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Colocação Pronominal - Próclise ou ênclise - Recomendações - Proibições - Começo de

frase - Locução verbal

M. T. Piacentini

O uso dos pronomes oblíquos átonos ME, TE, SE, O(S), A(S), LHE(S) e NOS em relação ao verbo
é bastante livre no Brasil: depende muito do ritmo, da harmonia, da ênfase e principalmente da
eufonia. Como a pronúncia brasileira é diferente da portuguesa, a colocação pronominal neste
lado do Atlântico também difere da de Portugal. O português brasileiro é essencialmente
proclítico, isto é, preferimos usar o pronome na frente do verbo na maior parte do tempo. o
Manual Geral de Redação da Folha de S. Paulo resume sua orientação alertando para esse ponto:
"Atualmente o pronome é colocado antes do verbo haja ou não uma palavra que o atraia
(pronome relativo, negações etc.). Mas em pelo menos um caso usa-se o pronome depois do
verbo: início de oração". Tudo poderia se resumir à próclise, então. Mas não é assim tão simples.
Há algumas orientações e regras a serem seguidas.

Próclise ou ênclise

O pronome pode ficar antes ou depois do verbo quando houver:

1. Sujeito explícito antes do verbo:

• Ele se manteve / manteve-se irredutível em relação ao divórcio.


• William Golding se consagrou/consagrou-se como um mestre em esmiuçar questões
complexas da natureza humana.
• Desde os dois anos de idade Laís se veste /veste-se sozinha.
• Humilhar o vizinho se tornou/tornou-se uma obsessão para Joel.
• Por muito tempo aquelas pessoas se debateram/debateram-se com o alcoolismo.

2. Conjunção coordenativa:

• Gostei da festa, porém me despedi/despedi-me cedo.


• Tem rompantes, mas se arrepende/arrepende-se depois.
• O governador foi taxativo e se estendeu/estendeu-se longamente sobre o assunto.

3. Preposição antes de verbo no infinitivo:

• Nas lojas esportivas encontramos o equipamento ideal para proporcionar-nos/para nos


proporcionar uma vida sadia.
• Temos satisfação em lhe participar / em participar-lhe a inauguração da fábrica.
• Tenho o prazer de lhes falar/falar-lhes sobre a filosofia que norteia nossa instituição.

Obs. Quando o pronome é a/as, o/os, torna-se preferível a ênclise: Conseguido o divórcio,
sentiu-se tentada a enganá-lo (em vez de a o enganar) na divisão dos bens. / Tenho o prazer
de convidá-los a comparecer ao batismo. / Folgo por sabê-los bem.

Recomendações

Para muitos, trata-se de regras rígidas, mais do que recomendações. Digamos que quem quer
redigir com correção e estilo deve cuidar para adotar a próclise nas seguintes situações:

1) Os pronomes indefinidos e relativos e as conjunções subordinativas atraem o pronome átono;


para facilitar seu reconhecimento, convém notar que grande parte começa com que:
• Eis o livro do qual se falou a noite inteira.
• Procuramos quem se interesse por criação de bicho-da-seda.
• Quer me arrependa, quer não, irei lá.
• O resultado das urnas serviu para mostrar a falácia daqueles que se jactavam de uma
força política que lhes permitia tudo.
• Sua carreira política começou em 1955, quando se elegeu vereador pelo antigo PTB.
• Em sociedade tudo se sabe. / Onde se meteram eles?

2) Também as palavras de valor negativo atraem o pronome átono:

• Nada nos afeta tanto quanto o aumento do leite. / Nunca se viu coisa igual.
• Não me diga isso para não me aborrecer. / Ninguém os tolera.
• Jamais se soube a verdadeira versão dos fatos.

É interessante observar que se a palavra negativa precede um infinitivo não flexionado, o


pronome pode vir depois do verbo: Calei para não a magoar. Calei para não magoá-la. / Saí
para não os incomodar/para não incomodá-los.

3) Advérbios de um modo geral atraem o pronome átono:

• Aqui se faz, aqui se paga. / Agora te reconheço. / Sempre se disse isso.


