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UNIP – Universidade Paulista

Disciplina: Metodologia Científica (on-line)


Profª. Irinéia Franco (profirineiafranco@yahoo.com.br)

OBJETIVO
Introduzir os conceitos referentes à ciência e seus métodos. Fornecer as noções
gerais para a pesquisa acadêmica com consulta às fontes e arquivos. Também
técnicas para melhor aproveitamento das leituras, montagem de projetos e o estudo
estrutural das monografias científicas. Com isso, espera-se que o estudante tecnólogo
possa levantar informações, interpretar dados e apresentar formalmente seus
resultados de pesquisa. Visa, finalmente, auxiliar na elaboração de problemas, teses e
hipóteses, essenciais no processo de reflexão científica.

PROGRAMA
Aula 01 – Ciência e Método Científico.
Aula 02 – Teoria e Empiria.
Aula 03 – Pesquisa bibliográfica.
Aula 04 – Leitura, Resumo e Fichamento.
Aula 05 – Projeto de Pesquisa: Problema, Tese e Hipóteses.
Aula 06 – Monografia Científica.
Aula 07 – Estrutura interna do texto acadêmico
Aula 08 – Utilização das normas da ABNT
Aula 09 – Publicações de Trabalhos científicos
Aula 10 – Fontes do conhecimento: movimentos metodológicos
Aula 11 – Ciência e tecnologia no contexto internacional
Aula 12 – A Sociedade da Informação: hipertexto e hipermídia
Aula 13 – Conhecimento e Educação à distância

Bibliografia

1. Araújo, Emanuel – A construção do livro: princípios técnicos de editoração. Rio


de Janeiro: Editora Nova Fronteira; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1986.

2. Eco, Humberto – Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva, 1997.

3. Barbosa, Wilson do Nascimento – Teoria e Empiria. Texto impresso,


Departamento de História FFLCH-USP, 1992.

4. Mattar, João. Metodologia Científica na Era da Informática. São Paulo: Editora


Saraiva, 2005.

5. Morin, Edgar. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Editora Bertrand


Brasil, 2004.

6. Salomon, D. V. – Como fazer uma monografia. São Paulo: Editora Martins


Fontes, 1999.

7. Severino, Antônio Joaquim – Metodologia do trabalho científico. São Paulo:


Editora Cortez, 2002.

8. Weber, Max – Ciência como Vocação in Metodologia das Ciências Sociais. São
Paulo: Editora Cortez, 2000.

1
Conteúdo Aula 01

Ciência e Método Científico

1. O que é Ciência e Método Científico


As definições para “ciência” são variadas. Estudiosos de todas as áreas
abordam a dificuldade em se definir, de maneira satisfatória, o termo. A ciência é filha
da Filosofia (“amor à sabedoria”) e está, em um primeiro momento, entrelaçada a ela.
A vontade humana em conhecer a “verdade” das coisas, buscar explicações para os
fenômenos naturais, a origem do mundo e dos homens, que não se baseassem em
explicações religiosas, fez com que se tentasse, desde a Antiguidade Clássica,
elaborar um pensamento que pudesse de forma sistemática dar conta da
complexidade da existência. Para isso, era importante uma distinção para os termos
que expressavam tal busca.
Ciência, em latim scientia, significa “um conhecimento que inclui, em qualquer
modo ou medida, uma garantia da própria validez”. O filósofo grego Platão (c.428-348
a.C.) pensando na “garantia” de validade do que afirma na ciência, distingue-a do que
seriam as opiniões; essas “saem da alma humana e não tem muita utilidade até que
alguém consiga ligá-las em um raciocínio causal”.1
Ou seja, na concepção clássica, a ciência pretende através do raciocínio de
causas e efeitos, garantir a sua validade para a explicação dos fenômenos naturais e
do homem. Diferenciando-se das opiniões (senso comum) que não possuem
explicações auto-suficientes. A partir desse primeiro conceito, diferentes concepções
de ciência foram criadas conforme a “garantia de validade” que lhe é reconhecida.
A Ciência Moderna, por outro lado, não têm a pretensão de ser absoluta em
suas afirmações. Podemos, então, ampliar o conceito de Ciência e utilizá-lo dentro da
seguinte definição:

“Processo racional usado pelo homem para se relacionar com a


natureza e, assim, obter resultados que lhe sejam úteis. É o corpo
de conhecimentos sistematizados que, adquiridos via observação,
identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de
fenômenos e fatos, são formulados metódica e racionalmente”.2

Essa definição é útil na medida em que apresenta as etapas do procedimento


científico: observação, identificação, pesquisa e explicação. Traz também a forma
como esse conhecimento é apresentado, de maneira metódica e racional.
O professor Alberto Mesquita Filho3 sistematiza da seguinte maneira esse
processo, a partir do que ele chama de regra científica fundamental, baseado em
sua definição para ciência.

“Vejo a ciência como a área de conhecimento que se apóia não


num método, mas sim na regra da repetitividade, a que eu tenho
chamado de regra científica fundamental: se em dadas condições,
um determinado fenômeno, sempre que pesquisado, se repetiu, é
de se admitir que em futuras averiguações o mesmo suceda”.4

1
Nicola Abbagnano – Dicionário de Filosofia. Verbete Ciência, pp. 158-162. México: Fondo de
Cultura Econômica, 2004.
2
Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Verbete Ciência. Edição eletrônica, v.1.
3
Alberto Mesquita Filho – Teoria sobre o método científico. Em busca de um modelo unificante
para as ciências e de um retor no à Universidade criativa . Disponível em
http://www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/metcien3.htm. Data de acesso: 14/02/2006.
4
Ibidem, p. 3.

2
A regra científica, segundo Mesquita Filho, seria seguida pela maioria dos cientistas.
Podemos visualizar o processo no seguinte esquema do autor. 5

REGRA CIENTÍFICA FUNDAMENTAL


Se em dadas condições, um determinado
fenômeno, sempre que pesquisado, se
repetiu, é de se admitir que em futuras
verificações o mesmo suceda.

DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA
Ciência é o processo pelo qual o homem
se relaciona com os fenômenos universais
que se sujeitam à regra científica
fundamental

OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DOS QUE TRABALHAM EM CIÊNCIA

VERIFICAÇÃO DE QUE ALGUNS


CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO
DAS CIÊNCIAS
Cientista é todo ser racional que contribui
diretamente para o progresso das ciências.

CONSTATAÇÃO DE QUE ESTES SE


UTILIZAM DE UM MÉTODO COMUM

O método é uma técnica particular de investigação. Cada área na ciência:


biologia, química, física, matemática, sociologia, história, etc, possuem métodos
próprios, mas que estão baseados em um método comum. Ou seja, o procedimento
racional e sistemático que em cada área acompanha suas particularidades.
Interessante notarmos que o método está intimamente ligado às idéias que o
cientista tem sobre o objeto ou o fenômeno que irá estudar. Ou seja, o método ou a
metodologia baseiam-se na “visão de mundo” do cientista. Isso não significa que o
cientista influencie diretamente o resultado da pesquisa. Realmente, não há ciência
totalmente neutra ou isenta de ideologia6. O cientista não está isento, enquanto

5
Alberto Mesquita Filho, op.cit. p. 5.
6
Entende-se por ideologia um “sistema de idéias (crenças, tradições, princípios e mitos)
interdependentes, sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem,
racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais,
religiosos, políticos ou econômicos”. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verbete ideologia, edição
eletrônica, v.1.

3
pessoa, de “pré-conceitos”. Mas, ele busca numa atitude racional, abster-se o máximo
possível.
Porém, podemos afirmar que através de um método racional pretende-se
conhecer senão a verdade total dos fenômenos, suas particularidades dentro de
determinadas condições. Não afirmando verdades absolutas a Ciência pode, em uma
constante autocorreção, buscar novos fatos e relações para os fenômenos. E assim,
continuamente alimentar teorias7.

2. Reflexão crítica sobre a função da Ciência na sociedade.

“O Homem é a medida de todas as coisas”


Protágoras de Abdera (480-410 a.C.)

A Ciência foi com o passar do tempo tornando-se um elemento essencial na


sociedade. A substituição das explicações religiosas pelas explicações científicas
significou uma revolução em termos de comportamento humano e compreensão do
mundo. As teorias científicas, dessa forma, baseiam-se na razão e tem como medida
o ser humano. Ou seja, utilizam o pensamento racional tendo como finalidade o bem
estar do homem e da sociedade. As explicações para o mundo e a natureza
encontram-se ou seriam descobertas passando pelo próprio corpo físico do ser
humano, através dos seus sentidos. Os períodos do Renascimento (séc. XIV-XVI) e o
Iluminismo (séc. XVII-XVIII) foram na História momentos marcantes para a
consolidação de um processo de conhecimento que se baseasse, respectivamente, no
homem e na razão.
O mais importante para entendermos a importância da ciência foi o
desenvolvimento de novas técnicas que acompanhavam as descobertas científicas
sobre os fenômenos naturais. Por exemplo: os estudos matemáticos auxiliaram na
melhoria das técnicas de construção. O avanço no conhecimento da astronomia
possibilitou as viagens marítimas que levaram ao “descobrimento” da América no
século XVI.
O crescente aumento de informações e experimentações foi tão grande no
século XVIII e XIX que temos a chamada Era Industrial, ou Industrialização. Onde a
Ciência e suas técnicas auxiliaram o ser humano a cada vez mais dominar a natureza
e transformar a sociedade, em todos os âmbitos. Esse período foi marcante para o
surgimento do chamado progresso científico.
A Ciência não é, no entanto, isenta de influência das idéias que prevalecem em
cada época. Principalmente, das relações sociais, políticas, econômicas e culturais
que prevalecem em cada período da história. Pensando em nosso próprio tempo,
vejamos o que diz Edgar Morin a respeito disso:

“(...) é evidente que o conhecimento científico determinou


progressos técnicos inéditos, tais como a domesticação da energia
nuclear e os princípios da engenharia genética. A ciência é,
portanto, elucidativa (resolve enigmas, dissipa mistérios),
enriquecedora (permite satisfazer necessidades sociais e, assim,
desabrochar a civilização); é de fato, e justamente, conquistadora,
triunfante. E, no entanto, (...) apresenta-nos, cada vez mais,
problemas graves que se referem ao conhecimento que produz, à
ação que determina, à sociedade que transforma. (...) Para

7
Entende-se por teoria “o conhecimento sistemático, fundamentado em observações empíricas
e/ou postulados racionais, voltado para a formulação de leis e categorias gerais que permitam a
ordenação, a classificação minuciosa e, eventualmente, a transformação dos fatos e das realidades da
natureza”. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verbete teoria, edição eletrônica, v.1.

4
conceber e compreender esse problema há que acabar com a tola
alternativa da ciência “boa”, que só traz benefícios, ou da ciência
“má”, que só traz prejuízos. Pelo contrário, há que, desde partida,
dispor de pensamento capaz de compreender a ambivalência, isto
é, a complexidade intrínseca que se encontra no cerne da
ciência”.8

Como estudantes, devemos estar sempre atentos aos problemas e questões


que surgem em torno da busca pelo conhecimento. Fazer ciência pressupõe uma
atitude responsável a respeito do conhecimento que se pretende produzir. Temos
então, que a Ciência relaciona-se à Ética. Vale lembrar, que os conhecimentos em
diferentes áreas podem, e é importante, que se relacionem e busquem soluções
comuns para os problemas enfrentados em sociedade.

Exercícios

Leia o conteúdo da aula e responda as questões.

1. De acordo com o conteúdo, assinale a alternativa correta.

(A) A ciência é a única ferramenta correta para o conhecimento do mundo.


(B) A ciência não se preocupa em garantir a própria validade, mas em estabelecer
opiniões.
(C) Na concepção clássica a validade da ciência é baseada na relação que ela
estabelece entre causa e efeito.
(D) A distinção entre ciência e opinião não foi estabelecida na Antiguidade
Clássica.
(E) A ciência moderna exprime na relação causa-efeito a certeza absoluta dos
fatos.

2. Assinale a alternativa incorreta.

(A) A regra científica fundamental diz que um fenômeno se repetirá sempre que
pesquisado.
(B) A regra científica fundamental diz que um fenômeno se repetirá em dadas
condições.
(C) A regra científica fundamental afirma que se em dadas condições, um
determinado fenômeno, sempre que pesquisado, se repetiu, é de se admitir que
em futuras verificações o mesmo suceda.
(D) A regra científica fundamental não afirma que se em dadas condições, um
determinado fenômeno, sempre que pesquisado, se repetiu, é de se duvidar que
em futuras verificações o mesmo suceda.
(E) A regra científica fundamental não assegura a repetição do fenômeno em todas
as condições.

3. Qual a atitude do cientista em relação ao método? Assinale a alternativa


correta.
(A) Escolhe o método que melhor se adeqüe às suas necessidades do momento.
(B) Testa os métodos antes de escolher aquele que atenta às suas exigências.
(C) Evita trabalhar com o método que melhor expressa sua visão de mundo.
(D) Evita a ideologia que está por traz do método.

8
Edgar Morin. Ciência com Consciência, pp. 15-16.

5
(E) Mesmo não estando isento preconceitos procura racionalmente se abster de
influenciar os resultados de sua pesquisa e o método que usa.

4. Assinale a alternativa incorreta.


(A) Protágoras de Abdera considera o homem mais um elemento dos fenômenos
naturais.
(B) A afirmação de Protágoras se aplica ao conhecimento racional da natureza.
(C) O homem é a medida de todas as coisas porque, para Protágoras, o
conhecimento passa pelos sentidos humanos.
(D) O homem é a medida de todas as coisas porque, segundo Protágoras, a
sociedade só é compreensível ao se entender o ser humano.
(E) Para Protágoras os deuses não são essenciais para a explicação da
sociedade.

5. O progresso científico significou uma revolução na história humana.


Assinale a alternativa que melhor expresse essa revolução tendo como
base a opinião de Edgar Morin.
(A) O desenvolvimento de técnicas acelerou o processo de industrialização e o
domínio do homem sobre a natureza.
(B) O progresso científico permitiu o domínio da natureza sem o domínio da
técnica.
(C) A revolução industrial somente trouxe problemas para o domínio do homem
sobre a natureza.
(D) O progresso científico e técnico somente resultou em benefícios para a
humanidade e garantias para o futuro.
(E) A ciência e os seus resultados de progresso não podem ser apresentados
somente como bons ou ruins, uma vez que apresentam elementos complexos
em seu cerne.

Conteúdo Aula 02

TEORIA E EMPIRIA

Há em metodologia dois aspectos da pesquisa científica: teoria e empiria. Ou


seja, os conceitos e a observação ou experiência. Vejamos os significados de cada
um e a maneira como se relacionam.
Encontramos no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa sete definições para
Teoria. Cada uma dessas definições é utilizada em diferentes contextos. Vejamos:

1 conjunto de regras ou leis, mais ou menos sistematizadas, aplicadas a uma área


específica. Ex.: t. política, artística.
2 conhecimento especulativo, metódico e organizado de caráter hipotético e
sintético. Ex.: princípios de uma teoria.
3 Doutrina ou sistema resultantes dessas regras ou leis. Ex.: teoria crítica
4 conjunto sistemático de opiniões e idéias sobre um dado tema. Ex.: explicou sua
teoria sobre o carnaval.
5 qualquer noção abrangente; generalidade. Ex.: falava sem parar, contava casos
e expunha teorias.
6 Na filosofia grega, conhecimento de caráter estritamente especulativo,
desinteressado e abstrato, voltado para a contemplação da realidade, em
oposição à prática e a qualquer saber técnico ou aplicado.
7 Derivação: por extensão de sentido.
Conhecimento sistemático, fundamentado em observações empíricas e/ou
postulados racionais, voltado para a formulação de leis e categorias gerais

6
que permitam a ordenação, a classificação minuciosa e, eventualmente, a
transformação dos fatos e das realidades da natureza.

A definição sete é aquela que usualmente utilizamos em metodologia. Pois,


pressupõe uma fundamentação nas observações empíricas que leva à elaboração
de sistemas de explicações para os fatos. Tudo isso, dentro de um processo
sistemático e racional. Aqui já está estabelecida uma relação com as observações
empíricas, ou seja, com a empiria.
Assim, podemos definir empiria como “conjunto de dados ou acontecimentos
conhecidos através da experiência, por intermédio das faculdades sensitivas (e não
por meio de qualquer necessidade lógica ou racional)”.9
Temos então, que teoria e empiria se relacionam. Uma vez que, para
elaborarmos os conceitos que se transformarão em teorias necessitamos do
conhecimento vindo da experiência.
De acordo com o professor Wilson do Nascimento Barbosa, podemos afirmar
que, em metodologia científica, “existe uma relativa autonomia da teoria e da empiria,
sendo que estas palavras expressam de fato momentos do processo do
conhecimento, em que a prática se transforma em abstração e a abstração é devolvida
à prática”.10
Sendo, pois, momentos no processo de conhecimento, isso não implica em
sua total independência uma diante da outra. Teoria e Empiria se relacionam e
funcionam melhor em conjunto. Uma pesquisa não pode somente se basear em
teorias sem a correta referência aos dados, observação ou experiências. Por outro
lado, para melhor análise dos dados, faz-se necessário o apoio teórico.
Para melhor compreender essa relação pensemos em termos de teoria e prática.
Sabemos que ao aprendermos uma nova profissão, por exemplo, administração, há
um conjunto de teorias e idéias que foram elaboradas pelos profissionais da área e
estudiosos. O estudante de administração, durante o seu curso, toma contato com tais
conceitos. Ele percebe que a maioria desses conceitos, para serem funcionais,
procura se basear na realidade das empresas. Pode ocorrer, no entanto, que esse
estudante ao tomar contado com a empresa não perceba nela os mesmos conceitos.
Através de sua prática profissional ele vai pensar novos conceitos, ou idéias que
completem ou melhorem os conceitos antes aprendidos por ele.
Temos assim, um processo de auto-alimentação entre teoria e prática, ou entre
teoria e empiria.

9
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Verbete Empiria, edição eletrônica, v. 1.
10
Wilson do Nascimento Barbosa – Teoria e Empiria. Palestra no Departamento de História da Faculdade
de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, 17 de setembro de 1992. Texto impresso, p. 3,

7
TEORIA = EMPIRIA = Dados
Conceitos e conjunto coletados,
de idéias explicativas observações ou
da área de experiência
conhecimento. PRATICA.

Relação entre TEORIA


E EMPIRIA leva a uma
auto-alimentação do
processo. Teoria se
fortifica ou surge
NOVA TEORIA

Vejamos agora dois tipos diferentes de raciocínios utilizados na análise dos


dados coletados pela empiria. Esses dois raciocínios são exemplos claros de como a
relação teoria e empiria, dependendo da ênfase e da prioridade dada a cada uma,
resultam diferente.

Indução
Raciocínio que parte de dados particulares (fatos, experiências,
enunciados empíricos) e, por meio de uma seqüência de
operações cognitivas, chega a leis ou conceitos mais gerais,
indo dos efeitos à causa, das conseqüências ao princípio, da
experiência à teoria.

Dedução
Inferência lógica de um raciocínio; conclusão, ilação.
Processo de raciocínio através do qual é possível, partindo de
uma ou mais premissas aceitas como verdadeiras (p.ex., A é
igual a B e B é igual a C) a obtenção de uma conclusão
necessária e evidente (no ex. anterior, A é igual a C).

O professor Alberto Mesquita Filho11 elaborou o seguinte esquema para os dois


argumentos.

11
Alberto Mesquita Filho – Teoria sobre o método científico. Em busca de um modelo unificante para as
ciências e de um retorno à Uni versidade criativa. Disponível em
http://www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/metcien3.htm. Data de acesso: 14/02/2006.

8
Argumento Indutivista.

Argumento Dedutivista

Temos, então, na Indução a perspectiva do particular para o geral (empiria


para teoria). De acordo com Mesquita Filho (p. 4-5):

“Se em dadas condições, um determinado fenômeno,


sempre se pesquisado, se repetiu, em futuras verificações o
mesmo sucederá”.

Na Dedução, por sua vez, temos do geral para o particular (teoria para
empiria, com a etapa das hipóteses):

“Se em dadas condições, um determinado fenômeno,


sempre que pesquisado, se repetiu, qualquer afirmação
decorrente dessa premissa, para que seja hipótese, deverá
ser passível de verificação observacional”.

Para uma clara distinção entre os dois raciocínios imaginemos que um cientista
ao estudar um fenômeno, utilizando a indução, criará a partir de um determinado
número de observações, leis explicativas para aquele fenômeno. Esse processo,
muitas vezes, corre o risco de realizar generalizações, pois, se apenas em uma das
observações houver uma discrepância, a sua lei ou teoria será invalidada. Já o

9
cientista que trabalha com a Dedução antes de elaborar leis ou teorias gerais cria
hipóteses, que precisam ser verificadas antes que se formular uma teoria.
Vejamos a colocação de Mesquita Filho sobre o processo de pesquisa e a
elaboração de hipóteses:

“A pesquisa científica inicia-se sempre com a colocação de um


problema solucionável. O passo seguinte consiste em oferecer
uma solução possível através de uma proposição, ou seja, de uma
expressão suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa. A esta
proposição dá-se o nome de hipótese. Assim, a hipótese é a
proposição testável que pode vir a ser a solução do problema”.
[...]
“É importante salientar que a finalidade primordial da ciência não é
formular hipóteses, e sim, sistematizar teorias; e que teoria não é
pura e simplesmente uma coletânea de hipóteses: Teoria é um
conjunto de hipóteses coerentemente interligadas, tendo por
finalidade explicar, elucidar, interpretar ou unificar um dado
domínio do conhecimento”.12

A partir do momento em que trabalhamos com um projeto de pesquisa, de


qualquer área, é importante tomarmos contato com as teorias e conceitos já
existentes. Para, a partir daí, tentar encontrar um problema que nos servirá de guia na
execução da pesquisa. É importante que o estudante perceba que teoria e empiria não
são elementos isolados, cada um tem o seu espaço determinado dentro da pesquisa,
mas estão em constante inter-relação.
Da mesma, que o método escolhido pelo pesquisador ou estudante expressa
uma “visão de mundo”, as teorias nas quais se baseiam também se inserem no
contexto das lutas ideológicas existentes na sociedade e que se expressam também
na Ciência.

Exercícios

1. Marque a alternativa correta:


(a) A teoria é auto-suficiente na elaboração de leis gerais explicativas para os
fenômenos.
(b) A empiria é a única capaz de trazer conhecimento para a pesquisa.
(c) A teoria e a empiria são auto-suficientes e podem ser utilizadas
separadamente na pesquisa.
(d) Teoria e empiria se relacionam como etapas dentro da pesquisa.
(e) Teoria e empiria se relacionam em um processo de auto-alimentação que
produz o conhecimento.

2. De acordo com Mesquita Filho, assinale a alternativa correta que


expresse o argumento indutivista:
(a) A partir de previsões deduzem-se teorias que explicam os fenômenos
observados.
(b) A partir dos fatos observados induzem-se leis e teorias que levam às
previsões e explicações.
(c) Tendo em vista as leis e teorias são feitas análises dos fenômenos que levam
às explicações gerais.

12
Alberto Mesquita Filho, op. cit., p. 7.

10
(d) Partindo dos fatos elaboram-se hipóteses que levam às teorias.
(e) Partindo de hipóteses elaboradas pela observação são criadas as teorias
gerais.

