DOM29NOV

Domingo
29 de Novembro de 2020
Ano 45 • N.º 16189

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR
www.jornaldeangola.co.ao

SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

INAUGURADO ONTEM PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Novo Arquivo Nacional garante

conservação e longevidade
do acervo
Construído numa área de 33 mil metros quadrados, na localidade da
Camama, em Luanda, o novo Arquivo Nacional de Angola está
projectado para garantir a conservação e longevidade de docu-
mentos, revistas, livros, mapas, peças de arte e outro
material de interesse histórico para o país. A estrutura,
inaugurada ontem, pelo Presidente da República, João
Lourenço, tem 69 salas de arquivo, 39 escritórios, oito
laboratórios, três áreas de exposições, nove salas de
formação e um auditório, com capacidade para 300
pessoas, que leva o nome do escritor e nacionalista
Mendes de Carvalho. POLÍTICA • 9

EDIÇÕES NOVEMBRO

NA GUINÉ EQUATORIAL MÚSICO

MEMÓRIAS DR

NESTA EDIÇÃO
Petro tenta hoje vitória Kipedro, um dos focos
diante do Akonangui FC
VÍCTOR SILVA
Diálogo sem corantes DESPORTO • 30 da luta anti-colonial
A PALAVRA DO DIRECTOR • 2 FIM-DE-SEMANA • 22 | 23

LUTO NO JORNALISMO
SOCIEDADE ABORDOU A DOENÇA

Mais de 300 mil em Angola Homenagem a

vivem com Hiv/Sida Teta Lágrimas
Destacou-se a cantar e
POLÍTICA • 9
exaltar a beleza da mulher
e de Luanda , Teta Lágri-
Morreu Adão Gabriel mas morreu há cinco dias.
da Rádio Cinco Um dia desabafou: “faço
DESPORTO • 30 arte para comunicar com
o público”. FIM-DE-SEMANA• 27
OFERTA DE DIVISAS
Bancos preparados
para atender pedidos
ECONOMIA • 18

DR

ÚLTIMAS 24 HORAS

Três óbitos, 79 infectados e 66 recuperados DESTAQUE • 4 a 8

2 OPINIÃO Domingo
29 de Novembro de 2020

PALAVRA
DO DIRECTOR Rua Rainha Ginga, 12-26
IMAGEM DO DIA
Caixa Postal 1312 - Luanda
Redacção: 222 020 174
Telefone geral (PBX): 222 333 344 A venda desregrada de afrodisíacos por pessoas sem preparação em Farmácia, sem saber a condição
Fax: 222 336 073
Telegramas: Proangola clínica dos clientes, além da adesão cega destes últimos, partindo do princípio de que se trata de
Víctor Silva E-mail: ednovembro.dg@nexus.ao
“medicamentos naturais”, dá muito que pensar
DIRECTOR: SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Víctor Silva
DIRECTOR-ADJUNTO:

Diálogo sem corantes

Caetano Júnior
DIRECTOR EXECUTIVO:
Guilhermino Alberto

EDITOR EXECUTIVO:
Diogo Paixão

GRANDE REPÓRTER:
Luísa Rogério
“Tempos extremos” é uma frase muito comum encontrar actualmente
nas redes sociais, para caracterizar as várias situações que dominam EDITORIAS:
POLÍTICA:
o quotidiano, principalmente intramuros, mas também lá fora. São Bernardino Manje (editor-chefe),
Fonseca Bengui (subeditor),
casos e acontecimentos que retratam uma realidade cada vez mais Santos Vilola, Adelina Inácio,
João Dias, César André, Edna Dala,
dura para a maioria dos cidadãos e famílias, levando muitas vezes a Garrido Fragoso, Gabriel Bunga
e César Esteves
posições extremadas, de intolerância, de desespero e frustração.
OPINIÃO:
Perante um quadro semelhante, exige-se o contributo de todos Ambrósio Clemente (editor-chefe),
Faustino Henrique (subeditor)
para a procura das formas mais rápidas e eficazes de dar a volta aos
problemas que estamos com eles, recorrendo aos inputs que não SOCIEDADE:
Nhuca Júnior (editor),
devem ser exclusividade de comités de especialidade ou de gabinetes Alberto Pegado (editor),
José Meireles (editor),
ministeriais, onde se supõe residir todo o conhecimento para dar Rodrigues Cambala, André da Costa,
Kilssia Ferreira, Manuela Gomes,
solução aos grandes desafios que se colocam ao país. Augusto Cuteta, Alexa Sonhi
e Edna Mussalo
A dimensão dos desafios é de tal ordem, que exige o engajamento REGIÕES:
de todos e de cada um, a seu nível, para se ultrapassar com os menores Sérgio Chivaca (editor-chefe),
Béu Pombal (subeditor),
custos esta fase delicada, em que até os países mais desenvolvidos Filipe Eduardo
ECONOMIA:
estão a patinar para contornar. Cristóvão Neto (editor-chefe),
Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena
Um dos factores importantes em momentos destes, e não só, é a José, Natacha Roberto
e Victorino Joaquim
comunicação, que deve fluir e ser a mais transparente possível, para MUNDO:
que todos entendam a mensagem sobre as razões e, também, as Bernardino Fançony (editor-chefe),
António Canepa (Subeditor)
saídas da actual crise. DESPORTO:
Não deve ser uma comunicação musculada, que, em vez de concertar, Amândio Clemente (editor-chefe),
Anaximandro Magalhães (subeditor),
acicata mais os ânimos já de si desajustados, recorrendo a métodos António Cristóvão, Honorato Silva,

