Sie sind auf Seite 1von 11

1

VII SEMEAD
ADMINISTRAÇÃO GERAL

O EXERCÍCIO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL GERANDO UMA


VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS EMPRESAS QUE O PRATICAM

Helen Yara Altimeyer


Graduanda em administração de empresas no
Instituto Presbiteriano Mackenzie;
Co-autora de artigos publicados em periódicos e
em anais de eventos nacionais;
Endereço: R. São João Evangelista, 24 – Mooca –
São Paulo – SP – CEP.: 03273-100
E-mail: haltimeyer@mackenzie.com.br
Telefone: 9829-5224

Resumo:

O tema responsabilidade social empresarial está emergindo nas discussões tanto no


setor empresarial quanto no acadêmico. Nos últimos anos tem crescido as pressões sobre as
empresas no sentido de implementarem ações de responsabilidade social, o que vem fazendo
com que estas direcionem esforços em prol da resolução de problemas sociais. Dentro da
multíplice de assuntos relativos à responsabilidade social ressaltamos que este artigo mostra
os resultados iniciais de um estudo sobre a implementação do exercício da responsabilidade
social gerando uma vantagem competitiva para as empresas que o praticam. Neste sentido, o
presente trabalho tem como objetivo analisar as literaturas disponíveis sobre os conceitos de
responsabilidade social e vantagem competitiva, sugerindo uma abordagem do mesmo à luz
da cadeia de valores. O método utilizado foi o de análise crítica dos dados obtidos por meio
do levantamento bibliográfico disponível acerca do referido assunto, a permitir uma adequada
compreensão acerca do tema apresentado Salienta-se que este é uma primeira exploração
acerca do “uso” da responsabilidade social empresarial como meio para desenvolver
competitividade, a partir do qual serão realizados aprofundamentos substanciais para tal
estudo.

Palavras-Chave: Responsabilidade Social, Vantagem Competitiva, Cadeia de Valores


2

O Exercício da Responsabilidade Social gerando uma


Vantagem Competitiva para as Empresas que o praticam.

1 – Introdução

A competição entre as organizações é algo que vem sendo estudado desde antes da
formação da administração como área de estudo, nos idos de 1900.
A economia, em especial a microeconomia, buscou com o seu ferramental e o seu
escopo de análise contribuir para o entendimento da relação existente entre empresas que
atuam em mesmos setores de atividade.
Mais recentemente, com base em um corpo teórico próprio, formado a partir de
contribuições de diversas áreas do conhecimento humano, a administração vem evoluindo no
que tange à busca de modelos e conceitos que possam contribuir para o desenvolvimento
empresarial.
Fazem parte do cotidiano empresarial termos como competição, competitividade,
vantagem competitiva, diferencial competitivo, entre outros que possuem conotação similar e
que elucidam uma única preocupação: sobreviver e se desenvolver, apesar da existência de
outras empresas que possuem objetivos similares, por meio de fontes escassas – os clientes.
A busca por diferenciais competitivos, as carências sociais, e as pressões promovidas
tanto pelo governo, quanto pela população de maneira direta ou indireta, vem fazendo com
que empresas direcionem esforços em prol da resolução de problemas sociais. Denominadas
de ações de “responsabilidade social”, estas realizações consistem em buscar a melhoria da
qualidade de vida da população e, como conseqüência, a melhoria da imagem da empresa
promotora e a criação e manutenção de atitude favorável por parte dos diversos públicos que
com ela se relacionam (BATEMAN, 1998, p. 174).
De caráter teórico-descritivo, o presente ensaio, parte de um trabalho que buscará
conhecer por meio do estudo de múltiplos casos a contribuição do exercício da
responsabilidade social para a competitividade empresarial à luz da teoria da cadeia de valor
de Porter, discute em termos teóricos esta relação. Assim, tem por objetivo relacionar a
competitividade com a responsabilidade social empresarial.
O método utilizado foi o de análise crítica dos dados obtidos por meio do
levantamento bibliográfico. Desta forma, através do estudo da literatura disponível acerca do
referido assunto, obteve-se um arcabouço teórico que indica a necessidade de continuidade do
estudo, especialmente empírico, da relação apresentada, de forma a permitir uma adequada
compreensão acerca do tema em questão.