3. Agora, tente identificar o argumento dedutivista entre as opções abaixo:


(a) A dedução desenvolve leis somente a partir da elaboração de hipóteses que
são deduzidas da observação.
(b) A dedução desenvolve leis pela observação induzida de hipóteses.
(c) Das hipóteses é possível deduzir leis na observação dos fenômenos.
(d) Somente com a observação é possível deduzir as leis gerais.
(e) As hipóteses são construídas através da indução de leis particulares.

4. A importância da teoria e empiria para a pesquisa acadêmica podem ser


expressa por qual afirmação abaixo?
(a) O trabalho acadêmico não exige um conhecimento prévio da relação entre
teoria e empiria, já que ambas são apreendidas posteriormente.
(b) O trabalho acadêmico demanda uma correta relação entre teoria e empiria,
pois, ambas fazem parte do processo metodológico para a construção do
conhecimento.
(c) A pesquisa científica preocupa-se com a empiria em detrimento da teoria
porque esta é frágil em seus pressupostos.
(d) A relação entre teoria e empiria é importante porque permite improvisações na
formulação de leis gerais explicativas.

Conteúdo Aula 03

Pesquisa Bibliográfica

Toda pesquisa acadêmica é uma soma de etapas que inclui, entre outros
momentos, um bom preparo do estudante em leitura e análise de textos. A leitura é
um hábito que ajuda a desenvolver um repertório de conhecimentos e informações
necessários para a reflexão e discussão de idéias (teorias) que são exigidas durante a
pesquisa. A análise textual, feita de forma correta, retira as informações essenciais do
texto e as sistematiza coerentemente. Assim, a etapa da pesquisa bibliografia é feita
tendo por companheiras a leitura e análise.
A pesquisa bibliográfica conta hoje com facilitadores. Antes, basicamente as
informações para pesquisa eram retiradas dos livros. Por isso, a chamada
bibliografia, reúne os títulos utilizados como apoio na construção do texto. Hoje, além
dos livros, contamos também com a Internet, como uma excelente fonte de
informações, uma vez que engloba uma série de sites especializados, listas de
discussão, artigos, referências e até mesmo obras completas. É importante que o
estudante utilize bem essa fonte de informações, tendo claro que o trabalho
acadêmico deve ser construído e não copiado. A cópia de trabalhos (plágio) além de
ser uma prática desonesta é ilegal. A internet pode ser utilizada, desde que, sejam
feitas as corretas referências, de acordo com suas especificidades. Mas, é sempre
bom termos uma bibliografia básica sobre o tema a ser pesquisado ou estudado. Os
livros ainda são as fontes mais confiáveis para retirar as informações. Isso não
significada que os livros também não devam ser lidos de forma crítica.
Vejamos, em seguida, algumas orientações para a pesquisa bibliográfica e
dicas para aproveitar as diferentes fontes de informação.

1. Em busca das fontes.

11
As duas primeiras questões a serem respondidas quando se inicia a pesquisa
é: O que vou pesquisar, ou seja, qual o meu tema? E, aonde encontrar as
fontes?
A questão da escolha do tema é assunto para ser aprofundado em outro
momento. Por enquanto, o aprendiz de pesquisador deve ter como primeira
preocupação situar-se no universo do tema estudado. Por isso, é importante que ele
tenha as ferramentas necessárias. Uma boa enciclopédia, dicionários e algum
manual da área de interesse são apoios que devem ser utilizados. A consulta das
referências é feita durante toda a pesquisa; mas, fazer uma leitura geral do tema a ser
estudado já pode situar o estudante nos problemas que são discutidos sobre aquele
assunto.
Delimitar o assunto também é importante. Uma boa maneira é separar o
assunto dependendo de sua complexidade. E, buscar os livros e materiais que melhor
respondam à delimitação feita.
Exemplo: Se a pesquisa é sobre a expansão da internet no Brasil o estudante
perceberá que é um tema muito amplo. Estudar de maneira adequada todo o país
pode não ser viável em um determinado período de tempo. Nesse caso o estudante
pode optar por centrar a sua pesquisa no estado de São Paulo. Em seguida ele
procurará livros, artigos em revistas especializadas e jornais que fale sobre o seu
tema. Perceberá nessas primeiras leituras que muitas informações se referem
especificamente à cidade de São Paulo e não ao estado. Decidirá então, finalmente,
delimitar novamente o seu tema, em torno da cidade de São Paulo.
Esse exemplo, se entendido claramente, nos mostra que muitas vezes a busca
de informações sobre o tema de nosso interesse choca-se com aquelas disponíveis ou
encontradas. Isso faz com que o nosso tema seja influenciado pelas fontes.

Dica: Procure textos mais gerais em um primeiro momento.


Tome conhecimento do contexto dos problemas em torno
do tema pesquisado. Em seguida, leia textos mais
específicos ou use fontes de dados, (estatísticas, tabelas
comparativas, dados econômicos, estudos de caso,
entrevistas, etc).

À segunda dúvida, qual seja, aonde encontrar as fontes têm-se como


respostas:

(A) A biblioteca de sua faculdade, em seu bairro ou cidade. Essas instituições


seguem uma padronização na catalogação dos livros. Muitos acervos estão
disponíveis na internet para consulta. As bibliotecas são a “mina de ouro” do estudante
que se disponha a em ir em busca de conhecimento. O trabalho de pesquisador
iguala-se ao trabalho do detetive; exige atenção, disposição, curiosidade em buscar as
respostas para as questões que surgem, duvidar do texto lido, tentar confirmar as
informações com outros autores, sintetizar as informações mais importantes. É um
trabalho minucioso, mas que ajuda na sedimentação do conhecimento. Não se espera
que o estudante decore informações, mas que seja capaz de relacioná-las e analisá-
las.

(B) Arquivos oficiais do Estado ou município. Os arquivos são fontes importantes


porque guardam uma grande quantidade de materiais diversos, jornais e revistas
antigos, atas, documentos oficiais e dados variados. Cada arquivo possui regras para
a utilização do seu acervo, procure se informar antes de ir até o local. Alguns exigem
que se apresente uma carta formal, assinada pela faculdade ou escola, identificando o
estudante e o assunto que quer pesquisar.

12
(C) A Internet. Considerando as devidas restrições à cópia de informações, a
internet conta com uma variedade de sites de busca; além de concentrar acervos
eletrônicos das grandes universidades e institutos de pesquisa. É importante situar as
informações encontradas na internet e as fontes nos textos apresentados. Escolha
sempre aqueles que tragam as referências bibliográficas ou de fonte direta. Anote o
endereço do site e a data de acesso. Veremos em seguida como citar corretamente
tais fontes.

2. Como usar a biblioteca

A melhor maneira de se utilizar a biblioteca é conhecer o catálogo ou fichário. Nele


encontram-se as informações essenciais das obras: autor, título, editora e, mais
importante, a localização do livro na estante. Essa localização segue o padrão
internacional de catalogalização de livros em que os números representam a área de
conhecimento e sub-árias.
Exemplo:
000 Generalidades
100 Filosofia
200 Religião
300 Ciências Sociais
400 Filologia, Lingüística
500 Ciências Exatas
600 Ciências Aplicadas
700 Artes
800 Literatura
900 Geografia, História e Biografias

Essa numeração encontra-se na lombada do livro. Os números de cima


representam a área e os de baixo, a partir da letra do sobrenome do autor, sua
localização exata na estante.
Exemplo: O tema metodologia está classificado como uma sub-área geral: 001.
A metodologia científica será 001.42.
A obra Como Fazer uma Monografia Científica, de Délcio Vieira Salomon, um
clássico da metodologia do trabalho acadêmico, está dessa forma, catalogada da
seguinte maneira:

001.42
S174c

Notem que algumas bibliotecas possuem sistemas próprios de catalogação,


mas todas contam com algum tipo de fichário ou catálogo eletrônico.
É sempre útil lembrar que a biblioteca é um local de estudo, por isso, o silêncio
e o cuidado com os livros são importantes. Não risque, rasgue ou danifique os
livros da biblioteca. Esse material deve ser lido por outros estudantes. Valorize o
acervo, os livros são suas ferramentas de trabalho. Peça, quando necessário, auxilio
do(a) bibliotecário(a); ele(a) estará sempre disposto a auxiliar o estudante na busca do
material.

3. Construção das referências

Com o livro em mãos é importante que o estudante pesquisador faça


anotações de suas leituras. Essas notas, no geral, são feitas de maneira pessoal, cada
um realiza algum tipo de escrita para guardar como referência. É importante, no

13
entanto, que o estudante aprenda a correta construção das referências que regem o
trabalho científico.
Aqui deixamos algumas especificações para a construção dessas referências.
Elas englobam os elementos mais importantes e informações técnicas sobre a obra
consultada. Com elas o estudante deverá, posteriormente, montar as citações em
rodapé e bibliografia do seu trabalho. E, assim, deixar para os pesquisadores que
lerem o seu trabalho a listagem das obras utilizadas. Todas essas regras são
importantes para assegurar a seriedade com que o trabalho foi realizado.

3.1 Ficha bibliográfica

A ficha bibliográfica engloba as informações técnicas do livro: localização,


autor, título completo, editora, ano, quantidade de páginas (se o material for lido
inteiro) ou números das páginas lidas. Essas informações serão cobradas na
citação de trechos durante o trabalho. Sugere-se que essas anotações sejam feitas
em fichas próprias de catalogação encontradas nas papelarias. Caso não, ao se fazer
as anotações em cadernos ou no computador, construir uma tabela que facilitará o
manuseio das informações. Veja o exemplo abaixo com a obra de Salomon citada
anteriormente.

001.42
S174c
SALOMON, Delcio Vieira.
Como Fazer uma Monografia Científica: elementos de metodologia do trabalho
científico.
Belo Horizonte: Interlivros, 1972. Segunda Edição, 293 p. (ou pp.10-50, caso tenha
sido lido somente essas)

[Os capítulos 1 e 2 são os essenciais para a preparação da pesquisa]

[Salomon insiste para que os estudantes sejam bons leitores]

Percebam que as informações que virão em seguida às referências técnicas


dependerão da leitura do estudante. Essa ficha pode ser utilizada também como
acompanhamento do desenrolar de sua pesquisa, onde o estudante escreve suas
observações e lembretes sobre a obra ou o autor.
Ao estudarmos as técnicas de leitura, resumo e fichamento perceberemos que
esse modelo de ficha bibliográfica continuará sendo útil. Atenção com o padrão
apresentado e a seqüência dos dados.

3.2 Citação em nota de rodapé

A citação de trechos inteiros de uma obra ao longo do trabalho exige que sejam
feitas as corretas referências em rodapé. Alguns autores, principalmente, quando
essas notas são muitas ou extensas as colocam no final do trabalho, em uma folha
separada do corpo do texto. Sugere-se que, nos trabalhos universitários, essas
citações venham em rodapé, pois facilita a leitura e o acompanhamento do raciocínio
utilizado pelo aluno na construção do texto. Evita, por outro lado, que o estudante caia
na tentação de copiar o autor, constituindo nesse caso, plágio. As informações para o

14
rodapé são menos extensas que na bibliografia. Exigem basicamente: autor, título e
página.
Quando deve ser feita, então, a citação em rodapé? Exemplo:

Severino afirma que “dentre os instrumentos para o trabalho científico disponíveis


atualmente, cabe dar especial destaque aos recursos eletrônicos gerados pela
tecnologia informacional”. 13

Após escrever ou digitar tal trecho, ao copiar palavra por palavra o que está na
obra, o estudante deve colocar entre aspas e em itálico. Em seguida, puxar a
referência. Ao se utilizar o computador (programa Word), essas referências são feitas
automaticamente. Basta clicar em Inserir, Referência, Notas, que o programa jogará
automaticamente para o rodapé.
Observações:
(A) Percebam que em citação de rodapé o nome do autor vem em primeiro lugar,
não é colocada por sobrenome, como veremos na bibliografia. São suficientes assim,
o nome, título e página onde se encontra o trecho retirado do livro.
(B) Caso seja feita mais de uma citação da mesma obra, não é preciso, repetir
autor e título, coloca-se, dentro das normas, op.cit. (que significa obra citada) e o
número da página. Exemplo:
Severino também afirma que “apesar da aparente rigidez desta proposta de
metodologia de estudo, ela é, sem dúvida, a mais eficiente”.14

As dúvidas em relação às citações são facilmente esclarecidas ao se consultar um


bom manual. É importante que o universitário tenha disponível um livro que trate
desses detalhes. Lembre-se: o importante não é decorar todas as regras, mas estar
familiarizado com elas. O cotidiano da vida acadêmica, quando o estudante precisará
sempre entregar os trabalhos de acordo com as normas, se encarregará de ajudar na
assimilação das normas.

3.2 Montagem da bibliografia

Após o término do trabalho deve-se apresentar uma listagem das obras


consultadas e utilizadas na pesquisa. Essa listagem deve vir no final do trabalho, em
ordem alfabética pelo sobrenome do autor. As informações catalogadas na ficha
bibliográficas serão agora utilizadas. Exemplo:

SALOMON, Delcio Vieira. Como Fazer uma Monografia Científica: elementos de


metodologia do trabalho científico. Belo Horizonte: Interlivros, 1972.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22ª Edição
Revista e Ampliada. São Paulo: Cortez Editora, 2004.

O autor Umberto Eco em sua obra Como se Faz uma Tese, nos traz um resumo
muito útil para a construção da bibliografia. Nele, Eco, divide as seções na bibliografia
entre livros, artigos de revista e outros materiais, como capítulos de livros, atas,
ensaios, etc. Atenção para o que está em itálico, aspas, ou sublinhado, e a pontuação
deve-se acompanhar essas grafias na montagem. O que traz um asterisco é
obrigatório aparecer na bibliografia.
Vejamos:

LIVROS
*1. Nome e sobrenome do autor (ou autores, ou organizador, com eventuais

13
ANTONIO JOAQUIM SEVERINO – Metodologia do Trabalho Científico, p. 27.
14
ANTONIO JOAQUIM SEVERINO, op. cit., p. 30.

15
indicações sobre pseudônimos ou falsas atribuições).
*2. Título e subtítulos da obra.
3. (“Coleção”)
4. Número da edição se houver várias.
*5. Local da edição: não existindo no livro, escrever s.l. (sem local).
*6. Editor: não existindo no livro, omiti-lo,
*7. Data da edição: não existindo no livro, escrever s.d. (sem data).
8. Dados eventuais sobre a edição mais recente.
9. Número de páginas e eventual número de volumes de que a obra se compõe,
10. (Tradução: se o título era em língua estrangeira e existe uma tradução na nossa
especifica-se o nome do tradutor, o título traduzido, local de edição, editor, data da
edição e número de páginas, eventualmente).
ARTIGOS E REVISTAS
*1. Nome e sobrenome do autor.
*2. “Título do artigo ou capítulo”.
*3. Título da revista.
*4. Volume e número do fascículo (eventuais indicações de Nova Série)
5. Mês e ano,
6. Páginas onde aparece o artigo.
CAPÍTULOS DE LIVROS, ATAS DE CONGRESSO, ENSAIOS EM OBRAS
COLETIVAS.
*1. Nome e sobrenome do autor.
*2. “Título do capítulo ou do ensaio”.
*3. In:
*4. Eventual nome do organizador da obra coletiva ou vários autores.
*5. Titulo da obra coletiva.
6. (Eventual nome do organizador se primeiro foi colocado vários autores),
*7. Eventual número do volume da obra onde se encontra o ensaio citado,
*8. Local, Editor, data, número de páginas, como no caso de livros de um autor só.
Fonte: Umberto Eco – Como se faz uma tese, p. 60.

3.3 Citação de textos da Internet.


Com a crescente utilização da internet como fontes de pesquisa foram criadas
normas para a citação de artigos em formato eletrônico.
A padronização, de acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas), é a seguinte:

Autor, título, endereço do site, data de acesso.

Exemplo:
Em nota de rodapé

Nancy Cardoso Pereira. Educação e política ambientais.


http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=22142 [data de acesso
26/04/2006]. (número da página citada).

Em bibliografia.
PEREIRA, Nancy Cardoso. Educação e política ambientais.
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=22142 [data de acesso
26/04/2006].

16
A data de acesso é importante por conta dos conteúdos que se modificam muito
na internet. Um artigo que esteja disponível em uma data pode ser alterado ou retirado
do ar em outra.

Lembrete: Faça sempre a sua pesquisa com as referências corretas do material


consultado. Isso evitará eventuais constrangimentos e problemas no seu trabalho. O
trabalho acadêmico exige uma lógica interna que só poderá ser alcançada se o
estudante pesquisador estiver atento com as “regras do jogo”. Tenha sempre uma
pastinha ou caderno especial para suas fichas bibliográficas e citações de autores. Ao
utilizar a internet não caia na tentação do “recorta+cola”; mesmo que o seu texto, em
princípio, não seja tão profundo ou refletido, é sempre melhor apresentar as próprias
idéias. Só assim será possível aprender.

Exercícios

1. Assinale o comentário correto sobre a pesquisa bibliográfica.


(A) A pesquisa bibliográfica só pode ser realizada na biblioteca.
(B) A pesquisa bibliográfica é feita de maneira a levantar informações em livros ou
textos em diferentes fontes.
(C) O estudante não deve se preocupar em realizar uma pesquisa bibliográfica
uma vez que a internet hoje oferece todas as informações.
(D) A importância da pesquisa bibliográfica é levantar informações que possam ser
utilizadas sem preocupação pelo estudante.
(E) A pesquisa em bibliotecas e outros locais não deve ser feita sem o
acompanhamento do professor.

2. Assinale a alternativa correta.


(A) A catalogação de livros na biblioteca é feita de forma decorativa, para que
acervo seja visualmente útil.
(B) A catalogação não segue um padrão determinado, sendo que cada biblioteca
escolhe aquele que melhor lhe agrada.
(C) Os livros são catalogados de acordo com um padrão internacional, separados
por áreas de conhecimento.
(D) Os acervos são montados em cima de lotes pré-definidos e dispensam o uso
de qualquer tipo de fichário.
(E) Os fichários da biblioteca são importantes para a consulta do melhor livro a ser
lido.

3. Marque a alternativa incorreta em relação à construção das referências.


(A) Os elementos importantes para a referência não são encontrados nos livros.
(B) As referências servem para que outros pesquisadores sigam os passos
realizados na pesquisa.
(C) Autor, título, editora, número de páginas são alguns dos elementos
indispensáveis na elaboração da referência.
(D) As anotações feitas nas referências ajudam na elaboração da bibliografia final.
(E) Os estudantes que utilizam as referências corretas correm menos riscos de
erros em citações.

4. Assinale a alternativa correta em relação à citação em rodapé.


(A) Antonio da Silva. Vida e obra de Francisco Mendes. Editora 34, p. 34.
(B) Antonio da Silva. “Vida e obra de Francisco Mendes”. São Paulo, p. 34.
(C) Antonio da Silva. Vida e obra de Francisco Mendes, p. 34.
(D) SILVA, Antonio da. Vida e obra de Francisco Mendes. São Paulo: Editora 34,
p. 34.
(E) SILVA, Antonio da. Vida e obra de Francisco Mendes, p. 34.

17
5. Assinale a alternativa correta em relação à montagem da bibliografia.
(A) ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo, 1990.
(B) ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo, Perspectiva, p.50.
(C) Umberto Eco. Como se faz uma tese, Editora Perspectiva, São Paulo, 1990.
(D) Umberto Eco. Editora Perspectiva, São Paulo, 1990.
(E) ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Tradução Gilson César Cardoso de
Souza. São Paulo: Perspectiva, 2005. (Estudos; 85).

Conteúdo Aula 04

Leitura, Resumo e Fichamento.

O processo de aprendizado do estudante pesquisador inclui após a pesquisa


bibliográfica a leitura crítica, resumo e fichamento do material escolhido. Iremos
estudar nessa a aula algumas dessas técnicas. O importante para um bom
aproveitamento é a disposição do aluno(a) para tomar conhecimento dos textos e
utilizá-los sempre como fontes.
Vejamos, então, a leitura crítica. Em todos os manuais de metodologia
científica encontramos esquemas para a análise de textos. Um desses foi preparado
pelo professor Antonio Joaquim Severino.15 Este esquema apresenta uma seqüência
de tarefas a serem cumpridas para uma total compreensão do texto e retirada de
informações.

Esquema para análise de textos

Preparação do texto – divida o texto em unidades de leitura, em


capítulos ou subtítulos. Leia uma primeira vez na íntegra para ter uma
Visão de conjunto do texto. Ao se deparar com palavras ou conceitos
desconhecidos é preciso buscar esclarecimento do Vocabulário,
Doutrinas, Fatos e Autores. Em seguida procure criar uma
1. Análise Textual
esquematização do texto, isso pode ser feito dividindo os parágrafos e
anotando sobre o que cada um trata.

O objetivo da análise temática é a compreensão da mensagem do


autor. Para isso é preciso distinguir dentro do texto:
Tema – do que fala o texto, qual o seu assunto central.
Problema – qual o problema que o texto procura discutir; o problema é
específico dentro do tema central.
Tese – é a idéia central que o autor defende. É a resposta que ele deu
2. Análise Temática para o problema levantado dentro do tema.
Raciocínio – é o processo lógico utilizado pelo autor, de onde ele partiu
e as etapas até chegar à conclusão.
Idéias secundárias – são idéias apresentadas pelo autor, mas não
aprofundadas. Também aparecem como exemplos para argumentação.

Após compreender a mensagem do texto chega o momento de


interpretação. A pesquisa inicial sobre os conceitos utilizados pelo autor
15
auxilia no momento de identificar sua situação filosófica e influências.
Antonio Joaquim Severino –Assim,
Metodologia do Trabalho
aparecem Científico.doEditora
os pressupostos autor eCortez, São Paulo,
a associação de idéias.
22ª edição, 2005; p. 61. Conhecendo esses dados é possí vel fazer a crítica, identificar a
coerência interna do texto; a validade dos argumentos, a originalidade,
profundidade da análise do autor, seu alcance e a apreciação e juízo
pessoal das idéias defendidas.
18
3. Análise Interpretativa

Levantamento e discussões de p roblemas relacionados com a


mensagem do autor. Nessa etapa faz-se a discussão dos problemas
que o texto levanta. A própria solução apresentada pelo autor poder ser
problemática para leitor ao trazer novos questionamentos. Também
4. Problematização podem surgir questões implícitas no texto.

Reelaboração da mensagem com base na reflexão pessoal. Esse é o


5. Síntese momento em que o estudante retoma com as suas palavras o que foi
abordado no texto e inclui a sua própria análise e seu próprio texto.

A leitura crítica torna-se assim, uma ferramenta fundamental dentro da


metodologia científica. Com o passar do tempo, tendo acumulado muitas leituras, o
estudante poderá abolir uma ou outra etapa, pois já terá um conteúdo referencial
sobre o assunto. Identificará, assim, de forma mais rápida qual a tese do autor, seus
argumentos e solução apresentadas. Mas, esse processo não é rápido, dependerá,
necessariamente, da seriedade com que o estudante encare o seu processo de
aprendizagem. O importante é não se intimidar diante de um texto mais complexo, ou
que exige uma leitura mais detalhada e cuidadosa. Utilize sempre como apoio os
dicionários, enciclopédias e materiais de referência. Dica: nunca deixe de entender o
que uma palavra ou conceito quer dizer no texto; isso poderá atrapalhar toda a
compreensão final da mensagem do autor.