ultrapassados no tempo e que se têm provado de efeitos contrapro-

Armindo Pereira, Teresa Luís,
António de Brito e Job Franco REVISTA DA SEMANA
CULTURA:
ducentes. Também não deve ser uma comunicação com ruídos, com António Bequengue (editor-chefe),
muitas voltas, meias verdades ou verdades julgadas absolutas. Francisco Pedro (subeditor),
Amilda dos Santos, Manuel Albano, Sábado, 21 de Novembro Pinto, em representação do Chefe de Estado
Mário Cohen e Roque Silva
Em tempos de crise, como os actuais, o mais avisado é manter uma GENTE E FIM-DE-SEMANA:
Um grupo de jovens realiza no Largo da Inde- angolano, João Lourenço.
comunicação assertiva que reflicta a realidade, sem rodeios nem floridos, António Cruz (editor-chefe),
Isaquiel Cori (editor)
pendência, em Luanda, uma manifestação rei- O Secretariado do Bureau Político do MPLA reunido
e que seja agregadora o suficiente, para não dar espaço a que aproveitadores Edna Cauxeiro (subeditora),
Ferraz Neto (subeditor)
vindicando melhores condições sociais básicas, na sua 13ª sessão ordinária, sob a orientação da vi-
de toda a espécie possam encontrar brechas para estimular o caos e o e Pereira Diniz como emprego, fornecimento de água potável, ce-presidente, Luísa Damião, analisa, a directiva e
pânico, convenientes para os seus propósitos não tão velados assim. EDIÇÕES ESPECIAIS:
Adalberto Ceita, André dos Anjos,
energia eléctrica, educação de qualidade, redução a circular sobre as comemorações do 64º aniversário
E isso foi possível verificar no final Domingos dos Santos
e Leonel Kassana
do preço da cesta básica e um combate transpa- da fundação do partido.
de semana, durante o encontro que A boa comunicação, rente e verdadeiro contra a corrupção.
o Presidente João Lourenço manteve FOTOGRAFIA:
Cento e 73 famílias carenciadas, do distrito da Quarta-feira, 25 de Novembro
com uma centena de jovens repre- o diálogo, não devem ser
Kindala Manuel (editor-chefe),
José Cola (editor),
Dombele Bernardo, Eduardo Pedro, Samba e do bairro da Coreia, em Luanda, bene- Angola gastou, só no ano passado, 1,7 mil milhões
sentantes de diversas correntes de um exclusivo do Presidente João Gomes, Maria Augusta, Miqueias
Machangongo, Mota Ambrósio, ficiam, de uma cesta básica suplementar, numa de dólares com a importação de produtos refinados
Paulo Mulaza, Santos Pedro;
opinião, estratos sociais, associações,
profissões, estudantes e uns não tão
da República, que tem Contreiras Pipa; Vigas da Purificação;
Agostinho Narciso
iniciativa do Grupo empresarial Boa Vida, no âm-
bito do Dia do Pobre, assinalado recentemente.
do petróleo, revela o comunicado da 11ª sessão
ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo
jovens assim, mas que também qui- auxiliares e colaboradores CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Presidente da República, João Lourenço.
seram engalanar a sala. suficientes, para também Adão Diogo (Lunda-Sul),
Bernardo Capita (Cabinda),
Domingo, 22 de Novembro O Conselho de Ministros aprova o diploma que
E, sem muitas voltas, o Presidente Vladimir Prata (Namibe), Os salários, até 100 mil kwanzas, de trabalhadores estabelece as regras que disciplinam as modali-
resumiu a difícil situação que o país a praticarem, assumindo
Isidoro Natalício (Cuanza-Norte),
Pedro Bica (Bengo), agrícolas e domésticos, passam a estar isentos dades de ensino à distância e semi-presencial no
vive devido à crise económica e fi- as suas responsabilidades,
Jaime Azulay (Benguela),
Jesus Silva (Lobito),
Estanislau Costa (Huíla),
do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho ensino primário e secundário.
nanceira que já vem desde 2014, não sacudindo a água João Mavinga (Zaire),
Joaquim Aguiar (Lunda-Norte),
(IRT), desde que as pessoas em causa estejam Os generais Leopoldino Nascimento “Dino” e Hél-
com a queda do preço do principal Silvino Paulo (Uíge), inscritas no Instituto Nacional de Segurança der Vieira Dias Júnior “Kopelipa” estão proibidos
produto de exportação, a que se do capote ou encolhendo
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
Luís Pedro (Cuanza-Sul),
Quinito Kanhamei (Cunene),
Social (INSS). de se ausentar do país, por decisão da Procurado-
juntou, este ano, a pandemia do no- os ombros, como, Samuel António (Moxico),
João Constantino (Bié),
O ex-secretário-geral da FNLA, Pedro Dala, mi- ria-Geral da República (PGR), no âmbito do pro-
vo coronavírus. nimiza, a sua destituição do cargo, considerando cesso-crime que corre na Direcção Nacional de In-
Estas são as razões de fundo e todos infelizmente,
José Chaves (Andulo),
Miguel Ângelo (Huambo),
Francisco Curinhingana (Malanje) ser, ainda, o titular, até uma decisão do Tribunal vestigação e Acção Penal (DNIAP) contra ambos.
os esclarecimentos dados nas respos- também acontece PAGINAÇÃO E ARTE: Constitucional, onde apresentou um pedido de
tas às intervenções foram pormenores Salvador Escórcio (Editor), Soares Neto,
Eugénia Víctor, Adilson Santos, Augusta impugnação do acto promovido pelo presidente Quinta-feira, 26 de Novembro
que têm a ver com o programa de governação sufragado nas urnas e cuja Lucéu, Tomás Cruz, Noé Pungue, Bruno
Bernardo, Luquemba Pedro, Evaristo do partido, Lucas Ngonda. O Presidente da República, João Manuel Gon
execução será avaliada pelo povo no próximo pleito eleitoral. Sacupalica, João Augusto, Josefa Abreu,
Maria Messele, Alberto Bumba, Inês A UNITA exige a conclusão do pacote legislativo çalves Lourenço, mantém encontro de aus
O “bicho-de-sete-cabeças” que andava a tirar o sono a muitos di- Quingando, Margarida Zilungo, Maria da
Silva, Saldanha Pedro, Raúl Geremias, autárquico até Dezembro, para permitir a realização cultação com jovens de várias associações no
rigentes e responsáveis, levando-os, não poucas vezes, a cometer António Quipuna, Henrique Faztudo
das eleições autárquicas em 2021. Segundo o co- Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.
erros sucessivos na sua gestão, foi desfeito num longo e aberto diálogo, CARTOON E ILUSTRAÇÃO:
Armando Pululo e Casimiro Pedro municado da segunda reunião da Comissão Política Uma delegação, chefiada pelo ministro da
durante o qual foi possível ver que as preocupações levantadas são, para a região Norte e Leste, realizada em Malanje. Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João
afinal, comuns e a solução vai além de boas vontades e são uma prio- COPY DESK: Ernesto dos Santos “Liberdade”, participa, em
ridade da governação. Rui Ramos e Arlindo Soares Segunda-feira, 23 de Novembro Gaberone, Botswana, na reunião extraordinária
O encontro com os jovens da capital permitiu confirmar que o O Presidente da República, João Lourenço, en- do Comité Ministerial do Órgão de Cooperação
diálogo cria as pontes para o entendimento, quebrando muros que a O Jornal de Angola dereça uma mensagem de saudação, no Twitter, Política, Defesa e Segurança da SADC, durante
utiliza os serviços da ANGOP, AFP,
actuação e o discurso musculados têm erguido, numa altura em que Reuters, EFE e Prensa Latina às Forças Armadas Angolanas (FAA) pelo com- a qual foram analisadas as ameaças do terro-
se agravam as condições sociais, muito por força da indefinição que promisso com a Nação. rismo na região austral do continente.
PUBLICIDADE:
o momento levanta e que condiciona novos investimentos, sustém os (+244) 937 550 262 A empresa angolana de telecomunicações Unitel A selecção Nacional sénior masculina de basquetebol
existentes e atrasa a diversificação, factores indispensáveis para a (+244) 949 770 006 intenta um processo judicial em Londres contra derrota no Kigali Arena, no Ruanda a sua congénere
e-mail:
solução de partes das inquietações juvenis. publicidade@jornaldeangola.com a Unitel International Holdings, detida pela em- do Quénia por 83- 66, e garante a passagem à
Foi possível, também, observar a tendência, felizmente não gene- presária Isabel dos Santos, para recuperar uma próxima Janela de Qualificação ao Afrobasket 2021.
ralizada, de se exigir do Estado solução para todos os problemas, além dívida de mais de 350 milhões de euros.
de uma cultura assistencial traduzida em dotações financeiras avulsas Sexta-feira, 27 de Novembro
e lugares na mesa, onde, supostamente, ainda se serve o banquete. Os parceiros sociais da Assembleia Nacional pe- À margem da 18ª Cimeira de Chefes de Estado
Ficou igualmente claro que as liberdades, direitos e garantias man- diram, o aumento de verbas para o sector social, e de Governo, o Presidente da República, João
têm-se, apesar de serem aqui e ali beliscadas em defesa do bem maior durante as reuniões de apresentação de propostas Lourenço, mantém encontros separados, com
que é a vida, o que não deve ser entendido como cheque em branco PROPRIEDADE
Edições Novembro, E.P. às comissões especializadas para o enriqueci- o novo presidente exercício da CEAAC, Denis
para respostas violentas, face a quem ainda não se convenceu do perigo mento do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2021. Sassou Nguesso, e o homólogo da RCA, Faus-
da pandemia e é incitado a praticar desacatos públicos, em nome de tin- Archange Touadéra.
quem não recebeu qualquer procuração, reivindicando nas ruas a SEDE:
Rua Rainha Ginga, 12-26 Terça-feira, 24 de Novembro O ministro de Estado para a Coordenação Econó-
Caixa Postal 1312 - Luanda
renúncia das autoridades legitimamente eleitas. Redacção: 222 020 174 A Comissão Económica do Conselho de Minis- mica, Manuel Nunes Júnior, informa durante o
Telefone geral (PBX): 222 333 344
Quase um ano de privações por força da Covid-19 leva a uma Fax: 222 336 073 tros, reunida, na sua 11ª sessão ordinária, sob debate, na especialidade, do Orçamento Geral do
Telegramas: Proangola
saturação natural e, por isso, exige-se uma gestão consentânea com e-mail: ednovembro.dg@nexus.ao a orientação do Presidente João Lourenço, ex- Estado para 2021, entre a equipa económica e de-
a crise, onde a comunicação desempenha um papel único e a verdade tingue, o Conselho Nacional de Carregadores putados, em Luanda, que a dívida pública baixou
deve ser o antídoto para minimizar os seus efeitos, enquanto não (CNC), criando, no seu lugar, a Agência Regula- de 80.3 mil milhões de dólares, em 2017, para os
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
chegam as anunciadas vacinas. Víctor Silva (presidente) dora de Certificação de Carga e Logística de An- actuais USD 67.2 mil milhões.
E a boa comunicação, o diálogo, não devem ser um exclusivo do ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
Caetano Pedro da Conceição Júnior gola (ARCCLA). A ministra de Estado para a Área Social, Carolina
Presidente da República, que tem auxiliares e colaboradores suficientes, Gilson dos Santos Antunes Carmelino
Rui André Marques Upalavela O Vice-Presidente da República, Bornito de Cerqueira, preside no Palácio da Justiça, em Luanda,
para também a praticarem, assumindo as suas responsabilidades, não Eunice Carla Teixeira Moreno
Sousa, rende, na capital de São Tomé e Príncipe, o acto de inauguração do “Sino da Paz Mundial”,
ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS
sacudindo a água do capote ou encolhendo os ombros, como, infeliz- Drumond Alcides Jaime Mafuta a última homenagem ao antigo presidente da considerando que “constitui um privilégio e prestígio
Cândido Bessa Receado
mente, também acontece. Assembleia Nacional (AN) daquele país, Alcino para o nosso país.
OPINIÃO Domingo
29 de Novembro de 2020
Tortuosos caminhos da
liberdade (IV)
Arranco decidido para a terceira etapa do
meu percurso, com o foco da corrupção a
ocupar, bem contra a minha vontade – devo
confessar que me custa imenso ver na im-
prensa e na televisão nomes que sempre
respeitei envolvidos nas suas malhas –, um
lugar importante no meu pensamento. Mas,
por todas as razões, tenho que o fazer. Ine-
vitavelmente. Porque todo este lamaçal em
que a República de Angola se atolou, ainda
só dá mostra de ténues transparências. De
facto, só à medida que o tempo passa, nos
apercebemos bem de como o nosso país
foi atirado cruelmente para o precipício da
miséria, consequência de irresponsável con-
duta de um número considerável dos seus
filhos, até há pouco tempo tidos como gente
de bem, empreendedores, gestores da me-
lhor qualidade, vencedores de prémios in-
ternacionais nas suas especialidades, res-
peitáveis patriotas, alguns deles considerados
melhores do que nenhuns outros.
Sinceramente, custa-me ver como alguns
desses nomes têm sido atirados à grande
arena pública do julgamento e da condena-
ção antecipada (independentemente das
culpas que carregam e da presunção da ino-
cência que lhes são inerentes, claro está),
onde as multidões em euforia, a fazer lembrar
antigos tempos de Nero e do Império Ro-
mano, pedem a morte dos condenados com
os polegares das mãos direitas (os canhotos
utilizam os da esquerda), tesos e vibrantes,
voltados para baixo. Como se tais gestos
acabassem com o sofrimento do povo e pu-
sessem à inteira disposição da nossa gente,
o mínimo das suas necessidades básicas.
Seria bom que assim fosse, que a justiça no
Estado de Direito não fosse, por razões en-
tendíveis, tão morosa, sinuosa e pouco clara
nas suas voltas.
Pelo andar com que se move a nossa
carruagem, com o ódio que só é possível
brotar da inquietação que destila e se ob-
serva no voltar de toda e qualquer esquina
em rostos enfurecidos e em inúmeras de-
clarações destemperadas, começo a recear
que, caso não surjam rápidas soluções para
os males sociais que a sociedade justamente
reclama – os principais, não os supérfluos
–, vejamos brevemente as nossas cidades
destruídas pelas cinzas de um imaginário
Vesúvio que anda a ser edificado pela ima-
ginação de mestres e peritos em fogaréus
e pirotecnia perigosa. Não irei ao exagero
de pensar em acções destruidoras, seme-
lhantes ao vulcão que enterrou a mítica ci-
dade romana de Pompeia no ano 79 d.C.,
mas poderão acontecer estragos de monta.
Precisamente num momento em que nunca
se precisou tanto de paz, harmonia, diálogo,
concórdia e unidade, do que agora.
No meu andamento, sou obrigado a pe-
quenas paragens. Sobretudo para lembrar-
me de factos que considero marcantes, alguns
avulsos de um maço grosso que tenho guar-
dado, sem rigor cronológico, mas que ainda
me tocam extraordinariamente. Recordo
épocas especiais. Por exemplo, o período
em que desempenhei o cargo de deputado
à Assembleia Nacional e de um facto concreto.
Não sei precisar a data porque a memória
me falha agora com mais frequência, mas
recordo um dia em que, ainda o antigo Pre-
sidente José Eduardo dos Santos trabalhava
no Futungo de Belas, e a propósito de uma
exigência do então PR, no sentido de que
lhe fossem concedidos pelo Parlamento,
substantivos poderes, a superar os muitos
que já detinha, nos deslocámos ao local das
decisões, para dialogar com ele. Não me
posso esquecer do mais-velho Mendes de
Carvalho, Uanhenga Xitu, de imortal memória,
que falava alto e grosso e que, nessa primeira
e única vez no meu mandato, em que fomos
recebidos pelo Presidente do nosso Partido,
foi dizendo da sua discordância, do absurdo
de tal exigência. Se a memória não me falta,
era Presidente do nosso Grupo Parlamentar,
o camarada João Lourenço. Não interessando
para agora os contornos dessa reunião, só
me quero lembrar que à pergunta frontal
feita pelo deputado Mendes de Carvalho,
3
DO PICO DO MOCO
crónicas do tempo
Apusindo Nhari
CITAÇÕES
“O Estado não Parámos mesmo no tempo?
pode fazer tudo.
Há quem diga
que o Estado
“Adivinhar o futuro” é uma tarefa que coloca um mundo de dificuldades a quem tal
se propõe. Mesmo com a quantidade de informação de que hoje se dispõe sobre
“então o camarada presidente não sabe quem quase tudo, a análise detalhada de acontecimentos passados de características
é o Trinta por Cento?”, a respeito de uma
é mau gestor,
pelo menos para similares, os modelos preditivos matemáticos e estatísticos, ou a súmula de conhecimento
personalidade que era muito falada naquele a que damos o nome de “experiência”, é - ainda assim - extremamente difícil fazer
tempo, ele, com o seu característico e nervoso esse tipo de coisas.
sorriso, respondeu, “não, não sei”. Não há projecções que se revelem certeiras.
quem me possa desmentir o que afirmo. E
Foram construídos Quando, desde Março, a crise sanitária gerada pela Covid-19 se instalava progres-
o que pretendo, trazendo à liça, estas insig- no país quantos sivamente por todo o planeta, pressentimos que ela haveria de levar o mundo a uma
nificantes recordações? estádios de futebol “paragem do tempo”,convidando-nos a pensar que não seria fácil antever todo o
Apenas a necessidade de lembrar que o conjunto de acontecimentos que acabariam por nos surpreender...
mal que nos toca agora é de reminiscências para o Modificou-se-nos, de forma marcante, a percepção pública sobre as lideranças. Não
velhas, vem de longe, de há muito tempo. Campeonato só a nível mundial, mas também no nosso país. A presente crise sanitária confirma-nos
Quem tinha amplos poderes e os queria mais Africano das que é nas situações extremas que se conseguem aferir as capacidades de quem comanda,
absolutos, não sabia, não se interessava, não e se expõem as fragilidades intrínsecas de quem tem de tomar decisões difíceis.
se lembrava da pessoa, provavelmente não Nações (CAN)?
quis entender o alcance da pergunta que lhe Como estão esses Pelo mundo inteiro, tanto nos países ricos e desenvolvidos, como nos pobres e sub-
foi feita, com a coragem possível para aqueles desenvolvidos, percebeu-se tal diferença. No nosso país, ao longo dos 9 meses que nos
estádios? Estão separam do início da crise sanitária, tem-se assistido a um autêntico esboroar do enorme
tempos de todos os nossos medos. Como
não se lembraria anos mais tarde, ao descui- bastante capital que se tinha entregue à liderança. Eram legítimas as esperanças de se levar o país
dar-se de outros nomes e seus feitos deso- degradados” para outros patamares, onde se poderia dar passos para uma sociedade mais participativa,
nestos, de assuntos da maior importância mais inclusiva, mais apta à resolução efectiva dos problemas da população.
para o povo angolano. Foram consequências João Lourenço
Presidente da República Infelizmente, a crise sanitária vem dando lugar a uma crise de confiança, que
maiores desse desleixo, depois de vencida a aumenta a descrença no futuro, afectando duramente a capacidade de lidar com os
guerra, o não conseguimento do controlo e desafios que enfrentamos. Notória e preocupante é a visível degradação na qualidade
da fiscalização da tesouraria da Nação, o de- “Constitui um da comunicação entre os vários sectores da sociedade. A rua pode ser um palco onde
senvolvimento da economia assente em bases privilégio e
decentes, actos que os poderes exigidos e a se exprimem as dúvidas e descontentamentos, mas se os problemas não forem dirimidos
cumplicidade de todos quantos disseram sim, prestígio para o de uma forma inteligente e construtiva, acabam por criar fracturas que constroem
deveriam garantir. Ao invés, resultou de tudo nosso país e uma muros - em vez de pontes - entre os contendores.
isso, esta catástrofe de que sofremos triste- prova de O tempo, afinal, “não parou”! Inexorável,
mente os efeitos. Hoje, a par das mazelas ter- reconhecimento Precisamos de ideias foi escorrendo por entre os nossos dedos,
ríveis que a Covid-19 nos trouxe, andamos to-
dos, com ideias que vão das mais toscas às do papel e esclarecidas, colectivas, criando um deserto de desespero que, em
muitos, faz baixar os braços. Enquanto que
brilhantes e mais iluminadas, querendo salvar
o país, agindo como os mestres que fazem a
empenho do
Presidente da
competentes, novas, de noutros liberta a energia contida no seu núcleo,
colagens dos cacos de peças de arte que se
estilhaçam em mil pedaços, como jarras de
República, esperança, sobre o que por saberem que é em momentos assim que
uma mudança é possível.
porcelana que se atiram ao chão sem o mínimo João Lourenço, vamos fazer. Acreditar É tão frustrante - num tempo em que se
de cuidado e se desfazem totalmente. na preservação discute a inteligência artificial e o mundo di-
Nesta caminhada que parece interminá- e promoção da em nós, no cidadão gital do futuro - que, no nosso país, as questões
vel, faço mais uma paragem, agora para me
preparar para o terceiro capítulo da novela paz, concórdia, comum, e na nossa básicas da convivência social, e da sobrevi-
vência, continuem por resolver, e, amiúde,
“O Banquete”. Sobre esta investigação da
nossa Televisão Popular que, segundo foi
amizade,
solidariedade
capacidade de gerar por equacionar.
esclarecido, levou meses a ser concretizada, entre os povos alianças que possam Parece que nos esquecemos que há 20 anos
(!) - a 8 de Setembro de 2000, na sede da ONU -
apenas um comentário, para já. Perde muito
da sua credibilidade por ser apresentada e nações” produzir soluções, os representantes do nosso país, juntamente
com os de outros 190 Estados membros, assi-
por Ernesto Bartolomeu. Por uma única e
simples razão. Pelo facto de Ernesto Barto-
Carolina Cerqueira
Ministra de Estado para a Área
para podermos naram a Declaração do Milénio, onde assumiram
lomeu, contra quem nada de mal me move
em particular, que condena agora contun-
Social
progredir. Precisamos o compromisso de eliminar a fome e a pobreza
extrema do planeta, assim como atingir o ensino
dentemente com a sua voz poderosa os erros
cometidos pelos protagonistas da novela, “Foi muito bom de um caminho que deixe básico universal, até ao ano de 2015! Para além
ter sido a principal figura emblemática da vermos o nosso a visão economicista de mais 6 outros objectivos essenciais: a pro-
moção da igualdade do género; a redução da
televisão a enaltecer, a colocá-las em altos
pedestais, anos a fio, precisamente a muitas
Presidente nas e eleitoralista mortalidade infantil; a melhoria da saúde re-
vestes de um produtiva; o combate às epidemias; a sustenta-
dessas pessoas que, com a sua voz perfeita
de profissional, soube louvar e enaltecer. jovem a interagir de curto prazo bilidade ambiental; e o estabelecimento de
Ossos do ofício! Mas era perfeitamente evi- uma parceria mundial para o desenvolvimento.
tável a exposição e justo seria resguardar-se
directamente com E nós, onde estamos, como país, no percurso relativo aos compromissos que as-
neste trabalho, a imagem do melhor locutor a juventude, sumimos? (perguntemo-nos, sociedade, reclamemos, antes que a liderança do país,
da televisão angolana. mostrando que as suas instituições de governação, os fazedores de opinião se desculpem com um
Vivemos o presente conturbado e pre- está, de facto, a “não fomos só nós que não cumprimos”!...)
tendemos um urgente e promissor futuro. Afinal, assistimos ao agravamento da situação económica, potenciado pela
Um futuro que deve, no entanto, começar corrigir o que está
pandemia. E pela inquietante fragilidade de uma liderança e de uma sociedade civil
devagar, cuidadoso mas bem estruturado, mal e melhorar o que desconseguiram congregar os diferentes actores, para que todos fizessem o que
para não nos esbarrarmos novamente e
cairmos fatalmente nos abismos da incom-
que está bem” estava ao seu alcance para sairmos mais fortes das crises que vivenciamos.
petência, como tem sido a marca do nosso Sebastião Maurício As crises têm esse mérito: se bem geridas, permitem reforçar as vontades de um
malfadado destino. O passado está bem en- Vice-presidente do Conselho país. Unir a sociedade. Encontrar respostas, que as camadas de gordura - tantas vezes
Nacional da Juventude (CNJ)
tregue aos nossos historiadores e aos juízes falsa, criada por uma efémera abundância - escondem. Porque não conseguimos?
caberá a tarefa de julgar os feitos do presente Um dos grandes problemas que a sociedade angolana sempre teve, é a dificuldade
como do recente passado. Quer se goste “Não estou de perceber que nunca deixámos de ser um país pobre. Sofremos todas as consequências
ou não deles, quer se discorde ou não da satisfeito, dessa maldição, provocada pela abastança de recursos naturais, em particular o petróleo.
sua opinião, das suas decisões. Viremo-nos
pois para o futuro, na perspectiva que o primeiro porque Que nos distorceu a economia e, sobretudo, incutiu em nós uma errónea percepção da
empresariado organizado defendeu em de- não há um realidade. Afectando a capacidade das lideranças perceberem e elegeram as prioridades.
clarações recentes às quais alguns juristas anúncio claro O tempo “não parou” mesmo...! O adormecimento caiu, como uma nuvem cinzenta,
ripostaram com competência e elegância, um pouco sobre todo o mundo: abrandando processos, confinando, trazendo novas
enviando sérios avisos que devem merecer
sobre quanto já foi (velhas) questões para o imaginário dos cidadãos. Os países desenvolvidos preparam
o cuidado de quem trabalha a economia recuperado até planos detalhados para reforçar os seus sistemas de saúde, para relançarem as suas
nacional. Se nos lançarmos em discussões agora em termos economias, para manterem a persistente “ordem mundial”. E nós...continuamos re-
deste tipo sem complexos de espécie alguma, de valore s ; tratados pela desafiante imagem a preto e branco da nossa realidade: cheia de
pensando verdadeiramente o país, vamos contrastes, onde nada se consegue esconder.
ter que nos entender, sem ferir muito mais segundo, nenhum
Precisamos de ideias esclarecidas, colectivas, competentes, novas, de esperança,
quem já está a penar, ou seja, o desgraçado cidadão deve estar sobre o que vamos fazer. Acreditar em nós, no cidadão comum, e na nossa capacidade
e sofrido povo angolano. Até para a semana, satisfeito quando
no domingo, à hora do matabicho. de gerar alianças que possam produzir soluções, para podermos progredir. Precisamos
temos uma crise de um caminho que deixe a visão economicista e eleitoralista de curto prazo, e que
P.S. – Estava a fechar esta crónica quando económica e a nos dê um chão de harmonia social, que deve ser o imperativo a respeitar. Lutando-
encerrou o Encontro do PR com represen- fome no seio das se seriamente contra os excessos e a desigualdade. Olhando para os objectivos que
tantes de franjas da Juventude Angolana. moveram os que lutaram pela Independência.
Do que vi, fiquei absolutamente agradado. famílias”
Rafael Marques O tempo - sabíamo-lo perfeitamente -não pára, e nós, não podemos desistir. Por
Tentarei abordá-lo em próximo momento. atrasados que estejamos.
Jornalista
4 DESTAQUE
Xavier António
Com tendência de abran-
damento, o país registou,
ontem, 79 novos casos, três
mortes e 66 recuperados de
Covid-19.
Os 79 infectados, menos
nove que no dia anterior, estão
distribuídos pelas províncias
de Luanda (41), Cuando Cu-
bango (16), Cuanza-Norte (13),
Huambo (6), Bengo(1), Cabinda
(1) e Uíge (1).
Falando na habitual actua-
lização sobre a evolução da
Covid-19 no país, o secretário
de Estado para a Saúde Pú-
blica, Franco Mufinda, disse
que, entre os novos casos, 46
são homens e 33 mulheres,
com idades compreendidas
entre 2 e 70 anos.
Nas últimas 24 horas, mais
três cidadãos morreram víti-
mas de Covid-19, sendo dois
na província do Zaire e um
no Uíge, com idades com-
preendidas entre 63 e 68 anos.
Com estes números, Zaire
contabiliza um total de seis
óbitos e Uíge oito.
Apesar de não notificar
nenhuma morte ontem,
Luanda mantém-se como a
região com mais vítimas
mortais, 281, seguindo-se
Benguela com 18. Angola
tem agora um cumulativo
de 345 mortes de Covid-19,
desde Março último. Entre
os óbitos, 68 por cento são
homens e 32 por cento são
mulheres.
A província de Luanda
tem ainda 4.650 casos activos
e 6.578 recuperados. Ben-
guela controla 516 pacientes
activos.
Apesar da redução no
EM QUATRO PROVÍNCIAS DO PAÍS
Fundo Global vai disponibilizar USD 82 milhões para grandes endemias
O Fundo Global (principal
parceiro do Governo na área
da Saúde) vai disponibilizar
USD 82 milhões para quatro
províncias do país (Benguela,
Cuanza-Sul, Bié e Cuando
Cubango), de 01 de Julho de
2021 até 30 de Junho de 2024,
com vista a revitalizar pro-
jectos de combate à malária,
VIH/Sida e tuberculose, anun-
ciou ontem, em Benguela, o
director da ONUSIDA em
Angola, Michel Kouakou.
Falando à margem da ceri-
mónia de encerramento de
um ciclo formativo destinado
a 16 organizações da socie-
dade civil afectas à área da
Saúde, Michel Kouakou,
segundo a Angop, disse que,
neste projecto de financia-
mento, a prioridade será a
província de Benguela, pelo
que essas instituições devem
estar suficientemente capa-
citadas para elaboração e ges-
tão de projectos.
Em relação à prevalência
do VIH em Angola, referiu
que, nos últimos anos, não
se notam grandes variações
de números, mantendo-se
até aqui a taxa de dois por
cento, ou seja, cerca de 340
mil pessoas seropositivas,
estimativas e projecções do
ano transacto (2019), sendo
que, para o presente ano,
apenas em Março de 2021
serão conhecidos os números.
66 RECUPERADOS E TRÊS ÓBITOS NAS ÚLTIMAS 24 HORAS
Covid-19 infecta mais 79 pessoas
com tendência de abrandamento
O país contabiliza, até à data, 15.087 casos confirmados da doença, desde o
surgimento dos primeiros casos, em Março último
número de novas infecções,
o país contabiliza, até à
data, 15.087 casos confir-
mados da doença em nove
meses. Destaque para o
número de pessoas recu-
peradas que continua a
aumentar, sendo que, nas
últimas 24 horas, mais 66
cidadãos recuperaram da
Covid-19, dos quais 63 em
de Luanda, dois em Ben-
guela e um na Lunda-Sul.
O total de pessoas recu-
peradas é de 7.763, desde o
surgimento dos primeiros
O financiamento vai contribuir para a diminuição ou eliminação de casos de infecções
“A minha maior preocu-
pação neste momento tem a
ver com o número ainda
reduzido de pessoas fazendo
tratamento contra o VIH
(cerca de 100 mil portadores),
devido a diversos factores,
como o estigma e a discri-
casos no país, em Março.
O secretário de Estado
para a Saúde Pública refe-
riu que 372 doentes estão
internados nas unidades
de tratamento. Há ainda
6.979 casos activos, seis em
estado crítico (0,1%), 16
graves (0,2%), 174 mode-
rados (2,5%), 176 leves
(2,5%) e 6.607 assintomá-
ticos (94,7%).
Nas últimas 24 horas,
foram processadas 2.949
amostras por RT-PCR, sendo
79 positivas e 2.870 negativas,
minação, mesmo no seio da
família”, enfatizou.
Ainda assim, considerou
boa notícia a cobertura do
tratamento das mulheres grá-
vidas portadoras do vírus
que, de 41 por cento, em 2018,
passou para 63 por cento este
com uma taxa de positividade
de 2,7%. O cumulativo de
amostras processadas é agora
de 232.310, das quais 15.087
positivas e 217.223 negativas,
com uma taxa de positividade
de 6,5%.
Equipa de Saúde Mental
e Intervenção Psicossocial,
segundo avançou, assistiu
35 utentes, 44 técnicos de
saúde, 95 famílias dos utentes
e 53 utentes, através da Linha
de Apoio Psicológico.
O Centro Integrado de
Segurança Pública (CISP)
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
ano, sendo necessário manter
essa dinâmica.
Sublinhou que o dinheiro
deste financiamento é para o
povo de Angola e destina-se
a baixar, senão mesmo eli-
minar, as infecções, já que,
cientificamente, seguindo à
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
recebeu 60 chamadas, todas
relacionadas com pedidos
de informações sobre a do-
ença. As autoridades sani-
tárias controlam 327 pessoas
na quarentena institucional.
Missão da CEEAC
Franco Mufinda informou
que, ontem, a Comissão Mul-
tissectorial de Prevenção e
Combate à Covid-19 recebeu
a visita de uma comitiva da
Comunidade Económica dos
Estados da África Central
(CEEAC).
risca o tratamento, ninguém
morre de VIH, sendo possível
estabilizar o vírus a níveis
tidos por convenientes.
Lembrou que, deste finan-
ciamento, o Governo ango-
lano assume 70 por cento do
valor, ao passo que o Fundo
Global aparece com 30 outros,
todavia, apesar do contexto
difícil do país, o Executivo
não conhece falhas nesta
matéria, estando sempre a
honrar o seu compromisso.
Por último, indicou não
haver estudos sobre a relação
do VIH/Sida e a Covid-19,
mas a ONUSIDA tem feito
advocacia no sentido de todos
cumprirem com a medicação,
ao mesmo tempo que devem
fazer o teste contra a Covi-19,
porque, em caso de infecção
contra este último, o doente
do VIH/Sida está mais imu-
nizado desde que siga à risca
o tratamento.
Condenando o estigma e
a discriminação, disse que o
mundo vai parar a 1 de De-
zembro para reflectir sobre
o tema da ONUSIDA em 2020,
“Solidariedade global, res-
ponsabilidade comparti-
lhada”, dada a importância
que se deve ter da solidarie-
dade tanto para o Covid-19,
VIH/Sida ou outras epidemias
e pandemias.
Por último, reconheceu que
nos meses de Março/Abril,
Domingo
29 de Novembro de 2020
A província de Luanda
tem ainda 4.650 casos
activos e 6.578
recuperados. Benguela
controla 516 pacientes
activos. Apesar da
redução no número de
novas infecções, o país
contabiliza, até à data,
15.087 casos
confirmados da
doença em nove
meses
A equipa é composta por
vários especialistas, entre
médicos, epidemiologistas
e comunicólogos, para a
troca de experiências na ges-
tão da pandemia entre os
Estados membros.
"A visita tem a duração
de uma semana. Estão pre-
vistas visitas aos centros
de tratamento, laboratórios,
central de compras, Insti-
tuto Nacional de Investi-
gação em Saúde, além de
uma conferência", destacou
o governante.
Franco Mufinda fez saber
que as províncias continuam
a reportar as actividades sobre
vigilância epidemiológica,
laboratorial, gestão de casos
e logística.
Por outro lado, as auto-
ridades sanitárias recomen-
dam que se for portador de
uma doença crónica deve
marcar uma consulta numa
das unidades mais próximas
ou via telefónica. Além disso,
apelam aos cidadãos a acor-
rerem às unidades de saúde
apenas para fazer as consultas
programadas ou em caso de
uma urgência.
o país conheceu alguma
dificuldade em termos de
fornecimento de medica-
mentos do VIH/Sida, tendo
em conta as vicissitudes
impostas pelo então Estado
de Emergência, mas, ime-
diatamente, as autorida-
des sanitárias recorreram
ao Zimbabwe e a situação
ficou ultrapassada.
“Terá sido uma situação
pontual, que provou que as
encomendas de Setembro do
ano passado não chegassem
a tempo (antes de Abril/Maio),
o que provou então uma rotura
de stoks, oportunamente
regularizada, aliás, ninguém
esperava que iríamos ser
confinados e as fronteiras
nacionais fossem encerra-
das”, frisou.
Relativamente ao ciclo de
formação, explicou que esteve
virado a questões de revita-
lização das organizações,
nomeadamente no que toca
à gestão de projectos e o ciclo
de vida destes, tendo em conta
as perspectivas que se abrem.
Indicou que, neste projecto
de financiamento, a priori-
dade absoluta vai ser a pro-
víncia de Benguela, por isso
as organizações da sociedade
civil locais, como parceiras
do Governo, devem estar
suficientemente capacitadas
para a elaboração e gestão de
projectos.
DESTAQUE Domingo
29 de Novembro de 2020
RASTREIO DA PANDEMIA NO TERMINAL DOMÉSTICO
500 passageiros testados
à Covid-19 em três dias
O teste rápido custa 18.500 kwanzas e o resultado pode ser conhecido em 30
minutos. Já o exame de Biologia Molecular, para quem pretende viajar, custa
150 mil kwanzas e o resultado sai em 24 horas
Alexa Sonhi
Um total de 500 passageiros
foi testado à Covid-19, em
três dias, no posto do Centro
de Diagnóstico por Imagem
de Luanda (CDI), instalado
no Terminal Doméstico do
Aeroporto Internacional 4
de Fevereiro.
Em declarações, ontem,
ao Jornal de Angola, a admi-
nistradora do CDI, Carla dos
Santos, disse que, das 500
pessoas testadas, 2 por cento
deram positivo à Covid-19.
Em funcionamento desde
25 de Novembro, o posto
realiza testes rápidos sero-
lógicos e de Biologia Mole-
cular por RT-PCR. O teste
rápido custa 18.500 kwanzas
e o resultado pode ser co-
LUANDA
Associação de apoio a autistas recebe cestas básicas
Mais de 200 cestas básicas
foram doadas ao Centro da
Associação Angolana de
Apoio a Pessoas Autistas e
de Transtornos Global de
Desenvolvimento (Apegada),
numa iniciativa da Associa-
ção Angolana de Gestão de
Projectos (PMI Angola), em
parceria com a empresa
5Linhas, S.A., detentora do
Sistema de Pagamentos
denominado por “AKI”.
A iniciativa surge para
colmatar as dificuldades
enfrentadas pela Apegada,
no âmbito da acção de res-
ponsabilidade social da PMI
Angola. Em declarações à
Angop, a responsável pela
nhecido em 30 minutos. Já
o exame de Biologia Mole-
cular, para quem pretende
viajar, custa 150 mil kwanzas
e o resultado sai em 24 horas.
Relativamente ao teste
de RT-PCR, Carla dos Santos
explicou que o posto do Ter-
minal Doméstico do Aero-
porto Internacional 4 de
Fevereiro apenas faz a co-
lheita de amostras, que
depois são enviadas para o
Centro de Diagnóstico Labo-
ratorial de Viana, localizado
na Zona Económica Especial
(ZEE), para serem devida-
mente processadas.
A administradora do CDI
esclareceu que o teste rápido
é para os passageiros que
se deslocam para outras
províncias do país e o de
Biologia Molecular é para
área social, Ana Lucamba,
sublinhou que a PMI tem
realizado outras actividades,
como assistência médica e
medicamentosa às comu-
nidades mais carentes, dis-
tribuição de lavatórios co-
munitários para ajudar no
combate à Covid-19.
A responsável disse que,
desde o início da Covid-19
até ao momento, a PMI Angola
doou 500 cestas básicas e
distribui 300 lavatórios. Ana
Lucamba disse que a PMI
Angola pretende continuar
a apoiar a Apegada em fun-
ção daquilo que são as suas
reais dificuldades.
Por seu turno, Elvis Car-
Em relação aos
resultados dos
testes rápidos,
Carla dos Santos
salientou que
passageiros
reactivos à IGG e à
IGM são impedidos
de viajar
quem pretende viajar para
o exterior.
Em relação aos resultados
dos testes rápidos, Carla dos
Santos salientou que passa-
geiros reactivos à IGG e à IGM
são impedidos de viajar.
A marcação do teste de
Covid-19 pode ser feita via
telefónica, através dos núme-
ros 948081994 e 948084752
ou por email testescovid
valho considerou que a doa-
ção representa a união, cola-
boração e o amor ao próximo,
pelo facto da doação repre-
sentar muito para os mais
necessitados. “Porque esta-
mos a viver uma era atípica,
com a situação da Covid-19
que chega ao país e ninguém
está preparado. Temos inú-
meras famílias a enfrentar
dificuldades, em função
disso pensamos numa forma
de colmatar essas dificul-
dades”, reforçou.
Já o presidente da asso-
ciação Apegada, António
Teixeira, agradeceu o gesto
da PMI, que vai ajudar a
atender 200 famílias. O res-
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
@cdiluanda.com.
O posto está aberto das
7h30 às 19h. As colheitas de
amostras são feitas entre 7h
e as 17h e a entrega dos resul-
tados das 17h às 19h.
O Centro de Diagnóstico
por Imagem de Luanda
(CDI), localizado na rua Rei
Katyavala, existe desde 2013.
Além do posto do Centro
de Diagnóstico por Imagem
de Luanda (CDI), o Terminal
Doméstico do Aeroporto
Internacional 4 de Fevereiro
conta também com uma
área de testagem à Covid-
19 do Ministério do Saúde,
que existe desde Setembro.
Infelizmente, a responsável
recusou a prestar qualquer
informação à reportagem
deste diário, alegando falta
de autorização.
ponsável disse que nesta
altura a organização acom-
panha mil e 200 pessoas
entre crianças, jovens e adul-
tos a nível de Luanda.
Defendeu a necessidade
de prestarem mais apoio às
pessoas com maior deficiên-
cia intelectual. “São discri-
minadas, excluídas, a nível
da sociedade. Temos reali-
zado vários projectos em prol
da melhoria da qualidade de
vida destas pessoas. Temos
um centro de actividades
ocupacionais que acolhe
nesta altura, de forma directa,
65 pessoas e outras mais de
mil recebem formação e
apoio indirecto”, frisou.
SÍLVIA LUTUCUTA E O COMBATE À PANDEMIA
Ministra da Saúde reitera
atenção às províncias
fronteiriças
Com o aumento de casos
positivos da Covid-19 na
República Democrática do
Congo, os investimentos do
Governo angolano, no sector
da Saúde, no actual cenário
epidemiológico, vão, em prin-
cípio, priorizar as províncias
que fazem fronteira com este
país vizinho, com vista a tra-
var a propagação da pande-
mia, noticia a Angop.
O compromisso foi reite-
rado sexta-feira pela ministra
da Saúde, Sílvia Lutucuta, no
acto de inauguração do Centro
de Diagnóstico Laboratorial
da Região Leste na Lunda-
Norte, com capacidade de
realizar dois mil testes/dia e
que atenderá também as pro-
víncias da Lunda-Sul, Moxico
e Malanje.
Desde o surgimento da
Covid-19 em Angola, em
Março, o Governo angolano
criou condições para a ins-
talação de hospitais de cam-
panha nas províncias que
fazem fronteira com a Re-
pública Democrática do
Congo (Cabinda, Zaire, Uíge
e Lunda-Norte) e com a
Namíbia (Cunene), para o
internamento e tratamento
de pacientes.
Estão já em funciona-
mento os hospitais de Cabinda
(200 camas), Lunda-Norte
(200 camas) e Zaire (80
camas) e em construção estão
os do Cunene (200) e Uíge
ZAIRE
Mototaxistas
beneficiam
de máscaras
Cerca de 400 mototaxistas
dos municípios de Mbanza
Kongo, Soyo e Nzeto, província
do Zaire, beneficiaram de
máscaras, numa iniciativa do
Serviço de Protecção Civil e
Bombeiros (SPCB), no âmbito
da campanha de prevenção
e combate à Covid-19.
Segundo o porta-voz deste
órgão operativo, afecto ao
Ministério do Interior, Antó-
nio Wankusa Júnior, citado
pela Angop, a distribuição
deste material de biossegu-
rança ao grupo alvo enqua-
d ra - s e n a s a c t iv i d a d e s
5
(100 camas), perfazendo um
total de 780 camas.
O Estado investiu, igual-
mente, para fazer face à Covid-
19, sete milhões de dólares,
para aquisição e instalação
de cinco laboratórios nas pro-
víncias do Huambo, Luanda,
Lunda- Norte e Uíge, com uma
capacidade total de realizar
oito mil testes/dia.
“As províncias que fazem
fronteira com a República
Democrática do Congo, sobre-
tudo, merecem uma atenção
especial, pela sua extensão
fronteiriça e o grau de vul-
nerabilidade que as mesmas
apresentam. Por isso, estamos
a fazer estes investimentos
para dar resposta ao actual e
um possível cenário epide-
miológico”, sublinhou.
Sílvia Lutucuta avançou
que o Estado angolano con-
tinuará “firme” no combate
à pandemia da Covid-19,
aumentando a capacidade
de testagem e o reforço da
vigilância epidemiológica.
Por outro lado, afirmou
que a entrada em funciona-
mento do laboratório da
Lunda-Norte vai alterar o
quadro epidemiológico da
região Leste, permitindo as
autoridades terem um maior
controlo da pandemia.
A província da Lunda-
Norte tem o registo de 57
casos positivos, sendo 56
activos e um recuperado.
BENJAMIM CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
programadas para saudar, a
nível local, o 30 de Novembro,
Dia Nacional do Bombeiro.
A fonte considerou os mo-
totaxistas como grupo de risco
devido à actividade que exer-
cem e que muitas vezes os
coloca em situação de vul-
nerabilidade à Covid-19. Ainda
no quadro do Dia Nacional do
Bombeiro, uma feira da saúde
foi realizada sexta-feira, em
Mbanza Kongo, numa pro-
moção do SPCB.
Pelo menos 300 cidadãos
foram atendidos durante a
feira, que colocou à disposição
dos interessados serviços de
testagem rápida à malária e
medição da pressão arterial.
O programa das festividades
inscreve também a doação de
sangue em algumas unidades
sanitárias dos municípios de
Mbanza Kongo, Soyo e Nzeto.
6 DESTAQUE
ESTÃO INFECTADOS 2.500 FUNCIONÁRIOS
Maior
fabricante
mundial de
luvas de látex
fecha unidades
A Top Glove, fabricante mundial de
luvas de látex sediada na Malásia, vai
fechar mais de metade das suas
fábricas, depois de quase 2.500
funcionários terem testado positivo
São 28 fábricas de luvas de
látex que vão fechar portas.
Representam mais de metade
das unidades fabris da Top
Glove, o maior fabricante de
luvas de látex, que está sediado
na Malásia. A decisão surge
depois de quase 2.500 fun-
cionários terem testado posi-
tivo para a Covid-19.
O encerramento das fábri-
cas surge numa altura em que
o mundo, nomeadamente a
Europa, luta contra a segunda
vaga da pandemia, em que
os sistemas nacionais de saúde
estão no limite ou a atingir a
capacidade máxima.
A Top Glove, que registou
uma grande procura pelos
produtos de protecção indi-
vidual desde o início da pan-
demia, tem 41 unidades fabris
na Malásia, mas mais de me-
tade vão agora fechar, para
controlar os surtos de Covid-
19 detectados, afirmaram as
autoridades do país.
Hospitalizados
Quase 5.800 trabalhado-
res foram testados até ao mo-
mento, sendo que 2.453 deram
positivo para a infecção pelo
novo coronavírus. Os casos
confirmados até agora não se
Um quarto dos italianos acredita
mesmo em teorias da conspiração
Um quarto dos italianos acre-
dita em teorias da conspiração
sobre a Covid-19, incluindo
que o vírus foi criado em la-
boratório para alterar equi-
líbrios mundiais ou que não
existe, sendo um pretexto
para controlar pessoas, se-
gundo uma sondagem.
Um em cada cinco ita-
lianos acredita que o novo
coronavírus foi criado em
laboratório e disseminado
com o propósito de modificar
os equilíbrios mundiais.
Outros 5% acreditam que
o vírus não existe, mas que
serve como pretexto para o
limitam às fábricas, mas tam-
bém às comunidades onde
estão localizadas as unidades
fabris e os dormitórios dos
funcionários.
Na segunda-feira, o Minis-
tério da Saúde da Malásia
relatou um aumento acen-
tuado dos casos de Covid-19
nas zonas onde as fábricas e
dormitórios da Top Glove
estão localizados.
"Todos os que tiveram
resultado positivo foram hos-
pitalizados e os seus contactos
próximos foram colocados em
quarentena, para evitar infectar
outros trabalhadores", disse
o diretor-geral da Saúde, Noor
Hisham Abdullah, à Reuters.
Perante este cenário, optou-
se pelo encerramento das
fábricas, embora ainda não
se sabe quando é que vai ocor-
rer. Sabe-se apenas que será
feito por fases.
Más condições
Além de se destacar pelos
l u c ro s re c o rd e q u e te m
registado este ano, a Top
Glove também é notícia
pelas condições de trabalho
dos funcionários, muitos
deles migrantes, provenien-
tes do Nepal e que vivem
MUITOS DIZEM QUE O VÍRUS É CRIAÇÃO
controlo das pessoas e da
economia, de acordo com
este inquérito realizado pela
empresa SWG, numa amos-
tra de 800 pessoas para o
canal de televisão La7 e que
apresenta uma margem de
erro de 3,4%.
Entre os conspiradores,
33% acreditam que o vírus
foi criado pelos chineses para
enfraquecer outros países,
21% crêm que são as multi-
nacionais da Internet que
estão por trás do Sars-CoV-
2, para enriquecerem, en-
quanto 20% acreditam que
foi criado pelas elites globais,
em dormitórios completa-
mente cheios.
Glorene Das, directora
executiva da Tenaganita,
uma ONG sediada em Kuala
Lumpur que se concentra
nos direitos trabalhistas,
disse à BBC que algumas
empresas da Malásia que
dependem da força de tra-
balho dos migrantes estão
a "deixar de responder às
necessidades básicas dos
seus trabalhadores".
São trabalhadores "vul-
neráveis, porque vivem e tra-
balham" em espaços "parti-
lhados", cheios de pessoas, "e
fazem trabalhos que não pos-
sibilitam o distanciamento
social", detalhou à emissão de
televisão britânica.
"Durante estes tempos, os
e m p re ga d o re s tê m u m a
grande responsabilidade para
com eles, mas ouvimos falar
de casos em que não estão a
dar aos trabalhadores comi-
da suficiente ou que estão
mesmo a reter o seu salário",
acrescentou.
Proibição
Más condições de trabalho
estão também a ser associadas
à Top Glove, empresa cujas
para estabelecer uma ditadura
sanitária e 16% atribuem-no
à máfia, para enriquecer e
aumentar o seu poder.
Sobre a vacina, 44% seriam
vacinados sem dúvida, 26%
apenas se fosse obrigatório.
Em contrapartida, 11% não
o fariam mesmo que fosse
obrigatório, enquanto 19%
estão indecisos.
As pessoas entrevistadas
são também muito críticas
em relação aos jovens, con-
siderando-os como o prin-
cipal vector de transmissão
da Covid-19.
Assim, 71% afirmam con-
acções caíram 7,5%, na terça-
feira, após o anúncio do en-
cerramento de fábricas. Mas,
apesar da queda, as acções
da empresa subiram mais de
quatro vezes este ano, infor-
mou a Reuters.
Em Julho deste ano, os
Estados Unidos proibiram a
importação de luvas de duas
filiais da empresa, por ques-
tões referentes a trabalho for-
çado. Aliás, o Departamento
do Trabalho dos Estados Uni-
dos indica, num relatório, a
existência de altas taxas de
recrutamento que os traba-
lhadores migrantes estran-
geiros têm de pagar para
garantir um emprego nesta
indústria. Uma situação que
evidencia normalmente uma
servidão para pagar dívidas.
Semanas de trabalho de
72 horas, más condições de
vida e baixos salários são
algumas das queixas que os
trabalhadores relataram ao
Los Angeles Times, sobre as
difíceis condições de trabalho
na empresa.
Depois da publicação da
notícia, a Top Glove efectuou
aumentos, para compensar
as taxas de recrutamento que
os trabalhadores têm de pagar.
cordar um pouco ou muito
com a seguinte frase: “os
jovens de hoje cresceram
no bem-estar, têm direito
a tudo e mesmo em tempos
de Covid-19 não estão dis-
postos a qualquer sacrifício
pelo bem comum”.
A Itália, o primeiro país
europeu afectado pela nova
pandemia de Covid-19, em
Fevereiro, ultrapassou as
50.000 mortes, de acordo
com o relatório das autori-
dades de saúde, que conta-
bilizou mais de 1,4 milhões
de casos positivos durante
a emergência sanitária.
VOOS INTERNACIONAIS
Companhia aérea
australiana vai exigir
vacinação para passageiros
A companhia aérea aus-
traliana Qantas vai exigir
que os passageiros de voos
internacionais sejam pre-
viamente vacinados con-
tra a Covid-19, anunciou o
presidente executivo da
empresa. Esta obrigato-
riedade tornar-se-á "co-
mum" no sector, afirmou
Alan Joyce.
O requisito de ser vaci-
nado contra a Covid-19 para
viajar na companhia aérea
Qantas terá efeito assim
que uma vacina estiver dis-
ponível ao público, disse.
"Estamos a considerar
alterar os nossos termos e
condições para os viajantes
internacionais, para lhes
dizer que vamos exigir que
as pessoas sejam vacinadas
antes de poderem embar-
car no avião", afirmou, na
Channel Nine Television.
"Para os voos domés-
AUMENTO DAS EMISSÕES
Confinamento não travou
concentração de CO2 na
atmosfera, afirma a OMM
A concentração de dióxido
de carbono na atmosfera con-
tinuou a aumentar este ano,
apesar do confinamento global
devido à pandemia da Covid-
19, revelou a Organização Me-
teorológica Mundial.
Aquela agência das Nações
Unidas registou, em 2019, um
aumento considerável das
emissões daquele gás de efeito
de estufa, que atingiu 410 par-
tículas por milhão, e o ritmo
não parou de aumentar em
2020, apesar de muitos países
terem praticamente parado a
sua actividade económica.
“A descida das emissões
relacionada com o confina-
mento representou apenas
um pequeno ponto na curva
de longo prazo, que devemos
achatar de forma continuada”,
afirmou o secretário-geral da
organização, Petteri Taalas.
Domingo
29 de Novembro de 2020
ticos, teremos de ver o que
acontece com a Covid-19,
mas para os viajantes in-
ternacionais que chegam
à Austrália e para as pes-
soas que deixam o país,
pensamos que é uma ne-
cessidade", frisou.
A Austrália fechou as
suas fronteiras desde Março
para combater a pandemia
da Covid-19. Como resul-
tado, várias dezenas de
milhares de australianos
ficaram retidos no estran-
geiro, com o Governo a
permitir que apenas um
número limitado dos seus
cidadãos regresse a casa
todas as semanas.
Esta política de isola-
mento parece ter dado fru-
tos, uma vez que o país
registou apenas 907 mortes
desde o início da pande-
mia, com pouco mais de
27.800 casos.
De acordo com o boletim
divulgado, durante o período
de confinamento mais in-
tenso, as emissões globais
diminuíram cerca de 17 por
cento. A OMM considera muito
difícil estimar a redução anual
total das emissões em 2020,
mas admite que possa estar
entre 4,2 e 7,5%.
No entanto, essa redução
de emissões não significará
uma redução de concentra-
ções de dióxido de carbono
na atmosfera este ano, por-
que resultam de emissões
acumuladas deste ano e dos
anos anteriores.
A concentração de dióxido
de carbono vai aumentar este
ano mas a um ritmo ligeira-
mente menor, sem ultrapassar
as flutuações habituais do
ciclo do carbono observáveis
de um ano para outro.
DESTAQUE Domingo
29 de Novembro de 2020
TECNOLOGIA, EFICÁCIA E PRAZOS
O que se
sabe das
11 vacinas
mais
avançadas?
São onze as vacinas mais perto de
dar resposta à enorme procura
mundial por um passo firme na
luta contra a Covid-19. Em teste,
estão 48. Como são?
As 48 vacinas experimentais
contra a Covid-19 que se en-
contram actualmente em tes-
tes clínicos em humanos,
apenas 11 entraram na fase
3, a última antes da homo-
logação pelas autoridades,
segundo a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS).
A s eguir um p onto de
situação sobre as primeiras
vacinas que podem chegar
ao mercado.
"RNA mensageiro"
Estas são actualmente as vaci-
nas potenciais que parecem
as mais avançadas e que uti-
lizam uma tecnologia inova-
dora, que consiste em injectar
nas células humanas frag-
mentos de instruções genéticas
chamadas RNA mensageiro,
para que produzam proteínas
ou "antígenos" específicos de
coronavírus. Estas proteínas
serão enviadas ao sistema
imunológico, que então pro-
duzirá anticorpos.
Pfizer:
O grupo farmacêutico ame-
ricano e o seu sócio alemão
BioNTech apresentaram resul-
tados completos da fase 3 com
uma eficácia de 95% nos par-
ticipantes. Na sexta-feira,
solicitaram à Agencia de Ali-
mentos e Medicamentos
(FDA) dos Estados Unidos
uma autorização para a vacina,
o primeiro fabricante a dar
este passo nos Estados Unidos
e Europa.
Moderna:
A empresa americana de bio-
tecnologia anunciou, na
segunda-feira, que a sua vacina
tem eficácia de 94,5%. Planeia
produzir 20 milhões de doses
até ao fim do ano.
Vírus inactivado:
Várias vacinas apostam nesta
tecnologia: os agentes infec-
ciosos do SARS-CoV-2 são
tratados quimicamente, ou
por calor, para perder a noci-
vidade, ao mesmo tempo que
conservam a capacidade de
provocar uma resposta imu-
nológica. É a forma mais tra-
dicional de vacinação.
Sinovac:
A empresa de biotecnologia
chinesa iniciou um teste de
fase 3 para a "CoronaVac" com
milhares de voluntários, prin-
cipalmente no Brasil.
Sinopharm
Outro laboratório chinês tem
dois projectos de vacinas com
institutos de pesquisas chi-
neses. O país prevê uma capa-
cidade de produção até ao
fim do ano de 610 milhões de
doses por ano de várias vaci-
nas contra a Covid-19 e o
Governo já autorizou o uso
urgente de algumas delas.
Bharat Biotech
A empresa indiana começou
a recrutar, em Novembro,
quase 26 mil pessoas para a
sua "COVAXIN", desenvolvida
com o apoio do Governo, e
aposta numa vacina disponível
no primeiro semestre de 2021.
Vectores virais:
As vacinas de "vector viral"
usam como suporte outro
vírus mais virulento, trans-
formado para adicionar uma
parte do vírus responsável
pela Covid-19. O vírus modi-
ficado penetra nas células das
pessoas vacinadas, que fabri-
cam uma proteína típica do
SARS-CoV-2, educando o seu
sistema imunológico a reco-
nhecer o novo coronavírus.
AstraZeneca
O grupo anglo-sueco e a Uni-
versidade de Oxford: Esta
vacina utiliza como vector
viral um adenovírus. De
acordo com os resultados
intermediários publicados
na segunda-feira, a vacina
tem eficácia de 70%, com
uma variação de 62% a 90%,
de acordo com a dose aplicada.
A AstraZeneca afirma que
deseja avançar rapidamente
À PROCURA DE REACÇÃO
Proteína recombinante
A Novavax, empresa de bio-
tecnologia americana, trabalha
numa vacina chamada "subu-
nitária" recombinante. O coro-
navírus possui na sua superfície
algumas pontas (proteínas
virais) para entrar em contato
com as células e infectá-las.
Estas proteínas podem ser
reproduzidas e apresentadas
na produção em série de três
mil milhões de doses que
estarão disponíveis em 2021.
Johnson & Johnson
A empresa americana iniciou
dois testes clínicos da sua can-
didata, composta por um ade-
novírus modificado, uma de
apenas uma dose e a outra com
duas doses. Em todo o mundo,
90 mil voluntários devem par-
ticipar na pesquisa. Os resul-
tados são aguardados para o
primeiro trimestre de 2021.
CanSino Biological
A empresa chinesa desenvol-
veua "Ad5-nCoV", em conjunto
com o exército, uma vacina
baseada em adenovírus. Os
testes de fase 3 começaram no
México, Rússia e Paquistão.
Sputnik V
Desenvolvida pelo Centro de
Pesquisas em Epidemiologia
Gamaleya, em parceria com
o ministério russo da Defesa,
esta vacina baseia-se na uti-
lização de dois vectores virais,
dois adenovírus. Os russos
anunciaram recentemente
uma eficácia de 92%. Porém,
o instituto Gamaleya foi acu-
sado de romper os protocolos
habituais para acelerar o pro-
cesso científico. Vários políticos
russos anunciaram que foram
vacinados com a Sputnik V.
depois ao sistema imunológico,
para provocar uma reacção.
A Novavax iniciou em Se-
tembro o teste clínico de fase
3 no Reino Unido e no fim de
Novembro deve começar um
teste nos Estados Unidos. Da-
dos preliminares são aguar-
dados no primeiro trimestre
de 2021.
SEM TEMPO A PERDER
Pfizer já
prepara
vacina em pó
Como manter a vacina a
-32 graus celsius, a tem-
peratura a que tem de estar
para se manter eficaz e
distribui-la pelo mundo?
Este detalhe ensombra o
êxito da vacina contra a
Covid-19 da Pfizer, uma
das primeiras a revelar
que a fase dos seus ensaios
clínicos mostrava resul-
tados de 90%:
Vacina em pó. Esta é
a resposta da farmacêu-
tica norte-americana,
de acordo com as decla-
rações do seu cientista-
chefe, Mikael Dolsten, à
Business Insider (acesso
pago).
Neste processo, a va-
cina em pó, ou liofili-
zada, quando chega ao
destino é reconstituída
com líquido, ficando fi-
nalmente pronta a ser
injectada.
Na versão liofilizada,
a vacina poderia ser
usada com as tempera-
turas habituais e estar
pronta em 2021. A pri-
meira versão poderá che-
gar ao mercado ainda
este ano, segundo o pre-
sidente da empresa.
Enquanto a vacina em
pó não é uma realidade,
a Pfizer criou um super-
frigorífico que monitoriza
os dados. Trata-se de um
contentor do tamanho
de uma mala de viagem
que usa gelo seco para
manter as temperaturas
ultra-baixas. Depois de
aberto este recipiente, a
vacina pode ser arma-
zenada durante cinco
dias nos frigoríficos habi-
tuais (ou em mais gelo
seco por mais 15 dias).
Nos EUA, grandes
contentores frigoríficos,
350 ao todo, estão a ser
preparados no Michigan
para fazer a distribuição
da vacina que, na sexta-
feira passada, pediu a sua
aprovação para distri-
buição e comercialização
à autoridade do medi-
7
camento norte-ameri-
cana, a FDA (Food and
Drug Administration).
O pedido de autori-
zação da vacina da Pfizer,
desenvolvida em par-
ceria com os alemães da
BioNTech, surge dias
depois de ter sido divul-
gado que o imunizante
apresentava uma eficácia
de 95%, de acordo com
os resultados clínicos
efetuados.
Emergência
Inicialmente, e de acordo
com os procedimentos
previstos, a FDA dará uma
autorização de utilização
de emergência, uma espé-
cie de "luz verde" con-
dicional, em virtude da
actual emergência sani-
tária, e provavelmente
restrita a certos grupos.
"O pedido nos Estados
Unidos representa uma
etapa crucial na nossa pro-
cura por uma vacina contra
a Covid-19 para o mundo
e temos agora uma ima-
gem mais completa da efi-
cácia e da segurança da
nossa vacina, o que nos
dá confiança sobre o seu
potencial", afirmou o pre-
sidente executivo da Pfizer,
Albert Bourla, citado pelas
agências internacionais.
"As empresas estarão
prontas para distribuir
a vacina poucas horas
após a autorização", indi-
caram a Pfizer e a BioN-
Tech, num comunicado
conjunto.
A farmacêutica prevê
que todos os dias seis ca-
miões equipados com a
devida capacidade de ar-
mazenagem a estas tem-
peraturas ultra-baixas,
transportando frascos com
975 frascos da vacina con-
tendo cada um deles cinco
doses (são 4895 doses por
mala), levem a vacina aos
distribuidores. Estima-
se que cheguem a qual-
quer ponto dos EUA em
um ou dois dias.
8 DESTAQUE
Um relatório do Conselho
Internacional dos Museus
(ICOM, em inglês) revela
que quase um terço dos seus
membros vai despedir tra-
balhadores permanentes e
perto de metade conta dis-
pensar trabalhadores tem-
porários, devido ao impacto
da pandemia nas actividades
destes espaços.
O documento, divulgado
no sítio ´online´ do ICOM,
mostra que a pandemia de
Covid-19 está a afectar seria-
mente estas instituições cul-
turais em todo o mundo,
exigindo o encerramento ou
a limitação de horários de
funcionamento.
No primeiro relatório sobre
a pandemia, divulgado em
Maio deste ano, o ICOM dava
conta de que a quase totali-
dade dos associados dos cinco
continentes tinha fechado
portas para salvaguardar a
saúde dos visitantes e traba-
lhadores, com “sérias reper-
cussões a nível económico,
cultural e social”.
O novo documento - rea-
lizado em Setembro e Outu-
bro, com base em dados
recolhidos de 900 dos mem-
bros do ICOM nos cinco con-
tinentes - vem confirmar
que a crise terá um grande
impacto a curto e longo prazo.
O relatório indica que 30,9%
dos museus que responde-
ram dizem que vão despedir
trabalhadores permanentes,
enquanto 46,1% indicam
que vão despedir trabalha-
dores temporários.
Pelo menos, 16% disseram
já ter despedido um quarto
dos funcionários do museu
entre Fevereiro e Setembro
deste ano, sendo que a Amé-
rica do Norte é a região onde
mais instituições (52%) reco-
nhecem ter despedido tra-
DÚVIDAS SOBRE A
EFICÁCIA
Director da
AstraZeneca diz
que vacina requer
estudo adicional
O director executivo da far-
macêutica britânica Astra-
Zeneca, Pascal Soriot, afir-
mou ser necessário fazer
mais estudos sobre a vacina
contra a Covid-19 produzida
pelo seu laboratório, em fun-
ção das dúvidas levantadas
sobre a eficácia que o imu-
nizante pode oferecer contra
o coronavírus, mas diz que
é improvável que isso venha
a atrasar o processo de apro-
vação europeia.
"Agora que chegámos ao
que parece ser uma maior
eficácia, temos que validar
isso, precisamos de um
estudo adicional", disse
Soriot, em entrevista à agên-
cia Bloomberg. O laboratório
britânico e a Universidade
de Oxford, com a qual desen-
volve este projecto, anun-
ciaram, na segunda-feira,
que segundo os resultados
dos ensaios clínicos, reali-
zados no Reino Unido e no
Brasil, a vacina apresenta
uma eficácia média de 70%.
No entanto, este dado
resulta de dois grupos dis-
Um terço dos museus vai
despedir trabalhadores
O novo documento - realizado em Setembro e Outubro, com base em dados
recolhidos de 900 dos membros do ICOM nos cinco continentes - vem
confirmar que a crise terá um grande impacto a curto e longo prazo.
balhadores, mais do dobro
do que na Europa (25,2%).
Entre Abril e Outubro,
10,7% dos trabalhadores tem-
porários foram despedidos e
16% das instituições ques-
tionadas disseram não ter
renovado contratos, uma
situação grave no sector do
trabalho independente, com
40,9% a indicar perda de salá-
rio em consequência da crise,
e quase um terço já pondera
tintos. Um grupo menor, que
recebeu primeiro apenas
meia dose e, um mês depois,
uma dose completa, apre-
sentou uma eficácia de 90%.
Um segundo grupo, muito
maior, que recebeu duas
doses da vacina com um mês
de diferença, mostrou uma
eficácia de 62%. Andrew
Pollard, cientista da Univer-
sidade de Oxford, explicou
que a diferença pode ser
explicada porque, "ao dar
uma primeira dose menor,
estamos a preparar o sistema
imunológico de um modo
diferente, estamos a pre-
pará-lo melhor para respon-
der". Entretanto, os cientistas
reconheceram que a menor
quantidade administrada ini-
cialmente ao primeiro grupo
partiu de um erro na dose
administrada, que os inves-
tigadores decidiram apro-
veitar posteriormente. Con-
cluiu-se depois que, além
de ser muito menor do que
o segundo grupo, esse pri-
meiro grupo tinha um limite
máximo de idade de 55 anos.
O incidente levantou dúvi-
das sobre a eficácia da vacina
em idosos, o que fez com que
as acções da AstraZeneca
caíssem em bolsa, mas apa-
rentemente não preocupou
os médicos do Governo bri-
tânico, que investiu em
grande nesse projecto.
"Há sempre um debate
científico sobre tudo", disse
o conselheiro médico-chefe,
APONTA RELATÓRIO
mudar totalmente de carreira
profissional. Em 68,5% dos
museus que responderam ao
inquérito, a principal fonte
de receitas vem de fundos
públicos e, em 25,8%, de fun-
dos privados, sendo que
33,8% assegura a sobrevi-
vência com os bilhetes ven-
didos aos visitantes.
"Com o encerramento
dos museus, o número de
visitantes diminuiu dras-
Chris Whitty, numa confe-
rência de imprensa com o
Primeiro-Ministro Boris
Johnson. "A resposta consiste
em deixar nas mãos dos regu-
ladores, é sempre um erro
fazer muitas interpretações
cedo demais", acrescentou.
Assim, para confirmar os
resultados de quando uma
meia dose é administrada e,
em seguida, uma completa
um, mês depois, provavel-
mente será realizado um
outro "estudo internacional",
afirmou Soriot.
"Mas pode ser mais rá-
pido, porque sabemos que
a eficácia é alta e precisamos
de um número menor de
pacientes", acrescentou, des-
tacando que o estudo adi-
cional não deve atrasar a
aprovação da vacina pelas
reguladoras de saúde que o
laboratório se dispõe a soli-
citar. As outras duas vacinas
em fase muito avançada,
desenvolvidas pelos labo-
ratórios americanos Pfizer
e Moderna, mostraram efi-
cácia superior a 90% em
ensaios clínicos.
No entanto, o projeto
AstraZeneca tem a vantagem
de usar uma tecnologia tra-
dicional, que o torna muito
mais barato: custaria 4 dóla-
res (3,36 euros) a dose contra
os mais de 25 das demais. O
laboratório também se com-
prometeu a distribuí-la a
preço de custo para os países
mais pobres.
ticamente, o que teve graves
consequências económicas,
especialmente para os que
dependem quase totalmente
dessas entradas", alerta o
ICOM, a maior organização
internacional de museus e
de profissionais de museus,
criada em 1946, para a pre-
servação e divulgação do
património natural e cul-
tural mundial, tangível e
intangível.
Casamento reuniu sete mil na cidade de Nova Iorque
Era para ser segredo, mas
não conseguiram esconder
um casamento com milhares
de pessoas numa sinagoga
em Nova Iorque, onde vigo-
ram restrições para travar a
Covid-19. A cerimónia repre-
senta uma violação às regras
sanitárias que foram impostas
e as autoridades da cidade
condenaram a sua realização.
Mas não se ficaram pelas
palavras. O autarca Bill de
Blasio anunciou que a cidade
pretende aplicar uma multa
de 15 mil dólares.
As imagens impressio-
nam, com milhares de pes-
soas a dançar e a cantar num
casamento secreto de judeus
ortodoxos, realizado no início
deste mês em Nova Iorque.
Na terça-feira, em confe-
rência de imprensa, o autarca
Bill de Blasio anunciou que
está a ser feita uma inves-
tigação à cerimónia realiza-
da em segredo na sinagoga
Yetev Lev, em Williams-
burgpor, por desafiar as res-
trições impostas para travar
a disseminação do novo co-
ronavírus. O casamento has-
sídico (corrente judaica) do
neto do rabi Aaron Teitel-
baum ocorreu a 8 de No-
vembro, numa sinagoga de
Brooklyn, com capacida-
de para cerca de 7.000 pes-
soas, como noticiou o jornal
"As instituições que de-
pendem principalmente de
fundos públicos parecem
ser as mais estáveis, com
percentagens mais baixas
dos efeitos económicos ne-
gativos", assinala ainda o
ICOM sobre o facto de o rela-
tório apontar que estes mu-
seus cortaram menos acti-
vidades e horários e despe-
diram metade dos recursos
humanos, comparando com
EM PLENA PANDEMIA
New York Post. As autori-
dades já tinham ne-gado
a realização de uma ceri-
mónia semelhante no mês
passado, que também pre-
tendia reunir milhares de
convidados.
"O que sabemos inques-
tionavelmente é que era
demasiada gente. Seja qual
for o número, se fossem cen-
tenas, milhares, era dema-
siada gente", disse Bill de
Blasio aos jornalistas. O
mayor da cidade, onde cerca
de 25 mil pessoas morreram
devido à Covid-19, disse que
houve "um esforço muito
consciente para esconder" o
casamento, "o que o torna
ainda mais inaceitável".
Desrespeito
De Blasio ameaçou fechar
a sinagoga permanente-
mente, se a "actividade ina-
dequada" continuar.
O governador Andrew
Cuomo disse que o casa-
mento foi "um flagrante
desrespeito à lei". "É ilegal.
Também foi um desres-
peito" aos cidadãos de Nova
Iorque, afirmou. Parte da
comunidade ultraortodoxa
deste estado norte-ameri-
cano rejeita o uso de más-
cara e o distanciamento
social, fazendo com que as
autoridades tenham difi-
Domingo
29 de Novembro de 2020
os que dependem de fun-
dos privados.
Globalmente, 49,6% dos
inquiridos consideram que
vão perder pelo menos um
quarto das entradas em 2020
e, para 32%, mais de metade,
comparando com 2019, pre-
vendo que, a longo prazo, o
impacto da pandemia reduza
actividades, horários e a pro-
gramação de exposições
temporárias.
Neste inquérito, 6,1% dos
indagados dizem que o seu
museu deverá fechar defi-
nitivamente, uma redução,
comparativamente a Maio,
quando 13% faziam essa
p revi são , ba s ead a nu m
clima de grande incerteza,
mas que o ICOM continua
a classificar de "alarmante".
Comparada com o mês de
Maio, a situação dos museus
em Setembro e Outubro
varia muito mais, depen-
dendo da localização no
mundo: a maior parte na
Europa e na Ásia estavam
abertos, mas encerrada na
América latina e nas Caraí-
bas, enquanto nos restantes
países há uma mistura das
duas situações.
Actualmente, continuam
a investir na presença digital,
com 50% dos inquiridos a
desenvolver actividades em
sítios ´online´, redes sociais,
e eventos em ´streaming´ para
diversos tipos de públicos.
Em nome da comunidade
internacional de museus, o
ICOM pede aos poderes pú-
blicos e privados, e aos deci-
sores políticos e culturais,
para darem apoio a estes es-
paços patrimoniais e aos seus
profissionais, "para que pos-
sam sobreviver a uma crise
sem precedentes, e manter
a sua missão para com os
visitantes".
culdade para que as regras
sanitárias sejam cumpridas.
Em Outubro, vários bairros
judeus ultraortodoxos esti-
veram em estado de alerta,
decretada pelo governador
enquanto o índice de infe-
ção aumentava.
A resistência dos judeus
ultraortodoxos a cumprir as
medidas recomendadas pelas
autoridades de saúde do es-
tado e da cidade de Nova Ior-
que não é inédita. Em Abril
de 2019, um surto de sarampo
atingiu a comunidade e as
autoridades, culpando as
campanhas "anti-vacinas"
de espalhar informações fal-
sas, ordenaram a vacinação
obrigatória no bairro de Wil-
liamsburg, Brooklyn. Cerca
de 250 pessoas tinham con-
traído a doença.
O governador Andrew
Cuomo decretou o encerra-
mento de negócios não
essenciais e limitou o número
máximo de pessoas que fre-
quentam templos religiosos
até 10, o que originou pro-
testos da comunidade.
As infecções pelo novo
coronavírus estão a aumen-
tar em Nova Iorque, que tem
uma taxa de novos testes
positivos à volta dos 3,1%,
o que levou a cidade a encer-
rar novamente as escolas
públicas.
POLÍTICA Domingo
29 de Novembro de 2020 9
INSTALAÇÕES FORAM INAUGURADAS ONTEM

