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INDICAÇÕES E CONTRA-
Nas arritrnias - 1) Estudo da reprodutibilidade e
INDICAÇÕES DOS TESTES comportamento das arritmias frente ao esforço; 2) estabe-
ERGOMÉTRICOS lecimento de correlação entre sintomas e arritmias
desencadeadas pelo esforço; 3) avaliação de terapêutica
específica em portadores de arritmias desencadeadas ou
Indicações agravadas pelo esforço; 4) avaliação de pacientes com
arritmias em programas de condicionamento físico; 5)
As indicações para a realização de um teste síndrome do intervalo QT longo, com antecedentes ou
ergométrico (TE) em pacientes com suspeita ou com do- com história familiar de síncope ou morte súbita; 6) recu-
ença cardíaca conhecida envolvem, basicamente, a deter- perados de parada cardiorrespiratória.
minação do diagnóstico e prognóstico, além de avaliar o População sadia ou aparentemente normal - 1)
Avaliação de indivíduos com história familiar de
estado funcional do sistema cardiovascular e procedimen-
coronariopatia ou morte súbita precoce; 2) avaliação de
tos terapêuticos clínicos e/ou cirúrgicosl . Podem ser di-
indivíduos com ocupações especiais que possam colocar
vididas didaticamente em gerais e especiais2-4.
em risco a vida de terceiros (pilotos de avião, motoristas,
etc); 3) candidatos a programas de condicionamento físi-
Indicações gerais - Referem-se às situações em que
co com idade superior a 30 (sexo masculino) e 45 (sexo fe-
o TE deve ser realizado por se mostrar de
minino) anos;
grande utilidade no estabelecimento do diagnóstico
e orientação das condutas a serem adotadas, participan-
Indicações especiais- Referem-se às aplicações dos
do especialmente no processo de prevenção primária e
testes em casos específicos e populações selecionadas: 1)
secundária da coronariopatia aterosclerótica obstrutiva. sadios, incluindo atletas para avaliação funcional ou com
Na doença arterial coronária - 1) Avaliação de fins acadêmicos; 2) avaliação funcional em coronariopatas
homens assintomáticos com fatores de risco; 2) avaliação com bloqueio do ramo esquerdo ou Wolff-Parkinson
de homens com dor torácica; 3) avaliação de mulheres White (WPW); 3) avaliação terapêutica na hipertensão
com dor torácica sugestiva; 4) avaliação prognóstica e arterial; 4) estratificação de risco na síndrome de WPW;
evolutiva de portadores de doença coronária crônica, 5) detecção de arritmias em portadores de miocardiopatia
com estudos seriados anuais, de acordo com a condição hipertrófica, forma não obstrutiva; 6) avaliação funcional
clínica; 5) modificações no quadro clínico e/ou em portadores de valvopatias, destacando-se o subgrupo
eletrocardiográfico, desde que se mantenha a situação de de pacientes com prolapso valvar mitral (PVM); 7) avali-
coronariopatia estável e que não constitua contra-indica- ação funcional de pacientes em uso de marcapasso (MP)
ção; 6) avaliação pós-infarto do miocárdio em evolução artificial com resposta variável de frequência, pré determi-
precoce e tardia, não complicada; 7) pré e pós-angioplastia nada ou dependente de biosensores; 8) avaliação funci-
transluminal coronária; 8) pré e pós cirurgia de onal e terapêutica em pacientes com insuficiência cardía-
revascularização do miocárdio; 9) avaliação de terapêutica ca; 9) avaliação funcional em cardiopatias congênitas; 10)
farmacológica, 10) avaliação inicial e seriada de pacientes avaliação funcional em doenças não cardíacas, como
em programas de reabilitação cardiovascular; 11) pneumopatias, doença arterial periférica, asma brônquica
complementação de outros métodos que tenham evidenci- e diabetes; 11) avaliação funcional em crianças, ressaltan-
ado suspeita de doença coronária; 12) investigação de al- do-se as portadoras de sopro inocente ou com disfunções
terações da repolarização ventricular ao eletrocardiograma leves, arritmias e em pós operatório (PO) de correção to-
(ECG) de repouso; 13) perícia médica - pesquisa de doen- tal de cardiopatias congênitas.
ça coronária aterosclerótica obstrutiva para fins trabalhis-
tas, profissionais ou de seguro. Contra-indicações - 1) Angina instável progressiva
ou de repouso; 2) arritmias paroxísticas em crise; 3)
Na hipertensão arterial - 1) Avaliação de arritmias ventriculares complexas não controladas; 4)
hipertensos com dois ou mais fatores risco para doença miocardites e pericardites agudas; 5) bloqueio
arterial coronária; 2) estudo do comportamento da pres- atrioventricular (BAV) de grau elevado e baixa frequência
são arterial (PA) frente ao esforço, fornecendo subsídios ventricular; 6) infarto agudo do miocárdio (IAM) em evo-
para o diagnóstico precoce e avaliação prognóstica para lução instável; 7) estenose aórtica grave; 8) hipertensão
o desenvolvimento de futuros hipertensos. Ainda, definir arterial grave; 9) lesão importante de tronco de coronária
respostas pressóricas do tipo lábil, hipertensão reativa esquerda ou equivalente; 10) embolia pulmonar; 11) qual-
e hipertensão mantida ou fixa; 3) avaliação para indiví- quer enfermidade aguda, febril ou grave; 12) limitação fí-
duos em programa regular de exercícios. sica ou emocional; 13) intoxicação medicamentosa.
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variados; 6) scalp ou butterfly; 7) esparadrapo; 8) equipa- Antitérmico - Dipirona amp lml = 500mg.
mento de aspiração; 9) reanimador ambu-bag; 10) Antiemético- Metoclopramida amp 2ml = l0mg.
laringoscópio com pilhas novas, lâminas curvas e retas Antiespasmódico - Brometo de N-butilescopolamina
pequenas, médias e grandes; 11) cânulas orotraqueais de amp lml = 20mg.
tamanhos variados, sendo pelo menos duas para crianças, Antissépticos - Alcool; álcool iodado ou povidine.
duas para adultos de pequeno e médio porte e duas para Corticoesteróides - Hidrocortisona fresca = 25mg/
adultos de grande porte (numerações variáveis de acordo 100mg/300mg/500mg; 20ml de hidrocortisona equivale a
com a marca); 12) guia metálico para cânulas orotraqueais; 5mg de predinisona; dexametasona 2,4 e 20mg; 0,75mg de
13) abaixador de língua (cânula) tipo Guedel; 14) cateter dexametasona equivale a 5mg de prednisona.
intravenoso: abocath e intracath de tamanhos variados; Anticoagulante - heparina 5ml= 25.000 unidades
15) luvas; 16) gaze e algodão; 17) material convencional (5.000 U/ml); dose inicial = 50-l00 U/kg; manutenção= 10-
para curativos. 20 U/kg.
