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ÍNDICE

1.Introdução ...................................................................................................................... 3
1.1.Objectivos ............................................................................................................... 4
1.1.1.Objectivo geral ................................................................................................. 4
1.1.2.Objectivos específicos ...................................................................................... 4
2.Metodologia ................................................................................................................... 4
3.Revisão de Literatura ..................................................................................................... 5
3.1.Moral sexual: A visão da Igreja Católica e sua influência na sociedade ................ 5
3.2.A Igreja, suas Leis e seus Atravessamentos na Vida dos Indivíduos ..................... 5
3.3.O Cristianismo inicial ............................................................................................. 6
3.4.Religião e sexualidade: uma viagem na história e na filosofia ............................... 7
4.A Sexualidade no século XXI ....................................................................................... 9
4.1.Profusão dos discursos sobre a sexualidade ......................................................... 10
4.2.Ingerência da Igreja cristã na vida sexual ............................................................. 11
4.3.Visão geral do comportamento sexual .................................................................. 12
4.4.Atitudes sociais sobre sexualidade e género ......................................................... 12
5.Influência dos pais sobre a sexualidade ....................................................................... 13
6.Papel do profissional de cuidados de saúde................................................................. 14
7.A religião e a sexualidade Em Moçambique ............................................................... 14
Conclusão ....................................................................................................................... 16
Bibliografias ................................................................................................................... 17

Autor: Sergio Alfredo Macore Sergio.macore@gmail.com / +258846458829 Pemba - Moz


1.Introdução

O presente trabalho de pesquisa aborda sobre ‘’O desvio sexual e a posição da


Igreja’’. Na verdade, a religião tem para os seres humanos uma importância
significativa. Seja qual for à crença, não podemos ignorar que ela tem exercido forte
influência sobre o comportamento e consequentemente, sobre a sexualidade humana. É
de grande utilidade ter noções sobre a sexualidade na visão da religião numa perspectiva
histórica, de forma a facilitar o conhecimento em relação a seus valores, problemas,
medos, conflitos, entre outros.

De formas diferentes, mas sempre se apresentando como um foco de intensa elaboração,


a sexualidade desperta interesse às religiões e é um ponto importante de preocupações
éticas discutidas pelos teólogos. Além disso, a religião tem sido no decorrer da história,
um factor determinante sobre a sexualidade humana, ora impondo regras rígidas, em
outros momentos procurando orientar o ser humano nessa dimensão tão importante da
vida.

A escola pela sua enorme abrangência, e por ser uma das primeiras obrigações do
Estado, também deve pensar e actuar no campo da sexualidade, em todos os níveis
possíveis de acção, porém tem se reduzido a algumas discussões no ensino médio na
área de biologia e de forma bastante técnica, isto é, verifica-se a importância que se dá
em abordar o assunto a partir do ponto de vista biológico, como por exemplo, ao se
tratar de anticonceptivo é ressaltada apenas a utilização de métodos contraceptivos
como viés único de se evitar uma gravidez precoce ou "indesejada".

Todavia, diante da recusa de boa parte da sociedade de atender às orientações


eclesiásticas, a Igreja promoveu a sacramentalização do casamento a fim de ampliar
seus poderes de intervenção na intimidade do casal e trazer a sexualidade para seu
domínio. A sexualidade, pois, actuou como importante dispositivo de poder, garantindo
o fortalecimento político da instituição cristã na sociedade ocidental.

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1.1.Objectivos

1.1.1.Objectivo geral

 Analisar sobre o desvio sexual e a posição da Igreja.

1.1.2.Objectivos específicos

 Falar da Igreja, suas Leis e seus Atravessamentos na Vida dos Indivíduos.


 Estudar sobre a sexualidade no século XXI.
 Falar da religião e a sexualidade Em Moçambique.

2.Metodologia

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o
método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de
algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.

A Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares,


suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas
partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões
cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais nos baseia-mos.

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3.Revisão de Literatura

3.1.Moral sexual: A visão da Igreja Católica e sua influência na sociedade

Devido à profunda influência, tanto ideológica quanto política e social, da Igreja


Católica no Mundo, na formulação da moral e, principalmente na fundação e
desenvolvimento das instituições educacionais, decidiu-se incluir, ainda que
resumidamente para que esta pesquisa não se distancie dos seus objectivos principais,
um estudo sobre o pensamento do clero brasileiro, como ele foi incorporado aos padrões
coloniais e, posteriormente, à mentalidade e à moral sexual brasileira dos períodos
históricos subsequentes.

