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ODU

Olorun, o Onipotente, Deus no dialeto africano, criou os quatros elementos: a terra, a


água, o fogo e o ar. Destes foram gerados os elementais, que geraram todas as coisas
vivas sobre o planeta. Foram atribuídos a cada um destes elementos quatro Odus, ou
seja, quatro signos interligados dos destinos:

Terra
Odus: Irosun, Egi Laxeborá, Iká Ori e Obará. Representam o caminho da tranqüilidade e
da riqueza.
Água
Odus: Egi Okô, Ossá, Egi Ologbon e Oxé. Representam o caminho da dúvida ao
triunfo.
Ar
Odus: Onilé, Ofun, Obé Ogundá e Aláfia. Representam o caminho da indecisão até a
paz.
Fogo
Odus: Okaran, Odi, Owanrin e Eta Ogundá. Representam o caminho da insubordinação
até a guerra.

Diz-se que, nos primórdios dos tempos, não existia separação entre o céu e a terra
(orum-aiyé) e que havia uma convivência íntima entre os orixás e os seres humanos;
todos podiam ir ao órum e voltar quando desejassem. Porém um certo dia, o homem
desonrou seu compromisso com ólorum, pecou contra o supremo ao tocar o que não
podia ser tocado ou comer o que não podia ser comido. E assim,o mesmo dividiu o céu
e a terra. O privilégio da livre comunicação desapareceu em troca das diferentes formas
oraculares estabelecidas e legadas por orunmiláOdús (signos de ifã), são presságios,
destinos, predestinação. Os odús são inteligências siderais que participaram da criação
do universo; cada pessoa traz um odú de origem e cada orixá é governado por um ou
mais odús. Cada odú possui um nome e características próprias e dividem-se em
“caminhos” denominados “ese” onde está atado a um sem-número de mitos conhecidos
como itàn ifá.
Odus são os signos de Ifá, o resultado do jogo. Segundo as lendas do candomblé
africano, os Odus representam os destinos criados por Olorum, com todas as
características da vida cotidiana e baseados no comportamento e temperamento
humano. Então os Odus, seriam os signos do destino que regem cada orixá, que por sua
vez, regem cada homem sobre a terra.
Os odús são os principais responsáveis pelos destinos dos homens e do mundo que os
cerca.
Os orixás não mudam o destino da vida e sim executam suas funções dentro da natureza
liberando energia para que todos possam dela se alimentar.
O odú é o caminho, a existência do destino o qual o orixá e todos os seres estão
inserido.
Alguém já escutou a seguinte frase ?
-com o destino não se brinca…
-sua vida esta escrita…
- seu destino já estava escrito…
E muitas outras frases populares que refere-se a odú. Cada pessoa pode ir de encontro
ou seguir um caminho alheio ao destino estabelecido, isso nós dizemos que a mesma
está com o odú negativo, ou seja: seu destino sua conduta foge as regras siderais, ou
seja, seguiu um caminho negativo dentro do estabelecido.
Nós quando nascemos, somos regidos por um odú de ori (cabeça) que representa nosso
“eu” assim como odú de destino, espiritualidade…

Os 16 Odus
1. OKANRAN MEJI - a disciplina e teimosia
Regente: Exu
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU são inteligentes, versáteis e passionais, com enorme potencial
para a magia. Seu temperamento explosivo faz com que raras vezes atuem com a razão.
Têm sorte nos negócios. No amor, extremamente sedutoras, são muito inconstantes e
mentem com facilidade. As mulheres têm como ponto vulnerável o útero.
Era um pobre peregrino que vivia migrando. Permanecia em diversos lugares, mas,
depois de fazer as plantações, mandavam embora, ficando os donos das terras com tudo
o que ele tinha feito.
Por conselho de alguém, esse homem foi um dia a casa de um oluô, que lhe indicou um
ebó (oferenda). tendo tudo preparado, partiu o homem para a grande mata fronteiriça e,
lá chegando deu início ao serviço.
Mais tarde, ouvindo um barulho naquele lugar tão impenetrável, assustou-se. Era ogum,
o dono dessa mata misteriosa. Chegando perto, ficou ogum espreitando o estranho, até
que este, muito amedrontado, implorou misericórdia, perguntando a ogum se queria se
servir de alguma coisa servida no ebó. Que falasse sem cerimônia, pois estava tudo a
sua disposição.
Ogum aceitou tudo o que havia ali e ficou satisfeito. Perguntou, então, quem era tão
perverso a ponto de mandar o peregrino para aquela paisagem impenetrável. O homem
contou todos os percalços de sua vida.
Então, ogum, transfigurado, aterrorizante, bradou que ele pegasse o mariô e fosse
marcar as casas dos seus amigos, pois ele, ogum, iria aquela cidade à noite destruir tudo
o que lá se achasse. Iria arrasar todos os haveres lá existentes, até o solo.
Dito e feito…
Ogum acabou com tudo, exceto as casas e os lugares que tenha sido demarcados pelo
homem com a colocação de mariô em cima das portas. Tudo o que havia de riqueza ali
ogum deu para ele, tudo mesmo, conforme tinha prometido.

2. EJIOKO MEJI - a incerteza e a indecisão


Regente: Ogum com influências dos Ibejis e de Obtalá
Elemento: Ar
Pessoas com esse ODU são intuitivas, joviais, sinceras e honestas. Revelam grande
combatividade, mas não sabem conviver com derrota. Apesar de volúveis no amor, são
muito ciumentas. Devem controlar obstinação e ter cuidado com a vesícula e com o
fígado, seus pontos vulneráveis.
Dizem as histórias que havia diversos príncipes que disputavam o poder. Também havia
outros fidalgos oriundos de diversas cidades. Entre estes, havia tela-okô, que era
desprovido de todos os meios de subsistência.
E lá um dia, enquanto roçava, bem no lugar onde havia colocado o ebó que ele tinha
feito conforme a maneira decretada, tela-okô bateu com a enxada num forno enorme,
que se abriu, causando-lhe grande espanto. Chamou os companheiros que estavam mais
afastados, dizendo que tinha afundado no buraco da riqueza.
Mas, em seguida, tendo ele reconhecido ser deveras um verdadeiro tesouro da fortuna o
que encontrara, mudou repentinamente, dizendo que o que tinha encontrado era apenas
um buraco cheio de orobôs, e que estes eram tão alvos que pareciam tratar-se de
moedas.
Claro que através deste caminho de odú, entende-se que jamais devemos revelar de
onde provem nossas riquezas e não o tanto o que temos, afim de evitar invejosos,
perseguidores e ladrões.

3. ETAOGUNDÁ MEJI - a perseverança e a obstinação


Regente: Obaluaê com influência de Ogum
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU em geral vêem seus esforços recompensados. Costumam vencer
na política e conseguem obter grandes lucros nos negócios, particularmente nas
atividades agrícolas, mas podem sofrer desilusões no amor e traições dos amigos.
Emocionalmente inconstantes, estão propensas a ter problemas espirituais e físicos,
embora na maioria dos casos consigam se recuperar com facilidade de qualquer doença.
Seus pontos vulneráveis são os rins, as pernas e os braços.

Dizem ter existido um senhor que, depois de ter estado muito bem, ficara num estado
tão precário que, devido à extrema miséria em que se achava, viu-se forçado a procurar
todos os meios para não pôs termo à própria existência.
Mas, tendo feito o que lhe determinaram fazer e tendo esperado a melhoria das suas
coisas da vida sem ter algum resultado benéfico, foi-se para o mato com uma corda,
afim de se enforcar.
Foi quando, de súbito, viu um pobre leproso que estava pelejando para botar a água de
um igbin (caramujo) na cabeça. O homem que estava prestes a cometer a ação de
suicidar-se, com grande admiração e louvor, levantou as mãos para o céu, agradecendo
a olorum (deus). Ele, que se julgava muito melhor do que aquele indigente leproso em
semelhante estado de saúde, voltou para casa bastante satisfeito e confortado com o que
vira.
Em pouco tempo, foi chamado para ocupar o trono de seu pai, que falecera. Nessa
ocasião, não se esqueceu daquele leproso que estava ali abandonado. Assim que foi
levado ao trono, mandou buscar o seu companheiro de infortúnio naquele mau dia.
Assim, ficaram ambos bem…

4. IROSSUN MEJI - a tranqüilidade


Regente: Oxossi com influência de Xangô, Iemanjá, Iansã e Egum
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU são generosas, sinceras, sensíveis, intuitivas e místicas. Têm
grande habilidade manual e podem alcançar sucesso na área de vendas. Entre os
aspectos negativos estão a tendência a sofrer traições amorosas e a propensão a
acidentes. Muitas vezes são vítimas de calúnias e da perseguição dos seus inimigos.
Também precisam cuidar da alimentação, pois seu ponto vulnerável é o estomago.
Em um certo tempo um homem que se achava em situação tão precária e em tal aperto,
que não via de lado algum qualquer milagre que pudesse salvá-lo.
Ele resolveu ir até a casa de um oluô fazer o ebó (oferenda) indicado.
Feito tudo…lá se foi ele para um lugar reservado, acendeu o fogo, em seguida colocou
as pimentas maduras no lume e pôs-se a receber fumaça nos olhos.
Em um dado momento, ia passando um príncipe reinante e herdeiro do trono.
Observando aquela cena de sofrimento espontâneo, admirou-se do tal sujeito,que, no
dizer dele, estava procurando o meio mais curto possível para pôr termo à existência. O
príncipe, condoído com aquilo, o fez chegar aos seus pés e indagou dele o que havia ou
o que queria dizer aquilo. Sem demora, o homem historiou a razão daquele ato de
castigar a si próprio. Tratava-se de compromissos inadiáveis, que ele não podia cumprir.
Disse o príncipe que, tendo pena dele, não consentiria tal cena. Também sem hesitação,
o príncipe mandou-lhe uma verdadeira fortuna, com o qual o homem poderia viver toda
a sua vida, sem o menor vexame.

5. OXÊ MEJI - a fama


Regente: Oxum com influências de Iemanjá e Omulu
Elemento: Água
Pessoas com esse ODU têm mão de magia, força e proteção espirituais, religiosidade e
uma inclinação especial para o misticismo e as ciências ocultas. São ótimos professores
e se destacam em qualquer atividade que exija liderança, mas precisam aprender a
controlar sua vaidade e seu egocentrismo. Outro aspecto negativo é a tendência a se
vingar quando estão com raiva. Seus pontos vulneráveis são o aparelho digestivo e o
sistema hormonal.
Conta-se que um filho de orixalá que se chamava dinheiro, que se dizia ser tão poderoso
que poderia dominar até mesmo a morte.
Este, fez uma oferenda indicada pelo babalaô e saiu maquinando como poderia trazer
preza a morte, conforme prometera diante de todos. Deitou-se na encruzilhada e as
pessoas que passavam na estrada deparavam com um homem espichado no meio do
caminho. Diziam uns:
-xi ! Está este homem esticado com a cabeça para a casa da morte, e os pés para a banda
da moléstia e os lados do corpo para o lugar da desavença.
Ouvindo tais palavras dos transeuntes, levantou-se o homem e disse, então, com ironia:
-já sei tudo o que era preciso conhecer. Estou com os meus planos já feitos.
E lá de foi ele direto para a fazenda da morte. Chegando no local, começou a bater os
tambores fúnebres de que a dona da casa(sra. Morte) fazia uso quando queria matar as
pessoas indicadas para morrer. Ela tinha uma rede preparada e, quando a morte
aproximou-se, apressada , afim de saber quem estava tocando os seus tambores, o
homem envolveu-se na rede e levou logo ao maioral orixalá. Dizendo-lhe estas
palavras:
Aqui está a morte que eu lhe prometi trazer em pessoa à vossa presença.
Orixalá, então lhe disse essas palavras:
-vai-te embora com a morte e tudo de melhor e de pior que possa haver no mundo, pois
tu és o causador de tudo o que há de bem e de mal. Some-te daqui e a leva embora e,
então, poderás possuir tudo e conquistar o universo inteiro.