Medicamentos para emergência médica-Soluções
para reposição volêmica e energética: solução glicosada Orientações ao cliente para o teste de esforço
- 5%; solução fisiológica - 0,9%; solução de glicose - 50%;
Soluções de eletrólitos - Bicarbonato de sódio -
NaHCO3 8,4% lml=lmEq de NaHCO3; cloreto de sódio - Recomendações do clínico ao cliente - a) motivo
NaCl 20% lml=3,4mEq de Na ou Cl; cloreto de potássio - do teste de esforço; b) decidir sobre a suspensão ou ma-
KCl 19,1% lml=2,5mEq de K ou Cl; gluconato de cálcio - nutenção da medicação vigente. Na primeira condição,
gluc Ca 10% lml=1,3mEq de Ca; sulfato de magnésio - delegar ao laboratório o tempo necessário para suspensão
MgSO4 10% lml=1,3 mEq de Mg ou SO. dos fármacos.
Aminas vasoativas - Dopamina - 10ml = 50mg; dose Recomendações do clínico ao laboratório - a) in-
dopaminérgica = 0,5 a 3 ug/kg.min; dose dopa + = 2 a 5 dicações da prova de esforço e dados clínicos do pacien-
ug/kg/min; dose = 5 a 10 ug/kg/min; dose + a = 10 a te; b) informar sobre suspensão de fármacos ou delegar
20 ug/kg/min; dose a >20 ug/kg/min; dobutamina 20 ml= ao laboratório de teste de esforço o tempo (dias) de sus-
250mg; dose somente = 2,5 a 10 ug/kg/min; adrenalina pensão dos medicamentos; c) caso julgue necessário, in-
lml= 1.000 ug; dose = 0,005 a 0,02 ug/kg/min; dose + a dicar protocolos e/ou ergômetros.
= 0,02 ug/kg/min. Recomendações do laboratório de teste de esfor-
Bloqueadores dos canais de cálcio - Nifedipina ço ao cliente na época da marcação do exame - a) ves-
caps= l0mg; verapamil - amp 2ml = 05mg. tuário - preferencialmente calção ou bermuda e calçado
B-bloqueadores - Metoprolol - amp 5ml = 5mg; com solado de borracha tipo tênis. Para as mulheres, acon-
atenolol injetável amp 10ml = 5mg. selha-se a utilização de sutiãs (preferentemente de algo-
dão); b) medidas higieno-dietéticas - abster-se de fumar 3h
Antiarrítmicos - Lidocaína fresco 20ml = 1 ou 2%
antes da prova, com refeição leve 1 ou 2h antes da reali-
(200 ou 400 mg); dose inicial = lmg/kg; manutenção = 1-
zação do exercício. No início da manhã, tomar o desjejum
4mg/min; procainamida amp 5ml = 500mg - dose inicial =
habitual. Evitar bebidas alcoólicas 24h antes do teste; c)
l00mg 5/5min até 1500mg; manutenção = 2-5mg/min;
atividade física prévia - evitar esforços não habituais ou
amiodarona - amp 3ml = 150mg - dose inicial = 5-10mg/kg;
treinamento físico no dia marcado.
manutenção = 5ug/kg/min; quinidina sulfato - comprimi-
Preservar o horário de sono na véspera do exame; d)
dos e amp IV = 200mg; atropina amp l ml = 25 mg ;
suspensão da medicação - havendo a indicação prévia de
prostigmine - amp l ml = 0,5mg.
Digitálico - Lanatosídeo C - amp 2ml = 0,4mg.
Diurético - Furosemida - amp. 2ml = 20mg.
Broncodilatadores - Teofilina - amp 10ml = 240mg; Tabela I - Tempo de suspensão dos medicamentos para a realização
dos TE, quando a principal finalidade é diagnóstica
dose inicial = 6mg/kg em 20min; manutenção = 0,2 - 0,9mg/
kg/h; terbutalina - amp lml = 0,5mg - frasco para inalação= Medicação Dias de suspensão prévia
AAS 1
l0ml. Amiodarona 30
Inalatórios (-agonistas) - Fenoterol β-bloqueadores de 4 a 8
Bloqueadores dos canais de cálcio de 1 a 4
Analgésicos, sedativos, anestésicos e Dipiridamol 1
anticonvulsivantes - Meperidina amp 2ml= l00mg; Digoxina de 7 a 10
Inibidores da ECA 1
diazepan amp 2 ml= l0mg. Diuréticos 3
Vasodilatadores - Nitropussiato de sódio 10ml= Anti-arrítmicos de 3 a 5
50.000 ug; dose média (variável) = 0,5-8 ug/kg/min; Nitrato 1
Metil-dopa e clonidina 1
dinitrato de isosorbitol sublingual cp = 2,5 e 5mg;
mononitrato de isosorbida amp = l0mg; dose EV bolo de Obs: considerando-se que o fenômeno de rebote pode ser evidenciado na
suspensão dos β-bloqueadores e de alguns agentes anti-hipertensivos,
40 a l00mg/kg cada 8 ou 12h. salienta-se a necessidade de retirada gradual do fármaco antes do exame.
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que se assemelhem às manobras respiratórias (valor rência estimular novamente o continuar do esforço, inter-
questionável); durante cada estágio de exercício ou a cri- rompendo a fase de trabalho na 3ª vez; entretanto, na even-
tério médico (condição clínico-eletrocardiográfica impera- tualidade de uma complicação de natureza grave, apesar
tiva); durante a fase de recuperação, até 4 a 10min ou a dos cuidados discutidos, ou as informações obtidas na
critério médico; na presença de arritmias, documentando prova de esforço indiquem uma maior gravidade da doen-
e relatando sua provável origem, complexidade freqüência ça, o laboratório de TE deverá localizar o clínico, decidin-
e momento de aparecimento. do-se conjuntamente a conduta. Na impossibilidade de
contato, o médico presente ao evento deve assumir a con-
Sintomas e sinais - Observação e anotação dos sin- duta do caso, até que possa dividir ou transmitir a respon-
tomas e sinais, tais como palidez, sudorese, tonturas, es- sabilidade da conduta.