Começa-se por relacionar o cristianismo inicial e o poder que exerce sobre as atitudes
em relação à sexualidade e relacionamento entre os géneros em todo o mundo ocidental
e, a partir de uma progressão no tempo, estuda-se a moral sexual oficial da Igreja no
período que compreende a descoberta pelos portugueses, a colonização e a catequização
em Moçambique, com suas influências em nossa sociedade até os dias de hoje.

3.2.A Igreja, suas Leis e seus Atravessamentos na Vida dos Indivíduos

A definição e compreensão da bíblia e dos ensinamentos que ela contém seriam


progressivas, necessitando sempre da orientação do Magistério da Igreja Católic. Esta fé
levaria à conversão das pessoas e à prática das boas obras (que nos afastariam do
pecado e nos ajudariam a crescer na caridade), sendo que o ato de amar a Deus acima de
todas as coisas e também o de amar ao próximo como a si mesmo seriam os
mandamentos mais enfatizados.

Segundo os fiéis, estes dois actos virtuosos são justamente os mandamentos de amor
que Jesus deu aos seus discípulos e à humanidade. A igreja católica, assim como muitas
outras, como por exemplo, as igrejas protestantes, pregam também que quem quiser
fazer parte do “Reino de Deus” teria de nascer de novo, se arrepender dos seus pecados,
se converter e se purificar e que Jesus teria ensinado que o poder, a graça e a
misericórdia de Deus eram maiores que o pecado e todas as “forças do mal”, insistindo
por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a fé em Deus poderiam salvar os
homens. Este misterioso “Reino de Deus”, segundo algumas religiões, como o
catolicismo, só irá se concretizar na sua plenitude no fim do mundo, mas já está
presente na Terra através da igreja.

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A igreja, tanto a católica como outras linhas religiosas, possui muitas normas, ou
melhor, dogmas: os dogmas religiosos, os quais seus fiéis devem seguir
obedientemente. Alguns mandamentos da igreja: participar da missa inteira aos
domingos e festas de guarda; confessar-se ao menos uma vez por ano (ou no máximo
até um ano após ter consciência de pecado mortal); comungar (nome dado ao ato pelo
qual o fiel pode receber a sagrada hóstia sozinha, ou acompanhada do vinho
consagrado, especialmente nas celebrações de Primeira Eucaristia e Crisma) ao menos
pela Páscoa da Ressurreição; jejuar e abster-se de carne quando manda a igreja (estão
obrigados à lei da abstinência de carne ou derivados de carne aqueles que tiverem
completado quatorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum - uma só refeição
normal ao dia, e apenas mais dois pequenos lanches - os maiores de idade, desde os
dezoito anos completos até os sessenta anos começados); contribuir com o Dízimo
segundo está escrito na Bíblia Sagrada.

A prática da Igreja Católica consiste em sete sacramentos:

 Baptismo;
 Confissão;
 Eucaristia;
 Confirmação ou Crisma;
 Sagrado Matrimónio;
 Ordenação;
 Unção dos Enfermos.

3.3.O Cristianismo inicial

A decadência do império romano foi um processo lento, complexo e sofrido, onde a


higiene, a ciência e a cultura greco-romana foram gradativamente substituídas pelos
mitos, terrores e costumes tribais dos gentios e as vigorosas culturas dos francos,
normandos e godos, dentre outros povos.

O mundo pagão reagiu às investidas cristãs por meio de perseguições, mas a nova
religião foi progressivamente conquistando a adesão de um número cada vez maior da
população: patrícios começaram a agir de maneira bizarra em relação à filosofia
romana, baseada nos valores do poder, da riqueza e no abandono do indivíduo aos
próprios desejos, rendendo-se a uma filosofia assentada na humildade e na pobreza,

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incompreensivelmente fascinados por uma fé que lhes negava o direito aos tão
valorizados prazeres sensuais.

A conversão do Imperador Constantino, ao se aliar à Igreja cristã no ano de 323 d.C.,


por motivos tanto religiosos quanto políticos e económicos, incorpora à lei o ideal
cristão ascético (Socci, 1983). O exército que pretendia manter o império romano unido
contribuía para a sua ruína, a lei e os sistemas monetário e mercantil não estavam à
altura da tarefa e apenas o cristianismo encerrava alguma esperança de unificar a vasta e
heterogénea colecção de povos que compunham o império romano naquele momento
histórico. (Tannahill, 1980).