2 - Definindo Responsabilidade Social Empresarial

Na visão de Srour (2003, p. 49) “a responsabilidade social remete à cidadania


organizacional nas empresas e a direitos sociais no âmbito nacional e resulta de um processo
político de pressões, exercido por contrapartes organizadas.”
Para Camargo (2001, p. 93) “A responsabilidade social concretiza-se por meio das
atitudes, comportamentos e práticas positivas e construtivas, que contribuem para concretizar
o bem comum e elevar a qualidade de vida de todos, ou seja, implica o estreitamento do
vínculo das empresas com a comunidade, por meio de ações que supram suas necessidades.”
De acordo com D´Ambrósio e Mello (1998) a responsabilidade social diz respeito à
“decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está presente
e minorar possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade que exerce”
3

Ashley (2002, p. 7), após analisar diversos conceitos de responsabilidade social,


concluiu que, em uma visão expandida, o termo refere-se a toda e qualquer ação empreendida
por uma empresa que contribua para a qualidade de vida da sociedade.
Para Melo Neto e Froes (2001, p.179), “a responsabilidade social é muito mais que um
conceito. É um valor pessoal e institucional que reflete nas atitudes das empresas, dos
empresários e de todos os seus funcionários e parceiros”.
Segundo Melo Neto e Froes (2001, p.31), “a responsabilidade social é conduta que vai
da ética nos negócios às ações desenvolvidas na comunidade, passando pelo tratamento dos
funcionários e relações com os acionistas, fornecedores e clientes”.
Na visão de Tinoco (2001, p. 86), o conceito de responsabilidade social corporativa
deve enfatizar o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem
(stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores,
investidores, competidores, governos e comunidade.
De acordo com Tinoco (2002, p. 114) “o conceito de responsabilidade social
corporativa está associado ao reconhecimento de que as decisões e os resultados das
atividades das companhias alcançaram um universo de agentes sociais muito mais amplo do
que o composto por seus sócios e acionistas (shareholders).
Em vista das diversas definições de responsabilidade social empresarial, e para melhor
analisar estes conceitos, Melo Neto e Froes (2001, p. 39-42) as classificou como:
• Atitude e comportamento empresarial ético e responsável;
• Um conjunto de valores; Postura estratégica empresarial;
• Estratégias de: relacionamento, marketing institucional, valorização das ações da
empresa (agregação de valor), Recursos Humanos, Produtos/Serviços, integração
social;
• Estratégia social de inserção na comunidade e desenvolvimento da comunidade;
• Promotora da cidadania individual e coletiva;
• Exercício da consciência ecológica e da capacitação profissional.

De acordo com Carrol (1979, p. 499-500), a responsabilidade social pode ser


subdividida em quatro tipos, a saber:
• Responsabilidade econômica: localiza-se na base da pirâmide por ser o principal
tipo de responsabilidade social encontrado nas empresas. Para se obter
responsabilidade econômica faz-se necessário produzir bens e serviços a
sociedade, com um valor que garanta a continuidade das atividades da empresa,
de forma a satisfazer e maximizar a lucratividade aos acionistas.
• Responsabilidade legal: define o que a sociedade considera importante no
comportamento de uma empresa que atende a metas econômicas dentro de uma
estrutura com exigências legais. No mínimo, espera-se que as empresas sejam
responsáveis pela observância das leis municipais, estaduais e federais, por parte
dos funcionários.
• Responsabilidade ética: inclui comportamentos ou atividades que a sociedade
espera das empresas, mas que não são necessariamente codificados na lei e podem
não servir aos interesses econômicos diretos da empresa.
• Responsabilidade discricionária ou filantrópica: é puramente voluntária e
orientada pelo desejo da empresa em fazer uma contribuição social não imposta
pela economia, pela lei ou pela ética. Por exemplo, doações feitas a obras
beneficentes; contribuições financeiras a projetos comunitários ou instituições de
caridade que não trazem retorno para a empresa.
4

Observa-se que, embora os diversos conceitos de responsabilidade social supracitados


possuam diferenças significativas, ao menos em termos semânticos, há um ponto de
convergência que é o fato de se referirem a ações realizadas ou tutoradas por empresas que
contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida dos partícipes de uma
determinada sociedade.
A fim de justificar tal comportamento, faz-se importante procurar abordar os
principais fatores que induzem as empresas a possuírem tal comportamento.