Outra tarefa muito pedida pelos professores nos cursos universitários é o


Resumo de textos, artigos, capítulos ou livros inteiros. Resumir o texto não significa
recortar frases consideradas mais importantes no texto e colá-las de forma aleatória.
Vejamos em seguida, como o resumo deve ser feito.

Resumo: Retirar do texto as informações essenciais e reescrevê-las. Mantendo a


lógica interna do autor. As etapas podem ser divididas em:
1) ler o texto na íntegra;
2) reler parágrafo por parágrafo;
3) retirar de cada parágrafo as informações essenciais;
4) reescrever.

Eis um exemplo de resumo. Leia abaixo o parágrafo e perceba, em seguida, os


detalhes do seu resumo.

Trecho do texto: NOVA FORMA DE LEGITIMAÇÃO DA ECONOMIA:


DESAFIOS PARA ÉTICA E TEOLOGIA (Jung Mo SUNG).

“Já é um fato conhecido que o discurso dominante hoje apresenta o capitalismo


contemporâneo como um sistema social ao qual não há alternativa. Os neoliberais e
outros pensadores pró-capitalistas elaboram as mais diversas teorias para dizerem a
mesma coisa: não há alternativa ao sistema de mercado capitalista. Contudo, este tipo
de discurso não é novidade na história. Todos os sistemas de dominação, seja um
império ou um regime autoritário, se apresentam como um modelo social sem
alternativa. Isto porque eles seriam uma expressão da vontade divina, da evolução da

19
natureza ou da ordem racional da história, ou simplesmente porque todas outras
alternativas seriam inviáveis. O que varia é somente a forma concreta com que um
sistema social dominante se legitima como sendo “sem alternativa”.16

Resumo: O discurso do capitalismo contemporâneo se apresentaria, segundo o


autor, como um sistema social sem alternativa. Os seus defensores procurariam
justificar teoricamente essa afirmação. No entanto, para o autor, o discurso de defesa
do capitalismo não seria novidade na história. Uma vez que impérios e regimes
autoritários procuraram justificar sua dominação da mesma forma, com diferentes
explicações, desde aquelas de ordem divina até as de ordem racional.

Perceba que ao invés de colar as frases, o texto é escrito no discurso indireto,


deixando claro que as afirmações são do autor (em negrito). Por que essa distinção é
importante? Para que no resumo fiquem claras quais são as idéias do autor e quais
são as idéias do estudante. Vale notar, que a análise do aluno sobre o texto, nem
sempre será solicitada no resumo. No entanto, outra técnica é utilizada na academia
para o aproveitamento da leitura, a resenha crítica.

Resenha Crítica: A resenha crítica é a apresentação de um texto ao público leitor,


com comentários sobre o seu enredo. Nela apresenta-se o autor e contextualiza-se a
obra. Após essa apresentação faz-se uma crítica. A resenha crítica na universidade
seria, então, uma junção entre um resumo e a inclusão das análises do aluno. Para
que seja feita, de maneira adequada, o estudante deverá contar com um
conhecimento um pouco mais profundo sobre o tema. Encontramos muitas resenhas
nos cadernos de cultura dos jornais, periódicos ou revistas especializadas em
literatura. A leitura de resenhas pode suscitar no estudante o interesse para ler a obra
e debatê-la.
Vejamos um exemplo de resenha feita em cima da obra de Montesquieu, O
Gosto (Editora Iluminuras, 2005).17

“O livro O Gosto, de Montesquieu, na realidade o verbete inacabado que o grande


filósofo escreveu para a Enciclopédia dos iluministas, é um achado de muita riqueza e
atualidade. Primeiro, porque ele mesmo se espantaria se soubesse que, 250 anos
depois, a humanidade ainda estaria presa ao bordão do “Gosto não se discute”.
Segundo, porque não cai nas polarizações habituais dos que se põem a pensar
sobre o conceito. Montesquieu, ainda que em esboço, aponta para a
complexidade do tema, sem deixar de fazer opções claras e desafiar o senso da
maioria”.

Perceba que o autor da resenha escreve para um público amplo, assim, o texto
é claro e inclui muitos adjetivos elogiosos sobre a obra de Montesquieu. Não deixa, no
entanto, de ter análise (em negrito). O estilo da resenha é mais livre, menos formal
que o resumo.
A técnica que os estudantes mais utilizariam é o fichamento de textos.
Perceba que a ficha bibliográfica utilizada na aula anterior pode ser aproveitada
também nessa etapa. Aqui inclui-se mais informações, ou seja, as notas feitas sobre o
conteúdo da obra ou texto lido.

16
Jung Mo Sung – Nova forma de legitimação da economia: desafios para a ética e
teologia, p.1. Texto apresentado no I Simpósio Teológico Internacional promovido pela
Universidade Católica de Pernambuco, UNICAP, em Recife, no dia 08/05/2001. Disponível
em http://servicioskoinonia.org/relat/273p.htm. Data de acesso 12/05/2006.
17
Resenha por Daniel Piza, Revista EntreLivros, Editora Dueto, Ano 1, nr. 8, p. 76 – Caderno
de Resenhas.

20
Fichamento: Retirar do texto os trechos essenciais, que retomem a lógica interna do
mesmo. Utilizam-se marcações com o número da página correspondente e dados
técnicos do texto. Exemplo:
800.42
S54c
Luis Suarez – cap.1 da obra “Las grandes interpretaciones de la Historia”. Vol.13 –
Biblioteca de Divulgación Cultural. Ed. Moretón, Bilbao. Espana, 1968.
O conceito de História
Historia sucedido e Historia conhecimento
Palavra História expressa dois conceitos diferentes: (a) a plenitude do suceder; (b) o
conhecimento deste suceder.
Vem do grego historien que significa: curiosear, inquirir ou investigar. Em alemão:
Historie = a realidade do suceder; Geschichte = a ciência.
O autor se ocupa das interpretações do suceder histórico no ocidente. A cultura
ocidental busca uma explicação total do passado, o que se mostra impossível. Alguns
motivos:
(a) o historiador se ocupa não de todos os acontecimentos passados, mas de
certa classe deles, aos quais chama “fatos históricos”, p. 14.
(b) dos fatos históricos, o pesquisador elege somente aqueles que tem a ver com
seu trabalho. O historiador é filho do seu tempo, sua tarefa não é o estudo
objetivo do passado, mas o conhecimento do presente através do passado. Ex:
a tendência atual aos estudos de história econômica e social; não é moda, mas
necessidade.
Importante: nenhum fato pode ser apreendido sem que ao mesmo tempo seja
compreendido, isso vai contra o positivismo. Nenhum historiador contempla a historia
de fora, p. 15.

O fichamento é um trabalho demorado dependendo da extensão do livro ou do


pouco conhecimento do estudante sobre o tema. Quanto mais leitura se faz sobre um
tema, menos será necessário fichar; pois, já se terá os conhecimentos essenciais
sobre o assunto, podendo-se assim, anotar somente as informações desconhecidas,
ou necessárias para montar citações.
Por fim, é importante que o estudante faça bom proveito das leituras e
informações recolhidas. O autor Whitaker Penteado18 apresenta um esquema para
ajudar o estudante no processo da escrita. Segundo Penteado, a escrita está dividida
em três fases:
1ª) Invenção – que é o esforço do “espírito”; operação por meio da qual assimilamos o
assunto da exposição e adquirimos sobre ele o mais completo domínio. Ou seja:
a) Caracterização da evidência: nada aceitar por verdadeiro que não seja
evidente.
b) Regra da análise: dividir cada dificuldade em tantas partes quantas sejam
necessárias; conhecer cada elemento isolado do texto que você quer
escrever.
c) Regra da análise e da síntese: fazer pesquisas e revisões minuciosas, não
omitir nada.
2ª) Disposição – arte de bem dispor o que vai escrever; organização dos materiais
reunidos durante a invenção.

18
J. R. WHITAKER PENTEADO – “A exposição da Escrita”, p. 242 in A Técnica da
Comunicação Humana. Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios, 6ª edição, São Paulo,
1977.

21
a) Exórdio – captar as graças de quem lê. Uma introdução atraente para o
leitor.
b) Proposição – sumário do assunto. Um resumo do que será tratado no texto.
c) Narração – dar a conhecer os fatos indispensáveis à compreensão da
causa que quer sustentar.
d) Demonstração – provar que a nossa opinião é incontestável; usar
raciocínios dos quais se extraem conseqüências.
e) Confirmação – desenvolvimento das provas em apoio à tese;
f) Refutação – destruir antecipadamente as provas em contrário.
g) Peroração – coroamento da disposição; deve ser oportuna e pode
compreender uma recapitulação geral, com encerramento persuasivo.
3ª) Elocução – procura da forma, execução técnica do estilo, a transposição do
pensamento em palavras.
Temos que essas três etapas compreendem uma lógica interna no texto, com
começo, meio e fim. Um bom texto terá essas etapas postas de forma clara.
Whitaker Penteado deixa algumas dicas para o estudante ESCREVER
MELHOR

1. ESCREVA COM NATURALIDADE


2. CONHEÇA A LINGUA
3. APRENDA A PENSAR
4. ESCREVA PARA O LEITOR
5. ESCREVA LEGIVELMENTE
6. USE A SUA CAPACIDADE DE OBSERVAÇÃO
7. SEJA CONCISO E PRECISO – NÃO ESCREVER NEM MAIS NEM MENOS
DO QUE O INDISPENSÁVEL À COMPREENSÃO.
8. LEIA EM VOZ ALTA, isso ajuda a pegar os erros de concordância verbal e
nominal.

Também temos OS DEZ MANDAMENTOS DA BOA REDAÇÃO

1. USE PALAVRAS E FRASES SIMPLES


2. USE PALAVRAS E FRASES COLOQUIAIS
3. USE PRONOMES PESSOAIS
4. USE ILUSTRAÇÕES E EXEMPLOS GRÁFICOS
5. USE PREFERIVELMENTE PARÁGRAFOS E SENTENÇAS
CURTAS
6. USE VERBOS ATIVOS.
7. ECONOMIZE ADJETIVOS E FLOREADOS
8. EVITE RODEIOS
9. FAÇA COM QUE CADA PALAVRA TENHA A SUA FUNÇÃO NO
TEXTO
10. ATENHA-SE AO ESSENCIAL

O mais importante, porém, é NÃO ESQUECER que a LEITURA É


ESSENCIAL.

Exercícios

1. Marque a resposta que melhor expresse a importância da leitura no


processo de conhecimento.
(A) A leitura ajuda na pesquisa, mas pode ser feita de maneira pessoal sem
grandes preparos.

22
(B) A leitura crítica é essencial para o melhor aproveitamento dos textos e retirada
de informações necessárias à pesquisa.
(C) A leitura feita de maneira crítica prepara o aluno para a pesquisa, mas não
auxilia na análise crítica.
(D) Com as técnicas de análise de texto, o material colhido pode ser utilizado sem
critérios específicos.
(E) A leitura crítica é dispensável quando o pesquisador já sabe todo o conteúdo
da disciplina estudada.

2. Assinale a alternativa correta para um bom resumo do trecho abaixo de


Marilena Chauí (Do livro: Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, ano 2000, pág.
216-219):

“Marx afirma que a consciência humana é sempre social e histórica, isto é,


determinada pelas condições concretas de nossa existência. Isso não significa, porém,
que nossas idéias representem a realidade tal como esta é em si mesmo. Se assim
fosse, seria incompreensível que os seres humanos, conhecendo as causas da
exploração, da dominação, da miséria e da injustiça nada fizessem conta elas. Nossas
idéias, historicamente determinadas, têm a peculiaridade de nascer a partir de nossa
experiência social direta. A marca da experiência social é oferecer-se como uma
explicação da aparência das coisas como se esta fosse a essência das próprias
coisas”.

(A) A consciência humana é social e histórica. As causas da exploração nascem


de nossas experiências sociais diretas. A experiência social é uma explicação
da aparência das coisas.
(B) Marx afirma que a consciência humana é sempre social e histórica, isto é,
determinada pelas condições concretas de nossa existência. Nossas idéias,
historicamente determinadas, têm a peculiaridade de nascer a partir de nossa
experiência social direta. A marca da experiência social é oferecer-se como
uma explicação da aparência das coisas como se esta fosse a essência das
próprias coisas.
(C) De acordo com Chauí, a consciência humana, para Marx, seria social e
histórica, determinada pelas condições concretas de nossa existência. Nossas
idéias não representariam a realidade, mas seriam historicamente
determinadas, e nasceriam de nossa experiência social direta. Esta surge
como uma explicação da aparência das coisas como se fosse a essência das
próprias coisas.
(D) Marilena Chauí afirma que a consciência humana é social e histórica,
determinada pelas condições concretas de nossa existência. Para ela, nossas
idéias, historicamente determinadas, têm a peculiaridade de nascer a partir de
nossa experiência social direta. A marca da experiência social é oferecer-se
como uma explicação da aparência das coisas como se esta fosse a essência
das próprias coisas.
(E) Para Marx, isso não significa, porém, que nossas idéias representem a
realidade tal como esta é em si mesmo. Se assim fosse, seria incompreensível
que os seres humanos, conhecendo as causas da exploração, da dominação,
da miséria e da injustiça nada fizessem conta elas.

3. Sobre o fichamento de textos assinale a alternativa incorreta.


(A) Marque o nome da obra, autor e dados técnicos, sem a preocupação de
anotas o número das páginas para citação.
(B) A ficha bibliográfica pode ser utilizada no fichamento.
(C) O objetivo do fichamento é retirar do texto os trechos essenciais, que retomem
a lógica interna do mesmo.

23
(D) É sempre recomendável a utilização de marcações com o número da página
correspondente e dados técnicos do texto.
(E) O fichamento é um trabalho demorado dependendo da extensão do livro ou do
pouco conhecimento do estudante sobre o tema.

4. Para Penteado o processo de escrita é dividido em três partes. Assinale a


alternativa correta em relação à ordem dessas partes.
(A) Disposição, Exórdio, Invenção.
(B) Proposição, Refutação, Peroração.
(C) Invenção, Disposição, Elocução.
(D) Narração, Demonstração, Confirmação.
(E) Invenção, Exórdio, Peroração.

5. Qual a alternativa correta sobre a etapa da disposição?


(A) É a procura da forma, execução técnica do estilo, a transposição do
pensamento em palavras.
(B) É o esforço do “espírito”; operação por meio da qual assimilamos o assunto da
exposição e adquirimos sobre ele o mais completo domínio.
(C) Deve ser oportuna e pode compreender uma recapitulação geral, com
encerramento persuasivo.
(D) É o sumário do assunto. Um resumo do que será tratado no texto.
(E) É a arte de bem dispor o que vai escrever; preocupando-se com a organização
dos materiais reunidos durante a invenção.

Conteúdo Aula 05

Projeto de Pesquisa: Problema, Tese e Hipóteses.

O projeto de pesquisa é uma elaboração formal para o estudo de um tema


específico dentro de cada área de conhecimento. A escolha do tema é feita com o
auxílio do professor, mas o aluno deve ter autonomia para estudar o assunto, pensar
sobre sua realização (metodologia) e buscar as respostas para suas indagações.
Um bom projeto pressupõe um mínimo de leitura sobre o tema. Somente com a
leitura prévia da bibliografia existente o estudante terá condições de avaliar se as suas
dúvidas são pertinentes. Também é necessária para o conhecimento das teorias
existentes e autores mais importantes. Com isso, eliminam-se muitas questões e
facilita o momento de pensar problemas mais “originais”.
Vejamos, em seguida, passo a passo, a elaboração do projeto. Quanto melhor
estiver um projeto, mais chances ele terá em ser bem sucedido. Vale lembrar que
nenhum projeto ou monografia poderão ser bem realizados sem reflexão por parte do
estudante-pesquisador.
Iremos seguir o modelo acadêmico para projetos de pesquisa. Cada área de
conhecimento, no entanto, possui sua metodologia própria. O modelo apresentado
pode ser adaptado, inclusive, como um projeto profissional. O importante é a lógica
interna e os pontos essenciais: problema, hipótese e tese. Além, da metodologia
escolhida para alcançar os resultados.
O roteiro proposto foi desenvolvido pelo prof. Dr. Wilson do Nascimento
Barbosa19. Aqui o apresentamos adaptado, discutindo os seus pontos imprescindíveis.

19
Wilson do N. Barbosa – Teoria e Empiria. Departamento de História, USP. Palestra em 17 de
setembro de 1992. (Mimeo).

24
1. Introdução.
A introdução é a apresentação que se faz da pesquisa e do tema que será
discutido. Aqui se coloca um pequeno histórico da pesquisa.
2. Idéia Inicial. (opcional dependendo da área)
Na idéia inicial conta-se como surgiu o interesse do estudante pelo tema. Pode
ter se originado através de uma aula, leitura, ou experiência profissional.
3. Objetivo da Pesquisa [OBJETO].
O objeto é o tema delimitado da pesquisa apresentado de forma concisa e
resumida.
4. Importância do Tema e Justificativa.
A importância do tema e a justificativa servem para reafirmar o tema escolhido
e objeto como relevantes para a área de pesquisa e sociedade em geral. Essa
parte é avaliada pelos professores e pelos organismos de financiamento da
pesquisa no país.
5. Teoria20.
5.1. Base Teórica. Autores e teorias que servem de sustentação para a
pesquisa.
5.2. Relação da Idéia Inicial com a Teoria [PROBLEMATIZAÇÃO].
A soma do interesse inicial do estudante sobre o tema com as leituras
especializadas leva à elaboração de problemas em torno do tema/objeto.
5.3. Hipóteses.
As hipóteses são as possíveis soluções para a problematização. A tese, idéia
central defendida relaciona-se diretamente com as hipóteses.
6. Metodologia. (específica para cada área de conhecimento)
6.1. Normas e Procedimentos de Pesquisa. Aqui se especifica os
procedimentos que serão utilizados na pesquisa. Dependendo da área
serão procedimentos técnicos como, por exemplo, o tipo de programa
(software) utilizado para análise de dados, ou o tipo de coleta que será
feita para obter informações, através de entrevistas, questionários, etc.
6.2. Base Metodológica. A metodologia está sempre ligada a uma “visão de
mundo do estudante-pesquisador”. Ou seja, baseia-se em uma teoria geral
explicativa e irá seguir os pressupostos da mesma. Como aprendizes,
procuramos nos basear nos autores especialistas da área de
conhecimento. Aqui, tem-se, então, uma colocação da metodologia que
será seguida, de acordo com os autores, ou autor, mais importante.
6.3. Fontes de Dados: (Listagem do tratamento dado às fontes)
(A) Fontes Documentais – qual o critério de leitura realizado nas fontes
documentais, livros, artigos de revista ou jornal, teses, etc. No geral é
importante que a análise feita seja crítica; a análise temática é uma boa
opção.
(B) Produção de Base de Dados – criar a partir da pesquisa uma base de
dados para ser disponibilizada para outros pesquisadores é uma boa
forma de apresentar a pesquisa ao público especialista. Apresenta-se,
aqui a possibilidade de construir uma home page onde a pesquisa e as
fontes utilizadas estarão disponíveis interessados sobre o tema.
6.4. Coleta de Dados – Em cima da escolha feita no item 6.1 apresenta-se
detalhadamente a coleta das informações.

20
“Conhecimento sistemático, fundamentado em observações empíricas e/ou postulados
racionais, voltado para a formulação de leis e categorias gerais que permitam a ordenação, a
classificação minuciosa e, eventualmente, a transformação dos fatos e das realidades da
natureza”. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verbete Teoria, edição eletrônica, vol. 1,
2004.

25
6.5. Como limitar as Hipóteses. Esse item é mais cobrado em projetos de
mestrado em doutorado. Aqui o estudante-pesquisador apresenta o raciocínio
realizado em relação às suas hipóteses iniciais e como o contato com o
material colhido e a leitura o ajudou a limitá-las.
7. Apresentação dos Resultados. (específico para cada área de conhecimento
este item é um resumo de um relatório de pesquisa)
7.1. Análise dos Dados. Os dados colhidos até o momento são analisados
seguindo a metodologia eleita.
7.2. Redação do Relatório. Apresentam-se formalmente tais resultados em
relação ao conjunto geral da pesquisa.
7.3. Realimentação da Teoria. Como os resultados apresentados ajudam na
alimentação da teoria central da pesquisa.
8. Cronograma. Há diferentes tipos de cronograma que pode ser utilizado, eis um
exemplo com as etapas para um projeto de mestrado. Tais etapas podem ser
suprimidas ou complementadas de acordo com as necessidades da pesquisa e com o
tempo destinado a sua realização:

01. Cumprimento dos créditos, desenvolvimento e elaboração do Projeto de


Pesquisa.
02. Catalogação, leitura e fichamento do material bibliográfico.
03. Levantamento de dados secundários.
04. Avaliação, interpretação e elaboração de textos sobre os dados
secundários.
05. Confecção de roteiros e questionários para pesquisa de campo.
06. Realização da pesquisa de campo.
07. Análise e interpretação de todos os dados e textos elaborados durante a
pesquisa.
08. Redação preliminar.
09. Qualificação.
10. Revisão e correções.
11. Redação final do Relatório de Pesquisa.
12. Defesa da Dissertação.
13. Elaboração de artigos para revistas especializadas.

Etapas 2003 2004 2005


Trimestres Trimestres Trimestres
III IV I II III IV I II III IV
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12

O cronograma poderá ser alterado caso haja necessidade durante a realização


da pesquisa, tendo em vista um melhor andamento do projeto. A elaboração de

26
artigos para revistas especializadas (etapa 13) poderá ser feita, tendo-se espaço para
tal, durante os últimos trimestres da pesquisa.

9. Bibliografia Básica. Aqui se tem a listagem da bibliografia utilizada na pesquisa


colocada em ordem alfabética pelo sobrenome do autor com todas as informações
técnicas importantes. Para isso, utilizam-se as normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).

Vejamos de maneira mais detalhada os pontos centrais do projeto, o “seu


coração”, delimitados no item 5.

(A) PROBLEMATIZAÇÃO
A problematização é conjunto de dúvidas ou questões que se quer resolver ou
descobrir dentro de um tema. Esta surge a partir do contato com a bibliografia
existente ou dado coletados sobre o tema. A delimitação do tema também é fator
importante na composição do projeto, sendo uma etapa inicial. Deve ser feita de
maneira a não extrapolar os limites da pesquisa, seja de tempo, área, ou capacidade
de análise do estudante. Ou seja, o tema deve ser o mais específico possível. Um
exemplo apresentado pelo Prof. Barbosa seria compararmos a pesquisa a um prego.
Deve ser fino (delimitada), mas profundo.
Vamos exemplificar. Supondo que o(a) estudante-pesquisador queira fazer
uma pesquisa sobre Ecologia. Dependendo de sua área, ele(a) irá estudar as espécies
animais ou vegetais, o clima, a poluição, etc. Ou pensará em analisar a ação humana
sobre a natureza. Poderá analisar os movimentos ambientais, as ações dos governos
locais para proteção ambiental, os avanços tecnológicos para substituir produtos
poluentes por biodegradáveis; ou, o nível de consciência ambiental de uma população,
etc. Há uma infinidade de abordagens para Ecologia. O estudante não deve se
preocupar em dar conta de todos esses aspectos. Antes, deve escolher dentre
todas as possibilidades, aquela em que melhor poderá contribuir. A
especialização é feita a partir do recorte do tema.
Assim, supomos que fosse escolhido o tema: nível de consciência ambiental.
Esse tema pode ficar mais específico ao localizar uma região, cidade, ou bairro. Então,
podemos ter como tema: O nível de consciência ambiental dos moradores do bairro de
Pinheiros na cidade de São Paulo. Notem que na delimitação do tema já temos o
próprio objeto de estudo, qual seja, o nível de consciência ambiental.
Tendo delimitado o tema, o passo seguinte é problematizar. Refletir as
questões que estão relacionadas com o objeto. As leituras preliminares são de grande
utilidade nesse momento, pois podem descartar falsos problemas, ou problemas já
resolvidos pelos autores. Eis algumas questões que podem ser levantadas:
- Quais ações ambientais são realizadas no bairro?
- Há coleta seletiva nos prédios e comércio?
- Há ações ambientais na associação de moradores do bairro?
- Há cestos de lixo nas calçadas?
- As áreas verdes são bem preservadas e numerosas?
- Quais ações educativas são mais eficientes?
- Os moradores entendem o que é consciência ambiental?
- Existe uma relação entre o nível de consciência ambiental e a renda sócio-
econômica dos moradores?