Presidente propõe criação de fundo

para manutenção do Arquivo Nacional
João Lourenço defende que a utilização do espaço deve obedecer a critérios que não pesem no bolso dos cidadãos,
para que as pessoas possam visitar o estabelecimento de investigação o maior número de vezes possível

SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Adelina Inácio
O Presidente da República,
João Lourenço, considerou,
ontem, em Luanda, o Arquivo
Nacional de Angola uma im-
portante infra-estruturas
moderna e, por isso, defendeu
a criação de um fundo que sirva
para a manutenção mínima
das instalações.
As instalações do Arquivo
Nacional, que tem a missão
de promover a política arqui-
vística e coordenar o Sistema
Nacional de Arquivos, foram
inauguradas, ontem, pelo
Chefe de Estado.
Com cinco pisos e um custo
de 97 milhões de euros, o
Arquivo Nacional tem áreas
de gestão geral, pesquisa,
laboratórios e oficinas, audi-
tório, arquivo e administração,
bem como serviços de apoios.
“Uma infra-estrutura des-
tas tem que ter orçamento,
quer venha do OGE, quer
resultante de receitas que
devem ser recolhidas”, defen-
deu o Presidente João Lourenço
para quem a utilização do
espaço deve obedecer a cri-
térios que não sejam pesados
para o bolso do utilizador, para
que “possa vir aqui o maior
número de vezes possível”.
Ao comparar as antigas
instalações com as novas,
João Lourenço disse que
aquelas tinham o “acervo
muito mal conservado”, uma
vez que ocupava um espaço
alugado e com condições
precárias que não davam
garantia da longevidade do
material arquivado.
Com as modernas insta-
lações, o Presidente acredita
que o país terá, não só a capa-
cidade de recolher, selec-
cionar, desinfectar, conservar
os materiais e documentos,
revistas e livros, mapas, peças
Presidente João Lourenço recebu explicações sobre o funcionamento do estabelecimento
de arte, como também garan-
tir muito maior longevidade
dos arquivos.
O Chefe de Estado consi-
derou, também, o Arquivo
Nacional não só um ganho
para os estudantes, estudiosos
e pesquisadores de várias
ramos da ciência, mas, sobre-
tudo, da cultura e da História,
pois têm, agora, um espaço
com boas condições para
poderem trabalhar.
João Lourenço apelou a
todos os trabalhadores e uti-
lizadores a esforçarem-se no
sentido de conservar, da me-
lhor forma possível, todo o
acervo e equipamento a que
tiverem acesso, pois houve
um grande investimento.
O ministro da Cultura,
Turismo e Ambiente, Jomo
Furtunato, afirmou que a
melhor acomo dação da tenha o acervo digitalizado.
documentação pré-existente O Arquivo Nacional, explicou,
no antigo Arquivo Histórico guarda a documentação pro-
Nacional. Vai, também, pro- duzida nos órgãos da função
piciar a incorporação dos pública nos seus variados
documentos dos órgãos de formatos. Alexandra Aparício
soberania produzidos depois afirmou que existe docu-
de 1975, incluindo o espólio mentação sobre Angola nos
de natureza política e cultural, cinco continentes, tendo sido
disperso pelo mundo. identificados alguns arquivos
“Angola dará um passo em Portugal.
importante no domínio da “Já foram feito inventá-
investigação em ciências rios em alguns arquivos em
humanas e sociais, num es- Portugal e aguardam dis-
paço onde se podem encontrar ponibilidade para a digita-
textos que datam do século lizações”, informou a gestor,
XVI”, afirmou, ao referir-se esclarecendo que se trata
ao Arquivo Nacional. de um trabalho que deve ser
feito por investigadores e
Recolha de documentação pesquisadores que fazem
O governante entende que inventários, localizam e pre-
a inauguração do Arquivo param a digitalização que
Nacional é, igualmente, uma deve ser paga.
oportunidade para se pro- A responsável do Arquivo
ceder à recolha de toda a Nacional disse existir uma
documentação existente no parceria com a UNESCO e que
exterior do país, criando um Angola já conseguiu colocar,
elo de funcionalidade orgâ- em 2011, no programa “Memó-
nica com outras instituições ria do Mundo”, daquela agên-
congéneres, de prestígio que cia da ONU a documentação
inauguração do Arquivo de concretização da agenda conservam documentos de sobre os Dembos.
Nacional abre uma nova era do Plano de Desenvolvi- e sobre Angola. “O programa Memoria do
na coordenação e moder- mento Nacional que prevê, A directora do Arquivo Mundo é equivalente ao
nização científica, dois eixos para o domínio da Cultura, Nacional, Alexandra Aparício, Património Mundial”, escla-
centrais da política arqui- a implementação do Sistema disse que se pretende, tam- receu Alexandra Aparício,
vística nacional. Nacional de Arquivos. bém, colocar a documentação prometendo trabalhar para
Segundo o ministro, o edi- Jomo Furtunato disse que em formato digital na base colocar mais documentos
fício surge da necessidade o novo edifício vai permitir de dados para que Angola na UNESCO.
Homenagem a Agostinho Mendes de Carvalho
Depois da inauguração do edifício, o Pre- O auditório, com capacidade para nifestar a minha satisfação por isso”, disse
sidente da República fez uma visita guiada albergar 300 pessoas, homenageia a o presidente da coligação CASA-CE. André
ao Arquivo Nacional, tendo recebido expli- memória e obra do nacionalista e escritor Mendes de Carvalho considerou o Arquivo
cações detalhadas sobre o complexo que Agostinho Mendes de Carvalho. Nacional de Angola “uma estrutura de muita
fica localizado numa área estratégica, na André Mendes de Carvalho, filho do utilidade para o país”.
confluência com o campus da Universidade nacionalista, agradeceu o gesto, salien- Defendeu que seja bem cuidado e
Agostinho Neto, perto do Estádio 11 de tando: “onde quer que o meu pai esteja, espera que reforce a memória sócio-cultural
Novembro e de outros edifícios públicos. estará bastante satisfeito”. do país. O também deputado espera, igual-
O projecto está implantado num ter- “Eu sei que a ideia de dar ao auditório mente, que o Arquivo Nacional sirva de
reno, com 33.476.00 metros quadrados, o seu nome teve a intervenção pessoal base para estudiosos e investigadores
incluindo arruamentos internos e parque do Presidente da República. Então um para se ter “uma História de Angola mais
de estacionamento. agradecimento muito especial a ele e ma- perfeita e coesa”.

EM ANGOLA
dariedade global, respon- superado com solidariedade tra de Estado reiterou o apoio
sabilidade compartilhada”, e responsabilidade compar- do Executivo na assistência

Mais de 300 mil pessoas faz um apelo inequívoco à

necessidade de dar respostas
multissectoriais para ven-
cermos a doença.
tilhada”, sublinhou.
A ministra de Estado para
Área Social salientou que
deve-se, nesta data, honrar
a todos os angolanos vivendo
com o VIH e apelou, também,
para a necessidade de juntos
“lutarmos para o reforço à

vivem com o VIH/Sida “Esta é a oportunidade de

Manuela Gomes
Ao todo, 350 mil pessoas em
Angola vivem com o vírus
do VIH/Sida, o que representa
2 por cento da população,
segundo dados da Rede Ango-
lana das Organizações de
Serviço de SIDA (ANASO).
A informação foi prestada,
ontem, em Luanda, pelo pre-
sidente da Anaso, António
Coelho, durante um acto,
por videoconferência, des-
tinado a assinalar o Dia Mun-
dial da Sida, na próxima terça-
feira, sob o lema “Solidarie-
dade global responsabilidade
compartilhada”.
O Vice-Presidente da Re-
pública, Bornito de Sousa, que
procedeu à abertura do acto,
que se designou “Marcha de
solidariedade contra a Sida”,
salientou que este ano o mundo
entra na última década de
acção para acabar com o Sida
como ameaça à saúde pública.
O também coordenador da
Comissão de Luta contra a
Sida disse tratar-se de um
objectivo alcançável se hou-
ver mais financiamento para
a Saúde, sistemas de saúde
fortes, funcionais e eficientes,
o acesso aos cuidados pri-
mários garantidos e os direi-
tos humanos considerados
e respeitados.
Para o Vice-Presidente
da República, a ONU/Sida,
ao propor como lema “Soli-
ouro para unirmos as nossas
vozes, gerando sinergias e
mostrarmos que, em Angola
e no mundo inteiro, quem
vive com HIV é e continua a
ser um de nós”, disse.
Bornito de Sousa reafirmou
o compromisso dos países em
centralizarem recursos para
o combate à pandemia da
Covid-19. “Se, por si, o VIH já
constitui um desafio duro dos
Estados, famílias, empresas e
economias, a combinação com
a Covid-19 resulta num obs-
táculo ainda mais difícil e com-
plexo que apenas pode ser
as vítimas da doença, recor-
dando a importância da pre-
venção e renovar a solidari-
edade à todos que vivem com
o HIV/Sida.
Carolina Cerqueira disse
que o objectivo é romper a
barreira do medo e da mar-
ginalização, a que milhares
de pessoas estão sujeitas
por preconceito ou desco-
nhecimento.
Apelou ao reforço das fon-
tes de solidariedade para a
esperança e auto-estima se
sobreporem aos traumas e
estigmas que ainda preva-
lecem na sociedade. A minis-
educação e prevenção da
Covid-19, mantendo o dis-
tanciamento e as medidas
de biossegurança”.
O director da ONU-Sida
Angola, Michel Kouakou, cha-
mou a atenção da comunidade
internacional para uma soli-
dariedade global e responsa-
bilidade compartilhada.
Michel Kouakou sublinhou
que, com o surgimento do
novo Coronavírus, o mundo
aprendeu muitas coisas, como
o grande impacto que uma
pandemia pode ter na vida
de uma pessoa e nos meios
de subsistência.
10 SOCIEDADE
CUANDO CUBANGO
Habitantes das zonas rurais
beneficiam de água potável
Na província do Cuando Cubando, apenas 150 mil
pessoas têm acesso ao abastecimento de água potável
Água potável deixa de ser problema para mais de mil habitantes do Cuando Cubango
Nicolau Vasco|Menongue
Mais de mil habitantes das
localidades do Chihongo,
Cachinho e São José, arre-
dores da cidade de Menon-
gue, província do Cuando
Cubango, beneficiam, desde
quinta-feira, de água potá-
vel, com a entrada em fun-
cionamento de três sistemas
de captação e distribuição
do preciso líquido.
O projecto, que está a ser
executado pela ONG World
Vision Angola, contempla a
construção e reabilitação de
20 fontenários, sendo 12 em
Menongue, quatro no Cuchi,
dois no Cuangar, um no Dirico
e igual número no Calai.
Segundo o director da
World Vision Angola, Robert
Bulten, o projecto, financiado
pelo Banco Mundial (BM),
LUNDA-SUL
Secretário do SJA defende
jornalismo investigativo
Flávia Massua|Saurimo
O secretário Nacional do
Sindicato dos Jornalistas
Angolanos ( SJA) defendeu,
na sexta-feira, em Saurimo,
na Lunda-Sul, a necessidade
de os profissionais apostarem
no jornalismo investigativo,
como forma de ajudar o Exe-
cutivo a melhorar o quadro
de vida das populações, atra-
vés de investimentos postos
à sua disposição.
Teixeira Cândido, que
interveio no acto de formação
dirigido aos jornalistas da
província, realçou que os
profissionais de comunicação
social são elementos influen-
ciador indirecto da acção
no valor de seis milhões de
dólares, iniciou em Junho
último e fica concluído em
Abril de 2021. Explicou que
quatro províncias do Sul do
país estão contemplados,
nomeadamente do Cuando
Cubango, Huíla, Namibe e
Cunene, que foram afectadas
pela seca severa entre o pe-
ríodo de 2018/2020.
Cada fontenário é supor-
tado com um tangue de cinco
mil litros e sustentada com
sistema de placas solares,
que permitem bombear o
precioso líquido, no âmbito
do programa do melhora-
mento de qualidade de vida
das populações em Angola.
Robert Bulten informou
que os fontenários estão a
ser erguidos, também, para
fornecer água nas escolas
e permitir com que os alunos
aprendam acções técnicas
governativa e não só, daí a
necessidade de se ter o má-
ximo domínio do Orçamen-
to Geral do Estado (OGE),
que é a principal ferramenta
do Executivo.
O secretário do SJA, que
também é jornalista, defen-
deu ser este o momento de
os profissionais saírem do
comodismo e incentivou-
os a avançar para uma actua-
ção que traga mais elementos
que satisfaçam, de forma
irreversível, as expectativas
do cidadão.
"Investigar e dar segmento
“followup” sobre determi-
nado assunto é também uma
forma de ultrapassar as difi-
culdades, e aguçar o génio da
NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO
de criação de hortas, visando
cultivar alimentos de valor
nutricional, com vista a dimi-
nuir a taxa de má nutrição.
O projecto contempla
ainda a formação dos téc-
nicos de saúde e forneci-
mento de medicamentos às
unidades sanitárias, para
que as comunidades possam
fazer a triagem nutricional
em crianças dos seis meses
aos cinco anos de idade,
para identificar o seu estado
de Saúde e consequente o
seu tratamento.
Na província do Cuando
Cubando, apenas 150 mil
pessoas têm acesso ao abas-
tecimento de água potável,
dos quais 70 por cento estão
localizadas em Menongue.
Ao todo, a região conta com
cerca de 600 mil habitantes,
distribuídos em nove muni-
cípios e 32 comunas.
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO
profissão, que exige um exer-
cício diário, dinâmico, ac-
tual e profundo”, disse Tei-
xeira Cândido.
Aberto na sexta-feira e
até sábado, na acção forma-
tiva, que reuniu mais de 30
profissionais, foi debatida o
tema “A voz do jornalista,
no direito à informação e à
liberdade de expressão”.
O certame foi promovido
pela SJA em colaboração com
a Rádio Eclésia e contou com
o apoio da União Europeia EU.
LIDERANÇA NA IGREJA DA FÉ APOSTÓLICA
Apóstolo Samuel Pacheco
reconhecido pelo tribunal
O Tribunal Provincial do
Huambo julgou improce-
dente uma acção levada a
cabo pela ala da Igreja da Fé
Apostólica em Angola, lide-
rada por Alberto Segunda.
Depois de apresentar fac-
tos sobre a ilegalidade da
assembleia, realizada pela
ala do reverendo Alberto
Segunda, na sentença datada
de Agosto de 2020, o Tribunal
Provincial do Huambo con-
siderou o reverendo Samuel
Paquissi Pacheco o repre-
sentante legal da Igreja da
Fé Apostólica em Angola.
Num comunicado, o reve-
rendo disse que a direcção
que dirige teve de impugnar
a suposta assembleia junto
do Tribunal Provincial do
Huambo, onde está localizado
a sede nacional da Igreja da
Fé Apostólica em Angola, por
tratar-se de um acto ilegal e
fora dos cânones da Igreja.
“Nos autos, a nossa acção
junto do Tribunal foi proce-
dente, ou seja, e deu-nos ra-
zão, alegando que a referida
assembleia realizada em
Luanda, por parte de pastores
que se separaram da igreja
legal foi um acto que não tem
legitimidade e a providência
cautelar anulou ou suspendeu
todas as deliberações que
tiveram lugar neste encontro
forjado", afirmou o Reve-
rendo Paquissi.
O apóstlo esclareceu ainda
que nos termos da lei, além
da providencia cautelar da
Sala do Cível Administrativo
do Tribunal Provincial do
Huambo ter dado razão a sua
CEMITÉRIO DA MULEMBA
Inocêncio de Matos
repousa finalmente
Miguel Gomes
O funeral de Inocêncio de
Matos, morto no dia 11 de
Novembro, em Luanda,
aconteceu ontem, no Cemi-
tério da Mulemba - 14. O
cortejo fúnebre juntou cen-
tenas de pessoas que acom-
panharam os restos mortais
até à morada final.
O cortejo, registado em
vídeo e partilhado nas redes
sociais, foi pontuado com
palavras de ordem que faziam
lembrar as recentes manifes-
tações em várias províncias.
O funeral aconteceu 17
dias depois da morte devido
ao impasse, motivado pelas
causas do trágico aconteci-
mento, que surgiu entre a
família, a Polícia Nacional e
a Procuradoria-Geral da
República (PGR).
A primeira autópsia foi
concluída no dia 12 de No-
vembro sem a presença dos
representantes legais da famí-
lia de Inocêncio de Matos,
facto que provocou dúvidas
sobre os procedimentos uti-
lizados. A segunda autópsia,
que aconteceu apenas na
direcção. Sublinhou que
numa outra sentença do Tri-
bunal Provincial de Luanda,
também, tinha deliberado a
legitimidade "a nossa direc-
ção e invalidou o acto que
forjou a liderança da igreja
junto das instituições do
Estado”.
O documento sublinha
que os líderes da Igreja da Fé
Apostólica dos países são
nomeados pelo Supervisor
Chefe Internacional em coor-
denação com o Supervisor
de África, e não através de
qualquer assembleia, por não
constar dos estatutos da igreja.
No entanto, a liderança
do reverendo Samuel Paquissi
Pacheco convida a todos os
fiéis da Igreja a juntarem-
se, por formas a torná-la una
e indivisível. “Neste momento
o que resta é apenas o pro-
cesso de reconciliação, que
consiste em perdoarmo-nos
uns aos outros e andarmos
juntos”, afirmou Samuel
Paquissi Pacheco.
EDIÇÕES NOVEMBRO
Reverendo Samuel Pacheco
última quarta-feira, 25, foi
acompanhada pela família e
advogado. Num primeiro
momento, a PGR rejeitou ace-
der às suas pretensões, facto
que levou Alberto de Matos,
pai do ex-estudante univer-
sitário, a realizar uma vigília
silenciosa junto à PGR.
Inocêncio de Matos, 27
anos, era estudante do ter-
ceiro ano de Ciências da
Computação na Universidade
Agostinho Neto. Morreu no
dia 11 de Novembro, na Ave-
nida Hoji ya Henda, em Lu-
anda, em circunstâncias
ainda por apurar, quando o
grupo em que seguia foi
interceptado por agentes da
Polícia Nacional.
A PGR, na primeira au-
tópsia, indicou que a morte
ocorreu na sequência de
ofensa corporal "com objecto
de natureza contundente".
Os resultados oficiais da se-
gunda autópsia ainda não
foram divulgados publica-
mente. Algumas fontes apon-
tam para a possibilidade de
ter sido uma bala a provo-
car a morte de Inocêncio
de Matos.
Domingo
29 de Novembro de 2020
PLATINA LINE
Vencedores
do “Startup's
Turismo”
galardoados
Amilda Tibéria e Carla Bumba
“Seg Onde” é a pequena
empresa vencedora do pri-
meiro concurso de "Startup's
Turismo", uma iniciativa da
Platina Line, em parceria
com o Ministério da Cultura,
Turismo e Ambiente, reali-
zado, na sexta-feira, em Lu-
anda, tendo recebido um
cheque no valor de um milhão
de kwanzas.
A startup “Kubata Angola”
quedou-se na segunda posi-
ção e beneficiou de 300 mil
kwanzas, enquanto a “Inzo
Iame” na terceira, tendo re-
cebido a quantia de 200 mil
kwanzas.
Em declarações ao Jornal
de Angola, o representante
do “Seg Onde”, Domingos
Fernando, explicou que a apli-
cação criada pela sua empre-
sa visa a ajudar as pessoas a
encontrarem informações
sobre os serviços turísticos
disponíveis no país, sem pre-
cisar de se deslocar, bastando,
para o efeito, ter acesso à pla-
taforma digital.
Segundo o director do
Gabinete de Tecnologias de
Informação do Ministério
da Cultura, Turismo e Am-
biente, Ulira Kandimba, o
programa apresenta uma
estratégia nacional para os
empreendedores, com um
impacto futuro no mercado
mundial e na revolução da
gestão do desenvolvimento
das startup's.
Ulira Kandimba salientou
que a parceria entre o Minis-
tério da Cultura, Turismo e
Ambiente e a Platina Line visa
tirar partido das tecnologias
de informação, para uma eco-
nomia mais diversificada.
“Nesta competição deve-
mos encontrar desenvolvi-
mento, com ou sem fins
lucrativos, que oferece um
valor agregado e soluções
sustentáveis para os sectores
da Cultura, Turismo e Am-
biente, beneficiando o sistema
com um potencial de esta-
bilidade, com planos de negó-
cios e gerações de empregos”,
realçou o responsável pelo
Gabinete de Tecnologias de
Informação.
Em seu entender, as star-
tup's dão um impulso à estra-
tégia inicial dos desafios
inerentes, através de um
conjunto de novas medidas
destinadas a atrair mais
talentos, novos mercados e
dar apoio na intervenção do
sistema de financiamento.
Sarchel Necesio explicou
que o concurso “Startup's
Turismo Angola” visa encon-
trar e fomentar o desenvol-
vimento de pequenas em-
presas, criadas por jovens
que se iniciam no ramo do
empreendedorismo.
“O prémio garante esti-
mular a criatividade, criação
de um ambiente de comuni-
cação massivo e, ao mesmo
tempo, abrangente para uma
comunicação clara e com
pouco ruído, colhendo con-
tribuições para o sector”, disse.
Domingo
29 de Novembro de 2020 11

