidalgo que a pretende. pedido ao Sr. presidente, estou certo de que seria mais feliz
Ouça S. Exa. ao respectivo diretor, e verifique por si mes- do que eu; e por que não pediu o concurso então? É por-
mo, que estamos certos não desprezará nossa lembrança." que contava com a nomeação sem ele. E por que o pede
agora? É provável que seja para ver se me retira da concor-
Primeiramente a cadeira de que se trata não é de dese- rência, fazendo escudo dos seus documentos acadêmi-
nho aplicado à mecânica, é de mecânica aplicada às artes e cos. Se tal é, está S.S muito enganado, não tenho carta de
desenho; o Sr. Albuquerque pode ensinar desenho, mas academia alguma nem curso completo, porém não será por
não mecânica, e é injustiça invc11er o sentido dos termos isso que rejeite o concurso ou qualquer outra prova anís-
para advogar uma causa por mais justa que ela seja, quan- tica, pelo contrário, muito estimo e a desejo. Se me faltam
to mais que a causa d'A Moderação gazeta ou a do Sr. documentos que provem previamente o meu saber destes
Albuquerque não é justa. Justiça seria pedir ao Exmo. Sr. que revelam todas as capacidades, não me faltam contudo
Barreto que provesse a cadeira na fom1a do regulamento, alguns conhecimentos, com os quais possa provar mais
LUIZ DE MELLO

uma vez que há homens, muito embora sem diploma, que dos os alunos Virgílio Marciano Ribeiro, Raimundo Antô-
não são tanto para desprezar como pensa o Sr. Ferreira na nio de Amorim, José Januário Ribeiro e Odorico Mendes
sua profanação. dos Santos, e julgados ótimos os três primeiros e bom o
O Sr. Ferreira entende ser de justiça, e eu também, que quarto. E para constar se lavrou este termo que vai por mim
S. Exa. se informe do Sr. Sotero dos Reis, diretor dos Edu- subscrito - escrivão - Basílio Hescketh - Francisco Sotero
candos a seu respeito. Se o Sr. vice-presidente se der a dos Reis -Antônio José Fen-eira Maya, Fernando Luiz Fer-
este trabalho, verá que o Sr. Ferreira não ensina as matéri- reira, João Nepomuceno Xavier de Brito, Alexandre José
as que tinha por obrigação ensinar, suposto ter dado dis- Rodrigues, Felipe Benício de Oliveira Condurú.
cípulos prontos e j ulgar-se academicamente habilitado. Aos 14 dias do mês de dezembro de l 857 na Casa dos
Maranhão, 26 de maio de 1859 Educandos Artífices, em presença do diretor, do comissário
José de Albuquerque Cardoso Homem do Exmo. Sr. presidente da Província, o Sr. Francisco Sotero
(A Imprensa, 28/5/J 859, p.2). dos Reis, do lente da cadeira de mecânica e desenho aplica-
do às artes, Fernando Luiz Ferreira, dos examinadores no-
CAXIAS meados, os Srs. Dr. Tibério César de Lemos e João Nepomu-
ceno Xavier de Brito, foram examinados os alunos da mes-
O Sr. Gregório da Rocha Pereira, que pela segunda vez ma cadeira Vugilio Marciano Pereira, José Januário Ribeiro e
se acha entre nós, dotado de um gênio verdadeiramente Raimundo Antônio de Amorim, em princípios gerais de me-
artístico, esforçou-se por fazer surgir do pó do esqueci- cânica, na paite relativa ao equilíbrio e movimento Uiúforme
mento o nosso teatro, não se poupando para tal fim a fadi- dos corpos sólidos e desenho, tudo aplicado às artes; e
gas e incômodos. No dia 27 Jevou ele à cena a sua primeira julgados ótimo o primeiro e bons os dois últimos. E para
representação, a qual esteve bastante concorrida, dando constar se lavrou este tenno que vai subscrito por mimes-
assim o ilustrado público caxiense uma prova irrefragável crivão do estabelecimento. - Basílio Hescketh - Francisco
de que sabe apreciar os artistas de mérito. Sotero dos Reis - Antônio José Pereira Maya, Fernando
Luiz Ferreira, Tibério César de Lemos, João Nepomuceno
Cumpre-nos fazer aqui uma pequena reflexão. A Socie-
Xavier de Brito. - Nada mais continham os ditos termos aos
dade Harmonia tem em cofre cento e tantos mil réis; enten-
quais me reporto. Secretaria da Casa dos Educandos Artífi-
demos ser esta uma boa ocasião de empregá-los na pintu-
ces do Maranhão, 27 de maio de 1859. - O amanuenseedu-
ra de algumas vistas e um bom pano de boca, de que muito
cando Vtrgilio Marciano Pereira -Antônio José Pereira Maya,
necessita o mesmo teatro; supomos que a sociedade não
diretor. - Estava o selo do estabelecimento.
negará o seu assentimento e temos fé que o Sr. Rocha
limo. Sr. Capitão Antônio José Pereira Maya. - Rogo-
Pereira se prestará gratuitamente, com sua pessoa, para
lhe que me faça o obséquio de responder ao pé desta, a fim
tão justo quão louvável fim. de que seja publicada pela imprensa: l º - Se nos dois anos
- O cosmorama que o mesmo Sr. Rocha Pereira há ex- de 1856 e 1857 fui assíduo e pontual em dar aula no estabe-
posto à vista do público, nas casas de sua residência, tem lecimento dos Educandos Aitífices de que V. S.º é digno
satisfeito completamente, tanto pelo asseio e beleza das diretor; 2º - se quando se tratava dos exames de mecânica
vistas, como pelo afável acolhimento que a todos tributa. eu manifestei a V. S.3 antes de feitas as nomeações dos exa-
Da imprensa Caxiense minadores o desejo de que um deles fosse o Sr. Dr. Teixeira
(Publicador Maranhense, 28/5/1859, p.3). Mendes, ou o Sr. Dr. Campos, que então se achava nesta
cidade; 3° - se os meus discípulos de mecânica fizeram cada
COMUNICADO um uma longa coleção de desenhos de órgãos mecânicos
até máquinas de vapor completas; 4° - se eles copiavam
À Moderação papel, saúde e paz. Ao público, porém, :naterialmente esses desenhos ou se davam explicações dos
o seguinte: usos, inclusive os movimentos das diversas espécies de
limo. e Exmo. Sr. - Fernando Luiz Ferreira precisa, a máquinas a vapor. - Espero que V. S.ª terá a bondade de
bem do seu direito, que o diretor da Casa dos Educandos responder a todos estes quesitos, artigo por artigo, favor
Artífices lhe mande passar por certidão o teor dos termos pelo qual Lhe ficará obrigado o seu atento venerador Fer-
dos exames que fizeram os alunos da aula de que o supli- nando Luiz Ferreira. - Maranhão, 28 de maio de 1859.
cante foi diretor naquele estabelecimento. Pede a V. Exa. Sr. Resposta. - Satisfazendo ao que V. exige de mim, em
vice-presidente da Província em exercício se digne mandar , sua carta supra, respondo: ao lº quesito, que sempre V. foi
que o dito diretor dê ao suplicante a certidão requerida. E. assíduo e pontual no cumprimento de seus deveres du-
R. M. - Maranhão, 27 de maio de 1859. - Despacho - rante o tempo em que aqui regeu a cadeira de mecânica e
Passe - Palácio do Governo do Maranhão, 27 de maio de desenho; ao 2° que é verdade ter V. mostrado desejos de
1859 - Barreto. -Certidão. -Os termos de que faz menção que fossem exami11adores de seus alunos os Srs. Drs. Cam-
o suplicante na petição retro são do teor seguinte: Aos 13 pos, ou Teixeira Mendes, para o que me pediu em uma
dias do mês de dezembro de 1856 na Casa dos Educandos ocasião dos exames, que visse se eu obtinha isso; ao 3º e
Artífices, em presença do almoxarife por comissão do dire- 4°, que existe no arquivo da aula do estabelecimento uma
tor, do comissário do Ex mo. Sr. presidente da Província, o coleção de desenhos, entre eles máquinas de vapor com-
Sr. Francisco Sotero dos Reis, do lente da cadeira de geo- pletas feitas pelos discípulos de V., e que davam as expli-
metria e mecânica aplicada às artes, e noções gerais de cações dos usos e movimentos das diversas espécies de
aritmética e álgebra, dos examinadores nomeados os Srs. máquinas a vapor, por ocasião de fazerem os mesmos de-
João Nepomuceno Xavier de Brito, Alexandre José Rodri- senhos, como oculannente observei. Por esta forma julgo
gues e Felipe Benicio de Oliveira Condurú foram examina- ter cumprido os seus desejos. De V. atento venerador.

50 <VQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Antônio José Pereira Maya. - S. C. 28 de maio de 1859. A PROFANAÇÃO DO PUBLICADOR


(Publicador Maranhense, 30/5/1859, pp. 2-3).
Não temos nenhuma relação de amizade com o Sr. José
COMUNICADO de Albuquerque Cardoso homem, e por isso quando nos
di rigimos a S. Exa. o Sr. vice-presidente no número 11 des-
Umo. e Ex mo. Sr. - Fem~mdo Luiz Ferreira precisa, a bem se jornal pedindo um ato de justiça, qual o da nomeação
do seu direito, que pela Secretaria da Presidência da Provín- efetiva do Sr. Albuquerque, não tivemos cm vista senão o
cia se lhe dê certidão do teor da informação que deu o Dr. interesse público, como entendemos ser perfeito o conhe-
José da Silva Maya como inspetor da lnstrução Pública. cimento dos educandos na matéria que se lhes lecionarem.
sobre uma petição em que o suplicante pedia ser provido na E ninguém dirá que o Sr. Albuquerque não tem satisfeito e
cadeira de mecânica da Casa dos Educandos Artífices. - cm tão pouco tempo. Apelamos para os trabalhos dos seus
Peço a V Exa. Sr. vice-presidente em exercício se digne man- discípulos apresentados na última exposição, alguns dos
dar que se dê ao suplicante a certidão requerida. E.R.M. - quais foram premiados com louvor.
Maranhão, l7 de maio de 1859. - Fernando Luiz Ferreira. - A nós se nos disse que apesar dos serviços do Sr.
Passe-se, não havendo inconveniente. - Palácio do Gover- Albuquerque e da excelente informação do digno diretor,
no do Maranhão, 27 de maio de 1859. - Barreto. um fidal go pretendia esbulhá-lo da cadeira que tão digna-
Certidão. - A informação que pede o suplicante por mente ocupa, para se encaixar nela. Não nos podíamos
certidão e do teor seguinte: Secretaria da Instrução Públi- então persuadir que esse fidalgo fosse o limo. Sr. tenente-
ca do Maranhão, 13 de janeiro de 1859. - llmo. e Ex mo. Sr. eoronel refonnado do Corpo de Engenheiros Fernando Luiz
- Devolvo a V. Exa. o requerimento do tenente-coronel Ferreira, não só porque S.S. não é fidalgo, como porque
reformado do Corpo de Engenheiros Fernando Luiz Ferrei- não nos passava pela lembrança que se quisesse encaixar
ra com o qual requer a V. Exa. se digne nomeá-lo professor novamente no lugar do qual pediu demissão; cremos que
de mecânica e desenho aplicado às artes da Casa dos Edu- este passo de S.S. foi voluntário, por não poder com tan-
candos Artífices; em cumprimento ao respeitável despa- tas tarefas públicas, apesar de julgar-se com habilitações

cho de V. Exa., proferido no mesmo requerimento cabe-me para bem desempenhar tais funções. Mudou porém hoje
informar que pelo regulamento da Presidência de 17 de de parecer, desejando duplicar de alimentos pelos cofres
públicos, não se contentando com o emprego que tem;
setembro de 1855, baixado para a execução da Lei Provin-
tudo para nó e nada para os outros: sofra muito embora a
cial nº 395 de 18 de julho do mesmo ano. que criou a cadei-
Província e os educandos com essas acumulações.
ra de mecânica e desenl10 aplicado às artes da Casa dos
Confessamos o nosso engano porque a cadeira de que
Educandos, foi o ensino desta cadeira considerado um
se trata não é como dissemos - de desenho aplicado às
curso de dois anos, no primeiro dos quais se deve ensinar
artes e rnecâ11ica - este nosso equívoco merece, porém,
aritmética até a regra de três inclusive; álgebra até a solu-
desculpa. mas que o e11te11dedor errasse, é o que admira,
ção das equações do 2° grau; - geometria plana com apli-
porque não é também de - mecânica aplicada às artes e
cação à agrimensão; - teoria de desenho pcrspectivo line-
desenho - e sim de escultura, desenho e mecânica. Não
ar - conhecimento das 6 ordens de arquitetura; no 2º: me-
aceitamos, pois, a correção.
cânica teórica e aplicada em todas as suas partes, estatís-
Se o Sr. Fernando Luiz Ferreira não tomasse a carapuça
ticas ou princípios gerais do equilíbrio dos sólidos fluí-
que não lhe fo i talhada, nos pouparia agora a este traba-
dos, em virtude do que acho que só o suplicante ou outra
lho, e a outros em que vamos e ntrar como o da leitura de
pessoa que tenha estudos matemáticos poderá reger esta todas as correspondências que com S.S. teve o Sr. Joa-
cadeira, que é destinada, como se acaba de ver, para dar quim Luiz S imões Urio, para nos auxiliarmos de mais algu-
idéias úteis a todas as Artes, e não àqueles que apenas ma metralha contra a guerra, com a qual nos ameaçara S.S.
possam, como o atual professor interino, dar lições de uma aceitando a nuvem por fumo, ainda que só recorrêssemos
só arte, como a escultura, que é o que pode exclusivamen- ao auxílio estranho depois de esgotado o nosso.
te ensinar o dito professor interino. Mesmo o desenho, Sim, se o Sr. Fernando não tivesse encaixado em sua
pelo regulamento depende dos conhecimentos de geome- mente um maquinismo de fumaça, não teria a vaidade de
tria, e não de uma s imples cópia de outros desenhos, como se considerar fidalgo; e se o é, nós o ignoramos, por isso
ensinam aqueles que não têm conhecimento de geometria. bom será publicar os seus brasões, ao que pouco peso
Quanto ao contrato que por V. Exa. me foi remetido por damos, porquanto conhecemos muitos fidalgos criados
cópia, parece-me não ob tara nomeação do suplicante, se da noite para o dia, até mesmo titulares barões e viscondes
V. Exa. assim o houver por bem, porquanto o suplicante se que foram vaqueiros, e que ainda hoje são boiadeiros. Fi-
presta servir gratuitamente até a expiração do mesmo con- dalgos no Maranhão, quá-quá-quá!
trato, a fim de que o curso da cadeira tenha começo do dia Tornamos a pedir a S. Exa. em benefício público a no-
7 de janeiro. como manda o Regulamento de 7 de março de meação efetiva do Sr. Albuquerque, por ser um ato de jus-
1855, sem prejuízo do professor interino atual. - Deus guar- tiça. Se o Sr. Albuquerque tem ou não merecimento acadê-
de V. Exa. - limo. e Exmº Sr. Dr. João Lustosa da Cunha mico é o que ignoramos; a verdade é que ele está habilita-
Paranaguá, digno presidente da Província. - José da Silva díssimo para o ensino de escultura, desenho e mecânica,
Maya, inspetor da Instrução Pública. cujas prova<; não recusa dar em concurso severo onde os
Secretaria do Governo do Maranhão, 28 de maio de examinadores não se levem unicamente pelo merecimellto
1859, no impedjmento do secretário Augusto César dos acadêmico, e sim pelo merecimento real. O simples fato de
Reis Rayol - oficial-maior. (Publicador Maranhense, 3 1/ ter-se assentado o Sr. Fernando nos bancos de uma aca-
511859, p.3). de mia não prova que tenha conhecimento real e supe rior
LUIZ DE MELLO

ao Sr. Albuquerque, que não o teme. E tanto assim que já mais imorais. Esperamos que o Sr. comendador Lisboa es-
requereu uma ocasião o concurso. clareça isto pela imprensa. (A Moderação, 16/611859, p.3).
Somos francos, por isso dizemos que apesar dos co-
nhecimentos acadêmicos apregoados pelo Sr. Fernando, (Da) Lista de alunos faltosos do Liceu Maranhense em
não goza S.S. de nomeada, e até se diz particularmente que maio de 1859:
não é lá essas coisas em engenharia, e que não passa de ( ...) Geografia: João Duarte Pe ixoto Franco de Sá, 7;
um bom cidadão. Francisco Peixoto Franco de Sá, 7).
Não nos consta de suas obras na Província ou fora (Publicador Maranhense, 161611 859, p.2).
dela, digne-se de nos apontá-las. O homem que é sábio e
fidalgo não alardeia tanto como S.S. de seus merecimentos PROTEÇÃO
- deixa que os outros o avaliem.
Ouça S. Exa. o digno diretor e se convencerá que o Sr. Alguém procura ver se consegue dividir em duas a
Albuquerque, a bem dos mesmos educandos, deve ser cadeira de escultura, desenho e mecânica do estabeleci-
preferido a esse fidalgo a que aludimos, e ao fidalgo novo mento dos Educandos. A ser exato, esperamos que S. Exa.
a quem ora respondemos. oponha-se a isso; também esperamos que S. Exa. não pro-
Ficamos na estocada, pois que a fidalguia nova do longue o concurso da mesma cadeira, quando não queira
nosso profundo engenheiro deve produzir muito e muito. nomear logo definitivamente o Sr. Albuquerque, que com
(A Moderação, 1° /611859, p.2). muito aproveitamento a tem regido. S. Exa. assim proce-
dendo pratica um ato de reconhecida justiça e não deve
VICE-CONSULADO DA SARDENHA temer nenhuma censura, e quando apareça terá por si a
maioria desapaixonada do jornalismo e dos bomens bem
Por este Vice-Consulado se faz público que terça-feira, intencionados. (A Moderação, 161611859, p. I).
7 do corrente mês, pelas dez horas da manhã, nas casas de
le ilões do corretor Manoel José Gomes se procederá à ar- LEILÃO
rematação em hasta pública dos bens pertencidos ao fale- VICE-CONSULADO DA SARDENHA
cido súdito de sua majestade sarda Luigi Monticelli, e que
se compõem dos objetos seguintes: um relógio de prata, Por este Vice-Consulado se faz público que o leilão do
sem vidro; uma cadeia de ouro para o dito, uma dita falsa espólio do falecido Luigi Monticelli, anunciado para sex-
para o mesmo, dois alfinetes de peito, uma mala de couro ta-feira, 17 do corrente, fica transferido para terça-feira, 21
para viagem, uma dita de dito de mão, um estojo de cartas, do mesmo mês.
um dito de barba, um baú pequeno, um candeeiro de metal Vice-Consulado sardo no Maranhão,
de dois bicos, um par de castiçais com mangas, um armário 18 de junho de 1859.
de pinho, duas caixinhas com compassos, duas ditas com Fernando Mendes de Almeida, vice-cônsul.
tintas de miniatura, uma marquesa de cedro, com colchão; (A Imprensa, 18/6/1859, p.4).
uma banquinha também de cedro, uma dita de pinho, uma
barriquinha com tintas, quatro caixas com ditas, quarenta DESENHO E PINTURA
e três pincéis de diferentes tamanhos, uma escova de pin-
tar, duas réguas de cedro, três talheres ordinários, uma DOMINGOS TRIBUZI avisa ao respeitável público que
escova de fato, vinte e nove caixinhas de louça para tinta, do dia 1° de julho em diante abrirá em sua casa (Beco do
uma medida, uma raspadeira, um jarro de louça, um álbum Sineiro nº 4) uma aula de desenho e pintura dos seguintes
em branco, cento e nove estampas em quarto, dezesseis ramos: desenho linear à vista e geométrico aplicado às
ditas de ditas, trinta e seis ditas encadernadas em um volu- artes e aos ofícios; dito de figuras, paisagens, ornamen-
me, cinqüenta e três ditas em uma coleção, vinte seis ditas tos, miniaturas em marfim e pintura a aquarela e a ó leo.
em dita, quarenta e três ditas em ditas, cinqüenta e oito Nesta aula encontram-se todos os arranjos necessários
ditas em um volume, quarenta e três ditas de ornatos, qua- como também um completo sortimento de traslados pró-
renta esboços, uma partitura e parte de orquestra de um prios para todas as artes.
bail ito, uma carteira de algibeira, uma declaração de dívida Para maior cômodo das pessoas que quiserem, haverá
de Vicente Vaninete, da quantia de dezessete mil novecen- lições tanto de dia como à noite. As mensalidades regulam
tos e setenta réis (l 7 .970), uma dita de José Maria Ramon- pelo número das lições de 1.000 a 6.000 rs. Informações dá
da, da quantia de trezentos e setenta e seis quatrocentos e o anunciante todos os dias das 6 às 9 horas da manhã.
setenta e seis réis (376.476), e toda mais roupa do falecido. Maranhão, 21 de junho de 1859. (Jornal do Comércio,
Vice-Consulado sardo em Maranhão, 3 de junho de 25/6/1859, p.4).
1859.
Fernando Mendes de Almeida, vice-cônsul. VICE-CONSULADO SARDO NO MARANHÃO
(Publicador Maranhense, 61611859, p.4).
Por este Vice-Consulado se faz público que o le ilão do
A QUEM TOCA espólio do falecido Luigi Monticelli terá lugar amanhã 5 do
corrente, pelas 10 horas da manhã na casa de leilões do
Por imoral se mandou retirar do Largo de São João a corretor Manoel José Gomes.
figura de Vênus saindo do banho; no entretanto o Sr. co- Vice-Consulado sardo no Maranhão, 2 de julho de 1859.
mendador I .is boa afinna como ouvimos dizer que na Cate- Fernando Mendes de Almeida, vice-cônsul.
dral do Santo Padre existem muitos figuras nuas que são (Publicador Maranhense, 41711859, p.3).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Na Travessa do Sineiro nº 4 vende-se um excelente Toda a população da capital, acorde num só voto, num
piano inglês e dois realejos com figuras - tudo em bom só sentimento - o amor da Pátria - como um só homem,
estado. (Publicador Maranhense, 27nll 859, p.4). levantou-se nesse dia faustoso para celebrar alegre o seu
primeiro dia proviJ1cial.
LEI N" 537, DE 30 DE JULHO DE 1859 Desde 5 horas da madrugada repicaram todas as torres
ao toque da alvorada, subiram ao ar inúmeras girândolas
O doutor José Maria Barreto, segundo vice-presidente de foguetes de todas as direções da capital, e duas bandas
da Província do Maranhão. Faço saber a todos os seus de música percorreram as principais ruas da cidade, e toda
habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decre- esta demonstração de terra, unida às salvas dos fortes e
tou e eu sancionei a lei seguinte: navios de guerra, que, com os mercantes surtos no pono
Art. 1° - Fica o Governo da Província autorizado a mandar amanheceram embandeirados em arco, anunciavam ao
remover para a Praça da Alegria o chafariz de ferro que a povo que era chegado o seu dia - o seu dia de regozijo - o
Companhia Anil colocou no Largo de São João desta cidade. dia de:: sua liberdade!
Art. 2º - Ficam revogadas as disposições em contrário. Às seis horas da manhã foi lançado do estaleiro da
Mando portanto a todas as autoridades, a quem o co- Companhia de Navegação Fluvial a Vapor a barca de rebo-
nhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cum- que Vime e Oito de Julho, a qual rebocada pelo vapor
pram e façam cumprir, tão inteiramente como nela se con- Pindaré, da mesma companhia, empavesada de bandei-
tém. O secretário do Governo a faça imprimir, publicar e ras, levando a seu bordo grande número dos respectivos
correr. Palácio do Governo do Maranhão em trinta de julho acionistas e muitos outros entusiastas, com uma banda de
de mil oitocentos e c inqüenta e nove, trigésimo oitavo da música percorreu o litoral da capital, desde o Igarapé da
Independência e do fmpério. Jansen até o porto da Madre de Deus, dando todos muitos
vivas análogos, sendo colocada nos mesmos estaleiros a
quilha do vapor ltapecuru.
JOSÉ MARIA BARRETO
Às 9 e meia desceu do Campo de Ourique para a Praça
do Palácio do Governo uma brigada, composta dos três
Estava o selo.
batalhões da 1ªLegião da Guarda Nacional, do 5º Batalhão
Carta de lei pela qual Vossa Excelência manda exe-
de Infantaria com as respectivas músicas, de 4 peças de
cutar o decreto da Assembléia Legislativa Provincial,
artilharia de posição e do Corpo de Educandos Artífices,
autoriumdo o Governo da Província a remover para a
comandada pelo tenente-coronel Varella, comandante su-
Praça da Alegria o chafari-::. de ferro que a Companhia
perior interino.
Anil colocou no Largo de São João desta cidade, como
Às 1Ohoras apresentaram-se no Palácio do Governo e
acima se declara.
no do Exmo. Sr. bispo duas comi«sões por parte da Asso-
Para Vossa Excelência ver. ciação Tipográfica Maranhense, e outras duas enviadas
Américo Vcspúcio dos Reis a fez. pela heróica Sociedade Vinte e Oito de Julho, todas com o
Selada e publicada na Secretaria do Governo do fim de dirigirem à primeira autoridade da Província e ao
Maranhão em 30 de julho de 1859. Pastor Espiritual suas felicidades pelo motivo, que era
No impedimento do secretário. Augusto César dos Reis objeto dos grandes festejos do dia, sendo todas digna-
Rayol, oficial maior. (Coleção de Leis, Decretos e Resolu- mente recebidas.
ções da Província do Maranhão - 1859). Às 11 horas apresentou-se o Exmo. Sr. vice-presidente
da Província com o Ex mo. e Revmo. Sr. bispo diocesano na
(DA) Lei 531 - de 30nt1859 Catedral, acompanhados de um grande estado, todo com-
posto de pessoas distintas. para assistirem ao solene Te
Orça a Receita e fixa a Despesa para o ano financeiro De11m, o qual foi celebrado pelo Ex mo. prelado, presentes a
de 1860- J 86 1-(... )Disposições gerais: Câmara Municipal, o clero secular e regular, os oficiais ge-
nerais. superiores e subalternos de mar e terra. cônsules das
( ...)Art. 29 - Ficasem efeitooan. lºda Lei nº395. de 18 nações estrangeiras. magistrados, empregados públicos
de julho de 1855, e restituído ao seu antigo vigor o art. 1° gerais e provinciais e muitos outros cidadãos distintos, for-
da Lei nº 243 de 16 de outubro de 1848, que criou o lugar de mando cm alas na espaçosa igreja o Corpo de Educandos.
professor de escultura e desenho aplicado às artes e ofíci- Findo este ato religioso, seguiram todos ao Palácio do
os da Casa dos Educandos Anífices, continuando o res- Governo. onde houve cortejo à efígie augusta de S.M.I.
pectivo professor a vencer o ordenado de 800$000 rs. (...). estando aos lados da mesma o Ex mo. Sr. bispo e o Ex mo. Sr.
(Coleçcio de Leis, Decretos e Resoluções da Província do marechal-de-campo, inspetor do 3° Distrito Militar, depois
Maranhão - 1859). do qual deu toda a parada as descargas de fuzilaria e arti-
lharia, e fez por último a marcha de continência.
MARANHÃO, 4 DE AGOSTO DE 1859 À noite houve iluminação em toda a cidade, sendo que
muito brilhou uma bela coroa refulgente de luzes variadas
A nossa bela cidade de São Luís do Maranhão acaba sobre o mirante das casas do Sr. Augusto Marques, farma-
de presenciar um dos maiores festejos públicos que se tc.m cêutico no Largo do Carmo.
feito, de tempos a esta parte, por ocasião de solenizar-se o Porém, no quartel do Campo de Ourique era onde esta-
dia 28 de julho, 36° aniversário da aderência desta Provín- va em verdade uma vistosa perspectiva - porque além de
cia à Independênc ia do Impé rio, proclamada pelo Sr. D. achar-se iluminado com cores variadas todo o quadrado
Pedro 1 nas margens do Rio lpiranga. interno, bem como o portão de trás, a fachada exterior apre-

VQ) 53 CV'@
LUIZ DE MELLO

sentava-se num gosto particular, porque se via um grande dade pátria, e do qual data o sermos contados no mapa
portão todo iluminado em transparente com a bandeira e das nações livres. (O Observador, 11/8/1859, p.1).
mais símbolos brasileiros, com excelentes poesias análo-
gas ao dia, sendo todo este festejo promovido exclusiva- OFICINA FOTOGRÁFICA
mente pelos oficiais do 5º de Infantaria e do Corpo de J. L. RIGHINI
Polícia, que não se poupando à despesa deram aí mesmo
um brilhante baile, a que assistiu o Exmo. Sr. vice-presi- Tira retratos pelo sistema mais moderno e acreditado,
dente, um grande número de senhoras distintas e não pe- ornados de 1icas caixinhas e caixilhos, por preços cômo-
queno concurso de cavalheiros das principais classes, dos - garantindo-se o esmero no u·abalho.
havendo profusão de doces e bebidas finas, e muito gosto PRAÇADAALEGRIA Nº li
em todo o mais serviço, subindo ao ar em ocasião própria Das 10 horas da manhã às 3 da tarde - nos dias de
dois belíssimos aerostáticos e tocando por intervalos a terça, quinta, sábado e domingo. (Jornal elo Comércio,
1
banda de música dos Educandos. 13/8/1859, p.4).
Em conseqência da copiosa chuva, que caiu logo ao
anoitecer, não pôde a Sociedade Vinte e Oito de Julho exe- QUADROS
cutar o seu programa de passeata in totum, pelo mau esta-
do em que ficaram as ruas determinadas; todavia, saiu ela João d ' Oliveira Santos & Sobrinho receberam de Ham-
às 10 horas do Paço da Câmara Municipal, em muito boa ' burgo os seguintes quadros pintados a óleo, em ponto
ordem, com um numeroso acomp anhamento e duas ban- grande, que vendem por preços cômodos:
das de música a percorrer um g iro possível. Passando em UmEcccHomo
frente do Paço Episcopal, aí deu vivas análogos ao dia e ao Um Jesus Cristo no Jardim das Oliveiras
Exrno. Sr. bispo, que, aparecendo à janela se dignou cumpri- Um Jesus Cristo abençoando
mentá-los com claras demonstrações de alegria, e lançar sua Uma Madona, por Murilo
bênção paternal a todos aqueles seus filhos transportados Uma saudação inglesa
de um santo entusiasmo; continuando a passeata até a resi- Um convite para a fuga
dência do Exmo. Sr. vice-presidente, foram por ele digna- Assunção, por Murilo
mente respondidas as saudações que lhe foram feitas com Uma Nuestra Seiiora de Guadalupe
vivas e entusiásticos análogos ao dia, e passando em frente O Outono
ao quartel foi uma comissão de seu seio, presidida pelo A Tarde
respectivo presidente, Sr. Dr. Jorge Júnior, recebida por ou- Um pedido para casamento
tra de oficiais que a introduziu na sala grande, onde se acha- Casamento.
va sob um rico dossel a augusta efígie do monarca brasilei- (Jornal do Comércio, 71911 859, p.3).
ro, e aí recitou o mesmo presidente um eloqüente discurso
em que, comemorando o motivo do festejo, confraternizou CASA DOS EDUCANDOS
alegremente com a classe militar.
Um outro membro da mesma comissão, Sr. Jorge Sobri- Está por p rover-se efetivamente a cadeira de escultura
nho, recitou depois uma bela poesia; em seguida foram a e desenho aplicado às Artes e ofícios - restabelecida pelo
comissão e alguns outros senhores levados à mesa, onde art. 29 da Lei nº 531 de 30 de julho deste ano, que derrogou
lhes foram oferecidos doces, e à despedida foram sauda- o art. 1° da de nº 395, pondo em vigor o art. l º da de nº 243
dos pelo alferes Godinho, que recitou um belo discurso. de 16 de outubro de 1848. Na dita cadeira está servindo
Na noite de 29 teve lugar um outro baile no Palácio do gratuitamente o Sr. José d ' Albuquerque Cardoso Homem,
Governo, promovido pelos oficiais da Guarda Nacional e e anteriormente já ne la esteve como engajado. É um ato de
muitos cidadãos, achando-se presentes o Exmo. Sr. vice- reconhecida justiça a sua efetividade nesse ensino, teóri-
presidente, o Exmo. Sr. bispo e mais alguns membros do ca e praticamente.
clero, além de um luzido e escolhido concurso de senhoras Consta-nos porém que o Sr. Tribuzi, lente de desenho
e cavalheiros distintos, que ouviram entusiasmados uma no Liceu, quer reunir os dois ordenados; isto é o menos.
bela poesia recitada pelo Sr. Augusto Rayol, reinando a Perguntamos, contudo, ao Sr. Tri buzi se entende alguma
melhor ordem possível na profusão do serviço, e tocando coisa de escultura? Naquele estabelecimento , meu senhor,
a espaços as bandas de música. não se quer retratos, e sim quem teórica e praticamente
Na noite de 30 houve enfim urna belíssima iluminação ensine aos educandos - escultura e desenho aplicado às
no jardim da Praça da Assembléia, a expensas do Sr. vice- artes. (A Moderação, 1411O/1859, p.2).
presidente e do capitão lnácio José Ferreira, diretor encar-
regado do mesmo, no qual tocaram as bandas de música, e NOMEAÇÃO
a par de muitos foguetes foram lançados dois balões, con-
correndo a todos estes atos, que vimos de referir, um extra- Por portaria de 19 do corrente foi nomeado efeti vamen-
ordinário número de povo. te o Sr. José d ' Albuquerque Cardoso Homem para a cadei-
E deste modo tivemos o sumo prazer de ver festejado o ra de escultura e desenho aplicado às artes e ofícios do
dia, que nos recordará eternamente esse alto feito de nos- estabelecimento dos Educandos. Foi um ato acertado e da
sos pais, e para cuja glorificação concorremos da nossa mais reconhecida justiça, esse q ue praticou S. Excelência .
paiie, quando nos for possível, conjurando os nossos amá- Amantes, como somos, dos progressos dos dig nos
veis comprovincianos para que jamais arrefeçanJ nesse pro- pupilos da Província, não podemos deixar de agradecer a
nunciamento justo e santo em prol do dia da nossa lfüer- S. Exa. tão boa escolha . (A Moderação, 21110/1859, p.2).

54 <2./Q)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

NOMEAÇÃO GOVERNO DA PROVÍNCIA


Expediente do dia 18 de novembro de 1859
Foi engajado para a cadeira de desenho aplicado às
artes, da Casa dos Educandos, o Sr. José d' Albuquerque O presidente da Província, atendendo ao estado pou-
Cardoso Homem. (A Imprensa, 22/10/1859, p.2). co lisonjeiro dos cofres provinciais, e visto que o cidadão
José d' Albuquerque Cardoso Homem, nomeado por por-
(DO) RELATÓRIO COM QUE O EXMO. SR. DR. JOSÉ taria de 19 de outubro último para o lugar de professor da
MARlA BARRETO, VJCE-PRESIDENTEDA PROVÍNCIA. aula de escultura e desenho aplicado às artes e ofícios da
PASSOU AADMINISTRAÇÃO DA MESMA AO EXMO. Casa dos Educandos Artífices, ainda não solic itou o com-
SR. DR. JOÃO DA Síl...VEIRADE SOUSA. NO DIA 26 DO petente título, resolve julgar de nenhum efeito a dita porta-
PASSADO. ria, conservando-se vago o lugar até que as circunstânci-
as do Tesouro permitam o seu aproveitamento.
CASA DOS EDUCANDOS Co municou-se ao Dr. inspetor da Instrução Pública e
ao diretor da Casa dos Educandos.
(...) Continua este importante e proveitoso estabeleci- (Publicador Mara11he11se, 23/ 11 / l 859, p. I ).
mento a apresentar resultados satisfatórios.
Acham-se nele recolhidos 100 educandos de núme- EXONERAÇÕES
ro, 37 extraordinários e 8 aprendizes destinados à Escola
Agrícola. Foram exonerados: José d' Albuquerque Cardoso Ho-
Ex istem criadas e providas as cadeiras de primeiras le- mem, do lugar de professor de escultura e desenho da
tras, de música e instrumentos de corda, e acha-se vaga a Casa dos Educandos Artílices; Lúcio Francisco Carneiro
de escultura e desenho aplicado às artes e ofícios, por ter- Junqueira, Teófilo de Oliveira Condurú e Antônio Augus-
to Rodrigues de adjuntos das escolas das primeiras letras
se concluído em 9 de julho o prazo do contrato feito com
das freguesias da Vitória, Conceição e São João, desta
José d' Albuquerque Cardoso Homem, que a ocupava.
capital. (A Imprensa, 23/ 11/1859, p.2).
Esta cadeira criada pela Lei Provincial nº 243 de 16 de
outubro de 1848, foi convertida cm aula mecânica, dese-
EDUCANDOS
nho e escultura aplicada às artes pela de nº 395 de 18 de
julho de 1855; mas pelo art. 29 da Lei nº 531 de 30 de julho
Teve lugar no domingo, 11 do corrente, a festividade
do corrente ano, acaba de ser restituída a seu inteiro vigor
anual, na Casa dos Educandos Artílices, conforme o pro-
a sobredita Lei nº 243. (... )(Publicador Mara11lze11se, 251
grama anunciado nos diversos jomais desta cidade.
1011859,p. 1).
Fomos testemunhas ocular de quanto se passou no
referido dia, naquele importar.te estabelecimento, e por isso
OBRAS PÚBLICAS
não nos podemos furtar ao desejo de fazer urna resumida,
porém verdadeira exposição.
Entendemos que o teatro não precisa de um conserto
Ao romper da aurora, algumas girândolas de foguetes
radical e já basta de consumir-se dinheiro com as suas
e ataques de escolhidas peças de música, executadas pela
obras. que montam a perto de cem contos de réis, depois banda do estabelecimento anunciaram que a festa de N. S.
que é propriedade da Província. da Conceição, orago da Casa dos Educandos, tinha de ser
Se, porém, estamos enganados, não se perca este belo celebrada com devoção e costumada pompa.
edifício, faça-se a obra. E se S. Exa. não a quiser pôr em Comparecendo pelas 7:30 da manhã o Sr. presidente da
arrematação, entregue a sua direção ao insigne arquiteto Prov(ncia, Dr. João S il veira de Sousa e sendo recebido
José d' Albuquerque Cardoso Homem com alguma gratifi- com as formalidades do estilo, achando-se formado o Cor-
cação equivalente, atendendo que ele já prestou bons ser- po dos Educandos, que fez a S. Exa. as devidas continên-
viços gratuito a esse edifício. cias, tocando a banda de música o Hino Nacional e subin-
Todo o risco de arquitetura interna e externa que hoje do aos ares girândolas de foguetes, teve lugar a missa na
existe nele e sua escultura, isto é, a de decoração, é de sua capela ali estabelecida, que se achava decorada com a ne-
execução e de alguns de seus discípulos, sem que custas- cessária decência.
se à Província um real todo esse serviço. (A Moderaçlio, Terrninada a cerimônia religiosa, fez S. Exa. a visita ao
2/1 111 859,p. I). estabelecimento, examinando minuciosamente todos os
aposentos e manifestando sua satisfação pelo asseio e
GOVERNO DA PROvfNCIA boa ordem e m que tudo se achava; encaminhando-se de-
Expedie nte d o d ia 19 de outubro de 1859 pois para a sala dos exames, no pavimento superior, pas-
sou em revista todos os objetos da exposição e em segui-
O presidente da Província, atendendo aos merecimen- da fez a distribuição dos prêmios a 48 educandos que este
tos de José de Albuquerque Cardoso Homem, resolve no- ano se distinguiram por suas capacidades moral, intelec-
meá-lo para o lugar de professor da aula de escultura e tual e industrial, colocando no peito dos premiados a res-
desenho aplicado às artes e ofícios da Casa dos Educa.i- pectiva insígnia, concluindo esta cerimônia com um belo
dos Artífices. discurso, que foi respondido por um dos educandos.
Co municou-se ao inspetor da [nstrução Pública e ao Aos referidos atos assistiram as principais autorida-
diretor da Casa dos Educandos. (Publicador Maranhen- des da capital, corpo consular, o fi ciais generais, titulares,
se, 311111859, p.l). oficial idade de diferentes corpos, negociantes e muitas

~ 55 ~
LUIZ DE MELLO

outras pessoas gradas, bem como grande número de se- FALTAS DOS ALUNOS DO
nhoras. LICEU MARANHENSE
Às 10 horas retirou-se S. Exa. depois de receber as PERTENCENTES AO ~ DE FEVEREIRO DE 1860
devidas continências.
Pelas 4 horas da tarde foi pelo Ex mo. Sr. presidente da Inglês:
Província visitado de novo o estabelecimento, bem como Joaquim Ferreira Martins 9, Brandino Brasilino Bello
por grande número de pessoas distintas e parte da popu- 13, Alfredo Adalberto Saldanha 3, Sócrates Alexandrino
lação da capital. da Costa Leite 4, Pedro da Cunha Pavalid de Menezes 4,
Em um e legante coreto achava-se a banda de música Francisco Peixoto Franco de Sá 10, Frederico Augusto
do estabelecimento tocando escolhidas peças, e subindo Cordeiro 1, João Augusto Ferreira Rosa 1, Júlio César Go-
por diversas vezes aos ares girândolas de foguetes . Toda mes de Castro 5, Pedro Nolasco Frazão ( ...)" (Publicador
a praça do estabelecimento se achava embandeirada. Maranhense, 19/3/1860, p.2).
Os visitantes percorriam todos os aposentos e exami-
navam com o maior interesse os objetos em exposição, DECLARAÇÃO
que se achavam colocados em um espaçoso salão do pa-
vimento térreo. Francisco Peixoto Franco de Sá faz público que haven-
Ao entrar da noite, fez-se patente a bela iluminação do pessoalmente participado ao Sr. secretário do Liceu.
que compreendeu lodo o edifício, tanto no interior como que não voltaria a e le por não estar sujeito ao arbítrio e
exterionnente. injustiça com que foi, por ordem do Sr. diretor, riscado da
Às 8 horas cm ponto teve lugar, no mais espaçoso matrícula seu innãoJoão Duarte Peixoto Franco de Sáa fim
salão do estabelecimento, o concerto de música, cabendo de que fosse ele também eliminado, foi informado que leva-
a execução das e~colhidas peças aos educandos, dirigi- da essa participação ao conhecimento do diretor, este não a
dos pelo ex-educando Lcocádio Ferreira de Souza. atual admitira e ordenara que se lhe contassem faltas até preen-
mestre da banda militar. Agradou geralmente a execução cher o número das que são necessárias para perder o ano, o
como manifestaram os aplausos dos visitantes. que foi executado tão fielmente que havendo decorridos
Findo o concerto. S. Exa. o Sr. Dr. Silveira de Souza seis dias de aulas depois do dia 19 de fevereiro em que se
dignou-se aceitar um delicado copo d' água, que pelo dig- retirou, são-lhe contadas dez até o último do referido mês na
no diretor foi oferecido. S. Exa. retirou-se pelas lO horas. relação publicada no Publicador Maranhense, nº 65.
sendo saudado por alg umas girândolas de foguetes. Conheça, pois, o respeitável público mais esse capri-
O asseio, boa ordem e suntuosidade do festejo que cho a fim de nodoar-se a conduta de um estudante, só
teve lugar no referido dia 11 no estabelecimento dos Edu- porque se sentira de uma injustiça feita a seu irmão, e de-
candos Artífices é obra do digno e incansável diretor, que sejou evitar que algum dia sofra igual.
possuído do desejo de agradar ao público e dele receber
toda a proteção cm favor daqueles que foram confiados a Maranhão, 19 de março de 1860
seus cuidados, aos quais ama como se fossem seus filhos, Francisco Peixoto Franco de Sá
não hesitou cm despender do seu bolso o indispensável (0 Século, 29/3/ 1860, p. 3).
para ocorrer a tão avultadas despesas.
Quem tiver pleno conhecimento dos sentimentos que ÓPERA D. PASCOAL
possui o Sr. Antônio José Pere ira Maya, se convencerá
que suas aspirações encaminham-se unicamente ao bem- Sexta-feira, 25 do corrente, representou-se no Teatro
estar daqueles que a Província adotou como filhos e en- São Luiz a ópera D. Pascoal. A enchente foi completa e a
carregou-lhes de sua educação. O Sr. Maya não quer outra ópera bem desempenhada, pois é esta a mais própria para
recompensa além da manifestação pública, de que desem- o pessoal da companhia. Notamos neste espetáculo não
penha com inte ira fidelidade os importantes deveres do só o cenário velho e impróprio, como a miséria da mobília
cargo que lhe foi confiado. (0 Século, 17/1211859, p. 1). de D. Pascoal. (Jornal do Comércio, 30/3/1860, p. 3).

AVISOS ANÚNCIO

José Leon Righini , súdito sardo, retira-se para Pernam- Domingos Tribuzi tira retratos a óleo por 50$ a 100$000;
buco num dos próximos vapores. Maranhão, 20 de dezem- em miniatura por 40$ a 100$000; em desenho por 20$ a
bro de 1859. (Jornal do Comércio, 24/12/1859, p.4). 30$000 - estes com caixilhos, retoca todos e quaisquer
retratos ou quadros, dá o verniz chamado romano nos qua-
José Leon Righini , súdito sardo, retira-se para Pernam- dros a ó leo, novos e velhos, por 5$000 réis cada um; com
buco no prime iro vapor. este excelente verniz os retratos duram séculos. Beco do
Maranhão, 2 1 de dezembro de 1859. (O Globo, 28/12/ Sineiro nº 4. (Publicador Maranhense, 4/5/1860, p. 4).
1859,p.4).
OFERECIMENTO LOUVÁVEL
(DA) Re lação dos c idadãos que foram excl uídos este
ano da lista geral da qualificação da freguesia de Nossa O Sr. Domingos Tribuzi, distinto professor de desenho
Senhora da Conceição. do Liceu, querendo abrilhantar mais a exposição que na
Do quarteirão nº 7, cio 3° distrito:
( ...) José d' Albuquerque Cardoso Homem(...) (A Mo- • Folha rasgada. A lirta. assinada p01 João Batista de Almeida
deração, 20121 1860, p. 1). Couceiro, secretário da lnstruçiío Pública, está incompleta.
~
RIY. CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Casa dos Educandos pretende fazer em dezembro o seu AO BELO SEXO


incansável diretor, acaba de oferecer-se para ensinar gra-
tuitamente daqui até ao fim do ano todos os ramos de Um escritor notável há tempos disse: '"Dai mais brilho
Belas-Artes aos educandos que lhe forem apresentados. às cores, tom ai mais límpido o céu, o sol mais fulgente, a
É por certo muito digno de louvor o Sr. Domingos Tri- lua mais prateada. e tirai a isto tudo a mulher, e vereis que
buzi. (Publicador Mara11he11se, 31711860, p. 2). fica esta cena - Um jardim sem flores!
Por estas e muitas outras razões, desejando abrilhan-
EXPOSIÇÃO tar o mais que for possível a Exposição Industrial - que
pela primeira vez pretendo fazer nesta casa em dezembro, é
Publicamos hoje um convite do Sr. capitão Antônio que submissa e respeitosamente me dirijo ao Belo Sexo
José Pereira Maya, incansável e inteligente diretor dos composto de todas as senhoras de todas as idades e cate-
Educandos, a todos os artistas para concorrerem a uma gorias para que honrem esta festa com qualquer artefato
exposição que deve ter lugar em dezembro no estabelec i- de suas mimosas mãos.
mento confiado à sua direção. Com isto muita obra preciosa aparecerá à luL, muito
Esta idéia, que tem merecido o melhor acolhimento de mérito escondido como a violeta brilhará, os educandos
todos, poderia ser ainda mais prove itosa se fi casse. àque- se encherão de nobre entusiasmo lendo o nome de tanta
les que mais se distinguissem, uma medalha ou outro qual- moça linda e virtuosa ao lado dos seus, e eu, apesar de
quer sinal em prêmio. Isto seria muito fácil, fazendo-se uma velho ficarei também cheio de nobre o rgulho por ver que
escolha de uma comissão composta de pessoas entendi- ainda uma vez não foi desprezado quem tem recebido tan-
das e imparciais, que ela sificassem as obras apresenta- tas provas de afeição e consideração da porção mais en-
das. (Jornal do Comércio, 4nll860, p. 2). cantadora da grande família maranhense, que de vez c m
quando honra esta casa com sua bela presença.
ATENÇÃO Antônio José Pereira Maya
(Jornal do Comércio, l 4n/1860, p. 2).
Desejando muito concorrer com o pouco, que sou ou
valho, para animar as ru1es e ofícios de qualquer espécie
MOVIMENTO DE PASSAGEIROS
que sejam, resolvi, depois de obter a necessária licença do
Saídos no vapor Oyapock e m 2 1:
Exmo. Sr. presidente da Província, reunir neste estabeleci-
Para o Pará: João Venere, Francisco Alves de Pinho,
mento e expor às vistas dos curiosos e entendidos vários
Antônio de Faria e C osta, José Sérgio R. Boaventura,
objetos manufaturados nas diferentes oficinas desta cida-
Manoel Henriques do Couto Pinho. (Jornal do Comércio,
de. A exposição nas salas deste estabelecimento, francas a
2sn11 860, p. 2).
todos, dará ocasião de serem apreciados esses objetos, e
devidamente aquilatado o mérito de seus autores, cujo nome
A PLANTA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO
estará ligado à obra que fizerem. Assim serão conhecidos os
seus autores; a crítica verdadeira os animará à perfeição; o
Muito temos estranhado que a importante obra do Sr.
elogio os guiará cheios de prazer a novos e mpenhos, pelos
J. Veiga não merecesse alguns elogios, que fossem como
quais, além de cercar seus nomes de glória. esta vai toda um voto de gratidão oferecido ao seu autor!
refletir-se em honra de nossa terra. Com antecedência, pois, A planta da cidade de São Luís do Maranhão, feita e
previno a todos os senhores mestres de ofícios e artes, ou mandada litografar na Ing laterra pe lo Sr. J. Veiga, está tão
curiosos, que vão preparando suas amostras. e que cada perfeita que as coisas mais inúteis, como os chafarizes e o
indivíduo tem dois lugares à sua disposição. pelourinho não escaparam da nota, o que admira, por ter
Em tempo an unciarei o dia d::i entrega desses objetos, sido feito esse importante trabalho por um simples curio-
e por todos os j ornais marcarei o dia lembrado como aque- so, que tão perfeitamente o acabou.
le que tem de despontar no horizonte mais uma centelha Os engenhe iros que enchem esta cidade de planos,
de progresso para as artes e ofícios. etc., não satisfariam talvez, tão bem como o Sr. Veiga, que
Confiado na bondade de todos os senhores artistas. não possui um título de mestre-de-obras, de arquiteto de
estou certo de que todos concorrer;io para essa festa indus- estradas, de pontes e calçadas.
trial e a1tística, e cu cheio de verdadeiro prazer almejo mais Se o Governo necessitasse de uma planta igual à que
essa ocasião, que tenho de mostrar aos maranhenses, de tirou o Sr. Ve iga, por quantos contos de ré is não andaria
que sou grato aos seus obséquios. busco corresponder a essa obra? Que de patacoadas não se veriam por essas
eles, educando seus filhos indigentes, que são meus, e pro- ruas e praças? O rebuliço seria completo; réguas, tirali-
movendo o melhoramento desta terra tão hospitaleira. nhas, compassos, bandeirolas e canudos que tais, para
Antônio José Pereira Maya, inculcar ao Governo e ao público que o trabalho viria a ser
diretor do estabelecimento dos Educandos Artífices perfeito e de mão de me!)trc!. .. Crédulos todos, na necessi-
(Jornal do Comércio, 417I1860, p. 3). dade de tais aparelhos, lastimariam a pouca paga que teri-
am os engenhe iros que moviam com tanta ferramenta do
AVISO ofício, e certamente dariam ao encarregado da planta mais
uma gratificação... salutar e merecida!
João Venere, súdito sardo, vai ao Pará, o que faz públi- O Sr. Veiga mediu, calculou e fez a planta sem que o
co em conformidade da lei. - Maranhão, 10 de julho de público visse imposturas, pois só soube desse trabalho
1860. (Publicador Mara11'1e11se, 11 n/ 1860, p. 4). quando o viu litografado.
LUIZ OE MELLO

Sem auxíl io dos dinheiros públicos. tiveram os mara- Depois passei a analisar as escritas que estavam sobre
11henses, e o público em geral, uma importante obra que uma banca e admirei-me quando vi caracteres de letras belos.
bem pode facilitar a outras empresas, iguais a essa da Rua Dentre todas as escritas. por mim vic;tas. tiveram prefe-
da Inveja com a da Cascata. rência as da Sra. Libânia dos Reis, da Exma. filha do Sr.
Receba o Sr. Veiga os louvores de que é credor do Moura, a da Exma fil ha do Dr. Barreto e da Exma. filh a do
público maranhense, pe lo serviço importante que a ele fez Sr. Ziegler, mestre de piano naquele e~tabe lec i mento.
jus, sem esgotar os cofres da Província desses dinhe iros Acabando de fa1er a análic;e sobre a escritas, voltei à
ajuntados com novos tributos e impostos onerosos co m sala da exposição e ali encontrei as S ras. Libânia e a li lha
que se acha sobrecarregado este infeliz povo. (Jornal do do Sr. Moura sentada<; a um piano, onde princ ipiaram a
Comércio, 1°/811860, p. 3) executar uma linda peça tocada a quatro mãos, e admire i a
maneira por que aquelas duas joven<; colegiais a tocaram.
AULA DE DESENHO guardando sempre ham1onia e compasso necessários, o
que é difícil numa execução desta ordem. Já nós não preci-
Das 7 às 9 horas da noite, três vezes por semana, Beco samos de ouvi r a~ italianas.
do Sineiro nº 4. Mensalidades: 3$000. D. Tribuzi. Durante Ol> intervalos, a banda de música dos educan-
Na mesma casa aluga-se um preto, pintor de casas. dos, que se achava postada em ala no corredor do colégio,
(Jornal do Comércio, 1°/8/1860, p. 3). tocava escolhidas peças.
Enfun, tudo ali só respirava alegria. Se eu não estives-
PLANTAS OU MAPAS st: hoje no Maranhão, não creria que nele houvesc;e um
e-;tabelecimento tão bem dirigido e que e m pouco te mpo
Litografados da cidade do Maranhão, vendem-se a apresentasse ao público tão satisfatórios resul tados.
2$000 cada um cm casa de J. Veiga ou no escritório dos Srs. Queiram, pois, as Sras. Abranehes aceitar meus verda-
Moon & Cia. (Jornal do Comércio, 4/8/1 860, p. 3). deiros parabén!>. por terem sabido dirigir e curar tão digna-
mente da educação daquelas que lhe são confiadas, e a
COLÉGIO NOSSA SENHORA DA GLÓRIA estas fe licito por terem encontrado tão sábias diretoras.
Meu desejo não foi ofender nem incensar a pessoa
As diretoras avisam que no dia 15 de agosto do cor- alguma, por isso que me limito somente a narrar aquilo que
rente, dia da padroeira do mesmo colégio, com a evocação observei e minhas idéias puderam colher.
de Nossa Senhora da Glória estará este estabelecimento Queira, Sr. redator, dar publicidade ele seu constante
franco desde as 4 horas da tarde até às JOda noite a toda., leitor.
as pessoas decente mente vestidas que o queiram visitar; Maranhão, 16 de agosto de 1860
assim como estarão patentes todos os trabalhos elabora- O apreciador do mérito
dos pelas aJunas do mesmo colégio. (Jomal do comércio, 18/8/1860, p.2)
Maranhão, 8 de agosto de 1860 (Jornal do Comércw,
8/8/ 1860, p. 3). EXPOSIÇÃO

SR. REDATOR A dos Educandos Artílices aproxima-se, e por isso lem-


bramos aos comprometidos a não se esquecerem de envi-
Com excessivo prazer lanço mão da pena para demons- ar para ali sua especialidades de arte. Consta-nos que o
trar ao público qual a vantagem que te m o Maranhão de Sr. Salvador Romero, o primeiro e mais hábil marceneiro, e
possuir um estabelecimento de educação feminina, como ao qua l muito lhe deve a Provínc ia pelo ap0rfciçoamento
o Colégio Nossa Senhora da Gló1ia, confiado aos c uida- que tem aparecido neste ofício, prepara para essa exposi-
dos das Exmas. Sras. Abranches e esta belecido num dos ção uma obra de grande primor. Estrangeiros, como o Sr.
prédios da Rua Grande desta cidade, o que por mim foi Salvador, são de grande vantagem para o País.
observado quando ontem tive a honra de visitá-lo. Esperamo" que todos os artistas não se e queçam de
Logo que ali cheguei, admirei-me de ver aquele estabe- o imitar. (Publicador Maranhense. 5/11/1860. p. 3).
lecimento magnilicamente ornado e bastante concotTido,
não só pelas Sras. diretoras e colegiais c m cujos semblan- MONUMENTO A CAMÕES
tes só se divisavam um grande júbilo, como pelos numero-
sos espectadores q ue, como eu, foram apreciar o talento Vai-se fechar a subscrição que o Gabinete Português
das belas maranhenses. de Leitura promove para este monumento. As pessoas que
Apenas entrei na primeira sala. deparei com uma longa ainda não estiverem inscritas e desejarem concorrer para
exposição de vários traba lhos elabo rados pelas jovens co- esta obra, queiram dirigir-se ao Gabinete até o dia !O do
legiais, como lenços de labirinto, quadros bordados a ouro corrente.
e a matiz, sapatos e gorros de muito gosto e simetricamen- Maranhão, 5 de novembro de 1860. (Publicador Ma -
te executados, assim como diferentes qualidades de pon- ranhense, 7/11/1 860, p. 4.)
tos de marca.
Todos quantos viram tais trabaJhos não puderam dei- SUBSCRIÇÃO
xar de render os devidos elogios a suas autoras, pois real-
mente confesso que eles foram perfe ita mente executados Os Srs. Antônio Telles de Berredo e Isidoro Juvêncio
e acrescentare i mais que as obras vindas do estrangeiro da S ilva Barreiros entregaram ao presidente do Gabinete
não lhes são superioras. Português de Le itura 56$000 rs. que assinaram alguns bra-

VQ) 58 VQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

sileiros para auxílio ao monumento do grande poeta Luiz educandos Raimundo João Carneiro e Joaquim Zeferino
de Camões. (Publicador Mara11he11se, 12/11/1860, p. 3). Correia.
À noite estará o estabelecimento simples mente ilu-
INSTRUÇÃO PÚBLICA minado.
Uma girândola de foguetes e urna passeata de música
(Da) relação dos alunos do Liceu Maranhense que cm redor do estabelecimento anunciarão que estarão fin-
foram examinados e plenamente aprovados no ano letivo das a festa e exposição.
de 1860. A. J. P. Maya - diretor.
Matérias: Filosofia, Latim Superior, Francês, Geogra- (Publicador Maranhense, 13/J 2/ l 860, p. 4).
lia, Retórica e Inglês:(...) Horácio Tribuzi - Proliro Tribuzi
(... )(Publicador Maranhense, 20/l 1/1860, p. 3). EXPOSIÇÃO

MORTALIDADE Previne-se ao respeitável público que a exposição no


estabelecimento dos Educandos, anunciada para o dia 23,
Cadáveres sepultados no Cemitério da Santa Casa: estender-se-á até o dia 25, sendo no 1ºdia das 4 às 8 horas
Novembro- 27: (...) Martiliano, escravo de Donúngos da noite; no 2° somenlc à tarde e no 3º finalmente das 4 às
Tribuzi, 24 anos, maranhense; tísica pulmonar.(...) (Publi- 9 da noite.
cador Mara11he11se, 30/11/1860, p. 3). A. J. P. Maya
(Publicador Maranhense, l 9/ 12/ 1860, p. 3).
EXPOSIÇÃO DOS EDUCANDOS
EXPOSIÇÃO
No dia 23 do corrente terá lugar esta festa indusrrial.
Sabemos que muitos artistas nacionais e algumas senho- Teve ontem lugar a grande festa dos Educandos, con-
ras pretendem enviar para tal evento trabalhos muito deli- ferindo S. Exa. o Sr. presidente da Província, depois da
cados. nússa, as medalhas e prêmios monetários aos diversos edu-
Na Europa esses objetos costumam ser doados aos candos que mais se distinguiram este ano por suas capaci-
asilos ou casas de educação que fazem a exposição como dades moral, intelectual e industrial.
esmola e constitui mesmo um de seus maiores rendimen- Em outra ocasião daremos notícia circunstanciada das
centenas de objetos que estão em exposição, quase to-
tos. Lembramos, pois, as nossas pamcias para que ofer-
dos externos, pois que muito poucos pertencem ao esta-
tem à Casa dos Educandos os objetos por ela trabalha-
belecimento, e sentimos que nele ainda não exista o que
dos, a fim de serem vendidos em benefício da mesma casa.
se torna necessário à lavoura, como sejam ferreiros, ta-
A caridade é um dos mais belos predicados do sexo
noeiros. etc. etc.
amável, e quando se apela para este nobre sentimento, é
Acima talvez de quatro nú! pessoas visitaram ontem o
sempre ele o primeiro em acudir ao apelo. (A Imprensa, 81
estabelecimento, que hoje e amanhã continua franco aos
12/1860, p.4).
visitantes.
(Publicador Maranhense, 24112/ 1860, p. 3).
CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES
FESTA E EXPOSIÇÃO SÃO LUÍS, 27 DE DEZEMBRO DE 1860
Domingo, 23 de dezembro corrente terá lugar a festa A lei ascendente do progresso é inevitável. Ashaverus
do orago deste estabelecimento - Nossa Senhora da Con- não pára nem descansa, vai sempre para diante fazendo
ceição. conquistas.
Às 7 horas- missa, com música e assistência de S. Exa. Manifcsla-se por todas as formas, em todos os senti-
o Sr. presidente da Província. dos, servindo-se dos esforços do homem, e ainda do aca-
Depois da missa, S. Exa. visitará toào o estabelecimen- so. A imprensa, o vapor e a eletricidade são seus veícu-
to, e na sala dos exames, no edifício alto, distribuirá prêmi- los, e a luz que dele emana chega a todos os povos, a uns
os aos educandos que durante este ano se distinguiram mais cedo, a outros seródio, mas sempre vem a cspancar-
por suas capacidades moral, intelectual e industrial. lhe as trevas.
Das 7 às 9 horas da manhã, e das 4 às 8 da noite o O Brasil, novo ainda, e sem preconceitos de séculos,
estabelecimento estará franco a todas as pessoas decen- rt!<:ebe e aplaude todas essas conquistas, e se as afeiçoa
tes que o quiserem honrar com suas visitas; fora destas conforme suas forças e seu acanhado desenvolvimento.
horas ncio é permitido o ingresso de pessoa alguma, por Um dia livre, a imprensa não achou linútes que lhe embar-
assim o exigir o serviço e ordem da Casa. gassem; o poderoso invento de James Watt veio logo em
Os objetos da exposição, tanto os manufaturados na seguida, depois os carric; de ferro e o telégrafo elétrico.
Casa como os que os artistas e curiosos tiverem de enviar As artes e ofícios é que ainda vão atrasados, a indús-
à mesma exposição, estarão patentes nos diferentes sa- tria ainda mais do que eles, e a agricultura apenas balbucia
lões do estabelecimento. o seu primeiro verbo mal compreendido. Mas se os com-
Previne-se que não se poderá fumar nas salas da ex- pararmos ao que eram em 1823, ficaremos surpresos do
posição. caminho vencido.
Durante a tarde as bandas de música executarão belas Tenhamos fé, concorramos todos com os nossos es-
e variadas peças, e entre estas, duas da composição dos forços, este com a palavra, aquele com a pena, aquele ou-

59 ~
~
LUIZ DE MELLO ~

Lro com o trabalho; lancemos mão de todos os estímulos indiferente, o entusiasmo contagioso da multidão, a ilumi-
que nos países adiantados se põe cm práLica - os prêmios, nação de todas as casarias e do pátio, as escolhidas peças
os concursos, as exposições - que rapidamente consegui- de música tocadas pelos educandos, tudo convidava para
remos o aperfeiçoamento. que se fosse ali apreciar a nascente exposição e animar
A nossa Província parece que de todas as suas irmãs é com o aplauso as tentativas dos nossos artistas.
a que está destinada a apontar-lhes o caminho do progres- Pede a delicadeza que demos a primazia aos produtos
so- foi primeiro quem fez o vapor navegar seus rios, esta- de arte do sexo gentil ; mas como descrevê-los, como aqui-
beleceu uma instituição provincial de crédito, um arreme- latá-los? O sexo é tão susccptível, perdoe-nos mesmo que
do de escola agrícola e hoje um esboço de exposição. o digamos, é de um amor próprio tão esquisito e irascÍ\cl
O nosso solo é fértil, a semente nele lançada há dois que não nos achamos com ânimo de dar preferência a este
anos pelo administrador da Casa dos Educandos não será ou àquele objeto, e ainda menos de declinar os nomes das
perdida - germinará e virá ainda a ser árvore frondosa e nossas patrícias. que vieram conlinnar o juízo que fomrn-
produtiva. mos do seu talento superior, do delicado fato que lhe pro-
Esse ensaio de exposição, onde se acham misturados digalizou a natureza.
objetos heterogêneos e pertcnccnlcs a ramos que no futu- Bordados a ouro, a cabelo, sobre espelho, a veludo,
ro formarão outras tantas ex posições, é um pensamento tapeçarias, rendas, labirintos deliciosos, desenhos, tudo
grandioso que veio acrescentar ao Sr. Antônio José Pere i- mereceu da concorrência um sinal de aprovação, porque
ra Maya mais títu los ao nosso reconhecimento. tudo estava feito com beleza e perfeição.
O amor próprio é uma das grandes molas das nossas As artes e indústrias tiveram espécimes excelentes.
ações, e quando não excede os limites marcados pela mo- As paisagens do Sr. Righini, principalmente a Camboa
déstia, pela razão e pelo bom senso - quando não é exces- do Mato. são de um pincel de mestre que sabe copiar a
sivo e acompanhado pela inveja, é um nobre vício, mesmo nossa natureza luxuriante em todas as suas gradações e
necessário para o engrandecimento de um povo. As expo- cambiantes cores.
sições, os prêmios e os concursos nascem daí. É um meio A miscelânea do Sr. Borba, apesar de ser conhecida,
de estabelecer uma bem entendida rivalidade entre homens tem muito mérito porque revela um artista da natureza. Sem
de urna mesma arte ou indústria; é um incentivo que, esti- estudos de desenho, ne le só há vocação e nada mais. A
mulando e favoneando o amor próprio, obriga ao aperfei- pauta, as notas do Tesouro, principalmente uma suja e
çoamento. emendada. estão bem imitadas que enganam.
As exposições têm feito milagres em todos os países, e Os desenhos de alguns educandos, as obras de can-
a Humanidade muito lhe deve; ali se comparam os objetos, teiro, prometem muito.
cada um que tem conseguido melhorá-los, dar-lhes uma O retrato do Sr. diretor pelo nosso comprovinciano o
nova fonna, mais cômoda ou econômica, ou descobrir um Sr. João Manoel da Cunha revela um talento que carece
invento útil, encontra esse poderoso veículo de publicida- apenas de mais cultivo para ser completo.
de e de análise. As fotografias do Sr. Neves & Cia., alguns quadros a
No tempo em que a força era um direito, cumpria que os crayon e miniaturas também merecem ser vistos.
homens aperfeiçoassem os seus recursos físicos. O tor- A tipografia foi representada nesta festa por um qua-
ne io, então, era o meio de cada um manifestar os seus dro de notas de banco impressas pelo Sr. Frias, que são
dotes; o aplauso era o prêmio do vencedor; a vitória o modelos de paciência, asseio e nitidez.
estímulo aos lidadores. A indústria fabril deu provas de si cabais. Os sabonetes
Chegou a nós também o dia de termos o nosso torneio da fábrica dos Srs. Fernandes Silva & Irmãos fazem ciúmes
artístico e industrial e o dia 23 marcaní uma época mara- ao fino sabonete europeu e revelam que e ntre nós muito se
nhense. Aplaudamos pois a idéia do educador da mocida- pode conseguir, e só o que falta é animação e procura.
de artesã, e a auxiliemos, nós todos, para que progrida, O Sr. Pontes apresentou um piano de sua fabricação
que a nós mesmos reverterão os proventos que daí virão. muito engenhoso, e onde se podia admirar tanto as vozes
Nos salões da Casa dos Educandos Artífices, destina- agradáveis do instrumento como o trabalho de marcenaria.
dos para a Exposição, acharam-se reunidos no dia 23, pro- Já que falamos em objetos de marcenaria, não pode-
duções de Belas-Artes, de indústria, de ofícios - pinturas, mos deixar de mencionar um guarda-ro upa do Sr. Miguel
bordados, móveis e outros artefatos. Todos concorreram Arcângelo de Lima, a secretária do Sr. Romero e sobretudo
com os seus talentos, e viam-se de mistura os lavores e os a obra de talha do Sr. Agostinho F. Alves. Era um quadro
desenhos das delicadas e mimosas mãos das filhas das de madeira tendo. e talhado a baixo-relevo. dois anjos sus-
principais famflias com os trabalhos das mãos calosas e pendendo uma coroa sobre a cabeça de um busto de Ca-
rijas do simples operário, como que para provar que na mões. A expressão, a vida das figuras, as bem-acabadas
imaginação e nas artes todos fraternizam, a igualdade é linhas, relevos e florões, o verniz, prometem desse jovem
perfeita - não há grandes ne m pequenos, ricos ou pobres; português um futuro artista de muito mérito.
a distinção é outra - mais ou menos perfe ita, mais o u me- Antes de passar a outros objetos, cumpre fazer especi-
nos hábil. O tale nto e a imaginação são a bitola por onde al menção das cuias do Sr. Fernando Antônio da Silva. As
se a ferem os artistas e os homens de Letras e Ciências. artes são cosmopolitas, mas perdoe-se-nos o sermos nes-
Era para ver a alegria e o alvoroço de espírito que te ponto muito bairristas, pois merecem.
dominavam a extraordinária concorrência que durante esse A cuia é puramente brasileira e de uso comum nosso e
e os dois dias subseqüentes freqüentou o estabelecimen- no Pará. De todos os utensílios dos aborígenes é o único
to dos nossos órtãos da Província; os gabos, os comen- que nos resta, e que nos restará talvez sempre pela sua
tos, as reflexões justas do fino apreciador, o juízo banal do utilidade. Taça, copo, prato e cabaz a um tempo, serve para

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

os mínimos místeres da vida doméstica e tem entrada e solícito diretor, que aos educandos maiores deve procurar
morada em todas as mesas maranhenses, em umas como aplicar os ofícios mais raros e necessários à nossa lavoura.
objeto de luxo, em ouLras como único utensílio para a co- Continue, pois, o Sr. Antônio José Pereira Maya o seu
mida e para a bebida. pensamento. Operário do progresso, encontrar-nos-á sem-
Era até pouco indústria especial dos índios do Pará, e o pre pronto a auxiliá-lo com palavras de ânimo e louvor.
Sr. Fernando A. da Silva veio, porém, mosLrar que podía- A sua idéia, que hoje parece coisa comum e de recreio
mos adotá-la com mais perfeição. Hábil marceneiro aban- para os que procuram apenas distrações, é de um futu ro
donou a capital, e indo morar na Maioba, aí seu gênio prometedor e lisonjeiro. Cumpre não desanimar nem enti-
inventivo cm vez de plantar uma indústria, fez uma desco- biar. (A Imprensa, 271121 1860, p. l).
berta, a de um verniz preparado com a jutacica. elástico,
brilhantíssimo e que nada perde imerso o objeto na água EDUCANDOS
ou exposto à umidade por muito tempo, e é por esse lado
que apreciamos mais a sua indústria. Ma.is firme e própria No dia 23 do corrente teve lugar pela manhã a distribui-
para o nosso país do que todos esses outros vernizes, é ção dos prêmios aos educandos que mais se distinguiram
de grande vantagem e auxílio aos marceneiros, pintores de pelas suas aptidões industriais, intelectuais e morais. S.
sege, encadernadores, etc. Exa. foi quem presidiu este ato.
E ntre as cuias expostas pelo Sr. Fernando havia uma À noite, e nos dois dias que se lhe seguiram, fez a
com a sua finna na parte interna, e pintada de azul ondeado Exposição Industrial e Artística nos salões do estabeleci-
por dentro, e por fora à imitação de tartaruga. A cercadura mento. O concurso foi cxLraordi nário cm todo o tempo q ue
e os quatro ílorões q ue vinham terminar no centro, pela durou a exposição ele que tratamos cm artigo especial.
parte externa, são de grande perfeição e enganam tanto Na primeira noite houve um pequeno fogo de artifício,
que se crê embutidos, e não envernizados. Tão belo espé- e cm todas as noites boa iluminação em todo o edifício.(/\
cime dá a conhecer no Sr. Fernando um artista. Imprensa, 27/12/1860, p.4).
A tanoaria teve o seu representante no Sr. Marques
Freitas. Os dois barris que expôs dão-lhe crédito.
BELAS-ARTES
O jardim, bules, cafeteiras, fôrmas de pastéis são as
provas de quanto o Sr. Caetano Antônio dos Santos é
Domingos Tribuzi continua a dar lições em casas parti-
perfeito na funjlaria.
culares, de desenho para bordar, recamar de llorcs, paisa-
Algumas obras de sapateiro e alfaiate dos próprios edu-
gem, ornamentos e figuras, pintura a óleo, miniatura e aqua-
candos, e outros muitos artefatos de artistas particulares,
relas, lecionando uma vez por semana e dando ele mesmo
que deixamos de mencionar para não cansar o leitor, paten-
caneta, lápis, papel, pincéis e tintas. O prêmio por um dis-
teiam a habilidade dos nossos industriais e artistas a quem
cípulo: 8$000; por dois na mesma casa 12$000. Pode ser
não falta natureza, mas aperfeiçoamento, estímulo e exem-
procurado a qualquer hora. Beco do Sineiro nº 4. (Jomal
plares que lhes sirvam de modelo. Em parte a exposição do
do Comércio, 31/12/1860, p. 4).
diretor dos Educandos veio suprir essa lacuna que havia. O
primeiro passo está dado, cumpre agora não esmorecer.
Agora tratemos do Sr. Antônio José Pereira Maya. JUSTIÇA A TODOS
Olímpio Machado, que tinha entre outras qualidades o
dom de conhecer de um relance os homens, e que sabia Muitas são as descrições que ~e hão feito da Exposi-
aproveitá-los, foi buscar o alferes do tempo de Franco de ção na Casa dos Educandos.
Sá, e entregou-lhe a difícil missão de dirigir a Casa dos Sendo a primeira que houve entre nós. e não havendo
Educandos Artífices, de onde havia saído voluntariamen- muüas pessoas que tenham conhecimentos especiais dos
te Falcão. vários ramos de Belru.-Artes, de que ali havia boas amos-
Difícil , repetimos, e espinhosa era a empresa. Falcão tras, não é de admirar que tenham aparecido experimentos
criara uma reputação como primeiro diretor do estabeleci- de um ou outro trabalho digno de elogios.
mento, e entregou-o ao Sr. Maya. acreditado e cheio de Entre eles é para notar-se o baixo-relevo, tão raro entre
simpatias. nós, representando o busto do imortal Camões, o Príncipe
- O Sr. Maya, cm vez de encontrar a animação geral, dos Poetas de seu tempo e o Cantor das glórias lusitanas,
para dar-lhe incentivo, achou uma certa imprensa, que (sem- feito pelo Sr. Agostinho Ferreira Alves, que não deve de-
pre e nxerga o indivíduo através da idéia) o recebeu com sanimar. antes progredir na carreira apenas encetada, mas
ataques violentos e injuriosos antes de vê-lo na obra. O Sr. sob tão bons auspícios. Outros o imitem. e cm breve o que
Maya não desacoroçou: tinha consciência de si, e espera- principiou por distração será mais um ramo de indústria,
va que seus atos viessem desmentir seus gratuitos adver- um meio de vida útil e agradável.
sários. Dentro em pouco o tempo veio fazer-lhe justiça. e Em desenho a esfuminho ou a fumo aí apareceu um qua-
hoje não há quem não louve o diretor do asilo da infância dro histórico, que traz à reminiscência uma das épocas anti-
desvalida. gas da heróica Roma. Representa os Três Horácios abraça-
-O seu coração devia d ilatar-se ele prazer ao ler a apro- dos entre si e tão unidos como se fossem um só homem,
vação no rosto de toda a população que durante estes tfês despertado~ pelo mesmo sentimento, guiados pela mesma
dias freqüentou com solicitude a Casa dos Educandos. idéia, e no momento de prestarem o juramento solene.
Em 1858 tivemos a ocasião de fa7.cr alguns reparos acer- Idéia e execução soberbas; a expressão do rosto, a
ca da educação industrial dos educandos; não reproduzire- posição dos heróis, o delineamento do todo. o bem-acaba-
mos agora o que já dissemos, apenas aconselharemos ao do de cada uma de suas partes, o vigor que se nota nos
LUIZ DE MELLO

diversos órgãos externos e sobretudo o sombreado bem do por muitas girândolas de foguetes e toques executados
distribuído e bem espalhado sem cortes, mas como nuvem pela banda de música do respectivo estabelecimento que
carregada que pouco a pouco vai perdendo sua intensida- estava aberta a Festa fndustrial. O pátio e jardins acha-
de até confundir sua cor com o branco do horizonte, reve- vam-se enfeitados por bandeiras, e em frente da principal
lam o talento de seu autor, a inclinação natural para tal arte, varanda da exposição tremulavam os pavilhões nacional,
e se continuar com gosto e perseverança será um dia um português, francês e inglês. O estabelecimento foi fran-
excelente professor. queado geralmente ao público.
É hoje um menino, ainda entregue ao descuido de seus Às 7 horas da manhã foi S. Exa. o Sr. presidente da
poucos anos, e chama-se Horácio Tribuzi. Província doutor João Silveira de Sousa recebido pelo
Este nome despertou a lembrança de seu pai, Sr. Do- Corpo dos Educandos, tendo em sua frente o seu digno
mingos Tribuzi, professor de desenho do Liceu, que nesse diretor.
dia, nessa festa industrial, e até mesmo depois, quando A missa, celebrada na capela do estabelecimento a gran-
leu os elogios feitos aos Srs. Bílio, Cunha, às Sras. Freitas, de instrumental foi assistida pelo Exmo. Sr. presidente,
às diretoras dos colégios Nossa Senhora da Glória e da corpo consular, membros do Tribunal da Relação, oficiali-
Soledade, se encheria de grande prazer e nobre orgulho dade da Guarda Nacional, Exército e Marinha, bem como
por ver que todos estes adoradores da arte, que ele ensina por um número de senhoras e cavalheiros distintos.
com talento e gosto, foram seus discípulos que muito apro- S. Exa. depois de visitar as salas da exposição dirigiu-
veitaram de suas lições. se ao edifício alto e aí, na sala dos exames, distiibuiu os
Exceto os lindos quadros do Sr. Righini, todos os mais prêmios destinados aos educandos que mais se distingui-
eram de discípulos do Sr. Tribuzi. rnm por suas capacidades moral, intelectual e industrial (e
Dirigindo estas palavras, nascidas da abundância do co- pelo diretor foram dadas algumas doações pecuniárias, em
ração, a todos que concorreram com seus artefatos para esse moeda de prata, do seu bolsinho) seguindo-se uma alocu-
Templo das Artes erguido pelo gênio criador do incansável
ção por S. Exa. análoga ao objeto, que foi respondida pelo
Sr. capitão Maya, não fazemos mais do que - dar a César o
pequeno educando Américo Marcelino Guedes de uma
que é de César. (Publicador Maranhense, 3/1/186 1, p. 2).
maneira bem satisfatória.
S. Exa. retirou-se pelas 10 horas, recebendo as conti-
COMUNICADO
nências feitas pelo Corpo de Educandos.
Na tarde desse dia, como pela manhã, se achavam colo-
No Publicador de ontem, e sob a epígrafe de Justiça a
cados nos dois extremos do estabelecimento as bandas de
todos - se lê o seguinte período:
música dos Educandos e do 5° Batalhão de infantaria, as
Exceto os lindos quadros do Sr. Righini, wdos os mais
quais com suas belas e variadas peças muito concorriam
eram de discípulos do Sr. Tribuzi.
Como se trata de fazer justiça a todos e dar a César o para deleitar aos cavalheiros e às belas e formosas mara-
nhenses que de momento a momento chegavam para apre-
que é de César, somos obrigados a declarar que alguns
desenhos enviados à exposição, pelo Colégjo Nossa Se- ciar a primeira exposição que teve lugar nesta Província.
nhora da Soledade, bem como um avulso assinado pela Às 6 e 30 horas já se achava o estabelecimento interior
Exma. Sra. D. M. L. Rego, foram feitos sob a direção do Sr. e exteriormente iluminado, e ao lado direito do salão princi-
J. Venere, professor de desenho no dito colégio. pal da exposição via-se uma bela iluminação transparente,
Fazendo essa declaração, não tivemos em vista ofender contendo no centro o busto de S. M. o Imperador.
suscetibilidades, e tão-somente lembrar o nome de um bom Às 7 horas uma girândola de foguetes anunciava a
velho que existe entre nós, pouco favorecido da fortun a. chegada do Ex mo. Sr. presidente da Província, o qual acom-
Maranhão, 4 de janeiro de 1861. panhado do diretor visitou os salões da exposição, reti-
M rando-se às 9:30 completamente satisfeito, depois de ter
(Publicador Maranhense, 4/111861, p. 2). ardido um pequeno fogo de vistas, oferecido pelo Sr. Cos-
ta Rodrigues.
GIOVANI VENERE S. Exa. se dignou aceitar um simples copo d'água, ten-
do tido o prazer de ser acompanhado por muitas senhoras
Pedimos por obséquio ao redator do comunicado apa- que rivalizavam em beleza e distinção.
recido nesta folha do dia 4 do corrente, assinado M - de No dia 24, pelas 4 horas da tarde já estava o estabeleci-
nos declarar onde mora o Sr. J. Venere, ou de nos dizer os mento aberto e franco ao público. Foi visitado pelo impor-
dias em que leciona no Colégio Nossa Senhora da Soleda- tante Colégio Nossa Senhora da Soledade, sendo todas as
de, porque disse no comunicado que o Sr. Venere mora alunas recebidas pelo diretor e seus educandos; a concor-
entre nós e que leciona no dito colégio. Temos uma enco- rência foi numerosa e esteve franca a exposição nesse dia
menda de muito interesse a fazer-lhe. até às 7 horas da noite.
Maranhão, 7 de janeiro de 1861 . (Publicador Mara- No dia 25, o último da exposição, já às 3 horas da tarde
nhense, 811/1861, p. 2). o belo sexo começava a visitar o estabelecimento, ainda
em maior número do que nos dias anteriores. Era belo e
A EXPOSIÇÃO DA CASA DOS encantador ouvir-se os sons harmoniosos das bandas de
EDUCANDOS ARTÍFICES música, sentir-se o perfume que exalava dos variados tou-
cadores das jovens e encantadoras maranhenses; ver-se
Ao despontar da aurora do dia 23 de dezembro de 1860 o arvoredo prateado pelos reflexos da lua que nesse dia
foi no estabelecimento dos Educandos Artífices anuncia- apresentou-se inteiramente fascinadora, passeando feiti-

62 <?/(;)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

ceira e gentil em lindo céu de anil entornando na alma de ção o belo e importante piano, feito pelo habilíssimo Sr.
todos saudosas recordações, como que para dar mais bri- Francisco Ferreira Pontes, com dois teclados para serem
lhantismo ao primeiro passo dado para o probrresso das tocados por duas pessoas ao mesmo tempo; o guarda-rou-
Belas-Artes; enfim, tudo respirava prazer, tudo era com- pa fabricado com oito qualidades de madeiras, pelo Sr. Mi-
pleta alegria. Às 5 horas da tarde o diretor, com o Corpo guel Arcanjo de Lima; a secretária feita pelo Sr. Salvador
dos Educandos formado cm alas, recebeu as jovens edu- Gabriel Romero e a mesa do Sr. Luiz José da Cunha; os
candas do Asilo Santa Teresa, esperando-as no princípio chapéus do Sr. Genúniano; as casacas dos Srs. Soares e
da Rua da Concórdia; dirigiram-se ao estabelecimento e Manoel A1vcs Ribeiro eram traballlos primorosos; bem como
depois de fazerem oração na capela visitaram todo o edifí- o jardim, bules, etc. do Sr. Caetano Antônio dos Santos. Os
cio e salas da exposição, convidando-as depois o diretor trabalhos de tanoeiro e ferreiro estavam bem-feitos, bem
para um simples copo d' água, que o aceitaram. assim a coluna ou pirâmide de barro branco, feita por uma
Poesias e outros impressos interessantes foram distri- menor de .12 anos. A miscelânea do Sr. Borba estava curiosa.
buídos por alguns apreciadores das Belas-Artes. O diretor e seria de temer-se a habilidade dele, se não fosse honrado.
de momento a momento recebia felicitações de seus ami- O Sr. Frias apresentou ótimos trabalhos de sua tipogra-
gos e de muitos espectadores; mostrava a maior satisfa- fia. As amostras de sabão da fábrica dos Srs. Fernandes
ção. O comportamento dos educandos durante a festivi- Silva & Irmão não tinham inveja aos das fábricas da Europa.
dade chamou a maior atenção do público. O Sr. Maya mui- O porta-licores, feito de papel, imitava a fina porcelana; fi-
to deve ao Maranhão, porém este também lhe deve alguma nalmente, entre os produtos propriamente nacionais, distin-
coisa, porque a educação da mocidade, pobre e desvalida, guiam-se as cuias do Sr. Fernando Antônio da Silva pelo
oriunda de várias famflias, dotada de inclinações diversas bom gosto dos desenhos e brilhantismo do polido.
que não foram aproveitadas ou desprezadas no berço, é Um aparelho de prata, que lá se achava, serviu de críti-
coisa muito difíci l, própria só de um gênio criador, de uma ca e parece que foi mandado à exposição por especulação.
inclinação e gosto particular, como tem tido o Sr. Maya, Em um salão separado estavam expostos os objetos
que além do prazer que sente por ver-se rodeado de tantos manufaturados pelos educandos, sendo dignos de espe-
meninos que o estimam e respeitam como se fosse seu cial menção os desenhos do educando Raimundo Antô-
próprio pai, presta à Pátria um serviço valioso e tão impor- nio de Amorim; o busto esculpido cm pedra, feito pelo
tante que nem temos frases para avaliá-lo, conquanto seja educando Raimundo João Carneiro, alfaiate que nunca
bem numerosa a língua portuguesa. aprendeu escultura; o toucador feito pelo educando Feli-
Passemos agora à análise dos principais objetos da pe Tiago Pereira e alg uns chinelos abertos a canivete.
exposição que nos mereceu atenção. Sentimos dizê-lo, mas é preciso saber-se que nesta festa
O ramo bordado sobre papel a rctrós, e sem avesso, industrial, toda de proveito para esta Província, não apare-
feito pela Sra. Libânia dos Reis era, sem dúvida, um ótimo ceu um só objeto, por mais pequeno e insignilicante, que
trabalho de primor e perfeição. O buquê de flores de papel, revelasse a existência da Fundição da Companhia Fluvial de
feito por uma senhora pernambucana, mereceu a aprova- Vapores, muito bem mantida pelos cofres da Província.
ção de todos. Foram dignos de muita atenção todos os Está dado o primeiro passo, foi feita pela primeira vez
bordados a ouro. O cão feito pela jovem D. Aurora Pinhei- uma exposição, cm um momento levantou-se um Templo
ro, em ponto de tapete em relevo, era obra superior e digna das Artes, suas portas franqueadas, e quem lá mandou um
de ver-se. Todos os trabalhos enviados à exposição pelo trabalho seu, foi bem recebido e bem agasalhado, e nessa
Colégio de Nossa Senhora da Soledadc, de que são direto- concorrência de muitas inteligências, de muitas aptidões,
ras as Exmas. senhoras Carmini, tiveram as honras da pri- muito se ganha, muito se lucra.
mazia, nos objetos de agulha, bem como os do Colégio Quem outrora falasse em uma exposição no Maranhão,
Nossa Senhora da Glória e os do Asilo Santa Teresa esta- seria considerado louco ou utopista; hoje vê-se o impos-
vam bons. Digno de toda a atenção fo i um quadro que sível realizado pela força de vontade do incansável Sr. ca-
continha um túmulo, feito de cabelo, por uma menina de pitão Antônio José Pereira Maya, muito digno diretor dos
nome Josefina. Uma toallla de labirinto feita no Ceará era Educandos Artífices. (O Século, l 8/ 1/1861, p. 2).
obra sublime. Os bordados sobre espelho, aveludado, ta-
peçarias, rendas, flores e pássaros, tudo mereceu dos visi- AGRADECIMENTO
tantes sinal de aprovação. Todos os quadros a óleo do Sr.
Righini eram soberbos e perfeitos. Os muitos traballlos do O abaixo assinado, diretor da Casa dos Educandos Ar-
Sr. Domingos Tribuzi e de seus discípulos, ta1110 a óleo tífices, possuído do mais vivo reconhecimento, faltaria ao
como a crayon, estavam ótimos, sobressaindo-se os que seu dever se deixasse de dirigir-se às dignas jovens e ca-
representavam Os Três Horácios. - O retrato a óleo do valheiros para ai:,rradecer-lhcs a prontidão e boa vontade
diretor do estabelecimento, feito pelo Sr. Cunha, estava com que corresponderam ao convite que o mesmo abaixo
muito parecido, bem como o do finado major Fimúno Bra- assinado teve a honra de fazer-lhes, de concorrerem com
ga, feito pelo Sr. Bilio. Os quadros do Salvador Mendi, qualquer obra de primor para a Exposição Geral que teve
também feitos pelo Sr. Cu1lha, e o retrato do Exmo. Sr. Para- lugar nos dias 23, 24 e 25 de dezembro findo, nos salões do
naguá, arual ministro da Justiça, feito pela senhora D. Gi..i- referido estabelecimento.
lhermina Freitas, eram objetos dignos de ver-se. A escultu- O abaixo assinado tem a satisfação de declarar que os
ra em madeira, feita pelo Sr. Agostinho Ferreira Alves, re- objetos que figuraram na dita exposição mereceram amai-
vela muita habilidade e gosto. Os retratos a fotografia dos or atenção dos visitantes, não só pelo esmero e perfeição
Srs. Neves estavam bons. Foram dignos de especial aten- com que foram prontificados, como por sua raridade, ofe-
~
~ LUIZ DE MELLO

recendo-se a todos os respeitos inteira semelhança com e em Pernambuco é de costume qualquer artista quando
os que são trazidos ao mercado desta Provínc ia, manufa- executa uma obra, que tenha tal ou qual novidade, ou mes-
turados em países estrangeiros. mo raridade, o expô-la à vista do público em qualquer casa
Pede o mesmo abaixo assinado desculpa de não diri- de negócio onde todos podem entrar, ver, criticar ou lou-
g ir-se pessoalmente, como desejava, a cada uma das pes- var sem vexame e longe das vistas do autor.
soas que tiveram a bondade de enviar objetos para a expo- Dito isto colhe o artista bastante proveito, porque sa-
sição, por não lhe permitir o seu mau estado de saúde. bendo de todos os juízos com que lhe aquilataram o méri-
Maranhão, lO de janeiro de 186 1 to, pode corrigir-se, e um dia fazer brilhante figura entre os
Antônio José Pereira Maya seus companheiros de arte ou profissão.
(A Moderação, 19/1/1861 , p.4). Convidamos, pois, os nossos artistas a seguirem tão
útil exemplo, e oferecemos as nossas pág inas para anunci-
BELAS-ARTES ar onde existem esses trabalhos, e o faremos de boa vonta-
de. (Publicador Maranhense, 30/1/1861, p. 2).
Temos entre nós vários estabelecimentos de educação
primária ou secundária, mais ou menos bem montados, PEQUENAS EXPOSIÇÕES
mais ou menos úte is.
Estuda-se e aprofunda-se o conhecimento de línguas Felizmente o que ontem escrevemos sob este título
vivas e mortas e de ciências. não foram vozes perdidas no deserto, pelo contrário, acha-
Infelizmente são ou de todas ou por demais esqueci- ram eco em mais de um coração estatístico.
das as artes plásticas - isto é, aquelas que se revelam nas Já hoje se vêem dois belos quadros representando os
formas e que brilham nas cores. Três Horácios e o Senhor da Cana Verde na loja de li vros
É sem dúvida para sentir-se que a profissão, que tanto do Sr. Monteiro no Largo do Carmo, e na botica dos Srs.
celebrizou Grão-Vasco, Cláudio, Coelho, Sequeira, Miguel Marques & Filho um trabalho do Sr. Amâncio José da Pai-
Ângelo, Rafael e outros, não tenha culto verdadeiramente xão Cearense.
popular entre nós. Examinamos este quadro, que é uma lâmina de cobre
Possuem os nossos concidadãos muito gosto, sobra- bem polido, onde se vê aberto a buril o nome do Sr. Carlos
lhes inteligência, têm habilidade, mas falta-lhes tudo fal - Henrique da Rocha, no centro as três letras iniciais domes-
tando-lhes a vontade para empreender estudo tão provei- mo nome enlaçadas, e por último a assinatura do artista.
toso, tão útil, tão agradável de ter constância para vencer De todas as espécies de gravura, a mais difícil é por
as dificuldades que são inerentes no princípio de toda sem dúvida a do buri l, e parece que só por isto é até hoje
profissão. tão estimada, como o foi em 1640 quando em Florença o
Necessitarão de modelos? Não: há muitos belos quadros ourives Maso Finiguerra a descobriu.
de mestres para copiar-se, e há muitas produções de outras Julgamos também que foi por essa dificuldade que o
escolas para nelas estudar-se a variedade dos estilos. Sr. Amâncio a escolheu como um meio de mostrar a sua
Faltarão idéias? Também não: o pintor, o escultor e o habilidade, e na verdade é este trabalho muito digno de
gravador têm aqui, como em parte alguma, mais objetos todos os elogios.
para inspirar-se. A riqueza dos nossos bosques, o cintilar Lembramos que alguns educandos fossem entregues
das nossas estrelas, a pompa da vegetação da natureza, a ao Sr. Amâncio para aprenderem esta arte, e convém muito
beleza de nossos rios, a raridade de muitos edifícios anti- que já sejam adestrados no desenho, porque a gravura é
gos, e muitas paisagens lindas a mais não poder ser, e fundada, como a arq uitetura e a pintura, nesse princípio, e
sobretudo a história do nosso Brasil, cujo nome só, se- sem este preliminar conhecimento não pode um artista gra-
gundo diz Freynet, recorda tudo quanto a natureza tem de vador imitar ou inventar com gosto, perfeição e acerto.
mais belo e fecundo, aí estão feiticeiras, desfolhando en- É pena, porém, que o Sr. Amâncio também padeça da-
cantos e convidando os pincéis e os buris. quela moléstia crônica, própria de todos os bons artistas,
Há muito que aproveitar e nada que perder. como já falamos uma vez, isto é - "promete muito e falta
Faltarão mestres? Não: aí está o decano dos nossos muito."
desenhistas e retratistas, Sr. professor Domingos Tribuzi, Sabemos que o Sr. Amâncio é estimado por muitos mé-
que, inteligente, incansável e amante da profissão que abra- dicos, e pedimos a e les que o curem radicalmente de tal
çou por gosto e que cultiva com entusiasmo, a anunciar mal , com o que prestam grande serviço aos seus numero-
cursos 11oturnos. sos fregueses, que por mais que sofram faltas, não podem
É uma novidade muito útil, porque pem1ite aos diferen- ficar mal com e le, pelas desculpas que dá com arte e jeito.
tes artistas e aos caixeiros o estudo de vários ramos de É pena por certo que ele padeça tanto, porém, e m breve
desenho, o que além de enriquecer a inteligência é mais um esperaremos vê-lo completamente restabelecido para con-
meio de vida, que em dias de adversidade pode ser de tinuar a trabalhar em sua profissão, na qual já ocupa um
suma vantagem, muito principalmente quando ninguém lugar muiro distinto, e lhe desejamos isto tudo de coração
sabe o futuro que Deus lhe destina. (Publicador Mara- porque lhe devotamos verdadeira e sincera amizade. (Pu-
nhense, 28/1/1861 , p. 3). blicador Mara11/ie11se, 3 1/1/186 1, p. 2).

PEQUENAS EXPOSIÇÕES COMUNICADO

Os bons exemplos que dão as outras Províncias de- Domingos Tribuzi avisa ao respeitável público e a seus
vem ser aproveitados por nós. Na Bahia, no Rio de Janeiro discípu los que mudou a sua residência para a Rua do Sol
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

nº 33 e que no dia 14 do corrente vai abrirnovamente a aula de de meus desejos que concorreram centenas de pessoas
desenl10 das 7 às 9 horas da noite, numa excelente sala. Os com tantos objetos manufaturados unicamente na Provín-
novos discípulos farão o obséquio de deixar seuc; nomes na cia, que necessário me foi preparar mais um salão destina-
sobrcdita casa para se arranjar os preparos necessários. do aos objetos estranhos aos dos educandos. A concor-
Maranhão, 8 de fevereiro de 1861. (Publicador Mara- rência que teve o estabelecimento durante os três dias da
nhense, 20/2/1861, p. 4). exposição foi espantosa, e o bom acolhimento que teve a
minha idéia faz-me esperar que este ano se torne ainda
BELAS-ARTES maior a concorrência de objetos. Enfim, Ex mo. Sr., para não
tomar-me prolixo a respeito deste artigo, limito-me a trans-
O abaixo assinado continua a lecionar em casas parti- crever nele as expressões de que se serviu o Ex mo. Sr. Dr.
culares desenho e pintura, dando a seus discípulos todos João Silveira de Sousa, no <;eu relatório quando entregou
os pertences necessários, como sejam - lápis, papel, cane- a presidência da Província: - "Em dezembro passado o
tas, pincéis e tintas. O prêmio mensal é c.le 8$000 réis, sen- diretor conseguiu fazer ali (110 estabelecime11to) um en-
do um discípulo, e 12$000 réis para dois, etc. etc. Também saio de exposição industrial, lembrança esta muito provei-
emprestará todos os traslados necessários. tosa e que muito agradou ao público." - Não devo, porém,
Domingos Tribuzi, Maranhão, 26 de fevereiro de 186 1. deixar de declarar que sendo as despesas de ta is exposi-
(PublicadorMaranhense, 11/3/1861. p. 3). ções feitas à custa do meu ordenado, não é ele suficiente
para que com elas continue cu a dispender a quantia de
(DO) Relatório do Sr. João Silveira de Souza, ao passar 400 a 500$000 réis; motivo por que impetro de V. Exa. haja
a administração da Província ao Sr. Pedro Leão Veloso, de expor à Assembléia Provincial a necessidade dessa ver-
presidente da mesma: ba. para que continuando as exposições, atinja a Província
a apresentar para o futuro uma exposição condigna do
CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES país a que pertence, onde concorram todos os artistas,
agricultores e mesmo curiosos com seus trabalhos e in-
Em dezembro passado o diretor conseguiu fazer ali um dústrias."(... ) (A lmpre11sa, l 3nt l 861, p. 2).
ensaio de exposição industrial, lembrança esta muito pro-
veitosa e que agradou ao público. EXPOSIÇÃO
Foram por esse tempo examinados e aprovados 17 alu-
nos c.las aulas e 20 das oficinas; foram premiado, por capa- Amanhã o colégio de meninas Nossa Senhora da Sole-
cidade moral 26; por capacidade intelectual 9; e por capa- dade expõe os trabalhos das suas alunas. É de supor que
cidade industrial 13. seja grande o número dos visitantes, porque este acredita-
O rendimenh> peculiar da Casa, isto é, das oficinas e díssimo estabelecimento de instrução adquire a cada dia
bandas de música, tem diminuído consideravelmente há mais simpatia do público. (A Imprensa, 3/8/1861, p. 3).
meses a esta parte, em conseqüência não só da despedida
dos melhores oficiais, como pela falta de trabalho. COLÉGIO NOSSA SENHORA DA SOLEDADE
De 1° de julho do ano passado ao último de fevereiro
do corrente ano a Receita Geral do estabelecimento fo i de Ontem teve lugar neste colégio a exposição anual.
réis 16:850$020, e a Despesa montou a réis 17:065$871, A concorrência foi extraordinária, e os trabalhos ex-
havendo um déficit de réis 207$851. postos, elaborados pelas alunas e alguns dos professores
Permita-me aqui V. Exa. que lhe recomende o referido foram dignamente e laborados, sobressaindo-se em todas
diretor, que se faz digno da atenção do Governo por sua as classes os trabalhos da aluna Sra. Maria Luísa Muniz.
dedicação em favor desta tão proveitnsa instituição. (... ) havendo muitas outras que são dignas de menção, mas
(Publi cador Mara11hense, 18/4/1861, p. 2). que nos é impossível enumerar. (Publicador Maranhe11 -
se, 5/8/1861, p. 2).
TRECHO DO RELATÓRIO DO DIRETOR DA
CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES PUBLICAÇÕES PEDIDAS

&POSIÇÃO Para nós era fora de toda a dúvida que o colégio de


(...) Há quatro anos que, unicamente para estímulo dos meninas, sob a invocação de Nossa Senhora da Soledadc,
jovens educandos por mim di1igidos, tenho apresentado dirigido pelas senhoras Carmini, estava a".'ima de todo o
anualmente ao público os trabalhos da Casa por eles ma- elogio, porém ainda assim excedeu a nossa expectativa,
nufaturados, e, satisfeito pelos resultados obtidos de tais quando nos dias 3 e 4 do corrente se abriu a exposição do
exposições, não só pelo interesse mostrado pelo público mesmo colégio. A grande quantidade de objetos primoro-
que nos dias da festa do estabelecimento freqüenta a Casa, samente e laborados é de uma prova incontroversa do de-
como também pelo zelo e apurado gosto que os educan- senvolvimento que torna a mocidade desta boa terra; de
dos mostram em aperfeiçoar-se nos seus trabalhos, mor- pessoas de fora da Província ouvimos nós dizer que nas
mente naqueles que sabem que têm de ser expostos de- Províncias do Sul do Império não existem colégios mais
pois da distribuição do prêmios marcados por lei; encóra- bem montados.
jado pelo feliz resultado que tenho obtido daquelas pe- Era extraordinária a concorrência, no primeiro dia, de
quenas exposições, resolvi, ano passado, convidar os ar- pessoas de todas as classes da sociedade que iam adm irar
tistas e o público em geral para que concorressem à expo- os objetos de ane muito bem-dispostos nos salões do
sição com seus trabalhos, sendo tão feliz no cumprimento estabelecimento, feitos pelas alunas. Mencionaremos de
LUIZ DE MELLO

passagem alguns que prenderam nossa atenção - um len- As alunas na manhã desse dia tendo ido ouvir missa
ço de bordado branco, um quadro a matiz e froco, um ramo na capela dos Educandos, ao passarem pela frente da casa
de ouro, uma relojoaria, feitos pelas delicadas mãos da do vice-cônsul dos Estados Pontifícios, foram cobertas de
Exma. Sra. D. M. L. M .; as coroas do Brasil e Portugal, flores pelas senhoras e cavalheiros que ali se achavam.
outro ramo de ouro e um cão, pela Exma. Sra. D. Z. A. da S. A conco1Tência ao estabelecimento à tarde e à noite fo i
P.; uma paisagem a froco, uma almofada, pela Exma. Sra. D. extraordinária. (A Imprensa, 17/8/1861,p. 3).
A. A. C.; uma pegadeira e uma carteira, pelas Ex.mas. Sras.
Aguiar; um pavão e um leão, pela Exma. Sra. D. E. Vilhena, COLÉGIO NOSSA SENHORA DA GLÓRIA
e muitos outros bordados a froco e bordado branco, por
diferentes alunas, tudo digno de se admirar; havia além O dia 15 do corrente, 16º aniversário deste estabeleci-
d isso espécimes das Exmas. diretoras, como bordados em mento de e levada educação feminina, sob a direção das
papel a matiz, em espelho a froco, obra de vidri lho, con- três Exmas. Sras. Abranches, foi de grande festividade na
chas, ponto de croché, etc. nossa capital para todas aquelas pessoas que têm em su-
Consta-nos que depois da missa, que se celebra na bido apreço instituições desta ordem; custou, porém já
capela do colégio em todos os dias santificados, compare- temos dois colégios na nossa Província, sem invejar o de
cerá a comissão do j úri que tinha de distribuir os prêmios, qualquer outra, nem mesmo os da Europa. Em qualquer
composta das Ex mas. Sras. D. Maria Fernandes Silva e D. deles encontram os pais para as suas filhas perfe ito co-
Margarida P. Costa, tendo faltado algumas senhoras con- nhecimento da moral, das letras e das artes.
vidadas para o mesmo fim, por motivos justificados, e dos Às 7 horas da manhã, guiadas pelas Ex mas. diretoras e
llmos. Srs. Fernando Luiz Ferreira, Manoel Antônio dos pelos respectivos professores, entraram no estabelecimen-
Santos e Jorge M. de Lemos e Sá, a qual depois de ter to dos Educandos Artífices 122 alunas, todas uniforrniza-
examinado rudo, deu o seu veredicto para a distribuição das, isto é, vestidas de branco e com laço azul. O Sr. tenen-
dos prêmios. te-coronel Maya, diretor dos Educandos, polido e cava-
Colégios desta ordem, aos quais desejamos longa du- lheiro como é, com o corpo doce nte foi encontrar o cortejo
ração, merecem toda a solicitude de seu público ilustrado. na entrada com a banda de música, e em alas conduziu
Maranhão, 6 de agosto de 186 1. esse buquê até a entrada do templo, em cuja ocasião dois
X jovens educandos lançavam flores sobre as colegiais.
(A Imprensa, 7/8/186 J, p. 3).
Findo o sacrifício da missa celebrada pelo revdo. cône-
go magistral Dr. Manoel Tavares da Silva, o diretor fran-
COLÉGIO NOSSA SENHORA DA GLÓRIA queou todo o alojamento do estabelecimento que foi visi-
tado pelo Colégio Nossa Senhora da Glória; o que feito, e
As diretoras avisam ao responsável público que no
formando no pátio em frente à capela os briosos educan-
dia 15 de agosto corrente terá lugar no seu colégio uma
dos e m alas, as colegiais e diretoras, receberam elas uma
exposição - das 4 horas da tarde às 1Oda noite, de todos
alocução da literária Sociedade Ateneu Maranhense, re-
os novos trabalhos elaborados pelas alunas do mesmo
presentada por uma comissão de nove membros, com os
colégio; e terão ingresso todas as p essoas que se apre-
seus distintivos, da qual foi relator o sócio orador Antônio
sentarem decentemente vestidas.
Bernardino Jorge Sobrinho.
As diretoras - D. Amância Leonor de Castro Abran-
No regresso, os educandos fizeram as mesmas honras
ches e suas irmãs.
que haviam dispensado na recepção, acompanhando as
(A Imprensa, 14/8/1861, p. 3).
colegiais até o seu edifício o tenente-coronel Maya e a co-
missão do Ateneu, conduzindo aquele e o relator desta as
RARID AD E
Exmas. diretoras de braço. Louvamos e muito a preferência
O Sr. John Wetson, engenheiro americano, encontrou do templo que dá o Colégio Nossa Senhora da Glória para o
e trouxe do Pindaré um tronco de jenipapeiro, digna rarida- ato religioso de sua festividade. É a prova mais solene da
de da natureza. É a fi gura de uma mulher em meio-corpo nossa civilização, a maior honra e a confissão mais plena
tendo as pernas cruzadas, faltando-lhe apenas o pé em que se pode fazer da moralidade dos órfãos da Província.
uma das pernas, o outro mostrando estas de sapato raso. Às 4 horas da tarde teve começo a visitação da exposi-
A parte dos pés era a raiz da árvore. ção dos trabalhos do ano que foram muitos e perfeitos.
Consta-nos que o Sr. Wetson tenc iona remeter esta Centenas de familias conconeram à exposição, que esteve
raridade da natureza para o Museu do Rio de Janeiro, ou franca até às 10 horas da noite, continuando a ter visitan-
para a América. Em sua casa no Largo do Carmo pode ser tes no dia seguinte. Aí uns avaliavam a contabilidade e
v.ista por que m quiser essa obra da natureza. (Publicador verificavam as provas de análise gramatical, da tradução
Maranhense, 17/8/1 86 1,p. 2). do francês, etc.; outros, os belos desenhos de figuras e
paisagens, a fumo e a colorido; estes, as diferentes peças
EXPOSIÇÃO bordadas a linha, a matiz, a ouro, e muitos outros trabalhos
de agulha em ponto de marca, de tapete; aquele apreciava
Teve lugar no dia anunc iado (15) a exposição dos tra- a execução de uma bela peça a piano, e todos fin almente
balhos anuais das alunas do Colégio Nossa Senhora da tributavam encômios às diretoras, aos professores e às
Glória. Esses trabaJhos, pelo seu bem-acabado, sustenta- alunas pelos dedicados anos aos estudos.
ram dignamente a reputação e estima merecidas de que As colegiais Aurora de Carvalh o Cantanhede, Maria
goza o estabelecimento . José BalTeto, Raquel Ziegler, Emília Moura, Adele Canta-

66 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

nhede, Águida Barreto, Joaquina de Figueiredo dos Reis e EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA


Silva, Claudina Ferreira da Silva Saltar, Inocência Ferreira e
Rosa Abranchcs são as mais adiantadas: muitas outras A exposição ngrícola na capilal de Pernambuco terá lugar
como Micaela de Almeida, Filomena Gonçalves, Maria de no dia 7 de novembro próximo futuro. As pessoas que quise-
Sousa Mendes, Palmira Zieglcr, Petronília Teixeira, Elvira rem concorrer para a mesma exposição com quaisquer produ-
Jansen Ferreira, Engrácia Correia Teixeira, Alvina Mendes, tos agrícolas naturais, artigos manufaturados ou de Belas-
Joana Pinho, Joana Troça, Rosa Guimarães, Francisca Fur- Artes, são convidadas a examinar as distinções que para o
tado, Amélia Matildes Gonçalves e Rosa de Moraes apre- mesmo fim mandou observar o Governo Imperial, as quais se
sentaram especialidades de verdadeiro primor. acham no escritório de José Francisco Arteiro, na Rua do
Damos às dignas diretoras os nossos emboras pela Trapiche. (Publicador Mara11/re11se, 12/JO/ 1861, p. 4).
justa ovação que receberam do público. (Publicador Ma-
ra11he11se, 19/8/1861, p. 3). FRAGMENTOS DE UM OPÚSCULO
A LEI DE ORÇAMENTO PROVINCIAL
BELAS-ARTES
( ...) Com o restabelecimento da cadeira de desenho e
PINTURA SOBRE CHAMALOTE ou seda, podendo- escultura da Casa dos Educandos, que foi suprimida por
sc fazer qualquer trabalho para almofadas, porta-relógios, economia, não sendo ela de primeira necessidade naquele
sapatos fingindo tapetes, etc. As pessoas que examinaram estabelecimento, vni gastar-se a quantia de 800$000 réis.
na Exposição do Colégio Nossa Se11hora da Glória o pri- Para o conserto do teatro público, aplicou-se a verba
meiro trabalho nesta cidade, são testemunhas do fato en- de 30:000$000 rs., que, sendo insuficiente para a obra, é
cantador deste ramo de pintura, hoje muito usado na Itália e mais que bastante para onerar o Tesouro. (...). (Ordem e
na França. Domingos e Horácio Tribuzi continuam a ensinar Progresso, 2411011861, p. 2).
em casas particulares, podendo ser procurados na Rua do
Sol nº 33. (Publicador Mara11/re11se, 5/9/1861, p. 4). COLÉGIO EPISCOPAL
NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS
ESTÁTUAS DE CERES E FLORA EM 28 DE ABRIL DE 1861

Vendem-se a dinheiro duas primorosas estátuas de Já de tempos, mesmo antes do meu digno e ilustrado
Ceres e Flora, feitas de chumbo, da altura de 5 palmos, com antecessor o Sr. Dr. Urbano, estava como que a extinguir-
os seus competentes pedestais de mármore branco e ver- se a aula de desenho deste colégio, extinção que se teria
melho, de igual nltura, muito próprias para jardins. Podem realizado, não fora a constância do perito professor dela, o
ser vistns na Rua do Alecrim nº 1O. (Publicador Mara - Sr. Domingos Tribuzi; atendendo, porém, esta diretoria às
nlrense, l 41911861 , p. 3). vantagens que de um ensino tão nobre emanam para as
mais artes liberais, e mecânica, levantou a situação 9a dita
(DA) Lei nº 609, de 21/9/1861 aula, montando-a devidamente e em salão apropriado, onde
Capítulo IV recebem lições os pcnsionistns, meio-pensionistas e ex-
Disposições gerais ternos deste colégio; - e bem assim se franqueia a qual-
quer pessoa pequena ou adulta que queira aprender o de-
(...) Art. 37 - Fica criada no estabelecimento dos Edu- senho sob as 1içõcs do Sr. Tribuzi neste colégio, que em tal
candos Artífices a cadeira de desenho e esculrura aplicada caso poderá entender-se com o respectivo diretor.
às artes, cabendo ao professor o ordenado de 800$000 Para melhor regularidade e unifom1idade, nenhum apren-
réis. ( ... )(Publicador Mara11he11SP, 251911861, p. 1). diz comprará os materiais para o ensino, e esses serão
administrados pelo dito professor, entrando os aprendizes
VISTA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO com cota muito menos do que se fosse por si comprá-los,
em vista especialmente dos precedentes, no que finalmen-
te se tomará ao mesmo tempo uma lição de economia.
Consta esta vista bem desenhada e litografada de 3
O diretor - José Ricardo de Souza Neves. (Publicador
estampas grandes, custando a coleção 1$800 réis. Acha-
Maranlrense, 30/10/186 1, p. 3).
se à venda na livraria de Carlos Seidl & Companhia, Rua
Formosa nº 8. ( Publicador Maranlrense, 251911861, p. 3).
CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES
EXPOSIÇÃO
RETRATOS
Não tendo esta Província, por falta de tempo, concorri-
O Sr. capilão do porto anunciou que tem à venda vári-
do com coisa alguma para a exposição que em virtude das
os retratos do Sr. Joaquim João Inácio. Esses retratos vie-
ordens do Governo Imperial deve ter lugar na Província de
ram para serem distribuídos gratuitamente pelos eleitores
Pernambuco e outras, no corrente mês, e desejando con-
do primeiro distrito, mas (lempora 11111/antur!) hoje quem
correr quanto cm si couber p~m1 o progresso das Artes e
quiser um ministro da Marinha em bom estado, papel cetim
Ofícios, pretende, com autorização do Sr. presidente da
e doré sur tranche é dirigir-se ao Sr. Barbosa de Almeida,
Província, fazer no mês próximo vindouro (nos dias 15, 16
que os vende pelo diminuto preço de 240 rs! O valor de
e 17) uma exposição de todos os objetos manufaturados
duas libras de carne barata do Sr. Jacarandá! Faz coma.
nas oficinas deste estabelecimento e nas desta cidade,
(Ordem e Progresso, 1O/ 1O/186 1, p. 2).
cujo programa será anunciado oportunamente.
LUIZ DE MELLO

O mesmo abaixo assinado ainda desta vez vem rogar a e o dia marcado para esta festa industrial, em parte também
todos os artistas e curiosos o favor de remeterem com ao desgosto que lavra na sociedade pelos vexames e perse-
antecedência (até o dia 12 de dezembro) aqueles objetos guições por que estão pass3Jldo nesta atualidade de lama e
raros e de primor que têm de figurar na exposição. de crimes tantos cidadãos prestimosos e importantes.
Aos importantes colégios de educação, de um e outro Ainda assim, o tenente-coronel Maya, diretor da Casa
sexo, e a todos os senhores pede o abaixo assinado a dos Educandos, fez os maiores esforços para levar por
graça de enviarem para a exposição quaisquer artefatos de di3Jlte, em tão pouco tempo, esse arremedo das exposi-
primor. Todos os objetos recebidos levarão um rótulo con- ções industriais de outros países, que foi o primeiro a lem-
tendo o nome do autor, a fim de ser aquilatado o mérito, brar e tentar no Brasil.
devendo ser fielmente restituídos depois da exposição. Entre os objetos expostos, além dos diversos lavores
Antônio José Pereira Maya, diretor dos Educandos (A do Colégio de Nossa Senhora da Soledade, que já são bem
Imprensa, 9/11/1861, p.4) conhecidos do público, que não há muitos meses os apre-
ciou, eram para notar-se um quadro de madeira represen-
EXPOSIÇÃO tando em baixo-relevo São João batizando Cristo, do Sr.
Agostinho, uma banca ele embutidos de variadíssimas ma-
Luzida e muito concorrida esteve a festa dos Educan-
deiras, primorosamente feita pelo Sr. Zanini, um quadro a
dos nos dias de domingo, segunda e terça-feira.
óleo pelo Sr. Cunha, uma aparadeira, pelo Sr. Lima, etc.
Conquanto a exposição do ano passado estivesse mais
Pela manhã compareceu o Sr. Primo de Aguiar, que,
brilhante, e fossem em maior número os objetos nela
como presidente da Província, tinha de conferir os prêmi-
apresentados, todavia agora não se podia esperar mais do
os aos educandos que mais se haviam distinguido duran-
que foi feito pelo digno administrador, porquanto não há
te o ano pela sua morosidade ou progressos intelectuais e
trinta dias que foi decidido houvesse exposição este ano, e
industriais.
em tão curto prazo bem pouco se poderia fazer. Os trabalhos
S. Exa. não pediu à sua minguada roda que compare-
dos educandos, que se achavam expostos na primeira sala,
cesse para fazer-lhe cauda. Em falta dela, esteve completa-
eram dignos de especial atenção, sobretudo as obras de
mente isolado, sem que nenhum dos espectadores se che-
sapateiro e alguns couros de veados surrados e preparados
gasse a ele, que tão corrido eslava de si que nem ler um
no estabelecimento, do modo o mais perfeito possível.
O esmerado zelo do Sr. tenente-coronel Maya fez com ridiculíssimo discurso escri10 o pôde fazer, e ainda menos
que de ano para ano se vá notando na Casa dos Educan- distribuir os prêmios.
dos melhoramentos muito sensívei e bem extraordinári- Com muita graça o nosso colega da Ordem e Progres-
os. No dia 15 houve a distribuição dos prêmios aos alunos so descreve esta cena ridícula:
mais adiantados, e em todos os dias reinou a mais perfeita "O discurso de S. Exa. é a notícia ela mo11e do Neves; e
ordem e animação. a declaração de ser o trabalho também riqueza, coisa que
Alguns traba"1os de agulha feitos pelas alunas do Co- até então era sabida só pelo ilustre discursador. Por oca-
légio Nossa Se11hora da Soledade, e um belo quadro do Sr. sião de distribuir os prêmios aos alunos, S. Exa. esteve tão
Righini representando a vista de uma fonte em Alcântara, atrapalhado que conferia a medalha destinada a distinguir
eram os objetos mais dignos de atenção entre os artefatos o que dera provas de tocar bem clarineta a educando que
não pertencentes aos educandos. merecia o prêmio de moralidade, e dava ao da clarineta o
Já que o Maranhão não concorreu à Grande Exposição prêmio devido à moralidade; sem dúvida porque a clarine-
de Pernambuco (por desleixo, incúria e inaptidão do nosso ta, sendo quase um clarim, este sendo da Monarquia, é o
presidente) foi justo que tivéssemos, ainda que pequena, mais legí1imo representante da moralidade pública. Enfim
a nossa exposição, para que se visse que temos produtos S. Exa. esteve ridicularmente apalermado e prestou-se ao
iguais a muitos dos que figuraram na Exposição de Per- dcsfnite, ao som da banda de música que tocava o hino.
nambuco, e que se não mandamos coisa alguma para ela, Quem te mandou largar as navalhas, ó digno ri vai do Bexi-
deve-se ir procurar a razão, não na carência dos objetos, ga?" (O Progresso, 21/ 12/ 186 I, p.4).
mas sim ... nas navalhas do presidente da Província.
O digno administrador dos Educandos pode estar sa- EXPOSIÇÃO
tisfeito com a festa no seu estabelecimento; com ela por
mais uma vez veio confinnar o conceito que todos fazem Nos dias 15, 16 e 17 do corrente esteve abet1a, no esta-
de seu zelo e esforço. (A Imprensa, 18/12/1861, p. 2). belecimenlo dos Educandos A11ífices desta Província, a
exposição não só dos produtos manufaturados pelos pró-
EXPOSIÇÃO DOS EDUCANDOS prios educandos, como também dos que foram oferecidos
por quase todos os artistas da capital e pelos colégios
A festa industrial dessa mocidade desvalida, que a Pro- Nossa Senhora da Soledacle e da Glória.
víncia como mãe solicita tem adotado, é sempre um aconte- Logo ao amanhecer do dia 15 foi anunciada a abertura
cimento recebido com prazer pela população desta capital. de tão nobre festejo por girândolas de foguetes e pela
Este ano, não houve tanta animação, nem o concurso banda de música do estabelecimento que tocou variadas e
foi tão copioso e variado como nos anteriores. Foi isso bonitas peças. O pátio e o jardim do edifício estavam to-
devido, em grande parte, ao pouco 1empo que mediou en- dos enfeitados e embandeirados, tremulando em frente do
tre a resolução definitiva de fazer-se a exposição, porquan- salão principal da exposição os pavilhões nacional, portu-
to só em novembro é que a Presidência resolveu permiti-la, guês, francês e inglês.

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Pelas 7 e 30 da manhã apresentou-se S. Exa. o Sr. presi- Raimundo João Carneiro, que nunca aprendeu o desenho
dente da Província, Dr. Francisco Primo de Souza Aguiar nem a escultura; duas mesas de diferentes madeiras da
com seus ajudantes, sendo recebido pelo Corpo de Edu- Província, começadas por um estrangeiro e concluídas por
candos que fom1ou cm linha à entrada do estabelecimento. um educando, sendo a maior delas de um trabalho muito
-S. Exa., depois de ter ouvido a missa respectiva, celebrada apurado; e finalmente diversas obras de alfaiate feitas com
a grande instrumental, percorreu os salões da exposição, bastante asseio e gosto.
acompanhado por grande número de pessoas gradas da O Sr. Sérgio Antônio Vieira também apresentou uma
sociedade, inclusive muitas senhoras. Dirigindo-se ao edifí- amostra de vinagre extraído da banana.
cio superior, aí na sala dos exames, dignou-se distribuir os
Posto que esta exposição fosse preparada no curto
prêmios destinados aos educandos que no corrente ano
espaço de trinta dias, sendo por isso impossível apresen-
mais se distinguiram por suas capacidades moral, intelectu-
tar-se maior número de trabalhos feitos com gosto e per-
al e industrial - e pronunciou nessa ocasião uma alocução
feição; todavia não foi ela inferior à dos demais anos, sem
análoga a tão solene ato, a que respondeu de maneira satis-
dúvida, devido ao incans;ívcl zelo do mui digno diretor
fatória um pequeno educando. Às dez horas da manhã S.
dos Educandos, o Sr. tenente-coronel Antônio José Perei-
Exa. retirou-se, recebendo as continências devidas.
ra Maya, que com justiça foi durante aquele ato felicitado
Das três horas da tarde cm diante foi o estabelecimen-
pelos seus amigos e por muitos dos espectadores.
to novamente franqu eado ao público e a concorrência con-
tinuou até às 20.30. Durante este tempo tocavam alterna- O exemplar compo11amcnto dos educandos em todo o
festejo foi mais uma prova exuberante do quanto o seu diretor
damente as bandas de música dos Educandos e do 5º Ba-
talhão de Infantaria. se tem esforçado para que no futuro esses moços se tomem
cidadãos morigcrados e reconhecidos à Província, que lhes
As colegiais de Nossa Senl1ora da Soledade e de Nossa
facultou os meios de poderem obter uma posição decente na
Senhora da Glória, as educandas do Asilo Santo Teresa e as
sociedade. (Publicador Marcmhe11se, 26/12/1861, p.2).
alunas do Colégio Nossa Senhora dos Remédios também
concorreram a visitar o estabelecimento e a exposição.
PUBLICAÇÃO PEDIDA
Os trabalhos que na exposição mais atraíram a atenção
do público, pelo primor de arte. foram os seguintes: - um
Acha-se enfim colocado na Escola Agrícola. em um
quadro esculpido cm cedro, representando São João bati-
zando a Jesus Cristo, pelo Sr. Agostinho Ferreira Alves; quadro dourado e com molduras, o muito parecido retrato
do Exmo. Sr. conselheiro João Lustosa da Cunha Parana-
uma secretária e uma cômoda fabricadas na oficina do Sr.
guá - estampado cm tela e a óleo, o qual mandaram os
Miguel Arcanjo de Lima; diversos bordados a ouro, a ma-
tiz e a froco, lindas almofadas também bordadas a matiz, lavradores e negociantes desta Província tirar com o pro-
tapetes em relevo, lenços bordados, charuteiras de camur- duto de uma subscrição que entre si promoveram, e ofere-
ça bordadas, tudo preparado nos colégios Nossa Senhora ceram ao dito estabelecimento em memória do seu digno e
da Solcdade e Nossa Senhora da Glória, que são dirigidos, ilustrado fundador, cx istind.:> o retrato há muito em.poder
aquele pelas Exmas. Sras. Cmmini, e este pelas Exmas. Sras. da Com issão Diretora por falta de um lugar próprio em que
Abranchcs; uma almofada bordada a froco, cm cetim bran- fosse ele exposto.
co, pela filha do Sr. A. X. da Silva Leite; dois quadros a Publicamos esta notícia cm satisfação aos senhores
óleo do Sr. Righini, representando uma vista d!! capital e subscritores, particularmente àqueles que ignoram os mo-
outra de Alcântara; dois ditos também a óleo, dos Srs. tivos de uma tal falta, e pela qual se incomodava
Bílio e Cunha; dito fei tos a froco e a matiz sobre fundo de Um dos interessados.
cera, pelas Sras. Serra Lima e Aurora Pinheiro. ditos a fumo (A lmpre11sa, 26/12/186 1, p. 3).
e coloridos pelo Sr. Tribuzi e :.eus discípulos; um retrato
de marfim, cm miniatura, e um quadro representando a ca- BELAS-ARTES
beça de um tun;o fonnado por um grupo de mulheres, do
Sr. F. P. Franco de Sá; retratos fotografados pelo Sr. J. do Os abaixo as~inados continuam a ensinar cm casas
Reis Rayol e pelos Srs. Neve~ & Companhia: chapéus à paniculares desenho linear, ditos para bordados matiza-
Garibaldi para senhoras, pelo Sr. E. R. D. Bastos; um dito dos e picado:., ditos de figura de paisagem e ornamentos,
para homem apresentado pelo Sr. Geminiano Antunes Ri- e a pintar sobre papel. pano. seda e marli m. Lecionam igual-
beiro, o qual é tão perfeito como os fabricados na Europa; mente em sua casa, Rua do Sol nº 33, nas quintas-feiras
um álbum de veludo e duas encadernações preparadas das 8.30 às 1Ohoras da manhã, e nas quartas-feiras e sába-
pelo Sr. A. J. de Aguiar Magalhães; uma colher de pau feita dos das 7.30 às 9 da noite.
no Pará por um índio, com corrente e chave da mesma Mensalidade da aula nas quintas-feiras: 2$000
matéria, e as Armas Imperiais debuchadas em relevo num Dita de dita nas quartas-feiras e sábados: 4$000
ovo de galinha, pelo Sr. A. de B. e V. S. Todo o material para o desenho será fornecido grátis.
Também mereceram a atenção pública pela sua perfei- O ensino de entalhar e escultura aplicnda às artes ne-
ção os seguintes objetos manufaturados pelos educa11- cessárias será dado cm horas convencionais.
dos, e que se achavam em um salão separado: - um guar-
da-roupa feito pelo educando carpina Felipe Tiago Perei- Maranhão, 2 de janeiro de 1862
ra; chinelos abertos a canivete; couros de veados surra- Domingos Tribuzi
dos, que pela sua maciez assemelhavam-se a veludo; dois Horácio Tribuzi
trabalhos de desenho e escultura do educando alfaiate ( Publicador Maranhens.t, 11/ 1/ 1862, p. 3).
LUIZ DE MELLO

IRMANDADE DE SANTA MARIA DO assim como quadros para retratos. O mesmo encarrega-se,
SOCORRO, ERETA NO CONVENTO DE NOSSA por empreitada, de pintura de casas, o que tudo promete
SENHORA DAS MERC~S fazer com perfeição e por preço mais cômodo que qualquer
outro. (Pubiicador Maranhense, 23/6/1862, p. 4).
A Mesa Administrativa da irmandade de Nossa Se-
nhora do Socorro faz público que no dia 4 do próximo mês GESSO PARA MOLDURAS
de maio do corrente ano terá lugar a festa da mesma santa,
na igreja em que é ereta a sua irmandade, constando de Em casa de José Francisco Arteiro há para vender al-
véspera, missa solene com sermão, e procissão à tarde, a gumas barricas com gesso para moldar imagens. (Publica-
qual percorrerá as ruas de costume. dor Maranhense, 26/6/1862, p. 4).
A mesma mesa roga a todos os devotos de Santa Maria
do Socorro hajam de - não só concorrerem com alguma jóia ANÚNCIOS
para o leilão, que terá lugar no mesmo dia, como também RUA DE NAZARÉ
com amigos, os quais tomarão o ato mais solene e brilhante.
Aos senhores irmãos recomenda-se que não deixem Na loja de Diogo Manoel de Souza tem bandejas finas
com ricas pinturas, de 8 a 32 polegadas de comprimento.
de comparecer revestidos com suas opas.
(Publicador Maranhense, 2217/1862, p. 4).
Maranhão, 4 de abril de 1862
AOS PINTORES
O secretário da innandade, José Maria Bílio Júnior (Pu-
blicador Maranhense, 11/411862, p. 3). Muito bons pincéis vendem-se
na
UMA PROVA DE RESPEITO E CONSIDERAÇÃO Farmácia Imperial
no
Foi hoje inaugurado, em lugar de honra na sala do Re- Largo do Carmo
colhimento de Nossa Senhora da Anunciação e Remédios, em Maranhão.
o venerando retrato de S. Exa. o Sr. arcebispo D. Manoel (Publicador Maranhense, 23/7/1862, p. 3).
Joaquim da Silveira. Por essa ocasião a Revma. Superiora,
donatária do retrato, a Exma. Sra. D. Mariana de Azevedo TÚMULO
Sacramento, mandou celebrar uma missa votiva pela con-
servação dos preciosos dias e saúde de S. Exa. Revma., e Concluiu-se ontem a colocação no Cemitério dos Pas-
para que Deus o preserve dos males da presente vida e o sos de um túmulo para depósito dos restos mortais do
tome digno dos louvores dos seus diocesanos baianos, falecido José Ferreira da Silva, do Sr. Agostinho Coelho
como ainda é e sempre será dos maranhenses. Fragoso e seus descendentes.
Este procedimento da Exma. Sra. Superiora do Recolhi- O mausoléu é de mármore de cós, de bela aparência e
mento é o testemunho mais solene e cordial de sua grati- estilo gótico em forma de capela, tendo em seu interior um
dão para com S. Exa. Revma., pelos imensos benefícios carneiro com cinco jazigos de cada lado. Foi fei to em Lis-
feitos ao Recolhimento durante o seu governo, e pelos boa pelo escultor Cesani, e colocado aqui pelo escultor
que de lá mesmo continua a prodigalizar a bem da orfanda- Francisco de Oliveira.
de aí asilada; e recorda igualmente, aos maranhenses, es- É a primeira obra deste gênero que temos, e por isso me-
rece ser vista. (Publicador Maranhense, 13110/1862, p. 2).
ses nove anos de episcopado, cuja saudosa e grata memó-
ria jamais será riscada dos corações verdadeiramente re-
ANÚNCIO
conhecidos.
São Luís, 24 de abril de 1862 Francisco Peixoto Franco de Sá ensina desenho em
Da Coalição casas particulares. Pode ser procurado na Rua da Madre
(O Eclesi6stico, 24/4/1862, p. 118). Deus nº 72t (Pu~licador Maranhense, 23112/1862, p. 3).

MOVIMENTO DE PASSAGEIROS MOVIMENTO DE PASSAGEIROS

Entrados no vapor Apa, em 30 de abril: Entrados no vapor Caxias - dia 5:

Do Pará - M. José Pinheiro, J. Inácio Coelho, G. Vene- De Caxias - Tenente Pedro Luís Manoel de Jesus,
re, J. Stephi, M. Morichelli, M. José Fernandes. (Publica- cabo, 13 soldados, 1 espingardeiro, 10 recrutas e 3 meno-
dor Maranhense, l º/5/ 1862, p. 2). res, Francisco de Brito Pereira e l escravo, Jácome Ulisses
e ~ua inn.ã, José Antônio Pinheiro, João Bendical e l es-
ESCULTOR crava, l dita a entregar, Domingos f>esidério Marinho. (Pu-
RUA DA CRUZ, 2 blicador Maranhente, 91111861: p. 3).

O escultor Francisco Luiz Marques faz saber ao respei- UM ALUNO DISTINTO


tável público que faz imagens de madeira, encarna-as e dou-
ra com a maior perfeição, conserta palanquins, entalha flo- Da correspondência de Lisboa para o Correio Mer-
rões de madeira para tetos de sala, dando-os já dourados, cantil do Rio extraímos o seguinte:
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Tem estado exposto ao exame p1íblico, 11a livraria de SAÍDA DE CARDOSO HOMEM
S ilva Júnior, no Rocio, um primoroso trabalho feito a MOVIMENTO DE PASSAGEIROS
pe11a por um aluno do colégio denominado Ginásio Go-
di11ho, o Sr. João José lopes, de idade de 16 anos, natu- Saídos no vapor Oyapock em 12:
ral de Caxias, Proví11cia do Maranhão. Para o Rio: José de Albuquerque Cardoso Homem, Dr.
Esta obra delicada é 11ma cópia feita à pena com tin- Antônio C. de Berredo e 1 criado, conselheiro Francisco
ta da China do magnífico q11adro do grande Rafael de José Furtado e L criado, D. Maria Laurentina, Manoel da
Urbino, a Família Sagrada. (Publicador Mara11hense, 16/ Costa Sampaio, Dr. Viriato B. Duarte e sua senhora, Luísa
1/1 863, p.2). C. da Conceição e 1 filho, Dr. Simplício de Souza Mendes e
1 criado, 6 escravos a entregar. (Publicador Maranhense,
PRETA PARA ALUGAR l4/4/ 1863, p. 3).

Domingos Tribuzi precisa alugar uma preta escrava, RETRATOS A ÓLEO


idosa, que saiba cozinhar, gomar e tratar de uma casa de JOÃO BINDSEIL
famíl ia; precisa-se também de um moleque. Quem os tiver e
quiser alugar dirija-se à Rua do Sol, casa nº 33. (Publica- retratista a óleo da escola alemã, há pouco chegado a
dor Maranhense, 19/ 1/1 863, p. 3). esta capital, oferece a este ilustrado público os seus servi-
ços; promete no desempenho da sua arte empregar todo o
BELAS ARTES zelo, para satisfazer a quem o honrar com encomendas.
O mesmo abriu a sua oficina na casa de morada do
Domingos e Horácio Tribuzi continuam a lecionar de- Ex mo. Sr. Manoel Pereira Brito Meireles, Rua da Estrela nº
senho e pintura, em casa particular e na sua - Rua do Sol 66. (Pub/icadorMara11/ze11se, 17/4/1863, p. 3).
nº 33. (O Constitucional, 21/2/1863, p. 3).
QUADROS
MOVIMENTO DE PASSAGEIROS
Vimos em uma loja de fazendas na Rua Grande nº 7
quatro quadros de estampas coloridas, que nos pareceram
Saídos no vapor Cr11zeiro do Sul - em 8 para o Pará: -
de muito bom gosto. A exatidão e a graça dos contornos e
D. Helena P. de Barros Azevedo e 1 filha, D. Cândida de
subcontornos, o lustro dos corpos acetinados e o ar imen-
Almeida Torres e 1 filh a, Alberto Nadler, José João de Cas-
so que os destaca, os perfeitos escorços de alguns deles,
tro, João Venere, alferes Benedito Ferreira Sandes. (Publi-
tudo nos faz crer que aqueles quadros conquanto tenham
cador Maranhense, 91311863, p. 3).
dois palmos, talvez, de largura. são obras fotográficas, ha-
bilmente coloridas. (O Artista, 18/4/1863, p. 4).
BELAS-ARTES
O SR. BINDSEIL
Domingos Tribuzi avisa a seus discípulos cm particu-
lar e em geral aos amantes de. desenho e pintura que ele
Acha-se entre nós o Sr. Bindseil, notável pintor ale-
acaba de receber da França as tão afamadas caixas de tinta
mão, que se dedica aos trabalhos especiais de retratista e
para aquarela da casa de Monrocq Fréres de Paris, conten-
pintura histórica.
do cada uma 2 1 tintas, 5 pincéis, 4 pratinhos de louça,
O Sr. Bindsei1 está há muitos anos no Brasil, tendo
caneta, lápis; o melhor método de pintura de aquarela com- residido a princípio em Pernambuco, onde criou escola e
posto de 85 páginas, 8 Lraslados coloridos finíssimos, 3 deixou discípulos, e depois no Ceará e no Piauí, para as
ditos em fumo, papel necessário numa pasta, e que tudo se matrizes de cujas capitais preparou quadros históricos de
acha dentro de lindas caixas de nogueira com fechadura, e valor.
vende pelo módico preço de 22$000 as maiores, e as meno- O Sr. Bindseil toma-se notável pela sua inteligência e
res por 11$000 cada uma. sentimento das cores, pela semelhança dos seus retratos,
O mesmo tem também à venda em sua residência, na e é por certo digno da atenção e proteção dos nossos
Rua do Sol nº 33, riquíssimos modelo. , ao preço de 3$000, compatriotas.
2$000, 1$000e500 rs. cada um; papel para desenho, cane- Os artistas da ordem do Sr. Bindseil devem ser sempre
tas, csfuminhos, pincéis avulsos, métodos completos de muito apreciados. (A Coa lição, 21511863, p. 3.)
desenho de fi guras, paisagens, ornamentos, pássaros, bor-
boletas, o que tudo vende por preços razoáveis. RETRATOS
(P11b/icador Maranhense, 16/3/1863, p. 4). RUA DE SÃO JOÃO N° 46

NOVO ALTAR João Manoel da Cunha, retratista a óleo e desenhista,


anuncia ao respeitável público que sempre se encontrará a
Convidamos os amadores para apreciarem o belo aJ ~ar qualquer hora do dia cm sua oficin a, pronto a satisfazer
e nicho que se está erguendo no convento Nossa Senhora com brevidade e exatidão os trabalhos de seu gênero que
das Mercês para Santa Maria do Socorro. lhe forem encomendados. Também dá lições das matérias
É um ótimo trabalho de escultura que muita honra faz que ficam ditas, tanto em sua casa como nas de seus alu-
ao seu autor, tornando-se digna de elogios a respectiva nos; e tudo por módicos preços. (Publicador Maran.hen-
irmandade. (Publicador Maranhense, 17/3/1863, p. 3). se, 19/5/1863,p.3).
LUIZ OE MELLO

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL Art. 2° -Aos pensionistas acima mencionados se abo-


nará para despesas de viagens a quantia de um conto de
A Comissão de Instrução Pública apreciando devida- réis, sendo quinhentos mil réis para cada um; ficando eles
mente a petição do cidadão Domingos Tribuzi em que pede obrigados, depois de concluírem seus estudos, a servir na
que esta Assembléia aproveite o grande gosto e vocação Província por espaço de três anos.
que há manifestado seu fi lho de nome Horácio Tribuzi pelo Art. 3° - Ficam revogadas as disposições em contrário.
desenho e pintura mandando-o estudar na Itália, é de opi- Mando portanto a todas as autoridades a quem o co-
nião favorável ao peticionário. nhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cum-
1° - porque é geralmente reconhecida a necessidade pram e façam cumprir tão inteiramente como nela se con-
de promover-se o estudo e desenvolvimento das Belas- tém. O secretário do Governo a faça imprimir, publicar e
Artes cm nossa Província; correr. Palácio do Governo do Maranhão, em sete de julho
2° - porque só no estrangeiro se encontram os gran- de mil novecentos e sessenta e três, quadragésimo segun-
des mestres, os modelos e tudo o que pode tomar um do da Independência e do Império.
artista completo; Ambrósio Leitão da Cunha
3° - porque o jovem Horácio Tribuzi oferece garantias Estava o selo.
de aproveitamento; Carta de lei pela qual Vossa Excelência manda exe-
4° - finalmente porque os serviços gratuitos sabidos e cutar o decreto da Assembléia Legislativa Provincial,
atestados que a esta Província há prestado o peticionário a11tori:;ando o presidente da Província a mandar estu-
lhe dão direito a esta retribuição. dar na Europa os jovens Horácio Tríbuzí e Joaquim Bel-
Portanto, a Assembléia Legislativa Provincial fort Sabi110, como acima se declara.
Decreta: Para Vossa Excelência ver.
Art. 1º - Fica a Presidência autorizada a mandar estudar Roberto Augusto Coli11 a fez.
desenho e pintura na Itália, ou em outro país, o jovem Horá- (Coleção de Leis, Decretos e Resoluções da Província
cio Tribuzi com o subsídio anual de novecentos mil réis. do Maranhão, 1863).
Art. 2º- Ficam revogadas as disposições em contrário.
Sala das Comissões da Assembléia Legislativa Provin- GOVERNO DA PROVÍNCIA
cial do Maranhão, 27 de maio de 1863 Expediente do dia 4 de agosto de 1863
José Belanníno H. da Cunha
A. O. Comes de Castro ( ...)Ao inspetor do Tesouro Público Provincial. - Ten-
José Mariano Comes Ruas do resolvido dar execução à Lei Provincial nº 666, de 7 de
(Publicador Maranhense, 30/5/ 1863, p. 2). julho último que autoriza esta Presidência a mandar estu-
dar os jovens Horácio Tribuzi e Joaquim Belfort Sabino,
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL aquele desenho e pintura na Itália, e este na Inglaterra
20ª Sessão em 27/5/1863 teórica e praticamente as artes mecânicas, que dizem res-
peito à profissão de engenheiro prático, percebendo cada
( ...) Teve segunda leitura o parecer da Comissão de um deles um conto de réis anualmente por espaço de três
Instrução Pública sobre a petição de Horácio Tribuzi. - É anos; haja Vmc. de admitir os pais dos ditos menores, me-
julgada objeto de deliberação e vai a imprimir. (Publicador diante fiança idônea, a assinar termo para o cumprimento
Maranhense, 12/6/1863, p. 1). do disposto na última parte do artigo 2º da referida lei,
depois do que lhe mandará Vmc. fazer o abono da quantia
VISTAS DO MARANHÃO decretada para as despesas de viagem. Para ter lugar o
recebimento da pensão anual, deverão apresentar trimes-
Três estampas litografodas na França. tralmente nessa repartição atestados, devidamente reco-
Vende-se por 2$000 rs. nhecidos pelos cônsules brasileiros naqueles países, de
na sua freqüência e aproveitamento nas matérias indicadas.
Livraria de Carlos Seidl ( ... )(Publicador Maranhense, 7/8/ 1863, p. 1)
Rua de Nazaré nº 36
(A Coaliçcio, 20/6/1863, p. 4) (O anúncio abaixo indica cm que trecho da Travessa
do Sineiro residiu o pintor Domingos Tribuzi, antes de
LEI Nº 666, DE 7 DE JULHO DE 1863 mudar-se para a Rua do Sol).

Ambrósio Leitão da Cunha, presidente da Província TUDO É BOM, BEM-FEITO E BARATO


do Maranhão. Faço saber a todos os seus habitantes que
a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu sancio- Excelentes doces secos, fin os e sortidos, também de
nei a lei seguinte: calda de todas as qualidades, e comidas para fora - na
Art. 1° - Fica o presidente da Província autorizado a casa nº 1Oda Travessa do Sineiro (calçada que desce para
mandar estudar na Europa os jovens Horácio Tribuzi e a praça do novo mercado) mora José Martins de Lemos.
Joaquim Belfort Sabino, aquele desenho e pintura na Itália Continua a encarregar-se de almoço e jantar diários para
e este na Inglaterra teórica e praticamente as artes mecâni- fora, e mesmo assinantes para comerem na dita casa em
cas que dizem respeito à profissão de engenheiro prático. mesa redonda.
percebendo cada um deles um conto de réis anual, por Prepara-se qualquer peça para jantares grandes, comi-
espaço de três anos. das para sítios, e assim mais presuntos de fiambre, arroz

<?./Q) 72 <?./Q)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

doce, creme, pastelão, pão-de-16 e de manteiga, pudins de tem provas e as dá de que mais úti l e simpática ainda não
pão, de batatas e de laranjas, torta de queijo, pastéis de se consolidou na Província. (A Coa lição, 10/9/ 1863, p. 2).
nata - tudo com muito asseio, prontidão e cômodo preço.
(Publicador Maranhense, l 3/8/ 1863, p. 4). ASSOCIAÇÃO TIPOGRÁFICA

GOVERNO DA PROVÍNCIA Como é costume festejou no dia 8, a expensas de seus


Expediente do dia 29 de agosto de 18 63 sócios, a Associação Tipogdfica a posse de seus novos
empregados, cm sessão magna. A esta sessão estiveram
( ...)Ao inspetor do Tesouro Público Provincial. - Res- presentes, além de quase todos os sócios efeti vos e hono-
pondendo ao seu ofício nº 144, de 24 do corrente, tenho a rários, o Exmo. Sr. presidente da Provfncia, S. Exa. o Sr.
d izer-Lhe q ue, visto não ter sido sancionada a Lei de Orça- bispo diocesano, comissões das sociedades li terárias e
mento Novíssima, que consignava fundos para o paga- beneficentes e grande número de pessoas gradas.
mento do subsídio anual e para as despesas de viagem À entrada da casa onde te ve lugar a sessão, estava
dos jovens Horácio Tribuzi e Joaquim Belfort Sabino, que uma iluminação arranjada com o maior gosto e esmero, no
mandei estudar na Europa, na conformidade da Lei 666, de centro da qual se via o retrato de Gutemberg, trabalho do Sr.
7 de julho últi mo, devem ser feitas essas despesas como João Belfort, e por ele oferecido à Sociedade. Era também
Vmc. indica, por conta dos 3:300$ réis de que trata o pará- digno da admiração de todos um quadro feito pelo Sr. José
grafo 5° do artigo 18 da Lei 630, de 5 de dezembro do ano Martins Arfas, cm transparente com ricas bordaduras, no
passado.( ...) (Publicador Mara11he11se, 2/9/ 1863, p. I ). qual se lia o nome de Gutemberg. Este quadro foi também
oferecido pelo seu autor à Associação Tipográlica.
ASSOCIAÇÃO TIPOGRÁFICA MARANHENSE Depois dos d iscursos proferidos pelo presidente ho-
norário, que presidiu a sessão, o Dr. Antônio Henriques
Teve ontem lugar a sessão solene da Associação Ti- Leal, pelos relatores das comissões e alguns sócios, foi
pográfica, na casa do presidente da sociedade José Maria oferecido aos convidados um copo dágua muito bem ser-
Corrêa de Frias. O concurso numeroso de cavalheiros de
vido, durante o qual se fizeram brindes análogos ao feste-
todas as c lasses e hierarquias, a presença dos Exmos. Srs.
jo e ouà·os. (O Paiz, 11/9/ 1863, p. 3).
presidente da Província e reverendíssimo Sr. bispo dioce-
sano, bem claro indicam o grau de interesse que desperta
GOVERNO DA PROVÍNCIA
essa associação tão simpática e que tão bem conduzida e
Expediente do dia 12 de setembro de 1863
encaminhada se tem avantajado no desenvolvimento prá-
Despachos- Dia 12:
tico dos fi ns a que tão nobremente se propõe.
Depois de aberta a sessão. na sala para esse fim adere-
D. Antônia Peixoto Franco de Sá. - Fica expedida ordem
çada, e lidos alguns discursos por parte das comissões de
para que ao filho da suplicante seja abomda para as despe-
diversas associações e de alguns senhores sócios hono-
sas de viagem, ajuda de custo igual à que foi marcada a
rários e efetivos, o Dr. Henriques Leal, presidente honorá-
oulTOS pensionistas pelo art. 2° da Lei Provincial nº 666, de 7
rio, disse algumas palavras sobre o motivo da festa, desfo-
de julho último. (Publicador Maranhense, 161911863, p. 1).
lhando tristes saudades sobre o túmulo do Sr. João Lis-
boa, nome caro às letras pátrias e sempre presente na me-
mória dos que tratam de assuntos literários. GOVERNO DA PROVÍNCIA
Empossada a nova mesa e proferida, pelo Sr. presiden- Expediente cio dia 16/9/1863
te, uma interessante alocução, foi oferecido um opíparo
copo dágun aos circunstantes. ( ...)Ao inspetor do Tesouro Público Provincial. - Em
As salas preparadas com capricho e bem ornadas, os solução ao seu ofício datado de ontem, nº 156, declaro a
aparelhos tipográficos todos enfeitados e cobertos de flo- Vmc. que a quantia de quinhentos mil réis que mandei
res, davam à festividade um ar risonho, e cada vez corro- adiantar ao pensionista João Duarte Peixoto Franco de Sá,
borava a idéia que o público forma de tão úti l associação, para despesas de viagem, deve ser levada à conta do sub-
na qual o trabalho é considc1ado uma festa, a caridade e a sídio que lhe foi especialmente marcado pelo parágrafo 5º
união, uma tarefa espontânea. do artigo 18 da Lei Provincial nº 630, que rege o atual exer-
O serviço da mesa estava excelente, e nessa ocasião cício, visto que nela o legislador compreende desde logo
foram proferidos alguns brindes pelos senhores presiden- as despesas de viagem consideradas pela Lei n" 624, de 27
te da Província, reverendíssimo bispo diocesano e alguns de setembro de 186 l , com referência à de nº 1O, de 5 de
outros senhores sócios e convidados. maio de 1835.
Um trabalho artístico e muito bem-acabado chamou a Dado o caso de que a quantia de três contos e trezen-
atenção de todos, na sala onde achavam-!.e os prelos e tos mil réis, votada no art. 18, parágrafo 5° da dita Lei de
mais instrumentos tipográficos. Era um delicado transpa- Orçamento, não comporta as despesas que por ela mandei
rente caprichosamente aberto a canivete e apresentando fazer com o pensionista Ricardo Ernesto Ferreira de Carva-
arabescos e bordaduras as mais graciosas e originais tio lho, que se acha estudando agricultura cm Grignon, em
centro do qual se lia o nome do imortal Gutemberg. conseqüência de não ter sido consignado no atual exercí-
Esse bonito trabalho foi pelo seu babilidoso autor, Sr. cio crédito especial para seu pagamento, assim como com
José Martins Arêas, oferecido à Associação Tipográfica. os pensionistas Horácio Tribuzi e Joaquim Bclfort Sabino,
Bem haja a Associação Tipográfica Maranhense, que que ultimamente mandei estudar, em virtude da Lei nº 666,
longe de ver o seu conceito desmaiar entre nós, cada dia de 7 de julho do coHente ano, o primeiro - desenho e

<VQ) 73 <VQ)
LUIZ DE MELLO

pintura na Itália, e o segundo na inglaterra, teórica e prati- Este nosso comprovinciano, cujos trabalhos são sem-
camente as artes mecânicas que dizem respeito à profissão pre muito bem-acabados, vive quase ignorado, aprontan-
de engenheiro prático, em razão de não ter sido sanciona- do um ou outro serviço que se lhe encomenda, ao passo
da a Lei do Orçamento Novíssima, que Lhes consignava que qualquer tratJaJho deste gênero em geral manda-se vir
crédito, deverá Vmc. oportunamente comunicar-me qual o de fora por preço elevado, e às vezes não superior pelo
pagamento de todas as pensões, porque então, se a ne- lado artístico. (O Paiz, 31/ l O/1863, p. 3).
cessidade se der antes da abertura da Assembléia Legisla-
tiva Provincial, tomarei o alvitre lembrado por Vmc., em ANÚNCIO
seu ofício de 24 de agosto passado, de considerar como
crédito suplementar a quantia autorizada na Lei nº 666, O imaginário Francisco Luiz Marques avisa ao respei-
com os subsídios aos ditos pensionistas Tribuzi e Belfon. tável público que tem exposta na sua casa, Rua da Cruz nº
Por esta ocasião declaro mais a Vmc. que ao pensionis- 21 , a imagem do venerando e glorioso Senhor Bom Jesus
ta Franco de Sá deverá, além da quantia que já mandei dos Passos, de Parnaíba, a qual pode ser vista pelas pes-
adiantar-lhe para despesas de viagem, ser-lhe abonada a soas que quiserem. (O Paiz, 3/ 11 / 1863, p. 3).
pensão para três meses mediante a devida fia nça e aten-
dendo à sua falta de recursos, como me representou. (Pu - MOVIMENTO DE PASSAGEIROS
blicador Mara11he11se, 21/9/1863, p. I). Saídos no vapor Camocim em 5:

EMBARQUE DE HORÁCIO TRIBUZI ( ...)Para o Ceará: João Bindseil, quatro presos de justi-
MOVIMENTO DE PASSAGEIROS ça. (Publicador Maranhense, 6111/1863, p. 3).

Saídos no vapor Tocantins em 20: BELAS-ARTES


Para o Pará: José Alves de Sousa Paraíso, Isidoro José
Gomes, Pedro Gonçalves Pereira, Raimundo Rosa Rodri- Na livraria do Sr. Carlos Seidl está exposto à venda um
gues, Basílio Antônio da Silva, Raimundo Brito Pereira, Dr. quadro do Sr. Righini, representando uma bela paisagem
João José Vieira, Romão José de Mello, Pulquéria Maria da de um regato cercado de frondosas árvores e entre essas
Silva, Antônio Barbalho, Horácio Tribuzi, Artur Short. (Pu- dois paus-d'arco em roxo e amarelo íloridos. É um quadro
blicador Maranhense, 211911 863, p. 3). muito pitoresco e desenhado com muita perfeição. (O Paiz,
16/211864, p. 2).
RETRATOS
RUA DE SÃO JOÃO N° 46 MOVIMENTO DE PASSAGEIROS
Entrados no vapor Pn"ncesa em 25:
João Cunha, retratista a óleo e desenhista, anuncia ao
respeitável público que sempre se encontrará pronto e apto Do Pará: - João Venere, L. Sucgin, Cincinato A. dos
a fazer os trabalhos de sua arte que lhe forem encomenda- Santos, Jane Fletcher e 1 filha, Manoel J. P. T. de Mello e
dos. - Também dá lições das matérias que ficam ditas, Albuquerque e 1 criado, Marcolino P. Gomes, Manoel J.
tanto em sua casa como na de seus alunos. Gomes, Lourenço A. Dias, Manoel V. dos Santos. (Publi-
(Publicador Mara11/ie11se, 10/10/1863, p. 4). cador Mara11hense, 261211864, p. 2).

ATENÇÃO MOVIMENTO DE PASSAGEIROS


Saídos no vapor Princesa cm 26:
Grande quadro representando o Conselho e sentenças
pronunciadas pelos pérfidos judeus contra Nosso Senhor Para Pernambuco: ( ...) (último da lista): João Venere.
Jesus Cristo, quadro muito interessante para se ver a sen- (Publicador Maranhense, 29/211864, p. 2).
tença que cada um dos judeus deu, julgando o Nosso
Salvador-vende-se na Livraria do Largo de Palácio nº20. CAXIAS
(Publicador Maranhense, 1411011863, p. 3).
De carta que recebemos dessa cidade colhemos as se-
AVISO guintes noticias:
(...)No dia 22 o Sr. Luiz Belli deu um concerto, seguido
João Bindseil, cidadão alemão, retira-se desta Provín- de baile, no clube do Sr. José da Costa Pinheiro de Brito.
cia. (Publicador Maranhense, 31110/1863, p. 3). Consta-nos que estava muito concorrido e todos retira-
ram-se satisfeitos.
ESTATUÁRIO O Sr. Antônio Fernandes Guimarães, moço muito hábil
e curioso, acaba de fazer um modelo de madeira de uma
Visitamos ontem a oficina do Sr. Francisco Luiz Mar- ponte para o nosso Rio Jlapecuru. O Dr. Torquato, a quem
ques, na Rua da Cruz nº 21, e aí vimos entre outros traba- foi apresentado, diz ser o referido modelo praticável, e além
U1os uma imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos que disso pouco dispendioso. Está um trabalho interessante e
veio de Parnaíba para aqui ser encarnada. O trabalho está seria louvável que Vme. chamasse a atenção do Governo e
feito com tal perfeição que, a não saber-se, d ir-se-ia vinda da futura Assembléia Provincial para a necessidade que
do estrangeiro. há de haver aqui uma ponte. (O Paiz, 12/3/1864, p. 2).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

AVISO Liga do Progresso, jornal do Piauí, é que tivemos noticias


mais completas a seu respeito, e é com o maior júbilo que
Fortunato Ory, tendo de fazer uma viagem ao Rio de as transmitimos aos nossos leitores.
Janeiro, vende a sua máquina de tirar retratos, com uma Em oito meses de estudo apresentou ele, em 1862, uma
porção de preparos químicos, quadros, caixinhas, etc., por cópia do célebre quadro de Rafael, a Sagrada Família,
preço razoável. Quem a pretender pode dirigir-se à sua loja que mereceu da Revolução de Setembro, Jornal do Co-
no Largo do Carmo para tratar do ajuste. (Publicador Ma- mércio, O Português, Opinião, Doze de Agosto e de ou-
ranhense. 15/3/J864, p. 4). tros periódicos portugueses entusiásticos elogios. Eis o
que a esse respeito disse ~ Revolução de Setembro:
UMA RETRATISTA OBRA DE ARTE
Vimos hoje uma obra desenhada por um aluno do
Veio-nos recomendada do Pará a americana Jane Fle- colégio denominado Ginásw Godi11lzo, estabelecido na
tcher, insigne retratista fotográfica, que vem por alguns São Pedro de Alcântara, e que é mais um tíwlo de glória
dias exercer entre nós a sua profissão. para aquele estabelecimento e para o cavalheiro que o
Desnecessário é recomendá-la à proteção do púbJico, dirige. Essa obra delicada é uma cópia feita a bico de
por ser geralmente sabido e conhecido o gênio hospitalei- pena, com tinta da China, do magnífico quadro do imor-
ro dos maranhenses, mom1ente para com os bons artistas, tal Rafael de Urbino - A Famt1ia Sagrada - . É tal a
em cujos números se acha sem contestação a Sra. Fletcher. perfeição deste trabalho que não se pode dizer afoira-
Já vimos, entre outros trabalhos, o retrato tirado por meme que a fotografia não era mais fiel na sua cópia.
ela, do nosso prestimoso amigo e distinto advogado do Não há ali um traço incerto, uma sombra diíbia, um pon-
Pará, Sr. Álvaro Pinto de Pontes e Souza, e nesse cartão to em que a pena se afastasse do lugar que a arte lhe
achamos perfeitamente estampadas as suas feições. marcou.
Ao belo sexo, pois, recomendamos a insigne retratista O aluno mostra que foi iniciado pelo professor nos
e esperamos que ela ao retirar-se deixe e leve saudosas mais delicados segredos na arte de desenhar e) pena, arte
recordações. (Publicador Mara11he11se, 18/3/1864, p. 2). difícil e delicada e que poucos a cultivam com vantagem.
Tem-se consumado o elogio do professor e do aluno,
RETRATOS dizendo-se que este estuda esta classe de desenho há
apenas oito meses, e que contll 16 anos de idade. É natu-
De SS. MM. FF. D. Pedro V, D. Luiz 1, D. Maria Pia, D. ral do Maranhão e chama-se Jotío Lopes de Can 1alho...
João Duque de Borja e o Duque de Saldanha, tudo em O Jornal do Comércio, de Lisboa, concluiu do seguin-
quadros dourados para ornar salas, como também em pon- te modo a sua notícia a respeito do heio quadro do Sr. João
to pequeno para áJbuns. Lopes de Carvalho:
Binóculos de madrepérola, tartaruga, marfim, chagrim. ... Conservou o desenhador, com a maior fidelidade a
etc. com excelentes vidros, vendem-se na livraria, papela- beleza do desenho, a expresstío das sete figuras do qua-
ria e oficina de encadernador de Carlos Seidl, Rua de Naza- dro. O claro-escuro, a disposição do grupo, as roupa-
ré, 36. (Publicador Maranhense, 19/3/1864, p. 4). gens e todos os acessórios estão reproduzidos com rara
correção. As roupas e o fu ndo são a traço, as cores a
DOMINGOS TRIB UZl precisa alugar uma cozinheira e pontinho. A figura de São José, que se vê no fundo, con-
lavadeira e um moleque para todo o serviço. Rua do Sol nº templando a Sagrada Fam ília, é um primor de arte. É
33. (Pub/icadorMaranhe11se, 28/3/ 1864, p. 3). bela a expressão, meiga e suavemente jubilosa da Vir-
gem, e não menos bela a do menino que se lhe vai lançar
ANÚNCIO nos braços. O traço é firme e igual, acomodando-se a
Mme. Fletcher todas as exigências do claro-escuro, a pominho ninguém
Retratista fotográfica dirá que é feito de ponto de pena. Enfim, é um primor de
arte que. honrando o seu jovem autor, dá glória ao Sr.
Tira retratos e cópias com toda a perfeição, Godinho, seu mestre.
e também apronta c:utões de visita e medalhas. O Sr. Godinho encarregou o hábil fotógrafo, o S1:
A anunciante tendo de seguir para a América no pri- Silvério, de fotografar o quadro.
meiro navio que daqui seguir, oferece seus serviços às Esse importante quadro esteve exposto por muitos
senhoras e cavalheiros que deles se quiserem utilizar. dias em Lisboa, e durante o tempo em qur permaneceu
para o que estará sempre pronta todos os dias das 8 às 2 em exposição, era admirndo pelo que havia de mais no-
horas da tarde, em casa de sua residência, tável lá.
Largo de Palácio, casa nº 15, fronteira à casa do Sr. João Lopes de Carvalho rejeitou a qua111ia de oito-
Dr. Antônio Marcelino Nunes Gonçalves. cemos mil réis pelo seu maravilhoso trabalho; reserva-o
(Publicador Maranhense, 1°/4/1864, p. 4). para ir oferecê-lo a S. M. o Imperador D. Pedro li, esse
protetor das artes e ent11siasta sincero deis glórias do seu
UM CÉLEBRE DESENHISTA Brasil.

De há muito que ouvíamos falar no nosso comprovin- A Liga, ao terminar o seu anigo acerca do distinto ar-
ciano João Lopes de Carvalho, filho de Caxias e que em tista, diz:
tenros anos já se vai fazendo conhecido por seus talentos, A Província do Maranhão, que se desvanece de ter
principalmente no desenho a pena; mas só agora, e pela sido o berço de Joãc Duarte Lisboa Serra. de Antônio

<VQ) 75 <VQ)
LUIZ DE MELLO

Joaquim Franco de Sá, de Jocío Francisco Lisboa, de Sirvam estas linhas de resposta ao Veritas, do Publi-
Antônio Gonçalves Dias, de Manoel Odorico Mendes, de cador Maranlzense de 25 do corrente.
Joaquim Gomes de Souza e de tantos outros engenhos Satirev.
raros - poetas, literatos e matemáticos - não será menor (O Paiz, 28/411 864, p. 3).
ufanar-se, como a Itália, em poder, um dia, e a par dos
Sadoletto, Bembo, Guichardim, Paulo Jove, Tasso ou C OMISSÃO IMPORTANTE
Galileu, citar o nome de algum Rafael ou de algum Mi-
guel Ângelo. Veio do Rio de Janeiro encarregado pelo Ministério da
Conc/u(mos dizendo que o gênio deve ser insaciável Marinha para examinar as obras do dique e estudar os
de aplausos; novo Sfsifo, não deve ele jamais descansar. melhoramentos de que precisa o nosso porto o Dr. André
É assim que se tornam imortais os grandes homens. (Pu- Pinto Rebouças, primeiro-tenente do Corpo de Engenhei-
ros.
blicador Mara11he11se, 6141 1864, pp. 1-2).
É de esperar que esta comissão tenha o melhor resulta-
do, pois o Dr. André Rebouças é um dos talentos mais
TRECHO DO TEXTO DO CORRESPONDENTE A
e levados que te m fi gurado na escola central; o seu nome
RESPEITO DA COMPANHIA DRAMÁTICA DE
ocupa um lugar distinto entre os de Gomes de Souza, Vila-
DUARTE COIMBRA
Nova (Manoel), Machado, Lócio, Sobrazil , Monteiro de
Barros e outros.
(...) O repe11ório da empresa é escolhido e variadíssi-
Além dos estudos teóricos em que foi o mais distinto
mo, e para melhor brilhantismo e luxo das representações
do seu tempo escolar, o Dr. Rebouças adquiriu extensos
acha-se contratado um habilíssimo cenógrafo italiano, que
conhecimentos práticos durante dois anos que esteve na
já tem retocado o pano de boca, reguladores e muitas vis-
Europa. (O Paiz, 24/5/1864, p. 2).
tas do teatro, e que continua a retocar outras e a pintar
algumas novas de que tanto necessita o teatro. (...) (Publi- MOVIMENTO DE PASS AGEIROS
cador Mara11/ze11se, 22141 1864, p. 2). Entr a d os

Pensionista - O pensionista desta Província, Sr. Horá- No vapor Cruzeiro do Sul - hoje:
cio Tribuzi,já deu começo a seus trabalhos, e, folgamos de Do Rio: - Francisco A11tô11io das Neves, Alexandre
dizê-lo, com grande apreço de seu professor, como do ates- José de Almeida, 1 soldado. (...). (Publicador Maranhen -
tado deste ao Governo, que corre impresso. (Porto Livre, se, 20/611864, p. 3).
23/4/1864, p. 3).
FROCOS PARA BORDAR
TE ATRO S ANTA ISABEL
Na Rua da Paz, casa nº 7 1 se diz quem vende frocos de
Sobre o debut da Companhia Dramática na comédia seda de todas as cores, próprios para bordar, a 320 réis o
Luxo e Vaidade, diz a Revista d iária do Diário de Pernam- mac inho. À pessoa que comprar de seis macinhos para
buco de 9 do corrente: cima far-se-á abatimento no preço. (O Paiz, 21/6/1864, p. 3)
(...) Quanto à execução, diremos que o drama correu
bem da parte de todos os artistas que à porfia se esforça- C uias pintadas, de gostos inteiramente novos, ven-
ram por desenvolver o pensamento do autor, primando dem-se no Largo do Carmo nº 19, casa de azulejo. (O Paiz,
entre eles as senhoras Maria Pontes, Camila e Bernardina, 2 1/6/1864, p. 3).
e os senhores Tomás, Lisboa e Maurício.
Dona Maria Pontes é artista de mérito e que sabe com- RETRATOS A ÓLEO
preender o seu papel, colocando-o na altura do persona-
gem que representa. João Cunha, retratista a óleo, mudou sua residência
para a Rua das Violas nº 53, onde está pronto para receber
Dona Bemardina, apesar de novel na carreira, tem ta-
os trabalhos de sua arte que lhe forem recomendados. Tam-
lento e deve-o bem patentear nos seguintes espetáculos,
bém leciona desenho cm casas particulares e na sua; pro-
quando lhe houverem passado os receios do público.
mete tudo isto fazer por preços cômodos. (O Paiz, 28161
A Sra. Camila e os Srs. Tomás e Lisboa são conhecidos
1864,p. 3).
do público, e por isso diremos apenas q ue se conservam
sempre os mesmos, digno do seu apreço e estima.
FRANCISCO ANTÔNIO NERY
O cenário novo do 2° e 4° Atos agradou-nos pelo gos-
to e delicado do trabalho, que bem denota a hábil mão que Pintor histórico e retratista, ex-pensionista do Gover-
o executou, e quão útil foi para o teatro a aquisição do Sr. no de S ua Majestade o Imperador cm Roma
Venere, que dentro em pouco levantará do pó, dignas de tem a honra de declarar ao respeitável público desta
serem mostradas ao público, todas as vistas que se julga- capital que ele se d ispõe a aceitar em seu estúdio no
vam inutilizadas, pelo desleixo e nenhum zelo que lhes HOTEL DA BOA VISTA
tinham cm outros tempos. não só aqueles que se quiserem utilizar ao seu présti-
Felicitamos, pois, à empresa, não só pela companhia mo como pintor, retratista, etc. mas ainda como professor
que nos trouxe, como ainda por esse artista que fará renas- de desenho histórico, e de lecionar também o mesmo dese-
cer o nosso palco com o seu pincel. nho histórico em algum colégio, Liceu, ou mesmo casa

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RlY. CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

particular de algum dos Srs. desta capital. (0 Paiz, 25161 pessoas. Houve também cortejo ao retrato de S. M. o lm-
1864, p.3). pcrador, essa usança velha e anacrônica que há muito de-
veria ter acabado. (O Paiz, 30n/1864, p. 3).
INSTITUTO DE HUMANIDADES
REVISTA CONTEMPORÂNEA
A festa colegial da distribuição de prêmios neste colé-
gio, que noticiamos no número passado. foi feita no dia 3 O nº 4 do 5° ano, recebido pelo último paquete, contém,
com todo o brilhantismo e geral satisfação dos que à noite além de outros artigos, um esboço crílico do Dr. Antônio
a presenciaram e dos alunos do estabelecimento. Gonçalves Dias, por M. Pinheiro Chagas, e o retrato do
De manhã houve missa cantada à grande instrumental. mesmo, gravado por um professor da Academia Real das
À tarde, às 16.30, S. Exa. Revma. administrou o Sacramento Belas-Artes de Lisboa. (O Paiz, 10/9/ 1864, p. 2).
do Cristo a alguns alunos do colégio e a outras pessoas.
Em seguida foram distribuídos pelo Exmo. Sr. bispo os prê- CORRESPOND1lNCIA D' O PAIZ
mios aos alunos que mais se distinguiram nas diferences
aulas. Pernambuco, 30 de agosto de 1864
Este ato, que sempre enche a alma de uma doce alegria, Tenninou o conserto do Teatro Santa Isabel. O Diário diz:
e produz o mais benéfico resultado, despertando no cora- "Acham-se concluídos os reparos e pintura do Teatro
ção dos meninos sentimentos de nobre estímulo, foi pre- Santa Isabel, que haviam sido contratados com o atual
cedido de um discurso do lente de retórica e filosofia do empresário dramático A. S. Duarte Coimbra, e é forçoso
colégio, o Sr. Dr. Gentil Homem de Almeida Braga confessar que eles melhoraram muito o material do cdifício
Finda a distribuição dos prêmios, o Sr. Dr. Pedro Nunes que, além do pouco asseio, ameaçava ruína no fon·o do
Leal, digno diretor do instituto, ofereceu ao numeroso con- teto do salão nobre; melhoramentos estes que foram exe-
curso de senhoras e cavalheiros um primoro o copo d' água, cutados sem lucro para o arrematante, mas com verdadeiro
durante o qual se fizeram brindes análogos ao fim daquela gosto e dedicação. Hoje, graças a esses reparos, já se pode
reunião. entrar no teatro e percoITê-lo todo, sem que se lamente o
O estabelecimento oferecia um aspecto alegre e estava pouco apreço que se dava a tão importante edifício.
aberto todo para ser percorrido pelas pessoas que quises- "Além da pintura externa e da lavagem do mármore e
sem. No palco da entrada uma banda de música militar
fachada do edifício, substituíram-se diversas traves dosa-
tocava peças escolhidas. No primeiro salão estavam três
lão, que estavam carcomidas, fez-se um novo estuque e
quadros contendo um, os nomes dos alunos premiados,
guarneceu-se o salão decentemente, e fi nalmente proce-
cm número de 7; 0utro os nomes dos que foram examina-
deu-se à pintura interna de todo o edifício, desde a sala de
dos, que são 70 internos, 24 semi-internos e 33 externos.
espetáculos até aos camarins, desde o andar téITco até a
Um destes quadros, o que tinha os nomes dos premia-
quarta ordem, presidindo a tudo o melhor gosto pos ível.
dos, é um trabalho delicado à pena feito pelo Sr. Francisco
Peixoto Franco de Sá, já muito conhecido por seu talento, "Nas pinturas sobressai a bela e suntuosa barra da sala
professor de desenho do colégio. de espera do teatro, devida ao hábil pincel do nosso com-
Os alunos premiados foram os Srs.: provinciano o Sr. João Nicolau de Paula, que muito o honra.
"Ao pesado e esquisito estuque do salão nobre substi-
Medalhas de ouro tuiu um outro de novo modelo e de gosto delicado, dividido
Luiz Cardoso de Moura cm três partes, havendo no centro de cada uma delas um
Trajano Borges de Abreu Marques emblema, de onde descem os lustres, aumentados agora.
"Ainda aí no salão se procedeu a um melhoramento, e
Medalhas de prata foi a abertura de um óculo, no lugar do nicho, guarnecido
Antônio Vice:nte Ribeiro Guimarães por uma grade de ferro com vinte e uma estrelas, simboli-
Ildefonso Enoque de Berredo zando as Províncias do Brasil, a fim de dar claridade ao
Antônio Eduardo de Berrcdo camarim da Presidência.
Boaventura José de Castro "Achando-se mal colocada a iluminação da sala de es-
José de Carvalho Lobão (O Paiz, 5nt l 864, p. 2). petáculos, procedeu-se a transferência dela para um ele-
gante lustre cm meio do teatro, pouco abaixo da antiga ilu-
FESTEJOS NACIONAIS minação, com 30 luzes que, reunidas às 90 desta, perfazem
120 e são suficientes para darem a luz necessária. Nenhum
Fizeram-se ontem os festejos que anunciamos. A ilumi- obstáculo tem a sofrerem os espectadores dos camarotes,
nação da Praça do Mercado esteve animada e muito con- com essa mudança. porque se acha o lustre colocado de
corrida, e ainda mais realçaria se o retrato de S. M. o Impe- forma que não toma a vi!'>ta a nenhuma das ordens.
rador fosse, não tão imperfeito e mal parecido, que estava "O teto da sala de espetáculos também teve um peque-
longe de despertar essa veneração que todos devemos a no reparo, que produz bom efeito. e foi a pintura das faixas
tão augusta efígie. .. que cercam os camarotes e a clarabóia.
A praça apresentava um aspecto vistoso e festivo des- "A tudo isso se reuniu a execução de três novas vistas
de pela manhã. pintadas pelo distinto cenógrafo o Sr. Venere, entre as quais
Os festejos oficiais correram 03 fonna do costume. A uma sala rica, de belo efeito.
parada, composta dos três batalhões da Guarda Nacional "Tenninando seu contmto, ainda que com prejuízo, o Sr.
e dos dois de Li nha desta cidade, teve grande número de Coimbra provou que não foi o amor de entesourar que 0

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LUIZ DE MELLO ~
atraiu para uma tal obra, mas sim a afeição que Lhe merece o será ouvido, pois não há quem não tenha lido, ou não
Teatro Santa Isabel, e mais ainda poder oferecer, àqueles que saiba alguma das poesias do mavioso cantor.
aí vão assistir aos espetáculos, uma casa digna de estar. Não haja tgoísmo nesta nobre manifestação, não quei-
Felicitamo-lo pela conclusão de seus trabalhos." (O ramos nós ser os que contribuam para honrar a memória
Paiz, 10/9/l864, p. 3). do primeiro poeta brasileiro. A glória do seu nome não nos
pertence exclusivamente, é de todo o Brasil.
BELAS-ARTES Não é cedo. É agora a ocasião oportuna para se levar
avante tão grande pensamento. Trabalhe-se enquanto a
O Sr. José Ricardo deS. Neves, cujo zelo pelo melhora- indiferença e o esquecimento não vierem ocupar o lugar
mento do seu estabelecimento, o Colégio Nossa Senhora da dor, que a perda do nosso imortal comprovinciano tem
dos Remédios, a cada dia desenvolve-se mais, vai abrir trazido a todo o País.
para os seus alunos que queiram, e para os artistas de Não imitemos a geração coeva da Camões, não legue-
ofícios mecânicos, uma aula de desenho aplicado às artes. mos aos nossos vindouros esta dívida de gratidão da Pá-
Por uma módica mensaljdade poderão ali os artistas, tria para que sobre nós não caia a justa condenação que
principalmente os que principiarem o ofício, adquirir oco- os portugueses deste século fazem aos contemporâneos
nhecimento do desenho necessário para a sua profissão. do seu grande épico.
É digna de louvor esta deliberação do Sr. Neves, pois, A Pátria honrando a memória dos seus filhos que maior
mais que S. S., com esta aula tem o público a lucrar. glória lhe trouxeram, honra também a si. O monumento que
O Sr. Neves, animado pela prosperidade em que vai lhes ergue é também o monumento da sua gratidão e do
vendo marchar o seu colégio, redobra de esforços para seu patriotismo. (0 Paiz, 12/11/1864, p. 2).
torná-lo cada vez melhor. Cumpre que o público também o
proteja. (O Paiz, 17/9/1864, p. 2). MONUMENTO A GONÇALVES DIAS

MONUMENTO A GONÇALVES DIAS Ontem a convite do Sr. Antônio Henriques Leal reuni-
ram-se algumas pessoas em sua casa para tratar dos meios
Alguns amigos do ilustre poeta que a Pátria hoje chora de agenciar uma subscrição popular para levantar-se um
lembram-se de levantar um monumento. São eles os se- monumento a Gonçalves Dias.
nhores Francisco Sotero dos Reis, Dr. Antônio Rego e Dr. Deliberaram nomear comissões em todas as classes
Antônio Henriques Leal. para que elas agenciem as subscrições.
Grandiosa como é, tão nobre idéia não pode deixar de É de esperar que nenhuma das pessoas lembradas se
ser acolhida com vivo entusiasmo por todos que sentirem recuse a aceitar uma tarefa tão nobre, e que todas concor-
pulsar-lhes um coração maranhense, por todos os brasilei- ram com as suas dádivas, sejam quais forem .
ros, por todos enfim que forem amantes do que é grande e A espórtula do rico ou do pobre, avultada ou não, será
sublime. tida em igual conta.
Gonçalves Dias era do Maranhão porque Deus deu-nos Nascido do povo, cantor dos seus costumes mais ínti-
a ventura de dar-lhe o berço sob o nosso céu, à sombra das mos, é justo também que o povo concorra pressuroso a
nossas florestas; mas a sua pátria, a pátria do seu estro dar-lhe a prova mais elevada do apreço em que tem a sua
divino, é a pátria dos gênios, é o Mundo; os seus compatri- memória.
otas são todos que têm a alma sensível, capaz de se como- Como se sabe, Gonçalves Dias não tem brasões em
ver contemplando esses entes privilegiados, a quem a Pro- sua família; os seus únicos brasões, mas esses são imorre-
vidência concede a melhor centelha do fogo celeste. douros, são os seus imortais Cantos. É pois ao filho do
Erguem-se monumentos ao guerreiro ilustre que sou- povo, grande poeta popular, que o povo vai erigir um mo-
be sustentar os brios da Pátria no campo da batalha. numento.
Erguem-se ao conquistador, que nadando em sangue Além das subscrições abertas aqui, em Caxias, berço
para lisonjear a louca vaidade da Nação, foi plantar os do poeta, e em toda a restante Provú1cia, dirigiram-se iguais
marcos do País algumas milhas mais distantes. pedidos para todas as capitais do Império e para a Corte
Erguem-se ao navegador famigerado que devassando onde ele tinha amigos dedicados, e há um número infinito
os mares levou a luz e a civi lização aos povos mergulha- de admiradores do seu grande talento.
dos nas trevas da selvageria. No escritório deste jornal está aberta uma subscrição.
Erguem-se a todos que trabalharam em prol da Huma- (O Paiz, 15/11/1864,p. 2).
nidade, e cujos nomes cercam a veneração das gerações
que se vão sucedendo. COLÉGIO EPISCOPAL
Por que há de o poeta ficar em esquecimento, o poeta NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS
que em cada coração tem um monumento?
Por que esse brado de entusiasmo, esse preito que Fechar-se-á o ponto neste estabelecimento no dia 15 do
todos lhe rendem não há de ser traduzido em bronze ou coITente, e a l 6, pelas 9.30 da manhã principiarão os exames
mármore, para que nos séculos futuros se saiba que a ge- gerais do 2º semestre do coITente ano letivo de 1864.
ração que o viu nascer o soube honrar como merecia? Sinto prazer todas as vezes que presto à sociedade
Erga-se o Maranhão todo, e venha depor a sua dádiva qualquer utilidade; assim é que, observando vocação e
para que seja levantado um monumento em honra do seu habilidade para o desenho no aluno externo de latim e
grande poeta, do primeiro dos seus filhos. Apele para todo francês José Benedito CoITêa de Faria, convidei-o por in-
o País, que de todos os ângulos do únpério o seu apelo termédio de seu tio, alferes Ricardo Fatia, para gratuita-

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

mente receber na respectiva aula aquele ensino; e não foi realmente admirável que em tal idade e com dez meses
debalde, porque em dez meses de aprendizagem o jovem incompletos de estudos já trabalhe ele com tanta perfei-
aluno, de quem trato, apresenta um Lrabalho capaz de ser ção. (0 Paiz, 27/12/1864, p. 2).
presente ao público, pelo que será francamente exposto
na sala de desenho deste colégio de 16 a 20 do corrente, TRIBUTO À MEMÓRIA DE GONÇALVES DIAS
para quem quiser ver uma raridade neste gênero em rela-
ção ao tempo de aprendizagem. Dois artistas flumi nenses - os Srs. Pedro Américo de
O diretor, Figueiredo e Mello e Victor Meirelles de Lima propõem-se
José Ricardo de Souza Neves - este a tirar um retrato a óleo do poeta para oferecê-lo à
(OPaiz, 15/12/1864,p.2}. nossa Municipalidade, e aquele o projeto da estátua do
poeta para assim poupar essa despesa à comissão encar-
BELAS-ARTES regada de e levar esse monumento ao gênio maranhense.
São tão louváveis essas ofertas por sua espontaneida-
Não só por mim, se não por meu mano o Sr. capitão de, que todo o encarecimento feito fica aquém do quanto
Antônio Juliano Corrêa de Faria, que se acha ausente na valem. (Publicador Maranhense, 30/3/1 865, p. 2).
Corte do Império, venho às colunas deste jornal dar um
público testemunho de gratidão ao Sr. capitão José Ricar- DE UM RELATÓRIO DE ANDRÉ REBOUÇAS
do de Souza Neves, diretor do Colégio Episcopal Nossa SOBRE O PORTO DE SÃO LUÍS:
Senhora dos Remédios, pelo chamamento de atenção que
fez n'O Paiz de 15 deste mês, dos progressos que tem ( ...) Quanto às observações da escala de marés do
manifestado na aula de desenho meu sobrinho José Bene- dique foram elas feitas alternadamente por dois dos em-
dito Corrêa de Faria, no curto espaço de dez meses, fazen- pregados mais inteligentes que af encontrei.
do exposição de um de seus últimos quadros durante os Além desses observadores constantes, o meu ajudan-
dias de exames; e tanto mais é o meu reconhecimento,
te Sr. J. L Righini registrava também as alturas das ma-
rés sempre que se achava e111 casa, donde se via, por uma
quando esse resultado vem sem dúvida alguma dos des-
feliz coincidência, a escala de marés, estabelecida no
velos e incansável atividade de S.S. dispensados a seus
dique.
colegiais sem distinção alguma, o que já é um título assaz
(Exposição swnáría dos est11dos feitos sobre o Porto
recomendável para tranqüilizar o pai de família que em es-
do Maranhão. pelo engenheiro André Rebouças - Rio de
tabelecimento desta ordem deposita a educação do filho,
Janeiro, 24 de março de 1865, p. 57, s/ed.). (Seção de
na espernnça de recebê-la tal como qui era dar-lhe pesso-
Obras Raras da Biblioteca Pública Benedito Leite).
almente se imperiosas circunstâncias não se opusessem.
A solicitude, o afã com que se emprega S. S. no regime
RETRATOS CURIOSOS
doméstico dos que lhe estão confiados, o arranjo metódi-
co do seu estabelecimento e o que é mais, a escrupulosi-
Tendo feito entrega à Biblioteca Pública dos retratos
dade na escolha dos lentes que lecionam as diversas ma-
dos bispos e missionários que estiveram no Brasil, princi-
térias nas aulas de humanidades, tudo confirma o concei-
palmente nesta Provínc ia, e que foram a ela oferecidos
to que o público devota ao digno Sr. diretor, adquirido
pela viúva do nosso amigo Gonçalves Dias, em cumpri-
pelos muitos fatos de merecimento incontestáveis.
mento de uma de suas últimas vontades, julgamos satisfa-
Receba pois S.S. estas singelas expressões que cordi-
zer à curiosidade daqueles que se dedicam a estudos his-
almente lhe endereço, pela deferência do muito com que tóricos, publicando aqui os rótuJos que traziam esses qua-
me obriga a ser seu tributário. dros pintados a óleo e bem conservados quanto às tintas.
Maranhão, 17 de dezembro de 1864 1- 0 Ex mo. Revmo. Sr. D. Frei Antônio de S. Maria, filho
R. A. Corrêa de Faria desta Santa Província. provincial, Bispo do Maranhão, dos
(O Paiz, 20/ 12/1864, p. 2). ponti fiei ais da Capela Real e de Mirnnda. Faleceu em 1688.
II - O Ex mo. e Revmo. Sr. D. Frei Manoel de S. lnês,
PROMOÇÕES Carmclita Descalço, Bispo de Ângela e Arcebispo da Bahia.
11 1- Frei José do Menino Jesus, indigno Carmelita Des-
Sobre propostas dos respeitáveis tenentes-coronéis calço, nascido na Vila de Jacobina na América, Bispo do
comandantes foram nomeados por S. Exa. o Sr. presidente Maranhão cm 1780; tendo de idade 45 anos não comple-
da Província para os batalhões nº 1 do serviço ativo e nº l tos; transferido depois para o Bispado de Viseu em 1783.
da reserva da Guarda Nacional os oficiais seguintes: Ao Santo novcniado, os Remédios de Lisboa oferece esse
Batalhão nº 1 da Reserva: seu verdadeiro retrato em devida demonstração de seu
Para alferes porta-bandeira, vago por ter sido privado grande afeto e reconhecimento.
do posto Francisco José Brandão de Souza - o guarda IV - O Exmo. e Revmo. Sr. D. Frei Cipriano de São José,
Domingos T ribuzi. ( ...)(0 Paíz, 20/12/1864, p. 3). natural de Lisboa, filho da Província d' Arrabida, lente de
Filosofia e Teologia, pregador da S.A.R., Visitador da Pro-
B ELAS-ARTES víncia de Santo Antônio dos Algarves e d' Arrabida, co-
missário, delegado do Seminário de Bacarris e Bispo eleito
Vimos os trabalhos de desenhos feitos pelo aluno do de Miranda porS. M. Fidelíssima em 20dcjunhode 1769.
Colégio Episcopal Nossa Senhora dos Remédios, José V - D. Frei Diogo de Jesus Jardim, da Ordem do Patriar-
Benedito Corrêa de Farias, menino de poucos anos, e é ca S. Jerônimo, Bispo l l º.

<VQ) 79 <VQ)
LUIZ DE MELLO

VI - Vera efigios Exmi. ae Remi D. D. Fr. Antoni Ab. SARAU E LEILÃO PATRIÓTICO
Exílio, Episcopi Fluminensis et olim Angolenais Ex Abbatis
Hujus Collegii Dominae nostrae ab Stella, etEjus benefac- No dia 23 do passado teve lugar, no Colégio Nossa
toris Armo 1775. Senhora da Glória, o sarau e leilão, antes anunciados, que
VII - O Ilmo. e Revmo. D. Francisco de S. Hieronimo, fizeram as diretoras e alunas de trabalhos seus de agulha,
insigne em letras e virtudes, cônego desta Comarca. De- em benefício das famílias dos maranhenses que sucumbi-
pois de ser duas vezes geral dela, foi vinte anos Bispo do ram na luta contra os selvagens do Paraguai. Foi grande e
Rio de Janeiro, onde faleceu em março de 1721, tendo 73 luzida a concorrência, quer dos brasileiros, quer dos es-
trangeiros, que assim, com seu filantrópico e patriótico
anos de idade.
comparecimento asselaram tão solene ato. Entre os obj e-
VHI - O Padre Fr. Manoel do Nascimento, filho desta
tos leiloados sobressaía um quadro, desenho do Sr. Fran-
Santa Província, sendo eleito Bispo do Pará, renunciou.
cisco Peixoto Franco de Sá, representando o jovem segun-
Faleceu em 1704.
do-tenente ELIÉZER TAVARES (maranhense) no solene
IX - O Padre Fr. Cristóvão de S. José, füho desta Santa
momento em que com brio, valor e sangue frio entusiasma-
Província, Missionário incansável na conversão dos gen-
va os seus marinheiros na heró ica tomada de Paysandu.
tios, pelos seus trabalhos e conhecida Santidade reduziu
A bandeira que nesse colégio se preparava para ser ofe-
muitos ao grêmio da Igreja. Faleceu em 1643.
recida ao 2º Batalhão Expedicionário da Guarda Nacional,
X - O Padre Fr. José de S. Maria, filho desta Santa Pro-
primorosamente acabada, foi ali apresentada, nada exigin-
víncia, Missionário de 42 anos de idade, foi morto pela fé de
do-se por tal trabalho. Ainda louvores mil a essas dignas
Jesus Cristo às mãos dos gentios na llba de Joannes, Esta- senhoras e meninas que tão bem sabem compreender e de-
do do Grão-Pará; seu corpo, ficando no meio do sertão, sempenhar cívicas vutudes. (Porto Livre, 9/511 865, p. 3).
exposto à voracidade dos Brutos, passados seis meses foi
achado inteiro, ileso e sem com1pção. Faleceu em 1701. ESTAMPARIA FINÍSSIMA
XI - O Padre Boaventura de S . Antônio, filho desta
Santa Província, Missionário de singular espírito na con- Na Praia do Caju acham-se, de passagem para o Pará,
versão das almas e inteligências das línguas dos gentios os Srs. italianos - Francisco Citaro e Nicola Conde - que
no Maranhão. Fez com que um mouro, que estava pertinaz vendem quadros da mais bela estamparia, dignos, sem
na sua seita, se batizasse. Morreu na missão em que esta- dúvida, de serem apreciados e possuídos. (Porto Livre,
va em 1697. 17/5/1865, p.4).
XII - O Padre Fr. Boaventura de S. Antônio, fiU10 desta
Santa Província, Missionário de grande espíri to e santida- ANIVERSÁRIO NATALÍCIO
de, como também na inteligência das línguas dos gentios e
sua conversão; pelos seus trabalhos e pregações reduziu e Festejou-se anteontem o aniversário natalício de S. M.
batizou povoações inteiras no Maranhão. Faleceu em 1697. o Sr. Dr. Luizl.Aesse respeito lê-se o seguinte n' O Paiz de
XIII - O Padre Fr. Manoel dos Anjos, filho desta Santa hoje:
Província, Missionário de conhecida virtude. Morreu vin- Anteontem amanheceram os fortes, os navios surtos
do do Maranhão, e sendo lançado ao mar ficou em pé, e no porto e alguns consulados embandeirados em honra
assim o viram os do navio até o perderem de vista. Faleceu ao dia natalício de S. M. o S r. Dr. Luiz L À noite, muitas
em 1641. casas de súditos portugueses e algumas de brasileiros
XIV - O V. Padre Fr. Antônio das C hagas, po1tuguês, estiveram iluminadas.
chamado O Devoto da Virgem Santíssima, filho desta Pro- O teatro estava decorado com bandeiras de diversas
víncia d' A rrabida, nela foi o primeiro que introduziu can- nações, vendo-se na janela do centro a brasileira, tendo a
tar-se a ladairlha aos sábados; residiu muitos anos na Er- seus lados a portuguesa e a italiana. Às 6 horas da manhã,
mida da Serrn do Convento de S. Genoveva donde vinha a ao meio-dia e à noite nos intervalos do espetáculo, uma
matinas todas as noites, gastando o mais do tempo em banda de música tocou no salão tén-eo do edifício. Assis-
louvores e colóquios com a Vugem Santíssima. Teve espí- tiram ao espetáculo os Srs. presidente da Provínc ia, chefe
de polícia e quase todos os cônsules estrangeiros. Os ca-
ri to profético. Resplandeceu em milagres. Faleceu em 2 de
marotes e a platéia reuniram um concurso numeroso de
agosto de 1648, tendo de idade 90 anos.
brasileiros e estrangeiros. O Símbolo da Fraternidade, de
XV - O Mr. Padre Fr. Manoel dos Anjos, filho desta
que fa lava o anúncio do teatro, diante do qual deviam ser
Província, varão de conhecida virtude, o qual morreu vin-
tocados os hinos brasileiro e po1tuguês - eram duas figu-
do do Brasil, e sendo lançado ao mar, ficou em pé e assim
ras representando o Brasil e Portugal. A primeira, um índio
o viram os do navio até o perderem de vista.
e mpunhando o estandarte nacional; e a segunda, um guer-
XVI - O Padre Fr. Martinho da Conceição, filho desta reiro velho com o estanda1te português. Estas figuras es-
Santa Província, Missionário de 33 anos de idade, foi mor- tavam de pé sobre o estrado, em amplexo paternal, dando
to pela fé de Jesus Cristo às mãos dos gentios na Ilha de o índio a direita ao guerrei ro. Tocados os hinos, o Sr. Jorge
Joanes, Estado do Grão-Pará. Seu corpo ficando exposto à Sobrinho leu de um camarote um discurso apropriado, e o
voracidade dos Brutos no meio do sertão, passados seis Sr. Esu·eJa urna poesia, e levantaram-se vivas ao Tmperador
meses foi achado inteiro, ileso e sem coffupção. do Brasil, ao Rei de Portugal, a ambas as nações, aos mara-
Faleceu em 170 l. nhenses, ao Sr. presidente da Província e ao Sr. cônsul de
(Publicador Maranhense, 22/3/1865, pp. 1-2). S. Majestade Fidelíssima.

80 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Em um dos inlervalos o insigne violinisla Muniz Barre- É de esperar que todos os cidadãos que estiverem no
to executou uma composição de Alard, dedicada a D. Luiz. caso de contribuir para tão importante fim se prestem a coad-
Esleve sublime. juvar a Comjssão. (Publicador Maranhense, 26/l/ 1866, p. 2).
Dona Manoela recitou também com sumo gosto a bela
poesia de Camões, Palmeirim. DOM LNGOS TRIBUZI precisa alugar uma escrava que
Consta-nos que a boa vontade do Sr. empresário do sruba cozinhar e majs serviços de uma casa de pequena
teatro enconlrou no Dr. Loureiro, cônsul de Portugal, um fanu1ja. Paga-se bom jornal, agradando. Maranhão, 28 de
valioso auxiliar, para festejar este anjversário, para o que fevereiro de 1866. (Publicador Mara11'1e11se, 61311866, p. 3).
os brasileiros concorreram, pois todos somos gratos ao Sr.
D. Luiz pelos serviços que há pouco prestou ao Brasil no EXPOSIÇÃO
desenlace da nossa questão com a Inglaterra. (Publica-
dor Maranhense, 3 1/10/ 1865, p. 3). Na loja dos Srs. João Luiz da Si lva & Companhia- O
Barateiro - no Largo do Carmo, estão expostos alguns
EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA INDUSTRIAL trabalhos dos senhores Tribuzi e Cunha. São paisagens
de diversos países que os seus autores expuseram para
A Comissão Diretora da Exposição Agrícola, Industrial serem vendidas. (O Paiz, l 2/4/ 1866, p. 3).
e de Obras de Arte elegeu cm sessão de ontem para seu
presidente o Sr. Luiz Miguel Quadros, inspetor do Tesou- HORÁCIO TRIBUZI
ro Público Provincial. Passou depois a tratar de nomear
Comissões Parciais cm diversas localidades do interior. a O nome deste esperançoso mancebo que a expensas
fim de auxiliá-la na aqui ição de objetos para a exposição. da Província aprende pintura em Roma, já é conhecido
Como é sabido, os objetos majs dignos de apreço que nesta cidade por seus 1rabalhos e pelo muito que dele se
se apresentarem na nossa exposição serão remetidos para deve esperar. Não perdemos, porém, ocasião de fazê-lo
a Exposição Nacional, que será aberta em agosto na Corte, mais conhecido, sempre que para isso se nos ofereça al-
para daí serem remetidos para a Grande Exposição Interna- gum ensejo.
cional de Paris. Assim, pois, devemos todos caprichar em Agora tivemos conhecimento de um documento que
tomar esta nossa Festa do Trabalho digna da Província, e nos apressamos a registrar nas páginas do nosso jornal,
verdadeira exibição de sua riqueza natural, do seu adianta- com aquele prazer que sentimos quando podemos falar de
mento industrial e da boa intenção que têm os maranhen- algum maranhense digno de menção. O que se vai ler é um
ses para as artes liberais. atestado do seu professor, reconhecido pelo nosso minis-
tro em Roma.
Com o concurso de todos, brasileiros e estrangeiros,
por pouco que cada um faça, estamos certos que no certa- "Eu abruxo assinado atesto que o jovem Horácio Tri-
me industrial que se vai dar cnlTe as diversas Províncias buzi, brasi leiro, cont inua a estudar incessantemente a pin-
do Brasil, não será a do Maranhão a inferior em produtos tura sob a minha direção, e como sempre tem patenteado
quer agrícolas, quer industriais, quer puramente de artes. muita inclinação a este ramo das Belas-Artes, o que prova
no quadro representando o Comércio, que está acaban-
Os nossos lavradores, os nossos fabricantes, os nos-
do, obra de sua invenção; não duvido assegurar que o
sos artistas que desde já se preparem e caprichem em con-
Brasil nele terá um notável artista.
correr com o produto de seus trabalhos à Exposição Pro-
vincial que terá lugar cm julho deste ano. O tempo é breve;
Roma, 28 de fevereiro de 1866
mas com boa vontade tudo se consegue, o ponto é querer.
Roberto Bompiani, assessor do ministro das Belas-
(Publicador Mara11he11se, 13/1/1866, p. 2).
Artes
Reconheço verdadeira a assinatura retro. - Legação
EXPOSIÇÃO
Imperial do Brasil junto à Santa Sé - José Bernardo de
Figueiredo."
Para comporem a Com1:.o,;ão Diretora do serviço da ex-
A prova de seu aproveitamento temos já no seu qua-
posição que deve ter lugar este ano nesta capital, de Pro-
dro Justiça, ofertado pelo jovem pintor à Província, e que
dutos Agrícolas, Industriais e de Obras de Arte - foram
se acha na sala das sessões do Júri, e noutro~ Lrabalhos de
nomeados os seguintes senhores:
menos vulto que vieram ao mesmo tempo com esse qua-
Dr. Antônio Rego
dro. Novos frutos de sua aplicação estão para chegar, des-
Desembargador Manoel Teixeira Pinto
tacando-se entre eles o quadro de sua invenção represen-
Dr. Antônio Henriques Leal
tando o Comércio, que ele oferece à Casa da Praça desta
Negociante Luiz da Serra Pinlo
cidade. O Sr. H. Tribuzi nestas duas ofertas mostra a deli-
Dr. Antônio Marques Rodrigues.
cadeza de seus sentimt:ntos e quanto é nobre a sua grati-
Foi marcado o dia 18 de julho próximo para a abertura
dão: o seu primeiro trabalho de maior reconhecimento ar-
da exposição, que durará até o dia 28 do mesmo mês. ...
tístico foi para a Província; e do segundo, e primeiro de
S. Exa. acaba de dirigir-se às câmaras municipais, aos
sua invenção, faz presente ao comércio de sua terra natal
delegados e subdelegados de polícia, recomendando-lhes
como a classe que mais diretamente representa a grandeza
que auxiliem a Comissão para que a exposição tenl1a lugar
e prosperidade dela. Toda a remessa, que está a chegar,
de modo que ateste a riqueza da Província e o seu desen-
saiu de Roma para o Havre em 5 do mês passado, e consta
volvimento industrial. destes trabalhos:
LUIZ DE MELLO

l quadro grande representando o Comércio; ORÇAMENTO PARA O ANO


3 retratos em ponto grande representando Miguel Ân- FINANCEIRO DE 1867-1868
gelo, Galileu e Rubens;
2 quadros representando o Verão e o Estio; Capítulo 2º - Parágrafo 6º:
1 representando Diana saindo do banho; ( ...)Com os pensionistas na Europa, inclusive 1:400 rs.
l representando dois meninos Corregio (aquarelas); do subsídio ao pensionista Horácio Tribuzi ... 4 :900$000
Muitos outros estudos de figuras e paisagens a óleo e (...)Capítulo 3º - Parágrafo 6:
aquarelas. (...)Com o pagamento a Domingos Tribuzi do aumento
concedido a seu filho Horácio Tribuzi, em virtude do pará-
Lemos uma carta do distinto jovem, em que ele, na
grafo 7º da Lei nº 722, de 25 de julho de 1864, relativamente
intimidade de filho, diz a seu respeitável pai o seguinte:
ao tempo decorrido de 18 de janeiro a 30 de junho de 1865.
"O ano p. p. remeti ao honrado corpo do comércio da Exercício de 1864 a 1865 ... 181$720 (...) (PublicadorMara-
nossa terra o primeiro fruto de minha invenção, que é um nhense, 91611866, p. 1).
g rande quadro representando o Comércio.
"O meu plano (que já fo i visto) deste trabalho me deu A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
uma grande honra, pois fui por ele admitido ao prêmio dos DECRETA
pintores notáveis como sócio da Academia dos Queriti,
lugar este ansiosamente procurado por muitos e alcança- Art. 1° - Fica o presidente da Província autorizado a
do por poucos. mandar estudar desenho e pintura nas escolas da Europa o
"Estou trabalhando com muito afinco, tanto para dar cidadão Francisco Peixoto Franco de Sá, o qual ficará perce-
gostos ao meu bom pai, como para corresponder às des- bendo um conto de réis anual por espaço de três anos.
pesas que a Província está fazendo com a minha educa- Art. 2° - Ao mesmo se abonará para despesas de via-
ção, pelo que sempre lhe serei muito agradecido. gem a quantia de qu inhentos miJ réis, ficando ele obriga-
do, depois de concluir seus estudos, a servir na Província
"As despesas vão crescendo à medida que vão tam-
por espaço de três anos.
bém se aumentando nos novos estudos.
Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário.
"Os movimentos de tropas têm trazido escassez de tudo
Antônio Teixeira Belfort Roxo
no mercado, pelo que aumentou tudo de preço, e só com Dr. Antônio Henriques Leal
muita dificuldade vou passando com a mesada que tenho. Joaquim Serra
Talvez meu pai me possa obter da Assembléia mais Antônio R. Tavares Bc lfort (Publicador Maranhense,
algum dinheiro, pois já vi a lista dos deputados provinci- 11/6/1866, p. l ).
ais, e entre eles achei muitos amigos de meu pai, e todos eu
conheço como interessados pelo bem da nossa Pátria.'' ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
(Final da carta). S essão de 4/6/ 1866
Será possível que seja negado, a quem tanto trabalha e Presidência do Dr. Henriques Leal
estuda, o que tão pouco pede?
Horácio Tribuzi bem merece da Província porque, como (...)Foi lido e aprovado, sem debate, o parecer da Co-
ele mesmo diz, trabalha incessantemente para correspon- missão de Fazenda e Orçamento relativo ao conteúdo do
requerimento de Domingos Tribuzi pedindo para se lhe
der às despesas que consigo faz o Tesouro. O seu pedido
votar no Orçamento Provincial a quantia de 181 $720 réis. -
é digno de ser atendido, e pelo que parece não terá na
À Comissão de Orçamento. (Publicador Maranhense, 12/
Assembléia Provincial um só voto contra. (Publicador Ma- 6/1866, p. 2).
ranhense, 281511866, p. 2).
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
SESSÃO DO DIA 28 DE MAIO DE 1866 Ordem do dia: - 2• discussão do que autoriza o Gover-
no da Província a mandar o cidadão Francisco Peixoto Fran·
PRESIDÊNCIA DO EXMO. co de Sá estudar pintura na Europa. (Publicador Mara-
SR. DR. HENRIQUES LEAL nhense, 14/6/1866, p. 2).
EXPEDIENTE:
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
(...)Foi Lido um requerimento de Domingos Tribuzi, pai
Matéria adiada da ordem do dia de hoje:
do pensionista Horácio Tribuzi, que está em Roma, pedin-
3ª d iscussão do projeto auto1izando o Govemo a man-
do que se vote desde já fundos para o pagamento dos
dar à Europa o cidadão Francisco Peixoto Franco de Sá es-
dois trimestres de j aneiro a junho de 1865, na importância tudar pintura. (Publicador Maranhense, 16/611866, p. 2).
de duzentos mil réis. -À Comissão de Orçamento.
(...)Foi lido e aprovado sem debate um parecer da Co-
missão de Petições em sentido favorável à pretensão do ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
pensionista Horácio T ri buzi, pedindo durante mais dois ORDEM DO DIA
anos a quantia necessária para se aplicar, em Roma e Paris,
com os mais notáveis pintores. (Publicador Maranhense, Foram aprovados sem debate em 1ª discussão para
8/6/1866, p. 1). passarem à 2ª os seguintes projetos:
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

( ... ) O que autoriza o Governo a mandar à Europa o vem os expositores remeter quanto antes os artefatos que
cidadão Francisco Peixoto Franco de Sá estudar pintura. pretendem expor.
(.. .)(Publicador Maranhense, 161611866, p. 2). Ainda espera a Comissão por obras de marcenaria, charu-
tar"ia, funil aria, de lavor. etc., para abri lhantar a exposição.
LEI Nº 769, DE 27 DE JUNHO DE 1866 Para estimular os expositores, e convencê-los pelo exem-
plo, começamos hoje a publicar pelas classes os objetos
Lafayctc Rodrigues Pereira, presidente da Província que já se acham classificados e arrumados pela Comissão,
do Maranhão. Faço saber a todos os seus habitantes que deixando para o seguinte o das outras.
a As embléia Legislativa Provincial decretou e eu sancio- 1ªClasse- Mármore, pedra em forma de rama. alabastro,
nei a lei seguinte: tronco de palmeira petrificado. duas pequenas pedras em
Art. 1° - Fica o presidente da Província autorizado a fom1a de ramo, pedra com cristais naturalmente lapidados,
mandar estudar desenho e pintura nas escolas da Europa pedra com uma camada cristalizada, pedra de amolar, pedra
o cidadão Francisco Peixoto Franco de Sá, o qual ficará de raio ou machado dos indígenas, objetos estes procedi-
percebendo para este fün um conto de réis anual por espa-
dos dos morros da Chapada e expostos por Antônio Luiz
ço de três anos.
Soares; embira branca petrificada, da margem do Rio Mu-
Art. 2º - Ao mesmo se abonará para despesas de via-
nim, expositor: Pedro Xavier de Lima Marques; 2 pedras de
gem a quantia de quinhentos mil réis, ficando este obriga-
ferro ou machados indígenas, expostos por Sérgio Antônio
do, depois de concluir seus estudos, a permanecer na Pro-
Vieira; andractites ou carvão de pedra, de Cururupu; exposi-
víncia por espaço de três anos.
Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário. tor: Antônio José Pires Lima; conchas de ostras e outras, de
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o Cururupu; expositor: João Marcelino da Silvcira.
conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a 21 Classe - Essência concentrada de caroba, de Caxias,
cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se fabrican te e expositor Manoel Maria da Silva: tinta extraí-
contém. O secretário do Governo a faça imprimir, publicar e da do carrapicho namorado e a planta cabacinha, capim
correr. Palácio do Governo do Maranhão, em vinte e sete contra impingem, cipreste, contra-erva, para tudo, vege-
de junho de mil oitocentos e sessenta e seis, quadragési- tais de Cururupu expostos por João Marcelino da Silveira;
mo quinto da Independência e do Império. leite de guanandi, raízes de ipecacuanha, chá da terra, hor-
telã brava de Cururupu, expositor: Antônio Manoel de
LAFAYETE RODRIGUES PEREIRA Carvalho e Oliveira; extrato de macucu, dito de guanani,
de Cumrupu, expositor: Antônio José Pires Lima; capim
Estava o selo. agreste. almccega de mapá, lei1e de mapa, de Barreirinhas,
Carta de lei pela qual Vossa Excelência manda executar expositor: Francisco Xavier Cuiabá; casca de pau doce. de
o decreto da Assembléia Legislativa Provincial, autorizan- Gurnpi; expositor: Altino Lélis de Moracs Rego; maniva
do o presidente da Província a mandar estudar desenho e de veado, paratudo, malícia, malvaísca de Arari , expositor:
pintura, na Europa, o cidadão Francisco Peixoto Franco Antônio Luiz Soares; raios e ramos de paparaúba, de Via-
de Sá, como acima se declara. na, expositor: Manoel Lopes de Magalhães; almecega, lei-
Para Vossa Excelência ver. te de maparanium, de Monção, expositor: José Barbosa
Roberto Augusto Colin a fez. Lopes; licor de erva-cidreira, de São Vicente de Férrer, ex-
Selada e publicada na Secretaria do Governo do positor: Dr. Pompeu Ascenso de Sá; cipó-chumbo, da llha,
Maranhão, cm 27 de j unho de 1866. exposto pela Comissão; folhas de pariri, resina de pariri, de
Ovídio da Gama Lobo (Coleção de leis. Decretos e Cururupu, expostas por Antônio José Lima.
Resoluções da Provtncia do Maranlriio - 1866). 3ª Classe - Tapioca de forno, puba, vinho de mucá,
dito de jenipapo, vinagre de cana de Curumpu, expositor:
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
Antônio José Pires Lima; tapioca de forno, tapioca de sol,
Sessão do dia 26 de junho de 1866 farinha seca, farinha d' água, tapioca de ar~mlla, arroz bran-
co pilado, açúcar l" sorte, dito cristalizado, dito refinado,
Presidência do Exmo. Sr. Dr. Henriques Leal
mal cristalizado, doce de goiaba, dito de bacuri, dito de ca-
Expediente:
juf, dito de mangaba, vinho de caju, agunrdrnte de cana,
dito de mandioca (tiquira), dita de jenipapo, vinagre de cana,
( ...) Um requerimento de Domingos Tribuzi, tutor de
seu filho Horácio Tribuzi, pensionista da Província estu- vinho de ananás, azeite de gergelim, dito de dendê, exposi-
dando cm Roma pedindo para entrar com prestações de tor o comendador José Joaquim T. V. Belfort; tapioca de
20$000 réis mensais da quantia que porventura receber da forno, dita de araruta, aguardente 38º graus C, de Cumrupu,
casa comercial com que negociar câmbios da Europa: - À expositor: Antônio Correia de Mendonça Bitencourt, vinho
Comissão de Orçamento. (... ) (Publicador Maranhense, de caju, rotafiá de rucum, dito de caju, dito de manga, dito de
1_2n1 1s66. p. 1). .,,. jacama, dito de jenipapo, vinagre ele caju, tucupi, azeite de
tucum, azeite de gergelim, do Cutim, expositor: Sérgio Antô-
EXPOSIÇÃO PROVINCIAL ruo Vieira; creme de ouro, dito de rosa. da capital; expositor:
Francisco dos Santos Franco de Sá; restilo de 25º graus C,
Foi transferida a abertura da exposição desta Província de Cururupu, de D. Maria Barbosa Faria Lisboa, aguardente
para o dia 25 do corrente, tendo ela lugar, como já noticia- de cajueiro bravo, dite de cajá, de Viana, expostos por
mos, nos salões da Casa dos Educando , para onde de- Manoel Lopes de Magalhães.

~ 83 <2./Q)
LUIZ DE MELLO

5• Classe -Algodão de pluma, de Itapecuru, azeite de Parágrafo Lº - Entrarem com bengala ou guarda-chu-
mamona, azeite de coco babaçu, baunilha, fumo em molho, va;
azeite de castanha, expositor: comendador José Joaquim Parágrafo 2° -- Fumarem nas salas;
T. V. Belfort; algodão em pluma, algodão de vorágica, algo- Parágrafo 3º - Tocarem nos objetos expostos;
dão de máquina, de Cururupu, expositora: D. Maria Barbo- Art. 4° - São os visitantes responsáveis pelos danos
sa de Faria Lisboa; algodão de fibra longa, fumo picado, que causarem nos obj etos expostos.
de Cururupu, expostos por Antônio José Pires Lima, fibras Maranhão, 24dejulhode L866
de e mbiras de pé de anta, ditas de guarani, ditas de cheiro- Luiz Miguel Quadros, presidente
sas, ditas de pente de macaco, ditas de estorra, ditas de Antônio Rego
croatá, azeite de andiroba, fruta de andiroba, mel de abelha Antônio Marques Rodrigues
uruçá, dito de tiúba, dito de cachorro, dito de mosquito, Raimundo Jansen Serra Lima
azeite de coco babaçu, resina de Jutaí (Julacica), breu bru- D r. Antônio Henriques Leal
to, breu purificado, de Cururupu, expositor: João Marceli- (Publicador Maranlzense, 2417/1866, p. 1).
no da S ilveira; embira tamari, linho de tucum, de Cururupu,
expositor: Antônio Manoel de Carvalho e Oliveira; azeite EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA
de mamona, de Cururupu, expositor: Antônio Corrêa de
Me ndonça Bitencourt; castanha de andiroba, massa da Em outro lugar publicamos o anú ncio da Comissão Di-
dita, azeite de andiroba, d iversos sabões de andiroba, do retora. convidando a população desta capital a concorrer
Munim, expositores: Antônio Pereira Martins & lnnãos; com a sua presença à nossa exposição.
isca produzida por casa de certa espécie de formiga, cerol Foram classificados mais os seguintes objecos:
natural, resina jutacica, cerol de maçoranina, de Monção, 2• Classe: - Gengibre queimosa, da Ilha, óleo de cupa-
expositor: José Barbosa Lopes. íba, do Gurupi, expostos pela Comissão.
Amanhã continuaremos com a publicação, convidan- 3ª Classe: - 12 vidros com farinha d'água de São Mi-
do no entanto a todos aqueles que tenham objetos a ex- guel, 1 dito com sementes de gergclim, 1 dito comjunça, 1
por, que iram remetê-los o quanto antes ao diretor da Casa dito com arroz indígena, arroz em vagem, semences de men-
dos Educandos. Temos argilas, tauás, giz, pedras e tantos doí, espigas de miU10, sementes de carrapato, expostos
outros produtos naturais da 1• classe, produtos da 2ª, 3ª e
pela Comissão, tapioca de milho, maizena, vinho de caju,
5ª c lasses, que tornam digno de reparo o pouco que há por
dito de goiaba e aguardente de palmito, de ltapecuru-Mi-
ora exposto. (Publicador Mara11/te11se, 20171 1866, p. 2).
rim, exposiror: Dr. Antônio César de Berredo; vinho de
ananás, vinho de jenipapo, de Alcântara, expositor: Marco
EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL
Aurélio dos Reis; óleo de buriti, da Ilha, expositor: Joa-
DO MARANHÃO
quim José Vieira; aguardente de cana, de Itapecuru-Mirim,
expositor: Alexandre Henriques Leal.
A comissão diretora da Exposição Agrícola e Industrial
5º Classe: -Óleo de rícino, dito aromatizado, da capital,
do Maranhão convida os habitantes desta capital para
expositor: Joaquim José Vieira; óleo de castanha do Pará,
visitarem a exposição, do dia 25 até 29 do corrente, na Casa
da capital, expositor: comendador José Joaquim T. V. Bel-
dos Educandos.
fort; álcool retificado, de ltapecuru-Mirim, expositor: Ale-
No dia 25, pelas 7 horas da manhã, efetuar-se-á a aber-
tura na capela dos Educandos e da solenidade religiosa do xandre Henriques Leal; mumutina ou extrato de mucuru.
benzimento da exposição. Latajuba verdadeira, de Cururupu, exposicor: Antônio José
· A sala da exposição estará aberta e franca ao público, Pires Lima; casca taquipé. de Cururupu, expositor: João
no dia 25, desde pela manhã até às 9 horas da noite, e nos Marcelino da Silveira: 4 amostras de madeira, de Penalva,
dias subseqüentes das 5 horas da tarde até às 8 da noite, expositor: Manoel João Vieira; 47 amostras de madeira, do
tocando durante esse tempo a banda de música dos Edu- Guru pi, expositor: tenente-corone l Allino Lélis de Moraes
candos peças escolhidas. Rego; gengibre amarela, da Ilha, exposta pela Comissão.
Maranhão, 22 de julho de 1866. (Publicador Mara - 9ª c lasse: - Uma máquina para di versos usos agríco-
11/tense, 2317/1866, p. 3). las, de Cax ias, exposta por Antônio Fernandes Guimarães.
12" Classe: - Uma pistola, do Alto Pindaré, exposta por
REGULAMENTO João Francisco Ribeiro.
22ª Classe: - Um lenço de labirinto, de Viana, ex.posto
Chamamos a atenção pública para o seguinte regula- por D. Joana B atista Travassos, coleirinho e manguitos de
mento hoje expedido pela Comissão Diretora da Exposição: labirinto, de Guimarães, expostos por D. Maria Firmina dos
Art. 1º - Não será permitida a entrada de pessoa algu- Reis; tapeçaria, bordados, da capital, exposicor: Colégio
ma na sala da exposição sem que apresente bilhete de pas- de D. Rosa Laura Parga Nina.
se, que receberá no po1tão do edifício . 26º C lasse: - Livros e m branco e impressos (encader-
Art. 2º - Os visitantes que não se portarem convenien- nados) da capital, expostos por Carlos Scidl; livros im-
temente dentro da sala da exposição serão advertidos ou pressos, da capital, expostos por Belannino de Matos; li-
mandados retirar pelos guardas. vros impressos, da capital, expostos por José Maria de
Art. 3° - É permitido aos visitantes observarem dentro Frias; um impresso, da capital, exposto por José Maria de
da sala da exposição o chapéu na cabeça; porém expressa- Frias; um impre so, da capital, exposto por José Matias
mente proibido: Alves Serrão; uma carteira exposta por Carlos Seidl.

84 <:/Q)
1
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

27ª Classe: - Uma prova caligráfica, de Viana, exposta De fato, o que era, o que foi e o que é Gonçalves Dias?
por D. Joana Ba1is1a Travassos. Um poeta é um passarinho de gaiola, e o mundo não
33ª Classe: - Tijolos de diversos feitios, da Ilha, expos- marcha por cantigas.
tos por Francisco dos Santos Franco de Sá; potes, bilhas, O que é a Exposição Nacional? Uma sensaboria sem
fogareiros e outros objetos de louça da Ilha, expostos pela 1om nem som; uma gaveta de retalhos, sem novidades nem
Comissão. atrativos!
34ª Classe: - Um chapéu de pêlo para homem, da capi- Boa dúvida!
tal, exposto por Geminiano Antunes Ribeiro & Cia., dois Pois vale lá a pena que o Maranhão passe do que é,
ramos de asas de besouro, cestos, balaios, abanos, vas- desde que tivemos a dita de ser governados pelos capi-
souras, cuias de diversas procedências, expostos pela Co- tães-generais, de saudosíssima memória?
missão; cuias da Ilha, expostas pelo comendador José Jo- Coro enorme, vozeria estrídula e desafinada, sois im-
aquim T. V. Belfort. potente para garro1ear as idéias boas e para destruir o
Belas-Artes - Dois grandes quadros expostos por De- sublime edifício do futuro que, por força, há de ser gerado
siré Trubert; uma miniatura, por Francisco Pcixo10 Franco do presente!
de Sá; paisagens do Sr. Righini, expostas pelo comenda- Mau grado a mofa dos parvos, a indiferença dos ajui-
dor José Joaquim T. V. Belfort. (Publicador Mara11he11se, zados e a preguiça dos indiferenlcs, o dia de amanhã terá
24nl 1866, p. 1). de raiar e aparecer.
Nuvens, cerrações e geadas podem tomá-lo menos es-
EXPOSIÇÃO plêndido, mas ninguém pode encr.ivar a roda do progres-
so, porque ele não conhece a soberania do plus ultra das
O abaixo assinado, tendo obtido permissão da ilustra- colunas de Hércules.
da Comisão, exporá na Casa da Praça, no mesmo dia em A estátua do poeta há de ser erigida, assim como foi
que for exposto o quadro que o seu filho Horácio Tribuzi realizada a Exposição Provincial.
ofereceu ao comércio de sua Província, uma coleção de Menos rica do que deveria ser, como está, contudo
desenhos das suas discípulas mais adiantadas. não desonra a Província que se vê nela representada.
Maranhão, 23 de julho de 1866 A má vontade foi csbrurnr e quebrar-se de encontro às
Domingos Tribuzi instâncias dos que ainda acreditam que o sim vale muito
( Publicador Mara11hense, 25nl 1866, p. 3). mais do que o 1Uio.
Aí está, em uma das salas dos Educandos, franca ao
PRAÇA DO COMÉRCIO exame e análise dos curiosos, a Exposição Maranhense,
graças aos esforços de muitos entusiastas.
Tendo o llmo. Sr. Horácio Tribuzi, atualmente cm Roma, Para os que imaginam que uma exposição é um museu,
oferecido ao corpo do comércio desta Província um qua- jardim de plantas, ou casa de magia branca, a desilusão
dro de sua composição, representando o Comércio, e de- deve ser furiosa e horripilante; para os que esperam maca-
sejando a Comissão da Praça dar um solene testemunho cos verdes, lobisomens e ovos de ouro, aquelas pratelei-
do alto preço em que toma tão delicada oferta, por ordem ras hão de parecer escandalosamente burguesas e sem
da mesma Comissão faço público que o dito quadro estará cerimônias. Mas, para os que sabem de que é que se trata,
exposto no gabinete da Casa da Praça no dia 28 do corren- e o que se prete nde conseguir com estas fes1as do Traba-
te, das 7 horas da manhã às 6 da tarde, para ser visto por lho, o resultado será muito aplaudido, o cometimcn10 será
todas as pessoas que o desejarem apreciar. julgado bem-sucedido.
Sala das sessões da Comissão da Praça do Comércio Pelo primeiro ensaio, e com tanta celeridade, não será
do Maranhão, 23 de julho de 1866. possível fazer mais.
João Marqu1:. da Silva, segundo secretário. (Publica- Se o mui lo que falta advoga ainda mais a riqueza desta
dor Maranhense, 2Sn/l866, p. 3). terra, o quanto figura na Exposição já basta para bem reco-
mendá-la.
FOLHETIM Nas diferentes classes notar-se-ão graves lacunas, mas,
A EXPOSIÇÃO PROVINCIAL a par delas, serão igualmente notadas as amostras de mui-
1a preciosidade metalúrgica, agrícola e industrial!
A classe dos homens sérios é uma das coisas mais Quando se trata de promover a emigração espontânea,
engraçadas, entre as coisas sérias. não há voz mais alta, em prol de tão santa cruzada, do que
O homem grave, positivo e que não come caraminho- essa que sai desses centros prenhcs de esperanças que se
las, nem se eleva por bugigangas, é uma raridade muito chamam Templos da lndlÍstria.
comum, uma trivialidade mui10 exótica. Queremos que o europeu trabalhador saiba com que
Esta bendita criatura faz beiço a tudo quanto cheira à ma1érias-primas pode contar do outro lado do oceano, que
poesia, porque não é coisa ú1il, e encolhe os ombros a julgue do atraso de algumas indús1rias e estimulem-se com
quanta utilidade vai por este mundo, porque é inútil e fora- o desejo de vir aperfeiçoá-las e consolidar o seu futuro.
dc propósitos a tanta gente, abençoada raça! Por isso, toda matéria com aplicação na indústria é dio-
b
Não há muito tempo que se 1achava de puerilidade a na de ser mostrada; por isso, toda indústria, ainda embrio-
ereção de um monumento ao poeta Gonçalves Dias; agora nária, é bem-vinda à grande revis1a.
cstrugem gargalhadas sérias, porque se trata de fazer a Gritem embora os pragucntos, os descrentes e os em-
exposição dos produtos agrícolas, industriais e artísticos perrados que tais objetos são de somenos trabalho, que
da Província! tais produtos são por demais vulgares, deixemo-los nesse

~ 85 ~
LUIZ DE MELLO

estéril declamar, porque não se quer outra coisa além da- Frias e José Matias, e igualmente são primorosas as enca-
quilo que eles condenam. dernações saídas da oficina do Sr. Carlos Seidl.
A sociedade já não admite párias; ela só repele os par- Ainda uma vez asseguramos que a Exposição Provin-
vos e os preguiçosos, e por isso, quem trabalha e quem cial correspondeu à expectativa dos que confiaram naco-
sente na fronte o fogo da inteligência, venha sem medo missão encarregada de promovê-la, e, portanto, vão a ela
com os seus artefatos, que eles serão julgados relativa- grande parte das saudações, a que tem direito, pelos seus
mente, e por eles será aguçada a curiosidade dos que po- serviços e boa vontade.
dem trazer o melhoramento e a perfeição. Mais algum esforço, mais alguma antecedência nas Or-
Na 1•classe dos objetos expostos figuram amostras de dens do Governo Imperial, e a mesma impavidez ante o
mármore, de alabastro e de cristais, carvão de pedra, calcá- esmorecimento, galhofas e o egoísmo dos homens sérios,
rio e muitos produtos que ornam as nossas pautas comer- que teremos feito os mais produtivos serviços em bem da
ciais, corno objetos importados do estrangeiro. grande causa da emigração e do aperfeiçoamento da nos-
Na 2ª classe, tantas e tão variadas substâncias medica- sa lavoura, comércio e indústria.
mentosas, umas a reclamar a análise profunda dos homens PJETRO DECASTELLAMARE'
da Ciência, outras à espera da concorrência dos fabrican- (O Paiz, 28n/1866, p. 1).
tes para serem elevadas ao melhoramento a que já chega-
ram em outras partes, onde talvez elas menos abundem. EXPOSIÇÃO PROVINCIAL
Na 3ª Classe encontram-se vinhos delicadíssimos e de
frutos, vulgares entre nós, mas nem por isso desestima- Encerrou-se ontem a Exposição Provincial.
dos e incapazes de serem convertidos em ótimos ingredi- Foi sempre muito concorrida. Ontem, sobretudo, hou-
entes para o preparo de licores que disputam competência ve imensa afluência: o pátio interno dos Educandos e a
com os mais saborosos que do estrangeiro recebemos. sala de exibição estiveram até mais de 9 horas apinhados
de famíl ias e cavalheiros distintos.
Tapiocas, massas, doces e açúcar preparados com es-
A música e o excelente luar tornavam mais agradável e
mero e grande aperfeiçoamento.
animada essa bela festa do Trabalho.
Entre os produtos agrícolas figuram amostras de dife-
Embora imperfeita, embora não dê uma idéia exata das
rentes espécies de algodão, resinas perfumosas, breu, fi-
riquezas naturais e dos produtos desta Província, a nossa
bras e filamentos de várias qualidades de linho; sabão,
exposição não nos desvaira e não nos deve esmorecer. Corno
cera e mel silvestre de quatro qualidades, óleos, gengibre,
ensaio, como ptimeira tentativa, e à vista do pouco tempo que
arroz, farinha, madeiras de construção civil e naval, de tin-
houve para prepará-la, não se podia esperar que fosse com-
turaria e de marcenaria.
pleta, e o que se conseguiu prova bem os zelos e os esforços
Se a seção destinada aos produtos da indústria fabril
da Comissão encarregada de organizá-la. Nunca são plena-
não tem um representante qualificado, a seção de Belas-
mente satisfatórios os resultados dos primeiros tentames, e
Artes e de Máquinas tem grande razão para ser especi-
nunca foi isso razão para não se persistir na esperança de
alizada.
melhor êxito. (Publicador Maranhense, 30n/ J866, p. 2).
A máquina apresentada pelo Sr. Antônio Fernandes
Guimarães, de Caxias, é digna de uma menção honrosa.
Seu autor, sem os conhecimentos técnicos e sem os re-
(DA) LEI 793, DE 13 DE JULHO DE 1866
cursos de oficinas e instrumentos próptios, indica raras habi-
DESPESA
lidades e grande disposição para esse gênero de trabalho.
A máquina, simplíssima na forma, destina-se a serrar ma- (...)Cap.Irl
deiras, moer cana, descaroçar o algodão, etc. etc., sem com- Créditos suplementares
plicação de máquinas e com enorme economia de braços. Art. 20 parágrafo 6º - Com o pagamento a Domingos
Na parte puramente artística, a Exposição Maranhen- Tribuzi do aumento concedido a seu filho Horácio Tribuzi
se, além dos belos trabalhos de dois distintos estrangei- em virtude do parágrafo 7º do art. 14 da Lei nº 722, de 25 de
ros, mostra com orgulho os quadros do maranbense Horá- julho de 1864, relativamente ao tempo decorrido de 18 de
cio Tribuzi. São realmente belíssimas as marinhas do Sr. janeiro a 30 de junho de 1865, exercício de 1864 a 1865: -
Trubert e as paisagens do Sr. Righini, e para e las chama- 181$720( ...). (PublicadorMaranhense, lº/8/1866, p. 1).
mos a atenção dos amadores.
Mas todas as nossas expressões são poucas para elo-
giar os quadros do jovem maranhense Horácio Tribuz i. RETRATO DO POETA GONÇALVES DIAS
A delicadeza e finura do colorido; a expressão das fisi-
onomias; a limpidez e transparência das águas, a sobrieda- Despachou-se ontem da nossa Alfândega um belo e
de de ornatos, tudo isso são motivos para felicitarmos o primoroso retrato do eminente poeta Gonçalves Dias, pin-
artista, que nos mandou aquelas belíssimas cópias de Ru- tado a óleo por um dos principais artistas franceses.
bens e de outros pintores célebres. É oferecido à Câmara Municipal de Caxias pelo Sr. João
A miniatura do talentoso Sr. Franco de Sá é também Gonçalves Dias, irmão do poeta.
trabalho muito bem-acabado e muito d igno de aprovação. Além de muito parecida a fisionomia de Gonçalves Dias.
A arte tipográfica, que em nenhuma Província do Impé- soube o pintor trasladar para a tela os traços denunciado-
rio se acha mais adiantada do que no Maranhão, está per- res do raro e grande talento do mavioso cantor brasileiro.
feitamente representada nos trabalhos tão nítidos e ele-
gantes do Sr. Belarmino de Matos, nas impressões do Sr. • Pseudônimo do poeta Joaquim Serra.

86 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Consta-nos que vai ser exposto pelo Sr. Dr. Henriques RETRATO DE GONÇALVES DIAS
Leal, encarregado desta Comissão, antes que siga o seu
destino e tê-Jo-ia fei to hoje, aniversário natalício do poeta, Estará amanhã à noite exposto francamente ao públi-
se não fosse tão curto o prazo. (Publicador Maranhe11se, co, no salão superior do teatro, o belo retrato do primeiro
10/8/1866, p. l). poeta lírico brasileiro, Gonçalves Dias.
O Sr. Vicente P. d'Olivcira ofereceu-se para expor esse
FOTOGRAFIAS quadro de um dos célebres artistas franceses, antes que
seguisse para Caxias, no vapor de 22 do corrente.
Acham-se à venda na casa do Sr. Carlos SeidJ fotografi- A variedade do espetáculo de amanhã, a exposição do
as de Gonçalves Dias, próprias para álbuns, tiradas em Paris retrato de Gonçalves Dias, tudo chama a concorrência ao
por Ken, um dos mais acreditados fotógrafos, e segundo nosso teatro, que pelos esforços do empresário em agra-
uma de Dresdcn que o poeta achava muito semelhante. São dar ao público, e pela excelente companhia que com sacri-
dignas de figurar nos álbuns dos apreciadores do ilustre fício mantém, merecia outro auxílio por parte dos amado-
caxiense. (Publicador Maranhense, 10/8/1866, p. 1). res. (Publicador Mara11he11se, 18/8/ 1866, p. 2).

FOTOGRAFIAS DE GONÇALVES DIAS MONUMENTO DO POETA GONÇALVES DIAS

Estão à venda na loja de Carlos Seidl as mais parecidas O espetáculo do dia 3 de maio, dado pelo empresário
e belas fotografias do poeta Dias. do Teatro São Luiz. Sr. Vicente Pontes de Oliveira, para
Por 1$000 réis julga o anunciante que ninguém deixará com o produto auxiliar as despesas da ereção do monu-
de ter cm seus álbuns a verdadeira efígie do primeiro poeta mento do poeta Gonçalves Dias, rendeu, líquidamente, réis
brasileiro. (Publicador Mara11he11se, 13/8/ 1866, p. 4). 1: 168$240, como se pode verificar pela relação publicada
em outra pane deste jornal.
GOVERNO DA PROVÍNCIA A Comissão no dia l 7 fez entrada desta quantia no
Expediente do dia 5/7/1866 Banco do Maranhão.
O dinheiro já adquirido para ereção desse monumento
(...) -Ao presidente da Comissão Diretora da Exposi- eleva-se, descontado o selo, à quantia de 6:320$063. (Pu-
blicador Maranhense, 19/8/1866, p. 1).
ção da Província, Luiz Miguel Quadros. -Comunico a Vmc.,
para a devida inteligência, que acabo de nomear o cidadão
GOVERNO DA PROVÍNCIA
Joaquim Maria Serra Sobrinho para representante por esta
Expediente do dia 1° de agosto de 1866
Província à Exposição Nacional de Produtos Agrícolas,
lndustriais e de Obras de Arte que este ano deve ter lugar
na Corte. (...) A Mr. Desiré Trubert - Acuso o recebimento do
ofício que dirigiu Ymc. a esta Presidência em data de 18 de
Ao cidadão Joaquim Maria Serra Sobrinho. -Em virtu-
julho último, e no qual manifesta o desejo de oferecer a S.
de do disposto no art. 5° das rnstruções de 14 de outubro
M. o Imperador os dois quadros a óleo por Yrnc. feitos e
do ano passado, de que lhe envio um exemplar, acabo de
que figuram na exposição desta Província.
nomear a Vmc. para representante, por esta Província, à
Em resposta, cabe-me declarar-lhe que, anuindo ao seu
Exposição Nacional de Produtos Agrícolas, Industriais e
pedido, tenho dado as providências necessárias a fim de
de Obras de Arte que este ano deve ter lugar na Corte.
que sejam os ditos quadros oportunamente remetidos ao
Fazendo-lhe esta comunicação, espero que Vmc. acei-
Ex mo. Sr. ministro e secret~rio de Estado dos Negócios de
tará o encargo Agricultura, Comércio e Obras Públicas, a fim de terem o
Previno-o de que foram nomeados para a Comissão destino que Vmc. deseja dar-lhes. (Publicador Maranhen-
Diretora da Exposição nesta Província os cidadãos Luiz se. 22/8/1866, p. 1).
Miguel Quadros, como presidente, Dr. Antônio Henriques
Leal, Dr. Antônio Marques Rodrigues, Dr. Antônio Rego e ENTALHADOR MARANHENSE
tenente-coronel Raimundo Jansen Serra Lima, bem como
de que para a abertura da mesma exposição foi marcado o Lê-se n'O Paiz de hoje:
dia 18 do corrente e para o encerramento o dia 28 domes- Na oficina de marcenaria do S1: Salvador Romero,
mo mês. Largo de Palácio. h6 alguns rrabalhos de ralha dignos
Ao tenente-coronel Raimundo Jansen Serra de Lima. - de serem visros, obra do Sr. Joaquim Ferreira Barbosa,
Comunico a Vmc. que nesta data o tenho nomeado para jovem maranhense que o S1: Salvador mandou aprender
membro da Comissão Diretora da Exposição de Produtos a enrolhar no Porro. Já falamos dos progressos desse
Agrícolas, Industriais e de Obras de Arte, em substituição mancebo que hoje se confirmam por documemos irrecu-
ao negociante Luiz de Serra Pinto, a quem acabo de conce! sáveis, que seio os rrabalhos que apresenta.
der dispensa de fazer parte da mesma comissão. - Nós tributamos os devidos elogios tanto ao Sr. Salva-
Espero que Vmc. não só aceitará esse encargo, como dor como ao seu protegido; a este porque aproveitando-se
de bom grado se esforçará para que a mesma exposição se dos objetos que recebe vai-se tornando um artista de mere-
efetue nesta capital no dia marcado, de modo que ateste a cimento, e àquele porque, não obstante ser estrangeiro, con-
natural riqueza da Província e o seu desenvolvimento in- corre com seus esforç0s cm benefício de um filho do
dustrial. (Publicador Maranhense, 13/8/1866, p. l). Maranhão. (Publicador Marrmhensc, 3011O/ l866, p. 2).

<?./Q) 87 <?./Q)
LUIZ DE MELLO

O RETRATO DE GONÇALVE S DIAS nhia Fluvial dos Vapores, em nome do jovem artista mara-
nhense· . ( ...)(Publicador Maranhense, 12/ 12/1866, p. 2).
O Paiz, dando inteiro crédito às palavras de certos
noveleiros, fez ultimamente uma grave censura à Câmara EXPOSIÇÃO NACIONAL
Municipal desta cidade, pela fria recepção que julga fizera
esta corporação, ao receber o retrato do distinto poeta Relatório que enviou à Presidência o Sr. Joaquim Maria
brasileiro que lhe foi oferecido por um de seus innãos. Serra Sobrinho, na qualidade de representante desta Pro-
À vista disto julgamos conveniente dizer duas pala- víncia à Exposição Nacional.
vras a este respeito, para restituir a verdade dos fatos alta- limo. e Exmo. Sr. - Distinguido com a honrosa comis-
mente adulterados. são de representar a Província do Maranhão perante o júri
O presidente da Câmara Municipal, apenas soube que gera l da Expos ição Nacional, venho submeter à considera-
o retrato havia chegado, ordenou que fosse conduzido ção de V. Exa. um breve sumário dos trabalJ1os que me
para o Paço da Câmara, onde foi esperá-lo a fim de desig- foram incumbidos, hoje que se acha encerrada a Exposi-
nar-se a sala onde devia ser colocado, e na qual esteve em ção Nacional.
exposição por espaço de cinco dias. V. Exa. desculpará as muitas lacunas que encontrar
É verdade que não houve esses aparatos de foguetes neste relatório, e, com a ilustração que lhe é própria, supri-
e músicas, que só servem para chamar a concorrência de las-á todas as vezes que assim for mister.
moleques, e que se tomam desnecessários àqueles que Aberta a Exposição Nacional, na Corte do Império, a
sabem apreciar o verdadeiro mérito. Província do Maranhão não foi a última entre as que con-
A Câmara Munic ipal de Caxias, que deu a uma de suas tribuíram para o brilhantismo da festividade industrial.
praças públicas o nome do Cantor dos Timbiras, para per- Confesso, poré m, com pesar, que malgrado os inaudi-
tos esforços da muito d igna Comissão Provincial ; ma lgra-
petuá-lo na memória de todos; que se prestou a promover
do as reiteradas providências do honrado administrador
uma subscrição para o monumento que se pretende levan-
da Província, esta não entrou para o Palácio da Exposição
tar à sua memória, não merece por certo uma tal censura.
adornada de todas as suas galas e pompas naturais; antes
O Amigo da Verdade
notando-se-lhe mais de uma falta, mais de um grave senão.
(A Imprensa Caxiense, Caxias, 1°/1 111866, p. 3).
Os que sabem que a Província do Maranhão sustenta
paralelismo com as mais adiantadas de suas irmãs, no to-
OFERTA
cante ao desenvolvimento e perfeição de certas indústri-
as, não poderiam, entretanto, afirmar esta verdade, visi-
Os assinantes da Casa da Praça, tendo em atenção o
tando as salas da Exposição Nacional e vendo as diferen-
precioso quadro representando o Comércio, de composi-
tes figuras que faziam as Províncias do Império.
ção do Sr. Horácio Tribuzi, resolveram oferecer a este artis-
A ignorância e m que está a massa geral da população do
ta dez ações da Companhia de Navegação a Vapor, no que seja uma exposição, ignorância muito atendível porque
valor de cem mil réis cada uma, em sinal de agradecimento. se trata de uma coisa nova e sem precedentes no Pais, a
(Publicador Maranhense, 6/1 1/1866, p. 2). celeridade das remessas, e, mais que tudo, a difíci l locomo-
ção dos objetos, deram em resultado a omissão, que foi
MOVIMENTO DO PORTO notada, de muitos produtos naturais e manufaturados.
Todavia, tal corno se achava a nossa exposição, ela se
Saídos no vapor Gurupi, hoje 10: recomendava por muitos títulos e foi recebida pela Comissão
Para o Pará: José L. Piguini, João Victor da Piedade e 4 Central com sinceras provas de apreço e de consideração.
fi lhos. (Publicador Maranhense, J 0/ 12/ 1866, p. 3). Quem visitasse o Palácio da Exposição durante os d ias
da pública concorrência, aplaudiria a soberba festa que
PRAÇA DO COMÉRCIO realizávamos em nosso país, e que o acreditava tão valio-
(Do) Re latório da Comissão da Praça samente para com o estrangeiro.
O belíssimo edi fíc io, a disposição e abundância dos
(...) Em conseqüência do aumento do número dos assi- objetos, a amamentação e decoração das diferentes salas
nantes, tivemos na nossa caixa um ativo superior ao dos e parques laterais, era tudo de uma magnilicência digna do
outros anos, aumento que devemos atribuir pela maior parte assunto.
ao zelo do nosso digno tesoureiro o Sr. José da Cunha As repetidas e demoradas visitas do augusto chefe da
Santos. Porém não foi suficiente esta receita para fazer Nação, o desvelo com que ele interrogava miudamente
face a certas despesas extraordinárias, como a colocação sobre as coisas das diversas Províncias, interessando-se
de um mastro na frente desta casa para levantar-se a ban- até pelas menores e menos acabadas; unido isso ao zelo
deira nacional nos dias festivos e de gala, a completa mu- da muito ilustre Comissão Diretora, foram motores do gran-
dança do assoalho da nossa sala de deliberações que se de alvoroço e sofreg uidão com que o povo se tomava tão
achava num péssimo estado, e enfim um donativo ao Sr. pressuroso em examinar as riquezas que o País oferecia às
Horácio Tribuzi, para agradecer-lhe um quadro por ele exe- vistas naquele suntuoso palácio.
cutado em Roma, e que se acha às nossas vistas e nos foi Com exceção de algumas poucas Províncias que. por
remetido por intennédio do seu pai o Sr. Domingos Tribuzi. circunstâncias imprevistas não puderam comparecer à reu-
Deliberamos e ntão pedir aos assinantes novos subsídios, nião, todas as mais ali se achavam, embora não pudessem
e pudemos obter a quantia de réis 1:500$000, da qual se
empregou 1:052$620 para compra de dez ações da Campa- • Rela16rio assinado por l. A111ra11.

<?../@ 88 <?../@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

ser devidamente comparadas pela ordem seguida na arru- Notava-se, porém, a ausência de mui1as coisas que
mação dos produtos expostos. nesse gênero deveríamos ter mandado, avu ltando entre
O sistema de arrumar por objetos similares não me pa- outras a ausência de amostras do cobre da Chapada, do
rece tão vantajoso como o de fazê-los por Províncias. Não ouro de Maracaçumé e dos produtos de ferro fundido e
só o visitante pode fazer um melhor estudo de cada uma batido, saídos da excelente Casa de Fundição que tem a
delas, como também a emulação obriga cada Província a Província.
querer sobrelevar-se. Nada obstante o apreço cm que foram tidas, sobretudo
Tivemos prova com o sucedido acerca dos objetos de as petrificações de madeira, nessa c lasse a Província não
Pernambuco e do Ceará, que, por chegarem tarde, foram teve prêmio algum, por ser vedado, pelo regulamento da
expostos isoladamente e caracterizavam muito melhor as Exposição, a distribuição deste aos produtos dessa clas-
duas Províncias. se, exceto àqueles que tivessem passado por qualquer
Se algum defeito houve a notar na Exposição Nacional, operação ou fabrico humano.
ainda foi ele devido à errada opinião que muita gente for- Tomo a lamentar que a fundição maranhense perdes-
ma do que seja essa festividade, procurando mais enrique- se essa ocasião de ser devidamente apreciada, dando os
cê-la com objetos caprichosos e de fantasia, fabricados bons documentos de sua perfe ição, de modo a distin-
propositadamente para aquele fim; muitos sem cotação no gu ir-sc entre as casas seme lhantes que concorreram à
mercado, e alguns inteiramente desconhecidos nele, por Exposição Nacional.
não serem de indústria certa e cu ltivada no País. As petrificações fora m julgadas dignas de fi gurar na
Via-se desde a quinquilharia mais insignificante até o Exposição de Paris.
objeto de mais valor e magnificência. sendo que, quase Na segunda saJa, destinada às farinhas, féculas, mas-
nenhum ramo de arte, indústria ou ofício deixou de figurar sas, aguardentes, licores, vinhos, vinagres, fumo cm folha
como adiantado entre nós. e preparado, tínhamos magníficas coleções de licores e
Ora, no meu entender, os objetos de uso comum, os vinhos, e bem assim algumas amostras de farinhas e tapi-
produtos de economia diuturna e que formam o grosso do ocas. mas o fumo do Maranhão, tão apreciado e bem repu-
nosso cabedal industriaJ, esses, unidos aos que esponta- tado, não foi presente à Exposição, e mais de uma interro-
neamente nos outorgou a natureza, deveriam ser os que, gação acerca dessa ausência teve de ser feita, sem que eu
de preferência, senão exclusivamente. figurassem nas ex- achasse resposta procedente e razoável.
posições, a fim de poder-se graduar o valor econômico de Nessa seção a Província obteve algumas menções hon-
cada um desses objetos, comparando-os com os do mer- rosas, e foram escolhidas trinta e oi10 garrafas de diferentes
cado estrangeiro, estudando-se o modo de barareá-los, licores e outras bebidas fennemadas, bem como doze vidros
aperfeiçoando-os. de farinhas para serem presentes à Exposição lntemacionaJ.
Mandar à Exposição um trabalho que é o resultado de Na terceira sala, onde foram expostos os cafés e açú-
muitas semanas e meses de um curioso, que significará, car, nós apenas figuramos como expositores deste último
quando muito, a paciência deste, porque é o fruto de mui- gênero. As amostras, além de escnssas, chegaram deterio-
tas horas de lazer, não creio que, com razão, produto seme- radas e estavam pouco dignas de serem tomadas em con-
1hante possa ocupar um lugar nas salas destinadas aos sideração.
objetos que exprimam o grau de adiantamento civil, indus- Na quarra sala, destinada aos ó leos, resinas, matérias
trial e econômico de um país. iluminantcs e colorantes, conservas, doces e produtos agrí-
Porventura o nosso país pode suprir a importação? colas com aplicação na indústria, o Maranhão exibiu di-
Possui e le, de fom1a a abastecer o mercado, tudo aquilo versas amostras de azeite, resinas e doces de frutas, e
que ofereceu aos visitantes da Exposição? Que país civili- nessa classe a Província foi contemplada com uma meda-
zado é esse que produz tudo quanto con<;ome, e que glória lha de bronze e diferentes menções honrosas.
haveria nessa clausura de relações econômicas com as Entre as amostras de objetos pertencentes a esta clas-
demais nações, quando, da livre pem1uta dos produtos é se, quatorze das melhores foram consideradas dignas da
que se deriva o adiantamento de cada uma? Exposição Universal.
Mas, quem examinasse a nossa exposição acreditaria Passo c m silêncio a exposição de redes, panos tecidos
que estávamos no caso de dispensar o concurso dos fa- no País, obras de passamanes, rendas, bordados e traba-
bricantes estrangeiros, visto termos cm casa todos os ob- lhos de fotografia. O mesmo quanto às salas destinadas
jetos precisos à vida, desde o mais necessário até o mais aos produtos de marcenaria, ourivesaria e obras de sapa-
supérfluo. teiro, alfaiate e entalhador.
Deixo, porém, de parte esse reparo, que apenas pode- Entretanto não posso deixru- de ponderar que, em to-
ria provar que a Exposição Nacional esteve abundante até das essas c lasses, o Maranhão teria obtido grande núme-
daquelas coisas que poderiam deixar de ter ingresso nela, ro de prêmios, porque os produtos das demais Províncias,
e que, se aí se achavam, era como prova de aptidão artísti- que foram contemplados, não se avantajaram àqueles que
ca e industrial de indivíduos curiosos. ,. em nossa Província é costume fazer-se.
Lançarei agora uma rápida vista sobre o que diz respei- No salão de pinturas a óleo e objetos de impressão e
to exclusivamente ao Maranhão. encadernação, estivemos perfeitamente representados. As
Na primeira saJa, destinada ao objetos metalúrgicos e coleções tipográficas e os dois belíssimos quadros do Sr.
mineralógicos, havia aJgumas coleções de grés, caJcário. Dcsiré Trubert mereceram gerais aplausos.
crista l de rocha, antracites e petrificações pertencentes a Nesta ocasião vi aiuda mais uma vez conlinnado o alto
esta Província. conceito cm que são tidos os trabalhos tipográficos do

89 ~
LUIZ DE MELLO

Maranhão, que correram parelhas com os melhores da Cor- Apr~sentação de projetos, requerimentos e indicações.
te. Nesta seção a Província obteve diferentes medalhas de (...)Vai à mesa, é lido e sem debate aprovado o seguin-
prata e de bronze, e todas as suas impressões foram julga- te requerimento:
das dignas de ir para Paris. Requeiro que os quadros oferecidos a esta Assem-
Nas salas das máquinas apenas tínhamos um grande bléia pelo cidadão Horácio Tribuzi sejam enviados ao Ins-
modelo vindo de Caxias, que deu ao seu autor o direito a tituto Literário para os ter guardado no salão da Biblioteca
uma menção honrosa. Pública a seu cargo. - S. R. - Joaquim Serra. (... )(Publica-
O algodão, que, se não dá, como o café, o terço da dor Maranhense, 1517/1867, p. 1).
renda do Estado, foi, todavia, o digno êmulo dele na Expo-
sição; o algodão maranhense, tão bem cotado e reputado DA RECEITA PROVINCIAL PARA O ANO
nos mercados estrangeiros, teve, entretanto, bem fracas FINANCEIRO DE 1867-1868:
amostras, e essas em diminuta quantidade, salvo a amos-
tra enviada pelo comendador Teixeira Belfort. ( ...) § 6º - Com os pensionistas na Europa, inclusive
Mais pela honrosa tradição do que pela prova palpá- 1:000$000 ao pensionista Francisco Peixoto Franco de
vel fo i que o júri da Exposição teve de avaliar desse nosso Sá............ .3:800$000(...).
importante produto. (Publicador Maranhense, 1917/1867, p. 2).
Todos os expo itorcs desse gênero tiveram menção
honrosa, e as Províncias algodoeiras foram cobertas de ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
grandes louvores e das mais sinceras animações. (DA) LEI DE ORÇAMENTO PARA O ANO
Serão remetidas para a Exposição 1ntemacional as me- FINANCEIRO DE 1867 - 1868:
lhores amostras do nosso algodão, não podendo ir uma só
cm capulho, por isso que a remessa, que fez a Província, (... )Art.19-§ 17 - Aditivoaoartigo 19-Auxílioao
fo i toda de algodão descaroçado. pensionista Horácio Tribuzi, que se acha em Paris.. ..
As painas e fibras têxteis também foram em pequenas 300$000. S. R. - Henriques Leal, Bayma e Sotero Júnior.(...)
quantidades; essas poucas, porém, bem como dezenove (Publicador Maranhense, 20/7/1867, p. 2).
amostras de madeiras do Maranhão, serão igualmente re-
metidas a Paris. (DA) LEIN 831,DE 12n/1867
Nos muitos dias em que foram discutidos, comparados
e prem iados os objetos expostos pela Província do Franklin Américo de Menezes D6ria sancionou e eu
Maranhão, com a minha fraca voz sempre interessei-me decretei a seguinte lei:
pelas causas que me foram confiadas, entrando com âni-
mo calmo e juízo reto na avaliação dos demais produtos,
(...)Capítulo ílI (...) DESPESA
submetidos ao meu exame.
Terminando esta imperfeita resenha, não posso deixar
Art. 8 - Com diferentes subsídios: réis 148: 488$833
de mencionar com grande reconhecimento as muitas aten-
§ 6º-Com os pensionistas, inclusive 1:000$000 réis ao
ções e deUcadezas de que foi rodeado o representante da
pensionista Francisco Peixoto Franco de Sá, 700$000 ao
Província do Maranhão pela ilustrada Comissão Diretora e
pensionista Fábio Hostílio de Moraes Rego e 700$000 ao
sobretudo pelo seu muito digno presidente o Exmo. Sr.
estudante de medicina Manoel Jerônimo Guedes Alconfo-
conselheiro José Ildefonso de Souza Ramos.
rado Júnior.. ...... .5:200$000
Exmo. Sr. - Sentindo que as minhas habilitações não
permitissem que eu fizesse tanto quanto podia fazer um (...)Capítulo UI:
outro filho mais distinto da minha Província, resta-me a
consolação de ter cumprido o meu dever com boa vontade § 19 - Com o auxílio ao pensionista de pintura Horácio
e a consciência descansada. Tribuzi, que se acha cm Paris ......... 300$000 (...). (Publica-
Aproveito a ocasião para renovar a V. Exa. os protes- dor Maranhense, 22/7/1867, p. 1).
tos de minha estima e consideração.
Deus guarde a V. Exa. - li mo. e Exmo. Sr. Dr. Antônio GOVERNO DA PROVÍNCIA
Alves de Souza Carvalho, D. presidente do Maranhão. Expediente do dia 2417/1867
Paraíba, 23 de janeiro de 1867 Ofícios :
Joaquim Maria Serra Sobrinho
(Publicador Mara11hense, 27/2/1867, p. 2). Ao Exmo. Sr. presidente de Pernambuco. - Constando
que na Alfândega dessa cidade existe uma caixa marca
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL ATC 1800, remetida por E. Pousin & Cia., de Bordeaux,
Sessão do dia 17 de junho de 1867 contendo diversos quadros oferecidos à Assembléia Le-
gislativa desta Província por Horácio Tribuzi, que se acha
Expediente na Europa como pensionista estudando pintura, tenho
dado as providências necessárias para que seja despa-
(...)Foi lido um ofício de Domingos Tribuzi, comuni- chada a dita caixa.
cando que seu filho Horácio Tribuzi oferecera a esta As- E podendo acontecer que se venham a danificar os
sembléia quatro retratos dos ilustres maranhenses Gon- quadros se for aí aberta a caixa que os contém, rogo a V.
çalves Dias, Odorico Mendes, João Francisco Lisboa e Exa. que se sirva de expedir suas ordens, para que seja ela
Joaquim Gomes de Souza: - a arquivar. remetida fechada à Alfândega desta Província.(...)

<2./Q) 90 <2./Q)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

(Idem) Ao inspetor do Tesouro Público Provincial. -Exis- Foi portador de notícias importantes sobre o teatro da
tindo em Pernambuco uma caixa remetida de Roma pelo pen- guerra.
sionista desta Província Horácio Tribuzi, com diversos qua- AJérn das que se contêm no suplemento que hoje dis-
dros por ele oferecidos à Assembléia Provincial, como consta tribuímos, encontrarão os leitores outras mais minuciosas
da carta junta, que devolverá, nesta data me dirijo ao Ex mo. na correspondência de Buenos Aires para o Jornal do
presidente daquela Província, pedindo-lhe que faça remeter Comércio, a qual hoje transcrevemos. (Publicador Ma-
para a Alf"andega desta cidade, sem que seja ela ali aberta, ra11he11se, 14/911867, p. 2).
para não sofrerem avarias os mesmos quadros.
E porque tenham os negociantes daquela praça Scha- OFERTA À ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
pheitlin & Cia. feito algumas despesas com a mesma caixa,
mande Vrnc. indenizá-los da respectiva importância, com Chegaram no vapor Cruzeiro do Sul e foram entre-
exclusão dos direitos que serão aqui pagos. (Publicador gues na repartição da Alfândega por ordem da Presidên-
Mara11he11se, 3/8/1867, p. 1). cia ao Sr. primeiro secretário da Assembléia Legislativa
Provincial os quadros que de Roma oferecera à mesma
ARTISTA ESPERANÇOSO Assembléia o Sr. Horácio Tribuzi, contendo os retratos
tirados a óleo dos distintos maranhenses Manoel Odori-
Com este título lê-se no Comércio do Porto o seguinte co Mendes, João Francisco Lisboa, Antônio Gonçalves
artigo que com satisfação hoje transcrevemos, por tratar Dias e Dr. Joaquim Gomes de Souza.
ele de um jovem maranhense de tanta esperança para as Esta oferta do Sr. Horácio Tribuzi é não só uma prova
artes, entre nós como que abandonadas: de gratidão para com a Província, como de apreço à memó-
O Sr. Joaquim Ferreira Barbosa, natural do ria desses seus comprovincianos, de reconhecida ilustra-
ção e mérito.
Maranhão, escultor em madeira. rrabalhando debaixo
Para garantir a perfeição do trabalho, cremos que basta
da direção do Sr. Zeferino José Pinto, mestre emalhador
citar o nome de seu autor. (Publicador Mara11hense, 16/9/
das obras da Associação Comercial, acaba de concluir
1867, p. 2).
um trabalho que, sendo destinado a mostrar a seus pa-
rentes o seu aproveitamento, prova que efetivamente tem
SECRETARIA DO GOVERNO
cultivado com grande va11tagem, debaixo da direção
Expediente do dia 14/9/1867
daquele hábil artista, a vocação que revela para a escul-
tura em madeira.
Ao Dr. Felipe Franco de Sá, primeiro secretário da As-
Consiste o trabalho de que falamos 11um vaso de mog-
sembléia Legislativa Provincial. - Dcordern de S. Exa. o Sr.
110 coroado de 11111 ramo de flores de diversas espécies,
presidente da Província, declaro a V. Sa., em resposta ao
forma11do o todo uma só peça. Folhagem, pétalas, ftla-
ofício que V. Sa. se serviu dirigir-me cm data de 23 de julho
me11tos e botões. tudo se acha tão delicadamente traba-
último, sob o nº 28, que já se acha na Alfândega urna caixa,
lhado que à primeira vista nüo parecem de madeira, mas
vinda de Pernambuco no vapor Cruzeiro do Sul, com a
de outra qualquer matéria mais tratável.
marca ATC nº l .800, contendo os quadros oferecidos à
Examinando mi11uciosamente, descobrir-se-á numa 011
Assembléia Legislativa Provincial por Horácio Tribuzi, que
noutra parte indício de pouca firmeza de mão, porém o
se acha como pensionista estudando pintura na Europa.
conjunto é não só de agradável desenho. mas de execu-
(Publicador Maranhense, 18/9/ 1867, p. 1).
ção bastante esmerada e prova, como dissemos, que o
jovem escultor possui uma esperançosa vocação, vanta-
GOVERNO DA PROVÍNCIA
josamente desenvolvida pela prática q11e está exercendo
Expediente do dia 16/9/1867
com o hábil artista Sr. Zeferino.
-As pessoa.' que quiserem admirar este delicado tra-
Ao inspetor da Alfândega.- Tendo vindo de Pernam-
balho podem dirigir-se à oficina do Sr. Salvador Romero, buco no vapor Cruzeiro do Sul uma caixa com a marca
que se deixa possuir de sumo prazer, sempre que vê bem ATC nº 1800. rem~tida por E. Pousio & Companhia, de
recebidas as obras de entalhação de seu digno protegido. Bordeaux, com diversos quadros oferecidos por Horácio
(Publicador Maranhense, 6/811867, p. 3). Tribuzi à Assembléia Legislativa Provincial, mande Vmc.
despachá-la e entregá-la a Domingos Tribuz1 encarregado
GOVERNO DA PROVÍNCIA de recebê-la. (P11blicador Mara11hense, l 91911867, p. l ).
Expediente do dia 16/8/1867
GOVERNO DA PROVÍNCIA
Ao inspetor da Tesouraria de Fazenda. - Comunico a Expediente do dia 21/9/1867
V. Sa., para seu conhecimento, que o alferes Luiz Gaspar
Tribuzi apresentou-se hoje a esta Presidência, vindo da Ao Ex mo. Sr. presidente da Província de Pernambuco. -
Corte, para onde tinha marchado fazendo parte de um co11- Em resposta ao ofício de V. Exa. de 2 do corrente, tenho a
tingente de guardas nacionais destinado ao serviço de dizer-lhe que a caixa contendo diversos quadros oferecidos
guerra. (...) (Publicador Maranhense, 2 1/8/1867, p. 1). à Assembléia Legislativa desta Província por Horácio Tri-
buzi, que está na Europa como pensionista estudando pin-
CRUZEIRO DO SUL tura, não veio no vapor Cruzeiro do Sul, como me participa
V. Exa., pelo que espero ~e servirá de expedir as convenien-
Hoje pela manhã entrou no nosso porto o paquete Cm- tes ordens, para que seja ela remetida na primeira oportuni-
zeiro do Sul, procedente do Rio e portos de escalas. dade. (... )-(Publicador Mara11he11se, 261911867, p. l ).
LUIZ DE MELLO

GOVERNO DA PROVÍNCIA '"Recehi a bordo do paquete Cruzeiro do Sul uma caixa


Expediente do dia 25/1011867 ATC, nº 1800, para ser entregue ao Ex mo. Sr. presidente da
Província do Maranhão. - Augusto César Layné - piloto.
O presidente da Província, atendendo ao que lhe re- - Pernambuco, 9 de setembro de 1867.
presentou o alferes porta-bandeira do Batalhão nº 1 da "Notado à fl. 2 do Manifesto 777.
Reserva da Guarda Nacional do município da capital Do- "Alfândega, 9 de setembro de 1867 (assinado)
mingos Tribuzi, que fo i julgado incapaz de todo o serviço Silva Pereira - o ajudante do inspetor
da mesma Guarda Nacional pela junta de saúde que o ins- Conforme (assinado) Faustino José dos Santos" (Pu-
pecionou, resolve, de conformidade com o art. 69 da Lei blicador Maranhe11se, 16111/1867, p. 2).
602, de 19 de setembro de l 850, conceder-lhe a reforma no
mesmo posto de alferes. (...) (Publicador Maranhense, LEMBRANÇA
31/ 10/1867,p. l).
Como seja esperado amanhã o Cruzeiro do Sul, acha-
GOVERNO DA PROVÍNCIA mos de suma conveniência que se verifique o extravio da
Despachos do dia 25/10/1867 caixa nº 1800, marca ATC, com os quadros remetidos pelo
Sr. Horácio Tribuzi à Assembléia da Província. Está verifi-
Foram despachadas as pelições de: cado que a Alfândega de Pernambuco o remeteu à Presi-
(...)Domingos Tribuzi (alferes)- Passe-se. dência no dia 9 de setembro, e que aqui não foi o caixote
O mesmo- Lavre-se portaria, reformando o suplicante entregue, nem por engano no Pará, segundo somos infor-
em vista das razões alegadas e dos documentos juntos. mados.
( ... )(Publicador Maranhense, 31110/1867, p. 1). Cumpre, pois, desvencilhar esta questão, antes de o
Cruzeiro partir para o Pará.
GOVERNO DA PROVÍNCIA Não são bagatelas que se deixem cair em esquecimen-
Desp achos do dia 28/10/1867 to. (Publicador Maranhense, 13/1211 867, p. 3).

Foram despachadas as petições de: (...) GOVERNO DA PROVÍNCIA


Domingos Tribuzi. -Ao Tesouro Provincial para fazer Expediente do dia 14/12/1867
o pagamento requerido. (Publicador Maranliense, 4/11/
1867, p. 1). Ao comandante do vapor Cruzeiro do Sul. - Repre-
sentando o primeiro secretário da Assembléia Legislativa
OS QUADROS DE HORÁCIO TRIBUZI Provincial sobre o fato de não ter sido por Vmc. entregue
nesta capital nem por engano na da Província do Pará uma
Lê-se n'O Paiz de hoje: "Os retratos dos quatro ilus- caixa com a marca ATC, sob nº 1800, embarcada pela Alfân-
tres maranhenses Gonçalves Dias, Odorico Mendes, Go- dega de Pernambuco a bordo do vapor do seu comando,
mes de Souza e João Lisboa, que o distinto pintor Horácio em 9 de setembro último, convém que Vmc. in forme o que
Tribuzi oferecera à nossa Assembléia Legislativa Provin- ocorreu sobre o assunto. (Publicador Mara11!tense, 19/
cial, e que estavam na Alfândega de Pernambuco, segui- 12/1867,p. 1).
ram dali no Cruzeiro do Sul, a 9 de setembro, como se vê
das cópias dos documentos infra-transcritos, e no entan- GOVERNO DA PROVÍNCIA
to não foram entregues aqui! Expediente do dia 16/12/1867
Pedimos, pois, a S. Exa. o Sr. presidente da Província
que dê providências a tim de que se verifique se porventu- Ao agente da Companhia Brasileira de Paquetes a Vapor.
ra foram desembarcados no Pará, ou onde foram, para que - Tendo-me o comandante do vapor Cruzeiro do Sul presta-
sejam restituídos à Província, e ao mesmo tempo deplora- do a informação constante do ofício junto por cópia, relativa-
mos que haja tanto descuido e pouco zelo em alguns co- mente a um caixão que com a marca ATC, sob nº 1800, foi
mandantes de vapores que, se fossem punidos por esta e embarcado no dito vapor na Alfândega de Pernambuco, com
outras fa lhas, talvez não se dessem elas com freqüência. destino a esta cidade, e que entretanto não foi aqui entregue
nem tampouco no Pará por engano, cumpre que Vme. à vista
"À Tesouraria de Fazenda, respondendo já ter sido do dito ofício diJigencie descobrir onde pára o dito caixão.
remetida para o Maranhão a caixa com quadros da Europa (Publicador Maran!tense, 20/ l 2/l 867, p. 1).
para a Assembléia Legislativa daquela Província.
"Em cumprimento da recomendação contida na porta- GOVERNO DA PROVÍNCIA
ria dessa Tesouraria, de ontem datada, tenho a dizer a V. Expediente do dia 19/12/1 867
Sa. que já seguiu para o seu destino a caixa de que ela
trata, acompanhada por ofício desta Alfâ ndega de 6 do AoExmo. Sr. presidente da Província de Pernambuco. -
corrente, dirigido à do Maranhão. Remetendo a V. Exa., nas cópias juntas, os ofícios que me
"Do recibo junto verá V. Sa. que a referida caixa foi dirigiram o agente da Companhia Brasileira de Paquetes a
recebida pelo piloto do paquete nacional Cruzeiro do Sul, Vapor e o comandante do vapor Cruzeiro do Sul, rogo a V.
que saiu daqui no dia 9 do corrente. Exa. que se sirva de me informar acerca do que tiver aí ocor-
"limo. Sr. inspetor da Tesouraria de Fazenda (assinado) rido relativamente ao embarque de um caixão com a marca
Antônio Eulálio Montei ro" ATC nº 1800, contendo diversos quadros oferecidos à As-
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

sembléia Legislativa Provincial por Horácio Tribuzi, visto Na sala do Sr. Amâncio· estão expostos a Lucrécia e
não haver aqui noúcia do dito caixão, não obstante ter V. Tarqutnio, cópia do quadro de Guido Cagnacci; o retrato
Exa. expedido as ordens requisitadas por esta Presidência, de Rafael, cópia de um outro pintado pelo próprio mestre
confom1e participou cm seu ofício de 2 de setembro do cor- no primeiro período de sua vida artística em que tinha ain-
rente ano. (Publicador Maranhense, 24/12/1867, p. l). da muito vivas as lembranças do modo de pintar de Peru-
gino; o retrato do papa Pio IX, original, e algumas paisa-
OS QUADROS DE HORÁCIO TRIBUZI gens originais também.
O grande quadro da Lucrécia é o que mais tem atraído a
Depois de todas as diligências empregadas para odes- atenção. Bem que Guido Cagnacci não esteja ao nível dos
cobrimento dos retratos a óleo dos maranhenses Odorico grandes mestres da pintura italiana, todavia este seu qua-
Mendes, Gonçalves Dias, Gomes de Souza e João Lisboa, dro é de muito merecimento pelo vigor da figura de Tarquí-
remetidos de Paris pelo Sr. Horácio Tribuzi, foram eles en- nio. Sente-se na cópia muita beleza do que se deve encon-
viados do Ceará, em cuja Alfândega se achavam, ao Sr. trar no quadro original; há brilho no colorido, vida nas for-
Domingos Tribuzi, pelo vapor Camocim. (Publicador Ma- mas e correção no desenho. A lubricidade violenta de Sexto
ranhense, 1511/1868, p. 2). como que se lhe encarna no sombrio da cabeça, no desgre-
1thado dos cabelos, no frouxo aperto dos lábios, na curva-
GOVERNO DA PROVÍNCIA tura voraz do corpo sobre a fraca mu lher, que em vão resis-
Expediente do dia 22/111868 tir-lhe procura, na expressão belamente nua das mãos, uma
das quais maneja perpendicularmente o ferro infame, e a
Ao presidente da Província de Pernambuco. - Acu- outra estreita com uma cena expressão convulsa o braço
sando o recebimento do ofício que V. Exa. se serviu dirigir- recurvado da vítima, fraca demais para poder conseguir o
me em data de 4 do corrente, cabe-me declarar a V. Exa. que triunfo do pudor ofendido. A nosso ver a ligura de Sexto é
a caixa marca ATC, nº 1800. remetida de Paris por Horácio superior já no desenho, já no colorido à de Lucrécia, que,
Tribuzi, no paquete francês Esrremadure, com destino a entretanto, surpreende o e pírito do observador no belo da
esta Província, já aqui chegou, tendo procedido a demora cabeça alourada, que como se esmaga no travesseiro, na
de haverem-na desembarcado na Província do Ceará, de elevação do seio de rosa, na perfeição do esforço da mão
onde foi agora enviada. (Publicador Mara11he11se, 25111 que se espalma no corpo do :igrcssor, na que lhe aperta o
1868.p. 1). braço já como que sem bastante resistência, no ondulado
do ventre e na encarnação arredondada das pernas.
OS QUADROS DO SR. HORÁCIO TRIBUZI Sem analisar o rigor histórico do quadro, que não o
tem, porque, além do vestuário anacrônico, pôs Cagnacci
O Sr. Horácio Tribuzi, nosso comprovinciano e pensio- à porta do quano de dormir de Lucrécia uma figura de
nista da Província na Europa, onde cultiva o belo talento guarda, que observa a cena, diremos que a tela atrai gran-
artístico de que é tão felizmente dotado, remeteu ultimamen- demente a atenção do observador e o leva a reconhecer o
re alguns quadros que são frutos do seu traball10 e progres- merecimento da concepção e ela execução. Pode-se talvez
sos no ano passado. Alguns destes quadros acham-se ex- notar a excessiva palidez das duas figuras, a qual parece
postos na sala de tn1balho do Sr. Amâncio, ourives na Rua resultado do rigor da cópia, por ser o original antigo e
Grande, e ali têm sido vistos por grande número de pessoas. achar-se naturalmente alterado pelo tempo no colorido.
O jovem Tribuzi, durante os três ou quatro anos de sua fato este que já se observa no lugar onde a cena se passa.
estada na Europa, tem remetido para esta cidade traballios A acreditar no pintor, havia ali dentro muita luz solar para
seus em número de poderem já formar uma agradável gale- dar o realce, que dá, aos vultos que formam o quadro.
ria. Entre os de que já temos conhecimento contam-se A O retrato de Rafael é delicadamente belo; aquela fisio-
Justiça, grande quadro, cópia de Rafael, e que está coloca- nomia de moça bonita. os cabelos que num frouxo torcido
do no salão do Júri; o Comerc:io, grande quadro original. lhe pendem sobre as espáduas e o dorso; o ... ino deste,
que se acha posto na Casa da Praça; os retratos de Canova. que se entrevê na descida da capa e nos intervalos das
Miguel Ângelo, Rubens e Galileu, que pertencem à coleção madeixa ; a serenidade risonha do olhar, o arredondado
do Dr. Marques Rodrigues; algumas outras telas de meno- defeituoso do queixo, o retraído também defeituoso da
boca, tudo ali se vê sob a expressão infantil do grande
res proporções e consideradas estudos, que se acbam em
mestre, que naquele tempo unia 3 mocidade da vida a inde-
poder de vários amadores; os retratos de Gonçalves Dias,
cisão do modo de pintar.
Odorico Mendes, Gomes de Souza e João Lisboa, que vie-
O retrato do Papa Pio IX revela a grande aptidão do
ram para a Assembléia Legislativa Provincial; Lucrécia e
jovem Tribuzi para este gênero de trabalho; o desenho é
Tarqutnio e o retrato de Rafael, que vêm aumentar a coleção
correto e a vida senil do chefe da Cristandade ali está na
do Dr. Marques Rodrigues; o retrato de S. Santidade o Papa
tela a comprovar o talento do retratista. O retrato de S.
Pio IX, oferecido ao nosso prelado diocesano, e algumas
Santidade ganha mais cm ser visto de peito que de longe;
paisagens, entre as quais das que vimos sobressai a que
à maior distância nota-se-lhe na fisionomia um esbranqui-
representa uma cena da Campina de Roma. çado de jaspe que não é natural, mas que desaparece com
Esta enumeração, que talvez esteja incompleta, faz por a aproximação do observador. A que seja isto devido, não
si só prova bastante da aplicação do jovem Tribuzi, e os
quadros comprovam o juízo que todos aqui formam do
belo talento do esperançoso pintor. • Amâncio da Pai xão Ccarcmc. pai do poeta Catulo.

~ 93 ~
LUIZ DE MELLO

o sabemos; talvez que o hábito de copiar quadros antigos de réis para pagamento do débito que contraiu e pelas
tenha levado o jovem Sr. Tribuzi a palidejar instintivamen- despesas extraordinárias que fez com seus estudos na
te os seus trabalhos. No vestuário o colorido, se não é tão Europa, uma vez que se prove ser real o dito débito.
brilhante como o de Tarquínio, é rico e profundo. Um fato Art. 2º - Ficam revogadas as disposições em contrário.
digno de observação é o luxo de vida e de verdade que o Manoel Justino Maya
Sr. Tribuzí exibe na expressão do olhar dos seus retratos. Carlos Jansen Pereira
Das paisagens que vimos, só uma nos atraiu a aten- Antônio da Costa Araújo
ção, e é a que representa a Campina de Roma, se bem que (PublicadorMaranhense, 9/6/1868, p. 1).
no quadro não se encontre o morno e triste da cena em
toda a sua nudez. Há, porém, alguma coisa disto, e uma ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
certa beleza na figura severa e exageradamente atenta do Sessão de 5 de junho de 1868
camponês, que enche a tela, sobressaindo pelo colorido
vivo de pequenas proporções. Se não nos enganamos, o Presidência do Exmo. Sr. Padre Guimarães
talento de Horácio Tribuzi não é de paisagista; na pintura Expediente
histórica é que este nosso esperançoso comprovinciano
há de encontrar a sua trípode de grande trabalhador. ( ...)Foi lido um parecer da Comissão de Petições auto-
E como se ache ele agora na França, desejamos que o rizando o presidente da Província a conceder ao estudante
seu espírito o leve a querer conquistar as palmas que ln- Horácio Tribuzi a quantia de três contos de réis para paga-
gres, Horácio, Vemet e Meissoniuer têm ganho, enrique- mento do débito que contraiu pelas despesas extraordiná-
cendo a galeria não muito vasta da pintura francesa. Se as rias que fez com seus estudos na Europa. - A imprimir.
coincidências dão lugar a um voto, desejamos que o Sr. (Publicador Maranhense, 17/6/1868, p. 1).
Tribuzi, que é Horácio como o célebre autor da Tomada de
Smala, se laureie de modo tão distinto e obtenha igual ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
reputação à daquele pintor contemporâneo. Sessão do dia 22dejunho de 1868
Flávio Reimar' Presidência do Exmo. Sr. Padre Guimarães
(Publicador Maranliense, 9/2/1868, p. 2).
EXPEDIENTE
CÓPIA DO PASSAPORTE DO PINTOR Ordem do Dia:
FRANC~S DESIRÉ TRUBERT
( ...) - Entra em 3º discussão o projeto que concede ao
Fl. 92v- pensionista da Província a quantia de 3 contos de réis para
Nº 250 - O Dr. chefe de policia do Maranhão Mathias pagamento das despesas extraordinárias que fez com seus
Antônio da Fonseca Morato concede passaporte a Desiré estudos na Europa.
Trubert, cidadão francês, natural da França, solteiro, artis- O Sr. Segismundo: -A Província está em uma situação
ta, idade 22 anos, estatura 57 e 7 (?) polegadas, cabelos deplorável quanto a finanças, e esta situação torna-se mais
castanhos, olhos azuis, nariz afilado, boca regular, barba grave.
pouca, cor branca, para a França, com escala em Pernam- O Sr. Justino Maya: - Desnecessário é falar mais nela.
buco, no vapor Paraná. Anunciou sua saída na forma da O Sr. Segismundo: - Pois eu acho muito necessário
lei. -Assinatura do passaporte- D. Trubert. - Válido por para justificar a emenda que vou apresentar.
dois meses. Secretaria de Policia do Maranhão, 16 de maio O Sr. Lago: - Para quê? Não se quer economia!
de 1868. Mathias Antônio da Fonseca Morato. O Sr. Segismundo: - Sou o primeiro a reconhecer os
(Livro de Registros de Passaportes - julho a setembro merecimentos do peticionário, que submeteu à considera-
de 1866-1869. Acervo do Arquivo Público do Estado do ção desta Assembléia o requerimento que deu origem ao
Maranhão). projeto em discussão.
Se eu fosse levado unicamente pelo merecimento des-
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL se peticionário, não duvidaria um só momento em conce-
der o que ele pede; mas é um favor propriamente dito o que
A Comissão de Petições tendo examinado a matéria da esse peticionário requer a esta Assembléia; e um favor a
petição que a esta Assembléia foi presente pelo professor quem já nos mereceu um grande favor é o que vamos con-
Domingos Tribuzi, na qual solicita se consigne a quantia de ceder se, porventura, atendermos à sua pretensão.
3 contos de réis para pagamento das despesas extraordiná-
O pensionista Horácio Tribuzi já é auxiliado pelos co-
rias que tem feito seu filho Horácio Tribuzi com os estudos
fres da Província com um conto e quatrocentos mil réis
de desenho e pintura na Europa, e considerando que é de
anualmente. Esta quantia não é uma quantia avultada ern
justiça o que alega o suplicante, é de parecer que se vote a
relação ao total das rendas públicas, mas é uma quantia
dita quantia que será aplicada ao fim indicado, e por isso
avultada para o resultado que tiraremos da sua aplicação,
oferece à consideração da Casa o seguinte projeto:
e é uma quantia suficiente para prover as necessidades de
Art. l º - Fica o Governo da Província autorizado a con-
um estudante na Europa.
ceder ao estudante Horácio Tribuzi a quantia de 3 contos
Não querendo, todavia, colocar o Sr. Horácio Tribuzi
em condições difíceis, eu achei um meio de harmonizar os
• Pseudônimo do poeta Gentil Homem de Almeida Braga. interesses da Província com os do peticionário.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

A pintura é uma arte muito rendosa, isto é incontestável; veis da capacidade do pensionista Horácio Tribuzi estão
sem grande dificuldade o Sr. Horácio Tribuzí em breve tempo por toda a parte - na sala cm que se reúne o Tribunal do
se habilitará a pagar à Província a quantia de que hoje precisa. Júri, na ante-sala desta Assembléia, e por assim dizer no
Se são verdades estas e incontestáveis, não vejo motivo al- espírito de todos.
gum para que rejeiteis a emenda que passo a ler. (lê). O Sr. Segismundo: - Como artista, concordo.
Julgo bastante modificada a minha emenda. O Sr. Moraes Rego: - E do que mais se está tratando?
- É lida, apoiada, e entra cm discussão a seguinte emenda: Pois a um artista como esse é que o nobre deputado se
"Ao art. 1º: Depois dns palavras - 3:000$000 - diga-se: lembra de impor o ônus que nunca sobrecarregou a outro
por empréstimo que pagará em três prestações, sendo a 1ª pensionista da Província? É inqualificável!
no prazo de três anos a contar da data do recebimento; a 2ª Não há dúvida, Sr. presidente, que a pintura, especial-
no fim de quatro anos; e a 3ª no fim de cinco. - S. R. - mente na escala cm que Tribuli a exercerá ou exerce, é
Segismundo." muito rendosa, porém não c m São Luís, onde ele pretende
O Sr. Moraes Rego (Joüo da Marta) - Tenho quase residir brevemente cm proveito de nossa mocidade.
certeza de que alguns dos nobres deputados hão de falar E de resto, para que lançar-se pcias logo no começo da
depois de mim e sustentarão exuberante mente a proce- vida de um artista notável, quando esta Casa tem sido tão
dência do projeto em discussão, portanto eu me limitarei benigna para com tantos moços que têm estado fora da
em fazer simples considerações para demonstrar que con- Província, à custa de seus cofres?
quanto a emenda do nobre deputado, o Sr. Segismundo, É coisa inacreditável! Longe de animarmos as artes,
seja a expressão de sua boa fé ... teremos, a ser aprovada a emenda do nobre deputado, de
O Sr. Segismundo: - Muito obrigado. estabelecer, cruelmente, um embaraço ao pensionista, que
O Sr. Moraes Rego: - ... todavia não está no caso de estudando a fundo a matéria a que se comprometeu para
ser aprovada por esta respeitável Assembléia em face de conosco, tem dado a melhor conta de si, quer em relação
razões especiais que atuam no espírito da maioria da Casa ao aproveitamento e quer a respeito da gratidão que tem
que, certamente, não se há de tomar excêntrica e injusta consagrado à terra de seu nascimento.
tratando o pensionista da Província, por assim dizer, o pri- Assim considerando, como já o declarei, a emenda do
meiro que... nobre deputado um testemunho de sua boa fé, de seu
O Sr. Segismundo: - Temos, também, outros muito dis- espírito investigador, e la certamente está de acordo com
tintos. os seus sentimentos econômicos, porém...
O Sr. Moraes Rego: - Não contesto, porém, mais dis- O Sr. Segismundo: -Se cu não apresentasse a cmend~
tinto do que esse, a fé que não temos. teria sido incoerente.
O Sr. Justino Maya: -Apoiado. O Sr. Moraes Rego: - É justamente o que estou confes-
O Sr. Moraes Rego: - Direi, Sr. presidente, sem o menor sando, e confessando faço o panegírico dessa coerência;
receio de ser contrariado, que Horácio Tribuzi faz honra à todavia acho inaceitável a emenda pelas valiosas razões
sua terra, faz honra ao Maranhão e faz honra a todo o que já expus.
lmpério. Acresce, Sr. presidente, que a dívida pecuniária con-
Talvez não seja e le o único brasileiro apontado na França traída por Domingos Tribuzi para educar e aperfeiçoar o
como artista superior. espírito de tão distinto filho está provadissima, não só
Quando cm Paris alguém é assim qualificado, já se pode pela exposição de sua bem elaborada petição, base do pro-
ufanar de ser muita coisa para si e para o seu país. jeto, corno pela ciência plena do fato ou sua notoriedade.
Quem aí se distingue pelo primeiro artista de uma na- O peticionário vive sobrecarregado de grande familia,
ção, é porque esse indivíduo tem verdadeiro mérito; é por- e os seus rendimentos sao pequenos para acudir a tanto
que exibiu uma prova cloqücnússima d~ seu aproveita- empenho.
mento no estudo a que se entregou. Alguns Srs. deputados: - Apoiado.
Alguns Srs. deputados: - Apoiado. O Sr. Moraes Rego: -(Depois de examinar uns papéis)
O Sr. Moraes Rego: - Portanto, é extraordinário que a - Eu não prestei muita atenção a este ponto da petição,
Assembléia Provincial do Maranhão não tendo até o pre- mas creio que existe aqui, entre outros documentos. um
sente estabelecido contra nenhum de seus pensionistas firmado por certo negociante que, por assim <lizer. te m be-
uma condição tão onerosa como essa consignada na emen- neficiado mais o distinto artista maranhen e Jo que a pró-
da do nobre deputado, a lance agora a respeito de Horácio pria Assembléia que o mandou estudar em Paris...
Tribuzi! O Sr. Justino Maya: - Ao menos este negociante é
Que bela recompensa ao reconhecido merecimento do quem tem adiantado o dinheiro precioso.
jovem artista que longe da Pátria está sendo louvado! O Sr. Moraes Rego: - E não é pouco.
O Sr. Segismundo: - Não digo que venha a pagar a Conseqüentemente limitando-me a estas breves pala-
subvenção de l :400$000 réis anuais que tem rido da Pro:, vras ou reflex ões, não posso entretanto deixar de manifes-
víncia, mas sim a quantia de 3 :000$ réis de despesas extra- tar que sinto profundamente não poder acompanhar o no-
ordinárias que fez. bre deputado dando o meu voto à emenda que ofereço.
O Sr. Moraes Rego: - Pois quando Horácio Tribuzi Acho que o projeto não exprime outra coisa além do
tem, pelo seu pincel, engrandecido a Província ... pagamento de uma dívida sagrada contraída pela Provín-
O Sr. Segismundo: - Nunca é bom exagerar-se. cia para com o artista mara!1hcnsc Horácio Tribuzi, que tão
O Sr. Moraes Rego: - Exagerar? Quem, eu? Onde está a bom nome tem sabido manter e tão subida reputação ad-
exageração? Os documentos comprobatórios e irrefutá- quirir na majestosa capital ela civilizada Europa.

~ 95
LUIZ DE MELLO

Alguns Srs. deputados: - Muito bem. Quando o comércio de braços abertos recebe o artista
O Sr. Jansen Matos: - Vou fazer algumas observações Horácio Tribuzi, que temos educado, permitam-me a pe-
a favor do projeto, e creio que por isto não serei tachado quena digressão, dá-lhe um& prova de não pequena consi-
de incoerente. deração, será justo que nós, os que mais se têm empenha-
Não me esqueço de que a economia é necessária, po- do pelo seu progresso e desenvolvimento, sejamos os úni-
rém sei também que ela deve ser bem entendida, porque do cos, depois de alguns sacrifícios, a não atender a uma
contrário havíamos de organizar uma receita que teria de justa reclamação que faz?
ficar sem aplicação, por falta de despesas. Por certo que não...
O Sr. Segismundo: -(Dá um aparte) O Sr. Moraes Rego: -Apoiado.
O Sr. Jansen Matos: - O meu nobre colega, que acaba O Sr. Jansen Matos: - ... e por certo que não, porque
de honrar-me com um aparte, opina que o projeto em dis- seria isto falta ainda mais com a atenção devida ao mérito,
c ussão não deve ser aprovado pela maneira por que será negar o nosso apoio a um compromisso que contraímos.
concebido, e por isso oferece à consideração da Casa uma A emenda do meu nobre colega, o Sr. Dr. Segismundo,
emenda que o vai alterar, lembrando que deve ser conside- é bem inconveniente, e, se a suc inta exposição que lenho
rada como empréstimo a quantia de 3:000$000 rs. que o feito não é bastante para que autorize sua rejeição, eu lem-
mesmo projeto concede ao pensionista Horácio Tribuzi. bro à Casa mais o seguinte: a pintura é uma arte importan-
Acho, Sr. Presidente, que esta emenda não deve ser te, ninguém o nega; porém que lucros pode dar e la na
apoiada visto como envolve uma injustiça palpitante. Província do Maranhão?
Nenhum de nós desconhece que o pensionista H. Tri- Bem poucos.
buzi foi a expensas da Província estudar pintura e desenho E se assim é, admitida a emenda a que me refiro, o que
em Roma, e que tendo dado provas de sua capacidade e sucederá?
vocação, concluídos ali os seus estudos, esta Assembléia, É que o pensionista Horácio Tribuzi, o nerado desde o
não quero saber se com razão ou sem ela, determinou ao princípio de sua carreira com uma dívida de 3:000$000 rs.,
mesmo pensionista que seguisse para Paris, a fim de me- está longe de procurar a terra natal, há de dirigir-se para
outras panes onde melhores conveniências possa obter.
lhor aperfeiçoar-se naquelas artes.
E isto será consentâneo? Estará de acordo com as nos-
E com efeito assim o fez; mas tendo Horácio Tribuzi
sas intenções?
chegado a Paris no tempo da Exposição Universal, e so-
Decerto que não, porque o nosso fim foi educann os
frendo consideravelmente diminuição no seu subsídio pela
um artista para possuí-lo, foi prepararmos um mestre para
baixa do câmbio, fez algumas despesas que excederam ao
ser útil à nossa terra. (Apoiados) .
valor de suas posses, porém despesas de que não podia
Acho, pois, por mais este motivo que o projeto deve
prescindir sem grave detrimento.
passar, e se quando votamos verbas para auxiliar o estudo
Principiou, pois, Horácio Tribuzi a reclamar de seu pai
de alguns na Faculdade de Direito, na de Medicina, em
algumas remessas de dinhe iro, com que pudesse fazer face
Teologia, fora do País, tendo nós grande número de ba-
aos seus gastos. O Sr. Domingos Tribuzi, homem pobre, charéis e de médicos e seminários apropriados, não temos
porém extremamente desvelado pe la educação desse fi- o menor receio de prejudicar as rendas provinc iais ...
lho, as suas mais justas esperanças (apoiados) vendo que O Sr. Padre Carvalho: - Peço a palavra.
não devia desampará-lo e confiando na proteção desta O Sr. Jansen Matos: - ... creio que agora não deve ele
Assemblé ia, sob cuja guarda está colocado o seu fururo, existir, quando tratamos de proteger um artista de tanto
resolveu-se a contrair nesta capital alguns débitos que, merecimento como é o pensionista Horácio Tribuzi, que
evidentemente provados, tocam a quantia de 3:000$000 rs. tem sabido compensar os nossos sacrifícios.
Nestas circunstâncias, Sr. presidente, pergunto eu, será Atenda, lembro novamente, a Casa que este moço se-
de justiça que se aceite a emenda a que me refiro, ou antes, guiu para Paris, onde contraiu débitos, cujo pagamento
o projeto sem a menor alteração? hoje reclama porque assim determinamos, e que não nos é
Prefiro a segunda parte. O pensionista Horácio Tribu- airoso negar o pagamento de uma dívida que autorizamos.
zi, se seguiu para Paris, depois de concluídos em Roma os O Sr. Rfüeiro da Cunha: - E que a Província tem o dever
seus estudos, se ali se viu obrigado a fazer despesas extra- de pagar.
ordinárias, foi porque esta Assembléia isto autorizou, e O Sr. Jansen Matos: - Sem dúvida. São estes os moti-
assim, Sr. presidente, não pode ele ser responsável, como vos que me levaram a votar a favor do projeto e a votar
o será se aceita a emenda do meu nobre colega o Sr. Dr. contra a emenda também cm discussão.
Segismundo, pelo pagamento dessas despesas, compre- (Continua)
endida a viagem que fez. Suponho que o contrário será (Publicador Maranhe11se, 8nll 868, p. 3).
uma perfeita falta de eqüidade.
Depois, em que prejudica o aumentar-se a nossa des- ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
pesa com mais uma verba equivalente àquela quantia, quan- Sessão do dia 22 de junho de 1868
do é certo que para o futuro, e não está longe, os serviços Presidência do Exmo. Sr. Padre Guimarães
do pensionista Horácio Tribuzi hão de ser para a Província
de grande utilidade? (Continuação)
Em nada absolutamente. O Sr. Segismundo: - Principiarei por agradecer ao no-
E se assim é, Sr. Presidente, creio por mais esta razão bre deputado que me sucedeu a maneira por que se mos-
que não devemos ter escrúpulos em aceitar o projeto como trou convencido de que só a minha consciência me levara
esrá concebido, rejeitando a emenda. a apresentar a emenda cm discussão.

