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INFLAÇÃO
Inflação é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e serviços,
provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o dinheiro valha cada vez
menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir os mesmos produtos.
Em outra hipótese, se o Governo gasta mais do que arrecada, e para pagar suas contas
emite papel-moeda, provoca inflação, pois está desvalorizando a moeda, uma vez que
criou dinheiro novo sem lastro, sem garantia, sem que tenha havido criação de riqueza, de
produção.
A Correcção Monetária tem o objectivo de minimizar (ou até neutralizar) as distorções causadas
pela inflação na economia. Com ela, os valores monetários são reajustados com base na inflação
ocorrida no período anterior, calculada por índices que procuram medir as mudanças que
ocorrem nos níveis de preços de um período para outro.
Há diversos índices que são utilizados para medir a inflação, cada um com metodologia de
cálculo própria e com utilização específica.
Tomando por base os produtos de consumo de uma família-padrão para toda a sociedade ou certa
classe. Para medir a variação nos preços dos insumos e factores de produção e demais produtos
intermediários.
IPC - Índice de Preços ao Consumidor, calculado pela FGV, mede a inflação para
famílias com rendimentos entre um e 33 salários mínimos, em Moçambique. O IPC
representa 30% do IGP-M. Este índice é calculado para três intervalos diferentes e
compõe os demais índices calculados pela FGV (IGP-M, IGP-DI e IGP-10) com um peso
de 30%.
INCC - Índice Nacional do Custo da Construção, calculado pela FGV, mede a variação
de preços de um conjunto (cesta) de produtos e serviços utilizados pelo sector de
construção civil.
IGP-DI - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna. É calculado pela FGV entre o
primeiro e o último dia do mês. Sua divulgação ocorre por volta do dia 10 do mês
seguinte. Mede os preços que afectam directamente a actividade económica do País,
excluídas as exportações.
É importante notar que o aumento do preço de algum bem ou serviço em particular não constitui
inflação, que ocorre apenas quando há um aumento generalizado dos preços. Se a maioria dos
bens e serviços se tornam mais caros, tem-se inflação. Essa inflação será tanto maior quanto
maiores os aumentos nos preços nas mercadorias. Normalmente, esses aumentos de preços não
ocorrem de forma sincronizada, ou seja, não há um aumento igual do preço de todas as
mercadorias e serviços; desse modo, há um problema para calcular o tamanho da inflação. A
forma como isso é resolvido é fazer uma média ponderada da elevação dos preços.
A contrapartida desse aumento dos preços é a perda de poder aquisitivo da moeda, ou seja, uma
mesma unidade monetária pode adquirir menos bens e serviços, pois estes estão mais caros.
Se tomar as causas da inflação, encontra-se dois tipos básicos: inflação de demanda e inflação de
custos.
Nesse sentido, essa inflação aparece quando ocorre aumento da demanda no acompanhado pela
oferta; portanto, é mais provável que ela apareça quanto maior for o grau de utilização da
capacidade produtiva da economia, isto é, quanto mais próximo estiver-se do pleno emprego.
Esse excesso de demanda pode ser ocasionado por expansão monetária decorrente de déficit
público não financiado por poupança privada (colocação de títulos do governo junto ao público).
Nesse caso, os indivíduos vêem seus saldos monetários aumentar e, com isso, vão ampliar a
demanda; como a oferta é relativamente rígida a curso prazo, os preços tendem a subir. É
importante destacar que o aumento do estoque de moeda gera aumento no nível geral de preços,
que só se tornará um processo inflacionário caso o processo de emissão monetária continue, isto
é, persista o déficit público. Sendo assim, o combate à inflação de demanda implica eliminar o
déficit público, de modo a estancar a emissão monetária.
A inflação de custos pode ser considerada uma inflação de oferta, que decorre do
aumento de custos das empresas repassados para preços. Várias podem ser as pressões de
custos:
CONSEQÜÊNCIAS DA INFLAÇÃO
O primeiro efeito é provocar distorções na alocação de recursos da economia, uma vez que os
preços relativos deixam de ser sinalizadores da escassez e dos custos relativos de produção. Sem
inflação, sabe-se que um produto custa x meticais e outro y meticais; o preço relativo desses
produtos é x/y. Esses preços relativos são a base das tomadas de decisão dos agentes.
Quando alguém passa a comprar algo vendo o preço, toma a base dos preços de outros produtos
para saber se aquele está caro ou não e decide, assim, comprá-lo ou não, o que por usa vez
também afecta as decisões de produção (em função das vendas ou não do produto). Com
inflação, especialmente quando ela é elevada e está em aceleração, perde-se a noção de preços
relativos, não se sabe se as coisas estão caras ou baratas.
O papel dos preços relativos, de indicar produção excessiva ou cara de determinados produtos,
deixa de existir, comprometendo a chamada eficiência dos mecanismos de alocação de recursos
do mercado.
Nesse sentido, um efeito negativo geralmente ocorre sobre o incentivo a investir, uma vez que os
agentes terão dificuldades para prever o retorno dos investimentos, dada a instabilidade dos
preços no futuro.
O processo inflacionário também pode gerar efeitos negativos sobre o Balanço de pagamentos
por obscurecer o valor da moeda nacional e da taxa de câmbio. Pode, inclusive, levar a uma
busca da moeda estrangeira como reserva de valor e provocar fuga de capitais.
Neste texto focalizaremos o efeito do crescimento monetário sobre a inflação e as taxas de juros.
Consideraremos quatro tópicos.
Características da inflação
Uma variação sustentada no crescimento monetário não terá efeitos de longo prazo sobre
o nível da produção.
No curto prazo, o crescimento monetário maior reduzirá a taxa de juros real. Porém, no
longo prazo, a taxa de juros real retornará ao seu nível inicial.