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direito de superfície e registo
103.º da citada Lei, a fusão por incorporação da E.C.N.N. – EMPRESA DE CERVEJAS
predial. Telef. 941807170 N’GOLA NORTE, S.A., sociedade com sede social, sita na Rua N’Gola Kiluanji, n.º 370,
(12378a) em Luanda, titular do Número de Identificação Fiscal 5417051977, matriculada na 2.ª Sec-
ção da Conservatória do Registo Comercial de Luanda, junto do Guiché Único da Empresa,
sob o n.º 423-09, com o capital social de 50 000 000 AOA, na COBEJE – COMPANHIA
COMPRA-SE DE BEBIDAS DE BOM JESUS, S.A., sociedade com sede social, sita na Rua Dr. Américo
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pequeno. Telf.: 923469567 Identificação Fiscal 5417033855, matriculada na 2.ª Secção da Conservatória do Registo
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Comercial de Luanda, junto do Guiché Único da Empresa, sob o n.º 1551.08, com o capital
social de 4 815 750 000 AOA.
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eficaz, sem desarrumar nem refere o Artigo 105.º da já mencionada Lei, ficam à disposição para consulta, pelos Accio-
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terreno Rural com uma área de 165 (Cento e sesenta e cinco) hectares, para fins Agro-Pecuária,
situada na zona do Matumbo, Comuna de Quissanga Cungo, Município da Cela, Província do
PRECISA-SE Cuanza-Sul.
MÉDICOS e Secretária de Feita a Demarcação Provisória, a mesma ficou com as seguintes confrontações : a Norte com
Direcção C/domínio de Orga-
nização Administrativa e uma estrada de terra melhorada, a Sul com a Fazenda N.º 21 ,a Este com a Fazenda N.º 27 e
Arquivo. Telefs: 924703257, a Oeste com uma estrada de terra melhorada.
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São, por este meio, convocadas todas as pessoas que se julgarem com direitos sobre o mesmo
MECÂNICO experiente de pri-
meira p/ trabalhar c/ mini- terreno, a virem comprová-lo neste Instituto Geográfico e Cadastral de Angola, no prazo de 30
autocarro, na Ponto dias a contar da data da publicação deste Edital.
Transporte. Telf. 924557955
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Domingo
29 de Novembro de 2020
CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO DE BÓIAS
DE SINALIZAÇÃO MARÍTIMA NAS BAÍAS DE LUANDA E DO MUSSULO
ANÚNCIO
ABERTURA DE PROCEDIMENTO DE CONCURSO LIMITADO
POR PRÉVIA QUALIFICAÇÃO N.º 01/68.00/2020
A EMPRESA PORTUÁRIA DE LUANDA, E.P, vem tornar público, nos termos do disposto no n.º 1 do
artigo 119.º e do Anexo VIII, da Lei n.º 9/16, de 16 de Junho, Lei dos Contratos Públicos, que está
aberto Concurso Limitado Por Prévia Qualificação para Aquisição dos Serviços de Fornecimento e
Instalação de Bóias de Sinalização Marítima nas Baías de Luanda e Mussulo.
1- DADOS DA ENTIDADE PÚBLICA CONTRATANTE (EPC)
Designação: Empresa Portuária de Luanda, E.P.
Endereço: Avenida 4 de Fevereiro – Luanda
Localidade: Ingombota
Província: Luanda
Telefone: +244 226 431 121
Correio electrónico: sinalizacaomaritima@portoluanda.co.ao
Tipo de entidade contratante e suas principais actividades: Empresa Pública: Sector Portuário.
A EPC está a contratar por conta própria.
2 - INFORMAÇÃO RELATIVA AO CONTRATO
Designação dada ao contrato pela EPC: Contrato de Aquisição de Serviços de Fornecimento e Ins-
talação de Bóias de Sinalização Marítima nas Baías de Luanda e do Mussulo.
Tipo de contrato: Aquisição de Serviços
Local de realização dos serviços: Baías de Luanda e do Mussulo
O concurso implica celebração de um contrato público.
O concurso está aberto à participação de empresas nacionais ou estrangeiras com representação
no país.
Valor estimado do contrato: AOA 509.116.614,50 (Quinhentos e Nove Milhões, Cento e Dezasseis
Mil, Seiscentos e Catorze Kwanzas e Cinquenta Cêntimos)
Prazo de execução do contrato: 4 (Quatro) meses.
3 INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS CANDIDATOS
3.1. Documentos destinados à comprovação da capacidade técnica:
3.1.1 Experiência mínima de 5 anos na área de fornecimento de serviços marítimos e portuários,
com um valor mínimo de ¼ ( um quarto) do montante global aprovado para o presente procedimento
concursal, desde que as mesmas se tenham realizado nos últimos 48 meses anteriores à data da
publicação do anúncio do presente procedimento, com destaque para:
3.1.2 Avaliação técnica e fornecimento de equipamentos marítimos e portuários e outros afins;
3.1.3 Instalação e montagem de diversos equipamentos com funcionalidades nas Baías marítimas,
tais como bóias e faróis, e outros sectores semelhantes do sistema portuário;
3.1.4 Conhecimento profundo do sistema portuário de Angola;
3.1.5 Se for fabricante deve apresentar prova de que está filiado na IALA (Associação Internacional
de Sinalização Marítima);
3.1.6 Se for intermediário deverá apresentar uma autorização do fabricante;
3.2. Documentos destinados à comprovação da capacidade financeira do concorrente:
3.2.1 Declaração bancária adequada ou prova da subscrição de seguro de riscos profissionais;
3.2.2 Balanço e demostração de resultados dos últimos 3 anos, no caso de pessoas colectivas ou
declaração fiscal, no caso de pessoas singulares;
3.2.3 Declaração sobre o volume global de negócios relativo aos 3 (três) últimos anos;
3.2.4 Prestação de caução provisória, equivalente a 5% da proposta apresentada.
4 CRITÉRIO DE ADJUDICAÇÃO
4.1 Aplica-se ao presente concurso para efeito de avaliação de proposta o critério da proposta eco-
nomicamente mais vantajosa, tendo em conta os factores enunciados nas peças do procedimento.
5 CONSULTA E OBTENÇÃO DAS PEÇAS DO PROCEDIMENTO
5.1 . As peças do procedimento encontram-se disponíveis no endereço que consta no ponto 2 do
presente Anúncio, onde podem ser consultadas, até ao termo do prazo fixado para a apresentação
das candidaturas, prevista no ponto 7 do presente anúncio.
5.2 . Os concorrentes podem obter as peças do procedimento, a partir da data da publicação do
anúncio na III Série do Diário da República ou em Jornal de grande circulação no país, mediante a
apresentação à EPC do comprovativo de pagamento de uma taxa no valor de AOA: 250.000,00 (Du-
zentos e Cinquenta Mil Kwanzas), a ser depositado na Conta Única do Tesouro (CUT), através do
respectivo DAR emitido pela Repartição Fiscal.
5.3 Os serviços da EPC devem disponibilizar cópias dos documentos do presente procedimento,
em suporte de papel ou ficheiro informático, no prazo máximo de 2 dias úteis subsequentes à recep-
ção do pedido
5.4 Não constitui responsabilidade da EPC qualquer atraso que se verifique após disponibilização
das cópias das peças do concurso do presente Procedimento.
5.5 Constitui responsabilidade dos candidatos a conferência das cópias recebidas nos termos dos
pontos anteriores.
6 PROCESSO
6.1 Data de início para recepção de pedidos das peças do procedimento ou para aceder aos do-
cumentos e para apresentação de candidaturas: 30 de Novembro de 2020.
6.2 Prazo de apresentação de candidatura e propostas: 21 Dezembro de 2020, Hora:15h30m
6.3 Valor da caução definitiva é o equivalente a 20% do preço global da proposta.
7 INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR
7.1 Endereço, ponto de contacto onde podem ser obtidas as informações adicionais, peças do pro-
cedimento e enviadas as candidaturas e propostas, horário de funcionamento são as seguintes:
Designação oficial: Empresa Portuária de Luanda, E.P.
Endereço: Avenida 4 de Fevereiro – Luanda
Localidade: Ingombota
Província: Luanda
Telefone: +244 226 431 121
Correio electrónico: sinalizacaomaritima@portoluanda.co.ao
Funcionamento: 8H00 – 15H30. (500.1533)
13
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GABINETE DE ESTUDOS PLANEAMENTO E ESTATÍSTICA
PROJECTO DE FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE SAÚDE
UNIDADE DE COORDENAÇÃO CENTRAL DO PROJECTO
Empréstimo N. º 8835 – AO
Projecto ID N.º P160948
SOLICITAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
ESPECIALISTA DE SALVAGUARDAS SOCIAIS
IC-HSPSP/C-097/20-185
23 de Novembro de 2020
O Governo de Angola recebeu um financiamento para a implementação do Projecto de Fortalecimento do Sistema
de Saúde (PFSS) e pretende aplicar parte dos recursos na contratação de um Especialista de Salvaguardas Sociais.
O objectivo geral desta consultoria é o de garantir a plena conformidade das actividades do PFSS com os princípios
sociais e os requisitos das Políticas de Salvaguardas do Banco Mundial, bem como ser o principal ponto focal em
todos os aspectos sociais relacionados ao PFSS.
A consultoria terá a duração de 12 meses, renováveis em função do desempenho satisfatório. Os termos de refe-
rência podem ser obtidos no endereço abaixo indicado.
O PFSS convida, por este meio, os consultores individuais ("Consultores") elegíveis a manifestarem o seu interesse
em prestar os Serviços. Os consultores interessados deverão fornecer informações que demonstrem que eles têm
as qualificações requeridas e experiência relevante para executar os serviços.
O processo de selecção consistirá em duas etapas: Avaliação Curricular e Entrevistas que terão ponderações de
70% e 30%, respectivamente.
O Especialista de Salvaguardas Sociais deverá possuir as seguintes qualificações: a. Possuir formação superior ao
nível de licenciatura em Sociologia, Antropologia, Geografia ou outras áreas afins; b. Possuir formação ao nível de
mestrado é uma vantagem; c. Possuir um curso ou treinamento em Violência Baseada no Género é uma vantagem;
d. Deve possuir, pelo menos, 5 (cinco) anos de experiência relevante para este posto; e. Experiência com as Políticas
de Salvaguardas do Banco Mundial e noções básicas sobre o Novo Quadro Ambiental e Social; e a legislação na-
cional angolana; f.Experiência na condução e monitoria de EIAS/PGAS. Vantagem será dada a candidatos com ex-
periência na Gestão de Mecanismos de Queixas e Reclamações (GRM); g.Experiência profissional comprovada de
mais de 5 (cinco) anos na área de desenvolvimento social ou comunitário; h.Experiência na implementação de pla-
nos de mitigação social e em avaliação de Impactos Sociais; i.Conhecimento dos aspectos relativos à higiene e se-
gurança ocupacional e nas comunidades; j.Alguma experiência com treinamento técnico e / ou capacitação tanto
em nível central quanto em comunidade / local; k. Comprovada capacidade técnica, analítica, escrita e comunicação,
bem como algum conhecimento do trabalho do Banco Mundial, incluindo procedimentos fiduciários e administrativos;
l. Domínio na língua portuguesa é essencial; m.Fluência na escrita e fala em inglês é essencial.
Os consultores serão avaliados com base nas Normas de Aquisições do Banco Mundial para Mutuários de Finan-
ciamentos de Projectos de Investimento de Julho de 2016 (“Normas”), revisada em Novembro de 2017 e Agosto de
2018, pelo que deverão ter em atenção à Secção III, parágrafos 3.14, 3.16, e 3.17 das referidas Normas, que definem
a política do Banco Mundial sobre o conflito de interesses. O referido documento pode ser consultado na seguinte
hiperligação:http://pubdocs.worldbank.org/en/178331533065871195/Procurement-Regulations.pdf
O Consultor será seleccionado com base no método de contratação de Consultores Individuais de acordo com as
Normas de Aquisições em vigor.
Os Consultores interessados poderão obter informação adicional no endereço abaixo indicado das 7H30 – 15H30.
As manifestações de interesse (Curricula, cópia dos certificados de habilitações académicas e outra informação
pertinente) deverão ser entregues até ao dia 7 de Dezembro de 2020. Apenas os consultores qualificados na etapa
de avaliação curricular serão contactados.
Projecto de Fortalecimento do Sistema de Saúde (PFSS)
Att.: Gestora de Operações do Projecto
Avenida 1.º Congresso do MPLA, n.º 67 (Cave) [Edifício da Direcção Nacional de Saúde Pública] | Luanda – Angola
Tel: +244 932 580 623 | Correio electrónico: procurement@minsapfss-ao.org| http://www.minsapfss-ao.org
(500.1497)
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS
E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA
EDITAL N.º 107/2020
Processo de Concessão N.º 58-CS/20
Tendo, MILONGA MANUEL BERNARDO, requerido direito de superfície
de uma parcela de terreno rural, com uma área de 15 hectares, onde
será implementado um projecto agrícola, localizado na área da Zâmbia,
comuna sede, município do Amboim, Província do Cuanza-Sul, feita a
demarcação provisória a mesma ficou com as seguintes confrontações:
a Norte com terreno de terceiro não cadastrado, a Sul com terreno de-
marcado pelo senhor Agnelo K. M. Bernardo, a Este com terreno demar-
cado pela natural vermelha, limitada, e a Oeste com terreno de terceiros
não demarcados.
São, por este meio, convocadas todas as pessoas que se julgarem com
direitos sobre o mesmo terreno, a virem comprová-lo neste Instituto Geo-
gráfico e Cadastral de Angola, no prazo de 30 dias a contar da data da
publicação deste Edital.
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E CA-
DASTRAL DE ANGOLA DO CUANZA-SUL NO SUMBE, aos 23 de No-
vembro de 2020.
O CHEFE DE DEPARTAMENTO
BERNARDO MANECO (12335)
14 NECROLOGIA
CONDOLÊNCIAS
LEANDRO MIGUEL
ALVES DOMINGOS
Foi com profundo pesar e dor que Ricardo
Almeida( Kadão), Djamila Almeida, João
Sumbula (Joca) e Alice Dombele comu-
nicam o falecimento do seu irmão, amigo,
compadre e padrinho LEANDRO MIGUEL
ALVES DOMINGOS, ocorrido dia 26 de
Novembro de 2020. O funeral realizar-
se-á em data a anunciar oportunamente.
(12386a)
FALECEU
GONÇALVES PEDRO
A família de GONÇALVES PEDRO comu-
nica o seu falecimento, ocorrido no dia
25/11/2020, por doença, no Hospital do
Prenda, em Luanda . O funeral reali-
zou-se sábado, dia 28/11/2020, no cemi-
tério do Benfica, em Luanda.
(12366)
FALECEU
KIDI MARBACH MARIANO
AMARO
António Domingos Amaro, Suzana Diogo
Mariano (pais), Adélia Amaro, Banda
Amaro Veiga e Nância Amaro (irmãs)
comunicam o falecimento do seu filho
e irmão KIDI MARBACH MARIANO
AMARO, ocorrido dia 28/11/2020, por
doença. O funeral realizar-se-á em data
a anunciar oportunamente. (12426)
FALECEU
ISABEL MARIA DA COSTA
PATACA (Bely)
Joelma Pataca, Euclides Pataca, Aneth
Pataca, Victória Pataca, Walter Pataca,
Stélio Pataca (filhos) e demais familiares
comunicam o falecimento de sua mãe
ISABEL MARIA DA COSTA PATACA
(Bely), ocorrido dia 25/11/2020, em
Luanda. O funeral realiza-se terça-feira,
dia 1/12/2020, partindo o cortejo fúnebre
da Capela da Ressurreição, às 8h00, para
o cemitério de Sant'Ana. (12429)
SERVIÇO NECROLÓGICO: DIAS ÚTEIS DAS 9H ÀS 18H, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 8H ÀS 14H
CONDOLÊNCIAS
LEANDRO MIGUEL
ALVES DOMINGOS
Foi com profunda consternação que o
Conselho de Administração da 3GS
SOLUÇÕES S.A. e seus trabalhadores
tomaram conhecimento do passamento
físico do Sr. LEANDRO MIGUEL ALVES
DOMINGOS,ocorrido no dia 26/11/2020.
Neste momento de dor e tristeza, ende-
reçam à família enlutada os sentimentos
de pesar. (12386b)
FALECEU
INÁCIO GARCIA BERNARDO
(KOTA ICO-WOLO WOLO)
Maria Francisco (esposa), Patrícia, Nelo,
Bito, Neusa, Tunicha, Man Guda, Man
Bias (filhos), Sousa, Katy, Jean Jacks,
Man Banas, Kaká (irmãos) cumprem o
doloroso dever de comunicar o passa-
mento físico de INÁCIO GARCIA BER-
NARDO (Kota Ico-Wolo Wolo), ocorrido
dia 26/11/2020. O funeral realizar-se-
á em data a anunciar oportunamente.
(12408)
FALECEU
INÁCIO GARCIA BERNARDO
(KOTA ICO-WOLO WOLO)
Maria Francisco (esposa), Patrícia, Nelo,
Bito, Neusa, Tunicha, Man Guda, Man
Bias (filhos), Sousa, Katy, Jean Jacks,
Man Banas, Kaká (irmãos) cumprem o
doloroso dever de comunicar o passa-
mento físico de INÁCIO GARCIA BER-
NARDO (Kota Ico-Wolo Wolo), ocorrido
dia 26/11/2020. O funeral realizar-se-
á em data a anunciar oportunamente.
(12408)
FALECEU
SABINO SEQUESSEQUE
A família Sequesseque cumpre o doloroso
dever de comunicar o falecimento de
seu patriarca SABINO SEQUESSEQUE,
ocorrido no dia 27/11/2020, em Luanda,
por doença. O funeral realizar-se-á em
data a anunciar. (12424)
FALECEU
KUMO FREITAS
Augusto Tulomba e familiares comu-
nicam que os restos mortais do seu ente
querido Engº KUMO FREITAS, falecido
em Itália, chegam ao país dia 30/11/2020,
(segunda-feira). O funeral realiza-se
terça-feira, dia 1/12/2020, às 10h00,
saindo da sua residência, sita no bairro
Camama, rua do Chimbicato, para o
cemitério do Benfica. (12427)
FALECEU
MARIA FERNANDA AZEVEDO
Foi com profunda dor e consternação que o
Conselho de Administração e o colectivo de
trabalhadores da ENDIAMA-EP tomaram
conhecimento do falecimento da Senhora
MARIA FERNANDA AZEVEDO, irmã do Dr.
Diamantino Pedro Azevedo, Ministro dos
Recursos Minerais, Petróleo e Gás, ocorrido
no dia 25/11/2020. Perante este infausto acon-
tecimento apresentam os mais sentidos pêsames
e manifestam a sua solidariedade à família
enlutada por tão irreparável perda. (12409)
AGRADECIMENTO
PATRÍCIO KAMI
DA SILVA MIRANDA
As famílias Miranda, Gaspar, Castelo
Branco e Ferreira agradecem a todos
quantos se dignaram a acompanhar o
seu ente querido até à sua útima morada.
Que a sua alma descanse em paz.
(12365R)
CONDOLÊNCIAS
MIQUELINA GARCIA
PAULO LUÍS
A Direcção da SONILS, Lda. e colectivo
de trabalhadores endereçam ao Sr. Mar-
celino Francisco Luís da Costa, colaborador
desta empresa, as mais sentidas con-
dolências pelo passamento físico de sua
mãe MIQUELINA GARCIA PAULO LUÍS,
ocorrido no dia 25.11.2020, em Luanda.
(12384R)
Domingo
29 de Novembro de 2020
FALECEU
MARIA FERNANDA AZEVEDO
Foi com profunda dor e consternação que o Conselho de Admi-
nistração da SODIAM e o colectivo de trabalhadores tomaram
conhecimento do passamento físico da Srª MARIA FERNANDA
AZEVEDO, irmã de Sua Excia. Dr. Diamantino Pedro de Azevedo,
Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, ocorrido no dia
25/11/2020, em Luanda. Neste momento de dor e luto, endereçam
à família enlutada os mais profundos sentimentos de pesar pelo
infausto acontecimento. (12425)
FALECEU
JAIME ALBERTO
Foi com profunda tristeza e consternação que a Direcção do
Ministério da Energia e Águas e o seu colectivo de trabalhadores
tomaram conhecimento do passamento físico do Eng. JAIME
ALBERTO, PCA da Empresa de Águas e Saneamento de Benguela
(EASB) e experiente quadro do Sector, vítima de acidente de
viação. Neste momento de dor e luto, vergam-se perante a sua
memória, associando-se ao colectivo de trabalhadores da Empresa
de Águas e Saneamento de Benguela e à família enlutada a quem
endereçam os seus mais profundos sentimentos de pesar. Que
a sua alma descanse em paz, Senhor Eng. JAIME ALBERTO, con-
tinuarás sempre vivo e presente em nossas memórias. (12430)
FALECEU
LEANDRO MIGUEL ALVES DOMINGOS
Maria de Lourdes Alves Domingos (mãe), Tânia Domingos ( es-
posa), Kevin, Hélcio, Natchova (filhos) e familiares comunicam
o falecimento de LEANDRO MIGUEL ALVES DOMINGOS, ocor-
rido dia 26 de Novembro de 2020. O funeral realizar-se-á em
data a anunciar oportunamente. (12386)
CONDOLÊNCIAS
MARIA FERNANDA AZEVEDO
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG)
recebeu com profunda dor e consternação a notícia do falecimento
da Sra. MARIA FERNANDA AZEVEDO, irmã do senhor Dr. Dia-
mantino Pedro Azevedo, Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo
e Gás, ocorrido no dia 25/11/2020, em Luanda. Neste momento
difícil, o Conselho de Administração e o colectivo de colaboradores
endereçam à família enlutada as suas sentidas condolências.
(500.1530)
CONDOLÊNCIAS
JOSÉ MENDONÇA BARROSO
Foi com profunda consternação que a Agência Nacional de Petró-
leo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o colectivo de trabalhadores
tomaram nota do falecimento do Sr. JOSÉ MENDONÇA BAR-
ROSO, pai do Senhor Eng.º José Alexandre Barroso, Secretário de
Estado dos Petróleos, ocorrido no passado dia 24/11/2020. Neste
momento de dor, o Conselho de Administração e os colaboradores
da Agência, apresentam os seus sentidos pêsames à família.
(500.1532a)
CONDOLÊNCIAS
ANTÓNIO MANUEL PEDRO
Foi com profunda dor e consternação que a Conselho de Admi-
nistração do Consórcio Comandante Loy-S.A. e o Conselho
Directivo da AAG-ANGOLA - (Associação dos Antigos Guerrilheiros),
tomou conhecimento do passamento físico do camarada ANTÓNIO
MANUEL PEDRO, Combatente da Luta de Libertação Nacional,
Presidente da Mesa de Assembleia-Geral do Consórcio Comandante
Loy-S.A., cujo funeral terá lugar em data a anunciar. Neste
momento de dor e luto, a Direcção do Consórcio Comandante
Loy-S.A. e todos os Associados, endereçam à família enlutada
as mais sentidas condolências. (12352R)
Domingo
29 de Novembro de 2020 15
FALECEU RECORDAÇÃO FALECEU FALECEU

MARIA FERNANDA AZEVEDO MANUEL SALGADO VILOLA CORREIA SOARES VUNDA KUMO FREITAS

Foi com profunda dor e consternação que

o Conselho de Administração da Agência
Nacional de Recursos Minerais tomou conhe-
cimento do passamento físico da senhora
MARIA FERNANDA AZEVEDO, irmã do Dr
Diamantino Pedro Azevedo, ocorrido no
dia 25 de Novembro de 2020, em Luanda.
Neste momento de dor e luto, o Conselho
de Administração da Agência Nacional de
Recursos Minerais endereça à família os
mais profundos sentimentos de pesar pelo
infausto acontecimento. (12434)
Oi Pai! Como vão as coisas aí em cima?
Aqui vamos indo sem a tua presença,
estamos com uma dor insuportável no
peito, uma angústia muito grande. Pai,
você foi e deixou muitas saudades. Hoje,
domingo, faz 11 anos desde a tua partida,
maldito dia 29/11/2009, que tirou você
de nós. Eternas saudades das tuas filhas,
Noelma Vilola e Waldirene Vilola. Eterno
descanso. (12432)
A família Vunda e Pina Rodrigues, mãe,
irmãos, esposa, filhos, sobrinhos, primos
e demais familiares cumprem o doloroso
dever de comunicar o passamento físico
de CORREIA SOARES VUNDA, ocorrido
no dia 26/11/2020, por doença. O funeral
realiza-se segunda-feira, dia 30/11/2020,
às 10h00, no cemitério do Benfica.
(12433)
Augusto Tulomba, Teresa Nanfilo, Alegria Dina, António Fuieto, José Domingos, Afonso
Malassa e demais irmãos participam o falecimento do Engº KUMO FREITAS, por
doença, ocorrido em Itália, os restos mortais chegam ao país segunda-feira, dia
30/11/2020. O funeral realiza-se dia 1/12/2020, (terça-feira), partindo o cortejo
fúnebre da sua residência, no bairro Camama, rua do Chimbicato, às 10h00, para o
cemitério do Benfica. (12427)
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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
INSTITUTO MARÍTIMO E PORTUÁRIO DE ANGOLA
CAPITANIA DO PORTO DE LUANDA

AVISO

De acordo com os éditos constantes no Edital n.º 01/2020, de 21

de Agosto, emitido pelo Ministério dos Transportes e relacionado
com os titulares, proprietários ou armadores de embarcações, na-
vios e outros engenhos marítimos inoperantes, encalhados ou con-
siderados obsoletos, que se encontram no litoral da Província de
Luanda e Bengo, cujo prazo concedido é de 60 dias;

Atendendo o facto de ter já vencido o prazo estipulado, as embar-

cações que se encontram nas situações ora descritas, considerar-
se-ão perdidas a favor do Estado, cabendo o IMPA dar destino que
achar conveniente.

Capitania do Porto de Luanda, aos 19 de Novembro de 2020.

O CAPITÃO DO PORTO
BAPTISTA VUNGE ANDRÉ

Capitania do Porto de Luanda

Avenida 4 de Fevereiro, Complexo Portuário 1.º e 2.º Pisos
Email: infocpla@impa.gov.ao; capitania.luanda@gmail.com
NIF: 74030094
(12200) (700.082b)

PRECISA-SE

Gestor Hoteleiro

Com a seguinte experiência e qualificações:

- Gestão de Hotel no mínimo de cinco anos,

- Contratação e Gestão de pessoal do Ramo Hoteleiro.
- Experiência em Restauração
- Experiência em Organização e Gestão de Eventos
- Dinâmico e com vontade de ajudar a construir um Negócio do
Ramo Hoteleiro.