3 - Fundamentos da Responsabilidade Social Empresarial

O papel das empresas na sociedade há muito vem sendo discutido. Friedman (1970, p.
23) defende que as empresas possuem a responsabilidade social de gerar lucros e serem
corretas em termos de legalidade.
No entanto, à medida que a sociedade pressiona as empresas a participarem de
maneira mais ativa e direta das questões que as afetam, o cumprimento dos padrões
legalmente estabelecidos não são suficientes para atender as solicitações da sociedade.
Assim, “as questões sociais não podem ser consideradas como problemas exclusivos
do governo e a omissão das empresas não é uma postura condizente com a liberdade
econômica e a desregulamentação e liberalização da economia” (BORGER, 2001, p. 23).
Além disso, governos e empresas estão estabelecendo parcerias para o
desenvolvimento de novas propostas aos vários problemas sociais, já que o Estado não tem
mais recursos para resolvê-los sozinho.
Ashley (2002, p. 7), “chama a atenção para o fato de que é justamente em função de a
empresa ser bem-sucedida no mercado que cresce a necessidade de atuação socialmente
responsável, visando diminuir os problemas sociais”.
Cabe observar que as empresas não devem se desvincular dos seus objetivos
econômicos, pois também são socialmente responsáveis ao gerar empregos, recolher impostos
e gerar riqueza dentro das normas sociais vigentes (BORGER, 2001, p. 9). No entanto, tais
realizações são esperadas das empresas e admitidas como mínimas, devendo empreender
ações que extrapolem as suas “obrigações” para que seja bem vista pela sociedade.
De acordo com Melo Neto e Froes (2001, p. 82) “investindo em projetos sociais a
empresa assume a sua responsabilidade social e oferece algo em troca ao que por ela foi
usurpado da sociedade.”
Para Carroll (1979, p. 499-500), a responsabilidade social é efetiva somente quando
quatro dimensões de responsabilidade são satisfeitas: econômicas, legais, éticas, e
filantrópicas. Assim, cada dimensão é parte de um todo maior, que representa a expectativa da
sociedade em relação às empresas.
A responsabilidade social empresarial é resultado do reconhecimento de que as
empresas são grandes detentoras de poder financeiro e de que afetam direta ou indiretamente
a sociedade (BORGER, 2001, p. 36). A responsabilidade social, portanto, não é uma moda ou
um opcional as empresas, pois é resultado da profunda mudança de relacionamento entre as
empresas e os seus públicos (LEWIS, 2001, p. 32).
Camargo (2001, p. 94) afirma que “O investimento social agrega valor à imagem da
empresa, trazendo como conseqüência uma imagem positiva perante empregados,
fornecedores, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e
comunidades. Atualmente fabricar um produto de qualidade não é suficiente: o valor ético
tornou-se muito importante.”
Melo Neto e Froes (2001, p. 24) esclarece que “a empresa lucra socialmente com a
maior credibilidade e confiança que os clientes nela depositam, o que se reflete no aumento da
5

venda de sues produtos e serviços; com seu reforço de imagem; e , com a maior capacitação
profissional da mão-de-obra local.”
Para Fischer (2002, p. 77), “o diferencial de ‘empresa focada no social’ popularizou-
se, tornando-se essencial à formação de uma imagem institucional positiva e empática.”
Conforme esclarece Camargo (2001, p. 93)
“As ações empresariais na área social oferecem retornos tangíveis e
intangíveis, sob a forma de fatores que agregam valor, reduzem custos
e trazem o aumento da competitividade. Entre esses fatores destacam-
se: melhora da imagem corporativa; criação de ambientes endógenos e
exógenos mais favoráveis; redução do absenteísmo e elevação da auto-
estima de empregados; estímulos para a melhora dos processos de
produção; incremento da demanda de produtos, serviços e marcas;
ganhos de participação no mercado; redução das instabilidades política,
social e institucional locais. A atuação do setor privado na área social
passa a ser uma questão estratégica para a sustentabilidade diante dos
olhos exigentes de consumidores, investidores, fornecedores,
colaboradores, funcionários, etc.”