tafa física e dispnéia, relacionando-os á condição
hemodinâmica e à resposta eletrocardiográfica frente ao Duplo-produto - Índice que se correlaciona com o
esforço. Há necessidade da caracterização pormenorizada consumo de oxigênio do miocárdio, é obtido pelo produ-
do sintoma dor torácica, avaliando seu modo de apareci- to da FC e PAS, sendo o duplo produto máximo calcula-
mento, momento, intensidade, evolução, caráter, fenôme- do na última fase de esforço, na maior FC e PA
nos acompanhantes e irradiação. As auscultas cardíaca e alcançadas.
pulmonar, além de obrigatórias no exame clínico inicial,
devem ser obrigatoriamente feitas no pós-esforço imedi- Sensação subjetiva de cansaço - A percepção sub-
ato. jetiva da intensidade do esforço pelo cliente pode ser ex-
Critérios de interrupção do esforço7,16-18 - Elevação pressa em valores numéricos (grau de cansaço), contribu-
da pressão arterial diastólica (PAD) 120mmHg nos indo enormemente para a interpretação dos resultados.
normotensos; elevação da PAD 140mmHg nos Mais comumente se emprega uma das duas escalas de
hipertensos; queda sustentada da pressão arterial Borg, que variam de 0 a 10 ou de 6 a 20, representando,
sistólica (PAS); elevação acentuada da PAS 260mmHg; respectivamente, sensação de esforço “muito fácil” ou
manifestação clínica de desconforto torácico que se exa-
“exaustivo” (explícitas no tema “Respostas Clínicas e
cerba com o aumento da carga ou que se associa com al-
Eletrocardiográficas ao Esforço”). Tal avaliação por par-
terações eletrocardiográficas de isquemia; ataxia, tontura,
te do paciente pode ser solicitada minuto a minuto ou a
palidez e pré-síncope; dispnéia desproporcional à inten-
cada estágio do exercício.
sidade do esforço; infradesnível do segmento ST 0,3mV
ou 3mm, adicional aos valores de repouso; supradesnível
Ergômetros - Equipamentos destinados à aplicação
do segmento ST 0,2mV ou 2mm, em derivação que obser-
de esforço físico graduado e capazes de medir o trabalho
ve região não infartada; arritmia ventricular complexa; apa-
realizado, sendo a esteira rolante e o cicloergômetro os de
recimento de taquicardia paroxística supraventricular sus-
maior difusão. A despeito da semelhança de resultados
tentada, taquicardia atrial, fibrilação atrial, BAV de 2º e 3º
graus; claudicação progressiva de membros inferiores; obtidos em testes realizados com os dois tipos de
exaustão de membros inferiores; exaustão física; sintomas ergômetros e da igual capacidade diagnóstica quanto à
ou sinais de insuficiência ventricular esquerda, com aten- detecção de alterações isquêmicas, devem ser ressaltadas
ção especial no indivíduo idoso, uma vez que o achado de algumas diferenças entre as duas metodologias, úteis na
estertores crepitantes à ausculta pulmonar não é decisão sobre sua utilização na rotina diária (quadro I).
infreqüente, mesmo na ausência de sintomas; falência dos
sistemas de monitorização e/ou de registro. Bicicleta ergométrica - Sugestões para a utilização
de protocolos15: protocolo de Balke -incremento de cargas
Profilaxia das complicações do teste de esforço - - de 25w a cada 2min; indivíduos jovens e hígidos - inici-
Referem-se aos procedimentos médicos e técnicos ar com 50w; indivíduos limitados - iniciar com carga livre;
especializados que têm como finalidade minimizar a pos- demais indivíduos - começar com 25w. Estimativa do
sibilidade de intercorrências, bem como sugerir condutas VO2máx para cicloergômetro: VO2máx = 12 x W + 300/Peso
frente aos eventos e em condições que necessitam de cui- (kg), onde W = carga em watts.
dados especiais: permite-se o apoio das mãos nos supor-
tes laterais e frontais da esteira durante a realização do Testes de esteira rolante - sugestões para aplicação
exercício, a despeito de prejudicar a avaliação do gasto de protocolos9,10, 15 :
energético; a desaceleração deve ser lenta na fase de re-
cuperação, para evitar hipotensão arterial e bradiarritmia Protocolo de Bruce - É o mais utilizado em nosso
ocasionadas por interrupção brusca do esforço, com meio, com aumentos progressivos da velocidade e da in-
concomitante reação vaso-vagal (posição supina); dian- clinação. Como o incremento de trabalho é grande (não li-
te do cansaço relatado pelo cliente aconselha-se: na 1ª near), deve ser usado com prudência em indivíduos com
vez, prosseguir com o exercício desde que não haja sinais limitações clínicas. Está preferentemente indicado para
objetivos de anormalidades cardiovasculares. Na 2ª refe- estabelecimento de diagnóstico e/ou avaliação da
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Quadro I - Análise comparativa entre cicloergômetro e esteira rolante Tabela II - Protocolo de Bruce
Aspectos operacionais Cicloergômetro Esteira rolante Estágio Km/h MPH Inclin % minutos VO MET
Custo Muito menor Muito maior 2
mulheres: VO2 = 2,74 x t (min) + 8,03; t= duração em minu- 1 1,6 1,0 0% 2 5,4 1,5
tos 2 3,2 2,0 0% 2 7,0 2,0
3 3,2 2,0 3,5% 2 10,5 3,0
4 3,2 2,0 7% 2 14,0 4,0
Protocolo de Ellestad - De aplicação semelhante, 5 3,2 2,0 10,5% 2 17,5 5,0
6 3,2 2,0 14% 2 21,0 6,0
mas menos utilizado do que o protocolo de Bruce, empre- 7 3,2 2,0 17,5% 2 24,5 7,0
ga também aumentos expressivos de carga a partir do 3º 8 3,2 2,0 20% 2 28 8,0
estágio (tab. III). km/h e MPH representam a velocidade da esteira; Inclin % a elevação da
rampa em relação à horizontal ; VO o consumo de oxigênio (ml . kg . min) e
2
Protocolo de Naughton - Reservado a indivíduos MET o consumo de oxigênio em unidades metabólicas.