<V(!) 96 <V(!)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Um dos argumentos do nobre deputado, que falou em Senhores, antes de sermos agradecidos ao Sr. Horácio
2º lugar, foi o seguinte: a Província é mãe e como tal deve Tribuzi, ele devia ser grato à Província do Maranhão.
proteger a seus filhos. O Sr. Moraes Rego: - E o tem sido.
O Sr. Jansen Mattos: - Não foi isso o que eu disse. O Sr. Segismundo: - Quem o está contestando?
O Sr. Segismundo: - Disse-o em outros tennos, mas o O Sr. Jansen Mallos: - Logo, o argumento não serve.
pensamento foi este. O Sr. Segismundo: - Deixem-me dizer duas palavras
Não contesto que a Província deve proteção a seus mais, e depois contestem-me se o Sr. Horácio Tribuzi devia
filhos, penso mesmo que deve uma maior proteção aos ser grato à Província do Maranhão, para que esta lhe fosse
seus filhos d islintos ... depois, não vejo nem um motivo que nos leve simples-
O Sr. Jansen Mattos: - Isto, sim, admito. mente por gratidão a fazer aquilo para o que a Província
O Sr. Segismundo: - Mas, o que contesto é que a Pro- não tem forças.
víncia se deva sacrificar, ou sacrificar os outros filhos em A gratidão é uma virtude sublime; o ingrato merece
favor de um só. todo o desprezo da sociedade; por este lado, não posso
O Sr. Jansen Manos: - Isto é o que resta provar. deixar de tributar, desta tribuna, louvores ao Sr. Horácio
O Sr. Segismundo: - A Província não vai despender Tribuzi, mas o Sr. Tribuzi não se devia sacrificar ainda para
toda a sua Receita com o Sr. Horácio Tribuzi; mas os cofres mostrar a sua gratidão. O Sr. Horácio Tribuzi, sem dispor de
da Província estão esgotados, e desde que lançamos mão muitos recursos, devia primeiramente habilitar-se para mais
da criação de impostos para satisfazer as necessidades da tarde mostrar essa sua gratidão cm muito maior escala; nada
Província; desde que ela tiver lançado mão, assim, da cria- com isso perderia e não seria obrigado a fazer as despesas
ção de impostos, e for despender uma quanúa com um que fez com os quadros que ofereceu à Província.
único filho, com o qual já despende bastante, ela sacrifica- Mas, desde que ele fez essas despesas extraordinárias
rá a todos os outros. para mostrar uma gratidão precoce, quando ainda suas
O nobre orador, que falou cm 3° lugar, disse que as forças não lhe pcnnitiam que a mostrasse, cu penso que
economias devem ser bem entendidas, isto é uma verdade, não procedeu muito e m regra.
entende que não se deve poupar quando a despesa traz Viesse o Sr. Horácio Tribuzi primeiramente para a Pro-
um resultado. É isto o que significa o que disse o nobre víncia do Maranhão perfeitamente habilitado, tendo-se es-
deputado em outros termos. forçado por poupar a sua mãe (a Província do Maran11ão),
O Sr. Segismundo: - Mas eu não quero que e deixe de de qualquer sacrifíc io, por isso que foi muito generosa
concorrer para esse resultado que deseja o nobre deputa- com e le; e depois de habilitado pagasse essa generosida-
do; pe lo contrário, a minha e menda manifesta uma inten- de, mostrasse, então, o seu coração agradecido. Quando
ção inteiramente oposta a esse seu pensamento. Eu pro- lhe mandou esses quadros. c m que falaste, era ainda muüo
pus que se entregasse como empréstimo ao Sr. Horácio cedo para fazê-lo.
Tribuzi a quantia de que precisava; mas que não se desse, O comércio retri buiu a oferta que lhe fez o Sr. Horácio
porque a Província não tem para dar; e la necessita de pe- Tribuzi de um quadro para colocá-lo na sua praça.
dir, e quando se pede não é ocasião de dar. Senhores, o comérc io nada tinha fe ito ao pensionista
O Sr. Jansen Mattos: - Nem sempre é assim. Horácio Tribuzi; um comerc iante isolado tem-lhe feito ulti-
O Sr. Segismundo: - O nobre deputado, que falou em mamente concessões, favores mesmo, e desde o momento
3º lugar, ainda argumentou deste modo: a Assembléia man- em que se mostra dedicação a uma corporação, essa cor-
dou que o Sr. Horácio Tribuzi fosse à França aperfeiçoar- poração poderosa como é no caso presente a comercial.
se, logo deve satisfazer as suas despeSdS cm Paris. deve mostrar-se reconhec ida.
Eu não quisera dizer à Casa que as disposições desse O argumento, portanto, du 1econhecimento do corpo
~ênero, decretadas pela Assembléia, nunca são filhas de do comércio não tem nenhuma paridade com o da Assem-
iniciativas desta Casa. bléia Provincial.
O Sr. Ribeiro da Cunha: - Sim, mas o pensionista não O Sr. Janscn Matlos: - E ninguém estabeleceu paridade.
tem nada com isso. O Sr. Segismundo: - Não estabeleceu-se paridade en-
O Sr. Segismundo: - V. Exa., porém, me permitirá que tre o comércio e a Província, mas e tabeleceu-se paridade
faça uma reflexão: estou convencido de que a Assembléia entre a gr:nidão que deve o comércio ao Sr. Horácio Tribu-
só mandou o Sr. Horácio Tribuzi à França por pedido dele zi, e a gratidão que deve existir da nossa parte.
ou de representante seu. O Sr. Janscn Mattos: - 1àmbém não.
V. Exa. e a Casa sabem que a Itália é o país Rei da O Sr. Segismundo: - Isto é o que contesto.
Pintura, e que portanto não é prec iso ir um estudante da Ainda disse o nobre deputado que quando se mandam
Itália à França para aperfeiçoar-se em semelhante arte. formar bacharéis até c m Teologia, quando se mandam mo-
O Sr. Moraes Rego: - É o gênio italiano que foi aperfei- ços fom1arem-se e m Direito e cm Medic ina, não se deve
çoar-se na França. deixar de conco1Ter para que se instruam artistas da ordem
O Sr. Jansen Mattos: - Neste ponto vai mal o nobre dó Sr. Horácio Tribuzi.
orador. Senhores, se eu chegar a convencer-me de que um só
O Sr. Segismundo: - O nobre deputado, a quem me dos pensionistas da Província não merece um apoio tão
refi ro, sustentou ainda a sua argumentação dizendo que o solene corno o que ela tem prestado, desde já afirmo que
Sr. Horácio Tribuzi tem feito oferecimentos importantes à retirarei imediatamente o meu voto para que não se conti-
Província de obras que têm concorrido para a sua educa- nue a dar-lhe esse mesmo apoio. Mas se são igualmente
ção, servindo-se disto para mostrar que devemos estar distintos esses moços que têm um auxílio pecuniário da
agradecidos a ele, e que por isso o devemos auxiliar. Província, e que estudam nessas academias ...
LUIZ DE MELLO

O Sr. Padre Carvalho: - Do que muilo precisamos. ar-se em seus estudos. Ele não procurou por si mesmo a
O Sr. Segismundo: - ... não vejo motivo para que se escola francesa.
negue a uns o que se entende dever dar a outro. A pintura é O Sr. Segismundo: - Nunca ouvi dizer que os pintores
uma arte admirável, mas as Ciências Médicas e as Ciências italianos fossem à França aperfeiçoar-se.
Teológicas são incontestavelmente muito mais proveitosas. O Sr. Padre Carvalho: - Propriamente dito não foi aper-
O Sr. Padre Carvalho: - Mas temos tanta gente no Bra- feiçoar-se, mas sim dedicar-se a um gênero especial.
sil que se dedica às Ciências Sociais e Jurídicas, bem como O Sr. Horácio Tribuzi pediu para estudar pintura nas
à medicina! galerias do Louvre; e, com efeito, foi estudar pintura especi-
O Sr. Segismundo: - O nobre deputado que me acaba al e arquitetura, ramo este que não tinha estudado em Roma.
de interromper, ainda há pouco disse que temos mais ne- Portanto, se a Casa o mandou à França, autorizou-o a
cessidade de artistas do que de bacharéis em Direito, dou- fazer essas despesas, e como hoje dizer não se pague? É
tores em Medicina e doutores em Teologia. isto um absurdo completo.
O Sr. Padre Carvalho: - Eu não disse que temos mais Que o estudo da pintura é uma necessidade, e necessi-
necessidade de artistas do que de teólogos. dade para a Província do Maranhão, não há dúvida. O
O Sr. Moraes Rego: -É uma verdade. V Exa. não deter- nobre deputado não chame pintores a esses borradores
minou isso. de casas ou de portas. (risadas)
O Sr. Segismundo: - Eu explicarei: tendo-se estabeleci- O Sr. Segismundo: - V. Exa. está gracejando.
do a comparação entre a necessidade de pintores e a ne- O Sr. Padre Carvalho: - Avanço esta proposição por-
cessidade de médicos, teólogos e bacharéis em Direito... que o nobre deputado disse que não havia necessidade
O Sr. Padre Carvalho: - Quando me provar que existem de pintura para o Maranhão.
academias no Brasil para ensinar Teologia, eu admitirei O Sr. Segismundo: - Não disse taJ.
que não há necessidade de mandar moços à Europa a fim O Sr. Padre Cru·valho: - Temos necessidade de pintura e
de estudarem essa ciência. arquitetura para os nossos estabelecimentos públicos, para
O Sr. Segismundo: - Não seria possível eu provar se- as nossas casas particulares. A arquitetura, já não digo no
melhante coisa; se eu tivesse tal pretensão mostrruia gran- Maranhão, mas mesmo no Brasil ainda está por ser.
de ignorância das coisas do nosso país. De mais, o Sr. Horácio Tribuzi não virá somente pintar
esses quadros, talvez venha montar uma escola de pintura
de um gênero novo, que nos seja de grande utilidade.
(Trocam-se diversos apartes).
O Sr. Segismundo: - Quando a Escola Agrícola não
teve discípulos, quanto mais a de pintura.
Desde que atendermos aos resultados benéficos que
O Sr. Moraes Rego: - Não tem a menor paridade seme-
tem o País colhido dessa brilhante fa lange que anualmente
lhante comparação.
sai das nossas academias, desde que atendermos a que a
O Sr. Padre Carvalho: - Quanto a dizer o nobre deputa-
ilustração literária é a mais proveitosa...
do que nós temos anistas suficientes, eu observarei que
O Sr. Padre Carvalho: - Ninguém contestou isso.
assim não acontece, porque a classe de artistas no nosso
O Sr. Segismundo: - ... e desde que atendermos a que
país é muitíssimo menor do que a daqueles que se dedicam
artistas, daqueles que podem trazer-nos benefícios, nós às diversas ciências.
os temos, ainda que em pequeno número, a proposição do Um moço de mediana fortuna não se aplica às artes e
nobre deputado a quem respondo é um erro. ofícios, dedica-se a ser bacharel em Direito, a ser doutor
O Sr. Moraes Rego: - Daqueles? De quem se trata? em Medicina...
Não temos nenhum outro. O Sr. Segismundo: -E em Teologia?
O Sr. Segismundo: -Não sabe de quem se trata? Agora O Sr. Padre Carvalho: - Não senJ1or, felizmente somos
estou quase que dispensado de dizer mais coisa alguma; tirados da mediana classe para baixo, não somos tirados
apenas aventurarei uma proposição: a pintura é uma arte da classe dos magnatas. (risadas)
úti 1, mas a pintura na escala em que a exerce o Sr. Horácio Portanto, entendo que devemos auxiliar o artista de
Tribuzi não é ainda indispensável à Província do Maranhão. que se trata, e principalmente os artistas do Brasil. - Eu
Tenho concluído. darei o meu voto a todo artista brasileiro que aqui venha
O Sr. Padre Carvalho: -Se não fosse o modo por que o pedir meios para aperfeiçoar-se na Europa.
nobre deputado o Sr. primeiro secretário concluiu o seu O Sr. Segismundo: - Votando pela emenda, não nega o
discurso, eu não pediria a palavra, mesmo porque estou auxilio.
convencido da utilidade do projeto; e, em segundo lugar, O Sr. Padre Carvalho: - Nem me lembrava que havia
porque à vista da maneira por que falaram à Casa, o nobre emenda.
deputado Sr. Moraes Rego e o meu ilustre colega o Sr. O Sr. Segismundo: - Pois a discussão versa sobre ela.
primeiro secretário, estou certo de que levaram a convic- O Sr. Padre Carvalho: - Não senhor, lembrava-me so-
ção ao ânimo de todos os Srs. deputados, que é de justiça mente do projeto.
o projeto, não o podemos negar. O Sr. Jansen Mattos: (dá um aparte).
O Sr. Segismundo: - Principalmente quando se aumen- O Sr. Padre Carvalho: - Disse o nobre deputado que
tam os impostos! temos na nossa Província artífices suficientes e com a ins-
O Sr. Padre Carvalho: - Se não queríamos pagar a dívi- trução necessária! Realmente é admirável ouvir semelhan-
da contraída, não deveríamos dar causa a ela. Parece-me te proposição!
que estou lembrado de que nesta Casa se mandou o ano Como eu já disse, a maior parte dos artistas (se se po-
passado o Sr. Horácio Tribuzi à França, a fim de aperfeiço- dem chamar artistas) nem ao menos sabem ler; na sua mai-

~ 98
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

or parte ou são, ou foram escravos. Como é, pois, que um O Sr. Segismundo: - Eu digo que parece, e não pode-
indivíduo que nem ao menos sabe ler, se pode aperfeiçoar mos seguir o mesmo caminho porque cu quero urna coisa
na sua arte? Já se vê que não é isso possível. e V. Exa. queroutra.
Mas não foi este o motivo por que pedi a palavra, visto O Sr. Padre Carvalho: - Dou-lhe a liberdade de dizer
como estou convencido da utilidade do projeto e da justi- tudo quanto quiser.
ça do peticionário. O Sr. Segismundo: - Não preciso de licença sua.
Refiro-me agora ao nobre deputado o Sr. primeiro se- O Sr. Padre Carvalho: - Já vimos que para todas as
cretário: disse o meu nobre colega, na conclusão do seu classes da sociedade há academias que conferem um títu-
discurso - que não se devia negar a quantia de que se lo a quem as freqüenta; há um resul tado do trabalho, e
trata ao Sr. Horácio Tribuzi, porque ele era o pensionista dando-se nessa academia um pergaminho, ao fim de certo
que mais serviços tinha prestado à Província. tempo cada um dos indivíduos pode dizer - eu sou doutor,
Não nego isto. Disse mais o nobre deputado que quan- sou bacharel. etc.
do se dava dinheiro para diversos moços estudarem Direi- Vejamos se acontece o mesmo com os padres.
to, Medicina e Teologia, era admirável que não se desse a O Governo limitou-se, de 1854 para cá, a criar insignifi-
quantia reclamada ao peticionário que é artista. cantes seminários onde há um curso incompleto de huma-
Admira-me a paridade que o nobre deputado quer es- nidades, consistindo o ensino do seguinte: francês, latim,
tabelecer a comparação que faz entre os moços que estu- retórica e fil osofia. No Seminário desta Província todas as
dam Direito e Medicina com os de Teologia; e darei a razão. mais cadeiras são pagas à custa do próprio Seminário, au-
O Governo tem criado academias, e não menos de duas,
xiliado pela Província e com sacri fício do virtuoso bispo,
para o ensino das ciências sociais e jurídicas. Cada uma que em tão boa hora veio reger esta Diocese.
O Sr. Segismundo: - E para que mais, se temos o Liceu?
delas gasta perto de 100:000$ réis, para os jovens que as
frcqiientam estudarem Direito. O Sr. Padre Carvalho: - Hoje, diz o nobre deputado, há
tanta coisa! - entretanto amanhã vem dizer: - o clero ma-
O Sr. Segismundo: - Não apoiado.
ranhense é um clero estúpido, é um clero ignorante !
O Sr. Padre Carvalho: - Sabemos que as famílias abas-
(Trocam-se diversos apartes)
tadas do País mandam de ordinário os seus fi lhos estuda-
O Sr. Segismundo: - Custo muito a empregar essas
rem ciências sociais e j urídicas. Portanto é uma excentrici-
expressões; o nobre deputado formou um cavalo de bata-
dade, é uma verdadeira superfluidade dizer a um moço
lha tão grande e perdeu a calma porque eu disse que temos
pobre: - Tome dinheiro e vá estudar Direito na Academia
padres, entretanto cu o ouvi com toda a moderação quan-
de Pernambuco ou de São Paulo.
do fa lou a respeito dos bacharéis e dos doutores.
O Sr. Segismundo: -(dá um aparte).
O Sr. Padre Carvalho: - Vou Ih•;! provar que não há
O Sr. Padre Carvalho: - Eu não nego que esses moços
comarca que não tenha juiz de Direito, juiz municipal e o
P<>dem ser muito mais úteis ao País, mas o que acontece é
competente promotor; entretanto há muitas freguesias que
a necessidade de dar dinheiro a um moço pobre, a fim de
não têm párocos.
mandá-lo estudar Direito, porque as classes mais abasta-
Como eu ia dizendo, a maneira por que estão organizan-
das do País já se dedicam a este ramo.
do os nossos seminários, não é a maneira por que eles devi-
Já existem duas academias médicas freq"ientadas por
am estar; apenas há um insigne curso de Humanidades.
muitos alunos, com as quais gasta o Governo mais de
O que quero fazer sentir é que ao padre não há emula-
200:000$ réis.
ção de adquirir um título, não há por assim dizer um marco
Um Sr. deputado: - dá um aparte. miliário no fi m de seus trabalhos escolares.
O Sr. Padre Carvalho: - Pouco mais ou menos a despe- O Sr. Segismundo: - Então o título de padre não é bas-
sa anda por essa quantia, isto é, com ordenados de lentes, tante para excitar a emulação?
laboratórios, biblioteca, etc. etc. O Sr. Padre Carvalho: -Apelo para a Casa: ser padre é
Grande parte também de moços abastados estudam ou título? Padre já sou cu, entretanto não tenho um pergami-
dedicam-se a essa ciência. nho, nem o meu País me proporciona lugar onde o vá bus-
Ainda o Governo criou para outro ramo dos conheci- car, sem que seja preciso deixar a Pátria.
mentos humanos que vêm a ser a engenharia e as ciências O Sr. Segismundo: - O nobre deputado não acode ao
exatas, uma escola preparatória na Praia Vermelha, a Escola chamado de "padre"?
Militar, uma Escola Central e um curso da Arma de infantaria O Sr. Padre Carvalho: - Chame-me o que o nobre depu-
n~ ~io Grande do Sul, com o ftm especial de instruir os tado quiser, só assim posso responder aos seus apartes.
militares até o curso superior onde podem er doutorados. O Sr. Segismundo: - Pois eu lhe re~ponderia de outra
. Assim, pois, os que se dedicam às ciências sociais e forma.
Jurídicas, à medicina e às matemáticas, todos podem ter um O Sr. Padre Carvalho: - Portanto, criando-se academi-
grau, ou um pergaminho. as para todos os conhecimentos burnanos, não temos ne-
Ainda o Governo Central não se limitou a isso; criou nhuma para as Ciências Teológicas. O que sucede? Aque-
L~ma Academia de Belas-Artes, gasta com lentes uma quan- le que quer estudar a fund o, vai beber a ciência nas acade-
tia bem importante, de sorte que até os artistas têm uma mias estrangeiras.
academia. Agora vejamos o que se dá com os padres. É por isso que esta Casa mandou dois moços à Europa
O Sr. Segismundo: - Temos muitos seminários e pare- a fi m de form arem-se em cânones. Um desses moços é o
ce-me que temos muitos padres. padre Cunha, maranhense dist:!rno, que se não fosse o ato
O Sr. Padre Carvalho: - Isto é modo de argumentar? Eu desta Assembléia não teríamos Lido o prazer e orgulho de
venho por aqui e o nobre deputado vai por acolá! ver esse padre obter, cm virtude de seu talento e ilustra-

<Vé) 99 <Vé)
LUIZ DE MELLO

ção, uma das primeiras freguesias da capital do Império. Já O muito digno Sr. bispo do Pará tanto se tem convenci-
vê o nobre deputado a ulilidade dos estudos teológicos. do da necessidade de ilustrar o clero, que à custa da Mitra
O Sr. Segismundo: - Nunca a desconheci. tem mandado para a Europa mui toe; moços formarem-se em
O Sr. Padre Carvalho: - Temos ainda um outro moço, o Teologia.
Sr. Mourão, o qual tem aproveitado muito. O Sr. Marta Ferreira: - Lá está cm Toulousse um filho
O Sr. Segismundo: -Apoiado. desta Província estudando à custa ela Mitra ela Diocese do
O Sr. Padre Carvalho: - Se esses moços tivessem uma Pará.
academia no País, decerto não procurariam as academias O Sr. Segismundo: - Da Mitra do Pará?
estrangeiras. O Sr. Maua Ferreira: - Sim senhor, é um moço de Caro-
O Sr. Moraes Rego: - São Jerônimo nunca se deixou lina, Francisco Pinheiro de Queirós.
levar por essas vãs idéias. O Sr. Padre Carvalho: - No Seminário de Toulousse,
Bordeaux, Orleans, S. Sulpício (na França), Louvrain (na
Não se pode negar que o padre deve ser muito ilustra-
Bélgica), Seminário Americano, Colégio Romano, Acade-
do, e que se aprendendo minguadamente apenas latim,
mia de S. Apolinário (em Roma) existem muitos moços fi-
francês, retórica, filosofia e princípios de teologia moral
lhos do Pará que foram estudar à custa da Mitra, e parece-
em muito pequena escala, a educação do padre é incom-
me que também com o produto de uma subscrição promo-
pleta, porque não se pode jogar com a ciência teológica
vida entre os fiéis. De modo que cu não tenho medo de
sem saber o grego e o hebraico, para a boa e autêntica errar, se disser aos nobres deputados, que talvez seja mui-
interpretação dos livros santos, e os escritos dos primei- to breve, o clero do Pará é o mais ilustrado do Brasil.
ros padres da Igreja. Não se pode negar, em verdade, que o clero brasileiro,
Ensinam-se também os princípios de Teologia Dogmá- em geral, não tem a suficiente ilustração. E como se há de
tica, e também muito resumidamente do Direito Canônico, querer um clero honesto, filho da religião cristã, se ele não
História Sagrada, mas tudo isso sem um curso regular por- tem a verdadeira ciência? Como se há de querer um clero
que, como acabei de dizer, para saber Teologia Dogmática que proceda como os antigos padres da Igreja, como os
e Direito Canônico a fundo, é preciso saber o grego e o antigos religiosos que vieram para o Brasil, os quais se de-
hebraico, bem como outras ciências que àque las se lfgam. sapegavam de todos os prazeres mundanos, se ele não tem
Não se pode dizer, portanto, que semelhantes estudos essa intenção sól ida que o coloque acima das coisas terre-
sejam suficientes para dar ao padre a ciência verdadeira a nas; se os princípios bebidos nos nossos seminários não
fim de ser o sal da terra e a luz do mundo, na frase do são bastantes para os grandes fins que temos em vista?
Evangelho. Portanto, se esta Casa tem mandado dois ou três moços
Agora, esses moços que freqüentam esses seminári- estudarem Teologia na Europa, foi para ilustrarem o clero ma-
os, necessariamente precisariam de um título que os inci- ranhcnsc, necessidade esta que se tem reconhecido de há
tassem à emulação, e vejamos se o Governo diz: - pode-se muito. Assim, pois, a comparação entre os pensionistas da
dar um título ou um pergaminho. Província que estudam Direito e Medicina, com os poucos
Freqüenta um moço de 6 a 7 anos o Seminário; qual o que têm ido esrudarTeologia, de modo algum vem ao caso.,
título que se lhe dá, que diferença há entre o que estudou O Sr. Segismundo: - Eu não fiz tal comparação.
muito e o que nada aproveita? Nenhuma, porque ambos O Sr. Padre Carvalho: - Não me refiro ao nobre deputa-
do. Termino declarando que voto a favor do projeto e con-
dizem: - sou padre.
tra a emenda.
O Sr. Segismundo: - Dá um aparte.
(Falta um discurso do Sr. deputado Dr. Segismundo)
O Sr. Padre Carvalho: - O nobre deputado não gosta
O Sr. Jansen Matos fez mais algumas considerações
de seu título de bacharel formado em Direito?
sustentando o projeto em discussão e mostrando a incon-
O Sr. Segismundo: -Aprecio-o muito; mas a que vem
veniência da emenda. Ponderou por último que, tendo a
isto? Assembléia passada autorizado ao pensionista Horácio
O Sr. Padre Carvalho: - Gosta. E por quê? Porque o Tribuzi que fosse aperfeiçoar-se em seus estudos na Fran-
distingue dos leigos, porque dá uma presunção de ciên- ça, não devia hoje escusar-se ao pagamento das dívidas
cia, porque enfim é o resultado de afanosos trabalhos, de que por este motivo aquele pensionista contraiu. O con-
muitas vigílias e às vezes mesmo de bem dolorosos sacri- trário, disse o mesmo Sr. deputado, seria uma injustiça que
fícios, de tempo e dinheiro, porque nem todos somos fa- não devia nascer de uma Assembléia já por seus atos mui-
vorecidos dos bens da fortuna. to recomendada na opinião sensata.
Naquele tempo não havia academias pelo modo que - Não havendo mais quem pedisse a palavra, e não
hoje existem, mas S. Jerônimo foi doutor da Igreja porque estando presente número suficiente de deputados para se
estudou nesses antigos conventos, verdadeiros mananci- poder votar, o Sr. presidente declarou a discussão adiada,
ais da cíência. mandou proceder à chamada e marcou para a ordem do dia
O Sr. Moraes Rego: - Perdoe-me! Ele foi formado em seguinte. (Publicador Mara11hense, 1017/1868, p. 2).
uma academia?
O Sr. Padre Carvalho: - Foi formado em uma espécie de (DO) ORÇAMENTO PROVINCIAL PARA
academia, isto é, colegiado de sábios teólogos. O ANO FINANCEIRO DE 1869-1870:
O Sr. Moraes Rego: - Está bem.
O Sr. Padre Carvalho: - Temos S. Tomás e outros com o Despesa
título de doutores da Igreja, mas era pela ciência de que
dispunham e parece-me que obtinham tírulos em uma espé- ( ...) Art. 39: Fica o Governo da Província autorizado a
cie de colegiado, o que estava nesses tempos muito em uso. despender a quantia de 1:500$000 réis, inclusive viagens

~ 100 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

de ida, com o pensionista Francisco Peixoto Franco de Sá; tação de entusiasmo por parte do povo maranhense, e a ele
e de 3:000$000 réis, desde já, com o pensionista Horácio próprio se ainda existisse concederíamos todas as homena-
Tribuzi. ( ... )(Publicador Mara11he11se, 24n/l 868, p. 2). gens possíveis, porém, quanto a um seu descendente en-
tendemos que a distinção de ser conduzido no mesmo carro
FOLHETIM que representava o Gênio da Nação, foi um excesso de en-
O DIA 28 DE JULHO tusiasmo que podia se limitar unicamente ao cumprimento
dos diretores ao Sr. Bazola, pela maneira frenética porque já
Esta data memorável enriquece uma das páginas de havian1 feito; pois se fôssemos carregar em triunfo todos os
ouro do livro da História Maranhense. descendentes doe; heróis da Independência do Maranhão,
A liberdade de um povo é um fato tão importante no que como o Sr. Bazola são dignos de maior consideração,
mundo político, que o grande movimento das gerações estamos convencidos de que nem todos os carros do Sr.
que se sucedem jamais conseguirá riscar da memória o dia Porto chegariam para comportar semelhante carregamento.
em que ele se opera. É por isso que o dia 28 de Julho Assim continuou a passeata o seu giro até o teatro,
inflama sempre em nossos corações esse fogo alimentado onde se recolheu às 3 horas da madrugada, depois da su-
pela lembrança respeitável de nossos avós. bida de outro balão e do toque do Hino Nacional corres-
O entusiasmo, com que foi este ano solenizado este pondido com vivas demonstrações de entusiasmo.
grande dia, ofereceu-nos matéria para o presente folhetim; Às 5 horas da madrugada, os repiques dos sinos de
e conquanto estejam todos os festejos no domínio do pú- quase todas as igrejas e grande número de girândolas de
blico, julgamos conveniente apreciá-los com alguma mi- foguetes deram sinal de que iam principiar os festejos da
nuciosidade. Sociedade da Vitória.
À meia-noite de 27 do corrente uma salva de 21 tiros, A essa hora, o Largo dos Remédios começou a encher-
d~da no Largo de São João, despertou os habitantes desta se de um crescido número de senhoras, cavalheiros, cole-
cidade que aguardavam a passeata dos Patriotas Anôni- giais e de pessoas de todas as classes. As bandas de mú-
mos, que estava anunciada para essa hora. sica que estavam no largo, cm coretos próprios, tocavam
Com efeito, em seguida, uma girândola de foguetes, alternadamente.
acompanhada da ascensão de um balão, solto ao som do Teve lugar a celebração da missa anunciada, e depois a
Hino Nacional, anunciou em frente ao teatro que dali par- Exma. Sra. Henriqueta Aguiar recitou no largo, com toda a
tia o grupo entusiasta.
graça. cadência e entusiasmo possível, uma bela poesia.
Entre duas alas de archotes conduzidos especialmente
Em seguida o Sr. Davi Freire recitou outra poesia, e o
por pessoas conceituadas, empregados públicos, negoci-
Dr. Tolentino proferiu um discurso.
antes e alguns oficiais da Guarda Nacional, marchava um
A poesia assinada pelas iniciais J. f. de C. é de um
carro conduzindo um índio de pé, empunl1ando o estan-
estilo elevado e encerra belíssimos pensamentos, porém,
~arte brasileiro. Sobre os ombros de quatro maranhenses
com algumas ligeiras correções no gosto da metrificação
'ªuma grande coluna alegórica de 4 faces, em cujos trans-
parentes via-se o retrato de S. M. o Imperador e as legen- ficaria mais perfeita.
das de lndependêncic1 ou Morte! - Viva o Dia 28 de Julho O Sr. Davi é por excelência o homem dos regozijos popu-
de 1823! - Vivam os Heróis da Independência! - Viva a lares; ninguém promove, organiza e dirige estes negócios
Constituiçüo do Império!, e alguns versos análogos. corno ele, mas será bom que nunca mais se encatTegue da
Um grande número de cidadãos de todas as classes parte oratória, não só porque mesmo ... como porque é preci-
acompanhava este grupo, em cujos rostos se divisava o so não ser egoísta e deixar aJguma coisa para os outros.
entusiasmo e regozijo de que se achavam possuídos. Pode ter muito gosto para a música, mas não deve cantar!
O discurso do Dr. Tolentino fez furor! S. S. sabe coleci-
Assim percorriam quase todas as ruas da cidade. Al-
gumas casas estavam iluminadas de onde os moradores onar palavras bonitas, mas por isso mesmo que possui
atiravam flores sobre o povo, e ou~ras iam-se iluminando à grande provisão delas, é pouco escrnpuloso na maneira
proporção que pa savam. de empregá-las, além de qu.! alguns pontos do seu discur-
O Sr. Carlos Henriques da Rocha audou de sua janela so não vinham ao caso, e outros jamais haverá tempo em
ª passeata com os vivas ao dia 28 de Julho e à Indepen- que possam vir!
Às 4 horas da tarde marcada para a reunião dos convi-
d~ncia do Brasil, os quais foram retribuídos pelo povo ao
consul dos Estados Pontifícios e de todas as nações ami- dados, chegou S. Exa. Revdma. o Sr. bispo diocesano, e
gas do Brasil. infelizmente os senhores membros da Vitória jantaram tão
Ao passar pela casa do Sr. Bazola, que estava preparada tarde que$. Exa. não foi recebido senão por outros convi-
para uma bela iluminação, os diretores dirigiram-se àquele dados e alguns oficiais que já se achavam na igreja. E nem
senhor e foram cumprimentá-lo pelos relevantes serviços ao menos um repique nos sinoc;!
prestados por seu falecido pai à causa da Liberdade do .Mais tarde apresentou-se o Exmo. Sr. vice-presidente
Maranhão. O Sr. Bazola agradeceu e deu vivas análogos. da Província, e, então, !>im, repicou!
Em seguida foi pelos diretores convidado a tomar as- Depois de celebrado um solene Te Deum, partiu a pas-
sento no carro onde ia o Gênio do Brasil, o que ele aceitou. seata às 5 horas da tarde, com grande número de pessoas
Sem, todavia, fazermos uma censura aos senhores di- de todas as classes e as bandas de música militares.
retores por um ato de puro patriotismo, julgamos poder Na frente iam os membros da Sociedade Vitória, trajan-
fazer uma pequena observação a respeito. do roupa branca e chapéu de palha ornado de fitas de
Os serviços relevantes prestados pelo distjnto pai do cores nacionais. Reinava muito cnn1siasmo e satisfação.
Sr. Bazola sem dúvida que dão direito a uma justa manifes- Um grupo de bandeiras brasileiras ele todos os tamanhos,
LUIZ DE MELLO

gostos e feitios completava o séquito que marchava com a satisfação, e as nossas consciências tranqüilas por ter-
melhor ordem possível. mos pago o tributo anual de veneração devido à memória
Depois de percorrerem quase todas as ruas principais de nossos antepassados.
desta cidade, por onde foram mimoseados com flores que César Banezi
lhes atiravam das janelas, regressaram às 7 horas da noite (Publicador Maranhense, 30/7/l868, p. l).
ao Largo dos Remédios, que já então se achava brilhante-
mente iluminado ao gosto chinês. Todas as casas particu- (Do) Relatório de Manoel Jansen Peneira, ex-primeiro
lares pareciam animadas do mesmo entusiasmo, e o largo vice-presidente, apresentado ao Exmo. Sr. primeiro vice-
estava bastante concorrido. presidente desembargador Manoel Cerqueira Pinto, que
Depois de algumas peças de música, subiu aos ares tomou posse no dia l ºde agosto de 1868:
um bonito balão de cores. (...) No dia 29 de julho último recebi da Assembléia
Assim foram se passando as horas, enquanto o povo Provincial onze projetos de lei, que ainda não estão sanci-
passeava, gritava, conversava e analisava o que via. onados, sendo eles os seguintes:
Por nossa parte sofremos tantos encontrões e pisade- 1º - O que orça a Receita e Despesa ProvinciaL
las que, se não fossem compensadas por outros tantos 2º-0 que altera a Lei nº 519, que divide a freguesia de
sorrisos de algumas nossas conhecidas, não poderíamos Nossa Senhora da Conceição da cidade de Viana da de
suportar. São José de Penalva.
Às 10 horas um novo balão Já se foi pelos ares, e desta 3º - O que orça a Receita e Despesa da Santa Casa de
vez era enesgado. Misericórdia.
Estamos na época das nesgas, e não há remédio senão 4° - O que autoriza o Governo da Província a conceder
aturar tudo quanto for de forma enesgada ! ao estudante Horácio Tribuzi 3:000$000 rs. para pagamen-
A moda atual das senhoras é horrível, porém, encerra uma to do débito que contraiu em virtude das despesas extra-
medida econômica, o que parece um absurdo. No dia seguin- ordinárias que fez com seus estudos na Europa. ( ...)
te ao da festa, o Largo dos Remédios não únha uma só palma . ( ...) Deixei de sancionar estes projetos por ter sido, à
ou folhas; as caudas dos vestidos haviam conduzido tudo vista da minha exoneração, insuficiente o tempo que tive
para outros lugares, e bem assim a poeira, elevando-se em para examiná-los, e assim dar ou negar minha sanção.(...)
nuvens aos ares, foi depositar-se nas regiões dos coques, Manoel Jansen Ferreira
verdadeiros aparadores de tudo quanto é extravagante. (Publicador Maranhense, l 1/8/1868, p. 2).
Eis aqui, pois, uma moda que por trazer tão bons resulta-
dos à Limpeza das praças pode autorizar a extinção dos empre-
FESTEJOS
gos de fiscais da Câmara, o que já é uma boa economia.
Às 10:30 horas tivemos, não uma chuva de ouro, como
Em conseqüência da faustíssima notícia da tomada de
estava anunciado, porém, de água que não vinha no pro-
Humaitá, que nos foi trazida pelo vapor Guaporé, expedi-
grama. Foi então um alvoroço completo: uma cadeira caía,
do expressamente para esse fim, e que consta do suple-
um homem pisava a cauda enesgada de uma senhora; ou-
mento que ontem foi distribuído, fizeram-se nesta capital
tra senhora arrebentava o elástico de uma pulseira de con-
os mais entusiásticos festejos.
tas, a fita de um suivez noi prendia no botão da casaca de
Logo que eptrou o vapor embandeirado, S. Exa. o Sr.
um sujeito, e até mesmo o nosso chapéu-de-chuva enfiou
vice-presidente da Província foi a Palácio, de onde depois
uma das talas pelo coque adentro de uma senhora que o
de dar vivas à Nação Brasileira, os quais foram calorosa-
trazia bem no centro da cabeça, e agora vejam: puxa daqui,
mente correspondidos pela imensa multidão que se acha-
puxa dacolá, afinal, ao mesmo tempo que o nosso chapéu
va reunida no largo, saiu com ela em passeata percorrendo
quebrava uma das talas, caía a nossos pés uma grande
diversas ruas da cidade.
rodilha de pano preto, ficando a senhora descocada!
À tarde, a Sociedade dos Quarenta Lusos também saiu
Afinal a chuva não continuou e seguiu-se outro balão.
em passeata que terminou à noite, e logo em seguida outra
Quando o povo estava disposto para reti rar-se, eis que
passeata se organizou, que deu o seu giro pelas principais
rompe o fogo de vista e aparecem três bo1litos transparen-
ruas.
tes representando duas coroas nacionais e um caboclo
Em todas estas numerosas reuniões do povo reinou sem-
pisando uns destroços de guerra e empunhando a bandei-
pre a maior ordem e hannonia, transparecendo em todos os
ra brasileira.
semblantes o regozijo produzido por tão agradável notícia.
Estes quadros foram feitos pelo hábiJ e modesto mara-
As fortalezas salvaram às horas de costume.
nhense João Manoel da Cunha Júnior, a quem felicitamos
S. Exa. mandou fechar todas as repartições públicas
pela perfeição e feliz imaginação de seu quadro da Liber-
por três dias. O s estabelecimentos comerciais também se
dade do Brasil.
Passado que foi um quarto de hora tivemos outra se- têm conservados fechados, e consta-nos que ainda se
gunda chuva, porém, desta vez era (diz que) de ouro, e estão preparando importantes festejos.
Jogo em seguida outra de tabocas de foguetes que foi de (Publicador Maranhense, 17/8/1868, p. 2).
todas três a que mais receio tivemos de nos causar alguma
constipação! SOCJEDADEDA VITÓRIA
Às 11 horas tocou a debandar, e assim finalizaram os
festejos do grande dia desta Província, deixando o cora- E sta sociedade que se tem distinguido pelo seu patrio-
ção de todos os maranhenses cheio de uma verdadeirn tismo e pelo brilho de suas festas em honra das glórias

<V<!) 102 <V<!)

J
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

pátrias, saiu anteontem à tarde em passeata acompanhada RETRATO DE S.M. O IMPERADOR


de três bandas de música, do Corpo de Educandos Artífi-
ces, de um grande número de pessoas disti ntas e de imen- O Sr. Horácio Tribuzi, o pensionista da Província de
sa multidão. Além desse numeroso acompanhamento, con- quem tanto nos ocupamos na sessão da Assembléia Pro-
seguiu a Sociedade da Vitória que a ela se incorporassem vincial do ano passado, acaba de concluir um retrato de S.
muitas senhoras, as quais vestidas de branco, trazendo M. o Imperador, por ele oferecido à sala de sessões da
fa ixa auriverde e empunhando uma bandeira nacional per- mesma Assembléia.
correram em carros as mesmas ruas por que seguiu a pas- Este trabalho pode ser visto do dia 6 em diante em casa
seata, mostrando em seu entusiasmo que o amor à Pátria do Sr. Domingos Tribuzi.
não é um privilégio do sexo masculino. É mais do quanto o Sr. Horácio Tribuzi é grato à Provín-
Foi belo o espetáculo que ofereceram nessa ocasião as cia que o tem auxiliado cm seus estudos. (A Atualidade, 51
~ossas palrícias, tomando assim tão ativa pai1e no regozi- 6/1869,p.2).
JO de que todos estamos possuídos.
A passeata da Sociedade da Vitória foi uma das maio- (Do) Relatório lido pelo Exmo. Sr. Dr. José Silva Maya,
res e mais bem dirigidas que têm havido nesta cidade. (Pu - vice-presidente da Província, perante a Assembléia Legis-
blicador Maranhense, 19/8/1 868, p. 2). lativa ProvinciaJ por ocasião de sua instalação no dia 1º do
corrente:
PASSEATA DA GUARDA NACIONAL
INSTRUÇÃO PÚBLICA
Ontem à noite a Guarda Nacional da capital fez uma
grande passeata em nada inferior à da Sociedade da Vitória (...) Por não haver ainda assumido o exercício do ma-
de que acima tratamos. gistério na vi la de Imperatriz o professor Joaquim GonçaJ-
Nela também tomaram parte as senhoras, com a dife- ves Lima, ultimamente provido vitaliciamcntc na respecti-
rença apenas de que iam a pé. va cadeira, nomeei para regê-la interinamente o padre Do-
Três bandas de música, muitos foguetes, repetidos vi- mingos Elias da Costa Moracs. Para o de Carolina, por ter
vas, sempre calorosamente correspondidos, tudo deu a o professor João da Mata Ferreira de vir tomar assento na
essa passeata o mesmo entusiasmo da do anterior. Assembléia Legislativa Provincial, nomeei o cidadão Deo-
~louve também ontem à noite, no Quartel cio Campo ele cleciano Augusto Maranhão. Para o de desenho da Casa
0d unque, uma linda iluminação, na qual a boa disposição cios Educandos, por se achar no gozo de licença o profes-
sor Domingos Tribuzi, nomeei o cidadão Horácio Tribuzi.
dos ornatos ainda mais fez realçar o bom gosto e proprie-
adc com que foram escolhidos. (... )(Publicador Mara11he11se, 81611869, p. 1).
Tomou-se notável nessa iluminação um excelente re-
RETRATO DE S. M. O IMPERADOR
trato de S. M. o Imperador, oferecido à Guarda Nacional
Delo seu autor, o Sr. João Manoel da Cunha Júnior, e que
O Sr. Horácio Tribuzi acaba de oferecer à nossa Assem-
nos afirmaram ter sido pintado de 1 hora às 5 horas da
tarde· (Publº1cador Mara11he11se, 191811868, p. 2). bléia Legislativa Provincial um retrato a óleo de S. M. o
Imperador, de tamanho naturaJ, trabalho que, apesar de exe-
cutado em poucos dias, honra ao jovem e talentoso artista e
HORÁCIO TRIBUZI justifica mais a brilhante reputação de que ele goza.
Copiado de urna fotografia tirada há bem pouco tempo, o
. No vapor Jerome, que ontem entrou cm nosso porto, retrato é de uma extrema semelhança, e não só por esta cir-
VC10 O' ·
M insigne maranhensc Horácio Tribuzi. (Publicador cunstância como por sua perfeição pode ser considerado o
aranltense, 161211869, p. 2). melhor de todos os retratos do Imperador que aqui existem.
Fora para desejar que o Governo encomendasse ao Sr.
AVISO Tribuzi um retrato igual para a saJa do dosscl em PaJácio,
Ho , · na quaJ devendo estar uma efígie perfeita de S. Majestade
pi rac10 Tribuzi, tendo chegado da Europa, onde com- em conseqüência dos atos solenes do cortejo que aJi tem
b ctou os seus estudos de pintura, acha-se residindo na
~u ·1 d s
lugar, existe um mau retrato, imperfeitíssimo, e que pela
h • 0 · oi, casa 45, onde pode ser procurado a quaJquer grande dessemelhança que tem do original, lança o que
ora do dia pelas pessoas que quiserem utilizar-se dos quer que seja de ridículo sobre tão importante solenidade.
Se us se .
IOO$ e rviços. O anunciante tira retratos a óleo por 60~. Felicitando o Sr. Tribuzi por mais essa prova do seu
Çõe 150$, segundo as proporções dos mesmos. Dá li- merecimento artístico, não podemos deixar de louvar o sen-
12$s de de~enho e pintura em casas particulares à razão de timento de gratidão que com aquele ato ele manifesta para
e· l11cnsa1s; e de 1º de março em diante abrirá aula em sua com a corporação, a quem deve a cultura e aperfeiçoamen-
asa, onde 1 . . .. to que conseguiu dar a seu notável talento. (Publicador
ra ec1onará as mesmas matérias nas qu111tas-fe1-
< Se do111·1 . .
p ngos, mediante a paga de 7$ mensais. Mnran!tense, 13/6/1869, p. 2).
ret ropôe-se mais a pintar quadros para igrejas e salas e a
tudOcar os que estiverem deteriorados e finalmente a fazer O SR. HORÁCIO TRIBUZI
0
quanto for possível à sua arte.
ra ;aranhão, 23 de fevereiro de 1869. (Publicador Ma- Todo o Maranhão conhece o Sr. Horácio Tribuzi, como
11 ense, 24/2/1869, p. 3). pensionista da Província cm Roma, onde foi aprender a

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LUIZ DE MELLO

arte da pintura, mas infelizmente o ser pensionista da Pro- tada por Tarqufnio, copiado em Roma na Galeria de Guido
víncia não constitui por si só um mérito, porquanto de Cagnacci, ao natural, oferecido ao Dr. Marques Rodrigues;
todo o Brasil tem ido grande número de moços à Europa, retratos de Rafael, Miguel Ângelo, Rubens, Canova, Gali-
para estudar a expensas do Estado, e têm regressado igno- leu, também encomendados pelo Dr. Marques Rodrigues,
rantes como foram, e de mais, fofos e ridículos. Repetidos em meio-busto, ao natural, copiados em Roma; O Verão e
exemplos disso têm feito considerar como para os auxílios O Estio , que se acham em casa do negociante João Luís da
dados a jovens que aliás podiam ser julgados esperanço- Silva; Diana saindo do banho, em ponto pequeno, que
sos para irem buscar na Europa as ciências e as artes. está em casa do autor; diversos grupos de anjos, uma
Quanto mais que em regra geral não são os esperançosos paisagem de Roma e outros pequenos trabalhos, como
a quem o patronato indigita para gozarem desse benefício. retratos já feitos nesta cidade, depois de seu regresso.
À volta desses escolhidos é que se pode saber se hou- Esta multidão de trabalhos, feitos em tão pouco tempo,
ve mérito na escolha. É o caso a respeito do Sr. Horácio denotam duas coisas: que o Sr. Horácio Tribuzi é um man-
Tribuzi: resta saber, pelos seus trabalhos artísticos, se nele cebo incansável e dedicado à sua arte; que está senhor do
foi bem empregada a proteção da Província. seu pincel, que é o mesmo que dizer: o gênio preside ao
Ao ver os primeiros quadros com que nos seus pou- seu trabalho.
cos anos de tirocínio mimoseou a Província o Sr. Horácio Agora mesmo acaba ele de esboçar um quadro - O
Tribuzi, d ir-se-ia que em Roma a arte da pintura está redu- roubo de Amymone.
zida a um certo número de regras, mediante as quais todos O imenso relevo das fi guras, a perfeita horizontalidade
podem ser bons pintores, mas sabe-se que isso não é as- do mar, a encantadora animação das ondas, a vivacidade e
sim, a pintura foi incluída no número das artes liberais - vigor dos tritões que nadam levando às costas a prenda
porque depende, mais que de tudo, do talento da pessoa querida, fazem o devido elogio ao Sr. Horácio Tribuzi.
que a cultiva. Corno retratista, o Sr. Tribuzi é também insigne: veja-se
Os amadores da arte distinguem os produtos do gênio entre outros o retrato de seu venerando paj Sr. Domingos
que se manifesta por traços francos, exatos e engraçados, Tribuzi; além de perfeitamente semelhante, está delicarnente
onde a natureza parece ter movimento, e por um colorido acabado.
atrevido e misterioso que põe a adivinhar com que cores Acabamos de ver também o retrato do fa lecido Sr. Bes-
foi feito. Distinguem, dizemos, os primores do macio, e sa, no estado de cadáver. É vê-lo e reconhecê-lo imediata-
bem-acabado embora, mas obra morta, monótona pela re- mente, o que é bem difícil nesse gênero de retratos.
gu laridade das tintas e das cores que não arrebatam o Parece-nos ser tempo de criar no Maranhão uma aula
espírito. Estas, são susceptíveis de aprender-se por meio de pintura. Em todo o Brasil só há uma Academia de Belas-
de regras fi xas, por pouco talento que se tenha; mas aque- Artes, que não tem sido freqüentada pelos provincianos.
las não; a natureza e a inteligência do pintor têm nelas a A mocidade maranhense em geral tem aptidões para esta
melhor parte. Tais são os quadros que temos visto do Sr. arte, e pode-se quase garantir que cada discípulo dela será
Horácio Tribuzi: revelam a verdadeira vocação que para o um pretendente de menos aos empregos públicos. (O Ar-
futuro nos pode dar obras-primas de subido mérito. tista, 4nl1869, pp.1-2).
E o Sr. Horácio Tribuzi, posto à testa do ensino de sua
arte na sua Província, quantos talentos não fará desabro- FESTEJOS
char entre a nossa mocidade, que só espera ver para com-
preender e imitar! I-íoje às 5 horas da tarde haverá uma grande passeata
Entremos cm consideração de outra ordem, para mos- fei ta pelo corpo do comércio. Acompanham-na três ban-
trar que o Sr. Horácio Tribuzi tem sido cavalheiro com a das de música, e a ela vai incorporada a numerosa Socie-
Província, atenuando, o que não era obrigado a fazer, os dade dos Caixeiros. Reúne-se e dissolve-se na Praça do
sacrifícios que com ele foram feitos. Comércio.
Mais da metade do que recebeu tem ele retribuído es- Em um avulso que foi distribuído está o programa des-
pontaneamente. sa passeata, que promete ser digna do assunto que a pro-
Aí estão patentes aos olhos de todos três grandes voca, e da imponante corporação que a vai realizar.
quadros, que bem podem ser reputados em um conto de Segue-se amanhã a passeata feita pela patriótica Guarda
réis cada um: o da Justiça, ao natural, copiado em Roma no Nacional, a quem tão de peno toca o acontecimento que
Vaticano, de Rafael de Urbino, cuja cópia oferecida pelo Sr. nos enche de júbilo, porque para ele concorrerão em grande
Tribuzi à Província acha-se colocada na sala do júri; o parte os seus companheiros, tanto oficiais como praças.
Comércio, ao naturaJ, invenção sua, oferecida por ele e FiJialmente na segunda-feira a passeata da Sociedade
colocado na Casa da Praça; o retrato de S. M. o Imperador, Vinte e Oito de Julho.
colocado na sala das sessões da Assembléia Legislativa A Câmara Municipal manda celebrar amanhã às 4 ho-
Provincial. Além disso, quatro retratos estimados no valor ras da tarde na igreja Catedral, com toda a pompa, um sole-
de cem mil réis cada um, de quatro notabi lidades mara- ne Te Dewn em ação de graças pela feliz e gloriosa termina-
nhenses: Gonçalves Dias, Lisboa, Odorico Mendes e Go- ção da guerra. A mesma corporação faz também amanhã na
mes de Souza. Enfim o da Deposição da Cruz, no valor de frente do edifício do Paço Municipal uma grande ilumina-
quinhentos mil réis. copiado de Rafael em Roma, em aqua- ção que se repetirá nas noites de segunda e terça-feira.
rela, existente no Palácio Episcopal, e o retrato do Papa Pio Pelos quadros. que tivemos ocasião de ver, dos nos-
IX, no mesmo Palácio. sos mais distintos generais, pelos ornatos, colunas, etc.
Além destes trabalhos tem o Sr. Horácio Tribuzi muitos que têm de figurar na iluminação, conclu ímos que será ela
outros de encomendas particulares, como Lucrécia assai- grandiosa e do mais belo efeito.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

A Câmara Municipal convidou a todos os seus municí- foram recebidos os discursos proferidos pelos Srs. Drs.
pes para acompanhá-la cm sua demonstração de regozijo, Almeida Oliveira, Coqueiro e Martiniano, os quais iremos
iluminando suas casas durante aqueles três dias. (Publi- publicando nos seguintes números.
cador Mara11/ie11se, 16/4/1870, p. 2). Pelo que toca a dedicação, ela se manifestou também
de modo inequívoco: queremos falar do oferecimento que
A ELE, DÉSPOTA DO MUNDO! fi zeram dos seus serviços os senhores Francisco Peixoto
Franco de Sá e Dr. Manoel Janscn Pereira, aquele para
Magalhães & Companhia vendem por pouco dinheiro reger a aula de desenho linear e aplicado às artes, e este a
um heróico quadro onde se acha, no centro, o valoroso de mecânica industrial. A Sociedade acolheu com vivo re-
soldado Chko Diabo atravessando com uma lança o mons- conhecimento estes oferecimentos, e decidiu que se con-
tro mais bárbaro dos tempos modemos- Solano Lopez. (O signasse na ata da instalação um voto de louvor a esses
Monitor, 21/4/ 1870, p. 2). dois distintos sócios, voto que a imprensa não podia dei-
xar de consignar também.
TRABALHOS DE CABELOS Assim, pois, a idéia que a Sociedade Onze de Agosto
pretende levar a efeito é simpfüica ao nosso povo, e de
. Vimos novos trabalhos de cabelos do Sr. Ory filho , que reconhecida utilidade para ele; muito, porém, vai do modo
ainda mais provam a sua habilidade. de realizá-la. É preciso not:tr de mais que esse mesmo povo
São quatro quadros de gostos diferentes, mas todos que acolhe as boas idéias com pronta benevolência se
perfeitamente bem-acabados. (0 Paiz, 12/5/1870, p. 2). acha como que descrente das empresas que se tem queri-
do realizar entre nós em vista do seu nenhum resultado.
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL Compenetrem-se, porém, os sócios desta grande ver-
Sessão do dia 7 de julho de 1870 dade, e é que tudo começa pequeno para crescer, verdade
que se observa com freqüência na natureza, e que aquelas
(...) Petição de Domingos Tribuzi pedindo à Assembléia, empresas não têm querido reconhecer.
por empréstimo, a quantia de três contos de réis para paga- Suponhamos que a Sociedade Onze de Agosto é uma
mento de despesas feitaS com seu filho Horácio Tribuzi, linda menina que acaba de nascer; sobrecarregá-la de enfei-
quando esteve estudando pintura em Roma. - À Comissão tes quando a gcntilc1a consiste na harmonia e boa disposi-
de Petições. (Publicador Maranhense, 1217/2870, p. 2). ção das formas; arroxear-lhe os pulsos com pesados brace-
letes; fazer pender-lhe do delicado pescoço um colar em
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL feição de dourada, e dos tenro~ dedinhos grossos anéis, é
Sessão de 8 de julho por ce1to querer sufocá-la debaixo desses ricos adornos, e
Expediente: antes que os membros adquiram a força precisa para sus-
tentá-los. Assim começar com ostcntaçJo esta Sociedade é
Um requerimento de Domingos Tribuzi, em que pede a matá-la antes de produzir os bcnélicos resultados que dela
q~antia de três contos de réis, como compensação das
se espera; é dm·-lhc iguarias assaz pesadas para o estômago
*~eren.ças de cfünbios das moradas de seu fr~ho Horácio que por ora só pode suportar ligeiros alimentos.
nbuz1, que fora estudar pintura em Roma. - A Comissão Somos de opinião que a Sociedade Onze de Agosto
de pe t"1çoes.
- (Publicador Maranlzense, l 3n/1870, p. J).
deve ter principalmente cm vista cortar todas as despesas
desnecessárias e dispensáveis; não receie que se fine à
TRABALHO EM GESSO míngua de alimentos, não. Podem, é verdade, ser estes
parcos, mas de boa qualidade; cuide-se de tomar as medi-
Recebemos um trabalho cm gesso feito pelo artista por- das que para o futuro podem dar grandes resultados. e
tugu_ês Antônio Basílio Monteiro. para os quais. sim, a parcimônia é condenável. Assim é
d E um medalhão oblongo de pequeno formato conten- que tendo de instituir-se cursos noturnos e sendo de gran-
o em relevo as fi guras do Rei D. Luiz de Portugal e sua
de e extraordinária importância os de química e física, que
esposa em corpo inteiro.
não podem ser feitos ~cm os competentes aparelhos, apli-
Não deixa de ter mérito artístico e revela habilitações
que-se todas as economias que se puder fazer em mandá-
{ue melhor se poderão manifestarem a sunto mais amplo. los buscar na Europa, e uma vez nesta capital, a primeira
Publicador Mara11he11se, 2 1/7/ 1870, p. 2).
talvez do Norte que os tenha de possuir, só por si darão
avultada importância ?\ nossa b~la instituição. (Publica-
MARANHÃO, 17 DE AGOSTO DE 1870
dor Mara11/ze11se, 17/8/1870, p. 3).
S ~nstalou-se anteontem, no salão da Escola Nonnal, a
GOVERNO DA PROvfNCIA
ociedade Onze de Agosto, o que não pôde ter lugar na- ·
Expediente do dia 21/9/1870
queJa data pelo moti vo anteriormente anunciado.
_ Concorreram ao ato cerca de cem pessoas sem distin-
O vice-presidente da Província, visto que o cidadão
Çao alguma de classe ou cor política e foloamos de o dizer,
tod . Horácio Tribuzi, candidato ao lugar de substituto da ca-
_ as bem-dispostas a abraçar com' entusiasmo
"' ·
e ded1ca-
deira de desenho do LiCl'U desta cidade, foi plenamente
Çao a idéia que, servindo de luminoso norte àquela socie-
aprovado no exame público por que passou, resolve no-
dade, e convenientemente desenvolvida, pode vir a ser
Para o povo maranhense um abundante manancial de meá-lo para o lugar de substituto da referida cadeira de
benef1c1os.
· Em entusiasmo se revelou pelo modo com que desenho. (Publicador Mnra11/ze11se, 61 1O/1 870, p. 1)
LUIZ DE MELLO

ASSEMBLÉIA PROVINCIAL xoto Franco de Sá é pedir ao público que compareça à


Sessão de 8 de julho de 1870 Casa da Câmara. (Publicador Maranhense, 5/1/1871, p. 2).

À Comissão de Petições GOVERNO DA PROVÍNCIA


Um requerimento de Domingos Tribuzi, solicitando a
quantia de 3:000$000 rs. por empréstimo, para pagamento Despachos - Dia 21 de janeiro
de despesas feitas com seu filho Horácio Tribuzi, quando
esteve estudando pintura em Roma, como pensionista da (...)D. Tribuzi- Prove o suplicante a sua incapacidade
Província. -À mesma Comissão. (Publicador Maranhen- por atestações passadas pelos Drs. Santos Jacinto, Cor-
se, 4/1111870, p. l). reia Leal e Hall. (Publicador Maranhense, 24/1/1871, p. 2).

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL CÂMARA MUNICIPAL


Sessão de 14 de julho de 1870 Sessão em 31/12/1870
Expediente:
Reunidos os Srs. vereadores: capitão Joaquim Ribeiro,
( ... )Um requerimento de Horácio Tribuzi peilindo que tenente-coronel Alves Júnior, alferes Davi Freire, Jorge de
se consigne fundos na Lei de Orçamento para pagamento Carvalho e AJ ves Monteiro, o Sr. presidente abre a sessão.
de seus ordenados como substituto da cadeira de dese- Lida a ata da sessão é aprovada.
nho do Liceu. - À Comissão de Petições.
(Publicador Maranhense, 26/1111870, p. 1). Expediente

(DO) Relatório apresentado pelo Ex mo. Sr. Dr. José da ( ...) Um ofício dos empregados da Câmara, oferecendo
Silva Maya, primeiro vice-presidente da Província, ao pas- à mesma o retrato do Exmo. Sr. Dr. José da Silva Maya, para
sar a administração da mesma ao Exmo. Sr. Dr. Augusto ser colocado na sua secretaria. - Foi aceito com especial
Olímpio Gomes de Castro. agrado, resolvendo a Câmara que fosse o retrato colocado
( ...) Para os lugares de substitutos das cadei.r as de filo- no lugar pedido.
sofia e desenho do Liceu foram nomeados, mediante con- A requerimento do Sr. vereador Davi Freire, é este ofí-
curso, o padre Raimundo AJves Fonseca e Horácio Tribu- cio transcrito na presente ata: - rJmos. Senhores. - Os
zi. (Publicador Maranhense, 611211870, p. 1). empregados da Câmara Municipal da capital do Maranhão
abaixo assinados, desejando dar uma prova do quanto são
JUSTA HOMENAGEM reconhecidos ao seu amigo o muito digno presidente desta
Câmara o Exmo. Sr. Dr. José da Silva Maya, vêm hoje ofere-
Em sinal de apreço aos longos e relevantes serviços cer à mesma Câmara o seu retrato para que seja ele colocado
prestados pelo Exmo. Sr. Dr. José da Silva Maya à Munici- na sua secretaria. Deus guarde a V. S.ª - São Luís do
palidade da Capital, resolveram os respectivos emprega- Maranhão, 3 1 de dezembro de l 870. - Ilmos. Srs. presidente
dos mandar tirar o seu retrato a óleo, a fim de ser colocado e mais vereadores da Câmara Municipal da capital do
na secretaria da Câmara, para cujo fun obtiveram na sessão Maranhão (assinados) - Afonso Henrique de AJbuquerque
de anteontem a necessária licença. e Mello, Antônio José da Silva Sá, José Joaquin1 Pereira,
Foi incumbido do trabalho o Sr. Francisco Peixoto Fran- AnLônio Joaquim Tnvares, Antônio Joaquim da Silva Rosa,
co de Sá, que o executou de modo satisfatório e revelador Pedro Alexandrino Marques de Figueiredo, Tibério César
do seu talento. de Lemos, Américo José de Souza, Antônio Gonçalves da
O Sr. Sá é uma vocação decidida para a pintura. Mais Cruz, Manoel João Correia Viann, Joaquim Mariano Mar-
ainda. - Dotado de inteligência não vulgar, e de uma von- ques, Augusto José Vidigal. Alexandrino de Sena Pereira,
tade fume, tem conseguido por si só e à força de incessan- Luiz Rai mundo de Azevedo, Arcelino Sérgio Nunes, Fran-
te aplicação e de estudo sobre trabalhos dos grandes mes- cisco de Assis Ribeiro do Amaral, Isidoro Gentil Rabelo,
tres, apurar o seu gosto artístico e educar o seu delicado José Cânilido Leão, Francisco Xavier de Carvalho e Silvério
pincel. Lopes Ferrerra. (Publicador Maranhense, 111211871, p. 1).
Apesar do muito que tem conseguido por si, como o
prova esse retrato, jamais perca de vista o Sr. Sá a conve- COLÉGIO DE SANTANA
niência de ir à Europa ver trabalhar os melhores artistas e
de trabalhar diante deles. No sábado próximo passado tiveram lugar os e:>..ames
Os senhores empregados da Câmara Municipal com o deste colégio que em tempo competente deixaram de ser
ato que praticaram deram um público testemunho de ele- feitos por moléstia da maior parte das meninas.
vada consideração que lhes merece o Exmo. Sr. Dr. Maya, Mais uma vez proporcionou-se-lhe ocasião de apresen-
e firmaram um documento bem significativo do mé1ito des- tar crescido número de meninas muito bem preparadas, e
te cidadão. Honrando-o, honraram-se com tão louvável outras, as quais fizeram exame de classes, muito adiantadas.
procedimento. (Publicador Maranhense, 2111187 1, p. 2). As examinandas em geral revelaram inteligência, apli-
cação, aproveitamento, ordem e método no estudo, segu-
O RETRATO DO EXMO. SR. DR. MAYA rança de respostas, certeza de pensamento, o que tudo
depõe, e muito, a favor daquelas dedicadas senhoras que
O melhor elogio que se pode tecer ao excelente traba- com tanta caridade, com zelo e trabalho o dirigem, prestan-
lho do delicado pincel do inteligente pintor Francisco Pei- do assim à Pátria relevante serviço, pois preparam meni-

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

nas que um dia serão mães de família, e portanto as futuras co desta cidade. Pode ser procurado na Rua de Nazaré nº 14,
regeneradoras da sociedade maranhensc. das 6 às 9 horas da manhã e das 11 às 4 horas da tarde.
A experiência mostrou-lhes que as exposições anuais, Maranhão, 31 de maio de 187 l. (Publicador Mara11/ie11-
longe de trazerem só vantagens, acarretavam inconveni- se, 31 /5/1871, p. 2).
em~s, e por isso no presente ano não a fizeram, já porque
muitos pais das alunas não quiseram que suas filhas tra- VIAGEM DE FRANCISCO P. FRANCO DE SÁ
~:.hassem para elas, e já porque prejudicam o estudo tute- Passageiros saídos para Lisboa no vapor Bragt111ça
io, acarretam grandes despesas, e como que animavam Dia27:
as ·
_meninas só a estes trabalhos de bordados e lavores que
da? muito na vista, e que conquanto sejam úteis e agradá- Delfim da Silva Guimarães, sua senhora e 3 fi lhos, José
veis, não são dos mais necessários a uma mãe de família. Antônio Rodrigues de Moura, sua senhora e 1 filho, Fran-
Noutro lugar deste jornal vai a lista das examinandas. cisco de Sá Viana e 1 filho. Dr. João Francisco Corrêa Leal,
Ainda uma vez felicitamos as Exmas. Sras. Franco de Sá João Pedro Ribeiro, 1 filho e 1 criada, Manoel Gonçalves
e 1hes pedimos que não esmoreçam em sua árdua tarefa, e Fontes Júnior, Joaquim Ovídio Marques Viana, João da
que nessa gloriosa carreira continuem elas a colher novos Silva Araújo, José Maria de Macedo, Félix Parcor, Francis-
frutos que hão de sempre fazer lembrados os seus nomes e co Peixoto Franco de Sá, José Gomes da Silva Gaioso, João
dos
. se us ·incansáveis
· professores, especialmente o Sr. Fran- da Costa Rodrigues, Antônio Pereira Ramos d'Almeida,
ci~c~ Peixoto, que de dia para dia mais conquista a estima Luiz Antônio Monteiro.
pu~ltca já com o seu hábil e delicado pincel, e já ensinando (Publicador Maranhense, 28/611871, p. 3).
ad lmgua portuguesa e apresentando tao - belos resultados
e suas fadigas. (Publicador Maranhense, 1º/3/1871, p. 2). COLÉGIO DE SANTANA

DOMINGOS TRlB UZJ continua a ensinar desenho em Chamamos a atenção dos leitores e especialmente dos
~~a casa_nas quintas-feiras e domingos, das 7 às 9 horas pais de família para o anúncio publicado hoje neste jornal
manha. (Publicador Maranhense, 10/3/1871, p. 3). pelas dignas e zelosas diretoras daquele colégio.
A retirada do Sr. Francisco Peixoto Franco de Sá cau-
COLÉGIO DE SANTA TERESA sou em verdade sensível falta àquele estabelecimento.
Acabam porém suas infatigáveis diretoras de providenci-
d Neste colégio, outrora asilo, pretende o Sr. bispo man- ar de modo que o ensino não venha a sofrer com a ausên-
Mar colocar o retrato do Dr. Maya defronte do do Dr. Olímpio cia daquele talentoso maranhensc.
d ac_h~do, este como fundador, e aquele como promotor Pensamos que as reformas ultimamente introduzidas
as ultimas alterações que se fizeram neste estabelecimen- no colégio U1c vão ser de grande proveito, sendo urna
to. (Publicador Maranhense, 5/4/ 1871, p. 2). garantia disto a aptidão profissional dos novos professo-
res, Srs. Alexandre Rodrigues e padre Felon.
ESCRITÓRIO DE ENGENHARIA A medida de ser diária a aula de português é de mani-
JOSÉ GAUNE festa util idade e é por certo reclamada pelo ensino regular
Engenheiro civil e acurado da língua pátria. (Publicador Mara11he11se, 121
7/187 1,p. 2).
tru ~ncarrega-se de planos e estudo de quaisquer cons-
l Çoes e fábricas; encomendas de máquinas a vapor fixas COLÉGIO DE SANTANA
e ocomóvcis; engenhos de cana com os últimos aperfei- AOS SENHORES PAIS DE FAMÍLIA
çoamentos·
d · prensas portáleis
· para algodão; rnáqurnas
· para
ç esc_aroçar algodão; alambiques de moto-contínuo; po- Tendo-se retirado para a Europa o Sr. Francisco Peixo-
0~ 1 ~stantâneos; serrarias fixas e locomóveis e todas as to Franco de Sá, professor das aulas de gramática po11u-
maquinas para todas as artes e ofícios. guesa, geografia, língua francesa e desenho deste colé-
Encontrar-se-ão desenhos de todas estas máquinas gio, o substituímos durante o seu impedimento pelos se-
no seu escritório. guintes senhores professores:
Sr. Alexandre José Rodrigues, professor aposentado,
RUAOOSOL,36 na aula de 3º grau da português, que compreende análise
~ Maranhão, 30 de março de 1871 gramatical, elementos de geografia, de aritmética. de His-
( ub/icador Maranhense, 11141187 1, p. 3). tória Sagrada e do Brasil, redação de cartas fami liares, sis-
tema métrico decimal de J><!SOS e medidas e escrita ditada.
CASAMENTO Esta aula, que funciona três dias, na semana, passou a
funcionar diariamente por assim convir ao maior adianta-
S
easou-se hoJe. o Sr. João Manoel da Cunha com a Exma.. mento das alunas.
;ª· Belarn1ina Salustiana da Cunha. (Publicador Mara-
n tense, 13/5/1871, p. 2).
O Revdo. Sr. padre Felon na aula de geografia.
A substituição da aula de desenho será anunciada opor-
tunamente.
RETRATISTA A ÓLEO Maranhão, 12 de julho de 187 1. -As diretoras, Ana do
Santiago Franco de Sá, Maria da Conceição Franco de Sá,
~arlos Hefricter, retratista a óleo, tendo chegado a esta Augusta Finnina Franco de Sá. (Publicador Mara11he11se,
capital n0 dºia 25 do corrente oferece seus serviços ao pu'blº1- 1217/1871, p. 3).

e/c!) 107 e/c!)


LUIZ DE MELLO a ,
>

MONUMENTO A GONÇALVES DIAS Maranhão, 2 de abril de 1872. (Publicador Maranhen-


se, 6/4/1872, p. 4).
Lê-se no Jornal do Comércio, de Lisboa:
Veio esta tarde para a oficina de escultura do Sr. Germa- FESTA DE SÃO BE..m3DITO
no José Salles, na Rua do Arsenal, o modelo da estátua do
notável escritor brasileiro Antônio Gonçalves Dias. A copiosa chuva que caiu quase toda a noite e conti-
O modelo foi feito na outra grande oficina do Sr. Salles, nuou até às 7 horas da manhã, afugentou a concorrência,
no Aterro da Boa Vista. assistindo aos batizados e missas da manhã pequeno nú-
Ainda não vimos a estátua, mas temos sobre ela boas mero de famílias e alguns cavalheiros. S. Exa. o Dr. Castro,
informações. (Publicador Maranhense, 14/9/ 1871, p. 2). presidente da Província, fez-se representar por seu aju-
dante-de-ordens, não podendo comparecer pessoalmente
FESTA POPULAR DO TRABALHO por incomodado, e aí estiveram também os Srs. inspetor da
Tesouraria, capitão do porto e outros c idadãos grados.
Mandou S. Exa. que a banda de música dos Educan- Depois dos batizados feitos pelos vigários das fregue-
dos Artífices toque na Casa da Câmara nos dias 1O, 11 e 12 sias a que pertenciam os alforriados , passaram quase to-
do corrente, do me io-dia às 2 da tarde, e das 4 às 6, por das as pessoas presentes à sala em que estava colocado o
ocasião da Festa Popular do Trabalho, que deve ter al i retrato do Dr. Antônio Marq ues Rodrigues coberto por
lugar nos dias acima mencionados. (Publicador Mara- uma cortina. A sala estava perfeitamente decorada, toda
nhense, 411 2/ 1871, p. 2). atapetada e coberta de flores.
Duas filas de im1ãos de São Benedito, com as suas
opas, estavam ao lado do retrato; ao centro delas, à dis-
GOVERNO DA PROVÍNCIA
tância conveniente, as crianças libertadas e o j uiz Joaquim
Expediente do dia 4 de dezembro de 1871
Marques Rodrigues; à roda da sala, e m cadeiras, as se-
nhoras presentes, enchendo o restante espaço os cava-
( .. .) Ao d iretor da Casa dos Educandos Artífices. - Dê
lheiros q ue, apesar do mau tempo, aí concorreram. No cor-
Vmc. suas ordens para que a banda de música desse esta-
redor contíguo à sala estava postada a banda de música
belecimento tog ue na Casa da Câmara Municipal desta
dos Educandos.
capital nos dias 1O, 11 e 12 do corrente, do meio-dia às 2
Os Drs. Antônio Teixeira Belfort Roxo e Gentil Homem
horas da tarde, e das 4 às 6 horas, por ocasião da Festa
de Almeida B raga, cunhàdo e concunhado do Dr. Mar-
Popular do Trabalho, que deve ter ali lugar nos referidos
ques Rodrigues, bastante comovidos levantaram a cortina
dias. (...) (Publicador Maranhense, 7/12/1 87 1, p. 1).
gue cobria o retrato, e ao verem as fe ições simpáticas, tão
expressivas na tela, daquele que, ainda vivo, já não per-
FESTA POPULAR DO TRABALHO tence ao número dos vivos, a comoção se apossou de
todas as pessoas presentes e as lágrimas brilharam nos
Resolveram os encarregados desta festa prolongar ama- olhos dos seus amigos que são muitos e sinceros.
nhã, até às 9 horas da noite, a mesma exposição. (Publica- O juiz fez a distribuição das cartas de liberdade às cri-
dor Maranhense, l l/12/187 1, p. 2). anças, cujos nomes noutro lugar publicamos, e em segui-
doi leram discursos os Srs. Alexandre José de Almeida por
COLOCAÇÃO DE RETRATO parte da irmandade e Dr. Gentil Braga, relatando ambos os
serviços prestados à irmandade, à humanidade e à socie-
Domingo, 7 do corrente, depois do batizado dos ino- dade em geral pelo Dr. Marques Rodrigues.
centes alforriados pela Irmandade de São Benedito, terá Foi um ato imponente, mas triste e muito triste, especi-
lugar no consistório da mesma irmandade, no convento de almente para aqueles que tiveram a felicidade de tratar com
Santo Antônio, a colocação do retrato do seu benfeitor, o o Dr. Marques Rodrigues, quando, original perfeito desse
benemérito e infeliz Dr. Antônio Marques Rodrigues. retrato, e pondo no pensamento o triste estado a que hoje
A irmandade mandando fazer o retrato deste distinto está red uzido, sem que urna esperança possa alimentar
brasileiro e colocando-o, com licença do ordinário, na sala aqueles que o estremecem.
de suas reuniões, patenteia quanto é grata, e tem que sê- Foi sob tão tristes impressões que terminou pelas 8.30
lo, ao homem que criou para a mesma irmandade a grande horas a festa da manhã.
glória de ter libertado tantos inocentes cativos, o que ain- Sentimos não poder publicar os dois discursos de que
da maior se torna por ter sido ela a iniciadora de uma idéia não nos foi possível obter cópias. (Publicador Maranhen-
que mais tarde tanto se generalizou. (Publicador Mara- se, 8/4/1872, p. 2).
nhense, 5/4/1872, p. 3).
DISCURSO LIDO POR OCASIÃO DE
DESENHO E PINTURA COLOCAR-SE O RETRATO DO DR. ANTÔNIO
MARQUES RODRIGUES NO CONSISTÓRIO DA
Domingos Tribuzi continua a ensiJ1ar desenho e pintu- IRMANDADE DE SÃO BENEDITO, NO
ra em casas particulares, e nas quintas-feiras e domingos CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO
em sua casa, das 7 às 9 da manhã.
O mesmo recebeu da Alemanha um novo método de Senhores. - Como representante da Irmandade do Glo-
desenho linear para as artes, fácil para a compreensão de rioso São Benedito venho neste momento dirigir-vos al-
qualquer artista, e muitos modelos de marinha. gumas palavras em referência ao tributo de gratidão que a

~ 108 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

irmandade rende ao nosso distinto irmão o Dr. Antônio AULA DE DESENHO


Marques Rodrigues, mandando colocar o retrato deste ilus-
tre filantropo neste salão, lugar onde a mesma im1andade O Sr. Tribuzi expõe hoje à concorrência pública a sua
celebra as suas sessões. nula de desenho, n:i Rua do Sol, e continu:i a lecionar esta
Em 1867, sendo juiz da festividade o Dr. Antônio Mar- especialidade nas terças e sextas-feiras das 7 às 8.30 da
~ues Rodrigues, por sua iniciativa e esforços resolveu a noite. (Publicador Mara11he11se. 301511872, p. 3).
irmandade solenizar a festa do santo protecor dos cati vos
comª rnanumíssão de crianças do sexo feminino para cujo BELAS-ARTES
fim se obtiveram esmolas.
Era a primeira vez que entre nós se levantava a humru1i- Domingos Tribuzi, professor de desenho do Liceu, terá
tária i~éia de solução pacífica e gradual do problema da abena à concorrência do respeitável público, e especial-
emancipação e o resultado obtido correspondido, ainda mente das pessoas do comércio, a sua aula de desenho no
~ue em modestas proporções, ao zelo desenvolvido pelo dia 30 do corrente, das 6 da manhã às 8 da noite, e principi-
1
ustre iniciador da idéia. ará a lecionar no dia 3 de junho.
~ . Naquele ano a procissão do sru1to protetor dos cativos Nas terças e sextas-feiras, das 7 às 8.30 da noite, será o
01 acompanhada de 15 crianças libertas, isto é, de outras curso de desenho linear de máquinas, marinha, ornamen-
tanta-; fo ntes de iamíbas
e . . to, fi gura e paisagem, pintura :i aqu:irela em marfim.
no futuro ela nossa sociedade.
Estarão à vista na sala alguns traslados dos primeiros
No ano seguinte e no mesmo dia foi a festa soleni1,ada
com ma·is do dobro das manumissões efetuadas no ano professores da Europa, bustos em relevo de tamanho na-
anterior• e a proc1ssao . - do sa1110 protetor dos cativos abri- tural, para se aprender a rctrat:ir baixos-relevos e todos os
11 arranjos necessários. Coruinua a ensinar cm casas parti-
diantou-se com o acompanhamento de 36 crianças libcrta- culares em qualquer dia da semana, nas quintas e domin-
as da escravidão.
De cntao - para cá o mesmo fato se tem reproduzido gos das 7 às 8.30 da manhã, cm sua cas:i e nos colégios
Nossa Scnl1ora da Glória, Nossa Senhora de Nazaré, Santa
anualmente, sub.111do o numero , das crianças manumeticlas Isabel e Sem inário de Nossa Senhora das Mcrcês. (Publi-
ª 160• in e1u1c
• 1as as que no dia de hoje receberam as suas
cador Maranhense, 301511872, p. 4).
Cartas de liberdade.
A semente cm tão boa hora lançada ao seio da socieda- GALERIA DA INFÂNCIA
d e pelo Dr A ~ ·
· 11101110 Marques Rodrigues ocrminou pronta-
mente e tem clado de s1. os mais º frutos.
. proveitosos Amigos sinceros das glóri:is e incremento deste espe-
Ao iniciador de tão fecunda e humanitária idéia justo rançoso país é sempre com prazer que registramos nas
era render-se a dev1.cla homenagem mandando a 1rmanda-
. ' páginas deste jornal os :itos tendentes à glória e distinção
de coloc '
_ ar o retrato no lugar de sua sessões. de seus filhos.
, Este retrato será para todo o sempre o mais expressivo Neste pressuposto não passaremos em silêncio a inau-
s11nbol0 d ' guração da Galeria da Infância, que no dia 4 do corrente
çã e um grande benefício e a mais bela demonstra-
.0 do sentimento reJjgioso que emana pu1issimo das su- teve lugar no Colégio Imaculada Conceição,
bl tmes e d. · · O ato foi simples e familiar na aparência, mas grandio-
iv111as doutnnas do cristianismo.
. Este retrato será sempre olhado com respeito pela so- so na significação e quiçá nas conscqi.iências.
ciedade , h Viam-se os retratos de Sotero, Dias, Lisboa e Odorico
.
e nan rnaran ensc e com eternos aoradccimentos pelas
as rtben:idas e pelos descendentes
Çc
º que as rcprcsen- Mendes ornados de modestas flores, mas preparados por
1arcm no futuro. mãos infantis escolares.
O padre Fonseca, tomando a palavra, mostrou o alc~111-
~ ~evemos todos fazer votos cm ordem a que a perma- ce e fins da instituição, e acabou convidando os aluno~ a
nenc1a do
te lu ar .retrato _do Dr: Antônio Marques Rodrigues nes- aumcntru·cm o número daqueles quadros. trabalhando para
g •sirva de mccnuvo constante à propaoanda pacífi- se equipararem aos originais. por seus conhecimentos. mo-
ca de e . º
manc1pação lenta e gradual
ral idade e patriotismo.
no Não posso terminar sem rende; aqui publicamente em Depois for:im os alunos tomando a pafavr:i e bem inte-
~e ~a mesa da Jnnandade do Glorioso São Benedito o
rn ais Stnce ressante era ouvirem-se os nomes dos 1iteratos mar.mhen-
.b
ra d ro ln uto de gratidão ao zelo e auxfüos do vene- ses pronunciados por lábios infantis.
tidn o Sr Jo
· aqu1m · Marques Rodrigues, que depois d:i par- Estes e outros fatos atestam que a nossa época n5o é
de ~::a a ~uropa, onde se tem conservado desde o ano a da ingratidão para com os grandes homens.
tró . 8: m_uno nos tem coadju vado na realização da filan- Encerrou o ato o delegado literário que dirigindo ani-
m:i•ca idéia da libertação de crianças, já por meio de es- madas palavras aos alunos, mostrou-lhes o futuro e lou-
de as que tem dado e já pelas que tem obtido de pessoas vor a ganhar n:is lide literárias. (Publicador Mam11he11-
M fa m1T_1a e de suas relações e conhecimentos.
sua se, IOnll 872, p. 3).
AI _aranhao, 6 de abri l de 1872 - Alexandre José de
llleida (Publicador Mara11he11se, 91411872, p. 2). EXPOSIÇÃO

ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS Por ato de ontem foi nomeada pela Presidência uma
Comissão, a fim de promover por sua pane os meios ne-
Acaba de chegar no brioue Angélica vindo de Lisboa cessários para que esta Província possa figurar dignamen-
eºm23d" . º ,
tas de viagem. (Publicador Mara11he11se, 28/4/1872). te na Festa Industrial que terá lugar, sucessivamente, ncs-

CV'@ 109 ~
~
~ LUIZ DE MHLO

ta capital e na Corte em dezembro próximo vindouro, sen- A FESTA DOS EDUCANDOS


do depois os produtos remetidos para Viena d' Áustria a
fim de também ali figurarem na Exposição Universal. No domingo, às 7 horas da manhã, teve lugar no esta-
Fazem parte desta Comissão os seguintes senhores: belecimento dos Educandos a distribuição dos prêmios
Dr. José da Silva Maya, Dr. César Augusto Marques, aos alunos que mais provas deram de aproveitamento nos
Dr. Gentil Homem de Almeida Braga, Dr. José Gaune, Ma- estudos e nos místeres a que se dedicam.
noel Silvestre da Silva Couto, coronel Raimundo Jansen No vasto salão das oficinas foi que se preparou o lugar
Serra Lima e Antônio Ennes de Souza. (Publicador Mara- para a cerimônia, adornando-o com simplicidade e bom
nhense, 6/811872, p. 3). gosto.
Ao centro do salão formaram um trono e sobre ele es-
COMPANHIA ANIL tava o retrato do monarca, em frente deste uma mesa, e
sobre ela, numa salva de prata, as medalhas que se haviam
(...) Para fiscal desta companhia, por parte do Governo, de distribuir.
foi nomeado o Dr. Gaune, sem remuneração dos cofres O inspetor interino da Instrução Pública, comendador Lo-
públicos. (Publicador Maranhense, 13/8/1 872, p. 2). pes, fez a distribuição dos prêmios, lendo no fim uma alocu-
ção que foi agradecida por um dos educandos premiados.
O estabelecimento estava na melhor ordem e asseio
EXPOSIÇÃO exemplares, e à noite esteve todo iluminado e então bas-
tante concorrido.
Fomos ver no dia 7 do corrente a exposição de dese-
nhos do Sr. Domingos Tribuzi. É um estabelecimento modelo e do qual muito se deve
É digna, na verdade, de minucioso exame a sua galeria orgulhar o Maranhão, que tem tido a felicidade de ver à
composta de 126 quadros que apresenta em bonitos e difíceis testa dessa casa administradores da qualidade do Sr. coro-
trabalhos, alguns dos quais de pessoas de bem tenra idade. nel Serra Lima. que é para com aquelas 300 crianças um
Quase todos estão bem-acabados, em proporção do verdadeiro pai, não só de carinhos estéreis, mas bom edu-
adiantamento do discípulo. cador empenhado num futuro delas.
Os trabalhos do Sr. Aluísio Azevedo e das Sras. Lopes
Ferreira se destacam pela perfeição dos traços e pela gran- EXPOSIÇÃO
deza das formas , que os tomam mais difíceis.
A cópia do busto do Sr. Ambrósio Paré, de cujo autor A Festa Popular do Trabalho juntou-<;e este ano à pe-
não nos lembramos, também se toma recomendável. pois quena Exposição dos Educandos e fez-se neste estabele-
neste trabalho o discípulo tem de apanhar as sombras na- cimento.
turais do busto de gesso. Foi-lhe destinado um bom salão cujo topo estava cerca-
No meio de ludo isto não sabemos o que mais admirar: do pelo retrato do filantropo ex-presidente e senador João
- se o trabalho artístico da exposição, se as maneiras aten- Antônio de Miranda, benemérito fundador daquela casa.
ciosas, fino trato e pachorra à toda prova do expositor. Terminada a cerimônia de distribuição dos prêmios,
O Sr. Tribuzi é geralmente estimado por estas qualida- abriu-se a exposição.
des que o caracterizam. (Publicador Maranhense, 10191 O Sr. Almeida Oliveira, presidente da Comissão respec-
1872, pp.2-3). tiva, declarou inaugurada a festa e fez um bonito improvi-
so, encarecendo a utilidade do trabalho e que é preciso
FF.sTAPOPULARDOTRABALHO DO MARANHÃO trabalhar sempre, porque o trabalho regenera o homem.
O Sr. Davi Freire leu cm seguida a ata da última sessão
Nos dias 15, 16 e 17 do corrente, das 6 horas da manhã desta utilitária sociedade e depoi. distribuiu uma poesia
às 1O horas da noite, achar-se-á aberta ao público a 2ª análoga ao assunto da festa, mandada estampar por um
Exposição da Festa Popular do Trabalho desta Província, dos membros da Comissão, e impressa na úpografia deste
no estabelecimento dos Educandos Artífices. jornal como espécime tipográfico, cuja poesia publicamos
Os objetos expostos, que não forem por seus donos no fim desta notícia.
oferecidos para o bazar, . erão cuidadosamente guardados Se de manhã a concorrência foi limitada, à tarde mal se
e restituídos logo depois de findo o júri. podiam ver os objetos. por estarem sempre rodeados de
A Comissão espera toda a concorrência do público espectadores as bancadas em que eles estavam expostos,
para esta instiwição que por certo traz grande animação às e o salão perenemente cheio, lrnnsitando-se nele com difi-
artes e à indústria da Província. culdade.
As pessoas que remeterem produtos para a exposição e Se a indústria nacional não se manifesta ainda nas nos-
bazar, podem fazê-lo diretamente ao Umo. Sr. coronel Raimun- sas exposições de Província. sendo como mero luxo ou
do Jansen Serra Lima, no estabelecimento dos Educandos ou curiosidade, se o fim econômico é desprezado pela maioria
à Farmácia dos Srs. Pinheiro & Ferreira, Largo do Carmo. dos expositores, a lavoura, fonte principal da riqueza pú-
É expressamente proibido tocar nos objetos expostos, blica.pode-se dizer que lá não figura, senão como resulta-
podendo as pessoas que desejarem explicações sobre os do ainda de alguma ind1ístria particular.
mesmos, pedi-las aos membros da Comissão. É por isso que o algodão lá não aparece, e nem o açú-
Maranhão. 4 de dezembro de 1872 car ou outro produto de importante e valiosa exportação.
Martiniano Mendes Pereira, servindo de sccrelário. Dos gêneros de consumo, lá se vê uma amostra de
(Publicador Mara11Jze11se, 12/ 12/ 1872, p. 4 ). farinha de mandioca, uma saquinha de feijões brancos (fa-
CRONOLOGIA DAS ARTES PIÁSTICAS NO MARANHÃO (18 42 1930)

vas), quando neste gênero há uma grande variedade; outra É para notnrque pelo menos na Seção de Armeiros não
~e café etc. e isto mesmo desacompanhado de quaisquer esti vesse presente o mestre da oficina ou o educando fa-
informações. O arroz que apareceu na exposição, foi a in- bricante para mostrar e explicar a vantagem da arma ou
dústria e não a lavoura que lá o pôs. a Fábrica Ceres para aí armas expostas. bem como a respeito dos móveis. quem os
0
mandou como amostra dos seus aperfeiçoados produtos. abrisse e mostrasse, porque sendo proibido tocar nos ob-
O único lavrador que não falha às exposições é o Sr. jetos expostos, o que é justo, o visitante limita-se a olhar
Sérgio Vieira. para uma pistola, por exemplo, sem ficar sabendo mais do
Na indústria temos a notar as três Fábricas de Chapéus - que ser uma pistola que está vendo.
Viúva de Geminiano Antunes Ribeiro & Cia, Bernardino de Nessa seção estavam expostos alguns ensaios de gra-
Sena Castro e Emmanocl Bluhm que ali se fizeram perfeita- vura que não podem ser considerados mais que como me-
mente representar. A primeira expôs chapéus de pêlo e peças ros ensaios, e nem se pode esperar outra coisa, atento ao
de unifonnes militares; a última chapéus de pêlo, de rururi e pouco tempo que tem de criada a aula respec1iva, à pouca
bonés de pano; e a segunda, a sua exposição pode-se dizer idade dos alunos e mais que tudo ao material mecânico
completamente nacional, porque a matéria-prima dos cha- nela empregado, pois o tórculo de madeira é dos da primi-
péus que expôs, o tururi, é criada nos palmares do Brasil. tiva, e muito carece ser substituído por um de ferro que
pode custar de 200 a 300 réis.
As fannácias Pinheiro & Ferreira, e Ferreira & Cia. ex-
puseram diversos preparados. Não deixa de se recomendar a indústria desta casa
pelo desenvolvimento que vai tendo com o aumento das
Os produtos da saboaria de Manoel Pereira Mar1ins, oficinas ultimamente criadas. As peles ali surradas, dizem
constantes de sabão de várias qualidades e sabonetes,
os entendidos que são muito bem preparadas.
estavam acompanhados dos respectivos preços e as amos- Ressente-se o estabelecimento, e muito, da falta de má-
tras numeradas e por classes. É uma bonita ex ibição. quinas que só poderá adquirir quando lhe for concedido
O conserveiro da Padaria Francesa expôs um bonito empregar os lucros da sua indústria cm benefício da mesma
sonimento de doces, fnitas cristalizadas, amêndoas e açú- indústria, lucros que hoje são recolhidos ao Tesouro.
car Ca.ndf, trabalhos todos muito perfeitos. O resto da exposição, cm geral, constava de produtos
Os chocolates de várias qualidades e já muito conheci- de Belas-Artes e outros próprios de museus.
dos e acreditados de José Antônio Ferreira Ribeiro ocupa- Nas primeiras figu ravam com distinção os trabalhos
vam também lugar distinto. fotográficos dos Srs. Cerqueira e Vigicr que rivalizavam em
. As obras de Carvalho & Companhia, na forma e na perfeição.
Ptntura muito se aproximam às estranoeiras· falta-lhes, Alguns objetos dignos de menção nos terão escapado
~é ~ '
c r m, o que se chama bem-acabado·' falta . que os fabri- aqui mencionar, ou por não tem1os neles reparado, devido
antes hão de ir remediando e aperfeiçoando cada vez mais à dificuldade que a concorrência opunha a tudo que fosse
~eus produtos, pois não lhes falta nem dedicação nem visto com atenção, ou porque se nos tenham riscado da
tntelig~ · F.
encia. 1zcram no entanto bonita exposição. memória.
. A marcenaria, além dos educandos, só tinha um expo- A maneira do nosso ver a respeito de alguns objetos
expostos e que francamente acabamos de manifestar. pode
cS!lor,. Miguel Arcanio ~
de Lima com um costureiro de bara-
uUttara e cedro. Como toda as obras do Sr. Lima, é esta não agradar a um ou a outro expositor; ela tem. porém,
ma obra bem-acabada, de bom gosto, tanto no fabrico como base a verdade e como fim a correção do defeito ou
corno no b. . . . defeitos apontados.
rém c_o~ _inado das veias da 1:iade1ra. Nota-s~, po-
O louvor sem critério tem tanto de prejudicial ao produ-
' nas d1v1socs que formam os diversos comparumen-
to · to e ao produtor, como de benéfica a crítica conscienciosa.
'" ~ interiores que, talvez por pressa, não estão as junções
•e nas C<) É esta a Segunda Exposição ou Festa Popular do Tra-
, m a mesma perfe1.çao -
do resto da obra.
balho. Apesar da indiferença dos mais interessados, con-
E esta a ocasião própria para se dizer quanto censurá-
vel é · · tinue a digna Comissão a empregar seus esforços como
~A a indiferença dos nossos artistas, pois que tendo no até aqui; não desanime, que há de por fim ver coroados os
•v1aranhfo
_ ' marcenanas . 1mpo1tantes
. e sempre trabalhan do,
nao tenham para expor, nao - um móvel especial, . mas qual- seus desejos de um resultado tão útil ao País. que de mais
quer daq 1 . . compensará os desgostos e contrariedades por que tenha
~ ue es que comumente fabricam - uma cadeira, passado na propagação de uma idéia tão fecunda. Cheios
comoda ·1: •
a . ou so1.i etc., pois é por esses que melhor se pode de patriotismo, os membros desta Comissiio não almejam
preciar o estado da indústria da Província. recompensa senão a da utilidade geral que possa provir da
lJ Duas peças piramidais ocupavam o centro da casa. combinação de seus esforços, e essa hão de tê-la.
ma continha garrafas de licores e outras bebidas alcoóli- A Casa dos Educandos apresentou à Exposição os se-
cas e r
C inta de escrever do fabricante Joaquim Isaías da guintes objetos:
_ruz. A outra, do já conhecido fabricante Domingos Perdi- l - guarda-vestidos, 1;
gao, mostrava os seus produtos de licorista e conserveiro 2 - guarda-casaca, l;
cada vez . .
. mais aperfeiçoados e mais variados, tanto em 3 - secretária, 1;
qualidade .. 4 - parador, 2;
N c_omo no acond1c1onamento.
a Seçao dos Educandos viam-se alournas amostras 5-cômoda, 1
decalçad ai º . obras
. e serralheiro,
d ' o, guns traballlos de armeiro 6 -cost11reiro, 1
b~ marcenaria e alfaiate, constantes da relação adiante pu- 7 - vaquetas preparadas, 4
~cad~, em conterem indicação de preço ou de outra qual- 8 - pares de botinas, 9
q er circunstância. 9 - candeeiro de parede, 1

<V'C) 111 <V'C)


LUIZ DE MELLO

10 - máquina de fazer bife, 1 OS LAVRADORES NA EXPOSIÇÃO


11 - dita de preparar café, 1
12 - bidê, 1 Tratando deste objeto dissemos que o Sr. Sérg io Vieira
13 - pistolas, 2 era o lavrador que não falhava às exposições; cumpre,
14 - bacamarte, 1 porém, acrescentar que o Sr. Raimundo Vale também é um
15 - brida de metal, 1 dos que compreende quanto vale ao lavrador, à lavoura e
16 - terçado, 1 ao País a exposição, e por isso concorre sempre a e las com
17 - pares de estribos, 2 algum produto da sua lavoura.
18 - cabeção de brida, 1 A propósito da exposição, a Comissão da Festa Popular
19-tiralinhas, 1 do Trabalho, na noite de terça-feira fez o que deveria ser
20- graminho, 1 feito logo no primeiro dia: constituiu o bazar no próprio
2 1 - pares de esporas, 2 recinto da exposição, e assim conseguiu vender alguns ob-
22- corta-capim, 1 j etos cujo produto tem por fim ajudar o custeio da exposi-
23-escri vaninha de metal , 1 ção. Alguns expositores também venderam aí parte dos seus
24 - pedras com trabalhos de esculrura, 1O produtos, e mais isso se generalizará e as exposições toma-
25 - pastas de escrita, 2 r'<lo o verdadeiro caráter que devem ter, quando a estes atos
26 - livros encadernados, 4 deixar de ser imposto um cerimonial desnecessário, quando
27 - quadros de desenho linear, 12 eles forem verdadeiras Festas Populares do Trabalho.
28 - ditos de dito de aquarela, 4 Não se poupa a djgna Comissão a trabaJhos e sacrifícios
29 - dito com trabalhos de gravura, 8 para que as exposições tenham o incremento desejado; são,
31 - di to com cópias de düa, 7 porém, grandes os obstáculos que se lhe opõem, filhos quase
32 - pares de calças de casimira, 4 todos dos nossos hábitos e dos nossos cosrumes.
33 - coletes de dito, 4 Continue, porém, a esforçar-se, seja persistente, e se o
segundo ano j á foi melhor que o primeiro, o de 1873 deve
34 - fraqu e de dito, 1
ser superior aos dois passados, e assim sucessivamente.
35 - paletó di to, 1
(PublicadorMaranhense, 17/1 2/1872, p. 2). (Publicador Mara11hense, 19/12/J 872, p. 2).

NOTÍCIAS DA PACOTILHA
EXPOSIÇÃO
( ... )Só o meu dever de cronista obrigar-me-ia a dar dez
A da Festa Popular do Trabalho continuou ainda na
tostões por um bilhete de entrada para a exposição das
segunda e terça-feira com limitada concorrência.
figuras de cera do Sr. Rossini.
Alguns objetos mais nela figuraram, que não estavam
Eu sou da opinião pública, que acha excessivamente
lá no primeiro dia, como redes e trabalhos de agu lha.
caro o tal di vertimento: - O Sr. Rossini devia ficar satisfei -
Uma inovação também apareceu nestes dois últimos
to com dois cartões de bondes - p or exemplo - por cada
dias, motivada talvez pela grande utilidade que poderá tra-
ingresso.
zer ao desenvolvimento das futuras exposições, a qual era
Quanto às figuras de cera, algumas há perfeitas e ex-
- não se poder entrar no recinto da exposição senão de
pressivas; os trajes, porém, e os corpos de quase todas
chapéu na mão! mereciam mais aperfeiçoamento.
Na véspera, todos que aí foram, andaram à vontade, O grupo que representa a Capitulação de Sedan, não
procuraram ver e examinar os obj etos expostos com o ter- prima pela naruralidade e semelhança dos tipos: apresenta
rível incômodo de obter no meio dos apertões lugar para si um Bismarck magro e de fraque, quando devia estar intei-
e para o chapéu sempre em risco de ser amassado, e não ramente revestido do seu caráter oficial; um Napoleão IJ
nos consta que isto fosse censurado ou julgado inconve- de cera, inteiramente contrário ao de carne e osso; um Rei
niente, senão no dia seguinte. Guilhenne magro; o príncipe rcaJ pelo príncipe Frederico, e
Nenhuma razão de respe ito ou de civilidade justificou um Molkt tísico e intanguido.
tal medida, numa casa de exposição onde estão patentes À Victor Emanuel falta o nariz arrebitado e a Caste lar
objetos dos mais ínfimos usos domésticos, e a qual con- nada falta.
vém atrair o povo industrial, avesso às pieg uices de salão. Rochefort tem os cabelos crespos, o que Já não vi;
É tão disparatada esta medida tomada para o recinto da além disso é um dândi, e o traje aJi parece o de um cafunei-
exposição, que foi necessário ter vários educandos pedi- ro de Barra do Corda à busca de sortimento na capital; os
do aos visitantes que se descobrissem, ao passo que no comunistas - fuzi ladores de Leonte e Thomas deviam es-
grande salão onde estava o retrato do monarca não vimos tar fardados; o Lopez não era daquela a ltura; o quadro que
pessoa aJguma aí penetrar que não se descobrisse logo à representa o cadáver do general Prim está perfeito; porém
entrada, sem precisar de intimação. no da Fome de Madri em J811 - os soldados fran ceses
Daqui se vê que a nossa sociedade é bastante civil, estão vestidos como oi. contemporâneos, e aquela mulher
conhece perfeitamente o nde deve descobrir-se, e que por- que mal sustenta no colo o filho, não devia ter os seios
tanto a advertência pecava, não só por inconveniente e n
cheios; a toalete da ex-rainha 1 abel é irrisória; o soldado
supérflua, como por pouco de licada. que pede vinho à aldeã é francês e não prussiano; os tipos
Partisse de quem partisse, a ordem foi uma triste lem- portugueses são os piores que lá vi, e o hospita l de san-
brança. (Publicador Maranhense, 18/ 12/ 1872, p. 2). gue o melhor quadro que lá está.
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Quanto à Vênus Reservada - mais me parece, no corpo, Quanto ao outro doente, que está sendo medicado por
ª ~élebre Maria Paula. Se Vênus é aquilo, não vale a fama uma im1ãdecaridadc, iludiria mais se não fosse o movimento
mitológica que lhe deram os poetas da antiga geração. impróprio que tem. Não há ninguém que no estado cadavéri-
Apesar de tudo isso, vale a pena apreciar os bonecos co e moribundo em que está essa figura, possa levantar mcio-
do Sr. Rossini, e, se aqui manifestei alguns porquês, é para corpo sem ajuda dos braços, um dos quais pende ao lado, e o
que não se persuada esse senhor de que me convenci que outro está cruzado sobre o peito preso por um lenço.
expôs o non plus ultra naquele gênero. ( ...) A morte que se vê estampada no rosto não está de
O Domingos harmonia com a natureza do movimento. Todavia a molés-
(O Domingo, 30/12/1872, p. 2). tia não nos pareceu muito grave, egundo os medicamen-
tos que vimos sobre a mesa, isto é. entre alguns vidros
FIGURAS DE CERA pequenos, uma das muito conhecidas cápsulas ... e não há
por aí ninguém que não as tenha tomado e ande muito
Abre-se hoje a exposição de figuras de cera em tama- lampeiro pelas ruas desta cidade.
nho natural, no Teatro São Luiz. Afiançam os expositores Quanto às demais figuras, são verdadeiros bustos so-
que a coleção que possuem é digna de ver-se, por isso a bre corpos disformes e envolvidos cm roupas de mau gos-
recomendamos ao público, tomando contudo a Uberdadc to e sem característica própria.
de lembrar aos empresários que devem baratear mais o Na capitulação de Scdan não há uma só figura pareci-
P~eço das entradas, pois só assim chamarão a concorrên- da com os verdadeiros retratos que temos visto dos origi-
cia e usufruirão maiores interesses. (Publicador Mara - nais. O Sr. Rossini teve, portanto, uma feliz idéia colocan-
nhense, lº/ 1/1873, p. 2). do os nomes de cada personagem no pedestal da ligura, a
fim de suprir aquilo que a arte não soube reproduzir.
FIGURAS DE CERA Já nos ia esquecendo a figura de Vênus, que teve a
honra de ser colocada na tribuna da Presidência, em cuja
Como prometemos, vamos dar hoje a nossa opinião porta uma grande lente excita a curiosidade, através de um
acerca das figuras que estão expostas no salão uperior véu que modestamente a cobre.
do Teatro São Luiz. Muito tem decaído Vênus no conceito do expositor!
A exposição do Sr. Rossini não pode ser classificada Rossini devia ter suprimido este quadro.
na esfera das exposições de primeira ordem. Contudo a exposição é digna de ser visitada, não só
, As suas figuras não têm a ilusão da naturalidade, não porque tem alguns grupos dignos de atenção, como indi-
so 1pela falta de expressão fisionômica em afoumas
~ , como camos, como porque para a maioria da nossa populàção
ª
pe desproporção do corpo em quase todas. são as figuras de cera uma novidade. (Publicador Mara-
Se quiséssemos descer a uma análise minuciosa do n/Jense, 4/1/1873, p. 2).
vesruáno· dos diferentes
· personagens que ali se pretende
r~presentar, por certo que o nosso juízo não seria mui10
l lSO . .
nJcrro em relação ao guarda-roupa das fi guras. O ves-
PRESÉPIO
tu' ·
ano, por exemplo, de Isabel fl, ex-rainha da Espanha, O do Sr. José Jacinto Ribeiro, que sem contestação é um
composto de um vestido de tartalana cor-de-rosa, é uma dos melhores que temos visto, representará amanhã um ou-
toalete que não pode ser tolerada em uma soberana. ainda tro grupo de figuras onde se vê a adoração dos Magos do
;esmo que os acontecimentos políticos a tenha~ feito Oriente desenhados a capricho e de um efeito surpreenden-
escer até o último degrau do seu trono. te, como são iodas obrns do pincel do Sr. João Manoel da
A propósito de impropriedades, temos lá um grupo que. Cunha. (Publicador Maranliense, 5111 1873. p. 3).
se~ndo o letreiro que o explica, é um soldado alemão
~edmdo vinho a uma aldeã francesa. Vejamos a improprie- PRESÉPIO
ade do grupo: - o soldado alemão traja o uniforme de
~uavo francês; a aldeã veste uma sotaina de irmã de cari- Continua em exposição no dia 10 do corrente e aos
ade, e sobre a mesa em que deve estar o vinho, há uma domingos até 2 de fevereiro o presépio do Sr. José Jacinto
farrafa de cerveja Bass, com o seu competente rótulo em Ribeiro. (Publicador Maran/iense, 81111873, p. 3).
etras garrafais.
O grupo que representa a fome cm Madri, sim senhor, CRÔNICA
está m · .
. uno tocante, e todas as figuras revelam na fis1ono-
mia 0 desespero da agonia. (...)-O meu colega Domingos, falando no último nú-
A criança que está J. unto da mãe o homem morto por mero deste jornal dos presépios com que nesta religiosa
detr' ' -
as, e o outro que repele o pão que se lhe oferece, nao terra se comemorou o nascimento do Messias, deixou de
podem ser mais bem representados. especializar convenientemente um, aí para a Rua da Cruz, que
Esse importante grupo só fica prejudicado pela pre- era cortado por uma estrada, onde se presenciavam con-idas
s:nça dos dois soldados que tocam ao ridículo pelas posi- de bondes de papelão, e~uTOs de condução, etc. etc.
Çoes desnaturais em que estão. Eu cá é que não posso omitir a existência de semelhante
Na seção que representa o Hospital de Sangue, causa obra-prima, declarando ao mesmo tempo que acredito mui-
urna 1·1 usao
- ·
extraordinária a fioura de um padre que assiste to na simplicidade progressiva desses tempos primitivos.
os '!. o . Pois então quem é que não sabe que, antes de nascer o
u Irmos momentos de um moribundo; e bem assim a
figura . Criador do Mundo, já havia bondes, caminhos de ferro e
que está fenda de bala em uma perna.

<2./Q) J 13 ~
LUIZ DE MELLO

tantas ouLras inovações do engenho humano, que agora EXPOSIÇÃO MARANHENSE NO RIO
nos querem impingir por novidade!
Ora, ora, ora! ... ( ...) Exposição Universal de Viena d' Áustria, se seus
- O Sr. Rossini deu em cheio reduzindo para metade o filhos correspondessem aos pedidos feitos pelo presiden-
preço das entradas na sua exposição de figuras de cera. te da Província às câmaras municipais e depois pela Co-
Qual será o adulto que não quererá conhecer pessoalmente missão aos lavradores e industriais.
aqueles figurões, pela diminuta quantia de quinhentos réis? Reuniu-se a Comissão, salvo o Dr. César Augusto Mar-
Quanto a mim, declaro francamente que esperava só a ques que pediu exoneração do cargo, nomeando para pre-
redução no preço da entrada das crianças, para ir, com meu sidente o Dr. Jo é da Silva Maya, para secretário o Sr.
bilhete de bonde, dar um aperto de mão ao meu amigo Antônio Ennes de Sousa e para receber os produtos o Sr.
Bismarck. Manoel Silvestre da Silva Couto.
Se quer ouvir alguns conselhos o Sr. Isidoro, escute: A Comissão mandou imprimir cerca de 800 cartas circu-
1°. Mude o Bismarck, o Molkt e o Guilherme para o lares com o respectivo catálogo da exposição que distri-
quadro da fome, pois têm caras de quem a têm. buiu nesta capital e em todo o interior.
2º. Venda toda aquela cera aos Srs. Lopes de Souza & Apesar de todos os seus esforços, a Comissão n&o
lrmão, na Rua de Santana. Há de fazer negócio. podia contar com muitos produtos, pois o tempo faltava,
3º. Venda os fatos e as cabeleiras e barbas ao Sampaio sendo necessário que os objetos partissem daqui pelo pri-
Pé Velho e ao Seiffcrt, que as aproveitarão para o Carnaval. meiro vapor de novembro para poderem chegar ao Rio
4º. Venda também o caixão do general Prim à Santa antes da abertura da Exposição Nacional. A Comissão mar-
Casa de Mjsericórdia. cou o dia 25 de outubro para a recepção dos produtos.
A não ser isto... babau. (... )... deração ao pedido dirigido com
- Abriram-se as aulas, distribuiu-se o Almanaque, tra- pelo presidente da Província, o
balho perfeito do Sr. João Cândido de Moraes Rego, abre- teria sido melhor representado no(...)
se o Liceu, dissolvem-se as firmas; contraem-se outras, e grandiosa festa de Viena d' Áustria.
cu, farto de crônicas, assino-me ( ... ) 12 cidadãos somente responderam ao apelo!
Eloy, o her6t
(.. .)Tendo-se ausentado os Srs. Dr. José da Silva Maya
(O Domingo, 11/1/1873, p. 3).
e Antônio Ennes de Souza, a Comissão escolheu para pre-
sidente o coronel Raimundo Janscn Serra Lima e o Dr. Gen-
PRESÉPIO
til Homem de Almeida Braga para secretário,(...) perceben-
do a inutilidade de expor os produtos recebidos, a Comis-
Está ainda hoje em exposição pela última vez o presé-
pio do Sr. José Jacinto Ribeiro, deixando de continuar aberto são deliberou ( ...)os para o Governo com o seu relatório.
até domingo, 2 de fevereiro, como estava anunciado, cm (...) todos os produtos remetidos re-
conseqüência das chuvas que se têm tomado freqüentes. agricultura e os produtos naturais ( ...)
(Publicador Maranhense, 19/ 1/1873, p. 2). eles concorreram para salvar do(...)
no Rio e cm Viena d' Áustria( ...)
EXPOSIÇÕES MARANHENSES Maranhão que em 1867 na(...)
Universal de Paris obteve pela(... )
Começamos hoje a publicar um trabalho importante do coletiva, uma medalha de( ...)
Sr. Joseph Gaunc, engenheiro civil, sobre as nossas expo- ( ... )menção honrosa!
sições. (Salto)
Gênio indagador e interessado pelo desenvolvimento das Sabonete: algumas amostras do fnito desta árvore, que
coisas do País, o Sr. Gaune nos cargos que tem ocupado em espuma na lavagem como o sabão.
várias corporações, sempre gratuitos, a sua dedicação, o seu Sapucaia: um fruto da árvore sapucaia, contendo as
cuidado e interesse por elas têm sido inexcedíveis, e no seu castanhas.
gabinete, sem outro interesse que o bem da Província, entre- Sumaúma: um saquinho contendo pluma de sumaúma,
ga-se a trabalhos como o de que tratamos, afrontando as que serve para travesseiros.
desafeições que sobre si atrai sempre o crítico, o qual, quan- Tapioca de 1• e 2• qualidade, cm vidros.
do, como o Sr. Gaunc, é consciencioso, tem tanto de útil quanto Pela simples indicação destes 1Oprodutos, sendo cada
de prejudicial os louvaminhas que por aí fervilham. um representado por diversas variedades, vê-se o mereci-
Chamamos a atenção dos nossos leitores para o referi- mento da exposição do Sr. Francisco de Carvalho Biten-
do trabaU10 e especialmente a dos artesãos e indusu·iais'. court, exposição a mais completa em relação à agricultura e
(Publicador Maranhense, 2511/1873, p. 2). produtos naturais.
José Maria Correia de Frias, hábil tipógrafo do
( ...) Dividiremos esta notícia sobre exposições mara- Maranhão, não podia deixar de representar a arte tipográ-
nhenses em duas partes: na primeira trataremos da organi- fica nesta exposição, corno tão distintamente o fez em 1866
zação da ( ...) e dos produtos que figuraram na Exposição no Maranhão, Rio e Paris; na Exposição de 1871 e nas
Nacional, e na segunda parte da exposição que teve lugar duas exposições maranhcnses de 1872.
no estabelecimento dos Educandos nos dias 15, 16 e 17 de É inútil diL.er que os três livros que ele remeteu à Co-
dezembro de 1872. missão da Exposição, são muito bem impressos e figurarão
dignamente na Exposição Nacional do Rio e provavelmen-
· Pseudônimo de Anhur Azevedo. te em Viena d' Áustria.

~ 114 ~

1
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Na segunda parte desta notícia encontraremos o nome o presidente da Província, que não pôde comparecer.
do Sr. José Maria Correia de Frias na parte relativa à tipo- Finda a disrribuição dos prêmios, abriu-se a porta do
grafia. salão fronteiro, reservado à exposição, que se achou mui-
Lázaro Joaquim de Carvalho enviou à Comissão da to pequeno para conter todas as pessoas que queriam
Exposição: presenciar o ato da abertura.
Três toros de madeira de construção e marcenaria; Tendo tomado assento, o Dr. Anrônio de Almeida Oli-
2 toros de pau roxo; veira, presidente da Província, tomou a palavra, pronunci-
l dito de candeia. ando um discurso em que mostrou as vantagens destas
Luiz Aurestricliano Oscoredes Miranda remeteu uma lutas pacíficas dos trabalhadores.
caixa contendo favas da árvore sucupira. Em seguida, o Sr. Davi Freire da Silva leu a ata da úllima
Manoel Pereira Martins, expositor de 187 1 e que en- sessão da Comissão, e imediatamenre os visitantes foram
contraremos na segunda parte desta notícia, por ter tam- examinar, apreciar ou criticar, segundo o seu gosto ou co-
bém concorrido à Exposição Maranhense de 1872, apre-
nhecimento, os produtos expostos.
sentou para serem remetidos ao Rio diversos produtos de
O que se notava em primeiro lugar era a Exposição dos
sua fabricação, tais como sabões, sabonetes, aguardentes
Educandos que absorvia a terça parte do espaço da sala;
e azeites, que são tão apreciados no Maranhão.
notando alguns que sem os produtos dos educandos. este
Sérgio Antônio Vieira, incansável e inteligente lavra-
dor rnaranhense, está sempre pronto a concorrer em todas salão, que não é muito grande, o teria sido demais para
:st.as festas industriais, e o Sr. José Maria Correia de Frias, receber os produtos expostos.
untcos que temos visto em todas as exposições de 1866 Também para quem procurava examinar a seção dos
~aranhão e Rio); 1867 em Paris; 187 1 e nas duas exposi- produtos agrícolas, ficava desapontado. vendo que ela
çoes de 1872 no Maranhão. era composta somente de três expositores: os Srs. Franklin
Os produtos remetidos são os seguintes: Antônio de Abreu, Raimundo José Ferreira Vale e Sérgio
Carrapato ou mamona, amostra de azeite. Antônio Vieira.
Coco babaçu, amostra de azeite. No dia seguinte apareceram os objetos expostos pelo
Farinha de mandioca, grossa e fina. Sr. José Cursino Raposo, e no terceiro dia, à 1 hora da tarde
Gergelim, amostra de azeite. apresentaram-se os produtos do Engenho União Fraternal
Madeiras: 20 amostras de madeira da Ilha e uma de de Cururupu, pertencente aos irmãos Vieira, que chegaram
Cuntrupu.
no mesmo dia.
le ~olhos dos seguintes arbustos: arruda do mato, chá da De manhã e principalmente à tarde e à noite, a exposi-
rra ... (...) (PublicadorMaranhense, 25/1/1873, pp. 1-2). ção foi muito concorrida, como também na segunda e ter-
ça-feira à tarde e à noite, cm que a concorrência foi de
EXPOSIÇÃO MARANHENSE EM 1872 alguns milhares de pessoas cm cada dia.
DA FESTA POPULAR DO TRABALHO Se a exposição abriu-se à hora marcada com todos os
(Continuação) ** objetos postos nos lugares competentes, deve-se aos es-
forços de dois membros da Comissão da Festa Popular do
_ A Comissão da Festa Popular resolveu fazer a Exposi- Trabalho, os Srs. capitão Davi Freire da Silva e Dr. Martini-
Çao de 1872 no estabelecimento dos Educandos, abando-
ano Mendes Pereira, que foram incansáveis, devendo
nan?~ a Casa da Câmara Munkipal onde teve lugar a Ex-
acrescentar que foram auxiliados pelo coronel Raimundo
~osiçao de 1871 , por não apresentar o espaço e as comodi-
adcs necessárias. Jansen Serra Lima, djgno diretor da Casa dos Educandos.
O estabelecimento dos Educandos situado numa das Nesta notícia, devemos também declarar que tanto para
~Xtrcmidades da cidade, é o único lug~ próprio para uma os industriais, como para os expositores em cada uma de-
esta desta natureza e há de sempre atrair a população. las, seguiremos em ordem alfabética, o melhor num traba-
sendo ele muito fresco, muito espaçoso e agmdável, sem lho deste gênero e ao mesmo tempo o melhor sistema para
contarq
. .
ue este estabelectmento dos Educandos goza da evitar qualquer motivo de queixas ou desgostos da parte
estuna e simpatia de toda a população maranhcnse. dos expositores.
Uma outra razão que por si só teria atraído o público, é Quanto à apreciação dos produtos, os expositores e o
d~e ~iesse dia era o dia da Festa dos Educandos, o dia da público podem ter a certeza de que diremos a v~rdade -
ti~ln~uição dos prêmios aos educandos que mais se dis- suavizando-a o mais possível - quando fonnos obngados a
guiram nos seus estudos durante o ano de 1872. fazer observações ou criticar alguns dos objetos expostos.
. Desde as 6 horas da manhã o estabelecimento estava Sabemos o que há de difícil e espinhoso na tarefa que
invadido por centenas de pessoas, vindas algumas em encetamos em 187 1 e que continuamos este ano; porém,
carros e quase todas a pé. como a julgamos de alguma utilidade, não recuaremos, cer-
Depois da missa, teve lugar a distribuição dos prêmios no tos de que o público e mesmo os expositores não deixarão
novo e espaçoso salão, que estava muito bem preparado. de nos fazer .iustiça porque a nossa norma é e será sempre
~cerimônia foi presidida pelo llmo. Sr. Comendador Lo- a verdade.
pes, inspetor interino da Instrução Pública, representando Antes de principiar a descrição dos produtos expos-
:-:---
A coJ,.,.> d . - 1nicro-
·
tos, seja-nos permiljdo fazer algumas observações gerais.
...,.ao o Jorna l deste período, muito estragada e nao
li1lrnada
Sendo proibido tocar nos objetos - coisa mais justa e
· tex tos mutilados.
• apresenta vários · que iam bé m f oram
.. transcritos.
narural - certos expositores deveriam ter uma pessoa en-
Não existe o fina l da primeira parte da análise de Joseph Gaune. carregada de dar explicações a quem as desejasse.

~ 115 ~
LUIZ DE MEU O

Seria bom indicar o preço de todos os produtos que letreiro continha a palavra Pindaíba. Terá sido mandado
podem se vender. do Engenho Pindaíba no Pericumã? Não o pudemos saber.
Cada expositor- ou quase todos-deve distribuir pros-
pectos contendo não só os preços como também as expli- Sérgio Antônio Vieira, do Cutim.
cações necessárias. O Sr. Sérgio Vieira é o lavrador que compreende melhor
Nos desenhos e em geral por todos os objetos feitos as vantagens que podem e devem resultar das exp0siçõcs
por discípulos ou alunos, é necessário para poderem ser - quando concorridas - e por isso não há sacrifícios que
bem apreciados, indicar: a idade, o tempo de aprendizagem não faça para concorrer sempre cm todas as exposições,
ou de estudo e o nome do professor. expondo seus produtos à crítica e procurando no estudo
Cada agricultor ou industrial deveria indicar não só o dos produtos de seus colegas, conhecer os meios empre-
lugar onde e le está estabelecido, como também o capital gados para obtê-los de qualidade superior; porém julga-
empregado, o número de braços que emprega, a quantida- mos que o Sr. Sérgio Vieira nada terá aprendido por este
de de produtos feitos anualmente, o valor aproximado des- lado, visto a pouca concorrência dos lavradores do
Maranhão a estas festas do Trabalho.
tes produtos e outros esclarecimentos que julgar conveni-
O Sr. Sérgio Vieira concorreu para a Exposição Mara-
entes para que o púbUco possa apreciá-los como merece.
nhcnse de 1866 e seus produtos, expostos no Rio, foram
Com estas explicações, não só indicadas na exposição
remetidos para a Exposição Universal de 1867, em Paris. Foi
de cada um, como também distribuídas em prospectos den-
expositor em 1871 e este ano apresentou seus produtos na
tro da exposição e publicadas pela imprensa, as exposi-
Exposição Nacional do Rio e outros nesta Exposição.
ções tornar-se-iam mais interessantes, mais atrativas, e
Temos a certeza de que o Sr. Sérgio Vieira não desani-
como conseqüência inevitável, mais concorridas pelos la- mará e que pouco a pouco seus colegas seguirão seu exem-
vradores e industriais, que procurariam por este modo ver plo, levantando-se então a lavoura do estado estacionário
e aproveitar os bons métodos de seus rivais, tomando-se e rotineiro que tem seguido.
mais conhecidos, alargando deste modo o círculo de suas Os seguintes produtos expostos pelo Sr. Sérgio Vieira
relações, melhorando e aumentando a fabricação de seus são todos de primeira qualidade:
produtos em benefício seu, de sua Província e de seu País. 1 alqueire de farinha fina
É o que desejamos e esperamos ver principiar na Expo- l dito de dita grossa
sição de 1873. 1 garrafa de ó leo de coco babaçu
Teremos esta satisfação? 1 dita de azeite de gergclim
Um ano é necessário para responder. l dito de dito mamo11a
Pela ordem ai fabética que seguimos, a primeira indús- 1 vidro de óleo de buriti
tria de que nos vamos ocupar é a 1 vidro com massa curimã
AGRICULTURA 1 garrafa com melaço
Como na última Exposição Maranhcnse, os lavradores 1 pão de sebo vegetal
abstiveram-se de comparecer.
Não sabemos a causa a que é devida tal indiferença, União Fraternal, engenho dos Srs. Vieira de Cururupu.
pois sendo a Província essenc ialmente agrícola, só 5 la- A exposição deste engenho consistiu cm:
vradores vieram apresentar seus produtos.
1 caixão com açúcar bruto turbinado
1 dito com dito somenos dito
Portanto, devemos felicitar os Srs. Franklin Antônio de
1 dito com dito branco dito
Abreu, José Cursino Raposo, Raimundo José Pereira Val-
1 garrafa aguardente de mel de 23°
le, Sérgio Antônio Vieira e os innãos Vieira, de Cururupu,
1 dita dita dito 36º
por não terem seguido seus colegas na sua abstenção.
1 dita dita cana 23º
Os produtos de lavoura expostos foram os seguintes:
1 dita dita dita 30"
Frank] in Antônio de Abreu, do Cutim:
Todos estes produtos de superior qualidade não fo-
1 lata com farinha da llha, de boa qualidade.
ram preparados especialmente para a exposição; são os
José Cursino Raposo:
produtos correntes que saem do Engenho Fraternal.
1 saca com tapioca de primeira q ualidade.
Este engenho foi criado em 1867 por uma sociedade e
Amostras de sal de Alcântara. dispõe do seguinte mecanismo:
1 rede e uma toalha fei tas na fazenda da Baronesa de Uma caldeira a vapor de ci lindro e 2 Bouille11rs da for-
São Bento. ça de 14 cavalos, sis1ema que produz muita economia na
Raimundo José Ferreira Vale, um dos expositores de despesa do combustível.
187 1, apresentou este ano: Uma máquina a vapor da força de 8 cavalos, construí-
1 saca de café da de tal forma que se pode aumentar a força até 14 cava-
1 dita de feijão los, por um simples movimento de um pequeno volante.
1 dita de frutas de cumaru As moendas são de primeira quaUdade.
1 dita de resina de jutaí Para converter a garapa cm açúcar, ex istem dois assen-
1 vidro com favas tamentos de grandes caldeiras de ferro batido, de forma
1 frasco com aguardente. retangular e de fundo chato. A parte supe rior destas cal-
Este frasco tinha.um letreiro que foi substituído, e se o deiras é preparada para receber as espumas; elas são as-
notamos nos produtos expostos pelo Sr. Raimundo José sentadas em degraus, vazando de uma para outra por meio
Pereira Vale, sem talvez lhe pertencerem, é porque o acha- de torneiras de bronze. Cada assentamento tem uma cal-
mos no meio deles. Se não nos enganamos, o primeiro deira de cobre de forma cilíndrica e a báscula para dar o

~ 116 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ponto e despejar o caldo numa calha que o conduz nas Na Exposição de 1871, esta fábrica foi também repre-
resfriadeiras. sentada com produtos, por todos reconhecidos, de pri-
Depois de resfriado o açúcar, se é bastante duro - se- meira qualidade.
gundo o ponto que lhe deram - passa na máquina chama-
da quebrador de açúcar onde é bem dividido para depois BAULEIRO
poder ser classificado cm duas turbinas.
O quebrador e as duas turbinas são movidos pela má- Manoel José Cerqueira concorreu para a exposição com
quina a vapor. um baú coberto de couro preto e cnfcirado com purgos de
? quebrador tem a vantagem de aliviar o trabalho das cobre.
turbinas, dividindo o açúcar e deste modo permitindo ao Este baú, que era uma obra muito bem-feita e acabada,
mel de sair com mais facilidade e ponanto diminuindo o teria produzido mais efeito se o fabricante, em vez de: Fei-
tempo de purgação, que deste modo é mais completo. ro por José Cerqueira, escrito com pregos, o que não era
As turbinas, como se sabe, são um aparelho que tem bonito, se tivesse limitado a pôr suas iniciais.
no interior um cilindro furado que recebe o açúcar para
purgar, operação que se faz dando a este cilindro um movi- CERVEJA
mento de 1.200 voltas por minuto. Com a força centrífuga,
0 ~çúcar é projetado contra as paredes do cilindro; a parte Alexandre José de Almeida, da Rua da Paz.
c:i~talizada fica, porém a parte líquida sai pelos furos do As 12 garrafas de cerveja que o Sr. Almeida criou no
cilindro. Em 5 minutos, e mesmo em menos tempo obtém- Maranhão mostram uma nova indústria que, apesar de
se açúcar bruto, pronto para ensacar; com alguns minutos muitas dificuldades com que teve de lutar o Sr. Almeida, há
mais o somenos; e em 10 ou 15 minutos o açúcar branco. de se tomar mais conhecida cm toda a Província e talvez
Para transfom1ar o mel cm aguardente, o Engenho União fora dela; pois que sem dúvida esta cerveja é muitas vezes
F~temal tem um alambique de moto-contínuo, sistema fran- superior à fabricada no Ceará e que quer se introduzir no
ccs, como todos os outros aparelhos. Este alambique pode Maranhão. Se dizemos 11111iws 1•e:;es e não sempre. é por-
destilar aguardente de qualquer grau, desde 21º até 36º, que como em toda indústria no seu começo•. aconteceu
sendo cada um deles obtido separada e continuamente, que a cerveja não era sempre da mesma qualidade. Este
enquanto tem garapa pronta para alambicar. pequeno defeito desaparece pouco a pouco e não está
O Engenho União Fraternal, um dos primeiros da Pro-
v' . Jonoe o tempo em que o Sr. Almeida poderá sempre apre-
.inc1a, tanto pelo seu maquinismo como pelas terras e po-
sição em que foi assentado, tem hoje diversos lavradores
scn~r ao público uma boa cerveja, que para muitos é n~~is
agradável de beber que a cerveja inglesa, a quaJ é _mu1~0
~ue trazem suas canas ao engenho para ali serem conver-
forte e ataca facilmente a cabeça daqueles que nao sao
ltdas em açúcar, dividindo o produto com os proprietários
do engenho. acostumados a suponá-la.
Situado no fundo ele uma enseada, sobre uma pequena J. Gaune (Continua)
e~evação e numa das mais bonitas posições que temos (Publicador Mara11he11se, 26/1/1873, PP· 1-2).
~isto, e a mais ~e 2.000 braças do Rio Turiaçu, a quem está
igado por meio de um canal que serve para transportar o ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS
açúcar e serve também com os ca1Íais laterais ao transpor-
te das canas ao engenho. Entencbrecem-se os horizontes das folhas mais lidas
Os innãos Vieira deram o exemplo de associação agríco- desta cidade. O Publicador e o Paiz começam de ameaç~
la e hoje eles têm criado um centro onde os pequenos lavra- ruínas, e a estátua do nosso primeiro poeta, que deveria
dores, que não podem ter máquinas, lucram muito cultivan- ser colocada no seu lugar sem grandes falatórios, vem dar
do simplesmente
· a cana mandando-a moer no Engenho azo a imprevistas tempestades. . .
União Fraternal, que também lucra, utilizando toda a força De permeio com estes dois campeões ilustres da opi-
do excelente maquinismo que tem à sua disposição. nião pública, não vimos advogar a causa de ~enhum - por
Em resumo, a Exposição Agrícola de 1872 foi inferior à n:ida ter que advogar, e entrando na que t~c por ambos
de 187 t, e se não fossem os lavradores que remeteram agitada e que vai tomando algum ~ult o nos ânimos gerais.
PrOdutos para a Comissão do Governo, produtos que fo- é nosso fim espapulá-la pelo seguinte teor:
~ enviados para o Rio, a Província do Maranhão não Primeiro que tudo trata-se tk saber se já há dinheiro
lena sido representada na Exposição Nacional. para a ereção do monumento. Se já, mctam~se mãos à obra:
e quanto à estátua, coloque-se ele harmo111a co~1 a vonta-
ALFAIATE de geral, visto que ela é do público e de conformidade com
0 personagem que ela representa.
Justino Ribeiro da Cunha, da Rua de Nazaré, apresen- o ficar de costas para o mar e frente para as casas dos Srs.
tou um •raquc
r " .
e uma sobrecasaca, obras muito bem-1e1tas. comendador Belfort e Marques Rodrigues, é uma questão
Na Exposição dos Educandos encontraremos algumas secundária, e assim pense cada um a respeito como quiser.
obras feitas neste estabelecimento. Pede, porém, a verdade que se diga - a despeito ela
opinião dos ilustres Srs. Dr. Leal e Po1:10-Alegrc, que a
ARROZ frente da estátua deve, por todos os motivos, olhar para o
mar, que é a frente cio Largo.
bri Brito Upton, Guimarães & Couto, pro~rietários d_a F~­ Em questões de gosto, a disputação é sempre frívola, e
ca Cercs, expuseram uma saca de arroz pilado de pnmei-
pelo que respeita a regras de arte, se formos atrás dos seus
ra qualidade, como são acostumados a fabricar.
LUIZ DE MELLO

rigores, damos com tudo em pantanas. É raro, raríssimo (TRECHO DA) CRÔNICA DE ELOY, O HERÓI
até, encontrar-se um monumento seja de que natureza for,
que sob esse ponto de vista não tenha defeitos. (...)A estátua de Gonçalves Dias tem dado que fazer:
Há no Rio de Janeiro algumas estátuas; que nos recor- Fu lano quer assi m, Beltrano quer assado - (eu sou da
de, todas e las estão colocadas de harmonia com a frente opinião deste último) - um quer que a estátua não lhe dê
de seus largos. as costas porque acha que é incivilidade; outro deseja que
Camões, de quem o poeta cm questão é um digno êmu- se cumpram os desejos do Sr. Dr. Leal, e por fim ninguém
lo, lá está numa praça central de Lisboa, e ainda assim, a sabe o que quer.
sua frente está voltada ao Tejo. D. José I - estátua eqües- Na nossa opinião - a estátua devia estar num parafu-
trc colossal, uma das primeiras da Europa, fita também o so, que, por meio da mecânica, lhe fizesse dar um movi-
oceano, e a de Bocage, em Setú bal, cremos que tem esta mento de rotação em moto-contínuo. Assim voltada, ora
mesma direção. para o none ou para o poente, sul ou nascente, ora para a
Vê-se, pois, que se fo rmos atrás de exemplos, todos Camboa ou para o mar, ora para o a lpendre da casa ~o S r.
nos indicarão o que a razão aconselha, e o que parece mais Veiga (entre parênteses, se fosse possível arranjar-se isso).
consentâneo com o vulto no mármore esculturado. E nfim, façam o que e ntenderem ... São brancos, Já se
Um poeta, quando ele o é na acepção da palavra que o avenham.(...) (O Domingo, 26/ 1/1873, p. 4).
denuncia, não é nenhuma bagatela; é um ente privilegiado.
No seu peito, de envolta com os sentimentos que lhe divini- EXPOSIÇÃO MARANHENSE EM 1872 DA
zam o cérebro, engolfam-se todos os esplendores da nature- FESTA POPULAR DO TRABALHO
za. Nos arroubos de sua alma existe a manifestação do que há (Continuação)
de sublime no seu organismo; e as sublimidades de seu estro
não podem, por modo algum. meilir acanhados recintos. CHAPÉUS
É, pois, necessário que a estátua do poeta olhe para a
vasta solidão dos mares que lhe são túmulo, e que a sua Bernardino de Sena Castro, Chapelaria Maranhense,
Rua da Palma.
frente espaçosa, onde o dedo de Deus imprimiu o cunho do
A exposição do Sr. Bernardino consistia somente em
gênio, não tenha por limites quatro casas mal arquitetadas.
três chapéus de rururi; um era da cor natural da palha; o
Na sua atitude cismadora e devorante, a posição do
segundo de cor amarela e o terceiro preto.
poeta deve ser daquelas de se lhe pôr nos lábios - a mim,
Estes três chapéus foram admirados por todos aqueles
o espaço, a mim a lu:, a mim o mundo; - porque o espaço,
que visitaram a Exposição Maranhense, e não podiam dei-
a luz e o mundo foram por ele compreendidos, e estes três
xar de sê-lo, visto que reúnem a escolha perfeita da mais
grandes objetos não podem admitir raias.
linda palha, a delicadeza e perfeição do trabalho, a elegân-
Colocar o vulto do poeta de costas para o Atlântico é
cia da forma: e eram tanto ou mais leves que os demais
pô-lo fora da natureza que ele tanto amou, é apartá-lo dos
chapéus que se podem fazer com qualquer outra matéria.
quadros que o inspiraram, é, em suma, oculcá-lo de todas
Foi o que teve de melhor neste gênero na Exposição e
as belezas que a sua lira celebrou e que vivem imorredou- não duvidamos que i.e tivesse mandado alguns espéci-
ras nos seus Cantos imortais.
mes de sua fabricação para a Exposição Nacional do Rio,
Um poeta, quando e le se chama Gonçalves Dias, é uma teria obtido um dos primeiros prêmios.
criatura predestinada; vive, mas não vive como nós, sim- Estes chapéus são feitos com a palha de tururi , alvé-
ples mortais; e quando desaparece da face da terra, é qua- olo que cobre os frutos da palmeira boçu, que se manda
se sempre antes do tempo, porque o seu invólucro materi- vir do Pará.
al, como um cadinho de argi la, não resiste às tempestades Sendo o Sr. Bernardino de Sena Castro o melhor fabri-
que lhe vão dentro, motivadas por um espírito de fogo. cante deste sistema de chapéus, foi naturalmente a ele a
Sobranceiro à natureza, o poeta lê o que diz nos arca- quem nos dirigimos para ter algumas explicações a respeito
nos do céu; seus olhos de águia fitam e observam todos da fabricação dos chapéus de tururi - indústria verdadeira-
os esplendores, e, num momento dado, a impressão que mente nacional - e ternos o prazer de agradecer-lhe nesta
lhe causa o grande espetáculo da natureza, é por ela mani- publicação as explicações que de muito bom grado nos deu.
festada c m estrofes magnificas, que abrangem mundos e Os alvéolos ou palhas de tururi são de diferentes tanla-
atravessam séculos, excitando a admiração geral e cha- nhos e larguras, tendo tenno médio de 8 a 1Ocentímetros
mando a si as simpatias do mundo literário. de largura e de 50 centímetros até 1 metro de comprimento.
Colocar, portanto, a estátua do homem que assim vê e lê Esta palha forma um cano temlinado e m ponta. É de cor
no espaço- de costas para esse espaço, é uma incoerência castanha mais ou menos escura e apresenta um tecido de
. inaceitável, e que toca ao absurdo se muito teimarem nela. fibras entrançadas que tem muita e lasticidade. O interior é
Esperamos que a nobre Comissão não tome nossas de uma cor mais clara, as fibras são dispostas com mais
palavras cm sentido ofcnsi vo, e que, de acordo com a von- regularidade e muito mais finas. devendo o fabricante apro-
tade geral, erga o monumento do nosso grande poeta, não veitar esta particularidade para fazer chapéus mais finos.
contrariando também o Sr. Dr. Leal a quem ele se deve, que Antes de principiar o chapéu, é necessário fazer subir
será o primeiro a concordar com este desejo que atua no algumas preparações a esta palha; preparações que con-
ânimo de quase todos os seus conterrâneos. (O Domingo, sistem em conservá-la de mo lho na água, um ou dois dias.
26/111 873, p. 4). para lavá-la, e depois deita-se ela num banho de água de

~ ll8 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

li.mão que principia a embranquecer a cor que se torna Os chapéus de pêlo são magníficos, de uma fom1a ele-
ainda mais clara com a terceira lavagem da palha em ácido gante e de uma ligeireza excepcional, sendo sem dúvida os
mur~ático ou outra composição química. melhores que foram apresentados na Exposição.
E inútil dizer que antes destas preparações e entre cada O Sr. Blhurn foi tnmbérn um dos expositores de 1871.
uma delas. deve-se escolher as palhas pondo de parte aque-
las que apresentam defeitos, para serem aproveitadas para Viúva de Geminiano Antunes Ribeiro. Largo do Canno.
chapéus mais · comuns ou para serem desprezadas. Esta antiga e bem conhecida chapelaria teve urna expo-
Os chapéus são feitos, geralmente, cm duas partes: a sição bem completa e composta de:
copa e as abas. Por esta razão é que se cortam as palhas; 3 chapéus de pêlo para homem
as partes do lado da ponta servem para a copa e o resto dá 1 chapéu para sacerdote
para uma ou mais abas, segundo o comprimento da palha. l chapéu armado
Para cada chapéu são necessárias duas palhas. Põe-se 4 bandas para oficiais
a P.nmeira .
sobre a fôrma, de modo que a ponta fique bem 3 fiadores
no centro da copa e tendo o cuidado de abrir a palha com 2 bonés
ªmaior regularidade para que as fibras não fiquem abertas 2 talins
em certos lugares e apertadas cm outros o que produziria
d . . ' Os chapéus de pêlo são bonitos e muito bem-feitos,
epois muito mau efeito. Sobre esta copa assenta-se outra
assim corno os bonés; quanto aos outros objetos, nada
tomando as mesmas precauções que para a primeira, ten-
do mais · o cuidado
· podemos dizer, não sabendo qual a parte do trabalho feito
de combinar as fibras para que se cru-
aqui.
zem com as primeiras, para apresentar um tecido mais com-
Corno se vê por este resumo, a chapelaria no Maranhão
pacto e regular.
foi muito bem representada e todos os objetos expostos
, Para as abas segue-se o mesmo processo e depois re-
provam a habilidade dos fabricantes.
une-se a aba à copa.
d. Pode-se então dar-se ao chapéu uma qualquer cor ou CHAPÉUS-DE-SOL
eixar-Jhe a cor natural.
Depo1s . prepara-se o chapéu como qualquer outro, dan-
Didier Guilhom, Largo do Canno.
do-lhe a forma desejada e passando-lhe uma camada de Esta casa conhecida de todos no Maranhão pela per-
gon;,a-laca para dar-lhe a resistência necessária. feição de seus chapéus-de-sol, apresentou 12 chapé!_ls-
[ . or fim acaba-se o chapéu guarnecendo-o a gosto do de-sol para homens e senhoras, tendo um deles uma caixa
abncante ou do comprador.
de rapé na cabeça do cabo. Algum velho aproveitar-se-á
_ Este processo é o melhor que se emprega na confec- dele para gozar da comodidade de não ser obrigado a pu-
çao de chapéus de tururi de primeira qualidade.
xar a cada instante a caixa de rapé da algibeira.
!ulgamos útil publicar a notícia sobre esta indústria Os chapéus expostos vieram confirmar a antiga repu-
nacional ' pensando que será lida . com mteresse
. pelos nos- tação da casa Didier Gu ilhom.
sos leitores.
Luiz Antônio Nunes, Rua Grande, concorreu com 7
Sabemos que o Sr. Bernardino de Sena Castro ocupa- chapéus-de-sol para homens e senhoras, cujo trabalho
se em e studar uma outra palha e provavelmente veremos
é bom.
na próxima cxpos1çao
S · - novos produtos apresentados pelo
r. Bernardino que com habilidade e perseverança dotará CHARUTOS
sua Provmcia
- · de um novo ramo da indústria.
G Schoubursch. fabricante de charutos na Bahia, man-
Domingos Emílio Bastos, do Pará. dou para a Exposição:
nh Na not1c1a, · que escrevemos sobre a Exposição Mara- Trabucos, Riachuelo, Londres, Conchas-Flor, Regalia
ense de 1871, fizemos menção e chamamos a atenção Real, Brevas, Britânia, fmpcrial e Bismarck. ·
~ara um novo sistema de chapéus feito de rururi, cujo Não tendo provado os ditos charutos, nada podemos
inventor era um fi11ho do Maranhao - estabelecido
. no Para. , dizer a respeito de suas qualidades: porém todos eles eram
Este ano, corno cm 187 1, não foi o Sr. Domingos Bastos bonitos e alguns magníficos, sendo natural que a qualida-
~~pôs os seus chapéus. Em 1871 unha · - e
um chapeu, de deve ser superior ou pelo meno muito boa, corno to-
e~te ano urna pessoa desta cidade apresentou na Exposi- dos os produtos que saem desta acreditada fábrica - em
i~ ~chapéus de tururi com a declaração de que eram do . relação aos preços, bem entendido.
: ncante D. Bastos. Os chapéus expostos são bons, po-
r 111 é provável que se o Sr. Bastos tivesse concorrido para CHOCOLATE
a Expos·1çao,
- tena · mandado chapéus superiores àqueles
que vim os e que provavelmente são chapéus feitos . para José Antônio Ferreira Ribeiro, fabricante de chocola-
exportar às outras Províncias. tes, concorreu com 5 latas de chocolates denominados:
Emanuel Bluhm, Chapelaria Alemã, Largo de Palácio. Comum fino - Superior vermífugo - Supcrior baunilha
A exposição do Sr. Bluhm compunha-se de: - Superior canela e Flor de chocolate.
6 chapéus de pêlo - J boné - 1 chapéu de tururi. Estes chocolates são bons e muito conhecidos no
O chapéu de tururi e o boné estão bem-feitos. Maranhão, onde têm muita extração, principalmente por

<?./é) 119 <?./é)


~
LUIZ DE MELLO
~

ser o seu preço mais baralo que aqueles que vinham do Digo mais: se cada um dos membros da Comissão des-
estrangeiro. se a sua opinião sobre o a::<:unto, a unanimidade confirma-
J. Gaunc ria a nossa opinião e a de toda a população mararthense.
(Continua) A Comissão, segundo o que se reconhece pela publi-
(Publicador Mara11/ie11se, 28/1/1873, P· 1). cação d 'O Paiz, escuda-se no nome do Dr. Antônio Henri-
ques, dizendo que está no finne propósito de executar o
ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS que foi decidido pelo promotor da idéia.
Sabemos todos que às vezes as minorias têm razão;
Ontem ao meio-dia foi que se cimentou sobre o alicerce
mas, num assunto tão importante, a idéia de um, mesmo
.. .
ª~~~ das pedras. de que se compõe o monumento
. do
sendo o primeiro e o mais ilustrado, pode não ser a melhor.
grande pocla. Estiveram presentes a este ato tr~s membro~ Um homem pode errar.
da Comissão, os Srs. Vinhaes, Marq~cs ~odngues e Jose Só o Papa é infalível!
Gaune, engenheiro encarregado da direçao dos trabalhos. .
Uma banda de música e foguetes se fizeram ouvir :orno Desejaria saber quais as razões que podem apresentar
regozijo ao principiarem-se os trabalhos da elevaçao do aqueles que querem que a estátua esteja de costas para o
monumento. Tanto a música como os foguetes for~n ato mar, e qual o exemplo que podem apresentar para susten-
tar essa idéia.
espontâneo e à custa do Sr. Joaquim Marques Rodrigues.
Começaram os trabalhos quando cada vez mais robus- Quanto a mim, posso dizer que a minha opinião, de
teci"da a 1ºdé'a
1 de que a estátua deve ser colocada de . frente
_ acordo com a sua e de todos os maranhenses, baseia-se
J do natural por excelência - o do mar. Raros Já sao os não só sobre o bom senso e o bom gosto, mas ainda mais
ao a _ d od
que opinam em contrário e desaparecerao e t o com a nos exemplos dos mestres que levantaram essas est~ítuas
leitura do artigo do Sr. Gaune, em q~e acode a~ apelo que que são admiradas em todas as partes do mundo.
lhe fizemos, e com a opinião de um JOmaJ que igualmente Em circunstâncias pouco mais ou menos idênticas, al-
para aqui transladamos. guém poderá nos citar um exemplo de estátua com ascos-
Eis 0 artigo do Sr. Gaunc: tas viradas para o mar?
"limo. Sr. redator do Publicador Maranhense , Não é provável.
_ No seu noticiário de hoje, sob o título A Estatua de Querendo-se levantar urna estátua a um grande ho-
Gonçalves Dias, v. s.• cita O Paiz ~e 6 d~ a~osto do ~o mem, escolhe-se sempre o mais bonito lugar da cidade em
findo, onde vem publicado o convite feito a populaçao que deve ser levantada, salvo caso excepcional tendo por
maranhense para assistir à i nauguraç~o do mo~umento ao isso razões poderosas.
1.1ustre poe.ta brasileiro Gonçalves Dias, convite em que Tendo escolhido o lugar, o arquiteto faz o projeto do
aparece o meu nome. . . monumento que deve se adaptar a este lugar.
Depois de falar dos poucos serviços que P:CSte1 _nessa Um monumento deve ser feito em relação ao lugar onde
· - VSª
C0111lSSaO, · · toma-mcaparteparasabersefu1venc1dona
. deve ser levantado.
questão da colocação da está~ua com _as costa~ viradas_ para É por ter-se seguido sempre esta regra que os monu-
Ou se concordei, e quais as razoes que tive para isso.
o mar, , . 'bJº mentos antigos, além de sua beleza natural, produzem um
0 assunto 6 muito importante e de dom111 10 pu 1co. efeito admirável.
Jm~ortantc, porque se trata de um monumento que há É também por esta razão que admiráveis monumentos
de atravessar séculos. De domínio público, porque este
modernos não nos satisfazem, quando são colocados em
monumento a uma das glórias brasil~i ras está sen~o le- lugares qOe não se hannonizam com eles.
vantado no centro de uma praça pública desta capital, e
Fazendo seu projeto, o arquiteto deve naturalmente ter
por meio de subscrição. , . , .
em conta a posição que ocupará o monumento.
Sendo 0 assunto importante e de dom11110 publico, to-
dos, e Principalmente os que concorreram com o seu •obo- Urna estátua deve sempre ser colocada na posição mais
.
lo para a realização deste grandioso pensamento, tem o natural, que é aquela em que pode ser vista de mais longe
e pelo maior número de espectadores.
direito de saber o que fazem aqueles que foram encarrega-
dos de dirigir este monumento. Vamos em seguida indicar as diferentes formas de pra-
Também, num trabalho desta ordem, feito nestas con- ças, citando um outro exemplo de que nos lembramos no
momento.
dições, cada um daqueles que_ ~cei_taram um cargo na dire-
ção das obras deve ter consc1encia do que faz e carregar Se a praça é quadrada ou de fonna regular é a estátua
com a responsabilidade de seus atos. no centro; pode ela ser virada para qualquer um dos lados.
É por esta ra7.âo que respondo ao artigo de seu noticiário. De costume procura-se sempre colocar a estátua virada do
Pouco depois de ter recebido a carta do ilustre autor lado da ou das ruas mais freqüentadas.
do projeto, o Dr. Antônio Henriques Leal, convidando-me, . Neste caso e tá a estátua da Praça São Domingos, na
na qualidade de engenheiro civi l, para diri ~ir as obras do Cidade do México, que vira as costas à igreja; a estátua de
monumento que ia ser levantado cm memória a GonçaJves Tourny,_ em Bordéus, numa praça redonda, olhando para
Dias, é que ouvi fa lar da colocação da estátua com as as avenidas _Dauphincs; a estátua de Napoleão J, na Praça
costas viradas para o mar. Combati esta idéia, e não me Yendome, virada para o Jardim das Tulherias e o Sena.
ocupei mais cm tal, por achar impossível a sua realização. Se na praça quadrada a estátua não está no centro,
Mesmo agora o acho impossível, pois confio muito no será ela neste caso de costas viradas geralmente para o
bom senso e bom gosto dos maranhcnscs, para acreditar lad~ mais perto, tendo a frente para ; outro lado, ~nde há
que se realize esta infeliz idéia. mais espaço, não só por ser vista por um maior número de
espectadores, como por ser considerada, neste caso, co-

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (l 842 - 1930)

locada no fundo da praça, não podendo portanto olhar Estátua de Henrique rv, cm Paris;
para esse fundo. Estátua ele Pedro, o Grande, cm São Petersburgo.
A estátua do Duque de Larrochc Foucault-Liancourt, Praças sobre o mar:
cm Liancourt, está nestas condições. Estátua de Napoleão I, em Chcrbourg;
Numa praça quadrilonga, se a estátua está no centro, ela Estátua de Jcan-Bart, em Dunquerque;
não olhará para um dos lados mais compridos do quadrilon- Estátua do Gênio, em Toulon;
go, mas sim para um dos pequenos lados da praça, por ter Estátua de Momy, em Trouvillc.
mais espaço livre, estando eles mais longe da estárua. Em Veneza, as estátuas que dominam as duas colunas
Neste caso está a estátua de Napoleão III, nas aléias da praça. uma representando o Leüo de Veneza e a outra
de Toumy, em Bordéus. Stio Teodoro, com seu jacaré aos pés.
Com mais razão, se numa praça quadrilonga, a estátua Em Marselha, a estátua da Virgem no Monte de N. S.
é mais próxima de um dos pequenos lados, virará as costas da Guarda, é virada para o mar e não para a cidade que lhe
para as casas deste lado, olhando para o lado oposto. fica à direita.
Estes são os exemplos que nos vieram no correr da
Neste caso acham-se as estátuas de Belzunce, no cours
pena; outros poderíamos citar, mostrando que sempre as
cm Marselha; a estárua do Papa Silvestre 11 cm Aurilac, etc.
estátuas são viradas para o lado onde tem maior horizonte
Se numa praça quadrilonga a estátua deve ser coloca-
e de onde se chega para ver a cidade ou a estátua, se ela
da, não no centro, mas perto de um dos grandes lados,
está no centro desta.
será ela colocada de costas para esse lado.
A estátua de Napoleão I, em Courbcvoie, perto de Pa-
Não nos lembramos por ora onde temos visto um exem-
ris, vira as costas para o caminho de ferro, olhando para o
plo destes.
Sena e o Arco do Triunfo, da Estrela.
Nas praças irregulares, sempre se procura colocar a A estátuas das colunas da Praça do Trônc, em Paris,
estátua num dos lados - o mais nobre - ao qual ela vira as são viradas de costas para a cidade e de frente à estrada de
costas; este lado forma então o fundo da praça que é visto
Estrasburgo.
com a estátua. Em Munique, a estátlla e os 4 leões que dominam o
Um exemplo desta colocação - exemplo que muitos Arco do Triunfo, viram as costas à cidade.
têm visto - é a estátua do Marechal Ney, na Praça do O famoso Colosso de Rhodes, posto que colocado no
Observatório em Paris. mar, virava as costas à cidade.
Quando uma praça só tem três lados edificados, o lado Querendo poderíamos procurnr exemplos até na Ásia
do meio forma o fundo que deve ser olhado do resto da para mostrar que em toda a parte a frente das estátuas é do
Praça e da entrada formada pelo lado livre. Neste caso, a lado onde há maior horizonte.
estátua assentada perto deste fundo deve virar-lhe as cos- No Império dos Birmãs, em Amapoura. existe uma está-
tas, e então é vista de quase toda a praça e de fora dela tua colossal do deus Buda, que vira as costas a uma quanti-
pelo espaço deixado livre no lado não edificado. dade de pagodes que fom1 am fundo neste lugar.
Citaremos por exemplo: No Japão, em Kamakura, uma outra estátua colossal de
A estátua de D. José, no Terreiro do Paço, em Lisboa; Buda tem por fundo grandes arvoredos.
Uma estátua eqüestre no Largo de Palácio, em Nápoles; Voltando para a Europa citaremos ainda a estárua colos-
A do General Travot, em Napolcon-Vendée; sal da Bav~íria, em Munique, elevada numa vasta planície.
A estátua da Coluna da Palmci1 a, na Praça Chatelet, Para ter um fundo, fez-se um pórtico cm fonna de ferra-
em Paris. dura; porém, apesar djsto produz mau efeito porque a es-
Em praças semelhantes, quando a estátua é bastante lon- tátua com o pedestal tem 30 metros de altura e o pórtico
ge da fachada do centro, pode ser ela virada para este lado. chega somente à altura da cintura da estátua.
No caso, que nos ocupa, em que a praça dá sobre um rio A estátua colossal de Nossa Senhora, no centro da
ou sobre o mar, tendo 1, 2 ou 3 lados edificados, o maior França, fo i colocada numa montanha, não olhando para a
espaço é naturalmente o lado do rio ou do mar. e o lado opos- cidade que fi ca a seus pés e um pouco de lado, mas sim
to forma então o fundo do quadro ou ela praça. Neste caso, para o lado onde o horizonte é mais vasto.
como cm todos os outros, a estátua deve ter a frente para o rio A estátua colocada sobre a igreja de Nossa Senhora de
ou Para o mar; pois que cm relação a este vasto espaço, a Fourviercs, em Lyon, não tem a frente para a cidade, que
estátua pode ser considerada como sendo colocada numa lhe fica à esquerda, mas para o vasto horizonte que se
das extremidades no fundo do quadro. Este fundo é limitado estende para o Vale do Ródano.
pelas casa-; às quais a estárua deve virar as costas. Não tcnninaríamos se qui ésscmos procurar e citar
Numerosíssimos são os exemplos que poderíamos apre- exemplos, para corroborar a opinião das estátuas coloca-
sentar para sustentar esta nossa opinião; nos limitaremos das cm frente ao mar e no mais vasto horizonte.
POrém aos seguintes: Estas são as regras geralmente estabelecidas e segui-
Praças sobre um rio: das por todos os arquüetos e engenheiros incumbidos de
Estátua ele D. José em Lisboa; levantar monumentos a esses grandes homens, que bem
Estátua que domina o Castelo de Santo Ângelo, em mereceram da pátria e da humanidade.
Roma· Além destas regras, tem :linda o bom gosto e a conve-
' niência que repelem a colocação de uma e tátua, de costas
Estátua de Napoleão J, na Coluna Vendome, em Paris;
Estátua da Coluna da Palmeira Praça do Chatelet. em viradas para o lugar por onde se entra numa cidade. Disto
Pans· ' há milhares de exemplos. nas colunas, arcos de triunfo,
'

<V'ê) 121 <V'ê)


LUIZ DE MELLO

etc., nos quais as estátuas ou gnipos principais são sem- D. Ida Parga Nin:i - um quadro intirulado Inocência
pre virados para o lado da entrada. que mostra a habilidade da autora. de quem tínhamoses-
Seria o mesmo se se vira<;sem as estátuas da entrada perado alguma coi a mais, nos lembrando com muito pra-
de um monumento, palácio, etc. - para este palácio ou zer da linda cabeça de menina bordada a agulha que foi tão
monumento. apreciada na Expo ição de 187 1.
A Praça dos Remédios não pode ser e não será uma O. Zaíra de Carvalho - um muito bom desenho repre-
exceção. sentando uma cabeça de mulher.
O seu verdadeiro fundo é o lado edificado-da igreja à Almir Parga Nina - um quadro representando uma ca-
casa do comendador Belfort - e é para esse fundo que a beça de homem. Bom trabalho.
estátua deve virar as costas. apresentando-se de frente José Asper do Rego - um Napoleão l.
para o lado aberto ela praça que é a vasta baía, que para os É este último quadro que não sabemos exatamente se
olhos é a continuação da praça; baía que é a verdadeira foi exposto pelo Colégio de Nu.aré, mas que se achava
entrada da capital da Província do Maranhão.
com os outros.
Esta opinião, como se vê, é baseada, não só no bom
senso e no bom gosto, como também nas regras estabele-
cidas e numerosos exemplos. COLÉGIO SANTA ISABEL
Há para mais de 15 anos que sigo com atenção os tra-
balhos feitos tanto na França como cm outros países, e de Este colégio, que menos apresentou na Exposição de
tudo o que tenho visto ou lido, posso assegurar a V. S.ª 187 1, sobressaiu este ano, apesar de ter apresentado so-
que não me lembro nem de um caso em que - em condi- mente 3 quadros, mas que são lindos trabalhos de seda
ções pouco mais ou menos idênticas se tenha colocado a bordados a agulha.
estátua ele costas viradas para o mar. O primeiro, de D. GenelinaCccília Ribeirod'Oliveira, que
Eis aí a minha opinião sobre a colocação da estátua de na Exposição de 187 1 apre!>entou uma linda coroa brasileira
Gonçalves Dias. bordada a ouro. fc~ este ano um quadro representando uma
E devo mais declarar: para que a estátua produza ainda casa de campo. trabalho delicado bordado a agulha.
melhor efeito, só deveria plantar-se palmeiras sobre os três D. Adelina Ribeiro de Oli\'cira concorreu com dois qua-
lados da praça, deixando livre o horizonte do lado do mar. dros:
Quanto a declarar se fu i \'encido nesta questão, ape- Um caçador, bom trabalho de agulha;
nas posso di1cr-lhe que só a conheci quando, como o Um ninho com dois passarinhos, também trabalho de
público, a li n' O Paiz. agulha.
A Comissão não deixam de atender a opinião pública, E te último quadro principalmente é muito lindo e per-
comunicando ao ilustre autor do projeto as manifestações feito, e ape ar de ter sido exposto um pouco tarde e num
dos maninhenses cm sentido a ser colocada a estátua em dos cantos, como os dois outros, eles atraíram a atenção e
frente ao mar; e não duvido que o ilustríssimo Sr. Dr. Antônio mereceram os elogios de todos os visitantes.
Henriques Leal anuirá ao pedido de seus comprovincianos. Qual será a razão da abstenção dos outros colégios e a
O Maranhão terá, deste modo, uma obra digna dele e diminuição dos objetos expostos cm 1872?
do ilustre poeta a quem desta forma quis prestar a devida
homenagem. CONFEITARIA
Sou com estima e consideração
de V. S.1 Amº aliº e obr° X. Autran, Padaria Francesa na Rua Grande.
José Gaunc
Esta antiga e muito conhecida padaria mandou vir em
Engenheiro civil
1872 uma pessoa habilitada para preparar confeitos de di-
Maranhão, 25 de janeiro de 1873
versas qualidades.
(Publicador Mara11he11se, 281li 1873, p. 2).
Consta-nos que o Sr. X. Autran espera outros prepara-
EXPOSIÇÃO MARANHENSE EM 1872 DA tivos e que daqui a pouco poderá fabricar muitos doces
FESTA POPULAR DO TRABALHO que nunca foram feitos no Maranhão e só conhecidos
(Continuação) pelos que vinham do estrangeiro.
Eis mais uma nova indústria criada no Maranhão.
COLÉGIOS
CROCHÉ
No ano de 1871 alguns dos colégios de meninas desta
capital tinham concorrido para a Exposição com um gran- D. Leopoldina U. da Cunha expôs um lindo xale de
de número de objeto. , procurando deste modo mostrar o croché, que, segundo as pessoas entendidas neste gêne-
grau de adiantamento de suas alunas. Em 1872 somente ro de trabalho, estava feito com todo gosto e perfeição.
dois colégios se apresentaram e com poucos objetos. Este juízo foi confirmado pelos elogios que faziam to-
dos os visitantes admirando a paciência e habilidade da
COLÉGIO DE NAZARÉ professora.

A exposição deste colégio este ano foi inferior à do CUIAS


ano passado, tanto cm quantidade como na qualidade dos
objetos expostos, que são somente 3 ou 4 quadros de Esta indústria, cujos delicados e lindos produto são
desenhos. propriedade desta Província, estava somente representa-
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

da por uma espécie de porta-jóias, feito pelo inventor o Sr. Miguel Arcanjo de Lima: a pele de uma cobra sucuruju,
Fernando Antônio da Silva, da Maioba, que com tanta tendo perto de 5 metros de comprimento e 60 centímetros
habilidade sabe preparar estas cuias tão flexíveis, cobrin- na sua maior largura.
do-as de um admirável verniz preparado com a resina de Satumino Bello apresentou os seguintes objetos fei-
jutaí-cica, por um processo de suri invenção, do qual guar- tos cm Caroli na: 1 chapéu de couro branco, mu ito bem-
da o segredo. feito; 1 mala de couro.
Outras pessoas fazem cuias envernizadas, porém, ape- João Afonso do Nascimento - dois quadros.
sar de todos os esforços, ninguém ainda foi capaz de apre- Um gladiador, muito bom desenho bem-acabado.
sentar uma cuia que se aproximasse da perfeição das feitas Um árabe, bom desenho também que se tornaria me-
pelo Sr. Fernando Antônio da Silva. lhor ainda se se pudesse retificar um pouco o braço direito
Estas cuias maranhenscs são muito apreciadas não só cujo racourci não produz o efeito desejado.
no Maranhão, como em todo o Império e fora dele. O Sr. João Afonso do Nascimento é um moço de muita
habilidade e esperamos que na Exposição de 1873 teremos
DESENHOS ocasião de apreciar alguns outros de seus trabalhos.
João Francisco da Cruz apresentou um quadro com uma
Quase todos os desenhos que vimos na Exposição cabeça de mulher, de santa ou da Virgem, não sabemos exata-
eram bons, notando-se apenas um ou outro defeito cm mente, mas que representava a dor - porém, não completa-
mente, por causa do olho direito que precisa ser modificado.
alguns.
Sem este pequeno defeito. que se toma mais sensível estan-
Daremos somente aqui a lista dos expositores e uma
do num do pontos principais. este desenho poderia ser con-
simples indkação dos desenhos.
iderado corno um dos principais da Expo. ição.
Aluísio Azevedo - um quadro representando um ho-
José César de Góes concorreu para a Exposição com
mem d'annas. um quadro representando uma criança com um ninho e
Américo G Azevedo - desenho de uma criança com
ílorcs.
umaílor. Este desenho está muito bom, a criança está pintada
Estes dois desenhos são bons. com muita naturalidade e expressão, mostrando-nos a habi-
O. Ana Jansen Serra Lima - um grande quadro repre-
lidade do Sr. Góes, que é um moço inteligente, e que sem
sentando uma moça. dúvida procurará preparar para o ano outros desenhos, aper-
E te trabalho era um dos melhores que havia na Expo- feiçoando-se nesta área que ele culúva por mero passatem-
sição, e seria talvez o melhor se se retocasse dois ou três po nas poucas horas que lhe sobr.un de suas ocupações.
pequenos defeitos que quase passaram desapercebidos. A arte do desenho parece estar muito de envolvida no
Frederico Guilherme de Arnújo - um bom quadro: Cri- Maranhão, à vista da extraordinária quantidade de dese-
ança com passarinho. nhos feitos nos colégios e nas escolas; porém, raros são
Seja por uma ou outra razão, o fato é que raríssimas são os discípulos que saindo dos colégios tenham a coragem
as exceções daqueles que desenham depois da saída do 011 a habilidade de continuar a desenhar.
colégio, e por isso devemos fel icitar aqueles que expuse- Será preguiça ou falta de habilidade?
ram este ano. Será verdade o que ouvimos dizer - que quase todos
J. Gaune os desenhos são muito melhorados pelos professores,
(Continua) procurando deste modo satisfazer ao pais dos alunos
(Publicador Maranhense, 311 1/ 1873, pp. 1-2). que querem que seus filhos depois de oito dias de estudo
lhes apresentem uma cabeça sofrível?
EXPOSIÇÃO MARANHENSE EM 1872 DA
FESTA POPULAR DO TRABALHO Sociedade Vinte e Oito de Julho do Pará:
(Continuação ) Esta merecedora sociedade composta de maranhenscs
residentes no Pará. não podia esquecer-se da Festa Popu-
DIVERSOS lar cio Trabalho, e seus membros, não podendo tomar par-
te nela, quiseram abrilhantá-la mandnndo para a E:-:posição
Sob e~tc título, mencionaremos os produtos que não os seguintes produtos paracnses que ofereceram ao ba-
sendo objetos de verdadeira indústria, são mais conside- zar, acrescentando um donativo de 50$000:
rados como objetos de curiosidade. 1 bengala de guaraná; 8 cestinh3s com frutas e flores
Anônima: de guaraná; 2 tatus de borracha; 2 jacarés de dito; 4 lín-
1 leque redondo feito de palha ou pindaiba, com orna- guas de piraucaua; 7 cuias pintadas, 1jarro de barro pinta-
mentos vermelhos. do de várias cores, 1 bilha idem, idem; 2 redes de palha,
Antônio Ennes de Sousa apresentou no terceiro dia à indústria especial do Pará; 8 vistas fotográficas da cidade
tarde: de Belém.
1 onça. 2 perus cinzentos, 2 tartarugas oferecidas ao Estas vistas são parte da coleção das vistas do Pará,
bazar. pelo editor Carlos Seidl.
Aristides de Souza Andrade: 1 vidro com uma cobra.
Francisco Luiz Pires: uma cortiça extraída da raiz. EDUCANDOS ARTÍFICES
Esta cortiça não é bem conhecida e é empregada pelos
barbeiros para amolar as navalhas. O dia da abertura da Exposição Maranhense, no esta-
José Pedro de Almeida: um pão grande, oferecido ao bazar. belecimento dos Educandos. foi também o da distribuição

~ 123 ~
LUIZ DE MELLO

dos prêmios aos discípulos que se distinguiram nas aulas A respeito da gravura, temos a fazer as mesmas obser-
e lições respectjvas. vações que para os des~nhos: querer mostrar trabalhos
O muito digno diretor dos Educandos, Sr. cel. Raimun- difíceis quando seria melhor apresentar outros mais sim-
do Jansen Serra Lima, aproveitou a Exposição para mos- ples, porém bem-feitos.
trar o trabaJho dos Educandos expondo-os na mesma sala. Marcenaria - Esta oficina, aberta há um ano, pouco
Esta exposição, que pode ser d ividida do modo se- mais ou menos. preparou para a Exposição: l guarda-ves-
guinte, continha 96 objetos. tido, 1 guarda-casaca, 1 secretária, 2 aparadores, l cômo-
Alfaiate - 4 pares de calças de casimira, 4 coletes de da, l costureiro.
casimira, 2 fraques, 1 paletó. Nada podemos dizer a respeito de trabalhos feitos por
O trabaJho estava bem-feito. Esta oficina é uma das discípulos que só aprenderam um ano e que se apresen-
melhores do estabelecimento. tam logo com trabalhos de oficiais.
Armeiros - 2 pistolas com baioneta e um bacamarte de Ao lado destes trabaJhos, teríamos gostado de ver al-
fortificações. guns pedaços de madeira com superfícies perfeitamente
Estas três peças conquanto nos parecessem solida- planas - coisa difícil de encontrar nos móveis feitos aqui;
mente construídas, não podiam ser bem apreciadas, por outros representando as diferentes juntas que podem se
não ser possível examinar se o maquinismo trabalhava bem, fazer com as madeiras, pois é com elas que se pode apreci-
visto que por estes objetos, como para todos os outros ar a habilidade do operário; e outros objetos simples mos-
tinha sempre o tal - é proibido tocar; medida justa, por trando que os discípulos têm verdadeiramente aprendido
certo, mas que parece esquisita quando não se encontra a sua arte, segundo os bons métodos. E depois, quando
pessoa para dar explicações e mostrar a qualidade dos um visitante apreciasse um móvel qualquer, poderia acre-
produtos expostos. ditar que fora feito completamente pelos discípulos.
Desenhos - Este ramo de estudo constava de 12 qua- Sapateiro - A oficina de sapateiros da Casa dos Edu-
dros de desenho lü1ear, 4 ditos de aquarela, dos quais al- candos é antiga, e os objetos expostos constando de 9
guns eram sofríveis; porém alguns outros não deveriam pares de botinas de diversos gostos, são em geral bem-
ter sido expostos, principaJmente dois ou três de desenho feitos.
linear; desenhos estes muito difíceis para crianças que Eis a Exposição dos Educandos, e se nos temos demo-
não sabem ainda manejar a régua e o tiralinhas. rado um pouco nela, fazendo observações que alguns po-
Sempre o defeito de querer mostrar trabalhos d ifíceis, derão achar talvez um pouco severas, é porque gostamos
quando seria melhor apresentar outros mais simples, po- e apreciamos muito esta instituição, cujo estabelecimento
rém bem-feitos. tão habilmente dirigido pelo coronel Raimundo Jansen
Encadernador - 2 pastas de escrita e 4 Livros encader- Serra Lima causa a admiração dos estrangeiros que encon-
nados, obras que mostram bastante ad iantamento da par- tram no Maranhão o que provavelmente há de melhor no
te dos discípulos que as fizeram. Império neste gênero.
Entalhador - Um quadro contendo um ornamento de Surrador - Apesar do pouco tempo que se ensina este
madeira, trabalho que promete. ofício. as 4 peles surradas, expostas parecem ser bem pre-
Escultor - 1O pedras com diversos trabalhos de escul- paradas.
tura, sendo alguns destes trabalhos bem sofríveis, feitos
pelo educando Franklin Aymoré Piratinin. ENCADERNADORES
Ferreiro - Esta oficina preparou: 1 brida de metal; l
texado, 2 pares de estribo; 1 cabeção de brida, 1 tiralinhas,
.
Antônio Pereira Ramos d' Almeida & Cia., livraria na
mu ito grosso, um graminho, 2 pares de esporas, l corta- Rua da Palma.
capim, 1escrivaninha de metal. Esta casa concorreu para a exposição do ano passado,
Quase todos os objetos são bons, não podendo se e apresentou nesta os seguintes objetos:
esperar coisa melhor de discípulos que há pouco principi- Dois livros de comércio encadernados, com capa de
aram neste ofício. couro, 1 guarda-fumo, imitando um livro, dourado, 1 cos-
Gravura - Na Exposição de 187 1, um dos educandos tureiro de lindo gosto e perfeito trabalho.
apresentou 2 chapas: a Bolsa de Paris e a Queda de Adão. Estes dois últimos objetos, principalmente o último,
Este ano a seção de gravuras constava de - 8 chapas foram muito apreciados.
gravadas - 7 cópias destas chapas. Magalhães & Cia., no Largo do Carmo.
O discípulo Adriano Belfort, que foi expositor no ano Os Srs. Magalhães & Cia., expositores de 1871, apre-
passado, tem feito algum progresso. A seu respeito como sentaram-se este ano com dois objetos: 1 livro em quarto,
a dos outros, temos de fazer as seguintes observações encadernação rica, tendo na capa um oval com uma linda
que fizemos há um ano: paisagem pintada; l escrivaninha de courn amarelo com
Em vez destes trabalhos sempre difíceis e que não são veludo encarnado e tudo dourado.
de ordinário melhores para mostrar a habilidade dos discí- O livro é um bonito trabalho de encadernação, e a es-
pulos, eu estünaria ver, por exemplo, uma série de gravuras crivaninha, além de ser muito bem trabalhada, é de primo-
representando as liguras do curso de geometria seguido roso gosto.
nos Educandos, algumas que sendo bem-feitas provariam
melhor o seu aproveitamento. FERREIROS
Notamos, é verdade, duas gravuras representando al-
gumas figuras geométricas, que provavelmente foram fei- Dois ferreiros somente concorreram para a Festa Po-
tas por principiantes. pular do Trabalho.

~ 124 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (l 842 - 1930)

Carlos José de Andreys, na Rua Grande, com: 2 gre- Carvalho & Cia., na Rua Grande nº 1: 2 depósitos de
lhas, 1 lavatório de ferro, 1 quenta-ferro para engomadeira folha, 1 balde, 1 tina, 1 comadre, 1 reservatório para água,
e torrador de café. 1 guarda-talheres, 1 alambique, 1 banheiro pequeno.
As grelhas e o lavatório são bons trabalhos que mui- Se não tivéssemos a notar no banheiro e no reservatório
tas pessoas já apreciaram no Maranhão, visto a grande algumas solturas não tão feitas como as outras; e o feiUo
quantidade que fez o Sr. Carlos. das tampas dos depósitos que sendo um pouco côncavo
Quanto ao ferro -quenta-ferro, torrador de café-dire- entre o centro e o círculo exterior, não deixam esgotar com-
mos apenas que é uma caixa retangular de ferro com qua- pletamente a água; salvo estes pequenos defeitos, só tería-
tro pés; no interior tem uma grelha para deitar carvão; em mos elogios a fazer de todos estes objetos, muitos dos quais
cima, dois ferros paralelos sobre os quais descansam os se assemelham perfeitamente aos que vêm de fora.
ferros, e numa extremidade um pequeno cilindro suspenso
tendo uma manivela para dar-lhe o movimento de rotação MADEIRAS
necessário para torrar o café.
Parece-nos que era melhor separar completamente o Quatro expositores remeteram amostras de madeiras
quenta-ferro do torrador de café, pois que como foi feito, para a Exposição Nacional; e na Exposição Maranhense
quando o torrador trabalhar sozinho, gastará muito carvão. só foram apresentadas por J . Gaune, expositor de 187 1, as
Fazendo torradores de café, é provável que o Sr. Carlos seguintes amostras de madeiras:
receberia muitas encomendas, pois que nestes aparelhos
21 amostras de madeiras de Turiaçu.
torra-se melhor o café e com mais fac ilidade.
99 ditas de dita, da Chapada e Pastos Bons.
Diogo Ribeiro expôs: 1 dita de dita, do Pará.
1 picareta para calafate.
2 réguas de marapinima, madeira chamada também de
É um bom trabalho e bem-feito para o serviço a que é tartaruga.
destinado. 1 an1ostra de madeira cheirosa, o sassafraz.
Esperamos que o exemplo dado pelos Srs. Carlos José
l maço de tauari, em folhas finas, usadas no interior para
de Andreys e Diogo Ribeiro será seguido pelos outros
fazer cigarros, atribuindo-se-lhes propriedades medicinais.
ferreiros na exposição vindoura.
1 maço de casca de pau-d'arco, em folhas finas.
L amostra de resina de raiz do jutaí, que produz um
FLORISTA
lindo verniz.
1 raiz de j aqueira, objeto de curiosidade. - Esta raiz tem
D. Maria Rosa da Silva, em casa de José Antônio Cor-
mais de l metro de comprimento, tem a fom1a triangular
rêa & Cia., Rua de Nazaré.
com uma base de 50 centímetros. Ela é grossa, parecendo
Chegada há pouco de Lisboa, D. Maria Rosa, de 18
um tapete, e as fibras são tão finas que tínhamos receio
anos de idade apenas, apresentou na Exposição as se-
quando o Sr. Bernardino de Sena Castro ia apalpá-la, pare-
guintes flores que são muito bem trabalhadas:
cendo querer experimentar se com e la se poderia fazer cha-
Grinalda, brincos, broche e flor de peito para noiva -
péus ou pelo menos um Lindo chapéu-de-sol.
preço: 15$000- uma rosa de segredo: 8$000.
E stas flores foram muito apreciadas e é provável que
D. Maria Rosa receberá muitas encomendas, é o que lhe MARCENARIA
desejamos.
Esta indústria que tantas oficinas tem nesta capital, foi
FUNDIÇÃO somente representada po1 dois expositores:
Lídio Polinésio Cardoso, que expôs 1 barri l arqueado
João Serapião Rocha, da Fundição do Rocha: um espe- no sentido contrário dos outros, tendo o diâmetro inferior
lho imitando pouco mais ou menos as Armas Brasileiras. no meio e as extremidades com d iâmetros maiores.
A coroa, o quadro redondo, as duas figuras que os O Sr. Lídio quis mostrar sua habilidade nas juntas des-
sustentam e o pé são de ferro fundido; o quadro redondo te barril que nos pareceram perfeitas.
contém o espelho. Miguel Arcanjo de Lima & Filho, com estabelecimento
Este trabalho, enquanto não esteja perfeito, pois que o d..:! marcenaria no Largo de Palácio, foram expositores em
expositor - segundo nos consta - apesar de não ser escul- 1871 e em 72 apresentaram: l costureiro feito de madeiras
tor, fez também o modelo, mostra que ele tem bom gosto e escolhidas, a caixa com cedro-flor e as divisões e gavetas
habilidade. cm angico, conduru,jacarandá, pau-cetim e violeta.
É provável que na próxima exposição o Sr. João nos apre- Este costureiro reunia a urna mão-de-obra superior, o
sentará outros trabalhos, e que as fundições do Maranhão bom gosto de uma boa escolha e combinação de Lindas
seguindo o exemplo que lhes foi dado por um de seus operá- . madeiras, sendo ao mesmo tempo de uma forma delicada e
rios, concorrerão para essa luta pacífica, onde o vencido sem- muito elegante.
pre aproveita, reconhecendo seus defeitos, apreciando as É um verdadeiro móvel de utilidade e de luxo, que tor-
qualidades e.lo adversário, que depois pode imitar. nou bem patente o que conhecíamos da habilidade destes
dois artistas maranhenses.
FUNILEIRO
OLARIA
As indústrias mais conconidas no Maranhão são aque-
las que menos representantes tiveram na Exposição, pois entre De todas as olarias que existem peno desta capital e no
todos os funileiros só um veio mostrar-nos seus produtos. interior. uma só veio se apresentar na Festa Popular. A

~ 125 ~
LUIZ DE MELLI)

muito importante e conhecida Olaria do Carmo, estabeleci- As fotografias do Sr. Jacques Vigier são muito boas e
da na beira do ltapccuru, um pouco acima de Rosário. ex- muito apreciadas nesta cidade.
pôs um jarro grande com torneira para depósito de água.
É pena que não tivesse exposto alguns espécimes de seus PINTURA
produtol> tão conhecidos pelos seus bons modelos, como é
ainda mais pela propriedade que tem de resfriar a água. Na Exposição de 187 1, e ta arte era representada por dois
pintores e alguns quadros, e na notícia que publicamos, fa-
FARMÁCIA lando do Sr. Sá, mo. tramos a esperança que tínhamos de que
estando agora na Europa, ele não deixaria passar a Exposição
Os expositores Antônio Martiniano Veras, Ferreira & sem nos apresentar alguns trabalhos onde poderíamos reco-
Cia., e Pinheiro & Ferreira concorreram também na Exposi- nhecer os progre sos que teria feito na sua arte.
ção de 187 1. Dos oito quadros - retratos - que o Sr. Francisco Peixoto
Antônio Martiniano Veras, oficial praticante de farmá- Franco de Sá mandou pouco antes da Exposição, só um, o
cia, mandou para a Exposição os seguintes produtos por retrato do Sr. Justino Ribeiro da Cunha, foi exposto. Exami-
ele preparados: 6 vidros de água cosmética, 4 ditos de nando-o, tivemos o dever de reconhecer que o Sr. Sá, como
elixir dentifrício e odontálgico, 2 ditos de água de( ...). todos esperavam, fez bastantes progressos, e o público ma-
Todos estes produtos. segundo o produtor, têm pro- ranhense o teria apreciado melhor, se tivessem sido expostos
priedades med icinais, principalmente o elixir dentrifício e os outros quadros, principalmente o do respeitável Sotero.
odontáJgico. A Província lucrará muito com a despesa que fica man-
Ferreira & Companhia, da Botica Francesa. Rua do Sol. dando ao Sr. Sá, o principal, senão o único que soube
Esta importante farmácia concorreu com os seguintes aproveitar seus eMudos e honrar a sua terra.
produtos preparado cm sua oficina: Não falaremos de um quadro do Sr. Sá representando
1 vidro com essência de salsa e caroba: 1 dito de drogas
uma criança vestida de índio. Temos a certeza de que o Sr.
de bál amo de copaíba, 1 dito de pílulas açucaradas do Dr.
Sá não teria permitido a exibição deste trabalho que foi
Maya, 2 ditos pílulas de jalapa, 1 dito com resina de jalapa.
feito há anos, ante de ua viagem à Europa.
Pinheiro & Ferreira, da Fannácia Normal, Largo do Car-
mo, expuseram diversos produtos que preparam, tais como:
RELOJOARIA
1 vidro almoccga de jurocitora, 1 dito com xarope de buriti,
2 garrafas com hesperedium do Norte, 1 vidro com água de
Segismundo Kerth, oficial na casa de Joseph Krause &
Colônia. 1 dito com óleo essencial de cumaru, 1 dito pasti-
lhas vermffugas. 1 dito óleo de semente de abóbora, l dito Cia. no Largo do Carmo, apresentou um ponteiro equili-
resina copal da Província. 2 ditos óleo de babosa. 6 paco- brista que consiste cm um grande quadrante de relógio
tes com sabão baroginoso. tendo ao centro um eixo sobre o qual gira uma agulha que
Não tendo experimentado estes produtos, só podere- tem a forma de uma seta e na cauda da qual se acha o
mos dizer que são bastante apreciados não só na capital movimento de relojoaria que faz andar a agulha.
como também no interior e no Piauí. O júri nos há de dizer Segundo o autor, este ponteiro marca as horas, e se se
quais os melhores. dá um movimento de rotação à agulha, ela volta sempre ao
ponto de onde partiu.
FOTOGRAFIA Não sabemos se é por não estar ainda bem-acabado -
como nos disseram, faltando a pena da seta - mas este
A arte fotográfica foi muito bem representada na Expo- relógio não regulava muito bem e o vimos parado antes do
sição Maranhense de 1872. meio-dia.
Henrique Elias Neves. fotógrafo na Rua de Santana, con- Parece-nos que este ponteiro equilibrista é mais um
correu com 1 quadro contendo 12 fotografias envernizadas. objeto de curio idade mecânica que de utilidade.
As fotografi as eram boas, mas o verniz preparado pelo
Sr. Henrique Neves é de uma transparência e de um brilho SABOARIA
excepcionais que tornam as fotografias admiráveis.
Depois que se inventou esse sistema, temos visto mui- Este ano, como na Expo ição de 1871, consideramos
tas fotografias neste gênero, feitas no Rio e em Lisboa, que uma das melhores expo ições foi a de Manoel Pereira
porém nenhuma delas podia competir com as do Sr. Neves. Martins, da Saboaria de Santiago.
Foran1 muitas as pessoas que apreciaram e elogiaram es- Os sabões expostos cm 4 caixinhas eram de diversos
tas fotografias, porém outras, que não sabiam que estas foto- feitios. qualidades e cores, endo alguns redondos e trans-
grafias estavam envernizadas, chegavam e achavam-nas boas parentes. perfeitamente colecionados com os competen-
e pa<>savam pensando que o modesto quadro tinha um vidro, tes preços.
ficando depois admirada<; quando se lhes dizia que não havia Esta indústria vai-se desenvolvendo no Maranhão, e
vidro e sustentando sua opinião até que como S. Tomé tives- o Sr. Manoel Pereira M::trtins merece os elogios que lhe
sem tocado com o dedo. Depois de convencidas, eram as que deram aqueles que examinaram a sua coleção de sabões.
mais elogiavam os trabalhos do Sr. Neves.
Jacques Vigier, da Fotografia Alemã, na Rua Grande. TINTAS
A exposição do Sr. Vigier, que foi expositor cm J871, com-
punha-se de dois quadros contendo fotografias de diversas Na Exposição apre entaram-sc dois fabricantes de tin-
tomadas e duas paisagens que foi tirar perto do Apicurn. tas para escrever.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO ( 1842 - 1930)

Joaquim Isaías da Cruz, além dos licores expostos e nhecemos, mais estimaria ver satisfeito pela Comissão o
indicados no competente artigo, apresentou: 30 botijas de desejo público, que se baseia na razão, no bom gosto e em
tintas para escrever; 12 1/2 botijas dita de dito. muitos exemplos, do que ver-se colocado corno obstáculo
Pinheiro e Ferreira, da Farmácia Nonnal enviaram tam- à vontade geral, tão geral que é, segundo se afirma, até a
bém tintas de sua composição: própria Comissão.
l vidro com tinta Exposição Maranhense Estabeleceremos a hipótese, que não se dará, pode-
1 vidro com tinta encarnada mos afirmá-lo, de o nosso amigo o Dr. Leal persistir na sua
1 vidro com tinta azul. idéia. O que fará a Comissão por uma parte, e a Câmara que
Estas tintas são boas e no Maranhão fazem concorrên- representa o Município por outra? Crer-se-á porventura
cia às outras tintas importadas. em conflito? Não o cremos.
J. Gaune Em questões corno esta de que nos temos ocupado e
(Continua) quando o público tem nelas parte, como agora o tem feito,
(Publicador Maranhense, lº/2/1873, p. 2). em favor de uma idéia justa e acertada, o melhor, o mais
razoável caminho a seguir é ceder logo em princípio franca
SALÃO DO TEATRO SÃO LUIZ e lealmente, sem expor no embate de espíritos menos reíle-
tidos, pessoas que pretendemos e devemos considerar.
Extraordinária exposição de figuras de cera de tama- (Publicador Maranhense, 5/2/1873, p. 3).
nho natural, aumentada com a figura de S. M. o Imperador
do Brasil, feita de cera por um artista maranhense. FIGURAS DE CERA
Redução de preço nunca vista no mundo.
Entrada geral: 200 réis!
Foi aumentado o número das figuras da exposição do
Quem deixará de ver por esta quantia?
salão do teatro com a de S. M. o Imperador do Brasil, feita
Última semana.
no Maranhão por um curioso, e reduzido o preço geral
Está abc1ta das 7 horas da noite em diante. (Publica-
para 200 réis cada entrada. É esta, segundo afirmam os
dor Maranhense, 51211873, p. 3).
empresários, a última semana da exposição. (Publicador
Maranhe11se, 51211873, p. 3).
ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS
CÂMARA MUNICIPAL
Não tem a Câmara que intervir na disposição dos mo-
Segunda sessão ordinária do 1º trimestre
numentos, continua-se a afirmar. Contudo é às Câmaras a
quem cabe a responsabilidade dos defeitos, como aquele em 29/1/1873
que se quer tenha o monumento a Gonçalves Dias, e bem Presidência do Sr. vereador maj or Colares
lhes cabe por terem consentido, descurando do aformose- Moreira
arncnto das cidades que lhes está incumbido.
Pedro quer erigir um templo num terreno que tem numa Expediente:
praça; apresenta à Câmara o risco, esta manda dar o ali-
nhamento e concede a licença para a edificação. Pedro, Despacharam-se os seguintes requerimentos:
porém, coloca a igreja com a frente para o fundo do terreno (...) (0 Sr. presidente) - O mesmo Sr. chama a atenção
e o fundo desta, tosco oitão, fazendo frente para a praça; da Câmara para os diversos artigos que têm sido publica-
consentirá a Câmara que este disparate se realize só por- dos nos jornais O Paiz e Publicador Maranhense, relati-
que Pedro faz o templo conforme o risco e com licença da vamenle à forma por que deve ficar colocada a estátua do
Câmara, mas o dispõe a seu bel-prazer? poeta Gonçalves Dias, e pede que a Câmara haja de dar
Ninguém de boa fé dirá que sim, antes increpará e tor- sua opinião a respeito, a fim de serem tomadas as conveni-
nará responsável a Câmara que tal consentir. entes medidas. - Em discussão o Sr. Lopes da Silva requer
O monumento de Gonçalves Dias está no mesmo caso. e é aprovado que fique essa questão adiada para na se-
À Câmara foi apresentado o risco do monumento que ela guinte sessão ser resolvida.
achou, como todos acham, muito bonito; foi a Câmara marcar Nada mais havendo a tratar o Sr. presidente encerra a
0 lugar e concedeu a licença, mas o monumento vai agora,
sessão.
contra a expectali va da mesma Câmara e do público, ser colo- Para constar lavra-se esta ata que depois de 1ida e apro-
cado, como a igreja, com a frente para o fundo natural da vada vai ser assinada por todos os vereadores.
praça; e a Câmara há de cruzar os braços e deixar consumar Eu Afonso Henrique de Albuquerque e Mello, secretá-
esse absurdo, só porque o monumento está levantado no rio da Câmara que o escrevi.
lugar que lhe foi assinalado. fsto não se consente. (Publicador Maranhense. 7/2/1873, p. 2).
Já uma vez o dissemos, a boa ou má impressão que nos.
causa a disposição de monumentos de outros embeleza- EXPOSIÇÃO MARANHENSE EM 1872 DA
mentos de urna cidade, é à conta da respectiva Municipa- FESTA POPULAR DO TRABALHO
lidade que os levamos. Logo, se a ela cabe o elogio ou a (Conclusão)
censura, é natural também que tenha o direito de evitar TIPOGRAFIA
esta, opondo-se a que nos logradouros públicos não se
disponham esses embelezamentos tnconvenientemente. A arte tipográfica, que em 1866 nos Educandos e cm
Persiste a Comissão em nada decidir-se e ouvir o Dr. 1~67 na Exposição Universal de Paris foi representada por
Leal, digno sem dúvida de todas as considerações e da cinco de seus membros, reduziu o seu número a três na
gratidão dos maranhenses, mas cujo caráter, que nem co- Exposição de 187 1e a um único na de l 872.

~ 127 ~
LUIZ DE MELLO

Honra seja feita ao Sr. José Maria Corrêa de Frias, hábil 8 ditas com dito espumante de bacuri, uma, 3$000 réis.
e incansável tipógrafo desta cidade, que sempre encontra- Este vinho, que é fe ito da casca do bacuri, diz o Sr.
mos cm todas estas festas do Trabalho, procurando fazer Perdigão, imita e pode substituir o vinho de champanhe.
sobressair a arte tipográfica a que se dedicou. Por esta simples nomenclatura vê-se a que ponto che-
Este ano, ele apresentou os seguintes livros: gou esta indústria que, pode-se dizer, foi criada no
Rudimentos de Geografia, por Antônio Rego. Maranhão pelo Sr. Domingos Perdigão que inteligente e
Versos, de alguns sócios do Gabinete Ponuguês de trabalhador, como todos o conhecem, continuará a alargar
Leitura. esta fabricação, acrescentando-lhe muitos outros produ-
Aos meus meni11os, tradução do Dr. César Marques. tos que lhe faltam ainda, pois são muitos os produtos na-
lições de Eco110111ia Política, por José Ascêncio da turais de que ele pode aproveitar.
Costa Ferreira. Quanto à bondade e gosto destes vinhos, licores e do-
Umas folhas avulsas, primorosamente impressas pelo ces, só podemos dizer que são excelentes e cada um dos
nossos leitores poderá fac ilmente verificar se falamos a ver-
Sr. Fria.e; Filho, contendo a poesia Ave lnbor, oferecida à
dade, indo à casa do Sr. Perdigão, na Rua dos Afogados.
Comissão da Festa Popular do Trabalho; folhas que foram
Asseguramos-lhe que ficarão satisfeitos.
distribuídas aos visitantes.
Joaquim Gonçalves Nogueira apresentou os seguin-
Todos estes trabalhos primam pela nitidez, bom gosto
tes produtos do seu fabrico:
e perfeito trabalho, como tudo o que sai da oficina do Sr.
6 garrafas com alkonnes de Florença, 4 ditas com vinho
José Maria Corrêa de Frias.
de caju que tinham boa cor e pareciam bem preparados.
Joaquim !safas da Cruz, que além das tintas de escre-
VINHO, LICORES E DOCES ver expôs também 7 garrafas de licor-coração: 6 ditas !lor-
de-laranja, l l ditas marasquinho, todas de linda cor e boa
Domingos Thomaz Velez Perdjgão, que na Exposição fabricação.
de 187 1 tanto atraiu a atenção dos visitantes, apresentou-
sc este ano com uma magnífica coleção dos produtos que VIOLEIRO
fabrica, os quajs não só são bem recebidos aqui, como no
Rio e em Ponugal para onde ele os tem exportado. A indústria da fabricação dos violões é relativamente
Os produtos expostos este ano são mais numerosos e importante no Maranhão, exportando-se muitos deles ao
ainda mais aperfeiçoados que os do ano passado. interior da Província e às Províncias vizinhas.
Nesta exposição, compreendendo melhor seus interes- De todos os fabricantes, um só aprcscnwu-se na Ex-
ses, soube mais atrair a atenção, oferecendo pequenas cai- posição, o Sr. Cláudio Antônio de Oliveira que concorreu
xinhas de doces, que muito agradavam às moças, e djstribu- com um cavaqui11/io que nos pareceu muito bem-feito.
indo prospectos contendo os preços de -;cus produtos. Se não nos enganamos, temos passado em revista to-
Daremos em seguida a lista dos produtos expostos dos os expositores, salvo um: o Sr. Fernando Antônio Cor-
com os preços respectivos. rêa que expôs um objeto do qual não nos lembramos, pe-
7 latas grandes contendo cada uma um ananás abacaxi dindo-lhe desculpas por essa falta involuntária.
conservado inte iro; cada lata 3$000. A Exposição Maranhcnse de 1872 foi concorrida por
1 lata grande com pomos cytheres, 3$000. 76 expositores, divididos do seguinte modo por indústri-
60 latas pequenas com frutas de diversas qualidades as, contando os Educandos como um expositor em cada
cm conservas. urna das 38 indústrias representadas.
Ananás em talhadas - uma lata 3$000 Agricultura. 5 expositores;
Bacuri - idem - 1$000 Alfaiate, 2-(I educando);
Cupu - idem- 1$00 Anneiro, 1 educando;
Arroz (fábrica, 1 expositor);
Jaca-idem- 1$200
Bauleiro, 1 expositor;
Mangaba - idem - 1$400
Cerveja. 1 expositor:
Murici - idern - 1$000
Chapéus, 4 ditos ( 1 do Pará);
3 latas com doces cristalizados de bataia roxa -
Chapéus-de-sol, 2 expositores;
idem 2$000
Charutos, 1 dito da Bahia;
Vidros com bananas secas - idem 1$000 Chocolate, 1 dito;
Vidros com araçá cm conserva- um, 2$000 Colégios, 2 ditos:
Ditos com bacuri cm conservas, um, 2$000 Confeitaria, 1 dito;
Ditos com juçara cm conservas, um, 2$000 Crochés. 1 dito;
3 ditos com mangaba em conserva, um, 2$000 Cuias, 1 dito;
8 ditos com murici cm conserva, um, 2$000 Desenhos, 8 ditos ( 1 educando);
6 garrafas com licor de estrela, um, 2$000 Diversos, 8 ditos (1 do Pará);
1Oditas com aguardente de bacuri, uma, 1$500 Encadernador, 3 ditos ( 1 educando);
3 ditas com aguardente de cajá, um.a 2$000 Entalhador. 1 dito educando;
2 ditas com vinho de ananás, urna, 1$000 Escultor, 1 dito, dito;
2 ditas com dito fino bacuri. uma. 1$200 Ferreiro, 3 ditos, dito;
4 ditas com dito de caju de 1869, urna. 1$000 Florista, l dito:
3 ditas com dito de murici, uma, 1$000 Fundição, 1 dito:
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Funileiro, 2 ditos ( 1 educando); 1873. passando o Maranhão dcl>apcrccbido, não só no


Gravura. 1dito, dito; meio deste concurso da indústria de todos os povos, como
Madeiras, 1 dito; também na própria Exposição brasileira.
Marcenaria, 3 ditos ( 1 educando); Em 1867 a Província do Maranhão concorreu com mui-
Olaria, 1 düo; tos produtos para a Exposição Universal cm Paris, e este
Farmácia, 3 ditos; ano não será representada cm Viena d' Áustria!
Fotografia. 2 ditos; Qual será a razão desta abstenção?
Pintura. 1 dito; Para não se reproduzir tão lamentável fato. os lavrado-
Relojoeiro, 1dito; res. indu'itriais e operários devem aperfeiçoar seus produ-
Saboaria, 1 dito; tos e apresentar-se em grande número na Exposição de
Sapateiro, 1 dito, educando, 1873, sendo este meio o único para poder desenvolver e
Surrador. 1 dito, dito; aperfeiçoar a lavoura e a indústria que devem tra7..cr a pro -
Tinta, 2 ditos; peridade à Província do Maranhão.
Tipografia, l dito; J. Gaune
Vinho - licores - doces - 3 ditos; engenheiro civi l
Violeiro, 1 dito. (P11/Jlicador Mara11he11se, 8/2/1873, p. 2).

Em resumo, a Exposição Maranhcnse de 1872, sem ser FESTA POPULAR DO TRABALHO


mais concorrida que a de 1871, apresenta sobre a Provín-
cia uma vantagem imponante. que é o maior número de A Comissão da Festa Popular do Trabalho faz público
indústrias que foram representadas nc. te concurso de tra- que se reuniu no dia 7 de fevereiro corrente, no estabeleci-
balhadores. mento dos Educandos Artífices, o júri encarregado de exami-
O que devemos notar é a falta de concorrência em cada nar os objetos apresentados à Expoi.ição de 1872 e de premiar
uma das indústrias, pois que por 38 indústrias representa- os cxpo itorcs daqueles que mais !.e hajam avantajado.
das na Exposição, teve somente 76 expositores, ou tem10 Funcionando sob a presidência do Sr. coronel Raimun-
méd io de 2 expositores por cada ind11stria. Nem mesmo do Janscn Serra Lima, mui digno diretor do estabelecimen-
pode-se contar com este resultado. tendo na Exposição 23 to, apresentou o júri os resultados que se seguem.
indústrias representadas cada uma por um só expo itor. Dos 3 18 espécimes apresentados por 66 expositores,
As recompensas são também um grande incentivo para mereceram 123 especial menção. sendo classificados em
chamar os produtores e os industriais que se consideram três categorias, correspondendo a cada uma delas um prê-
pagos de seus trabalhos quando obtêm uma medalha ou mio especial aos expositores.
uma menção honrosa. Foram conferidos 7 J prêmios, sendo:
A este respeito, diremos que para satisfazer o público 21 medalhas de prata aos da 1• cl:hsc;
_ que gosta de ver logo rccompcn ados aqueles que se 23 ditas de bronze aos da 2• classe;
distinguem - e os próprios expositores, os membros do 20 menções honrosas aos da 3• classe.
júri encarregados de julgar os produtos, devem ser nome-
ados antes da abertura da Exposição. para preparar seu 1a classe
trabalho enquanto ela está abena, de modo a poder pro- Medalhas de prata
clamar os felizes vencedores no último dia da Festa.
Como será nomeado o júri? Ao Dr. Alexandre Teófilo de Carvalho Leal, do Alto
É também uma questão que ninguém sabe e ponamo Mearím, pelo excelente açúcar branco de primeira qualida-
que intere sa a todos. de, produ1ido em seu Engenho Lincoln. com ponto dado
Os expositores e o público c!>pcram a decisão deste na taxa de 1•6c110 e pela límpida aguardente e álcool de 25°,
júri, que não conhecem ainda, e i.c a Comissão distribuiu 30º e 36º do mesmo engenho.
as medalhas que promete, é provável que para o ano o Bernardino de Sena Castro, pelos bonitos chapéus de
número de expositores aumentará muito. tururi, os mais bem-acabados que até hoje têm sido fabri-
Pois que temos falado da Comissão da Festa Popular cados tanto nesta cidade como na de Belém, onde foram
do Trabalho, devemos aqui declarar que os Srs. Dr. Marti- inventados por outro maranhensc.
niano Mendes Pereira e capitão Davi Freire da Silva, mem- Carvalho & Cia., pelas bem trabalhadas obras de fo-
bros da Comissão. foram incansáveis desde o primeiro dia lhas de ílandres e de zinco produ ida-; cm sua oficina.
dos preparativos até depois de concluída a Exposição. me- Casa dos Educandos Artífices, pelos fru1íferos tenta-
recendo ser louvados pelo público e principalmente pelos mes dos jovens aprendizes, merecendo ei.pecial menção
expositores. alguns objetos que deram direito a prêmios especiais a
Depois dos dois ensaios de exposições em 1871 e 1872 seus jovens produtores, como adiante se verá nas clac;ses
devemos esperar que os lavradores, industriais e operários de medalhas de bronze e menções honrosas.
se compenetrem de seus verdadeiros interesses, concor- Colégio de Santa Isabel, por um mimoso trabalho de
rendo cm grande número para a próxima Exposição de 1873. penas. figurando um pássaro, cm alto-relevo.
Como vimos na primeira parte desta notícia, a Exposi- Domingos Thomaz Vcllc1 Perdigão, pelas suas exce-
ção Maranhcnse na Exposiçã.o N:ci~nal do Ri? n~o repre- lentes e bem preparadas c0nscrvas de frutas. (Vide meda-
senta nem a lavoura e nem a 111dustna da Provmcia. e pro- lhas de bronLe).
vavelmente poucos serão seus produtos que terão a hon- Emanuel Bluhm, pelos seui. leves e bem-feito chapéui.
ra de figurar na Exposição Universal de Viena d' Áustria cm de pêlo.
LUIZ DE MELLO

.........ndo Antônio da Silva, da Maioba. pelo muito de- Ao educando Severo Rayol. pela bem-acabada escri-
licado, mui original e mui perfeito trabalho que apresen- vaninha de metal que expôs.
tou: uma fruteira feita de duas cuias; uma servindo de pilar, Ao mestre de oficina, capitão José Joaquim de Leão,
artisticamente retorcida, e outra cm forma de açafate, pri- pelo bem trabalhado bacamane que expôs.
morosamente envernizada, com um verniz só conhecido Didier Guilhon, pelos bem preparados guarda-chuvas
do artista, imitando as veias da tartaniga. de seda que apresentou, armados em sua loJa.
Ferreira & Cia., pelas drogas de bálsamo de copafba. Domingos Thomaz Velez Perdigão, pelos seus produ-
muito bem preparadas, e pela primeira vez no Brasil, na sua tos de destilação constando de aguardente de frutas, vi-
Farmácia Francesa. nhos e licores diversos, os melhores até hoje produzidos
F11u1cisco Autran, pelos biscoitos, doces e frutas crista- na Província.
lizadas, muito bem preparadas em sua padaria e confeitaria. Francisco Peixoto Franco de Sá,(atualmentc estudan-
Gustavo Schrorbush (da Bahia). pelos excelentes cha- do pintura em Madri) por dois retratos pintados a óleo,
rutos preparados cm sua Fábrica de S. Félix. ultimamente feitos, onde se reconhece, pela delicadeza da
l lcnriquc Elias Neves, pelas suas excelentes fotografi- execução e harmonia do colorido, os progressos que está
as, principalmente pelas fotografias sobre porcelana, pela fazendo este maranhense, até agora conhecido em São
primeira vez preparadas na Província. Luís somente pelos seus trabalhos artísticos de simples
Jacques Vigicr, pelas suas paisagens fotográficas, pela curioso.
primeira vez trabalhadas nesta Província. Luiz Antônio Nunes, pelos bem-feitos guarda-chuvas
José Antônio Ferreira Ribeiro, pelo seu excelente, puro que apresentou, armados em sua loja dessa especialidade.
e bem conhecido chocolate de cacau, muito bem prepara- João Afonso do Nascimento, por dois quadros de de-
do em sua fábrica. senho<: a fumo.
José Maria Corrêa de Frias, pelos seus esmerados e Joaquim Isaías da Cruz, por seus diversos licores que
bem-acabados trabalhos tipográficos. apresentou e por sua boa tinta preta para escrever.
Magalhães & Cia.. pelos belos e perfeitos trabalhos José Marques Pinheiro, pela boa tinta de escrever "for-
cm marroquim, de sua oficina de encadernador. mapy", preparada pelo expositor.
Manoel Pereira Martins, pelos bem preparados sabo- Justino Ribeiro da Cunha, por um elegante e bem-aca-
netes finos de cheiros e cores diversas e pelo sabão co- bado fraque de casimira feito em sua loja de alfaiate.
mum, produtos de sua adiantada saboaria de Sanúago. D. Leopoldina H. da Cunha, por um mimoso xale de
D. Maria Rosa da Silva, pelos bons trabalhos de floris- delicado choché, paciente otira da expositora.
ta cm cambraia e cm cera, preparados pela expositora. Pinheiro e FerreLra, pelo sabão barriginoso, muito bem
Miguel Arcângelode Lima e Fill10, por um costureiro bem- preparado em sua Farmácia Normal.
acabado e feito de diversas madeiras combinadas com arte. Raimundo José Ferreira Vale (do Alto Mearim) pelo ex-
Pinheiro e Ferreira, por sua excelente e bem conhecida celente café de sua ultima safra que, produ (...)
tinta de escrever, preta. (Vide medalhas de bronze). qualidade, quão frutífero pode ser este gênero da agri-
Viúva de Gcminiano Antunes Ribeiro & Cia.• por seu~ cultura cm alguns lugares desta Província, acabando de
diversos, leves e bem-acabados chapéus de pêlo. (Vide tomar evidente esta vantagem, pela boa qualidade do café
medalhas de bronze). colhido na lavoura re ( ... )
expositor, que subiu na úlúma safra a 400 arrobas(...)
(folha rasgada)
2ª Classe Sociedade União Fraternal de Cururupu, pelas diferen-
Medalhas de bronze tes amostras de açúcar apresentadas pelos irmãos Vieira,
de Cururupu, seus proprietários, bem como pelas suas
Alexandre José de Almeida, pela boa cerveja que apre- amostras de aguardente de cana, sem dúvida podendo ser
sentou preparada cm sua fábrica na Rua da Paz. classificada na produção desta Província como após a do
Alfredo Franklin de Lima. por alguns produtos bem Engenho Lincoln.
preparados em sua fannácia. Viúva de Geminiano Antunes Ribeiro & Companhia,
Aluísio Azevedo, por um quadro bem-acabado, de de· pelos seus trabalhos em fios de seda de quatro bandas e 2
senho a fumo. fiadores para militar, pela primeira vez ensaiadas cm suu
D. Ana Janscn Serra Lima, por um delicado trabalho de chapelaria nesta Província.
desenho a dois crayons.
Antônio Martiniano Veras, pela água cosmética, en- 31 Classe
saio bem-sucedido, preparado pelo expositor.
Antônio Pereira Ramos d' Almeida & Companhia, pe- Américo Azevedo, por um quadro a fumo, estudo a
las suas boas obras de couro e marroquim, preparadas cm dois crayons.
sua oficina de encadernador. Brito Upton. Guimarães & Cia.. pelas boas amostras de
Carlos João Batista de Andreys, pelos bem-feitos traba- arroz pilado que apresentaram. preparado em sua Fábrica
lhos de serralheria e ferraria de sua oficina na Rua Grande. Ceres.

CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES: CASA DOS EDUCANDOS ARTÍFICES

Ao educando João José Mendes, pelas diversas pe- Ao educando Barnabé José Teixeira, pela bem traba-
ças de roupas feitas que apresentou. lhada secrelária de madeira fina que apresentou.

~ 130 e.-~
CRONOLOGIA DAS ARTES PIÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Aos educandos Isidoro Lavrador da Serra e Aris1ides mues tarde do que mmca, pode muito bem acontecer que
Mendes de Souza. por dois trabalhos de surrador. não se saia de todo mal do último recurso de que lru1çou mão,
Ao educando Quirino da Anunciação Gaioso, por uma que, se tivesse sido o primeiro - 0111ro galo llte camara.
máquina de preparar café que expôs. A entrada para a sua exposição de figuras de cera, que
Ao educando Marcos Al1ino dos Santos, por um estri- apelidarei de presépio de monos, a bilhete de bonde, foi
bo e uma brida de metal, bons trabalhos de serralheiro. um ótimo e feliz acerto. Só assim cu lá iria. e fique certo o Sr.
Cláudio Antônio de Oliveira, por um cavaquinho habil- lzidoro que não me restam saudades e nem me ficou von-
mente, posto que incompletamente preparado em sua oficina. tade de lá voltar.
Colégio de Nossa Senhora de Nazaré, por 4 quadro O público, que ainda não' iu os bonecos do Sr. Rossi-
com desenhos, trabalhos de . uas alunas. ni, ignora o que querem dizer aquelas luminárias furta-co-
Franklin A. de Abreu, pela amostra de sua farinha de res que o Sr. Izidoro coloca todas as noites na última saca-
mandioca, fabricada na ilha pelo exposi1or. da do Teatro São Luiz; eu. porém, que não gos10 de enga-
Frederico Araújo, por um quadro de desenho, estudo a nar a ninguém, e muito menos a essa respeitável entidade
traço. chamada público, do alto desta tribuna declaro que- aque-
João Francisco da Cruz, por um quadro de desenho a las lumin{trias são uma verdadeira negaça com a qual se
fumo. pretende pregar um logro ao primeiro transcunle que 1ivcr
João Sera pião da Conceição, por um toucador de ferro. a infelicidade de ser, como eu, crédulo demais.
José Antônio Asper do Rego, por um quadro de dese- Decididamente se eu fosse dos incautos de mil réis,
nho a fumo. com certeza a coisa não ficava assim; e não sei como con-
José César de Góes, por um quadro a fumo, estudo a
ceber vítimas tais, sem um pretexto solene onde se palen-
dois crayons. teiem as suas justas e reais reclamações.
José Cursino da Silva Raposo, por uma bem trabalhada
Isto posto, passarei ao assunlo que, por ser um tanto
rede de fio e uma 1oalha.
ceroso, nem por isso é menos digno de uma inflexível e
José Pedro de Almeida, por um excelente pão de trigo
rigorosa análise. São seis os quadros representados neste
preparado em sua padaria.
grande presépio, e, se bem que todos primem pela deformi-
Lídio Polinésio Cardoso, por um pequeno barril com
dade dos personagen e mal-acabado dos tipos, logo à
arcos de metal, mostrando sua excelência de trabalho como
entrada se nos depara um que, nesse ponto, excede tudo o
tanoeiro.
que a 111usa antiga canta.
Manoel José de Cerqueira, por um baú de couro enfeitado.
Segismundo Kerth, por um curioso trabalho- um pon- A capitulação de Sedan que, pela sua importância no
1eiro equilibrista. mundo político, deveria merecer algum cuidado do exposi-
Sérgio Antônio Vieira, pelos produtos de sua lavoura tor, vale quanto pesa. No seu gênero ainda não vi coisa
na flha, com exceção de seu bem conhecido fumo, que não melhor, e quanto à originalidade, creia o Sr. lzidoro que
foi apresentado. serei franco.
Posto que a encomenda de medalhas tenha sido fei1a Aquele Bismarck magro como um caniço. aquele Moltk
com muita antecedência, ainda elas não chegaram. Logo, raquítico como um tísico, aquele Guilhcnnc soez como o
porém, que a Comissão esteja de posse delas, será anunci- Lopes Pinto, aquele Napoelão obeso como um poltrão e
ado o dia em que se fará a distribuição solene dos prêmios aquele príncipe real com cara de choro, farda de bastilha e
no estabelecimento dos Educandos Artífices. barbas de estopa, são de uma originalidade... originalíssima.
Sala da Seção do Júri no csiabelecimento dos Educan- Andou, porém, muito acertadamente o Sr. Rossini, dan-
dos Artífices, 7 de fevereiro de 1873. do-lhes o nome nas plantas, porque enfim homens são
Servindo de secretário, Antônio Ennes de Souza (Pu- homens e não consta que as dúvidas ejam peculi:ircs :i
blicador Maranhense. 13/2/1873, pp. 1-2). outra casta de viventes.
Estes personagens, por serem os mais conhecidos, ser-
CÂMARA MUNICIPAL vem-me muito e são, por assim dizer, a minha pedra de toque
para a apreciação dos restantes. pois por eles já eu posso
2ª Sessão extraordinária cm 5 de fevereiro de 1873 calcular a perfeição e naturalidade de todos os outros.
Ao lado deste quadro vi um mono de grandes bigodes,
( ...) Entrando cm discussão as medidas que deve a Câma- crismado com o nome de Emílio Castellar. A princípio quis
ra tomar relativan1ente à colocação da estátua que se vai le- me rcvollarcont:rn essa profan:ição, feita a um dos primeiros
vantar à memória do poeta Gonçalves Dias, resolveu ela que tribunos europeus, mas, por fun conciliei-me comigo mesmo
constando dos jornais que a Comissão encarregada da colo- porque a caricatura é hoje peculiar dos gr.indcs vultos.
cação da dita eslátua sobresteve nessa colocação até ouvir o Humboldl, Agassiz, Victor Hugo etc. têm sido caricatu-
Dr. Antônio Henriques Leal acerca da parte para onde devia rados, e raras são as celebridades que não lenham sido
ficar a frente da mesma estátua, nada ela deliberasse enquan- vítimas dos pincéis dos Bomboches.
to a obra não prosseguisse no sentido de ser a frente voltada Victor Emanuel, que lhe fica vis-a-vis, com a sua farda
para outra parte que não seja para o mar e fundeadouro do de soldado de cavalaria, e o desarranjo de suas barbas,
porto.( ...) (Publicador Maranhe11se, 15/2/1873, p. 2). parece ter vindo de um conflílo apertado. A sua aparência
contusa está a revelá-lo; e o desgrenhado dos bigodes e
FIGURAS DE CERA suíças indica que foi por onde o seguraram melhor.
Nas feições e no mesmo fei tio, parece-se muito com
Deu finalmcnlc nos vinte o Sr. lzidoro Rossini. É verdade Pio IX. Segue-se um grupo de três personagens, cada qual
que acordou tarde e às más horas; mas, como lá diz o adágjo deles o melhor: - Rochefort, Trochu e Júlio Favre -ou por

~ 13 1 ~
LUIZ DE MELLO

outra: o serralheiro italiano da Rua Grande, o santeiro João que, com efenc, não podem ser mais miseráveis. Pondo de
Balista Pi sane e um alemão da Casa Krnuse. parte os tais soldados, é este sem dúvida o melhor quadro.
A posição destes três vultos é naturalíssima, e só lhes Eis-me anaJisando Vênus! Não se admirem os leitores de
falta falar para exprimirem bem o que nunca foram. me ser concedida tal regalia. Eu sem1mente que a dispensa-
Passarei a novo quadro: Prim, o célebre general espa- va, e se insisto nela, creian1 que não é por cu1iosidade.
nhol é morto, parecido ou não, o rosto do cadáver é de Vênus: ó sedutora imagem, como te deixaste prostituir
uma bela ilusão; e se as demais perdem por desnaturais e assim?
disfonncs, ganha aquela só no que diz respeito ao rosto Que faz Vulcano que não desaba meia dúzia de raios
porque quanto ao mais, de março a abril não há que rir. fulminantes sobre a cabeça do sacrílego audaz que assim
Aquele caixão não está na altura do personagem, e o far- te sacrilicou? Porventura és tu aquilo que aJi se vê por um
damento, de safado e ruço, toma-se indecente. óculo?
Amadeu, Topete e Serrano, que o cercam, são uns ver- Por Júpiter! castiga os que erram: não consente que te
dadeiros bonecos, porque no fe itio do corpo não têm se- insultem assim; a tua beleza merece que se te respeite mais,
melhança com homem aJgum. e. se Vulcano, com ser feio, não se importa com isso, cha-
Isabel de Espanha, com seus ares de grisere, é uma ma cm teu auxflio o desvelado Marte, porque esse sem
ligura interessante e mesmo bonita. A decaída rainha deve dúvida tomará as dores por ti.
juntar-se à boneca de João Tavares, e para evitar confusões, Esse virá desafrontar-te, e ai daqueles que estiverem
h:ija entre ambas uma pergunta nos toaletes: os da modista incursos no nefando crime.
para a rainha e os da rainh:i para a modista. É pena que não O Sr. I1idoro que se acautele, porque é decerto quem está
esteja f:vcndo meia para mais realce e mesmo naturaJidade. mais arriscado. Ele dirá que não, mas eu digo-lhe que sim,
Seguem-se dois vultos representando tipos portugue- porque o expositor não é menos culpado que o fabricador.
ses. São de uma forma extraordinária; e só falta o Sr. Jzido- Frnncisco Solano Lopes, o ex-ditador do Paraguai. en-
ro no meio para formarem uma trindade digna de respeito. che-nos agora o olho; está nédjo e rechonchudo como um
Aquele pescador está mesmo a vender peixe, e a pescado- repolho, mas nem por isso cativa a nossa atenção pelo lado
ra indica pelos jeitos que o está apregoando. Na verdade de originalidade. É, como os outros tipos conhecidos, um
estes três tipos não deixam nada a desejar. mono de maior tamanho porque, em verdade, o homem era
Acho-me na frente do Hospita l de Sangue; nada direi uma girafa se tinha o tamanho que aJi representa.
quanto ao:. personagens, que, por serem obra de fantasia, Está a palpitar de interesse o quadro que tenho à vista:
vão passando sem maior reparo. a Comuna de Paris, no auge de seu dei írio, comete as mai-
Os doentes. afora um que tem um movimento impossí- ores atrocidades, e duas vítimas são ali sacrificadas e re-
vel, estão todos bons. É muito natural e tocante o grupo presentadas muito burlescamente.
Laconte e Clcmcnt Thomas, dois personagens mais ou
do padre e do moribundo, e o padre sobretudo é a melhor
menos tradicionaJmente conhecidos, é impossível que se-
ligura do presépio. A posição e brandura que lhe salteia a
lisionomia, no exercício de sua missão sublime, tomam-lhe jam os que ali vi, porque, além da desnaturalidade dos cor-
pos, têm umas fisionomias mais de cabos-de-esquadra que
o caráter imponentemente respei tável, e quase comove a
de generais. Laconte fuzilado é exatamente um músico do 5º
quem o observa.
estendido no chão; e Clement Thomas, disfarçado cm ope-
É ridículo o quadro subseqlicntc.
rário, é uma caricatura digna de se lhe tirar o chapéu.
Um soldado prussiano comprando vinho a uma taver-
Falta-me somente falar de um personagem, e esse per-
ncira francesa que se apresenta cm trajes de irmão de cari-
sonagem éJ.> muito alto e poderoso Sr. O. Pedro Jl, obra de
dade e que, a respeito da figura, é uma segunda Isabel de
um curioso que não conhecemos. Pelo lado artístico nada
Espanha.
direi por ignorar se o seu autor estará no caso de ser cha-
O soldado está vestido de zuavo francês, e o vinho mado à barra desse tribunaJ; quanto à semelhança. dir-lhe-
que compra lhe é ministrado por uma garrafa de cerveja ei que não foi muito feliz na sua tentativa.
Bass, que penso já ter tido outra serventia, atenta a sua O. Pedro 11 é mais alto e menos cheio de corpo, e as
pouca limpeza. suas feições nunca foram as que desenhou na cera.
O quadro de que me ocupo agora é mais comovente Como obra, porém, de um curioso, atendendo à falta de
ainda que o do Hospital de Sangue, e é pena que esteja aparelhos necessários para reaJizá-la, entendo que se deva
tresloucado no que diz respeito à naturalidade. Represen- conferir ao seu autor o título de habilidoso.
ta a fome cm Madri; os tipos estão perfeitos e revelam com Tenninando esta análise. peço permissão aos leitores
muita expressão essa agonia do corpo e da alma; e os parajustilicá-la, contando-lhes os motivos que me induzi-
andrajos de que se acham revestidos atestam-no também. ram :i escrevê-la.
O que, porém, desloca completamente a cena, que em tudo Por mais de urna vez remos tido bigodiados por farsis-
seria signilicativa e perfeita, são aqueles dois judas feitos tas e pelotiqueiros; o Sr. Rossini com este é o segundo
soldados. Aqueles monos são ali uma irrisão; e o quanto logro que nos prega, e para que não venha pregar um
têm de naturais os demais personagens, têm aqueles de terceiro, supondo que nos ilude, cumpre declarar-lhe que
disformes e de ridículos. nós não somos do mangue e que, se temos tidos a con-
A mãe com os dois lilhos, o moribundo e o grupo do descendência de aturar-lhe as pantominas. não é para que
fundo devem ser apreciados. A miséria e o desespero trans- continue a tornar gosto conosco, impingindo-nos. como
parecem-lhes nas lisionomias com todos os seus horrores. de costume - gato por lebre.
Acredito também que a originalidade destes persona- Paulo da Cunha
gens é, cm grande pane, devida à pobrc1..a do vestuários, (0 Domingo, 1612/I 873, pp. 1-3).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

FIGURAS DE CERA Quem ler isto fora daqui há de julgar que a indústria no
Maranhão chegou a um grau de prosperidade admi rável, pois
Constando aos abaixo assinados que o Sr. Pinheiro vai que os produtos superiores foram a terça parte dos apresen-
pôr o preço de sua exposição de figuras de barro a 30$ réis, tados e em maior número que as menções honrosas, sendo
por pessoa, resolvidos a acompanhar o mercado põem a insignificante o número dos que não foram premiados.
sua a 20 réis, na certeza de que o público deve aproveitar
Diz-se que saíram medalhas de prata para quem não as
estes dias, visto que os empresários não querendo pagar
merecia, e que outros desceram sem razão a uma classe
frete das suas figuras, têm vendido a cera aos Srs. Lopes
inferior e mesmo ficaram no esquecimento.
de Souza & Irmão.
Rossini & Cia. Ainda todas estas coisas - do nosso Maranhão - ape-
(Publicador Marunhense, 25/2/1873, p. 3). sar de serem difíceis de aceitarem-se, foram poucas ao que
parece.
AVISO Dizemos isto porque depois do ta l convite reuniram-se
os expositores na Biblioteca Popular e acabaram com o tal
JOSÉ PfNHEIRO mudou sua exposição de figuras em conselho de famt1ia . Depois disto aparece um artigo do
barro para o Bazar do No11e, reduzindo as entradas para Dr. Martiniano Mendes Pereira, protestando contra a tal
víntém e meio; e também vende tigelas e apanhadores de reunião e agora, no mesmo dia em que é publicado o regu-
moscas, tendo a honra de participar ao público que as lamento da Festa Popular nos jornais Publicador Mara-
silenciosas que tem anunciado j á falam e muito. (Publica- nhense e n'O Paiz, vem um oulro anúncio convidando os
dor Maranlzense, 25/2/1873, p. 3). expositores para uma reunião na Câmara Municipal; sen-
do este segundo convite assinado por um número de mem-
ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS bros superior àquele que fo i feito para a primeira reunião.
Segundo ouvimos dizer, os dois únicos membros que
Pessoa de critério nos informa que a tão debatida ques-
se ocuparam da última exposição foram o Sr. Davi Freire da
tão da estátua tinha tomado a reviver e que a Câmara tem
Silva e o Dr. Martiniano Mendes Pereira.
de informar um requerimento ou representação sobre este
A divisão é completa, pois que o Sr. Davi Freire esteve
objeto.
Estando S. Exa. o Sr. presidente da Província, Dr. Silvi- na Biblioteca Popular e o Dr. Martiniano estará na Câmara
no Elvídio Carneiro da Cunha ainda nos primeiros dias de Municipal.
sua admin istração entre nós, e para que não seja surpreen- Quem tem razão?
dido num negócio em que a opinião pública tão franca- Nós, que somos de fora e que fomos excluídos da reu-
mente se manifestou, pedimos vênia para chamar sua aten- nião da Biblioteca Popular, por não sermos expositores -
ção para os Publicadores números 18, 20, 21, 23 de janeiro iremos à Câmara Municipal ver o que por ali se passará.
deste ano nos quais fo i tratado este assunto, que S. Exa. Porém, antes de lá irmos, desejaríamos ouvir do Dr.
apreciará com a sabedoria que o distingue. (Publicador Martiniano, como secretário da antiga Comissão - algu-
Maranlzense, 14/3/ 1873, p. 3). mas explicações principalmente a respeito do que fizeram
para a instituição todos aqueles que agora se apresentam
FESTA POPULAR DO TRABALHO
ao público tanto na Biblioteca Popular como na Câmara
Municipal, e deste modo saberíamos o que devemos fazer.
Depois de duas exposições pouco concorridas, vimos
Em conclusão: qual será o resultado de tudo isto?
com prazer que o conselho de famtlia que dirigia a Festa
Popular compreendeu. um pouco tarde, é verdade, que Ouvimos duas opiniões a respeito. Eram dois exposi-
não podia continuar desta forma, pois que a%im não ins- tores que se batiam - um era otimista, outro pessimista.
pirava confiança nem aos expositores, nem ao público. O otimista dizia: - Isto é muito bom, porque ninguém
Não inspirava confiança a ninguém, pela razão que quererá recuar e deste modo teremos duas exposições e
poucos trabalhavam; que fariam não conhecer o ABC das medalhas a valer!
exposições; não nomearam júri antes de abrir a exposição; O pessimista dizia: - Isto é muito mau, porque deste
não indicaram classes para os produtos; elegeram a si pró- modo esta instituição há de baquear, se, como dizem os
prios para formar o júri; e este júri tão esquisito como in- correspondentes, o engenhe iro fidalgo assentou maJ os
competente e irregular funcionou não durante a exposição trilhos e para acabar de dar com a companhia empantanas,
_como devia ser- porém mais de um mês depois, quando como dizia o Wenccslau, o gerente não franqueia a linha
quase todos os produtos tinham sido retirados, e por este do Cutirn, que devia ser abc11a ao público desde a recep-
Jato dando medalhas a tono e a direito - não concordando ção da linha.
com certa gente que diz que as recompensas foram disLTi.- A Companhia Ferro-Carris e a Festa Popular indo cair
buídas não aos mais merecedores, mas sim aos mais ami- j1mtas nas águas da Companhia Anil!
gos do conselho de fami1ia e, coisa nunca vista, - pelo
Wenceslau, Wenceslau, onde tu estás? A que vieste
menos é o que ouvimos dizer - fazendo uma divisão de
inspirar-me um dos teus ad miráveis trechos com os quais
recompensas tão largas e esquisitas que sobre pouco mais
de setenta expositores tiveram 63 recompensas e estas tu esmagaste a pobre Companhia Ferro-Carris, para poder
divididas de que modo? a meu turno pulverizar aqueles que encobrirem com suas
Vinte e uma medalhas de prata. asneiras para desprestigiar o nvsso infeliz Maranhão!
Vinte e duas ditas de bronze. Quem terá razão? O otimista ou o pessimista?
Vinte menções honrosas. Veremos. (Publicador Mara11he11se, l 5/3/ 1873, p. 2).

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LUIZ DE MELLO

DÁDIVA PRECIOSA Aguardávamos, pois, o resultado da consu lta, quando


aparece a Comissão representando contra a legítima inter-
O Sr. Ângelo D. de Oliveira e um filho seu ofereceram à venção da Câmara Municipal - não querendo ter a respon-
Tnnandade dos Martírios. para ser colocado sobre o altar sabilidade na defeituosa colocação da estátua - (se a opi-
de Bom Jesus, um lindo Cristo de marfim com todos os nião da Câmara prevalecesse, já se sabe), representação
emblemas de prata fina, obra vinda de Lisboa. (Publica- com que um dos seus membros, o mais habilitado, não
dor Maranltense, 19/3/1873, p. 3). quis concordar por lhe conhecer o alcance, mas que não
serviu de embaraço a que fossem por diante.
A ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS Foi então que chamamos a atenção de S. Exa. o Sr.
presidente da Província para os Publicadores em que se
Com a colocação da cstálua do grande poeta tem o tratara da questão, não para que o deslumbrasem os lumi-
Publicador Mara11hense se ocupado de acordo com a opi- 11osos discursos feitos a respeito. mas porque S. Exa., ilus-
nião pública. fugindo das personalidades que nada têm Lrado como é. descobriria em meio da frase rude e menos
que ver com a idéia cm questão, esquecendo-se, é verda- culta dos mecânicos que os escreveram, a verdade e a
de, o ousado noticiarista deslc jornal, do seu plebeísmo razão que os mais alambicados estilos, usados por gente
mecânico, quando Linha de entender com o sangue azul fina, mestres da língua, não podem obscurecer com os
de altas enlidades, cuja vontade se impõe contra a do seus sofismas.
público, e :ué se querem tomar superiores à lei. Convida-se o noticiarista a concorrer com dinheiro para
É uma dessas entidades que outrora tanto aquilatou o a colocação da estátua, e ousa-se dizer isto na cidade onde
caráter do apontado noticiarista do Publicador, quem, des- a subscrição se abriu, já mudando-se de sacola, já por
de que julgou ver nele um embaraço a seus interesses, não meio de espetáculos, já pelos cofres públicos que é o di-
poupa ocasião de lhe atirar botes, sempre de esguelha, nheiro de todos. Entre as quantias obtidas há de haver
sempre desleal mente. alguma dada pelo noticiarista, que não tem por costume
É por is!>o, talvez, que S. S. foge da altura que deve pedir recibo para provar que deu.
ocupar na seção que lhe pertence, mas que lhe traz respon- Argumentações destas, tomamos a repelir, só se lança
sabilidade, para vir no terreno de rodos nobremente acober- mão delas quando não há que dizer de sério; julga-se en-
tado dar a sua ferroada no mecânico que julgando fazer tão que com duas ou três ironias se porá termo à questão
pane do público, ousa escrever sobre a colocação de um confundindo o adversário.
monumento público, que está a cargo de S. S. e de outros. Leda ilusão, continuai nela, que o público vos obser-
E tanto S. S. embirra com as pretensões dos mecâni- va. (Publicador Maranhense, l 91311873, p. 2).
cos, que um dos seus companheirns na Comissão, que
também é mecânico, embora mecânico ilustrado, foi ainda ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS
pela segunda vez desprestigiado, requerendo a mesma
Comissão cm prol de uma idéia, por ele e pelo público Está felizmente decidida a fonna da colocação da está-
condenada, sem dele fazerem caso, o que motivou deste tua do poeta maranhense: - fica olhando para o mar. E os
cavalheiro a sua demissão. bustos ficarão virados: o de João Lisboa também para o
Tratando-se da estátua não se lhe faz oposição, não há mar, o de Odorico Mendes para a casa do Sr. Veiga, o de
no Maranhão quem a faça, e nem de poderosas, sábias e Sotero para o lado do Anil e o do Sr. Gomes de Souza para
autorizadas argumentações, como S. S. chocarrciramentc o lado formado pela igreja e casas.
escreve, do obscuro mecânico se depreende se não o de- Está portanto terminada a questão de gosto, de puro
sejo de que fique bom, o que S. S. quer a lodo transe mau, gosto, e que devemos agora todos é coadjuvar a Comis-
como o julgam aqueles que são na matéria autoridade. são da obra, se ela precisar para isso recorrer ainda uma
O meio de que S. Senhoria lança mão para resolver a vez à munificência pública. (Publicador Maranhense, 23/
questão, é o quac;e sempre aproveitado por aqueles a quem 3/ 1873, p. 2).
a razão falece - é no terreno do ridículo que se procuram
justificar. ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS
Tão sediço porém é esse meio que já não produz o
efeito desejado. pelo menos quando empregado contra a Sobre este assunto dirigiu a Presidência à Câmara Mu-
nossa despretensiosa individualidade. nicipal da Capital o seguinte ofício:
Chamando a atenção do Governo para a questão da Jª Seção - Palácio do Governo do Maranhão, 22 de
estátua, novamente levantada. não lizemos mais que cum- março de 1873. - Declaro à Câmara Municipal da Capital
prir o prometido no começo dessa questão - de acompa- em solução à infonnação prestada em data de ontem sobre
nhá-la em todas as suas eventualidades: se isto puder ser a colocação da estátua do poeta Antônio Gonçalves Dias,
olhado por menos elevado caráter do que assim procede, que sendo de sua competência, no caso presente, só e
não nos admirará, cada um tem lá seu modo de ver e de unicamente a designação do lugar em que deve ser colo-
comparar. cada a estátua, não pode a Câmara embaraçar a Comissão
Tínhamos vislo, se não nos falha a memória, uma de- encarregada das respectiva\ obras na colocação da frente
claração da Comissão ou de um dos membros dela, em que da mesma estátua para este ou aquele lado, tanto mais
se dizia a última palavra sobre este assunto: - concorda- quanto em seu código de posturas não há disposição al-
vam com a idéia do público, mas que, por atenção ao Dr. guma relativa a assunto de~ta ordem. (Publicador Mara-
Leal iam consultá-lo. nhenst!, 23/3/1873, p. 2).

<2/P) 134 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

(DE UMA) CRÔNICA É fê-lo, Exmo. Sr., convicto de sua competência e no


Eloy, o herói cumprimento de um dever que reputo sagrado.
É a Praça dos Remédios um dos mais belos sítios da
( ...)Precipitam-se os acontecimentos! cidade, e a coluna que a gratidão nacional vai consagrar a
O dia 25 de março de 1873, além de trazer consigo gra- um dos mais distintos brasileiros, o primeiro monumento
tas recordações aos brasileiros, por ser o quinquagésimo que se erige aqui.
aniversário do Juramento à Constituição Política do Impé- Encarregada pela lei de velar pela conservação dos
rio, trouxe-me um enxame de notícia tal , que asseguro aos logradouros públicos, da limpeza e aformosocamento da
leitores que, assim pelos modos, têm eles notícias a dar cidade. pensa esta Câmara que lhe incumbe a suprema
com um pau! in peção das obras que com licença sua se levantam em
Com efeito, o dia 25 de março não parecia um dia mara- urna praça; e que não é coisa indiferente a maneira pela
nhense; geralmente aqui, em horas de ócio, não se tem qual são dispostos os momurnentos com que o povo per-
onde matá-las; naquele dia, porém, não se sabia para onde petua a memória de seus beneméritos.
ir, tão grande era a lista dos divertimentos. Se, como dizem os representantes, a colocação da es-
No dia 25 de março, às 6 para 7 horas da manhã, houve tátua é uma questão de gosto puramente artístico, à Câma-
a abertura da igreja do Recolhimento, que apresentaram ra Municipal incumbe resolvê-la, pois a lei encarregou-a
modesta e magnificamente adornada. Lamento, de passa- do aformoseamento da cidade, com o que entendem as
gem, a idéia que teve o pintor do forro, entre outras coisi- questões puramente artísticas.
nhas, de representar Nossa Senhora de vestido à Garibaldi A competência exclusiva ao arquiteto restringe-se à
e de uns pés de 47 - Suzer. fábrica do monumento, à escolha do material, à ornamen-
No dia 25 de março entoaram hinos as recolhida e tação etc.
asiladas, cm ações de graças ao restabelecimento do nos- Quanto, porém, à sua colocação cm uma praça ou rua
so casto prelado. pública, não pode essa competência deixar de limitar-se, à
No dia 25 de março fizeram as mesmas senhoras um vista do plano do afom1oseamento adotado e seguido pela
elegante bazar de alguns trabalhos seus, cujo produto, autoridade competente. Esta autoridade é a Câmara Muni-
creio cu, é disposto a favor das obras do convento que me cipal, sobre ela recai inteira a responsabilidade das obras
parecem estar no mesmo pé em que as deixou o padre empreendidas para aformoseamento da cidade; a censura
Malagrida, de saudosa memória.( ... ). (O Domingo, 30/3/ pública não deixaria de pesar severa e inexorável sobre o
1873, p. 3). plano adotado, e uma vez que a responsabilidade é da
Câmara, não seja embaraçada a sua mtervenção, único meio
CÂMARA MUNICIPAL de evitar a censura ou tomá-la merecida, caso seja conde-
Sessão extraordinária em 19/3/ 1873 nado o alvitre por ela preferido.
Expediente - Ofícios: Dadas estas informações aguarda esta Câmara a reso-
lução de V. Exa. e qualquer que seja, a cumprirá inteiramen-
( ...)Outro da Comissão encarregada de erigir a estátua do te satisfeita de ter cumprido o seu dever.
poeta Antônio Gonçalves Dias, vindo igualmente da Presi- Deus guarde a V. Exa.
dência da Província para infonnar, recorrendo a ela no acór- Paço da Câmara Municipal da Capital do Maranhão, 19
diio desta Câmara de 12 do mês lindo cm que declarou à de março de 1873.
mesma Comissão que a estátua deve ser voltada com a frente JJmo. e Exmo. Sr. Dr. Silvino Elvídio Carneiro da Cunha,
para o mar. - Em discussão o Sr. prc!)idente apresenta o ofício muito digno presidente da Província.
abaixo transcrito e consulta a Casa se essa deva ser ou não a - O Sr. Frazão Costa declara que. não se achando pre-
informação que deve a Câmara dirigir à Presidência. sente por ocasião de ser dirigido o ofício à Comisão encar-
" 1lmo. e Exmo. Sr. -A Câmara Municipal desta capital regada de erigir a estátua. requer que seja dirigida à Comis-
vem dar a V. Exa. as informações ordenadas no despacho são a informação com a seguinLe emenda:
de 1Odo corrente exarado na representação que a V. Exa. ''Achando inconveniente que a csttltua de Gonçalves
dirigiram três membros da Comissão incumbida das obras Dias seja colocada com a frente para o mar, no Largo dos
da estátua que se tem de erigir ao distinto poeta Antônio Remédios, por isso que ela assim colocada ficará dando as
Gonçalves Dias. costas ao único lugar que dá ingresso ao povo, que é a
À exceção dos três representantes, talvez ninguém mais Rua dos Remédios, vota para que ela fiqu e colocada com a
~e encontre que opine pela colocação da estátua com a frente para a embocadura da Rua do Remédios, dando o
frente voltada para outro lado da Praça dos Remédios que flanco direito ao mar.''
não seja a do mar. Em verdade. além de ser esse lado a - O Sr. Alves Júnior declarn que desde o começo da
frente natural da mesma praça, oferece ele um horizonte questão sobre a colocação da estátua de Gonçalves Dias.
mais vasto, onde a vista se imerge mais livre e desafogada. fora sempre de opinião que a Municipalidade nada tinha
Pareceu à Câmara Municipal que não seria outra adis- que ver com esse rrabalho, mas, que vencido pela maioria
posição da estátua se ao arquiteto que a delineou fossem acompanhou seu colega no ofício que esta Cân1ara dirigiu
bem conhecidas as circunstâncins da praça onde devia ser à Comissão encarregada desse trabalho determinando que
erigida. a estátua fosse colocada com a frente para o lado do mar:
Nesta crença e interpretando fielmente a opinião de sustentando esta primeira indicação modifica hoje em par-
seus munícipes que se têm manifestado quase unânimes, te a sua primeira opinião \vtando para que se faculte à
dirigiu a Câmara à Comissão respectiva o ofício de 12 de Comis ão a colocação da estátua com a frente para a en-
fevereiro, junto à representação. trnda da Praça dos Remédios. - Postas a votos pelo Sr.

~ 135 <2./ Q)
LUIZ DE MELLO

presidente as du:is indic:ições, votaram por elas os Srs. No centro do lado superior está o dístico Caridade,
Alves Júnior, Frazão d:i Costa e Gonç:ilves Machado, e Comércio, lnstruçtiu, e por cima de cada uma destas pala-
contra os Srs. presidente, Lopes da Silva e Fernando Sil- vras estão os emblemas que as representam.
va; havendo emp:itc, foi aprovado que o ofício apresenta- No meio do lado direito lê-se, União, Império do Brasil.
do pelo Sr. presidente, fosse sem alternção à Presidência Do lado oposto. guardando simetria, estão as palavras
da Província, pelo voto de qualidade do Sr. presidente da Perseverança, Reino de Portugal.
Câmara. ( ... ).(Publicador Maranhense, 8/4/ 1873, p. 2). No lado inferior estão as palavras - Maranhão - e
dentro de uma coroa de louros - Fraternidade; ao lado
PRECIOSIDADE direito desta, num escudo, lê-se: Fundada em 19 de janei-
rode 1868; e no outro igual do lado oposto: - Instalada
Um amigo mostrou-nos uma carta do conselheiro Var- em 22 de março de 1868.
nhagen, hoje Barão de Porto Seguro, onde dá a notícia de Dentro do diploma admira-se em ponto pequeno a vis-
possuir "uns figurinos de Tropa de Linha e Auxiliar do ta de São Luís, tomada da Ponta de São Francisco.
Maranhão nos fins do século passado, todos fei tos à mão, Todo esse trabalho, feito com muito gosto e pcrfeição reve-
e que destina a algum museu, ou estabelecimento público la, além da inegável aptidão do seu autor, muita paciência.
semelhante desta capital." Consta-nos que segue no vapor inglês, surto no por-
Venham eles e cm boa hora para o Museu da Biblioteca to, para ser gravado em Portugal.
Popular. (Publicador Maranltense, 17/4/1873, p. 3). Pena é que não possa ser exposto aí em qualquer parte
para ser apreciado, como merecia, pelos entendidos. (Pu-
GONÇALVES DIAS blicador Maranhense, 16/5/1873, p. 3).

A estátua de Gonçalves Dias já está levantada no Lar- EXPOSIÇÃO DE DIPLOMAS


go dos Remédios, graças ao zelo, à dedicação e à boa
O modelo dos diplomas da Sociedade dos Caixeiros,
vontade do Sr. Joaquim Marques Rodrigues, que não can-
sa e nem descansa quando se trata de algum melhoramen- feito pelo Sr. Bllio, de que demos notícia no jomal de 16 do
corrente, será exposto hoje na Casa da Praça. para ser apre-
to para esta Província. com que todos os dias vai angari-
ciado. (Publicador Maranhense, 201511873, p. 3).
ando novos e sólidos direitos à estima, à consideração e
ao respeito(.....) honrados, justiceiros, bem( .....) bom nome.
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
(Publicador Mara11he11se, 29/4/ 1873, p. 2).
Expediente - Ordem do dia
FALECIMENTO
Entra em 3ª discus ão o projeto nº 48 que manda em-
prestar ao cidadão Domingos Tribuzi a quantia de 3:000$000.
Sepultou-se ontem à tarde o Sr. Horácio Tribuzi, filho
(Publicador Mara11l1e11se, 271511873, p. 3).
de Domingos Tribul.i, e que foi pensionista da Província
cm Roma, onde esteve estudando pintura. (Publicador
DONATIVO
Maranhense, 30/4/1873, p. 3).
A pedido do Dr. César Augusto Marques, membro da
ÓBITOS Comissão incumbida da construção do edifício para a Es-
Sepultamentos de 29 de abril de 1873: cola Pública da 2ª Freguesia da Capital, acaba o Sr. Domin-
gos Tribuzl de oferecer um retrato a óleo, meio-corpo em
( ... ) Horácio TribuLi, 29 anos, no1ebita. (Publicador ponto grande, de S. M. o Imperador, a fim de ornar a sala
Maranhense, 1°/5/1873, p. 3). princi paJ daquele edifício.
A Presidência, em resposta à comunicação que lhe fez o
DOMlNGOS TR 1BUZI agradece às pessoas que acom- mesmo Dr. César, agradeceu-lhe em nome do Governo Impe-
panharam à última morada o cadáver de seu filh o Horácio rial tão estimável oferta, como prova de sua dedicação pelo
Tribuzi. e roga-lhes o caridoso obséquio de ouvirem uma ensino público. e bem assim ao referido cidadão Domingos
missa que por sua alma manda rezar na igreja de São João Tribuzi. (Publicador Maranhense, 28/5/1873, p. 3).
no dia 5 do corrente, às 6 horas.
Maranhão, 3 de maio de 1873. (Publicador Maranhen- DOMINGOS TRlBUZI pede aos cavaJheiros a quem o
se, 4/511 873, p. 3). seu finado filho Horácio Tribuzi emprestou livros das vi-
das dos Santos, Arqui1eturas, translados de desenhos, o
UM PRECIOSO TRABALHO favor de os mandar enLrcgar em sua casa na Rua do Sol,
visto que não pode pessoalmente procurá-los por serem
Vimos um quadro devido à inteligência e aptidão do 11 as pessoas que têm objetos emprestados. (Publicador
habilíssimo pintor José Maria Bílio Júnior. Maranhense, 291511873. p. 4).
É o modelo para os diplomas da benemérita Sociedade
dos Caixeiros. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
Os 4 cantos são terminados por 4 escudos; nos supe- 2ª Sessão Ordinária em 201511873
riores estão as coroas brasileira e portuguesa; nos inferio- Ordem do dia
res as datas memoráveis - 7 de setembro de 1822 e l º de
det.cmbro de 1640, simbolizando as épocas da Indepen- (... ) - Terceira discussão do projeto nº 48 que autoriza
dência do Brasil e de Portugal. o Governo a emprestar a Domingos Tribuzi a quantia de 3

(?/ê) 136 e/ci)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHAO (18 42 1930)

contos de réis, sem juros, para saldo de débito de 3 contos de serviço prestado o professor de desenho do Liceu des-
contraído por seu filho Horácio Tribuzi na Europa, como ta capital, Domingos Tribuzi.
pensionista da Província. (...) (Publicador Maranhense, Art. 2º - Ficam revogadas as disposições em contrário.
61611873, p. 2). Sala das sessões da Assembléia Legis lativa do
Maranhão, 16 de junho de 1873
CONCURSO E. Rodrigues
Francisco Domingues da Silva Júnior
S. Exa. o Sr. presidente da Província manda fazer públi- (Publicador Mara11he11se, 17/6/ 1873, p. 2)
co que é aberto concurso nesta data. por espaço de 60
dias, para provimento do lugar de substituto da cadeira de ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
desenho linear do Liceu desta capital, o qual funciona na Expediente
Casa dos Educandos Artífices.
Os opositores deverão dentro do referido prazo apre- Apresentação de projetos, pareceres, etc. etc.
sentar seus requerimentos devidamente documentados, a O Dr. Emiliano:(...)
fim de lhes ser marcado o dia para os exames. ( ... )Ainda o mesmo Sr. por parte da Comissão de Ins-
Secretaria do Governo do Maranhão, 30 de maio de 1873. trução Pública apresenta um parecer favorável à jubilação
O secretário, Antônio Pedro Ferreira Lima. (Publica- requerida pelo lente do Liceu, Domingos Tribuzi. - A im-
dor Mara11'1e11se, 6/6/ 1873, p. 3). primir. (Publicador Mara11he11se, 17/6/ 1873, p. 3).

GOVERNO DA PROVÍNCIA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL


Expediente do dia 26/5/1873 Sexta sessão ordinária em 30 de maio de 1873
Presidência do Exmo. Dr. Viveiros
( ...) - Ao Dr. César Augusto Marques, encarregado
interinamente das obras da casa destinada para a Escola Requerimentos, projetos de lei etc.
da Freguesia de Nos a Senhora da Conceição da Capital.
- Ficando inteirado pelo seu ofício de 24 do corrente de ( ... ) O Sr. Filgueiras por parte da Comissão Definitiva
haver Vmc. adquirido do cidadão Domingos Tribuzi um apresenta o projeto de lei que manda emprestar ao cidadão
retrato de S. M. o Imperador, pintado a óleo, para ser colo- Dom ingo Tribu1i a quantia de três contos de réis,
cado na sala principal do edifício que se destina à Escola para solver o débito que teve de contrair quando seu filho
Pública de Primeira Letras des a freguesia; cumpre-me Horácio Tribu1i e tudava na Europa por conta da Província.
em nome do Governo Imperial agradecer-Lhe tão estimável Entrando cm discussão a redação, o Sr. Jorge Sobrinho
oferta, como prova de sua dedicação pelo ensino público, faz algumas considerações sobre a mesma por consignar
e bem assim ao referido cidadão. ( ...) (Publicador Mara- uma cláusula que não consta do projeto, c depois de o Sr.
nhense, 6/6/ 1873, p. 1).
Filgueiras justificar à Comissão, posta a votos a redação é
rejeitada, pelo que vai de novo o projeto devolvido à Co-
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL missão.
2ª Sessão Ordinária em 21/511873 O Sr. presidente declara que não estando esgotada a
Empréstimo hora de apresentação de requeri mentos, entra em discus-
são o parecer de constituição e poderes. ( ...) (Publicador
Mara11he11se, 20161 1873, p. 2).
Entra em 3• discussão e sem debate é aprovado e reme-
tido à Comissão definitiva o projeto que autoriza o Gover-
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
no da Província a emprestar ao cidadão Domingos Tribuzi,
Requerimentos, pareceres e proj etos
sem juro e mediante finna idônea, a quantia de 3 contos
Redação
de réis pagáveis pela 4ª parte de seu vencimentos, a fim
de solver o débito que teve de contrair com o pensionista
É lida e posta a votoc; e aprovada a redação do projeto
da Província, seu filho Horácio Tribuzi, quando estudava
de lei que manda cmpre!ttar, sem juros e mediante fiança
na Europa. (Publicador Mara11he11se, 7/611873. p. 2).
idônea, a quantia de 3:000$000 ao cidadão Domingos Tribu-
zi. - Vai à sanção. (Pub/icadorMara11/1e11se, 21/6/1873. p. I)
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
GOVERNO DA PROVÍNCIA
( ...)A Comissão de Instrução Pública tomando na devi- Lei 1.016, de 11 de junho de 1873
da consider:ição a petição do cidadão Domingos Tribuzi,
professor de desenho do Liceu desta capital, e juntamente Silvino Elvídio Carnei ro da Cunha, presidente da Pro-
os respectivos documentos com que instruiu a mesma víncia do Maranhão. - Faço saber a todos os seus habi-
petição - é de parecer que lhe seja conced ida a aposenta- tantes que a As~embl éia Legislativa Provincial decretou e
doria que requer nos termos da lei. eu sancionei a lei seguinte:
E assim oferece a Comissão o seguinte projeto de lei: Art. 1° - Fica o Governo da Província autorizado a em-
A As embléia Legislativa Provincial do Maranhão prestar sem juros, mediante fiança idônea, ao cidadão Do-
DECRETA mingos Tribuzi, a quantia ele três contos de réis, para saldo
Art. 1° - Fica o presidente da Província autorizado a do débito de igual soma, contraído por :>eu filho Horácio
aposentar com o ordenado a que tiver direito, pelo tempo Tribuzi na Europa. quando pensionista da Província.

~ 137 e,,~
~
LUIZ DE MELLO ~

Art. 2º- Para pagamento del.le empréstimo o Tesouro rem bem: fielmcme copiados) os quadros dos imortais mes-
Provincial descomará mensalmente a Domingos Tribuzi a tres pintores Rafael, R•1bens, Miguel Ângelo, Leonardo
quantia de vinte e cinco mjl réis, correspondente à quarta da Vinci, etc. etc.,
parte de seus vencimentos como professor. O povo corre ao teatro. enchem-se os camarotes, re-
Art. 3° - Ficam revogadas as disposições em contrário. gurgitam de espectadores nas platéias, não há, em suma,
Mando, portanto, a todas as autoridades que a cum- um lugar vago; todos acodem a ver reproduzir as angústi-
pr::un e façam cumprir tão inteiramente como nela se con- as do Redentor do Mundo.
tém. O secretário do Governo a faça imprimir, publfrar e Rompe-se a cortina e o grupo mais sublime que se pode
correr. Palácio do Governo do Maranhão, aos onze dias do imaginar patenteia-se aos olhos do público, que no meio do
mês de junho de mil oitocentos e setenta e três, quinqua- mrus pesado silêncio vê um homem que, nos degraus do
gésimo segundo da fndependêneia e do Império. trono de Pôncio Pilatos. coberto com um irrisório manto de rei
Silvino Elvídio Carneiro da Cunha - Estava o selo. curva a cabeça de espinhos e pende os braços desalentado,
Cana de Lei pela qual V. Exa. manda executar o decreto ligados os pulsos por grossas cordas; vê-se depois esse
da Assembléia Legislativa Provincial, autorizando o presi- homem, cm uma difícil posição. no ato cm que, depois de
dente da Província a emprestar sem juros ao cidadão Do- crucificado, vê-se cercado de piedosos discípulos, coberto
mingos Tribuzi a quantia de 3 contos de réis, pela forma da li vi dez da morte, descer da cruz em que o sacrificaram.
acima declarada. O público comove-se porque o Sr. Keller caracterizava-
Para V. Exa. ver. se de modo a reproduzir o Cristo tal qual a religião o des-
Américo Vespúcio dos Reis a fe.t. Selada e publicada na creve. Sobretudo no quadro da sentença de Pilatos, aque-
SccretariadoGovemodoMaranhãoem 11dejunhode 1873. le ar de doce resignação é o mrus exato que se pode exigir.
Antônio Pedro Ferreira Lima, secretário da Província. Todos e acham satisfeitos. mas, pena é que se diga, quem
(Publicador Maranhense, 22/6/ 1873, p. 1). foi ao teatro na intenção de ver imitados ao vivo e fielmen-
te as mais primosas concepções de Rubens e de Rafael,
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL sente-se descontente.
Vou tratar especialmente dos quadros de Rubens, por-
7" sessão ordinária em 4/611 873 - Expediente: Petição que apesar de muito que trabalho por conhecer as maravi-
do cidadão Domfogos Tribuzi, professor de desenho do lhas de arte de dois séculos atrás, só uma obra tratando
Liceu, pedindo a sua aposentadoria. - À Comissão de ins- das existentes na Bélgica, tenho agora entre nós.·
trução Pública. (Publicador Maranhense, 24/611873, p. 1). Começamos pela Elevação da Cruz.
Diz Moke: "A moldura que encerra o quadro é dividida
RUBENS SUSTENTANDO SEUS DIREITOS em três compartimentos, à moda da velha escola flamenga.
(A propósito de quadros da Paixão) Um grupo de Santas mulheres, atrás das quais estão a
Virgem e São João, ocupa um dos lados; do outro estão
O trabalho do Sr. Keller não é perfeito nos quadros soldados a cavalo que presidem ao suplício deixando en-
fantásticos. é pessimamente ridículo nas pantomimas cô- trever ao longe os dois ladrões, que também vão ser cruci-
micas, certamente mais próprias de um circo, porém, é su- ficados. A ação está resumida no quadro do centro, onde
blime e comovedor nos seus magníficos quadros da Pai- os algozes desenvolvem todas a suas forças a suspender
xão de Cristo, e começo por consignar particulannente ao a cruz em que pregaram o Cristo. Nada pode enfraquecer
diretor da companhia um sincero voto de louvor pela natu- ou dividir q interesse porque os três quadros formam um e
ralidade com que desempenha seu papel todas as vezes as figuras pintadas nos compartimentos parecem assistir à
que imita o Divino Mestre. Jean Jacques foi precipitado, cena principal, que seguem com os olhos e os gestos."
devia ter esperado pelo espetáculo de quinta-feira 4 do Se bem que, como diz Moke, as fi guras pintadas nos
corrente, e, se agora viesse fa lar da Companhia Keller, não compartimentos sigam com os olhos a cena principal, con-
seria tão rigoroso de opinião, tornando-se assim mais djg- tudo vê-se claramente que o quadro da elevação é dividi-
no de ser contemplado nos felizes recebedores das carti- do cm três grupos distintos e aquele que expôs a Compa-
nhas de agradecimentos. nhia Keller se compunha de um só.
Eu conto com uma palavra de honra! A Virgem, desolada jaz no chão, quando no quadro de
Pois se o Keller promete acatar respeitosamente as opi- Rubens. cm um dos grupos, ela está atrâs das Samas mu-
niões justas e a crítica moderada, eu, que vou esforçar-me lheres com São João.
por mostrar que tenho razão cm alguns senões que obser- Onde os soldados a cavalo? Onde os dois ladrões? O
vei nos quadros da Paixão. parece-me estar no caso, e quadro do Sr. Keller não nos mostrou. Acruz, a pesada madei-
muito no caso, de receber a adocicada missiva desse se- ra em que estava pregada a vítima, era levantada do lado
nhor. Como já disse, os quadros são belos, o trabalho do esquerdo apenas por um velho que a empurrava com uma
Sr. Keller soberbo, tudo enfim, nos quadros da Paixão agra- escada. e do direito por dois algoz.cs que a puxam por meio de
da geralmente; mas, para marcar o brilho da boa reputação corda<;; e destes, o que estava em lugar mais elevado nem
que sem dúvida eles merecem, há um ponto, um único fazia semblante ou gesto de estar a erguer um gmnde peso,
ponto, para os outros talvez imperceptível, porém, para quando a obra citada nos djz que os judeus reuniram todas as
mim digno de censura, porque importa cm iludir o público. suas forças para levantar a cruz. e acrescenta mais:
O Sr. Keller, anunciando pela primeira vez a Paixão de
Cristo, escreve no topo do seu cartaz: "Serão executados
Lc~ Sulcndcurc de l'a.rt enk Bclg1quc. por M. H. G. Moke, Ed.
pela primeira vez nesta cidade, e fielmente copiados (repa- Pcu~ et A Van Ra selL

~ 138 C:...--'N
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

"Os carra co que suspendem a crul, desenhados no Por que razão a Virgem, muito na frente, segura uma
gosto mais violento da escola italiana, têm alguma coisa das mãos do Cristo? Por certo que não se vê assim na
de gigantesco e exagerado. Seus músculos de ferro sedes- composição do pintor flamengo, e para comprová-lo, cito
tacam sobre uma e trutura ossuosa, e o desmedido esfor- mai uma vez o autor que me serve de guia: "Quanto à
ço que lhes contrai o membros é quase convulso:· Virgem, não lhe podia ser negado o dcse~pero matemo, e o
Já se vê, pois. que o quadro da elevação executado artista a deixa um pouco atrás. envolvida nas obras de uma
pela Companhia Keller não se assemelhava nem de leve ao larga túnica azul, sobre a qual seu rosto pálido e gelado se
de Rubens, classificado como uma de suas melhores com- destaca como se fosse de mármore."
posições; que o digam as centenas de espectadores da Portamo a Virgem não está na frente, nem segura a mão
exposição de 4 do corrente, à vista da descrição que acima de seu filho; apena. lhe estende os braços suplicante em
transcrevemos. tocá-lo, mostrando querer ampará-lo.
O quadro não foi dividido em três grupos, a Virgem Faltou ao lado esquerdo do quadro, junto à escada, uma
estava caída por terra, não existiam soldados a cavalo e, bacia em que está a coroa de espinhos e um cravo; junto a
note-se mais, que Rubens retocando o seu trabalho em ela, a esponja e o letreiro que ornava o cabeço da cruz.
1627, acrescentou-lhe o retrato de um cão terra-nova, que À vista disto não foi fielmente copiado pela Compa-
muito estimava. nhia Keller o quadro de Rubens que representa o Desci-
O Desci111e11to da Cruz é bastante conhecido e está mento da Cruz.
hoje espalhado cm tamanha quantidade de estampas e gra- Só estes dois quadros me ofereceram assunto para tra-
vuras que a maioria do público havia de ter notado que tar dele largamente.
aquela não era a cópia exata da pintura de Rubens. Quanto aos outros dois - A Se11te11ça de Pilatos e o
Já não falo em ter o Sr. Keller aumentado o número de Último Suspiro, recorda-me ter visto cópias deles, porém
figuras, pois que compondo-se o quadro que ele prometeu não as fixei na memória a ponto de poder dizer se foram
imitar somente de nove pessoas, foi preenchido por vinte rigorosamente executados, sendo para crer que assim não
ou mais. aconteces e, em face da divergência enorme que se deu
Dos dois homens que estão debruçados nos braços com a Ele1•açcio e o Descime11to.
da cruz, o da esquerda, além de segurar o braço do Cristo, A respeito do Último Suspiro, noto que o Sr. Keller podia
devia agarrar com os dentes a ponta do lençol. apoiando a di pensar aquele movimento de cabeça e o sopro da vida a
mão esquerda na cruz; e o da direita segurando a outra
exalar-se no derradeiro alento. Quando se imita uma pintura,
ponta do pano, devia estender o outro braço como ainda
parece que se deve conservar imóvel, podendo entretanto,
querendo amparar o cadáver, ao passo que tem a perna
visto mostrar-se o quadro duas vezes, aparecer da primeira
direita suspensa no ar. Confesso que esta posição é so-
com a cabeça erguida e aquele sublime ai de dolorosa resig-
bremodo difícil, porém, é assim que está no quadro de
nação, e da segunda mostrar-se de fronte baixa e já morto.
Rubens. No centro de cada uma das escadas, que são só
À vista da simpatia que cm geral granjeou o Sr. Keller
duas, e não quatro como se viu, estão os discípulos José
com os seus quadros da Paixão entre o povo maranhense,
deArimatéia e Nicodcmus.
ao aparecer esta estirada análise, tenho completa certeza
No quadro do Sr. Keller, o discípulo que está à esquerda
de que se erguerá um clamor de reprovação contra o ra-
e segura o braço direito do Cristo, não deixa ver o rosto, e na
bat-joie, único que se lembrou de achar senões naquilo
pintura de Rubens ele acha-se bem de frente, sendo opinião
geral de abalizados entendedores que é essa a mais bela das que todos louvam. No entanto cu desenvolvo toda a inge-
figuras do quadro, pois que é um respeitável ancião de lon- nuidade de que sou capaz, para afiançar que não pertenço
gas barhas brancas e de aspecto sério porém bondoso. ao número desses impertinentes críticos que nada encon-
A posição do Sr. Keller neste quadro era muito diferen- tram a seu paladar.
te da do Cristo de Rubens; este, sustentado por debaixo O Sr. Keller declarou que aceitava toda a crítica impar-
do braço direito pelo venerável velho, e pelo esquerdo cial e moderada; foi isso que me moveu a escrever alguma
estendido. pelo obreiro debruçado na cruz, é recebido coisa sobre os seu!> quaJros, porque, tenho consciêcia,
embaixo pelo apóstolo dileto, que com o pé direito apoia- tudo quanto deixo dito é a verdade inteiramente imparcial.
do no segundo degrau da escada da esquerda, recebe cm Se o Sr. Keller não anunciasse que copiava fielmente as
seus braços o corpo do Mestre, como descreve Moke. composições de Rubens, Rafael e outros distintos pinto-
(...) O Sr. Keller não adotou esta posição. Apoiando o re . eu só acharia louvores para tratar dos seus trabalhos.
pé direito na crul, ele curvou-se sobre essa perna e incli- Meu fim único é mo trar que a Elevação e o Descime1110
nou-se para diante, como se quem sustentasse todo o seu que expôs o Sr. Keller, não são cópi;1i, dos trabalhos de
peso fos~c unicamente o homem que do alto da cruz lhe Rubens, para destruir no espírito talvez de muitas pesso-
segurava o braço. as, a convicção de terem visto estes trabalhos só por a -
O apóstolo de São João, portanto, no quadro da Com- sistir às representações da Companhia Keller.
panhia Keller não recebe nos braços o Redentor. Não esta- Concluindo, permita-me o Sr. Keller que lhe aconselhe
va ajoelhada no primeiro plano a pecadora arrependida, que nos seus cartazes prescinda do bombástico - fiebnen-
sempre bela através da dor que lhe anuvia a face, e no te copiada - e daquela chusma de licenças dos bispos das
entanto essa fi gura é necessária naquele lugar, por ser cinco partes do mundo.
justamente a que se destaca das sombras carregadas que O público do Maranhão, já muito iludido por chusmas
reinam em todo o grupo e recebe cm seus louros cabelos e chusmas de pomadistas distibuidores de cartazes de três
desatados um reflexo de luz. Se bem me lembra. nem cabe- palmos, impressos com letras garrafais, acolhe desconfia-
los louros tinha a Madalena da Companhia Keller. do a quem se uprcsenta nesse gosto.

~ 139 ~
LUIZ DE MELLO

Diga simplesmente, Sr. Keller, que executa com sua com- setembro. O prometido é devido, lá diz o adágio; por conse-
panhia quadros de sua composição, sobre assunto da Pai- guinte, abrindo todas as \!~lvulas da minha veia descritiva,
xão de CriMo. O público da minha terra que aplaude justi- entro no assunto e à priori declaro que não me responsabi-
ceiro o verdadeiro mérito, não será pela sua modéstia que 1izo por qualquer exageração que me saia dos bicos da pena.
o deixa de louvar. E, se quer que lhe fale francamente, es- Sou homem das primeiras impressões, e quando as coi-
ses grupos que o senhor apresenta produzem talvez mais sas me agradam não há quem possa comigo porque me
efeito do que i,e fossem a cópia fiel de quadros célebres. tomo mais hiperbólico que um espanhol.
Aceite portanto o meu conselho e continue a fazer seus Mas deixemo-nos de lérias. O dia 7 de Setembro que há
sublimes trabalhos da Paixão do Redentor; e em meu nome de ser sempre entre nó um dia de entusiasmo porque recor-
dê os parabéns à Sra. Emília Keller, pela dolorosa expres- da um dos sucesso mais memoráveis dos nossos faustos
são que sabe tomar quando, vestida de Maria, assiste o políticos, foi este ano, nesta nossa Atenas, duplamente fes-
suplício do Divino Mestre. tejado. Por um lado a Sociedade Manumissora 28 de Julho o
Não acabo sem apostar com Jean Jacques (será Rous- comemorava de maneira a mais condigna quebrando as al-
seau?) um queijo londrino cm como sou eu quem recebe a gemas de algumas vítimac; do cativeiro e pondo suas fron-
carta de agradecimento. tes crestadas pelas trevas da escravidão ao sol da liberda-
Maranhão, 5 de setembro de 1873. de; por outro a Comissão encarregada de erigir um monu-
Giovanne Pascoarclli mento ao nosso primeiro poeta, inaugurava-o finalmente
(O Domingo, 14/9/ 1873, pp. 2-3). com a maior pompa e solenidade, conforme já o disseram
alguns jornais desta capital, e nós repetimos agora.
QUADRO Não cabe nos limites duma crônica contar tudo o que
se deu no pitoresco Largo dos Remédios onde teve lugar
O Sr. Francisco Peixoto Franco de Sá mandou de M adri a cerimônia de inauguração; vou contudo dizer aos leito-
um quadro importante, cópia da Virgem do Peixe, de Rafa- res que a população da cidade estava quase toda lá con-
el, que se acha no museu daquela cidade. (Publicador globada. e que houve discursos e poesias de meter medo,
Maranliense, 14/9/1873, p. 3). sobressaindo no número delas as que verdadeiramente
estavam na altura do assunto que, seja dito de passagem,
não foram muitas.
FESTA INAUGURATNA DA ESTÁTUA
Depois de lido o auto de inauguração pelo escri vão da
DE GONÇALVES DIAS
Câmara Municipal, foi desvendada a estátua que se acha-
va velada pelo brilho ofuscador de duas bandeiras nacio-
Esteve na altura que se podia desejar a festa inaugura-
nais, que chamaram muito a atenção dos circunstantes por
tiva da estátua do nosso imortal poeta Dr. Antônio Gon-
serem inteiramente novas, e mais ainda quando foram com-
çalves Dias.
pletamente descoradas, porque de bandeiras que eram -
Às 5 horas da tarde de 7 do corrente descobriu-se às
tomaram-se em trapos.
vistas impacientes do público o vulto daquele que, a troco
Não posso neste particular deixar de louvar o ilustre
de muito trabalho, de dores acerbas, de angustiosos sofri-
autor de tão bela idéia, assi m também os dignos senhores
mentos. engrandeceu o seu país.
da Comissão que podiam, se quisessem, dar suas ordens
Muitas foram as alocuções e poesias que à memória do
no sentido de tudo ser executado sem que o burlesco en-
grande vate proferiram-se nessa ocasião; entre as primeiras
trasse em cena.
notamos a do nosso distinto comprovinciano Dr. Gentil Ho-
Não oostante este pequeno senão a ceri mônia correu
mem de Almeida Braga que mais uma vez mostrou-nos na
o melhor possível, e quando as vistas ávidas do povo se
eloqüência de sua palavra seu robustíssimo talento; e nas
fixaram no vulto majestoso do grande poeta, não houve
segundas as dos Srs. capitão Mel lo e Miguel Marques.
urna só boca que não soltasse um oh! admirativo. Ouviu-
A estátua foi saudada por diversas vezes.
se então por toda a cidade o estrondar constante de inú-
Às dez horas da noite quando a maior parte do povo já
meros foguetes. No Largo houve um rebuliço extraordiná-
se tinha retirado e a luL brilhava desassombrada, prateando rio. O 5º Batalhão de Infantaria, que lá se achava postado
as verdes folhinhas que eram de leve embaladas por uma
vendo no manto do poeta a púrpura dos que cingem a
brisa suave, via-se ante o alto pedestal um alvo grupo de coroa da reale.1a do talento, prestou-lhe as devidas home-
cândidas meninas que depunham ali mimosas flore ao som nagens com honras militares, as músicas com ondas de
de uma brilhante composição do nosso inteligente maestro harmonia festejaram o Poeta Rei tocando um hino entusi-
Leocádio Rayol. Eram a<> alunas do Colégio Nossa Senhora asta expressamente escrito para a ocasião e dedicado à
de Nazaré, prestando a homenagem da inocência ao Gênio! memória do poeta; enfim, o regozijo como faísca elétrica
Jamais a nossos olhos desdobrou-se quadro mais to- havia tomado de golpe todos os ai unos, e era tal o conten-
cante, mais sublime do que esse. tamento geral que chegava ao delírio.
E assim finali7,ou-se uma festa que ansiosamente espe- Em seguida foi também inaugurado o passeio do Lar-
rávamos; assim pagaram os maranhenses o tributo à memó- go, ao lado do Rio Anil, por S. Exa. o Sr. presidente da
ria do st::u dulcíssimo cantor. (O Domingo, 14/9/1873, p. 1). Província, do qual foi empresário o Sr. João Antônio Rodri-
gues, mais conhecido por João das Moedas, que me dizem
CRÔNICA pronunciara um edificante discurso que dera muito no
gosto dos circunstantes por ser a expressão sincera de
Prometi aos leitores do Domingo na minha última crô- suas idéias no que respeita a regras de arte combinadas
nica, uma notfcia circunstanciada dos festejos do dia 7 de com operações de câmbio.

~ 140 e.,.,.~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Até às 11 horas da noite houve sempre gente no Largo Está fechada numa caixinha de madeira. forrada por
e por volta das 1O foi ele vasto teatro de uma das mais dentro de marroquim encarnado, e por fora de marroquim
brilhantes cenas da festa que presenciamos. verde, tendo sobre a tampa esta inscrição: "Chave do pré-
O Colégio de Nossa Senhora de Nazaré, precedido de dio destinado para a Escola Pública da Freguesia de Nos-
sua respeitável e digníssima diretora veio com chave de sa Senhora da Conceição, oícrecida ao limo. e Exmo. Sr.
ouro dar remate à festa. presidente da Província Augusto Olímpio Gomes de Cas-
Todas as suas interessantes colegiais vieram deposi- tro. 1873."
tar ramalhetes de ílores nos degrau da estátua, e tão sig- Para satisfazer os desejos de muitas pessoas. está ela na
nificativa se tomou esta homenagem prestada pelas meni- botica dos Srs. Vida! e Marques. onde pode ser vista por
nas ao inspirado poeta que o mai bisonho vate nela se quem quiser. (Publicador Mara11lre11se, 25/1 1/1873, p. 2).
inspiraria.
Uma lindíssima coroa de louros foi entregue a um dos RIO, 10 DE NOVEMBRO DE 1873
membros da Comissão pela Exma. diretora cm nome do seu
colégio, para ser em tempo oportuno enviada ao Dr. Antô- Sr. redator do Diário do Marnnhão
nio H. Leal. Durante esta poética ccri mônia, maviosas har- Rogo a V. S.ª o obséquio de transcrever no seu impor-
môn ias se fizeram ouvir no Largo, devidas ao talento musi- tante Diário a cópia da carta que nessa ocasião dirigi ao
cal do meu simpático amigo L. Rayol coadjuvado por al- li mo. Sr. Dr. César Augusto Marques.
guns seus amigos. Sou com estima
Eis, pois, como temúnou esta belíssima festa, cujas De V. S.ª attª vnr" e cr"
impressões hão de por muito tempo viver na lembrança de Olímpia da Costa Gonçalves Dias
quem verdadeiramente sabe compreender o que seja o sen-
timento do belo. Rio de Janeiro. 1Ode novembro de 1873
Cerro-me por aqui, estou cansado. Até domingo. limo. Sr. Dr. César Augu to Marques
Faltaria cu aos deveres de gratidão e da delicadeza se
Xisto Calixto deixasse de agradecer a V. s.• a honrosa menção que se
(O Do111i11go, 141911873, p. 4). dignou de fazer do meu obscuro nome no discurso que
recitou por ocasião da inauguração da estátua de Gonçal-
CÂMARA MUNICIPAL ves Dias. E tanto mais penhorada fiquei por ter sido V. S.ª
Requeri mento: o único que na pátria do poeta se lembrou nesse dia, para
sempre memorável, da companheira de sua atribulada exis-
(...)-Outro de Domingos Tribuzi pedindo pagamento da tência, que lhe votara extremccido amor, e que, envolta no
quantia de 750$, importância do retrato de S. M. o Imperador. crepe da viuvez, afronta corajosamente a pobreza para não
- Adiado. (Publicador Mara11he11se, 29/10/1873, p. 1). desonrar um nome que preza e que é uma das maiores
glórias literárias do Brasil.
CÂMARA MUNICIPAL Aceite V. S.ª os protestos de est ima e consideração
Terceira sessão ordinária do 4° trimestre que lhe consagra quem é
em 23/10/1873 Dev.s.•
Requerimentos: au• obt' e vem;i
Olímpia Gonçalves Dias
( ...) - Outro de Domingos Tribuzi requerendo que a (Diário do Maranhão. 30/ I 1/1873. p. 1).
Câmara lhe mande pagar a quantia de 750$, importância do
retrato que fez de S. M. o Imperador. - Jndcfcrido, por não ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS
se achar perfeito o retrato de que trata o suplicante. (Pu-
blicador Maranhense, 19/1 l/1873, p. 2). De uma carta do Rio transcrevemos o seguinte: "Li o
pomposo festejo que aí se fez quando se levantou a está-
CHAVE DE PRATA tua de (ionçalves Dias. Acho muito bem que se coloquem
estátuas nas praças, pois servem até para orná-las. Sinto,
A Comissão das Obras da Escola da Freguesia de No - porém, que seja esquecida a virtuosa esposa do grande
sa Senhora da Conceição pretende oferecer no dia 2 de poeta que para poder sustentar-se, vê-se obrigada a dar
de 7,cmbro, ao Ex mo. Sr. presidente da Província. uma cha- lições de piano por casas particulares, trabalho superior
ve de prata, de tamanho natural, e feita de modo que possa à suas débeis forças, e assim !.C esquecem da infeliz her-
abrir a porta principal desse edifício. deira de um nome tão honroi.o! .. (Diário do Maranhão,
É obra do Sr. tenente-coronel João Marcelino Romeu. 30/11/1873, p. 2).
Na casa dos Educandos Artífices foram nela gravados
cm caracteres romanos estas inscrições: - à direita- Esco- GOVERNO DA PROv1NCIA
la da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, e à Expediente do dia 10/1/1 874
esquerda - oferecida pela Co111isscio.
Está presa num laço de cetim a.wl, tendo no centro uma - Ao Revmo. governador do Bispado desta cidade. -
flor de renda de ouro, e nas pontas- franjas largas também Oferecendo à Catedral desta Diocese uma cópia do qua-
de ouro, e por todo ele esta inscrição: Escola da Fregue- dro A Virgem do Peixe - de Rafael, tirada pelo pensionista
sia de Nossa Senhora da Conceiçtio. da Província Francisco Peixoto Franco de Sá, assim oco-

~ 14 1 (V-(i)
LUIZ DE MELLO

munico a V. Sa. Revma. para seu conhecimento e a ftm de Guimarães & Couro, Barnabé José Teixeira, Carvalho &
que se digne de providenciar para a condução do mesmo Cia.. Casa dos Educana0:; Artífices, Colégio de Santa Isa-
quadro que se acha no Palácio do Governo. bel. Carlos João Bati ta de Andreys, Cláudio Antônio de
Reitero a V. Sa. Revma. as seguranças de minha estima Oliveir.1. Colégio Nossa Senhora de Nazaré, Domingos
e distinta con ideração. (Publicador Maranhense, 14111 Tomás Velez Perdigão, Didier Guilhon, Emanuel Bluhm,
1874,p. 1). Franklin Antônio de Abreu, Frederico F. de Araúj0. Fran-
cisco Peixoto Franco de Sá, Fernando Antônio da Silva,
ESTIMÁVEL RELÍQUIA Ferreira & Companhia, Francisco Autran, Gustavo Sch-
norbush, Henrique Elia Neves, Jacques Vigier, José An-
A espada do valente e benemérito maranhense briga- tônio Leão, João Afonso do Nascimento, Joaquim Isaías
dei ro Feliciano Antônio Falcão foi ofertada ao Museu da
da Cruz, José Marques Pinheiro, Justino Ribeiro da Cu-
Sociedade Onze de Agosto.
nha, João Francisco da Cruz, João Sera pião da Conceição,
É justo que tão preciosa relíquia seja conservada e em
parte nenhuma tão bem como num museu. (Diário do José Antônio Ásper do Rego, José César de G6es, José
Maranluio. 30/ l / 1974, p.2). Cursino da Silva Raposo, José Pedro de Almeida, Lídio
Polinésio Cardoso, Exma. Sra. D. Maria Rosa da Silva, Mi-
VIRGEM DO PEIXE guel Arcanjo de Lima e Filho, Manoel José de Cerqueira,
Pinheiro & Ferreira, Raimundo José Ferreira Vale, Segis-
Na sacristia da Sé, por doação do Exmo. Sr. presidente mundo Kerth, Sérgio Antônio Vieira, Sociedade União Fra-
da Província, acha-se este belo quadro atestando ainda ternal de Cururupu, Severo Rayol, Viúva de Geminiano
uma vez o mérito do nosso distinto pintor Franco de Sá. Antunes Ribeiro & Companhia.
(Diário do Marcm/rüo, 1°/2/ 1874, p. 2). Secretaria da Sociedade da Festa Popular do Trabalho,
23 de março de 1874.
SOCIEDADE FESTA POPULAR DO TRABALHO Domingos Tomás Vellez Perdigão,
segundo secretário
Os diretores são convidados a reunirem-se no domin- (Diário do Maranhão. 24/3/1874, p. 3).
go 22 do corrente, às 11 horas, cm casa do primeiro secre-
tário, Rua Vinte e Oito de Julho nº 2, canto do Jardim e DISTRIBUIÇÃO DE PR:aMIOS
Largo de Palácio, para tratar do novo estatuto que deve
ser apresentado. Teve lugar na Casa dos Educando , no dia 5 do corren-
Maranhão, 19 de fevereiro de 1874
te. como estava anunciado, a distribuição das medalhas e
J. Gaune, primeiro secretário
menções honrosas aos expositores que foram premiados
(Diário do Maranhão, 21/2/1874, p. 4).
pela Sociedade Festa Popular do Trabalho na exposição
FESTA POPULAR DO TRABALHO del872.
Esteve bastante animado este ato e com uma concor-
Conforme solicitou esta Sociedade, concedeu S. Exa. o rência superior ao que se supunha, pois o dia distraía mui-
Sr. presidente da Província permissão para que a distribui- tos desta festa. não só por terem ido para sítios comer a
ção dos prêmios conferidos pela mesma Sociedade aos Páscoa, como porque tendo passado a maior parte da po-
expositores de 1872. tenha lugar no estabelecimento dos pulação à noite nos bailes e nas festas da Ressurreição,
Educandos Artífices, às 7 horas da manhã do dia 5 de abril deixariam de concorrer à do Trabalho.
vindouro. (Diário do Maranhão, 22/3/ 1874, p. 2). Começou por uma missa reada pelo capelão do esta-
belecimento na capela do mesmo, tocando a orquestra de
DISTRIBUIÇÃO DE P~MIOS que é professor o Sr. Zicglcr, que agradou especialmente
pela afinação que guardavamº" instrumentos tocados por
A diretoria da Festa Popular do Trabalho tendo resol- moços pouco experimentados, aprendizes ainda.
vido em sessão de 15 do corrente proceder a distribuição O Exmo. Dr. Castro, presidente da Província, que se
dos prêmios que foram conferidos na última exposição e achava presente, dirigiu-se acompanhado pelos diretores
marcado para isso o dia 5 de abril próximo vindouro, comu- para o salão em que se devia dar a distribuição das meda-
nica ao respeitável público que a dita cerimônia deverá ter lhas; tomou assento ao lado do presidente da Sociedade,
lugar no estabelecimento dos Educandos, no referido dia,
Sr. coronel Serra Lima, e à proporção que se ia fazendo a
às 7 horas da manhã, precedida de uma missa rezada na
chamada dos premiados. S. Exa. entregava o diploma e
capela do mesmo estabelecimento. Convida, portanto, para
esta cerimônia não só aos Srs. expositores premiados cu- medalha, ou ó o diploma àquele que só tinha menção
jos nomes vão abaixo, como a todas as pessoas que se honrosa.
interessando pelo progresso das artes e indústrias quei- O Dr. Antônio de Almeida Oliveira, como diretor da
ram honrar aquele ato: Sociedade Festa Popular do Trabalho, leu um bonito dis-
ll mos. Srs. Dr. Alexandre Teófilo de Carvalho Leal - curso animando os industriais a concorrerem com os seus
Alexandre José de Almeida, Alfredo Franklin Lima, Aluísio produtos às futuras exposições.
Azevedo, Sra. D. Ana Jansen Serra Lima, Antônio Martini- Tocaram no e tabelecimento as bandas de música da
ano Veras, Antônio Pereira Ramos d' Almeida & Cia., Amé- Casa dos Educandos e a do 5° Batalhão de Infantaria. (Di-
rico Azevedo, Bernardino de Sena Castro, Brito Upton, ário do Maranhão, 7/4/1874, p. 2).

<Vê> 14 2 <:,,./ ;;)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

EXMO. E REVMO. SR. BISPO DIOCESANO Entre estes artigos recomendam-. e alguns; é, porém, o
número do todo tão escasso que gera o desânimo e faz
Domingos Tribuzi, tendo necessidade de sua certidão recear pelo futuro de tais exposições. (Publicador Mara-
de idade, que se acha na secretaria da Câmarn Eclesiástica 11!te11se, 20/1211874, p. 2).
deste Bispado, junto dos papéis do seu matrimônio, pede
a V. Exa. Revma. se digne a mandar entregá-la, a bem de EXPOSIÇÃO MARANHENSE
seus direitos. Pelo que
E.R. M". No dia 20 do corrente, em um dos salões do estabeleci-
Maranhão, 11 de junho de 1874 mento dos Educandos Artí(jces, teve lugar a terceira exposi-
Domingos Tribuzi ção promovida pela Sociedade Festa Popular do Trabalho.
Entregue-se, passando no verso deste competente re- Da relação que abaixo publicamo~ vê-se qual a impor-
cibo. Paço Episcopal do Maranhão, 13 de junho de 1874. tância da mesma Exposição, que e cifra no atestado mais
Bispo, Maranhão solene da indiferença e da inércia do. nossos industriais.
Numa Provúicia propriamente agrícola. só dois lavrado-
Recebi o documento de que trata a presente petição. res se (jzcram representar: os Srs. Sérgio Vieira e Dr. Godinho.
Maranhão, 15 de junho de I 874. Nem o açúcar, nem o algodão, principais produtos da
Domingos Tribuzi
nossa lavoura foram ali vistos e nem dessa grande varie-
(Petição de Domingos Tribuzi. Acervo do Arquivo da
dade de outros produtos de nosso rico solo, quer extrati-
Arquidiocese de São Luís).
vos e naturais, quer cultivado , se viram amostras.
HOMENAGEM DE RESPEITO E teve a Exposição, como já dissemos, muito apouca-
E CONSIDERAÇÃO da, mas alguns dos objetos expostos tinham merecimento,
tais eram:
À Presidência da Província pediu e obteve o Dr. César A carna de ferro do Sr. Andreys, com aparelho de molas
Marques licença para colocar na sala principal da Repartição para colchão e pela qual pede 200$000; tem annação para
da Vacina o retrato do cirurgião-mor Veríssimo dos Santos cortinado terminando por uma elegante coroa.
Caldas e dois quadros comemorando a existência dos douto- Os espelhos da cama, soldados, sem cravação, eram
res José Antônio Soares de Sousa e José Miguel Pereira Car- de bom gosto.
doso (visto não ter encontrado os retratos destes dois últi- Os chapéus dos Srs. Vitorino Jo. é de Oliveira e Irmãos
mos cidadãos). com inscrições relativas ao tempo que servi- Bluhm sustentaram o crédito já e. tabclccido destes fabri-
ram como comissários vacinadores nesta Província. cantes.
É digno de louvor o modo por que o Dr. comissário O Srs. Perdigão e Cruz, este nos aguardentes, licores
vacinador aiual tributa a homenagem de respeito e consi- e tinta de escrever, e aquele nas frutas conservadas, con-
deração à memória dos seus dignos e ilustres antecesso- servas, licores, aguardente, vinagre e óleos fizeram-se re-
res. (Di6riv do Maranhão, 8/11 /1874, p. 2). presentar muito bem.
O Sr. Perd igão expôs pela primeira vez as suas conser-
NO SÉCULO XIX vas alimentícias de produtos de horta, feitas no vinagre de
ananás por ele também fabricado. Não cedem em nada às
Vimos ontem na Alfândega um quadro a óleo vindo da
melhores vindas do estrangeiro.
França, no qual estava representado de um lado e sobre
A massa de juçara que expôs é uma boa lembrança;
um Jeito, meio sentado, um moribundo, e do outro, aos pés
conserva-se por mais de um ano, proporcionando aos aman-
da cama, e de pé, um corpulento São Domingos segurando
tes do açaí, que estiverem noutros p:iíscs, o poderem to-
com uma de suas mãos uma das do moribundo. No alto do
quadro, por cima da cabeça de São Domingos, liam-se es- mar essa refrigerante bebida.
Compreendeu o Sr. Barbosa, inteligente e perfeito en-
tas palavras: - São Domingos lamentando o moribundo
Dr. Antônio Borges Leal Castelo Branco! talhador o que são as exposições. Além de primorosas
Não comentamos. obras de talha que exibiu, fabrico u grande quantidade de
(Diário do Maranhão , 18/12/1874, p. 2). port::i-relógios de madeiras de boa qualidade, tanto para
parede como com pé. para cima de banca. e vendia-os por
DISTRIBUIÇÃO DE P~OS menos da metade do preço por que se vendem os que nos
vêm do estrangeiro.
Distribuem-se hoje às 7 horas da manhã, na Casa do A indústria fotográfica fez um bonito papel nesta expo-
Educandos Artífices, os prêmios àqueles que neste ano sição; os Srs. Neves e Vigier apresentaram ricas coleções
mais se distinguiram nas aulas e oficinas do mesmo esta- de fotografias.
belecimento. ( Publicador Mam11!te11se, 201 l2/ 1874. p. 2). A oficina dos Srs. Gonçalves & Pinto apresentou 4
livros cm branco, honrosos atestados da perfeição com
FESTA POPULAR DO TRABALHO que se trabalha no seu estabelecimento de encadernação.
Alguns outros trabalhos se apresentaram que deno-
Tambtm num dos salões do estabelecimento acima re- tam habilidade e paciência em -;eus autores, tais como nas
ferido se efetuará hoje a exposição de todos os artigos da obras de tanoaria uma garrafa feita de aduelas; duas co-
nossa indústria e lavoura que foram remetidos à respecti- lheres de madeira para sopa e arroz; delicadas cuias do Sr.
va Comissão Diretora. Fernando, da Maioba, etc. etc.

~ 143 <:./(>)
LUIZ DE MELLO

A máquina a vapor dos Srs. Bing e Gaspar funcionou do-se o salão sempre cheio de gente, amiúde renovada,
perfeitamente, mas pouco pôde ser apreciada porque se mostrando-se todos sati<;feitos.
juntando alguns espectadores em roda dela, metendo-a A Exposição foi obsequiada com a presença da nova
num círculo apertado no qual permaneciam por muito tem- banda de música composta de ex-educandos, dos que há
po, não davam lugar a que outros a vissem. pouco saíram do estabelecimento.
A dificuldade que se notava no acender do fogo e fazer Foi geral o contentamento ao ver-se entrar a banda
vapor não é por erro na construção da caldeira, ou por tocando no estabelecimento de que eram filhos os músi-
ignorância, mas si m por não ter tido o Sr. Gaspar tempo de cos que a compunham, ao qual se mostravam gratos vindo
fazer a grelha que há de servir e tê-la substituído, para tomar parte na festa, boje de seus irmãos de ensino, e
remediar, por uma chapa com alguns fios que não davam ontem de todos juntos.
livre passagem ao ar para alimentação do fogo. Nessa ocasião tocaram-se uns foguetes especialmen-
Foi aberta a Exposição pelo Sr. coronel Serra Lima, pre- te fabricados para a Exposição e ofertados pelo negocian-
sidente da Sociedade Festa Popular do Trabalho, e promo- te Alves Nogueira & Companhia.
tora desta Exposição, estando presentes à mesa o Sr. arce- Terminou a Exposição às 1O horas da noite, sem que
diago Dr. Manoel Tavares da Silva e os diretores, e no houvesse a lamentar o menor incidente desagradável.
resto do salão, autoridades e muitos cidadãos e senhoras. Eis a relação dos expositores:
O diretor Davi Freire, dirigindo-se ao público, disse Carlos João Batista Andreys, l cama e 1 colchão de
que "a exposição não correspondia ao que era empregado molas;
para despertar nos industriais o amor a estes certames, Justino Ribeiro da Cunha, l casaco de casimira;
tendo sido baldados esses esforços pelo completo aban- Herculano Ferreira de Almeida, 1 depósito de madeira
dono da parte dos expositores." para água, em miniatura;
É uma triste verdade o que disse o Sr. Davi. Para que a Sérgio Antônio Vieira, 1 lata com tapioca, 1 saquinho
Exposição estivesse concorrida de produtos, bastaria que com café, 1 embrulho com casca de quina do mato, 1 garrafa
os premiados em 1872 concorressem a ela; a maior parte, com tintura de quina do mato, l garrafa com óleo de buriti;
porém, satisfeita a vaidade com a distinção, o amor à in- Antônio Martiniano Veras, 8 vidros com elixir dentifrício;
dústria morreu neles e com ele a gratidão para com a insti- Policarpo José Pinheiro, 4 garrafas com tinta preta para
tuição de quem deveriam ser nervo e vigor. escrever, 1 vidro com elixir odontológico, l garrafa com água
Não apresentam as nossas exposições o tipo da indús- de Labarraque, l vidro com tônico para cabelo, 1 vidro com
tria do País, e nem pelos objetos expostos se pode avaliar, água para sardas, 1 vidro com esperidina do Norte;
senão vagamente, do seu desenvolvimento, e quanto às Felipe Tiago Borges Godinho, l vidro com açúcar pre-
vantagens econômicas, ainda menos podem ser conheci- parado na taxa de vácuo e purificado nas turbinas;
das, pela falta absoluta de artefatos que ordinariamente Henrique Elias Neves, 6 vidros com verniz de jutaíca, 1
vêm ao mercado e o preço deles para se poder comparar quadro com retratos sistema Croza, 2 ditos com paisagens
com os de origem estrangeira. sistema Croza;
Os nossos artistas não encaram as exposições pelo Fernando Antônio da Silva, 4 cuias preparadas pela
lado econômico, como um anúncio que faça conhecer as jutaíca;
vantagens dos seus produtos pela qualidade e preço, ou G F. L., 2 vidros com pós dentifrícios, 1 dito com graxa
só por uma destas condições, cuja comparação pode pro- econômica, l dito com verniz de álcool, 1 dito com elixir
mover maior consumo de seus produtos que assim setor- dentifricio;
nam conhecidos e apreciados. Joãoº Rodrigues dos Passos, 4 camisas com peito de
É por isso que muitos artistas tendo as suas oficinas linho, trabalho de sua filha Carolina C. R. dos Passos;
cheias de produtos delas, dos que cotidianamcnte se pro- L. A . S., 4 peotes para trança, 4 travessas e 2 pentes
curam no mercado, dizem, quando se lhes fala em exposi- para alisar, tudo de tartaruga;
ção, que não mandam nada por não terem feito objeto es- Lídio Polinésio Cardoso, 1 garrafa de madeira;
pecial, um bonito! Major Bernardino J. Pereira de Castro, 2 colheres de
É assim que se expõem coisas muito delicadas de tano- madeira;
aria sem utilidade econômica alguma, ao passo que o cane- Joaquim Ferreira Barbosa, diversos trabalhos de ta-
co, o barril, o balde, a calha e outros objetos de uso domés- lhas, diversos porta-relógios;
tico e industrial primam pela ausência de qualidade e preço. Maria Amélia Nina Coco, 1 lata contendo beijus de
O que se dá com esta, que citamos como exemplo, dá-se farinha, moldados;
com outras ou com todas as indústrias exercidas entre nós. Gonçalves & Pinto, 4 livros em branco, para escrituração;
Anexa à Exposição da Sociedade figurou também, como J. Maria Corrêa de Fria~. 1 livro impresso em sua ofici-
de costume, a do estabelecimento dos Educandos, cujos na tipográfica;
objetos, na maior parte, foram expostos. Duas cômodas de João Afonso do Nascimento, 1 quadro a fumo;
angico e cedro que aí estavam, mostravam o adiantamento Jacques Vigier, 6 quadros de fotografias cópias, 17 re-
dos educandos que aprendem para marceneiro. tratos;
A saída do estabelecimento de cerca de J00 educandos, Irmãos Bluhm, 4 chapéus de pêlo, redondos, para homem;
dos mais hábeis e ad.iantados nas respectivas artes, deixou D. T. Yellez Perdigão, frutas em conservas, vinhos, li-
no estabelecimento os menos desenvolvidos, e com estes cores e azeites;
decerto o estabelecimento nada pode produzir para expor. F Ory, obras de cabelo;
Se da parte dos expositores não houve a concorrência Vitorino José de Oliveira, 1Ochapéus de formas diver-
de produtos, a de visitantes foi muito grande, conservan- sas, de pêlo fino, para homem;

CV'@ 144 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

José Maria de Lima, 1 costureiro de madeira fina; sua obra e de suas fadigas, revendo nessas singelas meda-
Joaquim [saías da Cruz, licores e tintas preta e violeta lhas que vos enobrecem o peito, o galardão devido ao mérito,
para escrever; as palmas do triunfo da boa educação civil. moral, religiosa e
Alves Nogueira & Cia., foguetes; artística que recebestes; e que, causando-lhe bem justo des-
Eugênio Marques de Holanda, 12 vidros de salsa-ca- vanecimento, vos deverão servir de singular talismã para a
roba e 3 ditos de pílulas; todo o tempo atestar os vossos méritos, e de poderoso in-
Thomaz Bing e Henrique José Gaspar, caldeira e má- centivo aos vossos companheiros, para que retemperando-
quina a vapor; se no amor ao trabalho, feliz imposição à culpa humana, na
Higino Honorato T. Soares, 1 quadro a óleo; aplicação aos estudos e na mais rigorosa prática dos saudá-
Domingos Tribuzi, 21 quadros com desenhos de figuras veis princípios da moral cristã, procurem imitar-vos.
e paisagens, trabalhos de suas aluna:. e alunos, a saber: Aceitai, jovens educandos, os meus sinceros e mboras
Seminário das Mercês, 1 pela benemerência de que vos tomastes dignos e nunca
Ana Jansen Serra de Lima, 1 vos olvideis dos justos aplausos que hoje vos são dirigi-
Manoela Bayma Esperança, 1 dos, por serem eles o móvel para redobrardes de esforços,
Ana Bayma Esperança, 1 a fim de que, crescendo o vosso amor às artes e à indús-
Lídia Augusta da Silva Castro, 1 tria, vos reveleis hoje, amanhã e sempre dignos filhos des-
Maria Francisca Martins, 2 te humilde instituto, amparo da orfandade e invejável vi-
Lourença da Silva Porto, 2 veiro de cidadãos úteis e de artistas distintos.
Eugênia Laura Evangelina Marques, 2 Terminada a exposição de S. S. o educando Franco de
José Domingues Cordeiro, 2 Almeida Costa, pedindo vênia, dirigiu-lhe a seguinte alo-
José Rodrigues Bayma de Sousa, 2 cução:
José Rodrigues de Sá Viana, 2 Exmo. Sr. - As palavras animadoras e fraternais que V.
Angélica Jansen Serra Lima, 2 Exa. acaba de dirigir aos educandos rnaranhenses vivifica-
Isabel Jansen Serra Lima, 2 rão cm nossos corações como o matutino orvalho alimen-
Ana Rosa Muniz, 2 ta a dissecada flor.
Ester A. Martins, 3 O espirito do legislador que presidiu a criação desta
Maria Josefina Campos, 3 instituição não foi até agora mantido, porque esta Casa
Fabio da Silva Castro, 3 tem produzido sazonados frutos em benefício de nossa
Otaviano da Silva Castro, 3 Província. E V. Exa., seu muito digno e ilustre filho, é teste-
Luísa Teresa de Castro e Gama, 3 munha desta asserção.
Em nome de todos os educandos agradeço os f rater-
CASA DOS EDUCANDOS nais conselhos que V. Exa, acaba de no dar e procurare-
mos realizar os desejos de V. Exa.
No domjngo. 20 do corrente, como estava anunciado, A vós senhores, que, jubilosos scmprc, correis a esta
teve lugar, pelas 7 horas da manhã, a distribuição dos prê- Festa do Trabalho, da ndo inequívocas provas de vossa
mios aos educandos que mais se distinguiram por suas simpatia pela Ca a dos Educandos, aceitai também os nos-
capacidades moral, intelectual e industrial. sos cordiais agradecimentos."
Presidiu o ato o reverendíssimo arcediago comenda-
dor Manoel Tavare~ da Silva, tendo a seu lado, a convite O alão em que teve lugar o ato achava-se ricamente
do digno direto r, os juízes de Direito Lacerda e Umbelino. preparado, tendo no centro o trono com a Augusta Efígie
O arcediago, depois de fazer entrega dos prê mios, diri- de S. M. Imperial e na frent e desta o retrato do fundador do
giu aos educandos estas palavras: estabelecimento, senador João Antônio de Miranda.
Jovens Educandos: -Comjssionado pelo Exmo. Sr. pre- No lugar preparado para a Exposição da Festa Popular
sidente da Província, acho-me neste recinto para desem- do TrabaJho estavam também expostos os trabalhos das
penhar o honroso mandato de distribuir a cada um de vós oficinas de alfaiate, sapateiro, carpi na, marceneiro, serra-
os prêmios de que vos tomastes dignos. lheiro, funileiro e gravura do estabelecimento.
Se o meu cor.içiio se alegra pela natureza da honra, co- O edifício esteve aberto à concorrência pública, e quer
missão que me coube desempenhar, não menos ele se estre- de manhã, quer à tarde, até às 10 hora!' da noite, foi visita-
mece pela justa recompensa paga aos vossos méritos. do por grande número de pessoal. -iue apreciam o pro-
Deve fi car-vos bem estereotipado na vossa memória a gresso e o desenvolvimento deste útil estabelecimento.
faustosa solenidade que neste momento presenciamos. Em outro lugar publicamos a lista dos educandos que
da qual sois distintos protagonistas. foram premiados. (Diário do Maran/iiio, 2211211874, pp. 2-3).
Não há longos tempos que transpusestes as hospita-
leiras portas deste ótimo asilo, onde, como ao prudente UMA I NDÚSTRI A
lavrador que desbrava a terra, nela lança a semente e de-
pois com o orvalho do céu colhe os sazonados frutos do Vimos duas cuias de um primoroso trabalho de talha
seu ímprobo, ma útil trabalho; também fostes confiados feito nas mesmas a ponta de ferro.
no alvorecer da inteligência aos extremos de um excelente Toda a parte exterior da cuta compõe-se de duas faixas
pai e diretor que rcp~r:indo convosco ?s cus cuidados, de delicado relevo com o fundo golpeado porurna lima. e a
as suas vigílias e sujeitando-se a hábeis mestres, trans- superfície do relevo, polida. Este fundo~ numa das cuias
portado de júbilo testemunha os benéficos resultados de de cor preta e noutra de cor natural da cuia.

~ 1 45 ~
LUIZ DE MELLO

É trabalho do Sr. R. A. Pestana. de Viana, e de muito FALECIMENfO


merecimento. Se conseguisse dar-lhe o verniz que usa o
Sr. Ferreira da Vi la do Paço nas suas, poderiam ser apre- Hoje, às 7 hora da manhã sepulta-se o cadáver de D.
sentadas as cuias do Sr. Pestana como um primor, por jun- Maria Cunha, viúva de João Manoel da Cunha e mãe de
tarem ao mérito artístico que já têm o agradável à vista que nossos amigos João Cunha e Luiz Cunha. a quem damos
tanto tem distinguido aquelas. os pê ames. (Diário do Mara11/u1o, 9/6/1875, p. 2).
Deve o Sr. Pestana continuar a enriquecer a indústria
com os seus produtos, e não se limitar a esta amostra. ÓBITOS
(Diário do Maranhão, 1412/ 1875, p. 2).
Sepultaram-se no Cemitério da Santa Casa da Miseri-
JUSTA HOMENAGEM córdia os seguintes cadáveres:
JUNH0-9
Na sexta-feira o Dr. César Marques, como comissário (... )Maria Francisca Ribeiro da Cunha, maranhense, 62
vacinador provincial, precedendo licença do Exmo. Sr. anos, cólica hepática. (Diário do Maranhão, 11/6/1875,p.3).
presidente da Província, fez colocar na sala principal da
repartição a seu cargo dois quadros - um contendo um MISSA
retrato, feito a esfuminho, com a seguinte inscrição:
O cirurgião-mor Veríssimo dos Santos Caldas (natu- João Manoel da Cunha e seus irmãos agradecem cor-
ral da Bahia), segundo inspetor da vacina na Província dialmente às pessoas que se dignaram acompanhar no dia
do Maranlu1o. 9 do corrente até o cemitério o cadáver de sua prezada
Nomeado em 1837, serviu até 20 de julho de 1847. mãe.
Homenagem de respeito do seu sucessor o Dr. César
Pedem mais aos seus amigos o caridoso obséquio de
assisúrem à missa que mandam rezar em sufrágio de sua
Marques.
alma na segunda-feira, 14 deste mês, na igreja de São João,
Noutro quadro lia-se o seguinte:
pelas 6:30 horas da manhã. (Diário do Maranhão, 12161
À memória do Dr. José Anrônio Soares de Souza (na-
1875, p. 3).
tural de Ponugal), primeiro inspetor da vacina na Pro-
vÍllcia do Maranhão.
RETRATISTA A ÓLEO
Serviu gra111itamente desde 1820 até 1837 quando
faleceu.
O Sr. João Manoel da Cunha, que nas colunas deste
jornal anuncia que tira retratos a óleo, acaba de expor na
À memória do Dr. José Miguel Pereira Cardoso (na-
janela de sua casa, no Largo de São João nº 3, em forma de
tural do Maranhão). - Foi nomeado comissário vacina-
anúncio, o seu retrato em posição de trabalho, vendo-se
dor em 1° de junho de 1847, tomou posse em 21 de julho
no alto o seu nome e por baixo - retratista a óleo.
do mesmo ano, e exerceu esse cargo até sua morte em 28
Conquanto o trabalho seja obra rápida, pode-se entre-
de julho de 1865. tanto avaliar de sua perícia neste gênero de pintura.
Respeitosa homenagem do seu sucessor o Dr. César Recomendamo-lo ao público. (Diário do Maranhão,
Augusto Marques. 18/6/1875, p. 2).

Assim faz o Dr. César Marques reviver a memória de três JOÃO MANOEL DA CUNHA
beneméritos médicos que tantos serviços prestaram aos ha- PINTOR RETRATISTA
bitantes desta Província propagando a vacina, heróico pre-
servativo, contra uma moléstia tão cruel qual a bexiga, que LARGO DE SÃO JOÃO Nº 3
tanto nos tem assolado desde os tempos coloniais.
Deu-se nesse dia uma coincidência que merece não ser Retrata à vista de fotografias pessoas de todas as ida-
esquecida. des, vivas ou já falecidas, dando-se-lhes as explicações da
Compareceu para ser revacinado um filho do Dr. José cor da cútis. dos cabelos e olhos.
Miguel, o Sr. Francisco da Serra Pereira Cardoso, e sem o As pessoas que quiserem possuir, livres de mais incô-
esperar, presenciou essa homenagem de respeito, tributa- modos, retratos a óleo de todos os tamanhos, podem diri-
da à memória de seu venerando pai. gir-se ao anunciante, servindo de base os tamanhos e pre-
Possa tão louvável exemplo, que acaba de dar o Dr. ços seguintes:
César Marques, ser seguido pelos chefes de outras repar- De 39 cm de alto por 32 de largo, meio-corpo natural
tições. (Diário do Maranhão, 11 /4/ 1875, p. 2). sem mãos, homem: 35$000.
Dito de senhora: 40$000.
FORO - TRIBUNAL DA RELAÇÃO De 54 cenúmetros por 46, homem: 50$000.
Sessão em 16/4/1875 Dito de senhora: 60$000.
Apelações cíveis Os maiores e de todo o corpo, assim como de pessoas
falecidas, serão conforme o ajuste prévio.
Apelante - D. Custódia Tribuzi Além de reLratos, também se incumbe de painéis de
Apelado - Domingos Tribuzi todas as dimensões, religiosos ou profanos, costumes,
(Diário do MaranhcJo, 24/4/ 1875, p. 3). paisagens, flores, cenografia ou pintura de teatro.