O cristianismo inicial se caracterizava por uma intensa repressão à sexualidade em todas


as suas formas, com exaltação da virgindade para as mulheres tanto quanto da castidade
para os homens, teoricamente contra o padrão de dupla-moral, o que era historicamente
inédito. Relações sexuais eram permitidas apenas para a procriação e dentro do
casamento, investido de significado sacramental e simbólico, sendo a poligamia abolida.

A nova religião assumia como missão catalogar a instrução moral contida no Antigo e
Novo Testamentos. No entanto, no antigo Testamento não existe esse espaço reservado
para a normalização da sexualidade: o sexo é visto como um dos aspectos constitutivos
do homem e é dessa forma que aparece em diversas passagens bíblicas. Não se encontra
nenhum julgamento da natureza sexual humana ou a ideia de que a sexualidade seja de
uma ordem inferior à espiritualidade ou à intelectualidade.

Na Sagrada Escritura, a sexualidade aparece como algo bom e desejável aos olhos de
Deus, sempre num contexto mais amplo e relacionado a outros aspectos da vida
humana. Segundo Araújo (1995), o que se observa é que há uma interpretação dos
ensinamentos à luz das posições filosóficas de então.

3.4.Religião e sexualidade: uma viagem na história e na filosofia

A religião em relação à sexualidade tem sido um instrumento ideológico e político-


social, de forma que tem orientado os indivíduos para uma moral, na maioria das vezes,
negando sua sexualidade. A maior excepção vem dos orientais que se pautaram pelas
orientações religiosas do Taoísmo, Budismo e Confucionismo que têm uma relação no
se refere à sexualidade sem a força repressora como as Igrejas cristãs, desta forma a
sociedade oriental sempre foi muito mais livre e natural que a ocidental.

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As religiões e filosofias orientais baseiam-se sempre no equilíbrio e complementaridade
entre princípios opostos, simbolizados principalmente pelo "feminino" (yin) e
"masculino" (yang). As mulheres têm um inexaurível suprimento de Yin enquanto o
homem tem uma limitada quantidade de Yang. Isso pode ser compensado no ato sexual:
o homem retardando o orgasmo e proporcionando o máximo de prazer à mulher em
múltiplos orgasmos, absorve grande parte da energia Yin de sua companheira.

Há mais de 2000 anos apareceram na China, Japão e Índia, filósofos que indicavam que
a sexualidade conferia iluminação espiritual. Que o sexo não buscava somente o prazer,
mas também a transcendência da mortalidade humana. Os chineses descobriram o
equilíbrio através da natureza e aplicaram em todas as áreas da sua vida inclusive na
sexualidade. “Desde a 1ª Dinastia chinesa (1750 A.C.) que existia uma expressão para o
sexo: „Nuvens e Chuva‟.

Esta metáfora representava os céus e a terra a fazerem amor”. (O sexo no mundo


oriental). Os gregos e romanos surgem como bastante liberais. Em Pompéia existem
gráficos e pinturas que tratam das actividades sexuais, expressadas com mais
naturalidade e menos inibição do que hoje em dia. O falo (pénis), personificação do
deus Facsinus, era venerado como símbolo da fertilidade e da abundância. Esculpido em
vários tamanhos e diversos materiais, esse símbolo era excluso de qualquer conotação
obscena, e encontrava-se tanto nas habitações particulares como nos edifícios públicos.

Os gregos são vistos como os mais liberais, pelo menos é a visão que a maioria do
Ocidente tem sobre este povo. “O sexo era natural, divino e sempre era realizado como
forma de adoração. Não era descriminado e o senso de pudor não existia porque não
havia o “não-divino” na sexualidade grega”. (Crowley e Ligvori, 2008)

Esta liberdade está associada a algo natural e não necessariamente libertino, pois
consideravam “a actividade sexual, tão profundamente ancorada na natureza e de
maneira tão natural, não poderia ser – e Rufos de Éfeso o lembrará – considerada má”.
(Foucault, 2001).