6. OBARÁ MEJI - a riqueza e o brilho


Regente: Xangô com influências de Exu, Iansã, Oxossi. Oçanhe e Logunedê
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU têm grande proteção espiritual e costumam vencer pela força de
vontade, especialmente em profissões relacionadas à Justiça. Mas são com freqüência
vítimas de calúnias e não têm sorte no amor. Devem aprender a silenciar sobre seus
projetos e a determinar por onde começá-los. Seu ponto vulnerável é o sistema linfático.
Dizem que no principio do mundo, 15 dos 16 odus seguiram todos à casa do oluô, afim
de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi
determinado pelo oluô. Obará um dos dezesseis odus existentes,não se encontrava no
grupo na ocasião em que os demais foram consultar o oluô. Sendo ele, porém, sabedor
do ocorrido, apressou-se em fazer o que o oluô determinara. E que os demais odús não
fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o máximo que pode para
conseguir seu desejo, dada a sua condição precária (de pobreza). Como era de costume,
os 15 odús de cinco em cinco dias iam à casa de olofim, e nunca convidavam obará , por
ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Pois, então,
foram a casa de olofim, jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam
que olofim adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido
satisfeita sua curiosidade. Olofim, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um
deles, e eles, para não serem indelicados levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de obará, de fazer ali
uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante
honra a obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada.
Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar obara-meji com estas palavras:
– obará, bom dia ! Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes companheiros
de viajem?
Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da comida que quisessem.
Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam
desde a manhã sem comer nada na casa de olofim.
A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa
e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois, obará convidou todos para que
se deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente.
Mais tarde, eles se despediram do colega e lhe disseram:
-fica com estas abóboras para ti —e lá se foram satisfeitos com a gentileza e a
delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.
Mais tarde, quando obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza
e liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando a
eles que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega.
Porém as palavras de obará eram simples e decisivas.
-eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares, estou cumprindo ordens e sei que
fazendo estes obséquios, virá à nossa casa prosperidade instantânea.
Finda explicação, obará pegou uma faca e cortou uma abóbora, surpreendendo-se com a
quantidade de ouro e pedras preciosas que haviam dentro dela. Surpreso, e com muita
felicidade, viu que em uma abóbora havia lhe dado o título de odú mais rico, porém
logo percebeu que haviam mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas
haviam outras riquezas em igual quantidade.
Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores.
Daí que estava marcado o dia para todos os odús irem novamente à conferencia no
palácio de olófim, como era de costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio,
cada um no seu posto junto a olofim.
Quando obará veio vindo de sua casa com uma multidão que o acompanhava, até
mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De
vez em quando, obará mudava de um cavalo para outro em sinal à nobreza.
Os invejosos começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de olofim que
indagou o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era obará. Então perguntou
olofim aos demais odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles.
Responderam todos que haviam jogado no quintal de obará. Disse então olofim que a
sorte estava destinada a ser do rico e próspero obará. O mais rico de todos os odús.

7. ODI MEJI - o rancor e a violência


Regente: Obaluaê com influências de Exu, Oxalufam e Oxumarê
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU são ambiciosas e costumam ser bem sucedidas na sua profissão,
mas a indecisão as leva a não concluir muitos dos seus projetos. Quando a fé as
impulsiona, porém, ultrapassam todas as barreiras. Sonham com o poder e adoram se
divertir, às vezes, provocam enormes confusões. Não têm sorte no amor. Seus pontos
vulneráveis são os rins, a coluna e as pernas.
Conta-se a história de um homem que era escravo e um dia se viu abraçado em um
eminente perigo. Este homem foi amarrado por dele terem dito que cometera um crime.
Segundo as leis daquela terra, botaram o homem num caixão grande todo pregado e
deitaram a caixa rio abaixo. Por uma dessas coincidências que sempre acontecem no
destino* das criaturas, a correnteza lançou o caixão na praia duma cidade cujo o rei
estava morto e enterrado, e onde os súditos ainda estavam guardando luto.
Acontece que ali haviam muitos príncipes com direito a sucessão imediata, mas sobre
todos pesava alguma grave acusação, de forma que não se sabia como haviam de decidir
o complicadíssimo problema da sucessão do rei morto, como nunca jamais acontecera
na história do dito povo. Depois de muito cogitar do assunto, foi decidido que
marcassem um prazo para surgisse uma pessoa estranha àquela nação que assumiria o
governo e seria o rei daquela terra daí em diante.
Dito e feito, esse homem, que tinha antes do cativeiro feito uma oferenda que o babalaô
determinara, veio ele se esbarrar, dentro do caixão, na praia de ibim, onde o acolheram e
imediatamente o elegeram rei daquele povo. Assim ficou ele sendo o venturoso rei de
uma nação . Onde só o destino (odú) poderia dar tamanha sorte.

8. EJONILÊ MEJI - a impaciência e a agitação


Regente: Oxaguiã com influências de Xangô, Oxum e Oxossi
Elemento: Ar
Pessoas com esse ODU são dedicadas e honestas e levam uma vida quase sem
sofrimentos. Mas estão sujeitas a acidentes graves. Amam com intensidade e têm
amizades sinceras. Quando são repudiadas ou sofrem uma traição, podem se tornar
vingativas. Devem evitar o consumo de álcool e de carne vermelha e se vestir de branco
nas sextas-feiras. Seu ponto vulnerável é o sistema nervoso central.
Naquele tempo, mandaram todas as árvores fazerem oferendas a olorum (deus) mas
nenhuma deu importância ao conselho. Somente a cajazeira fez a oferenda. Daí por
diante, todas as árvores morreram sem delongas quando estavam deitadas, exceto a
cajazeira, que mesmo deitada, caída ao chão, sempre grela e renasce.

9. OSSÁ MEJI - a desconcentração


Regente: Iemanjá com influências de Xangô, Oçanhe, Oxossi e Iansã
Elemento: Água
Pessoas com esse ODU são líderes natas, mas seu autoritarismo lhes cria sérios
problemas, inclusive conjugais. O instinto protetor e a religiosidade também as
caracterizam. Seus pontos vulneráveis são os conflitos psicológicos e, no caso das
mulheres, os problemas ginecológicos.
Conta-se que no princípio mandaram orumilá fazer uma oferenda citada, porém, ele não
o fez. Orixalá, sim, fez tudo conforme havia sido determinado. Num certo dia, veio
muita gente que fugia apavorada, mas o chefe e maioral do lugar, como deveria ser,
recebeu todos e os salvou das perseguições e eles, em gratidão, entregaram-lhe tudo de
valor que cada um trazia consigo, assim orixalá ficou muito próspero no devido tempo.
Ou quando chegara sua vez de ter tal fortuna.
10. OFUN MEJI - os problemas de saúde
Regente: Oxalufam com influências de Xangô e Oxum
Elemento: Ar
Pessoas com esse ODU são inteligentes, fiéis e honestas, capazes de dedicar atenção
total ao seu amor. Têm amigos sinceros e elevada espiritualidade. Em contrapartida,
mostram-se muito teimosas e tendem a sofrer perseguições e desilusões amorosas. Seus
pontos vulneráveis são o estomago e a pressão arterial.
Um dia foi marcado uma reunião entre todos os orixás, cada um tratou de realizar as
oferendas especificas afim que tudo transcorresse muito bem, orixalá tratou logo de
preparar a sua. Findando a feitura da oferenda, entregaram a orixalá panos brancos para
ele fazer um vestuário e penas de papagaio da costa para ele colocar em sua cabeça.
Assim feito tudo, chegou o dia da grande reunião em que todos os orixás se
apresentaram.
Orixalá apareceu de uma forma tão maravilhosa em suas vestes novas, como se fosse
iluminado pelos raios do sol. Assim, todos foram se curvando diante de tamanho brilho
da aurora nascente, juraram fidelidade e lhe deram tudo o que possuíam, com a palavra
de o adorarem para sempre…

11. OWRYN MEJI - a ansiedade


Regente: Iansã com influências de Exu, Oçanhe e Egum
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU têm imaginação fértil, boa saúde e vida longa, mas as más
influências e a falta de fé as levam a enfrentar dificuldades materiais e a só alcançar o
sucesso depois de grandes sacrifícios. São muito volúveis no amor. As mulheres
geralmente fracassam no primeiro casamento, mas acabam encontrando a felicidade.
Devem evitar a bebida e outros vícios. Seus pontos vulneráveis são a garganta, o
sistema reprodutor e o aparelho digestivo.
Em certo dia, uma mulher muito fiel aos orixás fora numa fonte lavar roupa levando
consigo sua criancinha. Lá havia outra mulher invejosa que, vendo que ela estava
distraída com a sua ocupação, tentou lançar a criancinha da outra numa bacia d’água.
Mas outra mulher ainda, ouvindo o chorinho da criança, correu para ali e a tirou de
dentro d”água, salvando-a do perigo, antes mesmo de sua mãe se der conta. Do horror
que acontecia.
Assim se vê o ponto onde uma pessoa má pode chegar… E também o quanto podemos
contar com a ajuda e proteção através de oferendas específicas.

12. EJI-LAXEBARÁ - a justiça e o discernimento


Regente: Xangô com influências de Logunedê e Iemanjá
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU têm o dom de convencer os outros. Dotadas de grandes
qualidades espirituais, são bondosas, justas e prestativas, embora às vezes se mostrem
arrogantes. Apaixonam-se com facilidade e são muito ciumentas. Devem evitar bebida e
podem ter problemas judiciais ou relacionados à perda de bens. Seu ponto vulnerável é
a circulação sanguínea.

13. EJIOLIGIBAN MEJI - a tranqüilidade e a concentração


Regente: Nanã com influência de Obaluaê
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU aceitam com resignação os sofrimentos físicos, emocionais e
espirituais, conscientes de que todas as situações da vida são transitórias. Além disso,
sua profunda fé termina por lhes assegurar vitória. Não têm muita sorte no amor.
Dotadas de mão de cura, se destacam nos serviços médicos e de assistência psicológica
e nas terapias alternativas. Seus pontos vulneráveis são o baço e o pâncreas.

