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Resumo
O estudo de impacto ambiental deve servir como um instrumento
metodológico no processo de planejamento e monitoramento ambiental
de áreas verdes. A abordagem dessa problemática nasce a partir das
observações e reflexões sobre as redes de relações sociais e de
conflitos de interesses que constitui a sociedade x meio ambiente. Este
trabalho tem por objetivo discutir e apresentar as metodologias usadas
em estudo de impacto ambiental para planejamento e monitoramento
ambiental em áreas verdes urbanas, como também difundir idéias e
conceitos em relação à gestão e planejamento da paisagem urbana e
ordenação do território.
Abstract
The environmental impact study must be a methodological instrument
to planning and control process environmental of green areas. The
boarding of this problematic borne from the observations and
reflections on the social relations chains and of interests conflicts that
constitutes the society x environment. This work has for goal to discuss
and to introduce the methodologies used in environmental impact study
for planning and control environmental in urban green areas, well as
to shows ideas and concepts about the territory urban landscape and
ordination management and planning.
1. INTRODUÇÃO
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2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
As áreas verdes urbanas tornam-se menores e mais raras à medida que sofrem pressões
antrópicas devido à expansão do meio urbano. O contínuo crescimento da malha urbana vem
provocando o estrangulamento das áreas verdes e das drenagens pertencentes as micro bacias
hidrográficas inseridas nas áreas urbanizadas.
Ao longo da história, no processo de urbanização brasileira, que de início, fez-se de
forma dispersa em todo o território e a partir do segundo quartel do século XX, sob a égide do
modo de produção capitalista, as cidades cresceram desordenadamente.
Esse crescimento ocorreu tanto horizontal quanto verticalmente, sempre em
detrimento dos recursos naturais que colocaram em risco a qualidade do solo, da água, do ar e
dos organismos.
A partir dessa ótica, verifica-se então que a natureza foi vista pelos urbanizadores
tradicionais e orgânicos, de modo bastante diferenciado, determinado por culturas variadas e
por modos de produção que ordenaram o território, segundo suas leis de reprodução. Marcus e
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Detwyler (1972) afirmam que tradicionalmente os fatores econômicos têm decidido o uso da
terra sem levar em consideração os fatores ecológicos.
Para Rocha (1991) o comportamento humano é regido não só por parâmetros éticos e
sociais, mas também por fatores ambientais. Ora, em um ambiente urbano que constitui um
verdadeiro habitat e “nicho” do ser humano, obviamente ele deve ser ou (deveria ser) o ponto
central de referência quando da tomada de qualquer decisão pela autoridade constituída, ou no
nível da própria cidadania.
O planejamento do desenvolvimento das cidades deve considerar os princípios básicos
das necessidades humanas. As questões relativas ao equilíbrio ambiental e a sustentabilidade,
bem como aquelas sobre a oferta de equipamentos urbanos e comunitários, levantadas pelo
Estatuto das Cidades (Brasil, 2001), deveriam ser discutidas no âmbito da Ecologia da
Paisagem.
Esta área se preocupa com o ordenamento da paisagem com ênfase nos aspectos
ecológicos e, mais especificamente, em se tratando da paisagem urbanizada, com a
conservação da natureza e com o ordenamento do verde urbano procurando um ambiente
saudável e viável em longo prazo par o uso humano.
Procura-se, portanto, uma regulamentação do uso dos solos e dos recursos ambientais,
salvaguardando a capacidades dos ecossistemas e o potencial recreativo das paisagens,
retirando-se o máximo proveito do que a vegetação pode fornecer para a melhoria da
qualidade ambiental, segundo Buccher Filho e Nucci (2006).
A valorização das áreas protegidas tem ocorrido mais intensidade atualmente em
função do enfoque mundial que vem sendo dado às mudanças climáticas globais e à
necessidade de trabalhar com tecnologias mais limpas e garantir o seqüestro do gás carbônico
(CO2).
Desde o evento mundial da Eco-92, o tema tem sido discutido pelos técnicos e
diplomatas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, considerando a preservação e a
ampliação de áreas verdes como a alternativa mais barata e viável para combater a poluição,
até que mudanças tecnológicas permitam o desenvolvimento e o consumo a partir de energia
não poluidora.
A natureza também foi continuamente degradada através dos seus cursos d'água,
confinados, drenados, aterrados e enterrados. Isso, aliado a uma intensa e extensa
urbanização, vem causando enormes impactos ambientais de difícil gestão colocando em
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cheque a urbanização corrente. A natureza ainda que transformada, não pode ser negada na
cidade, mas fazer parte dela.
Nesse sentido, a natureza, em parte representada nas áreas verdes, precisa ser
repensada no sentido da valorização do seu papel no funcionamento/metabolismo da cidade. É
preciso definir o quanto deve ser preservado, conservado, transformado ou reconstruído para a
consecução de ambientes agradáveis e sadios que propiciem uma rica vida de interações
sociais e gestão ambiental equilibrada.
Todos os verdes precisam ser identificados, classificados e catalogados de forma
consoante às necessidades urbanas, desde a provisão de parques públicos, áreas de contenção,
armazenamento de águas pluviais, abastecimento d'água até a produção de alimentos.
Para tanto, são necessários estudos quantitativos e qualitativos para determinar o seu
dimensionamento e as funções de cada área verde. Devem-se adotar abordagens ampliadas e
inovadoras, incluindo áreas verdes privadas e públicas dominicais, bem como áreas loteadas
ainda não ocupadas, por exemplo. Uma contribuição relevante a ser revisitada é a de Jantzen
(1973), conforme a Tabela 1.