<:./Q) 146 V@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Do mesmo modo conserta, limpa e enverniza retratos a ANÚNCIOS


óleo, que ficam como novos. RETRATISTA A ÓLEO
O anunc iante garante a perfeição de todos os seus
trabalhos, como o atestam os muitos retratos que tem fei- José Maria Bílio Júnior mudou-se para o Beco da Lapa,
to. (Diário do Maranhão, 3/8/1 875, p. 2). rua esta que principia no Portinho e vai passar por trás do
muro das Mercês, sendo sua residência na quadra entre a
FORO Rua Formosa e a Rua da Palma. casa nº 10.
Continua a exercer a sua profissão de retratista, tiran-
Cartório do escrivão Faria de Matos do fotografias a óleo e fumo por preço muito razoáveis e
Expediente do dia 27 de setembro condições que devem animar ao freguês.
Apelação cível nº 159 Quem, pois, quiser possuir o seu retrato, ou dos en-
Apelante: D. Custódia Tribuzi tes que lhe são caros, não deve desprezar ocasião tão
Apelado: Domingos Tribuzi favorável, e m v ista das condições que particulannente
Vieram com razões do Dr. Corrêia, advogado do apela- lhe serão ditas.
do. (Diário do Maranhão, 29/9/ 1875, p. 3). Maranhão, 22 d e dezembro de 1875. ( Diário do
Maranhão, 28/1/J 876, p. 3).
FORO
FORO
Cartório do escrivão Faria de Matos
Apelação cível nº 159
Expediente dodia 1612/1876
Apelante: D. Cu tódia Tribuzi
Apelação cível nº J59
Apelado: Domingos Tribuzi
Embargante: D. Custódia Tribuzi
Conclusos ao desembargador Silva Braga. (Diário do
Embargado: Domingos Tribuzi
M aranhão, 2110/1875, p. 3).
Vieram com impugnação de embargos do Dr. Corrêa,
advogado do embargado.
FORO
(Diário do Maranhão, J 8/2/ 1876, p. 2).
Cartório do escrivão Faria de Matos
Apelação cível nº 159 - Expediente do dia 30 FORO
Apelante: D. Custódia Tribuzi
Apelado: Domingos T ribuzi Expedientedodia 1712/1876
Acórdão confim1ando a sentença apelada em face dos Apelação cível nº 159
seus fundamentos, conformes a direito e outros. (Diário Embargante: D. Cu tódia Tnbuzi
do Maranlu1o, 511211875, p. 3). Embargado: Domingo Tribuzi
Com vistas ao Dr. Raimundo Abílio, advogado da em-
FORO bargante. (Diário do Maranhão, 19/2/ 1876, p. 2).

Expediente do dia 4 de dezembro FOTOGRAFIA


Apelação cível nº 159
Apelante: D. Custódia Tribuzi O Sr. Higino Teixeira Soares, que sempre teve vocação
Apelado: Domingos Tribuzi para as Belas-A rtes - manifestando principalmente gran-
Com vistas ao Dr. R. Abílio, advogado da apelante para de habilidade para o desenho e pintura a óleo, abriu um
embargos; e vieram com embargos na mesma data. (Diário grande gabinete de fotografia, preparado com muito gosto
do Maranhão. 8/12/1875, p. 3). e munido de todos os aparelhos mais modernos, necessá-
rios a esse gênero de trabalho.
FORO Já vimos alguns ensaios executados por esse inteli-
gente amador, e segundo nossa humi lde opinião, os resul-
Expedientedodia 13/1 2/ 1875 tados obtidos nada deixam a desejar.
Apelação cível nº 159 O Sr. 1ligino Soares pelos conhecimentos artísticos que
Embargante: Custódia Tribuzi possui, unidos aos estudos cspcciai<: q ue tem fei to, está
Embargado: Domingos Tribuzi no ca o de satisfazer as exigências do público, oferecen-
Conclusos ao desembargador Silva Braga. (Diário do do-lhes trabalhos perfeitos.
Maranhão, 15/1211875, p.3). Chamamo a atenção para o anúncio publicado neste
jornal. (Diário do Maranhão, 6141 1876, p. 3).
FORO
AVISO AO PÚBLICO
Expedientedodia 15/1211875
Apelação cível nº 159 Tendo sido dissolvida a banda de núsica do l º Bata-
Embargante: D. Custódia Tribuzi lhão da Guarda Nacional de C]U!.! era mestre o Sr. Francisco
Embargado: Domingos Tribuzi Antônio da Silva, fica no e ntanto continuando a tocar a
Com vistas ao Dr. Corrêa, advogado do embargado. mesma banda de música como até hoje tem tocado; os
(Diário do Maranhão, 17/ 12/ 1875, p. 3). preço serão os mais baratos possíveis.

~ 147 ~
LUIZ DE MELLO

Para contratar o recebimento das contas foi encarregado colocar na sala cm que funciona a repartição a seu cargo o
pelos músicos o abaixo assinado; as pessoas que quiserem retrato por Ymc. ofereciáo à Província. do ex-comissário
honrar a banda dando-lhe serviço, tenham a bondade de o vacinador Dr. César Augusto Marques. (Publicador Ma-
procurar no sobrado por acabar fronteiro~ igreja de São João. ra11he11se, 1217/1876, p. 1).
Maranhão, 22 de abril de 1876
O mestre interino - Narciso Antônio de Oliveira Cardo- ARTISTA HABILIDOSO
so Homem. (Di6rio do Maranhclo, 51511876, p. 3).
Temos visto ventarolas chinesas, pinturas sobre seda,
À SAUDOSA MEMÓRIA DO EXMO. SR. frontispícios para livros, álbuns etc., trabalhos dignos de apre-
D. LUIZ DA CONCEIÇÃO SARAIVA ciar-se do Sr. João Afonso. que, segundo nos consta, aceita
encomendas de obras semelhantes. (O Paiz, 2om 1876, p. 4).
Apena~ aqui se soube a notícia da nunca assaz chora-
da morte do bispo do Maranhão, o Revdo. padre Mutum SEGUEM NO VAPOR BRUNSWICK AMANHÃ:
celebrou na capela de Santa Rita uma missa pelo eterno
repouso de sua alma. Para Lisboa: Luiz Gonzaga de Araújo Cordeiro, Antônio
Compareceram as irmãs de caridade com o seu colégio. da Costa Reis, sua senhora e 1 filho, Semião José da Costa,
No dia 8 de maio os Drs. Campos de Medeiros e César Norbina Rosa Ribeiro, Dr. Afonso Saulnier de Pierrelevée,
Marques, precedendo convite pelos jornais aos Filhos do sua senhora, 2 filhos e 1 criado, Domingos Tribtd, Domin-
Maranhão, aos parentes e amigos do ilustre finado, manda- gos Pereira Borges, Antônio José de Almeida Júnior e sua
ram celebrar outra missa na igreja de São Francisco de Paula. senhora, D. Ana Francisca Ribeiro de Moracs, D. Cesaltina
O Dr. César Marques, como reitor do internato do Im- Rosa de Moraes, Benigno dos Santo Barradas, Antônio
perial Colégio Pedro 11, convidou pelo Globo de 23 de José dos Santo , José Finnino Lopes de Carvalho e sua
maio os amigos, antigos discípulos e companheiros a as- senhora Franco Lopes de Carvalho, José João de Souza
sistirem a uma missa, que no dia 26, o trigésimo do seu Dias e sua senhora, D. Francisca Dias, D. Ermelinda Dias,
falecimento, mandou celebrar na capela de São Joaquim Manoel Francisco da Silva Júnior, Dr. Custódio Alves dos
do Colégio, onde ele foi vice-reitor. Santos, D. Lina Joaquina C. B. da Cruz, Joaquim Antônio
Este anúncio do Dr. César Marques é concebido em dos Santos, D. Veneranda Castelo Branco dos Santos, D.
palavras muito sentidas e reveladora da muita amizade Florisbcla Castelo Branco da Cruz, D. Lina Arnanda da Cruz.
que cm vida tributou ao nosso digno prelado, e da muita Para Liverpool: - Frank Rower. (Di6rio do Maranhão,
saudade que vota à sua memória. 23ntl 876, p. 2).
O reitor do externato, Revdo. cônego Fonseca Lima,
capelão-mor do Exército, também mandou celebrar outra VAPOR BRUNSWICK
missa por idêntico motivo no dia 27.
No dia 29 o cônego Dr. Honorato, mestre de cerimônia Seguiu ontem, às 8 horas da manhã, sua viagem a Lis-
do sólio episcopal maranhense, na igreja da Candelária, boa e Liverpool, conduzindo todos os passageiros que já
onde é muito digno vigário, celebrou outra missa. noticiamos, com exceção do Sr. Tribuzi, que resolveu ficar.
No internato mandou o Dr. César Marques colocar ao Embarcaram quase todos na véspera à tarde e noite
lado do Evangelho, numa banca na capela, o retrato do Sr. aglomerando-se na Rampa por essa causa grande número
bispo, em ponto grande, tirado pelo Sr. Sá, hoje na Europa, de cavalheiros e farru1ias, que acompanhavam ao embar-
e oferecido a ele pelo falecido. que e se despediam dos viajantes, pes oas muito relacio-
Assistiram ao ato religioso os meninos, a família do nadas aqui.
reitor, os lentes, etc. etc. O Dr. Saulnier veio ao embarque em carro seguido de
O ato esteve imponente e comovedor. outros que conduziam os seus amigos.
Possam todos esses sufrágios, conjuntamente com Poucos são os vapores que de nosso porto, para os da
suas virtudes e bons serviços prestados aos pobres e à Europa, tenham conduzido tantas fam ílias como este, em-
sua Diocese penderem muito a seu favor, na concha da bora outros levassem maior número de passageiros. (Diá-
balança do justo juiz, e que chamando-o junto a si, deixou- rio do Maranhão, 25n/1876, p. 3).
º para sempre gozar da bem-aventurança celeste, perdu-
rando também aqui na terra sua lembrança, muito saudosa FRANCISCO P. FRANCO DE SÁ E PAIS DE
e recordada com muita amizade e gratidão pelo escritor PORCIÚNCULA DE MORAES
destas linhas, que muito o estimou durante o tempo do
seu glorio o episcopado. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PROVINCIAL
Rio de Janeiro, 29 de maio de 1876
Junius Pareceres de Comissão da Assembléia Provincial
(Diário do Maranhão, 17/6/1876, p. 2). São lidos e vão a imprimir os seguintes pareceres:
A Comissão de Fazenda e Orçamento tendo examinado
GOVERNO DA PROY1NCIA a petição de Francisco Pei){Oto Franco de Sá, cm que pede
Expediente do dia 4 de julho de 1876 que se consigne na Lei do Orçamento do exercício de 1876·
1877 a pensão de 2:000$000 réis para concluir seus estu-
- Ao Dr. comissário vacinador da Província. - Pode dos e 500$000 réis para satisf:uer débitos que contraiu por
Vme., confonne solicita em seu ofício de hoje datado, fazer causa de sua prolongada moléstia e falta de recursos pe-

~ 148 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (18 42 - 1930)

cuniários para poder regressar a esta Província, é de pare- COLOCAÇÃO DE RETRATO


cer, atento o mau estado dos cofres provinciais, que ape-
nas se consigne na referida lei a quantia de quinhentos mil No dia 28, como noticiamos, teve lugar no salão do
réis para seu transporte a esta cidade. Comissariado de Vacina, no pavimento térreo da casa da
Sala das Comissões da Assembléia Legislativa Provincial Câmara, a colocação do retrato do Dr. César Marques.
do Maranhão, 22 de julho de 1876. - Antônio Telles de Berredo, Às 11 horas da manhã, estando o salão, que se achava
João da Mana Moraes Rego, Álvaro Duarte Godinho. bem ornado, cheio de cavalheiros convidados, o Dr. Aze-
do, atual c-0rnissário vacinador, tendo convidado o Sr. Co-
José Alípio de Moraes, casado com D. Teresa dos An- lares Moreira, presidente da Câmara Municipal, a presidir
jos Araújo Porciúncula, educanda que foi do Asilo de San- o ato, correu a cortina que encobria o retrato e leu cm
ta Teresa, pede no incluso requerimento que se consigne seguida o histórico dos serviços prestados pelo Dr. César
na respectiva lei de orçamento a quantia de 800$000 réis, naquela repartição. serviços que o levaram, como seu su-
proveniente do dote e enxoval a que tem direito sua mu- cessor, a promover aquela cerimônia, como prova de admi-
lher em virtude da lei criadora desta instituição. ração pelo seu ilustre colega.
Provando o suplicante e alegado com os documentos Ao terminar o Dr. Azedo seu discurso, que fo i muito
oferecidos, e sendo certo que o art. 40 do Regulamento de 16 aplaudido, o Sr. Augusto César Marques agradeceu em
de janeiro de J855, lei que criou o Asilo de Santa Teresa. seu nome e em nome de seu irmão ausente, a honra que
garante às desvalidas nele recolhidas - um dote de 500$ réis acabava de ser a e te dispensada.
e um enxoval de 300$ réis, é a Comissão de Fazenda e Orça- O que ali se praticou. se honra muito o Dr. César, que
mento, a quem foi confiado o exame da pretensão do supli- bem o merece por seus relevantes serviços, testemunha-
cante, de parecer que seja ele deferido na fonna requerida, dos por toda esta cidade, não honra menos ao Dr. Azedo
visto como entende que o artigo aludido permanece em seu fazendo sobressair aquele a quem substituiu, e isto cm
inteiro vigor, pois as leis que alteraram o regulamento de 1855 tempo em que o egoísmo fala alto e avassala tudo.
não o revogaran1 nem o modificaram tácita ou expressamente.
Entre os convidados, muitos deles pessoas notáveis,
- Sala das Comissões da Assembléia Legi !ativa Provincial
estavam quatro médicos e três farmacêuticos. (Diário do
doMaranbão,22dejulhode 1876.-AntônioTelles deBerredo,
Maranhão, 30ntl 876, p. 3).
João da Matta Moracs Rego, Álvaro Duarte Godinho. (Pu-
blicador Maranhense. 25n/1876, p. J).
(DA) LEI N° 1.155, DE 5 DE SETEMBRO DE
28 DE JULHO 1876
Despesas - Capítulo II
Aproxima-se este dia que, no corrente ano, promete
ser abundante em festejos. ( ...) Art. 7° § 7° - Com o estudante Francisco Peixoto
Além das demonstrações oficiais, sabemos do, como Franco de Sá, seu transporte da Europa para esta capital: -
500$(XX).
sempre, importante festejo do Sr. Bazola, do espetáculo par-
ticular no teatrinho do quartel; da colocação do retrato do (Publicador Maranhense. 16/911876, p. 1).
Dr. César Augusto Marques na sala do Comissariado de
Vacina, no pavimento térreo da Câmara Municipal; da inau-
guração da fannácia militar na respectiva enfermaria e do O RETRATO DO DR. CÉSAR MARQUES
começo das novenas na popular festa de Santa Filomena.
TaJvez não esteja tudo! (Diário do Maranhão, 25171 Todos os jornais da Corte deram notícia desta festa em
1876, p.3). homenagem ao ex-comissário vacinador desta Província.
O Diário do Rio de Janeiro, porém, foi mais longe.
28 DE JULHO Demonstração de apreço - O dia 28 do mês próximo
findo, aniversário da Província do Maranhão, foi come-
Hoje é o grande dia maranhense. Além dos atos oficiais, morado. em sua capital, por um ato significativo.
que são de costume, há, para solenizar o aniversário da No citado dia, como anterionnentefo rn ammciado. efe-
Adesão da Província à Independência do Império, os feste- tuou-se a colocação do retrato do ilustrado e distinto Dr:
jos promovidos pelo Sr. Bazola, incansável cm fazer lembra- César Marques na sala de vacinação daquela Província.
do todos os anos o regozijo que a todos deve acompanhar. A escolha do dia 28 de j ulho f oi mais uma homena-
Não há, segundo nos informaram, o espetáculo no te- gem prestada ao ilustre cronista do Maranhão.
atrinho do quartel, por achar-se de luto um dos influentes Felicitamos o digno Dr: César Marques por tcio honro-
da diversão. sa demonstração. (Diário do Maranhão, 19/911 876, p. 2).
Às J l horas, como já dissemos, terá lugar no pavimen-
to térreo do Paço Municipal a colocação do retrato do PROVA DE APREÇO
nosso amigo Dr. César Augusto Marques, na sala do Co-
missariado de Vacina, ato de pura e espontânea lembrança Acha-se em exposição na Rua do Ouvidor, Rio de Ja-
do sucessor daquele nosso amigo, o Dr. Azedo, que assim neiro, o retrato do tenente-coronel Amorim Rangel, co-
exprime eloqüentemente o apreço que lhe merecem os ser- mandante do 7º Batalhão de kfantaria, que lhe foi ofereci-
viços prestados pelo seu antecessor. do pela oficialidade.
o Forte de São Luís salvará as três vezes do costume. O retrato é obra do maranhense Aluísio Azevedo. (Di-
(Diário do Maranhão, 28ntl876, p. 2). ário do Maranhão, 20/9/ 1876, p. 1).

~ 1 49 ~
LUIZ DE MELLO

CASA DOS EDUCANDOS Esta ordem de 1rabalho cs1á bem executada, tanto nos
traços como na expres:.iio do colorido; e acerca destes
Anteontem, como Cl.tava anunciado, teve lugar neste dois ramos de trabalho o Sr. Francisco Belfort mostra ser
estabelecimento a festa anual, estando durante o dia fran- dotado de boa inteligência, e mais lucraria se por exemplo
co todo o edifício às pessoas que o quisessem visitar. fosse estudar nas grande e colas da Europa esses ramos
Foi uma festa modesta e muito concorrida. de indústria, pois temos certeza que com pouco tempo
Depois da missa à excelsa protetora do estabelecimen- havia de honrar a no sa terra natal.
to Nossa Senhora da Conceição e a que assistiram todo o ***
Corpo, S. Exa. o Sr. Barão de Monção, seu secretário e Maranhão, 20 de dezembro de 1876.
ajudante-de-ordens e muitos convidados, tocando nessa (Diário do Mara11/ulo, 20112/1876, p. 1).
ocasião uma orquestra dirigida pelo hábil professor de
IGREJA DE SANTANA
música de instrumentos de corda o Sr. capitão João Pedro
Zicgler, teve lugar, cm um salão convenientemente prepa-
Acham-se muito adiantadas as obras desta igreja, na
rado, a distribuição dos prêmios aos educandos que, no
rua do mesmo nome, e isto unicamente devido aos esfor-
correr do ano, se distinguiram por suas capacidades mo-
ços do Sr. Honorato Praxedes de Lemos, que para levar a
ral. industrial e intelectual, por S. Exa. o Sr. Barão de Mon-
efeito o seu cometimento há lutado com sérios embaraços.
ção, vice-presidente da Província. Já deram o pintores, e isto gratuitamente, a pintura do
O Sr. secretário do Governo, em nome de S. Exa. dirigiu
forro e arco do altar-mor.
aos jovens educandos palavras de animação, a que, cm Sendo este templo um dos mais antigos que possui a
nome de seus irmãos, respondeu o jovem educando João nossa capital, servindo algumas vezes de matriz, seria de
Serapião da Cruz Araújo. justiça e até muito acertado que o Governo viesse em auxí-
A Sociedade União Juvenil ali se fez representar por lio das me mas obras. mandando dar pelos cofres provin-
uma comissão, pronunciando o seu relator, Sr. Benedito ciais qualquer quantitativo para elas.
Pereirn Leite, o discurso que abaixo também publicamos. É mais um templo que, salvo das rnínas, servirá para os
- Os objetos expo tos deram exuberantes provas do fiéis dirigirem suas úplicas ao Altíssimo.
adiantamento e prosperidade deste útil e humanitário esta- O quantitativo dado pelo Tesouro estamos bem con-
belecimento, que cada vez se toma credor da estima pública vencido que será muito bem empregado. ( Diário do
e da aJta proteção que lhe prestam os poderes públicos. Maranhão, 7(})1877, p. 2).
Dando esta notícia folgamos cm ter mais uma vez oca-
sião de declarar ser tudo isto devido ao zelo e aceno com UMA NOTICIA SOBRE LEON RIGHINI
que é dirigido o estabelecimento por seu honrado diretor, Belém
o respeitável ancião, nosso amigo, coronel Raimundo Jan-
sen Serra Lima. (Di6rio do Maranhão, I 9/ I 2/ 1876, p. 2). O vapor Pará regressou ontem com as seguintes notí-
cias:
EXPO SIÇÃO D OS ED UCANDOS ART ÍFICES Diário do Grão-Pará - Notícias até 6 do corrente.
( ...)Com o título de Panorama do Pará, iam os Srs. G.
Por ocasião de irmos à exposição dos Educandos para Wiegardt, litógrafo, e J. L. Righini, desenhista, fazer apare-
ver os trabalhos expostos pelos alunos daquele estabele- cer uma coleção de 12 vistas dos principais edifícios e
cimento, ficamos satisfeitos de apreciar diversas peças de lugares mais pitorescos da capital.
obras, como de marceneiro e de sapateiro, trabalhos que A primeira já publicada, representa a estrada de São José.
mostram bastante adiantamento da parte dos discípulos; e as 11 que faltam, e que deverão aparecer duas em cada
porém, ao percorrer o rcl.to dos trabalhos, vimos mais 1O quinzena. repre entarâo: -O Largo de Nazaré, o Banco Co-
quadros expol.los com desenhos muito bem executados, mercial, o Teatro Nossa Senhora da Paz, o Largo das Mer-
sendo dois com dcsenhoc; a fumo, seis com vários dese- cês. o Largo do Quartel, a Catedral, o Carmo, o Largo de
nhos de arquitetura e dois com desenhos mecânicos; e na Palácio, o Largo de Santo Antônio e o Largo de Santana.
ocasião em que estávamos apreciando os ditos quadros A neces idade de um periódico ilustrado que reprodu-
para emitir as nossas opiniões sobre quem os tinha dirigi- za os nossos pitore col. subúrbios está em parte preen-
chida pela empresa do Sr. Wiegardt. Preste-Lhe o público o
do, fomos minuciosamente informado por pe soas certas
auxHio que ela merece que assim a animará a maiores come-
que os trnbaJhos tinham !.ido coadjuvados pelo Sr. Fran-
timentos. (Publicador Mara11/rense, 9/2/1877, p. 2).
cisco Ricardo de Ca tro Belfort, com o que ficamos satis-
feitos por ver o desvelo que o Sr. Francisco Belfort empre-
DESENHO E P INTURA
gou nos alunos. Apesar de conhecennos de longe o Sr.
Francisco Belfort, não desejamos portanto ofender a sua DOMINGOS TRJBUZI tendo-se restabelecido dos seus
modéstia, mas pcrmila-nos que digamos duas paJavras. incômodos, avisa ao respeitável público que continua a en-
Não é esta a primeira vcL que temos ouvido falar do Sr. sinar desenho e pintura nos colégios, casas particulares e
Francisco Belfort. sobre seus lrabalhos. Se não nos enga- em sua casa. (Publicador Maranhense, 11/311877, p. 3).
namos, temos certeza de que há pouco vimos dois magní-
ficos trabalhos <lo Sr. Francisco Belfort, sendo um esculpi- CONSERTOS NO TEATRO
do em gesso em alto-relevo, representando o meio-busto
da Virgem Maria; este trabalho gostamos de apreciar pela Pelo vapor entrado ontem do Pará, mandou o Sr. José
perfeição e delicadeza com que foi executado; e o segundo de Uma Penante, ator dramático. o seguinte requerimento
é um quadro representando a planta do Maranhão. à Presidência desta Província:
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Jo. é de Lima Penante, artista dramático, cidadão brasi- O SR. CHAPELIN


leiro, constando-lhe que V. Exa. quer contratar o conserto e
decoração do Teatro São Luiz. vem respeitosamente reque- Acha-se entre nós este hábil pintor, e consta-nos que
rer a V. Exa. que se digne mandar publicar editais a fim de pretende contratar com o Govemo a pintura de algumas vis-
abrir concorrência ao dito contrato, visto achar-se o petici- tas do nosso teatro. (Diário do Marc1111i<io, 5/911877, p. 3).
onário também habilitado a desempenhá-lo satisfatoriamente,
pelo que etc. (Diário do Maranluio, 7/4/1877, p. 2). TEATRO SÃO LUIZ

TEATRO Por S. Exa. o Sr. presidente da Província foi contratada


a pintura das vistas necessárias para este teatro com o
Partiu para Pernambuco, a bordo do vapor Bahia, o Sr. pintor cenógrafo Leon Chapelin, que se acha atualmente
Vicente Pontes de Oliveira com a companhia dramática de nesta capital. (Publicador Mara11he11se, 13/911877. p. 3).
que era diretor. (Publicador Maranhense, 8/4/ 1877, p. 2)
TEATRO SÃO LUIZ
TEATRO
Por ato de 12 do corrente resolveu a Presidência da Pro-
Tendo sido pelo Liberal censurada a administração da víncia contratar os trabalhos de decoração deste teatro com
Província por haver contratado com Vicente Pontes de Oli- o pintor cenógrafo Leon Chapelin, o qual se obrigou a exe-
veira a decoração do templo, sem ter havido previamente cutar os mesmos trabalhos sob as seguintes condições:
chamada de concorrentes, declaramos que nenhum con- I") Preparar, conforme os modelos que apresentou, e
trato foi feito pela Presidência para tal fim, sendo que os que ficam rubricados pelo pre identc da Província, as se-
únicos objetos mandados fazer para o teatro até hoje fo- guintes vistas:
ram cadeiras e mochos na Casa dos Educandos Artífices. Uma vista de praça, constando de um pano de fu11do,
(Publicador Maranhense, l 0/4/ 1877, p. 2).
oito bastidores e quatro bambolinas por 1:450$000.
Uma sala régia, constando de um pano de fundo, oito
EDITAIS bastidores e quatro bombolinas por 1:250$000.
Secretaria do Governo Uma sala fechada, constando de três trainéis (um de
fundo e três laterais) com ponas e janelas apropriadas por
900$00>.
S. Exa. o Sr. presidente da Província manda pôr em has-
Uma sala rústica, composta de um pano de fundo, qua-
ta pública a arrematação das seguintes vistas que se tem
tro bastidores e duas bambolinas por 700$000.
de prontificar para o Teatro São Luiz, a saber: um salão rico
Um pano de boca, de lona, quatro reguladores, coni-
com o fundo de colunatas, e bem assim retocar convenien-
nados, duas bambolinas e dois bastidores de boca. por
temente as vistas de cárcere, praça, bosque, jardim, hori-
520$00).
zonte e as demais existentes no mesmo teatro, que pude-
Total: 4:820$000.
rem ser aproveitadas.
2ª) Colocar essas nos devidos l u g~1res, empregando
Os concorrentes deverão fazer suas propostas dentro
tintas de primeira qualidade e lona apropriada a trabalhos
do prazo de 15 dias, contados desta data, podendo para
de ta natureza, a juízo do engenheiro, e madeiras de boa
isso examinar nesta Secretaria o orçamento feito pelo ad- qualidade.
ministrador interino das Obras Públicas.
3ª) Apresentar prontos º" ditos trabalhos até o dia 3 1
Secretaria do Governo do Maranhão, J 8 de abril de de dezembro do corrente a110. sujeitando-se à multa de
1877. cem mil réis dentro de cada mês que exceder esse prazo.
O secretário Aristides Augusto Coelho de Sousa. (Pu- 4ª) Aquantia de4:820$000 em que imponam as obras ser-
blicador Mara11hense, 2l/4/1877, p. 3). lhe-á entregue em duas prestações: a primeira de hum conto
de réis depois da assinamra deste contrato, mediante fiança
GOVERNO DA PROVÍNCIA idônea, e a segunda depois de concluída e devidamente acei-
Despachos do dia 1º de Maio ta a C'bra de que se encarrega, que será examinada por pesso-
a~ profissionais. (Diário do Maranluio, 14/9/1877, p. 3).
(... ) José de Lima Penante, artista dramático, desejando
entrar na concorrência para arrematação dos reparos de que TEATRO SÃO LUIZ
carece o Teatro São Luiz, pede que seja espaçado por mais
J 5 dias o prazo marcado para o dito fim. - Deferido por mais É esta a íntegra do contrato para decoração deste edi-
8 dias. (Publicador Mara11he11Se, 4/5/ 1877, p. 1). fício, de que tratamos em nosso último número:
Aos doze dias do mês de setembro de mil oitocentos e
(DE UMA) LISTA DE ELEITORES setenta e sete compareceu ao Palácio da Presidência o Sr.
Leon Chapclin, pintor cenógrafo, a fim de contratar com S.
( ... )- 11 ° Quarteirão: João Manoel da Cunha Júnior, 43 Exa. o Sr. presidente da Província os trabalhos de decoração
anos, casado, artista, sabe ler, fi lho de João Manoel da do Teatro São Luiz - e declarou que se obrigava a executar
Cunha, Largo de São João nº 3. Renda preswnida: 800$000; os mesmos trabalhos sob as s..:guintes condições:
nature1,a da profissão que exerce: informação de pe soas 1ª)A preparar, conforme os modelos que apresentou, e
idôneas: qualificado anterior à lei. (...). que ficam rubricados pelo Ex mo. Sr. presidente da Provín-
(Publicador Maranlzense, 23/8/ 1877, p. 2). cia. as seguintes vistas:

~ 151 ~
LUIZ DE MELLO

Uma de praça, consLando de um pano de fundo, oito Há 4 meses seguroc; li em seu conceituado jornal um pe-
baslidores e quatro bambolinas pela quantia de um conto queno artigo censurando o Exmo. Sr. presidente da Província
quatrocentos e cinqüenta mil réis; por um contrato particular que estava firmado com o artista
Uma sala régia, constando de um pano de fundo, oito drarnáúco VicenLe Pontes de Oliveira, a respeito de alguns
baslidores e quatro bambolinas pela quantia de um conto consenos no TeaLro São Luiz e pintura de algumas vistas
duzentos e cinqüenta mil réis; para o mesmo. Dizia o artigo que La! contrato devia ser por
Uma sala fechada, constando de três trainéis (um de arrematação públjca, porque da concorrência dos proponen-
fundo e dois laterais), com portas e janelas apropriadas, Les resultaria benefícios ao Tesouro. Poucos dias depois vi
pela quantia de novecentos mil réis; publicado o edilal pondo em hasta pública a pintura de qua-
Uma sala rústica composta de um pano de fundo, qua- tro vistas novas, retoque de outras e de todos os panos em
tro bastidores e duas bambolinas, pela quantia de sete- estado de aproveitar-se, e que tudo isto estava orçado pelo
ccnLos mil réis; administrador imerino das Obras Públicas em 5:500$000.
Um pano de boca, de lona, quatro reguladores, corti- Nessa ocasião lembrei-me de também apresentar a mi-
nados, duas bambolinas e dois bastidores de boca, pela nha proposta, porém, reíletindo com mais calma, vi que era
quantia de quinhentos e vinte mil réis. perder tempo porque o Exmo. presidenLe da Província, que
21 ) A colocar essas vistas nos devidos lugares, empre- já havia dado os primeiros passos a favor do artista Vicente,
gando tintas de primeira qualidade, lona apropriada a tra- continuaria a susLentar o seu ato, sendo este afinal o esco-
balhos desta natureza a juízo do engenheiro e madeiras de lbjdo, ainda que grande fosse o número de concorrentes, e
boa qualidade. que o edital publicado só o Linha sido para legalizar o ato; o
3") A apresentar prontos os ditos trabalhos até o dia 31 mesmo raciocínio fizeram o meus colegas, e por isso decor-
de dezembro do correnLe ano, sujeitando-se à multa de reram os dias do prazo sem que se apresentasse proposta
cem mil réis denLro de cada mês que exceder esse prazo. alguma, aparecendo apenas um requerimenLo do procura-
4ª) A quantia de quatro contos oitocentos e vinte mil dor do artista Penante pedindo à Presidência prorrogação
réis, cm que importam as obras, ser-lhe-á entregue em duas do prazo por mais 15 dias. Lempo necessário para receber do
prestações; a primeira, de hum conto de réis, logo depois Pará ordens de seu conslituinte. S. Exa., deferindo este re-
do contrato, mediante fiança idônea, e a segunda depois querimenlo. concedeu apenas oito dias.
de concluída e devidamente aceita a obra de que se encar- Foi nesta oca ião que me encontrando com um meu
rega, que será examinada por pessoas profissionais. amigo, empregado na Secretaria do Governo, perguntou-
Para constar lavrou-se o presente termo, em que se
me o moLivo por que não me propunha à pintura das vistas
assinam o Ex mo. Sr. presidente da Província e o contratan-
do teatro: as razões que lhe dei foram as produzidas pelo
te. Eu Marcelino José de Azevedo Perdigão, chefe de se-
meu raciocínio anLerior, às quais respondeu-me que eram
ção da Secretaria do Govemo que o escrevi. - Eu Roberto
sem fundamento, que eu assim pensava por não conhecer
Augusto Colin, oficial maior da Secretaria da Presidência o
o caráter ímegro e justiceiro do presidente da Província e
fiz escrever. - Francisco Maria Correia de Sá e Benevides-
Leon Chapelin. (Publicador Maranhense, 14/9/1877, p. 2). se S. Exa. Linha entrado em ajustes com o artista Vicente,
com respeito às obras do teatro, este havia apresentado
GOVERNO DA PRO\TÍNCIA condições que não foram aceitas, e por isso se retirara
Expediente do dia 13 de setembro de 1877 para Pernambuco tão descoroçoado do negócio que ne-
nhumas 9rdens deixara aos seus procuradores, relaLivas
(...)Ao inspetor do Tesouro Público Provincial. - Reme- às obras do teatro.
tendo a Vmc. a inclusa cópia do contrato que cm data de Animado pelo meu amigo, comecei, desde logo. a dar
ontem celebrei com Lcon Chapelin, pintor cenógrafo. para os passos necessários; forneceu-me ele uma cópia do or-
os trabalhos de decoração do Teatro São Luiz pela quantia çamento feito pelo engenheiro, e fui logo informado que o
de 4 :820$000 réis, deLerm ino que mande entregar ao mesmo presideme queria a vi Las pimadas em lona e os panos
contraLanLe a quantia de hum conto de réis, relativa à primei- pregados com tachas de cobre.
ra prestação a que tem direito, para ser aplicada às despesas No dia seguinte dirigi-me às casas comerciais dos Srs.
com aquele trabalho, conforme a condição 41 do referido José da Cunha Santo e Antônio Rodrigues e lhes pedi
conLraLo. (PublicadorMaranhense, 18/9/1877, p. 1). amostras de lona, meia-lona e brin de linhos que me pare-
ceram mais próprios para Lal gênero de pintura, e em segui-
NEGÓCIOS DO TEATRO da fui ao teatro fazer um orçamento de harmonia com o
(Primeiro artigo do pintor Bílio Júnior) feitor ou administrador daquela casa, único que me podia
fornecer as melhores bases para um cálculo seguro, pelos
Digam o que bem entendam; muitos anos de serviço e prática em tal emprego. Prestou-
eu farei o que quiser. se ele de boa vontade e forneceu-me os esclarecimentos
A lei sou eu, a justiça precisos, com o que muito me penhorou.
é o meu braço. Mais tarde, em conversa com amigos, disse-me um de-
les que eu estava perdendo o meu tempo, dando passos
Sr. redaLor, as palavras acima exaradas talvez tenham infrutíferos, porque a pinLura das vistas em questão seria
alguma relação com o falo que vou levar ao conhecimento definitivamente dada ao Sr. Vicente PonLes de OLiveira, o
de V. s.•; não procurarei carregar as cores do quadro, ser- qual Lão certo eslava disso que, anLes de retirar-se para
vir-me-ei apenas das tintas indispensáveis para produzi- Pernambuco, comprara as tábuas necessárias para as empa-
rem o material. nadas e as deixara guardadas no teatro; que o mesmo se-

~ 152 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

nhor tinha planejado. logo qucchcga<;sc a Pernambuco, man- te um luxo, tendo tais arrematações o mesmo caráter dos
dar o francês Chapclin, pintor cenógrafo, para encarregar-se leilões mercantis, onde os concorrentes lançam as vezes,
desse trabalho que definitivamente ficaria pronto em outu- cobrindo os lances de seus competidores segundo os seus
bro, tempo em que tencionava regressar com sua companhia. interesses ou a influência da ocasião?
É desnecessário ditcr que esta notícia veio ainda mais 4º) A autoridade, ou pessoas encarregadas de aceita-
corroborar a idéia que já de há muito cu tinha formado, rem as propostas. e que tenham recebido uma única, den-
porém estavam dados os primeiros passos, pouco me cus- tro do prazo legal, e findo este aceitem outra cm condições
tava ir ao fim. Fiz a minha proposta, fui pessoalmente levá- mais favoráveis, sendo afinal a preferida, estarão por esta
la a Palácio e a entreguei aberta, junto com as amostras, ao circunstância isentas de censura e de qualquer juízo des-
secretário do Governo. Dr. Aristides Coelho de Souza, que, favorável à sua integridade, podendo julgar-se que a pri-
minutos depois, levou-a para dentro. pois eram horas de meira proposta servira de base para a segunda. havendo
expediente. Ali me informaram que a minha proposta era a portando empenho na escolha?
primeira que se tinha apresentado. e que nesse mesmo dia 5°) A autoridade, qualquer que seja sua categoria, pode,
terminava o prazo da prorrogação. por alguma disposição que a isso a autorize, deixar de de-
Ao despedir-me do meu amigo, que presente estava, ferir ou indeferir petições que forem a seu despacho; dar
disse-lhe que tinha tanta certeza de ser preterida a minha solução pró ou contra quaisquer questões ou negócios
proposta que estava disposto a apostar com quem quises- tendentes ao serviço público submetidas ao seu juízo?
se; aceitando ele o repto, firmamos logo uma pequena apos- 6º) Será lícito, ou mesmo uma necessidade, que as par-
ta, que tive a felicidade de ganhar. e bem satisfeito estou tes cobrem despachos a suas petições, como faz o credor.
com este ganho, não só pelo valor material que é assaz exigindo das que lhe devem a importância do seu crédito?
pequeno, mas sim pelo valor moral, pois foi uma lição de Terminando, Sr. redator, esta minuciosa cana, na qual
experiência que lhe dei, apesar de ser ele um empregado lhe exponho o fato tal qual se deu, dir-lhe-ei, cm conclu-
antigo naquela repartição, devendo já estar bem enfronha- são, que a minha proposta foi apresentada cm maio do
do nos mistérios do gabinete. corrente ano, e que até agora nenhuma solução teve, como
Três ou quatro dias depois voltei à Secretaria para sa- se pode verificar pelo livro da Porta de Secretaria e pelos
ber o resultado: nenhum despacho tinha aparecido, per- jornais O Pai: e Diário do Maranlulo que publicam todos
guntei o número de pretendentes. disseram-me que eu era os despachos da Presidência.
o único, prometendo-me o meu amigo de comunicar-me Sou, Sr. redator
logo que houvesse uma decisão qualquer. Com esta pro- De V. S.ª
messa deixei de ali voltar, esperei, cansei de esperar, e es- Amigo e Criado Venr"
peraria ainda, como os judeus esperarão o Messias, se o José Maria Bílio Júnior
jornal O Paiz não viesse surpreender-me na espera, anun- (Diârio do Maranluio, 19/9/1877, p. 3).
ciando que havia aportado às nossas plagas o cenógrafo
Chapelin, disposto a contratar com o Governo da Provín- TEATRO
cia a pintura de algumas vistas para o teatro. Estávamos
no final da farsa; preparei-me para ver o seu enredo, a Já deu princípio o Sr. Chapel in ao seu trabalho ceno-
minha profecia realizada, e ips-verbis tudo quanto me in- gráfico das vistas do Teatro São Luiz.
fonnaram. Ore ultado já está no domínio público, porque Acha-se quase pronto o pano de fundo de uma vista
0 jornal O Paiz publicou o contrato de arrcmataç,ão firma- de praça, que apresenta excelente perspectiva. (Diário do
do pelo presidente da Província e o cenógrafo Chapelin. Mara111zão, 21/9/1877. p. 2).
É este, Sr. redator, o fato que levo ao seu conhecimen-
to, porque tendo sido o seu jornal o primeiro que tratou O DEMOCRATA
deste negócio, quando em princípio deve também ser o
primeiro a publicar o seu desfecho. É consagrado o artigo de fundo do 2° número desse
Não quero por mais tempo aborrecê-lo com tão longa novo órgão das idéias liberais e da causa da maçonaria à
narrativa, mas, antes do ponto final, pcm1ita-me ainda al- apreciação dos atos da administração atual.
guns momentos de condescendência e o favor de me dar Dando como averiguado o fato de começar a incorrer
sua opinião acerca de alguns pontos ~obre os quais estou no desagrado geraJ o atual presidente da Província, inqui-
cm dúvida, e se V. s.• der a estas linhas publicidade, desde re O Democrata a razão das censura1> que lhe são fe itas, e
já faço o mesmo apelo não só às ilustres redações de jor- longe de encontrar alguma mudança entre a opinião públi-
nais que se publicam nesta cidade, como a todas as pesso- ca e S. Exa.. as evcra que o presidente tratou de amenizar
as que forem habilitadas na matéria. o terreno em que mais tarde havia de revelar o seu verda-
Estabelecerei o pontos em forma de quesitos: CJciro caráter, sendo para a opinião pública sempre o mes-
J") Haverá lei ou regulamento que estabeleça a fonna mo liomem do Pará e da polícia da Corte, estando ape-
por que deverão ser feitas as propostas oficiais que sejam nas enganosamente na expectativa de que S. Exa. não viria
para fornecimentos ou obras públicas? continuar aqui as suas brilhanturas.
2º) Qual a significação do prazo marcado pelos editais Descendo aos fatos, abandona O Democrata os já pas-
para dentro deles apresentarem-se os pro~nentes; será .uma ados, caídos em prescrição ou pelo menos no esqueci-
mera fonnalidade, ou tem algwn valor e quais os seus efeitos? mento de quem não foi por eles afetado, e compendia os
3º) O sistema das propostas em cartas fechadas será que estão na tela da dimensão. São eles:
para salvaguardar o segredo das partes, ou é simplesmen- lº) O contrato da pintura e decoração do teatro;

~ 153 ~
~
~
LUIZ DE MELLO

2°) O pagamento da iluminação dos edifícios públicos para aceitação de propostas, que não desconJ1ece o con-
na noite de 29 de julho pela verba - Eventuais- do Tesou- temporâneo. Não se contei.taro os títulos do Sr. Bílio; tra-
ro Provincial ; tava-se, porém, de uma especialidade em que não deu ain-
3º) A nomeação dos promotores de Codó; da esse artista provas de si, e parece-nos que não errou a
4°) A falta de providências sobre os negócios da Presidência, esperando um pouco e contratando com quem
Chapada; já está experimentado e em melhores condições para a Pro-
5°) O interdito lançado à casa de Magalhães & Cia. por víncia, mesmo pelo lado do preço. Não merece sé1ia d is-
simples indício de fraude, antes de findo o processo a que cussão o fato de não despachar a proposta. (... ). (Publica-
mandou submetê-lo; dor Maranhense, 4110/ 1877, p. 2).
6º) A demissão do porteiro do Tesouro:
7º) A não prestação de livros e móveis ao cidadão que NEGÓCIOS DO TEATRO
se propunha a abrir uma aula noturna na vila de Imperatriz. (Segundo artigo do pintor Bílio Júnior)
Parece que fomos fiéis na exposição dos 7 pecados
mortais imputados a S. Exa. pelo Democrata - e não será Volto ainda, Sr. redator, à questão da pintura das vistas
difícil a tarefa de demonstrar ao ilustre colega que é bem do teatro, para analisar o contrato firmado pelo presidente
injusto na acusação feita à Presidência. da Província e o Sr. Chapelin, francês cenógrafo, em detri-
Permitirá antes de tudo um protesto: - a opinião públi- mento de minha proposta, que fora preterida no quedo
ca não se revela contra o administrador da Província. remanso do gabinete, sem que justifique o ato nenhuma
Dos mais importantes órgãos de opinião pública nesta formalidade legal .
capital, apenas um se mostrou hostil à administração na O edital do Governo publicado na gazeta oficial nº 90,
1
apreciação de um ou outro fato, e constantemente a tem de 21 de abril do corrente ano, pôs em hasta pública a
elogiado na apreciação geral de sua administração. Não pintura de quatro vistas novas e retoques de todas as
deve surpreender hoje uma ou outra voz contra a adminis- mais que existem em estado aproveitável; pintura esta que,
tração; os atos de rigor provocam naturalmente queixas por ordem de S. Exa., foi orçada pelo administrador interi-
das vítimas e de seus amigos ou patronos. A essa ca11sa no das Obras Públicas em rs. 5:550$000, pela fonna que se
deveria O Democrata atribuir as reclamações que têm apa- segue : - um salão rico com fundos de colunatas -
recido contra os atos da administração, que compendiou 1:250$000; uma sala modesta fechada com fundo corres-
das censuras feitas pelo Diário, e que por notável coinci- pondente - 900$000; uma cabana - 700$000; consertar e
dência só apareceram posteriormente à demissão do por- 1 retocar con veníentemente as vistas de cárcere, praça, bos-

teiro do Tesouro, um dos colaboradores daquela folha. que, j ardim, horizonte e as demais existentes no mesmo
Grande elogio fez O Democrara ao presidente da Pro- teatro, em estado de aproveitar-se - 2:000$000.
víncia, supondo-o aqui o mesmo homem da polícia da Cor- Propus-me, pois, a fazer esta pintura, ou mandar fazer
te e da Presidência do Pará. ÉS. Exa. coerente, e fazemos por pessoa habilitada, pela quantia de 5:500$000, empre-
votos para que não d iscrepe em sua norma de conduta gando nas demais vistas novas brim de linho de primeira
aqui da que sejam naquelas comissões. ( .. .) . qualidade, cujas amostras submeti à escolha do Exmo. Sr.
( ... ) Lamentamos não poder responder sobre os fatos presidente da Província.
caídos em prescrição, que por um excesso de generosida- Vejamos agora o contrato com o Sr. Chapelin, em tudo
de não quis o contemporâneo articular. Acompanhamo-lo, diferente do que fora publicado. O arrematante comprome-
pois, na análise dos 7 pecados mortais que compendiou. teu-se a pºreparar, conforme os modelos que apresentou,
Quanto ao 1º, não contratou com pessoa alguma a Presi- uma vista de praça por réis - 1:450$000; uma sala régia por
dência a pintura do teatro. S. Exa., levado sempre pelo espí- réis- 1:250$000; uma dita rústica, réis-700$000; um pano
rito de economia, mandou fazer a mobilia de que carece o de boca por réis - 520$000; perfazendo estas quantias a
teatro na Casa dos Educandos, e por aquele mesmo estabe- soma ders. 4:820$000, menos 680$000 do que mjnha pro-
lecimento os consertos indispensáveis de que carecia o edi- posta. Parecerá, à primeira vista, que a diferença cm preço
fício. S. Exa. contratou apenas trabalhos de cenografias: - 4 foi um benefício para a Província, que lucrou 680$000. Mas
vistas e um pano de boca, e o fez pelo modo mais conveni- analisando-se as duas propostas, somando-se os algaris-
ente e consentâneo com os interesses da Província. O con- mos de ambas, ver-se-á que as quatro vistas novas, se-
tratante, tão maltratado pelo Democrara, é um cenógrafo gundo o orçamento do engenheiro, impo rtam em réis
conhecido, tem feito vários trabalhos para teatros; e contra- 3:550$000, e que o arrematante, segundo o seu contrato,
tou o serviço remetendo previamente de Pernambuco os está fazendo-as por 4:300$000; a diferença, pois, de 680$000
modelos das vistas a que se propunha executar. na soma total existe nos retoques das vistas velhas e pano
Foram no contrato tão respe itados os interesses da de boca que entraram no contrato como enxerto. É desne-
Província que foi ajustado por 520$000 ré is (quinhentos e cessário provar. pois está patente a todas as vistas a gran-
vinte mil ré is) o pano de boca orçado em 2:000$000 ré is. de diferença em trabalho e dispêndio que existem no tea-
Finda a obra, O Democrata saudará o parvenu pela tro, e de um só pano de boca que, segundo me consta, vai
boa execução do seu trabalho. estamos certos. É inatacá- ser pintado de forma a mais simples possível, representan-
vel o ato por esse lado. do uma cortina de alto a baixo, talvez para encobrir as
Q uanto à não aceitação da proposta do Sr. Bílio Júnior, memórias do passado, fazendo desaparecer dos nossos
diremos que a Presidência não era obrigada a aceitá-la. É olhos esta bela vista do Maranhão que, apesar dos estra-
ilógica a conclusão tirada pelo Democrata, de que, por ser gos do tempo e dos caprichos de mãos profanas, ainda
a única proposta, devia ser aceita. Há outros requisitos atestava o que foram Venere e Monticelli . Só esta diferen-

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ça cm trabalho seria bastante para desequilibrar as duas está acontecendo aos articulistas do Publicador e jornal O
propostas, colocando a minha em circunstâncias mais fa- Paiz, que saíram a campo defendendo o Exmo. presidente da
voráveis, se um outro fato mais impo11ante, para o qual Província pelas censuras feitas a alguns atos de sua adminis-
chamo a atenção do público, não viesse mais inclinar o fiel tração que foram, ultimamente, recopiladas pelo Democrata
da balança cm meu favor. Eis o fato: - O feliz arrematante cm seu 2º número. Tomando, pois, a parte que me toca vou
teve a dita de convencer ao Ex mo. presidente da Província responder como me cumpre. Diz o articuli:,ta do Publicador
que a palavra lona, nos dicionários teatrais, significa pano que S. Exa. não contratou com pessoa alguma a pintura do
de algodão, única cm todos os teatros do mundo, até mes- teatro; que mandou fazer esse serviço pelos educandos, as-
mo na China, não s6 por ser a mais maleável ao pincel , sim como a mobília necessária; que só contratou a pintura de
como por sua consistência e duração superiores ao linho. quatro vistas e o pano de boca pelo modo mais conveniente
Como o mestre disse, S. Exa. acreditou, e por isso há de e consentâneo aos intercs~s da Província; que o cenógrafo
lançar água benta em tudo; e os peritos que forem julgar a é conhecido pelos seus trabalhos e contratou o serviço reme-
obra, quando concluída, dirão, sem dúvida. que é uma das tendo previamente de Pernambuco os modelos das vistas a
maravilhas do nosso sécu lo, que está nos limites do con- que se propunha executar.
trato e que merece as honras do resquiescat i11 pace. Analisando este primeiro ponto de defesa, direi que -
Estão, pois, as decantadas vistas teatrais sendo exibi- cm minhas correspondências anteriores não falei cm pintu-
das em pano de algodão, fazenda muito mais leve para as ra geral do teatro, referi-me só à pintura de 4 vistas e reto-
algibeiras do arrematante, e isto prova que a palavra lona ques de outras porque fora isto que S. Exa. mandou pôr em
fora encaixada no contrato só por bonito, assim como tintas hasta pública. Este ponto é a prova mais adiantada de quan-
de primeira qualidade, porque o arrematante não ignora que to avancei em minha primeira correspondência, afirmando
não as há em nosso mercado, e nem S. S. as trouxe de onde não só por convicção, mas por infom1açõcs fidedignas, que
veio, suprindo-se aqui pela casa de Vidal & Marques. o Sr. Vicente Pontes de Oliveira quando se retirou para
É assim, Sr. redator, que se fazem as coisas cm nossa Pernambuco já Linha finnado com S. Exa. o contrato dessa
terra; é esta a forma por que o nosso Governo anima as artes pintura, e que o edital publicado fora lctr..1 morta, servindo
apenas para emprestar ao ato o caráter legal. Sendo a minha
e a indústria nacional; é i to só que tenho visto no período de
43 anos de idade que hoje conto, e é isto que por muitas vezesproposta a única que apareceu, como confinna o articulista.
me tem feito soltar um brado de indignação, conspirando-me se S. Exa, já não tives~e contratado el.se !>erviço como aca-
con!Ja a minha pátria onde tive o ser, chamando-a mãe ingrata bei de expor, o cenógrafo Chapelin não remeteria de Pernam-
que arranca de seus li lhos a metade do pão cotidiano de suas buco os modelos das vistas que se propunha a executar. e
famílias, para que os seus cofres se encham e se esvaziem em isto quando já estava fechada a arrematação, e só depois da
benefício de seus enteados; mas, reflexionando melhor, vejo chegada do Sr. Vicente Pontes àquele porto.
que a minha pátria não tem culpa dos dc~vios dos seus tuto- Ainda uma oulra prova: - tendo sido o Sr. Vicente o
res que a regem à vontade de seus caprichos e por esse nobre primeiro interessado neste negócio, não d>!sistiria de sua
sentimento que se chama patrioti mo, sentimento este que pretensão, deixando-a correr à revelia sem aparecer pro-
só transluz em suas fisionomias, palavra que só se desprende posta sua, se não tivesse a certeza de ser o escolhido,
de seus lábios nessas ocasiões em que aparecem no meio das porque de fato já o estava.
igrejas matrizes essac; caixas de madeira que se chamam ur- Passemos ao segundo ponto de defesa. Diz o articulis-
nas, dentro das quais serão depositadac; as migalhas do povo ta: - "Foram no contrato tão respeitados os interesses da
que hão de servir de degraus para os f:vcr subir às mais altas Província - que fora ajustado por 520$000 o pano de boca
posições sociais. orçado em 2:000$000.··
Exaltei-me um pouco, senhor redator, mas quod scrip- Pergunto: onde viu S. S. tal orçamento? Em que jornal
si, scripsi; resta-me abrir uma exceção para aqueles a quem foi publicado o edital pondo em arrematação a pintura des-
não servir a carapuça. se pano? Porque meios fezS. Exa. constar ao público mais
De V. S.ª essa obra? Se S. S. responder-me a estas perguntas nos
Cr°muitoAttºe Venr'° tennos em que são feitas, dar-lhe-ei um queijo (desculpe a
Jo. é Maria Bílio Júnior. oferta). Não duvido que no orçamento do cngcnheir0 tam-
(Diáriod0Mara11Ju1o, 6/ 10/1877, p. 3). bém entrasse o pano de boca, mas, se assim aconteceu,
não veio à luz da publicidade, ficando ialvcz em reserva,
NEGÓCIOS DO TEATRO como cartucho guardado para a últimu carga, tendo final-
(Terceiro artigo do pintor Bílio Júnior) mente de balancear a proposta Chapelin com o saldo a seu
favor, saldo porém fictício, como demonstrei cm minha se-
Não há acusação sem defe a. mas quando esta ou aque- gunda correspondência. Se o engenheiro orçou o pano de
la se baseia na razão e na verdade dos fatos, ainda que nos bóca em 2:000$000 foi, sem dúvida. tomando por base de
falte a lógica, as belas flores da retórica e os arroubos da seu cálculo o pano que então existia, obra dos peritos
fil osofia, caminhamos impávidos na pequena esfera de no - cenógrafos Venere e Monticelli que tão aplaudidos foram
sa inteligência porque a luz da verdade resplandece ainda entre nós; mas se lhe tivessem descrito a forma por que o
mesmo nas tenebrosas profundidades do abismo; porém. Sr. Chapelin tencionava pintá-lo, por certo, outra seria a
quando acusamo ou defendemos sem nos firmarmos em sua avaliação relativamente à ;não-de-obra.
bases esclarecidas por essa luz, trilhamos cm um terreno Conclui o articulista: "Que quanto a não ter sido aceita
falso, que nos é desconhecido. e no qual teremos de, trope- a minha proposta, a Presidência não era a isso obrioada
o '
çar e cair ainda que muito prevenidos caminhemos. E o que pelo fato de ser ela a única, por haver outros requisitos

<VQ) 155 ~
LUIZ DE MELLO

para isso indispensáveis, como não ignora o contemporâ- seus interesses. Dada, p0rém, a hipótese de ser o Pará o
neo; que se tratava de uma especialidade na qual ainda termo de sua viagem, ainda que saltasse aqui seria por
não dei provas de habilitações, por isso que a Presidência passeio de poucas horas, não tendo por isso tempo para
não errou esperando um pouco, contratando com quem já tratar de negócios, principalmente com a primeira autori-
está experimentado e em melhores condições para a Pro- dade da Província, que tem horas próprias para falar às
víncia, mesmo pelo lado do preço; finalmente que não partes. O mesmo jornal O Paiz, quando noticiou a chegada
merece séria discussão o fato de não ter S. Exa. despacha- do Sr. Chapelin, disse que tinha vindo o dito contratar com
do a minha proposta. a Pres idência a pintura de algumas vistas para o teatro.
Se há outros requisitos que não são ignorados pelo Segunda contrariedade: o articulista do Publicador, no 1°
contemporâneo, como diz o articulista, ignoro-os cu, razão período da s ua defesa relativamente ao caso em questão,
por que, em minha primeira correspondência, fiz um apelo esforça-se por mostrar que S. Exa. não contratou a pintura
às ilustres redações dos jornais que aqui se publicam e a do teatro, mas sim de quatro vistas e o pano de boca, ao
todas as pessoas habilitadas na matéria, estabelecendo passo que o seu colega d'O Paiz afirma que o presidente
pontos para serem respondidos, pedido este que agora contratou a pintura e decoração do teatro.
repito expressamente ao Sr. articulista, pois a sua resposta Diz ainda o articulista d' O Paiz: - "Durante a an·emata-
não só me será útil como a todos que costumam propor-se ção aberta apenas concorreu o Sr. Bílio, cuja proposta não
a obras públicas; quero, porém, urna resposta baseada na foi aceita." - Que impedimento poderia resultar para não
lei, nalgum regulamento ou aviso estabelecendo a forma ser depois contratado aquele trabalho?
das propostas e quais os requisitos indispensáveis. Gosto da inocência destas palavras! ... O Sr. articulista,
Se um dos aJudidos requisitos é o exame da suficiência por certo, não se lembrou que para considerar-se aceita ou
na matéria pelo contratante, as nossas repartições públi- não a minha proposta, era indispensável o veredicto de S.
cas têm andado sempre à matroca deste serviço, sem que Exa., mas não a tendo despachado, corno afama o seu co-
os presidentes o tenham uniformizado; constantemente lega do Publicador, claro está que não manifestou sua
resolução, por isso que não veio ela à luz da publicidade.
estamos vendo arrematantes de obras, a lgumas de grande
Desafio, pois, ao Sr. articulista para me provar este fato.
importância, e que não são engenheiros e nada entendem
Em minha segunda correspondência mostrei as vanta-
dos ofícios mecânicos, partes componentes das mesmas
obras; provando este fato que o arrematante nada mais é gens que teve a Província com o Contrato Chapelin, fi-
cando o teatro bem servido com quatro vistas de pano de
do que um responsável para com a autoridade, aq uele que
algodão por 4:300$000, quando podia tê-las em pano de
tem de assinar o contrato, obrigando-se à satisfação plena
linho por 3:550$000. E são estas as melhores condições a
das cláusulas que lhe forem impostas; e quando assim o
que se referem os articubstas! ! !
tenha feito, pouco importa saber se na execução do traba-
Não os censuro por tomarem a defesa de um am igo a
lho entraram turcos e judeus.
quem são dedicados, pelo contrário, louvo-os por ação
Se S. Exa. não errou esperando um pouco e contratan-
tão nobre, mas se os deveres de amizade a isso os autoriza,
do afinal a obra com quem já está experimentado, direi que
o direito e a justiça de minha causa colocou-me cm cir-
foi isto efeito do acaso, aliás, favas que já estavam conta-
cunstâncias idênticas.
das, porque só havia uma proposta, a arrematação estava
Um pequeno erro, em coisa tão insignificante, não pode
fechada - por quem então esperava S. Exa? Esperava va-
emurchecer os louros que S. Exa. tem colhido em sua car-
gamente até que, por arribação, ao nosso porto viesse
reira admii;iisrrativa. Quando deixamos atrás de nós um
algum cenógrafo? Ou que a fama veloz, passando os ma-
passado cheio de acertos, de honras e glórias, e que con-
res que separam o Velho do Novo Mundo, levasse o edital
tinuando o mesmo caminho. acontecer tropeçarmos em
de hasta pública ao conhecimento dos cenógrafos euro- pequeno escolho, devemos olhar este fato como um Aviso
peus e pusesse algum deles em marcha para cá? Não; S. da Providência, que nos quer mostrar que ainda pertence-
Exa. esperaria só por quem de fato esperava ... mos à frágil humanidade, sujeita a todas as paixões, a to-
Qual o motivo por que não merece séria discussão o fato das as fraquezas ...
de não ter sido despachada a minha proposta? Será por que Queira, Sr. redator, dar publicidade a estas linhas pelo
não tenho uma posição elevada, um título ou condecoração que lhe será grato
para recomendar-me ante a autoridade e dela receber, ao me- Seu Cr° mtº Attº e Vr°
nos, as considerações que a civilidade a todos dispensa? José Maria Bili o Júnior
Volvo agora os olhos para o lado d'O Paiz. A não ser (Diário do Maranhão, 18110/1877, p. 3).
algumas contradições manifestas cm que caiu o articubs-
ta, diria que as duas defesas são filhas do mesmo matrimô- AS VISTAS DO TEATRO
nio; limüar-rne-ei a ferir os pontos nos quais se notam tais
contradições. Diz o articulista; "S. Exa. contratou com o Dizem-nos que o Sr. Chapelin já terminou a pintura das
cenógrafo Chapelin, que veio a esta Província de passa- vistas que contratou para o nosso teatro, bem como o
gem para o Pará, a pintura e decoração do teatro, etc. etc." pano de boca. (Diário do Maranhão, 31/10/1 877, p. 2).
- Neste ponto, ou para melhor dizer, nestas três linhas
notam-se duas contradições: "o cenógrafo Chapelin, cLiz o TEATRO SÃO LUIZ
articulista do Publicador, contratou a obra remetendo pre-
viamente de Pernambuco os modelos das vistas a que se Em exposição estarão hoje, no Teatro São Luiz, as vistas
propunha executar." - está, portanto, bem c laro que a sua ultimamente preparadas pelo Sr. Chapclin. A exposição prin-
viagem foi diretamente ao Maranhão, onde o chamavam cipiará às 20 horas. (Diário do Maranhão, 7/11/ 1877, p. 2).

~ 156 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

VISTA DO TEATRO do Maranhão, na qual se observará o seguinte


PROGRAMA
Não foram expostas as vistas do nosso teatro, pinta-
das pelo Sr. Chapelin, porque o presidente da Província A chegada de S. Exa. o Sr. presidente da Província co-
mandou que esperasse mais alguns dias, enquanto estão meçará a cerimônia de inauguração, sendo nessa mesma
sendo pintadas as bancadas da platéia geral. (Didrio do ocasião executado pela orquestra regida pelo distinto pro-
Maranluio, 9/11/1877, p. 2). fessor Colás um hino inaugural, composição do talentoso
professor Lcocádio Rayol.
PASSAGEIROS VINDOS NO VAPOR Em seguida será executado o Hino do Trabalho, com-
ESPÍRITO SANTO EM 17 - DO RIO po to pelo primeiro destes professores.
E ESCALAS: Das 4 horas da tarde às 1O horas da noite serão as salas
da exposição franqueadas aos que as quiserem visitar, me-
(...) Vicente Pontes de Oliveira e sua mulher, Francisco diante a módica entrada abaixo estipulada.
Libânio Colás, sua senhora e 7 filhos, Crispim do Amaral(... ) Durante o tempo das visitas tocarão as bandas de mú-
sica escolhidas peças.
DESENHOS Às 6 horas ela tarde subirá às regiões aéreas um grande
Pacotilha (seção) e majestoso balão feito expressamente para esse dia.
Um balão solto às 10 horas da noite indicará ter termi-
Os desenhos que ornam a última página deste número nado a vi itadaexposição.Estaduraránosdias 13, l4c 15.
são do lápis do hábil caricaturista o Sr. Crispim Amaral, que Tabela das entradas:
delicadamente se prestou a obsequiar-nos por este modo. Cada pessoa ......................................... 200 réis
O primeiro deles é uma recordação de viagem, e cum- Menores ............................................... IOOréis
pre conferi-la, para maior inteligência. Criados ..... .. .. ... ...... ..... .. ... ... .. .. ....... .... ... 100 réis
A bordo do paquete em que veio ultimamente parn aqui Os empregados ter-ão entrada franca para si e suas fa-
a companhia dramática do Vicente, vinha também e com mília<;.
destino ao Pará, um padre italiano, consignado ao Sr. D. Os expositores terão entradas grátis.
Antônio de Macedo Costa. O padre não pertence, como Maranhão, l l de janeiro de 1878
todos os outros que são importados da pátria do realejo. à Joaquim Ferreira Barbosa - segundo secretário
j á explorada Ordem dos Capuchinhos; é clérigo secular. e (Publicador Maranhense, 13/1/ 1878, p. 2).
provavelmente o Sr. D. Antônio o mandou vir como espé-
cime da raça, para fazer experiências. O caso é que o carca- EXPOSIÇÃO MARANHENSE
1110110 já se mostrava grato ao prelado paraense, pois tra-
zia-lhe de presente um bonito bicudo muito cantador. No domingo, às 4 horas da tarde foi pelo Sr. presidente
Mas, ao que parece, é difícil de contentar o tal reveren- da Província, na presença da Comissão respectiva e vários
do José da Esperanza, como se chamava ele. cidadãos, inaugurada a exposição promovida a esforços
No porto do Ceará, por exemplo, vendo passar as jan- de alguns artistas.
gadas, concluiu por isso - ex-caredra - que o Brasil está Houve discursos e mais cerimônias de estilo, que não
no grau ínfimo da incivilização. importa descrever, merecendo-nos atenção tão-somente a
Que padre sabido! (...) (Jornal Para Todos, nº 32, de- exposição cm si, que esteve, felizmente, regularmente con-
zembro de 1877, p.6). corrida.
Modesta bastante, quanto à quantidade de objetos
(CENOGRAFIA DE CRISPIM DO AMARAL) expo tos e número de expositores, linha ela o caráter artís-
PACOTILHA tico que lhe legaram seus promotores, com a exibição dos
trnbalhos de suas oficinas, e não o de agregado de curio-
( ...)Têm sido muito apreciados os trabalhos cenográfi- sidades que nada significam nem influem na indústria de
cos do Sr. Crispirn Amaral, ex ibidos no Largo do Kilamey um país, que as exposições têm por principal móvel pro-
e Lisbeth a Tirolesa. (Jomal Para Todos, nº 34, dezembro mover, mas são próprios dos museus.
de 1877, p. 6). Não podendo agora fazer minuciosa de crição dos ob-
jetos expo tos. limüar-nos-emos aos principais.
CARICATURISTA MARANHENSE Não se pode deixar de dar o primeiro lugar nesse certa-
me artístico à vitrine do Sr. José Gaudêncio de Oliveira,
Noticia um jornal da Corte que o noi.so talentoso com- sapateiro; basta dizer-se que, além da variedade de calça-
provinciano Aluísio Azevedo vai publicar brevemente um do:. de homens e senhoras, havia trabalhos do mais apura-
jomal caricato que se chamará Trampolim. (Diário do do gosto e perfeição, dignos de figurarem, com distinção,
Maranhão, 19/1 2/1877, p. 3). em qualquer das maiores exposições do mundo.
A indústria de chapéus foi dignamente representada
EXPOSIÇÃO pelos fabricantes VitoriJ10 José de Almeida e Lrmãos Bluhm.
Os seus trabalhos rivalizava:11-se entre si e podem com-
No dia 13 do corrente, às 4.30 horas da tarde, terá lugar petir com os melhores estrangeiros.
a abertura, na Casa dos Educandos Artífices, da primeira A marcenaria esteve também representada, e a escultu-
exposição promovida pelo Centro Promotor de Exposições ra cm madeira igualmente com os trabalhos do Sr. Joaquim

<V(!) 157 ~
LUIZ DE MELLO

Ferreira Barbosa, a quem, é de j ustiça que se diga, princi- Este moço trabalhador. sempre a lutar com dificulda-
palmente se deve a realização desta Festa do Trabalho, des, e contrariedades de toda d ordem, mas lutando sem-
para cuja consecução foi incansável, sendo ao mesmo tem- pre prazenteiro, mais teria conseguido se fosse devida-
po um dos maiores expositores. mente acoroçoado no sentido de se lhe facilitar o consu-
Um quadro, com o seu retrato, é um primor de escultu- mo de seus produtos já bastante conhecidos nesta e nas
ra, de uma delicadeza admirável, sobressaindo a todos os outras Províncias do Império.
outros trabalhos de entalhador. Voltaremos ao assunco.
Duas cômodas de angico, com as gavetas de almofa- (Diário do Maranhão, 15/1/1878, p. 2).
das abauladas, são lindos trabalhos de marcenaria, além
de perfeitamente acabados. EXPOSIÇÃO MARANHENSE
Expôs também uma cama com bonitas guardas de ta-
lha, com a madeira ao natural para melhor apreciar-se o Sendo hoje o encerramento da lª Exposição Industrial
trabalho. Maranhense, terá lugar, por isso, a venda de alguns obje-
Alguns porta-quartinhas e copos com dois tabuleiros, tos expostos, venda esta que será efetuada ao maior lance.
sendo os segundos guarnecidos por um gradeado aberto A subida de um balão e algumas girândolas de foguetes,
na madeira, expôs também o Sr. Barbosa; revelam estas às 9 horas da noite, anunciarão o encerramento da festa
peças o bom gosto do artista; ao seu acabamento, porém, por este ano.
devido talvez à falta de tempo, não presidiu a mesma corre- Maranh1ío, 14 de janeiro de 1878
ção das outras que expôs; é provável que já conhecidas, A. Freitas - segundo secretário
essas incorreções sejam remediadas. (O Paiz, 1511/1878, p. 2).
Tinham marcado o preço de 25$000 por cada um.
O Sr. Barbosa, já bastante conhecido como artista de EXPOSIÇÃO
gosto e trabalhador, mais confirmou nesse certame os seus
Sr. redator: - Como visitante da Exposição Industrial
créditos.
Maranhense, que ontem inaugurou-se nesta Casa dos Edu-
O Sr. João Paulo de Magalhães expôs um guarda-rou-
candos Artífices, não sei como de prazer e satisfação deva
pa de bacuritiara, dessa linda madeira da qual o artista se
patentear o meu júbilo, vendo coroados do mais feliz êxito os
soube aproveitar das belezas com muito gosto.
esforços empregados pelos agentes dessa dita exposição.
O Sr. José Maria de Lima expôs uma cômoda de angico,
Além dos muitos objetos de arte e curiosidade, primo-
lindo trabalho que mais merece, ao nosso ver, por não ser
rosamente acabados, que vi expostos, não pude deixar de
obra especialmente feita para a exposição, e sim comum de
admirar o grande número de quadros contendo desenhos
sua oficina.
de diversos gostos de trabalho, a maior parte saída de
Na marcenaria e talha, revelou-se um artista, num san-
mãos de senhoras.
tuário exposto.
Notei entre estes o que ofereceu à Exposição a Sra. Olím-
Sem saber desenho, sem cultura, mais que a natural do
pia de Pascoal e Benevides, esposa do limo. Sr. Dr. Francis-
gênio que brota com a criatura e lhe revela predicados que ela
co Maria Corrêa de Sá e Benevides, trabalho aquele que
própria ignora de onde os adquiriu, o Sr. Bento Marcelino como alguns mais que se vêem na galeria dirigida pelo Sr.
Serra conseguiu um trabalho que, se peca por falta de rigor de Domingos Tribuzi, muita honra faz a este veterano da arte.
execução artística, revela muita habilidade, muito gosto, que Não queremos com isto tirar os low-os dos mais artistas
bem encaminhados, com a instrução indispensável, muito se neste gênero de trabalho; tratamos apenas do Sr. Tribuzi,
poderia esperar de quem já soube vencer tantas dificuldades. nosso ex-mestre, pela circunstância de ter ele cooperado para
Os Srs. Carvalho & Cia.• fun ileiros. expuseram várias o aumento da galeria, com 26 quadros de discípulos seus.
obras de lata com os preços assaz econômicos de cada Honra ao Sr. Tribuzi.
uma; revelam elas que o seu estabelecimento tem cami- 14dejaneirode 1878
nhado na senda do progresso e é o primeiro entre nós, na O seu apreciador
especialidade. (0 Paiz, 15/1/1878, p. 2).
A fotografia representou-a o Sr. H igino Soares, que se
recomenda pela perfeição de seus trabalhos. EXPOSIÇÃO PROVINCIAL
Figurava na Exposição uma modesta v itrine, para a qual
n1ío se presta grande atenção, desenhada mesmo por quem Depois de imenso trabalho conseguiu o Centro Pro-
não sabe avaliar o trabaJho, a perseverança, o estudo, o motor de Exposições Industriais abrir a s ua primeira expo-
cabedal de instrução adquirida nos livros e na investigação sição em um dos salões da Casa dos Educandos Artífices
prática para conseguir e fim1ar uma indústria importante, no dia 13 do corrente.
sem dúvida, pois joga ela com os produtos, naturais na Às 5 horas da tarde teve lugar a cerimônia, presidida
maior parte, de nosso país, abandonados e sem aplicação. pelo Ex mo. Sr. presidente da Província.
T rato das conservas alimentícias, dos vinhos, das fru- Os Srs. major Nuno Paes e Freitas, presidente e secretá-
tas conservadas de que é autor o Sr. Domingos Vellez Per- rio do Centro Promotor, proferiram os seguintes discursos:
digão, cujo vinho de caju foi premiado na Grande Exposi- (0 Sr. Nunes Paes:)
ção lnternacional de Filadélfia, vinhos que agora também "Está ao alcance de todos, quanto são a indústria e
expôs com seis anos de fabricados. as artes entre nós pouco apreciadas. A Lriste experiência
O seu vinagre de ananás, que emprega nas conservas de todos os dias impele-nos a avançar a esta lamentável
ali mentícias, é um dos bons produtos de seu fabrico. verdade.

~ 158 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

O primeiro culpado deste abandono é o nosso próprio Concluindo, cabe-me em nome do Centro Promotor da
país, que deixa viver à míngua de proteção o pobre artista Exposição, que nesta ocasião mal represento como um de
e o industrioso, porque ele não os aprecia e os mata com o seus diretores, agradecer a S. Exa. o Sr. presidente da Pro-
seu indiferentismo. víncia o bom acolhimento e auxílio que pôde prestar ao
Voltaire djsse que um povo sem arte está condenado a mesmo Centro, e outro tanto faço ao limo. Sr. diretor deste
viver desconhecido. estabelecimento pelos mesmos motivos.
Compreendendo bem esta verdade, alguns artistas ma- Demitindo-me neste ato do lugar que indevidamente
ranhenses vão reagir contra esse deplorável abandono, e ocupo, peço ao mesmo Ex mo. Sr. presidente da Província a
incorporados criam entre si um Centro Promotor de Expo- honra de dignar-se concluir os trabalhos da inauguração
sições Industriais. que encetei, e aos mais senhores presentes que se digna-
Esta iniciativa é quanto basta para provar o desalento rem de aceder ao convite para honrarem este mesmo ato,
e o indiferentismo voltados à classe dos artistas mara- rendo um voto de gratidão cm nome do Centro."
nhenses .
Mas, a esforços seus, se deve o resultado a que ora (O Sr. Freitas:)
chegamos e que vamos cferuar-se, começando por este Minhas senhoras, meus senhores,
ato - de inauguração da prime ira exposição promovida por
aquele Centro. É hoje um dia mais cm que se manifesta o impulso da
Será portanto mais glorioso o seu triunfo, quanto mais individualidade artística maranhense, em obediência ao pro-
djsputada for a primazia que vão conquistar segundo o apu-
gresso que também por sua vez nos impele para as lutas
ro, o aperfeiçoamento, o gosto de seus trabalhos exjbidos.
industriais. É uma luta, sim, porém os contendores, em vez
Honra para eles, que em sua invejável iniciativa acerta-
de carregarem esses instrumentos de destruição que ca-
ram com o caminho que conduz à civilização e ao progresso. racterizam a guerra mortífera, manejam o cinzel, o escopro,
Falta-lhes, porém, auxílio e proteção, essa bússola ani-
o formão e a enxó que significam a paz e o progresso que
madora que melhor os pode guiar na empresa.
são o bem-estar da Humanidade.
Uma exposição traz sempre benéficos resultados. Ela
A manifestação de que vos falo, senhores, é esta reu-
denota o prestígio e a energia do homem para o aperfeiço-
njão de produtos que em exposição se acham sob vossos
amento das coisas.
olhos; aí cada objeto é a am1a de um contendor; se este,
Foi neste lidar que Jaquard descobriu a forma utilíssi-
pelas suas armas, é mais forte e vence na luta. aquele não
ma de seus teares, e Miguel Ângelo a maneira de arremes-
sar às nuvens a cúpula de São Pedro; e quanto a Francisco entrega a que tem, banhada com as lágrimas do derrotado,
I , este mais se elevou perante a História acatando Leonar- e nem se humilha com a vergonha daquele que entrega as
do da Vinci, do que vencendo batalhas nos campos do annas no campo sanguinolento da destruição. Aqui, um
Milanez. revés é um estímulo que nos dá forças para entrar em ou-
Estes fatos demonstram que os louros do artista são tros cometimentos; ali, uma derrota é uma vergonha que
mais imurchessíveis que os do conquistador. Aqueles dão nos abate para sempre.
vida e salvam, e estes matam e destroem. É esta a grande vantagem que há sobre o resultado da
Entre nós, infelizmente, as artes são apenas um esbo- luta sanguinolenta da guerra e a contenda pacífica e bené-
ço; não temos galerias nem escolas; é-se artista por voca- fica da indústria.
ção ou por curiosidade. Bem, é esta exposição um pequeno passo que damos
Quando a indiferença lavra por esta forma, não admira para avançar a indústria de nossa Província, tão morosa
que as artes sejam ainda entre nós uma planta exótica. no seu caminho. É bem verdade que mal nos poderíamos
Entretanto o Centro Promotor de Exposições acaba de equilibrar para dar agora este ousado passo, se não fôsse-
realizar o seu feliz pensamento, abrindo as portas por onde mos escudados por bons cidadãos q ue nos serviram de
devem entrar o seu cultivo e a sua regeneração. sustentáculos.
O públjco, aproveitando este ensejo, examinará ostra- Um, senhores, foi como que a cabeça que tudo dirigiu;
balhos apresentados. outros, que nos foram sustentáculos, arumaram-nos a avan-
É possível que não agradem a todos, embora. çar porque sem estes até a mesma cabeça conosco carria,
A missão da crítica é mostrar os defeitos e louvar as por falta de terreno sólido em que pudéssemos caminhar.
belezas. Falo dos senhores- Exmo. presidente da Província, Dr.
Não devem, pois, os artistas expositores se agastar F rancisco Maria Corrêa de Sá e Benevides e coronel Rai-
quando por qualquer circunstância lhes for apontada a mundo Jansen Serra Lima, diretor de~ta Casa - que nos
estrada do bom caminho. coadj uvaram, e do Sr. Joaquim Ferreira Barbosa, artista
Com satisfação vos anuncio que se vêem, alistando-se como nós, que nos encorajou para este cometimento".
na falange dos artistas expositores, grandes cópias de tra-
balhos de Belas-Artes, todos acabados por algumas se- - Em seguida, uma excelente orquestra, di rigida pelo
nhoras, que, em auxílio ao Centro vieram j untar a seus Sr. Colás, executou dois ljndos hinos, um do mesmo pro-
títulos honrosos o pobre nome de artista, pelo gosto, ta- fessor e o outro do Sr. Leocádio Rayol, expressamente
Jento e vocação particulares que possuem. compostos para esce dia.
São dignos de todo o elogio e do mruor apreço não só As bandas de música da Casa dos Educandos e do 5º
os trabalhos de que falamos, como a honrosa iniciativa. Batalhão de Infantaria tocaram alternadamente do princí-
Honra, pois, também a essas Ex mas. senhoras que sou- pio ao fim da Festa lndustrial.
beram igualmente compreender o pensamento de Voltaire É digno de todo o louvor o Centro Promotor, pelos
_ O povo que não tem arte vive desconhecido. esforços que empregou para realizar esta exposição, a qual

~ 159 ~
LUIZ DE MELLO

só pode trazer proveito aos nossos artistas que, em abono Desenhos 3 esfuminho
da verdade, não corresponderam como deviam ao que D. Olímpia de Pascoal e Benevides, 1
pelas artes lizeram os diretores do referido Centro. D. Rosa Leite, 1
A primeira coisa que nota quem percorre as vitrines e Domingos Tribuzi, 1
mesas em que se acham os objetos expostos é a pequena Manoel Seve, 1
quantidade de expositores, ainda mesmo para um ensaio, Joaquim José Alves Teixeira, 1
como pode considerar-se esta primeira exposição. João Leite, 1
Não têm os promotores dela a menor culpa disto. Manoel Leite, 1
Organizaram a associação e com a precisa amecipação Augusto Tasso Fragoso,
marcaram a época da exibição. Antônio Fernandes Carvalhal, 1
Demonstrar as vantagens de entrarem todos nesse certa-
me era desnecessário porque são essas vantagens intuitivas. Paisagens coloridas
Bem sabemos que não temos indústria para fazer uma D. Rosa Leite, 1
grande exposição; mas aJi mesmo, naquela Casa, já houve Maria de Andrade, 1
uma exposição em que concorreram expositores da capital Joaquim José Alves Teixeira, 1
e do interior em número pelo menos dez vezes maior. José de Andrade, 1
Porém, se a quantidade foi por demais pequena, há pela Manoel Leite, 1
qualidade muitos produtos dignos de e pecial menção. JoãoLeite, 1
Neste caso estão: os chapéus dos Srs. Vitorino e Bluhm,
que nada deixam a desejar; Paisagens a lápis
O calçado de toda a espécie da oficina do Sr. Gaudên- José de Andrade, 1
cio de Oliveira, trabalho perfeito, como o das melhores Augusto Tasso Fragoso,
fábricas estrangeiras; Antônio Tavares de Carvalho e Silva, 1
Os trabalhos de tanoaria do Sr. Herculano de Almeida; Alfredo Alexandre de Jesus Ferreira, 1
Quase todos os trabalhos de marcenaria. Entre eles há Raimundo N. Matos Pereira, 1
um santuário que se atendendo para a falta de habilitação Desenho especial
do artista. como confessa, merece especial menção; João Afonso do Nascimento, 1
As cuias, perfeita imitação das do Sr. Fernando, e ou-
tras com relevos feitos a canivete. Destas já tivemos oca- Escultura
sião de falar; Joaquim Ferreira Barbosa, 3
Os vinhos, conservas e mais produto , muito conheci-
dos e muito apreciados e já laureados em várias exposições ARTES:
nacionais e estrangeiras do Sr. Domingos Vellez Perdigão; Marcenaria
Os produtos farmacêuticos do Sr. Holanda e dos Srs. Joaquim Ferreira Barbosa, 7
Ferreira & Cia; João Paulo de Magalhães, 1
Os trabalhos de funilaria do Sr. Carvalho, e como estes, Benedito Marcelino Serra, 1
outros que constam da seguinte relação: José Maria de Lima, 1

BELAS-ARTES Chapelaria
Desenho de aquarela Irmãos Bluhm, 18
Autores e expositores: Vitorino José de Oliveira, 15
Manoel Seve, 1
lnácioL.deAlmeida Bílio, 1 Tanoaria
Sebastião Raimundo da Cunha. 7
Desenhos a dois crayons
D. Emília Evarista Gomes, 1 Tinturaria
D. Maria Ana de Andrade, 1 Gouás Felipe, 1
D. Josefa Torreão Pessoa de Lacerda, 1
D. Constança Umbclina Gomes, 1 Tipografia
D. Isabel Jansen Serra Lima, 1 José M. Corrêa de Frias, 2
D. Ana Jansen Serra Lima. 1 Magalhães & Cia., 1
João Pedro Pereira Martins, 2
Geraldo Pereira d' Oliveira, 1 Encadernação
José Maria Alves, 1 A. P. Ramos d' Almeida & Cia. 7
Manoel Seve, 1
Antônio Rodrigues Veloso, 1 Sapataria
Augusto Gonçalves Pereira, 1 José Gaudêncio de Oliveira, 23
Antônio Manoel Lázaro, 1
Pedro de Andrade, 2 Fotografia
José Sebastião Gonçalves Teixeira, 1 Higino Soares, 33

VQ) 160 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fannácia AULA DE DESENHO E PINTURA DE


Joaquim Luiz Ferreira & Cia., 13 JOSÉ MARIA BfLIO IÚNIOR
Eugênio Marques de Holanda, 8
Lista dos alunos que foram premiados com o diploma de
Cuias pintadas honra na Exposição Industrial Maranhense, pelo primeiro
Lcocádio de Andrade Pessoa, 3 júri que julgou os trabalhos de Belas-Artes aLi expostos:
Antônio Rodrigues Veloso
Cuias bordadas Augusto Gonçalve~ Pereira
Severiano Augusto Veloso (expositor) João Pereira Martins
R. A. Portena (autor), 2 1n:kio de Loyola Alccbíades Bílio
Continua a me. ma aula a funcionar na casa nº 1O, Beco
Bordado a ouro em seda: da Lapa, aos domingos e quintas-feiras, das 9 horas da
D. Felicidade Mendes, 4 manhã ao meio-dia, mediante a mensalidade ders. 4$000
D. Josefa Torreão Pessoa de Lacerda, l por aluno, fornecendo-lhes o professor - papel, lápis,
crayons, etc. etc.
O mesmo abaixo assinado continua a tirar retratos a
Bordados a p6 de lã
óleo, n fumo e a preparar quaisquer trabalhos concernen-
Euclides Faria (expositor)
tes ao desenho e pintura, por preços muito moderados.
D. Amélia Faria (autora), 1
Maranhão, 25 de janeiro de l 878
José Maria Bílio Júnior
(Diário do Mara111tão, 261 1/ 1878, p. 3).
Bordado a contas
Colégio No sa Senhora do Canno (expositor) (DA) LISTA SUPLEMENTAR DE ELEITORES DA
D. C. E. B. (autora), 1 PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA
DA CAPITAL
Alfaiataria
Justino Ribeiro da Cunha, l ( ...) 1- Domingos Tribuzi. 68 anos, casado, empregado
público, sabe ler; filho de José Tribuzi, Rua do Sol; l :200$
Correaria rs., elegível. (Publicador Maranhense, 6/4/1878, p. l).
Henrique Elias Neves, 1
AULA DE DESENHO E PINTURA DE
Torneiro JOSÉ MARIA BÍLIO JÚNIOR
Vitorino Gomes LcaJ, 1
Esta aula continua a funcionar aos domingos e quin-
Indústria tas-feiras, das oito da manhã ao meio-dia, na casa nº 26 da
Vinhos, licores, aguardentes, vinagres, conservas ali- Rua da Cascata, quadra entre a Rua Formosa e a da Man-
mentícias, frutas cm consevas, óleos, etc. ga, para onde mudou-se recentemente seu proprietário.
A mensalidade ele cada aluno é de réis 4$000, fornecen-
Domingos Thomaz Velles Perdigão, 14 do-lhe o professor - papel, lápis, crayons, etc.
Antônio F. de Brito Pereira (fabricante de charutos), 8 O mesmo continua a tirar retratos a óleo e a fumo, e a
Fortunato Buzaglo (fábrica de cigarros). 2 preparar qualquer pintura ou desenhos relativos à sua arte.
(Publicador Mara11hense, 2 1/8/1878, p. 3).
Produtos naturais:
Borracha de mangabeira FALECIMENTO DE
Sebastião da Fontoura Chaves, 1 JOSÉ MARIA BfLIO IÚNIOR
(0 Paiz. 15/1/1 878, pp. 2-3).
Ontem sepultou-se nesta cidade o cidadão José Maria
Bílio Jtínior que se dedicava ao desenho e pintura a óleo,
DECLARAÇÃO
em ~ujos trabalhos relevou sempre o gênio artístico de
que era dotado. (Diário do Mara11/ião, 19/2/1879, p. 2).
Entre os expositores que foram premiados, a relação
dos quais saiu publicada neste jornal, por engano deixou- FALECIMENTO
se de mencionar que o expositor Joaquim Ferreira Barbosa
obteve doi prêmios: um de progresso pelos trabalhos de Faleceram nesta cidade, no dia 17 do corrente, José
talha e outro de mérito pelos trabalhos de marcenaria. Maria Bílio Júnior, professor de desenho; e ontem Henri-
Tendo também o Sr. Domingos Tribuzi reclamado con- que Alves da Fonseca, irmão do padre Raimundo Alves da
tra a decisão do júri, a respeito de desenhos, deliberou o Fonseca.
presidente nomear outra comissão, a qual depois de pro- Sentimentamos aos parentes dos finados. (Publica-
ceder ao competente exame, decidiu conferir os prêmios dor Maranhe11se, 2012/1879, p. 2).
de mérito aos quadros de D. Olímpia Pascoal Benevides e
do Sr. João Alves Teixeira, e os prêmios de honra aos de ATO DE GENEROSIDADE
Josefa T. B. Lacerda e Constância N. Gomes.
Joaquim Ferreira Barbosa, segundo secretário O Sr. Jacinto José Maya, reconhecendo o estado de
(Diário do Maranlu1o, 2011/1878, p. 3). pobreza em que ficou a família do falecido José Maria Bílio

~ 161 ~
LUIZ DE MELLO

Júnior, de quem era compadre, não só concorreu com as LISTA DE PASSAGEIROS SAÍDOS NO DIA 4
despesas necessárias para seu enterro, como ainda mais DE JULHO DE 1879, NO VAPOR PARÁ, COM
socorreu a infeliz fam ília com quantias e roupas. DESTINO A BELÉM
Registramos com prazer atos de tanta generosidade e
cavalheirismo, que dão a medida de quem os pratica e sem Marantola Leonarda, Nicolau Dias de Almeida, José da
ostentação. (Diário do Maranhão, 20f2/1879, p. 2). Silva Gomes, Manoel Esteves Feijão, José Francisco Sil-
veira, Agostinho da Silva Costa, Alexandra de S. Pedro,
MISSA-CONVITE Helena Ana, Maria da Glória Augusta. Joaquim Teodoro
Matos de Aguiar, Domingos Tribuzi, Antônio Regino de
D. Ana Clara de Oliveira Bflio, José Maria Bwo (ausen- Carvalho. (O Pai:, Sn/1879, p. 3).
te), Inácio de Loyola Alcebíades Bílio, Jacinto José Maya
e Antônio José Leite agradecem do íntimo da alma a todas MESMA LISTA NO DIÁRIO DO MARANHÃO:
as pessoas que caridosamente acompanharam à sua últi-
ma morada o féretro de seu sempre chorado e extremoso Marantela Leonarda, Nicolau D. Almeida, José da Silva
marido, pai e compadre José Maria Bflio Júnior, e convi- Gomes, Manoel Esteves Dias Feijão, José F. da Silveira,
dam a todos os seus parentes e amigos para assistirem à Agostinho da S. Pedro, Helena Ana, Maria da Glória Au-
missa de sétimo dia que será rezada no dia 24 do corrente, gusta, Joaquim Teodoro M. de Aguiar, Domingos T. A. R.
na igreja de Nossa Senhora das Mercês, às 6.30 horas da de Carvalho. (Diário do Maranhão, 61711879, p. 3).
manhã.
Maran hão, 20 de fevereiro de 1879. (Diário do AVISO
Maranhão,221211 879, p. 3).
DOMTNGOS TRI BUZI retirand o-~e para o Pará e não
ÓBITOS podendo despedir-se pessoalmente das pessoas de sua
amizade. visto achar-se atacado de bériberi, fá-lo por este
Sepultaram-se no Cemitério da Santa Casa de Miseri- meio, pedindo-lhes desculpas dessa falta involuntária e
córdia os seguintes cadáveres: oferece-lhes seus limitados préstimos naquela Província.
Maranhão,2 dejulhode 1879.
Dial8:
(Diário do Maranhão, 8nl 1879, p. 3).
(...)José Maria Bílio Júnior, maranhense, 44 anos. Tísi-
ca pulmonar. (Publicador Maranhe11se, 22/2/1879, p. 2).
MÚSICA LITOGRAFADA
BELAS-ARTES
O conhecido desenhista d' A Flecha está litografando
DESENHO E PINTURA
a val<>a Zica, de composição do Sr. A. Rayol.
É o primeiro ensaio de trnbalho deste gênero na Pro-
Domingos Tribuzi recebeu de Paris lindos traslados de
víncia.
desenho e de marinha, ornamentos, figuras, ílores colori-
Oxalá produza o resultado esperado para que possa a
das, paisagens e estudos de aquarela; ensina estes ramos
litografia ser aqui aproveitada para muitos outros trabalhos
de pintura em sua casa nos domingos. quintas-feiras e em
em que é aplic<!,da. (Diário do Maranluio, 28/12/1879, p. 3).
outro qu alquer dia que conve ncionar. (Diário do
Maranhão, 1°/5/ 1879, p. 3).
DESENHISTA CONTRATADO
COZINHEIRO ITALIANO Para um novo jornal que vai ser fundado no Rio e terá
de se publicar mensalmente, foi contratado como dese-
Domenico Cavallieri, cozinheiro, oferece seus serviços nhista o nosso hábil comprovinciano Sr. Aluísio Azevedo,
para qualquer casa de famíl ia pelos preços dos mesmos que brevemente seguirá e já por conta da empresa que o
nacionais. Pode ser procurado em casa do Sr. Domingos convidou. (Diário do Maranhão, 91111880. p.2).
Tribuzi, Rua de São João. (Diário do Maranhão, 2416/
1879, p.4). NOVA LIVRARIA

TRIBUNAL DA RELAÇÃO Na Rua de Nazaré, baixos do sobrado onde esteve a


EDITAL antiga casa Duchemin & Companhia, abre hoje o Sr. Luiz
de Aguiar Magalhães uma nova livraria sob Luiz Maga-
De ordem do Sr. Ex mo. conselheiro presidente da Rela- lhães & Neves, porque a ela se associaram os Srs. Avelino
ção se faz público que, cm observância do que dispõe o Rosa Neves e Manoel Correia Rodrigues. ( Diário do
an. 45 do decreto 5.618, de 2 de maio de 1874, tem marcado Maranhão, 141211880, p.2).
o dia 12 do corrente pelas 1Ohoras da manhã, na Casa de
Despacho da Relação para proceder-se ao exame requeri- QUADRO A ÓLEO
do por Augusto Tribuzi que pretende advogar no interior
desta Província. - Secretaria da Relação de São Luís do Hoje o Sr. Aluísio Azevedo expõe no bazar dos Srs.
Maranhão, 1° de julho de 1879 - Adriano A. Barradas - Magalhães & Companhia um quadro pintado a óleo sobre
secretário da Relação. (0 Paiz. 3n/ l 879. p. 3). assunto histórico.

<Vê) 162 <Vê)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

É o primeiro trabalho neste gênero deste nosso com- Se a pintura tem defeitos, como é natural, não se pode
provinciano, que em tantos outros tem dado prova de ta- deixar de reconhecer em seu autor talento, pois o trabalho
lento. (O Pai:., 9/4/ 1880, p.2). é todo de sua composição e dá idé ia de uma dessas horro-
rosas cenas de sangue tão freqüentes nas guerras civis.
EXPOSIÇÃO (0 Paiz. 17/411880, p.2).

Está exposto na livraria dos Srs. Luiz Magalhães & CENTENÁRIO DE CAMÕES
Neves um quadro a óleo, trabalho do Sr. Aluísio Azevedo,
cujas habilidades e aptidões são conhecidas. A idéia que ontem apresentamos para comemorar-se o
Representa o quadro os destroÇos. depois de uma barri- Centenário de Camões tem merecido a aprovação de mui-
cada, em que se vê grande número de pessoas, soldados e o tas pessoas.
povo, caídos aqui e ali, em posições diversas e os tipos pcr- Do honrado Sr. comendador Moura recebemos a se-
feitameme salientes. (Diário do Maranhão, 10/4/ 1880, p. l). guinte carta que publicamos por amor à idéia que sus-
tentamos, agradecendo ao seu autor as não merecidas ex-
PINTURA pressões que nos dirige.
Consinta V. que lhe dê um aperto de mão - não por
Logo que a respeitável Irmandade do Santíssimo Sa- alimentar uma idéia, certém1ente mais desenvolvida, seme-
cramento da Sé fez anúncio, chamando concorrentes à pin- lhante à que aninho na mente com relação à comemoração
tura da sua capela, A Flecha arrogou-se o direito de defen- do tricentenário de Camões, como por externá-lo no notici-
der a arte e o bom gosto. e disse algumas palavras em ário do número de hoje, otimamente patrocinado pela au-
favor da necessidade da conservação da pintura existente toridade e(...) gio que lhe advém da ilustração e proriciên-
na capela, atendendo à sua qualidade e antigüidade, vi to cia com que redige um jornal tão lido e conceituado, como
como, sendo aquela a única pintura mural afresco que o é O Pai:..
Sim senhor; desde que é impossível solenizar-se o JO
Maranhão possuía, tornava-se por isso, embora não fosse
de junho com uma sessão literária cm vista dos motivos
de superior importância, uma relíquia artística e como tal
que V. aponta, desde que fica aquém do merecimento do
no caso de ser conservada.
Príncipe dos Poetas portugueses, e fica realmente, a colo-
Mas a respeitável IrmanJade do Santíssimo Sacramen-
cação de um busto ou outra memória no palacete da Soci-
to da Sé não leu A Flecha ou as suas flechadas, por muito
edade Humanitária lº de Dezembro. é fora de dúvida mais
débeis, não atingem a altura das convicções da referida
grata aos corações benfazejos e à humanidade desvalida a
respeitável Irmandade.
aceitação da proposta de conve11er-se em títulos de renda
E. pois, fez- se a pintura da capela.
o produto da subscrição que se tenta promover, aplican-
Quando, assistindo aos atos da Semana Santa, olháva-
do-a sob a adequada denominação de Obolo de Camões a
mos para aquelas paredes, onde uma camada de tinta azul
minorar as necessidades de ce110 número de fammas po-
mecanicamente moída a óleo cobria sacri !egamente wna obra
bres no próximo 10 de junho.
de arte, subia-nos à garganta o nó da indignação.
É idéia eminentemente cristã, útil e civilizadora.
Pouco a pouco, porém. fomos reíletindo com mais cal-
Bem haja pela sua manifestação.
ma e a resolução da respeitável Irmandade do Santíssimo
Maio, l 5 de 1880
Sacramento da Sé mostrou-se-nos por uma face mais razo-
De V.etc.
ável e justa. João Ribeiro de Moura
Efetivamente, não ha\ia razão da parte d'A Flecha,
(0 Paiz, l7/5/ 1880, p.3).
para impugnar o ato da respeitável irmandade, pois que
esta só cuidou em conservar a preciosa pintura da capela. CENTENÁRIO DE CAMÕES
cobrindo-a de umas pinceladas de tinta que a garantem
das ofensas do tempo. (... )Vai a Real Sociedade Humanitária 1ºde Dezembro
Tenha A Flecha certeza que a pintura nunca foi mais festejar o Centenário de Camões.
bem conservada: está debaixo da tinta azul. (... ) Às 6 da manhã - hastcamento das bande iras por-
Appelino tuguesa e brasileira, embandeirando-se também o pátio da
(A Flecha 11ºXX:XY, abril de 1880, pp. 278-9). entrada.
A sala principal estará convenientemente decorada ten-
(Da lista geral de eleitores qualir.cados votantes da do no centro, em lugar apropriado, o busto do grande po-
Freguesia de São João Bati La da Capital) eta perante o qual se realizará às 8 horas da noite uma
Nº 421 - João Manoel da Cunha Junior, 45 anos, casado, modc ta sessão literária na qual scr:ío recebidos com es-
artista, sabe ler, füho de João Manoel da Cunha, R. de São pecial agrado os cavalheiro que se dignarem pronunciar
João; renda presumida 800$, natureza de sua profissão, in- discursos ou recitar poesias análogas ao ato.
formações de pessoas idôneas. (0 Paiz, 14/4/1880, p.7). (...)À noite será iluminado a gás o fronti spício do hos-
pital. (O Paiz, 5/611880, p.3).
O QUADRO DO SR. ALUÍSIO
DOMINGOS TRIBUZI
o quadro do Sr. Aluísio, exposto na Livraria Maga-
lhães, na Rua de Nazaré, representa uma barricada depois No domingo, às l l horas do dia, fal eceu repentinamen-
de tomada. te na cidade de Belém o muito conhecido professor de

<VQ) 163 <VQ)


LUIZ DE MELLO

desenho Domingos Tribuzj, lente aposentado do Liceu s ua custa caiá-las, pintar 1oàa :\ capela-mor e preparar o
des ta Província. templo paro nele terem lugar os atos da Q uaresma. (Diário
Há poucos meses que se reti rou para aque la capital, do Maranhão, 15/3/ 188 1, p.2).
onde ainda se entregava ao ensino, não obstante a idade,
e ti nha mu ito que fazer. ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
Aos seus parentes apresentamos os nossos sentimen- Expedie nte
tos. (Diário do Maranhão, 91611 880, p.2).
Pareceres:
DOMINGOS TRIBUZI ( ...) da de Petições detenninando por projeto autori-
zando a Pre idência a conceder a Luiz Perdigão um em-
Sobre o falecimento do Sr. Domingo Tribuzi, triste acon- présti mo de 780$000 para estudar pin1ura na Europa. (...)
tecimento que as folh as do Pará anunciam, lê-se na Pro- (Diário do Maran/zão, 5/4/188 1, p.2).
víncia:
Falecimemo: Vítima de um insulto apoplérico, faleceu EXPOSIÇÃO DE PINTURA
anteontem (6) o prof essor de desenho Domingos Tribuzi.
O finado era natural da lt6/ia, e tendo ido há longos No salão do estabelecimento deste j ornal expôs a Li-
anos para o Maranhão, aí exerceu o cargo de professor de vraria Uni versal uma coleção de quadros olcográlicos dig-
desenho dv Liceu Maranlrense e do esrabelecimemo dos na de ser visitada. (Diário do Ma ranhão, 7/4/ 188 1, p. 2).
Educandos Artífices, tendo-se ultimamente aposemado no
primeiro daqueles cargos e removido sua residência para RETRATOS DE MINISTROS
esta capital, onde prosseguia no mesmo ensino.
Era chefe de não pequena fam11ia; foi preceptor, no que Está exposto na livraria dos Srs. Ramos d ' Almeida &
dizia respeito a sua profissão, de grande parte dos mara- C ia., na Rua de Nazaré, um quadro em que se vê os retratos
nhenses que hoje ocupam decente posição na sociedade, dos sete membros que compõem o atual gabinete de 28 de
sendo geralmente estimado por suas reconhecidas virtudes. março de 1880. O quadro é comemorativo à lei de 9 de
- Disse a excelente fo lha paracnsc a verdade . Domin- j aneiro último, a que estabeleceu a e le ição direta.
gos Tribuzi foi mestre de muitos maranhcnses que se acham Recebe a mesma assinatura por 10$ de quem quiser
em várias posições sociais, e entre nós era tido corno con- possuir tal quadro .
terrfü1eo, estimado como irmão. (0 Pa iz, 20/6/1 880, p. I ). As pessoas que quiserem conhecer, sem ir ao Rio, os
atuais nomes que tudo podem , querem e mandam , estão
HOSPITAL PORTUGOOS habilitadas, sem despesa alguma, vis10 que nem obrigató-
ria é a ::issinatu ra. (Diário do Maranluio, 27/4/ 188 1, p. 2) .
( ...)Na mesma sessão a diretoria declarou que na sala
régia do Hospital fosse colocado o retrato de seu falecido DESENHO LINEAR
consócio Miguel A. M. Peixoto, cm sinal de gratidão aos
N o Colégio São Sebastião, Rua do Sol 58, funciona
importan tes serviços por ele prestados à Sociedade. ( ...)
uma aula de desenho às terças, qui ntas e sábados, das 7
(Diário do Maranhão, 61811880, p.2).
às 9 da manhã.
Dirige-a, além da de francês à noite, o Sr. Luiz Barbosa
DISTINÇÃO EM EXAME
que para esse mister também se j ulga apto, po is c ursou
dois anos a Academja de Artes e Manufatu ras de Paris.
Foi aprovado com distinção no exame do 1º ano do Cur-
(Pacoriflw, 3 1/5/188 1, p.2).
so de Bclas-Anes, em Lis boa, o Sr. Manoel José Gonçal ves
Viana, que por alguns anos aqui esteve, nesta cidade, em-
LEON RIGIIlNI
pregado na casa comercial dos Srs. José Joaquim de Azeve-
do Almeida & Cia. (Diário do Maranhão, 2 1/ 11/1880, p.2).
O paisagista italiano Leon Righi ni pintou em aquarela
uma vista da c idade de Belém do Pará. que os Srs. Tavares
DO RELATÓRIO DA REAL SOCIBDADE Cardoso & Companhia, proprietários da Livraria Uni ver-
HUMANITÁRIA 1° DE DEZEMBRO: sal, vão mandar copiar em cromolitogralia. (Pacotilha, 7/
6/188 1, p.2).
( ...) Resolveu a diretoria mandar tir:ir a óleo os re tratos
dos seguintes sócios benfe itores:
PACOTILHA NO PARÁ
José Maria Corrêa de Frias, Joaquim Luiz Ferreira, Mi- JOÃO AFONSO
guel Joaquim Machado de Abreu Pe ixoto, José Martins
Dias Alves Nogueira.
Pará, 14dejunho
Esperamos, po is, que apro veis as deliberações toma- Fui à Livraria Uni versal dos Srs. Tavares Cardoso &
das. (Diário do Maranhão, 13/3/ 188 1. p. l ). Cia. ver a vista da cidade de Belém pintada pelo Sr. Righi ni.
Este artista já é conhecido de muitos anos no M aranhão.
IGREJA CATEDRAL No botequim e na sala de espera do Hotel da Europa dessa
capital estão uns quaLro a seis quadros a óleo, paisagens
S. Exa. Rvma. atendendo ao mau esiado cm que se copiadas d'aprés nature por aquele artbta, de sítios mara-
acham as paredes internas da igreja Catedral, mandou à nhenses; e muita genle se há de lembrar de duas boas
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

aquarelas que ornavam aí o estabelecimento de cabeleirei- LOJA DE SANTEIRO


ro do Sr. Ory filho e que hoje acham-se no Pará, continuan-
do a sua missão de fazer prutc da casa cheia de conforto e Já está efetivamente mudada da Rua Grande para a da
de chie do referido Sr. Ory. Estreia, como consta do anúncio publicado, a loja de san-
A vista do Pará é também uma aquarela. Se nos dois teiro do Sr. Virgílio de Sousa Máximo.
trabalhos que representam o Maranhão o Sr. Righini ope- Ele promete ser bom para os fregueses, e isto basta
rou um rour de force que só por si constitui-lhe uma repu- para que o recomendemos à sua preferência e amizade.
tação de aquarelista de primeira ordem - o céu sereno, (Diário do Maranhão, 161711881, p.2).
calmo, desanuviado, transparente, azul, de uma tinta doce
e uniforme que só quem tem se achado com um fraco pin- OFERTA
cel entre os dedos embebido em poucas gotas de tinta
pronta para secar, para cobrir de uma só cor uma grande A Companhia de Navegação a Vapor do Maranhão ofe-
folha de papel áspero e granuloso é que poderá avaliar receu à Presidência da Província uma figura de ferro para
quanto é dificultoso, - neste ele variou de assunto e esco- ser colocada no chafruiz do Jardim Público.
lheu um dia carrancudo e chuvoso. Grupos de nuvens Em nome do Governo agradeceu S. Exa. à mesma compa-
escuras correm no ar, e a espaços largas fachas de chuvas nhia esta oferta. (Publicador Maranhense, 2217/188 1, p.2).
caem obliquamente sobre a cidade. Em alguns lugares apa-
rece o céu teimosamente safírico dos climas tropicais e SR. JOÃO AFONSO
estes contrastes forneceram ao artista contrastes habil-
mente aproveitados para pintar o casario da cidade, nuns O nosso comprovinciano João Afonso do Nascimento
lugares mergulhada em sombras, noutros mostrando ba- foi nomeado despachante-geral da Alfândega do Pará, na
nhados de uma luz crua, intensa, implacável, os seus edifí- vaga aberta pela exoneração concedida ao Sr. Raimundo G
cios pintados a cores vivas. da Cunha Cardoso. (Diário do Maranhão. 27/9/188 1, p.2).
Não posso responder pela fidelidade do panorama, que
só uma vez avistei, na passagem rápida de um vapor. H á 28 DE SETEMBRO
tal vez um abuso de colorido nas figuras do primeiro plano,
a bordo dos pequenos botes que sulcam o rio - o que Para comemorar o dia de hoje e em honra do falecido
prova que, não obstante a s ua longa residência no Brasi l, Visconde do Rio Branco José Maria da Silva Paranhos,
ainda na pintura do Sr. Righini há uns restos da vivacidade autor da lei de emancipação dos escravos, da qual é este
italiana; mas o que é verdade é que como paisagem propri- dia o 10° aniversário, principiou, no salão do escritório
amente dita - o que, aliás, é a especialidade desse artista - deste jornal, a exposição do busto em tamanho natural do
a vista do Pará é um bom trabalho. Céu e mar, aquele do eminente estadista, que tem sido bastante visitado. (Diá-
modo que já imperfeitamente descrevi, este rolando as suas rio do Maranhão, 28/911881, p.2).
águas barrentas de rio que se estira em Jeito de taba tinga -
são de um acabado artístico. SALÃO DE CABELEIREIRO
Os proprietários da Livraria Universal, possuidores LOUISORY
deste quadro, vão fazê-lo cromolitografar em Paris e abri- LARGO DO CARMO Nº 11
ram uma assinatura para quem quiser ter uma boa reprodu-
ção dele. (Pacotilha, 17/6/188 1, p.2). Especialidade de penteados de senhoras para bailes e
casamentos, grande sortimento de postiços para homens
PINTURA e senhoras, sendo cabeleiras, chinós, tranças, coques, ro-
los, crespos, crespinhos, ondeações, etc.
Tivemos ocasião de apreciar um bem-acabado traba- Neste estabelecimento recebe-se encomendas de qual-
lho do Sr. Edmundo Mendes. É uma linda paisagem a aqua- quer trabalho de cabelo e monta-se álbuns com desenhos
rela, represenLando o pitoresco lugar junto ao Rio São João. de variados gostos, facilitando por este meio as encomen-
Aconselhamos ao Sr. Edmundo que continue a dedi- das mais exigentes.
car-se neste gênero de trabalho, porque com isso muito Todos os trabalhos feitos neste estabelecimento são
lucrará a pintura da nossa pátria que não deixará na obscu- garantidos.
ridade o nome de talento tão robusto. Desenhos de cabelos de todos os gostos em quadros,
Desculpe-nos o Sr. Edmundo se rasgamos o véu da medalhas, cadeias para relógios, tranças para anéis, pul-
modéstia em que se envolve, mas o deve r de bom amigo e seiras, trancelins, etc. etc., alfinetes para gravatas, adere-
0 desejo de tomar conhecidas as suas habil itações a isso ços e abotoaduras completas. (O Paiz, 27/10/1881, p. 4).
nos impele. (Pacotilha, 8/7/ 188 1, p .2).
RETRATO DE MARTINUS HOYER
RETRATO EM EXPOSIÇÃO
A diretoria da Associação Comercial reuniu-se hoje e
Depois de amanhã estará em exposição, na casa dos del iberou abrir uma subscrição, que ali se acha à disposi-
Srs. Magalhães & Neves, um retrato a óleo do Sr. Agosti- ção de quem quiser subscrever, para o produto ser aplica-
nho e. Fragoso, trabalho do habilíssimo artista português do em um retrato a óleo em ponto grande do falecido nego-
Pedro Afonso Pequito, de Lisboa. (Diário do Maranhão, ciante Martinus Hoyer, em prova do apreço e lembrança
16n/I 881, p. I). do comércio do Maranhão.

~ 165 ~
LUIZ DE MELLO

O retrato deverá ser colocado na sala em que funciona provas de consideração que tem 1-er.ebido, subscreveu para
a diretoria. (Diário do Maranhão, 231 l2/188 I , p.2). as despesas que têm de ser feitas com um novo pano de
boca, a quantia de 225$, quanto faltava na subscrição aberta.
RETRATO DE MARTINUS HOYER É digno de todo o louvor o ato espontâneo que regis-
tramos com prazer, dando conhecimento ao público. (Diá-
Até hoje às 2 Y2 da tarde, quando foi retiiada a lista, rio do Maranhão, 4/4/1882, p.2).
estavam subscritas, na Casa da Praça, as seguintes quan-
tias para o retrato do negociante M. Hoyer: DESENHO LINEAR
Hermenegildo Jansen Ferreira .... .. ....... 20$
Trajano A. Valente ....................... ........ 20$ Está a concurso por 30 dias, a datar de 25 do cadente,
José Moreira de Sousa ........................ 20$ a cadeira de desenho linear e topográfico do Liceu da Pro-
José Antônio da Silva Santos ............ .. 3al> víncia, com exercício na Casa dos Educandos. (Diário do
Antônio Cardoso Pereira .............. .. ..... 20$ Maranhão, 30/511882, p.2).
José João Alves dos Santos .......... .. .... 50$
João Pedro Ribeiro ............... ............... 50$ RETRATO DE MARTINUS HOYER
Francisco Rodrigues Lopes................. 10$
Cândido César da Silva Rosa ........ .. ..... 20$ Chegou no vapor Braganza o retrato daquele nego-
Miranda, Si lva & Viana ........ .. .............. 20$ ciante que tão bom nome deixou na Província, e que é
Almeida Junior & Cia . .. ........................ 10$ destinado à saJa de sessões da diretoria da Associação
Vinhaes & Couto .. ............................... 20$ Comercial, onde vai ser colocado.
João Tavares da Silva ...... ...... ...... ........ 20$
Por baixo lê-se esta inscrição:
Nogueira&Almeida ............................ 10$
HOMENAGEM DO COMÉRCIO DO
Temístocles Aranha .. ........................... 10$
MARANHÃOAMARTJNUS HOYER
Total: ................................. .. ............... 380$
(Diário do Maranhão, 26/6/ 1882, p.2).
(Diário do Maranhão, 26/12/188 l, p.2).
MEDALHA COMEMORATIVA
RETRATOS
O nosso bom amigo Sr. Domingos Perdigão, atualmen-
De Lisboa chegaram por encomenda feita por intermédio
te em Portugal, brindou-nos com uma das medalhas de
dos Srs. Luiz Magalhães & Cia., ao distinto artista Pequito, os
prata, comemorativa das festas pombalinas, em Lisboa.
retratos dos Srs. Rodolfo Castro e dos negociantes falecidos
De um lado vê-se o retrato do Marquês de Pombal, e
Antônio Domingues Costa, desta cidade, e Epifârtio Biten-
court, de Caxias. (DiáriodoMaranhiío, lº/2/1882, p.2). circulando-o aquele nome; no verso lê-se esta inscrição
também em círculo:
OFíCIO DA CASA IMPERIAL
PRIMEIRO CENTENÁRIO - 8 DE MAIO DE
A Marcos e Abreu 1882
Rio de Janeiro, em 8 de fevereiro de 1882. - Umo. e e no centro:
Exmo. Sr. - Levei à augusta presença de Sua Majestade o OS ~STUDANTES DE LISBOA
fmperador o ofício de 31 de dezembro do ano passado em
que S. S. pondera: No gabinete desta redação fica aquela medalha à dis-
Que finda ex-vi do disposto no ofício desta Mordomia posição das pessoas que a desejarem ver. (Diário do
de 19 de janeiro de 1880 - a pensão de 300 francos men- Maranhão, 27/6/1882, p.2).
sais, concedida a Francisco Franco de Sá, que tenciona
brevemente regressar ao Brasil para aqui exercer a arte a COMPANHIA LfRICA
que se dedicou, conformando-se com as intenções do
mesmo Augusto Senhor: Chegaram hoje no vapor Bahia os seguintes artistas
(...)E o mesmo Augusto Senhor, de tudo inteirado, e de esperados pelo Sr. Muzella, e que formam a companhia
acordo com as razões. por S. S. ponderadas, determinou- que vai trabalhar.
me que declarasse a S.S. que ficam aprovadas as referidas A.vali - prima-dona.
alterações indicadas no seu citado ofício. - Aproveito a Springer - dita
ocasião para renovar a S. S. as seguranças da minha muito Adelia Berio - contralto
alta estima e distinta consideração. - AS. S. o Sr. Marcos Dominici - barítono
Antônio d' Araújo e Abreu. Bonora - baixo
Barão de Nogueira da Gama Arrighi - tenor
(Livro de Offcios da Mordomia da Casa Imperial, Rio Gonzales- com primário
de Janeiro, 1882. Acervo do Arqu ivo Nacional). Adélia - dito
O primeiro espetáculo é como está anunciado, no pró-
PANO PARA O TEATRO ximo sábado com a ópera li Trovatore.
O guarda-roupa da companhia veio à entrega dos Srs.
A Empresa Dramática Ribeiro Guimames & Cia., queren- Manoel Loureiro & Cia., negociantes desta praça. (Diário
do demonstrar a sua gratidão ao público maranhense pelas do Maranhão, 22/8/1882, p.2)

<?./Q) 166 <?./Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

JOÃO MANOEL DA CUNHA Sem que tenha em vista prejudicar a quem quer que
sej a, devo entretanto fazer conhecido do público, para
Não tendo chegado do Pará o cenógrafo Crispirn Ama- quem tanto se apela e cuja generosidade se pretende ex-
ral, que vinha preparar algumas vistas para os espetáculos plorar, que não considero a nenhum dos artistas principais
da Companhia Lírica do Sr. Muzella, foi disso incumbido o no caso de poder razoavelmente alegar pobreza ou misé-
Sr. João Manoel da Cunha, que já deu princípio a uma linda ria, desde que, em 43 dias de trabalho receberam, como o
vista representando um castelo, que será apresentada na Sr. Arrighi, 1.800$; o Sr. Dominici 1.050$ e a Sra. Springer
ópera ll Trovatore, estréia da companhia. 1.050$, além do benefício concedido a esta, do qual lhe
O Sr. Muzella tem se esforçado o quanto é possível res ultou a soma de 1.200$.
para oferecer ao público espetáculos agradáveis e bem Os documentos que provam a minha quitação com os
preparados. (Pacotilha, 25/8/1882, p.3). referidos artistas, coristas, músicos e dem ais empregados
acham-se depositados no escritório do j ornal Pacotilha, à
TEATRO dis posição de quem os quiser examinar.
Devo também declarar que em tempo oportuno foram
Foi esplêndida a estréia da Companhia Urica. O mérito postas por mim, à dis posição de músicos e coristas, as
real dos artistas que a compõem vencendo a natural reser- passagens de volta a que têm direito, em virtude dos seus
va com que o público assistiu ao espetáculo, arrancou contratos.
calorosos aplausos e ovações. E realmente foi justiça. Maranhão, 27 de outubro de 1882
( ...)A vista do 4º Ato, pintada pelo Sr. João Manoel da Pascoal Mário Muzella
Cunha, produziu o mais brilhante efeito, não obstante ter
sido preparada às pressas. (Pacotilha, 28/8/1882, p.3). Companhia Lírica
O abaixo assinado declara aos Srs. assinantes de ca-
TEATRO marotes e cadeiras da Companhia Urica, que ainda não
satisfez a importância das três récitas que esta não pôde
Ao Sr. P. M. Muzella, empresário da Companhla Lírica dar em conseqüência da s uspensão dos espetáculos por
foi concedida a subvenção de 3:000$000 de réis, sendo ordem do Governo, pelo motivo de haver sido, sem funda-
expedida ordem ao tesoureiro das Loterias para que ponha mento algum, embargada, por alguns artistas, a s ubven-
à disposição do inspetor do teatro a quantia de l :000$000 ção de três contos de réis que lhe fo i concedida pela Presi-
dência da Província.
de réis, por conta do benefício das Loterias deste edifício
a fim de ser aplicada no preparo e decoração do cenário. Esta soma, que o abaixo assinado podia ter rece bido
(Diário do Maranhão, 4191 1882, p.2). em tempo, não o fez, reservando-a, como garantia a qual-
quer déficit que porventura se desse na sua empresa; -
logo, porém, que pe los juízes ou tribunais seja reconheci-
RETRATO A CRAYON
do o direito e a justiça do abaixo assinado, e possa levan-
tar aquela soma, os Srs. assinantes serão prontamente in-
O cenógrafo Crispim Amaral, atualmente no Pará, ofe-
denizados.
receu em despedida ao maestro Carlos Gomes, um seu re-
Maranhão, 27 de outubro de 1882
trato por ele desenhado e como recordação da visita do
PASCOAL MÁRIO MUZELLA
distinto brasileiro. (Diário do Maranhão , 15/9/1882, p.2).
(O Paiz, 28/1011882, p.2).
TE ATRO
A QUESTÃO DA COMPANHIA LÍRICA ITALIANA
AO PÚBLICO
Tanto anteontem como ontem foi cabal o desempenho
da ópera de Verdi - Un bailo in moschera. No Di6rio do Maranhão de ontem, Inácio José de San-
(...)Muitas palmas de flores foram dedicadas ao artista. ta Rosa, violoncelista que esteve a serviço da Companhia
Foi a ópera de melhor desempenho que a empresa tem Lírica, fez publicar um artigo, aranzel, pasquim ou coisa
conseguido levar. que peio nome não perca, procurando contestar a declara-
As vistas do último Ato, pintadas pelo Sr. Cunha são ção por mim, há dias publicada, nos jornais Paiz e Pacoti-
de brilhante efeito. (Diário do Maranhão, 29/9/ 1882, p.2). lha, dando conhecimento ao público de que nada devia ao
pessoal da minha companhia.
AO PÚBLICO Voltando hoje à imprensa, não o faço senão por defe-
rência ao público que nos julga, a quem de novo asseguro
Constando-me que se propunha com alguma insistên- que nada devo a nenhum artista, corista ou qualquer empre-
cia que eu, na qualidade de empresário da Companhia Líri- gado, como já o disse e provam os documentos que ainda
ca, deixei de cumprir com os compromissos a que me obri- se acham à disposição de quem quiser ver, no escritório da
guei nos contratos que firmei , devo declarar que não m.e redação da Pacotilha, acrescentando, agora, já que a isto
acusa a consciência de haver faltado a uma só das condi- me obriga Santa Rosa, que lhe paguei mais 30$000 além dos
ções estipuladas, por isso que todos os artistas, músicos vencimentos a que tinha di reito pelo seu contrato.
e demais empregados da companhia foram sempre pagos Se Santa Rosa se considera com direito a qualquer re-
com a maior pontualidade, e muitos deles antecipadamen- clamação justa, por que não procura os meios legais para
te, até o dia 10 do corrente, quando, em virtude de ordem promover a sua indenização? Seria isto mais acertado e
do Governo, foram suspensos os espetáculos. decente do que se servir da imprensa por meio de publica-

~ 167 ~
LUIZ DE MELLO

ções que primam pela cortesia e delicadeza, prestando- JOÃO MANOEL DA CUNHA
se, taJ vez, a instrumento de alguns dos meus desafetos
gratuitos, que utilizando-se do seu préstimo procuram ofen- O Sr. Pascoal Mário Muzella deve a João Manoel da
der também a pessoas alheias inteiramente à questão, sem Cunha, 1Ode outubro de 1882:
olhar os meios, sejam eles embora os mais torpes e abje- Pintura que fiz para a Nonna, constando de
tos, contanto que, sem responsabilidade, me possam ferir. um fundo com cortina e dois bastidores ........ 30$(XX)
Declaro a Santa Roc;a que pode ele ou outros prosse- Para o Rigoletto, três trainers representando
guirem nos seus in!.ultos; cu, porém, em taJ terreno não porcas e muros ................................................ 20$(X()
posso descer para lhes dar palavra. Para o Baile de Máscaras - uma montanha .... 30$(XX)
Dois bastidores de cortina para servirem de
Considero a imprcnc;a com um lim muito mais nobre e
reguladores ..................................................... 30$(XX)
elevado que é o de entreter o público com a leitura de
Um retrato ....................................................... ~
escritor onde transpira o insulto grosseiro a par de asser- TOTAL .......................................................... l20$(XX)
ções que desconhecem a verdade. (OPaiz,4/ 11/1 882,p.2).
Maranhão, 3 de novembro de 1882
Pascoal Mário Muzclla OS JORNAIS
(Pacmilha, 3/ 1111882, p.3).
(...)O Sr. João Manoel da Cunha protesta contra a de-
NEGÓCIOS DA COMPANHIA LÍRICA claração, há dias publicada, de que o Sr. Muzella diz achar-
se quile com todos os artistas e empregados da Compa-
Sr. redator- Por me achar sempre ocupado e trabaJhan- nJúa Lírica da qual era empresário; e apresenta uma conta
do para subsistência de minha numerosa família, não me na importância de 120$000, com excesso de serviço, e da
resta tempo para ler gulCta!., e por i!.so só hoje é que me qual se julga credor do Sr. Muzclla.
disseram que o Sr. Pru.coal Muz.cl la, empresário da Compa- Visto envolver-se cm seu artigo o nosso nome, vamos
nhia Lírica, fizera publicar no jornais desta capital que se explicar ao público o que se pas ou a respeito da questão
achava quite com todos os arti tas. músicos e demais em- que agora aventa o Sr. João Manoel da Cunha.
pregados de sua companhia, os quais foram sempre pagos Procurado pelo Sr. MuL.etla, antes de estrear a sua com-
com a maior pontualidade. panhia, a fim de vermos se era possível arranjar-se um
Fazendo esta declaração, parece que o Sr. empresário pintor para preparar algumas vista.e; de que necessitava,
esqueceu-se de que não me devia incluir nessa sua regra, depois de enorme e enfadonho trabalho, obtivemos que o
Sr. Cunha fosse pintar as vistas de que carecia o Sr. Muze-
visto que até hoje ainda me acho no desembolso da quan-
lla, pela quantia de cento e quarenta mil réis cada uma,
tia de 120$000 rs., importância de vistas que pintei para o
compostas elas de pano de fundo, baslidorcs, bamboli-
mesmo Sr., como se vê da conta que abaixo transcrevo.
nas, etc. - enfim, todo o cenário.
Já por muitas vezes tenho procurado ser pago da referi-
Alegando o mesmo Sr. Cunha a dificuldade com que
da quantia, não só entendendo-me com o próprio Sr. Muze- lutava para a compra de tintas de que carecia para dar
lla com o seu procurador ou encarregado de tais pagamen- começo ao seu trabalho, tivemos a condescendência de
tos, o Sr. Correia Marques, e tanto de um como de outro, afiançar-lhe cm casa dos Srs. Archer da Silva & Souza,
nada tenho conseguido, nem mesmo a devida atenção e toda a tinta de que precisasse, cuja importância até hoje o
cortesia que se costuma dispensar entre cavalheiros. Sr. Cunha ainda não satisfez, alegando embora indevida-
Tenho sido demasiado condescendente, e se não fora mente que ainda não se acha pago pelo Sr. Muzella.
a publicação que fez o Sr. empresário, cu ainda estaria ca- FaJamos com o Sr. Cunha para pintar vistas na impor-
lado, esperando que oportunamente me viessem pagar. tância de l 40SOOO cada uma, devendo estas vistas consta-
Todos que me conhecem sabem que sou pobre e que rem de pano de fundo, bambolinas e bastidores, vistas
só vivo de meu trabalho, portanto parece-me que tenho completas; ora, o Sr. Cunha recebeu $140 por cada pano
todo o direito de exigir legalmente o que me deve e de que pintou, simples, sem aqueles acessórios e se o Sr.
protestar, como agora faço. contra a declaração do Sr. Muzella incumbiu-o de faL.er outros serviços, não temos
Muzella. nada absolutamente com bl.o.
Por atenção ao Sr. redator da Pacotilha é que eu me Acresce mais a informação que nos prestou o Sr. Muze-
encarreguei dos trabalhos para a Companhia do Sr. Muze- lla de que considera esses trabalhos, de que apresenta con-
tas o Sr. Cunha, como compensação à falta de bambolinas e
lla, pois até então o Sr. redator empenhava-se para que eu
bastidores que aquele senhor comprometera-se a pintar.
não me recusasse a esse serviço, e agora quando procurei
Quanto à parte final do artigo do Sr. Cunha, temos a
a mesma Pacotilha para fazer esta paralisação, diz-me o
franqueza de contestar-lhe a veracidade.
redator que não se mete nestes negócios, e que eu me Lembre-se o Sr. Cunha de que nunca nos veio falar
arranje como puder! para publicar o artigo a que respondemos. Seria muita in-
Fico-lhe muito obrigado! genuidade sua se falasse conosco para tal fim, confessan-
Pois pague-me o Sr. Muzella o que me deve e pode do S. S. que recebera a importância das vistas que lhe
fazer quantas declarações lhe parecer. encomendamos.
Queira, Sr. redator, publicar estas linhas, pelas quais Quando S. S. veio ao nosso escritório, à última vez, esta-
me responsabiliw na forma da lei. va presente o Sr. Muzella. S. S. não falou no assunto do seu
Maranhão, 3 de novembro de 1882 artigo nem deu sequer a entender que queria publicá-lo.

~ 168 C:./ (;)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Achamo-nos desempenhados de qualquer compromis- AO PúBLICO:


so com o Sr. Cunha; entretanto se S. S. se julga credor do
Sr. MuLClla, nada mais natural do que demandá-lo em juÍlo. À vista do artigo inserto no Pai-.. de hoje, sob a assina-
(Pacotilha, 4/11/1882, p.2). tura do Sr. João Manoel da Cunha, devo declarar ao públi-
co que nada devo a esse senhor, sendo de admirar que o
A pedido do Sr. P. M. Muzella declaramo que estão no Sr. Cunha venha pela imprensa reclamar o pagamento de
nosso escritório, entre outros documentos, quatro reci- contas imaginárias, quando ainda não tenha concluído o
bos da importãncia de 140$000 réis. cada um, firmados pelo trabalho porque, cm boa fé e crente na promessa que me
Sr. João Manoel da Cunha. (Pacotilha, 4/1111882, p.2). fazia o mesmo senhor de concluí-lo, adiantei-lhe a quantia
de 560$000 réis, como consta de quatro recibos que, com
A PEDIDO outros documentos, conforme já publiquei, acham-se no
MISERET ME TUI! escritório da redação da Pacotilha, para serem verificados
por quem quiser.
Um dos grandes mártires do Sr. Muzclla, o Sr. João Concluindo, estou convencido de que o Sr. Cunha, se
Manoel da Cunha, seguindo a moda hoje introduzida de rcílctissc melhor, não se daria ao trabalho de vir à impren-
envolver pessoas indiretas nas suas questões, ocupa-se sa, quando a razão não lhe protegia a causa e não atende-
de minha individualidade no Diário de ontem, queixando- ria a iníluência conhecida de meia dúzia de descontentes e
se da franca cortesia com que o recebi, quando me procu- desafetos que gratuitamente se me tem oferecido.
rou no meu armazém para descobrir-lhe 11111 meio de en- Maranhão, 4 de novembro de 1882
Pascoal Mário Muzella
contrar-se com aquele senhor.
(Pacotilha, 4/l J/1882, p.3)
O ilustre cenógrafo poderá dar lições de sua arte, aqui
no Maranhão, mas NUNCA decivilidadeem parte alguma,
e a quem quer que seja. Rara a1ú para S. Mce. SEÇÃO GERAL
Aprazo-o para que declare em que fui pouco delicado
Quando circunstâncias alheias à minha vontade me
na sua extensa conferência de três horas, para dizer sem-
obrigaram a recorrer à imprensa, para reclamar o pagamen-
pre a mesma coi a.
to da quantia de 120$000 rs. de que me é devedor o Sr.
Permita-me agora confessar-lhe que fui por demais in-
, Muzella, bem longe estava de supor que este fato, aliás o
dulgente em aturá-lo, para ouvir explicações de negócios
mais justo e natural iria despertar doesto!. e invectivas
que não me dizem respeito.
contra a minha humilde individualidade, principalmente da
Se o Sr. Cunha compreendesse que estava cm urna casa
parte de pessoas que não tinham o direito de se julgar
de comércio, onde não ia tratar de negócios concernentes
ofendidas por mim, aco tumado como e tou a sempre res-
à mesma, teria tido o bom enso de limitar-se ao seu reca-
peitar a todos.
do. Entretanto, como não me é estranho que o ilustre ce-
Entretanto, logo cm seguida à publicação da minha recla-
nógrafo tem a mania cada vez mais apurada de gastar o seu
mação. apareceram três artigos na Pacotilha de 4 do corrente
tempo em divagações, cm vez de ocupá-lo no exercício de
- um do respectivo diretor, outro do Sr. Correia Marques e o
sua arte, tive a longanirnidadc de aturá-lo, disto Lenho ple-
terceiro do Sr. Mu.iella, a quem só me havia dirigido.
na consciência.
Vejo-me portanto, forçado, contra meu gosto e fora
Pesa-me que seja S. Mcc. um dos mais prejudicados
dos meus hábitos, a vir de novo à imprensa explicar certos
com o Sr. Muzclla, que lendo-lhe pago por meu intermédio
fatos que aqueles três ilustres Srs. narraram de certo modo
a insignificante quanlia de 560$000 réis pela simples pintu-
que não me parece muito coerente com a verdade.
ra e tintas de quatro vistas que não completou como esta- Estranham tanto o Sr. Victor Lobato, como o Sr. Correia
va obrigado, pois faltam-lhe os bastidores de algumas, Marques que eu envolveso;c os seus nomes nu minha recla-
ainda tenha um prejuízo de 120$000 réis. com o mesmo Sr. mação. Entretanto, parece-me que cu não podia deixar de
que irá acrescentando em pedacinhos de dia para dia, pois fazê-lo. desde que o Sr. Marques foi quem primeiro me procu-
se bem me lembro, a conta dos pedacinhos cm questão rou, apresentando-me o Sr. MuzeUa. e o Sr. Lobato quem dr-
exibida no seu escritório cm de l 05$000 rs. à qual tinha de pois me apareceu instando, rogando e insistindo para que cu
ser encontrada a conta dos bastidores por pintar, que creio aceitasse a proposta do Sr. Muzclla, proposta que desde o
ainda até hoje não pôde ser calculada. princípio considerei prejudicial aos meus int~n:sses.
É que o Sr. Cunha ainda desconhece a lei dos encon- Já vêem Ss. Ss. que não foi tão fora de propósito que
tros; conhece apenas a dos pedacinhos. Vou suplicar ao tratei de seus ilustres nomes no meu aludido a1tigo.
Sr. Mut:clla para ter mais compaixão com a !.ua vítima! Isto posto, vejamos como se passaram a<; coisas.
Agora Sr. Cunha, segundo a máxima corrente. S. Mce. Procurou-me um belo dia o Sr. Corrêa Marques, acom-
não tinha o menor direito de impo11unar-me. porque sôfoi panhado de um figurão de suíças, que eu não conhecia,
buscar e nunca /e1•011 nada. Aqueles que foram le1,ar-111e para que me entendesse com ele sobre umas pintura.-. para
é que têm o direito de ir lâ buscá-lo, pois ainda é matéria o teatro, di1:endo-me ser ele o cmprei.ário Mu1,clla, da Com-
controversa se a empresa é minha ou do Sr. Muzella. panhia Lírica. Trocamos os cumprimentos de esti lo e tive
Tenha resignação. Sr. Cunha, porque creio que será a até a ingenuidade de achar esse Muzclla afável, tais eram
última vez que S. Mce. sofrerá tão agros ma11írios. a maneiras obsequiosas que ele soube manifestar naque-
Maranhão, 4 de novembro de 1882 la ocasião.
Antônio José Correia Marques Entrando em negócios, desejou ele saber por quanto
(Pacotilha, 4/11/1882, pp. 2-3). pintava cu cada vista para o teatro, acrescentando que

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LUIZ DE MELLO

queria uma coisa ligeira e somente os panos de fundo. vive do seu trabalho para sustentar sua numerosa fal1U1ia.
Disse-lhe que ó os panos de fundo licava um trabalho são os primeiros a depreciar os seus serviços, lançando-
incompleto e que não se podia prescindir dos respectivos lhe ainda em cima o labéu de incivil, de importuno e ou-
bastidores e bambolinas. tras amabilidodes com que fui tratado pelos dignos de-
- Nada não senhor, me disse ele - isto é bastante; fensores do Sr. Muzella.
qualquer coisa serve. Concluindo diz o Sr. Corrêa Marques que esta será a
Fiz-lhe ver que não ficava uma coisa decente, que só o última vez que eu sofra tão agros martírios.
público podia reprovar o meu trabalho e ficar eu e ele, Eu também tenho essa esperança cm Deus, pois a lição
Muzella, expostos a alguma manifestação desagradável. que recebi me servirá de emenda para nunca mais aceitar
- Qual! Deixe-se disso, todo o público daqui é meu contratos e propostas firmados unicamente em bonitos
amigo e o que eu fizer está bem-feito. palavrões.
Afinal não me sujeitei a representar o papel de charlatão O Sr. Lobato. que me garantiu e rcsponsabiJizou-se pelo
e declarei que não pintava por menos de 200$ rs. cada pano. cumprimento da palavra do Sr. Muzella, que diga se eu
Não aceitou: disse-me que ia pensar e que logo no dia tenho ou não tenho razão para falar deste modo.
imediato me mandaria a resposta. Devo desde já declarar que não voltarei mais à impren-
Passaram-se, porém, quatro ou cinco dias, e foi então sa para tratar de um assunto já tão enfadonho e que nada
quando me apareceu o Sr. Victor Lobato com as suas roga- interessa ao público, não só porque não tenho, como o Sr.
tivas cm todos os tons, pedindo para baixar o preço; que Victor, gazeta à minha disposição para escrever o que me
era muito caro; que eram só os panos de fundo; que a vier à cabeça, como porque devo tratar de procurar recu-
rapaziada nova do Maranhão ainda não tinha visto uma perar o tempo que perdi sem proveito, fazendo pinturas
companhia lírica. e que se cu rccusac;se, ele Victor e seus para que a nova rapaziada do Mara11/uio não ficasse
amigos perderiam esta tão boa ocasião, etc. etc. pri11ada de saber o que era uma companhia lírica, como
Finalmente, depois de um enonne e enfadonho traba- me disse o Sr. Lobato.
lho, como disse o Sr. Victor na sua f'acotilha, resolvi-me a Estou satisfeito.
pintar cada pano por 170$000 réis. Se alguma outra vez precisarem deste seu criado, não
No dia seguinte torna-me a aparecer o mesmo Sr. Vic- façam cerimônias, sim?
tor, com a mesma cantilena, a mesma choradeira. Maranhão, 7 de novembro de 1882.
Já estava maçado com tanta amolaçcio, e para me ver livre João Manoel da Cunha
de uma vez de semelhante negócio, aceitei o preço de 140$000 (Diário do Maranhão, 711111882, p.2).
por cada vista, que me declarou o mesmo Sr. Victor ser o que
só convinha ao Sr. Muzella, isto é, dando eu as tintas. PINTOR A ÓLEO
Ficamos nisto: pintei uma vista com um castelo sobre o
mar, para o Trovador; uma sala de colunas para a Traviota; Vindo do Pará, onde se demorou cinco meses, chegou
um bosque para a Nonna e um salão nobre para o Baile de hoje a esta capital o Sr. James Stewart, pintor a óleo que
Máscaras. tira retratos ao natural e faz reproduções.
Quatro vistas a 140$000 réis, o que perfaz a soma de Tenciona demorar-se nesta cidade algum tempo, e o
560$000 réis, constante dos recibos que passei e que exis- preciso para satisfazer quaJquer encomenda que tiver.
tem na redação da Pacotilha. Vai expor.os trabalhos que traz. (Diário do Maranhão,
Agora pergunto eu: - e as demais peças de pintura que 8/1111882, p.2).
fi z constantes da conta publicada. quem me paga?
Mas, di~ o Sr. Muzella que essas peças ficam em conta OS JORNAIS
dos bastidores e bambolinas que eu deixei de pintar!
É muito bem apanhada esta! Diário do Mara11/uío (. .. )
Pois não foi o próprio Sr. Muzella quem disse que não (. ..)Na Seção Geral, volta ainda o Sr. João Manoel da
prescindia de bastidores e bambolinas? Cunha a tratar da desagradável questão do pagamento das
E demais, cabe na cabeça de alguém que eu, ou outro vistas que fez para o Teatro São Luiz, questão cm que, com
qualquer cenógrafo, me sujeitasse a pintar uma vista com- grande desgosto nosso, teve a triste idéia de envolver o
pleta para o nosso teatro, com 6 ou 8 bastidores e outras nosso nome, inventando fatos que não se deram. Estamos
tantas bambolinas, dando além disso todas as tintas, só certos de que. quem tiver visto o trabalho do Sr. Cunha,
por l40$? souber que recebeu por ele 560$000 rs., e que ainda não
Ora, Sr. MuzeUa, deixe-se de graças e faJemos como satisfez a importância das tintas e vário acessórios que lhe
gente séria. Pois S. S. que é tão vivo, seria acaso capaz de afiançamos em casa dos Srs. Archer da Silva & Sousa, nos
me pagar sem a menor reflexão quatro vi tas seguidas, se fará ajustiça de não acreditar no que afinna o Sr. Cunha.
porventura elas não estivessem completas e nas condi- Não podíamos provar com o testemunho do Sr. Higino
ções exigidas? Soares, que nos ajudou a convencer o Sr. Cunha a pintar as
Pelo caminho que vão tomando este e outros negócios vistas por 140$000 cada uma, oferecendo-se para auxiliá-lo
do Sr. Muzella, estou já por demais convencido de que gratuitamente neste serviço, que tudo quanto o Sr. Cunha
perderei o meu dinheiro. publicou no Diário do Maranhão é inexato, mas não o fare-
Paciência! mos por dois motivos: o primeiro para não gastar o nosso
Resta-me apenas o pesar de ver alguns dos meus pró- tempo cm sustentar polêmicas estéreis, e o segundo para
prios patrícios, os meus comprovincianos, que deveriam poupar ao Sr. Cunha o sacrifício de pagar as correspon-
pugnar pelos interesses e direitos de um artista pobre, que dências que porventura ainda tivesse de publicar.

~ 170 <V'@
fm::
~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Basta-nos a lição que aproveitaremos, evitando para o RETRATO A ÓLEO


futuro tratar dos interesses do Sr. Cunha e nem tampouco
indicá-lo como cenógrafo. Na Loja Notre Dame está exposto um outro trabalho do
Até à vista, Sr. Cunha. (Pacotilha, 811 111882, p.2) retratista a óleo Sr. James Stewart.
É o retrato do Sr. Henry Airlie. (Diário do Maranhão,
RETRATOS A ÓLEO 12/12/1882, p.2).

TAMANHO NATURAL-BUSTO - CEM MIL RÉIS QUESTÃO MUZELLA


tirados ao natural ou reproduzidos por fotografias. Pelo Sr. Dr. juiz de Direito Especial do Comércio foi hoje
Os espécimes podem ser vistos no Hotel Central, e no publicada em mão do escrivão a sentença da questão em
salão deste jornal o retrato de S. M. o lmperador do Brasil. que são autores os artistas italianos Dominici, Springer,
James Stewart Arrighi eAdele Berio.
(Diário do Maranhão, 9/ 11 / 1882, p.2).
Foi condenado o ex-empresário Muzella a p agar àque-
les artistas não só a quantia de 3:900$ de ordenados como
Da lista de passageiros entrados do Pará no vapor Per-
metade de dois benefícios a que tinham direito pelo con-
nambuco, no dia 8/11/1882, consta o nome do pintor in-
trato o barítono Dominici e o tenor Arrighi.
glês James Stewart (0 Paiz, 9/11/1882, p.2)
Foi igualmente condenado nas custas.
RETRATO A ÓLEO Consta-nos que o condenado vai apelar da sentença
para o Superior Tribunal da Relação.
O pintor inglês James Stewart, de cuja chegada demos Nos fundamentos da sentença reconheceu o digno juiz
ontem notícia, faz hoje o seu anúncio e convida as pesso- a competência do foro da ação e a prudência do pedjdo,
as que desejarem tirar retratos ou reproduções para o pro- como entendera o Dr. João Henrique, advogado dos artis-
curarem no Hotel Central. tas. (Diário do Maranhão, 20/ 12/1882, p.2).
No salão de leitura do escritório desta folha está ex-
posto um quadro, com o retrato de Sua Majestade o Impe- FOLHETO
rador, trabalho daquele artista, e que pode ser examinado
por quem quiser. (Diário do Maranhão, 9/1111882, p.2). Dirigido ao núnistro italiano, no Rio, fez o ex-empresá-
rio Pascoal Mário Muzella imprimir na tipografia da Paco-
O Sr. P. M. Muzella recebeu ontem um telegrama de tilha um folheto em que historia os fatos com ele passa-
Pernambuco em que o seu procurado r naquela cidade lhe dos nesta cidade nas célebres noites do grande barulho.
comunica que assinou com a Presidência contrato para Não foram ta is folhetos aqui distribuídos pelo número
trabalhar no Teatro Santa Isabel durante os meses de ja- de pessoas, exigido pela lei, para que haja o direito de chamar
neiro a abril uma companJúa lírica italiana que, segundo o autor a responder pelas injúrias e calúnias. pois sabemos
nos contou o Sr. Muzella, fará vir de Milão. (Pacotilha, 1OI
que as pessoas de quem ele se ocupou e às quais irroga
11/1882, p.2).
injúrias, tudo adulterando e insultanto a terra e as autorida-
des, estão prontas a fazê-lo responder judicialmente.
RETRATO
Aguardem, porém, melhor ocasião para poderem pro-
curar o responsável legal. (Diário do Maranhão, J 8/1/
Está exposto na Notre Dame um retrato da Exrna. espo-
1883, p.3).
sa do Sr. Henry Airlie, magnífico e bem-acabado trabalho
do Sr. James Stuart.
Este artista já tem dado aqui suficientes provas das suas
COMPANHIA LíRICA MUZELLA
habilitações como pintor a óleo. (Pacotilha, 30/ l l/ 1882, p.2).
O abaixo assinado, tendo de fechar suas contas com o
RETRATO A ÓLEO empresário desta companhia, j ulga ter satisfeito a todos
aqueles Srs. assinantes que deixaram de ceder em favor da
Trabalho do pintor inglês James Stewart, está exposto na Sra. Avallj o importe das 3 récitas não exibidas.
Loja Notre Dame o retrato a óleo da esposa do Sr. H. Airlie. Se, entretanto, houver ainda algum que porventura te-
É o primeiro trabalho feito aqui e por ele se pode fazer nha deixado de receber, queira apresentar-se ao seu escri-
juízo seguro sobre as habil itações do artista. (Diário do tório na Rua da Estrela, até o dia 28 do corrente, inclusive
Maranhão, 30/1111882, p.2). para ser pago, fi ndo cujo prazo só se achará o anunciante
desobrigado para quem quer que seja sobre tal assunto.
RETRATOS A ÓLEO Maranhão, 20 de fevereiro de 1883
Antônio José Corrêa Marques
James Stewart, retratista, pinta a óleo, faz bustos em (Diário do Maranhão, 22/2/ 1883, p.3).
tamanho natural, tirados ou do próprio, ou reproduzidos
de fotografias. EXPOSIÇÃO DE RETRATOS
Na Loja Notre Dame pode ser visto o espécime.
Preço 100$000 Está exposto, no salão especial do nosso escritório, um
Residência: Hotel Central. (Diário do Maranhão, 51 quadro com diversos retratos fotográficos de ~soas conhe-
] 211882, p.3) cidas, tirados no ateliê do Sr. Higino Soares, na Rua do Sol.

(Vê) 171 ~
LUIZ DE MELLO

Em nada é inferior aos vindos de fora da Província o que expôs o motivo desta reunião, que é a abertura da primei-
trabalho fotográfico daquele artista, que tem, à custa de ra exposição do açúcar e algodão, promovtda pela Associa-
seus esforços e boa aplicação, conseguido elevar, entre ção Comercial e inauguração do retrato do falecido negocian-
nós, a fotografia, enriquecendo sempre a sua casa com os te desta praça o Sr. Martinus Hoyer. Tenninando esta leitura,
melhores produtos e variedades que vão aparecendo. o Sr. pre idente da Associação Comercial convidou o Sr. João
Na loja Notre Dame está exposto outro quadro com Pedro Ribeiro, de quem Martinus Hoyer foi sócio, para correr
retratos de diversos tamanhos, e lodos atestam a perfei- o véu que encobria o retrato. Feito isto, o Sr. presidente da
ção do trabalho, a i.olicitudc e bom gosto do artista. (Diá- Associação pediu ao Exmo. Sr. presidente da Província que
rio do Maranhão, 27/8/1883, p.2). assumisse a presidência do ato e abrisse a primeira exposição
do açúcar e algodão feita na Província do Maranhão. O que
MAPA ARQUITETURAL fez S. Exa., lendo um discurso apropriado. E para constar, eu
Manoel José Francisco Jorge, clirctor servindo de secretário
O Exmo. Sr. senador Luiz Antônio V. da Si lva obse- da Associação Comercial, lavrei este auto, que vai assinado
quiou-nos com um lindo Mapa Arquitetural da Cidade pelas pessoas presentes.
do Rio, ti rado cm 1874, trabalho perfeito e quedá uma idéia (Seguem-se as assinaturas).
da cidade para quem ainda não a viu, distinguindo ruas, Terminada a assinatura do auto foram distribuídos em
casas, números destas, nomes das praças, largos e ruas, grande quantidade exemplares do discurso proferido pelo
etc. (Diário do Mara11fu7o, 16/ 11/ 1883, p.2). presidente da Associação e de uma memória por ele escrita
sobre o açúcar e algodão, e o número da Atualidade, ex-
RETRATO DE MARTINUS HOYER pressamente publicado para e se dia com o retrato de Mar-
tinus Hoyer e sua biografia escrita pelo Sr. João Emiliano
Da Alfândega foi retirado ontem um volume com ore- Vale de Carvalho.
trato do que foi distinto comerciante nesta praça. Marti-
nus Hoyer. Foi preparado cm ponto grande para ser colo- NA SALA DA EXPOSIÇÃO
cado no gabinete da Casa da Praça.
Há dois anos que o comércio do Maranhão sofreu a Na primeira sala. onde achavam-se os produtos expos-
perda desse seu importante membro que tão útil foi a esta tos, viam-se estes em duas grandes estantes com 15 prate-
capital pelo seu gênio ativo e empreendedor, deixando por leiras na do açúcar e 24 na do algodão. As amostras do
isso as melhores e mais gratas recordações. (Diário do açúcar estavam em vidros e as do algodão em pequenos
Maranhiio, 15/12/1883, p.2). sacos, contendo alguns até quatro marcas provenientes da
mesma lavoura Não havia menos de 500 destas amostras.
EXPOSIÇÃO NA CASA DA PRAÇA Tinha a estante do algodão três escudos; um com as
cores portuguesas, outro com as cores brasileiras e o do
Depois de amanhã, ao meio-dia, será aberta a Exposi- centro branco. No primeiro lia-se este dístico: Companhia
ção de Açúcar e Algodão promovida pela atual diretoria da Geral do Comércio do Maranhc7o e Grão-Par6 - 1775.
Associação Comercial. Esta companhia. criada pelo Marquês de Pombal, foi a pri-
No mesmo dia terá lugar a inauguração do retrato do meira exportadora de algodão. e deu grande incremento a
finado negociante Martinus Hoyer, e que vai ser colocado esta lavoura. No segundo estava - l111rodução do engenho
na sala das sessões. de serra na la1•oura do algodcio - 1830-35. Não foi possí-
Agradecemos o convite com que fomos vel preci ar a data deste melhoramento. No terceiro escudo
distinguidos.( Di6rio do Maranlu7o, 21/ 12/ 1883, p.2). lia-se - Associação Comercial - 1883. Era este escudo
encimado por um troféu com pequenas bandeiras do Brasil,
AUTO DA ABERTURA DA EXPOSIÇÃO DO Inglaterra, Portugal, França, Itália, Alemanha e Suécia.
AÇÚCAR E ALGODÃO E INAUGURAÇÃO DO Na estante do açúcar também havia três escudo iguais
RETRATO DE MARTINUS HOYER aos da outra. lendo-se no primeiro-Amônio Muni: Barrei-
ros - 1622, princípio da cultura da cana na Província; no
Aos vinte e II& dias do mês de delembro de 1883, achan- segundo - Joaquim Frm1co de Sá - 1846, renascença da
do-se presentes na sala das SC<;sõcs da Asi.ociação Comerci- mesma cultura (quase abandonada) por esforços do ilustre
al, pela<> 12 horas do dia, o Exmo. Sr. presidente da Província senador maranhense, então presidente da Província; e no
Ovídio João Paulo de Andrade, o presidente da Associação terceiro -Associação Comercia/- 1883, com troféu seme-
Comercial, Sr. TemíMocles Maciel da Silva Aranha eos direto- lhante ao outro com pequenas bandeiras do Brasil, Inglater-
res da mesma Associação - os Srs. Henry Airlic, Antônio ra, Portugal, França, Alemanha, Bélgica e Suécia.
Pereira Viana dos Reis, M:mocl da Silva Miranda, José Morei- Nas paredes laterais viam-se um grande caixão e tinas
ra de Souza, Allino Bitencourt, Apolinário Jansen Ferreira, com pés de canas plantadas. A coluna que existe no centro
José Antônio da Silva Santos e Manoel José Francisco Jorge, desta sala estava enfeitada com canas verdes, ramos de
muitos membros da Associação, o Sr. Dr. chefe de polícia, os algodoeiros floridos e capulhos.
Srs. presidente e vice-presidente da Câmara Municipal, o cor- Na parede oposta à entrada em uma das mesas esta-
po consular, vários negociantes, lavradores e funcionários vam as estátuas do Comércio e Agricultura, vasos com
públicos. o Sr. presidente da Associação Comercial declarou flores, estatuetas, etc. e no centro as classificações de
aberta a sessão da assernhléia geral, lendo um discurso em algodão e açúcar de vários paíc;cs, remetidas de Liverpool

<V'é) 172 e.. (>)


~
~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

pelo Sr. H. Evans aos Srs. José Pedro Ribeiro & Cia. Em PANO PARA O TEATRO
divisões separadas e próximo das amostras de algodão
viam-se amostras do algodão da Província que mais se Norieiando que o Sr. Stomi, a chegar da Itália, aí enco-
podem aproximar das de procedências estranhas. Ao lado mendou e, se puder, trará um pano de boca para o nosso
das classificações de açúcar estavam dois vidros conten- teatro, deixamos de dizer que tudo foi aqui combinado com
do o termo médio da safra de 1882-83 e do corrente. Este o Sr. Afonso Mcllo, administrador do mesmo teatro, e por
termo médio é a mistura do açúcar de muitas partidas reme- ele facultada a aquisição tão indispensável para o que re-
tidas nos períodos indicados. quisitou da Presidência a respectiva autorização, porco-
Na sala de honra da Associação, cmapetada e adornada nhecer a falta que existia e tão sensível se toma.
com toda a decência, havia nas paredes laterais dois gran- Não teve o Sr. Stomi tempo para consultar sobre o
des troféus tendo ambos no centro a bandeira nacional. preço pedido pelo artista, e por isso deliberou, como nos
ladeada das da maior parte das nações da Europa e América. disse, mandar aprontar o pano, na ccrte1..a de que, pelo
Em frente à mesa do presidente estava velado o retrato preço avisado (1.200 francos), devia ele convir, o que nos
de Martinus Hoyer, que, como dissemos, foi nesse dia parece não poderá oferecer a menor dúvida. (Diário do
inaugurado. Mara11hüo, 231311884, p.3).
É este retrato em corpo inteiro, trabalho primoroso do
distinto pintor maranhensc, residente em Paris, o Sr. Fran-
ARTISTAS ITALIANOS
cisco Peixoto Franco de Sá. A magnífica tela está em riquís-
sima moldura, cujo lado inferior tem esta legenda-Home-
No vapor Brunswick chegaram, como eram esperados,
nagem do comércio do Maranhão.
os artistas vindos da Itália para a Companhia de Óperas
Antes e depois da solenidade duas bandas de música
Cômicas da Empresa Scano & Cia.
tocaram na praça do edifício, e ao som do Hino Nacional
foi inaugurado o retrato de Martinu Hoycr e abena a ex- Devendo estar aqui quarta-feira os artistas que embar-
posição do açúcar e algodão. caram no Ceará, o primeiro espetáculo, cm que canlarão a
Tal qual foi a festa a que anteontem assistiram os habi- opereta - Sinos de Comeville - terá lugar no próximo
tantes desta cidade. Deus queira que ela seja repetida to- sábado.
dos os anos, e cada vez melhor. (O Paiz, 25/ 12/1883, p.2). Não pôde o Sr. Stomi trazer o pano de boca que enco-
mendou para o teatm por não haver o pintor terminado o
MARTINUS HOYER trabalho.
Trouxe algumas vistas que servirão para as represen-
Como em outro lugar dissemos. foi anteontem inaugu- tações que a companhia tem de dar aqui. (Diário do
rado o retrato de Martinus Hoycr na sala das sessões da Maranlu1o, 31/3/1884, p.3).
diretoria da Associação Comercial.
Findo o ato, os Srs. Tenústoclcs Aranha, presidente da FALECIMENTO DO PINTOR ITALIANO
Associação, João Pedro Ribeiro e Antônio Cardoso Perei- LEON RIGIIlNI
ra, todos amigos de Martinus Hoyer, dirigiram-se à casa da
viúva deste e ofereceram-lhe a pena com que foi lavrado o (...)No Pará faleceram: D. Maria Virgolina Pires Duru1e;
auto de inauguração do retrato, um exemplar do discurso em Anajás, nessa Província, faleceu D. Luísa de Castro,
proferido pelo presidente da Associação, e um número da filha do desembargador Castro Leão.
Atualidade. distribuído no ato da inauguração. Nessa capital faleceu o italiano Leon Righini, muito co-
Este número da Atualidade foi impresso a expensas nhecido por ser paisagista que residiu entre nós muitos ano .
dos Srs. A. Cardoso Pereira, José João Alves dos Santos e Morreu no hospital, deixando o seu nome lembrado
cremos mais uns dois a três amigos que quiseram a eles por grande número de trabalhos que sempre o recomenda-
associar-se. (0 Pai:., 25/12/1883, p.2).
ram à estima pública.
(Diário do Maranhão, 19/5/1884, p.3).
FALECIMENTO
DONATIVO
Hoje, cm um sítio do Caminho Grande, para onde tinha
ido cm busca de melhoras, deixou de existir Higino Hono-
O Sr. Anacleto Tavares da Silva ofc1\!ccu ao Hospital
rato Teixeira Soares, estimado e muito apreciado fotógra-
fo, estabelecido na Rua do Sol. Português duas belas vistas representando as cidades de
O finado era cunhado do nosso amigo e colega, nesta Lisboa e Porto, cada uma do tamanho de mais de um metro.
redação, Sr. Alberto Marques Pinheiro, a quem, à Exma viú- (Diário do Maranhão. 201611884, p.2).
va e demais parentes apresentamos nossas condolências.
O saimento terá lugar amanhã, às 7 horas da manhã e RETRATO DE MARTINUS HOYER
não há convites. (Diário do Maranlu1o, 8/311884, p.3).
Chegou o retrato de Martinus Hoyer que os Srs. Bel-
ÓBITOS chior, Irmão & Companhia, por conta de alguns lavradores
de Cururupu, mandaram vir da Europa.
Sepultaram-se no Cemitério da Santa Casa É de meio-corpo o retrato e está muito parecido. Vai ser
Dia 10: colocado na Cãmara da Vila, como penhor de gratidão pe-
( ...) Higino Honorato Teixeira Soares, português, 30 los serviços prestados por Martinus Hoycr à lavoura da
anos; beribéri. (Diário do Mara11!1tio, 11/3/1884, p.2). Província, criando o Banco Hipotecário.

~ 173 e,~
~
~ LUIZ DE MELLO

Os contribuintes parn o retrato são todos da família No dia 5 teve lugar a inauguração, presidiado a sessão
Pires, uma das mais importantes da lavoura do Maranhão. da Câmara, por impedimento do presidente, o vereador
É o retrato remetido ao Sr. major Antônio Mariano Al- Filgueiras, que expôs o fim da reunião, o quaJ era render à
ves Ramos, que foi o principal autor deste testemunho de memória do benemérito Martinus Hoyer um Lributo de gra-
reconhecimento ao benemérito Martinus Hoyer. (0 Paiz, tidão, recebendo a Câmara Municipal seu reLrato, e colo-
2 1n/1884,p.2). cando-o na sala de suas sessões, como da gratidão do
município de Cururupu àquele que havia prestado rele-
O PANO DO TEATRO
vantíssimos serviços criando o Banco Hipotecário.
Não pode achar-se cm piores condições, do que está, Oraram na mesma ocasião o Dr. Pires da Fonseca, Dr.
o pano de boca do nosso teatro. Costa Bastos, capitão Fabrício de Oliveira e major Ramos,
Há muito tempo que ele ameaça cair ou partir-se, além iniciador da idéia, o qual disse esLas palavras:
de muitas vezes ou custar a subir ou não poder descer, já Senhores,
porque o pano se acha cm mau estado, já porque não o É, decerto, muita ousadia pedir neste recinto vossas
podem sustentar as iravas que tem, as cordas, etc. atenções, mas um dever me obriga a erguer minha fraca e
No espe1áculo de ontem, por pouco que não se parte humilde voz: não pretendo orná-la com as brilhantes flores
de todo ou não cai sobre algum dos artistas. de retórica que outros mais felizes do que eu têm esparzi-
Se não pode ser substituído o pano, coisa em que há do, porque do jardim onde brotaram essas flores me foi
tempo se fala, seja ao menos remendado, como necessita, vedado o ingresso.
e nele empregada!. boas madeiras e cordas. (Diário do Seria tachado de egoísta se não viesse fazer solene
Maranhão, 22/8/1884, p.2). protesto aos elogios que tendes ouvido prodigalizar-se.
A idéia que Live para provarmos nosso reconhecimen-
RETRATO DE MARTINUS HOYER
to ao homem a quem tanto devemos, não só os cururupu-
enses, como toda a Província do Maranhão, morreria em
O retrato a óleo deste lembrado negociante, mandado
vir da Europa por alguns lavradores do município de Curu- embrião a não ter encontrado da parte dos meus consóci-
rupu, foi por eles oferecido à respectiva Câmara Municipal os e contribuintes franco e leal apoio para a realizar. Cabe-
no dia 5 do corrente, quando em sessão. a fim de ser colo- nte confessar sumamente penhorado pela consideração
cado no seu salão principal. que me dispensaram. e por isso se do que fiz aJguma glória
Bem aceita a oferta, foram nessa ocasião proferidos tocar-me, de bom grado desejo que seja entre nós com
discursos. igualdade dividida.
À noite foi iluminada a Casa da Câmara, e muito visita- Não posso deixar de lembrar o nomes de dois amigos
da. (Diário do Mara11/uio, 23/9/ 1884, p.2). ausentes, para quem tanto peço um voto de agradecimen-
to, os quais também associaram-se aos nossos desejos. a
CURURUPU fim de que hoje tenhamos o prazer de ver realizado o nosso
HOMENAGEM AO MÉRITO sonho. Falo, senhores, dos Srs. Belch ior, Irmão & Cia. e
(Do Correspondente) Temístocles Aranha, aqueles por terem com todo o gosto
se encarregado de mandar copiar na França o retrato do
(... )Alguns lavradores residentes neste município man- cidadão prestante e de imorredoura lembrança, e este pela
daram vir da Europa o retrato a óleo do finado Martinus
animação que nos deu no seu jornal O Paiz. e enfim por-
Hoyer; e no dia 5 do corrente mês, por ocasião de estar
que muitos dentre nós sabem o quanto ambos se interes-
funcionando a Câmara Municipal, o ofereceram à Munici-
palidade, para ser colocado na sala de suas sessões. A sam pelo bem dos cururupuenscs.
Câmara aceitou o oferecimento e agradeceu. Nessa oca- Resta-me para concluir, agradecer por parte dos meus
sião houve vários discursos; e à noite desse mesmo dia consócios contribuintes a anuência da ilustre Câmara Mu-
mandou a Câmara iluminar o Paço interna e externamente, nicipal em aceitar a oferta que cm nome dos cururupuen-
franqueando a entrada a todos os que quisessem admirar ses fazemos. assim como ao Revdº vigário pela celebração
o busto de um homem tão importante. da missa. que pelo descan o da alma do nosso benfeitor o
Felizmente a gratidão ainda é moeda corrente neste país. fizesse, e enfim a todos os cururupuenses pela maneira
Louvores, pois, aos alllorei. de semelhante idéia. ( ... ) honrosa por que nos acompanharam, dando assim uma
(Diário do Maranhiio, 27/9/1884, p.2). prova inequívoca de que os cururupuenses possuem em
grau subido o sentimento que distingue e enobrece o ho-
MARTINUS HOYER mem-A GRATIDÃO.
Cururupu, 5 de setembro de 1884
Como há tempos noticiamos, aqui foi recebido o retra-
A. M. Alves Ramos
to de Martinus Hoyer que alguns lavradores de Cururupu
-À noite foi a Casa da Câmara iluminada extensamente
- por iniciativa do Sr. major Antônio Mariano Alves Ra-
mos - mandaram tirar na Europa. para ser colocado na sala e muito visitada pelas famílias residentes na Vila e outras
das sessões da Câmara Municipal da Vila, como uma pro- que vieram das vizinhanças, pois esse dia foi de grande
va de gratidão dos cururupuenscs a Martinus Hoyer. festa cm Cururupu e de verdadeiro regozijo público.
Foi o retrato remetido ao Sr. Ramos que o recebeu em No dia da inauguração celebrou o Revdº vigário uma
sua faze nda, e desta foi levado para a Vila no meio de missa pelo eterno descanso da alma de Martinus Hoyer.
numeroso acompanhamen10. (0 Paiz, 29/9/1884, p.2)

~ 1 74 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

PANO DE BOCA DO TEATRO pela qual facilmente se vê o tamanho, número de casas, a


importância do lugar.
É agora oca ião de ser satisfeita uma das grandes ne- Agradecemos a oferta.
cessidades que tem o nosso teatro, pois vai apresentar-se (Diário do Maranluio, 24/ I0/ 1885, p.2).
uma proposta para pintar o pano de boca, feito por um
artista muito competente e conhecido. MANIFESTAÇÃO DE APREÇO
A Província nada despende com isto. pois existe no
Tesouro um saldo da lª das loterias que foram concedidas Ontem ao meio-dia, como estava anunciado, teve lugar
em favor das obras desse edifício, e as prestações por no Paço da Câmara Municipal desta capital a colocação do
aluguel pagas pelas companhias que aqui têm trabalhado. retrato do Dr. Manoel da Silva Sardinha, digno presidente
Já que o teatro não é concedido para esse fim, deve-se daquela corporação, e que lhe foi oferecido por todos os
aproveitar a ocasião de obter-se um pano por preço igual respectivos empregados.
ou inferior ao que nos poderia vir do estrangeiro, e obra O trabalho artístico é o mais perfeito possível, devido
também boa. ao pincel do hábil professor João Manoel da Cunha, que
Foi feito o esboço de uma bonita vista, o qual é a parte neste retrato teve a fe licidade de apanhar nitidamente as
da frente do Cais da Sagração e porto, perfeitamente foto- feições do original com uma exatidão adm irável.
grafada, e que ficará igual à primeira vista que tivemos, Ao chegar ao edifício o Dr. Sardinha, fo i ele recebido
obra do falecido Righini. por alguns seus colegas vereadores e por todos os seus
A proposta vai ser apresentada ao Exmo. Sr. Dr. presi- empregados, tocando nessa ocasião a banda de música
dente da Província, que não deixará de aceitá-la, como já dos Educandos, que estava postada na porta do salão
se havia manifestado o Ex mo Sr. Barão de Grajaú. (Diário principal.( ...).
do Maranluio, 14/ l li 1884, p.2).
Tomando todos as ento cm roda da mesa das sessões.
foi lido pelo fiscal Sr. Francisco de Assis e Silva o ofício,
RETRATO DO NEGOCIANTE ARTEIRO
que abaixo transcrevemos. oferecendo em seu nome e no
de seus colegas o retrato cm bu to, que foi colocado na
Chegou de Lisboa o retrato a óleo que foi mandado
sala da secretaria, com permissão antecipadamente solici-
tirar pela diretoria da Real Sociedade Humanitária l 0 de
tada da respectiva Câmara.
Dezembro, para ser colocado no salão principal do Hospi-
O Dr. Sardinha, vi ivclmentc comovido, agradeceu com
tal da mesma Sociedade, onde estão os dos benfeitores de
eloqüentes palavras a prova de con icicração que acabara
tão útil associação.
O falecido negociante José Francisco Aneiro deixou de receber por uma tal fineza.
àquela Sociedade o legado de 1 conto de réis. (Diário do Em seguida passaram todos à sala da secretaria, onde
Maranhão, 9/3/1885, p.2). foi tirado o véu que encobria o quadro, tocando nessa
ocasião a banda de mú ica.
OFERTA DE UM SANTUÁRIO Depois de algumas felici tações por parte dos emprega-
dos e de muitos amigos do Dr. Sardinha, que se achavam
O Sr. Henrique Elias Neves ofertou à cupela de Nossa presentes, foi pelo nosso amigo Euclides Faria lido um
Senhora da Conceição, de Mocajituba, um santuário com pequeno discurso que também abaixo trancrevemos, fin-
a imagem de São Sebastião, e com todos os preparos. do o qual foi o orador abraçado por todas as pessoas
O Sr. Agostinho Cururuca, a quem foi entregue a ofer- presentes.
ta, acaba de comunicar o recebimento ao Sr. Neves e, em Para a realização desta oferta concorreram não só to-
nome dos habitantes do lugar e dos cidadãos que se têm dos os empregados da Câmara assinados no ofício junto,
esforçado para a obra da referida capela, agradeceu-Lhe a como alguns amigos dedicados do Dr. Sardinha.
valiosa oferta. (Diário do Maranhão, 20/6/1885, p.2). À noite ofereceu S. S. cm sua nobre residência um de-
licado copo d'água aos seus empregados e amigo (O
RETRATO Pai:. 211 1/1885, p.2)

Na sessão da Câmara Municipal cm 16 do corrente, os RETRATO


empregados da mesma ubmcteram um requerimento soli-
citando a devida permissão para colocarem na sala da se- Foi ontem bastante concorrido o ato de colocação do
cretaria o retrato de seu presidente o Ex mo Sr. Dr. Manoel da retrato do Dr. Manoel da Silva Sardinha, presidente da
Silva Sardinha, como prova de consideração e respeito, o Câmara Municipal, na secretaria do edifício, a expensas
que foi aprovado por unanimidade, pedindo nessa ocasião dos respectivos empregados que assim demonstraram o
0 vereador Seabra que se lançasse na ata um voto de louvor seu apreço aos bons serviços e qualidades pessoais do
pelos bons serviços que o mesmo Dr. Sardinha tem presta- mesmo Dr. Sardinha, a quem o município da Capital muito
do ao Município. (Diário do Maranhão, 19/ I0/ 1885, p.3). tem recebido.
À noite foram os mesmos empregados e alguns outros
VISTA DA POVOAÇÃO PRIMEIRA CRUZ amigos à casa do Dr. Sardinha, que os obsequiou com extre-
ma delicadeza, aproveitando o ensejo para agradecer as aten-
Um curioso, chegado há dias desta povoação, à beira- ções de que foi alvo por parte dos empregados da reparti-
mar, ofereceu-nos uma vista por ele desenhada e pintada, ção que ele tem dirigido. (Di6rio do Maranhão, 3/ 11/ 1885).

<Vê) 175 <Vê)


LUIZ DE MELLO

(Do Relatório da Real Sociedade 1º de Dezembro): Pede-nos a irmandade que chamemos a atenção dos
nossos leitores para o seu apelo ao devotos e aos irmãos
RETRATO da confraria. (Diário do Maranluio, l4n/ 1886, p.2).

Já se acha encomendado o do falecido benfeitor Mala- RETRATO


quias Antônio Gonçalves, a fim de ser colocado no salão
nobre do Hospital, ao lado dos que ali se acham. (Diário O Sr. João Manoel da Cunha, habilíssimo pintor mara-
do Maranluio, 12/ 111 886, p.2). nhense, cujos trabalhos ão sempre recomendáveis, edis-
so tem dado incan áveis provas, ofereceu ontem ao Sr.
COROAS ARTIFICIAIS Joaquim de Faria Guimarães o seu retrato, por ele pintado
a óleo, em ponto grande, meio-corpo, como prova de ami-
Vimos hoje umas coroas manufaturadas e expostas à zade e homenagem a ser esse o dia do aniversário natalício
venda pelo Sr. Ovídio Correia Pinto, cabeleireiro estabele- de seu amjgo.
cido na Rua do Sol, desta cidade, e preparadas de maneira Está um trabalho digno de apreço e todo o valor. (Diá-
recomendável, com as folhas da planta chamada "veludo" rio do Maranhão, 28/9/ 1886, p.2).
que se encontra no litoral de Gu imarães. Guardadas em
redomas apropriadas, com inscrição e data, tudo fe ito com IRMANDADE DE SÃO JOÃO BATISTA
muito gosto, prestam-se a diferentes fins.
Recomendamo-las ao público cuja atenção chamamos
Esta irmandade reúne-se amanhã às 5 horas da tarde
para esta nova indústria, aliás digna de proteção. (Diário
para tratar sobre a continuação da obra que empreendeu,
do Maranluio, 19/4/ 1886, p.2).
revestindo de azulejos as paredes de ambas as torres. (Di-
TRABALHO DE FLORES ário do Maranhão, 22/10/1 886, p.2).

Ainda sobre os bonitos trabalhos que o Sr. Ovídio Cor- RETRATOS


reia Pinto faz das fo lhas, imitando seda, que nos vem de
Guimarães, e de que já há dias demos notícia, temos a A Real Sociedade Humanitária Iº de Dezembro vai
acrescentar que hoje vimos, cm um quadro de retrato de colocar no próximo dia 1° do mês vindouro, aniversário
pessoa do Pará que lhe fe~ encomenda, uma rica cercadura da fundação da sociedade, no salão do hospital, os retra-
em palma de muito gosto e efeito. tos dos benfei tores Bento José Esteves Dias e Malaqui-
O trabalho do Sr. Pi nto recomenda-se pela perfeição e as Antônio Gonçalves, que legaram à sociedade 1 conto
preço cômodo. (Diário do Maranhão, 81511886, p.3). de réi5.
Os retratos são a óleo e copiados de fotografias pelo
CAPELA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO habilíssimo artista maranhense João Manoel da Cunha.
Vimos os retratos a que nos referimos e podemos afir-
Foi anteontem entregue, por pronta, esta capela, cujo mar que não são inferiores aos tirados na Europa. (Diário
douramento e pintura a comissão encarregada contratou do Maranhão, 25/11/1 886, p.2).
com o santeiro Virgílio de Sousa Máximo, que também fez
o serviço preciso na Catedral. Do Relatório da Real Sociedade Humanitária lºde De-
A obra está a contento dos contratantes e tem sido zembro:
elogiada pelas pessoas que a tem examinado. (Diário do ( ...) Finanças - Legados
Maranhão, 2 1/6/ 1886, p.2). Foram recebidos os dos seguintes sócios falecidos
nesta capital. sendo:
TEATRO SÃO LUIZ José Bento Pires ........................................... 5Q$(XX)
EMPRESA LUIZ BRAGA JUNIOR & CIA. Bem ardo José Bento Nogueira ................... 200$CXX)
GRANDE E EXTRAORDINÁRIA NOVIDADE Malaqufas Antônio Gonçalves ................ l.CXXJ$CXX)
Faleceram também cm Portugal dois
Proximamente chegará a esta capital a grande compa-
nossos con ócios. cujos legados aqui
nhia dramática do Teatro Lucinda, do Rio de Janeiro, diri-
registramoc;, sendo:
gida pelo artista Furtado Coelho, da qual faz parte a artista
Lnácio José Gome ...................................... 500$(XX)
e PRIMEIRAATRlZ PORTUGUF...SA
Bento José Esteves Dias ......................... J.{XX)$(XX)
LUCINDA FURTADO COELHO
( ... ) Mobíl ias e tapeçarias foram feitas expressamente
para esta empresa, cm Paris. O cenário é todo novo e RETRATOS
pintado pelos notáveis cenógrafos
CLÁUDIO ROSSI EORESTES COUVA(...) Em homenagem à memória dos nossos compatriotas
(Diário do Mara11/uin, 9nll 886, p.4). Malaquias Antônio Gonçalves e Bento José Esteves Dias,
foram colocados os seus retratos no dia 1° de dezembro
IGREJA DE SÃO JOÃO último, na sala nobre do Hospital, devido ao avultado le-
gado com que beneficiaram a nossa Sociedade e em cum-
Vai começar o serviço do revestimento das paredes da primento do art. 11 do estatuto. (Diário do Maranhão, 12/
igreja com aw lejos. 1/1887, p.2).

~ 176 C:..--n)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS "10 MARANHÃO (1842 1930)

TRABALHO CURIOSO E DE APREÇO Pintura: a óleo, a pastel.


Da lista de professores consta o nome de João Manoel
Assim se deve chamar o que é feito por uma moça de da Cunha - (desenho e pintura).
ftapecuru-Mirim', no que diz respeito a trabalho de bico (Pacotilha 13/ 12/ 1887, p.3).
de pena em letras góticas etc., já conhecido do público.
Está no nosso escritório, onde mostraremos, um novo SESSÃO SOLENE
trabalho da mesma moça, e que revela a sua aptidão e
apurado gosto, notando-se que, para tais obras, não teve Os estudantes do Liceu realizam hoje à noite uma ses-
mestres e nem cursou aulas. são solene em homenagem à Lei de 13 de maio de 1888.
É um allo-n:lcvo de letras, cercadas de ílorcs também Terá lugar a sessão no Teatro São Luil, que está bri-
cm relevo, mostrando tudo a paciência com que é feito. lhantemente adornado de bandeiras e festões de ílores,
(Diário do Maranhcio, 291111887, p.2). tendo cm frente ao palco a Estátua da liberdade, quadro
executado pelo estudante Montrosc, hábi l amador.
NOVO ALTAR O quadro representa uma mulher envolta em roupa-
gens azuis; na destra um cetro de ouro; na esquerda um
Acha-se em construção, na oficina do Sr. Joaquim Fer-
barrete frígio, e que revela nas proporções estéticas a bo-
reira Barbosa, um altar que a Irmandade de Santa Severa
nita imaginação do novel pintor.
mandou construir para a mesma santa e que será armado
Em frente aos camarotes de 2ª ordem acham-se fixados
na igreja de São Pantaleão. (Diário do Mara11/1ão, 11 /2/
escudos com os nomes dos principais vultos políticos e
1887,p.l).
literários do abolicionismo.
OFERTA RELIGIOSA A comissão encarregada dos festejos, composta dos
estudantes Costa Miranda, Viana Ribeiro, Reis Lisboa e
O negociante João Pedro Ribeiro ofereceu à igreja de Fi ladelfo Cunha tem sido incansável cm proporcionar ao
Santo Antônio uma credência de madeira preta, cheia de público uma festa à altura do grande acontecimento que
altos-relevos e dourados, trabalho que mandou vir de Pa- comemora. (O Pai:.. 16151 1888. p.2).
ris e que revela o gosto do artista.
É de mármore preto a mesa da crcdência. (Diário do PLANTA
Maranhão, 14/2/ 1887. p.2).
Vimos uma planta da ermida que se está construindo
VISI'A DA ClDADE cm São José de Ribamar, levantada pelo Sr. Luiz Ory.
Está de um go to apurado.
Temos em nosso escritório. onde fica à disposição de Se a nova ermida não se afastar do plano traçado. fica-
quem quiser ver, a vista desta cidade, de de o Cais da rá realmente magnífica. (Pacotilha, 16/8/1888, p.2).
Sagração até os RemMios, tirada do sítio Pedreiras e dese-
nhada pelo Sr. Gregório José Ma11ins. AGRADECIMENTO
É um trabalho digno de apreço, sendo. como foi fe ito
por um curioso que nunca aprendeu desenho, e que, no A comissão abaixo a~si nada cumpre um dever de grati-
entanto, apr~senta um trabalho muito perfeito, quer no dão exprimindo, pela imprensa, o reconhecimento para com
desenho, quer na pintura, dadas as cores das casas. tetos, todos aqueles que, de qualquer maneira, concorreram para
etc. - tudo como no original. a festividade do glorioso São José de Ribamar.
Pena é que o Sr. Manins não possa dispor do preciso Julga entretanto de seu dever destacar, dentre todos,
tempo para se dedicar a esse e outros trabalhos, para os os nomes do Ex mo. e Revmo. monsenhor vigário-geral do
quais tem decidida vocação. Bispado, Dr. João Tolcntino Guedelha Mourão, pregador
Sempre ocupado, por isso que é estabelecido com casa da festa; - Revmos. Srs. cônegos José Gonçalves Serejo,
de retalho na Rua de Santaninha. não dispõe o Sr. Martins vigário Manoel Gonçalves da Cruze padre Si lvino Ângelo
de horas que lhe permitam entregar-se a outros trabalhos. da S ilva, a cuja gratuita cooperação se deve as missas e
Vocação artística e tão natural merecia que os compa- ladainhas cantadas cm São José de Ribamar, e aos Rev-
triotas do Sr. Manins lhe proporcionassem ensejo de tor- mos. Srs. cônegos João Manoel de Freitas, vigário João
nar o seu nome conhecido e enriquecer a galeria dos talen-
Evangelista de Carvalho, comendador Frei Rufino de Frei-
tos da sua nação. tas, padre Arthur César da Rocha e minorista Antônio Da-
Como estes. outros trabalhos tem feito e começado o
másio Pereira Maya, que funcionaram na ladainha e Te
Sr. Martins, a quem felicitamos pela irrepreensível prova
Deum havidos na igreja de Nossa Senhora dos Remédios,
que 0 recomenda. ( Diârio do Maranhão, 1º/12/ 1887, p.2).
como conclusão da dita festividade.
Agradece ainda a comissão aos llmos. Srs. Luiz Ory,
Estatuto do Externato Nosso Senhor do Patrocínio, di-
autor da clega111c planta da nova ermida; Vicente Arêas
rigido por Rita Guilhermina Serra.
Sucessores, autores da armação da igreja cm São José;
Aula de Belas-Artes (desenho e pintura)
Luiz do Carmo Rego Lima, regente da orquestra dos Remé-
Desenho: linear. paisagens. figuras.
dios, e aos senhores professores que o coadjuvaram e
Antônio Carvalho da Silva Branco, autor da armação do
Tr:ita-se da poetisa Manana Luz. largo da igreja.
LUIZ DE MELLO

Além destes, agradece ainda a comissão a todas as Em frente ao estabelecimento tocava a banda de músi-
Ex mas. Sras. que se dignaram executar os cânticos sagra- ca dos Educandos Artífices, deleitando o grande número
dos na igreja de Nossa Senhora dos Remédios; às ilustra- de visitante .
das redações dos jornais Diário e Pacotilha que gratuita- À noite, então, a concorrência foi extraordinária, e de
mente publicaram anúncios concernentes à festa. tal forma que mal se podia andar pelo salão.
Carlos Ferreira Coelho, Luiz Antônio Vieira, Fernando Por fora destacavam-se grupos de pessoas que leva-
Antônio J. da S. Barreiros - Maranhão, 19 de setembro de vam horas inteiras admirando o bem-acabado dos dese-
1888. (Diário do Maranhão, 201911888, p. I). nhos das paredes do bilhar. (Pacotilha, 2/l/1889).

OFERTA HOTEL

Assim nos comunicam: Os proprietários do Hotel Lu o-Brasileiro, desejando


O Clube Musical Santa Cecília, cm agradecimento aos continuar a pintura do salão de jantar e sala de recepção
relevantes serviços que lhe tem prestado o Exmo. Sr. go- do hotel pelo mesmo sistema de anúncios. mas de gosto
vernador do Bispado, monsenhor Mourão, ofereceu-lhe inteiramente diferente e mais chique ao bi lhar-reclame,
um grande quadro representando a Excelsa Padroeira dos convidam as pessoas que desejarem mandar inserir seus
Músicos tocando a manicórdia, seu instrumento predile- anúncios a se entenderem com o desenhi ta Luiz Luz. (Pa-
to, e rodeada de anjos. cotilha, 3/1/1889, p.2).
O trabalho édo pincel do habilíssimo pintor maranhen-
se João Manoel da Cunha. LUIZ ORY
Monsenhor Mourão, agradecendo a fineza do clube,
fez colocar-se o quadro no salão nobre do Seminário San- Largo do Carmo. compra a bom preço folhas de velu-
to Antônio. (Diário do Maranlu1o, 261 l 1/1888, p.2). do. (Pacotil/ia, 21/2/1889. p.3).

HOTEL PINTURA

Para muitos já não é novidade o que está fazendo o Vimos hoje um desenho a várias cores da frontaria do
Lopes no seu salão de bilhar, cujas paredes estão sendo Hotel Luso-Drasileiro, feito pelo modesto e hábil Sr. Luiz Luz.
cobcnas de anúncios. O quadro acha-se exposto no referido hotel. (Pacoti-
Não obstante a resolução do Lopes de inaugurar o lha 7/3/1889, p.2).
salão no dia 1° de janeiro, quando correrá as coninas que
estão cobrindo os anúncios, todos os dias é o seu bilhar QUADRO
visitado por uma porção de pessoas que a toda força que-
rem bii.bilhotar o que fez no dia anterior o desenhista. Tivemos ontem ocasião de ver um quadro pintado a
Nós também fomos ver o salão do Lopes e podemos várias cores e representando a frontaria do Hotel Luso-
afirmar que estão feitos com arte e gosto os anúncios. Brasileiro.
No dia 1º de janeiro lá estaremos de novo. (Pacotilha, É trabalho do inteligente artista maranhense Luiz Luz,
18/ l2/ J888, p.2). que se encarregou da pintura do salão de bilhares daquele
hotel. (0 Paiz. 8/3/1889. p. 2).
INAUGURAÇÃO
ACIDENTE
Inaugura-se amanhã o salão-bilhar do Hotel Luso-Bra-
sileiro. Havendo o pintor Luiz Faustino do Santos Luz deita-
Um modesto e habilidoso desenhista, o Sr. Luiz Faustino do sobre uma mesa onde se achavam algumas prepara-
dos Santos Luz pintou nas paredes deste salão diversos anún- ções de tinta e uma garrafa de vinho, um seu discípulo,
cios de casas comerciais e vários letreiros indicativos das julgando conter a mesma garrafa óleo para polimentos,
residências de alguns médicos e advogados desta capital. adicionou ao vinho um pouco de verdete.
Por ocasião da inauguração a banda de música dos Antes, porém, que este desse pelo engano na ocasião
Educandos Artífices executará uma valsa sobre motivos de servir-se da garrafa, o Sr. Faustino que se lhe adiantou,
dos hinos brnsileiro e português, composição do profes- ao usar do vinho conheceu aos primeiros goles que não
sor de música Luiz do Rego Lima. estava puro.
O Sr. Horácio Palácio ofereceu a banda de música do Verificando o que ele conúnha e verificando ser verde-
Circo Chileno para tocar no salão-bilhar do Hotel Luso- te, julgou-se envenenado e saiu de casa cm busca de so-
Bra<>ileiro. corro.
O dono do estabelecimento fi cará bastante lisonjeado Tomando um laxante. o Sr. Faustino que ontem pensa-
com a afluência do público. (Pacotilha, 3 l/12/ 1888, p.2). va estar para sulcar as águas do Lcthcs, acha-se pronto.
(Pacotilha, 13/5/1889, p.3)
BILHAR
ALTAR DE MINERVA
O Lopes inaugurou ontem à tarde o seu hotel.
O salão de bilhar, todo cheio, esteve de um efeito mag- Da Quinta Vitória estão sendo distribuídas as listas na
nífico. capital. São diretamente remetidos ao Banco do Maranhão

<!./Q) 178 e-- (>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

os valores das subscrições para irem sendo com os nomes eus anúncios seja feita num espetáculo de ginástica e sim
publicados pela imprensa diária. num dia designado especialmente para esse fim vem pedir-
O Estado conta com o concurso das suas Municipali- vos que deis vossas ordens a fim de que o atual inspetor
dades do interior, dos professores, dos lavradores, dos do teatro não exponha nem se utilize do mesmo pano de
negociantes, do clero. dos industriais, dos artífices, enfim, boca, que, aliás, ainda não pertence ao teatro e é proprie-
de todos os seus beneméritos; assim como conta com o dade do ex-inspetor Archer da Silva e dos abaixo assina-
concurso de toda a República. dos. Nestes termos P. P. D.
Está feita, para Paris. encomenda da indústria, pela casa Bernardino Silva Filho & Cia., João d' Aguiar Almeida
comercial de José Pedro Ribeiro & Cia., que pede desde já & Cia.. Antônio P. Ramos d' Almeida & Cia .. Frnncisco Fer-
os modelos da Minerva de Fídias e da Minerva armada, reira Ribas & Cia., Antônio da Cruz & Cia., Queirós & Cia.,
tamanho natural, sobre altar, que é também das coroas e Serra Martins & Cia., Antônio Machado de Faria, Valle &
dos prêmios de distinção à mocidade, tudo cm mármore Cia., L. F. da Silva Santos, Moura Filhos & Cia., Alfredo
puro da Grécia. pois é para a Atenas Brasileira. Franklin Cabral, João Martins de Azevedo Júnior, Jaime
Sousândrade Pinto Carneiro & Cia., p. p. de Adriano Archer da Silva &
(Diário do Mara11hão, 6/12/1889, p. 1). Filhos, ZefcrinoArcherda Silva, Casemiro Dias Vieira Jú-
nior - R. do Globo - Martins & Irmão, Redação da Paco-
OFERTA tilha - Thomas Raimundo Rosa, Lázaro Moreira de Sou a
& Filho, p. p. Ga~par Pinto Teixeira, Francisco Pinto Teixei-
Por um distinto comerciante de nossa praça foi ontem ra, Irmãos Guimarães.
oferecido ao cidadão tenente-coronel João Luiz Tavares Ontem foi entregue ao funcionário competente para
um rico quadro. parte de veludo de seda azul e parte de informar.
cristal, contendo o retrato do mesmo tenente-coronel e um Publicaremos a informação que o inspetor vai dar, e
riqufssimo álbum para retratos, de grande valor, no qual se por ela verá o público o que a respeito ele ex pende.
acham os retratos da famflia do ofertante. como prova de Se o pano foi ou não dado ao teatro. quem menos pode
reconhecimento pelos relevantes serviços prestado pelo saber é o inspetor atual, que, tomando conta, encontrou-o
mesmo distinto militar ao Estado do Maranhão e à pátria no lugar competente e sobre a sua descida e exposição era
brasileira. quem podia deliberar, para satisfazer o público.
Congratulamo-nos com esse cavalheiro por semelhan- Se não é propriedade do teatro, se a estabelecimento
te procedimento. não pertence, como dá a entender a petição, e seus signa-
Maranhão, 14 de dezembro de 1889. (D iário do tários não querem que seja estudado num esp1!láculo de
Maranluio, 14/12/1889,p. 1). ginástica, com ordem e autorização de quem foi ele ali
colocado, e para que fim?
CENOGRAFIA Parece que se devia esperar o contrário. isto é: que os
anunciantes manifestassem desejo de ser, quanto antes, lido
O hábil cenógrafo Luiz Luz está pintando um pano de o seu anúncio e tomá-lo conhecido do público que deseja
anúncios para o Teatro São Luiz. apreciar o trabalho do artista maranhense a quem foi incum-
O trabalho está digno de ver-se e foi encomendado bido o serviço. (Diário do Maranluio. 1212/1890, p.3).
peloex-inspetorZeferinoArcherda Silva. (Pacotilha, 8111
1890,p.3). TEATRO

RETRATOS ão teve o espetáculo de ontem maior concorrência


que o passado também dado pela Escola de Ginástica, como
Os empregados da extinta Câmara Municipal manda- se esperava.
ram tirar a óleo os retratos tios dois últimos presidentes da Não obscante foram os trabalho todos muito aplaudi-
Municipalidade. coronel Alexandre Collares Moreira Júni- dos. principalmente os de trapézio pelo artista Fortale:.i1 e
or e Joaquim Marques Rodrigues Neto, depois que estive- pelos dois meninos Filhos do Ar.
rem concluídos. Estreou a menina Estrela do Oriente que apenas tem
Foi encarregado do trabalho o hábil pintor e retratista 18 dias de aprendizagem, revelando muita inclinação pela
maranhcnse João Manoel Cunha. (Diário do Maranhão. arte que abraçou.
4(2/ 1890, p.3). Logo no começo do e petáculo, quando tocou a músi-
ca, subiu o pano de boca, aparecendo o de anúncios, cau-
PANO DE BOCA DO TEATRO sando surpresa agradável aos espectadores. que em repe-
tidas palmas demonstraram o ~cu apreço ao artista mara-
Ao Sr. Dr. governador do Estado foi sábado p. p. dirigi- nhense Luiz Luz, que o desenhou. (Diário do Maranhão,
da e~ta
petição: 3/3/ 1890, p.3).
Cidadão governador do Estado
Os abaixo assinados, negociantes estabelecido nesta NOMEAÇÕES
praça, 1endo mandado desc~har anú~cios no .s~g_u~do
pano de boca do Teatro S~o Luiz, orgamzado .~r. m1c1auva Consta que requereram a nomeação de lentes para as
do zeloso e dedicado ex-inspetor daquele cd1f1c10, Sr. Ze- novas cadeiras, que pela reforma têm de ser criadas no
ferino Archer da Silva, não desejando que a exposição dos Liceu, os senhores:

~ 1 79 ~
~
~ LUIZ DE MELLO

Fannacêutico João Victal de Matos, física e química; NOMEAÇÃO


Fannacêutico Eduardo Jansen Vieira de Melo, alemão;
Pintor Luiz Luz, desenho. Sobre proposta do inspetor-geral interino, de acordo
(Diário do Maranhão, 1°/4/ 1890, p.2). com a decisão do Conselho Superior da Instrução Pública,
foi nomeada D. Tereza Porciúncula de Moraes para reger a
PANO DE BOCA cadeira pública do ensino primário do sexo fem inino da Vila
de São Bento, durante o impedimento da licença da respec-
Foi ontem à noite visto por grande número de pessoas tiva professora. (Diário do Maranhão, 221711890, p.3).
o novo pano de boca que há de estrear amanhã no teatro,
trabalho do artista maranhense Luiz Luz, que mais uma vez TEATRO
revelou a sua aptidão e bom gosto.
Foram unânimes e gerais as opiniões sobre o bem tra- Para o drama Os ponugueses na África -que a Empresa
çado da magnífica vista e a naturalidade das figuras nela Ficarra está montando para ser apresentado no Teatro São
representadas. Luiz, no fim desta semana pinta o artista mar·anhense Luiz
Sabemos que outros trabalhos idênticos lhe vão ser Luz seis bonitas vistas que hão de produzir o melhor efeito,
confiados, e como neste ele se desempenhará satisfatoria- combinando o gosto artístico e aptidão de seu autor.
mente. (Diário do Maranhão, 11/411890, p.3). Estas vistas ficarão pertencendo ao edifício, segundo
contrato feito com o respectivo ins petor. (Diário do
PANO DE BOCA Maranhão, 23n/ l890, p.2).

Vimos ontem o novo pano de boca do teatro, que aca- ANÚNCIO DO DRAMA EM 9 ATOS - OS
ba de ser pintado pelo hábil artista Luiz Luz. PORTUGUESES NA ÂFRJCA - CENÁRIO
É um trabalho de efeito, bem delineado e que põe mais PINTADO A PROPÓSITO PELO DISTINTO
uma vez em evidência o mérito de quem o executou. PINTOR LUIZ LUZ
O novo pano de boca representa parte de um navio
que lula com o mar embravecido e borrasca tremenda. 1° - Os arrecifes de Kazondé
· Vêem-se-lhe os dois mastros grandes, as velas esban- 2º- O Deus Siva
dalhadas pelo vento, e sobre o tombadilho pedaços de 3º - As cachoeiras com a ponte que se q uebra
mastaréu e carangueja partidos na tormenta. 4° - Salão Real de Labossi, o Rei de Kazondé
Um marinheiro trepa numa escada para !obrigar no ho- 5° - O antro de Kazondé
rizonte alguma esperança de salvação. 6°-A fogueira (Pacotilha, 24n/1890, p.3)
O comandante grita a um lado à maior parte da tripula-
ção que está além, enquanto perto dele cinco marinheiros CENÁRIOS
tocam corajosamente a bomba para al iviar o navio do peso
dágua e um roja sobre o tombadilho, deitado ferido por um Sobe hoje à cena no Teatro São Luiz Os portugueses
fragmento do maslaréu. na África.
O trabalho está de efeito e conquanto não se ache Para ele fomm pintados pelo artista maranhense Luiz
isento de alguns senões, é digno de ser apreciado. Luz seis vistas, além de outras retocadas, todas de grande
No espetáculo de amanhã estréia o novo pano. (Paco- efeito e que ficarão pertencendo ao edifício, segundo con-
li/ha, 2114/1890, p.2). tratou com a empresa o inspetor daquele próprio do Esta-
do, que agora vai sendo pouco a pouco reformado em
PINTURA material, procedendo-se à limpeza precisa e reparos ind is-
pensáveis.
O público afinal resolveu assistir ontem à noite à expo- A tribuna reservada ao Governo já tem novas cortinas
sição do novo pano de boca do Teatro São Luiz. que hoje servirão. A da autoridade policial foi esteirada de
Se a nova pintura agradou. qual a impressão que pro- novo; em am bas colocados novos tapetes e cabides, que
duziu no espírito do públ ico, não o sabemos dizer porque não tinham; vão ser caiadas as paredes internas e cama-
os espectadores não nos consta que aplaudissem, repro- rins, e muito breve, por estar findando o inverno, será a
vassem ou emitissem opinião alguma sobre aquele traba- frente do edifício devidamente caiada e pintada, para de-
lho; limitaram-se a olhar, olhar fixamente, distraidamente, pois continuar a despesa e asseio na decoração interior,
desde que o pano desceu até que subiu. (Pacotilha, móveis e palco. (Diário do Maranhão, 261711890. p.3).
22/4/I 890, p.2).
DRAMA
UM GESTO
Os portugueses na África, drama aparatoso, represen-
O Sr. Luiz Luz, recebendo a importância porque pintou tado anteontem e ontem no Teatro São Luiz, atraiu grande
o pano de boca do teatro, dispensou 20$000 para auxílio concorrência, principalmente na primeira noite.
das despesas da noite do espetáculo em que foi exibido o Drama de cenas, adrede preparadas, e de bonitos qua-
referido pano, atendendo à exigüidade do rendimento. dros para realce dos quais primaram as vistas ultimamente
É um ato digno de louvor. (Diário do Maranhão, 26/4/ pintadas, agradou o seu desempenho, sendo de justiça
1890, p.3). dizer que todos os amadores, especializando os Srs. Fi-

<?./é) 180 <?./é)


CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

gueiredo e Vasconcelos, não falando nos artistas conheci- mento do teatro lhes seja dada a importância de 800$000
dos, se saíram bem. réis, merade da dívida que sob sua responsabilidade con-
Foi muito aplaudido, sendo assim coroados de êxito os traíram mandando pintar as vistas e fazer outras decora-
esforços empregados pela empresa dos Srs. Ficarra e Ma- ções indispensáveis para o Teatro São Luiz. - In forme o
dureira que muito trabalharam. (Diário do Maranhão, 281 ins petor do Tesouro Público do Estado. (Diário do
7/ 1890, p.3). Maranluio, 26/ 10/ 1890, p.3).

EMPRESA MADUREIRA FICARRA C ENÓGRAFO CRISPIM AMARAL

(...)Cenário devido ao pincel do


A bordo do vapor inglês Cloa111i11 recolhe-se ao Pará o
aplaudido artista LU IZ LUZ
Sr. Crispim Amaral, cenógrafo brasileiro que regressa da
Iº - A esplanada do Castelo de D. Antônio de Muniz
Europa, aonde foi, por contrato feito com o Governo do
2º -A gruta do selvagem
Esrado vizinho, comprar o novo cenário par:i o Teatro da
3º - A íloresta
Paz e adquirir dois panos de boca.
4° - O subterrâneo do Castelo - Derrocada.
Chama-se a atenção do público para este trabalho ce- Satisfez a sua comissão com o melhor resultado.
nográfico.(...) (Pacolilha, 14/8/1 890, p.3). Diz-nos o Sr. Crispim que no Ceará recebeu convite para
ir dar plano e assistir à construção de um teatro que ali se
HORÁCIO TRIBUZI pretende levantar por meio de uma companhia, e que o Esta-
do garantirá juros. (Diário do Maranluio, 17/1/1891, p.2).
Foi hoje colocado novamente no salão em que funcio-
na o Tribunal do Júri, o grande quadro representando a - FRANCODESÁ
Justiça - e que teve de ser emoldurado a tempo. (Diário
do Maranhão, 14/811890, p.3). Lemos na correspondência de Paris de uma folha lis-
bonense:
BENEFÍCIO Visitamos há Ires dias o ateliê do distinto pintor bra-
sileiro Franco de Sá, uma das g/6rias artfsticas do novo
Está anunciado para amanhã. cm benefício dos amado- Brasil.
res do grupo dramático da Empresa Madureira & Ficarra, a Franco de Sâ não passa a vida peln boemia barata
representação do drama O Guarani. das Brassaries, é um tanto traba/luu/or e um artista. Nes-
Para este drama pintou também o artista maranhense te momento completa os retratos do banqueiro brasilei-
Luiz Luz duas vistas, reformando completamente a bela ro Paulo Mayrink, do Generatrssimo Deodoro da Fonse-
vista de praça existente no teatro. ca e de t1111 ilustre magistrado português, o Dr. Boal'ellfu-
São merecedores da proteção do público os moço ra Teixeira Barbosa e sua esposa.
que têm acompanhado os artistas. (Diário do Maranhão. S<io três belos trabalhos que jin11a111 a reputação de
15/8/ 1890, p.2).
Franco de Sá, que possui, co1110 poucos artistas, o dom
de animar com um sopro de vida o 111odelo que pinta
(NOTA: ANÚNCIO DE GRANDES DIMENSÕES) sobre a /ela.
Franco de Sá, Souza Pinto e Teüeira lopes, Verde,
RESUMO: ( ...) TEATRO SÃO LUIZ-Sábado, 20 de
Tlw111a: Costa, Rodrigo Soares - eis 11111 punhado de ar-
~etembro de 1890 - primeira representação do drama Pai-
tistas que trabalham e de enorme fwuro. (Diário do
xão e Morte de Jesus Cristo - cm 6 Atos e 17 Quadros -
Maranhclo, 28/2/1891, p.2).
( ...)-CENOGRAFIA-
(...)- Chama-se a atenção do público para este último
trabalho cenográfico devido ao pincel do aplaudido artis- SALÃ O DE LEITURA
ta Luiz Luz. (Diário do Maranhc/o, 20/9/1890, p.3).
Tendo o artista Luiz Luz concluído os seus importan-
DRAMA SACRO 1es trabalhos de pintura de anúncios de diferentes casas
desta praça, no salão de leitura deste Diário estará e le de
Conquanto menor que o da primeira, teve o espetáculo terça-feira em diante, e como sempre, franco para receber
de ontem repetição do drama sacro - Paixão e Morte de as pessoas que quiserem vir apreciar tais trabalhos do
Cristo - sofrível concorrência. artista maranhense que tanto se recomenda e pelos quais
Foram muito bem os trabalhos pelo que mereceram já eMá vantajosamente conhecido. (Diário do Maranltcio,
aplausos, principalmente os dois úhimos Atos pelas boni- 18/IJ/ 189 1, p.3).
tas vistas e de efeito.
Pena é que o público não tenha correspondido à boa PINTOR MANOEL AMARA L
vontade e esforços que a empresa há feito, esforços so-
brecarregados com despesas que ainda não pôde salvar. Está entre nós o Sr. Manoel do Amaral, paracnse, estud<u1-
(Diário do Maranhão, 25191 1890, p.2). te, por conta do Estado, da Academia Italiana de São Lucas.
O Sr. Amaral é pintor a óleo e desenha a crayon.
DESPACHOS DO GOVERNADOR - DIA 18: Oi7-nos ele que se demorará algum tempo nesta capital,
onde se encarregará de algum trabalho de sua especialidade.
( ... ) - C. Madureira & Ficarra pedindo que da verba Agradecemos a ua visita.
destinada na Lei de Orçamento para a pintura e embeleza- (Diâriodo Maranhão, 24/4/1891. p.3).

~ 18 1 e,c;)
LUIZ DE MELLO

PINTURA GOVERNO DO ESTADO

Tivemos ontem ocasião de apreciar dois trabalhos do Portarias


hábil pintor paraense Manoel Amaral, que se acha há dias Expediente de 7/5/1891
entre nós. (...)Na mesma data o Dr. governador do Estado, sob pro-
Umdelcséorelratodo Dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro, posta do delegado da Inspetoria Geral de Terras e Coloniza-
ex-governador do Amazonas, e o outro um retrato do Sr. ção, resolve nomear o cidadão João Manoel da Cunha para o
conselheiro José da Silva Maya. lugar de pagador da respecúva repartição e incumbido dos
Esses trabalhos recomendam muito ao jovem artista. serviços da escrituração da mesma e de outros concernentes
(Pacotilha, 191511891, p.3). ao referido cargo, percebendo a graúticação mensal de cem
miJ réis.(...) (DiáriodoMaranltiio, 22/6/1891, p. l).
NOMEAÇÃO
HOMENAGEM
Foi nomeado pregador do Núcleo Colonial Vinte e Qua-
Os amigos do Exmo. Sr. Dr. Costa Rodrigues fizeram
tro de Agosto o cidadão João Manoel da Cunha. (Diário
colocar hoje no salão do Congresso o seu retrato, a meio-
do Maranhão, 22151189 1, p.2).
corpo, trabalho muito perfeito do arlista Manoel AmaraJ,
que se encontra entre nós.
RETI FICAÇÃO O retrato vai ser enviado para a casa do distinto chefe
político. (Diário do Maranhão, 4n/ 1891, p.3).
A diabrura do tipógrafo. quer na composição, quer de-
pois na correspondência da prova, levou-o a transformar a GOVERNO DO ESTADO
paJavra pagador para pregador, na notícia de nomeação Expediente do dia 19 de junho de 1891
do Sr. João Manoel da Cunha para aquele cargo no Núcleo
Colonial. PORTARIAS:
O que vale é que o leitor terá conhecido o erro e na (... ) O Dr. governador do Estado. de acordo com a pro-
leitura o corrigiu devidamente. (Diário do Mara11/rão, 23/ posta do delegado da ln petoria Geral de Terras e Coloni-
5/1891, p.2). zação resolve nomear o cidadão João Manoel da Cunha
para o lugar de desenhista da rcspecliva repartição, perce-
RETRATO bendo os vencimentos de cem mi l réis mensais.
Na mesma data comunicou-se ao delegado da lnspeto-
Está no nosso salão de exposição um quadro com o ria Geral de Terras e Colonização. (Diário do Maranhão,
retrato a meio-corpo do Sr. Raimundo Perdigão, moço mui- 221711891, p. I).
to conhecido nesta cidade, podendo por isso ser devida-
mente apreciado. PINTOR PARAENSE
O retrato é a esfuminho, trabalho do artista paraense M.
do Amaral, de presente nesta cidade, como já noticiamos. Os nossos leitores já conhecem decerto o Amaral, aque-
Não é este o único trabalho do talentoso artista;outros le rapaz simpático e despretensioso que há pouco chegou
temos visto que muito o recomendam, e para o que aqui se da JtáJia, onde fez os seus estudos de pintura e cujos tra-
acha chamamos a atenção das pessoas que desejarem fazer balhos nesta capital tanto têm agradado.
encomenda, que terão ainda a vantagem de obter retratos a Pois bem, ele abriu agora um ateliê fotográfico no Beco
preços módicos. (Diário do Maranhtio, 25151 1891, p. 3). da Barreira, um ateliê moderno mas confortável, preparado
com gosto e onde está à di posição das pessoas que qui-
serem dispensar a proteção e o auxílio de que é ele merece-
E XPOSIÇÃO
dor. (Pacotillra, 16/8/1891, p.2).
Na Livraria Amaral está em exposição um retrato a
SUBSCRI ÇÃO
crayon da interessante filhinha do Sr. Antônio Frazão Can-
tanhede, empregado da Tesouraria de Fazenda
Os artistas João Martins d' Azevedo Junior e Teódulo
É mais um trabalho que recomenda o hábil pintor
Varela promoveram uma subscrição com o ftm de colocar
paracnse Manoel do Amaral, já vantajosamente conheci- na sala de aula de laúm da Escola Normal o retrato a óleo
do entre nós. (Pacoti/lra, 8161189 1, p.3). do falecido Dr. João l lenrique.
Não podia ser mais apropriada a idéia desses amigos
OLEOGRAFIAS do fa lecido professor, que tanto se dedicava à instrução
da mocidade, deixando entre ela um nome cheio de saudo-
O nosso amigo Antônio Fasciolo descobriu um modo sas lembranças, e que cumpre perpetuar. (Diário do
de ter a sua li vraria cheia de compradores e curiosos. Maranhão, 18/8/ 1891, p.2).
Enfeitou a fren te do balcão, janelas e portas com oleo-
gratias de todos os feitios e gostos, e assim pôs em revo- FOTOGRAFIA AMARAL
lução pacífica os desejos de possuírem boas estampas. DE AMARAL & VASCONCELOS
A lembrança foi boa porque continua a concorrência à
sua casa, e ele a aproveitar. (Diário do Maranhão, 20/6/ Este ateliê está montado na Rua do Silva nº 7, vulgo Bar-
1891, p. 3). reira, à disposição do público, do qual espera a proteção.

<VQ) 182 <VQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Executa-se iodo o trabalho que diL respei10 à arte fo10- O pano represemará um cortinado de veludo. ( Pacoti-
gráfica. Tiram-se vis1as de sí1ios, edifícios e retratos fora /hCl, 12/1 1/ 189 1, p.3).
do a1eliê, mediante ajuste.
A demora é pouca em razão de um dos artistas seguir PINTURA
brevemcnle para a Europa. (Pacotilha. 12/911891, p.3).
Os artistas Luiz Luz e Manoel Amaral propuseram aos
COMUNICADO diretores da Associação Lírica pintar urn pano de boca
para o Teatro São Luiz, pano que deverá servir na próxima
Rodolfo Vasconcelos comunica ao público desta capital estação da companhia esperada da Europa, com a condi-
que tendo ficado com todo o ativo e passivo do ateliê fo10- ção de ser dada uma récita cm benefício deles para paga-
gráfico da Rua do Silva nº7,continua com o mesmo giro de mento do seu trabalho e do ma1erial empregado.
negócios sob sua firma individual, esperando merecer a pro- Essa récita dizem-nos que será depois das do contrato.
1eção de seus conterrâneos, promelendo pres1eza e boa exe- (Diário do Maranhão, 13/11/189 1. p.2).
cução cm seus trabalhos e modicidade nos preços.
(Pacotilha, 16/9/189 1,p.l).
TEATRO SÃO LUIZ
COMUNICADO
O nosso ilustre colega Alberto Marques Pinheiro en-
viou-nos o seguinte:
Nós abaixo assinados proprietário do ateliê fotográfi-
Ao colega e amigo reda1or da Pacotilha.
co na Rua do Silva nº 7, que g irava ne 1a praça sob a razão
Ern referência à notícia por vós dada on1em, sem dúvi-
social de Amaral & Vasconcelo , declaramos que de co-
da como vos foi informada, cm relação ao que no teatro
mum acordo dissolvemos a referida firma, retirando-se o
está mandando fazer a diretoria da As!.ociação Lírica, cabc-
sócio Manoel do AmaraJ, pago do seu capi1a1 e lucros a1é
a presente data, ficando o sócio Rodolfo Vasconcelos com me explicar-vos:
todo o ativo e passivo da referida firma, e o sócio Manoel De acordo com o que foi combinado com o Exmo.
do Amaral isento de toda e qualquer responsabilidade. desembargador vice-governador, e comigo, o diretor Sr.
Maranhfio, 14 de setembro de 189 1 - Manoel Amaral - Acrísio Tavares comprometeu-se aos reparos precisos
Rodolfo Vasconcelos. (Pacotíllw. 16/9/1891 , p. I). nos camarins e mais outras despesas com o asseio do
edifício para as im satisfazer a condição que foi imposrn
RETRATO à As ociação pelo Sr. Lourenço de Sã, quando lhe conce-
deu exclusivamente o teatro de ou1ubro a dezembro do
Para apreciar mais uma vez o trabalho do retratista Ama- corrente ano, sem ônus algum para a Associação pelas
ral, de quem lemos falado, está exposto no nosso salão o récita da Companhia Lírica que mandou contratar: com
retrato de pessoa conhecida, por e le tirado, e que pode ser o serviço citado despenderá a Associação cerca de 300$,
visto por quem o desejar. (Diário do Maranhão, 28/9/ entretanto que fica isenta de pagamento do aluguel, pelo
189 1, p.2). mesmo, a 25$ por cada récita e dando s6 as 20 que anun-
cia, deve pagar 500$, sendo-lhe portanto claramente van-
RETRATO
tajoso o negócio.
Os pintores Luz e Amaral propuseram aos diretores
Temos em exposição, em nosso escritório, um retrato a
pintar um pano de boca e acessórios com a condição de
crayon do Sr. RaimundoArcherda Silva, magnífico trabalho
lhes ser dada pela companhia que vier uma réci1a para seu
do hábil artista Manoel ArnaraJ. (PacotillUI, 17/ 1011891, p.2).
pagamento, deduzidas as despesas adiantadas.
Por conta do Es1ado e ordem do Exrno. Sr. Dr. Carlos
CASA JAPONESA
Peixoto, 1cm s ido a despesa com consen os internos, com-
Amanhã reabre-se à concorrência pública a Casa Japo- pras e reparos de móveis e outras, cerca de 700$. deduzi-
dos dela 300$ e tantos mi l réis. produto de um benefício
nesa.
Os Irmãos Guimarães não pouparam esforços e despe- u
que promovi com aplicação especial reforma da sala do
sas para preparar o seu estabelecimento da Rua do Sol. palco, obra já feita e que custou muito menos que os orça-
Aquilo está que é um gosto e um regalo. memos apresentados ao referido Exmo. desembargador
As paredes do saJão de bilhares estão cobertas de recla- vice-governador.
mes pin1ados com muita habilidade pelos Srs. Luiz Luz e Sou vos o colega amº
Manoel Amaral, dois rapazes inteligentes e trabalhadores. 13 de novembro
As outras dependências do estabelecimento sofrem A.M. Pinheiro
ta mbém algumas reformas. ( ...)(Pacotilha, 7/11/1891, p.3). (Pacotilha, 13/1 1/1891. p.3).

TEATRO SÃO LUIZ PINTURA

A Associação Lírica Maranhense está mandando pin- Já está terminada a pintura do pano de boca do Teatro
tar e forrar a papel os camarotes do teatro e fim1ou contra- São Luiz, trabalho dos artistas Luiz LuL cAmaral.
to com os Srs. Luiz Luz e Amaral pani a pintura de um pano O pano já está no lugar competente. (D iário do
de boca, reguladores, bambolina.s e bastidores. Maranhão, 4/12/1891, p.2).

<Vé) 183 <V'(>)


~
~ LUIZ DE MELLO

COMPANHIA LÍRJCA ITALIANA A fi el observância dos traços fisionômicos tão bem


copiados pelo lápis do Sr. Amaral, e a natural expressão
No vapor Braganza chegou hoje, como era esperado, que lhes deu, recomendam-no ao público maranhense que
a Companhia Lírica rtaliana que o maestro Joaquim Franco sempre soube apreciar o verdadeiro mérito. (Pacotilha,
foi contratar em Milão, por conta da Associação Lírica 18/12/1891, p.2).
Maranhense, formada nesta capital.
A companhia compõe-se de 32 artistas. RETRATOS
Vai, portanto, o públ ico apreciador da boa música e
canto ter ocasião de passar horas agradáveis, que decerto Os artistas Amaral e Luz estão preparando, além de
lhe proporcionarão os artistas agora vindos. (Diário do outros retratos de pessoas conhecidas e que hão de expor
Maranhão,4/l.21189 l, p.2). no nosso salão, um do ex-Imperador D. Pedro lI e que
pretendem acabar na corrente semana.
PANO DE BOCA É a meio-corpo. (Diário do Maranhão, 31/ 12/1891, p.2).

Produz bom efeito o novo pano de boca do Teatro São EXÉQUIAS ( ...)
Luiz, pintado pelos artistas Luz e Amaral.
Foi ontem feita a experiência, iluminada a sala. (Diário (NOTA: Missa na Catedral, em memória de D. Pedro li,
do Maranhão, 5/12/ 1891, p.2). falecido em Paris. - O retrato do ex-Imperador, pintado por
Luiz Luz, esteve exposto no interior da igreja).
BENEFÍCIO (...) - No centro da vasta igreja estava erguido modes-
to catafalco, no qual de um e outro lado via-se o retrato do
O Sr. Manoel do Amaral, que com o Sr. Luiz Luz pintou pranteado cidadão.
o pano de boca do teatro, acaba de oficiar não só à direto- Proferiu a oração fúnebre o Sr. cônego Leopoldo Da-
ria da Associação Lírica, como à da Santa Casa, que cede a masceno Ferreira que, em um bem delineado d iscurso, sa-
parte que lhe possa caber no benefício combinado para lientou com proficiência as elevadas qualidades do cida-
pagamento daquela obra em favor do Hospital dos Láza- dão que o Brasil perdeu. ( ... )(D iário do Maranhão, 4111
ros desta capital. 1892,p.2).
É digno de todo o louvor o ato generoso do distinto
artista que nos visitou, deixando nesta capital bem recomen- PINTURA
dado o seu nome. (Diário do Maranhão, 7/12/189 1, p.2).
O nosso conhecido artista Luiz Luz acaba de produzir
PINfURA um trabalho que por si só o recomendaria, se por outros
não fosse já tão lisonjeiramente apreciado.
O Sr. Manoel Amaral desistiu, em favor do Hospital dos Teve a delicadeza de vir nos mostrar um retrato a crayon
Lázaros desta capital, da parte que lhe pudesse caber no do padre Gervásio, perfeitamente parecido.
benefício que a Associação Urica tem de realizar para paga- Pena é se não conseguir o que tem em vista tão prome-
menro dos seus trabalhos cenográficos em nosso teatro. tedor artista: ir aperfeiçoar-se no estrangeiro. (Diário do
O Sr. Amaral que já entre nós tinha o seu nome bem Maranhão, 14/ 1/1892, p.2).
recomendado como artista inteligente e distinto, mais uma
vez o cerca da simpatia com o benemérito procedimento RETRATO
que acaba de ter.
Todo o nosso louvor ao inteligente e simpático pintor. O hábil artista Luiz Luz mostrou-nos hoje o retrato do
(Pacotilha, 8/J 2/189 J, p.2). revdº padre Gervásio Nogueira, trabalho a fumo, feito por
aquele nosso distinto conterrâneo.
PANO DE BOCA É uma obra perfeita e que muito recomenda ao seu
autor. (Pacotilha, 14/111892, p.3).
(... ) Pela primeira vez faz-se descer o novo pano de
boca pintado pelos inteligentes artistas Amaral e Luz. Re- ESPETÁCULO
presenta ele parte da vista da nossa capital, observada da
janela da varanda de uma casa colocada à Ponta de São Na próxima semana deverá ter lugar, no Teatro São Luiz,
Francisco. o espetáculo que a Associação Lírica se comprometeu,
Notamos pouca precisão na disposição e colocação por contrato, a dar, pela companhia, em benefício dos ar-
das casas, o que julgamos ser uma grande ilusão de ótica. tistas pintores Luiz Luz e Manoel Amaral.
(Diário do Maranhão, 91J2/1891, p.2). Consta-nos que estes artistas já têm cerca de metade
dos bilhetes passados e contam com a merecida proteção
UM RETRATO que o nosso público sabe dispensar aos homens de traba-
lho. (Diário do Maranhão, 16/1/1892, p.3).
Na loja dos Srs. Luiz Magalhães & Companhia acha-se
exposto um retrato a crayon há pouco acabado pelo talen- ESPETÁCULO EM BENEFÍCIO
toso artista brasileiro Manoel Amaral.
A retratada é uma interessante filh inha do Sr. Antônio Está marcado para quarta-feira (20) depois de amanhã,
Frazão Cantanhede. o espetáculo que a Associação Lírica se comprometeu, em

~ 184 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

contrato, com os artistas Manoel Amaral e Luiz Luz, por PINTURA


haverem eles pinlado o pano de boca do teatro.
lrá à cena a excelente ópera - A So11âmb11/a - do feste- O Sr. Pedro Quitê Suathé, hábil san1ciro residente na
jado maestro DoniLetti. Rua da Cruz, mostrou-nos hoje um seu trabalho de de e-
Dignos, como são os anistas beneliciados, da proteção nho que, conquanto não seja de todo impecável, revela no
que o público maranhense sempre dispensa aos que recor- seu autor decidida tendência para as obras desse gênero.
rem ao seu não desmentido sentimento de generosidade,
É o retrato a crayon do nosso conterrâneo Eduardo
temos como certo que será, a deste el'.petáculo, uma noite
Gonçalves Ribeiro, copiado duma litografia feita nesta ci-
de festa e prazer. (Diário do Maranhão, 18/ 1/1 892, p.2).
dade, na edição especial de um jornal consagrada ao ex-
govcmador do Amazonas.
ESPETÁCULO
Está digno de ver-se e o Sr. Suathé, que mostra tanto
Com a ópera Sonâmbula terá hoje lugar o espetáculo gosto pelo desenho, deve ser animado e auxiliado pelo
em benefício dos artistas Amaral e Luz. nosso público, se não com a fatura de retratos, para o que
Escusado será dizer mais uma vez que o público há de ele mesmo reconhecia não estar ainda devidamente habil i-
concorrer, prestando assim merecido auxílio a quem traba- tado, com trabalhos de menor importância, como a pintura
lha e é por isso digno de toda a proteção. ( Diário do de paisagens em barras de casas, etc. etc.
Maranhão. 20/ l/ 1892, p.2). É o que ele aspira, e sobram-Lhe habilitações para isso,
como o demonstram diversos trabalhos seus que nos mos-
ESCREVE O NOSSO CRONISTA trou. (Pacotilha, 31/3/1892, p.2).

Com uma enchente regular foi ontem repetida a mimo- RETRATO


sa ópera - A Sonâmbula - em benefício dos artistas Ma-
noel do Amaral e Luiz Luz. Sendo hoje aniversário do falecimento do inditoso Ar-
Conscienciosa e animada foi a sua interpretação pelos thur Lobão, ofereceu o Centro Caixeiral um retrato a óleo
distintos artistas que nela t0maram parte gentilmente. desse moço à viúva do mesmo, como re~peitosa homena-
A signora Maria Bosi revelou-nos com muito amor e gem do Centro à memória do seu ex-dirc1or.
mimo, o estudo profundo que fez do difícil papel da So-
O pavilhão do edifício em que funciona o Centro acha-
nâmbula, levando-nos a um certo grau de entusiasmo e de
se pela mesma razão cm funeral. (Pacotillra. 13/4/1892, p.2).
admiração.
( ...) Os artistas bcneliciados ofereceram à senhora M.
Bosi um lindo buquê, tendo presa uma palheta com a PLANTA INTERNA DO TEATRO SÃO LUIZ
inscrição:
À prima-dona M. Bosi oferecem os artistas M. Amaral O talentoso e eMudioso jovem Carlol'. Augusto Barbo-
e Luiz Luz; - Ao signor A. Marini uma coroa de louros, sa Marques, filho do nosso anúgo comendador Augusto
pendida outra palheta - com a inscrição igual, e ao signor César Marques, ofereceu, cm um ljndo quadro com moldu-
Rusconi uma coroa de liligrana. ( ...) (D iário do Maranh<io, ras douradas, ao simpático Zeferino Archer da Silva, dili-
23/1/ 1892, p.2). gente inspetor do Teatro São Luiz, uma planta interna do
mesmo teatro.
RETRATO O trabalho está perfeito e acabado com muito esmero,
pelo que felicitamos ao seu autor. (Pacutillw, 27/4/1892. p.3).
Em casa dos Srs. Magalhães & Cia. está exposto um
excelente retrato, a meio-corpo, do falecido moço Arthur PLANTA
Lobão, trabalho do hábil pintor retratista maranhense João
Manoel da Cunl1a, pelo qual se vê quão perfeito é ele na Foi-nos hoje mostrado um quadro cm que se vê a plan-
arte. (Diário do Maranhão, 22/2/1892, p.2). ta interna do Teatro São Luiz, feita pelo talentoso jovem
Carlos Marques, filho do comendador Augusto César Mar-
DO REIATÓRIO DO CENfRO CAIXEIRAL ques e oferecida ao atual inspetor do teatro.
(...)ARTHUR LOBÃO O trabalho está perfeito e denota habi 1idade cm quem o
fez. (Diário do Maranluio, 28/4/1892. p.2).
(...) Em virtude do que resolvestes em sessão da As-
sembléia. por ocasião do falecimento deste nosso distinto
PANO DE BOCA
consócio, tão cedo roubado à Sociedade por quem ele
tanto se dedicara, e cuja perda lhe há de ser sempre sensí-
vel, mandamos tirar o seu retrato pelo Mbil retratista, nos- Vai haver espetáculo de gala na próxima quinta-feira,
so comprovinciano João Manoel da Cunha e colocamo-lo com um concerto, segundo nos dizem cm benefício da ar-
no salão principal das nossas aulas. ti ta italiana Rapsordi, que dedica a sua festa aos Exmos.
O outro retrato, destinado à família do falecido. será governador e congressistas do Estado.
entregue oportunamente. Despendemos com os retratos e Dizem-nos que será cantado o Hino Nacional. em cena
molduras réis 178$890. ( ... ) (Diário do Maranhão, 19131 aberta, e funcionará um novo pano de boca, pintado pelo
1892,p.1). artista Luz. ( Diário do M aranhão, 23nt 1892, p.2).

~ 185 ~
LUIZ DE MELLO

CONCERTO Manaus, lindos quadros com paisagens ao natural, em alto-


relevo, com montes, montanhas, ervas, palmeiras, etc.
No Teatro São Luiz realizar-se-á amanhã o concerto É trabalho que se recomenda. (Diário do M aranhão,
vocal e instrumental, organizado pelo maestro e 1° tenor 61411893, p.2).
maranhense Antônio Rayol, coadj uvado pelos artistas
Rapisordi e Bosio e algumas senhoras. PINTOR
Vai o nosso público ouvir o festejado maranhense, que
tão boa apreciação mereceu na Europa, onde foi aperfeiço- O Sr. Jorge Rayneri dos Passos e Figucrôa, natural do
ar-se na área, a que desde os mais tenros anos se entregou Rio Grande do Sul, é o autor dos quadros naturais, em alto-
como cultor consciencioso. relevo, que muito têm agradado nas capitais dos outros
Será exibido, neste conceno, a vista da sala nobre que Estados da União.
Rayol mandou pintar pelo cenógrafo Luiz Luz, e ofereceu Vimos dois desses quadros representando um - Farol
ao teatro, bem como um retrato, cm ponto grande, do gran- e Atalaia - e o outro, Uma paisagem 110 Jacu(. que já se
de compositor Verdi. acham expostos na Livraria dos Srs. Luiz Magalhães &
O programa do concerto será distribuído amanhã à en- Cia. e Ramos de Almeida & Cia.
trada das pessoas que fo rem ass isti -lo. (Diário do Estão esplêndidos: são uma excelente manifestação de
Maranluio, 6181l892, p.2). arte, cultivada com muita felicidade pelo Sr. Passos e Fi-
guerôa. (Pacotilha, 7/4/1893, p.2).
RETRATOS
CRISPIM DO AMARAL
No vapor Ambro:e chegaram os retratos encomenda-
dos e acham-se expostos na livraria dos Srs. Luiz Maga- Ti vemos hoje o prazer de abraçar o talentoso e prezado
lhães & Cia. onde poderão ser apreciado:..
artista cenógrafo Crispim do Amaral, que se destina à Eu-
Estão muito bons e têm agradado a todos que os têm ropa, onde vai contratar especialistas para o serviço de
visto, achando o trabalho perfeito.
ornamentação e mais preparos do teatro cm construção
O Sr. Randall, representante da casa, acha-se à dispo-
em Manaus, serviço por ele contratado.
sição das pessoas que quiserem fazer encomendas até sá-
Reconhecidos à gentileza de sua visita, desejamos-lhe a
bado 10 do corrente, garantindo entregar os trabalhos no
melhor viagem e que breve regresse à Pátria a dar andamen-
prazo de 60 dias.
to ao serviço de que se encarregou, e parn o qual tem prova-
Para todas as explicações poderão os interessados se
das habi l itaç~. (Diário do Maranluio, 10/4/1893, p.2).
entender na livraria dos Srs. Luiz Magalhães & Compa-
nhia. (Pacotilha, 81211893, p. 3).
CENÓGRAFO
RETRATOS
No vapor Maranhão passou ontem por esta capital o
Chamamos a atenção dos leitores para o anúncio do Sr. inteligente cenógrafo-flautista Crispim do Amaral, que vai
Randall, publicado hoje na seção competente, sobre os a Paris comprar ps precisos materiais e escolher artistas
retratos que estão cm exposição na Li vraria Magalhães. para a edificação do Teatro de Manaus, cuja fachada deve
O hábil artista propõe-se a aceitar encomendas do artigo, ser feita segundo desenho seu. Deve voltar em março do
prometendo desempenhá-las com perfeição e módico preço. ano vindouro para dar começo aos respectivos trabalhos.
É bom aproveitar. (Pacotilha, 8/211893, p. 2). Próspera viagem lhe desejamos.
(Pacotilha, 11/4/1893, p.2)
VIAGEM
TRABALHOS ARTÍSTICOS
Segue arna11hã para o Ceará o nosso conterrâneo Luiz
Luz, distinto cenógrafo que tanto concorreu para dotar o Vimos hoje três delicados objetos de fantas ia - boni-
nosso velho São Luiz com belas pinturas. tos porta-jóias - forrados a cetim, esculturados e prepara-
Que seja feliz no vizinho Estado, é o que lhe deseja- dos com gosto pelo Sr. José Galdino P. Colás, que os fez
mos. (Pacotilha, 1°/411 893, p.2). por encomenda de quem os vai mandar para o estrangeiro.
São uma cesta, feita na casca de um coco. outra da mesma
VIAJ ANTES casca com tampa, ambas envernizadas, e outra de um ovo
de ema, com a antiga coroa brasileira na tampa.
(...)Segue também o hábil pintor, cenógrafo e retratista Todos estes trabalhos recomendam o go<;to e habilida-
maranhense Luiz Luz que pretende trabalhar pela sua ane, de do Sr. Colá<;, que desses e outros tão delicados tem apre-
em que se revela artista perfeito, como tem demonstrado sentado muitos. (Diário do Maranhcio, 29/4/1893, p. 2).
cm muitos e variados trabalhos que deixa. (Diário do
Maranhão, 1°/4/ 1893, p.2). PJNfURA

PINTURA Estão em nosso escritório e podem ser visto por quem


o desejar, dois quadros com excelentes trabalhos de dese-
Foram-nos hoje mostrados pelo Sr. Jorge Rameri dos Pas- nho, pelo Sr. Manoel Valente, que acaba de revelar a sua
sos e Figuerôa, riograndense, chegado no último paquete, o aptidão e gosto.

~ 186 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Um deles represen1a a fachada da frente do bonito edi- BOI


fício em que funciona o Hospital Português, copiado de
uma fotografia, e ou1ro é cópia da fotografia que há dias Seguiu ontem no vapor inglês Mara11hense, com pas-
nos foi oferecida, representando o sol na ocasião do eclip- sagem de l 1 elas. e até o porto de Nova York e destino a
se cm 16 do mês passado. Chicago, um grupo composto de 14 pessoas, sendo 8 ho-
O desenho é a crayon e a csfuminho cm ponto grande. mens e 6 mulheres.
O quadro vai ser oferecido à diretoria da Real Sociedade Esse grupo. segundo nos informam, foi contratado aqui
Humanitária 1ºde Dezembro. por coma e ordem de um empresário dos Estados Unidos
Recomendamos o trabalho aos apreciadores. (Diário que pretende exibi-lo na Grande Exposição, fazendo co-
nhecidas ali diversas danças populares do nosso Estado,
do Maranluio, 13/5/ 1893, p.2).
de cunho propriamente nacional e que a tradição tem con-
servado quase sem varian1es desde os tempos coloniais
QUADROS
como o Bumba, o Tambor, o Chorado etc.
Os contratos foram visados pela Polícia, tendo os contra-
Vimos hoje dois lindos quadros a crayon, representan- tados direito a passagem de volta. (Pacotilha, 22151J893, p.2).
do um a fachada do edifício do Hospital Português e o
outro o último ecl ipse do sol, tirado de uma fotografia. PARA CHICAGO
Essas duas excelentes revelações de arte, que muito
nos agradaram, são produtos da inteligência do Sr. Mano- As danças populares do nosso Estado, como sejam o
el Valente, filho do nosso amigo capitão Manoel Rodri- Bumba, o Tambor e o Chorado, vão fazer figura cm Chica-
gue Valenle. go.
Parabén ao Sr. Manoel Valente. De fato, foram aqui contratados e seguiram ontem no
(Pacotilha, 13/5/ 1893, p.2). vapor inglês Mara11/1e11se, com passagens de primeira clas-
se para Nova York, oito homens e seis mulheres. acompa-
VIAGEM nhados do clássico Boi, que artisticamente representa um
verdadeiro taurino, segundo nos informaram.
Segue amanhã para Pinheiro, onde vai restabelecer-se, Em Chicago, auguramos-lhes uma série ininterrupta de
nosso hábil conterrâneo Manoel Valente, desenhista de sucessos!
0
quem há dias falamos por trabalhos execu1ados e que 1an- Que se divirtam muito. (0 Federalista, 22/511893, p.2).
to recomendam o seu gosto pela arte a que se dedica.
(Diário do Maranlu1o, 191511893, p.2). CENóGRAFO

O cenógrafo Crispim do Amaral, que de passagem es-


O MARANHÃO NA EXPOSIÇÃO DE CHICAGO
teve entre nós, já seguiu para a Europa, onde vaj contratar
o pessoal artístico preciso para a decoração do Teatro de
No vapor inglês Maranhense seguiram ontem para
Manaus, cm construção, bem como a mobília e maquinis-
Nova York 7 homens e 6 mulheres de cor, acompanhados mos necessários. (Diário do Maranhão, 24/5/ 1893, p.2).
por um intérprete especial, conlratados para, no Parque da
Grande Exposição, exibir as danças populares do nosso RETRATO
Estado, conhecidas pelos nomes de Bumba-meu-boi, Tam-
bor e Chorado. Chegou da América no vapor Origem, em rico caixilho
Foi pin1ado pelo conhecido artista João Manoel da dourado, o retrato do fal ecido comendador Jerônimo José
Cunha o BOI que há de servir para a dança, e ao qual deu Tavares Sobrinho. distinto cidadão que deixou de i as
a aparência de um formidável garrote taurino. mais gratas recordações. O retrato foi mandado vir pela
Esse grupo, contratado pelo representante dos empre- mesa da Santa Ca a de Misericórdia, que o destina ao
sários desses e de outros cos1umes do Sul e do Norte do lugar especial reservado no estabelecimento para os dos
Brasil, estabeleceu para o pessoal as melhores garantias e benfeitores. ( Diârio do Maranlu1o, 30/611893, p.3).
toda a segurança. sendo os contratantes aqui visados pela
Chefatura de Polícia, com viagem de ida e volta. passa- PINTOR EUROPEU
gens de 11 classe e Iodas as despesas de tratarnen10 a1é o
GABRIEL AMOROS, versado nos ofícios de pintura
mês de novembro.
como decorações, cenografia e todos os mais feitos len-
Além dos gêneros que o Maranhão expõe, e que darão
dentes a esta arte apresenta-se ao público maranhense e
pcrfeila idéia de sua indústria, arte e lavoura, vai oferecer, espera ser por ele acolhido. (0 Operário, 9n/1893, p.4).
na seção competenle, uma interessante diversão que há
de atrair a atenção dos nacionais e forasteiros que concor- CENÁRIO
rem a esse grande certame, conhecido no mundo inteiro.
Bem felizes são os 14 maranhenses que, com certeza, a O Teatro São Luiz foi cedido ao nosso amigo o tenor
não ser a Exposição Colu mbiana, não teriam ocasião de Rayol, de 1ºde dezembro a 20 de janeiro, para exibir o diver-
tão agradável, útil e instruti va viagem. ( Diário do timento dos Pastores. Organizará a música o referido maes-
M aranhão, 221511893, p.2). tro e escreverão o libreto alguns poetas maranhenses.

~ 187 <:/Q)
LUIZ DE MELLO

O cenário será pintado pelo cenógrafo J . Cunha. to a contento da empresa e o será também do público.
Sendo esta a primeira vez que tão popular divertimento Diário do Maranhão, 18/1211893, p.2).
se faz no São luic., conta o tenor Rayol que o nosso públi-
co aíluirá ao teatro. (Pacotilha, 23/9/ 1893). FESTA DE NATAL

DA FESTA DO HOSPITAL PORTUG~S Escrevem-nos:


Foi de belíssimo efeito o presépio que os Revdos.
(...) Foram hoje colocados no salão nobre do Hospital capuchinhos exibiram na mjssa do Natal, na igreja de
os retratos do seu presidente honorário e benfeitor Sr. São João Batista. por ocasião de cantar-se o Gloria i11
Carlos Ferreira Coelho, e dos benfeitores falecidos José excelsis.
Moreira de Souza, José de Azevedo Maya, comendador Enorme era a multidão que aguardava o momento apra-
José Manoel Vinhaes e Zacarias Fraga da Silva. (Diário zado, fi cando todos verdadeiramente maravilhados com o
do Mara11/ião, 1º/1211893, p.2).
magnífico espetáculo da Lapinha de Belém, representada
com a máxima expressão natural. Consta-nos que se deve
DESENHO
o quadro ao pincel do Sr. João Manoel da Cunha, habil ís-
simo cenógrafo já bastante conhecido enlre nós pelo seu
Está cm nosso escritório, e será mostrado a quem o
desvelado amor pela arte e a quem enviamos deste jornal
desejar ver, um retrato, desenho do Sr. Augusto Silva, resi-
dente na cidade de Viana. sinceras e cordiais felicitações.
O retrato a que aludimos, é cm busto, de pessoa muito - Haverá, nesta igreja, exposição todas as noites até o
conhecida entre nós, e foi pelo di tinto curioso, que se dia 6, sendo no dia lº mudada a vista do presépio.
pode chamar bom artista, copiado de uma fotografia. No dia 14 sairão em procissão as imagens da Família
O Sr. Silva, segundo nos dizem, receberá nesse sentido Sagrada (Jesus, Maria e José).
encomendas que podem ser confiadas aos Srs. Raimundo (Diário do Maranhão, 2711211893, p.3).
A reherda Silva & Cia. (Diário do Maranhão, 51121 1893, p.2).
PRESÉPIO
PRESÉPIO ESPECIAL
Além da missa cantada, que será celebrada amanhã na
Na igreja de São João vai ser preparado um presépio igreja de São João, continuará exposto à visita dos fiéis o
especial para as próximas festas de Natal, Anos Bons e magnífico presépio que foi ali preparado.
Reis. Novo quadro terá de ser apreciado, representando a
Está a pintura ao cuidado de um hábil artista. (Diário Virgem Maria com o Menino Jesus e os Três Re is Magos
do Mara11/uio, 9/ 1211893, p.2). em adoração.
É trabalho ainda do cenógrafo maranhense Sr. João
PRESÉPIO Manoel da Cunha, que deve estar bastante satisfeito por
haver agradado tanto a pintura com que abri lhantou a fes-
Vamos ter festa de Nata l na igreja de São João, hoje ta. (Diário do Maranhão, 5/1/1894, p.3).
entregue aos novos capuchinhos.
Na ocasião de ser cantado o Gloria i11 excelsis na mis- FONÓGRAFO
sa de Natal, será exposto um bem preparado presépio.
No dia de Natal, domingos e santificados até depois Os Srs. John Peter e Pereira dos Santos exibiram on-
dos Reis, será cantado o terço, às 7 horas da noite. tem, pela 271 vez, esse engenhoso invento de Edison, já
Depois se formará a devoção da Famflia Sagrada. (Di- conhecido do no so público, em benefício do hábil cenó-
ário do Maranluio, 15/1211893. p.3).
grafo Luiz Luz.
O programa distribuído e m avulso constou de 2 1
PASTORES
peças, das quais os ouvintes de cada sessão e scolhe-
ram cinco.
A empresa dos Pastores Líricos que há de trabalhar
brevemente no teatro. di rigiu hoje um convite especial e Ag radaram imensamente a canção depois do baile, a
unicamente à imprensa, corno diz, para a inauguração, ama- gargalhada. a modinha cantada pelo Sr. Raimundo Braga e
nhã, do cenário propositadarneme preparado para a diver- a quadrilha marcada por um inglês, sendo algumas destas
são. Agradecemos o que nos foi endereçado. (Diário do partes repetidas a pedido de diversos assinantes.
Mara11/uio. 16112/ 1893, p.2). O salão foi freqüentado das 18:30 às 22 horas, por mais
de 120 pcs~oas.
PASTORES LÍRICOS Hoje estará de novo aberto à concorrência pública até
às 22 horas. (Pacotilha, 21/311894, p. 3).
Estão muito bonitas e produzem o melhor efeito as vis-
ias especialmente pintadas para a representação dos Pas- COOPERATIVA
tores Líricos, que terá lugar no nosso teatro e começará no
dia de Natal. Aqui se vende os seguintes objetos:
O trabalho foi confiado ao hábil cenógrafo e pintor 1 bilhar u ado, com seus pertences e 8 bolas de marfim;
maranhense LUZ, que se desempenhou da sua tarefa mui- 1 cofre de ferro com armário de madeira;
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

1 balança para balcão, com 2 temos de pesos de metal Destaca-se na planta, que por alguns dias ficará no
amarelo,de2quilosa IOgramase 1l bsà1/2/4; nosso escritório para ser vista com a maior clareza, a divi-
J braço de balança Romão, grande com pesos de ferro; são das ruas, a entrada do porto, ilhas ao lado.
1 relógio usado. de cima da banca; É de trabalho como este que nós precisamos, não só
30 quadros de cedro com paisagens; da capital como das outras principais cidades do Estado.
1 redoma para ortes; Felicitamos o Sr. Bernardino Brito. dcc;ejando que con-
1 sofá com 12 cadeiras de angico, usadas e outros mui- tinue a empreender produções como as que patenteiam a
tos objetos dum estabelecimento; sua competência, e de grande utilidade serão no futuro.
1 harmonium. (Diário do Maranluío, 291311895, p.2).
(Pacotilha, 13/4/1 894, p.3)
ATOS OFICIAIS
VIAGEM
Despachos do dia 2 de abril
O Sr. Manoel Valente, estimado empregado do comér-
cio desta capital, segue para Manaus no paquete hoje es- Levy Damasceno Ferreira, procurador de Benedito Da-
perado do Sul. ma ccno Ferreira, primeiro escriturário do Tesouro Públi-
Venturas e boa viagem. (Pacotil/ia, 18/4/ 1894, p.3). co do Estado, requerendo três meses de licença cm prorro-
gação à em que se achava. - Como requer. (Diário do
TRABALHOS ARTÍSTICOS Maranhão, 4/4/1895, p.2).

O Democrara de Belém assim se refere ao artista mara- FALECIMENTO


nhense Luiz Luz:
Fomos ontem agradavelmente surpreendidos com a Em Quixadá (Ceará) faleceu em 5 do corTentc Benedito
apresentação de alguns trabalhos a crayon do excelente Damasceno Ferreira, innão do cônego Dr. Leopoldo, Levy
lápis do pimor 111ara11/iense Luiz Luz, que rel'e/a decidi- e Salomão Dama ceno Ferreira.
da i11cli11ação artfstica, reproduzindo com basra111e fide- Deixa viúva e lilhos.
lidade retratos de pessoas co11/recidas nesta capiral. A todos, os nossos pêsames. (Diário do Maranhão,
Ao público que desejar de visu apreciar os quadros 9/8/ 1895, p.3).
do notável artista, recomendamos-lhe uma visita à Gale-
ria Fotográfica do Sr. Fidanza, onde estarão hoje em
PRESÉPIO
exposição. (Diário do Maranhão, 28/8/1894, p.2).
O vistoso presépio que está no Carmo é o mesmo que
UM TRABALHO
~crv iu
no ano pas ado pelo atai, na igreja de São João.
Devemos ao gosto que tem pelo de:.enho e pela pintu- É pintado pelo hábil cenógrafo, nosso conterrâneo, Sr.
ra, e à grande curiosidade do Sr. Lcôncio J. Cunha, nosso João Manoel da Cunha. (Pacotilha, 2611 2/1895, p.3)
cocstadano, empregado no comércio desta praça, o traba-
lho do retrato do Dr. Prudente de Moraes Neto, por ele RETIFICAÇÃO
copiado de uin dado à estampa no Rio.
O trabalho é feito na madeira do cajá; se não está per- Por equívoco dissemos ontem que o quadro que está
feito no todo, mostra pelo menos a aplicação do moço, a na igreja do Carmo é o mesmo que foi exibido na de São
quem agradecemos o serviço e a boa vontade, por não nos João, no ano passado.
ter chegado a tempo o que mandamos reproduzir de foto- Não há tal.
grafia. (Diário do Maranhão, 16/11/J 894, p.3). É outro o que está sendo exposto.
O pouco que nele há de antigo, fo i completamente re-
OBRA ANTIGA tocado.
Além da diferença de dimensões. o quadro novo dis-
Na fachada do Quartel do Corpo de Infantaria existe tingue-se do antigo do número de Pastores que apresenta
urna pedra com esta inscrição que o tenente-coronel co- e várias outras circunstâncias.
mandante mandou respeitar: É, porém, como o antigo, trabalho do apreciado cenó-
"- Esta obra mandou fazer Cristovam da Costa Freire - grafo João Manoel da Cunha. (Pacotillta, 2711211895, p.2).
Senhor de Panoquias e Governador deste Estado, e se
acabou em 3 de abril de 17 13. -ABNOS." (Diário do
DESENHO
Maranhão, 11 /3/1895, p.2).

PLANTA DA VILA DE SÃO BENTO Vimos uns de enhos em ligeiro relevo sobre uma casca
de ovo, feitos pela Sra. Mariana Luz, que são de uma ele-
Mais um valioso trabalho, devido à paciência, gosto e gância adnúrável, quer pelo gosto !lavido na escolha dos
habi litação do Sr. Bernardino Brito, é a planta da pitoresca objetos desenhados e quer pela perfeição com que foram
vila, de que trata a nossa epígrafe. eles traçados.
Estão numerada a suas ruas, praça e travessas, ce- Representam uns ramos de flore e umas avezinhas
mitério e os diverso lugares, assinaladas as casas de te- esvoaçando, dirigindo-se a um cartãozinho cm que se acha
lhas e de palha, os campos, matas e terras lavradas. o nome da pessoa a quem o objeto tinha de ser oferecido.

<:/Q) l89 ~
~
LUIZ DE MELLO ~

Sobre cascas de ovo é o primeiro trabalho em relevo consecução desse fim, vão ser depositadas li tas. para as
que vemos da Sra. Mariana Luz, que o nosso público co- assinaturas, nas redações dos jornais diários desta cidade
nhece há muiLo como poetisa. e na livraria dos Srs. Magalhães & Cia. (Pacotilha, 17/10/
Vimos há tempo, feitos por ela, boniLos desenhos e 1896, p.2).
relevos cm cartão, que atestavam a sua perícia em traba-
lhos desse gênero. BOA LEMBRAN ÇA
Agora tivemos ensejo de conhecer mais essa manifes-
tação de ua inLeligência. (Pacotilha, l 3/4/ 1896, p.3). Lembraram-se alguns moços da nossa sociedade de
pôr em prática uma idéia que tiveram, bem aceita pelas
INSCRIÇÃO
pessoas a quem a comunicaram.
É abrir, o que farão de egumJa-feira em dianLe. uma
Já está pronLa a inscrição que vai ornar a catacumba
subscrição popular para mandar tirar a óleo. em ponto gran-
em que foi sepulLado Frei Manoel, há meses falecido nesta
capital. de, o retrato do pranteado maestro Carlos Gomes. a fim de
Em uma alegoria pintada pelo conhecido artista João ser colocado no saJão de honra do Teatro São Luiz, como
Manoel da Cunha, lê-se o seguinte: uma lembrança e homenagem ao mérito do finado brasileiro.
HJC JACET Não pode deixar de merecer o aplauso público esta boa
FREI MANOEL OE SEREGNO idéia que amparamos e por ela pugnamos e assim conta-
SACEROOTE mos que muito breve o Maranhão terá oca ião de ver leva-
MISSIONÁRIO APOSTÓLICO CAPUCHJNHO da a efeito a lembrança em tão boa hora concedida para
DEUS MEUS ET OMNlA honra e glória da nossa terra. (Diário do Maranhão. 17/
1896 10/1896, p.3).
(Diário do Maranhão, 27/6/1896, p.2).
PINTURA
FRANCO DE SÁ
Os cavalheiros que tomaram a si a tarefa de levar a
Já chegou ao Rio o pintor maranhense Franco de Sá, efeito a significativa lembrança, de que demos notícia an-
que residiu muito anos em Paris. Os seus retratos têm figu- teontem, pedem-nos a publicação das seguintes linhas,
rado na exposição do Salo11. (Diário do Maranhão, 18/9/ para as quais chamamos a atenção dos leitores:
1896,p.2).
AOPÚBUCO
Convencidos de que o culto ao gênio é um dever. re-
CARLOS GOMES
solvemos levar a efeito a idéia de colocar o retrato do exí-
Hoje, às 7 horas da manhã, as portas do Carmo abri- mio maestro Carlos Gomes no salão do nosso teatro.
ram-se de par em par, para a celebração das exéquias que Apelamos para o patriotismo dos nossos concidadãos,
os músicos da nossa Lerra promoveram cm sufrágio da esperando que todos concorram para que seja uma reali-
alma do glorioso maestro. Da imprensa notamos o nosso dade essa homenagem da pátria maranhensc ao maior ar-
respeitável colega do Diário do Maranhão, Sr. José Maria tista brasileiro. As listas para assinaturas acham-se depo-
C. de Frias e seu companheiro de trabalho o Sr. AJberto siLadas nas redações dos jornais diários, na da Revista
Marques Pinheiro, o Sr. Marinho Aranha representando a Elegante. na Livraria Magalhães e Farmácia Marques.
Revista Elegante, que nessa ocasião distribuiu um núme- Maranhão, 19 de ourubro de 1896
ro especial em consagração à glória de Carlos Gomes, Len- AJcides Pereira
do esta folha sido representada pelo Sr. João Gromwell. José Oliveira
Os ofícios divinos, que foram ouvidos em religíoso Abeylard Matos
silêncio, terminaram pela encomendação e bênção doca- Inácio Carvalho
tafalco, onde logo após apareceu um excelente retrato a Afonso Mendes
crayon, assinado pelo Sr. João Manoel da Cunha. (Diário do Maranhão, 19/1011896, p.2).
Neste momenLo a orquestra executou a sinfonia do
Guarani.( ... ) RETRATO
(...) Findo o ato, por uma comissão acompanhada de
grande número de pessoas e da banda de música da Polí- O excelente retrato de Carlos Gomes. feito a crayon
cia, foi conduzido o retrato do ilustre maestro à farmácia
pelo hábil retratista João Manoel da Cunha e que esteve
do Comendador Marques, onde permanecerá em exposi-
ção até à noite. em exposição na farmácia do comendador Augu to Mar-
ques, acha-se agora na livraria dos Srs. Magalhães & Cia.,
Aí foi Locado o Hino Nacional ao ser posLo o retrato
sobre um local artisticamente preparado para recebê-lo. onde poderá ser visto pelos que ainda não tiveram oca-
(Pacotilha, 16/1011 896, p.3). sião de apreciar esse magnílico trabalho do nosso velho e
peri to retratista.
RETRATO Fala-se na aquisição de um retrato de Carlos Gomes
para o salão nobre do teatro. Era o caso de o promotores
Sabemos que alguns moços pretendem colocar o retra- dessa idéia se emenderem com o Sr. Cunha e adquirirem o
to de Cario Gomes no salão superior do teaLro. Para a retrato. (Pacotilha, 20110/1896, p.2).

~ 190 (!../@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

RETRATO DE CARLOS GOMES RETRATO DE CARLOS GOMES

Já está no nosso escritório, à disposição de quem qui- Não tendo sido levada a efeito a patriótica idéia da
ser subscrever, a lista dos contribuintes para ser adquirido colocação do retrato do imonal Carlos Gomes no nosso
e colocado no salão de honra do teatro, um retrato a óleo teatro. como se desejava, e tendo já algumas pessoas ge-
do imonal compositor brasileiro. nerosamente contribuído para a justa homenagem, pede-
São encarregado os Srs.: se às mesmas o obséquio de mandarem receber a impor-
José Oliveira, Abeylard Matos, Alcidcs Pereira, Inácio Car- tância de suas contribuições na Farmácia Matos & Irmão.
valho, Reis Carvalho e Afonso Mendes, que apresentam a (Pacotilha, l 9/5/1897, p. I ).
lista e a finn:un. (Diário do Maranhão, 23/ I 0/1896, p.3).
EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA
HOMENAGEM A CARLOS GOMES
Na acreditada e conhecida Fotogralia União, dos Srs.
Na próxima segunda-feira começaremos a publicar a Gaudêncio Cunha e Rodrigues da Cunha & Cia., na Rua da
lista nominal dos ilustres e patrióticos cavalheiros que têm Cruz, haverá domingo exposição de trabalhos feitos em
correspondido ao apelo dos moços que pretendem colo- seu ateliê.
car no salão de honra do nosso teatro o retrato do grande O estabelecimento estará exposto das 8 horas da ma-
maestro brasileiro. (Diário do Maranhüo, 241lO/1896, p.3). nhã às 1Oda noite.
Agradecemos o delicado convite que nos foi dirigido,
CAXIAS desejando que o público apreciador concorra ao estabele-
cimento que se impõe pela perfeição dos trabalhos que
( ...)Na Câmara Municipal foram colocados os retratos tanto crédito lhe hão granjeados, e estima a seus proprie-
dos finados Drs. Francisco Dias Carneiro e Enéas de Ara- tários. (Diário do Maranhão, 8110/ 1897. p.3).
újo Torreão, retratos que o deputado Gustavo Veras trou-
xe do Rio. (Diário do Maranhão, 29/ IO/ 1896. p.2). RETRATO DE CARLOS GOMES

PINTURA No salão nobre do Teatro São Luiz realizar-se-á ama-


nhã, com o concurso de apreciados amadores e professo-
Em referência aos retratos dos Drs. Dias Carneiro e res de música, um excelente conceno, cujo programa é
Enéas Torreão. que o deputado capitão Gustavo Veras trou- variado. para ser o produto aplicado às despesas feitas
xe do Rio e foram colocados no salão da Câmara Municipal com a aquisição do retrato do pranteado maestro Carlos
de Caxias, devemos uma explicação à notícia de ontem. Gomes.
Deles é falecido o Dr. Dias Carneiro, e não o Dr. Enéas Será colocado, no referido salão, o retrato que está cm
Torreão que ainda fe lizmente vive e ocupa no Sul um im- bonita moldura mandada vir especialmente para esse fim.
portante lugar, com residência cm Petrópolis. O trabalho artístico é devido, como já dissemos, ao
A colocação do seu retrato nada mai::; é do que a ex- conhecido retratista, pintor e desenhista João Manoel da
pressão de reconhecimento aos notáveis serviços por ele Cunha.
prestados à cidade de Caxias. (Diário do Maranhão, 301 Fazem parte da Comissão Promotora os Srs. Ribeiro
10/ 1896, p.3). d'Oliveira, Drs. Cláudio Serra e Alcides Pereira, J. T. da
Costa Bastos, João L. Lentini, João Nunes e A. Rayol'.
HOSPITAL Tocarão à porta do edifício as bandas de música do
Corpo de Infantaria do Estado e a particular Carlos Gomes
Muito concorridos continuaram ontem os festejos no que se presta gentilmente a abrilhantar o ato.
Hospital Ponuguês, tomando-se o largo uma verdadeira O artista De Mesmeris também se fará ouvir no seu
festa de arraial, onde figuraram diversas casas de son e. instrumento especial de garrafas, concorrendo assinl para
cafés, botequins, quino, etc. dar mais uma agradável face ao conceno, no qual tornará
Uunúnação interna muito bonita com o gás incandes- parte a distinta piani!.ta rnaranhense Almennda Nogueira.
cente, bem como o hidrogênio, em globos de cores, à fren- (DiáriodoMaranllcio, 11/ 10/ 1897, p.2).
te do edifício.
Capela, donuitóríos, enfcm1aria geral e particular foram EXPOSIÇÃO
visitados pela maioria dos concorrentes.
No salão nobre está, cm rico quadro, cercado por cor- Muito concorrido esteve ontem, durante o dia, o ateliê
fotográfico dos Srs. Gaudêncio Cunha & Cia.
tjnado de efeito, o retrato cm ponto grande do falecido e
pranteado monarca D. Luiz Iº, e à volta das paredes os dos Diversas senhoras e cavalheiros a li estiveram, tendo
ocasião de apreciar os trabalhos fotográficos que estavam
demais sócios ben feitores e beneméritos.
Tocaram durante a festa, cm pavilhões laterais, à entra- cm exposição, bem como retratos de cavalheiros e sen110-
da, as bandas de música de Infantaria do Estado e do 5º ras, muito conhecidas na sociedade rnaranhense, traba-
Batalhão, e no largo do bazar a de Aprendizes Marinheiros. lhos a crayon e csfuminho dos apreciados artistas mara-
nhenscs Luiz Luz e João Manoel da Cunha.
Houve fogo de artifício, terminando os festejos com a
sua exibição. (Diário do Maranhtio, 2112/l 896, pp. 2-3). ' Trata-se de Antônio Rayol.

~ 19 1 ~
LUIZ DE MELLO

Tanto uns como outros revelam a aptidão muito co- teatro, promovido por uma comissão de cavalheiros que
nhecida dos anistas, que merecem por isso a maior coad- tomaram a si a tarefa de ornar aquele salão com o retrato do
juvação. pranteado Carlos Gomes.
Entre os retratos expostos, vimos o do maestro Carlos Em 3 partes foi dividido o programa executado, dando-
Gomes, pelo desenhista João Manoel da Cunha, retrato lhe todo o brilho na 1ª e 3ª a distinta e jovem pianista
que vai ficar no salão do nosso teatro, e o do Sr. Gaudên- maranhense Almerinda Nogueira.
cio Cunha, chefe do ateliê, pelo desenhista Luiz Luz. Repetidos aplausos coroaram o final de todas as exe-
Entre os visitantes estiveram S. Exa. o Dr. vice-gover- cuções, em que com tanto esmero se exibiram os ilustres
nador do Estado, capitão Rocha, ajudante-de-ordens, bem amadores Dr. Cláudio Serra e João Nunes, e professores
como representantes da imprensa, muitos artistas, negoci- Rayol, Cunha e Lencini.
antes, magistrados. etc., e todo<: foram unânimes, em lou- Mereceu especial aplauso a execução das 2 peças, em
var o merecimento e perfeição com que os artistas do ateliê garrafas. com que tanto concorreu o artista De Mesmeris.
visitado se sabem impor. que a pedido repetiu a segunda.
Nós os felicitamos, fazendo votos pela prosperidade e O Sr. A. Rayol colheu gerais demonstrações de apreço
engrandecimento de tão importante casa de trabalho. (Di- quando cantou a romanza de barítono da ópera - Um bailo
6rio do Mara11hclo, 11/ 1011897, p.2). in maschera.
A parte do concerto, que impressionou vivamente e foi
O RETRATO DE CARLOS GOMES calorosamente aplaudida, foi a Fantasia para Flauta da
ópera do imortal Carlos Gomes -Guarani - executada pelo
Logo depois da morte do insigne maestro, autor do apreciado flautista maranhense Dr. Cláudio Serra, que foi
G11ara11i, apareceu aqui a idéia de se fazer aquisição do muito felicitado e cumprimentado.
seu retrato para ornar o salão superior do Teatro São Luiz. Na ocasião em que foi colocado o retrato do imortal
Conquanto bem inspirada, deixou essa idéia de ser le- maestro, estiveram de pé todos os assistentes, sendo exe-
vada a efeito por falta de iniciativa eficaz nos meios de cutado o Hino Nacional pela banda de música da Infanta-
realizá-la. ria do Estado.
Foi uma bonita festa, muito modesta mas de grande
E assim foi caindo no esquecimento até que agora,
valor, atento o elevado fim, a boa vontade e dedicação
quando já não se falava mais nela, reapareceu, tendo à
demonstradas por todos os dignos cavalheiros que tanto
frente, entre outros cavalheiros, os Srs. José Ribeiro de
se esforçaram e por todas as pessoas que os coadjuvaram.
Oliveira e Joaquim Bastos, que promovem um concerto
(Di6riodo Maranhão. 13/10/1897, p.2).
nesse sentido, amanhã, no salão nobre do teatro.
Já no espetáculo de sábado estiveram passando al-
ESPETÁCULO
guns bilhetes, deixando ao alvedrio dos que os aceitaram
a importância da retribuição.
Com o de ontem, e uma enorme assistência, fechou o
O custo do retrato não é grande e as despesas com afamado De Mesmeris a sua temporada entre nós e fe-
lu7,cs, bilhetei ro, etc. também não avu ltam. É de crer, por- chou, pode-se diier, com chave de ouro.
tanto, que, não obstante a falta de disposição do nosso Foram os seus trabalhos muito aplaudidos e aprecia-
público para os concertos que não são consagrados a fins dos, merecendo sobretudo grande aceitação Os castelos
humanitários, a comissão consiga ver os seus desejos no t1r, pelo conjunto de tipos, cada qual o mais curioso e
coroados de êxito. engraçado, ujeitos a um ligeiro enredo que provocou re-
Presta-se gentilmente a tocar no concerto, nas suas petida hilaridade.
garrafas, o Sr. De Mesmeris. (Pacotilha, 11/10/1897, p.3). Foi de muito efeito a parte da apre entação dos dan-
çantes e dos maestros, tendo subido a alto grau as ova-
CONCERTO ções quando chegou a vez da apresentação de Carlos
Gomes, o maestro cujo nome é levado à posteridade. O
Como noticiamos ontem, no salão nobre do teatro terá público pediu que fosse bisada a apresentação, bem como
lugar hoje o concerto instrumental, promovido por alguns a execução da partitura, e uma salva - prolongada de pal-
cavalheiros para acompanhar a inauguração naquele edifí- mas e bravos - recebeu a aparição e despediu o digno
cio de um retrato do grande maestro brasileiro Carlos Go- imitador, que terminou o trabalho sob maiores aplausos.
mes. (Diário do Maranhão. 18/10/1897, p.2).
Os amadores e professores que vão proporcionar ao
auditório agradável entretenimento são muito conhecidos RETRATO
e se recomendam pela dedicação com que sempre se entre-
gam a atos tais. Belo trabalho de arte e gosto esteve exposto na Alfai-
Agradecemos o convite que nos foi dirigido. (Diário ataria Teixeira: é um bonito quadro, de fina moldura. guar-
doMaranhcio, 12/ 1011 897,p.3). dando um retrato a meio-corpo, a esfuminho, da esposa do
amigo comendador Augusto César Marques.
CONCERTO INSTRUMENTAL O desenho é do habilíssimo artista maranhense Sr. Luiz
Luz, copiado de uma fotografia.
Esteve muito bem concorrido por senhoras e cavalhei- O retrato é por aquela senhora destinado a seu filho
ros, o concerto que ontem se realizou no salão nobre do Carlos, a quem vai ser remetido; é um presente de extremo-

~ 192 CVN
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

sa mãe, que vai despertar lemas lembranças ao filho au- nero de trabalho supraci1ado. achando-se agora habilita-
senle, cujo coração se há de encher de ín1ima e saudosa, da a trabalhos de maior importância pela aquisição ultima-
mas agradável recordação do ente querido e tão digno do mente feita de ludo quanto há de mais moderno.
seu sempre ausente amor filial. Também põe-se à disposição de quem desejar apren-
Junlo àquele trabalho, outro vimos, que foi feito pela der o sistema, mediante ajuste prévio, para o que pode ser
própria senhora: é uma belíssima cercadura formada de procurada na Rua do Sol nº 56.
folhas de louro, feitas de veludo, verdes, claras e escuras, Maranhão, 9 de março de 1898 (Di6rio do Mara11ltão,
das quais saem pequenos botões dourados, representan- 9/3/ 1898. p.3).
do uma lira nas melhores e mais apropriadas dimensões,
?
encimada por uma concha perfeilamcnte visível nas di ver- •
sas separações, e com base semeada de ervas e florzinhas, Foi ontem à noite conhecido no 1eatro um fato que
trabalho de sumo gosto e revelador da paciência e perfei10 revollou a quem teve conhecimento dele, admirando a cora-
conhccimen10 de quem o executou, e cuja aptidão é co- gem, a audácia e os sen1imento. mesquinhos de quem o
nhecida por outras muitas e delicadas tetéias que a digna praticou, ou para ele concorreu!
senhora tem feito e são apreciadas por suas amigas e pelas Do salão nobre desapareceu o re1ra10 do pranteado
pessoas que as têm visto. Carlos Gomes, retrato que ornava aquele salão e ali ha-
É mais uma das provas da delicadeza a perfeição de via sido colocado o ano passado, obtido por uma co-
trabalhos como es1e, que vai da no a terra. (Diário do missão de cavalheiros que para tal fim empregou o mai-
Maranhão, 10/1/1898, p.2). or empenho.
Não será possível descobrir quem é o aU1or de tão
RE TRATO censurável proceder?
O aio é 1ão feio, tão repugnante que causa vexame
Os Srs. Luiz Luz e Raimundo Costa Santos, amigos do dizer-se haver sido passado nesta capirnl !
Sr. Álvaro Bayma, foram hoje oferecer-lhe um delicado mimo Esperamos que o Sr. inspetor do Teatro São Luiz 1omc
de alto valor e esüma: o retrato, a meio-corpo - trabalho do em consideração o fato, e sobre ele proceda com todo o
primei ro dos ofertantes-da esposa daquele amigo, cerca- interesse para ser punido o delinqüente, autor de tão torpe
do de uma rica moldura. ação. (Diário do Maranhão, 2 1/4/1898, p.3).
À entrada da comissão ofertante, cm casa do Sr. Bay-
ma tocou à porta uma banda de música, mostrando-se o Sr. RETRAT O
Álvaro e sua esposa bastante gra1os à delicadeza da ofer-
ia e penhorados pela amabilidade de seus amigos. (Diário O furto do retrato de Carlos Gomes, feito no salão no-
do Maranhão, 15/ 1/ 1898, p.2). bre do Teatro São Luiz, está conhecido pelos Drs. chefe de
Polícia e governador, a quem o inspetor comunicou.
RETRATOS EM PORCELANA E COLORIDOS Consla-nos que estão sendo tomadas providências
para ver se é possível descobrir o autor da reprovável
Temos em nosso escri16rio, cm exposição, um quadro ação. (Diário do Maranhão, 22/411898, p.2).
com diversos retratos, trabalho perfei10, passado de foto-
grafia pela filha do Sr. José Maria de Lima. NOVO RETRATO
O trabalho, que já tem sido apreciado por diversas pes-
soas. revela o gosto e decidida von1ade da nossa talento- Já está colocado no salão nobre do Teatro São Luiz um
sa conterrânea, que tão bom resullado apresenta de seus novo rei rato do pran1eado mae. iro Cario Gomes, para
esforços. sub tituir o que tão brilhantemente foi dali subtraído.
Chamamos a atenção do leitor para o anúncio hoje pu- Coube ao guarda do 1ca1ro a pena de pagar o que não
blicado. (Di6rio do Maranhão, 5/3/ 1898, p.2). fez. e isto c10 menos deve servir de pesar e arrependimento
ao autor da ação, que de todas as pessoas mereceu a maior
RETRATOS EGÍPCIOS OU ILUMINAÇÃO censura e reprovação.
FOTOGRÁFICA Agora é preciso todo o cuidado: pode hem ser que ódio
velho não canse! (Diário do Maranluio. 2/5/ 1898. p.2).
Em placas de porcelana ou cartão para boudoir, gabi-
nete ou cartão de visita prepara Honorina Lima. Trata-se RETRATO
na Rua da Mangueira nº 23, ou no Largo de Palácio nº 28.
( Dicírío do Maranlzão, 5/3/1898, p.3). À residência do Dr. Eduardo Ribeiro apresentaram-se
no domingo último muitas pessoas gradas para assistir à
RETRATOS INALTERÁVEIS COLORIDOS entrega de um retrato a óleo, mandado de Ncw York àque-
PELO PROCESSO EGÍPCIO le cavalheiro, por inlermédio do Sr. Heblethwalt.
A pedido deste cidadão, produziu um ligeiro improviso
fazendo a entrega do mimo, o Dr. Ribeiro Gonçalves. Res-
Estefânia Augusta de Souza previne ao respei1ável pú- pondeu o Dr. Eduardo Ribeiro agradecendo a prova de
blico 1an10 deste Estado como do Pará e Amazonas e espe- consideração que lhe dava o ofertante, Sr. R. Flint e pedin-
· almcnte às pessoas que a 1em bcnevolamente dis1ingui- do ao Sr. Hcblethwalt que tran mitisse ao mesmo os seus
c1 . d" ~
do com a sua confiança. que continua a de 1car-se ao ge- agmdecimcnto~.

<VQ) l 93 <V-(>)
LUIZ OE MELLO

Em seguida foi servida uma taça de champanhe, er- e de D. Carlos I, Rei de Portugal. homenagem prestada aos
guendo-se diversos brindes ao Dr. Eduardo Ribeiro, à Re- dois chefes das nações a que pertencem os sócio~ da refe-
pública Americana, ao progresso do Amazonas, etc. (Diá- rida sociedade de diversão particular.
rio do Maranhão, 1°/9/1898, p.2). Durante o ato tocará a banda de música do Corpo de
ln fantaria do & tado. (Diáriod0Mara11hão. 1°1411899, p.3).
DESENHOS
FALEOMENTO
Mostraram-nos hoje e se acham cm nosso escritório,
onde podem ser vistos pelos apreciadores do gênero, dois
Faleceu anteontem à noite. tendo ido sepultado on-
desenhos. sendo um a reprodução da igreja de São Panta-
tem à tarde, o velho e estimado professor de música, violo-
leão e o outro a de uma situação campesina.
O primeiro foi feito pelo Sr. Inácio de Loyola Bílio, e o nista João Manoel da Cunha, pai do Sr. Inácio cunha.
segundo pelo Sr. Marcelino de Jesus Nina, curioso, que, Além de músico, era o finado Cunha um excelente pin-
sem ter estudo de desenho, empreendeu esse trabalho e o tor, cenógrafo e retraústa, deixando muitos e muitos retra-
realizou. (Pacotilha, 9/9/1898, p.3). tos que atestam a sua competência e gosto.
Deixa viúva e muitos filhos, aos quais scntimcntamos.
PINTURA (Diário do Mara11hão, 151511 899, p.3).

Consta-nos que o Sr. Luiz Luz tomou a si o encargo da ÓBITOS


pintura e decoração interna do Palacete Municipal. (Diá-
rio do Maranlzão, 23/9/1898, p.2). De l3e 14
(...) João Manoel da Cunha. 64 anos, maranhcnsc, beri-
RETRATO héri. (Pacotilha, 151511899,p.2).

Acha-se colocado no salão de honra da Sociedade Cen- (DO) FALECIMENTO DE


tro Caixeiral o retrato do marechal Floriano Peixoto, que foi JOÃO MANOEL DA CUNHA
oferecido à mesma sociedade por um sócio. (Diário do
Maranhão, 15/ 1OI1898, p.3).
Vítima de beribéri faleceu anteontem às 8 horas da noi-
REFORMA te e sepultou-se ontem à tarde o hábi l músico e pintor João
Manoel da Cunha.
Estão sendo tcnninados os trabalhos de reconstrução, A todos os seus parentes enviamos nossos pêsames.
pintura e preparo interno do Palacete Municipal , que está (0 Federalista, 15/5/1899, p.2).
cm verdade muito bonito.
O salão principal, destinado à sessão do conselho, está Sepultou-se anteontem o conhecido desenhista e vio-
sendo esteirado, e cm todo o serviço de pintura empregou lonista João Manoel da Cunha.
o Sr. Luiz Luz a maior solicitude, conseguindo satisfazer O fin ado era•muito trabalhador e artista de apurado
plenamente os desejos e indicação do ilustre Dr. Palmério gosto.
Cantanhede, que com ele o contratou. Aos seus parentes apresentamos os nossos pêsames.
Dizem-nos que amanhã terminará todo o serviço. (Diá- (Pacotilha, 16/5/1899. p.3).
rio do Maranhão, 3011211898, p.2).
Faleceu anteontem o Sr. João Manoel da Cunha, co-
CARTÕES DE VISITA A RELEVO nhecido e hábi l violonista. professor de música, cenógra-
fo e retratista.
O nosso habilíssimo comerr5neo Manoel Valente, cuja À sua viúva e filhos apresentamos nossos pêsames.
aptidiío para o desenho e pintura é conhecida,jú tem feito (Regeneração, 16/5/1899, p.2).
e mostrado diversos cartões de visita, por ele abertos, a
relevo, quer os enfeites, ramos, cereaduras e fl ores, quer
DESENLACE
os nomes que a pessoa desejar. É trabalho perfeito e em
nada inferior aos que aqui apresentaram ultimamente os
dois alemães, que o público conhece pela notícia que lhe Faleceu ontem e será sepultada agora à tarde D. Maria
demos. É recomendável o serviço de que o Sr. Valente se Garce.t, cunhada do habilíssimo artista pintor e retratista
encarrega. e a que dará, como nos dil, pronta execução, maranhense Luiz Luz, a quem sentimentamo . (Diário do
aceitando encomendas para os cumprimentos e fel icita- Maranhão, 20/6/1899, p.2).
ções. (Diário do Maranhão, 30/12/ 1898, p.3).
ORESTES COLIVA
ESPETÁCULO
O ::ifamado artista cenógrafo Orestes Coliva, do Rio,
A sociedade particular Charites dnrá amanhã espetá- serú contratado para vir pintar o pano de boca e algumas
culo no seu elegante Tcatrinho, na Rua do Sol. vistas para o Teatro São Luiz.
Antes do espetáculo terá lugar. no salão, a colocação Deve vir no paquete a sair do Rio cm 24 do corrente ou
do. retratos do Dr. Campos Sales, presidente da República no fim do mês. (Diário do Maranhão, 14n/1899, p.3).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

PINTOR A platéia é dividida em duas classes: a primeira tem 150


lugares 2 e a segunda 3003 •
Visitou-nos hoje o Sr. Orestes Coliva, hábil cenógrafo, Há um salão geral para os espectadores. e o palco sem
chegado ontem do Rio para fazer o pano de boca, cenários ser excessivamente vasto, presta-se à encenação das pe-
e algumas decorações do Teatro São Luiz. ças mais espetaculosas.
O Sr. Coliva se mostra encantado com a afetuosa hos- É preciso notar que os grandes melhoramentos do tea-
pitalidade dos maranhenses e está residindo no Seminário tro foram feitos em 1863, pelo ator-empresário Germano
das Mercês, em cujos espaçosos salões fará os seus tra- Francisco de Oliveira, que os arrematou com o Governo
balhos de cenografia. (Pacotilha, 3/8/1899, p.2). Provincial por30:000$000.
Não me consta que daí por diante o São Luiz sofresse
CENÓGRAFO alguns reparos senão agora, graças à acertada resolução
do atual governador, que entendeu de salvá-lo da ruína.
Acompanhado pelos Srs. Dr. Palmério Cantanhede. en- A estas horas estão concluídos os consertos: só fal-
genheiro encarregado das obras do teatro, e Nuno A. Pi- tam os cenários, o pano de boca e alguma decoração.
nho, inspetor do mesmo teatro, tivemos o prazer da visita Esse trabalho complementar foi confiado a Orestes Co-
hoje do afamado cenógrafo Sr. Orestes Coliva, cidadão li va, que parte hoje para o Maranhão num paquete que tem
italiano, chegado do Rio, e que vem, como dissemos, pin- o nome da minha terra saudosa.
tar o pano de boca e algumas vistas para o nosso velho Este ligeiro artigo seria uma carta de recomendação
São Luiz. dirigida aos maranhenses, se Orestes Coliva precisasse
O Sr. Coliva foi ver o bonito edifício, com que conta a disso. Ele está sobejamente recomendado pelo seu lavor
nossa capital, e que, com as obras agora recebidas ficará, honesto e incessante, pelo seu talento tantas vezes posto
sem dúvida, um dos primeiros do Norte. à prova, pelo seu caráter, que faz parte de sua pessoa o
Deixamos para amanhã a reprodução da Palestra que exemplo dos artistas.
Arthur Azevedo publicou n'O Paiz, e em que se refere ao lnstruído, amabilíssimo, fidalgo nas maneiras e dizem
velho São Luiz, do qual faz rápida descrição, sujeita ape- até que no sangue; pautando todos os seus atos por uma
nas a pequenas retificações. extrema correção, o insigne cenógrafo será carinhosamen-
O artista Coliva irá fazer os trabalhos de pintura no te acolhido numa capital encantadora pela sociabilidade.
vasto salão do antigo Convento das Mercês. (Diário do Boa viagem, Coliva; dá lembranças minhas à terra que-
Maranhão, 3/8/1899, p.3). rida que me viu nascer... ( ...) (Diário do Maranhão, 4181
1899, p.2).
NOMEAÇÕES
COELHO NETO
Foram nomeados praticantes do Tesouro Público do
Estado os Srs. Levy Damasceno Ferreira, Heitor Carlos de ( Um redator do Diário registrou a visita de Coelho
Almeida Brito e João Alfredo Wilson Costa; e guarda o Sr. Neto ao Seminário das Mercês:)
Raimundo Joaquim Carneiro de Almeida. (Pacotilha. 4/8/ (...)Foi ao Seminário das Mercês ver o pano de boca
1899, p.3). destinado para o Teatro São Luiz e que está sendo pintado
pelo acreditado cenógrafo Orestes Col iva, sendo o traba-
PALESTRA lho admirado por todos que foram ao salão, e por Coelho
Neto julgado, como nos disse, o primeiro pano de teatro
É esta a palestra do nosso conterrâneo Arthur Azeve- no Brasil.(...) (Diário do Maranhão, 8/9/1899, p.2).
do, e a que ontem nos referimos, a propósito do Teatro São
Luiz: PINTOR
- A capital do Maranhão possui um bom teatro, cons-
truído pelo benemérito que se chamou Euletério Varella, O Sr. Orestes Coliva, distinto cenógrafo e pinto.- que
em terreno cedido pelos frades carmelitas (bons frades!), e atualmente se acha entre nós, e está pintando o pano de
inaugurado em 1817, por alguns atores contratados em boca e algumas vistas para o Teatro São Luiz, deliberou
Lisboa pelo próprio Varella. mostrar à imprensa aquele primeiro trabalho que está con-
Durante 33 anos chamou-se Teatro União, mas em 1850, cluindo, e por isso pediu a um amigo para, em seu nome,
tendo sido comprado pela Província aos herdeiros do pri- convidar-nos para comparecermos amanhã ao salão do
mitivo dono, passou a c hamar-se Teatro São Luiz. Seminário das Mcrcês, onde será a exibição.
Querem saber por quanto foi vendido? Sete contos de Agradecemos. (Diário do Maranhão, 9/9/ 1899, p.2).
réis - nem mais um real! .. .
Não vão agora supor que o São Luiz não seja um mag- O NOVO PANO DE BOCA
nífico teatro. Afirmamo-lhes que o é. A sala, espaçosa e DO TEATRO SÃO LUIZ
elegante, contém nada menos de 88 camarotcs 1 divididos
em 4 ordens e mais uma tribuna que no meu tempo era do Honrados com um convite do Sr. Orestes Coliva para
presidente da Província e hoje deve ser do governador do vennos o pano de boca por ele feito para o nosso São Luiz
Estado. - cumprimos ontem o nosso dever, satisfazendo a vonta-

2 São 140 cadci ras.


1 São atualmente 84. l São 200.

~ 195 ~
LUIZ DE MELLO

de do afamado cenógrafo, que quis, antes de expor ao dcga, adminjstrador dos Correios e muitos outros cava-
público esse trabalho, sujeitá-lo à apreciação e à crítica da lheiros que também foram convidados a ver esse pano,
imprensa maranhense. ficaram deveras maravilhados e muito cumprimentaram o
É, pois, como testemunhas de visu que vamos expor Sr.Coliva.
sobre ele a nossa opinião franca e desinteressada. O insigne cenógrafo, ao grande número de pessoas a
Começamos por declarar que de todos os panos de que tem exibido o pano do São Luiz, se tem revelado um
boca que temos visto em vários teatros, no Sul e no Norte cavalheiro de finíssimo trato, confirmando desse modo o
da República, nenhum nos agradou tanto pela sobriedade conceito com que em carta aberta à sociedade maranhen-
no emprego de cores, ótima perspectiva, delicadeza de pin- se, e que já transcrevemos, Arthur Azevedo no-lo apre-
tura, inexcedível imitação dos estofos empregados e apu- senta: um artista de uma educação nobre e até fidalga como
rado gosto artístico, como o de que tratamos. a muitos consta. (Regeneração, 11/9/1899, p. I).
É uma completa novidade no seu gênero, mas novida-
de que muito honra o seu autor e dá idéia do poder da sua PINTURA
imaginação e do seu talento de artista consumado.
Compõe-se o trabalho do Sr. Coliva de um grande pano S. Exa. o Sr. Dr. governador do Estado, recebendo con-
lateral de veludo encarnado, sustentado pelos lados e no vite do pintor Orestes Col iva, apressou-se em ir ver o pano
alto por cordas de seda. De um desses lados, por efeito da de boca pintado para o Teatro São Luiz.
corda que o prende, o pano dobra-se pelo avesso e deixa Como as demais pessoas que têm admirado o primoro-
ver o forro de cetim amarelo. É uma particularidade digna so trabalho, a referida autoridade mostrou-se bastante sa-
de nota, pelo bom efeito que produz à vista. tisfeita, e àquele artista deu os parabéns pelo resultado
Por detrás desse pano cai, em amplas dobras, um gran- obtido, e que excedeu o que era esperado. (Diário do
de cortinado de seda azul-marinho preso, a certa altura, Maranhão, 14/9/1899, p.3).
por cordas também de seda, a fim de deixar no centro um
vão onde os artistas possam aparecer ao público sem ser DESENHO
necessário levantar o pano.
Esta cortina, que é uma obra-prima, pela ilusão comple- O nosso conterrâneo Marcelino Nina trouxe hoje ao nos-
ta que produz, não só imitação perfeita do estojo, como so escritório um seu trabalho de desenho a crayon, cópia
pela naturalidade das dobras, ação da luz sobre a seda, duma vista do monumento erigido à República, no Pará.
boa projeção das sombras, etc., é terminada por uma barra O Sr. Nina é um curioso, e o seu trabalho que está
de seda branca com lindíssimo recamo de flores e grandes exposto em nosso escritório mostra o seu gosto pelo de-
fímbrias douradas que parece anastarem-se no solo numa senho. (Diário do Maranhão, 911011899, p.3).
chispação constante de cintilações douradas.
Sobre as duas cortinas - encarnada e azul - atravessa, RETRATO
pregado em diversos pontos, em forma de safenas, um
finíssimo rendilhado, trabalho de uma delicadeza e trans- Em exposição está aqui, em nosso escritório, onde pode
parência tais que enche de admiração. Essa tira de filó vem ser visto, um trabâlho que revela grande talento artístico e
cair, de um lado, sobre o azul da segunda cortina, e do natural do artista Marcelino Nina, que trabalha de marce-
outro, sobre o encarnado da primeira, flutuando cm do- neiro na Rua Nova.
bras naturais sobre o recamo de flores da barr:i da cortin:i É um retrato do laureado escritor marnnhense Coelho
azul, produzindo ao olhar efeito maravi lhoso. Neto, copiado de uma fotografia, mas em ponto maior. O
É, pois, uma obra-prima o trabalho do Sr. Coliva e que, retrato é a crayon, e tão perfeito que só pode ser atribuído
honrando sobremaneira o seu nome, honrará também e a quem conhece a arte.
muito recomendará o nosso teatro. Pois é justamente o contrário.
Revela notarmos aqui que toda essa produção belíssi- O artista maranhense de quem falamos, disse-nos mm-
ma e corretíssima foi executada em 21 dias, empregados ca ter aprendido desenho, mas que tem, desde muito moço,
pelo autor, de manhã e à noite, no seu afanoso labor. inclinação para esse trabalho que apresenta e causa a mais
Coliva teve a gentileza de oferecer o seu trabalho às merecida impressão de agrado. (Diário do Maranhão, 17/
senhoras maranhenses, que sem dúvida, desvanecidas por 10/1899, p.2).
tão alta prova de distinção, o saberão recompensar com os
preitos sinceros da sua admiração o delicado agradeci- DESENHO E PINTURA
mento.
Muitas senhoras e cavalheiros da nossa melhor socie- Para sepulturas, com inscrições.
dade, aproveitando-se dessa exposição do pano à impren- Retratos, anjos, cruzes, etc. etc.
sa, o foram apreciar, não havendo uma só pessoa que dei- Emblemas de qualquer arte, dísticos para casas co-
xasse de mostrar-se admirada e deslumbrada perante essa merciais, placas de todas as profissões.
obra de arte, que, além de l11do, foi feita para dispensar Retratos a Crayon
panos suplementares, pelo que constitui um trabalho ori- Telas para quartos com vistas de mar, bosques, etc., etc.
ginal e de muita economia. Recebe-se encomendas para qualquer gênero destes
Consta-nos que S.S. Exas. os Srs. Drs. governador do trabalhos.
Estado, chefe de Polícia, os Srs. coronel intendente Muni- Rua de Santo Antônio nº 8.
cipaJ, engenheiro do Estado, inspetor do Teatro, da Alfân- (Diário do Maranhão, 18/ 10/1 899, p.3).

<Vê>) 196 <Vê>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

NOTICIÁRIO SOBRE PEDRO FREIRE, ENTÃO As missas da manhã foram muito concorridas, tendo
SECRETÁRIO DO INTERIOR DO AMAZONAS desde ontem à noite havido muito concorrência à igreja
PARTE FINAL : para ver os trabalhos de pintura que ornam o arco central
e o altar-mor, devido ao pincel do talentoso pintor e cenó-
( .. .)- Fica em nosso escritório, onde pode ser visto por grafo Coliva. (Diário do Maranhão, 29/ 11/1899, p.2).
quem desejar, um quadro com o retrato desse maranhense, a
meio-corpo. trabalho de desenho, copiado de uma fotogra- LIRA
fia pelo muito conhecido curioso que já conquistou o nome
de artista, nosso conterrâneo também Manoel Valente. Já foi conduzida para o teatro uma lira, toda de madeira,
De quanto é este habilidoso, e de quanto talento dis- ladeada de bonita cercadura de ramagem, trabalho feito na
põe para obras tais, pinturas, etc., sabe o público porque marcenaria do conhecido artista Benedito Serra.
d iversas vezes lhe temos dito. É mais um trabalho que A lira vai servir de molde para igual trabalho que tem de
muito o honra. (Diário do Maranhão, 19/10/1899, p.3).
ser feito em cimento, e de ser colocado no triângulo da
frente do teatro, onde foi a antiga coroa.
RETRATO
No salão superior do teatro já está sendo feito o traba-
lho. (Diário do Maranhão, 30111/1899, p.2).
Não se realizou ontem, no Teatrinho Cáritas, o espetá-
culo da Sociedade por impedimento de um dos sócios.
Terá lugar hoje. CEN OGRAFIA
Em um dos salões foi colocado o retrato do festejado
literato maranhense Coelho Netto, oferecido à Sociedade Os trabalhos fei tos pelo hábil cenógrafo Coliva, para a
e desenhado pelo talentoso amador Manoel Valente. (Diá- igreja de Nossa Senhora da Conceição, foram por ele
rio do Maranhão, 3011O/1899, p.2). oferecidos gratuitamente à innandade, que está penhora-
da com tal genti leza do perfeito artista . (Diário do
IMAGEM Maranhão, 1°/12/1899, p.3).

Já estão terminados o conserto e encarnação da bonita RISCOS E RABISCOS


imagem de São João de Deus, que pertence à capela do
Hospital Português, e se acha na oficina do imaginário Há dias me via tonto com o Assis, que em qualquer rua,
Virgílio Máximo. beco ou canto que me via, começava logo com os seus
Ficou trabalho perfeito e de grande valor. (Diário do costumados psiu! psiu! - até me ver parado - e sempre a
Maranhão, 25/l 111899, p.3). perguntar:
- Então, já foi à igreja da Conceição?
TRABALHO DE PINTURA
- Não, homem, tenho andado muito ocupado com o
meu manifesto político, de maneira que não saio quase.
O Sr. Inácio de Loyola Bílio, homem laborioso e iá mui-
- Pois é pena, meu amigo: há de ficar encantado quan-
to conhecido como excelente cultor da bela arte ~usica l,
do lá for.
tenciona brevemente expor à apreciação do público um
trabal ho seu de pintura a aquarela representando uma - Por quê? Por causa da música? Já a conheço.
empanada (um sobrecéu de cama). - Não Lhe falo de música, homem de Deus; falo da
O Sr. Inácio Bílio ap rendeu a arte da pintura com seu armação do templo.
prezado pai, o fi nado José Maria B ílio Junior, que foi pro- - Também já sei o seu gosto: é o nicho rodeado de
fessor de desenho durante muitos anos nos principais co- anjinhos; são as paredes pintadas de vermelho; são as
légios desta capital. tiras de lhama e o veludilho com malaeachetas, lagartixas,
Oportunamente anunciará ele o lugar em que será feita etc., não é isto?
a exposição do seu trabalho. - Qual isto! Uma surpresa magnífica. nunca vis1a no
Desde já o fel icitamos. (Regeneração, 25/J 1/1899. p. I ). Maranhão. Faça uma idéia que me custou um conto e du-
zentos mil réis, só em seda e franjas douradas, mas doura-
CAPELA das a ouro, entende?
- Então deve ser e usas papa fina e desde já o felic ito
Já está colocada na capela do Hospital Português a por saber q ue a humanidade já tirou o pé da lama ejá pode
bonita imagem de São João de Deus, padroeiro da casa, e fazer .tais despesas.
que fo i completamente reformada nas oficinas do conheci- - Pois é para que se saiba. Eu sou assim, só sei fazer
do especialista Virgílio Máximo. coisa que preste.
A diretoria da Real Sociedade, a que pertence aquele E assim discorrendo entusiasmadinho. risonho, pas-
edifício, ficou bastante satisfeita com o trabalho. (Diário sava a mão pela careca macia como casca de queijo, acari-
do Maranhão, 27/11/1899, p.2). ciando-a, sem dúvida orgulhoso de ver sair dela a idéia
grandiosa da decoração do templo.
PINTURA - Bem. já que você tanto me gaba a sua seda e as suas
franjas, lá irei hoje à noite ver seu trabalho.
Começa hoje a festa de Nossa Senhora da Conceição, - Mas sem fa lta, hein?
tendo havido alvorada no Largo da Matriz, tocando as -Sem falta .
duas bandas de música. - Adeus.

~ 197 <2./Q)
LUIZ DE MELLO

E lá me fui para casa pensando, confesso, que aquilo LIRA


era exageração do Assis.
À noite dirigi-me para a igreja da Conceição, à cuja A conclusão hoje do serviço de colocação da grande
porta já estava o meu amigo, rodeado de uns dez cavalhei- lira no fronti spício do Teatro São Luiz, deu motivo a que os
ros, aos quais mostrava com ar triunfante o grande arco da operários fizessem soltar muitos fog uetes e se mostras-
capela-mor e o nicho da Virgem; aquele, enfeitado de am- sem bastante contentes. (Diário do Maranhão, I 61121
plas cortinas de seda vermelha e amarela, em forma de 1899, p.3).
sanefas, ligadas a um arco composto de madeira dourada, e
este, de cortinas de seda verde-claro em fundo vermelho, PINTURA
atadas com cordas de veludo e seda, tendo em frente, do
lado de cima, dois lindos festões de flores naturais que, ( ...) - O intendente Municipal recebeu o retrato que o
caindo do centro em arco, cada um para um lado, vão termi- escritor Coelho Neto enviou, dedicado aos seus conterrâ-
nar em meia-espiral(... )', nas do nicho pelo lado de dentro. neos e que foi exposto na Intendência, devendo ser reme-
- Adrnirável! -dizia um. tido agora para a Europa para por ele ser feito um em ponto
-Sublime! -exclamava outro. grande e a óleo, a fim de ser colocado junto ao de Gonçal-
- E sobretudo bem combinado em cores, na disposi- ves Dias no salão das sessões da Câmara. (Diário do
ção das dobras de seda - munnurava o Assis apontando Maranhão, 1211/1900, p.2).
para dentro com os dedos onde tinJrn presa uma pitada e
le nço de rapé. COMPANHIA INFANTIL - REVISTAS,
-Obra de um perfeito armador-disseeu voltando-me OPERETAS E COMÉDIAS
para o Assis. - Agora sim, vejo que você tem gosto e é
muito superior em armação ao Carvalho Branco e a todos Recebemos ontem aviso telegráfico do Sr. Umbelino
os armadores que tenho aqui conhecido. Dias, diretor da companhia que tem trabalhado no Sul e no
O Assis disse, sorvendo a pitada, meio sorridente: Norte, de que no vapor Olinda embarcaria no Pará, a f1111
- Eu cá sou assim: é para que vejam. de dar nesta capital alguns espetáculos, antes de continu-
Ia eu a despedir-me quando ele me chamou:
ar viagem para o Sul.
- Ó Rabisca, você não terá lá por casa alguma pele de
O Sr. Dias pretende fazer a sua companhia trabalhar no
tigre, de caititu, de queixada ou de lontra - um corrupião, grande terreno em frente à Estação de Bondes, onde este-
um sabiá?
ve o Teatro Provisório, e ali levantará palco e os diversos
- E para que quer você tanta pele e tanto bicho?
preparos.
- Para fazer presente ao Coliva.
Esta companhia da qual fazem parte muitas mocinhas e
- Pois então você já conhece o Coliva?
menjnas que têm feito grande excursão por todo o Brasil,
- Pois não; somos amigos íntimos e eu sou um dos
apresenta variado repertório, da qual faz parte a revista
seus maiores admiradores.
portuguesa 7im-tim por Tim-tim, sempre ouvida com mui-
- Masque lhe fez o Coliva para você querer presenteá-lo?
to agrado e em que é por uma das meninas interpretado
O Assis abriu a boca e ia começando a dizer - as cort...
- quando se meteu a tossir fingidamente. fielmente o principal papel.
A companhia deve chegar amanhã. (Diário do
lnfelizmente para ele, chegava nesse momento o boti-
Maranhão, 23/1/1900, p.2).
cário Cunha com um amigo a quem, mostrando as cortinas
do arco, disse:
- Veja que magnífico trabalho! Quem será capaz de COMPANHIA INFANTIL
dizer que aquilo não é seda e sim uma simples pintura?
- É verdade- fez o outro- e é um grande artista aquele Está sendo montado, no terreno em frente à Estação, o
que executou este trabalho. Teatrinho onde vai trabalhar a companhia chegada ontem,
- OColiva... e que consta de pequenos artistas de merecimento, tão
Nisto procuro pelo Assis, mas o homem tinha dado às aplaudidos no Sul e no Norte.
de viJa-diogo, sem se importar mais por peles, nem por A companhia tem ensaiado diversas peças, revistas,
sabiás. Entre as tais sedas e franjas, com todo aquele bri- comédias, operetas, etc.
lhantismo de cores, elegância de apanhados, correção de A orquestra será regida pelo maestro A. Rayol. (Diário
dobras e pregas, franjas que cintilam como ouro e laços de do Maranhão, 25/1/1900, p.3).
flores - tudo é apenas um belíssimo produto do pensa-
mento e do pincel de Orestes Coliva, o simpático e exímio PINTURA
cenógrafo que ora honra com a sua presença a capital
maranhense. E Orestes Coliva anda doido por peles de Tivemos ocasião de ver hoje, no nosso escritório, em
bichos, aves e objetos raros dos nossos sertões. grande e lindo quadro de madeira finíssima, o retrato a
Eis toda a história que há tanto tempo prende a cacho- crayon da jovem e simpática Júlia Martins, da Companhia
la do Assis. Wantil.
Ra-Bisca O trabalho, pela sua nitidez e perfeição, revela a perícia
(Regeneração, 511.211899, p.2) do seu autor, que é o nosso conterrâneo Sr. Luiz Luz, distin-
to artista, já conhecido por outras obras que tem executado.
Felicitamo-lo pelo seu belo trabaJho.
' Folha rasgada. (Regeneração, 18/211900, p. I).