14. IKÁ MEJI - o conhecimento e a sabedoria


Regente: Oxumarê com influências de Oçanhe e Nanã
Elemento: Água
Belas e sensuais, as pessoas com esse ODU têm aparência juvenil e forte poder de
sedução. Vivem paixões arrebatadoras mas passageiras e estão sempre em busca de
novos amores. Possuem talento para a magia e enorme força espiritual, que se manifesta
através do olhar. Enriquecem com facilidade e se destacam na vida profissional e social,
mas são desconfiadas e propensas a ter conflitos psíquicos. Seu ponto vulnerável são as
articulações que podem lhes causar problemas de locomoção.

15. OGBEOGUNDÁ MEJI - o discerminio total


Regente: Oba com influências de Eua
Elemento: Água
Pessoas com esse ODU são valorosas, combativas e imparciais, mas costumam sofrer
desilusões amorosas, o que acentua sua agressividade e seu sentimento de rejeição. Têm
saúde frágil: estão sujeitas a problemas nos olhos, ouvidos e pernas e a distúrbios do
sistema neurovegetativo.

16. ALÁFIA ONAN - a paz


Regente: Ifá
Elemento: Ar
Calmas, racionais e espiritualizadas, as pessoas com esse ODU têm domínio sobre suas
paixões. São excelentes nas áreas de vendas e de artesanato, mas desistem facilmente
dos seus projetos e perdem o interesse por aquilo que já conquistaram. Estão sujeitas a
problemas cardiovasculares, psíquicos e de visão.

LENDAS______________________________________________________________
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O Candomblé tem uma rica tradição oral, na qual aliás se encerram os seus
fundamentos, e as Lendas são a expressão disso mesmo, a forma de dizer as coisas, de
transmitir mensagens, retirando cada um de nós em cada uma delas o essencial, a moral
da história, resumindo assim, no caso dos Odús, o essencial de cada um deles.

1. ÒKÀNRÀN 
Orixá correspondente a este Odú: EXÚ
PERSONALIDADE: São criativos, persistentes e de excelente memória. Possuem forte
intuição. Tendem ao egoísmo e ao individualismo.
“Era um pobre peregrino que vivia migrando. Permanecia em diversos lugares, mas,
depois de fazer as plantações, mandavam-no embora, ficando os donos das terras com
tudo o que ele tinha feito. Por conselho de alguém, esse homem foi um dia a casa de um
Oluwô, que lhe indicou um Ebó (oferenda). Tendo tudo preparado, partiu o homem para
a grande mata fronteiriça e, lá chegando deu início ao serviço. Mais tarde, ouvindo um
barulho naquele lugar tão impenetrável, assustou-se. Era Ogum, o dono dessa mata
misteriosa. Chegando perto, ficou Ogum espreitando o estranho, até que este, muito
amedrontado, implorou misericórdia, perguntando a Ogum se queria se servir de alguma
coisa servida no Ebó. Que falasse sem cerimônia, pois estava tudo a sua disposição.
Ogum aceitou tudo o que havia ali e ficou satisfeito. Perguntou, então, quem era tão
perverso a ponto de mandar o peregrino para aquela paisagem impenetrável. O homem
contou todos os percalços de sua vida. Então, Ogum, transfigurado, aterrorizante,
bradou que ele pegasse o mariô e fosse marcar as casas dos seus amigos, pois ele,
Ogum, iria aquela cidade à noite destruir tudo o que lá se achasse. Iria arrasar todos os
haveres lá existentes, até o solo. Dito e feito…Ogum acabou com tudo, exceto as casas e
os lugares que tinham sido demarcados pelo homem com a colocação de mariô em cima
das portas. Tudo o que havia de riqueza ali Ogum deu para ele, tudo mesmo, conforme
tinha prometido.”

2. ÉJÌÒKÒ 
Orixás correspondentes a este Odú: OGUM - IBEJI - OXUM
PERSONALIDADE: São geniosos e exigentes. Impõem a sua vontade, por isso também
adquirem muitos inimigos. Quando nada lhes sai a contento, tornam-se sofredores.
Porém possuem muito bom coração. São corajosos, briguentos, possuem iniciativa
própria, são ambiciosos.
“Dizem as histórias que havia diversos príncipes que disputavam o poder. Também
havia outros fidalgos oriundos de diversas cidades. Entre estes, havia Tela-okô, que era
desprovido de todos os meios de subsistência. E lá um dia, enquanto roçava, bem no
lugar onde havia colocado o Ebó que ele tinha feito conforme a maneira decretada,
Tela-okô bateu com a enxada num forno enorme, que se abriu, causando-lhe grande
espanto. Chamou os companheiros que estavam mais afastados, dizendo que tinha
afundado no buraco da riqueza. Mas, em seguida, tendo ele reconhecido ser deveras um
verdadeiro tesouro da fortuna o que encontrara, mudou repentinamente, dizendo que o
que tinha encontrado era apenas um buraco cheio de orobôs, e que estes eram tão alvos
que parecia tratar-se de moedas. Claro que através deste caminho de Odú, entende-se
que jamais devemos revelar de onde provem nossas riquezas e não o tanto o que temos,
a fim de evitar invejosos, perseguidores e ladrões.”

3. ÉTÀÒGÚNDÁ
Orixás correspondentes a este Odú: OBALUAYE - OGUM
PERSONALIDADE: São pessoas conscientes de que a sua forca de vontade é
importante para o sucesso, persistência e coragem para tirar melhor proveito das
situações, pessoas que usam muito a razão; em seu lado negativo, traz a mentira,
falsidade, fingimento, avareza e falsa modéstia.
“Dizem ter existido um senhor que, depois de ter estado muito bem, ficara num estado
tão precário que, devido à extrema miséria em que se achava, viu-se forçado a procurar
todos os meios para não pôr fim à própria existência. Mas, tendo feito o que lhe
determinaram fazer e tendo esperado a melhoria das suas coisas da vida sem ter algum
resultado benéfico, foi-se para o mato com uma corda, a fim de se enforcar. Foi quando,
de súbito, viu um pobre leproso que estava pelejando para botar a água de um igbin
(caracol) na cabeça. O homem que estava preste a cometer a ação de suicidar-se, com
grande admiração e louvor, levantou as mãos para o céu, agradecendo a Olorum (Deus
Supremo). Ele, que se julgava muito melhor do que aquele indigente leproso em
semelhante estado de saúde, voltou para casa bastante satisfeito e confortado com o que
vira. Em pouco tempo, foi chamado para ocupar o trono de seu pai, que falecera. Nessa
ocasião, não se esqueceu daquele leproso que estava ali abandonado”. Assim que foi
levado ao trono, mandou buscar o seu companheiro de infortúnio naquele mau dia.
Assim, ficaram ambos bem!”

4. IRÒSÙN
Orixás correspondentes a este Odú: IEMANJÁ - XANGÔ
PERSONALIDADE: As pessoas deste Odú pecam e sofrem por não guardarem
segredo, exceto quando lhes é conveniente. São faladoras generosas e francas;
orgulhosas e exaltadas.
“Em um certo tempo um homem que se achava em situação tão precária e em tal aperto,
que não via de lado algum qualquer milagre que pudesse salvá-lo. Ele resolveu ir até a
casa de um Oluwô fazer o Ebó (oferenda) indicado. Feito tudo, lá se foi ele para um
lugar reservado, acendeu o fogo, em seguida colocou as pimentas maduras no lume e
pôs-se a receber fumaça nos olhos. Em um dado momento, ia passando um príncipe
reinante e herdeiro do trono. Observando aquela cena de sofrimento espontâneo,
admirou-se do tal sujeito, que, no dizer dele, estava procurando o meio mais curto
possível para pôr termo à existência. O príncipe, condoído com aquilo, o fez chegar aos
seus pés e indagou dele o que havia ou o que queria dizer aquilo. Sem demora, o
homem historiou a razão daquele acto de castigar a si próprio. Tratava-se de
compromissos inadiáveis, que ele não podia cumprir. Disse o príncipe que, tendo pena
dele, não consentiria tal cena. Também sem hesitação, o príncipe mandou-lhe uma
verdadeira fortuna, com o qual o homem poderia viver toda a sua vida, sem o menor
vexame.”

5. ÒSÉ 
Orixá correspondente a este Odú: OXUM
PERSONALIDADE: As pessoas deste Odú gostam de muito prazer; são pessoas
influentes, charmosas, ambiciosas e perigosas, principalmente no amor. Só pensam em
lucro, são precipitadas no agir; perdem grandes oportunidades por existirem inimigos
ocultos que impedem as vitórias. Tem o dom da feitiçaria. São aplicados no trabalho.
Sentimentais, amantes das descobertas e de experiências místicas e científicas. São
choronas e um pouco fanáticas.
“Conta-se que um filho de Orixalá que se chamava dinheiro, que se dizia ser tão
poderoso que poderia dominar até mesmo a morte. Este fez uma oferenda indicada pelo
Babalawó e saiu maquinando como poderia trazer preza a morte, conforme prometera
diante de todos. Deitou-se na encruzilhada e as pessoas que passavam na estrada
deparavam com um homem inerte no meio do caminho. Diziam uns: Xi! Está este
homem esticado com a cabeça para a casa da morte, e os pés para a banda da moléstia e
os lados do corpo para o lugar da desavença. Ouvindo tais palavras dos transeuntes,
levantou-se o homem e disse, então, com ironia: já sei tudo o que era preciso conhecer.
Estou com os meus planos já feitos. E lá foi ele direto para a fazenda da morte.
Chegando no local, começou a bater os tambores fúnebres de que a dona da casa (Sra.
morte) fazia uso quando queria matar as pessoas indicadas para morrer. Ela tinha uma
rede preparada e, quando a morte se aproximou, apressada, a fim de saber quem estava
tocando os seus tambores, o homem envolveu-se na rede e levou logo ao maioral
Orixalá. Dizendo-lhe estas palavras: Aqui está a morte que eu lhe prometi trazer em
pessoa à vossa presença. Orixalá, então lhe disse essas palavras: Vai-te embora com a
morte e tudo de melhor e de pior que possa haver no mundo, pois tu és o causador de
tudo o que há de bem e de mal. Some-te daqui e a leva embora e, então, poderás possuir
tudo e conquistar o universo inteiro.”

