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VII SEMEAD
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Resumo:
1 – Introdução
A competição entre as organizações é algo que vem sendo estudado desde antes da
formação da administração como área de estudo, nos idos de 1900.
A economia, em especial a microeconomia, buscou com o seu ferramental e o seu
escopo de análise contribuir para o entendimento da relação existente entre empresas que
atuam em mesmos setores de atividade.
Mais recentemente, com base em um corpo teórico próprio, formado a partir de
contribuições de diversas áreas do conhecimento humano, a administração vem evoluindo no
que tange à busca de modelos e conceitos que possam contribuir para o desenvolvimento
empresarial.
Fazem parte do cotidiano empresarial termos como competição, competitividade,
vantagem competitiva, diferencial competitivo, entre outros que possuem conotação similar e
que elucidam uma única preocupação: sobreviver e se desenvolver, apesar da existência de
outras empresas que possuem objetivos similares, por meio de fontes escassas – os clientes.
A busca por diferenciais competitivos, as carências sociais, e as pressões promovidas
tanto pelo governo, quanto pela população de maneira direta ou indireta, vem fazendo com
que empresas direcionem esforços em prol da resolução de problemas sociais. Denominadas
de ações de “responsabilidade social”, estas realizações consistem em buscar a melhoria da
qualidade de vida da população e, como conseqüência, a melhoria da imagem da empresa
promotora e a criação e manutenção de atitude favorável por parte dos diversos públicos que
com ela se relacionam (BATEMAN, 1998, p. 174).
De caráter teórico-descritivo, o presente ensaio, parte de um trabalho que buscará
conhecer por meio do estudo de múltiplos casos a contribuição do exercício da
responsabilidade social para a competitividade empresarial à luz da teoria da cadeia de valor
de Porter, discute em termos teóricos esta relação. Assim, tem por objetivo relacionar a
competitividade com a responsabilidade social empresarial.
O método utilizado foi o de análise crítica dos dados obtidos por meio do
levantamento bibliográfico. Desta forma, através do estudo da literatura disponível acerca do
referido assunto, obteve-se um arcabouço teórico que indica a necessidade de continuidade do
estudo, especialmente empírico, da relação apresentada, de forma a permitir uma adequada
compreensão acerca do tema em questão.
O papel das empresas na sociedade há muito vem sendo discutido. Friedman (1970, p.
23) defende que as empresas possuem a responsabilidade social de gerar lucros e serem
corretas em termos de legalidade.
No entanto, à medida que a sociedade pressiona as empresas a participarem de
maneira mais ativa e direta das questões que as afetam, o cumprimento dos padrões
legalmente estabelecidos não são suficientes para atender as solicitações da sociedade.
Assim, “as questões sociais não podem ser consideradas como problemas exclusivos
do governo e a omissão das empresas não é uma postura condizente com a liberdade
econômica e a desregulamentação e liberalização da economia” (BORGER, 2001, p. 23).
Além disso, governos e empresas estão estabelecendo parcerias para o
desenvolvimento de novas propostas aos vários problemas sociais, já que o Estado não tem
mais recursos para resolvê-los sozinho.
Ashley (2002, p. 7), “chama a atenção para o fato de que é justamente em função de a
empresa ser bem-sucedida no mercado que cresce a necessidade de atuação socialmente
responsável, visando diminuir os problemas sociais”.
Cabe observar que as empresas não devem se desvincular dos seus objetivos
econômicos, pois também são socialmente responsáveis ao gerar empregos, recolher impostos
e gerar riqueza dentro das normas sociais vigentes (BORGER, 2001, p. 9). No entanto, tais
realizações são esperadas das empresas e admitidas como mínimas, devendo empreender
ações que extrapolem as suas “obrigações” para que seja bem vista pela sociedade.
De acordo com Melo Neto e Froes (2001, p. 82) “investindo em projetos sociais a
empresa assume a sua responsabilidade social e oferece algo em troca ao que por ela foi
usurpado da sociedade.”
Para Carroll (1979, p. 499-500), a responsabilidade social é efetiva somente quando
quatro dimensões de responsabilidade são satisfeitas: econômicas, legais, éticas, e
filantrópicas. Assim, cada dimensão é parte de um todo maior, que representa a expectativa da
sociedade em relação às empresas.
A responsabilidade social empresarial é resultado do reconhecimento de que as
empresas são grandes detentoras de poder financeiro e de que afetam direta ou indiretamente
a sociedade (BORGER, 2001, p. 36). A responsabilidade social, portanto, não é uma moda ou
um opcional as empresas, pois é resultado da profunda mudança de relacionamento entre as
empresas e os seus públicos (LEWIS, 2001, p. 32).
Camargo (2001, p. 94) afirma que “O investimento social agrega valor à imagem da
empresa, trazendo como conseqüência uma imagem positiva perante empregados,
fornecedores, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e
comunidades. Atualmente fabricar um produto de qualidade não é suficiente: o valor ético
tornou-se muito importante.”
Melo Neto e Froes (2001, p. 24) esclarece que “a empresa lucra socialmente com a
maior credibilidade e confiança que os clientes nela depositam, o que se reflete no aumento da
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venda de sues produtos e serviços; com seu reforço de imagem; e , com a maior capacitação
profissional da mão-de-obra local.”
Para Fischer (2002, p. 77), “o diferencial de ‘empresa focada no social’ popularizou-
se, tornando-se essencial à formação de uma imagem institucional positiva e empática.”