~ 198 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ESPETÁCULO tas dos camarotes. Estes são forrados a papel, bem como o
salão superior.
(... )Anteontem correu animadíssimo a revista O Fruto Continua no serviço de preparo do belo palco para
Proibido. receber cenário o hábil maqutnista Antônio Cunha, da Com-
Em geral o desempenho foi muito regular, tendo sido panhia Infantil, e que há mais de 20 anos trabalha nos
os principais úpos desempenhados pelas meninas Elvira, teatros do Rio, dispondo de grande prática. e que de muito
Júlia, Marieta, e pelos meninos Franklin, Fr::inça, Eurico, serviu passar aqui entre nós, proporcionando-se tão boa
Melo e Chiquinho. ocasião de prestar serviços para os quais é necessária a
Os partidos distinguiram as suas estrelas com conti- competência, e que tanto lhe reconhece o pintor Coliva.
nuadas ovações, sendo Júlia, no fim do 1" Ato, coroada em O inspetor deverá marcar, no fim da semana, o dia em
cena por uma menina que lhe colocou ao pescoço custosa que a exposição se fará e o programa do festival. (Diário
volta com uma cniz de 8 diamantes. e depois a ela ofereci- do Maranhão, 8/3/ 1900, p.3).
do por um partidário, emoldurado, o seu retrato a crayon
cm meio-corpo, perfeito trabalho do artista Luiz Luz, tudo TEATRO SÃO LUIZ
isso além de muitas flores , buquês, etc., todas as vezes
que ela vinha ou saía de cena. Depois dos grandes consertos por que passou o São
Os partidários de Elvira mimosearam-na com repetidas lui::., e onde se gastou uns cento e muitos mil réis, inaugu-
flores, confetes, vistosos buquês, um muito lindo, traba- ra- e hoje o nosso teatro, sendo exibido aos privilegiados
lho especial. sendo-lhe igualmente oferecido cm cena. bo- as vistas e o pano de boca, pintados pelo habilíssimo ce-
nito e custoso broche de ouro, e, sobre ela caindo inúme- nógrafo Orestes Coliva, e seguindo-se um concerto vocal
ras folhas de rosas. A urna e a outra foram dedicadas poe- e instrumental. Terminará a festa com uma soberba apote-
sias. (Diário do Maranhcio, 191211 900, p.3). ose ao Governo que nos felici ta.
Esta falta que, como mui bem disse este jornal em sua
ESPETÁCULO edição de ontem. devia ser franqueada a todos os habi-
tantes desta cidade que se apresentassem decentemente
Correu muito bem o de ontem da Companhia Infantil, vestidos, corno acontece em toda parte cm atos desta
assisúdo por muitas senhoras, mas por menor número de natureza, o é apenas, com poucas exceções, aos afeiçoa-
!zabitués, devido a ser repetição, e a haver novo espetácu- dos do Sr. Nuno Pinho ou àqueles que comungam da sua
lo, além do baile para o qual estavam muitos outros com- seita de hoje.
prometidos. De sorte que, a não serem esses, o resto do público
Os partidários das pequenas atrizes Elvira e Júlia não fica privado desse espetáculo, que sente não poder apre-
se esqueceram de as mimosear com repetidos aplausos e ciar a bela apoteose onde figurará o mestre Benedito a
flores. entregar o indulto e a pregar os galões de capitão ao bravo
No fim do 1° Ato da revista que, de passagem devemos Nicolau pelos relevantes serviços pre::.tados no Alto-Ser-
dizer, teve boa interpretação e produziu melhor efeito por tão, onde tem castrado, violado e assassinado a centenas
poder ser muito apreciado o estilo, foi ofereddo à menina de desafeiçoados políticos da situação.
Elvira um lindo buquê e o seu retrato a meio-corpo, traba- Não nos admirou o procedimento do Sr. Pinho. Da mes-
lho a crayon perfeitíssimo do artista Luiz Luz. ma forma que o mestre se julga rei desta beócia, assim
Júlia, todas as vezes que entrava cm cena, era recebida pensa o Sr. Pinho ser dono do teatro.
com flores; durante o 2º Ato foi distribuído o número do A moléstia é contagiosa.
jornal especial do seu nome, a ela dedicado pelos seus Pois lembre-se, Sr. Pinho, que o dinheiro que se gastou
partidários, sendo-lhe oferecido um especial, impresso em nesses consertos é o produto do suor do povo. Para eles
cetim vermelho, cor distintiva do Partido, e ainda depois conco1Teram ricos e pobres; brancos, pretos e mulatos;
nova oferta lhe foi fei ta de um exemplar do Guarani, ope- gregos e romanos.
reta do imortal Carlos Gomes com o retrato deste. ( ...) (Di- Não saiu só do bolso dos privilegiados que hoje terão
ário do Maranhão, 231211900, p.3). lá ingresso.
Quem nunca bebeu mel. ..
PANO DE BOCA A Opinião Pública
(Pacotilha, 14/3/1900, p.2).
Já está colocado o novo e belo pano de boca do nosso
Teatro São Luiz, trabalho primoroso do pincel do afamado TEATRO
artista Orestes Coliva, atualmente entre nós.
Estão sendo concluídos os últimos trabalhos de pinru- Foi na verdade imponente a reunião havida ontem, nos
ra interna e externa, preparos no palco, colocação e nume- salões do belo Teatro São Luiz, de grande número de se-
ração de cadeiras e platéias, lavagem, etc., para que possa nhoras e cavalheiros, para assisliI ao fcsti vai cm honra do
ter lugar a inauguração festiva com que pretende o digno artista Orestes Coliva, cujos trabalhos nele !icam o rnando
inspetor de tão bonito edifício estadual apresentá-lo a todo o palco e atestando o merecimento e competência, bem
o público. provados e garantidos pelo nosso amável conterrâneo
É recomendável o serviço de pintura do artista João Coelho Neto, a quem o Maranhão deve a visita de Coliva,
Santos, no que diz respeito ao fingimento de madeira nas e !icar a sua casa de espetáculos com riquíssimo pano de
portas e portões laterais, a pinrura do salão inferior e por- boca, VisTa de Praça, Vista de Bosque, Vista de Casa Rús-

~ L99 ~
LUIZ DE MELLO

tico e Rico Salão Nobre, todas de lindo efeito, bem ates- concorrido com o melhor trabalho o Sr. Antônio Cunha,
tando a proficiência do pincel do genial artista. maquinista da Companhia Infanti l.
Belíssima a parte cantante: - Fosti e San Fiorenzo, de Foram entapetados os corredores dos camarotes e as
que se encarregou o festejado tenor Rayol, que recebeu descidas para as cadeiras.
prolongados e merecidos aplausos, dos quais é digno. Em ambos os lados das ordens de camarotes estão as
Outro tanto se deu com a parte musical, confiada às toaletes para o belo sexo, bem como mesa de pedra com
distintas pianistas amadoras e professores João Nunes, jarra e filtro para água. Esta foi canalizada, dando sobre o
Inácio Cunha, Tancredo Martins, Alexandre Rayol , Rafael palco um grande número de torneiras para qualquer caso
Freitas e Augusto Paiva. imprevisto.
A magnífica Torontella, executada ao piano pelo O salão nobre, o superior, está muito bem preparado e
aplaudido professor João Nunes, com igual e magistral com gosto.
acompanhamento de orquestra, mereceu prolongada sal- Todo esteirado e forrado a papel, tem na cabeceira prin-
va de palmas . cipal um grande espelho, com rica moldura de madeira pre-
Do camarote em que se achava, fez-se ouvir, satisfa- ta, encimado por uma lira, trabalho do afamado artista Be-
zendo o convite que lhe foi dirigido por um espectador, o nedito Serra.
Sr. Firmino Saraiva, que pronunciou longo discurso sobre Aos lados direito e esquerdo dele estão os retratos, a
o valor e desenvolvimento das Belas-Artes, tecendo gran- meio-corpo, do sempre laureado e lembrado Carlos Go-
de e logio à prova dada e amor que a ela consagra o mes, o imortal compositor do Guarani e do Condor, e do
Maranhão, a perfeição do artista pintor Coliva, sendo ao nosso conterrâneo tenor Antônio R ayol.
terminar muito saudado. Na face da parede à direita daqueles está o retrato,
Da tribuna do Governo fez-se ouvir uma graciosa e também a meio-corpo e e m rica moldura do nosso querido
talentosa menina, filha do Sr. Raimundo Teles, que em nome conterrâneo Coelho Neto.
da mulher maranhense dirigiu saudações ao artista italia- À cabeceira e em frente àq uela outra está o nada com
no Coliva e aos que concorreram com seu primoroso tra- dois bonitos espelhos, e em volta de todo o salão, sofás e
balho para as obras realizadas no edifício. cadeiras oferecem um bom lugar para agradável descanso
À entrada de S. Exa. o Dr. governador, a quem o inspe- e conversa.
tor do teatro foi receber e que vinha acompanhado pelo As janelas são ornadas com bonitas e variadas cortinas.
senador Benedito Leite, foi tocado no salão inferior o Hino AI i está em quadro especial uma planta interna do edi-
Nacional, e depois repetido pela orquestra, ao chegar S. fício, trabalho do muito aplicado amador, desenhista pin-
Exa. à tribuna. tor Manoel Valente, que também pintou e colocou a nume-
Pela menina, filhinha do maestro Rayol, foi cantada a ração dos camarotes e camarins, fingimento perfeitíssimo
conhecida Barcarola, letra de P. Bessa e música do festeja- de ágata.
do tenor, sendo bastante aplaudida. Foi por ela oferecida O serviço de grades internas e externas foi todo feito
ao artista Coliva bonita coroa de louros, quando ele, cha- pela Oficina Metálica do hábil artista maranhense José
mado à cena insistentemente, fora saudado pelos assis- Tomás dos Santo~, a quem coube o serviço da grade da
tentes com grande salva de palmas, significativo tributo tribuna e o das armas da República na parte superior da
de admiração e agradecimento pelo trabalho e muito gosto mesma tribuna.
que ele empregou nas valorosas telas que aqui deixa, ates- Da parte da tribuna destinada ao chefe do Estado, inte-
tado do seu talento de pintor. riormente preparada como deve ser, pendem cortinas de
Finda a parte cantante, e chamado ainda à cena o Sr. cetim das cores nacionais, encimadas pelas armas da Re-
Orestes Coliva, foram-lhe entregues por duas meninas, dois pública, sendo a almofada lindamente pintada, ainda devi-
lindos buquês, acompanhada a delicada oferta por gran- do ao pincel do artista Coliva.
díssimos aplausos. Está um edifício de primeira ordem, Limpo, bem adorna-
Terminou o festival com o Hino Maranhense, execu- do e com toda a segurança, e é isto que a todos deve
tado pela orquestra. ( ...) (Diário do Maranhão, 15/3/ agradar e por todos ser apreciado. (Diário do Maranhão,
1900, p.2). 16/3/1900, p.2).

TEATRO SÃO LUIZ O TEATRO SÃO LUIZ E O Il..USTRE PINTOR


FLORENTINO ORESTES COUVA

Visitamos o teatro, tendo por isso ocasião de notar ago- Solene e imponente esteve a inauguração do nosso
ra o serviço interno que foi feito no palco, que pelo seu São Luiz, onde forçoso é confessar muito esforçaram-se
grande tamanho não tem talvez outro igual em todo o Brasil. as autoridades sob quem está a manutenção desse útil
No fundo dele e ao lado direito estão os camarins para edifício.
os artistas, todos bem preparados e cm número de 17. Tnte iramente reformado e decentemente mobiliado, sa-
Ficaram em 200ascadeiras, que eram 140, diminuindo a tisfaz perfeitamente o fim a que é destinado, podendo-se
platéia para 128 lugares. sem temer contestação, assegurar que se não é o primeiro
Aumentada está a iluminação, quase com o dobro dos do Bras il, é sem dúvida alguma um dos primeiros.
bicos, não só na sala como na ribalta e gambiarras. Como sabemos, três são as Escolas po r que tem passa-
As vistas já estão devidamente assentadas e com fác il do a pintura: clássica, romântica e realista, representando
subida e descida, tendo em todo esse serviço do palco a primeira o francês Davi, a segunda os alemães Owerbeck

<2./Q) 200 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

e Comclius e os franceses lngres e Dclacroix, estando a REGRESSO


última cm formação.
Os seus líderes estão em paralelo com os da escola Vai regressar para o Rio, onde reside, o habilíssimo
literária, havendo diferença apenas no gosto do desenho pintor Orestes Coliva, que foi nosso hóspede alguns me-
e da coloração. ses, deixando entre nós as melhores relações de amizade e
Têm lugar honroso na escola realista do presente sé- o seu nome ligado ao belo edifício do teatro, para o qual
culo XIX Bosseau, Fronotin, Carol, Millct, Meiénemier, concorreu com a maior dedicação e com grande e primoro-
Cabana! e Dreton. so contingente do rico pano de boca e vistas que lhe or-
A Orestes Coliva é dado um lugar entre os pintore nam o palco.
deste século, que com o seu pincel admiravelmente fez Agradecemos a visita de despedida que veio hoje fa-
extasiar-se diante de tanta beleza da arte. Lcr-nos e desejamos-lhe a melhor viagem. (Diário do
A sua glorificação acha-se no Stio Luiz, feita por si Maranluio, 2 l/3/ 1900. p.3).
mesmo, pelo seu gênio artístico, e a população da minha
amada terra jã o colocou junto aos grandes mestres. CENOGRAFIA
A apoteose feita ontem cm sua homenagem, nada mais
foi do que um dever, um preito de admiração e estima ao Da igreja de Santana sairá hoje em procissão a Sagrada
distinto pintor florentino que tem o seu nome laureado da Imagem do Senhor dos Martírios, que dará o giro de cos-
Argentina ao Brasil. tume.
Assim como VioUet-le-Duc levantou a Escola Românti- É a primeira procissão que sai na presente Quaresma.
ca; assim também Orestes Coliva tem colocado seu nome Pregará à entrada da procissão o Padre Boson.
sobre pedestal de mármore onde nem a amplitude do tem- A bonita pintura do Calvário, que se ostenta no altar-
po, contando os séculos, con~eguirá ofuscar-lhe o brilho
mor é devida ao pincel do artista italiano Coliva. (Diário
e apagá-lo deste pedestal. que é para melhor dizer o cora- do Maranluio, 231311900).
ção do povo maranhense.
Um bravo, pois, a Orestes Coliva!
PINTURA
SãoLuiz, 15-3- 1900
Ludgero Rodrigues
Em relação à pintura do pano de Calvário, na igreja de
(Pacotilha, l 6/3/ 1900, p.3).
Santana. pede-nos o Sr. Inácio Cunha que reti liquemos em
pane a notícia dizendo que seu falecido pai o pintou e foi
AGRADECIMENTO
agora o trabalho retocado pelo Sr. Orestes Coliva. (Diário
Não me sendo possível agradecer pessoalmente a to- do Maran/rão, 261311900, p.3).
das as pessoas que de qualquer fonna concorreram para o
abrilhantamento do festival realizado por ocasião da exibi- FALECIMENTO
ção dos meus trabalhos no Teatro São Luiz, recorro à im-
prensa para fazê-lo, bem como para manifestar-lhes a mi- Faleceu no Pará o nosso conte11-fu1co Dr. Agostinho Au-
nha eterna gratidão. A todos, pois, apresento os protestos tran, que ali era arquiteto da Rcpartção de Obras Públicas.
do meu sincero agradecimento, pedindo-lhes, entretanto, Entre nós deixa ele algumas obrac;, feitas logo depois
vênia para especialmente declinar os nomes das Sras. Maria de sua chegada de Paris, onde estudou. A Escola Onze de
da Piedade Ennes Belchjor, Alice Serra Martins, Almerinda Ago!>tO e o Hospital da Santa Ca-.a são trabalhos seus, na
Nogueira e Zenóbia Rayol, pela gentileza com que se pres- decoração interna e externa. ,Diário do Maranhão, 1141
taram a tomar parte nessa festa dedicada à minha humjlde 1900,p.2).
individualidade.
Maranhão, 17 de março de 1900 Recebeu ontem o coronel Manoel Inácio Dias Vieira
Orestes Cativa mais uma prova de apreço que lhe foi dada por numeroso
(Rege11eraçiio, 17!3!1900, p.2) grupo de amigos, além de crescido número de cidadãos de
diversa classes que à sua casa foram abra1yá-lo, felicitan-
DESPEDIDA do-a e à sua família pelo seu aniversário natalício.
Em dois bondes, indo num a banda de música do Esta-
Devendo partir amanhã para a Capital Federal e sendo- do. foram à sua casa aqueles e outros muitos amigos. sen-
me imposgível despedir-me pessoalmente de todas as pes- do-lhe. à chegada, oferecido o seu retrato a meio-corpo,
soas que durante os meses que aqui pcnnaneci, se rugna- trabalho a esfuminho do apreciado anista Manoel Valente.
ram honrar-me com a sua amüade, faço-o por este meio, Grande número de foguetes e ao som das duas bandas
confessando-me pcnhoradíssimo das genti lezas com que de música marciais, que se achavam presentes, fendeu os
fui distinguido e oferecendo a todas, possuído da mais ares quando terminou o delicado oferecimento a que o
profunda gratidão, os meus limitados préstimos, no lugar coronel Dias Vieira se mostrou assaz penhorado.
para onde me dirijo ou cm outro qualquer que me conduza A essa hora encheu-se a sua casa de chefes e funcio-
o destino. nários de diversas repartições que o foram abraçar, mos-
Maranhão, 21 dt: março de 1899 trando-se o estimado presidente da As!>ociação Comercial
Orestes Colfra e da Câmara Municipal bastante reconhecido a tanta gen-
( Pacoti/110. 2 1/3/1900, p.3) tileza. (Diário do Maranhão, 11/5/ 1900, p.3).
LUIZ DE MELLO

VIAGEM sessão especial, para ser nessa ocasião inaugurado o re-


trato do eminente literato português Teófil o Braga.
Seguiu ontem para Caxias. de onde irá até ao Piauí, o Dizem-nos mais que então se fará ouvir, como orador
conhecido fotógrafo Gaudêncio Cunha, acompanhado de oficial, o nosso distinto confrade e literato Fran Paxeco.
seu sobrinho Guilhenne e do Sr. Manoel Valente, estes (Diário do Maranhão, 25nt 1900, p.2).
como auxiliar e retocador.
Na direção do ateliê fotográfico nesta capital. conú- DR TEÓFILO BRAGA
nua, como já estava, o seu companheiro Gregório Pantoja
de Oliveira. (Diário do Maranluio, 12/5/ 1900, p.3). O Centro Caixeiral Maranhense. pela minha voz, toma a
liberdade de convidar todas as classes socia is do
PINTURA DE IGREJA Maranhão para assistir à sessão solene que amanhã 28 se
reaJiza nos seus salões, em homenagem à gloriosíssima
Vão muito adiantadas as obras que estão sendo feitas data que se comemora.
na igreja do Canno, sob a direção e encargo dos reveren- O Dr. Teófilo Braga, cujo retrato o Centro inaugura,
dos franci scanos. Do serviço de pintura e decoração está concretiza as mais modernas aspirações da humanidade.
encarregado o Mbi l artista Luiz Luz. (Diário do Maranhão, Foi ele o educador da geração republicana do Brasil,
25/5/ 1900, p.2). assim como representa o mais forte demolidor do passado
teológico e metafísico de Portugal.
~S DE MARIA Teófilo Braga é presentemente o chefe da literatura luso-
brasileira e como tal, animado pelos mais puros sentimen-
Continua a ser bem concorrida por fiéis a festividade tos, rende-lhe o Centro Caixeiral Maranhense o mais es-
na igreja das Mcrcês. pontâneo e convicto dos preitos.
Hoje à noite, além da iluminação no altar da Virgem, Para que a sessão revista o aspecto que desejamos é
figurará também uma bonita cortina pintada pelo Sr. Levy que a associação a que presido convida todo o público
Damasceno Ferreira, irmão do cônego Damasceno. maranhense.
No sábado e no domingo tocará à noite. no Largo da São Luís do Maranhão, 27 de julho de 1900
igreja, a banda de música do 5° Batalhão de Infantaria, Raimundo Alve Tribuzi - presidente
contratada pam isso pelo Sr. Benjamin Franco de Sá. ( ...)(Di- (Diário do Maranhão, 27n/1900, p.2).
ário do Maranhão, 251511900, p.2).
Da festa literária no Centro Caixeiral, a 28n11900.- Foi
EM CAXIAS palestrante Fran Paxeco. Finnino Saraiva apresentou a men-
sagem. Declamação de uma poesia de Luiz Carvalho. -
Haviam chegado o fotógrafo Gaudêncio Cunha e ore- Sobre o retrato de Teófilo Braga:
tratista a crayon Manoel Valente. (Diário do Maranhão, O trabalho artístico, reprodução e retrato, pertenceu
28/5/1900, p.2). ao habiJíssimo artista maranhense Luiz Luz, que fez a cópia
de pequena fotogrâfia para meio-corpo.
(Diário do Maranhão, 301711900, p.3).
RETRATO

Tivemos ocasião de ver o retrato do senador Benedito PANO DE ANÚNCIOS


Leite, destinado por amigos de S. Exa. para a Biblioteca Pú-
O Sr. Eugênio Az.cvcdo, habilíssimo cenógrafo da Com-
blica do Estado, onde será colocado no próximo sábado.
panhia Dramática Luso-Brasileira, vai encetar entre nós
É um trabalho perfeito, cópia de uma fotografia e que
um trabalho que muito deve merecer pela sua competên-
muito honra o artista maranhense que o desenhou, Sr. Luiz
cia, já provada em outros lugares.
Luz, bem como outro, Sr. Benedito Serra que se encarre-
É um pano de anúncios para ser colocado no nosso
gou de preparar o emolduramento. (Diário do Maranhão,
26/611900, p. I ). teatro; para esse trabalho, ele receberá os anúncios das
pessoas que os quiserem fazer, mediante acordo. (Diário
do Maranhão, 51911900, p.2).
RETRATO
GALERIA
Esteve bastante concorrida a fel.la havida anteontem à
noite, na Biblioteca Pública. por ocasião de sua reabertura
Pensa o Sr. Cândido Costa em oferecer à Biblioteca
e colocação sobre a porta central, do fundo do salão, do
uma galeria de retratos de maranhenses ilustres e distintos
retrato do ilustre senador Benedito Pereira Leite. homena- na literatura e nas artes, e conta que muito em breve poderá
gem que lhe tributaram amigos e admiradores. (... ) (Diário levar a efeito essa delicada lembrança, digna dos maiores
do Maranhão, 217/1900, p.2).
aplausos e apreço. (Diário do Maranhão, 61911900, p.2).

RETRATO PANO RECLAME

Sabemos que o Centro Caixeiral festejará o grande dia Vai efetivamente o hábil cenógrafo Eugênio Azevedo
maranhense, a 28 do corrente, sábado próximo, com uma dar começo ao trabalho de pintura do pano de anúncios,

~ 202 <?./(i)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

ou reclames, para o Teatro São Luiz, tendo já contratado PANO DE ANÚNCIOS


com diversos estabelecimentos industriais e casas de co-
mércio, os respectivos anúncios. Os preços variam con- É mujto bonito o pano que o cenógrafo Azevedo está
forme o lugar e espaço ocupado. pintando, para o teatro. Os diversos anúncios e reclames
O pano é em forma de um leque, será pintado a cores brilham bastante.
diversas, com fotografias, etc., à vontade do anunciante. Restam ta lvez 6 lugares, para os quais ainda ele recebe
Para os jornais já o Sr. Azevedo distribuiu lugares no anúncios até quarta-feira próxima.
bonito trabalho que vai fazer. Depois da festa será a exposição. (D i ári o do
Em casa do Sr. Dias de Matos receberá ele, das 9 às 3 Maranlrão, 29191 1900, p.3).
horas da tarde, as pessoas que desejarem contrato.
Para outros teatros, como o da Bahia, fez o Sr. Eugênio RETRATO
Azevedo igual trabalho; a imprensa local encareceu o traba-
lho como de grande merecimento e valor, tecendo elogios No salão da Câmara Municipal da Vila do Rosário será
à grande aptidão do artista nacional, a quem o mestre Co- hoje colocado, oferta de amigos particulares, o retrato do
liva dedica apreço e simpatia. (Diário do Maranhão, 7191 senador Benedito Leite, como prova de consideração e
1900, p.3). estima ao digno representante do Estado, e como homena-
gem ao dia de hoje, o de seu aniversário natalício. (...)
PANO DE ANÚNCIOS ( Diário do Maranhão, 4/1011 900, p.2).

O Sr. Azevedo, habilíssimo cenógrafo que trabalha atu- HOMENAGEM


almente no Teatro São Luiz, está dando princípio à pintura
do pano-reclames, ao qual j á nos temos referido. Na sala de sessões da Vila do Paço foi ontem colocado
Já tem contratado grande número de anúncios de diver- o retrato do senador Benedito Leite, chefe do Partido Re-
sas das nossas principais empresas e casas comerciais. publicano do Estado, homenagem de seus amigos àquele
Continua ele a receber contratos para os lugares que rnaranhense, por ser dia de seu aniversário. (Diário do
ainda restam. Vai ser um trabalho bastante recomendável e Maranhc7o, 5/1011900, p.3).
digno de apreço, além da utilidade que há de ter. (Diário
do Maranhão, 11/9/1 900, p.2).
PANO - ANÚNCIOS
PANO DE ANÚNCIOS E RECLAMES
O hábiJ cenógrafo Eugênio Azevedo já terminou o pano
O cenógrafo Azevedo já deu começo à pintura do pano de anúncios que vai ser colocado no Teatro São Luiz. Está
que terá de ser montado no teatro, e que vai ficar muito um bonito e rico trabalho que há de produzir o melhor efeito.
bonito e vistoso. São muitos os reclames de estabeleci- É grande o número de anúncios com que é formado o
mentos industriais e casas de comércio que terão de fi gu- grande leque, e nele dirigido delicado cumprimento às na-
rar. Poucos lugares restam, pelo que devem apressar-se a ções brasileira e portuguesa, às classes comercial e operá-
ir escolher lugares as pessoas que ainda quiserem fazer ria. O público há de apreciar o trabalho que lhe vai ser breve-
contratos. (Diário do M aranhão, 151911900, p.2). mente mostrado. (Diário do Mara11hão, 91 1011900, p.2).

LISTA DA COMISSÃO DE ARTISTAS ESPETÁCULO

(...)Em reunião de 14 do corrente deliberou nomear Hoje haverá espetáculo no Teatro São Luiz, em benefí-
dentre os artistas as seguintes comissões a fim de angari- cio do ator e cenógrafo Eugênio Azevedo.
arem donativos para a 3ª Novena da Festa de N. S. dos Será exibido o novo pano de anúncios ou reclames,
Remédios: (...) pintado pelo mesmo ator. (Diário do Maranhão, 17110/
(Da classe dos RETRATISTAS consta:) 1900,p.3).
Retratistas:
Gaudêncio Cunha, Gregório Pantoja, Luiz Luz, Marce- TEATRO
lino de Jesus Nina. (Diário do Maranhão, 18/9/1900, p. 2).
Foi bem concorrido o espetáculo de ontem, e aplaudido
PANO DE ANÚNCIOS OU RECLAMES o desçmpenho do emocionante drama - Os dois sargentos
- da qual é justo que mais uma vez salientemos a boa e
Já estão muito adiantados os serviços de pintura que o correta interpretação dada a seus papéis pelos estudiosos
cenógrafo Eugênio Azevedo está fazendo no pano desti- artistas D. Delfina, Claudino de Oliveira e A. Fonseca.
nado ao nosso teatro. Antes de começar a execução do drama, subiu o pano
Muitos dos reclames de companhias e casas de comér- de boca, sendo exibido o de anúncios ou reclames - traba-
cio já estão pintados, produzindo excelente resullado. lho do cenógrafo e ator Eugênio Azevedo-de bonito efeito
o Sr. Azevedo pede, por nosso inte1médjo, às pessoas pela variada pintura que apresenta no grande número de
que têm ou quiserem o lugar, o obséqujo de enviarem os anúncios de casas comerciais e industriais desta capital.
"dizeres" para o anúncio, a lím de não demorar o serviço, O pano fi ca pertencendo ao estabelecimento, e além de
para o qual lhe é diminuto o tempo. (Diário do Maranhão, sua utilidade traz ainda a va111agem de poupar o pano prin-
21/9/1900, p.2). cipal, por isso que aquele é destinado para os entreatros.

~203 ~
LUIZ DE MELLO

Lá está, no pano de anúncios exposto no teatro, um "Agora mesmo ouvi parte da música que há de ornar a
reclame da Causa das Água~ a Ribamar, indicando o proje- peça Nossa Senhora dos Remédios, que deve subir à cena
to de canalizaçao, e não de grez, e isso está demonstrado no próximo sábado.
na pintura imitando o jorro d'água a cair em um tanque. Os cenários, pintados pelo cenógrafo Eugênio de Aze-
Não perde a empresa, e isso é muito louvável, ocasião vedo, da companhia, estão de grande efeito, principalmen-
de chamar a atenção para o melhoramento, que é uma aspi- te as ruas do Trapicbe e Remédios, vendo-se a igreja atu-
ração geral e que, realizado, será por certo de grande inte- almente em construção; ainda é djgna de elogio a cena do
resse e qual idade. (Diário do Maranhão, 1811011900, p.3). alto mar, um navio que naufraga depois de incendiar-se."
Por isso e pelo assunto desenvolvido na peça, é de
LIRA crer que muito agradará a composição do hábil e talentoso
artista G Sepúlveda. (DiáriodoMaranhão,411211900, p.3).
Informa-nos o Sr. Antônio Lobo que a lira que figura
hoje no cortejo em homenagem a Gonçalves Dias, ficará em RETRATO
exposição durante trrs d.ias no salão da Biblioteca Pública.
A lira é um trabalho primoroso, preparado pela Sra. Dos seus discípulos de aula noturna de música do Es-
Zulmira d' Alcovia Barbosa Marques, que nele revelou o tado recebeu ontem o professor Antônio Rayol uma prova
mesmo bom gosto e perícia com que fez o apreciado mimo de apreço e amizade, que o deve ter penhorado muito.
que ofertou a Coelho Neto, na sua passagem por esta ci- Precedidos da banda de música do 5° Batalhão foram
dade. (Pacotilha, 3/1111900, p.2). ontem, às 6 horas da tarde, à residência do dito professor
e ofereceram-lhe a delicada lembrança que tiveram: o seu
LIRA retrato a meio-corpo, trabalho de muito merecimento, feito
pelo hábil artista maranhense Luiz Luz, conduzido por 4
Tendo a Exma. Sra. Zulmira Marques, digna consorte meninas.
do comendador Augusto Marques, pedido ao professor Em nome dos ofertantes falou o aluno Adelman Corrêa.
Domingos Machado, diretor do Liceu Maranhense, per- Rayol foi bastante felicitado por parentes, amigos e
missao para recolher a esse estabelecimento a lira que ser- discípulos, havendo recebido uma atenciosa carta de cum-
viu nos últimos festejos feitos à memória de Gonçalves primentos dirigida por S . Exa. o Sr. governador do Estado.
Dias, obteve tal concessão. (Diário do Maranhão, 24/12/1900, p.3).
O primoroso trabalho foi ontem colocado na sala da
congregação, sobre o retrato do inditoso poeta, sendo o RETRATO
serviço dirigido pela distinta senhora e pessoalmente efe-
tuado pelos já mencionados cavalheiros que promoveram O Sr. coronel Dias Vieira, presidente da Associação
a festa. (Diário do Maranhão, 12/1111900, p.3). Comercial, mandou hoje convidar os demais membros da
diretoria para a sessão especial que deve ter lugar segun-
COLNA da-feira, às 10 horas da manhã, a ftm de ser colocado na
sala das sessões d~ mesma diretoria, na Casa da Praça, o
Estão de lindo efeito e extraordinário brilho os orna- retrato do falecido negociante Henry Airlie, cuja inespera-
mentos especialmente preparados para servirem na igreja da perda o comércio e a sociedade maranhense tanto pran-
de Nossa Senhora da Conceição, onde desde ontem já se teiam. (Diário do Maranhão, 29/12/1900, p.2).
ostentam, tendo sido admirado por grande número de pes-
soas mais esses belíssimos trabalhos de Orestes Coliva. REUNIÃO NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
Mais um pouco de luz, tanto no altar-mor como no arco
do centro da igreja, e mais destacadamente poderão ser ad- Na sala das sessões da diretoria da Associação Comer-
mirados os ornatos, as cores, a pintura de tão bem combina- cial, presentes os diretores coronel Manoel Inácio Dias Viei-
do trabalho, os apanhados e ondeados da fazenda. ra, (P) Inácio Parga, Joaquim Carneiro, R. Simas, J. Bacelar e
Neste sentido ficou ontem combinada pelos diretores Feliciano Souza, foi pelo presidente aberta a sessão.
e mesários da irmandade a adoção de providências que Dando o motivo da convocação desta reunião, o Sr.
possam fazer salientar o que tanto merece. presidente fez ver que a Associação Comercial, verdadeira
À novena de ontem, a primeira da festa, houve boa intérprelC dos senlimentos do corpo comercial, e apreci-
concon-ência de fiéis, lendo sido ouvida, com especial agra- ando, como sempre apreciou, os serviços reais que o fale-
do, a prática feita pelo ilustrado cônego Dr. Leopoldo Da- cido negociante, de saudosa memória, Henry Airlie presta-
masceno, que se ocupou do santíssimo nome da Virgem ra a esta praça como negociante e como membro da corpo-
Ma1ia, sua significação e virtude. ração, cargo que exerceu com tanta dedicação e interesse,
Hoje servirá de assunto ainda o nome da Imaculada havia deliberado ornar a sua sala com o retrato de tão
Conceição de Maria, e o privilégio somente a ela concedi- lembrado negociante, encargo que só agora pôde realizar.
do. (Diário do Maranhão, 30/l l/1900, p.2). Foram muito apreciadas as palavras do ilustre presi-
dente, demonstrando os demais representantes Parga,
PINTURA Casimiro e Bacelar da honrada classe, os mesmos senti-
mentos de dedicação à memória daquele que tanto honrou
Sobre os preparos para a peça Os milagres de Nossa a praça, dando-lhe os melhores exemplos de prudência, de
Senhora dos Remédios - escreve-nos um amigo: honestidade e de verdade.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Descoberto o rico quadro que emoldura o passe-par- PLANTA


tout e retrato do pranteado negociante, de pé todos os dire-
tores e pessoas presentes mostraram-se bastante comovi- O Sr. Manoel Valente, que veio do Piauí onde pintou o
dos e saudosos, louvando a perfeição do trabalho, executa- pano de anúncios para o teatro de Teresina, mediante 660$,
do pelo artista maranhensc Luiz Luz, em busto, sistema a sendo 150$ auxílio do Governo e o excedente de 36 anún-
platina, cópia fiel da última fotografia tirada pelo faJecido. cios- tirou uma planta interna do referido teatro para expô-
Em quadro menor, abaixo do retrato e sobre cetim azul- la no desta capital, onde poderá scr cxamjnada pelas com-
escuro está a seguinte inscrição: panhias que aqui passarem. (Diário do Maranhão. 26/1/
1901, p. 2).
HOMENAGEM DO
COMÉRCIO DO MARANHÃO AULA DE MÚSICA

Mais uma solene demonstração de apreço à memória ( ... ) A aula deu bons resultados o ano passado, con-
sagrada de quem tanto a merecia, acaba de dar o operoso correndo muito a dedicação do maestro Rayol, professor
e honrado comércio do Maranhão, tão bem representado que conseguiu o melhor aproveitamento dos alunos, como
pelos seus pares que constituem a diretoria da Associa- demonstram os exames.
ção; assim procedendo, o comércio maranhense mostra Não sabemos ainda quando será reaberta a aula, de-
não haver esquecido o mérito daquele de seus colegas, pendendo isso talvez dos consertos de que a escola está
que tanto engrandeceu a classe e a honrou, quanto contri- precisando.
buiu sempre com o seu trabalho e com o seu capitaJ e Ouvimos di1er que os alunos projetam colocar ali o re-
dedicação para o progrccsso e desenvolvimento das in- trato do senador Benedito Leite, cujo desenho está a cargo
dústrias do Estado, deixando o seu nome tradicionalmente de Manoel Valente. (Diário do Maranhão, 9fll 1901, p. 2).
ligado a tudo quanto tinha esse elevado fim.
Ricas cortinas de seda roxa, pendentes delas vistosas CRISPIM AMARAL
franjas e borlas guarnecem o quadro que guarda. para o
comércio maranhen e, o venerando busto do cidadão ben- Crispim Amaral, distinto pintor pernambucano, anun-
quisto em vida e bem lembrado depois da morte. (Diário cia a publicação de um álbum de ti pos populares do Brasil,
do M ara11'1ão, 3 l/ 121 1900, p.3). com 50 aquarelas. O tex to será cm ponuguês e francês,
com a colaboração de Ernesto Depré, de Paris. (Diário do
CENÓGRAFO Maranhão, 18/21190 1, p. 3).

O Sr. Eugênio Azevedo, cenógrafo da companhia dra- RETRATO


m ática, e que ficou nesta capital para concluir serviços de
pintura - um gabinete fechado - para o teatro, segue ama- Pelo Exmo. Sr. coronel A lexandrc Colares Moreira Juni-
nhã para Caxias aj untar-se à companhia. or, vice-provedor da Santa Casa de Misericórdia, foi envi-
Agradecemos a sua visita. ado à respectiva Mesa um retrato a óleo do benemérito
(Diário do Mara11/uio, 15/1/190 1, p. 2). maranhcnse Francisco Marques Rodrigues, oferecido à
corporação por um amigo de tão distinto cidadão, a fim de
FOTOGRAFIA DE ARTHUR AZEVEDO ser colocado na sala de sessões da referida Mesa. (Diário
do Mnranhão, 23/2/ 1901, p. 3).
C hegou do Ceará, ti rado no ateliê Moura Quineau, o
PLANTA DO TEATRO DE TERESINA
retrato a meio-corpo do talentoso comediógrafo maranhen-
se Arthur Azevedo, que vai fazer parte da galeria do salão
O hábil desenhista e retratista Manoel Valente entre-
nobre do Teatro São Luiz, onde o inspetor marcou lugar
gou-nos para fazennO!> deixar no teatro desta capital, uma
para colocá-lo. (Diário do Maranhão, 18/11190 1. p. 2).
planta do teatro de Teresina (capital do Piauí) a fim de
poder ser con ultada e examinada pelas pessoas que de-
MANOEL VALENTE
sejarem e pelas companhias que precisarem informar-se da
lotação do respectivo teatro.
O nosso conterrâneo, habilíssimo amador de pintura,
& 1:1 um trabaJho perfeito, e com ele cumprida a pro-
cenografia e trabalhos a crayon, Manoel Valente acaba de messa que o Sr. Valente fez naquela capital, o louvável
dotar o Teatro de Teresina com um pano de boca de anúnci- desejo de concorrer para que do seu teatro haja completa
os, que lhe proporcionaram os negociantes daquela capital. informação. (Diário do Maranluio, 16/3/ 190 l, p. 3).
O trabalho do artista amador maranhense estava sen-
d o muito apreciado por revelar sumo gosto e aptidão. (Di- RETRATO
ário do Maranhão, 241 111901, p. 2).
Um espetáculo de festa será o de amanhã cm honra de
REGRESSO Arthur Azevedo. Vai ser colocado, no lugar que lhe cabe
no salão nobre do teatro, o retrato do maranhense cujo
Regressou de Caxia!> o hábil amador e retratista Mano- nome o Brasil apon ta como merecedor, como credor de
e l Valente. (Diário do Martmhão, 25111 190 1, p. 2). todo os elogios, pelo muito que tem feito para dotar o

<?/Q) 205 ~
LUIZ DE MELLO

teatro brasileiro de produções cheias de graça, nos diver- Emblemas para todas as profissões.
sos gêneros em que escreve. (...) (Diário do Maranhão, Fotografias coloridas.
27/3/1901, p. 2). Finalmente, tudo que diga respeito à arte de desenho e
pintura.
ESPETÁCULO Aceita-se contratos para pintura de casas. - Rua de Santo
Antônio nº 8. (Diário do Maranhão, 271511901, p. 3).
(...)Em cena aberta, onde se achavam todos os artistas
da Companhia Dias Braga, via-se, cercado das bandeiras PINTOR
nacional e do Estado, o retrato de Arthur Azevedo, traba-
lho do ateliê Moura Quineau, do Ceará, ricamente emoldu- Vindo de Paris chegou ao Rio o conhecido artista pin-
rado. tor Crispim do Amaral.
( ...) Do palco foi o retrato transportado para o salão Vai com a idéia de organizar um álbum com os tipos
nobre do teatro por amigos de Arthur Azevedo, e ali, ante característicos da nacionalidade brasileira, colhidos do na-
grande número de senhoras e cavalheiros, presentes tam- tural nos diversos Estados por ele percorridos.
bém o Sr. Nuno Pinho, inspetor do teatro, senador Benedi- (Diário do Maranhão, 21/6/1901, p. 3).
to Leite, Dr. Manoel Lopes da Cunha, primeiro vice-gover-
nador do Estado, deputados, escritores, jornalistas e os RETRATO
artistas da Companhia Dias Braga, e ao som da banda
musical, foi o rico quadro colocado no lugar que lhe era Hoje à noite terá lugar o concerto vocal e instrumental
reservado. (Diário do Maranhão, 29131190 1, p. 2). organizado pelo maestro Antônio Rayol, diretor da Escola
de Música, para festejar a mudança das aulas para o pré-
RETRATO dio da Rua Grande, ultimamente reparado para nele funci-
onar a referida escola.
O Sr. Crispim A. dos Santos ofereceu ontem ao maestro Nesse edifício são colocados os retratos do ilustre se-
Antônio Rayol, diretor da Escola de Música, um magnífico nador Benedito Leite, como prova de apreço e reconheci-
retrato em fotogravura do glorioso Carlos Gomes, em ri- mento por ter sido ele o principal promotor da criação da
quíssima moldura. escola, e do imortal Carlos Gomes.
O bonito retrato veio dos Estados Unidos da América O retrato do distinto senador Leite ocupa o lugar de
pela casa dos Srs. Belchior & Alves e está exposto na Loja honra dentro do edifício, e o do pranteado compositor
Mariposa, na Rua Grande. brasileiro no gabinete do diretor, à esquerda da entrada do
Assim que for instalado no prédio estadual da Rua salão. Neste também está o retrato do maestro Rayol, dire-
Grande a Escola de Música, será nela inaugurado o retrato tor da escola, oferta dos seus discípulos.
do falecido maestro, assim como o do senador Benedito A festa há de ser de efeito. Nela tomam parte, além de
Leite, que será exposto de amanhã em diante na livraria amadores, artistas e professores de orquestra, muitos alu-
dos Srs. Davi, Rabello & Cia. nos da mesma escola.
Cremos que até o princípio do mês a escola passará Tocarão à porta do edifício três bandas regimentais
para a Rua Grande. (Diário do Maranhão, 21/5/1901, p.2). (Diário do Maranhão, 221611901, p. 2).'

EXPOSIÇÃO DE RETRATO BISPO

Na Livraria Americana está em exposição o retrato a Notícias sobre o bispo Dom Xisto Albano. - Do dia 11:
meio-corpo do senador Benedito Leite, destinado à Escola ( ...) S. Exa. saindo da Catedral, foi à casa do fotógrafo Gau-
de Música, trabalho do inteligente e habilíssimo amador dêncio Cunha para retratar-se, satisfazendo assim o pedi-
Manoel Valente. (Diário do Maranhão, 23151190 1, p. 2). do que lhe foi feito. (Diário do Maranhão, J tn/1901, p. 2).

RETRATO FALECIMENTO

No Hospital Português foi colocado por ocasião dos Faleceu ontem à tarde, sendo hoje sepultado, Francis-
sufrágios pela alma do sócio Albino da Silva Ramalho, o co Manoel da Cunha, irmão do falecido retratista a óleo
seu retrato, trabalho a crayon tirado de uma fotografia João Manoel da Cunha e tio do Sr. ínácio Cunha. A este e
pelo Sr. Manoel Valente. (Diário do Maranhão, 23151 demais parentes do finado apresentamos pêsames. (Diá-
1901, p. 2). rio do Maranhão, 13ntl901, p. 2).

ANÚNCIO PLANTA
ATELI~ DAS BELAS-ARTES
Ao Sr. coronel intendente Municipal foi enviada de
Reliatos a crayon em quadros dourados, escuros e Buenos Aires uma bonita planta ou plano de embeleza-
pretos. Pintura em chapas de zinco, com inscrições para mento da Rampa e do Largo de Palácio desta capital.
sepulturas. Placas esmaltadas com dísticos de qualquer
profissão, imitação às placas ágata. Na edição de 22/6/1901, o Diário do Maranhão dedica longo
espaço para anunciar a festa de abenura do novo prédio da Escola
Letreiros com alegorias para casas comerciais, Arte e
de Música, e rrata da inauguração dos retratos de Benedito Leite
Ciência. (pintado por Manoel Valenie), Antônio Rayol e Carlos Gomes.

<VQ) 206 <VQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fez esta delicada oferta o Sr. Carlos Thays. diretor do habilíssimo artista Manoel Valente, que a S. Exa. o ofere-
Jardim Botânico da capital argentina, e à qual o Sr. inten- ceu, acompanhado de uma carta na qual para isso pedia
dente dando o merecido apreço, vai fazer expor de hoje em permissão.
diante no salão da Revista do Norte. S. Exa. o Sr. D. Xisto Albano licou bastante penhorado
Pena é que faltem os recursos para tão grande cálculo com mais essa prova de simpatia à sua pessoa, e logo
e para mais razão dar a quem sabe fazer justiça aos mara- mostrou desejos de conhecer o jovem maranhense, a quem
nhenses que trabalham pelo progresso desta boa terra. mais tarde teve ocasião de abraçar e louvar o seu bom
A imprensa do Rio foi unânime cm dar notícia do boni- trabalho, ao qual deu todo o apreço. (Diário do Mara11hão,
to e apropriado trabalho que naquela cidade esteve em 718/1901, p.2).
exposição na vitrine da Casa Costrejam.
Os colegas Gazeta de Notícias, Notícia, O Paiz, Tribu- CENOGRAFIA
na e Jomal do Comércio deram conta do valioso plano.
A Gazeta assim se pronunciou a 13: Informaram-nos que a Sociedade Cáritas inaugura às 7
Está exposto na Casa Costrejam um projeto de embe- horas do dia de amanhã, com alegres festas. a sua nova
lezamento no Largo de Palácio e rampa de desembarque bandeira, levando à noite a cena, no seu elegante teatrinho.
da cidade de Séío Luís do Maranhão, executado e ofere- o drama Jocelyn que está preparado a capricho, com cená-
cido pelo Sr. Carlos Thays, diretor dos Parques Públicos rios novos, devidos aos pincéis do cenógrafo Manoel Va-
e Jardim Botânico de Buenos Aires. ao intendente coro- lente e amador J. Fernandes. (Pacotilha, 9/8/ 190 1, p. 2).
nel Nuno Pinho, de São Luís.
Este plano é o primeiro de uma série de três, gracio- PAINEL
samente oferecidos por aquele ca1•a/heiro à cidade ma-
ra11he11se. Na Tribuna do Rio de Janeiro, de 5 do p. passado,
Ora, aí está uma cidade, que não é a capital do Brasil, lemos o seguinte:
disposta a gastar dinheiro em heneffcio de sua estética. No dia 10 do corre111e será i11aug11rada na majestosa
Por que há de o Rio, este Rio que já foi a primeira Candelária uma obra de grandes dimensões. represen-
cidade da América do Sul, continuar nesta pavorosa cons- tando a administração da poderosa irmandade, à época
tância de lealdade? em que se consagrou o templo.
Belo exemplo nos chega do Norte. O esplêndido trabalho artístico é do pintor mara-
(Diário do Maranhão, 18nt1901 , p.2). 11/iense Franco de Sá, que nele tem mais uma afinnação
do seu ralemo. (Jomal dos Artistas, 10/8/ 190 1, p. 2).
OS FESTEJOS DE ONTEM
MARCELINO NINA
Esteve concorridíssima a festa ontem realizada pela As-
sociação Cívica Maranhense cm comemoração ao 28 de Realizou-se a sessão anunciada do Centro Artístico Elei-
Julho. toral, sendo colocado na sala das mesmris sessões o retrato
Às 7 horas da noite estava delinitivamente formada a do tenente-coronel Theodomiro Martins, presidente do Par-
procissão cívica, no Largo de Palácio. Saiu daqui debaixo tido Operário e Artístico do Pará. O retrato foi oferecido pelo
da melhor ordem - os alunos do Liceu à frente e a seguir o centralista e incansável amador Marcelino Nina ao Centro
Centro Caixeiral, o Grêmio Literário Estudantal, o Centro Artístico, como prova de homenagem a eus colegas do
Artístico Eleitoral e a Oficina dos Novos, todos hasteando Estado vit.inho. (DiáriodoMaranluio. 17/8/ 190 1, p. 2).
os respectivos estandartes.
No meio do cortejo, entrelaçando-se aos garridos pen- RETRATO DE GONÇALVES DIAS
dões, destacavam-se os retratos a cores dos excelsos pa-
triotas Odorico Mendes e Feliciano Falcão. É um trabalho N' O Faiz, do Rio, escreveu o nosso colega e conterrâ-
mag nífico, que mereceu os encômios de todos que o ana- neo Arthur Azevedo:
1isaram e que muito honra o seu autor, o distinto pintor O exímio artista Modesto Brocos. autor dos belos re-
maranhense Luiz Luz. Os andores, habilmente confeccio- tratos gravados a águajorte, de Ferreira de Araújo, Qui11-
nados pelo reputado artista Benedito Serra, foram briosa- 1i110 BocaiLÍva e Francisco Fajardo, acaba de publicar
mente conduzidos por estudantes e caixeiros. (Pacotilha, agora o de Gonçalves Dias, que excede, tafrei.. àqueles
29nl l 901, p. 2).' três primeiros na correção do traço e 110 vigor da expres-
são. É a água-forte digna de ser apreciada em Londres,
RETRATO DE D. XISTO ALBANO embora passe. como é natural. despercebida no Rio de
Janeiro, onde a curiosidade pública só é despertada pelo
Delicada lembrança, eotre muitas outras, recebeu S. escândalo.
Exa. Reverendíssima; foi o seu retrato, meio-corpo, pelo O aplaudido pintor d'A Evol11r;iio e d'A Debulhada
deu ao grande poeta um olhar penetrante, de uma ex-
Um dc~file triunfal. Centena~ de ca~a~ muito iluminada~. Na Pra- pressão profunda que reflete, pode-se dizer. a obra do
ça Gonçalves Dias vá.rias bandeiras rodeavam a estátua do poeta. pensador e do artista.
Discursos de Domingos Américo de Carvalho. Manoel Gronwell. N<io creio que o instrumento do gravador produzisse
Fran Pa~eco e do operário André Rei s. V:lrio~ escudantes também
discursaram. O contista João Quadros falou cm nome da Oficina
ainda, no Rio de Janeiro, uma estampa de ta11to merecimen-
do) Novos. to comn esse retrato. (Diáriod0Mara11Juio, 23/8/ 190 1, p. 2).

~ 207 ~
LUIZ DE MELLO

ATELI~ ARTÍSTICO MARANHENSE Do lançamento de Décima Urbana para 1902 - pela


MARCELINO NINA Intendência Municipal:
RUA DE SANTO ANTÓNTO
Prepara retratos a crayon e a óleo, e emblemas para Nº 8 - Francisca Valente da Rocha e seus filhos -
sepulturas, placas com nomes e dísticos por módicos pre- 180$00)
ços - Rua Jacinto Maya nº 43. N° 24 - João Manoel da Cunha e Francisco Manoel da
Maranhão, 30 de agosto de 190 1 Cunha- 180$000 (Diário do Maranhão, 3111011901, p. 1).
(Jornal dos Artistas, 14/9/ 1901, p. 4).
FAMÍLIA VALENTE
FALTAS
Décima Urbana
D a lista de fa ltas dos alunos do Liceu Maran hense, ( ...)RUA DOS AFOGADOS
durante o mês de setembro findo: Nº 34-Maria Luísa V. C. Moreira, Antônio J. Valente,
( ...) NESTABLO RAMOS: 9 faltas em aulas de portu- Nestor C. Valente, Zufla C. Valente, Raimundo C. Valente,
guês; 1Ofaltas em matemática.( ...) (Diário do Maranhão, Almir C. Valente, Acrísio C . Valente, Noemi C. Valente. (Di-
9/J0/ 1901,p. J). ário do Maranhão, 14/1111901,p. 1).

ANIVERSÁRIO OFICINA DOS NOVOS

Completa no dia 14 mais uma primavera o nosso distin- (... ) Do Sr. presidente da Sociedade recebemos o se-
to amigo e colega Marcelino de Jesus Nina. guinte ofício, e em edições seguintes iremos abrindo espa-
Nós aqui do Centro enviamos-lhes os nossos embo- ço às palavras que a respeito do assunto enviar a comis-
ras. (Jornal dos Artistas, 13/10/1 90 1, p. 1).
são competente:

CORRESPOND~NCIA DE VIANA
OFICINA DOS NOVOS
São Luís, 9 de dezembro de 1901
( ...)Muito em segredo digo-lhe que já está quase pron-
to um retrato do ilustrado e benemérito senador Benedito
Sr. redator do Diário do Maranhão
Leite que, segundo ouvimos dizer, vai ser colocado na
casa onde tem de funcionar o telégrafo.
Tendo a Oficina dos Novos deliberado em sessão de
É uma excelente idé ia, po is Viana, se já tem o fio tele-
ontem abrir uma subscrição popular para o preparo dum
gráfico, deve-o unicamente àquele honrado cidadão. (Di-
busto de Manoel Odorico Mendes, que será colocado na
ário do Maranhão, 15/10/1901 , p. 2).
praça que tem o nome desse grande brasileiro, venho
rogar a valiosa corporação do órgão que redigis. Em
COMÉRCIO DE MANOEL VALENTE
cada um dosjon!aisficará uma lista de subscrição para
Foi ontem aberto o novo Café High Life, defronte do o povo.
teatro. Foi grande a concon·ência de fregueses e visitantes
Havendo sido também designados os Srs. Astolfo Mar-
que à noite compareceram para apreciar a especial idade da ques e João Quadros para a propaganda da idéia nesse
casa, e os refrescos, cerveja, pastéis, etc. que os novos considerado jornal, rogo-vos que acudais ao nosso ape-
proprietários do Café apresentam e pelas quais querem, o lo, nascido do grande culto às glórias únicas.
que é muito justo acreditar, dar nome ao estabelecimento, Saúdo-vos. - O presidente - Francisco Serra
compatível com seus esforços, dedicação e bom gosto. - Fica, portanto, a lista no nosso escritório, onde pode
Está preparado com capricho o salão destinado a rece- ser subscrita por quem desejar. (Diário do Maranhão, 91
ber as pessoas que forem apreciar o bom café, e todo e le 1211 90 1, p. 2).
ornado com quadros e retratos, trabalhos do habilíssimo
Sr. Manoel Valente, um dos proprietários e gerente do High NOTÍCIAS DE VIANA
Li fe, que sustentará por certo este nome, continuando a
primar pelo asseio, tratamento e ordem com que começou (FESTAS-INAUGURAÇÕES - REPRESENTAÇÃO
e que merece gerais louvores. (Diário do Maranhão, 17/ DAPEÇAOFIMDOMUNDO,DEAMÉRICOAZEVE~
1011901, p.3). DO-BEATAS).
PARTE FINAL:
CAFÉ HIGH LIFE
(...) Já se preparam festas e a colocação do retrato do
Hoje às 6 horas da tarde abrir-se-á este decente esta- senador Benedito Leite, no salão nobre da Intendência, re-
belecimento, talvez o melhor desta capita l e que promete trato que está um primor de arte e foi desenhado pelo hábil
bem servir ao respeitável público. Sr. Augusto Silva. (Diário do Maranhão, 12/12/1901, p. 2).
Café de primeira ordem. tem sempre à disposição dos
amáveis fregueses cerveja fria e outras bebidas, pastéis, LÁZAROS
doces, etc.
Especialidade: café superior a 100 rs. Rua do Sol nº 19, Do dia 24 em diante será exposto no palco do Cárites,
defronte do teatro. (Pacotilha, 17/ 10/1901). teatrinho na Rua do Sol, um presépio do conhecido cenó-

<Vê>) 208 <?../Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

grafo Orestes Coliva, à disposição do público desde as 7 São estes os dias marcados, e quando podem as famí-
horas da noite.( ... ) (Pncorilha, 19112/1901, p. 2). lias ir vê-lo em casa do referido cônego, na Rua Grande: 25,
26,28,29;ccmjanciro: 1°,2,4,5,6,8,9, l I e 12,das?às 10
PRESÉPIO horas da noite.
Não pôde ser armado no Teauinho Cáritcs o bonito e
Acedendo ao convite que gentilmente nos fora dirigido, conhecido presépio que o coronel Nuno Pinho cedia. como
fomos ontem à residência do Revdm. 0 cônego João dos San- lhe foi pedido, por não ter o palco a precisa altura e largura
tos Chaves, afunde assistir à primeira experiência da proje- que dêem em todos os panos do presépio.
ção de luzes combinadas no presépio de que S. Revdma. fez Deixa por isso de fi gurar ali o presépio, e para o fim
aquisição na sua recente estada no Rio, e que é mais uma muito bem pensado que tinham em vista os diretores da
belíssima produção do pincel de Orestes Coliva. Sociedade. (Diário do Maranhão, 23/12/ 1901. p. 2).
O presépio. ao contrário de outro que existe nesta ca-
pitaJ e que eloqüentemente atesta o valor artístico desse PRESÉPIO
ilustre cenógrafo pintor italiano, representa o surgir da
aurora do dia de Natal. O presépio armado cm casa do cônego João Chaves, e
O céu da Judéia tristonha, todo ouro e púrpura, se que ontem foi visitado, talvez por mais de mi l pessoas,
estende grande e impassível, como um imenso pálio aber- ainda hoje estará franco a quem ir desejar apreciá-lo e ou-
to no espaço. e os primeiros albores da manhã gloriosa vir a ladainha.
iluminam frouxamente a magnífica passagem, ao longe. Todos os visitantes louvam o bonito efeito produzido
Rebanhos pastam si lenciosamente ao sopé da montanha pelo trabalho de pintura e decoração. (Diârio do
legendária, na aba da qual está encravada a gruta sagrada, Maranhão, 26/12/1901, p. 3).
onde, em estábulo cheio de palhas ressequidas de feno,
dorme o primeiro sono da inocência o doce Jesus Bambi- OS PRESÉPIOS
no. Pastores cruzam as estradas poentas e longas - uns de
cântaros ao ombro, de tíbias aos lábios. E além, ainda so- Todos os presépios foram visitados, desde os das igre-
nolenta e toda iluminada, surge a Be1hlem predestinada, jas aos das casas mais pobres e simples. palpitando nes-
com os seus castelos antigos, com suas montanhas de tes últimos, como sempre acontece, uma promiscuidade
vegetação hisurta, com seus minaretes pontiagudos, que, de bonecos que lhes tiram t0do o encanto e poesia. Os
parece, apontam para o grande céu ílamantc. dois pintados por Orestes Coliva, e que se encontram cm
Tamareiras esguias balançam-se pejadas de frutos. à exposição na igreja da Conceição, e outro cm cas:i do cô-
sombra das quais ruminam os bois mansos. nego Chaves, foram os mais admirados, bem corno o pre-
A imaginação ardente de Orestes Coliva idealizou mag- parado pelo Sr. Luiz Lu1., que se acha armado na igreja de
nificamente a aurora do dia em que se cumpriram as pala- São João. (Pacoti/lw, 26/ 12/190 l. p. 2).
vras dos profetas e o seu pincel tran~ponou para a tela
toda a festa que a natureza continha para solcninr o nas- PINTOR C. PORCIÚNCULA DE MORAES
cimento do Messias. PRESÉPIO
O Sr. cônego Chaves pretende expor esse presépio du-
rante alguns dias. que mais tarde serão determinados, a Visitamos o presépio do Sr. Joaquim Branco, na Rua de
fim de que o público tenha mais uma ocasião de admirar Santo Antônio nº 48, e podemos afirmar que é um verda-
uma nova obra do pincel que produziu o pano de boca do deiro primor de arte de cenografia. O presépio ostenta-se
nosso teatro. (Pacotilha, 20/12/l 901 . p. 2). no fundo de uma graciosa tloresta representada por copa-
das árvores imitando umas os pinheiros nevados das regi-
VIANA ões tropicais. outras, a anosos carvalhos, outras, aquelas
CORRESPOND'êNCIA DE JAVERT belas macieiras da Europa que, vergadas sob o peso ctc
farta carga de róseos frutos, oferecem aos visitantes um
(...) Assim é que tivemos: festa pela inauguração da aspecto de verdadeira ilusão. Tudo parece natural: acida-
linha telegráfica; festa pela colocação do retrato do bene- de de Belém é de uma originalidade incomparável, o mu-
mérito senador Benedito Leite no Paço Municipal; baile ros da cidade. os romeiros que descem e sobem carrega-
cm seguida à colocação do retrato; festa no Teatro Juvenil dos de cestos de frutos, como se viessem render homena-
do Colégio Rayol cm homenagem àquele senador. (...) (Di- gem ao Menino Jesu~.
ário do Maranhão, 20/12/1901, p. 2). Esse importante e artístico Lrabalho gerou-se do pincel
de Celino Porciúncula de Moraes. jovem cenógrafo que
PRESÉPIOS agora começa a submeter seu apreciados trabalhos ao
juízo público.
Na igreja de São João será exposto, de amanhã em di- Pela ocasião da abertura do presépio este jovem pi n-
ante, um bonito presépio para o qual muito contribuiu com tor recebeu uma bonita manifestação: fazendo-se ouvir o
0 seu trabalho artístico de pintura o Sr. Luiz Luz. Sr. Caetano Brandão de Sousa Junior, que cm curto e boni-
Em casa do cônego Chaves vai haver, como já disse- to discurso apresentou ao jovem cenógrafo cordiais agra-
mos, a exposição do bonito presépio, cuja pintura princi- decimentos em nome dos donos da cru.a, recebendo este,
pal é devida ao pincel do conhecido e apreciado artista envolto na claridade de fogos elétricos, da mão de uma
Orestes Coliva. menina vestida de anjo, um bem trabalhado buquê de era-

<2/Q) 209 <2/Q)


*~ LUIZ DE MELLO

vos circulado por cetins e rendas finas - o qual agradeceu O awômaro Bosco é um novo sistema de fotografia
com uma pequena locução, tocando em seguida a orques- instantânea, inventado há pouco tempo e que trabalha
tra o Hino Nacional. tanto de dia como à noite.
Os nossos emboras ao jovem cenógrafo. (Pacotilha, Em 2 minutos e 43 segundos, como tivemos ocasião de
27/12/1901, p. 2). assistir, obtém-se um decorativo retrato contido numa sim-
ples mas elegante moldura. e isto pela diminuta quantia de
PRESÉPIO 2$00).
Fazemos votos para que todo o Maranhão desfile em
O presépio da Rua da Praia de Santo Antônio nº 48, frente ao awômato Bosco. (Pacotilha, 27n/l 902, p. 2).
pode ser visto todos os dias das 7 às 9 ~ da noite. (Paco-
tilha, 27/ 12/1901, p. 2). B USTO

PRESÉPIOS A Oficina dos Novos teve ontem a sessão ordinária


anunciada. Foram propostos diversos sócios efetivos e
Hoje e amanhã estarão cm exposição os diversos pre- honorários, pelo presidente e outros.
sépios nas igrejas de São João e Conceição, e nas casas Nova sessão será no dia 13 para cada sócio se ocupar
parliculares, onde estão armados e o público conhece. (Di- do patrono que escolheu.
ário do Maranhão, 5/ 1/ 1902, p. 2). A favor da idéia da aquisição do busto do imortal O.
Mendes vai a Sociedade solicitar donativos às Eiunas. jo-
REGISTRO CIVIL - NASCIMENTOS - DIA 23: vens maranhenses. (Diário do Maranhão, 10/3/1902, p. 2).
( ...) Maria Pereira Rego Valente, filha legítima de Mano- ODORICO MENDES
el Jorge Valente (Diário do Mflranhão, 24/1/1902, p. 2).
Comunicam-nos que já foram distribuídas listas pelas
IMPOSTO DE INDÚSTRIA E PROFISSÃO PARA
diver<>as classes sociais, pedindo auxílio para a aquisição
O ANO DE 1902 - INTEND~CIA MUNICIPAL
do busto do grande maranhen e, a fim de ser erigido na
praça que tem o seu nome.
Rua do Sol: (...)- Rocha& Valente, botequim, 11 5$000
Informaram-nos mais que o recolhimento dessas listas
(Diário do Maranluio, 51211902, p. 2).
vai ser feito, podendo as pessoas que as receberem, entre-
gá-las, ou na Biblioteca Pública, ou ao tesoureiro da Ofici-
O BUSTO DE ODORICO MENDES
na dos Novos, Sr. Monteiro de Souza, cirurgião-dentista,
Praça João Lisboa. (Diário do Maranhão, 20/3/1902, p. 2).
Eis a resposta que o nosso conterrâneo Arthur Azeve-
do, residente no Rio, deu à carta que lhe foi dirigida, con-
ODORICO MENDES
sultando sobre o preço por que lhe ficará aqui colocado o
busto, cm bronze, que se pretende erigir à memória do
grande vulto da literatura nacional e glória maranhense, Já se acham cm poder do tesoureiro da Oficina dos
para o qual continua aberta a subscrição popular que tão Novos 47 listas da contribuição para o busto de Odorico
bem recebida foi nesta capital. Mendes, perfazendo a importância de 764$000 réis.
Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1902 Os nomes dos contribuintes estão sendo publicados.
Meu distinto patrício Francisco Serra (Diário do Maranhão, 8141 1902. p. 2).
Recebi há muitos dias a sua carta de 19 de dezembro
p.p., mas só agora posso respondê-la. DOAÇÕES
O busto, em bronze. de Odorico Mendes, esculpido pelo
Rodolfo Benwrdelli, ficarâ por três contos de réis, inclu- O cirurgião-dentista Monteiro de Souza, na qualidade
indo nesta despesa o trabalho do artista, a fundição, em- de tesoureiro da Comissão, depositou hoje na Caixa Eco-
basamento, a sobrebase, o pedestal, o transporte e a colo- nômica a importância de 795$000 destinada para a aquisi-
cação - tudo, fi11a/me111e, fl(iO havendo outro ônus. ção do busto de Odorico Mendes. (Diário do Maranlzão,
Estou pro1110 a coadjuvar a Oficina dos Novos 110 que 91411902, p. 3).
for possfvel para tomar realidade uma idéia que tanto
exalta e enobrece. CARTA
Espero as suas ordens: sertio cumpridas com diligên -
cia e boa vontade. De uma carta dirigida do Rio pelo apreciado cenógrafo
Do seu parrfcio e admirador Orestes Coliva, muito conhecido entre nós, a seu amigo
Arthur A'{.evedo particular, Sr. cônego João Chaves, nos foi permitido extra-
(Diário do Maranhão, 15/2/ 1902, p. 3). ir, o que fazemos com prazer, os seguintes períodos, nos
quais se refere a uma nossa talentosa patrícia:
AUTÔMATO Recebi seu carrüo, bem assim dois bef(ssimos artigos,
relativos aos presépios por mim feitos.
Já está funcionando no Café do Ponto, na Praça João Agradeço penhorado as expressões gentis da Exma.
Lisboa, o aw ômato Bosco de propriedade do Sr. Jorge Sra. Laura Rosa pelo poético e encantador artigo, a mim
Joseph e de cuja exposição há dias demos notícia. dedicado.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Lamento não estar no Maranhão. para beijar agra- achou quem o pintasse ao vivo. dando-lhe admirável ex-
decido aquelas mlios produtoras de tão belíssimas e de- pressão. (Diário do Maranhão, 2 1/5/ 1902, p. 3).
licadas linhas. (Di6rio do Mamnluío, 91411902, p. 2).
ODORICO MENDES
EXÉQUIAS
(MISSA NA IGREJA DE S ANTO ANTÔNIO E Ao nosso ilustre conterrâneo e grande comediógrafo
ROMARIA ATÉ O C EMITÉRIO) Arthur Azevedo, no Rio, escreveu o presidente da Oficina
dos Novos, Franc isco Serra, rogando-lhe mandasse exe-
SOBRE A ROMARIA: cutar, pelo Rodolfo Bemardelli, o busto do nosso excelso
patriota Odorico Mendes.
(...)Finda a cerimônia, saiu do Seminário o conejo que Essa cana foi acompanhada da fotografia da praça cm
se destinava ao cemitério em visita ao jazigo do poeta, que vai ser colocado o busto, genti lmente oferecida àque-
tomando parte nessa demonstração de apreço as pessoa la sociedade pelo Sr. Nuno Pinho, intendente Municipal.
que assistiram à missa, às quais numeroso gru po de popu- (Diário do Maranlui<>, 29/5/1902, p. 2).
lares se juntou.
Em um andor especial e adornado ia o quadro emoldu- OBRA DE FRANC O D E SÁ
rado com o retrato do genial maranhense, autor das Har-
pas Selvagens e G11esa Errante. trabalho do afamado ar- Inaugura-se amanhã às 9 horas da manhã, no salão de
tista maranhense Luiz Luz, ao qual servia de pálio a ban- honra da Escola Normal, o retrato do Dr. José Tomás de
deira nacional, indo ambos em padiola e varais sustenta- Porciúneu la, fundador da mesma escola.
dos e conduzidos pelos representantes das diversas as- É trabalho do afamado artista maranhcnsc Franco de Sá.
sociações literárias, eMudantes. apreciadores do grande Para esse fim funcionará em se são solene a congrega-
vulto, relíquia sagrada do pas~ado e venerada pela gera- ção dos professores desse in stituto. (Diário do
ção presente, que tão patrioticamcnte o recomenda à pos- Mart111!tão, l 0 /8/ 1902, p. 2).
teridade. (...)
(...) Do cemitério foi de novo conduzido o andor com o JUSTA HOMENAGEM
retrato do poeta, e depositado na Escola de Música, na
Rua Grande.(...) (Diário do Maranhão, 29/4/ 1902, p. 2). Realizou-se hoje, às 9 horas da m<lnhã, no salão de
honra da Escola Normal a solene inauguração do retrato
ESPETÁCULO do Dr. Jo é Tomás de Porciúncula, ex-governador deste
Estado e fundador daquele estabelecimento.
A Soc iedade Cáritas continua em preparativos para o Esteve presente ao ato o Exmº Sr. Dr. Manoel Lopes da
próximo espetáculo que pretende realizar no Teatro São Cunha. digno governador atual, e assim grande número de
Lujz, no próximo dia 13. senhoras e cavalheiros. À hora convencionada, o nosso
Prepara-se, ao que se vê, uma boa festa. (Diário do confrade Barbosa de Godóis, diretor e professor da escola,
Maranhão, 7/5/1902, p. 2). abriu a sessão da congregação, achando-se presentes An-
tônio Rayol, fannacêutico Arthur Silva. Raimundo P. da Sil-
C ENOGRAFIA va Campos, Luiz Ory, J. Oliveira Santo , João da Mana Lo-
pes e as Ex mas. Sras. Elvira Reis e Maria dos Santos Pinho.
Vistas especiais para o espetáculo que a Sociedade Dizendo o diretor que o motivo daquela reunião tinha
Cáritas pretende dar. no São Luiz, na noite de 13 do cor- o intuito de prestar à Escola Nom1al uma justa homenagem
rente, estão sendo preparada!> pelo habilíssimo Manoel à memória do ilustre extinto, convidou ao Exmº Sr. gover-
Valente. (Diário do Maranhão, 71511902, p. 2). nador para descerrar a bandeira que ocultava o retrato,
belíssimo trabalho do ilustre pintor maranhcnsc Franco de
TRABALHOS DE CELINO Sá, ricamente emoldurado, e que foi enviado do Rio pelo
PORCIÚNCULA D E MORAES representante maranhense senador Benedito Leite. Nes a
ocasião as alunas da Escola NonnaJ entoamm n Saudaçlio
Acham-se em exposição, na livraria do Sr. Luiz Maga- em coro, música do maestro R ayol, que as acompanhou ao
lhães, dois interessantes quadros que serão, por estes dias, piano liarmo11iu111. Seguiu-se a is10 um magnífico entretc-
colocados na sepultura de Rita de Cássia Raposo. dileta nimef!'O musical, fazendo- e ouvir a aluna do 1ºano Celes-
filha adotiva do comendador Bento Fraz.ão Raposo e sua te Bayma, com uma agradável Ave-Maria, e as alunas. cm
digna consorte Aiia Amélia. Em um estão gravadas as pala- coros, dos quais destacaremos as bonitas mlísicas origi-
vras de Cristo, chamando a si as crianças, e o outro repre- nais de Antônio Rayol - Meus oito anos - versos de C. de
senta Rita de Cfu.!>ia, um anjo !>ubindo à man ão celestial. Abreu - e Minha terra tem palmeiras (de G Dias) e assim
Nada, portanto, mais expressivo e tocante. O inteligen- dois exercícios de A. Garaudé.
te artista que os preparou. o Sr. Celino de Moraes, mos- As alunas da Escola Modelo Benedito Leite, que se
trou-se apoderado do sentimento de dor, que dita aos pais achavam presentes, além de bonitos exercícios de mar-
de Ritoca essa homenagem de amor que não se apaga. O cha e contramarchas que fi zeram em todo o edifício da
trabalho é produto de um talento espontâneo e criador, Nonnal, tomaram pane no canto, ensaiadas pelo referido
pois ao Sr. Celino faltam est~dos ~s~iais. O paternal ~mor maestro que as fez cantar um trecho coral de sua composi-
dos pais adotivos daquela tnfcltz cnança, pode-se d LZCr: ção, e de belo efeito. cujos versos também muito agrada-

<VQ) 2 11 e/c>)
LUIZ DE MELLO

ram, e unidos às alunas da Nonnal, fonnando uma massa PASTORES LÍRICOS


coral de 136 vozes, entoaram bela e grandiosa saudação
ao Maranhão. Este ano teremos. no nosso Teatro São Luiz, represen-
Todas as peças foram acompanhadas a piano hanno- tação dum melodrama sacro em 2 Atos e dois belíssimos
nium pelo professor da cadeira de música, merecendo as quadros ornados de 47 números de música, extraídos de
alunas sinceros elogios pelo seu desenvolvimento musical. óperas, operetaS e originais de distintos compositores.
À porta da escola tocou a banda de música do Estado. Uma empresa particular levará a efeito esta magnífica
O Dr. Godóis, com a distinção que o caracteriza, e to- idéia, já tendo incumbido da parte musical o maestro Rayol,
dos os dignos professores da escola estiveram mostrando e da cenografia o artista Luiz Luz, que hoje deu começo ao
às pessoas presentes o estabelecimento e dependências. seu trabalho.
( ...)(Diário do Maranhcio, 21811902, p. 2). O cenário será o seguinte:
No Iº Ato - bosque, diversas montanhas em noite es-
FALECIMENTO DE ORESTES COLIVA cura;
1° Quadro - aparição do anjo anunciador entre nu-
No Rio fa leceu o estimado artista pintor Orestes Coli- vens;
va, cidadão italiano muito conhecido entre nós, onde já 2º Quadro - a Glória - com grandioso coro de anjos;
esteve algum tempo, deixando nesta capital muitos traba- 2° Ato - Bethlem ao fundo e ruínas de um palácio habi-
lhos que, atestando o seu merecimento artístico, dele da- tado por animais - um estábulo e a Famflia Sagrada.
rão imorredoura lembrança. Depois daremos melhores infonnações ao púb(jco. (Di-
No Teatro São Luiz - o belo pano de boca, o rico salão ário do Maranhão, 13/11/1902, p. 3).
e outra vista, na igreja da Conceição e em casas particula-
res de amigos do falecido artista ficam muitos trabalhos O PINTOR
que sempre recordarão a sua passagem por esta capital.
Coliva deixou família no Rio, e amigos aqui que pran- Celino Moracs põe à disposição do público os seus
teiam o seu passamento. e dele se lembram com saudade. trabalhos sobre qualquer gênero de pintura, garantindo
(Diário do Maranhão, 191811902, p. 2). executá-los com arte, originalidade e perfeição.
Gosto especial cm pinturas para cemitério.
AO COMÉRCIO 61 - Rua Grande - 61
(Pacotilha, 13/11/1902, p. 3).
Rocha & Valente comunicam que em data de 31 de maio
passado dissolveram de comum acordo a sociedade que PASTORES LÍRICOS
tinham nesta praça, retirando-se o sócio Manoel Valente
embolsado de seus lucros e isento de toda e qualquer res- Já estão abertas as preferências de lugares para as pes-
ponsabilidade; ficando o sócio Antônio Gonçalves da Ro- soas que quiserem assistir à agrndabilíssima diversão que
cha responsável pelo ativo e passivo, e continuando com o começará na véspera de Natal, no Teatro São Lu iz.
mesmo giro de negócio sob a sua firma individual. Os ensaios já estão sendo feitos no teatro.
Maranhão, 19 de julho de 1902. As músicas, extraídas de óperas, acomodadas às vo-
Antônio Gonçalves da Rocha zes das meninas e instrumentadas pelo maestro Rayol, são
Manoel Valente de belíssimo efeito. As partes principais estão bem prepa-
(A Campanha, 21/n/1902, p. 2). radas. Além das meninas que cantam o Coro de Glória,
t0mam parte mais 34. Estão assim distribuídos os papéis: -
O BUSTO DE ODORICO MENDES Guia, Pastor Mestre, Pastora Mestra, Galegos, 1ºGrupo de
14 senhoritas, o 2° também de 14 - e o Anjo Anunciador.
Encarregou-se do trabalho de cenário o cenógrafo Luiz
O nosso conterrâneo José Eduardo, presentemente Luz, que já concluiu a vista de Belém, realmente bonita.
entre nós, comunicou ao presidente da Oficina dos No- (Diário do Maranhão, 6/1211902, p. 2).
vo . em nome de Arthur Azevedo, que já se acha em execu-
ção na Academia de Belas-Artes do Rio de Janeiro o busto PASTORES LÍRICOS
do grande tradutor de Virgílio, Manoel Odorico Mendes.
Brevemente Arthur Azevedo mandará dizer a data certa Assistimos ontem à noite ao en~a io dos Pastores Líri-
cm que ficará concluída a obra em que Rodolfo Bemardelli cos que brevemente se farão ouvir no Teatro São Luiz.
certamente caprichará, a fim de que os maranhenses, as se- Todos os cantos. alguns postos em música pelo maestro
nhoras principalmente, contemplem na Praça Odorico Men- Antônio Rayol, agradaram-nos bastante. O galego, bem
des uma obra-prima. (Diário do Maranhão, 6/9/1902, p. 2). como sua interessante companheira, prometem arrancar
boas gargalhadas aos assistentes.
FALECIMENTO O cenário, obra do Sr. Luiz Luz, é dum efeito admjrável,
principalmente a vil.ta da silenciosa Belém e o bosque, um
No Araçagi faleceu ontem à tarde D. Olegária Rosa dos espesso bosque onde os lírios e as rosas desabrocham.
Reis, prezada sogra do conhecido e apreciado artista Luiz Também agradou-nos bastante o presépio que vimos
Luz, a quem sentimentamos. (Diário do Maranhão, 30191 ainda em esboço, junto do estábulo, onde, sobre palhas
1902,p.2). frescas, dorme o Menino, as duas figuras de José e Ma-

<?./'@ 212 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ria, cm êxLasc. Ao lado, bois e cordeiros e, aclarando esse Ao ensaio assistiram diversos membros da imprensa,
quadro belíssimo, uma extensa faixa de luz que desce do cavalheiros e diversas famílias, saindo todos satisfeitos.
céu puro. Findo o ensaio, S. Exa. o Sr. bispo procurou o maestro
Parece que o São L11i: vai ter enonnes e sucessivas Rayol e deu-lhe parabtns, mostrando-se agradavelmente
enchentes durante as festas de Natal, Anos e Reis. impressionado pelo canto, pela música bem escolhida e
É o que esperamos. melhor executada pela orquestra, e pelo magnífico cenário,
(Diário do Maranhão, 18/12/l 902, p. 3). elogiando nessa ocasião o cenógrafo maranhensc Luiz Lu1,
a quem louvou.
PASTORES A diversão amanhã começará às 8 horas cm ponto,
para não demorar quem quiser ajnda ir à Missa do Natal.
Estão prontos, devidamente ensaiados, os pastores (Diário do Maranhão, 23/12/1902, p. 3).
que depois de amanhã começarão a exibir-se no teatro.
Os cenários estão de muito bom gosto e expressivos; é PRESÉPIO
trabalho que muito há de agradar, e atesta a proficiência do
autor, o conhecido pintor cenógrafo Luiz Luz. De hoje até o dia de Reis estará cm exposição, na casa da
O canto, a música muito variada e atraente, escolhida Rua da Praia de Santo Antônio nº 48, um elegante presépio
dentre as que sempre agradam e são conhecidas, hão de, que poderá ser visitado todas as noites, das 7 às 9 horas.
por força, merecer dos assistentes a melhor aceitação. Esse presépio é obra dum jovem cenógrafo, o Sr. Ccli-
Basta dizer que ouvirão bons pedaços do Trovador, no de Mornes. (Pacotilha, 24/12/1902, p. 2).
Fausto, L1ícia, Filha do Regimento, Guarani e de opere-
tas como Níniche, Juanita, Gran-via, Sinos de Come\•i/- PASTORES LÍRICOS
/e, etc. (Diário do Maranlu1o, 22/12/1902, p. 2).
Agradaram muito as exibições, anteontem e ontem, no
CAFÉ RICHE Teatro São Lui1, da excelente dança e canto.
Produziu o efeito que era esperado, e que se contava
É este o nome de um novo Café que se inaugura ama- com os ensaios, aos quais bastantes pessoas assistiram e
nhã, às 6 horas da tarde, ao lado da redação deste jornal,
desde logo deram certeza de que muito havia de agradar.
onde outrora esteve o Café do Ponto.
As vistas são deslumbrantes, produzem bela perspec-
Dispõe o Café Richc de dois excelentes bilhares, de
tiva e oferecem agradável distração.
grande número de mesas à moderna e dum pessoal habi-
Sobressaem, desempenhando-se muito bem, o Pastor
litadíssimo que saberá agradar ao mais exigente do fre-
Guia e GaJegos, sendo os coros muito afinados em todas
gueses.
as vozes, e brilhando a orquestra. (Diário do Maranhcio,
Segundo nos afirmou o seu proprietário, amanhã, na
ocasião da inauguração, será iniciada uma brilhante turnê 26/12/1902, p. 2).
de bilhar que tcnninará no dia de Natal, às 10 horas da
noite. Haverá dois excelentes prêmios para os concorren- O BUSTO DE ODORICO MENDES
tes que maior número de carambolas fizerem.
Certo não faltará quem queira e aventurar nessa inte- Por carta de Arthur A7cvedo, representante da Oficina
ressante disputa em que, decerto, os bamburrios bastante dos Novos junto ao escultor Bem~1rdelli, sabe-se que o
auxiliarão. busto de Odorico Mendes será cm breve remetido para
Agradecendo a comunicação que a respeito tivemo , Paris. onde vai ser fundido. Na capital francesa enviá-lo-
ao Café Riche desejamos muitas felicidades. (Pacotillra, ão diretamente para o Maranhão.
23/12/1902,p. 2). Espera-se que a festa de inauguração do insigne poeta
e patriota se realizará cm meados do mês de março, tenclo-
PASTORES LÍRICOS se o ilustre intendente encarregado de obter o despacho
livre na Alfândega e de promover o respectivo assenta-
Assistimos ontem no São luiz ao ensaio geraJ dos mento do busto. (Diário do Mara111ião, 3/111903, p. 3).
pastores, e podemos afirmar o bom efeito que vai produzir
tão agradável diversão. (DO) LANÇAMENTO DO IMPOSTO DE
É tal o acorde das tri nta e tantas vozes que dir-sc-ia INDÚSTRIA E PROFISSÃO PARA O
uma ao lado da excelente orquestra dirigida pela hábil ba- EXERCÍCIO DE 1903
tuta do maestro Rayol. (INTEND~NCIA MUNICIPAL)
Enfim, os bonitos trechos, bem escolhidos e apropria- Praça João Lisboa :
dos, o belo cenário, recomendável produção do cenógrafo
Luz, os elegantes vestuários. os impagáveis galegos. tudo ( ... )Jornal Pacoti/lra, tipografia ..................... 230$(XX)
nos faz crer que o São Lui: regurgitará de espectadores Manoel Valente, casa de botequim e bilhar ... ~
nas noites desse magnífico divcr1imcnto. (DiáriodoMaranhão, 14/1/ 1903.p. 1)
Para garantia de nossa impressão é bastante acrescen-
tar que os coros internos são dirigidos pelo violonista IMAGINÁRIO
rnácio Cunha e as mutações pelo cenógrafo Luz.
No ponto está o Sr. Antônio Gomes e é contra-regra o O conhecido e habilitado artista Virgílio Máximo está ter-
jovem Renê Rayol. mfoando um bonito trabalho para a igreja rnatril do Bacanga.

~ 213 CV'ê)
LUIZ DE MELLO

É a rica pintura da imagem da Vitória e respectiva pea- Agradecidos pela comunicação. esperamo-la, e desde
nha, serviço que lhe foi entregue pelo Sr. H. Seabra, repre- já a recomendamos às famílias e ao público.
sentante de diversos devotos que tomaram a si o encargo (A Campanha, 14/4/1903, p. 2).
religioso. (Diário do Maranhão, 5/2/1903, p. 3).
FOTOGRAFIA CAIXEIRAL
ATEU~ DO PINTOR ESPANHOL
ANTÔNIO RABASA O fotógrafo Celino Moraes tendo despachado grande
quantidade de aparelhos e material fotogr:ifico para mon-
tar um ateliê capaz de saúsfazer ao freguê mais exigente,
Vai, por estes dois ou três dias, segundo nos pede para chama a atenção das famílias e do público cm geral.
levar ao conhecimento do público, abrir um ateliê de pintu- Dispõe de uma máquina elétrica para trabalhar à noite,
ra, na Praça João Lisboa, o habilíssimo artista Antônio a primeira neste gênero que vem ao None do Brasil.
Rabasa. Aquele hábil artista, contando com a concorrência do
Os trabalhos que até hoje tem exibido são de uma inegá- público, desde já se confessa sumamente grato. (Pacoti-
vel e irrepreensível correção artística. Do moço pintor tive- lha, 16/4/1903,p.3).
mos ocasião de ver, há poucos dias, um belíssimo trabalho
de cenografia: o pano de boca do teatrinho da sociedade FOTOGRAFIA UNIÃO
particular Filhos de Thália, que está realmente digno.
O Sr. Rabasa, além de trabalhar com muito gosto e bri- Para este bem montado estabelecimento acaba de ser
lhante esmero, trabalha por preço bastante módico. despachado o papel platinotipia, o melhor e mais usado
Recomendamos o trabaJho do moço pintor espanhol cm toda a Europa.
ao nosso público. (A Campanha, 7/211903, p. 2). Lembra aos fregueses que continua a fazer reduções
nos preços de seus trabalhos.
SUFRÁGIOS
GAUDÊNC/O CUNHA
(...)Sobre a missa que a Real Sociedade 1° de Dezem- RUA DO SOL N° 30
bro mandou celebrar no dfa 2 de março de 1903 pela alma (Pacotilha, 91511903, p. 3).
de José Maria Corrêa de Frias, presidente honorário da
mesma sociedade e que foi seu sócio fundador. RETRATO
Celebrante: cônego Leopoldo Damasceno Ferreira.
Local: capela do HospitaJ Português. No salão de exposição da Revista do Norte vimos um
(...) No mesmo salão nobre via-se o retrato do fi nado, quadro com o retrato a crayon do comendador Augusto
há poucos meses desenhado com muita perfeição pelo César Marques, trabalho do conhecido anista maranhen-
habilíssimo amador Manoel Valente. ( ... ) (Diário do sc Luiz Luz.
Mara11hüo, 2/3/1903, p. 2). Realça no quadro um belíssimo enfeite, trabalho deli-
cadíssimo fei to pela esposa do referido Sr. Marques, com
EXPOSIÇÃO as muito apreciadas folhas de veludo, às quais, pela com-
binação formada, pelos relevos bem salientados, deu a
Está cm exposição na agência de loterias Vale Quem distinta amadora o maior realce. formando lindo ramo em
Tem, um mimoso quadro de fantasia, devido ao pincel do cercadura, terminando por um laço da mesma folha.
hábil aJ1i!>ta Inácio de Loiola Bílio, cujo trabalho muito o Em duas fotografias, uma da mesma senhora, autora do
recomenda. crabalho, e outra do seu esposo, fez. ela igual adorno, traba-
Representa o bonito quadro em exposição uma moça lho bastante delicado, destacando-se tanto nestes, como
virginalmente linda, às voltas com o amor simbolizado em no quadro maior. os pequenos galhos e flores, também pe-
um anjo malicioso. quenas, de um arbusto e planta especial que lhes imprime
É uma bela cópia do Amor e a Matéria. (A Campanha, todo o valor e d:i belíssima vista ao adorno e ao quadro.
31/3/ 1903. p. 2). São trabalhos que revelam o apurado gosto, aptidão e
paciência da gentilíssima senhora que os executou. (Diá-
CAFÉ RICHE rio do Maranhão, l 6/5/ 1903, p. 3).

Hoje e amanhã o Café Riche, na Praça João Lisboa, TRABALHOS ARTÍSTJCOS


apresentará aos seus fregueses grande variedade de igua-
rias próprias da Quaresma. Acabamos de admirar um delicado trabalho que está
O Valente promete ser, como sempre, amável e módico exposto no salão da Revista do Norte, onde pode ser ad-
nos preços. (Pacotilha, 9/4/1.903, p. 3). mirado pelo público, e especialmente pelo~ <UTiadores da
fina arte aristocrática e delicada do belo sexo.
FOTOGRAFIA CAIXEIRAL São dois quadros: um com o retrato do Exmo. Sr. co-
mendador Augusto Marques, e outro com o seu e o de sua
O inteligente fotógrafo Celino Moraes abrirá breve- Exma. senhora; retratos que se acham ladeados por mimo-
mente um ateliê fotográfico, onde se encontrarão todas as sos ramo de veludo. essa delicada folha que enriquece as
comodidades possíveis para uma fotografia elegante e artís- nossas matas e que é um verdadeiro e encantador capri-
tica. cho da natureza a enaltecer a nossa flora.

<VQ) 2 14 <:./(>)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (l 842 1930)

Para que não suponha alguém que a beleza do trabalho Quinze de Novembro, impresso na edição especial que a
nos vibrou a corda do exagero, pedimos às Ex mas. senho- ele foi oferecida por seus alunos.
ras maranhenses e aos distintos cavalheiros, que não se- Cerca-o a coroa de louros, que ao professor foi ofertada.
jam indiferentes às belezas da arte, que vão admirar de Todos os mais ricos enfeites, e bem combinados ador-
perto os quadros a que nos referimos, expostos na Revisra nos dos quais se destacam o pavilhão nacional e o estan-
do Norte. (O Federalista, 16/5/1903, p. 2). darte do colégio, foram dei incados e executados pela Exma.
Sra. Zulmira Marques, e cuja aptidão, gosto e paciência e
FALECIMENTO DA VIÚVA DE BÍLIO JÚNIOR evidenciam logo ao primeiro exame.
O Sr. Mcllo, que foi surpreendido com esse belíssimo
Vitimada por uma congestão cerebral, de que foi ataca- trabalho, que constitui valiosíssimo mimo. pediu-nos, com
da no sábado último, faleceu ontem às 7 'h horas da noite maior desejo de que ele . cja geralmente apreciado, que
D. Ana Clara de Oliveira Bílio, viúva de José Maria BOio, e expuséssemos o referido quadro até quinta-feira, a fim de
prezada mãe dos professores de música e tipógrafos lná- poder ser vista a obra da distinta maranhensc que com
cio, Hígínoe Marçal Bílio, e sogra do Sr. Crispim Antunes tanto gosto lhe deu execução. (Diário do Maranhão, 251
Martins, escriturário do Tesouro do Estado, atualmente 5/1903,p. 3).
no interior. A falecida era maior de 60 anos de idade e dota-
da de um coração generoso. CAFÉ RICHE
O saimento do cortejo fúnebre terá lugar hoje à tarde,
da casa da Rua de Santa Rita nº 132. (Diário do Maranhcio, O Sr. Manoel Valente, proprietário do Café Riche, ofe-
201511903, p. 2). receu-nos um pacote de elegantes caixinhas de fósforos
que recomendamos ao público, não só pelo pequeno ta-
EXPOSIÇÃO manho das mesmas, o que as torna muito cômodas para o
bolso, como também pela sua excelente qualidade.
O habilíssimo artista maranhense Luiz Luz veio partici- Agradecidos pela ofcna. (Pacorilha, 9/611903, p. 1).
par-nos que tenciona, e para isso está trabalhando com o
maior interesse, fazer, no dia 28 de julho, uma exposição de CAFÉ RICHE
22 quadros devidamente emoldurados, com retratos por
ele desenhados de senhoras, cavalheiros e menjnas da Do Sr. Manoel Valente, proprietário do Café Richc, re-
sociedade maranhense, pessoas muito conhecidas, o que cebemos a amostra de um excelente conhaque Gi11ger
servirá para bem serem apreciados os trabalhos. Brandy, fabricado na Irlanda, e que pela primeirn vez vem
Boa é a idéia do conhecido e louvado aru ta rnara- ao no so mercado.
nhense, que, desejando sair do Estado, quer antes disso É delicioso e recomendamo-lo como tal aos apreciado-
que o nosso público, apreciando-lhe os trabalhos, dê o res. (Pacotilha, 2 1/8/1903. p. 1).
honroso atestado que ele merece, pela dedicação e pelo
muito esforço com que se aplicou à arte da qual é filho ATBLI~
querido. (Diário do Maranhão, 221511903. p. 2).
GAUDÊNCIO CUNHA, não poupando esforços para
TRABALHO DE ZULMIRA MARQUES elevar ao mais alto grau de conceito o seu ateliê fotográfico.
fez aquisição de um novo aparelho. o que há de mais moder-
Estiveram cm exposição, na sala de leitura da Revisra no até hoje conhecido. do fabricante Schafcncr. por ser o
do Norte, dois quadros artísticamente executados, perten- primeiro que se conhece atualmente cm toda a Europa.
centes ao Sr. comendador Augusto Marques. O dito aparelho foi estreado cm princípio do mês corren-
A disposição e ornamentação destes dois primorosos te, obtendo-se excelentes resultados. o que se pode dese jar
trabalhos, que honrariam um artista, são de fatura exclusi- de mais beio. É de uma r:ipideze suavidade admirável!
va da Sra. Zulmira Marques, esposa daquele conceituado Desafia-se a criança mais traquina, com o aparelho Scha-
industrial. fener.
É incontestável que não se pode exigir mais das mãos Trabalha-se com qualquer tempo.
de uma amadora. Os quadros apresentam um relevo ina- Em vista da crise, continua fazendo sempre grande redu-
preciável, impondo-se a todos os que prezam as belezas ção de preços. Rua do Sol nº 30. (Pacotilha, 22/8/1903, p. 3).
da arte.
Enviamo os nossos emboras a D. Zulmira Marques, CAPELA
desejando que não fiquem nos estudos a que nos referi-
mos as suas estimáveis obras. (Diário do Maranhão, 251 Não obstante a geral prevenção e a desconfiança cm
5/1903,p. 1). que grande número de famílias esteve, em virtude de notí-
cias e boatos, de ser completamentl' proibida a visita ao
RETRATO DE BENJAMIN MELLO Cemitério Municipal no dia de ontem, conquanto o edital
da Intendência limitasse a hora - 5 da tarde desse dia, para
Um rico Lrabalho, digno de todo o apreço, está em ex- evitar a grande reunião e a aglomeração costumada, à noi-
posição no salão de leitura do Diário. te, por assim o exigir o princípio higiênico, houve todavia
É um bonito quadro. lindamente emoldurado, no qual muita concorrência durante a manhã cà tarde, por fanúlias
se vê o retrato do Sr. Benjamin Mello, diretor do Colégio e o povo.

~ 2 15 C:../~
~
LUIZ DE MELLO ~

Reformada, completamente reparadas e pintadas com estar sendo prejudicado pelo serviço feito por pessoa in-
muito gosto, pelo artista Luiz Luz, a capela e dependências, competente e sem as formalidades legais. Outrossim res-
não pôde ela estar aberta à adoração dos fiéis, por não ter ponsabiliza, desde já, pelos danos causados com seme-
sido fe ito o benzimento, a fi m de terem lugar al i os sufrágios lhante serviço e vai faze r valer os djreitos de seus filhos e
pelos fi nados. (Diário do Maranhão, 3/11/1 903, p. 3). tutelados perante as autoridades competentes.
Maranhão, 25 de março de 1904
FALECIMENTO Manoel Jorge Valente
(Diário do Maranhão, 28/3/1 904, p. 2).
Sepultou-se ontem em Alcântara, onde residia, o Sr.
Jerônimo Ramos, pai do j ovem Nestablo Ramos, a quem, FALECIMENTO DE EUG~NIO AZEVEDO
como aos demais parentes do morto, apresentamos con-
dolências. (Pacotilha, 10/11/1903, p. 1). Faleceram em Teresina:
D. Clotilde Gronemberger, esposa do coronel Elpídio
DESENLACE
Gronemberger;
O hábiJ pintor EugênjoAzevedo, que para ali havia ido
No Sítio Ferventa, onde se achava com sua fa mília,
em 1900 com a Companhia Dramática Luso-Brasileira, e era
faleceu a menina Ana Clementina, que fo i sepultada no
ultimamente estabelecido com comércio a retalho.
Bacanga. A fi nada era filha do conhecido artista pintor
É obra dele o pano de boca de anúncios do nosso
Luiz Luz, a quem sentimentamos. (Diário do Maranhão,
Teatro São Luiz. (D iário do Maranhão, 13/4/ 1904, p. 2).
12/12/1903, p. J).
MARECHAL HENRIQUE VALADARES
ANIVERSÁRIO

Comemorando o primeiro aniversário de sua fund ação, Correu anteontem com a maior animação a anunciada
o acreditado Café Riche distribuirá amanhã esmolas aos festa de posse dos novos fu ncionários eleitos na Socieda-
pobres, às 4 horas da tarde. (Diário do Maranhão, 23/1 2/ de Renascença Maranhense.
1903, p. ! ). Às 9 horas da noite, quando já se achavam repletos os
vastos salões do edifício em que funciona aquela associa-
CAFÉ RICHE ção, na Rua das Flores, 16, e com a presença de grande
número de senhoras, teve lugar a inauguração do retrato
O Café Riche, na Praça João Lisboa, propriedade do do chefe da maçonaria brasileira, o inesquecível marechal
estimado Manoel Valente, não podia festejar melhor que o Henrique Valadares.
fez anteontem, o aniversário da sua abertllía, distribuindo Partindo do vasto salão nobre todos os sócios presen-
à porta esmolas aos pobres que ali compareceram. (Diário tes, revestidos das insígnias dos seus graus e tendo à
do Maranhão, 26/12/1903, p. 2). frente o representante do Grão-Mestre e os veneráveis
das .lojas que aqui funcionam, dfrigiu-se a brilhante comiti-
ANTÔNIO RABASA va à chamada Sala das Reflexões, e aí colocou em uma das
paredes o retrato do insigne morto. Usou então da palavra
Hoje, na Rua Grande nº 77, haverá exposição de um o orador da Loja, Sr. Joaquim Alfredo Fernandes, que fez o
presépio artisticamente pintado pelo Sr. Rabasa. elogio do extinto marechal.
Dado em conta o gosto do autor, achamos que os nos- Em seguida foram as senhoras introduzidas na sala
sos leitores aproveitarão em ir visitar o presépio. (Pacoti- das sessões, assistindo aí à posse dos funcionários elei-
lha, 5111 1904, p. 1). tos, cerimônia que foi breve e tocante. Depois da posse
teve lugar a importante cerimônia de adoção de iowtons,
CONTINUAÇÃO DO LANÇAMENTO DO ambos filhos de sócios conceituados: um, filho do Sr. Len-
IMPOSTO DE INDÚSTRIA E PROFISSÃO
tini, o qual teve como paraninfo o digno membro da Re-
nascença Bernardo Caldas; o outro, filho do Sr. José An-
Praça João Lisboa:
drade, o qual teve como padrinho o não menos esforçado
(... ) Manoel Valente, botequim e bilhar ..... .... 230$(XX)
Jornal Paco1i/ha, tipografia ......... ... ....... ....... 230$(XX) Sr. Manoel Alves de Barros. ( ...) (Diário do Maranhão, 201
(Diário do Maranhão, 25/ 1/ 1904, p . 1). 611904, p. 2).

AVISO EXPOSIÇÃO

Manoel Jorge Valente, tutor de seus filh os menores Nas vitrinas dos Annazéns Teixeira estão expostos, e
Firmino, Laura, Ana, Manoel e Joaquim, proprietário dos aí podem ser vistos, os bonitos mimos oferecidos ao ilus-
sítios Porto Grande e Bacuri no Distrito do Bacanga, forei- tre Dr. Victor Godinho, destacando-se o seu retrato a meio-
ros à União, por título legal passado pela repartição com- busto, oferecido pelo coronel intendente Municipal em
petente, em virtude da planta do Dr. EngenJ1eiro das Mari- nome do Município, e a escrivaninha de prata, oferecida
nhas, vem protestar contra as picadas que estão sendo por S. Exa. o Sr. governador do Estado. ( Diário do
abertas nos ditos sítios sem o seu consentimento, visto Maranhão, 30nl1904, p. 2).

<VQ) 216 <VQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

FALECIMENfO PINTOR FRANCO DE SÁ

No Paiz e Jornal do Comércio, do Rio, encontramos De varíola hemorrágica, 110 Hospital Selo Sebastilio,
as seguintes notícias sobre o falecimento do nosso con- faleceu a11teo111em o conhecido pintor Francisco Franco
terrâneo, o apreciado pintor Franco de Sá: de Sá, filho de uma das mais distintas famíl ias do
Maranhão, sua terra natal, de onde partiu luí 30 anos
FALECIMENTO para a Europa a tratar-se de beribéri.
Estudou na Escola de Pintura, Escultura e Gravura
Faleceu ontem no Hospital São Sebasticlo, de varíola de Madri e 11a de Belas-A rtes de Paris. onde se ma11te1•e
hemorrágica. o pintor Francisco Franco de Sá. às custas de uma pensão particular do ex-Imperador do
Filho de uma distinta família do Maranhão, deixou Bra:,i/, Sr. D. Pedro de A/câmara, e do produto da venda
Franco de Sá a sua terra natal há cerca de 30 anos, para de alguns quadros seus.
se tratar de beribéri. Vindo para o Brasil. dedicou-se e) pintura de retratos.
Dirigindo-se à Espanha, e querendo seguir a profis- que a todos agradavam e que muito contribuíram para
são artística, matriculou-se na Escola de Pi11tura, Escul- lh e aumentar a nomeada.
tura e Gravura de Madri, estudando também particular- O artislCI, desde os primeiros si111omas da moléstia,
mente com o célebre pi111or Madrazo. conheceu, como os médicos que o assistiam, que se trata-
Pouco tempo. porém. se demorou na capital espa- va de varíola hemorrágica, mas apesar disso, conservou
n/wla. Não sentindo melhoras na sua saúde, deixou a completa lucidez até os 1ílti111os momentos.
Espanha e foi fixar-se em Paris. O mal o acometeu na Pensão Guanabara, onde esta-
Aí entrou para a Escola de Belas-A11es e seguiu em va hospedado, e cujos proprietários demonstraram para
particular os cursos de Gêrome e Jacquet. com ele o maior carinho, indo ao hospital recomendá-lo
Nclo gozou 111111ca de ~míde perfeita, mas, nos 22 anos e mostrando-se satisfeitos com o tratamento que lhe era
que pennaneceu na capital francesa, dedicou-se com amor ali dispensado.
ao cultivo de sua arte. O enterro do desditoso artista foi feito com os recur-
O falecido Imperador D. Pedro li auxiliou-o durante sos por ele le1•ados para o hospital.
muitos anos com uma pensão de sua bolsa particular, e O féretro foi conduzido 11a tarde de anteontem para o
com esta pensrio e o pouco que ganhava com a venda de Cemitério São Francisco Xavier, sendo grande o 111í111ero
trabalhos seus, Franco de Sá conseguiu não só mamer- <Íe amigos que o aco111pa11hara111 à 1ílti111a morada. (0
se com decência em Paris, mas até socorrer a muitos pa- Paiz, Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1904). (Diário do
trícios seus em ocasião de aperto. Maranlrão, 221811904, p. 2).
Dedicou-se à pintura de retratos, principalmente de
m embros da colônia brasileira, sendo os seus melhores RETRATO DE PALMÉRJO CANTANHEDE
trabalhos dessa época.
Já com perto de 50 anos e a sa1íde bastante alterada, Muito concorrida esteve ontem a festa realizada na
veio estabelecer-se nesta cidade, e aqui deu pro1•as de Sociedade Beckman, tendo, além da sessão de iniciação, a
sing ular espírito laborioso.
solenidade de inauguração do retrato do Dr. Palmério Can-
Não se pode dizer que tivesse atingido o nível mais
tanhede no salão principal. (Diário do Mara11/uio. 27/8/
elevado na sua ane: os seus trabalhos não se distinguem
1904, p. 2).
p or especiais perfeições de execução, nem por profunda
apreensão de caráter; mas agradavam geralmente.
LUIZ LUZ
Os seus retratos, se mio possuíam extraordinárias qua-
lidades de desenho, não acusavam tambémfraque:as im-
perdoáveis nesse particular. Eram agradáveis de c01; vi- O habilíssimo artista maranhense Luiz Luz, cm confe-
sando sempre ao efeito do chique, e se bem que o pintor rência que teve ontem com a Comissão que C'> tá tratando
se esforçasse por manter a maior fidelidade na seme/'1011- dos festejos~ memória do poeta Gonçalves Dias, encarre-
ça. nunca se cingiu com tal rigor a essa norma que clte- gou-se de desenhar o retrato do mavioso cantor, o qual é
gasse a descomentar aos seus retratos. destir.ado ao salão de honra do Teatro São Lui1.. (Diário
Produ:ia o gênero de retratos que em geral fa:em do Maranhão, 5191 1904, p. 2).
boa figura nas paredes das salas de visitas, e com isso
não queremos menoscabar os seus trabalhos. mas sim- RETRATO
plesmente definir melhor o ripo a que eles pertenciam.
Como homem, era de trato ameno e extremamente cor- A Comissão Central dos fcstejvs comemorativos à data
tês. Vivera muitos anos em Paris. na convivência de ho- da morte de Gonçalves Dias confiou aos reconhecidos
mens notáveis e era bastante atraeme no trato íntimo, méritos do Sr. Luiz Luz, hábil anista maranhensc. a confec-
revelando singulares dotes de crítica exata e ilustrada, ção do retrato do Cantor dos Timbiras, que tem de ser
principalmente em matéria de arte. (Jornal do Comércio, inaugurado no salão de honra do São luiz. (Pacotilha, 61
Rio, Iº de agosto de 1904). 9/1904,p. 1).

<V~ 2 17 ~
LUIZ DE MELLO

CRÔNICA DE ARTHUR AZEVEDO Esse quadro valeu-lhe muitas contrariedades e azedou-


FRANCO DE SÁ lhe um tanto o caráter. Teve o artista que lutar, primeira-
mente para obter um local onde pudesse pintar uma tela de
A família dos Franco de Sá, uma das mais ilustres do tais dimensões, e depois para conseguir que o consistório
meu Maranhão, era eminentemente política, mas teve um posasse. A maior parte eram homens ocupados que não se
poeta e um pintor. prestaram a isso. Foi preciso o recurso da fotografia, que
O poeta Antônio Joaquim Franco de Sá, autor desta sempre repugna aos pintores conscienciosos.
bela estrofe:
Acresce que a innandade exigia que todos os retrata-
Se t11 vieres. bela, compassiva,
dos estivessem de pé, em fila, e de casaca, e Franco de Sá
Como dos troncos velho o renovo.
imaginava compor os seus quadros à feição dos Síndicos,
A minh 'alma, ao morrer, talvez reviva
de Rembrandt...
Para te amar e te adorar de novo: - , morreu em 1856,
Coitado! Não sei quanto lhe pagaram por esses tantos
aos dezenove anos de idade, em Pernambuco, onde cursa-
va a Faculdade de Direito; o pintor Francisco de Sá faleceu metros de pintura; muitos cabelos brancos sei que ganhou.
anteontem nesta cidade, no Hospital São Sebastião, viti-
mado pela varíola. Franco de Sá não era um grande pintor, era um grande
crítico de arte, um julgador honesto e criterioso dos trabalhos
Quantas recordaçõc~ me traz o nome desse artista! alheios; muitas vezes, atento e respeitoso, ouvi-o dissertar a
Lembra-me ainda o ter visto exposto, num sobradinho propósito de um ou outro quadro exposto. Dizia palavras de
da Rua das Hortas, na minha terra nataJ, o primeiro traba- ouro. É pena que não as escrevesse. Ninguém melhor do que
lho que ele enviou do Velho Mundo, para dar uma idéia ele teria estudado a fisionomia dos nossos artistas.
dos seus progressos. Era uma cópia da Virgem do Peixe,
de Rafael, cujo original admirei, muitos anos mais tarde, no Era um cavalheiro, e na acepção da palavra, corretíssi-
Museu do Prado cm Madri. mo no comportamento, nas maneiras e no trajar.
Aquela reprodução causou no meu espírito um formi- Morreu com 62 anos.
dável efeito. Era a primeira ve1.. que eu enfrentava com uma Art/111r A:.e1•edn
pintura genial, embora copiada; foi, talvez, a minha primei- (Pacotilha, 7/9/1904, p. 2).
ra sensação forte cm matéria de arte.
GONÇALVES DIAS
Franco de Sá tinha ido à Europa, não para estudar pin-
tura, ma!) simplesmente pm·a curar-se do beribéri que o Pela Comissão Central da glorificadora festa à memória
acometera no Maranhão. Era um simples amador. de Gonçalves Dias, foi encarregado o ilustre engenheiro
Em Madri scnt iu despertar-se-lhe a vocação, e, já res- Dr. Álvaro Durães da construção do pavilhão que vai ser
tabelecido, cm vez de regressar à Pátria, matriculou-se na erguido na praç~ que tem o nome do poeta, aos Remédios.
Escola de Pintura daquela capital. Pouco depois copiava a A mesma Comissão ofi ciou às Câmaras dos municípios
Virgem do Peixe. do interior do Estado, pedindo-lhes que se façam repre-
De Madri foi a Paris, onde freqüentou a Escola de Be- sentar na comemoração.
las-Artes, obtendo, para continuar os seus estudos, uma Foi contratado com o Sr. Rabasa o serviço de decora-
pensão particular do Imperador. ção do Teatro São Luiz e das rua e praças por onde terá de
Deixando a escola, entrou para o ateliê de um pintor
passar o projetado préstito.
consagrado, Gul>tavo Jacquet, onde esteve instalado du-
O Sr. coronel intendente Municipal vai mandar proceder
rante mais de vinte anos.
à limpeza de diversas ruas, e no Largo auxiliará com o seu
Aí habituou-se por tal fom1a a pintar retratos, para vi-
pessoal a pintura e reparos que se tomam necessários.
ver, que nunca mais fe.l outra coisa. Isso influiu com certe-
No dia 20 vai começar a pintura da grade que cerca a
za no seu talento, porque os seus próprios retratos pinta-
dos em Paris deixavam, francamente, muito que desejar, estátua do poeta, dos bancos da praça. etc.
sobretudo no tocante ao colorido. Pensa a Comissão cm ir um emissário especial a Caxias,
terra onde teve o berço o imortal Cantor maranhense. (Di-
Em 1894, se me não engano, veio Franco de Sá para o ário do Maranhão, 10/9/ 1904. p. 1).
Rio de Janeiro. e, coisa notável! - adquiriu sozinho, num
meio tão pouco artístico como o nosso, o que não adquiri- ORNAMENTOS
ra Lrabalhando durante tantos anos em companhia do ce-
lebrado autor do Mi1111e1e e da Pava11a. ALribuo o fenôme- O Sr. Antônio Rabasa ofereceu-se para ornamentar, gra-
no a ter-se o artista libertado de toda e qualquer iníluência tuitamente, o Teatro São Lui1.., praças e ruas da capital que
alheia, trabalhando agora sob a sua própria iniciativa. serão atravessadas pelo préstito que vai prei;tar homena-
Aqui ainda não pintou, que cu saiba, senão retratos, mas gem à estátua de Gonçalves Dias.
há entre eles alguns que salvarão o seu nome do olvido. Fica retificada, portanto, a local que ontem publica-
O seu principal trabalho, nesta última fase, está na Can- mos, em que constava haver a Comissão Central contrata-
delária: é um quadro representando todo o pessoal da res- do com Rabasa a referida ornamentação. (Pacotilha, J0191
pectiva Mesa. 1904,p. I).

<VQ) 218 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ARQUITETO Ao hábil artista maranhense Benedito Serra foi entregue


a construção do pavilhão, sob a competente direção do
Lourenço Friteli, arquiteto e construtor, encarrega-se nosso distinto conterrâneo Dr. Álvaro Agostinho Durand.
do levantamento de plantas, construções ou reformas de Benedito Serra deu começo ao seu trabalho na segun-
prédios, por empreitada ou administração, orçamentos. pro- da-feira desta semana. e conta que até 20 de outubro este-
jetos, etc. ja pronto o pavilhão que vai ser ornado aos Remédios,
Chegado recentemente de São Paulo, acha-se instala- para nele ter lugar o concerto ao ar livre. (Diário do
do, com seu escritório, na Rua do Egito nº 26, onde é en- Maranhclo, 231911904, p. 2).
contrado todos os dias das 8 às 11 horas da manhã e de 1
às 5 da tarde. (Pacotilha, l 51911904, p.2). RETRATO

EXPOSIÇÃO Como estava determinado. teve ontem lugar a inaugu-


ração do retrato do Visconde do Rio Branco, de saudosa
De amanhã cm diante estará em exposição na Livraria memória, no salão nobre da Sociedade Rio Branco, da quaJ
Magalhães, na Rua de Nazaré, o retrato do Barão do Rio é patrono.
Branco, mandado preparar pela loja maçónica do mesmo nome, Por essa ocasião o sócio orador produziu adequado
que funciona nesta capital. (Pacotilha, l 9191 1904, p. 1). discurso.
Na mesma sessão tomaram posse dos lugares os 1ºe 2°
RETRATO DO VISCONDE DO RIO BRANCO vigilantes eleitos, sendo após este ato conferido ao primei-
ro deles a medalha de mérito pelos relevantes e inolvidáveis
Pelo talentoso artista maranhense Luiz Luz foi dese- serviços prestados, orando então o sócio "Arquimedes...
nhado, em virtude de encomenda feita pela Loja Rio Bran- que se ocupou do assunto, realçando as qualidade e dotes
co Quarta, o retrato do Visconde do Rio Branco. a fim de do agraciado. (Diário do Maranhão, 29/9/1904, p. 2).
ser colocado no salão de honra daquela sociedade.
O Lrabalho do apreciado artista, segundo no é comuni-
GONÇALVES DIAS
cado, vai ser exposto por alguns dias na Livraria Luiz Maga-
lhães & Cia., onde poderá ser observado pelas pessoas que
lnfonna-nos a Comissão Central que vai notando todo
desejarem. (Diário do Maranhão. 191911904. p. 2).
o entusiasmo para as projetadas festas, nas comissões
parciais, as quais empregam esforços, salientando-se a das
NASCIMENTO DE RUBENS DAMASCENO
senhoras maranhenses.
O intendente Municipal, como prometeu à mesma Comis-
O Sr. Levy Damasceno Ferreira teve a delicadeza de
participar-nos o nascimento ontem, às 7 horas da noite, de são, já mandou fazer os reparos de que necessitava a Rua
um seu filho, a quem deu o nome de Rubens. Grande, continuand<>-se agora o serviço pela Rua do Sol.
Que ele venha acompanhado de milhares de felicida- A Praça Gonçalves Dias tem sido devidamente reparada.
des são os nossos votos. (Diário do Maranhão, 21/9/ Até o dia 25 deste mês deve licar erguido o Pavilhão
1904,p.2). Gonçalves Dias, a cargo do artista Benedito ScrTa.
Vai muito adiantada a pintura dos guiões e mais enfei-
RETRATO EM EXPOSIÇÃO tes para a ornamentação das ruas, a cargo do cenógrafo
Rabasa.
Foi hoje exposto na Livraria Magalhães o quadro com A Comissão Central aguarda a remessa de colaboração
0 retrato do lembrado Visconde do Rio Branco, pai do :nu- para a poliantéia, devendo qualquer trabalho ser enviado
a! ministro das Relações Exteriores, e que é destinado ao atéodia 10.
salão de honra da Sociedade Rio Branco Quarta, desta As Comissões Parciais, encarregadas de angariar do-
capital. nativos. J evem entender-se com o tesoureiro da Comis-
É crabalho, como já dissemos, do hábil artista mara- são Central. professor Alfredo Fernandes, ou com o Sr.
nhense Luiz Luz, que sempre se revela de superior mereci- Astolfo Marques, na Biblioteca. ( Diário do Maranhão, 71
mento. (D iário do Maranhão, 221911904, p. 2). 1011904, p. 2).

GONÇALVES DIAS O 3 DE NOVEMBRO

Podemos informar aos nossos leitores de que va.i mui- O nosso compatriota Arthur Azevedo enviou à Comis-
to adiantada a pintura dos guiões que têm de servir na são Central dos Fc tejos a Gonçalves Dias, uma composi-
ornamentação das ruas e praças nos festejo a realizarem- ção inédita do inolvidável maranhense F. Libânio Colás,
se a 3 de novembro. intitulada Gonçalves Dias, marcha triunfal.
A Comissão Promotora dos Festejos a Gonçalves Dias O original dessa marcha que, por determinação do ofer-
não tem poupado esforços para que as ruas, por onde tem tante, licará sendo patrimônio da Biblioteca Pública, já foi
de passar o préslito cívico, apresentem um aspecto feérico entregue ao diretor da orquestra. que terá de executá-la no
de luzes, flores e brocados. ato de inauguração do retrato de Gonçalves Dias, no Tea-
A ornamentação será feita pelo sistema moderno arr- tro São Luiz.
noveau, com guiões, arandelas, faixas, escudões, panópli- (...)Vimos ontem à tarde, por oca ião de ligeira visita
as, ariris, fl ores, etc. que lizemos ao ateliê de Luiz Luz, o retrato de Gonçalves

VQ) 219 VQ)


LUIZ DE MELLO

Dias mandado confeccionar pela Comissão Central Pro- Partindo da Praça João Lisboa, cerca de 9 horas da
motora dos Festejos de 3 de novembro, para ser inaugura- manhã, o préstito cívico, nele tomaram lugar as bandas de
do nesse dia, no salão de honra do São Luiz. música, o Corpo de Bombeiros em três carros muito bem
Cópia de pequena gravura de revista, que passa como preparados e vestidas as praças, com o seu comandante à
o mais perfeito retrato do poeta, o trabalho do habilíssimo frente, o Clube dos Anexos, a cavalo, quatro andores com
artista maranhen e e tá magnílico e muito recomenda o o Livro dos Jº, 2º e Últimos Cantos, oferta da Sra.Zulmira
nome do autor. Marques, uma lira e um quadro com o retrato do autor e
A moldura, que a Comissão Central mandou vir do Pará, é representando o naufrágio que o vitimou, e o da Coroa de
rica, cheia de relevos, de um alegre dourado de sol nascente. Louros.
No passe-partow de um leve acinzentado, que é igual- Tomaram parte, além de crc cidíssimo número decida-
mente um curioso e belo trabalho de Luiz Luz, destaca-se dãos, representantes de toda a imprensa da capital, de
cm relevo, curvando-se cm semicírculo, aquela célebre ins- diversos municípios do interior, comércio, escolas, etc.
crição que se acha gravada no túmulo de Dante: - Onora- Acompanhavam o carro: S. Exa. o Sr. governador do
te L'Altissimo Poeta! E, um pouco abaixo, a data da inau- Estado e seu secretário, presidente da Câmara e o inten-
guração, cm algarismos romanos. dente Municipal, proprietário da Fotografia União e uma
O retrato de Gonçalves Dias será brevemente exposto comissão de paracnses; três meninas empunhando uma o
cm uma das vitrinas da Alfaiataria Teixeira. (Pacotilha, 261 bonito estandarte de cetim cor-de-rosa, com a inscrição -
10/1904,p. 1). GAZETA DE PICOS - e outro com a Comissão do Clube
Militar.
O 3 DE NOVEMBRO Perante a estátua do glorificado poeta maranhense fa-
laram os Srs. Antônio Lobo e alferes Flávio Beleza, do 5º
A Comissão Glorificadora de Gonçalves Dias continua Batalhão, tendo sido cantada por alunos dos colégios
a receber importantes adesões. Hoje recebeu telegramas Quinze de Novembro, São Sebastião e Gonçalves Dias a
dos nossos ilustres conterrâneo!. Teixeira Mendes e An- bela Canção do E.xflio.
tônio dos Reis Carvalho, residentes na Capital Federal. O comércio e as repartições federais estiveram fecha-
Acompanhando a carta abaixo, a Sra. Zulmfra Marques,
das todo o dia.
distinta esposa do comendador Augusto César Marques,
Toda a imprcn a distribuiu edição do dia, dedicando
ofereceu à referida Comissão uma esplêndida fantasia re-
artigos à comemoração daquele que tanto brilho deu ao
presentando um exemplar, cm ponLo grande, dos Primeiros,
nome da Pátria, e deixou de i imorredoura lembrança.
Segundos e Últimos Cantos do genial poeta maranhense.
Os colegas Pacotilha e Federalista ornaram a sua pri-
No verso da capa tlo livro, que está confeccionado
meira página com o retrato do Cantor dos Ttmbiras.
com extrema perfeição e apurado gosto, fi guram duas es-
trofes de alto valor. Além dos demais despachos de adesão às gloriosas
festas maranhenses,já conhecidos do público, foram ainda
A legenda é feita com letras douradas, bem como os
arabescos e demais enfeites que o livro contém. Eis a carta: recebidos estes: O Norte, de Barra do Corda; lnstituto da
À digníssima Comissão Promorara dos Festejos a Gon- Ordem dos Advogados, Rio; A Notícia, do Rio; Jornal do
çalves Dias. Brasil; A Tribuna; Dr. Eliezer Tavares; juiz sanitário, Rio.
Tenho a honra de oferecer-vos os Primeiros. Segun- (...)No centro da praça, onde se ostenta o belo monumen-
dos e Últimos Cantos de Gonçalves Dias, fantasia ex- to, achava-se este cercado por grandes liras, que, por sua
pressa num só volume, todo por mim confeccionado, com vez, formavam roda para um tablado destinado à música.
o intuito de concorrer também com o meu fraco auxmo Os vapores Co11ti11e11te e Cabral, que estão ancora-
para os gmndes e merecidos festejos do pr6ximo 3 de dos em frente à praça, amanheceram embandeirados, ten-
novembro, que flio dignamente promoveis. do o segundo deles salvado durante a hora dos festejos,
Saudações de manhã, ao meio-dia e à tarde.
São Luiz. 26 de outubro de 1904. Por ocasião da procissão cívica largou da rampa, todo
Zulmira d'Alcovia Barbosa Marques embandeirado, sendo de bordo lançados ao ar foguetes -
Sabemos que o livro citado ficará exposto. por alguns o vapor Gonçalves Dias - da Companhia Fluvial Mara-
dias, numa das vi trines da Alfaiataria Teixeira. (Pacotilha. nhense, que passou em frente à praça nas margens do Rio
27/10/1904,p. I). Anil. daí voltando para o ancoradouro nos Remédios.
As ruas Grande, dos Rem~dios e Sol, por onde subiu e
O 3 DE NOVEMBRO voltou o conejo, estavam devidamente enfeitadas com ban-
deiras e ariris, destacando-se na primeira, de quadra em
( ...)O retrato do inolvidável poeta maranhense e o livro quadra, diversos guiões. nos quais estavam inscritos no-
representando os Primeiros, Segundos e Últimos Cantos, mes de diversas poe!.ias do imortal autor dos - Olhos Ver-
apreciável trabalho de D. Zulmira Marques, de hoje em des - e da - Saudade.
diante estarão expostos nas vitrincs da Alfaiataria Teixei- A banda de música anilense, que passou o dia na cida-
ra. (Pacotilha, 28/1011904, p. 1). de, depois da romaria foi à Praça João Lisboa, onde tocou
em casa do comendador Augusto Marques, em saudação
AS FESTAS a sua esposa, também caxiense, e depois à porta da Revis-
ta do Norte e Pacotilha.
Podemos dizer que imponentes foram as festas de on- Muito vistoso estava o carro em que o Sr. Gaudêncio Cu-
tem em homenagem ao poeta Gonçalves Dias. nha e mais membros da Comissão acompanharam o cortejo.

<:,/(!) 220 e?/'@


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Viam-se nele entrelaçados os pavilhões dos dois Esta- qui m Magalhães. seguindo-se-lhe com a palavra o coronel
dos - Pará e Maranhão - destacando-se um especial es- Domingos Barbosa, que pronunciou um discurso muito
tandarte paraensc. aplaudido. (Diáriod0Mara11hão, 5/ 11 / 1904, p. 2).
À tarde. na praça que tem o nome do poeta, e onde se
ostenta a estátua que representa uma dívida de gratidão NOTAS AVULSAS
de seus conterrâneos e admiradores, teve lugar a coloca- OBRA DE BENJAMIN MELLO
ção da - Pedra Comemorativa -dos festejos ontem realiza-
dos dessa romaria cm que se pode dizer- tomou parte uma (... )Quando foi conduLido do palco para o salão nobre
população que foi demonstrar o grau de apreço e a sua do São Luiz, na sessão solene do dia 4, o retrato do mavi-
veneração ao vulto brilhante que pa sou à posteridade. oso Cantor, a orqucstr:i, sob a hábil regência do professor
A esse ato importante foi enorme a assistência, entre João Lentini, executou a marcha triunfal Go11çafres Dias.
ela diversos representantes da imprensa. das associações brilhante composição do inolvidável mar::mhcnsc Francis-
literárias, estabelecimentos de instrução, municípios de
co L. Colás. a qual havia sido expressamente enviada da
Caxias e outros do interior do Estado, etc.
Capital Federal pelo nosso ilustre compa1riota Arthur Aze-
Da cerimônia da colocação da pedra, foi lavrada uma
vedo.
ata, e dentro da caixa especial foram depositados números
(...)O assunto do consciencioso trabalho do professor
da Poliantéia e edições do dia do Diário do Maranh<Jo,
Mello é descrito por uma inspirada poesia do consagrado
Pacotilha. Federalista, Os Novos e Al'Gllfe.
Presidiu o ato S. Exa. o coronel Colares Moreira, vice- autor das Missas Negras, Dr. Inácio Xavier de Carvalho.
governador do Estado, tendo à direita o Sr. Nuno A. de de quem amanhã trasladaremos para as nossas colunas :i
Pinho, intendente Municipal, e à esquerda o Dr. João N. de bela composição com que colaborou na poliantéia dedica-
Souza Machado, diretor do Liceu e da lnstnição Pública. da a Gonçalves Dias.
representando o município de Caxias, terra do Grande Po- Em ofício, o professor Benjamin Mcllo, diretor do Colé-
eta, cuja glorificação acaba de ser feita pelo povo mara- gio Quinze de Novembro. ofereceu à Comissão Promotora
nhense com os aplausos e adesão de toda a Nação. dos Festejos o magnífico quadro a pastel. de sua lavra.
Por ocasião da cerimônia falaram o referido Dr. Macha- que figurou em delicado andor, no préstito do dia 3. (Paco-
do, por parte do município de Caxia<>, e o Dr. Domingos tillra. 7111/1904, p. 1).
Américo de Carvalho.
As asiladas e expostas a cargo da Santa Casa de Mise- NOTAS DA FESTA
ricórdia, por ordem do vice-provedor cm exercício, Exmº
coronel Colares Moreira. compareceram aos festejos de Vai ser exposto na Biblioteca. depois de fotografado, o
ontem e comparecerão aos seguintes. quadro pintado e desenhado por Benjamin Mello, e que
AS. Exa. o Sr. vice-governador do Estado foram entre- saiu cm andor especial no préstito cÍ\ ico do dia 3.
gues os seguintes telegramas: Foi uma bela concepção.
A um lado, embaixo, vê-se ajnda o poeta contemplan-
Rio,3 do, na íloresta, o sabiá trepado cm uma palmeira, e na outra
Governador Maranhão o mar e o naufrágio de uma embarcação. pens:imcnto alu-
Associação Empregados do Comércio tem, ne<>te mo- sivo ao triste fim do poeta a bordo do navio Vil/e de Bo-
mento, edifício antiga residência Gonçalves Dias, repleto lougne. que o transportava à querida Pálria com a qual dia
povo. Acompanhando glorificação imortal lírico, sauda- e noite sonhava.
mos Maranhão pessoa V. Exa.
No alto vê-se o retrato do poeta, a quem um anjo está
Diretoria.
oferecendo bela coroa; mais abaixo o Anjo da Fama despe-
Governador Maranhão jando sobre a terra as diversas produções poéticas do
Clube Engenharia associa-se brilhante homenagem glorificado maranhcnse.
Gonçalves Dias. Cercando a parte inferior, em cujo centro ainda sedes-
Paulo de Frontim, presidente. taca uma lira alravcssada por uma pena, Clrcada pelas ban-
deiras nacional e maranhensc que protegem o livro dos
Hoje à noite terá lugar no Tealro São Luiz a sessão Cantos, vê-se na base esta inscrição:
solene, depois da qual será colocado no salão nobre do HOMENAGEMA GONÇALVES DIAS
edifício o retrato do imortal autor das belas poesias que B.MEUO
tanto entusia<>maram. e que a nossa mocidade todo dia (Diário do Mara11/uin. 8/ 11/190-l, p. 2).
repete com orgulho e amor. (Diário do Maranhão, 41 111
1904.p.2). RETRATO DO POETA FRANCISCO
MANGABEIRA
RETRATO DE GONÇALVES DIAS
Vai ser colocado. no lugar de honra, na 13iblioteca do
( ...)Às 10 Yz teve lugar a colocação do retrato do Can- fü.tado o retrato do pranteado poeta baiano Francisco Man-
tor dos 1imbira5 no salão nobre, ato dirigido pelo Sr. Pi- gabeira, que tantas e tão justas recordações e saudosas
nho. intendente do edifício, sendo então recitada a poesia lembranças deixou nesta capitaJ, onde contava \'erdadeira e
Não me deixe:. mio, de Gonçalves Dias, pelo doutor Joa- geral simpatia. (Diârin do Maranhão, 9111/190-l, p. 2).

{VQ) 22 1 ~
LUIZ DE MELLO

RETRATO Trata-se com o mesmo na Rua da Cruz nº 105.


(Diário do Maranhão, 12/ l 2/ 1904, p. 3).
Dizem-nos que foi marcado o próximo dfa 18 para a
colocação do retrato do pranteado poeta baiano Francis- CONTINUAÇÃO DO LANÇAMENTO DA
co Mangabeira, cm lugar escolhido no salão da Biblioteca DÉCIMA URBANA PARA O ANO DE 1905
Pública. (Diário do Maranhão, 12/ 11 / 1904. p. 2). INTEND~NCIA MUNICIPAL

RETRATO DE LAURO SODRÉ RUA DA CRUZ


(...) Nº 105 - Luiz Faustino do!>
Esteve muito concorrida a sessão que houve à noite, Santos Luz ......................................... 3(X)$
no Clube Militar, para a colocação do retrato do senador (Diário do Maranhão, 141111905, p. 1).
Lauro Sodré no salão das sessões.
Achava-se este muito bem decorado e ornamentado, NESTABLO RAMOS
sendo brilhantemente iluminado a 12 bicos de luz incan-
descente, fornec idos pela Agência Geral a D. Pinheiro & O Sr. Ncstablo Ramos, desenhista da Tipogravura Tei-
Companhia. xeira, foi hoje vítima de lamentável desastre.
Fez discurso, por ocasião da colocação do retrato, o Estando pelas 1Ohora~ ocupado com o serviço de im-
Dr. Domingos Américo de Carvalho, que para isso foi con- pressão numa platina, aconteceu, por descuido. uma das
vidado. (Di6rio do Mara111tão, l 6/l l / 1904, p. 3). mãos do Sr. Nestablo ir de encontro à chapa, na ocasião
em que as duas partes da mesa da platina se uniam para
RETRATO DE LAURO SODRÉ realizar a impressão sobre o papel. Desse arrocho resultou
ter ele ficado com a mão toda esmigalhada.
Tivemos ocasião de ver o retrato do festejado republi- O doente foi examinado e medicado pelos Drs. Juvên-
cano Dr. Lauro Sodré, trabalho do amador Oscar Rafael cio Matos e Álvaro Sanches. (Pacotilha, 231111905, p. 1).
Antunes Braga, inaugurado solenemente, no dia 15, no
salão nobre onde funciona o Clube Militar Beneficente da E DITAL
Guarda Nacional e classes congêneres.
O trabalho anístico, feito a crayon, reveste-se de niti- Nuno Álvares de Pinho, Escrivão de Casamentos e do
dez e perfeição, o que muito recomenda o autor, que se Registro Civil da capital do Estado do Maranhão.
esmerou cm corrc!.ponder à expectativa da diretoria da cor- Faço saber aos que interessar possa que, em meu car-
poração que acaba de colocar cm lugar de honra o referido tório, apresentaram memorial para habilitação de casamen-
retrato do grande vulto da política nacional. (Pacotilha, to Antônio Rabasa e Josefa Eglcsias Vifías; ele filho legíti-
17/1 111 904,p. 1). mo de João Rabasa Lhcmos e Carmen Rabasa Raurell, já
falecidos, com 33 anos de idade, dizendo ser natural da
RETRATO Espanha e residente nesta cidade; ela filha legítima de Ra-
mon Manoel de ia Eglcsia e Manoela Maria Vifías com 23
O retrato do Dr. Lauro Sodré, que foi inaugurado on- anos de idade, dizendo ser natural da Espanha e residente
nesta cidade.
tem no Clube Militar, e a quem ontem nos referimos, não é
Apresentaram os documentos exigidos por lei. Se al-
obra de Oscar Braga, e sim do Sr. Gregório Pantoja.
guém tiver conhecimento de existir algum impedimento le-
O engano cm que incon-emos provém de haver o pri-
gal acuse-o para os fins de direito.
meiro daqueles anis1as preparado também um retrato do
E para constar e chegar ao conhecimento de todos,
ilustre senador, o qual não foi, entretanto, o inaugurado
lavro o presente para ser afixado no lugar do costume.
no referido clube. (Pacotillw, 18/ l 111 904, p. 1).
Maranhão, 11 de fevereiro de 1905
O Escrivão,
SANTEIRO Nuno Álvares de Pinho
(Diário do Mara11/uio, 13/2/1905, p. 2).
Pelo habilíssimo santeiro maranhense Vugilio Máximo está
M!ndo tem1inado o delicado tr.ibalho de encarnação e primo- CLUBE MUSICAL ANTÔNIO RAYOL
rosa pintura de uma grande imagem de Nossa Senhora de INAUGURAÇÃO DO RETRATO DE
Lourdcs, da igreja matriz de Codó, para onde vai seguir. ANTÔNIO RAYOL
Na ofi cina do mesmo artista, que tem apresentado tra-
balhos em nada inferiores aos vindos da Europa, está sen- (... )Antes de ter começo o concerto, a Sociedade cele-
do ricamente dourado o belo dosscl que no salão do Hos- brou uma sessão solene, inaugurando o retrato do grande
pital Português cobre o retrato do Rei D. Carlos, e que vai maestro maranhense, cujo nome glorioso deu titulo ao mes-
servir na próxima festa de 1° de dezembro. (Diário do mo clube, retrato que ficou colocado no centro da sala do
Maranhão, 19111/1 904, p. 2). palacete e emoldurado por uma bandeira simbólica com as
cores verde, azul e amarela, cm losango, e cm cujo centro
AO PÚBLICO acha-se ricamente bordada à seda azul uma lira circundada
toda pelas palavras Clube Musical Antônio Rayol, borda-
Luiz Luz, achando-se melhor dos seus sofrimentos, da da mesma cor cm caracteres góticos. ( Diário do
continua a receber encomendas concernentes à sua ane. Maranhão, 29/3/1905, p. 2).

<Ve> 222 (?.,/(,>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PIÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

(DO) RELATÓRIO DA REAL SOCIEDADE Lobo, diretor daquele útil estabelecimento do Estado, a
HUMANITÁRIA 1º DE DEZEMBRO propósito do seu aniversário natalício.
RELATIVO AO ANO DE 1904: Amanheceu enfeitado o palco externo do edifício e en-
OFERTAS trada, bem como cheia de buquês de ílores a mesa de traba-
lho do esforçado diretor, que, acompanhado cm carTo por
Precisando o retrato de D. Luiz l de ser reformado, foi o um amigo, chegou ao estabelecimento às 9 horas. quando já
quadro entregue ao nosso colega e amigo, Sr. João Alves o aguardavam diversos amigos, tocando à sua entrada a
dos Santos por ocasião de seguir para a Europa em 1903. banda de música do Estado, que se achava postada na rua.
Entregue o quadro a profissionais, verilicaram que só Ao l>Ubir para o salão, duas meninas atiraram sobre ele
mandando fazer novo retrato. pois o que ia não podia mais muitas ílorcs desfolhadas, sendo então abraçado e recebi-
sofrer retoque. do pelo<; amigos e companheiros de trabalho que o acom-
A este serviço mandou o nosso colega proceder as im panharam até a sua mesa. onde ainda recebeu cumprimen-
como à reforma do quadro, e em sua volta a esta capital foi tos e abraços dos diversos cavalheiros presentes.
portador do mesmo, fazendo à sua chegada, oferta de tudo
Tomou então a palavra o acadêmico Hermíl io Pereira,
isso à Sociedade.
que declarou desempenhar com todo o prazer a Comissão
Rasgos de lilantropia desta ordem bem merecem o
para 3 qual foi designado por amigos daquele, cujo aniver-
aplauso de todos, pois bem mostram o quanto quem os
sário natalício dava motivo a essas provas de afeto e sim-
pratica é pos uidor do mais acrisolado patriotismo. ( ...)
patia de que ele é credor e tão merecedor, e cm nome dos
(Diário do Maranhão, 3 1/3/ 1905, p. 1).
mesmos amigos oferecia-lhe o seu retrato que se achava
colocado e que servia para testemunhar os serviços pres-
SOCIEDADE DOS MÚSICOS
tados ao estabelecimento que tanto lhe merece.
Em sessão de ontem, da Mesa Administrativa desta Bastante comovido, mostrando-se por demais penho-
sociedade, foram propostos e aceitos para sócios os se- rado, respondeu A. Lobo agradecendo, e dizendo-se sur-
nhores: preendido com essa manifestação que não julgava mere-
Levy Damasceno Ferreira, Mário Nogueira da Cruz. cer, e que era a prova da estima de amigos, recordar-se-ia
Amâncio Clementino Saraiva, Marcelino Duarte da Silva, sempre deste dia, em que completa 35 anos, como o mais
Seba ti ão Diniz Martins e Aristides Gennano Gomes. (Di- feliz de sua existência, por se ver alvo de tão honroso
ário do Maranhão, 261411905. p. 2). apreço.
Findando. foi-Lhe oferecido, por uma menina. lindíssi-
FALECIMENTO mo buquê de ílores naturais, tocando então J banda de
música, dentro do edifício, o Hino Maranhcnse. (Diário
Só agora é que lemos em folha de Tere ina (O Tempo), do Mnranluio, 4nll 905, p. 2).
a notícia do falecimento, no município de Oeiras, em 30 de
abril próximo passado, de D. Rulina Maria do Espírito San- FALECIMENTO
to, viúva e prezada mãe do ilustrado cônego Dr. Leopoldo
Damasceno Ferreira e dos Srs. capitão Francisco Damas- O cônego Leopoldo Damasceno recebeu comunicação
ceno, Levy, Salomão e José Damasceno Ferreira. do falecimento no Piauí, da sua pret.ada e veneranda mãe.
Apresentamos-lhes a expressão do nosso pesar pelo Por sua alma celebra missa. amanhã. o distinto sacer-
acontecimento que tão profundo desgo to lhes deu e en- dote, na igreja de Nossa Senhora das Mercês.
lutou. (Diário do Maranhão, 231511905, p. 2). Vai noutra seção publicado o convite por ele feito.
Ao ilustrado Dr. Damasceno, seu innãos e demais pa-
RETIFICAÇÃO rente. da linada apresentamos . incera condolências. (Di-
ário do Mara11'1ão, lº/8/1905, p. 2).
Com satisfação retificamos, e para isso autorizados, a
notícia dada pelo Tempo, de Teresina, do falecimento de D. CASAMENTO DE NESTABLO RAMOS
Rufina Maria do Espírito Santo. querida mãe do ilustrado
cônego Leopoldo Damasceno, por isso que este sacerdo- Civilmente consorciaram-se hoje, na Intendência, o nos-
te e cus innãos receberam aviso, no qual lhes é afinnado so hábil amigo establo Ramos e a Exma. Sra. Joana Cecí-
que sua prezada progenitora, conquanto tivesse estado lia Pinheiro Salgado.
gravcmenteenfenna. o que deu motivo à notícia precipita- Testemunharam o ato, por parte do noivo, o Dr. Inácio
dn Jevadn à imprensa. obteve melhoras, e têm essas conti- Xavier de Carvalho, e por parte da noiva o Sr. Satumino
nuado, garantindo franca convalescença. (Diário do Lima e a Exma. Sra. Emília Carvalhal.
Maranluio, 25151 1905, p. 2). Desejamos aos noivos uma série ininterrupta de ven-
turas. (Pacotilha, 1º/811 905, p. 2).
RETRATO DE ANTÔNIO LOBO
REGISTRO CIVIL
Afetuosa e simpática festa teve hoje lugar na Bibliote-
ca Pública, da qual foram da Comissão Promotora Astolfo
Casamentos - Dia 1º:
Marques, Henru1io Pereira, José de Bitencourt e Newton
(...) Nestablo Ramos e D. Joana Cecília Pinheiro Salga-
Passos, dedicada ao nosso ilustrado confrade Antônio
do (Diário do Maranhão, 21811 905, p. 3).

<VQ) 223 <?./'{>)


LUIZ DE MELLO

FESTA POPULAR CAFÉ RICHE

Amanhã, às 4 horas da tarde, na casa da Rua da Paz nº Conforme a comunicação que nos fez o seu proprietá-
116 (Largo do Quartel) reúnem-se diversos cavalheiros que rio, reabre-se amanhã, devidamente reformado e melhora-
pelo Sr. Domingos de Castro Perdigão foram convidados do, o conhecido Café Riche, na Praça João Lisboa. (Paco-
para tratarem da organização da Festa Popu lar do Traba- tilha, 11/11 /1 905, p. 1).
lho, que constará duma exposição anual nesta cidade.
faia idéia visa continuar os trabalhos que neste senti- OFÍCIOS
do foram encetados entre nós, com o melhor êxito, em 1871 Governo do Es tado
e 1872, pelos ilustres maranhenses Drs. Almeida Oliveira e Expedi ente do dia 24 de agosto de 1905
Ennes de Souza. (Pacotilha, 61911905, p. 1).
( ... ) Ao Sr. inspetor do Tesouro Público do Estado. -
A FESTA POPULAR DO TRABALHO Autorizo-vos a mandardes pagar ao artista Luiz Luz a con-
ta junta na importância de Rs. 830$000, proveniente de
Para a reorganização da útil instiluição com o nome serviços de retoque e reprodução de retratos que ornam o
acima reuniram-se ontem à tarde, conforme noticiamos, na salão nobre da congregação do Liceu Maranhcnse, de-
residência do Sr. Domingos de Castro Perdigão, no Largo vendo essa despesa ocorrer por conta dn verba consigna-
do Quartel, representantes de todas as classes da nossa da na Tabela nº 5, letra B do Orçamento cm vigor.
sociedade.
Assumindo a presidência da reunião o Sr. Manoel Viei- Expediente de 25 de agosto de 1905
ra Nina, um dos poucos sobreviventes da idêntica institui-
ção que existiu no Estado há trinta e tantos anos, foi lido (... )Ao Sr. inspetor da Instrução Pública e diretor do
pelo professor J. Fernandes o estatuto por que ela se re- Liceu Maranhense- Comunico-vo . em re po ta ao vosso
gia, sendo, no correr das leituras, apresentadas as modifi- ofício nº 92 de 22 do corrente, que em data de ontem mandei
cações que ju lgaram necessárias os presentes. pagar ao artista Luiz Luz a quantia de Rs. 830$000 a que tem
O presidente nomeou uma comissão composta dos Srs. direito de serviços de retoque e reprodução de retratos de
Domingos Castro Perdigão, Joaquim Fernandes e Astolfo maranhcnses ilustres que ornam o salão nobrt.: da congre-
Marques para confeccionar o regimento da sociedade, de gação desse estabelecimento, remetendo para isso àquela
acordo com as modificações a que já nos referimos. repartição a conta que acompanhou o vo so citado aviso
Antes de aberta e depois de encerrada a reunião, usou ofício. (Diário do Maranhão, 22/11/1905, p. 1).
da palavra o Sr. Perdigão, expondo o fim que ali congrega-
CAFÉ RICHE
va a todos e agradecendo a estes o comparecimento. (Pa-
cotil/ia, 8191 1905, p. l).
Amanhã, terceiro aniversário do Café Riche, na Praça
João Lisboa, o seu proprietário, para festejar condigna-
RETRATO
mente esse fatõ, põe à disposição dos seus numerosos
fregueses urna grande variedade de iguarias, gelados e
Nn vitrine da Alfaiataria Teixeira está exposto um qua-
bebidas, tudo por preço assaz convidativo. (Pacotilha,
dro forrado de pelúcia verde e amarela, cm cujo fundo e
23/12/1905,p. 1).
quadrado, formado com esta última, destacando-se djfe-
rentes bordados a cores, vê-se o retraio do Exmº coronel
RETRATO DE GONÇALVES DIAS
Alexandre Collare Moreira, oferta feita a S. Exa. por um
POR EDUARDO SÁ
amigo. (Diário do Maranlu1o, 20191 1905, p. 2).
Foi inaugurada no Rio a exposição na Casa Mozart
TESOURO DO ESTADO - IMPOSTO DE do quadro nlegórico à morte do poeta rnaranhense Gon-
INDÚSTRIAS E PROFISSÕES çalves Dias.
O quadro é trabalho do pintor Eduardo Sá, atualmente
RUA DO PASSEIO: na Europa.
(... ) Nº 57 - Nestablo Ramos, taverna .......... 125$000 A festa, organizada por amigos do pintor, constou de
(Diário do Mara11hc1o, 3/11/1905, p. 1). sessão musical e literária, tomando parte Laura Sá, Ester
Magioli, Violeta Souza, Cacilda Gilabclte, Adelina Martins
MIMO Pereira, Margarida Moura, Carolina Pereira. Odete Viana,
Laura Santos, Nair Rodrigues e Maria Neiva, e os Srs. An-
Vieram-no às mãos, oferecidos pela Oficina dos No- tônio Salles e Reis Carvalho. (Diário do Maranhão, 29/12/
vos, três bi lhetes postais, sendo um com os retratos de 1905,p. 2).
Gonçalves Dias, Porto Alegre e Magalhães, e dois conten-
do apenas o cio extraordinário Cantor dos Ti mbiras, Antô- PRESÉPIO CAMPAL
nio Gonçalves Dias, cujo aniversário do seu desapareci-
mento do mundo dos vivos, para elevar-se à posteridade, Tomás Raimundo Rosa comunica ao público que man-
comemora-se, neste dia, com estupcndn solenidade. dou preparar e armar, no Largo do Quartel, um bonito pre-
À Oficina dos ovos, pois, os nossos sinceros agra- sépio cenografado pelo hábil arti ta Rabasa, o qual estará
decimentos. (0 Federalista, 3/1 1/ 1905, p. 2) à disposição do públko para ser visitado nos dias 5, 6 e 7.

~ 224 C:.,,-í>)
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

das 7 horas da noite cm diante; e na véspera de Reis das 9 NESTABLO RAMOS


horas da noite por diante irão nele cantar diversos convi- DESENHISTA
dados para taJ fim e que gentilmente acederam ao convite.
(Diário do Mara11/u1o, 4/111906, p. 3). Previne ao público cm geral que empreita pintura de
casas. prometendo satisfazer desde o gosto mais simples
FALECIMENTO ao mais apurado no gênero, bem corno paisagens em va-
randas, forros, fingimento a mánnorc, madeiras, traçados.
Faleceu hoje, pela manhã, D. Luísa Rosa da Silva, so- cercaduras estampadas e sombreadas, forração a papel,
gra do Sr. Luiz Luz. Será o enterro hoje à tarde, saindo o ele. etc.
féretro da casa à Rua da Cruz nº 105. Também reproduz retratos a crayon, especialmente à
Àquele distinto anista e demais parentes da finada scn- mão, prepara placas, dísticos, retoques, decorações e exe-
timentamos. (Diário do Maranhão, 12/1/1906, p. 2). cuta pinturas em arr-110\'eau, podendo ser procurado no
depósito de móveis da Marcenaria Moderna de Domingos
Monteiro de Souza, na Praça João Lii.boa nº 5, das 7 horas
ÓBITO - DIA 12:
da manhã às 5 horas da tarde.
Contrata-se para o interior e fora do Estado. (Diário do
(...)Luísa Rosa da Silva. 100 anos, caqucxia senil. (Di-
Maranhão, 18/411906, p. 1).
ário do Maranlu1o, 1311/1906, p. 3).
EXPOSIÇÃO - FESTA POPULAR DO
INÁCIO RAPOSO
TRABALHO
Prestou exame do 1° ano do Curso de Arquitetura, na Reuniram-se domingo, 15, os membros da diretoria da
Academia de Bclas-Anes, Rio de Janeiro, obtendo apro- Festa Popular do Trabalho e, depois de ouvidos o Sr. Do-
vação plena com distinção, o nosso conterTâneo confrade mingos Perdigão e outros diretores que apresentn.ram lis-
da imprensa do Rio, Inácio Raposo. tas de produtos que estão sendo preparados por algumas
Parabéns. (DiáriodoMaranluio, 2011/1906, p. 2). senhoras e cavalheiroi. para a próxima exposição, resolve-
ram fazer pela imprensa o seguinte convite:
(CHEGA A SÃO LUIZ A CANHONEIRA A diretoria da Fesra Popular do Trabalho, apesar
PORTUGUESA PÁTRIA, QUE FOI RECEBIDA das circulares já distribuídas, convida por este meio a
FESTIVAMENTE). DOS FESTEJOS: rodas as pessoas, aindCI as que por qualquer circunstân-
cia tenham deixado de receber as ditas circulares, e con-
À noite re:ililou-sc no Teatro São Luiz o espetáculo correm com seus prod111os à exposição que será so/ene-
promovido em honra à visita dos ilustres oficiais pela So- menre instalada 110 dia /ºde maio pr6.\i1110.
ciedade Particular Cáritas. O bonito edifício, caprichosa e Esses produros de1•ercio ser enviados, do dia 25 do
galhardamente iluminado e decorado, apresentou deslum- corrente em diante, ao prédio nº 66. 1° andar; na Rua da
brante aspecto, quer no interior, quer no l:Xterior. Cruz, esquina da Coronel Colares Moreirn, onde se rea-
As peças escolhidas foram: o drama cm 3 Atos - O li:ará a exposição.
Primeiro Amor e a deliciosa comédia O Tro Mateus. É de- Os Srs. expositores, de acordo com a diretoria, deve-
balde dizer que oi. inteligentes amadores que com tanta n1o escolher o local e providenciar a re:.peiro da melhor
satisfação se prestaram a preparar a tão apreciada home- colocação e disposiçcio dos seus produtos nas salas des-
nagem aos nossos distintos hóspedes, e tiveram corre- tinadas à exposiçcio, correndo as despesas por conta dos
tos, arrancando dos espectadores os justos aplausos pelo expositores.
bri lhanúsmo e realce que davam aos papéis de que se in- O aro solene de instalação se realizará à I hora da
rareie. continuando nberta a exposição até às 10 horas
cumbiram.
No fim da comédia realizou-se linda apoteose, figuran- da 11oi1e de 1º de maio.
do a Entrada da Canhoneira Pátria no pono desta capi- Nos dias subseqiienres. 2, 3, 4, 5, a exposição serâ
aberra às 9 horas da manlui, ren11i11w1d1 els 5 lroras da
tal, trabalho do acreditado pintor maranhen e Luiz Luz.
tarde.
Nessa ocasião tocou a excelente orquestra, dirigida
No dia do e11cerrame1110, 6 de maio, abrir-se-á a ex-
pelo hábil maestro Lcntini, o Hino Ponuguês, que foi ouvi-
posiçüo às 8 horas da manhã, devendo ser encerrada às
do de pé por todos os presentes.
10 du noite.
De um camarote brindou ao terminar o espetáculo, à
(Diário do Maranlrüo, 23/411906. p. 1).
oficialidade da Pátria o Dr. Luiz Serm de Moraes Rego.
Grande foi a concorrência, notando-se, entre as pe o-
FESTA POPULAR DO TRABALHO
as presentes, o comandante da Pátria com alguns oficiais,
Exmº governador do Estado, diversas autoridades. muitas Vai brilhantemente concorrer r:i1«1 a exposição a distin-
fam ílias, cavalheiros, etc. ta maranhense D. Zulm ira Marques, que sempre está pron-
No salão inferior tocaram as bandas do 5º e 35° Bata- ta a dar realce às festa5 patrióticas, e nas quais seja neces-
lhão de Infantaria do Estado, ali mandadas pelo respecti- sário demonstrar que entre nós existe o bom gosto e a
vos comandantes e por S. Exa. o Sr. go,crnador. dedicação à ane.
Terminou a fel.la cerca de 1 hora da madrugada. (Diâ- Expõe a referida senhora um belo quadro representan-
rio do Mara111u1o, 151311906, p. 2). do a paleta de um pinlor, com lindas cercaduras de folhas
LUIZ DE MELLO

acetinadas e mimosas flores por ela feitas, vendo-se à vol- (DA) LISTA DE PRODUTOS EXPOSTOS NA
ta da paleta, além dos pincéis por baixo desta, 1 1 retratos FESTA POPULAR DO TRABALHO:
de uma conhecida e simpatizada senhorita maranhense,
desde a mais tenra idade até atualmente. (...) Nest.ablo Ramos- 2 quadros com retratos a crayon
É um trabalho que muito há de chamar a atenção dos e l dito reclamo.
concorrentes à exposição. (Diário do Maranhão, 30141 Manoel Valente- 1 quadro com 1 retrato de Gonçalves
1906, pp. 1-2). Dias, a crayon; um dito com gravura colorida; 5 cartões
com inscrições a canjvete.
FESTA DO TRABALHO Escola Normal do Estado do Maranhão- 15 quadros de
EXPOSIÇÃO desenho, aquarela e óleo, bordados e tapetes e lira bordada.
R. Astolfo Marques - 1 quadro com uma coleção de
Bastante visitada esteve ontem à tarde, c sobretudo à retratos de escritores maranhenscs.
noite, a exposição que ocupa quatro salas do 1° andar do Anísio Palhano de Jesus - 1 vitrine com uma coleção
prédio na Rua da Cruz, canto da Colares Moreira. numimástica, 2 vértebras de baleia caricaturadas, 13 vi-
Muitos cavalheiros e senhoras, atenciosa e delicada- dros de vinhos com licores e 12 quadros de pinturas a
mente recebidos pelos membros da diretoria da Socieda- óleo, trabalhos do expositor.
de, percorreram as salas examinando os diversos objetos José Maria de Lima Filho - 2 guarda-casacas com frente
de arte e indústria ali expostos, merecendo gerais louvores de espelhos, 3 cadeiras empalhadas, 2 quadros de madeiras
os principais artigos, o bom gosto e arranjo com que foi para sala, 1 dito com retrato a crayon, 1Oetagéres para pare-
tudo preparado, embora o pouco tempo havido. de, 1cabeça de veado, l porta-jornais e 2 cadeiras pequenas.
Chamam muito a atenção dos visitantes a belíssima e mui- Gregório Pantoja - 5 quadros de ampliações fotográfi-
to variada coleção de moeda~. exposta pelo farmacêutico Pa- cas a crayon.
lhano; um chapéu de cedro imitando a cor dos de manilha; os D. Zulmira Marques- 1 quadro com l paleta de pintor
produtos de licores, vinhos, fn1tas, doces, de padaria, dese- com os retratos de uma senhorita desde a sua infância até
nhos, pintura, faz.endas, tecidos, tapetes, cigarros e charutos, a idade atual. ( ... )(Diário do Maranhão, 17/5/1906, p. 1):
os·lindos móveis, temo de casimira, calçados, etc.
fmpossível é por enquanto destacar qual ou quais dos FESTA POPULAR DO TRABALHO
produtos expostos os que mereceram a atenção, por isso GRANDE P~MIO E MEDALHAS DE PRATA:
que todos os expositores são dignos de louvores.
Continua a exposição aberta durante o dia das 8 da l º PRÊMIO- MEDALHAS DE PRATA:
manhã às 5 da tarde. (...) - Anísio Palhano de Jesus, pelos seus superiores
No domingo, dia do encerramento, estará também até quadros de pintura a óleo;
às 10 da noite. (Diário do Maranhão, 2/5/1906, p. 2). Drs. Almir Nina e Arthur Silva, pelos mapas murais do
Estado e da Ilha do Maranhão, desenhados sob os seus
FESTA DO TRABALHO planos pelo engenheiro Antônio Augusto Machado;
Escola Normal do Estado do Maranhão, pelos 15 belos
Satisfazendo pedidos de famíl ias, expositores e sóci- quadros de desenho a crayon, pintura a aquarela e óleo;
os, a diretoria da Festa Popular do Trabalho deliberou que Gaudêncio Cunha & Cia. (Fotografia União) pelos seus
a exposição ainda funcione três dias, sendo: na quinta- trabalhos fotográficos;
feira, LO, das 9 horas da manhã às 10 da noite, encerrando- Gregório Pantoja, pelos seus bem-acabados retratos
se no dia 13. de ampliações fotográficas;
A freguesia de ontem foi de 913 pessoas, sendo: visi- José Faria Junior (amador), pelos seus trabalhos foto-
tantes, 782 (adultos, 577; infantis, 205) sócios 4 l, exposi- gráficos;
tores 69, sócios expositores 14, autoridades 7. (Diário do Manoel Valente, por um quadro a crayon com o retrato
Maranhão, 7/5/1906, p. 2). de Gonçalves Dias. (Diário do Maranhão, 291511906, p. 2).

EXPOSIÇÃO CONTINUAÇÃO DA LISTA DOS PREMIADOS


2° P~MIO - MEDALHAS DE BRONZE:
Hoje continua à disposição dos visitantes a exposição
dos muitos objetos de arte e indústria que se acham nos (... )Ernesto Gerosa, pelo seu trabalho de escultura em
salões do prédio na Rua da Cruz. mármore; Ferdinand Scbwander, pela coleção ornitológica
Terá lugar amanhã, às 9 horas da manhã, a primeira maranhense; (Diário do Maranhão, 30151 1906, p. l).
reunião do julgador do mérito dos produtos que se acham
expostos, não funcionando a exposição por isso. CONTINUAÇÃO DA LISTA DOS PREMIADOS
No próximo sábado será aberta até às 10 horas da noi- 2º P~MIO - MEDALHAS DE BRONZE:
te, bem como no domingo.
Novos produtos estão expostos. (...) Nestablo Ramos, por um dos retratos a crayon que
Entre estes figura uma coleção de aves aquáticas e exibiu; Paulo Martins Bello, pelo seu ai1ístico jarro com
pássaros do Estado, preparadas pelo alemão Ferdinand planta, trabalho em uma folha de flandres;
Schwander, que se acha atualmente na Miritiba (Primeira
Cruz), donde enviou por intermédio do Sr. Bluhm. (Diário
Foram registrados somente os produtos de expositores mais con-
do Maranhão, 101511906, p. 2). siderados.

CVQ) 226 CVQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PIÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Oscar Costa, pelos desenhos da coleção de quadros Ed. de Sá, que se acha atualmente na Europa preparan-
de hig iene pedagógica do Dr. Almir Nina. do o monumen10 do marechal Floriano Peixoto, é um artis-
1a inconfundível cm nosso meio; cheio ele vigor e de moci-
3º P~MIO dade, tem uma maneira própria de trat:ir os :issunros que
MENÇÕES HONROSAS DE l ª CLASSE escolhe. Alegórico, simbólico e, não mro. nebuloso. é Ed.
de Sá, apesar disso, um artista de merecimento, possuindo
(...)Benjamin Mcllo e seus discípulos, pelos seus qua- uma cultura esmerada e um talento privilegiado.
dros de desenho a aquarela, pastel e a bico de pena; Segue o positivismo de Miguel Lemos e Teixeira Men-
D. Celeste Baima (Escola Normal), pelos seus quadros
des; daqui se poderá tirar a incógnita de su~1 maneira de
de desenho a crayon, de aquarela sobre cetim e bordado a
ser como artista. Filiado espontaneamente a esta seita, re-
relevo em lã;
cebe dela toda a inspiração, todo o seu método de compo-
D. Encdina Barbosa Leite (Escola Normal), pelos seu
sição, todo o seu processo de análise e interpretação, ser-
quadros de desenho de mosaico a crayon, de aquarela e
vindo-se contudo da técnica aprendida na Escola Nacio-
bordado a relevo em lã;
D. Francisca Ribeiro (Escola Normal), pelo seu quadro nal de Belas-Artes, da qual foi distinto e aplicado aluno.
de desenho a crayon e por uma lira, lrabalho cm cetim; Disso é prova irrefutável o seu quadro Ao mais digno,
D. Laura Guterres de Souza (Escola Normal), por cus a tela a legórica a Gonçalves Dias, o busto de Clotilde de
quadros de desenho a crayon e aquarela; Veaux, porque Ed. de Sá é também escultor, - es e delicio-
D. Maria do Carmo Neves Teixeira (E cola Normal). so gesso Cabeça de Cacilda, e. finalmente. como obra
pelos seus quadros de ornamento a cmyon, pintura a óleo típica de sua inspiração, método de composição. proces o
e trabalho de ilusão; de análise e interpretação. o monumento ao marechal Flo-
R. Astolfo Marques, pela sua coleção de reLratos de riano Peixoto.
escritores maranhenscs; A tela que nos vem ocupando é o último trabalho de
D. Raimunda E. Leite (Escola Normal), pelos seus qua- Ed. de Sã e ao qual ele deu mui10 de seu carinho afetivo,
dros de desenho de mosaico a crayon e aquarela sobre mui10 de seu talento, muito de sua alma sonhadora e mís-
cetim e bordado a relevo cm lã; tica; não sendo uma obra-prima, tem real valor e bastante
D. Raimunda Parga Leite Meirelles (E. Nom1al), pelo~ merecimento, empolga-nos, prende-no.., docemente, emo-
quadros de desenho de ornamento a crayon. pintura a ciona-nos fazendo pensar e levando-nos para o sonho.
ó leo e de fl ores naturais; Ed. de Sá fez uma alegoria e isso justifica a composição
D. Virgolina da Silva Siqueira, pelos seus dois quadros
do quadro. Não é o naufrágio do Vil/e de 8011log11e, nem a
de fantasia -Armas da República e Bandeira Ponuguesa;
vera morte do poeta que temos ante os o lhos nesses dois
D. Zita de Carvalho Oliveira, pelo seu quadro com um
metros de tela. Não; o que o pintor no~ quis dar foi a apote-
ramo bordado a lã; •
o e do Cantor dos 1imbiras e sua glori ficação, feila por
D. Zulmira Marques, pelo ~eu quadro de fantasia de
quem ele mais amou cm seus versos e a quem deu grande
fl ores e folhas e diversos relratos artisticamente coloca-
dos sobre uma paleta de pintura. ( ...) parte de sua vasta inteligência, senão toda a sua mocidade,
suas melhores horas de estudo, toda a sua vida - rcfcrimo-
4° P~MIO : nos ao silvícola de nossas matas. A tela é i<:so. mais nada.
(MENÇÃO HONROSA DE 2ª CLASSE) está longe de ser um quadro histórico porque lhe falta a
verdade, e nem foi composto com semelhante intenção.
Manoel dos Santos Cardoso, por um bonde, trabalho Ed. de Sã, ape. ar da religião que adota, ou ralvez por
em fol ha de ílandrcs. ( ...) isso mesmo, é um sonhador e um m ístico! Esta é toda a razão
(Diário do Maranluio. 3 1/511906, p. 1). do modo de ser ela alegoria à morte de Gonçalves D ias!
Demos uma rápida descrição do quadro. Uma enonne e
BILHETINHOS DO RIO DE JANEIRO bojuda onda, já cm começo de arrebentação. cnvolvt: um
rc to de convés. sobre o qual está o corpo de Gonçalves
Realizou-se em 13 de dezembro, às 4 horas da tarde, Dias, tendo em uma das mãos algumas pjginas de um li-
por entre música e flores, no Salão de Arte da Casa Mozart,
vro; outras bóiam próximo; por Lrá<> da cabl.!ça do poeta,
na Avenida Central (atual Rio Branco) a exposição da tela
sobre a mesma tábua, vê-se um índio, de p6, na mão direita
alegórica à morte de Gonçalves Dias, obra do distinto ar-
o arco, a fl echa e um ramo de violetas; na esquerda, cm
tista Ed. Sã. A inauguração teve todo um caráter de soleni-
elevação, as Poesilis Americanas; uma gaivota corta o ar.
dade de íntimos amigos do pintor, alguns idólatras do po-
eta (entre eles o signarário destas linhas), um punhado de no alto; no mar, violetas; num canto bóia um pedaço ela
senhoritas, crianças e os Srs. Dr. Benedito Leite e Urbano proa da barca, onde se lê 8011/ogne. No segundo plano
Sanros, representantes do Maranhão, eram o público des- estende-se o mar largo e revolto, sem fim. Em cima o céu ,
ta festa, cheia de carinho e amor! Havia e m toda a sala uma coberto por umas nuvens cor da aurora.
nota de ritmo sagrado, como se ali se estivesse efetuando Pois bem, tudo isso cstó bem tratado, pincelado por mão
uma liturgia mitológ ica e transcendente; e foi altamente destra, com as únicas tintas que serviriam pam tal assunto,
emocionante a salva de palmas que encheu suavemente o tendo cada coisa, cada acessório uma signilicação.
ambiente, ao ser descerrado o velário, formado por uma As violetas rcprcscnlam a saudades que sentimos
bandeira brasileira que cobria o quadro. Todos estavam de ainda pelo nosso g rande lírico; o índio, toda a gratidão e
pé, gratamente sensibilizados! carinho. g lorilica o seu cantor sublime; as nuvens cor da

~ 227 ~
LUIZ DE MELLO

aurora são talvez os prenúncios da sagração da posterida- Finalmente levantou-se dentre os simpáticos alunos
de; e a gaivota, creio, avisa-nos que a terra não está longe. da gloriosa Escola de Belas-Artes o talentoso acadêmico
Não afinno que tenha sido este o pensamento do pin- e poeta Inácio Raposo que em nome de seus colegas sau·
tor. É uma interpretação, e em alegorias podemos dar quan- dou a nobre idéia de confraternit.ação acadêmica.
tas quisermos. O orador, apesar de declarar não possuir os dons da
Em resumo, porém, a tela de Ed. de Sá tem bastante oratória para poder discorrer sobre assunto de tal imponân-
valor e mais estim:ida se f:v por ser :i primeira que trata do da, não obstante as suas palavras eletrizaram o auditório.
assunto. O jovem artista afirmou categoricamente o fim incon-
Oxalá que o Governo do Maranhão a adquirisse! Ne- dicional dos seus colegas em cada um dos quais a União
nhum outro lugar lhe vai melhor que o salão nobre do encontrará um trabalhador audaz.
Palácio do Governo, atualmente sofrendo reparos no sen- Tem1inada a sessão, debaixo da mais cordial fraterni-
tido de seu embele1amento. dade, foi a Comissão convidada para visitar as diversas
Seria esse um ato de tão :ilia justiça, que todos lhe dependências da Escola, sendo em uma das galerias foto-
haviam de cantar loas e hinos. grafada. (Diário do Maranhão, 17n/ l 906, p. 2).
ANTÃO DA SILVA'
(Diário do Maranhüo, 71611906, p. 2). QUADRO CURIOSO

FESTA POPULAR DO TRABALHO Moti vos imperiosos, segundo nos informaram, deram
lugar não ter sido, nesta capital, entregue ao Exm. ºSr. Dr.
(Noticiando a exposição, numa casa da Rua da Cruz nº Afonso Pena o quadro Recepçc1o ao Dr. Afonso Pena,
66, esquina com a Rua da Paz:). pelo que foi remetido para Parnaíba, onde o futuro chefe
(... )A exposição estavn dividid:i em três seções: da Nação o receberá.
A Seção de Belas-Artes, que ocupava a sala de entra- No referido quadro, além do Dr. Afonso Pena, que está
da à esquerda oferecia um aspecto agradável pela arte e coberto de ílores, acham-se representado : o Estado do
gosto na colocação dos diversos quadros de desenho, Maranhão carregando e beijando o Dr. Álvaro Pena simboliza-
aquarelas, pinturas a óleo, retratos a crayon, ampliações do numa criancinha; a Capital que tendo oferecido ao Dr. Afon-
fotográficas, fotografi ns, ílores artificiais, bordados, es- so Pena um enonne buquê de flores naturais, com a mão es-
culturas de mármore e de madeira. etc. (...) (Diário do querda lcvanra uma cortina para dar passagem ao futuro pre-
Maranhiio, 26/6/1906, p. 1).
sidente, deixando assim ver o nosso porto onde estão ancora-
dos diversos vapores; a imprensa oferece a S. Exa. uma coroa
BELAS-ARTES
de louros, em cujas folhas lêem-se os nomes de todos os
jornais marnnhenscs. e, finalmente, o Zé-Povo saudando ao
Urna Comissão do Diretório Provisório da União Aca-
rcc6m-chcgado, apresenta-lhe a Justiça do Estado.
dêmica Brasileira foi ontem à 1 hora da tarde à Escola Naci-
onal de Belas-Anes, noticiou O Paiz, do Rio. O trabalho acima, ligeiramente descrito, acha-se colo-
A Comissão foi recebida no saguão daquele estabele- cado numa rica moldura dourada e revela, pelo delicado
cimento por grande número de alunos, e depois de feitas do assunto, conhecimentos bem desenvolvidos de pintu-
ra. (A Imprensa, 27n/1906, p. 1).
as apresentações, foi introduzida num dos salões. Ai foi
convidado a assumir a presidência da sessão o quintanis-
ta de Direito Pereira Bessa, que deu a palavra ao acadêmi- DESENHO A BICO DE PENA
co B. Martins Rodrigues. EMc, com frases repassadas de
entusiasmo, convidou a mocidade a aderir à União Acadê- Acha-se exposto na agência de leilões do Sr. Garibaldi
mica, e suas úllima1. palavras foram abafadas por estron- um curioso u-abalho feito a bico de pena, intitulado: Auro-
dosa salva de palmas. ra de 15 de Novembro de 1906.
Em i.eguida falou o di~tinto acadêmico Celso CaJmon O desenho representa o retrato do Dr. Afonso Pena
N. da Gama que, na qual idade de orndor oficial da diretoria cercado de dois r:imos ligados na base pelo emblema das
expôs, com nitide7 e brilham ismo. os fins a que se destina armas republicanas. Nru. folhas dos citados ramos estão
a União. escritos os nomes de todos os Estados do Brasil, o Distri-
Seguiu-se com a palavra o inteligente acadêmico Bení- to Federal e o Departamento do Acre.
cio Dantas, que cm frases buriladas e eloqüentes fez sentir a Por Lrás dos ramos vê-se: à direita do Dr. Pena, a Ban-
necessidade de ficarcon~olidada a União, para assim poder deira Nacional, e à esquerda do quadro. um canhão de
enfrentar com vantagem os inimigos da República que, dis- arti lharia de campanha arti'>ticamente enfeitado com flo-
se o orador, são tanto~ e tão bem disfarçados que o seu res admiravelmente desenhadas: no centro destacam-se,
reconhecimento no seio da sociedade, atualmente sacudida desdobrados, os jornais A Imprensa e Pacotilha.
pelo vendaval de desmoralização é muitíssimo difícil. À esquerda desta cena lê-se um tópico da mensagem
Daqueles esperançosos cultores da Arte Sublime de política do Dr. Afonso Pena, deixando aparecer, por baixo,
Miguel Ângelo partiu, então, ovação brilhante. o Código Civil e a Constituição de 24 de Fevereiro.
No alto do quadro. cm meia perspectiva, descortina-
se uma povoação com uma pequenina igreja, por trás da
Talvei um pseudônimo. Mantinha a &eção Bilhetinhos do Rio de
Janeiro. no Diária do Mar1111lu1o. Por esse 1emp0. o poeta Inácio
qual vem raiando o belo sol de 15 DE NOVEM BRO.
Raposo estudava arqunctur.i na E..cola Nacional de Belas-Artes e No centro do sol estão as palavras: JUSTIÇA, PAZ,
colaborava na impren'>a carioca. FELICIDADE. (A Imprensa, 3/8/1906, p. 1).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

TÚMULO semos, nos salões das Obras Públicas, prédio do Di6rio


Oficial. A exposição será hoje e amanhã, por ter o exposi-
Vimos ontem na catacumba do pranteado cônego Dr. tor de seguir para o Norte em 19. (Dicírio do Maranhâo,
Damasceno uma chapa de zinco, na qual se acha uma bela 17/9/1906, p. 2).
e adequada figura do sol no seu ocaso, e deitada por bai-
xo, em forma de cobra, uma fita, onde e lê: Cônego Dr. EXPOSIÇÃO DE PINTURA
Leopoldo Damasceno Ferreira.
Consta-nos que foi oferta de um seu amigo e ex-cole- Do pintor G Cavalicri recebemos um amável convite
ga. (Diário do Maranhão, 81811906, p. 2). para visitar a sua exposição de quadros a óleo, que se acha
aberta hoje e amanhã das 9 às 5 Y2 horas da tarde, nos
O BRONZE salões da Repartição de Obras Públicas. na Rua da Estrela,
prédio cm que funciona o Diário Oficial.
Já se acha em exposição, nas vitrines de Alfaiataria Fiquem prevenidos os amadores de pintura que o Sr.
Teixeira, o artístico bronze que reservamos como prêmio à Cavalieri seguirá para o Su l no vapor Alagoas, a chegar
vitoriosa da beleza e da graça, no final do nosso concurso. depois de amanhã, e que, por conseguinte, as aquisições
Podem desde já, os eleitores, admirar o precioso trabalho dos Lrabalhos desse distinto artista só podem ser fciLas
de arte. (A Imprensa, 15/811906, p. 2). até amanhã. (Pacotillw, 17/9/1906, p. 1).

Subscrição para erigir o busto do Dr. Nina Rodrigues: EXPOSIÇÃO DE PINTURA


Diário do Maranhão .............................. 10$00)
João V. Pereira & Filhos ....................... 100$CXX) É na verdade merecedora de visita a exposição de qua-
dros a óleo do ilustre pintor G Cavalicri, instalada nos
( Diário do Mara11hcio, 12/9/ 1906, p. 2).
salões da Repartição de Obras Públicas, na Rua da Estrela.
Devido ao pouco tempo que teve para esse serviço, o
EXPOSIÇÃO DE PINTURA
Sr. CavaJieri não fez uma exposição completa de sua5 telas,
que sobem ao número de 82.
Visitou-se hoje o pintor G Cavalieri, chegado ontem da Sentimos não poder fazer uma apreciação dos quadros
vizinha capital do Pará. do Sr. Cavalieri, pela insuperável razão de que nos falecem
O Sr. Cavalieri pretende expor nesta cidade, dentro de conhecimento especiais para o bom desempenho de uma
poucos djas, a sua numerosa coleção de trabalhos de pintu- tarefa dessa natureza.
ra, o que já tem realizado nos principais Estados brasileiros, Até onde podem chegar, porém, as impressões dum
merecendo da imprensa as mais lisonjeiras referências. profano. cumpre-nos declarar que. entre os trabalhos ex-
As suas telas são na quase totalidade referentes a pai- postos, quadros há que nos parecem dignos de figurar na
sagens e assuntos nacionais, sendo que a maioria djz res- galeria do mais experiente amador.·
peito a coisas de São Paulo, onde o artista reside. O Dr. Palmério Cantanhede comprou ontem, pela quan-
Sirva isto de aviso aos amadores de pintura, que agora tia de 350$000, o interessante quadro - Ave11111ras de 11111
vão ter ensejo de fazer aquisição de excelentes trabalhos. missionário.
( Pacotilha, 151911906. p. l). Hoje a exposição tem sido visitada por muitas famíl ias
e cavalheiros.
EXPOSIÇÃO DE PINTURA Ao que nos informam, o Sr. Cavalicri não seguirá para
o Sul no vapor que passa amanhã por este porto, dando
Chegou a esta capital, vindo de São Paulo, o Sr. G assim ensejo a que sua exposição possa ser largamente
Cavalieri, pintor que vem fazer uma exposição dos muitos apreciada.
e variados quadros cm número de 82 que trouxe. Corre agora ao público maranhensc o dever de corres-
Agradecemos o catálogo que nos ofereceu e a visitn ponder com o seu favor à gentilen\ do distinto artista.
(Pacotilha. 18/9/ 1906. p. 1).
que nos fez.
A exposição será feita, como lhe facultou S. Exa. o Sr.
governador, no alão do prédio do Diário Oficial. (Diário PINTURA
do Mara11hão, 151911 906, p. 2).
A exposição de pinturas do Sr. G Cavalieri estará aberta
diariamente até o dia 26. das 8 às 11da manhã. e do meio-dia
PINTURA
às 5 lioras da tarde. (Diário do Maranluio, l 8/9/ 1906, p. 1).
Do Sr. Giuscppe Cavalieri recebemos hoje um convite
EXPOSIÇÃO
para visitar a sua cxpo ição de quadros a óleo que terá lugar
hoje e amanhã nos salões da Repartição de Obras Públicas, O Sr. G Cavalieri continua até sábado a expor nos sa-
gentilmente cedidos pelo governador do Estado. lões da Tmprensa Olicial os seus quadros a óleo.
Gratos pelo convite. (A Notfcia, 17/9/1906, p. 1). A exposição está aberta todos os dias das 8 horas da
manhã às 11 e das 12 às 5 da tarde.
EXPOSIÇÃO

o Sr. G Cavai ieri dirigiu-nos convite para visitarmos a Amador - neste ca\o - ~ignifica colecionador de obras de ane:
apreciador. etc. Não confundir com PI TOR AMADOR. isto é.
sua exposição de quadros de pintura, aberta, como já dis- pintor com poucn pr:'111ca. iniciante, diletante. e tc.

~ 229~
~
~ LUIZ DE MELLO

Tem sido muito freqüentada por fam(lias e cavalheiros a GRANDE PIIBMIO:


exposição do inteligente pintor. (A Notícia, 19/9/J 906, p. 1).
Anísio Palhano de Jesus, Casimiro Machado, José
DESPEDIDA Maria de Lima & Filho.

Seguindo hoje, a bordo do vapor Alagoas, para a Capi- 1º PIIBMIO:


tal Federal, deu-nos o prazer de sua despedida o talentoso
pintor Giuseppe Cavalieri. Acrísio Marques Netto, Araújo Pena & Filho (Rio de
Feliz viagem. (A Imprensa, 19/911906, p. 1). Janeiro), Domingos de Castro Perdigão, Feliciano Primo
Parada, José Esteves Dias, Manoel Valente, D. Maria Si-
CAVALIERI mas Henriques, D. Vitorina Costa.
Seguindo para o Sul, hoje, a bordo do vapor Alagoas,
2° PIIBMIO:
veio trazer-nos as suas despedjdas o Sr. G Cavalieri.
Ao distinto artista desejamos muitas felicidades e uma
Antônio V. Pinto, Aristides Olímpio Barbosa, Anísio
boa viagem. (Pacotilha, 19/9/ 1906, p. 1).
Palhano de Jesus, D. Benedjta Xavier da Cruz, D. Carolina
DIPLOMAS C. Ribeiro, Domingos de Castro Perdigão, Francisco Ne-
ves dos Santos, Feliciano Primo Parada, D. Honorina Lima
A diretoria da Festa Popular do Trabalho fará entrega, Figueiredo, H.igino Gerinato da Serr<1 Ferreira, Joaquim José
no salão nobre da Câmara Municipal, em 18 do corrente, à Gomes, D. Maria de Sá Perdigão, José Esteves Dias, D.
l hora da tarde, dos diplomas aos expositores que foram Raimunda Xavier da Cruz.
premiados pelo júri da exposição realizada em maio do cor-
rente ano. (Pacotilha, 14/11/1906). 3° PIIBMIO:

BUSTO DE DIAS CARNEffiO Albino da Cruz Xavier, Eduardo J. de Albuquerque Mello,


Firmo Pereira, D. Severa Martins, José Maria de Lima & Filho,
O Sr. Zadock Pastor dirigiu ao escultor Bemardell i esta D. Zita de Carvalho Oliveira. (Pacotilha, 2011111906, p. 1).
carta, da qual foi portador o Sr. Mendes dos Reis.
flustre Sr. Rodolfo Bemardelli EXAMES
Rio de Janeiro
Em nome da Comissão Central encarregada de levantar Realizaram-se nos dias 29 e 30 do passado e 1ºdo cor-
neste Estado, na cidade de Caxias, um busto à memória do rente os exames de classe e definitivos das alunas do Co-
notável maranhense Dr. Francisco Dias Carneiro, venho à légio do Sagrado Coração de Maria, dirigido pelas senho-
presença de V. S.ª comunicar-lhe o trabalho da respectiva ras Zaíra Rosa e Almerinda Rosa.
escultura; porém, para o governo da referida Comissão As mesas foram presididas pelo Sr. Luiz Ory, atual ins-
desejo antes saber qual o custo do busto, cujo pedestal é 0
petor da Instrução Pública, sendo examinadores os Drs.
semelhante ao croquis junto. Inácio Carvalho, Raul Machado e o professor Domingos
Queria também que esse pedestal, em vez de ser de gra- Machado, lente desse importante e acreditado estabeleci-
nito, fosse de mármore, e além da respectiva dedicatória mento de ensino. (Diá r io do Maranhão, 3/12/1906, p. 2).
tivesse, nas faces em alto-relevo, a efígie de quatro outras
pessoas ilustres por serviços prestados à localidade. INÁCIO RAPOSO
Sendo assim, espero que me infonnará qual o aumento
de despesa-;, fazendo-me o obséquio de, com o cálculo de
Enche-nos de saúsfação registrarmos nestas linhas a
todo o custo necessário à obra, dizer as condições, isto é, se
figura distinta que este nosso talentoso conterrâneo e cor-
é possível dar algum prazo, embora pequeno, para o com-
religionário acaba de fazer na Academia de Belas-Artes, ao
pleto pagamento, pois temos já arrecadada boa quantia.
concluir com distinção todas as matérias do 3° ano.
Aguardo com urgência as vossas ordens.
Inácio Raposo tem recebido de seus próprios mestres
DeV.S."
Amigo, Cr" Obr° calorosos aplausos e altas demonstrações de respeito e
?.adock Pastor admiração ao seu talento reconhecidamente superior e bem
(Diário do Maranhão, 17/11/1906, p. 2). organizado.
Nós o abraçamos de cá, cheios de contentamento pela
FESTA POPULAR DO TRABALHO vitória alcançada e fazemos votos para que trabalhe cada vez
mais, com amor e coragem, a fim de engrandecer, com seu
Conforme anunciamos, efetuou-se anteontem, às 2 ho- nome já festejado e querido, o nome desta terra que lhe serviu
ras da tarde, no salão nobre da Municipalidade, a entrega de berço e que ele tanto ama. (A Imprensa, 711211906, p. 1).
dos diplomas aos expositores premiados pelo júri da Soci-
edade Festa Popular do Trabalho. CAFÉ RICHE
Presidiu a sessão o governador do Estado. TORNEIO
Ao ato compareceu grande número de pessoas gradas
da nossa sociedade. Reabrindo hoje, 20 de dezembro, os seus bilhares ex-
É esta a lista dos expositores premiados: clusivamente para jogar pessoas que respondam pelos

Q./Q) 230 Q./Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

seus atos, resolveu destinar 3 torneios para as maiores Esse móvel serve de estojo ao livro ricamente prepara-
tacadas, a começar de hoje às 6 horas da tarde e tenninar do cm que serão registrados os donativos feitos à causa
às 10 horas da noite do dia de Natal. das Águas. (Pacotilha, 19/311907, p. 1).
1ºprêmio: 12 garrafas de cerveja
2º prêmio: 1 caixa com charutos FALECIMENTO
3º prêmio: 1 garrafa com licor
Vitimado por uma congestão cerebral que sofreu on-
AVISO NECESSÁRIO tem pela manhã, perdendo logo a fala, faleceu hoje à 1 hora
da tarde Manoel Rodrigues Valente, antigo guarda-livros
Só é permitido jogar bilhar neste estabelecimento às da Companhia de Vapores.
pessoas responsáveis por seus atos. Contava o finado 79 anos de idade, e ainda não há um
Às 11 horas da noite fica encerrado o jogo para evitar mês enviuvou.
imprudências de quem quer que seja, exceto nas noites Era pai dos Srs. Manoel Valente, proprietário do Café
de maior folgança, como sejam: Natal, Anos, Reis, Carna- Richc, Antônio, Natalino, João e Tarquínio Valente, que se
val, etc. acha ausente, e sogro do Sr. João G da Rocha Junior, aos
Tempo de bilhar: quais bem como aos demais parentes do finado apresenta-
Durante o dia 1.000 a hora mos a expressão do nos o sentimento pelo desgosto que
Durante a noite l .400a hora. (Pacotilha, 20/1211906, p. 3). sofreram.
Em sinaJ de pesar pelo infausto acontecimento, está
1902 A 1906 cm funeral a bandeira da Companhia. (Diârio do Maranhão,
2513/1907, p. 2).
O Café Richc, na Praça João Lisboa, festeja o seu quar-
to aniversário no dia 24 de dezembro. UM RETRATO DE INÁCIO RAPOSO
Além de muitas outras iguarias apropriadas para essa
noite, haverá iluminação externa à gasolina, bandeiras, fo- Acha-se exposto na Galeria Rembrandt, na Rua Gon-
guetes e um enorme baJão japonês, o qual vai ser um ver- çalves Dias, na Capital Federal, um belíi-.!rimo retrato a óleo
dadeiro assombro para toda a população desta cidade. No com que o insigne pintor brasileiro Daniel Berard, lente da
mesmo Café vende-se e aluga-se candeeiros para gasoli- Academia de Belas-Artes, brindou o seu brilhante amigo e
na, assim como adoráveis mimos para o Natal, Anos e Reis. discípulo Inácio Raposo.
(Pacotilha, 22/12/1906, p. 2). Escusado é dizer que o trabalho é um desses primores
de arte que levam à posteridade nem só o nome do seu
BALÃO grande autor, como também o daquele que lhe serviu de
motivo.
O artista Bezerra Leite fará subir hoje à noite, na Praça O quadro representa o poeta no seu gabinete de estu-
João Lisboa, depois da missa na igreja do C:mno, um mag- do, sentado a uma mesa onde se vêem diversos livros e
nífico balão denominado O Chinês, medindo 30 palmos de revistas ilustradas; tem a mão direita apoiando a cabeça e
altura. a esquerda firmada a uma das pontas da aludida mesa; o
O balão tem dois bojos e duas circulações de lanter- olhar de uma expressão mí tica e serena indica a profunde-
nas. (Pacotillw, 24/12/ 1906, p. l ). .la da medüação em que se acha engolfado. Acaba de ler
um trecho da Bíblia que está aberta em frente do mesmo; e
FALECIMENTO daí parte a sua meditação sobre a imortalidade da alma,
conforme se depreende da leitura dos lindos versos de
Expirou hoje, pelas 5 horas da manhã, a Sra. Delfina Lcconte de Lisle que o eminente artista escreveu no ft111Jo
Maria do Rego Valente, consorte do nosso velho amigo do painel, acompanhados de uma dedicatória tão singela e
Manoel Rodrigues Valente. tocante como o laço que prende o espírito do poeta ao
O cadáver será inhumado agora à tarde, saindo o fére- espírito do pintor.
tro da casa da Rua da Estrela nº 68. Ao grande artista carioca e ao grande poeta maranhen-
Àquele nosso amigo e demais parentes da extinta apre- sc os nossos mais sinceros parabéns. (A !111pre11sa, 12/4/
sentamos a nossa expressão de sentido pesar. ( Pacotilha , 1907,p. l ).
213/1907,p. l).
VIAGEM
ORNAMENTOS
Em excursão comercial segue hoje para Manaus o nos-
o Sr. João Luiz da Silva, um dos infatigáveis promoto- so bom amigo Domingos Monteiro de Souza. proprietário
res da causa das Águas a Ribamar, trouxe ao nosso escri- da acreditada marcenaria na Praçd João Lisboa. (Pacori-
tório um belo móvel. preparado pelo inteligente marcenei- lha, 5/6/1907, p. l ).
ro maranhense Antônio de Oliveira Batista, já falecido, e
ao qual Nestablo Ramos. hábil operário das acreditadas AO PÚBLICO
oficinas do Sr. Domingos Monteiro de Souza, adicionou
excelente e expressiva pintura. figurando o primeiro Reser- O abaixo assinado, proprietário da conhecida Marce-
vatório da Moropóia, feito em 1898. naria Moderna tendo de ausentar-se por pouco tempo,

~23 1 ~
LUIZ DE MELLO

previne que deixou como encarregado de seu estabeleci- Durante esse dia encontrarão os amáveis fregueses
mento, tendo procuração para todos os seus negócios o que visitarem o referido Café, bebidas e refrescos de vári-
Sr. Nestablo Ramos. as qualidades, jogos de dominó e outras diversões.
O mesmo espera que continuem a dispensar ao seu À noite será servida variada ceia de iguarias especi-
estabelecimento as mesmas considerações que até então. ais, como sejam vatapá, pastéis, caruru , tortas de cama-
Maranhão, 5 de junho de 1907 rão e carne.
Domingos Monteiro de Souza. O salão acha-se caprichosamente adornado de lindas
(Pacotilha, 51611907, p. 3). paisagens, pintadas pelo exímio desenhista espanhol Ra-
basa - e que serJo também inaugurndas naquele dia.
BUSTO DIAS CARNEIRO Será oferecido um delicado mimo ao jogador que du-
rante esse dia fizer o maior número de carambolas, de uma
O nosso conterrâneo Zadock Pastor já contratou, na só tacada.
Capital da República, com o insigne escultor Rodolfo Ber- O torneio terminará às 10 horas da noite. (O Maranhão,
nardelli, a feitura do busto do glorioso maranhense Dias 26/10/ 1907, p. 1).
Carneiro, que será ereto na cidade de Caxias, terra do inol-
vidável poeta e industrial. RETRATO
O contrato foi eferuado em condições bastante favorá-
veis, graças aos bons ofícios de Coelho Neto, que foi quem O ilustre Dr. Barbosa de Godóis, diretor das escolas
fez o ajuste com Bemardelli. (Pacotilha, 19/8/1907, p. 1). Normal e Modelo, foi verdadeiramente surpreendido no
dia do seu aniversário natalício, quando chegou ao esta-
SEGUNDO SORTEIO DE MÓVEIS belecimento.
Em nome da Escola Modelo, a professora Maria Ma-
No depósito de móveis de Domingos Monteiro de Sou- chado ofereceu-lhe o seu retrato, colocando-o ao lado do
za acham-se à disposição dos que desejarem se habilitar do Exm.º Sr. Dr. Benedito Leite.
cm um segundo sorteio de móveis que correrá segunda- As alunas, cm número superior a 300, formando alas
fclra de Santa Filomena, os seguintes prêmios: que o seu diretor teve de atravessar, cantavam à sua pas-
I º prêmio - interessante mobíli a para sala, com 16 sagem diversos hinos, o que bastante o comoveu, mos-
peças; trando-se reconhecido à prova de consideração e afeto de
2º prêmio- uma bonita cama com pintura; que era alvo.
3° prêmio- uma cômoda com mármore e pintura; Com prazer damos conta do fato revelador do apreço
4° prêmio - importante porta-bibclô estilo art-noveau, aos bon e valiosos serviços que o nos o confrade presta
artigo de luxo. à instrução e à educação da infância, confiada à sua dire-
5º prêmio - um lindo costureiro estofado interiormen- ção, pelo que lhe apresentamos cmboras. (Di ário do
te, com seus respectivos acessórios.
1$000cada bilhete. .
Maranhiio, 121 11/1907,p.2).

(Diário do Maranhão, 2117/1907, p. 3).


ESCOLA MODELO
SORTEIOS Promoções verificadas no Curso Anexo- 2ª Aula do 2º
Ano: grau 10- Íris de Morae Rego, Rosa Chaury, Filome-
Vai haver variados sorteios de excelentes móveis, per-
na Lins, Nizcth Dias da Silva, E1•a11dro Rocha, Estelina
feito trabalho das oficinas do Sr. Domingos Monteiro de
Meireles e Edith Rabelo. (Pacoti/11a. 2011 1/1907, p. 1).
Souza, que tem depósito na Praça João Lisboa, ao lado da
igreja do Carmo, e aos que se referem os avisos publica-
AOS DESENHISTAS
dos nesta folha.
Já ti vemos ocasião de ver os móveis, e na verdade
Grande sortimento de artigos para desenho e pintura,
muito satisfeitas hão de ficar as pessoas que os obtiverem
especializando-se: tintas de aquarela em pães e bisnagas,
nos sorteios extraordinários do próximo domingo e segun-
em estojos de zinco e ricos estojos de madeira (do preço
da-feira. (Diário do Maranhão, 21/8/ 1907. p. 2).
de 1.500 a 3.000). godets. pincéis para aquarela e pintura a
BALÕES óleo, lápis, esquadros, pistolets. sa11ce, csfuminhos, p11-
11aisses, nanquim chinês em pau e líquido, lápis e crayons
&plêndidos balões de papel, de diversos tamanhos e para desenho a pastel, papéis, álbuns e desenhos.
cores vende-se no CAFÉ RlCHE para as elas es que deseja- NOS ARMAZÉNS TEIXEIRA
rem fazer corretamente as nom1ac; da tradicional festa de Nos- SEÇÃO DETIPOGRAVURA
sa Senhora dos Remédios. (Pacotilha, 15/ 1O/1 907, p. 3). (Diário do Maranhlio, 22/1 1/1907, p. 3).

INAUGURAÇÃO ANIVERSÁRIO

No domingo 27 do corrente mês será inaugurado o O popular Café Riche completa hoje o 5° aniversário da
Café Chique, na Rua Grande nº 6, com dois esplêndidos sua instalação, solenizando-o com divertimentos à sua
bilhares chegados ultimamente de Paris. abastada freguesia. (Pacotilha, 24/121 1907, p. 1).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

QUADROS NOVIDADES

O Sr. Francisco Mariano Filgueiras remeteu de Portu- O Café Riche iluminará hoje à noite a sua fachada.
gaJ, para serem colocados na capela de Nossa Senhora da Será inaugurado um novo aparelho para a venda de cha-
Conceição. do Anil. dois riquíssimos quadros. nos quais rutos, cigarros, refrescos, etc., denominado A Fortuna.
se vêem as efígies de Nossa Senhora da Conceição e do A charanga do vapor aJemão Rio Grande executará
Sagrado Coração de Jesus. (Diário do Maranhão, 21/1/ escolhidas peças, tais como a Trovador, Tosca e Guarani.
1908,p. 2). O proprietário do Café espera o comparecimento dos
amantes da boa mtísica. (Pacotilha, l 2/5/ 1908, p. 1).
DOAÇÃO
TRABALHO EM EXPOSIÇÃO
O antigo negociante desta praça Francisco Mariano
Filgueiras, que se acha atuaJmente em PortugaJ, enviou, Acha-se em exposição na vitrine dos Srs. Pedro Jun-
destinados à capela do Anil, dois riquíssimos quadros re-
queira & Cia. Sucessores, um bem-acabado trabalho em
presentando as imagens da Imaculada Conceição e do
ca11ão picado cm alto-relevo representando um mausoléu,
Sagrado Coração de Jesus. ( Pacotilha, 2 1/ 1/ 1908, p. 1).
com os retratos de O. Carlos I e D. Luiz Felipe, que irá
figurar na grande Exposição Nacional na Capital federaJ,
EXPOSIÇÃO
trabalho feito a canivete pelo nosso amigo Antônio Guter-
Na vitrina dos Srs. Pedro Junqueira & Cia., na Rua res Branco. (O Maranhão, 12/5/1908,p. I).
Grande, está exposto um quadro fiel do Terreiro do Paço.
em Lisboa, e devidamente assinalado o lugar em que se RETRATO DE ALMIR NINA
deu o atentado contra o Rei D. Carlos e seu fi lho. (Pacoti-
lha, 7/2/1908, p. !). Acha-se em exposição nas viuines dos Annazéns Tei-
xeira um belo retrato a crayon do pranteado clínico e edu-
PINTURA cador maranhensc Dr. Almir Nina.
O retrato que está extraordinariamente parecido com o
Tivemos ocasião de ver hoje o pano de boca com re- modelo fotográfico, é da lavra do nosso amigo Levy Da-
clamos que acaba de ser preparado pelos Srs. Antônio masceno Ferreira, curioso que, dia-a-dia, vai revelando uma
Rabasa e Carlos Coutinho. bela vocação artística, comprovada em muitos trabaJhos
O trabalho apresenta bonito aspecto, impressionando que ultimamente tem apresentado cm público. (O
bem. Maranhão. 15/6/1908, p. 1).
O novo pano servirá no primeiro espetáculo que hou-
ver no nosso teatro. (Pacotilha, 12/2/1908, p. 1). EXPOSIÇÃO

TRABALHO DE NESTABLO RAMOS Acha-se em exposição, por três dias, numa das vitrines
dos Armazéns Teixeira, um belo retrato a crayon do prante-
Acha-se exposto no depósito de móveis da Marcena- ado médico e profe sor maranhensc Dr. Almir Nina, traba-
ria Moderna, na Praça João Lisboa, um belíssimo aJtar con- lho do inteligente amador Levy Ferreira. (Diário do
feccionado nas oficinas daquela marcenaria para a Fazen- Maranhão, 15/6/1908, p. 2).
da Trotevalcza, do Dr. Tarquínio Lopes.
Dividido em três corpos, o trabalho obedeceu a dese- ORIGINAL TRABALHO DE
nho do operoso artista Nestablo Ramos, que igualmente MANOEL VALENTE
se encarregou dos trabalhos de pintura, inquestionavel-
mente digna de ser apreciada. Acha-se exposto cm nos a redação um quadro, em rica
A exposição durará poucos dias, visto ter o altar de moldura, contendo uma "Sugestão para a rcfonna da Ban-
seguir para o Pindaré na próxima semana. (Pacotilha, 14/ deira Nacional". trabalho do Sr. Manoel Valente, proprietá-
3/1908, p. l ). rio do Café Riche.
Q Sr. Valente conservou as cores do auriverde pendão,
CAFÉ RICHE
colocando sobre a esfera, no alto do losango, o barrete
TORNEIO
frígio, tendo ao centro o Sol, que cm nosso país tem sem-
Passando os bilhares deste Café pela refom1a dos mais pre a mesma opulência de luz em qualquer estação do ano.
anos, como sejam pano novo, bolas, taco . tabelas. etc. Da esfera, circundada por folhas de café e fumo, como
etc., resolveu o proprietário destinar os seguintes prêmios na antiga bandeira da monarqui:.. retirou a faixa que
para as maiores tacadas, a começar de hoje pelas 6 horas continha a inscrição ORDEM E PROGRESSO, conservan-
da tarde, terminando às 1Oda noite de segunda-feira. do, porém, as estrelas que simboli1am os Estados da
Acima destes prêmios, fica o prêmio de honra (uma União.
moeda de ouro da Inglaterra); é para toclos aqueles que É um trabalho realmente curioso, executado com gran-
quiserem contribuir com 2$000, e o número será limitado. de habilidade, e que o autor pretende enviar para o certa-
( ... )(Pacotilha, 28/3/1908, p. 1). me nacionaJ do corrente ano. (Pacotilha, 20/6/1908, p. 1).

<?/Q) 23 3 <?../(!)
LUIZ DE MELLO

INÁCIO RAPOSO RETRATO DE CARLOS FERREIRA COELHO


POR LEVY DAMASCENO
Noticiando a distinção que a Societé Astronomique de
França acaba de fazer a esse nosso conterrâneo, assim se Passa hoje a data natalícia do respeitável comerciante
exprimiu O Paiz, do Rio, em 29 de maio: de nossa praça, Sr. Carlos Ferreira Coelho, sócio chefe da
O Sr. Inácio Raposo, autor das Protofonias, acaba de firma Maya Sobrinhos & Cia., e presidente da diretoria da
ser distinguido com o tftulo de membro da Societé Aslro- Companhia de Navegação a Vapor do Maranhão.
nomique de França. Por esse motivo os empregados do escritório e da na-
Essa honrosa prova de apreço por parte daquela im- vegação daque la companhia fizeram-lhe hoje significati-
portante congregação de sábios foi devido aos inúmeros va demonstração de estima.
lrabalhos lilerários e cienlfjicos do nosso ilustre patr{- Ao chegar o aniversariante ao escritório, foi recebido
cio, publicados em Paris e em outras cidades da França. à porta por todos os empregados, que o abraçaram afetu-
(DiáriodoMaranhão, lºn/1908,p. l). osamente.
Conduzido à saJa das sessões da diretoria, que se acha-
RETRATO DE ALMIR NINA va bizarramente ornamentada, usou da palavra o guarda-
POR CÂNDIDO MANOEL DA CUNHA livros da companhfa, nosso amigo Altino Rego, que em
nome dos seus companheiros enalteceu os serviços pres-
Está em exposição na Farmácia Confiança um retrato a tados à companhia pelo Sr. Carlos Coelho e ofereceu-lhe
crayon do saudoso pedagogo maranhense Dr. Alrnir Nina. o seu retrato ricamente emoldurado e que se achava ins-
É um belo trabalho do nosso habilidoso conterrâneo talado no alto da parede da mesma saJa. O manifestado
Cândido Manoel da Cunha, a quem felicitamos. (0 agradeceu, comovido, aquela prova de afeição que lhe
Maranhão, 10/811908, p. 1). davam os seus empregados, expressando da melhor ma-
neira a sua gratidão.
RETRATO
O retrato foi preparado pelo amador Levy Damasceno
Ferreira e está um trabalho esmerado e artístico. (Pacoti-
Tivemos ocasião de ver um belo retrato do pranteado
lha, 1°/12/1908, p. 2).
Dr. Almir Nina, preparado pelo inteligente amador Cândido
M. da Cunha, residente na Rua Santo Amônio nº 24, onde
CAFÉ RICHE
se acha em exposição o aludido traba"1o.
O retrato é feito pelo processo foto-crayon. (Pacoti-
O Sr. Manoel Valente festeja amanhã o 6º aniversário
lha, 10/8/ L908, p. 1).
da abertura do seu acreditado Café Riche, na Praça João
Lisboa.
ÁLBUM FOTOGRÁFICO
Por esse motivo os habitués desse estabelecimento
encontrarão à noite grande quantidade de iguarias e tudo
Já vai bast:antc adiantado o serviço que os Srs. Aurig
o mais que é da pragmática para as clássicas meias-noi-
& Cia., fotógrafos atualmente nesta capital, estão fazendo
tes. (Pacotilha, 23/12/1908, p. 1).
para a formação do álbum que tencionam formar com 30
vistas de praças, prédios, estabelecimentos e ruas desta
capita l. RETRATO SOTERO DOS REIS
O álbum pronto custará 5$, e será acornpanJrndo o ser-
viço fotográfico de notas e explicações. (Diário do Brevemente o jovem poeta Vi Lhe na Brandão oferecerá
Maranhão, 20/8/1908, p. 2). ao Grêmio Literário Maranhense, do qual é membro, um
retrato a crayon do grande vernáculo nacional e glorioso
308 ANOS educador patrono da mesma instituição de letras. (Diário
do Maranhão, l 712/J 909, p. 1) .
Foi encontrado no quintal do Seminário Santo Antô-
nio e acha-se em nosso escritório um sinete de bronze FALECIMENTO DE JOSEPHINE ORY
pertencente aos frades menores que dirigiram em tempos
idos aquele convento e igreja. No dia 5 do corrente faleceu em Lisboa, onde se acha-
O sinete é de fonna elíptica, tendo no centro do verso va com sua filha e genro, D. Josepnine Ory, senhora de
uma coroa encimada pelo emblema da Redenção, e na base avançada idade, de nacionalidade francesa, e que muitos
duas mãos cruzadas. Circulam a coroa estas palavras: Si- anos residiu nesta capital.
gilurn. 3. A. Ordines Penitentia Maranhori, que podem A fin ada era viúva, mãe dos senhores Luiz Ory, pro-
ser assim traduzidas: Selo da Ordem Terceira da Penitên- fessor de desenho no Liceu Maranhense, e Fortunato Ory,
cia, no Maranhão. que reside no Pará - e sogra do negociante Antônio José
No reverso do sinete ainda se lê: Julho de 1600. da Silva Santos, que se acha e m Lisboa.
Tem, portanto, a ninharia de 308 anos, e, contudo, Aos filhos, genro e demais parentes da finada apre-
acha-se em perfeito estado. (Diário do Maranhão, 291 sentamos nossos pêsames. (Diário do Maranhão, 27/2/
10/J 908, p. I ). 1909, p.2).

~ 234 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

SOBRE PINTORES E ESCULTORES De Bronze


BRASILEIROS EM PARIS (...) Zadock Pastor(Caxias)

( ... ) O escultor Corrêa Lima já tem muito adiantado o (Diário Oficial do Estado, 19/5/1909, p. 5).
seu monumento, no qual trabalha sem repouso.
O escultor Eduardo de Sá trabalha atualmente na fi gu- RETRATO
ra do - Amor - do seu monumento. (O Maranhão, 17/3/
1909, p. l ). No depósito de móveis de Domingos Monteiro, na Prn-
ça João Lisboa, acha-se exposto um quadro com o retrato
RETRATO do Dr. Benedito Leite, trabalho a foto-crayon primoro a-
mcnte feito pelo competente artista Nestablo Ramos (Pa-
Na Farmácia Confiança, na Rua Vinte e Oito de Julho, cotilha, 21/5/1909, p. 1).
acha-se exposto à apreciação do público um esplêndido e
bem-acabado trabalho do hábil artista Cândido Manoel da RETRATO
Cunha. É um belo retrato a foto-crayon do falecido gover-
nador Benedito Leite. A tela, sem a moldura, mede 50x60. Tivemos hoje ocasião de ver um bem-acabado retrato
O trabalho acha-se à disposição de qualquer amigo do do distinto fil ólogo Sotcro dos Reis, o qual será breve-
falecido governador. (O Maranhão, 3l/3/ 1909. p. 1). mente inaugurado no salão de honra da corporação literá-
ria que tem o seu nome. O trabalho é a foto-crayon e foi
DR. BENEDITO LEITE
executado pelo jovem UI piano Vilhena Brandão. (Pacori-
lha, 22151 1909, p. 1).
No salão de leitura do Diário acha-se exposto o exce-
lente retrato a crayon cm meio-corpo do finado maranhcn-
RETRATO
sc, trabalho como já dissemos do hábil artista Cândido
Manoel da Cunha.
A Cooperativa Literária Sotero dos Reis inaugura ama-
Com a fotografia que acompanha o referido retrato,
pode ser feita a comparação para bem avaliar-se a perfei- nhã o retrato de seu patrono.
ção de tal trabalho. (Diário do Maranhão, 3/4/1909, p. 2). Para esse festival, que se revestirá de toda a solenida-
de, recebemos convite, gentileza a que nos confessamos
ATELI~ DE PINTURA
gratos. (Diário do Maranlulo, 291511909, p. 2).

O estimado artista Nestablo Ramos vai abrir brevemente, RETRATO


na Rua de Nazaré, um ateliê de pintura por processos mo-
dernos. Inaugurou-se ontem, na sede da Corporação Literária
São de sobejo conhecidos do público os trabalhos de Sotero dos Reis, o rctrnto do seu patrono.
Nestablo, que sabe aliar à peócia com que os executa o Nesta sessão usaram da palavra os sócios João Ribei-
mais perfeito cunho artístico. ro, João Caldas, Vicente Maya, Luiz G. dos Reis, Elias Ne-
É de crer, portanto, que seja lisonjeiramente acolhida ves, Brasil Neves e outros.
esta notícia. (Pacotilha, 11/511909, p. 1). Orou, ao encerrar-se a essão, o nosso confrade Antô-
nio Lobo, que animou os sócios a continuarem a jornada
DA LISTA DE PREMIADOS NA empreendida.
EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1908 Na próxima quinta-feira haverá uma sessão extraordi-
nária, a fim de tratar-se de importantes assuntos. (Pacoti-
JÚRI SUPERIOR lha, 3 11511909, p. I).
Seção IV
Artes Liberais - Segundo Grupo RETRATO
Belas-Artes - Medalha de Prata
Efetuou-se ontem, às 19.30 hora , a ).essão solene da
Pintura inauguração do retrato de Arthur Azevedo, factura de UI-
(...) Manoel Valente (capital) piano Brandão, no s:ilão de honra do Grêmio Arthur Aze-
vedo, na Rua Formosa nº44. (Pacotilha, 10/6/1909, p. 1).
Pintura Aplicada
Levy Damasceno Ferreira (idem) G~MIO LITERÁRIO ARTHUR AZEVEDO

5° Grupo - Fotografia Foi anteontem, às 7 horas da noite, inaugurado solene-


Grande Prêmio mente na sede dessa nascente agremiação literária o retra-
Gaudêncio Cunha (capital) to do seu patrono, o nosso saudoso conterrâneo Arthur
Azevedo.
Medalhas de Ouro Organizada a diretoria do Grêmio, o presidente, depois
(...) Gaudêncio Cunha (idem) de discursar sobre os fins do festival, convidou o nosso
confrade Fran Paxcco para presidir a sei.são e o repre en-
De Prata tante do governador do Estado para ocupar a cadeira de
(...) Gregório Pantoja (idem) secretário.

~ 235 <Vê)
LUIZ DE MELLO

Fran Paxeco tomando a palavra, discursou sobre a in- AVISO


dividualidade de Arthur Azevedo, mostrando a iníluência
dela na literatura nacional. Domingos Monteiro de Souza comunica aos seus amá-
Falou cm seguida o nosso confrade João Lima, que veis fregueses que mudou a sua oficina de marcenaria da
secundou os conceitos emitidos pelo orador precedente, Rua do Sol para a Rua Vinte e Oito de Julho nº 18, e como
terminando por dizer que Arthur Azevedo foi um dos vul- sempre aí se achará às suas disposições; bem assim faz
tos mais proeminentes e esforçados da mentalidade da ciente que neste estabelecimento tem pessoal habilitado
raça latina. para revelar qualquer encomenda de móveis, os quais se-
Ourante a sessão, que foi muito concorrida, tocou a rão preparadoi. com a máxima prontidão não só para fora,
banda de música do Corpo de Infantaria do Estado. (Diá- como para dentro do Estado, garantindo asseio e modici-
rio do Maranhão, 111611909, p. 1). dade nos preços. (Diário do Maranhão, 1611111909, p. 1).

EXPOSIÇÃO DE UMA 1ELA DE ALBERI' SEBILLE M. VALENTE

Acha-se cm exposição no Café Chie, na Rua de Nazaré, É assim que há muito tempo me assino, quer comercial-
um quadro demonstrativo da futura 1;squadra brasileira, mente quer particularmente; portanto, faço ainda este avi-
evoluindo cm linha de fila e tal como ficará depois, em so para as pessoas que não o sabem, o favor de quando
conjunto. onde se vêem os poderosos couraçados Minas, tenham nota, conta ou carta, assim fazer.
São Paulo e Rio de Janeiro. Desde já fico sumamente agradecido.
O quadro foi desenhado pelo talentoso pintor de mari- M. Valente,
nhas Albert Sebille. (Pacotilha, 18/611909, p. 1). proprietário do Café Riche.
(Pacotilha, 21/12/1909. p. 2).
S ENADOR COLARES MOREIRA
ALMOFADÃO DE CETIM
Regressou ontem da Capital Federal, como era espera-
do, o ilustre Sr. Alexandre Colares Moreira Junior, repre- Tivemos hoje ocasião de ver um delicado trabalho fei-
sentante do Maranhão no Senado da República. (...) to pela senhorita Antônia Maurícia Chaves, a ser oferecido
O desembarque efetuou-se às 8 horas da manhã, na ao nosso conterrâneo senador Antônio Lemos. O bem tra-
rampa do Palácio, onde aguardavam a chegada do sena- balhado serviço, que nos foi gentilmente mostrado pelo cô-
dor o Sr. governador do Estado, outras altas autoridades nego Chaves, é um Lindo almofadão de cetim, feito de fitas
verdes e amarelas entrelaçadas, tendo no centro um losan-
civis e militares, funcionários públicos federais, estaduais
e municipais e grande massa popular. go em que está pintada a casa onde nasceu aquele senador,
na Rua Grande. (Diário do Maranhão, 17/12/1909, p. l).
Achando-se ligeiramente incomodado, S. Exa. tomou
no porto de desembarque o carro do governador do Esta-
BUSTO DE DIAS CARNEIRO
do, posto ali à sua disposição, seguindo para o palacete
de sua residência.
Segundo noticia o Jomal do Brasil, o escultor Rodol-
Af aguardava o recém-chegado carinhosa manifesta-
fo Bemardelli está a concluir o busto cm bronze do no so
ção de apreço. Logo à entrada, a encantadora Santinha
saudoso conterrâneo Dr. Dias Carneiro.
Aroso ofereceu-lhe rica corbeille de ílores naturais. Na
O bu to será brevemente entregue, com o respectivo
sala de honni, onde já se achavam reunidas as pessoas que
pedestal de granito, à Comis ão que tomou a seu cargo
compareceram ao desembarque, foi-lhe entregue um magní-
promover essa grande homenagem à memória do poeta
fico retrato. trabalho do Sr. Nestablo Ramos e oferta de nu-
caxiense.
merosos amigos. Falou nessa ocac;ião o professor Benjamin
A inauguração será realizada em abri l vindouro, numa das
Mcllo, respondendo num eloqüente improviso e cm nome
praças de Caxias, indo assisti-la o Dr. Luiz Domingues, gover-
do homenageado, o nosso brilhante confrade Domingos
nador deste Estado. (Diário do Maranhiío, 17/211910, p. 1).
Barbosa. (Diário do Maranhão, 301811909, p. 1).
FREDERICO FIGUEIRA
RETRATO
Encontra-se exposto numa das montras dos Armazéns
Comemorando a data do aniversário natalício, que on- Teixeira um valioso quadro com o retrato do Sr. Frederico
tem transcorreu, do Dr. Juvêncio O. Matos, diretor do Ser- Figueira. ilustre presidente do Congresso do Estado. o
viço Sanitário, os empregados desta repartição tiveram per- qual lhe será oferecido pelos seus admiradores e amigos
missão do Governo do Estado para inaugurar no gabinete na próxima segunda-feira, às 19.30, na sua residência. (Pa-
do diretor o retrato do seu chefe. cotilha, 91411910,p. 1).
A cerimônia efetuou-se hoje, às 1Ohoras, estando pre-
sentes empregados de todo o depanamcnto do Serviço, RETRATO DE FREDERICO FIGUEIRA
em cujo nome falou o Sr. Aristides Ferreira, secretário inte-
rino, que fez entrega do retrato a crayon, finíssimo traba- Realizou-se ontem, às 19 horas, a projetada manifesta-
lho do Sr. Cândido Cunha. (Pacotilha, 13/911909, p. 1). ção ao nosso prezado amigo Frederico Figueira.

<VQ) 236 <VQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Partiram os manifcstan1es da Praça João Lisboa, prece- RETRATO DO MÉDICO AFONSO SAULNIER
didos da banda de música do 48º Batalhão de Caçadores. PIERRELEVÉE
Era grande a massa popular incorporada ao cortejo.
Chegados à residência do ilustre presidente do Con- Acha-se cm exposição, no nosso escritório, um retrato
gresso, orou em nome dos manife tantes o Sr. Benjamin do pranteado clínico Dr. Afonso Saulnier, finíssimo traba-
Mello, que lhe ofereceu o retrato como uma homenagem lho a óleo do inteligente anista maranhcnsc Ncstablo Ra-
sincera dos seus amigos e admiradores. mos, que inicia, agora. a confecção de retratos nesse gê-
Em seguida falou o Sr. Arthur Castro. nero, e de que há muito vínhamos carecendo.
Comovido, respondeu Frederico Figueira declarando É um trabalho nítido, ricamente emoldurado, que reco-
menda o artista que o executou, pela sua perfeição e feitu -
que jamais esqueceria o carinhoso acolhimento de que
ra bem-acabada. (Pacotilha, l 4/5/ 191 O, p. 1).
fora alvo na capital maranhense.
Tomaram parte na manifestação muitos deputados es- FALECIMENTO DO PINTOR LUIZ LUZ
taduais, autoridades, funcionários, etc.
O governador do Estado fez-se representar pelo Sr. Sucumbiu ontem à tarde, vitimado por antigos sofri -
Almeida Nunes, seu secretário. mentos, o Sr. Luiz Faustino dos Santos Luz.
O retrato de Frederico Figueira é um belo trabalho do O seu enterro efetua-se agora à tarde, saindo o féretro
nosso amigo Nestablo Ramos. (Pacotilha, 1214/ l 9 1O, p. 1). da Rua da Cruz nº 105.
O extinto deixa viúva e filhos, aos quais sentimcnta-
FREDERICO FIGUEIRA mos. (Pacoti/110, 16/5119 1O, p. 1).

Os amigos e admiradores do jornalista Frederico Figuei- FALECIMENTO


ra fi zeram-lhe anteontem à noite significativa homenagem.
Às 20 horas os manifestantes partiram da Praça João Faleceu nesta capital e sepultou-se ontem à tarde o Sr.
Luiz Luz, um dos nossos mai hábeis artistas.
Lisboa, dirigindo-se à residência do Sr. Frederico Figueira.
À sua desolada viúva e filhos apresentamos condo-
Recebidos pelo homenageado, orou o Sr. Benjamin Me-
lências. (Correio da Tarde, 17/5/1910, r. 1).
llo, que fez a entrega a S. Exa. de seu retrato a crayon.
Falou também o estudante Arthur Gomes de Castro, em FALECIMENTO
nome do Congresso Maranhense de Letras.
A todos respondeu o Sr. Frederico Figueira, agrade- faleceu ontem à tarde, vitimado por ani igos sofrimen-
cendo. (Diário Oficial do Estado, 13/4/ 191O, p. 3). tos, o Sr. Luiz Faustino dos Santos Luz. conhecido retra-
tista e pintor maranhcn e, cujos trabalhos ~e mpre se reco-
V ÁRIAS NOTAS mendaram pela nitide.lC perfeição.
O extinto goLava de grandes simpatias cm nosso meio.
A placa que hoje será inaugurada no princípio da Rua Deixou viúva e cinco filhos.
Rio Branco é um perfeito trabalho do rutista Ernesto Gero- O enterro efetuou-se agora à tarde. saindo o féretro da
sa. (Pacotilha, 20/4/1 9 1O, p. 2). casa na Rua da Cruz nº 105.
À viuva, filhos e mais parentes do finado enviamos os
ESCOLA DE APRENDIZES MARINHEIROS nossos pêsames. (Diário do Maranhão. 18/5/ 19 1O. p. 2).

REGISTRO CIVa
Foi ontem em visita a esta escola o Sr. governador do
Estado em companhia do capitão dos portos e capitão ÓBITOS- Dia 16: (...) Luiz Faustino dos Santos Luz, 45
ajudante-de-ordens. anos, maranhensc, congestão cerebral. (Oiárin do
Foi inaugurado o retrato do almirante Saldanha da Gama Maranhão, l 8/5/ 19 1O, p. 2).
na secretaria da escola, brindando o Sr. governador à Ma-
rinha e ao Exército e aludindo, com profundo entusiasmo. RETRATO
ao benéfico e salutar exemplo dado pelo comandante da
Escola dos Aprendizes, quando lhes apresentou o almi- Hoje de manhã inaugurou-se, num salão da Imprensa
rante Saldanha da Gama como modelo a seguir. (Pacoti- Oficial, o retrato do ilustre governador do Estado. (Pacoti-
lha, 20/4/19 10, p. 1). lha, 1_116/1910, p. 1).

PAULA BARROS FALECIMENTO

Na capital do vizinho Estado do Ceará deve inaugurar- No vizinho Estado do Piauí faleceu o Sr. José Damas-
sc hoje o Teatro José de Alencar. ceno Ferreira, prezado im1ão dos nol>sos amigos Levy e
Salomão Damasceno Fc1Tcira, aos quais apresentamos sin-
( ...) Os cenários foram pintados pelo artista Herculano
ceras condolências. (Correio da Tarde, 13/6/ l 9 l O, p. 1).
Ramos, sendo o jardim o mais arejado possível, atendendo
às condições do clima. As pinturas do p/afond e do foyer
MISSA
foram feitas, respectivamente, pelos Srs. Paula Barro e Ja-
cinto Matos. O mobiliário, expressamente encomendado na Adelaide Maria dos Santos Luz e seus filhos Luiz José
América, é um primor. (...) (Pacotilha, 1315119 1O, p. 2). dos Santos Luz, Dinorá Marina dos Santos Luz Waldcmi-
'

~ 237 ~
LUIZ DE MELLO

rodos Santos Luz. Califes Joana dos Santos Luz. tendo de Declarando aberta a sessão, dis e o nowl confrade
mandar celebrar uma missa pelo eterno descanso da alma que sempre se scnúu bem ao lado da mocidade e dos que
do seu sempre lembrado esposo e pai Luiz Faustino dos estudam, e melhor se sente agora no po to que ocupa, p:ua
San Los Luz, na manhã de 15 do corrente, às l ~. na igreja o qual fora designado pelo preclaro maranhcnse a quem em
do Carmo, convidam seus parentes e as pessoas da sua tão boa hora se acha confiada a administração do Estado.
amizade para assistirem a esse ato de caridade cristã. (Pa- Foi, então, dada a paJavra aos liccístas comissionados
cotilha, 14/6/ 19 1O, p. 2). pelos diversos anos do curso ginasial, fazendo-se ouvir
os Srs. Luís César, do lºano; Teivelino Guapindaia, do 2°;
ERMIDA Jo é Viveiros, do 3°; Raimundo Lopes, do 4°; Raimundo
Furtado da Silva, do 5º e Renato Cunha do 6º, sendo todos
Seguiu hoje para São José de Ribamar, cm cuja ermida muito aplaudidos.
vai ser instalado, um nicho destinado à Sagrada Família. Seguiu-se com a palavra o tenente Carlos Autran Dou-
A peça foi confeccionada na Marcenaria Moderna, e é rado, instrutor dos alunos do Liceu. A oração do distinto
em estilo art-noveau, impressionando admiravelmente no
oficial do nosso Exército, que dispõe de palavra fluente e
conjunto, pelo esmero e perfeição que lhe imprimiram.
fácil, foi entrecortada de aplausos que redobraram ao ter-
O Sr. Domingos Monteiro de Souza, proprietário da-
minar ele o seu discurso, quando teve ocasião de receber
quele importante estabelecimento de obras de marcenaria,
os cumprimentos da numerosa e seleta assistência.
preparou a linda peça para pessoa que oculta o nome e
que, cm cumprimento dum voto, a oferece ao glorioso san- Antônio Lobo declarou que a sessão ia ser encerrada
to que se venera naquela ponta da llha. com o descerrar do véu que encobria o retrato do grande
Tanto no fundo como no emolduramcnto do nicho, brasileiro Barão do Rio Branco, ato este que seria feito
vêem-se finíssimas pinturas, nítido trabalho do hábiJ ce- pelo chefe do Estado. Pediu, porém, às Exmas. fanu1ias
nó g rafo-desenhista Nestablo Ramos. (Diário do que, antes de se retirarem, percorressem as diversas de-
Mara11/ulo, Sn/1910. p. 1). pendências do estabelecimento, a fim de poder observar
como se acham dispostas, embora modestamente, com
ESTÁTUA DO DR. BENEDITO LEITE todos os requisitos do ensino moderno.
O Dr. Luiz Domingues, puxando o cordel da cortina
Acaba de chegar de Paris o projeto da estátua do pran- que velava o retrato, ergueu vivas à memória de José Boni-
teado e saudoso maranhense Dr. Benedito Leite. fácio, ao Barão do Rio Branco e à República.
Foi encarregado desse trabalho o Sr. Dccorchermont, Soaram, então, os clarins e o Hino Nacional, ficando
profes or de escultura da Escola Nacional de Anes Deco- assim inaugurado, no saJão de honra do Liceu Maranhen-
rativas de Paris, escola oficial da República francesa. se, o retrato do demarcador do território nacionaJ, retrato
A Comis ão Promotora de tão justa homenagem presta- que, como se sabe, foi oferecido ao liceístas pela Comis-
da à memória do grande morto mandou finnarcontrato para são dos Festejos a Rio Branco, em abril passado.
confecção do monumento, que demro de oito meses deverá
estar concluído. (Correio da Tarde, 30nl l 91 O, p. 1). NOS CORREIOS

INAUGURAÇÃO Consoante havíamos noticiado, foram hoje inaugura-


dos, no salão nobre da Administração dos Correios do
lnaugurar-se-5 solenemente, a 7 de setembro, na saJa Estado, às 1O horas, os retratos dos Drs. Francisco Sá,
de honra do Liceu Maranhense, o retrato do Barão do Rio ministro da Viação, Inácio Tosta, diretor-geral dos Cor-
Branco, que foi oferecido àquele estabelecimento pelos reios e Anhur AJrneida, atuaJ administrador neste Estado.
promotore dos festejos que aqui se realizaram por oca- O ato, que se revesúu de solenidade, foi assistido pe-
sião do aniversário nataJício daquele ilustre brasileiro.
los funcionários postais, usando da palavra o amanuense
Gratos pelo convite que nos fizeram os talentosos re-
Viriato Souza, o oficiaJ João Luiz e os Srs. Monteiro da
presentantes da mocidade maranhense.
(Correio da Tarde, 51911910, p. 1). Silva, inspetor regionaJ, em nome do diretor-geraJ, e Anhur
Almeida, agradecendo as homenagens.
O SETE DE SETEMBRO Ao Sr. Dr. diretor-geral foram transmitidos os seguin-
tes despachos:
A comemoração realizada hoje pela manhã, no Liceu "Sr. Dr. Inácio Tosta, diretor-geral Correios- Rio- Hoje
Maranhense, teve o encanto e a alacridade que a mocida- presença todo pessoaJ desta Administração foram solene-
de sabe imprimir às suas festas. mente inaugurados, gabinete administrador, os retratos de
O edifício do imponente estabelecimento de ensino V. Exa. e Sr. Dr. ministro Viação.
achava- e lindamente enfeitado em todas as suas depen- Congratulo-me eminente diretor serviço postal Brasil
dências. por essa justa homenagem prestada ao grande amigo dos
Às 9 horas, o Sr. Antônio Lobo, inspelor-geral da Ins- funcionários postais da República e cm nome V. Exa. tomei
trução Pública e diretor do Liceu, abriu a sessão solene, liberdade agradecer aos dignos colegas Correio Maranhão,
que se efetuou no salão da congregação. Tinha ele à sua a meu ver eficazes colaboradore~ na remodelação iniciada
direita o Dr. Luiz Domingues, padre Lcmercier, represen- por V. Exa., tão importante departamento administração pú-
tando o prelado diocesano, e tenente-coronel Abílio de blica. Saudações, Monteiro Silva, inspetor regionaJ."
Noronha; e à esquerda o Sr. Mariano Lisboa e capitão-de- "Diretor-geraJ Correios - Rio - Com satisfação levo
fragata Gonçalves Tinoco. vo so conhecimento que em presença todo pessoal. in-

~ 238 <VN
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

clusive Sr. inspetor regional, comemorando gloriosa data Por motivos que desconhecemos, a idéia da aquisição
hoje transcorre foi solenemente inaugurado no salão no- da coleção de Arthur Azevedo foi combatida e o Governo
bre desta repartição o vosso retrato e o do Ex mo. Sr. minis- não quis, ou não teve meios de adquiri-la.
tro Viação, em sinal gratidão pelos esforço pre tados clas- Felizmente, os coestadanos de Arthur A1cvedo tive-
se sois chefe supremo. ram uma compreensão mais generosa e mais esclarecida
Meu nome e todo pessoal Correios deste Estado apre- da questão, e cm troca de modesto patrimônio que vai
sento respeitosos cumprimentos, pedindo-vos digneis tomar mcno árdua a existência da viúva e facilitar a edu-
transmiti-los ao Exmo. Sr. ministro Viação. Saudações A. cação dos filhos de Arthur Azevedo, adquiriram uma cole-
Almeida." (Diário do Maranhão, 7/9/1910, p. 1). ção artí tica cujo valor cresce com o tempo e que consti-
tuirá um elemento de glória não só para quem a reuniu,
CORRESPOND~NCIA DO RIO como para os que souberam preservá-la da dispersão.(Do
Jornal do Comércio, de 15 de outubro último). (Correio
( ...) fatão abertas duas exposições de Belas-Anes: a daTarde, 1011111910.p. !).
anual da respectiva Escola e a dos trabalhos do conhecido
pintor Berard. PROFESSORA ESTRANGEIRA
Quer de uma, quer de outra falaremos em tempo e com
vagar. O que, desde já, posso afirmar é que na Pinacoteca Leciona a cnhoras e senhoritas, desde 8 anos, borda-
da Escola Nacional de Belas-Anes, breve a ser inaugurada do e rendas de todas as qualidades, flores. frutas, pinturas
no seu novo e majestoso edifício da Avenida Central, não a óleo. relevo, diversos sistemas a aquarela, met51ica, som-
existe produção de nenhum pintor maranhense, não obs- breada e esmalte, sobre veludo, esfumado, com tinta da
tan te possuir o Maranhão artistas que podem, sem des- C hina e japonesa; trabalhos cm couro, pirogravura, imita-
ção cristal, imitação porcelana, imitação biscuit e biscuit
douro, figurar nesse panteon da arte brasileira.
Dizem-me existirem boas telas de Tribua.i, João Manoel verdadeiro; a colorir retratos, a cortar por medida qualquer
figurino. a enfeitar velas para igrejas e comunhão; a au-
da Cunha e Franco de Sá. Seria para nós motivo de satisfa-
mentar e diminuir qualquer desenho ou postal por proces-
ção saber que, lidas estas palavras, houves e que se propu-
so rápido. Vende-se a combinação de tintas para saber
sesse a fazer desaparecer tão deplorável lacuna. (...)
preparar todas as cores. desenhos para renda irlandesa e
Rio, 3/911910
outras para pintura e bordados; moldes de vestido>: corta-
Álvaro de Castro
dos à medida pelos últimos figurino .
(Correio da Tarde, 24/9/ 19 1O, p. 1).
Todos estes trabalhos se aprende com fac ilidade por
processos rápidos; quem desejar pode aproveitar a oca-
VERBA
sião o mais breve possível. A tratar na Rua da Palma nº 23.
Madame Diaz
O Exmo Sr. Dr. governador do Estado, por ato de ante- (Pacotilha. 1211 li 191 O, p. 2).
ontem abriu crédito na importância de 10 contos de réis. a
fim de ser remetido à viúva de escritor Arthur Azevedo, JESUS MORA
por quanto o Estado fez a aq uisição dos quadros e obras
de arte pertencentes àquele escritor. (Diário Oficial do Afamado pintor espanhol oferece ao público desta ter-
Estado, 611OI191 O, p. 3). ra os seus serviços que consi. tem em letreiros. cenografi-
as, decorações, etc. - enfim tudo o que é concernente à
NOTAS DE ARTE arte da pintura.
A COLEÇÃO DE ARTHUR AZEVEDO Residência: Rua da Cruz nº 128.
(Diário do Mara11hão, 1011119 11, p.2).
o Dr. Luiz Domingues, governador do Estado do
Maranhão, acaba de fazer um ato que merece os encômios A EXPOSIÇÃO NACIONAL
de todos quantos prezam coisas de arte.
O ilustre maranhense adq uiriu para a Biblioteca de São O Sr. Domingos Perd igão recebeu co municação te le-
L uís a preciosa coleção de gravuras e outras obras de arte gráfica de que os diplomas e medalha:. concedidos aos
que pertenceram ao saudoso Anhur Azevedo. expositores deste Estado na Expo ição Nacional de 1908,
Quando faleceu o nos o malogrado patrício, lembra- devem aqui chegar pelo vapor Sergipe, que saiu do porto
mos aqui a conveniência de o Governo adquirir, ou para a do Rio no dia 2 1 do corrente mês. (Diário do Maranluio,
Galeria Nacional de Belas-Artes ou para a Bib lioteca Naci- 3 1/1/ 19 11 ,p. I).
onal, essa coleção que Arthu r Azevedo reunira com tanto
am or e tanto lrabalho, e mencionamos então algumas das FAZEM ANOS HOJE:
preciosidades que ela encerrava.
Parecia-nos que esse ato por parte da administração ( ...)O S r. Nestablo Ramos. (Diário do Maranhão, 4121
pública se j ustificava não só pelo fato de constituir um 19 11,p.2).
auxílio à viúva e aos filhos de Anhur Azevedo, pelo qual o
Estado recebia um patrimônio artístico valioso, como im- ENTREGA DE P~OS
pediria que se destruísse e se dispersasse uma coleção
difícil de ser organizada em qualquer país adiantado e qua- Conforme se vê do edital inserto no Diário Oficial,
se inconcebível em um meio como o nosso. realizar-se-á a 24 deste mês, no Palácio do Governo, às 1O

~ 239~
LUIZ DE MELLO

horas da manhã, a solenidade da entrega das medalhas e RETRATOS


diplomas concedidos aos expositores maranhenses pelo
júri superior do grande ccname nacional. Nessa ocasião (...) O capitão-tenente Rogério Siqueira inaugurou na
serão entregues não só os prêmios concedidos aos expo- sala das armas, sob o retrato de Tamanclaré. o quadro de
sitores residentes nesta capital. como aos do interior do honra pintado pelo Sr. Porciúncula de Moraes.
Estado que comparecerem ao ato ou se fizerem representar No referido quadro liam-se os nomes dos sargentos Mi-
por procuradores, ficando na Repartição de Obras Públi- guel Arcanjo Ribeiro, Milton Vasconcelos, José Ribeiro da
cas, onde poderão ser requisitados pelos interessados, os Síl va, Gemido Borges e do cabo Pedro Aniceto de A!cântara.
prêmios não distribuídos nesse dia. Sob o retrato do marechal Hermes estava o busto, em
A solenidade será pública para todas as pessoas que miniatura, do marechal Deodoro- fundador da República
desejarem assisti-la. - e, na carteira do comandante, os bu tos de todos os ex-
São os seguintes os prêmios aos expositores residen- chefes do País, desde a monarquia.
tes nesta capital: O retrato de Marcílio Dias, que é a crc1yo11, está numa
Grandes Prêmios( ...) Medalhas de Ouro(... ) bóia de salvação, tendo no alto, desenhada, a bandeira
Medalhas de Prata: que Barroso içou na Batalha do Riachuclo, no Paraguai.
( ...)Manoel Valente, Gregório Pantoja, Levy Damasce- (Pacotilha, 11/3/1911 , p.I). •
no Ferreira, Anísio Palhano de Jesus, Augusto César Mar-
ques. (... )(Diário do Maranlulo, 18/2/ 191 1, p.2). DR. LUIZ DOMINGUES

O PALÁCIO DA JUSTIÇA Foi inaugurado ontem, na secretaria do Quartel do Cor-


po Militar do Estado, o retrato do ilustre Dr. Luiz
Inaugurou-se hoje às 13 horas, conforme estava anun- Domingues. chefe do Poder Executivo. O ato teve cunho
ciado, o Palácio da Justiça, na Rua Afonso Pena. Ao ato, festivo, sendo assistido pelo governador do Estado e ele-
que se revestiu de toda a solenidade, compareceu cresci- vado número de convidados.
do número de convidados, entre os quais se viam distin- O Dr. Luiz Domingues chegou ao quartel às 15 horas,
tíssimas famílias, as mais altas autoridades civis, militares prestando-lhe continências os aprendizes marinheiros, sob
e eclesiásticas, o corpo consular, deputados, magistrados, o comando do tenente Haroldo, instrutor da escola, e o
advogados, funcionários públicos, comerciantes, repre- Corpo Militar do Estado, sob o do capitão Ascenço. Intro-
sentames da imprensa, etc. duzido no recinto o chefe do Estado. o tenente-coronel
O governador do Estado, acompanhado do seu secre- Abílio de Noronha, comandante do mesmo Corpo descer-
tário militar, chegou pouco antes das 13 horas, prestando rou o véu que cobria o retrato do Dr. LuiL Domingues.
o Corpo Militar as honras de estilo. S. Exa. foi recebido, no lendo significativo discurso. O Dr. Luiz Domigues respon-
topo da escadaria do palácio, pelo presidente e mais mem- deu mostrando-se grato a essa manifestação.
bros do Superior Tribunal de Justiça, sendo logo introdu- Aos presentes foi servido champanhe. (Diário do
zido no recinto, onde tomou assento ao lado do desembar- Maranluio, 13/3/ 1911, p. I ).
gador Reis Lisboa, licando à esquerda deste o Sr. Frederi-
co Figueira, presidente do Congresso Legislativo. RETRATO
O chefe do Estado, declarando inaugurado o Palácio
da Justiça, fez a entrega deste ao Sr. desembargador presi- Os guardas da Alfândega e grande número de empre-
dente, a cuja probidade, disse, confiava a guarda daquele gados marítimos foram ontem à noite, incorporados. à resi-
templo ~agrado. dência do Sr. Bernardo Pereira de Berredo, guarda-mor que
O desembargador Reis Lisboa leu um discurso de agra- foi da no!>sa Alfândega removido para a de Maceió. fazer-
decimento, enaltecendo a ação administrativa do Dr. Luiz lhe significativa demonstração de apreço.
Domingues. Acompanhou-os nesse ato louvável e digno o Sr. Ma-
Falaram, após, o desembargador Bezerra Menezes e o noel do Nascimento Júnior, que interinamente exerce o cargo
Dr. Mariano Costa, procurador do Estado junto ao Superi- que aquele funcionário ocupava.
or Tribunal. Recebidos pelo Sr. Bernardo Bcrredo com extremo de
O desembargador Reis Lisboa, a seguir, fez entrega do genti leza, uc;ou da palavra o Sr. Alberto da Si lva Fortuna.
retrato do Dr. Luiz Domingues ao Tribunal, convidando o Sr. comandante interino dos guardas, que, cm ligeira alocu-
Frederico Figueira a descerrar a cortina que velava o retrato. ção, expressou os sentimentos dos que ali se achavam,
Falou por fim o Dr. Lujz Domingues, agradecendo a fazendo ressaltar as qualidades do homenageado. ofer-
homenagem que lhe era prestada e significando que a acei- tando-lhe nessa ocasião um retrato a crayon. bem-acaba-
tava não só como chefe do Poder Executivo, senão tam- do trabalho de Cândido Cunha.
bém como maranhense e cultor do Direito. Aentrega do retrato foi feita pelo Sr. Nascimento Júnior.
O retrato, que é um belo trabalho a crayon, está colo- O Sr. Berredo respondeu com um bonito discurso que a
cado sob rico dossel de seda com as cores do Estado e todos impressionou, garantindo-lhes a sua sincera grati-
sobre a ctítedra da presidência, onde antigamente se via o dão a todos os bons amigos e leais companheiros que
grande quadro alegórico da Justiça. aqui deixava.
Finda a i.essão, o Dr. Luiz Domingues acompanhado
do presidente do Tribunal, percorreu todru. as dependên-
Na E<.cota de Aprendiz.es Marinheiro' foram in Jugurado~. no dia
cias do cdi fício, que estava ornamentado com sobriedade. 1213/19 11. º'retratos do marechal Herme> da Fon\CCa. do a lmi-
(Diário do Maranlião, 24/2/19 11, p.2). rante Tamandaré e do marinheiro Marcílio Di<l \.

~ 240 C:..,- (i)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Assistiram à manifestação mui Las famílias e cavalheiros. Achando-se presentes autoridades c ivis e militares,
A todos foi servido um profuso copo d"água. (Correio diversas famílias, cavalheiros e representantes da impren-
da Tarde, 28/3/I 911, p. I). sa, todos reunidos no salão de honra do edifício. o gover-
nador do Estado concedeu a palavra ao Sr. Albcno Pinhei-
MONUMENTO ro, diretor do internato, que, numa brilhante alocução,
mo trou os grandes benefícios que tra/.ia ao E tado aque-
Urna cornisc;ão de artistas procurou. no sábado último, le estabelecimento, e declarou que. para que todos os visi-
o Sr. intendente do Município, pedindo-lhe a precisa auto- tantes vindouro pudes. cm conhecer o fundador daquele
rização para ser colocada. no próximo dia 1° de maio, a instituto, ia ser inaugurado o retrato de S. Exa. o Dr. Luiz
pedra inicial do monumento à Minerva, na antiga Praça de
Domingues, benemérito governador do Estado.
Santiago, hoje Primeiro de Maio. O pedido obteve deferi-
Nesc;c momento as bandeiras nacional e do Estado,
mento. (Pacotilha, 17/4/1911, p. I ).
que velavam o quadro, se descerraram, aparecendo ore-
trato de S. Exa. ao ruído das palmas de todos os presen-
O CENTRO PORTUGuês
tes. O retrato é trabalhado a crayon e tem por baixo a
seguinte inscrição: - l-lo111e11agem ao Dr. Luiz Antônio
Foram ontem ao Palác io do Governo, a fim de convidar
Domingues da Silva, benemérito governador do Esta-
o chefe do Estado para a sessão inaugurativa do Centro
do, fundador do !11temato dos Educandos Artífices, em
Ponuguês, os Srs. Aníbal de Andrade, José Henrique CaJ-
lºdemaiode 1911.
deiras, Jzidoro Aguiar e Fran Paxeco, diretores daquela agre-
O chefe do Estado agradeceu, num vibrante di curso,
miação. Não pôde acompanhar os seus colegas, por doen-
a instalação do seu retrato naqueln sala e declarou inaugu-
te, o Sr. Alfredo Guedes Azevedo.
rado o estabelecimento. Em eguida S. Exa., acompanhado
O Sr. governador, com a gentileza que o distingue, en-
treteve uma larga e amistosa palestra com os comissiona- de todos os presentes. percorreu as diversas dependênci-
dos, prometendo assistir à referida se são, que e efetuará as do edifício. Ao. convivas foram servidas bebidas frias.
em 3 do mês próximo, como já dissemos. (Diário do Maranltão, 215119 11. p. l ).
Inaugurar-se-á. na ala das sessões, o retrato do Dr.
Teófilo Braga, eminente chefe do governo ponuguês. O O CINEMA CENTRAL
trabalho artístico foi feito pelo distinto amador Levy Da-
masceno Ferreira. Será orador oficiaJ, no ato. o nosso com- Foi uma festa agradável a que ontem se r~aJizou no
panheiro Fran Paxeco, secretário da prometedora associa- Cinema Central. na Rua Grande, por ocasião de ser instala-
ção. (Pacotilha, 24/4/ l 9 11. p. I ). da aquela ca a de diversões.
Desde as 18.30 começou a afluência ao locaJ.
RETRATO A iluminação elétrica dava belo aspecto ao edifício.
Mais tarde chegou a banda de música do Corpo Militar
Ouvimos que no próximo domingo se1ão colocados do Estado.
numa sala da Secretaria do Governo os retratos dos Srs. Pouco depois das 19 horas as sa las estavam api-
desembargador Reis Li ~boa, presidente do Tribunal de Jus- nhadas.
tiça, e Frederico Figueira, presidente do Congresso Legis- O Dr. Luiz Domingues e o coronel Frederico Figueira, a
lativo. O retrato do primeiro é trabalho do Sr. Levy Damas- quem foi dedicado o festival, chegaram às 19.30, tocando,
ceno Ferreira, e o do segundo foi preparado pela Fotogra- nessa ocasião, a banda de rn1ísica estadual.
fia União. (Di6rio do Maranluio, 24/4/ 1911. p. I ). Na sala principal. onde está pintada, a óleo. uma vista
de Turiaçu e outra do arrcbaldc Castanhal. na mesma cida-
AS FESTAS DE ONTEM NO INTERNATO de, viam- e o chefe de Estado e muitas famílias.
DOS EDUCANDOS ARTÍFICES As vi tas estavam cobena por um cortinado branco.
De vendou-as uma interes ante menina.
Tiveram grande brilhantismo, apesar da grande chuva Ao chefe do Executivo e às demais pcs~oas foi ervida
que desabou sobre a cidade, as festas em comemoração à uma taça de champanhe.
data consagrada ao Trabalho. Momentos depois, o Dr. LuiL Domingue acompanhado
Às 2 horas da tarde realizou-se a inauguração do Inter- do professor Benjamin Mcllo, entrou na saJa de projeções.
nato dos Educandos Artífice . v;brou uma salva de palmas, sendo o nome de S. Exa.
Meia hora antes efetuou-se o benzimento do edifício aclamado pelo auditório.
por monsenhor Vicente Ferreira Galvão, governador do O governador assistiu a esta manifestação, de pé.
Bispado, acolitado pelo padre Lcmercier. Serviram de para- Foram desenvolvidas cinco litas, que agradaram bas-
ninfos à cerimôn ia D. Aureliana Domingues da Silva, dig- tante. havendo três sessões à cunha.
na consorte cio Dr. Luiz Domingues, Frederico Figueira, Hoje funcionarão todos os trils cinemas.
presidente do Congresso Legislativo, coronéis Mariano (Pacotilha, 3/5/19 11 , p. l ).
Lisboa e esposa e Manoel Inácio Dias Vieira e esposa.
Às 2 horas da tarde chegou S. Exa. o Dr. Luiz RETRATO
Domingues. acompanhado pelo seu secretário panicular,
ca pitão Smith, e pelo deputado estad ual Virgílio O retrato do Dr. Luiz Domingues, inaugurado no Inter-
Domingues. nato dos Educandos Artífices, e o do Dr. Gilberto Frazão

~24 1 ~
LUIZ DE MELLO

Gonçalves. no gabinete da Inspetoria do Tesouro do Esta- DIA SOCIAL


do, são trabalhos de Levy Damasceno Ferreira. (Diário do FAZEM ANOS HOJE:
Mara11hão, 3/511911, p. l ).
( ...)O inteligente jovem Raimundo Porciúncula de Mo-
O CINEMA CENTRAL raes, hábil artista pintor que fez os lindos quadros que se
admira no Cinema Central.
(Correio da Tarde, 61511911, p. I).
Com extraordinária concorrência deu ontem o novo Ci-
nema Central a sua primeira representação.
SALVE, 6 DE MAIO DE 1911
Às 7 horas da noite, com a presença de S. Exa. Dr.
RAIMUNDO PORCIÚNCULA DE MORAES
governador do Estado, foi inaugurada aquela casa de di-
versão pública.
É hoje o aniversário natalício deste joYem e talentoso
Falou o Sr. Benjamim de Mcllo que produziu um discur-
cenógrafo, cujos primeiros ensaios acham-se ornando o
so análogo ao ato, saudando a S. Exa. Dr. Luiz Domingues,
Cinema Central, salientando-se ali a vista panorâmica de
que sempre cavalheiro e dedicado respondeu à saudação,
Turiaçu e a do seu vizinho Castanhal, a pitoresca Moro-
fazendo votos pela prosperidade do estabelecimento que
póia com os seus vastos poços.
naquele momento se inaugurava.
Trechos da Amazônia e dos poéticos campos de São
S. Exa. ao penetrar no salão foi recebido por perenes pala-
Bento, etc., berço do aniversariante Morncs, cujo maior
vras do povo e da família maranhense. tocando nessa oca- defeito que lhe conhecemos é a sua austera modéstia. e
sião a banda do Corpo Militar do Estado o 1Hno Maranhense. está destinado sem dúvida a ser uma das glórias do nosso
S. Exa. examinou o salão que se acha lindamente prepa- Maranhão. se este souber fazer justiça a tão raro talento.
rado, apresentando esplêndido aspecto. J.L da Si/\'(/
Nas paredes vêem-se pinturas, apmciáveis trabalhos do (Diário do Maranhão, 615119 J 1, p.2).
novel artista maranhense Porciúncula de Mornes, trabalhos
que têm merecido os elogios de todos quantos os vêem, pois RETRATO
o Moracs é um jovem que conta apenas 16 anos de idade.
EnLrc as pinturas, duas chamaram muito particularmente Esteve hoje no Congresso do Estado uma comissão de
a atenção de S. Exa. Dr. Luiz Domingues. São duas paisa- sócios do Tiro Maranhense, que foi convidar os deputa-
gens - Turiaçu e Castanhal. do a tomarem parte no festival que essa corporação reali-
Teve começo a exibição das fita.e, que fü.eram o excelen- zará na tarde do próximo domingo. Sabemos que serão
te programa de ontem. inaugurados, na sede do Tiro. os retrato do marechal
Que o Cinema Central progrida são os votos que faze- Hermes da Fonseca, presidente da República, e o do pri-
mos. (Correio da Tarde, 3/5/ 1911 , p. 1). meiro-tenente Beltrão Castelo Branco, organizador dessa
sociedade. (Diário do Maranhão, 10/5/19 11, p. l ).
O CENTRO PORTUGU~
RETRATO DE REIS LISBOA
Rcnli1.:ou-se ontem a sessão innugurativa do Centro
Republicano Português. Apesar da chuva torrencial, exa- lnaugu raram-~e hoje. às 3 horas da tarde, na sala de
tamente à hora em que se deviam principiar os trabalhos, despachos do Palácio do Governo. os retratos dos Srs. Fre-
às 19.30 estavam repletas as salas daquela agremiação. derico Figueira e desembargador Reis Lisboa, presidente
Chegou, pouco depois, o Dr. Luiz Domingues, achan- do Congresso e do Superior Tribunal de Justiça do Estado.
do-~c já presentes, além dos numerosos sócios, o Sr. Fre- O ato revestiu-se de caráter solene, comparecendo mem-
derico Figueira, presidente do Congresso, o Sr. Mariano bros dos poderes legislativo e judiciário, o Sr. bispo dioce-
Lisboa, intendente Municipal, o tenente-coronel Abílio No- sano, tenente-coronel inspetor permanente da Região Mili-
ronha, inspetor interino da Região Militar, o capitão-tenente tar, funcionários públicos e representantes da imprensa.
Rogério de Siqueira, comandante da Escola de Aprendizes O Sr. Luiz Domingues pronunciou um discurso, dando
Marinheiros, o Dr. Luiz Carvalho, deputado e diretor do Di- a significação da solenidade que expressa a harmonia e a
ário do Maranluio, uma comissão de três representantes independência entre os Três Poderes.
do Hospital Português, Luiz Espada, do Séc:11/o, Simões Aos presentes serviu-se champanhe, tocando as ban-
Coelho, Artur Paraíso, diretor do Diário Oficial, etc. das de música do 48" de Caçadores e do Corpo Militar do
A escadaria, em cujo patamar tocava a banda do 48, ata- Estado o Hino Maranhense ao serem desvendados os re-
petada, cheia de flores e luzes, dava ingresso a duas saJas de tratos. (Diârio do Maranhão, 12/519 11, p. l ).
ganida ornamentação. Nas paredes, dispostos com arte, viarn-
se os retratos de Teófilo Braga, cm ponto grande, dos Srs. A CAPITANIA DO PORTO
Bernardino Machado, Luiz Gomes, Xavier Barreto, Antônio
José de Almeida, Brito Camacho, José Relvas, Azevedo Go- O Sr. capitão do porto está desenhando os retratos do
mes, Afonso Costa, Azevedo d' Albuquerque e vãrias ban- almirante Marques Leão, ministro do Marinha, e do almi-
deiras. A impressão de conjunto ressaía agradabilíssima. rante Barroso, os quais pretende inaugurar na. ala de ex-
O retrato fo i descerrado pelo governador Luiz pedientes da Capitania, ao dia 11 de junho vindouro.
Domingues. (Pacotilha, 4151 19 11 ). (Pacotilha, 10/5/1911, p. l).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

INAUGURAÇÕES O quadro foi fei to a óleo pelo fotógmfo Guilhcnne Matos.


O ato revest ir-se-á de solenidades, nssistindo-o a ofi-
Foram inaugurados hoje, no gabinete do governador do cialidade da Armada e do Exército, autoridades e os mem-
Estado, os retratos dos presidentes do Congresso, Sr. Fre- bros da imprensa. (Pacotilha, 6/6119 11, p. I ).
derico Figueira, e do Supremo Tribunal de Justiça, desem-
bargador Reis Lisboa. (Correio da Tarde, 12151191l, p. I). BATALHA DO RIACHUELO

DR. LUIZ DOMINGUES Acha-se em exposição numa das vitrincs dos Anna-
zéns Teixeira o quadro comemorativo da Batalha do Riachu-
Constituíram-se em comissão os empregados do Tesou- clo, a ser inaugurado no próximo dfa 11 na Escola de Apren-
ro Público do Estado, Srs. Ermelindo de Souza Martins, dizes Marinheiros. (Diário do Maranluio, 9161191l, p. l).
Raimundo de Castro Menezes, Raimundo Pedro de Jesus,
Alexandre de Viveiros Raposo e Levy Damasceno Ferreira. INAUGURAÇÃO
com a devida cooperação dos seus colegas, para inaugurar
Será inaugurndo amanhã, às 9 horas, na Escola da
no grande salão dos trabalhos daquela repartição o retrato
Aprendizes Mnrinhciros, um quadro da grande Batalha
do Dr. Luiz Domigues da Silva, governador do Estado.
Naval do Riachuelo, cm presença de oficiais do Exército,
A comissão foi hoje, às 1Ohoras da manhã, a Palácio
da Guarda Nacional e muitos sócios da Linha de Tiro. (Di-
pedir permissão para levar a efeito a homenagem que vi-
ário do Maranlião, 10/6/1 9 1l, p. I).
nha de assuntar, sendo recebida gentilmente pelo chefe
do Executivo, que, agradecendo, concedeu a permissão. ONZE DE JUNHO
O retrato será inaugurado a 28 de julho. É trabalhado a
crayon, pelo Sr. Lcvy Damasceno Ferreira, que mandará O dia l J de junho, que constitui uma das maiores gló-
buscar no Rio as respectivas molduras. (Pacotilha, 3 1/5/ rias do Armada Nacional, porque relembra o extraordinário
19 11 ,p.2). feito de Riachuelo. cm que o legendário Barro'>o e os seus
valentes companheiros de annas deram ensejo a uma das
RETRATO páginas mais brilhantes da história - foi simples mas dig-
namente comemorado nesta capital.
Realizou-se sábado à noite a sessão magna de posse O ilustre capitão-tenente Rogério de Siqueira, digno co-
da Loja Capitular Rio Branco IV. mandante da Escola de Aprendizes Marinheiros, para sole-
O templo maçônico, na Rua das Flores, achava-se rica- nizar a passagem dessa data, fez inaugurar na -;ala de estu-
mente ornamentado, resplandecendo todo o azul da impo- dos um quadro comemorativo de tão memorável batalha.
nente vestimenta da loja, na plenitude das luzes fanas que Presentes o Sr. inspetor da Região Militar e seu secre-
cintilavam em todas as salas. Flores em profusão enfeita- tário o capitão Smith, representantes do Exmº governador
vam as porcelanas e os cristais do recinto, simetricamente Luiz Domingues, uma comissão de oficiais do Corpo Mili-
dispostos. Tudo ali denunciava a melhor ordem e o mais tar do Estado, representantes do comnndo superior da
acertado gosto. Guarda Nacional. diversas autoridades, jornalistas e mui-
Às 9 horas já e achavam presentes quase todos os tas outras pessoas, o capitão-tenente Rogério Siqueira
irmãos do quadro da Loja. e inúmeros membros da Loja procedeu à leitura de uma ordem do dia cm que relembrava
Capitular Beckman, alguns membros da Rio Branco IV e o o. grandes feitos das forças brasileiras na memorável Cam-
venerável da Loja Bcckman. panha do Paraguai, frisando o heroísmo da nossa Armada
(... ) Tenninada que foi a cerimônia da posse, um grupo na sangrenta Batalha do Riachuelo.
Tcnninada a leitura, foi desvendado o magnífico quadro.
de gentis senhoritas assomou ao vestíbulo do templo, tra-
Em seguida fo i servido champanhe. falando o capitão-
zendo o estandarte da Loja.
tene111e Rogério de Siqueira e o 1enen1c-coroncl Abílio de
Entusiásticas palmas fizeram a esplêndida recepção do
Noronha. (Correio da Tarde, 13/6/19 11 , p. I ).
símbolo.
O lindo estandarte é uma obra primorosa, que se deve
RETRATO
a uma inteligente moça e ao conhecido artista Nestablo
Ramos que pintou sobre a seda. no centro do estandarte, Já está em exposição na Farmácia Confiança o retrato
a esfinge do Visconde do Rio Branco, patrono da Loja. do I:xmo. Sr. Dr. governador do Estado, o qual vai ser ins-
Levantou-se então, com a palavra, o distinto delegado talado na ala de aula de fí ica e química do Liceu Mara-
interino Sr. Fran Barros, que ofertou à Loja o formo o sím- nhen e, por iniciativa do Dr. Almeida Nunes, lente cate-
bolo. (Correio da Tarde, 516119 l l , p. I). drático desta última matéria naquele estabelecimento.
O trabalho, que está de uma perfeição admirável, é obra
A BATALHA DO RIACHUELO do fotógrafo Cândido Manoel da Cunha e está encerrado
cm elegante moldura. (DiáriodoMaranhüo, 17/6/1911 , p. I).
Em homenagem à Batalha do Riachuclo, um dos feitos
mais gloriosos da Marinha Nacional, o capi1ão-1eneme Ro- RETRATO
gério Siqueira, comandante da Escola de Aprendizes Mari-
nheiros, inaugurará no próximo domingo, na sede dessa A iniciati va da colocação do retrato do Dr. Lui z
escola, um quadro representativo da batalha. Domingues na sala de aula de física e química do Liceu

<:./(!) 243 C:.,,Q)


LUIZ DE MELLO

Maranhense partiu dos Srs. Drs. Lui1 Serra de Moraes O programa comemorativo será, cm traços gerais. o
Rego e Almeida Nunes, lentes catedráticos dessas matéri- que se segue:
as naquele estabelecimento de ensino. (Di6rio do Alvorada às 5.30, hasteando-se, no edifício do Centro, a
Maranluio, 19161191 1, p. I ). nova bandeira lusitana; a banda do 48 de Caçadores tocará
A Portuguesa; ouvir-se-á, a essa hora, uma nutrida salva.
DR. LUIZ DOMINGUES Ao meio-dia.junto ao mesmo edifício, na Rua da Paz,
15, executará vários trechos, entre eles o hino A Portugue-
Já se acha pronto o retrato do benemérito governador sa, a banda de música do Corpo Militar do Estado; dar-se-
do fatado, Dr. Luiz Domingues, que tem de :-.er inaugurado á, então. outra salva.
no gabinete de química do Liceu Maranhense, por ocasião Às 19 horas haverá uma sessão solene. De\'cm falar os
de sua refonna. Sr;. coronel Frederico Figueira. Dr. Aníhal de Andrade,
O trabalho foi levado a efeito pelo hábil fotógrafo Cân- Antônio Lobo. Dr. Raimundo Ramos. Luto Torres, Domin-
dido Cunha e é de apreciável correção. (Correio da Tarde, gos Barbosa e Fran Paxeco.
lºn/ 1911, p.I). Inauguração do retrato, em ponto grande, do eminente
Dr. Antônio Luiz Gomes, ministro plenipotenciário da Re-
RETRATO pública Portuguesa na República Brasileira. O trabalho foi
efetuado pelo distinto amador Lcvy Damasceno Ferreira.
Acha-!-ic cm exposição no depósito de móveis do Sr.
(Pacotilha, 2/10/1911. p.I).
Domingos Monteiro de Sou.rn um quadro de S. Exa. o Sr.
Dr. Lui1 Domingues.
MAJOR SMITH
O trabalho. que foi executado a crayon, é obra do Sr. Levy
Damasceno Ferreira. (Diário do Maranluio, 6/7/1911. p. I ).
Teve lugar ontem ao meio-dia a inauguração do retrato
SANTA CASA do major João Pedro Smith no salão do comando do Corpo
Militar do Estado.
Reali1ou-se hoje às 8 horas da manhã a inauguração da O ato, revestido de grande solenidade, foi assistido
sala de aparelhos da Santa Casa de Misericórdia. Estando por S. Exa. o Dr. Luiz Domingues, coronéis Virgílio
presentes o govemador do Estado e seus secretários civil e Domingues e Mariano Lisboa. e outras pessoas gradas.
militar, coronel Virgílio Domingues e major João Pedro Smi- Por ocasião da cerimônia o tenente Sabino Cfunara, numa
th, rnembroc; da Mesa Adminic;Lr.itha dessa as..,ociação. to- bela alocução na qual re,·elou a simpatia cxi\tente entre os
dos reunidos na sala a ser inaugurada, o monsenhor Vicen- seus colegas e aquele disúnto oficial. que de longo tempo
te Galvão, ajudado por frei Miguel. procedeu ao benzimento vem sabendo honrar a sua farda. ofereceu-lhe o retrato, sen-
desse compartimento, que se chama Sala Afonso Saulnier. do as suas palavras respondidas pelo homenageado, que
Terminada essa cerimônia, pediu a palavra o desem- comovidíssimo agradeceu a manifestação de que era alvo.
bargador Tasso Coelho de Sou7a, que cm nome da Santa Terminado o ato foi servido profuc;o copo d':ígua, per-
Casa agradeceu ao Dr. Luiz Domingues o grande auxílio co1Tcndo cm seguida o Sr. governador do falado as depen-
que prestou a essa instituição pia, tenninando por pedir dências do quartel. (Di6rio do Maranluio, 6/ I 1/191 1, p. l).
permissào a S. Exa. para ser inaugurado o seu retrato na
sala de honra. Seguiu-se com a palavra o Dr. Tarquínio NESTABLO RAMOS
Lopes Filho que foi muito aplaudido.
Findo esse ato. todos os presentes dirigiram-se para o Segue para a Bahia, fazendo parte da orque~Lra da Com-
salão de honra a fim de assistirem à inauguração do retrato panhia Pablo Lopez. o Sr. Nestablo Ramos que veio trazer-
de Lui1 Domigues. Ali discursaram o Dr. Godofredo Viana,
em nome da Santa Casa, produzindo uma belíssima alocu-
ª"
nos suas despedidas. (Pacotilha, 4/4/1912, p. l ).
ção, e por fim o chefe do Estado, agradecendo a lembran- NESTABLO RAMOS
ça, sendo ambos muito aplaudidos.
À porta do edifício tocou a banda de música do Corpo
seguindo para a Bahia com a Companhia Pablo Lopez,
Militar do fatado. (Diário do Maranluio, 3/8/ 191 1, p. I ).
com destino ao Rio de Janeiro, despede-se por este meio
das pessoas de sua amizade e dos seus colegas.
DESPACHOS DO GOVERNADOR
Maranhão, 4de abril de l 912. (Pacoti/luz, 4/4/1912, p.3).
Dia 25 de julho de 1911:

( ... ) Lcvy Damasceno Ferreira, !)egundo escrituário do CAFÉ RICHE


Tesouro do Estado, requerendo Lrês meses de licença, com
ordenado, para tratar-se onde lhe convier. - Sim. (Diário Passa-~e este acreditado e bastante afreguesado esta-

Oficial do Estado, 13/8/ l 911, p. I). belecimento à Praça João Lisboa. Quem pretender, será fa-
vor aparecer para tratar negócio. (Pacotilha, 18/4/1912, p.3).
O CENTRO PORTUG~S
AO COMÉRCIO
Esta freqiientada agremiação vai festejar o próximo dia
5 de outubro. data em que se completa o primeiro aniversá- Os abaixo assinados levam ao conhecimento do co-
rio da República Portuguesa. mércio e do público que, nesta data, compraram, livre e
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

desembaraçado de qualquer responsabilidade do Sr. Ma- Os outros serão verdadeiras surpresas, que para maior
noel Valente, as mercadorias, móveis e utensílios existen- triunfo, guardaremos sigilo.
tes no seu botequim denominado Riche, na Praça João Os cupons devem vir em cartas fechadas, dirigidas ao O
Lisboa. Canhoto, Rua 28 de julho nº 53. (O Canhoto, 3/ l l/ 1912, p.3).
Maranhão, 29 de abril de 1912,
Lino Moreira & Companhia AS DATAS
Confirmamos a declaração supra.
Maranhão, 29 de abril de 1912 Conforme noticiamos, reuniram-se ontem à noite os
M. Valente membros da Comissão Central e Parcial dos festejos de 15
(Diário Oficial do Estado, 2/5/ 1912, p.3). a 19 do corrente.
Foi nomeada uma comissão composta dos Srs. major
AO COMÉRCIO Gameiro, Pedro Paulo de Araújo, capitão Alteredo e tenen-
tes-coronéis Laurentino Gomes da Mota e Antônio Maci-
O abaixo assinado pede às pessoas que se julgarem eira, para convidar os Srs. governador do Estado e inten-
credoras o favor de apresentar suas contas para serem dente Municipal, a fim de tomarem parte nos festejos e
conferidas e pagas na Rua do Quebra Costa, junto ao Paço. prestar o seu auxílio aos mesmos.
Manoel Valente O programa será organizado na próxima semana. de-
(Pacotilha, 11511912, p.3). vendo ser publicado no dia 10.
No centro da Praça Deodoro será colocado um bem
DA LISTA DE PRODUTOS ENVIADOS PARA preparado retrato do Marechal Deodoro, trabalho do pin-
FIGURAREM NA EXPOSIÇÃO tor Fim10 Luz.
Para obter os retratos dos próceres da República e or-
(... ) Carlos Brandão Storry - 4 quadros de pintura a ganizar os andores que têm de tomar parte no cortejo cívi-
óleo; co, foram designados os Srs. capitão Artur Pinheiro, te-
Eunice Machado - 1 quadro a aquarela; nentes-coronéis José Moreira de Albuquerque e José Joa-
Auta Mau1ícia Chaves - l quadro a aquarela; quim Ribeiro.
Lcvy Damasceno Ferreira - l coleção de 1Oquadros a A comissão pede a todos aqueles que receberam listaS,
crayon, aquarela e óleo. (Pacotilha, 5/9/1912, p.2). o obséquio de enviá-las, com a importância angariada, :io
tesoureiro José Francisco Jorge. (Pacotilha, 6/1 1/ 1912, p.2).
DA LISTA DE EXPOSITORES PREMIADOS NA
EXPOSIÇÃO DO TRICENTENÁRIO PRIMORES DE ARTE
DA FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS
O nosso prezado amigo, Sr. coronel Jerônimo Bacelar,
Grandes prêmios: que há pouco voltou da Europa, teve a penhorante genti-
(...) Professor Luiz Ory - pelos seus quadros de pintu- leza de nos oferecer três esplêndidos bustos, feitos na
ra a óleo e aquarela, sépia, desenho a lápis, esfuminho, fábrica de cerâmica de Caldas da Rainha, fundada pelo
carvão e penas. imortal Rafael Bordalo Pinheiro.
Primeiros Prêmios: Representam o férreo Alexandre Herculano, que ele de-
( ...) Levy Damasceno Ferreira - pelos seus quadros de dicou ao Dr. José Barreto. nosso redator-chefe: o incom-
pintura a óleo ao natural. (Diário Oficial do Estado, 23/9/ parável Eça, que ele ofertou à Pacotilha; e a República Por-
19 12,p.3). tuguesa, formosamente moldada, que ele destinou ao nos-
so companheiro Fran Paxcco. (Pacotilha, 19/1111 912, p. I ).
A ELEGÂNCIA
A ELEGÂNCIA
Continua bem animado entre as senhoritas, o nosso
concurso de elegância, cuja apuração será feita, não hoje, O presente concurso, conforme noticiamos terminará
como dissemos no número anterior, mas alguns domingos no dia de Natal. O Canhoto circulará nesse dia, cm edição
depois da festa. especial, trazendo o resultado geral do concurso. O 1º prê-
o primeiro prêmio, que será um belo quadro executado mio que será entregue à senhorita que obtiver maior míme-
pelo futuroso e conhecido pintor Porciúncula de Moraes, ro de votos acha-se exposto até hoje, no alão de espera
já eslá em preparo. Os demais prêmios ainda não estão do Ideal Cinema. É uma pintura a aquarela, trabalho do
determinados. (0 Canhoto, 27/10/19 12, p.2). habilitado jovem Porciúncula de Moraes.
Vai abaixo a votação conhecida até hoje:
A ELEGÂNCIA Regina Jucá 333
Lília Botelho 330
De hoje em diante, só publicaremos os nomes das se- Laudicéa Jucá 327
nhoritas que tiverem de 10 votos para cima. Odija Nogueira 32.6
o primeiro prêmio, como já dissemos no nosso número Maria José Moreira 325
anterior, será uma bela alegoria, trabalho do futuroso jo- NaizaSouza 215
vem Porciúncula de Moraes, a qual já está quase concluí- Virgínia Wall 202
da, sendo por estes dias posta em exposição. Bembém Meirelles 200

~ 245 ~
* Santinha Arozo
Ozitha Bumett
Antoninha Maya
187
165
159
LUIZ DE MELLO

3ºLugar-400
BF.MBEM MEIRElLFS
Maranhense que se distingue, já pela sua elegância
Caçula Nogueira 157 bem moldada, já pela meiguice que a orna.
Cotinha Moita 133 A todas essas três distintas patrícias, O Canhoto pres-
Yictorinha Mendonça 127 ta hoje, dia do Natal de Cristo, as merecidas homenagens a
Melinha Costa 121 que fazem jus. apresentando-lhes ao mesmo tempo os seus
Regina Carvalho 95 efusivos parabéns.
Nazareth Costa -xi Obtiveram também votação elevada: Regina Jucá, 385,
Dinah TeiJceira 6S Maria Jo é Moreira, 380; Naiza Sousa, 367; Lília Botelho,
Sinhazinha Costa 62 360; Virgínia Wall, 357; Santinha Arôzo, 300, Caçula No-
Jessie Saltes '$ gueira, 290 e outras menos votadas.
Quetinha Pereira 49 É o quadro a aquarela que por muito tempo esteve
Eunice Machado 45 exposto no salão de espera do Ideal Cinema, que será en-
Neuza Aranha 40 tregue por uma comissão à senhorita do primeiro lugar.
Yinólia Pinho TI Também às outras que se seguem serão levados lindos
Laura Gameiro 30 mimos.
Marietta Souza 30 No quadro, acha-se a seguinte inscrição: À elegante
Zezé Jorge 30
senhorita Odija Nogueira, humilde homenagem d'O Ca -
Maricota Castro 22
nhoto. (O Canhoto, 25112/1912, p.1 ).
Marietta Perdigão 21
Lília Rocha de Souza xi
OS DESCENDENTES DE ODORICO MENDES
Anicota Godinho xi
Nhazinha Martins 15
Helozina Calvei 15 O nosso patrício professor e publicista cm São Paulo,
Maud Pereira 10 Dr. José F. Oliveira, ora residente na Europa, encontrou
Edith Ribeiro 10 todo devastado no Cemitério de Kcnsal Grecn, em Lon-
Os cupons devem vir em cartas, dirigidas a O Canho- dres, conforme o artigo de S.S. que já publicamos, o túmu-
to, Rua 28 de julho nº 53. (O Canhoto, 8/ 12/ 1912, p.3). lo de Odorico Mendes, o insigne tradutor de Homero e
VlftlíliO, ali sepultado a 20 de agosto de 1864. Zeloso das
A ELEGÂNCIA glórias nacionais, o Sr. José Feliciano, com o concurso
efetivo do Dr. Oliveira Lima, nosso representante diplomá-
Após umas quatro rápidas semanas de franco sucesso tico em Bruxelas, após haver bem autenticado aquela se-
tennina hoje este nosso concurso, que bastantes sauda- pultura, fez restaurá-la, pondo-lhe em cada extremidade
des nos deixa. uma lápide comemorativa. A in crição em português é do
O pleito corTeu animadíssimo como o provam os núme- Sr. José Feliciano de Oliveira, a dos dizeres cm inglês do Sr.
ros anteriores, agüentando a rapaziada alegre d' O Canho- Oliveira Lima.
to, sem desanimar, firme, a nota brilhante do concurso. Não contente com esta demonstração de piedade pa-
A apuração foi feita com todo o rigor, saindo justamen- triótica, o Sr. José Feliciano, inquirindo de lembranças que
te vencedoras as três senhoritas abaixo, às quais talvez porventura houvesse Odorico Mendes deixado na Euro-
esta distinção vá ferir de perto as suas modéstias. pa, veio a descobrir, num lugarejo perto de Paris, uma neta
Mas as elegantes premiadas, decerto, terão compla- do nosso ilustre patrício, filha de uma filha que ele ali casa-
cência para conosco e perdoar-nos-ão por algumas faltas ra. Esta senhora é professora, poetisa e desenhista.
que porventura tenhamos cometido: Um seu filho, bisneto de Odorico Mendes, é pintor,
lº Lugar-530 escultor, poeta e músico. Seu avô paterno é o diretor do
ODIJANOGUEIRA Conservatório Samuel de Gand (Bélgica) e ele se chama
Muito digna, incontestavelmente deste lugar elevado
Rcnê Samuel. Este rapaz está pintando, por uma fotografia
em nosso modesto jomalzinho.
de Odorico Mendes, conservado na família, o retrato do
O seu retrato, embora em breves traços, já foi feito a
seu ilustre bisavô. (Pacotilha, 22/ 1I19 13, p. I ).
lápis pelo nosso companheiro Feijó, em nossa 1O" edição,
portanto são desnecessários mais detalhes sobre a ele-
gância e porte esbelto da simpática e distinta vencedora. GONÇALVES DIAS
Resta somente coroar-lhe a fronte angelical com os
loiros das nossas homenagens. O Dr. Virgílio Guedes Corrêa Lima, telegrafista atual-
2º Lugar- 412 mente encarregado do serviço do escritório da nossa Es-
LAUDICÉIAJUCÁ tação Telegráfica, mostrou-nos um busto do grande poeta
Senhorita, filha das majestosas ten-as pernambucanas, rnaranhense Gonçalves Dias.
dotada de rara elegância, fis ionomia sempre alegre e ex- O busto, moldado em argila de Arari, é um trabalho
pansiva, impõe-se a todos que têm a feliz dita de conhccê- bem-feito e merecedor de elogios.
la de perto. O Dr. Virgílio Lima ofereceu o busto ao eu amigo Pal-
Pois são bem justas as homenagens prestadas a tão mério Lemos, que vai expô-lo na vi trine dos Armazéns Tei-
elegante brasileira. xeira. (Pacotilha, 2213/1913, p. l).

Q/ê) 246 Q/ê)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

RETRATO UMA INAUGURAÇÃO

Realizou-se ontem, às 8 horas da manhã, nesta associ- Teve lugar no dia 14 do passado, na sala de honra de
ação pia, uma sessão solene com o lim de inaugurar na nossa redação, a solenidade da inauguração do retrato do
sala de honra o retrato do coronel Alexandre Collares eminente senador Urbano Santos, gentilmente ofertado
Moreira, provedor dessa instituição. ao Anapurn pelo Dr. Antônio Bonifácio.
Aberta a sessão pelo vice-presidente. o Sr. coronel Ma- Às 1O horas da manhã, presente grande número de
noel Inácio Dias Vieira, pediu a paJavra o desor. Tasso amigos e admiradores do ilustre patrício, na sala destinada
Coelho, que, em nome da Comissão Promotora dessa ho- à inauguração, expressivamcnte enfeitada, foi o retrato des-
menagem, enalteceu os dotes morais do coronel Colares vendado no meio de estrepitosa salva de palmas.
Moreíra, salientando o quanto ele tem feito pela Santa Casa. Neste momento, tomando a palavra, o Dr. Antônio Bo-
Em seguida, teve lugar a inauguração, sendo nessa oca- nifácio proferiu brilhante oração alusiva ao ato. Usaram
sião tocado ao piano e cantado pelas meninas da Casa dos também da palavra o nosso diretor Rosendo Pinheiro e o
Expostos o Hino Maranhense. coronel João Carvalho.
O coronel Collares Moreira, em comovidas palavras, Todos foram entusiasticamente aplaudidos. Depois foi
servida cerveja fri a, tendo, nesta ocasião, o Dr. Antônio
agradeceu a homenagem.(... )
Bonifácio convidado a todos os presentes a erguerem suas
O trabalho, que é crayon, foi trabalhado pelo hábil ar-
taças. num brinde de honra ao senador Urbano Santos.
tista Levy Damasceno. (Pacotilha, 141411913, p. l ).
Um entusiástico urrah! ecoou em todo o recinto. A festa
tenninou no meio da mais franca alegria e cordialidade. (O
O CANHOTO ELEGANTE
A11ap1mí (Brejo), 51101 1913, p. l ).'

Tivemos ocasião de apreciar dois belos desenhos: o


UM TRABALHO DE ARTE
projeto da reforma de parte do edifício do Colégio e
Asilo Santa Teresa, habilmente e com perfeição execu- O Dr. Virgílio Guedes Corrêa Lima é um artista que se
tado pelo desenhista Ethelbert Yale e um trabalho a car- vem revelando em trabalhos de apurado gosto.
vão que nos foi oferecido pelo talentoso pintor, cenó- Nascido em Alagoas, terra que produziu Corrêa Lima e
grafo e desenhista Porciúncula de Moracs. Gratos. (O Vu-gílio Maurício, lá mesmo, antes e depois da sua formatura
Canhoto, 81611913, p.3). cm Direito, deu mostras sobejas da sua tendência artística.
De partida para sua terra natal, quis deixar aqui um
VIAGEM atestado da arte que cultiva por puro diletantismo. Em ar-
gila de Arari cinzelou um busto de Gonçalves Dias, traba-
Seguiu para Santa Quitéria o nosso distinto amigo lho bem-acabado e de que já tratou elogiosamente um dos
Levy Damasceno Ferreira, digno inspecionador de cole- jornais locais. E, de fato, merece ele francos elogios. É a
torias. De Santa Quitéria irá a São Bernardo, Araioses e revelação do artista.
Tutóia, de onde voltará a esta cidade. (O Debate (Brejo), A expressão do poeta está bem estampada cm todas as
191611913, p.2). suas linhas.
A placidez do olhar, a serenidade do rosto mostram a
TRABALHOS ARTÍSTICOS perfeição do trabalho. Gonçalves Dias está bem copiado
por um artista poeta que conhece os segredos da arte, de
Numa das vi trines dos Armazéns Teixeira acha-se em quem sente as emoções mais gratas.
exposição um vaso ornamentado com pintura japonesa e O busto já esteve numa dac; vitrines d~i Alfaiataria Teixei-
madrepérola, valiosa oferta feita à ermida dos Remédios ra, e está atualmente na sala de visita do Dr. Palmério Lemos,
pela Sra. Maria Isabel Vilas Boas Campos, e bem assim na Rua Colares Moreira, onde tem sido muito visitado.
um par de jarros com pintura de cristal, cm partículas É motivo para dannos parabéns ao Dr. Virgílio Guedes
mínimas, que a mesma senhora ofereceu à ermida de São por mais esse triunfo alcançado na arte de Miguel Ângelo.
José de Ribamar. (Diário Oficial do Estado, 7/10/1 913, p.2).
São dois trabalhos delicadíssimos e de alto valor, prin-
cipalmente por serem conhecidos apenas cm São Paulo, DESPEDIDA
onde aquela senhora aprendeu a fazê-los com um estran-
geiro que Já esteve. (Pacotilha, 26/6/ 19 13, p. l ). Levy Damasceno Ferreira e sua família, de partida para
a capital do Estado, pedem desculpas às pessoas de suas
O CANHOTO ELEGANTE relações das quais não puderam, por motivo de força mai-
UM FUTURO ESCULTOR or, despedir-se pessoalmente, e lhes oferecem ali os seus
limitados préstimos.
Tivemos ocasião de ver casualmente um pequeno busto Brejo, 11 de outubro de 1913
(ODebate(Brejo), 16/10/19 13, p.I ).
do Barão do Rio Branco, patrono da nossa sociedade, exe-
cutado em cal pelo nosso amigo Hermes Rangel. Estepe-
queno trabalho sintetiza a extraordinária vocação que tem Um jornal de São Luís registrou essa inaugur:1çào. O retraio for:1
encomendado no Rio de Janeiro. pelo Dr. Bonifácio. Ambos os
0 seu inteligente autor para tão encantadora trilha, a escul-
jornais, contudo, deixam de explicar se o retraio era a óleo ou
tura. (0 Canhoto, 27ntl9 l 3, p.3). fotografia.

~ 247 ~
LUIZ DE MELLO

Por ter de seguir para a capitaJ com a sua família, trou- RETRATO
xe-nos as suas despedidas o Sr. Levy Damasceno Ferreira,
digno primeiro escrituário do Tesouro Público do Estado, Está em exposição, na vilrine da Loja Notre Dame, na
em comissão nesta cidade, onde goza de geral estima. (O Rua de Nazaré, dos Srs. J. Fontes & Cia., um retrato rica-
Debate(Brejo), 16/10/1913, p. l). mente emoldurado do senador Urbano Santos, o qual será
inaugurado brevemente no gabinete da ínspetoria da Al-
TRABALHOS DE PINTURA fândega deste Estado, conforme já noticiamos. (Pacoti-
lha, 41211914, p. l).
Tivemos ocasião de ver ontem diversos trabalhos de
pintura executados pela senhorita Maria de Lourdes Abreu, SENADOR URBANO SANTOS
filha do Sr. Mi nervino Abreu.
Há alguns quadros a óleo e aquarela, feitos com muita arte. Inaugurou-se hoje, no Quartel do Corpo Militar do Es-
Maria de Lourdes, que fez o seu curso de pintura no tado, o reLrato do eminente senador Urbano Santos, dian-
Sul, começará brevemente a lecionar nesta cidade, na Rua te de numerosa assistência.
dos Afogados nº 121, residência dos seus genüores. (Diá- Oraram o comandante Guapindaia e o senador Urbano
rio Oficial do Estado, 8/10/1913, p. I ). Santos. O Sr. Luiz Domingues deu três vivas à República.
(Pacotilha, 6/2/1914, p. I ).
REGRESSO
FESTAS
De Brejo regressou o Sr. Lcvy Damasceno Ferreira, que ali
se achava a serviço do Estado. (Pacotilha, 3/11/19 13, p. l) (...)Terminando o Dr. Odilo Costa, o Dr. Raul Pereira fez
entrega em nome dos participantes, de uma pena de ouro e
RETRATO uma estatueta de mármore e bronze simbolizando a Vitória.
Na base de e tatueta estava colocado um cartão com a
Acha-se em exposição na Loja Notre Dame, na Praça seguinte inscrição: Ao Dr. Herculano Parga, homenagem
João Lisboa, um artístico quadro encerrando, em finíssima dos seusamigos- 18.2. 19 14. (Pacotilha, 19n/l914, p.l).
moldura, o retrato do senador Urbano Santos.
O belo trabalho, oferta do nosso confrade brejense O ESTATUETA
Anapurií, foi preparado no Rio de Janeiro.
Na base do quadro encontra-se um bem trabaJhado ( ...) O cartão de ouro, cravejado de brilhantes, e a esta-
cartão de prata, com esta inscrição: tueta de mármore e bronze, oferecidos na manifestação de
Homenagem ao senador Urbano Santos, da cidade 18 aos Drs. Urbano Santos e Herculano Parga, foram ad-
do Brejo, Estado do Maranhão. (Diário Oficial do Esta- quiridos na conhecida casa de jóias Krause & Cia. desta
do, 28/1/ 19 14, p. l). cidade. (PacotiJha, 20/2/19 14, p. I ).

UM MIMO VALIOSO VIAGEM

O nosso inteligente companheiro de Lrabalho Hermes Para Tutóia, a serviço do Governo, seguiu o Sr. Levy
Rangel teve a nfmia gentileza de nos oferecer um belo qua- Damasceno Ferreira, escriturário do Tesouro Público do
dro com o retroto do inolvidável chanceler brasileiro Barão Estado. (Pacotilha, 29/4/1914, p.1).
do Rio Branco, a crayon, por ele magistraJmente trabaJhado
O trabaJho é de uma perfeição a toda prova, que traduz HERMES RANGEL
clarividentemente a dedicação espontânea do seu autor e
contrasta largamente com as condições do meio em que Por notícias particulares vindas do Rio, sabemos ter-
vive, atendendo-se à deficiência de estabelecimentos que se matriculado no Externato Gabaglia, e nas aulas de dese-
preparem o aJuno para aquele ramo de arte. nho e escultura, o nosso conterr.ineo Hermes Rangel.
Esse fato constitui, pois, uma revelação bem promis- (Pacotilha, 3/6/1914, p. l).
sora, razão por que enviamos a Hermes Rangel saudares
os mais efusivos e afetuosos. (O Canhoto, 1°/2/ J9 14, p.4). • CURRICULUM VITAE
Crônica de Joafna s
HERMES RANGEL
Diz o cronista: (... ) Em o mímero de 28 de novembro de
Partindo brevemente para o Rfo de Janeiro, onde vai 1877, a página final era desenhada por Crispim do Ama-
encetar o seu curso na Academia de Belas-Artes, este nos- ral, que aportara ao Maranhão como cen6Rrafo a servi·
so consócio resolveu, a priori, passar alguns dias em ço da Companhia Dramática de Vicente Pontes de Oli·
Itapecuru, a fi m de se despedir daquelas plagas longín- veira. ( ... )(Pacotilha, 5/6/19 14, p. l ).· •
quas. (O Canhoto, 1°/2/ 19 14, p.4).

- O cronista refere-se à segunda fase do Jomaf Para Todos (2811 1/


• Hermes Rangel, filho de Joaquim Alves Rangel e Rosélia Rangel. 1877).

<Vê) 248 <Vê)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

NATALÍCIO terrfu1eo D r. Augusto C. Lopes Gonçalves, que vai ser ins-


talado na Biblioteca Pública. Figurará na galeria dos bene-
A 3 1 do corrente faz anos o nosso estudioso consócio méritos desse estabelecimento.
Hermes Rangel, atualmente na Capital da República, onde O retrato foi obtido a esforços do diretor da prestimosa
estuda escultura. (0 Canhoto, 28n/ 19 14, p.4). instituição, mediante um donativo particuJar. (O Jornal,
22/12/1914, p.4).
RETRATO
EXPOSIÇÃO
Hoje, às 9 horas da manhã, o pessoal operário da Im-
prensa Oficial foi, incorporado, fazer uma manifestação de O artista Porciúncula de Moraes vai expor diversos
apreço ao professor J . Ribeiro do Amaral, oferecendo-lhe, trabalhos seus, de pintura, na ala de espera do Cinema
nessa ocasião, o seu retrato, como lembrança de sua ge- Pálace, no dia 5 do corrente. ( Pacori/ha, 2/111 9 15, p. l ).
rência naquele departamento do Estado.
Usaram da palavra, interpretando o sentir de todos os EXPOSIÇÃO DE PINTURA A ÓLEO
manifestantes, o Sr. José Semi ão de Assis, que enalteceu
as qualidades morais do professor Amaral, e o Sr. Astor O pintor di/ettallli Porciúncula de Moraes inaugurará
Carvalho. amanhã à no ite a sua anunciada exposição de pintura no
O professor J. Ribeiro do Amaral, bastante comovido, luxuoso e elegante salão de ei;pera do Ci nema São Luiz,
agradeceu essa prova de simpatia dos operários da im- gentilmente cedido pelos seus proprietários.
prensa. A exposição artística constará dos seguintes trabalhos:
Foram, depois, servidas diversas bebidas finas. 1° - Praia do Rio Branco, paisagem amazônica do na-
Os manifestantes foram muito bem tratado pela digna tural , 36x 17; 2° - Batisra Campos, paisagem do natural
família do homenageado. (Pacotilha, 28n/ 19 14, p. I ). (Belém do Pará), 35x27; 3° - Ponta de S<io Francisco, pai-
sagem local do natural , 98x42; 4° - Vesperal, paisagem
FIRMO LUZ criação, 74x57; 5º - Alegoria da Primm •era, 58x36; 6º -
Retrato de Velho, 39x50. ( Pacotilha, 411/1915, p.1 ).
O hábil cenógrafo Firmo Luz acaba de preparar um ar-
tístico e belo cenário que será inaugurado amanhã, por UM ARTISTA DE FUTURO
ocasião da estréia dos aplaudidos artistas nacionais Cho-
choracy Duo. (Pacotilha, 10/9/1914, p. l ). Esteve anteontem concorridíssima a exposição de pin-
turas a óleo que o jovem amador Porciúncula de Moraes
EVANDRO ROCHA fez no salão de espera do Cinema São Luiz.
Por pessoas competentes foram c lassificados de mag-
Vimos hoje um belo retrato a crayon do poeta Gonçal- níficos os trabalhos expostos. sal ientando-se Ponta de
ves Dias, de bom tamanho, trabalhado especialmente para S<io Francisco, Retrato de Velho e Praia.
a Escola Literária Gonçalves Dias, pelo estudante Evandro Foi mestre do Sr. Moraes, no Pará, o conhecido pintor
Rocha. sócio da mesma. (Pacorilha, 2 1/ I 0/1914, p. l ). JoséGirard.
Ao jovem anista maranhensc almejamos ótimo futuro.
PORCIÚNCULA DE MORAES (Pacorilha, 71111915. p. l).

Volveu do Pará o jovem pintor Porciúnculade Moraes, ARTISTA ESPERANÇOSO


que foi aluno, naquela capital, do ilustre professor Girard.
Tenciona efetuar. brevemente, uma exposição de quadros. Deu-nos o prazer de sua amável visita o jovem tlc:.e-
(Pacotilha, 26/10/1 9 14, p.3). nhista Raimundo Porciúncula de Moraes, há pouco che-
gado do vizinho Estado do Pará, onde esteve aperfeiçoan-
A FESTA GONÇALVINA do o seu estudo.
O distinto moço abriu no salão do Cinema São Luiz
(...) Após a cerimônia será distribuída profusamente, uma brilhante exposição de alguns dos seus belos traba-
na Praça G onçalve Dias, uma poliantéia sobre o poeta, lhos, o que lhe tem proporcionado encomiásticas referên-
trazendo o seu retrato e farta colaboração literária. cias. (O Ateniense, 12/ 1/191 5. p.7).
Um grupo de índios Timbiras irá também prestar a sua
homenagem ao Cantor da sua raça, conduzindo um andor PROJETO DE ARTISTAS
com o retrato do poeta e uma reprod ução de um quadro de
Eduardo de Sá, representando a Morte de Gonçalves Dias, Sou inimigo do engrossamento, e muito mais de quem
entoando, cm frente ao monumento, uma canção da sua tem por hábito desencorajar os qt.e dão os primeiros pas-
raça. (Trecho final). (Pacotilha, 31/10/1914, p. l ). sos nas Belas-Artes. Faz parte dos meus usns a mane ira
pessimista por que encaro as coisas. Não é, contudo, a um
RETRATO sistema filosófico que me queira filiar, pois para tal me fale-
cem as principais bases, ou o necessário cultivo intelectu-
Acha-se em exposição, nos mostruários dos Armazéns al. É somente o produto do meio em que vivo, porventura
Teixeira, seção de modas, um retrato do nosso ilustre con- acanhadíssimo no que se denomina arte, escandalosamen-

~ 249 ~
LUIZ DE MELLO

te esLragado por essa respeitável senhora, tão útil a uns, O distinto artista pretende fazer entre nós uma tempo-
como prejudicial a outros, que pomposa ou picarescamen- rada, durante a qual põe à disposição do público os seus
te trajada se chama, de alto a baixo - Política. serviços. (O Jornal, 5/4/1915, p. I).
Não seja, porém, baseado nessa minha forma de pensar,
que, com uma palavra, um gesto ou uma panada, e com ares PINTOR
de quem tudo para si deseja, vá desanimar rapazes que, bem
guiados, quiçá obtenham posições muito destacáveis. O pintor cearense Paula Barros, chegado de Belém,
Houve, neste grande país, uma época em que a sua pelo paquete Pará, conforme noticiamos, fará no próximo
maior autoridade, depois de verificar as aptidões artísticas domingo, 11, às 9 horas, uma exposição dos seus esplên-
de pessoas que atraíam a atenção pública, aproveitava-as didos trabalhos de oleogafia e aquarelas.
mandando-as cultivar em centros desenvolvidos. Isto to- Aexposição será na Fotografia Popular, de Nina & Pan-
dos os brasileiros sabem. Todos se devem lembrar daque- toja. (O Joma/, 7/411915, p.I ).
la grande alma, daquele grande vulto, que, imperando por
dilatados decênios, retribuiu justiça e executou com hom- A EXPOSIÇÃO PAULA BARROS
bridade, respeito e acatamento a legislação: de D. Pedro II,
nome que devemos não só escrever, mas pronunciar com Do distinto pintor Paula Barros recebemos o catálogo
reverência. da exposição que dos seus trabalhos estará aberta de ama-
Entre nós o ensino das Belas-Artes é um enigma; di-lo nhã em diante na Fotografia Pantoja. na Rua Grande nº 86,
positivamente a falta de institutos. O limitadíssimo número de ao qual daremos publicidade na segunda-feira. Agrade-
artistaS existentes prenunciam-nos um futuro desastrado. cendo o convite, auguramos-lhe todo o sucesso que é
Conheço dois moços que poderiam com vantagens ser lícito esperar dos seus talentos artísticos. (Pacotilha, 10/
aproveitados. Um. no domínio do Canto, o José de Riba- 4/1915,p.4).
mar Pereira: outro, no da Pintura, o Evandro Rocha. Am-
bos aspiram a horizontes largos e os nossos são abafadi- A EXPOSIÇÃO PAULA BARROS
ços. Ambos precisam de mestres e nós não os temos. A
Escola de Canto foi uma realidade enquanto viveu o tenor Esteve bastante concorrido o certame de pintura, on-
Antônio Rayol; a de Pintura não tenho, nem dela jamais tem aberto pelo distinto artista Paula Barros, na Fotografia
tive conhecimento. Popular, na Rua Grande.
São interessantes os trabalhos de Evandro Rocha. Fal- Há neles quadros de real valor, sobretudo os que têm
tam-lhes, certamente, a firmeza do anisia, mas não a noção por terna os aspectos da natureza. Os referentes às frutas
da an e, a inspiração. Têm traços bastante apreciáveis os nacionais revelam um pronunciado bom gosto e pincel
retratos e as caricaturas de sua lavr3. seguro. Vêem-se uma esplêndida Cabeça de Velho, um
O José de Ribamar Pereira possui voz cheia. tendente a belo Busto de Mulher, a Adonnecida, etc., que merecem
grande extensão. É agradável no registro normal, único em todo o elogio. O retrato do autor também está muitíssimo
que pode ser ouvido. A falta de exercícios dificulta-lhe a expressivo.
emissão das notas excepcionais, as quais, com visível es- Visitaram a exposição 179 pessoas, entre elas o gover-
forço, procurn obtê-las. Não é com simples lições de solfe- nador do Estado e o presidente do Congresso Estadual.
jo, sem vocalização, que o aparelho vocal se habilita a Foram adquiridas duas telas - a nº 29. Estudo do Nu, pelo
praticar as enonnes exjgências da arte do Canto. Consu- Sr. José Francisco Jorge, e a nº 35, Retrato de Rio Branco,
mado o curso, o artista rrata de assentar a voz, impostare, pelo Sr. Carlos Lauande.
como dizem os italianos. Nem todo mestre ensina a cantar; A exposição continua todos os dias, das 8 às 21 horas.
muitos até são prejudiciais: inutilizam as cordas vocais de (Pacotilha, 121411915, p.4).
cantores inexperientes. É difícil a escolha dos verdadeiros
mestres. e a conselho de publicístas conscientes ela deve A EXPOSIÇÃO PAULA BARROS
sempre recaírem experimentados artistas líricos.
Se tivéssemos quem ensinasse, talvez não fosse inútil Teve lugar ontem, às 9 horas, na Fotografia Popular, na
o aproveitar-se esses dois rapazes. Rua Grande, a inauguração dos quadros de oleogravura
Hauses/eure do pintor José de Paula Barros, aqui chegado há pouco de
(Pacotilha, 20/1/ 1915, p. I ). Belém do Pará.
O ato foi presidido pelo Exmº Sr. Dr. govemador Hercu-
PARTIDAS E CHEGADAS lano Nina Parga. que com sua presença honrou o certame
do artista patrício que o Maranhão tem prazer de hospedar.
(...)Conforme era esperado, chegou hoje a esta capital Apesar do mau tempo durante o dia. o livro de visitan-
o Sr. José de Paula Barros, artista pintor que vem abrir um tes ao certame acusa a presença de 178 pessoas, entre as
ateliê, relati vo aos trabalhos de sua arte. (Pacotilha, 5141 quais muitas famílias que manifestam sua admiração pelas
1915, p.4). telas expostas e que são um verdadeiro primor.
PINTOR JOSÉ DE PAULA BARROS Foram adquiridos dois dos importantes quadros: o de nº
29 - Estudo do Nu, pelo Sr. José Francisco Jorge. e o de nº 35
A bordo do Pará chegou hoje, de Belém, o Sr. José de - Retrato do Barão do Rio Branco, pelo Sr. Carlos Lauande.
Paula Barros, pintor, na capital paraense, e que aqui vem A exposição continua franca ao público, diariamente,
realizar uma exposição de seus apreciados trabalhos. das8às2J horas.(O Jornal, 12/4/1915,p. l).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (18 42 - 1930)

EXPOSIÇÃO PAULA BARROS até hoje tem sido visitada por 460 pessoas.
O Sr. Barros pretende demorar-se por mais alguns dias
Realizou-se anteontem a inauguração da exposição de nesta capital, oferecendo por isso os seus serviços ao
quadros, pinturas a óleo, do distinto artista brasileiro José público.
de Paula Barros, cujo nome já é bastante conhecido em O Sr. Paula Barros pede, a quem precisar dos mesmos
todo o país. serviços o obséquio de fazer-lhe o necessário aviso. (Pa-
Amanhã, depois de examinarmos os seus trabalhos, cotilha, 14/4/1915, p.4).
faremos, então, o nosso juízo sobre o seu tão reconhecido
valor de artista que muito honra a terra de Alencar. (A Rua, AULA DE DESENHO E PINTURA
13/4/ 1915, p.2).
José de Paula Barros desejando demorar-se por mais
EXPOSIÇÃO PAULA BARROS algum tempo nesta capital, resolveu abrir uma aula de de-
senho e pintura, podendo os interessados dirigirem-se à
Haverá quem não admire a pintura, quando feita por Fotografia Popular, onde poderão colher melhores infor-
um artista de nomeada? mações.
Haverá quem veja um quadro do hábi 1e distinto pintor Outrossim, encarrega-se de reproduções de retratos a
cearense José de Paula Barros e que não aprecie a perfei- óleo, crayon, etc., por preços razoáveis. (Pacotil/ia, 20141
ção da arte? 1915, p.4).
Nem uma só pessoa.
Todos ficam pasmos por verem com tanto esmero no RESPIGOS
trabalho, aliás, um tanto difícil para conseguir-se pintar
uma tela, como o retrato do pintor (Paula Barros), o retrato Só ontem nos foi dado o prazer de visitar a exposição
de Rio Branco, e, finalmente, todos os quadros expostos de pintura, feita nesta capital pelo nosso patrício Paula
na Fotografia Popular, na Rua Grande. Barros.
A nota dissonante de toda aquela beleza de arte e de Embora rápida a visita, ficou-nos, todavia, uma agra-
bom gosto pela perfeição que em tudo se nota, foi para dável impressão dos trabalho expostos, que denotam ver-
nós o retrato do Sr. Urbano Santos, que nem mesmo na dadeira vocação artística do expositor. O Sr. Barros precisa
efígie merece as honras de uma tênue admiração, tal a odi- ainda das lições dos bons mestres da difícil ane da pintura
osidade em que é tido pelos maranhenscs. e do estudo de vis11 dos trabalhos espalhados pelos das
No mais, na exposição tudo é bom. suave, singelo e grandes e civilizadas cidades. Mas, o que não sofre dúvi-
sublime. das, é que há, entre as telas que vimos, prova incontestá-
Um artista, como Paula Barros. honra a pátria brasilei-
vel do valor real do artista.
ra, glorificada por um artista da sua reconhecida compe-
A nosso ver o Sr. Paula Barros tem um natural pendor
tência intelectual. (A Rua, 14/4/1915, p.2).
para o que se chama pintura de figuras. Os seus quadros
neste gênero são feitos com sentimento, revelando o estu-
FIRMO LUZ
do que o artista procura fazer dos seus modelos. Há belas
o proprietário do Café Riche, resolvendo passá-lo por linhas neste trabalho. de uma tocante pureza e verdade.
uma completa refonna e estabelecer nos seus salões uma Pondo de parte os quadros trabalhados em modelos
seção de reclamos, entregou ao competente ccnógrafo Fir- vivos. há uma cópia de assunto religioso - Cristo e Cirineu
mo Luz a direção desse serviço, que consta de anúncios - cm que o Sr. Barros revela talento. As duas figuras pre-
de diversas casas comerciais, médicos, cirurgiões, socie- dominantes são ílagrantes de verdade, resultantes do ca-
dade, etc. etc., os quais já estão sendo executados com rinho com que foram pintadas.
extraordinário gosto artístico. Pareceu-nos que o Sr. Barros está um pouco desani;na-
(Pacotilha, 14/4119 15. p. l). do com o resultado prático de sua exposição. Tenha paci-
ência. O meio foi mal escolhido. A educação anfstica ainda
A EXPOSIÇÃO PAULA BARROS não começou nesta terra. Há uma meia dú7.ia de diletantes,
mas estes são pobres de dinheiro, não lhe podem comprar
Continua a aíluência de visitantes ii exposição deste os quadros. Os dives ami não se dão ao luxo de adquirir
pintor que ora nos visita. borradelas, nem mesmo por esnobismo.
Até ontem perfazia o número de 480 visitantes que Nós o feUcitamos pelo resultado de seu esforço. Não
admiram os interessantes trabalhos de pintura a óleo. se deixe vencer pelo indiferentismo e continue aplicando à
As pessoas que desejarem encomendas. não só de ane a que se dedicou todo um culto, com a muita fé que ela
trabalhos desse gênero como de retratos a crayon, deve- merece.
rão dirigir-se antecipadamente ao Sr. Paula Barros, por isso J.S.
que este pretende encerrar o certame no próximo domingo. (Pacotilha, 27/4119 15, p. I).
(O Jornal, 14/4/19 15, p. l).
CRÔNICA
A EXPOSIÇÃO PAULA BARROS
( ...)De envolta às alegriru. ae abril, que nos veio trazer
Continua até o próximo domingo, na Fotografia Popu- as chuvas de que tanto carecia a nossa lavoura, nos vie-
lar, a exposição de trabalhos do pintor Paula Barros, que ram também outras que vamos citar:

<:/Q) 25 1 <:/Q)
LUIZ DE MELLO

PAULA BARROS CURSO DE DESENHO E PINTURA

O futuroso artista brasileiro nos convidou a assistir à Brevemente, sob a direção do distinto pintor Paula Bar-
exposição de suas telas. Como admiradores do belo, acu- ros, abrir-se-á na Rua Cel. Colares Moreira, no salão da
di mos à casa onde se achava o seu conjunto artístico, antiga Biblioteca, um curso de desenho e pintura. O edifí-
representado por 37 extasiantes telas. Os salões onde se cio foi gentilmente cedido ao festejado artista pelo Exmº
achavam as encantadoras pinturas de Paula Barros, esta- governador do Estado. No curso serão aceitos alunos de
vam repletos do que mais culto e chique o Maranhão pos- ambos os sexos. (Pacotilha, 15/5/1915, p.4).
sui, o que se repetiu até o dia em que foi encerrada. Foi
uma verdadeira maravilha a expressão plena do artista de VIAGEM
alma poética, vazada nas belíssimas telas que nos exibiu.
Ninguém melhor do que ele apresentou aos nossos Em viagem de recreio com destino a São Bento embar-
olhos a natureza-morta, tão bem. caram o distinto pintor cearense Paula Barros e o hábil
O magnífico pincel do nosso distinto patrício é expres- fotógrafo Lcônidas S. Mello.
sivo e raro, podendo-se dizer que é enciclopédico: nos Auspiciamos-lhes uma feliz viagem e próximo regres-
apresenta a natureza-morta, retratos, estudos do corpo, so. (O Imparcial, 2315119 15, p.3).
cópias, etc., bem-acabados com real mestria.
O Ateniense deseja ao pintor os loiros de que é mere- ESCOLA DE PINTURA
cedor. (O Ateniense, 215119 15, p.4).
Segunda-feira próxima o distinto pintor cearense Paula
DR. LUIZ DOMINGUES Barros inaugurará as suas aulas de pintura no antigo pré-
dio da Rua da Paz onde funcionou a Biblioteca Pública do
Esteve verdadeiramente imponente a marche auxjlam- Estado.
beau.x, realizada ontem à noite para festejar o reconheci- É de esperar que os jovens maranhenses, amadores des-
mento ao Dr. Luiz Domingues. sa bela arte, não deixarão de aproveitar a oportunjdadc, cur-
Às 19 horas organizou-se o grandioso cortejo, compu- sando as referidas aulas. (O Imparcial, 23/5/1915, p.3).
tado geralmente de oito a nove mil pessoas. Puxava-o a
excelente banda de música do 48° de Caçadores. Os inú- PINTURA
meros archotes e balões chineses davam ao présúto um
belo aspecto. O professor de desenho e pintura Paula Barros abriu
O retrato do homenageado era conduzido num artísú- hoje a sua aula no edifício da Rua da Paz, onde funcionou
co andor cívico, levado aos ombros de dois oficiais da a Biblioteca Pública. Pedimos a atenção dos interessados
Guarda Nacional e dois membros do Centro Operário. La- para o anúncio que vai publicado na seção competente.
(Pacotilha, 24/5/1915, p.4).
deavam-no quatro bandeiras: duas da União e duas do
Estado.
ESCOLA DE DESENHO E PINTURA
A passeata se pôs em marcha no meio de frenéticos
vivas ao prestigioso político e encaminhou-se para a fren-
No vasto salão da antiga Biblioteca Pública, na Rua da
te da residência do Dr. José Domingues, orando antes os
Paz, gentilmente cedido por S. Exa. o Dr. governador do
Srs. B. de Rodrigues e Emanoel Coqueiro.
Estado.
Aí, ofertando em nome do povo maranhense um lindo
Aulas todos os dias, das 9 às 11 horas da manhã e das
ramilhete de flores naturais à Exma. Sra. Antônia
2 às 4 da tarde; método prático e lucrativo.
Domingues, veneranda genitora do homenageado, falou o
No mesmo salão acham-se expostos alguns trabalhos
nosso brilhante confrade Domingos Barbosa, cujo discur-
de alunos, já feitos no curto espaço de 20, 30 e 40 dias de
so era, a cada momento, interrompido por estrondosos
estudos, para os quais chamo atenção dos Srs. pais e ama-
aplausos.
dores de pintura.
Daí dirigiu-se o cortejo pela Rua Grande até a Praça
Aceita-se alunos de ambos os sexos.
Deodoro, onde, de uma das janelas do 48º de Caçadores, o
Preços módicos, ordem e respeito.
inteligente licefsta José de Ribamar Pinheiro proferiu entu-
O pintor,
siástica alocução em nome da mocidade estudiosa. (O Jor-
Paula Barros
nal, 415119 15, p. I).
(Pacotilha, 24/5/1915, p.4).
AO PÚBLICO A VIDA RELIGIOSA
O JUBil..EU MARIANO
Nina & Pantoja, proprietários da Fotografia Popular,
na Rua Grande n.º 55, previnem que mandaram preparar Realiza-se amanhã, na igreja da Conceição, a festivida-
pelo habilíssimo pintor Paula Barros um pano de fundo de do jubileu mariano.
especialmente para retratos de primeira comunhão, o qual Haverá pela manhã, às 7 horas, missa rezada, primeira
será estreado amanhã. comunhão de meninas e meninos e comunhão geral para
Maranhão, 12demaiode 1915. os fiéis.
(Pacotilha, 1215/1915, p.I). Às 9 horas terá lugar a missa solene.