Pós-angioplastia transluminal coronária (ATC) - Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) - Por que
Não há consenso quanto à época ideal para a realização. A fazer - Dentro da finalidade diagnóstica, a avaliação ob-
jetiva da capacidade funcional e a análise da reserva car-
despeito de alguns estudos sugerirem o TE precoce como
díaca e seus componentes impõe-se como elementos prin-
fator de complicação pós ATC, é realizado desde 24/48h
cipais. Na avaliação prognóstica, destaca-se a
após um procedimento com sucesso ou, mais tardiamente,
estratificação de risco e na terapêutica, a prescrição da ati-
com intervalos de 30, 90, 180 dias e a cada ano ou ainda,
vidade física, a avaliação da terapia medicamentosa e a
sempre que houver modificações significativas na evolução contribuição para a indicação de transplante cardíaco.
clínica. O maior poder, tanto diagnóstico quanto prognós- Tabelas baseadas na determinação direta do consumo
tico, é conseguido quando está disponível, para compara- máximo de oxigênio e na medida do limiar anaeróbio con-
ção, o TE pré-procedimento. tribuem, com grande propriedade, para a avaliação
diagnóstica e prognóstica na ICC (tab. V)22.
Pós-trombólise (química e/ou mecânica) - Também Quando e como fazer - Na condição de estabilida-
não há consenso quanto ao momento da realização. Pode- de da insuficiência cardíaca, para avaliação dos efeitos de
rá ser feito antes da alta hospitalar, a critério clínico.
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Tabela V - Avaliação diagnóstica e prognóstica da ICC pelo grau de Cirurgia cardíaca - Basicamente as variáveis do
incapacitação medico no TE, segundo Weber e Janicki teste relacionadas à avaliação da função ventricular são
as de maior importância na avaliação de risco pré-opera-
Grau de incapacitação VO LA IC
2
tório e de maior valor preditivo na evolução pós-operató-
Pouco ou nenhum >20 >14 >8 ria.
Leve a moderado 16 a 20 11 a 14 6a8
Moderado a grave 10 a 16 8 a 11 4a6
Grave <10 <8 <4 Marcapasso - São finalidades principais dos TE, a
O prognóstico a médio e longo prazo costuma ser bom quando VO avaliação do paciente em fases pré e pós-implante, auxili-
≥10ml.kg.min e LA >8ml.kg.min; VO - consumo máximo de oxigênio; ar na seleção do modelo a ser implantado e no funciona-
2máx
LA-
2
liminar anaeróbio; IC- índice cardíaco.
mento propriamente dito do marcapasso (comando e sen-
programas de reabilitação física (ao nível periférico e cen- sibilidade), além de estudar a adequação do modo de
tral) e de novos métodos terapêuticos. Devem ser utiliza- estimulação ao paciente, especialmente nos aparelhos com
dos protocolos atenuados (incremento máximo de resposta programável de freqüência.
2 METS por estágio), recomendando-se, na rotina diária, Quando fazer - sempre que possível, a prova deve ser
a utilização da escala de Borg para a classificação subje- realizada antes do implante, no 1° mês de PO e seriadamente
tiva de tolerância ao esforço. Para maior acurácia da ava- a cada 6 meses (aparelhos com resposta de frequência) ou
liação funcional é desejável a determinação do limiar ainda, quando houver suspeita de mau funcionamento do
anaeróbio. sistema gerador/eletrodo ou piora clínica.
Como fazer - em pacientes com boa função
Arritmias cardíacas23 - O valor das provas de es- ventricular, utilizar a metodologia convencional; nos com
forço para o diagnóstico das arritmias cardíacas ainda não déficit ventricular, protocolos atenuados e em pacientes
está completamente estabelecido, baseando-se sua utili- com sensor mecânico, utilizar protocolos sem inclinação
zação na relação custo/benefício, corroborada pelo médi- da esteira. Não usar bicicleta ergométrica. Deve-se ressal-
co assistente. Sua reprodutibilidade (menor para extra- tar que a avaliação de MP é voltada predominantemente
sistolia ventricular e maior para a taquicardia ventricular a protocolos de pesquisa, de menor utilização na rotina
e outras arritmias complexas - grau III e IV de Lown) e seu diária. Obs: a análise das alterações de ST em portadores
comportamento durante e após o exercício apresentam de MP está prejudicada pelas alterações da impedância
grande variação, mesmo na presença de suspeita clínica. celular, que podem simular isquemia miocárdica. É indis-
A despeito destas constatações, o TE tem como finalida- pensável que o examinador tenha conhecimento básico do
des (porque fazer), nesta entidade, a detecção de arritmias sistema implantado, para o correto atendimento de even-
induzidas pelo exercício, a avaliação do comportamento de tuais emergências desencadeadas pelo exercício.
arritmias frente ao esforço padronizado, dos sintomas e/
ou sinais potencialmente decorrentes, além de avaliação Hipertensão arterial (HAS) - Porque fazer - para a
de terapêutica medicamentosa, cirúrgica ou ablação por identificação precoce de hipertensos24 em populações
radiofreqüência. com fatores de risco, para avaliação do comportamento da
Obs: os resultados do TE devem ser criteriosamente curva de PA ao esforço em indivíduos com níveis basais
avaliados quando outros tipos de esforço são realizados limítrofes e/ou hipertensão lábil e da resposta tensional ao
em condições diversas daquelas do teste. esforço em pacientes sabidamente hipertensos. Ainda,
Como fazer - O TE deve ser limitado por sintomas, como auxiliar no diagnóstico de eventual envolvimento
sendo interrompido na vigência de arritmias ventriculares cardíaco associado ou conseqüente à HAS, no controle
complexas, taquicardias ventricular (formas rápida e len- de hipertensos em programa de condicionamento físico e
ta) ou supraventricular sustentadas ou equivalentes. na avaliação terapêutica. Como fazer - Teste limitado por
Deve-se ressaltar que o período pós-esforço imediato sintomas, com protocolos convencionais. Não deve ser
costuma ser o momento de maior vulnerabilidade iniciado em indivíduos com PAD 130mmHg, independente
miocárdica para o aparecimento ou intensificação de do nível de PAS. Em pacientes com comportamento
arritmias e que a abolição da extra-sistolia ventricular pela hemodinâmico adequado, o nível de PAS não constitui
elevação da FC (overdrive suppression) não confere obri- critério absoluto de interrupção, recomendando-se a ces-
gatoriamente características de benignidade à arritmia. sação do exercício quando a PAD alcançar valores
140mmHg. Entretanto, a queda persistente e progressiva
Avaliação de risco cirúrgico (cirurgia não cardía- da PAS é considerada como obrigatória para o interrom-
ca) - O TE não é recomendado como rotina de avaliação per do esforço.