Dessas questões, vamos supor que algumas já estariam eliminadas pelas


primeiras leituras. O estudante pode encontrar dados da prefeitura ou da associação
de moradores do bairro. As questões que restarem e que ainda necessitarem

27
pesquisa, serão a problematização do projeto. Com elas o estudante-pesquisador
começará a elaborar suas hipóteses, ou seja, as possíveis soluções para esses
problemas. Ele(a) perceberá que dessas respostas surgirá uma idéia geral sobre o
tema que se tornará sua TESE.

(B) HIPÓTESES
As possíveis soluções são apresentadas em redação do tipo:
“que...então...;se..., em tal caso...”. Supondo que se deva elaborar uma hipótese para
a última questão apresentada acima, ela seria elaborada da seguinte forma:

Haveria uma possível relação entre consciência ambiental e o nível sócio-


econômico da população local. Para isso, busca verificar se esta se daria: (a) por
acesso às informações ou educação básica de melhor qualidade, o que levaria a uma
diferenciação na relação com o meio ambiente. Em tal caso, o nível de renda é
importante por conta dos custos dessa formação; ou, (b) não há relação entre a
consciência ambiental e nível de renda uma vez que os programas públicos de
consciência ambiental, sem custo nenhum, suprem de conhecimentos a população do
bairro.

Como visto a redação das hipóteses deve ser feita de maneira que seja
necessária a verificação delas na realização da pesquisa. IMPORTANTE: As
hipóteses devem ser feitas para confirmar ou negar a tese apresentada pela pesquisa.
Por isso, é importantíssimo um bom conhecimento das questões pensadas sobre o
tema por outros autores. Hipóteses falsas atrapalham a apresentação da sua TESE.

(C) TESE
No início da pesquisa o estudante já possui por conta das leituras e respostas
preliminares UMA IDÉIA CENTRAL sobre o tema. Essa idéia central, com a ajuda da
problematização será a TESE defendida na pesquisa. Vale dizer que a argumentação
apresentada caminhará para a defesa dessa idéia central. Por isso, a relação com as
hipóteses é importante. Dependendo da confirmação ou negação das hipóteses uma
tese terá valor ou não. De acordo com o exemplo apresentado teríamos:

TEMA: Nível de consciência ambiental dos moradores no bairro de Pinheiros.


TESE: A consciência ambiental dos moradores de Pinheiros relaciona-se diretamente
ao nível sócio-econômico desta população.
HIPÓTESES: Apresentadas acima como (a) ou (b). Estas irão confirmar ou negar a
tese.

É interessante observar que na própria elaboração do projeto o


estudante-pesquisador deve ter condições de elaborar sua TESE e suas
hipóteses. Ou seja, os itens centrais dentro de um processo científico. Sem
esses dois itens um projeto de pesquisa não existe.
No geral, os estudantes sentem dificuldades nesse processo. Tais dificuldades
serão mais graves ou menos graves de acordo com as leituras feitas sobre o tema. Se
a bibliografia básica sobre o tema é lida de maneira sistemática, mais facilidades o
aprendiz de pesquisador terá para elaborar sua problematização e, por conseguinte,
tese e hipóteses. Com a realização da pesquisa em si, através de análise de dados,
coleta de informações com entrevistas, questionários ou mesmo a leitura de
bibliografia específica, as dúvidas são sanadas e as respostas à problematização são
encontradas. IMPORTANTE: Falsos problemas levam a elaboração de falsas
hipóteses.

28
Por fim, temos que o projeto de pesquisa é uma etapa essencial para a
elaboração das monografias, dissertações e teses. É necessário considerar a
metodologia de cada área de conhecimento e a leitura básica sobre o tema escolhido.

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa correta em relação à elaboração do projeto de


pesquisa:
(A) As leituras são essenciais durante a realização da pesquisa, mas dispensáveis
antes disso.
(B) A escolha do tema é feita somente pelo estudante que tem total autonomia
sobre a pesquisa.
(C) Mais importante que o projeto de pesquisa é a elaboração de questões sobre o
tema.
(D) As leituras iniciais são importantíssimas na elaboração do projeto e
dispensáveis após essa etapa.
(E) A leitura da bibliografia básica evita a construção de problemas falsos sobre o
tema.

2. Marque a informação correta sobre a problematização.


(A) A problematização é construída a partir da idéia inicial somada às leituras
básicas que levam à elaboração de questões-problemas sobre o objeto de
estudo.
(B) As questões são desenvolvidas a partir das hipóteses levantadas com a tese
inicial.
(C) A construção da problematização é feita a partir das idéias iniciais que surgem
da metodologia apreendida na coleta de dados.
(D) Os problemas iniciais de uma pesquisa orientam os estudantes na elaboração
de teses, sem necessariamente passar pela etapa das hipóteses.
(E) Nenhuma problematização poderá ser bem sucedida sem a anterior etapa das
hipóteses e tese.

3. Assinale a alternativa que melhor apresenta uma definição para TESE:


(A) A tese é a resposta dada às hipóteses criadas antes da problematização.
(B) A tese é a idéia do problema hipotético criado na investigação científica.
(C) É a idéia central defendida em um projeto de pesquisa construída com a ajuda
da problematização e hipóteses.
(D) A tese apresenta-se como uma questão anteriormente realizada e que
permanecerá aberta após o encerramento da pesquisa.
(E) A tese é a idéia central negada durante a pesquisa e que pode ser verificada
por hipóteses.

4. Marque a resposta que corretamente apresenta a hipótese:


(A) As hipóteses nunca serão respondidas sem antes haver leituras básicas.
(B) Hipóteses são possíveis respostas dadas à problematização levantada no
projeto de pesquisa.
(C) Toda hipótese necessariamente será uma questão bem elaborada pelo
estudante-pesquisador.
(D) Toda hipótese bem elaborada transformará em questões as teses defendidas.
(E) As hipóteses sempre serão respondidas antes da elaboração do projeto de
pesquisa.

5. Sobre a teoria em um projeto de pesquisa, podemos afirmar que:


(A) É dispensável se estiver sido elaborado um problema geral explicativo.

29
(B) Nunca pode ser utilizada de maneira a fundamentar os pressupostos da
pesquisa e a tese central.
(C) Por ser um conhecimento sistemático formulado a partir de pressupostos
racionais, a teoria somente auxilia o pesquisador no final da pesquisa.
(D) A teoria é importante no projeto de pesquisa, pois ajuda a delimitar a
metodologia que irá enquadrar os resultados obtidos e sustentar as afirmações
feitas.
(E) A teoria é indispensável na elaboração de um projeto de pesquisa. Sem ela
corre-se o risco de apresentar leis gerais explicativas sobre os fenômenos.

Conteúdo Aula 06

Monografia Científica

A monografia científica é a apresentação como trabalho escrito dos resultados de


determinada pesquisa. Pode-se afirmar que a monografia é o projeto de pesquisa
concluído. A sua estrutura segue um padrão de desenvolvimento lógico formal adaptado
a cada área de conhecimento.
Tal estrutura é constituída por:

1. Capa
2. Contracapa ou folha de rosto
3. Dedicatória
4. Agradecimentos
5. Página de aprovação
6. Sumário
7. Índice
8. Resumo/Abstract/Palavras-chaves
9. Introdução
10. Capítulo I, II, etc...
11. Conclusão
12. Bibliografia
13. Anexos
14. Apêndice

Esses itens adaptam-se às necessidades da pesquisa e tipo de trabalho. No


caso de um trabalho acadêmico de aproveitamento de curso bimestral ou semestral,
pode-se suprimir: contracapa, abstract, palavras-chaves, sumário, agradecimentos,
dedicatória, anexos e apêndices. Para dissertações de mestrado ou teses de
doutorado todos os itens são exigências acadêmicas.
Em seguida vejamos as especificações para cada item.

1. Capa – Contém as informações de referência sobre o tipo de


trabalho, nome da Instituição, do Curso, do(a) professor-
orientador(a), do(a) aluno(a), cidade e ano.
2. Contracapa ou folha de rosto – as mesmas informações da capa;
se a especificação do trabalho for feita na capa, torna-se
desnecessário repetí-la na página de rosto.
3. Dedicatória – de cunho pessoal pode ser suprimida de acordo com a
natureza do trabalho.
4. Agradecimento – é de praxe nas dissertações e teses acadêmicas
agradecer o apoio institucional, ao orientador e às pessoas que

30
auxiliaram na pesquisa. Recomenda-se evitar qualquer tipo de
exagero.
5. Página de aprovação – aparece nas dissertações e teses com
espaço para os membros da banca examinadora assinar, após a
defesa do trabalho. É desnecessária em trabalhos comuns de
aproveitamento das disciplinas.
6. Sumário – consiste em uma lista com a numeração das páginas de
todos os itens do trabalho incluindo tabelas, gráficos, figuras, etc.
7. Índice – o índice também é uma lista com a numeração das páginas,
no entanto, concentra-se no conteúdo interno da monografia, com
cada título de capítulo e seus subtítulos.
8. Resumo/Abstract/Palavras-chave – o resumo é uma apresentação
concisa do tema tratado na monografia, tal como visto no projeto de
pesquisa. Necessita passar ao leitor uma idéia correta de todo o
conteúdo do trabalho. O abstract é o mesmo texto do resumo em
língua estrangeira, em inglês na maioria dos casos, mas dependendo
da área pode ser apresentado em espanhol, ou francês, etc.
Costuma-se colocar os dois (resumo e abstract) na mesma página.
As palavras-chave vêm em seguida na mesma página; em
dissertações e teses em número de cinco, servem para identificar os
temas mais importantes do trabalho. Exemplo:
“Este trabalho estuda a formação da consciência ambiental na
população do bairro de Pinheiros na cidade de São Paulo. Procura-
se compreender quais os fatores que influenciam a diferenciação no
nível de consciência ambiental dessa população, etc...” Observe que
a redação deve ser objetiva. As palavras-chave sobre o tema acima
seriam: consciência ambiental, educação, ecologia, movimentos
ecológicos, ou outras.
9. Introdução – é o último texto a ser escrito em uma monografia.
Neste item inseri-se o histórico da pesquisa e do tema. Podem-se
comentar as teorias mais importantes da área e apresentar o que
será tratado em cada capítulo da monografia. Uma regra básica: não
precisa necessariamente resumir os capítulos; escrevendo a
introdução por último evita-se prometer no texto algo que não foi
realizado no decorrer da monografia.
10. Capítulo I, II, etc – A quantidade de capítulos de uma monografia irá
variar de acordo com a complexidade do tema. A melhor distribuição
a ser feita deve-se basear na problematização do projeto. Cada
problema apresentado pode se tornar um capítulo analítico. O mais
importante é que os capítulos componham a lógica interna de toda a
monografia. Sendo que do primeiro ao último capítulo possa-se
perceber o começo, meio e fim da pesquisa. Em cada capítulo em
particular a mesma lógica deve ser obedecida; ou seja, tem-se em
cada: introdução, desenvolvimento e conclusão. Eis, algumas dicas
importantes para composição de capítulo. A primeira resolução a ser
feita é sobre a quantidade de páginas a serem escritas. Para um
trabalho acadêmico simples haverá somente 1 (um) a 2 (dois)
capítulos, dependendo das exigências da disciplina. Neste caso 10
(dez) páginas para 1 (um) capítulo. Essas dez páginas podem ser
divididas em sessões. Se o(a) estudante programar primeiro a
quantidade de páginas a serem escritas irá selecionar de forma
adequada as informações, sem correr o risco de escrever a menos
ou a mais. O padrão acadêmico utilizado é de acordo com as
normas da ABNT: tamanho da letra 12, tipo Times New Roman ou
Arial, espaço entrelinhas 1,5. Para dissertações de mestrado e teses

31
de doutorado o tamanho dos capítulos variam em torno de 30 a 40
páginas. Neste caso, faz-se uma divisão interna por tópicos a serem
debatidos no capítulo. Ou seja, divide-se as 30 páginas em 6
sessões de 5 páginas cada. Cada capítulo acompanhará a estrutura
geral, como afirmado acima: introdução, desenvolvimento com os
tópicos debatidos, conclusão.
11. Conclusão – deve retomar as conclusões de todos os capítulos.
Procura-se escrever em forma de perguntas e respostas para cada
problema abordado; assim, o leitor poderá relembrar os pontos mais
importantes do trabalho. Em seguida, faz-se a conclusão geral sobre
o tema com o reforço da tese defendida. Dependendo do tamanho do
trabalho a conclusão não deve ter menos de duas páginas. Em
trabalhos acadêmicos comuns, uma página bem escrita é suficiente;
de acordo, é claro, com as exigências da disciplina.
12. Bibliografia – listagem com os títulos utilizados na pesquisa ou
consultados. As normas de bibliografia são aquelas formuladas pela
ABNT. Deve ser composta por ordem alfabética pelo sobrenome do
autor. O que se sugere é que na monografia os tipos de material
sejam separados: livros, artigos, teses, sites consultados, etc.
13. Anexos – neste item podem-se colocar amostras dos dados colhidos
na pesquisa, entrevistas, imagens extras ou documentos.
14. Apêndices – são textos ou texto que aprofunda algum aspecto da
pesquisa; pela sua extensão ocuparia muito espaço no corpo da
monografia, assim, sua supressão não atrapalha o encaminhamento
do texto. Opcional em todos os tipos de trabalho.

Aspectos Gerais

Uma monografia é um trabalho de peso e deve ser considerado pelo


estudante-pesquisador como um processo de aprendizado profundo, dentro de sua
área. Os trabalhos pedidos pelos professores, mesmo não tendo a obrigação de
apresentar resultados originais sobre determinados problemas, servem de treino para
a construção do texto e análise próprios do aluno(a).
A monografia é acompanhada de perto pelo professor-orientador. Este auxilia o
estudante na pesquisa com dicas e informações. Estimula o debate e a reflexão, cobra
os resultados, corrigi os textos e ajuda a clarear as hipóteses e a formular a tese.
Assim, o orientador torna-se co-autor da monografia; ou seja, interessa-se
pessoalmente pelo sucesso do(a) aluno(a).
O crescimento intelectual do universitário depende também do compromisso
que assume para a conclusão honesta de sua pesquisa. Nem é preciso lembrar que
encomendar trabalhos ou monografias feitos por terceiros, ou plagiar pesquisas já
realizadas é desonesto e depõem contra a capacidade do estudante.

Modelos
Têm-se abaixo alguns modelos de capa, contracapa, sumário, índice e
bibliografia. Note que esses modelos são gerais e devem ser adaptados a cada
disciplina, principalmente na especificação do tipo de trabalho. Alguns autores, como
Severino21 coloca o nome do autor em cima da página. Aqui se tem um modelo
alternativo com nome abaixo. Em trabalhos com mais de um autor, deve-se colocar os
nomes em ordem alfabética. É preciso ter equilíbrio estético na capa e folha de rosto,
assim, evite usar muitas gravuras ou letras muito rebuscadas.
Eis os modelos, com exemplos fictícios:

21
Antonio Joaquim Severino – Metodologia do Trabalho Científico, p. 87.

32
1. Capa e contracapa (folha de rosto).
UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS.
CURSO TÉCNICO SUPERIOR EM [nome do seu curso]
PROGRAMA DE [nome de sua área geral, ex. Comunicação Digital ou outro]

CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA E EDUCAÇÃO: o caso do bairro de Pinheiros em


São Paulo.

Irinéia Maria Franco dos Santos

Trabalho de aproveitamento apresentado à disciplina


Desenvolvimento Sustentável do Curso Superior Técnico
em..[nome do seu curso] da Universidade Paulista, para
obtenção de créditos. [esta especificação deve ser feita
ou na capa ou folha de rosto]

Professor: Prof. Dr. Wilson do Nascimento Barbosa

São Paulo
2006

33
2. Sumário. Há vários modelos para sumário, este é do tipo simplificado geral.

Índice............................................................................................................. 7
Índice de tabelas............................................................................................. 8
Resumo.......................................................................................................... 5
Abstract.......................................................................................................... 5
Introdução...................................................................................................... 9
Capítulo I....................................................................................................... 10
Capítulo II.................................................................................................... 43
Capítulo III................................................................................................... 75
Capítulo IV.................................................................................................. 105
Capítulo V................................................................................................... 156
Conclusão................................................................................................... 185
Referências Bibliográficas.............................................................................. 190
Anexos....................................................................................................... 200

3. Índice.

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10
I – HISTÓRICO DOS MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS.................................. 12
1. A relação sociedade-natureza............................................................... 12
1.1 O conceito de natureza............................................................. 12
1.2 O conceito de sociedade........................................................... 14
1.3 A teoria Marxista........................................................................ 15
2. Os movimentos internacionais................................................................ 17
2.1 Greenpeace................................................................................ 18
2.2 WWF........................................................................................... 20
Etc...

Nunca é demais lembrar que tanto o índice como sumário devem ser montados
após a conclusão do trabalho.

4. Bibliografia. Exemplo geral.

Livros
1. Cavalcanti, Clóvis (org.) – Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma
Sociedade Sustentável. São Paulo: Editora Cortez, 1995.

2. Donaire, Denis – Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo: Editora Atlas,


1999.

3. Foladori, Guillermo – Limites do Desenvolvimento Sustentável. Campinas, São


Paulo: Editora da Unicamp, 2001.

4. Instituto Sócio-Ambiental – Almanaque Brasil Sócio-Ambiental. São Paulo: ISA,


2005.

ARTIGOS
1. SILVA, João – A natureza e a sociedade, in Revista Brasileira de Ecologia,
vol. II, jan-fev/2006, pp. 10-25.

Sites
Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável - http://www.fbds.com.br

34
Exercícios

1. Assinale a alternativa correta:


(A) A função da monografia é apresentar de maneira ordenada com lógica formal
os resultados da pesquisa.
(B) A monografia só pode ser concluída por meio de análises objetivas em
conjunto com outros estudantes.
(C) A tese da monografia é sempre copiada de outros trabalhos.
(D) Por ter uma função acadêmica a monografia não estabelece regras científicas
verificáveis.
(E) A pesquisa sempre é apresentada em formato de monografia sem
necessariamente discutir tese e hipóteses.

2. Marque a resposta que melhor apresenta a construção da introdução.


(A) Na introdução são apresentadas as conclusões do trabalho com apoio da
bibliografia consultada.
(B) A introdução é feita sempre no início do trabalho para apresentar os seus
pressupostos.
(C) A introdução deve ser construída de maneira a trazer o conteúdo que será
debatido nos capítulos.
(D) A introdução é construída por último porque é a menor parte a ser escrita.
(E) Nunca se aborda teorias na introdução uma vez que estas são discutidas
pelos autores.

3. A partir da discussão feita em relação aos capítulos identifique a frase


incorreta.
(A) Os capítulos podem ser montados a partir dos problemas apresentados no
projeto de pesquisa.
(B) A quantidade de páginas de cada capítulo dependerá do tipo de trabalho
apresentado, monografia, tese ou trabalho comum.
(C) Na construção dos capítulos evita-se a estrutura de introdução,
desenvolvimento e conclusão, pois esta é feita somente no contexto geral do
trabalho.
(D) Um bom capítulo deve discutir o assunto proposto fazendo referências
corretas ao apoio bibliográfico.
(E) Ter uma prévia da quantidade de páginas que será escrita auxilia na seleção
das informações utilizadas no capítulo.

4. Sobre o resumo pode-se afirmar que:


(A) Traz a relação de livros, artigos e referências utilizados na construção da
monografia.
(B) Apresenta todos os dados referentes às fontes de pesquisa consultadas
levando em consideração a área de pesquisa.
(C) Introduz o tema estudado ao público leitor com riqueza de detalhes.
(D) Apresenta de forma concisa o tema discutido no trabalho e o objetivo a ser
alcançado com ele.
(E) Dispensa um texto muito longo, mas exige a apresentação das hipóteses e
debate sobre as teorias.

5. Qual a frase abaixo expressa a importância da monografia para a vida


acadêmica?
(A) A monografia é a etapa menos relevante para o amadurecimento intelectual
do pesquisador.
(B) O exercício de construção de um trabalho acadêmico ou monografia auxilia
no desenvolvimento da análise própria do estudante-pesquisador.

35
(C) Mesmo não sendo um trabalho de peso a monografia ajuda na obtenção de
créditos extras nas disciplinas.
(D) Sempre é possível conseguir ajuda de terceiros na elaboração da pesquisa
desde que estes tenham ensino superior.
(E) O orientador como co-autor da monografia realiza a maior parte da pesquisa.

Conteúdo Aula 07

Estrutura Interna do Texto Acadêmico

A construção do texto acadêmico obedece ao tipo dissertativo. Nele é


importante ressaltar a argumentação em torno de um tema. Há algumas dicas
importantes para a construção do texto. Todas elas passam, no entanto, por reforçar a
necessidade da leitura na formação acadêmica.

1. Organize os dados colhidos em pastas; separe por conteúdo, deixando


anotado sempre a referência, ou seja, de onde foi retirada aquela informação.
As fichas de leitura podem ser organizadas da mesma forma.
2. Escolha os argumentos que serão utilizados; enumere-os por ordem de
importância mentalmente. Encontrar argumentos contrários ao que se quer
afirmar no texto também é importante. Podem-se apresentar tais argumentos e
em seguida, refutá-los. O importante é dar ênfase aos argumentos favoráveis a
sua tese.
3. Incremente o argumento com apresentação de dados, tabelas, gráficos,
estatísticas, etc. Esses elementos devem ser bem utilizados; não devem ser
jogados no meio do texto sem a devida argumentação em torno da sua
importância. Devem ser comentados e apresentar também a devida referência.
4. Deve-se seguir sempre a estrutura: introdução, desenvolvimento,
conclusão. Esse tipo de estrutura permite o acompanhamento lógico do texto
e evita que o pesquisador se perca na argumentação.
5. Use sempre o verbo na forma passiva. Em vez de utilizar a terceira pessoa
do plural, ex. pensamos, queremos, veremos etc; pensa-se, quer-se, ver-se-á,
etc. Esta forma verbal é a mais indicada em trabalhos científicos, permite ao
estudante um distanciamento maior da pesquisa e do seu objeto. Pressupõe-se
que o trabalho acadêmico deve ser o mais isento possível de preconceitos
pessoais e se basear sempre em argumentação. Ao fazer uma afirmação
própria, utiliza-se a primeira pessoa, sem o pronome, em vez de Eu penso... –
utilizar – Penso que tal análise... Exemplo:

“O movimento contínuo dos homens para produzir, manter e expandir o


processo de produção costuma chamar-se processo de reprodução. Ambas, produção
e reprodução expressam o caráter social do esforço das diferentes comunidades ou
sociedades para garantir sua existência num ambiente favorável ou hostil. Tal
atividade coletiva não pode ser explicada nos termos das ações dos indivíduos, mas
no seu aspecto de todo social.
Tem-se assim que, em cada formação econômico-social, tanto se
reproduzem as forças produtivas do modo dominante, como se reproduzem suas
relações de produção próprias. Reproduzem-se, pois, os meios de produção, os
artigos de uso e consumo, e as relações, adequadas à formação em caso, de
produção”.22

22
Wilson do Nascimento Barbosa – A Acumulação de Capital no Brasil. Texto impresso, Janeiro de
2003, pp.2-3.

36
Tais dicas são simples, mas auxiliam muito na organização do trabalho. Outra
necessidade importante é a própria redação do texto. Esta deve obedecer às regras
gerais gramaticais e ortográficas da língua portuguesa. Além de manter a lógica
interna e a cientificidade do texto.