6. ÒBÀRÀ 
Orixás correspondentes a este Odú: OXÓSSI – XANGÔ - LOGUNEDÉ
PERSONALIDADE: Pessoas com temperamento um tanto estourado, são de extrema
sinceridade; são um pouco tagarelas com o hábito de contar tudo o que irá ser feito,
evitando assim a concretização dos planos. Despertam antipatia e inveja nas pessoas.
São justas e tendem a possuir bens.
“Dizem que no princípio do mundo, 15 dos 16 Odús seguiram todos à casa do Oluwô, a
fim de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que
foi determinado pelo Oluwô. Obará um dos dezasseis Odús existentes, não se
encontrava no grupo na ocasião em que os demais foram consultar o Oluwô. Sendo ele,
porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o que o Oluwô determinara. E que os
demais Odús não fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o
máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária (de pobreza).
Como era de costume, os 15 Odús de cinco em cinco dias iam à casa de Olofin, e nunca
convidavam Obará, por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com
menosprezo. Pois, então, foram à casa de Olofin, jogaram e até altas horas do dia não
acertaram o que queriam que Olofin adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se
retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofin, com desprezo ofereceu uma
abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados levaram consigo as
abóboras ofertadas. No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de
Obará, de fazer ali uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não
adiantaria dar semelhante honra a Obará, pois ele era um homem simples que nunca
influía
em nada. Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar Obará-meji com estas
palavras: Obará, bom dia! Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes
companheiros de viajem? Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da
comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita
fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de Olofin. A dona da casa
foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas
horas, todos almoçaram a vontade. Depois, Obará convidou todos para que se deitassem
para uma sesta, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente. Mais tarde, eles se
despediram do colega e lhe disseram: fica com estas abóboras para ti. E lá se foram
satisfeitos, com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia. Mais
tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e
liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando a eles
que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega. Porém
as palavras de Obará eram simples e decisivas: Eu não faço mais do que ser delicado
aos meus pares. Estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa
casa prosperidade instantânea. Finda explicação, Obará pegou uma faca e cortou uma
abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que havia
dentro dela. surpreso, e com muita felicidade, viu que em uma abóbora havia lhe dado o
título de odu mais rico, porém logo percebeu que havia mais outras 14 abóboras a serem
abertas e em cada uma delas havia outras riquezas em igual quantidade. Obará comprou
tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores. Daí que estava marcado o dia
para todos os Odús irem novamente a conferencia no palácio de Olofin, como era de
costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto a
Olofin. Quando Obará veio vindo de sua casa com uma multidão que o acompanhava,
até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De
vez em quando, Obará mudava de um cavalo para outro em sinal à nobreza. Os
invejosos começaram a tremer e esbracejar, chamando a atenção de Olofin que indagou
o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era Obará. Então perguntou Olofin
aos demais Odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles.
Responderam todos que haviam jogado no quintal de Obará. Disse então Olofin que a
sorte estava destinada a ser do rico e próspero Obará. O mais rico de todos os Odús.”

7. ÒDÍ
Orixás correspondentes a este Odú: OBALUAYE - OXALÁ - OGUN
PERSONALIDADE: São pessoas comunicativas e de fácil amizade, são sempre traídos
por amigos, são sentimentais, tem forte poder intuitivo e psíquico. Quando
espiritualizadas atingem posição de destaque na vida. Fora isso, levam a vida em duras
penas, tendo dificuldade de conviver com os impulsos. São desconfiados e ciumentos,
possuem sorte para o jogo. Gostam de adivinhar.
“Conta-se a história de um homem que era escravo e um dia se viu abraçado em um
eminente perigo. Este homem foi amarrado por dele terem dito que cometera um crime.
Segundo as leis daquela terra, botaram o homem num caixão grande todo pregado e
deitaram a caixa rio abaixo. Por uma dessas coincidências que sempre acontecem no
destino das criaturas, a correnteza lançou o caixão na praia duma cidade cujo rei estava
morto e enterrado, e onde os súbditos ainda estavam guardando luto. Acontece que ali
haviam muitos príncipes com direito a sucessão imediata, mas sobre todos pesava
alguma grave acusação, de forma que não se sabia como haviam de decidir o
complicadíssimo problema da sucessão do rei morto, como nunca jamais acontecera na
história do dito povo. Depois de muito cogitar do assunto, foi decidido que marcassem
um prazo para surgisse uma pessoa estranha àquela nação que assumiria o governo e
seria o rei daquela terra daí em diante. Dito e feito. Esse homem, que tinha antes do
cativeiro feito uma oferenda que o Babalawó determinara, veio ele se esbarrar, dentro
do caixão, na praia de Ibim, onde o acolheram e imediatamente o elegeram rei daquele
povo. Assim ficou ele sendo o venturoso rei de uma nação, onde só o destino (Odú)
poderia dar tamanha sorte.”

8. EJÌONÍLE 
Orixás correspondentes a este Odú: OXALÁ OXAGUIÃ E TODOS OS ORIXÁS
PERSONALIDADE: São pessoas trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio,
limpeza; pessoas impulsivas; pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente;
paixões violentas. São curiosos, adoram viajar.
“Naquele tempo, mandaram todas as árvores fazerem oferendas a Olorum (Deus
Supremo), mas nenhuma deu importância ao conselho. Somente a cajazeira fez a
oferenda. Daí por diante, todas as árvores morreram sem delongas quando estavam
deitadas, exceto a cajazeira, que mesmo deitada, caída ao chão, sempre grela e renasce.”

9. ÒSÁ 
Orixás correspondentes a este Odú: YEMANJÁ - YANSÃ
PERSONALIDADE: São pessoas autoritárias, teimosas, brigonas; tendem a ter
discórdias e rancores, possuem boas intuições e são voltados para grandes projetos de
realização pessoal. São daquelas pessoas que só acreditam vendo, porém quando
acreditam possuem forte tendência a lidar com o espiritual, são muito críticos metódicos
e individualistas. Oxalá protege muito os seus filhos.
“Conta-se que no princípio mandaram Orunmilá fazer uma oferenda citada, porém, ele
não o fez. Orixalá, sim, fez tudo conforme havia sido determinado. Num certo dia, veio
muita gente que fugia apavorada, mas o chefe e maioral do lugar, como deveria ser,
recebeu todos e os salvou das perseguições e eles, em gratidão, entregaram-lhe tudo de
valor que cada um trazia consigo, assim Orixalá ficou muito próspero no devido tempo.
Ou quando chegara sua vez de ter tal fortuna.”

10. ÒFÚN
Orixás correspondentes a este Odú: OXALÁ - OBALUAYE
PERSONALIDADE: São pessoas importantes com grande senso comunitário e de
profundo saber prático, experientes, rancorosos, teimosos, vingativos, com senso de
justiça muito imparcial, tendem a obter sucesso após a meia idade. São envelhecidos
internamente, aparentam possuir muita calma e paciência. O sucesso material depende
do sucesso espiritual.
“Um dia foi marcado uma reunião entre todos os orixás, cada um tratou de realizar as
oferendas específicas a fim que tudo transcorresse muito bem, Orixalá tratou logo de
preparar a sua. Findando a feitura da oferenda, entregaram a Orixalá panos brancos para
ele fazer um vestuário e penas de papagaio da costa para ele colocar na sua cabeça.
Assim feito tudo, chegou o dia da grande reunião em que todos os orixás se
apresentaram. Orixalá apareceu de uma forma tão maravilhosa em suas vestes novas,
como se fosse iluminado pelos raios do sol. Assim, todos foram se curvando diante de
tamanho brilho da aurora nascente, juraram fidelidade e lhe deram tudo o que possuíam,
com a palavra de o adorarem para sempre.”

11. ÒWÓRÍN 
Orixás correspondentes a este Odu : YANSAN - EXÚ
PERSONALIDADE: São pessoas de certa forma ‘perigosas”, obstinados por sucesso,
felizes quando buscam profissões liberais que atuam junto do público. Possuem muita
energia, disposição; estão em constante movimento, agitação. São muito nervosos.
Possuem sorte na vida, porém são extremamente vingativos e defendem-se atacando.
“Em certo dia, uma mulher muito fiel aos Orixás fora numa fonte lavar roupa levando
consigo sua criancinha. Lá havia outra mulher invejosa que, vendo que ela estava
distraída com a sua ocupação, tentou lançar a criancinha da outra numa bacia d’água.
mas outra mulher ainda, ouvindo o chorinho da criança, correu para ali e a tirou de
dentro d’água, salvando-a do perigo, antes mesmo de sua mãe se dar conta do horror
que acontecia. Assim se vê o ponto onde uma pessoa má pode chegar, e também o
quanto podemos contar com a ajuda e proteção através de oferendas específicas.”

12. EJÍLÀSEGBORA 
Orixás correspondentes a este Odú: XANGÔ
PERSONALIDADE: São pessoas barulhentas, intrigantes, gostam de intrigas,
orgulhosas, vaidosas ao extremo, prepotentes, autoritários, volúveis e sovinas. Gostam
de manipular as pessoas e as situações. Possuem forte tendência a obter altas posições
na sociedade, possuem tendências a vícios, difícil de se arrepender das suas atitudes, a
vitória faz parte da sua vida, venha como vier. Porém também não estão livres do
fracasso, pois assim como se sobe, também se pode descer.
“Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de
que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse
assistir ao casamento. Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento
carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram. Então, Xangô
arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com
as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: “- Veja, eu já cumpri
minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o
carrego no pescoço para sempre.”

13. EJÍOLOGBÓN 
Orixás correspondentes a este Odú: NANÃ - OBALUAYE
PERSONALIDADE: São teimosos, rancorosos, humildes, impacientes, zelosos, dóceis,
conservadores; possuem difícil trato, são bastante introspectivos. Em geral são pessoas
com temperamento e aparência de pessoas mais velhas. Tem pavor da morte.
Aparentam possuir uma felicidade que na verdade não existe.
“Certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles seria o mais
importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o Orixá do ferro, que
deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos
instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual.
Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não é tão importante assim, torceu
com as próprias mãos os animais destinados ao sacrifício em seu ritual.”

14. IKÁ 
Orixás correspondentes a este Odú: OXUMARÉ - OSSAIN
PERSONALIDADE: Fazem boas amizades, são desconfiados, traiçoeiros, possuem
muita sorte relacionada com dinheiro; são muito activas, estão sempre em movimento
(acção); são pessoas equilibradas, preocupam-se com o bem-estar de outrem, possuem
muita liderança e facilidade de aprendizagem, portanto adoram aprender e ler
(inteligentes).
“Oxumaré era o Babalawó da corte de um rei que, embora fosse rico e poderoso, não
pagava bem seu sacerdote, que vivia na pobreza. Certo dia, Oxumaré perguntou a Ifá o
que fazer para ter mais dinheiro; Ifá disse que, se ele lhe fizesse uma oferenda, ele o
tornaria muito rico. Oxumaré preparou tudo como devia mas, no meio do ritual, foi
chamado ao palácio. Não podendo interromper o ritual, ele não foi; então, o rei
suspendeu seu pagamento. Quando Oxumaré pensava que ia morrer de fome, a rainha
do reino vizinho chamou-o para tratar seu filho doente e, como Oxumaré o salvou, a
rainha pagou-o muito bem. Com medo de perder o adivinho, o rei lhe deu ainda mais
riquezas, e assim se cumpriu a promessa de Ifá.”