Atualmente, acredita-se que as empresas percebidas como responsáveis socialmente


devem gozar de vantagens sobre aquelas que não estimulam essa percepção. Além disso, as
empresas que realizam ações sociais atraem investidores em razão da perspectiva de lucro
sustentável no longo prazo.
Para Juliani (2002, p. 1) empresas que empreendem ações votadas a aspectos sociais e
ambientais têm ganho econômico e maior durabilidade a longo prazo, o que motiva
investidores.
Srour (2003, p. 316) adverte que “O compromisso das empresas com o bem-estar
social, quando convertem parte dos lucros em ganhos sociais; são ações conjugadas que
contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos stakeholders.”
Tinoco (2002, p. 115) salienta que “a responsabilidade social corporativa está
relacionada com a gestão de empresas em situação cada vez mais complexas, nas quais
questões como as ambientais e sociais são crescentemente mais importantes para assegurar o
sucesso e a sustentabilidade dos negócios”.

4 - Responsabilidade Social e Estratégia Empresarial

A concorrência cada vez mais acirrada entre as organizações faz com que haja uma
busca incessante por elementos que se constituam em diferenciais competitivos, de forma que
possam realizar ofertas mais atrativas aos seus públicos-alvo.
É nesse contexto que a Responsabilidade Social se coloca como alternativa às
empresas competitivas. Tal direcionamento é evidenciado pela mídia, através da divulgação
de projetos sociais de diversas organizações empresariais.
Investindo em projetos sociais as organizações estreitam laços com a comunidade,
fortalecem a sua credibilidade, e obtêm ganhos sociais expressivos, que se refletem no
aumento do seu faturamento, vendas e participação no mercado.
Segundo Vassalo (2000),

“Durante muito tempo as empresas foram pressionadas a se


preocupar somente com a qualidade de seus processos. Um excelente
produto, com preço competitivo e bom serviço agregado, deixou de
6

ser uma vantagem para se tornar uma obrigação. Hoje, existe enorme
pressão pela qualidade no relacionamento com os diversos públicos
estratégicos.”

De acordo com Fischer (2002, p. 77) e com Ashley (2002, p. 7), embora haja grande
diversidade das atuações das empresas no que tange a responsabilidade social, é possível
identificar dois tipos básicos: o primeiro considera as ações como um bem em si mesma,
geradora de resultados para a população-alvo; o segundo considera essas ações em termos
estratégicos de negócio, com vistas à melhoria do desempenho do produto e da marca.
Também Melo Neto e Froes (2001, p.152) possuem opinião similar ao afirmarem que
as empresas desenvolvem projetos sociais com objetivos de filantropia empresarial e de
marketing.
Uma evidência do crescimento da responsabilidade social corporativa, ao menos em
termos quantitativos, é o fato de que o Instituto Ethos - entidade privada não lucrativa que
congrega empresas socialmente responsáveis -, fundado em junho de 1998 com apenas 11
empresas associadas, possuía, após quatro anos de existência, 600 empresas associadas
(ÉBOLI, 2002, p. 2).
Assim, as empresas vêem na responsabilidade social a possibilidade de criar
estratégias que contribuam para a sua boa imagem, pois o desempenho econômico é função da
vantagem competitiva, que por sua vez, é criada e sustentada por uma série de fatores,
inclusive a satisfação dos consumidores e a percepção da sociedade em relação à empresa
(BORGER, 2001, p. 26, Melo Neto e Froes, 2001, p. 94).
Para Melo Neto (2001, p. 28) ”A responsabilidade social é uma ação estratégica da
empresa que busca retorno econômico social, institucional, tributário-fiscal.”
Sendo inserida em um âmbito estratégico, Ashley (2002, p. 13) defende que “a
responsabilidade social disseminada como uma atitude estratégica permite criar uma nova
cultura dentro da empresa, sendo praticada e incorporada na gestão e em atividades regulares
como produção, distribuição, recursos humanos e marketing.”
De acordo com Borger (2001, p. 26) “uma reputação corporativa superior é um bem
intangível e uma fonte de vantagem estratégica, aumentando a capacidade de uma corporação
de criar valor no longo prazo, sendo uma contribuição para a performance global das
empresas. Ainda de acordo com a mesma autora, “os investidores estão mais propensos a
investir em empresas que usufruem uma reputação superior devido aos menores riscos
percebidos e potencialmente maiores oportunidades de marketing”.
Observa-se que a utilização da responsabilidade social como estratégia empresarial
parece ser uma tendência inequívoca, haja vista a importante contribuição que ela traz às
empresas que buscam ser competitivas.