Redação

Uma das primeiras preocupações em relação à redação é escrever o texto


dirigindo-o aos especialistas e ao público em geral. Ou seja, ser preciso nos conceitos
e técnicas da área de conhecimento e, ao mesmo tempo, escrever de maneira clara
que seja compreensível para os leigos. Assim, precisão e clareza são as palavras-
chave para um texto acadêmico bem feito.
Por isso, na parte introdutória da monografia, tese ou trabalho acadêmico faz-
se necessário indicar, definir e explicar os conceitos e as teorias utilizadas ao longo do
texto. Haverá uma série de autores que terão lugar de destaque no texto. Tal escolha
deve ser feita de acordo com as teorias defendidas por estes especialistas. Assim, é
totalmente desaconselhável usar ou citar autores dos quais se desconhece os
pressupostos teóricos. Corre-se o risco de citar alguém que é contra ou discorda da
linha teórica que o estudante-pesquisador quer defender.
Escrever é um ato difícil. A prática minimiza as dificuldades no momento da
escrita. Escolher as palavras certas, a frase de abertura, o encadeamento da
discussão é uma tarefa que consome um bom tempo e exigem do estudante,
paciência e disposição. Não existem fórmulas mágicas que ensinem a escrever bem.
Há, no entanto, algumas melhorias que podem ser feitas no texto. Eis algumas
apresentadas pelo escritor Umberto Eco23.
A) Não escreva períodos (frases) longos. Evite repetir o sujeito e elimine os
excessos de pronomes e adjetivos e frases subordinadas. Exemplo:
Em vez de escrever: “O pianista Wittgenstein, que era irmão do famoso
filósofo que escreveu o Tractatus Logico-Philosophicus, que muitos consideram
hoje obra-prima da filosofia contemporânea, teve a sorte de ver escrito
especialmente para ele, por Ravel, o concerto para mão esquerda, uma vez
que perdera a direita na guerra”.24
Escreva: “O pianista Wittgenstein era irmão do filósofo Ludwig. Tendo perdido
a mão direita, Ravel escreveu para ele o concerto para a mão esquerda”.

B) Abra parágrafos com freqüência. Quando mudar o tema tratado, quando


incluir uma análise ou explicação para um conceito. Ao exemplificar de
maneira mais detalhada. Nunca faça de uma frase um parágrafo.
C) Como exercício, escreva tudo que lhe vier à cabeça. Depois vá limpando os
excessos; se houver informações a mais que não tem o tema de seu estudo
como foco, deixa-as na nota de rodapé ou escreva um textinho extra para ir
ao apêndice.
D) Mostre o texto com antecedência para o(a) professor(a). Peça que o auxilie
na correção e comentários sobre as idéias.
E) Defina sempre um termo ao introduzi-lo no texto pela primeira vez. Não o
use se não souber do que se está falando. Em cada área há termos
técnicos que são imprescindíveis, procure conhecê-los e dominar seus
significados. Ninguém de uma área de tecnologia, por exemplo, pode
escrever um texto sem saber corretamente a definição para software,
internet, etc.

23
Umberto Eco – Como se faz uma tese, pp.117-123. Editora Perspectiva, São Paulo, 2005.
24
Idem, p. 117.

37
F) Não use artigo diante de nome próprio. Nunca escreva “o Marx”, “o Weber”,
etc.
G) Não aportuguesar demais os nomes dos autores consagrados. Não
transforme Jean-Paul Sartre em João Paulo Sartre, Karl Marx em Carlos
Marx, etc.

Coesão: A Coesão auxilia na clareza do texto. Várias manuais de redação trazem


exercícios para auxiliar na coesão textual. O estudante-pesquisador deve conhecer e
aperfeiçoar a coesão textual. O autor Antonio Suárez Abreu25, apresenta algumas
observações a respeito da coesão.

Ex: Pegue três maças, coloque-as sobre a mesa. O as se refere às maças. Ou seja,
não é preciso repetir na mesma frase o sujeito.

Outros exemplos:

(a) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na referida cidade, o mesmo


disse que a Igreja continua a favor do celibato.
(b) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, ele disse que a Igreja
continua a favor do celibato.
(c) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, Sua Santidade, disse que a
Igreja continua a favor do celibato.
(d) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na capital da Polônia, o mais
novo aliado do capitalismo ocidental, disse que a Igreja continua a favor do
celibato.

Tem-se que uma mesma frase pode ser descrita com a troca correta do
referente. Para isso, é importante ter um bom repertório sobre o tema que se trata.
Saber que João Paulo II é um pontífice da Igreja Católica e que se costuma chamá-
lo de Vossa Santidade. Saber que Varsóvia é capital da Polônia, etc.
Percebe-se que no item (d) a troca do sujeito também funciona como uma
forma de indicar uma opinião a respeito do sujeito, negativa ou positiva.
Outra sugestão apresentada por Abreu é o uso de sinônimos hiperônimos. Eis:
Mesa.....................móvel
Faca......................talher
Termômetro...........instrumento
Computador...........equipamento
Enceradeira............eletrodoméstico

No período, poder-se-á substituir os termos pelos sinônimos evitando, assim, as


repetições que deixam o texto menos coeso.

Coerência: Abreu apresenta quatro princípios fundamentais ou meta-regras de


coerência textual. Elas auxiliam na composição e evitam erros absurdos.

a) Meta-regra da repetição – um texto coerente deve ter elementos repetidos


(coesão textual).
b) Meta-regra de progressão – um texto coerente deve apresentar renovação do
suporte semântico. (informações novas à medida que vai avançando).

25
ANTÔNIO SUÁREZ ABREU – Curso de Redação. Editora Ática, São Paulo, 12ª edição,
2005.

38
c) Meta-regra da não-contradição – em um texto coerente, o que se diz depois
não pode contradizer o que se disse antes ou o que ficou pressuposto. (fazer
sentido)
d) Meta-regra da relação – em um texto coerente, seu conteúdo deve estar
adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis.

Tem-se, assim, que a estrutura interna do texto acadêmico deve obedecer às


regras da língua portuguesa, a lógica interna da argumentação e apresentar-se de
maneira coerente e coesa. Vale lembrar, que um bom texto é difícil de conseguir na
primeira tentativa, por isso, reler o foi escrito é importantíssimo. Os programas de
edição de texto, atualmente, possuem corretores ortográficos; utilize-os.

Exercícios

1. Qual o tipo de texto utilizado como padrão na academia? Assinale a


alternativa correta.
(A) Narração
(B) Descrição
(C) Analítico
(D) Dissertação
(E) Paródia

2. Qual a melhor maneira de se organizar os conteúdos a serem utilizados


no texto acadêmico? Assinale a alternativa correta.
(A) Escrever e anotar na borda do livro as informações importantes.
(B) Organizar os dados em pastas, anotando em fichas as referências corretas.
(C) Colocar as referências em um banco de dados especial.
(D) Separar as informações por edição e ano de publicação das obras.
(E) Usar o marca-texto nas palavras mais importantes.

3. A estrutura básica do texto acadêmica é aquela que melhor expressa a


lógica do texto. Marque a resposta correta.
(A) Desenvolvimento, conclusão, introdução.
(B) Conclusão, desenvolvimento, introdução.
(C) Introdução, desenvolvimento, conclusão.
(D) Apresentação, desenvolvimento, conclusão.
(E) Apresentação, conclusão, desenvolvimento.

4. A redação acadêmica deve primar, entre outros fatores, pela lógica


interna, correção gramatical e coerência. Assinale a alternativa correta
que apresenta aspectos importantes da redação.
(A) Precisão, clareza e períodos curtos.
(B) Precisão, indefinição de termos, análise.
(C) Clareza, gráficos, períodos longos.
(D) Tabelas, gráficos, teorias diferentes.
(E) Precisão, clareza e excesso de pronomes.
5. Assinale a alternativa incorreta a respeito da coesão e coerência textual.
(A) Ambos são necessários para um texto bem composto.
(B) Ambos necessitam de um conhecimento mínimo das regras gramaticais.
(C) A coesão auxilia na clareza do texto e a coerência na relação entre os
conceitos.
(D) A coerência possui algumas meta-regras, entre elas a meta-regra da não
repetição.
(E) Ambos são elementos periféricos e devem ser utilizados somente quando são
exigidos pelos autores.

39
Conteúdo Aula 08

Utilização das Normas da ABNT

Regras gerais
A ABNT26 (Associação Brasileira de Normas Técnicas) foi fundada em 1940,
sendo o órgão responsável pela normalização técnica no Brasil. Possuiu uma série de
regulamentações para diferentes áreas na sociedade. O intuito é desenvolver
requisitos gerais que possam melhorar as ações específicas e fornecer base para “o
desenvolvimento tecnológico do país”.
Para a área acadêmica as normas são utilizadas na confecção das teses,
dissertações, monografias, relatórios, etc. Padronizar os resultados das pesquisas
facilita na consulta dos dados e dá base para orientação e utilização científica dos
mesmos.
Viu-se, anteriormente, que a estrutura da monografia científica, desde a capa
até a bibliografia obedece às normas da ABNT. Têm-se, em seguida, de maneira mais
detalhada, as normas bibliográficas e de citação. Aconselha-se, aos estudantes,
adquirirem um bom manual de metodologia científica que poderá sempre ser utilizado
como referência27. O estudante-pesquisador não deve ter a preocupação de decorar
as regras, mas, saber aplicá-las. Com o uso cotidiano, tais regras começam a fazer
parte do repertório geral de conhecimentos do aluno, facilitando o dia-a-dia dos
trabalhos acadêmicos.

Normas gerais
Os textos devem ser digitados em folhas tamanho A4 ou Carta, de um lado só,
com espaçamento entrelinhas 1,5. Dão-se preferência pela letra Times New Roman ou
Arial, tamanho 12; a capa e folha de rosto, no entanto, podem utilizar outras desde que
não sejam “espalhafatosas”. Os critérios de margens são os seguintes:
Superior: 2,5 cm
Inferior: 2,5 cm
Esquerda: 3 cm
Direita: 2 cm

A numeração das páginas inicia-se na página de rosto. O número fica


localizado no alto da página, no meio ou no canto superior direito, a dois centímetros
da borda. Utilizando-se notas de rodapé, elas devem ficar separadas do corpo do texto
por um traço e localizadas no final da página.
Todas essas normas podem ser resolvidas facilmente utilizando os editores de
texto nos microcomputadores. Podem-se alterar as configurações de página e montar
modelos de capas, índices e sumários para serem utilizados sempre que necessário.
Atualmente, qualquer estudante médio é capaz de usar o microcomputador para
realizar tais tarefas. Alguns manuais, porém, ajudam na melhor utilização das
ferramentas. Saber, por exemplo, que as notas de rodapé podem ser colocadas
automaticamente, e que é preciso marcar o alinhamento da página como justificado,
ainda podem ser novidades para alguns estudantes. Assim, em caso de dúvidas,
pode-se consultar o manual do Prof. Severino, há uma sessão especial para o uso do
editor de texto Word.

26
Consulte o site www.abnt.org.br/.
27
Os manuais, Metodologia do Trabalho Científico, de Antonio Joaquim Severino ou o trabalho de João
Mattar, Metodologia Científica na Era da Informática, citados na bibliografia do programa, são excelentes
materiais que podem ser utilizado para os trabalhos acadêmicos da graduação e pós-graduação.

40
Normas Bibliográficas
Como afirmado em outra aula, a bibliografia deve ser montada obedecendo
alguns critérios. São eles:

1. É apresentada no final do trabalho, em ordem alfabética pelo sobrenome


do autor. A ABNT apresenta em sua norma NBR 6023:2000 os elementos a
serem incluídos e que são imprescindíveis. São eles: autor, título do
documento, edição, local da publicação, editora, data. A norma considera
complementares as informações mais específicas: indicação de
responsabilidade (organização, tradução, revisão), descrição física do
documento (número de páginas, ilustrações, tamanho, etc), indicação de série
ou de coleção, notas especiais, número de registro de ISSN ou de ISBN.
Ficam a critério de o pesquisador incluir todas essas referências, desde que as
essenciais constem. Severino apresenta os dois exemplos, observe o uso do
itálico no título e das MAIÚSCULAS no sobrenome:

VIGOTSKI, Liev S. Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes,


1996.
Ou
VIGOTSKI, Liev S. Teoria e método em psicologia. Trad. Claudia Berliner;
revisão Elzira Arantes. São Paulo: Martins Fontes, 1996. (Col. Psicologia e
Pedagogia). Bibliografia. ISBN 85-336-0504-8.

As normas da ABNT também exigem que somente um tipo de recurso


tipográfico seja usado. Se estiver em itálico, não é preciso incluir o negrito ou
sublinhado (nunca use todos os destaques). Observa-se também que os
elementos são separados por ponto, o sobrenome separado por vírgula, o título
é separado dos elementos seguintes por ponto. Quando há subtítulo, este é
separado do título por dois pontos.
Quando um dado não é identificável, como por exemplo, local de publicação,
editor, data, pode-se utilizar as abreviações: s.l. = sem local de publicação;
s.ed. = sem editor; s.d. = sem data; s.n.t. = sem notas tipográficas, quando
faltam todos os elementos.
2. Há uma série de normas para a indicação do nome do autor. Tem-se de
maneira resumida algumas observações feitas por Severino. Aqui destacamos
aquelas mais utilizadas pelos graduandos. A norma geral é aquela vista acima,
o nome do autor aparece pelo sobrenome. Deve-se observar, no entanto, os
seguintes casos:
(a) Autores estrangeiros ou brasileiros, de sobrenomes compostos:
quando há dois sobrenomes.
Ex: ASTI VERA, Armando.
ACOSTA HOYOS, Luis E.
CASTELO BRANCO, Camilo.
FROTA-PESSOA, O.
(b) Autores com sobrenomes designativos de parentesco ou nomes
compostos consagrados pela literatura:
LOURENÇO FILHO, M. B.
MACHADO DE ASSIS, José M.
MONTEIRO LOBATO, José B.
(c) Autores com sobrenomes portadores de partículas: portuguesas ou
estrangeiras – de, do, das, del, de las, von, van, della, etc. são
colocadas depois do nome.
STEENBERGUEN, Fernand van.
Quando a partícula faz parte do sobrenome vem em maiúscula:
VON ZUBEN, Newton A.

41
(d) Caso de vários autores: quando a obra foi escrita por até três
autores, são indicados os três, na ordem que aparecem na publicação,
separando seus nomes por ponto e vírgula.
Ex: SILVEIRA, Paulo; ALMEIDA, Ernesto de; SOUZA, José de.
Quando são mais de três autores indica-se o primeiro e acrescente a
expressão latina “et al.”, que significada “e outros”.
Ex: NAGEL, E. et al.
Já no caso de obras coletivas, com vários autores, mas organizadas ou
coordenadas por um deles, tem-se:
Ex: FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.). Educação e Trabalho.
Obs: Como afirmado em outra aula, em relação aos autores estrangeiros
consagrados, não se utiliza a tradução de seus nomes. Use sempre MARX, Karl e não
MARX, Carlos. Quando a obra não contiver indicação de autor informe o seu editor. Se
não for o caso é considerada obra anônima, mas não é preciso indicar com tal palavra.
Ex: BÍBLIA sagrada.
(e) Obras publicadas por entidades coletivas: associações, institutos
ou outros, utilizam-se o nome delas no lugar do autor.
Ex: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normalização
da documentação no Brasil.
Quando ligadas a órgãos públicos, inclui-se: país, órgãos, repartição.
Ex: BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, Plano...
SÃO PAULO. Departamento de Educação. Chefia do Ensino Básico,
Normas...
3. Indicações para títulos de periódicos.
(a) Quando se indica uma publicação periódica seriada:
Ex: REFLEXÃO. Campinas. Instituto de Filosofia e Teologia. PUC. 1975.
Se a publicação estiver encerrada, fecham-se as datas: 1967-1976.
Quando o volume tem título é acrescentado:
VOZES. Concretismo. Petrópolis, v. 71, n. 1, jan./fev. 1977.
(b) títulos de artigos de revistas. No caso de serem assinados, a seqüência
é: autor, título do artigo em redondo, título da revista com destaque gráfico,
local da publicação, volume ou tomo, fascículo em redondo, páginas inclusivas,
data. Obedece-se a pontuação:
Ex: FERRAZ JR. Tércio Sampaio. Curva de demanda, tautologia e lógica da
ciência. Ciências Econômicas e Sociais, Osasco, v. 6, n. 1, p. 97-105, jan.
1971.
(c) títulos de artigos de jornal. Deve incluir autor, título do artigo, título do
jornal, cidade, data completa, número ou título do caderno, seção ou
suplemento, indicação da página e eventualmente da coluna:
Ex: PINTO, J. N. Programa explora tema raro na TV. O Estado de S. Paulo,
8.2.1975, p. 7, c. 2.
Se não houver autor:
Ex: ECONOMISTA recomenda investimento no ensino. O Estado de S. Paulo,
24.5.1977, p. 21, 4-5 col.
(d) Enciclopédias, publicações de congressos, teses: Nesses casos utilizar
das seguintes citações:
Ex: ENCICLOPÉDIA DELTA-LAROUSSE. Verbete Fome, p. 1500.

ANNAIS DO III CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA

BUFFA, Ester. Crítica histórica das ideologias subjacentes ao conflito escola


particular-escola pública (1956-1961), 1975. 154 p. Dissertação (Mestrado em
Educação) Unimep. Piracicaba.

42
Obs: Tais normas cobrem à bibliografia mais utilizada pelos estudantes na graduação.
Em casos muito específicos, sugere-se, novamente, a utilização de manuais para
consulta.

4. Em relação às fontes eletrônicas. Com o aumento da utilização de fontes


eletrônicas, internet, CD-ROM, a ABNT padronizou as referências para estas.
O mais importante é lembrar-se de indicar o site, o link, e a data de acesso.
Como visto em outra aula, tem-se:
Ex: ASPIS, Renata P. L. Avaliar é humano, avaliar humaniza.
http:/www.cbfc.com.br/reflexão.htm. Acesso em: 20 dez 2001.

Em alguns sites a referência é cruzada de outra fonte. Aconselha-se a observar se a


informação que está citada não é de uma obra impressa. Neste caso, faz-se a
referência à obra e cita-se a fonte.
Exemplo fictício: BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Cap. 1 disponível em http://www.leonardoboff.com . Data de acesso: 01 jan 2005.

Para fazer referenciar uma home page, como tal, sem citar uma matéria em
específico, deve-se indicar pelo nome da entidade a que se liga à página, ou pelo
assunto geral. Exemplos:
GT-CURRICULO / ANPED. http://www.ufrgs.br/faced/gtcurric. Acesso em: 23 jun
2000.
Associação Nacional de Pós-Gradução em Educação. www.anped.org.br
Universidade de São Paulo: www.usp.br

Em relação ao material gravado em CD-ROM, tem-se:


Exemplo:
Timbalada. Carlinhos Brown e Wesley Rangel. N. 518068-2 Philips / Polygram. s/l, s/d.
1 CD-ROM.
Anped. São Paulo, Anped / Inep / Ação Educativa, 1996. 1 CD-ROM

Quando se trata de material gravado em vídeo, tem-se:


Ex: O enigma de Kaspar Hauser. Dir. Werner Herzog. Cinematográfica FJ. São Paulo,
1990. FJ-101.
O Piano. Dir. Jane Campion. França / Austrália. Videoteca Folha, n. 3. São Paulo,
1992.

Citação

A citação de trechos de obras no meio do trabalho acadêmico deve ser sempre


feita de maneira correta, para evitar, o já tão comentado, plágio. Vale lembrar que a
citação em rodapé é a mais indicada, não sendo, todavia errada a indicação no corpo
do texto. Deve-se tomar cuidado, no entanto, para que as obras estejam bem
indicadas na bibliografia final, para evitar enganos. Ex: (Buber, 1914, p. 31) para
referências gerais do texto ou autor; ou em citações específicas: “É evidente, em
primeiro lugar, que a mais estreita relação de parentesco é aquela que também admite
a mais generalizada forma de reciprocidade”. (Service, 1971, p. 29).
No caso do uso de notas em rodapé, deve-se seguir o seguinte padrão: autor
indicado pelo primeiro nome com sobrenome em destaque, título e página.
Exemplos:
5. Lucien GOLDMANN, Ciências humanas e filosofia, p. 10.

43
Severino afirma que quando várias notas de rodapé se referem a uma mesma obra
de um mesmo autor, variando-se apenas a página, usa-se a expressão latina
abreviada: ibid.
Exemplos:
4. Lucien GOLDMANN, Ciências humanas e filosofia, p. 10,
5. Ibid., p. 16.
6. Ibid., p. 89.
7. André DARTIGUES, O que é fenomenologia, p. 50.
8. Lucien GOLDMANN, Ciências humanas e filosofia, p. 32.
9. Ibid., p. 33.

Observe que se deve citar novamente a referência inteira, caso haja uma
interrupção de outro autor. A expressão IDEM substitui somente o autor e aparece
nessa estrutura:
6. Martin BUBER, Eu e tu, p. 150.
7. IDEM, O problema do homem, p. 56.

Obs: Não utilizar juntas as expressões IDEM, ibid., pois Ibid subentende também o
autor.
Nunca é pouco lembrar que a citação de mais de três linhas de um autor deve ser
sempre colocada em itálico, “entre aspas”. As notas de rodapé também são utilizadas
para comentários extras, explicação de conceitos que não são imprescindíveis no
corpo do texto, ou discussão de teorias periféricas.

Por fim, tem-se que a as normas da ABNT procuram dar um padrão à


apresentação dos resultados das pesquisas acadêmicas. Aprender a lidar com tais
regras é fundamental, mas não deve ser visto como um tormento para o estudante.
Deve-se procurar sempre o uso dos materiais de consulta, ser honesto nas citações e
conhecer a bibliografia específica de sua área de conhecimento.
A busca científica pelo conhecimento necessita de tais regras, pois funcionam
com elementos guias e pontos em comum. A padronização da linguagem científica e
do método leva a um melhor aproveitamento dos resultados. Espera-se, assim, que o
estudante-pesquisador possa adquirir com o tempo um repertório de conhecimentos e
referências que serão extremamente úteis na sua vida acadêmica e profissional.