15. OGBÈÒGÙNDÁ 
Orixás correspondentes a este Odú: OBÁ - EWÁ
PERSONALIDADE: São pessoas com grandes dificuldades em relacionamentos
amorosos, levam uma vida agitada, são batalhadoras; possuem personalidade forte e
exigente. São muitas vezes incompreendidas e vingativas. Também são muito
trabalhadoras e, portanto são favorecidas nos negócios (com pouco lucro, sucesso), mas
com muita luta tendem a vencer.
“Obá era uma das mulheres de Xangô, mas ela não era nem aventureira como Iansã,
nem dengosa como Oxum; por isso, se sentia desprezada pelo marido. Percebendo que
Xangô gostava da comida feita por Oxum, pediu-lhe que a ensinasse a cozinhar. Para
enganá-la, Oxum cobriu a cabeça com um pano, fez uma sopa de cogumelos e disse que
era o prato preferido de Xangô, uma sopa com suas orelhas. Obá fez uma sopa em que
colocou uma de suas orelhas. Quando Xangô chegou, ela o serviu toda contente, mas
quando ele viu a orelha, ficou enojado e brigou com ela. Nisso, Oxum tirou o pano da
cabeça, mostrando as orelhas perfeitas, e começou a rir. Furiosa, Obá se atirou sobre ela
e as duas brigaram até que Xangô explodiu de raiva, fazendo as duas fugirem e se
transformarem em rios.”

16. ALÁFIA 
Não possui regência de Orixá definida. Portanto não pode ser associado a nenhum
Orixá.
PERSONALIDADE: São pessoas que alcançam o triunfo em tudo, lucros, heranças,
viagens, felicidade, boas propostas. São pessoas que precisam sempre de orientação
espiritual, pois a aflição faz parte deles.
NOTA: Esses últimos quatro Odús são muito pesados quanto ao seu lado negativo
devendo-se sempre tomar muito cuidado na sua interpretação, e principalmente na
criação e execução dos seus Ebós. Até mesmo o 16º Odú que normalmente traz notícias
esplêndidas e excelentes, ao aparecer num determinado jogo, numa situação negativa,
pode passar a trazer um recado muito perigoso ao consulente. Estes quatro últimos
Odús estão completamente ligados a feitiços, doenças, tragédias, dramas, etc., porém
os mesmos também se podem apresentar de maneira completamente positiva, podendo
depender também da combinação deles com os demais e da sua colocação e situação
no jogo em questão.

Conheça a lenda do Odu Ouorim, o que sinaliza


dificuldades e ingratidão
Ebó: preás, peixes, um cachorro etc.
Este ebó foi designado a uma mulher que foi um dia à fonte lavar roupa. Lá havia uma
outra mulher invejosa que, vendo que ela estava distraída com a sua ocupação, tentou
lançar a criancinha da outra numa bacia d'água. Mas outra mulher ainda, ouvindo o
chorinho da criança, correu para ali e tirou a criança de dentro d'água, salvando-a do
perigo, antes mesmo de a mãe se dar conta do horror que acontecia. Diante da
perversidade dessa rival, levada a efeito no momento em que a pobre mãe de uma
inocente criancinha estava ocupada com os seus afazeres, pode se aquilatar o grau da
maldade oculta acumulada.
O resumo deste Odu chama evidentemente a atenção pa ra o perigo da perversidade
alheia que ataca gratuitamente em certas ocasiões. É de bom aviso que as pessoas
interessadas nesta mesa de jogo se acautelam com a máxima reserva de umas certas
represálias, vinganças ocultas e maldades humanas. Qualquer que seja a celeuma ou
atmosfera carregada, aconselha-se que tenha ânimo e resignação, porque não há nada
mais certo do que o destino de cada um na vida. Tranquilize-se, pois as coisas serão
infalíveis a seu favor.
Significado segundo o Iorubá
Surpresa, ingratidão, vingança oculta, dificuldade de ter o que se deseja, achar-se tudo o
que se quer por meio de muito esforço, satisfação com aquilo que se deseja ter.

Orixás Exu e Iansã

(*Trechos do livro do nobre Professor Agenor de Miranda, personalidade conceituada e


respeitada em nosso meio, cujo texto de sua obra, "Caminhos de Odu", está sendo
gentilmente cedido pela Editora Pallas)

Conheça a lenda do Odu Icá, o que sinaliza a vitória


Os filhos de Oxalá, junto com outros meninos traquinas, haviam se tornado o terror da
zona em que moravam. As roças e os quitais alheios não ficavam em paz, sem que esses
meninos vadios não viessem invadir e bulir em tudo. a coisa chegou a tal ponto que
Orixalá se viu obrigado a procurar um jeito de tirar as crianças dessa traquinagem.
Orixalá, então, levou o ebó supracitado para a casa de Orumilá, fazendo-se acompanhar
de todos os seus filhos. Para eles ajudarem no despacho designado, deviam ficar
recolhidos por uma noite e um dia. De fato, quando todos chegaram à casa de Orumilá,
ele ordenou que os filhos do amigo fossem recolhidos, pra fazer o que tinha de ser feito.
Os meninos protestaram, mas não tinham como se livrar da obrigação.
No dia seguinte, os meninos vadios da vizinhança de Orixalá, como de costume, foram
brincar e, não encontrando os filhos de Orixalá, seguiram para a roça e os quintais
alheios sem eles. Foi quando um dos donos deu um tiro na árvore em que eles estavam
trepados, fazendo com que todos caíssem com o susto, quebrando braços e pernas,
esfacelando cabeças, etc. Assim, eles todos ficaram inutilizados de uma forma
desastrosa.
Os filhos de Orixalá, que estavam recolhidos para o ebó, livraram-se do acontecido,
vindo mais tarde a ser homens de bem perante a sociedade.
Este Odu nesse caminho diz que é bom muita cautela para evitar desastre, perversidade,
malvadeza e propósitos com fim de vingança oculta por motivos fúteis.

Significados segundo o IorubáPerversidade, desfrutar boa ocasião, ganho de mulher


com o corpo, malfeitos, remorso, paz, fortuna e bem-estar fácil no fim de qualquer
tempestade, vitória qualquer que seja o terreno.
Orixás Exú, Ogum e Iansã

(*Trecho do livro do nobre Professor Agenor de Miranda, personalidade conceituada e


respeitada em nosso meio, cujo texto de sua obra, "Caminhos de Odu", está sendo
gentilmente cedido pela Editora Pallas)

Uma Lenda de Igbadu 


Os caminhos percorridos por Orumilá para obter o conhecimento de Odu.

.......devo lembrar-te de que, se hoje és detentor do poder sobre os 16 Odu Meji, deves a
mim este privilégio, ou por acaso te esquecestes da forma como adquiriste este poder?
perguntou Exú.
Mais calmo, aceitando a meia cabaça com água que lhe estendia seu interlocutor.,
Orumilá acomodou-se sobre uma esteira estendida no chão e se pôs a lembrar daquilo
que Exú estava agora se referindo.
.......Desde muito jovem, Orumilá ansiava pelo saber, e foi informado de que, para obtê-
lo, deveria conquistar os favores de uma musa chamada Sabedoria, que se encontrava
encarcerada em algum lugar na imensidão do Orun.
..... partiu sozinho, numa aventura cujas conseqüências não podia avaliar. De concreto,
sabia apenas que muitos outros já haviam partido com a mesma intenção e que jamais
haviam retornado.
....Depois de já haver caminhado muitos dias..........encontrou um mendigo que,
estendendo-lhe a mão, pediu um pouco de comida.
Metendo a mão em seu embornal, dele retirou um pouco de farinha de inhame....e, de
uma pequena cabaça que levava na cintura, um pouco de dendê, misturando tudo e
dividindo com o mendigo, comendo, ele mesmo, uma pequena parte do alimento.
Depois de alimentar-se, o mendigo, sem revelar seu nome, ofereceu ao jovem, em sinal
de agradecimento, o bastão de marim entalhado,
dizendo - Bem sei o motivo pelo qual penetraste nesta floresta.. Segue somente tua
intuição, deixa-te guiar pela vontade vencer e, em breve, irás deparar-te com uma
enorme construção de pedra na qual entrarás com muita facilidade. Os perigos com os
quais irás te defrontar estão em seu interior, portanto preste a atenção no que agora vou
te dizer.
Com este bastão de marfim, denominado Irofá deverás bater em cada uma das portas
dos 16 quartos...pois só assim elas se abrirão.
do interior de cada porta ouviras uma voz que te perguntará: "Quem bate?" e tu te
identificaras dizendo que és Ifá, O Senhor do Irofa. A voz perguntará então o que estás
procurando,e tu dirás, estando diante da porta do 1 quarto, que desejas conhecer a vida e
que queres conquistá-la em nome de EJIOGBE. A porta então se abrirá e conhecerás os
misterios da vida que pertencem a Ejiogbe o 1 dos 16 Odus de Ifá.
No segundo....depois de haveres te identificado como da forma anterior, dirás que
desejas conhecer IKU, a Morte e que desejas dominá-lo. A porta se abrirá e conhecerás
a morte, seus horrores e mistérios, que pertencem a Oyeku Meji , o 2 Odu de Ifá. Se não
demonstrares medo em sua presença haverás de adquirir domínio absoluto sobre ele ....
...Na terceira porta encontrarás um guardião denominado Iwori Meji, que depois de
reverenciado, te colocará diante dos olhos os mistérios da vida espiritual e dos nove
Oruns, onde habitam deuses, demonios e todas as classes de espíritos que irás conhecer
de forma íntima, descobrindo seus gostos e maneira correta de apaziguá-los.
Na quarta porta, reclamarás por conhecer o jugo da matéria sobre o espírito, e o
guardião desta porta , ODI MEJI, a quem deverás mostrar respeito sem submissão, te
ensinará tudo o que for concernete a questão, è necessário que não te deixes encantar
pelas maravilhas e pelos prazeres que se descortinarão diante dos teus olhos, pois
podem escravizar-te para sempre, interrompendo a tua busca. Lembra-te ainda que a
matéria que sequer foi criada, dominará o universo.
Já na quinta porta, quando fores indagado, dirás que procuras pelo domínio do homem
pelos seus semelhantes, pelo uso da força e da violência, da tortura, do derramamento
de sangue. Aprende tudo que Irosun Meji, ... tem para te ensinar. Mas não utilizes as
técnicas ali reveladas, para não te tornares, tu mesmo, vítima delas. Aí tomarás
conhecimento dos planos de Olórun em relação à criação de um ser dotado de corpo
material.
Na sexta porta ....um gigante do sexo feminino, que saudarás pelo nome de Oworin
Meji, e a quem solicitará ensinamentos relativos ao equilíbrio que deve existir no
Universo, e então compreenderás o valor da vida e a necessidade da morte. O mistério
que envolve a existência das montanhas e das rochas. Ali serás tentado pela
possibilidade de obter muita riqueza, mulheres, filhos e bens inenarráveis. Resiste a
essas tentações ou verás tua vida ser reduzida a uns poucos dias de luxúria.
......diante da sétima porta. O habitante deste quarto chama-se OBARA MEJI, é velho e
de aparência bonachona. Poderá te ensinar prodígios de cura e soluções para seus
problemas mais intricados. Dará a ti a possibilidade de realizar todos os anseios e os
desejos de realizações humanas.Toma cuidado, no entanto, pois os domínios destes
conhecimentos pode conduzir-te à prática da mentira, à falta de escrúpulos e à loucura
total.
No oitavo aposento deverás solicitar permissão a OKARAN MEJI para conheceres o
poder da fala Humana, que infelizmente será sempre muito mais usada na prática do
mal do que do bem. Este guardião te falarás em muitas línguas e de sua boca só ouviras
queixas e lamentações. Aprende depressa e foge deste local, onde impera a falsidade e a
traição.
Diante da nona...guardião Ogundá Meji, para conheceres a corrupção e a decadência,
que podem levar o ser humano aos mais baixos níveis de existência. Naquele quarto,
conhecerás todos os vícios que assolarão a humanidade e que a escravizarão em
correntes inquebrantáveis.Verás o assassinato, a ganância, a traição, a violência, a
covardia e a miséria humana, brincando de mãos dadas, com muitos infelizes que se
tornaram seus servidores.
No décimo aposento, deverás apresentar reverências a uma poderosa feiticeira, cujo
nome é Osá Meji. Ela vai ensinar-te o poder que a mulher exerce sobre o homem e o por
que deste poder. Conhecerás seres portentosos que funcionam na prática do mal. Todos
os demônios denominados Ajés se curvarão diante de ti e te oferecerão seus serviços
maléficos que, caso aceites, farão de ti o ser mais poderoso e odiado sobre a face da
Terra. Aprenderás a dominar o fogo e a utilizar o poder dos astros sobre o que acontece
no mundo, principalmente a influência da Lua sobre os seres vivos.Cuida para que estes
conhecimentos não te transforme num bruxo maldito.
.... na 11a. porta... seu guardião Iká Meji, o gigante em forma de serpente,te fará
estremecer. Saúda-o respeitosamente e solicita dele permissão para descortinar o
mistério que envolve a reencarnação, o domínio sobre os espíritos Abiku, que nascerão
para morrer imediatamente. Aprende a dominar estes espíritos e, dessa forma, poderás
livrar muitas famílias do luto e da dor.
A 12a. ..... Seu guardião se chama Oturukpon Meji, é do sexo feminino e possui forma
arredondada, mais se parecendo com uma grande bola de carne. ....... poderá revelar-te
todos os segredos que envolvem a criação da terra, além de ensinar-te como obter
riquezas impensáveis. Aprende com ele o segredo da gestação humana, e a maneira de
como evitar abortos e partos prematuros.
...13a. Bate com cuidado e muito respeito. Neste aposento reside um gigante que
costuma comunicar-se........, com a Deusa da criação do mundo. Aprende agora como é
possível separar as coisas. Domina o mistério de dissociar os átomos, adquirindo assim,
pleno poder sobre a matéria. Aprende também a utilizar a força mágica que existirá nos
sons da fala humana, mas usa está força terrível com muita sabedoria. Este gigante
chama-se Otura Meji.
...14a. porta, irás defrontar-se com Irete Meji, que nada mais que Ilê, a Terra.Faz com
que te revele os seus mais íntimos segredos. Agrada-o, presta-lhe permanentemente
reverência e sacrifício. Contata, por seu intermédio, os Espíritos da Terra, e transforma-
os em teus aliados. Conhece os segredos de Sakpata, o Vodu da peste que mata e cura
da forma que melhor lhe aprouver. Aprende com ele o poder da cura, já que matar é tão
mais fácil.
Na 15a. serás recepcionado por Ose Meji, que irá falar-te de degeneração,
decomposição, putrefação, doenças e perdas. Aprende a sanar estes males e sai dali o
mais depressa possível, para não seres também vitimado por tanta negatividade, que foi
gerada em uma relação incestuosa.
Finalmente, a 16a. porta..... Aí reside Ofun Meji, o mais velho e terrível dos 16 gênios
guardiões. saúda com terror gritando Hêpa Baba! Só assim poderás aplacar sua ira.
Contempla-o com respeito, mas não o encares de frente. Observa que ele não é um
gênio como os que conhecestes nas 15 portas que precediam esta. Este é Ofun Meji,
aquele gerou os demais, que nele habitam e que dele se dissociam apenas de forma
ilusória. Conhece-lo é conhecer todo o segredo do Universo. è isto que buscava Oh!
Orumilá. Domina-o e resgata para ti a bela donzela chamada Sabedoria.