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CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

À carde, às 17 horas, procissão de Nossa Senhora, ato arte: Alexandre Rayol, violoncelista; Bem<lrdino Feliciano
de consagração e renovação das promessas do batismo Marques de Souza, professor de canto; Bernardino do Rego
dos neocomungantes e das crianças da paróquia. Barros, clarinetista que se encarregava da organização de
Às 19.30, ladainha e coroação de Nossa Senhora, e o orquestras de baile e fcMividades religiosas; Carlos Antô-
mais que consta do programa ontem publicado. nio Colás, trompiMa e pistonista; Dionísio de Oliveira e
Na segunda-feira concluir-se-á a festa pela manhã com Silva, rabequista e violetista; Domingos Tomás Yelez Per-
missa, ladainha e benção do Sacratíssimo Sacramento e digão, rabequista, (creio ser o autor de um pequeno com-
ato de consagração das zeladoras da confraria do Rosário. pêndio da arte musical, que traz as iniciais D.F. Y.P.); Eze-
O vigário avisa aos fiéis que a sacristia e a capela de quiel Antônio Colás, ílautista; Faustino da Cruz Rabelo,
Lourdes ficam reservadas para as meninas que tém de to- rabequista; Francisco do Rego Barros 1.: Francisco Antô-
mar parte na coroação de Nossa Senhora, e a tribuna, para nio da Silva, oitavi<;tas: Francisco de Seixas Outra. oficli-
as cantoras. dista e contrabaixista; João Pedro Ziegler. rabequista e pi-
O quadro do pintor Pinturricchio, que vai ser mostrado anista; João Manoel da Cunha, rabequist:i: Joaquim Zefe-
amanhã, representa a coroação de Nossa Senhora no Céu. rino Ferreira Parga, ílautista, organizador de orquestras de
A cópia do mesmo é do hábil amador Lcvy Damasceno bailes e festividades religiosas; José de Carvalho Estrela,
Ferreira. (Pacoríllw, 291511915, p.2). rabequista; José Antônio de Miranda, trompista; José
Maria Bílio, rabequista; José Maria Bragança, trompista e
NÓTULAS ARTÍSTICAS pistonista; Lino José da Silva Guimarães, professor de can-
to; Luiz GasparTribuzi, oficlidista; Luiz Manoel da Cunha,
Aldeman Corrêa clarinetista e copista; Lcocádio Ferreira de Sou1,a, fagotis-
ta e contrabaixista, organizador de festividades religiosas;
Há 40 anos passados, pelo ano de 1875, o que hoje nos Leocádio Rayol, rabequista e diretor de orquestra; Pedro
serve de orgulho, acolhia esta São Luís um número avulta- Alexandrino de Souza, timbaleiro: cônego Raimundo Al-
do de artistas. A música e a pintura tinham a ua represen- ves dos Santos, professor de canto; Raimundo Pereira de
tação mais ou menos equilibrada. Atualmente, é duro con- Souza, clarinetista; frei Ricardo do Sepulcro. mestre de
fessar-se esta verdade, não dispomos sequer de um mes- canto; Ricardo José de Oliveira e Silva, rnbcqui ta e viole-
tre de canto. Naquele tempo possuíamos diversos, e, na- tista; Teodoro Guignard, organista e pianista; Vicente An-
turalmente dentre eles, a maior parte talvez fosse dotada tônio de Miranda, trompista e mestre de canto: e Virgílio
de sólidos conhecimentos da arte que professavam. Na Marciano Pereira, rabequista.
pintura encontramos os embaraços que se nos deparam A lista é bastante longa e tenho razões de ponderar.
na música, isto é, a falta de documento que permitam mas não afirmar, que, fa.Gcndo-se seleção, alguns profes-
investigações a fim de ser apurada a competência deste ou sores de canto não passariam de simples !.olfistas e outros
daquele autor. tantos executores não seriam mais do que o seus confra-
Não se faz mister grande trabalho para provar o grau de. de hoje, que conduzem instrumentos e tocam em sur-
de adiantamento daquele período, nem tampouco o de de- dina, recebendo, porém, os cobres no final da festa, e sa-
clinar-se os nomes dos principais artistas que então se tisfeitíssimos não só pelas cédulas que perceberam, mas
achavam em evidência. Havia os desenhistas Domingos ainda radiantes pela originalíssima figura que fizeram, de
Tríbuzi, José Maria Bílio. João Manoel da Cunha, sendo que e les, o regente e os companheiros da direita e esquer-
este e o primeiro, pintores de paisagens e retratistas como da têm consciência. (Pacotillta, 5/6/19 15, p.3).
0 era Henrique Elias Neves.
Já tive ocasião de assistir a um reverendo, dos dias NÓTULAS ARTÍSTICAS
presentes, prevenir que o cantochão que ele aprendera e
sabia, era moderno, quando o dito não passava de uma Ade/111011 Corrêa
e mbrulhada sem nome nem feitio, e que não pertencera
nunca, jamais à época nem escola conhecida. Havia, no Se é de admirar o elevado número de professores de
entanto, em 1875, se não muitos, pelo menos um que os música, desenho e pintura que aqui exerciam suas ativida-
meus apontamentos registram, o capelão subchantre, mes- des em J 875, cuja cifra subia seguramente a 35, dos primei-
tre de cantochão, o conhecido e usado em toda a parte, o ros, é de pasmar. creio que assim dizendo não erro, se
padre Severiano José Corrêa. voltarmos as nossas vistas há oito :mos atrás, isto é, a
Além dos professores que ministravam o ensino de 1867. As principais casas de educação dessa época ma11li-
canto, havia professoras do mesmo ramo. Somente duas nham cursos de música e desenho, e além do mais. a Casa
que eu saiba, Antônia Getrudes Martins e Libânia Amé- dos Educandos Anífices era. pode-se alinnar, o elemento
lia dos Reis Carvalho. Eram pianistas que também da- principal em matéria referente à música. Na sua diretoria
vam lições. obtinham-se, por meio de contratos, executores para a re-
Pelo número elevado de instrumentalistas, não era es- alização de tocatas, quer de bandd, quer de orquestra. O
tranhável que as orquestras mantivessem certo equiHbrio. sistema de ensino, ao que presumo, não era metódico nem
Alguns eram organizadores, outros regentes. Dispunham modelar, mas tinha algo de salutar e prático.
d iversos de preparo e competência para poder assumir as Hoje acha-se quase abandonado e imprestável o velho
responsabilidades de diretores de orquestra. órgão da Catedral, instrumento maje toso e puramente sa-
Aqui vão, alfabeticamente, os nomes que obtive, e que cro. Tangiam-Lhe as mãos hábeis do excelente instrumen-
no ano supracitado trabalhavam pelo engrandecimento da tista Teodoro Guignard. Por esse tempo, o penitenciário-

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~
~ LUIZ DE MELLO

mor, cônego Manoel Pedro Soares ocupava o lugar de 2º Batalhão da Guarda Nacional, professor de clarinete e
chantre, e o capelão Joaquim Raimundo da Silva Ribeiro, o flauta, diretor e organizador de orquestras de bailes e fes-
de subchantrc e mestre de cantocbão. tividades religíosas; César Savio, professor de piano e
A Casa dos Educandos, fundada a 25 de maio de 1841, canto, Celestino Pereiia da Silva, oficlido; Cândido Fran-
estava sob a direção de Raimundo Jansen Serra de Lima. cisco de Assis Tavares, trombone; Desíré Trubert, piano;
Do corpo docente destacavam-se os professores Leocá- Ezequiel Antônio Colás, flauta e clarinete; Faustino da Cruz
dio Ferreira de Souza, Dr. Antônio Coqueiro e Domingos Rabelo, rabequista; Francisco de Seixas Outra, piston; Fran-
Tribuzi, sendo este de desenho e aquele de música e geo- cisco de Antônio Silva, flauta; Francisco Antônio Colás,
metria aplicada, respectivamente. Em 1867 o número de clarinetista; Francisco Libânio Colás, flautista e rabequis-
matriculados tinha atingido a 14 1. A seção musical fazia ta; Francisco Ferreira Pontes Júnior. piano; Francisco Xa-
toques que levavam ao estabelecimento rendas bem regu- vier Beckman, rabequista; Henrique José da Costa Júnior,
lares. A tabela de preços mediava entre 20$ e 100$, tendo rabeca; Isidoro José dos Anjos, bombardão; Jesuíno da
ainda o diretor a facu ldade de arbitrar o custo das tocatas Conceição Rodrigues Cutrim, ofi clido; Joaquim Zeferino
não consignadas na mesma. Ferreira Parga, flautista; Jo é de Carvalho Estrela, rabe-
No Instituto de Humanidades, dirígido pelo Dr. Pedro quista; José Paulino Ribeiro de Moracs, baixo cantante;
Nunes Leal, havia o curso de Belas-Artes, no qual Fran- João Evangelista Belfort, rabequista e oficli sta, que tam-
cisco Peixoto Franco de Sá era professor de desenho e bém se encarregava de contratos de orquestra de festivi-
Bernardino do Rego Barros de música. Fazia parte, tam- dades religiosas; João Faciola, pianista; João Manoel da
bém do programa de ensino, a aula de dança, exercendo o Cunha, rabequista; João Pedro Ziegler, pianista e rabe-
lugar de mestre João dos Santos Franco de Sá. quista; Leocádio Ferreir.i de Souza, piston e oficlido; Le-
O Colégio Perdigão sustentava aulas de diferentes ins- andro Manoel de Jesus, trombone; Manoel Joaquim da
trumentos de sopro e de arco. No Colégio Episcopal Nossa
Silva e Manoel ela Luz Ferreira. clarinete; Policarpo Joa-
Senhora dos Remédios, do qual era diretor José Ricardo de
quim de Lemos. trompa: Pedro Alexandrino de Souza, tim-
Souza Neves, eram professores de instrumentos de cordas
bales; Ricardo José de Oliveira e Silva, rabequista e violi-
Francisco Xavier Beckman, e de sopro Raimundo Ferreira
nista; Raimundo Ferreira de Souza, clarinete; Raimundo
de Souza, e de desenho o pintor Domingos Tribuzzi.
José de Santana, trombone, Teodoro Guignard, organista,
Havia também muitas casas de educação, de cujos pro-
1imoleão Carlos da Natividade, rabequista. e Vicente An-
gramas eram parte integrante a aprendizagem da música, da
tônio de Miranda, cantor e trompista.
pintura e da dança. Em uns, os já citados Domingos Tribuzi,
Ao tempo farei a útil separação dos verdadeiros músi-
João Pereira dos Santos, Francisco Peixoto Franco de Sá
cos, daqueles que assim se diziam ou eram considerados
preenchiam os cargos de mestre de acordo com a sua espe-
porque possuíam instrumentos e emitiam de cor e saltea-
cialidade; cm outros, os musicistas João Pedro Ziegler, Cé-
sar Savio, Antônia Gertrudes Martins e outros satisfaziam do as escalas deles. (Pacotilha, 261611915, p.3).
proficientemente as exigências que lhes impunham os regu-
lamentos da casa onde exerciam a sua profissão. ESCOLA DE DESENHO
Além dos professores ele desenho e pintura Francisco
Peixoto Franco ele Sá e Domingos Tribuzj, tantas vezes Tendo resolvido só aceitar 20 alunos na aula de dese-
mencionados. ministravam, igualmente, o ensino dessas nho que esforçadamente mantenho nesta capital, previno
matérias, dois a que me referi ao tratar do ano de 1875, João aos senhores pais que têm em vista mandar ensinar seus
Manoel da Cunha e José Maria Bflio. Este dava-se à pro- filhos, a virem inscrevê-los com tempo, visto haver pou-
fissão de cantor de músicas sacras. cas vagas para completar es e número.
Aqui dou duas listas, que apesar de reproduzirem al- Ainda se acham cm exposição na sala das aulas djver-
guns nomes incluídos nas linhas anteriores, não deixam con- sos trabalhos de alguns alunos, os quais demonstram cla-
tudo de ser interessantes e de prestar valioso auxflio. Ei-las: ramente o progresso que se pode obter pelo método práti-
Pintores de paisagens e retratistas: Antônio de Freitas co e proveitoso e pelo qual o aluno aplicado poderá em
Ribeiro, Desiré Trubert, Fortunato Ory, Henrique Elias pouco tempo desenhar sem dificuldade.
Neves. João Manoel da Cunha, José Maria Bílio, José dos José de Paula Barros - Beco do Teatro.
Reis Rayol, João Lui.l Cerqueira, Justino Norat e Manoel (Pacotilha, 29/6/1 9 15, p.2).
Antônio Pinto Sampaio. Não é estranhável a posição que
entre eles obtinha Domingos Tribuzzi. Ele, ao que me cons- ARTUR MARINHO
ta, foi mestre de João Manoel da Cunha e José Maria Bílio.
Acresce a circunstância, como se evidencia, da preferên- Foi-nos ontem mostrado pelo Sr. Neri de Medeiros,
cia dele aos demais. diretor da Sociedade Protetora dos Animais, o retrato de
A segunda, a dos músicos no ano de 1867. É extensa e um bonito cão de fila. obra feita a capricho no ateliê do
naturalmente infestada de nulidades. Sempre foi assim: ao pintor Paula Barros por um dos seus mais hábeis discípu-
lado dos bons, alguns rombudos, como dizemos boje. E los, o Sr. Artur R. Marinho.
segue: André Soares Falcão, oficlido e trombone; Antônio O animal, que é pintado a crayon, traz uma coleira, cujo
Ribeiro Mendonça, clarinete; Antônio de Freitas Ribeiro, modelo a Sociedade vai adotar. Ao centro da referida colei-
professor de flauta, rabeca e violoncelo, contratante de ra lê-se: Protetora dos Animais.
orquestra de baile; Antônio Raimundo Marínho, rabequís- Essa obra de arte poderá ver-se na vitrine da Loja No-
ta; Bernardino do Rego Barros, então mestre da banda do tre Dame. na Praça João Lisboa. (Pacotilha, 301611915, p.4).

<Vê> 254 <Vê>


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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930) ~
FOTOGRAFIA POPULAR DE NINA & PANTOJA tência e dedic:ição ao ensino da arte a que se votou, bem
Rua Grande nº 55 como da existência, entre nós, de alguns estudiosos que,
dentro de pouco tempo, perseverando no Lrabalho, muito
Este ateliê acaba de passar por completa reforma, es- poderão produz.ir de bom.
tando em condições de executar todo e qualquer trabalho O amplo salão da velha escola da Rua da Paz alcgrou-
pelos mais modernos e anísticos processos. se com aquela série de e. tudos a crayon e leves pinturas a
Aceita encomendas de retratos a crayon, foto-crayon, óleo. Percorremos um por um dos grupos cm que se divide
foto-pintura e óleo sobre tela, executados pelo pintor Pau- a coleção, podendo assim observar o adiantamento dos
la Barros. discípulos do infatigável Sr. Paula Barros.
Chama-se a atenção dos visitantes deste ate liê para os A impressão que tivemos foi a melhor possível. Há ali
novos fundos de paisagem, salões, primeira comunhão e trabalhos, mesmo de principiantes, que denotam verda-
bustos de magnílicos efeitos, pintados especialmente para deira vocação para a arte do lápis e da tinta. Aqui se en-
esta Fotografia. (0 Estado, 30/6/19 15, p.3). quadram os estudos de Pantoja Filho. Artur Marinho, Rui
Almeida e Francisco Aralíjo Filho. Outros há, cujos auto-
NOMEAÇÃO res já vinham a eles dedicando, embora sem a orientação
de um mestre, as suas horas de ócio.
Foi nomeada adjunta da Escola Mista da cidade de Nesta classe estão as pequenas telas. naturezas-mor-
Caxias, D. Amena Can11em Yarella. (Pacotilha, 7/8/19 15, tas de Lcvy Damasceno, que são uma segura promessa do
p.l). que devemos esperar deste discípulo do Sr. Paula Barros.
Os trabalhos de Hilton Marinho Aranha, uma criança que
ESCOLA DE DESENHO muito promete, são dignos de especial menção. Aquele
busto de madame Rubini é admiravelmente bem-feito.
Sabemos que o pintor Paula Barros vai organizar uma Merecem destaque os trabalhos da senhorita Amena
exposição de todos os trabalhos de seus alunos, durante Varella, que, apenas com quatro meses de curso, revela um
os dias 15, 16 e 17, no prédio em que funciona a mesma especial e decidido talento artístico.
escola, na Rua Coronel Colares Moreira nº 2. Ninguém certamente quererá encontrar, na modesta ex-
Por ser um acontecimento importante, cremos que o posição da Rua da Paz, trabalhos sup~riores aos que reaJ-
público não o deixará passar despercebido. (O Estado, 12/ mcntc nos podem oferecer quem vem dando os primeiros
8/ 19 15, p. l ). passos nesse gênero de estudo. O que, porém, não pode
sofrer dúvidas é que lá estão alguns dignos de atenção
EXPOSIÇÃO ARTISTICA pois são verdadeiras revelações artísticas. Alguns estu-
dos de figuras a crayon e esfuminho (em geral c:ibeças)
Estarão expostos amanhã, segunda e terça os traba- que vimos, são primorosos.
lhos dos alunos de pintura de Paula Barros, no antigo Não temos a menor dúvida em dar ao Sr. Pnula Barros os
edifício da Biblioteca das 9 às 15 horas. (Pacotilha, 14/8/ nossos sinceros parabéns pelo bom êxito cios seus e.~for­
1915, p.4). ços. Aos seus discípulos cumpre preservar no estudo, a fim
de que possamos em breve contar com artistas de real valor.
EXPOSIÇÃO DE PINTURA Outra fosse a nossa situação, e nós pediríamos um
auxílio pecuniário ao Governo para manutenção de uma
Veio hoje à nossa redação o pintor Pauta Barros convi- escola gratuita de desenho e pintura. Mas, graças à boa
dar-nos para assistir à exposição de trabalhos de pintura vontade do governador, ao professor Pau la Barros fo i gra-
dos seus alunos, a realizar-se amanhã, segunda e terça-fei- tuitamente cedido o edifício e m que fun ciona a sua escola,
ra, das 9 às 15 horas. Gratos pelo convite, compareceremos. conforme este nos referiu.
(A Tarde, 14/8/I 9 15, p. I). A Escola PauJa Barros conta atualmente 24 alunos. (Pa-
cotillw , 16/8/ 19 15,p. l).
EXPOSIÇÃO DE DESENHO
UMA EXPOSIÇÃO DE PINTURA
Verificou-se ontem a abertura de de enhos, organiza-
da pelo pintor Paula Barros. Realizou-se anteontem à tarde, na Escola de Pintura,
A assistência foi distinta e numerosa. na Rua Colares Moreira, uma exposição de quadros dos
Aquele arti ta solicita da imprensa uma opinião final. alunos do artista pintor PauJa Barro .
Pois deseja oferecer um prêmio particular ao aluno do me- Dos trabalhos que vimos, destacam-se os da senhorita
lhor trabalho. Amena Varella e os dos enhores Levy Damasceno e Hil-
A exposição durará até amanhã, às 16 horas. (O Esta- ton Aranha, que revetam neles aptidão e inteligência. Em
do, 16/8/1915, p.l ). segundo plano estão os dos senliores Pantoja Filho, Artur
Marinho, Francisco Araújo Filho e Ruy Almeida.
EXPOSIÇÃO PAULA BARROS A exposição esteve bastante concorrida, notando-se
grande número de famílias. autoridades, jornalistas, estu-
o professor patrício Paula Barros abriu ontem as por- dantes, etc.
tas de sua Escola de Desenho e Pintura para oferecer ao Enviamos ao Sr. Paula Barros os nosi.os e mboras pelo
público, numa exposição, a prova material da sua compe- bom êxito de sua exposição. (A Tarde, 17/8/ 19 15, p. l ).

~ 255 ~
LUIZ DE MELLO

EXPOSIÇÃO DE DESENHO de iras vocações que vão desassombradamente alargando


caminho para a fama.
Visitamos hoje a exposição feita pelo pintor Paula Bar- Somos, porém, de uma pobreza extrema em Rafaéis.
ros, dos trabalhos dos seus alunos. Não que nos faltem desejo e habfüdade: talvez pululem por
O ilustre artista foi de uma amabilidade digna de menção. aí gênios latentes do pincel e do buril.
O salão está artisticamente enfeitado. Faltava-nos um Colombo.
Guiados pelo professor, percorremos os vários grupos O Sr. Paula Barros, pela exposição que nos apresenta de
de coleções. A nossa impressão foi magnífica e, confessa- trabalhos dos seus discípulos, manifesta-se-nos um artista
mos, não esperávamos ver tantos trabalhos de algum va- de mérito, e aliada a essa, demonstra a que nos fez, há me-
lor, em vista do pouco tempo que a escola funciona. ses, dos seus próprios, e convence-nos de que a mocidade
Merecem encômios duas telas de natureza-morta, re- maranhense não se acha desamparada no seu pendor peta
presentando melancias, e um jarro florido, pintados a óleo Arte de Ticiano, rumo da imortalidade gloriosa.
pela senhorita Amena Varela, que já revela decidido gosto E, se me é lícito destacar nomes, profano que sou, den-
artístico para a arte que cultiva; uma outra, representando tre estudos que se me ofereceram à curiosidade crítica de
bananas, feita no mesmo gênero pelo aluno Levy Damas- incursor em alheia seara, na minha ligeira visita à exposi-
ceno Ferreira, assim como várias cabeças desenhadas no ção de ontem, releve-se-me o escrever aq ui os da senhori-
gesso pelo mesmo aluno, e um retrato de Rubini, a crayon, ta Amena Varela, Levy Damasceno, Pantoja FilhoeHilton
do aJuno Hilton Aranha. Marinho, cujos trabalhos, revelando um trato mais longo
Por falta de espaço deixamos de mencionar mais al- com o lápis e o pincel que os dos demais expositores,
guns trabalhos desses alunos. salientam, aliás, pronunciada firmeza de execução e decidi-
Também são dignos de elogios os trabalhos de Panto- do gosto artístico.
ja Filho, Artur Marinho, Francisco Araújo e Rui Almeida, Dê-nos freqüentes vezes igual prazer o Sr. Paula Bar-
pela firmeza de seus desenhos e imperceptíveis nuances. ros, são os meus votos.
, Encontra-se ainda muita delicadeza de traços nos tra- LF
balhos de Evandro Rocha, Telésforo Rego, José Rodri- (O Estado, 18/8/1915, p. I)
gues; senhoritas Romilda Freires e Leonor S. Teles.
Acedendo ao gentil convite que lhe fez o Sr. Paula CHEGADAS:
Barros, S. Exa. o Dr. Herculano Parga, governador do Esta-
do, visitou a exposição, deixando transparecer a sua boa Pelo vapor Brasil, etc.
impressão e tendo palavras de elogios para com o pintor (...)No mesmo vapor veio da capital a professora Ame-
patrício. na Varela, que vem exercer o cargo de adjunta da professo-
O Sr. Paula Barros, satisfazendo ao desejo de algumas ra da Escola Mista do 2° Distrito nesta cidade. (Jornal do
pessoas, resolveu aceitar mais cinco alunos, apesar de Comércio (Caxias), 25/9/1915, p. l).
haver encerrado a sua matrícula. (O Estado, 17/8/1915, p.4). .
O CENTRO PORTUG~S
REPAROS
Esta prestimosa coletividade trabalha ativamente para
Arrastou-nos a curiosidade, ontem, ao antigo edifício o realce da festa celebrativa do quinto aniversário da pro-
da Rua da Paz , em que funcionou a Biblioteca, no intuito clamação do novo regime na Repúbljca irmã.
de ver os trabalhos dos discípulos do distinto pintor patrí- O cônsul de Portugal receberá, às 14 horas, as pessoas
cio Paula B arros, que os expõe ali à visita pública. que desejarem saudar a nação amiga.
Realmente a prova apresentada é prometedora. Devido à gentileza da Sra. Maria da Glória Parga Nina e
Oxalá os meus conterrâneos, em quem o gosto artísti- do professor Luiz Mendonça, cantar-se-á aqui pela primei-
co ainda não se manifestou decidido a não ser pela músi- ra vez A Portuguesa. A senhorita Carmem Monteiro da
ca, impressionem-se pela pintura, dando-nos a todos o Silva, estudiosa quintanista do Liceu, dirá uns vibrantes
prazer de, num próximo futuro, apontar nomes maranhen- versos -A Alma do Povo - escritos por Meier Garção.
Inaugurar-se-á no Centro o retrato do Dr. Antônio José
ses que se emparelhem na história das Belas-Artes brasi-
de Almeida. (0 Jornal, 27/9/1915, p. l).
leiras aos dos maiores pintores nacionais.
Nós, que no departamento das artes curamos quase só
EXPOSIÇÃO
de enfeixar na estreiteza de quatorze versos a expressão
do pensamento e a alinhar frases de prosa, mais ou menos
A distinta professora normalista Amena Varela teve a
buriladas, - povo de sonhadores -em cuja história rutilam gentileza de comunicar-nos que amanhã fará, na residên-
nomes imorredouros que exumam uma época literária de cia do Sr. Antônio Pereira da Silva Neto, uma exposição de
incontestável pujança, não podemos g loriar- nos de pos- pintura e desenho, a qual permanecerá aberta por alguns
suir um pintor cuja obra atravessasse gerações. dias à disposição do público que poderá visitá-la das 9
Seria de desejar que entrássemos de finitivamente no horas e m diante.
domínjo das Belas-Artes, com o mesmo vigor com que nos Agradecendo o convite que gentilmente nos foi feito
apossamos do das Belas-Letras nos tempos q ue se foram. para visitá-la, daremos a respeito dos trabalhos da pintora,
Certo, atualmente, é a música cultivada em grande escala, no próximo número, uma notícia detalhada. (Jornal do Co-
emergindo da geral mediocridade do meio a.rtfstico verda- mércio (Caxias), 2/10/1915, p. l ).

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CRONOLOGIA DAS ARTES Pl.ÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

EXPOSIÇÃO desC'aho de seus alunos, cm sua residência, das 9 horas da


manhã às 5 da tarde.
Ti vemos ocasião de visitar hoje a exposição de pintura Para visitar essa interessante exposição, que é pública,
e desenho feita pela distinta professora Amena Varela, na recebemos um cativante convite a que somos bastante pe-
residência do nosso ilustre amigo capitão Antônio P. da nhorados. (Jomal do Comércio (Caxias), 30/10/1915, p. I ).
Silva Netto.
A impressão que trouxemos dessa agradável visita foi HENRIQUES LEAL
a melhor possível.
Os quadros de pintura e desenho a crayon ali expostos No dia 3 do corrente, data que o Maranhão consagra
revelam, sem dúvida, a notável perícia da novel pintora a ao grande lírico Gonçalves Dias. vai ser inaugurado na
quem estão entregues os melhores triunfos na sublime galeria de honra da Biblioteca Pública do Estado o retrato
Arte de Rembrandt. do ilustre propagandista das nossas glórias literárias e
Os trabalhos de Amena Varella têm agradado a todos grande impulsionador daquele estabclecime1110 - Dr. An-
quantos têm ido visitar a sua bela exposição. tônio H. Leal.
Apresentamos-lhes, por isso, os nossos aplausos os ma.is É a primeira homenagem que presta o Maranhão à me-
calorosos. (Jomal do Comércio (Caxias), 61 10119 15, p.l). mória desse seu excelso filho, digno de toda a veneração e
respeito.
EXPOSIÇÃO
O ato é público a quantos o queiram assistir. (Pacoti-
lha, 1°/11/ 1915).
No prédio em que reside o Sr. Antônio Ferreira da Silva
Neto, na Praça Cândido Mendes, estiveram expostos di-
RETRATO
versos quadros e outros trabalhos de pintura executados
pela gentil senhorita Amena Varella, professora adjunta
Está em exposição, nas vitrines dos Armazéns Teixeira,
nomeada para aqui , onde chegou há dias.
um retrato de Pinheiro Machado, feito pelo inteligente li-
Os trabalhos, que revelam competência e perícia de
ceísta Evandro Rocha, discípulo do Sr. Paula Barros. (0
quem os executou, têm sido muito apreciados pelos enten-
Jornal, 1º/l l/1915. p.4).
dedores, pela perfeição que encerram.
Felicitamos a ilustre professora, não só por isso, como
DR. HENRIQUES LEAL
por se achar entre nós. (Jornal do Comércio (Caxias), 91
10/1915,p.l).
Vai o Maranl1ão render a primeira homenagem à memó-
A MORTE DE GONÇALVES DIAS ria dum grande propagandista das nossas glórias literári-
as, com a inauguração do retrato do Dr. Henriques Leal na
Na vitrine da Loja Notre Dame, na Praça João Lisboa, galeria de honra da Biblioteca Pública do Estado.
acha-se em exposição um quadro pintado a óleo, de tama- O ato solene reali1a-se no próximo dia 3, às 15 horas, e
nho regular, reproduzindo a alegoria alusiva à morte do será público a todos que desejarem preitcar o grande ami-
glorioso vate maranhense, Cantor das glórias indígenas. go de Gonçalves Dias, na data que lhe consagramos.
Esse trabalho, de muito merecimento an fstico e de belo Do diretor do estabelecimento, o Sr. Domingos Perdi-
efeito de nuances, é uma cópia feita pelo exímio pintor gão, recebemos um convite para assistir à dignificadora
Paula Barros, extraída de uma reprodução litográfica do cerimônia. (O Jomal, lº/11/1915, p.4).
célebre quadro de Eduardo de Sá, que se encontra na Es-
cola de Belas-Artes do Rio de Janeiro. EXPOSIÇÃO DE DESENHO
Corno essa tela é uma das melhores que tem produzido
0 simpático pintor, cremos que ela será adquirida por al- A convice da distinta professora Amena Varella, ti ve-
gum admirador do nosso primeiro poeta. (Pacotilha, 161 mos ocasião de visitar a exposição de trabalhos de dese-
10/1915,p.4). nho;) a crayon feitos pelos seus discípulos que freqüen-
tam as suas aulas de pintura, os quais no cuno espaço de
RETRATO DO GENERAL PINHEIRO MACHADO 15 dias demon traram, nessa exposição. u n aproveitamento
admirável.
Acha-se em expo ição em uma das montras dos Am1a- Dessa visita trouxemos a mais agradável impressão,
zéns Teixeira, na Praça João Lisboa, um retrato a crayon do pois podemos dizer que o método de ensino daquela exí-
general Pinheiro Machado, hábil trabalho do estudioso miá professora e a sua invejável aptidão vão despertando,
liccísta Evandro Rocha, inteligente e aplicado aluno do entre nós, o gosto pelo estudo de desenho e pintura. (Jor-
curso de desenho e pintura do nosso distinto patrício pro- nal do Comércio (Caxias), 3/l l/19 15, p.1).
fessor Paula Barros.
É verdadeiramente merecedor de elogios o magnífico A DATA GONÇALVINA
trabalho que bem revela uma vocação digna do incitamen-
to dos componentes. (Pacotilha, 3011011 915, p. I). Passa-se mais um ano, hoje, sobre a morte do insigne
Cantor das raças autoctônicas do Brasil, às quais devotou
EXPOSIÇÃO DE DESENHO anos de estudo e muitos dos melhores acordes da sua
estética.
A distinta profe sora Amena Varella comunicou-nos Gonçalves Dias é, sem dúvida, uma das mais singula-
que amanhã e depois fará uma exposição de trabalhos de res figuras da literatura brasileira. São múltiplas as feições

~257 ~
LUIZ DE MELLO

do seu largo e maleável esplrito cm que se palda um acen- O que aqui se registra é que o culto não se rendeu.
tuado cunho de nacionalismo, nem sempre justo, porven- O que aqui se comenta é que esse parêntese é um sin-
tura, mas sincero. As suas obras pedem, no entanto, para toma, e mau.
que se lhe sobredoure o grande valor de conjunto, uma Quando um povo, esquecendo nobilitantes costumes,
edição crítica. Era um trabalho que já devia estar feito, a deixa no olvido datas, homens e fatos que o enobrecem e
bem dos créditos da cultura pátria. glorificam, é porque é um povo que descrê ou então - o
Este ano parece que decorrerá em claro a romaria à que é certamente pior - é um povo que se deu a outro culto
estátua do imortaJ poeta, tão digno do constante fervor menos nobre.
admirativo dos maranhenses. Sentimo-lo deveras. E, nesta hipótese, esse culto o leva não sei para onde,
-Às 15 horas, na Biblioteca Pública, na Rua do Egito, mas o leva por um caminho que, com toda a certeza, não o
inaugurar-se-á o retrato de Henriques Leal. o erudito autor conduz à Glória...
do Pa111eo11 Mara11he11se e outros livros de valia. D.B.
A lembrança do Sr. Domingos Perdigão merece todos (O Jomal, 4/11/1915, p.l ).
os elogios.
- Em comemoração à data de hoje, a Sociedade Literá- EXPOSIÇÃO
ria Barão do Rio Branco efetua na sua sede, na Rua Vinte e
Oito de Julho n.º 53, às 19 horas, uma sessão solene. Fará Acham-se em exposição, nas vitrines da Notre Dame,
distribuir, nessa ocasião, o Ate11ie11se, que circulará em A Exposição e Grand Chie alguns trabalhos a óleo com-
edição especial, consagrada ao Poeta. postos pelo simpático pintor cearense Paula Barros.
Durante a solenidade falarão diversos sócios. Será ora- Os quadros em questão são excelentes, pelo que da-
dor oficial o Sr. Djalma Fortuna. mos parabéns ao estudioso cultor da sublime Arte de Ra-
A entrada é franca a todos quantos queiram assistir fael. (Pacotilha, 29/11/1915, p.4).
aos festejos da Rio Branco. (O Jornal, 3111/1915, p.4).
PARTIDAS E CHEGADAS
A ESMO
Recebemos um amável cartão de despedidas do pintor
Um inauguração de retratos no recinto duma bibliote- Paula Barros, que segue para o interior do Estado, onde
ca, lugar sereno de estudo. posto severo do saber acumu- vai pas ar todo o mês de dezembro entrante.
lado, é, incontestavelmente, uma homenagem digna de glo- Desejamo-lhe boa viagem. (Pacotilha, 29/11/1915, p.1).
rificar um altíssimo poeta.
E a solenidade que o esforçado diretor da Biblioteca UM NOVO ARTISTA
Pública, Domingos Perdigão, realizou ontem em honra à
memória de Gonçalves Dias, não poderá, decerto, marear a O jovem Hilton Aranha, filho do nosso velho amigo
justa forma do inspirado lírico. Muito ao contrário. Euclides Marinho Aranha. ilustre inspetor da Alfândega,
Também. longe de marear, somente pode dar mais lus- acaba de pintar um retrato a óleo do grande compositor
tre ao nome do poeta uma reunião de moços, cujos cora- Carlos Gomes.
ções, não poluídos ainda pelo utilitarismo e outras patifa- Não é o seu primeiro trabalho. Ma.e; será por certo um
rias cm ismo, se transformou em sacratíssimo turíbulo, evo- dos melhores, como poderão verificar os entendidos. numa
lando para a glória do vate um incenso puríssimo. das vitrines dos Armazéns Teixeira.
E a sessão comemorativa dos rapazes amigos dos li- O professor do novel artista é o Sr. Paula Barros, a
vros que fonnam o quadro social da Rio Branco foi outro quem a cultura estética da mocidade maranhense já deve
gesto digno dos melhores encômios. alguns serviços valiosos. (O Jomal, 30/11/1915, p.4).
Mas não bastam homenagens tais.
Há alguns anos passados bastariam. A ESCOLA DE PINTURA
Hoje, não bastam.
Com as glorificações feitas na rua, ao grande ar e ao Satisfazendo o pedido que nos foi feito, inserimos abai-
livre sol, durante anos consecutivos, até o ano passado xo a seguinte carta:
parecia que o Maranhão não deixaria mais passar sem as Sr. redator da Pacotilha:
ruidosas festas gonçalvinas, celebradas em praça pública, Sabendo quanto vos interessais pelo desenvolvimen-
a data do poeta. to de qualquer ramo do serviço da instrução pública entre
Parecia que esses fest ivos públicos já linham entrado nós, resolvemos apelar para a vossa proverbial benevo-
cm nossa vida social, já parte indi~pcnsáve l dos nossos lência no 'ientido de obtermo agasalho nas colunas do
cultos cívicos, celebrados, é certo, com tão retórica litur- vosso jornal, - valente protetor da mocidade que estuda -
gia e tão escassa fé. para as ponderações e apelo que por vosso intermédio
De modo que foi chocante a fa lta dos festejos públicos queremos fazer chegar ao preclaro chefe do Estado.
este ano. É mais um grande serviço, Sr. redator, que nos presta-
Das razões que delenninaram essa falta, não indago aqui. reis, além dos mais com que já tendes procurado estimular,
Não se propõe esta seção de descuidado registro e no preparo para a luta pela vida, os nossos ânimos e espí-
leves comentos à pesquisa das causas, embora meramen- ritos. Por eles vos saberemos ser grato .
te ocasionais, da falta da glori licação pela memória por Como sabeis, Sr. redator, aqui chegou cm dias deste ano,
que era feita. fa?cndo em seguida uma exposição de belos quadros. pro-

~ 258 <!..r'@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1 842 1930)

dutos do seu amestrado pincel, e logo depois abrindo uma ESCOLA DE DESENHO E PINTURA
escola prática de desenho e pinrura, o notável artista da
pintura e do desenho, o competente pintor Paula Barros. Aviso aos alunos que ficam encerradas as aulas nesta
Iniciando, então, o ensino, e sendo os mais satisfatóri- data até fevereiro próximo, quando farei o competente avi-
os possíveis os resultados colhidos pelos primeiros alu- so para nova abertura.
nos que se matricularam no curso, alguns outros se incor- São Luís, 4 de dezembro de 19 15
poraram a estes, obtendo, do mesmo modo, o mais Lison- José Paula Barros
jeiro e rápido aproveitamento. (Pacotilha, 6/1211915, p.2).
Metódico, paciente, afável, djsciplinador, dócil e esfor-
çado, e dispondo, sobretudo, de uma admirável clareza no RETRATO
seu método de ensino, o professor Paula Barros soube, em
poucos meses de tirocínio, transmitir a cada um dos seus O Sr. Pantoja, estabelecido com fotografia na Rua Gran-
discípulos uma consider:ivcl parcela do seu gosto e dos de, veio hoje à nos a redação mostrar um belo trabalho do
seus amplos conhecimentos da arte em que é tão perfeito. seu fllho João Pantoja, que há sete meses cursa a aula de
Sucede, entretanto, Sr. redator, que devido à grande desenho e pintura do competente e operoso professor
falta de recursos que se observa entre nós, muitos estu- Paula Barros.
dantes que desejavam matricular-se na Escola de Pintura É um retrato do fal ecido maestro Carlos Gomes, feito a
não dispunham de elementos necessários para o custeio crayon e copiado dum outro, a óleo. pintado por aquele
das mensalidades e acessórios indispensáveis ao estudo artista cearense.
da matéria, pelo que se viram obrigados, com pesar, a re- As linhas são fi namente traçadas, dando vida ao retra-
nunciar aos seus desejos. to e denodando a decid ida vocação do menino Pantoja
Alguns outros que se haviam matriculado e que já para a arte da pintura.
iam bastante adiantados, foram forçados também a aban- E.sse trabalho vai ser exposto na vitrine da Notre Dame,
donar os estudos, por não poderem custear as respecti- onde o público poderá apreciá-lo. (Pacotilha, 911211915. p. l).
vas despesas.
NA SEARA DAS ARTES
Assim, dispondo apenas de um número reduzidíssimo de
alunos, porque poucos são entre nós os que podem pagar
Com o retrato do comerciante de nossa praça Sr. José
uma escola - e na impossibilidade de aqui se manter com o
Jorge, exposto há dias na vitrine de uma casa de modas na
pouco que lhe rende o seu trabalho, vai o professor Paula
Rua de Nazaré, terminou o talentoso pintor Paula Barros a
Barros retirar-se do Estado, deixando-nos sem substituto no
série de encomendas que lhe foram feitas pela diretoria da
momento em que aspirávamos à conclusão dos estudos que
Be11efice111e Portuguesa do Mara11/ulo. &.ses retratos ir<lo,
começamos, e na ocasião em que outros colegas nossos ti- deceno, honrar o magnífico salão da prcclara e djstima
nham os olhos filos no Governo, à espera de que este sub- Assembléia.
vencionasse a escola, pondo-a ao alcance de todos. As palavras que aqui traçamos vão à guisa de crítica
É, pois, em tal emergência, Sr. redator, vendo as nossas porque não temos essa veleidade e foram sugeridas por
aspirações e as dos nossos colegas cerceadas, que procu- dois fortes motivos: primeiro, - porque da coleção enco-
ramos a vossa protetora intervenção no sentido de conse- mendada, apenas conhecemos o Sr. José Jorge. E a impres-
guir do eminente chefe do Estado mais e se valioso servi- são que sentimos ao apresentar o quadro de que falamos
ço à causa da instrução. foi t.'io grande que não sahíamos o que melhor admirar
Com efeito, entrando cm qualquer acordo com o pro- nessa tela: - se a hannonia das tintas ou se os traços
fessor Paula Barros, de modo que ele pudesse manter a perfeitamente característicos do retratado. E durante meia
Escola de Pintura, o digno e esclarecido governador do hora estivemos contemplando o belo quadro que o pincel
Estado prestaria mais um grande serviço à nossa causa amestrado de Paula Barros pintou num momento feliz...
que é também a causa pública, sobre ser igualmente a do O segundo motivo de termos alinhavado estas linhas
futuro da nossa terra, de que somos os mais legítimos simples é o seguinte: na edição de <;egunda-feira, a Paco-
representantes. tilha, na sua primeira página, satic;faiendo um pedido que
É exato que o Dr. Herculano Parga, que tanto há feito lhe fora feito por alguns alunos da Escola de Pintura, dava
pela instrução e pela mocidade, cedeu gratuitamente o edi- guarida em suas colunas a uma bem redigida publicação,
fício em que funciona a escola. Já é muito mas não basta. assi nada por "Alguns alunos da Escola de Pintura". Le-
Com os poucos alunos existentes a escola não poderá mos com satisfação o artigo cm quesLão. A mocidade faz
manter-se. um apelo vibrante por intermédio da Pacotilha - o decano
Tenha S. Exa. um pouquinho de boa vontade e preste- da imprensa maranhcnse, para que aos ouvidos do homem
nos este serviço. que tão dignamente ora governa o Maranhão chegas e o
Com uma pequena subvenção à escola, de modo que as pedido dos alunos da Escola de l'intura. O que quereriam
despesas se modifiquem, terá o Governo do Estado corrido eles? Que Sua Excelência o Sr. Dr. Herculano Parga conce-
mais uma vez em socorro das aspirações da mocidade. desse uma verba para a manutenção da escola referida.
E é em socorro desse pedido justfss imo. Sr. redator. que irá fechar por falta de um pequeno auxílio do Governo.
que solicitamos o vos o valioso concurso. Ju tíssima aspiração.
Alguns al1111os da Escola de Pi111ura. A mocidade j:i vai compreendendo hoje, nestes dias
(Pacotilha, 6/1211915, p. 1). dolorosos que passam, que um povo só é forte quando
LUIZ DE MELLO

possui as suas artes, a sua indústria, o seu comércio - e se iniciou o seu funcionamento; os que a procuraram, to-
sem indústria, sem arte e sem comércio a civilização vale dos eles, eram absolutamente alheios ao que nela iam
menos que um campo abrasado. Temos certeza quase ple- aprender, e, conrudo, cm mais de uma exposição nela reali-
na que cm breve o Sr. governador atenderá o pedido dos zada, têm sido exibidos trabalhos de alunos onde há o selo
estudantes e a escola não fechará. do talento e provas inquestionáveis de amor à arte e dedi-
Paula Barros irá por estes dias a Caxias, a fim de ver se cação ao estudo.
coloca na terra onde nasceu o glorioso Cantor das Palmei- É o que me parece: tivéssemos institutos onde os nossos
ras - Gonçalves Dias - o grande quadro representando os jovens conterrâneos, de um e outro sexo, pudessem exercitar
últimos momentos do extraordinário poeta. Vimos esse qua- o próprio esforço em harmonia com as suas aptidões estéti-
dro numa visita ligeira que fizemos à Escola; e ele deve ser cas, e não faltariam nomes que nos honrassem em qualquer
adquirido porque representa uma reminiscência da supre- dos luminosos departamentos das Belas-Artes.
ma desgraça sofrida pelo maior vulto da literatura brasilei- Aldo.
ra do seu tempo - Gonçalves Dias. (Pacotilha, 22/1211915).
J.
(Pacotilha, 91 12/19 15, p. I ). RETRATO

PINTURA Sabemos que diversos amigos do Sr. Clodomir Cardo-


so vão oferecer-lhe o seu retrato a óleo no dia 1ºde janeiro
Veio hoje à nossa redação o Sr. Pantoja. fotógrafo, mos- próximo, como prova da satisfação que experimentam ven-
trar-nos um trabalho de pintura do seu filho João Pantoja, do-o à testa do Governo da nossa cidade.
discípulo há sete meses do Sr. Paula Barros. É um trabalho O retrato, trabalho do competente pintor Paula Barros,
que muito recomenda o exímio pintor patrício. acha-se em exposição numa das vi trines da AI faiataria Tei-
O quadro, que é uma cópia do retrato do inesquecível xeira. (Pacotilha, 24/12/1915, p.4).
Carlos Gomes, será estampado brevemente neste jornal.
(O Jomal, 9112119 l 5, p.4). DR. CLODOMIR CARDOSO

ESCOLAS Os amigos e admiradores do Dr. Clodomi r Cardoso lhe


oferecerão no primeiro dia do ano novo uma bela oleogra-
Pudéssemos, houvesse recursos para que se desen- fia trabalhada pelo professor Paula Barros, - o seu retrato.
volvessem as narurais aptidões da nossa juvemude, e é (O Estado, 24/12/1915, p.1).
perfeitamente crível que fôssemos alguma coisa mais do
que somos; que a fama, tão decantada e tão estritamente MARINHO ARANHA
literária da nossa terra, mais se aproximasse da velha capi-
tal da Ática, à qual faz tantos anos que nos comparam, e Em exposição acha-se na vitrine da Casa Krause o pre-
0
onde as artes exceleram em tão soberbo primado. sente que os a migos do Sr. Euclides Marinho Aranha, dig-
Quando o Governo do Estado fundou a Escola de Mú- no inspetor da Alfândega, vão lhe oferecer amanhã, dia do
sica e entregou a sua direção à competência de João Nu- seu aniversário natalício. (Pacotilha, 30/12/19 15, p.4).
nes, o talentoso pianista maranhense, enorme se revelou o
número de alunos que a ela aflu íram; depressa foi atingido FOTOGRAFIA POPULAR
o limite máximo da matrícula, e, certamente, se mais eleva-
do pudera ter sido esse limite, a matrícula se encerraria Os Srs. Nina & Pantoja, proprietários deste acredita-
com a mesma presteza e faci lidade. do estabelecimento na Rua Grande, 55, a fim de tomar
In felizmente, foi bem efêmera a existência da escola, conhecidos os seus trabalhos em foto-crayon, confecci-
fechou -a. cerca de quatro anos depois, o mau fadário que onados à moderna, resolveram montar uma filial na Rua
tanias vezes nos tem prestado as melhores intenções, con- de Nazaré nº 31.
trariando os mais nobres desejos. Mas, embora esse tão O novo ateliê acha-se cuidadosamente instalado, con-
minguado viver, nela houve oportunidade para se defini- soante o que há de mais aperfeiçoado no gênero.
rem vocações verdadeiras, que a proficiência do mestre Segundo nos informaram, acabam de receber grande es-
levaria talvez a esplêndidas manifestações, e a que o aban- toque de material importado diretamente da América do Norte,
dono do curso e o desestímulo do meio não puderam se- salientando-se grande quantidade de dúzias de chapéus
não, cortando as asas, matar o vôo... É possível que algu- apropriados ao inverno, pelo que não há perigo de pouca
ma tenha tido a fortuna de melhor destino. Mas então para duração das fotografias executadas na estação chuvosa.
isso necessariamente concorreram circunstâncias de todo Belíssimos são os mostruários que vão figurar no novo
cm todo excepcionais. ateliê, contendo os seus melhores espécimes. A exposição
É de agora o caso da Escola de Desenho e Pintura será permanente e ficará à disposição do público durante
dirigida pelo esforçado e inteligente artista Paula Barros. todos os dias. ex ibindo-se cartões novos semanalmente.
Iniciada que foi, sem demora conseguiu um número de Um empregado permanecerá no novo estabelecimento, a
alunos relativamente grande, se se atender a que é manti- lim de instruir as pessoas que pretendam serviços da moder-
da com as mensalidades pagas pelos que a freqüentam, as na fotografia. Os fundos, salões, paisagens, etc., foram pinta-
quais. entretanto, ao que tenho ouvido, não bastam para dos, especialmente, pelo conhecido pintor Paula Barros, que
que ela continue a viver. Pois bem: faz poucos meses que não poupou esforços e bom gosto na sua confecção.

<VQ) 260 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Na inauguração da fil ial que será no sábado, dia de BRINCADEIRA DE REIS


Ano, ligurará o busto do governador do Estado, executa-
do cm foto-crayon, trabalho que, em verdade, merece sin- Deve sair hoje à noite, cm visita a um reduzido número
ceros encômios. de casas de famílias, um interessante grupo de graciosas
Na próxima semana será exposto o do Dr. Clodomir senhoritas que formam os Reis Atenienses.
Cardoso, não podendo sê-lo no sábado, devido à absolu- São promotoras desta tradicional brincadeira as gen-
ta escassez de tempo. (Pacotilha, 30/1211915, p.4). tis senhoritas Amena e Yayá Varella, Adorzilla e Santa
Souza e Edinê Maranhão. (Jornal do Comércio (Caxi-
DR. CLODOMIR CARDOSO as), 5/1/ 19 16, p.2).

Os amigos e admiradores do ilustre Dr. Clodomir Car- UM BELO QUADRO


doso prepararam-lhe para amanhã uma festa e significati-
va manifestação de apreço, pelo prazer que experimentam No estabelecimento dos Srs. J. Negreiros & Cia., acha-
vendo-o colocado na direção do Executivo Municipal. se cm exposição um belíssimo quadro a óleo, represen-
Ser-lhe-ão oferecidos o seu retrato a óleo, trabalho do tando os últimos momentos do nosso inesquecível con-
pintor Paula Barros, e um valioso tinteiro de prata e uma terrâneo, o grande poeta Gonçalves Dias, obra do talen-
caneta de ouro. toso pintor Paula Barros, que atualmente se encontra
A entrega do retrato efetuar-se-á às 8 horas da manhã, nesta cidade.
na residência do homenageado. O tinteiro e a caneta serão Apesar de não nos julgarmos com aptidão bastante
entregues por ocasião de sua posse, na Câmara Munici- para fazer uma crítica à altura do valioso trabalho daquele
pal. (Pacotillza, 3 1/12/1915, p.l). apreciado pintor, todavia podemos dizer que, por si só, ele
basta para atestar o alto valor artístico do Sr. Paula Barros.
DA POSSE DO INTENDENTE Esse importante quadro cm nenhuma outra parte mais
CLODOMIR CARDOSO de perto falará ao coração dos que o virem, pois em Caxias
teve berço o genial Cantor dos Timbiras e aqui viveu ele
(...)Findas as cerimônias de posse na Intendência Mu- os primeiros dias feliLCs de sua infância.
nicipal, numerosas pessoas afluíram à residência do Dr. Por que a mocidade caxiense não se alevanta para an-
C lodomir Cardoso, dentre as quais o governador do Esta- gariar meios de adquiri-lo e colocá-lo no Paço da Câmara
do e seu ajudante-de-ordens e o farmacêut ico João Vital Municipal. como uma recordação da horrorosa catástrofe
de Matos, vice-intendente empossado, vereadores, che- cm que perdeu a vida o glorioso poeta?
Seria um gesto nobre que, decerto, todos aplaudiriam
fes políticos, etc.
Pouco depois chegava o novo intendente Municipal da melhor boa vontade.
entre as aclamações dos seus amigos e admiradores. Com essa idéia que ai deixamos, pedimos pem1issão ao
Foi-lhe, então, feita uma tocante manifc~cação pelos Sr. Paula Barros para dar-lhe os nossos parabéns pelo efei-
amigos presentes que lhe ofereceram o seu retrato, urna to admirável que o seu belo quadro tem despertado entre
bela tela confeccionada pelo distinto artista Paula Barros. nós. (Jornal do Comércio (Caxias), 10/1/19 16, p. I).
(Pacotilha. lº/1/1916. p.2).
RETRATOS
DA POSSE DE CLODOMIR CARDOSO
O distinto pintor Paula Barros acaba de pôr em exposi-
ção no estabelecimento dos Srs. J. Negreiros & Cia., mais
( ...) Tenninadas estas cerimônias, os Drs. Herculano
dois retratos, sendo um a crayon, do Dr. Herculano Nina
Parga, Clodomir Cardoso e outros cavalheiros conduziram
Parga e outro a óleo, do Dr. Mirom Pedreira.
0 coronel Colares Moreira à sua residência, donde partira, Ambos estão muito perfeitos e são de uma semelhança
para a do novo chefe da Municipalidade. Ali, em tennos admirável.
breves mas expressivos, o Dr. Antônio Lopc ofertou ao Como se vê do anúncio que hoje puhlicamos, o Sr.
Dr. Clodomir Cardo o um primoroso retrato, feito pelo há- Paula Barros põe os seus serviços à dbposição daqueles
bil artista Paula Barros. O homenageado agradeceu mais que quiserem confiar-lhe a confecção de rctralos ou qual-
essa manifestação de apreço. (O Jornal, 3/1/1916, p. 1). quer outra obra de pintura e desenho. (Jornal do Comér-
ciÓ(Caxias), 151111916, p. I ).
CHEGADA
RETRATOS
Chegou anteontem, da capital, pelo vapor Lassance
Cunha, o exímio pintor Paula Barros, que, segundo nos Pretendendo demorar-me 30 dias nesta cidade, aceito
informou, traz consigo um belíssimo quadro que acaba de encomendas de retratos a crayon, foto-cruyon, foto-pin-
pintar representando os últimos momentos de Gonçalves tura e óleo sobre tela, assim como outro qualquer trabalho
Dias, o qual será brevemente exposto. de desenho ou pintura, podendo as pessoas que deseja-
Pretende o distinto hó pede demorar-se entre nós doi rem, procurar-me com o tempo na Rua Aar:ío Reis. em casa
meses, em serviço de sua honrosa profis ão. de D. Amena Varella.
Cumprimentamos ao distinto viajante. (Jomal do Co- Paula Barros
mércio (Caxias), 5/1/1916, p. l). (Jomal do Comércio (Caxias), 15/111916, p.2)

~ 261 ~
LUIZ DE MELLO

RETRATO os passos na flor da vida as sugestões de caráter incon-


fessável que deturpam e envenenam as ações humanas.
Acha-se exposto na ítl ial da Fotografia Popular, na Rua Juiz há 19 anos nesta comarca, não há quem lhe negue
de Nazaré nº 3 1, o busto do Dr. Clodomir Cardoso, inten- a retidão e a imparcialidade com que aplica a Lei, a sereni-
dente MurticipaJ, executado a foto-crayo n por aquele anti- dade e a fortaleza de ânimo com que empunha a espada da
go e conceituado estabelecimento. Justiça para, nas lutas que o choque de interesses desper-
Por ser um trabalho excelente, recomendamos ao pú- ta, dar a cada um o que é seu.
blico que o vá ver, a frm de fazer um juízo da sua perfeição. Da í a estima e a veneração com que todas as classes
Além do que vimos fazendo menção, encontram-se mui- sociais desta cidade cercam a sua pessoa de notável ma-
tos outros, inclusive o do Exmº Dr. Herculano Parga, go- gistrado q ue é, incontestavelmente, uma das glórias do
vernador do Estado, e o do coronel Heráclito Herculano Poder Judiciário do M aranhão.
Nina. (Pacotilha, 2 1/1/ 19 16, p. l). As liberdades constitucionais têm, em particular, encon-
trado no integérrimo j uiz o seu mais abnegado protetor.
O CENTRO PORTUG~S Ocasião não é esta oportu na para lembrarmos fatos,
ainda recentes, e nos quais a autoridade do Exmº Sr. Dr.
Esta prestante coletividade realizará na próxima segun- Rodrigo O távio se fez sentir no intuito de proteger e asse-
da-feira 3 1, às 19 horas, uma sessão rememorativa do Mo- gurar a liberdade de seus cidadãos, vítimas de excessos e
vimento Revolucionário do Porto, em 1891 , e do quinto abusos de outra autoridade, que se afastara por completo
aniversário da fundação do Centro. do caminho da lei.
Inaugurar-se-á, também, na sala principal, o retrato do A estreiteza de nossas colunas não nos permite, com
ilustre Dr. AníbaJ de Pádua, belo trabalho do Sr. Levy Da- mais am plitude, encarar a personalidade do querido ani-
masceno Ferreira. versariante que hoj e recebe do povo caxiense provas mais
A entrada é franca. ( Pacotilha , 291li19 16, p. I). inconcussas, as demonstrações mais inequívocas do quan-
to é verdadeiramente acatado e respeitado nesta cidade.
PINTURA Pouco importa que, no coro uníssono de tão justas
aclamações, uma ou outra voz surja, pretendendo quebrar
Em uma das vitrines da Alfaiataria Teixeira encontram- a harmonia desse sublime concerto em que se ouvem as
se expostos dois quadros a óleo, do menino Hilton, filho expressões do povo.
do Sr. Marinho Aranha, inspetor da Alfândega. É a voz dos despeitados, dos incontestáveis, dos in-
Representa um a Rampa de PaJácio, vista do mar, e o vejosos e dos maus elementos que sempre existiram no
outro uma noite de luar. mundo.
Ao jovem Hjlton, os nossos votos para que continue a Pouco importa os botes da maledicência humana se
estudar e a desenvolver os seus belos dotes artísticos. (0 eles não lograrão jamais atingir a veneranda pessoa do
l omal, 31/111 9 16, p.I ). ilustre magistrado cuja toga puríssima e imaculada tem sido
e continuará à ser o pálio de nossas liberdades, o amparo
PAISAGEM e o arrimo dos fracos.
Hortra, pois, ao Exmº Sr. Dr. Rodrigo Otávio Teixeira. (O
Numa das vitrines da Alfaiataria Teixeira acha-se ex- Sabi6 (Caxias), JOn/1 9 16, p.2).
posta uma vista da nossa Rampa do Palácio, pintada a
óleo pelo nosso inteligente conterrâneo H ilton Aranha, CONVITE
filho do S r. Eucl ides Aranha. ( Pacotilha , 31/ll19 16, p.4).
A Mocidade Caxiense, representada pela comissão in-
DR. RODRIGO OTÁVIO fra-assinada, tem grande satisfação e m convidar o povo
em geraJ desta gloriosa cidade para assistir hoje, às 5 1h da
Estreantes, embora, na vida da impre nsa, não nos po- tarde, à inauguração solene do retrato do Sr. Dr. Rodrigo
demos fugir ao dever que nos assiste como moços de, à Otávio Teixeira, íntegro juiz de Dire ito desta comarca, no
medida de nossas forças, re nder as mais s inceras quão salão nobre da Câmara Municipal desta c idade.
espontâneas homenagens ao Exmº Sr. D r. Rodrigo Otávio A esse ato todo espontâneo e s incero com que os
Teixeira, íntegro e estimado j uiz de Direito desta comarca, moços caxienses querem trad uzir o elevado apreço e a pro-
no dia de seu artiversário nataJício que hoje transcorre. funda admiração que votam ao excelso magistrado, decer-
Habituados a di vu lgar na pessoa do ilustre mag istra- to, o valoroso e altivo povo caxiense, representado por
do , desde que começamos a julgar dos homens e dos todas as c lasses sociais, sem distinção de quaJquer natu-
fatos, o exemplo vivo das mais acrisoladas virtudes, o reza, prestará o seu homoso concurso.
j uiz verdadeiramente justo e impolutamente probo, certo E rtinguém melhor do que o povo de Caxias sabe
que não podíamos deixar passar a oportu nidade que ora quão justa e merecida é a homenagem que, assim, vai ser
se nos oferece para testemunhar-lhe a nossa profunda prestada ao ínclito magistrado, no dia de boj e - data do
admiração. seu aniversário nataJício - porque é e le que tem sido a
E só a estes impulsos nobres e dignificantes obedece- testemunha de todos os dias do modo pelo qual o Exmº
mos no preito que ora rendemos ao Exm º Sr. Dr. Rodrigo Sr. Dr. R odrigo Otávio Teixeira vem desempenhando, há
Otávio, mesmo porque no coração dos moços não medram 19 anos j á, a sacrossanta missão de distribuir a Justiça
sentimentos outros de subalternidades nem lhes dirigem nesta comarca.

~ 262 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Consciência retilínea. coração generoso, amigo dedi- COMO ELES FAZEM ...
cado dos fracos e dos oprimidos, o ilustre magistrado há
sempre trilhado o caminho do Dever, por mais que os "ui- De O Jornal, de 12 de fevereiro passado, extraímos o
vos da ululadora sórdia" tentem, de vez em quando, inter- seguinte telegrama:
rompê-lo na marcha vitoriosa e triunfante. "O Dr. Rodrigo Otávio recebeu ontem, data do seu na-
Rendamos, pois, hoje, oh povo de Caxias! as nossas talício, significativas demonstrações de apreço e admira-
homenagens ao Exmº Sr. Dr. Rodrigo Otávio, ao seu caráter ção da sociedade caxicnsc. Por iniciativa da Mocidade, foi
puríssimo, à sua vontade de aço, à sua coragem que não inaugurado, no salão nobre da Câmara Municipal, que tam-
admite humi lhações, à inflexibilidade de suas convicções, bém serve de Fórum, o retrato do ilustre magistrado. A
qualidades estas que o tomam o impertérrito defensor da cerimônia realizou-se às sete horas da noite, tendo sido
liberdade e o apóstolo sereno da Verdade e da Justiça. revestida de excepcional importância. O salão regurgitava
Salve, 10 de Fevereiro! das principais famílias, pessoas da alta sociedade e repre-
A comissão: sentantes de todas as classes sociais. Em tomo do home-
Floriano P. de Araújo, Osvaldo Teixeira Mendes, Bene- nageado sentaram-se os coronéis Benedito Joaquim da
dito Pires da Silva, Josias Freire Santiago, Joaquim Vicente Silva, José Cavalcantc Maranhão e Francisco de Moura
Aires, Anísio Marques de Sampaio, R. Castelo Branco, Carvalho, vereadores da Câmara, coronéis Antônio Netto
Antônio Teixeira Ribeiro, Átila Alves Costa. José Guima- e Acrísio Bastos, intendente e subintendente e Raimundo
rães Carvalho, Joaquim Caldas Vila Nova, Edésio Vidigal. Castro Menezes, coletor estadual. Depois do discurso do
João E. Bastos, Raimundo Costa Sobrinho, Hermógenes orador oficial, o Dr. Otávio proferiu eloqüente e vibrante
Eurico de Menezes, Raul Vilhena, Justino Araújo e Alcebí- oração, que durou mais de uma hora, sendo com freqüên-
ades Vilhena Frazão. (Jornal do Comércio (Caxias), 10121 cia interrompido pelas aclamações. O seu retrato, confec-
19 16,p. J). cionado pelo pintor Paula Barros, foi inaugurndo pelo vicc-
prcsidente da Câmara. Depois da cerimônia, foi o aniversa-
A NAVEGAÇÃO DO BALSAS riante acompanhado por majestoso cortejo até a casa de
residência do Dr. Teixeira Junior, onde se rcalilou deslum-
Acha-se em expo ição, na vi trine da Loja Grande Chie, brante sarau dançante.
um quadro com o retrato, cm ponto grande, de Mr. Thomas O Dr. Rodrigo Otávio tem recebido inúmeras cartas,
W. Pearce, proprietário-gerente da Empresa Fluvial Piaui- cartões e telegramas de parabéns. Publicamos uma edição
cnse, que desde 1910 tem mandado coma máxima regulari- especial com o retrato do querido magistrado. Jornal do
dade os seus vapores até a florescente vila sertaneja de Comércio."
Santo Antônio de Balsas.
Os habitantes dessa próspera localidade, como prova Tudo isto dito e escrito pelos doi im1ãos J. TciJCeira
de gratidão, vão inaugurar no salão nobre da Câmara Mu- Júnior e Rodrigo Otávio, proprietários e redatores do Jor-
nicipal dali, esse retrato do infriador da navcga\ão a vapor nal do Comércio, é de se lhes tirar o chapéu! Tem um
no Rio Balsas. (Pacotilha, 14/2/1916, p. I ). sabor todo especial e fino! Só de uma coisa se esqueceram
e foi de afinnarem que o segundo mano - o Sr. Rodrigo
UM ANDARILHO EM SÃO LUÍS Otávio - nessa eloqiiente e vibra111e oraçüo, se defendeu
cabalmente das acusações merecidas que lhe atirou o re-
Esteve boje cm nossa redação o andarilho chileno J. presentante do Ministério Público, pelos feios e abjetos
Luiz de Miranda, que se esforça para bater o recorde de crimes que há perpetrado!...
pedestrismo, procurando assim fazer a volta da América Como eles são!
do Sul, em disputa do prêmio de 100.000 dólares. Safa! (Jornal de Caxias, 5/3/1916, p. 1-2):
O prazo estabelecido para essa jornada é de 4 anos.
(...) O Sr. Miranda acha-se hospedado na Pensão Acre, VIAJANTE S
na Rua de Nazaré nº 17. (Pacotilha, 28/2/ 1916, p. I).
(...) Regressou hoje à capital o db into pintor Paula
o andarilho chileno Luiz Miranda ofereceu-nos um pra- Barros, que se demorou algum tempo entre nós, onde dei-
to com desenho a verniz, lembrança de sua passagem por xa as melhores relações de amizade.
esta capital. (Pacotilha, 2/3/1916, p. I). Agradecendo suas dcspedjdas desejamos-lhe ótima
viagem. (Jornal do Comércio (Caxias), 15131 1916, p. l).
RETRATO
PINTOR FELIZ
Vimos hoje em uma rica moldura o retrato da senhorita
Zoé Cerveira, belo trabalho a foto-crayon que o Governo Ao lado de Gonçalves Dias, Dias Carneiro e Enéas Tor-
do Esrado mandou que os Srs. Nina e Pantoja confeccio- reão, fo i inaugurado, no salão r.0bre do Paço Municipal, o
nassem, a fim de ser colocado no salão nobre do Liceu retrato do Dr. Rodrigo Otávio Teixeira.
Maranhense, em cujo estabelecimento aquela inteligente
senhorita foi laureada, no curso de mestre normalista.
o retrato de Zoé Cerveira será exposto na vitrine da Esta é a melhor crítica, anônima, referente ao retrato de Rodrigo
Fotografia Filial, na Rua Nazaré nº 3 l. (Pacotilha, 4131 Otávio Teixeira. No soneto que segue. Paula Barros é chamado de
··pintor felit". por ter feito um "Rodrigo Otávio pequeno, humil-
1916,p.l). de, acaçapado."( ...)

~263 ~
LUIZ DE MELLO

Ser arti~ta é ter na alma a natureta! - Nas sextas-feiras e sábados, aulas de pintun1 a ólco-
É ser humano, é ter no coração, natureza-morta para os alunos mais adiantados da Iªturma.
Fibra capaz de haver a comoção, - Do começo de junho em diante será reservado um dia
Quer nos venha do Bem ou da Vileza! da semana para o estudo de fi gura do modelo vivo, e para
os de paisagens do natural, organizando-se para estas,
É na tela deixar, e com vi veza, pequenas excursões pelas manhãs com os alunos mais
Os traços, um a um, dessa impressão adiantados da 11 turma.
Que de pavor nos traz a vil ação, Garante-se respeito e moralidade.
Ou nos dá de alegria a sã nobreza! Aceito alunos em suas residências.
O professor,
A1>sim fez Paula Barros. O moral Paula Barros.
Desse juiz sem lei, baixo e venal, (Pacotilha, 28/3/ 1916, p.2).
No retrato deixou justo gravado!
ESCOLA DE DESENHO E PINTURA
Entre Enéas Torreão, Dias Carneiro, Sr. redator da Pacotilha.
E o Dias imortal e sobranceiro,
Fê-lo pequeno, humilde, acaçapado! Tão bem, de outra vez, acerca do mesmo asunto nos
acolhestes, que a vossa fidalguia e distinção, aliadas ao
7imbira Filho (Jomal de Caxias, 16/3/1916, p.2)." interesse que tomais pelas coisas do ensino público em
nossa temi, nos anjmam a vir mais uma vez importunar-
REGRESSO vos em relação ao mesmo objeto do nosso apelo anterior.
Trata-se runda da Escola de Desenho e Pintura, manti-
De Caxias, onde estivera a passeio, chegou anteontem da nesta cidade pelo competente e ilustrado professor
a esta capital o djstinto pintor Paula Barros, que reabrirá Paula Barros.
por estes dias a sua Escola de Desenho e Pintura no mes- Ora, como sabeis, essas duas matérias representam um
mo prédio da Rua Coronel Colares Moreira em que ela grande fator, um complemento indispensável na aplicação
funcionava o ano passado. (O Jornal, 20/3/1916, p. I). do ensino e da educação moderna. Elas são como que uma
pedra complementar do aJjcerce da instrução.
ESCOLA DE DESENHO E PINTURA E a moderna pedagogia, que nos centros adjantados já
adquiriu proporções de ciência po itiva, ditando à educa-
Reabrir-se-ão as aulas dessa escola no dia Jº de abril ção leis reais e verdadeiras, que progridem e se acentuam
vindouro. As pessoas que se desejarem matricular pode- à feição da evolução, justifica plenamente os conceitos
rão vir dar os seus nomes no mesmo prédio da Rua da Paz, que acima ex pendemos.
E, de fato, Sr. redator, com a criação da Escola de Dese-
das 9 às 11 horas, até o dia 31 do corrente.
nho e Pintura; incorporada à instrução Pública do Estado,
Paula Barros
teríamos preenchjdo uma lacuna que se faz sentir desde há
(O Jornal, 201311916, p.4).
muito no preparo da mocidade para as lutas do futuro. E os
que desempenham as funções do magistério público esta-
Satisfazendo ao pedido de algumas pessoas que dese-
rão certamente conosco neste modo de ver e de pensar.
jam aprender essa hábil arte, resolvi aceitar alguns alunos
Quando, em fins do ano passado, recorremos ao chefe
cm suas residências, podendo ser procurado na escola da
do Estado no sentido de obtermos dele uma subvenção à
Rua da Paz. das 9 às 11 horas.
dita escola, S. Exa. nos deu a segurança de que empenha-
O pintor ria os seus e forçosa fim de conseguir do Congresso atu-
Paula Barros al a mencionada subvenção. É por isso, pois, que volta-
(O Jornal, 1°/4/1916, p.2).
mos a insistir no assunto.
Agora que está funcionando o Congresso, o momento
ESCOLA DE DESENHO E PINTURA é o mais oportuno possível para o desempenho do com-
RUA DA PAZ promisso que o ilustre chefe do Estado contraiu para co-
nosco.
Recomeçarão as aulas desse curso no dia 1° de abril Nenhum sacrifício virá aos cofres públicos da peque-
vindouro, achando-se aberta a matrícula até 20 alunos. na subvenção que se der a essa escola, e dela, entretanto,
- Novo programa de ensino confeccionado da melhor resultará. com certeza, para o Estado e para a mocidade.
forma para o bom aproveitamento do aluno. sobretudo, grande soma de benefícios.
- Aulas todos os dias, exceto nas quintas-feiras, das Assim, com o direito que nos dá a nos a qualidade de
15 às 16 horas. representantes do futuro desta terra, apelamos para o pa-
- Nas segundas-feiras, lições de perspectiva prática triotismo do Governo do Estado, a fim de que seja atendi-
aplicada na paisagem d'apresnature e de pintura a aqua- da a petição que o professor Paula Barros dirigiu a essa
rela para os Srs. alunos e alunos da 1• turma respectiva- respeitável corporação.
mente. E ao coronel Inácio Parga e ao Dr. Jo é Barreto tannbém
fazemos extensivos o nosso apelo.
Alguns alunos da Escola de Desenho e Pintura.
Quando o M>neto acima foi publicado. Paula Barros já havia saído
de Ca~ias. (Pacotilha, 3 l/3/1916, p. I).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)
--------- --- ------
CARTA ABERTA AOS ALUNOS DA ESCOLA Foi com prazer que recebi essa inesperada negativa,
DE DESENHO E PINTURA no mesmo momento cm que lia as generosas expressões
da vossa carta.
o Sr. Paula Barros solicita-nos a publicação da carta O vosso pedido a mim será atendido; e por isso vos
abaixo: declaro que em atenção ao vosso adiantamento e para
Já por duas vezes que me sull'rcendeis com as vossas poderdes penetrar mais além no caminho da noi.sa arte,
cartas dirigidas a esta redação, como um apelo ao preclaro procurarei manter a minha escola desde que a matrícula
chefe do Estado, o Exmº Sr. Dr. Herculano Nina Parga, a atinja o número de 15 alunos, pelo menos, com as mesmas
bem da continuação da minha escola, da qual sois vós contribuições anteriores.
dionos alunos. Inútil será externar ainda uma vez os protestos de mai-
"'Cumpre-me vir agradecer as muito valiosas referências or estima e consideração, com que tenho a honra de ser
feitas a mim, com tão manifesta generosidade vossa; bem vosso mestre e amigo,
como é dever meu ocupar um instante a vossa atenção a Paula Barros
propósito das nossas aulas. ( Pacotilha, 4/4/1916, p. l).
Quando cheguei a esta capital, com o fim exclusivo de
fazer a exposição dos meus modestos trabalhos, para logo Congresso Legislativo do Estado (Ata da 4 11 sessão
após tomar deliberações outras, fu i gentilmente convida- ordinária da 9" legislatura, cm 27 de março de 1916)- Peti-
do por alguns de vós para fundar aqui uma escola de dese- ções:
nho e pintura, visto como o desenho ensinado nas atuais (...)de Paula Barros, pedindo auxílio para uma Escola
escolas públicas e particulares não preenchiam as lacunas de Desenho e Pintura que mantém neste Estado. - à t •
existentes, não só porque o professor com o seu egoísmo Comissão. (Diário Oficial do Estado, 1J51 19 16, p.5).
não proporcionava aos alunos meios didáticos de prosse-
guirem, como por ser aquele um desenho pur.unente geo- CONGRESSO LEGISLATIVO DO ESTADO
métrico, material de mera utilidade para as indústrias; ao
passo que era desejo dos alunos aprenderem o desenho à Ata da 44• sessão ordinária da l 1 reunião da 9" legbla-
mão livre, sem auxílio do compasso, como o esrudo da tura, em 30 de março de 1916.
pintura ao natural. . _ . I ª Parte - Ordem do dia:
Resolvi, então. levado pores as man1festaçoes, abnr O Sr. Alcebíades Silva: -Sr. presidente, pedi a palavra,
0 meu curso livre, não me faltando logo a benevolência para, na qualidade de relator da Comis ão de Fazenda,
tanto da parte do Exmº Sr. governador, que bondosamente submeter à apreciação da Casa o parecer por ela elaborado
me cedeu o salão onde funcionou a Biblioteca Pública, sobre o requerimento do pintor José de Paula Barros.
como da parte de distintos amigos e desses esperançosos Vem à mesa, é lido, toma o nº 65, e vai a imprimir, para
moços que sois vós. entrar na ordem dos trabalhos, o seguinte:
Foram logo incrementados os nossos auspiciosos co- PARECER N" 65
meços com a freqüência de aplicados rapazes e ainda de A I' Comissão, examinando o requerimento do pintor
alguns professores que já haviam estudado durante o José de Paula Barros. solicitando uma subvenção de
seu curso aquele desenho especial, com tanta perda de 200$000 mensais, para a Escola de Desenho e Pintura que
longos tempos. mantém nesta capital. obrigando-se a matricular na mei.ma
Depois, com o correr dos tempos, os alunos se despe- dez alunos pobres indicados pelo Estado. e conquanto
diram sentidamente das aulas por não poderem continuar ache justa a pretensão do requerente, sente não lhe penni-
a dispcnder os honorários das suas mensalidades, alegan- tirem atualmente as fin anças do mesmo Estado, que já
do 0 estado crítico dos tempos presentes. Em tais condi- mantém duas escolas de desenho no Liceu Mar<.111hcnse.
ções ameacei fechar definitivamente a minha escola. por aproveitar a aptidão do requerente, concedendo-lhe o fa-
não poder mantê-la com o pequeno número de alunos res- vor pedido.
tantes, quando li a primeira carta por vós dirigida à reda- Sala das Comissões, em 30 de marçc de 1916
ção da Pacotilha, já depois de haverdes ido incorporados
Inácio Parga. P.
à presença do Exmº governador do Estado, s~lic itando o
Alcebíades Silva, R.
seu patrocínio em favor da mesma escola monbunda.
Heráclito Nina -José Rarreto
Tomei depois o alvitre de ir tratar pessoalmente com o
(Diário Oficial do fürado, 6151 19 16, p.3)
Exmº governador, cuja boa vontade claro se manifestou.
externando desejo de me auxiliar para a continuação da
PINTOR E ARQUITETO
escola e vossos conseqüentes progre sos.
Funcionando agora o Congresso Legislativo, ousei to-
mar a peito, para o vosso bem e aproveitamento. mandar E tá nesta cidade o hábil pintor e arquiteto Augusto
ma peúção àquela Casa, propondo a redução de 50% nas Azevedo, que se encarrega de executar qualquer trabalho
u ensalidades e o ensino gratuito de 1O alunos, como re- concernente à pintura de prédios, decoração de salas a
m . . óleo, paisagens, construção de chalés, altares de igrejas e
muneração da graça pedida. Permanecia na expectativa,
ando se me deparou a vossa segunda carta na folha de outras obras de arte. Pode ser procurado em casa do Sr.
qu e .
sexta-feira, 3 1 p.p., quase contígua ao parecer da omis- Sebastião Pires, no Largo de São Benedito. (Jornal do
são que indeferia a minha petição. Comércio (Caxias). 13/5/ 19 16. p.2).

CV(>) 265 <VQ)


~
LUIZ DE MELLO ~

SEÇÃO DE PINTURAS FINAS REGRESSO DE PAULA BARROS


EM ESTILO ART-NOUVEAU
Deu-nos hoje o prazer de sua visita o professor PauJa
João A. da Costa Ferreira vem por este meio prevenir Barros, ontem chegado de Belém.
ao público e também aos seus fregueses tanto do interior Amanhã reabrirá a sua au la de desenho e pintura no
quanto os da capital, que se acha habilitado a executar mesmo edifício da Escola na Rua Colares Moreira. (Paco-
qualquer serviço em imagem, tanto cm pintura (encarna- tillw, 3nll 916, p. I ).
ção) como também em escultura, pois para esse fim acaba
de receber ouro de superior qualidade e tintas em bisna- COMÉRCIO DE PAULA BARROS
gas a óleo e a aquarela - artigo itaJiano.
Portanto, quem precisar dos seus serviços dirija-se à Os Srs. Paula Barros & Cia., inauguraram na Rua do Sol
Trav. Cinco de Outubro nº 2, antiga Travessa do Teatro. nº 17-A, um estabelecimento denominado Moldura EJe-
João A. Costa Ferreira gante, com depósitos de vidros, espelhos, molduras, ima-
gens, estampas, telhas de vidro. Há uma seção de Espe-
AJtoMearim, 22deabril de 1916 lhos e Gravuras e outra de Pintura, compreendendo estas
llmº Sr. João A. Costa Ferreira retratos a óleo, pastel, crayon e ampliação. (Pacotilha, 181
São Luís 7119 16, p. l ).
llmºSr.
MOLDURA ELEGANTE
Esta tem por fim atestar a sua perfeição na arte a que se
dedicou, pois sendo eu também conhecedor da mesma e
Dos Srs. Paula Barros & Cia., recebemos uma circular
tendo tido professores estrangeiros quando andei pela em que nos comunicam ter inaugurado, na capital, com a
Europa, achei os trabalhos nas imagens que mandei por V.
denominação supra, um estabelecimento com grande de-
S.ª executar, muito superiores aos vindos de Portugal; tan-
pósito de vidros e espelhos em todos os tamanhos, mol-
to que não mandarei mais trabalho de imagens para a Euro-
duras, imagens, estampas, telhas de vidro, etc., com uma
pa, desde que na nossa terra tenha pessoa competente
seção de Gravura e Pintura apta a satisfazer quaJquer tra-
como a de V. s.•
balho em retrato a óleo, pastel, crayon e ampliação.
O que acima digo não é um elogio, é simplesmente a
Agradecendo essa comunicação, desejamos prosperi-
expressão da verdade, podendo V. S.ª fazer desta o uso
que lhe convier. dades ao útil estabelecimento.
(lomal do Comércio (Caxias), 26nll 916, p. I ).
Seu criado muito obrigado.
João Fel intro de Souza Matos ( Pacotilha, 11151
1916, p.2). PINTURA E DESENHO

PARTIDAS E CHEGADAS Cartões postais para novelas de pintura, tintas, palhe-


tas, csfuminhos,fusain, souce, papel de di versas qualida-
Seguindo amanhã para Belém, cm visita à sua famfüa, des e outros artigos para desenho, recebeu a Livraria Mo-
veio trazer-nos as suas despedidas o ilustre pintor Paula derna, Rua de Nazaré, 33. (Pacotilha, 919119 16, p.4).
Barros, diretor da Escola de Desenho e Pintura.
Pediu-nos S. S. avisássemos os seus aJunos de que, MOLDURA ELEGANTE
por esse motivo, as auJas ficarão suspensas por 15 dias, PAULA BARROS
sendo reabertas a 3 de julho próximo. (Pacotilha, 15/6/
1916,p.I). Casa especialista em quadros, com grande sortimento
de molduras, vidros finos e grossos para vidraças, clarabói-
PINTORES E DESENHISTAS as, vapores e gravados para guarda-louças. ESPELHOS li-
sos e bezeauté para Psiché, Toilette, Guarda-Casacas, etc.
Tintas a óleo e aquarela, telas, pincéis, cavaletes, óle- IMAGENS, TELHAS de vidro e tudo que é de belo
os, compassos, estojos de compasso, percevejos, nan- para um apurado gosto artístico.
quins, esquadros, réguas, lápis, papéis, estojos de lápis SEÇÃO DE GRAVURA E ESPELHAÇÃO pelo sistema
próprios para presente, receberam a preços módicos An- Sains Gobais, único que tem provado perfeição e clareza
tônio Pereira Ramos de Almeida & Cia. Sucessores. (Paco- de luz., podendo espelhar-se qualquer tamanho de vidro,
tilha, 161511916, p.4). garantindo duração inalterável.
SEÇÃO DE PWTURA
ESPETÁCULO Aceitam-se encomendas de retrntos a óleo, pastel,
crayon e ampliação com enorme diferença de preços.
Realizar-se-á sábado próximo, no Teatro Fê1úx, um belo Esta casa contém pessoal habilitado para os serviços
espetáculo dramático, promovido por um grupo de distin- de vidraceiro em casas particulares, os quais serão feitos
tos artistas amadores. com presteza.
Nessa ocasião será inaugurado o novo pano de boca, Visitem este novo estabelecimento, único no gênero,
confeccionado pelo hábil pintor Augusto Azevedo. (Jor- na Rua do Sol, 17-A. em frente ao Teatro São Luiz. ( Paco-
nal do Comércio (Caxias), 261611916, p. I). tilha, 919/l 916, p.4).

~ 266 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ESCOLA DE DESENHO E PINTURA O ato será público e a ele comparecerão membros da


Academia Maranhense de Letras, autoridades, represen-
Tendo resolvido não continuar com essa escola, rogo tantes de diversas classes e corporações. comissões de
aos alunos a fineza de mandarem buscar os seus cavaletes professores e alunos de diversos estabelecimentos de ins-
e mais utensílios por toda esta semana, das 9 às 1O horas, trução. (0 Joma/, 1°/11/1 916,p.I).
quando encontrarão quem os entregue.
O professor, AS FESTAS GONÇALVINAS
Paula Barros
(Pacotilha, 2/10/1916, p.4). Efetuou-se ontem a comemoração anual de Gonçalves
Dias, constando da inauguração do retrato do glorioso
A FESTA DE ONI'EM NO GR.ê.MJO 1º DE JANEIRO lírico num dos salões da Biblioteca Pública e da romaria à
EM HOMENAGEM A MANOEL ALVES DE estátua.
BARROS
NA BIBLIOTECA PÚBLICA
(Às 15 horas de 22/ 1O: inauguração de um retrato do
homenageado, numa das salas da agremiação. Presentes Às 15 horas, presentes o representante do chefe do
várias autoridades)- TRECHO FINAL: Estado. o Dr. Demóstenes Macedo, secretário do Interior,
( ...)O retrato do Sr. Manoel Alves de Barros que osten- comissão da Academia Maranhcnsc, composta dos Srs.
ta rica moldura, é trabalho do talentoso pintor cearense Ribeiro do Amaral, Drs. 1. Xavier de Carvalho, Vieira da
Paula Barros. (Pacotilha, 23/ 1011 916, p. I). Silva e Alfredo de Assis, Domingos Barbosa, Dr. intenden-
te Municipal, pelo seu secretário Antônio Bona, coman-
RETRATO DE GONÇALVES DIAS dante da Escola de Aprendizes Marinheiros, inspetor e
ajudante do Serviço de Proteção aos Índios neste Estado,
Pela Sra. Alice Leal Ferreira Santos, filha do ilustre ma- representaçõe do Centro Artístico e Operário, da Escola
ranhcnsc Henriques Leal, foi oferecido à Biblioteca Publi- Modelo Benedito Leite, dos institutos Maranhense e Rosa
ca do Estado um retrato a óleo do nosso grande poeta Nina, etc., inúmeras famílias, estudantes, imprensa e povo,
Gonçalves Dias. teve início a sessão solene que foi presidida pelo secretá-
o retrato, que é considerado o mais fiel do grande vul- rio do Interior.
to, pertenceu ao mencionado Dr. Antônio Henriques e a O diretor da Bibliotecn, Sr. Domingos Perdigão, expli-
ofertante era alilhada do pranteado poeta. cou então o motivo da festa, singela, porém significativa
Essa valiosíssima oferta foi feita por intermédio do do alto grau de estima que os maranhenses tributam ao
nosso prestimoso conterrâneo Dr. Antônio de Castro Pe- expoente máximo de sua intelectualidade, e desvendou o
reira Rego, sendo trazida do Rio pelo Dr. Lino Rodrigues retrato que se encontrava velado pelas bandeiras do Esta-
Machado. do e da Republica.
O retrato será solenemente inaugurado na Biblioteca, É um belo trabalho a óleo que pertenceu ao maior ami-
00 dia 3 do próximo mês de novembro, data consagrada ao go do poeta, Dr. Antônio l lenriques Leal, e que acaba de
poeta maranhense. (Pacotilha, 2511OIl9 l 6, p.4). ser ofertado ao estabelecimento pela Sra. Alice Leal Ferrei-
ra Santos, afilhada do homenageado de ontem.
UMA OFERTA Em nome da Academia Maranhense falou o Dr. 1. Xavi-
er de Carvalho, que, com a elegância de frases que o carac-
À Biblioteca Pública do Estado foi oferecido pela Sra. teriL.a cm nosso meio literário, torneou conceitos em volta
Alice Leal Ferreira Santos o retrato do nosso lírico poeta da Saudade do grande lírico americano.
Antônio Gonçalves Dias. Em nossa próxima edição daremos na íntegra essa for-
o retrato a óleo em moldura é considerado o mais liel mosa peça.
do ilustre maranhense. A Inspetoria de Índios fez distribuir medalhas em laços
A ofertante, que era afilhada do poeta, é filha do nosso aurivcrdes.
ilustre médico e literato Antônio Henriques Leal. Tocou na porta do edifício a banda de musica do Cor-
o quadro foi recebido no Rio de Janeiro pelo nosso po Militar do Estado.
conterrâneo Dr. Antônio de Castro Pereira Rego e veio para - Foi oferecido ontem à Revista Maranhe11se, pelo Sr.
este Estado aos cuidados do Dr. Lino Rodrigues Machado. O~éas Reis, o retrato de Gonçalves Dias, que foi colocado
o belo retrato será inaugurado no salão de leitura da na Galeria de Homens Célebres da redação daquele órgão.
Biblioteca no dia 3 de novembro vindouro. (0 Jornal, 25/ O recrato é muito bem-feito, demonstrando assim as qua-
10/1916, p. l ). lidades artísticas do autor. ( ...)(0 Jomal, 4111/1 916, p. l ):
AS COMEMORAÇÕES DE GONÇALVES DIAS A ESMO
(... )No dia 3 do corrente, às 15 horas, será solenemente A inauguração que o Domingos Perdigão fez ontem na
inaugurado no salão de leitura da Bibl~o~eca Publica o re.Lra- Biblioteca Publica, de que é diretor, do ret:rnto de Gonçal-
to a óleo do nosso imortal poeta Antonio GonçalvesHDias..
o retrato pertenceu ao ilustre maranhense Dr. enn- São dois relrtltos de Gonçalves Dias - um na Biblioteca Pública do
ques Leal e fo i oferecido à Biblioteca pela Sra. Aljce Leal Es tado, outro na sede da Revista Maranhense. Os pintores. po-
f erreira Santos. afilhada do poeta. rém, não são lembrados.

~ 267 ~
LUIZ DE MELLO

ves Dias, ofertado ao utilíssimo instin1to por D. Alice Leal A exposição continuará aberta ainda por a lguns dias, à
Ferre ira Santos, afilhada do Poeta e filh a de Henriques disposição de quem a quiser visitar.
Leal, foi uma dessas festas que, pela tocante singeleza que Agradecendo o atencioso convite que nos foi feito
as vestem, não mais se apaga da lembrança de quem as para apreciar os referidos trabalhos, aguardamo-nos para
assistiu. emitir sobre os mesmos a nossa opinião depois daquela
O fato de ter o retrato pertencido ao preclaro e saudo- visita. (Jornal do Comércio (Caxias), 4/ 11/ 19 16, p.2).
so escritor Henriques Leal, tão útil ao Maranhão pelas
glórias maranhenses que pôs em evidência e conquistou EXPOSIÇÃO DE PINTURA
também para a sua terra, assim como a circunstância de ser
dádiva de uma senhora que é maranhense e q ue era depo- Haverá hoje em casa da senhorita Amena Varella, na
sitá.ria de uma larga porção do Poeta excelso, já de si impri- Rua Aarão Reis, uma exposição de pinturas da inteligente
mjam à festa um cunho de quase inti mjdade, encantador e senhoritaAliete Lobo. (Jornal de Caxias, 5/ l L/l 9 J6, p.l).
comovente.
Foi o que o diretor da Bi blioteca explicou, em lingua- EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA
gem emocionada e sem balofos atavios de pragmática so-
poríftca. Visitamos hoje a exposição de pintura e desenho o rga-
A seguir foram uns lindos e frescos lábios de duas nizada pela inteligente e aplicada senhorita Aliete Lobo,
meninas gentis que disseram o empolgante poema em qua- sob a direção de sua professora Amena Varella.
torze versos em que Olavo Bilac canta altissonante a gló- A impressão que de lá trouxemos foi a mais agradável
ria limpidíssima do bardo soberano e as estrofes magis- possível.
trais de A i! Não me deixes não ! do próprio burilador dos Nos trabalhos de aq uarela já se nota mais alguma coisa
7imbiras, cuja vibra nte Canção do Tamoio coube ser in- de firmeza de um p incel já amestrado, do que as vacilações
terpretada por um menino, ainda outra criança a celebrar a e tim idez próprias de uma noviça que, há poucos meses,
fama do Vate. começou a desvendar os segredos da grande arte.
E para que a festa fosse em tudo completa, foi um alto Há quadros tirados do natural de uma perfeição invejá-
poeta, o T. Xavier de Carvalho quem disse, em períodos de vel. Existem outros sobre assuntos religiosos.
ouro, o aplauso da Academja Maranhense de Letras à con- Dentre todos, porém, realçam os trechos de paisagens,
sagração de ontem. por onde se vê que a expositora tem mais inclinação para
Poetas, palavras sinceras, evocações, versos, crian- este gênero de pintura . Se não abandonar os seus estu-
ças, fl ores, músicas, alegrias e, envolvendo tudo, uma como dos, ALiete Lobo há de tomar-se uma exímia paisagista.
névoa cineral de saudade, a festa da Biblioteca, é preciso Que não descanse sobre os louros e continue a dedi-
repeti-lo - uma dessas festas que jamais se apagam da car-se com afinco aos seus estudos, é o que lhe deseja-
lembrança de quem as assistiu ... mos, com os parabéns que também enviamos extensivos à
Não sei se almas dos poetas vão para onde vão as sua esforçada professora Amjna Varella. (Jornal do Co-
almas dos mais. mércio (Caxias), l l /ll/l 916, p. l ).
Parece-me entretanto que, para contê-las, deve haver
nos empíreos uma taça diáfana de cristal, onde se enros- EXPOSIÇÃO DE PINTURA
quem, como trepadeiras olentes, as flores meigas que lhes
engrinaldavam aqui os instrumentos sagrados em que can- Conforme dissemos no número passado, realizou-se a
tavam os seus ditirambos e e legias. 5 deste mês a exposição de pinturas da inspirada e inteli-
Pois se lá, na concha clara e sonora da taça e mpírica gente senhorita Aliete Lobo. O incômodo de saúde pri-
que lhes g uarda a a lma, memória desta vida se consente vou-nos do prazer de comparecer a e la, como fomos con-
e se de lá podem eles ver o formjgar humano desta pouca vidados; mas, pelas informações que tivemos, têm sido
de argila que ro la e erra pelos espaços, a alma do Poeta muito apreciados os trabalhos exibidos, que revelam o ta-
deve ter sentido o ntem os e flúvios de um gozo novo e lento da inspirada jovem a quem fe licitamos.
perfeito, recebendo, como o fu mo aromai duma oferenda Continua a mesma exposição à concorrência de crescido
votiva, aq uela singela e doce homenagem, tão sincera e número de admiradores. (Jornal de Caxias, 12/11/191 6, p.1).
tão amiga, emanada do cari nho dos seus patrícios e da
saudade da sua terra. AMENA VARELLA
E se assim é, que de lá nos inspire e nos guie, como um
gênio tutelar da terra q ue é sua e que e le tão profundamen- Encontra-se nesta cidade, vinda de Caxias, onde é pro-
te amou, conduzindo-a por entre os abrolhos dos dissabo- fessora pública, a senhorita Amena Vare lla. (Pacotilha,
res que lhe possam surgir na rota e levando-a ao seguro 28/11/l 916, p.1 ).
porto dos dias sempre felizes. (0 Jornal, 4/11/ 19 16, p. l).
TELEGRAMA - CAXIAS, 28
EXPOSIÇÃO DE PINTURA
A sociedade cax iense acaba de prestar j usto preito de
Amanhã, às 9 horas, estarão em exposição na residên- homenagem ao representante da Jus1iça Púb lica, Dr.
cia da distinta professora Amena Varella os trabafüos de Cromwell de Carvalho, nosso companheiro de redação,
desenho e pintura de sua aplicada aluna ALiete Lobo, tra- por ocasião da passagem do seu aniversário natalício. Foi-
balhos realizados no correr deste ano. lhe oferecido, solenemente, rico quadro, ampliação do seu

~268 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

retrato. Compareceram ao ato o escol social, representan- QUADRO


tes do Centro Artístico, do Jornal do Comércio, o delega-
do de polícia, o vice-presidente. Reina satisfação geral. O Sr. Porciúncula de Moraes teve a gentileza de vir
Hugo Biuencourt, João Abreu, Hcmetério Leitão (ausen- mostrar-nos hoje um belo quadro, que exibirá de sexta-
te), Dr. Mirom Pedreira. (Pacotilha, 29/11/1916, p. I ). feira em diante na vitriJ1e da Notre-Dame. (Pacotilha, 18/4/
1917,p.I).
A BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO
EXPOSIÇÃO
No dia 23 do corrente este estabeleci mento prestou
justa homenagem à memória dos ilustres maranhenses se- Tivemos hoje ocasião de ver um quadro a pastel, siste-
nador Cândido Mendes de Almeida e Dr. João Mendes de ma Rembrandt, trabalho do Sr. Porciúncula de Moraes. É
Almeida, inaugurando-lhes os retratos no salão de leitura. uma fantasia que denota estudo e razoável conhecimento
(Pacotilha, 26/12/19 16, p.1 ). de técnica; uma bela promessa de seu jovem autor, nosso
conterrâneo.
ATEU~
Na próxima sexta-feira será exposto o quadro ao público
numa das vitrincs da Notre-Dame. (O Jornal, 18/4/1917, p.4).
Evandro Rocha, o jovem e esperançoso artista mara-
nhense acaba de instalar modesto ateliê de desenho oo ele-
gante rés-do-chão do Hotel Bandeira, junto à Caixa Popular. MAQUETE EM PAPELÃO
Aí, onde estão expostos alguns dos bonitos desenhos SENADOR RUI BARBOSA
de sua autoria, o jovem desenhista aceita encomendas de
trabalhos, tais como retratos a crayon, quadros, tabuletas, Acha-se exposta numa das montras da Tipogravura Tei-
reclamos, etc. xeira uma magnífica maquete cm papelão, representando,
Que todos o procurem, recompensando assim o eu em traços caricaturais, o eminente senador Rui Barbosa.
esforço, são os nossos votos. (0 Jornal, 29/111917, p.4). Chamamos a atenção dos nossos leitores para esse
interessante trabalho, que foi enviado da capital do País
PARTIDAS E CHEGADAS para um distinto cavalheiro aqui, que no-lo ofereceu para
expom1os à curiosidade pública. (O Jomal. 2 1/4/ 19 17, p. I).
Acompanhado de um seu filho menor. Ncópolo, vol-
veu do Pará onde fora realizar um contrato de casamento (DO) RELATÓRIO DA REAL SOCIEDADE
no seio de sua famfüa, o pintor Paula Barros, bem como a 1º DE DEZEMBRO:
sua esposa D. Amena Varella de Paula Barros e sua sogra
o. Raímunda Yarclla. (Pacotilha, 8/3/1917. p.4). Legados João Jorge e Antônio Alberto.
Folgamos cientificar-vos que estes legados já estão
MODELOS PARA PINTURA recebidos. Do último recebeu a Sociedade a quantia de 1O
contos de réis. Já mandamos preparar o retrato desse ben-
Flores, frutas, pajsagens e estampas religiosas, rece- feitor a fim de ser colocado no salão nobre cio Hospital.( ...)
beu Paula Barros & Cia. na Rua do Sol n. 0 17-A. (Pacoti- (O Jonwl, 7/5/19 17, p.4).
lha, l 9/3/1917, p.2).
AO PÚBLICO
RETRATOS
O abaixo assinado desejando retirar-se para fora deste
Visitou-nos hoje o Dr. Bernardo Fo11unato dos Santos,
Estado, resolveu no prazo de 30 dias, a contar de hoje,
que veio de Manaus e se destina ao Brejo, aonde vai em
vender por atacado todas as suas lâmpadas de gasolina,
visita a sua família.
Acompanha-o os jovens Leão dos Santos e seu filho, as. im como todos os pertences das mesmas; a tratar na
e Frederico Caldas. Rua Colares Moreira nº 12.
o Dr. Santos leva dois artísticos quadros com os retra- Caso não apareça pretendente dun1nte este prazo, fi -
tos do Dr. Cândido Mendes de Almeida e do professor cará sem efeito a venda da mesmas lâmpadas.
Manoel Soriano Guilherme de Melo, os quais vai oferecer Maranhão, 3 de maio de 1917.
à Municipalidade de Brejo. M. Valente (Pacotilha, 8/5/ 19 17, p.3).
o Dr. Santos teve a gentileza de, com seu filho e o Sr.
Frederico Caldas, subscrever a lista pró-ílagelados, com a VIDROS
quantia de cinco mil réis cada um.
Agradecendo a sua visita, desejamo -lhe ótima via- grosso para montra e para vidraça, cm caixas de 80
gem. (Pacotilha, 30/3/1917, p. I). pés, recebeu a Moldura Elegante, Rua do Sol, 17-A.
Paula Barros & Cia (Pacoti!lia,416119 11, p.3).
2.500
ANTÔNIO LOBO
É quanto custa um quilo de hipossulfito de soda na
Moldura Elegante, Rua do Sol, 17-A. Reunida ontem a diretoria da Sociedade Literária Barão
Paula Barros & Cia. do Rio Branco, ficou assentado fosse o p1imeiro aniversá-
(O Jomal, 7/411917, p.4). rio do passamento de seu sócio honorário Antônio Lobo,

~269 ~
LUIZ DE MELLO

falecido em 24 de junho do ano passado, comemorado todos os presentes rumo ao Cemitério, onde falou, em nome
com uma romaria dos seus sócios ao túmulo do grande daquela sociedade a senhorita Lucrécia Kerth.
maranhense, onde discursará uma senhorita, depositando
flores naturais. Ao regressarem se realizará na sede uma NA REVISTA MARANHENSE
sessão solene, para a qual são convidados todos os sóci-
os e amigos do morto. A sala de redação da Revista Maranhense, na Rua Afon-
Ainda em homenagem a Antônio Lobo, esta Socieda- so Pena, estava repleta de famílias. Às 20 horas foi aberta
de fará circular O Ateniense, em edição especial, ilustrada a sessão, sob a presidência de Domingos Barbosa, falan-
com o seu retrato. (0 Estado, 18/6/1917, p.4). do em seguida a senhorita Zenaide Segadilha.
Foi, então, inaugurado o retrato de Antônio Lobo, oferta
ANTÔNIO LOBO da senhorita Yayá Varela e trabalho de mlle. Arieta Barrei-
ros, alunas do professor Paula Barros. (O Jornal, 25161
Em comemoração ao primeiro aniversário da morte deste 1917,p. I).
escritor, a Revista Maranhense realiza na sua sede uma
sessão solene, inaugurando nessa ocasião o seu retrato, PAISAGEM
desenho da senhorita Arieta Barreiros, uma das aplicadas
alunas do competente pintor Paula Barros, retrato esse A começar de hoje será exposto no salão de espera do
ofertado pela colaboradora dessa revista, senhorita Maria Cinema São Luiz um panorama da barra do nosso porto,
Eleonora Varella. (Pacotilha, 20/611917, p. l). reproduzido do natural, numa manhã de sol, tendo como
ponto de observação o terraço do Palácio do Governo. A
RETRATO tela tem a dünensão de lm50x63cm.
Esse trabalho foi executado pelo pintor nosso conter-
Acha-se em exposição, nas vi trines da loja Notre Dame, râneo Porciúncula de Moraes. (Pacotilha, 27/6/1917, p. I ).
o retrato de Antônio Lobo, que a Revista Maranhense
inaugurará a 24 do corrente. (Pacotilha, 22/6/1917, p. I). UM BELO TRABALHO ARTÍSTICO

Na luxuosa sala de espera do conceituado Cinema São


ANTÔNIO LOBO
Luiz será exposto hoje à noite, à apreciação pública, um
trabalho de arte.
Fez ontem um ano que morreu Antônio Lobo.
Trata-se de um bem elaborado painel, produção do nos-
A mocidade maranhense achou que era um críme pas- so inteJjgente conterrâneo e esperançoso pintor Porciún-
sar despercebida essa data que lembra um vácuo aberto
cula de Moares.
nas letras de Atenas, quando mais não fosse, e lhe foi É uma artística pintura ao natural do panorama da encan-
render a sua homenagem, tão modesta quanto sincera. tadora barra de São Luís, ressaltando a sua naturalidade sob
O Jornal, onde Antônio Lobo deixou traços luminosos a luz macia e ªcariciadora das 7 horas de uma manhã de sol.
de seu talento sem jaça, associa-se às justas manifestações. O jovem pintor escolheu para ponto de observação do
prímoroso trabalho que acaba de executar o terraço do
NA PRAÇA Palácio do Governo.
A tela mede 1m50x63 e continuará exposta naquela sala
Às 9 horas a Praça de Santo Antônio tinha um aspecto por muitos dias.
festivo, bizarramente embandeirada. Parabéns ao distinto conterrâneo por mais esta vitória
Nesse momento, com a assistência de grande multi- na arte que tanto admira. (O Estado, 21161 1911, p. I ).
dão, entre a qual destacamos o Dr. J. Viana Vaz, juiz secci-
onal, Comissões dos Tiros Rondon e Maranhense, da Aca- UM QUADRO
demia de Letras, da Associação Comercial, de todas as
sociedades literárias da capital e inúmeras famílias, foi des- Damos hoje uma reprodução fotográfica do quadro que
vendada pelo chefe do Executivo Municipal a placa de o jovem pintor maranhense Porciúncula de Moraes acaba
mármore com a inscrição Praça Antônio Lobo. de entregar à crítica do público.
Essa cerimônia constou de um interessante discurso É um pedaço do nosso porto, apanhado do terraço do
do jovem Carlos Macieira, presidente da U. E. Sílvio Rome- Palácio do Governo, com a luz intensa das nossas manhãs.
ro, entregando a lápide à cidade, e outro do Dr. Clodomir Sete horas.
Cardoso, intendente, agradecendo com palavras sensíveis Este quadro há dias que está exposto no salão de es-
e entusiásticas que provocaram frenéticos aplausos. pera do Cinema São Luiz. (O Jornal, 3n/1917, p.l).
A placa designativa fo i colocada na esquina, entrada
da praça. Abaixo desta tem outra com a seguinte inscrição: ÀS VEZES
Res. da Câmara Municipal por iniciativa da U. E. Sílvio
Romero-IV-1917. Acha-se em exposição, na sala de espera do freqüenta-
do Teatro Cinema São Luiz, um bem-acabado trabalho ar-
NA NECRÓPOLE tístico do nosso conterrâneo Porciúncula de Moraes.
Tive ontem ocasião de apreciar mais essa formosa pro-
Após a inauguração da Praça Antônio Lobo, seguiram dução do jovem pintor, e os meus olhos de profano senti-
incorporados os membros da U.E. Sílvio Romero e quase ram-se bem, contemplando a expressiva tela.

~ 270~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

É o dcscortínio da nossa barra que ali está fielmente ALEGORIA


gravada por mãos cuidadosas, dando a mais agradável
impressão aos que a vêem e admiram. li vemos ocasião de examinar, no salão do Cinema São
O mar a se quebrar de e ncontro às muralhas do velho Luiz, um novo quadro a pastel, trabalho do pintor mara-
baluarte; ao longo a Ponta d' Areia com as suas casinhas nhense Porciúncula de Morae . intitulado Delicious Com-
de palha; aquém, a Ponta de São Francisco com os seus bination.
fartos arvoredos, tudo isso nítido e perfeitamente condu- Concretiza, numa bela alegoria, cheia de luz e de vida,
zido para o quadro, com a mais encantadora realidade em- ~m soberbo reclamo dos afamados uísque White Label e
belezam o olhar dos que sabem sentir a fascinação de uma Agua Ca.xambu.
paisagem deslumbrante. Recomendamo-lo aos apreciadores da boa arte e aos
Os c?nheccdorcs da ane que imortalizou para sempre da Delicious Combination. (Pacotilha, 1On/1917, p.4).
Miguel Angelo, Murilo e Leonardo da Vinci, são unânimes
em atestar esplêndida a pintura do esperançoso paisagis- CAVACOS
ta, que cada vez mais afirma melhor os seus méritos, pre-
nunciando-se assim um verdadeiro artista que muito virá a Há dias que se encontra cm exposição numa das vi tri-
honrar esta terra. nes da Notre Dame um quadro representando um dos nos-
Em um meio adiantado, onde possa aperfeiçoar-se com sos vendedores ambulantes de carvão, com a respectiva
os bons mestres, muito terá que lucrar, pois os seus traba- carga ao ombro. excelente trabalho do jove m e operoso
Ulos são fundadas esperanças de uma realidade magnífi- pintor maranhense Hilton Aranha.
ca, ao seu talento artístico. Já não é a primeira vez que temos admfrado as produ-
Ao Porciúncula, pois, mando um forte amplexo pelo ções do talentoso mocinho, acorrentado a uma irredutí-
feliz êxitO com que viu coroados os seus esforços e lhe vel modéstia nos recessos do seu lar fe liz; lembramo-
almejo o mais sorridente futuro na continuação da carreira nos, de passagem, de Efeitos do luar, Cabeça de Velha,
que segue com tanto entusiasmo e tamanha vocação. quadros esses que deixaram no no so meio as melhores
Pery' . impressões.
(OJomal, Sn/1917,p. l). O trabalho de que se ocupa hoje o escritor destas li-
nhas, revela, entretanto, qualidadei-, bem mais elevadas
UM QUADRO que aqueles outros, muito embora haja neles senões de
fácil corrigenda. Das 8 escolas diferentes que existem, duas
Na vitrine da Loja Notre Dame encontra-se exposta parece assimilar o Sr. Hilton: - a romana, da qual foi após-
tolo dos mais abnegados o grande Rafael Sanzio, e a bolo-
uma formosa te la de costumes maranhenses, trabalhada
nhesa, fundada por Ludovico Caracci. a quem não escapa-
com gosto pelo jovem Hilton Marinho Aranha, filho do
vam, quando pintava um trecho ::tlUI de campo, os segre-
nosso distinto amigo Dr. Euclides Marinho Aranha, digno
inspetor da Alfândega deste Estado. dos infinitamente misteriosos da 11atura-111ater. O pintor
É um interessante quadro representando um caboclo de raça, de gênio, é precisamente aquele que procura liber-
com uma carga de carvão ao ombro, caminhando pela es- tar o pincel do cativeiro das sombras e das tintas, reprodu-
trada que conduz a esta c idade. zindo fielmente a natureza aos tons dourados de crepús-
culo ou nos seus tons violáceos de tristeza. Pintores há
A naturalidade da tela e a correção com que está dese-
que são guiados instintivamente pe lo pincel, e outros co-
nhada, denunciam uma pronunciada vocação da alma ju-
nhecemos nós que só se utilinm dele para o transporte
venil do nosso esperançoso conterrâneo.
das tintas ... Daí, a afinnativa do mais autorizado dos mo-
Aluno do pintor Paula Barros, cm poucos meses con-
dernos críticos de arte, que é Vio let-le-Duc, quando escre-
seguiu já fazer julgar pelo público as primícias do seu ta-
ve que sem independência não há artes nem artistas.
lento.
Falta, todavia, no Sr. l lilton, a liberdade nas convicções -
Que continue assim. a progredir sempre, são os dese-
o que verificamos agora mesmo, que falamos possuídos
jos que temos.
de uma impressão dominadora, ao vennos que dois qua-
Aos ~cu s genitores mandamos o s nossos parabéns
dros devera ter feito o apreciado pintor nortista, para que
pelo contentamento que sentem com os primeiros triunfos
não houves e desequilíbrio no o lhar de quem fosse solíci-
do inteligente Hilton. (OJomal. 7n/ 191 7. p.l).
to..admirar o seu magnífico trabalho. Nessa tela, dois são
os quadros que ressaltam aos nossos olhos. Em primeiro
MAIS UM QUADRO
lugar, aquele homem que com uma resignação evangélica
atravessa com a sua carga de carvão um pedaço do solo,
Acha-se exposto, nn safa de espera do Cinema Teatro
mordido pela luz, verdadeiro como está, seria o bastante
São Luiz, um novo quadro, soberbo trabalho a pastel do
para coroá-lo de êxito, isolado por completo da mag1úfica
inteligente pintor maranhense Porciúncula de Moracs.
paisagem que se admira no mesmo quadro, paisagem que,
Trata-se de um quadro rec lame do acreditado uísque
pela perfeição das tintas e harmonia das cores, muito reco-
White La bel e da conhecida Água de Caxambu. (O Jornal,
me~da o artista que o concebeu e executou, e que é indis-
!On/1917, p.4).
cuttvelmente essa mesma paisagem desdobrada aos nos-
sos ~lhos ávidos, sempre apaixonados pelo Belo, pelo
Sublime, presentemente ligado a este Maranhão, que se
• Pseudônimo do poeta Ribamar Pereira.
sente bem dormindo despreocupado dentro de sua redo-

~27 1 ~
LUIZ DE MELLO

ma, que é a riqueza verde! Ao fitar o quadro de Hilton possível, a mim, um profano, que aquela paisagem do Cami-
Aranha a gente experimenta mutações de sonhos, - a que- nho Grande e aquele vendedor de carvão que a ela se mistu-
da de quem passa bruscamente de um eclipse sombrio ram, sob os rigores do oi candente, mostram ao vivo a
para súbitos e ílamfvomos clarões fascinadores: taJ acon- estesia de um artista com as mais seguras possibilidades de
tece quando deixa o olhar a contemplação do carvoeiro conquistar um futuro de grande brilho. Pareceu-me ver, ao
com o seu aspecto sizudo de cansaço e volve, por fim, contemplar o trabalho de Hjlton Aranha, aJgumacoisa mais
para a pais:igem. O Sr. Hilton é um dos nossos pintores do que a simples reprodução de um quadro de oarureza, a
novos que mais talento possui; portanto, poderá ser, ain- de uma humilde criatura em caminho da cidade à procura de
da, uma glória na Divina Arte de Vela quez. vender o produto do seu esforço. Mais do que isso, vi nele
DANIEL uma aJma que sonha, que abre as asas procurando librar-se
(Pacotilha, 14n/1917, p.I). a regiões muito para além do terra-a-terra da vida.
Para consegui-lo, porém, é preciso ao jovem artista que
CONVERSANDO procure melhores climas. O meio em que o talento se lhe
vai desabrochando não é nada favorável à efetivação dos
A propósito do quadro ultimamente exposto pelo jo- belos ideais. Falta-lhe aqui a escola, o mestre que o aper-
vem pintor maranhense l lilton Aranha, escreveu o apreci- feiçoe. E mesmo o que somente por si puder conquistar
ado Sr. Daniel pelas colunas da Pacotilha algumas linhas com os recursos da natural capacidade, apenas por um
de estímulo, dando a perceber nos seus períodos bem- milagre há de ser satisfatoriamente atingido, tão pobre de
feitos que conhece e ama com arte a Arte de Rafael. estímulos é o nosso meio, por outras palavras, e meU10r,
Disse verdades. Permita, porém, que discordemos um tão adverso ele se mostra ao rcmígio das almas que vibram
tanto do seu modo de entender relativamente à escraviza- no anseio d:i realização de um superior ideal estético.
ção do pincel no cativeiro das sombras e das tintas. Pen- Faça. pois, o possível, o esperançoso conterrâneo, para
samos, não sabemos se com razão. que quando não há seguir em busca de outra terra onde estude, se prepare
uma concepção e sim uma cópia do naturaJ, o pincel não convenientemente e forme a individuaJidadc de artista. Pro-
pode ser independente, tem que se subordinar ao que está cure engrandecer-no o nome de Atenas, mas fora de Ate-
adiante dele. Não parece que se possa tomar em absoluto nas. Aqui, cm :iJgum outro domínio da arte, aJguma coisa
o que apostolou Violet-lc-Duc: sem independência não se poderá conseguir, tamanho seja o esforço empregado, e
há artes nem anistas. a nossa literatura evidentemente o atesta. Rafaéis ou da
Do gênio imitativo do homem, diz um notável beletris- Vincis, porém, não direi de primeira ordem, como os glori-
ta, originou-se a arte. osos paradigmas, decerto extremamente raros, mas de se-
Concordamos que mesmo na reprodução é indecliná- gunda que sejam, aqui é que não se criam. E quem procu-
vel o sentimento; deve haver alma, elevação de vista, per- rasse chegar entre nós às alturas de um destes, quando
feição e não um simples molde, uma fotografia chata, fria, menos o esperasse, havia de se surpreender fingindo de
inerte. O predicado essencial, porém, é que na pureza dos cenógrafo a pintar reclamos para a indústria e o comércio.
traços, na cor das tintas, não haja exageros de modo a O quadro ele Hilton Aranha, que me consta haver reali-
zado outros igualmente promissores, pareceu-me revelar
falsear a verdade do que se pretende retratar. O segredo da
um espírito brilhante. Oxalá o futuro co11firme este juízo,
arte é saber ver e sentir, sem descurar-se de determinados
que é o de quantos lhe têm apreciado os trabafüos, e evi-
princípios já estudados e reconhecidos para o efeito da
plástica. dencie que esse espírito não permaneceu uma simples es-
perança, mas conseguiu altear-se ao pleno desenvolvi-
Achamos que o Sr. Hilton Aranha, apesar das observa-
mento das próprias energias.
ções que de passagem lhe fez o Sr. Daniel, sem mesmo
ALDO
demonstrar, deve estar jubiloso porque a par dessas deli-
(Pacotilha, 20n!I917, p. I).
cadas observações não poupou elogios aos pontos que
achou deveras merecedor.
O MONUMENTO DE ARTHUR AZEVEDO
Já é aJguma coisa porque, como bem diz Carlos de LaeL,
o público infelizmente, em nossa terra, nem sequer acom- O nosso confrade Domingos Barbosa, primeiro secre-
panha as reputações já feitas quanto mais encorajar os tário da Academia Maranhensc, recebeu hoje do Rio a ma-
tímidos que apenas balbuci:im. quete do busto de Arthur Azevedo, que esta associação
Note-se. não queremos dizer que o nosso pintor esteja de letras vai erigir numa das praças desta cidade.
ainda a balbuciar na sua Divina Arte, mas que é ainda Encarregou-se da encomenda. no Rio, o nosso presti-
jovem, começa agora a se manifestar. moso conterrâneo Dr. Pereira Rego.
LINCOLN O trabalho, devido ao cin1cl do brilhante escultor bra-
(OJomal, 19n/1917, p.4). sileiro Honório Melo, tem agradado geraJmente e acha-se
exposto na vitrine doAnnazém Teixeira. (Pacotilha, 21n1
NUANÇAS 1917,p.I).

Chamaram-me a atenção para um quadro, trabalho do RETRATO


jovem Hilton Aranha, que estava exposto em uma das vi-
tri nes da Notre Dame, na Pruça João Lisboa. Fui vê-lo, Acha-se exposto na vitrine da Loja Notre Dame, na
presa da curiosidade e do interesse que me despertam as Praça João Lisboa, um retrato do coronel Manoel Ribeiro
obras de anc. E com alegria verifiquei, tanto quanto me era da Cruz, agricultor residente cm Cururupu.

~ 272 <VQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

O retrato é um belo trabalho dos Srs. Nina & Pantoja e D. FRANCISCO


está emoldurado num artístico quadro de pau-cetim, traba-
lho de José Joaquim dos Santos. Celebrou-se ontem, na Catedral, uma missa cantada cm
Acha-se também exposto um quadro contendo a dedi- ação de graças pelo 1O" aniversário da chegada de D. Fran-
catória, trabalho do aplicado pintor Porciúncula de Moraes. cisco ao Maranhão.
A dedicatória é a seguinte: Sah•e, 3 de agosto de 1917! Foi celebrante o cônego Álvaro Lima, a~sistido pelos
Eis o retrato do modestíssimo coronel Manoel Ribeiro padres Arias CruL e Pedro Samell.
da Cruz. Agricultor moderno e propriet6rio da Usina Houve grande número de comunhões.
Aliança e um dos abnegados impulsionadores dos pro- O canto esteve a cargo da Scholla Canrorum, do Se-
gressos do seu reanimado Cururupu e cujo retrato é des- minário de Santo Antônio. sob a regência do padre Felipe
tinado a honrar o vasto salão no novo edifício da Escola Pacheco.
Ptíb/ica, onde naturalmente outros beneméritos das eras Após a missa, D. Francisco recebeu no salão nobre do
passadas, presente e futuras serão glorificados nessa Palácio uma singela manifestação de seus diocesanos, fa-
galeria de civismo. lando duas meninas e o padre Arias CruL, que ofertou c m
A reprodução do quadro emoldurado poderá ser obti- nome das crianças de Catecismo de Santo Antônio, Sé e
da por 10$000, sendo que a metade dessa importância é São Pantaleão, o belo retrato do ilustre prelado. (O Jornal.
destinada à Associação Contra o Analfabetismo, fundada 1°/9/1917' p. l).
em Cururupu.
As encomendas podem ser feitas na Loja Notre Dame.
CUIDADO!!!
(Pacotilha,27nl l9 17, p. l).
Os proprietários do estabelecimento denominado
CORONEL RIBEIRO DA CRUZ
MOLDURA ELEGANT E, na Rua do Sol cm frente ao Tea-
tro São Luiz, previ nem ao público e especialmente aos seus
Na vitrine da Loja Notre Dame acha-se cm exposição,
fregueses, que não têm CASA FILIAL nem vendedores
até o fim deste mês, o retrato do distinto coronel Manoel
ambulantes de quadros. Estes esperttilhõcs tê m por hábi-
Ribeiro da Cruz, exposto pela casa de Nina & Pantoja, emol-
to indicar a nossa casa e costumam rifá-lo no bicho, não
dur:ido num anístico quadro de pau-cetim, tr:ibalho do Sr.
entregando aos sorteados que por mais de uma vez têm-
José Joaquim dos Santos eem cuja base, cm uma placa de
nos procurado para reavê-los.
mármore, aparece gravado: Homenagem de seus admira-
Os nossos quadros são todos de molduras fabricadas
dores.
no Pará com madeiras de cedro e paparaúha, únicas que
Ao lado do mesmo, um quadro contendo a dedicatória
encimada com os símbolos da Instrução e da Lavoura. não são atacadas pelo cupim. e levam o nosso rótulo de
oferta do inspirado e modesto pintor maranhense Porciún- registro no forro externo. Antes de qualquer negócio veri-
cula de Moraes. fiquem os nossos preços pelo grande depósito que temos
Quem desejar possuir uma reproduçao do retrato emol- de vidros, espelhos, molduras e imagens.
durado. constando de mil réis, metade de cuja quantia será PAULA BARROS & CIA (Pacoti/11(/, 12/9/ 19 17, p.6).
e ntregue pela Casa Notre Dame à Associação Contra o
Analfabetismo, criada cm 21 de abril p. passado, em Curu- TELHAS DE VIDRO
rupu, poderá entregar a referida importância até 15 de ago -
Recebeu a Moldura Elegante, as im como um belíssi-
10 p. vindouro. (O Jomal, 27n/19 17, p.4).
mo sonimento de imagens desde 8 a 80 centímetros, que
UMA TE L A vendemos a preços reduzidos, na Rua do Sol, 17-A, cm
frente ao teatro.
Tivemos ocasião de ver no estabelecimento A Moldu- IMAGENS 00 MEN INO JESUS com berço de palhi-
ra Elegante, na Rua do Sol, um belo trabalho do pincel nha, próprios para presépio . Tintas crn tubos a óleo. Pa-
minudenle e exímio de Paula Barros. pelão em folha . Vidros em lâminas de todos os tamanhos
Trata-se de um retrato fidelíssimo de S. Exa. Revma. o e outras novidades recebeu e Moldura Elegante, Rua do
Sr. D. Francisco, nosso pastor espiritual, produzido com a Sol nº 17-A, em frente ao teatro.
maestria de linha, sombra e cor que caracterizam as telas PAULA BARROS & CIA. (Paco1il/w, 20/9/19 17, p.5).
de Paula Barros.
o retrato acha- e hoje exposto em uma das vitrines da GUTMAN BICHO
Praça João Lisboa e para ele chamamos do que não vivam
só para o pão e ... o vizinho. (Pacotilha. 18/8/1917, p. l). Em companhia dos nossos confrades Domingos Bar-
bosa e Fran Paxeco, visitou-nos hoje o conhecido pintor
UM BELO RETRATO Gutman Bicho, que, com o emt!rito historiador Dr. Rocha
Pombo, anda em excursão pelo Norte do Brasil.
Numa das montras da loja de modas Casa Colombo, na O Sr. Gutman Bicho, que veio recomendado a Domin-
Rua Nina Rodrigues. está em expo ição. desde sábado, gos Barbosa. pelo nos o disLinto patríc io, o talentoso po-
um belo retrato a óleo de D. Francisco de Paula e Silva. eta Carvalho Guimarãe , anda colhendo dados para con-
bispo diocesano, trabalho do pintor Paula Barros. (O Jor- fecção de um valioso trabalho sobre o Brasil, e pretende
nal, 20/8/J 917, p. I). revelar, entre nós, o seu valor artístico.

Q./Õ) 273 ~
LUIZ DE MELLO

Agradecemos a visita do Sr. Gutman Bicho e fazemos Por um destes dias o retrato vai ser exposto ao público.
votos pelo completo êxito de seu desiderato. (O Joma/, 22/10/1917, p. I).
(OJomal, 15/10/ 19 17, p.4).
HÓSPEDES E VIAJANTES
ROCHA POMBO
O jovem pintor Gutman Bicho, que em companhia do
Acompanha o Dr. Rocha Pombo, na sua viagem pelas Dr. Rocha Pombo anda cm peregrinação pelo Norte do
terras nortistas, o conhecido artista brasileiro Gutman Bi- País a colher dados daquele fulgurante historiador, segue
cho, um dos mais originais talentos da nova geração. Pintor hoje para a Amazônia.
laureado pela Escola Nacional de Belas-Artes, distinguiu- O Jomal manda um abraço muito estreito ao festejado
se desde o início da sua carreira como um brilhante retratis- artista. (O Joma/, 22/10/1917, p.4).
ta, tendo, neste gênero, exibido telas notáveis pela esponta-
neidade e pelo brilho, sempre referidas com atenção especi- GUTMAN BICHO
al pela crítica dos meios mais adiantados do País.
Gutman Bicho, aproveitando as horas vagas de sua O nosso talentoso patrício e notável pintor Gutman
estada aqui, põe os seus serviços à disposição dos que Bicho, que ontem seguiu para Belém acompanl1ando o
dele precisarem. O seu pincel não precisa de credenciais e, grande historiador Rocha Pombo, deu-nos a agradável cer-
portanto, antevemos que não lhe faltará trabalho. teza de sua estada nesta capital, durante uns dez dias, no
Somos gratos à visita que nos fez o distinto artista. seu regresso ao Rio.
(Pacotilha, 15/10/1917, p. I).
Estamos certos de que essa promessa encherá de sa-
tisfação aos que tiveram o prazer de conhecer Gutman Bi-
UM PAINEL HISTÓRICO cho, cujo pincel poderá ser então aproveitado pelos que
sabem apreciar o valor de um artiMa de raça. (Pacorilha,
Visitou-nos hoje, trazendo-nos as suas amáveis des-
23110/1917, p.6).
pedidas, o pintor brasileiro Gutman Bicho, que acompa-
nha o historiador Rocha Pombo em sua excursão pelo Norte
TELA HISTÓRICA
do País
Gutman Bicho comunicou-nos que vai fazer para o
O Dr. intendente Municipal encomendou ao ilustre pin-
Maranhão uma notável tela. Trata-se de um painel histórico,
tor palricio Gutman Bicho, que foi durante alguns dias
que lhe encomendou o ilustre intendente Clodomir Cardo-
nosso hóspede, uma grande tela histórica para ser coloca-
so, e destinado a ornar o salão nobre da Câmara Municipal.
da no salão nobre da Câmara Municipal. (OJomal, 24/JO/
A tela, de grandes proporções, terá por tema os acon-
1917,p.4).
tecimentos culminantes da nossa História local e, por
figura principal, o Bequimão, o herói das nossas liberda-
des públicas. UM RETRATO
A lembrança do Sr. Clodomir Cardoso vai dar assim
ensejo a que se fixe numa obra da arte condigna a fisiono- Numa das montras da loja de modas Notre Dame acha-
mia do proto-mártir maranhense. O local em que será colo- se exposto um retrato do Sr. Luiz Domingues Sobrinho,
cada a tela é de toda a propriedade, pois foi a Câmara aluno do Instituto Maranhense, mandado preparar por
Municipal de São Luís o teatro principal da ação dos revo- aquele estabelecimento para ornar o seu salão de honra,
lucionários de 1684. como prêmio de aplicação ao melhor estudante.
GuLman Bicho, que é um entusiasta de ua arte, faJou- O premiado é filho do Sr. Adolfo Domingues da Silva.
nos calorosamente do quadro a que vai dedicar todo o O quadro é trabalho do pintor Paula Barros. (O foma/,
ardor de sua mocidade e toda a <;utileza do seu magnífico 26110/ 191 7, p.I).
pincel. Conta o artista executá-la dentro de 6 ou 8 meses a
partir da sua chegada ao Rio. GUTMAN BICHO
O belo gesto do Dr. Clodomir Cardoso logrará, esta-
mos certos, uma correspondência ideal no grande painel Mais cedo do que esperávamos, encontra-se de novo
encomendado a Gutman Bicho. nesta capital o talento o artista palricio Gutman Bicho,
que há dias daqui partira.
- Entre outras encomendas que aqui lhe foram feitas, Teremos a honra de hospedá-lo por alguns dias, po-
leva Gutman Bicho também a de um retrato do grande bra- dendo ser procurado no Hotel Central, onde se encontra.
sileiro coronel Rondon, para ser colocado na sede da cor- Damos-lhe um grande abraço. pelo prazer que temos
poração de atiradores que tem o nome deste destemeroso de vê-lo novamente entre nós. (Paco1ilha, 31/10/19 17, p.6).
explorador e palriota. (Pacotilha, 22/J0/19 17, p. l).
HÓSPEDES E VIAJANTES
UM BELO RETRATO
Eslá novamente entre nós, de volta de Belém, o conhe-
Vimos um belo retrato da distinta senhorita Jesuíaa do cido pintor Gutman Bicho, que aqui se vai demorar alguns
Amaral, magnífico trabalho do pintor Gutman Bicho, que dias, empregando-se na confecção de encomendas que
ora é nosso hóspede. lhe forem feitas. (O Joma/, 1°/11/1917, p.4).

~274~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1 842 1930)

UM BELO RETRATO O DIA DA REPÚBLICA - A ENTREGA DA


BANDEIRA - O PASSEIO MILITAR - NO TIRO
Acha-se exposto na vitrine da Notre Dame um belo CEL. RONDON - NA CASA DO GOVERNO - NO
trabalho do notável pintor nacional Gutman Bicho, atual- LICEU MARANHENSE - NOTAS - ( ...)
mente entre nós. É um retrato a óleo, em bu to, da graciosa
Jesuína, filha do Dr. Juvêncio Matos e neta do profes or NO TIRO MARANHENSE:
Ribeiro do Amaral.
O retrato, além de fidelíssimo, como retrato propria- O orador oficial do Tiro, Dr. Antônio Bona, discursou
mente dito, é uma obra de arte de valor, dando assim majs explicando o motivo por que o Tiro 344 escolhera para seu
um eloqüente atestado do alto mérito do festejado artista. palrono o ínclito bandeirante, terminado o que foi desven-
(OJomal,311 1119 17,p.4). dado um magnífico quadro de autoria do nosso hóspede o
ilustre pintor Gutman Bicho, com o retrato do coronel Cân-
UM TRABALHO DE VALOR dido Rondon.
O Dr. Aquiles Lisboa falou cm seguida.( ... ) (O Jomal,
Acha-se em exposição, na vitrine da Notre Dame, um 16/1111917,p.4).
magnífico retrato a óleo, cm busto, da interessante Jesuína,
fi lha do Dr. Juvêncio Matos e neta do professor Ribeiro do BAR CARIOCA
Amaral, presidente da Academia Maranhense de Letras.
Esse trabalho é devido ao pincel do notável pintor bra- Ontem, às 19 horas. teve lugar a inauguração do con-
sileiro Gutman Bicho, que se encontra atualmente nesta ceituado Bar Carioca, o ponto predileto das famílias mara-
capital. nhcnses.
O retrato em exposição é uma obra de arte de grande Caprichosamente omamcntado e com magnífica ilumi-
merecimento, atestando sobremodo a estética e o alto va- nação elétrica, o bem montado estabelecimento estava re-
lor do cinti lante artista patrício. (Pacotillta, 3111119 17, p.6). pleto de fregueses e convidados.
Os inúmeros empregados, num vaivém contínuo, eram
insuficientes para atender os múltiplos chamados que de
RETRATO
todas as partes lhes eram dirigidos.
A sala do botequim apresentava-se com um aspecto
Encontra-se cm exposição no Espelho da Moda, de
sedutor, abrigando, cm volta de suas pequenas mesas de
FontenelJe & Cia., na Rua Osvaldo Cruz, um magnífico
mármore, grande número de distintas famílias e ilustres
trabalho a óleo do ilustre brasileiro coronel Rondon, traba-
cavalheiros.
lho do brilhante pintor Gutrnan Bicho, ora nesta capital.
A sala de bilhar era pequena para conter o povo que a
É uma obra de alto valor artístico em que cintila o pin-
enchia.
cel do grande artista que a traçou com mestria e seguran-
Na varanda, onde se notava o retrato do glorioso ma-
ça. Esse trabalho foi adquirido pelo Tiro 344 que tem o estro Carlos Gomes. delicado trabalho do pintor Paula Bar-
coronel Rondon corno patrono. (Pacotilha, 7/11/1917, p. I). ros, uma afinada orquestra de 2 1 professores, sob a dire-
ção do musicista Bangoim, se fazia ouvir de momento a
TIRO CORONEL RONDON momento, na correta execução de belos trechos dos me-
Nº 344 lhores compositores.
O vasto e arejado !>alão de refeições, com esplêndidas
Esta sociedade de tiro vai festejar condignamente a paisagens gravada.' mL<; paredes, era constantemente pro-
data aniversária da Proclamação da República. curado pelos seus assíduos freqüentadores.
Às 8 horas do próximo dia 15 formará, na Praça Deodo- Até às 24 horas o movimento do povo foi grande, es-
ro, urna companhia de cada corporação militar, a saber: - tando e> acreditado estabelecimento sempre repleto de fre-
Tiros 344 e47, 48º Batalhão de Caçadores e Corpo Militar gueses.
do Estado. bem como os escoteiros maranhenses. A imprcn a feL- e representar. sendo cumulada de gcn-
Naquela praça realizar-se-á a cerimônia da entrega da tileLas pelos Srs. Antônio Branco e Ga'.'.parinho. proprietá-
bandeira nacional, que a Colônia Súia ofertou à Cruz Ver- rios do bar que ontem se inaugurou.
melha, e esta, cm nome da Mulher Maranhense confia ao O Joma/, que esteve presente a essa fom1osa festa,
Tiro Rondon. Falará cm nome da Colônia Síria a menina manda seus efusivos parabéns ao Branco e ao Gaspari-
Olga Lauandc e pela Cruz Vem1elha a senhorita Maria Leo- nHo, almejando longa vida e muitas prosperidades ao Bar
narda Franco de Sá. O Dr. Joaquim Pinto Franco de Sá, Carioca, que sem dúvida terá a primazia entre os seus con-
vice-presidente do con elho do Tiro Coronel Rondon, res- gênere desta capital. (0 Jornal, 1611111917. p.4).
ponderá em nome deste, agradecendo a oferta da Mulher
Maranhense. BAR CARIOCA
Será cantado o Hino da Proclamação da República, pe-
las forças, efetuando-se cm seguida uma passeata militar O Bar Carioca que há tempos vem afirmando nesta ci-
pelas ruas do Sol, Praça João U sboa e Rua Osvaldo Cruz. dade o perfeito sa1•oir-faire que possuem os seus propri-
até a sede do Tiro Rondon. etários de casa deste gênero, amanhã fará a sua inaugura-
Ai se fará a inauguração do retrato do ilustre patrono ção oficiaJ.
desta Sociedade, falando como orador oficial o atirador O elegante estabelecimento da Rua de Nazaré, que se
Antônio Bona. (Pacotillia, 12111/19 17, p.6). tem imposto cm nosso meio pelo completo serviço de bufê

~ 275 ~
LUIZ DE MELLO

e variados cardápios no restaurante, a par de uma criada- UM JOVEM ARTISTA QUE PROMETE
gem de maneiras educadas, comemorando a sua inaugura-
ção, organizou uma festa onde não fa ltarão músicas e fl o- Entre belas provas apresentadas ao Salão, encontram-
res e para a qual fomos convidados, distinção que agrade- se trabalhos de um jovem artista maranhense.
cemos aos senhores Gasparinho e Branco. (0 Jornal, 17/ É ele o Sr. Celso Antônio, cujos estudos regulares ape-
11 /1 9 17, p. l). nas vêm de dois meses, com professores da Escola de
Belas-Artes. E são esses trabalhos. enLre outros: Amargu-
GUTMAN BICHO ra (estudo) e dois bustos: o de Alexandre Herculano e o
do Dr. Urbano Santos, vice-presidente da República.
É passageiro, hoje, do paquete M aranhão o festejado Este último é uma homenagem do jovem à primeira fi -
pintor patrício Gutman Bicho, que andava em excursão gura atual da política do Estado do Maranhão.
pelo Norte do Brasil em companhia do eminente historia- Mas o que toma Celso Antônio credor desta referên-
dor Rocha Pomho. cia especial é o seu pendor artístico, a sua vocação, desde
Gutman Bicho, que nesta capital fez demorada estada, criança, quando começou a saber ver e repetir em traços
deixa traços indeléveis do seu magnífico pincel, prometen- embora indecisos, as caricaturas do Sr. Raul, Calixto, Luiz e
do-nos para dentro de breve tempo o prazer de admirar a outros mestres do lápis, que lhe prendiam a atenção.
sua maravilhosa concepção numa grande tela histórica - Foi a<;sim que, aos 12 anos, no interior maranhense,
Bequinuio - , que lhe fo i encomendada pelo Município cidade de Barra do Corda, subindo da simples cópia, fez a
para o salão nobre da Câmara. (O Jomal, 2111111 917, p.4). caricatura original do jornalista Frederico Figueira e a de
um nosso companheiro que aJi, na ocasião, também se
GUTMAN BICHO achava.
Regressando a Caxias, sua terra natal. afrontando a
Parte hoje para o Rio o nosso distinto patrício, o notá- pobreza sua e dos seus, aventurou-se pelo Pará, de onde,
vel pintor Gutman Bicho, que esteve alguns dias entre nada conseguindo, resolveu tentar a sua sorte e seus es-
nós, deixando de sua passagem por esta terra vaJiosas tudos nesta capital.
provas do seu talento artístico. E aqui se encontra Celso Antônio a tropeçar nas difi-
Gutman Bicho vai, na Capita l da República, dar início culdades da vida, mas, ainda assim, cheio de esperanças
ao trabalho que lhe foi cometido pelo Dr. governador da no futuro de sua iniciação artística.
cidade. o qual versará sobre a execução de uma tela em E pelas provas apresentadas no Salão, taJvez não sej a
que perpetuará a fi gura de Manoel Bequimão. muito dizer-se que ele começou bem. O busto do vice-
Enviando-lhe o nosso abraço de despedida, deseja- presidente da República - e isto podemos afirmar - ofere-
mos que faça excelente viagem e que, cm breve, tenhamos ce condições para um juízo favorável à sua cnpacidade de
o prazer de vê-lo de novo entre nós. (Pacotilha, 2 L/J li observnção. tal a semelhança que nele e vê.
19 17, p.6). E quanto ao estudo Amargura (cabeça), basta saber-
se que por elê, o Sr. Celso Antônio mereceu do deputado
Coelho Neto expressões que muito o honram e vaJorizam o
ROCHA POMBO
seu pendor artístico.
O Jornal do Brasil, publicando a fotografia do artista
É passageiro do paquete Pará, esperado hoje à tarde,
Celso Antônio (Celso Antônio de Menezes) e das suas
o Dr. Rocha Pombo, que depois de sua excursão aos Esta-
provas apresentadas ao Salão, fá- lo por estímulo, estan-
dos do Norte. regressa para a capital do País, onde reside.
do certo de que o jovem escultor, sem se envaidecer,
(OJomal. 2711111917.p.4).
redobrará os seus esforços para que, para o ano e por
mu itos anos. possa cada vez mais sentir o prêmio do seu
UM BUSTO DO DR. URBANO SANTOS
amor às Belas-Artes. (Do Jornal do Brasil) (O Jornal.
18/12/1917, p.4).
A colônia maranhense no Rio vai oferecer ao Dr. Urba-
no Santos um seu busto em bronze, modelado pelo jovem
DR. URBANO SANTOS
escultor Celso Antônio. (O Jornal, 7/1 2/191 7, p.4).
DOIS CLIC~. LEGENDA: BUSTO EM
MEDALHAS DE OURO BRONZE DO NOSSO ILUSTRE CONTERRÂNEO
DR. URBANO SANTOS, VICE-PRESIDENTE DA
Desde ontem à tarde que estão expostas nas montras REPÚBLICA E GOVERNADOR ELEITO DO
da Casa Krause as duas medalhas de ouro mandadas MARANHÃO.
cunhar pela Academia Maranhcnse de Letras para ofere- TEXTO:
cê-las: urna ao Dr. Luiz Domingues. que promoveu a cons- Este trabalho, bem como Alexandre Herculano, bus-
trução da estátua, e a outra ao coronel Brício de Araújo to, e Amargura, estudo de cabeça - fora m apresentados
que. como governador do Estado, ordenou o seu levan- ao Salon brasileiro de 1917 pelo jovem art ista maranhense
tamento. Celso Antônio de Menezes.
As medalhas, que têm inscrições alusivas ao ato, fo- As fotografias com que hoje ilustramos o jornal deve-
ram trabalhadas com ouro do Turiaçu. (O Jornal, 15/1 2/ mos à gentileza do Dr. Pereira Rego. que delas nos fez
19 17, p.I). oferta. (O Jomal, 2011 2119 L7, p. I).

<Vê) 276 e_,.-;:;)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

JOSÉ CÂNDIDO O seu último trabalho é o busto do Dr. Urbano Santos.


Celso Antônio pretende fazer o busto de Antônio
Realizou-se ontem, às 19 horas, no terraço do Bar Cari- Lobo, rendendo assim homenagem à memória do talento-
oca, um banquete de 40 talheres oferecido pelos amigos so conterrâneo. tão cedo desaparecido. (Pacotilha, 241
do nosso prezado colaborador Sr. José Cândido de Araú- 12/1917, p. I ).
jo, pela passagem do seu aniversário natalício. Tinha a
forma de H a mesa onde se efetuou o :ígape e toda a ampla MOLDURAS
sala de jantar apresentava efeitos deslumbrantes. Foi ser-
vido um menu variadíssimo. Prevenimos ao público e aos nossos fregueses que a
Ao champanhe, o nosso confrade Domingos Barbosa única fábrica de molduras que as fabrica com madeira de
fez um belo discurso enaJtecendo as qualidades morais e CEDRO é a de Joaquim José Loureiro, no Pará. Com essa
intelectuais do jovem aniversariante. Tomou a palavra, de- fábrica mantemos um contrato de não poder a mesma ven-
pois, o brilhante poeta maranhense Inácio Xavier de Car- der para esta praça molduras de sua fabricação, a não ser
valho, oferecendo um presente ao Sr. José Cândido em para nós, exclusivamente. Protestamos, portanto, contra
nome dos seus colegas de trabalho; falou, cm seguida, o quem apresentar molduras com o rótulo dessa fábrica.
nosso colega Alfredo de Assis, que, em frases castiças, Não se iludam com reclamos.
ofertou ao homenageado um magnífico retrato a óleo, tra- As nossas molduras, além de oferecerem a preciosa
balho do ilustre pintor Paula Barros. O Sr. Ribamar Pinhei- vantagem de não serem atacadas pelo cupim, são de me-
ro ofereceu ainda a José Cândido, em nome de seus ami- nores preços da praça e de variadíssimo i.ortimento.
gos, um valioso mimo. (Pacotilha , 2 1/1211917, p.4). PAULA BARROS & CIA.
(O Jornal, 25/12/1917, p.3).
UM RETRATO
MOLDURAS DE CEDRO!. ..
Numa das vitrincs da casa de modas Notre Dame, na
Praça João Lisboa, acha-se exposto à admiração pública Prevenimos aos nossos fregueses e ao público em
um belo retrato do Sr. José Cândido de Araújo Costa, tra- geral que não se iludam com pomposos reclamos; façam
balho do apreciado pintor Paula Barros. uma visita ao nosso estabelecimento ESPELHO DA
Junto ao quadro está o cartão que o acompanhou na MODA, na Rua Osvaldo Cruz, S l, que encontrarão ele-
oferta contendo as assinaturas dos amigos de José Cândi- gantíssimos tipos de molduras fabricadas cm madeira de
do, que, desta fom1a, lhe testemunharam, no dia do seu cedro, pelos Srs. Martins Seabra & Cia .. na Rua Sete de
natalício, a sua amizade. (O Jornal, 2211211917, p.4). Setembro, 209, Rio de Janeiro.
O Sol quando nasce é para todos. e por essa razão foi
ESTÁTUA DE JOÃO LISBOA que se abriu o estabelecimento ESPELHO DA MODA, para
vender-se tudo bom e baratíssimo.
Desde ontem que se ostenta sobre o pedestal, na Pra- Aproveitem!... Aproveitem!...
ça João Lisboa, a estátua do Tímo11. FONTINELU & CIA. (O Jornal, 261 121 19 17, p. I)
A condução, que se efetuou sábado último, demorou
da meia-noite até alta madrugada. tendo os operários tra- ESPELHOS
balhado todo o dia de ontem ainda na colocação do bron-
ze de Magrou. Não comprem sem primeiro fazer uma visita ao nosso
Hoje começará o revestimento de mármore do pe- estabelecimento ESPELHO DA MODA, na R ua Osvaldo
destal. Cruz, 5 1. Ternos também um grande estoque de molduras
Já estão sendo armados palanques e coretos para as de cedro, assim como colocamos vidros cm qualquer parte
festas de inauguração. (O Jornal, 241121 19 l 7, p.4). da ..:idade por preços baratíssimos.
FONTINEW & C/A.
RETRATO (O Jornal, 26/12119 17. p.4).

Em foto-crayon, tamanho natural, a 60$ com rica mol- VISITAS


dura, só na MOLDURA ELEGANTE de Paula Barros & CELSO ANTONIO
Comp., na Rua do Sol, 17-A. (O Jornal, 24/ 121 1917, p.4).
Honrou-nos ontem com a sua visita o jovem escultor
CELSO ANTÔNIO maranhense Celso Antônio de Menezes, que, passageiro
do paquete Pará, se encontra nesta capital depois de uma
Chegou hoje do Rio de Janeiro e esteve na nossa reda- estada de quatro anos no Rio de Janeiro, onde cursa a
ção o jovem escultor Celso Antônio, nome este que o nos- Escola de Belas-Artes.
so público já conhece pelas referências que a imprensa Celso Antônio pretende demorar-se entre nós algum
carioca tem feito aos seus trabalhos. tempo, cm visita à sua família.
Discípulo de Bemardelli, Celso Antônio já e cuJturou Este conterrâneo ilustre, apesar de muito moço é já au-
os bustos de Eça, Camilo e um ótimo estudo Amargura, tor de vários trabalhos que têm merecido elogio as referên-
sobre quem os entendidos fizeram apreciações muito li- cias das rodas anísticas da capital do País, entre as quais
sonjeiras. destacamos as que lhe foram dirigidac; há pouco, quando

~ 277 <:/Q)
LUIZ DE MELLO

expôs no Salon de 1917 alguns trabalhos seus, tais como A ESMO


Amargura (estudo de cabeça), Alexandre Herculano e Ur-
bano Santos (bustos), e que aqui reproduzimos. O Maranhão, que conta um grande número de filhos
Celso Antônio, que fixou residência no Rio, onde estu- que o hão engrandecendo e se têm glorificado nas letras,
da, durante a sua estada nesta capital pode ser procurado pouquíssimos nomes conta que se hajam ilustrado nas
na Rua dos Afogados nº 150. Belas-Artes e muito principalmente nas artes plásticas.
O Jornal agradece a visita e deseja ao jovem escultor o Pintores, raríssimos. Escultor nenhum. Mas nenhum
seu completo triunfo. (O Jornal, 26/12/1917, p.1). até bem pouco tempo, porque agora surge, tendo diante de
si um futuro que promete ser longo e brilhante, o jovem
VIDROS escultor Celso Antônio, ainda no verdor dos vinte e um
anos, mas já em plena e ampla floração de um talento bizarro.
A 65$000 a caixa de cem pés quadrados Apresenta-mo Coelho Neto assim:
Colocação a 200 réis em qualquer ponto da cidade, só "É portador desta e da minha saudade o nosso conter-
na MOLDURA ELEGANfE, Rua do Sol, 17-A. (O Jornal, râneo Celso Antônio, que, mais feliz do que eu, ainda tem
27/12/1917, p.1). forças para um vôo ao ninho. É artista e vencerá, estou
certo, porque tem talento e sobra-lhe vontade.
ÀS VEZES Dedicando-se à escultura, começou a trabalhar em se-
gredo, sem uma lição, e, de um ponto de barro fez uma
Antônio Lobo vai ter o seu monumento. formosa cabeça de Eça de Queirós, e foi com ela que se
Será erguido na praça de seu nome, bem em frente à apresentou em minha casa.
casa que por muitos anos habitou. Duvidando de que um curioso conseguisse realizar
É um ato de toda justiça esse que se vai realizar por obra tão perfeita, para experimentá-lo encomendei-lhe um
iniciativa dos moços da União Estudantil Sílvio Romero. busto de Camilo, e tal foi o resultado da prova que a man-
Já haviam eles conseguido que o antigo Largo de San-
dei perpetuar e m bronze e tenho-a no meu gabinete.
to Antônio tomasse o nome do saudoso mestre .
O seu último trabalho foi o busto de Urbano Santos.
Agora, sempre nobres em seus intentos, os distintos
Celso Antônio será uma glória nossa se o Estado lhe
rapazes que compõem essa bri lhante associação literária
der um auxílio, que não pesará no Tronco e que voltará à
vão fa7er perpetuar no bronze a memória querida e vene-
terra em lucros de muito brilho. Há uma lacuna na História
randa do homem de letras que mais amigo foi dos que
da Arte maranhense, e essa será preenchida pelo nome do
pelas letras trabalham e vivem.
jovem artista para o qual peço a tua amizade..."
É edificante esse belo gesto que bem traduz a gratidão
da mocidade intelectual que, em Antônio Lobo, teve sem-
É assim que o grande artista da palavra escrita e falada
pre o mestre e amigo dedicado e sincero e o defensor inte-
me apresenta o moço maranhense que está a concluir o
merato e constante.
busto de Antônio Lobo, a ser erigido nesta cidade.
Como educador, a obra de Antônio Lobo foi completa: -
Celso Antônio viu Antônio Lobo, rapidamen1e, em 1913.
ele, haurindo dos livros, incessantemente, a preciosa essên-
Três retratos, muito pouco semelhantes entre si, ser-
cia do saber, a ia ministrando nas doutas lições que dava e
vem para lhe avivar a memória.
que eram ouvidas cobiçosamente pelos discípulos atentos.
A sua mo11e mesmo, foi mais um ensinamento de força E Celso Antônio, com aquela reminiscência e essas
de vontade e honra. três fotografias, está fazendo um trabalho que, se vai per-
Ele não foi só um filho que deu renome à sua terra, de petuar em bronze os traços físicos do homenageado pela
onde jamais saiu; foi mais, foi um mártir que tombou, mas nossa admiração e carinho, vai também perpetuar o seu
tombou vencendo como os heróis. próprio valor de artista.
Caiu vencido com honra e por isso mesmo tomou-se Ainda ontem voltei ao ateliê do escultor
muito maior do que aquele que o fez tombar. Sobre o cavalete, lá estava, em barro, o busto do meu
E o seu alto espfrito de escol voou às etéreas regiões inesquecível companheiro e amigo.
dos justos. Olhei a fronte alta, e vi Antônio Lobo nos dias dos
Resta-nos sua lembrança amada. seus triunfos de orador.
Antônio Lobo viverá constantemente na alma de seus Fitei os olhos e, vi, na ruga expressiva que o vinca ao
conterrâneos, a quem ele tanto quis como um precioso lado da boca, aquele ar vago de amargura cismadora que
relicário. lhe sombreava o semblante, principalmente nos derradei-
A mocidade vai imortalizá-lo no bronze, rendendo-lhe ros dias de sua batalhada existência.
assim a última e sincera homenagem da sua admiração e do É que Celso Antônio não recorreu apenas à reminis-
seu reconhecimento. cência e aos retratos.
Que todos os que com as letras lidam se congreguem Admirador entusiasta de Antônio Lobo, leu com ânsia
para prestar auxílio forte à ação meritória e nobre dos inte- tudo dele que lhe caiu sobre as vistas. Artista apaixonado
ligentes rapazes da União Estudantil Sílvio Romero e que pela sua arte, indagou de nós outros, companheiros e ínti-
ela fique como exemplo às gerações vindouras e como mos amigos que fomos de Antônio Lobo, as menores númi-
estímulo aos que se empenham denodados e confiantes cas do seu talento e da sua alma. E fez, assim, um Antônio
na lúcida vereda da luz e do saber. Lobo, não duma feição inteiriça e única, mas dum modo que
PERY oferta à análise mais inexperiente, traços vários dos que o
(O Jornal, 1011119 18, p.l). caracterizavam tanto fisiológica quanto espiritualmente.

~278 ~
~
Ró!. CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Cópia fiel.já não digo servil, de uma fotografia, o busto tocia ela, posso testemunhá-lo, é cm geral muito brilhante.
seria um, mas 11111 só retrato de Antônio Lobo. A cada passo venho encontrando verdadeiras aptidões
Trabalho de artista de talento e apaixonado, trabalho literárias, notando porém que quase todas se estragam
eminentemente impressionista, o busto é o retrato, é qua- pela inércia que lhes comunica o meio. Outras não passam
se a biografia de Antônio Lobo. de esperanças muito vagas, de estrelas que cintilam um
Tal é o monumento que se vai erguer. minuto, em efervescência lírica dos quinze para os dezoito,
Assim é que é o artista que o está a esculpir. mas logo se apagam, ou porque não têm senão capacida-
D.8. des vulgares de dile1ta11ti. ou porque não possuem um
(O Jornal, 12/1/1918, p. I).
tecido moral bastante resiMente, que as courace nas rudes
tonnentas de adversidade, que. na carreira das artes, só
CELSO ANTÔNIO
vencem os verdadeiramente artistas, vale dizer verdadei-
ramente estóicos.
Não queria começar por dizer que Celso Antônio é uma
Aconteceria o mesmo a Celso Antônio? Passaria ele,
a vis rara. Este lugar comum, que é o miolo das reputações
ao menos, de uma bela promessa?
de toda a espécie na Província, desagrada-me ao paladar
Um destes dias fui visitá-lo e saí do seu ateliê improvi-
literário. É inevitável, lOdavia, no jovem artista.
sado, uma casinha modesta lá parn as bandas do Currupi-
Terra ele poetas e prosadores, onde também temos vis-
ra·, convencido de que vinha de conhecer um vero artista.
to aparecer, embora asfixiadas quase sempre na atmosfera
Mas, depois de conspirar um pouco, penetrei na sala com
irrespirável do nosso meio psicológico, algumas verdadei-
as paredes lá forradas de desenhos. e vi melhor. Lá estava
ras vocações musicais, o Maranhão nunca produziu, que
- a obra de arte.
me conste, pintores, nem escultores - salvo Francisco de
Sá. Não atraíram as artes plásticas os talentos numerosos Alguém retirou de cima de um cavalete uns panos úmi-
que aqui têm tido berço. dos, e cu tive ante mim, modelado num barro escuro de
oleiro, o esboço do busto de Antônio Lobo, um trabalho
Creio que Celso Antônio, concorrendo ao último Sa-
lão da Escola Nacional de Belas-Anes com algumas es-
realista de vigorosa expressão, concebido e executado ra-
pidamente, com extraordinária decisf10 e vontade.
culturas, é o primeiro artista maranhcnse que expõe, o pri-
meiro, para assim dizer, que abre carreira nas artes plásti- Em quantos dias tinha ido feito aquele esboço, a que
cas, - o que de si era bastante para fazer alvo da atenção quase nada falta para ser obra definitiva senão a fu ão em
dos seus conterrâneos. bronze, não foi preciso, me disseram, pois eu próprio o
Quando ele apareceu, há poucos dias, na redação da sabia, sabendo que há poucos dias chegara a São Luís o
jovem artista.
Pacotilha, portador de uma carta do Milton Barbosa Lima,
já eu tinha lido as referências animadoras que aos seus Passo por sobre a minha emoção pessoal, ao ver, ressu
trabalhos filcra Coelho Neto, e outras, exaradas em críti- recto nesse esboço, o homem que foi alvo da i:ninha maior
cas de conjunto do último Salão, e que várias folhas do simpatia intelectual. Não interessa ao leitor este sentimen-
Rio estamparam. to todo pessoal.
Vira, igualmente, fotografias da Amargura, o seu pri- O que interessa é que Celso Antônio, o autor do busto
meiro assunto, do busto de Urbano Santos e do de Camilo. de Antônio Lobo, não é uma esperança apenas, como es-
Este, principalmente, impressionara-me, tanto quanto é cultor. Há nesse escultor maranhcnse muito mais do que
possível receber impressão de uma escultura por meio de uma bela promessa.
uma simples fotografia. Para um artista novo, não era, de- Dotado de uma verdadeira vocação artística, encara a
certo, pouca a modelação de uma figura tão complexa com vida intelectual a sfoo, como um batalhador, e a carreira
alguma originalidade. das artes como uma religião, uma ascen ão de todos os
Ficara-me, pois, uma impressão por inteiro favorável ao momentos, pelo esfor\O, pela tenacidade.
talento do jovem e tatuário. Era para mim indubitável que Não creio disponha ele de fáceis recursos pcl:uniários
esse rapaz tinha valor. Ois era-o Coelho Neto, que nunca para estudar. Sei, porém, que para se cultivar não se aco-
teceu elogios a cretinos e vulgares. E cu próprio o verificara, varda com dificuldade de qualquer sorti!. É um fone, está-
visualmente, naquela fotografia do busto de Camilo. se a ver no realismo da sua Cl>Latuária.
O que, porém, não podia avaliar e só agora há pouco Eis aí um artista que o Governo do Estado devia subsi-
me foi dado sondar, era a extensão do talento de Celso diar até que completasse na I::.uropa os seus estudos, cor-
Antônio. rendo as velhas capitais da Arte - Roma, Paris, Madri e
Até aonde iriam as possibilidades de concepção e exe- outras - cursando os melhores mestres, peregrinando pe-
cução desse primeiro escultor maranhense? Mais: qual a los museus.
sua capacidade de trabalho, e, concomitante, em que dis- Com a sua fecundidade, a facilidade de execução qua-
posições de espírito entrava pelos domínios da arte? se sobrenatural de que dispõe e sobretudo aquela glorio-
Preocupava-me tudo isto, enquanto a mjnha curiosi- sa energia juvenil que paira sobre os seus bronzes e esbo-
dade não se havia satisfci10 no tocante aos vaJores inte- ços, todos de tendência naturalista e fortemente vitaliza-
lectuais de revclaçüo artística tão surpreendente para os dos, Celso Antônio tem diante dele, de braços aber1os, a
maranhenscs. Grande Arte a esperá-lo.
Convivo muito de peno com a mocidade de hoje em dia
da minha terra, observando-a já através de algumas gera-
ções sucessivas, quer na imprensa, quer no magistério. E Área da Rua Celso de Mt1ga lhães e Camboa. conhecida como
Currupirn e bairro do Currupira.

~279 ~
LUIZ DE MELLO

Por ora, busca ser minucioso, sujeitando-se à anato- Ambos artistas da prosa e do verso, sabem sentir o
mia e aos modelos. Mais tarde a sua personalidade que já poder das coisas belas que fascinam e atraem, e dizer delas
denota arrojos e revoltas signjficativas. destacar-se-á, de- com primor e elegância.
sassimilando naturalmente o que assimilara com um míni- Assim, teve Celso Antônio duas formosas crônicas a
mo de esforço. seu respeito, e deve estar bem contente pois que elas são
Para mim, sobram-lhe talento e vontade. E é tudo. valorosos louvores aos seus méritos incontestáveis.
Antônio lopes Muito jovem ainda, já bem farta possui sua coroa de
(Pacotil!ta, 181111 9 18, p. 1). louros, merecidamente ganhos na arte que imortalizou Fí-
dias, prometendo vir a ser, com estudo e perseverança, um
ARTISTAS MARANHENSES escultor aprimorado, cuja inteligência maior número de ide-
alizações poderá criar, dando-lhe ensejo de produzir obras-
No artigo do Dr. Antônio Lopes ontem, sobre o espe- primas, como as dos grandes mestres.
rançoso escultor Celso Antônio de Menezes, compuse- Incumbido de fazer perpetuar no bronze a memória que-
ram - Francisco de Sá por Franco de Sá. Todos sabem rida e venerada do saudoso mestre Antônio Lobo, cheio
que se trata dum grande pintor de retratos maranhense de justo orgulho e contentamento deu início a esse traba-
educado cm Paris. Há provas do seu talento no retrato de lho , com afinco e critério, chegando a obter o melhor dos
Sil va Maya, queest.1 no salão nobre da Câmara Municipal, resultados de seus esforços, pois modelou primorosamente
e em muitos outros trabalhos desse gênero, existentes em cm barro e depois em gesso, o busto do douto intelectual,
casas particulares. cuja morte tanto nos compungiu.
Lembra-nos mrus o nome de Eduardo Sá, o ilustre autor Esse trabalho seu é digno dos maiores encômios e não
da bela estátua de Floriano Peixoto, que !.C admjra no Rio, me furto ao prazer de lhe revelar a admiração que ele me
e que tam~m é maranhense.• trouxe, quando, a convite seu, fui visitá-lo no gabinete em
Parece-nos bem recolher as notas relativas a esse e que trabalha.
outros artistas maranhenses, enquanto não os esquecem E Celso Antônio sorria ao ver o meu espanto, sentin-
de todo. (Pacotilha, 1911119 18, p.2). do-se ufano do valor de sua produção.
Suas privilegiadas mãos, sem dificuldade alguma, ha-
HORÁCIO TRIBUZI viam modelado, nitidamente, o busto do imortal educador
maranhcnse.
Dirigidas ao nosso companheiro de redação Dr. Antô- Era ele que al i estava, redivivo, conscienciosamente
nio Lopes. recebemos as seguintes linhas: gravado no barro.
Na Pacotilha de 18 do corrente, e m uma exposição em A emoção do belo e do sublime embargava-me a voz e
que sua senhoria tece os maiores elogios ao escultor Cel- sem uma única palavra apertei as mãos do artista, fazendo-
so Antônio. diz: " - o Maranhão nunca produziu, que me lhe sentir a grandeza de minha satisfação de maranhense,
conste, pintores. salvo Francisco de Sá." por ter, junto a mim, um conterrâneo que honra nossa terra.
Se quiser dar-se ao trabalho de visitar o salão onde o Filho da ílÔrescente cidade de Caxias. desde criança re-
Comércio faz suas sessões, o Tribunal do Júri, a capela-
velou pronunciada vocação para a escultura, sendo o seu
mor da Catedra l e a da igreja do Recolhimento, saberá que
maior desejo tomar-se capaz de produzir esses belos monu-
mais um pintor, Horácio Tribuzi, de saudosa memória, pro-
mentos que não podia ver sem que sua alma se arrebatasse
duziu a nossa São Luís.
em êxtases de sonho, às incertas regiões do desconhecido.
Maranhão, 2 1 de j aneiro de 19 18
Celso Antônio procurou, então, horizontes mrus lar-
M.N.
gos, onde seu espírito privilegiado pudesse dar ocasião
(Pacotillia, 2 1/ 111 918, p.4).
de serem realizadas as suas belas aspirações de moço.
Aluno da Escola de Belas-Artes, na capital da Repúbli-
REDOMAS E IMAGENS
ca, cedo destacou-se de seus colegas de curso, entre os
quais teve primazia.
Grande sortimento recebeu a Mold ura Elegante e ven-
de barato.
O trabalho a que ora se entregou com afã, vai ser-lhe
mais um triunfo aos muitos que j á a lcançou desde o início
Rua do Sol. Paula Barros & Cic1. (0 Jornal, 30/J/
de sua carreira, tão proveitosamente perco rrida.
19 18, p.4).
Cabe-me hoje a vez de saudar entusiasticamente a Cel-
so Antônio e as ociar-me alegremente ao numeroso rol de
ÀS VEZES
seus mais sinceros admiradores e amigos, que muitos an-
seiam por vê-lo subir rapidamente a longa escadaria de
Era intuito meu, antes de qualquer outro, render home-
cardos e de ílores que sem dú vida o conduzirá breve aos
nagem ao talento másculo de Celso Antônio. o brilhante
luminosos domínios da glória.
escultor patrício, ora entre nós.
PERY
As penas ap uradas de Domingos Barbosa e de An-
(O Jornal, 3 1/ 1/ 19 18, p. l ).
tônio Lopes anteciparam-se à deste modesto rabisca-
dor, e ainda bem, porque o juízo de les vale por uma
ELETRICIDADE
consagração.
Prevenimo ao público que não se M tccipc cm fazer ins-
' Eduardo de Sá n3o era maranhcnsc. talações particulares, aguarde-se por mais poucos dias en-

~ 280 c:./Q)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

quanto chega o grande sortimento que vem cm viagem E do alto do seu pedestal, banhado pelos fulgentes
para a Moldura Elegante; já estando em nossa casa o hábil raios do sol patrício, sorria, contente, o bronze de João
eletricista contratado especialmente no Rio de Janeiro para Lisboa. (O Jomal, 25/2/ 1918, p.2).
esse fim.
Podemos fazer instalações com competência, tanto em UM PRIMEIRO ESCULTOR MARANHENSE
preço quanto em segurança.
PAULA BARROS & CIA. (Pacotilha, 31/1/1918, p.3). A arte deve ser, eminentemente, expressão e personali-
dade, ou não ser. Não devemos augurar coisa alguma do
O CASINO MARANHENSE artista que, submisso às regras, não procura criar, viver a
obra e emprestar-lhe todo o vigor das suas faculdades
O nosso jovem patrício Celso Antônio ofereceu o con- estéticas, até que a mesma resulte um ser cm si, criatura
curso do seu talento artístico à ilustre diretoria do Casino uperior ao próprio criador.
Maranhense, para que adquira esplendor excepcional a Estas idéias, entre muitas, ocorreram ao meu espírito, di-
partida à fantasia que esse distinto clube dará domingo. ante do busto de Antônio Lobo. obra do jovem escultor pauí-
no seu palacete. Celso Antônio tomou ao seu cargo, para cio Celso Antônio. Para nós outros, que de perto conhece-
que tivéssemos uma manifestação brilhante do seu pincel mos o eminente cscrilor, o espírito clei10, infelizmente traído
de escol, a pintura das três salas do Casino, que se reves- pela . ua própria sensibilidade ética. é comovente esse rever o
tirão, assim, de aspecto inteiramente novo e bizarro. seu vulto, no barro pl:ú tíco, cm linhas de uma verdade fla-
Embora não possamos descer, ainda, aos detalhes do grante, de uma expressão insub tituívcl. É o Lobo real. como
seu trabalho, em que tem a colaboração imeligente does- o víamos e, com uma sensação de vazio na vida mental mara-
perançoso pintor conterrâneo Porciúncula de Moraes, já nhcnse, só pela transfiguração da arte tornamos a ver.
podemos infonnar, entretanto, corno lineamentos gerais, Celso Antônio, realmente, apesar de tão novo, já dá
que eles nos apresentam, com as excelências da sua radio- testemunhos de dotes admiráveis de artista e uma primeira
sa imaginação e técnic.i segura, uma Sala Egípcia, uma revelação da nossa Atenas na arte plástica, se bem que
Sala Pagã e uma Sala Aliada. ainda não tenha chegado à sua plen.i evidenciação, é já
Os assuntos são mais sugestivos e tudo nos leva a promissora.
crer que as suas superiores qualidades de artista se de- O que data ve11ia à nossa incompetência no assunto,
senvolverão com o brilho e a qualidade que merecem. Foi parece ser a valia principal dos trabalhos do moço escul-
pela pintura, principalmente, que ele chamou a atenção do tor, que se apresenta como uma bela e inesperada promes-
público sobre si, e da justiça dessa revelação a nossa so- sa no seio da coletividade da nossa terra. é justamente a
ciedade elegante terá um padrão magnífico. além do mais qualidade da sua arte, o cunho intenso que ele sabe impri-
no trabalho dessas três salas que farão, em dúvida, a mir às figuras. Não são ídolos, manipanços, convenções
nota chique do nosso carnaval, este ano. e culpidas: são homens com a máscara de transudar a vida
Parabéns ao Casino. (Pacotilha, 5/2/1918, p. l ). anterior; os entendedores podem encontrar-lhe defeitos
de técnica; fa lta de emoção, de impressionismo, de fom1a -
BAR CARIOCA não exuberâncias imaginosas, mas num comedimento lou-
vável - é que não.
Está passando por mais uma refom1a o Bar Carioca, Ccl o Antônio despretensiosamente desdobrou dian-
que é, hoje, o ponto predileto do nosso escol social. te de núm algumas concepções que se propõe, no progre-
Agora, sob a direção do competente engenheiro Euri- dir da sua carreira, tra1er à fom1a sensível.
co Macedo, é o salão de refeições que está sendo trans- Parecem dar a prever urna arte humana, sensível. exal-
formado para que melhor se preste ao fim a que é destina- tada sem extravagâncias - tudo o que pode caracterizar
do, atendendo-se especialmente às condições de ar e luz. um Ateniense da Linha Equinocial.
(OJomal, 9/2/1918, p.4). Bem inspirado anda ele, na sua energia d<.: artista novo,
cm procurar o seu rumo acima dos cslreitos moldes de
CASINO MARANHENSE escola. O e pírito não tem lindes nem freios. nem peias.
nem faixas. É continente e nunca conteúdo. As regras, e os
( ... )A ornamentação, principalmente na parte da pintu- cânones da técnica não são mais do que meios, do que
ra, devida ao pincel inteligente do nosso jovem patrício an~ai mes -servem ao artis1a não para escravizar, mas para
Porciúncula de Moraes, causou belíssimo efeito, desta- o libertar da ãnsia impotente da expressão. A verdadeira
cando-se aos abundantes jorros de luz elétrica.( ...) (Paco- arte. como a verdadeira Ciência, não admite dogma!>. Nem
ti/110, 13/211918, p.l). me. mo o da lógica ...
R.WPES
(SEÇÃO) ANTES DE ONTEM (0 Jomal, 6/3/1918, p. l ).

(...) A um canto da praça chique conversavam sobre PINTURA A AQUARELA


coisas de arte Domingos Barbosa e Celso Antônio, lendo
e comentando À hora da missa, a jóia artf tica com que I. Leciona Amena Varella de Paula Barros cm sua resi-
Xavier de Carvalho enriqueceu. nesse dia. pelo O Joma/. dência, na Rua do Ribeirão nº 28.
a originalíssima Caixa de f6sforos que anda a organizar Aceita encomendas de trabalho nestes gêneros: pai-
com tanto carinho e tão grande mestria. sagens, flores, etc. (Pncotilha, 8/3/ 19 18, p.4).

~28 1 ~
LUIZ DE MELLO

PORCIÚNCULA DE MORAES Celso Antônio nasceu artista, pode-se assim dizer.


Nascido no sertão, criado num meio de todo e por tudo
Trouxe-nos as suas despedjdas o nosso conterrâneo impróprio para o desenvolvimento das vocações artísti-
Raimundo Porciúncula de Moraes, que segue hoje para a cas, pegou desde muito cedo de um lápis e entrou a rabis-
Capital da República, onde vai cursar a Escola Nacional de car, a desenhar, a pintar.
Belas-Artes. Sem uma noção técnica, sem o estímulo de um compa-
Ao jovem patrício, que é um talentoso cultor da pintu- nheiro, sem uma obra de arte para ver e onde ao menos
ra, desejamos, a par de uma excelente viagem, um futuro pudesse colher por indução uma vaga diretriz, - mesmo
cheio de triunfos. (Pacotilha, 11/3/J 918, p. J). assim, tomando aqui ou ali, nalguma revista ou na.lgum jor-
nal, dois modelos, fez, a lápis, dois magníficos retratos: um
CELSO ANTÔNIO de José Bonifácio, o Patriarca; outro de Pinheiro Machado.
Bastaram esses dois primeiros trabalhos para lhe afir-
Segue hoje para o Rio o nosso inteligente conterrâneo marem à consciência inata de artista que o rumo na vida
Celso Antônio, jovem artista que acaba de contratar a exe-
era aquele.
cução dos bustos de Antôruo Lobo e Arthur Azevedo para
E, sem mais hesitações, embarcou para o Rio sem outro
a nossa capital.
P-lemento que não fossem o violento desejo de aprender e
Celso Antônio continuará no Rio de Janeiro os seus
a inabalável confiança no futuro, que só a mocidade dão.
estudos de escultura, à espera de que termine a Guerra
E a sua vida no Rio tem sido uma luta, uma verdadeira
para os prosseguir nos centros de arte da Europa.
luta, na qual, se tem conseguido com imensa facilidade
Ao nosso brilhante patrício enviamos os melhores
aprender, tem, com enormes dificuldades, conquistado os
votos para que na ascensão do seu talento não haja emba-
meios de viver.
raços nem desfalecimentos. (Pacotilha, 1 1/3/1918, p. I).
Do lápis passou Celso Antônio ao buril.
Fez um busto de Camilo, já fundido em bronze. Fez um
ARTHUR AZEVEDO
busto de Eça de Queirós. Fez um busto de Olavo Bilac.
A Academia Maranhense de Letras resolveu confiar Conseguiu do grande escultor píltrício Rodolfo Ber-
ao hábil artista Celso Antônio de Menezes, nosso talento- nardell i quatro meses de lições e, após elas, exibiu o busto
so coestadano, a feitura dum busto do notável comedió- do Dr. Urbano Santos, que a crítica unânime julgou urna
grafo Arthur Azevedo, uma das representativas g lórias li- obra de arte perfeita.
terárias do Maranhão. (Pacotilha, 11/3/19 18, p. l). Tal é o artista que já modelou o busto de Antônio Lobo
Tal é o artista que vai fazer o busto de Arthur Azevedo. Tal
CELSO ANTÔNIO é o artista a quem o Estado vai conceder uma pensão.
Parabéns ao Celso Antônio pela justiça que lhe fazem
Embarca hoje para a Capital do País o nosso djstinto os poderes públicos. E parabéns pela justiça que fazem ao
conterrâneo, o jovem escultor Ce.lso Antôruo de Menezes. Celso Antôniô.
Desta capital, este estudioso artista leva várias enco- D. B.'
mendas, entre elas a de um busto em bronze do pranteado (O Jornal, 15/3/1918,p.l).
literato Antônio Lobo, cuja maquete vai quase concluída.
Ao Celso Antônio, O Jornal faz votos de próspera AULAS DE DESENHO
viagem e maiores triunfos na sua já luminosa carreira. (O
Jornal, 11/3/1918, p. I ). Comunicou-nos o jovem e inteligente pintorTelésforo
Rego que abriu na Rua da Madre Deus, 59, um curso de
PORCIÚNCULA DE MORAES desenho, apto a iniciar os alunos nos mais simples traça-
dos como desenho à mão li vre e pintura a óleo e aquarela.
O jovem pintor Porciúncula de Moraes seguiu ontem (Pacotilha. 16/3/1918, p.4).
para a Capital do País, onde vai iniciar os seus estudos.
Este esforçado moço, que tem dado sobejas provas de COLOCAÇÃO DE VIDROS GRÁTIS
força de vontade, ali, decerto não esmorecerá, sendo mui-
to justo esperar de sua lúcida inteligência. Os proprietários da conhecida MOLDURA ELEGAN-
Ao Moraes fazemos votos de próspera viagem e que TE resolveram, a bem servir a sua numerosa freguesia,
seja feliz na sua empresa. (O Jornal, l 2/3/l9 l 8, p.4). colocar vidros e a massa, gratuitamente, fora do estabele-
cimento.
A ESMO Temos um grande sortimento que vendemos a 800$00
a caixa de cem pés quadrados!!!
Anda a correr os trâmites constitucionais, para ser con-
Aproveitem que este artjgo por mais poucos dias subi-
vertido em lei, um projeto que merece e tem merecjdo os
rá de preço.
mais justos e francos louvores.
PAULA BARROS & CIA. (Pacotilha, 191311918, p.4).
É o que concede ao jovem escultor maranhense Celso
Antônio uma pensão que lhe perrllita aperfeiçoar-se na
arte que abraçou, ao abrigo das rudes necessidades que o
todo-dia oferece tirarucamente ao homem na terra. · o. B. - iniciais de Domingos Barbosa.

~ 282~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

SECRETARIA DO INTERIOR 1lilton Aranha teve para guiá-lo, uma fot0grafia. E - aí é


que está para mim o grande mérito do seu trabalho - tendo
(...) Nº774-Concede a partir de 1° de março deste ano visto poucas vezes o pranteado maranhense. fel um retrato
a quantia de 250$000 (duzentos e cinqüenta mil réis) a Cel- muito mais parecido, muito mais expressivo, muito mais fiel
so Antônio de Menezes, para completar os seus estudos que a fotografia-modelo, o que revela a posse de duas qua-
na Escola N::icional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.(...) lidades notáveis num pintor de retratos: o poder de reten-
(Di6rio Oficial do Estado, 221311918, p.2). ção, na retina, do que viu, e o poder de reproduzir, na tela, os
traços e a expressão fisionômica, tais quais os enxergou.
MOLDURAS Pintar um objeto inanimado exige técnica, e só.
Fazer, porém, um retrato que tenha expressão, é coisa
Recebeu novas molduras, de cedro e outras madeiras, que requer técnica e pede taJento.
0 Espelho da Moda, bem assim espelhos de cristais para O ato do Congresso, dando asas ao talento de um pa-
salas e também lindas estampas de santos. trício que promete, só merece louvores.
Rua Osvaldo Cruz, 37 (O Jomal, 25/3/1918, p.4). Bem haja, pois.
D.B.
RETRATO (0 Jornal, 2214/1918, p. I).

Na vitrine da Loja Notre Dame acha-se em exposição FALECIMENTO


um belo trabalho da nossa inteligente conterrânea Arieta TELESPHORO E. DE MORAES REGO
Barreiros, noiva do Sr. Afrodísio Gondim.
Trata-se do retrato a crayon do Rei Alberto, da Bélgica, Depois de longos e dolorosos padecimentos, faleceu
ontem. às 22 horas, em sua residência na Rua da Madre
onde a gentil senhorita manifesta, mais uma vez, os seus
Deus nº 73, o Sr. Telesphoro E. de Moraes Rego, com 63
belos dotes intelectuais. (Pacotilha, 27/3/1918, p. I).
anos de idade. O extinto, que deixa viúva e cinco filhos, era
tfo do Sr. Genésio Rego, innão do coronel Plácido de Mo-
A ESMO
raes Rego e Manoel Veríssimo de Moraes Rego e sogro do
professor Gilberto Costa.
O Congresso do Estado, enveredando nesta seção, por
Exerceu diversos cargos públicos e. ultimamente. o de
um caminho novo, pelo qual não tinha ainda enveredado -
oficial da Secretaria do Congresso, do qual foi há pouco
0 do estímulo às nossas raras, raríssimas vocações artístj- aposentado.
cas, subvencionou três jovens maranhenses para que pos- Para o enterro, que se realizará às 16 horas, não há
sam estudar, um, Celso Antônio, escultura; dois, Raimundo convites especiais.
Porciúncula de Morae!> e Hilton Leite Aranha, pintura. (O Jornal, 23/4/19 18, p. I).
De Celso Antônio já se ocupou há tempos esta seção.
É o jovem vitorioso artista que modelou os bustos de RAIMUNDO A. TRIBUZI
Olavo Bilac, Camilo Castelo Branco, Antônio Lobo e Urba-
no Santos Sucumbiu ontem, pelas 16 horas. na sua residência,
Raimundo Porciúncula de Moraes é também um jovem Rua do Passeio nº 31, o Sr. Raimundo Alves Tribuzi, co-
cheio de esperanças, de boa vontade e de amor ao traba- nhecido e antigo guarda-livro .
lho, de quem andam por aí, quase anônimas, uma porção O finado, que era casado com a Sra. Maria Vitória Perei-
de pequenas manifestações de gosto artístico, todas elas ra Tribuzi, deixa 9 filhos, entre eles a Sra. Ana Amélia, es-
promissoras. , posa do Sr. Joaquim P. Ferreira Gome .
Hilton Leite Aranha nem ainda é bem jovem. E quase O enterro, que se realizará hoje, às 16 horas, sairá da
uma criança. casa onde se deu o óbito.( ...) (0 Jornal, 23/4119 18, p. I).
Conhecia-lhe um só trabalho, um quadro a óleo, cuja
legenda não sei qual seja, mas a que se pode pôr uma CELSO ANTÔNIO
etiqueta com a denominação -A derrubada.
É uma cena campestre, muito nossa. Num recanto ralo Foi uma tarde macia como uma carícia de pluma.
de selva, um homem do campo acaba de derrubar uma Listrava ainda o horizonte longínquo uma faixa muito
árvore. Repousou o machado e descansa um momento, na 10~1ra de sol poente ...
grande luz de um sol de ouro e zarcão. Eu descia despreocupado a gozar o encanto daquele
A figura do roceiro. fone e magro- magro de sobrieda- entardecer lento, cheio de alegria cabritante das senhori-
de, fone pelo mourejar rude das lavras - de taca-se e im- tas que passavam rápidas, saracoteando álacrcs, a cum-
põe-se. primentar com elegância aos se11/wrinhos tesos, emperti-
Talvez que o quadro tenha, para olhos profissionais, gados, que subiam a passo cuno, enchendo o ambiente da
hesitações de pincel, falhas de técnica. Praça João Lisboa com as suas casquinadas bárbaras a
E deve tê-las. Ninguém ainda nasceu pintando. penurbar a paz do crepúsculo.
Chamou-me, porém, a atenção pelos Lraços fones de Um grupo de rapazes, estudantes, estacionava num
observação e naturaJidade. ângulo da praça.
Depois desse trabalho, só lhe vi outro, há pouco. É um Em breve eis-me com eles, e uma vez lá, toca a passar
retrato a crayon, feito em três dias, do meu querido e inol- cm revista :malisadora todo o set que foo1i11ga e toda a
vidável amigo Antônio Leite. burguesia suada que se recolhe.

~ 283 ~
LUIZ DE MELLO

Tudo inalterável: os mesmos tipos, as mesmas made- Nada!...


moiselles, os mesmos patrões, nada de novo ... Ah! Eis Ainda na antiguidade encontramos, em Roma mesmo,
uma fi gura estranha que passa. magníficos espécimes da escultura c lássica que c itar seria
- Quem é? .. . longo.
- Não sei.. . Com a Renascença irrompeu por toda a E uropa, inten-
- E você? sificando-se, localizando-se, porém, na Itália a arte sobera-
- Não conheço, não... na, e temos essas figuras proeminentes do gênio: Miguel
- Sej a quem for, acrescentei eu, o que indica o seu ar Ângelo, Benevuto Cellini, etc .
bizarro e orig inal, é que é um artista...
Não me enganara, felizmente! D epois, pouco a pouco a arte fo i evoluindo rumo do
Era um rapaz insinuante, cabelos negros encaracola- escopo almejado e inating ido - o Ideal - e temos para o
dos, traj ando com apuro e elegância cariocas, a voltear a no rte, para lá dos Al pes, na França, a escola moderna e m
bengala fina, lá subia sobraçando uma brochura, rumo da que avultam com brilho: Carpeaux, o artista de- La Dan-
Pacotilha. se, Le Triomphe de Flo re, Ogolin et ses enfa nts; Folgui-
Dois dias depois, ao fechar-se o vc larium verde sobre ére, o meticuloso e esplêndido burilador de Combat de
o último quadro do Natal, lá no vasto e sombrio casarão Bacchantes, Source, Lafemme au paon - e, culm inando,
do Seminário, eu era apresentado pelo pintor M oraes àquele a revolucionar toda a arte estatuária, esse extraordinário,
que tão acertada e justamente classificara como artista. esse m agn ífico Rodin que fo i o Victor Hugo do má rmore
Era o Celso Antônio, o j ovem escultor maranhense que e legou à arte de que foi máx imo sacerdote chef-d-oeu-
Coelho Neto, o fúlgido escritor conterrâneo, apontava de vres, tais corno La Faunesse, Desespoir, L' Emprise,
cima da sua g lória, como um candidato à glória. Amour Fugit, Le Pensée, Eva, Balzac, L'apel au.x arme,
E de então data o meu conhecimento com Celso. La. bel/e Heaumiere, etc.
Foi por uma tarde a inda que eu fu i pela primeira vez ao
Esses são (quem contestá-lo ousa? ...) os artistas se-
improvisado ateliê de Celso Antônio, lá para os lados qui-
nhores da grande arte, que nada é mais grosseiro, inex-
.etos da Avenida Gomes de Castro .
pressivo, bruto que a pedra, e no enta nto é nela que eles
Ia ver, que há muito a curiosidade me ag uilhoava, o
vão gravar, com mão nervosa e cérebro ardente, os seus
busto do grande homem que foi Antônio Lobo, e que,
poemas de forma, a traços fin os, elegantes, fidalgos, como
conforme os jornais cá da terra, Celso modelara com uma
os de Folguiére, ou a traços largos, impetuosos, com to-
perfeição admirável, reve lando-se possuidor de uma exe-
das as asperezas e todos os encantos de urna arte nova,
cução segura e um talento superior.
insubmissa, ousada, q uente, como os de Rodin.
Chegu ei.
Com aquele seu modo franco, afável, Celso nos rece-
São Luís do Maranhão, Arenas Brasileira, só o era
beu, a mim e ao Moraes, que era ainda ele quem me levara
pelo fulgor literário dos seus ftlhos, verdadeiros helenos
a admirar a magnífica arte de Celso.
Conversamos. no culto da P.Oesia e das belas letras, mas, infelizmente,
pouco ateniense no culto da plástica em m árm ore .
O busto estava sobre um cavalete de escultura, ve lado
por um pano úmido. Atenas Brasileira não tinha escultores, não tinha fri -
Ainda sob o tecido daque le pano discreto, eu reco - sos, não tinha Partenon.
nhecia a fi gura do mestre e me impacientava por vê-la ao E porque Atenas se ressentisse disso, muito mais é de
descoberto . louvar o ap arecimento do seu primeiro escultor que pro-
Enfim o escultor retirou o véu e eu pas mei ante o busto mete ombrear com os seus poetas.
esplêndido, cheio de expressão, a deixar entre ver urna pon- E e is por que eu auguro ao distinto patrício que tão
tinha de am argura dos últimos tempos, através da curva- lindamente se levanta, um futuro brilhante, e, através des-
tura leve, suave, dos músculos zigomáticos. tas aprimoradas linhas, como moço e para orgulho e vaida-
Era bem de Antônio Lobo o busto ainda úmido. de minha também maranhense, lhe mando uma humilde e
E data daí a minha admiração por Celso, a admiração que sincera homenagem .
cu tenho por toda essa legião de artistas divinos, que arran- Reis Perdigão
cam o mármore bruto, frio, mde e nele cinzelam com alma, (O Ateniense, 30/4/1918, p.2).
ébrios de gênios, hinos imperecíveis à suprema beleza.
Artistas di vinos escrevi, porque para ser artista é pre- REGISTRO ELEGANTE
ciso ter a centelha do céu e mais propriamente cabe este
título aos poetas de pedra, porque só eles, à maneira de Existe entre nós, todo cercado da natural modéstia que
Deus, com um pouco de argila vil, grosseira, modelam pri- envolve os principiantes dos grandes homens do futuro,
mores de forma e graça ... um j ovem artista cheio de esperança e que muito virá orgu-
Que há de mais aug usto e terrível e olímpico que esse lhar o Maranhão do porvir.
colossal Zeus que Fídias cinzelou? É esse artista o simpático moço Evandro Rocha, um
Que há de mais trágico, de mais angustioso, de mais dos mais privilegiados talentos que cultuam a arte e por
intensamente expressivo que esse estupendo Laocoonte ela sentem pendor que chega às raias da paixão. Com to-
cujo autor se perde na poalha apagadora dos tempos? das as aptidões para um exímio desenhista, esse nosso
Enfim, que de mais sublime que toda essa galeria imen- inteligente conterrâneo, sem haver cursado outra escola
sa de arte potente, sóbria, graciosa, imortal em que se per- que não fosse a do pintor Paula Barros, mostra a s ua imen-
petuou o gênio grego? sa vocação pela arte de Vinci, nos belos quadros que traça

<?/Q) 284 <?/Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÀO (1842 - 1930)

com alma e firmeza, os quais, pela sua vontade, só seriam Ficou decidido que, em vez de um busto de bronze,
vistos e admirados pelos seus amigos mais íntimos e cole- sertí erigida uma estátua de mám1ore representando o nos-
gas do Liceu. Tal a sua modéstia. so amado bispo, de pé, numa atitude de quem abençoa.
Evandro Rocha teve a nímia vontade de nos oferecer À reunião. onde se viam. cm grande número, representan-
um quadro, magistralmente traçado com perfeição e niti- tes de todas as classes, compareceram o Dr. Luiz Domingues e
dez, contendo o retrato do nosso patrono, Barão do Rio a Exma. Sra. Maria da Glória Purga Nina, representados, respec-
Branco, tela que depois de convenientemente emoldurada tivamente, pelos Drs. Almeida Nunes e Xavier de Carvalho.
a capricho figurará no nosso salão nobre de se sões sole- Foi eleito presidente da Comissão Central monsenhor
nes. Poderá, então, aí ser admirado por todos quantos sen- Galvão, secretariado pelo Dr. Xavier de Carvalho. O Sr.
tem saudades de Rio Branco, porque ali, no lápis de Evan- Marcelino Almeida foi ordenado tesoureiro por todos.
dro, o Barão eMá quase a nos falar, vivo, au tero e perfeito. Publicaremos amanhã os nomes dos cidadãos escolhi-
Evandro Rocha, de família pobre de recursos pecuniá- dos para as diversas Comissões. (O Jornal, 10/6/ 1918, p. I ).
rios, bem merece que o Estado lhe conceda uma pensão
para aperfeiçoar os seus estudos nos meios adiantado . MOLDURA ELEGANTE
porque mais tarde, certamente, o Maranhão verá o seu
auxílio recompensado com a glória de tê-to como filho.( ...) Mudou-se da Rua do Sol para a Osvaldo Cruz nº 14.
(O Ateniense. 30/4/1918. p.20). Sonimento de quadros, molduras, imagen!>. espelhos e
estampas. Depó ito de vidros em todos os tamanhos. Ate-
BUSTO liê de espelhação, gravuras cm vidros, pinturas de retra-
tos, placas, etc. preços módicos.
A indecente especulação de um jornaleco desta terra PAULA BARROS & CIA
inventou que um busto do Visconde do Rio Branco, per- (Pacotilha, 2616119 18, p.2).
tencente às escolas do Município, se achava guardado em
lugar impróprio na Intendência Municipal. ESTÁTUA DE D. FRANCISCO
Essa malevolência não encontra absolutamente apoio
Está nesta rodação, para quem nela subscrever, uma listn
na verdade.
a fim de angariar donativos do povo maranhense para a ere-
O busto do Visconde do Rio Branco, moldagem indu -
triai, em gesso, já bastante danificado pelo tempo, se acha, ção de uma estátua do saudoso e ilustre bispo desta Diocese
D. Francisco de Paula e Silva. ( OJomal, 27/6/1918, p.4).
há muito, na Escola Municipal na Rua da Paz, canto da Rua
da Cruz, onde pode ser visto na respectiva sala dos pro-
ANTÔNIO LOBO
fessores por quem quer que se queira dar ao trabalho de
subir as escadas da referida casa de ensino. (Pacotilha, 21
Pelo tesoureiro da Comissão Central Pr6-13usto desse
511918, p. I ).
saudoso escritor foram recebidas as listas seguintes: do
Sr. Alfredo Haick (nºs 105 e 106) l41 $;do Sr. Salim Lauande
CONVÉM SABER
(nºs 109 e J 1O)2 15$, cujas qua111ias somadas à de 702$,já
publicada pela Pacotilha. perfazem a soma de 1:058$.
Que o e:.tabelecimcnto de quadros, espelhoc;, etc., de- Pede a Comissão às pcs<;oas a quem remeteu listas,
nominado MOLDURA ELEGANTE, na Rua do Sol, estará cujo prazo se findou a 3 1 de maio e 30 de junho, o obsé-
por todo o mês mudado para a Rua Osvaldo Cruz nº 14, quio de devolvê-las, com as importâncias angariadas, ao
antiga Rua Grande, junto à Agência de Loterias!! tesoureiro José Ribeiro Teixeira, no Banco do Maranhão.
PAULA BARROS & CIA. (O Jomol, 5n/1918, p.l).
(O Jomal, 17/5/1918, p.2).
PELO ESPORTE
LEIA O QUE LHE CONVÉM
O F. A. Clube entregou, à delegaçiio do Paissandu Fu-
Paula Barros & Cia., proprietários do conceituado es- tebol Clube, um quadro com o busto cm relevo do Barão
tabelecimento Moldura Elegante, atualmente na Rua do do Rio Branco, acompanhado de um ofício à sua diretoria,
Sol, previnem ao público e especialmente aos seus fregue- oferecendo-o como recordação de sua estada entre nós.
ses que por motivo de terem ampliado os seus negócios, (PC!cotilha, 14n/I 918, p.4).
se mudarão brevemente para o grande prédio da Rua Os-
valdo Cruz nº 14 (antiga Rua Grande) onde esperamos con- PARTIDAS E CHEGADAS
tinuar a receber a preferência de sua bondosa fregue ia.
(Pacotilha, 17/5/1918, p.3). É nosso hóspede há dias o Sr. Antônio Moreira da Cos-
ta. comerciante em Belém do Par1 e ócio da fim1a Paula
A ESTÁTUA DE D. FRANCISCO Barros & Cia., de nossa capital. ( Pncotil/ra, 20nll 918, p.4).

Na reunião ontem realizada, na casa do Sr. Tavare de RETRATO DE RUI


Holanda, para tratar-se do monumento que o Maranhão
vai erguer a D. Francisco, foram eleitas a Comissão Central Na vi trine central da Notre Dame acha-se cxposlo um
e as Parciais encarregadas de angariar donativos para aque- belíssimo retmto a óleo de Rui Barbosa, trabalho do exímio
le mister. arti. ta patrício Paula Barros.

~ 285 <V'Q)
LUIZ DE MELLO

É uma ílagrante cópia daquele grande homem público, D. XISTO ALBANO


tamanho quase natural, corpo inteiro.
A linda obra de arte tem sido geralmente apreciada. (0 Em uma das vi trines da Loja Notre Dame está em expo-
Jomal, 13/811918,p.4). sição um belo retrato a óleo do falecido bispo desta Dioce-
se D. Xisto Albano.
AO COMÉRCIO E AO PÚBLICO Esse retrato vai ser colocado no salão de honra do
Paço Episcopal, no dia 12 do corrente. (0 Jornal, 101101
Levo ao conhecimento do comércio desta capital e de- 19 18,p.4).
mais praças do país, ao público e a quem interessar possa,
que desde 1ºdo corrente desliguei-me livre e desembara- D. XISTO ALBANO
çado de toda e qualquer responsabilidade da firma Paula
Barros & Cia. (MOLDURA ELEGANTE), conforme o dis- Conforme noticiamos realjzou-se hoje, no Palácio Epis-
trato lavrado e arquivado na meritíssima Junta Comercial, copal, a solene inauguração do retrato do saudoso pastor
e embolsado dos meus capitais e lucros. diocesano D. Xisto Albano.
Outrossim, comunico aos meus amigos e clientes, a Ao ato precedeu missa celebrada pelo virtuoso gover-
quem agradeço as considerações que sempre me dispen- nador do Bispado, monsenhor Vicente Galvão.
saram durante a gestão como gerente naquela firma, que Depois falou o coronel Francisco Joaquim de Souza,
continuo com o ateliê para os serviços de retratos a óleo, que se ocupou longamente da personalidade do prantea-
crayon e ampliações, pinturas de placas, oficinas de espe- do bispo.
lhação, gravuras em vidro, etc., provisoriamente na Rua da Ao ser desvendado o retrato, ressoou uma longa e
Saavedra nº 2, (minha residência) até encontrar um local vibrante salva de palmas.
apropriado para o gênero. Durante os atos tocou uma excelente orquestra, sob a
São Luís, 19 de agosto de 19 18 regência do professor Adelman Corrêa.
Paula Barros O retrato, trabalho a óleo executado pelo abalizado pin-
(Pacotilha, 2 1/8/19 J 8, p.2). tor Paula Barros, é uma verdadeira obra-prima.
Viam-se presentes à solenidade autoridades civis e mi-
PAULA BARROS litares, clero, corpos docente e discente do Seminário de
Santo Antônio, comissões de várias sociedades, repre-
Continua provisoriamente com ateliê em sua residên- sentantes da imprensa e inúmeras senhoras e senhoritas.
cia, na Rua da Saavedra nº 2, canto com a Rua do Ribeirão, O governador do Estado fez-se representar pelo seu
ajudante-de-ordens.
para os trabalhos de retratos em todos os gostos: a ÓLEO,
Compareceu o Sr. intendente Municipal. (O Joma/, 12/
CRAYON, PASTEL,FOJO.CRAYON, FúTO-P!NfURA.etc.
10/1918, p. I).
Oficina de espelhação e gravuras cm vidro.
Confecção de espelhação e gravuras em vidro.
UM RETRATO
Confecção de placas DOURADAS e ESPELHADAS, etc.
Preços para competir com os adversários.
Numa das montras da casa de modas Notre Dame, na
Aceita contratos para o ensino de desenho e pintura em
Praça João Lisboa, está exposto um belo retrato a óleo do
casas particulares, ou em sua residência, onde mantém um
coronel Antônio Brício de Araújo.
curso especial para este ensino. (Pacotilha, 23/9/ J9 J8, p.2).
O trabalho artístico é do conhecido pintor Paula Bar-
ros. (OJomal, 23/10/1918, p.4).
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
ESTÁTUA DE D. FRANCISCO
Acham-se cm exposição no salão nobre desta Associ-
ação três vistas do porto desta capital : vista das coroas A Comissão Promotora da quermesse, por ocasião da
Minerva e Ani l, vista das proximidades da Ponte de Alfân- festa dos Remédios, em favor da ereção da estátua de D.
dega, em baixa-mar, e vista do Canal do Ani 1, cm baixa-mar. Francisco, entregou ao monsenhor Galvão a quantia de
(Pacotilha, 23/9/ l 9 l 8, p.4). um conto e quinhentos mil réis ( 1:500$000) - produto líqui-
do da mesma quermesse.
JUNTA COMERCIAL Os documentos das despesas feitas também foram en-
DISTRATOS: tregues àquele prelado. (O Jomal, 28/10/1918, p.4).

Foram dissolvidos os contratos das seguintes firmas: Ribamar, 31 (OJomal)-EmAxixá fcstcjou-seodia24


De Paula Barros & Cia. com um Natal em Veneza, programa atraente. que se encer-
DeAziz Tajra& Cia. rou com uma missa campal. Foi inaugurado solenemente o
De M. Santos & Cia. retrato do Sr. Zadock Pastor no salão de honra da escola,
De Chaves & Cia. (O Joma/, 26/911918, p.2). orando o Sr. Porfírio Pereira em nome da população reco-
nhecida. O homenageado, agradecendo, disse servir-lhe
NASCIMENTO de estímulo mais essa prova de afeição, para continuar a
bcneliciar o Axixá, enfrentando a campanha que lhe mo-
O Sr. Waldemiro dos Santos Luz participou-nos o nas- vem os adversários.
cimento de seu filho Luiz Faustino Vieira Luz, ocorrido Anselmo Trindade
ontem. Parabéns. (O Joma/, 30/911918, p.4). (OJomal, 2/l/1919, p.4).

~ 286~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

COMUNICADO pcios feitos inesquecíveis praticados pelo tenente-coro-


nel João Batista Balby que os meus amigos, o povo desta
Comunico que cm data de 1Odo corrente mês por escri- boa terra, mandaram fazer o seu retrato, que demonstrará
tura pública lavrada cm notas do tabelião Adclman Corrêa aos desta geração como se galhardoa o mérito, - aos vin-
comprei aos Srs. Manoel Netto & Cia., o seu estabeleci- douros-os altos feitos do retratado, e servira ainda de exem-
mento denominado Moldura Elegante, à Rua Osvaldo Cruz plo aos que forem chan1ados para exercer esse cargo, porque,
nº 14, ficando a meu cargo o ativo e toda responsabilidade pelo seu modo de proceder, pelos seus serviços patrióticos,
do passivo da extinta firma, continuando o estabelecimen- fará jus a igual demonstração de amizade, respeito e carinho-
to a funcionar com o mesmo ramo de negócio, vidros, mol- so afeto, e eu, minhas senhoras e meus senhores, que desde
duras, quadros, espelhos, artigos religiosos e elétricos sob os meus mais verdes anos, sempre pude ter a honra e prazer
a minha firma individual de Pereira da Rocha. de contar no número dos meus mais dedicados amigos o
Maranhão,20-1-1919 tenente-coronel Balby, sinto-me desvanecido por esta prova
Confirmo a declaração supra. de apreço que lhe damos; porque além do M:u caráter puro e
Maranbão,20-1-1919 nobre, ele deixou o seu retiro saudoso, o seu modesto Canin-
p.p. Manoel Neto & Cia. dé, para vir com sacrifícios servir a sua temi. o seu berço
Jacinto C. <Jc Aguiar (Pacotilha, 23/1/ 19 19, p.4). nativo, tomando-se merecedor, portanto, nem só do que lhe
acabamos de fazer, como da nossa amizade, dos nossos res-
DECLARAÇÃO NECESSÁRIA
peitos e da nossa gratidão.
Que posso eu mais dizer-vos?
José de Paula Barros e R. Corrêa Lima tendo de abrir o
Apenas que sinto não ter o pintor patrício, porque a
seu novo estabelecimento de MOLDURAS, QUADROS,
justiça é confessar que esse retrato é obra do jovem via-
VIDROS, ESPELHOS, etc., em começo de fevereiro próxi-
nense Newton Aquino, não ter o dom de, nas entrelinhas
mo, o qual tem de girar sob a firma de Paula Barros & Cia.,
das feições do retrato, colocar a inteireza de caráter, o ar-
vêm fazer ciente ao público e ao comércio que esta nova
firma nenhuma responsabilidade tem com a antiga firma dente patriotismo e lealdade mais perfeita do tenente-co-
Paula Barros & Cia., da qual fez parte como sócio o Sr. José ronel Balby. Mas, minhas senhoras e meul> senhores. ame-
de Paula Barros que se retirou cm ago to do ano findo, nizemos um pouco o impos ível, e como o pintor não pôde
livre e desembaraçado de qualquer compromisso, fazendo colocar rudo quanto era preciso nas entrelinhas do retra-
as devidas declarações neste e demais jomais desta capi- to, vivemos ao tenente-coronel BaJby, como o protótipo
tal. (Pacotilha, 2511/1919, p.4). do patriotismo, como um cios mais acérrimo propagandis-
tas da prosperidade da nossa querida Viana.
VIANA Viva o tenente-coronel João Balby!
(0 Jomal, 10/2/19 19, p.2).
Discurso pronunciado pelo coronel Raimundo Marco-
1ino Campeio, a Iº de janeiro deste ano, no Paço Munici- EXPOSIÇÃO ESCOLAR
pal, por ocasião da posse dos novos vereadores e inten-
dente Municipal, e inauguração do retrato cio tenente-co- No domingo próximo. a professora nom1alista Zila Paes,
ronel João Batista Balby, no salão da Intendência desta diretora da Escola Sotero dos Reis, franqueará ao público
cidade, presentes famílias, cavalheiro , vigário da fregue- a sua sede, onde estarão expostos os trabalhos manuais
sia, desembargador Lopes da Cunha, Drs. Alfredo de As- dos seus alunos. (Pacmilha, 15/2/19 19, p.4).
sis e Castro e Raimundo Lopes da Cunha.
EXPOSIÇÃO ESCOLAR
Minhas senhoras e meus senhores:
O retrato, como todos vós sabeis, é a cópia fiel da Foi muito visitada ontem a cxposiç5o dos trabalhos
pessoa ou coisa retratada, e quando de alguém se manda dos alunos da Escola Estadual Sotcro dos Reis, dirigida
tirar o retrato é porque esse alguém nos merece considera- por D. Zila Paes, na Rua de Santana.
ção, amizade e respeito e tudo isto sobe de ponto quando Todos os desenhos, pintura, trabalhos de agulha e
é mandado fazer por uma coleü vidade, e é justamente este outros trabalhos manuais mereceram atenção e o elogio de
0 nosso caso. Tenente-coronel João Batista BaJby fora todos que foram à exposição, o que mostra a aplicação dos
eleito intendente deste município para o triênio findo. Por alunos e a dedicação da professora da Sotero dos Reis.
motivos que não vem ao caso relembrar, deixou de exercer (Pacotilha, 1712/1919. p.4}.
0 seu cargo no primeiro ano, fazendo-o apenas no segun-
do e terceiro, e nesse pouco tempo, porque dois anos, CELSO ANTÔNIO
nada é, desempenhou-se brilhantemente, fazendo djver-
sos melhoramentos, deixando em caixa o saldo de Este nosso jovem conterrâneo acaba de conquistar mais
I 9.705$100 réis, e se mais não fez, não foi apenas devido à um triunfo na Capital do País, entregando à administração
falta de uns pôrem dificuldades em adquiri-los, como pe- pública um busto do poeta da Via Láctea, que mereceu os
dras para calçamento; e outros pelo excessivo dos preços mais entusiásticos elogios da imprensa carioca.
e a esperança de melhorar, como o cimento e tintas, aquele A Noite, de 19 de janeiro último, estampando o clichê
para a balaustrada do terraço contíguo a esta casa, e tintas daquele trabalho e do seu autor, tem as seguintes palavras
para pintura dela; e é, minhas senhoras e meus senhores, para Celso Antônio:

~ 287 ~
LUIZ DE MELLO

"Celso Antônío é mais que uma promessa: uma realida- Enquanto o Congresso estiver fechado, e for impossí-
de forte na escultura" - escreveu uma autoridade. E aí está vel obter auxílio do Poder Legislativo, o Executivo nãú há
provando-o, sobejamente, o busto do grande poeta Olavo de negar, com certeza, rudo o que ao seu alcance estiver, a
Bilac, acima reproduzido. Trata-se, na verdade, de um tra- fim de anim ar a iniciativa que vier à luz . De um governo que
balho de artista, jovem embora, mas de grande valor, por tem na Secretaria do Interior um homem inteligente, como
isso que se lhe deve louvar, francamente, pela sua obra e Domingos Barbosa, não é lícito esperar outra coisa.
pela arte brasileira." (O Jornal, 20/2/ 191 9, p. l ). Se é intenso o amor da nossa mocidade pela cultura
artística, se apesar de tudo, as coisas da arte aqui ainda
ANTÔNIO LOBO despertam algum interesse, e se há quem trabalhe pelo
desenvolvimento das artes entre nós, por que não reunir
O tesoureiro da Comissão Pró-Busto deste escritor, de- os esforços isolados, ao menos a fim de verificar a soma de
vidamente autorizado, remeteu ao esculto r Celso Antônio, esforços que são capazes de produzir, aplicados numa ta-
encarregado da fatura daq uele busto, a quantia de 2:000$,
refa de interesse coletivo?
que somada aos 500$ anteriom1ente enviados, perfaz um
Hostilidades que surgirem objetivadas neste ou na-
total de 2:500$ rs., já pagos por conta do trabalho . (Paco-
que le obstáculo não justificam, por mais que se as tenha
tilha, 1º/311919, p.1).
por certas, que não se faça uma tentativa. T udo o que
nasce do esforço surge precisamente como um trunfo às
PELO COMÉRCIO
hostilidades. De mais a mais o nosso meio não é assim tão
O Sr. José de Paula Barros comunicou-nos ter aberto minoseísta quanto se vem proclamando . Dados exatos
um estabelecimento para confecção de quadros, etc., na convencem do contrário. A observação não revela que o
Rua Nina Rodrigues nº 23, sob a razão de Paula Barros. meio seja minoseísta, mas os seus males são tão-somente
Gratos. (O Jornal, 2 1/3/19 19, p.4). a inconstância e ausência de iniciativa particular.
Dirão que o artista, nesta terra, não pode ser beneméri-
COISAS & LOISAS to e mal pode trabalhar para si.
Ariel Mas pergunte-se: que esperam os nossos artistas fi -
que do seu nome, do seu trabalho, do esforço que fazem
O problema do ens ino artístico tem constirufdo, este para aperfeiçoar-se e que futuro esperam para as artes que
a110, como no passado, objeto de alguma preocupação cultivam isolados, sem procurar chamar a atenção do pú-
dos poderes locais. Na sua legislatura passada o Congres- blico e das gerações novas para o que fizerem, educando o
so do Estado criou pensões a diversos jovens artistas gosto, atraindo os espíritos para o culto do Belo, modifi-
maranhenses, entre os quais Celso Antônio, Porciúncula cando os hábitos pelo contacto da própria arte, criando a
de Moraes e Hilton Aranha, medida nobilíssima, agora necessidade superior da cultura artística, sem a qual não
corroborada pela concessão de idêntico lavor ao maestro pode cxisfü o artista.
Adelman Corrêa, para estudar música na Europa. Não será somente em benefícios dos outros que traba-
É bem de ver, e ntretanto, que se o aplauso que se pede lharão os nossos artistas, tomando uma iniciativa como a
a tais resoluções é justo, convé m não esquecer que o nos- que fi cou apontada: será também no seu próprio, no interes-
so meio precisa de um estabelecimento de ensino artístico. se dos seus nomes e no do aproveitamento dos seus esfor-
A supressão da Escola de Música foi um erro e bem grave, ços, co mo de evidente conclusão, no aperfeiçoamento dos
pois ela prestava aqui inestimáveis serviços e era o ponto seus próprios recursos técnfoos . (Pacotilha, 1º/5/ l919, p.2).
de partida de uma organ ização mais complexa, abrangen-
do mais a pintura, a escultura e outras artes. Não podere-
A FESTA DO TRABALHO
mos tão cedo ter uma Escola Superior de Belas-Artes, mas
é possível, mesmo com os elementos locais, procurar apro-
Como era de se esperar, foi solenemente comemorada.
ximação a esse desiderato numa escola elementar. Apro-
pelo operariado de nossa terra, a passagem da data de
veitando artistas do nosso meio podemos, desde já, incor-
ontem, dedicada ao Trabalho.
porar uma escola em que a teoria musical elementar e mé-
Às 16 horas, por iniciativa do Centro Artístico Operá-
dia seja ensinada como preparação e desenvolvimento
rio e Industrial Maranhense, foi organizado um grande
necessários a cursos de piano, violino e outros instrumen-
préstito, levando nove carros repletos de mantimentos e
tos de elite, ao mesmo tempo que se instalariam cursos de
desenho, pinrura a óleo, aquarela e de outros gêneros. objetos de uso, em demanda do lazareto, onde foram ofe-
O nosso sistema de ensino não estará completo sem recidos aos lázaros que ali se achavam recolhidos.
um estabelecimento dessa natureza. Cabe à iniciativa par- O cortejo levava, à frente, um artístico bronze repre-
ticular essa obra de grande e intuitivo descortino para o sentando o Trabalho, e, em seguida, um carro alegórico.
Maranhão. Os aux ílios dos poderes públicos virão depois, Acompanhavam a passeata duas bandas de música.
natura lmente, ampliá-la e garantir-lhe o funcionamento. No Hospital dos Lázaros usou da palavra, fazendo a
Foi assim que aconteceu à Faculdade de Dire ito, que entrega da dádiva, o tenente Ângelo Magalhães, que pro-
vai tomando, aos poucos, incre mento. É assim que se deve duz iu um bem-feito discurso.
começar em todos os casos semelhantes. Secundou-o na tribuna o Sr. João Luiz da Silva, que con-
Da Sociedade Musical, que tão be las provas tem dado citou o operariado a socorrer sempre os que necessitam.
de sua vitalidade, e dos esforços conjugados de artistas Após a entrega dos objetos, foi aclamado, pelos pre-
como Paula Barros, Adelman Corrêa e outros muitos, o sentes, o nosso companheiro João Teixeira, que fez uma
me io tem a esperar nesse sentido. ligeira oração, felicitando o Centro Arústico pela bela ação

~288 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

posta em prática, di1,cndo que os lázaros nunca deviam ser CASA PAULA BARROS
esquecidos por aqueles que faziam da caridade um verda-
deiro sacerdócio. Recebeu belo sortimento de imagens de São Geraldo,
Respondeu, agradecendo aquela prova de caridade dos Perpétuo Socorro, Bom Pano, etc.
operários, o poeta Napoleão Santos, que se acha recolhi- Molduras para quadros, anigo chique. Tudo barato.
do ao lazareto. RUA NINA RODRIGUES, 23(Pacotilha, lün/19 19,p.4).
Todos os oradores foram fartamente aplaudidos.
O infeliz vate começou um sentimental discurso não IMAGENS
concluído, porém, devido à comoção do momento.
Eram 18 horas e o cortejo se retirou, fazendo as despe- São Geraldo, Santa Perpétuo Socorro, Santa Luzia e
didas, em discurso. o Sr. Ângelo Magalhães. muitas outras. Belo sonimento recebeu a
O préstito percorreu diversas ruas de nossa capital. CASA PAULA BARROS
À noite, na sala do Centro, houve uma sessão solene, RUA NINA RODRIGUF.S.23 (0Joma/, 1617/1919,p.2).
fazendo-se ouvir diversos oradores.
Parabéns ao operariado maranhense pela bela festa on- MISS THACKERAY
tem levada a efeito. (O Jornal, 2/5/ 1919, p. I).'
Efetuou-se ontem uma singela, mas allamente expres-
UM RETRATO siva manifestação de apreço à memória de miss Sara Tha-
ckcray, no Instituto de Assistência à Infâ ncia, colocando-
se o seu retrato na sala principal.
Está em exposição, numa das montras da loja de modas
Pouco depois das 10 horas, achando-se presentes mui-
Notre Dame, um bem trabalhado retrato a crayon do Dr. Raul
tac; senhoras, senhorita e crianças, o bispo D. Helvécio,
Machado, presidente do Estado, obra do nosso jovem con-
com o cônego Lcmercier. o Sr. Domingos Barbosa, secretá-
terrâneo José Rodrigues, filho do Sr. Joaquim Rodrigues. rio do Interior. por si e pelo presidente do Estado, os Srs.
O retrato, que está numa artística moldura, é um traba- Cunha Lopes, Alarico Pacheco, Antônio Bona, Luiz Viana,
lho que merece elogios. Uno Machado, Augusto Figueiredo. coronel Diocleciano
Parabéns ao jovem anista. (O Jomal, 3/5/1919, p. I). Ribeiro, etc. - o Sr. Fran Paxeco, presidente do conselho
administrativo, declarou aberta a sessão, convidando a
HORÁCIO HORA presidi-la o Sr. D. Helvécio Gomes de Oliveira e a sentar-se
aos seus lados a Sra. Lucília Wilson Coelho de Souza e o
A tragédia de Pontes Yisguciro nesta capital, em 1873, Sr. Domingos Barbosa.
ofereceu assunto para 8 cenas que formam um quadro, o Explicou, cm seguida, o objetivo daquela convocatória
qual foi doado à Biblioteca Pública de Sergipe. - tributar um preito de estima e saudade à organizadora da
O trabalho é a crayon e é seu autor o pintor sergipano engrenagem interna dos complexos serviços do Instituto
Horácio Hora. (O Jornal, 10/5/19 19, p. I). e bondosa inspiradora da criação da Maternidade Benedi-
to Leite, uma das mais proveitosas seções daquela bene-
REVISTA MARANHENSE mérita casa de ti lantropia.
O Sr. D. Helvécio concedeu a palavra à Sra. Lucília
Por motivo superior deixou de haver, ontem, a acostu- Coelho de Souza e ao Dr. Luiz Viana, que proferiram primo-
mada palestra literária. Deram-se as provas dos primeiros rosas alocuções. Não havendo outros oradores, o ilustre
escritos da cdjção especial. prelado pronunciou algumas frases de estímulo aos sus-
O Sr. Evandro Rocha ofereceu os seus serviços, na tentáculos do Instituto, enaltecendo-lhes o esforço de bem-
seção de caricaturas nessa revista, a contar do mês de fazcr, e encerrou a sessão.
abril passado. Está a cargo do Sr. Raimundo da Purificação - O retrato, que está muito bom, foi feito pelo distinto artis-
a passagem das caricaturas para a modelagem. (Diário ta Paula Barros, a quem se devem outros trabalhos de real valor.
Oficial do Estado, 12/5/1919, p.4). Puxou a cortina, que o velava, o menino Cc..,.1rio Benedito de
B:l!T'Os, a primeiro cri:l.llça nascida na mat~mtdade.
UMA CARICATURA Nas próximas edições daremos os discursos a que nos
referimos. (Pacotilha, 28n/1919, p.4).
Acha-se em exposição, na vitrine da Notre Dame, uma
RETRATO
caricatura do nosso confrade Ribamar Pereira, trabalho es-
plêndido do nosso conterrâneo Antônio Nascimento (An-
Na vitrine da Loja Notre Dame acha-se em expo ição
gelus), apanhada no Teatro da Paz, cm Belém, na noite do
um artístico retrato do nosso ilustre conterrâneo capitão-
conccno dos Irmãos Nobre.
tenente Tácito Reis de Moraes Rego, chefe do Departa-
Angelus revela-se um artista de futuro.
mento de Rádio-Telegralia da Marinha. (0 Jomal, 30nl
(O Jornal, 23/6/1919, p.4). 19 19,p.I).

PRÓ-BUSTO ANTÔNIO LOBO


Registrando o evento. a Pllcorilha destacou: (.) À saída da pa.'>-
seata orou, de uma Janela do Centro, u Sr. Angelo Magalhães
saudando a Dcu~a do Trabalho, que se achava decorada num belo Prepara-se para domingo vindouro uma festa esporti-
andor.( ... ) (Pacotilha. 215/1919. p.I ). va csplêndjda, cujo produto revenern cm benefício do busto

<VQ) 289 <VQ)


LUIZ DE MELLO

do malogrado escritor maranhense Antônio Lobo, a ser Maranhense, devendo a solene colocação dos mesmos
erigido na praça de seu nome, nesta capital. realizar-se no próximo domingo às 9 horas. (0 Jornal, 3191
No campo do F.A.C., gentilmente cedido à União E. 1919,p.I).
Sílvio Romero, promotora da festa, defrontar-se-ão, obe-
decendo a um programa que breve publicaremos, os clu- UMA EXPOSIÇÃO INSTRUTIVA
bes F.A.C., América, São Cristóvão, Colombo, Hércules,
Team Gomes, Atenas, Nacional, Spartano, Internacional, Vimos expostos nas vi trines da elegante loja A Exposi-
União, Marcílio Dias e BaIToso. ção dois belos quadros, sendo que um representa a Basti-
Outra festa, com o mesmo intuito, será levada a efeito lha na gloriosa noite de l 4 de Julho.
proximamente, no campo do Luso-Brasileiro, tomando parte O l ºmede 88x68, com os seguintes dizeres:
todos os c lubes füiados à Liga. (0 Jornal, 12/8/1919, p. l). "Salve! Assinatura da Paz Universal em 19 de junho de
1919".
AQUARELA O 2º mede 70x68 cm com os seguintes dizeres:
"Salve! Abnegada Escola Cívica Nilo Pinzon, iniciada
Com um crescido número de alunos funcionou domin- por João Luiz da Silva em 13 de maio de 1919. T rabalho
go a Escola Cívica Nilo Pinzon (...) oferecido pela Oficina Cabral".
Ontem também funcionou a Escola Cívica. A pintura é uma fiel reprodução do notável pintor ma-
O professor José Fortuna falou sobre a data. ranhense Porciúncula de Moraes.
Ocupou também a tribuna, a convite, o professor José Esses reclamos, segundo somos infonnados, se desti-
Monteiro. nam a ser colocados solenemente na Escola Cívica Nilo
Falou em seguida o Sr. João Luís da Silva, oferecendo Pinzon, no vasto salão do Centro Artístico, às 9 horas da
à Escola Cívica Nilo Pinzon um quadro a aquarela, repre- manhã de 7 de Setembro, data da emancipação política.
sentando a Queda da Bastilha. (Jornal dos Artistas, 14/9/19 J9, p.3).
Ocupou, finalmente, a tribuna o presidente do Centro e
patrono da escola, o deputado Ni lo Pinzon, que agradeceu O BUSTO DE ANTÔNIO LOBO
a oferta do Sr. João Luiz e o comparecimento dos presen-
Em carta dirigida a Antônio Lopes, o jovem escultor
tes. (0 Jornal, 1517/19 19, p.4).
patrício Celso Antônio, ora no Rio de Janeiro, pediu-lhe
que à Comissão que solidarizando esforços com a União
UM BOM NEGÓCIO
Sílvio Romero tomou a iniciativa de erigir nesta capital um
monumento a Antônio Lobo, comunicasse já estar o busto
Gaudêncio Rodrigues da Cunha, proprietário da Foto-
do escritor hermado.
grafia União, tendo de retirar-se a bem de sua saúde para o
Celso vai trabalhar no pedestal de granüo, sobre o qual
Estado do Pará, passa o seu estabelecimento com todos
descansará a figura já fundida, tendo pedido à Comissão
os seus pertences, nas mais negociáveis condições. Ga-
Pró-Busto e à. União Sílvio Romero a quantia necessária
rante a qualidade de seus aparelhos fotográficos, compro-
para a confecção dessa última parte do monumento que
metendo-se a dar as explicações de que precisar o preten-
ele pretende vir inaugurarem dezembro próximo vindouro.
dente, concernentes à arte. Rua dos Craveiros nº 38. (Pa- Pelo tesoureiro da Comissão, o honrado Sr. José Ribei-
cotilha, 2618119 19, p.4). ro Teixeira, já foram enviados ao escultor, em datas di ver-
sas, 2:500$000, dinheiro com que este executou e mandou
AQUARELA fundir a figura.
Existem ainda disponíveis cerca de l :700$000 (600$000
Acham-se expostos nas vitrines da loja A Exposição do auxílio concedido pelo município de São Luís, votado
um grande quadro da Bastilha, na gloriosa noite de 14 de pela Câmara e em via de recebimento na Prefeitura; 600$000
Julho, em que fo i demolida, e uma placa metálica, os quais do festival organizado pelo FAC, com o concurso de ou-
vão ser colocados no salão da Escola Cívica, às 9 horas do tras sociedades desportivas e em poder do presidente da
próximo dia 7 de setembro, em homenagem à grande festa União Sívio Romero; e 500$000 em mão do tesoureiro da
nacional (Pacotilha, 3/9/19 19, p.4). Comissão Pró-Busto, resultantes de listas de donativos
recolhidas).
ESCOLA CÍVICA NlLO PINZON Dessa quantia enviada, faltarão apenas uns dois con-
tos de réis, aproximadamente, para completar o pagamento
Acha-se em exposição numa das montras da loja A do trabalho.
Exposição um quadro, cópia do pintor maranhense Porci- Consta-nos que a União Sílvio Romero, que ainda não
úncula de Moraes, tendo por motivo A Bastilha. A tela recebeu resposta do ofício que mandou ao Sport Club Luso
mede 88x68 cm e tem a seguinte inscrição: "Salve! Assina- Brasileiro pedindo o seu valioso concurso para a obra cí-
tura da Paz Universal em 19 de junho de 1919." vica que empreendeu, vai lançar um apelo à Liga Mara-
Juntamente uma placa com 70x68 cm onde se lê: "Sal- nhense, no sentido de obter um festival patrocinado por
ve! Abnegada Escola Cívica Nilo Pinzon, iniciada por João ela em favor do busto.
Luiz da Silva em 13 de maio de 1919" . Está exposta ao A Liga, decerto atenderá prontamente a esse reclamo,
púbUco. indubitavelmente antecedida pelo Luso-Brasileiro.
Esses trabalhos se destinam àq uele estabelecimento Juntamente com duas fotografias do busto de Antônio
de educação que funciona no Centro Artístico O. Eleitoral Lobo, já fundido, Celso Antônio remeteu a Antônio Lopes

~ 290~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

uma do projeto, em barro, da berma de Arthur Azevedo riar a vida laboriosa e produtiva da Sociedade a que per-
que encomendou a Academia Maranhense ao artista, e ele tencia, se externou sobre o deputado Nilo Pinzon, presi-
espera inaugurar também em dezembro. (Pacotilha, 21 1OI dente, e de quem, como justa homenagem, inauguraram o
1919,p.I). retrato no salão de honra. O homenageado agradeceu. (0
Jornal, 24/10/1919, p. I).
CASA PAULA BARROS
RETRATO
Grande ateliê de pintura, oficina de quadros, espelha-
ção e gravura em vidros. ( ...) Acha-se exposto na vitrine da Loja Brasil o retrato
Sortimento completo de MOLDURAS, ESPELHOS, do ilustre escritor Aluísio Azevedo, feito pela hábil senho-
IMAGENS para todos os preços. rita Benedita Castro. Será inaugurado à noite do dia em
Acaba de receber uma variadíssima coleção de ESTAM- que se efetuar a romaria ao cemitério, na redação da Revis-
PAS suíças. com paisagens, flores, frutas, caças e reprodu- ta Mara11he11se. em sessão solene presidida pelo Dr.
ções das ÓPERAS: Cannem, Otelo, Trovador e Rigolleto, Godofredo Viana.
coisa chique e recomendável pela concepção artística. Não há convites especiais. (O Jornal, 25/ I 0/ 1919, p. I ).

Única casa no gênero que sempre foi a preferida ESTÁTUA DE D. FRANCISCO


do ptíblico.
Primoro a coleção de quadros para adornos de salas Reúne-se amanhã, às 16 horas, na casa da Rua da Pal-
de famílias, botequins, barbearias, etc. ma nº 13, a Comissão Central encarregada de erigir a está-
Confecção de RETRATOS cm qualquer tamanho, a óleo, tua do nosso saudoso bispo D. Francisco de Paula e Silva.
a crayon e em ampliações por preços os mais reduzidos. (OJomal, 25/10/ 19 19, p.4).
A FALTA DE ARTE E DO BOM GOSTO fez desapare-
cer os seus COMPETIDORES! Sempre predominante alti- ALUÍSIO AZEVEDO
va e forte a CASA PAULA BARROS. (Pacotilha, 14110/
1919,p.4). Revestiu-se de brilhantismo a sessão solene realizada
ontem à noite pelos moços da Revista Mara11!te11se, em
PINTURA homenagem à memória de Aluísio Azevedo, e que foi pre-
UMA HOMENAGEM sidida pelo Dr. Godofredo Viana.
Depois do orador oficial, professor José Monteiro, fa -
Sabemos que brevemente, quando do aniversário da laram mais o professor Rubem Almeida, a modelista Clóris
fundação do Centro Artístico, Operário Eleitoral Maranhen- Ferreira, a normalista Teresa BaJata, o Dr. Costa Gomes
se, os seus associados vão colocar, no salão nobre do (poeta) e o professor Fran Paxeco, sendo todos muito
mesmo Centro, um retrato do seu presidente Nilo Pinzon. aplaudidos pela assistência cleta e numero. a.
- O retrato, trabalho de Paula Barros, está exposto na O governador se fez representar pelo secretário do In-
Notre Dame, bem como um pequeno quadro com a seguin- terior. (O Jornal, 29110/1919, p.4).
te inscrição: Homenagem dos seus admiradores. Salve!
23-10-191 9. (O Jomal, 21/10/1919, p.J ). EXPOSIÇÃO

MODELOS PARA PINTURA No saguão do Jornal do Brasil continua exposto o bus-


to do Dr. Epitácio Pessoa, executado por Celso Antônio,
Flores, paisagens, frutas, caças, etc., recebeu a CASA que tem . ido apreciadíssimo. O Sr. Epitácio marcou uma
PAULA BARROS- Rua Nina Rodrigues, 23. audiência para Celso Antônio, que irá oferecer-lhe o busto
( Pacotilha, 22/10/1919, p.3). para o qual posou. Celso Antônio partirá em dezembro para
o Maranhão, levando os bu tos cm bronze de Antônio Lobo
CENTRO ARTÍSTICO e Arthur Azevedo. (Pacotilha, 29/10/1 919, p. I ).
A FESTA DO SEU ANIVERSÁRIO
EXPOSIÇÃO
Eram 20 horas quando teve início a sessão solene co-
memorativa da data aniversária deste importante núcleo Na agência de loterias do Sr. Nelson Junqueira estão
de operários. expostos retratos coloridos dos principais times locais,
Em frent e à sede social, a banda de música do Corpo trabalho do Sr. Telésforo Martins Rego Filho. (0 Jornal. 61
Militar do Estado se fazia ouvir. 11/ 1919,p.4).
Dentro, as salas galhardamente decoradas apresen-
tavam um aspecto verdadeiramente impressionante. aga- RETIFICAÇÃO
salhando um incomputável número de associados e ou-
tras pessoas representativas dos nossos mundos ele- Na notícia que ontem demos sobre a exposição de
gante e oficial. retratos coloridos dos principais times locais, saiu sen-
Presidiu a sessão o bispo D. Helvécio. do o trabalho do Sr. Telésforo Martins Rego Filho, em
A tribuna começou por ser ocupada pelo tenente Ân- vez de Telésforo de Moraes Rego Filho. (O Jo rnal, 7/
gelo Magalhães, orador oficial do Centro, que, após histo- 11/1919, p.4).

~ 29 1 ~
LUIZ DE MELLO

UMA NOVIDADE O DOM A QUEM MERECE

O Sr. Francisco Lauletta teve a gentileza de nos ofertar Diversas familias e eu ti vemos o grande prazer de ver o
alguns postais que vem ele de receber, contendo os em- artístico presépio, cujas esculturas e pinturas são prepara-
blemas dos principais clubes aqui da terra. das pelo jovem artista José Mercedes Gomes, que merece
O trabalho, artístico, é feito em pintura sobre cetim de um auxílio para se aperfeiçoar.
seda, estufado. O presépio estará exposto até o dia 2 de fevereiro, na
Estão à venda na Rua Osvaldo Cruz, 3 1-A e 33. casa da Rua do Passeio nº 29.
Os clubes que têm emblemas dos acima são: Luso, F.A. Um teu amigo
Clube, Fênix,Anilense, Vasco da Gama e América. ( ... ) (0 (O Jornal, 81111920, p.2).
Jornal, 15/11/1919,p.4).
HÓSPEDES E VIAJANTES
UMA FESTA DESLUMBRANTE CELSO ANTÔNIO

(NOTA : Longo noticiário da festa na sede do luso- Este nosso ilustre conterrâneo, que com tanto gosto e
Brasileiro I O grande baile/ Entrega das taças / Recebi- competência se dedica à escultura, está em viagem para
mento de medalhas /A inauguração do retrato do pri- este Estado, tendo embarcado na Capital Federal a bordo
meiro sócio benemérito/ Outros números). do vapor Pará. ( ... ) (O Jornal, 1311/1920, p.4).

(...)Às 20 horas, presente compacto número de convi- AULAS DE DESENHO


dados, foi realizada a primeira parte do programa: inaugu-
ração, no salão de honra, do retrato do Sr. Joaquim Almeida, Telesphoro de Moraes Rego Filho leciona desenho e
primeiro sócio benemérito inscrito na Sociedade. Discur- pintura a aquarela em sua residência na Rua da Madre Deus
sou, produzindo concisa alocução, o nosso ilustre confra- nº 73, onde pode ser encontrado todos os dias, das 7 às 9 da
de poeta Januário de Miranda. manhã, e das 4 às 6 da tarde. (O Jom al, 17/1/1920, p.4).
Minutos depois dava entrada na sede, acompanhado
de suas Casas Civil e Militar, o Exmo Sr. presidente do CELSO ANTÔNIO
Estado. (... )(0 Jornal, 17/11/1919, p. I ).
Do Rio de Janeiro chegou hoje este nosso distinto
conterrâneo.
UM PRESÉPIO
Ce lso Antônio, apesar de muito moço e no começo
ainda do seu curso na Belas-Artes, já tem o seu nome
Na Rua de Santo Antônio nº 24, está sendo armado o
firmado no mundo artístico da capital do País como um
artístico presépio que o Sr. Bidico de Rodrigues expõe ao
dos mais futurosos escultores da geração presente.
público, anualmente.
O Jornal cµmprimenta-o efusivamente. (O Jornal, 19/
Esse trabalho, que se recomenda pelo apurado gosto ar-
1/1920, p.4).
tístico que está presidindo a sua confecção, estará franquea-
do à visita pública nas noites de Natal, Ano Bom e Reis.
VISITAS
Agradecemos o convite que nos fez Bidico de Rodri- CELSO ANTÔNIO
gues.
(O Jomal, 10/12/19 .19,p.I). Deu-nos o prazer de sua visita o talentoso maranhense
Celso Antônio, que vem do Rio em v isita à terra natal,
PREFEITURA MUNICIPAL antes de partir para o Velho Mundo, onde vai concluir o
(DO) LANÇAMENTO DE INDÚSTRIAS E seu curso artístico.
PROFISSÕES PARA O PRÓXIMO Gratos pela gentileza. (O Jornal, 21/1/1920, p.4).
EXERCÍCIO DE 1920:
CELSO ANTÔNIO
RUA DO SOL
O jovem artista maranhense expôs hoje, numa das vi-
Nº23: Nemer Mounaier & Irmão, loja trinas da Loja Notre Dame, alguns trabalhos seus, aqueles
de fazendas ......................... ................ 3(X)$(XX) que por suas proporções reduzidas lhe foi possível trazer
Venda de calçados ...... ......... ................. 6()$(XX) até cá sem grandes despesas e maçadas de despachos, e
Venda de perfumarias ............. ........ ...... 6()$(XX) fotografias de alguns outros que não pôde trazer.
Nº 23: Paula Barros & C ia., Os nossos patrícios poderão admirar essa pequena ex-
venda de quadros, etc................... ....... 6()$(XX) posição de arte, que é o bastante para se avaliar do senti-
(Pacotilha, l l/12/1919, p.4). mento verdadeiro e pessoal que o escultor sabe imprimir
aos seus trabalhos. (Pacotilha, 2/2/1920, p.4).
PRESÉPIO
CELSO ANTÔNIO E OS SEUS TRABALHOS
Do dia 25 em diante o pintor Paula Barros exporá na
Rua dos Afogados nº 11 um artístico presépio. O nosso conterrâneo ilustre fez ontem , na montra da
(0 Jornal, 24/1211919, p.4). Notre Dame. uma exposição de trabalhos seus em escultu-

~292 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ra, enrre os quais se destacam um busto do Dr. Urbano no e maquetcs para os de Arthur Azevedo e Antônio Lobo.
Santos e duas formosas cabeças: Amargura e Primeira O País anda cheio de talentos artísticos incubados, mas
Mágoa. Fotografias de outros produtos do seu belo talen- fal ta-lhe, em alta dose, o talento que produz, que se revela
to dão impressão de quanto tem sido esforçado Celso e acentua, objetivando-se.
Antônio para conseguir conservar no Sul o bom nome Celso Antônio deve ir à Europa. A um artista pouco
desta terra, pelo trabalho inteligente de seus filhos. preocupado e indolente, as viagem, nada aproveitam. Es-
Satânia é um nu que se recomenda. ses indivíduos podem muito bem estar onde vieram ao
O Dr. Epitácio Pessoa posou para o jovem escuJtor, mundo, sem nenhum prejuízo para a sua evolução porque
executando Celso Antônio o seu busto, obra cm que mais não evoluem. Os espíritos intel igentes e ativos como o do
uma vez se evidencia o seu gênio artístico, pela expressão brilhante estatuário maranhense, esses sim, poderão lu-
fi sionômica do presidente da República. crar nas peregrinações de arte, porque são sempre hoje
Outros retratos de trabalhos seus. que, infelizmente maiores do que ontem e amanhã maiores do que hoje.
não nos foram dado apreciar, atestam, no entretanto, a Entre os trabalhos seus de que lhe ficaram cópias, Cel-
operosidade espantosa do ilustre maranhcnse e faz-nos so escolheu o busto do Dr. Urbano Santos pnra presentear
prever o brilhante futuro que o aguarda para breve no com ele a nossa Biblioteca Pública. É uma carinhosa home-
Velho Mundo. (0 Jornal, 3121 1920, p. l ). nagem que presta à sua terra.
Do vaJor desse trabalho já disseram críticos competen-
O BUSTO DO DR. URBANO SANTOS tes, notando o quanto é bem observado e a energia com
NA BIBLIOTECA PÚBLICA
que foi esculpido.
É, em suma, um dos melhores esforços do talento de
Amanhã, às 14 horas, terá lugar a inauguração do bus-
Celso Antônio. (Pacotilha, 7/2/1920. p. l ).
to do Dr. Urbano Santos, presidente do Estado, num dos
salões da Biblioteca Pública. Para o ato não há convites
NA BIBLIOTECA
especiais, sendo franca a entrada.
O busto é um belo trabalho do escultor maranhense
Celso Antônio, que o ofereceu àquele estabelecimento. (O Esteve bastante concorrida a cerimônia da entrega do
Jornal, 6flJ1920, p. 1). busto do ilustrc Dr. Urbano Santos, pelo escultor Celso
Antônio de Menezes, à Biblioteca Pública, comparecendo
CELSO ANTÔNIO altas autoridades, intelectuais e outras pessoas gradas.
Presidiu o nosso confrade Domingos Barbosa, secre-
Uma coisa surpreende na carreira artística de Celso tário do Cnterior. Em breves paJavras, Celso Antônio entre-
Antônio: a sua capacidade de trabalho. Os nossos artis- gou ao Sr. Domingos Perdigão o busto, agradecendo o
tas, moços em geral, não têm coragem para trabaJhar. Que- seu gesto o diretor da Biblioteca.
rem fazer-se à custa do elogio fácil, de um público basba- À porta do edifício tocou uma banda de música. (Pa -
que, e quando obtêm a primeira recompcn a num salão e cotillra, 912/1920, p.4).
os primeiros louvores num jornal ou revista, já se supõem
tão grandes que não precisam trabalhar para entrar na imor- REVISTA MARANHENSE
talidade verdadeira que só se alcança torturando a alma no
cadinho da ânsia da perfeição que faz e refaz, aproveitan- Na próxima sessão do dia 24 de fevereiro, dentre os
do dolorosamente, febrilmente, os fugidios momentos de oradores faJará um dos nossos homens de letras. Colocar-
felicidade que em toda uma vida são sempre oásis de con- se-á um retrato no salão nobre. A sessão será aberta às 9
tentamento para o verdadeiro artista sedento de glória na horas.(... ) (O Jomal, 1212/1920, p.1).
sua áspera jornada.
Celso Antônio não quer viver do ouro falso dos aplau- ARTISTAS NOVOS
sos fáceis, mas do esforço consciente, do labor indefesso
e constante, da dedicação à arte, ob ervando, estudando, Há pouco o mostrador da Notre D 1me engalanava-se
completando-se, com a preocupação absorvente de ir para com alguns trabaJhos do talentoso escultor maranhcnse
diante, pouco embora se lhe antolhcm obstáculos. Celso Antônio, que ora nos visita, descansando dos labo-
Não é só o belo talento cheio de boas intenções que res do estudo a que se entrega na capital do País. Hoje, o
nunca realiza. É o talento com uma dinâmica superior, ca- mesmo mostrador da Praça João Lisboa enfeita-se com os
paz de produzir, exteriorizando-se sempre. Em poucos anos louvores do jovem pintor Porciúncula de Moracs, que tam-
de vida artística a sua bagagem atesta-o como soberba bém ali na capital do País e tuda vantajosamente, com rara
prova da sua sinceridade e da sua perseverança. Primeira aplicação.
magna, beJa fi gurinha donatelesca, estréia premiada pelo É outro artista maranhcnse que de longe do berço que-
Salão Nacional de Belas-Artes, era uma brilhante promes- rido nos manda os frutos da sua vocação, do seu espírito
sa que se confirmou sucessivamente cm Amargura, forte prometedor.
cabeça de mártir. Sat/inia, estátua em tamanho natural, Os quadros expostos são os seguintes: Cabeça ado-
exposta no Salão do ano passado, impregnada de uma lescente, Recanto F/11mi11e11se, Estudo, E111rada de Santa
volúpia crepitante e trabalhada vigorosamente; dois bus- Teresa.
tos de mulher de uma suave expressão, bustos de Urbano Algo diremos depois sobre o valor desses trabalhos.
Santos, Epitácio Pessoa, Olavo Bitac, Alberto Nepomuce- (Pacotilha. 2 112/1920, p. 1).

CV(;) 293 ~
LUIZ DE MELLO

OS BUSTOS planos até a linha do horizonte. Copia com a maior exati-


dão, dando-nos a impressão do real.
A Comissão Pró-Busto de Antônio Lobo reduziu a con- A escultura imita a natureza em parte, porque não é
trato a encomenda que fizera ao escultor Celso Antônio, capaz de representar na pedra bruta do mármore, no ges-
do monumento do falecido escritor maranhcnsc. so, ou no bronze a transparência suave da água, tampou-
Pelo contrato, o escultor obriga-se a entregar, até no co a leveza diáfana da gaze. Impossível é fi gurar um dia de
mais tardar, ao mês de junho, o busto em tamanho maior sol ou uma noite de luar. Não dá a idéia perfeita das distân-
que o natural, fu ndido em bronze, acompanhado de um cias. Retratando uma fruta ou uma fl or, não vai além do
projeto de maquete para o pedestal, mediante a quantia de relevo natural ao corte do buri l, relevo que o pincel tam-
seis contos de réis. bém sabe representar. Há flores e frutas tão bem pintadas,
Divulgando esta notícia, lembramos que, uma vez que tão naturais, que parece sentir-se sugestivamente o perfu-
a Academia Maranhense trata de mandar fazer o busto de me e o sabor.
Arthur Azevedo, bom era que se procurasse dar solução Se o escultor copia alguém que tenha o bem-acabado
ao caso da herma de Dias Carneiro. das formas, a beleza do rosto, toda a plástica jamais lhe
Não se fa lou mais nesse monumento destinado a uma imprimjrá a expressão do olbar que é a vida. Diz Alves
das praças de Caxias. Por quê? Mendes, o grande orador sacro, que a oratória é a Rainha
- O Sr. José Ribeiro Teixeira, tesoureiro da Comissão das Artes. Mas a palavra falada, ou antes, os discursos
Central Pró-Busto de Antônio Lobo, recebeu ontem, na são como fogos de artifícios: têm a beleza do momento e
tesouraria da Prefeitura, a quantia de 600$ que a Câmara apaga-se.
Municipal decretou como auxOio a essa obra, e pagou ao A palavra, diz ele, domina o Mundo; real mente é sobe-
escultor Celso Antônio a importância de 1:500$, para com- rana porque exprime o pensamento.
pletar a segunda prestação, de acordo com o contrato que Mande-se, porém, no papel, a um pintor, a descrição de
foi lavrado. uma pessoa, a mais flagrante que seja e peça-lhe que a retra-
A terceira e última prestação de 2:000$, só será paga no te com o pincel. Quem o poderá fazer com perfeição e que
ato da entrega do busto, conforme reza o contrato. (Paco-
seja tal qual a pessoa, guiando-se apenas pela palavra?
tilha, 21/2/ L920, p. l ).
José de Alencar afirma num dos srns livros que a músi-
ca é de todas as artes a que mais de perto fala aos nossos
OS BUSTOS
sentimentos, pela harmonia dos sons.
Muito bem. Mas se se perguntar ao músico qual dos
A propósito da nossa local de sábado sobre os bus-
castigos escolheria dada a sua obrigatoriedade, o de ser
tos, procurou-nos ontem o Sr. Zadock Pastor, tesoureiro
da Comissão Promotora da ereção do busto de Dias Car- cego e surdo? Se respondesse que preferia ser surdo, está
neiro, para nos in formar que há dias vem trabalhando para claro que não lhe era desagradável o silêncio, isto é, a
ver se leva avante essa idéia, tendo j á conferenciado a mudez dos sons com toda a sua harmonia. Preferia a vista
respeito com os demais colegas daquela Comissão, entre para enxergar as cores, a luz. a natureza palpitante de vida,
eles o deputado Libânio Lobo. cheia de consblação e amor. É a cor, é a 1uz, é a natureza, é
Conversou, disse-nos mais, com o escultor Celso An- a vida que o pintor celebra e canta na sua palheta. A pintu-
tônio, que se propôs a executar a obra pela quantia de ra é a arte de mais valor pelo que se vê e pelo que se prova.
6:000$000. (Pacotilha , 24/2/1920, p. I). HILTON ARANHA
(O Jornal, 28121 l920, pp. 1-2).
24 DE FEVEREIRO
BUSTO DIAS CARNEIRO
Começou às 9 1/2 horas a sessão na Revista Mara-
11hense. Presidiu-a o diretor da Academia de Letras, pro- Info rmado de que na Pacotilha do dia 24 do fin dante,
fessor Amaral. Ladearam-no o professor Domingos Ma- consta que eu faço parte da Comissão de angariar donati-
chado, lente de português do Liceu Maranhense, e o Dr. vos para a real ização daquele busto, cabe-me o dever de
Carlos Reis, que fez uma excelente palestra a respeito da vir declarar que nunca fi z parte dessa Comissão.
Constituição, tendo, antes, referido-se à ação educadora Maranhão, 29 de fevereiro de 1920.
dos dois professores acima. Recebeu-se o Dr. Souza Bis- Libânio Lobo
po, que tomou por patrono o Dr. Isaac Martins, republica- (Pacotilha, 1º/3/1920, p.4).
no histórico maranhense, cujo retrato se inaugurou. Fez o
discurso de recepção o professor Monteiro. A liceísta Maria ANTÔNIO LOBO
Balata recitou muito bem a poesia Guerreira, de Maranhão
Sobrinho. ( ...) (O Jornal, 251211920, p.4). Conforme noticiamos ontem realiza-se hoje, às 17 ho-
ras, no Centro Português, a reunião da Comissão encarre-
AS ARTES gada de erigir o busto de Antônio Lobo. (Pacotilha, 3131
1920, p.1).
Tenho que a arte da pintura, ou seja, o desenho colori-
do no traço, na sombra e na luz, esteja em plano superior OS BUSTOS
às outras, pela grande vantagem de copiar as cores da
natureza tal como são, representando assim a perspectiva Parece que se malogrou a tentativa para a execução do
na sua maior distância, a ponto de fazer o afastamento dos busto de Dias Carneiro, segundo nos informam.

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~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930) ~
A henna de Dias Carneiro, que o escultor Celso Antô- Depois de uma temporada na Capital Federal, irá o moço
nio se comprometeu a fazer gratuitamente para a sua cida- artista à Europa, onde tenciona, aproveitando o subsídio do
de natal, concorrendo o encarregado apenas com o neces- Governo, completar os seus estudos de escultura.
sário para pagar o material - ficará em projeto. Auguramos-lhe boa viagem e pro peridadc na carreira
Não acreditamos, pois o dinheiro para as despesas já que escolheu. (0 Jornal, 24/3/1920, p. 1).
está arrecadado, no todo ou em parte, desde 1907. (Paco-
tilha, 13/311920, p. 1). NECROLOGIA
GAUDilNCIO CUNHA
OS BUSTOS
Após longos e dolorosos padecimentos sucumbiu
Somos infonnados de que o Sr. Zadock Pastor entrou hoje, pela manhã, o muito conhecido fotógrafo da Foto-
cm combinação com o escultor Celso Antônio para o bus- grafia União, Sr. Gaudêncio Cunha, que há longos anos
to de Dias Carneiro. O artista nada cobrará cnão a impor- estabelecera essa casa onde exercera com extraordinário
tância de três contos de réis para o material. Parte dessa gosto a profissão que abraçara.
quantia foi recebida hoje por Celso Antônio. O Sr. Gaudêncio Cunha, que era paraensc e bastante
O contrato será assinado quando o escultor receber o estimado entre nós, pela lhaneza do seu caráter e bondade
restante da importância. (Pacotilha, 15/311920, p. l). do seu coração. deixa aqui viúva e um fi lho. o Sr. Cássio
Cunha, telegrafista da Estação de Belém e um enteado.
CELSO ANTÔNIO O seu enterramento se realizará hoje, saindo o féretro
da casa da Rua dos Cravciros nº 40.
Com destino ao Rio de Janeiro, donde se transportará À desolada viúva, filha e demais parentes do extinto
à Europa a fim de concluir os seus estudos, seguirá ama- expressamos as nossas sentidas condolências.
nhã o brilhante escu ltor Celso Antônio de Menezes, futu- (Pacotilha, 30131 1920, p. 1).
rosa glória artística de nossa terra.
Devido à presteza da viagem, Celso Antônio, por nosso ÓBITOS - DIA 3 1:
intennédio pede desculpas aos seus conhecidos e amigos,
dos quais não se despediu, oferecendo-lhes também os seus (...) Gaudêncio Rodrigues da Cunha, 59 anos. paraen e,
préstimos aonde estiver. (Pacotilha, 15/3/ 1920, p. I ). neuria. (O Jornal, 51411920, p.2).

CELSO ANTÔNIO BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO

Regressa amanhã ao Rio, após curta estada entre nós, Ourante o mês de março próximo passado esta útil ins-
0 jovem, porém já consagrado escultor maranhense Celso tituição recebeu as valio íssimas doações seguintes:
Antônio, que, embora no começo de sua carreira artística ( ...)De D. Maria Amélia Gonçalves Martins: um quadro
tem, de sobejo, demonstrado o seu valor em atestados que com 1m50 centímetros de altura, de moldura dourada, com o
envaideceriam outro que não ele, modesto por excelência. retrato do pranteado maranhense Dr. Eduardo Gonçalves
Os seus derradeiros trabalhos, alguns dos quais o Ribeiro, capitão do estado-maior do Exército Brasileiro.
Maranhão conhece e um deles possui. na nossa Biblioteca (. ..)Do Sr. Argemiro G Moreira Pinto. porteiro do Con-
Pública, são a exuberante prova da sua extraordinária ativi- gresso do Estado: dois pedaços de tábuas pintadas que
dade produtiva para conquistar o lugar de destaque que a fizeram parte do forro do alão de se sões do Congresso
sua inteligência lhe garante nas Belas-Artes patrícias. Legislativo, no edifício que primitivamente pertenceu à So-
O favor que os poderes estaduais acabam de conferir a ciedade Onze de Agosto. (OJomal, 10/4/1920, p.4).
Celso Antônio, é nada além de um incentivo a mais, auxili-
ando-o na ascensão promissora e já avantajada por seu PARA PINTURAS E DESENHO
esforço próprio. O SUL AMERICANO
O Jomal, que admira o talento do jovem escuJtor, faz RUA NINA RODRIGUES nº 4
votos pela sua prosperidade, almejando-lhe novos lriun-
fos e feliz viagem. (O Joma/, 15/3/1920, p. l). Tem à venda grande quantidade de estampas de san-
tos e alguns artigos para desenho e pinturas. Lindos gos-
EXPOSIÇÃO tos cm paisagens, etc. Tinta aquarela à essência, prepara-
da a capricho para encarnação de imagens e outras pintu-
Desde ontem está exposto na montra da Loja Brasil um ras finas a óleo de duas qualidades nº 1 e nº 2; a nº 1
retrato a crayon, trabalho de Telésforo de Moraes Rego Ftlho. aplicada deixa um brilho acetinado; a nº2 não deixa brilho,
Muito moço, produzindo por vocação, o quadro ex- por essa razão é a mais preferida.
posto é uma prova de sua força de vontade e inteligência. Também encarrega-se da encarnação e consertos de
(O Jomal, 23/3/ 1920, p. I). imagens com asseio e prontidão pelo imaginário A. J. Cos-
ta Ferreira. (Pacotilha, 14/4/ 1920, p.4).
CELSO ANTÔNIO
IMAGENS
Seguiu hoje para o Rio, pelo paquete Ceará, o distinto
esculLor Celso Antônio, que por tempos nos deu a sua De Santa Joana d' Are
companhia. De Santa do Perpétuo Socorro

c:./Q) 295 c:./Q)


LUIZ DE MELLO

De São Geraldo de Magela FALECIMENTO DA VIÚVA DE LUIZ LUZ


De Santa Luzia
De São Raimundo Sucumbiu, pela manhã de hoje, a Sra. Adelaide Maria
De São Sebastião. Artigos finos, recebeu a dos Santos Luz, que deixa 4 filhos, entre os quais o Sr. Wal-
CASA PAULA BARROS demiro Luz, proprietário da lancha Armando Machado.
Rua Nina Rodrigues, 23 (Pacotilha, 26/5/1920, p.4). O seu enterro efetuar-se-á amanhã, às 8 horas, saindo
o féretro da casa da Rua da Cruz, 105, onde se verificou o
A SOCIEDADE MUSICAL óbito. (Pacotilha, l3n/1920, p.4).

Pelo distinto pintor Paula Barros foi oferecido à Socie- EXPOSIÇÃO


dade Musical Maranhense um artístico retrato a óleo do
imortal compositor Carlos Gomes. O jovem José A. Rodrigues acaba de expor, na montra
- A secretaria dessa associação pede-nos a publica- da Notre Dame, um trabalho seu.
ção da seguinte nota: Vivendo em nosso meio onde os surtos de inteligência
São convocados todos os membros da diretoria para a levam os que a isso se abalançam à desilusão de fcaro, a
reunião do corrente mês, que será efetuada no lugar do persistência do Sr. Rodrigues, quando mais não fosse, era
costume, às 20 horas do dia 31 . (Pacotilha, 28/5/ 1920, p. l ). motivo para aplausos.
Outros, porém, são os motivos que nos levam a bater
palmas: a sua vontade de vencer.
TINTAS EM TUBOS
Ontem dava-nos ele o resultado de sua peregrinação
pelo interior do Estado em um mapa nítido, o qual mereceu
De óleo e AQUARELA em estojos com 12 tubos de
encômios dos competentes.
cores sortidas, recebeu a CASA PAULA BARROS. Depois foi um retrato a crayon. Agora é uma cabeça
RUA NlNA RODRIGUES nº23 modelada em gesso. Há vida, há expressão, há melancolia
Ç?acotilha, 28/5/1920, p.2). no pequenino rosto.
Aqui vai, portanto, o nosso incentivo muito sincero.
OS BUSTOS (O Jomal, 17n/1920, p.4).

O secretário do Interior incumbiu os Drs. Justo Jansen, REGISTRO CIVJL - DIA 13:
Oscar Galvão e professor Ribeiro do AmaraJ, de examina- ÓBITOS
rem, na Alfândega, onde já se acham, os bustos dos ilus-
tres maranhenses conselheiros Gomes de Castro e Si lva (...) Adelaide dos Santos Luz, 55 anos, maranhense,
Maya, encomendados pelo Estado ao Sr. Corbiniano Vila- uremia. (Pacotilha, 23n/1920, p.2).
ça. (O Jornal, 3 1/5/ 1920, p. I).
ADELAIDE DOS SANTOS LUZ
TELEGRAMA
WaJdemiro Luz, Finno Luz, Dinorah Luz, Calipso Luz,
Belém, 11 -(0JORNAL)-OGrêmioLiterário Português nora Honorata Luz vêm por este meio agradecer a todas as
festejou ontem o Dia de Camões. Nas suas salas transbor- pessoas que lhes sentimentaram e acompanharam até a
dantes houve discursos, músicas, recitativas e canto. A última morada a sua extremosa mãe, e convidam todos os
Sra. Cacilda e o maestro Oscar da Silva foram muito aplau- parentes e amigos para a~s i sti rem à missa que, por alma de
didos. Foi inaugurado, entre nutridas palmas, o retrato de sua extremosa mãe, filhos, nora e netos mandam celebrar
Fran Paxeco. (O Jornal, 11/6/1920, p. L). no dia 13 do corrente, na igreja do Recolhimento, de 30
dias do seu falecimento, às 6 1/2 horas da manhã. A todos,
por este ato de caridade cristã, hipotecam a sua gratidão.
RETRATO A CRAYON
(Pacotilha, 11 /8/ 1920, p.4).
Tivemos ocasião de ver e apreciar um bem-feito retrato
RELIGIÃO
a crayon do nosso confrade Domingos Barbosa, em ponto
grande, trabalhado pelo jovem José Rodrigues, cujas apti-
Terços diversos, crucifixos de metal pequenos, meda-
dões artísticas muito prometem. (Pacotilha, 28/6/L 920, p.2). lhas e escapulares, livrinhos de missa, imagens e estam-
pas, recebeu a CASA PAULA BARROS, Rua Nina Rodri-
RETRATO gues, 23. (Pacotilha, J 8/8/1920, p.3).

Tivemos hoje, ocasião de apreciar um retrato a crayon ODORICO MENDES


do nosso confrade Domingos Barbosa, trabalho do jovem
José A. Rodrigues, que o executou por simples curiosida- Animada esteve a sessão realizada ontem, às 9.30 horas,
de, visto não possuir curso de desenho, revelando-se, no no sa.lão nobre da Revista Maranhense. Inaugurou-se ore-
entanto, um promissor retratista. trato de Odorico Mendes, trabalho do moço Evandro Rocha.
Não é este o primeiro produto do seu talento que admi- A sessão foi presidida pelo professor Fran Paxeco, que
ramos, pelo que, pelo seu esforço e inteligência, muito há explicou o fim da mesma e deu a palavra ao professor José
a esperar. (O Jornal , 28/6/1920, p.4). Monteiro que se referiu aos trabaJhos e vida do ilustre morto.

~ 296~
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

O professor Fran Paxeco encerrou os trabalhos, ani- NA ESCOLA REMINGTON


mando a mocidade estudiosa, mostrando o caminho a se-
guir. Todos foram muito aplaudidos. Distribuiu-se depois Aproveitando a oportunidade da passagem, amanhã,
um suplemento ao número da Revista de agosto, com o da data da Independência, a Escola Remington resolveu
retrato do homenageado.(...) (O Jornal, 23/8/ 1920, p.4). realizar também a entrega solene dos diplomas aos alunos
da primei ra turma, o que terá lugar i\s 19 horas no salão
CONCURSO nobre do Casino Maranhensc. Paraninfará o ato o Sr. Do-
mingos Barbosa, atual secretário do Interior, presidindo a
Na próxima segunda-feira, às 8 horas, realizar-se-á, na sessão o professor Fran Paxeco, cônsul de Portugal.
Secretaria de Justiça e Segurança, o concurso para o pre- Em nome da cunna, como orador olicial, discursará o Sr.
enchimento de vagas de 3º escrituário da mesma e de ama- Astrolábio Caldas, da Revista Martmhense. (O Jomal, 61
nuense, auxiliar de fotógrafo e datiloscopista do Gabinete 9/1920, p.4).
de ldentilicação.
São candidatos os seguintes senhores: Júlio Martins A ESCOLA REMINGTON
de Souza Ramos, João Nunes Bona, Waldemar de Souza
Brito, Tácito Lívio dos Reis Freitas, Temístocles Augusto ( ... )A Sra. Olga de Berrcdo recebeu inúmeras fe licita-
Coqueiro Aranha, Ângelo Antônio de Magalhães, Pedro ções pelo triunfo alcançado.
José de Santana, Telésforo de Moraes Rego e José Braga Os presentes apreciaram uns boni tos desenhos feitos
de Oliveira Pantoja. (O Jornal, 28/8/1920, p.4). na máquina Remington, o quadro com a diretora, o para-
ninfo e os alunos, assim como os diploma11 organizados
pelo exímio pintor Paula Barros.
OBRA DE ARTE
Achando-se repletos de famílias o vastos salões do
Ca ino, improvisou-se depois uma soirée. (Pacotilha, 81
Na montra da Notre Dame está exposto um trabaJho de 9/1920, p.1).
ourivesaria que muito recomenda o gosto artístico do Sr.
João Seabra, que o concebeu e executou.
MARIA JOSÉ BASTOS RIBEIRO
É uma coluna em cujo cimo está, sobre cores simbóli-
cas, o escudo do S. C. Luso Brasileiro, pacientemente bor- Ensina desenho e pintura, francês e inglês, prática e
dado em prata e ouro. teoricamente, tanto na sua residência, na Rua Antônio
No pedestal vê-se o retrato do Sr. Carlos S. Oliveira Rayol, 29, como em casa de seus alunos. ( l'acori/110, 9191
Neves, a quem vai ser oferecido o trabalho por um grupo 1920,p.2).
de amigos (O foma/, 2/9/1920, p.I).
ESCOLA REMINGTON
ESCOLA REMINGTON A ENTREGA DOS DIPLOMAS À l ª TURMA
DE DATILÓGRAFOS
Está deliniti vamente marcada para o dia 7 de setembro
vindouro a entrega solene dos diplomas aos alunos da Os elegantes salões do Ca:.i1lO, cedidos à Escola Re-
primeira turma, no salão nobre do Casino Maranhcnse. mington para a solenidade, tinham a realçar-lhe a orna-
A sessão será presidida pelo Sr. Fran Paxeco, sendo mentação a ílores naturais, uma pletora deslumbrante do
que o paraninfo da tunna será o Sr. Domingos Barbosa, nosso elemento chique, que a eles acorreu pelo convite
secretário do Interior. gentil da promotora da fe11ta.
Convidados pelos professores da mencionada escola, Muito antes do momento pré-lixado, era já impossível
assistimos ontem a uma prova-treino, na qual tivemos oca- ingrcs ar na sala das prova que desdobrava de senhoras
sião de licar convencidos da habilitação dos futuros exa- e senhoritas.
minandos, sendo mesmo de salientar a menina Jessie Ser- Às 19 horas, perante a mesa composta dos Srs. Fran
ra, que datilografou o seu texto de 60 palavras em 46 se- Paxeco, presidindo-a, Domingos Barbosa, Luso Torres, Te-
gundos; Laura Belchior que o fez cm 53 e a senhorita Ma- odoro Rosa, padre Gomes, Nilo Pin7on, José Barbosa de
ria de Lourdes Botentuit que o terminou no prazo exato de Andrade, Olga S. Berredo e seu esposo Sr. César Berrcdo,
60 segundo . O trabalho dessas alunas e.! limpo, livre intei- teve lugar a prova, conseguindo lograr a medalha de honra
ramente de rasuras ou baralhamentos. a &cnhorita Maria Jo é Sá Moreira, seguindo-se-lhe Laura
Hoje foram expostos nas vitrines da Notre Dame, O Neves de Andrade, Mary Serra Ewenon, Elvira Alice Santi-
Jonral e Joalheria Krause espécimes dos diplomas a se- ago, Je ie Serra Santiago, Maria de Lourdes Botentuit e
rem distribuídos. (0 f oma/, 3 1/8/ 1920, p.4). Jacinta Carvalho Santo ; Srs. João Vitor Ribeiro, Paulo Kru-
gcr de Oliveira, Astrolábio Silva Caldas e Gui lhenne Silva.
QUADRO Usou da palavra, então, o Sr. Fran Paxeco, que produ-
ziu uma brilhante oração de incitamento aos diplomandos.
Desde ontem acha-se exposto na vi trine da Notre Dame A seguir, o orador da turma, Sr. Astrolábio Caldas se
fez ouvir cm burilado trabalho, no que foi secundado pelo
0 quadro da 11 Turma de Datilógrafos da Escola Reming-
Sr. Domingos Barbosa que leu uma belíssima oração, estu-
ton desta capital, que é um trabalho bonito do pintor Paula
dando o evoluir do Homem que na nrte escrita concebeu o
Barros. (O foma!, 41911920, p. I).
máximo da perfeição na datilografia e elogiando a nova

~ 297 <V(;)
LUIZ DE MELLO

vereda encetada pela Mulher para a conquista do posto Direita, Afonso Pena, Osvaldo Cruz e do Passeio, Nina
que lhe compete ao lado do Homem, na labuta da vida Rodrigues e Antônjo Rayol.
cotidiana. São Luís, 8 de outubro de 1920
Os oradores foram ovacionados estrepitosamente. Justino Francisco Pires
Em nome dos diplomandos, Maria José Moreira ofere- (0 Jornal, 811011920, p. l ).
ceu à professora Olga Serra Berredo custoso mimo e lindo
buquê de flores. A NOVA SEDE DO CENTRO ARTISTICO
A homenageada agradeceu comovida.
A linda festa terminou com danças ao piano que se Realizou-se ontem, em comemoração à data, a inaugu-
prolongaram até às l l horas. (0 Jornal, 9191 1920, p. l). ração da nova sede do Centro Artístico Operário Ele itoral
Maranhense, no palacete da Rua de São João.
RETRATO Às 19 horas improvisou-se uma marche auflambeaux,
partindo da antiga sede social, tendo um longo itinerário.
Fazia parte do préstito um carro alegórico conduzindo
Os funcionários da Secretaria de Justiça e Seg urança e
os retratos dos Srs. Nilo Pinzon, Aniceto Rubim, Aquiles
do Gabinete de Identificação vão inaugurar amanhã, às 15
Lisboa e Luiz Domingues.
horas, no gabinete daquela repartição, o retrato do Dr. Te-
Durante o trajeto fizeram-se ouvir vários oradores.
odoro Bernardino Rosa.
Na nova sede teve lugar uma sessão solene presidida
Para assistir a essa cerimônja fomos gentilmente con-
pe lo presidente do Estado.
vidados. (Pacotilha, 10/9/ 1920, p. I ).
Usou da palavra, aí, o Sr. Ângelo Magalhães, lendo um
longo discurso.
GABINETE DE IDENTIFICAÇÃO Falou depois o presidente do Estado, agradecendo as
gentilezas do Centro, inaugurando-lhe o retrato no salão
Foram nomeados: de honra.
- datiloscopista o Sr. Pedro José de Santana; Saudou ainda o chefe do Estado o centralista Ângelo
- auxiliar de fotógrafo o Sr. Telésforo de Moraes Rego Rocha.
Filho. (O Jornal, 111911920, p. l ). O novo prédio esteve franqueado à visita pública,
impressio nando bem a todos que ali compareceram, es-
PINTURAS pecialmente os companheiros das aulas. (O Jornal, 141
10/1920, p.4).
José Mercedes Gomes executa qualquer pintura a óleo
e aquarela, retratos a crayon, a preços módicos. Aceita RELIGIÃO
alunos em sua residência na Rua Rodrigues Fernandes nº
19. (O Jornal, 11/9/1920,p.4). Terços de prata com estojos para presentes, ditos de
jaspe branco para comunhão, crucifixos diversos, estam-
DR. URBANO SANTOS pas religiosas, medalhas douradas e imagens.
Recebeu novo sonimento a Casa Paula Barros, Rua
Na vitrine da Notre Dame acha-se em exposição um Nina Rodrigues nº 23. (Pacotilha, 19/ 10/ 1920, p.4).
retrato a crayon do Dr. Urbano Santos, presidente do Esta-
do, artístico trabalho da Fotografia Popular. NO PARÁ
Esse quadro será oferecido a S. Exa. pelos seus amj-
Os organizadores da Academia de Belas-Artes preten-
gos, no dia 10 de outubro. (Pacotilha, 24/9/1920, p. l).
dem instalar, no próximo mês de dezembro, em Belém, o
Salão do Pará, para a exibição de produtos artísticos, no
LEGIÃO
desenho, na pintura e na escultura.(...) (O Jornal, 231101
1920,p.I).
Realizar-se-á amanhã pela manhã, no salão nobre do
Centro Ponug11ês, a inauguração da Legião dos Atenien- OS NOVOS
ses, novel grêmio literário que resultou da fusão, há tem-
pos, de várias das nossas antigas sociedades de letras. José Rodrigues é um desses moços a quem a indiferen-
Haverá diversos oradores. (O Jornal, 211011920, p.4). ça do meio não abate, não arrefece o entusiasmo, a quem
os apodos dos nulos dá maior incentivo, fazendo-o ante-
CENTRO ARTÍSTICO O. E. MARANHENSE ver mais próximo e claramente o fim de sua jornada de
ousadias onde o triunfo o aguarda.
Tendo de efetuar-se em 12 do corrente, às 20 horas, a Já várias vezes lhe temos batjdo palmas aos empreen-
inauguração da nova sede na Rua da Praia de Santo Antô- dimentos e talvez por isso muitos são os momentos de
nio nº 1, e sendo por ocasião trasladados os retratos inau- convívio com a sua alma sonhadora que nos tem proporci-
gurados que ainda se acham na antiga sede, de ordem do onado ele.
Sr. presidente tomo a liberdade de convidar, para melhor Agora são suas alunas que nos facultaram apreciá-lo
realce, as corporações operárias, o operariado e o público na sua modalidade de mestre.
em geral para assistirem a essa inauguração e acompanha- Um amplo futuro nos fazem prever os quadros de Nei-
rem o préstito que terá o seguinte trajeto: ruas da Estrela, de Viana Santos. Dotada de vocação extraordinária, os seus

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

crayons - Dorothy Dalton, George Walsh e William Far- Maranhão, e que se acha em Palácio; e há pouco tempo
num - têm expressão. tivemos o prazer de ver crayons preparados por suas alu-
Zélia Santos deu-nos mostras do seu talento cm Mater nas, os quais demonstram o talento do professor que m,
dolorosa e Cristo, dois bons trabalhos do mesmo gênero. moças guiou nos seus ensaios.
Camélia Branco de Azevedo Costa é uma impressionis- Perguntamos-Lhes o que fazia. O Rodrigues, consertan-
ta incipiente. do o pince-nez e bocejando desanimado respondeu-nos:
Maria da Glória Diniz, no seu quadro Dentro da dor, já -Nada!. ..
se revela digna de incentivos. Compreendemos. O jovem artista está à espera de que o
Foi, portanto, sob a mais grata das impressões que feli- presidente do Estado o mande estudar no Rio. O Congresso
citamos o jovem artista pelo milagre que o seu entusiasmo votou para auxilio dos jovens artistas maranhenses - uns
está operando entre a nossa gente moça, mais interessada cobres. O Rodrigues agun.rda a hora da distribuição.
pelos desengonços do nosso atletismo ma11quê do que É justo, e estamos certos de que o presidente do Esta-
pelas manifestações sadias de arte. do não deixará sem auxílio um moço como o Rodrigues,
y cheio de talento, cheio de esperanças e tão confiante no
(0 Jomal, 911 111920, p.4). futuro. (Diário de S. luiz, 20/ 11/ 1920, p. I ).

SPORT CLUB LUSO-BRASILEIRO CENTRO ARTÍSTICO


CONVITE
Realizou-se ontem, com uma festa escolar, o encer-
Realizando-se em 18 do corrente, às 2 1 horas, a entrega ramento da aulas das escolas custeadas pelo Centro
do título de sócio benemérito desta Sociedade ao Exmº Sr. Artístico.
O professor José Fortuna, abrindo a sessão, convidou
Dr. Urbano Santos da Costa Araújo, M. D. presidente des-
a presidi-la o professor Fran Paxcco, ladeado por si e pelos
te Estado, assim como a inauguração do retrato de S. Exa.
Srs. deputado Nilo Pinzon e professores Marieta Fortuna,
no salão nobre deste clube, convido os Srs. sócios e suas
Zildo Maciel, Almir Saldanha e Evandro Rocha.
Exmas. famílias a tomarem parte nestes atos, seguindo-se
Com o interessante monólogo Mari1w, teve começo a
após a soirée que lhes é oferecida.
série de 16 números de variedades, merecendo aplausos
Anthero Ramalho, diretor, primeiro secretário.
os alunos Maria, Alzira e Alfredo Fortuna, Eduardo Mar-
(OJomal , 15/1 1/ 1920, p.l). ques, Aldcnora Pinzon, Eliza Monteiro e Doca Castro.
Seguiu-se a distribuição de prêmios.
O BAil..E DO LUSO A inteligente menina Doca Castro fez um belo discurso
inaugurando, em nome de seu colcgac;, o retrato do velho
Esteve verdadeiramente magnífico o baile que o valo- lusitano João Luís da Si lva, fundador da Escola Cívica.
roso Luso- Brasileiro ofereceu ontem em sua sede ao Exmo. Em seguida usaram da palavra: João Luís da Silva, agra-
Sr. Dr. Urbano Santos, presidente do Estado. decendo a manifestação dos aluno do Centro; Ângelo
Ali presente estava representado o que de melhor pos- Magalhães, pelo Centro Artístico; Pitágoras de Moraes e
sui a nossa sociedade. Fran Paxeco encerrando a sessão.
Antes do início das danças, foi solenemente inaugura- - O Dr. presidente do Estado, as Sociedades, as e co-
do o retrato de S. Exa., falando nessa ocasião, cm nome do las públicas e particulares fizeram-se representar.
clube, o Dr. Carlos Reis, cujo discurso foi sensivelmente (OJoma/,221 1111920,p.4).
aplaudido.
Após, fez-se ouvir o Dr. Urbano Santos, agradecendo NO CENTRO ARTÍSTICO
aquela carinhosa manifestação.
O discurso de S. Exa. foi bastante palmeado. Domingo passado, às 19 horas, o Centro Artístico Ope-
Depois seguiram-se as danças, que decorreram esplên- rário aproveitando a festa de distribuição de prêmios com
didas, até tarde. que encerrou os seus trabalhos escolares, inaugurou na
A orquestra obedeceu à competente batuta do maes- sala principal do edifício o retrato do operoso Sr. João Luiz
tro Verdi de Carvalho. da Silva, um dos grandes amigos da classe operária.
À porta do edifício tocou a banda do Corpo Militar do A sessão foi presidida pelo Sr. Fran Paxeco. a convite
Estado. (0 Jomal, 19/11/ 1920, p.1). de professor José Fortuna, secretariado por Jo é Fortuna
e Nilo Pinzon.
UM ARTISTA Usaram da palavra os Srs. João Luiz da Silva, Pitágoras
de Moraes e Ângelo Magalhães.
Tivemos o prazer de encontrar José Rodrigues, que há As meninas do curso entoaram o Hino M:iranhcnsc.
muito fugira ao nosso convívio. Uma festa simples, mas q11c demonstra o progresso
O José Rodrigues é um jovem artista maranhense que intelectual e cívico do Centro Artístico Operário. (Diário
tem revelado grande talento. Fez uma Carta Geográfica do de S. Luiz, 23/ l l/ 1920, p. l ).
Maranhão, que mereceu elogios da comissão que o secre-
t~ri o do Interior nomeou para a julgar. Apresentou à nossa PROFESSORES DE 1920
admiração um busto em gesso de uma mulher, trabalho
caprichoso e fino; gravou cm pedra que encontrou no Os alunos e alunas que concluíram o curso profissio-
nosso solo, branca como o mármore, um Escudo do nal do Liceu Maranhense, devendo receber o diploma de

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LUI Z DE MELLO

professor nonnalista, escolheram para seu paraninfo o Dr. - Paula Barros expôs hoje, na vi trine da Notre Dame,
Antônio Lopes. um estudo a óleo intitulado - Anatomia do Coração -
Essa homenagem, que é a segunda que lhe tributam no verdadeiramente brilhante. (Pacotilha, l 0 /12/1920, p. l ).
Liceu, traduz bem o conceito elevado em que é tido no
magistério do Estado o ilustre intelectual maranhense, em ESCOLA DE APRENDIZES ARTÍFICES
que todos reconhecem um dos mais competentes profes- DO MARANHÃO
sores do Maranhão, um dos continuadores das luminosas CONCURSO DE DESENHO
tradições da cátedra, entre nós ilustrada por tantos espíri-
tos superiores no passado e ainda no presente. De ordem do Sr. diretor são convidados os candidatos
Foi eleita oradora da rurma a distinta professoranda inscritos Ambrósio Guimarães e José Mercedes Gomes, a
Hermelinda Jansen Ferreira, dileta filha do Sr. Manoel Jan- comparecerem no dja 4 do corrente, às 8 horas da manhã, à
sen Ferreira. secretaria desta Escola para se submeterem às provas do
- O Sr. Paula Barros está preparando um belo quadro concurso de adjunto de professor de desenho. que se re-
da turma, que promete expor oportunamente. alizará nesse ilia e hora.
Revestir-se-á, portanto, do máximo brilho a colação de Secretaria da Escola de Aprendizes Artífices em
grau dos professores e professoras primárias este ano. Maranhão.
Amanhã publicaremos a relação nominal dos alunos 30 de novembro de 1920
que concluíram o curso. (Pacotilha, 25/ 11/1920, p. l ). ó scar Jansen Ferreira - escrituário.
(Pacotilha, 3/12/1920, p.4).
PROFESSORES DE 1920
ALUÍSIO AZEVEDO
Por estes d ias será exposto, na montra de uma das
lojas da Praça João Lisboa, o belo quadro da tunna de Pelo Sr. prefeito da Capital foi enviado ao diretor da
professores de 1920, confeccionado pela acreditada Casa Biblioteca Pública o medalhão de bronze do imortal escri-
Paula Barros. tor maranhense Aluísio Azevedo, trabalho mandado exe-
É um trabalho primoroso. (Pacotilha, 30/11/1920, p.4). cutar pela Municipalidade, para ser colocado naquele es-
tabelecimento.
NA E SCOLA NORMAL PRIMÁRIA O medalhão, que é uma das belas produções do talen-
toso escultor maranhense Celso Antônio, foi solenemente
A Escola Normal Primária, esse importante estabeleci- instalado no salão de leirura da Biblioteca, sendo previa-
mento dirigido pela djstinta professora Rosa Castro, reali- mente marcado o dia dessa solenidade. (O Jornal, 4/12/
zou an teontem a cerimônia de entrega dos diplomas aos 1920,p. I).
alunos que tennjnaram o curso primário.
Antes, o professor Rubem Almeida fez uma erudita con- ALUÍSIO AZEVEDO
ferência sobre a Alma da Escola, falando cerca de uma
hora, sendo bastante aplaudido. Pelo prefeito da Capital foi oferecido à Biblioteca Pú-
Nessa ocasião falaram também as alunas Maria Lúcia blica em nome do município, um medalhão de bronze com
Galas, oferecendo um presente ao conferencista. e Aída a efígie de Aluísio Azevedo.
Santos, oferecendo outro à diretora. É trabalho do nosso talentoso conterrâneo Celso An-
Estiveram em exposição, sendo bastante admiradas. as tônjo e será solenemente inaugurado.
seguintes espécies de trabalhos: O ilustre djretor da Biblioteca, Sr. Domingos Perdigão,
Costuras: bordados a branco e a matiz; almofadões e fará oportunamente os convites para esse ato de inteira
abafadores em bordados de fantas ias, pirogravu ras, etc.; justiça a um dos maiores vultos da literatura maranhense
várias aplicações de estanho revelado; bandejas e qua- em todos os tempos. (Diário de S. Luiz, 4/12/ l 920, p.4 ).
dros de pintura japonesa e pintura judaica; quadros de
pintura metálica, de desenho e pintura a óleo; álbuns de DR. ANTÔNIO LOPES
cartografia; flores de várias espécies; trabalhos de mode-
lação em jarros de barro; trabalhos do curso preparatório; Estivemos informados de que no próximo dia 25 (Na-
tecelagem, dobraduras, cartonagem, etc.; frutos de cera, tal), a duetoria do Anilense F. Clube realizará em sua sede
cestas de arame e colunas de imitação de mármore. uma sessão solene para inaugurar no seu salão nobre o
Foram diplomados 12 alunos. retrato do Dr. Antônio Lopes, pelos bons serviços que o
(OJomal, 30/1111920, p.4). mesmo tem prestado àquele clube. (Diário de S. luiz, 7/
1211920, p.l).
PROFESSORES DE 1920
SERVIÇO TELEGRÁFICO
Tive mos ontem o agradável ensejo de admirar na Casa
Paula Barros o rutístico quadro dos professores normalis- VIANA, 7 - Foi ontem inaugurada a iluminação elétri-
tas de 1920. ca da igreja matriz desta cidade, dando ótimo resultado. Os
Esse novo trabalho do conhecido pintor que é Paula vianenses tudo devem aos esforços do seu incansável
Barros, faz jus aos maiores elogios ao seu confeccionador, vigário Jacinto Castelo Branco.
que com muito gosto e bastante arte dá assim mais uma A pintura interna da igreja tem um aspecto maravilho-
prova do seu aprimorado talento. so devido à aptidão do exímio artista Rabaza. A decoração

<?/é) 300 <?/é)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (18 42 1930)

dos altares é surpreendente. A igreja estava literalmente VÉSPERA DE REIS


cheia de fiéis. A satisfação é geral.
(Didrio de S. Luiz. 8/ 12/1920, p. l). Comemora hoje o mundo católico e profano a tradicio-
nal Véspera de Reis.
AS DIVERSÕES Dentro cm poucas horas, ao anoitecer, virão às ruas os
reis cm suas diversas modalidades, a lim de percorrer a
- Amanhã será exibido aos habit11és do Teatro-Cinema 11rb cm descantes e bailados característicos.
Eden o novo telão pintado pelo cenógrafo maranhense A par de reis luxuosos virão os da bandalheira ...
Firmo Luz, que se esforçou para apresentar um bom traba-
Esta é uma das poucas e curiosas festas que guarda-
lho. O pano de boca da nossa melhor casa de espetáculos
mos intactas através do progresso.
se recomenda pelos efeitos dos reclames, na maior parte
A noite de hoje, aqui e na Bahia, tem cunho especial e
revestidos de cunho artístico. (Pacotilha, 8112/ 1920, p. I).
lembra o Brasil de 50 anos pas ados: apesar da lu1. elétrica.
O PANO DE BOCA DO EDEN a Cabeça de breu infalível nestas e nas funções do Carna-
val, puxarão os cortejos, numa fumarada estontccedora.
Está tenninada a confecção do novo telão do Eden, que É o espírito conservador do nosso povo. (0 Joma/, 51
amanhã será exibido ao público. O trabalho de Finno Luz é 111921, p. I).
de efeito, e decerto agradará pelo feitio artístico da maioria
dos reclamos que o compõem. (0 f oma/, 8/1211920, p. I). PRESÉPIOS

PASTORES NO EDEN Acha-se cm exposição na Rua Rodrigues Fernandes.


29, um presépio que está merecendo elogios. Confeccio-
Como era justo, começa a despertar pronunciado inte- nou-o o pintor José Mercedes Gomes.
resse a temporada natalina no Eden, e que terá início em 24 - Tem despertado grandes encômios o presépio do
do corrente. pintor Paula Barros, levantado em sua residência na Rua
O grupo de senhoritas que têm a seu cargo os curiosos dosAfogado .(O Jomal,5/1/ 1921,p.I).
personagens dos pastores. esforçam-se para dar-lhes ex-
cepcional realce, vivendo com elegância os papéis que O ÚNICO RETRATO DA MARQUESA DE
lhes são confiados. SANTOS ESTÁ NE STA CAPITAL
Para o completo êxito, que é inconteste, muito contri-
bui a música, compi lada e original de Verdi de Carvalho,
Rio, 6 - (O Jornal) - A Exposição de Arte Retrospecti vu
que mais uma vez se revelou de uma felicidade única, pois
provoca a maior admiração.
há números de um encanto extraordinário.
É de crer que o público saiba corresponder ao esforço Foi notada a ausência do retrato da Marquesa de San-
dos organizadores desses brincos, enchendo os fautenils tos, apesar de haver na exposição muitos objetos que a ela
da esplêndida casa de diversões. pertenceram.
Já estão em confecção os cenários próprios, entregues Está verilieado que apenas existe um retrato da Mar-
ao pintor Firmo Luz. quesa, pintado a óleo, e que C!>te foi comprado por Arthur
Amanhã haverá ensaio da orquestra. (O foma/, ll/12/ A1evedo, pertencendo atualmente à Biblioteca Pública do
1920,p.1 ). Maranhão. (O Jornal. 7/1/1921, p. I).

PASTORES NO EDEN REVISTA MARANHENSE

O efeito da instrumentação experimentada no Eden No próximo domingo reúnem-se os seus reddlorei;. Na


realçou sobremodo as belezas do poema que será ence- primeira sessão dominical dc~le ano serviram-se da pala-
nado em 24. vra os Srs. Américo Mendes, José Sousa. da Escola Notur-
_O cenário, quase concluído, também agradou imen- na Aluizio Azevedo. José Martins Nunes. Aurino de A7e-
so. fazendo prever que todos os elementos se congregam vedo, Souza Bispo e José Monteiro. Na Galeria dos Ho-
para o esplêndido resultado. (O Jornal. 14/12/1920, p. 1). mens Célebres colocou-se o retrato de Euclides da Cunha.
O diretor apresentou o seu relatório anual. (Diário de S.
EDUCANDÁRIO MARIA AUXILIADORA Luiz, 711 11 92 1,p.4).
Acha-se exposto na vi trine da Notre Dame um magnífi-
OS PRESÉPIOS
co trabalho de arte, confeccionado no conceituado esta-
belecimento de ensino que é o Educandário Maria Auxilia-
dora, que obedece à direção da provecta preceptora marn- Tem sido bastante visitado C' admirado presépio que o
nhcnse Rita Vieira da Silva. cenógrafo José Mercedes Gomes armou em sua residên-
É um trabalho que tem sido alvo de geral admiração, o cia, na Rua Rodrigue Fernandes, 29.
que salientamos com muito carinho por se tratar de um O mesmo presépio estara cm exposição todos os do-
estabelecimento de ensino que mu ito honra o Maranhüo. mingos, das 18 às 24 horas, até 2 de fevereiro próximo.
(OJomal. 24/1211920, p.4). (Diário de S. Luiz, 8/ I/ 1921. p. I).

~ 301 Q/Q)
LUIZ DE MELLO

CENTRO ARTÍSTICO OPERÁRIO histórica de sua autoria - A Fundaçcio tia cidade de Nos-
E. MARANHENSE sa Senhora de Belém, tela encomendada pela Municipa.li-
REABERTURA DAS AULAS dadc da capital do Pará.
- Nesta cidade o honrado artista almoçou no Hotel Cen-
Estão abertas, a partir de hoje, as matrículas de alunos tral, cm companhia de sua esposa e dos nossos confrades
para a Aula Operária Vinte e Oito de Julho, Escola Sete de Fran Paxeco, Antônio e Raimundo Lopes e Antônio Bena.
Setembro, Aula de Desenho e &cola Cívica Nilo Pinzon. Penhorados pela visita com que nos distinguiu o Dr.
Os interessados poderão procurar o diretor Bene.dito Teodoro Braga, O Jornal deseja feliz viagem a S.S. e con-
Carvalho da Silva, na sede desta Sociedade, na Rua da sorte. (O Jornal, 17/1/1921, p.4).
Praia de Santo Antônio nº 1, todos os dias úteis (exceto
aos sábados) das 19 às 21 horas. QUADRO
Os cursos das diversas escolas acima, todas custea-
das pelo Centro, serão, como sempre, gratuitos, e neles Acha-se em exposição na montra da Notre Dame um
poderá matricular-se qualquer pessoa, de qualquer idade. artístico quadro das diplomandas da conceituada Escola
As matrículas terminarão no dia 3 1 deste mês e a rea- Nonnal Primária.
bertura de todas as aulas será no próximo dia 17. O trabalho muito recomenda o seu autor, o conhecido
Maranhão, LO de janci ro ele 1921 pintor Paula Barros. (O Jornal, 25/ 1/1 921, p.4 ).
A diretoria.
(OJomal, IO/l/1921,p.I}.
SERVIÇO TELEGRÁFICO
ESCOLA REMINGTON
O pintor Porciúncula de Moracs termina um grande
quadro a óleo, sobre a rnone do grande poeta Gonçalves
Por absoluta carência de espaço, somente hoje nos é
Dias, a lim de concorrer ao prêmio no próximo Salon de
dado noticiar a esplêndida festa com que a Escola Reming-
Belas-Artes. (Diário de S. útiz, 2121 192 1, p.1 ).
ton solenizou a entrega de diplomas aos seus alunos que
concluíram o curso datilográlico.
OS SOBERANOS
Perante avultada e seleta assistência, tomou assento à
mesa o capitão Luso Torres, que a presidiu; Dr. Fran Paxe-
co, paraninfo da turma, e a professora Olga Serra de Acha-se em exposição, na montra da Notre Dame, a
Berredo. fotogralia artisticamente trabalhada da coroação de D. Pe-
Em nome dos diplomandos orou o Sr. Hermelindo de dro ll, com o respectivo histórico, a qual será enviada e
Gusmão Castelo Branco Filho. oferecida à Princesa Isabel, a Redentora, pelo nosso con-
O nosso confrade Fran Paxeco, usando da palavra., fez terrâneo e amigo Sr. Francisco Sou a. (Pacotilha, 22121
a apologia da escrita daúJográlica. 1921 , p.l).
A senhorita Edilh Andrade Neves ofertou à professora
um custoso mimo, encerrando o ato o capitão prefeito. A MEMÓRIA DA COROAÇÃO
A seguir teve início magnílica soirée dançante, que se
prolongou até depois de meia-noite. Foi hoje exposto na vi trine da Notre Dame um artístico
- O quadro da turma, exposto na sala, é confecção do quadro contendo a fotografia do monumento comemorati-
pintor Paula Barros, tendo a parte fotográlica sido do Sr. vo da coroação de D. Pedro IT, erguido nesta cidade no
Guilherme Matos. (O Jornal, I l/1/1 92 1,p.4). Parque Urbano Santos com o seu respectivo histórico,
que vai ser remetido à Princesa lsabel, a Redemora. e a ela
UM JOVEM PINTOR oferecido pelo Sr. Francisco José de Sou. a. (O Jomal, 221
211921, p. I).
Esteve alguns dfas no mostruário da Notre Dame um
lindo quadro pintado pelo nosso jovem conterrâne.o José UM TRIUNFADOR DE AMANHÃ
Alexandre Rodrigues. O trabalho, que é executado a giz,
revela o gosto que, para a arte encantadora de Apelles, Conhecemo-nos desde meninos. Nas aulas, lá estáva-
tem o seu jovem e inteligente autor. mos, os dois inteiramente alheios às lições do mestre: -
José Rodrigues já nos tem dado a apreciar outros qua- ele, enterrado na sua carteira, extasiando-se ante uma figu-
dros onde se vê que progride deveras no estudo da arte ra qualquer, como querendo descobrir, com os seus olhos
que ama. (DiáriodeS. Luiz, 12/1/192 1, p.4). de míope, a mão que a traçara; eu a ler toda a literatice que
sabe tão bem ao paladar infantil.
DR. TEODORO BRAGA Muito cedo abandonamos a escola. Fomos à liberdade
da vida, cada um para o seu lado. A vida, porém, nos traiu,
Regressando do Recife, aonde fora a passeio em com- ou melhor, me traiu porque eu não sei se ele tem passado
panhia de sua esposa, desceu à terra, sábado, o Dr. Teodo- pelas mesmas vicissitudes que me hão surgido. Mas não
ro Braga, polígrafo paraense de alto renome, que alia à sua importa. Ele é anista e o artista é a síntese mais perfeita da
vasta e erudita bagagem escrita outra não menos volumo- humana Dor. Homero, o legendário Homero, cego, miserá-
sa: rica de trabalho de cartografia e pintura. vel, pedia esmolas...
Agora mesmo O Norte lhe dedica uma página, repro- A minha amizade com José de Souza Rodrigues foi sem-
duzindo, ao lado do seu retrato, a linda e preciosa tela pre a mesma. Algumas palavras sobre arte, os nossos pro-

~ 302~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

gressos, as nossas esperanças, os nossos receios, um bre- TELÉSFORO REGO


ve aperto de mão, e a separação, por vezes tão longa.
Certa vez. José Rodrigues desapareceu do nosso meio. Consta-nos que por todo este mês seguirá paro a Capital
Atirou-se para o interior. - "Talvez ficasse desgostoso Federal, cm cuja Escola de Belas-Artes vai começar os seus
com o nenhum valor que a nossa gente dá aos artistas", estudos, subvencionado pelo Governo estadual, o nosso es-
pensava eu. "Coitado. Mais um vencido... " perançoso conterrâneo Telésforo de Moracs Rego Filho.
Longo tempo depois, na redação da Pacotilha, apare- Se. de fato, o Sr. presidente do E tado lhe facultar essa
ceu-me o jovem pintor sobraçando um bem trabalhado mapa subvenção, é realmente um ato de justiça porque os traba-
do Maranhão e uma original escultura cm uma pedra, imi- lhos que temos visto do jovem Telésforo são reveladores
tação do mármore, extraída da margem do Rio Macapá, no de uma bela esperança e de um lindo talento artístico. (Di-
município de Balsas. ário de S. Lui;:., lº/31192 1, p. I).
Exultei. José Rodrigues era o mesmo sonhador! Era,
ainda. o ardente enamorado da Glória! MARIA ENNES BELClilOR
Durante alguns dias o seu nome andou pelas colunas
dos jornais, para gáudio dos que o estimam sinceramente Dirige um curso de desenho e pintura, do natural e de
e inveja de uma dezena de despeitados. cópia, na Rua Osvaldo Cnaz, 46, começando as aulas a
O primeiro passo estava dado. José Rodrigues, então, funcionar no dia 14 do mê corrente. Condiçõe a tratar na
atirou-se com todo o ardor de sua mocidade à arte de pin- Rua Osvaldo Cruz, 176. (Pacotilha, 2/3/1921 , p.4).
tar que o seduzira sempre. Compôs diversos quadros a
JOSÉ RODRIGUES
óleo, representando paisagens terrestres e marinhas. Das
suas hábeis mãos saíram os bem-feitos retratos dos dou-
Embarca para o Sul. hoje, este nosso jovem e esperan-
tores Urbano Santos, Francisco e Raul da Cunha Macha-
çoso conterrâneo, que aqui tem se revelado digno do auxí-
do, do escritor Domingos Barbosa, da senhorita Xistinha
lio que o Governo acaba de conceder, mandando-o para a
Azevedo, dos Srs. José Mathfas das Neves, Antônio de
Escola de Belas-Artes do Rio.
Moura e coronel Brício de Araújo. Boas viagens e muitos triunfos. (Diário de S. Luiz, 7/3/
Os seus alunos - porque o jovem pintor maranhensc 1921,p.4).
tem um curso de arte que o há de engrandecer - já expuse-
ram alguns trabalhos aproveitáveis e dignos de louvor, ESCOLA DE ENFERMAGEM
confirmando assim os apreciáveis dotes do seu mestre.
O jovem artista, porém, não podia continuar vivendo Reabrem-se hoje as aulas desta e cola, mantida a ex-
aqui. O meio maranhense chega até a ser pernicioso àque- pensas do Instituto de Assistência à Infância.
les que tentam qualquer empresa artística. A arte não exis- Presentes as 28 alunas, Fran Paxcco, ladeado pelos
te, infelizmente, para a minha terra. O moço, que pretende Drs. Marcelino Rodrigues Machado, Tarquínio Lopes Fi-
colher os pomos da Glória tão avaramente surgidos das lho e Miss Margaret Laurie, dirigiu-lhes amigas palavras
sementes maravilhosas do seu Ideal, deve, antes de tudo, de estímulo, aconselhando-as a trilhar sempre o bom cami-
fugir da nossa terra. Ficando, é um homem perdido. Vá nho.
para o inferno, mas contanto que se retire daqui. Lá fora, Inaugurou-se depois o retrato de Teresa de Jesus, uma
longe dos seus, triunfará com certeza. Aqui, nunca. das primeiras servcnruárias do Instituto, a qual morreu no
Ora, José Rodrigues, pensionado pelo nosso Gover- cumprimento dos seus deveres. O Dr. M. Rodrigues Ma-
no, vai para o Rio de Janeiro, no próximo dia 5 de março, chado apresentou-a como um exemplo a seguir pelas alu-
cursar a Escola de Belas-Artes. Trabalhando, como pre- nas da Escola de Enfermagem, demonstrando a sua dedi-
tende, será inevitavelmente um triunfador, uma Glória sal- cação aos serviços do lnstituto.
va, ainda a tempo, do marasmo imbecil do nosso pequeni- Foram dois atos singelos, mas impressionantes. (Pa-
no meio. Felizes daqueles que assim podem fazer. cotilha, 15/311921, p.4).