• Lá se foi nosso dinheiro... / Talvez nos encontremos. / Devagar se vai ao longe.
• Ele certamente a viu. / Muito nos contaram sobre isso. / Logo se saberá o resultado.

Proibições

Há apenas duas situações inviáveis:

1. A ênclise com os tempos futuros; em outros termos: colocar o pronome átono depois
dos verbos no futuro do presente e do pretérito do indicativo e no futuro do subjuntivo:

• fazerei-me / faria-nos / diriam-se / se disser-te / quando puse-las / se trouxe-las etc.

2. O pronome átono depois do particípio: L *Eu já teria aposentado-me se ganhasse bem.

Se aplicar a orientação de sempre usar o pronome na frente do verbo, você já não corre o risco
de cometer esse erro de ênclise. Como corrigir essas situações, então? Usar a próclise colocando
um sujeito explícito antes do verbo, para não deixar o pronome no início da frase:

• Eu me benzerei; ele nos faria um favor; se te disser; quando (eu) as puser no lugar; eles
se diriam magoados. Ficarei feliz se (você) as trouxer junto.
• Eu já teria me aposentado se ganhasse bem.

Começo de frase

Ainda não aceita na linguagem culta formal, a colocação do pronome átono em início de frase é
permitida na linguagem informal e nos diálogos - pode ser "proibida", mas não é inviável,
portanto. Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1985:
307), observam que essa possibilidade - especialmente com a forma me - é característica do
português do Brasil e também do português falado nas repúblicas africanas. E citam exemplos de
Erico Veríssimo e Luandino Vieira, respectivamente: Me desculpe se falei demais. / Me arrepio
todo...
E já escrevia Mário de Andrade, em "Turista Aprendiz": Se sente que o dia vai sair por detrás do
mato. Em todo caso, deve-se evitar o uso do pronome "se" no começo da frase porque ele pode
induzir o leitor a pensar que se trata da conjunção condicional se.

Locução verbal

Relembrando: locução verbal é a reunião de dois ou mais verbos para exprimir uma só ação. O
primeiro verbo é chamado auxiliar; o último é o principal e está sempre no infinitivo, no gerúndio
ou no particípio. Para melhor visualização e fixação, vejamos as possibilidades de colocação dos
pronomes átonos por meio de exemplos apenas.

1. Auxiliar + Infinitivo

• Quero fazer-lhe uma surpresa.


• Quero-lhe fazer uma surpresa.
• Quero lhe fazer uma surpresa. [sem hífen é mais brasileiro]
• Eu lhe quero fazer uma surpresa.

2. Auxiliar + Infinitivo com preposição

• Começamos a nos preparar para o vestibular.


• Começamos a preparar-nos para o vestibular.

3. Auxiliar + Gerúndio

• Eles foram afastando-se.


• Eles foram-se afastando.
• Eles foram se afastando. [colocação brasileira].
• Eles se foram afastando.

4. Auxiliar + Particípio

• O povo havia-se retirado quando chegamos.


• O povo havia se retirado quando chegamos.
• O povo se havia retirado quando chegamos.

Veja que aqui só há três opções, porque não se permite a ênclise com o particípio.

Há mais duas situações que queria comentar, mas ficam para o próximo artigo.

Sobre a autora:

Maria Tereza de Queiroz Piacentini é catarinense, professora de Inglês e Português, revisora


de textos e redatora de correspondência oficial há mais de vinte anos. Em 1989 foi responsável
pela revisão gramatical da Constituição do Estado de Santa Catarina e no ano seguinte publicou
artigos sobre questões vernáculas em diversos jornais. Retoma agora a publicação de colunas
semanais com temas atualizados, em vista da experiência adquirida e das inúmeras consultas
que lhe têm feito pessoas de todo o País depois que lançou o livro Só Vírgula - Método fácil em
20 lições (UFSCar, 1996, 164p.). Também teve publicados, em 1986, dez módulos da Instituição
Técnica Programada - ITP, Português para Redação, edição esgotada.
Hompege: www.linguabrasil.com.br

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