(Do Livro Igbadu, A Cabaça da Existência, de Awofa Ogbebara ou Adilson de Oxalá)

Esù Ójìsèbò
Essa história revela o nascimento do 17o. Odù, como e de onde nasceu Òsetùwá, em
decorrência, veremos a análise através de como Èsù se tornou Èsù Òsijè-Ebó, o
transportador e encarregado de encaminhar as oferendas entre a terra e o òrun.

Quem deveria consultar o porta-voz-principal-do-culto-de-Ifá; a nuvem esta pendurada


por cima da terra...
Bábálàwó dos tempos imemoriais;
Os "siris" estão no rio; a marca do dedo requer Yèréòsùn (pó sagrado de Ifá).
Estes foram os Bábálàwó que jogaram Ifá para os quatrocentos Irúnmolè, senhores do
lado direito, e jogaram Ifá para os duzentos malè, senhores do lado esquerdo. E jogaram
Ifá para Òsun, que tem uma coroa toda trabalhada de contas, no dia em que ele (Òsetùá)
veio a ser o décimo sétimo dos Irùnmolè que vieram ao mundo, quando Òlódumàrè
enviou os òrìsà, os dezesseis, ao mundo, para que viessem criar e estabelecer a terra.
E vieram verdadeiramente nessa época. As coisas que Òlódumàrè lhes ensinou nos
espaços do òrun constituíram nos pílares de fundação que sustentam a terra para a
existência de todos os seres humanos e de todos os ebora. Olódumàrè lhes ensinou que
quando alcançassem a terra, deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a de
Orò, o Igbó Orò. Deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a a Eégún, o
Igbó Eégún, que seria chamado Igbó Òpá. Disse que deveriam abrir uma clareira na
floresta consagrando-a a Odù Ifá, o Igbó Odù, onde iriam consultar o oráculo a respeito
das pessoas.
Disse ele que deveriam abrir um caminho para os Òrìsà e chamar esse lugar de Igbó
Òrìsà, floresta para adorar os òrìsà. Olódumàrè lhes ensinou a maneira como deveriam
resolver os problemas de fundação (assentamento) e adoração dos ojóbo (lugares de
adoração) e como fariam as oferendas para que não houvesse morte prematura, nem
esterilidade, nem infecundidade, que não houvesse perda, nem vida paupérrima, não
houvesse nada de tudo isso sobre a terra. Para que as doenças sem razão não lhes
sobrevivessem, que nenhuma maldição caisse sobre eles, que a destruição e a desgraça
não se abatessem sobre eles.
Olódumàrè ensinou aos dezesseis òrìsà o que eles deveriam realizar para evitar todas as
coisas. Ele os delegou e enviou à terra, a fim de executarem tudo isso. Quando vieram
ao òde àiyé, a terra, fundaram fielmente na floresta o lugar de adoração de Orò, o Igbá
Orò. Fundaram na floresta o lugar de adoração de Eégún. Fundaram na floresta o lugar
de adoração de Ifá que chamamos Igbódù. Também abriram um caminho para os òrìsà,
que chamamos igbóòòsa.
Executaram todos esses programas visando a ordem.
Se alguém estava doente, ele ia consultar Ifá ao pé de Òrúnmìlá. Se acontecia que
Eégún poderia salvá-lo, dir-lho-iam. Seria conduzido ao lugar de adoração na floresta de
Eégún ao Igbó-Igbàlè, para que ele fizesse uma oferenda para Egúngún. Talvez que um
de seus ancestrais devesse ser invocado como Eégún, para que o adorasse, a fim de que
esse Eégún o protegesse. Se havia uma mulher estéril, Ifá seria consultado, a respeito
dela, a fim de que Orúnmìlà pudesse indicar-lhe a decocção de Òsun, que ela deveria
tomar. Se havia alguém que estava levando uma vida de miséria, Orúnmìlà consultaria
Ifá, a respeito dele. Poderia ser que Orò estivesse associado à sua própria entidade
criadora. Orúnmìlà diria a essa pessoa que é a Orò que ela devia adorar. E ela seria
conduzida à floresta de Orò.
Eles seguiram essa prática durante muito tempo.
Enquanto realizavam as diversas oferendas, eles não chamavam Òsun. Cada vez que
iam a floresta de Eégún, ou à floresta de Orò, ou à floresta de Ifá, ou à floresta de Òòsà,
a seu retorno, os animais que eles tinham abatido, fossem cabras, fossem carneiros,
fossem ovelhas, fossem aves, entregavam-nos a Òsun para que ela os cozinhasse.
Preveniram-na que quando ela acabasse de preparar os alimentos, não devia comer
nenhum pouco, porque deviam ser levados aos Malè, lá onde as oferendas são feitas.
Òsun começou a usar o poder das mães ancestrais - àse Iyá-mi - e a estender sobre tudo
o que ela fazia esse poder de Iyá-mi-Àjé, que tornava tudo inútil.
Se se predissesse a alguém que ele ou ela não fosse morrer, essa pessoa não deixava de
morrer. Se fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria, a pessoa sobreviveria.
Se se previsse que uma pessoa daria à luz um filho, a pessoa tornava-se estéril. Um
doente a quem se dissesse que ele ficaria curado não seria jamais aliviado de sua
doença.
Essas coisas ultrapassavam seu entendimento, porque o poder de Olódumàre jamais
tinha falhado. Tudo que Olódumàre lhes havia ensinado eles o aplicava, mas nada dava
resultado. Que era preciso fazer ?
Quando se congregaram numa reunião, Orúnmìlà sugeriu que, já que eles eram
incapazes de compreender o que se estava passando por seus próprios conhecimentos,
não havia outra solução senão consultar Ifá novamente.
Em consequência, Orúnmìlà trouxe seu instrumento adivinhatório, depois consultou ifá.
Contemplou longamente a figura do Odù que apareceu e chamou esse Odù pelo nome
de òsetùá.
Ele olhou em todos os sentidos. A partir do resultado definitivo de sua leitura, Orúnmìlà
transmitiu a resposta a todos os outros Odù-àgbà. Estavam todos reunidos e
concordaram que não havia outra solução para todos eles, os òrìsàs-irúnmàlè, senão
encontrar um homem sábio e instruído que podesse ser enviado a Olódumàrè, para que
mandasse a solução do problema e o tipo de trabalho que devia ser feito para o
restabelecimento da ordem, a fim de que as coisas voltassem a normalizar-se, e nada
mais interferisse em seus trabalhos.
Ele, Orúnmìlà, deveria ir até a Olódumàrè. Orúnmìlà ergueu-se. Serviu-se de seus
conhecimentos para utilizar a pimenta, serviu-se de sua sabedoria para tomar nozes de
obi, despregou seu òdùn (tecido de ráfia) e o prendeu no seu ombro, puxou seu cajado
do solo, um forte redemoinho o levou, e ele partiu até os vastos espaços do outro mundo
para encontrar Olódumàrè. Foi lá que Orúnmìlà reencontrou Èsù Òdàrà. Èsù já estava
com Olódumàrè. Èsù fazia sua narração a Olódùmarè. Explicava que aquilo que estava
estragando o trabalho deles na terra era o fato de eles não terem convidado a pessoa que
constitui a décima sétima entre eles. Por essa razão, ela estragava tudo, Olódumàrè
compreendeu.
Assim que Orúnmìlà chegou, apresentou seus agravos a Olódumàrè. Então Olódumàrè
lhe disse que deveria ir e chamar a décima sétima pessoa entre eles e levá-la a participar
de todos os sacrificios a serem oferecidos. Porque, além disso, não havia nenhum outro
conhecimento que Ele lhes pudesse ensinar senão as coisas que Ele já lhes havia dito.
Quando Orúnmìlà voltou à terra, reuniu todos os òrìsà e lhes transmitiu o resultado de
sua viagem.
Chamaram Òsun e lhe disseram que ela deveria segui-los por todos os lugares onde
deveriam oferecer sacrificios. Mesmo na floresta de Eégún. Òsun recusou-se: ela jamais
iria com eles. Começaram a suplicar a Òsun e ficaram prostrados um longo tempo.
Todos começaram a homenageá-la e a reverênciá-la. Òsun os maltratava e abusava
deles. Ela maltratava Òrìsànlá, maltratava Ògún, maltratava Orúnmìlà, maltratava
Òsányín, maltratava Orànje, ela continuava a maltratar todo mundo. Era o sétimo dia,
quando Òsun se apaziguou. Então eles disseram que viesse. Ela replicou que jamais iria,
disse, entretanto, que era possível fazer uma outra coisa já que todos estavam fartos
dessa história.
Disse que se tratava da criança que levava no seu ventre. Somente se eles soubessem
como fazer para que ela desse à luz uma criança do sexo masculino, isso significaria que
ela permitiria então que ele a substituísse e fosse com eles. Se ela desse à luz uma
criança do sexo feminino, podiam estar certos que esta questão não se apagaria em sua
mente. Ficariam aí, pedaços, pedaços, pedaços. E eles deveriam saber com certeza que
esta terra pereceria; deveriam criar uma nova. Mas se ela desse a luz a um filho-homem,
isso queria dizer que, evidentemente, o próprio Olórun os tinha ajudado.
Assim apelou-se para Òrìsàlá e para todos os outros òrìsà para saber o que deveriam
fazer para que a criança fosse do sexo masculino. Disseram que não havia outra solução
a não ser que todos utilizassem o poder - àse - que Olódumàrè tinha dado a cada um
deles; cada dia repetidamente deveriam vir, para que a criança nascesse do sexo
masculino, Todos os dias iam colocar seu àse - seu poder - sobre a cabeça de Òsun,
dizendo o que segue.
"Você Òsun ! Homem ele deverá nascer, a criança que você traz em si!" Todos
respondiam "assim seja", dizendo "tó!" acima de sua cabeça...
Assim fizeram todos os dias, até que chegou o dia do parto de Òsun. Ela lavou a
criança. Disseram que ela deveria permitir-lhes vê-la. Ela respondeu "não antes de nove
dias". Quando chegou o nono dia, ela os convocou a todos. Esse era o dia da cerimônia
do nome, da qual se originaram todas as cerimônias de dar o nome. Mostrou-lhes a
criança, e a pôs nas mãos de Òrìsà. Quando Òrìsàálá olhou atentamente a criança e viu
que era um menino, gritou: "Músò"...! (hurra...!). Todos os outros repetiram "Músò".....!
Cada um carregou a criança, depois o abençoaram. Disseram "somos gratos por esta
criança ser um menino". Disseram "que tipo de nome lhe daremos". Òrìsà disse: "vocês
todos sabem muito bem que cada dia abençoamos sua mãe com nosso poder para que
ela pudesse dar à luz uma criança do sexo masculino, e essa criança deveria justamente
chamar-se À-S-E-T-Ù-W-Á (o poder trouxe ela a nós)" Disseram: "acaso você não sabe
que foi o poder do àse, que colocamos nela, que forçou essa criança a vir ao mundo,