ASSIS GARRIDO UM PINTOR


(Diário de S. Luiz, 261211921, p. l).
Tivemos ocasião de ver ontem, expostos cm uma das
DATILOGRAFIA v~rrines da Notre Dame, dois pequenos quadros do nosso
conterr1ineo Newton Pavão, feitos no Pará, a óleo. Con-
ESCOLA ROYAL - Tivemos hoje a oponunidade de quanto sejam dois trabalhos muito simples, nem por isso
verificar os prêmios a serem disputados no próximo con- lhes escasseia o mérito. Representa um deles uma paisa-
curso de datilografia, a realizar-se brevemente na Escola gem tropical, viçosa; o outro um trecho de terras nevadas
Royal, na Pràça João Lisboa, 14. e tristes. Há entretanto, no pincel de Newton, vocação
Os referidos prêmios constam de duas medalhas, uma artística que apenas carece de apuro para tomar-se um
de ouro e outra de prata representando um escudo, tendo fato. (Pacotilha, l 9/3/ 192 1, p.4).
ao centro, gravada em alto-relevo, uma máquina de escre-
ver Royal. AUXÍLIO PARA ESTUDO
É autor da obra o ourives João Seabra, cearense, que já
par diversas vezes nos tem dado ensejo de apreciar vários O Sr. Newton Coelho Pavão requereu ao Congresso
trabalhos seus. (O Jornal, 1º/3/1921, p.4). que lhe seja concedido um auxílio do Estado, para o estu-

~ 303 ~
LUIZ DE MELLO

do de Belas-Anes no Rio de Janeiro, tendo o seu requeri- Só por si, este fato constitui uma vitória para o artista
mento ido às lªe2ªComissões. (OJomal, 2 1/3/ 1921, p.2). patrício. É o primeiro trabalho de artista maranhense que
figura no Salão de Belas-Artes.
RETRATO Porciúncula de Moraes dentro cm breve realizará uma
exposição de seus trabalhos.
O jovem pintor Newton Pavão mostrou-nos anteon- É uma demonstração que dará ao Estado, de sua voca-
lem um bem-feito retrato do Dr. Urbano Santos. ção; ao Governo, do emprego que tem dado a pensão com
O referido trabalho, que é feito a óleo, diz bem das que o mantém nos estudos.
qualidades do seu autor ainda bastante moço, o que pode- A Sociedade Brasileira de Belas-Artes, de que é mem-
mos constatar indo ao mosLruário da Notre Dame onde se bro o nosso talentoso conterrâneo, escolheu-o para pro-
acha cm exposição. (Diário de S. Luiz, 2 1/3/ 192 1, p. I ). duzir um trabalho representativo do Maranhão, na Aveni-
da dos Estados, uma das panes constituintes das festas
FALECIMENTO do Centenário.
É possível que o Governo do Estado queira que o
Por Lelegrarna particular sabemos haver falecido no En- Maranhão não falte a este certame de arte, ao qual, certa-
genho Central a Sra. VitaJina Rosa de Araújo Porciúncula, mente, não faltarão os outros Estados da União.
de 79 anos, viúva de José Francisco de Porciúncula e mãe Pretende levar daqui alguns trabalhos originais para o
de D. Teresa Poreiúncula de Moraes. Salão Nacional que se abrirá em agosto.
A extinta deixa 14 netos, entre os quais o cirurgião-den- Não se demorará enLre nós, pois que Lrabalha para,
tista Raul P. de Moraes, a professora nonnalista Maria Por- com o artista amazonense Manuel Santiago, levar a efeito
ciúncula de Moraes e o nosso jovem confrade Lourenço uma exposição de pintura na Associação dos Empregados
Porciúncula de Moraes. A e tes, como aos demais parentes no Comércio do Rio de Janeiro.
da finada, enviamos pêsames. (Pacotilha, 28/3/1921, p.4). O Diário de S. luiz cumprimenta afetuosamente o jo-
vem artista e dá-lhe sinceros parabéns pela sua vitória.
INSTITUTO DE ARTES SÃO JOSÉ (Diário de S. luiz, l 3/4/1921, p. l ).

Desenho, pintura do narural e cópia, alto-relevo e mas- VISITANTES


sas, pinturas em vidros, seda, ílandrcs, marfim, madeira e
outros. Vindo do Sul, acha-se nesta capital o Sr. Porciúncula de
Ensina também fora do instituto, em horas marcadas. Moraes, artista pintor, discípulo de l lenrique Bemardelli.
Rua Rodrigues Fernandes nº 29. Quando da volta do Engenho Central, para onde se-
José Mercedes Gomes gue em visita à sua farru1ia, porá em exposição, nos salões
(O Jomal, 8/4/1921, p.2). do Casino Maranhense, alguns de seus trabalhos. (Diário
Oficial do Estado, 18/411921, p.3).
HÓSPEDES E VISITANTES
GRAVURAS ANTIGAS
Chegou hoje do Rio, cm visita à família, este nosso
conterrâneo que ali cursa com real aproveitamento a Esco- Nesta redação informa-se quem precisa de algumas gra-
la de Belas-Artes e é discípulo particular de Bemardelli. vuras, novas ou velhas, que se relacionem com os princi-
Porciúncula de Moraes traz consigo muitos quadros pais fatos da Fundação do Maranhão, como sejam: - o
que mereceram encômios de valor no meio artístico cario- estabelecimento dos franceses e dos jesuítas. a expulsão
ca e que veremos em breve, pois é sua pretensão expô-los do holandeses, a fundação do Forte de São Luiz, etc.
ao público. Paga-se bem. (O Jornal, 26/411921, p.4).
Entre esses trabalhos está o seu quadro do Salon 1920,
único de artisla maranhense naquele certame. JOÃO LISBOA
O jovem artista foi recebido à rnmpa por seus amigos e
admiradores. Mais uma vez, hoje, a mocidade maranhense presta um
Cumprimentos. (O Jornal, 13/4/1921, p.4). preito de justiça a esse escritor, na praça do seu nome, às
16 horas. Estão inscritos diversos oradores.
PORC!ÚNCULA DE MORAES Sabemos que a Revista Mara11'1e11se o tomou por pa-
trono. O retrato dele, que já e tá feito pela esperançosa
Chegou hoje da Capital da República o nosso conter- senhorita Benedita Castro, será colocado na Galeria de
râneo PorciúncuJa de Moraes, que veio em visita à sua Homens Célebres. Os professores da Escola Normal Pri-
família. mária e do Instituto Rosa Nina ocuparam- e da biografia
Freqüenta o curso livre da Escola de Belas-Artes e do homenageado. (Diário de S. Luiz, 26/4/1921 , p.4).
cursa a au la de modelo vivo do Liceu de Artes e Ofícios.
Os estudos do jovem conterrâneo já vão adiantadfs- RETRATO
s imos.
Além dessas aulas, ainda tem tempo para ser assíduo Encontra-se em exposição na vitrine da Notre Dame o
no atei iê de Henrique Bem ardeli i. re trato de João Lisboa a ser colocado no alão da Revista
Concorreu ao Salão Nacional da Escola de Belas-Ar- Maranhense. Foi confeccionado pela senhorita Benedita
tes, cm 1920, com o quadro - O Último Beijo. CasLro. (Diário Oficial do Estado, 30/41192 1. p.3).

~ 304 (V(>)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

PORCIÚNCULA DE MORAES Na meia-luz da sala de trabalho dois velhos esperavam.


- Quem 6 aqui o pintor Bcmardelli? - indaga o Morae:..
Após ligeira demora no Engenho Central, aonde fora - Sou cu.
em visita à sua família, regressou ontem o jovem pintor E o jovem nortista abraçado ao colosso, chorava de
Porciúncula de Moraes, que breve exporá nesta capital as emoção.
suas telas. - Vi a sua tela, mestre, e quero ser seu aluno.
Além das que o público carioca conhece e das quais Nisto entrava Celso Antônio, retardado com as expli-
os jornais dali se ocuparam com francos elogios, serão cações ao criado.
expostos aqui mais seis aspectos do Rio Pindaré e um E vendo a cena que se desenrolava, aguardou o desfe-
retrato da mãe do pintor, trabalhos estes executados na cho j ulgando desnecessário apresentar o companheiro.
sua recente peregrinação àquele interior do Estado. Bemardclli olhou o moço. escondeu num ~orriso a im-
Dos quadros que breve o nosso meio culto terá oca- pressão comovente daquela arrogância simplória, e dando
sião de apreciar, consta o Último Beijo, a sua tela no Salon palmadinhas às costas do Moraes, esperançou-o:
de 1920. (O Jornal, 20151 1921, p.4). - Volte amanhã, menino...
No dia seguinte, Moraes era aluno do velho ex-diretor
EXPOSIÇÃO DE PINTURA da Escola de Belas-Artes.
Um mês depois o moço maranhense captara as simpa-
No começo da próx iJna semana, o nosso talentoso con- tias do mestre, e ao regressar de uma excursão ao campo.
terrâneo Porciúncu la de Moraes fará, no salão nobre do Bemardelli, cercado de alunos, cumprimentou-o:
Casino Maranhense, uma exposição dos seus trabalhos de - Bom-dia, "seu" paisagista.
pintura, inclusive o belíssimo quadro Último Beijo, que con- E estava feita a consagração do moço, que dois anos
quistou muitos elogios no Salão do ano passado, no Rio de depois apresentando ao Sa/011 a sua tela ÚLTIMO BEIJO.
Janeiro, onde Porciúncula aperfeiçoa os seus estudos. conquistava o aplauso dos críticos.
Hoje, Porciúncula de Moraes, depois de visitar sua
Oportunamente publicaremos a lista dos trabalhos que
família no Pindar6, vai mostrar ao nosso público não só o
vão ser expostos. (Pacotilha, 2 1/5/ 1921, p. I).
quadro acima citado como uma coleção de pequeninas
tebs e manchas, várias delas locail'., por onde poderão os
HÓSPEDES E VIAJANTES
seus conterrâneos avaliar quanto pode a inteligência ser-
vida por uma poderosa força de vontade.
Segue hoje para o Pará, a bordo do Floria116polis, o Sr.
A gravura que ilustra esta notícia 6 de um dos seus
Raimundo Je Paula Barros, guarda-livros daquela praça.
quadros LlANAS DO PINDARÉ, em que a pujança do ta-
O Sr. Paula Barros vai incumbido pela firma Chaves &
lento do jovem maranhense e evidencia pelas 1onalidadcs
Cia. de tratar de uma filial da Crédito M1ít110 naquela capital,
fones, padr-Jo inconfundível da escola impressionista.
cuja gerência ficará n seu cargo. (O Jomal, 24/5/1921, p.4).
Amanhã publicaremos a lista completa das telas que
omarJo os salões do Casino durante algun dias que, cer-
MORAES, O PAISAGlSTA tamente, atrairão para ali o nosso público educado.
Ao Moraes. O Jornal. :igradecendo o convite para as-
Depois de andar aos trancos e barrancos mostrando o si tira sua MOSTRA DE ARTE, amanhã, faz votos de pro<>-
seu talento inculto cm concepções cenográficas e peque- peridades. (O Jornal, 25/5/1921, p.4).
nas telas, um dia o Porciúncula Moracs abandonou o tor-
rão natal e se foi. rumo da Metrópole, na ãn ia incontida EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA
de novos horizontes, cuja vastidão comportasse a imensi-
dade de seu ideal. É amanhã, às 15 horas, que o nos!>o inteligente e e tu-
Sem estudos especiais, produtos do seu e forço, Mo- dioso conterrâneo Porciúncula de Moraes abrirá a exposi-
racs, de malas vazias e coração desbordante de desejos, ção dos seus trabalhos de pintura no Casi no Maranhense.
tomou pé na capital grandiosa do País. A exposição estender-se-á at6 quinta-feira vindoura, du-
Não lhe deslumbrou a policromia bizarra da Avenida. rante o dia e a noite, até às 2 1 horas.
Mal desenjoado do mar, ingressou pela pinacoteca, de Dentre os trabalhos expostos, figuram os três lindos
olhos esgazeados, querendo tudo abranger de uma vi ão. quadros Retrato de 111i11ha 11uíe, Água Parada, todos a
Seu senso artístico, no entanto, o atraiu para os Ban- óleo, do natural, com os quais o jovem artista concorrerá
deirantes, e ante a tela vibrante de Bcrnardelli, não pôde á"o Salon deste ano, no Rio de Janeiro, - e o Último Beijo,
conter a explosão do seu entusiasmo. O ruído abafado dos que foi bastante elogiado no Salo11 do ano passado.
contínuos bestificados pelo grito daquele moço em frente Todos os quadros que Porciúncula de Moraes vai ex-
a um quadro que eles viam d iariamente sem comoções, por, com exceção do Rio de }(lneiro sob o luar e Ac(lde-
despertou o Moraes do arroubo em que se encontrava e mia de Mulher, obedecem à vi ão da escola impressionis-
indagou da residência do mestre. ta que, como se sabe, 6 a pref.:rida e cultivada pelos mes-
E foi na manhã seguinte, de par com Celso Antônio, cm tres da pintura moderna.
busca do palacete do grande pintor, na praia rumoro a de Damos abaixo a lista do quadros:
Copacabana. Retrato de minha mãe, do natural, (óleo) para o Salo11:
o criado, solícito ao toque nervoso da campainha da Lia11as do Pindaré, do natural (óleo) para o Salon: Sell'os
porta, foi impotente para conter aquele rapazelho, que sem do Pi11daré, Campos do Pi11daré, Fazenda Espírito Sa11-
pensar em etiqueta, varava corredores e invadia ateliês. to (Pindaré), Luz Sertaneja.

~ 305 ~
LUIZ DE MELLO

IMPRESSÕES DE VIAGEM (bordo do Bahia) EXPOSIÇÃO DE ARTE


Entrada de Vitória, do natural (óleo), Vitória, Crepús-
culo ao alto mar, Tombadilho Azul, Porto da Bahia, Pon- As afinidades estilísticas, entre espíritos que cultivam
ta de Olinda, Mar ao sol, Sobremesa - todos feitos aqui. artes de diversa técnica, facilitam a compreensão do valor
DESENHOS DE MODELO VNO da obra artística e, se não permitem a autoridade de um
Academia de Mulher, estudo (carvão) Velho, Cabeça juízo crítico, dão lugar a uma ampla intuição da verdade
de Menina, Estudo (sépia e giz) - 6 quadros. emocional. É o que nos anima a lançar estas considera-
MANCHAS (estudos) ções sobre a Mostra de Arte do jovem pintor maranhense
Praia de Copacabana, natural (óleo) 2 quadros, Praia Porciúncula de Moraes.
de Santa Luzia, Passeio Público, Jardim Botânico, Mer- Procurando entender o sentimento do artista, fomos
cado, Arredores de Manguinhos, 7 quadros; Tronco (aqua- surpreendê-lo em cenário cujos matizes merecem os mais
rela) Luar e Crepúsculo, (óleo) Declínio (óleo), Rio de elevados ditirambos - a várzea do Pindaré, trazida para a
Janeiro sob o luar (óleo), Herma de Gonçalves Dias, Pas- tela em algumas paisagens -Água parada, Liana, Selvas
seio Público, (óleo) Sol a pino (óleo). Corcovado. Ensea- e Campos do Pindaré, Fazenda do Espírito Santo e Luz
da de Botafogo, (noturno), Último Beijo (Salon de I 920). Sertaneja. Esboços ligeiros, dois dos quais o artista pre-
(Pacotilha, 25/5/1921, p. l). tende ampliar para o Salon, há neles, entretanto, a expres-
são desses aspectos da natureza ao vivo, não a objetiva,
fotográfica, a que não é arte, mas a emocional, a impressi-
MOSTRA DE ARTE
onista, para dar o termo da escola.
O Pindaré, com os seus campos intérminos, suas águas
O jovem pintor maranhense Porciúncula de Moraes
tranqüilas, suas pradarias flutuantes, dá um grande ma-
inaugurará depois de amanhã, às 15 horas, no Casino, a
nancial de inspiração. Andou bem Porciúncula de Moraes,
sua Mostra de Arte de que fazem parte 42 trabalhos, entre
procurando-o com sede de emoções de verdadeiro artista
os quais se destaca o Último Beijo, exposto no Rio em
e surpreendendo alguns aspectos mais belos da invémia a
. l920, no Salon, e avaliado em 4:000$000.
alustrar, transfigurando a terra e retratando o céu.
O Diário Oficial agradece o convite que lhe foi envia-
Ainda não se evidencia, nesse5 esboços, um senti-
do. (Diário Oficial do Estado, 25/5/ 1921, p.3).
mento total, a emoção secreta do autor diante da natureza,
e o que poderíamos chamar o espírito da paisagem equino-
PORCIÚNCULA DE MORAES
cial; mas, com os seus planos intensos, sua luz crua, seus
caprichos de flora e de água, essa paisagem vem desper-
Recebemos deste nosso talentoso conterrâ.neo um de-
tando sob o pincel do moço o artista e entre os traços
licado convite para comparecermos hoje à sua Mostra de
discordes com que vibra o olhar surpreso ante esse pacto
Arte num dos salões do Casino Maranhense, às 15 horas. de cores, ante esse caos de formas que é a paisagem inter-
O programa dessa exposição é o seguinte: tropical, há vida oculta sob as versas das margens e há
Retrato de minha mcie, Lianas do Pindaré, Água Pa- êxtase ao sof e contemplação do céu na terra e nas águas.
rada, Selvas do Pindaré, Campos do Pindaré, Fazenda Façamos votos para que o pintor maranhense, que surpre-
Espírito Santo (Pindaré), Luz Sertaneja, Entrada de Vitó- endeu o Último Beijo do sol à montanha, venha a celebrar
ria, Vitória, Crepúsculo ao Alto-Mar, Tombadilho Azul, integralmente o mistério da nata c o consórcio entre a água
Porto da Bahia, Porto de Olinda, Mar ao Sol, Sobreme- tranqüila e o céu revolto.
sa, Academia de Mulher, (estudo) Velho, Cabeça de Me- Paisagista e até repentista da paisagem antes de tudo,
nina (sépia e giz), Praia de Copacabana, Praia de Santa não desdenha, entretanto, outros domínios da sua arte, e
Luiza, Passeio Público, Jardim Botânico, Mercado, Ar- assim é que traçou o Retrato de minha mãe, um expressi-
redores de Manguinhos, Tronco, Campo de Santana, Luar vo estudo de cabeça, que é com o grande quadro Último
e Crepúsculo, Declínio, Rio de Janeiro sob o Luar, Herma Beijo, a obra mais firme da série exposta, como os esboços
de Gonçalves Dias, Sol a pino, Corcovado, Enseada de da natureza maran.hense são os mais originais e de melhor
Botafogo, Último Beijo, quadro com que concorreu ao promessa.
Salon, em 1920 e que foi avaliado pelo júri. Que Porciúncula de Moraes, ainda bem moço, com uma
Certo os amadores de pintura não deixarão de ir apreci- intuição hodierna de sua arte, mas sem desprezar por or-
ar os trabalhos do jovem artista maranhense. (Diário de S. gulho de esteta subjetivista o sentimento da sua ten-a e da
Luiz, 261511921, p.3). sua gente, persista no bom caminho por que enveredou,
aperfeiçoando-se no nobre ofício, sem perder a esponta-
MOSTRA DE ARTE neidade e o sentimento dos seus primeiros esforços.
- A exposição permanecerá aberta todos os dias, das
É hoje, às 15 horas, que será aberta no Casino Mara- 16 às 18 horas e aos domingos até às 20 horas. (Pacotilha,
nhense a exposição de pintura do inteligente conterrâneo 27/5/1921,p.4).
Porciúncula de Moraes.
Entre as telas expostas está o seu quadro do Salon de MOSTRA DE ARTE
1920- ÚLTIMO BEIJO.
É de crer que o nosso público saiba corresponder a Esteve concorrida a Mostra de Arte que o pintor Porci-
essa genti leza do jovem pintor, acorrendo ao recinto do úncula de Moraes inaugurou ontem, às 15 horas, no Casi-
Casino. (O Jornal, 26/5/192 1, p.4). no Maranhense.

<:./Q) 306 <:./Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Os trabalhos apresentados mereceram gerais encômi- mal repeti-la. Tem-se um exemplo flagrante, a intramuros,
os pela beleza de sua concepção. (Diário Oficial do Esta- nas figuras do período heróico, que tanto brilho e fonna
do, 27/5/1921, p.3). espargiram por sobre o nome do Maranhão, levando-o
além fronteiras. Depois, numa apagada e vil triste:.a, veio
EXPOSIÇÃO PORCIÚNCULA MORAES o declínio das escolas, da imprensa. dos escritores.
As famílias de outrora, segundo me contaram, manda-
Perante avultada concorrência foi aberta ontem, às 15 vam até contratar, fora daqui, professores de canto e pin-
horas, em um dos salões do Casino Maranhense. a exposi- tura. Pem1anece na lembrança dos velhos a pompa da Fes-
ção de pintura do nos o inteligente conterrâneo Porciún- ta dos Remédios. Fretava-se um vapor para tra1-er as toi-
cula de Moracs. lettes do último figurino parisiense, orquestra e cantores
O ato inaugural foi presidido pelo Sr. Domingos Barbo-
escolhidos. Imperava o bom gosto, e não se npercebiam
sa, secretário do Interior do Governo do Estado.
dos gastos. Luxava-se. Mas com elegância. O espírito era
Os quadros têm sido muito elogiados. estando já vári-
muito diverso.
os deles adquiridos.
O cultivo artístico acompanhou, no resvalo, o cultivo
A exposição continuará até quinta-feira vindoura, fun-
das outras espécies intelectuais. Existe quem lecione, de-
cionando diariamente das 14 às 16 horas.
No domingo. porém. a sala será franqueada até às 20 senhe e elabore bons quadros, como existe quem lecione
música e componha belos trechos. O ambiente de anta-
horas.
Do livro de visitantes constavam ontem, às 20 horas, nho, porém, sumiu-se. Falta de estímulo? Assim parece.
quando foi encerrado, cerca de 200 assinaturas, o que vem Veja-se a Sociedade Musical. Começou magnificamente -
provar o grau de interesse despertado pela Mostra de Arte c, logo após uns meses, emudeceu. Há semanas ressurgiu
de Porciúncula Moraes, a quem por esse motivo felicita- e com todo o entrai11. demonstrando que não escasseiam
mos. (O Jomal, 27/5/1921, p. l). vocações. De que se precisa, então? - De persistência, no
intuito de modificar o meio, adaptando-o a uma cultura
EXPOSIÇÃO DE PINTURA imprescindível, essencialíssima ao psiquic;mo coletivo.
Vai integrar-se um ano, vi itou-no Oscar Silva, um
Efetuou-se ontem, no salão nobre do Casino Mara- dos grandes pianistas dentre o Brastl e Ponugal, aplaudi-
nhense. a exposição de quadros do pintor Porciúncula Mo- do por platéias cultíssimas, que obteve altos elogios dos
raes, nosso conterrâneo, recentemente chegado da capital seus mestres de aperfeiçoamento - os saxões. Pois não
da República, onde com real êxito estuda na Escola de logrou, cá, duas dúzias de ouvintes. GutierrcL. e não fos-
Belas-Artes. sem as lojas maçônicas, também ficaria sem eles. Aconte-
Dos diversos quadros expostos notamos que, pelo ceu quase o mesmo ao maestro Valério Brandão.
autor, foram oferecidos quatro aos Srs. Dr. Cássio Miran- Estamos certos de que o público poupará madarne Reis
da, profes or Nascimento Morae , Domingos Barbosa e e Silva. pianista, o tenor Reis e Silva, seu esposo, o baríto-
aos irmãos Macieira. no Asdrubal Lima. um trio de intenso fulgor, à tal decep-
A exposição estará aberta ao público das 14 às 16 ho- ção. (OJomal, 1°/6/1921, p. l).
ras nos dias úteis, e até às 20, nos domingos. (Diário de S.
Lui:., 27/5/1921, p.2). EXPOSIÇÃO PORClÚNCULA MORAES
A Mostra de Arte de Porciúncula de Moraes continua
Vai merecendo a atenção do nosso público a Mostra
a atrair ao Casino avultada concorrência.
de Arte do jovem pintor maranhense.
Hoje o salão estará aberto das 14 às 16 horas e amanhã
Hoje estará franqueada das 14 às 18 horas, sendo que
até às 20. (OJomal, 28/5/1921, p.4).
amanhã, dia do encerramento, os salões do Casinu c~tarão
EXPOSIÇÃO PORCIÚNCULA MORAES abertos até às 20 horas. (O Jornal, 1°1611921. p.4).

Continua a merecer a visita do nosso culto público a PORClÚNCULA MORAES


Mostra de Arte do pintor conterrâneo Poreiúncula Mora-
es, num dos salões do Casino Maranhense. O jovem pintor maranhen ~e Porciúncula Moraes, por
Sábado, o Sr. bispo diocesano percorreu demorada- ~osso intermédio agradece sinceramente de vanecido a
mente a exposição, adquirindo um quadro a óleo - Vitória gentileza da ilustre diretoria do Casino Maranhense que
do Espfrito Santo, depois de ter elogiado francamente o lhe cedeu uma das salas do acreditado clube para a sua
esforço do jovem pintor. demonstração de arte, gentileza essa de que jamais se es-
A mostra se encerrará na próxima quinta-feira, continu- quecerá, guardando-a carinhosamente, como recordação
ando aberta, todos os dias, das 14 às 16 horas. (0 Jomal, indelével do meio de sua vida aní tica. (Diário de S. Luiz,
30/5/1921, p.4). 4/6/192 1, p. I).

CONCERTOS PI NTURA

o melhor padrão, para se aferirem as vibrações mentais Sabemos que o jovem pintor José Mercedes Gomes
dum povo, está nas suas casas de ensino e nos seus ho- tem em confecção um quadro alegórico, que breve será
mens de letras. É urna chapa batidíssima, esta. Mas não faz exposto. (O Jomal, 7/6/ 192 1, p. l).

<?/V 307 <?/V


LUIZ DE MELLO

PORCIÚNCULA MORAES Felizmente o Governo entendeu de proteger os que


mostram vocações artísticas. E lá na Capital do Paí!) já
O pintor patrício Porciúncula Moraes ofereceu ao pre- temos um futuro escultor, um futuro pintor e mrus uma
sidente do Estado, Dr. Urbano Santos, uma das suas pai- promessa de pintor que estudam por conta do Estado.
sagens regionais, colhjdas recentemente na sua excursão Pois bem. Seria conveniente aproveitar algumas voca-
artística pelo Rio Pindaré. ções musicais, dentro ou fora do Estado, auxiliar os moços
O quadro intitula-se Selvas do Pi11daré. que se dedicam ao estudo da ane com que se notabilizou
(O Jornal, 8/6/1921, p. l). Carlos Gomes.(...) (Diário de S. Luiz, l 7/6/192 1, p. l ).

AULAS QUADROS REGIONAIS


Geometria Prática e Desenho
Estão expostas durante três dias, a começar de hoje,
Evandro Valente Rocha ensi na geometria e desenho no salão do Teatro Eden, duas telas de Porciúncula Mora-
na sua residência, na Rua Rio Branco nº 28, mantendo os es representando o antigo local do Aprendizado Agrícola
seguintes cursos: diurno - às segundas, quartas, sextas e Cristino Cruz, e a vista panorâmica do mesmo atualmente.
domingos, das 8 às 9 horas: noturno - às terças e quintas, (Diário de S. Luiz, 18/6/1921 , p.2).
das 19 às 21 horas.
Aceita também encomendas de retratos a crayon, plan- QUADROS REGIONAIS
tas de prédios, cópias em telas, etc. etc.
Preços módicos. (O Jomal, 8/6/1921, p.2). O nosso conterrâneo pintor Porciúncula de Moraes
vai expor no salão nobre do Eden, durante três dias, a
VIAGEM começar de hoje, os seus últimos trabalhos de pintura.
Deles destacam-se dois quadros regionais represen-
Tendo chegado do Engenho Central , onde é negocian-
tando a vista panorâmica do Aprendizado Agrícola Cristi-
te e exerce o cargo de delegado policial , deu-nos o prazer
na Cruz, antes e depois da reforma por que acaba de pas-
de sua visita o Sr. Urbano Pinheiro de Sousa, que se fez
sar.
acompanhar do seu cunhado o pintor Porciúncula de
O primeiro quadro o jovem anista pintou-o de acordo
Moraes. (O Jornal , 8/6/1921, p.4).
com as informações que lhe foram ministradas pelo supe·
rintendente e diretor daquele estabeleci mento, pois não o
REVISTA MARANHENSE
conheceu anteriormente. (Pacotilha, 18/6/192 1, p. I ).
Os seus diretores reuniram-se a 11 do corrente, pela
manhã. Astrolábio Caldas ocupou-se da data e da indjvi- PORCIÚNCULA DE MORAES
dualidade do maquinista Henrique José Gaspar, herói do
Riachuelo. Estudou-se esse acontecimento, seguindo Ro· Este norno conterrâneo acaba de regressar do Apren-
cha Pombo e o mapa Humaitá e circunvizinhanças, por dizado Agrícola Cristino Cruz onde confeccionou dois lin-
W. H. L. Grcen. dos quadros panorâmicos.
- José Monteiro ofereceu o retrato de Almeida Garre!. Um reconstitui, segundo informes colhidos no local, o
(Diário de S. Luiz, 13/6/1921, p.3). edifício e terrenos circunvizinhos, na época da fundação
do Aprendizado, e outro é um lindo trecho atual, tomado
COISINHAS ... de um recente roçado por sobre um milharal florido, indo
perder-se no horizonte distante, onde as novas constru-
Infelizmente temos que confessar essa triste verdade - ções daquele estabelecimento se afogam na matéria.
no Maranhão não temos arte, presentemente. Arte, no sen· Esses dois quadros irão ornar a nova sala do Cristino
tido rigoroso do termo, desapareceu do nosso céu, outro· Cruz e serão, hoje, expostos no salão do Eden. (O Jornal ,
ra propício à música e à pintura. 18/6/ 192 1, p. I).
Apenas a poesia ficou, resistiu. Não é aquela poesia
opulenta, extraordinária, altiva e fecunda dos tempos que UM JOVEM ARTISTA
se passaram; mas é sempre poesia, sem a caracterização
forte do temperamento e do meio, como a outra. É uma Eu não entendo de arte, nunca peregrinei por museus e
poesia estreitada na moda, um pouco postiça, um pouco nem ao menos cursei uma aula elementar de desenho. Fa-
anificial, mas que se vai agüentando confonne Deus quer lece-me até, por cúmulo da estupidez estética. essa espon-
e os poetas querem. taneidade vulgaríssima do simples garatuja ou caricaturis-
A música e a pintura, porém, foram-se. ta amador.
Alguns músicos da velha-guarda, fragmentos das or- Sinto-me, pois. embaraçadíssimo para dizer qualquer
questras de Joaquim Zeferino e Antônio Rayol , algumas coisa sobre a pintura do meu jovem patncio Porciúncula de
pianistas estudiosas, um ou outro rebento cheio de vida, e Moraes, exposta em dias do mês passado num dos salões
nada mais. do Casino Maranhense. E daí a razão de tão tarde falar.
A pintura ... essa jazem piores condições que a música! Dirão que nenhuma necessidade tenho <leme manifes-
Aqui não há pintores. Dessa raça apenas o Luiz Ory tar sobre o assunto. O Moraes apresentou um argumento
salva a culturn dessa arte, com os seus quadros e a sua sério, irrespondível, quando eu me quis escusar de escre-
técnica. vinhar alguma coisa da sua exposição. demonstrando-me.

~ 308 ~e;)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

por a + b que nas mesmas condições precárias da minha pectos daquele pedaço de terra feraz. Água Parada, uma
está a capacidade de todos aqueles que já disseram coisas pequena mancha, causou-me admiração, como filho que
e lousas dos seus quadros, o que é tão verdadeiro quanto sou daqueles rincões. Lic111as do Pindaré, trecho de som-
o sol que envolve na sua luz, tolerantemente, a nossa ig- bra à beira do rio, pareceu-me de uma felicidade de cores
norância, - minha e dos outros rabiscadorc aludidos - da surpreendente.
Arte de Rembrandt. Cedo ou tarde, portanto, tinha de cor- Digo a minha impressão como conhecedor do cenário
responder à gentileza do seu convite para visitar a exposi- de onde Porciúncula tirou esses trabalhos, como se dis-
ção, externando a minha impressão, embora convencido sesse que um retrato me parecia bom pela fidelidade com
de que ela não lhe serve para nada. que traduzia a fisionomia da pessoa retratada. Se esse cri-
O que me impressionou primeiro na Mostra de Arte tério não basta para julgar, então diabos levem a pintura e
organizada por esse moço, que ainda ontem não saía da- mais quem a inventou tão inacessível ao comum dos mor-
qui sem ao menos um princípio sistemático dos elementos tais... Mas eu continuo a afirmar que o rio. com os seus
da sua ane, para ir lutar pela mais inglória das vidas nestes aspectos marginais, que está nas telas do ~foraes é o Pin-
Brasis, a vida artística foi a fecundidade do seu trabalho. daré :rntenticamente trasladado por uma palheta bastante
Entrei na sala do Casino e vi quatro paredes cheias de rica e um pincel vigoroso.
quadros, literalmente: paisagens do Sul e do Norte, gran-
Por outro lado, no quadro Último Beijo, exposto no
des e pequenas, vesperais. matinais, meridianas, mares,
último Sa/011 oficial do Rio, o paisagista não é apenas o
rios, campos, montanhas, florestas. cidades. choças. fa-
fixador de aspectos. É o intérprete da nature1a. Num cre-
zendas, - que sei eu?
puscular de dia, as montanhas estampam-i.e. 1lá como um
Acostumado a ver, em todos os artistas novos, muita
bruxulear de vida, nas velaturas da lu.r. e uma grande sen-
pretensão aliada a muita preguiça, não passa despercebi-
sação de cansaço, que alguns clarões álacres de fogos
da uma tão bela soma de esforço. Em geral qualquer rapa-
que se começam a acender nas habitações espalhadas pelo
zelho que expõe algumas polegadas de tela, barro ou ges-
vale, transformam cm repouso íeliz. cm confortante senti-
so num salão, no Rio, já se reputa um semideus das artes.
mento da tarefa laboriosamente feita, de alento para reco-
O que deseja não é trabalhar, mas refonnar os cânones,
senão a humanidade inteira... De maneira que aquele rapaz meçar no dia seguinte a obra interrompida. A noite avança
recebendo a gente à porta da sala com um ar mais que e as montanhas transfiguram-se numa volúpia, sob o der-
modesto, acanhado, para nos mostrar mais de trinta traba- radeiro toque da luL. que se esvai.
lhos feitos num ano de aprendizagem, dava para logo a É uma bela concepção, bastante simból ica, de mais a
impressão de um sincero desejo de subir de posto ao ser- mais, pois o grupo de montanhas, nas onJulações das
viço de uma capacidade de trabalho magnífica. suas curvas, tem qualquer quid de figura humana. Esse
Impressionista. o seu pincel não pára. Vai procurando quadro res ente-se. talvez, da falta de acabamento nos
traduzir para assim dizer au jour de jour a sua emoção plano inferiores e uma ligeira impressão de monotoni:i
diante da natureza. Quando não tem emoção. copia aspec- procurada, mas demonstra eloqüentemente o êxtase pan-
tos procurando a realidade. Não tendo a veleidade de se tústico de uma aJma de fina emotividade.
supor já um mestre, a quem só falte esperar, nos bons De um modo geral as primícias do discípulo de Bernar-
momentos, com soberano desprezo, as homenagens da delli são as mais promissoras. Não lhes íalta mesmo certo
senhora Inspiração e da senhora Disposição, não perde arrojo de quem procura expressão sua. numa afinnação
tempo, certo de que somente exercitando o seu pincel em con ciente de personalidade artística.
surpreender a vida das coisas em todos os aspectos e sob Devemos alimentar, c-omo maranhenscs, as mais sóli-
qualquer aspecto de luz é que lhe será possível alcançar a das esperanças de que o nosso esforçado e talentoso es-
maestria, sem impaciência e sem filância. tudante de hoje venha a ser, amanhã, um dos mestres da
Admissível trabalhador, esse rapaz! paisagem.
Diante de uma c:ipacidade de trabalho assim não se É minha convicção pessoal que o Porciúncula, traba-
pode ficar sem entu iasmo, porque ela é uma indubitável lhando corajosamente como trabalha, alcançará em curto
expressão de energia, de honestidade, coisa absoluta- tempo a meta das suas aspiraçõe artí'>ticas, a consagra-
mente valiosas em qualquer artista, principalmente nos que ção como paisagista que tanto amb1i:1ona. Como não de-
começam. vemos de crer nas vocações como a desse rapaz, servidas
Isto posto, vejamos se Porciúncula de Moraes traba- por 1ão clara idéia de que a perfeição só se atinge lutando,
lha cm vão, se essa força de vontade não obtém qualquer t.Om denodo. contra todos os obstáculos? Por certo a sua
coisa de invulgar, ajudada pela inteligência. pintura já é alguma coisa mais do que o simples en aio e
A convicção de quem aprecia as suas paisagens é de inspira confiança na !.Ua trajetória.
que ele é já um e perançoso paisagista, não só no sentido ANTÔNIO LOPES
de quem fixa a nature7Ál como de quem a traduz, iluminan- (Pacotilha, 21/6/1921, p. I ).
do-a com um reflexo d' aima.
Posto diante de um dos estudos que trouxe do Pindaré PORCIÚNCULA DE MORAES
e que na maioria se destacam pela bravura com que o pin-
tor venceu as ingentes dificuldades da luz terrivelmente Embarcando amanhã para o Rio. o jO\em artista patrí-
violenta do nosso ambiente, ninguém há que não diga cio trouxe-nos as suas despedidas. Retribuindo cordial-
i.erem aquelas manchas, de uma realidade intensa, repre- mente o seu abraço, desejamos-lhe próspera viagem. (Pa-
sentando fielmente e até com felicidade, não raro, os as- cotilha. 23/6/192 1, p.4).

VQ) 309 ~
LUIZ DE MELLO

O ÚLTIMO BEIJO FICA EM SÃO LUÍS lhão de bronze com a efígie do grande literato mararú1ense
Aluísio Azevedo.
O jovem pintor Porciúncula de Moraes acaba de, um Esse medalhão foi ofertado àquele estabelecimento pela
gesto de larga visão, oferecer à classe estudanti l mara- Municipalidade desta capital e é trabalho do escu ltor ma-
nhense o seu lindo quadro Último Beijo, que lhe deu en- ranhense Celso Antônio.
trada no Salon de 1920, do Rio, o que equivale a dizer que, Somos gratos ao digno diretor da Biblioteca, Sr. Do-
além de ser sua estréia, foi também a do Maranhão naquele mingos Perdigão, pelo convite que nos fez para assistir-
certame artístico. mos àquela solenidade. (Diário de S. Luiz, 3/8/1921, p.3).
A formosa tela, sobejamente elogiada pelas sumidades
da Arte de Rubens, será colocada na sala de honra do ALUÍSIO AZEVEDO
novo edifício da Escola Modelo Benedito Leite. UM MEDALHÃO NA BIBLIOTECA PÚBLICA
Não podia deixar de ser esse o gesto de Porciúncula:
essa produção, que muito lhe honra, pertence ao Maranhão,
Amanhã, às 9 horas, será solenemente inaugurado num
e por isso jamais devia sair de suas fronteiras.
dos salões de leitura da Biblioteca Pública do Estado, um
- Para tomar o encargo de promover a inauguração, o
lindo medalhão, bronze de Celso Antônio, o jovem e já
pintor maranhense constituiu uma comjssão - Fran Paxe-
vitorioso escultor maranhense, com a efígie do grande es-
co, Lourenço Moraes, Antônio Lopes, Dr. Franco de Sá,
critor conterrâneo Aluísio Azevedo - o autor glorioso d' O
Nascimento Moraes e João Luiz da Silva, da qual o último
Mulato.
será o detentor do quadro até o momento oportuno. (O
Essa homenagem é prestada àquele beletrista pelo Mu-
Jornal, 25/611921, p.l).
nicípio da capital, que tomou essa iniciativa por lembrança
do Sr. Luiz Cunha.
EUCLIDES MARINHO ARANHA e família, retirando-
Somos gratos ao diretor da Biblioteca, pelo convite
se para o Pará, despedem-se dos seus amigos, pedindo-
lhes desculpas de não lhe fazerem pessoalmente, em vista que nos dirigiu para tomar parte da solenidade. (O Jornal,
da presteza da viagem. (O Jornal, 28/6/ 192 l, p.2). 3/8/1921,p.l).

REGISTRO ELEGANTE ALUÍSIO AZEVEDO

Transcorre amanhã a data genetlíaca do Sr. Telésforo Amanhã, às 9 horas, será inaugurado, no salão nobre
de Moraes Rego, funcionário do Gabinete de Identifica- da Biblioteca Pública, o medalhão de bronze, com a efígie
ção. Os seus amigos preparam-lhe significativa manifesta- do saudoso escritor Aluísio Azevedo, ofertado pela Pre-
ção. (O Jornal, 2on1 1921, p.2). feitura desta capital.
Para assistir a essa solenidade veio o diretor da Biblio-
LEVY DAMASCENO e famíl ia comunicam-nos que teca, Sr. Domingos Perdigão, pessoalmente convidar-nos.
transferiram a sua residência para a Rua Henriques Leal (Pacotilha, 3i811921, p. l).
(antiga Direita), onde aguardarão ordens. (O Jornal, 29nt
1921,p.1). ALUÍSIO AZEVEDO

GRUPO TALMA Conforme noticiamos ontem, reabzou-se boje, pela ma-


nhã, na Biblioteca Pública, a inauguração do medalhão de
Reabzou-se sábado o espetáculo de estréia do Grupo bronze, oferecido pela Prefeitura, com a efígie do grande
Talma. escritor patrício Aluísio Azevedo.
Os dirigentes do novel núcleo teatral não esperavam À cerimônia, que foi imponente, compareceu grande
alcançar tão grande sucesso. Cerca de trezentas pessoas número de pessoas, além de diversos colégios, várias re-
encheram os salões do prédio da Rua dos Afogados, 16, presentações e autoridades.
onde se realizou o espetáculo. Tão grande foi a enchente
Oraram os Srs. Domingos Perdigão, agradecendo a ofer-
que algumas famílias foram obrigadas a voltar, não tendo
ta, o capitão Luso Torres, em nomeda Prefeitura, e Domingos
ensejo de apreciar a hilariante burleta em 2Atos- O Ani-
Barbosa, que presidiu a sessão. (Pacotilha, 4/8/1921, p. I ).
vers6rio- original de Lauro Serra.
O desempenho da peça, em se tratando de amadores,
NA BIBLIOTECA PÚBLICA
não podia ser melhor, salientando-se as senhoritas Alfre-
dina Champoudry, Bembém Cardoso e IzaJtina Monteiro. HOMENAGEM A ALUÍSIO AZEVEDO
É digna de nota a confecção do cenário, a cargo do
hábil e competente cenógrafo Evandro Rocha, cujos es- Como fora noticiado, realizou-se hoje, às 9 112 horas, em
forços e dedicação à arte que adotou são sobejamente uma das salas da Biblioteca Públíca, a inauguração de um
conhecidos. (Diário de S. Luiz, Jº/81192 1, p.3). lindo bronze de Celso Antônio, representando a efígie do
grande escritor maranhense Aluísio Azevedo.
ALUÍSIO AZEVEDO O ato, que se revestiu da maior simplicidade, foi presidi-
do pelo capitão Luso Torres, ladeado pelos Srs. Domingos
Amanhã, às 9 horas, será solenemente inaugurado, no Barbosa, secretário do Interior, Dr. Teodoro Rosa, secretário
salão de leitura da Biblíoteca Pública do Estado, o meda- da Justiça, Artur Paraíso, inspetor escolar e Fran Paxeco.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Aberta a sessão, usou da palavra o Sr. Domingos de O paraninfo, capilão Luso Torres, produziu bela ora-
Castro Perdigão que pronunciou umas belas palavras alu- ção estudando os benefícios prestados à sociedade pela
sivas ao ato. máquina de escrever.
Em seguida falaram os Srs. capitão Luso Torres e Do- Seguiu-o, na tribuna. a professora Odi7e Estrela, ora-
mingos Barbosa, que se congratularam mutuamente por dora da turma que discursou elogiando a ação da profes-
aquela homenagem muito simples, porém bem significati- sora da escola, a quem ofereceu um mimo e um buquê de
va, prestada à memória do ilustre romancista. ílores naturais, em nome de seus colegas.
Também usou da palavra uma das alunas do Instituto A diretora Olga Serra de Berredo agradeceu a manifes-
Rosa Nina, e que foi bastante aplaudida. (O Jomal, 4181 tação.
1921,p. I).
Dr. Aquiles falou encerrando a sessão.
Seguiu-se animado baile que se prolongou até às 2
CENTRO ARTÍSTICO
horas da manhã.
Realiza-se hoje, na sede do Centro Artístico, a inaugu- - Acha-se exposto na montra da Notre Dame o quadro
ração do retrato do operário Filomeno Yitor Vieira, ladeado dos diplomandos - estenodatilógrafos da Escola Reming-
pelos Srs. João Luiz da Silva e Manoel José Maya, inicia- ton (3ª turma).
dores da Águas a Ribamar. (O Jomal, 41811921, p. l). É um trabalho que recomenda a Casa Paula Barros que
o confeccionou, com fotografias do Sr. Guilherme Matos.
A FITA (OJomal, 16/8/1921,p.l).

Comemorando a 1 1 do corrente os seus nove anos de CELSO ANTÔNIO


vida, A Fita apresentar-se-á a rigor, nesse dia, com uma
bela capa colorida, desenho de Rubens'. O Sr. Celso Antônio exporá no Salon deste ano quatro
As seções de costume serão ilustradas com clichês excelentes trabalhos: A/11vitío, Canr;tío da Saudade, Leo-
alusivos. A colaboração como sempre, abrilhantada nes e nor (busto), e Pensamento de Mulher. Todos são muitíssi-
número por Domingos Barbosa, Corrêa de Araújo, Arlindo mo apreciados, principalmente os dois primeiros. (Pacoti-
Martins, Elesbão Júnior e outras penas conhecidas.(...) (O lha, 18/8/1921,p.l).
Jomal, 6/811921, p. l ).
ANTÔNIO LOBO
ESCOLA REMINGTON
Tendo o escultor Celso Antônio comunicado à Comis-
Convidamos, por este meio, todos os alunos desta es- são Pró-Busto de Antônio Lobo que a herma do inesque-
cola, inclusive os licenciado!., bem como suas famílias, para cível polígrafo maranhense já se acha, há mui10, na fundi -
com a sua presença darem o devido realce à solene entrega ção, e que está disposto a prorrogar o prazo para o recebi-
de diplomas à 3ª turma de datilógrafos pela Remington nes-
menlo do busto pela Comissão, mediante o pagamento ela
te Estado, às 20 horas, no Casino Maranhense.
última prestação, representanles da União Sílvio Romero
São Luís, 13-8-1921
reuniram-se com o zeloso tesoureiro do aludido comitê,
Olga Serra de Berredo
combinando os meio de angariar a quantia precisa para a
Antônio César de Berredo
conclusão do pagamento. A Revista Mara11he11se prontifi-
(0 Jornal, 13/81192 1, p. l).
cou-se a cooperar na colheita de donativo e promoção de
A EXPOSIÇÃO benefícios. (Pacotilha, 3/9/192 1, p.4).

O Governo do Estado comissionou o diretor da Biblio- EXPOSIÇÃO


teca Pública, Sr. Domingos Perdigão para fazer propagan-
da do serviço da Exposição Estadual, que se realizará pelo Acha-se em exposição numa das vi trines da Notre Dame
Centenário da Independência Nacional. (O Jomal, 13/8/ o retrato do capitão Aurélio Nogueira, trabalho da Casa
1921 ,p.2). Paula Barros, e que será oferecido àquele oficial pelos seus
amigos. (OJomal, 10/9/1921, p.4).
A FESTA DA ESCOLA REMINGTON
MOLDURAS DE CEDRO
Com uma assistência vultosa e seleta realizou-se sába-
do, no Casino. a fe ta de se importante estabelecimento Encontram-se de primeira qualidade e gosto varia-
de ensino datilo-estenográfico. dos na
A sessão teve início às 20 112 horas, sob a presidência CASA PAl TLA BARROS
do Dr. Aquiles Lisboa, que proferiu ligeira, mas vibrante RUA NlNA RODRIGUES N"23
alocução. MOLDURAS BRANCAS
Foi feita a entrega de 24 diplomas de datilógrafos e um
A CASA PAULA BARROS recebeu variado sortimen-
de estenógrafo. to, delicado e de bom gosto, de todas as larguras deseja-
das, a preços reduzidos. - Rua Nina Rodrigues 23. - Tele-
Traia-se de Rubens Damasceno, filho do pinror Levy Damasce-
fone 196. (Pacotilha, 13/9/1921, p.4).
no Ferreira.

~ 3 11 ~
LUIZ DE MELLO

GRUPO TALMA Ao ilustrado viajante patrício os nossos almejos de


bom êxito. (Diário de S. Luiz, 8/ 10/1921 , p.3).
(NOTA: sobre mais uma representação da comédia Ora,
me agiiente, de Lauro Serra). UM PINTOR
( ... )Ora, me agüente é passada na Avenida Maranhen-
se; o pano principal foi pintado pelo Sr. Evandro Rocha, Belém, 6- (O JORNAL)- Com destino ao Maranhão,
que é merecedor de francos e logios pelo seu trabalho per- seguiu no Acre o pintor José Wasth Rodrigues. (O Jornal,
feito e verdadeiramente original.(...) (Diário de S. Luiz, 15/ 8/ 10/192 1, p. I ).
9/ 192 1, p.3).
PINTOR
NOTAS MUNDANAS
Visitou-nos sábado, chegado do Pará, aonde fora em
Aniversaria hoje o Sr. José Mercedes Gomes, professor busca de documentos históricos da época colonial, o pin-
de aula de desenho do Centro Artístico e fundador do Ins- tor José Wasth Rodrigues, que entreteve conosco demo-
tituto deAJtes São José. (Diário de S. Luiz, 24191 192 1, p.3). rada palestra.
Em rápido passeio pela cidade, o jovem arusta notou
BUSTO várias de nossas construções cm que ainda se conserva o
estilo antigo, tendo mesmo percorrido a Biblioteca, mos-
No intuito de favorecer a rápida conclusão do busto trando-se encantado com a coleção de gravuras que ali se
de Antônio Lobo, o querido e saudoso escritor e jornalista guardam, as quais julga djgnas de melhor e mais próprio
patrício que muito merece o nosso apreço e mais que sin- acondicionamento.
cera gratidão; e tendo a Comissão Pró-Busto, aqui, recebi- Agradecemos a visica, augurando ao Sr. Rodrigues êxj-
do do escultor Celso Antônio, notificação de que a obra se to completo na sua excursão, que nos permitirá a sua per-
acha c m mãos do fu ndidor, carecendo apenas ser paga a manênc ia aqui por oito dias. (O Jornal, 10/ 1OI 192 1, p.2).
importância de dois contos de réis para poder ser enviada,
premeditou-se conseguir benefícios, sendo que o primei- F. A. CLUBE
ro, constante de um festival lítero-musical, do qual aliás já
falamos, terá lugar na próxima sexta-feira, 7 do corrente, à Realizar-se-á amanhã, 15 do corrente, uma soirée ínti-
noite, no salão nobre do Casino Maranhense, num gesto ma na sede deste clube, pelo motivo do 15º aniversário da
digno, gentilmente cedjdo para esse fim. sua fundação, sendo nesta ocasião inaugurado no salão
Abrirá a sessão o nosso diretor Antônio Lopes, que, nobre o retrato do seu falecido keeper Roberto Medeiros.
numa interessante palestra, dirá do ilustre morto, do ho- Gratos pelo convite que nos enviaram. (O Jornal, 14/
mem de letras que foi Antônio Lobo. 10/1921 , p. I).
A pnrte musical, cujo programa confeccionado a capri-
cho, será devida ao critério do aprec iado maestro Alberto NO F. A. C.
Falcão, está a cargo do mesmo Sr. Falcão e mais do Sr. José
Silva, os quais farão números de violino, e senhoritas Je- Vai ser, decerto, um verdadeiro triunfo a fes ta que o
suínaAmaral eAldenoraAmorim que se exibirão ao piano. veterano dos nossos clubes desportivos realizará hoje,
A professora Sinhazinha Carvalho dará também o seu con- oferecida aos seus associados na sua e legante sede, na
curso a essa parte do festival. Rua Osvaldo Cruz.
Os números literários serão apresentados pelos Srs. Ante da soirée, será inaugurado no salão nobre do
Assis Garrido e Antônio Vasconcelos, nosso companhei- clube o retrato do inditoso arqueiro Roberto Medeiros,
ro de trabalho, rapazes de mérito comprovado e já conhe- que por muito tempo defendeu as cores do tricolor. (O
cidos do nosso meio, e que recitarão diversas produções Jomal, 15/10/ 192 1, p. L).
escolhidas.
Será portanto, esse, um festival de nota, quer pelos NOS SALÕES DO F. A. CLUBE
elementos que a ela concorrerão com o seu apreciável es-
forço, quer pelo fim a que se destinam os seus lucros. E Comemorando ontem o seu 15º ani versário de funda-
como nosso público sabe sempre acolher as belas iruciati- ção, ofereceu o nosso veterano uma soirée aos seus asso-
vas, não pode haver dú vidas também sobre o êxito dessa ciados, e que foi mais uma nota chique nos anais da histó-
noitada verdadeiramente artística, o que se vê claramente ria desse valoroso clube. pelo tom seleto de que se reves-
pela grande aceitação que têm obtido os cartões. (Pacoti- tiu essa encantadora festa.
lha, 4110/ 192 1, p.4). Às 22 horas, precisamente, o no o companheiro Her-
mínio Belo, delegado pela diretoria do tricolor, produziu
ARQUITETURA COLONIAL uma bela alocução alusiva à data que se festejava e tam-
bém sobre a inauguração que o clube fazia nessa ocasião,
Deu-nos o prazer de sua visita o Sr. José WastJ1 Rodri- no seu salão nobre, do reLrato do inolvidável arqueiro
gues, exímio pintor paulista que viaja pelo Norte do País Roberto Medeiros.
estudando a arq uitetura colonial do Brasil, pretendendo Ao terminar, foi o nosso companheiro vivamente pal-
publicar uma obra ilustrada sobre tão importante assunto, meado, seguindo-se ru nda, sob estrepitosa salva de pal-
por ocasião do Centenário da Independência, em 1922. mas, o desvcndamento do quadro que continha o recrato.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

envolto na bandeira do clube, pela interessante Anica Jor- O Sr. Bidico de Rodrigues, promotor inveterado de la-
ge, ao som do hino do clube, cantado por um grupo de pas natalinas, prepara para este ano, na sua residência,
sócios, com acompanhamento de orquestra. Rua de Santo Antônio, 24, um presépio babilônico, com
Em seguida, deu-se começo ao baile que <;e prolongou desenhos do pintor Raban, onde exporá curio!>OS traba-
até a madrugada, sempre com o mesmo brilho. lhos, para os quais, desde já, chama a atenção dos apreci-
Impossibilitado de comparecer às festas, por motivo adores. (O Jornal, 27110/ 1921, p.2).
de moléstia, o Sr. Joaquim M. A. Santos, pre idente do F.
A. C., fez-se representar pelo Sr. Antero Matos, membro da ESCOLA NORMAL PRIMÁRIA
diretoria.
Que sejam sempre nesse diapasão sublime e belo as Resultado dos exames de desenho do 1° ano, realiza-
festas que o veterano do futuro venha a proporcionar aos dos no dia 26: ( ... )
seus associados, são os nossos votos. ( ...) Compuseram a mesa de desenho os professores
Tocou no bai le o conjunto musical do maestro Pedro Luiz Ory, Levy Damasceno e Apolônia Ferreira, e a de gi-
nástica os profe sores João da Mata Lopes, Carmem Mon-
Gromwell.(OJoma/, 17/ 10/ 1921 ,p. l).
teiro da Silva e Elvira Santiago. Fiscalizou os atos o Sr.
João Cunha, em substituição ao Dr. Cesário Veras que, por
PARTIDAS E CHEGADAS
motivo de moléstia, não pôde comparecer. (O Jomal, 291
10/1921, p.4).
( ... ) Volveu ontem para Pernambuco o Sr. José Waslh
Rodrigues, distinto pintor que andava pelo Norte angari-
ESCOLA NORMAL
ando telas coloniais para a obra que pretende apresentar
pelo Centenário. (Pacotilha, 18/ l O/ 192 1, p. l ). Resultado dos exames de ontem: Música do 3° ano:
Dila Moreira, Maria L. Gallas, Neide Salgado, aprovados
RETRATO com distinção, grau 10; Luiz M. Rego e Rubens D. Ferrei-
ra, aprovados plenamente, grau 9.
Foi alvo de significativa homenagem anteontem, por Desenho do 2º ano: - Dália S. Martins, H elof.rn D. Fer-
parte dos empregados do Matadouro, pela data do seu reira. Jesuína A. Matos, Maria C. Moreira, Mavilde Ma-
aniversário natalício, o Sr. Edgar Figueira, figura de desta- chado, Maria B. Gomes e Maria L. Li!>boa, aprovadas ple-
que no nosso meio social e competente di retor daquele namente, grau 9; Hadjine Lisboa, lracema Barbosa, Joa-
estabelecimento. quim M. Menezes, Librisa Cantanhede, Maria L. Carvalho
A sua chegada, acompanhado de alguns dos seus ad- e Mariana Mendes, aprovadas plenamente, grau 8; Nise
miradores, foi anunciada por uma alva de 21 tiros e por Soares, aprovada plenamente, grau 7.
estrondosa salva de palmas de seus subordinados, falan- Esteve presente à primeira o Dr. Cesário Veras, servin-
do, nessa ocasião, um empregado, oferecendo-lhe o seu do de examinadores os professores Adelman Corrêa, Lau-
retrato a crayon, obra de Paula Barro , para figurar na sede ra Ewenon e Ayrine Oliveira, e da segunda os professores
da casa de sua famfüa, sua surpresa à Exma. esposa, pre- Luiz Ory, Levy Damasceno e Apolônia Ferreira, e como
sentemente no Rio de Janeiro, em busca de melhoras para fiscal o Sr. João Cunha.(...) (0 Jornal, 8/ 11/1 92 1, p.4).
sua saúde. Depois falou o homenageado agradecendo
aquela prova de estima e gratidão dos seus empregados e DR. URBANO SANTOS
hipotecando-lhes a sua estima e apoio.
Na montra da Notre Dame, na Praça João Lisboa, o
Realizou-se a seguir o banquete quando usou da pala-
pintor Paula Barros acaba de expor um lindo retrato a óleo,
vra o nosso confrade Antônio Lopes, enaltecendo a sua
tamanho natural, desse nosso preclaro conterrâneo.
capacidade de administrador competente e trabalhador, le-
Dizer que esse trabalho é bem-acabado. toma-sedes-
vantando nessa ocasião o brinde de honra à sua família o
neces ário diante da assinatura do quadro. cujos créditos
Sr. Edison Brandão. Agradeceu. comovido, o homenagea-
estão assegurados nos meios anísticos do Norte, onde
do. (OJomal, 20/10/192 1, p.J).
são inúmeras as telas expostas pelo JOvcm pintor.
Por se tratar de um quadro digno de demorada contem-
OS PRESÉPIOS
plação pelo colorido, expres<;ão e minuciosidade em deta-
) hes, recomendamo-lo à curiosidade pública. (0 Jomal,
Aí vem o Natal envolto na tradição das velhas lendas. 10/11/ 1921, p.4).
Com o mês festivo de dezembro. os corações infantis
desabrocham em sorrisos de esperanças de novos pre- DR. URBANO SANTOS
sentes, e a gente velha alonga a vista baça a perscrutar o X
das manhãs duvidosas. É e perado amanhã da Capital Federal, acompanhado
Todos se alegram, no entanto. de sua família, o Dr. Urbano Santos da Costa Araújo, pre-
Pela cidade, à noite, quando o bruá do movimento amor- claro presidente do Estado e candidato da convenção na-
tece, já se escutam os descantes pastoris; anda um estra- cional à vice-presidência da República.
Jejar de castanholas e um tinir de pandeiros dentro daqui- Os seus correligionários e amigos preparam-lhe festi-
etude das noites. va e carinhosa recepção, prestando-lhe assim justas ho-
Os presépios já se arquitetam na mistifórica combina- menagens a que com prazer nos associamos.(... ) (0 Jor-
ção de absurdos e de impropriedades. nal. 10/ l l/192 1, p.4).
LUIZ DE MELLO

UM ARTISTA NO CENTRO ARTÍSTICO

Na vitrine da Notre Dame, expõe-se à curiosidade pú- Comemorando o regresso do Dr. Urbano Santos, o Cen-
blica um retralo a óleo do Dr. Urbano Santos, presidente tro Artístico Operário Eleitoral Maranhense, Grêmio dos
do Estado, em tamanho naturaJ. Maquinistas e União dos Foguistas levaram a efeito on-
É seu autor o conhecido artista patrício Paula Barros, tem, às 19 horas, em sua sede, a sessão solene anunciada.
pintor, exímjo manejador do pincel e do lápis. Paula Barros, Abriu-a o deputado Nilo Pinzon, que convidou o Dr.
que hã sete anos fixou residência nesta capital, soube con- Urbano Santos para presidi-la.
quistar a admiração da nossa gente desde a sua estréia, na Fizeram-se ouvir então os Srs. João Vitor Ribeiro, pela
exposição de quadros feita em princípios de J 9 J 5, no salão União Operária; José Monteiro, pela União dos Foguis-
da Fotografia Popular do Sr. Gregório Pantoja. tas; Salustiano Faria, pelo Grêmio dos Maquinistas; Ân-
Daí nasceu a simpatia, a admiração do pintor, filho da gelo de Magalhães e João Procório, pelo Centro Artístico
terra de lracema, natural da terra do Sol, do heróico torrão e vários outros oradores.
cearense. A assistência foi numerosa, estando as amplas salas
Apareceram entusiastas admiradores da Divina Arte ornamentadas com elegância e gosto. (O Jornal, 1411 II
de Apelles, de Pedro Américo; e o recém-vindo, tomado de 1921,p.l).
altruísmo, estimula os enamorados da arte das cores, cri-
ando um curso de pintura no salão da antiga Biblioteca DR. URBANO SANTOS
Pública, onde é hoje a Escola Bequimão.
Discípulos de ambos os sexos aprenderam ali as no- No salão do banquete oferecido pelo Partido Republi-
ções basilares da música das cores. cano viam-se artísticos escudos com os nomes dos muni-
Da modesta quanto útil escola de pintura saíram fo- cípios do Estado.
gueiras esperanças que hoje, no Sul, na Capital da Repú- Todos os municípios se fizeram representar no ban-
blica, cursam com amor e fé a Escola de Belas-Artes. quete.
Dentre os seus discípulos destacam-se os jovens pin- O Dr. Urbano Santos reassumiu ontem, às 14 horas, o
tores Evandro Rocha, José Rodrigues e Newton Pavão. Governo do Estado.
O quadro fo i adquirido pelo Sr. Joaquim Rodrigues,
diretor da Recebedoria, e será oferecido ao Dr. Urbano EDEN
Santos brevemente.
Eis, em traços ligeiros, quem é o autor do belo quadro - Revestiu-se de todo o esplendor a festa de ontem, no
exposto na vitrine da Notre Dame. Paula Barros, não obs- Eden.
tante os seus muitos afazeres nestes dias de crise, nos quais Estava repleta essa bela casa de espetáculos, quando
a vida prática nos estafa, exaurindo-nos as energias - é a ali chegou o Dr. Urbano, que foi recebido ao som do Hino
mesma alma de artista. (Diário de S. Luiz, 11/J 111921 , p.2). Nacional e dç estrepitosa salva de palmas.
O Grupo Tal ma desempenhou, com gerais aplausos, as
JOSÉ RODRIGUES duas interessantes composições de Lauro Serra - O Ani-
versário e Ora, me agüente.
No Rio de Janeiro, onde estuda na Escola de Belas- Terminou o espetáculo com uma linda apoteose ao Dr.
Artes, a expensas do Estado, foi aprovado no primeiro ano Urbano, cujo retrato, em tamanho narural, apareceu em
de pintura, alcançando o segundo lugar entre os trinta cena, todo circulado por focos de luz elétrica.
examinandos, o nosso inteligente e jovem conterrâneo A numerosíssima assistência, de pé, ovacionou entu-
Zezieo Rodrigues, estimado filho do Sr. Joaquim Rodri- siasticamente o eminente patrício, que ao espetáculo as-
gues, esforçado diretor da Recebedoria do Estado. sistiu com sua família. (0 Jornal, 15/11/1921, p.1).
Que, com mais otimismo e talento estude a arte de sua
predileção para felicidade sua e honra da cultura mara- 24º DE CAÇADORES
nhense, são os nossos desejos. (Diários de S. Luiz, 14/11/
1921,p.3). Na 2ª Companhia foram solenemente inaugurados, por
iniciativa dos inferiores e praças, os retratos de Deodoro
T~S QUADROS da Fonseca, Benjamin Constant, Floriano Peixoto e Her-
mes da Fonseca.
Acham-se em exposição na Casa Pantoja, na Rua Os- Também por iniciativa dos tenentes Romariz e Lan-
valdo Cruz, os retratos, em ponto grande, de Benjamin gleberto, foi inaugurado na 3ª Companhia o retrato do
Constant, Floriano Peixoto e Hermes da Fonseca, três gran- marechal Hermes da Fonseca. (Diário de S. Luiz, 16/11/
des vultos do Exército Nacional, a sentinela avançada das 1921,p.3).
instituições republicanas no nosso país.
Esses retratos, trabalhos a crayon daquela acreditada A INAUGURAÇÃO DO NOVO EDIFÍCIO DA
casa, acham-se em ricas molduras e foram adq uiridos pelo ESCOLA MODELO BENEDITO LEITE
primeiro sargento Boaventura e demais praças da 2• Com-
panhia do 24º Batalhão de Caçadores, onde serão solene- Realizou-se ontem, às 1Ohoras, o ato inaugural do sun-
mente inaugurados amanhã, 33º aniversário da Proclama- tuoso edifício em que vai funcionar a Escola Modelo Be-
ção da República. (Diário de S. Luiz, 14/1 l/1921 , p.3). nedito Leite, mandada levantar pelo presidente Urbano

<VQ) 3 14 <VQ)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Santos nos terrenos do anúgo Palácio das Lágrimas, cons- úl<imos raios. Não podemo~ perceber quais sejam os pri-
trução centenária jamais ultimada. meiros, nem quais sejam os últimos, porque permanecem
As amplas salas foram pequenas para agasalhar a mes- na mesma posição. beneficiando quantos se aproximam
ma assistência à solenidade, destacando-se pelo número e dele. Eterno, dentro do seu jogo de séculos, o pintor man-
seleção, o elemento feminino. da, por meio desta imagem, às crianças da terra estremeci-
O Dr. Brito Passos, diretor das Obras Públicas, fez en- da, os melhores desejos de que nunca a desampare o astro
trega da chave de ouro do edifício, oferta dos operários vivificador, o decidido voto de que ele, o princípio da vida,
que trabalharam na sua construção. concorra para fazê-la próspera, tomando as crianças feli-
Receberam-na as alunas Constância Pereira, Técica zes, no gozo de uma paz reparadora.
Aracy, Hildenê Souza, Noêmia Viana e a professora Hcrmí- A todos agradeceu, por fim, o Dr. Urbano Santos, cm
nia Soares. comovidas palavras, salientando a urgência de o Maranhão
A seguir foi feita a oferta do quadro em que se viam os possuir um prédio digno, por todos os títulos, de fino edu-
retratos dos Drs. Benedito Leite e Urbano Santos. cador. Frisou ao mesmo tempo a necessidade inadiável de
Fran Paxeco, nosso confrade, foi portador do quadro. se decretar a refonna do ensino primirio.
prêmio de Sa/011, de Porciúncula de Moraes, destinado a - Os presentes foram convidados a visitar as depen-
um dos salões do edifício. dências da casa. distribuindo o Dr. Brito Passos, nes a
O Dr. Urbano Santos, com a fluência que lhe é peculiar, ocasião, doces e cartões po tais parn as crianças.
agradeceu a homenagem que lhe acabava de ser tributada. O prédio, artisticamente iluminado, produlia um belo
As alunas cantaram hinos patrióticos. efeito.
Durante o dia e parte da noite a visitação ao prédio foi Durante a cerimônia. no resto do dia e à noite, acorre-
vulto a.(OJomal, 16/ll/1921,p. I). ram ali inúmeros visitantes, tocando a banda do Corpo
Militar.
A ESCOLA MODELO São dignos de elogios, pelos seus esforços e boa von-
tade. os Srs. Dr. Brito Passos, Carlos do Nascimento, autor
Inaugurou-se ontem, com toda a pompa, o novo edifí- da planta do edifício, dirigente da construção, e Joaquim
cio construído pelo Estudo para a furura sede da Escola Santos, mestre-de-obrns. (Pacotilllú, 16/11/1921, p.4).
Modelo Benedito Leite.
O ato, ansiosamente esperado por toda a população, UM TRABALHO DE ARTE
atraiu uma enonne concorrência, notando-se, além do Dr.
Urbano Santos e famOia, Dr. Raul Machado, capitão Luso Esteve sábado na nossa redação o Sr. Clarindo Cabral,
Torres, prefeito do Município, mon enhor Galvão, gover- conhecido ourives estabelecido nesta cidade, e que nos
nador do Bispado, os secretários da Fazenda, Interior e mostrou um trabalho de sua oficina.
Justiça, comandantes cio 24" BC e do Corpo Militar, muitas É um Cristo crucificado, com todos os martírios da Pai-
outras autoridades. pessoas gradas, comissões de repre- xão. O trabalho que é feito de ouro e prata, tem o melhor
sentação, escolas e grande massa popular. aspecto e denota habilidade e esforço do anista que o
A solenidade teve início às 10 horas, cantando os alunos produziu.
presentes o Hino Nacional, acompanhados por uma excelen- Acha-se em exposição no mostrador da Notre Dame.
te orquestra composta de conceituados professores. Disse-nos o Sr. Clarindo que o trabalho é uma oferta
Tomou a palavra, então, o Dr. Brito Passos, que num !>Ua à Sra. Inês Cabral, filha do conhecido artista major
belo discurso historiou a construção do prédio, tecendo Franklin Cabral.
encômios ao presidente do Estado pela iniciativa e pelo O Sr. Clarindo Cabral tem em vista, segundo nos afir-
esforço empregado em realizá-lo. Entregou depois ao Dr. mou, produzir outros trabalhos de fino gosto quando for
Urbano Santos duas chaves: uma de ouro, oferecida pelos de sua viagem à Capital da República onde pretende expô-
operários que construíram o prédio, e outra de metal. que é l0s. (Diário deS. Luiz, 2 1/1 1/ 192 1, p.3).
a do edifício. A seguir descobriu o retrato dos Drs. Be-
nedito Leite e Urbano Santos, ambos ofertados pelos pro- EXPOSIÇÃO DE PINTURA
fessores e alunos da Escola Modelo.
Fala Fran Paxeco, em seguida. Começa por dizer que a Inicia-se hoje, no salão do Centro Artístico, durando até
comissão Depositária, à qual pertence, o incumbiu de ofe- o dia 17 do corrente, a exposição do pintor Jost Mercedes
recer ao Estado um belo quadro do jovem pintor Raimun- , Gomes, já conhecido, aliás, das nossas rodas artísticas.
do Porciúncula de Moraes. Chamou-lhe - O /Í/timo beijo. Decerto o público apreciador da boa pintura acorrerá
Se, ao traçar o lindo painel, pensasse o destino a conferir- ao local da exposição, na ansiedade de avaliar os méritos
lhe, por certo que lhe daria o nome - Primeiro beijo, pois de Mercedes Go.nes. (Pacotilha, 2/12/192 1, p.4).
esse é o que mais convém às crianças. Receberiam. nessa
interpretação estética, ao vir para a vida, o primeiro beijo EXPOSIÇÃO
matemo - ao entrar na escola o primeiro beijo do saber.
Mas o artista filiou-se à escola simbolista e. segundo ex- O pintor amador José Mercedes Gomes teve a genti le-
plicou, a sua tela representa o derradeiro ósculo do sol. za de nos convidar para amanhã assi tim1os à inaugura-
concordemos. A verdade, porém, está em que o grande ção da exposição de trabalhos de seus alunos do Centro
mago das esferas siderais só por uma ilusão dos nossos Artístico Operário Eleitoral Maranhense.
estreitos sentidos, ao cair num lento ocaso, nos envia os Gratos. (OJoma/, 3/121 1921, p.4).

~ 315 ~
LUIZ DE MELLO

CENTRO ARTÍSTICO PRESÉPIOS


EXPOSIÇÃO DE PINTURA
É hoje que se abre à visitação pública o artístico presé-
Do Sr. José Mercedes Gomes, pintor amador e profes- pio que o nosso confrade Bidico de Rodrigues confeccio-
sor de pintura do Centro Artístico, recebemos gentil con- nou em sua residência, na Rua de Santo Antônio nº 24.
vite para, a 4 do corrente, domingo, assistinnos à exposi- - Como nos anos anteriores ficará, de amanhã em dian-
ção dos seus trabalhos, das 8 às 17 horas. te, em exposição na Rua Dr. Rodrigues Fernandes, 29, um
O Sr. José Gomes é antigo aluno da nossa Escola de belo presépio feito a capricho pelo cenógrafo José Merce-
Aprendizes Artífices, há meses contratado para dirigir a des Gomes. (O Jornal, 24/1211921,p.4).
escola de pintura daquele Centro, em sub tituição ao jo-
vem pintor maranhense Evandro Rocha. (Diário de S. Luiz, REGISTRO CIVIL - CASAMENTOS - DIA 22
3/12/1921,p.2).
Tclésforo de Moraes Rego e Carmem Nina Parga Ro-
CENTRO ARTÍSTICO drigues. (Pacotillza, 24/12/ 1921, p.2).

CHEGADA
Esteve imponente a festa do primeiro ano, realizada
ontem no Centro Artístico, onde foram postos em exposi-
Pelo vapor Pará chegaram para a companhia de seu
ção importantes trabalhos de pintura dos aplicados alu-
pai, o pintor Paula Barros, os jovens paracnscs Murilo e
nos, mostr::indo assim o muito aproveitamento e a boa di-
Rembrandt, que vêm se matricular no nosso Liceu Mara-
reção daquele estabelecimento de ensino. nhense. (O Jomal, 2/1/1922, p.4).
Dos inúmeros trabalhos mostrados ao público distin-
guiam-se, pela perfeição e arte, os seguintes: O TEATRO ARTHUR AZEVEDO
Sagrado Coração de Jesus, de Domingos Dias; Cabe-
ça de S. Tomás, de João Pedro da Cunha; Sobremesa de O velho Teatro São Luiz, que recebeu o nome do gran-
melancia, de Raimundo Gonçalves; O pôr do sol e uma de comediógrafo maranhense, cuja memória nos é tão que-
Cabana, de Deolindo Maya, e O Forte da Poma d'Areia, rida, passou, como se sabe, por uma reforma capaz de o
de Raimundo Gonçalves. reabilitar a reabrir as suas portas à arte.
Ao professor José Mercedes Gomes nossos parabéns. No contrato das obras, feito pelo Estado com o Sr.
(O Joma/, 5/12/1921, p.4). Abelardo Ribeiro, não figurava a re tauração do forro da
platéia; apenas se consignavam reparos. Acontece, po-
EXPOSIÇÃO DE QUADROS rém, que seria inconseqüente deixar-se de refazer esse for-
ro, quase todo danificado, remendando-o, enquanto ores-
Visitamos ontem no salão do Centro Artístico a bela tante do teatro foi reformado. E cm boa hora se autorizou a
exposição de quadros do professor José Mercedes Go- substituição do forro, a qual se está fazendo.
mes, diretor da aula de desenho daquele conceituado tem- O pano principal do teatro está pronto. Pintou-o o há-
plo dos nossos artistas. bi l cenógrafo Sr. Rabaza nuns momentos felizes de con-
Bons quadros. O jovem pintor maranhcnse, antigo alu- cepção e evocação. Ficou um bom trabalho, como verifica-
no da nossa Escola de Aprendizes Artífices, sabe deveras mos por ocasião de uma visita que a seu convite fizemos
manejar o pincel, donde arranca lindas paisagens e alego- ao teatro, para examinar o pano de boca.
rias impressionantes. Parece-nos que devia pintar-se um painel alegórico no
Parabéns pela sua primeira exposição de pintura. forro da platéia. Para isso é preciso que o venti ladores
Que mais estude ainda, proporcionando-no momen- fiquem, por exemplo, nos ângulos, pois cremos que um
tos deleitáveis como o de ontem. (Diário de S. Luiz, 5/12/ painel único, ao centro, daria melhor efeito e perspectiva.
1921,p.2). (Pacotilha, 8/2/1922, p.1).

INSTITUTO DE ARTES SÃO JOSÉ


PARA PRESÉPIOS
O Sr. José Mercedes Gomes, professor de desenho no
Menino Deus de pé e deitado, Anjo da Glória, Espírito
Centro Artístico, participou-nos que fundou uma escola
Samo, crucifixos diversos e outras imagens, artigos portu-
de pintura com a denominação acima, cm sua residência na
guese muito bem-acabados, recebeu a
Rua Rodrigues Fernandes, 29, a qual prepara alunos den-
CASA PAULA BARROS. tro de seis meses.
Rua Nina Rodrigues, 23. A iniciativa do jovem artista maranhense, que foi aluno
(Diário de S. Luiz, 12/ J21192 1, p.2). da &cola de Aprendizes Artífices, merece o estímulo dos
que pelo soerguer do Maranhão deveras se interessam.
O SALON PARAENSE (Diário de S. luiz, 91211922, p.2).

Belém (2 1)-(O JORNAL) -Scrá encerrada amanhã, no 24 DE FEVEREmo


edifício da Academia de Belas-Artes, a inscrição dos con-
correntes ao SaJão de Pintura, Desenho e Modelagem no Esteve bastante singela a sessão literária com que os
corrente ano. devendo a abertura solene ter lugar no pró- rapazes da Revista Maranhense comemoraram a nossa
ximo domingo. (OJomal, 24112/1921, p.I). Constituição Federal.

~ 316 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Os trabalhos foram presididos pela professora Zuleide d(! prJta: - "A Fran Paxeco, os seus amigos do Maranhão."
Bogéa, diretora do Instituto São Luiz Gonzaga, e que se (... )(Pacotilha, 10/3/1922, p.3).
achava ladeada pela professora Raimunda Almeida e dos
redatores acadêmico José Monteiro, Astrolábio Caldas e ESCOLA DE BELAS-ARTES
Cursino Azevedo.
Usaram da palavra: a profcssoranda Benedita Silva, Ontem à tarde, no Casino Marnnhense, reuniram-se o
que desvendou o retrato de Rio Branco, inaugurado on- maestro José Lcntini. Fran Paxeco, Da Costa e Silva, Antô-
tem; a menina Dionéa Almeida, do Instituto Conceição de nio Lopes, Jacinto Aguiar e Francisco Furiati, incorpora-
Maria; o redator Cursino Azevedo e, finalmente, encerran- dores da Escola de Belas-Artes. Deliberou-se juntar aos j~
do a sessão, a professora Zuleidc Bogéa. referidos os nomes do Srs. Marcelino Maya e Raimundo
Os oradores foram muito aplaudidos. Cipriano Batista.
(OJoma/, 2512/1922, p.4). Assentado que se abram três cursos ou seções - 1111ísi-
ca, pintura, declamaçiio, indicaram-se para professores:
ARTIGOS PARA DESENHO E PINTURA de teoria, o Sr. João Lentini; de solfejo e canto coral, o Sr.
Marcelino Maya; de hannonia, o Sr. Adclrnan Corrêa (estas
Tintas de aquarela Lcfrana e Kroma, modelos, pincéis, disciplinas senio obrigatórias cm todo o curso de música);
esfuminhos, carvões, borrachas, esquadros, pistolets. es- canto a solo, o Sr. J. Lemini; piano elementar, três anos, e
tojos, compassos, tiralinhas, réguas, duplos decímetros, piano secundário, de pralO igual, duas senhoritas, ainda
tês, nanquim líquido e em paus, álbum para colorir, não escolhidas. Nos instrumentos de corda, apontou-se para
vende a a regência de violino o Sr. Inácio Cunha; para violoncelo e
lipogravura Teixeira. contrabaixo, o Sr. Pedro Gromwell; nos de sopro, o Sr. Verdi
(Olomal, 2712/1922, p.4). de Carvalho. - No curso de pintura, que se dividirá em lrês
anos, o Sr. Paula Barros, a quem se deixou a escolha do
HOMENAGEM professor de geometria e desenho. - No de declamação, as
cátedras ficaram distribuídas assim: - arte pros6dica, Fn111
Amanhã, às 6 horas, a grande Comissão dos Festejos e Paxcco; arte poética, Da Costa e Silva; arte dramátic~ Antô-
demais amigo~ do Sr. Fran Paxeco irJo levar-lhe os primei- nio Lopes: arte cênica, Jacinto Aguiar e Francisco Furiati.
ro~ cumprimentos pelo ~cu natalício. Assentou-se logo que a matrícula custará 10$000 e a
A reunião será na Praça João Lisboa, às 5.30 horas. freqüência 5$000.
A Pacotilha, associando-se às justíssimas homena- Na quarta-feira, às 19 horas. fa1-se a úhima reunião
gens a Fran Paxeco, dará amanhã uma edição especial. preliminar. (Pacotilha, 10/3/1922, p.4).
O Jornal, onde o aniversariante conta admiradores e
afeições, comemorará a data. DE LUTO
Para a sessão solene, no Casino, há geral entusiasmo.
Será expo~to hoje, nas vitrines da Casa Londres, o re-
Segundo telegrama recebido hoje pelo pintor patrício
trato a óleo, encomendado pela Grande Comissão, o qual Paula Barros, sabemos ter falecido esta manhã, cm Be-
será oferecido ao aniversariante, como lembrança dos seus
lém, o cirurgião-denfü.ta Joaquim Paula Barros, irmão
amigos no Maranhão.
daquele artista.
 decoração do Casino está a cargo da Casa Martins.·
O extinto, que contava 34 anos, era casado e deixa um
Consta que depois da sessão lítcro-musical haverá dan-
filho menor.
ças. (Oloma/, 8/3/1922, p.I).
Pêsames à família enlutada. (O Jomal, 10/3/ 1922, p.4 ).
AINDA AS HOMENAGENS
ESCOLA DE BELAS·ARTES
(... )Abriu a sessão, com uma breve e tocante alocução,
Antônio Lopes. Falou. cm seguida. o acadêmico de Direito Ontem à tarde reuniram-se no ('a<;ino Maranhense o
Mata Roma, que leu o discurso que o Dr. Carlos Reis. ligei- maestro João Lcntini, Fran Paxeco, Dr. José Domingues,
ramente acamado à última hora, devia pronunciar, ofere- Da Costa e Silva, Antônio Lopes, Jacinto Aguiar e Francis-
co Furiati, a fim de se resolver acerca da criação, aqui, de
cendo o retrato de Fran Paxeco. ( ... )
Todos os oradores que falaram na sessão foram nutri- !
-'uma Escola de Belas-Artes.
darnente aplaudidos. Assentou-se que as matérias do estabelecimento pla-
A orquestra deu à festa uma nota brilhante, interpre- neado seriam a música, a pintura e a declamação, forman-
tando os trechos de música do programa com maestria, do três seções oo cursos. Incumbiram-se os Srs. maestro
salientando-se os da ópera Aída. Lentini, Fran Paxeco, Paula Barros. Antônio Lopes e Jacin-
-Ao fundo do grande salão estava sobre um cavalete, to Aguiar de organizar a lei vrgânica do novo instituto de
decorado com as cores nacionais e portuguesas, o retrato ensino. Submete-lo-ão a debate no domingo, 19.
que a Comissão ofereceu a Fran Paxeco, trabalho arústico Consideram-se como incorporadores. afora as pesso-
devido ao pincel exímio de Paula Barros, enquadrado em as acima referidas. os professores Inácio Cunha, Adelman
rica moldura, ladeado pela seguinte inscrição, num cartão Corrêa, Tancredo Parga e Pedro Cromwell.
A diretoria do Casino pôs as salas do mesmo à dispo-
• T ratava-se de uma funerária. sição da escola cm projeto. (O Jomal, 13/3/ 1922, p. I).
LUIZ DE MELLO

NOVAS ESCOLAS e possível de compreender, leciona pintura a óleo, pastel,


aquarela, japonesa, australiana e desenho a crayon, reco-
Presentes os Srs. Francisco da Costa Fernandes, mendando especialmente a pastel que é a que majs se de-
Bernardo Caldas, Domingos de CasLro Perdigão, Fran Pa- dica e se aperfeiçoa, garantindo em poucos meses prepa-
xeco, Luiz Gonzaga dos Reis, Oton Melo, Cândido Cruz, rar com adiantamento alunos de ambos os sexos, por pre-
João Vítor Ribeiro, HamJetoAranha, etc., tratou-se ontem, ços razoáveis. Ide, pois, se capacitar da realidade. Rua das
no edifício onde fünciona a Faculdade de Direito, de orga- Hortas n°4 1. (Pacotilha, 15/3/1922,p.4).
nizar uma Escola de Fannácia. ( ...)
- Também ontem, às 15 horas, se reuniram no Casino JOSÉ RODRIGUES
Maranhense o maestro João Lentini, Fran Paxeco, enge-
nheiro José Domingues da S ilva, Da Costa e Silva, Antô- Sabemos por telegrama particular ter sido aprovado,
nio Lopes, Jacinto Aguiar e Francisco Furiati, para ventilar com boas notas, nos exames do curso de engenheiro-ar-
a idéia de instituir uma Escola de Belas-Artes. quiteto da Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro o nos-
Concordes na iniciativa, resolveu-se que o instituto so esperançoso José Alexandre Rodrigues, filho do Sr.
em projeto comportaria três seções - música, pintura e Joaquim Rodrigues, diretor da Recebedoria do Estado.
declamação. Na primeira, haverá dois cursos - o elementar Apresentamos ao talentoso estudante e à sua digna
e o secundário, compreendendo teoria musical, solfejo e família os nossos sinceros parabéns. (Diário de S. Luiz,
canto coral, canto a solo, harmonia para piano; instrumen- 17/3/1922, p.2).
tos de corda (violino, violoncelo, contraba.ixo); de sopro
(flauta, clarinete, oboé). Na segunda, haverá as cadeiras PINTOR
de desenho e geometria. Na terceira, as cadeiras de alocu-
ção e história da arte (Fran Paxeco); metrificação e história O professor José Mercedes Gomes, diretor do Institu-
da literatura (Antônio Lopes); teoria da declamação (Da to São José, mandou-nos um prospecto onde demonstra
Costa e Silva); prática (Jacinto Aguiar e Francisco Furiati).
as vantagens dos métodos que adota para o ensino teóri-
Escolheram-se para fazer o estatuto o maestro João
co e prático de desenho e pintura, garantindo preparar
Lentini, Fran Paxeco, Paula Barros, Dr. Antônio Lopes, Ja-
alunos em um ano. (Diário de S. Luiz, 23/3/1922, p.3).
cinto Aguiar. Assentou-se proclamar organizadores da
Escola de Belas-Artes, afora os referidos, os Srs. Inácio
ESCOLA DE BELAS-ARTES
Cunha, Adelman Corrêa, Verdi de Carvalho, Tancredo Par-
ga e Teodoro Gromwel 1.
Realizou-se ontem no Casino Maranhense a última ses-
A diretoria do Casino ofereceu a casa para o funciona-
são preparatória para se instituir uma Escola de Belas-Artes
mento das aulas. Promover-se-ão récitas dos grupos dra-
nesta capital. Compareceram os Srs. João Lcntini, Fran Pa-
máticos, solicitando-se um auxílio ao Congresso do Estado.
xeco, Da Costa e Silva, Paula Barros, Antônio Lopes, Jacin-
No domingo vindouro discutir-se-á o estatuto. (Paco-
tilha, 13/3/1922,p.l). to Aguiar, Inácio Cunha, Verdi de Carvalho, Pedro Gromwell.
Lendo-se·o estatuto, o professor Verdi de Carvalho pro-
EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO pôs que se acrescentassem alguns insLrumentos aos já cita-
O ESTADO DO MARANHÃO EM FOCO dos. O professor Paula Barros, por seu turno, alvitrou que
se juntasse a arquitetura ao curso de pintura. Aprovaram-se
Grande apelo patriótico do delegado da Exposição Na- ambas as modificações, após vários considerandos.
cional aos Srs. intelectuais, industriais, comerciantes, ma- Resolveu-se admitir, grátis, como alunos da escola, os
nufatureiros, artistas. membros dos grupos dramáticos Thalia e Talma, logo que
A Delegacia (Rua Nina Rodrigues, 55) procede neste o requeiram.
momento a coleta dos Boletins de Adesão. - Informações De acordo com os presentes, distribuíram-se deste
também no Hotel Central, das 13 às 15 horas nos dias úteis. modo as cadeiras do curso de música: teoria, Verdi de Car-
ATENÇÃO: a inscrição dos expositores será encerra- valho; solfejo e canto coral, João Lentini; harmonia, Adel-
da no fim do corrente mês de março. man Corrêa; instrumentos de corda, Inácio Cunha; instn1-
Victor Maria da SiJva - delegado no Estado do mentos de sopro, Pedro GromwelJ. Para as cadeiras de pia-
Maranhão no e órgão, como de canto e solo, indicaram-se diversas
(O Jornal, 14/3/1922, p.4). professoras que se convidarão em breve.
Quanto ao curso de desenho e arquitetura, estabelece-
SERVIÇO TELEGRÁFICO ram-se as seguintes cátedras: desenho e pintura, perspec-
tiva e arquitetura. Para a primeira, tem-se o compromisso
Caxias, 14 - Na última reunião da Comissão Pró-Busto do Sr. Paula Barros, faltando convidar o Sr. Levy Damasce-
de Gonçalves Dias, ficou assentado o contrato do serviço no Ferreira; para a segunda, e:,pera-se o concurso dos
da herma do poeta com o escultor Cunha Melo, do Rio de engenheiros José Domingues da Silva e Josué Amaral.
Janeiro. (Di6rio de S. Luiz, 15131l922, p.2). Passando-se às eleições, a diretoria constituiu-se as-
sim: - presidente, Dr. José Domingues da Silva; vice, Fran
PINTURA E DESENHO Paxeco; secretário, Francisco Furiati; tesoureiro, Jacinto
Agujar. Como diretores dos cursos ficam: - música, João
Telesphoro de Moraes Rego Filho, tendo adquirido lentini; pintura e arquitetura, Paula Barros; declamação,
longa prática de pintura e desenho pelo método mais fácil Da Costa e Silva.

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CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930) ~
Decidiu-se ainda promover, desde já, uma festa em prol Este ano, também como surpresa, inesperadamente são
da Escola de Belas-Artes. Organizá-la-ão os Srs. Da Costa fundadas a Escola ele Farmácia e a de Belas-Artes, ao mes-
e Silva, Jacinto Aguiar. Antônio Lopes, Paula Barros e Fmn- mo tempo e com a mesma fé.
cisco Furiati. (Pacotilha, 23/3/1922. p. I). Aí já estão, com as suas matrículas e com o início das
aulas determinado para estes próximos dias, revestido das
ESCOLA DE BELAS-ARTES solenidades de esúlo, cm atos de tal natureLa.
É o caso, pois, de dar parabéns ao Maranhão, a terra
De ordem do Exmº Sr. diretor, acham-se abertas as ma- querida que ressurge do longo sono de indiferença a que
trículas para os cursos de música, pintura e arquitetura e parecia condenada, e procura avidamente reconquistar, no
declamação, desde hoje até 31 do corrente. convívio das outras unidades da Federação. o seu lugar
Os candidatos devem juntar aos requerimentos as pro- de real destaque. honrando as nobres tradições legadas
vas de que são maiores de 12 anos, que estão vacinados e por valorosa e inesquecível plêiade de homens superiores
possuem estudos primários. Pagarão 10$000 de matrícula que juntamente fa.iem do nosso passado o orgulho do
e 5$000 pelo primeiro mês de freqüência. nosso presente e servem de poderoso estímulo para a gran-
Francisco Furiati - secretário deza do nosso futuro .
(Pacotilha, 23/3/ 1922, p.4). E que o belo exemplo continue a frutificar, e que novas
escolas sejam fundadas com a mesma facilidade, o mesmo
TIRO CORONEL RONDON ardor, a mesma sincera confiança que pre idiram a criação
das escolas de Direito. de Farmácia e de Belas-Artes, parJ
Amanhã, às 8.30 horas, na sede do Tiro de Guerra 344, que a ressurreição tenha todo o mágico e de~lumbrantc
na Rua Osvaldo Cruz, haverá a solenidade de entrega das esplendor de um verdadeiro triunfo intelectual.
cadernetas aos reservistas de 1921. A.
(O Jornal. 41411922, p. I)
Apresentará annas. por ocasião do juramento à ban-
deirn, o pelotão de atiradores deste ano, que, apesar do
A PROPÓSITO
pequeno período de instruções, já se aprei>enta com garbo
digno de nota.
Vai ser inaugurada no dia 9 do corrente a Escola de
Os rapazes dessa patriótica corporação, querendo dar
Belas-Artes, que se acaba de fundar nesta cidade, por um
à solenidade uma nota distinta, inaugurarão amanhã, na
grupo de amigos, não somente bem intencionados, mas
sua sede, o retrato do ilustre e brioso capitão Luso Torres,
que possuem uma boa dose de patriotismo.
honra do Exército Nacional, ultimamente transferido para a
É só mesmo com muito patriotismo que es!.es no sos
guarnição de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul.
amigos, no meio de tanto indiferenti mo para tudo quanto
É uma justa homenagem que muito recomenda os atira-
é belo, útil e nobre lançaram a primeira pedra para o alicer-
dores maranhenses.
ce de uma obra grandiosa como esta.
Agradecemos à gentileza do convitt! que nos fez a sua
Esta nobre idéia nos faz reviver uma quinzena de anos
diretoria. (Diário de S. Luiz, 25131l922, p.3).
ntr:is, quando éramos professor de uma escola profissio-
nal congênere de arte. Lá. naqueles grandes centros, to-
(SEÇÃO) DE PALANQUE
das as escolas de Belas-Artes tiveram o mesmo começo.
Começaram com as mesmas iniciaú vas particulares e che-
Já vão funcionar, em breves dias. as duas escolas: de garam ao ponto cm que se encontram hoje.
Fannácia e de Belas-Artes, criadas ultimamente. Todas essas escolas prestaram relevantes serviços;
O fato demonstra que, na verdade, muito pode a inici- quanto menor foi o meio cm que surgiram, maior foi o
ativa particular, quando bem orientada. merecimento e mais largos foram os benefícios que dis-
O Maranhão, a terra clássica das letras, cm cujo cultivo tribuíram.
se salientou de tal modo no passado, que logrou a glorio- Assim foi. Pois. enquanto que as escolas de Belas-
sa tradição com que nos ufanamos, não podia continuar Artes, fundadas nas grandes cidade:.. 'erviam apenas a
no lamentável estado de apatia em que ficara diante do uma pequena elas e de indivíduos, a~ fundadas nas pe-
progresso dos outros Estados. quenas cidades serviam para a classe privilegiada e para a
Não tínhamos aqui uma escola superior, nem uma es- ~ão privilegiada, na qual está contemplado o grande nú-
cola de artes. mero, representado pelo operariado em geral, sempre apres-
Havíamos ficado no velho Liceu. Daí nem um pas- sado para aprender e se instmir.
so além. Os melhores artistas não saíram das escolas fundadas
A imobilidade era absoluta e aniquiladora. nos grandes centros. Freqüentaram as escolas das peque-
De momento, surge inesperadamente, num gesto ou- nas cidades e passaram a aperfeiçoar-se nas dos grandes
sado, a Escola de Direito, ante a indiferença escarninha de centros. Todos os artistas qut: temos conhecido, de modo
muitos, mas fortemente amparada porespfritos cultos, sin- geral começaram nas escolas noturnas de Belas-Artes.
ceramente devotados à causa santa da instrução e pratica- E é por isso mesmo que, nos esforçados fundadores
mente dispostos a trabalhar pelo progresso desta terra. desta escola em São Luís, nós vimos, na antevéspera da sua
Surge vitoriosa e começa logo a funcionar, e aí está, já inauguração, lembrar que não se esqueçam do operariado.
reconhecida e fi scalizada pelo Governo do Estado e pres- As escolas de Belas-Artes devem servir a duas clas-
tes a obter a oficiali7..ação do Governo Federal. ses; mas ao operariado especialmente. É no meio desta

~ 319 ~
LUIZ DE MELLO

classe que se encontram germes que às vezes, quando de- - Depois veio a parte musical. D. Araújo interpretou os
senvolvidos com o benefício do ensino, poderão prestar à trechos - Improvisos - de ALB. Nepomuceno, sobre letra
causa do nosso progresso os melhores e reais serviços. de Gonçalves Dias e Valsas de op. 12, de Chopin. - Em
Fomentemos, pois, no seio dos fundadores desta bela caminho da Guilhotina, de G Crespo, pela senhorita Anide
instituição, a escola noturna para os operários que, duran- Souza. D. Araújo volta ao piano para interpretar- Ontem, no
te o dia, ocupados nas oficinas e outras indústrias quais- baile, letra de Gonçalves Dias, com texto de Modona.
quer, não podem freqüentar as escolas privilegiadas. Es- A senhorita Jesuína Amaral executa o Air de Ballet,
tas escolas são as únicas que podem melhorar e aperfeiço- Op. 30, de Chaminade. Graça de Freitas Jorge declamou a
ar os nossos produtos e dar um verdadeiro impulso às poesia Minueu e, de Júlio Dantas; Doninha Araújo cantou
nossas indústrias.
uma elegia de Massenet.
As escolas de Belas-Artes noturnas para os operários,
E a orquestra, a postos, faz-nos ouvir a deliciosa fanta-
quando bem dirigidas, quando o ensino dos princípios de
sia da Bohemia, por Leoncavallo. Um coro de palmas aba-
desenho elementar são distribuídos progressivamente e
fa as últimas notas. Fran Paxeco encerra a sessão (... )
correspondentes à arte que professa o aluno; quando o
ensino é distribuído com seriedade e fundamento, com um Fizeram-se representar, além das corporações já menci-
método racional, estas escolas trazem moral e materialmente onadas, a Academia Maranhense de Letras, pelo seu pre-
grandes vantagens. As instituições deste gênero guerrei- sidente José Ribeiro do Amaral, e o Fabril Atletic Club,
am a ignorância, excitam a mocidade ao estudo e ao traba- pelo Sr. Jacinto Aguiar. O Dr. Alfredo Bena representava O
lho, formando bons operários, bons cidadãos e pais de Jornal, Crisóstomo de Souza o Diário Oficial; AJcide Costa
famílias exemplares. e Antônio de Vasconcellos, a Pacotilha .
Nada de mais belo, de mais confortável e de futuro - Da Costa e Silva, poeta admi rável, vai escrever o
mais promissor que ver escolas noturnas freqüentadas por hino da Escola de Belas-Artes.
operários que durante o dia trabalham nas oficinas, nos - Compuseram a orquestra os Srs. Verdi de Carvalho,
bancos, com a plaina, na bigorna com o martelo ou no Inácio Cunha, Pedro GromweU, José Bello, Francisco Bar-
· torno com a lima. Vê-los desejosos de aprender, de desen- bosa, Almir Passos, Ananias da Conceição, os quais se
volver a sua inteligência, quando ao contrário teriam mais houveram com uma galhardia acima de encômios, apesar
necessidade de descansar. de ter siuo impossível ensaiar-se.
Muitas e muitas são as vantagens que podem prestar
Acham-se matriculados no curso de música: Jenny Pi-
as escolas de Belas-Artes norumas, pois estas, além de
nheiro da Silva, José Jansen Ferreira, Justina da Costa
instruir, moralizam.
Nava, Jacira Reis de Azevedo, Jracema Reis de Azevedo,
Oxalá que a nossa nova escola, à qual desej amos um
futu ro promissor e longa vida, atenda o nosso pedido. Jovenila Carneiro Costa, Maria José Ribeiro, Ana de Frei-
Ensino simples, real e fecundo, com educação e disciplina, tas Jorge, Jovita Joudon, Evandro Valente Rocha, Manoel
mas, sobretudo, sem verniz. T. Pinto da Costa, lzaltina Monteiro, Raimunda Serejo, Al-
8. fredina Champoudry, Lauro Serra, Clodoaldo Cunha.
(0 Jornal, 41411 922, p. l ). No curso de pintura: Belderinguc Francisco Ribeiro,
José Jansen Ferreira, Jenny Pinheiro da Silva, Liniete Lima
ESCOLA DE BELAS-ARTES Figueiredo, Sabina Borges de Carvalho, Alcindo de Carva-
lho Machado, Antônio Afonso Diniz, Evandro Valente
Estando presentes os Srs. José Domingues da Silva, Rocha, Manoel T. Pinto da Costa, José Galileu Costa, I zal-
maestTo João Lentini, Fran Paxeco, A. da Costa e Silva, tina Monteiro, Joana Castro, Alfredina Champoudry, Clo-
Levy Damasceno Ferreira, Jacinto Aguiar, maestro Verdi doaldo Cunha.
de Carvalho e Francisco Furiati, secretário da escola, - No curso de declamação: Evandro Valente Rocha, Ma-
resolveu-se que a sessão inaugural se compusesse de oito noel T. Pinto da Costa, Izaltina Monteiro, Raimunda Sere-
números, incluindo-se dois de orquestra, dois de piano, jo, Joana Castro, Izaltina Charnpoudry, Lauro Sena e Clo-
dois de recitativo e dois de canto. doaldo Cunha. ( ...) (Pacotilha, 101411922, p.4).
Uma pane dos convites às autoridades realizou-se hoje.
Os sócios do Casino, como as suas famílias, acham-se
UM ARTISTA
implicitamente convidados. Embora o acesso não seja fran-
co, poderão entrar as pessoas bem vestidas. (...) (Pacoti-
lha, 7/4/1 922, p.4). Esteve ontem na vi trine da Notre Dame, em exposição,
um belo quadro, trabalho de um jovem artista maranhense.
ESCOLA DE BELAS-ARTES É um retrato a crayon, em ponto grande, do comandan-
te Magalhães de Almeida, devido à habilidade do nosso
Produziu a melhor das impressões em todos os assis- jovem conterrâneo Arthur Marinho.
tentes a sessão instaladora desta nova casa, que se reali- Arthur Marinho, que por esses dias seguirá para o Rio,
zou ontem, pelas l Ohoras, no Casino Maranhcnse. A sala, a fim de aperfeiçoar-se na Escola de Belas-Artes, por con-
apesar das suas amplas dimensões, achava-se repleta. ta do Estado, é uma promessa, já em franca realidade, da
Constituída a mesa, perto da qual sentaram os Srs. Fran arte que imortal izou Pedro Américo. O quadro que expõs
Paxeco, Da Costa e Silva, João Lentini, Antônio Lopes, ontem na vitrine da Notre Dame é um trabalho de vaJor, e
Francisco Aguiar, Francisco Furiati, a orquestra tocou uma que justifica plenamente esta nossa asserção. (Diário de
fantasia de Jocelyn, por Benjamin Godard. S. Luiz, 13/4/1922, p.3).

~ 320 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

BELAS-ARTES COMANDANTE MAGALHÃES DE ALMEIDA

Ontem. reunidos o Dr. Paxeco, maestro João Lentini, Acha-se exposto na montra da Notre Dame um retrato a
Dr. Da Costa Silva, Jacinto Aguiar, maestro Inácio Cunha, crayon desse nosso distinto conterrâneo, trabalho artístico
Antônio Lopes, e Francisco Furiati, estabeleceu-se o se- do jovem Anhur Marinho, uma das nossas mais promisso-
guinte horário para o curso de música: ras vocações, porquanto a que ora nos apresenta é manifes-
Piano elementar, às terças e sextas, das 16 às 17; teoria, tação espontânea do seu talento que está merecendo o am-
às segundas e quintas, das 8 às 10; solfejo, às quartas e paro dos poderes públicos. (O Jomal, 151411922, p.2).
sábados, das 8 às 1Oe das 16 às 17; instrumentos de cor-
das, às terças e sextas, das 8 às 10; harmonia, às quanas e ESCOLA DE BELAS-ARTES
sábados, das 16 às 17.
O quadro professora] deste curso está quase comple- Já se acham funcionando quase todas as aulas deste
to, pois as senhoritas Laura Ewenon e Airine de Obveira novel estabelecimento de ensino. Ontem foi abena a de
se incumbiram de reger as cadeiras de piano secundário e arte dramática. Grande tem sido a procura de matrículas,
piano elementar. causando mesmo certa admiração que imediatamente pro-
- Matricularam-se mais: no curso de música, Ana Pes- curassem a escola muitos alunos, menos aos fundadores
do novo instituto, os quais sabiam de antemão que a sua
soa de Holanda, lraci Gonzaga da Igreja, Lígia de Araújo
iniciativa correspondia a uma real necessidade do nosso
Nogueira, Antônio Luiz Pessoa de Holanda, Manoel An-
meio. (Pacotilha, 21/4/1922, p. I).
tônio de Barros, Valdemar de Souza Brito; - no de pintura
e arquitetura: Benedita Pereira de Castro, Euzamar Pires
ESCOLA DE BELAS-ARTES
dos Reis; no de declamação: Antônio de Lima Pires, Luiz
Viana e Valdemar de Souza Brito. O professor de desenho Lcvy Damasceno Ferreira ini-
As pessoas que requereram matrícula devem enten- ciará as suas lições na próxima quana-feira 26, às 8 horas.
der-se com o tesoureiro Jacinto Aguiar. na Rua Cunha Mas os matriculados podem comparecer amanhã, ao
Machado, antiga Rua de Nazaré nº 28. (Pacotilha, 13/4/ Casino, às 2 horas, para se lhes c\ar a nota dos objetos
1922, p.4). necessários ao estudo.
As aulas dos outros cursos estão funcionando com
JUSTIÇA MILITAR regularidade. (Pacori/110, 24/411922, p. I ).

Instalou-se ontem, delinitivamente, a Auditoria da 2• O JORNAL ELEGANTE


Circunscrição Judiciária Militar, no prédio da Rua de Naza-
ré nº 8, desta cidade. O serviço da Justiça Militar, neste Fazem anos hoje:
Estado. foi criado pelo Decreto 14450 de 30 de outubro de (...)O Sr. Newton Coelho Pavão, auxiliar do comércio.
1920. Até então, aqui não existia Auditoria, ficando os cri- (O Jornal, 24/4/ 1922, p.4).
mes miUtares na dependência da Auditoria de Guerra do
Pará. Agora, porém. em virtude daquele decreto, foi criada ESCOLA DE BELAS-ARTES
esta repartição que traz muitas facilidades ao serviço judi-
ciário e ao de justificações para a percepção do montepio Iniciaram-se hoje as aula-; de desenho no curso de pin-
e meio-soldo a que têm direito os herdeiros dos oficiais do tura. Rege e ta cadeira o professor Levy Dama ceno.
- A prorrogação do pra10 para matrículas encerra-se a
Exército e da Am1ada.
30 deste mês. Dos matriculados, quem ainda não pagou as
O atual auditor, Dr. Cavalcanli Ramalho, veio com trans-
taxas deve entender-se com o tesoureiro Jacinto Aguiar.
ferência de Mato Grosso, para aqui inaugurar o serviço, e
na Rua Cunha Machado (Nazaré), 26, para a<; sati:.fazer.
de de que aqui chegou tem se esforçado para conseguir
(Pacotilha. 26/4/1922, p. I).
um prédio cm condições para nele instalar a Auditoria, o
que só agora obteve.
ESCOLA DE BELAS-ARTES
Vimos a instalação, que está modesta e decente. A sala
dos conselhos está provida de móveis severos e orna-
Reuniram-se ontem, no Casino, os diretores, professo-
mentada com os retratos dos Exrnos. Srs. presidente da res dos diversos cursos, comparecendo os Drs. José
República, con clheiro Rui Barbosa, general Osório (Mar- Domingues da Si lva, Fran Paxeco, Da Costa e Silva, Antô-
quês do Hcrval) e generalíssimo Deodoro da Fonseca, fun- nio Lopes, maestro João Lcntini, Verdi de Carvalho, pro-
dador da República. fessores Paula Barros, Levy Damasceno Ferreira e Fran-
A sala de espera está ornamentada com o retrato do cisco Furiati. Assistiram tam~m alguns alunos.
audoso Barão do Rio Branco e servida por modesta mo- Iniciados os trabalhos, Fran Paxeco propôs que se isen-
bília.(...) tassem do pagamento da matrfcula e da freqüência os fi -
Usou da palavra o Sr. auditor dando por instalada defi- lhos dos professores daquela escola, estendendo-se esta
nitivamente a Auditoria e inaugurando os retratos dos Ex- regalia às pessoas que a diretoria julgar dignas dela. Re-
mos. Srs. Drs. Epitácio Pes oa e Rui Barbo a. Seguiu-se <:olveu-se mai!> prorrogar o prazo das matrículas até ao
com a palavra o talentoso Dr. Alfredo de Assis, que por final do mês de maio.
várias vezes tem servido de auditor had-hoc nos Conse- Entrando-se na organização do horário, deliberou-se
1hos de Justiça.(... ) Diário de S. luiz, 13/4/1922, p.3). estabelecê-lo deste modo:

~32 1 ~
LUIZ DE MELLO

CURSO DE MÚSICA: piano elementar, professora Ai- ESCOLA DE BELAS-ARTES


rine de Oliveira, às terças e sextas-feiras, das 16 às 18 ho-
ras; piano secundário. professora Laura Ewerton, às se- Convidada pela diretoria deste concorridíssimo esta-
gundas e quintas, das 16 às 18 horas; teoria. professor belecimento de ensino, a Sra. Maria Ennes Belchior acei-
Verdi de Carvalho, às segundas e quintas, das 8 às 1Oe das tou o cargo de professora de pintura e desenho ao natural.
15 às 18; solfejo, professor João Lentini, às quintas e sába- Será um golpe na rotina, pelo que nos devemos felicitar.
Assinalaremos também a distinção conferida pela i-
dos, das 16 às 18; harmonia, professor Adelman Corrêa, às
lustre professora à Escola de Belas-Artes.
segundas e quartas, das 16 às 18; instrumentos de corda,
(Pacotilha, 16/5/1922, p.4).
professor Inácio Cunha, às quartas e sábados, das 16 às
18; instrumentos de sopro. professor Pedro Gromwell, às ESCOLA DE BELAS-ARTES
terças e quintas, das 16 às 18.
É este o programa da cadeira de desenho, regida pelo
CURSO DE PI NTURA: desenho e pintura, professor conceituado professor Lcvy Damasceno Ferreira:
Levy Damasceno, às terças e sextas, das 8 às 10 horas; Iº ano: Iº) Copiar objetos de formas geométricas as
pintura e desenho, professor Paula Barros, às segundas e mais simples em vulto, tais como sólidos de madeira ou
sextas, das 13 às 15. gesso, a fim de iniciar o aluno nos fenômenos do claro-
escuro ou efeitos de luz sobre os corpos; 2°) Desenho de
CURSO DE DECLAMAÇÃO: arte poética, professor folhas, flores, letras simples e entrelaçadas; 3°) Estudo de
A. da Costa e Silva, às terças e sextas, das J6 às 17; arte desenho de figura, copiando o contorno e pormenorizada-
dramática, professor Antônio Lopes, às quintas, das 16 às mente as feições principais do rosto humano, começando
17; arte prosódica, professor Fran Paxcco, aos sábados, por desenhar cabeças e partes do corpo; 4°) Desenho de
ornatos; 5º) Desenho de paisagens.
das 16 às 17; arte-cênica, professor Jacinto Aguiar, aos
2° ano: 1º) Desenho de ornatos e paisagens, com
domingos, das 1Oàs 12.
aplicação de sombras: 2°) Estudo da figura humana -
Está por fixar, ainda. o horário do curso de arquitetura. busto, com aplicação de sombras. -Academia; 3°) Fan-
A diretoria e os professores entenderam-se depois com tasia, desenho a dois lápis. a carvão, etc. ( Pacorillra,
os administradores do Grupo Thalia, aos quais solicitaram l7/511922, p. I).
uma récita em prol da Escola de Belas-Artes. Muito bem
acolhida, assentou-se que a mesma se realizasse com a ESCOLA DE BELAS-ARTES
peça Guerra às viúvas, na próxima sexta-feira.
Deu a sua primeira lição de pintura ao natural, ontem, a
As aulas, como já dissemos, funcionam com a possível Sra. Maria Ennes Belchior, uma das mais distintas figuras
regularidade. A diretoria espera prover-se de alguns obje- do nosso magistério livre.(... ) (Pacotilha, 201511922, p.I ).
tos e mobiliário que lhe fa lta, dentro de poucos dias. (Pa-
cotilha, 1°/511922, p. I ). ESCOLA DE BELAS-ARTES

ESCOLA DE BELAS-ARTES
Fran Paxeco e Antônio Lopes procuraram ontem, pela
diretoria e professores da Escola de Belas-Artes, o Exmo.
Sr. presidente do fatado, a quem pediram o empréstimo, a
A concorrência aos quatro cursos, em especial ao de essa casa de ensino, de alguns objetos e móveis. S. Exa.
música, mantém-se fora do comum, elevando-se a matrícu- prometeu atender.
la, cm todos eles, a perto de 80 alunos. (... )(Pacotilha, 5151 A diretoria da escola deseja metodizar os serviços em
1922,p.I). junho. Não dará férias, por isso. e porque as reserva para
setembro, devido ao Centenário. (Pacotilha. 27/5/1922, p.l).
ESCOLA DE BELAS-ARTES
ESCOLA DE BELAS-ARTES
De acordo com o professor Paula Barros, a diretoria
tenciona providenciar para breve a rcafüação do curso de Para tratar de assuntos administrativos, devem reunir-
pintura. Os cavaletes devem ficar prontos por estes dias. se, a Iº do mês vindouro, os diretores da escola.
- O incansável professor Verdi de Carvalho, devido à Nesse mesmo dia reunir-se-á também a congregação, a
numerosa freqüênc ia da sua cadeira - teoria - ofereceu-se fim de se submeter ao seu juízo o programa definitivo do
curso de pintura, organizado pelo professor Paula Barros,
para dar lições todos os dias. A diretoria aceitou, jubilosa,
que o dirige, e o do curso anexo de arquitetura, feito pelos
essa prova de estima à escola e vai agradecer-lhe. Ficam
engenheiros José Domingues e Josué Amaral.
prevenidos os alunos, portanto, de que as aulas daquela A diretoria tenciona publicar cm folheto, no mais curto
disciplina, desde a próxima segunda-feira, serão diárias. prazo possível, os programas de todos os cursos da Esco-
- Nesse mesmo dia começarão a utilizar-se alguns mó- la de Belas-Artes.
veis escolares, oferecidos pela Prefeitura, por interferên- No próximo dia 1° iniciar-se-ão as aulas da cadeira de
cia do inspetor-gemi das suas proveitosas escolas, o Sr. bandolim, regida pela senhorita Rosa Archer da Silva. O
Antônio Lopes, um dos fundadores e professor da Escola horário é das 16 às 18, às terças e sextas-feiras. (Pacotilha,
de Belas-Anes. (Pacotilha, 121511922, p. J). 29151l922, p. I).

e/Q) 322 e/Q)


~
~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

RETRATO número eleva-se a 147, assim repartidos: música, 85; pintu-


ra, abrangendo arquitetura, que funciona à parte, 44; de-
Acha-se exposto numa das vitrines da Notre Dame um clamação, 18.
bem trabalhado quadro com o retrato do Dr. Álvaro de - Na primeira sessão da diretoria. deliberar-se-á sobre
Alencar Costa, engenheiro-chefe do nosso Distrito Tele- as eliminações a f:uer. por falta de pagamento. (Pacotilha,
gráfico, o qual será inaugurado na sala principal do edifí- 5/6/1922, p.4).
cio da sua repartição pelos seus auxiliares de trabalho no
dia em que transmitíro exercício do cargo ao seu substitu- SOBRE OS CENÁRIOS DA PEÇA TERRA NATAL
to j á designado para chefiar o mesmo distrito, o nosso
conterrâneo A. Vieira da Silva. (Pacotilha, 3 1/5/ 1922, p.4). (...) Os cenários. de bom efeito, tal qual a peça os exi-
gia, fora m todos novos e pintados pelo amador Evandro
ESCOLA DE BELAS-ARTES Rocha, auxiliado pelo competente cenógrafo A. Rabaza.
( ... )(Diário de S. Luiz. 5/611922, p.3).
Reuniram-se ontem os diretores e professores, compa-
recendo os Srs. Fran Paxcco, Jacinto Aguiar, PauJa Barros, OS HERÓIS DO AR
João Lentini, Antônio Lopes, Josué Amaral, Verdi de Car-
valho, Levy Damasceno Ferreira e Francisco Furiati. A s demonstrações na cidade - A missa - Obolo aos
O tesoureiro apresentou um balancete demonstrativo pobres - Sessão no Edcn - Telegramas
da Receita e Despesa, até 31 do mês lindo. Resolveu-se DOS FF.STEJOS
ativar os preparativos da récita em prol da escola. Também ( ...) A frontaria do suntuoso teatro-cinema estava fcc-
se determinaram as gratificações aos professores. ricamente iluminada. No cimo, lia-se o dístico - Salve os
heróis! - No salão de entrada e no de espetáculos osten-
Passando-se à segunda parte, os Srs. Paula Barros e
tavam-se escudos, bandeiras e gaJhardctcs. Ao centro da
Josué Amaral apresentaram os programas dos cursos
de pintura e arquitetura. Após ligeiras explicações. apro- segunda sala, presos ao teto, admiravam-se duas enom1es
bandeiras brancas, cm que sobressaíam a Cn1z de Cristo
varam-se.
( 1500) e as armas atuais de Portugal ( 1922). No proscênio,
O professor Paula Barros, diretor do curso de pintura,
cujo cenário o Grupo Til ia cedeu :1 Comissão, cncontrava-
ofereceu à escola uma coleção de modelos em cartão. (Pa-
se um belo quadro contendo os retratos de Coutinho e
cotilha, 216/1922, p. I).
Sacadura. Ladeavam-no as fotografi as dos Srs. Epitácio
Pessoa e Antônio José de Almeida. Entrecruzavam-se. ao
UMA RELfQUIA HISTÓRICA
fundo , os pavi lhões de Portugal e do Brasi l. ( ... ) (0 Jornal,
12/6/ 1922, p. I).
Há muitos anos existe no Maranhão, no sítio Timon, a
âncora da fragata Pedro 1, capitânea do Lord Cochrane. É ESCOLA DE BELAS-ARTES
uma relíquia do episódio da Adesão do Maranhão ao mo-
vimento que emancipou o País do domínio português. O programa apresentado pelo professor Pau la Barros,
Acaba de oferecê-la ao Museu Militar do Rio, recente- diretor do curso de pintura, e que os professores presen-
mente criado, o nosso jovem e inteligente conterrâneo Rui tes aprovaram, dispôs que esse curso se componha de
Carvalho, filho do desembargador Domingos Américo de três séries, nas quais se aprenderá desenho, perspectiva,
Carvalho(...) (Pacotilha, 3/6/l 922, p. I). anatomia parcial, história da arte. pintura e arquitetura.
Dividem-se da maneira seguinte:
UMA RELf QUIA HISTÓRICA Primeira série: desenho à mão livre, estudos de figuras
geométricas, ornatos. objetos usuais, fragmentos do cor-
Hoje pela manhã realizou-se no sítio Timona entrega, po humano (modelo de gesso e cartão-relevo); perspecti-
ao Sr. capitão do porto, da âncora e respectiva corrente da va à vista;
fragata Pedro / , que tornou parte da expedição vinda ao Segunda série: estudo da pane superior do corpo hu-
Maranhão, a mando de Cochrane, por ocasião da Adesão mano e de academia clá sica (mode10 de gesso); perspec-
à Independência. tiva vigorosa, arquitetum, anatomia parcial; história da ane:
A entrega foi fei ta pelo desembargador Domingos Terceira série: - desenho: estudo comple10 e em parte
Américo de Carvalho, cm nome de seu filh o Rui, aluno da , do modelo vivo; história da a11c; pintura e arquitetura.
Escola Superior de Guerra e ofertante da relíquia ao Mu- As disciplinas das duas primeiras séries são obrigató-
seu Militar. rias para as senhoritas, ficando a terceira facultativa; para
ln felizmente não nos foi possível assistir ao ato. Deixa- as que não quiserem, na terceira série, fazer o estudo com-
mos, todavia, consignados aqui os nos o louvores à ação pleto do modelo vivo. haverá um curso especial de nature-
do nosso jovem conterrâneo, procurando colocar num mu- za-morta (flores, frut as, etc.), podendo, entretanto, freqüen-
seu a valiosa relíquia histórica. (Pacotilha, 5/6/1922, p.4). tar as demais matérias estabelecidas na última série.
A partir da segunda série haverá esquisse bimensal
ESCOLA DE BELAS-ARTES sobre diversos assuntos.
No fim de cada ano haverá provas para a classificação
Até ontem, segundo nos infonna a secretaria, estavam e acessos da série.
matriculados 120 alunos. Mas, como vários deles se ins- Será estabelecido um concur o final, dando direito a
creveram em mais de um dos quatro cursos da escola, o prêmios.

<:/Q) 323 <:/Q)


LUIZ DE MELLO

Para admissão à primeira série, os candidatos sujeitam- Falou em nome das alunas a senhorita Lucrécia Kerlh.
se a uma prova de desenho; os que não tiverem nenhum A banda de música do 24° Batalhão de Caçadores to-
conhecimento da matéria, entrarão para o curso preparató- cou à porta do estabelecimento.
rio, a cargo de um dos al unos mais adiantados. O Sr. Sebastião Carvalho, ontem, foi ainda alvo de signi-
É este o horário das aulas: ficativa manifestação por parte dos seus companheiros de
Desenho - 1° série, professor Levy Damasceno Ferrei- repartição.
ra, nas terças e quintas-feiras, das 8 às 10 horas; desenho; Em nome dos manifestantes falou o primeiro oficial Vi-
Iºe 2• séries, professora Maria Ennes Belchior, nas terças riato Souza, que ofereceu ao aniversariante um valioso
e sextas, das 15 às 17; desenho, J• e 2ª séries, professor mimo.(...) (O Jornal, 7n/1922, p.4).
Paula Barros, nas segundas e sextas, de 13 às 15; história
da arte, 2• série, professor Antônio Lopes, às terças, das
ESCOLA DE BELAS-ARTES
16 às 17; arquitetura, 2° série, professor Josué Amaral, nas
quintas-feiras, das 16 às 17; perspecti va, 1ª e 2• séries,
Reuniram-se ontem, pelas 15 horas, os Srs. J osé
professora Maria Belchior, às segundas, das 14 às 15.
Domingues, Fran Paxeco, Jacinto Aguiar, professora Airi-
Observação: -Ainda não há alunos habilitados para a
ne Oliveira e Francisco Furiati. O professor Paula Barros
3ª série.
justificou a sua não comparecência.
- O prazo das matrículas encerra-se improrrogavelmen-
le a 1.5 do mês corrente. (Pacotilha, 13/6/1 922, p.4). Além de outras coisas, resolveu-se estabelecer o livro
de ponto dos professores, fornecer à vigilante uma nova
PINTURA E DESENHO lista geral dos alunos, pelos cursos; lembrar aos diretores
dos cursos a vantagem de remeterem as atas mensais da
Tela para pintura - Papel lngress para desenho, esfu- freqüência à secretaria, para que a diretoria da escola veri-
minhos, crayons, souce, fusain, tintas a óleo e aquarela fique o grau de aplicação dos alunos; fazer ver aos direto-
pelo menor preço da praça res dos vários cursos a conveniência de requisitarem por
só na CASA PAULA BARROS escrito os objetos precisos. A di retoria, em face do livro de
Rua Nina Rodrigues, 23. ponto, organizará a folha de pagamentos. Eliminará tam-
(Diário de S. Luiz, 17/6/ 1922, p.3). bém os alunos que não forem às aulas ou não satisfizerem
a pequena cota de freqüência.
BELA INICIATIVA Decidiu-se ainda que o maestro João Lentini, diretor
do curso de música, de acordo com as Sras. Laura Ewerton
O valioso grupo de rapazes que se congrega em torno eAirine Oliveira, professoras de piano, escolham, entre as
do nosso jovem confrade João Abreu para publicar O Ca- quartanistas, por meio de exame, duas que possam auxiliar,
xiense teve a idéia feliz de lançar uma subscrição para ad- no caráter de monitoras, as alunas mais atrasadas. Tomou-
quirir retratos de Coelho Neto, Vespasiano Ramos e Teófi- se conhecimento de uma carta do professor Paula Barros,
lo Dias e colocá-los, no dia 7 de setembro próximo vindou- diretor do curso de pintura, enviando uma cópia do estatuto
ro, no salão da Câmara MunjcipaJ de Caxias.
da Academia de Belas-Artes do Pará. O secretáJio da escola,
Essa homenagem cívica a três figuras literárias que ilus-
Sr. Francisco Furiati, pediu licença por um mês. A diretoria
tram na pátria brasileira o to rrão caxiense é digna de aplau-
entender-se-á novamente com o Governo sobre o subsídio
sos calorosos. Registramo-la com prazer e trabalharemos
e a cedência de modelos. (Pacotilha, 2417/ 1922, p. l).
pelo seu triunfo o quanto permitirem as possibilidades des-
ta folha, ao lado dos seus dignos propugnadores, incenti-
EXPOSIÇÃO NACIONAL
vando o público a coadjuvá-la. (Pacotilha, 4nJ1922, p.l).
O MARANHÃO NO GRANDE CERTAME
CAXIAS E O CENTENÁRIO
Já estão prontas para embarque, cerca de 50 grandes
caixas contendo produtos maranhenses com destino à Ex-
Os nossos confrades do Caxiense estão distribuindo
uma lista entre as senhoras maranhenses, para auxiliá-los posição Nacional. É esta a terceira remessa que fazemos.
na aquisição dos retratos a óleo dos festejados poetas A nossa representação material, quando não seja das
Coelho Neto, Vespasiano Ramos e Tcóftlo D ias, para se- mais ricas e perfeitas, será, no entanto, das ma is variadas e
rem inaugurados no salão nobre da Câmara Municipal de curiosas.
Caxias, no próitimo dia 7 de setembro, quando se celebra- No mostruário do Maranhão serão exibidas todas as
rão al i festas suntuosas. (O Jornal, 517/1922, p. I) nossas riquezas minerais representadas pela linda coleção
que o nosso distinto conterrâneo Dr. Antônio Dias acaba
INSTITUTO MUSICAL SÃO JOSÉ DE RIBAMAR de ir colher nas próprias fontes onde fez meticuloso exame.
Acompanha os minérios uma curiosa e desenvolvida
Aprove itando a data natalícia do S r. Sebastião Carva- prova da nossa incomensurável fauna, representada por
lho, digno tesoureiro dos Correios locais, as alunas da- uma infinidade de peles.
quele instituto - que obedece à direção da competente As escolas municipais remeteram também lindos tra-
pianista Sinhazinha Carvalho Moreira - ofereceram-lhe no balhos, sendo de lastimar, porém, que os cursos estaduais
d ia 5 do corrente o seu retrato em ponto grande, trabalho a não quisessem secundar o esforço daqueles. (O Jornal, 41
crayon executado pelo Sr. Paula Barros. 8/1922, p. l).

CVQ) 324 CVQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

PACOTILHA Ambrósio Guimarles fez a giz de cor, num dos quadro-


E! Ma11sour' ncgros do estabelecimento, um busto do grande poeta naci-
onal, e que foi calorosamente louvado por quantos o viram.
- Uma allinetada, O engrossamento, abre a primeira É para notar que o Sr. Ambrósio Guimar:ies produziu esse
coluna do confrade. trabalho dentro de poucos minutos, antes de começar a
O articulista expõe à irrisão os politicóidcs que fazem festa, manifestando extraordinária facilidade na cópia do
rapidamente a celebridade por intermédio das câmaras mu- retrato que ali se achava.
nicipais do interior, que, a pedido deles determinam se no- Temos que Ambró io Guimarães, se continuar a estu-
meiam as ruas com os seus nomes! ... dar, será, de futuro, mais um notável artista maranhense.
Como são poucas as ruas, os matutos, à proporção (Di6riodeS. luiz, 11/8/1922,p.3).
que os pedidos se fazem, resolvem simplesmente a ques-
tão, substituindo os nomes dos que perderam o momento- HORA LITERÁRIA
so prestígio pelos que o adquiriram.
E assim vão bolando!... Animada esteve a palestra literária rcali7ada anteon-
Agora como suplemento usam também colocar o retra- tem na Revista Mara11he11se. O Dr. Benedito de Barros e
to nas salas de sessões das câmaras municipais. Terão Vasconcelos presidiu os trabalhos e fez agradável palestra
também a mesma sorte, sem dúvida. literária, terminando por se ocupar da individualidade de
Aqui na capital mesmo já houve disso, seja com as Rui Barbosa, cujo retrato foi colocado na Galeria de Ho-
placas de ruas, seja com os retratos. me11s Célebres da Re1•ista. (...) (O Jornal, 15/8/ 1922, p.2).
Sei de um retrato que irreverentemente atiraram no fun-
do de uma secreta. Era um belo quadro, vistoso, em rica O BUSTO DE GONÇALVES DIAS
moldura.
Um amigo da vítima, indo um dia à secreta, deu com o Desembarcou hoje, das alvarengas, o busto de Gonçal-
retrato do amigo a presidir o festim das baratas! ves Dias que vai ser levantado cm Caxias, na praça do seu
Ficou horroriL.ado. Respeitoso, deixou de satisfazer a nome, antigo Largo do Poço, em 7 de setembro próximo.
necessidade corporal. Pegou do retrato, embrulhou-o em Por gentileza da Faculdade de Direito, o aludido traba-
jornais velhos e saiu com ele para casa. assim como quem lho será, hoje, expoi.to ao público num dos salões daquela
leva uma relíquia. escola superior, devendo seguir para a vi1inha cidade em
Não tardou muito tempo, esse político retratado deu carro especial, acompanhado por uma comissão da colô-
uns passos para frente. Pensaram Jogo que o homem ia de nia caxiense. (O Jornal, 16/8/1922, p. I ).
novo tomar o poder.
Fizeram na repartição um rolo fechado. Foram à secreta Chegado há dias, pelo Bahia. acha-se cm exposição.
buscar o retrato, e que decepção! Já lá não estava! O diretor na Faculdade de Direito, o busto de Gonçalves Dias que.
abriu um inquérito, para que se descobrisse o criwnoso. por iniciativa da colônia caxicnse, será levantado em Caxi-
O roubador, coitado, licou perplexo. as, para perpetuar a memória do grande vatc poético. (Pa-
O diretor, à tarde, quando saía, procurava o político na cotilha, 16/8/ 1922, p. I).
sua residência para lhe contar o resultado do inquérito.
O político já sabia de tudo que o seu piedoso amigo lhe GONÇALVES DIAS
havia contado, mas fingira ignorar... Uma tarde, porém, o
diretor foi dizer-lhe que estava tudo de cobeno. Fulano A colônia caxicnsc resolveu não expor o busto dopo-
havia furtado o retrato da sala da diretoria ... Ia pedir a eta nesta capital, como anunciamos e era seu desejo, visto
a comissão local ter urgência em colocá-lo no pedestal n
sua demissão a bem do serviço público. Um ladrão! Foi
fim de inaugurá-lo cm 7 de setembro próximo.( ... ) (O Jor-
preciso que o político lhe pedisse que tal não fizesse. Que
nal, 17/8/1922, p. I).
deixasse em paz o seu compadre. Aquilo fora excesso de
zelo. O retrato estava colocado na sua sala de visitas, dele
COELHO NETO
roubador.
Disse-lhe o diretor que já havia pensado em fazer uma
A mocidade caxiensc, representada pelo!> pioneiros que
festa para a reentrada no retrato na repartição ...
dirigem o Caxiense desta capital, incumbiu o pintor Paula
O político agradeceu tudo, e contava então que cui-
Barros de fazer um retrato a óleo de Coelho Neto, para o
dou em encurtar a conversa porque já não podia sofrer o
inaugurar na Câmara Municipal de Caxias, no dia 7 de se-
mau cheiro! ... (...) (Diário de S. Luiz. 7/8/1922, p.3).
tembro.
Desempenhou-se Paula Barros dessa incumbência com
DESENHISTA
a perícia de sempre.
O belo retrato está exposto hoje na vitrinc da Loja No-
Por uma lacuna imperdoável na notícia que ontem de-
tre Dame. (Pacotilha, 1º1911912, p.4).
mos do festival do Grupo Escolar Almeida Oliveira, deixa-
mos de mencionar o trabalho do jovem a.rtista maranhense
Ambrósio Guimarães, professor de de!.cnho da Escola de RAID MARTINS-HJNTON
Aprendizes Anífices.
Está exposto nas vitrines da Tipogravura Teixeira um
bem-feito traçado do percurso já feito e ainda por fazer dos
• Pseudô nimo de Na\cimc nto Moracs. bravos aviadores Martins-Hinton.

<VQ) 325 ~
LUIZ DE MELLO

É o autor o jovem e aplicado desenhista Rubens Da- RAID MARTINS-HINTON


masceno Ferreira, filho do Sr. Levy Damasceno Ferreira, e
quartanista da Escola Normal Primária. A Casa Krause desta praça ofereceu à Comissão dos
Para esse mapa chamamos a atenção dos nossos leito- Festejos Pinto Martins-Hinton uma bonita placa de ouro
res. (O Jornal, 4/9/1922, p. l). com carinhosa inscrição para ser colocada no Sampaio
Corrêa II, como recordação da sua passagem pelo
UM BELO TRABALHO Maranhão.
Os mimos que serão ofertados às duas crianças ma.is
O jovem pintor conterrâneo Telésforo de Moraes Rego galantes que se apresentarem na festa infantil. já foram
expôs hoje, na vitrine da loja O Brasil, um bem-acabado escolhidos pela Comissão, e constam de um lindo piano e
trabalho a crayon, representando a sagrada imagem do um interessante par de botões de punhos.
Coração de Jesus. Esse belo uabalho ficará por alguns Desde terça-feira estão sendo distribuídos os convi-
dias em exposição. (Pacotilha, 81911922, p.4 ). tes para o chá dançante.
A Comissão resolveu oferecer a Martins e Hinton um
TELEGRAMAS
chá dançante, a fim de evitar o traje a rigor.
Às pessoas que receberam listas, a Comissão pede o
ltapecum, 8 (retardado) - O comércio e as repartições
obséquio de devolvê-las. (O Jornal, 141911922, p. I).
estão fechados. É intensa a animação. O município distri-
buiu bôdo aos pobres e presos, sendo estes visitados. A
RAID MARTINS-HINTON
Prefeitura apresenta bonito aspecto decorativo, iluminada
a fachada; à noite houve grande passeata, levando em
triunfo os retratos de D. Pedro J e dos Andrada, e o estan- O Sr. Humberto Pinho da Fonseca teve a gentileza de
darte brasileiro. Discursaram diversos oradores glorifican- nos mostrar hoje os belíssimos cartões que a Comissão de
. do a data. Houve animado sarau prolongado até alta noite. Festejos vai oferecer aos grandes ases Martins-Hinton .
(O Jornal, J2/9/ 1922, p.2). Os cartões, que são de ouro e têm um brilhante grava-
do em platina e trazem as seguintes inscrições, foram exe-
TELEGRAMAS cutados nas oficinas da conhecida Casa Krause:
A Pinto Martins no dia em que a glória das suas asas
Caxias, 8-A Coletoria Estadual de Trizidela inaugurou pousou nas plagas maranhenses, o povo arrebatado e
o retrato do deputado Cunha Machado. Falaram diversos agradecido.
oradores. Tocaram duas bandas de música. To Hi11ton the day tlze glory ofhis waingo reached the
shores of Maranhão, the people enthusiastic and grate-
CAXIAS, 9 - Têm sido imponentes as festas comemo- full. (0 Jornal, 22/911922, p.l).
rativas do Centenário, aqui. No dia 7 foi inaugurado o bus-
to de Gonçalves Dias, na praça de seu nome, ajardinada EXPOSIÇÃO
pelo prefeito, iluminada a luz elétrica, falando vários ora-
dores, sendo todos aplaudidos. Antes da inauguração do Há dias tivemos ocasião de visitar, na Rua Rodrigues
busto, houve na Câmara uma sessão solene, sendo inau- Fernandes, uma exposição de pintura.
gurados os retratos de Coelho Neto e Vespasiano Ramos. Acompanhou-nos nessa visita o ilustrado clínico e ci-
Logo depois colocou-se na Praça da Independência a pe- rurgião maranhense Dr. Tarquínio Lopes Filho.
dra fundamental das obras da avenida que ligará a estação Na pequena sala em que estivemos, admiramos belos
da via-férrea ao centro da cidade, as quais serão atacadas trabalhos de pintura que manifestam gosto e aplicação
no dia 12 do corrente. - Ontem houve uma romaria à pal- dos jovens artistas que ali aprendem a formosa arte.
meira iniciadora do Parque da Independência e à noite ci- Soubemos então que ali reside o professor de pintura
nema ao ar livre, com uma assistência extraordinária.
José Mercedes Gomes, rapaz de boa aparência que dirige
Hoje à tarde haverá uma romaria ao busto de Gonçal-
um curso de pintura bastante freqüentado.
ves Dias, cantando as crianças das escolas os hinos caxi-
Foi-nos apresentado o Sr. José Mercedes, que nos con-
ense e brasileiro. À noite haverá um suntuoso baile na
tou a sua história.
residência do Dr. Raimundo Marques. Amanhã, último dia
É pobre e aprendeu mesmo aqui as primeiras noções
dos festejos, haverá uma sessão cívica no Instituto Gon-
çalves Dias, pela manhã, e à tarde, pelas 2 horas, jornal da Grande Arte.
fa lado no Teatro Municipal, e às 5 horas, júri na Praça Nutre um desejo imenso de estudar na Capital da Re-
Gonçalves Dias, promovido pelas professoras do Grupo pública, e para esse fim já solicitou o auxílio do Governo,
Escolar João Lisboa. que infelizmente não o pôde atender.
A população satisfeita aplaude o prefeito municipal O seu curso de pintura conta dois anos e os trabalhos
Francisco Vila Nova, pelos melhoramentos já feitos e que que admiramos eram seus e de seus discípulos.
vai fazer, como o Mercado e o Matadouro, cujas obras O curso do professor José Mercedes chama-se Insti-
serão iniciadas ainda este mês. Todos acreditam que Caxi- tuto São José.
as enuou numa nova fase de progresso. Tenciona o pre- Despedimo-nos satisfeitos do jovem professor, expres-
feito, até o fim do triênio, inaugurar luz elétrica. (O Jornal, sando-lhe a nossa admiração pelo seu esforço, inteligên-
13/9/1922, p.2). cia e dedicação. (DiáriodeS. Luiz, 4/10/1922, p.3).

~ 326~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

A FESTA DA MODELO As obras enaltecem o estatuário. De linhas magnifica-


mente severas, honrarão as avenidas a que se destinam,
Estiveram realmente imponentes as festas com que a uma vez adquiridas na praça. (Pacorillia, 71 1011922, p. I).
Escola Modelo solenizou ontem a data natalícia do saudo-
so estadista Dr. Benedito Leite. SANTA CASA
Depois da sessão cívica cm que se fizeram ouvir adis-
tinta professora Carmem Monteiro. um substancio o e elo- Em reconhecimento aos importantes donativos feitos
qüentíssimo discurso e cm elegante improviso do Dr. João à Santa Casa pelos Srs. José Alves de Oliveira Neves e
Machado, teve lugar a inauguração do retrato do inesque- Orfila Cavalcantc, vão ser os seus retratos colocados no
cível fundador da escola, no salão nobre desse estabeleci- salão de honra daquela instituição. conforme resolução da
mento, cantando os alunos nesse momento um belo hino. Me a Administrativa. (DiáriodeS. Luiz, 9/10/1922, p.3).
A sessão foi presidida pelo Dr. Raul, presidente do Estado.
Foi grande e seleta a assistência. OS BUSTOS DOS CONSELHEIROS
Seguiu-se o cortejo cívico até a estátua do querido GOMES DE CASTRO E SILVA MAYA
morto onde usou da palavra o Dr. Benedito Barros e Vas-
conccllos, produzindo sensacional discurso, muito aplau- São Luís, 29 de setembro de 1917. Nº 1233. - Ao Sr.
dido. Os alunos da Modelo depositaram flores no pedes- Corbiniano Villaça. Comunico-vos a aceitação. por parte
tal da estátua. (0 Joma/, 5/10/1922. p.4). desta Secretaria, da proposta que fiL.Cstes para a confec-
ção de duas armas encimadas pelos bustos dos conselhei-
CASA PAULA BARROS ros Gomes de Castro e Dr. Silva Maya. construídas as bases
ACABA DE RECEBER de granito polido e os bustos e annamento de bronze com a
altura de 2m60, sendo os bustos maiores duas vezes que o
Espelhos de cristal para móveis, quartos e salas de tamanho natural. A entrega da eucomenda deve ser efetua-
visita com e sem molduras ovais, redondas e quadradas. da no prazo de seis meses, a cont:lr desta data sendo o
ARTIGOS RELIGIOSOS como terços brancos, preto e preço total de 10:000$000 (dez contos de réis). ou sejam,
de outras cores; imagens diversas em vultos, a saber: N. S. cinco contos por busto e herma. Esse pagamento será efe-
Perpétuo Socorro, São Raimundo, Menino Deus, Sagrado tuado cm duas prestações: a prim(' ira logo que tenha esta
Coração de Jesus, São José, Santa Filomena, Santo Antô- Secretaria provas de haverem os bustos entrado para a fun-
nio, São Benedito, etc., etc. dição de Paris, e a segunda e última à vista, nesta capital, da
MOLDURAS para todos os gostos: douradas, bran- encomenda. Assim, pois, podeis, nessas bases, dardes an-
cas, escuras, todas de madeira de cedro, única que resiste
damento à execução do trabalho a que vos propusestes.
ao cupim. Saúde e fraternidade. Demóstenes Macedo.
VIDROS de todos os tamanhos para quadros, vitrincs,
São Luís, 8 de novembro de 1919. Nº 2303. llmo. Sr.
armações, móveis, etc.
José Francisco Jorge. Tendo tido o Governo do Estado
CONSERTOS -A nossa casa incumbe-se de consertos
informação de que se acham na Alfândega para despacho
de imagens, preparo de quadros, podendo garantir o máxi-
os bustos dos conselhei ro~ Gomes de Castro e Silva Maya.
mo gosto e presteza nos seus serviços.
encomendado pelo Estado ao vosso constituinte Sr. Cor-
ATELIÊ DE PINTURAS - Executam-se retratos a óleo,
biniano Vtllaça, vai o Governo do Maranhão solicitar do da
crayon, foto-crayon, ampliação, pastel, óleo, etc.
União isenção de direitos para os mesmos bustos e aces-
RUANINARODRlGUES, 23-Telefone 196.
sórios que os acompanham. Cientifico-vos. e ntretanto, de
(Diário de S. Lui::, 611OI 1922, p.3).
que a solicitação da isenção de dire itos não importará ab-
solutamente em aceitação da encomenda. O Governo do
BUSTOS
Estado fará examinar por competentes os doi monumen-
Tivemos ensejo de ver ontem, num dos armazéns da tos de que se trata, e somente os aceitará na hipótese de
serem julgados perfeitamente em condições. À vista, pois,
nossa aduana, os bustos de Silva Maya e Gomes de Cas-
do que venho de expor, declaro-vos para os devidos efei-
tro, feitos na França, há anos, mediante contrato com o
to , que somente depois da aceitação por vós como cons-
Governo do Estado.
Achamo-los duas obras perfeitas. O cinzel do escultor tituintes do Sr. Corbiniano Villaça das condições acima, é
imprimiu uma certa importância aos dois ilustres chefes que o Governo autorizará o respectivo despacho. Aguar-
políticos, muito dígnos de ta l homenagem. do. portanto, a vossa urgente resposta. Saudações. - Do-
Por um motivo algo especial, impugnou-se o pagamen- mingos Barbosa.
to da segunda prestação. O inspetor da Alfândega, cum- São Luís do Maranhão, 10 de novembro de 19 19. -
prindo a lei, vai leiloar aqueles dois trabalhos de arte. para Umo. Sr. Domingos Barbosa, M.D. secretário do Interior, nJ
que se paguem dos respectivos direitos. capital. Acuso o recebimento do vo o ofício de 8 do cor-
Parece incrível, mas é verdade. Consente-se isto numa rente, que trata com relação aos bustos dos conselheiros
terra que se ufana do cognome de Atenas, sob o pretexto Gomes de Castro e Silva Maya, remetidos pelo Sr. Corbini-
de não se parecerem os bustos com os cidadãos que re- ano Vi llaça, de que sou procurador. tiio-somentc para rece-
presentam. É um critério bastante discutível, pois não se ber o contrato com o Governo do Estado. Sou de opinião
tratava absolutamente disso, e sim de se cumprir um con- que deva ser solicitada isenção de direitos, devendo cu
trato. As maquetes, aliás, mereceram o voto aprovativo do estar presente por ocasião da abertura dos volumes na
Governo. Alfândega, para, cm caso de algum dano, poder reclamar

~ 327 ~
LUIZ DE MELLO

de Corbiniano Villaça. Com estima e consideração, sou de Estado do Maranhão me confiou. Ficaria, portanto, muito
V S.ª Amº Att. Obr. - José Francisco Jorge. grato a V. Exa., se mandasse quanto antes indenizar-mt da
Maranhão, 9 de dezembro de 1919. Exmº Sr. Doutor soma que o Estado me é devedor, aproveitando a oportu-
governador do Estado. Passamos às mãos de V. Exa. um nidade para renovar-Lhe, Sr. Dr. governador, os protestos
recibo e diversos documentos a ele anexos que nos foram da minha respeitosa consideração e mui alta estima. - Cor-
enviados pelo London and Ri ver Plate Bank Ltda., de con- biniano Villaça.
ta dos Srs. J. M. Currie e Cie., de Paris, para serem entre- São Luís, 10 de fevereiro de 1920. Nº 3 13. Aos Srs.
gues a V. Exa. em troca do pagamento da quantia de Rs. Jorge & Santos. N/ capital. Tendo o vosso constituinte
5:000$000 (cinco contos de réis), a qual V. Exa. se servirá escultor Corbiniano ViJJaça, dirigido ao Exmo. Sr. presiden-
autorizar por intermédio da repartição competente, dignan- te do Estado a carta cuja cópia (Nº 1) vos envio, relativa-
do-se dar-nos aviso. Aproveitamos o ensejo para apre- mente aos bustos dos conselheiros Gomes de Castro e
sentar a V. Exa. nossas respeitosas saudações, e subscre- Silva Maya, junto vos remeto, também por cópia (Nº 2) o
vemo-nos com estima e consideração. De V. Exa. attºs. Ve- ofício que enderecei aos Srs. Oliveira Neves & Cia., em 9
ne05. e Cr°s- Oliveira Neves & Cia. de dezembro de 1919 próximo passado, para que informeis
São Luís, 9 de novembro de 19 19. Nº2498. Srs. Oliveira o vosso constituinte do que há relativamente ao assunto,
Neves & Cia. Respondendo, em nome do Exmº Sr. presi- trazendo na oportunidade ao meu conhecimento a respos-
dente do Estado, a vossa comunicação de hoje, cabe-me ta que por ele vos for dada. Saúde e fraternidade. - Domin-
dizer-vos que o Governo não pode efetuar o pagamento de gos Barbosa.
5:000$000 (cinco contos de réis) sacados contra o Estado, São Luís, 13 de julho de 1920. Nº 1491. Aos Srs. Oliveira
pelo London anel Ri ver PI ate Bank Ltda., de ordem dos Srs. Neves & Cia., n/ cidade. Não tendo até agora o Sr. Corbi-
J. M. Currie & Cie., de Paris, por não corresponderem à niano Villaça respondido se acedia em escolher, de acor-
encomenda os bustos que dão lugar ao referido pagamen- do com o Governo, uma comissão que averiguasse se
to. Esses bustos, com os quais o Estado pretendia homena- preenchiam os fins a que se destinavam os bustos dos
gear os ilustres maranhenses conselheiros Gomes de Cas- conselheiros Gomes de Castro e Silva Maya, a ele pelo
tro e Silva Maya, colocando-os nas avenidas dos seus no- Estado encomendados, conforme vos comuniquei em
mes, nenhuma semelhança têm com aqueles pranteados ci- ofício nº 2498 de 9 de dezembro de 1919, resolveu o Go-
dadãos, conforme se verifica das fotografias dos mesmos verno nomear uma comissão composta dos Srs. Dr. Justo
Jansen Ferreira, professor José Ribeiro do Amaral e Dr.
monumentos. Assim, caberia, antes, ao Estado, o direito de
Oscar Lamagnere Leal Galvão para examinar os dois men-
reaver a importância de 5:000$000 (cinco contos de réis), já
cionados bustos, que se acham atualmente na Alfândega
adiantada. Entretanto, como já se achem na Alfândega des-
desta capital. Havendo esta comissão dado o parecer
ta capital os citados bustos, poderá o Governo, se a isso
que junto por cópia, cabe-me declarar-vos que o Gover-
aceder ao escultor Corbiniano Villaça, a quem foi feita a no não aceita os aludidos bustos, por isso que não cor-
encomenda, escolher, de acordo com este, uma Comissão respondem à encomenda, reservando-se o direito de rea-
que averigue se a encomenda de que se trata preenche os ver oportun!!lmente do referido Sr. Corbiniano Villaça a
fins a que se destina. Devolvendo-vos o recibo e documen- quantia de 5:000$000 (cinco contos de réis), que lhe man-
tos que acompanharam aquela comunicação, apresento-vos dou dar por adiantamento. Saúde e fraternidade. - Do-
os meus protestos de elevada consideração e estima. Saúde mingos Barbosa, secretário do Interior.
e fratern idade. - Domingos Barbosa. - A comissão abaixo assinada, nomeada pelo Governo
Corbiniano Villaça, 58, Rue de La Roche-Foucald, Pa- do Estado para examinar os dois bustos que se acham
ris. - Paris, 27 de dezembro de 1919. - Exmo. Sr. Dr. gover- atualmente na Alfândega desta capital, contendo um a ins-
nador. - Tendo efetuado a encomenda que o antecessor crição - Gomes de Castro, e o outro - Silva Maya, verifi-
de V. Exa., Dr. Herculano Parga, me encarregou em setem- cou que eles não expressam a fisionomia dos dois venera-
bro de 19 16, eu a remeti , logo terminada, em outubro deste dos maranhenses de quem acaba de mencionar os nomes.
ano, conforme tive ocasião de lhe infonnar por carta que São Luís do Maranhão, 1Ode julho de 1920. - Dr. Oscar
acompanhava os documentos contra os quais me devia Lamagnere Leal Galvão, Dr. Justo Jansen Ferreira, José R.
ser feito o pagamento imediato. do Amaral.
Não tendo recebido até princípios deste mês nenhum - São Luís, 13 de julho de 1920. N° 1492. Aos Srs.
aviso a respeito, resolvi pedir ao meu Banco que informas- Jorge Santos & Cia., n/ cidade. Para o vosso conheci-
se, junto a V. Exa., qual o motivo do atraso no pagamento. mento, na qualidade de procuradores do Sr. Corbiniano
A resposta que muito estranhei , fo i que o meu saque não Villaça, remeto-vos por cópia o ofício que nesta data diri-
havia sido aceito pelo fato de a encomenda não estar con- gi aos Srs. Oliveira Neves & Cia., e bem assim a cópia do
forme ao contrato. Ora, isto não é possível, pois ela fo i parecer dado pela comissão encarregada de examinar os
feita estritamente de acordo com os dizeres do mesmo e bustos dos conselheiros Gomes de Castro e Sil va Maya,
isso com grandes dificuldades do momento, apelo que V. que o Escado havia encomendado àquele vosso consti-
Exa. não ignorará. Também muito estranhei não ter recebi- tuinte. Saúde e fraternidade. - Domingos Barbosa, secre-
do nenhum aviso a respeito das supostas irregularidades cário do Interior.
notadas na realização da encomenda, o que me impede - Os documentos que ora se reeditam já foram dados à
completamente de expl icar-me. Pondero respeitosamente publicidade no Diário Oficial do Estado, nº l 93, de 28 de
a V. Exa. que estou no desembolso de fortes somas que fui agosto de 1920. Por essa ocasião não houve jornal algum
obrigado a efetuar para satisfazer compromissos contraí- que censurasse o Governo pelo modo de agir. (O foma/,
dos para a boa execução do contrato que o Governo do 10/10/1922, pp l-2).

Q/Q) 328 Q/Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

JUSTA HOMENAGEM Gomes de Castro, encomendados por Herculano Parga,


quando governador do Estado, a uma casa es1rangeira.
No estabelecimento do hábil pintor Paula Barros, na Esses bustos estavam no armazém da Alf:1nclcga há
Rua Nina Rodrigues, acha-se exposto um retrato a óleo do quatro anos, conforme nos infomrnm.
Dr. Epitácio Pessoa, tamanho natural (busto}, com rica mol- Era natural perguntás emos: - E por que o Governo
dura e passe-partottt dourados, e que o Dr. José Martins não os mandou de pachar?
de Sousa Ramos, ilustre juiz de Direito da comarca de Cru- Perguntamos, e a resposta que nos deram foi que o
zeiro do Sul, Território do Acre, nosso prezado conterrâ- Governo (não sabemos de que período) não achou que os
neo e amjgo, acaba de mandar preparar, para ser inaugura- bustos reproduzissem as fisionomias dos originais.
do na sala de visitas de sua residência, no dia 15 de no- A razão é muito forte, mas deixa margem a que façamos
vembro vindouro. algumas considcraçõc a respeito. O Governo, para decla-
Trabalho corretíssimo, muito se recomenda pela per- rar que os bustos não estão de acordo com os originais,
feição e beleza. precisava, não sendo o chefe do Estado um técnico, de
É mais uma justa homenagem que vai ser prestada, por nomear uma comissão de profissionais para os examinar
um distinto magistrado, ao glorioso brasileiro, exatamente de acordo com as regras da arte.
na data em que ten11inará o seu alto mandato de chefe da Parece-nos que só artistas, críticos de arte, ou profes-
Nação.(Oloma/, 11/10/1922, p.l}. sores de arte poderiam dar a sua opinião a respeito. E essa
opinião deveria ser escrita, em um como relatório em que
UMA JUSTA HOMENAGEM ele mostrassem, linha a linha. traço a traço. que os bustos
dcfonnavam os originais que com certe7a foram retratos
Ao que sabemos, o Dr. José Martins de Souza Ramos, que o Governo mandou à casa ou ao ani ta escolhido para
juiz de Direito no Território do Acre, desejando dar um produzir o trabalho.
testemunho de apreço e gratidão ao Dr. Epitácio Pessoa, Quais foram os artistas que se encarregaram desse lau-
presidente da República, mandou preparar nesta capital do? Onde foi ele publicado? Quais foram os competentes
um retrato a óleo de S. Exa., afunde ser inaugurado na saJa que, por determinação do Governo, se encarregaram des-
de visitas da residência daquele magistrado, cm Cruzeiro se trabalho difícil, duplamente difí.::il, porque exige sejam
do Sul, no próximo dia 15 de novembro, dia cm que o notá- consultadas a plástica e as formas anatômicas apreciáveis
vel brasileiro terá de deixar o supremo posto a que em boa nos originais de que se serviram os artistas?
hora o elevou à confiança dos concidadãos. Como pôde, pois, o Governo chegar a concluír que os
O retrato, esmeradamente executado pelo hábil pintor bustos não eram a cópia artística dos originais?
Paula Barros, acha-se exposto no estabelecimento desse Quais foram as autoridades artística<; que apreciaram
conhecido artista. na Rua Nina Rodrigue , e seguirá para esses dois bustos?
Cruzeiro do Sul na primeira oportunjdadc. Por mais que procurássemos saber como foi lançado
É um trabalho perfeitíssimo, encaixilhado numa rica mol- esse juízo crítico, não achamos quem nos infonnasse.
dura, com passe partour da mesma cor, e que se recomen- Se, pois, esse libelo ou relatório não existe, devemos
da pela nitidez dos traços e inteira semelhança com o ho- desconfiar de que não tenha razão o Governo que, pelo
menageado. (Pacorillw, 11/10/ 1922, p. I}. seu próprio modo de ver, desprezou os bustos como im-
pre táveis.
OS BUSTOS Com que competência lançou o Governo a sua conde-
nação sobre dois trabalhos executados por um artista, um
Os Srs. Quesra Mettre & Sobrinhos, comerciantes desta escultor de merecimc1110, como deve ser esse que o Gover-
praça, adquiriram em hasta púbhca, por 4 15$000, os bus- no escolheu para os executar?
tos de Silva Maya e Gomes de Castro, que o Governo do Todas as artes têm suas regras, têm as suas normas, os
Estado, por incúria ou por pobreza, não retirou da Alfân- seus princípios, que, aliás, variam de acordo com os pre-
dega. (Diário de S. ú1i:, 18/ l 0/ 1922, p.2). ceitos e processos admitidos ou rc~pc itados de acordo
com as escolas seguidas pelo artista cm diferentes países,
BUSTOS ou mesmo dentro de um país.
Foram, porventura, consultados esses fatores pelo Go-
Os bustos dos extintos políticos maranhenscs Gomes verno?
de Castro e Silva Maya, que o Governo encomendou à Se o artista escolhido pelo Governo é de merecimento,
França, e cujas maquetes aprovou, satisfazendo o paga- como é de supor o seja, por que não havia ele de produlir
mento da primeira prestação, foram ontem vendidos em trabalhos de acordo com os originais'?
leilão da Alfândega pela importância de 415$000. Porquê?
Adquiriu-os a colônia síria, que os vai oferecer ao Es- Mas passemos à segunda hipótese. Admi1amos, como
tado. (Pacotilha, 18110/1922, p.2). o Governo, sem nnálisc de competentes ou profissionais,
admitamos por nossa prosápia que os bustos não se pare-
MAS ... QUEM FOI QUE DISSE? cem com os originais. Ponhamo-nos acima de todas as
regras dessa arte que desconhecemos completamente, e
A colônia síria del.la cidade mandou arrematar ontem, perguntemos: - Se os bu tos não servem porque defor-
por um dos seus membros, os bustos de Silvia Maya e marnm o original, que serventia podem ter?
LUIZ DE MELLO

Não deveria, mesmo assim, arrematá-los o Governo, Quando queremos apreciar uma cenografia, esperamos
para que não viessem depois a ser expostos aí, à talante de que anoiteça para examinarmos os efeitos das combina-
quem os comprou, à irrisão pública? ções das cores tiradas pela luz.
Para que os comprou a colônia síria? Pelo que dizem Se queremos apreciar um busto, temos que colocá-lo
para os oferecer ao município da Capital. Que irá fazerdes- em praça pública, à altura necessária, à luz solar.
tes bustos o município? Ninguém dirá que Benedito Le ite tinha os pés do ta-
Segundo uns, mandar colocá-los nas duas aveni- manho daqueles de bronze com que o puseram na praça
das que tê m os nomes desses dois cons iderados ma- pública, nem que fosse tão volumoso, tal qual o vemos
ranhenses. ali, no jardim.
Segundo outros, conservá-los - ou na sala da Biblio- Poderíamos daí concluir que o trabalho não presta, se
teca Pública, ou noutro qualquer estabelecimento ! não refletíssemos um pouco. Levante-se o pedestal da es-
Se, porém, tal coisa acontecer, não ficarão esses bus- tátua, ponham-no mais alguns metros acima, e logo se verá
tos conhecidos de todos com as suas deformações, e não que o efeito será outro!
era justamente isto que o Governo queria evitar? O Sr. presidente do Estado, à vista dos fatos que se
Palavra que ainda não compreendemos nada, nem acha- passaram, respeitando o laudo dos ilustres intelectuais,
mos quem esses fatos nos explique. não podia arrematar os bustos e m leilão?
Só o que sabemos definitivamente, como toda a gente, Com certeza o artista presumira que o Estado quisera
é que os bustos foram arrematados em leilão, por um repre- enganá-lo.
sentante da colônia síria, e que essa colônja, mais do que Deixara de pagar a segunda prestação para arrematar
o Governo do Estado, se apiedou do nome dos nossos os trabalhos por uma ninharia.
grandes vultos mentais que nos honram e que são até hoje E por causa de coisinhas, bem lastimáveis, é que fica-
a única riqueza que possuímos tangível e palpável, certa e mos reduzidos a essa condição de vennos em praça, lança-
insofismável. (Di6rio de S. Luiz, 19/ l 011922, p. I ). dos pelo leiloeiro, dois bustos de maranhenses ilustres !
(Di6rio de S. Luiz, 21/10/1922, p. l).
AINDA OS BUSTOS
CAROLINA
Somente agora fo i que nos informaram que o ilustre
No dia 14 do corrente foi inaugurado no salão nobre
secretário do Interior no Diário Oficial mandou publicar
do Externato Rio Branco, na cidade de Carolina, o retrato
todos os documentos relativos aos bustos de Silva Maya
do ilustre brasileiro Barão do Rio Branco, em homenagem
e Gomes de Castro. Quando chegaram os bustos, corre-
material ao grande vu lto que se fo i para o Espaço. Foi uma
ram entendidos em escultura a Palácio e disseram ao Dr.
festa, apesar de solene, simples e sem a menor etiqueta.
Urbano Santos que os bustos não se pareciam com os
Abriu a série dos discursos a veneranda Sra. Crezanti-
donos. Levantou-se o alvoroço em torno do caso, e o
na Barros Monteril, diretora daquele externato, expondo a
chefe do Estado à força de ouvir tantas afirmativas con- razão de ser <!aquela re união homenageativa ao morto ilus-
tra o trabalho dos escu !tores, nomeou uma comjssão para tre pelos inolvidáveis trabalhos que prestou ao nosso Bra-
dizer a sua justiça. sil querido. Seguiram-se com a palavra diversos oradores,
O Dr. Urbano Santos nunca viu os bustos. Sabem to- sendo todos muito aplaudidos. À noite houve animado
dos dos hábitos do eminente chefe. baile, prolongando-se até às duas horas.(...) (Diá rio de S.
Há quem afirme que a guerra feita aos bustos tinha por Luiz, 24/I O/ 1922, p.2).
fim agradar o chefe, pois quem fizera a encomenda dos
bustos fora o Sr. Herculano Parga! UM JOVEM ARTISTA
Nomeada a comissão, composta, aliás, de maranhen-
ses ilustres e respeitáveis, ficou confirmada a crítica - que Estão expostos na vitrine da Notre Dame belos qua-
os bustos não se pareciam com os originais! dros pintados pelo jovem Newton Pavão, que muito se
Estamos que a sugestão pôde mais que a análise. tem distinguido nestes serviços de alto valor.
Ora, temos em alta conta o valor dos djstintos mem- Dois quadros são retratos de Domingos Barbosa e
bros dessa comissão, seja pelo seu amor à verdade, seja Arthur Paraíso, feitos a crayon e sanguínea, respectiva-
pelo seu critério; mas não podemos deixar de estranhar mente. Os outros são paisagens egípcias, pintadas a água
que não sendo eles, se bem que homens preparados e pastel. É um serviço perfeito em que o artista mostra o seu
competentes, escultores ou professores de artes, tives- real valor.
sem aceitado esse encargo. Newton Pavão toma passagem na próxima segunda-
O artista, lendo esse documento que condenou seus feira, a fim de se matricular na Escola de Belas-Artes. (Pa-
trabalhos, com certeza ficou perplexo! Porque esse docu- cotilha, 28/10/ 1922, p.1).
mento que devia ser uma análise, é apenas uma afirmativa
sem conhecimentos técnicos e pro fissionais. NEWTON PAVÃO
Admitindo que os boatos não sirvam, temos que adrru-
tir também que a comissão nomeada pelo Governo não Veio despedir-se desta redação o jovem artista Newton
demonstrou o seu assert.o, e era justamente isso o que ela Pavão que segue para a Capital da República pelo Rio de
deveria ter feito, a fim de que o artista francês não ficasse Janeiro, a fim de se matricular na Escola Nacional de Be-
a rir de nós e a lastimar que seus trabalhos fossem julga- las-Artes onde pretende aperfeiçoar-se nos estudos de
dos de uma maneira tão original. pintura. (Diário de S. Luiz, 30/10/1922, p.2).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

HÓSPEDES E VIAJANTES ESCOLA DE BELAS-ARTES

Segue hoje para o Rio o jovem Newton Pavão, que vai Funcionaram ontem as aulas de desenho e teoria musi-
iniciar os seus estudos de pintura. cal, sob a direção dos professores Levy Damasceno, D.
Revela Newton Pavão vocação artística, como bem se CoLinha Belchior e Verdi de Carvalho.
pode avaliar na exposição dos seus trabalhos nas vitrines Compareceram os alunos: Jenny Pinheiro, Linieth Fi-
da Notre Dame. gueiredo, Alcindo Carvalho, Raquel Campos, Eusamar Reis,
Ao talentoso moço desejamos boa viagem e triunfos. Mário Lauande, Francisca Cruz, Ana Pires de Castro, Hero
(O Jornal, 30/1011 922, p.4). M. Cunha, Nestor Nasci mento, Maria José R. Souza, Ma-
ria do Céu Borges, Lídia Mcirelles, Aldcnora Moreira, Júlia
ADEUS, BELAS-ARTES!... Couto, Arthur Maya, Enoc Costa Ferrcim, Altair Costa
Ferreira, Luiz GuimarJes, Benedito Rego, Maria José San-
Deram-nos ontem a desoladora notícia de que a Escola tos, Maria José Reis, Lúcia Rocha, Maria R. Parga, Else
de Belas-Artes, recentemente fundada, está em vésperas Figueiredo, Clarice Faria e Maria S. Costa. Faltaram 17 alu-
de fechar as portas à mocidade que a freqüenta.
nos às aulas de música e 2 às aulas de desenho. (0 Jornal,
E por quê? - perguntemos. Porque a receita não dá
29/11/1 922, p.I).
para as despesas. A receita é de 500 mil réis e as despesas
sobem a hum conto de réis e pouco. Conseqüência: ao fim
NA SÃO LUÍS - TERESINA
do mês, pagam-se alguns professores e outro ficam a
fazer cruzes na boca com a mão esquerda.
Ora, a matrícula não é pequena. São cento e poucos Realizou-se ontem. no escritório desta estrada. uma
alunos!... Não é pequeno o esforço dos professores, que importante festa a que assistiram o Dr. Mariano Lisboa
não podem empregar ali uma tarde inteira a ensinar sem a Neto, representante do presidente do Estado, membros da
menor remuneração. Eles precisam ganhar alguma coisa. imprensa e outros convidados. dlém de numerosos funci-
Pouco que seja, mas esse pouco será um estímulo. onários. promotores da homenagem.
Como, pois, harmonizar as coisas? Abrindo a sessão o Dr. Antônio Vitorino de Ávila, ilus-
Harmonia... harmonia não pode haver. Só há um jeito e tre diretor da São Luís-Teresina, pronunciou umas frases
é o Governo do Estado auxiliar a Escola de Belas-Artes! sobre a inauguração do quadro alegórico da vida nacional
Já pensou nisso a diretoria e até ouvimos dizer que e o do Dia do Funcionário. Após transportou-se o quadro
uma comissão iria entender-se com o presidente do Esta- alegórico para o gabinete da diretoria, onde se colocou
do e expor-Lhe as condições da escola. debaixo de estrondosas palmas.
Pena será, com certeza, que se feche uma escola que O trabalho, devido ao insigne pintor brasileiro Carlos
está prestando sérios e relevantes serviço à mocidade Chambelland, representa o pa sado pátrio que se encar-
maranhense. nou cm três figuras - Tiradentes, Jo é Bonifácio e Benja-
Porque não nos iludamos: em se tratando de artes, es- min Constant. Desde que se personali1,aram os fatos da
tamos numa bagagem miserável! Que temos? Um nada. Conspiração Mineira, da Independência e da República,
Apenas alguns músicos, discípulos adiantados de pintura pena é que se esquecesse do vulto sobranceiro de Bcck-
e dois ou três desenhistas. man, anterior aos referidos, e que João Lisboa teve como
A pouco e pouco nos vão faltando esses poucos ele- "um do mais interessantes de toda a História do Brasil".
mentos e não virá longe o dia em que se procure organizar O promotores deste preito do funcionalismo ao Cen-
uma orquestra e não se encontrarão músicos!. .. tenário foram os Srs. Palhano de Jesus, presidente da Co-
O Governo do Estado não deve consentir que se feche mis ão; A. Larnberti Guimar:ies. primeiro secretário; L. Ga-
a Escola de Belas-Artes. biso de Faria Pereira, segundo secretário; J.B. Moraes Rego,
Quando o dinheiro é gasto em coisas úteis o povo não tesoureiro; Alípio Rosário de Almeida, José Tomé de Sousa
se aborrece. O que revolta o povo é ver que os dinheiros Pinto, Eduardo Laranja de Oliveira, Bento P. Peixoto Ama-
públicos se vão em coisas improdutivas. rante, Luís Le Cocq de Oliveira. J. Ascânio Burlamaqui,
A E.soola de Belas-Artes está ali hospedada no Casino. O José de Aguiar Toledo Lisboa. G Ba<!ta Neves e Teófilo
Governo não se importa com ela Os jornais publicam listas Leal. (Pacotilha, 4/1211922, p.4).
dos alunos, trabalhos didáticos dos professores. Estes con-
vidam a imprensa e as família<; para assistirem as suas lições. ESCOLA D E BELAS-ARTES
É que eles, trabalhando conscienciosamente, querem
que a sociedade avalie da sua dedicação e dos resultados Encerrou-se ontem o primeiro ano letivo deste útil es-
colhidos. tabelecimento de ensino. O amplo salão estava repleto.
Mas, apesar de tudo isso, o Governo não se move. Presidiu Fran Paxeco. ladeado pelo Dr. Mariano Lisboa
Pois agora é tempo. Neto, que representava o chefe do Estado, Sra. Laura Ewer-
Apelamos para o Sr. secretário do Interior que se mos- ton, os maestros João Lcntini e Verdi de Carvalho, o Sr.
Lra tão interessado pela instrução do Maranhão, para que Francisco Furiati , secretário da escola.
procure amparar a Escola de Belas-Artes, a fim de que Cantando um belo coral a três vozes, o presidente pro-
consiga do presidente do Estado algumas moedas em be- feriu umas breves palavras de animação e regozijo. salien-
nefício da Mocidade Maranhense que no Casino à tarde tando a vitória obtida no curso de música (teoria, solfejo,
educa o espírito, recebendo ensinamentos tão úteis e piano) e no de pintura. Rejubilou-se pelas transforma-
agradáveis à vida. (Diário de S. Luiz, 3 1/10/1922, p.2). ções operadas nas cadeiras de solfejo e de pintura ao

~33 l ~
~
~ LUIZ DE MELLO

natural. As conseqüências do feliz esforço puderam apre- Essa placa será oferecida à Comissão para coiocá-la no
ciar-se nos coros e nos quadros expostos . Incitou os avião. (...) (O Jornal, 7/12/1922, p.I ).
alunos a prestigiarem os professores, para que a escola
se consolidasse. LEMBRANÇA
Fizeram-se ouvir, depois, no meio do agrado geral, di-
versas das estudiosas discípulas de piano da distinta mestra O Sr. Benedito Mello, da Casa Krause, mostrou-nos
Laura Ewerton. As da senhoritaAirine de Oliveira também um lindo cartão de prata de sua confecção, que vai ser
prestaram boas provas no sábado. oferecido aos aviadores, e que tem a seguinte legenda:
Em seguida cantaram uma 1inda canção veneziana, de Aos aviadores Pinto Martins e Hinton,
autoria do maestro Lentini, oferecida à diretoria da esco- lembrança de um operário maranhense.
la, na pessoa de Fran Paxeco, e uma fo rmosíssima valsa Benedito Me/lo,
que o mesmo compositor dedicou ao Sr. Dr. Raul da Cu- Gravador.
nha Machado.
Maranhão Brazil
As alunas, num ato espontâneo, acompanhadas pelos
(O Jornal, 8/12/1922, p.l).
professores Lentini e Carvalho, resolveram ir entregá-la ao
chefe do Poder Executivo, em cuja residência cantaram o
UMA LEMBRANÇA EXCELENTE
magnífico trecho. S. Exa. mostrou-se muito cativo da gen-
tileza, prometendo redobrar o auxílio do Estado à Escola
de Belas-Artes. O Sr. Porciúncula de Moraes veio mostrar-nos um ex-
O maestro João Lentini ditou ainda às suas alunas uma celente desenho contendo os autógrafos de Pinto Mar-
bonita barcarola, que será oferecida ao Sr. Juviliano de tins e Hinton e dos seus companheiros.
Souza Barreto, secretário do Interior. Em cima vêem-se coloridas as bandeiras brasileira e
- Os trabalhos de pintura e desenho, dirigidos pela americana, cruzadas, tendo entre hastes um hidroavião a
. Sra. Maria Ennes Belchior e Levy Damasceno Ferreira, voar, encimado por uma faixa com a seguinte legenda: -
achar-se-ão franqueados ao púbico durante esta semana. Raid Martins-Hinton. Ao centro, os fac-símiles de cinco
Todos lucrarão em ir vê-los. cartões onde os cinco jomadeantcs firmaram as suas assi-
- Deram provas da sua aplicação no curso de pintura naturas de próprio punho. E, embaixo, outra faixa com os
(professora Maria Ennes Belchior): 2º ano - 1° grupo: Sa- dizeres: - Autógrafos dos gloriosos aviadores Martins-
bina Carvalho, Maria Leitão, Jenny Pinheiro da Silva; l º Hinton e dos seus arrojados companheiros de jornada.
ano adiantado - 2° grupo: Liniete Figueiredo, Maria José O quadro foi idealizado pelo Sr. Porciúncula e executa-
Rabello de Souza, Hero Maria da Cunha; 1° ano-3° grupo: do pelo desenhista Newton Pavão.'
Enoe da Costa Ferreira, Odília Mello, Maria da Rosa Go- (Diário ele S. Luiz, 20/12/1922, p.2).
mes, Maria do Céu Borges.
- O Sr. Levy Damasceno Ferreira, professor da cadeira JOSÉ RODRIGUES
de desenho, conferiu estas notas: Eusamar dos Reis, 9; F.
Meirelles, 9; Ana Pires de Castro, 9; Raquel Campos, 9; Sabemos por telegrama particular que o nosso talento-
Francisca Cruz, 8; Aldenora Moreira, 8; José Matos, 9; so conterrâneo José Rodrigues, filho do Sr. Joaquim Ro-
José Reis, 8; Aleindo Machado, 9; José Nascimento, 8; drigues, diretor da Recebedoria, foi aprovado plenamente
Pedro Bona, 9; Mário Lauande, 8. em todas as cadeiras do 1ºano de arquitetura da Escola de
O mesmo professor promoveu, da l ªsérie para a 2ª, os Belas-Artes do Rio de Janeiro.
alunos Euzamar dos Reis, F. Meirelles, Ana Pires de Cas- Ao jovem arusta maranhense enviamos pelos resulta-
tro, Raquel Campos, José Matos, Alcindo Machado e Pe- dos colhidos os nossos saudares. (Diário de S. Luiz, 22/
dro Bona, todos com nota 9. (Pacotilha, 4/1 2/1922, p.4). 12/1922, p.3).

ESCOLA DE BELAS-ARTES PRESÉPIOS


O Sr. J. Lentini , diretor do curso musical dessa escola, O professor José Mercedes Gomes comurucou-nos ter
pede, por nosso intermédio, às alunas do curso de solfejo armado um presépio, que está exposto à visitação do públi-
compareçam amanhã, às 15 horas, para o ensaio geral da co no Instituto de Artes São José, do qual é diretor, convi-
saudação aos aviadores Hinton e Martjns. (Pacotilha, 51
dando-nos, ao mesmo tempo, especialmente, a visitá-lo.
12/1922, p.4).
Agradecidos pela gentileza.
(Diário de S. Luiz, 26/12/1922, p.2).
DAS HOMENAGENS A
HINTON E PINTO MARTINS
QUADRO
(...)A Casa Krause, importante joalheria de nossa pra-
ça, confecc ionou com o esmero que a carateriza, uma gra- Está exposto na montra da Notre Dame o quadro das
ciosa placa de ouro com a seguinte legenda: diplomandas pela Escola Normal Primária, trabalho cuida-
SAMPAIO CORRl!A li
PASSAGEM PELO MARANHÃO O idealizador do quadro é Raul Porciúncula de Moracs. irmão do
pintor Raimundo Porciúncula de Moraes.
7-Xll -1922

e,-~ 332 <:/Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

doso do competente moço Telésforo Moraes Rego. (O Jor- Não há convites especiais para essa solenidade, po-
nal, 2611211922, p. l). dendo comparecer todos aqueles que desejarem copanici-
par da homenagem. (Diário de S. Luiz. 30/ J211922, p.2).
PRESÉPIO
DA COSTA E SILVA
O professor José Mercedes Gomes convidou-nos para
visitar o prel>épio exposto no Instituto São José, nos djas Na próxima segunda-feira, às 1Ohoras, os funcionários
30 e 31 deste, e 1º,5, 6 e 9 de janeiro, na Rua do Passeio, 29, da Delegacia Fiscal neste Estado farão inaugurar, no gabi-
cujos trabalhos de pintura e escultura são devidos aos nete dessa repartição, o retrato a óleo do Dr. Antônio da
seus esforços. Co ta e Silva, ilustre delegado fiscal.
O Jornal agradece. (OJoma/, 27/12/1922, p. I). Para essa solenidade não houve convites especiais,
podendo comparecer todos aqueles que desejarem assis-
TÁVOLA DO BOM HUMOR tir à justa homenagem que aqueles funcionários prestam
ao seu digno chefe. (O Jornal, 30/1211922, p. I).
Incontestavelmente os rapazes que compõem a Távo-
Ja do Bom Humor marcam uma época entre nós, pela ma- NA DELEGACIA FISCAL
neira por que se impõem às nossas simpatias.
Trabalham sem alarde, operam sempre com a maior in- Realizou-se hoje pela manhã a homenagem dos funcio-
dependência, sendo de louvar o esforço que desenvol- nários da Delegacia Fiscal ao seu digno chefe Dr. Antônio
vem por manter, vai um decênio já, a revista lftero-humorís- da Costa e Silva. Na sessão de inauguração do retrato do
tica A FITA, que acolhe à sua sombra uma plêiade brilhan- homenageado falaram os Srs. Carneiro de Freitas, Nava
te e esperançosa. Espíritos de associação reuniram-se em Rodrigues e Vale Sobrinho. Respondeu, agradecendo, o
uma távola e, assim, modestos, aí estão trabalhando pelo Dr. DaCostaeSilva.
engrandecimento de nossas letras, sem outro adjutório Ao ato estiveram presentes muitas autoridades, ami-
senão o de suas próprias energias. gos e admiradores do delegado fiscal.
Num meio hostil, qual sói ser o nosso, cm que todas as - O retrato do Dr. Da Costa e Silva, bem-feito trabalho
boas idéias naufragam, não sabemos como sabem viver de Paula Barros, é pintado a óleo e guarnecido duma rica
esses rapazes, vencendo obstáculos, afrontando a indife- moldura dourada.
rença, quase criminosa, do meio ambiente cm que todos - Tocaram as bandas de música do 24° l3C e Típica
respiramos. Por isso mesmo é que são admirados pela bra- Maranhense.
vura e pela coragem com que perseveram, à fé antiga dos Serviram-se bebidas frias. (Pacotillia, 1º/1/1923, p.4).
cavaleiros medievais, rindo e cantando...
Já nos deram uma obra de incontestável valor, que são
TÁVOLA DO BOM HUMOR
os Sonetos Maranhenses. E um dos hmços fortes desse
formoso escrínio foi Vieira dos Reis, que é o Joauvire da
Real izou-se anteontem a sessão solene com que os
Távola, cuja administração se vem de assinalar pelos em- rapazes da Távola do Bom Humor homenagearam o seu
preendimentos feitos. Daí o seu prestígio entre os seus
Cavaleiro Maior Joauvire, oferecendo-lhe o seu retrato, ex-
pares, que lhe promovem, sábado, às 20 horas, uma signi-
celente trabalho do hábil pintor Paula Barros. Presentes vá-
ficativa manifestação oferecendo-lhe o seu retrato a crayon,
rias famíl ias amigas e convidados, os cavaleiros Crimarson,
em rica moldura, trabalho devido ao lápis do hábil pintor
Arjefcr, Esan. Jolripes. Olimpil, Jolugui, Elvirsan, Maruipcr,
Paula Barros. (0 Jomal, 29/1211922, p. l).
Laslranfi, Dulcimar,Arsammavali, Jo itexlei, Cannoree Jus-
marci 1, - usou da palavra Arjefer, ofereccndo o valioso mi mo
T ÁVOLA DO BOM HUMOR
a Joauvire. Este respondeu com eloqüência. Falaram ainda
os cavaleiros Dulcimar, Crimarsou e Caslranfi.
Os rapazes da Távola do Bom Humor oferecem a Joau-
Serviram-se bebidas frias e doce~ aos presentes. (Pa-
vire, seu Cavaleiro Maior, amanhã, às 20 horas, na Praça da
cotil/1a, 211 11 923. p.4).
Alegria, 3, o seu retrato a crayon, trabalho de Paula Barros,
em rica moldura, homenagem essa por deixar aquele cava-
lheiro a gestão de tão próspera sociedade lítero-musical. TÁVOLA DO BOM HUMOR
1 .
Joauvire é o mais moço de todos. Rapaz inteligente e
trabalhador, irá cursar a Faculdade de Medicina no Rio. Brilhantíssima pela sinceridade com que a caracteri1a-
uma bela esperança. (Di6rio de S. Luiz, 29/12/1922, p.2). va e pela singeleza com que a revestiram, foi a homena-
gem, sábado, que os cavaleiros da Távola do Bom Humor
DA COSTA E SILVA fizeram, às 20 horas. ao nosso jovem confrade Vieira dos
Reis (Joauvirc), Cavaleiro Maior daquela próspera agremi-
Na próxima segunda-feira, pelas 1Ohoras, será inaugu- ação lítero-humorística.
rado no gabinete da Delegacia Fiscal um retrato a óleo do Reunidos com representantes da imprensa e várias pes-
Dr. Antônio da Costa e Silva, delegado neste Estado. soas convidadac;, os rapazes da Tnvola do Bom Humor
A inauguração desse retrato é uma homenagem pres- dirigiram-se à residência do homenageado e aí entrega-
tada pelos funcionários daquela repartição ao seu ilustre ram-lhe o seu retrato a crayon, em rica moldura, trabalho
chefe. pela maneira digna como os tem dirigido. de Pau la Barros.(...) (Diário de S. úti~. 2/1/ 1923, p.3).

~ 333 C:,,'ê)
LUIZ DE MELLO

ENGENHEIRO ANTÔNIO SANTOS cinema ao ar livre na Praça João Lisboa, havendo várias e
curiosas concepções pirotécnicas do inteligente artista Hil-
Visitou-nos hoje o nosso ilustre conterrâneo Antônio ton Rayol.
Santos, que há meses se acha entre nós. A Rua Nina Rodrigues e Praça João Lisboa, nas ime-
Antônio Santos partiu daqui para a 11ália, depois de diações ela residência do homenageado, apresentarão gar-
cursar o nosso Liceu onde fez exames de parte das matéri- rido aspecto, graças à ornamentação original que lhes
as que constituem o curso secundário. estão dando.
Na ltáJia, seguiu para a cidade de Milão, onde se matri- Às 19.30 horas uma comissão irá levar a S.S. e Exma.
culou na Escola de Construtores, na quaJ especialmente esposa o retrato do feliz casal, trabaJho do hábil pintor
se estuda arquitetura. Paula Barros. (O foma/, 1°12/1923, p. I).
O curso de arquitecura dali é de cinco anos, que foram
brilhantemente feitos pelo nosso talentoso conterrâneo, AS HOMENAGENS AO DR. RAUL MACHADO
findos os quais lhe foi conferido o grau de construtor-
arquiteto.
(Almoço na residência de Raul, às 13 horas, promovi-
Freqüentou o ateliê do afamado professor Bangi, tra-
do por uma comissão composta de Teodoro Rosa, Juvilia-
balhando como seu ajudante.
no Barreto, Corrêa Lima e Mariano Lisboa Netto).
O professor Bangi é, aliás, um nome muito conhecido
no Brasil, especialmente no Sul onde o meio artístico é Entre os convidados ilustres: Godofrcdo Viana (novo
excelente. Foi ele quem construiu o Pavilhão do Brasil em presidente do Maranhão), desembargador Bezerra de Me-
Turim, para a Grande Exposição IntcmacionaJ, em 1908. nezes. deputado Cunha Machado, Artur Moreira, Marceli-
Antônio Santos pretende trabalhar nesta cidade, para no Machado, Dr. Castelo Branco, juiz federal e Dr. Pires
o que abre o seu ateliê na Rua Afonso Pena, 44, onde Sexto, juiz substituto.
residem suas irmãs, as conhecidas professoras normalis- (... ) Au dessen, tomou a palavra o Dr. Teodoro Rosa;
tas Gcnésia, Biandina, Oritéia e Maria das Neves Santos. cm seguida discursou o Dr. Raul Machado, agradecendo.
Podemos dizer que é o primeiro arquiteto-construtor Tocou nos salões a orquestra dos Irmãos Parga, e
que dá o Maranhão. Não temos notícia de outro: é, presen- na Praça João Lisboa a banda de música do Corpo de
temente, o único construtor-arquiteto diplomado que pos- Segurança.
sui o Maranhão, entre nacionais e estrangeiros. (...)A residência do Dr. Raul Machado encheu-se de
Esperamos que o nosso talentoso conterrâneo seja grande número de amigos.
muito feliz na nossa terra e na dele. Foram oferecidos ao Dr. Raul Machado dois retratos a
Esperamos porque é um conterrâneo que daqui saiu óleo do feliz casaJ. esmerado e artístico trabalho do pintor
cheio de força de vontade e foi conquistar em Milão um Paula Barros, falando em nome da comissão o Dr. Corrêa
título que muito o honra, conhecimentos que muito podem Lima, que produziu magnífica e brilhante alocução.
valer à nossa cultura artística, nesta hora tão depreciada, Organizaram-se depois animadas danças que se pro-
tão entristecida e tão falha. longaram até alta madrugada, comparecendo a eLite da nos-
No gênero, então, que escolheu, podemos dizer que sa sociedade. (O Jornal, 2/2/1923, p. I).
não temos nada, e daí os serviços que nos pode prestar a
sua atividade. ESCOLA DE BELAS-ARTES
O Diário de S. Luiz agradece a visita que nos fez e faz.
lhe sinceros votos de felicidade. (Diário de S. luiz, 5/JI A diretoria deste instituto, diverso. professores e alu-
1923, p.3).
nos do mesmo, com alguns chefes de família. reuniram-se
ontem no Casino Maranhense, a fim de se verificarem as
TIBI LAUS, TIBI GLORIA, TIBI TRIUMPAUS
condições dessa útil casa de ensino.
O BEATA TRINITA I
Manifestando-se os Srs. Fran Paxcco, Verdi de Carva-
lho, Francisco Furiati, João Lentini e a Srta. Airine de Oli-
Convido todos os meus amigos, admiradores e o pú-
blico cm geral para a visita a um presépio cujas pinturas e veira, assentou-se que, pela matrícula, se pagará a taxa
esculturas de gesso são trabalhos meus. Estará exposto anual de 10$000; e cada mês, de freqüência, a mesma soma.
nos dias 5, 6 e 7; naquele até às 24 horas, e nestes até às 21. Ocorrendo ocaso, improvável, de qualquer aluno se matri-
lni.tituto de Anes São José - Rua do Passeio nº 29 cular no curso de música em três cadeiras, pagará 15$000.
JOSÉ MERCEDES GOMES-diretor. Para esse efeito, as disciplinas de teoria e solfejo conside-
(Diário de S. ltti-:.. 5/ l/ l 923. p.3). ram-se como formando uma só cadeira. Quem se matricular
em dois cursos (música e pintura, por exemplo), pagará
DR. RAUL MACHADO apenas 15$000. De preferência, porém, 20$000 mensais.
JUSTA MANIFESTAÇÃO DE APREÇO - As petições, após o despacho da secretaria. devem
levar-se ao tesoureiro da escola. Sr. Jacinto Aguiar, ao qual
Os amigos e admiradores do Dr. Rau l da Cunha Ma- se pagarão as taxas da matrícula e do 1º mês de freqüência.
chado ofereceram-lhe hoje, às 13 horas, um suntuoso ban- É preciso que se refiram nas petições, a fili ação, o lugar de
quete cm sua residência, no qual tomou parte grande nú- nascimento, a idade, juntando-se a prova de que o candi-
mero de pessoas gradas. dato possui estudos primários e se vacinou.
Esta carinhosa manifestação de apreço continuará hoje Os interessados podem se entender com os Srs. Fran
à noite com o seguinte programa de festejos populares: - Paxeco e Fr.tncisco Furiati.

<VQ) 334 <:,/@


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

A eleição dos futuros diretores efetuar-se-á no último ESCOLA DE BELAS-ARTES


domingo do corrente (25), fazendo- se a cerimônia de pos-
se em 1° de março. dia cm que se reabrirão as nu lns. (Paco- Realizou-se ontem, no Casino Maranhense, a reaber-
tilha, 512/1923, p.4). tura das aulas da prestimosa Escola de Belas-Artes.
Abrindo a sessão, Fran Paxeco proferiu algumas fra-
ESCOLA DE BELAS-ARTES ses sucintas, incitnndo os alunos a tornarem, pela sua as-
siduidade às lições, inteiramente proveitosa a tarefa dos
Reuniram-se ontem no Casino Maranhense os direto- professores. Invocou a cstreiLa colaboração de uns e ou-
res, professores, alunos e alguns pais destes, n fim de se tros, para se garnntirern os progressos do indispensável
proceder à eleição da nova diretoria e rratar-se de outros instinto de culturn estétíca. de que tantos bens podem advir
assuntos. ao Estado. Vai substíruí-lo, como vice-presidente da direto-
Presidiu o Dr. Fran Paxeco, ladeado pelos Srs. Francis- ria, um educador ilustrado e de experiência, o Dr. A lfrcdo de
co Furiatí, Jacinto Aguiar, João Lentini, Verdi de Carvalho, Assis Casrro, que possui a grande vantagem de sentir o
Inácio Cunha e Dr. Josué Amaral. Começando os traba- conmcto cotidiano da juventude estudiosa, o que não acon-
lhos, Fran Paxcco leu uma carta do Dr. José Domingues da tecia a ele. Exercerá, dessa forma, um influxo mais decisivo
Silva, presidente do Corpo Administrativo, na qual pede
sobre a formação ecológica dos alunos da necessária Esco-
que o dispensem do cargo, atentos aos seus muitos afaze-
la de Belas-Artes, cujo futuro dependerá da perfeita hanno-
res, como diretor da São Luís-Teresina. O Dr. Fran Paxeco
nia dos que ensinam e dos que aprendem, aliando-se ao
acentua os serviços prestados à Escola de Belas-Artes
auxílio dos poderes públicos e das famílias.
pelo ilustre engenheiro, propondo-se-lhe consignasse na
Em seguida, ao orfeon solfejou-se um belo trecho n
ata um voto de louvor. Escusando-se de pennanecer na
diretoria por estar de viagem, lembrou que se elegessem duas vozes. Antônio Pires. aluno do curso de declamação,
os Srs. Juviliano de Souza Barreto e Dr. AJfrcdo de Assis recitou um magnífico soneto de Olegário Mariano. A se-
Castro, para presidente e vice-presidente, reelegendo-se nhorita Júlia Couto, do curso de música, entoou com ex-
os Srs. Franci co Furiati e Jacinto Aguiar, que tanto se pre são e donairc um lindo solo cm italiano. A senhorita
esforçaram, desde o início da escola, nos lugares de secre- Lígia Barbosa, do mesmo curso, tocou uma peça de piano
tário e tesoureiro. Os professores João Lentini e Francisco que muito agradou. O orfcon, a quatro vozes, fez-se ouvir
Furiati propuseram que se aclamasse presidente honorá- de novo, numa concepção difícil, cheia de suavidade. A
rio o Sr. Fran Paxcco. senhorita Juvenilda Costa garganteou, de um modo claro
Deliberou-se depois realizar uma sessão solene de rea- e seguro, entre aplausos gerais, ou1ro solo. Todos os nú-
bertura das aulas no próximo domingo 4, às 14 horas. As- meros mereccrnm, aliás, justas ovações.
sim convidam-se os alunos do Orfeon e dos outros curso Executou os acompanhantes o professor A. Verdi de
a reunirem-se amanhã, no Casino, pelas 15 horas. Carvalho.
Também se resolveu adotar o elegante uni fonne de capa Momentos após. destacando-se do grupo de alunas, a
e bntina. O Sr. Jacinto Aguiar incumliiu-se de escolher o senhorita Altair da Costa Ferreira leu, com firmeza, esta
modelCl. Assentou-se mais que os alunos do ano findo, à alocução:
vista dos direitos adquiridos, paguem só 5$000 de matrí- "Sr. Fran Paxeco: - Em meu nome e no de minhas cole-
cula. (Pacotilha, 281211923, p.l ). gas do curso de música da Escola de Belas-Artes, aqui
vos entrego um hino, escrito pelo nosso distinto profes-
EDITAL sor João José Lentini, para vos ser oferecido como lem-
Juízo de Casamentos da Comarca da Capital do brança nossa, ao dia do vosso aniversário natalício. Não
Estado do Maranhão pudemos fazer-vos essa entrega naquela data, por vos
achardes, então, ausente desta capital.
Faço saber que pretendem casar-se Evandro Valente O presente ensejo, porém, se nos antolha propício para
Rocha, solteiro, empregado público, e Maria do Carmo
dar cumprimento a esse grato dever. que nos é imposto pelo
Mendes Napoleão, solteira, de prendas domésticas; ele,
coração, bastante recorlhecido pelo muito que vos deve a
{ilho legítimo de João Gonçalves da Rocha Júnior e Rai-
Escola de Belas-Artes, de que fostes um dos fundadores, e
munda Valente da Rocha, residentes nesta capital, com 26
por cuja manutenção continuais a dispender todas as admi-
anos de idade, dizendo ser natural e residente nesta capi-
tal; ela, filha legítima de Januário Vieira Napoleão e Rita r1veis energias do vosso espírito privilegiado.
Mendes Napoleão, residentes nesta cidade, com 20 anos Aqui tendes o hino. Vamos agora cantá-lo, minhas
de idade, dizendo ser natural da cidade de Alcântara e colegas e eu, completando assim a nossa modesta home-
residente ne ta capital. nagem."
Apresentaram os documentos exigidos por lei. Se al- Levantou-se depois o Dr. Alfredo de Assis, o qual ,
guém tiver conhecimento de existir algum impedimento le- agradecendo a escolha do seu n0me para o cargo de vice-
gal, acuse-o para os fins de direito. presidente da e cola, se referiu, em termos elogiástícos, a
E para constar e chegar ao conhecimento de todos, Fran Paxeco, espírito diretor de espíritos, à sua assombro-
lavro o presente para ser nfixado no lugar do costume. sa capacidade de trabalho e de organizador. Não pretende,
Maranhão, 3 de março de 1923 pois, substítuí-lo. Mas aceita pr:ll,eroso o lugar porque
O escrivão de casamento , sempre estimou as coisas da arte, dedicando-lhes um crui-
Vtrgílio Domingues da Silva nho especial. Assim, diligenciará fazer o possível para que
(Pacotilha, 10/3/ 1923, p.2). seja profícuo o esforço, cm todos os sentidos.
LUIZ DE MELLO

Fran Paxeco, encerrando a sessão, deu um viva à Esco- todas as camadas sociais. Depois de abrir a sessão, o capi-
la de Belas-Artes, estrepitosamente correspondido. (Pa- tão Luiz Ferreira, presidente da Câmara, pronunciou um
cotilha, 12/3/1923, p.4). vibrante discurso em que realçou a benemerência do vulto
grandioso que a Pátria acabara de perder e mostrou como
UM BELO QUADRO o Cururupu se dignificava atestando a nobreza dos seus
sentimentos patrióticos e cultura cívica naquele preito de
veneração e saudade pela memória de Rui Barbosa. Foi
A convite do deputado Arthur Magalhães de Almeida, então proposto um voto de profundo pesar e transforma-
tivemos ensejo de ver, na sua residência, um lindo painel da a cerimônia em sessão cívica, na qual discursaram os
pintado pela senhorita Ruth da Cunha Machado. Idealiza seguintes oradores: as meninas Maria Cândida Lisboa, Yo-
o batismo de Cristo por João Batista e destina-se à matriz landa C. Costa, o menino Demóstenes Fernandes, Dr. Aqui-
de Barreirinhas. les Lisboa, professor Silvestre Fernandes e Dr. José Pires da
Nesse trabalho, feito em tamanho natural, há uma grande Fonseca. Propôs este último, que é o decano dos bacharéis
firmeza de traço e um sóbrio jogo de cores que muito ale- em Direito do Maranhão, que fosse aberta uma subscrição
gram a pintura. Ficaria bem num templo de vastas propor- mediante a qual se adquirisse um retrato de Rui em ponto
ções para se admirar à distância, tal é a importância dos grande, para ser colocado naquele salão nobre do Paço
seus contornos. Municipal, em frente da imagem da Justiça, de que foi o
O Sr. A. Magalhães de Almeida tenciona expor o esplên- pranteado morto o mais estrênuo defensor no País. Lem-
dido quadro na igreja da Conceição, aceitando a lembrança brou ainda o Dr. José Pires da Fonseca, cujas palavras, ou-
do cônego João Chaves, e mais tarde, quando realizar um vidas com religioso respeito, eram repassadas de vivíssima
festival no Eden, a fim de cobrir o custeio das obras da emoção, que o Dr. Aquiles Lisboa interpretasse em carta à
igreja, no magnífico salão dessa casa de espetáculos. veneranda viúva do grande morto a sinceridade dos senti-
É justo que todos admirem essa bela produção artísti- mentos de Cururupu, expressos naquelas homenagens.
ca. (Pacotilha, 20/3/1923, p. l). Terminada a sessão, foi ali mesmo entre os presentes
arrecadada a quantia suficiente para a aquisição do retra-
CARICATURA to, que será solenemente inaugurado em uma outra sessão
cívica que se convocará para esse fim. (Diário de S. Luiz,
Nas vi trines da Tipogravura Teixeira está exposta uma 1114/J 923, p. I ).
bem-feita caricatura do nosso confrade Ribamar Pereira,
bacharelando em Direito. ESCOLA DE BELAS-ARTES
É um interessante trabalho feito com arte e gosto pela
inteligeme senhorita JJan Pontes de Carvalho, filha do Dr. Reuniram-se anteontem os diretores e professores des-
João Pontes de Carvalho, distinto médico paraense. ta útil casa de ensino. Compareceram os Srs. Fran Paxeco,
Dan, que é muito jovem ainda, tem concorrido a diver- presidente ho!lorário, Juviliano de Souza Barreto, presi-
sas exposições, sendo os seus trabalhos um eloqliente dente efetivo, Dr. Alfredo de Assis Castro, Jacinto Aguiar
atestado dos seus reais merecimentos, por isso que mane- e Levy Damasceno Ferreira.
ja o lápis com precisão e sabe sempre pôr em evidência os Aberta a sessão, leu-se um ofício do Sr. Francisco Fu-
principais pontos de crítica nas caricantras que traça. riati, que solicita dispensa do cargo de secretário. Depois
A caricatura de Ribamar Pereira é uma prova do seu de um elogio unânime aos serviços prestados à Escola de
talento. (Diário de S. Luiz, 2/4/1923, p.3). Belas-Artes pelo Sr. Furiati, resolveu-se agradecer-lhe o
devotado concurso. Elegeu-se em seguida, para desempe-
UMA CARICATURA nhar as funções do cargo referido, o Sr. Humberto Fonte-
nele da Silveira, terceiranista da Faculdade de Direito.
Na montra da Tipogravura Teixeira está exposta uma Deliberou-se depois reabrir as matrículas da escola,
interessante caricatura do nosso confrade Ribarnar Perei- sobretudo para as cadeiras de - teoria, solfejo, piano, vio-
ra, fino trabalho da jovem pintora paraense flan Pontes de lino, bandolim, desenho e pintura, até ao dia 30 deste mês.
Carvalho, filha do Dr. João Pontes de Carvalho, conceitu- A freqliência de maio em diante será grátis. A matrícula
ado médico em Belém. custará 10$000. Também se assentou pedir ao Governo o
llan, que teve como professores Manoel Pestana e Las- empréstimo de vários modelos para o curso de pintura.
sance Ponte Souza, tem exposto diversos trabalhos que Fran Paxeco propôs que, na ata, se consignassem os
mereceram elogiosas referências dos mais competentes crí- agradecimentos da Escola de Belas-Artes aos Srs. Dr.
ticos de arte. (Pacotilha, 4141l923, p.4). Godofredo Viana e Juviliano Barreto, pelos valiosos auxíli-
os garantidos a esse prestante centro de educação estéti-
CURURUPU ca. (Pacotilha, 17/4/l 923, p.4).

No domingo da Páscoa, trigésimo dia do falecimento UNIÃO DOS FOGUISTAS


do grande brasileiro, rendeu-lhe o município de Cururupu
muito significativa homenagem. Reuniu-se a Câmara Mu- De ordem do Sr. presidente, convido os vários sócios e
nicipal em sessão extraordinária, convocada especialmen- Ex mas. farru1ias e os amigos do comandante Magalhães de
te para tal fim . A assistência, levada ali a convite da mesma Almeida para assistirem à sessão solene que esta socieda-
Câmara, foi concorridíssima, figurando nela elementos de de realizará amanhã, às 19 horas, na sede do Centro Artís-

<Vê) 336 <?/Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

tico, inaugurando por essa ocasião o retrato do coman- nlumse, o nos!>o jovem confrade José Monteiro e o Dr.
dante Magalhães de Almeida, presidente de honra desta Antônio Lopes, que foram pedir àquela autoridade uma
associação. ligeira modificação na Praça Antônio Lobo. de modo a poder
São Luís, 30 de abril de 1923 ficar, ao cemro desse logradouro público, uma pequena
Pedro de Alcântara Rocha - secretário rotunda para receber o monumento a Antônio Lobo.
(Pacotilha, 30/4/ 1923, p.4). O chefe da comuna autori1ou o técnico da Prefeitura,
Sr. Benedito de Vasconcelos. a estudar o assunto com o
NO CENTRO ARTÍSTICO arquiteto Antônio Santos, que organi1ou o projeto do pc-
de!.tal para o busto. Manifestou a melhor vontade de man-
Revestiu-se da máxima solenidade a ses ão realizada dar fazer a modificação necessária e prometeu mandar me-
ontem, Dia do Trabalho, em homenagem ao deputado Ma- lhorar o aspecto da praça pelos jardineiros oficiais. (Paco-
galhães de Almeida, no Centro Artístico. A casa achava-se rillia, 30/5/1923, p. I ).
repleta de senhoritas, senhoras, autoridades e cavalheiro .'
Fizeram-se ouvir os Srs. Ângelo Magalhães, João Pro- EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO DA
cório de Azevedo Ramos, os representantes do Sindicato INDEPENDaNCIA
dos Sapateiros, dos Pequenos Mercadores e o deputado DA RELAÇÃO OFICIAL DOS EXPOSITORES
estadual Nilo Pinzon. Assumindo a presidência o deputa- PREMIADOS NO ESTADO DO MARANHÃO,
do Magalhães de Almeida, foi, nessa ocasião, inaugurado CONSTA:
o seu retrato pelos membros da União dos Foguistas, de
que é presidente honorário. Classes 1a8
Agradecendo em seguida a distinção que lhe era feita, hi- ( 1 - 2 - ) Classe 8
potecou S. Exa. a sua solidariedade às classes trabalhadoras. 3: - Casa Paula Barros, fotografia. - Mençüo honrosa.
Ao encerrarem-se os trabalhos, o presidente do Cen- (Pacotilha. 17nt l 923, p.4).
tro Anístico convidou os presentes a acompanharem o
homenageado até à Praça Deodoro, onde se iam efetuar os OS P~MIOS DA EXPOSIÇÃO
anunciados festejos populares. (Diário de S. Luiz, 2151
1923,p.3). Escreve-nos o Sr. Pauln Barro :
Tendo lido nesse diário a publicidade da relação dos
DR. VIANA VAZ prêmios conferidos aos expositores do Maranluio, na Ex-
posição do Centenário da lndepe11dência, e deparando
[naugurar-se-á amanhã, às 9 horas, no Palácio da Jus- 11a classe 8" uma menção honrosa e) Casa Paula Barros.
tiça Federal, o retrato do saudoso juiz Viana Vaz. que por 1 por forogrcifias, apresso-me em declarar que mio remeti
mais de cinco lustros soube tão alto sustentar o seu nome 11e11'111111 trabalho para aquele certame, especialme11te
de magistrado íntegro. fotografias. Fiz, é certo, um quadro com um passons por-
Ao ato comparecerá o presidente do Estado. (Diário tau aleg6rico 110 qual foram adoradas algumas fotogra-
de S. Lui:., 4/5/1923, p.2). fias das di1•ersas seç6es do esrabeleci111e1110 do Marado11-
ro Modelo, deste Estado, e11come11da de s11a diretoria,
UM BELO QUADRO porém, os trabalhos forogrâficos foram executados pelo
me11 amigo Greg6rio de O/freira Pantoja. a quem cabe
Na próxima noite de sexta-feira, 18 do corrente, quando de direito esse valioso prêmio muito justo pelos bons e
se realizará no Eden o anunciado espetáculo cm homena- dificultosos trabalhos que prod11::iu a s11a objetiva. Pela
gem ao ilustre comandante José Maria Magalhães de publicação destas li11'1as, muito grato o leitor amigo.
Almeida, nosso operoso representante na Câmara Fede- J. de Paula Barros - proprietário da Caso Paula
ral, encontrar-se-á cm exposição o quadro de D. Ruth Ma- Barros
chado - Batismo de Cristo - que vai figurar na igreja de (Pacotilha, l 9ntl 923, p.4).
Barreirinhas.
Sobre e te trabalho da nossa talentosa conterrânea. já UM QUADRO
tivemos ocasião de nos exteriorizar, apreciando, com justi-
ça, os seus dotes at1íslicos e o seu hábil pincel de brilhan- Está exposto, numa das montras da importante loja A
te pintora. Exposição, um belo quadro pintado a aquarela pelo nOl>l>O
Os bilhetes para este novo espetáculo do Grupo Tal ma espcrançol.o Telésforo de Moraes Rego.
estão à venda nas principais casas de moda. (Pacori/110, O quadro a que nos referimos é um feli1, reclamo da
J61511 923, p.4). preferida cerveja Pilse11, da Paraense. dignamente repre-
sentada nesta praça pelo ativo Sr. Luiz Silva. O conjunto
O MONUMENTO A ANTÔNIO LOBO das cores aliado às refcrêncial. sobre a Pilse11. dão ao apre-
ciado quadro um a!")pecto deveras encantador. (Pacori/110,
Estiveram ontem no gabinete do Sr. Brício de Araújo, 2 lnt1923,p.I ).
prefeito da capital, um representante da Revista Mara-
QUADROS A ÓLEO
Na edição de 2 de maio de 1923. o jornal Pacori/lw noticia a
inauguração do retrato do comandante Magalhães de Almeida O nosso confrade Ribamar Pereira, ontem chegado de
\tm explicar que o mesmo é obra de Paula Barros. Belém, foi portador de três magníficos quadros a óleo de

<:.--(>) 337 V(!)


LUIZ DE MELLO

autoria do conhecido pintor paraense Lassance Ponte Sou- Inaugurou-se no edifício da Imprensa Oficial o retrato
za, professor da Escola de Belas-Altes do vizinho Estado. do marechal Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o iJ1-
Esses quadros, que vão figurar na próxima exposição de trodutor da imprensa no Maranhão. Compareceram o pre-
pintura, a se reaJizar por ocasião da Festa do Centenário, sidente do Estado, os seus secretários e outras autorida-
denominam-se Trecho do Bosque Rodrigues Alves (Estra- des, acadêmicos e jornal istas.
da de Bragança); Manhã de neblina, Linha Descarrega- Falou o professor Ribeiro do Amaral, que produziu bem
da (margem do Rio Guamá). trabalhado discurso alusivo ao ato. Também usaram da
São três trabalhos de real valor e o público poderá palavra o Dr. Oliveira Júnior e o professor Benjamin Mello.
admirá-los por estes dias, por isso que vão ser expostos O retrato inaugurado é obra do pintor Paula Barros.
na montra de um dos nossos principais estabelecimentos Também se inaugurou hoje, às 10 horas, a exposição
de modas. (Pacotilha, 25nl l 923, p.4). de imprensa, no andar térreo da residência do professor
Ribeiro do Amaral. Estiveram presentes o Exmº Sr. presi-
TEATRO dente do Estado, prefeito MunicipaJ, jornalistas, funcio-
nários da imprensa e muitas outras pessoas. Falou em nome
A Sra. Maria Lina, com a sua companhia, reabriu as da imprensa o nosso confrade R. Lopes. (Pacotilha, 30nt
portas do glorioso São Luiz, crismado com o nome de 1923,p.1).
Arthur Azevedo. (Pacotilha, 26/7/ 1923, p. l ).
O 28 DE JULHO
ANTÔNIO LOBO
(...) Com solenidade foi inaugurado hoje, na sede da
Começaram os trabalhos do pedestal do busto do ines- Imprensa Oficial, o retrato do grande marechal Bernardo
quecível escritor maranhense, de acordo com o belo proje- da Silveira, introdutor da imprensa no Maranhão.
to do arquiteto Antônio Santos. As obras, executadas pela O primeiro a faJar foi o professor Ribeiro do Amaral,
Prefeitura, estão sendo ditigidas pelo Sr. Benedito Vas- que, em seguida ao descobrimento do retrato, fez patrióti-
concelos. cas referências à vida do homenageado.
O busto chegará do Rio na próxima quinta-feira. Logo após falaram os professores Oliveira Júnior e Ben-
O prefeito mandou melhorar o aspecto da Praça Antô- jamin Mello sobre a imprensa.
nio Lobo. (Pacotilha, 2717/1923, p.4). Aos assistentes foram oferecidas taças de champanhe.
À tarde terá lugar a solene inauguração dos bustos de
O CENTENÁRIO Silva Maya e Gomes de Castro nas avenidas que têm seus
A FESTA DA IMPRENSA nomes. (Diário de S. Luiz, 30/7/1923, p.4).

Na segunda-feira realizar-se-á pela manhã, na Impren- UM JOVEM ARTISTA


sa Oficial, a inauguração do retrato do it1trodutor da im-
prensa no Maranhão, o marechal Bernardo Pinto da Fon- Tivemos ocasião de ver há dias, no estabelecimento
seca. Em seguida abriJ-se-á a exposição da imprensa mara- do Sr. Antônio Conde, na Rua Osvaldo Cruz, quatro belos
nhense, nos salões da parte inferior do prédio onde reside quadros, trabalhos do jovem pintor maranhense Mário
o professor Ribeiro do Amaral. O ingresso é público. Serejo de Carvalho.
Esses quadros, em ponto grande, e cujo valor artístico
FESTA VENEZIANA é inconteste, são -A Baía de São Marcos, Uma visita ao
Cutim, Jesus espera Cláudia e um auto-retrato do autor,
(Todas as embarcações iluminadas no porto, mais o feito a ponta de lápis. Já estão todos eles no recinto da
espetáculo dos fogos de artifício). nossa Exposição.
(...) Os vapores São Paulo, Santo Antônio, Vitória e Mário Serejo de Carvalho é uma bela esperança da arte
os rebocadores Mero e São Luís estarão à disposição das de Pedro Américo, na mais franca realização. Já esteve na
famflias que forem assistir aos fogos. Os transportes se Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, onde,
farão na Rampa das Palmeiras, no Cais da Sagração, desde dado o seu adiantamento, se matriculou no terceiro ano.
as 18 até às 19 horas. Oito alvarengas, de onde os fogos Infelizmente, porém, não podendo se manter na grande ca-
serão tocados, estarão fundeadas na baía. A iluminação de pital, teve que abandonar os estudos. Entretanto não desa-
todas as embarcações começará às 19 horas, e os fogos às nímou. E, se nada mais aprendeu. além das lições dos mes-
20 horas. tres, conserva intactos, felizmente, os conhecimentos que
- Na segunda-feira à tarde serão inaugurados os bus- adquirira, e, sobretudo, o seu invejável gosto artístico.
tos de Silva Maya e Gomes de Castro. (Pacotilha, 28/7/ Provou-o sobejamente qualquer um daqueles quadros
1923,p.2). que têm provocado a admiração de quantos visitam a nos-
sa Exposição. (Diário de S. Luiz, 1º/8/1923. p.5).
AS FESTAS DO CENTENÁRIO
O TERCEIRO DIA O 28 DE flJLHO
EXPOSIÇÃO GONÇALVINA
Hoje pela manhã houve as homenagens à imprensa,
sendo-lhe consagrado o dia, que fechará a Festa Venezia- A Biblioteca Pública do Estado, a fim de prestar home-
na, tão ansiosamente esperada. nagem ao excelso poeta, festejará o seu Centenário com

<V'Q) 338 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

uma modesta exposição de seus livros e objetos que re- vam expostas as obras literárias e ctnográ(icas de Gonçal-
lembram o grande maranhense. ves Dias, entre as quais o Trovador, com os primeiros ver-
Entre os livros expostos figurará um volume d'O Tro- sos publicados pelo grande lírico no ano de 1844. em Co-
vador, onde foram publicados os primeiros versos do po- imbra, o Dicionário da Lfngua Tupi, pedaços de madeira
eta. Este volume foi ofertado ultimamente a esse estabele- da barca Bo/011g11e, seis quadros que o poeta doara à Bi-
cimento pelo notável poeta Alberto de Oliveira. bliotcca, etc. Encimando as obras expostas estava um re-
A exposição será aberta no próximo dia 9, às 9 horas, trato a óleo de Gonçalves Dias, oferecido por sua afilhada
quando também será inaugurado o retrato do ilustre mara- Alice Leal Ferreira Santos, filha de Antônio Henriques Leal.
nhense Alberto Couto Fernandes. (Diário de S. Luiz, 6181 Assim foi encerrada a visita à Exposição GonçaJvina.
1923, p.4). A concorrência foi numerosa. (Diário de S. Luiz. 9181
1923,p.4).
ANTÔNIO LOBO
UMA EXPOSIÇÃO DE QUADROS
Chegou a esta capital o busto de Antônio Lobo, o qual
será inaugurado no dia 9, às 16.30 horas, na praça que tem No pavilhão da Sociedade Maranhcnse de Agricultura
o nome do inesquecível polígrafo e mestre da mocidade acham-se expostos há vários dias numerosos quadros ar-
maranhense. tisticamente trabalhados a óleo. encomenda de algumas
Estão em andamento os trabalhos de construção do famílias da nossa capital. e que foram executados pela co-
pedestal, de acordo com o belo projeto do arquiteto mara- nhecida Fotografia Brasil , de Fortaleza, cujo representante
nhense Antônio Santos e dirigido pelo Sr. Benedito Vas- aqui é o Sr. Benjamin Angert. que veio cm companhia dos
concelos. (Pacotilha, 6/8/ 1923, p. I ). referidos quadros.
Estes, realmente, revelam apurado gosto e demons-
ATEUS DE PINTURA tram rara inalterabilidade que mais os recomendam como
trabalhos de valor e arte, dignos de serem apreciados pe-
Mário Carvalho, tendo cursado o terceiro ano da Esco- los que diariamente visitam a nossa Exposição. (Folha do
la de Belas-Artes, no Rio, acha-se habilitado a executar Po1•0. 10/8/1923,p.I).
qualquer serviço de desenho e pintura, como retrato a
crayon, placas, letreiros, etc. A EXPOSIÇÃO DA IMPRENSA
Rua da Estrela nº 37, sobrado.
(Pacotilha, 9/8/ 1923, p. l ).
Foi essa, sem dúvida, uma das mais interessantes inici-
ativas aqui realizadas. em comemoração ao Centenário de
AS FESTAS DO CENTENÁRIO
nossa Adesão à Independência.
NA BIBLIOTECA
Organizou essa excelente demonstração retrospectiva
de nossa vida literária e artística o erudito professor Ribei-
Inaugurou-se a exposição de livros e objeto perten-
ro do Amaral, cm uma das dependências do prédio nº 49,
centes a Gonçalves Dias, na Biblioteca Pública, por inicia-
da Rua Osvaldo Cruz, como cm tempo noticiamos.
tiva do seu esforçado diretor Domingos Perdigão.
Visitando-a e observando-a cuidadosa e demoradamen-
A solenjdade foi assistida pelo presidente do Estado,
te, tivemos ótimo ensejo de, ajnda uma vez, avaliar dos
altas autoridades, imprensa, pessoas gradas. Orou o Sr.
grandes méritos culturais do seu ilustre organizador.
Perdigão. O Sr. Oliveira Júnior recitou uma poesia.
O erudito professor Ribeiro do Amaral conseguiu, efe-
-Ao mesmo tempo colocou-se naquele departamento
tivamente, reunir intcre santcs exemplares grá(icos, numi-
um retrato do esperantista maranhcnse Dr. Couto Fernan-
ásticos e de pinacoteca, colecionando-os com muit~ profi-
des.(...) (Pacotilha, 9/8/1923, p. l).
ciência.
A EXPOSIÇÃO GONÇALVINA É assim que vimos ali coleções perfeitas do Co11cilia-
dor Mara11he11se, da Crônica Mara11he11se, Jornal de 17-
111011. O Brasileiro, Pltarol Mara11he11se e Ec/10 do Norte
Foi hoje, às 9 horas, efetuada a visita à Exposição Gon-
çalvina, no recinto da Biblioteca Pública. - todos redigidos por João Lisboa; exemplares do primeiro
Após a chegada de S. Exa. o Sr. Dr. Godofredo Viana, número do Jomal do Comércio do Rio e do primeiro jomal
que foi recebido ao som do Hino Maranhensc, executado publicado na América do Norte; uma fotogralia hi tórica
pela banda do Corpo Militar, o diretor da Biblioteca pro- da República. cm que aparece a (igura venerável de Deo-
duziu magnífico discurso e leu ao findar um ofício assina- doro; esplêndido quadro a óleo representando uma cena
do por Domingos Barbosa, He itor Fortuna e Domingos do Maranhão provincial; diversos trabalhos de escultura;
perdigão, no qual era oferecido, para ser colocado na boa coleção de medalhas do tempo imperial e interessan-
galeria dos servidores da Biblioteca. o retrato do distinto tes exemplares de dinheiro enuüdo cm antigos bancos do
maranhensc Dr. Couto Fernandes, cerimônia que se reali- Maranhão.
zou momentos depois. Agradecendo ao nos o querido e erudito conterrâneo
o Dr. Oliveira J únior recitou entusiasticamente uma os excelentes momentos de prazer e piritual que nos pro-
poesia. porcionou, a Folha do Po1 10 apresenta ao compelente pro-
Depois disso o Dr. Godofredo Viana, acompanhado de fessor Ribeiro do Amaral as suas calorosas felicitações.
pessoas gradas, visitou a sala em que, sobre mesas, esta- (Fol/w do Po1•0. 14/8/1923. p.2).

~ 339 e,.-Q)
LUIZ DE MELLO

A EXPOSIÇÃO Este ilustre artista que con eguiu pelos seus mereci-
mentos o prêmio de viagem à Europa, demorar-se-á algum
Sabemos ter sido classificado cm primeiro lugar nos tempo na no sa capital, onde pretende organizar uma ex-
trabalhos a crayon da nossa Exposição, obtendo medalha posição dos seus trabalhos.
de prata, o quadro Adolescente de Tclésforo de Moraes Apresentamos-lhe, por enquanto, as boas vindas e no
Rego. Era de esperar esta justa classificação, pois conhe- próximo número diremos algo sobre o valor dos seus tra-
cemos muito os trabalhos do jovem pintor maranhcnsc a balhos. (Diário de S. Luiz, 3111/ 1923, p.2).
quem mandamos os nossos parabéns. (Pacotilha, 5191
1923,p.I). EUCLIDES FONSECA

PREMIAÇÃO Está no Maranhão o jovem pintor pernambucano Eu-


clides Fonseca, a quem devemos a genúleza de uma visita
Sabemos que foi classificado na nossa Exposição, em à Pacotilha.
1ºlugar com medalha de prata, o quadro Adolescente, tra- Euclides Fonseca é um nome já bastante conhecido no
balho de Telésforo de Moraes Rego, amador de pinturas. meio artístico e que se vai impondo rapidamente.
(Diário de S. Luiz, 5/9/1923, p.2). 1niciou a sua carreira artísúca no Reci fc, como aluno de
desenho do Liceu de Artes e Ofícios, passando-se depois
ESCOLA DE BELAS-ARTES à Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio, onde fez o curso
de pintura nas aulas dos melhores mestres. Em 1921 expu-
Funcionaram ontem as aulas de piano superior e ele- nha no Sa/011 oficial, obtendo menção honrosa. No ano
mentar e de teoria musical, comparecendo os alunos se- seguinte comparecia ao Salon com outrO trabalhos, entre
guintes: Maria José Reis, Maria Jo é Rabcllo de Souza, os quais a magnífica paisagem Solitude. que alcançou a
Zenaidc Antônia do Nascimento, Adélia Melo, Francisca medalha de bronze.
Cruz, Carmem Barbosa, Zei la Mendonça Tavares, Maria Euclides tem realizado exposições de trabalhos seus
Clara Nogueira, Heloísa Augusta de Castro e Costa, Lenir no Rio, Minas, Bahia, Maceió, Recife, Par:iíba e Fortaleza,
Martins, Virgílio Domingues Filho, José Ribeiro, Lourival e conseguindo excelentes referências da crítica, que nele
Paraíso, Antônio Sales, Alfredo Marques dos Santos e reconhece um artista de valor e de brilhante futuro. Entre
Alivert Carvalho. outros que têm escrito sobre os seus trabalhos destacare-
Faltaram 58 alunos. (Pacotilha, 25/9/ 1923, p.4). mo~ Aníbal Fernandes, Eustórgio Vanderlcy, Lucílio Van-
jão. Américo Falcão e Maviael do Prado.
DR. BENEDITO LEITE O pintor Euclides Fonseca realizará em São Luís, no
salão da Escola de Belas-Artes (Casino Maranhense), uma
Realizou-se hoje, no gabinete da diretoria da Escola exposição de trabalhos seus, para a qual desde já chama-
Modelo, a inauguração da maquete do inolvidável mara- mos a atenção do público culto desta capital. Veio ao
nhcnse Dr. Benedito Leite. Serviu de orador oficial o Dr. Maranhão cm visita a pessoa de sua família.
João Machado, que produziu apreciável oração. Pelo cor- O clichê que reproduzimos ao lado é da bela tela Soli-
po docente do estabelecimento orou, lendo belíssimo dis- tude com que Euclides Fonseca levantou a medalha de
curso, a professora Carmem Monteiro. A convite da dire- bronze do Sa/011 de 1922.
toria da escola, professora Apolônia Ferreira, foi descerra- Muito gratos à visita do brilhante artista, aguardamos
da a bandeira brasileira que cobria a maqucte pelo Dr. Lino a sua exposição de pintura. (Pacotilha. 5/11/1923, p. l).
Machado. presidente do Congresso Legi lativo.
Em eguida, formados todos os alunos e acompanha- EUCLIDES FONSECA
dos de professoras e muitas outras pessoas dirigiram-se
todos à estátua do grande maranhense, na Praça João Lis- Esteve hoje em visita à nossa redação o pintor patrício
boa, onde orou brilhantemente o Dr. Benedito Vasconce- Euclides Fonseca, que em excursão aos Estados do Norte
los, secretário do Interior. pretende realizar no Casino Maranhense uma exposição
Foram entoados vários cantos pelos alunos. das suas obras.
A todos os atos assistiram inúmeras pessoas, inclusi- O nosso visitante foi aluno da Escola de Belas-Artes
ve o tenente Xavier de Brito, representante do Dr. do Rio de Janeiro, na qual obteve, na Exposição Oficial
Goclofredo Viana. realizada por ocasião do Centenário, medalha de bronze.
- Pela manhã foi rezada missa na igreja da Conceição. à Desejamos ao artista que seja feliz no seu empreendi-
qual compareceram. além do corpo docente da escola, to- mento e agradecemos sua visita. (Folha do Povo, 91111
dos os alunos, muitas famílias e amigos do inesquecível 1923, p.3).
Dr. Benedito Leite.
Durante os atos acima mencionados tocou a banda do POLIANT11IA
Batalhão Policial. (Diário de S luiz, 41 10/ 1923, p.6).
Recebemos ontem um exemplar da primorosa polian-
VIAJANTES téia que os Srs. Pedro Pestana Mendes, Rubcm Almeida,
EUCLIDES FONSECA nosso prezado colega de redação. e Fernando Friedhem,
membros da Comissão incumbida de homenagear a memó-
Vindo do Ceará, acompanhado de sua esposa, acha-se ria dos inditoso pilotos alemães, organizaram e manda-
entre nós o distinto pintor e escultor Euclides Fonseca. ram imprimir nas oficinas gráficas do Sr. Teixeira.

~ 340 e,-(>)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Contém a referida poliantéia, além da reprodução do ria Thomaz Seixas Sobrinho. O jovem e fu turoso pintor
noticiário aqui publicado, sobre a viagem dos bravos avi- está fazendo trabalhos locais com que ilustrar;'\ a sua pró-
adores, a sua estada nesta cidade, a partida, e. finalmente, xima exposição. (Folha do Povo, 13/11/1923, p. I).
sobre o desastre de Aracati, uma farta colaboração assina-
da por F. Góis, Adelman Corrêa. Pedro Pestana Mendes. NO CASINO
Ribeiro Júnjor, Eurico Tclle de Macedo, Go<lofrcdo Viana, ESCOLA DE BELAS-ARTES
Nascimento Moracs, Luso Torres, Clodomir Cardoso, João
AfonsoNeydaSilva, RubcmAJmeida,Luiz Viana, Antônio Conforme noticiamos, realizou-se ontem a hora lítero-
Bona, Jerônimo de Viveiros, Wilson Soares, Oliveira Sal- musical oferecida ao Exmº Sr. Dr. Godofrcdo Viana, em co-
danha, Tarquínio Filho, Arimatéia Cisne. José Guimarães, memoração à magna data de Adesão do Maranhão ao regi-
Francisco Bastos, Vieira dos Reis, Crisóstomo de Souza. me republicano.
Bidico de Rodrigues, Joham Bragard e padre J. F. Gomes. Literalmente repleto o salão principal do Casino de uma
A excelente publicação feita a cores e em papel essado, assistência distinta. teve início a sessão, com extraordiná-
tem a maior parte de suas páginas adornadas por belas rio êxito.
vinhetas e formosos arabescos que, sobremaneira, lhes Além do presidente do Estado e família compareceram
dão um aspecto finamente realçante. E o desenho da capa, o . cu o ficial de gabinete, altas autoridades, secretários do
devido ao lápis do hábil artista conterrâneo Paula Barros, Governo, médicos, advogados, representantes da impren-
é urna excelente alegoria à fraternidade brateuta e à memó- sa e grande número de famílias.
ria dos bravos pilotos Wemer Junkers e Hem1an Müller. A festa foi devera e ncantadora.
A Folha do Po1•0, agradecendo à Comissão respectiva (P(ICOtilha, 19/11/1923,p.I).
o exemplar que lhe foi destinado, felicita-a vivamente, es-
tendendo os seus cumprimentos ao Sr. Alfredo Teixeira e CARICATURAS NO CINEMA OLÍMPIA
aos seus ótimos operários e artistas que confeccionaram a
bela poliantéia. (Folha do Povo, 9/l 1/1923. p.3). Iniciou-se ontem, no salão de espera do Cinema Olím-
pia. a exposição semanal de caricaturas dos amadores José
ESCOLA DE BELAS-ARTES Jan en Ferreira e Herculano de Castro e Costa.
HORA LÍTERO-MUSICAL São trabalhos de crítica de costumes, csp1ri1uosos,
cheios de graça, que muito honram os principiantes que
No próximo dia 15 de novembro, em comemoração à os expõem.
grande data da República Brasileira, as alunas da Escola É mais uma bela idéia dos proprietários do Olímpia, que
de Belas-Artes promovem, às 14 horas, nos salões do Ca- não se cansam de proporcionar aos seus freqüentadores to-
ino Maranhen e, gentilmente cedidos por sua digna dire- das as distrações possíveis. (Folha do Pol'o, 19/ 11/1923, p.3).
toria, um magnífico recital de ane, nele tomando parte, além
das alunas do curso superior, diversos cavalheiros do UMA EXPOSIÇÃO NO CINEMA OLÍMPIA
nosso escol artístico e gentis senhoritas da nossa alta
sociedade. Anteontem, no salão de espera desta casa de diver-
Este fest ival artístico é oferecido ao ilustre Dr. õcs, iniciou-se a exposição semanal de caricaturas dos
Godofredo Viana, honrado presidente do Estado. desenhistas Herculano de Castro e Costa e José Jansen
Esperamo-lo com ansiedade e jamais negaremos o no - Ferreira.
o apoio incondicional a semelhante certame. (Diário de É mais wna inovação de efeito que a Empresa Martins,
S. Luiz, 9/1 1/1923, p.6). Balta7..ar & C ia. introduz na sua elegante boate da Rua
Osvnldo Cruz, no sentido ele agradar aos seus fn'qiienta-
EXPOSIÇÃO DE PINTURA dores.
José Jansen e Castro e Costa prometem renovar to-
O pintor Euclides Fon eca já e tá tratando de organi- das as semanas as suas charges de fino e1>pírito, leves e
zar a sua exposição de pintura no Maranhão. inofensivas. que constituirão um nú mero de sucesso nas
Há dias visitou o Dr. Godofredo Viana, convidando-o noitadas chiques daquela casa de diversões e mais uma
para patrono da exposição. Recebido pelo presidenie com vitória para a empresa que tanto se esforça para agradar
as melhores provas de distinção, o seu convite foi aceito. acs seus e legantes llabitués. (Di6rio de S. Luiz, 2 1/11/
O local da exposição de pintura de Euclides Fonseca 1923,p.6).
será definitivamente o salão do Casino Maranhense. (Pa-
coti/110, 1011111923, p. I). JOSÉ RODRIGUES

PINTOR EUCLIDES FONSECA Por notícia particular sabemos que o talentoso moço
José Rodrigues, filho do Sr. Joaquim Rodrigues, diretor
Temos o prazer de estampar na primeira página o clichê da Recebedoria do Estado, acaba de prestar na Politécni-
do inteligente pintor patrício Euclides Fonseca. Represen- ca do Rio exame de 3º ano do Curso de Arquitetura, com
ta um dos belo trabalhos Sombra e Lw::., sobre o histórico distinção.
portão do Morro do Castelo do Rjo de Janeiro, obra que O Diário apresenta ao inteligente estudante e à sua
faz parte da grande exposição dos trabalhos da Escola de digna família os seus sinceros parabéns. (Diârio de S. útiz,
Belas-Artes, por oca ião das festas do Centenário. na Gale- 2 1/ 11/ 1923,p.2).

~ 34 1 C?..,-Q)
LUIZ DE MELLO

PINTOR AVELINO PEREIRA Não conhecia o artista nem de nome, mas como o tem-
po sobrava e escasseavam os meios de matá-lo, resolvi
Deu-nos hoje o prazer de sua visita o consagrado ar- perder meia hora e fui ver a exposição.
tista Avelino Pereira, laureado pela Escola de Belas-Artes Impressionou-me logo de entrada a viveza dum colori-
de Lisboa, e que em dezembro próximo fará aqui uma expo- do novo e o arrojo de farura revelados em quase todos os
sição de interessantes desenhos, trechos do Maranhão e trabalhos .
retratos de pessoas em destaque no nosso meio social, - Havia um traço de profunda originalidade nos quadros
todos originários do seu primoroso lápis e seguro pincel desse pintor jovem que se apresentava sem reclame e se
de competente pintor. (Folha do Povo, 2311111923, p.2). escondia a um fundo da sala, despreocupado da opinião
dos visitantes e dos louvores da crítica.
AVELINO PEREIRA Diante do ensaio divisionista em que havia um mar
calmo coberto de barcos com manchas de ouro, roxo e
Em excursão artística pelos Estados do Brasil, acha-se púrpura debaixo dum céu mal iluminado pela luz agônica
nesta capital o pintor português Avelino Pereira, aluno lau- do sol, eu senti que tinha diante de mim um grande tempe-
reado da Escola Nacional de Belas-Artes de Lisboa, onde ramento, rebelde às regras clássicas, inimigo da pintura
sempre conquistou com galhardia lugares de destaque.
cromo e capaz de criar beleza fora das convenções que a
O nosso visitante, cujas exposições de pintura em Ma-
Acadenúa costuma premjar.
naus e no Pará arrancaram os mais francos encômios de
Afora os retratos a sanguínea e pastel, como só melho-
jornalistas e intelectuais, é também exímio caricaturista.
res os faz o grande Antônio Carneiro, e além dos carvões
Modestamente, sem espalhafatosos reclamos, vem o
reveladores do conhecimento do desenho, todos os tra-
pintor Avelino Pereira realizar entre nós uma exposição de
balhos de Avelino Pereira são ensaios de impressionismo
pintura e desenhos e de caricaturas e retratos de pessoas
e divisionismo ou tentativas futuristas de admirável bar-
mais em evidência no nosso meio. À nossa sociedade cul-
ta não passará, decerto, desapercebida tal exposição. Que mon.ia de cores.
As aquarelas feitas com largueza, sem a mesquinha
constitua, para Avelino Pereira, mais um triunfo, é o que
sinceramente lhe desejamos. preocupação de detalhes, que quase sempre enfraquecem
- Muito em breve informaremos o local onde se realiza- o conjunto, têm por vezes uns tons de certa dureza, mas
rá a exposição do pintor Avelino Pereira. (Pacotilha, 24/ olhando com cuidado sente-se a verdade do colorido e a
11/1923, p.l). segurança do desenho. O s pastéis são quase todos ma-
gistrais, especialmente as marinhas, gênero tão difícil e
ESCOLA NORMAL PRIMÁRIA entre nós tão pouco cultivado, apesar de possuirmos os
mais variados aspectos do oceano.
Entrega de diplomas aos alunos que concluíram o cur- Das sanguíneas dispenso-me de falar. Depois do su-
so médio e o complementar( ... ) cesso das exposições no Pará e Manaus não precisa Ave-
ALGUMAS NOTAS lino Pereira de elogios, pois toda a crítica o reputou notá-
Na exposição dos trabalhos destacamos as pequenas vel nesse gênêro tão cheio de dificuldades e tão pobre de
Manchas apresentadas pelo jovem professorando Rubens recursos, onde todos os conhecimentos da luz e todas as
Damasceno Ferreira, a quem enviamos os nossos sinceros variedades de expressão se têm de conseguir com empre-
cumprimentos pela sua verdadeira revelação artística. (Di- go duma única cor. Quando da passagem da Companhia
ário de S. Luiz, 28/ l l/ 1923, p.2). Maria Lína por Belém, fez o artista uma série de caricaturas
de todos os elementos daquela troupe. Há muito tempo eu
UM TRABALHO DE AVELINO PEREIRA não via tão admiráveis flagrantes. Tenho aqui perto de
mim uma dessas caricaturas. E como se vê admiravelmente
Clichê da tela Tacacá (sanguínea) e a legenda: a alma da figura caricaturada! Todo o vício e toda a bonda-
O clichê acima é de um trabalho artístico do pintor Ave- de, toda a mentira e todo o amor que formam o espírito
lino Pereira. De passagem pelo Pará estudou alguns tipos desequilibrado da criatura que uns pedaços de lápis fixa-
e cenas populares locais, trad uzindo-os com fidelidade e ram no papel, saltam da expressão que Avelino Pereira sou-
expressão. be ver e desenhou como para a gente ter perto mais do que
Não demorará muito a abertura da sua interessante ex- um retrato. uma alma.
posição de pintura. (Pacotilha, 28/ 1111923, p. I ). Na exposição do Centenário Paraense, em concorrên-
cia com alguns pintores de nome feito, Avelino Pereira,
UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE estrangeiro, foi o único premiado com medalha de ouro.
Esta é a melhor credencial com que posso apresentá-lo
Sabemos que a exposição de trabalhos artísticos de ao público do Maranhão.
Avelino Pereira será nofoyer do Teatro-Cinema Eden. Santos ] IÍnior.'
O artista português rem desenhado alguns aspectos (Pacotilha, 1º/1211923, p.l).
da cidade e retratos de algumas pessoas de destaque. (Pa-
cotilha, 30/1111923, p. I).
ESCOLA DE BELAS-ARTES
UM PINTOR
Acham-se abertas as inscrições de promoção nos cur-
sos de música ( 1º, 2º, 3º, 4º e 5º anos).
Na pequenina sala de espera do Palace Teatre do Pará
havia uma exposição de quadros do pintor Avelino Pereira. - Cronista e contista.

<VQ) 342 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHAO (1842 1930)

Os requerimentos devem ser dirigidos ao vice-presi- tação Inácio Rapo o assoma, com ar trágico a um camaro-
dente e entregues ao Sr. secretário, na sede da escola (Casi- te. Bate palmas, prende a atenção do auditório e anuncia o
no Maranhensc), todos os dia<; úteis, das 13 às 16 horas. As falecimento do poeta do G11esa. Sua voz reboou corno um
inscrições encerram-se definitivamente a 8 do corrente. sagrado dobre, comunicando a todo uma vibração de dor.
(Pacotilha, 1°/12/1923, p.4). estranha e profunda. Ali mesmo, disse ele, cm concisas
expressões, quem era o poeta, quais os seus dotes, a gran-
REVISTA DO NORTE deza de estro, a magnanimidade de sua alma, a grande
intuição literária com que se di tinguiu entre todos os po-
Sob a direção de conhecidos jornalistas sairá, até o fim etas do seu tempo.
do mês fluente uma revista ilustrada, de formato moderno Não sei se tal discurso impressionou os artistas da
e grande número de páginas. companhia. O que sabemos é que a platéia maranhensc
A nova publicação terá o concurso artístico do ilustre ficou estarrecida e o espetáculo ficou pela metade. Porque
pintor e desenhista Avelino Pereira e destina-se a uma gran- as famílias começaram a sair, o povo a evacuar o recinto e
de propaganda da mentalidade e valores nortistas, fôro de por fim os artista ficaram sem auditório.
corrilhos políticos e da subaltemidade de pequeninas lu- Quem escrever a biografia de Inácio Raposo pode sem
tas de campanário. susto contar esta anedota que é verídica.
O Maranhão, pelas suas gloriosas tradições intelectu- ZÉ DA BROCA.*
ais e situação geográfica, é a terra naturalmente indicada (Diário de S. luiz, 8/J 211923, p.6).
para sede desse órgão de publicidade, cuja carreira não
pode deixar de ser vitoriosa, tal o cuidado e segurança UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE
com que foi elaborado o programa que noncará a Revista
do Norte. Aexposição do festejado pintor Avelino Pereira, já anun-
(Diário de S. Luiz, 6112/ 1923, p.2). ciada há dias, deverá ser inaugurada no dia 23 do corrente.
no salão nobre do Eden. ( Pacotilha, 14/12/1923, p. I).
UM LINDO TRABALHO
SANEAMENTO DO BRASIL
Tivemos ocasião de ver ontem, exposta na montra da
Tipogravura Teixeira, uma bonita toalha bordada que deve Acaba de chegar no vapor ltatinga a esta capital o Dr.
ser colocada no altar-mor da igreja de Nos a Senhora da Jo é Figucroa, médico encarregado do combate à febre
Conceição, na ermida da mesma santa, no próximo dia 8 do amarela neste Estado, cm comissão especial, ulti mamente
corrente, quando se festeja aquela padroeira. sob os auspícios da Rockfeller Fundation, de acordo com
Esse lindo trabalho, que também esteve exposto em o Departamento Nacional de Saúde Pública.
Belém do Pará, onde recebeu dos entendidos os melhore S.S. virá trabalhar adstrito ao Serviço de Saneamento e
encômios. é devido às mãos hábeis da di tinta senhorita Profilaxia Rural no Maranhão.
paraense Nail Ponte de Carvalho, auxiliada pelas sua<; inte- Oimprc salientar os altos intuitos da Comissão Rockfellcr,
ligentes innãs senhoritas Ora. llná e Ilan Ponte de Carvalho. cuja atividade se vai estender sobre nosso país, visando le-
A senhorita Nail Ponte de Carvalho confeccionou essa var sistematicamente a todos os Estados os meios profiláti-
toalha especialmente para Nossa Senhora da Conceição, cos contra o 111orb11s. (Diário de S. úii:. 15/12/1923, p. l).
da nossa ennida, à qual a ofereceu por intermédio do nos-
so confrade Dr. RibamarPereira. (Pacotilha, 7112/1923, p.4). ESCOLA DE BELAS-ARTES
RESULTADO DOS EXAMES DE MÚSICA E PIANO
HISTÓRIAS CURTAS
(...) Resultado da classilicação dos alunos do Iº ano
Um nome que o Maranhão a mais e mais sepulta no do curso de pintura e desenho, que foram promovidos ao
esquecimento é o do poeta Joaquim de Sousãndradc. 2° ano: - Alfredo Marque. dos Santos e Franci ca Cruz.
Quem vai ao Cemitério Municipal encontra, lá num dos 1O; Jovina Santos, Pedro Celestino e &lmée Alencar, 8;
quarteirões afastados, uma catacumba modesta, onde foi Maurfci o Li111a, Hugo Alencar, Ne tor Nascimento, Dino-
sepultado o poeta. Lá está a sua efígie. É um belo retrato, rá Costa, Maria da Co ta Silva e Franci co Andrade, 7. Os
tal vez o último que lhe tirou o Luiz Luz. a pedido dos estu- d~mais alunos não foram promovidos, por não terem fre-

dantes de então. Belo retrato! A fisionomia do poeta do qüentado rcgulam1ente as aulas deste cur. o. (Pacotilha ,
Guesa está com todas as suas rngas, com aquele olhar 19/12/1923. p.4).
sereno que todos lhe conhecemos quando íamos vê-lo na
sua Quinta do Jenipapeiro. onde ele sonhava seus sonhos EXPOSIÇÃO AVELINO PEREIRA
admiravelmente republicanos, que um dia desejava ver re-
alizados, a bem de nossa terra. Como temos anunciado, terá lugar no próximo domin-
Ao ceno não sabemos de que morreu o poeta das Har- go, no salão nobre do &len, n expo ição de pintura deste
pas Selvagens. Mas temos a certeza que o seu passamen- artista que ora nos visita.
to se deu numa noite. Já desta folha foi feita ao público maranhcnsc, por pes-
Estávamos no Teatro São Luiz, hoje Anhur Azevedo. soa competente no assunto, a apresentação deste moço,
Já não nos lembramos que companhia dramática trabalha-
va ali, naquela noite. Sabemos é que em meio da represen- Pseudônimo de Nasci111cn10 Montes.

<?.,/Q) 343 <?.,/Q)


LUIZ DE MELLO

que, podemos afinnar, tem raras qualidades de manejador UM CURSO DE PINTURA


do pincel e de desenhista notável.
O Maranhão, cuja elite vai se interessando pelos as- Avelino Pereira. o pintor português que acaba de reali-
suntos da arte, terá certamente um feliz ensejo em apreciar zar urna exposição de trabalhos artísticos nesta capital, vai
trabalhos interessantes como, por exemplo, as sanguíneas abrir um curso de pintura, desenho, aquarela e sanguínea,
em que é especialista o expositor, aproveitando motivos especialmente. As matrículas para esse curso podem ser
emocionantes e com um traço incontestável de originali- tratadas no escritório da Revista do Norte, na Praça João
dade. (Pacotilha, 20/ 12/1923, p. l). Lisboa.
Dará também Avelino Pereira lições em domicílio.
MEDALHAS Tratando-se de um profissional habilitado, é c laro que
os que se sentem com aptidão para a arte, não devem dei-
De alumínio, Perpétuo Socorro, Carmo, Milagrosa São xar de aproveitar a oportunidade de aprender. Os cursos
José, etc. artísticos no Maranhão nunca serão bastante numerosos.
Livros para música, porta-retratos de madeira, telas para (Pacotilha, 15/1/1924, p.4).
pintura, metro, 22$; espelhos de todos os preços, vidros
para automóveis, molduras de cedro, estampas de Nazaré.
ESCOLA DE BELAS-ARTES
Recebeu a Casa Paula Barros
Rua Nina Rodrigues, 23.(Pacotilha, 22/12/1923, p.3).
De ordem do Sr. Dr. vice-presidente em exercício comu-
nico aos interessados que se acham abertas as matrículas
NOTA DE ARTE
deste estabelecimento, todos os dias úteis, das 13 às l6
EXPOSIÇÃO AVELINO PEREIRA
horas, no edifício do Casino Maranhense, terminando a 31
A convite de Avelino Pereira, o pintor português que do mês corrente.
se acha entre nós, estivemos hoje no Cinema Eden, em Tanto para o curso de música corno para o de pintura, a5
cujo salão nobre está organizando carinhosamente a sua inscrições são de l 0$000; e 5$000 de mensalidades para cada
exposição de pintu ra. curso que serão pagas no ato de apresentação da petição.
incontestavelmente, Avelino é um artista de valor. Tra- A matrícula será pedida pelo pai, tutor ou pessoa inte-
balhador infatigável, cheio de boa vontade, é sobretudo ressada, declarando nome, idade, filiação, ser vacinado,
um impression ista de feitio essencialmente moderno. Os possuir instrução primária e não sofrer de moléstia conta-
seus trabalhos agradaram-nos imensamente. E agradarão giosa.
a todos, com certeza. Maranhão, 7 de janeiro de 1924
Salientaremos, entretanto, recomendando-os ao públi- João J. Lentini - servindo de secretário.
co, o retrato da senhora Godofredo Viana, alguns aspec- (DiáriodeS. Luiz, 15/1/1924, p.3).
tos da nossa velha capital, belíssimos, sobrerudo pelas
tonalidades das suas tintas, e um retrato do falec ido escri- DESENHO E PINTURA
tor Paulo Barreto (João do Rio).
A abertura da exposição, que está marcada para ama- Avelino Pereira ensina em casa do aluno. Praça João
nhã, às 9 horas, será presidida pelo Dr. Godofredo Viana, Lisboa, 18. Sobrado. (Pacotilha, 1811/ 1924, p.4).
que comparecerá acompanhado de sua fanúlia.
Esperamos que o público maranhense saiba dar o de- DEPUTADO RODRIGUES MACHADO
vido apreço ao esforço de Avelino Pereira.
- Ao lado dos quadros de Avelino serão também ex- Uma homenagem simples mas significativa, eloqüente,
postas interessantes caricaturas miniaturais do menino A l- foi a que os proprietários do Cinema O límpia prestaram ao
bert Miners, uma precocidade artística interessantíssima. deputado Marcelino Rodrigues Machado, dedicando-lhe
(Pacotilha, 22112/ 1923, p.4). a soirée de ontem.
A sala de espera, onde se via em rica mold ura o retrato
EXPOSIÇÃO AVELINO PEREIRA
do distinto representante maranhense e o salão de proje-
ções repleto do que há de mais fino na sociedade, um e
Continua aberta no salão nobre do Eden a exposição
outro artisticamente ornamentados, apresentavam um as-
de pintura do conhecido artista português Avelino Perei-
pecto encantador.
ra. O sucesso alcançado pelo moço pintor é real mente gran-
Às 20 horas, antes de começar a exibição do filme, a
de. A nossa melhor sociedade tem visitado a bela coleção
de quadros, muitos dos quais foram já adquiridos por ama- empresa fez focar na tela o retrato do Exmº Sr. Dr. Godofredo
dores e capitalistas, especialmente as sanguíneas em que Viana, benemérito presidente do Estado, a quem a numero-
Avelino Pereira é admirável. sa e seleta assistência ovacionou deliberadamente. A ban-
A exposição será encerrada no domingo próximo. (Pa- da de música do Batalhão Policial executou, e ntão, o Hino
cotilha, 27/ 12/ 1923, p. l). Maranhense. Depois apareceu o retrato do homenageado,
que foi também vivamente ovacionado. (Pacotilha, 25/1/
ESCOLA DE BELAS-ARTES 1924,p.I).

Estão abertas as matrículas nesta casa de ensino até 31 ESCOLA DE BELAS-ARTES


do corrente. O expediente da escola é das 13 às 16 horas, no
edifício do Casino Maranhense. (Pacotilha, 91111924, p.4). Malricularam-se nesta escola os seguintes alunos:

~ 344 <:/(i)
~
~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Genaro Henrique da Silva, Albeno Henrique da Silva, ÓLEO


Mariana de Sousa Machado, Luísa Aureliana da Silva, Amé- 1º) Sol na floresta (Maranhão); 2° - Ponte Maurfcio
lia do Vale Cavalcanti. Aldenora Inês Moreira, Benedilo de Nassau (Recife); 3° - ú11•adeira; 4" - Morro do Caste-
Machado, Laura de Barros Vasconcelos, Zcnaide Nasci- lo (Rio); 5° - Recanto Pitoresco (Morro do Castelo); 6º -
men10, Nestor Nascimento, Edna Costa Pereira, Maria Velho Barco, 7° - Estabiro (Ceará); 8º - Praia de S. Frrm -
Marques de Figueiredo, Maria José Marques de Figucirc- cisco (Maranhão); 9° - Melancolia; 1Oº - Pensando (estu-
do. lzilda Alaíla Fêlix. Antônia Oliveira Domingue da Sil- do de Mi); 11 ° - Canto de feira (Ceará); 12° - Velhas casas
va, Maria Domingues da Si lva, Sarah Domingues da Silva, (Olinda); 13º - Mulher feira (Ceará); 14° - Atleta (Estudo
Lourival I. Parníso, Adélia Melo, Virgílio Domingues Filho de figura); 15º - Ttpo de rua; 16° - Velhice solitária; 17º -
e Maria Clara Nogueira. (Pacotilha. 26/111924, p.4). Cabeça decorativa; 18º - Mancha do quadro Soliwde.

DE UM DOS DISCURSOS NA CÂMARA AQUARELAS


MUNICIPAL DE ALCÂNTARA 19º - Interior da Igreja do Morro do Castelo, estudo
em 21 de janeiro de 1924: do quadro Sacrário que oble\e prêmio no Salão Oficial do
Rio cm 1921; 20° - Fundos de casas (Morro do Castelo);
( ...) O retrato do Barão de Grajaú foi pintado pela Sra. 21° - Passagem do lago (Rio); 22º - Pedra do fmlio (Nite-
Anita Rangel, a cuja alma encantadora de anista alia uma rói); 23º - Caber;a de 11111/her (estudo).
bondade natural e uma gentileza cativante, a quem penho- CARVÃO
rados agradecemos o correto trabalho. (Pacotilha, 26/1/ 24° - Cabeça de ancião - 25°, 26° e 27° - Estudo de
1924,p.2). figura.
SANGUÍNEA
EUCLIDES FONSECA 28º- Cabeça de 111111e. F.; 29° - Cabeça de Mme. Preto;
300- Idem. (Pacotilha, 4/2/1924. p.4).
Realizar-se-á por este dias a abenura da expo ição de
pintura de Euclides Fonseca. UMA EXPOSIÇÃO D E ARTE
Já nos rcícrimos mais de uma vez a esse jovem e talen-
Realizou- e hoje, com apre ença do mund0 intelectual
toso pintor brasileiro, cujos trabalhos o público terá, en-
e anfstico, a abenura da exposição anística de Euclides
fim, oportunidade de julgar.
Fonseca.
Auguramos à sua exposição completo êxito. (Pacoti-
Foi uma interessante nota, que registramos com prazer,
lha, 30/1/1 924, p. l).
da vida ludoviccnse, uma de sas notas que desejaríamos
se repetissem com freqüência, num meio onde o gos10
ESCOLA DE BELAS-ARTES
pelas anes plásticas ainda pode, segundo cremos, ter gran-
des dias, dada. as decididas 1endências do espírito mara-
Matricularam-se ne. ta escola mais os seguintes alu-
nhense para a estética, tão acentuadas em outros campos
nos: Beatriz Varela Pinto, Lúcia de Carvalho, Isabel de Sousa da atividade artística.
Mendes, Diná Teles de Macedo, Afife Valente Chuquia e
No calálogo da exposição de Euclides Fonseca, ontem
Luzilinda Cabral Teive. publicado neste jornal, M trabalhos de valor que merecem
Convidam-se os corpos docente e discente para com- a atenção do público e aos quais nos referiremos oportu-
parecerem à abertura das aulas no dia 1º de fevereiro, às namente. (Pacotilha, 5/V I924. p. I ).
13 horas.
Horário das aulas - segundas e quintas-feiras: teoria e UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE
piano, das 14 às 17 horas; lerças e sextas-feiras, desenho e
pintura, das 8 às 1O horas; sexlas e sábados, solfejo e À exposição de pintura inaugurada ontem no Casino
violino, bandolim e piano. das 13 às 17 hora . (Pacotilha, Maranhense pelo pintor brasileiro Euclides Fonseca, a qual
30/1/1924, p.4). conquistou grande êxito no nosso meio culto, comparece-
ram as seguintes pessoa : primeiro-tenente Xavier de Bri-
UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE to, representando o presidente do Estado; deputado Ma-
galhães de Almeida, Drs. Barbosa Magalhães, Henrique
Euclides Fonseca. o inteligenle pintor pernambucano José Couto, R. Furtado da Silva, Fabiano Vieira da Silva,
que nos visita, abrirá amanhã a sua exposição de pintura Alcides Pereira, Severino Silva, senhoritas Odija de Araú-
no salão do Casino Maranhense. jo Nogueira, Lígia de Araújo Nogueira. Maria de Aguiar. Sr.
Não queremos antecipar juízos sobre os trabalhos que Nilsino Nogueira, Dr. Antônio Lopes, senhoritas Letícia
vai expor o anista brasileiro, mas sempre é oportuno ali- de Holanda, Nocmi de Holanda Srs. Luís de Moraes Rego,
entar que São Luís está ::.cndo procurada pelos cultores da Antônio Pires, Waldemar Brito, Joaquim Guimarães, Porci-
arte, que no público maranhensc acreditam cnconu·ar ele- úncula de Moraes, Jo é Jansen Ferreira, Humberto Jan-
mentos capazes de apreciar o que íazcm. e, assim sendo, sen, José Lurine Guimar:ies Junior, Osvaldo Paraíso, Tar-
nada mais natural que o público anime essas exposiçõc quínio Filho, Carlos Cruz Ribeiro, Dr. Eurico de Macedo,
que aqui se realizam. senhoritas Romana Costa, Dinal Macedo, lvanhoé Mace-
É este o catálogo dos trabalhos que exporá Euclides do, Dinorá Costa. Srs. Francisco Pinto, Miguel Teixeira
Fonseca: Ribeiro, Argemiro Ribeiro de Morais, Domingos da Costa,

e.-'(>) 345 e.-'(>)


LUIZ DE MELLO

Ozéas Marques da Silva, Assis Garrido e De Castro Mar- Pome Maurício de Nassau é um trabalho descritivo,
tins. (Pacotilha, 6/211924, p.4). histórico, que reclamou, já se vê. do artista grande número
de dias de labor e estudo em face da imagem real.
A EXPOSIÇÃO EUCLIDES FONSECA A força da iluminação é bastante natural, harmônica e
sem qualquer exagero. O céu, límpido e sereno, é sem
Continua aberta a exposição de pintura de Euclides dúvida o que cobre a gloriosa cidade de Nassau, nos
Fonseca, o jovem pintor que nos visita. dias de verão.
O salão do Casino Maranhense, onde Euclides Fonse- Lavadeira, Raio de Sol e Recanto Pitoresco, assun-
ca expôs os seus trabalhos, tem sido procurado por famíli- tos captados no tradicional Morro do Ca telo e admiravel-
as, capitalistas, autoridades, intelectuais, artistas e pro- mente impressionados nas telas de Euclides Fonseca, es-
fessores. tão destinados a um valor inestimável, quando a antiga
É desnecessário insistir na afinnação, já tantas vezes colina, início da gloriosa Cidade de São Sebastião, for uma
daqui feita, de que a exposição do pintor patrício consti- recordação histórica.
tuiu uma apreciável nota de arte e contém trabalhos dig- Os pontos de vista foram muito bem escolhidos e o
nos de muito apreço. (Pacotilha, 7/2/ 1924, p. I). assunto histórico muito bem focado. As perspectivas são
perfeitas na gradação dos planos, mercê da topografia in-
grata, que todos sabem ser a das ruelas do Morro do Cas-
UM BELO TRABALHO
telo. A nuança da saudade não foi esquecida e ficou bem
Acha-se em exposição cm uma das vilrines da Livraria impressionada nos três quadros.
Velho Barco e Estaleiro são o desenvolvimento de um
Soares um rerrato a pastel do ilustre Dr. Filogônio Lisboa,
tema querido de todos e no qual o artista detalhou com
tirado ao natural pelo jovem pintor maranhense Artur Ma-
carinho as imagens, dando-lhes a luz do céu cearense, tão
rinho, aluno da Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
conhecida.
É um trabalho muito bem-acabado e digno dos melho-
Praia de São Francisco é uma tela que merece ser
res encômios. (DiáriodeS. Luiz, 18/21 1924, p.4).
desenvolvida e completada, mercê da escolha de outro
ponto de vista, que permita aparecer ao lo nge a nossa
EXPOSIÇÃO DE PINTURA
velha São Luís, pousada sobre inúmeras colinas ...
Os primeiros planos desta tela emprestarão, com certe-
O pintor Euclides Fonseca, que há tempos se acha entre
za, pelo variado das cores do barranco que desmorona
nós, proporcionou à elite ludovicensc a exposição dos seus
dia-a-dia, desraizando os pequenos arbustos e espalhan-
melhores quadros no salão nobre do Casino Maranhense.
do grandes pedras negras e vennelhas pela praia, onde a
É um artista brasileiro já laureado, que dispensa qual-
maré cheia as desnuda e lavra a tonalidade artística tão
quer recomendação pessoal; porém, os seus quadros me-
necessária às telas descritivas.
recem apreciação especial.
Melancolia é um belo estudo do nu e do sentimento
Sol na floresta é a tela favorita do pintor e, com certe-
humano.
za, de todos os que têm extasiado a retina na suavidade
Atleta, nu magnífico, minucioso na impressão muscu-
das suas cores, no impressionismo intenso das tonalida-
lar do corpo humano, perfeito na subjetivação da força.
des de luz e sobretudo no realismo da paisagem tropical,
Estudo do quadro Solitude. - Trata-se de um quadro
diremos mesmo genuinamente maranhensc. premiado com medalha de bronze, e é quanto basta.
Quem pela primeira vez contempla o magnífico quadro,
Ttpo de ma e Velhice Solitária. - Telas realistas, bas-
penetra na floresta maranhense, sentc.:-lhe a uberdade do tante interessantes e verdadeiras, a segunda sobretudo.
solo, onde os majestosos mirinzeiros ostentam a pujança Aquarela. Interior da igreja do Castelo. - Amigo das
dos troncos, o frescor das sombras e o perfume que em- velhas tradições nacionais, Euclides Fonseca trouxe para
balsama a m:ita inteira. o papel , em delicadíssima aquarela, o altar da velha igreja
É, sem dúvida, a tela de maior fôlego, onde o artista pôs dos nos os maiores.
em jogo os grandes rccw-sos da sua arte. Impressiona, pren- É um magnífico trabalho de detalhe onde, a par do en-
de e convida ao menos experto cm assuntos de arte. genho artístico, é justo reconhecer a paciência tão neces-
A perfeita transparência da água parada, que o artista sária à vitória de qualquer homem na vida e, sobrerudo, de
emprestou à tela nos primeiros planos, representa um tri- um pintor.
unfo, e o sol investindo com a floresta e projetando aqui e F1111doç de casas, quadro histórico, preso às velhas
acolá, pelo solo, retalhos de luz quase meridiana, distribu- tradições do Rio de Janeiro nascente. Euclides Fonseca é
ídos lógica e harmonicamente, dá o caráter iniludível de um apaixonado das tradições nacionai!> e em quase todas
uma paisagem tropical à tela. as suas telas transparece este magnífico caráter do seu
É um quadro maranhense, esteja onde estiver, pois a engenho artístico. É genuinamente brasileiro.
luz, ali tão bem cadenciada do amarelo ao azul, nas folha- Cabeça de mulher e Cabeça de criança são também
gens, o violáceo leve e sutil do terreno e a própria natureza bons estudos da expressão humana, quer na acepção ob-
de algumas plantas à beira d' água, que o artista tão bem jetiva. quer na subjetiva.
detalhou, caracterizam a paisagem do Maranhão... Os efei- Sa11giif11eas. - Muito boas, todas. T êm o relevo perfei-
tos de luz solar através da espessa coma dos mirinzeiros to, relevo que é a caracteristica da dificuldade deste gêne-
e tão por tal forma naturais que não haveria exagero em ro de pintura a uma só cor, quase. de todo artificial e onde
dar ao quadro a denominação Beijo do Sol. ele só é con'>eguido quando a luz foi perfeitamente distri-
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

buída em uma verdadeira gama de tonalidades, ao mesmo INÁCIO BfLIO


tempo sem exagero de pontos brilhantes e obedecendo rigo-
rosamente ao desenho de figura. As fisionomias estão bas- Faleceu ontem, às 16 horas, o conhecido professor de
tante expressivas, principalmente nas cabeças de pretos. música Inácio Loyola Bílio, que M muitos anos trabalhou
Euclides Fonseca tem frente a si um brilhante futuro como tipógrafo, exercendo também o cargo de mac troem
artístico, di-lo bem a sua exposição atual. filarmônicas locai . O se u e nterramento realizou-se hoje
Não o esmoreça o fato de não terem sido adquiridos pela manhã, tendo saído o féretro da casa da Rua do Mo-
muitos quadros seus cm São Luís, pois, aqui, como em cambo n°4.
toda a parte, em geral, quem não sabe a arte não a estima, Deixa viúva e filhos, aos quais, assim como aos demais
e quem a sabe geralmente não tem dinheiro ... parentes, enviamos as nossas condolências. (Pacotilha,
São Luís, 1112/1924 1°/4/1924, p.4).
Eurico de Macedo
(Pacotilha, 21/211924, p. l ). FOTOGRAFIA BRASIL
RUA DOS CRAVEIROS, 38
MERECIDA HOMENAGEM
Tendo passado a Fotografia Paris e adquirido a antiga
Por iniciativa do Dr. Eleazar Soares Campos, íntegro Fotografia União, que de hoje se denominará Fotografia
juiz de Direito de Caxias, vão ser colocados no saJão nobre Brasil, espero que os meus amigos e fregueses continuem
das audiências da Câmara Municipal dali, o retratos do a me distinguir com as suas ordens, ccn o de que ficarão
Drs. Godofredo Viana e Luiz Domingues, aos quais deve melhor servidos, pois que estou aparelhado para tal.
Caxias inestimáveis serviços. São Luís. 24de março de 1924
Ato dos mais louváveis é, não há dúvida, esse com Joüo tl'Oliveira Pantoja
que se quer homenagear os grandes maranhenses, em cu- (Pacotilha, 10/4/ 1924, p. I ).
jos governos foi a comarca de Caxias e levada à terce ira
entrância. FALECIME NTO
Ao ter conhecimento dessa homenagem, o coronel José
Guimarães Júnior procurou o Dr. Eleazar Campos, a quem
Após peninezacs sofrimentos faleceu ontem, às 23 ho-
demonstrou a satisfação de oferecer, como amigo que é do
ras, o inditoso moço Neópolo de Paula Barros, extremoso
Dr. Godofredo Viana, o retrato do preclaro chefe do Estado.
filho do Sr. José de Paula Barros, comerciante de nossa
Os retratos estão sendo confeccionados no ateliê do
praça, e sobrinho do coronel Raimundo de Paula Barros,
pintor Paula Barros. (Diário de S. Luiz, 18/3/ 1924, p.2).
capitalista no Pará. atualmente entre nós.
O extinto que contava apenas 18 anos de idade, era
PINTOR
muito estimado na nossa sociedade pelo seu caráter dia-
mantino.
O clichê que precede estas linhas é dü pintor português
Avelino Pereira, que já fez uma expo ição dos seus traba- O enterro realizar-se-á hoje, às 16 horas, saindo da Rua
lhos no salão nobre do Teatro-Cinema Edcn, tomando com das Barroca<; n.0 16.
e la conhecidas do público as suas aptidões artísticas. O Diário de S. Luiz apresenta à família Paula Barros
Avelino Pereira acaba de adquirir o acervo da Fotogra- as suas sinceras condolências. (Diário de S. L11i:.. 10/4/
fi a Pantoja. com o fim de montar um estabelecimento de 1924, p.I).
feição inteiramente moderna, a funcionar sob a sua inteli-
gente orientação. NEÓPOLO PAULA BARROS
Noticiamos com prazer o aparecimento do novo esta-
belecimento e desejamos ao pintor Avelino Pereira pros- Com grande acompanhamento realizou-se ontem o en-
peridades no seu novo studio. (Pacotilha , 22/311924, p.4). terro do inditoso jovem Neópolo Barros, estre mecido filho
do pintor cearense José de Paula Barro~ e sobrinho do
FOTOGR AFIA PANTOJA nos o prezado amigo coronel Raimundo de Paula Barros.
gerente da filial da Crédito Mútuo Predial, c m Belém do
O Sr. Gregório Pantoja veio hoje à nossa redação pedir- Pará.
nos retifiquemos uma notícia dada no sábado, a respeito -No cemitério, ao baixar o corpo, o nosso confrade Dr.
do pintor Avelino Pereira, o qual não adquiriu o acervo da Ribamar Pereira pronunciou sentida e comovente alocu-
sua Fotografia na Rua Osvaldo Cruz, SS. e sim o da Paris, ção, dizendo cm nome dos pre entes ao piedoso ato. o
na Rua Nina Rodrigues, canto com a das Flores. ( Pacoti- derradeiro adeus ao ,iovem Ncópolo.
lha, 24/3/1924, p.4). Acompanhou o féretro e acompanhou o corpo monse-
nhor Gentil Viana.
FOTOGRAFIA STUDIO Pegaram nas alças, durante o trajeto que foi feito a pé,
indo o caixão empurrado numa linda carreta, os Srs. Riba-
o Sr. Avelino Pereira veio agradecer-nos a notícia que a mar Pereira, Gregório Pantoja, Adízio Monte iro, Antônio
Pacotilha estampou sobre a fundação da Fotografia Studio. Mariano Cunha. Clineu Barreto e Dr. Roberto Gonçalves.
o proprietário da nova Fotografia e di tinto artista con- A banda de música do Corpo de Segurança Pública
vidou esta redação a fazer uma vi ita aos seus ateliês. tocou várias marchas fúnebres em todo o longo percurso,
(Pacotilha, 26/3/1924, p. I ). fazendo-se ouvir ainda quando o corpo foi inhumado.

~ 347 ~
LUIZ DE MELLO

O Diário de S. Luiz renova os seus votos de profundo VIRIATO CORm E A ESCOLA DE BELAS-ARIES
pesar aos pais do inditoso Neópolo. (Diário de S. Luiz, 111
4/1924, p.3). O maestro João Lentini, digno e competentíssimo dire-
tor do curso de música da Escola de Belas-Artes, acaba de
STUDIO AVELINO PEREIRA convidar Viriato Corrêa para assistir amanhã às aulas da-
quela escola. João Lentini quer assim mostrar ao nosso
Tivemos oportunidade de ver vários trabalhos foto- brilhante conterrâneo, tão vivamente interessado por rudo
gráficos preparados nesta novel Fotografia, de proprieda- o que se relacione com o progresso de sua terra natal, mais
de do pintor Avelino Pereira. Destacamos entre outras ex- uma iniciativa nossa e das melhores.
celentes ampliações e os retratos coloridos, os retratos em A Escola de Belas-Artes, se ainda não conseguiu obje-
esmalte. tivar-se plenamente tal qual foi concebida pelo espírito de
O Sr. Avelino, que por estes dias exporá numa das mon- Fran Paxeco e de outros nobres corações que a ela têm
dado impulso e diretriz, é uma iniciativa que honra sobre-
tras de nossas lojas e nos salões dos cinemas Eden e Olím-
maneira a nossa perseverança e a nossa vontade de andar
pia, mostruários em que o nosso público terá ocasião de
para diante, muito melhor do que ficar de braços cruzados,
apreciar os excelentes trabalhos do Studio. (Pacotilha,
fatal isticamente à espera da Divina Providência.
23/4/ 1924, p.4).
Esse nobre esforço de seguir o caminho encetado sem
desanimar diante dos obstáculos, é que Viriato Corrêa, es-
FOTO-STUDIO AVELINO PEREIRA
pírito de operosidade infatigável e um idólatra da Ação e
da Energia, há de sobretudo apreciar e aplaudir. (Pacoti-
Trabalhos de arte, ampliações e reproduções. Serviço lha, 15/811924, p.4).
de amadores cuidadosamente tratado. Rua do Sol, 57. (Di-
ário de S. Luiz, 14/5/1924, p.3). ESCOLA DE BELAS-ARTES

UMA HOMENAGEM Por falta de espaço deixamos de noticiar ontem a visita


do ilustre escritor Viriato Corrêa à Escola de Belas-Artes.
Hoje, depois da missa rezada na matriz da Conceição, O diretor maestro João Lentini, desejoso de que Viriato
foram inaugurados na sacristia da igreja os retratos da Sra. apreciasse o desenvolvimento das aulas, fez funcionar as
Bazilisia Ribe iro e do Sr. Orfila CavaJcante, insignes ben- de solfejo, violino, canto coral e piano, dos cursos primá-
feitores do templo e vultos primaciais desta terra, pelas rio e secundário. Viriato disse ser uma realidade a nossa
virtudes que exomavam os seus corações e pelas beneme- escola, e manifestou desejo de trabalhar em prol do seu
rências que sempre patentearam. contínuo progresso.
Ao ato compareceram as famílias dos inolvidáveis ex- Apreciando a exposição de pintura, o autor da Zuzu,
tintos e todas as pessoas que se achavam na igreja, quan- satisfeitíssimo com a nitidez e precisão de uns quadros de
do dos atos religiosos. (Pacotilha , 61611924, p. 1). paisagem, quis ·conhecer os seus autores, sendo os mes-
mos chamados pelo professor Lentini. São eles: Luzilina
UM BELO TRABALHO Cabral Teive, Maria Eduarda Monteiro e Alfredo da S ilva.
Viriato Corrêa, que teve palavras de incitamento para
Acha-se e m exposição, numa das vitrines da loja de os professores e alunos, saiu verdadeiramente impressio-
nado e satisfeito. (Pacotilha, 19/8/1924, p. l).
modas A Exposição, uma caricatura do Dr. Ribamar Pereira
confeccionada pelo pintor Avelino Pereira. (O Dia, 15/6/
TELEGRAMA
1924,p.4).
PORCIÚNCULA DE MORAES
JUSTA HOMENAGEM
Rio, l - O pintor maranhense Porciúncula de Moraes
conquistou menção honrosa na exposição anual da Esco-
(Caxias, 22)- Realiza-se hoje, com grande e seleta con- la de Belas-Artes. (Pacotilha, 211011924, p.l).
corrência, a inaug uração dos retratos dos g randes mara-
nhenses Luiz Domingues e Godofredo Viana, no salão no- DISTINÇÕES
bre da Câmara Municipal. PORCIÚNCULA DE MORAES
Presidiu a sessão o Sr. prefeito, usando da palavra, em
nome dos promotores, o Dr. Eleazar Campos, juiz de Direi- Trouxe-nos ontem o telégrafo a alviçareira notícia de
to. Num longo e brilhante discurso, o ilustre magistrado que o nosso conterrâneo pintor Porciúncula de Moraes
historiou a vida política dos dois grandes vultos. (0 Dia, havia conquistado menção honrosa na exposição anual
24/6/ 1924, p.1). da Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Alegrou-nos sobremodo o conteúdo dessa notícia,
RETRATO visto tratar-se de um maranhcnsc que, entre tantos alu-
nos, foi o único merecedor dessa distinção.
Esteve solene a manifestação dos operários ao Dr. João Não é o primeiro maranhense que no Sul eleva o nome
Luiz, inaugurando no salão nobre do novo e belíssimo de Atenas. Felizmente, os que daqui saem, com o fim de
edifício da Escola Normal o seu retrato. (Diário de S. Luiz, formarem o seu espírito, sabem manter as nossas tradi-
30/6/ J924, p.4). ções de gente culta.

~ 348 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHAO (l 842 1930)

Ao Porciúncula a Pacotilha envia os seus parabéns, Newton Sá, o pequeno pintor que onlem veio ao O
extensivos à sua famifü.i. (Pacotilha, 3/10/1924, p.4). Dia, não pertence a essa perigosa classe. Tem espíri10,
tem nervos, tem olhos para ver.
AGRADECIMENTO É prcci o que ele eMudc, para honra de ~cu falado.
Dr. PORCIÚNCULA DE MORAES Precisamo lodos ajudar esse pequeno. Não é um fa.
vor, é um dever. São tão raros os talentos que deixar que
A família do inteligente pintor conterrâneo Porciúncula ele~ se percam é um crime 1ão grande como o homicídio.
de Moraes, representada pelo cirurgião-dentista Raul P. Mo- S.
raes, veio agradecer-nos a maneira como noticiamos adis- (ODia, 16/10/1924,p.2).
tinção de que acaba de ser alvo, na E cola de Bclas-Ancs.
aquele moço que se esforça por manter em relevo as no sas UM JOVEM ARTISTA
tradições de inteligência. (Pacotilha, 6110/1924, p.4).
Newton Sá é ainda uma criança, pois conta apenas 16
ARTES anos de idade.
É filho da cidade de Pico. •de onde somente agora viaja.
Acha-se cm exposição na vi trine da casa de modas A chegando a esta capital cm dias da semana transacta.
Ontem, acompanhado do nosso confrade Guilhen11e
Exposição um bem cuidado almofadão de seda, onde se vê
de Abreu, nos visitou, expondo-nos seus trabalhos de
um fonnoso ramo de ílorcs, aquarclado pelo hábil dese-
desenho e pintura.
nhista e pintor conterrâneo Telésforo Moraes Rego.
São quadros relativamenle bem-acabados. onde a in-
Por esse trabalho podemos avaliar o valor desse jovem
teligência e pendores artí ticos do jovem con1erdneo e
que já se impõe em no o meio pelos seus belo serviços pantenteiam deveras.
escudados na ane que exerce a contento dos que o procu- Sem material adequado, mos1rou-nos a efígie de Gon-
ram. (O Dia, 14/10/1924. p.4). çalves Dias, executada a carvão de panela.
As caricaturas. não obstanle serem cópins, revelam
UM PEQUENO ARTISTA muito gosto e fin11eza no traçar das linhas.
Que os poderes compelentes saibam aproveitar a inle-
Trazido pelos braços amigos do Revmo. padre Arias ligência de Newton Sá, dando-Lhe ocasião para vencer na
Cruz e dos moços João Guilhenne e Francisco Abreu, veio estrada que vem de iniciar sozinho, são os votos do
ontem à nossa redação Newton Sá, um menino que nasceu Diário.(Diário de S. Luiz. 17/ 10/ 1924, p.1 ).
tá nesse afastado município de Picos e que dentro do cére-
bro, como Chenier, tem alguma coisa. UM ARTISTA IMPLUME
Nunca estudou desenho, e com carvões tirados do
fogo. na lareira de sua casa, começou traçando figuras. Veio ontem a esta redação, acompanhado do Sr. João
copiando retratos e tocando de originalidade todas e as Guilhem1e de Abreu, o jovem Newton Sá, natural de Picos,
pequenas obras com que ilustrava paredes mal caiadas e que para esta capital viera mostrar os seus trabalhos de
pedaços de papel branco que lhe caíam nas mãos. pintura.
Mas... não tinha nem professores nem dinheiro! Newton Sá que apenas conta 16 anos de idade, de
Veio por aí além, chegou à capital e aqui está com o seu ªºº' p:ira cá, sem me!.tre e noção que lhe pudessem guiar,
talento, a sua pobreza e a sua fi gurinha quase infantil ani- rabiscando nas paredes, cm papéis de embrulhos. livros,
mada pela luz de dois olhos tristes e profundos. etc., munido de um lápis ou de um carvão de cozinha co-
Trouxe poucos desenhos. A maioria ficou nas paredes meçou a gara1ujar, de modo que, os trabalhos que tivemos
da casa onde morava como os afrescos de Vcroneso nos o pmzer de ver, revelam um futuro promissor, quer na cari-
muros senhoriais dos palácios venezianos. catura e cópins de retratos fidelfsi.imas.
O que me deixou ver - dois carvões representando o Duas que vimos. de Gonçalves Dias e João do Rio, a
crayon, dão mostra patente de que N1..:wton Sá será, no
maior prosador e o maior poeta, Rui e Gonçalves Dias -
futuro, um artista de valor. (Diário Oficial do Estado, 17/
são magníficos ensaios onde não é possível estudar-se
10/1924, p.2).
um anista. mas onde se sente, balbuciando ainda, uma
personalidade.
UM PEQUENO ARTISTA
Não se preocupa alindando as figuras. No seu inaca-
bado, no impreciso de alguns traços, na extensão de som- Avelino Pereira, o pintor bizarro que São Luís conhece
bras, no cortante de certos contornos, vê-se a alma artís1i- através de uma série de quadros de 1intas vivas, talhados
ca presa à involun1ária ignorância, mas ansiosa por voar com largueza, criados com temperamento, quis trazer seu
muito alto e muito seguramente. auxílio ao pequeno Newton Sá. \',u dar-lhe lições. ensinar-
Eu dete~10, fujo dos meninos habilidosos. Esse ama- lhe o alfabeto da pimura, mostrar-lhe como se trabalha
dores da pin1ura, incultos e pernósticos, borradores de te- nessa arte tão cheia de surpresas.
tas e gastadores de tinias, sem a menor noção de arte. sem É o que nos diz na seguinte bela carta que nos dirigiu:
parcela de sensibilidade. chamando desenhos a mãs foto- - Vi as palavras com que O Dia recebeu o jovem artisfll~.i­
of'.ilias, são criaturas que cu evi10, para não enervar-me. nho que veio do sertlio 111ara11hense trazendo no brilho
b
Imi1am e fazem desamar as artes por elas consentirem do olhar um grande sonho de bele:a que o levará por
em deixar-se prostituir pela vulgaridade ou ada. uma estrada de guerra e espinhos, mas formosa, com gran-

e/r>) 349 e / (>)


LUIZ DE MELLO

des compensações que os fariseus não compreendem e Aí está a razão dos meus primeiros períodos. Não são
que nós achamos o pagamento melhor. conseqüência de uma consulta àl> cartas e às estrelas, são
Há, felivnellte, Juízes em Berlim, e entre eles eu in- reprodução de velhos contos nascidos nessa Bretanha de
cluo vocês, meus amigos d'O Dia. É consolador ver bra- mar bravio e tradições suaves.
ços abertos para quem entra na vida trazendo talento no Há muito que eu não tinha na minha frente um daque-
cérebro e bolsos vazios de fo rtuna. les circunspectos heróis-crianças dos contos d' Amicis.
Eu quero ajudar a vossa obra. Os meus poucos méri- Alegrou-se-me a alma (e só as alegrias de alma são repara-
tos de desenhista e pintor estão à disposição do j ovem doras), porque podia com minha franqueza ir cm auxílio de
Newton Sá. um talento, ajudando a obra que vós dois iniciastes.
Que venha para o meu ateliê e terá o meu conselho e É para isto que escrevo e por isto que escrevo.
a minha experiência para guiá-lo nos primeiros passos. Quero deixar um sincero muito obrigado e chamar a
Depois voará. Tem asas e só lhe falta saber usá-las. atenção de outros para o já agora nosso Newton.
É com o coração que vou encaminhar o artistazinho. Arranjamos-lhe mestre para as noções primeiras de de-
Do amigo senho e pintura e meios para manter-se estudando.
Avelino Pereira Vamos fazê- lo conhecido.
(ODia, 18/ 10/1924, p.4). Ele não tem obra para expor. Tudo o que faz revela
talento e visão, mas ressente-se da falta de técnica. Nunca
OUTRO JOVEM ARTISTA lhe ensinaram desenho !
Não deixaria, apesar de tudo, de ser curiosa uma expo-
Temos à vista, sobre a banca de trabalho, três exempla- sição de carvões do Newton Sá.
res dos trabalhos desenhados por um moço de grandes Não era uma apresentação à crítica, era a amostra de
pendores artísticos, bem pronunciados: Imprensa da Ca- um talento que está ainda sem direção, mas que orientado
pital do Maranhão, 1924 - Crédito Mútuo Pred ial e Gra- pode ser orgulho de sua terra.
briel D'Annuzio. o poeta soldado. Era uma tarefa que eu desejaria entregar-vos, meus
Devem-se estes quadros, executados à pena e lápis, ao amigos.
jovem conterrâneo narural do município de São Bernardo, É preciso que São Luís conheça o pequeno anista.
Sr. Herculano Castelo Branco. Santos Jiínior
Traço firme e cores artisticamente combinadas, a pena
(O Dia. 24/1 0/1924, p. l).
de Herculano Castelo Branco muito promete. se não lhe
morrer o ânimo para a carreira que escolheu.
ESCOLA DE BELAS-ARTES
Temos que o Maranhão, amparando essas inteligênci-
as prometedoras, que não são bafejadas pela fortuna, cum-
Reali7,,aram-se hoje, neste estabelecimento, os exames
prirá dever meritório.
Aí temos - Newton Sá, de Picos, e Herculano Castelo de promoção dy desenho e pintura, obtendo os alunos as
Branco, de São Bernardo, aguardando o otimismo dos que seguintes aprovações:
1° ano - Trabalhos a crayon: - Nestor Nascimento,
ll1es podem auxiliar, a fim de que não lhes faleça o gosto e
a vocação artística que revelam. (Diário de S. luiz, 2 1/ 10/ Luzilinda Teive,grau 10;
2° ano - Trabalhos de pinruras: - Osvaldo José Ferrei-
1924, p.I).
ra, grau 10;
UM PEQUENO ARTISTA 1° ano - Trabalhos a crayon: -Cu tódio Coelho, grau 9;
1ºano - Trabalhos a crayon: - Francisco Nascimento,
CARTA AOS SRS. REV. PE. ARIAS CRUZ
E J. GUILHERME DE ABREU grau 8.
Os alunos Nestor Nascimento, Custódio Coelho, Luiz
Newton Sá, o pequeno artista que veio do sertão tra- Vaz, Francisco Nascimento e Maria Eduarda Monteiro não
zendo dentro do cérebro um talento formoso e no fundo se inscreveram para exame. (Pacotilha, 28/ 1O/ 1924, p.4).
dos olhos tristes um grande sonho de glória. vai entrar no
caminho áspero que leva ao sacrifício e ao triunfo. NO SALON DE BELAS-ARTES
Terá de sofrer as picadas dos espinhos que a rosa da
arte sempre mostra e os arranhões dos cardos que a inveja À hora em que fomos ao Casino, o amplo e iluminado
lança na estrada dos que pretendem subir. Que isso não salão de baile do esplêndido clube tinha a quietude ener-
lhe importe. Ninguém é perfeito sem que passe horas dolo- vante do abandono.
rosas, e mais convém marchar a seu encontro do que espe- Somente o guarda, sorridente e amável, vigiava as lon-
rá-las sentado na soleira do templo. gas salas desertas.
Não escrevo esta carta para traçar o horóscopo de Fomos ao Salon.
Newton. Deus me livre de entrar no terreno do mistério e Pequenino agrupado de telas e desenhos afirmando a
falar cm estilo de hierofante, como está sendo o de meu existência produtiva da escola que promi;te, cm breve, dar-
querido amigo Múcio Teixeira. nos provas mais positivas de que possuímos aptidões ar-
Creio que já disse uma vez ser muçulmanamente su- tísticas, dependendo a sua evolução de centros de cultivo
persticioso. Chamam os franceses a esses olhos como os como este.
do pequeno artista - noyes. Diz uma lenda que o povo Sobretudo, corno garantia de um pincel de valor, embora
repete, significarem eles sofrimento e vitória. ainda vacilante, apresenta-se a senhorita Lucilinda Teive.

~ 350 e_.., (\)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

OITE DE LUAR é uma tela impressionista de largo o pés, o diamante que, cristalizado no coração da terra.
moldes, com belos efeitos de luz e boa atmo fera. Há arte foi pela natureza tra1ido à superfície, para orcrccer-se ao
nesse quadro minúsculo. homem, implorando-lhe um lugarzinho na fúlgida compa-
Admiramos também, com louvável interesse, duas na- nhia dos adorados seres que lhe realçam a coroa e lhe
turezas-mortas: maçãs e camélias, bem pintadas. acentuam a majestade.
Infelizmente, nem todas as telas de mademoiseUe Teive Mas o nosso espírito, pouco afoito a esse gênero de
foram traçadas com o mesmo cuidado. Há, de permeio, entusiasmo, já vai derivando para um estilo que não é o
descuradas figuras. óleos berrantes, inestéticos. epistolar. Antes, pois, que, a propósito de arte, nos torne-
Naturalmente, a futurosa pintora expõe o seriado com- mos transgressores de um dos muito e graves preceitos
pleto de seus trabalhos escolares sem obedecer ao critério sancionados por uma dessas soberanas, cuja suscetibili-
de seleção, pelo progresso na aprendizagem. dade raia pela morbidez, pem1ita-nos aqui façamos ponto
É pena porque 111ademoise/le tira, com aqueles bone- final , assegurando-lhe o nosso desvanecimento pelos
cos rijos e defeituosos, grande parte de encanto que pro- áureos períodos com que nos distinguiu, já que não lhe
porciona com a linda NOITE DE LUAR. podemos agradecer o muito operado em prol do futuroso
Outro aluno que promete é A. Marques, exibindo três menino, visto como a dívida não é nossa, mas ... da Nação.
cabeças bem traçadas de velho, de vestal e de cachorro,
entre coisas sem valor. Nestor Nascimento dá-nos também Padre Arias Cruz.
uma boa cabeça de velho. J. Guillrenne de Abreu
O mais são en aios, prometedores aliás, mas sem sig- São Luís, 24- 10- 1924
nificação ainda, como vocação artística. (O Dia, 25/ 10/1924, p. I).
Em todo o caso, vale a pena um passeio ao nosso pri-
meiro Salon de Belas-Artes, pelo menos para ver a NOITE GONÇALVES DIAS
DE LUAR de mademoisel!e Teivc.
P.
Realizaram-se, ontem à tarde e à noite, os ícstejos cívi-
(Pacotilha, 3 1/1011 924, p. l).
cos em homenagem à memória de Gonçalves Dias, o sobe-
rano poeta maranhense, Cantor dos Timbira .
UM PEQUENO ARTISTA
Um grupo de rapazes de nosso meio literário organizou
Ilmº Sr. Santos Jónior
uma romaria à estátua do Poeta. às 16 horas. acompanha-
dos da banda de música da Força Pública.
Nada temos que agradecer a V. S.ª pela mão generosa
Durante o trajeto lireram-se ouvir diversos oradores,
estendida ao artistazinho de olhos tristes, esse menino-adul-
assim como junto ao monumento, sendo todos vivamente
to, hoje detentor da nossa admiração e simpatia, menino
aplaudidos.
pela idade e adulto pelo agigantado do gênio que revela.
Às 20 horas, no Casino Maranhcn e, efetuou-se o sa-
Aquele de quem V. s.•, pelo seu gesto marcante de uma
rau lítero-musical em comemoração à data. Os que nesta
indi vidualidade do Belo, se tomou credor, é o Maranhão,
parte se lizeram ouvir agradaram o grande auditório que
0 berço feliz de Newton Sá, é o próprio Brasil, sua pátria,
em cujo diadema- a voz oracular de uma vocação legítima enchia o vasto saJão. Viam-se, ao centro, dois interessan-
tes trabalhos artísticos. um a pastel de Arthur Marinho e
0 afirma -será ele um dia uma das gemas de maior encanto.
É desses enleios em que, neste passo, e comprazem outro de Newton Sá, busto a tabatinga de Gonçalves Dias.
as nossas almas, comprazimento ao qual V. s.•, com judici- (Diário Oficial do Eswdo, 41 1 1/1924, p.3).
osa observação, se refere na fidalga missiva com que no
honrou. é dessas emoções que e coam em no so peito em EXPOSIÇÃO
recompensa, ou melhor dito, como estímulo decorrente do
dever cumprido, que vivem os que, deslumbrados pelo No dia 15 de dezembro próximo, noateliêdo FotoStu-
D/LICITE ALTERUTRUM do angélico inspirado, buscam djo. abrir-se-á uma exposição de trabalhos do conhecido
a felicidade na felicidade alheia por eles alcançada. pintor Avelino Pereira e do menino arrilw Newton Sá.
o que sentimos pelo êxito obtido em favor do pequeno Dadas a proficiência do primeiro, a boa vontade e talento
eleito, resultado para o qual ambos concorremos numa do segundo, prevemos êxito garantido como resultado a
proporção insignilicante, ao alcance da mai óbria boa esse'tentame feliz.
vontade, o que experimentamos, neste particular, muito Avelino exporá aquarelas locais do Olho d' Água, Anil,
nos diz do gozo íntimo dos abnegados providenciais que, São José de Ribamar, caricaturas de tipos populares, dese-
fazendo voto solene de patrocinar as capacidades, andam nhos a lápis, sa ngiiín~as e crayons.
a protegê-las contra o entorpecimento na Sibéria da indife- Newton por sua VCl apresentará, pela primeira vez. os
rença, andam a resguardá-las do incêndio na crepitação seus carvões que revelam uma e:;j)Crança. um futuro. um
infernal, do ódio aniquilador. artista. (0 Dia, 911 1/ 1924, p. I).
Feliz destino o desses apóstolos!
Virar o rosto a manifestações de talento, como es a ESCOLA MODELO
que festejamos em Newton Sá. desdenhar tais primores,
com que a dadjvosa Onipotência, quando lhe apraz, mimo- Realizou- e hoje, na Escola Modelo Benedito Leite, a
seia as coletividades e as nações, é crime irremissível, in- distribuição dos diplomas aos alunos do curso comple-
comparavelmente mais revoltante do que o de repelir, com mentar deste ano.

~ 35 1 ~
LUIZ DE MELLO

A festa, que se revestiu de toda a solenidade e bri lhan- levou a efeito o querido moço pintor, que é um trabalhador
tismo, teve começo às 9.30, quando deu entrada no edifí- infatigável e um cultor afervorado da Divina Beleza.
cio S. Exa. o Sr. presidente do Estado, acompanhado do Ao lado dos seus quadros e de suas caricaturas, Ave-
seu ajudante-de-ordens, capitão Xavier de Brito e do Sr. lino fará também expor alguns carvões dessa promessa
major Dr. Rodolfo Figueiredo, comandante da Força Polici- segura de outro fulgurante artista que é Newton Sá, de
a.Ido Estado. cujo talento os jornais têm falado com grandes encômios.
Ao som do hino maranbense, S. Exa. penetrando no É essa uma maneira de pôr em contacto com o público
vasto salão de honra da referida escola, tomou assento à o novo discípulo da arte de Murilo e Vinci. (Pacotilha, 12/
mesa e entrou a distribuir os respectivos diplomas. 11/1924, p.l).
Nos intervalos das classes usaram da palavra diversos
alunos que, em frases concernentes ao ato e sob a presi- UM BELO TRABALHO
dência do Sr. Dr. Godofredo Viana, muito se externaram
com brilho e eloqüência.
Arthur Marinho, jovem pintor maranhense que cursa,
Nesse momento foram desvendados os retratos dos
com brilhantismo, a Escola Nacional de Belas-Artes, no
grandes educadores maranbenses Drs. Almir Nina e Bar-
Rio, de quando em quando nos traz, em trabalhos magrtífi-
bosa de Godóis, sendo ladeado o do Dr. Urbano Santos
cos, a revelação do seu talento artístico.
pelo de S. Exa. o Sr. presidente do Estado, obra do consu-
O jovem artista ofereceu-nos agora um belo trabalho a
mado pintor Paula Barros.
pastel em que trabalhou, com esmero e rutilâncias da arte, o
S. Exa. ao terminar essa cerimônia de justa homenagem
aos dois grandes preceptores da mocidade maranhense, busto do nosso confrade Crisóstomo de Souza, há pouco
usou da palavra, e em frases eloqüentíssimas e repassa- chegado daquele grande centro da civilização brasileira.
das de verdadeiro amor ao torrão que o viu nascer, termi- Esse trabalho, que já se encontra exposto nas mon-
nou dando vivas às saudosas memórias de Benedito Lei- tras d' A Exposição, na Rua Osvaldo Cruz, mereceu fran-
te, Urbano Santos, AJmir Nina e Barbosa de Godóis. cos e envaidecedores encômios dos mestres e professo-
A festa, que foi singela, mas de grande cunho e amor à res da Escola e Belas-Artes, que o admiraram, tendo pala-
instrução maranhense, terminou com cânticos infantis e vras de estímulo e de aplauso ao esperançoso artista
vivas à Presidência do Estado. maranhense que, apesar de muito moço ainda, conta, no
A diretora D. Apolônia Ferreira e o Sr. Arthur Paraíso entanto, um largo círculo de simpatias no meio artístico
foram pródigos em gentileza para com os presentes. carioca.
O Diário Oficial agradece o convite que recebeu, que, Pensionista do Estado, Arthur Marinho há sabido man-
por intermédio de uma comissão de professoras e alunas ter, na Escola Nacional, onde se fez com esforço e talento,
lhe foi feito no sábado último, para esta festa, fazendo-se um dos primeiros alunos de Belas-Artes, as tradições glo-
representar pelo Sr. Bidico de Rodrigues, subdiretor da Im- riosas da velha Atenas Brasileira.
prensa Oficial. (Diário Oficial do Estado, 10/11/1924, p.2). Felicitamo-lo pelo seu brilhante trabalho. (Diário de S.
Luiz, 19/ 11/ 1924, p.2).
FOTO STUDIO
AVELINO PEREIRA UM ARTISTA

O primeiro estabelecimento do gênero na capital com Tivemos ocasião de contemplar, com vivo interesse, o
pessoal habilitadíssimo. belo quadro a pastel do busto do nosso distinto confrade
Retratos de arte, ampliações a foto-crayon e óleo, mini- Crisóstomo de Souza, efetuado pelo nosso inteligente con-
aturas. Retratos do natural a óleo, carvão e sangüínea, terrâneo Arthur Marinho, que, na Capital da República,
desenhos. EspeciaJista em coloridos. cursa com brilhantismo a Escola de Belas-Artes, onde, com
RUA NINA RODRIGUES, 57 a sua inteligência privilegiada, é um dos primeiros alunos
São Luís do Maranhão dessa escola superior de artes.
Decorações de salas, teatros, igrejas etc. Orçamentos
Marinho, que daqui partiu há uns dois anos, levado
e croquis grátis. (O Dia, 16/11/1924, p.3).
pela força de vontade e pela grande vocação à pintura, de
logo se revelou um talento, copiando ao naturaJ, com o
EXPOSIÇÃO AVELINO PEREIRA
lápis, rebrilhando com o pincel e chamando a atenção dos
mestres e dos condiscípulos.
Avelino Pereira, o fino artista do pincel que todos co-
nhecemos e que entre nós conquistou grande número de Os trabalhos, que nos chegam desse jovem artista, são
sinceras simpatias, dá-nos a grata notícia de que fará, em todos dignos de atenção, nem só pela fidelidade das cópi-
breve, numa das salas do seu Studio, na Rua Nina Rodri- as ou paisagens, como pelo colorido, cujos tons nos fa-
g ues, uma pequena exposição de aquarelas e caricaturas, zem lembrar de um Rubens ou de um Sanzio.
com motivos locais. Mostrou-nos mesmo alguns desses O retrato de Crisóstomo de Souza. que se acha exposto
trabalhos, trechos da Ponta d' Areia, Olho d' Água, São na vitrine da loja A Exposição, na Rua Osvaldo Cruz, de-
José, magníficos pela interpretação fiel que da nossa luz monstra perfeitamente o futuro promissor do nosso con-
consegue fazer o Avelino. terrâneo, que, a seguir assim, ao lado de Celso Antônio
Aliás, para garantir o sucesso dessa exposição, basta- dará renome às artes maranhenses.
ria lembrar o êxito alcançado pela primeira que entre nós (Diário Oficial do Estado, 221 11/J 924, p.5).