pré-operatória, uma vez que seus resultados carecem de
valor preditivo para definir o risco pré-operatório e os re- Cardiopatias congênitas - Porque fazer - na avalia-
sultados pós-operatórios (PO) em cirurgias de grande por- ção da repercussão da afecção sobre a capacidade funci-
te. onal, na detecção de arritmias e/ou distúrbios de condu-
ção, na análise da curva de PA em portadores de
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coarctação de aorta operada, na avaliação da resposta Distúrbios da condução e/ou formação do estímulo
cronotrópica ventricular e atrial, na condição de BAV to- - Princípios gerais: o objetivo primordial volta-se à aná-
tal congênito e como prova controle em relação aos tes- lise da reserva dromotrópica ao nível atrioventricular e
tes PO. Ainda, o teste pode ser empregado como elemen- intraventricular. Pode ser realizado na grande maioria dos
to decisório na liberação para a atividade física, em por- distúrbios da condução atrioventricular (AV) e
tadores de sopro inocente ou cardiopatias com pequena intraventricular (IV), desde que hemodinamicamente está-
ou repercussão hemodinâmica inexpressiva. veis. Respeitadas tais condições, os testes aplicam-se ba-
Obs: o TE não é recomendado nas cardiopatias con- sicamente para a avaliação da capacidade funcional, iden-
gênitas cianóticas não corrigidas. tificação de arritmias de risco e auxílio na orientação da
conduta clínica. Na presença de bloqueio do ramo esquer-
Valvopatias - Porque fazer - para avaliação da capa- do fica prejudicada a análise morfológica do ECG (seg-
cidade funcional e obtenção de subsídios para indicação mento ST), estando preservados os demais parâmetros.
cirúrgica. Por exemplo, na estenose mitral, observa-se re- No bloqueio do ramo direito entretanto, é possível a aná-
lação entre tolerância ao exercício e área valvar. Nos por- lise de derivações esquerdas, não sendo valorizadas as
tadores de estenose aórtica, manifestações de baixo débito alterações encontradas em derivacões direitas. Distúrbios
constituem sinais de gravidade. Ainda, detectar arritmias da condução IV induzidos pelo esforço não estão neces-
induzidas pelo esforço e acompanhamento da evolução sariamente associados a cardiopatias e síndromes de pré-
clínica tanto pré e pós-operatória. Quando fazer - para excitação não contra-indicam o exame. Podem surgir, de-
estudo pré-operatório e evolução seriada pós-operatória saparecer ou não se alterar com o esforço. Quando pre-
a intervalos de 1 a 3 anos, para documentar a progressão sentes, ou na exteriorização de WPW ou variantes de pré-
da doença e o efeito de qualquer intervenção terapêutica. excitação, também invalidam a análise morfológica.
Como fazer - o teste deve ser limitado por sintomas, com
o emprego de protocolos atenuados nos pacientes com Prolapso valvar mitral - Entidade freqüente na po-
estenose mitral e naqueles em classe funcional III e IV pulação geral (entre 10 e 15%) e com diagnóstico confir-
(NYHA). Nas disfunções aórticas (insuficiência aórtica) mado à ecocardiografia, varia em incidência de acordo aos
todos os protocolos podem ser utilizados, utilizando sem- critérios utilizados pelos diferentes serviços. Habitualmen-
pre o mesmo protocolo para avaliações comparativas. te presente na população sem fatores de risco para doença
Obs: os parâmetros valorizados na estenose aórtica coronária, predomina na população mais jovem e do sexo
englobam: curva de PAS, arritmias, manifestações clínicas feminino, podendo apresentar um conjunto de sinais/sin-
induzidas pelo esforço e desníveis do segmento ST, mes- tomas que caracterizam a síndrome do prolapso. Arritmias
mo na vigência de sobrecarga ventricular esquerda. Com- cardíacas e/ou alterações características do segmento ST
portamento anormal de PA frente ao esforço (resposta podem estar presentes desde o repouso, predominante-
hipotensora) fornece subsídios importantes na identifica- mente restritas à região inferior, sem que isto indique
ção de pacientes com lesão valvar severa. Cuidados es- isquemia miocárdica. Outros achados não específicos po-
peciais devem ser empregados nestes pacientes, com afe- dem também estar presentes, como comportamento depri-
rição minuto a minuto da PA e desaquecimento lento após mido de PAS ao esforço, presença de dor torácica
o cessar do exercício. incaracterística, etc. De especial importância reveste-se a
aplicação das provas de esforço nos portadores de dege-
Miocardiopatias - Regras gerais: em portadores de neração mixomatosa com incompetência valvar, que visam
qualquer tipo de miocardiopatia o TE é utilizado para de- obter informações indiretas relativas ao estado da função
terminação da capacidade funcional e avaliação da ventricular, através da curva pressórica, comportamento
vulnerabilidade e comportamento de arritmias ao esforço. de arritmias e sinais de insuficiência ventricular esquerda
Na miocardiopatia dilatada, as aplicações das provas de
durante o exercício. Alterações morfológicas restritas ao
esforço são semelhantes às na insuficiência cardíaca. Na
período de recuperação, que perduram até a fase tardia
miocardiopatia restritiva e na hipertrofia septal assimétrica
(8min) pós-esforço, desde que resguardadas as caracterís-
com obstrução da via de saída, o TE está contra-indica-
ticas populacionais já descritas (baixa prevalência de do-
do. Na forma não obstrutiva, protocolos convencionais
ença coronária), são freqüentes em portadores de
poderão ser empregados mas com cuidados especiais ao
cardiopatia não aterosclerótica, mormente de PVM.
aparecimento de sinais de obstrução dinâmica, como
arritmias ventriculares, queda de PAS e sintomas e sinais
clínicos de baixo débito (tonturas, alterações visuais, Perícia médica - Atualmente, com crescente impor-
claudicação em membros inferiores, sudorese fria com tância, a realização dos TE objetiva complementar a ava-
vasoconstrição periférica, etc). Na miocardiopatia liação do estado de saúde vigente, autorizando o
chagásica o TE poderá ser realizado segundo protocolos retorno do indivíduo ao trabalho, readequando-o em no-
convencionais, sendo que a presença de arritmias vas funções de acordo com a capacidade funcional obti-
ventriculares em repouso não contra-indica o exame. da ou incapacitando-o indefinidamente. No subgrupo de
portadores de insuficiência coronariana em fase de
202 Consenso Nacional de Ergometria Arq Bras Cardiol
Volume 65, (nº 2), 1995
miocardiopatia isquêmica, refratária à terapêutica emprega- Tabela Vl - Classificação da capacidade aeróbia baseada no consumo
da, o TE é elemento importante na definição de resposta máximo de oxigênio (VO , em ml.kg.mm) obtido
2máx
isquêmica grave e disfunção ventricular (variáveis defini- Idade Muito Fraca Regular Boa Excelente
das durante o Consenso de Cardiopatia Grave da SBC). fraca (média)
Em nosso meio, revestem-se também de importância os Homens:
portadores de miocardiopatia chagásica crônica, nas for- 20-29 < 24 24-30 31-37 38-48 49 ou >
mas arrítmica e dilatada (ICC), representando enorme car- 30-39 < 20 20-27 28-33 34-44 45 ou >
40-49 < 17 17-23 24-30 31-41 42 ou >
ga tributária para a União. Neste grupo, os TE auxiliam na 50-59 < 15 15-20 21-27 28-37 38 ou >
avaliação da reserva miocárdica e do efeito de procedi- 60-69 < 13 13-17 18-23 24-34 35 ou >
mentos clínico-cirúrgicos (marcapsso), readaptando-os Mulheres:
funcionalmente.