mesmo se antes ela não queria vir à terra sob a forma de uma criança do sexo
masculino? Foi nosso poder que a trouxe à terra". Eis por que chamaram a criança de
Àsetùwà.
Quando chegou o tempo, Orúnmìlà consultou o oráculo Ifá acerca da criança, porque
todos devem conhecer sua origem e destino, colheram o instrumento de Ifá para
consultá-lo. Eles o manipularam e o adoraram. Era chegado o momento de consultar Ifá
a respeito dele, para saberem qual era seu Odù, para que o pudessem iniciar no culto de
Ifá. Levaram-no à floresta de Ifá, que chamamos Igbódù, onde Ifá revelaria que Òsè e
Òtùá eram seu Odù. Este foi o resultado que ele deu a respeito da criança. Orúnmìlà
disse: "a criança que Òsè e Òtùá fizeram nascer, que antes chamamos de Àsetùwá",
disse, "chamemo-la de Òsètùá". Foi por isso que chamaram a criança com o nome do
Odù de Ifá que lhe deu nascimento, Òsètùá.
Àsetùá era o nome que ele trazia anteriormente. Assim, a criança participou do grupo
dos outros Odù, ao ponto de ir com eles a todos os lugares onde se faziam oferendas na
terra. Foi assim que todas as coisas que Olódùmàrè lhes tinha ensinado deixaram de ser
corrompidas. Cada vez que proclamavam que as pessoas não morreriam, elas realmente
sobreviviam e não morriam. Se diziam que as pessoas seriam ricas, elas tornavam-se
realmente ricas. Se diziam que a mulher estéril conceberia, ela realmente dava à luz. A
própria Òsun deu a essa criança um nome nesse dia. Disse ela: "Osó a gerou
(significando que a criança era filho do poder mágico), porque ela mesma era uma ajé e
a criança que ela gerou é um filho homem. Disse ela: "Akin Osò", (Akin Osò: poderoso
mago; homem bravo dotado de um grande poder sobrenatural) eis o que a criança será !
É por isso que eles chamaram Òsetùá de Akin Osò, entre todos os Odù Ifá e entre os
dezesseis òrìsà mais anciãos. Depois eles disseram que em qualquer lugar onde os
maiores se reunissem, seria compulsório que a criança fosse um deles. Se não pudessem
encontrar o décimo sétimo membro, não poderiam chegar a nenhuma decisão, e se
dessem um conselho, não poderiam ratifica-lo.
Finalmente, aconteceu! Sobreveio uma seca na terra. Tudo estava seco! Não havia nem
orvalho! Fazia três anos que tinha chovido pela última vez. O mundo entrou em
decadência. Foi então que eles voltaram a consultar Ifá, Ifà àjàlàiyé. (aquele que
administra a terra) Quando Orúnmìlà consultou Ifá àjàlàiyé, disse que deveriam fazer
uma oferenda, um sacrificio, e preparar a oferenda de maneira que chegasse a
Olódùmàrè, para que Olódùmàrè pudesse ter piedade da terra, e assim não virasse as
costas à terra e se ocupasse dela para eles. Porque Olódùmàrè não se ocupava mais da
terra. Se isso continuasse, a destruição era inevitável, era iminente. Somente se
pudessem fazer a oferenda, Olódumàrè teria sempre misericórdia deles. Ele se lembraria
deles e zelaria pelo mundo.
Foi assim que prepararam a oferenda. Eles colocaram, uma cabra, uma ovelha, um
cachorro e uma galinha, um pombo, uma preá, um peixe, um ser humano e um touro
selvagem, um pássaro da floresta, um pássaro da savana, um animal doméstico.
Todas essas oferendas, e ainda dezesseis pequenas quartinhas cheias de azeite de dendê
que eles juntaram nesse dia. E ovos de galinha, e dezesseis pedaços de pano branco
puro. Prepararam as oferendas apropriadas usando folhas de Ifá, que toda oferenda deve
conter. Fizerram um grande carrego com todas as coisas. Disseram então, que o próprio
Èjì-Ogbè deveria levar essa oferenda a Olódumàrè. Ele levou a oferenda até as portas do
òrun, mas não, lhe foram abertas. Èjì-Ogbè voltou à terra. No segundo dia Òyèkú-Méji a
carregou, ele voltou. Não lhe abriram as portas. Ìwòrí-Méji levou a oferenda, assim
fizeram Òdi-Méji; Ìrosùn-Méji; Òwórin-Méji; Òbàrà-Méji; Òkànràn-Méji; Ogúndá-
Méji; Òsá-Méji; Ìká-Méji; Òtúrúpòn-Méji; Òtúá-Méji; Ìrètè-Méji; Òsè-Méji; Òfún-
Méji. Mas não puderam passar, Olórun não abria as portas. Assim decidiram que o
décimo sétimo entre eles deveria ir e experimentar o seu poder, antes que tivessem que
reconhecer que não tinham mais nenhum poder.
Foi assim que Òsetùá foi visitar certos Babaláwo, para que eles consultassem o oráculo
para ele. Esses Babaláwo traziam os nomes de Vendedor-de-azeite-de-dendê e
Comprador-de-azeite-de-dendê. Ambos esfregaram seus dedos com pedaços de cabaça.
Jogaram Ifá para Akin Osò, o filho de Enìnàre (aquela que foi colocada na senda do
bem) no dia em que ele conseguiu levar a oferenda ao poderoso òrun. Disseram que ele
deveria fazer uma oferenda; disseram, quando ele acabasse de fazer a oferenda,
disseram, no lugar a respeito do qual ele estava consultando Ifá, disseram, ali, ele seria
coberto de honras, disseram, sucederá que a posição que ele ali alcançasse, disseram,
essa posição seria para sempre e não desapareceria jamais.
Disseram, as honras que ele ali receberia, disseram, o respeito, seriam intermináveis.
Disseram: "Você verá uma anciã no seu caminho", disseram, "faça-lhe o bem". Assim,
quando Òsetùá acabou de preparar a oferenda, seis pombos, seis galinhas com seis
centavos e quando estava em seu caminho, ele encontrou uma anciã. Ele carregava a
oferenda no caminho que levaria a Èsù, quando encontrou essa anciã na sua rota. Essa
anciã era da época em que a existência se originou. Disse: "Akin Osò! à casa de quem
vai você hoje ?" Disse: "eu ouvi rumores a respeito de todos vocês na casa de Olófin,
que os dezesseis Odù mais idosos levaram uma oferenda ao poderoso òrun sem
sucesso".
Disse: "assim seja".
Disse: "é sua vez hoje?''
Disse: "é minha vez".
Disse: "tomou alimentos hoje?"
Respondeu ele: "eu tomei alimentos".
Disse ela "quando você chegar a seu sitio, diga-lhes que você não irá hoje".
Disse ela: "Esses seis centavos que você me deu", Disse: "há três dias não tinha dinheiro
para comprar comida"
Disse: "diga-lhes que você não ira hoje".
Disse: "quando chegar amanhã, você não deve comer, você não deve beber antes de
chegar ali".
Disse: "você deve levar a oferenda". Disse: "todos esses que ali foram, comeram da
comida da terra, essa é a razão por que Olórun não lhes abriu a porta!"
Quando Òsetùá voltou a casa de Oba Àjàlàiyè, todos os Odù Ifá estavam reunidos lá.
Disseram: "você deve estar pronto agora, é sua vez hoje de levar a oferenda ao òrun,
talvez a porta seja aberta para você!" Disse ele que estaria pronto no dia seguinte,
porque não tinha sido avisado na véspera.
Quando chegou o dia seguinte, Òsetùá, foi encontrar Èsù e lhe perguntou o que deveria
fazer.
Èsù respondeu: "Como! Jamais pensei que você viria me avisar antes de partir". Disse
ele: "isso vai acabar hoje, eles lhe abrirão a porta !" Perguntou ele: "Tomou algum
alimento?" Òsetùá lhe respondeu que uma anciã lhe tinha dito na véspera que ele não
devia comer absolutamente nada. Então Òsetùá e Èsù puseram-se a caminho. Partiram
em diração aos portões do òrun.
Quando chegaram lá, as portas já se encontravam abertas, encontraram as portas
abertas. Quando levaram a oferenda a Olódùmarè e Ele examinou. Olòdumarè disse:
"Haaa! Você viu qual foi o último dia que choveu na terra?! Eu me pergunto se o
mundo não foi completamente destruido. Que pode ser encontrado lá?" Òsetùá não
podia abrir a boca para dizer qualquer coisa. Olódùmarè lhe deu alguns "feixes"de
chuva. Reuniu, como outrora, as coisas de valor do òrun, todas as coisas necessárias
para a sobrevivencia do mundo, e deu-lhas. Disse que ele, Òsetùá, deveria retornar.
Quando deixaram a morada de Olódumarè, eis que Òsetùá perdeu um dos "feixes" de
chuva. Então a chuva começou a cair sobre a terra.Choveu, choveu, choveu, choveu....
Quando Òsetùá voltou ao mundo, em primeiro lugar foi ver Quiabo. Quiabo tinha
produzido vinte sementes. Quiabo que não tinha nem duas folhas, um outro não tinha
mesmo nenhuma folha em seus ramos.
Voltou-se em diração à casa do Quiabo escarlate, Ilá Ìròkò tinha produzido trinta
sementes. Quando chegou a casa de Yáyáá, esse havia produzido cinquenta sementes.
Foi então até à casa da palmeira de folhas exuberantes, que se encontrava na margem do
rio Awónrin Mogún. A palmeira tinha dado nascimento a dezesseis rebentos. Depois
que a palmeira deu nascimento a dezesseis rebentos ele voltou à casa de Oba Àjàlàiyé.
Àse se expandia e se estendia sobre a terra. Sêmen convertia-se em filhos, homens em
seu leito de sofrimento se levantavam, e todo o mundo tornou-se aprazível, tornou-se
poderoso. As novas colheitas eram trazidas dos plantios. O inhame brotava, o milho
amadurecia, a chuva continuava a cair, todos os rios transbordavam, todo mundo era
feliz.
Quando Òsetùá chegou, carregaram-no para montar num cavalo (signo de realeza: só os
mais poderosos podem-se permitir a criar ou montar cavalos em País Yorùbá). Estavam
mesmo a ponto de levantar o cavalo do chão para mostrar até que ponto as pessoas
estavam ricas e felizes. Estavam de tal forma contentes com ele, que o cobriram de
presentes, os que estavam em sua direita os que estavam em sua esquerda. Começaram a
saudar Òsetùá: "Você é o único que conseguiu levar a oferenda ao òrun, a oferenda que
você levou ao outro mundo era poderosa !
Disseram, "sem hesitação, rápido, aceite meu dinheiro e ajude-me a transportar minha
oferenda ao òrun! Òsetùá! Aceite rápido! Òsetùá aceite minha oferenda!" Todos os
presentes que Òsetùá recebeu, os deu todos a Èsù Òdàrà. Quando os deu a Èsù, Èsù
disse: "Como!" Há tanto tempo ele entregava os sacrificios, e não houve ninguém para
retribuir-lhe a gentileza.
"Você Òsetùá! Todos os sacrificios que eles fizerem sobre a terra, se não os entregarem
primeiro a você, para que você possa trazer a mim, farei que as oferendas não sejam
mais aceitáveis".

