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O sujeito que morre não se crê ou não se sabe doente, e apenas por causas colectivas
precisas julga-se em estado próximo da morte. A consciência é então invadida por ideias
e sentimentos que são totalmente de origem colectiva, que não revelam nenhum
distúrbio físico. Entretanto, indivíduo acredita-se enfeitiçado ou julga-se em pecado, e
morre por essa razão.
Havia fatos, em particular os que mostram a ligação directa, no homem, do físico, do
psicológico e do moral, isto é, do social. Portanto, é uma obsessão pela ideia de morte,
de origem puramente social, sem nenhuma mistura de factores individuais, capaz de
tamanhas devastações mentais e físicas, na consciência e no corpo do indivíduo, que ela
provocava sua morte em pouco tempo, sem lesão aparente ou conhecida.
Em algumas tribos, uma punição usual consiste em enfiar uma lâmina na coxa da
mulher ou do homem; fracturas de braço são rapidamente curadas com talas simples.
Um indivíduo é ferido, mesmo levemente; ele não tem nenhuma chance de se
restabelecer se acredita que a lança está enfeitiçada; outro quebra algum membro, e só
se restabelecerá rapidamente no dia em que tiver feito as pazes com as regras que
violou, e assim por diante. O máximo dessas acções do moral sobre um físico desse
género é evidentemente ainda mais sensível nos casos em que não há nenhum ferimento
e que se enquadram exclusivamente em nosso assunto. No entanto, o autor concentrou-
se no estudo da crença da morte em dois grupos de civilizações: a australiana; e a dos
Maorí, malaio-polinésios da Nova Zelândia, que vamos apresentar a seguir.
Conclusão:
O sistema dessas crenças é portanto o mesmo que na Austrália. Só que os resultados,
portanto a intensidade das crenças, se distribuem de outro modo. São as noções
puramente morais e religiosas que dominam. O encantamento e o feitiço desempenham
assim o mesmo papel que na Austrália, mas a moralidade do polinésio, rica, tortuosa, no
entanto brutal e simples em suas revoluções ou por seus efeitos, é a causa da maioria
das mortes.
Um dos factos que provam a continuidade desses dois tipos com traços que representam
a morte, conta-se por exemplo: um homem que comeu tartaruga proibida teve o fígado
aumentado e morreu por causa disso. Mas é sobretudo nas ilhas Samoa que os tabus
(totémicos) violados se vingam. O animal absorvido fala, age no interior destrói o
homem, come-o e ele morre. Mas é essencialmente a morte por "pecado mortal" que é
frequente, sobretudo em terra maori.
A morte por magia é muito frequentemente concebida e geralmente só é possível em
consequência de um pecado prévio. Inversamente, a morte por pecado não é geralmente
senão o resultado de uma magia que fez pecar. São verdadeiros males de consciência
que provocam os estados de depressão fatal, e eles próprios causados por essa magia de
pecado que faz que o indivíduo se sinta culpado, induzido à culpa.