Para começar notamos a afirmação sempre feita de que a inflação é um fenómeno monetário. O
argumento de que a inflação é um fenómeno monetário significa que altas taxas sustentadas de
crescimento monetário produzem altas taxas de inflação. Além disso, a afirmação de que a
inflação é um fenómeno monetário significa que altas taxas de inflação não podem continuar por
muito tempo sem altas taxas de crescimento monetário. Esta é uma implicação da teoria
quantitativa da moeda e é a base da macroeconomia monetarista.
MV = PY e pode ser escrita em termos da variação percentual ao longo do tempo de cada uma
das quatro variáveis:
m = crescimento monetário
p = variação do preço
Esta equação acima pode ser usada para calcular as fontes de inflação, isto é, a parte devida às
variações na velocidade, ao crescimento monetário ou ao crescimento da produção. A posição
monetarista defende que a inflação é predominantemente um fenómeno monetário, o que implica
que as variações da velocidade não são significantes.
A equação anterior sugere que a relação não precisa ser exacta, porque tanto o crescimento da
produção como as variações da velocidade aparecem como factores adicionais. Especificamente,
se a velocidade estiver aumentando, outras coisas permanecendo iguais, a inflação será mais alta
do que o crescimento monetário, e, se a produção estiver crescendo, a inflação será menor do que
o crescimento monetário.
Vamos supor que o sector público gaste mais do que arrecada. (…) O déficit pode ser saldado de
três formas:
Emitindo moeda.
Se um governo está com uma dívida pesada por ter tomado grandes empréstimos, terá
dificuldade para conseguir novos, internos ou externos, pois não haverá certeza de que terá
condições para servir a dívida. Em geral, esse tipo de governo terá acabado com o stock de
reservas em moeda estrangeira depois de um período prolongado de grandes déficits
orçamentários. Por essas razões, com o passar do tempo, um governo com déficits orçamentários
crónicos provavelmente acaba sendo obrigado a emitir dinheiro.
O Dilema do Bacen
Diz-se que o Bacen está monetizando os déficits todas as vezes que ele compra uma parte da
dívida vendida pelo Tesouro para financiar o déficit.
O Bacen normalmente enfrenta um dilema ao decidir se monetiza um déficit. Se ele não financiar
o déficit, a expansão fiscal, não sendo acompanhada por uma política monetária acomodativa,
aumenta as taxas de juros e, portanto, desloca os gastos privados. Há, da mesma forma, uma
tentação para o Bacen prevenir o efeito-deslocamento comprando títulos, aumentando a oferta
monetária e permitindo uma expansão na renda sem um aumento nas taxas de juros.
A maior parte da discussão sobre a política do Bacen centra-se nesta questão: o Bacen deve
controlar os agregados monetários ou as taxas de juros?
Em qualquer caso específico, o Bacen deve decidir se implanta uma política monetária
acomodativa ou se, ao contrário, estabelece uma meta monetária fixa ou mesmo compensa uma
expansão fiscal através de uma política monetária restritiva. Para tomar esta decisão, o Bacen
deve decidir qual peso relativo ele dá à inflação e ao desemprego, mesmo que a política
expansionista ameace causar inflação.
A Hiperinflaçäo
Em uma economia hiperinflacionária, a inflação é tão penetrante e tão problemática que ela
domina completamente a vida económica diariamente. As pessoas tem de comprar sempre para
formar stocks antes que os preços subam, sua principal preocupação em poupar ou em investir é
de como se protegerem contra a inflação, elas reduzem ao mínimo a detenção de encaixes reais,
para evitar o imposto inflacionário, mas têm de compensar indo ao banco mais vezes,
diariamente ou por hora, em vez de semanalmente, por exemplo, para retirar dinheiro.
Estabilização Cambial
A taxa cambial, portanto, é o elo crucial entre os preços em dólar e os preços em moeda local
para a maioria dos bens e serviços. Durante a hiperinflação, a taxa cambial é depreciada
aproximadamente na mesma taxa do aumento dos preços domésticos. Se a taxa cambial pode ser
estabilizada, os preços domésticos também podem ser estabilizados.
Na maioria das hiperinflações, há pelo menos duas taxas cambiais: a oficial e a do mercado livre,
que é bem superior à oficial. Uma estabilização bem-sucedida requer inicialmente uma grande
desvalorização da taxa oficial para que ela se alinhe com a taxa de mercado livre e, depois, um
valor estabilizado para a nova taxa cambial unificada.
O programa de estabilização típico pretende fixar a taxa cambial num nível sustentável, isto é,
num nível que possa ser defendido pelo banco central sem um ataque especulativo que acabe
com as reservas de moeda estrangeira. Sabemos que uma taxa cambial estável requer uma
política fiscal rígida. Se o governo tenta imprimir dinheiro e manter a taxa cambial fixa ao
A estabilização da taxa cambial e dos preços provoca um aumento dos saldos monetários reais
que o público deseja manter em seu poder. Uma questão política básica é como acomodar este
aumento da demanda por moeda. Para satisfazer esta grande demanda por moeda, o governo tem
três opções: o banco central pode comprar títulos do tesouro, reduzindo a dívida pública interna,
o banco central pode fornecer mais crédito aos bancos privados, ou o banco central pode comprar
divisas estrangeiras a uma taxa fixa.
A estratégia mais segura para manter a inflação sob controlo é a compra de divisas pelo banco
central a uma taxa fixa, na medida que a confiança na moeda local aumenta conforme das
pessoas observam que há reservas estrangeiras garantindo a base monetária doméstica. Se o
governo tomasse o caminho da criação agressiva de crédito para remonetizar a economia, a
população poderá vir a duvidar do sucesso do programa de estabilização.