5 - Cadeia de Valor

A cadeia de valor interna, de acordo com Porter (1989, p. 31) “desagrega uma empresa
nas suas atividades de relevância estratégica para que possa compreender o comportamento
dos custos e as fontes existente e potenciais de diferenciação”.
A cadeia de valores exibe o valor total, e consiste em margem, que é a diferença entre
o valor total e o custo coletivo da execução das atividades de valor, e em atividades de valor,
que são as atividades físicas e tecnológicas distintas, através da qual uma empresa cria um
produto valioso para os seus compradores. (Porter 1989).
No entanto, para obter vantagem competitiva utilizando a cadeia de valor como
instrumento a empresa deve compreender toda a cadeia de valor na qual esta opera e do seus
7

principais concorrentes buscando utilizar seus determinantes de custo de modo que os


concorrentes tenham desvantagens de qualidade e custo frente a sua liderança.
Assim, considerando-se o enfoque amplo, verifica-se que a cadeia de valor de
qualquer empresa é o conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes de matérias-
primas básicas, passando por fornecedores de componentes até o produto final entregue nas
mãos do consumidor.
Segundo Kotler (2000, p. 04) consumidores tomam decisões de compra com base em
uma percepção de valor que os vários produtos e serviços oferecem onde “o valor para o
cliente é a diferença entre os valores que o cliente ganha comprando e usando um produto e os
custos para obter esse produto” .
Logo, para que uma empresa alcance e mantenha competitividade é necessário que
crie valor para o cliente, ressaltando-se que esse valor deve ser reconhecido pelo adquirente,
caso contrário se sobressairão os custos.
Uma comparação das cadeias de valor dos concorrentes apresentam as diferenças,
permitindo que a organização decida pelo posicionamento estratégico utilizando-se de
diferenciação ou baixo custo. A relevância do enfoque amplo é que permite identificar na
cadeia de valor do cliente o que pode ser reestruturado para aumentar o valor oferecido.
Normann e Ramirez (1993) desenvolvem o argumento que empresas com estratégias
de sucesso ao invés de adicionar valor, reinventam valor. O elemento fundamental da
estratégia é a reconfiguração das regras e relacionamentos entre uma constelação de atores
para que o valor seja criado de novas formas por novos participantes. Para estes autores,
(NORMANN E RAMIREZ, 1993, p. 65), dentro desta perspectiva a estratégia é a forma pela
qual as empresas definem seu negócio e conectam os dois recursos que realmente importam
na economia atual: competências organizacionais e clientes.
Observa-se que o pensamento tradicional de geração de valor possui seus pressupostos
nos modelos de economia industrial onde existe um modelo linear de entradas, adição de
valor interna e saída de produtos acabados. Em outras palavras, o valor é criado de forma
linear e unidirecional, este entendimento de geração de valor é bem visualizado pela
tradicional linha de montagem.
No entanto, empresas que hoje obtém sucesso não estão adicionando valor e sim
reinventando o conceito de valor, estão reconfigurando as regras e o valor passa a ser co-
produzido por diferentes atores econômicos.

5.1 - Atividades Primárias

As atividades primárias estão envolvidas na criação física do produto, venda,


transferência para o comprador, bem como a assistência após a venda dos produtos. Já as
atividades de apoio sustentam as atividades primárias e a si mesmas, fornecendo insumos
adquiridos, tecnologia, recursos humanos e outros. (PORTER, 1985, p. 36).
Sendo a atividade primária, portanto, as atividades de valor de extrema importância,
pois o modo como cada é executada, combinada com a sua economia, determinará se uma
empresa tem custo alto ou baixo em relação à concorrência. E o modo como cada uma é
executada poderá determinar até a diferenciação. (PORTER, 1985, p. 36).
As atividades primárias são em categorias como a logística interna, a qual recebe,
armazena e distribui insumo; logística externa, a qual coleta, armazena e distribui o produto;
operações; marketing e vendas e serviços, podendo ser vital, também para a vantagem
competitiva, dependendo da empresa. (PORTER, 1985, p. 37).
8