Exercícios

1. Assinale a alternativa correta em relação aos objetivos das normas ABNT.


(A) Criar padrões internos para a pesquisa brasileira ser considerada séria.
(B) Desenvolver requisitos gerais para melhorar as ações específicas e
desenvolver a tecnologia do Brasil.
(C) Estabelecer padrões de pesquisa para as áreas menos importantes na
ciência, como educação e tecnologia.
(D) Ter regras gerais para estruturar toda a vida acadêmica, sem possibilidades de
usar outros modelos.
(E) Avaliar os resultados das pesquisas e excluir aquelas mal realizadas.

2. Assinale a alternativa correta no que diz respeito às normas gerais dos


textos digitados.
(A) Letra Arial, entre linhas 2, tamanho 14.
(B) Letra Arial, entre linhas 1,5, tamanho 10.
(C) Times New Roman, entre linhas 1,5, tamanho 10.
(D) Times New Roman, entre linhas 2, tamanho 12.
(E) Times New Roman, entre linhas 1,5, tamanho 12.

44
3. Marque a alternativa incorreta em relação à citação de rodapé.
(A) As notas são importantes para indicar trechos de obras utilizadas no texto.
(B) Sempre se utiliza notas de rodapé quando se faz referência a autores ou
obras.
(C) Não se utiliza as notas quando o trecho da obra é maior que três linhas.
(D) Os elementos essenciais nas notas são: autor, título e número de página.
(E) Mesmo ao utilizar referências de sites deve-se citar em nota de rodapé.

4. Assinale a alternativa correta em relação à bibliografia de acordo com as


normas da ABNT.
(A) Deve vir em ordem alfabética pelo sobrenome do autor, no caso de ser obra
coletiva com até três nomes, deve-se citar todos.
(B) Nas obras coletivas irão vir com destaque os nomes dos autores mais
consagrados, colocando-se et al., no caso de autor falecido.
(C) Utiliza-se IDEM para substituir o título da obra já citada anteriormente.
(D) As abreviações s.d. e s.l. se referem, respectivamente, a sem local, e sem
data.
(E) Todas as citações em rodapé devem conter o total de números de páginas das
obras.

5. Assinale a afirmação que está correta em relação às necessidades de


padronização no resultado das pesquisas.
(A) As regras da ABNT e a metodologia científica são entraves no progresso das
ciências brasileiras, pois não apresentam resultados efetivos.
(B) As universidades no Brasil assumem a padronização na pesquisa por terem
pouco tempo para realizar um trabalho mais liberal.
(C) Todas as informações a respeito de pesquisa acadêmica são armazenadas
pela ABNT em um banco de dados no governo Federal.
(D) A padronização da pesquisa e das normas de apresentação são guias para
melhor aproveitamento dos resultados.
(E) Não há uma necessidade real para a padronização, uma vez que as áreas de
conhecimento são únicas em sua metodologia.

Conteúdo Aula 09

Normas para Documentos Eletrônicos e Outros

Na última aula aprendemos a utilização das normas da ABNT para documentos


impressos e algumas poucas referências para documentos eletrônicos. A ABNT não
cobre a totalidade dos diferentes documentos existentes; por isso, é interessante
tomar como guia outros especialistas. Vêem-se, em seguida, alguns casos específicos
que podem ser úteis ao estudante pesquisador. Iremos acompanhar nessa aula as
sugestões do Prof. João Mattar28.

1) Programa de televisão e rádio


Para esses documentos deve-se incluir, observando a fonte e pontuação que se
utiliza abaixo:

TEMA. Nome do programa, Cidade: nome da emissora de TV ou de rádio, data da


apresentação do programa. Nota especificando o tipo de programa (rádio ou TV).

28
João Mattar. A Metodologia Científica na Era da Informática, pp. 224-232.

45
Exemplo: (a) ZEBUS. Globo Rural, Rio de Janeiro: Rede Globo, 22 maio 1994.
Programa de TV.

(b) PETER FRAMPTON. Fora de Série, São Paulo: Rádio USP, 28 agosto 2007.
Programa de Rádio.

2) Entrevistas
É interessante para o estudante, sempre que possível, assistir nas mídias
entrevistas que tragam informações atualizadas. Assim, a citação correta se faz
necessária.

AUTOR (que dá a entrevista). Título ou assunto do programa. Local da entrevista,


entidade onde ocorreu o pronunciamento, data em que a entrevista foi concedida.
Nota indicando o tipo de depoimento e nome do entrevistador.

Exemplo: (a) SUSSENKIND, Arnaldo. Anteprojeto da nova CLT. Porto Alegre:


Televisão Guaíba, 29 abr. 1979. Entrevista a Amir Domingues.

3) Informação verbal
A realização de conversas e entrevistas com especialistas também são
oportunidades de conseguir material original e inédito sobre os assuntos da
pesquisa. Como também a participação em eventos, conferências, simpósios, etc.
Ao realizar as horas complementares pode-se citar corretamente sua participação
da seguinte forma:

AUTOR do depoimento. Assunto ou título. Local do depoimento, instituição (se


houver), data em que a informação foi proferida. Nota indicando tipo de depoimento,
conferência, discurso, anotação de aula etc.

Exemplo: (a) KOUTZII, Flávio. A Guerra do Golfo e suas conseqüências na América


Latina. Porto Alegre: UFRGS, 13 mar. 1991. Informação verbal. Palestra ministrada
aos professores, alunos e funcionários da Fabico.

(b) MO SUNG, Jung. A Igreja e a Teologia da Libertação. São Paulo: Pontifícia


Universidade Católica de São Paulo, 15 set. 2003. Informação verbal. Entrevista a
Irinéia Franco.

4) Correspondência (cartas, bilhetes e telegramas)


A correspondência de grandes personalidades da história ou até mesmo de
anônimos, quando bem analisadas e interpretadas, contribuem também com
informações sobre a época ou acontecimentos importantes para uma determinada
área de pesquisa.

REMETENTE. [Tipo de correspondência] data, Local de emissão [para] Destinatário,


Local a que se destina. N. de páginas. Assunto em forma de nota.

Exemplo: (a) SILVEIRA, Antônio Carlos. [Carta] 27 set. 1979, Rio de Janeiro [para]
Marlene Abreu da Silveira, Porto Alegre. 2p. Solicita informações sobre Porto Alegre.

(b) CARDOSO, Leandro Gomes. [Telegrama] 05 jul. 2000, São Paulo [para] Marcelo
Billi Bernardo, São Paulo. 1p. Solicita entrega de relatório sobre economia brasileira no
período 1970-1980.

5) Documentos eletrônicos

46
Com o uso maior de referências eletrônicas nos trabalhos acadêmicos, tornou-se
necessário, a citação adequada das fontes. De fato, na aula anterior vimos normas
de acordo com a ABNT. Existem, no entanto, discordâncias, entre os especialistas,
quanto à possibilidade destas normas abrangerem todos os casos, sendo assim,
têm em seguida, sugestões do Prof. Mattar e outras instituições que não
inviabilizam o usa da ABNT, mas procuram complementá-la.
Sugere-se, a princípio, que se acrescentem as seguintes informações29 àquelas de
uso tradicional dos documentos impressos:
(a) Descrição física: CD-ROM, multimídia, cor, som, quantidades de suportes e
disquetes de instalação, material adicional, etc.
(b) Descrição da tecnologia de acesso ao conteúdo: hardware (configuração
mínima) e software – sistema operacional (Windows, Macintoch etc.)
(c) Resumo do conteúdo, ou tipo do documento (jogo, obra de referência,
material pedagógico, monografias etc.).

Para documentos retirados da Internet, devem-se considerar os seguintes elementos


para citação de acordo com Mattar:
 Nome do autor (pessoa ou entidade responsável pelo conteúdo intelectual ou
artístico do documento);
 Título do documento ou da WEB page (ou da frame);
 Titulo do trabalho maior contendo a fonte (Web site);
 Informações sobre a publicação (incluindo a data da publicação e/ou da
última revisão);
 Endereço eletrônico (URL);
 Data do acesso (dia, mês e ano)
 Outras informações que pareçam importantes para identificar a fonte.

Exemplo:

MONTOR, Wagner Ricardo; SOGAYAR, Mari Cleide. Insetos como biofábricas de


proteínas humanas. Ciência hoje, Rio de Janeiro, v. 33, n. 196, p. 16-23, ago.
2003. Disponível em: http://www.uol.com.br/cienciahoje/ch/ch196/insetor.htm.
Acesso em: 6 set. 2003.

Nesse sentido, veja-se a seguir como seria, para Mattar, a citação de multimídias.
Lembre-se de observar a grafia (maiúsculas, itálicos, vírgulas, etc.)

1) Disquetes, CD-ROM ou DVD

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. CNT – Catálogo


de Normas Técnicas. 3. ed. São Paulo: Target: ABNT, 1997, atual. 11 nov. 1997. 4
disquetes 31/2, para Windows.

ALMANAQUE Abril: a enciclopédia em multimídia. 2. ed. São Paulo: Abril


multimídia, [1995]. CD-ROM.

CHAPLIN, Charles. Tempos Modernos. MK2, Warner Brothers, 2005. Comédia.


DVD Duplo, Disco 1 83 min.

BRISSON, Dominique; COURAL, Natalie. Le Louvre: the palace and its paintings.
Montparnasse Multimedia/Réunion des Musées Nationaux. [S.l.: s.n], 1995. CD-

29
Op. Cit., p. 227.

47
ROM. Para PC & Macintosh. Configuração mínima: Processador 386SX, 8Mb
RAM, Drive de CD-ROM, placa de som, monitor VGA 256 colorido, mouse,
Microsoft Windows 3.1 (ou superior).

2) Arquivos de imagens, sonoros e vídeos on-line:

Exemplos retirados do Museu do Louvre30:

MERISI, Michelangelo (Le Caravage). La Mort de la Vierge. 1605-1606. Musée du


Louvre. Disponível em: http://www.louvre.fr/photos/collect/peint/moyen/inv0054.jpg.
Acesso em: 15 maio 2004.

3) Grupos e listas de discussão

A utilização de e-mails das listas de discussão, fóruns e grupos de estudos que


podem ser visualizados na rede também devem ser corretamente referidas.

GHIRALDELLI JR., Paulo. O Futuro da Filosofia. Virtual-filosofia [mailing list]. 1 jan.


2001. Disponível em: virtual-filosofia@egroups.com.

4) E-mails e mensagens pessoais

Como não nem sempre estão disponíveis para o público, as referências para e-
mails deve ser feita como correspondência pessoal não publicada. Identifique o
autor da mensagem e forneça seu título, a data em que foi enviada, e o tipo de
comunicação: e-mail, MSN, MOOD, MUD, etc. Se não for possível identificar o
autor da mensagem pode usar o seu nome ou pseudônimo do endereço eletrônico,
mas não o endereço total. Exemplo: se fosse uma mensagem de
profirineiafranco@yahoo.com.br utilizar-se-ia profirineiafranco.

BERNSTEIN, Mark. Storyspace in Brazil. 21 nov. 2000. E-mail.

Exercícios

6. Assinale a alternativa correta para citações de programas de TV e Rádio.


(F) TEMA. Nome do programa, Cidade: nome da emissora de TV ou de rádio, data
da apresentação do programa. Nota especificando o tipo de programa (rádio
ou TV).
(G) NOME DO PROGRAMA. Tema. Emissora de TV ou rádio. Data e local.
(H) TEMA. NOME DO PROGRAMA. Cidade: data. Nome da emissora de TV ou
de Rádio.
(I) Cidade: nome da emissora de TV ou de rádio, data. TEMA. Nome do
programa. Nota especificando o tipo de programa.
(J) Tema. NOME DO PROGRAMA, Cidade: nome da emissora de TV ou de
Rádio, data da apresentação do programa. Nota especificando o tipo de
programa (rádio ou TV).

7. Assinale a alternativa correta no que diz respeito às normas gerais para


entrevistas.

30
Op. Cit, pp.230-231.

48
(F) Autor (que dá a entrevista). Título do assunto do programa. Entidade, local e
data da entrevista.
(G) AUTOR (que dá a entrevista). Titulo ou assunto do programa. Local e data.
(H) AUTOR (que dá a entrevista). Título ou assunto do programa. Local da
entrevista. Nota indicando o tipo de depoimento.
(I) TÍTULO OU ASSUNTO DO PROGRAMA. Autor (que dá a entrevista). Nota
indicando o tipo de depoimento e nome do entrevistador. Local e data.
(J) AUTOR (que dá a entrevista). Título ou assunto do programa. Local da
entrevista, entidade onde ocorreu o pronunciamento, data em que a entrevista
foi concedida. Nota indicando o tipo de depoimento e nome do entrevistador.

8. Marque a alternativa correta para citação de correspondência.


(F) Local de emissão. DESTINATÁRIO. Remetente [tipo de correspondência],
número de páginas.
(G) REMETENTE. [Tipo de correspondência] data, Local de emissão [para]
Destinatário, Local a que se destina. N. de páginas. Assunto em forma de nota.
(H) REMETENTE. [Tipo de correspondência] data, n. de páginas. Destinatário,
local a que se destina.
(I) DESTINATÁRIO. Local de emissão. Remetente, local de emissão, local para a
que se destina. ASSUNTO.
(J) ASSUNTO em forma de nota. REMETENTE. DESTINATÁRIO. Data e local da
emissão.

9. Assinale a alternativa correta em relação aos elementos adicionais para


citação de fontes da internet, de acordo com o Prof. Mattar:
(F) Data, local e descrição do suporte físico.
(G) Linguagem, descrição da tecnologia e suporte.
(H) Descrição física, descrição da tecnologia e resumo do conteúdo.
(I) Descrição física, descrição da tecnologia e equipes de trabalho.
(J) Dados, meios eletrônicos e software.

10. Assinale a alternativa correta para citação de CD-ROM e DVD:


(F) TEMPOS MODERNOS. Charles Chaplin. DVD duplo, 2005.
(G) CHARLES CHAPLIN. DVD duplo, 2005. 83 min. Tempos Modernos. São
Paulo.
(H) CHAPLIN, Charles. Tempos Modernos. DVD, 83 min. Warner.
(I) CHAPLIN, Charles. Tempos Modernos. MK2, Warner Brothers, 2005.
Comédia. DVD Duplo, Disco 1 83 min
(J) CHAPLIN, Charles. Tempos Modernos. MK2, Warner Brothers, Comédia,
2005. DVD Duplo.

Conteúdo Aula 10

Fontes do conhecimento: movimentos metodológicos

Nas primeiras aulas foram introduzidos conceitos relativos ao campo das


ciências e ao que se refere ao método científico propriamente dito. Sabe-se que a
Ciência, ao longo de seu desenvolvimento, elaborou diferentes enfoques sobre o seu
papel na sociedade e sua maneira distinta de produzir conhecimento e/ou encontrar a
“verdade” da vida material e da natureza. Esses enfoques podem ser divididos em
escolas de pensamento ou linhas específicas de análise e são encontrados em
diferentes áreas.
Entender e conhecer alguns dos movimentos metodológicos significa poder
acompanhar o raciocínio por trás dos resultados das pesquisas produzidas em todos

49
os tempos. Também, faz-se importante, ao se eleger uma Escola ou Metodologia para
a própria pesquisa. O estudante-pesquisador percebe em seus estudos que existem
respostas diferentes para um mesmo problema. Tal diferença advém da escolha
metodológica feita pelo pesquisador e dos pressupostos assumidos a partir desta
base.
Na aula dois tomou-se como pressuposto a distinção e, posteriormente, junção
entre dois princípios: teoria e empiria. Essas duas categorias ou momentos do
processo científico podem ser encontrados distintos em dois princípios filosóficos que
muito contribuíram para o desenvolvimento científico: o Racionalismo e o Empirismo.
Apesar das diferenças inerentes a cada um deles, pode-se definí-los, de maneira
geral, da seguinte forma:

RACIONALISMO → Corrente filosófica que afirma ser o raciocínio (“razão pura”, sem
influência dos sentidos empíricos) uma operação mental, discursiva e lógica utilizada
para uma ou mais proposições. Com ela é possível extrair conclusões se uma ou outra
proposição é verdadeira, falsa ou provável. A razão seria, assim, a maior (ou única)
fonte de conhecimento. Diferentes doutrinas utilizaram o termo, inclusive no campo
religioso.

EMPIRISMO → Corrente filosófica que considera a experiência (uso dos sentidos)


como critério ou norma da verdade. Caracteriza-se por: (a) negar o absolutismo da
verdade, ou pelo menos, da verdade acessível ao ser humano; (b) reconhecer que
toda verdade pode e deve ser posta a prova e, por tanto, ocasionalmente modificada,
corrigida ou abandonada.31

Em relação ao conhecimento científico as contribuições das duas escolas podem


ser entendidas da seguinte forma:

“O Racionalismo argumenta que a obtenção do conhecimento


científico se dá pelas idéias inatas, que seriam pensamentos
existentes no homem desde sua origem que o tornariam
capazes de intuir (deduzir) as demais coisas do mundo. Tais
idéias inatas seriam o fundamento da Ciência. Para o
Empirismo, a Experiência é a base do conhecimento científico,
ou seja, adquire-se a Sabedoria através da percepção do Mundo
externo, ou então do exame da atividade da nossa mente, que
abstrai a Realidade que nos é exterior e as modifica
internamente. Daí ser o Empirismo de caráter individualista, pois
tal conhecimento varia da percepção, que é diferente de um
indivíduo para o outro”.32

Assim, tem-se que ambas correntes, ao longo do tempo, sofreram influências


das pesquisas e debates das diferentes escolas. Como também na utilização dos
métodos propostos por elas. Vale afirmar, que tanto Razão (como abstração) e
Empiria (como observação sistemática) são, ambas, momentos importantes do
processo científico.

31
Para aprofundar os temas consulte Dicionários especializados como, por exemplo, Dicionário de
Filosofia de Nicola Abbagnano, México: Fondo de Cultura Econômica, 1998.

32
Ilan de Souza. Racionalismo e Empiris mo. Disponível em
http://www.geocities.com/il25an78/racionalismo.html. Data de acesso: 01 set. 2007.

50
Vejamos a seguir alguns dos movimentos mais importantes para a discussão dos
métodos em ciências.33 Neles iremos perceber a presença tanto de elementos
racionalistas quanto de empiristas.

POSITIVISMO E NEOPOSITIVISMO

Criado por Auguste Comte (1798-1857), o positivismo prega a “neutralidade


nas ciências”. O cientista não deve se deixar levar por pressupostos metafísicos ou
teológicos devendo utilizar operações de “mensuração”, ou seja, medição, análise
sistemática e experimentação para o estudos dos fenômenos. Do final do século XIX a
meados do século XX surgem novos estudos tendo por base o positivismo. Vários
pesquisadores, entre eles, o matemático Wittgenstein combinaram as idéias empiristas
com a lógica moderna. Para os neopositivistas a “verificabilidade seria o critério de
significação de um enunciado”. Ou seja, a validade de proposição científica só valeria
depois de sua verificação empírica. Assim, com o uso da lógica e da matemática seria
possível ter o conhecimento do real e separar o que é científico do não-científico.

PRAGMATISMO

Fundado pelo filósofo, matemático, lógico e cientistas Charles Sanders Peirce


(1839-1914), o pragmatismo recebeu contribuições de uma série de pesquisadores.
De sua origem filosófica teve ramificações em outras áreas de conhecimento, como
também na política, educação e literatura. Também como método científico o
pragmatismo compreende que “a clareza de nossas idéias implica concebermos seus
efeitos práticos”. Sua estrutura metodológica divide-se em:

(a) Identificar um problema (PROBLEMATIZAÇÃO)


(b) Oferecer uma hipótese explanatória (POSSÍVEL SOLUÇÃO) para ser testada
(c) Testar sua explicação hipotética de “maneira cuidadosa e repetidamente”
(observar e anotar os resultados buscando os erros). As hipóteses erradas são
eliminadas do conjunto das explicações; aquelas que sobreviverem serão
consideradas “para investigações futuras”.

MARXISMO E DIALÉTICA

Aqui se utiliza o marxismo como método científico sem considerar as


discussões em torno do seu programa social. O filósofo e economista alemão Karl
Marx (1818-1884) desenvolveu seu método de análise da realidade através do viés da
dialética (tese/antítese/síntese). Esse processo consiste em fazer uma proposição
afirmativa (tese), em seguida a confrontação dela, com seu contrário (antítese) e
finalmente, com o embate entre afirmação e negação chegar a uma síntese. Esse
movimento dar-se-ia continuamente. A análise marxista é muito importante por
considerar os aspectos econômicos, jurídico-político e ideológicos presentes no
processo de “construção do conhecimento científico” nas ciências humanas. Para as
ciências empíricas tem-se o estudo “da verdade científica em sua exterioridade, ou
seja, não apenas por meio do desenvolvimento interno das ciências, métodos e
lógicas”, mas levando em consideração os efeitos sócio-econômicos que influenciam
todas as esferas da sociedade.

Assim, podemos identifica em Marx uma distinção entre duas esferas: (a)
infraestrutura: economia, organização da vida produtiva e do trabalho; e, (b)

33
As referências desta aula encontram-se no capítulo 2 da obra de João Mattar, Metodologia Científica na
Era da Informática, pp. 70-77.

51
superestrutura: elementos ideológicos e culturais influenciados pela base econômica:
religião, arte, ciência, educação, meios de comunicação, etc. Tal distinção
metodológica e, a consideração das influências sócio-econômicas, recebeu o nome de
“materialismo histórico”. Uma vez que percebe a mudança histórica em uma relação
de contradição (via dialética) da luta entre classes sociais, divididas entre os
detentores dos meios de produção e aqueles que vendem sua força de trabalho.

ESTRUTURALISMO

Desenvolveu-se na França entre as décadas de 50 e 60 do século XX.


Envolveu os campos da psicanálise, psicologia, filosofia, antropologia, lingüística,
ciências sociais, crítica literária, semiótica, matemática, lógica, física e biologia.
Destacam-se: Claude Lévi-Strauss (antropólogo); Michel Foucault (filósofo); Jacques
Lacan (psicólogo) entre outros.

Defendem que a realidade é composta de estruturas. Assim, pode-se encontrar


estruturas em todos os campos desde o corpo humano até nas línguas. O método
para as ciências humanas e sociais seria identificar tais estruturas e explicar a
composição e organização de suas partes para formar uma totalidade explicativa. Não
vêem a estrutura como algo estático, mas “como uma totalidade que se transforma e
se auto-regula”.

DISCUSSÕES CONTEMPORÂNEAS

Thomas Kuhn (1922-1996) escreveu A estrutura das revoluções científicas. Nele


desenvolveu os conceitos de paradigma e de ciência normal. Por paradigma Kuhn
entende “um mapa ou roteiro de uma ciência, fornecendo critérios para a escolha de
seus problemas e das propostas para as soluções desses problemas”. Seria, de
maneira simplificada, um parâmetro geral, base para o desenvolvimento de teorias.

Paradigma = (latim) “fazer-se aparecer” ou “representar-se de maneira exemplar”. Na


filosofia grega, paradigma era considerado a fluência de um pensamento, pois através
de vários pensamentos do mesmo assunto é que se concluia a idéia, seja ela
intelectual ou material, depois dela realizada surgiam outras idéias até chegar a uma
conclusão final. Pensar que a idéia inicial, tanto a intelecta com o que de fato ocorre,
pois não conta com a inspiração e os diversos fluxos de pensamento. Resumindo,são
referências a serem seguidas.