Os interessados deverão contactar o responsável do projecto atra-

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vés do contacto telefónico n.º 931 051894 ou ainda enviar CV atra-

vés do e-mail: jerusalmicoelhi2014@gmail.com.
(12314)
16 Domingo
29 de Novembro de 2020

(700.108)
(700.103a)

(700.103a)
Domingo
29 de Novembro de 2020 17

(500.1472)
18 ECONOMIA
POLÍTICA MONETÁRIA
CPM mantém política monetária depois de analisar comportamento dos principais indicadores económicos
BNA mantém os juros e
coeficientes de reservas
Decisões de reunião do CPM também anunciam monitorização
do mercado destinada a conter efeitos sazonais da quadra festiva
O Banco Nacional de Angola
(BNA) decidiu manter a taxa
básica de juro em 15,5 por
cento, bem como os coefici-
entes de reservas obrigatórias
em moeda nacional e estran-
geira em 22 e 17 por cento,
respectivamente, anunciando
que vai continuar a monito-
rizar a liquidez no mercado
para conter os efeitos sazonais
da quadra festiva.
As decisões foram tomadas
na reunião do Comité de Polí-
tica Monetária (CPM) reali-
zada sexta-feira, em Luanda,
para analisar o comporta-
mento dos principais indi-
cadores económicos, bem
como os impactos das medi-
das tomadas anteriormente
sobre os diferentes sectores
da economia.
Na nota divulgada após a
reunião, o BNA declarou,
também, a manutenção da
taxa de juro da Facilidade
Permanente de Cedência de
Liquidez em 15,5 por cento,
a da Facilidade Permanente
de Absorção de Liquidez com
maturidades overnight e de
sete dias em 0,00 e em 7,00
por cento, assim como a taxa
de custódia em 0,1 por cento
sobre o excesso de liquidez
dos bancos comerciais.
As decisões foram tomadas
com base na evolução eco-
nómica de Outubro, quando
cerca de 61 por cento das com-
pras de divisas dos bancos
comerciais foram adquiridas
aos seus clientes, o que é suce-
dido pela posterior entrada
do Tesouro Nacional na pla-
taforma FXGO de interme-
diação de operações cambiais
no mercado primário.
Estabelecida
monitorização
da liquidez do
mercado na quadra
festiva, para manter
a base monetária
dentro da previsão
efectuada para
o ano e o alcance
do objectivo
de inflação
Recuo das reservas
O BNA realçou que as Reser-
vas Internacionais Brutas
(RIB) situaram-se, em Outu-
bro, em 15,25 mil milhões
de dólares, menos 139,83
milhões de dólares que em
Setembro, e que, “não obs-
tante a redução observada,
as mesmas equivaliam a 11
meses de importação de bens
e serviços, acima da meta
de convergência de seis
meses da Comunidade de
Desenvolvimento da África
Austral (SADC)”.
As Reservas Internacionais
Líquidas (RIL) situaram-se
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
em 9,17 mil milhões de dóla-
res no final de Outubro, o
que representou uma dimi-
nuição de 149,06 milhões de
dólares face a Setembro.
O Índice de Preços no
Consumidor Nacional apre-
sentou uma taxa de variação
mensal de 1,81 por cento em
Outubro, ligeiramente acima
da observada no mês anterior
(1,79), enquanto a taxa de
inflação acumulada nos pri-
meiros 10 meses do ano
fixou-se em 20,18 por cento
e a inflação homóloga foi de
24,34 por cento face aos 23,82
do mês anterior.
No mercado monetário,
o CPM avaliou os actuais
níveis de liquidez do sistema
bancário “que se encontram
relativamente dentro dos
limites pretendidos”, bem
como os impactos da imple-
mentação da taxa de custódia
que contribui para reduzir
a taxa Luibor Overnight.
“No entanto”, sublinha o
BNA, “é de extrema impor-
tância continuar a monitorar
a liquidez do mercado no
sentido de conter os efeitos
sazonais da quadra festiva
que se avizinha e manter a
base monetária, variável ope-
racional da política mone-
tária, dentro da previsão
efectuada para o ano em
curso e o alcance do objectivo
de inflação de 25 por cento
em 2020”.
OPERAÇÕES CAMBIAIS
Bancos em condições de
atender clientes em 5 dias
Victorino Joaquim
Representantes dos bancos
Yetu e de Poupança e Crédito
(BPC) declararam que, caso a
oferta de divisas observada em
Novembro se mantiver, podem
cumprir o prazo máximo de
cinco dias instituído pelas nor-
mas do BNA para executar as
solicitações dos clientes, ao
reagir, sexta-feira, a uma co-
municação nesse sentido emi-
tida pelo banco central.
Mesmo colocando reservas
quanto ao cumprimento do
prazo máximo para a execução
das ordens dos clientes, o pre-
sidente da Comissão Executiva
do BIC, Hugo Teles, admitiu
a existência de uma oferta
maior de divisas colocada pelo
BNA e outros intervenientes
do mercado cambial.
NOVA ADMINISTRAÇÃO
Teixeira dos Santos deixa
liderança do EuroBic
Fernando Teixeira dos San-
tos, conhecido como o “ban-
queiro” de Isabel dos Santos
no processo “Luanda Leaks”,
abandonou a presidência
executiva do EuroBic, onde
estava desde 2016.
Segundo informações
confirmadas pelo Expresso,
o Banco de Portugal aprovou,
ao final de vários meses de
análise, a nova equipa de ad-
ministração da instituição
ainda detida por Isabel dos
Santos. Trata-se de José Aze-
vedo Pereira, que já estava
na administração do banco,
que sobe a presidente exe-
cutivo no novo mandato, que
vai até 2022.
O “chairman” (presidente
do Conselho de Administração,
com funções não executivas)
é Pedro Maia, ocupando o
cargo que até aqui era desem-
penhado por Diogo Barrote.
Pedro Maia já era adminis-
trador não executivo.
O EuroBic é actualmente
um banco numa situação
delicada, já que a sua prin-
cipal accionista, Isabel dos
“Banqueiro” de Isabel dos Santos abandona a presidência do banco
Uma fonte do Banco Yetu
disse ao Jornal de Angola
haver divisas para executar
as operações de ajuda familiar
e viagens, bem como de paga-
mento de assistência de saúde
e de despesas de educação.
O BPC declarou que está
em condições de executar
operações cambiais ordenadas
por particulares, desde que o
cliente tenha a documentação
completa e dinheiro disponível
na conta, além de que refere
a necessidade da disponibi-
lidade de divisas, pelo banco,
em contas domiciliadas junto
dos bancos correspondentes.
O banco público considera
que, com as normas esta-
belecidas pelo BNA a cor-
responderem às expectativas,
os desafios da venda de divi-
sas prendem-se, agora, com
Santos, está a vender a sua
participação, depois do
escândalo “Luanda Leaks”.
O próprio banco, segundo
o Expresso, é alvo de inves-
tigações do Banco de Portugal
por conta de transferências
suspeitas feitas pela Sonangol
aquando da sua presidência
e que passaram no banco.
O Abanca esteve para adqui-
rir o EuroBic, mas o processo
acabou por cair.
Aliás, a substituição de
Teixeira dos Santos já devia
ter acontecido há vários
meses, mas, além da pan-
demia ter adiado o processo,
o banco também acreditou
que havia um novo accio-
nista para escolher a nova
equipa de administração, o
que não aconteceu.
Os acionistas do EuroBic
com direito de voto, isto é,
excluindo Isabel dos Santos,
já tinham aprovado a nova
equipa, mas era ainda ne-
cessário passar o regime de
“fit and proper” do Banco
de Portugal, o que sucedeu
esta semana.
DR
Domingo
29 de Novembro de 2020
o fraco conhecimento, por
parte dos clientes, dos pro-
cedimentos de execução das
operações, fundamental-
mente as de mercadorias e
serviços, assim como algu-
mas exigências de com-
pliance para os casos em que
são requeridas diligências
reforçadas.
O presidente da Comissão
Executiva do BIC considera
que o mercado depara-se
com constrangimentos admi-
nistrativos resultantes da
observação de todas as nor-
mas de compliance exigidas,
as quais podem, pontual-
mente, criar alguma dificul-
dade em cumprir o prazo
estabelecido pelo instrutivo.
Outro factor impeditivo
ao cumprimento do prazo
surge “quando o mapa de
necessidades é extenso ou
quando o leilão é de valor
elevado”, afirmou Hugo Teles,
garantindo ser de interesse
do banco “fazer negócio com
os seus clientes”.
JORNALISMO
Ajeco elege
órgãos sociais
para mandato
de quatro anos
O jornalista José João Joa-
quim, da Rádio Nacional
de Angola, foi eleito pre-
sidente da Associação de
Jornalistas Económicos de
Angola (AJECO) para um
mandato de quatro anos,
numa Assembleia-Geral
extraordinária realizada
sexta-feira, em Luanda.
Foram também eleitos
Mateus Cavumbo, do gru-
po Edições Novembro,
bem como António Bra-
gança e Romão Ferreira
como secretário-geral,
presidente da Mesa da As-
sembleia e presidente do
Conselho Fiscal.
O embaixador no Qué-
nia, Sianga Abílio, figura
entre os cem distinguidos,
à margem da Assembleia-
Geral, com um Diploma
de Mérito da AJECO, pelo
contributo na formação
de jornalistas dessa espe-
cialidade.
A contribuição de Sianga
Abílio ocorreu no tempo
em que foi director-geral
da Sonangol Pesquisa e
Produção, entre 1992 e
1999, com a distinção,
um Diploma de Mérito e
um cristal de bronze, a
ser entregue ao seu filho,
Simão Abílio.
Além do embaixador,
foram distinguidas empre-
sas e individualidades que
contribuíram, durante os
últimos 24 anos, para o
fortalecimento da asso-
ciação, com destaque para
economistas e jornalistas.
O encerramento da As-
sembleia-Geral contou
com a participação dos se-
cretários de Estado para
a Comunicação Social e
para a Economia, respec-
tivamente, Nuno Carnaval
e Mário Caetano João.
MUNDO Domingo
29 de Novembro de 2020
ALERTA MINISTRA MOÇAMBICANA
Breves
Ataques podem atingir
outros países da região
O Governo moçambicano
alertou, ontem, para o risco
de os ataques armados em
Cabo Delgado alastrarem-
se pela região, reforçando o
pedido de apoio face a situa-
ção humanitária naquela
província do Norte.
"É urgente a contenção e
erradicação dos ataques
armados do nosso solo pá-
trio, antes de se alastrarem
outras regiões", disse Veró-
nica Macamo, ministra dos
Negócios Estrangeiros e Coo-
peração, durante uma reu-
nião com as agências das
Nações Unidas em Moçam-
bique, realizada em Maputo,
revela a Lusa.
A ministra defendeu ser
“preciso cortar o mal pela
raiz” e que, para isso, é tam-
bém necessário que a comu-
nidade internacional con-
dene, de “forma contun-
dente”, os ataques de gru-
pos armados no Norte de
Moçambique.
"A comunidade interna-
cional deve estar connosco
e ajudar-nos, porque é pre-
ciso garantir que aqueles
actos não se consolidem e
afectem outros países da
nossa região e não só", referiu
Verónica Macamo.
Num outro encontro, na
sexta-feira, em Maputo, a
ministra pediu apoios adi-
cionais para o combate aos
RESULTADOS ELEITORAIS NA PENSILVÂNIA
Tribunal rejeita último
esforço de Trump
O Presidente cessante norte-
americano, Donald Trump,
sofreu, na sexta-feira mais
uma derrota na justiça após
um tribunal federal de ape-
lação, em Filadélfia, ter rejei-
tado o último esforço dos seus
representantes legais para con-
testar os resultados eleitorais
no Estado da Pensilvânia.
Os advogados de Donald
Trump prometeram apelar
para o Supremo Tribunal,
apesar da avaliação dos juízes
ter revelado que "as reivin-
dicações da campanha não
são válidas".
“Eleições livres e justas
são a força vital da nossa
democracia. As acusações
de injustiça são graves. Mas,
classificar uma eleição injusta
não significa que seja. As
acusações exigem alegações
específicas e, em seguida,
provas. Não temos nenhuma
delas aqui”, escreveu o juiz
Stephanos Bibas, nomeado
por Trump, e que integra um
painel de três juízes, todos
indicados por Presidentes
republicanos.
Este pedido de contestação
dos resultados eleitorais foi
discutido, na semana passada,
num tribunal federal pelo
advogado de Donald Trump,
Rudy Giuliani, que defendeu,
durante um discurso de cinco
horas, que a eleição presi-
ataques em Cabo Delgado,
considerando a situação uma
prioridade para o país.
Para Verónica Macamo,
é importante a capacitação
e criação de postos de em-
prego para os jovens na região
Norte de Moçambique, para
evitar que sejam aliciados
pelos grupos insurgentes.
"Preocupa-nos, sobrema-
neira, a emergência. As pes-
soas saem dos seus locais,
abandonando todo o esforço
de anos de vida e sustento
e procuram deslocar-se para
lugares considerados segu-
ros", declarou Verónica Ma-
camo, na reunião, em Maputo,
com a princesa da Jordânia,
Sarah Zeid.
A violência armada em
Cabo Delgado, Norte de
Moçambique, está a provo-
car uma crise humanitária,
com cerca de duas mil mor-
tes e 500 mil deslocados,
sem habitação, nem ali-
mentos, concentrando-se,
sobretudo, na capital pro-
vincial, Pemba.
A província onde avança
o maior investimento pri-
vado de África, para explo-
ração de gás natural, está,
desde há três anos, sob ata-
ques de insurgentes. Algu-
mas das incursões passaram
a ser reivindicadas desde o
ano passado pelo grupo
Estado Islâmico.
dencial deste ano tinha sido
marcada “por fraude gene-
ralizada na Pensilvânia”.
Nenhuma prova em con-
creto foi apresentada em tri-
bunal. O juiz Matthew Brann
sublinhou que a reclamação
da equipa de Trump estava
cheia de erros e, “como o
monstro de Frankenstein, foi
costurada a esmo”, negando
o direito do advogado a alterá-
la pela segunda vez.
O tribunal de apelação
classificou as alterações como
"fúteis", num painel com-
posto pelo juiz-chefe Brooks
Smith e o juiz Michael Cha-
gares, juntamente com Ste-
phanos Bibas. "Os eleitores
não os advogados, escolhem
o presidente. Boletins de voto,
não argumentos, decidem
eleições", destacou Bibas no
parecer, que também negou
o pedido da campanha de
Trump para impedir o Estado
de certificar os resultados.
As autoridades da Pen-
silvânia anunciaram, na
terça-feira, que tinham cer-
tificado a contagem de votos
a favor do Presidente eleito
Joe Biden, que derrotou
Trump por mais de 80 mil
naquele Estado.
A nível nacional, Biden e
a vice-presidente Kamala
Harris obtiveram perto de 80
milhões de votos, um recorde
ANTIGO PRESIDENTE
MAMADOU TANDJA
RECEBEU ONTEM
AS DERRADEIRAS
HOMENAGENS
O Presidente nigerino
Mahamadou Issoufou,
antigos chefes de Estado e
diplomatas estrangeiros,
renderam, sexta-feira, a
última homenagem ao
antigo Presidente
Mamadou Tandja, falecido,
em Niamey, aos 82 anos,
noticiou a AFP.
Apesar da repressão aos
touareg e a tentativa de se
manter o poder ao fim de
dois mandatos, o antigo
Presidente (1999-2010),
continua a ser lembrado
pelo combate à pobreza e a
austeridade. Mamadou
Tandja foi, ainda ontem,
inumado em Maïné-Sorao,
sua aldeia natal, na região
de Diffa (Sudeste) palco,
desde 2015, de ataques do
Boko Haram.
AEROPORTO
INTERNACIONAL
REABRE AO TRÁFICO
DEPOIS DA GREVE
Os trabalhadores do
aeroporto internacional da
Guiné-Bissau suspenderam,
ontem, a greve de um dia
depois de chegarem a
acordo com a
administração, disse a vice-
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores dos Serviços
de Assistência
Aeroportuária, citada
pela Lusa.
nas eleições presidenciais
dos Estados Unidos.
Donald Trump revelou
esperar que o Supremo Tri-
bunal intervenha nestes pro-
cessos judiciais, como acon-
teceu em 2000, quando deci-
diu interromper a contagem
de votos na Florida e entre-
gou a eleição ao republicano
George W. Bush.
Desde as eleições, em 3
de Novembro, Trump e a sua
equipa têm apelidado a vota-
ção como fraudulenta e apre-
sentaram uma série de acções
judiciais para tentar blo-
quear os resultados em seis
Estados chave para o des-
fecho da eleição.
Até agora têm obtido pouca
'simpatia' por parte dos juízes,
com praticamente todos a
rejeitarem as reclamações
sobre a suposta falha de segu-
rança nos votos por correio,
utilizados por milhões de
pessoas devido à pandemia
da Covid-19.
DR
Presidente cessante sofreu
mais uma derrota na justiça
CONFLITO NA REGIÃO DE TIGRAY
Abiy Ahmed recusa
negociar com rebeldes
Primeiro-Ministro etíope reafirmou, ontem, a posição de não
dialogar com os rebeldes, garantindo aos enviados especiais da
União Africana que só falará com quem não estiver a violar a lei
Governante considera a mediação internacional como interferência nos assuntos internos
O Primeiro-Ministro etíope,
Abiy Ahmed, voltou, ontem,
a recusar dialogar com os
líderes da região rebelde de
Tigray. Segundo a Associated
Press (AP), esta decisão foi
manifestada durante uma
reunião com enviados espe-
ciais da União Africana.
Na ocasião, Abiy disse aos
enviados, que tentam pôr fim
ao conflito entre as tropas
etíopes e as forças de Tigray,
que só está disposto a falar
com representantes "que ope-
ram legalmente" na região. A
reunião aconteceu enquanto
a população em Mekelle, capi-
tal do Estado de Tigray, se pre-
parava para o que Addis Abeba
denominou como a “fase
final” do conflito que começou
a 4 de Novembro.
Abiy, que considerou a
mediação internacional como
interferência, disse que apre-
ciava a preocupação dos en-
viados da UA, mas que o
fracasso do Governo em fazer
cumprir o Estado de Direito
em Tigray “criaria uma cultura
de impunidade com custos
devastadores para a sobre-
vivência do país”. “Minha
maior gratidão ao Presidente
Cyril Ramaphosa e aos seus
enviados especiais pelo
esforço conjunto, para com-
preender as nossas operações
de Estado de Direito. Receber
a sabedoria e os conselhos
de respeitados anciãos afri-
canos é uma preciosa cultura
continental que valorizamos
muito na Etiópia”,disse Abiy
Ahmed, citado pela AP.
Até ontem não houvia um
pronunciamento dos três
enviados da UA, aos ex-Pre-
sidentes da Libéria, Ellen
Johnson Sirleaf, de Moçam-
bique, Joaquim Chissano, e
osul-africano, Kgalema
Motlanthe.
Enquanto isso, os com-
bates continuavam supos-
tamente fora da capital de
Tigray, Mekele, cidade den-
samente povoada, de meio
milhão de pessoas, que foram
advertidas pelo Governo
etíope que não teria mise-
ricórdia, se eles não se dis-
tanciassem dos líderes da
região. Tigray está quase
totalmente isolada do mundo
exterior, desde 4 de Novem-
bro, quando Abiy Ahmed
anunciou uma ofensiva mili-
tar em resposta a um ataque
da TPLF a uma base do Exér-
cito federal.
Aby disse que
apreciava a
“preocupação” dos
enviados da UA,
mas disse-lhes que
o fracasso do seu
governo em fazer
cumprir o Estado de
Direito em Tigray
“criaria uma cultura
de impunidade”
O conflito ameaça deses-
tabilizar a Etiópia, que foi
descrita como o “eixo estra-
tégico” do Corno de África.
Com o corte das ligações de
transporte, alimentos e outros
suprimentos estão a esgo-
tar-se em Tigray, onde vivem
seis milhões de pessoas. As
Nações Unidas pediram
acesso imediato e desimpe-
dido para obter ajuda.
A TPLF estava, ontem,
entrincheirada em vários locais
em Mekele, incluindo uma
fábrica de cimento, num
museu e um auditório, comu-
nicando "por rádio militar".
Liderando a luta armada
contra o regime militarista
marxista de Derg, que foi der-
rubado em 1991, a TPLF con-
trolou então o aparelho político
e de segurança da Etiópia
durante quase 30 anos.
Gradualmente empurrado
para fora do poder em Addis
Abeba, por Abiy Ahmed,
19
DR
desde o momento em que se
tornou Primeiro-Ministro,
em 2018, o partido continua
a dominar o seu bastião: Tigray.
Ofensiva diplomática
e apelo de Guterres
Na sexta-feira, o ministro
dos Negócios Estrangeiros
etíope, Demeke Mekonnen,
continuou a viagem diplo-
mática que iniciou há 10 dias
para defender a posição do
Governo, encontrando-se,
em Paris, com o homólogo
francês, Jean-Yves Le Drian.
No final da reunião, Le Drian
condenou, num comunicado,
a "violência de natureza étnica"
e apelou a "medidas para pro-
teger a população civil".
No mesmo dia, o Secretá-
rio-Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), António
Guterres, exortou as várias
partes envolvidas no conflito
na Etiópia a aproveitarem a
“oportunidade vital” de media-
ção, para “resolver pacifica-
mente o conflito” em Tigray.
Guterres saudou “o encon-
tro organizado entre o Pri-
meiro-Ministro Abiy Ahmed
e os enviados especiais da
União Africana”, revela um
comunicado divulgado na
página do gabinete do porta-
voz do Secretário-Geral da
ONU. O documento sublinha
que “urge as partes envolvidas
neste conflito a abraçarem
esta oportunidade vital para
resolver pacificamente o con-
flito”, prossegue a nota.
O documento sublinha
ser, também necessário
“garantir a protecção de civis,
direitos humanos e acesso à
assistência humanitária para
as áreas afectadas”.
A comunidade interna-
cional, incluindo o Secretá-
rio-Geral da ONU, e a União
Europeia, tem manifestado
grande preocupação com o
conflito e impacto humani-
tário, enquanto insiste nos
apelos ao diálogo.
 20 REFLEXÕES
EDUCAÇÃO E NARRATIVAS
Capital moral
para formação
do carácter
Vou iniciar esta conversa com uma estória que evidencia a
existência de uma prática moral antiga – âncora do clássico
debate filosófico que opunha Ifeanyi Menkiti (1940-2019,
Nigéria), na imagem, e Kwame Gyekye (1939-2019, Ghana)
– digna de merecer a atenção de todas as gerações, nos dias
de hoje, após o anúncio da “morte do carácter”. Recorto
quatro palavras-chave: educação, moral, narrativa e virtudes
Luís Kandjimbo |*
Conta-se que uma vez o
Mbewu (Cágado) foi visitar
uma prisão a convite dos
seus responsáveis. Andando
pelos corredores da enfer-
maria, reconheceu o Ehotyio
(Caracol), habitante da sua
aldeia, que se encontrava
preso nesse estabelecimento
prisional. Admirado, o Cá-
gado perguntou ao Caracol,
em língua Umbundu: “Wan-
yola nhé cyiámánlé?” (Que
dano causaste à propriedade
alheia?). O Caracol respon-
deu, sem se exaltar. Por isso,
não fez a mesma pergunta
ao Cágado. Limitou-se a ex-
plicar o que se tinha passado
para ter ido lá parar. Consi-
derava que o Cágado tinha
muita experiência de vida,
até porque fazia parte do
grupo de anciãos que no ond-
jango davam conselhos aos
jovens da aldeia. De acordo
com a lógica do espelho, as
pessoas idosas são o modelo
de conduta e de capital moral.
Não fazia sentido retorquir
com semelhante pergunta
porque a justificação do Cá-
gado teria o suporte de boas
razões. Mas o Cágado falou
do motivo da sua visita. Por
fim, deu conselhos ao Ca-
racol. Recomendou que con-
tinuasse a cultivar virtudes,
a seguir os ensinamentos
antigos, adaptando-os ao
presente. Sublinhou duas
ideias. O trabalho árduo é a
mãe da propriedade e da ri-
queza. Por conseguinte, nun-
ca se deve ir à procura de um
sexto dedo para a mão. A ex-
periência dos mais-velhos
e o conhecimento do passado
devem ser transmitidos aos
jovens para que eles não su-
cumbam no presente, sejam
capazes de enfrentar o futuro
e transformar o mundo. Em
seguida, enunciou seis pro-
vérbios, dois em Umbundu,
dois em Kikongo e dois em
Kimbundu: 1) “Cyiámánlé
citi mbanje, kaciti mopyie”
(A propriedade alheia diz: -
Olha para mim. Não diz fala
comigo); 2) “Umalehe ka-
sandóla imbó, osandola imbó
osekulu” (Um jovem não
dispersa uma aldeia. Apenas
um velho tem capacidade
para tal); 3) “Kyengani meno
ngani” (A propriedade alheia
tem sabor azedo); 4) “Kimf-
wa-fwa, kimpinga-mpinga,
avò ka mu mwana kó, mu
ntekelo” (Os herdeiros su-
cedem-se, primeiro os filhos,
depois os netos); 5) “Ndéngé,
tóba, údyie ni makota” (Jo-
vem, seja obediente, para
que partilhes a mesa com os
mais-velhos); 6) “Bu ala
adiakimi, bu bidikila mbinda
ia wayia, bu budikilé mbinda
ya malùvu” (Onde há mais-
velhos, derruba-se a cabana
de cerveja, não se derruba a
cabana do maluvu).
A conversa do Cágado e
do Caracol, representando o
diálogo intergeracional, pode
levar-nos a uma conclusão:
a autoridade moral decorrente
da experiência de vida que
a idade proporciona é útil
para o desenvolvimento da
autocompreensão dos jovens,
sobretudo quando for neces-
sário reformar os costumes
ou o exercício da autoridade
dos mais-velhos estiver em
crise.
Diálogo e produção de
narrativas
É esse diálogo intergeracional
que está hoje na ordem do
dia, em todo o mundo. A
condição bio-sociológica
das crianças e dos jovens
mobiliza todos os ramos do
saber. A juventude, enquanto
grupo de cidadãos que chega
ao fim de um dos vários ciclos
de socialização, assume pro-
tagonismos inéditos que vai
merecendo a tematização
dos chamados estudos glo-
bais. A sua afirmação é de
igual modo um fenómeno
que perpassa o espaço pú-
blico desta África que é tam-
bém Global. Como se sabe,
em termos prospectivos, o
continente africano e as suas
diásporas, constituem um
território habitado por uma
população portentosa, cons-
tituída maioritariamente por
jovens, representando o que
se vem designando por di-
videndo demográfico.
Há especialistas que se
vêm dedicando aos estudos
dos problemas da juventude
e das dinâmicas intergera-
cionais contemporâneas das
sociedades africanas. Entre
eles está o historiador sene-
galês Mamadou Diouf, que
em 2003, escreveu um in-
teressante artigo sobre esta
matéria, baseando-se em
experiências de alguns países
da África Ocidental, numa
síntese dos problemas co-
muns da juventude à escala
continental. Tais problemas
são também observáveis em
Angola. No entanto, faltam
entre nós incentivos para
que do espaço académico
emerjam resultados de apro-
fundados trabalhos de in-
vestigação sobre a matéria.
No referido artigo, Ma-
madou Diouf focaliza pro-
cessos de reorganização
política, ideológica e cultural
de que resultam espaços
abandonados pelo poder po-
lítico em proveito das mar-
gens e das áreas desocupadas
em que o vazio e a indeter-
minação dominam. A pro-
dução de narrativas é um dos
domínios em que no conti-
nente africano se manifestam
os vazios e as zonas de in-
determinação, onde se regista
a necessidade de ritos e rituais
destinados a produzir sinais
de identidade. A este pro-
pósito, tem razão o filósofo
marroquino Ali Benmakhlouf
quando considera que ali-
mentar a juventude de nar-
rativas é garantir-lhe uma
identidade, cabendo aos con-
tadores de histórias o mérito
da civilidade. De contrário,
a ausência de narrativas dá
origem à violência.
Teorias morais
No triângulo constituído pela
Europa continental, a Grã-
Bretanha e a América do
Norte, onde se anuncia a
“morte do carácter”, discu-
te-se igualmente o problema
da função instrumental da
narrativa para a construção
da identidade pessoal do
ponto de vista moral. Mas
são as ideias de Alaisdair
McIntyre, um filósofo bri-
tânico que, desde a década
de 80 do século XX, animam
interessantes debates. Em
2016, respondeu aos seus
críticos com um novo livro.
Recuperando as teses ante-
riores, a ética da narrativa
de Alaisdair McIntyre de-
senvolve a sua teoria nor-
mativa segundo a qual a
produção de narrativas é uma
tarefa cuja natureza e difi-
culdade variam de cultura
para cultura, permitindo que
crianças e jovens aprendam
a contar histórias para si
mesmos. Para McIntyre, as-
sim os jovens aprendem, ou
deixam de aprender, a ima-
ginar-se como eram, como
são, como se estabelecem
os limites para seus desejos
e seu raciocínio prático. Ao
mesmo tempo, aprendem a
esperar o melhor do que po-
dem imaginar e ficam de-
sesperados quando não é
possível imaginar um futuro
bom. Apesar disso, enquanto
britânico, McIntyre lamenta
a inexistência de uma con-
cepção de ouvir histórias e
contar histórias como acti-
vidades de importância cru-
cial para a compreensão de
si e dos outros.
No contexto africano, o
pressuposto de que parte
Alaisdair McIntyre, segundo
o qual o principal meio para
a educação moral é contar
histórias, constitui uma evi-
dência da dimensão narrativa
da virtude que, para o filósofo
moral democrata-congolês,
Bénézet Bujo, remete para
uma ética assente no modelo
deliberativo do ondjango.
Por isso, o exemplo com que
Alaisdair McIntyre ilustra a
comparação do processo de
formação de virtudes entre
os africanos e europeus pa-
rece descontextualizada,
quando afirma que os povos
bantu ensinam os filhos a
não dizer a verdade a pessoas
desconhecidas para evitar
que as suas famílias estejam
expostas a maldições. Bé-
nézet Bujo refuta essa inter-
pretação, na medida em que
essa regra moral aponta para
o cuidado e a prudência.
Ao reflectir sobre a di-
mensão narrativa das vir-
tudes morais, Bénézet Bujo
desenvolve um pensamento
contextualista, procurando
identificar conexões entre
as perspectivas africanas e
a ética comunitarista oci-
dental, na medida em que
na ética africana o indivíduo
age com a consciência de
que o seu comportamento é
determinado pelo passado
que tem a narrativa como
fonte de alimentação. Por
essa razão, Bujo defende a
ideia segundo a qual a história
e a experiência dos mais-
velhos e dos antepasssados
em qualquer comunidade
são sempre levadas a sério.
Pode dizer-se que a formação
da personalidade do indiví-
duo e a manifestação da
consciência de si devem
muito às actividades narra-
tivas desenvolvidas na co-
munidade desde os tempos
imemoriais. No contexto da
África actual, os profissionais
da escrita criativa, isto é, os
escritores são os agentes da
narratividade moral. Mas essa
actividade é complementada
pela função educativa das
instituições responsáveis por
outros processos de sociali-
zação que se ocupam da in-
culcação de virtudes, tais
como coragem, generosidade,
honestidade, justiça e tem-
perança. São virtudes que
estruturam a personalidade
do indivíduo.
Radicais versus moderados
Por essa razão, a educação
moral das crianças e dos jo-
vens angolanos não pode
ocorrer de costas viradas
para os avanços alcançados
ao nível da Ética e Filosofia
da Educação, especialmente
no nosso continente.
No campo da Ética ou Fi-
losofia Moral, prospera um
debate considerado clássico
hoje em África, sobre o con-
ceito de identidade pessoal,
opondo liberais, comunita-
ristas radicais e comunita-
ristas moderados. Mas a mais
importante discussão opõe
correntes de comunitaristas
radicais a comunitaristas
moderados em que se des-
tacam dois filósofos influen-
tes, respectivamente, Ifeanyi
Menkiti (1940-2019, Nigéria),
na imagem, e Kwame Gyekye
(1939-2019, Ghana). Tal de-
bate revela bem o estado da
vigilância entre professores
e investigadores que estudam
a Ética africana.
Na África do Sul, o debate
tem vindo a centrar-se sobre
o conceito de “Ubuntu” que
tem simpatizantes entre os
jovens estudantes universi-
tários angolanos que geral-
mente cultivam interesses
por problemas antropoló-
gicos e culturais do conti-
nente. O referido conceito é
usado muitas vezes como
sendo universalizável, por
ser uma unidade lexemática
das línguas bantu sul-afri-
canas. O filósofo sul-africano
Yusuf Yaghad é um dos en-
tusiastas dessa universali-
Domingo
29 de Novembro de 2020
DR
zação, como prova com o seu
livro sobre a filosofia africana
da educação.
Educação moral em Angola
Quando se lê o programa
da disciplina de Educação
Moral e Cívica percebe-se
que, em Angola, estamos
muito longe das grandes li-
nhas em que se desenvolve
o bom ensino da moral no
mundo. A formulação dos
objectivos da disciplina não
revelam a existência de uma
concepção angolana da edu-
cação moral. Se tivermos
em conta a história da dis-
ciplina, remontando ao pe-
ríodo pré-colonial, a ética
das virtudes parece ser a
orientação que se revela
mais recomendável para
um país como o nosso, tendo
em conta os imperativos
actuais. As tradições morais
das várias comunidades an-
golanas, de que a literatura
oral é o grande repositório,
privilegiam traços do ca-
rácter da pessoa humana.
Mas o pensamento subja-
cente ao programa da dis-
ciplina está muito longe
disso. Perante o debate que
mobiliza a filosofia moral
em África, entre liberais,
comunitaristas radicais e
comunitaristas moderados,
a leitura do programa permite
concluir que a perspectiva
liberal tem primazia. É o que
se pode ler no seguinte tre-
cho: “A preocupação fun-
damental da Educação Moral
e Cívica é consciencializar
o indivíduo para que este
adquira uma conduta res-
ponsável e livre, que o ajude
a assumir as suas tomadas
de decisões perante si mes-
mo, perante a natureza e a
sociedade. Assim sendo, ela
proporciona ao educando
uma visão objectiva da sua
realidade pessoal e social.”
Portanto, como se cons-
tata, o programa da disciplina
de Educação Moral e Cívica
não permite descortinar atri-
buição de valor à ética das
virtudes – virtudes intelec-
tuais e virtudes de carácter
–, centrada na comunidade.
De resto, a bibliografia que
suporta a construção pro-
gramática da disciplina sus-
tenta esta conclusão.
* Ensaísta e professor
universitário
 ENTREVISTA Domingo
29 de Novembro de 2020
STELA MAGALHÃES - APRESENTADORA DA ZAP
“Ainda não me considero uma referência”
Quem olha para Stela Magalhães no pequeno ecrã está longe de imaginar as peripécias por que ela já passou ao longo da
sua jovem carreira como apresentadora de televisão. Ora, são precisamente estes segredos de bastidores que a apresen-
tadora revela na conversa que manteve connosco. A apresentadora lembrou alguns episódios marcantes da sua cami-
nhada profissional, enquanto “rainha dos reality shows”, e não só. E falou também da influência profissional do marido,
o também apresentador de TV Benvindo Magalhães
Ferraz Neto
Como iniciou a sua relação com
a televisão, até se tornar essa
figura conhecida?
A minha relação com a televisão
começou como quem não quer
nada. Estava eu procurando um
emprego e uma amiga minha
falou-me sobre uma vaga que
tinha na produtora Zap Viva e
eu fui fazer a entrevista para a
vaga de “assistente de conteú-
dos”. Ligaram para mim dois
dias depois e disseram-me que
tinha conseguido a vaga. Exerci
a minha função durante alguns
meses, até ser convidada para
fazer um casting como apre-
sentadora, pois a jovem que lá
estava havia desistido. Fiz o
casting e logo depois aconteceu
a estreia do programa “Mais
Consigo”, que era gravado. De-
pois de oito meses abracei o
projecto do “Viva Tarde”, o pri-
meiro programa de entreteni-
mento “em directo” do canal
Zap Viva.
Está registada com o nome Stela
Rosana Semedo de Carvalho
mas é conhecida como Stela
Blindada. Porquê este
pseudônimo?
Este pseudônimo surgiu quando
criei a minha conta na rede socila
Instagram. Queria algo diferente.
Li esta frase (Blindada por Deus)
algures e ficou na minha mente.
Quando estava a pensar no nome
para o Insta, lembrei-me de algo
que podia me proteger, pois
acredito muito no poder das pa-
lavras, e foi assim que nasceu
a Stela Blindada por Deus.
Que representação tem
Benvindo Magalhães na sua
carreira como apresentadora
de TV?
Eu assistia o antigo programa
do meu marido (Tchilar) todos
os santos dias e ficava admirada
com o que ele fazia de diferente
na televisão e como fazia. Foi
o meu primeiro curso de te-
levisão e ele foi o meu primeiro
professor.
“Não fazemos nada
acidentalmente, tudo o que
fazemos é de propósito,
pensando somente em nós e na
nossa felicidade”, esta é uma
citação de um texto que
publicou em tempos idos na sua
conta do Instagram. O que
queria transmitir aos seus
seguidores?
Não me lembro desta citação
(risos), mas, enfim. Por acaso
nós fazemos muitas coisas pen-
sando na nossa felicidade e no
bem-estar dos nossos filhos.
Muito se falou da exibição de
uma tatuagem feita numa das
partes do seu corpo, com o rosto
de Benvindo Magalhães. É uma
manifestação de fidelidade?
Não. Não é uma manifestação
de fidelidade. Normalmente as
pessoas com carácter são fiéis
e não precisam de tatuar o corpo
para o demonstrar. A tatuagem
que fiz do rosto do meu marido
nas minhas costas foi o presente
dele dos 35 anos de idade. Sim-
plesmente porque eu queria,
decidi fazer e fiz.
Alguma vez sentiu-se ameaçada
ou traída pelo esposo?
Nunca. E espero não me sentir
(risos).
Esclareça-nos a seguinte
afirmação: “Nós não somos um
casal banal e com uma simples
relação. Isso aqui é uma
Fortaleza Blindada!”...
Não me lembro desta frase…
A nossa relação é à nossa ma-
neira, é do nosso jeito, só is-
so… E claro que tinha que ser
blindada por Deus.
Lembra-se da sua primeira
aparição na televisão?
Nunca me esquecerei. Tinha uma
montanha russa no estômago
(risos), mas foi mágico.
Fale da sua experiência no
programa “Viva Tarde”?
Foi a minha licenciatura em co-
municação, com o diferencial
de ter tido também a prática (ri-
sos). Nunca pensei que em tão
pouco tempo fosse fazer um
programa em directo, mas Deus
me mostrou que quem manda
é ele e não eu. Ele capacita os
escolhidos.
De onde vem a sua inspiração?
Essa pergunta é sempre difícil
de responder. Eu busco inspi-
ração em pessoas que têm sem-
pre algo que me acrescenta. A
minha principal inspiração neste
momento é a apresentadora por-
tuguesa Cristina Ferreira.
O que é imprescindível para
quem deseja se tornar uma
referência na área do
jornalismo televisivo de
entretenimento?
Eu ainda não me considero uma
referência, mas tenho traba-
lhado para isso. Pelo menos as
referências que eu tenho pri-
mam sempre por serem elas
mesmas, capacitam-se, são re-
silientes, têm foco, não se dei-
xam abalar por conta do que
falam sobre elas, representam
o povo e não desistem.
E é fácil trabalhar com a Stela?
Acho que sim (risos). Tenho
uma equipa maravilhosa, são
empenhados e levam o trabalho
muito a sério. Trabalhamos todos
juntos.
Se a convidassem, sairia da ZAP
para outra estação?
Não, não!
Se tivesse poder, o que mudaria
na grelha de programação da
ZAP?
21
Não faria propriamente uma
mudança na grelha. Apenas
apostaria mais noutros rostos
jovens. E criaria muitos con-
cursos, adoro concursos só
para dar prémios, adoro ver
pessoas felizes. Eu amo o en-
tretenimento.
E se tivesse um convite para
entrar numa novela?
Epa, desde que fosse apenas
uma participação, sem beijos
nem nada, aceitaria sim.
Que tipo de papel gostaria de
fazer?
Como eu já sou muito boa na
vida real, gostaria de ser uma
vilã, mas bem má mesmo, só
pra ver como é que é ter um co-
ração amargo.
Que balanço faz da sua
carreira?…
Estou a apanhar balanço. Ela
está em construção. Sou grata
por tudo o que o meu Deus já
me proporcionou até hoje. Mas
tenho o sentimento de que o
que vem a seguir será sempre
melhor.
Tem contrato com a ZAP por
quanto tempo?
Esse assunto só diz respeito a
mim e à empresa.
Quando é que surge a ideia
da criação de um programa
como “O Momento da
Blindada”?
Quando a direcção achou que
estava na hora e eu sempre achan-
do que não, mas o meu Deus
sempre me dizendo que sim, é
agora. O “Viva Tarde” tinha ganho
novos apresentadores e eu iria
me ausentar por conta da ges-
tação, então nada melhor que
preparar em grande o regresso
da Blindada.
O que gostaria de acrescentar
ao “Momento da Blindada”?
Muita coisa. A principal seria
uma plateia, gosto de estar mais
próxima do meu povo, já con-
segui conquistá-los, se estiverem
comigo no estúdio será a cereja
no topo do bolo
E quem gostaria de entrevistar?
Nacionais: Engenheira Isabel
dos Santos, mas uma conversa
informal, de mãe para mãe. His-
tória de vida. Outra figura é a
Ana Lemos, da mesma manei-
ra… A nível internacional Cristina
Ferreira e Michel Obama, da
mesma maneira.
Sente-se realizada?
Sinto-me grata por tudo e feliz
por cada momento.
O que mais a entristece, neste
momento, nesta profissão?
Neste momento nada. Fico feliz
por estar nesta profissão, neste
momento de pandemia, pois
me permite levar amor, sorrisos
e esperança às pessoas.
 22 MEMÓRIAS Domingo
29 de Novembro de 2020