5.2 - Atividades de Apoio

Em relação às atividades de apoio, estas são divididas também em categorias


genéricas, como a aquisição, a qual compra insumos empregados na cadeia de valor da
empresa; desenvolvimento de tecnologia, a qual aparece em todas as atividades de valor,
como em procedimentos ou equipamentos; gerência de recursos humanos, como recrutar,
contratar, treinar funcionários e por fim, a infra-estrutura da empresa, que consiste em uma
série de atividades, como planejamento, finanças, contabilidade, gerenciamento e entre outros,
conforme a Figura 2. A cadeia de valor de uma empresa encaixa-se em uma corrente maior de
atividades que é o sistema de valor, que é composto pelas cadeias de valor dos:
• FORNECEDORES: Que criam e entregam os sistemas adquiridos usados nas cadeias
de uma empresa.
• CANAL: É o caminho percorrido do produto até chegar ao comprador.
• COMPRADORES: Determinado pela necessidade e sensibilidade do produto.
(PORTER 1985, p. 36).

Figura 1 - A cadeia de valores genérica


Fonte: Porter, 1985, p. 35.

6 - Cadeia de Valor e Responsabilidade Social

A habilidade de compartilhar atividades na cadeia de valor é a base para a


competitividade empresarial, porque a partilha realça a vantagem competitiva por aumentar a
diferenciação (PORTER, 1985). Nesse sentido, a produtividade, a qualidade e a redução de
custos, embora não devam ser ignorados pelos gestores, não são mais geradores de vantagem
competitiva, pois tornaram-se o mínimo requerido para a sobrevivência da empresa.
O conceito de responsabilidade social das empresas vem se consolidando de forma
multidimensional e sistêmico, buscando interdependência e interconectividade entre os
diversos stakeholders das empresas (ASHLEY, 2001). Portanto, ele perde a relação com
ações e projetos, filantrópicos e assistenciais, direcionados à comunidade, sendo substituído
por uma visão de redes de relacionamento desenvolvida a partir de padrões de conduta
aplicáveis à totalidade das atividades da empresa, ou seja, do planejamento e da
implementação das atividades existentes inerentes ao negócio.
Neste novo contexto, a responsabilidade social associa-se a um conjunto de políticas,
práticas, rotinas e programas gerenciais que passam por todos os níveis e operações do
9

negócio e que facilitam e estimulam o diálogo e a participação permanentes com os


stakeholders, de modo a corresponder as expectativas dos mesmos. Há interação entre os
diversos agentes sociais, em conjunto com os aspectos econômicos, como vêm acontecendo
classicamente na administração e também relações de confiança e normas éticas (ASHLEY,
2001).
O comprometimento da empresa com o comportamento ético e o desenvolvimento
econômico que melhore a qualidade de vida dos empregados, da comunidade e da sociedade
como um todo, sem comprometer as gerações futuras, fundamenta-se em políticas e diretrizes
para os mais diversos stakeholders (Figura 1) que requer um compromisso de toda a
organização, envolvendo todos os níveis hierárquicos, da alta administração ao nível
operacional, afetando toda a estrutura organizacional, uma vez que pressupõe novos
conceitos, valores e técnicas gerenciais. Portanto, necessita ser incorporada à estratégia da
empresa, refletida em desafios éticos nas dimensões econômica, ambiental e social para
otimizar as oportunidades de negócio (ZADEK, 1998).

Figura 2 - Stakeholders das empresas


Fonte: ASHLEY, 2001.

7 - Considerações finais

Sem perder seu foco principal que é aumentar seus resultados financeiros, as empresas
vêm buscando um relacionamento mais humano com as sociedades nas quais estão inseridas.
Parece natural que a renúncia de recursos financeiros em prol do endosso ou condução
de programas sociais ocorram, especialmente com vistas a se diferenciarem dos demais
concorrentes perante os seus públicos-alvo, de forma a atraírem a sua atenção e contribuir
para o estabelecimento de relacionamentos de troca.
Independentemente das opiniões, favoráveis e contrárias à utilização dessas atividades
como parte das estratégias empresarias, há que se reconhecer que a responsabilidade social
empresarial, se realizada com ética e continuidade, pode contribuir sobremaneira para o
desenvolvimento social, uma vez que o poder público não vêm há tempos atendendo as
demandas da sociedade.
Não obstante as inúmeras limitações do presente ensaio, especialmente no que tange à
sua magnitude e profundidade, pode-se reconhecer sua contribuição para a discussão acerca
do tema a que se propõe, especialmente se for interpretado como uma primeira exploração
acerca do “uso” da responsabilidade social empresarial como meio para desenvolver
10