20-29 < 25 25-33 34-42 43-52 53 on >
30-39 < 23 23-30 31-38 39-48 49 ou >
40-49 < 20 20~26 27-35 36-44 45 ou >
Indivíduos aparentemente sadios 50-59 < 18 18-24 25-33 34-42 43 ou >
60-69 < 16 16-22 23-30 31-40 41 ou >
utilizados rotineiramente em esteira rolante ou bicicleta
Com os subgrupos de candidatos às provas de es- ergométrica, pode ser realizada com razoável precisão.
forço nesta população já definidos (módulo de indicações Ainda, pode-se prever o VO2máx, em função da idade, com
e contra-indicações dos TE), deve-se ressaltar que os ob- valores obtidos por equações que utilizam como referên-
jetivos principais voltam-se à avaliação funcional, à mo- cia os dados regulares das tabelas de avaliação da capa-
tivação para mudança de hábitos de vida (correção dos cidade funcional: VO2máx previsto: homens: VO2máx = 60 -
fatores de risco), à programação de exercícios físicos e à 0,55 x idade; mulheres: VO2máx= 48 - 0,37 x idade.
complementação de avaliação clínica rotineira. Dada a bai-
xa prevalência de doença coronariana neste grupo, veri- Obs: idade em anos e o VO2máx em ml.kg.min.
fica-se que dentre os resultados anormais é elevada a in- Recomenda-se a tabela da American Heart
cidência de respostas “falso positivas” para a afecção Association (AHA) para a avaliação da capacidade fun-
propriamente dita. O valor preditivo para incidência de cional (tab. VI), sendo o consumo máximo de oxigênio ex-
eventos futuros (angina, IAM e morte) é pequeno deven- presso em equivalentes metabólicos denominados MET
do, em casos selecionados, haver investigação comple- (um equivalente metabólico correspondente ao consumo
mentar a partir de um resultado alterado. Portanto, não de oxigênio de 3,5ml.kg.min para um indivíduo em condi-
está recomendada a aplicação indiscriminada dos TE ções de repouso supino). Se os valores medidos do VO2máx
como elemento de apoio ao diagnóstico, nesta população. estão dentro dos valores previstos para o paciente,
sugerese ausência de comprometimento significativo da
RESPOSTAS CLÍNICAS E ventilação pulmonar e trocas respiratórias, débito cardía-
co (DC) e sua distribuição ou função muscular. O achado
ELETROCARDIOGRÁFICAS de capacidade funcional muito baixa, na ausência de gran-
FRENTE AO ESFORÇO de sedentarismo e mesmo sem sintomas, pode estar asso-
ciado à disfunção ventricular esquerda. Por outro lado,
boa tolerância ao esforço também pode estar presente em
pacientes com disfunção ventricular esquerda evidente.
Respostas eletrocordiográficas
Fig. 6 - Modificações eletrocardiográficas nornais durante o exercício.
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Arq Bras Cardiol 205
Volume 65, (nº 2), 1995
apiculada e de maior amplitude com a elevação da FC, sem deve ser avaliada em portadores de bloqueio de ramo, re-
mudanças expressivas na duracão. É melhor avaliada em gião acometida de infarto do miocárdio ou síndrome de
derivações inferiores; segmento PR - tem sua duração di- pré-excitação. Da mesma forma, a diminuição ou desapa-
minuída, tornando-se infradesnivelado por influência da recimento de Q associa-se a desnivelamentos verdadeiros
onda Ta de repolarização atrial; onda Q - em geral aumen- positivos de ST, enquanto seu aumento aos falso-positi-
ta discretamente de amplitude, quando analisada em CM5 vos29,30; onda R - tem sua amplitude afetada por um gran-
ao final da fase de exercício; onda R - analisada preferenci- de número de fatores, sendo atualmente sem valor diag-
almente em CM5, tem ampla gama de variações diminuindo, nóstico seu comportamento frente ao exercício; onda S -
em geral, em níveis máximos de FC e no período de recupe- sem valor específico para o diagnóstico de isquemia du-
ração imediato; onda S - aumenta de amplitude à medida rante o exercício; segmento ST - os deslocamentos nega-
que a onda R diminui; ponto J - apresenta tivos e positivos, visibilizados pelo observador em relação
infradesnivelamento progressivo até o esforço máximo, pre- à linha de base do ECG, são as manifestações mais fre-
sente também no período de recuperação imediato; seg- qüentes relacionadas à isquemia do miocárdio.
mento ST- habitualmente ocorre infradesnivelamento as-
cendente e progressivo até o esforço máximo, a partir do Infradesnivelamento - É a mais comum das manifes-
ponto J, mas com rápido retorno à linha de base, antes de tações de isquemia induzida pelo exercício, apresentando-
0,08s ou 80ms; onda T - de morfologia variável, aumentando se morfologicamente sob três formas: horizontal, descen-
mais comumente de amplitude em níveis máximos de FC e dente e ascendente lento. Sua quantificação tem sido de-
no período de recuperação imediato; onda U - normalmen- finida de várias maneiras, encontrando valores
te positiva, tem sua análise prejudicada durante o exercício, discriminativos diferentes para as populações estudadas.