Os gregos aceitavam a sexualidade sem uma imposição moralista, porém o prazer devia
ser regrado, como diz Aristóteles: “é preciso que a faculdade de desejar obedeça à razão
como a criança aos mandamentos de seu mestre”. (Foucault , 2001).

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4.A Sexualidade no século XXI

O século XXI assistiu, estarrecido, ao desenvolvimento da psicanálise, que privilegiou a


sexualidade, apresentando-a como o cerne da existência humana. Nas primeiras
décadas, a teoria psicanalítica foi fortemente contestada. A sexualidade ainda não havia
adquirido notoriedade. Foi necessário quase meio século para que o sexo se tornasse o
propulsor de lutas políticas e campanhas oficiais.

O século XXI foi o século da liberação sexual, do movimento feminista, da descoberta


da cura de doenças sexualmente transmissíveis, do surgimento da pílula
anticoncepcional, das reivindicações homossexuais e do aparecimento da AIDS. Nas
décadas de 60 e 70, os novos métodos contraceptivos desvincularam sexo e procriação.

O acto sexual poderia destinar-se apenas à busca do prazer erótico. As lutas políticas
organizadas pelo movimento feminista reivindicaram maior liberdade sexual para as
mulheres, a valorização do prazer feminino, o direito ao divórcio e a igualdade entre os
sexos. Muitas conquistas foram alcançadas. A sexualidade tornou-se, de fato, mais livre,
ocupou as páginas dos principais jornais, foi tema de inúmeros programas televisivos e
apareceu constantemente nas revistas femininas. Foram lançados vários livros de auto-
ajuda que apresentavam fórmulas sexuais e mostravam às leitoras o caminho do
orgasmo. Foram publicados ainda manuais sexuais que ensinavam as melhores posições
para alcançar o prazer.

O orgasmo feminino passou a ser uma obsessão. Muitos sexólogos e psicólogos


surgiram para discutir a dificuldade que as mulheres sentiam para obter prazer na
relação sexual. Modelos de prática sexual e exercícios eróticos foram inventados para
possibilitar o orgasmo. Os especialistas reforçaram a ideia de que era muito difícil
alcançar o prazer feminino. Por isso, era necessário conduzir as mulheres até ele. Foram
desenvolvidas ainda drogas poderosas capazes de assegurar a erecção masculina e
potencializar o sexo. O mercado pornográfico e a indústria de artigos sexuais
proliferaram-se, erotizando a vida sexual e transformando o sexo num grande negócio.

A sociedade moderna valorizou a potência sexual e o orgasmo genital. Segundo


Bruckner e Finkielkraut (1981), a revolução sexual impôs um modelo único de
sexualidade e de orgasmo, pautado na genitalidade masculina. O gozo masculino
prevaleceu e serviu de referência ao prazer feminino.

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A liberação sexual produziu uma espécie de tirania, visto que definiu um padrão único
de erotismo. A sexualidade ficou padronizada. A ordem genital masculina é, portanto,
hegemónica. Os sexólogos e médicos apresentam a ejaculação, o orgasmo “visível”,
como o protótipo do prazer. A indústria farmacêutica, atenta às demandas do mercado,
desenvolve receitas e medicamentos que potencializam o orgasmo e garantem o melhor
desempenho sexual possível. O corpo torna-se máquina de gerar prazer.

4.1.Profusão dos discursos sobre a sexualidade

Os discursos sobre a sexualidade foram se multiplicando nas Igrejas e conventos desde


o início do cristianismo. A hierarquia eclesiástica desenvolveu instrumentos que
exigiram a confissão do sexo, convertendo-o em práticas discursivas. Era preciso falar
constantemente das experiências e desejos sexuais. O silêncio em torno da sexualidade
foi quebrado. Tornou-se imperativo moral dizer tudo sobre o sexo. Nada deveria
permanecer encoberto.

Tudo que fosse encontrado ou descoberto sobre a própria vida sexual precisava ser
revelado. Segundo Foucault (1999b), nos séculos XVIII, XIX e XX, os discursos
sexuais proliferaram-se. Nunca se falou tanto da intimidade sexual. O pudor discursivo
diminuíra. As palavras indecentes deveriam ser filtradas para expressar o sexo, mas
ninguém poderia ficar calado. As paixões deveriam ser mostradas sem inibição. A
sociedade burguesa não parecia, como se acreditava, regida por um regime sexual
espartano que exigia reserva, silêncio e discrição.