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Parque de Vizinhança
Verde Viário
Cemitérios
Áreas para Esporte
Parques Balneários
Horta Comunitária
Outros...
SIM NÃO
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Weitzenfeld (1996) ressalta ainda que qualquer que seja a metodologia adotada, a
identificação dos impactos deve ser feita para todos os fatores ou componentes do meio
ambiente, que incluem os recursos naturais, estéticos, históricos, culturais, econômicos,
sociais e de saúde pública. O quadro 2 adaptado de Weitzenfeld indicam algumas
classificações mais comumente empregadas.
CLASSIFICAÇÃO TIPO
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Local
Regional
Em relação à área de abrangência Nacional
Internacional (regional ou global)
Gravidade
Em relação a acidentes Probabilidade
Turbidez da água
Aumento da erosão Diminuição da fotossíntese
Redução da ictiofauna
Perda de renda
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5. COSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento e a pesquisa científica como base para a gestão de áreas verdes seria o
viés que daria o suporte ao controle e gestão destas áreas. De acordo com o capítulo 35 da
Agenda 21, destaca-se o papel da ciência para o desenvolvimento sustentável onde
conhecimento científico fornece apoio ao manejo prudente do meio ambiente, garantindo a
sobrevivência diária e o desenvolvimento futuro da humanidade.
Não é possível controlar ou gerenciar a flora e a fauna das áreas verdes urbanas sem
conhecer a biologia das espécies, a relação entre elas e a relação com os demais componentes
dos ecossistemas. Bononi (2004) afirma que qualquer projeto de gestão, avaliação,
monitoramento ou recuperação passa necessariamente pelo levantamento das espécies, suas
freqüências, a diversidade inter e intra-específicas e as interações com o meio físico.
Levantamentos da ecologia da paisagem são indispensáveis para as tomadas de decisões.
Diante das ameaças de danos ambientais irreversíveis, a falta de conhecimentos
científicos não pode ser desculpa para adiar medidas de proteção ao meio ambiente. Em uma
análise mais ampla e genérica deduz-se que pela falta de conhecimento, muitas vezes, é usual
assumir que protegendo a vegetação está se resguardando todos os seres vivos que aí vivem,
toda a sua vida ou pelo menos parte dela.
Essa é a posição possível com o conhecimento disponível, mas ela não garante o
sucesso do controle e da gestão de áreas verdes. Com a evolução do conhecimento será
permitido um controle mais seguro com bases cientificas e monitoramento mais adequado. Os
impactos podem ser classificados em diversas categorias e, como no caso das metodologias,
geralmente, cada equipe deve adotar a sua classificação.
A dificuldade em se usar avaliações quantitativas e testes estatísticos para as alterações
previstas, faz com que venha prevalecendo uma perspectiva social e qualitativa para analisar
os riscos sobre os elementos do meio ambiente. Entretanto, vem crescendo a utilização de
modelos matemáticos para dar mais confiabilidade às previsões e monitoramento.
Os modelos e simulações têm sido úteis para quantificar parâmetros físicos, químicos
ou biológicos do meio ambiente, além de permitirem o estabelecimento de diferentes cenários
para os fatores demográficos, econômicos e sociais.
Os itens para os quais as modelagens matemáticas têm sido empregadas com maior
sucesso são: hidrologia das águas superficiais; qualidade das águas dispersão de poluentes;
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lençol freático e áreas de recarga; erosão do solo; dispersão de contaminantes nos solos;
acústica e vibração; qualidade do ar e dispersão de poluentes, inclusive odor; transferência de
contaminantes nos ecossistemas; e dinâmica demográfica.
Philippi Jr (2004) ressalta que políticas públicas dentro dos caminhos ambientalmente
corretos devem ser focadas e privilegiadas por intermédio de ferramentas indutoras de
processos.
O zoneamento, o parcelamento e uso do solo e os códigos de postura podem
acrescentar diversas características positivas ambientalmente dentro do planejamento urbano.
O zoneamento adequado com uma fiscalização efetiva pode preservar áreas de mananciais,
conservando um recurso vital para o desenvolvimento das cidades, ou seja, a água.
Finalmente, como as cidades passaram a ter um papel cada vez mais significativo no
planeta, tanto em termos quantitativos como qualitativos, ressalta-se, a necessidade de novas
estruturas e formas urbanas para fazer face aos problemas que vêm se acumulando
dramaticamente. É preciso repensar as cidades, sob a ótica da justiça social, da qualidade de
vida urbana, da gestão ambiental e da governabilidade, refazendo novas práticas de
construção da cidade em substituição à urbanização tradicional. Neste contexto, inclui-se a
questão das áreas verdes urbanas, Carvalho (2008).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUCCHER FILHO, I. AT, NUCCI JC. Espaços livres, áreas verdes e cobertura vegetal no
bairrro alto da XV, Curitiba/PR, Revista do Departamento de Geografia, n 18, p 48-59, 2006.
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CONSTANZA, R et al. The value of the world ecosystem services and natural capital. Nature
1997; 367: 253-80.
PHILIPPI JR, A. Saneamento ambiental ecologia aplicada . In:JR PHILIPPI A., ROMERO
MA., BRUNA GC. Curso de gestão ambiental. Barueri, SP: Manole; 2004 (Coleção
Ambiental ; 1).
RIBEIRO HS. Metodologia, evolução dos estudos e bibliografia básica sobre meio ambiente.
In:LEITE JL. Problema chave do meio ambiente. Bahia: Instituto de
Geociências/Universidade Federal da Bahia; 1994.
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ROCHA AA. Do lendário Anhembi ao poluído Tietê. São Paulo: EDUSP, 1991.
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