<VQ) 352 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ENRIQUE FIGUEROA tando lá fora, sabendo honrar as gloriosas tradições do


nosso Maranhão, para seu completo engrandecimento no
O Maranhão hospeda há alguns dias um grande, um futuro. (O Dia, 28/11/1 924, p.4).
admirável artista do lápis. É o Sr. Enrique Figueroa, que se
acha enLre nós de visita ao seu irmão, o ilustre Dr. J. Figue- UMA FESTA DE ARTISTAS
roa, competente e infatigável encarregado do serviço con-
Lra a febre amarela. Inegavelmente, as mais encantadoras festas são as fes-
Enrique Figueroa, que teve a gentileza de nos visitar tas de arte.
um destes dias, Lrouxe-nos algumas de suas caricaturas, E as ma.is cordiais são as de artistas.
as que ele expôs este ano no Sa/o11 do Rio de Janeiro, É por isso, com intenso júbilo, que registramos o ban-
onde obtiveram real sucesso. quete ontem oferecido no Hotel Central pelos irmãos Fi-
São trabalhos que revelam um fino temperamento, uma gueroa à intelectualidade nova do Maranhão.
esquisita e nova orientação, nesse ramo dificílimo das Be- Foi completa, integral, perfeita a harmonia espiritual
las-Artes - a caricatura. A sua maneira é toda pessoal e reinante, e, cremos, nem de outra forma poderia ser, visto
isso dá um valor pouco comum aos seus desenhos. Ele os empenhos de todos na luta em prol dos novos moldes
sabe como poucos, na propositada defonnação caricatu- artísticos.
ral, guardar o traço característico, a 1inha que define incon- De Enrique Figueroa muito dissemos ontem, nestas
fundi vcl mente o retrato. Sente-se nas suas obras o vigor, a colunas, a respeito da sua maneira esquisita e admirável
segurança, a superioridade de um verdadeiro artista. de pintar. deixando transparecer cm todos os traços esse
Não há, propri:unente, no seu trabalho uma norma úni- magnífico sopro da revolta que agita a alma da mocidade
ca, da qual ele não se afaste. Ao contrário: à fantasia por contemporânea, votada inteiramente à rebusca de algo de
vezes abundantemente meridional, se segue. na sucessão novo, de inédito, de inexplorado, na seara das artes.
dos seus quadros, uma sobriedade de linhas, em certos A auto-caricatura, por nós publicada na edição de on-
casos rigorosa. Manifesta-se, porém, em toda essa apa- tem, revelou aos nossos futuristas esse irmão de ideais,
rente discordância, essa dispersão de maneiras, uma técni- ocasionando a natural aproximação, ~ntem mesmo, des-
ca única, personalíssima, que define exuberantemente o sas criaturas moças e sonhadoras.
autor; nos retratos de Figueroa, corno disse numa frase jus- Ao banquete estiveram presentes Antônio de Vascon-
tíssima Murilo de Araújo - ncio são rostos, siio espíritos celos, Abelardo de Matos, Martins Carlos, Eyder Pestana,
que ele arranca e exibe em plena luz do sol. Sem conhecer Wladimir Emanuel, Rodrigues Pinagé, Luiz Ariani, Luiz
a pe soa visada pelo seu lápis magistraJ, parece que, à vista Coelho e Guimadies Júnior, além dos anfitriões.
da caricatura, quase se fica sabendo quais os sentimentos, O ágape, de quando em quando, animado do humoris-
as inclinações, os vícios mesmos do modelo, tamanha é a mo sadio do Dr. José Figueroa, que estava visivelmente
força de sugestão desse artista bizarro e exímio. satisfeito, decorreu no meio da melhor cordialidade. Ser-
A Pacotilha oferece hoje aos leitores uma pequena amos- viu-se um cardápio variadíssimo. A11 dessert, falou sobre a
tra dessa arte invulgar, conquanto prejudicada pela neces- Arte Moderna, elogiando-a cm palavras entusiásticas e
sária modificação e redução de fotogravura. É a auto-carica- belas, o nosso colaborador Wladimir Emanuel, sendo ao
tura de Figueroa, que gentilmente a dedicou a este jomal. terminar muito aplaudido.
Modesto, quase retraído, sem uma gota sequer des e Seguiu-se depois a tertúlia dos poetas, recitando poe-
cabotinismo irritante que avassala cenas coteries, o vigo- sias de sua lavra Antônio Vasconcelos, Eyder Pestana,
roso artista mexicano não se resolveu ainda a expor suas Luiz Coelho, Rodrigues Pinagé, Abelardo de Matos, Wla-
telas enLre nós. Esperamos, todavia, demovê-lo desse pro- dimir Emanuel e Martins Carlos.
pósito e oferecer à população de São Luís a ocasião de Antônio Vasconcelos levantou-se em seguida e ::gra
apreciar e aplaudir um legítimo, um excelente artista. ( Pa- deceu, cm nome dos novos de Atenas, a homenagem dos
cotilha, 27/11/ 1924, p. I ). irmãos Figueroa.
O nosso companheiro Martins Carl0s fez, logo apó •
UM ART ISTA uma saudação ao México, representado ali por dois filhos
seus ilustres na Ciência e na A11c.
Ontem tivemos o prazer de ver em casa do distinto O Dr. José Figucroa, com a sua conhecida simplicida-
confrade Crisóstomo de Souza um pastel do nosso inteli- de, ·manifestou-se sumamente grato às demonstrações de
oente conterrâneo Anhur Marinho, que tão brilhantemen- apreço dos brasileiros moços ao seu país. Por fim ergueu,
ºte cursa a Escola de Belas-Artes, na Capital da República, acompanhado dos presentes, um caloroso viva ao Brasil.
como pensionista deste Estado. Findo o banquete, os convidados acompanharam o Dr.
O pastel de Arthur Marinho representa um busto de José Figueroa até a sua residência.
Crisóstomo e revela uma rara capacidade do autor, bem Terminou assim uma das mai<: belas e implcs manifes-
conceituado entre os seus colegas e professores que o tações feitas à intelectualidade nova do Maranhão. (Pa-
proclamam como um dos mais hábeis alunos nesse rnmo cotilha, 28/ 1li 1924, p. I ).
da pintura.
Crisóstomo de Souza exporá, por esses dias, na vi trine CELS O ANTÔNIO NA FRANÇA
de uma casa de modas da no sa capital , o artí Lico traba-
lho de Arthur Marinho, a quem enviamos daqui os nossos Por telegrama do deputado Domingos Barbosa recebi-
fervorosos cumprimentos, pelo modo com que se vai por- do pelo nosso companheiro Crisóstomo de Souza sabe-

<:./Q) 353 <V'@


LUIZ DE MELLO

mos que os jornais do Rio publicam telegramas de Paris CELSO ANTÔNIO TRIUNFA EM PARIS
contando do grande sucesso que o nosso talentoso con- Um artigo de Coelho Neto a propósito do escultor
terrâneo, jovem escultor Celso Antônio alcançou, há pou- patrício.
co, com uma obra que recebeu os maiores elogios do céle-
bre escultor francês Bourdelle, hoje considerado o maior Rio, 2-
0 escritor Coelho Neto publicou um artigo no Jornal
do mundo.
do Brasil sobre Celso Antônio.
Bourdelle disse que o trabalho do ilustre artista mara-
Comentou as palavras do escultor francês Antoine
nhense é uma obra digna de Rodin ou da Grécia antiga e
Bourdelle, que, falando sobre outro trabalho do artista ma-
que devia ser comprada pela França para figurar no notá-
ranhense, o achou superior ao de Rodin - O homem que
vel Museu de Luxemburgo. E acrescentou aos seus discí- caminha .
pulos, em aula púbHca, que Celso Antônio era o próprio Disse mais que a estatuária de Celso Antônio poderia
Brasil, que se glorificava com um filho assim digno da sua ser encontrada nas ruínas da antigüidade. (Paco1ilha, 41
grandeza e da sua glória. 12/1924, p.2).
Celso Antônio foi felicitado pelos grandes mestres de
Paris. CELSO ANTÔNIO
É, assim, mais um maranhense, ainda jovem, que eleva
no estrangeiro o nome do Maranhão. O telegrama que a Pacotilha ontem publicou, a propó-
Honremo-lo. (Diário Oficial do Estado, 2911 J/1924, p.6). sito de Celso Antônio, enche de imenso júbilo todos os
maranhenses. Coelho Neto, que tem sempre no Rio a alma
voltada para a sua terra querida e acompanha com grande
CELSO ANTÔNIO EM PARIS
e cordial interesse todos os melhoramentos da sua queri-
da Atenas, já, com abundância de emoção, escreveu a pro-
O jovem artista maranhense provoca a admiração dos
pósito do triunfo do jovem escultor, no maior centro de
grandes mestres frcinceses. Uma obra digna de Rodin e
civilização do Universo.
da Grécia antiga. Não há ceticismo que se mantenha diante da narrativa
telegráfica. Celso Antônio é uma criatura invulgar, uma
RIO, 29 (O DIA) - Os jornais publicam, hoje, telegra- complexa e alta organização artística. Diante dos seus tra-
mas recebidos de Paris noticiando o grande sucesso al- balbos, mesmo dos primeiros, onde havia ainda os tateios
cançado pelo artista maranhense Celso Antônio, com uma do principiante, o observador neles percebia a indiscutí-
obra que mereceu os maiores elogios do célebre escultor vel marca do gênio. As suas esculturas provocam uma
francês BourdeLie, considerado o maior entre os de todos sensação estranha de encanto, e geram nos que as vêem a
os países. impressão de que as modelaram os dedos nervosos e des-
Bourdelle disse que o trabalho do jovem artista brasi- tros de um verd~deiro eleito da fama.
leiro é uma obra digna de Rodin ou da Grécia antiga e que A sua arte tem a espontaneidade admirável das gran-
deve ser comprado pela França para o Museu de Luxem- des criações magistrais.
Muito moço ainda, quase criança, já Celso Antônio
burgo, acrescentando a seus discípulos que Celso Antô-
fazia esboços que assombravam os entendidos, pela rela-
nio era o próprio Brasil artístico. O nosso conterrâneo tem
tiva perfeição que lhes imprimia a mão ainda infantil.
sido muito fe licitado pelos grandes mestres de Paris. (0
O seu êxito em Paris, se nos dá grande satisfação, não
Dia, 30/11/1924, p.1). causa surpresa. Acompanhamos muito de perto a sua evo-
lução, para ter a certeza de que a sua larga fronte intelectu-
CELSO ANTÔNIO al estava de há muito a pedir uma justíssima e legítima
coroa de louros. (Pacotilha, 5/12/1924, p. 1).
O nosso confrade Crisóstomo de Souza recebeu do
deputado Domingos Barbosa o seguinte telegrama: - Rio, BUSTO A PASTEL
29 - Os jornais aqui publicaram telegramas de Paris
contando o grande sucesso alcançado pelo jovem escul- Busto a pastel, trabalho do nosso jovem conterrâneo
tor Celso Antônio. com uma obra brilhante que mereceu Arthur Marinho, que cursa a Escola Nacional de Belas-
os maiores elogios do célebre escultor francês Bourdel- Artcs e é 1° aluno de desenho.
le, considerado o maior do mundo. Trabalho oferecido ao nosso confrade Crisóstomo de
Sousa, como lembrança do seu autor, mostra-nos o pro-
Disse Bourdelle que o trabalho do artista brasileiro
gresso que vai alcançando no Rio o jovem e talentoso
é uma obra digna de Rodin ou da Grécia antiga e que a
artista maranhense. querido de seus mestres e colegas e
França deve comprá-lo para o Museu de Luxemburgo.
nos meios artísticos.
Acrescentou mais aos seus discfpulos em aula que Esse busto mereceu elogios da imprensa carioca.
Celso Antônio era o próprio Brasil. Ao jovem Arthur Marinho, pensionista do Estado, en-
O nosso ilustre conterrâneo foi felicitado pelos gran- viamos mais uma vez afetuosos parabéns.· (Diário de S.
des mestres de Paris. Luiz, 1511 211924, p.4).
Saudações afetuosas.
Domingos Barbosa. Ao lado, cli chê do pastel, com dedicatória do pintor: Ao amigo
(Diário de S. luiz. 1º/ 12/ 1924, p.4). Crisóstomo de Sousa, com um abraço do Arthur Marinho. Rio, 924.

<:/Q) 354 <:/Q)


~
~ CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

A NOSSA EDIÇÃO DE NATAL Esteve hoje à tarde em nossa redação o companheiro


Avelino Pereira.
Como noticiamos, temos envidado todos os esforços, Newton Sá trouxe-nos quatro crayons da sua coleção,
que são poucos em relação à estima que nos dedica o nos quais se manifesta a inteligência magnífica e a inegá-
público desta terra, para apresentarmos uma edição de Natal vel vocação de~sc moço.
variada, com muitas páginas e um serviço de clicheria. Os seus trabalhos tomam maior realce quando todos
Além de farta e interessante colaboração do nossos sabem que ele nenhum estudo tem de desenho.
maiores homens de letras, temos o prazer de contar com o Ao jovem artista auguramo fcliL êxito na ~ua primeira
inestimável auxílio de Enrique Figueroa, o admirável cari- exposição. (Pac01ill1a, 20/12/1924, p.1 ).
caturista mexicano, presentemente nesta capital, o qual
desenhou especialmente para a PACOTILHA uma bela ale- BELAS-ARTES
goria calcada ob motivos bíblico referentes à data.
São devidos ainda ao lápis deste lino artista as vinhe- Avelino Pereira apresenta hoje, cm seu estúdio, o pe-
tas e letras de fantasia que nesse número se encont:rar:io. queno pintor Newton Sá.
Pedimos aos nossos amáveis anunciantes que entre- São Luí verá uma série intere!.santíssima de carvões
guem os seus reclames até segunda-feira, à tarde. (Pacoti- desse artista que aprendeu a desenhar sem mestre, sozi-
lha, 20/1211924, p. l). nho, e que veio de sua terra, perdida no sertão, para reali-
zar na capital um grande sonho de beleza.
EXPOSIÇÃO DE ARTE Avelino deseja mostrar a capacidade de seu discípulo,
agora, antes de começar o curso que iniciará. para avaliar-
Avelino Pereira que há já um ano expôs no foyer do se bem do progre so do jovem de. enhista.
Eden algun dos seus quadros de pintura, merecendo ali Tivemos oportunidade de ver os trabalhos de Newton.
mais elogiosas referências da crítica, exibirá amanhã mais H á alguns carvões reveladores de qualidades grandes.
alguns de seus trabalhos numa das salas do Foto Studio, Nota-se a falta de técnica, hesitações, mac: ~ente-se, ao
na Rua Nina Rodrigues. mesmo tempo. certa largueza na maneira de ver e executar.
São umas lindas aquarelas pinceladas com muito gos- Devem os nossos amadores de Belas-Artes visitar a
to e às quais o artista sabe emprestar as emoções de sua expo ição, incentivando e auxiliando o moço artista que
alma. Conjuntamente com Avelino Pereira, Newton Sá - o amanhã pode ser orgulho de sua terra.
menino artista - mostrará ao público. pela primeira ve7. os Avelino cxpor!i al gum:1s :iqu:irclas locais t · do Amaro-
frutos de sua arte. nas, sangüíneas. uma caricatura e um desenho a lápis.
Não são trabalhos impecáveis. Newton Sá faz seus car- A inauguração será às IOhoras. (0 Dia, 21/12/1924, p. I}.
vões espontaneamente, sem obediência a escolas, que ele
não as conhece. JOSÉ RODRIGUES
Nem por isso, no entanto, valerá menos a exposição do
jovem desenhista. Nos últimos exames da Escola Nacional de Belas-Ar-
O comparecimento do público à sala do Foto Studio tes, no Rio, o aluno do curso de arquitetura José Alex::m-
será um lenitivo para Newton Sá. dre Rodrigues, li lho do coronel Joaquim Rodrigues. dire-
E ele o merece. tor da Recebedoria do Estado. obteve notas plena e dis-
(0 Dia, 20/12/1924, p. I). tinta~. sendo que, numa cadeira. além da distinção. teve
menção honrosa.
UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE José Rodrigues, pensionista do Estado, querido entre seus
colegas e professores, tem sabido honrar o nome da terra
Avelino Pereira, o esforçado pintor português que tem berço, pelo que lhe enviamos pambéns extensivos à sua fa-
sabido fümar, no nosso mundo artístico, as suas qualida- mília, aqui residente. (Diário de S. Luiz. 26112/ 1924, p.2).
des de cultor de uma arte nova, reproduzindo nas telas
flagrantes de nossa natureza, com toda a bizarra e estonte- ARTE S E ARTISTAS
ante policromia das nossas selvas e a transparência lumi- O PINTOR PAULISTA HANTZ VISITA SÃO LUÍS
nosa de nosso céu, revelar-nos-á amanhã a suas últimas
produções, exibindo-as na sala do Foto-Studio, na Rua De passagem para a capital paracn e e cm continuação
Nina Rodrigues. à suu provei tosa turnê pelo Norte do País, visitou-no.
Principalmcnle as aquarelas são dignas de apreciação. hoje o conhecido pintor paulista Augusto Hantz. nome
pela largueza do traço, propriedade de colorido. além de ou- feito nos meios artísticos do Rio e São Paulo, apesar de
tras qualidades que se evidenciam de quadro para quadro. muito moço ainda.
Há pastéis admiráveis, charges de nossa gente: san- Devido à presteza da viagem, a sua exposição de qua-
gUíneas e óleos que dão bem a exata medida do valor des- dro realizar-se-á amanhã cm loc:ii ainda não escolhido,
se moço impressionista que tão bem sabe transportar para ma que avisaremos aos nossos lcitore , logo que fique
as telas toda a cambiante do ambiente nortista. assentado.
- Conjuntamente com os trabalhos de Avelino Pereira. Podemo adiantar que serão expostas 62 telas, confor-
exibirá aJgun carvões o e peranço. o moço Newton Sá. me a relação abaixo, e entre elas a Cabeça de Velho e
_ Agradecemos o convite que nos endereçaram aque- Arredores do lpiranga, dois trabalhos que mereceram dis-
les artistas para comparecer à exposição que será aberta tinções no derradeiro Sa/011 da Escola de Belas-Artes, na
ao público amanhã, à 1O horas. capital do País.

~ 355 <?/(!)
LUIZ DE MELLO

O professor Augusto Hantz acaba de viajar pela Ar- Dos quadros que porá em exposição, nesta cidade, des-
gentina e Uruguai, onde logrou esplêndidos êxitos. taca-se Cabeça de Velho, que tem merecido justos encô-
Agradecidos pelos momentos de encantadora pales- mios de reputados críticos.
tra que manteve com um dos nossos redatores, augura- O Dia, agradecendo-lhe a distinção da visita, aJrneja-
mos ao distinto artista feliz estada entre nós. lhe novos triunfos. (O Dia, 27/12/1924, p.4).
Aos nossos leitores recomendamos uma visita à Expo-
sição Hantz, que é, sem contestação, um belo artista. (Pa- ARTES E ARTISTAS
cotilha, 26112/ 1924,p.4).
AUGUSTO HAN1Z- Inaugurou ontem sua exposição
HOMENAGEM de pintura o aplaudido artista Sr. Augusto Hantz.
O s funcionários da Câmara Municipal vão São 62 quadros com lindas paisagens de São Paulo, de
inaugurar o retrato do seu presidente um colorido expressivo que bem demonstram o gosco ar-
tístico do jovem pintor paulista.
Recebemos um convite para assistir, no dia 29 do cor- Os apreciadores da arte devem fazer uma visita à Esco-
rente, às 14 horas, no salão nobre do Paço Municipal, à la Bequimão, na Rua Colares Moreira, onde se encontra
inauguração do retrato do coronel João José de Sousa, instalada a exposição.
presidente da Câmara, prestes a deixar o mandato que sem- Na nossa próxima edição daremos, mais detalhadamen-
pre soube desempenhar com geral agrado de todos os te, as nossas impressões sobre os quadros expostos.
funcionários. NEWTON SÁ - Continua freqüentadíssirna a sala do
Agradecendo a gentileza do convite, prometemos com- Foto Studio, na Rua Nina Rodrigues, onde Newton Sá ex-
parecer. (Pacotilha, 27/12/1924, p.1). põe ao público as primícias do seu engenho artístico.
São retratos de artistas e sábios e de vultos em desta-
UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE que no nosso meio social, feitos com muita expressão e
muito gosto.
Lista dos quadros que o pintor patrício Hantz expôs Os bustos de Eça, Gonçalves Dias, João do Rio, Rui
hoje no salão da Escola Beckman: Barbosa, Godofredo Viana atraem a~ vistas de todos os
Cabeça de Velho, Arredores do Jpiranga, (São Pau- que têm ido ao Foto Studi.o.
lo); Sol a pino, (São Paulo); Carambolas Maduras, Me- Merece uma visita o salão do pequeno artista. Valerão
lancia partida, Mangueira ao sol, (Ceará); Canto de as atenções que lhe dispensarem por um incentivo a que
Açude, (Pernambuco); Ilha da Voe/a, (Santos); Mamão, bem faz jus quem, como Newton Sá, é uma esperança pro-
Barranco à sombra, (Pernambuco); Portão aberto, Açu- missora. (O Dia, 28/12/1924, p.4).
de Dois Irmãos, (Pernambuco); Praia Grande, (Santos);
Casinha Velha, (São Paulo); Interior do Bosque, (São A NOSSA EDIÇÃO DO NATAL
Paulo); Abacaxi partido, Volta de Estrada, (São Paulo);
Campo Florido, (São Paulo); Manhã no Campo, (São Sentimo-nos desvanecidos com a aceitação que teve a
Paulo); Porteira de Estrada, (São Paulo); Bananas, Po- nossa edição de anteontem. Apesar da hora tardia em que
esia da Lua, (Santos); Noturno, (São Paulo); Ameaçan- a pusemos em circulação, grande foi a sua procura, não só
do Chuva, (São Paulo); Fim de Tarde, (São Paulo); Me- nos vendedores como ontem na nossa gerência.
lancolia da Noite, (Santos); Sol e Sombra, (São Paulo); Várias pessoas têm vindo trazer-nos aplausos pela ex-
Morros ao longe, (São Paulo); Praia do Sobral, (Alago- celência do número natalino da PACOTILHA, salientando
as); Poesia da Tarde, (São Paulo); Estrada, (Alagoas); a beleza e a nitidez da parte artística.
Primavera, Nuvens da Tarde, Manhci de Abril, (São Pau- É justo que, por nossa vez, agradeçamos mais uma vez
lo); Em alto-mar, Praia de Guarujá, Serra do Mar, (San- aos colaboradores que nos distinguiram com os seus tra-
tos); Último raio do Sol, (São Paulo); Hora crepuscula1; balhos, bem como à Tipogravura Teixeira, pela presteza e
(São Paulo); Canto de Praia, (Santos); Manhã de sol, dedicação com que se houve na execução dos clichês que
(São Paulo); Madrugada, Tarde de Abril, (São Paulo); saíram dignos do justo renome dessa acreditada casa. (Pa-
Árvore copada, Margem do Rio, (São Paulo); Manhã de cotilha, 28/12/1924, p. I).
agosto, (São Paulo); Praia de lcaraí, (Rio de Janeiro),
Rio de Janeiro, trecho do Rio; Ilha da Boa Viagem, (São UM ARTISTA
Paulo); Canto de Bosque, Pôr do Sol, Hora Matinal, Tar-
de Nublada, Barranco de Estrada, Agonia da Tarde, Rio O professor Augusto Hantz é um pintor patrício, artis-
Tietê. Tardinha e Água Morta, (São Paulo). (Pacotilha, ta de reconhecido merecimento, premiado na Exposição
27/12/1924, p. l). Nacional do Rio de Janeiro.
Já percorreu a Argentina, o Uruguai e as principais
UMA EXPOSIÇÃO capitais do Sul do País, expondo os seus trabalhos de arte
que têm merecido os mais encomiásticos elogios. Agora
É nosso hóspede o notável pintor paulista Augusto anda pelos Estados do Norte, devendo ir até a Amazôn ia.
Hantz, que pretende expor diversos quadros nesta capital, O professor Augusto Hantz, que vem de São Paulo,
dando o prazer de sua visita. sua terra natal, honrou-nos ontem com a sua visita e disse-
O j ovem e já afamado pintor há produzido trabalhos de nos que fará hoje uma exposição de seus quadros no edi-
real valor, tendo sido até premiado na Exposição Nacional fício da Escola Bequimão, cedida pelo presidente do Esta-
do Rio de Janeiro. do. (Diário de S. Luiz, 28/12/1924, p.2).

~ 356~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE o aparelho para executar todo e qualquer serviço. quer du-
O pintor patrício Hantz expõe seus quadros no rante o dia. quer durante a noite, cm qualquer época do ano.
salão da Escola Bequimão Os habit11ês do Olímpia e o público cm geral não de-
vem perder a ocasião de apreciar mais esse melhoramento
A convite do jovem pintor paulista Augusto HantL. vi- que vem de ser introduzido na nossa cnpital, graças à inicia-
sitamos anteontem a !>Ua exposição de pintura, no alão da tiva dos e!>forçados proprietários do Cinema Olímpia. a
Escola Bequimão, na Rua Colares Moreira. quem o Diário por esse motivo envia seus cumprimentos.
Augusto Hantz. que já tem o seu nome suficientemen- (Diário de S. lui::. 31/1211924, p.4).
te firmado nos meios intelectuais, expõe 62 quadro!>, cm
que a sua ane vitoriosa aparece em todas as suas delicio- UM JOVEM ARTISTA
sas modalidades. Pintor de fina concepção. aborda Hantz
os seus temas com requinte de gosto, dando-lhes um tra- Visitamos hoje a exposição de arte do esperançoso jo-
ço pessoal interessante. vem Newton Sá. em uma das salas do Foto-Studio.
Não falando naquela Cabeça de Velha, tão caracterís- Francamente gostamos da exposição do talento o con-
tica, nas suas tonalidades, chamaram-nos i.obremodo a temlneo.
atenção duas marinhas (Poesia da lua e Ameaçando c/111· Vimos retratos. feitos exclusivamente a crayon. de ho-
1•a) de efeitos surpreendentes; Ilha da Boa Viagem. onde mens célebres e estadistas patrícios.
há um colorido bi1,arro; e aquela natureza-morta A11a11ás São trabalhos verdadeiramente notáveis para um jo-
passado, uma tela cheia de verdade e beleza. vem que ainda não tem escola nem estudos de ane. O que
Saímos bem impressionados. crentes de que Augusto ele fu é somente ajudado pelo seu talento precoce.
Hantz é um artista sutil e perfeito, com largos horizontes Achamos que o Governo do Estado, cm auxiliando este
para realizações vitoriosas. nos o conterrâneo, mandando-o estudar na Escola de Be-
M.G. las-Artes, presta um real serviço às artes maranhenses.
(Pacotilha, 29/1211924, p.4). Newton Sá bem o merece.
(Folha do Povo, 31/1211924, p.2).
A FOTOGRAFIA PANTOJA VAI
TER UM NOVO ATELIS EXPOSIÇÃO HANTZ

No próximo dia 1° o Sr. Gregório Pantoja, hábil e con- Continua sendo muito visitada a exposição de qua-
ceituado fotógrafo, proprietário da Fotografia Pantoja e dros que o pintor paulista Augusto Hantz instalou no es-
zeloso agente, no Maranhão, da Casa Kodak, abrirá ao paçoso salão do Grupo Escolar Bequimão, na Rua Coronel
público o seu novo ateliê, na Rua Osvaldo Cruz nº 30. Colares Moreira.
No intuito de bem servir aos seus numerosos fregue- As telas ali expostas têm sido muito apreciadas. (Pa-
ses, o Sr. Pantoja esforçou- e para dar :\O 11ovo ateliê o cotilha, 21 111925, p.4).
máximo conforto, dotando-o, ao mesmo tempo, dos aper-
feiçoamentos mais urgentes, o que com rara felicidade con- UMA EXPOSIÇÃO DE PINTURA
seguiu.
Da visita que fizemos à casa onde irá funcionar a Foto- No dia 6 do corrente, nos salões do Olímpia, gentil-
grafia Pantoja, trouxemos a mais agradável impressão. (Pa- mente cedidos pelos seus proprietários, os moços que se
cotilha. 2911211924, p.4). dedicam à ane da pintura, nesta capital, farão uma exposi-
ção de todos os trabalhos e gêneros.
AVISOS Segundo nos informam, os trabalhos a serem expu:.io<:
foram executados pelos Srs. Telésforo de Moraes Rego.
O Sr. Joaquim Fontenelle veio comunjcar-nos que, por Newton Pavão, Newton Sá, Evandro Rocha, Rubens Da-
sua vontade, se retirou do Foto-Studio Avelino Pereira, masceno Fe1Teira, José Mercedes Gomes, Fim10 Luz, José
sem compromissos. Jansen Ferreira. Jo é Pantoja e Urbano Franco.
Merece louvores a iniciativa dos espernnçosos mo-
O Sr. Gregório Pantoja teve a gentileza de nos convidar ços, a quem antecipamos os nossos melhores votos. (Di-
para assi tir à abertura das novas instalações de sua anti- âriode S. L11i::, 3/1/1925, p.4).
ga e conceituada Fotografia, na Rua Osvaldo Cruz nº 30.
(Pacotilha, 31/1211924, p.4). O SALON DOS NOVOS

EXPOSIÇÃO É, inegavelmente, uma idéia magnflica essa de se con-


gregarem os rapazes que pintan~ e que desenham. num
Amanhã, no !>alão de espera do Cinema Olímpia, pelas Salo11 sem ribombos de reclamos, sem vaidades. mas que
18 horas, o Foto Caríoca fará uma bela exposição de diver- será de proveitosos efeitos.
sos trabalhos fotográficos de arte. todos executados à luz Quase todo ele!> não têm escola nem são profissio-
3 njficial e que obedecem ao artístico sistema Rembrandt. nais, desenham por vocação, por diletantismo, mas, cm
Como sabem os nossos leitores, o Foto Carioca é o úni- todo o ca o, são lápis e pincéis aproveitáveis, curiosas
co ateliê, no Maranhão, que se acha trabalhando pelo iste- vocações artísticas que pas am anônimas, enquanto lá
rna mais moderno de instalação elétrica, tipo Simplex, que é fora menores capacidades firmam reputações e progridem.

{V(>) 357 Q../Q)


~
~
LUIZ DE MELLO

É por isso que batemos palmas à idéia que, segundo Observamos a atenção do nosso público para essa
parece, se efetivará no dia 6, nofoyerdo Olímpia. interessante e magnifica exposição de pintura que tem tido
Ao que sabemos, exibirão trabalhos: - Telésforo Mo- dos profissionais os mais justificados elogios. (Pacoti-
raes Rego, Newton Pavão, Newton Sá, Evandro Rocha, lha , 51111925, p.4).
Rubens Damasceno, Mercedes Gomes, Firmo Luz, José
Jansen, Urbano Franco e José Pantoja. (Pacotilha, 3111 EXPOSIÇÃO AUGUSTO HANTZ
1925, p.I ).
Continua despertando grande interesse no nosso meio
ARTES artístico a exposição de pintura de Augusto Hantz, na Es-
cola Bequimão, na Rua Collares Moreira, esquina com a
O nosso conterrâneo inteligente Telésforo de Moraes Travessa Cinco de Outubro.
Rego, que já tem exposto por várias vezes trabaU1os mere- Vultos de destaque de nossa sociedade, intelectuais,
cedores de encômios, tem na vitrine da loja de modas A artistas, estudantes e muiras famnias têm visitado a galeria
Exposição um belo trabalho em aquarela artisticamente re- do jovem pintor paulista e todos são unânimes em elogiar
alizado, que serve para o quadro da turma de bacharéis em suas paisagens, ricas de colorido e realismo.
Ciências Jurídicas e Sociais de 1923. Sábado último, S. Exa. o Dr. Godofredo Viana esteve
Mais uma vez estamos obrigados a cumprimentar o jo- com sua excelentíssima família na Escola Bequimão, ten-
vem pintor, pelos êxitos sucessivos que vem alcançando. do adquirido a tela Mangueira ao Sol, que é entre as
• expostas uma das mais belas obras devidas ao pincel de
- Um punhado de rapazes maranhenses que apreciam Augusto Hanlz.
a pintura e o desenho, resolveram fazer uma exposição de Outros quadros têm sido adquiridos por diversos ca-
vários trabalhos nofoyerdo simpatizado Cinema Olímpia, valheiros, o que prova a boa impressão que têm tido os
no dia 6 do corrente. São quase todos eles sem escolas e que visitam a linda galeria de arte. (0 Dia, 61111925, p. I ).
que não fazem profissão, agindo apenas por esporte e amor
à arte. A EXPOSIÇÃO AUGUSTO HANTZ
Aos inteligentes rapazes que são - Rubens Damas-
ceno, Newton Sá, José Jansen, Evandro Rocha, Telésfo-
Foi transferido para o próximo sábado o sorteio dos
ro Moraes Rego, Newton Pavão, J. Mercedes Gomes, José
quadros que o pintor patrício Augusto Hantz institu iu nesta
Pantoj a, Firmo Luz e Urbano Franco desejamos muitos
cidade. Uma parte do produto do sorteio será conferida em
louros, louvando-os pela idéia que tiveram . (O Dia, 4/1/
benefício da Assistência à Infância, idéia essa altamente
1925,p.2).
simpática e que é patrocinada pela Sra. Juviliana Barreto
Viana.
EXPOSIÇÃO DE QUADROS
O salão da Esçola Bequimão, onde se achan1 expostos
os quadros de Augusto Hantz, ainda se encontra aberto à
A exposição de quadros do inteligente artista patrício
visitação do público. (Pacotilha. 7/l/1925, p.4).
Augusto Hantz, no salão da Escola Bequimão, foi visitada
sábado último pelo Exmº Sr. Dr. Godofredo Viana, digno
SALON DOS NOVOS
presidente do Estado, acompanhado de sua virtuosa se-
nhora Juviliana Barrero Mendes Viana.
Deixou de ser feita ontem no salão do Cinema Olímpia
S. Exa. o presidente do Estado adquiriu o belíssimo
a exposição de trabalhos dos rapazes maranhenses, con-
quadro Mangueira ao sol, ótimo traballio do artista pau-
forme foi anunciado, para ser feita no próximo domingo, às
listano. (Diário de S. Luiz, 51111 925, p. l ).
16 horas. Para paraninfar a inauguração, foi convidado o
Exmº Sr. presidente do Estado e sua Exma. esposa.
UMA EXPOSIÇÃO
Será classificador dos trabalhos o competente pintor
Um grupo de rapazes amadores das Belas-Artes tenci- paulista Augusto Hantz. (Di6rio de S. Luiz, 7I l/1925, p.4).
ona expor amanhã no salão do Cinema Olímpia alguns qua-
dros da sua lavra, que decerto nos dirão o que valem esses UM ARTISTA
rapazes.
Aprovamos a idéia desses moços patrícios que trans- Há dias que o nosso Maranhão hospeda um simples,
mitem para a tela a nossa natureza exuberante e fecunda. modesto, jovem e valioso pintor.
(Folha do Povo, 5/l/1925, p.2). Para mim, no número desses hóspedes que passado
têm pela minha terra, apontados de celebridade, com recla-
A EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE mos espalhafatosos, nenhum deles causou-me tanta ad-
AUGUSTO HANTZ miração, verdadeiro sentimento d'alma, como o jovem ar-
tista Augusto Hantz.
A exposição de pintura do excelente artista paulista Quando este moço mostrou-me uma fotografia de um
Augusto Hantz dia a dia vai tendo os louros que merece. de seus trabalhos, que adquirido fora pelo Estado de São
Anteontem foi ela honrada com a presença de S. Exa. o Paulo, terra do seu nascimento, fiquei absorto, em contem-
Sr. presidente do Estado, que adquiriu o quadro impressi- plação àquela estampa e só retirei dela a vista para con-
onante Mangueira ao sol. templar o artista.

Q/Q) 358 Q/Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

A fotografia prendia-se a um quadro a óleo medindo Augusto Hantz dissera-me não ter trazido os quadros
três metros por um e oitenta, representando Pi lato senta- grandes que enviou ao Pará, pelo motivo de lhe lerem as-
do na sua catédra apresentando Jesus à turba, cópia do everado que muitos, nesta terra, não davan1 valor à arte.
célebre quadro de José Mothauer, da Basílica de São Pe- Desmintamos esse conceilO, visitando a exposição e
dro em Roma. fa1,endo aquisição pelo menos dum seu trabalho.
Jamai tivera impres ão que tanto me sugestionas e. ANCAS.·
que majs me falasse ao íntimo, me trouxesse à mente essas (Folha do Povo, 7/1/ 1925, p.3).
brumas difusas doulras eras, desses tempos dos Césares,
como aquela fotogr:ilia que se me apresentava aos olhos. EXPOSIÇÃO DE PINTURA
Pilatos, com sua túnica branca e seu manto de púrpura,
sentado no trono se achava. tendo aos pés uma escadaria Será no próximo domingo que se realizará a exposição
de mánnore revestida duma passadeira aveludada e cheia de desenhos de um grupo de jovens amadores no salão de
de ramagens arabescas. espera do Cinema Olímpia.
Cristo. Jesus, o Messias, o verdadeiro Rabi da Galiléia A abertura do Sa/on será às 16 horas, estando convi-
achava-se junto ao degrau penúltimo dessa subida. numa dado para pararunfar o ato, S. Exa. Sr. Dr. presidente do
extática contemplação, tendo os braços pendentes e as Estado e sua Exma. esposa.
mãos pousadas sobre as costas. Consta-no que será conferido um prêmio ao melhor
Mas, que beleza de expressão!. .. que perfil sublime!. .. trabalho, el.tando a classificação dos quadros expostos a
que retidão de linhas! ... que inatacável perspectiva se pa- cargo do competente pintor paulista Augusto 1lantz.
tenteia nessa maravilhosa estampa!. .. Embora produções de e~trcantes, n nossa l.ocicdadc
A turba, pela qual tanto se desvelou, tanta bondade não deve negar-se a comparecer, no próximo domingo, ao
ensinou, por quem estava sofrendo, por quem se martiriza- Olímpia. incentivando assim os que. na medida de suas
va, essa turba composta de centenas de pes oas, ali e forças. procuram contribuir para o culto elogiável das Be-
achava pintada de poemas, :ititudes e gestos que bem pa- las-Artes. (0 Dia, 911 /1925, p. I).
tenteiam os apodos pejorativos assacados ao Filho de Deus.
Observa-se no olhar do Nazareno uma con ciência tran- UM BELO ÁLBUM DE DESENHOS
qüila, um sentimento sem ódios, semjaça, um sentimento
de ternura e de perdão. Tivemo hoje ocasião de ver um álbum dl! desenho!.
Não sei qual dos retratos de Cristo que mais me tenha do Sr. Herculano Castelo Branco, feito a erayon e a pena,
emocionado. Se o de Leonardo da Vinci, na Ceia dos Após- com tinta de escrever.
tolos, ou se o de José Mothauer nessa cópia de Hantz. Apesar de seu au1or haver. cm bela calig1afia, escrito
Observando-se nessa fotografia a figura de Pilatos, na capa do álbum - Desenhos sem mestre e sem estudos -
desse Pilatos que lavara as mãos para isentar-se de res- revela muita competência, gosto e extrema habilidade.
ponc;abilidade, mas. que não se isentou de coisa alguma, Aconselhamos ao Sr. Herculano Castelo Branco. con-
now-se que ele se ente mal, que convicções tem da ino- tinue sem esmorecimento a manejar o lápis, pois seo li1cr,
cência de Jesus, e mais ainda se perturba pela presença de dcnu·o em breve fará parte dos nossos melhores artistas.
Cláudia sua esposa. que de uma das janelas rcve tida dum graças ao talento que par:i isso pos!.ui. (Diário de S. lui:.,
tapete talvez. da Pérsia, janela que ficava ao alto de sua 911/1925,p.l).
tribuna, assiste alerta, numa avidez, numa preocupação de
espírito cm convicções vacilantes, à sentença que irá profe- O CONCURSO MARANHENSE
rir o seu marido, sentença que devia ser favorável devido às
razões que patenteou sobre as virtudes de Jesus, ma que Foram éscolhido para formar a comissão ju lgatlurn
suspeitava porque sabia que Pilatos temia César! ... de e importante concurso a Sra. Maria da Piedade Ennes
Vai-se Caifaz na terceira pessoa do primeiro plano à Belchior, capitão Luso Torres, Dr. Adelman Corrêa, Antô-
direita, com o cenho carrancudo, desviando os olhos dos nio Vasconcelos, Dr. Tarquínio Filho e Apolinário de Car-
olhos do Nazareno, indício duma consciência intranqüila, valho. (Folha do Pom, 9/1/ 1925, p. I ).
e Judas, quase junto ao Me tre, com a de tra acenando
enquanto o corpo vai se agachando com os primeiros vis- CONCURSO MARANHENSE DA FOU/A DO POVO
lumbres do remorso, para fazê-lo daí a pouco esquivar- e e
fugir pelo meio da 1urba. QuaJ o melhor?
Artista ideal! Admirei-te, Augusto Hantz, por e te teu POETA- MÚSICO-JORNALISTA- ESCRITOR -
trabalho de quase um ano. EDUCADOR - EDUCADORA-MÚSICO - PEBOLISTA
• - PINTOR - ESCULTOR - AMADOR TEATRAL.
Fui à Escola Bequimão, na Rua Colares Moreira, para Maranhão, - - de - de 1925
ver a sua expo ição de quadros e lá alguns me prenderam
a atenção, como: O VOTANTE
Águas paradas, Mangueira ao sol, Agonia da tarde,
Ameaçando chuva, Manhã 110 campo. Último raio do sol. Este concurso estará aberto até o dia 30 de abril do
Desse, então, sente-se um pouco a alma do arti ta e a corrente ano. para ser feita a apuração geral a 3 de maio.
perfeita combinação da luz. da tinta, da sombra e da pers-
pectiva. ' Pseudônimo de Antônio Gasparinho.

<?.../(>) 359 <2./ê)


LUIZ DE MELLO

tempo suficiente para que possa votar o maior número tudo que é nosso, para que desapareça também esta terrí-
possível de maranhenses dentro e fora do Estado. vel frase: Ninguém é profeta em sua terra. O maranhense
Os vitoriosos terão como homenagem da Folha do tem o dever, a restrita obrigação de ser grande, disse há
Povo, a publicação, em número especial, do retrato e bio- pouco Viriato Corrêa, quando na apresentação da compa-
grafia. (Folha do Povo, 9/ 1/1925, p.2). nhia que obedecia à sua chefia. Não devemos desmenti-lo:
sê-lo-emos, portanto. Reneguemos para sempre esse de-
VOTOS PARA O CONCURSO MARANHENSE samor por tudo que é nosso e procuremos dar o justo
valor àqueles que nos engrandeceram e incentivar esses
Poeta: Apolinário de Carvalho, Catulo Cearense; Jor- que despertam para a conquista de g lórias imorredouras.
nalista: Nascimento Moraes, Humberto de Campos, Viria- Esses em que no peito arde a chama sagrada do gênio e
to Corrêa, Dioclides Mourão; Escritor: Humberto de Cam- para que essa chama não se extinga, não se lhe deve lançar
pos, Coelho Neto; Educador: Rubem Almeida, Joaquim em cima as versas do indiferentismo, ou o sopro maléfico
Santos, Raimundo Pacífico Santos; Educadora: Maria da da inveja não venha desvanecer essas promessas de hoje,
Glória Parga Nina, Rosa Castro; Músico: Elpídio Pereira, realidades de amanhã. Devemos procurar proteger e auxi-
Verdi de Carvalho, Pedro Gromwell, Adelman Corrêa; Pc- liar essas vocações legítimas, que mais tarde virão elevar
bolista: Bernardino Cu nha; Pintor: João Collin, Telésforo ainda mais o nome glorioso do Maranhão.
Rego, Porciúncula de Moraes; EsculLOr: Celso Antônio; Transcrevo um telegrama, procedente de Paris, publi-
Amador Teatral: Lauro Serra, Luiz Viana e Hermínio Bello. cado em quase todos os jornais e revistas do Brasil: Du-
(Folha do Povo, lO/J/1925, p.3).
rante o seu último curso na Escola de Escultura, o r<ran-
de mestre francês Antoine Bourdelle chamou a atenção
ARTISTAS MARANHENSES DE ONTEM, dos seus disctpulos para o trabalho do escultor brasilei-
DE HOIB E DE AMANHÃ
ro Celso Antônio, a quem teceu os maiores elogios. Fa -
Toni no
lando da escultura e de como o artista deve encarar a
natureza, o distinto professor estudou longa e minucio-
A terra que serviu de berço aos pranteados Arthur Aze-
samente a obra de Celso Antônio. Entre as elogiosas
vedo, o primeiro comediógrafo do Brasil, e Antônio Rayol,
palavras que dirigiu ao artista brasileiro o mestre Anto-
o primeiro tenor brasileiro, é também a terra de Coelho
ine Bourdel/e, devemos destacar as seguintes: Não jul-
Neto e Viriato Corrêa e, no entanto, é um dos recantos
gava, porém. que fosse capaz de apresentar um trabalho
desse grande país, onde pouco se liga naq uilo que se djz
tão cheio de belezas. A estátua que modelou poderia ser
arte. Ultimamente é que temos sido visitados por alguns
encontrada nas ruínas da antiguidade. - Falando de Ro-
elencos teatrais, mas não é o bastante. Não temos escolas
de canto, dramática e uma de Belas-Artes, que djzem ex.is- din e da sua obra admüável, BourdeUe acrescentou: O ho-
tir por ai, não dá sinal de vida. Possuímos artistas e não mem que caminha é um dos seus trabalhos mais fortes.
fa lamos neles. Temos hino e não sabemos quem o com- Rodin, porém, apesar do seu grande talento, preocupa-
pôs. É admirável! Ignorados, como o autor desse hino, va-se demasiado com a carne. Por isso prefiro o seu tra-
vivem muitos artistas nossos, aliás, célebres na cena naci- balho Homem que camjnha Faça fundir em bronze este
onal. Ninguém fa la em Apolônia PinlO, relíquia do palco trabalho e o govemo francês poderá comprá-lo para o
brasileiro. No entanto, Alfredo Pujol, no discurso de re- Museu de Luxemburgo. -Ao terminar, Bourdel le declarou
cepção, na Academia B rasile ira, feita a C láudio de Souza, com certa veemência, apontando o artista : Eis aí o Brasil.
estudando a sua obra (teatro), assim se refere à artista No Rio de Janeiro, Porciúncula de Moraes, o discípulo
maranhense: Os que viram a peça devem recordar-se da de Bernardelli , recebeu agora menção honrosa; a pequena
interpretação magistral que deu ao papel de D. Cristina, violinista Maria de Lourdes anda pelos países platinos
a velha atriz Apolónia Pinto. Que tesouro de emoção ela exibindo a sua arte precoce. Todos esses partiram em bus-
sabia imprimir em cada frase que lhe saía dos lábios, ca de paragens luminosas, levando de vencida todas as
cotno que envolta num soluço. E então c ita esta fala da dificuldades que costumam encontrar aqueles que palmi-
comédia Flores de Sombra: Para os velhos, que são ve- lham a espinhosa e ingrata estrada da arte, estrada essa se
lhos, a imagem distante é a sua única luz da vida... Nun- bem e ivada de espinhos, não é dada a todos percorrê-la,
ca está só na velhice quem está na casa em que viveram pois é o caminho da imortalidade, que leva os eleitos dos
os seus... No quarto de uma velha há sempre espaço para gênios ao mármore, ao bronze, perpetuando-lhes a g lória.
uma recordação e uma saudade... Felizes esses que seguem a sua estrela, afortunados
Segue-lhe João Collin, pintor maranllense, cujos traba- esses que sabem zelar e desobrigar-se de uma missão que
lhos figuram nas galerias do Louvre. Já expôs nos grandes os Deuses lhe confiaram.
certames de arte, obtendo medalhas de ouro e é um dos Dentre as muitas revelações que permanecem aqui, espe-
mestres da pintura, sendo considerado hors concurs. Elpí- rando oportunidade para se evidenciarem, destaco um t1io
dio Pereira, diplomado pelo Conservatório de Milão, autor que poderá muito bem ser aproveitado. Ei-lo: Newton Sá, o
da aplaudida ópera Calabar. Ainda ternos João Nunes, genial menino que tem causado admiração com os seus retra-
João Colás e muitos outros, todos nascidos aqui, quase tos; José Jansen, outro virtuose do lápis e do carvão, e José
que desconhecidos e ingratamente esquecidos. É preciso Castro, possuidor de uma bela voz, tendo o dom de encantar
que desapareça esse indiferentismo, esse pessimismo por aquelesqueoouvem. (ODia, 11/1/1925,p.2).

<VQ) 360 <?../Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

O VALOR DOS NOVOS mão, na Rua Colares Moreira, até amanhã. quando terá
lugar o encerramento da exposição.
Teve êxito completo a exposição de trabalhos dos no- Assim lica satisfeito o pedido do Sr. l lant1., a quem
vos pintores e desenhistas maranhenses, ontem aberta no felicitamos pelo êxito merecido que alcançaram seus belos
salão do Olímpia. trabalhos. (Diário de S. Lui:, 12/1/1925, p.4).
Nes<;e interessante certame apareceram nomes que toda
a cidade ignorava soubessem manejar o lápis e o pincel. CONCURSO MARANHENSE
Foi, por isso, uma feira de surpresas.
Nela não se exibem artistas de renome, mas talentos Ao concurso aberto por nós, cm tão poucos dias, tem
invejáveis, desenhando e pintando por intuição, sem es- acorrido grande número de votantes. Até hoje já recebe-
cola, mas com alma. mos para mais de 100 votos, mostrando com isso que foi
Nosso público dará o desconto necessário e incenti- bem aceito e revela o interesse dos nossos leitores.
vará. como o merecem, os moços cultores da Divina Arte. Sábado daremos os nomes dos mais votado". (Folha
Amanhã publicaremos uma crônica sobre esta exposi- d0Po1•0, 15/1/1925, p.3).
ção. ( Puc:o1ilha, 12/1 /1925, p.4).
O SALON DOS NOVOS
EXPOSIÇÃO AUGUSTO HANTZ
Quando, há dias, entrei na sala de espera do Olímpia,
O sorteio de quadros do pintor patrício Augusto Hantz que a mocidade estudiosa do Maranhão, cultivadora do
correu no sábado, pela Loteria Federal, e o três prêmios pincel e do lápis transformou, por uns dias, no seu mostru-
couberam aos biJheLes de números 35, 48 e 50. ário despretensioso, levava comigo a esperança de que
A apreciada exposição encerra-se amanhã, às 17 horas. iria encontrar revelações. Eu sabi:i que por esta velha São
Ainda pode ser visitada e para ela chamamos a aten- Luís, tão caluniada e lão v itoriosa sempre. abundavam
ção dos amantes da arte que Lourenço de Médicis amou esses anônimos obreiros da arte. que l necessidade ur-
mais que a nenhuma outra. (Pacotilha, l '11li1925, p.4). gente de ganha-pão ou a escasse1. de meios adjutórios para
uma educação s uperior restri ngira à simples categoria de
UM POUCO DE ARTE MODERNA humílimos amadores. Não cuidei, porém, que tnntos e já tão
signific:iti vos fossem esses sonhadon.:s obcecados de be-
Se outro mérito não tem esta seção que dirigimos, re - leza. Eu conhecia. por exemplo. Evandro, Tclésforo, Rubens,
José Jansen e de uns traço ligeiros Pamoja. Mas ignorava
ta-nos esse, não pequeno, de vcm10s de quando cm quan-
por completo os nomes de Mercedes, Domingues, Franco e
do, garridamente ornamentado com as be las produções
outros. De Pavão, vira um dia alguns trabalhos. Coisa, po-
modernistas dos mais festejados nomes da Poesia Nova
rém. de pouca monta, quase que se poderia di1er a ligeira
nesta terra de Poetas.
maquete desse talento que agora se vai esboçando a traços
Envaidece-nos, sobretudo, esse fato, nesta época em
largos e seguros. E tive uma deliciosa surpresa. Uma, duas,
que acendradamente se faz sentir o impulso revolucioná-
três vezes vi, revi aq uele modesto aglomerado de telas. E
rio dos nossos ritmos.
não me pude conter que não me perguntasse, s urpreso,
E, por tudo isso, não no pode deixar de orgulhecer, de
confuso, cntusia mado ao mesmo tempo:
lisonjear a circunstância, feliz para nós, de sennos o arauto
- E que faz essa gente? Que espera essa falange, na
a lviçareiro de uma nova manifestação de Arte Moderna,
sombra, no anonimato? Por que não vem à rua, não des-
prestes a ser pate nteada aos olhos cultos da sociedade
fralda as bandeiras, proclamando a ressurreição da Divina
maranhcnse. Atenas? Se o patrimônio da Beleza é nosso, por que deixá-
É ela a próxima exposição de originais caricaturas devi- lo desperdiçar-se nas mãos do estrangeiro?
das ao lápis magistral e inovador de Enrique Figueroa, o E senti comjgo mesmo a glória de ser maranhense!
magnílico riscador de almas, que, ao lado de José Figue- A interrogação, porém, de um cidadão de óculo cor de
roa, fonna a mais lídima e distinta representação da glorio- azeitona que procurava saber quem era o autor do Cora-
sa falange de noveis artistas da terra mexicana, unida a ção de Jesus, arrancou-me daquelas cogitações. E lem-
nós por laços inquebrantáveis de Arte, de Espírito e de brei-1re, então, de que prometera aos meus amigos escre-
Coração. ver-lhes a minha impressão de artista que vê tudo pelos
Oportunamente daremos a data e mais ponnenore da olhos da emoção e não de um crítico. com as !>uas irritan-
exposição. tes e meticulosas análises. Como se a obra de um cérebro
Laércio fosse capaz de medidas e regras! ...
(Paco1ilha, l '11111925, p.4). E principiei fa7cndo os meus apontamentos .

EXPOSIÇÃO DE PINTURA Ao todo, concorreram :io certame onze n1oço nu1ra-
nhenses, onze vocações, cada qual lirmando já a sua fei-
O professor Augusto Hantz esteve hoje na nossa re- ção preferida, acentuando o seu gosto, desvendando a
dação e pediu-nos avisássemos aos noi:.sos leitores de s ua maniere. Qualquer um deles, apan hado a esmo, dá
que o sorteio de quadros, organizado por meio da Loteria margem a anotações interessantes e alguns, mesm o, ades-
f ederal, coube aos números 35, 48 e 50, devendo os pos- cobertas maravilhosas. Sem falar de Evandro, Rubens e
sujdores de tais bilhetes apresentá-los na Escola Bequi- Te lésforo,já conhecidos, vemos cm Domingues o aquare-

~ 36 1 <:./@
~
LUIZ DE MELLO '."-OY.

lista admirável nos seus coloridos e na delicadeza dos tra- ESCOLA DE BELAS-ARTES
ços; em Pavão, o pincelador liel das nossas rúlilas paisa-
gens; cm Mercedes, o autor de palpitantes naturezas-mor- Acham-se abenas até 28 de fevere iro as inscrições nos
tas, como aquela encantadora Melancia; em Pantoja. o cursos de música e pintura desta escola. Os interessados
paisagista fino, com uma tonalidade especial, como em poderão procurar o profc sor J. J. Lcntini. no Casino, to-
Barcaça; em José Janscn, o ilustrador insinuante, moder- dos os dias úteis, das 13 às 16 horas. Preço da matrícula:
no, moderníssimo, naquele jeito feliz de traçar almofadi- 10$000: da mensalidade, 10$000. (Diário de S. Luiz, 21/1/
nhas e melindrosas, de olhos sepiados e cabelos oxigena- 1925,p.2).
dos; lápis indispensável para revistas chiques, artista que
parece trabalhar entre sedas voluptuosas, sob luzes maci- UM VOTO ORIGINAL
as de lucfveios calmos; cm J. Franco, o predileto do crayon;
em Pires, o caricaturista ligeiro, apanhador de flagrantes Conversávamos com o nosso distinto colaborador An-
fi sionômicos que são, por si mesmos, caracteres. Em to- gas quando nos chegou às mãos um voto para o Concur-
dos, linalmente, um quê de personalidade às vezes imper- so Maranhense. Lendo a chapa licamos surpresos porque
ceptível, mas sempre significativo. para poeta, jornalista, escritor, educador, educadora, músi-
• co, pebolista, pintor, escultor. amador teatral apenas vota-
Tel6sforo , batendo-me no ombro, pediu-me que fosse ram 110 maior dos 11wra11henses vivos.
sincero. Queria a discriminação do que mais me agradara. Realmentejáésergrande! (Follu1do Povo, 2 1/1/1925, p.2).
Eu sorri. Mas se me agradava tudo! O homem, porém, tei-
mou. Havia de ter as minhas preferências, os meus gostos. ESCOLA DE BELAS-ARTES
E obrigou-me a cumprir a promessa. Por isso a lista que
fecha estas linhas despretensiosas, simples impressão de Faço público o seguinte, por detcnninação da diretoria
um emotivo, e em que procuro dar a relação mais menos desta escola:
exata do que melhor me impressionou as retinas. Ficam abertas. a contar desta data até o dia 15 de feve-
José Domingues: Maracanã, Monge e suas marinhas; reiro próximo, as matrícula~ que con tituem os cursos da
Telésforo: Busto de Mulher. Coração de Jesus; Merce- mesma (música e pintura).
des: Melancia; Pavão: Sol Nasceme, Manhã de Janeiro; É de 10$000 o preço da matrícula em um ou nos dois
Rubens: À beira da estrada, Cara alegre: Evandro: On- referidos cursos. Pelo ensino das matérias de cada curso
das sob luar. Costumes; Pantoja: Barcaça. Água parada; pagará o aluno a mensalidade de 10$000. Esse pagamento
J. Franco: Pudor; J.Jansen: Cabeça de rapaz; Pires: Bar- será feito, indispensavelmente, no princípio de cada mês,
queiro, Marinheiro. sem o que não poderá o aluno freqüentar as aulas. Essa
E aí está o que eu penso e como penso de tudo quanto medida impõe-se de modo absoluto, para que a escola se
vi nessa deliciosa expressão dos novos da pintura mara- possa manter.
nhense. Que ela se reproduta. Efoward! Não poderão matricular-se os alunos em atraso que
Antônio Vasconcelos· não pagarem previamente o que licaram devendo à escola.
(Pacotilha, 16/ 1/ 1925, p.4). Em 22-1-925
Joüo J. Lentini
PELAS ARTES (O Dia, 22/111925, p.4).

Continua sendo muito visitada a exposição de pintura UMA EXPOSIÇÃO


dos jovens Telésforo Rego, Wanderley, Pavão, José Jan-
sen, R. Damasceno, Evandro Rocha, José Domingues e Avelino Pereira. conhecido pintor português e também
Mercedes Gomes, instalada no salão de espera do simpa- hábil fotógrafo. tenciona promover um grande certame ar-
tizado Cinema Olímpia. tístico em que tomem parte todo os artistas maranhenses.
Diversos trabalhos j á foram adquiridos. (Diário de S. Dentro em breve daremos notícia pormenorizada. (Di-
luiz, 17/111925,p.4). ário de S. Luiz, 2'11111925, p. I ).

SALON DOS NOVOS O CONCURSO MARANHENSE

Terminou sábado, às 20 horas, com regular assistên- Tem sido grande a votação para o Concurso Mara-
cia, a exposição de quadros dos jovens artistas maranben- nhense, o que demonstra o interesse despertado para se
ses no salão de espera do Cinema Olímpia. saber o valor de muitos maranhcnses que continuam a
Os autores das Belas-Artes que cm conjunto expuse- honrar as nossas gloriosas tradições de alto saber.
ram ao público amante do belo, demonstram já a perícia Sábado faremos um apanhado para mostrar como vai
com que manejam o lápis e o pincel.
se encaminhando o pleito e ao mesmo tempo despertar
Boa impressão causou-nos a exposição de todos os maior curiosidade pelo valor desses distintos conterrâne-
esperançosos artistas.
os. (Folha do Povo, 29/1/ 1925. p.2).
Pela vitória alcançada pelos jovens e talentosos artis-
tas maranhenses, O Dia manda calorosas manifestações.
UM TRABALHO ARTÍSTICO
(0 Dia , 20/1/ 1925, p. I).
Esteve ontem ne~ta redação o Sr. José Alvim, que nos
· Poeta e cronista. veio mostrar um reposteiro simbolizando a bandeira brasi-

Q./Q) 362 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO {1842 - 1930)

leira, trabalho paciente e artístico, todo feito cm papel cre- temperamento de artista, emprestando-lhe um caráter pes-
pom e executado, proficientemente, por sua esposa Josefa soal que impressionava pela firmeza de expressão e preci-
Áurea Palmeira Alvim. são de coloridos.
Esse trabalho vai ser exposto numa das montra da Sama Cect1ia, sua tela predileta, é um atestado do seu
Sapataria Bordalo, na Rua Osvaldo Cruz. (Pacotilha, 301 li valor. (Pacotilho, 4/2/1925, p.4).
1925,p.4).
ARTHUR MARINHO
CARICATURAS E FOTOGRAFIAS
Recebemos a visita do no so jovem e inteligente con-
A uma das principais zincografias do Rio de Janeiro terrâneo, pintor Anhur Marinho, uma das figuras promis-
entregamos a execução de um variado serviço de clichês soras da Arte Moderna. O distinto moço, que se encontra-
de vultos e aspectos internacionais. va ausente há 3 anos de São Luís, veio cm visita à sua
Ampliando esse serviço, já concratamo um jovem artis- família. (Pacotilha, 51211925. p.4).
ta maranhense para o de enho de caricaturas alusivas a
assuntos do dia. Dentro de breves dias iniciaremos a publi- ARTHUR MARINHO
cação desses trabalhos, dos quais, aJiás,já demos uma amos-
tra em nossacdiçãode29 último. (O Dia, 31/ 1/1925, p. l). Chegou hoje, pelo ltapernru. vindo do Rio, o nosso
jovem conterrâneo Anhur Ribeiro Marinho. aluno da Es-
ARTHUR MARINHO cola Nacional de Belas-Artes, onde há granjeado para o
seu nome uma viva atmosfera de simpatias pelo sentimen-
Procedente do Rio de Janeiro onde cursa com brilhan- to dos seus trabalhos e pela inteligência com que os tem
tismo a Escola de Belas-Artes, viaja no vapor ltapecuru. interpretado de modo a merecer os aplausos e a admiração
com destino a esta capital, o nosso jovem conterrâneo dos mestres.
Arthur Ribeiro Marinho, irmão do Sr. Américo Ribeiro Ao jovem pintor. que é uma das esperanças da arte
MarinJ10, funcionário postal. (Pacotilha, 4/2/1925, p.4). brasileira, enviamos abraços de boas vindas. (Diário Ofi-
cial do Eswdo. 51211925. p.43).
FALECIMENTO
MÁRIO CARVALHO BNRIQUB FIGUEROA

Morreu Mário Carvalho. O Maranhão perdeu uma das Martins Carlos


suas mais robustas esperanças artísticas. M:írio Carvalho
era. realmente, o maestro do pincel; talento privilegiado. Entre as nações da América. o México sempre se sali-
possuía a verdadeira concepção da arte. Os seus quadros entou como um país revolucionário. O seu povo. efetiva-
têm vida. expressão e doçura. revelando o \.:unho pessoal mente, nunca suportou por muito tempo a paz, vivendo
do moço artista na estética das linhas e na suavidade das quase que comumente entregue às guerrilhas políticas.
fonnas. Não obstante, cm certos casos, é de louvar o gênio
Santa Simp/ícia, um dos seus últimos quadros e que rebelde des e forte povo da América Central.
será exposto brevemente nesta capital, além da admirável Está ainda viva na memória de todo aquela página
combinação de tintas tem uma expressão de doçura singu- vibrante de patriotismo que vale por um grande exemplo
lar, sente-se a mão do artista traduzindo fielmente a evan- de coragem cívica, aquele verdadeiro romance escrito nas
gélica quietude da Santa e a beleza mística da Madona! páginas da História com o sangue ainda quente. pelos
A música de todas as artes é a que melhor traduz os cadetes me>..1canos que, para lutarem contra a invasão anlc-
variados impulsos da alma e que transcendentalmente faz açador.t do ianque orgulhoso. preferiram morrer. uns vara-
vibrar as cordas mais suaves do coração, arrebatando-nos dos pelas bala inimigas e o outro, o último, por lhe faltar
às regiões olímpicas do belo e do bom. Os quadros de munições, enrolado na bandeira da pátria. dcspenhando-
Mário Carvalho têm esse poder secreto, o poder do êxtase. se estoicamente do alto de um rochedo.
deslumbrando-nos conturbadoramente. Entretanto, por conhecermos o México sempre à vol-
- Mário Carvalho faleceu no dia 23 de janeiro findo. na tas com revoluções, acostumamo-nos a encarar como coi-
Vila de Barrcirinhas. Deixamos sobre o seu túmulo as lágri- sa mÚJto natural nesse país, esse estado de anormalidade.
mas do nosso sentimento, e enviamos à sua família e ao Seguindo, paralelo com este conceito, o curioso dese-
seu digno genitor coronel Domingos Soeiro, os nossos jo de ver de perto uma partícula desse povo altivo, um
pêsames. (Diário de S. Lui:, 4/2/l 925, p.4). homem qualquer que, 'vestido à moda regional, ainda con-
ervasse nas roupas o cheiro seco da pólvora dos comba-
LUTO tes, e no corpo espalhadas. as cicJtrizes dos chumbos e
dos estilhaços de granada.
MÁRIO CARVALHO- Por carta procedente deBarrei- Não há negar aqui a iníluência extraordinária que pro-
rinhas sabemos ter falecido naquela localidade, no dia 23 duz em qualquer pessoa, por mais pacata que seja, o relato
do mês passado, o esperançoso moço Mário Carvalho. emocionante de uma façanha ou de um heroísmo. Todo
que era um emérito cultor da pintura. nó somos. geralmente, sensíveis às emoções fones.
Muito moço ainda, sem estudo especializado na Arte Sempre que relembramos um fato. uma cena ou o gesto
de Rembrandt, os seus quadros deixavam adivinhar um consagrador de um herói da História, vem-nos, insensivel-

~ 363 ~
LUIZ DE MELLO

mente, a idéia, como para reforçá-la, da roupa que eleves- E foi isto justamente o que Figueroa compreendeu. Per-
tia na ocasião de tomar-se célebre. cebe- e logo. vendo-se os seus quadros, se esta fisiono-
Quando recordamos Marcílio Dias, vemo-lo no seu uni- mia é comumente alegre, aquela taciturna e aquela outra
forme glorioso de marujo. melancólica.
Assim, e com a influência do cinema, em que o mexica- Temperamento inquieto, os traços que ele imprime aos
no aparece na sua fatiota característica, com duas pistolas seus desenhos são rápidos, agitados, tumu ltuosos como
ao lado, rude e agressivo, adquirimos o hábito de reconhe- a sua vida.
cê-lo, logo à primeira vista, pela indumentária. Eu o vi desenhar. Toda aquela disciplina de maneiras,
fatas idéias acudiram-me quando fui apresentado, tem- que o define como homem social, desaparece para dar lu-
pos atrás, ao caricaturista mexicano Enriquc Figueroa. gar ao arrebatamento do aJtjsta. Es a disparidade é de um
Um mexicano aqui, por estas bandas!. .. Coi a tão rara, imprevisto interessante.
que só a casualidade seria capaz de reali1ar, como realizou. De posse dos apetrechos necessários, senta-se à mesa,
Não trouxe, porém, um mexicano metido para dentro de dela não levantando os olhos senão para reparar melhor as
duas calças apertadas às pernas, um casaquinho mal abo- feições ou os contornos da pessoa ou objeto escolhido, acur-
toando à frente, e na cabeça aquele chapelão de abas lar- va-se sobre o papel e, nervoso, começa a riscar agitada.mente.
gas, terminando à feição de um cone. Mas veio trazer até Não fala, mas assobia como se quisesse ritmar a evolução
cá um fin o elemento da intcligência criadora, um mexicano desordenada do lápis. O rosto adquire uma expressão severa,
que não nos vem mostrar nem faze r alarde do valor guer- a mão não pára, segue a apurar aJi uma linha, a ajeitar aqui um
reiro do seu povo, mas um mexicano artii.ta, que nos revela traço mais nítido, e o trabaJho continua e o lápis corre como
o adiantamento do seu país, onde não se vive só de revo- doido, rcdemoinhando sobre o papel.
luções, onde também se pensa, se estuda, se cultiva a arte Assim trabalha, com uma ânsia de vencer de vez todas
pura e sentimental dos poetas e pintores, e vigorosa e as dificuldades da difícil arte de desenhar.
profunda dos romancistas e escultores. Não lhe faJtam taJento e disposição. Os ideais que lhe
Enriquc Figucroa é o embaixador espiritual do México. enchem de ilusões o cérebro, são grandiosos, e, se a per-
A sua modéstia, porém, o priva de se gabar disso. severança continuar a ser a única arma de combate, eles se
Esquivando-se sempre de aparecer, ele se fez melhor tornarão, mais tarde, em estrelas luminosas que bordarão
apresentar por aqueles que, como cu, ti veram o prazer de o céu aurifulgentc das conquistas brilhantes. (Pacotilha,
privar de sua amjzade e de conhecer, de perto, os seus 20fll 1925, p.2).
admiráveis dotes de mestre do lápis.
Julgando o sopro forte do triunfo muitas vezes aJtjfici- PELAS ARTES
al. recolhe-se ao interior do seu gabinete e trabaJha, traba-
O jovem pintor amador José Mercedes Gomes veio on-
lha cm paz, como um anôrumo, revelando no seu trabalho
tem à nossa redação mostrar-nos um seu trabalho a óleo
as aptidões artísticas que não lhe negariam apoio se qui-
tirado ao natural, :: que deu o nome de So11/io de Vênus.
sesse, voluntariamente, sair em busca da glória.
Realmente, está djgno de aplausos pela arte que revela.
Que ele ama a sua arte com o mesmo amor que fez
Gratos pela gentileza. (Diário Oficial do Estado, 20121
hesitar a alma cristã de Philemom. ao ser ameaçado pelas
1925, p.3).
autoridades rancorosas, de ouvir, soprada por outro músi-
co, a sua flauta querida.
CONCURSO MARANHENSE
Um dia desses levou-me Enrique à sua casa. Foi uma
tarde agradável e inesquecível. Apuração até 18 do corrente.
Olhando demoradamente os seus trabalhos de estiliza- Poetas: r. X. de Carvalho, 163 votos; Eurico Almeida,
ção, compreendi o valor que eles, de fato, representam. 94; Antônio Vasconcelos, 45; Coelho Neto, 37; Catulo Ce-
Não são caricaturas que ridicularizam ou deformam os arense. 24; Apolinário de Carvalho. 19: Assis Garrido, 14;
Lipos pelo exagero das feições, provocando risos ou ga- José Gregório dos Reis, 12; José Ribamar Pinheiro, 7; João
lhofas. Castelo, 5; Corrêa de Araújo, 4; Djalma Fonuna, 2; Hum-
São, cm verdade, caricaturas que poderiam ser chama- berto de Campos, 2 e José A. Vieira dos Reis, 1;
das espirituais porque revelam, nas linhas do rosto, nos (...) Pintores: Porciúncula de Moracs, 18 1; J. M. Go-
olhos ou na maneira de olhar, o estado de alma em que se mes, 76; José Pantoja, 42; Firmo Luz, 4 1; João Collin, 29;
encontrava a pessoa no momento em que o aJtjsta recebeu Telésforo Rego, 25; Newton Pavão, 5; J. Domingues Filho,
a primeira impressão de conjunto. 4; Evandro Rocha. 3; João Santos, 1: CarvaU10, 1; Celso
Cada um de nós tem, vulgannente, nos traços do rosto, Antônio, 1: Rodrigues Filho, 1; ( ... )(Folha do Povo, 2 1/7J
um indício às vezes forte, outras, sutil, do nosso tempera- 1925,p.2).
mento e da nossa alma. Os olhos se encarregam de, muitas
vezes, revelar o que nos vai no íntimo. Quantas e quantas UM QUADRO
vezes eles não nos traem? Quantas vezes não procuramos
disfarçar inquietação, temor, medo, etc., e eles, os olhos, Em uma das vi trines da Joalheria Krause, na Praça João
quantas vezes não nos castigam? Lisboa, vimos ontem, ricamente emoldurado, um excelente
Os olhos dizem tudo mais sinceramente que a boca. Esta trabalho do pintor patrício Paula Barros.
pode mentir, disfarçar, desvirtuar, destruir os sentimentos Trata-se de um retrato a óleo do major Dr. Rodolfo Fi-
com a faci lidade que tem de juntar palavras. Aqueles não. gueiredo, digno comandante da Força Policial Militar do
Mudos e impassíveis, são os defensores da consciência. Estado.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Artisticamente trabalhado, o aludido quadro, que mui- mente vive a natureza carioca e nos quais há a afirmação
to recomenda a competência de seu autor, foi encomenda- de um jovem aquarelista de merecimento.
do pela oficialidade da Força Pública a fim de ser inaugura- Rio, 9-2-925
do no gabinete de comando daquela corporação militar, na Carlos Rubens
próxima quarta-feira, dia do aniversário do major Rodolfo. (Diário de S. Liii:., 3/3/1925. p.2).
(O Dia, 21/211925, p.l).
RETRATO A PASTEL
MAJOR RODOLFO FIGUEIREDO
Visitou-nos hoje pela manhã o jovem artista maranhen-
Viu ontem transcorrer a data do seu natalício, cercado se Arthur Marinho, aluno da Escola de Belas-Artes do Rio
de estima que lhe votam os oficiais. inferiore e praças da e pen ionista do Estado.
Força Policial Mil itar do Estado o major Rodolfo Figueire- Mostrou-nos o jovem pintor um retrato a pastel do Sr.
do, que há me cs vem comandando aquela Força, rodeado Augusto Ribeiro, comandante do vapor ltapec:uru, pinta-
do a bordo. quando da sua viagem para a terra natal.
de simpatias gerais dos seus subordinados.
De mão fim1c, senhor da Arte. Arthur Marinho não dei-
Às 10 horas de ontem foi inaugurado solenemente no
xou se veja a mais leve falha em seu trabalho, a que chama
gabinete daquela corporação o retrato a óleo do aniversa-
de esboço. não ob tante ser um trabalho completo.
riante, oferta dos oficiais. Discursou, oferecendo-o cm
O que mais admira é sabennos que, pintado a bordo, ao
nome de seus colegas. o capitão Roberto Gonçalves.
balancear do vapor, no vai-e-vem das águas, não saísse o
O major Rodolfo, bastante comovido por aquela prova
retrato algo defeituoso. Quem conhece o Sr. Augusto Ri-
de carinho dos seus comandados, agradeceu num impro- beiro, e, sem saber, vê o quadro a pastel do inteligente
viso a manifestação.(...) (Pacotilha, 26/211925, p.4). artista, tem quase a certeza de estar à frente do ilustre
comandante do ltapecuru, tão nítidos estão os seus tra-
AQUARELAS CARIOCAS ços fisionômicos.
Ante esse quadro, temos a certc1a de que Arthur Ma-
Petrópolis vai admirar um aquarelista jovem: Porciún- rinho não desmente, lá fora, como aqui . os predicados
cula de Moracs. intelectuais da terra que tantos vultos eminentes tem pro-
Um aquarelista! Não é coisa que se encontra facilmen- du1ido.
te na nossa pintura. Que tenha feito trabalhos nesse pro- Arthur Marinho, que se demorará entre nós até cm fins
cesso, mesmo com bri lho, pode-se citar esse cm aquarela. de abril vindouro, pretende expor alguns retratos af11sai11
Se quiserem até alguns artistas, porque já tivemos ou ain- de pc soas da nossa melhor sociedade. (Diário de S. Lui:.
da temos, por hipótese, uma Sociedade dos Aquarelistas ... 7/311925, p.4).
todos eles pintando mais a óleo do que aquarelando.
Dos que pintavam à agua-tinta, sabe-o toda a gente. ESCOLA DE BELAS-ARTES
distinguiam-se Breno Freidler, H. Bcmardelli, Amoêdo. Vi -
conti, Malagutti... Outros surgiram aquarelando com se- Eis abaixo a lista dos alunos in::.critos nes e útil esta-
gurança e graça, como a Sra. Georgina Albuquerque. belecimento: (...)
Aquareli ta, exclusivamente aquareLista, parece que ó DESENHO:
há Breno Frei dler, que no último Salão expôs vários a. pcc- Luiz Antônio da Co!.ta Vaz, Alfredo Marques da Silva,
tos da demolição do Morro do Castelo. Custódio Zaqucu Coelho. Nestor Nascimento e Mariann
Porciúncula de Moracs, dos no sos mais jovens pin- Souza Machndo. (Folha do Povo. 9/3/ 1925, p. I ).
tores, já laureado no certame oficial, tende a ser o nosso
ENRIQUE FIGUEROA
aq uarcl ista.
No óleo. as coisas não o emocionam ou ele não sabe
Parte hoje para a Capital do Pnís o nos<>o prezado e
refletir com beleza a realidade da natureza. Mas na aquare-
querido amigo Enrique Figueroa. um do vigorosos artis-
la a sua alma se cxpande,jubilosamcnte floresce e apreen-
tas da nova geração mexicana.
de tudo que a visão pcrcucientc vai fixando. Seu traço é
Figueroa, que deixa nesta cid1de muitos nmigos e os
seguro e sofrível, sua cor agradabilíssima, vivaz. hannoni- mais _robustos traços do seu inapagável valor artístico.
osa e quente. soube, durante a sua curta permanencia, merecer a estima
Nas 52 telas que a terra das ho11ênsias terá ocasião de e os aplausos daqueles que consigo privaram.
ver, figuram aspectos de velhas casas coloniais. de con- É com saudades que o vemos partir para longe, onde,
ventos vetustos e do Morro do Castelo. natureza-morta e decerto, o esperam os louros do seu esforço e trabalho
trechos os mais variados e encantadores de jardins. ala- pelo engrandecimento da Arte Moderna.
medas, silenciosas estradas, montanhas e rios da bela e A Pacotilha, muito afetuosa e !.inceramentc descja-
heróica cidade - vivendo nas horas da poesia do amanhe- lhc ótima viagem. (Pacotilha, 9/3/1925, p.4).
cer, nas manhãs claras e lúcidas, cm momentos de ígneo
sol, tudo interpretado com habilidade, emoção e graça. Há UM TRABALHO DE ARTE
trabalhos interessantes. feitos com embaraço, leveza e se-
gurança de toque, conhecimento do plein air, sentimento Artur Marinho, esse jovem pi ntor maranhense que, no
real da cor e da luz. Petrópolis há de extasiar-se diante dos Rio, onde estuda, tem sabido manter o alto conceito artís-
quadros de Porciúncula de Moracs em que tão jubilo a- tico de que goza a no sa terra, veio hoje à nossa redação

<2/'N 365 <!.--(>)


LUIZ DE MELLO

mostrar-nos um trabalho seu, fei to a bordo do vapor José Ribeiro com a distinta enhora Maria da Piedade En-
ltapec11ru. nes Belchior'. (Pacotilha, 19/3/1925, p.4).
Trata-se de um retrato a pastel do comandante Augus-
to Ribeiro. ARTH UR MARINHO
Não cogitamos do valor do quadro sob o ponto de
vista da perfeita semelhança entre a cópia e o modelo, por Nesta época em que o Maranhão vai sendo acusado de
não conhecermos o comandante Ribeiro. decadência intelectual, é sempre com imenso prazer que re-
Preocupamo-nos, somente, com a impressão do con- gistramos a revelação de um verdadeiro talento. E num meio
junto. Realmente, é o melhor possível. que carece como o nosso, de jufac para os assuntos de
O quadro tem vida e expressão que lhe emprestam as ane, o que obriga às vezes os de vaJor a completo retraimen-
cores, distribuídas com cuidado e inteligência pelo moço to, raramente se nos apresenta, nos dia que correm, urna
pintor. destas oportunidades agradáveis.
O "esboço a pastel", no dizer modesto do seu autor, é Arthur Marinho, aluno da Escola de Belas-Artes do
sem dúvida um excelente lrabalho revelador de belos do- Rio de Janeiro e hábil manejador do l:'ipis, veio, um destes
tes artísticos. (Pacotilha, 12/3/1925, p.2). dias, até nossa redação cumprimentar velhos conhecidos.
Chegado há mais de um mês a esta cidade, poucos já o
ES COLA DE BELAS-ARTES tinham visto. Foi uma surpresa para nós a sua presença
nesta casa.
Vai felizmente despertando interesse entre a mocidade E após alguns dedos de prosa, pediu a um dos nossos
vontadora de nossa terra, um interesse deveras animador, redatores que posasse para um croquis. Pediu a outro,
a matrícula na Escola de Belas-Artes. pediu a todo .
Isto quer dizer que artístico no nosso meio ainda é um Meia hora depois oferecia-se-nos o ensejo de apreciar
fato, e que a nossa Escola de Belas-Artes, apesar dos pe- em cada pedaço de papel, traços das no sas feições. Cada
sares, viverá. qual teve diante dos olhos o seu retrato espontâneo, tra-
Raro é o dia cm que não chegam requerimentos de balho cm que Marinho revela uma habilidade que, desen-
matrícu la. Os professores, que pareciam desanimados, que volvida, granjeará, sem dúvida, para esse nosso conterrâ-
pareciam temer pela sorte do estabelecimento em que em- neo e para nossa terra, louvores das serenidades do lápis.
pregam a sua atividade, já não ocultam o seu contenta- Enquanto lá cm Paris a mão de Celso Antônio, mode-
mento, o seu entusiasmo, a sua confiança no futuro bri- lando genialmente o barro, eleva as tradições da Atenas
lhante que aguarda a Escola de Belas-Artes. Brasileira, aqui o lápis desse outro maranhense adestra-se
Na primeira semana de abril reabrir-se-ão as aulas. para avivar o renome de sua terra-berço.
As matrículas estarão abertas durante todo este mês. Quart.ani ta da Escola de Belas-Arte , Marinho regressa
(Diário de S. Luiz, 14/3/ 1925, p.2). cm breve à Capital Federal, onde desejamo que continue
a merecer as melhores referências dos seus professores.
UM ARTISTA MARANHENSE
Inserimos na nossa edição de hoje o croquis do nosso
colaborador Clarindo Santiago, do lápis de Arthur Marinho,
ARTHUR MARINHO
a quem almejamos as maiores felicidades e os melhores su-
cessos na sua vida artística. (Pacotilha, 21/3/ 1925, p. l ).
São Luís muito breve terá ocasião de apreciar, cm local
ainda não determinado, os trabalhos deste jovem artista
UMA EXPOSIÇÃO
que já é um prenúncio de glorificação na tela.
Marinho, que é maranhense, faz parte dessa falange No dia 19 de março reabriu-se a exposição de pintura
vigorosa de alunos que orgulhecem a nossa Escola de do professor Mercedes Gomes. no prédio da Rua Rodri-
Belas-Artes. gues Fernandes nº 32. (Pacotilha. 2 1/3/ 1925, p.4).
Envaidece-nos traçar estas linhas, sobretudo nesta épo-
ca cm que se faz sentir os impulsos revolucionários dos J OSÉ FIGUEROA
ritmos e dos traços originais nas inovações modernas.
Laços inquebrantáveis de amizade, de coração e de Partiu anteontem, acompanhado de sua esposa, com
arte nos aproximam cada vez mais desse jovem já adestra- destino à América do Norte, via Pará, o nosso distinto
do pelo muito que tem feito em esforço e inteligência, tra- amigo Dr. Jo é Figueroa, que chefiou por espaço de um
balhando despretensiosamente, como tributo de sua gra- ano a Comissão RockfelJer nesta capital, onde emprestou
tidão, para conquistar entre outros de igual mérito a lídima o seu valioso concurso. (Pacotilha, 25131 1925, p.4).
representação de sua terra natal no domínio do lápis.
O franco apoio desse estadista de escol que é Godo- UMA EXPOSIÇÃO DE DESENHOS
frcdo Viana, a todos aqueles que necessitem de seu auxí-
lio, é um estímulo para os que difici lmente procuram ven- O nosso conterrâneo pintor José Mercedes Gomes re-
ccrna vida. (Pac:otilha, 141311925, p.4).
alizou cm sua residência, no dia 19 do ílucnte, uma exposi-
ção de desenhos a crayon, sangüínea, sépia e algumas
CASAMENTO
Maria da Piedade Ennes Belchior. pin1ora e poliglota. ligada à
Realizou-se ontem, nesta capital, o enlace matrimonial Escol:i de Bcla\-Anes, era muito conhecida. na aha ~ociedadc da
do conceituado comerciante de nossa praça, Sr. Cândido ~poca. como Cotinha Belchior.

<VQ) 366 Ví\)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

pinturas a óleo, trabalhos executados por alguns de seus É digno de auxílios essa jovem inteligência.
alunos. Agora mesmo está passando no Congresso do Estado
Foram convidados para fazer o julgamento dos referi- um decreto pem1itindo uma pensão para cursar a Escola de
dos trabaJhos. os pintores conterrâneos Newton Pavão, já Belas-Artes no Rio.
conhecido em nosso meio artístico, e Arthur Marinho, que Ainda bem que o Congresso, a exemplo do que há feito
aperfeiçoa os eus estudos na Escola de Belas-Artes do com outros jovens conterrâneos, autoriza o &tado a apro-
Rio de Janeiro. veitar-lhe o engenho artístico que mais e mais se pronuncia.
A exposição do Sr. José Mercedes foi bastante fre- Lá estão essas inteligências fogueiras - Arthur Mari-
qüentada. nho, José Rodrigues, Porciúncula de Morncs e essa capa-
Arthur Marinho expôs ao Sr. José Mercedes - que lhe cidade artística que assombra a uni versal Paris - Celso
pedira para fazer a classificação dos trabalho - o seguinte: Antônio.
A classificação dos trabalhos deve ser feita com a má-
Agora é Newton Sá, filho de Grajaú. quem ensaia o vôo
xima justiça e carinho. Devem ser designado três lugares,
para subir às regiõe da glória.
podendo mais de um aluno competir ao mesmo lugar.
Agora é esse jovem tímido, mas de inteligência lúcida,
É dessa maneira que se julgam os trabalhos, nos con-
cursos de fim de ano, na Escola de Belas-Artes do Rio. que se destina a vencer, para maior glória da nossa terra.
Marinho e Pavão rcsolveram classificar dois cm 1º lugar, Que vá, que estude e vença - são os nossos votos.
porque rivalizava o adiantamento dos competidores; dois (Diário de S. Luiz. 27/3/1925, p.4).
cm 2º e três em 3º. Disse-nos Arthur Marinho que talvez
cs e julgamento, embora de desenhos de cópia, venha esti- ESCOLA DE BELAS-ARTES
mular a todos que, contribuindo com seu trabalhos, deram
uma prova dos esforços que vêm empregando pelo desen- Incontestável é o grande serviço que a Escola de Be-
volvimento do desenho e da pintura nesta terra. las-Artes vem prestando ao Maranhão.
Marinho disse das vantagens do novo método de en- A freqüência, em todos os cursos, é dcvcrac: animadora.
sino do desenho, o qual facilita a compreensão do estudo A diretoria. vontadora e confiante no futuro brilhante
da figura humana. com suas proporções, expressões e seus que aguarda a e cola, vai levando de vencida todos os
planejamentos de sombra. obstáculos antepostos ao desenvolvimento da útil insti-
Foram classificado em lºlugaros Srs. J. Penha e José tuição.
Henrique; em 2° lugar os Srs. J. Barbosa e J. Abreu; em 3º As matrículas na Escola de Belas-Artes cstJo abertas
lugar, o Sr. T. Leite e a senhorita Almcrinda Coelho. (Paco- at6ao fim do corrente mês. (DiáriodeS. Luiz, 27/3/1925, p. I).
tillw, 261311925, p.4).
EXPOSIÇÃO DE DESENHOS
NEWTON SÁ
Esteve em nossa redação o pintor conterrâneo José
(...) Acompanhado por Guilhenne de Abreu, compare- Mercedes Gomes. que no dia 19 do passado realizou cm
ceu tímido, mas de olhar vivo, denunciando inteligência, sua residência uma exposição de desenhos, trabalhos exe-
um jovem filho do interior, Newton Sá'. cutados pelos melhores dos seus alunos.
Vinha de Caxias e trazia recomendações do Sr. Almir Pede-nos o artista maranhensc para publicarmos a re-
Cruz para os Srs. padreArias Cruze Guilherme de Abreu. lação dos trabalhos executados, confom1e a classificação
Era um pendor artístico admirável.
obtida pela comissão examinadora, composta dos pinto-
E o Sr. Almir Cru..:, conceituado comerciante caxien e,
res Arthur Marinho e Newton Pavão.
achou de bom aviso mostrar-lhe a estrada larga da con-
É a seguinte a classificação dos trabalhos:
quista: apresentou-o a dois caxienses nesta capital.
1º) Pintura a óleo, de J. R. Barbosa - Lagosta - (nature-
Newton Sá, que desde 1923 estava residindo na terra
za-morta).
invicta de Coelho Neto e Gonçalves Dia , fazendo-se ali
uma espécie de carvoeiro ilustrando as paredes do cômo- Classificado em 1° lugar
do que ocupava com retratos de vultos glorioso de Ate- 2°) De enho a sanguínea. de J. Penha - Retrato Vic-
nas, foi-nos aqui apresentado como fi lho de Picos. tor Hugo.
Os jornais teceram-lhe justos e desmedidos elogio ao Classificado cm lº lugar.
seu desmedido amor à arte. E Santos Júnior, secretário d'O J. Barbosa - Luar
Dia, escreveu belas crônicas cm torno uo jovem artista, Classificados cm 2º lugar
prometendo auxiliá-lo. Desenhos a sépia:
Newton Sá, nas horas vagas, continuou a trabalhar e J. Henrique - Cabeça de faquir - 1º lugar.
progredindo sempre, expôs no Foto Studio, cm dezembro J. Penha - Cabeça de criança - 1° lugar.
extinto, bem-feitos e nítidos retratos, sendo mais uma vez J. Barbosa - Paisagens - 2º lug:..r.
admirado o seu talento. A. Aub - Cabeça - 2º lugar.
Newton Sá não perde um só instante do seu precioso J. Leite - Paisagem -3º lugar.
tcrnpo. Desenhos a crayon:
Estampados nos jornais locais têm saído clichês de P. Freitas - Paisagens- 1° lugar.
caricaturas. Alexandre Coelho - Cabeça - 2º lugar.
Arquimedes Abreu - Paisagem - 2º lugar.
· Texto mutilado. Há um clichê do escultor acima do 1ex10. (Folha do Povo. 3/4/1925, p.2).

~ 367 ~
LUIZ DE MELLO

NEWTON SÁ entemente, sem temer os travos, sem menosprezar a lei da


eterna e imutável vitória que o aguarda.
Quando de nossa viagem a Caxias, no ano transacto, Castro Rochaº.
além das muitas surpresas que, na beleza natural da terra (Di6rio de S. Lui:, 4/4/ 1925, p.4).
tivemos de encontrar, uma por todas, francamente, equi-
valeu mais pelo que então demonstrava, e logo nos trouxe ANIVERSÁRIO
ao espírito a suavidade de um bálsamo inesperado - a
promessa que é esse prodígio de precoce talento artístico: Sandra é o nome que tomou a filhinha do festejado
Newton Sá. Há dias cncontrávamo-nos entre os encantos artista maranhense Celso Antônio e de sua digna esposa.
do berço adorável de Gonçalves Dias; há dias tínhamos na nascida recentemente em Paris. (Pacotilha, 7/4/1925, p.4).
fidalguia de seus filhos a mais robustecedora certeza de
que ali, sem atavios das grandes cidades cosmopolitas, FALECJMENTO DE MANOEL VALENTE
também se pensa e medita e cultiva o espírito, segundo as
inclinações. Sucumbiu ontem, às 14 horas, o Sr. Manoel Jorge Va-
Se as letras inílucnciam sobremaneira os caxienses, e lente, antigo auxiliar da lim1a Emílio Lisboa & Cia.
de lá saem glórias que nos condicionam renome; se o jor- O seu enterramento realizou-se às 6.30 horas, com re-
nalismo tem nas hábeis mãos de Teixeira Júnior, Afonso gular acompanhamento. (Pacotillta, 91411925, p.4).
Cunha e outros os seus melhores cultivadores; a pintura
vinha, com Newton Sá, gnlgnndo a luz meridiana, apesar MANOEL JORGE VALENTE
da nenhuma aprendizagem deste futuroso artista que, ape-
nas impulsionndo pelo gênio, se revelara. assim, aos olhos Emília Valente, Fim1ino Valente, esposa e filhos, Izidro
curiosos e admiradores de quantos o conheciam. Ribeiro e esposa, Raimundo Barros e esposa, Manoel Va-
lente Filho, esposa e filho, Joaquim Valente, esposa e fi-
Foi justamente em horns de lazer que nos levaram à
lhos, Jerônimo Pires, espo a e filhos, Manoel Pereira Rego,
república do jovem conterrâneo, em um formoso dia, que
esposa e filhos (ausentes), irmãos e sobrinhos (ausentes)
para sempre nos ficará patente porque consti tuiu, para
vêm por este meio agradecer a todas as pessoas amigas
nós, dia de festa espiritual. A casa acaçapada, de entrada
que se prestaram durante a enfermidade e que acompa-
estreita e baixa faz-nos curvar para penetrá-la, e, no interi-
nharam até a última morada o seu inesquecível esposo,
or, após as apresentações aos demais republicanos, fo- pai, sogro, avô, tio, cunhado e compadre Manoel Jorge
mos levados pelo inteligente pintor a apreciar os seus car- Valente. Agradecem também ao Dr. Djalma Marques os
vões. As paredes da sala de jantar e adjacências estão seus serviços, como médico assistente do falecido, assim
decoradas com os vultos dos grandes representantes de como às pessoas que os têm sentimentado por meio de
nossa cultura, cm cujos traços imprcssio11:1ntes estáva- cartas, cartões e telegramas.
mos como a ver as próprias personalidades que represen- Para a missa de 7º dia. que deve ser rezada terça-feira,
tavam. Admiramos João Lisboa, Gonçalves Dias, Odorico às 7 horas, na igreja de Santo Antônio, convidam os pa-
e vultos eminentes das letras e da política, tão bem traça- rentes e pessoas de suas amizades e do falecido para as-
dos que exultamos ao ver sair do cérebro ainda infante de sistirem a esse ato de piedade cristã, por cujo obséquio se
Newton Sá aquelas verdadeiras concepções de arte, aque- confessam gratos. (Pacotilha, 11/4/1925, p.4).
las francas manifestações de mais uma futura glória para o
Maranhão. UM ARTISTA DE FUTURO
Cumprimentamos, embevecidos, o menino prodígio au-
gurando-lhe melhores dias e maiores progressos. Despe- Há dias encontra-se exposto à curiosidade pública,
dimo-nos, e não muito depois regressamos aqui. numa das montras da Livraria Soares, na Praça João Lis-
Viajamos novamente, e, então, para o Alto Mearim. Lá, boa, um pequeno busto de gesso.
soubemos do ruído que a bela esperança de Newton Sá Sem uma indicação elucidativa, o trabalho passa des-
fazia cm São Luís. Os dias melhores do jovem artista come- percebido entre os bibclôs da vitrine.
çavam a surgir. Apresentara-se à capital, lançara-se aos Um acaso feliz, no entanto, pôs-no em frente do autor
primeiros ensaios entre gente que de logo lhe compreen- dessa obra de arte, folha ainda de muitos dos requisitos
deu a fácil trajetória, e o sucesso não se fez esperar. São para ser uma vitória definitiva, mas um resultado incontes-
Luís já o trata carinhosamente, já o exorta à perfeição, já te da vocação pronunciada de um rapazola de 12 anos,
lhe abriu o caminho para a meta ansiada. O Estado vai destituído de estudos próprio e de recursos materiais.
conceder-lhe os meios com que dentro de poucos dias Esse ensaio promissor representa o busto de Gonçal-
ves Dias e foi trabalhado nas horas vagas, depois da
rumará ao Sul, onde estudará com método sua arte e terá a
labuta quotidiana no ateliê do bombeiro Costa Ferreira,
necessária provisão para vencer em sua carreira. Que na
na Rua Nina Rodrigues, onde o pequeno artista faz a sua
Metrópole saiba cuidar com a mesma fé do desiderato que
aprendizagem.
leva; que aproveite cm seu bem e no de nossa terra a fonte
Antônio Barbosa de Oliveira, pois assim se chama o
do saber e para onde se dirige, com o pendor justo do
jovem escultor, é natural de Barra do Corda, onde reside a
esperançoso artista que já tem, porque os taJentos de que
sua genitora. (Diário de S. luiz, 13/4/1925, p.4).
dispõe deixam-no a salvo aos escolhos, e há de voltar ao
berço amado aureolado, tanto para isso o anima a força de
vontade, alavanca sincera para os que trabalham consci- • Médico, poeta. croni\ta.

<?/é) 368 <V'N


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

PINTURA E ARTE APLICADA Acha-se desde já abena a inscrição.


EDITH BURNETI ln fonnações todo!> os dias, das 14 às 16 horas.
Rua da Mangueira nº 16.
Aceita-se encomendas em pintura, a óleo, aquarela, (Pacoti//i(l, 28/4/ 1925, p. l ).
silhueta, bico de pena, salpico. orientais, sépia , fotomini-
atura, i.angüínea, gallé, pirogravura, pastel, vitraux metáli- VAI SER ABERTO UM CURSO DE PINTURA
ca, japonesa, sombreado, rastilhada, vidros, fiado, orva-
lho, holandesa, Rembrandt, relevo lavável, areia a frio, imi- Avelino Pereira, o querido artista que tão depressa se
tação à porcelana, a cristal, modelação em massas, aplica- impôs ao conceito do nosso público, pelo ::.cu talento e
ção em veludo, pintura sobre veludo, seda, organdi, brin , suas qualidades de trabalho. procurou-nos hoje para no!>
linho, madeira, vidro comum, espelho, barro, pelicas, ve - dar a agradável notícia de que acaba de fundar um curso
tidos pintados podendo lavar-se e muitas outras qualida- de desenho, pintura e modelação.
des de trabalhos. Para aqueles que têm o de ejo de se aperfeiçoar na arte,
Rua Colares Moreira, 64. é essa uma bela idéia. dadas as vantagens que ofereceu um
(Pacotillla, 14/4/1925. p. l ). curso feito com Avelino, cuja passagem pela Escola de Be-
las-Artes de Lisboa deixou belos traços de aplicação, levan-
SALON DOS NOVOS do-o a conquistar, pela mesma escola, medalha de praia.
Quanto às condições do cur..o, chamamos a atenção
Convidam-se, encarecidamente, para uma reunião sá- dos no sos leitores para o anúncio que vai inserido em
bado, 18 do corrente, às 7 horas da noite na residência do outro local desta fo lha. (Pacotillta. 28/4/ 1925, p.4).
Sr. Telésforo de Moraes Rego, na Rua das Flores nº 26.
todos os rapazes do Salo11 dos Novos que tomaram parte LUTO
na primeira exposição de pintura. Tratar-se-á de importan-
te assunto concernente à próxima exposição. (Diário de S. Newton Sá, o pequeno artista do lápis e nosso inteligente
Lui:., 15/4/1925, p.4). conterrâneo, acaba de sofrer doloroso golpe, com o faleci-
mento de sua genitora, ocorrido ontem. na capital do Pará.
ESCULTOR ANTÔNIO COSTA A estimada senhora era casad:1 em segundas núpcias
com o Sr. Francisco Marques da Rocha, de cujo consórcio
Hoje publicamos o clichê do jovem artista Antônio Cos- deixa um filhinho.
ta, que apesar de não possuir estudos sobre a empolgante Do primeiro enlace teve a falecida três fi lhos menores.
e difícil arte da escultura, executa trabalhos que demons- sendo o mais velho Newton Sá.
tram a sua rara h ~tb ili dade de art ista nato. Ao inteligente artista e à sua família apresentamos os
Antônio Co ta não o conhecíamos enão como um nossos pêsames. (Pocotillia. 20/5/1925, p.4).
desses artistas incógnitos que trabalham no grande afã de
produzi r alguma coisa de útil que cause depois a admira- FOTO CARIOCA
ção geral pelo valor que resulta da obra.
ão há nestas linhas vestígios sequer de lisonja, por ter O Sr. Telésforo de Moraes Rego, que acaba de comprar
0 jovem artista procurado fa7.er o busto do nosso diretor, o Foto Carioca, o novel e já tão querido ateliê fotográfico
pessoa que escolheu por ser muito conhecida no nosso da Rua Osvaldo Cruz. convidou-nos para uma visita ao
meio social e por isso melhor ser avaliado o seu trabalho. seu estabelecimento, que acaba de passar por uma ligeira
A nós importa tornar conhecido esse artista como um refom1a.
meio de auxiliar-lhe o aperfeiçoamento dessa sua grande Trot1Àemos dessa visita a mais agradável impressão, o
vocação. que nos leva a garantir ao público que o Foto. mudando de
Que o esperançoso escultor alcance os meios de me- proprietário, em nada desmerece o conceit<' cm que já era
lhorar os seus estudos, são os nossos maiores e mais in- tido por todos.
ceros desejos. (Foi/ta do Povo, 27/4/1925, p. l ). Telésforo pede-nos levemo!. ao conhecimento de sua
freguesia que o Foto Carioca fará mimos, cm retratos colo-
CURSO DE DESENHO E PINTURA ridos, a mais da encomenda, às senhoritas que o distingui-
rem com a sua preferência. ( Pacotillta, 31611925, p. I ).
Avelino Pereira, diplomado pela Escola de Belas-Artes
de Lisboa, premiado com medalha de prata na referida es- HORRfVEL DESASTRE
cola e medalha de ouro na Exposição do Centenário do
pará. leciona desenho, pintura e modelação pelos mais Ontem à tarde, quando os opcr::.dores do Botelho Fi/111
modernos processos. filmavam uma das nossas melhores praças, foi al!opela-
Desenho a lápis, carvão, sangüínea, nanquim e saucc. do por um bonde um rapaz que foi atirado do outro lado
Pintura a óleo, pastel, aquarela e guache. Cenografia e do passeio, quase sem vida. Quando recuperou os senti-
pintura decorativa. Modelação cm barro. Pintura e de c- dos, viu-se rodeado de muitos amigos e curiosos que
nho de modelo vivo, natureza-mona e ar livre. procuravam reconhecê-lo. Perguntou o que tinha se pas-
ARTE APLICADA sado e por que o olhavam admirados e com os semblan-
PREÇOS MÓDICOS tes horrorizados.

<?./'@ 369 CV(\)


LUIZ DE MELLO

Responderam-lhe que o seu estado inspirava cuidado, Em seguida, guiados pelos competentes educadores
pois a sua fisionomia estava disforme. Mas aconselharam- Luiz Ory e Levy Damasceno Ferreira, tivemos oportunida-
no a sem perda de tempo ir ao Foto Carioca se fotografar, de de verificar a última aquisição feita pela escola, devido
pois Já se encontrava um bom retocador que com paciên- aos ingentes esforços do ilustre diretor e dos dois profes-
cia faria sua feição voltar ao que era. sores que nos acompanharam, acolhidos nas suas louvá-
TODOS AO FOTO CARIOCA veis pretensões pelo Exrnº Sr. Dr. presidente do Estado,
RUA OSVALDO CRUZ,49-A que mandou adquirir para a mais completa eficiência do
(Pacoti/lza, 17/611925, p.4). ensino das artes entre nós e sua maior difusão, ricas cole-
ções de modelos em gesso e cartões que pertenciam ao
UM ARTISTA professor Luiz Ory.
Verdadeiramente ficamos maravilhados com o que vi-
Acha-se em São Luís, há uns cinco anos mais ou me- mos pois, doravante, os alunos encontrarão todo o mate-
nos, um moço artista que é quase desconhecido do nosso rial destinado ao real preparo e eficiência do ensino. Den-
público. No entanto, várias obras suas estão aí expostas tro em breve, certamente, quantas inteligências fecundas
aos olhares de todos que as admiram sem se recordar de não encontrarão na Escola de Belas-Artes a seara encami-
indagar o nome do artista obscuro que as confeccionou. nhadora do seu aproveitamento bem orientado e seguro,
Queremos nos referir ao modelador Antônio Pereira da desbravando-lhes os entraves até então existentes da de-
Costa, a cuja maestria profissional muito devem as nossas
ficiência do material próprio para a perfeita aprendizagem?
edificações urbanas. Os ornatos e relevos das residências
Votos fazemos para que dentro em breve os salões da
dos Srs. Inácio Botão e AJfredo Lima, acatados comercian-
escola regurgitem de alunos, aproveitando a dedicação e
tes de nossa praça, são devidos às mãos hábeis de Antô-
o carinho desses esforçados preceptores que tanto alme-
nio Costa. Também a imagem de Nossa Senhora da Vitória,
jam fazê-la grandiosa e útil corno deve ser.
que coroa a fachada de nossa Catedral, é obra desse artis-
Na imparcialidade da nossa diretriz, damos parabéns
ta que a confeccionou com seu pai, também modelador, o
ao Sr. presidente do Estado por este gesto louvável em
conhecido empreiteiro J. Costa.
prol do ensino das artes, votos fazendo para que os seus
Ultimamente dedicou-se Antônio Costa à modelagem
últimos atos, próprios do fim do seu governo, sejam inspi-
de bustos de vultos maranhenses de destaque, e assim é
rados pela presteza e altruísmo do presente, não esses
que nos deu há tempo o do Dr. Tarquínio Lopes Filho e
agora o de Gomes de Souza, feito por encomenda do Sr. desmandos ao serviço dos interesses exclusivos de politi-
Wilson Soares. Neste último trabalho, que se encontra ex- cagem que encontram a franca repulsa da opinião pública.
posto em uma das montras da Livraria Soares, na Praça João Durante a visita estiveram presentes o representante
Lisboa, Antônio Costa esmerou-se mais do que em nenhum do Diário de S. Luiz e o nosso redator Dr. José Guimarães.
outro. Feito com o auxílio de uma pequena fotografia, con- (O Combate, 29nl 1925, p. l).
seguiu no entanto reproduzir com a máxima fidelidade os
traços fisionômicos do conhecido matemático. ANIVERS ÁRIOS
Antônio Costa merece ser melhor conhecido pelo nos-
so público. (0 Combate, 13n/J 925, p.6). Newton Sá, o pequeno maranhense artista do lápis, vê
decorrer hoje o seu aniversário natalício. Isto será motivo
LEITURA ILUSTRADA para que receba de seus amigos, que são todos que lhe
admiram o gênio precoce, os testemunhos da afeição que
Arthur Marinho preparou para o 4° número da Leitura lhe dedicam.
Ilus trada uma linda fantasia intitulada Mulher Moderna. Ao Newton Sá os calorosos parabéns d'O Combate.
AJém desse trabalho, o inspirado pintor patrício apresenta (O Combate, 3/8/ L925, p.4).
na revista de Martins Carlos os retratos do nosso confrade
Erasmo Castro e do jovem caricaturista Newton Sá. Este, APARELHOS FOTOGRÁFICOS
por sua vez, nos dá a apreciar o poder de seu lápis em duas
caricaturas originais: a do poeta Assis Garrido e a do ilustre Uma lanterna de ampliar, para qualquer tamanho; retra-
vice-presidente do Estado, Dr. João Vieira. Esta última, prin- tos, grupos, paisagens, etc., com objetiva nova.
cipalmente, muito diz do progresso que o menino artista - Uma objetiva para câmara 18x24-colinear, com obtu-
vem fazendo na difícil arte.(...) (O Combate, 27nll 925, p. I). rador normal.
- Uma máquina para tirar retratos-selos em uma chapa
ESCOLA DE BELAS-ARTES 13x18.
Vende-se barato na
Convidados por númia gentileza do maestro João José CASA PAULA BARROS
Lentinj, dedicadíssimo diretor desse importantíssimo es- RUA NINA RODRIGUES, 23.
tabelecimento de ensino, tivemos sábado o grato prazer (Folha do Povo, 11/8/J 925, p.3).
de assistir a uma aula de solfejo e música sob a sua compe-
tentíssima direção, deixando-nos grandemente impressio- REGRESSO
nados, não só pela harmonia do conjunto, como, e princi-
palmente, pelo real aproveitamento manifestado pelos alu- Regressou de Cajapió o nosso amigo Arthur Marinho,
nos revelando o inexcedível carinho com que estão sendo aplicado aluno da Escola de Belas-Artes do Rio de Janei-
guiados magistralmente na sublime arte dos sons. ro. (Pacotilha, 10/9/ 1925, p.4).

Q./Q) 370 Q./Q)


CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

VISITA Vidros finos cm todos os tamanhos, grande abatimen-


to nos preços - na CASA PAULA BARROS.
Recebemos ontem a visita do nosso jovem conterrâ- RUA NINA RODRJGUF.S, 23.
neo Arthur Marinho. aluno da Escola de Belas-Artes da (Pacotilha , 8/ 10/ 1925, p.3).
Capital da República.
O inteligente moço regressou do interior do Estado, aon- CORONEL JOÃO JOSÉ DE SOUZA
de fora cm viagem de recreio. (Pacotilha, 12/9/ 1925, p.4).
Faz anos hoje o coronel José João de Souza, ligura de
JOSÉ JANSEN alto-relevo no nosso meio social, membro da conceituada
firma Azevedo, Almeida & Cia. e prestigioso presidente da
Vê transcorrer hoje o seu aniversário natalício o esti- A sociação Comercial. cm cujo cargo tem sido reeleito em
mado moço José Janscn, caricaturista que tem conqui ta- 1O sucessivas legislaturas.
do os mais justo aplauso no meio artí tico de São Luís, Os amigos e admiradores de S.S., tendo à frente a dire-
onde conta amigos e admiradores de seu belo espírito. toria da Associação Comercial, promoveram, às 14 horas,
(Pacotilha, 17/9/1925. p.4). uma sessão solene, a lim de inaugurar no salão nobre do
edifício da sede da mesma corporação o retrato do ilustre
IMAGENS comerciante maranhcnsc, prova frisante da elevada estima
e invulgar apreço de que goza S.S. no no o meio comercial.
De Santa Teresinha do Menino Jesu e muitas outras. A essa justa homenagem compareceram todos os ami-
Grande sortimento recebeu a Casa Paula Barros. gos do coronel J. J. de Souza, associados da corporação
Rua Nina Rodrigues, 23. de que é pre idente, membros do comércio e demais clas-
(Pacotilha, 29/9/1925, p.4). ses ativas, autoridades, imprensa e várias associações.
Falou nessa ocasião o Sr. Bernardo Caldas. vice-presi-
CARICATURAS dente da Associação Comercial, que saudou o distinto
aniversariante em nome de c;eus amigos.
(... ) Enrique Figueroa, o originalíssimo artista mexica- A Pacorilha cumprimenta o ilu trccoronel J. J. de Sou-
no, e o nosso conterrâneo Newton Sá ilustram duas pági- za. (Pacotilha. 1O/ I0/ 1925. p.2).
nas da Leitura Ilustrada, com caricaturas de José Jansen,
caricaturista também, e do conhecidíssimo velho Lombas SUNTUOSA INAUGURAÇÃO DO NOVO
que o lápis irreverente retratou sobraçando um maço de TEMPLO, EM PRÉDIO PRÓPRIO, QUE FAZ A
contas a receber, e um feixe de encantador.is melindro as. LOJA RENASCENÇA MARANHENSE
( ...) (0 Combate, 311011925, p.4).
(...) Inauguração do retrato de um esforçado obreiro.
ARTHUR MARINHO VAI ABRIR UM ( ...) Também foi inaugurado o retrato do Sr. Francisco
CURSO DE PINTURA Ramos Basto , distinto obreiro, muito querido não só no
quadro da R.M. como por todos os irmãos que nele vêem
O nosso amigo e conterrâneo Arthur Marinho, figura um dos elementos mais esforçados da Ordem. (Folha do
de destaque em nosso meio artístico, ex-aluno dos gran- Pol'o, 14/ 10/1925. p.2).
des mestres da Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro,
onde faz o seu cur,,o de aperfeiçoamento, comunicou-nos A FESTA EM HOMENAGEM A GONÇALVES DIAS
que demorando-se nesta capital a lim de colher modelos
para os seus quadros a serem expostos no Salão Oficial de Já vão bem adiantados os preparativos da festa lítero-
1926. está mantendo um curso de desenho e pintura, obe- musical que o Casino Maranhense e a Leitura Ilustrada
decendo aos métodos daquela escola superior de artes. promoverão este ano no salão nobre daquela sociedade,
Outrossim, manterá um curso noturno de modelo vivo no dia 3 de novembro.
(estudo de nu) a artistas amadores que tenham conheci- O programa está sendo organizado caprichosamente,
mento de desenho ao natural, atendendo chamados a ca- . abcndo-se, no entanto, que o Dr. C'larindo Santiago. tam-
sas particulares. bém un:i dos promotores, lerá pores a ocasião uma belíssi-
Participou-nos também estar envidando todos os es- ma página de deslumbramento ante a majestade genial do
forços a fim de realizar em dezembro vindouro a exposição grande lúico americano.
de seus trabalhos, que, com certeza, granjearão a simpatia Outros nomes cm evidência do nosso meio artístico se
do público maranhen e. apre cntarão em número de canto, como o barítono Riba-
Quem desejar inscrever-se em qualquer dos cursos, mar Pereira; violino, pelos exímio vifllinistas José Silva e
queira dirigir-se à redação deste jornal ou à Rua Antônio Henrique Bluhm: recitativos pelo poetas Corrêa de Araú-
Rayol, 15 (sobrado). (Pacotilha, 311011925, p. I). jo, Antônio Vasconcelos. Oliveira Roma, Abelardo Matos,
Mata Roma, Martins Carlos, o ator José Guimarães, Dr.
VIDROS Waldemar Brito, Antônio Pires e muitos outros.
Consta-nos que algumas enhorita liguram também
Vidros grossos para vitrines. automóveis, etc. no programa.
VIDROS FOSCOS O pequeno artista Newton Sá concorrerá para este fc -
VIDROS GRAVADOS ti vai com um busto de Gonçalves Dias, fei to cm tabatinga

~ 37 1 ~
.~·
LUIZ DE MELLO RlY.

e trabalhado simplesmente com auxi1io de uma faca de cor- Fechando a primeira parte, o menino Genaro Henriques,
tar papel. É esse trabalho original o primeiro trabalho de que tão promissoramente apareceu há pouco no cenário
escultura que Newton Sá apresenta e que bem demonstra a da arte, executou um belo número de violino, sendo coro-
sua inclinação para a arte magnífica em que Celso Antônio ado por grande salva de palmas.
fez um nome brilhante de que o Maranhão hoje se orgulha. Depois de ligeiro intervalo, deu-se início à segunda
Os convites estão sendo distribuídos às famílias. parte do programa, recitando versos Martins Carlos, An-
A entrada será franca a todos que se apresentarem tônio Fontenele Viana e José Guimarães.
decentemente trajados. (Pacotilha, 31/10/1925, p. I ). Aclamado, falou o Dr. Carlos Reis, que cm palavras elo-
qüentes condenou o marasmo da sociedade, encarando as
O CANTOR DOS TIMBIRAS manifestações de espírito, a que jamais ligou importância.
Falou também Antônio Vasconcelos, que, programado
Promovida pela Leitura llustrada, realizou-se hoje uma
para dizer versos, produziu porém uma pequena oração,
romaria cívica à estátua de Gonçalves Dias, em comemora-
manifestando a sua admiração e o seu contentamento pela
ção ao aniversário de sua morte. Diversos oradores acham-
ressurreição que constatava com aquela casa cheia.
se inscritos para falar durante o percurso da romaria e na
Referiu-se aos trabalhos de Newton Sá e Arthur Mari-
praça do poeta.
nho, e congratulou-se com os presentes pela compreen-
À noite, no salão nobre do Casino Maranhense, será
são que, deu a entender, mostravam , ao contrário dos ou-
levada a efeito uma sessão solene de homenagem ao imor-
tal aedo. tros, ter do alto alcance das manifestações artísticas.
Nela tomarão parte os vultos mais em destaque em - Ficam em exposição na sala do Casino, por alguns
nosso meio literário e jornalístico. dias, o busto e o pastel de Gonçalves D ias, trabalhados
- Newton Sá, o pequeno artista que já estamos acostu- pelos jovens e talentosos moços conterrâneos Newton Sá
mados a admirar, exporá o seu primeiro trabalho de mode- e Arthur Marinho. (Pacotilha, 4/11/ 1925, p. l).
lagem; um busto de Gonçalves Dias, trabalhado sem ferra-
memas apropriadas, tendo como único material uma faca BALTAZAR CÂMARA
de cortar papel.
O pilllor ArtJrnr Marinho expõe também um excelente Deu-nos ontem o prazer de sua visita o notável pintor
retrato do poeta, a pastel. (O Combate, 3/1l/ 1925, p.4). Baltazar Câmara. que acaba de regressar do Rio de Janeiro,
onde fez, com muito sucesso, a exposição de seus qua-
DOS FESTEJOS EM HOMENAGEM dros de arte, merecendo por essa ocasião elogiosas refe-
A GONÇALVES DIAS rências de vários críticos de reconhecida autoridade, na-
quela capital.
( ... )Duas outras revelações apareceram ontem: o jo- O Sr. Baltazar, que se tem revelado, com efeito, um ta-
vem escultor Newton Sá, que apresentou um busto de lento artístico na arte do pince l, é brasileiro nortista, reside
Gonçalves Dias, e o pintor Arthur Marinho, que expôs um no Amazonas, para onde seguirá depois de uma curta es-
pastel do genial poeta. tada entre nós. (Pacotilha, 5/1 1/ 1925, p.4).
São dois trabalhos surpreendentes e que os maranhen-
ses poderão apreciar com cuidado e entus iasmo, pois fica- UMA EXPOSIÇÃO
rão expostos no salão principal do Casino. (Folha do Povo,
E O POVO, COMO A RECEBERÁ?
4/ 11/1925, p. l).
É no próximo domingo que, no salão nobre do Casino,
A MORTE DE GONÇALVES DIAS
se realiza a exposição do querido e apreciado pintor brasi-
AS FESTAS DE ONTEM E A SUA ALTA
leiro Baltazar da Câmara, que há dias se encontra entre nós
SIGNIFICAÇÃO
e tem sido recebido com as majs expressivas provas de
IRÁ RESSURGffi A VIDA ARTÍSTICA
carinhoso apreço.
NO MARANHÃO
Para recomendar a exposição de Baltazar da Câmara,
(... )À noite realizou-se, no salão nobre do Casino Ma- basta o seu talento consagrado pela crítica do Pais, nas
ranhense, a sessão solene em homenagem à data, promo- diversas cidades por onde tem passado.
vida pela Leitura !lustrada e pelo Casino Maranhense. Quadros todos trabalhados com fino engenho, deno-
A sala, cheia de uma assistência seleta, apresentava tando uma bela vocação artística, são os que o jovem e
lindo aspecto, notando-se, entre os presentes, vultos de despretensioso pintor oferecerá à vista do nosso público.
destaque na nossa sociedade. E estamos certos de que o público, que ainda há pouco,
À hora marcada teve início a sessão, presidida por Be- nos próprios salões do Casino, mostrou não estar de todo
nedito Vasconcelos e A lfredo de Assis, usando da palavra indiferente às coisas do espírito, acorrerá ã exposição de
o primeiro. Baltazar, que tudo merece. (Pacotilha, 6/1111925, p.l ).
Subiu então à tri buna Clarindo Santiago, que, empol-
gando a assistência com a sua figu ra simpática e serena, EXPOSIÇÃO DE QUADROS
leu a lgumas páginas encantadoras sobre o poeta homena-
geado, arrancando calorosas salvas de palmas. Realizar-se-á no próximo domingo, 8 do corrente, no
Falaram enião os Srs. Mata Roma, Oliveira Roma, WaJ- salão nobre do Casino Maranhense, a exposição de qua-
demar Brito, M acieira Neto, recitando poesias, e Abelardo dros a óleo do pintor pernambucano que ora nos visita, Sr.
Matos, que leu interessante trabalho de sua lavra. Baltazar da Câmara.

~ 372 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Ao talentoso artista que vem merecendo da cntica bra- Observei cuidadosamente suas telas e fiquei sugestio-
sileira as melhores referências pela originalidade dos seus nado pelo quadro intitulado Ma11/ui de Sol - cuja paisa-
trabalhos. a Folha de Pol'O deseja que a sua exposição gem genuinamente nortil>ta é um interior de floresta em
seja coroada de êxito. (Folha do Pol'O. 6/11/1925, p. I). Belém. e mostra no primeiro plano uma velha árvore que
estende as alongadas raízes pelo solo e recebe do interior
A EXPOSIÇÃO DO PINTOR os primeiros raios de luz. É o sol que intrépido penetra
BALTAZAR DA CÂMARA naquele lugar silencioso onde a atmosfera ainda lhe dá um
tom de frie1a.
Natural de Pernambuco, ex-discípulo dos irmãos Cham- Bananeiras - um quadro que faz sombrear lindas bana-
belland, da Academia Nacional de Belas-Artes, acha-se neiras cuja sombra dá um belo contraste com o intc1ior, onde
entre nós este nosso ilustre patrício, que ontem inaugurou se vê uma casa de campo totalmente banhada pelo sol.
no Casino Maranhense a exposição dos seus magníficol> Sol de 1•erão - um aspecto de paisagem arborizada,
trabalhos. (Folha do Pm'o, 9/11/1925, p.3). onde Baltazar interpretou o l>Ol com naturalidade, deixan-
do ver o belo contra te de lu1 nos verdes.
A EXPOSIÇÃO BALTAZAR DA CÂMARA Pondo de parte as paisagens, há um quadro de desta-
que na exposição de Baltazar, um trabalho que merece os
Foi ontem que se realizou, no salão nobre do Casino encômios dos entendidos na arte. Não cogito da seme-
Maranhcnse, a exposição de arte do distinto pintor patrí- lhança que po sa haver entre o Cristo de Balta1ar da Câ-
cio Baltazar da Câmara. mara e o Cri to verdadeiro. Quero apenas referir-me ao
Os belos quadros do conceituado artista têm merecido valor artístico daquele quadro, cuja originalidade me faz
as mais elogiosas referências de todos que os têm visita- lembrar o nome do grande Rembrandt.
do. (Pacotilha, 9/ 11 /1925, p. l). Vê-se o Cristo nas trevas, iluminado por uma frági l luz
artificial que atingindo, de longe, a figura, f:v sobressair as
partes de mais relevo, deixando na penumbra as de menos
A EXPOSIÇÃO BALTAZAR DA CÂMARA
aliência.
Cristus - uma das mais belas concepções do grande
Têm despertado bastante admiração entre os nossos
pintor, é incontestavelmente uma grande obra de arte, por-
apreciadores da arte do pincel, os belos quadros do talen-
tanto digna de ser adquirida pelo clero maranhcme.
toso pintor Baltazar da Câmara, exposto à venda desde
Saudade - é outro quadro que carece ser observado
alguns dias no salão de honra do Casino Maranhense.
cuidadosamente e com o máximo interesse.
Os quadros dessa exposição revelam, com efeito, mui-
Como outra concepção do grande artista, Saudade - é
to sentimento, e causam, desse modo, grande interesse a
um quadro tão sugestivo, pintado com tanto sentimento,
todos que os visitam, já havendo sido vendidos diversos.
que ninguém poderá contemplá-lo sem sentir saudade.
e ntre eles o primoroso trabalho Saudade, que foi adquiri-
Aquela jovem, exposta ao crepúsculo da tarde, às 6 horas.
do pelo Dr. Carlos Reis.
a hora da saudade... o sol beijando-lhe o rosto, de leve, e
O Sr. Ca tro Neves e sua esposa encomendaram o seu
fugindo da noite que se aproxima, oculta-se nas nuvens, já
retrato a crayon, especialidade cm que é também muito hábil agonizante.
aquele conceituado artista, o qual se acha aparelhado paro Ela, fitando o horizonte, vê desaparecer um navio.
atender a qualquer encomenda, neste gênero. de grupos ou Aquela jovem permanece ali, cismadora, imóvel, até ao
depessoa i oladas.(Pacotifha, 13/11/1925,p. l ). cair da tarde.
Saudade - uma das melhores criações de Baltazar da
A EXPOSIÇÃO BALTAZAR DA CÂMARA Câmara, cuja obra de arte, já adquirida pelo Dr. Carlos Reis,
bem merece uma pinacoteca.
Quem ainda não teve oportunidade de apreciar as tela Án·ore caída - que representa um trecho de floresta,
desse talentoso artista pernambucano, que alcançou os vendo- e uma grande árvore caída sobre um rio ereno, é
maiores êxitos em outros Estados por onde passou em também de muita originalidade. O rio, que esta num plano
excursão artística, não podcrú fazer idéia do incontestável inferior, faz salientar a terra que o cerca, onde a luz penetra
valor de seus trabalhos. com alguma dificuldade, dando ligcirol> rasgos nas parte!>
É no salão principal do Casino Maranhense que e infcriore . Esse quadro, que tem muitas l>emclhança com
acham expostas as mais originais paisagens brasileiras que a no sas ílorcstas, foi adquirido pelo coronel Antônio
constituem a maioria dos trabalhos de Baltazar, prendendo Brício de Araújo, digno prefeito da Capital.
a atenção do público logo à primeira vista. Últimos raios do sol - é um quadro cuja técnica me íaz
Baltazar da Câmara é impecável no de enho e pinta lembrar o grande J. Bati ta da Costa. O sol desaparece
com espontaneidade, interpretando, com largas pincela- deixando seus últimos raios beijarem as frondosas árvores
das. o silêncio dum interior de íloresta, o murmúrio dum que ornam aquele ambiente.
rio, a harmonia dos bosques, trechos de paisagens que se Matafec/10d(I - uma pai agem onde se destaca um con-
fazem descortinarem tons azuis-violetas, que lhes empresta junto de árvores esgalhadas, cujas rolhas parecem sacolejm·
a natureza, dando-lhes um aspecto todo romântico. Enfim, ao sopro do vento, e a luz que pcnetn1 naquele local reílcte
a exposição de Baltazar da Câmara encerra um verdadeiro sob as ramagens. deixando sobre o solo observar-se º"
cunho de arte. modelados das folhas no contra. te de luz e sombra, atingin-
Especialista cm retratos, o exímio artista vai pintar figu- do de leve as águas dum rio que está na penumbra, desta·
ras de destaque cm nossa alta sociedade. cando-se também um tanque muito original.

~ 373 ~
LUIZ DE MELLO

Outro quadro em que Baltazar da Câmara foi muito feliz Durante 1Odias estará o salão do Arthur Azevedo fran-
é Maré baixa - trecho duma praja no Recife, de onde o queado ao público.
artista observou a maré na vazante, apanhando do outro Agradecemos o convite que nos foi feito para admirar-
lado a vista da cidade. Maré baixa é um quadro de peque- mos os lindos trabalhos que serão expostos. (Folha do
nas proporções, porém de grande valor artístico. Povo, 18/l l/1925, p.2).
Lavadeiras - um quadro onde se destaca uma mulher
de cócoras, e ao fundo uma perspectiva adm irável, vendo- MODELAGEM
se a água, em perfei10 movimen10, agitada pela correnteza.
É também um quadro de pequenas proporções e de incon- Na vi trine da Fannácia Sanitária, na Praça João Lisboa,
testável valor. vimos expostas duas modelagens em tabatinga, devidas à
Sol no bosque - Caminho florestal - são dois qua- habilidade do nosso jovem conterrâneo, o caricaturista
dros adm iráveis que reproduzem a monotonia das flores- Newton Sá.
tas, que já descrevi. Excusado será dizer quanto valor en- É digno de registrar a facilidade com que o menino
cerram esses dois quadros que são vivas obras de arte. artista executa, sem o auxílio do mestre, serviço de arte
O Apache - é outra criação do exímio artista. Pintado a como esses. As modelagens ora expostas destinam-se à
aquarela com espontaneidade, O Apache parece ter vida, e Escola de Farmácia e Odontologia e representam uma arti-
sua expressão impele o visitante a observá-lo com atenção. culação têmporo-maxilar, os vasos e nervos do maxilar. A
Outros quadros de valor completam a exposição do perfeição do serviço tem arrancado as melhores referênci-
grande artista pernambucano, e não deixo de mencionar - as de quantos já o examinaram.
Estrada rústica (Paraíba), Ponte Maurício de Nassau (Re- Mandamos ao Newton Sá os nossos parabéns. (O Com-
cife) e três paisagens de Vitória (E. Santo). bate, 20/11/1925, p.4).
É notório o desca~o da maioria dos maranhenscs, pela arte.
Qualquer viajante que visite a exposição de Baltazar da A EXPOSIÇÃO NO ARTHUR AZEVEDO
Câmara, vendo a falta de interesse que o nosso povo tem
Acham-se em exposição no salão do Arthur Azevedo
pelas festas, decerto levará má impressão, pois o progres-
diversas pinturas do nosso amigo José Mercedes Gomes
so das artes há em todas as cidades civilizadas.
e de outros amigos que com ele concorreram àquele certa-
Tenho visitado várias vezes a exposição de Baltazar, e
me, propagando assim os seus trabalhos, dignos de serem
pude notar que poucas pessoas têm freqüentado aquele
apreciados.
salão que é um verdadeiro ambiente de arte.
É de esperar, pois, que ao Arthur Azevedo compareçam
Ide, pois, ver os trabalhos do artista patrfcio que o
não só os amantes das Belas-Artes, principalmente os que
Maranhão hospedará por mais alguns dias.
se acham em condições de adquirir alguns dos trabalhos
Em São Luís jamais houve uma exposição de valor como ali expostos, pois não foi senão com sacrifícios que aquela
a de Baltazar da Câmara, que nas grandes cidades tem
plêiade de moços organizou a exposição de trabalhos de
merecido justas apreciações de notáveis críticos de arte e
que vimos de nos referir. (O Combate, 21111/1925, p. l).
de grandes artistas e escritores.
Possuo a alma do artista visitante, sempre que tenho UM TRABALHO ARTÍSTICO
oportunidade de admirar grandes obras de arte. PELO PINTOR BALTAZAR DA CÂMARA
Pelo êxito já alcançado no valor dos seus trabalhos, fe-
licito o exírnio artista, almejando-lhe muita glória no porvir. O distinto pintor patrfcio Baltazar da Câmara, que há
DEMAR algum tempo se encontra entre nós, hospedado no Hotel
(Pacotilha, 17/l J/1925, p. I ). Maranhão onde instalou o seu ateliê, acaba de pintar, a
óleo, o retrato da esposa do Sr. Castro Neves, gerente do
TELÉSFORO Banco do Brasil nesta cidade.
Esse primoroso trabalho esteve em exposição na vitri-
O lar do Sr. Telésforo de Moraes Rego e de sua esposa ne da Casa Krause, na Praça João Lisboa, e revela perfeita-
Carmem Parga de Moraes Rego acha-se aumentado pelo mente o valor artístico de Baltazar, que ainda nos dará
nascimento de um menino, que recebeu o nome de Murilo. outras obras no gênero.
(Pacotilha, 18/J 1/1925,p.4). (Pacotilha, 23/11/1925, p. I ).

N O TEATRO ARTHUR AZEVEDO UMA EXPOSIÇÃO

Hoje, às 14 horas, no Teatro Arthur Azevedo, terá lugar No hall do Teatro Artbur Azevedo acha-se há dias
uma exposição de pinruras. inaugurado um pequeno salão de pinturas de alguns jo-
É de esperar o comparecimento dos que admfram as vens amadores, nossos conterrâneos. É a segunda a que
Belas-Artes, máxime quando se trata de elementos inteira- assistimos, tendo sido a primeira levada a efeito no Cine-
mente nossos. ma Olímpia.
São expositores as senhoritas Luzelinda Teive e Miss Todos os expositores são moços estudiosos que sem
Laurie, e os senhores Rubens Damasceno Ferreira, Telés- a ajuda de mestres procuram dia a dia aperfeiçoar-se na
foro Moraes Rego, Evandro Rocha, Newton Pavão, Newton arte que há feito a celebridade de tantos nomes. Há no
Sá, José Domingues, José Mercedes Gomes e Newton Aqui- pequeno salão do Arthur Azevedo trabalhos reveladores
no, cujos trabalhos muito hão de agradar. de fundadas esperanças nos seus autores se, amanhã, ti-

<?/ê) 374 <2/N


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

verem o que lhes tem faltado: a convivência cm centros colegas. Outrac; paisagens, também de boa interpretação,
mais cultos e as lições dos mestres. representam trechos da Ponta de São Francisco.
Entre as impressões consignadas nos Livros dos visi- Completam a sua galeria - À A1•e-Maria - que é de
tantes, destaca-se a do festejado artista que ora nos vi ita, sua imaginação, algumas aquarelas e um quadro de natu-
Sr. Baltazar da Câmara. e na qual se encontram elogiosas reza-mona.
referências ao jovem amador Telésforo de Moraes Rego. Rubens, que é professor normalista, dispõe de pouco
um dos expositores. tempo para cultivar os seu<; estudos de pintura. O jovem
Felicitamos os nossos esforçados conterrâneos que pintor tem progredido sensivelmente.
assim procuram criar para a Atenas um futuro digno do seu Seu espírito de intelectual e artista vem tomando tão
passado. (0 Combate. 26/11/1925, p.4). grandes proporções que. cm breve, não lhe permitirá
viver num meio como o nosso, onde há apenas um pu-
SALÃO DOS NOVOS nhado de intelectuais que batalham pela cultura das ar-
TEM TIDO GRANDE ACEITAÇÃO PÜBLICA tes. A memória dos maranhcnses menospreza o que cons-
titui o progresso.
A exposição de pintura que realizaram vários amadores Rubens Damasceno é um desses rapazes de 1:>0ne fidal -
no Artlwr Azevedo, vem merecendo do nosso público a go, consciencioso de suas ações e afável parti com todos.
mais acolhedora simpatia. Telé foro Rego- tendo apresentado três quadros. bas-
Trabalhos há realmente interessantes. que comprovam ta ao olhos de quem tem alma de anista, observar o seu
a inclinação artística de seus autores. quadro Repouso - cujo colorido harmonioso foz salientar
Luzilinda Tcive, com valioso contingente de 11 qua- as suas qualidades de pintor.
dros, revela-se uma amadora de merecimento. José A. Neves - que só agora mostrou as suas tendên-
(Pacoti/110, 28111/1925, p. I). cias anfsticas, expôs diversos trabalhos a aquarela. sem
ter nenhuma noção de desenho nem de colorido. e ajuda-
SALÃO DOS NOVOS do pelo seu grande esforço conseguiu dar impressões
colhidas pela sua imaginação, destacando-se também uma
Não era meu intuito fazer apreciação sobre a exposição vista da Ponta d'Areia pintada ao natural.
recentemente inaugurada no Teatro Arthur Azevedo. En- João Figueiredo - que também se deixa figurar entre
tretanto, notando os esforços de meus conterrâneo culti- esses jovens amadores, é um modesto rapaz que ainda
vadores das Belas-Artes, buscando sempre novas tentati- receia manifestar o seu talento artístico. Como principian-
vas pelo desenvolvimento da pintura aqui, sinto manifes- te. expôs uma cópia e um quadro a pa tel, intitulado Fan-
tar-me o desejo de expor ao público as tendências desses tasia. que não desvaneceu a observação do público.
moços sonhadores que vivem por um ideal. Missc Lauric, J. Penha, Fim10 Luz, Fontcnclc e J. Mer-
Nessa plêiade de a11istas amadores, destaca-se uma cedes completam o número de expositores.
jovem também sonhadora, de um futuro promissor, cujos Mis e Lauric, que nunca teve escola. expôs alguns
trabalhos revelam um talento artístico. quadros que revelam a sua vocação pela pintura.
Quero me referir a Lulilinda Teivc, que tendo compre- Firmo Luz - um curioso que nunca pintou e nem se-
endido as primeiras noções de desenho. já pinta com sen- quer aprendeu o desenho, quis também dar uma prova de
timento, chegando mesmo a idealizar quadro que fazem sua inclinação pelas anes, expondo um quadro que, entre
lembrar uma paisagem original. os outros, não é o pior.
Quem conhece o quadro Engenho de mandioca. do J. Penha - pondo-se de parte as incorreções de dese-
grande pintor espanhol Modesto Brocos, dcceno terá a nho, seus trab:ilhos têm qualidades.
impressão de ver o original observando a cópia de Luzi lin- E.ss:i exposição foi organizada por iniciativa dos esforça-
da. Essa novel artista cuja inteligência privilegiada lhe per- dos amadores Rubens D:imasccno Ferreiro e Tclésforo Rego.
mite interpretar nas telas o quanto abrange sua alma ro- Aos jovens empreendedores dessa manifestação de
mântica, bem sabe honrar o belo sexo, deixando enaltecer- espíritos que fom1am figuras promissoras de verdadeiros
lhe o nome de pintora pelo muito que já faz, com apurado talentos artísticos, o meu voto de solidariedade.
gosto e sentimento artístico. RIBAMAR
Luzi linda expôs um quadro intitulado Tronco de án•o- (Foi/ia do Povo, 28/11/1925, p.2).
re - que encerra muita harmonia nas tonalidades das co-
res. Ela, despreocupada das vaidades da vida, reproduziu O CENTENÁRIO DE D. PEDRO II
ali a simplicidadc...sem romantismo.
Outros quadros de Luzi linda dão realce àquele conjun- Damos abaixo o programa das festas que, em comemo-
to de LrabaJhos que traduzem o talento de cada autor. ração à passagem do Primeiro Centenário de D. Pedro li .
Galeria Rubens - constitui uma porção de quadros sedo realizadas amanhã nesta cidade.
que, pintados ao natural, revelam a originalidade dos tre- Às 5.30 e às 6.30 da manhã. salvas de foguetes nas
chos de paisagens de Maracanã, Caminho do Aprendi- praças Deodoro e João Lisboa.
zado. Baca11g11i11ha, etc. Às 7.30 horas, missa campal na Avenida Maranhensc,
Os trabalhos de Rubens Damasceno são impres io- celebrada por S. Exa. o arcebispo metropolitano, com as-
nantes e muito bem cuidados. O quadro Sol e Sombra sistência do clero, das autoridades civis e mi 1itarcs, colégi-
recomenda o autor, que já é adestrado no pincel, devido ao os e o povo cm geral. No correr do ato se farão ouvir em
grande esforço que vem envidando para triunfar entre seus 0111·er111res escolhidas e hinos adequados, as bandas de
LUIZ DE MELLO

música do 24º Batalhão de Caçadores e do Corpo Pol icial cedido pela Câmara Municipal, em sessão de ontem, o edi-
do Estado. fício da Municipalidade, para se realizar a solenidade que
O Dr. Ribamar Pereira cantará o salutaris, acompanha- principiará às 1Ohoras.
do de harmonium pelo Dr. Antônio Cordeiro. Servirá de À porta da Câmara tocarão as bandas de música.
mestre de cerimônias no ato religioso o revdo. cônego O ingresso será permitido às famílias e cavalheiros,
Chaves. Finda a missa o revdo. padreArias fará um discur- estudantes, auxiliares do comércio e o povo.
so alusivo à data e à figura do velho monarca. O corpo comercial e cônsules foram convidados por
- Em seguida terá lugar a inauguração da placa de már- intermédio da prestigiosa Associação Comercial.
more na Av. Pedro 11, falando nessa ocasião o Dr. Adail Eis aí o que será a primeira sessão do Instituto de His-
Couto cuja peça oratória publicaremos em nossa edição tória, para a qual se pede, em especial, o brilhante concur-
especial de amanhã. so da família maranhense com o seu comparecimento.
- Terminando a inauguração da avenida, seguir-se-á a - Da secretaria do Instituto pedem-nos a publicação
instalação, no salão de honra da Câmara Municipal, do do seguinte:
Instituto de História e Geografia, fazendo o discurso de A secretaria do Instituto de História e Geografia do
inauguração o Dr. Antônio Lopes da Cunha, secretário- Maranhão avisa aos Srs. sócios que a sessão solene co-
geral do lnstituto. meçará às 10 horas, após a inauguração da placa na Av.
- Às 10.30 horas haverá matinal infantil no Cinema Pedro ll e, de ordem do presidente, pede-se o compareci-
Olímpia, para a qual houve grande distribuição de ingres- mento de todos.
sos. Falará aí sobre o vulto do ex-Imperador a inteligente - Somos gratos ao convite que nos fez o Instituto.
educadora Rosa Castro, diretora da Escola Normal Primária. - Serão expostos os retratos de D. Pedro II e D. João
- Às 16 horas o cortejo cívico desfilará na Praça João VI, devidos ao pincel do distinto pintor Paula Barros. (...)
Lisboa, rumo ao Parque Urbano Santos, precedido das (Folha do Povo, 1°/12/1925, p.2).
bandas d~ música. Antes da partida do cortejo falará o Dr.
Ribamar Pereira c, na Pedra da Memória, o professor Cecí- INAUGURAÇÃO DA AV. PEDRO II
lio Lopes.
- Às 20 horas em ponto terá lugar, no Teatro Arthur (...)Em segu ida fez-se a inauguração da placa de már-
Azevedo, a sessão cívica, falan do os Drs. Raul Pereira e more com o nome de D. Pedro II, dado à Avenida Mara-
Alfredo de Assis, além de outras pessoas que queiram nhense.
usar da palavra. Uma distinta senhorita do nosso escol Por essa ocasião, vi ndo a uma das janelas do Hotel
social recitará sonetos de D. Pedro n. Central, o Sr. Adail Couto fez-se ouvir em trabalhado dis-
O capitão do porto ficou de pedir o embandeiramento curso que ontem publicamos.
das embarcações surras no porto. bem como o comandan- Ao ser descerrada a placa que era velada pelo pavi lhão
te do Amazonas, que prometeu à Comissão dos Festejos nacional, o povo, nu!Jla multidão compacta, prorrompeu
comparecer a todos os aros. numa prolongada salva de palmas, enquanto as bandas de
Embelezarão os festejos acima as homenagens presta- música efetuavam marchas apropriadas. (Folha de Povo,
das pela Estrada de Ferro São Luís-Teresina, constantes 311211925, p.3).
do seu anúncio que os jornais há dias vêm publicando.
- O Sr. Alfredo Teixeira teve a nímia gentileza de, cm CENTENÁRIO DE D. PEDRO II
vez de dois clichês que de boa vontade oferecera, mandar AINDA AS FESTAS DO DIA 2
confeccionar mais um, gesto que a Comissão cativa por O PRÉSTITO CÍVICO
tanta obsequiosidade muito lhe agradeceu.
- O trabalho do Sr. Gondim atesta o bom gosto que Às 16 horas, com imenso acompanhamento, partiu da
preside às obras da sua casa de marmoraria. Praça João Lisboa, donde falou o Dr. Ribamar Pereira, o prés-
- O apreciado pintor Paula Barros executou um belo tito cívico com destino ao Parque Urbano Santos, onde se
trabalho a pastel, Cabeça de D. Pedro li, em que revela o acha o obelisco comemorativo à coroação do homenageado.
seu talento de artista. (Folha do Povo, lºll 2/1925, p.2). No trajeto, da sacada do prédio do professor Ribeiro
do Amaral, falou , aclamado, o professor Arimatéia Cisne,
O INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA que pronunciou uma magnífica oração enaltecendo o vul-
DO MARANHÃO to do velho Imperador.
A SESSÃO DE AMANHÃ Quando o cortejo ali chegou, compacta multidão o
aguardava, notando-se elementos de todas as camadas
Realizará amanhã a sua primeira sessão cívica o Insti- sociais. Assomou à tribuna o professor Cecílio Lopes que,
tuto de História e Geografia, criado sob um dos melhores num período de 45 minutos, empolgou os assistentes. Ter-
auspícios para estudo dos problemas da nossa população minada a oração dispersou-se o povo, notando-se no sem-
e da nossa terra e guarda das nossas tradições. A soleni- blante de todos a alegria estampada.
dade visa à insta lação do Instituto e à comemoração do A SESSÃO CMCA
Centenário de D. Pedro lJ. Às 20.30 estava o Teatro Arthur Azevedo quase que
Comparecerão o presidente do Estado, arcebispo me- repleto, vendo-se os camarotes ocupados por distintas
tropolitano, prefeito municipal, capitão do porto, comen- famílias. Ao palco, onde se achava circundado por lâmpa-
dadores e oficiais do destróier Amazônia e outras autori- das elétricas o retrato, em tamanho natural, de D. Pedro II,
dades ontem convidadas por uma comissão. A esta foi compareceram os membros da Comissão Central, abrindo

~ 376 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

a sessão com palavras eloqüentes o desembargador Hen- alegoria do pintor mexicano Enriquc Figucroa, que aqui
rique Couto, presidente da Comissão de Festejos. apre- esteve muito tempo.
sentando o Dr. Alfredo de Assis Castro, orador olicial. O A capa é constituída por artístico retrato da lavra de
ilustre bclctrista foi geralmente aplaudido. Falaram ainda Avelino Pereira.
os Srs. João Procório, Waldcmar Noleto e Adail Couto. Entre as ilustrações figuram ainda grupos à beira-mar,
Recitaram sonetos de D. Pedro de A lcânt:ira as profes- fotografias de uma festa no Modelo, etc. (Foi//(/ do Povo,
soras Maria de Jesus Viana Carvalho e Haidée Matos, da 30/1211925, p. I).
Escola 1 onnal Primária.
E assim terminaram os festejos com que o Maranhão A LEITURA ILUSTRADA APARECERÁ AMANHÃ
comemorou a passagem do Primeiro Centenário de D. Pe-
dro li, o Magnânimo. (Folha do Povo, 4112/1925, p.3). Aparecerá amanhã, às primeiras horas da tarde, a Lei-
tura Ilustrada. que tão ansiosamente está sendo espera-
MODELAGEM da entre o nosso público.
Convidados pelo atuaJ diretor, no so querido ecrctá-
Newton Sá, o jovem caricaLUrista mar:rnhensc cujos rio Antônio Vasconcelos, visitamos sábado as oficinas dos
trabalhos são já conhecidos do nosso público, ofertou à Srs. Ramos de Almeida onde se edita a Leitura. Dessa
Associação do Empregados no Comércio o seu primeiro visita trouxemos a impressão mais agradável possível.
trabalho de modelagem. Trata-se do busto de Gonçalves De fato, carinhosamente trabalhada, a bela revista ma-
Dias, feito cm tabatinga e que esteve exposto no salão do ranhense ::iparcccrá, desta vc1., como nenhum outro núme-
Casino quando da última comemoração do dia consagra- ro. Fonnosas páginas a cores, linda, leve e variada colabo-
do ao grande Poeta. ração, assinada por nomes queridos na literatura local.
É um trabalho revelador do talento do nosso jovem Entre as gravuras salientam-se os retratos de D. Pedro
conterrâneo e que vem tomar mais patente o dever dos li , a épia. uma deliciosa alegoria de E. Figueroa, o fino
poderes públicos de encaminhar a educação artística de artista que conviveu conosco muito tempo, doi~ aspectos
Newton Sá. (O Combate, 511211925, p. I). apanhados nas nossas praias e outras interessantes no-
tas da vida da cidade.
Na capa, estampa-se o retrato de madame Godofredo
ATENAS RESSURGE
Viana, cujo aniversário decorreu cm dias desses. e a quem
a Leitura presta, assim, uma carinhosa homenagem. É uma
Visitou-nos hoje o jovem Antônio Barbosa de Oliveira,
sangüínea de Avelino Pereira, trabalho anísticode valor, já
natural de Barra do Corda, de 14 anos de idade, pobrezi-
exposto, aliás, no salão do Eden.
nho, filho do Sr. Antônio Oliveira, já falecido. e de O. Isabel
Recomendamos, por tudo isso, sem favor, a Leitura ao
Barbosa de Oliveira, em companhia de quem mora, no ca-
público manmhense que deve coroar, da maneira que me-
minho do sítio Roma Velha, o qual nos mostrou dois trnba-
rece, o esforço com que Antônio Vasconcelos procura ser-
lhos: um busto de D. Pedro li e a miniatura da estátua de
vir o Maranhão, dotando-o de uma revista digna de om-
Gonçalves Dias, feitos com aparelhos toscos, a machado e
brear com as outras publicações no gênero cm todo o Norte
facão, nos quais tivemos o prazer de admirar o talento do País. (Pacotillw, 4/1/1926, p. I).
artístico deste nosso jovem compatrício. Ontem foi Newton
Sá que para aqui veio guiado por mão caridosa: hoje é VIDA SOCIAL
Antônio de Oliveira, pobrezinho também, inclinado para PAULA BARROS
subir às regiões sublimes da arte, que está a merecer as
vistas do Governo e de todos os maranhenses em cujo Expirou ontem nesta capital. após alguns dias de sofri-
peito ainda brilha uma centelha de são patriotismo, de to- mento, o pintor José de Paula Barros, muito relacionado na
dos aqueles que desejarem a restauração de Atenas. nossa sociedade, onde repercutiu dolorosamente o seu
Antônio de Oliveira é aluno do curso preparatório da desaparecimento.
humanitária Sociedade Centro Caixeiral. O conceituado pintor era casado e deixa filhos menores.
A este nosso jovem companheiro a Folha do Povo O seu funeral realizou-se ontem à tarde. com regular
deseja venturas e felicidades nos soberbos domínios da acompanhamento. (Pacotillw. l "/3/1926, p.4).
arte que abraçou. (Folha do Po1•0, 7112/1925. p.2).
ESCOLA DE BELAS-ARTES
DE NATAL A REIS
A nossa Escola de Belas-Artes remodelou o seu regi-
O Sr. Paula Barros, como nos anos anteriores, exporá à mento, mudará a sua sede para o Instituto Hi5tórico, está
visita pública um lindo presépio na sua residência, na Rua de posse duma valiosa coleção de modelos cm gesso para
dos Afogados nº 2. (Folha do Povo. 24/12/1925. p. I). o ensino de desenho, pintura e escultura, a qual custou
mais de oito contos de réis, e dispõe ainda de mobiliário e
LEITURA ILUSTRADA piano próprios.
As suas matrículas aumentam, atestando a confiança
Este apreciado magazine sairá no próximo dia 5, véspe- que nela dcpo ita o público. Todos os seus dirigentes e
ra de Reis. professores estão animados de entusiasmo e fé na tarefa
Além de farta e variada colaboração, traz mais páginas importantíssima a que meteram os ombros: fornecer edu-
a cores, salientando-se: - Retrato de D. Pedro li; Natal, cação artística aos jovens maranhenses.

<Vê') 377 ~
LUIZ DE MELLO

Foi escolhido para presidente dessa instituição de ar- (DAS HOMENAGENS A JOÃO LISBOA)
tes o conceituado advogado e professor Antônio Lopes, A SESSÃO DE HOJE NO CASINO
que há muitos anos vem ocupando com zelo e competên-
c ia o cargo de inspetor escolar. O Dr. Antônio Lopes, um ( ...)Uma das notas mais interessantes da festa, porém,
abalizado crítico de arte e homem de belas qual idades, é será devido ao talento de Arthur Marinho. Esse jovem
merecedor do nosso apoio, na escolha que dele fi zeram conterrâneo, cujos trabalhos de pintura e desenho já o
para dirigir a nossa Escola de Belas-Artes. público sobejamente conhece e admira, fará no momento,
Com o trabalho do Dr. Antônio Lopes, a escola tende a portrai1-charges, gênero em que se tem mostrado especi-
levantar-se com novos elementos e a boa vontade de cada aljsta. ( ... )(Pacotilha, 22/3/1926, p. I).
um dos seus professores.
A escola manterá um curso de desenho, obedecendo AINDA AS FESTAS DE JOÃO LISBOA
aos métodos da Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro, e
sob a orientação de Artur Marinho, que ocupa uma das Por descuido imperdoável, esquecemo-nos ontem de
cadeiras dessa matéria. mencionar, no programa das festas, o nome querido de
Para maior esumu lo do nosso meio artístico, foi contra- Arthur Marinho, que embora por motivo de doença não
tada a professora Esther Santos, diplomada pelo Conser- pudesse comparecer pessoalmente à sessão do Casino, a
vatório do Rio de Janeiro, onde fo i laureada com o prêmio ela, contudo, concorreu brilhantemente, apresentando
de uma viagem à Europa. belíssimo trabalho, afusain, com a efígie de João Lisboa.
Esther Santos é uma artista de valor, que muito honra a Tendo sido convidada para tomar parte no festi vai de
nossa escola, pelos êxitos já alcançados nos grandes cen- anteontem e a ele não podendo comparecer, em virtude de
tros do País. se achar doente o seu esposo, madamc Flávia Conti teve a
São estes os outros membros da escola: presidente, gentileza de enviar à comissão das referidas homenagens
delicado cartão de escusas, no qual ao mesmo tempo cum-
Dr. Antônio Lopes da Cunha; secretário, Domingos de Cas-
primenta o público maranhense.(Pacoti/ha, 24/3/1926, p. l).
tro Perdigão; professores: teoria musical, maestro J.J. Len-
tini e Dr. Antônio Cordeiro; solfejo e canto coral, maestro
PAULA BARROS
J.J. Lentini e professora Mirene Oliveira; piano, professo-
ra Esther Santos; instrumentista de corda, maestro Inácio
A fa11111ia Paula Barros mandou celebrar hoje, na igreja
Cunha; instrumento de sopro, maestro Marcelino Maya;
da Conceição, uma missa em intenção da alma do seu che-
desenho e pintura, professor Levy Damasceno e Arthur
fe José de Paula Barros, 30º dia do seu falecimento. (Folha
Marinho; modelagem, professor Luiz Ory.
do Povo, 26/3/1926, p.2).
O Dr. Antônio Lopes considerando que o nome da Es-
cola de Belas-Artes é muito elevado para essa instituição
UM TRABALHO ARTÍSTICO
de artes, que não tem todos os requisitos duma escola
superior, corno é a Escola Superior de Belas-Artes do Rio
Ontem nos foi dado o ensejo de ver um belo trabalho
de Janeiro, mantida pelo Governo do País, cogita em mu-
no ateliê de Madame Cimafontes, trabalho feito pela dis-
dar o nome de Escola de Belas-Artes para o de Escola tinta senhorita Beatriz Pinto.
Pedro Américo, cujo nome, imortalizado nas telas existen- Em diversos quadriláteros de seda, a jovem artista ma-
tes na Pinacoteca da Escola Nacional de Belas-Artes, é a ranhense estampou em aquarela e óleo o que de mais su-
maior glória da pintura no Brasil. gestivo e impressionante podia reproduzir um pincel, so-
O Dr. Antônio Lopes é, repetimos, moço de idéias lar- bre flores e aves da nossa flora.
gas, sempre que se trata do progresso da nossa Atenas É um trabalho delicado. Ele divulga a alma da artista e
Bras ileira. E por isso, estamos certos, a sua orientação seu apurado gosto na confecção dos ramalhetes de cri-
nessa instituição de arte, muito influirá no espírito dos sântemos, miosótis, amores-perfeitos com colibris e bor-
jovens artistas que necessitam de luzes para o desenvol- boletas revoluteando.
vimento de suas tendências. Um primor. A perfeição é tamanha e tão linda a combi-
Damos os nossos parabéns à Escola de Belas-Artes, nação das tintas, que ficamos assaz impressionados.
aos seus dirigentes e aos maranhenscs estudiosos, por No desabrochar das flores depara-se, nas pétalas róse-
esse grande passo em prol do ressurg imento dessa insti- as, cores da manhã, com nuances purpureadas do acaso.
tuição que entre nós apareceu sob tão belos aspectos. A essa menina o Governo devia proteger, mandando-a
(Pacotilha, 8/3/ 1926, p. l). estudar em centro mais adiantado, centro de amor à arte.
Quem sabe se não surgiria um nome para ombrear-se com
RETRATO os vultos célebres da nossa História? (Folha do Povo, 61
4/1926,p.J).
Exposto cm uma das vitrines da Livraria Soares, na
Praça João Lisboa, encontra-se um retrato a crayon do Dr. ESCOLA DE BELAS-ARTES
Mathias Olímpio, presidente do Estado do Piauí, - belo
trabalho executado pela Sra. Amina de Paula Barros, viúva Da secretaria da Escola de Belas-Artes comunicarn-
do pranteado pintor Paula Ban·os. nos que aquele estabelecimento mudou a sua sede para o
À novel artista os nossos cumprimentos pelo ta lento edifício em que funciona o Instituto de História e Geogra-
que revelou na concepção do trabalho a que vimos aludir. fia do Maranhão, na Rua Magalhães de Almeida n.º 8, já
(Folha do Povo, 20/3/ 1926, p.2). tendo sido reabertas as suas aulas.

CVQ) 378 CVQ)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

A sua diretoria ficou assim composta: presidente: Dr. REGISTRO FÚNEBRE


Antônio Lopes da Cunha; vice, Domingos de Castro Per-
digão; secretário, Inácio Cunha; tesoureiro, João Jo é Len- No Hospital Português. onde se achava em Lratarnen-
Lini; arquivista, Levy Damasceno Ferreira. (Folha do Pol'O, to, faleceu ontem o jovem Hilton Marinho Aranha. filho do
614/1926, p.2). Sr. Euclides Marinho Aranha, que fora há tempos inspetor
da Alfândega do noi;so Estado.
MISSA O inditoso moço chegam de Belém há poucos dias, em
busca de melhoras à sua saúde.
Amanhã, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, pelas O funeral realizou-se ontem mesmo, com regular acom-
6,30 horas, será sufragada a alma de Manoel Jorge Valente, panhamento.
falecido a 8 de abril do ano passado. Pêsames à família enlutada. (Folha do Povo, 4161
A sua família, por nosso intermédio convida os seus 1926, p.2).
amigos e parentes para assistirem a esse piedoso ato. (Fo-
lha do Povo, 7/4/ 1926, p.3). PINTORA BEATRIZ PINTO

AO COMÉRCIO E AO PÚBLICO Continuam expostos no ateliê de Mme. Cimafuentes


os belos trabalhos da inteligente pintora e nossa conterrâ-
Amina de Paula Barros comunica aos seus fregueses e nea Beatriz Pinto. (Folha do Pol'O, 10/6/ 1926, p.2).
amigos que, tendo ficado com o ativo e passivo da ex1jnta
firma Paula Barro , continua com o mesmo ramo de negó- UMA PINTORA MARANHENSE
cios, estabelecida na Rua Nina Rodrigues 23, onde recebe-
rá encomendas de quadros, placas, retratos a crayon, a No ateliê de modas de rnadame Maria Cimafontes na
óleo, pintura a óleo e aquarela em seda, tela. vidro, etc. Rua Nina Rodrigues, estão expostos há dias, vários rn:ba-
(Folha do Po1•0, 15/4/1926, p.3). Ihos de pintura executados pela senhorita Beatriz Pinto, o
quais merecem ser vistos e devidamente apreciados.
TRABALHOS ARTÍSTICOS Não se trata propriamente de uma grande exposição de
pintura, mas de uma pequena amostra de bons e apreciá-
Nas vitrinc do Grand Chie. de M. Lindoso & Cia. na veis trabalhos, cujo mérito não está somente na perfeição
Rua de Nazaré, acham-se expostos dois belos trabalhos com que foram executados, na impecável fatura material,
cm aquarela feito pela senhorita Francisca Viana Franco, na seleção dos assuntos tratado , na correta disposição
residente cm Grajaú e sobrinha do Sr. Fontenelle Viana, das tonalidades, mas. sobretudo, na revelação do talento
auxiliar da gerência do Diário de S. Luiz. pictoral da sua autora, que nunca teve professor da Divina
Confeccionadas cm uma localidade que se ressente da Arte, denunciando assim um pendor natural, uma aptidão
falta de bons professores na arte, e muito principalmente espontftnea para a pintura.
de material indispensável para um bom êxito, a senhorita A senhorita Beatriz Pinto é uma jovem maranhense que
Francisca Viana revela extrema vocação e apurado gosto, merece o apoio das suas conterrâneas e até mesmo dos
sendo de presumir que, num centro onde pudesse cultivar poderes públicos do Estado. Moça pobre, vivendo do seu
o desenho, se tomasse, mais tarde, uma artista de verda- labor honesto e revelando o talento que os seus quadros
deiro mérito. comprovam, não será sacrifício às distintas famílias mara-
Nossas felicitações. pois, à distinta sertaneja. (Folha nhcnscs, a aquisição dos seus trabalhos, expostos por
do Povo, 291411926, p.2). preços muito aquém do merecimento e do valor que eles
encerram. (O Imparcial, 10/6/1926, p.2).
BEATRIZ PINTO
A FESTA DE SÃO JOÃO
Deflui amanhã o aniversário natalício da genúl senho-
Inicia-se amanhã a festividade do glorioso São João
rita Beatriz Yarella Pinto, um dos belos ornamento do nosso
Batista, na matriz do mesmo nome, e cujo programa há dias
escol social e competente professora do Centro Caixeiral.
a impren a vem publicando.
À distinta aniversariante, que receberá efusivos cum-
Sem receio afim1amos que vai ser essa uma das mais
prirnemos de suas amiguinhas, a Folha envia felicitações,
lindas festas cm honra do glorioso taumaturgo, nos últi-
desejando-lhe perenes felicitações extensivas à sua famí-
mos anos. Tanto a parte religiosa corno a dos festejos ex-
lia. (Folha do Povo. 1°/5/1926. p. I).
ternos deixará em todos a mai duradoura lembrança.
Dando início à festa, haverá amanhã, às 5 horas, alvo-
DUAS BELAS PAISAGENS EM EXPOSIÇÃO
rada pela banda de música da Força Pública e, cm seguida,
NA VITRINE DA LNRARIA SOARES
o hastcamento da bandeira do milagroso santo, trabalha-
da por Tclésforo de Moracs Rego. À noite, novenários e
Acham-se expostas, cm uma das vitrines da Livraria festejos externos.
Soares, na Praça João Lisboa, duas belas paisagens a óleo,
Chamamos a atenção dos li6is e do público em geral
Lrabalhos da Sra. Amina de Paula Barros, e para as quais para o belo efeito da iluminação, tnnto no templo como na
chamamos a atenção dos competentes na matéria. (Folha
praça onde foi empregado o máximo carinho. (Folha do
do Povo, 15/5/1926, p.2). Povo, 14/6/1926, p.2).

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LUIZ DE MELLO

(DA FESTA DE SÃO JOÃO) desdita, e camecem das saudades que me apunhalam. Ah!
sim, meu filho se foi e não volta mais.
( ... ) Logo pela manhã houve missa acompanhada de Chamo-o, repito o seu nome saído do coração, na ân-
cânticos sacros benzendo-se, por essa ocasião, o lindo sia alucinante de vê-lo e não me responde e não me ouve
estandarte, trabalho do estimado pintor Tclésforo de Mo- no si lêncio perpétuo do indecifrável, do indeciso. Suplico
raes Rego, estandarte que foi içado ao mastro, no momen- então, ao Céu, que instile na minha alma torturada uma
to da alvorada. (Folha do Povo, 16/6/1926, p.2). gota de orvalho, caia sobre mim um bálsamo divino que me
suavi7c, que me conforte.
UM PINTOR MARANHENSE Coração que me ouvis. atendei que cu sofro. O senti-
mento, quando transborda, vence a razão. Perdoai, se den-
O Sr. José A lípio de Moraes recebeu telegrama de con- tro do meu cal vário profiro coisas banais, coisas frívolas.
gratulações de seu filho Jonas Moracs, sobre a exposição Mas, cm verdade, que há de mais frívolo. de mais mesqui-
das 85 leias confeccionadas por Raimundo Porciúncula de
nho do que a própria vida? De modo geral não passa de
M oracs e que estão sendo muito apreciadas pelo público
convenções e de mentiras.
cnrioca.
M eu filh o tão cedo que se foi , não lcm história neste
Nossos parabéns ao jovem artista e ao seu extremoso
mundo. Veio a ele para marcar com a sua bondade que, já o
progenitor. (Folha do Povo, 18/6/ 1926, p.2).
disseram, era quase infantil, uma passagem no coração de
seus pais. No seu rosto de vinte e seis anos de idade vi a-
UM QUADRO DE VALOR
se estampado o prazer de vi ver. este prazer dos que nas-
cem superiores ao mundo e que dele só fazem caso para rir,
Rio. 29-0 Sr. Miguel Calmon. mini tro da Agricultura,
para gozar, para divertir enquanto não se apodera o sofri-
cedeu ao Sr. Magal hães de Almeida, presidente do
mento, que é o fim real e po itivo da existência humana.
M aranhão, o quadro denominado A morte de Gonçalves
Dias, de autoria de Eduar do de Sá e que se encontra no Era de uma simplicidade adorável. Tudo estava bem
edifício do Serviço de Proteção aos Índios. para aquela alma branca. Não tinha ambições, não sabia
A leia será para o sal ão de honra do Palácio do Gover- pedir, não sabia querer.
no do Maranhão. ( O Imparcial , 1ºn/ 1926, p.2). De trato ameno, respeitoso, granjeou amigos e não
poucos.
CASA PAVÃO Ocorre-me à lembrança eus devaneios de moço e es-
tou a vê-to recitando versos de poetas nossos, com ani-
Teve lugar hoje, pela manhã, a inauguração da Casa mação ardosa de anisLa porque artista ele o era, e que o
Pavão, na Rua Colares Moreira nº 19. digam essa porção de telas por onde vi brou seu pincel,
Esse bem montado esLabelecimcnto destina-se à con- que o digam as crônicas elogiosas da imprensa diária, sem-
fecção de retratos a óleo, além de preparos de quadros, pre que expunha cm público seus quadros. Aqui era um
espelhação, gravuras cm vidro, etc. retrato, ali uma paisagem , composição ou cópia do que
Dispõe também de uma variada e bel a coleção de es- observava, do que sentia.
tampas religiosas, molduras de fino gosto, cm cedro finís- De excessi va modéstia, quase nunca assinava suas
simo, placas de vidro e zinco para reclames de profissio- obras. Deixava que descobrissem o autor, se quisessem
nais. médicos, advogados, dentistas, funcionário públi- sabê-lo.
cos e comerciantes, e que vem preencher uma lacuna de
A música o encantava, tinha predileção pela dança,
que há muito se ressemia esta capital.
gostava dos esportes. Estudava, lia muito para discutir,
Aos senhores N. Pavão & Cia., proprietários do referi-
para opor argumentos e sempre com vcrve.
do estabelecimento, desejamos muitas felicidades. (Folha
Que mais direi de ti, filho amado, que morreste em ple-
do Povo, 6nt 1926, p.2).
no sonho da mocidade, quando tudo é ilusão?
N ão bastam tantas virtudes. Não valem elas por tudo,
PASSAM-SE OS DIAS ...
elas que te fizeram santo para mim. para teus irmãos.
para tua mãe que te chora como a mater dolorosa do
E as saudades acodem cada vez mais intensas, a mago-
cristianismo?
ar meu coração aflito, sem esperança de tomares a viver,
filho meu. Fito com o fervor de um crente o espaço infinito Deus misericordioso. recebei a alma de meu filho, alma
de minha dor, e não diviso, não percebo, não sinto outr a cândida, cm vosso reino de luz. conservai em paz eterna o
coi sa mais do que a amplidão do azul sereno, brando como seu espírito, lodo amor.
uma carícia do céu, porém, que nada me revela, nada me No raio do sol poente, no aroma suave das flores, na
conta. Sempre o véu do mistério. brisa que passa, em tudo que há de grande no Universo,
Distendo a minha vista para o levante, onde pompeia envio-te um ósculo orvalhado cm lágrimas de uma sauda-
ufano de l uz o astro do dia, dourando, numa sinfonia de de sem li m, já que nunca mais te verei, 1li lton.
cores, a copa inerte das árvores, relanceio meu olhar pran- Cn1cl realidade.
toroso, e de galho cm galho vejo álacres pássaros revoan-
do cm trinos, e todas estas cenas de magnífico esplendor, E. MARINHO ARANHA
que na face da suavidade se rcproduLem a cada dia, vão e
voltam às mesmas horas, parece que 1ombam de minha (Folha do Povo, 28ntl 926, p.1)

CV(;) 380 C:... ;>)


CRON OLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

MADAME PAULA BARROS São Luí , abrangendo o trecho do Parque Quin7c de No-
UMA PINTORA CONTERRÂNEA QUE vembro. Palácio da Presidência, Delegacia Fiscal, Capita-
MUITO PROMETE nia do Porto e rampa.
A feitura da capa é de Raimundo Frcit:1s; as decora-
Desde há dias que se encontra em exposição nofoyer ções, de seu colega.
do Eden algumas telas de madame Paula Barros. a viúva A um canto, um cartão explica-nos o intuito da obra:
do estimado pintor patrício que tantos e tão bons traba- iam-na oferecer ao Dr. Washington Lui1. recordação de
lhos deixou no Maranhão. sua passagem por esta capital.
Sem escola, produto de uma vocação aperfeiçoada mas A idéia é boa; ao menos o futuro governante do País
não concl uída com o convívio de seu marido, D. Amina poderá aquilatar que se o Norte não emparelha com o Sul
exibiu aos olhos ansiosos da sociedade de São Luís uma cm produções artísticas, é porque lhe faltam escolas.
érie de graciosos quadros. Vocações temo-las às dúóas.
Amina Paula Barros ainda tem muito que estudar, as A mocidade quer produlir. sente vibrar o seu tempera-
suas telas pecam pela perspectiva defeituosa, mal-ambi- mento artístico, mas se encontra desajudada dos gover-
entada às vezes, mas, apesar de tudo, são atestados fla- nos que não lhe dão escolas e museus.
grantes de uma vontade férrea de vencer os óbiccs ante- É bom mesmo que o Dr. Washington veja que o que
postos à sua vocação. nos falta não é inteligência, é campo para a cultivar.
Nas manchas expostas no Eden há algumas realmente (A llora, 3 l ntl 926, p.3).
apreciáveis: Caminho da Maioba, Panorama de São Lui-;,.
Ponta de São Francisco. DOIS ARTISTAS QUE NÃO CONSEGUIRAM
Em natureza-morta, então, Amina apresentou-nos deli- FAL AR AO SR. WASHINGTON LUIZ
ciosas mangas, de colorido perfeito, com esplêndidos an-
cenúbios. Os conhecidos artistas Raimundo Frei tas e Newton
Estude, estude muito, estude sem esmorecimento, ma- Aquino, cheios de esperança e de entusiasmo resolveram
dame Paula Barros, que a sua arte será vitorio a. fa7cr ao Sr. Washington Luiz uma dádiva.
Basta para gar:mtia deste prognóstico o zelo desta Confeccionaram uma pasta de atraente aspecto. Na par-
mostra, sem prurido de vaidade, mas demonstrativa so- te superior- uma aquareln linda: a cidade de São Luís vista
bejamente dos dotes da pintora conterrânea. da Ponta de São Francisco.
Publicando hoje o clichê de Amina Paula Barros, ren- Trouxeram esse trabalho à nossa redação, no dia cm
demos justa homenagem ao seu talento e incentivamo-la a que recebíamos parabéns pelo primeiro número d' A Hora.
prosseguir nessa luta pelo cultivo de sua vocação. (A Hora. Todos admiraram o lavor dos jovens artistas e lhes louva-
28n/l 926, p.6). ram a idéia por que se juntaram para produlir o trabalho.
Queriam que o futuro presidente da República levasse
DR. WASHINGTON LUIZ uma lembrança artística da mocidade maranhcnse.
A RECEPÇÃO EM PALÁCIO Pois fiquem sabendo os que nos lc1cm que não conse-
guiram falar ao Sr. Washington Luiz!. ..
r:oi grandemente concorrida a recepção que o Dr. Wa- Por maiores que fossem os esforços empregados para
shington Luiz deu, na casa da Presidência. à imprensa e fUJ,crcm a entrega da pasta, sempre a mesma barreira. Rece-
demais classes sociais. beram di\'ersas respostas no portão de Palácio:
Perante o chefe da Nação eleito para o quatriênjo pró- - S. Exa. está conversando...
ximo desfilaram, palestrando com S. Exa., alguns instantes, - S. Exa. está dom1indo...
membros de todas as corporações, funcionários, etc. - S. Exa. está cansndo!
Enquanto isto. o jovem Arthur Marinho, do corpo re- - S. Exa. está telegrafando.
dacional d' A Hora , executou um bem-feito ponrair-char- - S. Exa. vai sair.
ge do Dr. Washington Luiz, que foi muito elogiado. princi- Sabemos. contudo, que o presidente do fatado se mu-
palmente por ter sido apanhado independente de pose e dou de Palácio para a Capitania do Porto, para que o Sr.
cm menos de 1Ominutos. Wa hington LuiL. pudesse receber 4uem quisesse.
S. Exa. julgou o trabalho superiormente trabalhado e O comandante Magalhães de Almeida deixava assim a
felicitou o jovem artista maranhense, guardando o dese- porta franca aos seus adversários, que depois não poderiam
nho.(...) (A Hora, 3 lntl 926, p.1). alegar que não haviam falado ao futuro chefe da Nação por-
que eram imcompatíveis com o administrador maranhense.
UM TRABALHO ARTfSTICO Vemos, porém, que não colimou o comandante Maga-
lhães de Almeida o tim de cjado.
Dois moços entraram ontem à tarde pela nossa saJa de O Sr. Washington LuiL. foi infelizmente interditado den-
redação procurando falar ao secretário d'A Hora. tro de Palácio!
Sobraçavam um embrulho. (A Nora, 21811926, p.1).
Eram os Srs. Raimundo Freitas e Newton Aquino.
Pediam nossa opinião sobre um trabalho comum. A TELA DA MARQUESA DE SANTOS
E exibiam-nos linda pasta para escritório.
Na capa, que é de couro de casca, e!, cm artística con- Da visita do Sr. Washington Luiz ao Maranhão. a nota
cepção Newton Aquino pintou uma vista panorâmica de mais vibrante é justamente a que diz respeito ao célebre

~ 38 1 e.,-(>)
~
LUIZ DE MELLO ~

quadro que houvemos. quando adquirimos a biblioteca e exposições públicas dos trabalho~ de alunos para mostrar
relíquias artísticas do nosso saudoso e inesquecível Ar- o adiantamento dos mesmos.
thur A1evedo. Previne também que recebe encomendas de trabalhos
O Sr. Washington Luiz vê o quadro cm Palácio, e se- em qualquer qualidade de fazenda, e encomendas de retra-
gundo dizem os nossos confrades d' O Imparcial, fica logo tos. Executa com perfeição pinturas cm chapéus, vestidos
possuído do desejo de possuí-lo. Ainda não está aí o maJ, de seda ou cm outra quaJidadc de fazenda. Tem tinta própria
porque freqüentemente desejamos possuir belas coisas, para ser lavada a pintura sem que traga prejuízo aJgum.
mas temos todo o cuidado em esconder esses desejos! Informações na Casa Paula Barros. na Rua Nina Rodri-
O Sr. Washington Lujz, não! Em desejando possuir uma guc~ n.º 23. (Folha do Po1•0, 1218/ 1926, p.2).
coisa não se contém. Manifesta, sem a menor cerimônia o
que os seus olhos pedem, e porque (até é para admirar) PORCIÚNCULA DE MORAES
ainda não se deu mal com essa nonna ou praxe - esteja
onde estiver não se contém. Em dias de junho próximo passado o nosso jovem con-
Não parece pilhéria? terrâneo Porciúncula de Moraes levou a efeito, no Liceu
Parece, mas não é... de A11cs e Ofícios, no Rio de Janeiro, uma interessante
O Sr. Washington pôs o comandante Magalhães de exposição cm que figuravam trabalhos a óleo, aquarelas e
Almeida numa situação difícil. O presidente do Estado não desenhos.
podia dar-lhe o quadro. Não podia, nem devia. Quanto A inauguração dessa curiosa exposição efetuou-se no
custaria aoArthur Azevedo <ldquiri-lo? Pertencia a um dos dia 16 de junho, às 3 horas da tarde, tendo impressionado
maranhcnscs que mais honrou ao Maranhão e ao Brasil. da melhor maneira possível o público carioca, onde, aliás,
Por que pcrdennos essa lembrança do nosso Arthur pelo seu valor, Porciúncula de Moraes vai, dia a dia, con-
Azevedo? Por que não estimamos o que foi de sua estima, seguindo simpatias sinceras.
e que o Estado houve para ufania nossa? A imprensa do Rio, referindo- e ao~ trabalhos de Por-
O presidente do Estado não se podia livrar à censura, ciúncula, faz sobre eles as melhores referências, reconhe-
se não soubesse que foi o Sr. Washington Luiz que mani- cendo-lhe qualidades bastante apreciáveis.
festou desejos de possuir a obra de arte. Porciúncula Moraes expôs 85 trabalhos, inclusive o
Diante de tamanha sem-cerimônia que atitude tomar? lindo óleo Cesped enfiesta, que no Salão deste ano mere-
A tão ilu tre hóspede que responder? ceu medalha de bronze.
É fato que a grosseria da resposta corresponderia ao Para que o público melhor aquilate do valor do nosso
sa11s-fa11ço11 do desejo manifestado. Mas não devemos j ovem conterrâneo, basta esta circunstância, se não vaJes-
querer que outrem faça aquilo que cm idênticas condições sem também as já aludidas referências partidas de órgãos
não faríamos. como A Noite. Jornal do Brasil, O Jornal, etc.
Ao presidente do Estado, só lhe restava este passo - A /fora, que reconh~ce em Porciúncula de Moraes um
fazer o que não podia nem devia fazer. dos elementos de valor na geração maranhense que, lá fora,
Se a moda pega, teremos que ver coisas bem interes- bem sabem honrar o nome da terra querida, apresenta ao
s:.:rntcs na sociedade. jovem e talentoso pintor os seus sinceros parabéns pelo
O Sr. Washington Luiz, porém, continuando a pedir a 1 êxito obtido com a sua exposição. (A Hora, 14/8/1926, p.l).
seus donos o que apeteceram seus olhos, poderá arrumar
uma encrenca fe ia e sair-se mal. (A Hora, 2/8/1926, p.4). A HORA DOS ARTISTAS
A EXPOSIÇÃO DE PORCIÚNCULA DE MORAES
O QUE OLHOS COMPRIDOS VIRAM
A BORDO DO PARÁ Diz o Jomal do Brasil: - O Liceu de Artes e Ofícios tem,
desde há dois dias, mais uma bela expo ição de quadros.
O paquete cm que viaja o Sr. Washington Luiz está Figuram, aJi, trabaJhos de notável valor artístico do apre-
cheio de dádivas que lhe têm sido fe itas. ciado pintor patrício Porciúncu la de Moraes, menção hon-
Papagaios, periquitos, couros de onça, jacamins, mo- rosa do nosso Salão.
bílias, tartarugas, redes finas, trabalhos de olaria, enfim, Trabalhos que bem revelam o alto e dedicado senti-
um verdadeiro bric-a-brac de animais e coisas. mento artístico de Porciúncula de Moraes. as telas que ele
A bordo, disseram que eram dádivas. agora expõe no Liceu repre entam com fidelidade de cores
Só não acrescentaram os informantes se foram dádi- e de sombras, de tonaJidade de luz e de perspectiva per-
va.<., forçadas!... (A Hora, 21811926, p.4). feita. flagrantes da natureza. pai agen pitorescas, recan-
tos diletos do Rio e de Petrópolis, trecho1, do sertão mara-
AULAS DE PINTURA E DESENHO nhense, além de cenas apanhadas no lar e vestígios de
coisas art ísticas dos tempos coloniais.
Amina de Paula Barros, atendendo ao pedido de diver- Brisa, Bosque, Praia. Hortênsias, Canto de Secretá-
sas senhoritas, resolveu abrir cm sua residência, na Rua ria, Leitura de Jornal, Morro do Castelo, Rumas de Co11-
dos Afogndos n.º 2, um curso ele desenho, pintura a óleo e ve11tu, Revoada, tajs são alguns dos interessantes qua-
aquarela, pastel, retrato, etc. dros da exposição de Porciúncula de Moraes, entre os
Trabalhos ao natural, como sejam: paisagens, frutas, quais se destacam quarenta e nove aquarelas de não me-
etc. As aulas podem ser notumac; ou diurnas, conforme a nos sentimento e penetração artística que os revelados
vontade do aluno, e fará durante o percurso do ensino naqueles outros trabalhos.

~ 382 (Vê')
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

A exposição do jovem e inspirado pintor tem sido bas- A escola possui. além de trabalhos cm litogravura. uma
tante visitada, estando assi m sendo coroada de franco bela coleção artística para estudos de anatomia plástica.
sucesso. (A Hora, 23/8/1926. p.4). Modcl:.ldos cm gesso, apreciamos desde sólidos e capi-
téis, até liguras de ornato, máscaras, estátuas e estatuetas
UMA HOMENAGEM DO COMÉRCIO evocati vas do paganismo grego.
AO SR. AFONSO VISEU CURSO DE MÚSICA
Funciona sob a direção do professor J.J . Lentini, um
Sabemos, de fonte segura, que um grupo de comerci- dos mais fortes sustentáculos do instinto, e que nele em-
antes desta praça, a cuja frente se encontra o Sr. Arthur prega o melhor dos seus esforços. É admirável a dedica-
Leão e Silva. chefe da fim1a Leão & Cia., como um gesto de ção e carinho com que o professor Lcntini inicia os seus
homenagem e reconhecido valor ao Sr. Afonso Viseu, Líder educandos nos segredos da Harmonia. Ouvimo-lo ao pia-
do comércio brasileiro, vão colocar na galeria de honra da no solfejando com as alunas de canto. E quando alguma
Associação Comercial um retrato a óleo. (A Hora. 26/8/ errav:.l ou . e mostrava duvidosa sobre a intensidade de tal
1926, p.8). ou qual som, o bondoso mestre, sem se impacientar, dava-
lhe explicações tão completas que revelava nos olhos a
ECOS E INFORMES satisfação espiritual pela lição.
O único piano que a escola possui é um excelente Piei!.
Na vi trine da Livraria Soares acham-se expostos rrês qua- e está a exigir custosa reforma.
dros de pintura a óleo do afamado arti~ta austríaco O. Grill. Consertado, poderia ser destinado somente para con-
Tratando-se de trabalhos de valor. é natural que aque- certo. , enquanto outro, mais barato. serviria para o ensino.
les quadros despenem a atenção dos emendidos e ama- Para as aulas de canto coral. a e cola dispõe de um
dores. (0 Imparcial, 26/8/1926, p.7). órgão cm bom estado de conservação.
Coadjuvando o profcs or Lcntini, lccionam o curso de
PAULA BARROS mú ica a distinta pianista Ester Santos e o exímio violinista
professor Inácio Cunha.
Faz hoje seis meses que baixou à sepultura o pintor O Dr. Antôn io Lopes da Cunha, presidente da Escola
cearense José de Paula Barros. de Belas-Artes tenciona, quando a finnnças permitirem ,
Por esse motivo. a sua famíli a. seus amigos e admira- reservar um salão especialmente para concerto e represen-
dores foram ao campo santo depositar ílorcs sobre a sua tações.
campa. (Folha do Povo, 27/8/1926, p. I ). Para is o faz-se mister, entretanto, aumentar o salão
principal, demolindo a parede que o separa da sala de de-
A NOSSA ESCOLA DE BELAS-ARTES senho e pintura, atualmente.
A e cola comunicou às diretoras das escolas públicas
A Escola de Belas-Artes, com a nOLícia de que: lhe ia ser primárias que seria facultada matrícula grátis às crianças
cortada a subvenção, criou novas energias. que revelassem aptidões artísticas.
É fenômeno amiúde ob:.crvado na vida das socieda- É uma medida de alto alcance porque, proporcionando
des. Um golpe que parecia mortal infiltra vivificante seiva. ensino grátis aos alunos das escolas públicas. a E.B.A.
levanta o espírito abatido, preparando-o para mais ardoro- lucra também, moralmente, com a elevada freqüência daí
sas lutas. decorrente. Os diretores da escola só visam à difusão da
É o caso da utilíssima associação ~m ística. de cujos arte no nosso Estado. Embora a braços com sérias dificul-
cur:.os vamos tr.itar ligeiramente: dade . não esmorecem. A escola não tem patrimônio. as
DESENHO E PINTURA taxas de freqüência não são pagas regularmente- mas que
Dirigido pelo encomiado pintor conterrâneo Anhur Ma- importa!
rinho, é freqüentado esse curso todos os dias úteis, das 1O Aí estão eles lutando desinteressadamente para que a
às 12 e das 13 às 14 horas. Os pedidos de inscrição têm única associação artística que ainda possuímos não desa-
aílufdo cm apreciado número. pareça, não só por falência do ideal, mns unicamente por
As aulas de desenho estão a cargo do professor Ru- falta de dinheiro.
bens Damasceno Ferreira, enquanto nas de pintura ponti- Fnltam móveis apropriados. necessita de um ambiente
fica Anhur Marinho, cujo ateliê. para maior comodidade, mais artístico.
está instalado no 2° andar do edifício. Mas a vitória será certa. A causa é ju. ta e os contra-
Aproveitando inteligentemente o reduzido espaço. di - tempos sobrevindo não a impedir:io de colimar o seu ob-
puseram os cavaletes de modo a não embaraçar o trânsito jeti,o: a elevação do espírito pela educação artística. (A
na sala. Hora, 28/8/1926, p. I).
Na ocasião em que visitamo a escola, os alunos esta-
vam a postos. uns com paletas, outros com crayon. JOÃO DE DEUS
Executavam trabalhos de cópia de gessos.
O professor Marinho corrigia a máscara feita por um Apareceu-nos ontem, na jovialidade comunicativa do
aluno mais adiantado. seu espírito, na rcluzência da sua cor. o jovem artista do
Com a amabilidade que Lhe constitui o traço característi- pincel e do lápis João Batista de Deus, chegado a esta
co. mo trou-nos, depois, livros e revistas de arte encerra- capital pelo Duque de Caxias, da Capital da República,
dos uns cm uma velha estante que reclama :.lpo entadoria. onde cursou com dedicação e brilho a E cola da Socieda-

(VQ) 383 e---ru


LUIZ DE MELLO

de Propagadora das Belas-Anes, na qual obteve, no ano UM PAISAGISTA MARANHENSE


passado, 1° lugar do segundo grupo, na classificação dos JOÃO DE DEUS E A SUA PRÓXIMA EXPOSIÇÃO
trabalhos apreciados em julgamento para concurso. SEUS QUADROS
João de Deus é manmhense, filho do Brejo, e daqui
partira com a alma cheia de esperanças e o espírito possu- Visitou-nos sábado o jovem pintor patrício João Batis-
ído da idéia tenaz que o havia de fazer pintor, e a bolsa ta de Deus.
inteiramente vazia. Há quatro anos longe do Maranhão. viera agora em
Venceu a etapa do seu sonho, fazendo arte pura. de visita à família.
que nos expôs belíssimos quadros - Vila Isabel, Manhã Pretende fixar residência aqui.
em Sama Cruz, Volta da Penha (Rio), Clwcrinha, (Rio), Desde que safra da sua terra natal, rumo ao Rio, que
Estudo de luz (cabeça) e muitos outros cm claro-escuro. procurara aperfeiçoar a sua vocação.
João de Deus trabalha também cm estilização, é deco- Matriculara-se no Liceu de Belas-Artes e Ofícios da
rador, claro-escurista, desenhista e pintor, e os seus traba- Capital Federal.
lhos são dignos de apreciação. Foi feliz, estudou muito, progrediu, hoje é um nome
O inteligente artista conterrâneo é o produto do esfor- feito.
ço próprio, pois pobre como é, teve de enfrentar, com de- No curso de desenho de figura daquele estabelecimento
nodo, a série de dificuldades que se lhe depararnm no cur- obteve o 1º lugar do segundo grupo, cabendo-lhe por isso
so dos seus estudos, os quais nem mesmo os seus paren- medalha de prata.
tes puderam auxiliá-lo monetariamente. Vimos o documento oficial, finnado pelo secretário AJ-
Agradecendo a gentileza da sua visita e a exposição beno Moreira Alves.
que nos fez dos seus trabalhos, auguramos ao João de Durante sua estada no Rio, por não ter recursos para
Deus belos triunfos na sua vida de artista. (Pacotilha, 281 enfrentar a<; despesas com o curso, freqüentou o estabele-
8/1926, p.1). cimento de decorações de J. Serpa & Sobrinho, na Rua
São Cristóvão nº 36.
UM JOVEM PINTOR Os seus trabalhos em reclamos comerciais e outros
agradaram sempre magnificamente, pelo que se tomou um
Recebemos ontem a visita de um jovem conterrâneo, cios pintores prediletos nesse gênero de pintura.
visita que bastante nos alegrou e encheu de entusiasmo, O seu feitio artístico, porém, e tá caracterizado nas suas
pois representa uma vibrante afinnativa de que o Maranhão MANCHAS.
continua a ser a mesma fonte de inteligência.<; sadias, de São lindos trechos de paisagen , esplendidamente am-
vitoriosas vocações artísticas. bientados, com gradações de luz distribuídas a rigor.
O nosso visitante chama-se João de Deus Batista, é As figuras têm mo'limento. Há tonalidades de verde e
maranhense e encontra-se entre nós há uns quatro dias, diafaneidade de céu muito bem dispostas.
procedente cio Rio ele Janeiro, onde cursava, com brilhan- Em Vila Isabel há um pano de muro traçado com arte.
tismo, o curso de pintura do Liceu ele Artes e Ofícios. Manlui de Santa Cruz. é um gracioso recanto bucólico
João ele Deus vinha mostrar-nos os seus quadros. Ante delicadamente transponado para a tela.
os nossos olhos, então, colocou algumas telas a óleo que C/10cri11ha tem luz e sombra destacadas com talento.
logo nos chamaram a atenção pelas qualidades que pos- Volta da Penha, com anccnúbio bem graduados, é
suem. Vila Isabel, Manlui em Soma Cruz. Volta da Penha bonito.
são, de fato, lindas paisagens pintadas com alma, traba- O seu Es111do de Lu:, e em cabeça de adolescente, tem
lhadas com vida. Têm colorido, perspectiva, movimento. senões de anatomia plástica, mas, quanto a contraste de
Há também uma deliciosa cabeça de mulher, a que João de claro-escuro é magnífico.
Deus intitulou singelamente Estudo da Luz. que seria bas- Enfim, a amostra que nos fo i trazida por João de Deus
tante recomendação para o talento do nosso jovem con- revelou-nos um artista que, a continuar estudando, será
terrâneo. um paisagista de valor.
João de Deus executa ainda trabalhos de estilização e é Prevemos um sucesso completo ao jovem pintor mara-
decorador. nhense, cuja exposição será anunciada pela HORA opor-
Pobre, estudou quanto pôde, à custa de economias tunamente. (A Hora, 301811926, p. I ).
que con ~eguiu fazer, quando ainda no Maranhão pintava,
a carvão, os seus primeiros bonecos. Volta ao Maranhão ESCOLA DE BELAS-ARTES
por circunstâncias especiais e cuida aqui demorar-se bas-
tante, ou talvez ficar residindo. Con!>ta-nos que o nosso confrade Dr. Antônio Lopes
Ao retirar-se, João de Deus prometeu-nos para breve se entendeu com o presidente do Estado sobre as condi-
uma exposição dos seus trabalhos que se realizará no ções deste estabelecimento, e que obteve promessa de
Eden, cujo salão o Sr. Raul Serra Martins genti lmente dentro em breve auxiliá-lo com uma subvenção que lhe
cedeu. Verá nessa ocasião o público maranhense quanto empre!ite vida.
são sinceras as nossas opiniões a respeito desse patrí- Está, pois, de parabéns a Escola de Belas-Artes, útil
cio, de quem muito já se pode orgulhar o Maranhão. (O instituição tão necessária ao de envolvimento artístico da
Imparcial, 29/8/1926, p.3). mocidade maranhense. (A Hora, 3 1/8/1 926, p. I).

(V(;) 384 (!....-(>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTCAS NO MARANHÃO (1842 1930)

ESCOLA DE BELAS-ARTES O resultado foi essa moldura em talha, que tão belo
realce deu à genial concepção de Eduardo de Sá.
Gentilmente convidados, fomos, há dias. visitar a Es- O quadro ocupou por alguns dias o salão nobre do
cola de Belas-Ancs. assistindo. por essa ocasião, a várias Palácio. O Sr. Washington Luiz viu-o.
aulac; dos cursos de pintura. desenho e mú-;ica. Dentro em pouco, porém. olhos curiosos notaram no
Recebidos gentilmente pelos Srs. Antônio Lopes. J. J. ângulo baixo da esquerda defeitos na tin1~1: quebradiça. ia
Lentini e Arthur Marinho, professores do já conceituado caindo ao pedaços.
estabelecimento de ensino, percorremos todas as depen- Como salvar o quadro?
dências do prédio, colhendo a melhor impressão de quan- Anhur Marinho, jovem pintor conterrâneo, esse moço
to vimos. esforçado e inteligente, tomou a si a incumbência espi-
A Escola de Belas-Ancs, de fato, vai cm franco pro- nhoc;a de restaurar a linda tela.
gresso, possuindo um número animador de alunos, os quais E tão bem o fc.l que salvou de perda irreparável o
mostram o mais franco aproveitamento. C'>plêndido óleo.
Na palestra que conosco mantiveram. os diretores ma- Não vale a pena encarecer o que foi esse tour-de-
nifcstnram a necessidade imprescindível de que o útil es- force, essa audácia. somente própria dos espíritos novos,
tabelecimento goze da proteção do Governo estadual, la- ainda sem tibiezas e enfraquecimentos.
mentando seja intenção do Sr. presidente cortar a subven- Sobre os ombros de Marinho desancou por alguns
ção que dão os poderes públicos à Escola de Belas-Artes. dia'> uma responsabilidade estupenda: ante o seu pincel
Apesar do impul!io que vai tomando dia a dia essa estendia-se um trabalho genial que ele ia inutilizar. em
casa de ensino artístico, da qual, aliás, tanto precisava o parte, para o restaurar depois, com as mesmas tonalida-
Maranhão, não pode ela ainda prescindir do auxílio do des e vigor de concepção.
Governo, o que viria a colocá-la em sérias e mi vez invencí- O pintor maranhcnsc copiou o trecho afetado na lela,
para depois o reproduzir no quadro do mestre.
veis diliculdades.
A Morte de Gonçalves Dias, basta que se diga, vale
Fazendo nossos, porém, os rogos da Escola de Belas-
IOOcontosde réis. (A llora, 71911926, p.6).
Artes, apelamos para o Sr. comandante Magalhãe de
Almeida que. dcceno, não se negará a prestar o seu deci-
BRIC-À-BRAC
dido apoio ao progresso de um estabelecimento tão reco-
O QUE NOS DISSE O MARINHO
nhecidamente útil. (O Imparcial, 21911926, p. I).
O jovem pintor maranhense, ex-aluno da Escola Naci-
A MORTE DE GONÇALVES DIAS onal de Belas-Artes. professor do Liceu e também da nos-
sa escola artística, e que acaba de concluir, por ordem do
Entre as obras de arte que os maranhenscs irão admirar Governo, a restauração dos quadros da Coleção Arthur
hoje, no Palácio da Presidência, avulta o quadro de Ed. de Sá. Azevedo. hoje cm franca desagregação, falou-nos, espi-
Tela de rico colorido, de figuras com movimentação e caçado por nós, do seu trabalho:
proporcionalidade admiráveis, A morte de Gonçalves Dias - Lembra-se do retrato da Marquesa de Santos?
é bem uma jóia da pinacoteca brasileira. - Sim. Daquele que o Sr. Washington Luiz levou; tela
O que, porém, bem poucos sabem, é como esse quadro que podia valor uns 50 contos, não é?...
veio parar na sala do Governo do Maranhão. - &sa mesma. Sniba o amigo que a encontrei estraga-
Quando o Mini<.tério da Agricultura ocupava o Palácio dí'>sima. Dei-a nova, sem no entanto alterar as tonalida-
dos Estados, no recinto da Exposição Nacional de 1908, na des do autor.
Praia Vermelha, a linda tela ali se fazia admirar. - E que outros trabalhos fez?
Mudada agora aquela secretaria para a Avenida das - Restaurei vários quadros. Entre eles: duas Cabeças
Nações, em Santa Luzia, isto é, no local do certame do de Velho, miniaturas que tenho todas as razões para crer
Centenário, o quadro de Eduardo de Sá foi mandado para que são Rembrandt legítimos; um rctr'.ito dl' Balnc: duas
a Inspetoria dos Índios, devido à cxigüidade de espaço pai-;agens de Visconti: Os Burros e Co11q11ista Ama:.ona.
naquele departamento. de Antônio Parreiras; uma Cabeça de Velho, que atribu-
O comandante Magalhães de Almeida, sabedor dessa em a Vclasquez.; um rc1rato deste pintor, por Pedro Améri-
situação, propôs ao titular da Agricultura fosse cedido co; Cal?eça de Guerreiro (fragmento da Bawlha de T11i11-
esse trabalho ao Maranhão. O Estado comprá-lo-ia. por se ti), por Vitor Meirellcs, além de quadros de menor respon-
tratar de assunto que muito lhe interessava. sabilidade. ma.e; de muita técnica: um com três figuras mi-
A resposta foi a oferta da tela ao Governo do Estado. tológicas (arte portuguesa); Noite de Luar, paisagem de
O quadro chegou aqui, porém, em moldura. A primiti- Petrópolis; Efeitos de /11-:_, etc.
va estragara-se na mudança. Restaurei e emcmi7ei muitos outros quadros.
O presidente lembrou-se de que os operários mara- - E a quanto monta o teu trabalho. inclusive A Morte
nhcnses, humildes e anônimos como são, possuem, no de Gonçalves Dias?
entanto, cm alto grau, senso artístico e qualidades neces- - Não cobrei um real. Vou oferecer o que fiz ao Gover-
sárias para efetivar as suas concepções, muito embora de- no de meu Estado... Sabes ... fui subvencionado por qua-
sajudados pelo meio ambiente e cursos próprios. tro ano para estudar Belas-Anes no Rio; não é justo que
Cometeu a incumbência de enquandrar A Mone de Go11- vá pedir dinheiro agora ao Maranhão, justamente quando
ça/l'es Dias aos operários que trabalhavam na obra da o goYema o comandante Magalhães de Almeida, que é a
remodelação do Palácio. quem devo aquele benefício.
LUIZ DE MELLO

- Tendo em vista o valor da~ telas, oito contos não era Governo, que os aceitou, e assim restabeleceu a me ma co-
muito pelo teu serviço... leção, serviço que se lhe fosse pago atingiria a importância
- Talvez... Trabalhei, porém, desinteressadamente. Não de 7:500$000, inclusive a restauração de um quadro de Eduar-
se pode ser patriota? (A Hora , 8/9/ 1926, p. I). do de Sá, representando a morte de Gonçalves Dias.
A ação do pintor Arthur Marinho é digna de louvores.
STUDIO DE ARTHUR MARINHO (Foi//(/ do Povo, 14/911 926, p.2).

fapec iaJidade em retratos a óleo ou qualquer outro gê- UM TRABALHO VALIOSO


nero.
A execução de qualquer trabalho concernente a dese- A propósito da restauração do quadros da Pinacoteca
nho e pintura é garantida pela esmerada confecção e apu- de Palácio, procuramos o nosso distinto conterrâneo Ar-
rado gosto artístico, e rccomendfíve l por ser empregado thur Marinho, com quem entretivemos a seguinte palestra:
mmcrial de qualidade superior e por preços módicos. R - Que nos diz a respeito da restauração dos qua-
Rua Magalhães de Almeida, 8 - Sobrado. dros?
(A ! f ora, 8/9/ 1926, p.3). E - l lá dias venho dando entrevistas a jornais da mi-
nha terra, correspondendo à curiosidade pública, pelo fato
A CASA DO GOVERNO
de haver oferecido ao Estado. que obedece à criteriosa e
O PRESIDENTE DO ESTADO EXPLICA OS
condigna administração do comandante Magalhães de
GASTOS COM AS OBRAS EM PALÁCIO
Almeida, o meu trabalho de restauração do célebre quadro
- AS FESTAS DE ONTEM
A morte de Gonçalves Dias, e da rica coleção de pinturas
que constituía a Galeria de Arte Anhur Azevedo.
(... ) Nos salões estão os quadros da Coleção Arthur
Esse mesmo povo que se admiro de ter eu oferecido ao
Azevedo, quase todos restaurados, bem assim aJguns bron-
Estado do Maranhão um trabalho no valor de l 0:000$000,
les que se achavam inutilizados na Biblioteca Pública e
não deve ignorar que fui subvencionado pelo Estado, du-
que igualmente reparados dão pelo seu valor artfsüco muito
realce à ornamentação dos nossos salões. rante um quatriênio, a fim de poder cursar a Escola de
Belas-Artes do Rio de Janeiro. cujos atestados arquiva-
Outros reparos se fi zeram, como seja o ladrilhamento
dos no Pal:ício da Presidência do Estado, dão provas de
do salão de entrada e do passeio cm frente do Palácio e a
sub~ titu ição de muitas telhas imprestáveis. ( ... )A Hora, 81
meu aproveitamento e assídua freqüência naquela escola.
911 926, p. I ). R - Como obteve a subvenção?
E - A esse eminente chefe de Estado. que era naquela
época deputado federal. ao coração amigo do comandante
UM GESTO RARO
Magalhães de Almeida devo aquele auxílio, que por longo
O jovem pintor maranhense Arthur Marinho, a quem o espaço de quatro ano:. custeou as minhas despesas na
Governo, cm boa hora, confiou o trabalho delicado deres- Escola Nacional de Belas-Anes. A esse grande e inolvidá-
taurnr n Pinacoteca do Estado que se ia aos poucos estra- vel amigo devo o conceito que hoje tenho como professor
gando na Bibl ioteca Pública, acaba de efetivar um gesto de desenho, enfim, tudo quanto tem contribuído para o
que o coloca bem, nesta época de ingratos e gananciosos. equilíbrio do meu futuro. O nosso digno presidente vem
Moço pobre. produto do seu esforço, o Marinho sen- dando sobejas provas do seu valioso apoio a todas as
tia-se mal cm não compensar o seu berço natal do auxílio causas justas. Como homem público, os seus atos serão
que lhe dera. emprestando-lhe o necessário para dar asas sempre dignos de louvores, e o seu nome será imonaliza-
ao seu desejo de saber. do nos anais da nossa História e conquistará um lugar de
Não completava o curso, mas vencera, ajudado pelo seu destaque entre os cidadãos honrados e cumpridores de
Governo, os primeiros degraus de sua carreira artística. seus deveres como chefe de Estado.
Foi, pois, um gesto digno esse do Marinho, oferecen- R - Qual o fim da sua ofena?
do gratuit.amente ao Maranhão o seu valioso serviço de E - A fim de que não mais alguém pergunte o motivo
rcstauraç:ío dos quadros que hoje fi guram cm Palácio e dessa oferta, submeto-me a mais uma entrevista, e ao mes-
que s:ío o melhor patrimônio de anc que pos uímos. (A mo tempo que confesso hipotecada a minha gratidão por
Horn , 141911 926, p.I ). tão grande auxílio que recebi do meu Estado, cumpre-me
agradecer na pessoa do comandante Magalhães de
UM PINTOR DISTINTO Almeida, a cujo benefício jamais poderei retribuir a não ser
como gratidão. e homenageando sempre aquele que foi o
Vic;itou-nos hoje o nosso conterrâneo Arthur Marinho, meu maior protetor e, continua a ser. repito: de todas as
há pouco chegado da Capital Federal, onde por conta do causas justas. Não há, pois, quem possa contestar o valor
Estado fora aperfeiçoar os seus estudos. do comandante Magalhães de Almeida. A sua capacidade
Entretendo conosco agradável palestra, Arthur Mari- e Lino administrativo bastam mais do que a~ minhas pala-
nho lcm1inou dizendo achar-se bastante satisfeito em de- vras transmitidas para lhe recomendar o nome.
monstrar a sua gratidão para com o fatado, pois, sendo A oferta que fiz ao Maranhão não representa mais nem
este possuidor da coleção de quadros que penenceu ao menos que a minha reconhecida gratidão.
comediógrafo patrício Arthur Azevedo, e que j á se encon- R - Como se desempenhou dessa missão? Com mate-
trava um taJllo danificada, ofereceu os seus trabaJhos ao rial seu?

<VQ) 386 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

E - Entretanto será mister esclarecer ao público que, assistir ao festival que será realiLUdo hoje. às 20 horas. no
excluindo o meu trabalho que foi oferecido ao Estado. o salão nobre do Casino Maranhensc, cm benefício dessa
Governo forneceu todo o material para a restauração da instituição das Belas-Artes.
referida coleção, e do célebre quadro de Eduardo de Sá-A Outrossim, pede a todos os alunos de ambos os cur-
morte de Gonçalves Dias - , inclusive molduras novas, na sos da referida Escola não deixem de comparecer a esse
maioria dos quadros, o que demonstra ser o nosso digno festival. (Folha do Povo. 25191 1926. p.2).
presidente do Estado bastante consciencioso, pois sabia
que não estava no meu alcance dc!>pender a avultada soma A ESTÁTUA DO POETA
gasia com o referido material.
Diante do que esclareço, penso não haver motivos para Mãos crimino as. tempos há. dcfom1aram uma efígie
que continuem a dizer que fiz apenas umajita, pois à apre- dos medalhões que ornam a base da soberba estátua de
ciação dos mesmos, que não ignoravam da minha subven- Gonçalves Dias.
ção, exponho o que acabo de relatar na minha entrevista. Transfom1aram-na em alvo parn exercícios de tiro.
R - Qual o êxito que obteve nos seus quadros? A polícia dormia, ignorante do vand3lismo praticado
E - Quatro anos de subvenção... Estudei com afinco por moços bonitos, noite adentro, naquele recanto poéti-
durante três anos, interrompendo o último, quando os ven- co de São Luís.
cimentos não mais podiam ser recebidos com regularida- Hoje, porém, temos um corpo de vigilantes noturnos. e
de. Mas ... alcancei. feJjzmente, o curso especial de Modelo o mesmo gesto se pratica.
Vivo, o principal estudo para forrmir artistas. Consegui Mais práticos. deixaram cm paz o m{irmore, que tantos
cursar as aulas de estudo de NU, uinda um ano, e o que de!> veios mereceu de Antônio Henriques Leal - o amigo.
estudei, sei com convicção, estudei com base. e acompa- na acepção ampla do vocábulo -e arranc3ram os bronzes.
nhar-me-á ao túmulo. Os varões. as coroas. toda a guamiiyão do pedestal do
Depois de um estudo sólido, ninguém poderá temer a monumento estão indo celeremente para lugares desco-
sua queda. O desenho, bem estudado, é, pois, alicerce nhecidos.
para que se possa progredir no curso de pintura. Envidei É dorido tal suceda. Contrista registrar.
todos os esforços, procurando no Rio de Janeiro sempre À primeira vista não se nota a falta, porque o larápio -
elevar a minha terra, enaltecendo sempre o espírito nobre malfeitor da pior espécie. porque soube roubar o alheio,
do comandante Magalhães, o seu valioso apoio aos que inutilizou uma obra de arte, envergonhado pelo seu gesto,
procuram vencer na vida. agiu na parte que fica para o mar.
E aqui estou. Concluí apenas o curso de desenho. isto Maldito seja quem procedeu assim!
é, não tive oportunidade de concorrer com os meus traba- (A //ora, 2519/1926, p. l).
lho ao Sa/011; entretanto estudei !.em olhar para trás; to-
mei um professor particular de pintura, estudei as técnicas BRIC-À-BRAC
que tive na Escola Nacional de Belas-Artes, Je Rodolfo UM LINDO AZULEJO
Chambelland, Modesto Brocos, Lucílio Albuquerque e do
grande anatomista Raul Pcrdcneiras. l lá espalhado pela cidade um punhado imenso, e que
R - Que fez depois de term inado o curso? já foi maior, de obras de arte nem sempre guardadas com o
E - Regressei. E aqui me vêem ... sempre amigo dos zelo que merecem.
meus amigos, manifestando cm público. por intennédio Móveis, louçarias, jóias, tudo vai desaparecendo. or3
deste conceituado órgão da imprensa maranhense, a mi- vendido a conhecedores, ora negociado para fins menos
nha gratidão pelo benefício que recebi de quem acaba de dignos.
receber. cm retribuições, apenas o meu trabalho artísúco. O que é- fato é que emigram.
(Pacotilha. 20/9/1926. p. l). Resta-nos chorar sobre essa deva tação que alcançou
até as bibliotecas, e apelar para o poucos que prezam
ESCOLA DE BELAS-ARTES verdadeiramente esta te1Ta. a fim de salvar do naufrágio
completo o que ainda resta perdido, sabe Deus onde.
Os esforçados diretores do nosso instituto de Belas- Pelo Centenário, falaram muito no púlpito cm que pre-
Artcs estão de parabéns. gara o padre Antônio Vieira, que diziam estar apodrecen-
Em audiência especial. em Palácio, com o presidente do. à chuva, no quintal do Convento de Santo Antônio.
do Estado, S. Exa. prometeu-lhes subvencionar a escola, Contestaram. Mas ninguém apurou onde andava o his-
mandando mesmo quitá-la dos atra ados. tórico objeto, de que já fizera menção, divulgando-o mes-
Assim sendo, desapareceu o pesadelo do fechamento mo em clichê, o escritor português Simões Coelho.
desse magnífico estabelecimento de educação artística. Jogados no cais. jazem dc1.cnas ele canhões, aos quais
pois cm seu auxílio veio abraço forte do Governo, num não ligamos a menor importância, mas que tanta admira-
gesto digno de elogios. (A Hora. 24/9/ 1926, p.6). ção causaram no Rio, pela Exposição de 1922, ao lado da
gigantesca máquina de guerra norte-americana.
FESTIVAL EM BENEFÍCIO DA ESCOLA Em Ri bamar, até há pouco, enfeitavam a praça princi-
DE BELAS-ARTES pal velhas peças, que diziam vinham do tempo de Gua-
xcnduba ou mesmo da Balaiada, mas cm todo o caso dig-
A diretoria da Escola de Belas-Artes tem a subida hon- nas de e tudo.
ra de convidar a imprensa maranhense em geral. a fim de Onde estão elas?
LUIZ DE MELLO

Ninguém sabe. É digno de louvor, todavia, o gesto do Sr. Washington


Há, por exemplo, a suposição muito possível de que o Luiz por ter, assim. mostrado melhor compreensão das coi-
corpo de Joaquim Silvério dos Reis, o delator de Tiraden- sas do que o nosso presidente, faLendo a dádiva do retra-
tes, repousa cm um dos nossos templos católicos: São to da célebre Marque!:>a ao Museu de sua terra. (Folha do
João ou Santo Antônio. Po1•0. 30/9/1926. p.2).
Será verdade?
É preciso apurar. T~S QUADROS
Finalmente, para não alongar esta nota: na igreja de
Santana, em ruínas, há um <V.ulejo magnífico. É o Desci- Não se realiza no dia 4 de outubro próximo o soneio
111e1110 da Cruz. e está bem conservado. dos três quadros de afamado pintor au~tríaco, que foram
Urge salvar dos desmoronamentos constantes naque- expostos, como estava combinado. Fica. pois. adiado para
la igreja essa obra de ane. (A Hora, 27/9/ 1926, p. l). novembro. (0 Imparcial, 3/10/1926, p.2).

BRIC-À-BRAC BRJC-À-BRAC
VOLTOU PARA CASA OLHE, EXCEL~NCIA!

A Marquesa de Santos voltou para casa. O Dr. prefeito precisa dar um passeio pela Praça Gon-
Não sabemos quem a retratou nem como a tela foi parar çalves Dias. Palavra que precisa.
às mãos de Anhur Azevedo. É melhor que seja durante o dia. À noite todos os ga-
O ceno é que com a pinacoteca do grande maranhense tos são pardos.
nos veio ela, na sua bonita vestimenta azul. Chegar, correr a pé as alamedas, verificar que os garis
Aqui se hospedou no Palácio. são indolentes, não varrem a praça. e passar a vista, demo-
Era natural. radamente, pela e tátua do Poeta.
Quem foi rei, é sempre majestade. S. senhoria, por mais prevenido que esteja, pasmará,
De lá passou para a Biblioteca Pública. decerto.
Há pouco passou para Palácio. Mãos criminosas traçaram figuras obscenas no pedes-
Foi, a seguir, para a mala do Sr. Washington Luiz, que a tal do monumento.
devolveu, agora, para o lpira11ga, de onde viera ela, em Num do~ medalhões - o de João Lisboa, é taJ o dese-
carne e osso, para o Paço Episcopal da primeira dinastia nho com que lhe ornaram vândalos anônimos, sevandijas
patrícia. de gravata, que até a própria efígie marmórea deve teres-
Sempre a mesma vida aventurosa, a passar de mão em tremecimentos de revolta. contrações dolorosas de nojo.
mao- ....
1 O de Odorico Mendes está com a fronte escalavrada.
Era um quadro de boa técnica, bem trabalhado. Fora o alvo predileto para exercícios de tiro dos moços
Além disso, um documento histórico vaJioso, verda- bonitos de São Luís, gente que talvez nem notícia tenha de
deira relíquia, pois retratos da Marquesa de Santos, a óleo, quem foi aquela glória do Maranhão intelecrual.
só são conhecidos dois: um que anda cm São Paulo, não O prefeito precisa passear a cidade. (A Hora, 511 01
sabemos se no Museu da Independência; o outro era este, 1926, p. I ).
de que o Maranhão se orgulhava de possuir, mui to embo-
ra o deixasse por muito tempo jogado nos baixos do Con- O RETRATO DA MARQUESA DE SANTOS
gresso, exposto à luz direta!
Não maldigas, Marquesa, é tua sonc! Pela oficiosa de ontem soube verdadeiramente o povo
Lá, ao menos, aqueles ares te recordarão a primeira maranhense o fim que teve o retrato da Marquesa de San-
escala de teus triunfos. o amor do teu Príncipe e, taJvez, tos, tirado do patrimônio do Estado, sem autorização do
quem sabe, o teu condescendente marido... (A Hora, 30191 poder competente e oferecido pelo Sr. Magalhães de
1926,p.I). Almeida ao Sr. Washington LuiL.
O galanteio do atual presidente do Maranhão ao Sr.
O RETRATO DA MARQUESA DE SANTOS Washington Luiz importou numa desconsideração ao povo
maranhense, que S. Exa. não achou digno de possuir obras
Por telegramas ontem publicados pela imprensa, tive- de arte.
ram os maranhenscs ocasião de ver o destino dado ao O paulista, porém. mostrou sentimentos mais elevados
retrato da Marquesa de Santos, indébita e ilegalmente tira- que o presidente maranhense, procurando enriquecer o
do pelo Sr. Magalhães de Almeida do patrimônio do Esta- patrimônio do seu Eswdo, enquanto que este procurou
do para galantear o Sr. Washington Luiz, reconhecido pelo desfalcar o seu.
situacionismo como futuro presidente da República. Como justificará S. Exa. esse ato indébi to de desfalque
Embora lesado no que lhe pertencia e que só lhe pode- ao patrimônio do nosso Estado? (Folha do Povo, 16/ JO/
ria ser tirado com o consentimento do Congresso Estadu- 1926,p.2).
al, o povo maranhense está satisfeito com a paga dada
pelo Sr. Washington Luiz no Sr. M:igalhães de Almeida ... ATEU~ GLÓRIA
O futuro "ditador" desta República demonstrou não
ter dado muita imponância ao agrado do Sr. Magalhães de A convite da esforçada e competente diretora Arnina
Almeida... de Paula Barros, viúva do saudoso pintor patrício J. Paula

~ 388 <?.,.-())
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Barros. e uma das vocações artíMicas mais evidentes em balhos dignos de apreço os amadores Ruben!i Damasce-
nossa terra, como há pouco demonwou em esplêndida no, Tclésforo Rego. Newton Pavão, Evandro Rocha, João
exposição de pintura nofoyerdo Eden. visitamos ontem o de Deus, José Neves e as senhoritas Liniete Figueiredo,
Ateliê Glória, recentemente inaugurado na Rua Nina Ro- Maria Dália Santos e outras distintas fi guras do nosso
drigues, 13. meio artístico. (Folha do Povo, 12/ 1li 1926, p.2).
Percorremos as várias seções e adm iramos o bom gos-
to e perfeito acabamento das confecções do estabeleci- SALON DOS NOVOS
mento. que se desdobra cm várias e!>pecialidades, entre-
gues todas a competentes prolissionai!>. Inicia-se ::.manhã no edifício onde funcionou o Cinc
A seção de bordados, por exemplo, que e!>lá aparelha- Olímpia, na Rua Osvaldo Cruz, a anunciada exposição de
da com o que há de mais moderno em maquinaria e servida quadro~ de pintura promovida pelos esperanço!>os moços
por peritas operárias, está sob a direção da professora do Salão dos Novos.
Amélia Ferreira Lopes. O nosso mundo intelectual e artístico. reconhecendo a
A de modas e confecções para senhoras e crianças é importância da iniciativa daqueles jovens e inteligentes
regida pela professora Genésia Dias Vieira. pintores, irá. sem dúvida, apreciar os seus trabalhos, lou-
Esta seção, pelo que expôs, está apta para preparar var-lhes o mérito artístico e estimulá-los a novos e brilhan-
com rapidez e perfeição, para todos os preços, desde o tes progressos na bela e deleitável ai1c do pincel a que se
mais modesto ao mais rico, não só vestidos, como roupas dedicam com especial carinho e devoção. ( Pacorilha, 17/
brancas e de cama. 11/ 1926,p.4).
Em elegantes montras vimos verdadeiras obras de ane,
onde sua (... )" ... perfeitamente das meios de fada que ali O SALON DOS NOVOS
trabalham.
Os chapéus estão sob a respon abilidade imediata da Uma tentativa modesta, mas louvável, denotadora de
diretora A mina de Paula Barros, que tem como sua auxiliar amor à arte da forma e da cor, a de alguns jovens amadores
a senhoril::. Crizólita Araújo Cortesia. maranhenses de desenho e pintura que reuniram no vestí-
Saímos inegavelmente bem impressionados e convic- bulo do Olfmpia as suas tentati vas artísticas.
tos de que era necessário um estabelecimento no gênero, Ao lado de alguns principiantes muito atrasados ain-
tanto mais que dentro em pouco o Ateliê Glória adicionará da, cm cujos esforços apenas há a louvar a vontade de
uma seção às já existentes: a de roupas brancas para ho- fazer alguma coisa pela arte, encontram-se nesse conjunto
mens - pijamas, camisas, etc. algumas vocações já suficientemente acentuadas, tanto
A Hora reitera cumprimentos à viúva Paula Barros. pelo como o permite a escassez de estímulo e de meios de apren-
êxito de sua empresa. (A Hora. 20110/1926, p.4). der, cm nos a terra.
A enhora A. Simões Rangel, que mostra conhecimen-
TINTAS tos regulares de pintura, apresenta um bom retrato, com
apreci:'lveis qualidades no desenho e expressões da figu-
José Mercedes Gomes recebeu de Paris tintas próprias ra. boas tintas e colorido acertadamente valorizado. Não
para placas de catacumbas que resistem ao sol e não ra- gostamos tanto das suas manchas. que não nos parece-
cham. ram suficientemente realizadas como ambientação.
Aceita-se encomendas na Rua do Passeio 29. (A Hora, Os Srs. Newton Pavão e Rubens Damasceno já demons-
23/10/1926, p.5). tram ::ilguma intuição de luz; o Sr. Pnvão deu-nos duas pai-
sagens. uma delas bem típica: uma palmeira meio deitada,
O SALON DOS NOVOS dando vida. força, aos primeiros planos, e umas palhoças ao
fundo de um campo; o colorido tem notas felizes. O Sr. Ru-
Prenuncia-se deveras interessante o próximo Salon da bens Damasceno mandou aquarelas. gênero árduo: ainda
mocidade rnaranhense. não possui elementos suficientes para essa técnica delica-
De dia para dia melhor se evidencia o esforço dos no- da e difícil, mas apesar disso. em alguno:; a~pectos revela a
vos. A cada ano que se passa, mais positivas se firmam as sua vocação e gosto pelo desenho e pelo estudo da cor.
inconte!itcs vocações desse punhado de desajudados que O Sr. Evandro Rocha tem uma ~crie de notas de imagi-
muito fazem por si, sem mestre e sem auxílio. 11açtio. Numa simplicidade desculpável nos novos e em
Ao que sabemos, ao Sa/on que dentro de cinco dias se meio como a nossa terra. deliciente de preparo e traquejo
efetivará, comparecerão, além de outros, Telésforo Mora- artístico. o Sr. E. Rocha promete um prêmio a quem aponte
es Rego, Rubens Damasceno, Evandro Rocha, Newton o tema original dos seus trabalhos ... A ob~ervação dos
Pavão e as enhorita Liniete Figueiredo e Maria Cecília mesmos nos leva a lamentar que não tenha aproveitado
Santos. (A Hora. 10/11/1926, p.5). melhor os seus realmente apreciáveis recursos de de e-
nhista. pintando do natural, conliando mais na observa-
SALON DOS NOVOS ção e menos na imaginação - conselheira perigosa, prin-
cipalmente no que diz respeito à cor.
No dia 15 do corrente terá lugar no Salão dos ovos A Sra. Arnina Paula Barros apresenta uma contribui-
uma bela exposição de pintura, na qu:il apresentarão tra- ção relativamente extensa, mas não muito feliz; o dese-
nho ainda pode ser considerado sulicicnte, mas princi-
palmente na pajsagern há insuficiência de ambientação,
• Folha rasgada. colorido pesado.

~ 389 <:. /e;)


LUIZ DE MELLO

A senhorita Liniete Figueiredo é uma principiante que vido, já não direi do sentimento da luz em geral que é o
apresenta cópias e umas frutas, revelando vocação, so- princípio e o fim próprio da pintura. E com este sentimento
bretudo pela limpcat de tintas, de notar em quem apenas obtivera Porciúncula de Mornes um flagrante em que eu
ensaia os passos da arte. via aquela paisagem como desejava ver pintada a minha
A senhorita Cecília Samos mostra, em cópias e aplica- própria intuição estética de paisagi<>ta da pena ... Era aqui-
ções decorativas, certa habilidade. lo mesmo - aquela rude policromia de céus e selvas refle-
Em resumo, sente-se que os nossos jovens artistas tidas na água, tons de uma luz dominadora e forte envol-
têm futuro a lucrar se, abandonando a senda estéri l da vendo tudo, enchendo o próprio horilOnte, banhando com
cópia e da imaginação, aplicarem cada vez mais os seus destaque os contomos brancos da mata.
esforços ao estudo do natural, à observação do ambiente, E conversamos ...
do colorido tão rico, manifestado sob o nosso sol - esse O artista dizia-me do que lhe tinham ensinado a luze a
mestre de pintura, o único com que até agora os brindou o terra no Maranhão e no Rio, no Norte e no Sul; via, no Sul,
destino - mas que mestre incomparável! o esbater da perspectiva aérea, na poalha brilhante e clara
Raimundo Lopes dos contornos às vezes imprecisos. diluindo na claridade
(O !111parcial. 211 11/1926, pp. 1-2) da manhã as mais agigantadas serranias; os monstros de
gnaisse e granitos a parecerem fantasmas de serras, vi-
Crítica de arte de Raimundo Lopes. - Há uma caricatura sões aéreas, formadas no ambiente azul. velado, e entre-
de Porciúncula de Moraes, !Cita por Belmonte. - Legenda: tanto como que envolvente e próximo na sua própria im-
O interessante portrait-clwrge de Porciúncula Mo- precisão; sob o equador a luz íntegra, a luz crua que não
raes, que estampamos, é uma honrosa recordação da sua cede, que custa a se fundir na distância, o horizonte incen-
exposição e111 Stio Paulo, pois é devido ao lápis de Bel- dido ou verdejante; a fl ora e a água, porém, e o céu, esse
111onte, incoll/estável e fino artista da caricatura, consa- outro céu de castelos dourados nas nuvens cromáticas, a
grado pela elite imelectual paulistana. multiplicidade dos tons e a energia dos reflexos suprindo a
gradação das nuanças nos efcitismos da tela, o recortado
TEXTO: das formas suprindo a grandeza da<; massas imponentes.
Só nessa intuição que mostra\'a da luz característica dos
Falando nesta página, da interpretação da luz brasilei- dois ambientes brasileiros nos quais pintara e que exem-
ra na pintura, tomo como exemplo Porciúncula Moraes, plificava cm suas telas. reconheci desde então no meu
uma das mab espontâneas organizações de artista, um jovem patrício (e não ponho nessa opinião nenhum pre-
dos lídimos temperamentos pictóricos que tenho conheci- conceito bairrista ou escolástico) um enamorado da luz,
do na atual geração artística do nosso país. um pintor da alma dominantcmente pictural.
Esteticamente, isto é. sob a única forma que nos importa Porque os há nos quai . sem fa lta dessa qualidade,
a ambos e ao público no caso, conheci-o quando, de volta mais se apuram as do desenho e da construção; que o
ao Rio, onde se apresentara no Salão com O último beijo, desenho corpo é da pintura, arte plástica, como a cor, o
realizou no Maranhão a sua mostra de arte, com simplicida- elemento próprio e alma dela como arte da luz.
de e distração, numa das salas do Casino Maranhense. Haja vista neste caso a dupla revolução que se proces-
Entre as manifestações do seu senso de luz e da paisa- sou no século XIX do desenho, do clássico em Davi e
gem feriram-me a atenção algumas pequenas telas, fruto sensitivo cm lngress, para a cor, romântica cm Delacroix,
de um como raiei artístico pelo Pindaré. impressionista, ou seja. naturalista cm Monet e extremada
Era tão natural que me interessasse o ver interpretado no pontilhismo, e para o desenho integrado na luz sintéti-
por um artisw marnnhense o meu recanto natal como que o ca de Puvis e de Gauguin - clássicos do século - e no
meu olhar se fizesse exigente daquela lul à qual primeiro se estilo pessoal e construtivo de Cézanne.
abriram, e das Cheias e Sefras que me ficaram da infância Aqueles que, como Porciúncula Moraes, apresentam
impressas no subcon ciente da saudade, e as quais de- maior tendência coloris ta e imprcs ionista, parecerão tal-
pois se me afeiçoaram um rude e exaltado trabalhar de pes- vez atrasados diante da C\'Olução da Arte Moderna para
quisas e uma rude cnamornda visão de poesia que procu- o estilo pessoal e a síntese da luz no desenho forte, que
rei consubstanciar na dú1.ia de página<; do mais vivido dos são caracteríc;ticas do neoimpressioni<;mo e das corren-
capítulos d' O Torreio Mara11/ie11se. tes modernas na cidas de Cé1.anne e do cubismo mode-
De certo modo, a minha intuição do ambiente supria no rado. Mas quando relembramos que foi a reminiscência
julgar a deficiência de que então padecia do conhecimento da luz brasileira (vista quando ainda o futuro mestre do
dessa ane de pintar, a qual sempre e cada vez mais me tem impressionismo era um rude embarcadiço nos transatlân-
prendido a alma. Mas o que ali estava como no resto da ticos) que levou Monet à nova intuição da luz; quando
mostra, era um jato de sinceridade e de intuição artística, nos lembramos de que. entretanto, esta luz ainda está
servido por uma técnica que decerto não era a do artista muito por descobrir, podemos admitir a necessidade de
afeito em longo tirocínio do metier, mas já a do que se um retorno parcial e moderado às tendências daquele
sente com força e meios para exprimir a inspiração vibrátil movimento naturalista da pintura.
da sua mocidade. Nem os nossos jovens caçadores de luz se precisam
O Pindaré e a nossa luz equatorial da qual a paisagem de escravizar às fóm1t1las monetianas ou outras quaisquer.
do rio tão eminentemente pinturesco, tinham passado de Em Porciúncula Moracs vemos que a procura da luz obe-
chofre pela paleta do artista, como talvez não passassem dece menos a um fei1i o e colástico do que a uma tendên-
na de outro mais velho e acabado na arte, mas menos pro- cia bastante pcs~oal. ao 1emperamento.

~ 390 <?/(\)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

No acompanhar a carreira do pin1or nonista, vemo-lo Raimundo Lopes, cronicando a atual exposição - que
culti var com predileção e felicidade a aquarela, de técnica tachou de modesta e apagada, - ao invés de incentivar o
bem difícil, a exigir qualidades de leveza, facilidade, um novos, feriu, de peno, o gosto, a vontade hercúlea e a
con1rolc rápido do processo técnico, um sentimen10 agu- doce esperança que os animou na confecção do tentamc
do da cor, e que justamenle se adapta à sua personalidade; que está de pé. incólume, à espera que oulrem, melhor
um espontâneo, um vibrátil, epiderme sensível às mula- conhecedor da matéria, dê a sua opin ião. focando o valor,
çõcs da natureza e à alegria da vida. as falhas e os erros de cada um dos expositores.
A aquarela exige também uma desenvolvida ciência da O Salão dos Novos, tendo à frente madamc Simões Rangel
forma, pois é até mais desenho que pintura; é, porém, so- eAminade PauJa Barros. profeswr Rubens Damasceno, Telés-
brc1udo, desenho de imagens. Or:i, e tando o senso plás- foro Moracs Rego. Newton Pavão. Evandro Rocha e outros,
tico, no seu tcmpcramen10 estético, subordinado ao da destoa completameme da apreciação de Raimundo Lo~, pois
lu.l, po sui ele. entretanto, qualidades de equilíbrio na for- se não apresenta um complexo perfeito e impccá\'el, contém,
ma; suas imagens coloristas são bem localizadas e defini- todavia, produtos híbridos de formosas imaginações, ainda cm
das, seu desenho, sem ser pe11sée, é subs1ancialmen1e embrião - é certo, mas dignos das nossa.~ palmas, credores de
correio, sua composição geralmcnie de linhas ponderadas homenagens e não de censuras descabidas.
e felizes. Essas 1endências o levam ainda à definição sinlé- É o que vale.
tica da luz, na planimetria. Walter
O goslO da aquarela, porém, não o levou a esquecer o (Follw do Povo, 24/11/1 926, p.2).
óleo, e nele cultivar a sua nawral predileção pelo ar livre
que se une estreitamente à paisagem sem deixar de abran- A VIDA NA SOCIEDADE
ger a figura e que foi, como se sabe. a grande conquista do
impressionismo e das tendências modernas de luz. este (... ) Festeja hoje seu aniversário natalício o Sr. Hercula-
gênero produziu, no Salão de 1925, Césped e11fiesta. que no Castelo Branco, funcionário da gerência da Pacotilha.
um dos poucos mestres dignos entre nós, deste título, ao (O Imparcial, 3/ 1211926, p.2).
que nos consta opinou ser a nota mais ar livre daquele
ano na exposição oficial de arte. RETRATOS
Do que discriminamos acima, sobre as tendências do
anisia, não decorre a idéia de queremios assinalar normas Quereis a reprodução nítida do vosso retrato a óleo,
à sua inspiração: 1emperamen10 esteticamente nomiaJ e pastel, crayon ou fusain?
equilibrado nas di,·ersas qualidades essenciais à sua ane. Ide sem demora ao ateliê de Arthur Marinho, onde en-
ceno lhe assiste o direito de se desenvolver ou tender contrareis um verdadeiro ambiente de anc.
para onde o levem as diretrizes mais intensas do seu sentir. Rua Magalhães de Almeida, 8 - Sobrado.
Trabalhando incessantemente, Porciúncula Moraes (Pacotilha, 3/1/ 1927, p.3)
acaba de dar, em suas exposições no Rio, cm São P:itJlo e
Campinas, como anteriormente em Pctr6polis- uma vista UMA EXPOSIÇÃO DE DESENHOS
de conjunto de que necessitava a sua obra onde, no meio
de impressões majs rápidas, j5 se destacam alguns traba- José Jansen, o feliz autor das mais lindas crônicas pin-
1hos de ampl itude e segurança, de modo a constituir o tadas da cidade, o festejado desenhador de mulheres-fi-
todo uma real expressão de capacidade anística. gurino!., o mais elegante dos nossos rapi11s, promete-nos
O de que precisa Porciúncula é de uma atmosfera de para breve uma pequenina 111011tre: amostra do seu espíri-
incentivo cjus10 prêmio dos seus esforços, que lhe permi- to e da fidalguia da sua ane.
ta completar-se e afirmar-se cm novos trabalhos de cada Janscn, por insistência de amigo , vai deixar um pouco
vez maior alcance, madureza e energia do que pelo j á feito a sua modt<stia-casulo e entregar à popularidade as mais
bem se revela capaz. encantadoras sedas que trabalham no seu recolhimento. E
Os maranhenses, na exposição que pretendem rca.Lizar em para que essa festa dos sentimentos, que será a exposição
São Luís, brevemente, terão uma ocasião oportuna de trazer o de José Jansen, se torne ainda mais requintadamente ra-
seu apoio, merecida e fraternalmente, ao rutista patrício... vissame, o :mista a fará na casa de modas de madame
Rio, seternbro de 1926 Machado, a galante casinha de modas onde passam, diari-
RAJMUNDO LOPES amente. numa ronda heráldica de graças, as mais fonnosas
(Pacotilha, 22/11/1926, p. I). figuras femininas de urbe.
Muito custa esperar.
O SALON DOS NOVOS R11y Lousada
(NOVEMBRO, 1926) (O Imparcial, 26/ 1/ 1927, p.2).

De desenho e pintura, no Olímpia, está franqueada ao (NOTA: - Polêmica entre os expositores do Salão
público sugestiva exposição de quadros, trabalhados pe- dos Novos e Ari da Pacotilha. - Coleção da Folha do
las mãos hábeis de patrícios nossos. Povo está incompleta entre janeiro e fevereiro de 1927).
Ali , na policromia de todo:. eles, parece pairar a alma
anfstica de uma coone de espíritos gregos, embora não SALON DOS NOVOS
com tonalidades das que soem ler o mestres, os consagra-
dos na grande obra de imortalizar na tela o que lhes cerca e O fracasso verificado entre os Nm•os, que espontane-
aguça a curiosidade e leva-os ao apogeu da glória... amente expuseram os seus trabalhos no elegante salão do
LUIZ DE MElLO

Cinema Olímpia. deixou-nos até agora preocupados. Não mundo Lopes compareceu ao Salão, viu os quadros, apre-
tivemos oportunidade de apreciar os bons trabalhos e os ciou-os bem e deu, no tempo oportuno, a sua crítica pelo
que ainda careciam de estudos, e que apenas demonstra- jornal? Ora. se isso aconteceu, os quadros não estavam
vam vocações pelas Belns-Artes, segundo a opinião do escondidos. E, também não o foram, pois que depois disso
competente crítico de arte Dr. Raimundo Lopes da Cunha. o Salão continuou aberto. Como e vê, o articulista foi
Os nossos conterrâneos ainda não compreendem o precipitado e injusto nas suas afinnativas.
valor de uma crítica de arte e parece ignorarem que os mais E, depoi , com que fim poderiamo esconder os quadros?
célebres pintores ei.tão sujeitos a críticas, às vezes de lei- Seria requi ntada fraqueza, e os Novos não admitem des-
gos, e submetem-se aos rigores de um júri, embora incom- falecimentos de qualquer espécie, haja vi ta o que temos
petente para julgar Lrabalhos de mestres já consagrados. feito cm prol do progresso da. Belas-Artes no Maranhão,
Uma crítica de arte, por mais justa que seja, é sempre vencendo e m um meio hostil, tolhidos nas mais sinceras
recebida pelos nossos conterrâneos como afronta ou es- aspirações, vencidos nos mais justos interesses, despre-
cárnio ao talento artfstico que possuem. Chegam mesmo a zados, esquecidos, mas sempre esperançados. E conse-
dizê-la quase perseguição ou inveja. E1HJ"clanto o Dr. Rai- guir o que vamos conseguindo, fazendo exposições anu-
mundo Lopes agiu com a máxima imparcialidade. porquan- ais (e a do Fracasso, na opinião do A ri, foi a TE RCEIRA),
to não conhecia nenhum dos expositores. sem meios, sem conforto, sem estímulo senão o da nossa
E porque não fossem elogiados todos os trabalhos ex- ambição de vencer, posto acima de qualquer pretensão
postos, ela é motivo para que os Novos escondessem os mais ruidosa e menos proveito a, já é ser, quando não uns
seus quadros, cerrando as portas daquele salão e deixando fortes, pelo menos batalhadores infatigáveis de um ideaJ.
de franquear ao público aquela exposição já anunciada? Coragem não escasseia por todas essas razões no âni-
Não podemos crer que não haja quem tenha coragem mo dos moços do Salão dos Novos. E abençoada cora-
para enfrentar uma luta, quando seja necessário lutar mui- gem, porque é filha do nosso amor às Belas-Artes.
tas vezes para vencer o fim. O artista só consegue acertar Portanto, despido de razões é o Sr. Ari.
depois de muito errar; depois de haver lutado como um Não é afronta nem escárnio para nós as apreciações
herói infatigável, sempre disposto para uma nova luta. É verticaJizadas na independência da intenção e na justiça
impossível vencer sem lutar. dos juízes, exteriori1.adas pelo criticos. Aceitamo-las, sim.
Mas os Nol'Os esconderam o quadros! Mas assim como nó não ambicionamos elogios. não ad-
AR/ mitimos afrontas descabidas de quem quer que seja. Estas
(Pacotillia, 26/ 111 927, p. I). ofendem. E com ofensas não se formam artistas!
Demais, como admitir que simples vocaçõe artísticas,
O SALÃO DOS NOVOS E O ARI DA PACOTILHA humildes amadores da pintura sejam submetidos a críticas
rigorosas, como esbraveja o Sr. Ari?
Sr. Ari: - Lemos na Pacotilha de 26 do mês findo a sua Se não somos artis1a<; de mérito, se apenas fazemos o
massagada sobre o Salão dos Novos. Lemos, e aqui vai a que a nossa limitada visão de principiantes alcança. como
nossa resposta, não a V. s.• propriamente, que não faz jus ajustar os nossos u·abalhos ao mesmo diapasão de um júri
às nossas atenções, mas ao público que muito nos merece para mestres ou alunos de escolas superiores?
e a quem V. s.• teve a estulta pretensão de iludir com a Só mesmo na cabeça do Ari da Pacotilha ...
lengalenga de uma história deslambida sobre o Salão, ela- Mas, le itores, o Sr. Ari é um caso sério. Pois não é que
borada, certamente, na pequenez malsana do cadinho onde agora, em janeiro de 1927, o Sr. Ari entende de propaJar ao
o despeito e a deslealdade são elementos predominantes. público o fracasso da exposição de pintura dos Novos,
Para o uso que melhor aprouver a V.S.ª, devolvemos a feita em novembro de 1926?
insipidez do prato ... que não logrou o efeito prelibado ao Meçam o tamanho do fracasso dele! Por isso, nós, os
sabor das intenções de V. S.ª - o Ari da Pacotilha! Novos, achamos de bom grado dar este título pomposo e
Fracasso não foi o nosso, mas o é de quem se mete em significativo à obra primorosa do Sr. Ari: O PARTO DA
questões muito a l ~m da viseira de um articulista qualquer. MONTANllA.
Mas, leitores, dit. o Sr. Ari que o público e os da Paco- Mas há outra denominação. Pois, ele, leitores, passou
ti/110 não tiveram oportunidade de apreciar os bons tra- DOIS meses, depois da expo ição, para dar à lume aquele
balhos e os que ainda careciam de estudos, porque os se quipedal produto... literário!
jovens expositores cerramm as portas do Salão e escon- Ora, o Ari da Pacotilha!
deram os quadros. OS EXPOSITORES
Que sórdido disparate. (Folha do Povo, 1º/111927, p.2).
Aca'io foram poucos os dias em que o Salão esteve
franqueado ao público? ESCOLA DE BELAS-ARTES
Mas, coitado, o único que não teve tempo para ir à
exposição foi o Sr. Ari ! Ora, que pena!. .. Remodelado recentemente, reabriu hoje as suas aulas
E quem, de bom senso, pode aplaudir as desacrimoni- este utilíssimo estabelecimento de ensino. que conta com
osas palavras do Sr. Ari? Parece que fo ram ditadas por um escolhido e competente corpo de professores.
espírito menos sensato no cxpendcr das opiniões. As matrículas estarão abertas até 15 do corrente.
Como poderíamos esconder os trabalhos se a nossa Sendo as taxas desta escola as mais módicas possí-
intenção, e era a única, foi a de expô-los à apreciação dos veis, nela poderão adquirir uma boa cultura artística. dada
nossos conterrfLneos? E o Sr. Ari não sabe que o Sr. Rai- também a eficiência dos seus cursos, os nossos jovens

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CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

conterrâneos. Aos pais de famílias recomendamos especial uma massagada que não logrou o efeito prclibado ao sa-
atenção para o estabelecimento, onde poderão encaminhar bor das suas intenções. O barrete vos cabe.
os seus filhos para o exercício de profissões honrosas. E, quem se mete cm questões muito além da viseira,
Os alunos de piano e harmonium, que não dispuserem não pode ser tolo, nem tampouco pretensioso.
desses instrumentos nas suas casas, poderão preparar as O público, que é melhor juiz, vos dirá se cu estou, ou
lições na própria escola, em horas apropriadas. não. na altura de incentivar um meio onde predominam a
Para o ensino de desenho e pintura, a escola dispõe de discórdia e a... hipocrisia.
uma excelente coleção de modelos dos melhores fabrican- Estou ciente, senhores expositores, que o Sr. Raimundo
tes franceses, úni ca ex istente nesta capital. (Foi/ia do Lopes co111parece11 ao Salão, viu os quadros, apreciou-os
Povo, 212/ 1927. p.2). bem e deu, no tempo oportuno, a sua crftica pelo jornal.
Os quadros não estavam escondidos, tanto assim que
ARTUR MARINHO, tendo iniciado os seus estudos os vi também. Sucede, porém, que depois da apreciação do
para a execução do~ quadros que vai levar ao Rio de Janei- Sr. Raimundo Lopes. a cxpru ição morreu ru.lixiada pelas suas
ro, cm julho do corrente ano, a fim de concorrer com os palavras. que não obstante terem sido benévola.e;, foram
aceitas com indignação, pois tive a oportunidade de ouvir
mesmos ao Salão Oficial da Escola Nacional de Belas-Ar-
os mais ardorosos protestos de alguns dos expositores.
tes, comunica ao público em geral e a seus amigos, que
Fizeram mal em não ter recorrido aos balões de oxigê-
resolveu, por esse motivo, deixar de aceitar temporaria-
nio. pois assim oSalliodos Novos teria vivido mais alguns
mente encomendas concementes ao trabalho de sua pro-
dias, e daria tempo para que fosse publicada a minha críti-
fis<;ão. (Pacotilha, 2/2/1927, p.4) ca, que estava já composta nas oficinas tipográfica desta
conceituada folha, o que poderão testemunhar os seus
SALÃO DOS NOVOS ilustres redatore, e o mestre das aludidas oficinas.
ou Não deixaria, porém, nenhum interesse dar publicidade
EXPOSIÇÃO DO FRACASSO à minha crítica, com o Saliío fechado ... e os quadros es-
condidos. E quem mais poderia apreciar os bons traba-
Srs. Expositores - De muito bom grado li o vosso mons- lhos que ainda careciam de estudos?
tmoso artigo, inserido na Follza do Pol'o de 1° do corrente. Mas. alguns dos vossos colegac;. levaoos pelo despei-
elaborado em tennos corteses, e ... com bastame lzabilidade. to, obrigaram o fechamento do Salão. E disso estou ciente.
Sinto-me feliz e radiante por não fa:er jus às vossas Porventura eu disse que os humildes amadores de pin-
Menções. Entretanto, li atenciosamente as hediondas e tura devem ser submetidos a críticas rigorosas? E quis
insultuosas palavras a mim affemessadas, e com a mesma ajustar os vossos traballtos ao mesmo diapasüo de 11111
satisfação com que as recebi, djsponho-me a rebatê-las. jlÍri para mestres ou al1111os de escolas superiores?
devolvendo-as a quem melhor se ajustarem. A isso é que devemos chamar de - sórdido disparate.
Jamais pensei que uma crônica tão mi nú cuia provocas- Também, a tim de testemunhar ao público que o meu
se polêmica; e nes e caso, os Novos fraca sara1n mais uma sue/to, como o julgaste , não é despido de razões, e sim de
vez; confim1aram que só lhes apraz receber elogios. Sendo palavras ofensivas, o qual não soubestes analisar, passo a
assim, o despeito parte de vós, senhores expositores. reproduzi-lo aqui.(...)
Insinuados, certamente, por algum espírito insano, vi- •
savam ridicularizar-me, procurando assim hostilizar um meio NOTA: ARI reproduz o seu próprio artigo de 26 de
que devia ser, antes, estimulado por vós mesmos. Não é janeiro de 1927 (in Pacotillta), até- Mas os Nm•os escon-
deram os seus quadros!
com humilhações que homens de bem sei mpõem à simpa-
tia de seus semelhantes. Prossegue o anigo de AR/ (8/2/1927:)
(... )Como vêem, do exposto, não é scsquipedaJ produ-
rsso é irrisório!. ..
to ... literário; entretanto, teria sido mais prudente que hou-
Permitam que cu proteste contra a denominação que vessem buscado aprender o significado.
destes ao meu artigucte, ao quaJ, com tanta convicção Também dissestes. sem nenhuma n17ão: não admiti-
chamastes de sue/to. Não ousaria protestar, se a ilustrada mos afrontas descabidas de quem quer que seja. E, quem
redação da Pacotilha houvesse assumido inteira respon- poderá dizer, a não serem os Novos, que a minha crônjca ...
sabilidade pela sua publicação; se fosse uma crônica pró- ou aniguete, é uma afronta descabida?
pria do jomaJ. - E o pseudônimo? Só m.!smo na ... fonnid6vel cabeça ... dos senhores ex-
Ora, senhores expositores ... positores ...
Que fracasso ... O vosso a1tigo é digno de menosprezo. Respondo-o,
As minhas palavras significam apenas um incentivo cn1retanto, cumprindo um único dever: o de provar ao res-
àqueles que fogem às críticas; àqueles que estão persuadj- peitável público que e tais olvidado ...
dos do poder vencer sem lutar; àqueles que, sendo fraco , E esse respeitável público ainda terá vontade de ler
querem transpor barreiras de um salto, cm o preciso esfor- alguma massagada, por vós elaborada? Penso que não.
ço quando a coragem lhes falta no momento oponuno. Agora, que posso considerar-me vitorioso. despeço-me
A minha locução não vos deprecia, não vos ofende, de vós, batalhadores infatigáveis de 11111 ideal. Dcspeço-
apenas vos incita a lutar... e vencer. me, e não mais pretendo voltar à imprensa para responder
E o vosso artigo? Que sesquipedal produto literário!. .. aos artigos dos temíveis expositores do Saltio dos Novos.
Mas, senhores artistas - estulta pretens<io de iludir o Tenho o que fazer.
público, não é de quem diz uma verdade; de quem se ex- ARJ
pressa no sentido de estimular; mas. é, de quem escreveu (Pacotilha, 8/211927, p. I).

<::./@ 393 <VQ)


~
LUIZ DE MELLO w.
A ARTE NO MARANHÃO ce que se lhe valorize o esforço e que os seus patrícios não
deixem ao desamparo essa força jovem e animada do dese-
Estão cm exposição, na vitrinc da Fannácia Jesus, na jo de criar.
Praça João Lisboa, dois trabalhos artísticos interessantes, São Luís. fevereiro de 1927
para os quais desde já chamamos a atenção dos nossos Raimundo Lopes
leitores. São dois bustos de autoria do jovem artista mara- (O Imparcial, 1012/1927, p. l).
nhcnse Newton Sá; um deles representando o excelso poeta
patrício Gonçalves Dias; e o outro, um trabalho do natural DEPOIS DE SETE DIAS
representando o Dr. Filogônio Lisboa. UMA VITÓRIA DE.. VENTO
Brevemente daremos a respeito uma nota com a foto-
grafia de um desses trabalhos. (Pacotilha, 1012/1927, p.4). Até que enfim reapareceu a bravura do fracasso... Ora,
graças a Deus. Foram sete dias de longa meditação que,
UMA VOCAÇÃO afinal de contas, nada adiantou.
Apreciemo-lo ligeiramente, em alguns pontos de sua
Newton Sá, jovem patrício em fonnação artística já pro- bela "proclamação de vitória". Falta-nos 1empo para res-
missora e que começou a aparecer, aqui, firmando carica- ponder massagadas (o termo é nosso; foi plagiado pelo Sr.
turas espirituosas e de viva expressão, começa agora a Ari), dcslambidas de quem se julga, cmpavonadamente,
afinnar melhormente a sua vontade de progredir, com duas "na altura de incentivar um meio onde predominam a
tentativas no campo escultórico, dois bustos. A nossa sim- discórdia e a hipocrisia".
patia paternal por esses rapa7..es que procuram fazer arte É simplesmente irrisório! De que espécie será cs1e novo
em meio tão ingrato, simpatia ao encontro da qual veio ele Evangcli1..ador?! Tome cuidado, Sr. Ari, e não consinta que
com a sua vontade de aprender e trabalhar, obriga-nos a a sua doce pretensão se esbarronde num lamentável fra-
falar de Newton e de seus últimos trabalhos. Num deles casso... Tome cuidado!
procurou um tema, clássico, ilustre, a fi gura do nosso má- Agora, leitores, vejamos o que e crevcu o Sr. Ari. Pala-
ximo vulto espiritual, o poeta da raça e da terra. A expres- vras. Palavras ... ou, verdadeiramente, coisa nenhuma. Li-
são de Gonçalves Dias, dada pelo novel artista conterrâ- mitou-se a repetir, apenas, o que lhe dissemos. Plagiou,
neo, é a um tempo juvenil e dolorosa-como convém àquele portanto. É o que se pode dizer, em bom português. E isto
que provou, cm uma quarentena de anos, tantos trabalhos é uma ação tão feia, Sr. A.ri! Não se meta noutra, abandone
e sofrimentos. No Gonçalves Dias, que aparece nesse tra- a imprensa que só traz dissabores. Abandone e verá!
balho singelamente consciencioso, estão bem expressa- Depois saiu-se com esta o homem das vilórias: "as
dos os estigmas raciais, resultando claro a sua notável minhas palavras significam apenas um incentivo àqueles
facies de mestiço, de traços algo irregulares mas delica- que fogem às crí1icas".
dos. Justifica-se pela necessidade de apurar a fi gura- ima- Bravos! É o nosso evangelizador balofo; quer ser, ago-
gem de uma alma lírica, nobre - uma tendência para traços ra, incentivador de vocações artísticas. E o homem, pros-
mais corretos que os dos retratos do grande poeta. Outro seguindo, dá a entender que a sua missão... de incenlivar
ponto a notar com a tendência para aceitar a disciplina das ou regenerar meios (?), estende-se, também, àqueles que
boas normas. sem se entregar a uma desorientação imagi- estão persuadidos de poder vencer sem lular.
nosa, é que ele encarreira no caminho da sobriedade, pro- Ora, dizer isto é, francamente. querer descobrir a pól-
curando. quanto alcança a sua técnica de au1odidata, es- vora ... E que pretensão! Oh, extraordinário Ari !
tabelecer planos da figura, simplificar 1raços e buscar uni- E depois de um sequispedaJ produ10 literário (também
dade na interpretação. Não se fiando no senso da figura plagiado pelo vitorioso). agora de meia légua imprensada
humana que lhe despontou na caricatura, procura já assi- cm quatro colunas, termina dizendo que o nosso artigo é
milar o que lhe cai nas mãos, quanto às lições dos mestres digno de me11ospre:.o. No entanto, respondeu-nos para pro-
da arte e quanto aos preceitos construtivos desta. No ou- var ao público ... que estávamos olvidados. O homenzinho
1ro trabalho procurou acentuar qualidades de observação, não viu nada, mas ficou tão atarantado... Ora, Dom Ari!
apanhando da natureza os Lraços de um contemporâneo - - É chegado, enfim, o último momento. Leia, novamen-
o Dr. r ilogônio Lisboa. A fi sionomia foi bem apanhada, te, Sr. Ari. esta sua frase. também aprovei1ada do nosso
despre1.ado todo detalhe ou irregularidade sem importân- último artigo: e quem se mete em questiies muito além da
cia em proveito das linhas essenciais. fntcrpre1ar com tal viseira de 11111 articulista qualquer não pode ser um tolo,
expressão fi sionômica uma figura do natural e respeitando nem tampouco 11111 pretensioso.
na intcrprc1ação as exigências principais da disciplina ar- Js10 afinna o senhor. Leu bem?
tí<>tica, cm meio como o nosso, onde a anc é quase uma Como está iludido... Pois leia, tam~m. no final desta, a
ilustre desconhecida - é afirmar po!>i1ivamcn1e uma voca- prova concludente dessa doce ilusão. O barrete trabalha-
ção. Esse pequeno milagre de trabalho realiza-o num ambi- do por suas próprias mãos serve bem para o seu uso.
ente acnnhado de um quarto de rep1íblica esse principian- A César o que é de César!
te modesto, sem claque e vivendo obscuramente para o Mas é, creia, com profunda mágoa que a tanto nos
seu ideal. Muito lhe há de faltar ainda para atingi-lo; o vamos dispor. Assim é preciso, porque é um homem des-
próprio ma1crial em que tem podido fixar as suas criações tes que di1. e proclama sair de uma luta, cantando vi1órias.
não é o que exigiria a Grande Anc. De qualquer forma, Eis o que queremos provar: chegados ao ponto final
porém, pela sua sinceridade de trabalhador in1elecrual e da questão, pois não atenderemos mais às incongruências
pelo seu instinto cm busca do aperfeiçoamento, bem mere- do Sr. Ari, inspira-nos o desejo de mostrar ao público que

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

esse artista cheio de vitórias... de vento. que se ufana de em suas colunas. fará dentro de poucos dias, na Casa Ma-
estar na altura de incentivar um meio, cm se tratando de chado, na Praça João Lisboa, uma encantadora exposição
arte, é um ARTISTA que escreve, entre outras coisas, isto: de desenhos e aquarelas.
PERMITAM que eu proteste contra a denominação que Não precisamos encarecer, no gênero, os méritos do
DESTES ao 111e11 artig11ete. etc. - Francamente, Sr. Ari. novel anista.
aprenda primeiro a ser artista de verdade, perfeito e e cru- O público conhece-o de sobra e saberá avaliar os lin-
puloso, para, quando se meter noutro fracasso, ser menos dos trabalhos que José Jansen fará expor. (Pacotillia. 19/
infeliz do que o foi neste! 211927, p.4).
Ora, este moço!
Passe bem ... A ARTE NO MARANHÃO
OS EXPOSITORES OS TRABALHOS DE NEWTON SÁ
(Folha do Po1•0, 11 /21 1927, p.2).
Publicando hoje o clichê do busto de Filogônio Lis-
UMA EXPOSIÇÃO DE DESENHOS boa, de autoria do artista patrício Newton Sá, não nos
podemos furtar à justiça de uma palavra de aplauso e ad-
Folgamos em registrar a realização, dentro em poucos miração a esse moço esforçado que, de posse de uma lídi-
dias, de uma interessante exposição de desenhos do nos- ma vocação artística, vem produzindo trabalhos cada vez
so jovem e querido conterrâneo José Jansen. melhores, em luta contra um meio de provido ainda de
Já são bastante conhecidos, aliás, os trabalhos desse todo o ensino artístico eficiente e mesmo de apreciável
moço, que, por várias vezes, tem prestado concurso aos estímulo.
jornais de São Luís, ilustrando-os com o seu lápis de fino Resolvido a se fazer pela sua arte, o nosso patrício
artista. dedicou-se agora à escultura onde suas tentativas já vão
A exposição do nosso jovem conterr5neo será no ate- passando a realizações apreciáveis, tendo conseguido
1iê de madame Machado, na Praça João Lisboa. (Folha do modelar um busto de Osvaldo Cruz, por honrosa incum-
Povo, 19/211927, p.2). bência da filial do Instituto de Manguinhos. trabalho este
que tivemos ocasião de ver e vem confirmar a impres ão
EXPOSIÇÃO JOÃO DE DEUS favorável pelos anteriores produtos.
Por estes dias será, por sua vez, exposto ao público,
Nos próximos dias do mês de março terá lugar, nesta ainda na vilrine da Farmácia Jesus, a efígie do grande higi-
capital, a exposição do nosso jovem João de Deus, de enista brasileiro.
quem a imprensa local já se tem bastante ocupado. Newton Sá pretende conúnuar nessa norma de ativi-
João de Deus apresentará um número regular de traba- dade e estudo, tendo já cm vista outros trabalhos.
lhos seus, por onde o público verá que não lhe falta o Que não de anime ante o inevitável ceticismo ambiente,
valor artístico. antes procure ampliar o estudo e os rccun.os de realização
Aluno do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, ali artística, é o que lhe aconselhamos, apontando-lhe em todo
tem feito o jovem pintor conterrâneo uma figura brilhante, o caso o exemplo de trabalho aos outros jovens amadores
merecendo elogios dos seus professores. de arte da nossa terra, entre os quais há decerto vocações
Antes de iniciar a sua prova, João de Deus exporá tam- como esta que só esperam, para se afirmarem, um pouco de
bém, numa das vitrines de São Luís, um dos seu aprecia- esforço e boa vontade. (Pacotilha, 221211927, p. I }.
dos quadros.
Oportunamente daremos melhores informes. HOMENAGEM
(Foll1ad0Povo, 19/211927, p.3). CORONEL ZENÓBIO DA COSTA

NOS DOMÍNIOS DA ARTE Os funcionários da Chefatura ele Polícia vão amanhã


render ao ilustre coronel Zenóbio da Costa clislinla home-
O jovem pintor conterrâneo João de Deu , de quem a nagem. inaugurando o seu retrato no gabinete daquele
imprensa local já e tem ocupado bastante. fará. nos pri- importante departamento público.
meiros dias do mês vindouro, a sua primeira exposição A essa iniciativa, que pela sua espontaneidade tão elo-
apresentando um número regular de trabalhos que, esta- qUentePlente diz do respeito eda admiração de que goza o
mos certos, muito irão agradar o público de São Luís. brioso e distinto mi lilar entre os seus subalternos, já ade-
João de Deus, que é excessivamente modesto, foi alu- riram inúmeros amigo e admiradores do coronel Zenóbio
no do Liceu de Artes e Ofícios onde sempre se salientou da Costa, cuja admi nistração proveitosa e fecunda, como
pela sua aplicação e vocação para a pintura. chefe de polícia e comandante da Força Pública, tanto avul-
Antes de realiar a sua exposição. o pintor conterrâneo ta.destacando-o como um dos mais fortes esteios da atual
porá, em uma das monlras de São Luís, um de seus qua- administração.
dros. Para assistir a essa homenagem, A Hora recebeu aten-
Em tempo oportuno daremos melhore. informações so- cioso convite.
bre a exposição de João de Deus, que tem despertado, aliás, - A oficialidade da Força Pública fará. também às 9
nos meios artísticos maranhenses, o maior entusiasmo. hora , uma manifestação de apreço ao coronel Zenóbio
• da Costa .
Também José Jansen, o fino desenhista que todos nós Uma comissão de oficiais convidou-nos para tomar-
conhecemos e cujos trabalhos a Pacotillia tem inserido mo parte. Foi convidado para fazer a saudação ao digno
LUIZ DE MELLO

comandante, nosso companheiro de trabalho Roberto Gon- A exposição do pintor maranhense, produto do seu
çalves. (A Hora , 28/'111927, p.4). próprio esforço, recebeu a visita de nos o mundo anistico
que lhe admirou a harmoniosa inspiração que ressalta dos
PAULA BARROS trabalhos que expôs. (A Hora, 25/3/1927, p.4).

Transcorre hoje o primeiro aniversário do passamento UM TRABALHO DE ARTE


do pintor Paula Barros. Aos eus amigos ainda não se
diluiu a m5goa da eterna pri vação das qualidades de espí- Tivemos a oponunidade de apreciar ontem, a convite
rito do distinto morto. do professor Raimundo Campos, provedor da lnnandade
No mundo das artes, onde cintilou o seu aquilatado do Santíssimo Sacramento, o novo esquife cm que será
fulgor de artista, perdura a falta sensível dessa parcela conduzido amanhã, conforme é tradicional cm nossa ten-a,
máxima de conhecimentos que foi Paula Barros. o Corpo do Senhor Morto, em solene procissão pelas ruas
A famíl ia do talentoso pintor mandou celebrar hoje uma da cidade.
missa cm intenção à sua alma. O trabalho que é, sem dúvida, do mais fino acabamen-
As nossas flores continuam esparsas sobre a lápide to artístico, já pela excelência do material utilizado no seu
cio seu sepulcro. (A Hora, 2/3/ 1927, p. l). confcccionamcnlo-o angelim rajado- já pelo seu apuro e
sobriedade que presidiram às suas linhas construtivas, foi
EXPOSIÇÃO JOSÉ J ANSEN executado nas oficinas de marcenaria do Sr. João Marinó-
sio da Mota e teve como ofertante o Sr. Joaquim Inácio de
Inaugurou-se hoje, conforme fora anunciado pela im- Almeida, irmão daquela mesma confraria religiosa.
prensa, a exposição de José Jansen no ateliê de madame Cresce de valor o referido trabalho quando se atenta
Machado, na Praça João Lisboa. no capricho do seu entalhe, deveras original, reproduzin-
O jovem desenhista, que é uma das mais fones menta- do nas suas quatro faces, em medalhões cm baixo-relevo,
lidades artísticas de nova geração maranhense, apresenta os simbólicos Martírios do Senhor, e no cetim que alco-
choa, aurilavrado e fúlgido.
32 esplêndidos trabalhos de feição moderna que fazem
A sugestão artística do trabalho é do professor Rai-
lembrar os desenhos delicadíssimos de Belmonte e J. Car-
mundo Campos a quem agradecemos a delicadeza do con-
los, os dois querido ilustradores brasileiros.
vite. (0 Imparcial, 14/4/1927, p.6).
A exposição do jovem amador tem sido visitada não só
pelo elemento intelectual de São Luís, como pela socieda-
OS TRABALHOS DE NEWTON SÁ
de elegante dc!>ta capital, onde José Janscn tem lugar de
destaque, e que é freqüentadora assídua do conceituado O medalhão que estampamos nesta coluna e que re-
ateliê de madamc Machado. presenta em baixo-relevo a efígie do Dr. Filogõnio Lisboa e
A Hora apresenta ao talentoso expositor os seus efu- constitui um dos trabalhos mai recentes do jovem escul-
sivos parabéns e agradece o convite que lhe veio fazer lor maranhense Newton Sá, acaba de ser reproduzido em
para uma visita à sua exposição. (A Hora, 10/3/1927, p.4). bronze na oficina de fundição do Sr. Anthcro Yidal, que
empenhou com boa vontade e louvável esforço os seus
EXPOSIÇÃO JOSÉ JANSEN elementos profissionais nessa tentativa. coroada de apre-
ciável resultado, de tomar possível a realização em nossa
Confonnc fora noticiado, inaugurou-se ontem, no ate- terra, em material definiti vo, de uma obra de arte.
liê de madamc Machado, na Praça João Lisboa n. 0 2, a Sabemos que o brioso artista paoício, sobrepondo-se
exposição do desenhista contc1Tânco José fansen. às dificuldades ambientes. à falta de elementos educativos
Consta de 32 quadros variados, elegantes, expressi- e adiantando-se às possibilidades técnicas de autodidata e
vos, que bem revelam o talento e o pendor artístico do ao seu ainda breve tirocínio, con~eguiu vazar um busto de
jovem amador. D. Francisco de Paula e Silva, em proporções maiores que as
A exposição de José Jansen há despc11ado interesse naturais, com qualidades apreciáveis, quanto à interpreta-
por parte da sociedade elegante de São Luís e de vários ção da figura e ao equilíbrio conslrutivo das formas.
intelectuais e artistas que a têm visitado freqüentemente, Além disso, tem modelado, aguardando apenas mol-
com palavras as mais encomiásticas sobre os trabalhos e dação, o medalhão com a efígie do nosso confrade Rai-
sobre o mérito do seu autor. mundo Lopes.
A nossa impressão foi lisonjeira. Entre outros quadros É de esperar que não sofra descontinuidade o esforço
agradaram-nos muito Silhueta, Estudos, Garçone, Cabe- desse novel artista, antes que o público o incentive e lhe
ça inglesa e Mandarim. dê arte para a sua ane, como profissional, isto é, artífice e
Os nossos parabéns ao distinto expositor pelo êxito de artista, e que ni!>lOseja imitado o seu exemplo pelos outros
seu louvável talento. (Pacotilha, 11/3/1927, p. I ). jovens que com ele são as promessas do nos o minguado
meio artístico.
EXPOSIÇÃO JOSÉ JANSEN Temos, portanto, agora, dentro do mesmo Maranhão,
elementos para realizar certos trabalhos de anc.
Encerrar-se-á amanhã a bela exposição de pintura que Consta vai ser dado substituto ao ridículo pedestal da
o no so talentoso conterrâneo inaugurou há um mês mais estátua de João Lisboa e as im cria bom que colocassem
ou menos, no salão do ateliê de madamc Machado, na de cada lado do novo pedestal, como no da de GonçaJves
Praça João Lisboa. Dias, quatro medalhões de vultos intelectuais maranhen-

~ 396 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

ses, de preferência dos que, como Henriques Leal. Celso oficial da Diretoria Geral dos Correios, que serviu de secre-
Magalhães, José Cãndjdo (O Pharof), Gentil Braga, Cândi- tário. Os trabalhos da Comissão foram assistidos também
do Mendes, AI meida Oliveira, se dedicaram às ciências his- pelo Sr. Severino Neiva, diretor-geral dos CorTeios.
tóricas e sociais, ao humanismo, à oratória, ao jornalismo, Apresentaram desenhos oito concorrentes, tendo sete
enfim, à atividade intelectual análoga à do imortal autor da assinado os seus trabalhos com os seguintes pseudôni-
Vida do Padre Antônio Vieira. Seria um bom incentivo não mos: Selo, Raimundo. Marat, Minerva, Verde e Amarelo,
só ao meio artístico, como ao técnico, a realização, quanto Dura Lex e Fortes Fortuna Adjuvat. O oitavo, porém, em
possível com elementos nossos, de lr'dbalhos destinados desacordo com o edital, enviou o seu trabalho acompa-
assim a ornar a nossa capital. (O bnparcial, 21/4/1927, p.6). nhado de carta assinada por Francisco da Silva Cordei ro,
não tendo sido, por isso, tomado em consideração pela
INSTITUTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA Comissão Julgadora.
Examinados os demais desenhos, foi conferido o l º
A diretoria do '11slituto procurou ontem o presidente lugar, por unanimidade, a um desenho apresentado com o
do Maranhão para agradecer-lhe os reparos que mandou pseudônimo Raimundo; e o 2° lugar, por maioria, a um
executar na parte do prédio da antiga Escola Onze de Agos- desenho apresentado com o pseudônimo Dura Lex. Aber-
to, onde vai funcionar aquela agremiação. ras as sobrecartas que continham os nomes dos dois con-
S. Exa., que tanto se vem interessando pelos trabalhos correntes classificados, verificou-se que o 1ºprêmio cou-
do Instituto, recebeu igualmente os agradecimentos pela be ao Sr. Porciúncula de Moraes, artista-pintor, residente
entrega dos inéditos de César Marques. na Rua Hadock Lobo nº 70, e que o 2° prêmio coube ao Sr.
Aproveitando a oportunidade, o comandante Maga- Quirino Campiofiorito, residente na Rua Mem de Sá nº 24,
lhães de Almeida confiou ao Instituto, em nome do Esta- em Niterói.
do, a coleção de quadros da Escola Maranhense de Pintu- O pintor Porciúncula de Moraes, que se acha na Capital
ra Colonial, colecionados outrora para a Província, por da República há muüos anos, já vai a mais e mais conquis-
Gonçalves Dias. Foi um belo e acertado passo para coad- tando os aplausos da culta sociedade que ali se interessa
juvar a iniciativa do Instituto. empenhado em lançar as pela arte, assim como o conceito dos grandes mestres.
bases de um futuro Museu Maranhense. Ocupam-se dele, com grandes encômios, os mais afa-
Muito conta ainda com o apoio do presidente do Insti- mados cronistas de arte, e seus quadros já têm merecido
tuto, para levar a bom termo a sua tarefa em relação à nos- menções honrosas em certames a que concorrem grandes
sa terTa e suas tradições. (O Imparcial, 28/4/ 1927, p.6). vocações e talentos por demais promissores.
Já ele é considerado o mais brilhante aquarelista naci-
ATELI~ GLÓRIA onal, o que constitui formosa !áurea do seu merecimento.
A Hora, por: mais este surto do seu privilegiado pincel,
A proprietária deste conceituado ateliê teve a gentileza envia-lhe sinceros cumprimentos, almejando-lhe farta mes-
de nos comunicar que acaba de mudá-lo da Rua Nina Ro- se de conquistas na sua especialidade artística.
drigues para a Rua dos Afogados nº 2, na casa da famflia Mais uma vitória do pintor Porciúncula de Moraes, na
Paula Barros, sendo que as oficinas funcionam na mesma capital da República. (A Hora, 19/511927, p. l ).
rua, casa 23.
Como sempre, este conhecido ateliê continuará aten- OS TRABALHOS DE NEWTON SÁ
dendo a sua numerosa freguesia, esforçando-se em satis-
fazê-la da melhor forma. (A Hora, 16/5/1927, p.4). Achando-se exposto, na vitrine da Farmácia Sanitária,
um baixo-relevo em bronze, efígie do Dr. Filogônio Lisboa
O 1° CENTENÁRIO DOS CURSOS e trabalho de Newton Sá, resolvemos procurá-lo, a firn rle
JURÍDICOS NO BRASIL nos informar algo sobre seus trabalhos.
CLASSIFICAÇÃO DOS SELOS Dirigimo-nos, por isso, ao seu ateliê.
COMEMORATIVOS Subimos, de um fôlego, os três andares do sobrado da
Rua Afonso Pena, 6, onde se acha instalado, na sala de
- Lemos em O Globo de 23 de abri 1 do corrente: frente, o jovem escultor. Encontramo-lo a terminar um bus-
Reuniu-se, sob a presidência do Dr. Victor Konder, no to recentemente modelado, encomenda da fin11a Martins
gabinete do ministro da Viação, a Comissão de Julgamento & Irrn~os.
dos desenhos apresentados a concurso para estampa dos Após os cumprimentos de estilo, entramos logo na
selos postais comemorativos do 1° Centenário da Funda- matéria da nossa entrevista.
ção dos Cursos Jurídicos no Brasil. Perguntamos se o medalhão de bronze fo i aqui mesmo
A Comissão Julgadora, de acordo com o edital que há fundido. Respondeu-nos que sim e que tenciona executar,
tempos foi divulgado, ficou composta dos Srs. Dr. Victor cm breve, a fôrma em que deve ser moldado, também em
Konder, ministro da Viação e presidente da Comissão: Dr. bronze, o busto de D. Francisco Paula e Si lva.
Rodolfo Américo, professor e representante da congrega- Queríamos também saber o número de bustos e de bai-
ção da Escola de Belas-Artes; Dr. Raul Perdeneiras, profes- xos-relevos por ele já executados. Respondeu-nos que,
sor e representame da Faculdade de Direito do Rio de Janei- em cimento, contava já cinco bustos e dois medalhões,
ro; Sr. Leopoldo Alves Campos, desenhista e representante tendo já recebido encomenda para seis.
da Casa da Moeda; Dr. Francisco Pereira Lessa, subdiretor - Em barro não me fale - disse-nos o Newton - pois
interino do Tráfego Postal e representante da Diretoria Ge- muitos deles se desmoronaram à falta de dinheiro para
ral dos Correios; o Sr. Félix Martins Pereira de Sampaio, 2° comprar o material imprescindível.

~ 397 {2/(>)
~
LUIZ OE MELLO ~

Indagamos se sua arte era bem remunerada. UMA OFERTA AO HOSPITAL PORTUGOOS
- Não me posso queixar dos meus clientes que se têm
portado para comigo como verdadeiros amigos. Só os po- O Sr. Barâo de ltapary e a Sra. Baronesa de ltapary que
deres públicos não se dignaram, até agora, a confiar em atualmente lêm a sua filha Maria internada no HospitaJ Por-
mim e ainda não me mandaram executar as efígies dos fi- tuguês, onde fora operada pelo Dr. Tarquínio Lopes Filho,
lhos ilustres que o Maranhão devia perpetuar. Agora mes- ofereceram àquele estabelecimento duas lindas telas a óleo
mo que se reconstitui o pedestal da estátua de João Lis- representando um trecho da encantadora Praia de Icaraí, na
boa, lembrou O Imparcial que se pagasse quatro dívidas, Bafa de Guanabara, e a Urca, ao lado do Pão de Açúcar, finos
incluindo quatro baixos-relevos dos vultos do jornalismo trabalhos da Sra. Amina Barros, viúva do saudoso pintor
maranhensc no pedestaJ da mesma. Paula Barros. (Folhado Pol'O, 3/6/1927, p. I).
Compreendeis bem que cu achasse essa idéia dupla-
mente feliz, já pelo fato de o Maranhão pcrpctualizar algu- APRECIAÇÃO
mas das glórias do seu passado, já pela possibilidade que
cu teria de fazer um trabalho para a minha terra. Estão em exposição na vitrine da acreditada Fannácia
Os jornalistas, habituados à publicidade, não podem Sanitária uns trabalhos de escultura, em gesso e bronze,
ignorar quanto esta estimula o artista. de Newton Sá. Dadas as circunstâncias com que foram
Trabalharia eu para o Maranhão apenas cobrando o feitos, lutando o autor com mil dificuldade , é um bonito
material e o meu tempo, pois o meu lucro seria, com vanta- triunfo que merece encômio .
gem, substituído pelos aplausos que o meu esforço taJvez Quem muito tem ajudado o Newton a trabalhar na sua
merecesse dos críticos e do público em gera l. bela arte é o Dr. Filogônio Lisboa, um dos mais distintos
Mas, infelizmente, eu sou maranJ1ense e meu nome só médicos que possuímos. não só com o seu auxílio moral.
tem um W e não tem três ou quatro consoantes juntas. como pecuniário. E assim o jovem artista vai progredindo,
Aqui, apenas têm vaJor os trabalhos estrangeiros, em- e aperfeiçoando cada vez mais nas obras que vai esculpin-
bora inferiores aos nacionais, e não sou cu quem poderá do. O Newton tem uma força de vontade admirável. Para
mudar a ordem natural das coisas. Espero, entretanto, que provar o que afinno, ele não tem professor, ou por outra, o
hei de vencer, captando a confiança e simpatia dos ho- professor que tem é a sua aptidão para taJ gênero de arte.
mens detentores dos poderes do Maranhão. Eles me co- Se um rapazinho deste já faz tão belos e apreciáveis
nhecerão pelos meus trabaJhos e pela minha boa vontade trabalhos, não só de escultura, como de caricatura, que
cm realizar aqui, com auxfüo de meus amigo!>, o máximo que faria se esti vesse cursando uma academia de Belas-Artes?
se poderá fazer cm matéria de escultura. É o caso de se dizer que ser é ser e não querer.
- Despedimo-nos de Newton Sá e descemos as esca- Dizia o grande Miguel Ângelo que a escultura era a
das admirados, não sabemo se mais da sua confiança em sua espo a e a pintura a sua noiva. Em amba estas formas
si mesmo, se de sua boa fé em vencer, ou se de sua capaci- da estética era extraordinário o maravilhoso artista italia-
dade de trabalho. (Folha do Povo, 24/511927, p.2). no. É uma coisa sublime arrancar de um pedaço tosco de
madeira ou de um bloco rijo de mármore, uma figura cheia
OS TRABALHOS DE NEWTON SÁ de vida e beleza, só faltando se mover e fa lar, conforme a
perfeição na obra.
Encontra-. e cm exposição na virrine da Fam1ácia Sani- Newton Sá, pálido e sereno, tem impresso nos olhos o
tária um bem trabalhado busto do capitalista de nossa pra- cunho dos iluminados, das almas eleitas, enamorados das
ça Sr. João Martins. formas radiantes, das concepções magistrais.
É mais um excelente trabalho do jovem e promissor Saber-se impor no nosso meio tão material e prosaico,
artista maranhense. onde as divinas manifestações da inteligência são trata-
Lutando contra toda a sorte de obstáculos que se lhe das quase de resto, é já alguma coisa. Pouco a pouco
antepõem, Newton Sá vai, no entanto, vencendo na sua Newton vai penetrando vitorio amente no amplo e fidalgo
jornada. salão da admiração de todos.
O seu novo 1raball10 é bem uma prova eloqüente do Newton Sá, com o talento de que dispõe, estudando
seu talento modelador espontâneo e de grande futuro. (A com afinco e perseverança. mais tarde colherá formosos
Hora, 27/511927, p. l). louros e legará para o Maranhão um nome glorioso.
JOSÉ DO VAJLE
UM BUSTO (0 Imparcial, 6/6/1927, p.3).

Na montra da Farmácia Sanitária, Newton Sá, o jovem NEWTON SÁ


artista patrício. expôs mais um trabalho de sua autoria.
Trata-se de um busto do fundador da Casa Martins & De quando cm quando anunciam os jornais mais um
Irmão, o honrado comerciante Manoel Pereira Martins, ir- trabalho de Newton Sá. A obra, ultimamente apenas de
mão do Sr. José Pereira Martins. escultura, fi ca exposta por alguns dias na elegante vitrinc
Todos os entendidos que têm examinado esse traba- da Fannácia Sanitária. Desse modo. a vista dos produtos
lho manifestam-se favoravelmente ao seu valor. É o que do esforçado industrial que, apesar da sua excelência e
também fazemos nesta local, nós que vimos acompanhan- agradável acondicionamento, lembram as muclas e dores
do com justa simpatia o desenvolvimento artístico de a que se destinam, fica alegrada pelo bronze e pelo gesso
Newton. (Pacotilha, 28/5/1927, p. I .) plasmados pelas mãos hábeis do pequeno artista.

~3 98 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Não sei se ainda convém a Newton este diminutivo. estatuária, vê, compreende bem que ele não seja um ma-
Agora ele é um homem. Mas estou já - hélas! - no início draço. Longe di so. É um apaixonado pela sua arte. um
da idade em que se olha mais para o passado do que para dominado pela atividade de traduzirem fonna e cor as ima-
o presente, e que faz.ia M. Bergcret sorrir à notícia da morte gens que a nature.la lhe sugere.
de um amigo. não porque tal morte o alegrasse. mas por lhe Não tenho receio. apesar de não ser um técnico no
trazer a lembrança do tempo em que o defunto era ainda assunto. de afirmar que ele constitui. na sua especialida-
um moço forte e ardente. de. a figura de maior relevo que o Maranhão j á produziu.
ewton é ainda por isso, para mim, aquele meninozi- Na pintura. na caricatura, na e cultura, é sempre um tipo
nho encolhido e triste que um dia me entrou pela sala da de inconfundível originalidade. de grande e espontâneo
Pacotillra - ao tempo cm que cu a dirigia, para me mostrar poder de exteriori7ação e. tética. Falta-lhe, apenas, com o
os seus desenhos. Nele, logo me atraíram a atenção aque- crescer da idade, o aumento dos cs1udos, o contacto com
les grandes olhos brancos, que enquanto eu não podia os seres de seu mundo. com os artistas que o podem criticar
atender ao artista, vagavam lentos e tímidos pela monóto- e educar. Fora daqui, no Rio. ele será cm breve um nome, um
na simplicidade das paredes, apenas alegradas pela terra- grande filho do Maranhão. Aqui, asfixiado pelo confina-
cota do Eça, e, através da janela, pelas árvores da praça. mento da atmosfera mental, virá a figurar, como a árvore que
Mais tarde, quando o conheci melhor. quando vi que a medrou entre pedras, no quadro triste, de melancólicas tin-
centelha divina brilhava naquela fronte eleita, pareceu-me tas, ao lado dessas radiantes celebrações que, por não te-
que assim grandes e brnncos, aqueles olhos serviram para rem querido abandonar o pago triste, aí estão inativas, se-
amplificar as impressões rctinianas, incrementando-se. não atmfiadas. Antônio Lobo, que~' baixa politicagem com-
peliu à morte, Correia de Araújo, Antônio Lopes. Barros
destarte, em força e nitidez a sensação interior. .. O Filogô-
Vasconccllos, mal podem vencer, pela refulgência do seu
nio, mais médico e mais prático do que cu, levou-o à con-
talento, a ho tilidade natural deste terreno inóspito.
ta de prosaica infestações intcstinaic;, sem contudo lo-
Mas Newton Sá é paupérrimo. Como sair, pois. daqui?
grar modificá-los com os anti-helmínticos que fez o pobre
Até há pouco o Estado concedia pensão a um certo núme-
rap:u ingerir.
ro de rapaz.e que quisessem cursar a Escola de Belas-Ar-
Curou-o, porém, da indolência que a cs e tempo o pro -
tes. As dificuldades financeiros obrigaram a atual adminis-
trava. E o Newton, livre dos parasitas. entrou a trabalhar
tração a suprimir e a verba. O gesto é perfeitamente expli-
com um entusiasmo que, de resto, o Maranhão não com-
cável pelo elevado intuito de reduzir os nos os gasto<>, para
preendeu e por isso não estimulou.
equilibrar o orçamento. Mas, quando, pela hon~tidade a
Não sei de situação mais dolorosa que a de uma criatu-
que já nos habituou este ano de honrada e profícua gestão,
ra a trabaU1ar. a produzir coisas superiores em um meio que
houver lugar para mais uma pequena despesa, estamos cer-
não o entende e, naturalmente, por isso o agride. A sua
to de que o ilu trc Sr. prc~idcntc Magalhães de Almeida
beleza mental é como a do triste cisne que foi nascer entre
mandará restabelecer pelo menos uma pensão que, nada
os patos e quase morre de desgosto, crivado de epigramas
sendo para o Estado, como gasto, muito produzirá cm bene-
e docstos porque tinha um longo pescoço. Obrigado a
fício, pois dará azo a que amadureça e frutifique cm pomos
emigrar, aquilo que lhe fora o grande desgosto da vida, se
de ouro uma excepcional capacidade artística.
transformou , entre ou1ras gentes, conscientes e sabidas,
Luiz Viana
na causa mesma de sua glorificação. (O Imparcial, 22/6/ 1927, p. I).
Era culpa dos patos, se atacavam o ser anormal, que o
desgarre de um ovo fizera aparecer entre eles? Não. Era NOS DOMÍNIOS DA ARTE
culpa do meio, não afeito a compreender a suprema elegân- MAIS UM BELO TRABALHO DE NEWTON SÁ
cia daquelas curva~ hannoniosas. O cisne era entre ele um
anômalo, e a sociedade, como os organismos, repele. por Acha-se exposto na vitrine da Farmácia Sanitária um
urna necessidade defensiva, os corpos estranhos ... medalhão com o busto da distinta farmacêutica conterrâ-
Ora, Newton é entre nós um desse seres anômalo . E nea Zuleide Pinto. trabalho do esperançoso jovem Newton
nós que compomos a grande massa anônima e igual, o Sá. cujo talento e pendor para a escultura já estão plena-
vamos repelindo, ou pelo ataque, ou pelo silêncio. mente comprovados cm várias obras de sua lavra, lisonjci-
Pelo ataque, sim. De quantos tenho ouvido falar na rarnente criticadas pelas nossas pnncipais autoridades no
sua preguiça. na sua inaptidão para o trabalho! assuntc.
- O que ele precisa é empregar-se! Por que não arranja O novo trabalho de Newton Sá reafirma, mais uma vez,
uma vaga de amanuensc ou um lugar de caixeiro? Vive por os seus promissores dotes artístico. e tem recebido unâ-
aí, numa vida de calaçaria, a pintar monos e fazer bonecos!. .. nimes elogios dos entendidos cm matéria de arte. (Pacoti-
Para nós outros, o labor do Newton não é labor. Labor lha, 14n/1927, p. I).
é expedir caixotes para outras praças, escriturar li vros em
repartições e, talvez ainda, passar récipes e arrazoar autos. UM ESCULTOR BRASlLEIRO
Artigos para jornais j:i constituem tarefa suspeita...
Nessas condições, sob este augusto ponto de vista, o Com muito fJ/'{/':,er 1rn11screvemos abaixo. do Jornal
Newton é um preguiçoso. No entanto, quem o vê sempre do Brasil de 19 de julho IÍlfimo, 11111 ar1igo do jomalista
cuidar dos seus bustos e quadros, num grande esforço Gonçalo Jorge sobre o escultor 111aranhense Celso Antô-
para progredir, catando aqu i e ali motivos para as suas nio, a propósito dos seus 1íl1i111os trabalhos, primorosas
esculturas, infatigável, insistente mesmo, a pedir retratos ob/'{/s em que o jovem patrfcio revela mais uma vez o seu
de grandes homens a quem ele quer prestar a homenagem brillzame ralemo e os seus já consagrados méritos.

~ 399 Vê')
LUIZ DE MELLO

O Sr. Coelho Neto já definiu com a sua eloqüência lírica Arinos não está destinado a um castigo desses, pelo
o talento de Celso Antônio. Foi isso cm anigo no Jornal menos com referência à henna de que aqui falo. Trata-se
do Brasil, publicado em 1924. de um trabalho sobriamente expressivo e que nas sua
Naquele ano, estava o jovem anista na Europa e traba- linhas austeras define o feitio do autor de Pelo Sertão.
lhava no ateliê de Antoine Bourdclle. Esse mestre, encer- Mas, atualmente, o que existe mais belo no ateliê-sem
rando seu curso, chamou a atenção dos outros discípulos falar, está visto, naquele atleta que mereceu do mestre Bour-
para a obra de Celso Antônio. E, referindo-se a um dos tra- dclle as expressões a que acima aludi - o que existe mais
balhos desse brasileiro, aconselhou-o que mandasse fundir belo, no ateHê, é uma estátua nova. que Celso Antônio está
cm bronze a estátua, porque o governo francês deveria tenninando agora e com a qual vai figurar no próximo Salão.
adquiri-lo para o Museu de Luxemburgo. Teve um elogio De pé, numa atitude de surpresa e de audácia, dessa audá-
maior: comparou com um trabalho de Rodin um trabalho de cia confiante e um tanto infantil que a adolescência tem,
Celso Antônio, e deu preferência ao do seu aluno. uma soberba mulher parece sorrir na pedra. Estou a imaginar
É alguma coisa um elogio desses, vindo de um grande as dificuldades com que ele arcou para obter o modelo. Sabe-
anista como Bourdelle. sc que, no Brasil, um dos mruorcs entraves que tem a com-
Pois Celso Antônio, a quem os destinos deram uma bater os artistas plásticos, está na dificuldade dos modelos,
alma singularmente modesta, não deixou que diminuísse sobretudo femininos. Há poucas mulheres belas que acei-
essa sua santa ansiedade de trabalhar, e de trabalhar sem- tam servir de modelo: e as feias de pouco servem.
pre melhor, que é o único segredo dos grandes artistas. Celso Antônio, que é, em ane, um modernista, divide
Aqui, no Rio, numa vida que nem sempre terá sido as suas admirações por Bourdelle, Despian, Maillol, Pica'i-
suave, ele tem levado adiante o seu sonho de criar uma so e Deraim. Isso não quer dizer que ele se entregou à
obra forte. imitação de qualquer desses artistas. Bem ao contrário.
Seu ateliê é um ateliê improvisado. O anista vai partir Amante ardente da beleza da Renascença e das belas épo-
para São Paulo. levando para Campinas o Monumento do cas clássicas cm que a arte foi verdadeira e foi pura, talvez
Café, que lhe foi confiado. Ele foi encarregado de fazer ele soube combinar, com o ideal novo des e mestres, um
esse monumento depois de um concurso, no qual venceu pouco daquele esplendor que marca as obras de um Mi-
vários outros artistas. guel Ângelo.
Gonçalo Jorge
A maquetc do Monume1110 do Café está pronta. É uma
(Pacotilha, 2/8/1927, p.l ).
obra simples, de grandes linhas puras. Nada dessa elo-
qüência suntuosa e tanta~ vezes romântica, que encontra-
ECOS
mos na maior parte dos monumentos concebidos ou exe-
cutados pelos artistas brasileiros. O Mo1111me11to do Café
Na vitrine d' A Exposição, na Rua Osvaldo Cruz, acha-
unicamente fala do café. Há uma coluna quadrada, que
sc exposto um retrato tio pugilista amador José Fonseca,
tem, cm cada uma das faces um símbolo: - um ramo de
trabalho do inteligente artj ta conterrâneo Newton Sá. (Pa-
café; a colona que recolhe os frutos da árvore, o emjgrante
cotilha, 4/8/ 1927, p.3).
que cavou os sulcos onde a semente foi plantada e o ne-
gro que para o cais carrega as sacas já feitas. Tudo isso é
NA ESCOLA DE BELAS-ARTES
grave, como concepção e como execução. A RECUSA DE DOIS TRABALHOS DE
Há, também, no ateliê, a maquete do monumento que, a
CELSO ANTÔNIO E A ACEITAÇÃO DE
Afonso Ari nos, vai ser erigido cm Belo Horizonte. UM MEDALHÃO DE NEWTON SÁ
Afonso Arinos foi um dos espíritos mais elegantes que
o Brasil já possuiu. Ele tinha. na prosa, os segredos de uma Num dos últimos números d'A Pátria, do Rio, lemos a
poesia infinita. E sabia sentir como runguém a sedução e o seguinte notícia a respeito da recu a, pelo júri da Expo i-
milagre da terra brasileira. Em seus livros há páginas que ção da Escola de Belas-Arte . de dois trabalhos do escul-
ficarão para sempre - e que, no furu ro, hão de ser dadas às tor maranhcnse Celso Antônio:
classes escolares para edificação das almas infantis. Uma NOTA-O 1cx10 encontra-se na edição de 29/811927 -
dessa páginas é a invocação ao buriti perdido. da Pacotilha.
Celso Antônio compreendeu a sensibilidade doce e A partir dm: o texto d"O IMPARCIAL é o seguinte:
profunda de Arinos. E, no monumento ao escritor, invo- (...)A propósito da aceitação de um doi. seus trabalhos
cou essa página, fixando numa das faces da hcnna a bela pelo júri da Exposição da Escola de Belas-Artes, recebeu o
palmeira que o apaixonado dos sertões cantou. jovem escultor Newton Sá a seguinte cana do professor
De mim para mim, não posso crer na conveniência das Raimundo Lopes. que exalla merecidamente o valor da-
estáruas e dos movimentos. M a~. desde que um escritor é quele nosso talento o conterrâneo.
condenado à fa talidade de um desses castigos, ao menos Meu caro Nell'tOn Sá
que esse castigo seja belo e tenha, esteticamente falando, Acabamos, o Filogônio e cu. de entregar o teu trabalho
uma finalidade consoladora. ao Salão da Escola de Belas-Artes. Tiveste sorte, dupla-
Quando lembro dos monumentos que através do Bra- mente. já porque chegou aqui quase fora do tempo, já por-
sil perpetuam a memória dos meus compatriotas ilustres, que foi aceito sem a impressão ao júri. não entrando nisto
sinto uma verdadeira dor de alma. Já tive ocasião de falar o menor empenho. pois, para não perder tempo, apresen-
sobre a estátua de Nabuco cm Recife e a de Castro Alves tamo-nos à !)ecretaria da escola, sós, sem sequer a compa-
cm Salvador, e não quero aqui repetir o que então disse. nhia do Santiago, do Porciúncu la ou outro artisla amigo; o
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Raul Pederneiras, logo num dos seus gestos francos de a Santa Cecíl ia. no Arthur Azevedo. Ainda bem. Trata-se
artista de raça, à primeira vista deu opinião favorável, a da inauguração do retrato de Elpídio Bnto Pereira, no sa-
qual logo se fez unânime, sendo de notar que o velho lão nobre do nosso teatro, que, de há muito, ali já devia
Visconti, nome respeitadíssimo no meio artístico, também estar figurando ao lado dos de Coelho Neto, Apolônia
a aceitou. Não direi que ficassem assombrados com o teu Pinto, Antô nio Rayol e outros filhos ilustres desta glorio-
medalhão, mas via-se bem que o aceitavam da melhor von- sa Atenas Brasileira.
tade, como vera obra de a1te, sem o menor laivo de tole- Já houve mesmo, no salão nobre, antes daquela c hus-
rância para com o principiante. ma de lápides que infestam o vestíbulo do nosso teatro,
Não me admirou demais essa impressão, com a qual só retratos de maranhenses que se elevaram na arte que reli-
não contava por temer a indifere nça ambiente no Rio ao giosamente abraçaram e que, não sei por que, foram dali
trabalho do provinciano desconhecido, e a solenjdade dos retirados - até mesmo o de Arthur Azevedo.
mestres... porque fora a minha independente de qualquer Portanto, tenha sido a noite de ontem o início da repa-
camaradagem, mal o Filogônio me mostrara em sua casa o ração de uma série de injustiças que se tem fe ito a grandes
trabalho que, como sabes, não vira sequer aí em começo. maranhenses, o término da prática de imerecidamente ho-
Nesse medalhão de D. Zuleide Pinto, realmente, reali- menagear no bronze todo e qualquer artista sem trad ição
zaste uma equilibrada solução do Ílsionômico, que é afinal que pise o tradicional palco do Arthur Azevedo.
a vida psicológica da figura, e da construção, que é a ver- O retrato ontem inaugurado no salão nobre desse tea-
dade e a força da obra de arte. Está sóbrio, idealizado sem tro é de um maranhense duas vezes ilustre, no nome e na
a banalidade e tem toques, como o remate do bucre de arte. Dizer alguma coisa de Elpídio Pere ira, nome que já
cabelos, de real graça. Por ele vi que mantiveste, senão transpôs as fronteiras do nosso país, que j á conquistou
acresceste os progressos que aí acompanhara com o inte- aplausos na Capital do Mundo, é repetir um hino de lou-
resse que me souberam merecer o teu amor à arte, a tua vores ao compositor da ópera Calabar, da música do po-
vocação e as qualidades pessoais com que te ns, apesar de eta Les pomes do voisin, bailado no Garté Lyrique de Pa-
tão moço, sabido se impor com o teu feitio espiritual e o ris, e outras inúmeras composições.
teu labor artístico, aí na nossa terra onde, apesar das g ran- Não é justo, pois, que maranhense da estirpe de Elpí-
des tradições e valores mentais que a exomam, ainda é tão dio Pere ira, conhecido e vitoriado em ten-a estranha, seja
árduo fazer-se vida intelectual. visto pelo prisma da nossa tradicional indiferença. É com
Mais uma vez riquei consolado, no meu quase ingê- prazer e admiração que recebemos sempre a vitória de um
nuo orgulho de maranhense da velha raça sonhadora, ao coestadano, seja ela nas letras ou em qualquer m•Ulifesta-
ver que, como Celso Antônio e Porciúncula de Moraes, ção da arte. E é assim que fi camos sempre na ânsia de
também começas pelo teu esforço e talento, a contribuir conhecer o último livro de Catulo, a última tragédia de
para que a velha Atenas logre expressão artística e assim Inácio Raposo, os últimos quadros de Porciúncu la de
melhor que nunca mereça o cognome legendário, que nos Moraes e a mais recente inspiração deElpídio Pereira. Antes
é mais, como estou farto de dizer aí e alhures, um legado a assim. (O Imparcial, 2 1/8/ 1927, p. I ).
honrar do que a esbanjar vaidosamente.
E porque a vaidade nada constrói, e sim o orgulho NA ESCOLA DE BELAS-ARTES
humilde dos lutadores do ideal, dos que têm fé na beleza A RECUSA DOS TRABALHOS
ou na sabedoria, eu te exorto, mandando-te os meus me- DE CELSO ANTÔNIO
lhores parabéns, e espero que essa pequena vitória não te PALAVRAS DO ARTISTA E UMA
envaideça, antes incite a continuar aí no teu canto modes- CARTA DE BOURDELLE
to de autodidata e de trabalhado r, na esperança de, mais
dia, menos dia, buscares meios mais amplos onde possas Do Correio da Manhã. do Rio, reproduzimos o se-
fazer mais por esse nosso Maranhão ideal que é a nossa guinte :
maior razão de ser nacional e humana. Em 19 18, a Escola de Belas-Artes premiou com menção
O Filogônio falou-me que tinhas terminado o busto do honrosa de lº grau o moço Celso Antônio, ainda estudan-
Sr. Martins e começado a modelar a tua própria figura; é te de escultura, com a declaração de não fazer mais para
trabalhar para diante, com fé, consciência, vontade de acer- não oferecer um motivo de envaidecimento que tal vez pre-
tar, sem desanimar aos que digam julgamencos mais ou judicasse a fata l evolução da sua arte.
menos infundados, e confiar antes de tudo na tua vocação Retirando-se para Paris, foi discípu lo amado e distin-
e na voz amiga dos que saibam, como eu, ter a pnlavra de guido do grande mestre Bourdelle com quem trabalhou
crítica e a do louvor igualmente espontâneas e sinceras. durante ttês anos consecutivos e cm cujos ateliês, em nú-
Com um abraço do mero de dezesseis. esculpiu trabalhos que provocaram de
RAIMUNDO LOPES Bourdelle a declaração de que Celso Antônio estava no
(O Imparcial, 18/8/1927, p.2). mesmo nível de Rodin. Pelos estúdios de Bourde lle têm
passado os maiores astros mundiais, que são todos os
escultores modemjstas do mundo. Esteta e trabalhador
PLACAS E RETRATOS infatigável, cinge às suas leis e à sua arte toda a evocação
da escultura moderna. A tua lmente, tem Bourdelle enco-
João D'Athenas mendadas quase duas centenas de grandes monumentos,
os quais, talvez pela sua avançada idade de 83 anos, não
Mais uma injustiça dos marnnhenses para com os seus possa chegar a concluir. A República Argenlina incumbiu-
filhos ilustres foi reparada ontem, por ocasião do concerto º de esculpir o monumento que erigirá ao general Alvear.