competitividade, a partir do qual serão realizados aprofundamentos e pesquisa de campo em


empresas, com a finalidade de organizar um estudo mais consistente e contributivo tanto
academicamente, quanto ao meio empresarial.
Por fim, recomenda-se que outros trabalhos sejam realizados sobre o presente tema, de
forma que se busque compreender a relação existente entre estratégia empresarial e
responsabilidade social corporativa, uma vez que poucos foram os estudos específicos
encontrados, apesar dos esforços realizados pela pesquisadora.

BIBLIOGRAFIA

ASHLEY, Patrícia Almeida (coordenação). Ética e Responsabilidade Social nos negócios.


São Paulo: Saraiva, 2002.
BATEMAN, Thomas S. Construindo Vantagem Competitiva – São Paulo : Atlas 1998.
BORGER, Fernanda Gabriela. Responsabilidade Social: Efeitos da Atuação Social na
Dinâmica Empresarial. São Paulo: Dedalus acervo FEA, 2001.
CAMARGO, Mariângela Franco, SUZUKI, Fabiana Mayumi, UEDA, Mery, SAKIMA,
Ricardo Yuzo, GHOBRIL Alexandre Nabil. Gestão do Terceiro Setor no Brasil. São Paulo:
Futura, 2001. 2º edição.
CARROLL, Archie B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance.
Academy of Management Review, v. 4, n. 4, p. 497-505, 1979.
D´AMBRÓSIO, D. & Mello, P.C.. A responsabilidade que dá retorno social. Gazeta
Mercantil. São Paulo, 10 nov.1998.
ÉBOLI, Carla. Cresce o interesse das empresas pelas ações de responsabilidade social.
Relatório Gazeta Mercantil Terceiro Setor. São Paulo, 29 maio 2002.
FISCHER, Rosa M. O desafio da colaboração: práticas de responsabilidade social entre
empresas e terceiro setor. São Paulo: Gente, 2002.
FRIEDMAN, R. E.. The social responsibility of business is to increase its profits. New
York, New York Times, 13 set. 1970.
JULIANI, Denise. Investidor vê lucro no social. Relatório Gazeta Mercantil Terceiro
Setor. São Paulo, 29 maio 2002.
KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Introdução ao Marketing. Rio de Janeiro: LTC –
Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 4º edição, 2000.
LEWIS, Stewart. Measuring corporate reputation. Corporate Communications, Bradford, v.
6, n. 1, p. 31-35, 2001.
NETO, F. M; FROES, C.. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: O caso
brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
NORMANN, Richard; RAMIREZ, Rafael. From Value Chain to Value Constellation:
Designing Interactive Strategy. Harvard Business Review. Chigago, jul.-ago., 1993. p. 65-
77.
PORTER, Michael E.; (1985). Competitive advantage. New York: Free Press. (Disponível
na biblioteca da FEA ).
PORTER, Michael E.; (1989). Competitive strategy: techniques for analysing industries
and competitors. . New York: Free Press, 1989.
SROUR, Robert Henry, Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Ed.
Campus, 2003.
SROUR, Robert Henry, Ética Empresarial: a gestão da reputação. Rio de Janeiro: Ed.
Campus, 2003.
TINOCO, José Eduardo Prudêncio, Balanço Social: Uma abordagem da transparência e da
Responsabilidade Pública das Organizações. São Paulo: Atlas, 2002.
11

VASSALO, Cláudia. Um novo modelo de negócios. Guia da boa cidadania corporativa –


parte integrante da revista exame. São Paulo: Ed.728, 2000.
ZADEK, S. Balancing performance, ethics, and accountability. Journal of Business Ethics,
v. 17, n. 13, p. 1421-1441, out. 1998.

Das könnte Ihnen auch gefallen