Conforme Foucault (1999b), foi na família burguesa que a questão sexual apareceu. Os
pais começaram a preocupar-se com a vida sexual dos seus filhos. Ficaram apavorados
com a possibilidade da masturbação e, por isso, resolveram vigiar a sexualidade das
crianças, o que contribuiu para fortalecê-la, fazendo emergir algo que estava escondido.
Múltiplas formas de sexo tiveram expressão na família vitoriana do século XIX.
Contrário à tese foucaultiana, Gay (1999) atesta que o prazer sexual acomodava-se nos
dormitórios domésticos, mas não se mostrava publicamente.

Os desejos eram vividos intensamente na vida privada, mas escondidos do espaço


público. As mulheres e homens burgueses eram, em público, recatados e pudicos para
preservar a reputação. A sexualidade, pois, permanecia reclusa no espaço doméstico. De
acordo com Foucault (1999b), em vez de mantê-la restrita à esfera privada, a família

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decidiu expô-la. Como não sabia o que fazer com manifestações sexuais tão
assustadoras, ela solicitou o auxílio de profissionais, transferindo aos especialistas a
responsabilidade de tratar da sexualidade do casal, da mulher, das crianças e dos
homossexuais.

Era preciso exibir os detalhes da vida sexual àqueles cuja função era escutar
atentamente o relato para em seguida apresentar o “veredicto”. Filhos, pacientes, alunos
e réus confessariam seus “pecados” a pais, médicos, pedagogos e juízes. A prática da
confissão, inventada pelo cristianismo medieval para apreender os pormenores da vida
sexual, difundiu-se e tornou-se instrumento científico, utilizado na consulta médica, na
sessão psicanalítica, na actuação pedagógica e nos julgamentos jurídicos. A
sexualidade, que até o século XVII era analisada, investigada e explorada
exclusivamente pela pastoral cristã, passou a ser a partir do século XVIII observada por
diferentes campos do conhecimento científico.

4.2.Ingerência da Igreja cristã na vida sexual

A Igreja cristã, interessada no combate à sexualidade promíscua, não apenas avalizava


as acções médicas como também organizava programas para enfrentar a ameaça da
masturbação e dos excessos sexuais. Assim como os médicos se apoiavam nas doutrinas
cristãs para formular suas prescrições, os líderes religiosos adoptavam os
conhecimentos médicos para dar consistência a suas orientações morais.

Nesse período, encontrava-se em vigor a Medicina pastoral, área em que médicos e


clérigos se misturavam para advertir os jovens dos perigos das paixões. Os pressupostos
médicos e as doutrinas religiosas uniam-se formando uma espécie de saber mais sólido
para convencer os indivíduos a abandonar os vícios sexuais. “Assim como os médicos
não hesitaram em invadir os domínios de clérigos e educadores, estes por sua vez
retribuíram a gentileza intrometendo-se no campo do aconselhamento médico e se
uniram aos médicos no chamamento às armas” (Gay, 1999, p. 223).

A doutrina católica, a despeito da sacramentalização do casamento e da imposição do


sexo entre cônjuges, mantinha-se reticente aos prazeres da vida conjugal, privilegiando
a castidade. O casamento era tratado como um mal necessário, a única forma de
purificar o desejo e legitimar a prática sexual.

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O catolicismo deixava clara sua preferência pela virgindade perpétua, mas
reconhecendo a dificuldade de segui-la, sacramentou o matrimónio. Os protestantes, por
sua vez, pautavam seu código moral na ideia de casamento, considerado o fundamento
da Igreja. Eles não faziam objecção ao sexo conjugal nem recomendavam a continência
definitiva.

O matrimónio, projecto institucional de valor inestimável, nunca assumiu a conotação


negativa própria dos tratados católicos. Para o protestantismo, a virgindade não era o
estado espiritual por excelência, representava um estado provisório que antecedia ao
casamento e preparava os noivos para as bodas, cerimonia tão aguardada. Já que o
casamento era tão prestigiado, o adultério foi o pecado mais combatido e censurado pela
Igreja protestante, diferentemente da Igreja católica, que se preocupou mais com a
masturbação.