Q/cD 40 1 ~
LUIZ DE MELLO

Aos ateliês desse mesLre gigantesco acorrem artistas das - Essa consagração do mérito é realmente confortado-
cinco partes do mundo, que ali admiram e aprendem se- ra para Celso Antônio, artista brasileiro recusado pela Es-
gundo sua luminosa obra. Para se ter idéia do formidável cola Brasileira de Belas-Artes. Valha-lhe também a circuns-
valor desse plasmador de belezas bastará dizer que a Fran- tância a que ele próprio se referiu: espalhou a poeira que.
ça. onde os valores posiLivos existem realmente em todas cm grossa camada, abafava os ímpetos latentes dos artis-
as manifestações do talento, pensa cm organizar o Museu tas modernos ... (O Imparcial, 27/811927. p. l ).
Bourdelle, composlo exclusivamente de trabalhos do es-
cultor ainda em vida. Para ser tratado com tanta afeição UMA RUIDOSA DISSID~NCIA NO
por esse gênio da Arte Moderna, é preciso ser uma inteli- DOMÍNIO DAS ARTES
gência 11111 pouquinho além da craveira comum... Voltando
agora ao Brasil, a Celso Amônio foi encomendado o Mo- Recusado pelo júri da Escola de Belas-Artes. o escul-
1111111ento ao Café, a ser erigido na cidade de Campinas, tor Celso A111ônio abre o debate na imprensa.
onde a rubiácca foi primeiro plantada, dando-se assim mais O caso da recusa dos trabalhos apresentados à expo-
uma prova do valor do artista que é Celso Antônio. sição da Escola de Belas-Artes pelo escultor Celso Antô-
Abrindo-se a exposição da Escola de Belas-Artes, úni- nio vai repercutindo ruidosamente, sobretudo depois das
ca na atualidade, resolveu o moço csculLor apresentar a declarações do artista impugnado à imprensa.
julgamento quatro trabalhos seus: Moça em pé, Estudo de Celso Antônio foi aluno da Escola de Belas-Artes e,
Atleta e duas cabeças. O júri, portm, com a ausência dos cm 1918, obteve daquele instituto menção honrosa de r
votos do popular Pctrus Yerdié. de tendências modernistas classe. Era, a esse tempo. um principiante na arte. Tendo
conhecidas; do professor Visconti, simp5tico às novas leis abandonado a escola, aperfeiçoou-se pelo seu próprio tra-
da arte, e do próprio direLor da escola, Correia Lima, resol- balho, até que foi enviado à Europa por subvenção oficial.
veu recusar os dois primeiros, aceiLando os outros... Uma Ali prosseguiu os seus estudos, fervoro amentc. Certo dia,
oponunidadc feliz pôs-nos omem cm frente a Celso Antô- suspensa a contribuição do Governo, teve que prover às
nio. Antes de exprimirmos a nossa estranheza, disse-nos: próprias necessidades. Antônio Bourdclle, o célebre escul-
- Quando não houvesse outros motivos para me felicitar tor e chefe da Escola Moderna do gênero, desuicou-o entre
por essa recusa, bastaria o fato ele se agitar com o meu caso a mais de sessenta alunos de várias nacionalidades com o
poeira que envolve as nossas coisas de arte para me sentir convite para trabalhar em seus grandes atcliês de Paris. O
perfeitameme bem. Fui mencionado pela escola; estudei du- convite exprimia uma deferência especialíssima, pois Bour-
rante três anos nos mais respeilávcis ateliês de Paris com o delle nunca tivera outro colaborador além de um escultor
mestre dos mestres; sou brasileiro e quis com os meus estu- suíço que o acompanha desde seis anos. Trabalhando com
dos seguir a corrente modernisLa que revolucionou a arte o mestre, Celso Antônio talhou no mármore, no bronze, na
francesa cujo suno atual é mais grandioso que o próprio pedra e no granito, obras de grande responsabilidade, sem-
movimento da Renascença, trazendo aos meus patrícios o pre com a atenção e afeição admirada do e teta.
meu contingente de Arte Moderna. O júri recusou-os e eu Regressa11do ao país de origem, após estágio tão com-
resolvi retirar os outros, abandonando o certame. Não me pleto de prática artística, Celso Antônio apresentou ao júri
melindro com isso. Sinto-me até muito bem, pois vejo que é da Exposição da Escola e Belas-Artes quatro trabalhos:
uma necessidade imprescindível fazer sair do torpor em que duas cabeças e um grande nu que se denomina Moça em
jaz a arte brasileira, copiada mal e mentirosamente... pé. O júri, sem maiores explicações recusou o esboço e a
Veio-nos, então, à lembrança o caso recente de Graça obra principal, aceitando as duas cabeças, isto é, o que
Aranha, forçado, pela hostilidade do meio acadêmico, a apresentara de menor repre entativo. Celso Antônio, en-
abandonar a sua cadeira de imortal, antes de transigir no tão, fez que fossem retirados os trabalhos aceitos, absten-
seu ponto de vista moderno, hoje triunfante em todos os do-se totalmente da expo ição.
matizes intelectuais. O escultor, segundo declarou à imprensa, viu no gesto
- Eu não copio, continuou Celso Antônio. Trabalho do júri o propósito de repelir o modernismo refletido nos
com emoção própria o gesso, a pedra, o bronze, o mármo- seus trabalhos e preferiu o meio-termo transigente à hosti-
re. Não trabalho em came porque não freqüento os açou- lidade declarada. Caracterizou. pois, de modo ostensivo e
gues ... Contra o academismo dos que recusaram os meus ruidoso, o rompimento, criando uma situação escandalo-
trnbalhos oponho tão-somente esta carta do grande mes- sa, mas definida.
tre Bourdelle. Aguardamos, agora, as conseqüências da dissidência
E Celso Antônio nos apresentou o autógrafo, que logo entre o moderno, representado pelo escultor, e a corrente
copiamos: acadêmica, representada pela facola de Belas-Artes.
Meu caro Celso Antônio (Pacotilha, 29/811927, p. I).
Possuis atualmente verdadeira ciência de escultor
estatuário. Podeis representar papel de primeira ordem CHEGADA
nas artes do vosso país.
Contais prese111emente com uma ciência rara de es- Pelo trem do horário de ontem chegou ele Caxias ajo-
cultor. como criador de formas e como escultor em már- vem pintora conterrânea Aliete Lobo. que se destina ao
more e pedra. Vosso país terá grande vw11agem para seu Rio de Janeiro, em viagem de recreio. Também pelo mesmo
renome de arte, confiando-vos trabalhos. Desejo-vos trem viajaram para esta capital ru. senhoritas Sálvia Lobo e
muito trabalho, muita perseverança e todas as f elicida- Edmée Gonçalves Lobo. prezadas irmã e filha do nosso
des que seguem o tale1110. Muito cordialmente e muito amigo Cândido Lobo. atualmente entre nós. (Pacotillia,
sinceramente, Antoine Bourdel/e - Paris, 22 de janeiro. 1º/9/ 1927, p.4).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

AUTO-RETRATO DE NEWTON SÁ cm Paric;, quando o Governo resolveu suspender a pensão


que me era concedida, encontrei imediato amparo e meio
Vimos na vi trine da Farmácia Sanitária um auto-retrato relativamente fartos. O amparo não veio de qualquer influ-
tlc Newton Sá, exposto à apreciação do público maranhen- ência estranha, mas da mjnha própria arte, na seleção e
sc. Naquela obra, que brevemente será cnvinda para o Rio, convite do grande Bourdelle, que entre mais de sessenta
mais uma vez o jovem artista maranhcnse afirma os seus alunos me DISTINGUIU para trnbalhar nos seus atcliês.
méritos já bastante conhecidos, tornando-se alvo de não Bourdellc é uma glória universal e o seu convite, no caso,
regateados elogios e de justa admiração. significa tanto uma solução de vida como uma consagra-
Ao Newton Sá enviamos nossos cumprimentos pelo ção de mérito. Mas não ficou nisso. Bourdellc se afeiçoou
Lriunfo que acaba de obter no acabamento do seu auto- ao meu feitio de artista e inúmeras vc.1.cs declarou essa
retrato. (Foi/ia do Povo, 3/9/1927, p.3). afeição de modo - digamo assim - transbordante. Certa
vez, por exemplo, comparou trabalho de minha lavra a ou-
A HOMENAGEM A SOUSA ANDRADE tro do Rodin, terminando com a declaração de preferência
pela minha escultura. Para não irmos ao excesso do pom1e-
O Instituto de História e Geografia prepara uma curio- nor, forneço-lhe cópia de urna carta que me escreveu e que
sa exposição de livros, retratos, autógrafos e lembranças guardo como se guardam as relíquias.
de Sousa Andrade, assim como ele obras e jornais, com Ei-la: (...r
referências aos trabalhos do poeta. a qual será franqueada Segue a entrevista, após a carta de /1011rdel/e:
ao público por ocasião da sessão que a douta sociedade (...)A sobriedade de Bourdelle cm assunto dessa nature-
promove cm homenagem ao Cantor das Harpas Sel1•a- za. acrescenta Celso Antônio, mais acentua a importância da
ge11s, cuja personalidade será ampla e metodicamente es- carta. No meu paí , depois de aqui e lar. a e~colha do meu
tudada pelo brilhante espírito de Clarindo Santiago. projeto para o monumento ao Café, cuja execução se realiza
As escolas municipais, criadas por Sousa Andrade agora, parece constituir sobeja garantia da minha arte.
quando foi presidente da primeira vereação municipaJ des- Diante disso, como compreender a recusa da Escola de
ta capital no regime republicano. pretendem íazer-se repre- Belas-Artes? Ademais, corroborando a interpretação, h:í
sentar nessa fostíssima comemornção. pom1cnorcs característicos. Tendo recusado o trabalho maior
O maestro Inácio Cunha está musicando uns versos - Moça em pé - e o esboço de uma figura, aliás, estimada
de S.A. para serem cantados por um coro de meninos. pelo próprio Bourdelle, o júri aceitou duas cabeças, que
O pintor conterrâneo Anhur Marinho trabalha num re- são, eomparalivamentecom a escultura principal, insignifi-
trato a óleo do poeta, para ser exposto na sessão e doado câncins. Pnrccc evidente, aí, o propósito de deprimir o artis-
ao Instituto. (O Imparcial, 3/9/1927, p. I). ta que se aprescnLa com as novas conccpçõc de arte.
- Diga-nos do Modemi mo.
A ARTE MODERNA E O CRITÉRIO DA -A escultura moderna está principalmente no mármo-
ESCOLA DE BELAS-ARTES re. no granito, no bronze e na pedra. É a simplicidade. a
O ESCULTOR CELSO ANTÔNIO PALA À naturalidade e se inspira na verdndcira grande escultura
IMPRENSA CARIOCA SOBRE A RECUSA DOS grega. aquela que culmjnou Ffdias e estacionou no quinto
SEUS TRABALHOS PELO JÚRI DA século. Sendo a simplicidade, é a fixação exata da natureza
EXPOSIÇÃO DA ESCOLA DE BELAS-ARTES sem os excessos decorativos e as transcendências educa-
cionais. Se cuido de trabaJhar uma figura, cuido de fixá-la e
O nosso glorioso patrício Celso Antônio concedeu a não de interpretá-la. Não pretendo n gesticulação nem a
um jornalista carioca a seguinte entrevista a propósito da Lransparência p icológica. Ab tenho-me de toda literatura
recusa de dois trabalhos seus pelo júri da Exposição da ridiculária do romantismo e já assinalável mesmo na escul-
Escola de Belas-Artes: tura grega de aquém do quinto século, considerada ele-
"- O caso é realmente curioso, dis e-nos, mesmo bi- mento estético primoroso pelos retrógrados. A escultura
zarro. Pertenci à escola durante algum tempo - pouco, ali- moderna é a simples hannonia. A simples harmonia que é a
ás, visto que me dissenti e me retirei a certa altura - e beleza íntegra, radiante, impoluta, virgem. Dentro desse
recebi menção honrosa de primeira classe, cm 19 L8. Decla- preceito trabalha Antoine Bourdellc, astro central, e ou-
raram-me, então, que não me concediam prêmio ainda mai- tros astros e satélites que são todos e cultores modernis-
or para que a influência do mesmo não perturbasse a mi- tas do mundo. Esse preceito é o que alarma os mestres
nha juventude. Agora. depois de ter cu estado três anos arcaicos da nossa Escola de Belas-Artes e acaba de ser
cm Paris e haver trabalhado com o mai reputado escultor condenado na recusa dos meus trabalhos apresentado .
do momento universal. Bourdelle, es a mesma escola. tão aliás, sem qualquer intenção personalista. simplesmente
fútil cm elogios para o principiante, recusa ostensivan1en- por uma questão de patriotismo artíMico.
te Ol> meus trabalhos. Confes o que estive. nos primeiro - A per analidade do escultor Bourdclle?
instantes. perplexo. Teria, então, a tal ponto regredido em - Como lhe disse. é um nome universal. Toda a Arte
arte? Mas tenho bastante tLrocínio artístico para segur'c1n- Moderna envolve, cingida às sua. leis, inspirada na sua
ça da minha personalidade e não tardei cm ver claro nos fabulosa atividade de trabalhador e de esteta. Bourdelle
intuitos dos jurados: Eles repeliram nos meus trabalhos, tem sob encomenda cento e cinqüenta grnndcs monumen-
não o simples escultor brasileiro. mas a Arte Moderna. to que são a sua glória, mas também a sua melancolia,
Justificando esse ponto de vista, vejo-me coagido, mes-
mo, a divulgar pormenores da mjnha vida artística que me O 1cx10 dn carta encon1t:1-sc na edição de 27/8/t 927 d' O Impar-
cabia calar e que, até agora, tenho igilado. Desconhecido cial.
LUIZ DE MELLO

pois aos 83 anos de idade não tem esperança de temliná- Iniciativa louvável a desses moços que, arrostando os
los. O grande monumento que a República Argentina eri- maiores obstáculos próprios de uma época francamente
girá ao general Alvear, será de sua lavra. Artistas de todo o hosti l às cogitações idealistas, tentam, com uma força de
mundo afluem aos seus dezesseis ateliês, a lim de admirar e vontade a toda prova, realizar um certame de tal natureza.
aprender, vendo e observando a sua imen a e luminosa obra. Com os nossos mais sinceros aplausos à digna plêiade
Para encurtar razões, basta recordar que a França vai orga- de rapazes que se achan1 à frente de a bela iniciativa.
nizar com os seus trabalhos um museu, ainda cm vida do auguramos o melhor êxito ao seu festival. (Pacotilha, 29/
escultor. Bourdelle, dentro do seu trabalho e da sua estesia, 9/1927, p. I).
é um gigantesco gerador de beleza. A sua visão estética é
universal e o seu nome enche o mundo da escultura moder- UM ARTISTA BOLIVIANO
na. Ejá que me levou a falar de Bourdelle, fri so ajustiça da
minha primeira surpresa: endo tratado em pé de camarada- Esteve hoje em no sa redação, entretendo conosco
gem artística pelo gênio da Arte Moderna, ter os meus tra- interessante paJestr.t, o jovem andarilho boliviano Arqui-
balhos repelidos por um júri, e um júri da minha pátria, em medes Ribera, que chegou a esta capitaJ há alguns dias,
intenção da qual trabalhei e me apresentei a certame. prosseguindo um arrojado raid pedestre em redor da Amé-
Moça em pé, a peça principal da minha concorrência, é rica Meridional, tendo partido de Santa Cruz de La Sierra
obra moderna, e, portanto, lisa, simples, natural. O júri das (Bolívia), de onde é natural, com o propósito de percorrer
Belas-Artes condenou nela a Arte Moderna. É. de algum o Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Peru.
modo, a hostilidade. E desde que a questão se posta em O Sr. Arquimedes Ri bera conduz um livro de notas com
terreno geraJ, aceito o combate pela Arte Moderna contra recortes de jornais noticiando a sua intrépida jornada, e
a corrente antiga, ainda sujeita à pior fase da estatuária atestados das autoridades e da imprensa das cidades por
ateniense, ou seja pela limpidez e pela verdade estética onde esteve.
O distinto andarilho é também um exímio pirogravador.
contra o arrebique romântico e a baixa concepção na arte.
Custeia o seu raid com o dinheiro ganho com a venda dos
Sinto-me bem como recusado na Exposição da Escola
lindos trabalhos de pirogravura, a canivete. que executa du-
de Belas-Artes." (O Imparcial, 9/9/1927, p.2).
rante os poucos dias em que permanece nas diversas locali-
dades destinadas a repouso da longa e estafante caminhada.
A GLORIFICAÇÃO DE SOUSA ANDRADE O Sr. Ribera teve a gentileza de nos mostrar dois belos
quadros, em que revela a sua habilidade e aprimorado gos-
( ...) Encerrada a sessão pelo presidente Magalhães de to artístico, os quais, bem como outros que o jovem artista
Almeida, foram este e os convidados examinar a exposição possui em elaboração, vão ser brevemente expostos na
organizada sob a direção de Wilson Soares e Antônio Lopes. vi trine da Farmácia Sanitária. (Pacotilha, 30/911927, p. I).
Além de um belo retrato a pastel, obra do talentoso pin-
tor conterrâneo Arthur Marinho, muito elogiada e merece- O SALÃO DOS NOVOS
dora de encômios, de um antigo crayon de F.º Luz e de uma
gravura com a efígie do poeta, na edição americana dos Começa a despertar entusiasmo, não só nas rodas ar-
seus versos, lá estavam, sobre cavaletes, fotografias da Quin- tísticas como entre o público em geral, a notícia de que, a
ta Vitória e do seu belo portão. (O Imparcial, 9/9/1927, p.2). 1S de novembro vindouro, será realizada mais uma exposi-
ção de trabalhos do Salão dos Novos.
Faz anos hoje o Sr. José Mercedes Gomes, conhecido e Constituído por um punhado de moços aplicados e
acreditado professor de pintura. (Pacotilha, 2619/1927, p.4). inteligentes, que vêm procurando dominar cmpre com ga-
lhardia todas as dificuldades, o Salão dos Novos tem já
FESTIVAL ARTÍSTICO DO SALÃO DOS NOVOS conseguido triunfar e vai, com certeza. com a exposição
deste ano, ganhar mais urna linda vitória.
Os inteligentes e esforçados moços que constituem o A inauguração da linda mostra se rcvc tirá de um cu-
Salão dos Novos, distinta e futurosa sociedade de amado- nho original e inédito, estando os rapazes do Salão organi-
res moços das Belas-Artes no Maranhão, aprestam-se para 1.ando um atraente programa.
rcali1.ar no dia 1S de novembro próximo um lindo festival Entre outros nomes de destaque nas rodas intelectu-
artístico, cm comemoração à gloriosa data da Proclamação ais e artísticas. podemos desde já adiantar que prestarão o
da República. seu concurso na prometedora festa os Drs. Antônio Lo-
Tomará parte no festival toda uma geração pronlissora pes e Clarindo Santiago, os poetas Correia de Araújo, As-
que cultiva a arte entre nós, ao lado de artistas e intelectu- sis Garrido e Antônio Vasconcelos, e os Srs. Arthur Mari-
ais já consagrados, sendo apresentada ao público urna nho e Newton Sá.
exposição de trabalhos inéditos concernentes à pintura, Oportunamente daremos melhores detalhes sobre o Sa-
música, poesia, escultura, etc. lão. (0 Imparcial, 7/10/1927, p. I).
Entre os nomes que liguram no programa do auspicio-
so recital do Salão dos Novos, notam-se os poetas Corrêa UMA ESTÁTUA INFELIZ
de Araújo, Antônio Vasconcelos e Ribamar Pinheiro; e os
amadores de músic::i, pintura e escultura, respectivamente, José do Vai/e
José Si lva, Fernando Perdigão, Telésforo Rego, Rubens
Dama ceno, Newton Pavão, João de Deus, João Pantoja, João Lisboa, o nosso maior escritor, tem passado, de-
Evandro Rocha e Newton Sá. pois de mono, as maiores inclemência neste mundo. Foi,

<V';>) 404 e---;:;)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

longo tempo, porteiro em bronze do Palácio do Governo. merecia o auxílio dos poderes públicos para o seu ::iperfei-
Os soldados que davam guarda no casarão presidencial çoamento.
colocavam seus bonés sujos na cabeça do venerável an- Dentro cm pouco esse qu::idro será exposto à curiosi-
cião, e outras coisas piores. Depois de sofrer todos esses dade pública. (O Imparcial, 41 11 / 1927, p. I ).
ultrajes durante longo tempo, por ordem de um presidente
do nosso Estado, um engenheiro bestialógico, que pas- UM FESTIVAL
sou por aqui, foi encarregado de fazer um assentamento
digno para colocar a estátua do famoso autor do 1imon. Mauro
Que fez o tal engenheiro? Encarapitou o grande ho-
mem cm cima de três respeitáveis caixões de tijolo e már- Pouca gente seria capaz de pen ar que se pudesse
more sem estética, muito ordinário , cuja obra um pedreiro re::ili1ar no Maranhão uma festa de arte tão interessante
reles teria vergonha de fazer, quanto mais um profissional. como a que anteontem vimos no Casino Maranhcnse.
E este doutorzinho de uma figa ganhou um dinheirão por Aquelas brilhantes inteligências femininas que resol-
esse monumento grotesco e feio. veram cooperar no festival de Hem1ila Nobre conseguiram
O nosso atual prefeito, para principiar o serviço de um um verdadeiro desencanto, oferecendo uma demonstra-
outro pedestal que sirva de suporte à estátua, prende u ção do elevado nível de cultura da mulher no meio social
logo o velho escritor numa cerca de tábuas. Aconteceu são-luisense.
agora uma desgraça pavorosa ao eminente João Lisboa: Deliciosas horas, de que ainda a gente se lembra com
fi cou abafado debaixo de uma porção dessas mesmas tá- vontade de poder gozar outra vez as emoções que nos
buas, só ficando com um pedacinho da cabeça do lado de proporcionaram.
fora, resig nado e paciente, como um verdadeiro estóico.
À sala, um conjunto muito representativo dos elemen-
tos mais distintos do nosso público, prendia a atenção. Uma
Para passar por tantas amarguras, não vale a pena ser
cabeça de Gonçalves Dias, trabalhada pelo Newton Sá. o
ábio no Maranhão; ante ser ignorante, que terá ao me-
jovem e audacioso escultor sem mestre que nos vai admi-
nos um descanso perpétuo.
rando dia a dia com a fecundidade do seu talento e a nobre-
Uma dessas noites, um amigo meu, que é espírita, ou-
za do esforço com que cultiva a a11e dos Rodin e dos Cano-
viu o velho João Lisboa d izer ao nosso prefeito na cadeira
va, dava motivo a lisonjeiros comentários e fazia pensar no
perto dele:
grande artista das harmonias sem igual da selva americana.
- Dr. Jaime Tavares, já estou na cadeira, mande logo
Terminada a ::ipresentaçào da senhorita Nobre por uma
ligar a corrente elétrica, matar-me logo, para ver se assim
gentil menina, a inteligente cantora abriu o festival com o
eu descanso, que já não posso de tanto sofrer.
Racanto de Mimi. o delicado trecho da jóia sentimental
Não sei o que lhe respondeu o Dr. Jaime, mas penso
da~ óperas de Puccini, tendo oportunidade de mostrar
que tomou em consideração o seu pedido, exceto de ele-
desde logo o frescor da sua vo1. encantadora e conquis-
trocutá-lo, tanto que tenciona fazer, para a estátua do fa-
tando um turbilhão de palmas, que se reproduziram depois
moso jornalista, um assentamento gmndioso, uma bela obra
no final de cada um dos outros trechos que lhe couberam
futuri sta, marinética, como outra ::iinda não se viu po r este
no programa.( ...) (O Imparcial, 5/11/1927, p. I).
vasto pedaço do Brasil. (0 Imparcial, 81 1011927, p.2).
PROFESSOR CELINO MORAES
CONCERTO HER.Mll.,A NOBRE
A bordo do Duque de Caxias que aqui aportou, vindo
Rcal iw-se hoje, às 20 horas, no salão nobre do Ca ino do Norte a 13 do corrente, chegou o nosso talentoso con-
Maranhense, o esperado concerto da talentosa e di tinta terrâneo professor Celino Moraes ::icompanhado da espo-
cantora Hcrmila Nobre. sa e filhos.
Possuidora de excelentes dotes de artista. a jovem can- Pintor e musicista maranhense, o professor Celino acha-
tora paraense que ora nos visita proporcionará, com certe- va-se há anos fora do Estado. Depois de 24 anos de au-
za, :'I alta sociedade maranhensc, horas de verdadeiro de- sência, volta à terra natal.
le ite a11 ístico. Acha-se hospedado na residência de seu pai, profes-
Durante o concerto de hoje será exposta pelo nosso sor José Alípio de Moraes, na Rua da Cruz 108, onde pode-
conten-ilneo Newton Sá uma Cc1beçn de Gonçalves Dias. rá ser procurado pelos seus amigos de outros tempos.
que esse esforçado escultor maranhe nse acaba de realizar. Celino de 1'1oraes demorar-se-á nesta capital e traba-
(A Hora, 311111927, p.J ). lhará como pintor e musicist::i.
Primoroso fl autista, compositor de orquc~tra e pintor
NEWTON AQUINO que se recomenda por t:-abalhos plau~íveis, é de esperar-
se seja procurado pelos interessados.
Vimos ontem um lindo trabalho de Newton Aquino, o Gratos pela visita que nos fc7. rl!iteramos-lhe os nos-
apreciado desenhador que toda a São Lu ís conhece atra- sos cumprimentos e bem assim à sua família. (A Horn , 16/
vés das mo tras do seu talento, apesar da modéstia cm 11/1927, p.4).
que se esconde.
É o quadro de formatura dos farmacêuticos e dentista SALÃO DOS NOVOS
da Escola Normal, turma de 1927.
Desenhado com sépia, a concepção é linda e os traços, Amanhã, às 14 horas, no foycr d0Ar1/111r Azevedo terá
quer das fi guras, quer dos ornamentos, demonstram sobe- lugar a abertura do Salão do Novos. acontecimento que
jamente o pendor artístico do moço conterrâneo, que bem se revestirá da maior solenidade e de extraordinário brilho.

~ 405 ~
LUIZ DE MELLO

O público terá entrada fran ca, esperando-se que aso- Não são estes os únicos trabalhos interessantes: há
ciedade maranhcnse se faça representar pelo seu melhor os de João de Deus, Tclé foro, Palhano de Jesus, Pavão e
elemento, incitando assim os eficazmente moços que se outros amadores já conhecidos.
vão arregimentar em tal agremiação. (Folha do Povo, l 7/ Vêem-se nessa exposição pendores diversos, cujas pin-
11/ 1927,p.4). turas fazem ver o esforço de cada um, livre completamente
do espartilho do academismo.
SALÃO DOS NOVOS JOSÉJANSEN
(O Imparcial, 22/11/1927, p.2).
Será inaugurado hoje, às 15 horas, no saguão do anti-
go Cinema Olímpia, o Salão dos Novos, revestindo-se o O SALÃO DOS NOVOS
ato de grande brilhantismo.
Concorrerá ao Salão grande número de amadores, apre- Realiza-se hoje, no Teatro Arthur Azevedo, o festival
sentando uma bela mostra dos seus trabalhos de pintura. de arte com que os rapazes do Salão dos Novos encerra-
A entrada é franca. (O Imparcial, l 8/l l/l 927, p.2). rão a sua exposição deste ano.
Patrocinada pelos nossos vultos de mais destaque nos
SALÃO DOS NOVOS drculos artísticos e literários desta capital, a seresta de arte
que hoje se efetuará há de, com certeza, obter completo
Realizou-se ontem, conforme fi cara noticiado, a inau- êxito, já pelas figuras que nela tomarão parte, já pelo progra-
guração, no salão de espera do antigo Cinema Olímpia, na ma a ser executado e que foi carinhosamente organizado.
Rua Osvaldo Cruz, do Salão dos Novos. Usará da palavra, abrindo o festival, o nosso brilhante
Essa solenidade, para a qual fomos convidados por uma confrade Reis Perdigão. (O Imparcial, 3/12/1927, p. I ).
comissão composta de membros do esforçado pugilo de
amadores de pintura que forma o Salão, realizou-se às 15 SOTERO DOS REIS
horas, com a presença de crescido número de pessoas gra-
das, além de autoridades e representantes da imprensa, re- Honrou-nos ontem à tarde com a sua visita pessoal o
vestindo-se, por todo os motivos, de grande brilhantismo. nosso ilustre conterrâneo Dr. Raimundo Frazão Cantanhe-
Compõe o Salão um grupo de trabalhos cm vários gê- de, vice-almfrante rcfonnado do Corpo de Saúde da Mari-
neros, todos dignos de elogios, denotando a aplicação
nha de Guerra Nacional.
dos jovens amadores e o progresso que cada um vai expe-
O digno marnnhen~e. que é um espírito muito culto,
rimentando na sua arte.
ilustrado nas longas viagens que rcaliLou através da Euro-
A exposição, que já ontem foi muito visitada, prolon-
gar-se-á durante alguns dias, encerrando-se com um fesú- pa, veio solicitar o apoio de te jornal à idéia da ereção de
val que será efetuado no Teatro Arthur Azevedo, em dia um monumento à memória do grande maranhense Sotero
oportunamente determinado. (O Imparcial, l9/l l/1927, p.2). dos Reis, uma das gl0rias autênticas desta terra, até hoje
relegada a um injustificável olvido.
A PROPÓSITO DO SALÃO DOS NOVOS Emprestando à plausível iniciativa do Sr. almirante Can-
tanhede toda a nossa solidariedade, abrimos espaço ao
Eu faltaria aos princípios mais rudimentares da prag- expressivo apelo que o ilustre maranhensedirige à impren-
mática se não fi zesse uma escrevinhaçãozinha sobre o sa do Maranhão.
nosso Safou deste ano.
É mais um esforço desses rapazes cujo fim é mostrar o CARTA ABERTA À IMPRENSA DE SÃO LUÍS E
que se faz cm arte no Maranhão. AO CENTRO MARANHENSE
Pena é que a no~sa gente seja tão indi ferente às coisas
de arte. O Salon tem sido tão pouco visitado ... É preciso Tendo entrado ultimamente na capela-ossuário da igreja
que se veja, aprecie e estimule o esforço dos que vêem o do Canno, à procura do jaz.igo de pessoa de família, deparei
mundo através do caleidoscópio da arte. no pavimento térreo com uma longa lousa, fendida em diver-
Os trabalhos apresentados por Newton Sá já não são sos pontos e gasta pela ação do tempo e dos pés profanos.
coisas por que se passe indiferente. Este rapaz tem um Sob e sa modesta lápide de can am os ossos de um
temperamento artístico que a cada dia se nos revela mais dos mais ilustre filho desta nossa terra maranhense. Fran-
promissor. Dele já se têm ocupado os cronistas de arte cisco Sotero dos Reis. Confesso-vos, Sr. redator, que saí
desta terra, e, para recomendá-lo, basta saber que concor- triste e desagradavelmente imprc sionado desse velho tem-
reu ao Salon de!>te ano na capital da República. plo, não podendo me confonnar com a lembrança de que um
Rubens Damasceno concorreu também ao Salon, com homem da estaturn moral e intelectual de Sotero tivesse
trabalhos interessantes que, na sua simplicidade, têm por dormido durante mais de meio século naquela sombria e
vezes singulares complicações que tornam o autor um ori- triste capela, completamente esquecido dos seus contem-
ginalíssimo intérprete da silhueta calma das gaivotas lon- porâneos e admiradores. e das gerações que lhe seguiram.
gípcnes que no seu vôo parecem acenar adeuses aos raios O egrégio Dr. A. Henriques Leal, ao tem1inar no Pante-
últimos do sol. on Mara11/1e11se a biografia de Sotero, escrita em 1873 na
Rubens soube bem interpretar a tranqü ilidade do mar cidade de Lisboa, dois anos depois do seu falecimento,
no pôr do sol. estranhava que, até então. não tivesse sido levada a efei-
Há qualquer coisa de envolvente, de poesia, de poesia to, nesta cidade, a ereção do monumento que ele, Temísto-
sentimental. É encantadora a monocromia de suas silhuetas. cles Aranha e outros haviam projetado cm honra ao insig-

~ 406 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

ne educador, e que devia ocupar no Largo do Canno o Aquela maneira singela de desenhar no século XVIII
lugar do antigo Pelourinho, que a inefável Junta Provisó- não tem - pode-se dizer - relação com a pintura nervosa
ria Governativa fez desaparecer logo após a proclamação dos nossos dias.
da República. O artista moderno, com meia dúzia de traços, faz como
Decidi-me, Sr. redator, levado por impulso senümental que milagrosamente surgir às nossas vistas o objeto que
de... (?)' ... e admirndor obscuro desse ilustre homem de deseja desenhar. Há croquis admiráveis. geniais. que mui-
letras, capaz de exaltar, só por si, a época cm que viveu, a tas vezes nos sugestionam mais que uma obra feita sob
trabalhar para a idéia de Henriques Leal, erigindo-lhe uma uma técnica tão rigorosa, de tal maneira observada que lhe
modesta e significativa memória, em lugar público, que prejudica a beleza.
faça lembrar à geração atual de conterrâneos seus. a nobre Adeptos às novas correntes de arte. acham-se hoje
figura desse mestre-escola que, pela sua elevada ilustra- grandes anistas, como Maserole. Martin.Boline Erté, cuja
ção e valor das suas obras, foi o mestre dos mestres, no arte frívola é muito apreciada pelo que acompanham a
dizer de Rui Barbosa. Alguns dos homens eminentes ma- evolução artística da França.
ranhenses já têm as suas efígies honrando e iluminando as Representando o Brasi l, como dos melhores artistas
praças públicas desta cidade. Faltava-nos a de Sotero dos modernos, temos, em Paris, Tarsila do Amaral, a mulher
Reis. Lanço, portanto, neste momento, e me perdoem a que acompanha o século em sua evolução dinâmica.
ousadia, a idéia da ereção por subscrição popular, desse Há mais ou menos dois anos que essa criatura genial e
monumento, cujo desenho fica a cargo do meu jovem ami- nervosa fez-se conhecida dos seus patrícios paulistas, no
go e distinto escultor Newton Sá, prevalecendo-me, para Salão de Arte Moderna da Sra. Olfvia Penteado, a grande
os efeitos da indispensável propaganda, nesta cidade e protetora da artes em São Paulo.
no interior maranhense, do alto valor e prestígio, bem como É admirável o espúito criador de Tarsila. O seu tempera-
da proverbial generosidade da imprensa de São Luís e do mento vibrante está criando uma obra de forte intensidade
Ce111ro, empre pronta a tomar a si e advogar idéias úteis e com o auxílio da sua apreciável faculdade de assimilação.
elevadas, como me parece ser a de que ora me ocupo. As coisas curiosas do Brasil empolgam-na; o Jeca-Tatu,
Certo, Sr. redator, de que muito vos interessareis pelo raquítico, roído pelos vermes, barrigudo, de cócoras, a cor-
assunto desta carta, subscrevo-me com toda a considera- tar fumo para o cachimbo, dá-lhe motivo de um quadro
ção e estima. cheio de expressões exóticas e interpretação segura. Vêem-
Patrício e admirador se nos seus quadros o negro velho, as palmeiras erguidas,
Dr. Raimundo Frazão Cantanhede o maxixe dengoso e os Choros dos tempos que já se vão.
Rua Colares Moreira, 50 Tudo isso, tão brasileiro, tem em Tarsila uma intérprete.
(O Imparcial, 6112/ 1927, p. l ). Vive Tarsíla cm Paris, onde conta muitos admiradores
entre os artistas que pululam ne e grande ATELIÊ da
A ESTÁTUA DE JOÃO LISBOA França. Admiram em Tarsila o arrojo da execução bizarra,
das composições moderníssimas de arranha-céus, trens e
A Prefeitura Municipal acaba de despachar da Alfân- músculos de aço que põe nas suas fi guras fortes. Os seus
dega as lftminas de mánnore destinadas à estátua do nos- desejos são a marca de uma indi vidualidade; é ela uma
so glorioso João Lisboa. artista que sabe evitar a banalidade do comum ...
A firma A. M. Gondim, a quem está entregue o serviço JOSÉ JANSEN
de ereção da estátua, comprometeu-se a dá-la pronta, den- (0 Imparcial, 9112/1927, p. l).
tro de 30 dias.
Satisfaz-nos sobremaneira trazer ao conhecimento pú- FESTA ARTÍSTICA SALÃO DOS NOVOS
blico a notícia que ora grafamos com as tintas de maior
contentamento que o nosso ardor patriótico aprouve nos Será levado a efeito, definiüvamente amanhã, às 20 ho-
oferecer. ras, o festival anfstico do Salão dos Novos.
Destarte voltará ao píncaro do seu pou o glorioso o Tomarão parte os senhores Telésforo de Moraes Rego,
bronze de um dos maiores cultores da portuguesa língua, Rubens Damasceno Ferreira. Newton Pavão, João de Deus
como símbolo de toda uma geração que vem para o traba- e padre Palhano de Jesus, pela pintura; Newton S5, pela
lho mental. escultura; Antônio Vasconcelos, Assis Garrido, Dr. Wal-
O coronel Zenóbio da Costa, digno prefeito interino, demaroritto, Antônio Pires, Dr. Ribamar Pereira e Januário
esforça-se com desenvoltura e ação, a fim de que tal come- Miranda, pela poesia; Hermenegildo Parga. Alcindo Bílio,
timento lenha o seu fim imcdiato.(A Hora, 8/12/1927. p.4}. Gromwcll Filho, Conjunto Bluhm, Zuza Ribeiro e José Mon-
teiro Filho, pela mú ica.
UMA ARTISTA DO PINCEL Fará a apresentação das arte o nosso confrade Antô-
nio Vasconcelos'. (Follra do Povo, 12/12/1927, p.4).
Reproduzir a natureza, imprimindo no trabalho o tem-
peramento do autor, tem sido durante os séculos o fim CELINO DE MORAES
visado pelos artistas.
A arte de modificar tem sofrido muitas modificações O professor Celino Porciúncula de Moraes, recente-
cm sua técnica com o decorrer dos tempo . mente chegado a esta capital, encarrega-se do preparo de

Por um motivo que desconhecemos. não foi re;11ílado o Salão dos


• Folha rasg3da. O\IOS em 1927.

Q/ê) 407 <:,/(>)


LUIZ DE MELLO

alunos para exames de música e desenho, de acordo com o Era este artista italiano. Ao vir para o Brasil, porém,
programa do Colégio Pedro Il. adotou a nacionalidade brasileira, e, segundo rezam as crô-
Ensina solfejo, violino, piano, flauta , ceio e outros ins- nicas, cm 1850,já se achava ele no Maranhão. Moreno, de
trumentos. longas barbas, afável por natureza, tinha mesmo o espírito
Exímio afinador de pianos, atende a convites para esse jovial e simpático e tomou-se logo bem relacionado e po-
mister. pular cm São Luís.
Residência: Rua Sete de Setembro, 108. (A Hora, 15/ 12/ Domingos Tribuzi fora educado na Itália, em um colé-
1927,p.4). gio de que era reitor Pio IX.
Aqui em São Luís, lecionava em diversos colégios, den-
UM NOVO TRABALHO DE NEWTON SÁ tre os quais o de Nossa Senhora da Soledadc, dirigido pela
fanu1i a Carmini. Lecionava também particulannente às mais
Acompanhando estas linhas, publicamos hoje a repro- di tintas senhoras e senhoritas da época, pela irrisória quan-
dução do medalhão do Dr. Cássio Miranda, há dias inau- tia de oito mil réis mensais, dando duas aulas por semana...
gurado no lnstiruto Osvaldo Cruz, conforme foi já por nos- Mandava o artista buscar na Europa gravuras de re-
sa folha noticiado. produções das obras dos grandes mestres, para que os
Esse trabalho, que tem despertado vivo interesse, pro- seus alunos as observassem, visando que essa observa-
vocando decididos encômios, é devido ao talentoso moço ção os estimulasse nos seus estudos.
Newton Sá, já bastante conhecido e aplaudido pelo nosso Com os seus esforços soube ele implantar o gosto pelo
público. desenho, até então pouquíssimo conhecido em nossa ter-
O jovem escultor, com uma força de vontade indomá- ra, tomando-se assim uma das figuras mai importantes da
vel, sem nunca hesitar diante das difi culdades que o meio arte no Maranhão.
lhe oferece a cada passo, vai dia a dia acentuando o seu A Tribuzi seguiram-se outros artistas de maior valor,
produtivo esforço, enriquecendo a galeria artística do mas não há dúvida de que ele foi a semente de arte lançada
Maranhão com obras que dizem bastante das suas formo- cm nossa terra.
sas qualidades de inteligência. Infelizmente os pouco artistas que tivemos, não fo-
Perseverante, aplicado, Newton Sá dedica-se por com- ram de grande desenvolvimento artístico; é uma triste ver-
pleto à sua arte, aperfeiçoando-a a troco de acurado estudo. dade, mas não há a negar.
A prova evidente disso, quando de outras não queira- JOSÉJANSEN
mos falar, aí está, no próprio medalhão acima reproduzido, (O Imparcial, 1812/1928, p. l).
no qual Newton soube, com traços nítidos de verdade,
num admirável ílagrantc, estampar os traços fi sionômicos HOMENAGENS AO CORONEL
do Dr. Cássio Miranda, conquistando para a sua arte mais ZENÓBIO DA COSTA
uma glória. (O Imparcial, 18/12/1927, p. I).
Os funcionário da Polícia Civil e os oficiais e praças
MONUMENTO A SOTERO DOS REIS ela Força Pública, em regozijo pelo aniver ário, hoje, da
posse cio coronel Zenóbio da Costa na chefia de polícia e
Pede-nos o almirante Dr. R. F. Cantanhede para darmos no comando daquela corporação, levarão a efeito signifi -
aviso às senhoras e cavalheiros que tiveram a bondade de cativas manifestações de reconhecimento e admiração.
aceitar listas-subscrições para o monumento acima, de que Entre essas festas. que se revestirão de cunho solene.
só poderá dar início à coleta das mesmas depois do dia 1O avulta a inauguração de um busto do homenageado, tra-
de janeiro próximo, sendo designada pessoa idônea para balho delicado de Newton Sá, no Quartel de Polícia.
f;v~-la. (A Hora , 29112/1927, p. I). Haverá entretanto outros festejos, sendo este o pro-
grama:
O BUSTO EM BRONZE AO CORONEL Alvorada pelas bandas de corneteiros e de música, em
ZENÓBIO DA COSTA frente à residência do coronel Zenóbio.
Às 10.30 da manhã, incorporado . partirão da Praça de
Os oficiais da Força Pública convidaram-nos para as- São João, com destino à casa do ilustre chefe de polícia, o
sistir à inauguração do busto em bronze que a 1° de março funcionários da Polícia Civi l e o que quiserem se incorpo-
inaugurarão no pátio do quartel. rar à homenagem.
Agradecendo pela distinção do convite, nos faremos O cortejo será precedido pelas bandas de música do
representar. (Folha do Povo, 15/211928, p.1). 24" BC e da Força Pública. Na casa do coronel Zenóbio
falará, então, o Dr. Waldemar Brito, que entregará ao ilus-
PINTORES NO MARANHÃO DE OUTRORA tre homenageado valio'>o mimo, consistindo em um lindo e
DOMINGOS TRIBUZI artístico bronze sobre base de mármore, contendo fino
cartão de ouro com expres iva dedicatória.
A escassez de documentação toma difícil a tarefa de Às 16 horas, com a presença de S. Exa. o Sr. presidente
escrever sobre os pintores no Maranhão do passado. To- do Estado, haverá a inauguração do busto cm bronze do
davia conseguimos pôr cm ordem alguns dados sobre este coronel Zenóbio. no pátio interno do Quartel. Falará oca-
artista. pitão f:mnacêutico Roberto Gonçalves e será lida pelo pri-
Escrever sobre ele é assunto de alta significação para a meiro-tenente secretário do batalhão, Carlos Mo coso, a
arte maranhensc, pois foram discípulos dele os melhores ordem do dia baixada pelo Sr. secretário-geral do Estado.
pintores que têm havido no Maranhão. (O Imparcial, 1°/3/1928, p. 1).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

AS FESTAS DE ONTEM e te que. dizem os cronistas da época, é original. Trouxe


mais uma interessante galeria de retratos da qual faziam
(...)Às 16 horas, o Quartel da Força Pública regurgita- parte os de Canova, Galileu, Miguel Ângelo e Rubens.
va de pessoas que ali foram assistir à innuguração do bus- quadros que vieram a pe11cncer ao distinto colecionador
to do tenente-coronel Zenóbio da Costa. Via-se ali todo o Dr. Antônio Marques Rodrigues, já falecido.
mundo oficial,jomalistas, professores, comerciantes, fun- Onde. porém. com muita eficiência se notam as apti-
cionários públicos, a oficialidade da Força e também repre- dões de Horácio Tribuzi. é no quadro LHcrécia de Tarquí-
sentantes das classes operárias. nio, trabalho que. embora sendo cópia de original de pin-
Chegando o presidente Magalhães de Almeida e sua tor não de primeiro plano. toma evidente a capacidade
esposa, que foram recebidos com a maior expre são de esti- artística do copista.
ma e consideração de todos os presente . foi anunciada a Aqui no Maranhão. fez retratos de muitos maranhenses
inauguração do busto. Dirigiram-se todos para o pátio inter- ilustrcs, cntrc outros Gonçalves Dias. Gomes de Souza. João
no do Quartel onde se admira um belo jardim, cm cujo centro
Lisboa e Odorico Mendes. São os quadros que atualmente
se levanta o monumento. Este estava envolto na bandeira
e vêem na sala de congregação do Liceu Maranhensc.
do Estado. Usou, então, da palavra o tenente Carlos Mos-
O seu último trabalho foi o teto do altar-mor da capela
coso, que desvelou o busto, trabalho do talentoso plumiti-
do Recolhimento, que representa a Anunciação de Nossa
vo Newton Sá. Explicou, então, o tenente Moscoso que
aquela homenagem era obra exclusiva da oficialidade da Senhora. Nesta obra o artista intoxicou-se. advindo-lhe
Força Pública. Contrariando os gestos do tenente-coronel daí a morte.
Zenóbio que se opusera ao que haviam deliberado os ofici- Com os conhecimentos que adquirira nos seus estu-
ais. levaram avante a realização daquele bronze, que repre- dos. este artista, se tivesse vivido cm ambiente mais propí-
:.cntava para os da Força Pública do &tado um símbolo do cio, certo teria criado nome aureolado de prestígio e glória.
trabalho e da honestidade a serviços da terra maranhense. Pennanecendo aqui, porém, passou quase obscuro pela
Inaugurado o busto, fez u o da palavra, cm nome da exii.tência.
oficialidade da lúcida corporação, o capitão farmacêutico JOSÉJANSEN
da mesma, nosso confrade Roberto Gonçalves. Este nos- (O lmpnrcial, 11 /3/1928, p.2).
so talentoso conte1Tâneo leu um discurso que deveras em-
polgou o auditório. Ao tenninar, foi cumprimentado por MAIS UM TRABALHO DE NEWTON SÁ
todos os presentes.
Agradeceu-lhe o tenente-coronel Zenóbio da Co ta Levou-nos Newton Sá, anteontem à tarde. ao último
com cxprc sivas palavras modestas que ainda mais enal- andar de um sobrado na Rua Afonso Pena (quase um ar-
teceram naquele momento o seu valor. ( ...) (A Hora, 2/3/ ra11ha-cé11 cm ponto pequeno!), onde está instalada a sua
1928,p. l). modesta oficina de trabalho. Apesar de nada agradável ser
o número exaustivo de degraus de uma respeitável esca-
SOTERO DOS REIS da ... cm linha quebrada, que se nos apresenta logo à fren-
te. muda e bisonha como um desafio às nossas forças, ou
Vinda de Axixá encontra-se na Avenida Pedro li, em
como severa imposição à nossa vontade, tudo ali é inte-
frente à Catedral, bela pedra para o monumento que o
ressante e denuncia trabalho con tnntc e ativo.
Maranhão vai consagrar a Sotcro dos Reis. (A Notícia, 7/
O Newton está bem localizado porque. num lugar tão
3/1928,p.4).
alto a!.sim. donde se descortina, numn ndmirável perspecti-
va. grande parte desta carunchosa São Luís, revela bem a
PlNTORES NO MARANHÃO DE OUTRORA
(II)
ânsia do S('U espírito: subir, conqui!>tar o azul do céu, onde
HORÁCIO TRIBUZI se libra a beleza, eterna sedutora da alma eleita dos artistas.
É um recanto humilde, mas alegre, de contemplativas
Horácio Tribuzi era uma dessas criaturas que já nasce- paisagens, risonhamente iluminado, e n1, então, longe do
ra com o destino traçado: tinha que ser pintor. Filho de estonteante tumultuar das ruas. sob o silêncio amigo de
Domingos Tribuzi, desde pequeno, com a convivência pa- quatro paredes enriquecidas já de belos trabalhos em ges-
terna, foi logo fazendo notar o seu pendor para a pintura. so e de fi guras artísticas, isola-se do mundo exterior esse
Depois de iniciado por seu velho pai, seguiu para a jovem artista do cinzel e vai construindo aos poucos, como
Europa cm 1864, a fim de aperfeiçoar os seus estudos nos as infatigáveis obreiras das colméias, a obra viva do seu
grande centros, levando consigo, além de muitas espe- espírito, enquanto vai deixando nas pcdra'i esmeradamen-
ranças, um acentuado amor à sua arte. te lapidadas as cintilações do seu talento, como na própria
Lá, no Velho Mundo, não lhe faleceu o ânimo diante argila de humílima condição, vitalit.ada numa imagem pelo
das dificuldades que encontrou. hálito da alma do artista, ficam os traços indeléveis do
Tinha um ideal - ser pintor - e havia de vencer! gênio que a inspirou.
Visitou os grandes museus de arte, onde observou lon- Mo tra-nos Newton S~í o seu último trabalho: a efígie
gamente as obras dos artistas célebres. Nessas observa- de Sotero dos Reis, que se destina ao mcualhão ue bronze
ções, copiou de um original de Rafael o quadro Justiça . a ser inaugurado breve, num singelo monumento.
urna grande tela medindo 2, l Sx 1,5 e que atualmente se acha É mais uma revelação. Apreciam-se bem o apuro do
no salão do Tribunal do Júri. Trouxe também da Europa trabalho e o carinho com que ele vai dando às humaniza-
outra tela de grandes dimensões. O Comércio. trabalho das forma e expressões a cor da vida.
LUIZ DE MELLO

Aquela fi sionomia sóbria e severa e aquele aspecto O MONUMENTO A SOTERO DOS REIS
grove de pensador, lá estão, serena e sugestivamente, a
evocar a figura inconfundível do educador maranhense. Já se acham iniciadas as obras do monumento a Sotcro
E isto é ra1ão bastante para que se anime ainda mais o dos Reis.
calor da homenagem que se pretende prestar à memória de É notícia muito grata aos nossos sentimentos patrióti-
Sotero dos Reis, tão injuriosamente desprezado há 50 anos. cos, pois que, desta ve7, o Maranhão vai prestar. condig-
Uma ve/.. acabado o medalhão, é meio caminho andado namente, uma homenagem há tanto tempo devida à memó-
à realização de tão nobre intento. ria imorredoura desse ilustre filólogo maranhensc.
Newton Sá já mostrou o quanto pode o maior desejo, que O local escolhido foi a pequena área ajardinada em
é o de servir à terra natal quando um elevado preito de Justi- frente à Catedral, na Avenida Pedro TI.
ça. como no caso presente, se põe em evidência reclamando Louvemos, pois, mais uma vez, o gesto patriótico do
o mais justificado interesse dos espíritos patrióúcos. almirante Dr. Raimundo Cantanhede, que há empregado
Assim, pois, é de prever-se que todos os maranhcnscs todos os esforços para a realização desse nobre tcntame, e
procurem concorrer para a efetivação dessa homenagem a solícita e operosa atenção do digno prefeito Dr. Jaime
ao ilustre filólogo maranhense, inspirada cm tão boa hora Tavares, que há demonstrado a mais evidente boa vonta-
pelo espírito justiceiro e brilhante do nosso conterrâneo de e interesse pelo levantamento da estátua. (Folha do
almirante Dr. Raimundo Cantanhede. Povo, 30/3/ 1928, p. I ).
E ao Newton Sá, esperançoso jovem escultor mara-
nhense, o nosso mais sincero aplauso de muitos louvores O BUSTO DA JUSTIÇA
a mais esse belo trabalho que certamente virá consagrar,
na praça pública, o talento do seu autor. Depois de ultimados os reparos por que está passan-
Rubens Damasceno do o edifício do Forum, será inaugurado, no jardim, um
(Folha do Povo, l 2/3/ 1928, p.4). artístico busto representando a Deusa da Justiça, traba-
lho que foi confiado a um dos melhores artistas.
O MARANHÃO E O SEU GOVERNO Para aquisição desse busto estão concorrendo todos os
advogados maranhenses. (Folha do Povo, J0/4/1928, p. I ).
Em comemoração ao segundo aniversário do comandan-
te Magalhães de Almeida, a lº deste mês circulou bem-feita PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO (III)
polfantéia de homenagem dos seus amigos e admiradores. FRANCISCO PEIXOTO FRANCO DE SÁ
A capa. desenho de Newton Sá, a clicheria e impressão
da 1ipogravura Teixeira dizem muito bem do valor artístico José Ja11se11
daquele nosso conterrâneo e do bom conceito que gozam
as oficinas do Sr. Alfredo Teixeira. O Maranhão artístico e intelectual vai conhecer a per-
O texto elaborado por pessoas de grande destaque em sonalidade de um pintór patrício de apreciáveis méritos.
nosso meio político-literário, foi composto na linotipo da Esse artista viveu aqui por volta de 1874.
Imprensa Olicial e impresso nos ateliês gráficos de M. Sil- Fez seus estudos na Europa, onde, com muito gosto,
va & Filhos. Tanto o serviço de composição como o de assimilou os segredos da combinação das tintas e a técni-
impressão estão magníficos e honram, sem favor, as glori- ca do desenho.
osas tradições da arte gráfica do Maranhão. (A Notícia, Não sei dizer ao certo se foi maior a minha surpresa ou
15/3/1928, p.4). admiração ao ver os seus trabalhos. Não sabia que o
Maranhão de outrora houvesse possuído um pintor de
ARTE MARANHENSE tão acentuada pujança artística e emocional.
Dentre o diversos trabalhos que deixou, me ocorrem
Encontram-se cm exposição no Centro Elétrico, na Rua no momento o retrato do con elheiro José da Silva Maya e
Osvaldo Cruz, um busto do pranteado maranhense D. Fran- o de Martinus Hoyer, este de pé. no tamanho natural. Há,
cisco de Paula e Silva e um medalhão do extinto e concei- porém, do artista maranhense. traba!ho de maior valor, A
tuado comerciante Manoel Gonçalves Júnior. VIRGEM DO PEIXE. uma grande tela que se acha atual-
Esses trnbalhos. que demonstram qualidades artísti- mente na sacristia da Sé. É cópia de um original de Rafael e
cas já definidas, são de autoria do nosso talentoso conter- foi feita em Madri cm 1878.
Estive há dias ob. erYando-a.
râneo Newton Sá, moço esforçado, trabalhador que muito
fará se perseverar. Admira-se-lhe a exata compreensão da cópia. É de pre-
Os serviços de fundição em bronze foram entregues ao cisão tão notável que. embora não sendo um trabalho ori-
ginal, tem, todavia, grande valor.
hábil Sr. Wladimir Freire de Lemos, maranhense que se utili-
zou, para tal fim , das excelentes oficinas do Sr. Antero Vidal. Vê-se bem acentuada a organi1ação artística, emotiva
- Também na montra da Farmácia Sanitária está expos- e cultural de Franco de Sá.
to um belo retrato da veneranda e pranteada genitora do Nos retratos a que me referi, o artista revela-se um re-
Sr. Adelman Corrêa, trabalho carinhosamente feito pelo tratista de apreciáveis méritos, passando para a tela com
nosso talentoso e exímio desenhista Porciúncula de Mo- muita fidelidade e i.cgurança o modelo. O de Martinus
raes' . (O Imparcial, 22/3/1928, p.2). Hoyer, que está na A~sociação Comercial, é dos mais hon-
rosos atestados da capacidade do pintor conterrâneo.
Apresenta o desenho essa exatidão de quem tem co-
• Trata-~c de Cclino Porciúncula de Morae~. nhecimento perfeito do claro-escuro e das meias-tintas.

~ 410 C::.,,(>)
CRONOLOGIA DAS ARTES PlÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Em frente desse retrato de um homem distinto e sim- O medalhão, bem como a maquete do monumento. são
ples, diante dessa tigura surpreendida pelo pintor, vê-se de autoria do talentoso moço Newton Sá. cujos trabalhos
que a pintura tão expressiva é que estampa o caráter só- artísticos são já sobejamente conhecidos.
brio e laborio!.o do retratado. A construção do monumento obedeceu à direção téc-
Sei que exi tem outros trabalhos de Franco de Sá. mas nica do competente engenheiro A. Gondim, que se dese-
não os conheço. Não ignoro também que esse arti ta concor- penhou do seu encargo com habilidade e perfeição.(...) O
reu uma ou mais ve1es ao SALON oficial de Paris, com êxito. Imparcial, 23/4/ 1928, p. I).
Com a bagagem artística que deixou. Franco de Sá é um
estímulo para os amadores maranhenses que. admirando- CAIXA DE ALFININS
º· sentem o de ejo de aperfeiçoar os seus recursos artísti-
cos. (0 Imparcial, 14/4/ 1928, p.2). Foi inaugurado o medalhão de Sotero dos Reis. Cena-
mente não demorará muito a reinauguração da estátua de
SOTERO DOS REIS João Lisboa. Penso que o ilustre Dr. Jaime Tavares, gover-
nador da cidade, arranjará para o João Lisboa uma festa
Deu-nos hoje o prazer de sua visita o nosso ilustre mais brilhante. Convidará sem dúvida todos os colégios
conterrâneo, almirante Dr. Raimundo Cantanhede, que se da capital, institutos part iculares, o Liceu. institutos equi-
fez acompanhar do nosso jovem artista Newton Sá. parados. Não lhe será difícil conseguir uma bandas de mú-
Veio comunicar-nos que no próximo domingo, 22 do cor- sica, pelo menos.
rente, à~ 9 horas da manhã ser:'í inaugurado, na Avenida Ma- O tenenle-coronel Zcnóbio da Costa, solícito que sem-
ranhensc, o monumcnlo que perpetuará na memória da nos- pre se mostra, quando lhe tratam de coisas úleis e sérias,
sa mocidade o nome imperecível de Sotero do Reis, uma das não se negará a sat isfazer o prefeito, e mandará a charanga
glórias mai lídimas da cultura intelectual de nossa terra atinada da Força Pública para a Praça João Lisboa. Oco-
Muito grato ticamos ao almirante Raimundo Cantanhe- mandante do 24° BC mandará também a agradável charan-
de pelo convite que nos veio pessoalmente trazer e que ga desse batalhão encher a praça de belos acordes da sua
nos encheu de grande júbilo. instmmentação. Tenho como já ouvido o discurso que o
Lá estaremo para toniticar o espírito com a sadia im- digno prefeito fará quando entregar o monumento à admi-
pressão dessa festa que de muito servirá aos créditos lite- ração do povo. Convidará, não há dúvida, os nossos ho-
rários de no sa terra. (A Hora, 19/411928, p. l ). mens de letra~ para produúrcm peça~ oratórias de subido
valor. Improvisará umfooti11g que se prolongará por muito
SOTERO DOS REIS tempo a contento das famílias mnranhenses. Providencia-
O MONUMENTO A SER INAUGURADO HOJE rá para que e tirem fotogratias do a pecto da praça e
também da estátua. Agüentará firme na praça, até que to-
É hoje, às 9:30 da manhã, que o Maranhão vai prestar dos se retirem, sendo que será o primeiro a chegar.
uma das mais justas homenagens à memória do culco filó- Ora. estou a prclibar o que acontecerá no dia em que a
logo Sotero dos Reis. estátua de João Lisboa subir!
Há tantos anos esquecido no mais doloroso abandono, Isto vem a propósito, porque francamente a inaugura-
ressurge agora reivindicado o vulto imponente do velho gra- ção do medalhão de Sotcro dos Reis correu muito fria. Não
mático, graças à inccntivadora energia do estimado vice-almi- obstante A Hora foi informada de que seria uma festa de
rante rcfonnado Raimundo Cantanhede, que não descansou arromba. uma festa de primeira ordem e ... que desilusão! À
um só momento enquanto, desde o nascer de sua brilhante e Avenida Pedro ll compareceu pouca gente, alguns pés de
patriótica idéia, não viu concluído o singelo monumento que. boi da velha-guarda!
na Avenida Pedro li, cm frente à Catedral, de hoje em diante O velho Sotero dos Reis estava com uma cara que não
passará a relembrar o nome glorioso do filho amado desta era de bons amigos. Os aluno. da provecta professora D.
terra, cuja efígie o talento do jovem Newton Sá deixou grava- Zila Paes entoaram galhardamente o Hino Sotero dos Reis.
da. no alto do monumento. sobre um medalhão de bronze. mas nem por i s~o o velho se tomou mais alegre. Lembrei-
Reveslindo-se de toda a solenidade, a inauguração do me, então, que ele estivesse ainda a cogitar de questões
monumento a Sotero erá feita com o comparecimento de vernáculas, alheado daquela solenidade sem magnificên-
todas as autoridades, pessoas gradas e imprensa. além do cia. nem pompas que lhe ticariam tão bem.
grupo escolar que, nesta capital, tem como patrono o grande Ainda estou a pensar por que o grande homem estava
maranhen e. com aquelas olheiras tão cre cidas! Mas o que for soará e
Entregando o monumento à cidade, dirá algumas pala- saberão os meus leitores.
vras o Sr. vice-almirante Cantanhede. Cl//COBOMBACHA.
Em seguida responderá o Sr. Dr. prefeito Municipal, (A Hora, 23/4/1928, p. l )
também usando da palavra uma professora e uma aluna do
Grupo Sotero dos Reis. (O Imparcial. 221411928. p.3). PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO
(IV)
SOBRE O MONUMENTO LEON RIGHINI

(...) O monumento ao culto gmmático conterrâneo se Ital iano, este artisla veio para o Maranhão como ator
compõe de um bloco inteiriço de granito maranhense, de de uma companhia. Era também cenógrafo, aliás, de apre-
forma elegante e singela, tigurando na face principal, ao
alto, o medalhão de bronze com a efígie de Sotero dos Reis. · P~eudônimo de N:1\cimcn10 Morne~.

~ 4 1l <.VQ)
LUIZ DE MELLO

ciáveis recursos. Viveu aqui em São Luís por volta de 1854, inauguraram no Quanel da Força Pública por ocasião da
segundo os documentos que pudemos compilar. passagem do aniversário natalício daquele brio o oficial.
Ao que parece, Righini foi um artista de fino senso Es~e trabalho, de autoria do jovem escultor conterrâ-
a11ístico e com grande predileção pela decoração. neo Newton Sá, foi fundido nas oficinas do Sr. Antero
De sua mão há, muito bem conservada, uma pintura Vi dai e atesta, pela perfeição e habilidade com que foi exe-
afresco no palacete do conceituado negociante Emílio cutado, o progresso da arte em São Luís. (Pacotilha, 7151
José Lisboa. 1928, p. I).
Representa esse trabalho a paisagem que se descorti-
na da janela de um castelo antigo. No primeiro plano, as A VIDA NA SOCIEDADE
colunas que compõem a janela são de de enho irrepreen- HOMENAGENS
sível. assim como o arco que as encima. já envelhecido e
cujo reboco deixa ver os tijolos que o formam. Fazendo Decorreram brilhantemente, como era de esperar, as
íundo, vê-se uma velha torre ameada, já escurecida, e as homenagens ontem prestadas ne ta capital pelos amigos
ruínas de um pavilhão coberto de simbólica hera. Ao fim- e admiradores do coronel Zenóbio da Costa, em regozijo
do, grnciosa marinha torna evidente as qualidades do paj- pela passagem do seu aniversário natalício.
sagista. Vê-se patente o punho decorador do artista, tal a Ao amanhecer, as bandas do 24° BC e da Força Pública
perícição com que é feito o motivo arquitetônico, encima- tocaram alvorada em frente à residência do ilustre aruver-
do pelo escudo de amias do Conde de ltacolomy. antigo sariante.
proprietário daquele belo palacete. Às 10 horas realizou-se a homenagem da União dos
Conheço também, de Righini , a paisagem do brurro dos Motoristas, partindo da Praça João Lisboa cm direção ao
Remédios e Praia de Santo Antônio, a qual faz parte da Palácio do Governo um enonne cortejo fonnado pela tota-
coleção artística do falecido profes or Ribeiro do Amaral. lidade dos automóveis de praça e algun carro parucula-
Foi um artista que fez época, sendo as suas paisagens rcs. Preenchendo o cortejo, ia o automóvel Oakland, gen-
muito apreciadas. til mente cedido pelo Sr. Jacinto Aguiar para conduzir a
Durante o tempo que aqui esteve, lecionou a muitos diretoria da União e o pavilhão desta.
dos nossos patrícios que então mostravam pendor para a Nos automóveis, além de grande número de motoris-
pintura. tas e da banda de música da Força Pública viam-se também
José Ja11se11 os representantes da imprensa e várias pessoas gradas.
(0 Imparcial, 27/4/L 928, p.1). Recebidos em Palácio pelo Sr. comandante Magalhães
de Almeida, usou da palavra o orador da União, Sr. Adernar
UM TRABALHO ARTfSTICO Santos, que significou a S. Exa. as razões da homenagem
que também visava ao Sr. presidente, que fora quem trou-
Será exposto amanhã, em um dos salões da Casa Auto- xera para aqui aquele cigno mjlitar.
victor, um retrato a óleo do comandante Magalhães de Respondeu S. Exa. em palavras de comovido agradeci-
Almeida, trabalhado pelo hábil e inteligente artista conter- mento, demorando-se, em seguida, em palestra com os pre-
râneo C. Porciúncula de Moraes. sentes.
Chamamos a atenção dos nossos leitores para esse Novamente forn1ado o cortejo, dirigiram-se o mani-
trabalho, e recomendamo-lo aos apreciadores de arte, pois festante para a residência do coronel Zcnóbio, onde no-
o autor se tem revelado um esmerado cultor da pintura, vamente falou o Sr. Adernar Santos. fazendo entrega ao
dando-nos apreciáveis provas do seu decidido pendor homenageado, cm nome da União dos Motori tas, de um
artíMico. (O Imparcial, 291411928, p.6). lindo bronze.
O coronel Zenóbio, em comovidas expressões, agra-
UM RETRATO A ÓLEO deceu a manifestação elogiando a compreensão que tem
demonstrado do cumprimento do dever a laboriosa classe
O professor Celino Porciúncula de Moracs, sócio cor- dos motoristas.
respondente cm Manaus da Escola de Belas-Artes do Rio Em seguida foram oferecidas a todos os presentes be-
de Janeiro. expôs hoje no salão principal da Autovictor um bidas fria.e:, sendo levantados vivas ao comandante Ma-
bem-acabado retrato a óleo do comandante Magalhães de galhães. ao coronel Zenóbio. ao Maranhão e, pelo home-
Almeida, presidente do Estado. nageado, à União dos Motoristas.
O trabalho tem sido hoje admirado e aplaudido por Às 12 horas realizou-se em casa do coronel Zenóbio
quantos têm visitado o salão da Autovictor, até por uma um lauto almoço, nele tomando parte as mais altas figuras
recomendação à técnica profissional do talentoso artista da política e da administração maranhcn'>c. além de grande
maranhense, a quem cumpri mentamos pela vitória de sua número de amigos do digno mjfitar.
agora reconhecida proficiência. (A /fora, 30/4/ 1928, p. J). Cerca das 8 horas da noite partiu da Av. Pedro lJ a
111arche-aux-flambeau.x, na qual tomaram parte inúmeros
UM TRABALHO ARTÍSTICO automóveis, três bondes, conduzindo estes duas bandas
militares e populares e aqueles crescido número de arrugos
Acha-se cm exposição, em um dos mostruários do Cen- e admiradores do coronel Zenóbio.
tro Elélrico, na Rua Osvaldo Cruz, o busto em bronze do À mesma hora, os oficiai e inferiores da Força Pública
coronel Zcnóbio da Costa, digno chefe de polícia e coman- iam cumprimentar, em sua residência. o coronel Zenóbio.
dante da Força Pública do Estado, que os seus admiradores sendo então inaugurado o seu retrato e oferecido um lindo
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

e cm.toso mimo, falando o capitão-farmacêutico Roberto Art. 3º - A metade das importância<> arrecadadas para
Gonçalves. comes e bebes e zumbaias a políticos ou magnatas mara-
Seguiu-se animada recepção, com danças que se pro- nhenses. residentes no Maranhão, será destinada ao mes-
longaram até tarde. mo li m previsto no art. 1º;
Entre outras manifestações feitas ao coronel Zenóbio, § Único - Todas essas importtlncias ser.io entregues
ligura também a inauguração de uma placa, com o nome de ou remetidas ao Instituto de História e Geografia do
Rua Coronel Zenóbio da Costa, colocada no princípio da Maranhão, que regulamentará a presente lei e fiscalizará a
antiga Travessa da Intendência. à qual foi dado aquele sua execução;
nome. de acordo com decisão da Câmara Municipal. (O Art. 4° - Esta lei vigorará até que o monumento fique
Imparcial, 10/5/1928, p.2). concluído;
Art. 5° - Revogam-se as disposições cm contrário.
O MONUMENTO A GOMES DE SOUZA São Luís, 23 de maio de 1928
UMA INICIATIVA DO PROLETARIADO O proletariado 111ara11he11se
MARANHENSE (O Imparcial, 23/5/1928, p.2).

Ontem à noite esteve nesta redação uma comissão de O MONUMENTO A GOMES DE SOUZA
proletários pertencentes à União Fabril Maranhense, à
União dos Pequenos Mercadores, à União dos Foguistas, O Instituto de História e Geografia pede-nos torne-
à União dos Talhadores, à União Naval Maranhen e e à mos público os seus agradecimentos ao brioso prolelari-
União dos Auxiliares dos Panificadores, que nos cientifi- ado maranhense, representado pelas prestantes socie-
cou do seguinte: dades União Fabril Maranhense. União dos Estivadores,
Decorrendo hoje a data do an iversário natalício do de- União dos Pequenos Mercadores. União dos Talhado-
putado Vale Sobrinho, patrono do proletariado maranhen- res, União Naval Maranhense e União dos Auxiliares dos
se e seu representante no Congresso do Estado, era intui- Panificadores pelo gesto nobre que tiveram, destinando
ao monumento a Gomes de Souza n importância em di-
to daquelas classes homenageá-lo condignamente, como
o têm feito nos anos anteriores. nheiro arrecadada para os festejos por ocasião do ani-
In formado do propósito dos seus amigos e admirado- versário natalício do Dr. Vale Sobrinho, esperando que a
brilhante iniciativa das mencionadas associaçõrs ecoará
res, o Dr. Vale Sobrinho pediu-lhes que o dispensassem de
na alma cívica e bondosa do povo desta terra como um
aceitar qualquer manifestação por aquele motivo e suge-
exemplo salutar e elevado.
riu-lhes que, se porventura houvessem arrecadado algu-
Oulros im. agradece ao inspirador da generosa idéia.
ma importância destinada àquele fim, seria melhor empre-
o Dr. Vale Sobrinho, o seu nobre gesto.
gá-la como primeira contribuição do proletariado maranhen-
Ao povo pede acate a deliberação do proletariado con-
se para a ereção do projetado monumento a Gomes de
tida no interessante DECRETO publicado ontem pelo lm-
Souza, promovido sob os auspícios do Instituto de Histó-
pnrcial. (O Imparcial. 24/5/1928, p. l ).
ria e Geografia do Maranhão.
Os amigos do Dr. Yale Sobrinho, aceitando o louvável
PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO
alvitre do seu patrono, deliberaram emão entregar ao pre-
(V)
sidente daquela douta agremiação a quantia de 744$300
JOÃO MANOEL DA CUNHA
que já haviam arrecadado entre si para custear as homena-
gens ao aniversariante, tendo sido e tas as contribuições Quem, há trinta anos atrás. procurasse conhecer o
recebidas: União FabriJ Maranhense. 400$000; União do Maranhão artístico, daria logo com ele.
Eslivadores, 100$000; União dos Pequenos Mercadores. Iniciou-se cm desenho no Liceu Maranhense, onde
100$000; União dos Talhadores, 100$000; União Naval era professor o velho Domingos Tribuli. De pintura. teve
Maranhense, 20$000; União dos Auxiliares dos Panifica- como mestres os artistas italianos Giacomo Venere e
dores, 14$300; União dos Foguistas, 10$000. Joseph Monticelli.
Animados por essa sugestão do Dr. Yale Sobrinho, os Dedicando-se à pLntura, praticou vários gêneros des-
representantes dessas organ izações proletárias resolve- sa arte. Foi paisagista, retratista e cenógrafo.
ram lançar a público o seguinte Artista por natureza, cultivou também a música, sendo
PROJETO: exímio violonista e, como tal, fet parte das melhores or-
O Povo Maranhense usando da atribuição que lhe con- questras organizadas em São Luís ao seu tempo.
ferem o !>eu patriotismo e a Justiça É preciso considerar que João Manoel da Cunha não
DECRETA: !>aiu do Maranhão para estudos.jamai conheceu um ambi-
Art. lº - Todo maranhense residente no Estado ou ente de anc que lhe facultasse f37cr o que fC.l Franco de Sá.
alhures, ao transcurso do próprio aniversário, é obrigado Denlre os numerosos trabalhos que deixou, cncontrarn-
a contribuir para a ereção de um monumento il glorificação se retratos a óleo bem trabalhados e de semelhança fiel.
de Joaquim Gomes de Souza, na capital do Maranhão, com Destes trabalhos, além de vários que existem em casas
a metade da importância que ganhar nesse dia ou no ante- particu lares. fazemos notar os do Dr. Manoel da Silva Sar-
rior, se esse for feriado; dinha. coronel Joaquim Marques Rodrigues Neto, coronel
Art. 2° - A todo cidadão brasileiro ou estrangeiro que A lexandrc Collares Moreira Júnior. que se acham no salão
residir no Maranhão. fica imposta a mesma obrigação do nobre do Paço Municipal, bem as im grande número de
art. anterior; retrato. que e. tão no Hospital Portuguê .

<?/Q) 4 13 e.- (\)


LUIZ DE MELLO

Como cenógrafo, fo i um bom artista, confeccionou ce- HOME NAGEM A U RBANO SANTOS
nários para as óperas li Trol'atore, La Nomw. Un Bailo in
Maschera, Rigoleuo, etc. Um grupo de sinceros admiradores do saudoso esta-
De sua autoria era o quadro representando a Santíssi- dista maranhcnse Urbano Santos cogita da ereção de um
ma Tri ndade. do qual Vtrgílio Máximo tirou o motivo para a busto daquele nosso inolvidável conterrâneo, a ser ergui-
imagem que está hoje na igreja de São João. do no parque que tem o seu nome, onde o Governo do
Foi também desenhista da Repanição de Obras Públicas. Estado pensa construir um grupo escolar.
Dentre os muitos djscípulos que teve, fazemos notar o Para levar a efeito essa idéia que representa uma justa
grande romancista Aluísio Azevedo. homenagem à memória de quem sempre elevou o nome desta
Viveu exclusivamente das Belas-Artes. terra no conceito da Federação, a Conússão Promotora dirigiu
Tendo nascido em 22 de julho de 1834, faleceu a 12 de aos prefeitos dos municípios do Estado a seguinte circular:
maio de 1899, deixando numerosa descendência, entre a llmºSr.
qual se conta o maestro Inácio Cunha.
Temos a honra de comunicar a V. Sa. que, por iniciativa
JOSÉJANSEN
genuinamente maranhense, pretende-se erigir no Parque
(O Imparcial, 261511928, p. I ).
Urbano Santos o busto do inolvidável estadista conterrâ-
neo Dr. Urbano Santos da Co ta Araújo que sempre, e de
UM BUSTO DE URBANO SANTOS
maneira muito honrosa, soube Lrazer bem aJto na consci-
ência política do País o nome do Maranhão.
Está em exposição na Casa Autovictor um busto cm Todos os m:iranhenses não ignoram que o egrégio ho-
bronze do saudoso Urbano Santos, o político maranhensc mem público que teve a fortuna de presidir os destinos da
de maior relevo na República, trabalho da Fundição de República com a mesma serenidade e subida visão de pa-
Anthero Vida!, a quem não podemos regatear aplausos triota com que administrara sabiamente os públicos negó-
pelo acabamento da obra. cios da sua terra, era reaJmente um vulto que !>C impunha
Essa efígie do grande maranhense, moldada sobre um pelo caráter e pela dedicação com que curava dus proble-
gesso do laureado escultor Celso Antônio, irá figurar na mas sujeitos à sua esclarecida competência. Por conse-
Biblioteca Urbano Santos, a ser inaugurada cm breve no guinte, não é senão uma justa homenagem que se vai tri-
Palácio do Governo, por determinação do presidente do butar à sua memória, mandando aJevamar o seu busto na
Estado. cidade de São Luís, como demonstração de insofismável
Anthero Vidal revela-se nesse trabaJho não majs um cultura cívica do nosso povo.
curioso, senão um vitorioso que já toma possível, de modo Para a realização desse tcntame recorre-se, neste mo-
cabal, a fu ndição em bronze no Maranhão. (0 l111parcial , mento, à generosidade e patriotismo de V. Sa. pedindo que
7/6/1928, p. I). a Prefeitura desse florescente município contribua, na me-
dida de suas forças, para que esse projeto seja. dentro em
O PANTEON MARANHENSE breve, uma realidade, servindo de incentivo à atual gera-
ção que tem o dever de Lrabalhar pela crescente prosperi-
Acham-se expostos na vitrinc da Farmácia Sanitária dade do torrão maranhensc.
nove medalhões cm alto-relevo, modelagem do jovem es- O que V. Sa. julgar possível remeter. é favor fazê- lo por
cultor Newton Sá. intennédio do coletor dessa localidade. a quem V. Sa. reco-
Intrigados de ver figu rar como sendo do Panteon Ma- mendará também que se interesse junto ao comércio para
ranhcnse, fi guras de pósteres como Henriques LeaJ, fo- que maior seja a contribuição do município.
Aceite, pois, os agradecimentos antecipados da
mos inquirir do próprio autor dos medalhões.
COMISSÃO
Explicou-nos ele que, depois da morte de Henriques
(.a.a.)- Henrique José Couto. Dr. Ba ílio Franco de Sá,
Leal, não era justo que o Panteon Maranhense ficasse
José João de Souza, José Pires Sexto, Joaquim M. Gomes
fechado aos maranhenses notáveis. Resolveu, por isso,
de Castro. (O /111parcial, 151611928, p. I).
consultar os intelectuais autorizados na matéria e incluir
no Pameon todos os mortos notáveis do Maranhão, cu-
UM TRABALHO DE ARTE
jos retratos fosse possível obter.
- Pretende realizar trinta, pelo menos, se tudo marchar Em uma das nossas edições de maio transato registra-
como até agora. mos a visita que nos fez o distinto cavalheiro Conrado
Perguntamos se agiu por conta própria. Strub, representante da Companhia Americana de São Pau-
Respondeu-nos, filosoficamente. que ninguém age por lo, sucursaJ da Chicago Portrait Company. poderosa em-
conta própria. O próprio Governo deve ser a vontade de presa com fi liai!> cm Londre . Toronto, Sidney, Rio de Ja-
um conjunto, e o equilíbrio das condições fM que a nossa neiro e São Paulo.
vontade ~eja um conjunto de vontades alheias. O Sr. Strub, na sua visita, no mostrara dois admiráveis
Insistimos cm perguntar se um outro fi m o levava a trabalhos executados nos studios da sua companhia, pelo
pôr em dia o balanço das dívidas de honra do Estado moderníssimo processo denominado A11rito11, uma espé-
para com os seus fi lhos ilusLics. Disse-nos simplesmente cie de pastel em fundo de ouro.
que o Panteon Maranhense seria a sua obra deste ano Como era do nosso dever. noticiamos a prc...cnça do es-
para o Salão de Belas-Artes do Rio de Janeiro. (O Impar- forçado representante da Chicago Ponrait e demos a nossa
cial, 9/6/1928, p.2). impressão sobre o valor artístico dos seus excelentes traba-

~4 1 4~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

lhos. sem oulro intuito que não o de recomendá-los ao públi- Não ganharam coi a alguma, ma prestaram relevantíssi-
co maranhen e, como obras verdadeiramente e téticas. mo serviço. Prestaram na ocasião e depois. Porque os ho-
O Sr. Conrado Strub, porém, entendeu de retribuir a mens se foram, e elas ficaram firmes com os seus ílcxíveis
nossa recomendação com um gesto de penhorante genti- músculos, sustentando os cabos que serviram ao improvi-
leza e, assim, surpreendeu-nos anteontem com a valiosa sado aparelho com que se levantou a poderosa 1esoura.
oferta de um esplêndjdo retrato do redator-chefe d· O Im - Enfim, lá está o bronze de João Lisboa, que será pela
parcial, cm Auriton, trabalho esse que, realmente, con ti- segunda vez inaugurado a 28 do corrente, por homenagem
tui uma verdadeira expressão de arte pciieita. à grande data que então se vai comemorar - a da nossa
O remuo de João AI fredo de Mendonça, guarnecido por Independência.
uma linda moldura tirante à prata oxidada e trabalhado sobre Parece que o tempo se encarrega de encaminhar as
tela finísc;ima, resguardada por uma lâmina de papel cristal coisas ... João Lisboa desceu de seu pedestal e esperou
convexo, é de um perfeito acabamento, no qual sobressaem que seu mestre Sotero dos Reis tivesse primeiro o seu
o fino colorido a par da rigorosa fidelidade fi sionômka. medalhão, que também ficou em frente de uma igreja. Le-
Desejando demonstrar às pessoas que lhe fi zeram en- vantou-se-lhe agora o bronze, e eis que lançam a primeira
comendas de retratos a correção com que a companhia os pedra do monumento que o Instituto de História e Geogra-
executa, o Sr. Strub resolveu fazer exposição do belo traba- fia vai mandar levantar, também defronte de uma igreja, a
lho com que presenteou ao redator-chefe deste jornal. exi- Antônio Henriques Leal.
bindo-o na vitrine da acreditada Farmácia Sanitária, por É fáci l compreender. Antônio Henriques Leal foi o bió-
gentileza do seu digno proprietário. Sr. Jesus N. Gomes. grafo de João Li boa. Sem o Antônio Henriques Leal, tal-
O estimável representante da Companhia Artística Ame- ''el. ele não tivesse granjeado o louvor que lhe veio depois
ricana de São Paulo embarcará amanhã, pelo ltaimbé, com de sua mone premiar o merecimento.
destino ao Sul, devendo fazer ligeira temporada no Ceará. Mas não foi somente isto... Também foi um dos edito-
Nesta capital e em Teresiua o Sr. Strub obteve grande res de sua obra.
número de encomendas. (O Imparcial, 6n/ t 928, p. l ). E há mais - foi um dos abnegados e escrupulosos revi-
sores. O outro editor e revisor, e de que ninguém fala, foi o
NOTÍCIAS FÚNEBRES professor Luiz Carlos Pereira de Castro, que por muit0s anos,
com desusado brilho. ocupou a cadeira de português no
Ecoou dolorosamente nesta capital a notícia do faleci- Liceu Maranhcnse.
mento do estimado cavalheiro Alfredo Marinho, antigo Mas a primeira edição esgotou-se, e ninguém mais sa-
guarda-livro em nossa praça. ocorrido ontem, à 18.30 bia da imponente obra a não ser os velhos. Apareceu, en-
horas, no Alto do Cutim, Caminho Grande. tão animado dos mesmos intuitos cívicos, o im1ão do Dr.
O pranteado deixa viúva a senhora Ana Marinho e o Antônio Henriques, o fil ólogo Pedro Leal, que meteu om-
seguintes filhos: professor Arthur Marinho, lente de de c- bros à segunda edição. Era ainda um leal que vinha lem-
nho do Liceu Maranhense; senhoritas Francy Marinho e brado à mocidade maranhense. O velho Pedro, como o
Aldenora Marinho; senhora Elzita Marinho Palácio, esposa chamávamos, era brilhante intelcc..:tual marnnhcnsc e dei-
do Sr. João Pedro Palácio, terceiro escriturário da Delegacia xou interessnntes e úteis trabalhos de filologia.
Fiscal; Srs. Aluísio Marinho, guarda-livros na Capital da Espírito forte, alma aberta aos fulgores da intelectuali-
República e Djalma Marinho, comerciante no Alto Cutim, e a dade maranhcnsc. reagiu no último quanel da vida com
senhora Adelina Marinho Rodrigues. cspo a do Sr. Saul es e feito nobilitante, contra a imbecilidade sistematica-
Rodrigues Filho. (O Imparcial. 22nll 928. p.3). mente deturpadora dos nossos foros de cu ltores apura-
dos da mais \!Scrupulosa vemaculidadc.
CAIXA DE ALFININS Pedro Leal que conhecia a fun do o idioma ponuguês,
latinil>W de escol, professor eminente, Cl>tudio!>o fil ólogo e
Depois de uma luta tremenda, lá voltou João Lisboa em a quem devemos a segunda edição da obra de João Lis-
bronze para o seu pedestal de pedr:1. boa. devera ter sido contemplado sem favor algum numa
Custou. Ourante um ano viveu o grande bronze vida obs- das galerias de medalhas que afestoam o monumento.
cura, <lentro de um tapume, ali na Praça João Lisboa. Parece Pobrezinho! Ninguém se lembra dele...
que os ventos contrários que ao eminente jornalista e rusto- Chico Bombacha
riador pcrscguimm nesta tem\, onde ele não conseguiu er (A Hora. 26f7/ l 928, p. l).
deputado provincial, continuam a pcr.,cguir o seu bronze.
Mas... afinal de contas o Dr. Jaime Tavares venceu, INAUGURAÇÃO DA BIBLIOTECA
com o auxílio do Gondim que nestes último<; dia temeu URBANO SANTOS
que a força do azar de que se receava, com indiscutida
ra7ões, lhe pregasse alguma peça, ou o surpreendesse com
algum desastre. Anteontem, depois de um esforço titâni- ( ... ) Aproveitando o mobilifü'io existente, S. Exa. restau-
co, conseguiu ele alçar o símbolo! Parecia que o bronze rou-o, completando-o de uma linda mesa cm estilo idênti-
reagia contra a glorificação. Parecia que seus quinhentos co, obra de arte devido a um artífice, contendo, lavrado, o
quilos se haviam tomado mais pesados. O Gondim, porém, escudo do Maranhão, e sobre a qual, ao centro da ampla
auxiliou-se de árvores e de homens, porque só e tes não sala, dcscan a o busto do senador Urbano Santos, traba-
bastaram, e as árvores valemm cada uma por dez homen ! lho do e. cultor Celso Antônio. aqui fundido pelo hábil

<:/ê) 415 e-~


LUIZ DE MELLO

operário Antero Vidal, e que estava na Biblioteca Pública O RETRATO DE CARLOS GOMES
do Estado. (O Imparcial, 28nt 1928, p. I).
A Comissão Diretora do Culto de Santa Cecília enco-
PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO mendou ao hábil pintor C. Porciúncula de f\1oracs um re-
(VI) trato a óleo do inesquecível compositor patrício Carlos
ORESTES COLIVA Gomes.
O trabalho, que já se acha feito, tem recebido os aplau-
Vamol> hoje tratar de um cenógrafo de grandes méritos, sos de todos que o têm visto.
que pintava com exata compreensão da luz e da cor, o que Dentro em breve será exposto.
caracterizava a bclc1.a dos seus trabalhos. Ainda não está marcado o dia de sua inauguração no
É um nome ainda hoje muito lembrado pelos que o Teatro Arthur Azevedo.
conheceram, e com relação à sua pessoa contam-se ane- Realizar-se-á, então, um grande concen o em que se
dotas chistosas. executarão somente as compo içõcs do genial compositor
Como Lcon Righini , veio para o Maranhão integrando brasileiro. (A Hora, 13/8/ 1928, p. I).
uma companhia lírica cm 1899.
Aqui em São Luís, pintou um belo pano de boca para o PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO
nosso teatro, pano que foi substituído ultimamente, pois (Vil)
pelos maus tratos se tomou imprestável. Quando o inaugu- JOSÉ MARIA BÍLIO
raram, era tal a segurança de técnica, de tal exatidão de to-
que, que provocou exclamações de admiração de pessoas Nasceu a 19 de março de 1835 e faleceu em 17 de feve-
competentes. citandcrsc, entre outras, o ilustre romancista reiro de 1880.
Coelho Neto. O seu ateliê era um dos salões do Seminário Ainda criança, começou a mostrar pendor para a arte.
das Mercês. Além deste trabalho, temos conhecimento de Como João Manoel da Cunha, de quem era muito ami-
que Coliva deiJCou, pintado com a mesma emoção, um belo go, foi, também. um artista genuinamente maranhense, pois
aqui nasceu, criou-se e fez seus estudos de desenho, já
presépio que ofereceu ao coronel Nuno Pinho.
aos 18 anos, com o velho artista Domingos Tribuzi.
Coliva teve a glória de ter sido o iniciador da vida artís-
Tomou parte em várias exposições realizadas aqui em
tica de Arthur Timóteo, o pintor nacional cujo nome é por
São Luís, nas quais se revelou sobretudo um conhecedor
demais conhecido no meio artístico brasileiro.
do desenho.
Dotado de grande capacidade de trabalho, Coliva tor-
Lutando sempre com as dificuldades monetárias que o
nou-se, além de um artista admirado, um mestre respeitado.
impediram de aperfeiçoar os seus conhecimentos técnicos
De sua lavra é, também, o pano de boca do Teatro da
em um meio mais desenvolvido, Bílio começou então a
Paz, em Belém do Pará.
ensinar desenho, no que se fez notar obrcrudo pelo mé-
Era bom conhecedor do valor do colorido, da luz, som- todo e paciência com que orientava os seus alunos na
bra e perspectiva, cabcdais esses que, aliados ao bom gos- Arte de Ingres.
to do artista, concorreram para o conceito cm que era tido. Foi professor por muito tempo no Seminário das Mer-
JOSÉ JANSEN cês e no Colégio de D. Ro a Nina, tendo também muitos
(0 Imparcial, 28nt l928, p.7). alunos particulares.
Às suas aptidões de artista pintor reunia apreciáveis
UM ESCULTOR MARANHENSE dotes vocais e cantava nas igrejas.
Durante uma cerimônia em que se fazia ouvir, apanhou
A data de hoj e assinala o aniversário nataJício do jo- uma molé tia na garganta que lhe provocou a morte pre-
vem escultor maranhense Newton Sá, atualmente em via- matura.
gem para a capital da República, onde vai exibir os seus Na galeria do Hospital Portuguê estão alguns retra-
trabalhos na arte de Bcmardelli. tos de sua autoria.
Comemorando a data, alguns amigos e admiradores do É trabalho ~cu o retrato de Frei Joaquim de . S. de
jovem artista rcsolveram promover urna exposição dos seus Nazaré, que foi bispo. neste Estado, de 18 19 a 1823, obra
últimos trabalhos, no seu próprio ateliê, na Rua Afonso que hoje faz parte da coleção histórica do falecido profes-
Pena nº 6, 2º andar, das 15 às 17 horas. sor Ribeiro do Amaral.
Nessa exposição figuram os trabalhos que constituem Ainda que Bílio não tivesse podido aperfeiçoar- e em
o Panteon Maranhense, coleção de 28 medalhões de ges- um meio de cultura artística desenvolvido, notam-se em
so, com as eíígies de Antônio Pedro da Costa Ferreira, A. seus trabalhos a vocação e a força de vontade que fi zeram
Marques Rodrigues, Antônio Lobo, Aluísio Azevedo, Ar- dele um pintor.
thur Azevedo, Belarmino Mattos, Braulio Muniz, César JOSÉJANSEN
Marques, Furtado(?), Gonçalves Dias, Gentil Braga, Hen- (O Imparcial, 23/8/ 1828, p.2).
riques Leal, J . Gomes de Souz.<i, Joaquim Serra, Joaquim
Franco de Sá. João Duarte Lisboa, João Lisboa, Maranhão INSTITUTO DE HISTÓRIA
Sobrinho, Nina Rodrigues. Odorico Mendes, Raimundo
Corrêa, Sousândrade, Sá Viana. Sotero dos Reis, Trajano, Continua o público a favorecer o nosso Instiruto His-
Teófi lo Dias, Teixeira Mendes e Urbano Santos. (O Impar- tórico e Geográfico com a oferta de livros de interesse para
cial, 31811928, p. 1). a sua finalidade.

~ 4 16 e,.-'(;)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Assim é que o desembargador Domingos Américo doou Foi aluno do velho artista Domingos Tribuzi, em cuja
àquela associação um exemplar de Algumas Notas Genea- aula - di1, João Afonso do Na cimento - era uma espécie
lógicas, de João Mendes de Almeida. de revolucionário, rompendo com a estrei1a rotina domes-
O desembargador Henrique Couto, secretário-geral do tre, para obedecer à impetuosidade de uma vocação que o
Estado, ofertou um exemplar da Antiga História do Brasil, impelia prema1uramcntc a empreender obras que somente
de Ludovico Scwennhagen e um medalhão de Arthur Aze- os artis1as consumado se atreveriam a abordar.
vedo, trabalho do escu ltor conterrâneo Newton Sá. (O Com os restos de tinta de João Manoel da Cunha. de-
Imparcial, 21911928, p.3). pois seu professor de pintura. fazia os seus primeiros cn-
aios a óleo.
PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO João Afonso possuía duas composições suas feiias
(Vlll) com tinta da China. Eram elas: Um banquete de canibais.
HILTON LEITE ARANHA vendo- e um prisioneiro amarrado no meio da clareira onde
estavam os membros da tribo; e A l'ala co11111111, onde dois
l lilton Aranha, na história das anes no Maranhão, foi homens deitavam cadáveres numa trincheira, e, ao lado, havia
como um desses meteoros que passam rápidos e brilhan- uma carroça que conduzia os monos. Destes dois quadros,
tes, deixando na sua trajetória um traço de luz intensa. que não conheço, os entendidos que os têm visto, são unâ-
Nasceu nesta cidade, no dia 5 de outubro de 1899. nimes cm gabar a execução e o traço carac1crístico.
Desde cedo, aos sete anos, começou a revelar pendor Quando chegou ao Rio, foi contrntado como desenhis-
para a arte. ta de vários jornais ilustrados, dentre eles o Mequetrefe e
De notas que me forneceu seu pai, tr:m crevo e tas o Flgaro ( 1876- 1877) e outros mais. É preciso notar que
linhas: nesse tempo triunfavam no Rio dois grandes caricaturis-
... Um dia, de lápis em p1111ho, junto ao avô. pediu-lhe tas - Ângelo Agostini e Rafael Borualo Pinheiro. o que
papel, como possuído de uma i11spiraç<io. não impediu a rápida popularidade de Aluísio. Naqueles
jornais humorísticos vêem-se páginas ilustradas interes-
Sa1í.efei10, começou a rabiscar, traçando linhas em
santíssimas em que, ao par do traço fino e seguro, há o
ziguezague; dentro em pouco apresentou o que tinha fei-
bom humor alegre e chistoso.
to. Perg1111tado o que era. respondeu pro111ame111e e mui-
Mais tarde foi que, abandonando o lápis de caricatu-
to convencido de sua grande obra: uma tempestade.
rista, se entregou Aluísio Azevedo completamente ao la-
A primeira vez que figurou em exposição pública. pro-
bor da pena de grande romancista que foi. renovador de
movida pelo Governo do Pará. obteve. por unanimidade
um gênero que cnlanguecia nas tiradas do romantismo
do júri, menção honrosa. Era ainda criança e o seus méri-
sentimental e que ele elevou à nobre categoria de estudo
tos já eram do domínio público.
social. palpitante de vida.
Mais admirável, mais audacioso se revelou, quando, aos
JOSÉJANSEN
doze anos retratou a óleo e cm tamanho natural seu pai.
(0 Imparcial, 8110/1928, p. I).
Hillon era um emotivo. Como ele cntiu o pitoresco de
nosso caboclo de carga ao ombro, ao pintar Costumes de UM ARTISTA
min!ta terra! Há ainda muitos que se lembram da maneira
elogiosa com que a imprensa se referiu a esse trabalho. Diz a sabedoria popular que quem não morre, lá um dia
Pena é que não lhe fosse possível utilizar-se da pensão aparece.
que lhe concedeu o Congresso do Estado para estudar Isto, aliás, hoje, anda contrariado diante dos repetidos
de enho no Rio. fenômenos espíritas que os videntes apregoam: aparece-
Executou com o mesmo colorido e fidelidade uma vista sc mesmo depois de mono.
representando a nossa rampa de desembarque em hora de Ora, diante disto, nada de anonnal escreva eu, hoje.
maré alta, em que as ondas encrespadas se quebram sobre após longo interregno, aos meus amigos d'O Imparcial,
os paredões de pedra. Essa tela. hoje, tomou-se um docu- sempre bondosos para comigo, apesar <lo meu silêncio
mento, considerada a remodelação do local. longo.
Caracterizavam o malogrado artista o coração bondo- Há, porém, vibrações tão intensas. de tal forma, mui ta
so e o gênio alegre, quase infantil, que se lhe adivinhava vez agem os nervos de um homem, que principiamos a
às primeiras palavras. cons:atar cm nós mesmos o fenômeno da ressurreição de
Acometido por várias vezes de polinevrite, faleceu aqui determinado pendor, há muito sepultado.
cm São Luís, longe de sua família, então cm Belém. Este é o meu caso.
JOSÉJANSEN Pen ava jamais e perfilassem cm minha mesa de tra-
(0 Imparcial, 9/9/1928, p.8). balho essas tiras que foram o meu pão de cada dia durante
muito anos, na vida afanosa da imprensa diária.
PINTORES NO MARANHÃO DO PASSADO O pavor dos linguados vazios, à cata de assunto, sob
(IX) a reclamação do chefe das oficinas!
ALUÍSIO AZEVEDO Arrepia-me ainda lembrar essas horas.
Vivo hoje a rcpeúr as fórmulas protocolares da burocracia
Nasceu nesta cidade a 14 de abril de 1857, recebendo fiscal, entre autos, regulamentos, circulares e quejandos.
o nome: Aluísio Tancredo Bello de Azevedo. Por sua von- Foi preciso encontrar uma figura, um moço desajuda-
tade, foi que mais tarde o reduziu ao onomástico com que do e uma vocação periclitante, para que o tal milagre se
se tomou conhecido no mundo das letras. operasse, e como na lenda da Bela Adom1ccida. todas aque-

~4 1 7~
LUIZ DE MELLO

las pedras cm que se haviam transfomiado as doces rerni- Bisbilhotando os gracio. os templos católicos de Caxi-
niscências desses dias idos de jomaJismo, viveram, de- as, revi vcram-me pruridos ancestrais de repórter, e entrei a
sentorpeceram os membros, e lá me vi, de novo, a braços notar os curiosos relevos que re saltam, aqui, do comum
com o Pão de Moloc/1. das igrejas.
Basta de nariz de cera. E foi assim que, ontem, percorrendo com a vista o altar-
Quis a bondade de Menezes Júnior, esse espírito su- mor da matriz de São Benedito - esse templo de linhas
perior, o admirável poeta do Sapho, que eu travasse co- elegantes recém-melhorado pelas mãos diJigentes e cultas
nhecimento com um moço esforçado, inteligência rara, dos missionários que. de presente. pastoreiam o populoso
perdida neste rincão abandonado do interior nortista. rebanho de almas de ta invicta cidade - feriu -me a relina
Antes, porém, de apertar a mão desse artista novo, os bem-talhados contornos dessa obra de arte.
produto do seu próprio esforço, foi-me dado ver dese- Não me sendo possível conhecer, ao certo, a data da
nhos a lápis feitos por esse moço. feitura desse trecho imponante da aludida matriz, posso
Sabendo, como sei, que nesta Caxias não se cultiva a afimiar, no entanto, não o construíram os obreiros que, em
pintura; que raros são os que manejam habilmente o crayon, 1803, elevaram essa casa de culto. O primitivo templo era
logo surpreendeu-me a habilidade desse rapaz. de menores proporções. Vem da gestão Episcopal de D.
Vendo-o. falando-lhe, confirmei minha suposição. Aque- Luiz de Brito o seu alargamento ao tamanho atual.
las fi guras copiava-as ele sem conhecer a mínima parcela Esse altar é, possivelmente, dessa data, ou melhor, con-
da Divina Arte. Fizera-as por intuição. temporâneo dos altares-mores do Rosário e dos Remédios.
Passei uma demorada vista no seu álbum. Fê-los aqueles um artista caxiense anônimo. Cinzela-
Cabeças de artistas de cinema, em sua maioria. Algu- dor humilde, soube, porém, deixar para admiração dos vin-
mas caricaturas sem importância. douros todo o poder de sua habilidade, cm lindos 1alha-
Reprovei-lhe usar o lápis de escrita; dei-Lhe algumas dos em madeira, feitos com arte dos antigos lusos, perilos
noções da arte nova e encorajei-o, sobretudo, nesse afã em tais místeres.
em que está de se aperfeiçoar sozinho, sem amias nem Motivam esta arenga oito pequeninas esculturas.
bagagens. Há no altar-mor da matriz de São Benedito um curioso
Não se pode chamar ainda um mestre ao Astrolábio relevo, mais curioso pelo significado que. mesmo pela per-
(Astrolábio Carvalho, chama-se o rapaz), mas, com taJ von- feição, embora o seja.
tade e tais aptidões, garanto-lhes: em breve oferecerá Ca- Sobre os capitéis de quatro colunas dóricas brilham.
no ouro novo que as revestem. oito delfins! ...
xias mais um pintor-retratista. de preferência - para a sua já
abundante galeria de artistas. Parecerá estrnnho (e é reaJmente) que num templo à
beira-rio, longe da salsugem marinha, ob invocação de
Mando-lhes, dos apanhados ao acaso, uma página do
um anto cm cuja biografia não figuram proezas de marujo.
seu álbum, hoje já muito melhorado com a aquisição do
o artista decorador se tenha lembrado de esculpir oito ca-
material mais próprio, como breve verão cm outra remessa.
beças deste cetáceo.
Prazo cu aos céus dê bom clichê esse punhado de tra-
Sério, intrigou-me tal concepção.
ços, bem caractcrís1icos. aliás, ele quanto é capaz a vonta-
Quis, a princípio, dar os focinhos alongados de habi-
de norteada de vencer, com uma picareta formidável de
tante marinho ali escu lpido como imperfeição do talhador.
audácia, na struggle for life.
Talvez sejam cabeças de ovelhas -Ag1111s Dei, pensei ...
Pobre, muito pobre mesmo, Lendo sobre os ombros a
Verifiquei, afinal, que a primeira visão fora cena. Ou
carga da famfl ia, e, por conlrapeso, uma saúde precária, o
são delfins esrilizados ou hipocampos-cavalo -marinhos.
Astrolábio luta infatigavelmente dentro de uma lristeza Não creio. no entanto, que o e cu ltor do aJtar-mor da
mórbida, como que procurando, na febre da concepção, matriz de São Benedito fo e tão entendido em história
no delírio de anista, afugentar o desânimo que lhe começa religiosa. a ponto de decorar o templo caxiense com aque-
a minar o organismo anêmico, vendo-se desajudado de les símbolos, no propó ito de afastar, tempo em fora, os
todos, incompreendido pela sua gente. Certo de que O seus profundos estudo da matéria, a rneno fosse ele um
Imparcial não o de amparará, cumprindo o seu salutar sacerdote.
programa de incentivar os novos na realização dos seus Parece-nos. porém, mais razoável tenha o hábil cinzela-
ideais nobres, enlrcgo-lhcs o Astrolábio. para que, apre- dor copiado de desenho antigo aquelas figuras, sem Lhes
sentando-o ao grande mundo dos leitores dessa folha, ao dar a significação que poderiam ter.
menos assim lhe premiem os esforços e, talvez, quem sabe, O altar-mor dos Remédios. aqui, é decalcado sobre o
o Governo estenda a mão a mais esse anista que dealba risco de um outro, divulgado pela imprensa ilustrada.
nesta colméia de inteligências, que é de Caxias. Seja como for, o certo é que sobre as colunas vêem-se
CAXIA S. delfins ou hipocampos, como quer aJguém, a quem de taJ
EYD!IER PESTANA adverti.
(O lmparcial, 10/10/1928,p.I). E nada de estranhável é que assim seja. Vejamos.
Os coptas ou cristãos do Egito, que existiam no primeiro
OS DELFINS DE SÃO BENEDITO século de nossa era, usavam o delfim para reconhecimento
entre si, como distintivo de discípulos da seita de Cristo.
Sempre que, :llllc meus olhos de míope surgem aspec- Era essa a maneira pela qual e sabiam irmãos, sem
tos in1eressan1es da vida, há com que estremeçam em toda despertar aos suspeitos perigosos então. Cercavam-se
esta velha eslrutura nervosa, acordando-me antigos pen- desses excessos de simbolismo, pois a seita era secreta,
dores. por estar proscrita e a fogueira aguardava os adeptos.

~ 418 <:/(.>)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Faziam, por isso, ornar, os tecidos de suas vestes com E o Dr. Jaime Ta vares e111e11de11 que São Luís não
emblemas convencionais - pombos, liras e âncoras -sim- podia deixar de prestar também homenagem ao se11 fim -
bó licos da paz, da palavra divina e da esperança. dador. Assim é que, vindo ao Recife, encomendou ao es-
O s peixes, porém, eram o motivo predileto. culto r pernambucano Bibiano Sill'a um grande busto
M. de Cougney, no seu estudo A Arte 11a Idade Média, para ornar a Prefeitura, e pediu ao Dr: Mário Me/lo,
desvenda o mistério de que se cercavam os coptas e expli- secretário pe1pét110 do Instituto Arq11eo/ôgico, que ori-
ca o porquê de se encontrarem freqiientcmente desenhos entasse o artistt1 no que dizia respeito e) história, à ind1ís-
de delfins em vestes e monumentos do Egito. rria, à indumentária da época. etc.
A palavra peixe, traduzida do grego, escreve-se em Sem dispor de uma fotografia nftida, conseguiu en-
caracteres franceses ichtus (o eh substi111i11do a letra xi tretanto Bibiano Silva moldar uma figura de traços se-
da lt11g11a morta). guros, arrm•és de cujo ricto se percebe o caráter a 11m
Os captas tinham notado que esta era o acróstico das tempo austero e generoso.forte mas sua1•e, na expressão.
palavras Jesous Christus teou 11ios Soter. que significam lsso n11ma i11d11me11tária de época e própria das pessoas
- Jesus Cristo, filho de Deus, Sa/1•ador.
da d istinçcio de Daniel de la To11clte.
Assim sendo, nada de estranhável haja sobre as colu-
Est<io, assim, de parabé11s o povo maronhense, pelo
nas do altar-mor da matriz de São Benedito, cm Caxias, oito
ato de justiça que vai praticar com a memória do grande
figuras simbólicas do Cristo.
guerreiro fundador de sua capital, e o artista pemamb11-
Sejam cabeças de delfins, hipocampos ou de carneiros, o
cano, pelo execução dum trabalho que 11111ito o recomen-
intuito cm nada perde. De qualquer fom1a encimam as dóricas
da. (Pacotilha. 1311111928, p.I ).
elegantes representações convencionais do Mestre.
Pena é que não encontre à mão fotografi as capazes de,
reproduzidas, penniti r estudo demorado dos entendidos.
O INSTITUTO HISTÓRJCO
Caxias, 1928
EYDHER PESTANA O Instituto recebeu da senhora Maria Leonarda
(O Imparcial, 2911011928, p.4). Almeida, digna esposa do Sr. MareclinoGomes de Almeida
Júnior, dois valiosos retratos a paste l do começo do sécu-
HOMENAGEM AOS DRS . ALCIDES PEREIRA lo XIX, ofertados pelo Dr. Joaquim Pinto Franco de Sá,
E TEODORO ROSA colecionador maranhense de objetos de arte e antiguida-
des. (O Imparcial, 27/11/1928, p.6).
Os funcionários da Imprensa Oficial tive ram a gentile-
za de convidar-nos para, no dia 3 1 do corrente, às 10 ho- ATENÇÃO
ras, assistir à inauguração dos retratos dos Drs. Alcidcs COMPRAM-SE OBJETOS ANTIGOS E DE ARTE
Pereira, atual diretor daquela repartição, e Teodoro Rosa
que, por mais de uma vez, exerceu o mesmo cargo naquele ( ... ) PINTURAS antigas a ó leo, miniaturas, pentes de
departamento público. tartaruga, imagens de marfim, leques velhos, tapetes anti-
A Folha do Povo, penhorada pela distinção, far-se-á gos, etc. - tudo que represente valor artístico. Paga-se os
representar. ( Folha do Povo, 2911O/ 1928, p.4). melhores preços da América do Sul.
HOTEL MARANHÃO - QUA RTO Nº4 - ATENDEM
UMA OBRA DE ARTE A CHAMADOS
MIGUEL & COMP.
Conforme já é do conhecimento público, o Dr. Jaime (0 Imparcial, 11/ 1211928, p.3).
Tavares, dig no prefeito desta capital, pretende inaugurar
brevemente na escadaria pri ncipal do Palácio da Munici-
UM RETRATO A ÓLEO DE
paJidadc o busto cm bro nze de Daniel de La Touche. Se-
ARTHUR AZEVEDO
nhor de La Ravardiêre, fundador de São Luís do Maranhão,
havendo conliado a execução da obra ao escultor pernam-
O talentoso artista m aranhense professor Celino Por-
bucano B ibiano Silva.
c iúncula de Moracs expôs na Farmácia Garrido, na Rua
Sobre esse importante trabalho artístico, o conceitua-
Osvaldo Cniz, um retrato a óleo do ino lvidável comedió-
do órgão Diário de Pernambuco manifesta-se do seguin-
grafo e comeur maranhense Arthur Azevedo.
te modo:
O trabalho do pintor maranhcnse é mais um atestado
Dirige a Prefeitura de São luís do Maranhão o enge-
brilhante de sua técnica e de sua arte.
nheiro pernambucano Jaime Tm•ares que tem feito um
go1•em o a contento. Todas as pessoas que têm visitado a tela acham-na
Verificou o Dr. Tavares que luí em São Luís \'lírios admirável. O retrato iala expressivamente a quantos o cer-
mo1111111e111os, e nenhum, porém, dedicado ao f undador cam. louvando o bem-acabado da obra.
da cidade. Por que não se colocar esse retrato no Teatro Anhur
Assim como Recife nasceu da civilização holandesa. Azevedo?
Seio L11ísfoifnao da civi/izaçâo francesa. Aqui Maurício Por que não se readqui ri r esse trabalho que a todos
de Nassau, ali o cavalheiro de Lt1 Ravardiere, homem de te m sobejamente agradado?
sentimentos tão levantados q11e, na lwa com os portu- Aí lica uma idéia que bem podia ser aproveitada pelos
gueses, mandm•a cuidar igualmente dos feridos aprisio- cronistas teatrais, ou porque a estes compete e ncabeçar o
nados com os feridos das suas hostes. movimento. (A Hora, 15/ 12/1928, p. I).

<:./(>) 4 J9 ~ Q)
LUIZ DE MELLO

PRESÉPIO A EXPOSIÇÃO DOS DESENHOS QUE OS


ESCOLARES MARANHENSES ENVIAM AOS
Tem sido muito visitado o presépio annado pelo hábil SEUS COLEGAS DO JAPÃO
pintor José Mercedes Gomes, cm sua residência, Rua Ro-
drigues Femande~. 27. O Marnnhão re~ponderá, de modo condigno, à delica-
Desperta a atenção dos visitantes sobretudo o bom da atenção das crianças japonesa . que. em dias do ano
gosto da ornamentação do referido presépio, incontesta- passado, iniciando um intercâmbio afetivo com as nossas
velmente um dos m:iis originais de quantos existem nesta criança , ofertaram às escolas do Brasil os desenhos fei-
capital. (0 Imparcial, 2/1/1929, p. I) tos pelos alunos das escolas do Japão.
Recebendo, como é sabido, o Sr. presidente do Estado
EXPOSIÇÃO DE DESENHOS os referidos desenhos, logo os passou às mãos do Dr.
Clarindo Santiago. diretor da Instrução Pública, manifes-
Deverá ser inaugurada no começo da semana vindou-
tando-lhe o desejo de ver satisfatoriamente retribuída a
ra a exposição de desenhos escolhidos cnlre os melhores
grata lembrança dos pequenos nipônicos.
apresentados pelas crianças das escolas públicas e parti-
culares desta c:ipital. Zeloso e competente, o Dr. Clarindo Santiago entregou-
Esses desenhos, que ficarão expostos na Casa Auto- se, desde então, ao caprichoso trabalho de organizar a mos-
victor, serão enviados às crianças das escolas japonesas, tra de desenhos dos escolares maranhcnses que deveria
em retribuição à idêntica oferta há pouco tempo feita às ser oportunamente remetida aos e colares orientais.
escolas brasileiras, sendo, entre nós, intermediário da cari- Encontrando o apoio do professorado de todos os es-
nhosa prova de amizade o Sr. presidente do Estado, que tabelecimentos de ensino primário, públicos e mesmo par-
entregou ao Dr. Clarindo Santiago, diretor da Instrução ticulan.~s. não tardou o Dr. Clarindo Santiago em obter com-
Pública, os referidos desenhos. Lendo aquele estimulado pleto êxito na obra empreendida e da qual pode o Maranhão
grandemente os trabalhos nas escolas. conseguindo ob- e sentir orgulhoso, pois, lá fora, cm nada ficará o seu
ter trabalhos apreciáveis. nome desmerecido com a apresentação da linda coleção
Oportunamente daremos mais detalhadas informações de desenhos das nos as crianças.
sobre a exposição, na qual figurarJo alguns exemplares de No empreendimento, cria ingratidão o esquecimento
desenhos japoneses. (0 Imparcial, 5/1/1929, p.8). dos nomes do profes or Arthur Marinho e das professo-
ras Letfcia Holanda, Oclflia Pinho. Cclina Nina, Amélia Car-
ARTHUR AZEVEDO valho, Zoé Cerveira e Evangelina Aguiar, que procederam
à escolha carinho a dos trabaJhos a serem apresentados
Conforme ficou há tempos anunciado, deverá inaugu- em mostra pública.
rar-se brevemente, no !'talão nobre do Arrhur Azevedo, o Ontem, conforme ficara anunciado, efetuou-se, num
retrato deste escritor maranhense, trabalho de autoria do dos amplos saJões da Casa Autovictor, gentilmente cedi-
distinto pintor Celino Porciúncu la de Moraes. do pelos seus proprict1rios J. Aguiar & Cia., em presença
Devendo ser o referido retrato adqu irido por subscri- de numerosíssima assistência, a inauguração da exposi-
ção popular, informa-nos o Sr. Porciúncula de Moracs que
ção dos desenhos aludidos, revestindo-se o ato de um
as listas necessárias à aquisição já se acham distribuídas, alegre cunho de simplicidade.
tendo obtido boa aceitação.
Às 13.30 horas, o comandante Magalhães de Almeida,
Sabemos que a Associação dos Cronistas tomou a seu
digno presidente do Estado, acompanhado do seu aju-
encargo a inauguração do referido retrato. (O Imparcial,
9/1/ 1929, p.2). dante-de-ordens capitão Xavier de Brito, do Sr. desembar-
gador Henrique Couto, secretário-geral, Dr. Clarindo San-
EXPOSIÇÃO DE DESENHOS tiago, diretor da Instrução Pública e de seu dileto lilhinho
Urbano Henrique. chegou à Casa Autovictor. inauguran-
Inaugura-se hoje, às 13.30 horas, no salão principal da do a bizarra Feira de Arte Infantil.
Casa Autovictor, a exposição de desenhos escolares que Percorrendo todo o recinto, S. Exa. manifestou a sua
deverão ser enviados às crianças japonesas, em retribui- grata imprc são, cumprimentando o diretor da Instrução
ção aos que, no ano passado, pelas mesmas foram ofereci- Pública pelo cabal de empenho da ua missão e externan-
dos às crianças brasileiras. do os seus agradecimentos ao e forço demonstrado, rela-
Ao interessante certame concorrerão os alunos de to- tivamente ao progres o da in Lrução no Estado.
das as escolas públicas e de várias particu lares, sendo À frente da Ca a Autovictor, que durante toda a tarde
original o conjunto dos trabalhos apresentados e cuida- foi animadamente visitada, tocou a banda de música da
dosamente escolhidos pelo Dr. Clarindo Santiago, digno Força Pública. No salão da exposição, excelente ortofôni-
diretor da Instrução Pública. ca encantou os visitantes com ótima coleção de discos.
S. Exa. o Sr. presidente do Estado, que com grande inte- A exposição, que continuará por alguns dias, compõe-
resse acompm1hou sempre a fonnosa iniciativa, comparece- sc de 160 desenhos, classificados cm três gêneros: cópias,
rá à cerimônia, que se revestirá da máxima solenidade. trabalhos do natural e trabalhos de inventiva.
Na nossa edição de amanhã publicaremos a mensagem O conjunto agrada, havendo, porém, trabalhos que,
que acompanhará os desenhos destinados ao Japão e na pelo seu acabamento carinhoso, pela suas qualidades de
qual as crianças do Maranhão reafirmam o seu empenho técnica, já definidas, ~e tomam merecedores de destaque.
em estreitar os laço de amizade com a infância do Império Entre estes. está o mapa do Maranhão, tendo ao cen-
do Sol Nascente. (0 Imparcial, 10/ 1/ 1929, p. I). tro o retrato, a crayon, do presidente do Estado, e nos

<2/(!) 420 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

ângulos vistas, em miniatura a aquarela, de paisagens ma- dirigiu ao Dr. Clarindo Santiago, diretor da Instrução Pu-
ranhcnscs. blica, o seguinte telegrama datado de 17 deste mês:
É sua au1ora a senhorita Luzia Bello. de 18 anos. aluna - Tenho grande sarisfaçlio 111a11ifeswr-1•os 111e11 co11-
do Colégio Santa Teresa. re11ra111e11ro pelas interessantes prcwas de desenho que
Também o Instituto Viveiros concorreu ao certame com tive a oportunidade de observar na e.\po.,·içüo realizada
inúmeros trabalhos de alunos do curso secundário, sendo 11Itima111e11 te.
todos bastante apreciados. Peço tra11s111itir minhas feliciwçôes aos co11corre11tes
Esses desenhos, que constituem uma homenagem es- do ce11a111e e 111e11s agradecime111os li se11horiw Lu:,ia Bel/o,
pecial do conceituado estabelecimento de ensino, são do Colégio Santa Teresa, pelo seu apreciado trabalho.
acompanhados de longa mensagem, da qual faz parte uma que resoll'i retirar da coleçlio, a fim de guardá-lo como
notícia sobre o Maranhão, em vários dos eus aspectos. lembrança do gesto carinhoso dos escolares maranlren-
(0 Imparcial, 11/111 929, p. l ). ses para com as crianças do Japcio.
Cordiais saudações - Magafluies de Almeida.
A EXPOSIÇÃO DE DESENHOS (0 Imparcial. 22/1/1 929, p. l).

Em vista do grande interesse que há despertado na RETRATO


nossa capital a exposição de desenhos que deverão se-
guir para o Japão, como homenagem dos nossos escola- A partir de hoje estará em exposição na montra da Far-
res aos colegas nipônicos, a Diretoria da Instrução Públi- mácia Sanitária um retrato do tenente Ricardo Mário dos
ca manterá ajnda por alguns dias a interessante mostra Santos. brioso oficial da Armada Brasileira e estimado fun-
que tem atraído grande número de curiosos ao salão mos- cionário da Capitania do Portos.
truário da Casa Autovictor. O retrato, Lrabalho executado nos ateliês do Foto Paris,
Serão distribuídos às crianças. que comparecerem ao de propriedade de João Pantoja, deverá ser oferecido ao
certame, exemplares da mensagem preparada na Imprensa tenente Ricardo Mário, que brevemente se ausentará des-
Oficial. ta capital, como lembrança carinhosa dos seus amigos fa-
O Dr. Clarindo Santiago ofereceu-nos um exemplar da roleiros. (O Imparcial, 20/2/l929, p.8).
mensagem que O Imparcial publicou na edição de ante-
ontem. (O Imparcial, 13/1/1929. p.8). OBRAS DE ARTE

EXPOSIÇÃO DE DESENHOS Visitou-nos ontem o Sr. R. J. Campbcll, ativo rcpre en-


tante da British Art. Cog. of Bmzil. com sede cm Pernam-
Foi encerrada ontem a exposição de desenho escolares buco, especialista cm Lrabalhos de arte fotográfica.
que há dias se encontrava franqueada ao públjco de São O Sr. Campbell, que é um cavnlhciro distinto. viaja o
Luís, no salão da Casa Autovictor, na Praça João Lisboa. Norte do País em propaganda dos trabalhos da importante
O original certame, cujos íins são já conhecidos, lo- empresa, conduzindo magnííico mostruário, que só por si
grou êxito completo, atraindo grande e constante afluên- recomenda a British Art.
cia de visitantes. O Sr. Carnpbell mostrou-nos retrutos, primorosamcntt.:
A cerimônia do encerramento revestiu-se de um tom confeccionados a pastel e esmaltografia, de bastante efei-
solene, tendo sido assistida por grande número de pesso- to e incontestável valor artístico.
as. (O Imparcial, 17/1/ 1929. p. l). (O Imparcial, 2312/1929, p.l).

UM TRABALHO DE ARTE O INSTITUTO HISTÓRJCO

Na vi trine da Casa Krause encontra-se um lindo trabalho. fata douta agretciação recebeu ultimamente alguns in-
a pastel, da professora Cclina Nina, que dirige o 3º período teressantíssimos objetos.
pré-escolar da E.scola Modelo, destinado a formar a capa da O Dr. José Domingues, ilus1rado prc~idc n1e do Institu-
mensagem das crianças maranhenses às japonesas. to, ofenou uma gravura antiga cm que se vê o antigo Lar-
A formosa capa é formada de encantadora paisagem go de Palácio, com o famoso Colégio de Nossa Senhora da
em que aparecem palmeiras maranhenses, ao lado de for- Luz do Maranhão. dos padres da Companhia de Jesus.
mosa paisagem nipônica, ornada de cerejeira . Esta oferta é particularmente valio a. pois, à exceção da
Completando o delicioso quadro, figura a criança bra- gravura pnnorâmica de São Luís. contida na raríssima Isto-
sileira fazendo entrega à criança do Japão, na mensagem ria delfe Guerre ne/ Reg110 dei Brasile. de Frei Jo é de
de afeto. Santa Theresa, nenhuma gravura outra rcprc enta o colé-
O trabalho da professora Celina Nina, que po ui do- gio que demorava no local onde se acha atualmente o Paço
tes artísticos de realce, tem merecido nplausos do público. do Arcebispado.
(O !111parcia f, 18/1/1929, p. l ). O Dr. Rangel Júnior, juiz de Direito da comarca de Al-
cântara ofereceu, cm seu nome e no do vizinho município,
EXPOSIÇÃO DE DESENHOS uma das raras insígnias dos antigos vcrc:idorcs ou juízes
das Câmaras nos tempos coloniais. A preciosa insígnia
Exteriorizando as suas irnprc sões sobre a exposição traz pintadas as Armas Portuguesas.
do!> desenhos que as crianças maranhcn cs enviaram às O Dr. Antônio Lopes, fundador e . ccretário-geral do
sua colegas do Japão, S. Exa. o Sr. presidente do Estado ln!)titu10, ofereceu três rnríssimas plantai que teve opor-

<:/Q) 421 e- (>)


LUIZ DE MELLO

tunidade de copiar no Arquivo Público do Pará. Trata-se aplicação muito variada. principalmente na ornamentação
dos traçados da Fortalcta de São Francisco, ora desapare- de objetos de luxo, como sejam: almofadas, capas, echar-
ci da, do Forte da Ponta d' Areia e da antiga Sé do pes, vestidos. 11u111teaux, abajures, etc. (O Imparcial, 16/4/
Maranhão, anterior à que hoje é a Catedral Metropolitana. 1929, p.2).
Por toda a ))emana vindoura esses objetos estarão ex-
postos no Instituto. (0 Imparcial, 3/3/1929. p.8). RAMON DEVESA
GLOBE-TROTTER ARGENTINO
CURSO DE DESENHO E PINTIJRA
Visitou-nos ontem, nesta redação, o simpático cava-
Amina de Paula Barros abrirá na Rua José Bonifácio lheiro Ramon Devesa, andarilho argentino que percorre a
(Afogados) nº 84 (antigo 14) um curso de desenho e pintu- América do Sul, tendo iniciado o seu raid a 1° de novem-
ra, a pa11ir de Iº de maio, para o qual aceita alunos de bro de 1921, cm Montevidéu, capital do Urnguai.
ambos os sexos mediante a módica mensalidade de 10$000. O Sr. Devesa já percorreu um total superior a 35.000
(O Imparcial, 3/3/1929, p.3). quilômetros, dos quais 19.000 feitos a pé.
Conhece o nosso visitante, de visu e porque já os pal-
RETRATO milhou, os territórios de sua pá1ria, Uruguai, Paraguai, Chi-
le e grande parte do Brasil.
Conforme noticiou esta folha, realizou-sc ontem, às 19 Senhor de uma palestra fácil e agradável, o intrépido
horas, a inauguração do retrato do Sr. Raul da Cunha Ma- andarilho argentino se revela, logo ao entrar em conversa,
chado, deputado federal, na sede da União dos Pequenos um cavalheiro simples, mas de apreciável educação.
Mercadores, na Rua Sete de Setembro. É ainda Dom Ramon singular artista de apreciáveis
O deputado Yale Sobrinho. na qualidade de orador ofi- dotes de originalidade, o que se nos demonstrou gravan-
cial da União. fez o discurso de inauguração. do a canivete e com incrível rapide.t lindos desenhos e
Em seguida, usou da palavra o Dr. Ribarnar Pereira, que dedicatórias em cartolina.
foi sucedido na tribuna pelo Sr. José Alves Bezerra, que Devesa mimo eou O Imparcial com um canão fin a-
agradeceu em nome do operariado a presença dos assis- mente desenhado cm relevo, tendo o título do jornal e os
tentes. nomes do proprietário e redator-chefe.
Dom Ramon demorar-se-á nc ta capital alguns dias e o
Compareceram muitas famílias. autoridades e o repre-
nosso público terá oportunidade de admirar os seus origi-
sentante do presidente do Estado.
nais desenhos. (0 Imparcial, 215/1929, p. I ).
Após o auto de inauguração, foi improvisado um sa-
rau dançante. (0 Imparcial, 7/411929, p.2).
Transcorre nesta data o aniversário natalício da se-
nhorita Beatriz Varclla Pinto, competente professora do
TRABALHO DE ARTE DECORATIVA
Centro Caixeiral. (O Imparcial, 21511929, p.2).
Esteve nesta redação o Sr. Manoel Marques Ribeiro,
PINTURA ORIENTAL
comerciante em nossa praça, que nos veio mostrar artísti-
cos trabalhos de incrustações, pinturas de perspectivas, Curso completo de pintura orien1al por processo rápi-
marinhns, etc., cm tintas especiais. do e eficiente. Preço módico e ao alcance de toclos.
Essns estampagcns são feitas sobre jarros, quadros e Estoque de material à disposição dos alunos.
outros objetos para ndorno de salas de visita e de jantar, Aceitam-se encomendas para trabalhos finos, como
gabinetes, etc. xales, almofadas, quimonos e vestidos.
Acham-se em exposição, nas montras da Farmácia Gar- Rua Goclofredo Viana nº 427.
rido e são confeccionados por D. Elvira Gonçalves Ribei- (0 Imparcial. 4/5/1929, p. I).
ro, esposa do Sr. Manoel Martin<: Ribeiro.
Trata-se de trabalhos de anc original que a sua autora UM LIVRO IMPRESSIONANTE
apresenta ao público, depois de regular tirocínio de um
curso de a11e na vi1inha capital paraense. Os no so talentosos conterrâneos o escritor Raimun-
A Sra. Elvira Ribeiro aceita encomenda desse gênero do Lopes e o pintor Porciúncula de Moracs acabam de
em sua residência, na Rua da Manga, 7-A. publicar um tr.ibalho que tem despcnado interesse - O
O Dr. Roberto Gonçalves, irmão da Sra. Elvira Ribeiro, livro das Misses.
acompanhou i.cu cunhado a esta redação. (0 Imparcial, O Júri Nacional de Belc1,a, na Cidade da Luz, trouxe
12/411929, p.4). além de muitas vantagens esta: produziu um livro que está
sendo lido com avide.t pelo públiw carioca.
TRABALHOS DE ARTE Raimundo Lopes e Porciúncula de Moraes imaginaram
e realizaram O Livro das Misses.
COTINHA SAMPA IO, residente na Rua Antônio O livro consta da preferência, do gosto, passatempo.
Rayol, 54, faz e ensina grande variedade de trabalhos ma- dados biográficos. instruções, viagem e mais qualidades e
nuais, a saber: flores cm papel Dcnisson, cestas artistica- títulos de todas as misses, além de retratos desenhados a
mente confeccionadas cm cordas e faixas, trabalhos em pena e autografados.
lacre, pintura purpurina, trabalhos cm barro, lindíssimos Os autores entrevistaram todas ac; misses, conseguin-
quadros e a maior novidade cm pintura oriental lavável, de do elementos originai ....
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO tv\ARANHÃO (1842 - 1930)

Dentro cm breve será exposto à venda cm nossas li\'J'a- O Simbolismo da Fé, não resta dúvida, é de um efeito
rias o Livro dns Misses, que, pelo gênero e pelo valor des- extraordinário. As águas do mar. batendo forte no roche-
ses dois talentosos conterrâneos, certo terá cm nosso meio do, dão-nos uma idéia do que seja a dúvida atom1cntando
a mesma acolhida que tem tido na Capital da República e uma inteligência e o abraço à cru.l signilica eloqüentemen-
nos Estados do Sul. te o rdúgio supremo das almas atribuladas.
Somos informados por pessoas chegadas recentemente O que mais admiramos nos quadros de Al icie é a del i-
do Sul que o Livro das Misses contém delicadas e interes- cadeza do finíssimo das cores com que ela sombreia seus
santes ilustrações, Lrabalho exímio cm que a sutileza e ele- cromos e paisagens.
gância dos traços emparelham com a concepção literária (Do Livro de Impressões)
da obra. (Tribuna, 11/5/1929, p.3). J. (Caxias)
(0 Imparcial, 2 1/5/1 929, p.4).
HORA DE ARTE
UM JOVEM ARTISTA
No salão de honra do Casino Maranhcnsc, bizarramente
ornamentado. realizou-se anteontem uma linda Hora de
Visitou-nos hoje pela manhã, demorando conosco cm
Arte, oferecida à ilustre diretoria desse clube familiar que,
com todo o interesse, vem patrocinando as festas artísti- agradável palestra, o jovem Sérvio Borges da Silva, que
cas em nosso meio social. nos veio trazer suas despedidas, por ter de seguir amanhã
Todo o programa foi desempenhado a capricho. para a Bahia.
Os hinos Nacional e Maranhensc, a marcha triunfal da Sérvio Silva é desenhista. Tem talento. Rapaz pobre.
ópera Aída e a sinfonia do Guarani foram magistralmente faltam- lhe recursos materiais, o que obriga Sérvio a limitar-
executadas pela orquestra. . e a desenhos a lápis. Estes, porém, são cxprcs õcs de
Os discursos, quer do Dr. Ribamar Pereira, oferecendo arte que muito recomendam o talento artístico do jovem
a festa à diretoria do Casino. quer do major Luso Torres desenhista.
agradecendo com palavras concisas e brilhantes, soube- Sérvio, que é um grande amigo do dançarino Edson Mar-
ram bem ao seleto auditório. tins. expôs, no Teatro Arthur Azevedo, durante o torneio de
Uma graciosa menina ofereceu ao major Luso Torres dança ali realizado, o retrato do mesmo, 1rabalho que nos foi
um formoso buquê de flores naturais. mostrado e que apresenta qualidades apreciáveis.
Os violinistas Henrique Blhum e Hcm1cncgildo Parga, O in1eligcnte desenhista pos~ ui um álbum de honra
o primeiro executando a Serenata de Go1111011d e o segun- com inúmeras assinaturas de pessoas de destaque.
do fa~endo-sc ouvir no Capricho, de Prume, tocaram com Sérvio foi caricaturado por Evandro Rocha, que o fez
arte e sentimento estas duas belas música . admir.ivelmente.
As senhoritas Lourde Botentuit e Maria de Ribamar O jovem desenhista trabalha de improviso e com rapi-
Mendonça e o Dr. Waldemar Brito saíram-se muito bem dez, denotando segurança nos traço .
nos seus recitativos. Agradecemos a Sérvio a gcntilez,'\ da visita que nos
A Cor'ngrata, música predileta do grande e uivino Ca- trouxe, desejamos-lhe ótima viagem e muitos triunfos. (Fo-
ruso, foi cantada a primor pelo barítono Ribamar Pereira, lha do Povo, 8/6/ 1929, p.4).
cuja voz suave e pastosa é sempre ouvida com agrado.
O Charleston e a Criadinha Moderna foram dois dos GUTTEMBERG NA ALMA DE UM SERTANEJO
melhores números dessa adorável tertúlia. cujo desempe-
nho se deve à graciosa menina Nair Xavier de Brito. UM ARTISTA ORIGINAL
Diversas anedotas contadas pelo Dr. Raul Pereira e as
Surpresas, por Lauro Serra. arrancaram da numerosa as- MANOEL MARTINS OLIVEIRA FAZ UM JORNAL
sistência prolongadas palmas.
ILUSTRADO, TENDO POR UMA FERRAMEN'IA
As Demonstrações de pimura decoratfra, feitas com um
UM CANIVETE BARATO
simples palito cm placas de vidro esfumaçado, num curtíssi-
mo espaço de tempo, mostram perfeitamente a perícia de Te-
COMO CONHECl O ARTISTA O jovem Manoel Mar-
lésforo de Moraes Rego, um dos nossos melhores pintores.
Os acompanhamentos ao piano pelos profcs ores Sra. tins de Oliveira tem 21 anos de idade. Nessa alma de moço
Clélia Bclfort, senhorita Maria José Ribeiro e Sr. Luiz Men- há um tumultuar de idéias grandiosas e uma conliança
donça. como sempre, foram apreciadíssimos. incomparável no futuro.
Pelo triunfo que obtiveram os Drs. \Valdemar Brito e os Fui apresentado a ele, certa VCl. pelo comerciante caxi-
irmãos Parga, iniciadores de tão esplêndidas tertúlia . en- ense Tupinambá dos Reis que lhe admiro o e forço para
viamos os nossos efusivos parabéns. vencer na vida e o encoraja na grande luta.
José Sá Vai/e Pediu-me um autógrafo, no que foi satisfeito. Uma hora
(0 Imparcial, 15/511929, p.8). depois. entrava Manoel Oliveira pela Pensão Zezé, onde
me hospedara, e Já me oferecia um magnífico carimbo, em
DE CAXIAS : casca de cajazcira, com a rcprocluçfio exata de minha com-
( ...) AINDA A EXPOSIÇÃO DE PINTURA plicada as~inatura.
Admirável!
Por esquecimento, todo involuntário, deixamos de re- Vi-lhe o álbum de trabalhos produ.lidos até então: ca-
gistrar. na crônica de exposição de pinturas. a galeria da rimbos com desenhos diversos. fac-. ímiles de firmas etc.
senhorita Aliete Lobo. motivo por que ora o fazemos. Filem-os cm madeira e em chifre.

~ 423 Q....(i)
LUIZ DE MELLO

Nessa ocasião, fui o portador de um carimbo com a assi- O jovem artista ficou bestificado quando lhe disseram
natura do Dr. Constâncio Carvalho, secretário da Presidên- que aquilo era um trabalho valio o.
cia do Estado, que a mim lhe louvou a perícia do trabalho. Pensativo, o caboclinho voltou para casa matutando:
Rubens Damasceno escreveu mesmo algumas linhas a - É lá possível que es cs meus divcnime111os de hora~
respeito. de lazer, feitos com a ponta de um facão e um pedaço de
Agora, voltando a Caxias, enconlrO o Manoel Manins enxada velha, tenham valor?...
de Oliveira com idéias novas:-quer reproduzir, em madei- Afonso Cunha, que era o diretor da Época, escreveu
ra, retratos que lhe saltam à vista curiosa, de jornais e um artigo, que valeu ao Manoel ficar conhecido em Caxias
revistas. e redondezas.
E não é tudo. Vai editar um jornal todo feito por ele. MÃO AMIGA - Tupinambá dos Reis, admirando a
Copiou gravuras; copiou trechos de artigos, letra por letra; capacidade de trabalho e inteligência espontânea do ra-
escreveu notícias c vai ele mesmo imprimi-lo, à mão. paz, deu-lhe um lugar de aprendiz de maquinista, na Fábri-
A sua única ferramenta é um canivete velho de duas ca de Tecidos União, no bairro Ponte, e fê-lo aluno dos
l âmina~. professores Ncrcu Bitcncourt e Manoel Leão.
QUEM É O MANOEL - Manoel Martins de 0 1iveira é Veio a revolta. O sertão se viu invadido pelos homens
natural do lugar Sucupira, povoado de meia-dúzia de ca- armados de Luiz Carlos Prestes e pelas tropas do Governo.
sas, pertencente a São João dos Patos e do qual dista O velho Dionysio alarmou-se e mandou buscar o filho.
quatro léguas. Este foi sem tardança.
Seus pais são o lavrador Dionysio Souza Oli veira e sua Agora volta para a luta.
mulher Ana Rosa de Oli vcira. O QUE ELE QUER FAZER - Perguntamos a Manoel
Gente pobre, vivendo do trato da terra, é extrema a qual o seu maior desejo.
penúria cm que se debate. - Estudar. Sei, continuou ele, que se me ensinarem o
que eu desejo aprender. muito farei ... Sinto-me capaz de
O COM EÇO DE UM CAPÍTULO -O Manoel, aos 13
reproduzir, cm madeira, todas as peças de uma máquina
anos, já lutava pela vida, ao lado de seus pais. O serviço
da roça lhe absorvia todo o tempo. que eu vi na Fábrica União, cm 1925 ... Olhe: cu guardo aqui
na cabeça um novo modelo de máquina de escrever. É
Cena vez, voltava o rapaz da labuta cotidiana, quando
diferente de todas que cu já vi. Só o que me impressiona
ao passar pela casa do professor Olímpio Rodrigues Gaio-
ainda é uma fita de outro si tema. Não quero copiar, quero
so, ouviu vozes de crianças, aprendendo, e do professor, criar, quero inventar...
ensinando.
O SEU JORNAL- Pediu-nos. então, que lhe fac ilitás-
Aquele rumor cadenciado de palavras entrou-U1e pe-
semos papel e tinta, que ele queria fazer um jornal. Para
los ouvidos como se fora uma música nova.
mostrar de suas habilidades exibiu-nos um retrato do pre-
Atordoado, parou. Escutou um instante. Esqueceu a
sidemc Magalhães de Almeida. aberto em madeira. As pro-
fadiga, esqueceu a fome. vas, à escova, era boas.
A noite caiu e ele, com medo de zangar seus pais, seguiu
Prometemos-lhe o auxílio, e ele. em retribuição, dar-
para casa. No caminho, porém, continuou a ouvir a mesma nos-á as matrizes, para remetê-las aos jornais de São Luís,
toada monótona: as árvores repetiam a cantiga das sílabas a fim de avaliarem a capacidade desse Gutemberg sertane-
soletradas na aula; o riacho respondia a tabuada. jo e advogarem junto ao Governo, o aperfeiçoamento des-
Adivinhou que naquele linguajar devia existir um te- se artista digno de estímulo.
souro, e não o esqueceu. EYDHER PESTANA
Daí, todas as horas que podia furtar ao trabalho, corria (O Imparcial, 17/6/1929, p. 1).
em busca da residência do professor Olímpio.
Tinha vergonha de aparecer. Ficava por trás das por- O LNRO DAS MISSES
tas, agachado, ouvido à escuta, olhos arregalados. Nada
via, mas ouvia tudo.
Temos, sobre a nos a mesa de trabalho - O UVRO
E foi assim que aprendeu, de cor, o alfabeto.
Em casa davam por falta de Manoel e lhe perguntavam DAS MISSES, gentil oferta dos autores, que. de logo,
o destino. agradecemos.
- Fora à casa de sua madrinha... - respondia. O LIVRO DAS MISSES teve grande aceitação, consti-
Mentia pela primeira vc1.. tuindo mesmo - o que e diL - um ucesso de livraria. É
De uma fei ta, criou coragem e pediu permissão ao pai, obra de Raimundo Lopes, o e critor conterrâneo de reco-
para, também, ir à aula. nhecido talento e do aquarelista maranhcnse Porciúncula
O velho Dionísio consentiu e numa semana o rapazi- de Moraes, sobejamente conhecido no círculos intelec-
nho compreendeu que o desenho tinha o A e qual era o B, tuais do Rio.
cujo som ele já conhecia. Estes nomes eram penhor bastante. garantia segura do
AQUILO VALIADINHEIRO?-Manocl veio vender al- êx ito que alcançou O LIVRO DAS MISSES. Associe-se a
godão cm Caxias. Era credor de 45$000, e isto o preocupava isto a ocasião propícia cm que ele foi lançado à publicida-
muito, visto como, pela primeira vez, devia. Trouxe o ouro de, e o sucesso que obteve explica-i.c facilmente.
branco cm pagamento e as desculpas, pela demora, em uma Do texto encarregou-se Raimundo Lopes e dos dese-
carta, tendo a um canto um carimbo com o seu nome. nhos Porciúncu la de Moracs.
OcomcrcianteSimplfcio Machado das Lages interpelou-O: Ligeiro, como convém a trabalhos tais, O LJVRO DAS
- Quem fez isto? MISSES se lê de um fôlego, tamo é escrito em esti lo sim-
- Fui cu, respondeu, a medo, o matutinho. ples, desmaviado, mas encantador. Há páginas verdadei-
Simplício, então, mostrou a habilidade de Manoel a ramente interessantes, por exemplo. as que se referem às
várias pessoas e todas encomendaram carimbos. apóstrofes lançadas contra o certame de beleza.

~ 424 (V(;)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1 842 - 1930)

Para tomar mais atraente O LIVRO DAS MISSES, de- UMA EXPOSIÇÃO NO EDEN
zoito desenhos de Porciúncula de Moraes, dezoito belda-
des que ele nos apresenta através de seu lápis. Por motivo de força maior, a exposição dos trabalhos
Materialmente irTepreensível O LIVRO DAS MlSSES. dos alunos do professor Telésforo de Moraes Rego, que
Parabéns aos seus autores. (Tribuna, ?nll 929, p.8). teria lugar nos salões do Eden, no dia 2 l do corrente, foi
transferida para o dia 28 deste mesmo mês, no referido
O LIVRO DAS MISSES local. (Folhado Povo, 24n/1929, p. l).

O Dr. Raul Porciúncula de Moraes, conceituado cirur- SALÃO DOS DEBUTANTES


gião-dentista, ofereceu-nos um exemplar do Livro das Mis-
Às 13 horas, hoje, será inaugurado solenemente no
ses, recentemente editado no Rio de Janeiro, por ocasião
foyer do Cinema Eden urna exposição de desenho e pintu-
do ruidoso concurso de beleza dirigido pela Noite, para a
ra dos alunos do curso mantido pelo hábil artista Telésfo-
escolha de Misse Brasil.
ro Moraes Rego.
O Livro das Misses é ilustrado com os retratos de to- Para assistirmos à abertura do Salão dos Debutantes,
das as e leitas dos Estados, habilmente desenhadas pelo recebemos atencioso convite firmado pelos a lunos Tha-
talentoso pintor conterrâneo Porciúncula de Moraes, sen- meyres Nila Corrêa, Linieth Figueiredo, Maria da Concei-
do o texto da interessante revista das formosas flores do ção Ribeiro, Tarquínio José Lopes, João Figueiredo, Rai-
Brasil devido à pena abal izada do nosso brilhante confra- mundo Parga Rodrigues, Antônio Rodrigues, Bidico Ro-
de Raimundo Lopes. drigues Sobrinho e Fernando Dias da Silva.
O Livro das Misses, sobre o qual já publicamos honroso Gratos pela gentileza do convite. (0 lmpnrcial, 28/7/
juizos da imprensa carioca, entre outros uma bela página de 1929, p.12).
crítica de Carlos D. Fernandes, está à venda nas livrarias Mo-
derna e Ramos d' Almeida. (0 Imparcial, ?n/1929, p.l). O SALÃO DOS DEBUTANTES

GRAVADOR-DESENHISTA Confom1e noticiou esta folha, realizou-se solenemente


anteontem, às 13 horas, no salão nobre do Cinema Eden, a
Tivemos ontem, em visita a esta redação, o jovem Ma- abertura do Salão dos Debutantes, que constitui a exposi-
noel Martins de Oliveira, hábil desenhfata e gravador em ção dos trabalhos de desenho e pintura dos alunos do
madeira, chegado de Caxias pelo trem do horário. esforçado professor Telésforo de Moraes Rego.
A interessante exposição de arte juvenil fo i e continua
Manoel Martins ofereceu-nos um exemplar do seu cu-
a ser bastante visitada.
rioso jornal O Estímulo, abundante em clichês e impresso
Todos os quadros impressionam bem, especialmente
em tipos gravados a canivete, em madeira. (O Imparcial, 81
os de produção dos meninos Fernando Dias ela Si lva e
7/1929,p.12).
Maria da Conceição Abreu Ri beiro, ambos de 8 anos de
idade e que, por isso, revelam notável pendor para a arte
EXPOSIÇÃO de que oferecem, em conjunto com os demais expositores,
também merecedores de e logio, a esplêndida mostra do
O Sr. Telésforo de Moraes Rego, membro dos mais em Cinema Eden. (0 lmparcial, 30n/L929, p.4).
destaque do Salão dos Novos, promove urna interessante
exposição, que constará dos trabalhos de seus aplicados UM ARTISTA
alunos, a qual virá atestar o aproveitamento de uma pirâ-
mide de jovens inteligentes que se dedicam à pintura. Recebemos, há dias, a visita do Sr. Manoel O li veira
Terá ela lugar no salão de espera do Eden, gentilmente que acaba de chegar de Caxias, onde reside.
cedido pelos Srs. Ribeiro & Martins, podendo ser visitada M,moel Oliveira é um desses espíritos esquisitos de
a partir do dia 2 1 do corrente, das 7 às 11 horas. (Folha do artista, muito comuns no sertão.
Povo, 9n!l929, p. L). A sua especialidade é o clichê em madeira, que ele tra-
balha com grande faci lidade e extrema rapidez.
LIVRO Manoel Oliveira ofereceu-nos um exemplar do seu jor-
nal O Estímulo, todo feito, gravura e texto, em madeira, a
car.ivete.
Acaba de ser posto à venda, na5 livrarias desta capital. o
É um trabalho de alta paciência, que merece elogios.
Livro das Misses, de autoria do escritor Raimundo Lopes e do
Junto a estas linhas, publicamos o cl ichê do Dr. Tarquí-
pintor Porciúncula de Moraes, ambos nossos conterrâneos.
nio Lopes Filho, nosso prezado diretor, feito por Manoel
O Livro das Misses contém os retratos, a pena, de to-
Oliveira, que no-lo ofereceu e publicado n'O Estímulo.
das as formosas brasileiras que compareceram à grande
(Follrn do Povo, 3 ln!I 929, p. L).
parada de beleza na Capital da República, acompanhados
de interessantes entrevistas e dados biográficos.
NO MUNDO D AS ARTES
O texto é de Raimundo Lopes e os desenhos de Porci-
úncu la de Moraes.
Violeta do Campo
Pelo Sr. Raul Porciúncula de Moraes foi-nos oferecido
um exemplar do Livro das Misses, que muito agradecemos. Se gostas, apenas, leitor constante, de mergulhar as
(Folha do Povo, 917/ 1929, p. l). tuas energias nas profundezas temerárias e horripilantes

~425 ~
LUIZ DE MELLO

das realidades severas e nuas deste vale de lágrimas, peço- para a Catedral 14 lindos quadro em aJto-relevo, repre-
te pem1issão para dizer-te: sentando a Via Crucis, convidou-nos, gentilmente, para
És louco. que fôssemos apreciá-los.
As realidades que estão dentro da vida são cáJices Atendendo ao convite, fomos ontem à tarde ao Palácio
amargos; sorvamo-las com altivez de ânimo, quando vie- Arqu iepiscopal, onde tivemos o ensejo de admirar a men-
rem a nós, mas não procuremos reter o travo do seu paJa- cionada coleção - um verdadeiro primor de arte - pode-
dar, ou meditar sobre ele. mos afirmar. Os quadros foram trabalhados na grande fá-
Faze como eu, leitor que me aturas, cu que só medito brica Arte Rei igiosa. sucessora de José J. Sacret & Compa-
profundamente sobre duas verdades esmagadoras, para nhia, Clot-Gerona - Espanha.
mim as únicas irrevogáveis. Ois e-nos o Sr. arcebispo que inaugurará solenemente
Tão semelhantes na sua exatidão cruel, que me causam
essa linda coleção na CatedraJ, domingo, às 20 horas. ( Pa-
caJafrios - a Matemática e a Monc.
cotilha, 2/8/1929, p.2).
Por que há de ser o infinitesimal do número, o limite
torturador do raciocínio?
Não o sei. UMA EXPOSIÇÃO DE PINTURA
Por que se há de simular tudo na imobilidade do sono
gélido? Gentilmente convidados pelo professor Telésforo de
Também não o sei, nem procuremos saber, leitor pa- Moraes Rego, fomos hoje pela manhã ao Cinema Eden,
chorrento; vamos ao que te quero dizer. onde se acham em exposição os trabalhos dos alunos des-
Deixa por um instante a aJavanca com que removes da se conceituado professor de pintura.
seara o pão de cada dia e sobe à tona da vida. Está dividida essa exposição em 9 gaJerias: GaJeria Tar-
Precisas tonificar o espírito. quínio - do aluno Tarquínio José Lopes, composta de 19
Deus é subl ime em toda a sua criação estupenda e quadros, e divididos em 3 quaJidades de pintura: aquarela,
grandiosa, mas só é misteriosamente belo e edificante no crayon e óleo. Destacam-se os quadros nº 15 e 16, em aqua-
sonho do artista. rela, representando a mudança do tempo, o amanhecer e o
Anist.as da palavra, do verso, do cinzel, do buril, do entardecer; Galeria Bidico - do aluno Bidico de Rorigues
pincel, do lápis, da arquitetura, do som melodioso da músi- Sobrinho, composta de 17 quadros, a aquarela e crayon.
ca; anistas são irmãos espirituais, geminados na religião Destaca-se o lindo quadro nº 17, crayon, Pe11Sativa; GaJeria
suave do Belo; foi a estes que o Criador doou uma vida
Figueiredo - aJuno João Figueiredo, quadros cm aquarela,
interior, iluminada pelos sonhos divinos, porque Deus é o
sangüínea e crayon. Destaca-se o nº 6, aquarela, um ramo de
artista máximo e onipotente...
Mas ... Oh! leitor de minha simpatia, por onde fui eu? flores: GaJeria Fernando - aluno Fernando Dia.<; da Silva, de
Perdoa-me. 8 anos de idade, o guri da tunna. Quadros em aquarela e
Queria apenas dizer-te que a nossa Atenas Brasileira crayon. Destacam-se os de nº 1, aquarela, e nº 5, crayon,
está se reerguendo numa renascença artística. ambos apresentando ramos de fl ores; Galeria Maria - aJuna
E que deves patrociná-la com o teu apoio moraJ e a tua Maria da Conceição Abreu, com 15 dias de estudo, repre-
adrniração, como fiz ontem. sentando algumas preliminares de desenhos a crayon; Ga-
Da visita que fiz no Eden, à linda exposição de pintura leria Linieth - aluna Liníeth de Lima Figueiredo, pintura a
dos discípulos do professor Telésforo de Moraes Rego, óleo, com 8 quadros. Destacamos o nº, natureza-morta (fru-
trouxe a impressão de que prestei o meu humilde tributo à tas), copiado do natural; GaJeria Parga - aJuno Raimundo
ínspiração das coisas belas e divinizadas. Parga Rodrigues, com 20 dias de estudo, preliminar de dese-
Jovens pintores, futuras glórias brasileiras! nho sangüíneo; GaJeria Antônio - aluno Antônio Rodri-
As marinhas deliciosas de Tarquininho; o lápis carica- gues; caricaturas. Distinguem-se a.<; do Srs. Ribamar Perei-
turista de Antônio; uma casa antiga do ldpis de Figueire- ra, professor Rubens Damasceno e Antônio Borges.
do; uma pcquenota pensativa da habilidade de Thamires;
A exposição dos alunos do professor Telésforo Rego
a árvore ílorida de Linieth; os ensaios do pequeno Fernan-
demonstra o grande aproveitamento dos jovens estudan-
do; o nº 13 e a mexicana de Bidico Rodrigues - douradas
promessas são. tes e o esforço e competência do mestre, razão por que lhe
Terás ido até lá, também, leitor? enviamos os nossos entusiásticos parabéns. (Pacotilha,
Se não foste, fizeste mal, porque negaste algo de espe- 3/8/1929, p.2).
ranças e ânimo a esses inteligentes e predestinados jo-
vens; penitencia-te. O SALÃO DOS DEBUTANTES
Ern isso que te queria dizer aqui.
Até outra vez. Acompanhado de sua di tinta genitora madame Amíl-
Parabéns ao professor Telésforo• . car Dias da Silva, tivemos ontem nesta redação a visita do
talentoso menino Fernando Dias da Silva, que nos veio
UMA OBRA DE ARTE PARA A CATEDRAL agradecer as referências que, em notícias desta folha, so-
bre o Salão dos Debutantes. fizemos aos elogiáveis traba-
Havendo S. Exa. Revma. D. Otaviano Pereira de lhos de sua autoria, expostos em conjunto com os demais
Albuquerque, digno arcebispo metropolitano, adquirido alunos do professor Telésforo de ~1oraes Rego.
Os nossos votos são para que o pequeno artista conti-
Não foi possível localizarmos a d:11a de publicação e o 1ítulo do nue a cultivar e desenvolver a nobre arte para a quaJ se incli-
jornal. nou !>ua lúcida inteligência (O Imparcial, 4/8/1929, p.8).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

NOSSA TERRA confiou os trabalhos de cenografia ao hábil pintor Evan-


dro Rocha e ao competenle eletricista Tiago Silva. (Paco-
Circulou domingo último Nossa Terra, a esplêndida rillw, 14/8/1929, p.2).
revista do nosso distinto e estimado confrade Dr. Carva-
lho Branco. AMINA PAULA BARROS
Esse número foi, efetivamente, mui to melhorado nem
só quanto à sua feição artística, como também na parte Em virtude de se encontrar enferma há muitos dias,
material, agradando, por isso, imensamente aos seus inú- com relativa gravidade, a conhecida professora de pintura
meros leitores. A mina de Paula Barros deixa de realizar a exposição que
O terceiro número da Nossa Terra circulará no dia 18 pre1cndia fazer dos trabalhos dos seus alunos. (O Impar-
do corrente. com capa nova, desenho do nosso inteligen- cial. 16/811929, p.2).
te conterrâneo Telésforo de Moracs Rego e ótimas cola-
borações. UM FESTIVAL DE ARTE
Folha do Povo envia seus parabéns ao Dr. Carvalho
Branco. (Folha do Povo, 7/8/1929, p.4). Lauro Serra e Evandro Rocha preparam para o fim do
corrente mês um Festival de Arte no Teatro Arthur Azeve-
DIVERSAS do, o qual decerto irá alcançar o maior êxito.
O Lauro organizou um programa que será a parte cômi-
Pelo Dr. Antônio Lopes, distinto diretor da Escola de ca da noite e o Evandro fará carica1uras. (Tribuna, 17/8/
Belas-Artes, foi convidado a reger uma turma de alunos de 1929,p.3)
pintura e desenho daquele estabelecimento o professor
Tclésforo de Moraes Rego. NOSSA TERRA
A escolha merece os nossos aplau os, pois é um dig-
no prêmio ao justo valor do festejado artista maranhense. Sairá terça-feira próxima, in1eiramentc nova na sua fei-
(Folha do Povo, 7/8/1929, p.4). ção de arte, colaboração e tudo, enfim, a revista do nosso
prezado e distinto confrade Carvalho Branco.
HOMENAGENS Sua nova capa, trabalho de Tclésforo de Moracs Rego.
muito significativa pela sua visão sobre as coisas mara-
Aprestam-se os amigos e admiradores do ilustre Dr. nhenses, é um lindo e custoso trabalho cio jovem artista
Clarindo Santiago, conceituado clínico e esforçado dire- contcrrfmeo, de promissor futuro.( ...) (Folha ilo Povo, 17 /
tor-geral da Instrução Pública, para significarem a esse 8/1929. p. l )
digno maranhense as homenagens do seu apreço, por oca-
sião da passagem do seu aniversário natalício, a 12 do FESTA DE ARTE
corrente.
Entre outras manifestações projetadas, sabemos que. Lauro Serra e Evandro Rocha, dois apreciados amadores
por iniciativa do corpo discente do ginásio, será inaugura- de tcalro, bastante conhecidos e queridos na nossa socieda-
do o retrato do Dr. Clarindo Santiago no salão de honra do de, vão rcali 7~'lr uma linda Festa Je Arte, na noite de 30 do
Liceu Maranhense, prestando-lhe também os alunos do corrente, cm nosso Teatro Arthur Azevedo, com o concurso de
curso profissional cari11hosa prova de apreço. alguns intelectuais e artistas mais em evidência na nossa terra.
À tarde, os alunos dos estabelecimentos de ensino O programa. que está sendo caprichosamente organi-
farão uma expressiva manifestação ao Dr. Clarindo Santia- Lado, constará de duas partes, uma preenchida pelo vi-
go, cm sua residência, na Praça Gonçalves Dias. brante jomalis1a e fulgurante intelectual Renato Viana, e
À noite, um grupo de amigos e admiradores oferecerão outra composta de excelentes números v:iriados, nos quais
um bnnquete ao aniversariante. no Mnranhão Hotel, se- tom:i pru1c o festejado barítono Dr. Ribamar Pereira.
guindo-se uma soirée dançante no Casino Maranhense, Do produto desse lindo festival, trinta porcento rever-
promovida pelos alunos do Liceu. terão cm benefícios dos infelizes lázaros.
O Instituto Viveiros e outros estabelecimentos pani- A procura de localidades para a Fc!.ta de Arte de Lauro
cularcs aderiram às manifestações que serão prestadas ao e Evandro 1em sido imensa, :intevcndo-se que ela será
diretor da Instrução Pública. (O Imparcial, 9/8/1929. p.2). coroada do mfu<imo brilhantismo.
Lauro e Evandro são ambos produtos de si mesmos;
UMA FESTA DE ARTE criaram nome à custa do próprio esforço.
O 1catro, para eles, já não encerra egredos.
Será levada a efei10 brevemente, no Tcairo Arthur Aze- Pisam a cena com a convicção de quem sabe o que
vedo, um belo espetáculo que está despertando interes e vai fazer.
no seio da nossa platéia, promovido pelo apreciado ama- Há sempre, nos seus trabalhos, uma comicidade es-
dor conterrâneo Antônio Pires. pontânea, sadia, natural e franca. Modcs1os, sem recla-
O programa divide-se em duas partes e cons1a de um mes, Lauro e Evandro, por isso mesmo, se fi zeram queri-
trabalho de autoria de Antôn io Pires, intitulado Na11ko. dos da nossa platéia que ansiosamente aguarda a noite de
seguido de dois número~ lítero-musicais. Nanko é uma 30 para, mais uma vez, lhes tributar as ovações que mere-
peça original, de motivo japonês. O seu autor está envi- cem, animando-os, assim, a continuar pugnando pelo en-
dando todos os seus esforços para que a representação grandecimento do nosso teatro ligeiro. (Foi/ia do Povo.
ofereça uma impressão verdadeiramcn1e oriental. Para isso 19/8/1929,p.3).
LUIZ DE MELLO

UM RETRATO DE MISSE MARANHÃO UMA REVELAÇÃO DE ARTE

Rio - 23 - A Noite estampa hoje o retrato de Misse Uma das montras da acreditada Fannácia Garrido nes-
Maranhão, mandado fazer por marinheiros maranhenses. tes últimos dias tem sido objeto de curiosidade e atração
O retrato foi levado à Noite pelo maranhense Avelino Ri- pública. Há sempre gente detida ante o cristal da vitrine.
beiro de Jesus. cujo retrato também foi estampado. Acom- Estão al i expostos dois quadros traçados a lápis, em
panha o quadro um cartão com estes dizeres: "À senhorita belíssima ampli ação. pelo nosso jovem conterrâneo
Maria de Lourdes Pantoja, rainha da beleza e da graça Newton de Aquino, cuja precocidade artística se revelou
maranhense, ofena dos seus conterrâneos do couraçado com toda a espontaneidade. desde há tempos.
Minas Gerais.·· (Pacotilha, 23/8/1929, p. I ). O quadros reproduzem fielmente os retratos do Sr.
Raimundo Serra Nunes Sobrinho e da fom1osa senhorita
FESTIVAL LAURO SERRA - EVANDRO ROCHA Olga Bcrganini de Sá- Misse Brasil.
O talentoso artista Newton Aquino nasceu e criou-se
No dia 30 do corrente será levada a efei to uma interes- em Viana, não havendo até agora cursado nenhuma escola
sante festa artística de Lauro Serra e Evandro Rocha. de desenho ou pintura. (O Imparcial. 27/8/1929, p.2).
No programa que está sendo elaborado, destacam-se
os nomes, já conhecidos no nosso meio intelectual e artís- FESTIVAL LAURO SERRA - EVANDRO ROCHA
tico. dos Drs. Ribamar Pereira e Waldemar Brito, do poeta
Vilela de Abreu e dos amadores Pinto da Costa e Hugo Mais urna linda Festa de Arte vai e realizar, sexta-feira,
Guimar:ies. no Teatro Anhur Azevedo.
Também tomará parte nesse belo festival o vibrante e É o benefício de Lauro Serra e Evandro Rocha.
festejado intelectual Renato Viana. O programa, todo ele contendo números de sucesso,
Lauro Serra fará uma interessante conferência cômica, será vitoriosamente palmeado.
ilustrada com caricaturas feitas, no momento, pelo hábil e Renato Viana, o cintilante intelectual, abrirá o espetá-
talentoso caricaturista Evandro Rocha. culo com a sua oratória admirável.
Sabemos, ainda, que, do rendimento desse festival, 30% Depois, uma conferência humorística, feita por Lauro Ser-
serão revenidos cm benefício dos lázaros, tendo sido or- ra e ilustrada com charges magníficas de Evandro Rocha.
gani7..ada então, para esse fim. uma comissão composta Finalmente o ato variado em que ~e apresentarão Riba-
dos Srs. Ribamar Pinheiro e Luiz Silva, presidida pelo jor- mar Pereira. Waldemar Brito. Luiz de Servi lha, Hugo Gui-
nalista Renato Viana. marães, Pinto da Costa e Vilela de Abreu.
Auguramos o melhor sucesso a esse festival, que já Uma grande orquestra abrilhantará o e pctáculo.
está despertando grande interesse no meio artístico de Da renda bruta, trinta por cento revenerão em favor
São Luís. (Folha do Povo, 24/811929, p. I ). dos nossos infelizes lázaros.
A sociedade maranhense tem procurado, pressurosa-
DOIS BELOS QUADROS mente, as localidades para essa linda festa, que se auspi-
cia de grande êxito. (Folha do Povo, 28/8/ 1929, p. l ).
Acham-se cm exposição, na montra de uma das vitri-
nes da Farmácia Garrido, dois belos quadros, sendo um NEWTO N AQUINO
deles o retrato ampliado de Misse Brasil, ambos pintados
a lápis pelo hábil artista conterrâneo Newton Aquino. Acham-se em exposição. na montra da Farmácia Garri-
Esses dois retratos são trabalhados com muita perfei- do, dois belos quadros do esperanço o pintor ewton
ção e têm merecido referência as mais lisonjeiras de to- Salgado de Aquino.
das as pessoas que os têm apreciado. (Pacotilha, 26181 Os trabalhos expostos. pintura e sangüínea, revelam,
1929,p.2). pelo seu acabamento, proficiência e gosto artístico, pelo
que felicitamos o inteligente conterrâneo. (Tribuna, 28/8/
GAROTA 1929,p.I).

O Maranhão vai possuir mais uma revista semanal ilus- UM FESTIVAL DE ARTE
trada e humorística.
Garota será o seu nome. É hoje que se realiza o anunciado Festival de Arte de
Evandro Rocha, o talentoso caricaturi!>ta maranhensc, Lauro Serra e Evandro Rocha.
cujo lápis estaria ao lado dos mais perfeitos do Brasil se Lauro Serra. o aplaudido autor do Aniversário, fará
não vivesse esquecido entre nós, será o diretor artístico uma conferência humoóstica, ilustrada de oportunas cari-
da Gnrota, que terá a lhe dirigir a parte redacional o nosso caturas pelo lápis apreciado de Evandro Rocha.
companheiro de Lrabalho Vilela de Abreu, vibrante espírito Afora esses nomes, já por si suficientes para garantir o
de combatividade. êxito da noitada, prestarão o seu valioso concurso a esse
A promissora revista de Evanclro Rocha será puramen- atraente fcstiv:.ll os Drs. Renato Viana, Ribamar Pereira,
te humorística, rindo e fazendo rir, sem entretanto, nem de Waldemar Brito e Hugo Guimarães.
leve, ferir a suscetibilidade de ninguém. (0 Combate, 27/8/ Do produto líquido do festival. 30% reverterão em be-
1929, p.I). nefício dos lá1aros.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Estamos que o espetáculo de hoje, pelo!. seus promo- A formosa senhorita /\reclina Mochel e os consagrados
tores, e dado o fim a que se destina, obterá ruidoso suces- diseurs Amônio Pires. Vi leia ele Abreu e Dr. Waldemar Brito
so. (Trib1111a , 30/8/ 1929, p. I). recitaram escolhidas poesias que enlcvaram a platéia.
O jovem Hugo Guimarães, que possui bela voL e canta
FESTIVAL LAURO SERRA - EVANDRO ROCHA com alma. se fez ouvir cm Trisre::.as do Jeca, de Catulo.
A inteligente Nair Xavier de Brito entoou S11s1>11ara11a
O Teatro Arthur A1evedo será pequeno. amanhã, para e Nelly, com sua vo1 aveludada e melodiosa.
conter os nervosos admirndores de Lauro Serra e Evandro Finalmente o apreciado barítono Dr. Ribamar Pereira,
Rocha, que realizarão a sua magnífica Festa de Ane. cm Cor '11grata, de Cardi lo, e Amor, de Armando Lameira,
Os dois festejados amadores contam com o valioso empolgou os assistentes com a doçura de sua voz harmo-
concurso de várias figuras de real destaque cm nosso meio niosa e educada. Antes de se fazer ouvir, o jovem cantor,
intelectual e artístico. cm breve alocução. di!>sc à platéia que ia oferecer os nú-
Assim é que Renato Viana, o magnífico orador. abrirá a meros ao seu cargo para o consagrado tenor brasileiro
festa, enlevando o auditório com a magia do seu verbo de João Cavalicre - O Pequeno Camso - que se encontrava
rebelde patriota. cm um dos camarotes assistindo ao festival, e pedia que
O Dr. Waldcmar Brito, Luiz de Sevilha, Pinto da Costa e os maranhenses tributassem uma salv:i de palmas àquele
Vilela de Abreu dirão versos escolhidos. exímio anista, que se :ichava em São Luís para dar um
O barítono Ribamar Pereira melodiará a sentimental can- concerto, após haver elevado tanto o nome da Arte Brasi-
ção napolitana de Cardílho - Cor'11grata e a brilhante val- leira na Europa. A assistência, então. voltou-se para oca-
!.a Amor, do maestro Am1ando Lameira, dois números de marote onde, de pé. O Pequeno Camso recebeu, por de-
frnnco sucesso, que serJo acompanhado~ de grande or- morado tempo, uma estrondosa ovação.
questra. E assim terminou a linda festa de ontem, que agradabi-
Lauro Serra fará uma conferência humorística, que líssimas impressões deixou a todos os presentes e que
Evandro Rocha ilustrará com interessantes charges. constituiu para Lauro Serra e Evandro Rocha um:i noite de
A festa de amanhã se auspicia de verdadeiro êxito. verdadeira consagração.
Lauro e Evandro, que são bastante conhecidos do Foi/ia do Po1•0 envia parabéns aos dois distintos ama-
nosso público, desfrutando de gerais simpatias na socie- dores pelo êxito brilhante de sua Festa de Arte. (Folha do
dade maranhense. vão ter, assim. instantes de merecida Pow>, 4/9/1929, p.4 ).
consagração.
Folha do Povo almeja aos apreciados amadores mui- O COMENTÁRIO DO DIA
tos louros. (Folha do Pm•o, 2/9/1929, p.4).
O Maranhão possuí uma Escola de Oclas-Artes.
FESTIVAL LAURO SERRA - EVANDRO ROCHA É subvencionada pelo Governo.
Já tem regular patrimônio.
Foi verdadeiramente encantadora ;i Festa de Arte que E, no entanto, até hoje não apre cntou cm público um só
os festejados amadores Lauro Serra e Evandro Rocha le- aluno que atestasse a eficiência do ensino que administra.
varam a efeito, ontem, no Teatro Arthur Azevedo. Mas o Maranhão continua sendo a pátria do gênio.
Às 21 horas precisas tinha início o magnífico progra- Nós ternos uma novidade brilhante, que a todo mo-
ma, caprichosamente organizado, de variados e acraentes mento está se revelando apta para o cultivo das artes.
números. Temo talentos p1 ccoees que talham no mármore, no
O auditório numeroso e seleto vibrou de entusiasmo, gesso ou no barro as figuras mais expressivas do cinzel.
aplaudindo os artistas amadores que se exibiram. Na música existem revelações magníficas que necessi-
Renato Viana, o cintilante intelectual patrício, abriu e tam de cultivo e de método.
encerrou o Lindo festival, recitando versos de Olavo Bilac. No canto o número é maior. As festas natalinas afir-
com todo o sentimentalismo da sua alma de eleito. mam isso todos os anos. É incomputável o número de
A graciosa menina Arletc Xavier de Brito dançou um menina e de rapaLcs dotados de voLe'> boas e bem tim-
endiabrado charle ton, com geral agrado do presentes. bradas.
Lauro Serra e Evandro Rocha realizaram uma conferên- E não estudam porque não podem, porque lhes é difícil
cia humorística. Enquanto que o primeiro contava interes- o acesso ao único departamento de ensino que no gênero
santes episódios, o segundo traçava, no quadro-negro, possuímos.
impagáveis caricaturas. Do giz habilíssimo de Evandro Urge aproveitar essas vocações.
saíram as caricaturas de Renato Viana, Ribamar Pereira. O Governo poderia facilitar a esses moços a matrícula
Américo Pinto e outras, recebida!:. com constante hilarida- na Escola de Belas-Artes.
de pelo auditório. Esta, por sua vez, poderia incrementar o estudo, apre-
A gentil senhorita Eline Mochel melodiou um trecho sentando, de vez cm quando, wrmas de alunos para o
de Pergo/eza e a Ca11çüo da Felicidade, imprimindo bas- julgamento do público, que seria o supremo juiz dos méri-
tante sentimento a es es dois números, alinadamente gor- tos de cada um e da eficiência do ensino ministrado.
jeados pela sua garganta de contralto. Cu ta pouco tudo isso.
Pinto da Costa apresentou-se em dois números cômi- Ba ta a boa vontade de quem deve se interessar me-
cos, gênero em que é perito. Escusamos dizer que e hou- lhor pelo desenvolvimento da nossa cultura intelectual.
ve a contento geral. Nada mais. (Folha do Pol'O, 91911929, p. I).
LUIZ DE MELLO

ESCOLA DE BELAS-ARTES exemplar correção, rudo fazendo para afastar os embara-


ços, vencer resistências em matéria de pagamento de men-
A propósito de uma local, inserta na seção - O Comen- salidades, desenvolver recursos a fim de não faltarem ao
tário do dia, de nossa ilustre confreira Folha do Povo, cm estabelecimento os meios pecuniários indispensáveis à
que se diz, tratando da Escola de Belas-Artes: - "E no en- satisfação dos seus compromissos.
tanlo, até hoje, não apresentou em público um só aluno que E sinceramente lhe digo que, se não fora a preciosa
atestasse a eficiência do ensino que administra" - o ilustre colaboração dos seus esforços, a escola havia provavel-
e inspirado compositor, maestro Lcntini, que esteve à frente mente desaparecido, com evidente prejuízo para a culrura
daquele ei.iabclecimento, como seu diretor, pede-nos a pu- artística do nosso meio.
blicação das canas que se seguem, por onde se vê que ao Depois de haver deixado a Escola de Belas-Artes, esti-
musicista conterrâneo não cabe a responsabilidade do que ve por alguns meses na direção do Liceu Maranhense.
se afirma no vespertino do ilustre Dr. Tarquínio Filho. onde regia o Sr. uma das duas cadeiras de música então ali
existentes. E praz-me significar-lhe que também se houve
Li na Folha do Povo de 9, uma crônica com o título o Sr. no exercício desse mister, com a boa vontade e com-
Co111e1116rio do dia. petência que se requerem nos verdadeiros professores:
Como me toca uma parte, por ter sido cu um dos funda- razão por que o seu ensino foi do. mais proveitosos aos
dores da Escola de Belas-Artes, e nela vinha trabalhando alunos que o receberam no Liceu, do mesmo modo que o
com toda a dedicação, abandonando por completo o meu fora aos daquela escola, onde se exibiram eles em várias
ensino profissional particular, do que dou prova com os festa destinadas a mostrar-lhes os progre sos e movi-
alunos que lá deixei e outros que existiam cm outros anos. mentar-lhes o estímulo para maiores esforços.
cabe-me uma explicação. Desejo-lhes todas as felicidades na 'iagem que vai
Dava anualmente três sabatinas, mandando convidar empreender, e sou seu
nem só as famílias dos alunos como as redações dos jor- Amigo, Attº e Cr"
nais, para assisti-las. (a) Alfredo de Assis
Tnmbém anualmente ministrava os exames de promo- (Tribuno, 1219/1929, p.6).
ção e realizava umas audições com o fim de mostrar o an-
damento da escola. NATALÍCIO
Assim ia procedendo modestamente e o ensino era
um fato. Marca a efeméride de hoje o tranc;curso do aniversário
Era então o diretor-técnico do estabelecimento e regia natalício do nosso confrade Rubens Damasceno Ferreira,
as cadeiras de teoria musical. solfejo e canto coral. como professor do Liceu Maranhense e de vários estabeleci-
também auxiliava as outras cadeiras quando por casuali- mentos de ensino desta capital.
dade faltava o professor. Possuidor de apreciáveis atributos, ju tas, portanto,
Tenho canas do principal fundador da escola, o meu as homenagens de que será alvo, nesta data, às quais O
pre1..ado amigo e distinto homem de letras, Dr. Fran Paxeco, l111parcia/ se associa, fazendo votos pela sua felicidade
cm que me honra com os seus elogios, pelo meu procedi- pessoal. (O Imparcial, 20/9/1929. p.2).
mento na escola.
Do ilustre causídico Dr. Alfredo de Assis guardo uma HOMENAGENS
carta depois que ele deixou a direção da escola, a qual dou
publicidade abaixo destas linhas. Por motivo do seu aniversário natalício, ocorrido sex-
l lá cerca de três anos estou fora da escola e nada mais ta-feira última, o nosso apreciado colaborador e querido
digo porque é uma história muito comprida. amjgo Rubens Dama ceno recebeu cativantes manifesta-
Em 12-9-1929 ções de apreço.
JOlio José Lemini-ex-dirctor da Escola de Belas-Artes. Às 11 homs os alunos do Iº ano do curso ginasial
foram cumprimentá-lo, levando-lhe flores e ofenando-U1e
São Luís, 29 de maryo de 1929 um mimo.
Umo. amigo Sr. João Lentini Às 15 horas teve lugar a manifestação promovida pe-
los seus alunos do Liceu Maranhensc, que lhe ofertaram
É com prazer que atendo à sua solicitação, inteiramen- custoso mimo e vários buquês de flores naturais. Falou,
te justa. Nem, se não o fosse, chegaria o Sr. a fazê-la, pois cm nome dos manifestantes, a inteligente liceísta Anita
o sentimento de modéstia rivalit..a no meu amigo com os Vasconcelos de Jesus, respondendo-lhe o homenageado.
seus merecimentos de bom e consciencioso artista. Houve. após, um animado chá dançante que se pro-
Quando me foi dada a direção da nossa pequena Esco- longou até às 19 horas.
la de Belas-Artes, nela fui encontrá-lo dirigindo o curso de Às 20 horas as alunas da Escola NonnaJ Primária, acom-
mú!>ica e ensinando teoria musical, solfejo e canto coral; e panhadas da professora Noemi Ca~tro, foram levar para-
desde o primeiro momento prenderam-me a atenção, im- béns ao estimado aniversariante, orando, nesta ocasião, a
pondo-se aos meus aplausos, a atividade, o zelo, o inte- aluna Amélia Cardoso, que lhe fe7 entrcgn de um rico pre-
resse com que o Sr. desempenhava as obrigações que lhe sente, cm nome das colegas de curso.
empreendiam. A esses trabalhos ainda se adicionavam os O professor Rubens Damasceno recebeu muitos cum-
de tesoureiro da escola, e isso precisamente quando mais primentos cm cartas, canões e telegramas.
difícil se tomou a existência da mesma sob o ponto de Folha do Povo reitera os seus efusivos saudares ao
vista financeiro. Também nesse caráter se houve o Sr. com ilustre nataliciante. (Folha do Pol'o, 23/9/1929, p.3).
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

EXPOSIÇÃO ESCOLAR t5rio d.l Prefeitura, jornalistas, intelectuais, professores,


escolares e amadores de arte.
lnaugurou-se ontem, no salão do pavimento inferior do Os trabalhos apresentados, em número de mais de 230,
Teatro Arthur Azerndo, uma interessante exposição de tra- já revelam aplicado gosto artístico dos alunos e uma gran-
balhos dos alunos da nossa novel Escola de Belas-Artes. de satisfação de aprender.
Comparecemos a esse ato e percorremos as diversas otam-se cm alguns dos alunos mai" adiantados, como
seções da exposição, vendo cerca de 300 trabalhos execu- Arabella do Espírito Santo, Maria Luísa Pastor de Almeida,
tados por trinta ou quarenta aJunos, durante os meses do Sinhazinha Estrela, Sílvio Salgado, Cláudio Serra e outros,
curso deste ano. o apuro dos traços e o cuidado do esbatido no sombreado
Ao lado dos trabalhos melhores de cada expositor, fi- dos trabalhos.
guram os executados no começo do ano escolar, de manei- Vê-se, pois. que a Escola de Bcla<;-Artes tem sabido
ra a se ver o progrcsc;o realizado pelo discípulos da esco- culti\,ar, na medida de !.uas forças, e com a boa vontade
la. Esta idéia excelente dá testemunho da !>inceridade com dos seus professores - Rubens Damasceno, Amina de
que se trabalha nas aulas do estabelecimento, confiadas à Paula Barros. Beatril Pinto e Telésforo Rego. o gosto anís-
inteligência dos nossos conterrâneos Ruben. Damasce- tico da mocidade maranhense.
no, Amina de Paula Barros, Beatriz Pinto e Telésforo Rego, Que a nossa sociedade saiba incentivar e aplaudir com
tanto como o número elevado de desenhos feitos este ano a sua presença, no salão do Teatro Arthur Azevedo, o
revela que nessas aulas há esforço e método, pois sem esforço dos nossos jovens conterrâneos. (Folha do Povo.
uma e outra coisa tal resultado não se conseguiria. 2819/1929, p.4).
Seria injustiça negar que a escola estejn prestando re-
ais serviços à propaganda da educação artfsticn entre nós. ECOS
Na exposição que vimos, há desenhos nítidos, bem traba-
lhados. provando que os alunos vão progredindo com A exposição de trabalhos realizada no :\trio do TealJO
segurança. Anhur Azevedo. pelos alunos da Escola de Belas-Artes.
À inauguração estiveram presentes. além do rcpre en- dei>.ou-nos óúma impressão.
tante do presidente do E lado, professores. jornali tas. Esboços a crayon, telas pintadas e bu-.tos talhados no
artistas, amadores das Belas-Artes, famílias e alunos. gesso, tudo isso veio atestar as inveJávei!. aptidões dos
Tocou durante a tarde, no local da exposição, a banda nossos conterrâneos para o cultivo da arte.
de música policial, gentilmente cedida pelo coronel Zenó- Vimos, nessa exposição, trabalhos magníficos que qual-
bio da Costa. quer mestre do lápis, do pincel ou do buril as~inaria, satis-
- Para se matricular e freqüentar as aulas o aluno nada feito e sem receio.
paga. (O Imparcial, 26/9/1929, p.4). É necessário incentivar os nosso jovens eswdantes
a não esmorecerem na faina proveito a.
EXPOSIÇÃO ESCOLAR Urge estudar ainda mais e sempre testemunhar o apro-
veitamento em exposições como essa, a que assistimos no
Encerra-se hoje a exposição de desenhos dos alunos Teatro Arthur Azevedo, e para a qual foram untmimes os
da Escola de Belas-Artes, a qual tanta curiosidade desper- louvores de toda a nossa sociedade, que não regateou os
tou no meio escolar e foi muito visitada pelo público. seus melhores aplausos aos moço expositores. que, com
Ontem à tarde, uma comissão examinou os trabalho , tanto talento e tão boa vontade concorrem para que a Are-
classificando os det. julgados mais artísticos, na eguinte nas Brasileira reviva os seu<; passados dias ele glória e de
ordem: lº-nº 18, (de Sinhazinha Estrela Martins): 2º-nº 8 beleza artística. (Folha do Po1•0, 2110/1929, p. l ).
(deArabela do Espírito Santo); 3° - nº 15 (de Sílvio Salga-
do); - 1O (de Amália Santos); 6 (de A rabeia do Espírito CURSO DE PINTURA ORIENTAL
Santo); 4 (de Custódio Zaqueu); 4 - nº 2 (de F. Coelho)- 3
(de Julieta Rego); 7 (de Zilda Paula Barros): 5 (de Custódio Comunicou-nos a Sra. Vitória Nahuz Pereira haver rei-
Zaqueu). niciado o seu curso de pintura oriental, no prédio da Rua
Menções de estímulo foram concedidas a outros tra- Nina Rodrigues nº 33.
balhos. Foi-nos dada a oportunidade de ver alguns trabalhos
Eslá de parabéns a modesta escola promotora da expo- dessa competente professora, constantes de almofadas,
sição, onde muito se esforçam os mestres pelo progresso quimonos, toalhas e quadros, e todos eles nos causaram
de seus discípulos. (0 Imparcial, 28/9/ l 929. p.3). ótima impressão, atestando a proficiência do seu ensino.
que é todo feito pelo~ métodos mais modernos e cm curso
EXPOSIÇÃO ESCOLAR rápido, ao alcance de todas as inteligências.
É de notar a perfeição dos rascunhos e a hábil combi-
Foi aberta anteontem, às 16 horas, à visitação pública. nação de tinta. (Pacotilha, 29/10/1929, p.2).
a exposição de desenhos dos alunos da nossa Escola de
Belas-Artes. PINTURA - BREVE - PINTURA
O ato, que se revestiu de um cunho distinto e significa-
tivo, disse bem alio, só por si, do quanto de intere se e Alictc Lobo prepara todo serviço concernente à pintu-
simpatia essa modesta mas utilíssima escola vem desper- ra, por preços baratíssimos. Pinta vestidos, . anefas, toa-
tando no meio artístico de nossa capital. A ele comparece- lhas de mesa, brise-brise, xales futuri ;)tas, baguetes de
ram o representante do presidente do Estado, o Dr. secre- meias e sombrinhas cm lindos desenhos.

~ 43 1 CV(>)
LUIZ DE MELLO

Ensina cm QUATRO DlAS pintura oricnLal, alemã, dou- A educadora maranhense D. Maria da Glória Parga 'ina
rada, plástica, japonesa lavável, !)Cndo desart, opalina e um dos nomes que mais honram a tradições do magisté-
batick. rio ne. ta terra de grandes profe ores, ofertou um frag-
Também ensina trabalhos cm lacre, cm asas de borbo- mento da coroa imperiaJ que servi::i outrorn de ornato à
letas, cm madeira e papel crepom clcnnison, sendo ílores e fachad:i do Tcalro São Luiz e fora despedaçada pelo povo
corbeif!es. na ocasião de se proclamar a República nesta capital. (O
Pinta ramos, desde o preço ele mi l réis, e qualquer pes- Imparcial, 14/12/1929, p.7).
soa pode ter por um preço barato um vestido de lindo
efciLo. FESTIVAL TELÉSFORO REGO
Facilita aparelhos e Lintas aos aprendizes. (A Fu:arca,
2/1 111 929,p.3) No próximo domjngo, às 9 horas, terá lugar nos amplos
salões do Ca ino Maranhense um grande festival de arte,
FAZEM ANOS HOJE: cm benefício do inteligente pintor e desenhista Telésforo
de Morocs Rego.
( ...) - O Sr. Manoel Martins de Oli veira, hábi l artista Um variado programa está sendo organizado capricho-
gravador caxiense. (...)(0 Imparcial, 16/11/1929, p.2). samente para tal fim, nele fi gurando, entre outros elemen-
tos de dcst::iquc cm nosso meio artístico-social, nosso que-
(... ) /\cha-se nesta capiLal, proveniente de Cax ias, a se- rido redator e poeLa Antônio Vasconcelo , que fará uma
nhorirnAlicte Lobo e Silva, professora de pintura e irmã do conferência humorística, iluslrada pelos caricaLurisLas Te-
fannacêutico Waldemar Lobo e Silva, proprietário da Far- lésforo Rego, Evandro Rocha e Virgílio Domingues Filho.
mácia São Luís. (0 Imparcial, 30/11 / 1929, p.2). a poetisa Lourdes Bontentuit e o disse11rs Dr. \Valdemar
Brito e Antônio Pires, que declamarão versos, a senhorita
PINTURA! PINTURA! Eline Mochel, que melodiará um trecho de canto e o baríto-
no Ribam::ir Pereira, que se fará ouvirem dois solos do seu
Alictc Lobo, com grande prática adquirida no Rio de repertório. Os acompanhamentos ao piano serão feitos
Janeiro, prepara todo serviço concerncnLc à pintura por pelos Srs. Newton Menezes e José Barbosa.
As localidades para o festival de domingo estão lo-
preços baratíssimos. Pinta vestidos, sancfas, toalhas de
grando muita aceitação, prevendo-se êx iLo dessa fesLa do
mesa, brise-brisc, xales futurisrns, baguetes de meias e com
espírito moço do Maranhão.
especialidade sombrinhas em lindos desenhos.
É este o programa completo do intcrcs ante festival:
Ensina em T RÊS DIAS pintura oriental, alemã, doura-
1° -A lgumas palavras -Antônio Vasconcelo
da, plástica, j aponesa, lavável, sendo desan, opalina era-
2° - Versos - Maria de Lourdc Botcntuit
dium.
3° - GrobnniiLerchen -Avozinha - Genaro Henriques
Também ensina trabalhos em lacre, asas de borbolelas,
(violino)
maclcir.1 e papel crcpom Dennison, sendo fl ores e corbeilles.
4° - Surpresas - Lauro Serra
Pinta desde o preço de mil réis, podendo qualquer pes-
5° - Romeu e Ju lieta-Antônio Pires (a pedido)
soa ter por um preço barato um vestido pintado de lindo
6° - O momento do amor- Dr. Valdemar Brito
efeito.
7º- Efígie - Raimundo Barbosa-(violino)
Faci lita aparelhos e tintas aos aprend izes 8º - Duas épocas - Tarquínio José Lopes
Abrirá por estes dias um ateliê de modas e confecções, 9º - Tosca - Dr. Ribamar Pereira
lendo bastame prálica adquirida na Casa Imperial, de Ali- 1D° - Serenata de Schubert - Jo é Moracs Rego CosLa
jós & Simões do Rio de Janeiro. 11 °-Mulata Sonoroza- Dr. Waldemar Britto
lnfonnaçõcs: Rua José Boniftício nº 406 12º - Caricaturas - Evandro - Telésforo - Virgílio
São Luís - Maranhão 13º - Caipiradas - Pinto da Co La
(Tribuna, 6/12/1929, p.6). 14° - Duas sombras - Tarquínio Jo é Lopes
15° - Escolares Modernos - Pelas alunas das escolas
VIAJANT ES esLaduais.
RUBENS DAMASCENO Os acompanhamentos eslão a cargo do professor Nes-
tor de Sousa Braga.
Pelo paqucLe Pedro/ seguirá no próximo domingo, para Salienta-se o 11º 12, que os caricaturistas apresentarão
o Rio, o nosso apreciado colaborador Rubens Damasceno. ao auditório. Nes e número mostrarlo qual o homem mais
O jovem artista, um dos brilhantes valores da nova bonito, qual o mais feio. qual o mai gordo. qual o mais
geração de in1clectuais maranhcnses, vai à Capital do País magro e por fim, o mais elegante de São Luís. (O Imparcial,
em viagem de estudos para conhecer o meio artístico. 17/1211929, p.4).
O Imparcial deseja-lhe bonançosa viagem. (0 Impar-
cial, 7/12/1929, p.2) FESTIVAL ARTÍSTICO

INSTITUTO HISTÓRICO Será amanhã que se efetuará nos salões do Casino


Maranhensc o anunciado fesLival artístico do talentoso
O Dr. Cesário Veras, conceituado clínico maranhense, desenhisla conterrâneo Teté foro de Moracs Rego.
enviou ao lnslituto uma das Varas dos antigos vereadores A fesla, que terá início às 9 horas da manhã, marcará,
de Alcântara nos Lempos coloniais. certamente, um belo dia de pura espiritualidade.
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Mandamos ao Telésforo Rego os nossos parabéns sin- EsLávamos em fre nte ao altar-mor.
ceros pelo êx ito da festa de amanhã. (0 Combate, 21/12/ - Veja esta toalha!
1929, p.6). Cobria, de fa to, a mesa do altar uma toalha onde se via
uma linda pintura por quase toda a sua extensão ... Que
A ARTE NO MARANHÃO ílores! Que pétalas adm iráveis. E as sépalas e os galhos i
- É trabalho do nosso Telésforo de Moraes Rego -
Acham-se expostos na vitrine da acreditada Farmácia disse-me o cônego.
Sanitária alguns quadros da exímia pintora conten-ânea Sra. Rendia minha homenagem ao talentoso artista mara-
Amina de Paula Ban-os. Trata-se de lindas paisagens e nhense, quando o cônego chamou minha atenção para
estudos de natureza-morta, dos quais se destaca princi-
uma pintura em seda que cobre o Porta coeli.
palmente Um trecho de estrada, além das vistas panor5mi-
Nova surpresa para os meus olhos.
cas de São Luís e um Aspecto sertanejo (Cachoeira do
- Esplêndido ! - exclamei. - Que rosa bem-feita! Que
Itapecuruzinho) .
del icadeza!
De Newton Sá, o jovem e inteligente escultor patrício.
- É trabalho de dona Ester Gonçalves. - E acresccn-
há em exposição um belo trabalho (estudo para uma figura
da Ciência) de vigorosas linhas plásticas. tou: - Veja o que você estava perdendo! Se não viesse
Não podemos nas linhas de uma notícia apreciar devi- aqui, não teria oportunidade de admirar estas duas jóias!
damente esses trabalhos. O público, porém, os tem apreci- Agora vai você ver a iluminação. Se fosse de noite esta
ado muito nestes dias, e fez o seu julgamento, elogiando visita o efeito seria melhor. Contudo vou mostrar-lhe.
bastante os dois patrícios. (O Imparcial, 221J211929, p.8). Afastei-me para ver de longe... Momentos depois ilu-
mina-se a igreja toda. Pregaram-se-me os olhos no altar-
BJNOCULANDO mor...Si mplcs mas sugestivo. Aos pés da Virgem um sol
A IGREJA DA CONCEIÇÃO emergindo na linha do horizonte, seus raios rompendo o
espaço!. .. Lateralmente, colunatas de luz.
Domingo pela manhã ia eu muito ancho e lampeiro pas- Mas... de dia, reparei noutro efeito que não deixa de ser
sando pelo fl anco da igreja da Conceição, pensando onde muito cativante. No alto do altar-mor há duas clarabóias -
poderia encontrar àquela hora o professor Armando Lima, uma verde e outra vermelha. Por elas a luz se escoa colori-
com quem precisava de conversar, quando dou de cara da de verde e vem1elho e lança sobre as pedras da coroa
com o meu prezado amigo cônego João dos Santos Cha- da Virgem reílexos verdes e vem1elhos muito gratos ao
ves, vigário da referida igreja. olhar, pela poesia que desperta.
- Você, meu amigo, parece-me que não pertence ao Não pude deixar de cumprimentar o cônego Chaves
número dos bons católicos ... que efeti vamente deu à igreja da Conceição um novo as-
- Pois eu lhe digo que católico como eu sou. poucos pecto.
encontrará você nesta cidade... Sou católico arrt>gimenta- Saíamos conversando sobre a singela reforma do tem-
do, e digo-lhe mais, afilhado de Nossa Senhora. plo, quando o cônego viu o professor Arimatéa Cisne e o
- Não parece... Pois eu faço uma reforma no templo de Dr. Lira que passaram. O magistrndo acompanhava-se de
Nossa Senhora e você que se diz seu afilhado não vem vê-la? uma gentil menina, sua filh a.
Atrapalhei-me, deveras, com a interpelação, e cortan- O vigário não trepidou, e de um salto agan-ava o Ari ma-
do o diálogo, abracei o padre, disse-lhe umas coisas con- téa pelo braço:
fu sas, para o atarantar, e mostrei-me desejoso de visitar a - Venha ver o templo como está bonito!
igrej a que, felizmente, ainda estava aberta. O professor Arimatéa escorou-se, deu pra ruim:
Penetrando na nave notei logo que o templo estava
- Eu só não vou! Garanto-lhe que não vou! Nem que
com a fisionomia alegre. Pareceu-me que havia mais luz alí
você me dê um testo!
dentro. E tal foi a minha surpresa que não pude me conter:
O magistrado interveio, son-idenle:
- Como você conseguiu este milagre de luz, sem romper
- Se é por não ir só, cu o acompanho e à menina.
mais uma porta nem uma janela? - perguntei ao cônego.
E o cônego pra mim:
- Facilmente. Repare na pintura das colunas... Repare
- Igual por igual, você entra de novo!
nos altares. Esta alternati va de branco e vermelho nas co-
E o bando penetrou na igreja. O magistrado mostrou-
lunas produziu o milagre.
se·satisfeito. O professor Ari matéa disse bem de tudo quan-
O Luiz Ory, o Rubens Damasceno, a meu pedido, vieram
para cá e dividiram as colunas em segmentos iguais e lhe to viu, mas em chegando ao corpo da nave, quando vínha-
deram o branco e vennelho... Foi o quanto bastou para ale- mos, embrulhou a língua com o cônego Chaves e este com
grar o templo. Guardei essa un iformidade até no altar-mor... ele! Se não foi latim, macacos me lambam!
E você não descobre a segunda maravilha desta pintura? O Dr. Lira olhou-os de soslaio, e cu fi quei inquieto.
- Como não? Parece-me também que o templo fi cou Mas logo me aquietaram, rindo a bom rir-se da minha cara
maior: alongou-se. Que as colunas não são do mesmo diâ- aJvar... Mas vi na figura do cônego Chaves a crença que
metro ... Mas que bela perspectiva!. .. não admite embargos, e na do professor Arimatéa, que já
- Veja você o que fazem os bons artistas com umas secretariou, quando padre, o Bispado de Fortaleza, a dúvi-
simples pinceladas ! Produzem efeitos tão prodigiosos que da... também sem embargos !...
iludem, à primeira vista, a inexperiência dos leigos. Mas ... Repó rter
já que você entrou, quero mostrar-lhe tudo. (Tribuna, 22/12/1929, p.8)

~ 43 3 ~
~
LUIZ DE MELLO ~

ARTE ANTIGA A manifestação póstuma, que ora se vai levar a efeito,


pane do cio amantíssimo do rebanho que ele tanto amou,
Por uma dessas claras manhãs tropicais resolvi visitar e onde deixou recordações saudo as que o tempo jamais
os vestígios do Maranhão do passado. Subi e desci uma apagará.
infinidade de ladeiras e andei ruas calçadas com pedras de- Dentro daquele bronze que se ergue, funde-se uma
siguais, onde já começava a nascer um capinzinho miúdo. vida e refulge a gratidão imensa da alma crente de um povo
Assim andei quase toda a cidade para visitar um a um ao seu Pastor, ao seu Guia Espiritual.
esses trechos da São Luís de nossos avós. Alma aberta a todos os heroísmos da fé religiosa, o seu
Fiz quase religiosamente essa peregrinação. pão não lhe ia à boca enquanto escutasse um gemido na
Quanto abandono, por laivos tão interessantes! ... treva, para onde dirigia o seu olhar compassivo, em prol
São capítulos de história, sutis e verdadeiros, que se do infclil.
vão apagando pela ação demolidora e renovadora do pro- A sua palavra tinha o sabor constante das linfas mo-
gresso. saicas, que esmaltava pela fé e tonificava pelo saber.
Excetuado um pequeno grupo de interessados, quase Não havia sacrifícios a que não oferecesse ombros,
por completo se ignora a existGncia, no Maranhão, de coi- estampando sempre na face o cândido sorriso da bonda-
sas de arte conservadas com carinho. de, que era seu conforto.
Móveis e trabalhos entalhados, vestígios de um pas- O povo católico olhava-o como uma fonte inexaurível
sado íaustoso, são vistos entretanto ainda hoje, embora de virtudes.
bem poucos, nas casas em que há tradição e amor ao pas- A peregrinação do saudo o prelado pela Igreja Católi-
sado. São também objeto de observação porcelanas das ca constitu iu uma página fulgurante da bondade personi-
mais afamadas e variadas procedências. Peças de prata fi cada, da sabedoria ao serviço da causa comum.
lavrada, sobretudo obra ponuguesa, tudo nos fala do bom A sua morte causou no seio de suas ovelhas profun-
gosto e maneira por que nossos avós se cercavam do con- das mágoa , grandes recordações que se traduzem nesse
forto aliado ao belo. gesto eloqüente da ereção de seu busto fronteiro ao solar
Cada ano que se passa, cada pcdrn que cai, cada urna da morada pontifícia. (O Imparcial, 3/1/1930, p. l ).
dessas coisas que desaparece é um vestígio que se apaga 1
da nossa tradição. TELÉSFORO MORAES REGO
Em cada uma dessas coisas há a recordação da gran-
deza, do luxo e dos costumes dessa gente antiga ... Seguirá para a capital piauiense, no trem da próxima
Esse ponais de cantaria lavrada nos falam do que foi a segunda-feira, o jovem e querido Telé foro Rego. que ali
nossa sociedade de ontem, até que a picareta pública os atin- vai realilar uma exposição de quadros de sua autoria. (0
ja, se um argentário de mais ou menos go~to não os aprovei- Imparcial, 4/l / 1930, p.2).
tar para, con~rvando-os, ornamentar seus palacetes lá fora.
Há uma casa cm São Paulo que compra objetos anti- (DA) INAUGURAÇÃO DO BUSTO DE D.
gos, que restaura e vende por preço fabuloso. Todos os FRANCISCO
anos vêm aqui viajantes que por uma ninharia adquirem
verdadeiras preciosidades cm móveis e louça antiga que Fez parte das festas de ontem a inauguração do busto
vão vender quase sempre a estrangeiros. de D. Francisco de Paula e Silva. o querido antístite que
E vão saindo assim, pouco a pouco. sem nenhuma in- tantas saudades deixou no Maranhão.
tervenção proibitiva, todas essas coisas que ainda restam O busto, trabalho do jovem e brilhante escultor Newton
no Maranhão. Sá, foi colocado sobre pedestal de alvenaria revestido de
JOSÉJANSEN marmoritc, cm frente ao muro do Palácio do Arcebispado
(O Imparcial, 25/12/ 1929, p.4). que há na Avenida Pedro ll. (O Imparcial, 61111930, p. I).

VINDO do Rio de Janeiro a Sra. Maria Amélia Lopes, UMA OFICI NA


com pouco tempo que pretende demorar nesta cidade en-
sinará diversas pinturas como: Comunica-nos o Sr. Antero Yidal. estabelecido nesta
Pintura oriental .......... ... ........................... 50$CXX) capital com oficina de fundição. haver instalado, recente-
Dourado japonês ..................................... 20$CXXl mente, nas referidas oficinas. mecanismo moderno, o que
A bico de pena ........................................ 20$(XX) toma o seu estabelecimento apto à execução de qualquer
Furta-cor cm jarros e quadros .................. 30$(XX) trabalho de mecânica e fundição.
Todo o material por conta da profes ora. Rua Domin- Dos ateliês do Sr. Antero Yidal saiu, há pouco, fundido
gos Barbosa n°262. (Tribuna, 3 1/1 2/1929, p.8). em bronze, o busto de D. Francisco, inaugurado cm frente
ao Palácio Arquiepiscopal, e que é um trabalho digno de
VAI SER INAUGURADO O BUSTO DE D. recomendar as oficinas em que foi confeccionado. (0 Im-
FRANCISCO NO PÁTIO EXTERNO DO parcial, 91 l/1 930, p.2).
PALÁCIO ARQUIEPISCOPAL
Do nosso prezado confrade e colaborador Rubens Da-
No pátio externo do Palácio Arquicpi<;copal será inau- masceno, atualmente no Rio de Janeiro, recebemos cum-
gurado no dia 5 do fluente o busto de D. Francisco, antís- primentos de Boas Festas e Ano ovo. (O Imparcial, 2 1/
tite que foi por alguns anos da nossa Diocese. 1/1930, p.2).

~ 434 C:...-N
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1 842 - 1930)

CURSO DE PINTURA. FLORES E DATILOGRAFIA A subscrição aberta nesta capi tal e cm Caxias orçou
por pouco mais de 2:000$000, conforn1c dei publicidade em
Pintura oriental, pintura lavável, pintura a bico de pena cdiçõc. da Pacotilha e do Jomal de Caxias, cujas parec-
e pintura ilusão. Flores e outro:. preparados cm papel crc- ias foram diminutas, a não ser a importância de um conto
pom c lacre. Datilografia, pelo método Rcmington, cnsina- de réis. subscrita pela Intendência de Caxias, mandando o
sc na Rua Artur Azevedo (antiga Mangueira) nº 178. acei- intendente de então que me fosse entregue por intermédio
tm1do-sc alunos nesse domicílio e fora dele. (O Imparcial, do venerável juiz Dr. João Machado; quanLia essa que,
1°12/ 1930. p.2). sob a condição de ser aplicada na conclusão do referido
busto, mais tarde aquela autoridade solicitou fosse entre-
PINTURA ORIENTAL gue à Comissão Promotora da estátua do pranteado esta-
dista Bencdi10 Leite. recebendo-a o Sr. Nuno Pinho.
Ensina-se na Rua José Augusto Corrêa. antiga Santa- Isto posto, demandei o Rio de Janeiro e lá, por intermé-
na, 121. (O Imparcial, 4/2/1930, p.4}. dio do glorioso escritor Coelho Neto, dei todos os passos
no sentido de fundir o busto. O escu ltor Bcrnardelli, com
UM MONUMENTO A DIAS CARNEIRO quem contratei a execução da obra por 3:000$000, dizendo
ele, no entanto, que só em deferência ao intermediário po-
Escrevem-nos: deria realizá-la mediante tão pequeno valor, foi preferido.
"Caxias deve ao benemérito Dias Carneiro, que tanto Aconteceu, porém, que o escultor, preferindo obras de
impulsionou o seu progresso criando fábricas, construin- maior interesse, não deu cumprimento à promessa.
do pontes e realizando outros empreendimentos, a consa- Voltando a São Luís, ao tempo do advento do Governo
gr.ição de uma efígie em bronze ou mánnore. do inolvidável Luiz Domingues, e cioso de dar conta da
Quanto mais o tempo se passa. tanto mais avultam tarefa a que espontaneamente me havia arrogado, tratei de
as realizações do grande caxiense. Os . cus esforços, contratar o busto por intermédio da firn1a Gaspar Teixeira
tão conhecidos, se os compararmos às iniciativas que o com o escultor francês Dccorchemont, vindo aos cuida-
Maranhão tem registrado do seu tempo para os nossos, dos dela duas maquetes, dispendcndo-se cerca de duzen-
parecem-nos assombrosos. pois imensas deviam ter sido tos mil réis cm nossa moeda.
as dificuldades que se antolharam ao admirável refor- No momento dessas de111arcl1es sohreveio a Guerra
mador.
Européia. pelo que nada mais me foi po!>sívcl fazer.
Assim, as homenagens que sua gloriosa cidade e o
Estando entre nós o escultor conterrâneo Celso Antô-
Maranhão lhe prestarem serão mcrccidíssimas.
nio. traLamos. ele e eu, a confecção do busto por 1rês contos
lnfelianente Caxias não conseguiu levar a termo o pro-
de réis. conforme recibo dado à publicidade na Pacotilha.
pósito de dotar uma das suas praça com um monumento
lnfcli1.mentc, e com ingratidão para com a terra caxien-
condigno a Dias Carneiro.
sc, nunca mais o Sr. Celso Antônio me deu conta, apesar
Há muitos anos correu entre os maranhen es uma subs-
crição para tal fim. O dinheiro arrecadado eclipsou-se. Não dos esforços empregados por intermédio do ilustre patrí-
há somhra dele. cio Dr. Carvalho Guimarães e, certa vez, do valioso présti-
No momento em que a cidade de Gonçalves Dias entra mo do deputado Domingos Barbosa.
cm brilhante era de meU1oramentos que pareciam impossí- Vê a ilustrada redação que, premido por tais circuns-
veis. mas não o estão sendo, na realidade, para a clarivi- tâncias, iodas estranhas à minha vontade, não pude glori-
dência e a boa vontade de muitos ca>.ien es amigos do seu ar-me de ver realizada a homenagem que, com orgulho e.
berço, vem naturalmente à baila pergumar: como um sonho de moço. quis prcs1ar à memória de Dias
Onde está o dinheiro arrecadado para o bu to de Dias Carneiro, que desde a minha juventude conheci em Caxias
Carneiro? Se não mais exisLe e se dinheiro, que desLino e cnxcrgav.i nele um exemplo vivo de Lrabalho e de incen-
lhe teria dado quem o arrecadou ou guardou? tivo à nossa geração.
Consta-nos que um grupo de caxicnses vai reunir-se Seja como for. abafando toda a mágoa que me vai na
para, solucionado o problema, tratar de dar andamento à alma pelo insucesso da idéia, estou pronto a fornecer o
idéia do monumento ao grande iniciador." (O Imparcial, restante da subscrição, deduzidas as despesas e a impor-
1312/ 1930, p. I ). tância que adiantei ao Sr. Celso Antônio para auxílio da
idéia que novamente outros querem levar a efeito.
O BUSTO DE DIAS CARNEIRO Creia. Sr. redator, que assim cumprindo o meu dever. o
Escreve-nos o Sr. Zadock Pas1or: que, alid . não é a primeira ve1. que faço cm público, fico
"Sr. redator d' O Imparcial isento de juízos mal fundados.
Do admirador e comerrâneo
"Deparei na edição de hoje do vosso conceiruado diá- Zadock Pastor"
rio O IMPARCIAL missiva que faz referência à idéia da ( 13121930)
criação de um busto de bronze ao grande e saudoso vulLo •
maranhcnsc Dias Carneiro, lembrando que já houve uma Esclarecido o destino da subscrição, resta que os inte-
subscrição para este fim e que se disscs e onde paira o lccLUais se entendam com o nosso conterrâneo Zadock
produ10 da referida sub:.crição. Pastor, para que seja aplicada ao monumento a quantia de
De minha iniciativa o 1c111ame, fui o deposi1ário do di- que é depositário e que, em banco ou na Caixa Econômica,
nheiro angariado e, por isso. apresso-me cm dar re po 1a à es1aria rendendo algum juro. e exijam, pelo meios legais, a
interrogativa que se levanLou a respeito. restituição da importância recebida pelo Sr. Celso Antônio

~ 435 {V-(i)
~
LUIZ DE MELLO ~

ou o cumprimento de algum Lrato para execução do busto, PROGRAMA DO CURSO DE DESENHO E PINI'URA
assumido por esse artista. PEDRO AMÉRICO, NA PRAÇA BENEDITO LEITE
E os moços que levam em mira a homenagem devida a DESENHO FIGURADO EM 3 ANOS
Dias Carneiro - pro:.l.igam nos seus nobres esforços, sem
desânimo, até a vitória final. (O Imparcial, 1412/ 1930, pp.1-2). lº ano - F11sai11s, conhecimento da · linhas, perspecti-
vas à vista. Fragmento do corpo humano.
RETRATO DE ZENÓBIO DA COSTA 2º ano - Fusains, definições de ornatos, busto. ílores,
paisagens, estudos da cabeça humana, perspectiva.
Na vi trine da Casa Krause enconLra-sc exposto um mag- 3º ano - Fusains, crayon, sépia, cópia do natural. Ri-
nífico retrato do Sr. tenente-coronel Zenóbio da Costa, gorosa perspectiva à vista, ílores, frutas, ensaios das co-
digno chefe de Po lícia do Estado, trabalho executado pelo res e suas tonalidades. valores dos planos.
amador João José Furtado da Cunha, recentemente djplo- 4° ano - Pintura, anato mia das cores, estudo do corpo
humano, natureza-morta, pai agens, cópias do modelo na-
mado pelo Instituto Cururupuense.
tural.
É trabalho de um jovem que se revela grande talento
CORPO DOCENTE: professores- EVANDRO ROCHA
artístico, tanto mais apreciável pela circunstância de nun-
- NEWTON PAVÃO. (O Imparcial. 11/311930, p.8).
ca ter o seu autor saído do município de Cururupu, onde
nasceu.
UMA ESCOLA DE DESENHO E PINTURA
Foi-nos o referido j ovem apresentado pelo Sr. farma-
cêutico Júlio Ramos, e é digno de estímulo pela promisso- Estivemos ontem na sede da 8cola Pedro Américo, insti-
ra inteligência que demonsLra. (Tribuna, 14/2/ 1930, p.2). tuto de ensino de desenho e pintura, há pouco inaugurado,
devido à operosidade de Evandro Rocha e Newton Pavão.
INSTITUTO HISTÓRICO Instalado na Praça Benedito Leite, o novel estabeleci-
mento de ensino apresenta-se capaz de ir preenchendo o
( ... ) Em outra sessão o Instituto inaugurará os retratos fim a que se destina.
dos falecidos sócios Ribeiro do Amaral e Virgílio O Instituto Pedro Américo está em condições de pre-
Domingues. (O Imparcial, 25/211930, p.8). parar alunos num tirocínio de quatro anos, sendo três para
desenho e um de pintura.
O MONUMENTO A URBANO SANTOS Para o estudo o aluno encontrará, além da parte teóri-
ca, uma coleção de modelos do majs alto timbre artístico.
Ativam-se os serviços de construção do monumento à O Pedro Américo dispõe também de ateliês especiais
memória do eminente estadista maranhense Urbano San- para atender a encomendas de projetos de construção, pla-
tos, na praça que tem o seu nome. cas a óleo, ouro fino, espelhados, letreiro . epitáfios, etc.
O antigo Campo do Ourique está recebendo alguns Há uma seção de pinturas em almofadões, toalhas e
melhoramentos, constantes principalmente de uma aléia ampliações de bordados.
de palmeiras que continua na Av. Gomes de Castro até o O corpo docente da Escola Pedro Américo compõe-se
local do monumento. atualmente dos talentosos desenhistas Evandro Rocha e
Este consta de um muro levemente recurvo, com uma Newton Pavão.
reentrância ao centro, na qual será colocado sobre pedes- A idéia destes dois inteligentes arti tas merece aplau-
sos, por i so que vem cm auxílio do desenvolvimento ar-
ta l de mánnore o bu'> tO em bronze do ilustre maranhensc.
tístico em nosso meio. (O Imparcial, l 2/3/ 1930, p.4).
Aos lados, dois baixo-relevos, trabalhos do jovem e bri-
lhante escultor patrício Newton Sá, representarão a Repú-
Para os membros do júri de Misse São Luís foram
blica e o Saneamento Rural, em alegorias felizes.
votados:
A essa inauguração será presente o presidente do Esta-
Senhoras(...)
do. Acompanhá-lo-ão altas autoridades, representantes de
Intelectuais( ...)
todas as classes sociais, famílias e o povo, cm homenagem
Artistas ( ... )
expressiva e esponLânea ao venerando vulto da história Médicos( ... )
política, não somente do Maranhão, mas de iodo o País. (De) Artjstas:
Já nos referimos à justiça dessa consagração da terra-
bcrço ao eminente conterrâneo. Que e la se realize com o Arthur Marinho voto (fJ2
maior brilho e o concurso de toda a população de São Luís.
O Imparcial far-se-á representar.
Evandro Rocha m
Te lésforo Moraes Rego 2.83
(0 Imparcial. 27/21 1930, p. I ). LuizOry 91
Newton Sá 81
A ESCOLA DE BELAS-ARTES Newton Pavão 74
Ribamar Pereira '2f>
Reabrirá suas aulas na próxima segunda-feira, 10 do Rubens Damasceno 21
corrente, a Escola de Belas-Artes. José Jansen 15
No domingo. às 16 horao;, reunir-se-ão os professores Dr. Antônio Santos 4
desse estabelecimento, no local onde funciona. (O Impar- Ce lino Porc iúncula Moraes 3
cial, 7/3/1930, p.8). (O Imparcial, 29/3/ 1930, p.8).

(?./@ 436 C:...-'N


CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

A VIDA NA SOCIEDADE PADRE PALHANO DE JESUS

José Jansen é um sujeitinho deste tamanho. que só A data de ontem registrou o natalício do padre Osmar
chama a atenção da gente, na rua, por causa dos óculos. Palhano de Jesus. estimado cura da Sé e competente profcs-
tipo lanterna de automóvel Ford. M>r do Seminário Santo Antônio. (O Imparrial. 21411930, p.2).
O que Jansen perde, porém, no tamanho físico. é leva-
do i\ conta da estátua mental, vulgo inteligência. UMA LINDA FESTA
Daí, o ilustrador esquisito, fazedor impertinente de bo-
necas e bonecos última moda, iguaizinhos a esses rapazes Com grande pra1.cr recebemos ontem à noite a visita do
e moças que se movimentam por aí. pelas ruas. pelas ave- nosso ilustre confrade Antônio Lopes, que nol. veio comu-
nidas, pelos chás, pelos cinemas. pela vida, afinal. nicar haver aceito o honroso convite que lhe foi feito pelo
Jol>é Jansen encontrou-me há dia<>. E levou-me até ao rés- jO\'Crn pintorTelésforo Moraes Rego, a fim de que presidis-
do-chão onde esconde as suas pequeninas preciosidades. se a solenidade da inauguração da Mostra de Pintura a , er
Macaco velho, primeiro conversou. solidificando a ca- inaugurada domingo pela manhã no Casino Maranhense.
maradagem da vbita com uns cigarros magníficos, que me Como já foi noticiado, aquele apreciado artista, que
li7.eram, aliás, não sei por que, lembrar o meu querido ami- entre nós mantém uni curso de pintura, desejando oferecer
go Adelino... Depois, então, foi buscar o álbum e mo trou ao público um tcMemunho do aproveitamento de seus alu-
os últimos trabalhos. Urnas índias bonitas, unc; preco bei- nos, levará a efeito uma pequena exposição, consútuída
çolas. umas moreninhas tipo concurso de bdeza que ele por trabalho dos referidos alunos.
chama. circunspecto. o resultado prático do europeu, mais Querendo emprc tar um cunho atraente ti Mostra, o pro-
o preto beiçola e a índia bonita. Depois, umas garotas re- fessor Telésforo Rego organizou, também pam domingo. à
quintadas. Uns sujeitos cheios de nove-horas. Um Buda hora da inauguração, uma Hora de Arte, de que participarão
barrigudo, amarelo de inércia voluptuosa de ópio. Umas os melhores elementos dos nossos círcu los ar1ísticos.
criaturas que são cópia fiel de outras criaturas que a gente Antônio Lopes. que conosco palestrou longamente, fa-
já viu pela vida. Um bazm de bonecos e bonecas gritando lou com entusiasmo da fonnosa iniciativa do profcssorTclés-
nas atitudes rafí11ées a alegria do colorido. foro Rego. mostrando-se o mesmo dedi.::ado e sincero amigo
Quando o álbum acabou. José Jansen disse: da mocidade maronhcnse. (0 lmparcia., 3/4/1930, p. l).
- Eu vou fazer uma exposição. Com isso tudo e mais
alguma coisa. CURSO TELÉSFORO REGO
Os óculos de Jansen faiscaram como se estives em ilu- A EXPOSIÇÃO DE HOJE, NO CASINO
mi nando o caminho da vitória. E aos meus ouvidos a sua
voz gritou o berro da sirene que pede para sair da frente. Realiza-se hoje, às 10 horas, no salão nobre do Casino
Olhei para Jansen. Olhei para os desenhos. Olhei par.i Mar:mhense, a inauguração da Mostra de Trabalhos de Pintu-
o pincéis e para o papel branco estendido sobre a mesa. ra e Desenho dos alunos do professorTclél.foro Moraes Rego.
Compreendi que o "Ford" queria arrancar. Queria embalar. A cerimônia, que será presidida pelo no~so ilustrado
E prudentemente caí fora. confrade Antônio Lopes, na qualidade de diretor da Esco-
FÁBIO ANTÓNIO*
la de Belas-Artes, revestir-se-á de grande brilho, tendo
(O Imparcial, 1°/411930. p.2).
sido feila, para assisti-la, profusa distribuição de convites.
Ames da inauguração haverá uma interessante Hora
CURSO TELÉSFORO MORAES REGO de Arte. com variado programa, no quaJ tomar:ío pane des-
tacadas figuras do~ nossos drculos artísticos.
Realiza-se domingo vindouro, às 10 horas, no salão
Os alunos do profe~sor Telésforo Rego que tornarão
nobre do Casino Maranhense, a abertura solene da mostra
parte na exposição do Casino são os seguintes: Tarquínio
dos trabalhos de pintura e desenho dos alunos do acata-
José Lopes, Linieth Figueiredo, Ad~ li a Oeaubrum. Célia
do professor Telésforo Moraes Rego.
Li!:boa Moraes Rego. Ivone Lisboa Moracs Rego. Elisa
A inauguração será precedida de uma i111ercssante Hora
Lisboa Moraes Rego, Maria Lisboa Mornes Rego, Maria
de Arte, na qual tomarão parte os nome. mais destacados
Luísa Moraes Rego. Murilo Oliveira. Sílvio Salgado, Jo é
dos nossos meios artísticos, além dos feMcjados tenores
Ribeiro Gonçalves, f\taria da Conceição Ribeiro e Santa
Vicente e João Cele~tino, que prometem número de sen-
Cunha Júnior. (O Imparcial, 614/ 1930, p. l ).
sação. (O Imparcial, 1°/4/1930, p.3).
VISITAS
VÁRIAS
Recebemos hoje pela manhã a visita da Sra. Amina de
O ecretário-geral do Estado as inou ontem as seguin-
Paula Barros, compelente pintora muranhense que veio
tes ponarias: - Nomeando o cidadão Rubern Almeida para
professor auxiliar da cadeira de português do curso gina- tra7cr-nos as suas despedidas por ter de seguir amanhã.
sial do Liceu Maranhcnsc, com a gratilicação mensal de no J0tio Alfredo, para Belém, onde vai levar a efeito uma
exposição de seus trabal hos. (O Imparcial. 7/4/1930, p.2).
300$000; concedendo 30 dias de licença, com ordenado.
ao cidadão Rubens Damasceno Ferreira. professor de de-
FOTO PARIS
senho do curso ginasial do Liceu Maranhcnse. (O Impar-
cial, 1º/4/1930, p.4).
Comunicou-nos o Sr. João Pantoja haver reaberto o
cu ateliê fotográlico, com a mesma denominação de Foto
• P~cudõnimo do poeta Antônio Vasconcclo<t. Paris, no prédio da Praça João Lisboa, junto à Pacotilha.

(V';;) 437 <:,(>)


LUIZ OE MELLO ~
~

O Foto Paris encontra-se montado e cm condições de que o seu professor. incansável como o fo i. muito trabalho
receber a mais fina e exigente freguesia. (O Imparcial, 7/4/ não lhe deu para os corrigir. Desta galeria salientamos um
1930,p.4). lindo luar, a pastel. Da Galeria Figueiredo: - Deste, en-
tão, nem se pode deixar de destacar as suas bela<> sangüí-
A ENTREGA DE DIPLOMAS AOS ALUNOS neas. Como desenhista, é um dos mais aplicados. Suas
DE PINTURA DO PROFESSOR sangüíneas são bem-feitas.
TELÉSFORO MORAES REGO Ao professor Tclésforo Rego e a seus alunos. os nos-
l>OS parabéns. (0 Imparcial. 151411930. p.4).

Como estava anunciada, realizou-se anteontem, às 1O


horas da manhã, no salão nobre do Casino Maranhcnse, a MAURO LIMA
cnlrega de diplomas e exposição de pinturas dos alunos
do dedicado professor Tclésforo Rego. Acha-se exposto na montra da Fannácia Garrido um
Precedendo aquela solenidade. houve uma encanta- lindo baixo-relevo da senhorita Maria de Lourdes Pantoja,
dora Hora de Inverno, declamando Antônio Pires, Tarquí- Miss Maranhão em 1929, trabalho encantador do jovem
nio José Lopes, Amélia Cardoso, tocando solos de violino Mauro Lima. (O Imparcial, 18/4/1930, p.4).
o aplaudido virtuose da Companhia Teatral Vicente Celes-
tino - Sr. Brandão Sobrinho. A VIDA NA SOCIEDADE
Vicente Celestino, o renomado tenor nacional, deliciou
a seleta e fina assistência cantando alguns números. A Sra. Amina de Paula Barros pisou em terra paracnse
com o pé direito. E está feliz com a sua exposição de pintu-
Falou depois o notável tribuno Dr. Carlos Reis, que
ra. Pelo menos é o que se lê nos jornais de lá. E isso é bem
proferiu brilhante alocução alusiva ao ato.
para alegrar a gente, porque é mais uma prova cm favor
Depois, o Dr. Antônio Lopes fez, sob as palmas dos
das tradições maranhenscs de inteligência. (0 Imparcial.
presentes, a entrega dos diplomas aos neopintores.
24/4/ 1930. p.2).
Lnaugurando-se em seguida a exposição de quadros dos
inteligentes alunos do professor Telésforo Rego, tiveram os RUBENS DAMASCENO
convidados daquela festa a melhor das impressões pelos tra-
balhos exibidos, que são um atestado eloqüente do esforço e Partiu da Capital do País, onde se encontrava em via-
compelência do professor Telésforo e constituem ao mesmo gem de recreio. o nosso prezado colaborador Rubens Da-
tempo revelações de noi,íveis pendores artísticos. masceno Ferreira, a quem teremos o prazer de abraçar bre-
Ao professor Telésforo e seus alunos mandamos nos- vemente. (O Imparcial, 251411930, p.2).
sas felicitações pelo êxito obtido. (Folha do Povo, 8141
1930, p.I). ANIVERSÁRIO

MAURO LIMA Está em festas, hoJe, o lar do talentoso artista mara-


nhcnse Evandro Rocha, 1eloso e competente desenhista
Mauro Lima, nosso jovem conterrâneo, fez-nos ontem da São Luís - Teresina, por motivo da passagem do nata-
uma oferta: a efígie do ilustre coronel Brício de Araújo, vice- lício do seu querido filhinhoAldo (0 Imparcial. 28/4/1930,
prcsidente do Estado, aberta, magistralmente, na pedra. p.2)
Revela-se-nos Mauro Lima talentoso artiMa que nos
dá uma prova de sua habilidade. A EXPOSIÇÃO DE PINTURAS DA SENHORA
O festejado político maranhense aprescnta-lo-á decer- AMINA PAULA BARROS
to ao presidente do Estado, que precisa de conhecer a
mocidade maranhcnse pelos seus surtos de inteligência e Na Folha do Nane, edição de 17 de abril corrente.
aplicação. E nó!> o apresentamos à sociedade maranhensc lemos:
e ao povo em geral. (Tribuna, 9/4/ 1930, p. ). No salão de visitas da Assembléia Paraense instalou-
se ontem a exposição de pinturas da senhora Amina de
EXPOSIÇÃO DE PINTURA Paula Barros. distinta ani-.ta maranhense que veio até a
nossa capital exibir alguns trabalhos de sua lavra.
Encerrou-se sexta-feira a exposição de pintura dos alu- Depois das 9 horas da manhã. presentes várias autori-
nos do professor Telésforo Moracs Rego. dades. entre as quais o coronel comandante da Região
Tivemos ocasião de examinar com atenção os Lraba- Militar, os representantes do~ Srs. senador intendente de
lhos nela expostos. Da Galeria Tarq11Íllio notamos que o Belém, capitão do porto, chefe de Polícia e comandante da
expositor soube com muito go'>to organi7á-la, confeccio- Brigada, outros cavalheiros, senhoras e senhorita.'>, foi fran-
nando quadros que, como o de frutas, feito a pastel, muito queada à visitação pública a expoc;ição, constante de treze
demonstram o seu adiantamento. Da Galeria Linieth veri- telas que já nomeamos. segundo o respectivo catálogo,
ficamos o gosto, a paciência com que a distinta diploman- tendo tido a assistência oca~ião de apreciar a<; boas pro-
da soube aplicar a sangüínea, a sépia, o crayon e o pastel. duções da operosa pintora maranhense. que se revela dis-
Muito difícil será destacar um dos seus quadros, pois to- cípula aproveitada de seu marido, o conhecido pintor cea-
dos os que lá estiveram !.ão dignos de aplau<>os. Da Gale- rense Paula Barros.já falecido.
ria Adélia: - Como diplomanda nova, somos de parecer Entre os seus quadros. na maior pane paisagens e al-
que a mesma muito estima sua arte, pois soube demonstrar guns de naturcta-morta e marinha. ressaltam dois deste

C::../ Q) 438 ~ê>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

gênero. assim como os de nature7a-morta, pintados com Era incontestavelmente um vitorioso. O trabalho é o
admirável naturalidade, notadamente uma melancia e um que i.e pode desejar de talento e habilidade.
mamão, tendo também detalhes interessantes um deles. Exposto de hoje em diante na Fannácia Sm1itária. na Pra-
representando uma mesa de chá cm que uma jarra de fl ores ça João Lisboa. todos poderão mais facilmente admirá-lo.
é de uma naturalidade flagrante. Al iás, des1c gênero, não é o primeiro trabalho de Mau-
As duas telas representando marinhas foram adquiri- ro Lima. Na vi trine da Farmácia Garrido encontra-se um
das pela diretoria da Assembléia. trabalho igual. cm que é homenageada a festejada senho-
Versando quase todas as paisagens sobre aspectos ma- rita Maria de Lourdes Pantoja, vencedora do título de Mis-
ranhcnses, é de crer que tomará interesse pela exposição. se Maranhão no ano passado.
visitando-a e adquirindo aqueles trabalhos. a numerosa co- Mauro Lima é digno de talento que deve ser aproveita-
lônia da terra de Gonçalves Dias, nes1a capital. do. Seu esforço. sua pertinácia por vencer na luta pela
A diretoria da Assembléia gentilmente obsequiou com vida, vibrando à luz do seu ideal artístico, é uma segurança
uma mesa de frios e gelados as pessoas que comparece- para su~1l> conquistas no futuro. (Trib1111a, 6/511930, p. ).
ram à exposição.
Por essa ocasião o nosso colega Dr. Maninho Pinto,
ESCULTURA
secretário da Folha, em breves palavras saudou a distinta
pintora pelo sucesso da exposição recém-inaugurada.
Na montra da Farmácia Sanitária cstCI exposto um bus-
Continuarão ali expostos os trabalho<: da senhora Amina
to da senhorita Hadjine Lisboa. homenagem significativa
Paula Barros durante alguns dias.
que à Rainha da Mulher Maranhcnse presta o jovem e
O Sr. Dr. governador do Estado prometeu visitar, em
pessoa, o certame artístico da no!.sa distinta patrícia. (Fo- talentoso anista Mauro Lima. (0 Imparcial, 10/5/ 1930, p.8).
lha do Povo, 29/4/1930, p.4).
DECRETOS
PROFESSOR RUBENS DAMASCENO
O Sr. presidente do Estado assinou ontem os seguin-
Regressou da Capital do País. aonde fora a passeio, o tes decretos:
nosso querido colaborador e competente professor Ru- ( ...) Nomeando o Sr. Tclésforo de Moracs Rego e D.
bens Damasceno Ferreira, figura de destaque na intelecru- Ersila Pinto para exercerem, respectivamente, os cargos de
alidade maranhense. profe. sorcs de desenho e prendas femininas das escolas
O Imparcial cumprimenta-o pelo seu fe liz regre so à primárias da Capital. (O I mparcial. 16/511930. p.6).
sua terra natal. (O Imparcial. lº/5/ 1930, p.2).
MAIS UM TRABALHO DE MAURO LIMA
UM TRABALHO DE MAURO LIMA
O jovem e talentoso artista maranhcnsc trouxe à nossa
Há tempos tivemos ocasião de publicar uma gravura redação mais um trabalho de sua lavra, para ser exposto.
em mármore, feita pelo nosso jovem e talentoso conterrâ- É um medalhão do Dr. Basfliu Sá, prefeito Municipal.
neo Mauro Lima. Aefígie do coronel Brício de Araújo apa- Todas as pessoas que o têm visto tecem francos aplau-
rece nessa gravura sem um defeito e com as linhas bem so~ ao esperançoso Mauro. que, deste modo. dia a dia
acentuadas. fimia cm respeito ao seu talento o melhor conceito.
Mauro Lima conta 18 anos de idade. Nunca teve mes- O medalhão vai ser colocado de hoje cm diante no
tres, nem guias. Rebenta-lhe. assim, o talento. a vocação, mo,trador da Farmácia Sanitária, na Praça João Lisboa.
manifestando a todos que se Mauro Lima ti,er recursos Então vcmí o público mais uma vc1. que Mauro Lima confir-
para estudar, o Maranhão poderá esperar dele amanhã ma ~cu merecimento.
dádivas que o honrem.
Se este nosso jovem artista conterrâneo encontrar a
• proteção, de que é digno. cslamtis certos de que fará bri-
Agora, temos sobre a nossa mesa outro trabalho de
lhante caiTeira.
Mauro Lima que tem sido admirado por quantos o têm
T/W1UNA. que vem acornp:lllhanclo com interesse e
visto.
cnlu,iac;mo os surtos de seu talento, cumprimenta-o, de-
É um busto da distinta senhori1a Hadjinc Lisboa. que
sejando-lhe sejam coroados de bom êxito todos os seus
acaba de ser eleita Misse Maranhão.
Mauro Lima não teve à vista o modelo. que melhor esforços. (Trib1111a. 20/5/ 1930).
convém a trabalhos dessa nature1a. Ele não pôde fazer um
retrato de fisionomia original, mas, como os grandes artis- MAIS UM TRABALHO DO JOVEM MAURO LIMA
tas.contentou-se com uma fotografia da Misse Maranhão,
que lhe mandou pedir. Cedeu-lhe gentilmente, a homena- Vai ser exposto hoje, numa das mon1ras da Farmácia
geada, e eis o jovem artista a trabalhar com o gesso, desa- Sanitária. um lindo quadro cm alto-relevo com a efígie do
parelhado completamente dos instrumentos necessários à coronel Antônio Chaves.
cativante arte a que se inclina o espírito. E. sem esmoreci- Es e trabalho, que é mais uma prova do talento artísti-
mento, foi direto ao seu fim . co do jovem escultor conterrâneo Mauro Lima, representa
Ao cabo de alguns dias. o Mauro Lima entrou por esta também o desenvolvimento da Crédito Mú1uo Predial, fun-
redação com a sua obra e a fotografia. dada por aquele capitalista. (0 Imparcial, 11611930, p.4).
LUIZ DE MELLO

UM ARTISTA QUE EMERGE Gratos pela gentileza do convite. (0 Imparcial, 16nl


1930, p.2).
Fo i-nos apresentado hoje um medalhão contendo a
efígie do provec10 advogado Dr. Jansen Matos. NATAL ÍCIO
Obra de um artista conterrâneo, achamos que muito
nos merece es1e moço, pelas qualidades de artista que Raimundo Rocha, dileto filhinho do aplaudido dese-
investe e pelo gênio que aflora de sua personalidade. alé nhi ta Evandro Rocha, comemora hoje a passagem do seu
agora, ainda esquecida.' primeiro natalício. (O Imparcial. 11n I 1930, p.2).
Estude o rapaz, encontre ele pro1cção de quem de di-
reito e verão os maranhenses se não temos aqui mesmo, EXPOSIÇÃO DE PINTURA
no nosso meio, individualidades que amanhã glorificarão O PROFESSOR TELÉSFORO DE MORAES REGO
a 1erra cm que nasceram - o Maranhão. (O Combate, 10/6/ VAI EXPOR VÁRIOS TRABALHOS
DE SEUS ALUNOS
1930.p.4).

Às 9 horas de segunda-feira, nos salões do Casino


MAURO LIMA
Maranhense o conhecido professor de desenho e pintura
Telésforo de Moraes Rego levará a efeito mai uma exposi-
Decorre hoje o anivcr ário na1alício do cs1udioso e
ção de 1rabalhos de alunos seus, proporcionando, então,
inteligente Mauro Lima, elemento promissor no campo da
aos visitantes, uma esplêndida Hora de Arte cm que toma-
arte maranhense.
rão pane as figuras mais fc tejadas no canto, na música e
Trabalhos tem feito o jovem artj ta que provocaram a
na declamação, entre nós.
atenção da curiosidade pública.
Um bem elaborado programa está sendo confecciona-
Fazemos vo1os pela realização do seu subi ime ideal. (O do para tal fim , dele constando números escolhidos e de
Combate, 10/6/ 1930,p.4). verdadeiro sucesso.
O público maranhense não deve perder essa oportuni-
ARTES E ARTISTAS dade de incenti var, com os seus aplausos, as vocações
artísticas da nossa terra. que ' ão empres1ar brilhante real-
A pintora maranhensc A mina de Paula Barros, agrade- ce à exposição do modesto e talentoso pintor conterrâneo,
cendo-nos uma locaJ publicação a respeito da generosa que tantas admirações soube criar cm São Luís. (O Impar-
acolhida que lhe fora feita pela sociedade paraense, ende- cial, J8m 1930, p.3).
reçou-nos expressiva carta cm que se mostra profunda-
mente sensibilizada pelo modo carinhoso por que conti- HORA DE ARTE
nua sendo tratada na capital do vizinho Estado. A EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS DOS ALUNOS 00
A senhora Paula Barro , que levou a efeito nos salões PROFESSOR MORAES REGO, NO CASINO
da Assembléia Paraense uma exposição de quadros de sua
autoria, conseguiu vendê-los todos, graças à valiosa pro- Contin ua despertando grande in1eresse, nos círcu-
teção dos prestimosos membros da colônia maranhensc, los artís1icos-sociais de São Luís. a anunciada inaugu-
ali domiciliados, Srs. coronel Raimundo de Caslro Viana e ração da exposição de trabalhos dos alunos do profcs-
Benedito Passarinho, ambos figuras de destaque do aJto sor Telésforo de Moraes Rego, que será precedida de
comércio de Belém, e o senador An1ônio Faciola, atual uma Hora de Arte.
prefeito da capital guajarina. Es a festa realizar-se-á no próximo dia 28 de julho, às
Na sua missiva, a nossa conterdlnca também se refere, 10 horas da manhã, no salão do Casino Maranhense, gen-
com muita gratidão. ao apoio que lhe foi prestado pelo tilmente cedjdo pela diretoria dessa agremiação.
senador Amazonas de Figueiredo, prcsiden1e da Assem- O professor Moraes Rego está pessoalmente organi-
bléia Paraensc. zando um escolhido programa, tendo já convidado o Dr.
A senhora A mina de Paula Barros ficou residindo em Reis Perd igão para falar sobre a pintura, a música e a
Belém, abrindo um curso de pintura que está endo ba - poesia.
tante freqüentado. (O Imparcial, 28/6/1930, p.8). Os melhores elementos artístico!> de São Luís tomarão
pane deste Festival de Arte.
EXPOSIÇÃO DE DESENHOS O professor Telésforo Moraes Rego declarou que a
sua Fc ta de Arte nada tem de comum com qualquer outra
Estiveram ontem nes1a redação o professor Tclésforo Hora de Arte anunciada para a mesma da1a, no mesmo
Moraes Rego e seus alunos Sílvio Salgado, Antônio José jornal. (Folha do Povo, l 8nl l 930, p. l ).
de Oliveira Gandra e Jorge de L ima Novas, que nos vieram
convidar para assistir à exposição de desenhos que leva- HILTON ARANHA
rão a efeito no próximo dia 28, às 9 horas, no Casino Mara-
nhensc. Com simpatia e carinho artístico guardo entre as mi-
Além da exposição haverá uma Hora de Arte em que nhas relíquias de arte um folheto de Euclides Marinho Ara-
tomarão parte vl\rios elementos do nosso meio social. nha - Olhando o Passado - que de Belém me remeteu o
seu autor com a cativante dedicatória: "Ao amigo e pare n-
• O autor do medalhão é M auro Lima. te Erasmo C astro, que já sentiu com o cu coração de pai o
CRONOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

crudelíssimo golpe que me alcançou a alma, portanto, ca- grnnôeccr sua própri<i terra, se a morw não viesse sustcr-
paz de compreender a minha grande dor, ofereço estas lhc os passos, traiçoeira e silenciosamente, ali no Hospital
páginas como testemunho de minha estima." Português!. ..
Só agora me foi possível desobrigar-me do dever que Mas deixou obras que o recomendam e o glorificam!
me impus de escrever algumas linhas sobre este livro. de Dc~cendentc de Euclides Marinho Aranha e Domícin
onde exalam. sempre que o manuseio, o~ perfumes espiri- Leite Aranha, de conhecida família notável pela inteligência,
tuais de um sentimento altamente esscnciali1,ado nestas Hilton soube continuar os pendores artísticos e intelectuais
páginas de dor e de saudade em que um coração de extre- dos seus ascendentes. E. Marinho Arnnha é um tempcrn-
moso pai respinga a sua desolação assoberbante pelo de- mento sensível e versátil de artista versando a fil osofia e a
saparecimento do li lho genial - a esperança, a vida, a mo- arte literária. Reinam carinho amcnte os seus pendores na
cidade. a arte. o encanto, o orgulho e a glória de uns pais pessoa do seu talentoso filho. a sua grande obra de arte.
amantíssimos. Trata- e da pessoa do pintor maranhcnsc Forrado assim de cxlrema sensibilidade, não pôde a
Hilton Leite Aranha, falecido muito jovem cm São Luís. a 3 princípio suportar a desolação de tão grandiosa e trágica
de junho de 1926. perda. Mas, dotado de grande energia moral. soube ven-
Além dos sentimentos a que se reporta na sua dedicató- cer esta lancinan1e dor, consolando-se na arte, vazando
ria Euclides Marinho Aranha, outros além daqueles se infil- pela pena a sua sentimentalidade tão rudemente ferida. E
traram na minha ~cnsib ilidade, deixando ressonâncias espi- daí o seu livro Olhando o Passado e outros trabalhos.
rituais - são os sentimentos artísticos. a simpatia pela ane e Livro em que temamente reuniu as rápidas memórias
do seu querido anista. É um monumento de saudade erigi-
pelos artistas, esta geme feita de luz e bele.ta espiritual.
do para que. além do mai. , perdida não ficasse da memórin
Lembram-me flores odorantes que, na vastidão da ter-
tão frágil dos homens modernos o reflexo da personalida-
ra, presas à<; suas hastes olham saudosas o firmamento
de inconfundível de Hilton Aranha e das suas obras-pri-
longínquo, na ânsia de galgá-lo. Exalando os seus perfu-
mas como: Para a Pesca, Ave-Maria e outras que tão pro-
mes, são o encanto infinito da terra, os jardins que suavi- fundamen te vibraram na nossa sensibilidade artística.
zam e embelezam a vida. A terra cm si a olhos nus. vista São pedaço~ do infinito, revelações ... urpreendentes
pelo comum dos homens é inodora, inestética. prosaica. de beleza.
São os artistas que a revelam. embcle1am. ou melhor No Para a Pescfl há um tal poder evocatório, uma rea-
interpretam. A paisagem de uma tela, n mais realista, é sem- lidade tão sugestionnnte que se sente como que o efeito
pre uma síntese de beleza. um produto intclccLual. dessas brisas marinhas por manhãs esti vais. As canoas.
Os artistas são os reveladores do inlinito. Não há sím- velas bojadas, correm pressurosas. Um coqueiro farfa lha.
bolo que melhor o definam do que a figura mitológica de As vagas marulh<un. E como que se ouve este ruído. O
Prometeu. aquele que roubou o fogo do deuses para pre- A1•e-Maria é comovente, biblican1cntc ungido de filtro!>
sentear aos mortais e por isto, em castigo. te\e um abutre espirituais. Que encanto evangélico o daquele rebanho de
a roer-lhe o fígado! Da mesma enfibratura moral são os carneiros recoU1cndo no aprisco.
artistas, votados à perseguição das formas eternas da be- Ah! de quantas obras-primas de ar1c ficou privada a
leza para gozo de nós outros. nossa Atenas Brasileira! ...
História de todos os artistas, história sempre finalizada Mas, ao menos. rendamos o nosso preito aos gênios
cm tristezas l anci n ante~ e tragédias desoladoras. Ânsias peregrinos que têm contribuído com as suas obras e os seus
de alturas, deslumbramentos e depois o holocau to! Um esforços penite111cs par.i manter nos nossos dias o renome e
morro e 11111a rempeswde - eis a 'ida de um artista. glória desta terra - que forço o é dizer - pri' ilcgiada.
Um cemperamento de artisca! Que incompreendida Lra- Guimarães, 3-6-930
gédia de estoicismo! Que luta dantesca contrn a própria ERASMO CASTRO
naturc1,a humana e o meio social, mormente pouco amplos (0 Imparcial, 26nt l 930, p.8).
como este em que viveu a sensibilidade privilegiada de
EXPOSIÇÃO TELÉSFORO REGO
Hilton Aranha. Temperamento puro de nrtista capaz de
A HORA OE ARTE NO CASINO
grandes surtos, talento incontestável que lhe granjeara a
nomeada e as primeiras coroas de louros.
O conhecido profcs. or de desenho e pintura Tclésforo
No entanto, hoje como que já o esqueceram os ho-
Moracs Rego rcali1,ar:'í amanhã, dns 9 às 12 horas, nos
mens desta tão apregoada Atenas Brasileira! A 3 de junho sa•ões do Casino Maranhcnsc, mais uma exposição de tra-
de 1926 fal eceu no llospital Português um maranhense do balhos de seus aluno<;.
valor de Hilton Aranha, uma das glórias mais legítimas da Para maior bri 1ho do certame, o jovem an i l:l maranhense
moderna pintura maranhcnse. - Emretanto, o nosso meio terá o valioso concurso de vários elemento!. cm destaque
intelectual parece olvidado do sucesso do. primeiros dia nos círculos intelectuais e anísticos de São Luís. os quaii,
e crônicas lisonjeiras pela imprensa locnl! farão uma Hora de Arte que se auspicia magnífica.
PosiLivamentc, a vocação artística de Atenas vem de- I") Discurso - Reis Perdigão
soladoramente morrendo soterrada por uma época materi- 2") Solo de violino - Henrique Bluhm
al e apagada, sem ressonância e perecível como a própria 3") Fra es - Rubens Damasceno
vida material que não e perpetua. apagando-se no nada!. .. 4") Canto- RibamarPereira
Mas é preciso convir que Hilton Aranha não era um Sj Poesia - Zcnaidc Mcllo
mortal como nós outros. Ele teve uma vida inteira para 6") Duo de flauta e violino- Lui7 l lenriquc Bluhm
além dos seus dias terrenos. Era um artista fadado a cn- 7') Poesia - Wnldcmar Brito
~
LUIZ DE MEllO :<Y.

8°) Canto - Eline Mochel VISITAS


9°) Poesia- Carlos Lima
10") Canto- Ribamar Pereira Visitou-nos ontem. por intermédio de seu representan-
11") Poesia Tarquínio José Lopes te Raimundo Santos Júnior, o Sr. Alejandro Shutka, laurea-
12") Solo de saxofone - Paulo AJmeida do pintor pela Academia de Belas-Artes de Posen e autor
13") Poesia - Flora Perdigão de Bodas Macabras.
14") Palestra - E. P. Maya O famoso artista nos ofereceu um belo quadro estam-
15°) Versos - Tarquínio José Lopes pado em vidro colorido.
16") Solo de violino - Raimundo Barbosa Abrindo o áJbum do Sr. Alejandro Shutka, verificamos
17") Poesia - Carlos Lima as elogiosas 1cferências ao grande pintor.
18°) Agradecimento - Antônio Lopes O bnparcial, grato à genlilcza da sua oferta. deseja-lhe
A sociedade maranhense não deve perder esta exce- novos e sinceros triunfos. (O Imparcial. 29/811930, p.2).
lente oportunidade de admirar os lindos quadros da expo-
sição de desenho e pintura do professor Telésforo Mora- EXPOSIÇÃO DE PINTURA
es Rego e, ao mesmo tempo, apreciar os escolhidos núme-
ros da magnílica Hora de Arte de amanhã. (0 Imparcial, Esteve ontem nesta redação o Sr. Raimundo Santos
27n/1930, p.3). Júnior, representante do hábil professor de pintura em tela
e vidro Alejandro Shutka. atualmente em nossa capital.
O Sr. Santos Júnior entrete\e conosco agradável pa-
EXPOSIÇÃO TELÉSFORO REGO
lestra, discorrendo sobre a cultura artística do seu repre-
A HORA DE ARTE NO CASINO
sentado, Sr. Shutka. Este provecto professor hrevemente
fará ao público maranhense uma exposição de pintura.
Como estava sendo anunciado, teve lugar ontem, nos
Terá. então. o povo ocasião de apreciar o seu admirá-
amplos salões do Casino Maranhense, a exposição dos
vel talento anístico.
alunos do professor Telésforo Moraes Rego.
O Sr. Santos Júnior mostrou-nos diversos excertos de
Desde as 8 horas começou a aíluir grande número de
jornais dos principais países europeus e americanos onde
pessoas ao elegante cl ube da Rua Osvaldo Cruz, notada-
se lêem elogiosa<; referências ao destro pincel do Sr. AJe-
mente famílias do nosso escol social. jandro Shutka e exaltam as '>U3S qualidades pedagógicas.
Foram muito apreciados todos os quadros expostos. Ofereceu-nos um belo trabalho de pintura por filme cm
sendo o professor Telésforo ba'> tante cumprimentado pe- vidros, de autoria do Sr. Shutka.
los presentes. Ao Sr. Santos Júnior somos gratos pela gentileza da
Às l O horas, depois de algumas palavras do nosso oferta. (Foi/ia do Povo, 29/811930, p.4).
confrade Re i ~ Perdigão. iniciou-se a Hora de Arte. caben-
do o primeiro e segundo números ao barítono Ribamar ALEJANDRO SHUTKA
Pereira, o qual se fez ouvir A lua se desata, do maestro
Adelman Corrêa e Teu Olhar, de Rosina Fonseca, lindas Encontra-se nesta capital o Sr. Alejandro Shutka, artis-
canções que a professora Clélia Belfort acompanhou bri- ta pintor graduado na Academia de Belas-A11cs de Posen
lhantemente ao piano. (Posmânia. Polônia).
O Dr. Waldemar Britto, com bastante sentimento, reci- O primoroso pintor. além de inúmeras produções
tou uma das mai1> belas poesias do seu repertório. d'aprés 1wture e de criações originais do seu brilhante
A senhorita Elínc Mochel cantou Elegie, de J. Masse- espírito artístico, revelado por seu prodigioso pincel, é
net, acompanhada pelo jovem Nestor Barbo~a. autor de Bodas Macabras, admirável desenho premiado
As senhoritus Zenaide Mello e Flora Perdigão, o inte- com medalha de ouro na Expo ição Univerc;al de Saint Louis
ligente menino Carlos Lima e o jovem Tarquínio José Lo- (Missouri, Estados Unidos), que lhe valeu a notabilidade
pes declamaram inspirados versos de renomados autores. de que justamente goza.
O professor Paulo Almeida executou um di fíci 1Bolero, O Sr. Alejandro é uma personalidade de escol, aureola-
ao saxofone, fazendo os acompanhamentos, ao piano, o da por boa cultura e modéstia que o tornam sobremodo
Sr. José Passos. cati vante.
O Sr. Estolano Polary Maya. durante cinco minutos, Tem feito em diversos paí'>e'> exposições dos <,eus inú-
comou algumas anedota!.. meros trabaJho<>. e pela impren!ia desses países foi bem
Finalmente, o professor Rubens Damasceno leu um acolhido com entusiásticos elogios, como se vê do rico
bem cuidado trabalho de sua autoria, encerrando-se assim álbum onde coleciona muita<; crônicas a respeito do seu
a Hora de Arte, cujos número<; foram todos merecidamente valor artístico.
aplaudidos pela numerosa e seleta assistência. (0 Impar- Cativou-nos com a oferta de uma pintura a óleo, em
cial, 29n/ t930, p.2). vidro. de sua inspiração, representando uma linda paisa-
gem natural. ao cair da noite, mimo esse que guardaremos
DR. JUSTO JANSEN com carinho e como grata recordação da sua passagem
por esta capital.
( ...) Por iniciativa do 3º ano ginasial e com o apoio do Sabemos que cm breves dias fará, no salão nobre do
professorado e alunos do Liceu, será inaugurado no salão Eden. gentilmente cedido pelo Sr. Raul S. Martins, exposi-
nobre desse estabelecimento o retrato do Dr. Justo Jan- ção dos seus magistrais trabalhos, que certamente alcan-
sen. (0 lmparr ial, 22/8/1930, p. I). çarão sucesso. (0 Combate, 29/8/1930, p.4).
CRO NOLOGIA DAS ARTES PLASTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

EMÍLIO HABIBE Shutka trabalha com real mestria, não ~ó cm paisagens


das mais vigorosas e lindas, como também em retratos a
Já está pronto o quadro emoldurado do nosso ines- óleo e cópias ao natural.
quecível amigo Emílio Habibe, que durante alguns anos O!> amantes da boa arte no Maranhão devem visitar a
exerceu com rara dedicação e probidade as funções de exposição do dia 3, para melhor poder aquilatar do valor do
gerente d'O Combate, onde deixou radicadas amizades artista que ora percorre o Brasil. (Tri/m11a, 31/8/ l930, p.7).
nesta casa que o guarda com grntidão imperecível, pelo
muito que nos fez e de que se tomou credor. UM MEDALHÃO DE PASTEUR
O Combate vai expô-lo por algun\ dias na vilrine da
conceituada Farmácia Sanitária, de propriedade do Sr. Je- E\ttí cxpo. to há dias na vitrine da Farmácia Sanitária
!>U5 N. Gomes. (O Combate, 30/8/1 930, p.4). um medalhão do grande cientista Pa!>tcur, feito pelo nosso
inteligente conterrâneo Newton Sá.
ALEJANDRO SCHUTKA É um serviço bem-feito, o que demonstra o bom gosto
ARTISTA PINTOR artístico de Newton Sá e sua grande aptidão para a difícil
arte abraçada.
Encontra-se como nosso hóspede, há alguns dias. o Pasteur es1á magnificamente esboçado no medalhão,
afamado artista alemão, naturali1ado colombiano, Sr. Ale- representando esse trabalho de escultura de Newton Sá
jandro Schutka, que vem de percorrer a América Latina, de- um do<; mais perfeitos da sua enorme glória. (Tribuna, 3 1/
pois de haver visitado toda a Europa e a América do Norte. 8/1930. p.6).
Alcjandro Schutka esteve ontem na no sa redação,
onde entreteve conosco agradável palestra, oferecendo- EXPOSIÇÃO DE PINTURA
nos, num ge5to de gentileza, um artístico trabalho seu.
como arte decorativa em vidro. No ~alão nobre do Eden sertí inaugurada hoje uma ex-
O quadro que ficou <!m nosso poder representa um posição de pintura dos quadros do competente professor
trecho de paisagem amazônica. cuja originalidade foi con- Alexandre Shutka.
cebida pela imaginação do emérito artista, que prometeu Das 9 horas cm diante a entrada será franqueada ao
fazer. dentro cm breve, sua exposição de quadros verda- público.
deiramente artísticos, depois de dar a mostra dos seus Dado o valor artístico do professor Shutka, é de pre-
trabalhos de fantasia cm vidro. ver-se. desde logo. que a exposição dolo seus trabalhos
No seu canão de visita lêenH,e estes dizeres: ..Alejan- alcançar:í êx ito completo.
clro Schutka - artista pintor. Graduado en La Academia de Oportunan1enteo referido profes<,or fará uma outra expo-
Belas-Artes de Posen, autor de Bodas Macabras, 2• Me- sição de trabalho a óleos/tela. (O l111parcial, 31911930. p.6).
dalla de Oro, Exposicion San Louis (Mis ouri)."
Foram estas as credenciais exibidas pelo respeitável UM GRANDE ARTISTA
artista, além do trabalho que nos foi ofertado.
O exímio pintor, que pretende se demorar nesta capital Terá início hoje, às 9 horas. u exposição de pintura do
trabalhando na sua encantadora profissão. tem já alguns grnndc artista alemão Alexandre Shutka. cuja especialida-
de na arte decorativa tem recebido da crítica dos inúmeros
alunos cm domicílio e pensa criar um curso de pintura.
paí-,ei. que tem percorrido, na :.ua tumc'.:, ª' ma.is calorosas
Gratos pela oferta que nos feL. desejamos-lhe pro pe-
palavra. de elogios.
rídadcs nesta hospitaleira terra que sabe tão bem apreciar
O:. trabalho que vão ser expostos no salão do Eden.
os verdadeiros artistas. (Diário do Norte, 30/8/J 930, p.6).
durante o dia de hoje, são lindos conjuntos de paisagens
trabalh.idas cm vidro, de efeito deslumbrante e capaz desa-
UM GRANDE ARTISTA
tisfa1,er aos mais exigentes críticos daquela especialidade.
Devido ao gentil oferecimento do Sr. Raul Ma11ins, ge-
O Sr. Santos Júnior, na qualidade de representante do rente da E.F.C. M., a exposição será feita das 9 ns 11 e das
pintor Alexandre Shutka, esteve cm visita a esta redação, a 13 à-; 16 horas, havendo à noite nova exibição dedicada
fim de convidar-nos para assistir à exposição que aquele ao. freqüentadores daquela casa de diversões.
inteligente e hábil artista vai rcali1,ar no salão nobre do Os que no Maranhão amam as nossas tradiçõe de
Edcn, no próximo dia 3 de etembro. arte, não devem perder a fe liz oportunidade de apreciar
.Na mesma visita, o emissário do grande artista que é quanto vale o grande e talentoso pintor que ora nos visita.
Alexandre Shutka, teve o ensejo de mostrar-nos uma vas- Em brc' e o Sr. Shutka terá ocasião de f37,cr nova exposi-
ta coleção de anigos de crítica, firmados por hábeis cro- ção de trabalhos cm retratos ao natural. que é também um
nii.tas de diversas cidades brasileiras, onde se lêem calo- dos ramos cm que se especiali7ou. (Tribuna, 3/9/1930, p.2).
rosos aplausos aos trabalhos do talentoso paisagista que
o Maranhão hospeda por alguns dias. EXPOSIÇÃO DE ARTE DECORATIVA
Dentre as muitas referências elogiosas que lemos so-
bre a arte desse anista ~Jemão de grande mérito. vimos Foi anteontem inaugurada no salão nobre do Cine-Te-
referência especial à sua maje tosa criação BODA MACA- atro Edcn a mostra de pintura decorativa cm vidro do fa-
BRA, quadro a óleo que hoje pertence ao museu da família moso artista alemão Alejandro Shukta, que se acha entre
do Banio do Rio Branco. nós há quase um mês.
LUIZ DE MELLO

Segundo nos infonnaram, o professor Shutka preten- Folha do Povo. associando- e às justas homenagens
de mais tarde fazer a sua exposição de trabalhos verdadei- que o aniversariante receberá por esse feliz evento. auspi-
ramente a11ís1icos. cia-lhe muitas felicidades extensivas à ua família. (Folha
Ao professor Alejandro Shulka auguramos o melhor do Povo, 201911930, p.3).
sucesso pela bela mostra que ora proporciona ao público
maranhcnsc. ALCINO BÍLIO
Consideramos bela sua mostra de pintura, por saber-
mos que o grande artista acaba de expor trabalhos que fez A data de amanhã assinala a pas agem do primeiro
aqui, no mesmo gênero, dum lindo quadro que nos foi aniversário do falecimento do pranteado Alcino Bílio, fun-
gcntilmentc oferecido. dador do Jazz Alcino Bílio, que até hoje ainda goza a fama
Oportunamente faremos nossa apreciação sobre o su- de ser o primeiro conjunto musical de São Luís.
cesso que dccc110 lerá o professor Shutka. (Tribuna, 5191 Em comemoração à data. a família do extinto manda
1930,p.8). celebrar missa, às 6.30 horas, na igreja de Nossa Senhora
d0Carn10.
RETRATO DE PASTEUR Durm1e a solenidade, o Jazz Alcino Bílio executará mar-
chas fúnebres. (O lmparcía/, 2 1/9/ 1930, p.4 ).
Tivemos ocasião de ver, exposto na vitrinc da Farmá-
cia Sanitária, o retrato de Pasteur cm cimento annado, bem- PADRE OSMAR PALHANO DE JESUS
acabado trnbalho do jovem escultor Newton Sá.
Como as ou1ras produções do nosso talentoso conter- Após alguns meses de au. ência, regressa hoje a esta
râneo, essa que vem de ser exposta merece também a aten- capital, pelo lta111bé, o jovem sacerdote Osmar Palhano de
ção pública, visto como é um fino trabalho que afirma o Jesus, cura da Sé e diretor da interessante revista Boa
valor artístico do seu autor. (0 Imparcial, 9/9/1930, p.8). Semente.
Ao jovem itinerante, que é largamente estimado na nos-
SOBRE A INAUGURAÇÃO DO RETRATO sa sociedade, serão prestadas carinhosas homenagens.
DE EMÚ.IO HABIBE (O Imparcial. 1°/10/1930, p.2).

( ...)A ampliação foi preparada pelo hábil artista Sr. Pan- NO TEATRO ARTHUR AZEVEDO
1oja Filho, que tem o seu ateliê na Praça João Lisboa n.º 53, A RETIRADA DAS PLACAS ALI EXISTENTES
trabalho que o recomenda como um dos mai~ exímios artis-
tas nesse gênero. (O Combate, 11 /9/ 1930, p. l ). Um grupo ele jovens intelectuais, à frente dos quais se
encontra o festejado Antônio Pire , tomou a rc olução de
A EXPOSIÇÃO DO PINTOR SHUTKA arrancar do saguão do Teatro Arthur Azevedo várias pla-
cas ali indevidamente colocada , numa glorificação imere-
Estivemos cm visita ao saJão nobre do Cinc-Teatro Eden, cida de figuras apagadas do teatro brasileiro.
onde estão sendo exibidas lindas e magistrais paisagens do Após entendimento com a Junta Governativa, esta se
artista pintor alemão Alexandre Shutka, as quais têm mereci- prontificou a apoiar a iniciativa, dela incumbindo o jorna-
do os mais justos e encomiásticos louvores das famílias do lista Antônio Vasconcelo e Antônio Pires.
nosso escol social e pessoas inúmeras que têm visitado a Hoje, às 15 horas, será feita a retirada das placas, em
exposição do fc. tejado artista, cuja reputação tem merecido presença de intelectuais, homens da imprensa e do público.
crítica elogiosa da culta Europa e cm quase todos os países Apenas serão conservadas as placas cm homenagem
da América. (O Combate, 131911930, p.4). às irmãs Aura e Adel ina Abranchcs, Lucília Peres, Ângela
Pinto e Vicente Celestino. (Folha do Po1'0, 15/ 10/1930, p.4).
PROFESSOR RUBENS DAMASCENO FERREIRA
UM LINDO TRABALHO DE MAURO LIMA
Esteve em nossa redação uma comissão de estudantes
do Liceu Maranhcnse, composta das senhoritas Raimunda Esteve hoje cm nossa redação o talentoso jovem con-
Oliveira Pacheco, Aurita Vasconcelos de Jesus e Miguel terrâneo Mauro Lima, que nos veio mostrar dois lindos
Nahuz, que nos veio trazer um convite para assi tirmos ama- trabalhos em gesso de sua autoria.
nhã, às 20 hor.tS, na Rua Godofrcdo Viana. 340, a uma home- São duas efígies contendo a figura da ilustre precepto-
nagem ao professor Rubens Damasceno Ferreira, compe- ra conterrânea Ro. a Castro.
tente catedrático de desenho daquele estabelecimcnto, pela A Mauro Lima, que ofereceu à distinta professora e à
data do seu aniversário. (...)(0 Combate, J 9/9/1930, p.4). Academia dos Novos os seus magníficos trabalhos, envi-
amos os nossos cumprimentos por mais essa vitória na
RUBENS DAMASCENO FERREIRA a11e do buril. (Follw do Po\'O, 16/10/1930, p.3).

A data de hoje registra o aniversário natalício do nos- MEDALHÃO


so distinto e prezado colnboraclor professor Rubens Da-
masceno Ferreirn. que é um estudioso de letras e devotado Acha-se em exposição na vi1rine de J. Travas os um
cultor da.-, a11es, e criou no nosso meio social um vasto medalhão comendo o busto do general Juarez Távora, tra-
círculo de nmigos e admiradores da sua aprimorada inteli- balho do talentoso artista Mauro Lima. É digno de ser
gência e dos belos predicados que o caracterizam. apreciado. (Folha do Pol'o, 25/l OI 1930, p.3).
CRO N OLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHAO (18 42 1930)

UMA EFÍGIE DE JUAREZ TÁVORA Trata-se de um busto, cm rnmanho natural, do prante-


ado revolucionário brasileiro Siqueira Campos, o qual será
EsLá exposto desde ontem. na viLrine da casa J. Travas- colocado por este., dia-. no Quanel do 24º BC.
sos, um lindo medalhão de Mauro Lima contendo a figura Não há dúvidas que Mauro Lima cada vez mais se afir-
excelsa do bravo general revolucionário Juarez Távora. ma no conceito dos seus conterrâneos como um espírito
Esta efígie será oferecida à Junta Rc' olucionária Ma- muito promis'>or. (O Imparcial, 1511 111930, pA).
ranhense, cm homenagem ao grande feito da Revolução
Brasileira. (Folha do Pm•o, 26/10/1930, p.4). UM MIMO DE ARTE

UM TALENTO PROMISSOR O conceituado pintor Alexandre Shukta, que presente-


mente se encontra entre nó~. teve a gcntilc.w de ofertar ao
Vimos outro dia, exposto numa casa de quadros na chefe de redação desta folha um belo quadro.
Praça João Lisboa, um retrato a crayon do grande presi- Intitula-se U1io Rincon de Magda/ena, e representa
dente João Pessoa. uma paisagem do grande rio colombiano. pátria de sua
O trabalho, que é magnífico, foi feito pelo jovem José esposa e sua, de naturalin1ção.
Gonçalves, fun cionário da São Luís - Teresina. O trabalho revela o pincel do mcstrl.! que o traçou, e é um
As feições enfagicas do inolvidável brasileiro estão atestado insofismável da sua invulgar capacidade artística.
gravadas na tela com uma perfeição admirável. É de esperar que tão proficiente pintor mereça a aten-
José Gonçalves. que jamais freqüentou cursos de pin- ção do aprcciadore~ da Divina Arte. pois os trabalhos
tura, é uma prombsora revelação nos meios artísticos de magníficos que continuamcnle expõe valem pela melhor
São Luís. prova da sua adestrada eMcsia. (Tribuna, 18/ l 1/1930, p. I ).
É preciso que se auxilie esse coestadano talentoso.
Aproveitemos ua notável inteligência que, cultivada UM FORMOSO TRABALHO DE MAURO LIMA
cuidadosamente, muito fará nos domínios maravilhosos
da arte que imonali.wu Rembrandt. (Folha do Pol'O. 30/10/ Tivemos ontem o pr;vcr de admirar o último e formo o
1930, p.4). trabalho do jovem e esperançoso escultor Mauro Lima.
É um bu to do bravo Siqueira C:lmpos.
TRABALHOS DE NEWTON SÁ Os traços revelam os progressos que rapidamente está
fazendo o anista conterrâneo, cujo esforço deve merecer a
Na vitrinc da conceituada Fam1ácia Sanitária têm sido atenção dos que se interessam por coisas de arte.
expostos primorosos trabalhos do jovem e apreciado es- O trabalho ser.~ hoje exposto.
cultor Newton Sá, entre outros. baixos-relevos de Pasteur, Parabéns a Mauro Lima, pela tenacidade com que
Osvaldo Cruz, Teixeira Mendes e João Pessoa. vai conquisLando os segredos do cinzel. (Tribuna, 18/
BrevemenLe serão apresentadas à admiração pública 11/1 930, p.6).
as cabeças "Jam::icy e Yacira Guterres", busto de Misse
Maranhão de 1929 e uma coleção de 22 medalhões, enco- A INAUGURAÇÃO DO RETRATO DE JOÃO
mendados pelo Dr. Ramalho Cavalcami. (Tribuna . 811 11 PESSOA NA SALA DE HONRA
1930. p.2). DA FOLHA DO POVO

ALEXANDRE SHUTKA Cumprindo o :m.lcntc desejo de vários amigos e corre-


ligionários do Dr. Tarquínio Lopes Filho. foi colocado
Acham-se cm exposição na casa de móveis Oliveir:i, na solenemente na nossa sala de honra o retrato do inolvidá-
Rua Nina Rodrigues, dois excelentes trabaJhos do compe- vel brasileiro que foi João Pessoa e que esses dedicados
tente pintor colombiano Alexandre Shutka - os retrato patriotas maranhcnscs adquiriram na galeria do professor
dos Srs. João Pessoa e Marcelino Machado. Tclésforo Moraes Rego.
Quantos os têm admirado são unânimes cm honrar a A solenidade esteve altamente emocionante pela vi-
excelência do trabalho do exímio ani ta. bração e sentimento revelados cm lodos os pre entes que
Shutka, que se encontra entre nós há três meses, já se enchiam o salão e iam até às ponas da redação. (... )
tomou bastante conhecido pelos muitos quadros que tem (FolhadoPm•o, 19/1 1/1930,p.4).
preparado.
Retratista e paisagista especializado, também se po- NO ROSÁRIO
dem contemplar formosos quadros na Casa Sião, na Rua INAUGURAÇÃO DOS RETRATOS DE
Osvaldo Cruz. JOÃO PESSOA E SIQUEIRA CAMPOS
O professor Shutka tem já crescido número de alunos.
Os trabalhos que expõe são o melhor atestado do seu Por iniciativa do Sr. Lourenço Coelho, encarregado da
valor. (Tribuna, 1011111930, p.2). administração municipal da cidade de Rosário, serão inau-
gurados no próximo sábado, no salão nobre da Prefeitura
UM BUSTO DE SIQUEIRA CAMPOS daquela cidade, dois magníficos retratos dos pranteados
brasileiros João Pessoa e Siqueira Campos, que deram a
Tivemos ocasião de visitar ontem o ateliê Pedro Amé- vida pela causa, hoje vitoriosa, da Revolução.
rico e apreciamos mais um trabalho confeccionado pelo Para assistir à solenidade. que se revestirá do maior
jovem anista conterrâneo Mauro Lima. brilhantismo, seguirão no trem de sábado, para Rosário.
LUIZ DE MELLO

os Srs. tenente-coronel Celso Freitas, capitão Amorim, te- rências, quando de sua chegada, há meses, a e ta capital.
nente Barbosa e outros oliciais e suboficiais. (0 Imparci- Segundo a palavra dum artista a quem procuramos ou-
al, 20/11/1930, p.8). vir a fim de podermos emitir a mais sucinta opinião sobre o
aludido retrato, fomos informados que o trabalho do pro-
NOVOS TRABALHOS DE NEWTON SÁ fessor Shutka interpreta uma aprimornda obra clássica,
como pinrura; quanto à perfeição do retrato. é, indiscuti-
Encontram-se em exposição na vi trine da conceiruada velmente, um quadro expressivo e, podemo dizer. diante
Farmácia Sanitária cinco novos trabalhos do jovem escul- da nossa rude apreciação: reproduz a cópia exata duma
tor maranhense Newton Sá. fo tografi a do Dr. Tarquínio, feita com arte e devido esmero.
Intitulam-se: Misse Maranhão de 1929 (busto); Se- a contento do público que muito o tem sabido apreciar.
11/10ra Antônio Vasconcelos (cabeça); Alighieri. Pedro li Ao professor Alcjandro Shutka. Tribuno felicita pelo
e O Pensador (baixo-relevo). bom êxito que alcançou mrus este esmerado trabalho (Tri-
Todas as pessoas que têm admirado os trabalhos do buna. 17/1211930, p.8).
inteligente artista são unânimes em exaltar os progressos
crescentes que vem demonstrando, assi m como a produti- MINHA ATITUDE
vidade admirável para o nosso meio, de que tem dado pro-
vas. Sempre que me exponho. é na convicção de que mj-
Seguindo a orientação dos antigos, que reproduziam nhas palavras não reílctem outra coisa que não seja a ex-
as estátuas de celebridades, o brilhante escultor maranhen- pressão sincera dos meus sentimentos.
sc tem conseguido reviver formosas obras de arte, como Assim, pois. é que me defronto com o público, no ftnne
Le Penseur de Rodin. propósito de desfazer dúvidas fururas e tornar patentes
Damos-lhe parabéns por mais esse triunfo. (Tribuna , minhas idéias.
21/11/1930,p.8). Entretanto, reconheço ser mister que a gente se abste-
nha de dizer tudo quanto pensa e sente.
UM GESTO DIGNO - Ficara. até então, impassível diante dos aconteci-
mentos resultantes da Revolução.
O festejado pintor colombiano Alejandro Shutka tem Mas o momento é oportuno. Estamos cm um novo re-
sido alvo de geral simpatia pelo gesto nobilantc que teve em gime republicano. E vou expressar-me, na certeza também
oferecer um magnílico rclrato de João Pessoa a uma comjs- de que merecerei o escárnio de uns e o aplauso de outros.
são criteriosa que estudasse o melhor meio de torná-lo em Isso, cm pouco ou nada importará. Quero é que todos
dinheiro para auxiliar o pagamento da Dívida do Brasil. saibam de minha atitude diante do gigantesco movimento
Esse trabalho magnífico do primoroso artista colombi- que ora empolga toda a Nação.
ano está exposto no salão do Eden. O público en ato saberá julgar-me. como deve saber
É justo que todos concorram a disputar esse trabalho, julgar a todos os homen<; que pensam desapaixonadamen-
onde se encontra a ligura do grande cstadisia brasileiro. te, i sento~. portanto, de partidarismo.
(Folha do Povo, 22/ 11 / 1930, p.4). Revolucionário, não era nem o sou.
- Mereceria ser apedrejado pelo público, se agora ten-
UM BELO GESTO DE ALEJANDRO SHUTKA tasse iludi-lo, dizendo-me revolucionário. Ma<;, felizmente.
toclos quantos me conhecem de perto <;abem como tenho
O ilustre pintor Alcjandro Shulka acaba de ter um belo me conduzido nas roda<; políticas desta terra. E não pode-
gesto, que está merecendo gerais aplausos da sociedade riam as pessoas a quem aludo, esperar de mim um gesto de
mar:inhense. indignidade.
É ele o oferecimento do magnífico retrato de João Pes- Os meus defeitos poderão ser observados. Não admi-
soa a uma comissão de pessoas conceituadas que estu- to, entretanto, que tente alguém atestar que fui, em algum
dam o melhor meio de convertê-lo em dinheiro destinado a tempo. bajulador de governo . Não!
auxiliar o pagamento da Dívida do Brru.il. Ser amigo dum político que toma a . i a<; rédeas dum
O trabalho artíMico acha-se exposto no :.alão do Cine- governo, não é ser bajulador.
ma Eden e tem sido elogiado por quantos o apreciam. Não confundamoc; a amizade, fingida, dos que visam
É de esperar que todos concorram a disputar a posse apenas as conveniências que lhes poderá proporcionar um
de tão formoso lavor, prestando assim uma homenagem ao presidente de Estado, com a arnizade particular e desinteres-
grande mono, e concorrendo para a obra inestimável de sada de quem, como eu, rara' vezes procurn a pessoa erru-
rcl>gatar a Nação de seus compromissos. ncnte do amigo que enverga esse poder, me. mo :issim fu-
Os nossos parabén ao digno pintor. (Tribuna, 221 11 / gindo sempre ao contágio dos hediondo-; forgicadores de
1930. p.3}. intrigas que jamrus deixarclfl1 de infestar as rodas palacianas.
Oxalá que no regime reinante os homen de Estado
RETRATO A ÓLEO saibam evitar a aproximação dos indesejáveis que têm sido,
cm todos os tempos. elementos nocivos à sua boa orienta-
Tivemos a oportunidade de apreciar ontem, na Farmácia ção política. Daí. as pe~eguições e as odiosidades.
Sanitária, um retrato a óleo do ilustre Dr. Tarquínio Lopes
Filho, trabalho de autoria do emérito pintor Alcjandro Shu- Impelido pela ami1ade particular e mais ainda pelo de-
tka, já conhecido entre nó e de quem a Tribuna já fez refc- ver de gratidão, que jamais faltou em mim, para com aque-
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHAO (1842 - 1930)

lcs que . e fizeram credores de minha dedicação, qualifi- ção e será oferecida ao nosso confrade Alves Cardoso, dire-
quei-me cm 1925. tor d. O Combate, e ficará cm exposição numa das vi trines da
Como cidadão, tenho, por norma, respeitar os poderes conccituad:i loja Notre Dame. (Tribuna, 251121 1930. p.3).
con~tituídos. Como funcionário público, procuro cumprir.
na íntegra, os meus deveres. CURSO DE DESENHO E PINTURA
Político militante nunca o fui. TELÉSFORO MORAFS REGO
Cont inuo a agir como sempre agi, antes da Revolução
que lriunfou no Brasil, muito embora alguns espíritos curi- Real i.w-se no próximo dia 1ºde j:ltleiro, às 16 horas, no
osos. sedentos de motivos para suas explorações, estejam salão nobre do Casino Maranhense, a inauguração da ex-
esperando de mim uma definição de atitude de pró ou con- po'>ição de trabalhos dos alunos que freqiicmam o curso
tra C!>ta ou aquela facção política ou o meu protesto de de desenho e pintura do professor Telé!.foro Moraes Rego.
olidariedade política a este ou àquele amigo. Tomando mais brilhante a abertura dei.sa exposição.
Ainda não protestei solidariedade política a ninguém. organi1ou o festejado artista maranhcnse um encantador
O que posso afirmar é que sempre tive e tenho ainda aver- programa de arte em que tomarão parte vários elementos
são ao partidarismo. de destaque do nosso escol social e intelectual.
Como tcs1cmunho de minha afirmativa, apelo para a A mostra dos alunos do curso do professor Moraes
dignn e ilustre pessoa do meu particu lar amigo Dr. Tarquí- Rego será iniciada com algumas palavras do poeta Antô-
nio Lopes Filho, a quem sempre dispen ei a mais elevada nio Vasconccl.os.
consideração, embora cu nunca fo:.:.c um correligionário Oponunnmcntc daremos melhores informações. (O Im-
político. E estou certo. não dcxará ele de confirmar o que. parcial. 26/121 1930. p.2).
um dia. quando amistosamente conversávamos na barbe-
aria do nosso velho amigo Januário Napoleão, tive a opor- 1NfERES5ANTE EXPOSIÇÃO
tunidade de dizer-lhe:
Nâo so11 político nem partidarisw. Como <mista. pen- Na vitrinc da Farmácia Sanitária acha-se cm exposição
so poder. mais tranqiiilameme. viver fora dn burburi11fto um delicado trabalho da distinta senhori ta Oscarina Rosa,
político. Considero-me seu amigo. assim como o sou do filha do Sr. Alfredo Rosa, comerciante cm nossa praça. (0
comandante Magalhães de /\l111eida, em cuja pessoa re- Imparcial. 261 121 1930. p.4).
conheço também um amigo meu. l'enso, por1a11to, de1•er
ser amigo de 10dos os que acatam o humilde artista que HORA DE ARTE
sou e merecem a minlia considemçtio.
E tive aplausos do Dr. Tarquínio. Será levada a efeito, no próximo dia 1º,às 16 horas, no
salão nohre do Casino Maranhcn<,c, n 41 Hora de Arte
Dentre os políticos da facção que. àquele tempo domi- promovida pelos alunos do nosso distinto conterrâneo
nava, não escureço que sempre distingui o comandante professor Telésforo de Moraes Rego.
Magalhães de Almeida, com quem, de há muito, vinha man- Tomarão parte nessa tcrtlília, entre outros elementos
tendo amizade particular e a quem devo inúmeros obsé- do nosso meio anístico. os Srs. Pedro Gromwell. ao vio-
quios, pelo que não poderei dar-lhe melhor recompen a loncelo; Paulo Almeida, ao saxofone; Odilon Dias, na flau -
que o protesto de minha eterna gratidão. ta: e os quatro jovens violinista.'> Raimundo Barbosa, Cle-
Não obstunte rudo quanto tenho exposto, julgo estar mente Oliveira. Zcquinha Armíjo e Frcitac; Filho. (Tribuna.
em pleno golo dos direitos que as~i-.tcm a quem não se vê '].7/12/1930. p.4).
privado da liberdade de pensamento, moti\O por que não
falta. no momento atual. também o meu ge!>to de admira- CURSO TELÉSFORO REGO
ção patriótica pelos verdadeiro!. e denodados combaten-
tes dum ideal sonhado e em franca realização. Conforme tem sido noticiado. reali1ar-sc-á amanhã, às
- Que a conseqiiência da Revolução, tão ansiada pe- 16 horas, no salão nobre do Casino Maranhcnsc. a inau-
los valorosos expeditos que hoje dominam a Nação Brasi- guração do 4º Salão de Desenho dos alunos do professor
lcira, scju para a salvação da Pátria e felicidade de todos os 1
Tclésforo Moraes Rego.
brasileiros, são os meus ardentes votos. Dará início à festa uma hem organi1ada Hora de Arte,
ARTHUR MARINI10 na qual tomarão parte elementos de destaque cm nosso
(Tribuna. 25/121 1930, p.13). ml!io artístico e social.
Omcm foi-nos enviado gentil convite para a inaugura-
Ul\I BUSTO DE JOÃO PESSOA ção do 4º Salão de Desenho, assinado pelos jovens Sílvio
Salgado, Antônio José Gandra. Murilo Oliveira. Jorge Mo-
O apreciado escultor conterrâneo Mauro Lima acaba r.\cs. Almir Henrique da Silva, Adcmar Couto, João Figuei-
de confeccionar um busto do pranteado Dr. João Pessoa. redo, Cecília Lisboa Moracs Rego, Ivone Aroso, Santinha
cm cujo trabalho dá mais urna amostra do seu talento. Ribeiro, Maria Nazaré Aruújo, Eliza Novars, Elza Novaes e
A obra, que nada deixa a desejar, foi tnllida à nossa reda- Odila Fonseca Polary. (O Imparcial, 3 1/121 1930, p.2).
ICONOGRAFIA
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

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Fig . 1 - Ilustrações de Crispim do Amoral.


(Jornal Para Todos, 28/11 / 1877).

Fig . 2 - Ilustrações de autor ignorado.


(O Maranhão, 22/2/1909).

Fig. 3 - Charge de autor ignorado.


(O Maranhão, 10/2/ 1909).

~ 451 ~
LUIZ DE MELLO

Fig. 5 - Pintor José de Paula Barros (assinalado pela seta),


com dois artistas plósticos num ateliê em Paris, 1907.
Coleção da Sra. Maria Frassineti Sardinha.

Fig. 4 - Pintor Levy Damasceno Ferreira e esposa


(Março de 1900, São Luís).
Coleção do Sr. Carlos Damasceno Ferreira.

Fig. 7 - Auto-caricatura do pintor mexicano


Fig. 6 - Pintor português Avelino Pereira Enrique Figuerôa. (Pacotilha, 27/ l l /l 924).
(O Dia, 22/3/1924).

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..
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fig. 8 - Escultor Newton Sá Fig. 9 - Pintor Augusto Hontz


(O Dia, 21/12/1924). (Folho do Povo, 31 /12/1924).

Fig. 1O - Avelino Pereira,


um dos primeiros
mestres de Newton Sá.
(O Dia, 21/12/1924).

<Vé) 453 <Vé)


LUIZ DE MELLO

Fig . 11 - Escultor Antônio Costa


(Folho do Povo, 27/4/ 1925).

Fig. 12 - Caricatura de Newton Só, por Arthur Fig . 13 - Pintor Arthur Marinho
Marinho. (Folha do Povo , 4/ 11 /1925). (Folha do Povo , 4/ 11 / 1925).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Fig. 15 - Pintora Beatriz Varella Pinto


(Folha do Povo, 6/4/1926).

Fig. 14 - Pintor Newton Coelho Pavão

Fig. 16 - Pintora Amina Paula Barros Fig. 17 - Pintor Porciúnculo de Moroes


(A Hora, 28/7 /l 926). (A Hora, 14/8/ 1926).

~ 455 ~
~
LUIZ DE MELLO ~

Fig. 18 - Charge do pintor Porciúncula de Moraes, Fig. 19 - Escultor Newton Só em seu ateliê.
por Belmonte. (Pacotilha, 22/l 1/ 1926). (O Imparcial, 22/ 6/ 1927).

11~-
I

Fig . 20 - Pintor Luís Ory Fig. 21 - Gravador Manoel Martins de Oliveira


Coleção do Sr. Luiz Ory Netto. (O Imparcial, 17/ 6/ 1929).

~ 456 <V'@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fig. 22 - Pintor Telésforo de Moraes Rego e seus discípulos.


(Folha do Povo, 5/ 8/ 1929).

Fig. 23 - Pintor Tarquínio José Lopes Fig. 24 - Pintor Levy Damasceno Ferreiro
(Folha do Povo, 5/8/1929). (Coleção do Sr. Carlos Damasceno Ferreiro).

<VQ) 457 <VQ)


LUIZ DE MELLO

Fig. 25 - Pintor João Figueiredo Fig. 26 - Pintor Rubens Damasceno Ferreiro


(Revisto Atenas, agosto 1939). (Coleção do Sr. Carlos Damasceno Ferreiro).

Fig. 27 - Pintor e poeta lnócio Raposo Fig. 28 - Pintor João de Deus


(Correio da Tarde, 22/5/ 1943).

~ 458 <2/ê)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fig. 29 - Escultor Mauro Lima


(Pacotilha O Globo, 4/7 / l 949).

Fig. 30 - Caricaturo de Luciano


Neves, por Evondro Rocha.
(Folha do Povo, 2/5/ 1929).

~ 459 CV'ê)
LUIZ DE MELLO

CARICATURAS EXECUTADAS POR NEWTON SÁ

Fig 32 - Caricaturo
nõo identificado
(Folho do Povo,
18/5/1926).
Fig 31 - Antônio do Silvo Limo, copitõo-
engenheiro, diretor do Serviço Ródio do
Exército. (Folho do Povo, 17/4/1926).

Fig 33 - José Cursino (R.M. cochilando) Fig 34 - Um ródio monioco - Pe. J. F. G.


(Folho do Povo, 20/5/1926). (Folho do Povo, 28/ 5/ 1926).

Fig 35 -
Desembargador
lourivol Valente
(Folha do Povo,
3 1/5/1926).
L Fig 36 - Caricatura não identificado
(Folho do Povo, 4/ 6/ 1926).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Fig. 37 - Podre Arios Cruz Fig. 38 - Caricaturo não identificado. Fig. 39 - Caricatura não identificada.
(Folha do Povo, 9/ 6/ 1926). (Folha do Povo, 12/ 6/ 1926). (Folha do Povo, 18/6/1926).

Fig. 40 - Caricaturo não identificada. Fig. 41 - Caricaturo não identificada. Fig. 42 - Antônio R. de Moroes Rego
(Folho do Povo, 22/ 6/ 192 6). (Folha do Povo, 26/ 6/ 1926). (Folha do Povo, 30/ 6/1926).

Fig. 43 - Coronel Alfredo Teixeira Fig. 44 - Alcides Costa Fig. 45 - Poeta Do Costa e Silvo
(Folha do Povo , 317 / 1926). (Folha do Povo, 12/ 7/ 1926). (Folha do Povo, 17/ 7 / l 926).

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LUIZ DE MELLO

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Fig. 46 - Caricatura não identificada. Fig. 47 - Filogônio Lisboa Fig. 48 - Luciano Neves
(Folho do Povo, 27/7/1926). (Folha do Povo, 28/7 / 1926). (Folha do Povo, 31 /7/1926).

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Fig. 49 - Joseph Krouse Fig. 50 - Padre Astolfo Serra Fig. 51 - Hugo Burnett
(Folho do Povo, 5/8/1926). (Folha do Povo, 7/8/1926). (O Imparcial, 8/ 8/ 1926).

Fig. 52 - Clarindo Santiago Fig. 53 - Caricatura não identificada. Fig. 54 - Caricatura não identificado.
(Folha do Povo, 10/8/1926). (Folho do Povo, 14/8/ 1926). (Folha do Povo , 16/ 8/ 1926).

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CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

IJ. T.
Fig. 55 - Luso Torres Fig. 56 - Caricaturo não identificado. Fig. 57 - Caricaturo não identifica do.
(Folha do Povo, 24/8/1926). (Folha do Povo, 28/8/1926). (O Imparcial, 23/9/1926).

Fig. 58 - Tarquínio Lopes Filho Fig. 59 - Antônio Vosconcellos Fig. 60 - Caricaturo não identificado.
(Folha do Povo, 25/ 9/1926). (Folha do Povo, 4/11 /1926). (Folha do Povo, 12/11/1926).

Fig. 6 1 - Hugo Burnett Fig. 62 - Coronel Picanço Fig. 63 - Luigi Cimofonte


(Folha do Povo, 22/2/1927). (Folho do Povo, 1 1/2/1929). (Folha do Povo, 11.2.1929).

~ 463 <VQ)
LUIZ DE MELLO

Fíg. 64 - Abrahõo Duailibe Fig. 6 5 - Nascimento Moraes•


(Folha do Povo, 11 /2/192 9). (Folha do Povo, 11 / 2/ 1929).

Fig. 66 - Dr. Luiz Gonzaga Fig. 67 - Móximo Ferreiro


(Folha do Povo, 11 /2/ 1929). (O Imparcial, 17/ 6/ 1935).

• Embora toda~ as caricaiuras, cxecuiadas por Newton S:I. apresentem as iniciais do' caricaturados. pelo menos duas estão repetidas, porém
indicam personagens di ferentes. Por exemplo: figuras 46 (Filogônio Li sboa) e 64 (Nascimento Moraes): figuras 59 (E.J.B.) e 65 (Dr. Luiz
Gonzaga). - Contudo. mantivemos a seqüência de publicações. - L. de M.

~ 464 ~
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

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Fig. 69 - Tarquínio Lopes Filho. Gravura em
..' madeiro, por Manoel Martins Oliveira.
(Folho do Povo, 31/7/ 1929).
Fig. 68 - Cabelos cortados. Charge de José Jansen.
(Pacotilho, 25. 12 .1924).

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Fig. 70 - Coronel Brício Araújo


Desenho o bico-de-peno,
por Mouro Limo.
(A Tribuno, 9/ 4/ 1930).

<V'Q) 465 <V'Q)


LUIZ DE MELLO

Fig. 71 - Maria Luiza Valente. Óleo s/tela, s/d, por Fig. 72 - Trajano Augusto Valente. Óleo s/telo, s/d,
Francisco Peixoto Franco de Só. Col. do Sr. Simeão por Francisco Peixoto Franco de Só. Col. do Sr.
Valente Costa. Simeão Valente Costa.

Fig. 73 - Jazigo perpétuo do pintor Horácio Tribuzi.


Capelo do Recolhimento. São Luís (MA).

Fig. 7 4 - Retrato de um bispo. Óleo s/tela, autor


ignorado. Acervo do Igreja do Sé. São Luís (MA).

~ 466 <:../Q)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fig. 76 - José Gonçalves da Silvo, O Barateiro. Óleo


s/ tela, 1895, por João Manoel do Cunho. Acervo do
Capelo dos Laranjeiras. São Luís (MA).

Fig. 75 - Dom Antônio Cândido de Alvarenga. Retroto


de 1894, por autor ignorado. Acervo do Colégio
Santa Teresa. São Luís (MA).

Fig. 77 - Um sócio do Sociedade Humanitária 1° de


Dezembro. Óleo s/ tela, 1898, por João Manoel do Fig. 78 - Henry Airlie. Croyon, 1900, por Luiz Luz.
Cunho. Acervo do Hospital Português. São Luís (MA). Acervo do Associação Comercial do Maranhão.

~ 467 ~
LUIZ DE MELLO ~
~

Fig. 79 - Gomes de Souza. Óleo s/ feio, 1905, por Fig. 80 - Dr. Almir Nino. Croyon, 1908, por Levy
Luiz Luz. Acervo do Museu Histórico e Artístico do Damasceno Ferreiro. Acervo do Centro Artístico
Maranhão. São Luís (MA). Moronhense. São Luís {MA).

Fig. 81 - Dr. Afonso Soulnier de Pierrelevée. Óleo s/ Fig. 82 - Moquete em gesso do estótua de Benedito
tela, 191 O, por Nestoblo Ramos. Col. do Sr. José d e l eite, 191 O, por Decorchermont, escultor francês. Acervo
Ribomar Soulnier de Picrrelevée. São Luís (MA). do Escola Modelo Benedito leite. São Luís (MA).

~ 468 CV(;)
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fig. 84 - Coronel Juviliono Barreto. Carvão,


por Newton Só.
(O Dia, 23/ 1 1/ 1924).

Fig. 83 - José Ribeiro do Amaral. Crayon, 1914, por


Levy Damasceno Ferreiro. Col. do viúvo do Dr.
Amaral de Mottos. São Luís (MA).

Fig. 85 - Gomes de Souza. Crayon, 1928, por Celino Fig. 86 - Pedro Álvares Cobrai. Croyon, 1928, por
Porciúncula de Moroes. Acervo do Biblioteca Público Cclino Porciúncula de Moroes. Acervo da Biblioteca
Benedito Leite. São Luís (MA). Público Benedito Leite. São Luís (MA).

~ 469 C:...-c;)
~
LUIZ DE MELLO ~

Fig. 87 - Folha do Povo, 22/6/1929.

Fig. 89 - Juvêncio Amoral de Mottos. Croyon, s/d, por


Fig. 88 - Franz Liszt. Croyon, s/d, por autor ignorado. Cândido Manoel do Cunho. Col. do viúvo do Dr.
Acervo do Sociedade Centro Caixeiral. São Luís (MA). Amoral de Mottos. Sôo Luís (MA).

~ 470 <:.,/ í>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PIÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

l
1

\'
\

Fig. 90 - Sotero dos Reis. Crayon, s/d {muito Fig. 91 - Figura não identificada. Crayon, s/d (muito
deteriorado), por Luiz Luz. Acervo da Sociedade deteriorado), por Evandro Rocha. Acervo do Centro ·
Centro Caixeiral. São Luís (MA). Artístico Maranhense. São Luís (MA).

Fig. 92 - Coelho Neto. Crayon, s/d, por Evandro Fig. 93 - Busto em gesso de Oswaldo Cruz, 1927, por
Rocha. Acervo da Sociedade Centro Caixeiral. Newton Sá. Acervo do Instituto Oswaldo Cruz.
São Luís (MA). São Luís (MA).

~ 47 1 ~
LUIZ DE MELLO

Fig. 94 - Estatueta de ferro, por autor ignorado. Fig. 95 - Estatueta de ferro, por autor ignorado.
Acervo do Centro Artfstico Moronhense. Acervo do Federação do Comércio do Maranhão.
São Luís (MA). São Luís (MA).

Fig. 96 - Figuro desconhecido . Foto-croyon, s/d, por Fig. 97 - Castro Alves. Postei, s/ d, por Inácio Raposo.
José de Paulo Barros. Acervo do Centro Artístico Acervo do Sociedade Centro Caixeiral.
Moronhense. São Luís (MA). São Luís (MA).

~ 472 <V'@
CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 - 1930)

Fig. 98 - Figuro não identificado. Foto-croyon, s/d Fig. 99 - Carlos Gomes. Crayon, s/d, por autor
(bostante deteriorado), por José de Paulo Barros. ignorado. Acervo do Sociedade Centro Caixeiral.
Acervo do Centro Artístico Moronhense. São Luís (MA). São Luís (MA).

Fig. 100 - Humberto de Campos. Croyon, s/d, por Fig. 101 - Fagundes Vorello. Postei, s/d, por lnocio
Evondro Rocha. Acervo do Sociedade Centro Raposo. Acervo do Sociedade Centro Caixeiral.
Caixeiral. São Luís (MA). São Luís (MA).

~ 473 ~
LUIZ DE MELLO

1
1

Fig. l 02 - Louis Pasteur. Litogravuro, s/ d , por autor


ignorado. Acervo da Sociedade Centro Caixeiral.
São Luís (MA).

Fig. l 03 - Subúrbio de Paris. Grafite, s/d, por Luís Ory. Col. do Sr. Luiz O ry Netto. Sã o Luís {MA).

~ 474 C:./ (\)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

Fig. 104 - A Bastilha no suo quedo. Aquarela (1919), de Raimundo Porciúncula de Moraes.
Acervo do Centro Artístico Maranhense. São luís (MA).

Fig. 105 - Montmatre (paisagem francesa). aquerela, s/ d, por luís Ory. Col. do Sr. luís Ory Netto. São luís (MA).

Q./N 475 <V(>)


CRONOLOGIA DAS ARTES PLÁSTICAS NO MARANHÃO (1842 1930)

BIBLIOGRAFIA

JORNAJS

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A REPÚBLICA. São Luís. 1890- 1892. OCANHOTO.SãoLuí . 1913- 1914.

O COMBATE. São Luís. 1925- 1930.


A RUA. São Luís. 19 15.
O CONSERVADOR. São Luís. 1858- 1860
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O DEBATE. Brejo (MA). 19 13.
CORREIO D' ANÚNCIOS. São Luís. 1851.
1 O DIA. São Luís. 1924- 1925.
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O DOMINGO. São Luís. 1901.
CRÔNICA MARANHENSE. São Luís. 1841.
O ECLESIÁSTICO. São Luís. 1862.
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<VQ) 477 ~
LUIZ DE MELLO

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OMONrTOR.São Luís.1870-1871. PUBLICADOR MARANHENSE. São Luís. 1842-1886.

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O PAIZ. São Luís. 1863- 1866, 1870, J873- 1874, REVISTA MARANHENSE. São Luís. 1916-1921.

1875-1889. REVISTA MARANHENSE. São Luís. J887.

O POVINHO. São Luís. 1929. TRIBUNA.São Luís.1929-1930.

ACERVOS

Arquivo da Arquidiocese de São Luís.

Arquivo Nacional.

Arquivo Particular da Sra. Zuzu Brito (Coleção Pacotilha)

Arquivo Particular do Sr. Carlos Gaspar (Coleção O Imparcial)

Arquivo Públ ico do Estado da Bahfa.

Arquivo Público do Estado do Maranhão.

Biblioteca do SlOGE.

Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro).

Biblioteca Nacional de Lisboa.

Biblioteca Pública Benedito Leite.

Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro).

Instituto ltaliano de Cultura (Rio de Janeiro).

Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa).

Museu Nacional de Belas-Artes (Rio de Janeiro)

~ 478 <:./c>)
( ... ) As artes plásticas maranhen-
aes nascem sob o estigma das esco-
las ditas clássicas da Europa, bem ao
~abor da época em que copiávamos
literalmente tudo o que nossos co-
lonizadores usavam, faziam e pensa-
vam. Nesta terra "lisboeta", que não
queria nem mesmo a Independência,
e em que se mantinham os vínculos
do pensamento administrados pela
Europa e o ensino superior era mi-
nistrado além-mar porque não eram
permitidas Universidades em nosso
país, entende-se o clima das notas de
jornais nas quais o autor se baseou
para desenvolver a pesquisa. O colo-
quial romântico em que mergulhou
a arte naquele tempo, a necessidade
de torná-la uma coisa útil na práti-
ca, o enriquecimento da cidade, o por-
to aberto para o Mundo, o comércio
e seus ganhos tenninaram atraindo,
dos quatro cantos da terra, artistas
aventureiros que por vezes acompa-
nhavam companhias teatrais que va-
gavam por onde houvesse teatros
para exibi-los.
(... )A Igreja, que na época usava
as artes pláticas para materializar
seus santos, empregou soberbamen-
te esses artistas. Os jornais
litografados, os cursos nas escolas
mantiveram a sobrevivência de
quantos se davam a esse oficio; era
a arte de caráter prático usada para
isso e para aquilo, s em a plena li-
berdade de criação como vemos hoje.
(... ) Essa pintura, que em parte se
perdeu e em parte sobrevive em co-
leções particulares, instiga umas per-
guntas: - Por que nossos artistas são
tão desfalcados dessa memória? Por
que será que damos tão pouca impor-
tâ.n cia às artes plásticas como, se evi-
tando sua presença em paredes, mu-
seus e praças, estivéssemos demons-
trando alguma coisa de importância
sobre nós mesmos? Será que nossa
mentalidade escravagista até hoje
considera o trabalho artesanal degra-
dante e só valoriza o trabalho "inte-
lectual"?
Luiz de Mello é um idealista, pre-
para livros pa ra um futuro longínquo.
Mas continuará sendo o melhor dessa
geração, com uma aguçada curiosida-
de alicerçando interesses universais.
Ao seu idealismo soma-se uma curio-
sidade inédita e uma teimosia idônea.
Nunca deixou de pesquisar os jornais
da Biblioteca Púbica Benedito Leite, os
arquivos daqui e de outros Estados.
Espero que este livro e este autor
recebam em futuro próximo o mereci-
mento devido. Que as universidades,
quando pensarem e discutirem o
Maranhão, tenham um espaço para o
momento artístico, aí o reconhecimento
do valor de Luiz de Mello, este apaixo-
nado por todos nós e que nós ainda
não reconhecemos .

.le•u• B•ato•
(O E•tado do Maranbio, l 7 / l l /2002)
Dr. Afonso Saulnier de Pierrelevée.
Óleos/tela (1910), por Nestablo Ramos.

P•lroclnlos

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