Eis a razão pela qual sempre que os Babaláwo fazem sacrificios, qualquer que seja o
Odù Ifá que apareça e qualquer que seja a questão, devem invocar Òsetùá para que
envie as oferendas a Èsù. Porque é só de sua mão que Èsù aceitará as oferendas para
levá-las ao òrun. Porque quando Èsù mesmo recebia os sacrificios das pessoas da terra
e os entregava no lugar onde as oferendas são aceitas, eles não demonstravam nenhum
reconhecimento pelo que ele fazia por todos até o dia em que Òsetùá teve de carregar o
sacrificio e Èsù foi abrir o caminho apropriado para o òrun, para alcançar a morada
de Olódumàrè. Quando se abriram as portas para ele. A qualidade de gentileza que
Èsù recebeu de Òsetùá era realmente muito valiosa para ele (Èsù). Então ele e Òsetùá
decidiram combinar um acordo pelo qual todas as oferendas que deveriam ser feitas
deveriam ser-lhe enviadas por intermédio de Òsetùá. Foi assim que Òsetùá converteu-
se no entregador de oferendas para Èsù. Èsù Òdàrà, foi assim que ele se converteu em
O portador de oferendas para Olódumàrè, Èsù Òsijé-Ebó, no poderoso òrun. É assim
como este Itan (verso) Ifá explica, a respeito de Èsù e Òsetùá. 

Os Príncipes Negros do Destino


Há muito tempo, num antigo país da África, 16 príncipes negros trabalhavam juntos
numa missão da mais alta importância para seu povo, povo que chamamos de iorubá.
Seu ofício era colecionar e contar histórias. O tradicional povo iorubá acreditava que
tudo na vida se repete. Assim, o que acontece e acontecerá na vida de alguém já
aconteceu muito antes a outra pessoa.
Saber as histórias já acontecidas, as histórias do passado, significava para eles saber o
que acontece e o que vai acontecer na vida daqueles que vivem o presente. Pois eles
acreditavam que tudo na vida é repetição. E as histórias tinham que ser aprendidas de
cor e transmitidas de boca em boca, de geração a geração, pois, como muitos outros
velhos povos do mundo, os iorubás antigos não conheciam a palavra escrita.
Ilustrações: Paulo Monteiro 
Na língua iorubá dos nossos 16 príncipes havia uma palavra para se referir a eles. Eles
eram chamados de odus, que poderíamos traduzir como portadores do destino. Os
príncipes odus colecionavam as histórias dos que viveram em tempos passados, sendo
cada um deles responsável por um determinado assunto. Assim, o odu chamado Oxé
sabia todas as histórias de amor. Odi sabia as histórias que falavam de viagens, negócios
e guerras. Ossá sabia tudo a respeito da vida em família e da maternidade. E assim por
diante.
As histórias falavam de tudo o que acontece na vida das pessoas, de aspectos positivos e
negativos, pois tudo tem o seu lado bom e o seu lado ruim.
Ilustrações: Paulo Monteiro 
Quando uma criança iorubá nascia, um dos 16 odus passava a cuidar de seu destino, de
modo que na vida da nova criatura se repetiriam as histórias contadas pelo príncipe que
era o seu odu, o padrinho de seu destino. Sim, cada criança nascida naquele país tinha
um odu protetor e esse odu a acompanhava pela vida afora, era seu destino. E tudo o
que lhe acontecia estava previsto nas histórias que o príncipe protetor gostava de contar.
Não era incomum um menino dizer aos amiguinhos: “Sou afilhado do príncipe Ejiobê e
por isso vou ser muito inteligente e equilibrado.”
“Meu odu é o príncipe Ocanrã e por isso sou assim esperto”, gabava-se, orgulhoso,
outro moleque.
“O odu que rege o meu destino é Odi e eu vou ser um guerreiro valente e vitorioso”,
falava um terceiro menino, sonhando com um destino venturoso, já se sentindo o
maioral da criançada. Por isso chamamos os odus de príncipes do destino.
Bem, formavam o time completo dos odus os príncipes Ocanrã, Ejiocô, Etaogundá e
Irossum, mais Oxé, Obará, Odi e Ejiobê, além de Ossá, Ofum, Ouorim e Ejila-Xeborá e
também Ejiologbom, Icá, Oturá e Oturopom. Fazendo um pequeno comentário, os tais
príncipes tinham nomes bem esquisitos, não é? Mas só porque são nomes africanos e
nós somos brasileiros. Sendo assim, nossos ouvidos não estão acostumados com eles.
Cada povo tem sua língua e cada língua tem seus sons e suas palavras. Quem fala uma
língua acha os sons de outra esquisitos. Se contássemos uma história semelhante a esta
para crianças africanas e disséssemos que nossos heróis eram chamados de Francisco,
Vinícius, Pedro e Joaquim, elas iam achar os nomes muito estranhos, como nós
achamos fora do comum os deles.
Entre os 16 príncipes do destino, Ejila-Xeborá talvez fosse o odu mais invejado, pois
aqueles que tinham a vida regida por ele estavam fadados a agir com justiça e conhecer
o sucesso, desde que não fizessem nenhuma besteira, é claro. Já o odu Obará só sabia
falar de coisas tristes, como as histórias dos que são roubados, dos que perdem bens
materiais, dos que não conseguem realizar até o fim nada de bom, sempre envolvidos
em fracasso e frustração.
Por isso ninguém gostava de conversar com Obará, pois lá ia ele contando aquelas
histórias infelizes, e por isso mesmo o chamavam de Príncipe Infeliz. E é claro que
ninguém queria ter Obará, coitado, como padrinho de algum filho seu.
Acima dos 16 príncipes odus estava o Senhor do Destino, o deus que os iorubás
chamavam de Ifá. Os antigos iorubás cultuavam muitos deuses, que eles chamavam de
orixás, e cada orixá cuidava de um diferente aspecto do mundo. Ifá era o orixá do
destino, o mestre do acontecer da vida, e os odus trabalhavam para ele.
Ifá vivia no Céu dos orixás, que era chamado de Orum. De lá ele comandava os
príncipes odus. Os odus orientavam o destino dos seres humanos, mas Ifá os vigiava
com muita atenção, para que tudo saísse como deveria ser, na vida de cada homem, na
vida de cada mulher, fosse um velho, fosse um adulto, fosse uma criança.

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