MAVITID MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO | SOYO

UM DOS FOCOS INICIAIS

DA LUTA ARMADA ANTI-COLONIAL

“Em Kipedro
fomos todos
à luta”
A preocupação permanente com a História de
Angola levou o Jornal de Angola no Uíge à
região de Kipedro, que foi, a par de Kitexi, o
epicentro dos levantamentos populares de 15
de Março de 1961, que se prolongaram até à
independência nacional em 1975

Silvino Fortunato/Kipedro
Kipedro, sede da comuna
com o mesmo nome, está
localizada numa região de
flora variada, alternando
entre a floresta densa e es-
paços abertos com capim e
arbustos que cobrem relevos
totalmente acidentados. Cin-
co edifícios, construídos re-
centemente, constituem o
património público que aco-
lhe a administração comu-
nal, o hospital, a escola pri-
mária, a casa do adminis-
trador e o posto policial, to-
dos perfilados, dando vista
à sede da regedoria de Ki-
pedro, um bairro constituído
por casas construídas à base
de adobe (bloco feito de ter-
ra) e cobertas de chapas de
zinco e capim.
Um pequeno sistema de
canalização abastece de água
potável a população, que de-
pende dos vendedores am-
bulantes para a aquisição do
peixe, sabão, roupa e outros
bens, mediante a entrega de
produtos do campo, sobre-
tudo bombó. As vendedoras
ambulantes chegam e par-
tem de Kipedro apinhadas
em camiões, geralmente de
marca IFA e Unimog, tidos
como os únicos capazes de
superar as estradas de aces-
so à região, consideravel-
mente sinuosas, servindo
também de táxis para Luan-
da e Nambuangongo.
Por causa do mau estado
da via que utilizou, a mais
razoável, a equipa de repor-
tagem do Jornal de Angola
levou cerca de sete horas para
chegar à sede comunal de
Kipedro, que dista apenas
97 quilómetros da sede do
município de Ambuila. Esta
realidade faz com que a po-
pulação local esteja mais fa-
miliarizada e identificada
com o vizinho município de
Nambuangongo, na pro-
víncia do Bengo, do que com
Ambuila. “Muita gente não
conhece Ambuila e muito
menos o Uíge. Nós, se qui-
sermos viajar para Ambuila,
o fazemo-lo somente a pé
ou de motorizada”, disse,
com um sorriso triste, o ad-
ministrador comunal Sér-
gio Francisco Kisselo José,
no primeiro contacto que
manteve com os repórteres
deste jornal.
Até à independência na-
cional, Kipedro era uma das
regiões de maior produção
de café, a julgar pela con-
centração de florestas e o cli-
ma tropical propício para a
sua plantação, sendo esta
uma das razões que atraía os
colonos portugueses, que se
digladiavam por um pedaço
de terra. Isso é testemunhado
pelos edifícios das antigas
tongas das fazendas em
acentuada degradação.
A maioria das plantações
de café vai sendo substituída,
sobretudo, pelas culturas da
mandioca, tida como a moe-
da de troca de que o povo de
Kipedro depende unicamente
para a satisfação das suas
necessidades, já que a loca-
lidade não dispõe sequer de
uma cantina, contrariamente
ao que acontecia na época
colonial, quando existiam
vários estabelecimentos co-
merciais desse tipo, “que
atendiam de tudo um pouco”.
Testemunhos vivos
Quando o sol venceu uma
das colinas que cercam Ki-
pedro e deitou a sua luz sobre
a comunidade, quatro ho-
mens em idades já adian-
tadas se fizeram presentes
no palácio. “Mais velhos, as
nossas visitas já chegaram”,
disse o administrador Sérgio
José, depois destes tomarem
os assentos.
“Esses mais velhos par-
ticiparam, desde o início, na
luta que tornou Angola in-
dependente”, esta foi a forma
simpática que o administra-
dor encontrou para apresen-
tar os antigos combatentes
e veteranos da pátria.
Da conversa mantida com
os anciãos retivemos o facto
de que todos quantos mora-
vam em Kipedro em 1961, e
que tinham entre 18 e 50 anos
de idade, foram mobilizados
para participarem nos ata-
ques de Março contra os co-
lonos nas fazendas ou nas
suas lojas. Esses ataques evo-
luiriam para acções guerri-
lheiras depois da resposta
firme e contundente das au-
toridades coloniais.
“Os que partiram para a
luta de libertação nacional,
naquele mês de Março, na
sua maioria já morreram,
outros, mas poucos, ainda
vivem, com deficiências fí-
sicas eternas trazidas da guer-
ra, ou já são muito velhos,
com idades acima dos 80
anos”, começou por dizer o
regedor de Kipedro Paka Pai-
xão Tombe, o mais jovem
dos convidados instalados
nos sofás do palácio da co-
muna, ele que, entretanto,
pela idade, não participou
na guerrilha.
Para Paka Tombe, os ve-
lhos que ainda resistem em
Kipedro são antigos comba-
tentes e veteranos da pátria,
“porque ninguém ficou de
fora quando foram mobili-
zados a pegarem nas catanas
e lutarem contra os coloni-
zadores. Todos estiveram lá.
Todos participaram”.
É o caso de Miguel Panda,
que tinha apenas 23 anos
quando se juntou aos revol-
tosos. Ainda com uma voz
vigorosa, ele assume: “Fo-
mos nós que iniciamos com
a revolução. No dia 13 de
Março, fomos reunidos e
instruídos para atacarmos
os brancos, aqui em Kipedro.
No dia 14 de Abril fomos
ajudar os outros no ataque
contra os colonos em Man-
toyo (Ambuila)”.
Com os acontecimentos
da luta de libertação Kipe-
dro voltou a ter o estatuto
de posto administrativo,
uma vez que ficava muito
distante de Ambuila e Ki-
texi, para os necessários
apoios e desdobramentos
do exército português face
aos levantamentos popu-
lares e à guerrilha que já era
uma realidade.
O mensageiro da luta
Na recolha histórica que este
diário fez na região de Kitexe
e Ambuila é frequentemente
citado o nome de Manuel
Bernardo como sendo o in-
divíduo que transmitia as
mensagem com instruções
para a população se rebelar
contra os colonos nas fazen-
das. Ele é apontado como
sendo o elo entre a direcção
da UPA no ex-Zaire (actual
República Democrática do
Congo) e as células locais.
Manuel Bernardo é dado
como tendo chegado à região
de Kipedro no segundo mês
do ano de 1961. “Reunimos
na Pedra Inga, que fica ali. O
Manuel Bernardo disse-nos
que devíamos matar os colonos
com as nossas catanas e ini-
ciarmos assim a luta para li-
bertarmos o nosso povo”,
conta o ancião Miguel Panda.
As instruções do mensa-
geiro indicavam que cada
um devia atacar o colono
que estivesse mais próximo
e que a partir do dia 13 de
Março deveriam começar a
afiar as catanas. Secreta-
mente os jovens compraram
a lima para afiar as catanas.
Uns fizeram fiado aos seus
patrões, a quem vendiam
o café, sob vários argumen-
tos, encobrindo o verdadeiro
motivo. “Emocionados, afia-
mos as catanas dois dias an-
tes do ataque que aconteceu
à mesma hora do dia 15 de
Março”, conforme as ins-
truções recebidas, segundo
Miguel Panda.
No momento estabelecido
Morais Augusto ficou no
centro de Kipedro e deu o
sinal através de um apito,
tal como fora instruído, dan-
do-se assim início aos acon-
tecimentos do 15 de Março,
de acordo com as lembran-
ças de Miguel Panda.
“Todos os colonos que es-
tavam aqui morreram no
mesmo dia, praticamente
em três horas”, disse Miguel
Panda. “Ninguém sobrou,
senão aqueles que estavam
ausentes de Kipedro, como
foram os casos de três”.
Um fazendeiro muito te-
mido na altura, conta Miguel
Panda, e que constava do seu
historial ter morto quatro
dos seus ajudantes negros,
também foi abatido.
Cada um com a sua história
O seculo da comuna de Ki-
pedro, Pedro Adão Neto, diz
que cada um, conforme a
sua idade, tem uma história
a contar sobre o dia em que
começou a lutar contra o co-
lono. Pedro Neto vive sem o
olho direito e um dedo in-
dicador, perdidos em Se-
tembro de 1961 num en-
frentamento militar com os
colonizadores.
Pedro Neto trabalhava no
posto de recrutamento de
contratados numa fazenda
de Nkua. Ele próprio também
acabou por ser alistado para
o contrato. Já estavam con-
finados há quase quatro me-
ses na mesma fazenda, onde
todas as semanas chegavam
futuros contratados à espera
da partida, quando começou
a circular a informação para
a revolta. “Devíamos matar
os brancos no dia 15 de Março.
A mensagem foi disseminada
clandestinamente entre os
futuros contratados”, narra.
Desta vez o mensageiro
chamava-se José Lelo, um
dos activistas da UPA que
mais influenciou para o sen-
timento de rebeldia na região.
Tal como os demais interlo-
cutores, o seculo Pedro Neto
diz que a ordem era para afia-
rem as catanas e que quando
chegasse a ocasião cada um
atacaria o colono que esti-
vesse mais próximo e lhe re-
ceberia a arma. “Na manhã
do dia 15, quando o capataz
revistava a formatura dos fu-
turos contratados, ao passar
na posição em que me en-
contrava acertei-lhe uma
catanada na cabeça. Na con-
fusão que a acção gerou todos
os pré-contratados fugiram
da fazenda para refúgios pre-
viamente indicados por José
Lelo. Desde então a actividade
guerrilheira jamais parou”.
Pedro Neto regressou a
Kipedro num período de
muito enfrentamento com
os militares portugueses,
que pretendiam socorrer os
colonos porventura ainda
sobreviventes. Foi num des-
ses enfrentamentos, nas ma-
tas de Kizambo, que perdeu
o olho direito e o indicador
da mão direita. “Estávamos
na emboscada a combater
quando um soldado portu-
guês lançou uma granada
próximo do lugar onde me
encontrava. Perdi o olho e o
dedo”, afirma o ancião, ex-
plicando que foi curado com
o uso de plantas e pó da crosta
de caracol queimado.
Pedro Neto diz lembrar-se
de ver abatido o comandante
Jorge Paka num enfrentamen-
to. “Jorge Paka era um dos
bons comandantes, hábil a
organizar as emboscadas que
travavam a entrada dos mi-
litares portugueses”, diz.
 MEMÓRIAS Domingo
29 de Novembro de 2020 23

“Se não antecipássemos os ataques
contra os brancos hoje ninguém
restaria em Kipedro. Eles estavam
a cavar um buraco com máquinas,
onde seriam depositados os ca-
dáveres das pessoas que matariam
nas sanzalas caso não fôssemos
alertados pelos activistas da UPA
para começarmos a luta”, frisa
Pedro Neto.
Questionado se atacavam ho-
mens desarmados, o veterano Mi-
guel Mpanda disse que os colonos
possuíam armas de tipo caçadeira
D75 e 9.3 e que, nas fazendas,
todos os colonos se faziam sempre
acompanhar com armas de fogo,
tal como os cantineiros e lojistas
nos postos administrativos. “Toda
aquela história de que nós ma-
tamos pessoas indefesas é uma
criação do próprio colono”, as-
severou, acrescentando que o que
aconteceu é que os colonos foram
surpreendidos pela antecipação
dos nacionalistas.
O seculo Pedro Neto afirma
que os colonos, que contavam
com os sipaios e os capatazes para
a sua protecção, estavam todos
armados, “mas não contavam que
os nativos haveriam de actuar
contra eles, dada a bondade, es-
pírito de serventia e passividade
que estes sempre demonstravam”.
Nos primeiros momentos dos ata-
ques, foram usadas catanas e ou-
tros meios contundentes, mas
foram dispondo de armas de fogo
à medida que os colonos as per-
diam nos ataques. “Foram essas
armas que usamos quando os mi-
litares portugueses vieram para
socorrer os seus conterrâneos”,
explica o seculo.
A ocupação de Kipedro pelos
Ataque antecipado
nativos sublevados já levava me-
ses, desde Março, apesar das ten-
tativas de reocupação dos militares
portugueses. Os guerrilheiros
estavam subdivididos em pe-
quenos grupos, que tinham à
testa elementos treinados pela
UPA, e surpreendiam com em-
boscadas as forças portugueses.
Isso obrigou a que estes mudas-
sem de táctica. No sexto mês da
ocupação, chegaram em aviões,
de onde saltavam de paraquedas.
“A força aerotransportada foi a
única forma que encontraram
para tomarem Kipedro”, disse o
mais velho Mpanda.
O desembarque dos militares
era acompanhado por lança-
mento de bombas contra os re-
voltosos. Miguel Mpanda reco-
nhece que “sem mais como lhes
enfrentar, fugimos para as matas,
onde nos reorganizamos e con-
tinuamos a lutar”.
Miguel Mpanda admite que a
investida colonial era tão intensa
que não deixava espaço para con-
traposição senão a fuga desor-
denada e permanente. “Está-
vamos com Deus porque ninguém
ficou no terreno no primeiro dia
do desembarque dos comandos
tugas”, diz.
Os portugueses retomaram Ki-
pedro no dia 11 de Agosto de 1961.
Actividade guerrilheira
Reocupados os focos da subleva-
ção, não restou outra hipótese
aos autóctones senão encontra-
rem refúgio nas frondosas flo-
restas mais distantes desta região,
onde, também lá, eram perse-
guidos. Foram recebidos por ou-
tros nacionalistas, que os ins-
ADOLFO DUMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO | SOYO
truíram sobre as novas formas
de enfrentar o inimigo longe da
família, numa realidade comple-
tamente diferente.
Miguel Paka ainda se lembra
de vários dos seus companheiros
que pereceram nas matas durante
os enfrentamentos com a tropa
colonial. Ele menciona os nomes
de Paulo Suala, Domingos Dongo,
João Panzo Eduardo e Domingos
Mafika. Cita ainda Mendes Pedro.
Com um olhar nos distantes
anos da guerrilha, Miguel Paka
recordou António Tiago Kaleia,
que foi comandante de uma das
frentes de Kipedro. “Morreu há
pouco tempo, já por velhice. Con-
seguiu arrastar-se desde o tempo
da guerrilha, passando pelos anos
da independência até há pouco
tempo, sem nunca ter provado
qualquer reconhecimento do Es-
tado pela sua participação na luta.
Foi ele quem dirigiu o ataque do
dia 15 aqui no Kipedro”.
Miguel Mpanda disse ter ido ao
Congo por quatro vezes, conjun-
tamente com os seus companhei-
ros. “Muitos deles ainda estão
dentro do meu coração, mas os
nomes já me fogem”.
Geralmente iam ao Congo em
busca de reforço em material de
logística. As marchas para o Congo
duravam 12/13 dias. Foi apenas
uma vez, segundo o mais velho
Mpanda, que fizeram sete dias.
“O tempo da marcha dependia
muito da situação operacional
nas áreas que atravessávamos”,
explica, afirmando que conheceu
pessoalmente o comandante Fer-
raz Bomboko numa dessas mar-
chas, quando passaram pelo seu
acampamento.

O comandante Ferraz Bomboko foi iden- homens de cada base e fomos atacar a

Desentendimento tificado por todos os interlocutores do

Jornal de Angola. Ele nasceu na região
do Kolua, em Ndanji ya Kitexi e tinha sob
seu controlo muitos guerrilheiros. Coo-
base dele, que ficava na área do Luica.
Surpreendido, não resistiu. Fugiu, levando
consigo os seus homens para a região de
Kitexi, onde continuou a lutar contra os

com Ferraz
perava com outros comandantes da região
de Kipedro até se desentender com a di-
recção da guerrilha.
“Uma manhã, nos disseram, na for-
matura, que iríamos atacar o acampamento
portugueses, até recebermos a informação
da sua morte por doença. A notícia da
morte dele, mesmo já sendo inimigo, nos
deixou desolados”.
Mpanda reconheceu que antes desses

Bomboko do Ferraz, porque ele estava a criar pro-

blemas na luta de libertação. Ele era acu-
sado de matar velhos e civis negros em
certas sanzalas”, conta Miguel Mpanda.
“Aí os comandantes juntaram 3, 4, 5
acontecimentos “o Bomboko fez muito
trabalho contra os colonos, até hoje não
sei bem o que aconteceu para se virar
contra o povo nas matas ou nas sanzalas,
conforme diziam os comandantes”.

Reconhecimento necessário
A administração comunal de Ki-
pedro indicou um funcionário
para acompanhar e orientar os
velhos nacionalistas a tratarem
os documentos necessários para
serem integrados no processo
de cadastramento dos antigos
combatentes e veteranos da pá-
tria. Segundo o seu administrador,
Sérgio Kisselo, esta é a forma en-
contrada para ajudar os mais ve-
lhos, que já não conseguem andar
a pé ou de moto para superarem
os 97 quilómetros que separam
Kipedro e Ambuila. A intervenção
do funcionário indicado pela ad-
ministração permitiu já o cadas-
tramento de dois dos 11 processos
que têm em mãos.
Pinto Fernandes, assim se
chama o funcionário indicado,
disse que “muito provavelmente,
desta vez, vamos conseguir ins-
crever os mais velhos, o que será
um grande ganho”. Para ele,
todos quantos participaram na
luta de libertação nacional devem
merecer o reconhecimento do
Estado.
Ainda assim, os idosos pre-
sentes mostraram-se reticentes
quanto à consumação do pro-
cesso, por causa dos insucessos
anteriores. “Nos intrujaram mui-
to”, disse um deles.
Já com dificuldades na fala,
Pedro Neto lamenta: “Muitos
de nós que lutamos desde a pri-
meira hora vivemos esquecidos,
para não falarmos dos que já
partiram e deixaram as famílias
desamparadas”.
Disse ser possível que haja
alguém do seu tempo, em Luanda
ou noutros lugares, a receber
gratificação por participar da
luta, mas não conhece ninguém
que esteja a receber em Kipedro.
“Somos muitos que andamos
assim, depois de tanto sacrifício
nas matas para libertarmos o
povo. Os que não lutaram são
os que estão a comer os bens da
independência”.
24 ARTES Domingo
29 de Novembro de 2020

JUREMA DA GLÓRIA RAMOS

Estilista conclui mestrado

com a mais alta distinção
DR A estilista e directora criativa
angolana Jurema Maria Fer-
reira da Glória Ramos obteve
20 (vinte) valores na sua dis-
sertação de mestrado, de-
fendida no passado dia 12 de
Novembro, no curso de Di-
recção Artística e Marketing
de Moda, na École de Condé
de Paris (França).
Como integrante do curso
de Direcção Artística e Mar-
keting de Moda, Jurema da
Glória Ramos mereceu igual-
mente do corpo de jurados
menções honrosas e rasgados
elogios pela forma “crua”
como expôs os assuntos que
dominaram a dissertação.
A dissertação teve como
tema “A Geração da Utopia”,
numa abordagem histórica,
cultural, política, económica
e social do nosso país, com
foco na perda da identidade
cultural e contributos para o
seu resgate. Jurema da Glória
Ramos retratou também a
importação de roupa nova e
de segunda mão no país, a
indústria têxtil e a juventude
angolana e suas influências.
Ela fez uma abordagem,
considerada “curiosa”, sobre
o estilo músico-cultural “Ku-
duro” e desenvolveu um pro-
jecto de inserção social de
jovens pela arte, o qual de-
nominou “Reverse K. Studio”,
que concilia a necessidade
de formação com a impor-
tância do empreendedorismo
nas comunidades pobres de
Luanda. A jovem estilista
acredita que o projecto, que
pode culminar com a criação
da marca de roupas com o
mesmo nome (“Reverse K”)
“vai contribuir para o pro-
gresso do país”.
Jurema da Glória Ramos
refere que “hoje a consciên-
cia dos jovens angolanos
mudou muito em função dos
novos paradigmas sociais e
culturais”. Para ela, “os jo-
vens angolanos estão mais
conscientes e empenhados
na redescoberta de quem
eles são”. Disse ainda ter a
certeza de que “estamos a
desenvolver a nossa própria
narrativa e a nossa própria
identidade”.
A estilista relata que, ac-
tualmente, tudo está a trans-
formar-se em Angola. “Os
jovens estão a ver o que está
a acontecer no continente e
estão mais interessados em
mudar a sua narrativa e a
contar as suas próprias es-
tórias”, disse.
Durante a sua formação
em França, Jurema da Glória
Ramos cumpriu estágios com
estilistas e em ateliers de no-
meada internacional. No final,
foi convidada pela marca ni-
geriana Orange Culture, tam-
bém organizadora do con-
curso Make Believe, onde a
mesma deverá participar,
para apresentar a sua primeira
colecção de roupa no Lagos
Fashion Week, em 2021.
Jurema da Glória Ramos
nasceu em Moscovo, na antiga
União Soviética, quando os
seus pais lá estudavam. Fez
o curso médio de enferma-
gem no Colégio Bem-Dizer
e frequentou dois anos do
curso de medicina na Uni-
versidade Jean Piaget, mas
acabou por se licenciar em
Arquitectura na Universidade
Lusíada de Angola (ULA).
Posteriormente ingressou no
Studio Berçot de Paris, onde
veio a licenciar-se em Design
de Moda.

EMPREENDEDORISMO
Era dos negócios no digital
O mercado de negócios está em grande expansão, saindo do nicho tradicional de lojas físicas para a rua
mais movimentada do mundo, a Internet

Tânia J. A. Costa*
O vírus Sars-Cov 2, infelizmente
por ser letal, e felizmente com a
sua propagação, causou um cres-
cimento explosivo de usuários
da Internet, que culminou com
a adaptação a uma nova era de
empreendedorismo digital. Fle-
xibilidade, comodidade e boa
recompensa são os sentimentos
que os empreendedores apontam
pelo tempo e esforço investido
nos negócios digitais.
Empreendedorismo digital é
a actividade que permite fazer
negócio de diversos produtos ou
oferecer serviços através da In-
ternet, usando um dispositivo
digital como smartphone, tablet
e laptop. O mercado é infinito
para os tipos de negócios que
podem ser realizados, desde lojas
de vendas virtuais, formações,
consultorias, telesaúde, etc., etc.
A crescente facilidade do aces-
so virtual e o uso dos aparelhos
informáticos torna o ambiente
cómodo para consolidação dos
empreendimentos totalmente
digitais. Este modelo de negócio
tem mostrado um crescimento
desenfreado, por proporcionar
um ambiente simples, dinâmico
e, acima de tudo, sem custos ele-
vados, como o resultante, por
exemplo, do pagamento de ren-
das de lojas físicas.
As vendas são feitas sem o
cumprimento de horário nem a
necessidade da disponibilidade
presencial do vendedor, apenas
com o produto e as diversas for-
mas de pagamento. Este ambiente
virtual acaba por beneficiar tanto
o empreendedor como o cliente,
que nos dias de hoje preza sempre
por simplicidade e dinamismo.
Segundo a União Internacional
de Telecomunicações (UIT), ac-
tualmente 4,1 bilhões de pessoas
utilizam a Internet. Este número
corresponde a 53,6 por cento da
população global. De acordo
com o relatório Mensurando o
Desenvolvimento, Factos e Nú-
meros 2019, a maioria dos des-
co n e c ta d o s v i v e n o s pa í s e s
menos desenvolvidos, onde ape-
nas 20 por cento da população
está conectada à Internet (ONU
News, 2020).
Embora o número de desco-
nectados supere o número de
conectados, ainda assim existe
uma grande chance de o seu ne-
gócio ser um sucesso no mundo
virtual, visto que a situação de
pandemia favorece as compras
online, pois o consumidor opta
por compras online recebendo os
seus produtos em casa, evitando
assim um risco maior de conta-
minação pelo novo coronavírus.
O mercado online ganhou
força e passou a ser a melhor op-
ção para todo o vendedor ou
aqueles que desejam embarcar
em vendas no mundo virtual.
Para os interessados nos negócios
digitais ainda existem muitos ne- crescimento dos lucros digitais.
gócios que não foram explorados Sem dúvida a melhor opção para
e que nos próximos anos serão o seu negócio é o empreende-
de grande relevância e sucesso. dorismo digital, pelas suas inú-
Hoje o mercado online pode meras vantagens, praticidade e
ser considerado como remédio o aumento exponencial do con-
para combater o risco de conta- sumir e se relacionar online.
minação pelo novo coronavírus.
No entanto, a longo prazo, as *Consultora de Carreira
vendas online farão parte do nos- e Negócios
so quotidiano, sendo que os con-
sumidores estarão mais atrelados
aos seus telemóveis durante as
actividades diárias. Em Angola,
felizmente, já se pode constatar
o comércio online através das
plataformas sociais Facebook,
Instagram e WhatsApp, como
também nalguns aplicativos que
oferecem compras e/ou serviços
digitas como táxi e pagamentos
bancários, contribuindo assim
para uma vida mais facilitada.
A grande velocidade de evo-
lução das tecnologias e a mu-
dança do paradigma cultural de
negócios contribuiu para o rápido
ARTES Domingo
29 de Novembro de 2020 25
FEITICEIROS E MAIOMBOLA
O assobio de Camabatela
“Um assobio meu”, do saudoso Teta Lando, perdura e é referência enquanto forma de comunicar. Bonga
Kwenda, o grande mestre da massemba, referiu-se ao “assobio malandro” que rasgou o emblemático
Rangel. Camilo Domingos, a terra que lhe seja leve, partiu, mas deixou o seu toque especial numa música
de Toya Alexandre. Sons agudos únicos, originais, inigualáveis

DR Guimarães Silva Daí o recurso ao assobio, quando nené, sempre que

Os assobios nocturnos de
Camabalela, onde nasceu
a minha cara-metade, estão
igualmente nesta linha e
têm de seu o afastar mis-
térios. Segundo a crença
popular do sítio, durante a
noite está expressamente
proibido pronunciar o nome
de outrem e ponto final. O
nome do próximo é a chave
para o feiticeiro, desconhe-
cido e sempre à espreita,
fazer das suas e vender o
mencionado para paragens
desconhecidas onde se tor-
na escravo.
A escravidão que mais se
evoca é o “ maiombola”. Reza
a crença que é um exercício
de trabalho forçado para-
normal, que faz parte da cren-
ça africana, em que pessoas
dadas como desaparecidas
ou mortas, no final do dia,
são trabalhadores em pos-
sessões agrícolas algures
no continente.
quando há necessidade de
contacto com “um dos nos-
sos”, no período nocturno.
O assobio toca a todos (jo-
vens, idosos, casados, sol-
teiros), cabendo aos cúm-
plices a escolha da melodia
adequada que assim subs-
titui o nome.
Cada par, trio ou quarteto
com intimidade e confiança,
logo-logo, identifica-se com
o som agudo criado e com-
promete-se a guardar se-
gredo sobre o mesmo. Afinal
é um instrumento de comu-
nicação secreto, não é para
conhecimento de todos.
Quando lançado ao ar nu-
ma noite fria de Camabatela,
os cúmplices sabem que há
contacto; assunto para abor-
dar, sem receio do feiticeiro,
porque este não conhece o
seu nome, a chave.
Contudo, imitações sem
fins maléficos são frequentes.
Don Tinó, um jovem que já
nasceu com jeito para o riso
e atrevimento (segundo a mãe,
terminasse de chuchar, es-
boçava um sorriso maroto...)
deu o seu melhor para imitar
o assobio habitual que a velha
Queta usava para chegar à fala
nocturna com a comadre Gon-
ga da jimbôa. Conseguiu-o
na perfeição. Escondido por
baixo da janela da última,
imitou igualmente a voz e
lançou: “Ché, acorda. Os ga-
tunos das lavras estão a roubar
a tua jimbôa, corre.”
A velha Gonga tinha jurado
a pés juntos nunca sair de
noite, por medo do maiom-
bola. Diante da informação,
rompeu com o combinado e
citou o nome da amiga: “Obri-
gado, Queta.”
Na noite de Camabatela,
partiu em alta velocidade
para proteger o seu pedaço
de chão de cultivo, ante a
gargalhada abafada do ma-
roto Don Tinó… Afinal, o
sentido de protecção do que
“é nosso” é forte e ultra-
passa a superstição… Qual
maiombola!