No século XIX, o cristianismo continuava interferindo directa ou indirectamente nas


relações amorosas e participando da vida íntima do casal burguês. A Igreja cristã de
modo geral tentou ajustar seus ideais ascéticos às novas exigências sociais e às
mudanças por que passava a sociedade vitoriana. Entretanto, permaneceu disposta a
enfrentar a sexualidade desmedida, inclusive no matrimónio. Segundo Gay (2000), a
postura eclesiástica em relação ao sexo era ambígua.

4.3.Visão geral do comportamento sexual

As normas de comportamento e atitudes sexuais aceitas variam enormemente dentro da


mesma cultura e entre culturas diferentes. Profissionais de saúde nunca devem julgar
comportamentos sexuais, mesmo sob pressão social. Em geral, não é possível definir o
que é "normal" e "anormal" em termos clínicos. Entretanto, quando o comportamento
ou as dificuldades sexuais provocam sofrimento significativo para o paciente, seu
parceiro ou causam danos, o tratamento é justificado.

4.4.Atitudes sociais sobre sexualidade e género


Atitudes sociais sobre sexualidade e género também mudam com o tempo, como
aconteceu com o seguinte:

 Masturbação: antes amplamente considerada perversão e uma causa de


transtornos mentais é há muito tempo reconhecida pelos médicos como uma
actividade sexual normal ao longo da vida. Só é considerada anormal quando

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inibe comportamento orientado para parceiro, é realizada em público ou é
suficientemente compulsiva para ocasionar desconforto.
 Homossexualidade: a homossexualidade não é considerada um transtorno pela
American Psychiatric Association há> 4 décadas. Cerca de 4 a 5% da população
se identifica exclusivamente como homossexuais por toda a vida; 2 a 5%
adicionais se identificam como bissexuais.
 Promiscuidade: actividade sexual frequente com muitos parceiros, muitas vezes
envolvendo encontros anónimos ou de uma única vez, pode indicar diminuição
da capacidade de desenvolver intimidade emocional. No entanto, a
promiscuidade por si só não é um transtorno psicossexual.
 Sexo extraconjugal: A maioria das culturas desestimula a sexualidade
extraconjugal, mas aceita relações sexuais pré-maritais ou não maritais. Nos
EUA, muitas pessoas têm relações sexuais antes do casamento ou sem
casamento como parte da tendência de maior liberdade sexual nos países
desenvolvidos.
 Identidade de género: identidade de género é a sensação subjectiva de saber a
qual género uma pessoa pertence. Há um reconhecimento cultural cada vez
maior de que algumas pessoas não se encaixam-nem necessariamente querem se
encaixar na tradicional dicotomia masculino e feminino.

5.Influência dos pais sobre a sexualidade

As normas aceitas de comportamentos e atitudes sexuais são significativamente


influenciadas pelos pais. A rejeição da sexualidade física de forma proibitiva e puritana
pelos pais, incluindo o toque, coloca culpa na criança e inibe sua capacidade de
aproveitar o sexo e desenvolver relacionamentos íntimos saudáveis quando adulta.

Relações com os pais podem ser danificadas por:

 Distância emocional excessiva;


 Comportamentos punitivos;
 Sedução evidente e exploração sexual.

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6.Papel do profissional de cuidados de saúde

Profissionais de saúde bem informados podem oferecer conselhos sensatos e sensíveis


sobre sexualidade e não devem perder oportunidades de intervenções úteis.
Comportamentos que coloquem o paciente em risco de doenças sexualmente
transmissíveis devem ser abordados. Profissionais devem discutir a sexualidade com os
pacientes de tal modo que possam identificar e abordar questões sexuais, incluindo
disfunção sexual (Visão geral da função sexual masculina; Visão geral da função e
disfunção sexual feminina), disforia de género e parafilias.

7.A religião e a sexualidade Em Moçambique

A Igreja Católica, enquanto instituição e religião oficial do Estado português chegou ao


Moçambique desde o colonialismo Português. Actuou como co-responsável, junto ao
Estado, da tarefa de organizar a colonização em Moçambique.

“À frente do projecto de expansão do luso-cristianismo estavam os monarcas


portugueses, aos quais, desde meados do século XV, os papas haviam concedido o
direito do padroado. Em virtude desse direito, a Santa Sé confiava aos reis de Portugal a
missão de evangelizar as novas terras, estabelecendo nelas a instituição eclesiástica (...).
Explorador e colonizador, o português considerava-se ao mesmo tempo homem de fé.
Tratavase, porém, de uma fé perpassada pelo espírito da cruzada, segundo o qual a cruz
e a espada deveriam caminhar juntas na expansão do reino de Deus.” (Azzi, 2001).