ficando mascarada pela fusão das ondas T e P decorrente Em nosso meio, de modo a se definir uma melhor relação
da elevação da FC. custo-benefício para o procedimento, foram normatizadas
Respostas anormais - Onda P - o aumento da fase as alterações com os seguintes valores: horizontal = lmm
negativa nas derivações V l e/ou V 2 poderia indicar (0,10mV) ou mais, medido na origem do segmento ST (pon-
disfunção ventricular esquerda; segmento PR - avaliação to J) e com uma duração 0,08s (80ms)17; descendente =
ainda indefinida; onda Q - a diminuição de amplitude ou 1mm (0,l0mV) ou mais, medido na origem do segmento ST
desaparecimento durante ou após o exercício poderiam (ponto J)17; ascendente lento = 1,5mm (0,l5mV) ou mais
indicar isquemia septal, em populações selecionadas. O medido no ponto Y (80ms após o ponto J)31.
aparecimento de vetores septais contralaterais de Obs: o infradesnível de aspecto descendente do
isquemia, somados aos vetores opostos de segmento ST indica maiores especificidade e gravidade
despolarização septal normal, resultariam em diminuição que o horizontal e ambos, por sua vez, de maior repercus-
ou desaparecimento do vetor resultante final. De peque- são que o segmento ST ascendente lento. Alguns auto-
no valor quando a deflexão é analisada isoladamente, não res recomendam valores diferentes dos acima citados para
o sexo feminino. O infradesnível convexo representa pro-
vavelmente uma variante do normal, porém, quando a de-
pressão atinge 1,5mm ou mais no nadir do segmento ST,
pode estar relacionada à disfunção miocárdica.
Infradesnivelamento arredondado: morfologia pouco fre-
qüente, com o aspecto descrito do segmento ST, valori-
zado com 2mm ou mais de depressão no ponto Y.
.
Infradesnivelamento no período pós esforço (recu-
peração) - Valorizado atualmente de maneira semelhante
às alterações observadas no esforço, sendo que a recu-
peração ativa (caminhada após o esforço máximo) pode
mascarar as alterações de ST nesta fase.
alcoólica recente ou com excesso de cafeína e aumentan- resultados, devido justamente à sua dificuldade em
do em intensidade com o progredir da idade. As arritmias distingüir, com precisão, aqueles que têm ou não doença
sinusais, com períodos de bradicardia sinusal e MP migra- arterial coronária (DAC). Durante muitos anos, o TE foi
tório também são relativamente comuns, mormente antes interpretado como positivo, sugerindo a presença de DAC
e após o esforço. Por outro lado, a taquicardia paroxística e negativo, a ausência de DAC. A correlação entre os
supraventricular, fibrilação e flutter atriais são considera- achados da cinecoronariografia (considerada até então
dos achados anormais, menos freqüentes, podendo ocor- como o padrão ouro, a despeito de suas inúmeras limita-
rer em indivíduos com doença reumática, hipertireoidismo, ções) e as alterações do ECG de esforço, não tardou a de-
miocardiopatias, síndrome de WPW, ou, menos monstrar que o método não constituía o identificador mais
freqüentemente, em indivíduos sadios. fidedigno para o diagnóstico anatômico de DAC. Esta
comparação, considerando-se basicamente o TE como um
Arritmias ventriculares - De elevada incidência método de investigação do fenômeno isquêmico ao nível
durante e após o exercício, têm sua prevalência diretamen- celular e a cinecoronariografia, método de visibilização da
te relacionada à idade. Trabalhos conjuntos com anatomia arterial até o limite de 100 micra, deve ser feita de
eletrocardiografia dinâmica relatam uma ocorrência em até forma criteriosa36. Ainda, torna-se importante enfatizar que
50% dos exames de indivíduos considerados normais as mudanças no segmento ST induzidas pelo exercício re-
quanto ao aparelho cardiovascular. As extra-sístoles fletem, especificamente, alterações metabólicas e elétricas
ventriculares isoladas são os fenômenos predominantes, nos ventrículos18 e, somente de maneira indireta, a anato-
com comportamentos variados no transcorrer do teste, mia coronariana. Devido a tais fatores e mantendo-se a
podendo ser induzidas ou suprimidas pelo exercício, es- cinecoronariografia como base de comparação, verificam-
tar presentes desde o repouso ou mesmo, só se intensifi- se resultados denominados falso-positivos em uma média
car ou manifestar-se após o esforço, tanto em indivíduos de 10 a 20%, com uma variação de 0 a 63% nos diversos
normais como em pacientes com doença coronariana23. estudos19,37. Os falso-negativos variam de 12 a 73%, sen-
As induzidas pelo exercício são consideradas anormais do ao redor de 25% nos pacientes com coronariopatia
quando ocorrem em número superior a 10 extra-sístoles obstrutiva significativa e nível submáximo de esforço re-
monomórficas por minuto, manifestando-se durante o exer- alizado. Por outro lado, a história natural da doença
cício ou no período de recuperação ou, ainda, quando coronária mostra que o prognóstico depende da quanti-
apresentarem maior complexidade (polimórficas, aos pares, dade de miocárdio viável e em risco, refletindo na função
em salva, taquicardia ventricular). Quando presentes em ventricular o fator determinante. Surgiram, a partir dessas
repouso, o aumento da freqüência ou complexidade das afirmações, outros métodos complementares associados
extra-sístoles nas fases subseqüentes deve ser valoriza- ao TE com o intuito de melhorar os índices de diagnósti-
do. A especificidade para o diagnóstico de isquemia é bai- co e prognóstico, além de fornecer subsídios para avalia-
xa, elevando-se quando a arritmia é induzida em baixo ní- ção da reserva funcional coronária frente ao esforço, para
vel de trabalho e associada a alterações do segmento ST melhor triagem de pacientes candidatos a estudos
ou outros elementos de maior valor preditivo23,35. Períodos invasivos e adequação terapêutica.
ocasionais de taquicardia ventricular não sustentada po-
dem ocorrer em indivíduos aparentemente normais, prin- lndicações para associação de metodologia
cipalmente em mais idosos e geralmente próximos ao pico complementar ao TE
máximo de exercício, não associando-se a maiores
morbidade e mortalidade, tendência contrária nos
cardiopatas. Testes anormais em portadores de - Doença cardí-
aca valvar; doença cardíaca congênita; miocardiopatias;
HAS; hipertrofia ventricular esquerda (inclusive a do atle-
ta); duplo produto elevado; bloqueio do ramo esquerdo;
TESTE ERGOMÉTRICO EM bloqueio do ramo direito induzido ao esforço; síndrome
ASSOCIAÇAO COM OUTROS de WPW; variantes da síndrome de pré-excitação; PVM;
MÉTODOS controle evolutivo de revascularização do miocárdio;
infarto do miocárdio com supradesnivelamento do seg-
mento ST em área eletricamente inativa; outras condições
A aplicação dos TE na prática clínica têm ampla acei- que promovam sobrecarga ventricular esquerda; utiliza-
tação mas, quando em populações não selecionadas, de- ção de fármacos específicos (compostos digitálicos,
monstra limitado valor discriminativo entre a definição de hormônios femininos).