Paradigma é a representação do padrão de modelos a serem seguidos. É um


pressuposto filosófico matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o
estudo de um campocientífico; uma realização científica com métodos e valores que
são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para
estudos e pesquisas.

A ciência normal, por outro lado, “procuraria solucionar os problemas científicos com
os pressupostos conceituais, metodológicos e instrumentais que são compartilhados
pela comunidade científica e que constituem o paradigma”. A ciência normal irá
ampliar e aprofundar o “aparato conceitual” do paradigma, sem alterá-lo. “Quando,
entretanto, o progresso e o desenvolvimento do conhecimento requerem explicações
que o paradigma vigente não pode fornecer, a ciência passa por uma crise, que pode
dar origem a uma revolução científica. Assim, para Kuhn os enunciados científicos são

52
provisórios e a ciência não opera com verdades irrefutáveis”.34 Exemplos: o sistema
astronômico de Cláudio Ptolomeu (100-170 d.C.) – imobilidade da Terra e posição no
centro do universo – dominou o pensamento científico até o século XVI. No entanto, foi
substitído por outro sistema, o de Nicolau Copérnico (1473-1543) que demonstrou ser
o Sol o centro do universo e a Terra realiza movimento de rotação em torno dele.

Exercícios

11. Assinale a alternativa correta.

(K) Os movimentos científicos surgem como novidades temporárias no campo das


ciências sociais e devem ser considerados inteléquias.
(L) Conhecer os movimentos científicos ajuda o estudante a identificar os
pressupostos das pesquisas e seus resultados.
(M) A base filosófica nas ciências interfere nos resultados, uma vez que não
garante a validade dos pressupostos.
(N) O estabelecimento de limites entre os movimentos científicos confere
legitimidade às pesquisas porque não existe relação entre os diferentes
campos.
(O) Sempre que uma base filosófica é estabelecida a base empírica é
enfraquecida.

12. Assinale a alternativa correta sobre o racionalismo.


(K) Considera a razão a maior via para o conhecimento.
(L) Elabora proposições com base na análise empírica.
(M) É a única proposição válida no campo religioso.
(N) O racionalismo utiliza raciocínio matemático.
(O) O racionalismo dispensa o uso da razão sem o uso dos sentidos.

13. Marque a alternativa incorreta para o empirismo.


(K) A experiência é o critério ou norma para a verdade.
(L) O uso dos sentidos faz parte da experiência para o conhecimento da verdade.
(M) Afirma o absolutismo da verdade conhecida pela razão.
(N) Toda verdade deve ser posta a prova.
(O) O empirismo é de caráter individualista.

14. Assinale a alternativa correta sobre os movimentos metodológicos.


(K) Auguste Comte foi o idealizador do paradigma dialético trabalhando com as
verdades empíricas.
(L) O estruturalismo defende a análise de categorias abstratas da realidade para
compreensão científica.
(M) A dialética estabelece que a razão seja a única fonte de conhecimento
confiável para encontrar a verdade.
(N) O positivismo foi criado por Auguste Comte e estabelece o desenvolvimento
de estruturas.
(O) O positivismo não se deixa levar por proposições metafísicas ou teológicas,
baseia-se na medição.

15. Assinale a afirmação que está correta.


(K) O marxismo incorpora elementos do positivismo de Kuhn e analisa a luta de
classes.

34
João Mattar, op. Cit., p. 76.

53
(L) O marxismo ao trabalhar com a categoria de infraestrutura estabelece uma
distinção para os elementos culturais.
(M) A infraestrutura e a superestrutura são categorias marxistas separadas da
dialética.
(N) O materialismo histórico marxista compreende o entendimento da vida social
pelo desenvolvimento da via sócio-econômica.
(O) O materialismo histórico e a dialética compõem para Marx a superestrutura.

Conteúdo Aula 11

Ciência e tecnologia no contexto nacional e internacional

O desenvolvimento científico no Brasil foi historicamente implantado de acordo


com necessidades externas. Desde a época colonial, com as ingerências da coroa
portuguesa até os dias atuais, com o processo globalizador do modo de produção
capitalista, as políticas nacionais para C&T (Ciência e Tecnologia) acompanharam a
implantação da industrialização modernizadora de tipo linear. Em dado momento foi
dada atenção especial ao fomento dos cursos científicos no país com a criação dos
chamados “cursos técnicos”. No entanto, tal processo não se deu de maneira
homogênea em todo o território nacional. Expressa, de fato, um movimento
centralizador em oposição às necessidades das diferentes regiões.
Comparativamente, em âmbito internacional, sabe-se, como afirma Barros que
“a liderança econômica [dos países desenvolvidos] além de requerer uma base técnica
mais desenvolvida, apta para ser introduzida na atividade produtiva, necessita do
conhecimento como fator de acumulação do capital. É a partir, portanto, do centro de
difusão do capital que se propaga a base técnico-científica sobre outros espaços, ao
mesmo tempo em que se dinamiza e reforça a capacitação técnico-científica no
centro”.35 Os países que alcançaram uma excelência em C&T têm uma preocupação
considerável em equilibrar o desenvolvimento espalhando o conhecimento técnico-
científico em suas diferentes regiões com a manutenção de programas de
financiamento de âmbito federal. Exemplo mais conhecido dessa política é a dos
Estados Unidos com os programas especiais da National Science Foundation.36
Torna-se interessante, dessa forma, analisar sucintamente nessa aula a
maneira como o Brasil vem implantando as políticas para C&T comparado ao contexto
internacional. É importante ressaltar a ligação estabelecida entre o desenvolvimento
tecnológico e o econômico no país e suas diferenças regionais.
Para Barros pode-se identificar no Brasil duas fases:
(A) da criação da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) em
1959 aos anos 19(80); nesse período considera-se o desenvolvimento regional de
importância estratégica para o desenvolvimento nacional; no entanto, a política
regional de C&T não considerou “devidamente as diferenças os limites e necessidades
locais; mais grave ainda, esteve pouquíssimo articulada aos programas de
desenvolvimento regional – dos quais provinha a grande parte dos recursos aplicados
– tendo assumido um teor mais científico que tecnológico”.37 Com a crise econômica
dos anos 80 ficaram limitados os resultados das políticas implantadas.
(B) Dos anos 80 até os dias atuais, está associada às mudanças políticas que
econômicas estabelecidas a partir da abertura democrática, pós-ditadura militar, e ao
processo de globalização da economia mundial. Os problemas administrativos do
Estado estão ligados à dificuldade de planejamento econômico devido aos altos

35
Fernando Antônio F. de Barros. Os Desequilíbrios regionais da produção técnico-científica, p. 15.
Disponível em www.scielo.org. Data de acesso: 01/09/2007.
36
Fernando Antônio F. de Barros. Op. Cit., p. 16.
37
Idem.

54
índices de inflação. Os centros de C&T sofrem seu pior momento, com grave crise de
financiamentos. São tomadas decisões de descentralização as ações voltadas para o
desenvolvimento científico e tecnológico. Essa política, no entanto, ainda carece de
bases mais consistentes e de instrumentos adequados a cada realidade específica
regional. Para Barros, nos últimos anos “com a retomada da estabilidade política e
econômico e amadurecidas as perplexidades das mudanças e das expectativas
quanto ao processo de globalização, tornar-se a considerar com mais atenção os
grandes contrastes socioeconômicos regionais que, [...] recrudesceram nas últimas
décadas".38
Assim, para Barros e demais analistas, no Brasil a desigualdade de
desenvolvimento regional expressou também as diferenças para C&T. Atualmente,
buscar-se-ia uma melhor articulação para as potencialidades regionais. Uma vez que,
a ausência de determinado nível de capacitação técnico-científico acarretaria
desvantagens para atração de investimentos produtivos, interferindo, dessa forma, na
entrada do país na competição do mercado internacional. As políticas para C&T
acabam, dessa forma, se centrando em atividades que podem desenvolver a
produção. Dá-se ênfase, mais uma vez, aos cursos que dão treinamento científico e
profissional.
Uma vez que o processo de globalização pressuporia certa transferência de
tecnologia dos países centrais aos países periféricos, a tendência nos países em
desenvolvimento seria acompanhar a organização da base científica e tecnológica de
acordo com tais países. Assim, veja-se, a seguir uma pequena discussão sobre
patentes e novas propostas em C&T.39

Patentes
De acordo com Schwartzman o desenvolvimento de políticas de C&T está
associado a alguns temas transversais como a proteção da propriedade intelectual e
as patentes. Isso se daria por dois motivos: 1º) “a duração e o escopo das patentes
constituem uma forma simples e eficiente de se estimular a produção científica e
tecnológica das empresas nacionais. Isto porque, no prazo de sua vigência, as
patentes aumentam os retornos potenciais sobre investimentos realizados em P&D”
(planejamento e desenvolvimento); 2º) “as patentes melhoram a condição competitiva
das empresas nacionais no mercado internacional. As empresas se utilizam de
patentes para preservar os rendimentos auferidos pela venda de seus produtos e
serviços, para proteger seus interesses em operações de licenciamento e venda de
tecnologias, e para bloquear a entrada de concorrentes internacionais em seus
próprios mercados”.40
É importante perceber, no entanto, que o “controle de patentes está altamente
concentrado em empresas de grande porte”. Sendo que os países centrais têm
interesse em proteger as patentes de suas empresas nacionais o que as protege da
concorrência. Assim, para Schwartzman “as patentes funcionam como instrumentos
de proteção das capacitações tecnológicas locais ao ingresso de grandes firmas
estrangeiras. Estes países têm, portanto, todo o interesse em manter, no longo prazo,
suas legislações de proteção a patentes. É também possível concluir que, pelo menos
na perspectiva das grandes empresas, a geração descentralizada e global da
inovação (apoiada inclusive em laboratórios de P&D localizados em países menos
desenvolvidos) ainda está longe de se tornar uma realidade. As patentes representam
uma forma eficiente de assegurar incentivos a P&D. Em contrapartida, elas dificultam

38
Fernando Antônio F. de Barros. Op. Cit., p. 17.
39
As discussões são baseadas no trabalho de James Manoel Guimarães Weiss “Ciência e Tecnologia no
contexto de Globalização. Tendências Internacionais”, pp. 7-23. IPT-USP Divisão de Economia e
Engenharia de Sistemas. Disponível em www.scielo.org. Data de acesso: 01/09/2007.
40
Simon Schwartzman. “Ciência e Tecnologia no Brasil. Uma nova política para um mundo global”, p.
7. Disponível em www.scielo.org. Data de acesso: 01/09/2007.

55
o processo de criação e difusão de novas idéias em âmbito nacional. Por esta razão, a
ênfase das políticas de C&T deveria estar centrada no estímulo à inovação contínua e
vigorosa, de modo a não comprometer o processo nacional de difusão tecnológica”.41
Considera-se, assim, a partir da análise de Schwartzman, ser cada vez mais
importante, para o Brasil e demais países em desenvolvimento, garantir a capacitação
tecnológica de sua base produtiva; com o incentivo aos programas científicos e de
educação básica e superior. Também a gerência de políticas públicas em nível
municipal e estadual.
Observe abaixo alguns comentários de especialistas sobre a relação entre o
processo de globalização e o incentivo de políticas em C&T no país. Reflita sobre suas
recomendações.42

A Internacionalização do comércio, dos negócios e da tecnologia


A internacionalização do comércio, dos negócios e da tecnologia chegaram para ficar.
Isto quer dizer que as fronteiras nacionais significam muito menos do que antes no
que diz respeito aos fluxos de tecnologia, pelo menos entre as nações que fizeram os
investimentos sociais, hoje essenciais, em educação e infraestrutura de pesquisa. Os
governos nacionais têm relutado em reconhecer esta nova realidade. De fato, a última
década assistiu a um forte crescimento do que tem sido chamado de "tecno-
nacionalismo"; i.é., de políticas governamentais para colocar suas empresas em
fronteiras tecnológicas específicas. Nosso argumento é que tais políticas não
funcionam mais. É cada vez mais difícil criar uma nova tecnologia que permaneça
confinada em fronteiras nacionais, em um mundo onde a sofisticação tecnológica se
generalizou e empresas de muitas nacionalidades estão prontas a fazer o investimento
necessário para explorar novas tecnologias genéricas. Uma observação intimamente
relacionada a isso é que uma força de trabalho bem educada, com um forte quadro de
engenheiros de nível universitário e cientistas no topo, se tornou um requisito de
entrada essencial para participar do "clube da convergência".
Nelson e Wright, 1992.

Transferência de Tecnologia: as novas orientações de política econômica.


Em relação à transferência de tecnologia do exterior, cabe preservar e consolidar as
novas orientações de política econômica, introduzidas a partir do início da década de
noventa, que vieram remover obstáculos e restrições até então incidentes sobre os
principais canais de transferência - a importação de bens de capital, os contratos de
tecnologia e o investimento estrangeiro. Assim, cumpre dar prosseguimento aos
avanços registrados do ponto de vista da utilização e difusão da tecnologia externa
incorporada aos bens de capital, com a liberalização do processo de importação de
máquinas e equipamentos e com a reformulação da política de informática. Cabe
consolidar também, no tocante ao registro de contratos de transferência de tecnologia,
a revisão imposta aos procedimentos administrativos vigentes no passado os quais, no
contexto de uma ação fiscalizadora, resultavam em uma forte intervenção
governamental e na imposição de restrições ao processo de transferência. Da mesma
forma, a reformulação da política de informática - eliminando as restrições à presença
de empresas estrangeiras e à formação de joint ventures no setor - veio remover
também um obstáculo à transferência de tecnologia, obstáculo tanto mais significativo
quanto se interpunha justamente no segmento industrial em que é, atualmente, mais
rápido o ritmo do progresso técnico.
Eduardo A. Guimarães, 1993.

41
Simon Schwartzman, op. Cit., pp. 8-9.
42
Os quadros são referências do texto de Schwartzman, fontes do autor.

56
A pluralidade e complexidade da ciência e tecnologia modernas requerem que as
instituições de pesquisa nas universidades, no governo e no setor privado se engagem
numa pluralidade de ações, que vão da ciência básica à aplicada, da pós-graduação
às atividades de extensão e formação de professores. As instituições de C&T devem
ser incentivadas a diversificar suas fontes de recursos no governo, no setor privado,
nas fundações sem fins lucrativos e, inclusive, entre clientes e alunos pagantes.
Especializações vão ocorrer e são necessárias, mas devem emergir da combinação
de incentivos externos com vocações internas. A pesquisa e o desenvolvimento
científico, para permanecerem vivos, precisam se dar num ambiente altamente
dinâmico, competitivo e internacionalizado de distribuição de recursos, prestígio e
reconhecimento. Por fim, cabe aos cientistas e pesquisadores mais qualificados e
competentes o papel de empresários deste empreendimento que é a construção do
conhecimento.
Schwartzman, 1993.

Exercícios

1) Quais os dois motivos importantes para a proteção das patentes?


Assinale a alternativa correta.
(A) Competitividade e segurança nacional.
(B) Estímulo da produção científica e competitividade.
(C) Acordos internacionais e políticas públicas.
(D) Melhoria da produção e obediência à lei.
(E) Divulgação científica e segurança nacional

2) Qual a relação entre desenvolvimento científico e progresso econômico?


Assinale a alternativa correta:
(A) O estímulo ao desenvolvimento técnico-científico está ligado às políticas
econômicas de modernização.
(B) As regiões brasileiras menos desenvolvidas são aqueles que possuem maior
desenvolvimento tecnológico o que prova a desnecessidade de incentivos
econômicos.
(C) A globalização atrapalha a transferência de tecnologias aos países do Terceiro
Mundo.
(D) Todas as políticas brasileiras para desenvolvimento científico estão centradas
no nordeste.
(E) O estímulo ao desenvolvimento é resultado de uma preocupação nacionalista
dos Estados Unidos.

3) A patente para a área de Planejamento e Desenvolvimento (P&D)


funcionaria de que forma? Assinale a alternativa correta:
(A) Representa uma forma de diminuir incentivos de P&D.
(B) Representa uma adaptação às exigências do FMI e Banco Mundial que
controlam P&D.
(C) Representam uma forma eficiente de assegurar incentivos á área de P&D.
(D) A patente representa uma disfunção ao modo de produção capitalista.
(E) Representa uma forma deficiente de incentivos à produção.
4) Quais as duas fases apresentadas por Barros para o desenvolvimento de
políticas de C&T no Brasil? Assinale a alternativa correta:
(A) Primeira fase de 1959 aos anos 80; a segunda se estabeleceu dos anos 80 até
os dias atuais.
(B) A primeira fase é a da formação de monopólio e a segunda é a acumulação
capitalista.

57
(C) Primeira fase de 1959 a 1980 e a segunda de globalização à acumulação de
capital.
(D) Primeira fase de 1980 aos dias atuais e segunda fase a partir da globalização.
(E) A primeira fase estende-se da colonização à primeira revolução industrial e a
segunda do século XIX até década de 80 do século XX.

5) Em cima do comentário final de Schwartzman assinale a alternativa


correta:
(A) O ambiente dinâmico para C&T é dispensável uma vez que depende somente
de incentivos governamentais.
(B) Ao cientista e pesquisador cabe somente estabelecer relações entre causa e
efeito.
(C) O ambiente acadêmico privilegiado para C&T deve ser aquele onde se
privilegie um único viés teórico.
(D) A pluralidade e complexidade da C&T não são visíveis em ambientes
acadêmicos.
(E) C&T modernas requerem que as instituições de pesquisa nas universidades,
no governo e no setor privado se engagem numa pluralidade de ações da
educação básica ao ensino superior.

Conteúdo Aula 12

A Sociedade da Informação: hipertexto e hipermídia

Esta aula tem como objetivo introduzir discussões sobre a sociedade da informação,
também chamada “sociedade do conhecimento”, tendo em vista a sua importância
para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia (C&T). Para isso, utiliza-se de
três trabalhos, o do prof. Mattar, já citado em outro momento, o da equipe de analistas
da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), e o de Hindenburgo
Francisco Pires, geógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.43
Em relação à comunicação é possível dividir a história humana em quatro
etapas de desenvolvimento:
- a sociedade oral
- a sociedade escrita
- a sociedade da imprensa
- e a sociedade eletrônica (“aldeia global”)
Assim, acompanhando a evolução das culturas humanas, passamos de um estágio de
oralidade, em que o processo de comunicação baseava-se, necessariamente, na
presença dos interlocutores para que a troca de informações se desse; para, em
seguida, com a invenção da escrita, uma etapa em que as falas, discursos,
informações se libertaram da presença dos interlocutores; assim, foi possível acumular
os conhecimentos das outras gerações e mantê-las vivas por mais tempo. A invenção
da imprensa no século XV (Johannes Gutenberg, 1454), e o aperfeiçoamento da
tipografia permitiram reproduzir, indefinidamente, as idéias para um maior número de
pessoas. Mattar afirma que a chamada Revolução Científica se deu após esse
período, o que mostra estar a imprensa, intimamente ligadas à ciência e ao
pensamento científico.

43
De João Mattar faz-se uso do capítulo 04 – A sociedade da Informação, in Metodologia Científica na
Era da Informática, pp. 102-118. Da equipe do Seade, Vagner de Carvalho Bessa, Marcelo Batista Nery,
Daniela Cristina Terci – Sociedade do Conhecimento, in São Paulo em Perspectiva, 17(3-4): 3-16, 2003.
Disponível em http://www.scielo.org. Data de acesso: 01/08/2007. Hindenburgo Francisco Pires –
Ciberespaço, migração digital e acesso livre à Internet . Disponível em
http://www.ub.es/geocrit/9porto/hindenb.htm; data de acesso: 10/10/2007.

58
Nos últimos anos uma nova ruptura aconteceu com a revolução da informática.
Passa-se da linguagem estática dos livros para a instável da eletrônica. Nas palavras
de Mattar:

“Dos escribas aos internautas. Se a Revolução Industrial


substituiu, na produção, a força física do homem pela energia
das máquinas (por meio da utilização do vapor e depois da
eletricidade), com a revolução microeletrônica as capacidades
intelectuais do homem são ampliadas e substituídas por
autômatos. A informação agora se apresenta digitalizada e
virtualizada, não mais restrita ao suporte do papel. Do texto
impresso, passamos ao texto processado; do livro impresso, ao
livro eletrônico”.44

Hipertexto e Hipermídia
Assim, com o avanço da Internet ou World Wide Web (rede mundial de
computadores) vamos ter os dois elementos que mais a caracterizam: o hipertexto e a
hipermídia. O hipertexto foi desenvolvido como idéia por Vannevar Bush em 1945 em
seu artigo “As We Might Think”. Nele, Bush diferencia o pensamento criativo do
repetitivo: “enquanto o primeiro estaria preocupado apenas com a seleção do material,
o último poderia ser desenvolvido por máquinas, por meio da manipulação repetitiva
de dados. Segundo Bush, pensamos por associação, hipertextualmente, e não por
métodos de indexação, e nesse sentido o autor propõe uma máquina, o Memex, que
antecipa conceitualmente o computador e o hipertexto.”45 O hipertexto, seria, assim,
estruturado em forma de rede, constituído de nós (os elementos da informação,
parágrafos, páginas etc.) e de ligações e conexões entre esses nós (referências,
notas, indicadores, “botões” que efetuam a passam de um nó a outro). Diferente da
estrutura linear do texto tradicional (começo, meio e fim). O hipertexto permite uma
dinâmica maior no texto, leitura e assimilação de informação.46
Na história do livro sabemos que houve diferentes formas de raciocínio
hipertextual. Leia o quadro abaixo:

“...Sabe-se que os primeiros textos alfabéticos não separavam as palavras. Foi só


muito progressivamente que foram inventados os espaços em branco entre os
vocábulos, a pontuação, os parágrafos, as divisões claras em capítulos, os sumários,
os índices, a arte da paginação, a rede de remissão das enciclopédias, os sumários,
as notas de pé de página [...], em suma, tudo o que facilita a leitura e a consulta dos
documentos escritos. Contribuindo para dobrar os textos, para estruturá-los, para
articulá-los além de sua linearidade, essas tecnologias auxiliares compõem o que
poderíamos chamar de uma aparelhagem de leitura artificial. O hipertexto, hipermídia
ou multimídia interativos levam adiante, portanto, um processo já antigo de
artificialização da leitura. Se ler consiste em selecionar, em esquematizar, em construir
uma rede de remissões internas ao texto, em associar a outros dados, em integrar as
palavras e as imagens a uma memória pessoal em reconstrução permanente, então
os dispositivos hipertextuais constituem de fato uma espécie de objetivação, de
exteriorização, de virtualização dos processos de leitura. Aqui, não consideramos mais
apenas os processos técnicos de digitalização e de apresentação do texto, mas a
atividade humana de leitura e de interpretação que integra as novas ferramentas”.47

44
João Mattar, op. cit., p. 103.
45
João Mattar, op. cit., p. 110.
46
Idem.
47
Pierre Lévy citado em João Mattar, p. 111.