INGRATO ESTÔMAGO
Pão com conduto
O Sol daquele dia era diferente. Único entre os já muitos sóis vividos. Parecia que a bola vermelha e quente
cairia sobre a terra para queimar tudo e acabar com todos

Soberano Canhanga
Mesmo assim, chovia a pingos
preguiçosos e prolongados que
secavam em tempo apressado.
A sede então, ah! Essa era tanta.
Parecia que os caudais dos rios
secariam. As pessoas, em todos
os atalhos que levam às lavras,
nas estradas que ligam terras
distantes e cidades em que im-
pera a banga, o bom vestir e o
bem falar, estavam todas ora
com a garrafa de água encostada
à boca, ora com a boca no cau-
dal do rio, sorvendo a mistura
de hidrogénio e oxigénio (H2O).
Mas não era só o sol, a chuva
miúda, a sede e o cansaço. Era
também fome. Será que andar
debaixo do sol também aumen-
ta a fome?
As viagens, de véspera e do mo-
mento, ao volante, tinham sido
longas e extenuantes, embora
tivessem sido mais sobre es-
tradas do que em picadas; mais
asfalto do que buracos; mais
luz do que noite. Só que os qui-
lómetros não eram poucos e
as paragens, para pegar isso e
deixar aquilo ou atender o es-
tômago resmungão tinham rou-
bado bastante tempo.
Depois de Cadá (é mesmo assim
que se pronuncia), cidade que
assiste impávida todo seu re-
cheio de tempos áureos a cair
(1, 2, 3… até nada mais houver)
chegámos, de volta à vila de
Kibala, Kwanza-Sul, por onde
havíamos passado na noite an-
terior.
O ingrato estômago teve de nos
levar a uma roullote, estrate-
gicamente implantada na bi-
furcação entre dois caminhos
que juntam aldeias periféricas
do vilarejo. Próximo do que foi
a moageira Caima. É também
lugar de encontros e reencon-
tros da moçada local e de ga-
lanteio.
Um jovem estava encostado à
roullote. Vi-o e não me conta-
ram. Ao seu encontro ia uma
mana vestindo blusa verde flo-
reada, panos à cintura e um
lencito à cabeça. Diziam, a con-
tar pela denunciante pronúncia,
ser duma terra do centro da
noss'Angola.
O mano, calças jeans muito lar-
gas na parte superior, a fazer
desaparecer o mataku e demais
condimentos, e uns chinelos
“avaziana” (isso mesmo “ava-
ziana), era kibaliista. Na cara
dele lia-se muita esperteza,
mas na boca e na cabeça pouca
inteligência.
Os dois pararam, antes da sau-
dação, ao “se darem encontro”
no atalho que liga as duas al-
deias periféricas da “cidade”
(como chamam o vilarejo), pró-
ximo da roullote.
- Caró, saudade que te estou a
ouvir é mbastante, tipo água
no rio Kakungulu. Desde an-
teontem sem te ver. Será que
não gostaste do que “se” falá-
mos?
- Yá, João. Também senti lá von-
tade. Falei mesmo vou “le” pro-
curar para se descontar lá um
kabukadu. Ó João, também
trouxe fome, tó te falar! Me
paga lá ainda um pão com con-
duto lá dentro, tipo aquele que
provámos na casa do teu amigo
Nito…
A conversa prosseguiu com pí-
caros de “sarcasmo” ao meu
ouvido. Era só rir à toda a largura
da boca. Juro mesmo, funji ou
pirão com conduto já ouvi e já
comi. Pão com conduto (ham-
búrguer) foi primeiríssima vez.
 26 ESTUDO
Angola, comunidade lusófona e desafios
Este tema é abordado em três partes. A primeira prende-se com o enquadramento histórico, para identificarmos as
origens e a evolução da comunidade lusófona. A segunda tem que ver com Angola no contexto da lusofonia e a
Miguel Júnior* |
Como membros da comu-
nidade lusófona, todos nós
temos uma opinião a respeito
da nossa comunidade. De
resto, temos de ser solidários
para com esta grande co-
munidade da qual fazemos
parte por força dos nossos
laços culturais, linguísticos,
etc. A comunidade lusófona,
historicamente falando, pos-
sui uma história específica
que a distingue das demais
comunidades. Essa especi-
ficidade é a razão da nossa
existência e é a base que nos
mantém unidos e que nos
tem impulsionado no tempo.
Entretanto, coloca-se a se-
guinte pergunta.
Quais são as origens da
comunidade lusófona?
Para esta pergunta, há
inúmeras respostas e expli-
cações, sendo todas válidas
e congruentes. A explicação
mais lógica e plausível en-
contra-se expressa no acaso
histórico. Este acaso foi o
elemento propulsor da di-
fusão da língua portuguesa
por alguns recantos do pla-
neta. O acaso histórico foi a
força impulsionadora das
novas realidades. Do ponto
de vista histórico, a comu-
nidade lusófona é o produto
do acaso e das suas dinâmicas
políticas, económicas, so-
ciais, culturais, militares e
linguísticas. As interacções
entre os povos deveram-se
a essas dinâmicas e aos de-
safios da vida.
A comunidade lusófona
é o produto dos encontros,
das discordâncias e dos reen-
terceira é dedicada aos desafios da comunidade lusófona
contros da história. A co-
munidade lusófona reflecte
a lógica da gramática da his-
tória. Ela é o produto das
lutas, afirmações, recusas,
rupturas e adopções. Numa
palavra, a comunidade lu-
sófona é o resultado de um
percurso longo e difícil. Este
foi o caminho que nos con-
duziu até ao momento. Nes-
se processo complexo e
diversificado destacaram-
se dois factores: os históricos
e culturais.
A marcha empreendida
encontra-se espelhada nas
histórias dos nossos países.
E cada povo tem bem pre-
sente as marcas da história.
Na verdade, foi esse caminho
que nos conduziu à comu-
nidade lusófona. A cami-
nhada longa e sinuosa criou
a lusofonia. Por isso, a lu-
sofonia é composta por vá-
rias realidades vibrantes. A
lusofonia tem de ser enten-
dida como o conjunto das
identidades culturais exis-
tentes nos nossos países. A
lusofonia é uma mescla de
povos e culturas.
Chegados a este ponto,
o debate multiforme sobre
a necessidade da valoriza-
ção dessa realidade histó-
rica, que é a lusofonia, ga-
nhou forma. As reflexões,
as ideias, os projectos, as
abordagens, as cogitações
começaram a emergir no
seio do mundo lusófono. Os
intelectuais, os políticos, os
diplomatas, os homens da
arte e da cultura, os fazedores
de opinião e tantos outros
indivíduos começaram a de-
bitar os seus contributos e
a fazer ecoar as suas vozes
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
em busca de uma organiza-
ção que permitisse valorizar
e aceitar as realidades vi-
brantes da lusofonia como
dados incontornáveis.
Perante a vontade dos po-
vos, os líderes e as lideranças
políticas puseram mãos à
obra, a fim de se constituir
a organização da comunidade
lusófona. Assim tiveram lugar
as diligências diplomáticas
de Brasília (1994), Lisboa
(1995) e Maputo (1996) no
sentido de ver constituída a
organização da comunidade
lusófona. Criadas essas con-
dições pelas diplomacias dos
Estados, o passo seguinte
passou pela adoptação da
Declaração Constitutiva da
CPLP, em Lisboa, no dia 17
de Julho de 1996. A Decla-
ração Constitutiva estabele-
ceu os princípios orientadores
da organização lusófona, os
quais passaram a constar dos
seus Estatutos.
A CPLP existe e caminha
a passos galopantes, congre-
gando os Estados membros
mais alguns Estados e orga-
nizações com estatutos de
observadores associados de
interesse e consultivo. A in-
clusão dos Estados não-
m e mb ro s e d e a lg u m a s
organizações atesta o valor
da existência da CPLP e a
importância dela conectar-
se com outras latitudes. A
realidade palpável é o facto
de que a CPLP tem vida pró-
pria e os seus órgãos existem
e funcionam à luz do plas-
mado nos estatutos da orga-
nização.
No decurso da sua exis-
tência, os estatutos da orga-
nização foram objecto de
algumas revisões pontuais.
Os ajustes feitos aos estatutos
da organização sucederam
em cinco ocasiões, nomea-
damente: São Tomé (2001),
Brasília (2002), Luanda
(2005), Bissau (2006) e Lisboa
(2007). Em conformidade
com os interesses da orga-
nização, também aprovaram
o estatuto da Assembleia Par-
lamentar, em São Tomé, no
dia 28 de Abril de 2009.
Olhando para a trajectória
da CPLP, podemos afirmar
que esta organização cresceu
imenso desde 1996. Os seus
órgãos de direcção e execução
(conferência de Chefes de
Estado e Governo, Conselho
de Ministros, Comité de Con-
certação Permanente e Se-
cretariado Executivo) muito
têm feito para manter a or-
ganização em pleno funcio-
namento. Na verdade, a CPLP
é uma organização composta
por vários membros e estes
guiam-se por princípios só-
lidos, o que permite manter
uma balança de interesses.
Aliás, os princípios nor-
teadores da organização são
os seguintes: igualdade so-
berana entre os Estados;
não-ingerência nos assun-
tos de cada Estado; respeito
pela sua identidade nacio-
nal; reciprocidade de tra-
tamento; primado da Paz,
da Democracia, do Estado
de Direito, dos Direitos Hu-
manos e da Justiça Social;
respeito pela sua integridade
territorial; promoção do
desenvolvimento; promo-
ção da cooperação mutua-
mente vantajosa.
Quer dizer, a CPLP emer-
giu como uma organização
representativa dos vários es-
paços comunitários, mas
também ela não pôs de parte
as normas universais e os
princípios reitores da vida
de cada Estado soberano.
Ainda assim a balança de in-
teresses e o equilíbrio entre
os seus membros são as bases
para manter de pé a CPLP,
considerando que cada Es-
tado possui uma identidade
e uma singularidade. Logo,
no seio da organização não
há nenhum Estado-líder.
Do ponto de vista histó-
rico, este é o enquadramento
a respeito do percurso da lu-
sofonia, da comunidade lu-
sófona e da CPLP. Esta é a
organização representativa
dos diferentes interesses dos
cidadãos das comunidades
de língua portuguesa.
Angola no contexto da
lusofonia
Quanto ao papel de Angola
no contexto da lusofonia,
cabe tecer as seguintes con-
siderações. Na lusofonia não
há lugares de destaque. Cada
Estado membro tem de ser
visto tão-somente como um
membro de pleno direito e
com um estatuto igual aos
demais. De resto, isso está
bem patente nos estatutos
da CPLP. O que há são par-
ticularidades históricas e
culturais devido às realidades
nacionais. O que há são os
desafios internos de cada
Estado e aqueles que decor-
rem da sua condição de Es-
tado membro da CPLP. O
que há são as obrigações de
cada país no contexto das
suas relações bilaterais e
multilaterais.
Angola é parte integrante
da lusofonia, mas o seu per-
curso histórico difere de for-
ma substancial dos demais.
O mesmo se passa com os
demais membros. A singu-
laridade de cada Estado é que
torna a comunidade lusófona
muito mais plural e, como é
óbvio, cada Estado salva-
guarda tudo aquilo que lhe
é intrínseco. Apesar dos traços
identitários de Angola, tam-
bém há que considerar que
o seu vínculo à comunidade
lusófona não tem que ver só
com os aspectos da língua
portuguesa. Há vínculos de
consanguinidade e culturais,
frutos de um longo processo
de interacção entre os povos.
Esses factos têm um peso
substancial no âmbito das
relações entre as diferentes
comunidades da lusofonia.
Por essa razão, Angola está
presente e vai continuar a
fazer parte da Comunidade
de Países de Língua Portu-
guesa (CPLP).
No seio da CPLP, Angola
procura cumprir o seu papel
de membro e mantém-se
comprometida com os prin-
cípios da organização e com
a sua finalidade. Aliás, essa
é a postura que se espera e
que se deseja de parte dos
membros da CPLP, conforme
temos vindo a constatar ao
longo da existência da orga-
nização representativa dos
interesses das comunidades
da lusofonia. Além de Angola
observar o ideário da CPLP,
é evidente que ela estabelece
as melhores relações com
todos os Estados. A CPLP é
um meio facilitador das re-
lações inter-estatais e do in-
tercâmbio diplomático,
político, económico, cien-
tífico, cultural, comercial e
de defesa e segurança.
No contexto da lusofonia,
Angola conta com a solida-
riedade dos demais mem-
bros e ela tem expressado
também a sua solidariedade.
As ajudas mútuas decorrem
da condição de pertença a
mesma organização e dos
imperativos das relações en-
tre os Estados. Entretanto,
a solidez de uma organização
como a CPLP exige os es-
forços de todos os membros
e a observância rigorosa das
Domingo
29 de Novembro de 2020
normas reguladoras.
A grandeza da CPLP de-
pende também da condição
de cada Estado membro. Por
isso, quanto mais robustos
forem os Estados membros,
quer do ponto de vista polí-
tico, económico, científico
e social, quer do ponto de
vista de estabilidade política,
crescimento e desenvolvi-
mento, mais a CPLP sairá a
ganhar. Por isso, no contexto
da lusofonia, Angola possui
responsabilidades próprias
e aquelas que decorrem da
sua condição de Estado mem-
bro da CPLP.
Comunidade lusófona e
desafios
Quais são os desafios da co-
munidade lusófona? Os de-
s a fi o s s ã o i n ú m e r o s e
diversificados. Começando,
por exemplo, com o facto de
que há vozes que defendem
a ideia de que a lusofonia
não se restringe aos espaços
dos falantes da língua por-
tuguesa. Na verdade, este é
um dos desafios. Há que ad-
mitir que a lusofonia também
está presente em outros es-
paços. Também há vozes que
sugerem que a cooperação
não se pode limitar à difusão
da língua portuguesa, mas
ela tem de se encaixar na
perspectiva globalizante e
da interdisciplinaridade, im-
plicando concertação em
questões políticas, diplomá-
ticas e cooperação em todos
os domínios.
Outro desafio é a neces-
sidade de valorizar e preser-
var o formato da CPLP, porque
no seu seio há um “pacto de
amizade e de solidariedade
entre iguais”. Na CPLP, os
Estados membros são valo-
rizados e têm as mesmas res-
ponsabilidades. Outro desafio
passa pela necessidade de
difundir a língua portuguesa,
mas também as diversidades
culturais patentes no seio
dos Estados membros.
Conclusões
Em poucas palavras, estas
são as considerações sobre
Angola, Comunidade Lusó-
fona e Desafios. Ficaram pa-
tentes as origens da lusofonia
e a sua evolução devido à
vida de relação com outros
povos. A lusofonia abarca
povos e culturas. Já a comu-
nidade lusófona é o produto
da evolução histórica até ao
momento da aparição da Co-
munidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP).
*Ph.D. em História e Pós-
Doutorado em Estudos Humanos.
Este texto é parte de uma
conferência dirigida aos
estudantes de Relações
Internacionais da Universidade
Lusófona do Porto no dia 21 de
Outubro de 2020 (Via Zoom).
 HOMENAGEM
“Faço arte para me comunicar
com o público”
O ano 2020 tem sido aterrorizador para a classe artística, e não só. Esta semana, na terça-
feira, a surpresa veio com a notícia da morte de Teta Lágrimas, músico que se destacou
cantando e exaltando a beleza da mulher, da cidade de Luanda e o dia-a-dia, com muito
enfoque na crítica política e social numa mescla de sátira, romantismo e recriação
Analtino Santos
Teta Lágrimas era um músico
com uma forte veia empreen-
dedora herdada da família.
Prova disso é que abriu uma
das primeiras lojas de ins-
trumentos musicais no pós
independência, situada na
Estrada de Catete, além de
ter investido nas artes gráficas
e noutros empreendimentos,
que, no seu conjunto, lhe
permitiam viver sem depen-
der inteiramente da sua arte.
Graças a essa independência
material, conquistada com
muito esforço, disse um dia,
com muito e legítimo orgulho:
“Não canto para os cifrões.
Faço arte para me comunicar
com o público”.
Muito cedo, Teta Lágrimas
iniciou-se nas lides artísticas,
pois era proveniente de uma
família onde a música fer-
vilha nas veias. Maria Teta,
a mãe, tocava guitarra e acor-
deão, o avô cantava fado, o
irmão Teta Lando é “tão so-
mente” um dos mais res-
peitados intérpretes e com-
positores da Música Popular
Urbana Angolana; Gutto,
seu sobrinho, além de pro-
dutor é um dos mais refina-
dos cantores da cena rapper...
Outros membros da sua fa-
mília despertaram para ou-
Domingo
29 de Novembro de 2020
TETA LÁGRIMAS IN MEMORIAM
de provérbios
tras vertentes artísticas, no-
meadamente a artística plás-
tica Fineza Teta...
Teta Lágrimas, em “Keta
Chorada”, uma música em
homenagem ao irmão Teta
Lando, cantou assim: “por-
que chorar se você está pre-
sente / pois suas canções
matam as saudades / e não
terminei a sua keta / pois a
letra escapava escorrendo
num canto do olho”. Esses
versos, na hora de evocar-
mos a partida de Teta Lá-
grimas para a eternidade,
de modo arrepiante apli-
cam-se a ele próprio. “Eu
queria fazer uma keta cho-
rada / mas chorar porquê
mano / pensei que não valia
nada / vale mais pensar no
Maritimo da Ilha, Desportivo
de São Paulo / onde mexias
com a sua gente / com um
Semba ou uma balada”...
Por isso não adianta cho-
rar pelo passamento físico
do músico no dia 24 de No-
vembro. E aqui, muito a pro-
pósito, sentimo-nos “obri-
gados” a citar António Car-
doso, num dos seus melhores
poemas: “É inútil chorar /
‘Se choramos aceitamos, é
preciso não aceitar’ / por
todos os que tombam pela
verdade / ou que julgam
tombar / O importante neles
é já sentir a vontade / de
lutar por ela. / Por isso é
inútil chorar. // Ao menos
se as lágrimas / dessem pão,
/ já não haveria fome. / Ao
menos se o desespero vazio
/ das nossas vidas / desse
campos de trigo... / Mas o
que importa é não chorar. /
‘Se choramos aceitamos, é
preciso não aceitar.’ / Mesmo
quando já não se sinta calor
/ É bom pensar que há fo-
gueiras / e que a dor também
ilumina. // Que cada um de
nós / lance a lenha que tiver,
/ mas que não chore / em-
bora tenha frio. / ‘Se cho-
ramos aceitamos, é preciso
não aceitar.’”
Contra a morte e o es-
quecimento do artista de-
vemos assimilar a sua obra,
incorporá-la nas nossas vi-
das, na nossa memória co-
lectiva e transmiti-la às
gerações vindouras. Assim
terá valido a pena todo o seu
sacrifício e ele continuará
vivo em nós.
“Amizade colorida”, “Esta
preta me mata”, “Nga Nginga
Kia”, “Só só só”, “Me abraça
forte pequena”, “Amor em
crise”, “Quero ser político”,
“Cai comigo na noite”, “Beijo
do sapo”, “Tolerância zero”,
“Luvuvamo”, “Mãe de todos
nós”, “Luanda já foste lin-
da”, e outros temas, são a
prova provada do empenha-
mento artístico e cívico de
Teta Lágrimas.
Na primeira pessoa
Nesta breve celebração da
vida e obra de Teta Lágrimas
respigamos algumas decla-
rações do artista numa en-
trevista que concedeu em
2014 ao jornalista Tchinga-
neca Dias, da Angop. É o ho-
mem na primeira pessoa.
“Os artistas não têm trabalho.
Os artistas ainda são pedin-
tes. Entretanto vão fazendo
muito pela cultura, por isso
é importante que se mude
esta situação que afecta a
classe artística”
“Logo que aprendi a tocar
guitarra surgiu o bicho da
música, não com a vontade
de ser famoso, mas com a
vontade de mostrar às pes-
soas que eu podia fazer coi-
sas bonitas. Eu não canto
para os cifrões, faço arte
para me comunicar com o
público. Isto é o mais im-
portante para mim.”
“Sou muito original, gosto
de ser original, embora veja
o Teta Lando como ícone da
nossa música, para mim um
dos melhores autores e com-
positores. Mas sou muito
original, gosto de cantar o
DR
que me vem na alma”.
“Muitas vezes quando
inadvertidamente aparece
alguma coisa que se pareça
com o trabalho do meu irmão
tento tirar, para dar a en-
tender que não existe in-
fluência do meu irmão; mas
é difícil porque nós somos
irmãos, somos irmãos de
pai e mãe, e nestes casos a
génese sempre puxa alguma
coisa. Há quem diga que a
minha voz é semelhante à
do Teta Lando. Há quem diga
que em palco somos iguais,
mas tento ser o Teta Lágri-
mas: procuro ser o mais ori-
ginal possível.”
“Teta Lagrimas é o meu
nome, só que invertido. Isto
foi em Portugal aquando do
meu primeiro disco. A editora
que lançou o disco decidiu
trocar o nome; pergunta-
ram-me como era o nome
de família e assim decidiram
colocar um nome mais ar-
tistico, que despertasse o in-
teresse e ficasse na mente
das pessoas.”
“Tenho alguns empreen-
dimentos que dão algum ren-
dimento e que dão para viver
sem depender da música. Mas
o que queria mesmo é viver
da música: uma entrega 100
por cento à música e ser um
profissional de mão cheia”.
27
Acontecimento
Canções para
o Banquete
Teta Lágrimas morreu na
semana em que o telejor-
nal da TPA passou a emitir
a série de reportagens “O
Banquete”, que ilustra o
quanto um grupo de altos
dirigentes se serviu dos
recursos de todos nós para
benefício próprio. Talvez
a TPA ainda vá a tempo de
incluir na banda sonora
algumas das peças musi-
cais de Teta Lágrimas, que
corajosamente denunciou
através da arte a anorma-
lidade do estado de coisas.
Basta ouvir as canções “To-
lerância zero” e “Quero
ser político”. Na primeira,
Teta Lágrimas fala dos que
não querem saber do povo
e olham o povo de cima a
baixo como se fosse gado
a pastar. Ele denuncia os
que confundem governar
com abonar e diz que “o
povo chora / enquanto
tem gente que joga kumbú
porta fora / com mambos
que mexem com qualquer
/ o povo chora, ele se regala
e o resto não lhe interessa”.
Em “Quero Ser Político”
o músico continua na mes-
ma senda e descreve como
muitos servidores públicos
arruinaram o país. De for-
ma satírica, ele afirma que
a sua intenção é também
ser político “porque é o
que está a dar”.
Perfil
Teta Lágrimas ou Abel Lá-
grimas da Conceição San-
tos Teta nasceu na pro-
víncia do Zaire há 64 anos
e cresceu nos bairros Ope-
rário e Popular, em Luan-
da. Em 1975, na sequência
do eclodir da guerra civil,
foi viver na RDC, onde tra-
balhou com o grupo Ba-
kongo Star e a Orquestra
Veve Center. Em 1985 opta
por viver em Portugal,
para dar seguimento à
carreira musical e estreia-
se com o disco “Amizade
Colorida”, e de seguida
“Luanda já foste Linda”,
“Esta preta me mata” e
“Dilema”. Tem ainda os
discos “Mãe de Todos
nós”, “Coisas da Vida”,
“Renascente esperança”,
“Letra Chorada”, também
em Dvd, e “Lagrimas do
Coração”.
28 GENTE Domingo
29 de Novembro de 2020

DR

SIANGA ABÍLIO ENTRE OS DISTINGUIDOS

DR

Reconhecimento
ao contributo
dado à AJECO
O embaixador de Angola no Quénia, Sianga
Abílio, foi uma das 100 individualidades dis-
tinguidas com o Diploma de Mérito pelo con-
tributo prestado à Associação de Jornalistas
Económicos de Angola (AJECO), enquanto
director-geral da Sonangol Pesquisa e Pro-
dução. A cerimónia teve lugar à margem da
PLATAFORMAS DIGITAIS
Assembleia Geral da AJECO que decorreu,
na sexta-feira, 27, em Luanda. Simão Abílio
foi representado pelo filho. Além do diplomata,
O sucesso antecipado
foram distinguidas instituições e individua-
lidades que, nos últimos 24 anos, contribuíram
para o fortalecimento da associação, com
de C4 Pedro
destaque para economistas e jornalistas. A Mesmo sem ser lançada e sem data de divulgação ao público, um novo tema
cerimónia de encerramento da Assembleia de autoria do músico C4 Pedro, já faz sucesso. Em conversa com alguns dos
Geral da AJECO foi presidida pelo secretário seus admiradores, o artista partilhou um vídeo na sua conta oficial da
de Estado da Comunicação Social, Nuno plataforma digital Instagram, em que se ouve o músico, compositor e produtor
Albino Carnaval, na presença do secretário a cantar alguns extractos da música. A verdade é que o pequeno trecho tornou-
de Estado da Economia, Mário Caetano João. se num sucesso, já que milhares de seguidores gravaram e partilharam vídeos,
a cantar o tema. Curiosamente, nos instantes seguintes a música foi
denominada como “Nossas Coisas”.

DR DR

DIVULGAÇÃO
Coréon Dú
disponibiliza
“Love Infinity”
UNICEF ANGOLA “Love Infinity”, é a mais recente
música promocional de Coréon Dú.
Neide Van-Dúnem recebe título O músico quebra assim um jejum
de vários meses de silêncio
musical, disponibilizando nas
de Amiga da Criança diferentes plataformas digitais o
seu mais recente rebento musical.
Difundida pelas rádios no início da
A actriz, produtora e activista pelos Direitos das Crianças e Adolescentes, desde 2015, foi honrada na passada semana, a música pode
passada sexta-feira, dia 20, com um certificado que a qualifica como Amiga das Crianças de Angola. O ser ouvida e adquirida nas páginas
certificado veio pelas mãos de Ivan Yerovi, representante da Unicef em Angola. Segundo o do Youtube, Deezer, Apple Music,
representante do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Spotify, Google Play e Amazon. O
trabalho desenvolvido por Neide Van-Dúnem, na advocacia poderá inspirar outras pessoas e ajudará a tema é cantado na língua inglesa,
levar o trabalho da UNICEF Angola, adiante. Nesta nova missão, Neide Van-Dúnem advogará duas na qual, no primeiro verso, o artista
causas em particular: violência contra criança e a educação. fala na crença de poder voar.

DR

PRÉMIO DR

Fernando Carlos
distinguido em
Portugal
O jovem escritor Fernando Adão Carlos está de
parabéns. Nando como é carinhosamente chamado
DR
pelos mais próximos entrou para a história do
concurso literário “Matilde Rosa Araújo”, promovido
11 DE DEZEMBRO
pelo município de Trofa, em Portugal, tornando-se
no primeiro angolano a vencer a categoria Matias Damásio
Lusofonia 2020, do referido prémio. A distinção foi
conquistada com o conto infantil inédito “A
bicicleta Avó-Mãe”, e encaixou a quantia de mil
prepara novidade
euros, como recompensa, por este prémio que é Na primeira quinzena de Dezembro, será um momento histórico para a carreira
uma colaboração do Instituto Camões, em artística de Matias Damásio. Fonte próxima do músico e compositor revelou ao
coordenação com as instituições homónimas Gente, que Matias Damásio tem agendado para o próximo dia 11 de Dezembro,
representadas nos Países Africanos de Língua sexta-feira, o lançamento do seu mais recente trabalho musical denominado
Oficial Portuguesa (PALOP). Gente aproveita a "Abismo". Sem adiantar detalhes sobre o disco, a fonte limitou-se apenas a
ocasião para endereçar ao jovem escritor êxitos na desvendar que o novo trabalho vai ser lançado no próximo dia 11 de Dezembro.
sua jovem carreira como escritor. Agora, só nos resta esperar pela novidade de Matias Damásio.
GENTE Domingo
29 de Novembro de 2020 29
DR DR

DOLCE FAR NIETE

Dom Caetano,
o escolhido
O habitual Caldo de Domingo,
no espaço Dolce Far Niete, no
bairro do Benfica, tem, hoje,
confirmada a presença do
músico Dom Caetano. Autor de
inúmeros temas de sucesso, Dom
Caetano vai interpretar seis
canções do seu prestigiado
repertório, no qual constam
“Nova Cooperação”, “Som
Angolano”, “Uejia Ki Usokana”,
“Diala Dya Ongo” e “Dilema”,
“Vizinho”. A tarde será ainda
MÚSICA animada pelos Dj’s Vivaldo
Pereira e Reborn.

Água do chefe inspira

Dj Malvado
"Água do chefe", é a mais recente música lançada pelo Dj Malvado em parceria
com Maninho Pibom e King Fofeira. A designação da música, deriva da conhecida
bebida tradicional "caporroto" (bebida destilada em moldes tradicionais), que
ganhou nos últimos dias a denominação de "Água do chefe". O lançamento da
música e do seu videoclipe pelas diferentes plataformas digitais na Internet,
aconteceu na manhã de sexta-feira, dia 27 de Novembro.

SHOW DE HUMOR
DR

Tunezas
regressa ao
palco da TPA
As sátiras que muito fazem sorrir os
seguidores do grupo de humor Os
Tuneza chegam, hoje, ao canal 1 da
Televisão Pública de Angola (TPA),
quando a partir das 14h00, o grupo
juntar-se a outros artistas, para o
concerto em directo de comemoração
ao 11º aniversário do supermercado
Alimenta Angola. O show live,
no qual o quinteto humorístico
promete a mesma disposição,
tem a presença confirmada de
Kyaku Kyadaff, Edmázia Mayembe,
Gerilson Insrael, Noite e Dia, Alisson
Paixão e Os Lambas.