Conforme esclarece Camargo (2001, p. 93)
“As ações empresariais na área social oferecem retornos tangíveis e
intangíveis, sob a forma de fatores que agregam valor, reduzem custos
e trazem o aumento da competitividade. Entre esses fatores destacam-
se: melhora da imagem corporativa; criação de ambientes endógenos e
exógenos mais favoráveis; redução do absenteísmo e elevação da auto-
estima de empregados; estímulos para a melhora dos processos de
produção; incremento da demanda de produtos, serviços e marcas;
ganhos de participação no mercado; redução das instabilidades política,
social e institucional locais. A atuação do setor privado na área social
passa a ser uma questão estratégica para a sustentabilidade diante dos
olhos exigentes de consumidores, investidores, fornecedores,
colaboradores, funcionários, etc.”
A concorrência cada vez mais acirrada entre as organizações faz com que haja uma
busca incessante por elementos que se constituam em diferenciais competitivos, de forma que
possam realizar ofertas mais atrativas aos seus públicos-alvo.
É nesse contexto que a Responsabilidade Social se coloca como alternativa às
empresas competitivas. Tal direcionamento é evidenciado pela mídia, através da divulgação
de projetos sociais de diversas organizações empresariais.
Investindo em projetos sociais as organizações estreitam laços com a comunidade,
fortalecem a sua credibilidade, e obtêm ganhos sociais expressivos, que se refletem no
aumento do seu faturamento, vendas e participação no mercado.
Segundo Vassalo (2000),
ser uma vantagem para se tornar uma obrigação. Hoje, existe enorme
pressão pela qualidade no relacionamento com os diversos públicos
estratégicos.”
De acordo com Fischer (2002, p. 77) e com Ashley (2002, p. 7), embora haja grande
diversidade das atuações das empresas no que tange a responsabilidade social, é possível
identificar dois tipos básicos: o primeiro considera as ações como um bem em si mesma,
geradora de resultados para a população-alvo; o segundo considera essas ações em termos
estratégicos de negócio, com vistas à melhoria do desempenho do produto e da marca.
Também Melo Neto e Froes (2001, p.152) possuem opinião similar ao afirmarem que
as empresas desenvolvem projetos sociais com objetivos de filantropia empresarial e de
marketing.
Uma evidência do crescimento da responsabilidade social corporativa, ao menos em
termos quantitativos, é o fato de que o Instituto Ethos - entidade privada não lucrativa que
congrega empresas socialmente responsáveis -, fundado em junho de 1998 com apenas 11
empresas associadas, possuía, após quatro anos de existência, 600 empresas associadas
(ÉBOLI, 2002, p. 2).
Assim, as empresas vêem na responsabilidade social a possibilidade de criar
estratégias que contribuam para a sua boa imagem, pois o desempenho econômico é função da
vantagem competitiva, que por sua vez, é criada e sustentada por uma série de fatores,
inclusive a satisfação dos consumidores e a percepção da sociedade em relação à empresa
(BORGER, 2001, p. 26, Melo Neto e Froes, 2001, p. 94).
Para Melo Neto (2001, p. 28) ”A responsabilidade social é uma ação estratégica da
empresa que busca retorno econômico social, institucional, tributário-fiscal.”
Sendo inserida em um âmbito estratégico, Ashley (2002, p. 13) defende que “a
responsabilidade social disseminada como uma atitude estratégica permite criar uma nova
cultura dentro da empresa, sendo praticada e incorporada na gestão e em atividades regulares
como produção, distribuição, recursos humanos e marketing.”
De acordo com Borger (2001, p. 26) “uma reputação corporativa superior é um bem
intangível e uma fonte de vantagem estratégica, aumentando a capacidade de uma corporação
de criar valor no longo prazo, sendo uma contribuição para a performance global das
empresas. Ainda de acordo com a mesma autora, “os investidores estão mais propensos a
investir em empresas que usufruem uma reputação superior devido aos menores riscos
percebidos e potencialmente maiores oportunidades de marketing”.
Observa-se que a utilização da responsabilidade social como estratégia empresarial
parece ser uma tendência inequívoca, haja vista a importante contribuição que ela traz às
empresas que buscam ser competitivas.
5 - Cadeia de Valor
A cadeia de valor interna, de acordo com Porter (1989, p. 31) “desagrega uma empresa
nas suas atividades de relevância estratégica para que possa compreender o comportamento
dos custos e as fontes existente e potenciais de diferenciação”.
A cadeia de valores exibe o valor total, e consiste em margem, que é a diferença entre
o valor total e o custo coletivo da execução das atividades de valor, e em atividades de valor,
que são as atividades físicas e tecnológicas distintas, através da qual uma empresa cria um
produto valioso para os seus compradores. (Porter 1989).
No entanto, para obter vantagem competitiva utilizando a cadeia de valor como
instrumento a empresa deve compreender toda a cadeia de valor na qual esta opera e do seus
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7 - Considerações finais
Sem perder seu foco principal que é aumentar seus resultados financeiros, as empresas
vêm buscando um relacionamento mais humano com as sociedades nas quais estão inseridas.
Parece natural que a renúncia de recursos financeiros em prol do endosso ou condução
de programas sociais ocorram, especialmente com vistas a se diferenciarem dos demais
concorrentes perante os seus públicos-alvo, de forma a atraírem a sua atenção e contribuir
para o estabelecimento de relacionamentos de troca.
Independentemente das opiniões, favoráveis e contrárias à utilização dessas atividades
como parte das estratégias empresarias, há que se reconhecer que a responsabilidade social
empresarial, se realizada com ética e continuidade, pode contribuir sobremaneira para o
desenvolvimento social, uma vez que o poder público não vêm há tempos atendendo as
demandas da sociedade.
Não obstante as inúmeras limitações do presente ensaio, especialmente no que tange à
sua magnitude e profundidade, pode-se reconhecer sua contribuição para a discussão acerca
do tema a que se propõe, especialmente se for interpretado como uma primeira exploração
acerca do “uso” da responsabilidade social empresarial como meio para desenvolver
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BIBLIOGRAFIA