59
Assim, a forma hipertextual agrega novos processos de armazenamento e
novas interfaces que alteram a construção de conteúdos. Distinguem-se os termos
multimídia, hipertexto e hipermídia, da seguinte forma:
MULTIMÍDIA = significa a multiplicidade de mídias, ou seja, a utilização de várias
mídias ao mesmo tempo, como a visual, a sonora, a textual etc.
HIPERTEXTO = entende-se como um texto organizado por links;
HIPERMÍDIA = entende-se como uma simultaneidade de mídias (e não apenas de
textos) também organizadas por links. É múltipla e heterogênea, com imagens, sons,
palavras, textos, sensações, modelos etc. organizados por relações e conexões
diversas, que possibilitariam diversos fluxos de “leitura”.48
Dessa forma, podemos considerar a naturalização do uso de hipermídias parte
do processo de desenvolvimento em C&T das tecnologias de informação (TI). Essa
“nova linguagem” adaptada a diferentes usos é, cada vez mais, utilizada como parte
do processo de aprendizagem. A sociedade do conhecimento interferiria, dessa forma,
principalmente, no aprendizado das novas gerações.
Por outro lado, a importância desse processo no desenvolvimento econômico é
considerável, atingindo o modo de produção de bens e serviços. O impacto das novas
tecnologias digitais se dá na criação de empregos qualificados e geração de renda;
impulsionado pela visilibilidade da Internet e a expansão do e-business o que acarreta
novos significados nas formas de produção, consumo e conhecimento.49 No entanto,
esse quadro deu-se mais nos países chamados centrais, mantendo uma diferença de
assimilação e desenvolvimento de tecnologias nos países ditos subdesenvolvidos.
Um das conseqüências dessa difusão desequilibrada é a exclusão digital. O
debate dá-se, relativo aos benefícios ou o acirramento das desigualdades sociais.

“Ao contrário de um otimismo generalizado sobre as ondas de crescimento


provocadas pela nova economia, a apropriação desigual destas tecnologias tem se
traduzido em um forte debate a respeito da assimetria entre aqueles que possuem e
os que não possuem informação; em que pesem as mudanças tecnológicas e o
profundo rompimento com o marco regulatório anteriormente existente, não há ainda
um plano de políticas públicas cuja engenharia possibilite alcançar o nível de
universalização promovido pelo Estado de Bem-Estar Social no caso da telefonia
fixa”.50

O geógrafo Hindenburgo Francisco Pires realizou uma pesquisa sobre a


possibilidade de “conceber uma teoria geográfica sobre as redes técnicas, o uso das
tecnologias de informação e comunicação (TIC), a consolidação de estruturas virtuais
de acumulação e a emergência de um novo espaço social de comunicação, o
ciberespaço. Tal pesquisa tinha os seguintes objetivos: (a) examinar a territorialidade
dos usos e dos acessos à Internet a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios – PNAD 2005; (b) analisar o impacto das TIC na proliferação das redes "Wi-
Fi ou Wireless Fidelity" municipais Brasileiras; (c) demonstrar porque a expansão das
redes "Wi-Fi" nos municípios de Piraí, no Estado do Rio de Janeiro, e de Sud
Mennucci, no Estado de São Paulo, são experiências locais que favorecem a
promoção de soluções e alternativas de políticas sociais de inclusão digital.”51 Não
vamos discutir todos os resultados do pesquisador nessa aula, mas podemos, com o
auxílio dos gráficos e tabelas desenvolvidos por ele, visualizar a situação de acesso à
Internet, de maneira geral, no Brasil.
Abaixo, têm-se, os dados.

48
João Mattar, op. cit., p. 112.
49
Vagner de C. Bessa; Marcelo Batista Nery; Daniela C. Terci, op. cit, p. 3.
50
Vagner de C. Bessa, et. al., op.cit., p. 6.
51
Hindenburgo Francisco Pires, op. cit., p. 1.

60
61
Os dados apresentados por Pires fazem eco com a análise sobre o
desenvolvimento regional de C&T estudados em outra aula. Percebe-se uma
distribuição desigual entre as regiões brasileiras, de maneira mais marcante entre
Norte e Sudeste. Pires afirma, a partir da leitura dos dados, ser o acesso à Internet
ainda um grande problema no Brasil.

62
“Pode-se concluir que a grande dificuldade por parte do poder público está em
encontrar alternativas e soluções que possam, em termos de políticas públicas,
modificar o impasse gerado pelo grande número de usuários que nunca utilizaram ou
acessaram a Internet no Brasil em pleno século XXI.

Apesar do número extraordinário de clientes de celulares no Brasil (87,470 milhões) a


maioria da população ainda está muito longe da era da conexão.

É necessário o desenvolvimento de estratégias para um melhor aproveitamento da


capacidade dos pontos de presença (PoPs), instalados em todas as capitais do país,
que propicie a migração digital e a expansão de novos pontos de presença para as
regiões menos favorecidas (Norte e Nordeste).

É necessário também cultivar e disseminar, no território, o legado deixado por


experiências locais que favorecem a promoção de soluções e alternativas de políticas
sociais de inclusão digital, como foram os casos dos municípios de Piraí, no Estado do
Rio de Janeiro, e de Sud Mennucci, no Estado de São Paulo.”52

Vale ressaltar que as diferenças apresentadas pelos pesquisadores refletem,


muitas vezes, as antigas desigualdades não só de desenvolvimento econômico, mas
também de distribuição de renda. As novas tecnologias da sociedade da informação,
as possibilidades dadas ao processo de conhecimento, não podem estar somente a
serviço das grandes empresas e mercados mundiais. Mas, devem ser enxergadas e
implantadas como estratégias de infoinclusão. Tradicionalmente, na História, as novas
tecnologias só eram acessíveis às massas, a partir do momento em que o seu custo
de produção era barateado. Hoje, sabe-se o quanto o treinamento e educação, com
auxílio das novas tecnologias pode favorecer a melhoria nas condições de vida da
população excluída.
Reflita sobre a análise abaixo:

“São inúmeras as tarefas que se impõem às instituições públicas na construção dos


fundamentos da sociedade do conhecimento. O processo de difusão e adoção de
novas tecnologias exige um conjunto de conhecimentos e serviços eficientes e
amplamente disponíveis. Fatores que envolvem a montagem de uma infra-estrutura
regulatória adequada, o suporte à organização de um sistema de ciência e inovação
tecnológica e investimentos direcionados para a educação de qualidade, apenas para
destacar alguns. Do mesmo modo, forte impressão do seu impacto ocorre, por
exemplo, quando observamos o mercado de trabalho: para suportar processos de
negócios eletrônicos e conduzir transações on-line são necessários serviços de
suporte, tais como desenvolvimento e hospedagem de sites, consultorias, pagamentos
eletrônicos e capital humano, como programadores, analistas, projetistas e
especialistas utilizados nos negócios e comércios eletrônicos. Por conseguinte, busca-
se a adequação dos currículos levando em conta formas de proporcionar aos
profissionais capacitação suficiente para o desempenho oportuno das funções
definidas por novas formas de ocupação.”53

Exercícios
1) Assinale a alternativa correta a respeito do surgimento da sociedade da
informação:
(A) A sociedade da informação surge a partir da invenção da escrita.

52
Hindenburgo Francisco Pires, op. cit., p. 10.
53
Vagner de C. Bessa, et. al., op.cit., pp. 13-14.

63
(B) Surge com a revolução da informática e o desenvolvimento de novas
tecnologias de comunicação.
(C) O surgimento da sociedade da informação se dá com Johannes Gutenberg
que criou o conceito de hipertexto.
(D) A oralidade é a marca mais clara da sociedade da informação, por isso, surge
no período neolítico.
(E) Surge com a revolução industrial a partir do uso do telégrafo.

2) Assinale a alternativa correta sobre hipertexto.


(A) Hipertexto é uma forma textual que utiliza de parágrafos explicativos.
(B) Hipertexto foi desenvolvido como um fio, para marcar a linearidade de sentido.
(C) Hipertexto e dissertação são sinônimos para a função textual.
(D) Hipertexto é constituído como uma rede de nós que se interconectam.
(E) Hipertexto é constituído por uma reinterpretação dos sentidos do texto.

3) Assinale a alternativa correta sobre hipermídia.


(A) A hipermídia é um elemento da sociedade da informação que engloba, entre
outras coisas, agricultura e e-business.
(B) Hipermídia diz respeito à articulação de tecnologias de informação para
construção de texto linear.
(C) Entende-se hipermídia como uma simultaneidade de mídias (e não apenas de
textos) também organizadas por links.
(D) Entende-se hipermídia como uma variação de sentidos expressos no texto.
(E) Hipermídia diz respeito às tecnologias de informação conhecidas como
hardware.

4) Assinale a alternativa correta.


A) A exclusão digital é características de cidades do sudeste do Brasil.
B) A exclusão digital significa estar excluído do uso do acesso aos textos sobre
hipermídia.
C) A exclusão digital marca a desigualdade de acesso às tecnologias de
informação.
D) No Brasil somente existe exclusão digital em regiões onde as empresas de e-
business não estão implantadas.
E) Exclusão digital é uma realidade corrente em países centrais com
desenvolvimento econômico alto.

5) Assinale a alternativa correta sobre a relação C&T e sociedade da


informação.
(A) O investimento em ciência e tecnologia incentiva a estrutura da sociedade de
informação e fim da exclusão, quando se dá dado acesso às inovações
tecnológicas a toda população.
(B) Investimentos públicos em educação e treinamento profissional, não são
primordiais para articulação da sociedade da informação.
(C) A sociedade do conhecimento ou da informação é uma construção ideológica
imposta aos países em desenvolvimento em troca de matérias-primas.
(D) Os investimentos em C&T no Brasil não levam em consideração as
necessidades das regiões industrializadas uma vez que já está implantada a
sociedade da informação.
(E) Educação e treinamento são fatores chaves para a implantação da sociedade
da informação desde que se limite o acesso à internet.

64
Conteúdo Aula 13

Conhecimento e Educação à distância

Todo o desenvolvimento tecnológico para comunicação e informação do último


século, desde a imprensa, passando por fotos, telégrafo, cinema, telefone,
telecomunicações, gravação de sons, filmes, rádio, televisão, até computadores; todos
esses elementos participaram na história da educação.
A disponibilidade destes e a articulação da “sociedade da informação”
modificaram a metodologia de ensino, acarretando mudanças de paradigma sobre a
educação. A maneira tradicional, onde o professor domina o conhecimento e os
alunos, simplesmente, recebem de maneira passiva, é questionada. A nova educação
privilegia o aprendizado continuado, para toda a vida, e a participação ativa do
estudante, agora autônomo, capaz de buscar informações, questionar e fazer
articulações entre as diferentes áreas da ciência (interdisciplinaridade). Cada vez mais
a Ciência descobre as interelações entre as pesquisas e conhecimento. Assim, o
estudante pode ter uma formação específica em uma área, mas também ter bons
conhecimentos em outras. Por exemplo: ser formado como técnico em computação,
mas conhecer bem história, geografia, economia, literatura.

As áreas técnicas, ou exatas, “são chamadas de disciplinas verticais


(que constroem seu saber em forma de edifícios), caracterizam-se pela
longa permanência de seus resultados, por sua coerência lógica e por
um acesso relativamente tardio à ciência em marcha, por parte daquele
que se propõe a estudá-la, em razão do longo percurso necessário até
que se dominem seus fundamentos básicos. Já as disciplinas
horizontais (letras, sociologia, psicologia, antropologia, arqueologia,
geografia, história e algumas formas de geologia e biologia), não
existem verdades provisoriamente definitivas. Suas pesquisas têm um
caráter efêmero, comum baixo grau de estruturação, e geralmente com
pequena importância atribuída aos conhecimentos de base”.54

Não existe em Ciência um padrão de valorização para as áreas, todas são


importantes. O que acontece geralmente é que num determinado período histórico, ou
sociedade, dar-se mais atenção às disciplinas práticas, principalmente, aquelas
ligadas ao desenvolvimento econômico. O saber, no entanto, é um processo
totalizante. O estudante deve usar como vantagem a possibilidade de conhecer
diferentes áreas e articular diferentes saberes.
Por isso, o aprendizado prático também é valorizado, como também as
experiências profissionais e de vida do estudante. Percebe-se que o ser humano é
integral, não somente razão (instrumental), mas, também emoção (subjetividade).
Assim, a valorização do individual no processo de aprendizado expressaria as
necessidades do modo de produção capitalista, uma vez que a mão-de-obra técnica
especializada é cada vez mais necessária.
Para atender as “novas necessidades” e com auxílio das TI tornou-se possível,
a expansão dos “cursos a longa distância”, ou, “Educação à distância” (EaD).
Assim, têm-se três fatores importantes que constituem os novos elementos da
educação: interdisciplinaridade, educação à distância e estudos individualizados.55
Vejamos algumas discussões a respeito da educação à distância e dicas para
o aproveitamento dos cursos on-line.

54
João Mattar, op. cit., p. 120.
55
João Mattar. Comunicação e educação na sociedade da informação, in Metodologia Científica na Era
da Informática, p. 119.

65
Lorraine Sherry em seu texto “Issues in Distance Learning"(Questões sobre
Educação à Distância)56 apresenta as seguintes características:

 Separação do professor e aluno no espaço e/ou tempo


 Controle do aprendizado realizado mais intensamente pelo aluno do que pelo
instrutor distante;
 Comunicação entre alunos e professores é mediada por documentos
impressos ou alguma forma de tecnologia.

Sherry afirma terem sidos os cursos por correspondência na Europa a primeira


forma de Educação à Distância. “Este meio de Educação à Distância foi muito utilizado
até o meio deste século, quando o rádio e televisão instrucional tornaram-se
populares. No entanto, com o surgimento de tecnologias interativas sofisticadas,
educadores passaram a utilizar ferramentas como: e-mail, BBS's, Internet,
audioconferência baseada em telefone e videoconferências com 1 ou 2 caminhos de
vídeo e 2 caminhos de áudio. Uma ferramenta da Internet que tem sido muito utilizada
é o WWW, o qual possibilita a elaboração de Cursos à Distância com avançados
recursos de multimídia”.57

Teorias e Filosofias da Educação à Distância.

Para Sherry, a base teórica dos modelos instrucionais afeta, não só a forma
como a informação é comunicada ao aluno, mas também na forma como o aluno
entende e constrói um novo conhecimento a partir das informações apresentadas.
Atualmente, existem duas aproximações que influenciam projetos instrucionais:
processamento de símbolos (symbol-processing) e conhecimento localizado (situated
cognition).58

O processamento de símbolos foi a aproximação dominante até


recentemente. É baseada no conceito de um computador executando
operações formais em símbolos. O conceito chave é que o professor
pode transmitir um corpo fixo de informações aos alunos por meio de
uma representação externa. Representa uma idéia abstrata por uma
representação concreta e então apresenta a representação ao aluno
através de um meio. O aluno, compreende, decodifica e armazena a
representação. Horton modifica esta aproximação adicionando dois
novos fatores: o contexto do aluno (ambiente, situação corrente e outras
entradas sensoriais) e intelecto (memórias, associações, emoções,
interferências e raciocínios, curiosidades e interesse). O aluno então
desenvolve sua própria representação e a usa para construir novo
conhecimento, em contexto, baseado em seu conhecimento anterior e
suas habilidades. O conhecimento localizado é baseado no princípio do
construtivismo, no qual o aluno ativamente constrói uma representação
interna do conhecimento através de interação com o material a ser
aprendido.59

No Brasil há um crescimento considerável dos cursos à distância. A Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional (de 20 de dezembro de 1996), pelo Decreto
2.494 (de 10 de fevereiro de 1998), pelo Decreto 2.561 (de 27 de abril de 1998) e pela
56
Lorraine Serry. Questões sobre educação à distância. Disponível em
http://penta.ufrgs.br/edu/edu1.html. Data de acesso: 10/10/2007.
57
Lorraine Serry, op. cit., p.3.
58
Idem.
59
Lorraine Sherry, op. cit., p. 4.

66
Portaria Ministerial 301 (de 7 de abril de 1998) normatizou a Educação à Distância no
país. Somente instituições credenciadas pelos órgãos governamentais podem oferecer
os cursos.
Encontra-se muita informação em sites especializados, veja abaixo alguns
endereços:
Associação Brasileira de Educação à Distância: http://www2.abed.org.br/
Biblioteca Virtual de Educação à Distância: http://www.prossiga.br/edistancia/
UNIP Interativa – Cursos à Distância: http://www.sepi.unip.br/

Ao escolher o curso é importante que o estudante assuma realmente a postura


de construtor do seu conhecimento. Por isso, segue abaixo algumas dicas, resumidas
e expandidas de especialistas em ensino à distância. Bons estudos!

1 - Organize seu tempo, separe uma hora do seu dia para o curso.

2 - Tenha disciplina para estabelecer um bom ritmo de estudo.

3 - Fique atento as datas que aparecem em sua agenda virtual.

4 - Participe dos fóruns, faça seus comentários, integre-se.

5 - Entre nos chats, converse com seus amigos e professores,


integre-se.

6 - Tire suas dúvidas sobre o ambiente de ensino e aprendizagem


com os tutores.

Então, siga essas dicas, organize-se e participe ativamente de seu


curso.

Equipe EAD-UCDB

DETALHAMENTO

1. Estude num momento tranqüilo:


2. Quem já teve sucesso fazendo um curso à distância concorda que o
compromisso com a agenda de estudos é um dos pontos cruciais. É
importante saber evitar interrupções com e-mails, navegação desnecessária
na Internet e telefones. Tente reservar para seu tempo de estudo, aqueles
momentos quando ninguém irá perturbá-lo. Leve a sério este momento.
3. Se você estiver estudando no seu ambiente de trabalho, avise seus colegas
para que não lhe interrompam. Como você não está em uma sala de aulas e
se encontra no seu local de trabalho, é imprescindível que você comunique
seu gerente e colegas para que respeitem seu tempo de estudos e entendam
o porquê de você não estar disponível.
4. Se seu curso usa áudio como material de apoio, considere utilizar fones de
ouvido para reduzir o volume, não perturbando assim quem não estiver
interessado no assunto. Se estiver estudando no seu local de trabalho então,
nem se fala.
5. Defina metas reais para seus estudos. Reserve um tempo para definir suas
metas e planeje seu tempo de estudos. Defina metas desafiadoras, mas só
se tiver tempo suficiente para estudar o necessário para alcançar seus

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objetivos. Converse com seu tutor ou professor, ele certamente terá boas
dicas, extraídas da experiência com outros alunos.
6. Procure ser um participante ativo de chats, encontros presenciais e outras
programações coletivas que o curso oferecer. Trocando experiências e idéias
você interage com seus colegas e professores ganhando, quase sempre,
conhecimentos adicionais que não estão no conteúdo do curso.
7. Se seu curso não possui um ambiente de chat ou uma comunidade virtual de
alunos, procure conhecer outros alunos que já estejam fazendo o curso há
mais tempo e tome a iniciativa, troque idéias via e-mail ou telefone sobre
aproveitamento do tempo, melhores momentos para estudar, etc... Integre-se
ao grupo.
8. Encontre o seu tempo certo de estudos no curso. Como não existem horários
rígidos para as aulas no ensino distância, você poderá estudar em qualquer
momento do dia, porém se você estudar por longos períodos de tempo faça
paradas a cada 20 ou 30 minutos. O aprendizado mais efetivo acontece
nesse período de tempo, fazendo assim, sua mente estará "fresca" para
absorver e reter o conhecimento.
9. Reflita sobre o que você tem aprendido. Nas pausas, ao completar fases ou
mesmo no final do curso faça uma análise para verificar o que foi assimilado
do conteúdo do seu curso. Tente aplicar os novos conceitos aprendidos no
seu dia a dia ou no trabalho. Teste o quão efetivos e valiosos são os seus
novos conhecimentos e sempre que precisar retorne para o material de
estudos.
10. Use todos os recursos disponíveis no material de apoio ou na interface
gráfica da web, aproveite dicas de leitura adicionais e esteja atento as
ferramentas que podem lhe ajudar a fixar os temas estudados como campos
para anotações e fóruns de discussão.
11. Compartilhe o que você tem aprendido. Uma das melhores maneiras de reter
o conhecimento adquirido é dividindo esse conhecimento com os outros.
12. Antes de se inscrever em um curso a distância, procure saber quais os
requisitos técnicos que o seu computador precisará ter para um bom
aproveitamento do curso (câmera; acesso à Internet com banda larga,
microfone, etc). Alguns sistemas de ensino a distância são mais "pesados"
que outros, além disso, um computador já ultrapassado pode ter dificuldade
em rodar programas específicos exigidos pelo curso.
Sabendo dos requisitos técnicos você evitará maiores surpresas e pode evitar
ter que investir em uma atualização de hardware fora de hora.
13. Com a educação à distância o treinamento pode ser mais flexível,
personalizado e um curso a distância é perfeito por isso: enquanto você
estiver na frente do seu computador você estará na sala de aula, no momento
em que desejar.60

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Disponível em http://www.curso-distancia.com.br/2.educacao-distancia.htm. Data de
acesso: 10/10/2007.

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Exercícios

1) Assinale a alternativa correta.


(A) A sociedade da informação trouxe problemas para a educação de
maneira geral, porque privilegia a educação presencial.
(B) A sociedade da informação estabelece novos paradigmas para a
educação e, com isso, favorece os cursos à longa distância.
(C) O modo-de-produção capitalista valoriza os cursos técnicos por serem
estes os mais adaptados à longa distância.
(D) A sociedade da informação e o modo de produção capitalista são
fatores oriundos da educação à distância.
(E) O modo-de-produção capitalista desvaloriza as disciplinas verticais por
serem estas inadequadas aos cursos de longa distância.

2) Assinale a alternativa correta sobre educação à distância:


(A) Na educação à distância, professor e aluno compartilham o mesmo
tempo e espaço.
(B) O professor é o elemento controlador do aprendizado na educação à
distância.
(C) O aluno controla a comunicação com o professor via oral.
(D) O aluno tem controle sobre o processo de aprendizado muito mais que
o professor distante.
(E) A comunicação entre aluno e professor é mediada pela oralidade.

3) Assinale a alternativa correta a respeito das teorias da educação à


distância.
(A) Há duas aproximações para projetos de instrução à longa distância:
processamento de símbolos e conhecimento localizado.
(B) As instruções para aprendizado são dadas por: oralidade e
simbologia.
(C) O conhecimento localizado é realizado pelo aluno quando descarta
suas experiências e se baseia nas informações do professor.
(D) O construtivismo para educação à distância interfere na boa relação
professor/aluno.
(E) As aproximações para projetos de instrução devem ser: conhecimento
localizado e oralidade.

4) Identifique a afirmação incorreta:


(A) A interdisciplinaridade é um novo fator para a educação.
(B) A educação à distância e os estudos individualizados fazem parte do
novo paradigma educacional.
(C) A educação fez uso de todas as novas tecnologias de informação.
(D) A educação à distância privilegia o uso de tecnologias de informação e
comunicação.
(E) Interdisciplinaridade e estudos individualizados são elementos que
sempre estiveram presentes na história da educação.

5) Assinale a alternativa correta:


(A) Ao fazer um curso à distância o importante é manter uma agenda de
estudos e respeitá-la.
(B) O horário deve ser inflexível para o melhor aproveitamento do curso à
distância.
(C) Conversas com amigos e no chat podem ser dispensadas por ser o
curso à distância totalmente individualizado.

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(D) A integração com colegas e professores é dispensável, uma vez que os
elementos técnicos, câmeras, vídeos, sons, etc suprem a falta de
contato humano.
(E) Os cursos à distância privilegiam os alunos que tem mais tempo livre
para se dedicar às disciplinas.

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