O poder estabelecido, no período colonial, promoveu um modelo de catolicismo,


conhecido como cristandade. Nele, a Igreja era uma instituição subordinada ao Estado e
a religião oficial funcionava como instrumento de dominação social, política e cultural.

A religião teve, sem dúvidas, uma influência na moralidade sexual Moçambicana.


Nesses tempos coloniais a Igreja considerava a sexualidade matéria de sua alçada,
elevando à categoria do sagrado o sexo conjugal voltado para procriação e lançando
tudo o mais no domínio diabólico.

Já os primeiros padres jesuítas que chegam à colónia discutem a questão da nudez


indígena, por exemplo, como algo pecaminoso, pois “os portugueses, quando chegaram
em Moçambique, ficaram horrorizados ao ver os índios nus e ao constatar como eles

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lidavam com a sexualidade. A expressão utilizada traduz bem o impacto: „devassos no
paraíso‟”. (Ceccarelli, 2007).

A situação já desde o início era preocupante de forma que Manuel da Nóbrega, um dos
primeiros em missão jesuítica em Moçambique recém-descoberto, “suplicou ao rei que
mandasse imediatamente mulheres brancas para colocar os portugueses frente a frente
com o sacramento do matrimónio. E tamanha era a urgência que aceitaria até mulheres
de má reputação” (Vainfas,1998)

A partir de uma visão medieval de mundo a igreja impôs em Moçambique uma moral
sexual de condenação aos costumes nativos e procura impor um comportamento rígido
de limitação à sexualidade.

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Conclusão

Chegando o fim do trabalho, constatamos que, a sexualidade, portanto, sempre exerceu


fascínio sobre o cristianismo, que não cansou de comentá-la, discuti-la, normalizá-la,
proibi-la e excitá-la. A Igreja cristã, mais especificamente a Igreja católica, produziu
tratados com o propósito de convencer as mulheres a evitar o casamento e dedicar-se à
castidade bem como redigiu documentos destinados a ensinar os monges a proteger-se
dos desejos que ameaçavam a santidade da alma.

Nos primeiros séculos da era cristã, o clero católico procurou combater o matrimónio,
instituição laica e privada, recorrente entre os membros da aristocracia romana. Diante
de sua permanência, a Igreja promoveu, com certa reticência, a sacramentalização do
casamento, autorizando-se, desse modo, a penetrar no quarto do casal, vasculhar sua
intimidade e estabelecer os limites entre o permitido e o proibido no âmbito da
sexualidade. Homens que, em tese, se privavam de viver a própria sexualidade ficaram
responsáveis por orientar a vida sexual de fiéis que não sabiam o que fazer com os
próprios desejos e temiam suas manifestações.

Tornar o matrimónio uma instituição pública e sagrada permitiu ao clero romano


consolidar seu poder político e ampliar sua intervenção na vida íntima dos fiéis.
Percebemos que as religiões em geral, em relação à sexualidade, têm sido um
instrumento ideológico e político-social, de forma que têm orientado os indivíduos para
uma moral, na maioria das vezes, negando sua sexualidade e mais, têm penalizado os
indivíduos pela culpa que é uma forma eficaz para conter a prática de ludibriar as
normas impostas. A situação do cristianismo, em especial a Igreja Católica, percebemos
a evidência de que em questão de moral sexual transparece a dimensão do poder da
instituição sobre os indivíduos, pois “dominar o espaço mais íntimo da pessoa
pressupõe dominá-la por inteiro”.

Abrindo-se com este, espaços para que jovens pudessem debater os tabus e
preconceitos, a sexualidade em geral, ampliando seus conhecimentos sobre a vida
sexual e sobre a própria sexualidade a partir de uma perspectiva histórica, passando a ter
uma visão mais crítica e contextualizada do assunto.

Autor: Sergio Alfredo Macore Sergio.macore@gmail.com / +258846458829 Pemba - Moz


Bibliografias

Agostinho, Santo. A virgindade consagrada. São Paulo: Paulinas, 1990. Seleccionadas.


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Autor: Sergio Alfredo Macore Sergio.macore@gmail.com / +258846458829 Pemba - Moz

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