DR DR

EFATÁ
A nova era de
Telma Lee
A produtora Milionário Records do
empresário angolano Mi Mosquito,
anunciou uma nova era para a cantora
PROGRAMA DE RÁDIO Telma Lee. Em nota divulgada na sua
página oficial, o gestor artístico de Telma
Lee, revelou que a mesma começou uma
Micaela Reis e Dalila Prata nova era com a publicação da primeira
música promocional sob auspício da
produtora Milionário Records.
dão voz ao "Grande Revelação" Denominada "Efatá" é a primeira
composição na nova era da artista, desde
que se tornou membro da Milionário
A Miss Angola 2007, Micaela Reis e a jornalista da Televisão Pública de Angola, Dalila Prata são as Records, revela extractos da nota. Telma
vozes escolhidas para o programa radiofónico denominado "Grande Revelação", emitido todas as Lee é a mais nova integrante da
tardes de quartas-feira, na Rádio Essencial, na frequência 96.1. Outras vozes que se juntam a Micaela produtora e distribuidora musical
Reis e Dalila Prata, é a jovem jornalista Edivania do Carmo, juntas abordam questões sobre o dia a dia Milionário Records.
das mulheres no contexto da pandemia Covid-19 e a realidade social do país.
30 DESPORTO
Petro procura passar
pelo Akonangui FC
Equipa espera obter um resultado que abra perspectivas animadoras
para encarar com alguma tranquilidade o confronto da segunda-mão
Matias Adriano e Edvaldo Lemos
O Petro de Luanda joga, esta
tarde, às 15h30, no Estádio
de Ebebiyín, em Ebebiyín
(Guiné Equatorial), com o
Akonangui FC para a primeira
eliminatória de apuramento
à fase de grupos da Liga dos
Clubes Campeões Africanos
de Futebol. Os petrolíferos,
que viajaram na sua máxima
força, esperam obter um
resultado que abra perspec-
tivas animadoras para o con-
fronto da segunda-mão.
É claro que jogar em ter-
reno alheio envolve sempre
um conjunto de condicio-
nalismos, como a experiên-
cia nos tem dado a ver ao
longo dos anos. Ainda assim,
a equipa às ordens de Antó-
nio Cosano tem crença na-
quilo que representa o seu
valor competitivo, apesar
de estar há algum tempo em
regime de defeso.
Aliás, apesar disto, a equipa
não entra na competição com
as pernas calcinadas, porque
de algum tempo a esta parte
que vinha desenvolvendo
um trabalho aturado de pre-
paração, que não visou senão
dar rodagem aos seus activos,
de modo a encarar este torneio
com maior dose de confiança.
Para esta eliminatória
abona ainda a favor do repre-
sentante angolano o facto de
o adversário ser um ilustre
estranho nas lides do futebol
africano, onde a própria
Guiné Equatorial não tem
pergaminhos. Trata-se de
um factor que pode muito
bem ser explorado, mais a
Morreu o jornalista Adão Gabriel
O jornalismodesportivo ango-
lano ficou mais pobre. Morreu
ontem, em Luanda, vítima de
doença, o radialista Adão
Gabriel, aos 58 anos. O malo-
grado, natural da província
de Malanje, começou a sua
carreira ainda jovem, nos pri-
mórdios dos anos 80, na Emis-
sora Provincial de Benguela.
Dono de excelente voz e
uma boa dicção, Adão Gabriel
foi, em determinado período,
o principal narrador de futebol
em Benguela, sendo nesta
condição que, em 1990, integra
a equipa da Rádio Nacional
de Angola à cobertura do Cam-
peonato do Mundo de futebol
daquele ano, na Itália.
Tendo em conta o seu ele-
vado profissionalismo, anos
mais tarde seria convidado
pela direcção da emissora
estatal a mudar-se para Lu-
anda, na perspectiva de dar
outra força à Rádio Cinco, em
face das suas obrigações.
Homem de trato fácil, viu
passar pelas suas mãos vários
LIGA DOS CAMPEÕES
Petro acredita no seu valor competitivo para passar à fase seguinte
mais porque o Petro é um
gigante africano com história
escrita em letras de ouro.
Embora seja verdade que
adversários medem-se em
campo, ao que se pode reco-
mendar ao Petro é fazer o
seu jogo com maior frieza
e calculismo em busca do
resultado que estiver nas
suas previsões. Para tanto,
oxalá não apareça uma mão
invisível, daquelas que sur-
gem mais para derrubar os
sonhos. Ou seja, para trocar
as coisas por miúdos, que
não haja jogo extra.
Desde já, o espanhol
António Cosano garantiu,
em conferência de imprensa,
antes do embarque, que a
sua equipa vai conseguir um
bom resultado. Depois de
LUTO NA CLASSE
DR
jovens, que hoje dão vida ao
canal desportivo da RNA. O
malogrado trabalhou, igual-
mente, em ocasiões especiais,
para a Supersport.
O ministro das Teleco-
municações, Tecnologias
de Informação e Comunica-
ção Social, Manuel Homem,
manifesta, em nota chegada
ontem à nossa redacção, pro-
funda consternação pelo pas-
samento físico de Adão Ga-
briel. Eis o teor da mensagem:
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
ter reconhecido o terreno do
jogo na tarde de ontem, o trei-
nador garante que a equipa
está a trabalhar para cumprir
com o objectivo.
“Estamos a trabalhar, é a
coisa mais importante. Temos
respeito pelo adversário, os
jogos das Afrotaças não são
fáceis, estamos num bom
momento com óptima pre-
paração, e saudades das com-
petições. Temos fé e esperança
que vamos trazer um bom
resultado para a segunda mão
em Luanda” garantiu.
Importa lembrar, que tam-
bémontem, o Bravos do
Maquis foi ao Congo arrancar
um preciso empate diante do
Etoile local, para a primeira
mão da primeira eliminatória
da Taça Nelson Mandela.
“Foi com profunda tristeza
que recebi a notícia do pas-
samento físico do jornalista
sénior da RNA , Adão Gabriel,
ocorrido neste sábado, vítima
de doença , em Luanda.
A classe perde um jorna-
lista determinado, afável e
que, ao longo dos seus mais
de 30 anos dedicados ao jor-
nalismo angolano, soube ser
fiel aos cânones da profissão
e transmitiu a sua experiência
à mais jovem geração de jor-
nalistas de Desporto. Calou-
se a voz dos relatos palpitantes
e carregados de emoção que
nos transmitiu na Rádio 5,
estação radiofónica de que
foi um dos fundadores
Nesta hora de dor e luto,
endereço em meu nome pes-
soal e do colectivo de traba-
lhadores do Ministério das
Telecomunicações, Tecnolo-
gias de Informação e Comu-
nicação Social, os mais sin-
ceros pêsames à família enlu-
tada e ao Conselho de Admi-
nistração da RNA”.
GIRABOLA 2020/21
Santa Rita
dá início
à preparação
António de Brito
O Santa Rita de Cássia
do Uíge abriu as “ofici-
nas”, visando a época
futebolística 2020/21, na
qual compete no Girabola
e na Taça de Angola, com
os jogadores baseados
na província, sendo que
os restantes integrantes
do plantel se juntam à
equipa, após a testagem
da Covid-19.
Com o arranque do
Girabola, agendado em
princípio para 2 7 de
Dezembro, o conjunto
afecto à Igreja Católica
esmera-se na prepara-
ção, com o intuito de apa-
recer da melhor forma
no jogo de estreia, frente
ao Wiliete Sport Clube
de Benguela, no Estádio
de Ombaka.
Enquanto o presi-
dente de direcção Nzo-
lani Pedro desloca-se a
Luanda para contratar
o futuro treinador, os
trabalhos da equipa são
orientados pelo técnico-
adjunto, depois da saí-
da de Marcos Chivinda.
“Vou à capital com este
propósito. O início do
campeonato está para
breve e temos de con-
tratar um técnico capaz
de levar o Santa Rita aos
patamares mais altos”,
disse ao Jornal de Angola
o dirigente.
No Girabola anulado,
por força da pandemia
da Covid-19, a formação
do Uíge estava à beira
da despromoção, pois
ocupava a 15ª e penúl-
tima posição da classi-
ficação, com 16 pontos.
O presidente dos “cató-
licos” garantiu que esta
temporada a postura da
equipa será diferente.
“Não podemos come-
ter sempre os mesmos
erros. Penso que teremos
uma palavra a dizer no
campeonato. Não alterá-
mos a estrutura da nossa
equipa. Apostamos numa
mescla de jogadores, entre
veteranos e jovens”, asse-
gurou, acrescentando que
“o arranque tardio da
competição vai, certa-
mente, contribuir para o
mau desempenho das
equipas, porque não se
fez uma preparação ade-
quada”, alerta Nzolani
Pedro.
Do plantel da época
passada permanecem
dez jogadores influen-
tes na manobra do con-
junto, casos de Juamu-
ana (lateral direito), José
António, Crespo (cen-
trais), Edmilson, Nilton,
Mafuta, Milambo e Zeza
(médios), Messi e Ka-
cuita (avançados).
JOGO DE PREPARAÇÃO
Sub-20 vence Sagrada
António Cristóvão
A Selecção Nacional Sub-20
masculina de futebol venceu,
ontem, o Sagrada Esperança,
por 2-1, no Estádio Municipal
dos Coqueiros, em jogo treino,
no quadro da preparação para
a Taça Cosafa, de 3 a 13 de
Dezembro, na África do Sul.
Benvindo apontou os golos
dos Palanquinhas e Mateus
(ex-Interclube) marcou pelos
diamantíferos, todos na pri-
meira metade do encontro.
Durante o desafio, os Sub-
20 criaram e desperdiçaram
as melhores ocasiões de golo
devido à falta de eficácia dos
dianteiros, mas mostraram
uma óptima organização
defensiva.
Na quarta-feira passada,
a equipa tinha perdido com
o 1º de Agosto, por 0-3, no
Estádio França Ndalu. Antes,
no dia 21 deste mês, foi der-
rotada pelo Petro de Luanda,
por 2-5, no campo Oliveira
Saturnino de Oliveira “Jesus”.
Gladilson, do Bullense da
3ª Divisão de Espanha, que
desembarcou no princípio
da manhã de ontem, em
Luanda, proveniente do con-
tinente europeu, jogou sem
limitação física. Já o médio
Beni, do Trofense de Portugal,
que chegou a Luanda na
terça-feira passada, foi subs-
tituído na etapa complemen-
tar do desafio, para recuperar
do cansaço da viagem.
Além do jogador do Bullense
e Trofense, Kito Ribeiro
aguarda pela integração de
TAÇA COSAFA
Selecção Sub-17 joga
para o terceiro lugar
António Cristóvão
A Selecção Nacional Sub-17
de futebol decide, hoje, às
10h00, a terceira posição do
torneio da Taça Cosafa diante
da congénere do Malawi, no
Estádio Gelvandale, arredores
da Baía de Nelson Mandela,
África do Sul.
Depois de falhar o apu-
ramento para a fase final do
Campeonato Africano das
Nações (CAN), de 13 a 31 de
Março de 2021, em Marrocos,
os angolanos vão procurar sal-
var a honra, com um modesto
terceiro lugar.
Um jogo que se assume
de imp ortância para o s
Sub-17, após duas derrotas
consecutivas na primeira
fase do torneio, constituída
por quatro selecções devido
ao afastamento do Bots-
wana, Comores, e-Swatini
e Zimbabwe.
As quatro selecções foram
afastadas por utilizarem atletas
com idades superiores a 17
anos. Na primeira fase, Angola
perdeu com a Zâmbia, por 1-
2, no Estádio Gelvandale, se-
guido de nova derrota diante
da África do Sul (1-2), no mes-
mo recinto.
Domingo
29 de Novembro de 2020
Benarfa (FC Bravos do Maquis),
Picas e Pedro (Petro de Luan-
da), cujas equipas estão enga-
jadas na eliminatória da Taça
Nelson Mandela e Liga dos
Clubes Campeões Africanos.
Os três atletas podem juntar-
se ao grupo na 2ª jornada da
prova, na África do Sul.
Para a África do Sul, a selec-
ção viaja na próxima terça-
feira, sendo que a estreia no
torneio que qualifica para o
Campeonato Africano das
Nações (CAN), na Mauritânia,
em 2021, acontece na próxima
sexta-feira, diante da e-Swa-
tini, no Estádio Gelvandale,
no bairro KwaZakele Ibhayi,
para o Grupo C.
Técnico Mário Catala
considera grupo apto
Mário Catala, técnico assis-
tente da equipa, garantiu
que os atletas estão aptos,
para uma excelente exibição
na Taça Cosafa.”Os joga-
dores demonstraram no
jogo de hoje (ontem), que
estamos prontos e prepa-
rados para a competição”,
disse à imprensa no final
do jogo treino.
O técnico assistente de
Kito Ribeiro disse que o grupo
efectuou uma magnífica pre-
paração, em Luanda, inclu-
indo três jogos de preparação.
“Fizemos uma boa prepara-
ção. Estamos dispostos a
enfrentar cada jogo como se
fosse uma final e vamos fazer
de tudo para dignificar e con-
tinuar a servir o futebol e a
Nação”, lembrou.
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
No ano passado, no Malawi,
a Selecção Nacional goleou
a e-Swatini, por 5-0, no bairro
KwaZakele Ibhayi, para a
decisão do terceiro lugar.
Para o desafio da final, a
Zâmbia, actual vencedora
do troféu, no mesmo recinto
desportivo, joga, às 15h00,
frente à África do Sul. Num
desafio em que os sul-afri-
canos pretendem se desforrar
da derrota de quinta-feira
passada no mesmo local,
referente à terceira e última
jornada da primeira fase.
Na edição passada, dispu-
tada no Malawi, os zambianos
golearam os sul-africanos,
por 7-0, no Estádio Mpira.
DESPORTO Domingo
29 de Novembro de 2020
ARGENTINA
Advinha-se uma “guerra”
pela herança de Maradona
Na disputa entram cinco filhos com paternidade reconhecida
e outros seis que o “craque” em vida nunca quis considerar
Numa altura em que o Mun-
do ainda chora a morte de
Maradona, já há quem faça
contas ao património do cra-
que e da 'guerra' que se avi-
zinha pela herança do antigo
futebolista. O jornal argen-
tino 'Clarín' fez as contas
ao que os filhos podem her-
dar e vaticina uma batalha
na justiça.
A primeira batalha come-
çará no número de filhos.
Maradona tem cinco filhos
reconhecidos de quatro
mulheres: Dalma e Gianinna,
de 33 e 31 anos, nasceram do
seu casamento com Claudia
Villafañe. Em 2013 Maradona
foi pai de Diego Fernando,
de oito anos, filho de Verónica
Ojeda e em 2014, assumiu
oficialmente mais uma filha,
Jana, de 24 anos, fruto da
relação com a italiana Valeria
Sabalain, em 1996.
Em 2016, voltou a assumir,
judicialmente, outro filho
de uma outra relação extra-
conjugal que teve com a
modelo Cristina Sinagra, em
Itália: Diego Sinagra Mara-
dona, agora com 36 anos.
No entanto, há seis pro-
cessos de paternidade na
justiça e que tão cedo não
ficarão resolvidos: os cubanos
Javielito, Lu, Johanna e
Harold, e os argentinos San-
tiago Lara e Magalí Gil, todos
com idade entre 19 e 24 anos,
dizem ser filhos de Diego
Armando Maradona.
Património avaliado
entre 63 e 84 milhões de euros
Durante a sua vida, Diego
Armando Maradona terá
ganho qualquer coisa como
500 milhões de dólares (420
milhões de euros), entre salá-
rios e patrocínios, de acordo
com o portal 'Celebrity Net
Worth'. Maradona represen-
tou marcas como Hublot,
Puma e Coca-Cola que lhe
valeram muitos milhões mas
o seu património actual está
avaliado entre 63 e 84 milhões
de euros e muitos bens.
O craque deixou seis her-
NO INSTAGRAM
Filhos enaltecem figura do pai
Dalma e Diego, dois dos
cinco filhos reconhecidos
pelo ex-futebolista argentino
Diego Armando Maradona,
usaram a rede social Insta-
gram para se despedirem
com mensagens sentidas do
pai, que morreu na quarta-
feira, aos 60 anos.
“Sempre tive muito medo
da minha morte, mas agora
já não. Porque sei que esse vai
ser o momento em que vou
voltar a ver-te e abraçar-te no-
Poucos imaginam as disputas judiciais que se esperam entre os herdeiros de “El Pibe”
dades em Buenos Aires, além
do apartamento onde vivem
duas irmãs, quatro viaturas
também na capital argentina
e duas outras de luxo no
Dubai: um Rolls Royce Ghost,
avaliado em 300 mil euros
e um BMW i8, avaliado em
145 mil euros euros. Entre
os pertences, destaque para
um anel de diamantes ava-
liado em 300 mil euros, que
recebeu quando passou pelo
Dínamo Brest, da Bielorrússia
em 2018.
Há que contabilizar ainda
os contratos com a Puma e
ainda com a Konami e a EA
Sports para utilizarem a sua
figura nos videojogos. Do
património fazem parte as
muitas escolas de futebol na
China com o seu nome, um
hotel de luxo em Cuba, além
vamente. Saudades tuas”,
escreveu Dalma Maradona,
atriz de 33 anos, filha da argen-
tina Cláudia Villafañe.
Por seu turno, Diego Mara-
dona Júnior, filho da italiana
Cristiana Sinagra, assinalou
os momentos de felicidade
que passou junto do antigo
internacional argentino.
“Fui tão feliz contigo. Nem
podias imaginar, mas apenas
de olhar para ti ao meu lado
sentia-me invencível”, salien-
“Digo-lhes a todos
que não lhes vou
deixar nada, que
vou doar tudo. Vou
dar tudo o que
ganhei na minha
vida”, disse um dia
Maradona, no meio
de uma discussão
com as filhas mais
velhas”
de outros investimentos em
Itália e Venezuela.
Ainda em vida, o patri-
mónio de Maradona já tinha
dado que falar. Em 2015,
houve um litígio entre o cra-
que e a sua ex-mulher Clau-
dia Villafane, que o acusou
de evasão fiscal e apropriação
tou o jogador de futebol de
praia da selecção italiana, de
34 anos.
Diego Armando Maradona,
que estava a recuperar de uma
operação a que foi sujeito a
um coágulo no cérebro, mor-
reu na quarta-feira na sua
residência, na Argentina, aos
60 anos, vítima de uma para-
gem cardiorrespiratória.
C o n s i d e ra d o u m d o s
melhores futebolistas da his-
tória, Maradona morreu na
DR
indevida de bens. As filhas
de ambos, Gianinna e Dalma,
colocaram-se ao lado da
mãe. Furioso, Maradona
ameaçou deserdá-las.
“Digo-lhes a todos que
não lhes vou deixar nada,
que vou doar tudo. Vou dar
tudo o que ganhei na minha
vida”, disse um dia Mara-
dona, no meio de uma dis-
cussão com as filhas mais
velhas. No entanto, a legis-
lação argentina não permite
que os pais deserdem os seus
filhos, considerados pela lei
como o elo mais fraco de uma
relação conflituosa. Uma lei
aprovada em 2015 determina
que os filhos têm direito a
dois terços do património
familiar (antes eram quatro
quintos), independentemente
dos desejos dos pais.
quarta-feira, aos 60 anos.
Segundo a imprensa argen-
tina, Maradona, que treinava
os argentinos do Gimnasia
de La Plata, sofreu uma para-
gem cardíaca na sua vivenda
em Tigre, na província de
Buenos Aires.
A sua carreira de futebo-
lista, de 1976 a 1997, ficou
marcada pela conquista, pela
Argentina, do Mundial de
1986, no México, e os dois
títulos italianos e a Taça UEFA
vencidos ao serviço dos ita-
lianos do Nápoles.
O Presidente argentino,
Alberto Fernández, decretou
três dias de luto nacional
pela morte de Maradona.
REVELAÇÕES
Sanduíches e medicamentos
encontrados no quarto
Há mais detalhes conheci-
dos acerca da morte de Diego
Armando Maradona, na
última quarta-feira, devido
a uma paragem cardíaca. A
agência argentina Telam
revelou o que foi encontrado
no quarto do argentino no
dia da sua morte.
Segundo a Telam, na
divisão estavam as sanduí-
ches em pão de forma que
lhe tinham deixado na vés-
pera, mas que o ex-futebo-
lista não chegou a comer.
Também havia várias
embalagens de medica-
mentos, nomeadamente
AO ÍCONE DO FUTEBOL
Akwá e Ruben Garcia
rendem homenagem
Sérgio V. Dias|
Um pouco por todo o mundo
continuam a surgir reacções
à volta da morte de Diego
Maradona, um dos maiores
ícones de sempre da história
de futebol à escala global.
Em Angola, estas também
não se fizeram esperar, e pelas
vozes de Fabrice Alcebíades
Maieco “Akwa”, goleador-
mor da Selecção Nacional de
Honras, e do técnico argentino
Rubén García, que há muitas
décadas reside no país, enal-
teceu-se a figura de “El Pibe”.
Akwá, que foi responsável
pelo golo frente ao Ruanda,
no Estádio de Amahora, em
Kigali, que ditou a qualifi-
cação inédita dos Palancas
Negras ao Mundial de 2006,
que teve como palco a Ale-
manha, manifestou na sua
página, nas redes sociais,
gratidão à grande estrela do
futebol argentino e do globo.
“Obrigado por tudo El
Pibe”, escreveu categorica-
mente o antigo capitão da
Selecção Nacional de Honras
de futebol, que além-fron-
teiras, representou entre
outros emblemas o Sport Lis-
boa e Benfica, Alverca, am-
bos de Portugal, bem assim
como Al-Wakra do Qatar,
Qatar SC e o Al Granata, desta
nação asiática.
DR
Akwá e Ruben Garcia tocados com a morte de Maradona
31
psicofármacos que lhe
tinham sido prescritos e
que não estarão relacionados
com as causas da sua morte.
As pessoas que cuida-
vam de 'El Pibe' asseguram
que o viram com vida por
volta das 23h30 da noite
anterior e que as condições
em que este se encontrava
eram as adequadas. As pri-
meiras pessoas que encon-
traram Maradona já sem
vida foram o seu psiquiatra
e a sua psicóloga, que terão
entrado no quarto do antigo
jogador por volta das 11h30
de quarta-feira.
Tal como o ex-craque dos
Palancas, que despontou para
o mundo do futebol pelo Na-
cional de Benguela e que no
país actuou, ainda, no Petro
de Luanda, onde pôs termo
à carreira, o técnico Rubén
García também realçou a per-
sonalidade “suis-generis”
de Maradona.
O ex-seleccionador na-
cional destacou, em entre-
vista à Rádio Cinco, a irre-
verência do seu compatriota
“dentro e fora do campo”,
descrevendo-o como alguém
que inspirou milhares de
jovens na prática de futebol
em todo o mundo.
De acordo ainda com Rubén
García, que no país orientou
equipas como o Nacional de
Benguela, 1º de Maio e o FC
de Cabinda, Diego Maradona
“revelou-se sempre muito
humano, preocupado com a
condição social das pessoas
à sua volta, demonstrando
humildade extraordinária, por
ter saído de um bairro pobre
da Argentina”.
Nascido a 30 de Outubro
de 1960 em Launés, arredores
de Buenos Aires, Maradona,
que faleceu quarta-feira
última, dia 25, em Tigres, Ar-
gentina, estava a recuperar da
operação a um edema cere-
bral, a que foi submetido a
4 deste mês.
DR

DOM29NOV
ALTO
BNA
Fiscalização aos bancos
Tem estado bem o Banco Na-
cional de Angola (BNA) na mo-
nitorização da banca comer-
cial e na comunicação das
constatações ao mercado . Na
última semana, por exemplo,
o regulador tornou público
que os bancos comerciais dis-
põem de moeda estrangeira
suficiente para cobrir a tota-
lidade da procura declarada
nos seus mapas de necessi-
dades. E mais: orientou-os a
executarem as operações de
venda de moeda estrangeira
aos clientes num prazo máxi-
mo de cinco dias úteis, a con-
tar da data de entrega da do-
cumentação de suporte ou da
emissão de licenciamento pe-
lo próprio banco central. É as-
sim que tem de ser. Faltou,
ao regulador, avançar a puni-
ção aos incumpridores. Mas
o gesto já é positivo. É preciso
que as instituições financeiras
contribuam para o objectivo
comum de facilitar a vida do
cliente e não dificultar ainda
mais. É preciso acabar com
esta mania de cada um fazer
o que quer. Afinal, há regras
a cumprir. Seja para quem for.
BAIXO
Polícia Nacional
Sucatas rolantes
Quando se pensava que o cerco
às viaturas sem condições para
circular nas estradas de Luanda
tinha chegado, eis que a realidade
hoje começa a mostrar o contrá-
rio. Depois de alguns acidentes
mediáticos que resultaram em
várias mortes e com a entrada
em funcionamento do Centro de
Inspecção Periódica Obrigatório
de Viaturas, a expectativa era de
que o cenário nas estradas fosse
diferente. Aliás, tudo parecia in-
dicar este caminho. No mês pas-
sado, por exemplo, demos nota
positiva, aqui neste espaço, à
grande fiscalização da Polícia
às viaturas sem o mínimo de
condições para circular,na Ave-
nida Fidel Castro (Via Expressa),
principalmente, na zona de Ca-
cuaco. Hoje, como a fiscalização
“sumiu”, estas sucatas rolantes
voltaram. E pior: a fazem ser-
viço de táxi, mesmo diante de
agentes de Trânsito. Até viatu-
ras pesadas a cair aos pedaços.
Se calhar à espera de outras
desgraças, para poderem agir.
Infelizmente!
PARA SECTORES-CHAVE DA ECONOMIA
Objectivo do Executivo é de promover a arrecadação sem necessidade de agravar as taxas
Governo prevê corte
de impostos em 2021
O Executivo prevê a redução
das taxas de alguns impostos
para sectores-chave da eco-
nomia, anunciou a ministra
das Finanças, Vera Daves, no
5º Fórum Seguros dedicado
ao tema “A importância do
sector segurador na recupe-
ração económica do país”.
Citada ontem no portal
electrónico do Ministério das
Finanças, Vera Daves afirmou
que, apesar de prever um
défice fiscal de 2,2 por cento
do Produto Interno Bruto (PIB),
o Orçamento Geral do Estado
(OGE) para 2021 antevê um
crescimento das receitas fiscais
não petrolíferas de mais de
30 por cento face ao OGE
Revisto de 2020, algo que é
conseguido por via do alar-
gamento da base tributária.
“O reforço da receita virá
do alargamento da base tri-
butária, por via da melhoria
dos mecanismos do controlo
EM PISCINA CURTA
Batido recorde mundial dos 200 metros
A nadadora australiana
Kaylee McKeown bateu
ontem o recorde do mun-
do na prova dos 200 metros
costas, em piscina curta,
ao cumprir a distância em
1.58,94 minutos, durante
os campeonatos nacionais
do seu país.
McKeown, de 19 anos,
PUBLICIDADE
AGÊNCIA MOODY’S
DR
Recuperação em África
vai ser lenta e desigual
A agência de notação finan- titucionais da generalidade
ceira Moody's considerou on- dos Governos africanos au-
tem que a recuperação eco- mentam a probabilidade de
nómica em África será lenta o crescimento ser reduzido
e desigual, com a queda das “por um período significativo
receitas a exacerbar os desafios de tempo, resultando em
da sustentabilidade da dívida menores rendimentos, desi-
pública no continente. gualdade aumentada e mais
“A recuperação econó- tensões sociais”.
mica será lenta e desigual, A crise trazida pela pan-
e a fraca recuperação da demia de Covid-19 prejudica
receita vai exacerbar os desa- também a sustentabilidade da
fios sobre a sustentabilidade dívida pública, que tem cres-
da dívida nos países da África cido exponencialmente devido
subsaariana, ao passo que a às necessidades de aumentar
diminuição das receitas em a despesa pública no combate
moeda estrangeira vai au- à propagação da doença. “Os
mentar as vulnerabilidades países de baixo rendimento
externas", refere a Moody's. com elevados fardos da dívida
Numa nota sobre a recu- e exposição aos riscos cam-
peração das economias afri- biais são os mais vulneráveis”,
canas, enviada aos clientes, a assinala ainda a agência de
Moody's diz que estes factores notação financeira.
"vão contribuir para condições A conjugação destes fac-
financeiras permanentemente tores traduzem-se numa dete-
apertadas e fontes de finan- rioração das condições em
ciamento limitadas que coin-
cidem precisamente com o
aumento das necessidades
de financiamento”.
todo o continente, “com a
actividade económica, a des-
pesa pública e as finanças do
Estado afectadas pelas con-
Segundo a Lusa, a Moody's
escreve que as fraquezas ins-
sequências da pandemia",
salientam os analistas.
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da receita, como o novo Portal seguradora, nomeadamente
de Serviços, medidas que acidentes de trabalho, auto-
visam reduzir as ocorrências móvel e viagens.
de fuga ao fisco, promovendo Em resposta, Vera Daves
a arrecadação sem a neces- lembrou que “muitas empre-
sidade de agravar as taxas de sas estão numa fase de re-
impostos para os contribuin- dução dos seus quadros de
tes que já têm a boa prática pessoal e a parar a totalidade
de cumprir os deveres fis- ou parte das suas frotas auto,
cais”, assegurou. com as consequentes redu- Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais
A responsável considerou ções nos prémios de seguro
que o sector de seguros e fundos correspondentes”. Disse ser ^ĄďĂĚŽĂ^ĞŐƵŶĚĂͲ&ĞŝƌĂ͕ Ϯϴ ĂϯϬĚĞEŽǀĞŵ
 ďƌŽĚĞϮϬϮϬ
de pensões não teve grandes algo que “se reflecte, nega-
TTaxa
axa de Câmbio Actual
alterações no seu processo de tivamente, na indústria segu-
Compra Venda
crescimento, mesmo diante radora nacional” e reforça-lhe
BANCOS COMERCIAIS USD/KZ EUR/KZ USD/KZ EUR/KZ
dos problemas com que o país
se debate: “em 2019 registou
“a importância, enquanto
garante da protecção das pes- Banco Comércio e Indústria - (BCI) 657,041 776,195 687,156 811,772
um aumento da sua actividade soas e do património das ĂŶĐŽ/DŝĐƌŽĮŶĂŶĕĂƐͲ;D&Ϳ 651,153 775,025 672,369 800,276
em 31 por cento e tudo indica famílias e empresas”. Banco Keve - (BKEVE) 633,448 753,676 668,998 799,819
que essa tendência não está a Vera Daves evocou, ainda, BancoValor
 - (BVB)  645,000 767,839 668,865 796,249
regredir de forma dramática o tema da privatização da Banco de Crédito do Sul - (BCS) 646,257 769,057 668,685 795,597
em 2020”, disse. ENSA, considerando que Standard Chartered Bank Angola - (SCBA) 638,701 759,006 668,059 793,894
A ministra antecipa, para “poderá trazer um impulso BancoYetu
 - (Yetu)  646,375 767,861 667,303 809,737
este ano, quedas significa- muito importante para o sector, BancoBIC - (BIC)  641,410 763,566 666,453 802,033
tivas no volume de prémios estimulando, ainda mais, a
ĂŶĐŽĚĞ&ŽŵĞŶƚŽŶŐŽůĂͲ;&Ϳ  646,375 769,336 665,766 796,263
de alguns dos ramos mais concorrência e a oferta a todos
ĂŶĐŽŶŐŽůĂŶŽĚĞ/Ŷ ǀĞƐƟŵĞŶƚŽƐͲ;/Ϳ 646,257 769,336 665,766 792,560
importantes da actividade os agentes económicos”.
Banco da China Limitada - (BOCLB) 626,869 745,985 665,645 792,129
Bancode Negócios
 Internacional - (BNI)
 633,332 753,949 665,645 792,416
VTB Áfric
 a - (VTB)  639,794 761,643 665,645 817,804
Banco Caixa Angola - (BCGA) 658,859 784,054 665,444 791,890
BancoComercialdo Huambo
  - (BCH) 649,488 772,902 662,413 788,283
DR
Banco Económico - (BE)
BancoSol - (BSOL)   
646,257
639,790
768,604
761,640
662,413
662,410
787,819
796,260
considerada das maiores ĂŶĐŽWƌĞƐơŐŝŽͲ; W'Ϳ 646,000 765,874 662,000 800,109
promessas da natação aus- Banco Comercial Angolano - (BCA) 646,000 780,435 661,000 811,809
traliana, tornou-se a pri- Standard Bank Angola - (SBA) 642,350 750,559 655,197 776,829
meira atleta a completar
&ŝŶŝďĂŶĐŽ ŶŐŽůĂͲ;&EͿ   653,000 753,949 654,000 792,416
a prova abaixo de 1.59
ĂŶĐŽĚĞWŽƵƉĂŶĕĂĞƌĠĚŝƚŽͲ;WͿ 651,390 758,115 652,372 796,794
minutos, superando o an-
ĂŶĐŽĚĞ/ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽZƵƌĂůͲ;/ZͿ 643,000 739,092 649,000 799,022
terior máximo, de 1.59,23,
estabelecido, em 2014, ĂŶĐŽDŝůůĞŶŝƵŵƚůąŶ Ɵ ĐŽͲ;d>Ϳ 646,257 765,489 646,257 792,416
p ela húngara Katinka
Hosszu. &ŽŶƚĞ͗E