saúde e doença. Seu maior valor está na capacidade de
identificar, precocemente, uma parcela de pacientes con- Testes normais nos pacientes - Com ou sem infarto
siderada de alto risco e permitir, assim, a instituição de um prévio do miocárdio, com os seguintes achados: incompe-
programa efetivo em prevenir futuras disfunções. Mesmo tência cronotrópica e/ou capacidade funcional <5 METS e/
assim, ainda persistem algumas controvérsias quanto aos ou déficit inotrópico e/ou arritmias complexas induzidas
208 Consenso Nacional de Ergometria Arq Bras Cardiol
Volume 65, (nº 2), 1995
infarto do miocárdio em evolução recente ou com antece- Ecocardiografia associada a esforço dinâmico - É
dentes de cefaléia vascular. um método eficiente para a avaliação da função sistólica
global e segmentar do VE, na pesquisa de isquemia
Critérios de interrupção - Semelhantes para o miocárdica e na avaliação funcional de miocardiopatias e
dipiridamol e adenosina (efeitos sistêmicos imediatos), que valvopatias44,45 .
têm como antagonista a aminofilina. O aparecimento de blo- Indicações - Isquemia silenciosa; TE suspeitos (fal-
queios atrioventriculares de alto grau; hipotensão arterial so-positivos ou falso-negativos); TE de esforço conside-
(PAS 80mmHg); infradesnivelamento do segmento ST 2mm, rado anormal pelos padrões eletrocardiográficos em mu-
supradesnivelamento lmm, angina acentuada, cefaléia ou lheres jovens; avaliação medicamentosa; após cirurgia de
hiperventilação importantes e sintomas gastrintestinais são revascularização do miocárdio; pós-infarto do miocárdio;
elementos de alerta. No caso específico da dobutamina, o teste de esforço com FC alcançada inferior a 85% da FC
critério de eficácia será alcançar 85% da FC máxima após o máxima prevista; TE com alterações eletrocardiográficas
término da infusão, além de sinais e/ou sintomas como an- basais; avaliação de valvopatias e miocardiopatias. Para
gina, HAS, PAS 90mmHg, arritmias complexas, o mesmo subgrupo de pacientes com alguma limitação fí-
infradesnivelamento de ST 2mm, hiperventilação ou sínco- sica está alternativamente indicada a prova associada a
pe. Tem como antagonista os -bloqueadores de ação cur- estímulo farmacológico46.
ta. Ergoespirometria - Metodologia que acrescenta à
O dipiridamol e a adenosina são os agentes
ergometria convencional a ventilação pulmonar e variá-
farmacológicos de escolha para se realizar cintilografia de
veis de trocas respiratórias, permitindo avaliação mais
perfusão miocárdica, ficando a dobutamina reservada como
objetiva da capacidade funcional, bem como a análise do
alternativa para pacientes com asma brônquica, doença
limiar anaeróbio.
pulmonar obstrutiva crônica, hipotensão arterial sistólica,
bradicardia significativa e nos bloqueios AV do 2° grau ou Considerações sobre o método - São empregados
maiores. Para o estudo com dipiridamol ou adenosina, re- sistemas que compreendem analisadores de gases e dis-
comenda-se que os pacientes se abstenham por 24h de café, positivos de medida de fluxo ventilatório, acoplados ou
chá, chocolate, bebidas tipo cola e outras substâncias que não ao computador. Uma válvula de baixa resistência com
contenham cafeínas. Todos os procedimentos devem ter duas vias é utilizada, uma das quais o paciente inspira o
supervisão médica direta, exigindo-se o mesmo grau de se- ar atmosfériço e outra para coleta (análise) dos gases ex-
gurança recomendado para o TE, com controles contínuos pirados. Ainda, são empregados fatores de correção como
do ECG, FC, PA e parâmetros clínicos. o STPD (Star~dard TemperaturePressureDry) e o BTPS
(Body Temperature Pressure Saturated), permitindo que
Ventriculografia radioisotópica - No estudo da fun- os valores obtidos possam ser sempre comparados em
ção ventricular ao esforço, segue-se a metodologia conven- qualquer situação de temperatura e pressão atmosférica.
cional dos TE, com monitorização eletrocardiográfica bus- As seguintes variáveis podem ser obtidas:
cando-se complexo QRS de grande amplitude (derivação
bipolar semelhante à MC5) e ausência de blindagem da ra- VO2 volume de oxigênio consumido por mi-
dioatividade por eletrodos de liga metálica na região nuto;
precordial. Com a disponibilidade dos eletrodos de carvão VCO2 volume de dióxido de carbono produzi-
(translúcidos), os problemas de blindagem ficam pratica- do por minuto;
mente eliminados. Não há necessidade de se empregar sis- VE volume de ar expirado por minuto = fre-
temas de múltiplas derivações de monitorização e registro, qüência respiratória x volume corrente
uma vez que a finalidade principal volta-se à avaliação da ou FR x VC;
função sistólica do VE frente ao exercício. VE/VO2 equivalente respiratório de oxigênio;
VE/VCO2 equivalente respiratório de dióxido de
Indicações - Auxiliar na indicação de carbono;
cinecoronariografia, especialmente nos casos não conclu- R=VCO2/VO2 razão de trocas respiratórias (RER);
sivos de cintilografia de perfusão do miocárdio; determinar PETO2 pressão de oxigênio no final da
estenoses limítrofes; estratificar o risco pré-operatório de expiração;
cirurgias não coronarianas; avaliar a eficácia terapêutica; PETCO2 pressão de dióxido de carbono no final
controle evolutivo de valvopatias e miocardiopatias; coad- da expiração;
juvante na indicação de revascularização miocárdica. FEO2 fração expirada de O2;
FECO2 fração expirada de CO2;
Contra - indicações - As mesmas consideradas para VD/VT razão entre espaço morto funcional e
o TE ou provas com estímulo farmacológico. volume corrente;
Obs: pode-se realizar a ventriculografia VO2/FC pulso de oxigênio;
radioisotópica associada ao estresse farmacológico43 com VVM ventilação voluntária máxima (obtida na
dobutamina como opção para os pacientes com alguma li- espirometria convencional).
mitação ou onde o exercício físico não está indicado.
210 Consenso Nacional de Ergometria Arq Bras Cardiol
Volume 65, (nº 2), 1995
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